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DIOGO MIGUEL MENDES RIBEIRO MESSIAS RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SPORTING CLUBE LINDA-A-VELHA SUB-13 ÉPOCA DESPORTIVA 2017/2018 Presidente do Júri: Professor Doutor Jorge dos Santos Proença Martins Arguente: Professor Doutor Paulo Jorge Rodrigues Cunha Orientador: Professor Doutor António Manuel Marques de Sousa Alves Lopes Co-Orientador: Professor Nelson Alexandre Silva Veríssimo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Educação Física e Desporto Lisboa 2018

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DIOGO MIGUEL MENDES RIBEIRO MESSIAS

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO

SPORTING CLUBE LINDA-A-VELHA

SUB-13

ÉPOCA DESPORTIVA 2017/2018

Presidente do Júri: Professor Doutor Jorge dos Santos Proença Martins

Arguente: Professor Doutor Paulo Jorge Rodrigues Cunha

Orientador: Professor Doutor António Manuel Marques de Sousa Alves Lopes

Co-Orientador: Professor Nelson Alexandre Silva Veríssimo

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Faculdade de Educação Física e Desporto

Lisboa

2018

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Faculdade de Educação Física e Desporto

DIOGO MIGUEL MENDES RIBEIRO MESSIAS

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO

SPORTING CLUBE LINDA-A-VELHA

SUB-13

ÉPOCA DESPORTIVA 2017/2018

Relatório final de estágio apresentado para a obtenção do grau

de mestre em treino desportivo na especialidade de alto

rendimento, no curso de mestrado conferido pela Universidade

Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

Despacho Reitoral n.º 380/2018

Presidente do Júri: Professor Doutor Jorge dos Santos Proença Martins Arguente: Professor Doutor Paulo Jorge Rodrigues Cunha Orientador: Professor Doutor António Manuel Marques de Sousa Alves Lopes

Co-Orientador: Professor Nelson Alexandre Silva Veríssimo

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Faculdade de Educação Física e Desporto

Lisboa

2018

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Faculdade de Educação Física e Desporto

Agradecimentos

A realização deste Mestrado e respectivo relatório só foi possível devido ao

acompanhamento que me foi proporcionado tanto a nível académico, como a nível

familiar.

Gostaria de agradecer em primeiro lugar há minha família, em especial aos meus

pais, pois sem eles não seria possível ter chegado onde cheguei, sem dúvida que foram

uma fonte de inspiração e de força para nunca desistir dos meus objectivos.

Gostaria de agradecer ao Sporting Clube Linda-a-Velha pela oportunidade que

me deu em poder ingressar no clube, agradecendo aos meus colegas no clube e em

especial àqueles com quem tive a oportunidade de trabalhar directamente, fazendo com

que a minha evolução fosse contínua.

Agradeço aos meus amigos mais próximos, assim como aos meus colegas de

Mestrado pela troca de conhecimentos partilhados e de experiências vividas, fossem

elas relacionadas ou não com a modalidade de futebol.

Um agradecimento especial ao Professor Nelson Veríssimo, pelos seus

conselhos e soluções para que todo o trabalho fosse realizado, assim como também por

todo o seu conhecimento demonstrado.

Por fim, e não menos importante, um agradecimento à Universidade Lusófona

de Humanidades e Tecnologias, em especial à Faculdade de Educação Física e

Desporto na pessoa do Professor Doutor Jorge Proença, pela oportunidade e por todos

conhecimentos transmitidos ao longo de todo este Mestrado.

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Resumo

O presente relatório surge no âmbito da conclusão do Mestrado em Futebol- da

Formação à Alta Competição, para a obtenção do grau de Mestre do mesmo, através

da Faculdade de Educação Física e Desporto, na Universidade Lusófona das

Humanidades e Tecnologias.

O estágio foi realizado no Sporting Clube Linda-a-Velha, no escalão de Infantis

“A” (2005).

Este relatório tem como objectivo relatar o que por mim foi feito ao longo da

época desportiva e tem como maior incidência o tema por mim abordado “A Influência

dos Encarregados de Educação no Futebol de Formação.

A análise efectuada ao volume total de treino, permite-nos concluir que em cento

e duas unidades de treino previstas e noventa e três realizadas, um número algo abaixo

das expectativas totais, foram cumpridos seis mil setecentos e noventa e nove minutos

de tempo útil de treino, o que equivale a aproximadamente 81% (81,23%) do tempo total

de treino.

O principal destaque nas unidades de treino, vai para os exercícios essenciais

Forma III, que foram realizados em todas as unidades de treino, dando uma especial

destaque a exercícios reduzidos que incidissem em contexto competitivo, que se

aproximassem da realidade competitiva. Como principal conclusão, observamos que

ainda não existe uma fonte segura que diga que a influência dos pais é benéfica ou

prejudicial. Podemos ainda concluir que os pais devem saber em que ponto da formação

estão os seus filhos, para saberem também em que ponto deve estar o seu

envolvimento.

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Palavras-chave: Futebol, Envolvimento, Tático, Influência dos Pais

Abstract

The present report arises from the conclusion of the Master's Degree in Football

“da Formação à Alta Competição”, in order to attain the Master's degree, through the

Faculdade de Educação Física e Desporto, of the Universidade Lusófona de

Humanidades e Tecnologias.

The internship was held at Sporting Clube Linda-a-Velha, at the Infantis "A"

(2005) level.

This report aims to report what I have done throughout the sporting season and

has as its main focus the theme addressed by me: "The Influence of Education Officials

in Football Training.

The analysis of the total training volume allows us to conclude that in one hundred

and two planned training units and ninety-three completed, a number somewhat below

the total expectations, six thousand seven hundred and ninety-nine minutes of training

time training, which is equivalent to approximately 81% (81.23%) of the total training

time.

The main highlight in the training units, goes to the essential exercises Form III,

which were carried out in all training units, giving special emphasis to reduced exercises

that occurred in a competitive context, which approached the competitive reality. As a

main conclusion, we note that there is still no reliable source to say that parental influence

is beneficial or harmful. We can also conclude that parents should know at what point in

the formation their children are, to also know at what point their involvement should be.

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Keywords: Football, Involvement, Tactic, Parents Influence

Abreviaturas e Símbolos

Cm- Centímetros

CMJ- Countermovement Jump

GR- Guarda-redes

H- Horas

Kg- quilogramas

PC- Período Competitivo

PPC- Período Pré-competitivo

SJ- Squat Jump

S2- Série 2

S4- Série 4

TP- Treinador Principal

TR- Tempo Real

TT- Tempo Total

TU- Tempo Útil

UT- Unidade de Treino

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Índice Geral

Introdução ................................................................................................................... 11

Capítulo I- Caracterização da Instituição de Estágio ................................................... 13

1.1-Enquadramento histórico .................................................................................. 14

1.2-Caracterização geral do clube ........................................................................... 15

1.3- Recursos .......................................................................................................... 15

1.3.1- Recursos Estruturais ................................................................................. 15

1.3.2- Recursos Humanos ................................................................................... 16

1.3.3- Recursos Materiais .................................................................................... 16

Capítulo II – Projeto Individual de Estágio ................................................................... 18

2.1-Local de treino e frequência semanal de treinos ............................................... 19

2.2- Função e tarefas do treinador estagiário .......................................................... 19

2.3- Definição de Objectivos .................................................................................... 19

2.3.1-Treinador Estagiário ................................................................................... 19

2.3.2- Clube ......................................................................................................... 20

2.3.3-Equipa ........................................................................................................ 20

2.4- Metodologias e Meios de Ensino ...................................................................... 21

2.4.1- Métodos de Ensino .................................................................................... 21

2.4.2- Meios de Ensino ........................................................................................ 22

2.5- Periodização, planeamento e programação do processo de treino .................. 23

2.6- Avaliações ........................................................................................................ 26

Capítulo III – Caraterização da Equipa ....................................................................... 28

3.1-Caracterização da Equipa Técnica .................................................................... 29

3.2-Caracterização do Plantel ................................................................................. 30

Capítulo IV – Ideia de Jogo, Processo de treino e de Observação.............................. 32

4.1-Ideia de Jogo .................................................................................................... 33

4.2-Processo de Treino ........................................................................................... 36

4.3- Modelo de observação ..................................................................................... 37

4.3.1- Equipa adversária ...................................................................................... 38

Capítulo V – Processo de Treino ................................................................................ 39

5.1- Enquadramento teórico .................................................................................... 40

5.2- Volume dos Conteúdos de Treino .................................................................... 41

5.2.1- Macrociclo ................................................................................................. 41

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5.2.2-Período pré competitivo e período competitivo ........................................... 42

5.3- Macrociclo ........................................................................................................ 45

5.3.1-Microciclo Padrão ....................................................................................... 45

5.3.2-Microciclo Semanal – Planeamento vs Operacionalização ......................... 46

5.3.3- Relação entre parte introdutória, preparatória, principal e final .................. 48

5.3.4- Relação entre volume de treino planeado e volume de treino

operacionalizado .................................................................................................. 48

5.4- Disciplina .......................................................................................................... 49

5.5- Lesões ............................................................................................................. 50

Capítulo VI – Processo Competitivo ............................................................................ 51

6.1- Caracterização do(s) Contexto(s) Competitivo(s) ............................................. 52

6.2- Calendário Competitivo .................................................................................... 53

6.3- Evolução da Classificação ao Longo do Campeonato ...................................... 54

6.4- Evolução dos Resultados ................................................................................. 55

6.5- Volume Competitivo e Análise Competitiva Individual ...................................... 58

6.6- Dia Competitivo ................................................................................................ 59

Capítulo VII – A Influência dos Encarregados de Educação no Futebol de Formação 61

Introdução ............................................................................................................... 62

1.1 A Influência dos Encarregados de Educação no Futebol de Formação ............. 62

1.2 Motivação .......................................................................................................... 66

1.3 O Envolvimento Parental no Desporto Jovem ................................................... 66

1.4- A Influência dos Pais na Relação Treinador-Atleta ........................................... 67

1.5- Talento no Futebol- Terão os pais um papel importante? ................................. 68

Considerações Finais ................................................................................................. 70

Conclusão e Perspetivas Futuras ............................................................................... 71

Reflexões .................................................................................................................... 73

Referências Bibliográficas .......................................................................................... 76

Anexos .......................................................................................................................... I

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Índice de Tabelas

Tabela 1- Calendarização da Época Desportiva ............................................................. 24

Tabela 2- Planeamento Anual da Equipa ......................................................................... 25

Tabela 3- Caracterização do Plantel ................................................................................. 30

Tabela 4- Resultados da Série 2........................................................................................ 57

Tabela 5- Resultados da Série 4........................................................................................ 58

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Índice de Figuras

Figura 1- Símbolo do Clube ..................................................................................... 14

Figura 2- Exercício Técnico e Finalização ............................................................... 17

Figura 3- Jogo do drible + coordenação .................................................................. 17

Figura 4- Jogo do Drible 2x2 (1) .............................................................................. 17

Figura 5- Saída de Bola .......................................................................................... 34

Figura 6- 1ª Etapa de Construção ........................................................................... 34

Figura 7- 2ª Etapa de Construção ........................................................................... 34

Figura 8- Posicionamento Defensivo na Saída de Bola Adversária ......................... 35

Figura 9- Posicionamento Defensivo na 1ª Fase de Construção Adversária ........... 36

Figura 10- Volume de Treino- PPC ......................................................................... 42

Figura 11- Volume de Treino- PC ............................................................................ 43

Figura 12- Volume da Competição .......................................................................... 43

Figura 13- Volume dos Exercícios no PPC .............................................................. 44

Figura 14- Volume dos Exercícios no PC ................................................................ 45

Figura 15- 2º Microciclo ........................................................................................... 46

Figura 16- Volume de Treino Planeado vs Operacionalizado .................................. 48

Figura 17- Dificuldade S2 ........................................................................................ 53

Figura 18- Dificuldade S4 ........................................................................................ 53

Figura 19- Evolução da Classificação ao Longo do Campeonato ............................ 54

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Introdução

O jogo de futebol é considerado o desporto com mais destaque, entre todas as

outras modalidades existentes. Consideram-no assim por tudo o que envolve, pelas

massas que consegue mexer, não só a nível associativo ou simpatizante, como também

a nível cultural e cada vez mais a nível financeiro.

Apesar de não ser um jogo de elite, como é o caso de outros desportos, como o

golf ou o ténis, acaba por se tornar uma elite acessível a todos.

Para Castelo (2009), o futebol é um jogo fácil de entender devido aos seus

objectivos, às variadas formas de intervir sobre a bola e, às relações entre colegas e

adversários nas fases ofensiva e defensiva. Apesar desta facilidade em entender o jogo,

o mesmo autor afirma que assenta uma virtude lógica complexa, em virtude da

contextualidade que envolve cada instante/momentos do jogo. Esta mesma

complexidade é fruto de inúmeras fontes de informação (movimentações dos

companheiros, adversários, da bola, etc).

Castelo (2009) afirma ainda que o futebol é um jogo desportivo colectivo, pois

estão agrupadas 2 equipas numa relação de adversidade, afirma que o futebol é um

jogo de cooperação e oposição e que é um jogo com uma lógica interna.

Em relação ao futebol de formação, as bases são as mesmas, com a diferença

que o trabalho é desenvolvido com crianças que praticam a modalidade ou porque

gostam, ou por sonho, ou por interesse em experimentar algo novo, mas nunca

podemos descurar o envolvimento dos pais inicialmente, até às camadas mais

avançadas perto do futebol júnior e sénior. O treinador de formação deve ter alguma

sensibilidade, deve ser um educador, deve procurar incluir todos, sejam eles mais ou

menos aptos, deve desenvolver a criatividade, deve corrigir, deve elogiar, deve criticar

no momento acertado, enfim o treinador de formação deve ser um professor/educador,

como disse anteriormente, enquanto é treinador de futebol.

Este relatório tem como objectivo descrever, analisar e reflectir todo o processo

levado a cabo ao longo da época desportiva 2017/2018. Como parte integrante deste

relatório consta uma revisão bibliográfica relativamente à Influência dos Encarregados

de Educação no Futebol de Formação, tema escolhido pelo impacto que esta influência

poderá ter junto dos jovens jogadores ainda em formação tanto nível da modalidade

como a nível social.

O estágio, ao longo da época desportiva 2017/2018 foi realizado no Sporting

Clube Linda-a-Velha, no escalão de Infantis “A” (2005). A escolha do escalão foi

proposta pelo clube, visto que já havia sido treinador numa equipa de futebol de 7, com

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esta mesma geração, uma geração onde o meu conhecimento era mais desenvolvido

do que em relação a outras gerações e onde o desafio de poder trabalhar e competir

num campeonato de futebol de 9, seria um grande objectivo por nunca ter estado ligado

ao mesmo género de futebol.

Acima referi, que o tema do trabalho seria “A Influência dos Encarregados de

Educação no Futebol de Formação”, que vai ser a base da minha revisão bibliográfica

neste relatório de estágio, pois foi um tema que na minha óptica faria mais sentido de

estudar, pois nos escalões de formação ainda assistimos a muitos incidentes dos pais,

perante os árbitros, treinadores e jogadores, que acabam por ser sempre os maiores

prejudicados por culpa deste envolvimento dos pais.

Com este tema pretendo chegar à conclusão se o envolvimento e a influência

dos pais é ou não benéfica para os filhos, se a maneira de pensar de um pai que tenha

um filho mais apto que outro é igual ou se é diferente.

Para chegar a estas conclusões, usei suporte bibliográfico baseado em

psicologia desportiva com vários estudos.

O presente documento está estruturado em vários capítulos, onde inicialmente

no capítulo 1 é descrita a Caracterização da Instituição de Estágio, no capítulo 2

abordamos o Projecto Individual de Estágio, seguido do capítulo 3 onde é abordada a

Caracterização da Equipa.

No capítulo 4, o tema abordado é a Ideia de Jogo, Processo de Treino e de

Observação, seguido do capítulo 5 onde abordo o Processo de Treino, e do capítulo 6

onde é abordado o Processo Competitivo.

Para concluir, temos o capítulo 7, onde me irei debruçar sobre o tema já dito

anteriormente, e por fim o capítulo 8 onde concluirei o relatório, falando de perspectivas

futuras e as minhas reflexões.

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Capítulo I- Caracterização da Instituição de Estágio

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1.1-Enquadramento histórico

Figura 1- Símbolo do Clube

O Sporting Clube de Linda-a-Velha ficou conhecido por ser o primeiro clube na

zona de Linda-a-Velha nos anos 20, tendo o nome de Linda-a-Velha Futebol Clube. O

clube foi inicialmente fundado com base em problemas sociais e políticos ocorridos em

Portugal naquela altura. Mais tarde e devido à falta de meios e de recursos, o clube

acabou por ser extinto, mas para as pessoas que viviam naquela zona, os linda-a-

velhenses, o seu amor perante o clube é tanto que decidiram criar novamente um clube

naquela mesma região.

No dia 1 de Outubro de 1937, é fundado de forma oficial o Sporting Clube de

Linda-a-Velha. Criado e fundado o clube necessitava apenas de uma sede dentro do

próprio clube, sede essa que conseguiu adquirir apenas em 1964, ou seja, 27 anos

depois da fundação do clube, mas apesar deste contratempo, o clube durante estes 27

anos, funcionava com a sua sede na Academia Recreativa de Linda-a-Velha.

O seu nome, símbolo e a cor do seu equipamento, podem entrar em

“discordância” visto que o equipamento é às riscas vermelhas e brancas, bem como um

símbolo que é representado por um leão sobre as riscas vermelhas, mas a explicação

é simples e volta a ser uma base excelente tanto de desportivismo como de amor ao

clube por parte dos linda-a-velhenses, que como alguns eram adeptos do Sporting

Clube de Portugal e outros eram adeptos do Sport Lisboa e Benfica, decidiram por bem

repartir de forma equitativa as cores alusivas a um e outro clube, para que todos

pudessem estar de acordo e felizes com o clube da sua zona.

O primeiro campo que o clube teve à disposição, já não existe, nos dias de hoje

nesse mesmo campo está situado o mercado municipal e as instalações passaram para

o Parque Desportivo Fernando Magalhães, em forma de homenagem a um dos seus

grandes atletas que por ali passou. O parque desportivo situa-se na Avenida Tomás

Ribeiro, entre Linda-a-Velha e Carnaxide.

Citação: (Fernandes, J., 2013, 30 de junho).

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1.2-Caracterização geral do clube

O clube alberga um projecto, que se trata de uma escolinha/academia de

formação formada pelo clube, de maneira a iniciar o futebol para muitas crianças, de

maneira a que o futebol seja um desporto visto como uma diversão e não como

obrigatoriedade e que visa, fazer um possível trajecto da formação da escolinha, para a

formação de competição.

Esta mesma escolinha/academia tem a mesma duração que a época desportiva,

realizando jogos de carácter lúdico-competitivo em torneios realizados para este género

de escolas de formação. A escola de formação do clube inicia-se nos petizes e vai até

ao escalão juvenil.

Em relação à direcção, o Presidente do clube é o Sr. Tiago Serralheiro, o Vice-

Presidente é o Sr. Carlos Simões, direcção esta que é composta por mais onze

elementos. Em relação ao Conselho Fiscal do clube, o Presidente é o Sr. Vitor Coruche,

tendo ainda mais três membros a colaborar no conselho e em relação à Assembleia

Geral, esta é composta por quatro membros, sendo o Presidente Eugénio Abrantes.

O Secretário Técnico do clube é o Treinador Rui Fernandes e os Coordenadores

de Formação de Futebol de sete e Futebol de onze (Iniciados e Juvenis) são os

Treinadores Pedro Vilela, Pedro Torrado e Paulo Rocha.

Antigamente existam mais modalidades no clube como luta greco-romana,

hóquei em patins e pesca desportiva de alto mar, mas actualmente só existe mesmo a

prática de futebol dentro do clube.

1.3- Recursos

De seguida irei fazer uma breve descrição relativamente aos recursos existentes

no Sporting Clube Linda-a-Velha.

1.3.1- Recursos Estruturais

O clube dispõe de três campos no total, um campo de Futebol de onze, um

campo de Futebol de sete e um campo de Futebol de cinco. Este último serve para um

contexto mais lúdico, devido à possibilidade de ser alugado a pessoas de fora do clube

ou como zona inicial de aquecimento para as equipas quando se estão a realizar jogos

nos outros campos. O clube tem ainda disponíveis, nove balneários e mais um balneário

onde está situado o posto médico do clube. Futuramente irá ter mais um campo de

Futebol de nove.

Na minha opinião o clube tem óptimas condições estruturais, principalmente pelo

número de campos que dispões, contudo o facto de ter muitos escalões e em cada

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escalão existir uma equipa de primeiro ano (B) e uma equipa de segundo ano (A), faz

com que por vezes o treino tenha de ser adaptado, como se verifica em equipas de

futebol de onze que treinam no campo de futebol de sete, devido ao horário dos treinos.

1.3.2- Recursos Humanos

Em relação aos recursos humanos, o clube tem entre 15 a 20 treinadores desde

os Traquinas aos Seniores, o posto médico é composto por seis elementos, tem um

secretário técnico, tem dois coordenadores de Futebol, e elementos que tratam das

instalações do clube, desde equipamentos, material e campos e tem ainda todos os

elementos que compõem a direcção.

Cada escalão tem nas suas equipas técnicas entre três a quatro treinadores,

excepto o escalão de Infantis “B” e de Traquinas que tem entre um a dois treinadores.

Na equipa técnica onde estou inserido existem quatro treinadores, sendo um o

treinador principal, mais três treinadores adjuntos.

Na minha opinião, na equipa técnico onde me insiro o número de treinadores é

suficiente, principalmente no segundo treino da semana onde estão os quatro elementos

no treino.

A crítica menos positiva que deixo, é um dos elementos só poder estar presente

num treino por semana, o que altera a dinâmica do treino ao longo da semana e a

ligação desse mesmo treinador com a equipa.

1.3.3- Recursos Materiais

Os recursos materiais disponíveis no clube são bolas, balizas de futebol onze,

sete, cinco e três, cones grandes e pequenos, marcas, estacas, escadas, arcos, coletes

de várias cores e mini barreiras.

Os recursos disponíveis para a minha equipa são doze bolas, vinte cones

grandes, vinte e quatro cones pequenos, entre as vinte e trinta marcas, oito estacas, 10

arcos, vinte coletes de três ou quatro cores diferentes, três escadas e quatro mini

barreiras, para além das balizas disponíveis no clube.

Na minha óptica, os recursos materiais são suficientes para a equipa, porém

estes têm que ser divididos com outras equipas, o que faz com que por vezes os

recursos materiais possam ser escassos e pode ter que existir uma adaptação do

exercício face à falta dos mesmos.

Em baixo, estão exemplos de exercícios que nos quais são utilizados vários

recursos materiais, já descritos anteriormente.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Figura 2- Exercício Técnico e Finalização

Figura 3- Jogo do drible + coordenação

Figura 4- Jogo do Drible 2x2 (1)

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Capítulo II – Projeto Individual de Estágio

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2.1-Local de treino e frequência semanal de treinos

O microciclo de treino é composto por três unidades de treino. Cada UT tem a

duração de noventa minutos, tendo como tempo útil cerca de setenta a setenta e cinco

minutos. O volume de cada unidade de treino é de cerca de 5 ou 6 exercícios se

contabilizarmos tudo aquilo que é realizado desde que inicia o treino até que este

termina.

A parte introdutória é composta por exercícios que se caracterizam como

exercícios complementares essenciais (meínho/rabia- manutenção da posse de bola),

a parte principal é composta por exercícios que se caracterizam como exercícios

essenciais de forma II (dois exercícios), exercícios complementares essenciais (um

exercício) e por exercícios essenciais de forma III (Jogo Formal), a parte final diz

respeito aos alongamentos.

2.2- Função e tarefas do treinador estagiário

Este subcapítulo remete-nos para uma função de treinador adjunto juntamente

com mais 2 colegas, sendo eu o principal apoio do TP.

É por mim que passam todas as decisões ou todo o controlo, caso o TP falte ou

me peça para ser eu a realizar uma UT, tendo um extremo à vontade para poder realizar

todas as UT, em conformidade com aquilo que também já havia sido proposto.

Acabo por ser TP, numa das equipas que temos, visto que estamos em 2 séries

distintas, devido ao número de jogadores que temos e para que os mesmos possam ter

mais tempo de prática competitiva ao longo da época desportiva.

2.3- Definição de Objectivos

Em relação aos objectivos traçados, eles passam por garantir uma continuação

da formação dos jovens jogadores, visto que este é um ano transitório. A sua formação

deve passar por adquirir novos conhecimentos tácticos e aperfeiçoamentos técnicos.

Seguidamente farei uma descrição mais pormenorizada.

2.3.1-Treinador Estagiário

Os meus objectivos pessoais e baseando-me naquilo que já pude averiguar na

realidade onde estou presente, posso definir como objectivos pessoais os seguintes

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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parâmetros: a comunicação com os jogadores, a aprendizagem com outros colegas

sobre exercícios de treino, sobre feedback e até mesmo sobre a realidade competitiva.

Pretendo também promover o maior desenvolvimento dos jogadores, para que

estes possam ser chamados com alguma frequência ao escalão imediatamente acima,

de modo a disputarem uma realidade diferente, onde o resultado já se torna tão

importante como a continuação da formação.

O grau de cumprimento destes objectivos parece-me realista e alcançável,

porém o feedback e a comunicação parecem-me os factores maiores a ter em conta,

pois é onde sinto uma maior dificuldade, sendo um desafio interessante e com margem

para ser bem-sucedido.

2.3.2- Clube

Para o clube, este não passa de um ano de transição, onde pretendem mais do

que o resultado, pretendem acima de tudo a formação do jovem jogador e que este

possa ser potenciado ao máximo para seguir para o escalão seguinte, onde já está

integrado numa realidade competitiva diferente.

O clube tem por objectivo a educação de uma forma geral ou desportiva, tendo

em conta alguns valores como a solidariedade, o espírito de equipa e o cumprimento de

horários, o cumprimento de regras e o respeito pelo adversário muito bem definidos e

em concordância com a equipa técnica, delineou alguns pontos, que podem servir de

aprendizagem para não se repetirem casos passados.

2.3.3-Equipa

Os objectivos da equipa passam por ser os mesmos do clube, visto que ambos

acordaram que a formação tanto a nível futebolístico, como a nível social têm uma

importância bastante grande na formação de um jovem.

Apesar destes objectivos terem sido criados em conformidade e apesar de ser

uma equipa a competir em duas séries distintas, dentro do mesmo campeonato, o TP

achava possível a equipa ficar nos 3 primeiros lugares numa das séries, algo que me

pareceu algo exagerado, se virmos que dividimos os jogadores nas duas séries,

apostando na sua formação e não no resultado do jogo.

Não podemos descurar que os principais objectivos da equipa eram o transfer

para o Futebol de 11 e colocar dentro do grupo espírito de sacrifício e o espírito de grupo

em termos de coesão.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Faculdade de Educação Física e Desporto

Os objectivos classificativos, tendo em conta que tínhamos duas equipas,

consequentemente em duas séries, seria sempre ficar entre os primeiros 6 classificados

(meio da tabela) e que os jogadores tivessem o máximo de tempo de jogo e não nos 3

primeiros lugares como era o pensamento inicial.

Nunca colocamos uma meta em relação aos golos marcados ou em relação aos

golos sofridos, mas se analisarmos bem a nossa campanha em ambas as séries,

chegamos à conclusão que na série 2 (teoricamente mais difícil), a equipa em 24 jogos

fez 56 golos e sofreu 26 golos, números que levaram a 12 vitórias, 5 empates e 7

derrotas, ficando em 6º lugar, já na série 4, a equipa realizou 22 jogos, onde marcou 50

golos e sofreu 35 golos, contabilizando 9 vitórias, 5 empates e 8 derrotas, terminando

em 6º lugar também.

Comparando uma série com outra, com os objectivos da equipa, que a

determinada altura já tinha muitos jogadores a serem chamados para jogarem acima,

as classificações ficaram dentro dos objectivos que foram propostos.

Em relação à próxima época, todos os jogadores ficam no clube e sobem de

escalão, o que nos leva a querer que todos os objectivos que foram propostos foram

bem-sucedidos dentro das possibilidades e debilidades que a equipa tinha.

2.4- Metodologias e Meios de Ensino

De seguida irei falar sobre os métodos de ensino de uma forma geral e quais os

meios de ensino utilizados pela equipa técnica.

2.4.1- Métodos de Ensino

Numa visão abrangente e situando aquilo que foi aprendido por mim, ainda em

licenciatura, existem vários estilos de ensino que se adequam não só ao Treinador, mas

também ao grupo no qual se está inserido.

No grupo onde me estou inserido durante esta época desportiva, leva-me a

querer que o melhor método de ensino seja a descoberta guiada, onde o jovem, sempre

com a ajuda do Treinador, irá descobrir a melhor maneira de reduzir ao máximo a sua

tentativa-erro, algo que na minha óptica é o mais aconselhável.

Este método acima falado remete-nos para o descobrimento de novos conceitos

por parte do jovem jogador, através de um processo convergente entre Treinador-

Jogador.

Contudo, o estilo de ensino utilizado na equipa, por parte do Treinador Principal,

é o estilo de ensino Comando, onde este toma todas as decisões, onde os jogadores

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Faculdade de Educação Física e Desporto

têm que as realizar/executar. Temos um então, um estilo de ensino que não permite a

independência, ou o mínimo de independência, do jogador face ao Treinador.

Segundo Mosston (1990, citado por Gozzi & Ruete (2006), existem canais de

desenvolvimento que são mais ou menos estimulados de acordo com o estilo de ensino

e que são sensíveis aos critérios utilizados no que toca à independência, à performance

motora, criatividade, participação no grupo, entre outros, realçando que o Espectro, que

se designa por ser uma teoria que reúne os vários estilos de ensino na Educação Física,

fornece uma estrutura que estuda a influência de cada estilo nos domínios físico ou

motor, social, cognitivo, emocional e moral, devendo-se identificar primeiramente o

critério/estilo de ensino que se vai utilizar e quais as suas consequências perante o

grupo de trabalho.

O Futebol é ensinado segundo vários estilos de ensino através do Espectro já

acima falado.

Segundo Gozzi & Ruete (2006), o Espectro representa 2 capacidades humanas

básicas, como a reprodução de ideias e a reprodução de um novo conhecimento.

Sendo representado por letras de A-K, onde A-D os estilos são de carácter de

Memória (Comando, Tarefa, Recíproco e Auto-avaliação), E-F os estilos de carácter de

Descoberta (Inclusão e Descoberta Guiada) e G-K os estilos de carácter de Criatividade

(Convergente, Divergente, Individual, Iniciado pelo Aluno e Auto-ensino).

De A-E, a independência do aluno será mínima, já de F-K a independência do

aluno será máxima.

2.4.2- Meios de Ensino

Os conteúdos abordados na prática do futebol, principalmente numa idade jovem

devem ir de encontro àquilo que são as necessidades do jovem jogador em

compreender o jogo, ao seu desenvolvimento técnico, à sua estimulação a nível

individual e colectiva para que no futuro a sua aprendizagem em relação aos processos

pretendidos e ao jogo em si, esteja ao máximo desenvolvida e consolidada.

Para mim, a melhor forma de ensinar um jovem jogador é com base na tentativa-

erro, é com base na sua própria descoberta através dessas mesmas tentativas sem

sucesso, mas sempre de forma orientada pelo treinador, para que exista um processo

de aprendizagem com sucesso e com um seguimento correcto.

Para que esta aprendizagem surja dentro do pretendido, estimulo os jogadores

a nível técnico e táctico com exercícios de superioridade numérica, para aqueles que

considero que ainda não estão suficientemente bem desenvolvidos nestas temáticas,

realizando exercícios de 2x1+Gr ou 3x2+Gr, colocando os jogadores mais

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Faculdade de Educação Física e Desporto

desenvolvidos em inferioridade numérica, para que os jogadores teoricamente menos

desenvolvidos tenham a possibilidade de começar a perceber e a saber ocupar o espaço

racional de jogo, que percebam bem as desmarcações, que a sua imprevisibilidade

individual seja estimulada, bem como a visão periférica e a tomada de decisão.

Sou apologista de exercícios analíticos, quando pretendo que o jogador melhore

o seu gesto técnico, seja ele um passe ou um remate. No gesto técnico do remate aquilo

que pretendo que se melhore não é apenas o gesto técnico em si, mas também a

tomada de decisão rápida face àquele momento que do jogo, a imprevisibilidade (remate

de letra, chapéu ou acrobático), o desenvolvimento da visão periférica, a finta e a

recepção da bola independentemente da trajectória da bola.

Em suma, sou apologista de exercícios simples e mais complexos de forma a

dar uma estimulação e o conhecimento de uma série de recursos que possam levar o

jogador a ter um maior sucesso futuro, esteja ele em superioridade ou inferioridade

numérica, desde que os seus recursos técnicos e tácticos estejam bem desenvolvidos,

assim como os seus recursos cognitivos e motores.

2.5- Periodização, planeamento e programação do processo de treino

Na Tabela 1 podemos verificar como a Calendarização da Época foi disposta ao

longo da época. Todo o seu planeamento foi composto com base nos objectivos da

equipa, face ao que a mesma necessitaria onde longo de toda a época desportiva, entre

aquilo que era a transição do futebol de sete para o futebol de nove e do mesmo, para

o futebol de onze.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Tabela 1- Calendarização da Época Desportiva

Na Tabela 2, podemos analisar o planeamento anual, concebido de uma forma

mais teórica. Pretendeu-se trabalhar seis aspectos diferentes (psicológicos, físicos,

técnicos, tácticos, emocionais e cognitivos, de forma a que cada um deles pudesse ser

uma ferramenta de futuro para o desenvolvimento do jovem jogador.

Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio

1 1 Amigável Fut.9 1 1 Feriado 1 1 1 1 1 U.T. 90

2 2 U.T.13 2 2 7ª Jornada 2 U.T.45 2 U.T.58 2 U.T.67 2 U.T.77 2

3 3 U.T.14 3 U.T.27 3 3 3 14ª Jornada 3 17ª Jornada 3 U.T.78 3

4 U.T.1 4 4 3ª Jornada 4 U.T.39 4 4 4 Amigável Fut.11 4 4 U.T.91

5 U.T.2 5 5 Amigável Fut.11 5 U.T.40 5 U.T.46 5 U.T.59 5 U.T.68 5 5 25ª Jornada

6 6 U.T.15 6 U.T.28 6 6 10ª Jornada 6 U.T.60 6 U.T.69 6 U.T.79 6

7 7 7 U.T.29 7 7 7 7 7 21ª Jornada 7 U.T.92

8 U.T.3 8 8 8 Feriado 8 U.T.47 8 8 8 Amigável Fut.11 8 U.T.93

9 9 U.T.16 9 9 8ªJornada 9 U.T.48 9 U.T.61 9 U.T.70 9 U.T.80 9

10 10 U.T.17 10 U.T.30 10 Amigável Fut.11 10 10 10 18ª Jornada 10 U.T.81 10

11 U.T.4 11 11 4ªJornada 11 U.T.42 11 11 11 11 11 U.T.94

12 U.T.5 12 12 12 U.T.43 12 U.T.49 12 12 U.T.71 12 12 26ª Jornada

13 13 U.T.18 13 U.T.31 13 13 11ª Jornada 13 13 U.T.72 13 U.T.82 13

14 14 14 U.T.32 14 14 14 14 14 22ª Jornada 14

15 U.T.6 15 15 15 U.T.44 15 U.T.50 15 15 15 Amigável Fut.11 15

16 16 U.T.19 16 16 9ª Jornada 16 U.T.51 16 Sem Treino 16 U.T.73 16 U.T.83 16

17 17 U.T.20 17 U.T.33 17 17 17 15ª Jornada 17 19ª Jornada 17 U.T.84 17

18 U.T.7 18 18 5ª Jornada 18 18 18 18 Amigável Fut.11 18 18

19 U.T.8 19 19 19 19 U.T.52 19 U.T.62 19 U.T.74 19 19

20 20 U.T.21 20 U.T.34 20 20 12ª Jornada 20 U.T.63 20 U.T.75 20 U.T.85 20

21 21 1ª Jornada 21 U.T.35 21 21 Amigável Fut.11 21 21 21 23ª Jornada 21

22 U.T.9 22 22 22 22 U.T.53 22 22 22 Amigável Fut.11 22

23 23 U.T.22 23 23 23 U.T.54 23 U.T.64 23 U.T.76 23 U.T.86 23

24 24 U.T.23 24 U.T.36 24 24 24 16ª Jornada 24 20ª Jornada 24 U.T.87 24

25 U.T.10 25 25 6ªJornada 25 25 25 25 Amigável Fut.11 25 25

26 U.T.11 26 26 Amigável Fut.11 26 26 U.T.55 26 U.T.65 26 26 26

27 27 U.T.24 27 U.T.37 27 27 13ª Jornada 27 U.T.66 27 27 U.T.88 27

28 28 2ª Jornada 28 U.T.38 28 28 28 28 28 24ª Jornada 28

29 U.T.12 29 29 29 29 U.T.56 29 29 29

30 Amigável Fut.9 30 U.T.25 30 30 30 U.T.57 30 30 U.T.89 30

31 U.T.26 31 31 31 31

PPC (Pré-Época) Amigável Fut-9 PC (Campeonato) Amigável Fut-11 Férias Escolares Final de Época

Final de Época

Amigável Fut.9

Amigável Fut.9

Amigável Fut.9

Amigável Fut.9

Amigável Fut.9

Natal

Carnaval

Páscoa

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Tabela 2- Planeamento Anual da Equipa

De uma forma mais crítica, parece-me que esta não foi a maneira mais correcta

de desenvolver um planeamento anual, visto que também é construído a cada microciclo

de treino, tendo apenas os pontos-chave (aspectos) como ponto de referência para o

que o que é pretendido.

Nesta idade, para mim, o planeamento anual deveria integrar problemáticas de

sucesso e desenvolvimento do insucesso para o sucesso, como o desenvolvimento

técnico com o ensino-aprendizagem das ações individuais tais como o remate (em força,

Físicos Técnico Táctico Cognitivos

Resistência Aeróbia Drible Ensino do 1º sistema táctico Ensino dos Princípios de Jogo

Coordenação Remate (Potência/Jeito) Princípios básicos do jogo Imprevisibilidade/Criatividade

Força Passe (Curto/Longo) Tomada de Decisão

Cabeceamento

Resistência Aeróbia Drible Adaptação ao 1º sistema táctico Ensino dos Princípios de Jogo

Coordenação Remate (Potência/Jeito) Princípios básicos do jogo Imprevisibilidade/Criatividade

Força Passe (Curto/Longo) Tomada de Decisão

Cabeceamento

Resistência Aeróbia Drible Adaptação ao 1º sistema táctico Ensino dos Princípios de Jogo

Coordenação Remate (Potência/Jeito) Princípios básicos do jogo Imprevisibilidade/Criatividade

Força Passe (Curto/Longo) Tomada de Decisão

Cabeceamento

Coordenação Desarme Ensino do 2º sistema táctico Ensino dos Princípios de Jogo

Força Interceção Princípios básicos do jogo Imprevisibilidade/Criatividade

Resistência Cabeceamento Defensivo Ocupação racional do espaço Tomada de Decisão

Coordenação Desarme Adaptação ao 2º sistema táctico Ensino dos Princípios de Jogo

Força Interceção Princípios básicos do jogo Imprevisibilidade/Criatividade

Resistência Cabeceamento Defensivo Ocupação racional do espaço Tomada de Decisão

Coordenação Desarme Adaptação ao 2º sistema táctico Ensino dos Princípios de Jogo

Força Interceção Princípios básicos do jogo Imprevisibilidade/Criatividade

Resistência Cabeceamento Defensivo Ocupação racional do espaço Tomada de Decisão

Coordenação Adaptação ao 2º sistema táctico Ensino dos Princípios de Jogo

Força Princípios básicos do jogo Imprevisibilidade/Criatividade

Resistência Ocupação racional do espaço Tomada de Decisão

Aprendizagem de novas posições

Ensino do 3º sistema táctico

Coordenação Adaptação ao 3º sistema táctico Ensino dos Princípios de Jogo

Força Princípios básicos do jogo Imprevisibilidade/Criatividade

Resistência Ocupação racional do espaço Tomada de Decisão

Coordenação Adaptação ao 3º sistema táctico Ensino dos Princípios de Jogo

Força Princípios básicos do jogo Imprevisibilidade/Criatividade

Resistência Ocupação racional do espaço Tomada de Decisão

Mês Mesociclo Nº de UT

Setembro 1 12Ocupação racional do espaço

Velocidade

Conhecimento do Jogo

Acções Ofensivas

Conhecimento do Jogo

Acções Ofensivas

Outubro 2 14Ocupação racional do espaço

Conhecimento do Jogo

Acções Ofensivas

Velocidade

Velocidade

Novembro 3 12Ocupação racional do espaço

Conhecimento do Jogo

Dezembro 4 6

Acções DefensivasAprendizagem de novas posições Conhecimento do Jogo

Velocidade

Velocidade

Janeiro 5 13

Acções DefensivasAprendizagem de novas posições

Conhecimento do Jogo

Fevereiro 6 9

Acções DefensivasAprendizagem de novas posições Conhecimento do Jogo

Velocidade

Velocidade

Março 7 10

Acções Ofensivas

Acções Defensivas

Conhecimento do Jogo

Maio 9 5

Acções Ofensivas

Acções DefensivasAprendizagem de novas posições Conhecimento do Jogo

Abril 8 13

Acções Ofensivas

Acções DefensivasAprendizagem de novas posições

Velocidade

Velocidade

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em jeito, chapéu, colocado), finta (letra, tesoura, vírgula, vírgula para fora, areana, troca-

pés, roleta), condução e protecção da bola, desarme, intercepção, carga, marcação

individual e zona, cabeceamento, passe (curto, médio ou longo), o desenvolvimento das

acções colectivas tais como mobilidade, ocupação racional do espaço, cobertura, apoio,

ruptura, combinação directa e indirecta.

Devemos, ainda, ter em conta que dentro deste planeamento anual deve

também existir uma referência ao sistema táctico que é pretendido, indo de encontro

àquilo que é a ideia de jogo do treinador, assim como aquilo que é o modelo de jogo do

clube. Não devemos descurar a possibilidade de haver jovens jogadores a só saberem

jogar numa posição, o que nos leva a que exista uma nova relação do jogador face ao

jogo, com aprendizagem noutra posição.

2.6- Avaliações

Em conformidade com o clube, as avaliações eram gerais para todos os escalões

de formação tanto em Futebol 7 como em Futebol 9.

A avaliação foi individual e passou por 2 fases, no primeiro trimestre e no

segundo trimestre contando com objectivos a desenvolver por parte de cada elemento

da equipa.

Esta avaliação consta no modelo que o clube tem em si inserido no que toca à

parte da formação, quer em Futebol 7 quer em Futebol 9.

Os objectivos a desenvolver estão divididos em 4 grupos:

- Acções com bola, que engloba o posicionamento, as decisões no jogo

(intencionalidade) e a capacidade de execução (técnica);

- Acções sem bola, que engloba o posicionamento e as decisões no jogo

(intencionalidade);

- Relação com bola, que engloba a sensibilidade na relação corpo-bola e

o domínio de ambos os pés;

- Perfil comportamental, que engloba a disciplina, o empenho, a

autonomia e o relacionamento.

Todos estes objectivos estão acompanhados por uma grelha onde o TP e

restante equipa técnica decidem se o jogador em questão precisa de atingir os

objectivos, se atingiu os objectivos ou se superou os objectivos.

Avaliamos especificamente estes parâmetros pois falamos em futebol de

formação e pretendemos que os jovens evoluam o máximo relacionando-se sempre com

a bola, pois quanto mais vezes praticam mais irão melhorar e para o clube, o

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento dos seus valores morais têm uma

ordem de grandeza maior.

Assim sendo, equipa técnica ao longo da época focou-se sempre nos aspectos

morais como a disciplina, empenho, espírito de equipa, entre outros, assim como nos

aspectos mais técnico-tácticos, como as acções com e sem bola e o domínio da

percepção do jogo, sempre com o intuito de uma evolução contínua dos jovens atletas,

para o seu transporte sequencial que será o Futebol 11.

Avaliamos estas características a cada microciclo, para que no final de cada

trimestre (macrociclo) possamos avaliar se a evolução do jovem jogador está a ser

notada ou se precisamos de melhorar noutros critérios como a disciplina ou mesmo na

UT, de forma que o grupo no geral evolua da melhor forma.

Estes testes, se assim lhe poderemos chamar, eram debatidos entre equipa

técnica, com vista a melhorar todo o processo de treino tanto para os treinadores como

para a base sustentável deste mesmo êxito, jogadores.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Capítulo III – Caraterização da Equipa

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3.1-Caracterização da Equipa Técnica

Em relação à equipa técnica, esta é composta por 4 elementos, irei descrever as

suas funções, experiências anteriores, as suas virtudes, as suas fraquezas e se para

mim é vantajoso ou se foi vantajoso trabalhar integrado nesta equipa técnica.

Treinador Principal, já tinha estado com a equipa no passado, quando estes

ainda eram Benjamins, portanto conhecia grande base da equipa. Anteriormente foi

treinador adjunto no CIF e teve uma experiência no estrangeiro, mais concretamente na

China.

Tem como virtudes a sua rápida intervenção no treino, na construção da unidade

de treino, apesar desta por vezes sair um pouco fora do contexto ou não ser utilizada

da forma mais correcta para cada jogador (uma debilidade) e é extremamente

comunicativo com todos os elementos da equipa.

Treinador Adjunto, teve uma passagem pelo Ericeirense como adjunto e no CIF

como adjunto, também, ambos no escalão de Juvenis.

Não posso falar muito das suas virtudes, sem ser o interesse por saber mais, a

sua boa intervenção junto dos jogadores e ser um treinador mais vocacionado para os

guarda-redes esta época e como fraqueza o facto de só poder comparecer a um treino

por semana por não conseguir conciliar, os treinos de infantis com os treinos de juvenis.

Treinador Adjunto (Estagiário de Nível I) nunca tinha treinado, foi e está a acabar

de ser o seu primeiro ano enquanto treinador.

É um colega empenhado e esforçado, com vontade de aprender, falando sobre

os exercícios das unidades de treino e sendo um grande apoio no período competitivo,

anotando sempre o que era pedido, melhorou bastante o seu feedback para com os

jogadores e esforçava-se para arranjar boas soluções para alterar algo em jogo.

Apresentou fraquezas inicialmente no seu feedback perante os exercícios da unidade

de treino, assim como nos jogos e era pouco interventivo inicialmente.

Foi vantajoso e está a ser vantajoso, trabalhar com este rapaz pois a sua forma

de agir, pensar, intervir, comunicar, etc, está a evoluir e sendo ainda o primeiro ano de

aprendizagem e de treino, para mim seria injusto estar a dizer que não é vantajoso.

Por último, Treinador Adjunto, na minha pessoa, que tive uma experiência

passada no Casa Pia, onde fui treinador adjunto de Juvenis “B” e de Infantis “B”.

As minhas maiores virtudes, poderão passar por conhecer o escalão onde estou

inserido, o debate das unidades de treino onde procuro evoluir e pensar em soluções

para apresentar ao treinador principal, já as minhas maiores fraquezas passam mesmo

pelo feedback não ser perceptível e imediato, e pela minha forma de liderar que tem que

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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ser melhorada no sentido em que os jogadores me vejam como alguém superior que os

pretende ajudar sempre que possível, em qualquer coisa que os mesmos precisem.

3.2-Caracterização do Plantel

Na tabela 3 podemos ver de forma detalhada todos os jogadores que ingressam

a equipa durante esta época desportiva.

Focando-nos apenas numa só função, a equipa é composta por vinte e quatro

jogadores: 2 GR, 9 defesas, 8 médios e 5 avançados. É de realçar que nestes vinte e

quatro jogadores, 2 são Infantis “B”, o que significa que estão a jogar um escalão acima.

Em termos de clubes anteriores, quase todos são da equipa desde a época

passada, tendo entrado apenas 5 jogadores novos na equipa e de um clube diferente e

2 que já treinavam com a equipa mas ainda estavam na parte da academia de formação

do clube.

Tabela 3- Caracterização do Plantel

O contexto familiar e social conta muito, podemos verificar que praticamente

todos os jogadores, vivem com os seus progenitores directos, mas efectivamente

aqueles que têm debilidades a nível familiar, são os jovens com tendências mais

problemáticas, por falta de apoio, falta de controlo, disciplina, educação e que os remete

para uma instabilidade emocional, afectando também a sua evolução enquanto futuros

adultos e com resultados escolares que ficam aquém do pretendido tanto por nós, como

pelas famílias.

A média do peso da equipa é de 40,3kg e a média da altura da equipa é de

152,5cm.

Número Posição Data de Nascimento Trimestre de nascimento Idade Peso Altura Agregado Familiar Área de Residência Equipa Anterior Anos de Prática Pé Preferido

90 Lateral 27/07/2005 3 Trimestre 12 39kg 150cm Mãe/Pai e Irmãs Linda-a-Velha SCLV 2 D

17 Lateral 07/06/2005 2 Trimestre 12 38kg 148cm Avós, Tios e Primos Boba SCLV 3 D

99 Lateral e MDf 27/10/2005 4 Trimestre 12 37kg 153cm Pai, Mãe e Irmãos Miraflores SCLV 4 D

8 Médio C 13/05/2005 2 Trimestre 12 40kg 153cm Pai, Mãe e Irmão Linda-a-Velha SCLV 7 AD -

54 Avançado 14/04/2005 2 Trimestre 12 34kg 146cm Mãe/Pai e Irmã Carnaxide SCLV Formação 2 D

1 GR 27/05/2005 2 Trimestre 12 44kg 152cm Pai e Mãe Carnaxide SCLV 4 E

3 Central 11/01/2006 1 Trimestre 11 45kg 152cm Pai, Mãe e Irmã Linda-a-Velha SCLV 6 D

59 Lateral 26/01/2005 1 Trimestre 12 40kg 151 Pai, Mãe e Irmãos Cascais Outurela 4 D

2 Médio Df 20/02/2005 1 Trimestre 12 40kg 149cm Pai e Mãe Paço de Arcos SCLV 7 D

7 Central e MDf 01/08/2006 3 Trimestre 11 36kg 149cm Avós, Mãe e Irmã Boba SCLV 3 D

29 Lateral 29/12/2005 4 Trimestre 11 37kg 140cm Pai e Mãe Carnaxide SCLV 3 D

55 Lateral 04/02/2005 2 Trimestre 12 40kg 160cm Pai, Mãe e Irmã Carnaxide Vedeta Remate 6 D

30 Central 10/01/2005 1 Trimestre 12 42kg 163cm Mãe Boba Carenque 2 D

11 Lateral e Médio 12/07/2005 3 Trimestre 12 36kg 151cm Pai, Mãe e Irmãos Carnaxide SCLV 7 E

4 Central 06/04/2005 2 Trimestre 12 39kg 150cm Pai, Mãe e Irmão São Marcos SCLV 3 D

20 Lateral e Médio 12/11/2005 4 Trimestre 12 39kg 160cm Pai, Mãe e Irmã Queijas SCLV 3 E

63 Avançado 28/09/2005 3 Trimestre 12 37kg 150cm Pai, Mãe e Irmã Carnaxide SCLV Formação 3 D

53 Avançado e Lateral 13/09/2005 3 Trimestre 12 35kg 150cm Pai, Mãe e Irmão Cascais Outurela 2 E

9 Avançado 20/04/2005 2 Trimestre 12 45kg 158cm Pai, Mãe e Irmão Carnaxide SCLV 6 E

16 Avançado e Lateral 07/04/2005 2 Trimestre 12 44kg 153cm Pai, Mãe e Irmã Algés Futsal 1 D

14 Central 17/03/2005 2 Trimestre 12 50kg 168cm Pai e Irmãos Queijas SCLV 2 E

15 Médio e Avançado 15/12/2005 4 Trimestre 11 38kg 152cm Pai, Mãe e Irmãos Queijas SCLV 3 D

12 GR 19/05/2005 2 Trimestre 12 59kg 163cm Pai, Mãe e Irmãos Portela SCLV 2 D

51 Médio 03/04/2005 2 Trimestre 12 34kg 140cm Pai, Mãe e Irmã Linda-a-Velha SCLV 2 D

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

31

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A média do tempo de prática desportiva por parte dos jogadores da equipa em

relação ao futebol é de arredondamente 4 anos de prática por jogador.

Os horários dos treinos foram feitos com base em 2 parâmetros, primeiro em

conformidade com a disponibilidade dos campos, definindo-se os horários de cada

escalão em conformidade com o coordenador do clube, e com a disponibilidade horária

dos jogadores após o término do horário escolar.

Assim sendo, ficou decidido que a equipa treinaria às segundas e sextas-feiras

das 19h às 20h30 e à terça-feira das 17h45 às 19h. Tanto na primeira como na última

UT de cada microciclo não existe qualquer problema face a atrasos dos jogadores, mas

na segunda UT semanal existem sempre atrasos nem que sejam de 5 minutos, o que

faz com que adaptemos sempre o exercício inicial, não descurando do que é pensado

anteriormente como meta a atingir, mas visto que é uma situação de curto tempo e que

acontece com 4 ou 5 elementos da equipa, acabamos por não perder tempo útil, visto

que esses poucos jogadores que chegam no máximo com 5 minutos de atraso,

começam logo o exercício de aquecimento.

Em termos de idades, a idade média dos jogadores é de 12 anos e o trimestre

onde verificamos que existem um maior número de jogadores nascidos é no segundo

trimestre.

Perante estes dados e apesar de serem jovens jogadores, os maiores problemas

que encontramos são nas áreas residenciais por serem longe do clube e nos agregados

familiares, pois não têm o melhor ambiente em casa, nem os melhores exemplos sociais

por parte dos progenitores. De forma a contornarmos e a ultrapassarmos estes

problemas intrínsecos à vida social estável destes jogadores, decidimos em

conformidade com as famílias que estes jogadores seriam acompanhados a nível

escolar em casa e no clube, ajudando-os a estudar antes do treino caso fosse

necessário ou indo a casa dos mesmos explicar alguma matéria escolar que não

estivessem tão à vontade, que a alimentação ao fim de semana seria paga pelo clube,

para estes jogadores que não tinham maneira de ir para cada jogo, que para cada UT

um treinador iria busca-los.

Outro problema verificado foi o feedback que deve ser utilizado pois nem todos

os jogadores reagem da mesma forma ao mesmo género de estímulo, o que acaba por

nos remeter de novo para a parte familiar e o contexto social de onde consta cada

jogador.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

32

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Capítulo IV – Ideia de Jogo, Processo de treino e de

Observação

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

33

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4.1-Ideia de Jogo

Estando ainda num contexto de iniciação ao futebol a um nível mais elevado,

como é o futebol de onze, esta época estamos numa fase de transição do futebol de

sete para o futebol de onze, com a iniciação do futebol de nove durante a presente

época desportiva.

Baseámo-nos no trabalho realizado anteriormente no futebol de sete e baseamo-

nos naquilo que vai ser pretendido para o futebol de onze, montando assim a disposição

ou sistema táctico consoante os objectivos que temos para a equipa no presente

momento e num momento futuro.

Durante a época realizamos jogos amigáveis de futebol de onze, no qual o sistema

táctico utilizado é o 1x4x3x3.

Este sistema táctico acima descrito tem tudo a ver com o sistema táctico utilizado

pela nossa equipa a nível competitivo, como acontece no futebol de nove, onde

retiramos apenas os extremos, jogando em 1x4x3x1. Apesar de serem retirados estes

dois jogadores, visto que o jogo é de nove jogadores e não de onze, nós, treinadores,

trabalhamos dinâmicas constantes que permitam que exista sempre um jogador por

posição, como se de futebol de onze se trata-se, chamamos-lhes então de dinâmicas

impostas pela equipa consoante o que o jogo pede, o arranjo de alternativas.

O sistema táctico da equipa vai sofrendo alterações ou longo do decorrer do

jogo, iniciamos sempre o jogo em 1x4x3x1 ou em 1x4x2x2, dependendo do adversário,

mas o sistema mais utilizado foi o primeiro enunciado. No processo ofensivo, na primeira

etapa de construção tentamos sempre sair curto, ou através do médio defensivo ou

através dos centrais. Se a bola sair no médio defensivo, este tem rapidamente de ver

se está sozinho e se pode progredir com bola ou se está marcado e terá que jogar com

os centrais, sendo esta segunda hipótese a que acontece mais vezes, daí o nosso

trabalho tem sido baixar o médio defensivo para o meio dos centrais, fazendo uma

primeira linha de 3 jogadores, baixando de seguida um dos médios interiores, deixando-

o numa segunda linha com os laterais.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Figura 5- Saída de Bola

Por norma a bola, na primeira etapa de construção começa sempre num dos

centrais, que tenta rapidamente variar o centro de jogo para a lateral. Assim, que o

lateral tem a bola, entramos na segunda etapa de construção de jogo, onde é sempre

pedido para que o lateral progrida com bola e que vá dentro, permitindo ao interior vir

fora para poder receber a bola ou para confundir marcações, havendo assim uma troca

de posições momentânea entre o lateral e o interior do seu lado, com o avançado a vir

para o mesmo lado, mas numa linha mais avançada entre o lateral e o médio interior, o

outro médio interior sobe para a zona de finalização e o lateral do lado contrário explora

o espaço existente, ao lado de onde o centro de jogo está concentrado, deixando assim

o médio defensivo e os centrais, numa linha de três jogadores no meio campo.

Figura 6- 1ª Etapa de Construção

Figura 7- 2ª Etapa de Construção

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Na etapa de finalização, a equipa está sujeita a atacar a zona do primeiro poste,

por norma com um passe rasteiro vindo de uma das laterais ou através de cruzamento

quando o ataque é feito ao segundo poste, caso o ataque seja feito pelo corredor central,

deixamos com que os jogadores decidam, se preferem combinar de forma directa com

algum companheiro ou se preferem uma jogada individual, desde que nunca descurem

do objectivo do jogo, rematando sempre à baliza.

No processo defensivo e consoante o sistema táctico do adversário adaptamos

a nossa forma de jogar, tendo já algumas estratégias montadas, como não deixar a

outra equipa sair a jogar, obrigando sempre o adversário a fechar.

No pontapé de baliza do adversário, pressionamos logo com três jogadores, os

interiores sobre os centrais e o avançado no médio defensivo, ajustando o resto da

equipa às marcações necessárias, não correndo risco nenhum de ficar um jogador

sozinho, portanto existe sempre uma marcação individual, neste tipo de lances.

Figura 8- Posicionamento Defensivo na Saída de Bola Adversária

Quando a equipa adversária está na primeira fase de jogo ofensiva, colocamos

apenas o avançado a pressionar, começando a subir as linhas, visto que defendemos

em bloco médio-alto. Assim que a bola está num dos corredores, o interior desse lado

vai lá e o avançado baixa para fazer momentânea de interior, havendo já uma pressão

do lateral no corredor lateral, com o médio defensivo a vir completar o triângulo de

maneira a fechar as linhas de passe naquela zona. Caso não se verifique a vinda do

médio defensivo, vem o central desse lado realizar essa acção, obrigando o médio

defensivo a baixar.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Figura 9- Posicionamento Defensivo na 1ª Fase de Construção Adversária

Acima foi referido outro sistema táctico, o 1x4x2x2. Este sistema táctico é apenas

utilizado quando a equipa se encontra numa situação de desvantagem mínima e está

melhor que o adversário naquele período do jogo, mas falta-lhe uma referência ofensiva,

pois quando a equipa está com uma vantagem confortável e o treinador decide mudar

face à criação de novas dinâmicas ou é utilizado para encaixar noutras equipas de nível

semelhante ou superior.

Neste sistema táctico, os médios a atacar são completamente distintos, um faz

o papel de médio ofensivo e outro de médio centro, já a defender defendem em linha

como dois médios centro/interiores. Neste sistema a pressão é imediata, mas como não

está totalmente bem trabalhado, existem várias lacunas na organização da equipa, mas

apesar de tudo existem dinâmicas que já estão bem desenvolvidas.

Temos ainda um terceiro sistema táctico utilizado, mas pouco ou nada

trabalhado, é um sistema que nós apostamos tudo, caso estejamos a jogar apenas para

o resultado e que ao mesmo tempo faz com que exista um esforço maior de todos os

elementos para não falharem, falo então do 1x3x2x3.

É um sistema com dinâmicas muito diferentes, mas que não foi trabalhado, pois

achamos que é um sistema para o resultado, como disse anteriormente do que para a

formação dos jogadores, visto que não trabalhamos este sistema e as suas dinâmicas

em treino.

4.2-Processo de Treino

O processo de treino da equipa está enquadrado para o melhoramento das

dinâmicas e para os erros cometidos nos jogos realizados, de maneira a que haja uma

percepção mais nítida dos erros cometidos, para que os jogadores percebam tanto os

seus erros, como aquilo que de bom têm realizado.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Desta forma, as unidades de treino estão pensadas da seguinte forma, na

primeira unidade de treino realizamos exercícios que nos permitam trabalhar os erros

do jogo anterior, a segunda unidade de treino, continuamos a trabalhar o mesmo já com

base para o que pretendemos para o próximo jogo e a última unidade de treino remete-

nos apenas para a conclusão do processo desse microciclo com o foco de no próximo

contexto competitivo, conseguirmos que os erros anteriormente cometidos não se

repitam ou que haja um espaço de manobra muito curto para a mesma repetição.

Sendo assim, podemos concluir que a nossa forma de jogar está englobada em

todas as unidades de treino.

Privilegiamos sempre a relação com bola no início de todas as UT, assim como

a tomada de decisão, através de exercícios de jogos reduzidos, onde o objectivo seja a

manutenção da posse da bola com e sem finalização, por norma em espaços reduzidos

também, especialmente exercícios de manutenção de posse de bola sem finalização.

Utilizamos estes espaços reduzidos, para que os jogadores sejam mais rápidos a

decidir, pois as equipas com quem jogamos têm quase todas, campos mais pequenos

em relação ao nosso campo, visto que no futebol de nove os campos diferem bastante

de tamanho devido a muitas equipas ainda não terem condições em termos de espaço,

para a prática deste futebol ainda reduzido, o que é uma vantagem em termos de

acumulação de fadiga ao longo do jogo face às outras equipas, visto que as mesmas

jogam em campos com dimensões menores em relação ao nosso campo, mas onde

temos a desvantagem do campo ser mais reduzido, dificultando o nosso jogo de posse

de bola, visto que a maioria das equipas que defrontamos, opta por jogar de uma forma

directa, saltando fases de jogo.

As UT estão direccionadas para a organização da equipa, quando realizamos

exercícios de jogos reduzidos de Gr+3x3+Gr ou 6x5+Gr ou 4x4+1, de maneira a

trabalharmos várias situações que são impostas pelo jogo.

4.3- Modelo de observação

O nosso modelo de observação passa muito por aquilo que observamos em cada

microciclo e em contexto competitivo, remetendo-nos para uma observação directa

perante a situação.

Não se pode dizer que tínhamos um processo um modelo sistematizado, visto

que no escalão em questão torna-se mais complicado uma observação de uma forma

mais eficaz, porque falamos de um contexto de formação de infantis, onde as questões

de maturação ainda estão por de cima face ao potencial dos futuros jogadores de

futebol.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

38

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Tendo em conta isto, verificamos dois factores dentro da nossa própria equipa

aquando do contexto competitivo, são eles o número de remates realizados e o tempo

de jogo de cada jogador.

4.3.1- Equipa adversária

A análise às equipas adversárias, por norma é feita também em tempo real, mas

graças ao avanço da tecnologia, é nos possível arranjar vídeos de outras equipas, do

mesmo escalão e da época decorrente, visto que existem pais ou alguém alusivo ao

clube que filma os jogos e os coloca na internet ou clubes que passam jogos na televisão

(Sport Lisboa e Benfica, por exemplo), que nos permite uma análise mais detalhada de

todos os momentos de jogo daquela equipa naquele jogo, porém as filmagens nem

sempre são as melhores o que volta a dificultar o nosso trabalho.

Em termos de observação directa a todas as equipas adversárias, começamos

logo por verificar o sistema táctico que utilizam, como atacam, como defendem, quais

os jogadores-chave da equipa, que ficam também referenciados para o nosso clube,

como possíveis membros a ingressar naquele escalão e como executam a maioria dos

lances de bola parada.

Com esta análise directa e em tempo real, é nos mais fácil uma análise para a

segunda metade da época, onde já conhecemos as equipas e já sabemos como jogam.

Quando o calendário competitivo o permite, deslocamo-nos aos campos dos

adversários para os analisarmos, mas mais uma vez, é num contexto muito directo e

sem os meios suficientes para um trabalho mais eficaz.

Para mim, nestas idades a análise ao adversário não é importante visto que os

jovens jogadores estão numa fase de aprendizagem da modalidade e factores como o

crescimento, o desenvolvimento motor ou físico e a maturação ainda fazem uma

diferença grande naquilo que poderá ser o real potencial do jovem. O facto de não haver

material disponível dentro do clube para a observação de uma equipa adversária,

também se torna uma debilidade.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Capítulo V – Processo de Treino

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5.1- Enquadramento teórico

Para Ramirez (2006), a taxionomia não é mais do que a ciência da classificação

segundo critérios previamente bem definidos, discriminando todos os desportos em

grupo.

Para o mesmo autor, a classificação dos desportos, está dividida em 3 grupos,

sendo eles os desportos cíclicos, subdivididos em aeróbios e anaeróbios, desportos

acíclicos, subdivididos em jogos desportivos (individuais e colectivos), desportos de

movimento de estrutura (por exemplo, a ginástica) e desportos de combate individual, e

mistos que são apenas vários desportos, dentro de um só desporto (por exemplo, o

decatlo).

No futebol vários autores, tendem a classificar os seus exercícios de maneira a

simplificar o seu trabalho.

Nos anos 60 Matveiev, citado por Oliveira (2014), subdivide os exercícios em 3

grupos para que existisse uma distinção maior entre os exercícios realizados, passando

então a classificar os exercícios como gerais, específicos e de competição.

Oliveira (2014) classifica os exercícios da mesma forma que Matveiev, subdividindo

ainda de forma mais detalhada os exercícios, passamos a ter exercícios gerais

orientados e não orientados, exercícios especiais de instrução e de condicionantes, e

exercícios de competição propriamente ditos e variados.

Queiroz (1986, citado por Oliveira, 2014) diz que os exercícios devem ser

divididos em exercícios fundamentais I, II e III (incluem finalização), e exercícios

complementares (não incluem finalização), que devem ser subdivididos em

complementares integrados (mais do que um factor de preparação) e complementares

separados (apenas um factor de preparação).

Para Castelo (2009), a taxionomia utilizada pelo mesmo deve ser dividida por

métodos, pelo método de treino específico de preparação geral, que se subdivide em

exercícios descontextualizados, manutenção da posse de bola, organizados em circuito

e lúdico-recreativos, pelo método de treino específico, que se subdivide em concretizar

o objectivo do jogo, metaespecializados, padronizados, sectoriais, partes fixas do jogo

e competitivos, e ainda pelos método de preparação geral, que englobam a resistência,

força, velocidade e flexibilidade.

Já para Silveira Ramos (2003), a taxionomia foi detalhada após análises

parcelares de outros autores, concordando com Dietrich (1983, citado por Silveira

Ramos, 2003) quando este incluí um treino essencial (que atire à baliza) e que deveria

existir uma relação primordial com bola, tal como Castelo já havia afirmado.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

41

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Desta forma, Silveira Ramos (2003) classifica os exercícios de treino para o

futebol em dois grupos, essenciais e complementares.

Os exercícios essenciais estão subdivididos em Forma I (1x0+GR,…), Forma II

(1x1+GR,…) e Forma III (GR+1x1+GR,…), já os exercícios complementares estão

subdividos em Gerais, exercícios que não incluem bola, e em Especiais com oposição

(acções realizadas com oposição de objectivos dos adversários) e Especiais sem

oposição (acções realizadas livres de adversários).

Assim sendo, a Taxionomia de Silveira Ramos será a utilizada para a realização

da classificação de todos os exercícios das minhas unidades de treino, por ser a única

que está validade cientificamente.

5.2- Volume dos Conteúdos de Treino

De seguida irei abordar o volume dos conteúdos de treino naquilo que foi a época

desportiva, relativamente ao macrociclo e aos PPC e PC.

5.2.1- Macrociclo

Ao longo do ano a minha equipa realizou 93 UT, o que contabiliza cerca de seis

mil setecentos e noventa e nove minutos.

Segundo a Taxionomia de Silveira Ramos, os exercícios realizados ao longo da

época desportiva remetem-nos para os seguintes valores:

- Exercícios Essenciais Forma III: 2391 minutos (34%)

- Exercícios Essenciais Forma II: 1057 minutos (16%)

- Exercícios Essenciais Forma I: 782 minutos (12%)

- Exercícios Complementares com oposição: 2098 minutos (31%)

- Exercícios Complementares sem oposição: 260 minutos (4%)

- Exercícios Gerais: 211 minutos (3%)

Na minha óptica os exercícios realizados com maior percentagem vão de

encontro àquilo que seria espectável por mim desde o começo, existindo uma clara

superioridade no que toca aos Exercícios Essenciais Forma III, portanto exercícios que

consistem na forma jogada de Gr+1 x1+Gr, Gr+2x2+Gr, Gr+3x3+Gr, (…), Gr+8x8+Gr,

seguido de exercícios Complementares com oposição, onde houve também uma grande

incidência de forma a promover o máximo de tempo possível de contacto com a bola

por parte do jovem jogador, assim como de formas jogadas.

Os Exercícios Gerais ficam algo aquém das minhas expectativas pois estes, não

se fizeram parte do planeamento do treino de uma forma comum.

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5.2.2-Período pré competitivo e período competitivo

Nos próximos 2 gráficos vamos poder verificar que, o tempo total de treino

programado (linha azul), não foi o mesmo de tempo real ou tempo útil (linha laranja),

aproveitado tanto no PPC como no PC.

Inicialmente no PC, o TT programado seria sempre de aproveitamento máximo,

seria sempre de noventa minutos, algo que não se torna possível de verificar, devido a

incidentes que podem surgir pelo meio da UT.

Questões de atrasos dos jogadores, interrupções para hidratar, paragem porque

um jogador está caído sobre o terreno ou uma explicação mais longa, fazem com que

estas paragens sejam mais prolongadas, logo o tempo útil de treino baixa

consideravelmente.

Tentamos ao máximo neste PPC aproveitar o máximo de TU dentro do TT para a

realização da UT.

Uma das boas soluções para perdermos o menor tempo possível, era montar

tudo o que fosse necessário, enquanto se realizava um exercício de aquecimento ou

mesmo antes do início da UT, caso o campo estivesse livre.

Sendo assim, podemos verificar que no PPC, o tempo máximo de

aproveitamento está na volta dos 77 minutos e o mínimo dentro dos 70 minutos, já a

considerarmos questões de hidratação, atrasos e/ou outras coisas.

Figura 10- Volume de Treino- PPC

Já no que toca ao Volume de Treino no PC, situado abaixo, podemos verificar

que a UT continua a ser planeada para um TT de noventa minutos, mas que o TU de

treino volta a estar situado entre os 70 minutos e os 77 minutos, já com questões,

70

75

80

85

90

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Tem

po

To

tal d

e Tr

ein

o

Unidades de Treino

Volume de Treino- PPC

TOTAL Tempo Útil

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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novamente, de hidratação, atrasos, conversas com os jogadores antes do começo do

primeiro exercício, entre outras coisas, que não façam com que o jogador esteja em real

contacto tanto com a bola como sintetizado com o que é pedido dentro do treino em si.

Comparando um período com o outro, podemos ver que o PPC seguiu sempre

uma lógica de grande dinâmica sem grandes perdas de tempo, sempre com um grande

foco e ainda sem problemas exteriores.

Já o PC, por ser mais longo e mais cansativo, saiu mais prejudicado em termos

de tempo, devido a paragens, devido a lesões, explicações de maior tempo durante a

UT, desavenças dentro do grupo que poderiam prejudicar o bom funcionamento do

grupo, entre outros incidentes, que resultam numa, possível, maior discrepância entre

TT ou programado de treino com o TU ou tempo real de treino.

Figura 11- Volume de Treino- PC

Figura 12- Volume da Competição

65

70

75

80

85

90

19

22

25

28

31

34

37

47

52

55

58

61

65

73

76

79

82

89

92

95

98

10

1

10

4

Tem

po

To

tal d

e Tr

ein

o

Unidades de Treino

Volume de Treino- PC

TOTAL Tempo Útil

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

Volume Competição PPC

Volume Competição PC

Co

mp

etiç

ão

Volume da Competição

PPC- 12 Jogos PC- 63 Jogos

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No que toca a volume de competição, pode-se verificar que no PPC, realizaram-

se apenas doze jogos com a duração de sessenta minutos cada, o que fez um total de

setecentos e vinte minutos jogados por parte da equipa, significou uma média de 2 jogos

por microciclo de PPC.

Já, no que a PC diz respeito, podemos verificar que foram realizados um total de

sessenta e três jogos, contando com jogos para o campeonato, torneio de Carnaval e

amigáveis ao longo da época, já com alguma incidência no futebol 11, contabilizando-

se um total de três mil setecentos e oitenta minutos, o que significa um total de

aproximadamente 2.42 jogos por microciclo, o que significa que ao longo do PC,

realizava-se a cada 3 microciclos mais um momento competitivo do que no PPC.

A diferença que observamos, tem haver por e simplesmente com o tempo de

jogo entre um e outro período, o mais normal seria sempre um registo completamente

diferente, vista a duração de cada período.

Quando nos baseamos no Volume dos Exercícios do PPC, observamos que os

exercícios com maior incidência durante esta parte mais inicial da época se debruçam

sobre os exercícios de Forma III e os exercícios essenciais com oposição, visto que

todas as unidades de treino continham exercícios destas características, a figura 14

transmite-nos totalmente essa ideia.

Figura 13- Volume dos Exercícios no PPC

Já no Volume dos Exercícios no PC voltamos a observar uma grande

incidência nos exercícios de Forma III, assim como nos exercícios essenciais

com oposição, mas começamos, também, a verificar uma maior incidência nas

Formas II e I numa fase mais inicial do PC.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

% d

e ca

da

Exer

cíci

o

Unidades de Treino

Volume dos Exercícios no PPC

Forma III Forma II Forma I Com oposição Sem oposição Gerais

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Figura 14- Volume dos Exercícios no PC

De uma forma mais crítica, parece-me que a incidência nos exercícios assim

como na sua regularidade foi bastante visível em exercícios que fossem em formas

jogadas reduzidas ou numa forma jogada que se aproximasse ao máximo da realidade

competitiva.

Para mim, a incidência nestes exercícios foi de acordo com o que imaginava e

me propunha a fazer, pois nestas jovens idades o contacto com bola é fundamental para

o desenvolvimento motor do jovem jogador, assim como para o desenvolvimento

cognitivo.

Exercícios sem oposição ou de carácter geral acabaram por não entrar de todo

em ambos os períodos (PPC e PC) devido ao trabalho que era pretendido fazer com

bola, como jogos reduzidos com superioridade e inferioridade numérica, fazendo com

que este tipo de exercícios existissem quase sempre dentro de outro exercício, como

era o caso do jogo do drible e após o mesmo, os jogadores teriam que fazer um exercício

de coordenação.

5.3- Microciclo

No presente sub-capítulo, a abordagem irá incidir sobre o nosso microciclo

padrão, semanal, apresentando e comentando um exemplo, assim como a relação das

partes do treino (introdutória, preparatória, principal e final) e a relação entre o volume

de treino planeado e o operacionalizado.

5.3.1-Microciclo Padrão

O nosso microciclo padrão remete-nos para aquilo que pretendemos fazer todas

as semanas consoante os objectivos traçados desde o início da época.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

19 22 25 28 31 34 37 40 43 49 52 55 61 65 69 73 77 80 84 88 93

% d

e ca

da

Exer

cíci

o

Unidades de Treino

Volume dos Exercícios no PC

Forma III Forma II Forma I Com oposição Sem oposição Gerais

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Assim sendo, as UT tendem a subir a sua complexidade com o aproximar do

jogo semanal (competição), contudo no período pré-competitivo, o microciclo foi

delineado da seguinte forma, na primeira UT trabalho geral sem bola (componente

física), trabalho com bola (com e sem oposição, com carácter físico também) e formas

jogadas reduzidas, com muito gesto técnico.

Na segunda UT, trabalhávamos mais a componente técnica (acções com bola,

com e sem oposição) e exercícios de carácter táctico. Para a última UT semanal,

continuávamos a trabalhar o trabalho táctico, já com a inclusão de bolas paradas se

possível, com muito gesto técnico e muitas formas jogadas ou jogos reduzidos.

5.3.2-Microciclo Semanal – Planeamento vs Operacionalização

Figura 15- 2º Microciclo

Neste 2º microciclo, a incidência mais sobre as formas jogadas de 1x1+GR, (...)

e de GR+1x1+GR, (...), pois a nossa preocupação de início de época fez-nos acreditar,

que seria necessário muito contacto com bola e muitos jogos reduzidos e também jogo

formal, para vermos em que ponto estavam os jogadores depois das férias.

Começamos a definir o conteúdo base para a equipa, como o sistema táctico em

que iriamos jogar, as rotinas que a equipa deveria ter face ao que seria pedido ao longo

da época desportiva e definir os conteúdos ou critérios para constituir uma equipa

compacta em relação ao que fosse pedido.

Todas estas formas reduzidas de jogo fizeram com que os jogadores

começassem a apreender o que seria pedido ao longo da época desportiva, assim como

já para o jogo seguinte de pré-época.

0

10

20

30

40

4 5 6

Tem

po

To

tal d

o E

xerc

ício

Unidade de Treino

2º Microciclo

Essenciais Forma III Essenciais Forma II

Essenciais Forma I Complementares especiais Com oposição

Complementares especiais Sem oposição Exercícios Gerais

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Neste segundo microciclo apresentado, as três unidades de treino foram de

encontro aos jogos reduzidos ou formas jogadas reduzidas.

No primeiro treino, a parte inicial debruçou-se num exercício de caça-bolas e

meínhos de 2x1 com um máximo de três toques. A parte fundamental incidiu no trabalho

de coordenação frontal, após a forma jogada de Gr+1x1+ Gr e na forma jogada para

quatro mini balizas de 2x2 após passe longo. A parte final do treino resumiu-se a uma

forma jogada de 2x2+2 para seis mini balizas e numa forma jogada de Gr+4x4+Gr +2,

num jogo onde estavam limitados os três corredores.

O segundo treino teve como exercício inicial um exercício que tinham por base

o desenvolvimento técnico do passe curto e da combinação directa. A parte fundamental

dividiu-se em dois exercícios, um numa forma jogada de Gr+6x6 e o outro no trabalho

da linha defensiva com o avançado a ter de fazer o primeiro passe de costas para a

baliza ficando uma forma jogada de 3x2+Gr. A parte final do treino incidiu novamente

no Gr+6x6 e num jogo de corredores, com superioridade para quem ataca no corredor

central, podendo ir ao corredor lateral criar superioridade numérica, uma forma jogada

de 4x3+Gr.

A terceira unidade de treino inicialmente começo com dois exercícios similares

de finalização de 1x1+Gr e de 1x0+Gr, cujo objectivo anterior à finalização era o

desenvolvimento da coordenação, da força inferior (devido aos saltos sobre barreiras),

condução de bola com o pé dominante e não dominante e o desenvolvimento do remate

(jeito, força ou chapéu). O segundo exercício volta a estar dividido em dois, uma forma

jogada novamente de Gr+6x6 e uma forma jogada de Gr+3x3 +1. A parte final incidiu

na forma jogada de Gr+8x8+Gr, ou seja, jogo formal.

Durante este segundo microciclo descrito, ouve um desenvolvimento naquilo que

era pedido e que estava previsto ser desenvolvido no que a formas jogas diz respeito,

criando dificuldades como a inferioridade numérica ou o número de balizas a defender,

mais possíveis condicionantes impostas, assim como criando situações de sucesso com

o ensino-aprendizagem com vista futura naquilo que seria necessário como a linha

defensiva ou a criação de oportunidades de superioridade numérica. A nível inicial

parece-me que o conteúdo poderia ter sido abordado de forma diferente, havendo um

crescimento com o que seria desejado trabalhar, fosse uma componente mais física ou

uma componente mais técnica. Apesar do trabalho ter sido feito sem uma forma

crescente, é de realçar que todo o trabalho físico foi aliado com o técnico, ou seja,

sempre que ouve trabalho físico mais específico, ouve também um constante contacto

com a bola por parte dos jovens jogadores.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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5.3.3- Relação entre parte introdutória, preparatória, principal e final

A relação entre a parte introdutória, preparatória, principal e final, não foi

realizada de forma igual, ou seja, o ênfase dado a cada parte da unidade de treino,

coincidiu com o que seria mais necessário de assimilar por parte dos jogadores, onde

se nota uma clara evidência da parte principal da unidade de treino.

A parte principal é onde se situa maior parte da UT, é onde estão os principais

exercícios que nos permitem trabalhar os principais erros por parte dos jogadores, assim

como ao mesmo tempo se está a assimilar conceitos antigos e novos de maneira a uma

maior compreensão da modalidade como transporte do treino para a competição,

explicando situações e dando soluções, parte esta que era caracterizada por cerca de

50% da UT.

A parte introdutória, onde era explicado o que iria ser feito, juntamente com

algum exercício de aquecimento era caracterizada por 13% da UT.

A parte preparatória, que por norma engloba 1 ou 2 exercícios que servem como

preparação para a parte mais importante da UT, tinha uma importância de 28%.

É de realçar que juntamos a parte introdutória com a parte preparatória, sendo

que ambas acabam por se tornar numa só parte do treino.

A parte final, a parte de retorno à calma, com alongamentos e conversa final,

ocupava, cerca de 9% da UT.

5.3.4- Relação entre volume de treino planeado e volume de treino operacionalizado

Figura 16- Volume de Treino Planeado vs Operacionalizado

Todas as UT foram planeadas com base em 90 minutos de treino, o que não se

verifica depois na sua operacionalização, onde deviado a questões de atrasos, de

0102030405060708090

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70 73 76 79 82 85 88 91 95

Tem

po

da

UT

Unidades de Treino

Volume de TreinoPlaneado vs Operacionalizado

Total Tempo Útil

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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hidratação, de explicação e esclarecimento de dúvidas no início de um exercício, na

paragem do exercício para correcção de algo que não está a correr dentro do previsto,

o planeamento da UT acaba por ser um esboço da operacionalização que o mesmo

vai ter.

Durante toda a época o planeamento foi sempre feito para o TT e a sua

operacionalização situou-se sempre entre os 70 e os 75 minutos.

Verificamos que existe alguma diferença no tempo de aproveitamento até à

décima nona UT, onde o factor de ser um PPC levou a que as UT tivessem uma

realização diferente e sem ser tão duradoura ao que a operacionalização toca.

No meu ponto de vista, a operacionalização foi bem conseguida para as

contrariedades que foram existindo ao longo da época, o que me leva a querer, que o

tempo dispensado acabou por se tornar útil na aprendizagem dos jovens.

5.4- Disciplina

No período pré-competitivo, visto que muitos dos jogadores já se conheciam do

ano anterior e de já conhecerem o treinador principal, não existiram situações de

indisciplina por parte dos jogadores, talvez por receio de saírem da equipa ou ainda por

falta de à vontade com todos os membros que compõem a equipa (treinadores e

jogadores).

No período competitivo, os problemas de indisciplina foram recorrentes em

alguns jogadores, principalmente com os jovens mais problemáticos da equipa, que vêm

de uma realidade social, que infelizmente fica algo aquém do que é pretendido.

Desde insultos, a entradas maldosas sobre os colegas, faltas de respeito

constantes, que deveriam ser extintas e muitas têm sido as estratégias para acabar com

elas, mas tem sido difícil.

Quando, algum destes jogadores ou outro tem uma atitude menos correta para

comigo, procuro perceber o porquê daquela atitude e acabo por reportar a situação ao

treinador principal, pois é este que toma as decisões finais, apesar de eu ter autonomia

para tomar as minhas decisões.

Algumas estratégias utilizadas passam, por colocar os jogadores na equipa do

escalão abaixo ou não convoca-los para o jogo seguinte.

Tenho um determinado jogador, que por ter noção de que é muito superior aos

outros e que joga frequentemente nos escalões acima, assume-se como a

“estrela”/”vedeta” do grupo de trabalho e apesar de todas as conversas já tidas com este

jovem jogador, a melhor solução para não o mandar embora, passaria por este ter

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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acompanhamento psicológico, ficar fora das convocatórias e ser obrigado a assistir aos

jogos da equipa na bancada.

Apesar de ter 3 ou 4 jogadores que causam distúrbios, a equipa têm-se unido e

tem conseguido remedir estas situações, querendo sempre que o global saia valorizado.

De realçar, que o jogador referido acima, acabou por não ser convocado durante

2 jogos e assistiu aos mesmos jogos na bancada. Estas foram as situações encontradas

para tentar melhorar o seu comportamento, visto que o acompanhamento psicológico

realizado por um profissional não era algo possível, tendo este mesmo

acompanhamento sido feito pelos treinadores.

Apesar de todos os esforços realizados, devido a questões extra futebol e extra clube,

este mesmo jogador acabou por abandonar o clube.

5.5- Lesões

Durante a época desportiva, a equipa teve algumas lesões, mas nenhuma delas

teve a ver com questões de excesso de esforço, foram de notar as lesões de carácter

de fractura e até mesmo de crescimento, algo normal e natural para as idades em

questão.

Assim sendo podemos realçar que tivemos as seguintes lesões.

No PPC, houve 2 lesões, 1 que levou a um tempo de paragem de 3 semanas

com lesão na coxa e pé direito e de 1 mês e meio de fractura na mão.

No PC, houve seis lesões, nas quais uma foi de dois meses e meio com uma

fractura na clavícula, um com paragem de três semanas com entorse no pé, outra de

dois meses de entorse no pé com recaída, outra com três semanas de entorse no pé e

dois de dores de crescimento de três semanas

É de realçar que todos os jogadores tiveram apoio do fisioterapeuta do clube,

que fazia com eles tanto o tratamento da lesão como a recuperação já em campo, até

dar a devida alta médica.

Caso algum dos jogadores fosse mesmo ao hospital, como aconteceu, o

fisioterapeuta fazia o trabalho de reabilitação e devida alta, só depois de receber a ficha

de alta médica hospitalar.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Capítulo VI – Processo Competitivo

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6.1- Caracterização do(s) Contexto(s) Competitivo(s)

O campeonato onde a nossa equipa de Infantis “A” está inserida é no

Campeonato Distrital de Juniores “D”- Futebol de Nove, na série 2 e na séria 4, visto

que optámos por ter duas equipas de Futebol de Nove, devido ao número de jogadores

que temos no plantel.

Existem quatro séries e em cada série existem 13 equipas, onde não existem

subidas nem descidas de divisão, pois além de se tratar de um campeonato distrital,

trata-se também de uma adaptação ao Futebol 11, onde se começam a disputar subidas

e descidas de divisão.

Ainda neste contexto, podemos referir que, os primeiros classificados de cada

série vão ao Apuramento de Campeão.

Na minha óptica é o mais acertado nesta idade, pois o contexto de formação e

aprendizagem tornam-se nos factores mais importantes nesta idade.

Nomeadamente sobre as equipas que defrontámos, temos duas séries

completamente distintas, onde existe claramente uma série mais forte se tivermos em

conta pelo menos os nomes das equipas ou mesmo a observação feita por parte dos

treinadores a essas equipas, devido já a algum conhecimento do futebol praticado neste

escalão.

A S2 é uma série menos acessível, caso a equipa tivesse alguma aspiração de

ir ao Apuramento de Campeão, pois esta série conta com a presença do Sporting Clube

de Portugal “B”, Sport Lisboa e Benfica, CIF, Casa Pia AC, entre outras boas equipas,

já na S4 as equipas são mais acessíveis, pois é uma série onde se nota bastante o

equilíbrio, onde se apresentam o Estoril Praia, Oeiras, Real “A”, entre outras equipas

que equilibram bem esta série.

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6.2- Calendário Competitivo

Figura 17- Dificuldade S2

Na figura 17, concluímos que na S2, houve um ciclo maior de jogos de

dificuldade 3 (mais elevada), do que de menor dificuldade ou de dificuldade média.

Verificamos que esta série foi de categoria elevada e com equipas que

considerávamos de nível similar ou superior ao nosso.

O planeamento para os jogos com todas as equipas incidiu sempre na mesma

base de trabalho, tendo sempre em atenção, alguns trabalhos de carácter mais

defensivo ou de carácter mais ofensivo, consoante o adversário em questão.

Apesar da UT e do seu planeamento ser o mesmo, haviam algumas

preocupações que não poderíamos descurar, como foi dito acima.

Figura 18- Dificuldade S4

1

0

2

3

1

2

1

3

1

3 3

2

3

1

0

2

3

1

2

1

3

1

3 3

2

3

0

1

2

3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Dif

icu

ldad

e C

om

pe

titi

va

Jornadas

DIFICULDADE S2

0

1

2

3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Dif

icu

ldad

e C

om

pe

titi

va

Jornadas

DIFICULDADE S4

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Na série 16 podemos realçar que a maioria das equipas e dos jogos realizados,

eram consideradas de dificuldade 2 (dificuldade média) e o seu seguimento de jogos foi

por norma seguido de jogos de dificuldade baixa.

Contudo, o planeamento foi sempre a pensar em ambas as séries e acabávamos

por trabalhar o mesmo com todos os elementos da equipa para estes estarem

preparados tanto para um jogo de cariz mais elevado ou pelo contrário, com um cariz

mais acessível.

A atenção nestas 2 séries remeteu-se sempre para o mesmo, para a formação do

jogador, tal como foi decidido no início da época, como um dos objectivos intrínsecos à

equipa.

6.3- Evolução da Classificação ao Longo do Campeonato

Figura 19- Evolução da Classificação ao Longo do Campeonato

Na figura 19 verificamos a evolução da equipa ao longo de toda a época.

Dividido em 2 séries, verificamos que a equipa manteve uma base bastante

estável na S4. Constantemente entre o 5º e o 7º lugar, a equipa terminou o campeonato

no 6º lugar.

Estas alterações nesta série devem-se ao facto de em confronto directo com

outras equipas de um nível similar, nunca ter sido visível um contexto de superioridade

sobre estas mesmas equipas, foi concedido, também, bastante espaço a equipas de

teoricamente inferiores de forma que estas conquistassem pontos, verificando-se estas

oscilações entre os lugares acima referidos, principalmente na segunda metade da

época.

Já em relação à S2, a equipa começou de uma forma forte, no que toca a

resultado e aos conceitos assimilados, mas ao longo da época não conseguiu manter a

123456789

10111213

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Po

siçã

o

Jornadas

Evolução da Classificação ao Longo do Campeonato

Série 2 Série 4

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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sua estabilidade, permitindo que houvesse alterações constantes, até estagnar entre o

5º e o 7º lugar, como também havia ocorrido na outra série.

Em ambas as séries a estagnação no campeonato começa a ser acentuada na

2ª metade do campeonato.

As quebras deveram-se a 3 motivos:

- A divisão dos jogadores em todos os jogos para ambas as séries;

- Cedência de pontos a equipas teoricamente mais acessíveis;

- Não se ter afirmado de uma forma mais constante perante equipas do

mesmo nível ou de nível superior.

Podemos ainda referir que a evolução dos jogadores ao longo da época foi

positiva no que toca ao objectivo da preparação do futebol de onze, visto que na

segunda metade da época muitos jogadores foram jogar no escalão acima e o número

de jogos amigáveis de futebol de onze, realizados nesse mesmo período, fez com que

a sua evolução, perante o pretendido, fosse bastante acentuada.

6.4- Evolução dos Resultados

Na S2, podemos verificar uma série de resultados desequilibrados, que não

traduzem a mesma realidade desportiva que se pretende no campeonato de Infantis

onde não existem subidas e descidas de divisão.

Os motivos podem ou não ser vastos para o desequilíbrio acentuado que se fez

sentir ao longo da época desportiva.

Em relação a uma superioridade visível em resultado temos os jogos diante do

Atlético (0-4 e 9-0), diante do Operário (6-0 e 0-8) e diante do Alta de Lisboa (1-3 e 4-

1), todos estas equipas saíram derrotadas perante a nossa equipa, o que traduz um

desequilíbrio bastante acentuado nas duas primeiras equipas, pois uma jogava com

jogadores de um ano inferior e sem argumentos competitivos, já a terceira equipa,

considerada do mesmo nível que a nossa, não conseguimos explicar a superioridade

obtida em resultado.

Em termos de derrota, a mais notada com um diferencial grande foi diante do SL

Benfica (5-2), algo que seria mais natural, visto os recursos de uma e outra equipa, já

as derrotas que para nós não têm uma explicação plausível se não as condições

intrínsecas ao jogo, como o campo, e a falta de concentração constante, que permitiram

ao Futebol Benfica, ganhar os 2 jogos perante a nossa equipa (2-0 e 1-2).

O empate que traduz uma maior insatisfação, por culpa própria, com erros

graves que não se poderiam cometer, perante uma equipa teoricamente acessível,

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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fizeram com que na primeira volta concedêssemos o empate, já falado, diante da equipa

do Amavita (1-1).

Na S4, podemos verificar que apenas na 1ª volta conseguimos ser superiores

perante as equipas mais acessíveis do campeonato.

Diante do Despertar (4-1 e 4-4), o empate justifica-se por termos apenas 10

jogadores e termos acabado com 9, devido à lesão de um dos nossos jogadores, diante

do Atlético do Cacém (6-0 e 2-1), além da falta de concentração no 2º jogo, tínhamos

muitos jogadores com menos 1 e 2 anos que os jogadores adversários, o GR acabou

por sair lesionado desse mesmo jogo, quando tínhamos ainda 1-1.

Apesar destes acontecimentos inesperados, a nossa fraca maneira de defender

nesta altura, levou-nos a ter mais 2 resultados inesperados, ainda na 1ª volta, onde

perdemos fora com o Outurela (2-1) e perdemos em casa diante do Central 32 (2-3).

Resultados estes, que aconteceram no último minuto do jogo.

O resultado mais desnivelado e desfavorável, aconteceu na casa do Real A (4-

0), onde as condições atmosféricas eram bastante adversas, um campo muito pequeno

e o terreno de jogo, devido às mesmas condições atmosféricas não permitia uma boa

prática da modalidade em si.

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Tabela 4- Resultados da Série 2

Equipas Jogo em Resultado Série Jornada Lugar Resultado

Atlético Fora V 2 1 3 0-4

Isento x x x x 7 x

Real B Casa E 2 3 6 1-1

Benfica Fora D 2 4 8 5-3

Amavita Casa E 2 5 9 1-1

Sacavenense B Fora E 2 6 10 2-2

Operário Casa V 2 7 7 6-0

Alta Fora V 2 8 7 2-3

SL Olivais Casa V 2 9 6 2-1

Sporting B Fora D 2 10 7 2-0

CIF Casa E 2 11 7 2-2

Fut Benfica Fora D 2 12 7 0-3

Casa Pia Casa V 2 13 7 2-0

Atlético Casa V 2 14 7 6-0

Isento x x x x 7 x

Real B Fora V 2 15 6 2-0

Benfica Casa D 2 16 6 0-1

Amavita Fora V 2 17 6 0-2

Sacavenense B Casa V 2 18 6 2-0

Operário Fora V 2 19 6 0-8

Alta Casa V 2 20 5 4-1

SL Olivais Fora V 2 21 5 0-3

Sporting B Casa D 2 22 5 0-2

CIF Fora D 2 23 6 1-0

Fut Benfica Casa D 2 24 6 1-2

Casa Pia Fora E 2 25 6 2-2

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Tabela 5- Resultados da Série 4

6.5- Volume Competit ivo e Análise Competitiva Individual

O volume competitivo durante toda a época remeteu-se a 50 jogos entre as 2

séries onde a equipa participou, 26 jogos na S2 e 24 jogos na S4.

A média de jogos feita por cada elemento da equipa ronda os 44 jogos,

verificamos que este número é mais baixo que o total, pois isso traduz-se devido ao

facto de alguns jogadores terem estado lesionados, o que os impossibilitou de competir

e outros jogadores, durante várias semanas, principalmente na 2ª metade da época

começaram a ir jogar com uma maior regularidade ao escalão de Iniciados.

Houve uma baixa percentagem de não utilização, portanto houve uma

percentagem extremamente elevada, no que toca ao tempo de prática competitiva que

cada jogador teve durante toda a época.

Este sucesso de tempo por parte de todos os jogadores, deveu-se ao objectivo

inicial da equipa técnica em conseguir sempre da melhor maneira equilibrar os grupos,

de forma que todos pudessem jogar o mesmo tempo.

Equipas Jogo em Resultado Série Jornada Lugar Resultado

Despertar Casa V 4 1 2 4-1

Outurela Fora D 4 2 6 3-1

Sintrense B Fora V 4 3 3 0-4

Real Casa E 4 4 3 1-1

Lourel B Fora E 4 5 4 2-2

Belas Casa V 4 6 4 0-6

Oeiras Fora D 4 7 5 2-0

Cacém Casa V 4 8 4 6-0

Isento x x x x 6 x

Central 32 Casa D 4 9 7 2-3

Tires Fora D 4 10 7 3-0

Estoril Fora D 4 11 8 3-1

Despertar Fora E 4 12 8 4-4

Outurela Casa V 4 13 8 2-0

Sintrense B Casa V 4 14 6 3-1

Real Fora D 4 15 6 4-0

Lourel B Casa E 4 16 6 0-0

Belas Fora V 4 17 7 0-3

Oeiras Casa V 4 18 5 2-1

Cacém Fora D 4 19 5 2-1

Isento x x x x 5 x

Central 32 Fora V 4 20 6 0-6

Tires Casa D 4 21 5 1-3

Estoril Casa E 4 22 6 1-1

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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O tempo estipulado para os GR seria de sessenta minutos, caso só pudesse ir 1

a jogo ou de trinta minutos cada, caso fossem os 2.

Para os jogadores de campo, num tempo total de sessenta minutos, sem contar

com a compensação que não era mais do que 1 ou 2 minutos e em muitos jogos, não

havia, a média de tempo que a equipa técnica quis para cada jogador por jogo seria

pelo menos cinquenta por cento do tempo total de jogo, por isso seria sempre no mínimo

trinta minutos.

Existiram jogadores que por vezes jogaram abaixo desse tempo, mas caso o

problema não fosse lesão, no jogo a seguir seriam recompensados.

Analisando o volume competitivo de uma forma crítica, parece-me que é de

realçar que esta equipa, conseguiu equilibrar na melhor maneira possível o volume

competitivo de todos os jogadores da equipa, privilegiando-os ao máximo, de maneira

a que a tentativa-erro baixasse, que a sua confiança aumentasse, que o maior contacto

com a bola fosse promovido dentro daquilo que é a competição e que o aperfeiçoamento

técnico-táctico, mas especialmente táctico se desenvolvesse num contexto competitivo

e que não estagnasse por ser apenas aprendido em contexto de treino.

6.6- Dia Competitivo

O nosso dia oficial de competição é ao sábado à tarde, mas a nossa rotina para

o mesmo situa-se com um maior ênfase no último treino, tentado sempre consolidar ao

máximo o pretendido não só para aquele jogo, mas também para toda a época

desportiva.

No último treino antes do jogo, passamos a informação daquilo que pretendemos

através do planeamento da unidade de treino, pois esta acaba por ser algo planeada

em função da aprendizagem e consolidação de conceitos, como foi dita anteriormente.

No dia do jogo, a concentração é sempre feita uma hora antes do início do jogo,

quer em casa quer fora, onde esperamos cerca de cinco a sete minutos para que os

jogadores se equipem, onde a equipa técnica alinha as últimas estratégias para o jogo.

Toda a informação é passada para os jogadores verbalmente, sendo que utilizamos um

quadro táctico para que estes percebam melhor o que é pedido, onde tentamos simular

situações de jogo para que o erro seja diminuído.

Ao intervalo, a nossa primeira intervenção passa por questionar os jogadores se

todos estão bem fisicamente ou não, podendo detectar alguma lesão ou apenas

cansaço acumulado, principalmente nos jogadores com um grau de maturação mais

elevado. De seguida, tentamos exprimir a nossa ideia para a segunda parte, baseando-

nos nos erros cometidos na primeira parte, assim como as boas situações ocorridas.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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No final de cada jogo, tenha ele terminado com uma vitória, empate ou derrota,

reunimos sempre os jogadores, de maneira a que eles percebam onde estiveram bem,

onde podiam ter estado melhor, o que fizeram de errado, generalizando sempre, caso

exista um caso mais individual, ou falamos com o atleta após o jogo ou no treino seguinte

ou falamos logo diante do grupo.

No primeiro treino, após o fim-de-semana de competição, com o decorrer do

treino vamos explicando em que aspectos é que a equipa ou um sector da equipa pode

melhor ou até mesmo um jogador pode melhorar, com algumas decisões que sejam

tomadas.

Um dos jogos que mais me marcou foi logo o primeiro contra o Atlético Clube de

Portugal, na casa do Atlético, onde era o meu primeiro jogo oficial tanto com esta equipa,

assim como “Treinador Principal”, visto que o Treinador Principal tinha ido com a equipa

a outra série.

Lembro-me de entrar no balneário e sentir os jogadores algo excitados, visto que

era o primeiro jogo de competição que iam ter na época.

Tinha algum receio que algo não pudesse correr bem, mas ao mesmo tempo

pensei sempre de forma positiva. Todos os jogadores se equiparam rapidamente, onde

de seguida pedi que se fizesse silêncio para explicar o que era pretendido, focando

também tudo o que tinha sido trabalhado até determinada altura.

Acabei de falar, levei os jogadores para o aquecimento e depois começou o jogo.

Nunca foi um jogo de carácter difícil, ao intervalo já vencíamos por 0-2, perguntei

se todos estavam bem fisicamente, nenhum jogador se queixou.

Fizemos uma segunda parte com calma e a praticar aquilo que tinha sido pedido,

vencemos por 0-4, onde me recordo que um dos jogadores com mais recursos técnicos

e tácticos, foi substituído aos 54 minutos, num jogo onde o máximo são 60 minutos mais

a compensação.

Saiu do campo algo chateado, porém eu já o tinha visto a coxear e preferi que

ele saísse, não só por estar a coxear mas também por ter feito quase o jogo todo,

expliquei-lhe a situação após o jogo, ele, embora triste por não ter jogado o jogo todo,

compreendeu que tinha jogado bastante tempo e que havia colegas que deveriam jogar

mais tempo também.

Senti-me orgulhoso pelo resultado obviamente, mas muito mais pelo foco e pela

disciplina de aprendizagem mostrada e posta em prática por todos os jogadores que

estiveram presentes naquele jogo.

É de notar que relatei este jogo, por ter sido o primeiro, onde serviu para evoluir

como treinador, em várias áreas como na intervenção ou comunicação com todos os

jogadores.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Capítulo VII – A Influência dos Encarregados de

Educação no Futebol de Formação

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Introdução

Enquanto treinador de futebol de formação, tenho-me deparado com algumas

situações que me deixam desconfortável, no que toca à influência dos pais sobre os

jovens jogadores, especialmente com os seus filhos.

Desde o aspecto de passarem informação aos jovens, não sendo algo coerente

perante o trabalho do treinador, como também incentivarem os jovens a algo com um

feedback que é errado perante as circunstâncias envolvidas dentro do meio.

Contudo, a revisão literária irá ajudar-me a esclarecer dúvidas, que já tenham

surgido e que possam vir a surgir futuramente, levando-me a reagir e a explicar de

forma diferente, dúvidas estas relacionadas com o facto de poder surgir algum

problema e como conseguir encontrar soluções para resolver o mesmo.

Com a revisão bibliográfica procuro encontrar respostas para o tipo de

envolvimento de alguns pais, para verificar até onde poderá ser ou não prejudicial o

seu tipo de envolvimento perante os jovens.

De uma forma geral, podemos transmitir que os pais são a base para as

crenças, os valores e personalidade dos jovens, sendo ainda a base de defesa dos

mesmos, que os poderá levar ao sucesso, se tiverem um bom acompanhamento.

A revisão literária encontra-se dividida em 5 pontos que para mim são

importantes para responder àquilo que pretende ser encontrado e/ou verificado.

1.1 A Influência dos Encarregados de Educação no Futebol de Formação

O primeiro impacto entre a criança e o desporto escolhido deve ser o mais natural

e especial, pois é este primeiro contacto que poderá desencadear uma vontade pela

prática desportiva em qualquer modalidade.

Os primeiros passos de uma criança em qualquer desporto, podem surgir através

de influências tanto positivas, como negativas, pois podem surgir através de um ídolo

que possam ver na televisão, através de um irmão que pratique a mesma modalidade,

através de um gosto pessoal, entre outros.

Podemos ainda realçar, que um dos motivos que pode fazer com que uma

criança comece a praticar alguma modalidade tenha a ver com a influência que recebe

por parte do encarregado de educação, por norma os progenitores (pai e mãe).

Poderei falar que por experiência própria, algumas crianças/jovens não são felizes a

praticar uma determinada modalidade, neste caso falamos do futebol.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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E como podemos e devemos explicar isso aos pais? Podemos esperar uma

reação compreensiva, mas podemos também esperar uma reação fora do comum,

acabando sempre por ser a criança/jovem o mais prejudicado.

Muitos pais escolhem o futebol para os filhos, não para estes serem felizes na

modalidade que praticam, mas sim para que os sonhos de crianças dos próprios pais

surjam ou para serem um género de “porta de abertura”, para uma vida mais tranquila

a nível financeiro, um dia mais tarde, algo completamente errado.

Os comportamentos parentais favorecem a interpretação por parte da criança,

da sua própria competência, modelando as suas expectativas para a conquista (Teques

& Serpa, 2009).

Segundo Fredricks e Eccles (2005, citados por Teques e Serpa, 2009), os pais

evoluem as capacidades dos seus filhos e proporcionam níveis diferenciados de

oportunidades, ânimo e apoio, tendo em consideração as suas crenças pessoais.

Seguindo o mesmo registo, Teques e Serpa (2009) dizem que a combinação das

características das crenças parentais, de apoio social e de oportunidades, traduzem-se

em níveis diferenciados de competência percebida e de expectativas por parte da

criança na prática desportiva.

Recentemente, foi desenvolvido um modelo de envolvimento parental que

pretende determinar as variáveis que melhor explicam o mesmo envolvimento/presença

parental, podendo mesmo ser potenciais elementos de intervenção para promover a

eficácia do envolvimento. Este modelo foi desenvolvido por Hoover-Dempsey e

colaboradores (Sandler, Walker, Whetsel, Green, Wilkins, Closson e Dallaire), como

fazem referência Teques e Serpa (2009).

Para Smoll (2001, citado por Teques e Serpa, 2009), a partir do momento em

que a criança decide praticar uma modalidade desportiva, os pais devem assumir uma

série de responsabilidades e de desafios, como compreender os motivos que levaram

a criança a praticar aquela modalidade, fomentar a diversão, não pressionar e conhecer

as regras do jogo.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, Teques e Serpa (2009), explicam que o

envolvimento dos pais pode surgir em função de 3 dimensões internas ou externas:

motivação pessoal, os requisitos que são provenientes da criança, do treinador e da

organização desportiva e o contexto vivenciado pelos pais.

O Modelo de Envolvimento Parental no Desporto, abordado e desenvolvido por

Hoover-Dempsey e colaboradores (2005) está desenvolvido em 5 níveis.

O nível 1 está definido em três pontos distintos:

- Motivação Pessoal: eficácia parental e construcção de um rol parental;

- Requisitos: da criança, do treinador e da organização desportiva;

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- Contexto de vivência: conhecimento e competência, energia e tempo.

O nível 2 está definido como mecanismos de envolvimento dos pais, que se

divide em:

- Ânimo;

- Modelagem;

- Reforço;

- Instrução.

O nível 3 está definido como a percepção da criança sobre os mecanismos de

envolvimento dos pais, divido novamente em ânimo, modelagem, reforço e instrução.

O nível 4 está definido como os atributos da criança que conduzem à

autorrealização, onde encontramos os parâmetros da autoeficácia, motivação intrínseca

para a aprendizagem, estratégias de autorregulação e a autoeficácia a nível relacional

com os treinadores.

Por fim, o nível 5 está definido como a autorrealização desportiva.

Devemos ter em conta quais são as percepções da criança sobre os

mecanismos de envolvimento parental, visto que podemos vir a verificar os seguintes

aspectos:

- a percepção da criança a respeito da sua competência desportiva

relaciona-se com a dos seus pais (Eccles & Harold, 1991; citado por Teques & Serpa,

2009);

- as orientações dos objectivos de conquista são similares aos dos seus

filhos (Bergin & Habusta, 2004; citado por Teques & Serpa, 2009);

- as evoluções realizadas pelos pais sobre o rendimento desportivo das

crianças estão significamente relacionadas com as autoavaliações das crianças sobre

o seu próprio rendimento (Bois, Sarrazin, Brustad, Chanal & Trouilloud, 2005; citado por

Teques & Serpa, 2009);

- as diferentes percepções por parte de uma criança com pressão

parental e apoio parental estão relacionadas com diferentes respostas afectivas por

parte da criança, a respeito uma maior ansiedade, uma menor diversão, autoestima

baixa e abandono desportivo precose, para aqueles que sofrem de pressão parental, já

os que sofrem de apoio parental são mais divertidos e estão mais entusiasmados

(Gould, Tuffey, Udry & Loehr, 1996; citados por Teques & Serpa, 2009).

Para que o abandono precoce não exista, uma das estratégias é que os pais

percebam a sua utilidade para as percepções que são oriundas do envolvimento que

estes podem ter para com o jovem atleta.

Em vez de lhe colocarem pressão, podem substituir por apoio, mas um apoio

que se debruce sobre a aquilo que é importante para o atleta, como o transporte para

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os treinos, equipamento desportivo, ou esclarecimentos acerca da modalidade, que

poderão promover o envolvimento dos pais (Teques e Serpa, 2009).

Outra característica importante é o bom envolvimento com o treinador por parte

dos pais, segundo Wolfenden e Holt (2005, citados por Teques & Serpa (2009),

verificam que a relação positiva entre pais e treinadores poderá ser um factor de suporte

para o desenvolvimento desportivo da criança.

Caso aconteça o contrário, Teques e Serpa (2009) diz que a inexistência de tais

acções poderá influenciar negativamente a decisão dos pais ao envolvimento e, por fim,

o desenvolvimento desportivo da criança.

O contexto vivencial sugere que os pais tenham em conta 2 aspectos que

poderão estar directamente ligados com uma boa prática e um bom envolvimento quer

das crianças ou jovens atletas, quer dos próprios pais.

A ideia de tempo e energia é correcta, pois a criança carece logo desses 2

factores para que a sua prática possa ser desenvolvida com o envolvimento parental,

assim sendo Smoll (2000, citado por Teques & Serpa (2009), afirma que os pais antes

de assumirem determinadas responsabilidades, devem verificar o tempo que têm para

apoiar a participação da criança.

Já em relação aos conhecimentos e competências, Smoll (2001, citado por

Teques & Serpa (2009), refere que deverá ser comprometimento dos pais conhecerem

as regras da modalidade, bem como, terem conhecimento de determinadas estratégias

e habilidades comportamentais para abordarem a criança antes, durante e depois das

competições.

Os pais deverão ter sempre a preocupação de terem os seus filhos satisfeitos e

devem saber o que é mais benéfico para a sua prática. Um estudo realizado por Kacey

Neely e Nicholas Holt, na Universidade de Alberta (2014), fala-nos sobre as perspectivas

parentais dentro dos benefícicios que a participação desportiva pode ter para os seus

filhos jovens e dos ganhos que estes podem ter através de uma participação num

desporto organizado.

Neely e Holt (2014), revelam que todos os vinte e dois inquiridos (pais) no seu

estudo, pensaram que os seus filhos ganharam percepções positivas sobre si mesmos,

através de benefícios pessoais (auto percepções positivas, autorresponsabilidade e fair-

play), que desencadeiam, segundo os resultados, uma construção de confiança,

desenvolvimento de uma ética de trabalho e a aprendizagem do valor das regras e do

fair-play.

Os benefícios sociais são também valorizados por estes pais, e segundo Neely

e Holt (2014), os ideias de amizade (conhecer e fazer novos amigos), trabalho de equipa

e cooperação (aprender a trabalhar como equipa), aprender a respeitar a autoridade

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(desenvolver respeito por quem está acima hierarquicamente) e o envolvimento na

escola (maior foco nas aulas), são os pontos que os pais mais valor dão em relação à

prática desportiva.

O mesmo estudo remete-nos ainda para os benefícios físicos, que para Neely e

Holt (2014), os mais importantes para os pais dentro do estudo foram desenvolvimento

fundamental das habilidades desportivas (desenvolvimento de habilidades e da

competência física) e a saúde e bem-estar (oportunidade de ser fisicamente activo).

Para que estes benefícios sejam bem aproveitados, principalmente na

modalidade de futebol, os pais devem pensar nos efeitos do envolvimento parental na

motivação das crianças para a continuação da prática desportiva, deste caso no futebol.

1.2 Motivação

A motivação é o ponto inicial para uma prática ser bem ou mal sucedida, se não

existir vontade ou se o jovem não se sentir motivado naquilo que está a fazer, o seu

envolvimento e consequente desenvolvimento não serão positivos.

Segundo Sage (1977, citado por Veloso (2017), motivação é a direcção e

intensidade do esforço de um indivíduo, a mesma autora afirma que motivação pode-se

tratar também de um processo de activação do organismo que ajuda a dirigir e a manter

o comportamento.

Para Jones (2016) a motivação pode ser encarada de duas formas: intrínseca e

extrínseca, explicando que a motivação intrínseca é inerente à sua participação através

da satisfação dos seus resultados e que a motivação extrínseca rege-se por algo que é

exterior ao jovem, neste caso podendo ou não ser os pais.

Estas duas formas de pensar a motivação, levam-nos àquilo que conhecemos

como motivação no desporto.

Para Stewart (1994, citado por Jones (2016), os pais são tipicamente a influência

fundamental para que as crianças entrem no desporto jovem. O seu envolvimento, seja

ele maior ou menor, pode prever a direcção da participação e do prazer desportivo da

criança durante a infância e a adolescência.

Na infância, a motivação é extrínseca antes de ser intrínseca porque as crianças

fazem as coisas para serem aprovadas perante os pais e a sociedade (Jones, 2016).

1.3 O Envolvimento Parental no Desporto Jovem

Com base na motivação devemos ter em conta o envolvimento que é feito por

parte dos pais.

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Para Jones (2016), existem duas vertentes de pais, aqueles que são super

envolvidos e aqueles que não são nada envolvidos, sendo estes 2 géneros de pais que

poderão levar ao tipo de motivação que a criança terá.

Os pais super envolvidos são os pais que apresentam uma figura de saberem

tudo, que discutem com o treinador sobre o seu filho e acham que são como um

treinador adjunto, agem como tal, já o pai pouco ou nada envolvido são exactamente

oposto. Colocam os seus filhos no treino, vão para casa, veem 1 ou 2 jogos ou mesmo

nenhum, mas não quer dizer que sejam desinteressados. (Jones, 2016).

Todas estas divergências vão afectar o processo da criança, tanto positivamente

como negativamente se o envolvimento parental não for realizado da melhor forma.

Os pais dever-se-iam colocar no lugar dos filhos muitas vezes, para que

pudessem compreender que a sua intensidade emocional não está a ajudar os seus

filhos, para perceberem aquilo que sentem, até que ponto o seu envolvimento, seja ele

muito ou não, os poderá estar a afectar e a prejudicar tanto a nível emocional como a

nível desportivo.

Holt, Tamminen, Black, Sehn e Wall (2008), descobriram através de uma

investigação que a intensidade emocional associada a uma competição em particular

influenciava a reacção dos pais durante os jogos. A segregação da multidão, as disputas

interpessoais entre os pais e as circunstâncias do jogo contribuíram para o nível de

intensidade emocional (Holt, Tamminen, Black, Sehn & Wall, 2008).

1.4- A Influência dos Pais na Relação Treinador-Atleta

Esta influência na relação Treinador-Atleta é vista para muitos pais com bons

olhos, mas nem tudo o que possa parecer, realmente o é, visto que os jovens podem-

se ressentir perante esta ligação que foi criada entre pais e treinador.

Contudo, é de realçar que esta influência poderá ter 3 ópticas diferentes.

Jowett e Timson-Katchis (2005), chegaram à conclusão que a oportunidade é

oferecida pelos pais que visam localizar uma base para estabelecer contacto para uma

relação eficaz entre o filho e o treinador escolhido. Criam também a oportunidade de

conseguir comunicar constantemente ou de forma frequente com o treinador sobre

vários tópicos, como por exemplo o desenvolvimento da criança ou o desporto no geral.

Outra óptica é a informação, onde a influência dos pais em relação às

informações que eles fornecem ao seu filho e ao treinador incluindo informações

práticas ou específicas e/ou informações gerais (Jowett & Timson-Katchis, 2005).

A última óptica nesta influência de relação é o apoio, onde a influência dos pais

em termos de apoio que proporcionam ao filho e do treinador inclui apoio emocional e

geral (Jowett & Timson-Katchis, 2005).

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1.5- Talento no Futebol- Terão os pais um papel importante?

Desde muito cedo, os treinadores conseguem perceber se um determinado

jovem tem mais aptidão que outro, mas apesar de tal afirmação isto não vai implicar que

o crescimento do jovem seja similar sobre aquilo que é pensado, pois muitas vezes o

acompanhamento pode não ser o mais correcto, sendo este um factor de estagnação

do desenvolvimento de um potencial talento.

Quando falamos em acompanhamento, não precisa de ser necessariamente dos

pais, mas são os pais que tornam este processo mais fácil quando o seu

acompanhamento é bem feito.

Monsaas (1985 citado por Teques & Serpa (2010), sugere que sem suporte

parental nas primeiras incursões do jovem talento, este terá muitas dificuldades para

alcançar o seu verdadeiro potencial.

Teques e Serpa (2010) sugerem ainda que a utilização operacional do conceito

de envolvimento parental ainda não é clara e consistente.

Deparamo-nos com uma situação que no que diz respeito a um carácter de

investigação, ainda não é suficientemente desenvolvida, visto que o reduzido número

de estudos nesta área, não nos permite ter uma noção da realidade a que estamos

sujeitos ao longo da vida desportiva de um jovem talento.

Fredricks e Eccles (2005 citados por Teques & Serpa (2010), definem que o

envolvimento parental tem sido definido como um conjunto variado de atitudes, crenças

e comportamentos que influenciam a prática desportiva da criança, nomeadamente o

sucesso, entre outros.

Num estudo realizado por Teques e Serpa (2010), comparou-se os pais de

talento e os pais de não talento. Nos pais de talento os resultados remetem-nos para

um envolvimento maior quando estão mediante situações de percepção das invocações

oriundas do treinador, da instituição e do jovem talento. Para os pais não talento, como

assim foram definidos, os resultados remetem-nos para questões de envolvimento

relacionadas com o contexto vivencial relacionado com o tempo e energia, assim como

os conhecimentos e competências (Teques & Serpa, 2010).

Segundo mesmo estudo, estas parecem ser as características base que cada

género de pai tem consoante o talento do seu filho.

Coutinho, Mesquita e Fonseca (2014), fazem referência aos estudos que indicam

que quando os pais adotam valores e crenças positivas em relação ao envolvimento

desportivo da criança, esta tende a apresentar uma elevada competência, mas quando

os pais colocam os mesmos valores e crenças de forma surreal ou irreal a tendência é

para que o efeito seja o inverso, logo que a competência baixe.

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Em relação ao futebol e ao desporto no geral, que consideramos desporto

“masculino”, os pais tendem a incentivar muito mais os rapazes que as raparigas para

a prática desportiva, reconhecendo-lhes uma competência desportiva maior (Sagar &

Lavalle, 2010; citados por Coutinho, Mesquita & Fonseca, 2014), criando estereótipos e

até mesmo alguns preconceitos face ao género.

Um jovem talento está também sujeito aos amigos, aquilo que dizem e que falam

sobre si e do seu envolvimento desportivo. Não existem estudos claros que apontem

que os amigos são ou não sujeitos de envolvimento benéfico ou prejudicial, mas contudo

o seu efeito enquanto apoio pode ser uma fonte poderosa para o desenvolvimento de

um jovem talento.

O divertimento, o prazer e uma elevada motivação para a prática, podem ser

factores que estão intimamente relacionados a uma prática desportiva com um melhor

amigo ou com um amigo mais íntimo, beneficiando a continuação da prática desportiva

por parte do jovem (Ullrich-French & Smith, 2006; Weiss & Stuntz, 2004; citados por

Coutinho, Mesquita & Fonseca, 2014).

Já as vivências de experiências negativas com os pares no desporto, a inserção

dentro de um grupo de amigos que não possua hábitos desportivos e a ausência de um

amigo para partilhar a prática desportiva, têm sido identificados como potenciais

barreiras para o envolvimento desportivo (Livesey, Mow, Toshack & Zheng, 2011;

citados por Coutinho, Mesquita & Fonseca, 2014).

Podemos concluir que a influência dos pais, dos amigos e de outros, pode estar

directamente relacionado com o envolvimento e desenvolvimento que a criança tem

perante a prática.

Apesar dos estudos não serem conclusivos acerca do que é prejudicial e do que

é benéfico, na minha óptica deve haver um entrosamento entre pais, jovens jogadores

e treinador, para que o desenvolvimento seja visto da melhor maneira, mas que ao

mesmo tempo cada um (pais e treinador) perceba que envolvimento é que é necessário

ter para que a criança ou jovem se sinta bem com a prática desportiva, não tenha

tendência para a abandonar e que possa sentir divertimento enquanto aprende, seja em

contexto de treino, seja em contexto competitivo.

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Considerações Finais

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Conclusão e Perspetivas Futuras

Relativamente aos dados quantitativos obtidos, este ficam dentro do que seria

expectável, apenas com o volume de treino a não poder ser um pouco mais elevado do

que o pretendido.

Em relação àquilo que foi durante toda a época o volume competitivo, portanto

o que diz respeito ao número de jogos e seu tempo total, falamos setenta e cinco jogos

com aproximadamente quatro mil e quinhentos minutos de tempo jogado por parte da

equipa ao longo da época desportiva, o que para a equipa técnica e para mim em

especial, traduz um tempo bastante aceitável e bastante produtivo na junção dos

períodos PPC e PC.

Em relação aos volumes de treino, ou seja o número total de treinos com o tempo

total de cada treino, estaríamos a falar em oito mil trezentos e setenta minutos (100%)

praticados, mas devido a paragens para explicações de exercícios, atrasos dos

jogadores ou alguma situação adversa, contabilizamos aproximadamente seis mil

setecentos e noventa e nove minutos (81,23%) de prática em todas as noventa e três

UT.

O volume de treino planeado situou-se nos noventa minutos por UT, algo que ao

nível da operacionalização não teve a mesma resposta, pois devido a situações de

correções ou alguma outra adversidade durante a UT, faziam com que o tempo

operacionalizado baixasse de forma algo considerável. Durante a UT cerca de 12 a 15

minutos de tempo útil de treino não era realizado, devido às condicionantes referidas,

sem contar com o tempo de hidratação, o que acabaria por dar no máximo entre os 15

e os 20 minutos de tempo útil de treino não aproveitado.

Em relação aos conteúdos praticados durante toda a época desportiva, a maior

ênfase é dada aos exercícios essenciais Forma III, como referido no capítulo 5.2, que

contabilizaram um total de dois mil trezentos e noventa e um minutos, na junção do

PPC+PC, já os exercícios com menor atenção dada foram os exercícios gerais que

tiveram apenas duzentos e onze minutos, uma carência muito grande de minutos numa

idade onde ainda é importante o desenvolvimento coordenativo, por exemplo.

Em pensamento inverso, o tempo dado de jogo nas UT, falando em exercícios

reduzidos, fossem eles de Forma I, II ou III mostram o grande contacto que existe com

a bola durante a UT inteira.

Em relação às partes introdutórias, preparatórias, principal e final, a maior

incidência vai sem dúvida para a parte principal, onde era cerca de 50% do treino, pois

era ai que se centravam todos os conceitos/conteúdos a serem dados a conhecer pela

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primeira vez ou a serem continuados a desenvolver, corrigindo os principais erros, já

uma menor incidência representa a parte final da UT, que tinha apenas cerca de 9% de

grau de relevância/importância em todo a UT.

Comparando a relação destas partes com outros autores a parte principal do

treino deve-se situar entre os 50% e os 70%, como afirma Castelo (2009). Em relação

à parte final, para o mesmo autor esta deve-se situar entre os 10% e os 15%, onde o

valor fica um ligeiramente do valor mínimo naquilo que foi o decorrer da minha UT.

As principais diferenças entre o PPC e o PC foram notadas nos conteúdos de

treino, pois ainda numa fase bastante embrionária do processo, convinha que a

evolução dos jogadores fosse feita mediante as dificuldades dos jogadores, de maneira

a evoluir o processo da equipa.

Falando no cumprimento dos objectivos para a equipa conseguimos atingi-los,

tendo alterado o que inicialmente me parecia difícil de atingir, mas que o TP acreditava

que era possível, que seria disputar os 3 primeiros lugares de uma das séries, tendo

sido esse objectivo mudado para a classificação nos 6 primeiros lugares, portanto até

meio da tabela.

No que toca a objectivos mais específicos definidos para a equipa, conseguimos

atingi-los no que toca à formação futebolística e social por parte da maioria dos

jogadores, conseguindo que jovens problemáticos alterassem bastante o seu

comportamento e conseguimos garantir que a aprendizagem fosse feita de forma

contínua, para que todos os jogadores tivessem “bagagem” suficiente para transitar do

futebol de 9 para o futebol de onze.

Futuramente, espero conseguir definir os objectivos da melhor forma, espero

conseguir aproveitar ainda mais o tempo útil de treino e ter a oportunidade de ter um

volume de treino maior, para que assim o meu trabalho possa ser desenvolvido de uma

forma totalmente diferente.

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Reflexões

No decorrer do meu Estágio pude retirar ideias que me podem ajudar a evoluir

no futuro enquanto treinador de futebol.

Quando entrei para a equipa técnica, constatei que a equipa em si tinha muitas

debilidades que haviam sido transitórias de anos anteriores, visto que a utilização dos

jovens jogadores era sempre a mesma, não existindo uma coerência nas escolhas, algo

que acabou por ser batalhado ao longo de toda a época desportiva,

Em conformidade com a restante equipa técnica, pais e coordenação do clube,

encontramos a melhor solução que foi formar duas equipas equilibradas, para que

existisse competitividade em ambas e para que o possível abandono da prática

desportiva fosse reduzida ao máximo.

Foi uma opção tomada com sucesso, pois o abandono não se sentiu e ainda

conseguimos que novos jogadores pudessem entrar na equipa.

Vivi situações com um grau de complexidade elevada, desde faltas de respeito

a adversários até faltas de respeito perante colegas e treinadores.

Para lidar da melhor maneira com estas situações, optei por falar com os

encarregados de educação, por falar com os próprios jogadores de maneira a que fosse

perceptível que as suas atitudes/gestos estavam errados. Para que as mesmas atitudes

não voltassem a acontecer, estratégias como a ajuda na escola, as conversas

individuais com os jogadores, o apoio individual e colectivo, e as conversas dos

encarregados de educação com os seus educandos, fizeram com que estes

comportamentos desviantes não se voltassem a repetir.

O envolvimento dos pais foi sempre positivo, onde nunca existiu discordâncias

que se fizessem notar.

É de notar que um dos pais quis falar comigo sobre o tempo de jogo do filho,

estava descontente com tal, mas que foi resolvido da melhor situação possível,

explicando o porquê, apresentando dados que o pai em questão percebesse que o seu

educando não estava a ser prejudicado. Uma situação fácil de lidar, perante as

circunstâncias.

A situação que me deixou com mais questões foi durante a época poder não

existir um fio condutor de aprendizagem, onde a equipa técnica teve culpa, por alterar

conteúdos de aprendizagem sem ter como base total aquilo que já havia sido aprendido

e apreendido pelos jogadores.

Algumas discordâncias com o TP também foram notórias, principalmente no que

ao sistema de jogo diz respeito, mas que conseguiram ser contornadas, depois de

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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chegarmos à conclusão que queríamos que os jogadores, ainda nesta tenra idade

passassem por várias experiências.

Acabamos por abdicar do resultado para podermos optar pela formação. Formar

a ganhar é bom, claro e aconteceu muitas vezes, mas em situações que o ganhar não

acontecia, tentamos sempre tirar coisas boas e explicar aos jogadores o que fizeram de

bom e em que situações podem melhorar.

Dentro do clube organizamos um Torneio de futebol 11, para que a nossa equipa

e as equipas convidadas pudessem ter uma experiência diferente. Foi um torneio que

correspondeu às nossas expectativas.

Dentro das instalações, tenho de realçar o trabalho desenvolvido pelos recursos

humanos disponíveis, 2 pessoas essenciais para que o funcionamento das UT

corressem dentro da normalidade, nunca deixando que faltasse material e arranjando

sempre alguma solução para nos ajudarem.

A informação dentro do clube nunca foi um problema devido ao bom trabalho da

coordenação que sempre nos pôs a par de tudo o que seria necessário, já ao nível do

secretariado as coisas não correram tão bem, visto que o mesmo se atrasava a resolver

os problemas do clube e nomeadamente das equipas, no que a burocracias diziam

respeito.

As relações com todos os elementos do clube foram sempre positivas, desde o

roupeiro até ao presidente, nunca tive qualquer tipo de problemas com ninguém,

consegui criar uma boa ligação com todos, em especial com os colegas com quem tive

a oportunidade de trabalhar.

Os principais problemas encontrados, inicialmente foi não conhecer o clube ser

tudo novidade e estar algo receptivo ao que poderia encontrar, após isso, problemas

foram sempre em torno da equipa, algo que no meu ver soubemos resolver sempre as

situações da melhor forma possível e encontrada.

Ao longo da época senti que o trabalho foi bem desenvolvido, apesar de alguns

problemas já acima referidos. Para mim, o meu trabalho acabou por ser recompensado

pelas relações que estabeleci, pelos conteúdos que desenvolvi e que aprendi.

Foi uma época de aprendizagem onde conheci um conceito novo, futebol de 9,

onde nunca tinha estado inserido e pelo qual procurei saber mais e demonstrei interesse

por esse futebol ainda com número reduzido de jogadores.

Em relação ao volume de treino e de competição, parece-me que o volume de

treino poderia ter sido um pouco maior, mas devido ao número de equipas face ao

número de campos disponíveis, acabou por ser algo impossível de mudar, já o volume

de competição foi o mais indicado face ao número de jogadores que tínhamos

disponíveis tanto para a competição como para jogos amigáveis.

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A quantidade de volume de treino foi sempre a mesma, já a qualidade variava

também consoante a escolha dos exercícios face à sua adequação ao nível dos

jogadores, o resultado competitivo por vezes poderia não ajudar, a introdução de

conteúdos novos, faziam com que a qualidade dos exercícios face ao tempo útil de

treino não estivesse dentro dos parâmetros que queria.

Comparando as UT mais a competição face ao número de dias do ano, a equipa

esteve activa em cento e sessenta e sete dias dos duzentos e vinte e nove contados,

podendo assim concluir que a equipa teve quase doze mil e quinhentos minutos de

trabalho, o que me parece um número bastante positivo. Talvez pudesse ter sido mais

tempo, mas a impossibilidade de treinar mais também fez com que este número não

crescesse. O volume competitivo foi excelente para o que era desejado face à evolução

que era pretendida.

Os objectivos propostos basearam-se desde o primeiro ao último dia no mesmo,

construir uma base de jogadores que pudesse continuar no clube no ano seguinte, logo

onde houvesse um trabalho preparatório para o ano seguinte, onde a base para o futebol

de 11 acabasse por ser adquirida através do futebol de 9. Outro objectivo foi a constante

formação sem base no resultado, fazendo com este último fosse um acréscimo do

primeiro.

Sobre o crescimento enquanto treinador ao longo da época desportiva, consegui

cumprir os meus objectivos propostos, como melhorar a minha comunicação com os

jogadores, conseguir melhorar o meu feedback, conseguir pensar de uma forma mais

rápida e lógica, conseguir ganhar mais autonomia, entre outros objectivos que no

compete geral senti que houve uma evolução positiva.

No futuro penso que ainda preciso de melhorar estes mesmos objectivos, devo

melhor a minha forma de agir face a problemas inerentes ao treino, como faltas de

respeito por parte de algum jogador e melhorar alguma falta de confiança que possa ter

que me leve a não por questões aos meus colegas por alguma insegurança.

Diogo Miguel Mendes Ribeiro Messias Relatório Final de Estágio- Sporting Clube Linda-a-Velha Infantis “A” (2005)

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Faculdade de Educação Física e Desporto

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I

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Anexos

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II

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III

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IV

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V

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VI

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VII

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Treinadores

Coordenador

Data

Observações

Autonomia

Relacionamento

Disciplina

Empenhamento

Sensibilidade na relação corpo-bola

Domínio de ambos os pés

Decisões no jogo (intencionalidade)

Capacidade de execução (técnica)

Posicionamento

Posicionamento

Decisões no jogo (intencionalidade)

ESCALÃO

OBJECTIVOS A DESENVOLVERPRECISA atingir os

objectivosATINGIU os objectivos

SUPEROU os

objectivos

AÇÕES COM POSSE DE BOLA

AÇÕES SEM POSSE DE BOLA

RELAÇÃO COM A BOLA

PERFIL COMPORTAMENTAL

S.C.Linda-a-Velha 2017/2018

1ºTrimestreAVALIAÇÃO

NOME DO ALUNO