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“PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS E FORMAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DO VIH/SIDA E IST(ADIS/0196/06) RELATÓRIO FINAL SUMÁRIO DE ACTIVIDADES Janeiro de 2007 Aptidão Social Assertividade Auto-estima Tolerância e Responsabilidade Social Auto-eficácia Crenças e Mitos Sexualidade Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra (Instituição Coordenadora)

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“PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

E FORMAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DO VIH/SIDA E IST”

(ADIS/0196/06)

RELATÓRIO FINAL SUMÁRIO DE

ACTIVIDADES

Janeiro de 2007

Aptidão Social

Assertividade

Auto-estima

Tolerância e Responsabilidade Social

Auto-eficácia

Crenças e Mitos

Sexualidade

Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra

(Instituição Coordenadora)

1

ÍNDICE

1. Introdução

2. Objectivos do projecto

3. Metodologias de Intervenção e de Avaliação

4. Caracterização do Público-alvo atingido

5. Principais Resultados

6. Implicações do Projecto e Sugestões Futuras

2

1. INTRODUÇÃO

O presente relatório diz respeito às actividades desenvolvidas no âmbito do projecto de

intervenção na vertente de Formação “Programa de Desenvolvimento de Competências e

Formação para a Prevenção do VIH/SIDA e IST” (ADIS/0196/06), dirigido a estudantes do

Ensino Superior, promovido pelos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra com

a colaboração de investigadores do Departamento de Ciências da Educação da Universidade

de Aveiro e do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho.

Esta iniciativa resultou de uma candidatura apresentada ao Programa de financiamento

de projectos de intervenção “ADIS/SIDA”, da Coordenação Nacional para a Infecção do

VIH/SIDA, parcialmente aprovada para financiamento.

Na fase de candidatura, o projecto, com a duração de um ano, englobava não só a

vertente de Formação, como também a vertente de Prevenção, compreendendo outras

actividades que se enquadravam na estratégia de intervenção Educação para a Saúde pelos

Pares, concretamente no âmbito da prevenção de comportamentos de risco.

Assim, decorrendo da aprovação parcial e tardia da candidatura, apenas na vertente de

Formação, as actividades inicialmente planificadas sofreram ajustes relacionados com a

calendarização das actividades (que teve de ser adaptada ao calendário escolar do Ensino

Superior), o que teve repercussões em termos de tempo útil para desenvolvimento do projecto

(4 meses).

Apesar das condicionantes apresentadas, as actividades realizadas, de acordo com o

que inicialmente se apresentava na candidatura, foram estruturadas tendo em consideração a

sua implementação em 3 pólos: Coimbra, Aveiro e Minho (Braga).

Em Coimbra e no Minho foram desenvolvidos programas de desenvolvimento de

competências para a prevenção do VIH/SIDA e IST, constituídos por 7 sessões de formação de

presença obrigatória, alusivas às seguintes competências: Aptidão Social, Auto-eficácia, Auto-

estima, Tolerância e Responsabilidade Social, Assertividade, Crenças e Mitos e Sexualidade.

No pólo de Aveiro, atendendo à especificidade do contexto de implementação, a

formação foi organizada em módulos de formação independentes, embora tivessem sido

abordadas as mesmas competências.

Para os programas de desenvolvimento de competências foi ainda construído um

manual de formação, com conteúdos elaborados pelos formadores encarregados pelo

desenvolvimento das competências em causa, que foi distribuído aos participantes em Coimbra

e no Minho.

No presente relatório, além de uma breve descrição dos objectivos e das metodologias

de intervenção e de avaliação das actividades, são apresentados os principais resultados

atingidos com o desenvolvimento deste projecto que revelou ser uma estratégia de intervenção

bastante eficaz e com enormes potencialidades para a prevenção de comportamentos de risco

no contexto do Ensino Superior.

3

2. OBJECTIVOS DO PROJECTO

O objectivo geral das formações dirigidas aos alunos do ensino superior no âmbito

deste projecto passou por desenvolver técnicas de interacção e abordagens mais eficazes com

os pares na prevenção de comportamentos de risco. Como objectivos específicos desta

formação, temos:

§ Desenvolver competências pessoais para a mudança de comportamentos de risco face

ao VIH/SIDA;

§ Analisar e modificar crenças e cognições associadas a comportamentos-problema;

§ Dar a conhecer e treinar técnicas básicas de aconselhamento com base em problemas

associados a comportamentos de risco;

§ Fomentar valores como a tolerância e a não discriminação, bem como uma melhor

informação no âmbito das questões da sexualidade e IST.

4

3. METODOLOGIAS DE INTERVENÇÃO E DE AVALIAÇÃO

Metodologias de Intervenção

No âmbito dos programas de desenvolvimento de competências (pólos de Coimbra e

Minho) foram utilizadas metodologias de formação menos directivas e mais interactivas, como

a instrução, modelação, ensaio de comportamentos, role playing, focus group e dramatização

de situações. Nestes programas, os participantes tiveram de assistir obrigatoriamente aos sete

módulos de formação, com a duração aproximada de duas horas.

Os módulos de formação (pólo de Aveiro) foram desenvolvidos como sessões de

formação independentes e, à semelhança do programa de desenvolvimento de competências,

também privilegiaram metodologias interactivas e dinâmicas de grupo. O que os distinguiu dos

Programas de Desenvolvimento de Competências foi o facto de não implicarem a participação

do mesmo grupo de participantes em todos eles.

Os formadores foram seleccionados com base na análise curricular, interesses de

investigação e actividades de relevo desenvolvidas no âmbito da temática a desenvolver nas

sessões que orientaram.

Metodologias de Avaliação

No âmbito do Projecto “Programa de Desenvolvimento de Competências e Formação

para a Prevenção do VIH/SIDA e IST” (ADIS/0196/06), privilegiaram-se para avaliação as

questões da participação, bem como metodologias específicas de avaliação, por um lado dos

Programas de Desenvolvimento de Competências, por outro dos Módulos de Formação.

Para avaliar o número de participantes foram utilizados os seguintes instrumentos de

recolha de dados:

- folhas de inscrição (apenas nos Programas de Desenvolvimento de Competências);

- folhas de presença (em todas as actividades de formação).

Para avaliação do Programa de Desenvolvimento de Competências (realizado no

pólo de Coimbra e no pólo do Minho), à semelhança do que estava definido no projecto de

candidatura, foi concebido um questionário para avaliação das competências a desenvolver, a

ser passado antes e depois do Programa, ao grupo experimental (constituído pelos

participantes do Programa) e a um grupo de controlo (estudantes do Ensino Superior

escolhidos de forma aleatória).

No caso dos Módulos de Formação desenvolvidos no Pólo de Aveiro, foi igualmente

concebido um questionário para avaliação de cada módulo de formação isolado.

Para obtermos os feedbacks dos formadores, construímos um modelo de relatório

que nos permitiu obter dados relativos à percepção destes sobre as condições e organização

da formação e sobre o grupo de participantes.

Os dados recolhidos foram tratados com recurso ao programa estatístico SPSS.

5

4. CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO ATINGIDO

A caracterização do público-alvo atingido foi realizada tendo em consideração os

participantes nas actividades realizadas por cada pólo.

Pólo de Coimbra

No Programa de Desenvolvimento de Competências realizado na Universidade de

Coimbra participaram 58 estudantes do Ensino Superior (M=16; F=42), com idades

compreendidas entre os 17 e os 41 anos (M=22,43, dp=4,23).

Os alunos que participaram nesta actividade eram naturais de vários distritos

portugueses, dos quais se destacam: Coimbra (6), Porto (6), Leiria (4) e Madeira (4); tendo

contado igualmente com alunos oriundos da Guiné (3), Cabo Verde (2), Angola (1), Congo (1),

Timor (1) e EUA (1).

A maioria dos estudantes participantes no Programa pertenciam à Universidade de

Coimbra, tendo ainda participado alguns pertencentes ao Instituto Politécnico de Coimbra. Em

termos de distribuição por faculdades da Universidade de Coimbra, os alunos frequentavam

cursos, na sua maioria, das faculdades de Medicina (12) e de Direito (12), embora quase todas

as faculdades estivessem representadas, à excepção da Faculdade de Desporto e Educação

Física da Universidade de Coimbra (Gráfico 1).

0 2 4 6 8 10 12

letras

medicina

direito

ciências e tecnologia

farmácia

economia

psicologia

politécnico

Gráfico 1 - Distribuição dos Participantes por Faculdade (Pólo de Coimbra)

Em termos de anos curriculares que frequentavam, os alunos distribuíam-se por todos

os anos (do 1.º ao 5.º), contado ainda com a presença de um aluno do ensino pós-graduado.

Pólo do Minho

No Programa de Desenvolvimento de Competências para a Prevenção do VIH/SIDA e

IST realizado na Universidade do Minho, participaram 37 alunos (M=11; F=26), com idades

compreendidas entre os 18 e os 30 anos (M= 22,92; DP= 3,21).

6

Os alunos participantes eram naturais dos distritos de Braga, Vila Real, Madeira,

Guarda, Porto, Viana do Castelo, bem como de países como Venezuela, Alemanha e França (2

alunos residentes ao abrigo do Programa Erasmus).

Distribuíam-se, por ordem decrescente, pelos cursos de Sociologia (9), Psicologia (7),

Educação (7), Enfermagem (5), Administração Pública (3), Economia (2), Arqueologia (1),

História (1), Eng. Informática (1) e Biologia (1). Embora tivessem participado alunos de todos os

anos curriculares das respectivas licenciaturas, a maioria frequentava o 4.º ano curricular.

Pólo de Aveiro

Nos Módulos de Formação realizados no pólo de Aveiro, participaram um total de 176

alunos (M=21; F=155), com idades compreendidas entre os 17 e os 55 anos (M= 25,44; DP=

8,23). Tratava-se de alunos maioritariamente frequentando o grau de licenciatura (137),

embora também tivessem participado alunos dos graus de Pós-Graduação (2), Mestrado (28) e

Doutoramento (2) de vários cursos da Universidade de Aveiro (Gráfico 2).

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Activação do Desenvolvimento PsicológicoEducação de Infância

GeriatriaPsicologia

Ciências da EducaçãoRadiologia

BiologiaEng. e Gestão Industrial

FísicaQuímica

Novas Tecnologias da ComunicaçãoLínguas e Relações Empresariais

Eng. Electrónica e TelecomunicaçõesContabilidade e Auditoria

EnfermagemOutros

Gráfico 2 – Distribuição dos alunos participantes nos Módulos de Formação disponibilizados no Pólo de Aveiro por

cursos

Constatamos que maioria dos alunos que participaram nos Módulos de Formação

frequentava o curso de Licenciatura em Educação de Infância da Universidade de Aveiro e o

curso de Mestrado em Activação do Desenvolvimento Psicológico da referida instituição.

7

5. PRINCIPAIS RESULTADOS

No âmbito do Projecto “Programa de Desenvolvimento de Competências e Formação

para a Prevenção do VIH/SIDA e IST” (ADIS/0196/06), os resultados são apresentados tendo

em consideração as actividades de cada um dos pólos envolvidos: Pólo de Coimbra, Pólo do

Minho e Pólo de Aveiro.

PÓLO DE COIMBRA

Neste pólo desenvolveu-se um Programa de Desenvolvimento de Competências para a

Prevenção do VIH/SIDA e IST, composto por 7 sessões de formação alusivas a diferentes

competências, que teve lugar de 11 de Outubro de 2006 a 29 de Novembro de 2006, no Centro

Cultural e Convívio Académico D. Dinis da Universidade de Coimbra, tendo contado com a

participação de 58 estudantes do Ensino Superior.

Os estudantes envolvidos (grupo experimental) foram avaliados antes e depois da sua

participação neste programa, através de um questionário que pretendia averiguar os seus

conhecimentos e comportamentos relativamente a um conjunto de 7 competências no âmbito

da prevenção de comportamentos de risco do VIH/SIDA e IST. Os estudantes que constituíram

o grupo de controlo responderam também ao mesmo questionário, em iguais períodos, de

forma a permitir comparações de resultados.

Em termos de avaliação das competências antes do início do programa (Baseline

do programa), quer do grupo experimental, quer do grupo de controlo, os resultados, além de

permitirem a avaliação dos conhecimentos dos participantes, foram também indicadores de

ambos os grupos se encontrarem ao mesmo nível.

Grupo Experimental

As percepções que os participantes tinham relativamente às suas competências no

âmbito da prevenção do VIH/SIDA e IST (avaliadas numa escala de tipo Likert, de 1 a 5, em

que 1 representa mau e 5 muito bom), foram classificadas com valores entre o suficiente e o

bom (Quadro 1).

N Média Mediana Desvio Padrão

Aptidão Social 57 3,8246 3,8 ,63816

Auto-Estima 54 3,9889 4 ,60241

Assertividade 54 3,9556 4 ,62122

Auto-Eficácia 53 4,3321 4,4 ,53052

Crenças e Mitos 54 4,2741 4,4 ,68217

Sexualidade 55 3,7709 3,8 ,81597

Tolerância e Responsabilidade Social 58 4,2138 4,4 ,53227

Quadro 1 – Distribuição das percepções sobre as competências pelo grupo experimental

8

Grupo de Controlo

No que respeita ao grupo de controlo, este foi constituído por 45 alunos (M=17; F=28),

com idades compreendidas entre os 16 e os 41 anos (M=22,95, DP=4,99), frequentando, na

sua maioria cursos da Universidade de Coimbra, das Faculdades de Medicina (9), Ciências e

Tecnologia (9), Letras (6), Economia (6), Direito (3), Psicologia (3), Farmácia (2) e Desporto (1),

bem como por alunos do Instituto Politécnico de Coimbra e outros (4).

As percepções deste grupo referentes às suas competências para a prevenção do

VIH/SIDA e IST, à semelhança do que aconteceu com o grupo experimental, foram, em geral,

classificadas com valores entre o suficiente e o bom (Quadro 2).

N Média Mediana Desvio Padrão

Aptidão Social 43 3,8762 3,8 ,58427

Auto-Estima 44 4,1182 4,2 ,52175

Assertividade 44 3,8273 3,8 ,61846

Auto-Eficácia 40 4,3436 4,6 ,59107

Crenças e Mitos 44 4,2773 4,4 ,64731

Sexualidade 42 3,8714 4 ,69678

Tolerância e Responsabilidade Social 41 4,0683 4 ,74915

Quadro 2 - Distribuição das percepções sobre as competências pelo grupo de controlo

Comparando, em termos médios, as percepções sobre as competências dos dois

grupos antes do início do programa verificamos que não há grandes diferenças (Gráfico 3),

revelando-se tal característica de grande utilidade para a posterior avaliação da eficácia do

programa.

1

2

3

4

5

Aptid

ãoSo

cial

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Auto

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rânc

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Res

pons

abilid

ade

Soci

al

Grupo Experimental

Grupo de Controlo

Gráfico 3 – Comparação entre as percepções ao nível das competências entre grupo experimental e grupo de controlo

antes do Programa

9

Por sua vez, a avaliação das competências depois do Programa foi realizada quer

para o grupo experimental, quer para o grupo de controlo. A leitura dos dados obtidos faz mais

sentido se se apresentarem:

1. Por um lado, os resultados da comparação entre os valores médios obtidos antes e

depois do programa para o grupo experimental (para se perceber se houve uma

evolução dos valores atribuídos a cada competência, ou seja para avaliar o

impacto do programa no grupo dos alunos que nele participaram);

2. Por outro, os resultados da comparação entre o grupo experimental e o grupo de

controlo no final do Programa (para averiguar se existem diferenças entre o grupo

que participou no programa e o que não participou).

Assim, da comparação entre a classificação das competências antes e depois do

programa para o grupo experimental, verificamos que em todas as competências houve

evoluções positivas (Gráfico 4).

1

2

3

4

5

Aptid

ãoSo

cial

Auto

-Est

ima

Asse

rtivi

dade

Auto

-efic

ácia

Cre

nças

eM

itos

Sexu

alid

ade

Tole

rânc

iae

Res

pons

abilid

ade

Soci

alAntes

Depois

Gráfico 4 – Comparação entre a classificação das competências antes e depois do programa para o Grupo

Experimental – Pólo de Coimbra

Através de testes emparelhados de comparação de valores médios verificamos que,

quando comparamos os valores atribuídos à competência “Auto-Estima” antes e depois do

programa, existem diferenças significativas entre estes dois níveis (t=-2,515; gl=40; p=.016),

sendo que o grupo experimental apresenta valores mais elevados depois do programa

(M=4,40) do que antes do programa (M=4,04).

Da mesma forma, relativamente à competência “Assertividade” antes e depois do

programa, foram encontradas diferenças significativas entre estes dois níveis (t=-2,334; gl=40;

p=.025), sendo que o grupo experimental apresenta valores mais elevados depois do programa

(M=4,32) do que antes do programa (M=3,98).

Por sua vez, no caso da competência “Auto-eficácia” antes e depois do programa,

foram encontradas diferenças bastante significativas entre estes dois níveis (t=-3,183; gl=37;

10

p=.003), sendo que o grupo experimental apresenta valores mais elevados depois do programa

(M=4,73) do que antes do programa (M=4,36).

À semelhança da anterior, na comparação dos valores da competência “Crenças e

Mitos” antes e depois do programa, foram encontradas diferenças bastante significativas entre

estes dois níveis (t=-2,983; gl=41; p=.005), sendo que o grupo experimental apresenta valores

mais elevados depois do programa (M=4,68) do que antes do programa (M=4,33).

Igualmente, na comparação dos valores da competência “Sexualidade” antes e depois

do programa, foram encontradas diferenças bastante significativas entre estes dois níveis (t=-

4,201; gl=42; p=.000), sendo que o grupo experimental apresenta valores mais elevados

depois do programa (M=4,34) do que antes do programa (M=3,77).

Nas competências “Aptidão Social” e “Tolerância e Responsabilidade Social” os valores médios

foram mais elevados depois do programa (M=4,10 e M=4,36, respectivamente) do que antes

(M=3,84 e M=4,29, respectivamente), contudo não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas.

Estes dados permitem-nos afirmar a existência de alterações positivas ao nível do

desenvolvimento de competências do grupo que participou no Programa de Desenvolvimento

de Competências para a Prevenção do VIH/SIDA e IST no pólo de Coimbra.

Por sua vez, da comparação entre os valores atribuídos às competências pelo grupo

experimental e pelo grupo de controlo depois do programa verificamos que os participantes do

programa apresentam valores mais elevados quando comparados, no mesmo período, com os

alunos que não participaram no programa (Gráfico 5).

1

2

3

4

5

Aptid

ãoSo

cial

Auto

-Est

ima

Asse

rtivi

dade

Auto

-efic

ácia

Cre

nças

eM

itos

Sexu

alid

ade

Tole

rânc

iae

Res

pons

abilid

ade

Soci

al

Grupo Experimental

Grupo de Controlo

Gráfico 5 – Comparação dos valores médios das competências do grupo experimental e do geupo de controlo depois

do programa

Do exposto, foi para nós muito gratificante verificar que houve uma melhoria das

competências do grupo que participou no programa que, dada a comparação com um grupo,

nas mesmas circunstâncias inicialmente, levando-nos a sugerir que tais resultados se devem à

formação por nós desenvolvida.

11

Em termos de participação, no gráfico 6 é apresentada uma visão global de cada uma

das 7 sessões que compunham o Programa.

Sexualidade

Crenças e M itos

Assertividade

Tol. Resp. Social

Auto-estima

Auto-eficáciaAptidão Social

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7

Gráfico 6 – Participação nas 7 sessões do Programa – Pólo de Coimbra

A avaliação realizada pelos formadores sobre o envolvimento no Programa,

registada no “Relatório da sessão de Formação” (escala tipo Likert de 1 a 5, em que 1 é Mau e

5 Muito Bom), também foi avaliada de forma muito positiva, tendo estes atribuído Muito Bom ao

apoio administrativo às sessões de formação (M=5), ao material das sessões (M=4,86) e à

organização geral da formação (M=4,71).

PÓLO DO MINHO

No pólo do Minho, à semelhança do pólo de Coimbra, desenvolveu-se também um

Programa de Desenvolvimento de Competências.

Em termos de avaliação das competências antes do início do programa, quer do grupo

experimental, quer do grupo de controlo, os resultados foram indicadores de relativa

uniformidade de critérios das amostras envolvidas.

Grupo Experimental

À semelhança dos resultados obtidos no pólo de Coimbra sobre a percepção das

competências pelo grupo experimental, as classificações situam-se entre o suficiente e o bom

(Quadro 3).N Média Mediana Desvio Padrão

Aptidão Social 23 3,9391 3,8 ,49151

Auto-Estima 23 4,2261 4,2 ,46828

Assertividade 22 4,1000 4 ,49281

Auto-Eficacia 22 4,5455 4,6 ,35014

Crenças e Mitos 22 4,5182 4,6 ,46867

Tolerância e Responsabilidade Social 23 4,3217 4,2 ,45021

Sexualidade 21 3,5524 3,6 ,58619

Quadro 3 - Distribuição das percepções sobre as competências pelo grupo experimental

12

Grupo de Controlo

No pólo do Minho, o grupo de controlo foi constituído por 21 alunos do Ensino Superior

(M=5; F=16), com idades compreendidas entre os 18 e os 32 anos (M=22,6; DP=3,73),

frequentando os seguintes cursos da Universidade do Minho: Sociologia (5), Administração

Pública (3), Psicologia (2), Relações Internacionais (2), Educação (1), Economia (1),

Comunicação Social (1), Química (1), Gestão (1), Educação Física (1) e outros (1).

Também no grupo de controlo, os resultados apontam para classificações em termos de

percepção das competências entre os valores do suficiente e bom (Quadro 4).

N Média Mediana Desvio Padrão

Aptidão Social 21 3,7429 3,8 ,58700

Auto-Estima 21 4,0571 4,2 ,46537

Assertividade 21 3,9048 4 ,71167

Auto-Eficácia 19 4,3263 4,2 ,54247

Crenças e Mitos 18 4,4222 4,5 ,58567

Sexualidade 21 3,8190 3,8 ,69830

Tolerância e Responsabilidade Social 20 4,2700 4,4 ,66261

Quadro 4 - Distribuição das percepções sobre as competências pelo grupo de controlo

Comparando, em termos médios, as percepções sobre as competências dos dois

grupos antes do início do programa, verificamos que, embora não sejam muito relevantes, há

pequenas diferenças a assinalar, concretamente ao nível da competência “Sexualidade”, onde

os valores apresentados pelo grupo de controlo são ligeiramente superiores aos apresentados

pelo grupo experimental, embora em qualquer dos casos não se verifiquem diferenças

estatisticamente significativas (Gráfico 7).

1

2

3

4

5

Aptid

ãoSo

cial

Auto

-Est

ima

Asse

rtivi

dade

Auto

-efic

ácia

Cre

nças

eM

itos

Sexu

alid

ade

Tole

rânc

iae

Res

pons

abilid

ade

Soci

al

Grupo Experimental

Grupo de Controlo

Gráfico 7 - Comparação entre as percepções ao nível das competências entre grupo experimental e grupo de controlo

antes do Programa

13

Por sua vez, a avaliação das competências depois do Programa foi realizada, de

igual modo, quer para o grupo experimental, quer para o grupo de controlo. À semelhança do

Pólo de Coimbra, a leitura dos dados obtidos faz mais sentido se se apresentarem:

1. Por um lado, os resultados da comparação entre os valores médios obtidos antes

e depois do programa para o grupo experimental (para se perceber se houve uma

evolução dos valores atribuídos a cada competência, ou seja para avaliar o

impacto do programa no grupo dos alunos que nele participaram);

2. Por outro, os resultados da comparação entre o grupo experimental e o grupo de

controlo no final do Programa (para averiguar se existem diferenças entre o grupo

que participou no programa e o que não participou).

Assim, da comparação entre a classificação das competências antes e depois do

programa para o grupo experimental, verificamos que em todas as competências houve

evoluções positivas (Gráfico 8).

1

2

3

4

5

Aptid

ãoSo

cial

Auto

-Est

ima

Asse

rtivi

dade

Auto

-efic

ácia

Cre

nças

eM

itos

Sexu

alid

ade

Tole

rânc

iae

Res

pons

abilid

ade

Soci

al

Antes

Depois

Gráfico 8 – Comparação entre a classificação das competências antes e depois do programa para o Grupo

Experimental – Pólo do Minho

Através de testes emparelhados de comparação de valores médios das competências

antes e depois do programa, verificamos que houve ligeiras melhorias em todas as

competências depois do programa, contudo, apenas se verificaram diferenças estatisticamente

significativas na competência “Sexualidade” (Quadro 5).

14

CompetênciaM

(antes)

M

(depois)t gl p

Aptidão Social 3.95 4.03 -.479 19 .637

Auto-Estima 4.20 4.44 -1.649 19 .116

Assertividade 4.13 4.39 -1.409 18 .176

Auto-Eficácia 4.57 4.71 -1.348 18 .194

Crenças e Mitos 4.48 4.60 -.806 18 .431

Sexualidade 3.48 3.94 -2.941 16 .010

Tolerância e Responsabilidade Social 4.30 4.54 -1.641 19 .117

Quadro 5 – Comparação dos valores médios das competências antes e depois do programa, através de testes

emparelhados

Estes dados permitem-nos afirmar a existência de alterações positivas ao nível do

desenvolvimento de competências do grupo que participou no Programa de Desenvolvimento

de Competências para a Prevenção do VIH/SIDA e IST no pólo do Minho, sendo tais

diferenças mais salientes ao nível da competência “Sexualidade”.

Por sua vez, da comparação entre os valores atribuídos às competências pelo grupo

experimental e pelo grupo de controlo depois do programa verificamos que os participantes do

programa apresentam valores mais elevados, mantendo-se, no entanto, a excepção da

competência “Sexualidade” (Gráfico 9).

1

2

3

4

5

Aptid

ãoSo

cial

Auto

-Est

ima

Asse

rtivi

dade

Auto

-efic

ácia

Cre

nças

eM

itos

Sexu

alid

ade

Tole

rânc

iae

Res

pons

abilid

ade

Soci

al

Grupo Experimental

Grupo de Controlo

Gráfico 9 – Comparação dos valores médios das competências do grupo experimental e do grupo de controlo depois

do programa

Na análise destes dados deveremos ter em consideração que a competência

“Sexualidade” pautava valores mais elevados no grupo de controlo do que no grupo

experimental antes do programa, sendo tal dado uma constante também no final do programa.

Além deste facto inicial, importa realçar um outro argumento que nos permite também discutir

sobre estes dados, referente à mortalidade na amostra do grupo de controlo no final do

programa (explicada por ser um período crítico de avaliações na Universidade do Minho). Foi

também surpreendente a necessidade que os alunos envolvidos no programa sentiram de

15

terem uma formação adicional sobre sexualidade, que é indicador da consciência das suas

limitações nesta área.

Em termos de participação neste Programa, registou-se um número de participantes

de 37 ao longo das 7 sessões de formação, tal como é ilustrado pelo gráfico 10.

Aptidão Social

Auto-eficácia

Auto -estima

To l. Resp. Social

Assertividade

Crenças e M itos

Sexualidade

0

5

10

15

20

25

30

35

1 2 3 4 5 6 7

Gráfico 10 – Participação nas 7 sessões do Programa – Pólo do Minho

Segundo a avaliação realizada pelos formadores, os itens da formação melhor

classificados no pólo do Minho foram o interesse dos participantes (M=4,86), o material das

sessões (M=4,71) e a organização geral da formação (M=4,71).

PÓLO DE AVEIRO

Neste pólo desenvolveram-se 7 Módulos de Formação para a Prevenção do VIH/SIDA

e IST, alusivos às mesmas competências trabalhadas nos Programas de Desenvolvimento de

Competências realizados nos pólos de Coimbra e do Minho, embora no caso de Aveiro se

tratassem de módulos independentes, variando os participantes de sessão para sessão. Os

Módulos de Formação, de 2h cada, tiveram lugar nas instalações do Departamento de Ciências

da Educação da Universidade de Aveiro.

Em termos de participação houve variabilidade no número de participantes nos

módulos de formação, tendo-se, no entanto, atingido um total de 176 participantes (M=21;

F=155), distribuídos pelos 7 módulos de formação (Gráfico 11).

16

25

32

201914

39

27

05

1015202530354045

Auto-Eficácia

Auto-Estima

CrençaseMitos

AptidãoSocial

Assertividade

Sexualidade

Tol. eResp.Social

Gráfico 11 – Distribuição dos participantes pelos 7 Módulos de Formação

Os resultados da avaliação dos módulos de formação resultaram do tratamento dos

questionários passados no final de cada módulo, nos quais os participantes puderam classificar

a formação dada (traduzida em 16 itens), através de uma escala de tipo Likert, de 1 a 5 (1=Mau

e 5=Muito Bom).

No geral, para o total dos 7 módulos de formação, as classificações foram bastante

positivas, tendo os participantes realçado a competência técnica dos formadores (M=4,68) e a

empatia dos formadores (M=4,68). A avaliação geral também foi muito bem classificada

(M=4,47), com um valor entre o Bom e o Muito Bom (Quadro 6).

Média DP

Avaliação geral 4,470 .59669

Dinâmica geral 4,386 .66019

Pertinência do tema 4,654 .61044

Exercícios de dinâmica de grupo 4,222 .88414

Conhecimento pessoal 4,072 .81462

Desenvolvimento pessoal 4,159 .86481

Relacionamento com colegas 4,074 .99037

Conhecimento de colegas novos 3,782 1.10116

Utilidade dos conhecimentos para ajudar outros colegas 4,197 .86154

Condições de trabalho 4,086 .84806

Material de apoio 4,238 .80588

Nível de satisfação 4,399 .79753

Competência técnica do formador 4,680 .52130

Relações entre formador e participantes 4,529 .65953

Transmissão dos conhecimentos 4,601 .58871

Empatia do formador 4,678 .53490

Quadro 6 – Avaliação geral dos Módulos de Formação

17

Comparando a avaliação geral de cada módulo, verificamos que o módulo melhor

classificado pelos participantes foi o referente à competência “Tolerância e Responsabilidade

Social” (M=4,83), seguido do da competência “Crenças e Mitos” (M=4,63) e da “Sexualidade”

(M= 4,57), embora todos os módulos tenham sido classificados entre o Bom e o Muito Bom

(Gráfico 12).

1 2 3 4 5

Auto-Eficácia

Auto-Estima

Crenças e M itos

Apt idão Social

Assertividade

Sexualidade

Tolerância e Responsabilidade Social

Gráfico 12 – Avaliação geral dos 7 módulos de formação

Quanto à avaliação realizada pelos formadores, foram destacados os itens

organização geral da formação (M=4,86) e o apoio administrativo (M=4,57), como os mais

valorizados.

18

6. IMPLICAÇÕES DO PROJECTO E SUGESTÕES FUTURAS

No final do projecto “Programa de Desenvolvimento de Competências e Formação para

a Prevenção do VIH/SIDA e IST” (ADIS/0196/06), sentimos necessidade de realizar, não só o

balanço das actividades desenvolvidas, salientando as principais conclusões a partir dos

resultados obtidos, como também reflectir sobre as implicações do referido projecto,

apresentando algumas sugestões para futuras actividades, quer de investigação, quer de

intervenção, a desenvolver no âmbito da prevenção de comportamentos de risco do VIH/SIDA

e IST junto dos estudantes do Ensino Superior.

Assim, parece-nos que, face aos resultados obtidos, os objectivos iniciais do projecto

foram atingidos, verificando-se uma evolução positiva das competências nos alunos que

participaram nas formações, bem como uma grande adesão de estudantes do Ensino Superior

às diferentes formações. A par dos resultados objectivos obtidos através dos questionários,

salientamos igualmente os vários feedbacks francamente positivos que fomos tendo

conhecimento ao longo das sessões pelos participantes dos vários pólos, bem como o

entusiasmo dos formadores confrontados com grupos altamente motivados e interessados.

Relevamos também as preocupações transmitidas pelos formadores face aos

conhecimentos reduzidos ao nível de planeamento familiar, sexualidade e contracepção

demonstrados pelos dos estudantes do Ensino Superior que participaram nas diferentes

formações. Esta situação levou a que, por exemplo, no pólo do Minho, a pedido dos

participantes, fosse realizada uma sessão extra projecto, específica sobre sexualidade e

contracepção.

As reflexões acerca dos resultados do projecto, implicações e sugestões futuras de

investigação e intervenção apresentadas neste anexo, resultaram de reflexões críticas

apresentadas pelos elementos da equipa envolvidos no projecto. Contudo, o período disponível

entre o final do programa (final de Dezembro) e o prazo estipulado para entrega do relatório

final (Janeiro), mostrou ser muito reduzido. Apesar de tudo, presentemente, a equipa formada

por elementos das três instituições encontra-se a delinear novas estratégias de intervenção

para futuro, com base nos dados obtidos com este projecto.

No que ao Pólo de Coimbra diz respeito, enquanto equipa responsável pela

coordenação técnica e financeira das actividades do projecto, foi salientado como limitação ao

desenvolvimento das actividades a discrepância entre o esforço exigido à entidade promotora

decorrente das exigências da candidatura e do próprio regulamento rígido do programa

ADIS/SIDA e a falta de reconhecimento desse esforço pela Coordenação Nacional para a

Infecção do VIH/SIDA, quer em termos de acompanhamento do projecto (a indisponibilidade

desse organismo para esclarecer dúvidas inerentes à gestão do projecto), quer em termos da

retribuição financeira.

Pese embora as dificuldades encontradas em termos de acompanhamento deste

trabalho pela entidade co-financiadora do projecto, julgou-se que os resultados justificam a

continuidade de acções de formação e do desenvolvimento de competências para a prevenção

19

de comportamentos de risco e promoção da Educação para a Saúde junto dos estudantes do

Ensino Superior.

Nesse sentido, no pólo de Coimbra está a ser considerada a hipótese de continuidade

do programa junto das residências universitárias (pretensão solicitada pelos alunos que não

puderam participar no programa anterior), com grupos mais pequenos de participantes de

forma a facilitar uma maior optimização dos resultados.

Solicitação semelhante foi registada no Pólo do Minho, onde foram recebidos diversos

e-mails sugerindo a elaboração de uma segunda formação no semestre subsequente,

mantendo o mesmo horário de conveniência para os alunos.

A par disso, considera-se igualmente a possibilidade de divulgação dos resultados

deste projecto de intervenção em encontros científicos, nacionais e internacionais (como por

exemplo na “4th IAS Conference on HIV Pathogenesis, Treatment and Prevention”, que irá ter

lugar nos dias 22 a 25 de Julho de 2007, em Sidney), possibilitando, desta forma, a troca de

experiências e ideias para o aperfeiçoamento das investigações e actividades na área da

prevenção do VIH/SIDA e IST junto dos estudantes do Ensino Superior.

Outra sugestão referida foi a organização de rastreios para detecção do VIH/SIDA,

valorizando a componente do aconselhamento psicológico aquando do retorno dos resultados

dos rastreados, especificamente dirigidos a estudantes do Ensino Superior. Esta sugestão

decorreu dos resultados da avaliação feita pelos participantes dos Programas de

Desenvolvimento de Competências e respectivos grupos de controlo que evidenciaram um

elevado número de alunos do Ensino Superior que nunca haviam feito o teste ao VIH/SIDA.

Considera-se igualmente importante a integração dos conteúdos de programas deste

género na estrutura curricular dos vários cursos do Ensino Superior, que poderia ser, por

exemplo, operacionalizada pela criação de uma disciplina aberta aos alunos de todos os

cursos, intitulada “Desenvolvimento de Competências Pessoais e Prevenção de

Comportamentos de Risco”, dada a sua pertinência para o desenvolvimento pessoal e social

dos estudantes do Ensino Superior.

Em termos de continuidade da investigação neste domínio, sugere-se ainda alargar

este trabalho a outras instituições nacionais para que se possam comparar resultados obtidos,

bem como envolver equipas multidisciplinares e internacionais.