relatório visita
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UNIVERSIDADE FEDERAL TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITRIO DE GURUPI
Caixa postal: 77.402-970, Gurupi-TO-Brasil
Telefones: (63) 3311-3500
BIOTECNOLOGIA APLICADA A INDSTRIA DE ALIMENTOS E
BEBIDAS
Carla Lobo Acadmica UFT
Sandy Emilly Lima Nascimento Acadmica - UFT
Wllen Fabrcia Aviz Acadmica - UFT
GURUPI - TO
MARO DE 2014
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UNIVERSIDADE FEDERAL TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITRIO DE GURUPI
Caixa postal: 77.402-970, Gurupi-TO-Brasil
Telefones: (63) 3311-3500
RELATRIO 3: VISITA TCNICA AO LATICNIO COOPERNORTE
GURUPI - TO
MARO DE 2014
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1. INTRODUO
Entende-se por cooperativa, uma associao de indivduos que atua como uma
empresa mercantil. Para sua constituio so necessrias 20 pessoas, no mnimo, que se
associam livremente e trabalham para o benefcio de todos os participantes, sendo ao
mesmo tempo donos e usurios da cooperativa (BINAGRI, 2006).
Devido grande popularidade do termo cooperativismo foi criada uma aliana
que engloba a maioria das cooperativas existentes no mundo. A Aliana Cooperativa
Internacional (ACI) foi criada em 1895, na Inglaterra, com a misso de representar,
congregar, defender o movimento cooperativista, divulgar e tambm preservar seus
valores e princpios. Ela agregava 222 organizaes-membro em 100 pases, at o ano
de 2006, apresentando portanto, grande representatividade no mbito mundial. O Brasil
filiou-se Aliana em 1989, cerca de um sculo aps o primeiro movimento
cooperativista brasileiro (BINAGRI, 2006).
No Brasil, a cultura da cooperao datada da poca da colonizao
portuguesa. Seu incio foi designado atravs do Movimento Cooperativista Brasileiro,
no final do sculo 19, tendo como principais participantes funcionrios pblicos,
militares, profissionais liberais e operrios, com o objetivo central de atender s suas
necessidades. A difuso do cooperativismo brasileiro passou por alguns entraves, at
que fosse reconhecido nacionalmente com a criao da Organizao das Cooperativas
Brasileiras OCB, em 1969 (Em: , Acesso em: 15 maro 2014).
Nos ltimos anos, o Tocantins vem conquistando novas prticas produtivas
voltadas para o associativismo e cooperativismo no campo. Um exemplo disso o fato
do Estado contar atualmente com 964 associaes e 153 cooperativas de produtores
rurais. E, a Seagro (Secretaria da Agricultura e Pecuria) tem incentivado ainda mais
essas atividades de produo desde 2013, fortalecendo assim os setores agrcolas e
pecurios na regio (DE DEUS, 2013).
De todas as cooperativas do Tocantins, trs atuam com produo de leite: a
Cooperativa Agrcola de Pedro Afonso (Coapa), a Cooperativa de Produtores de Gurupi
(Coopag) e a Cooperativa Agropecuria Tocantinense de Paraso (Coopernorte), com
cerca de 74 cooperados (DE DEUS, 2013). Sendo assim, o presente trabalho aborda o
funcionamento e a produo da Coopernorte, aps uma visita tcnica realizada no dia 06
de maro de 2014.
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2. MATERIAIS E MTODOS
2.1 Processamento do leite
O processo de produo do leite inicia-se com a ordenha que pode ser realizada,
tanto de forma manual ou mecnica. Deve ser feita com regularidade e diariamente,
adotando-se o intervalo mnimo de 10 horas no regime de duas ordenhas e 8 horas no de
trs ordenhas (RVILLION, 2004). O leite recm ordenhado deve ser rapidamente
resfriado a temperaturas inferiores a 5C, para isso o transporte do leite, do produtor
indstria, realizado em caminhes-tanque isotrmico (SILVA, 2008).
Na recepo do leite para receber a matria-prima proveniente das fazendas, so
realizados os testes e anlises necessrios para saber das condies higinicas e legais
do leite recebido (MEDEIROS et al., 2006).
Uma anlise feita no leite da Coopernorte assim que chega na recepo, o
teste de crioscopia, realizado em um aparelho denominado crioscpio, no qual a amostra
do leite congelada e o ponto de congelamento lido em um termmetro muito preciso.
O ponto de congelamento mximo do leite aceito pela legislao brasileira 0,512C.
Quando se adiciona gua ao leite, o ponto de congelamento aumenta em direo ao
ponto de congelamento da gua (0C), ou seja, este teste usado para detectar
adulterao do leite com gua (BRITO et al, 2007). Outra anlise o teste que verifica a
presena de antibitico.
Segundo Venturini et al (2007), o processo de pasteurizao do leite consiste no
aquecimento do leite a uma determinada temperatura, por um determinado tempo,
visando eliminar bactrias patognicas e reduzir as deterioradoras, seguido de
resfriamento, aumentando a vida til do leite, sem alterao sensvel da sua composio
nutricional e sensorial. A pasteurizao pode ser dividida em 2 tipos: lenta (baixa
temperatura por um longo tempo) e rpida (alta temperatura por um curto tempo).
Na Coopernorte, o leite passa pelo pasteurizador para ser aquecido a 45C,
depois passa pela centrfuga onde feita a retirada de possveis sujidades e ao mesmo
tempo faz a padronizao do leite retirando o excesso de gordura, deixando-o com
apenas 3% que o indicado pela ANVISA (VENTURINI et al 2007).
Em seguida, retornar ao pasteurizador, onde aquecido temperatura mxima
de 75C e imediatamente resfriado de 3 a 5C, durante aproximadamente 20 segundos,
em um equipamento com trocadores de calor de placas (Fig. 2.2), ou seja, pasteurizao
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rpida (BARROS et al, 2006). Por fim, o leite j pasteurizado enviado para os silos
armazenamento e liberado para o empacotamento.
Aps sofrer o processo de pasteurizao, o leite deve ser obrigatoriamente
refrigerado a temperaturas inferiores a 5C, mesmo no estando ainda embalado
(ALVES, 2008). Na sala de envase, o leite empacotado em embalagens plsticas e
mantido sob refrigerao at posterior expedio.
importante observar que o limite de temperatura do leite pasteurizado
embalado para entrega ao consumo deve ser de, no mximo, 7C, a fim de evitar
contaminaes posteriores pasteurizao (RVILLION, 2004).
Figura 2.1: Fluxograma Bsico do Processo de Fabricao do Leite
Ordenha
Transporte
Recepo
Amostragem
Padronizao
Pasteurizao
Resfriamento
Envase
Refrigerao
Expedio
Leite in natura
Impurezas/ Gordura (3%)
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2.2 Processamento do queijo
O leite j devidamente pasteurizado levado para um equipamento constitudo
de ps, onde a coagulao ser realizada. Essa fase a mais importante na produo do
queijo, cria condies para produzir queijos moles ou duros. Inicia-se pela adio de
coagulante e termina quando o leite solidifica, de forma consistente ou seja, chegamos
Coalhada (SOUZA et al, 2008). No h a adio de conservantes ou aditivos
qumicos.
Aps permanecer em repouso, Segundo Carmo (2010) feito o corte da
coalhada com as ps, no qual um suave e superficial corte em trao de cruz realizado
para testar a coagulao. Logo aps, a p aprofundada na massa onde se faz cortes
fundos, seguidos de movimentos rotativos. O corte feito lentamente e dependendo do
corte da coalhada pedaos maiores ou menores o queijo assume caractersticas finais
diferentes, j que, quanto mais soro for retirado da coalhada, mais dura e mais seca ser
a pasta do queijo (SOUZA et al, 2008).
A coalhada quebrada deixada em repouso por quinze minutos, tempo
suficiente para que se precipite o soro. Em seguida, feita a desoragem do queijo, onde
o soro que se precipita retirado, na proporo de um tero do lquido
(HOHENDORFF, 2006).
A massa retirada do equipamento e colocada nas formas, geralmente j so
adicionados os condimentos. O formato do queijo depende da forma do molde. E
posteriormente na prensagem retirado o excesso de soro da massa. A textura do queijo
depende desta fase, quanto mais intensa for a prensagem, mais dura ser a consistncia
do queijo (SOUZA et al, 2008).
Depois de prensado, o queijo vai para as cmaras frias para resfriar e ao mesmo
tempo permanece em salmoura por 12 horas, ate o dia seguinte, quando ento
embalado. A salga do queijo tem finalidade de potencializar o sabor e inibir o
crescimento de bactrias indesejveis (CARMO, 2010).
O queijo ento embalado em embalagens plsticas e fechado a vcuo. No
rtulo, devem existir informaes sobre o produto, como a sua data de fabricao e em
seguida, aps ser acondicionado em caixas armazenado em cmara fria at sua
expedio final (BASSO e SEOLIN, 2009).
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Figura 2.2: Fluxograma Bsico do Processo de Fabricao do Queijo
Mussarela
Pasteurizao
Adio de Coalho
Coagulao
Repouso
Corte da coalhada
Dessoragem
Prensagem e moldagem
Resfriamento/Salmoura
Embalagem
Cmaras frias
Expedio
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2.3 Processamento da manteiga
O processo de produo da manteiga se inicia com a obteno do creme do leite
atravs da operao de desnate. O desnate feito de forma mecnica, realizado com o
uso de desnatadeiras, obtendo-se um creme doce, fresco e livre do ataque microbiano e
do desenvolvimento de sabores e odores estranhos, alm de ser mais rpido (SILVA,
2006).
Para a obteno de um produto com melhor qualidade e conservao, deve ser
realizado o tratamento do creme, que inclui padronizao e pasteurizao. A
padronizao realizada com gua ou leite desnatado para que este apresente de 35 a
40% de gordura, fator importante para a etapa de batedura. Acima desta quantidade,
haver perda de gordura no leitelho (RODRIGUES, 2008).
Aps a padronizao, feita a pasteurizao do creme, etapa cuja finalidade
evitar a propagao de doenas infecciosas, diminuir contaminaes nas indstrias e
prevenir possveis alteraes na manteiga. realizada em ausncia de ar mantendo-se o
creme de 92C a 95C durante 30 segundos, em um equipamento chamado trocador de
placas. Nessas condies, h destruio dos micro-organismos e enzimas presentes sem
alterao das qualidades organolpticas da nata (VALSECHI, 2010).
Posterior pasteurizao, feita a bateo. Esta etapa realizada em batedeira
com temperatura na faixa de 8 a 13C. A batedura visa a unio dos glbulos de gordura,
formando os gros de manteiga, havendo tambm a separao da fase lquida (leitelho)
(SILVA, 2006). Em seguida, feita a lavagem da manteiga com gua, onde esta
etapa tem como finalidade a remoo dos resduos de leitelho da superfcie dos gros de
manteiga e melhoria da qualidade final do produto (ITAMB, 2002).
A salga da manteiga uma etapa opcional, mas apresenta as vantagens de
conferir melhor sabor manteiga e de tambm ajudar na conservao. Mistura-se o sal
em um pouco de gua e adiciona-se sobre a manteiga. A quantidade de sal pode ser de 1
a 2% sobre a quantidade de manteiga (RODRIGUES, 2008; SILVA, 2006).
Aps a salga, feita a malaxagem, etapa que proporciona o corpo final da
manteiga, com regulagem do teor de gua e distribuio por igual do sal. Esta operao
se realiza em mquinas denominadas malaxadeiras, e atravs dela que se consegue
unir os grumos de gordura, dando homogeneidade e elasticidade manteiga. A
temperatura de malaxagem deve ser da ordem de 12C a 14C durante aproximadamente
10 minutos (VALSECHI, 2010; RODRIGUES, 2008). Posteriormente, a manteiga
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moldada e embalada, e em seguida estocada sob refrigerao em cmaras frias at a
expedio.
Figura 2.3: Fluxograma Bsico do Processo de Fabricao da Manteiga
Obteno do creme
Padronizao do creme
Pasteurizao do creme
Bateo do creme de leite
Lavagem da manteiga
Salga da manteiga
Malaxagem
Moldagem
Embalagem
Cmaras frias
Expedio
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2.4 Tratamento de efluentes
O tratamento dos efluentes resultantes dos trs processos feito atravs de um
novo sistema implantado na cooperativa, trazido do Paran, onde utilizado uma
espcie de bactrias desconhecidas, juntamente com britas e bambu como suporte, e um
material semelhante a conchinhas, dentro de trs tanques subterrneos completamente
vedados, e que no poder ser aberto sob hiptese alguma. No se sabe ao certo o modo
de funcionamento do mesmo, no entanto aparentemente um sistema eficiente, em que
a gua resultante do processo de tratamento apresenta aspecto lmpido, e poder ser
utilizada na irrigao de plantas.
O sistema, que custou em mdia R$150.000, possui garantia de 30 anos, sem ser
necessrio algum tipo de manuteno, j que no poder ser aberto. Pouco se sabe a
respeito deste tipo de tratamento, visto que uma ideia nova, e os tcnicos responsveis
mantem sigilo absoluto a respeito do mesmo.
3. RESULTADOS E DISCUSSO
A principio, aps ordenhado, o leite encaminhado cooperativa por meio de
caminhes-tanque, logo, leites de diferentes origens so misturados. Isto quer dizer que,
se o leite de um dos fornecedores estiver comprometido ou contaminado, todo o
contedo do tanque dever ser descartado, o que resulta em perdas econmicas para a
cooperativa. O ideal seria, antes de se realizar a mistura, fazer todas as anlises
necessrias para se certificar de que o leite transportado seja o adequado para o
processamento, havendo assim reduo nas perdas.
Assim que o leite chega recepo, necessrio a realizao de um controle de
qualidade atravs de diferentes anlises. Segundo Medeiros et al. (2006), dentre as
analises feitas no leite esto a acidez, densidade, crioscopia, gordura total, extrato seco
total e desengordurado, protena, cloretos, peroxidase (p/ leite pasteurizado), fosfatase
(p/ leite pasteurizado), urina, alcalinos, mastite, pus, sangue e acar redutase. No caso
do laticnio Coopernorte, a nica anlise feita o teste de crioscopia para detectar se
houve adulterao do leite com adio de gua, e testes de verificao da presena de
antibitico.
No laticnio visitado, o ambiente onde se fabrica os produtos no bem arejado,
e apenas uma parte apresenta boa iluminao. Os equipamentos e tubulaes so
antigos, e uma parte so visivelmente desgastados por ferrugem e vazamentos, o que
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pode interferir na qualidade final dos produtos. Mello (2009) afirma que para se
produzir leite de boa qualidade, interesse este no s do produtor, mas tambm das
indstrias, necessrio a verificao do estado e higienizao dos utenslios e
equipamentos, j que estes desgastes podem causar a proliferao de Clostridiuns e
coliformes com facilidade, os quais encontram neste ambiente proteo ideal contra os
agentes qumicos (cidos, sodas, cloro, etc..).
Uma boa prtica para evitar contaminaes, verificar a higienizao
diariamente, ou no mximo semanalmente, as sadas dos pasteurizadores, torneiras de
coletas de amostras, e registros. Borrachas de vedao devem ser sempre trocadas, as
curvas das tubulaes devem ser inspecionadas periodicamente para se evitar surpresas.
Os silos de estocagem tanto para leite cru como para leite pasteurizado podem e devem
ser lavados com cidos.
O sistema de tratamento de efluentes utilizado, que teoricamente se mostra
bastante eficiente, alvo de muitas dvidas, principalmente pelo fato de que no poder
ser aberto durante esses 30 anos de garantia, estipulado pelos tcnicos responsveis. O
fato de ser to simples e relativamente barato, uma vez que no ser necessria a
manuteno e no h gastos com energia ou outros equipamentos, torna este sistema um
tanto quanto duvidoso. Resta apenas aguardar, para se ter confirmao de tamanha
eficincia.
Quanto aos outros produtos do laticnio, o queijo e a manteiga, no momento da
visita as produes estavam paradas pela pouca disponibilidade de leite.
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