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DIRETORIA DE ESTATÍSTICAS EDUCACIONAIS DEED RELATÓRIO NACIONAL PESQUISA INTERNACIONAL SOBRE ENSINO E APRENDIZAGEM – TALIS 2018 SEGUNDA PARTE

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DIRETORIA DE ESTATÍSTICAS

EDUCACIONAIS

DEED

RELATÓRIO NACIONALPESQUISA INTERNACIONAL

SOBRE ENSINO E

APRENDIZAGEM – TALIS 2018

SEGUNDA PARTE

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO | MEC

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS

EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA | INEP

DIRETORIA DE ESTATÍSTICAS EDUCACIONAIS | DEED

Brasília-DFInep/MEC

2021

RELATÓRIO NACIONAL PESQUISA INTERNACIONAL

SOBRE ENSINO E APRENDIZAGEM – TALIS 2018

SEGUNDA PARTE

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.

DIRETORIA DE ESTATÍSTICAS EDUCACIONAIS (DEED)

COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTROLE DA QUALIDADE E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO

COORDENAÇÃO DE ESTATÍSTICAS INTERNACIONAIS COMPARADAS

COORDENAÇÃO TÉCNICAJuliana Marques da SilvaCamila Neves Souto

EQUIPE TÉCNICARachel Pereira RabeloCarlos Augusto dos Santos Almeida Christyne Carvalho da Silva

DIRETORIA DE ESTUDOS EDUCACIONAIS (DIRED)

COORDENAÇÃO DE EDITORAÇÃO E PUBLICAÇÕES (COEP)

REVISÃOAndrea Silveira de Alcântara

NORMALIZAÇÃOAline do Nascimento Pereira

PROJETO GRÁFICO/CAPAMarcos Hartwich

PROJETO GRÁFICO/MIOLORaphael Freitas

DIAGRAMAÇÃO E ARTE-FINALJosé Miguel dos Santos

REVISÃO GRÁFICALilian dos Santos LopesValéria Maria Borges

TIRAGEM 1.000 exemplares

Publicado on-line em abril de 2021.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Brasil. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Relatório nacional : pesquisa internacional sobre ensino e aprendizagem : Talis 2018: segunda parte [recurso eletrônico]. – Brasília, DF : Inep, 2021.59 p. il.

ISBN ON-LINE: 978-65-5801-015-9ISBN IMPRESSO: 978-65-5801-016-6

1. Educação comparada. 2. Educação internacional. 3. Ensino. 4. Aprendizagem. I. Título.

CDU 37(047.31)

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 MAPA CONCEITUAL DE TEMAS DA TALIS 2018 ............................................. 16

FIGURA 2 CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS QUADRANTES DO MAPA CONCEITUAL E AS ÁREAS DE AÇÃO POLÍTICA DA TALIS .............................. 17

FIGURA 3 CORRESPONDÊNCIA ENTRE ISCEDS E OS NÍVEIS E ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL ................................................................ 19

FIGURA 4 SEÇÕES DO QUESTIONÁRIO DE DIRETOR DA TALIS 2018............................. 28

FIGURA 5 SEÇÕES DO QUESTIONÁRIO DE PROFESSOR DA TALIS 2018 COM OS PRINCIPAIS TEMAS ABORDADOS .................................................... 29

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QUADRO 1 PAÍSES/ECONOMIAS PARTICIPANTES DA TALIS 2018 ..................................20

QUADRO 2 COLABORADORES DA TALIS 2018 .................................................................22

QUADRO 3 PÚBLICO-ALVO DA TALIS 2018 .......................................................................26

LISTA DE QUADROS

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 DESCRIÇÃO DO PLANO AMOSTRAL DO BRASIL NA TALIS 2018 ....................................................................................... 27

TABELA 2 PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE ESTRESSAM BASTANTE OU MUITO, POR ATIVIDADE – ENSINO MÉDIO ............... 55

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 PROPORÇÃO ENTRE OS TIPOS DE CONTRATO DE EMPREGO DOS PROFESSORES – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ......... 32

GRÁFICO 2 DISTRIBUIÇÃO DO TIPO DE CONTRATO DE EMPREGO DOS PROFESSORES – ENSINO MÉDIO ............................................................. 33

GRÁFICO 3 PERCENTUAL DE DOCENTES POR NÚMERO DE ESCOLAS EM QUE LECIONAM – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ........ 34

GRÁFICO 4 PERCENTUAL DE DOCENTES POR NÚMERO DE ESCOLAS EM QUE LECIONAM, POR CATEGORIA ADMINISTRATIVA – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ..................................................................... 35

GRÁFICO 5 PERCENTUAL DE DIRETORES OU EQUIPE DE GESTÃO ESCOLAR COM RESPONSABILIDADE CONSIDERÁVEL PELO ESTABELECIMENTO DE PROCEDIMENTOS E POLÍTICAS DISCIPLINARES PARA OS ALUNOS E SELEÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS A SEREM USADOS – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ......................................................................................... 36

GRÁFICO 6 PERCENTUAL DE AUTORIDADES MUNICIPAIS, ESTADUAIS OU FEDERAIS COM RESPONSABILIDADE CONSIDERÁVEL POR DEMISSÃO OU SUSPENSÃO DE PROFESSORES DO EMPREGO, INDICAÇÃO OU CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES E DECISÃO SOBRE A OFERTA DE CURSOS – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ......................................................................................... 37

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GRÁFICO 7 PERCENTUAL DE DIRETORES OU EQUIPE DE GESTÃO ESCOLAR COM RESPONSABILIDADE CONSIDERÁVEL PELO ESTABELECIMENTO DE PROCEDIMENTOS E POLÍTICAS DISCIPLINARES PARA OS ALUNOS E SELEÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS A SEREM USADOS – ENSINO MÉDIO .................................... 38

GRÁFICO 8 PERCENTUAL DE DIRETORES QUE RELATARAM NECESSIDADE DE MAIS APOIO DAS AUTORIDADES MUNICIPAIS, ESTADUAIS OU FEDERAIS, POR CONTEXTO SOCIOECONÔMICO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................................... 39

GRÁFICO 9 PERCENTUAL DE DIRETORES QUE RELATARAM NECESSIDADE DE MAIS APOIO DAS AUTORIDADES MUNICIPAIS, ESTADUAIS OU FEDERAIS, POR CONTEXTO SOCIOECONÔMICO – ENSINO MÉDIO ....................................................................................... 40

GRÁFICO 10 PERCENTUAL DE DIRETORES QUE, A PARTIR DA AVALIAÇÃO FORMAL DOS PROFESSORES, NA MAIORIA DAS VEZES OU SEMPRE, DISCUTEM COM O PROFESSOR MEDIDAS PARA SANAR AS DEFICIÊNCIAS NO ENSINO E DESENVOLVEM UM PLANO DE FORMAÇÃO OU TREINAMENTO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................................................ 41

GRÁFICO 11 PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE MUDARIAM PARA OUTRA ESCOLA, SE ISSO FOSSE POSSÍVEL, POR REDE DE ENSINO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................................... 42

GRÁFICO 12 PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE MUDARIAM PARA OUTRA ESCOLA, SE ISSO FOSSE POSSÍVEL, POR CONTEXTO SOCIOECONÔMICO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ......... 43

GRÁFICO 13 PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE INFORMARAM CONCORDAR COM A AFIRMAÇÃO DE QUE MUDARIAM PARA OUTRA ESCOLA, SE ISSO FOSSE POSSÍVEL – ENSINO MÉDIO ....................................................................................... 44

GRÁFICO 14 PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE ESTÃO SATISFEITOS COM O SALÁRIO QUE RECEBEM, POR CONTEXTO SOCIOECONÔMICO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ......... 45

GRÁFICO 15 PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE INFORMARAM CONCORDAR COM A AFIRMAÇÃO DE QUE ESTÃO SATISFEITOS COM O SALÁRIO QUE RECEBEM, POR REDE DE ENSINO – ENSINO MÉDIO ....................................................................................... 47

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GRÁFICO 16 PERCENTUAL DE DIRETORES QUE ESTÃO SATISFEITOS COM O SALÁRIO QUE RECEBEM, POR REDE DE ENSINO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................................................ 48

GRÁFICO 17 PERCENTUAL DE DIRETORES QUE ESTÃO SATISFEITOS COM O SALÁRIO QUE RECEBEM, POR CONTEXTO SOCIOECONÔMICO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................................... 49

GRÁFICO 18 PERCENTUAL DE DIRETORES QUE ESTÃO SATISFEITOS COM O SALÁRIO QUE RECEBEM, POR REDE DE ENSINO – ENSINO MÉDIO ...... 50

GRÁFICO 19 PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE SENTEM BASTANTE OU MUITO ESTRESSADOS NO SEU TRABALHO, POR REDE DE ENSINO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ....................... 51

GRÁFICO 20 PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE SENTEM BASTANTE OU MUITO ESTRESSADOS NO SEU TRABALHO, POR CONTEXTO SOCIOECONÔMICO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ......... 52

GRÁFICO 21 PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE SENTEM BASTANTE OU MUITO ESTRESSADOS NO SEU TRABALHO, POR CONTEXTO DE ESCOLA INCLUSIVA – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL .... 53

GRÁFICO 22 PERCENTUAL DE PROFESSORES E DIRETORES QUE SE ESTRESSAM BASTANTE OU MUITO POR SER RESPONSABILIZADO PELO DESEMPENHO DOS ALUNOS, POR REDE DE ENSINO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................................................ 54

GRÁFICO 23 PERCENTUAL DE PROFESSORES E DIRETORES QUE SE ESTRESSAM BASTANTE OU MUITO POR MANTER A DISCIPLINA DENTRO DA ESCOLA, POR REDE DE ENSINO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ......................................................................................... 54

GRÁFICO 24 PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE SENTEM BASTANTE OU MUITO IMPACTADOS NEGATIVAMENTE PELO TRABALHO NA SUA SAÚDE MENTAL OU FÍSICA – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ......................................................................................... 56

GRÁFICO 25 PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE SENTEM BASTANTE OU MUITO IMPACTADOS NEGATIVAMENTE PELO TRABALHO NA SUA SAÚDE MENTAL OU FÍSICA, POR REDE DE ENSINO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................................... 57

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 11

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13Quais são os objetivos do relatório? ................................................................................13Qual a organização do relatório? .....................................................................................13

1 ASPECTOS GERAIS DA TALIS ..............................................................................................151.1 O que é a Talis? ......................................................................................................... 151.2 Qual o desenho conceitual da Talis 2018? ................................................................151.3 Qual a correspondência dos Isceds da educação básica no Brasil? ..........................181.4 Quais países/economias participaram da Talis 2018? ...............................................201.5 Quem coordenou a Talis 2018 no Brasil? ..................................................................221.6 Algumas notas sobre as comparações estatísticas do relatório ................................24

2 AMOSTRA DO BRASIL NA TALIS 2018 ...............................................................................252.1 Qual a orientação amostral da Talis 2018 para os países/economias? .....................252.2 Quais as características da amostra do Brasil na Talis 2018? ....................................27

3 OS QUESTIONÁRIOS DE PROFESSOR E DIRETOR NA TALIS 2018 ......................................28

4 ALGUNS RESULTADOS DA TALIS 2018 ...............................................................................314.1. Contratos de trabalho ...............................................................................................324.2. Trabalho em múltiplas escolas ..................................................................................33

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4.3. Contratos de trabalho ...............................................................................................354.4. Apoio governamental ................................................................................................384.5. Avaliação docente .....................................................................................................404.6. Satisfação com o ambiente de trabalho ....................................................................414.7. Satisfação salarial ......................................................................................................444.8. Fatores de estresse ...................................................................................................504.9. Saúde mental e física dos docentes ..........................................................................56

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 58

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APRESENTAÇÃO

A Diretoria de Estatísticas Educacionais (Deed) do Inep tem a satisfação de apresentar a segunda parte dos resultados da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) 20181. O Brasil, segundo dados do censo escolar, tem 2.226.423 docentes atuando na educação básica nas redes federal, estadual, municipal e privada. Como um dos mais importantes agentes sociais que ajudam a promover condições para o bem-estar e o aprendizado de cerca de 48 milhões de alunos da educação básica.

Os resultados da Talis oferecem suporte para o planejamento, o acompanhamento e a avaliação das políticas educacionais sobre o ambiente escolar, a partir de indicadores internacionais comparáveis. O Brasil junto a outros 47 países/economias tiveram os contextos do ensino e da aprendizagem verificados por meio do ponto de vista de professores e diretores e analisados sob a perspectiva de cinco pilares da profissionalização docente elaborados pela OCDE (OECD, 2019c).

A Talis trata de cinco áreas de políticas educacionais: atração, desenvol- vimento e manutenção de professores na profissão; políticas escolares que apoiam a eficácia na aprendizagem e práticas de ensino e aprendizagem eficazes. Esta rodada da pesquisa destaca-se por expandir tópicos que já foram tratados em edições anteriores, além de incrementar comparações em diversos níveis amostrais, como diferentes grupos

1 No Brasil, assim como nos demais países/economias participantes da Talis no hemisfério sul, a aplicação da Talis 2018 ocorreu no segundo semestre de 2017, enquanto, nos países/economias do hemisfério norte, a aplicação ocorreu no primeiro semestre de 2018.

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de professores (por exemplo, entre os novatos e os mais experientes na profissão), distintos grupos de escolas (como escolas públicas e privadas, e de cidades de diferentes tamanhos). Com os resultados apresentados neste Relatório Nacional e na vasta bibliografia da pesquisa publicada pela OCDE, espera-se que as múltiplas discussões sobre os professores e diretores impacte de maneira efetiva as políticas públicas educacionais.

Uma grande diferença entre a Talis e outros estudos baseados em dados gerais do mercado de trabalho é que as estatísticas da Talis permitem análises sobre como as políticas implementadas se cruzam com as atitudes profissionais e os comportamentos de professores e diretores no nível individual, escolar e do sistema (OECD, 2018).

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INTRODUÇÃO

QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DO RELATÓRIO?

Desde o início dos anos 2000, o Brasil busca participar de pesquisas internacionais comparáveis, de larga escala, como é o caso dessa pesquisa da OCDE. A Talis contou com a participação do Brasil em todas as edições realizadas: 2008, 2013 e 2018. No segundo semestre de 2017, foi realizada a aplicação do questionário em todas as 27 unidades da Federação, em um esforço conjunto do Inep e das secretarias de educação, dos dias 9 de outubro a 30 de novembro de 2017.

O segundo volume do Relatório Nacional tem o objetivo de apresentar alguns dos resultados da edição 2018, assim como apontamentos metodológicos e possibilidades de análise importantes para a compreensão dos conceitos e abrangência próprios dessa pesquisa.

QUAL A ORGANIZAÇÃO DO RELATÓRIO?

O segundo volume do Relatório Nacional da Talis 2018 está organizado em introdução e quatro seções. A introdução apresenta os objetivos do documento e sua organização. A primeira seção apresenta, em linhas gerais, o escopo da pesquisa e seu desenho conceitual, os países/economias participantes e coordenadores nacionais de aplicação da pesquisa, as etapas/níveis nacionais amostrados em correspondência ao Isced (International Standard Classification of Education) (UNESCO. UIS, 2012), bem como alguns conceitos-

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chaves para a interpretação e comparação dos resultados e orientação para uso da base de dados.

A segunda seção, por sua vez, apresenta as orientações gerais da OCDE para a composição da amostra da Talis 2018 e as decisões nacionais de participação na Pesquisa; a terceira seção, mostra as estruturas dos questionários de professores e diretores, organizados em seções temáticas.

Por fim, na quarta seção, foram selecionados alguns resultados relativos às condições de trabalho dos diretores e professores, mostrando o ambiente laboral, os contratos de trabalho e as avaliações proferidas no âmbito profissional. Além disso, abordam-se os impactos dessas condições por meio da satisfação dos profissionais, da saúde mental e física dos docentes, do estresse.

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1 ASPECTOS GERAIS DA TALIS

1.1 O QUE É A TALIS?

Talis é a sigla, em inglês, para Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem, implantada em 2008, com o objetivo de ser a primeira grande pesquisa internacional de larga escala direcionada a professores e diretores de escolas, abordando os distintos aspectos que influenciam na aprendizagem de alunos. Ela reúne informações sobre as características, as condições, as práticas e os ambientes de aprendizagem dos professores e diretores, em que evidências científicas e expectativas políticas sugerem contribuir para o aprimoramento dos sistemas educacionais.

A população-alvo da pesquisa são os professores e diretores dos anos finais do ensino fundamental (Isced 2) das escolas públicas e privadas. Como opção aos países/economias, pode-se expandir essa população-alvo para os anos iniciais do ensino fundamental (Isced 1), o ensino médio (Isced 3) e para o relacionamento entre a Talis e o Pisa, chamado link Talis-Pisa. Por fim, somando-se todas essas possibilidades, esta edição reuniu cerca de 260.000 professores, quase 15.000 escolas e perto de 8 milhões de docentes dos 48 países/economias participantes (OECD, 2019c).

1.2 QUAL O DESENHO CONCEITUAL DA TALIS 2018?

A estrutura original da Talis é baseada em cinco áreas de políticas educacionais: i) atração de professores para a profissão; ii) desenvolvimento de professores na profissão; iii) manutenção de professores na profissão; iv) políticas escolares que apoiam a eficácia na aprendizagem; e v) efetividade no ensino. Todos os ciclos da Talis abordam as cinco áreas de

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política determinadas inicialmente, mas a seleção dos temas e os indicadores de cada ciclo são elaborados de forma colaborativa com os países/economias participantes pela atualização das prioridades das políticas educacionais vigentes.

De maneira genérica, apresentamos a primeira etapa conceitual, que é o mapa de temas da pesquisa (OECD, 2018). Desse mapa derivam duas dimensões que se refletem em todos os seus instrumentos, nos modos de aplicação, nos indicadores criados, entre outros: o foco e o nível.

O foco é a extensão dos temas que se quer abordar, no caso as características profissionais e as práticas pedagógicas. Em se tratando de nível de observação, encontra-se como os temas operam na prática, ou seja, nas instituições escolares e seus respectivos professores. É interessante perceber que o mapa conceitual abarca, inclusive, componentes dos sistemas de educação, uma vez que os recursos humanos ou as políticas e as práticas institucionais, por exemplo, podem ter que ser aprovadas pela escola, mostrando como esses níveis de organização são operacionalizados na governança escolar, como nas “práticas de instrução”.

FIGURA 1

MAPA CONCEITUAL DE TEMAS DA TALIS 2018Fonte: Ainley e Carstens (2018, p. 29, tradução nossa).

Pro�ssão docente(característicasPro�ssionais)

Foco

Ensino e aprendizagem(práticas pedagógicas)

Nív

el

Institucional

Professor

Educação pro�ssional epreparação inicial

do docente

Satisfação pro�ssional dodocente e motivação

Práticas dapro�ssão docente

Práticas da instruçãoaos docentes

Autoe�cácia do docente

Questões de recursos humanos e com as partes

interessadas

Clima escolar

Liderança escolar

Equidade ediversidade Inovação

Retorno (feedback)ao professor e

desenvolvimentopro�ssional

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Pode-se relacionar o mapa conceitual (Figura 1) às cinco áreas de políticas educacionais, citado anteriormente. Os dois temas no quadrante superior direito (“clima escolar” e “liderança escolar”) têm vínculos com o aspecto citado “políticas escolares que apoiam a eficácia na aprendizagem”. Enquanto isso, no quadrante superior esquerdo (“questões de recursos humanos e com as partes interessadas”) há relação com duas áreas políticas “atração de professores para a profissão” e “manutenção de professores na profissão”.

Já os dois temas no quadrante inferior direito, “práticas da profissão docente” e “práticas de instrução aos docentes” correspondem à “efetividade no ensino”. E os quatro temas no quadrante inferior esquerdo (“educação profissional e preparação inicial do docente”, “satisfação profissional e preparação inicial do docente”, “satisfação profissional do docente e motivação”, “retorno (feedback) ao professor e desenvolvimento profissional” e “autoeficácia do docente”) estão relacionados à política de “desenvolvimento de professores na profissão”.

Os destaques da Figura 1 (“equidade e diversidade” e “inovação”) foram inseridos na edição da Talis 2018, visto sua indicação pelos países/economias participantes como conteúdos de alta relevância e de contribuição para as políticas nacionais. Esses destaques foram tratados como questões transversais e relacionados às “práticas pedagógicas” (Ainley; Carstens, 2018).

A Figura 2, apresenta essa correspondência entre o Mapa conceitual (Figura 1) e as áreas de políticas educacionais, como explicado anteriormente:

FIGURA 2

CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS QUADRANTES DO MAPA CONCEITUAL

E AS ÁREAS DE AÇÃO POLÍTICA DA TALIS

Fonte: Ainley e Carstens (2018, p. 29, tradução nossa).

Institucional

Características daforça laboral docente(atraindo professores,retendo professores)

Atributosdos professores(desenvolvendo

professores)

Efetividade do ensino

Efetividadeescolar

Professor

Ensino e aprendizagem(práticas pedagógicas)

Pro�ssão docente(características pro�ssionais)

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As notas metodológicas da pesquisa apontam que a representação do Mapa conceitual (Figura 1) e o seu relacionamento com as políticas não mostra os diversos efeitos de influência e retroalimentação entre eles, já que aqui a ideia é fazer uma representação simplificada do contexto da pesquisa. Para relacionar a complexa relação dos temas e ações políticas, utilizam-se os objetivos e pontos políticos2, os quais, por sua vez, são desdobrados em indicadores unidirecionais ou de interação recíproca3, 4.

De um modo geral, todas essas conexões teóricas entre diferentes influências transversais de temas, e que geram, por sua vez, diversos indicadores, instigam ações políticas diversas para oferecer caminhos à profissionalização docente (OCDE, 2020) quando podem:

a) Atrair e selecionar pessoas interessadas para a formação de professores e para a preparação de lideranças profissionais e escolares;

b) Desenvolver profissionais de ensino por meio de preparação anterior de alta qualidade e de capacitação profissional contínua;

c) Apoiar o crescimento dos profissionais de ensino por meio de indução, mentoria e colaboração;

d) Capacitar profissionais por meio de práticas que visem a autonomia, a liderança e as oportunidades de progressão na carreira;

e) Reter profissionais de ensino por meio de condições de trabalho gratificantes, empregos satisfatórios e condições de bem-estar físico e mental.

1.3 QUAL A CORRESPONDÊNCIA DOS ISCEDS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL?

Para que se possa compreender o púbico-alvo que a Talis abrangeu, é interessante conhecer a representação dos níveis e etapas educacionais brasileiros no Isced. Isced é a sigla, em inglês, para International Standard Classification of Education ou, ainda, Classificação Internacional Normalizada da Educação, Cine. O Isced é um instrumento produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, Unesco, para servir de referência na compilação e análise de estatísticas educacionais, auxiliando os países na

2 Ver Table II.1.1. Talis 2018 goals and policy pointers (OCDE, 2020).3 Para cada uma dessas correspondências, sugerimos consultar os referenciais teóricos em Ainley e Carstens

(2018) e os relatórios de resultados da pesquisa (OCDE, 2019b, 2020).4 Na edição 2018, por meio da amplitude e da profundidade que esse desenho conceitual e os indicadores

ganharam ao longo da coleta, a OCDE propôs os chamados “pilares da profissionalização docente”, como sua contribuição institucional à análise da pesquisa. Por sua abrangente contextualização para abrigar os diferentes sistemas educacionais participantes, sugerimos que maiores detalhes sejam consultados em Ainley e Carstens (2018) e OCDE (2019a, 2019b, 2019c).

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sistematização de diferentes níveis e etapas em estudos internacionais (Brasil. Inep, 2017). Veja a Figura 3.

FIGURA 3

CORRESPONDÊNCIA ENTRE ISCEDS E OS NÍVEIS E ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL

Fonte: Elaborada por Deed/Inep com base em OECD (2021).

ISCED 4

ISCEDs

ISCED 3

15 - 17

11 - 14

6 - 10

0 - 3

4 - 5

ISCED 1

ISCED 2

ISCED 020

ISCED 010

Educ

ação

Esp

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Nív

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Educ

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Ensino Fundamental

Legenda

Ensino Médio

1o ano

4o ano

3o ano2o ano1o ano

3o ano2o ano1o ano

3o ano2o ano1o ano

9o

8o

7o

6o

5o

4o

3o

2o

1o

4o ano 4o ano

Ensino Profissionalde Nível Médio

Formação de Professoresde Nível Médio

Pré-escola

CrecheEducação infantil

Idade de início/final da educaçãoobrigatória

Pontos reconhecidos de saída dosistema educativo

Fluxo típico de estudantes

Programas que podem ser oferecidos na mesma estrutura escolar

Faixaetária

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1.4 QUAIS PAÍSES/ECONOMIAS PARTICIPARAM DA TALIS 2018?

Em sua terceira edição, a Talis aumentou o número de participantes para 48 países/economias5. Cada país pôde aderir a uma ou mais opções de pesquisa, sendo obrigatória a participação no Isced 2. A distribuição, conforme as opções, é apresentada no Quadro 1.

Resulta-se em: aplicação no Isced 1 (15 países/economias); aplicação no Isced 2 (foco da Talis, 48 países/economias); aplicação no Isced 3 (11 países/economias); e/ou aplicação nas escolas do Pisa 2018, link Talis-Pisa (9 países/economias). Trata-se da rodada mais abrangente até o presente momento, considerando que, em 2008, participaram 24 países/economias e, em 2013, 38. O Quadro 1 apresenta os países participantes e suas escolhas de pesquisa:

QUADRO 1

PAÍSES/ECONOMIAS PARTICIPANTES DA TALIS 2018

Países/economias Isced 2 (principal) Isced 1 Isced 3 Link

Talis-Pisa

África do Sul X

Arábia Saudita X

Argentina (Buenos Aires) X X X

Austrália X X X

Áustria X

Bélgica (Comunidades Flamenga e Francesa) X X

Brasil X X

Bulgária X

Canadá (Alberta) X X

Cazaquistão X

Chile X

China (Xanghai) X

Chipre X

Colômbia X X

Coreia do Sul X X

Croácia X X

Dinamarca X X X X

Emirados Árabes X X X

5 O termo “economias” foi adotado pela OCDE para indicar que a participação da Talis não se deu pelo país em sua totalidade, mas por uma parte dele (província, departamento etc). Sendo assim, vale ressaltar que a leitura dos resultados deve considerar essa particularidade do participante (OCDE, 2019c).

(continua)

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PAÍSES/ECONOMIAS PARTICIPANTES DA TALIS 2018

Países/economias Isced 2 (principal) Isced 1 Isced 3 Link

Talis-Pisa

Eslováquia X

Eslovênia X X

Espanha X X

Estados Unidos X

Estônia X

Finlândia X

França X X

Geórgia X X

Holanda X X

Hungria X

Islândia X

Israel X

Itália X

Japão X X

Letônia X

Lituânia X

Malta X X

México X

Noruega X

Nova Zelândia X

Portugal X X

Reino Unido (Inglaterra) X X

República Tcheca X X

Romênia X

Rússia X

Singapura X

Suécia X X X

Taipei Chinesa X X X

Turquia X X X X

Vietnã X X X X

Fonte: OECD (2019c, p. 25, tradução nossa).

Nota: Traduzido de Table 1.1. Talis 2018 participants in ISCED level 2 (core survey), ISCED levels 1 and 3options and the Talis -Pisa link.

(conclusão)

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1. 5 QUEM COORDENOU A TALIS 2018 NO BRASIL?

A Talis foi conduzida no Brasil pela Diretoria de Estatísticas Educacionais (Deed) do Inep e concretizada em parceria com as secretarias estaduais de educação do País. O Quadro 2 apresenta os colaboradores da pesquisa:

QUADRO 2

COLABORADORES DA TALIS 2018

Inep

Alessandra Abadio

Carla D’Lourdes do Nascimento

Carlos Eduardo Moreno Sampaio

Célia Gedeon

Fábio Pereira Bravin

Henrique Pereira de J. Santos

Luciana Briner

Pedro Gonçalves Costa

Romea Almeida Ribeiro

Acre

Jelsoni Calixto

Elba Ferreira

Alagoas

Ademir Oliveira

Ivandelma Silva

Amapá

Andréa C. de Amorim

Augusto Cézar B. Brito

Cláudia Leitão da C. Proietti

Maria do Socorro S. Sfair

Amazonas

Darlene Guimarães de Melo

Flávio Mariano M. de Freitas Costa

Silvana da Silva Morais

Bahia

Ilza Patrícia G. de Carvalho Silva

Luciano de Carvalho

Marcos Antônio S. de Pinho

Paula Cruz Silva

Vanessa Lima dos Santos

Ceará

Marta Maria R. de Almeida

Rochely Cordeiro Veras

Distrito Federal

Amanda Midôri Amano

Anne Lucas Pinheiro

Juliana Clemente Jungmann

Espírito Santo

Denise Moraes e Silva

Nadia Braga de Melo

Goiás

Ednamar Eterna de Souza

Suslei Rodrigues Barbosa

Maranhão

Antonio Augusto C. Neto

Isabel Chaves Sousa

Josélia Maria Nunes Silva

Leia Simei da Luz Correa

Luzia da Conceição Rocha

Maria de Fátima da S.Sousa

Mário Alberto Xavier Gomes

Roosevelt Vieira de Oliveira

(continua)

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Mato Grosso

André Ricardo Ramos

Breno Dias F. Nunes Almeida

Emilka Gabrielle de Amorim

Hesloan Humberto Duarte Maia

Josinete Aparecida da S. Ferraz

Rodrigo Correa Migueis Jac

Mato Grosso do Sul

Alciley Lopes da Silva

Minas Gerais

Ana Silvéria N. Bicalho

Eduardo Martins de M. e Souza

Estael Lúcia Vasconcelos

Karla Cristiane A. Vimiero

Pará

Adalberto dos Reis P. Junior

Rejan da Silva Cunha

Simone do Socorro B. Palheta

Soraya Socorro Alves Figueiró

Paraíba

Antonio de Caldas Irmão

José Risomar da Silva

Paraná

Francisco Antonio Albano

Katya Aparecida de C. Prust

Marilei de Lima Rodel

Pernambuco

Alice Xavier S. de H. N. Alencar

Elizabeth Albuquerque Guedes

Lígia Holanda Nóia Alencar

Piauí

Jorge Antonio Ribeiro Melo

Luciana Evangelista Silva

Rio de Janeiro

Eduardo Batista Gomes Chaves

Rio Grande do Norte

Antônio Henrique Batista

Catarine César de Araújo

Rosângela Maria Silva

Rio Grande do Sul

Salete Dossa Albuquerque

Cristiani Mello

Rondônia

Luciana dos Santos S. Guimarães

Otacílio Antonio de Melo

Roraima

Lecilda Peres Peixoto

Vânia Gouvêa do Nascimento

Santa Catarina

Déborah Lopes da C. Cavalcante

Fabíola Beker Okuda

Gerson Luiz da Cruz

São Paulo

Isabel Cristina de A. Theodoro

Kelly Cristina Paladino Futemma

Sergipe

Maria Lúcia de Gois

Paulo Rodrigues da Cruz

Roberta Karine Coelho Santana

Tocantins

Ana Lucia M. da C. Bittencort

Antonio Mafra Jr

Gislaine Fatima Teixeira

Ilaine Geisel Carvalho Silva

Ivane Gonçalves dos Santos

Milton Alves da Silva

Rosa Munda de Souza Parente

Fonte: Elaborado por Deed/Inep.

QUADRO 2

COLABORADORES DA TALIS 2018 (conclusão)

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1.6 ALGUMAS NOTAS SOBRE AS COMPARAÇÕES ESTATÍSTICAS DO RELATÓRIO

Toda pesquisa amostral apresenta uma característica própria decorrente da amostra selecionada, necessitando maior compreensão da estimação dos pesos da amostra, das taxas de participação e da significância estatística representada pelos desvios-padrão na análise de seus resultados.

Para o processo de extração e análise de dados da Talis, recomenda-se o uso do software IEA IDB Analyzer, capaz de estimar todos os parâmetros (porcentagens, médias etc.) necessários e seus respectivos erros-padrão. Além disso, análises comparativas entre os países/economias participantes devem considerar a estrutura conceitual que foi designada. Essa estrutura, aliada a refinados métodos quantitativos de pesquisa, permite que inferências possam ser feitas sobre as populações amostradas, incluindo eventualmente a possibilidade de se fazer séries históricas. Todavia, cada associação de outputs da pesquisa (indicadores, informações ou banco de dados) tem sua possibilidade comparativa, e isso deve ser avaliado.

Reconhecida essa estrutura conceitual, algumas considerações de análise devem refletir dimensões culturais e políticas que afetam a participação do sistema educacional brasileiro nas pesquisas comparativas de larga escala. Essa visão motivou também que fossem feitas, em raros momentos, recategorização das faixas percentuais originalmente publicadas pela OCDE para melhor observação dos fenômenos da desigualdade que marca o contexto brasileiro. Em outros momentos, o reconhecimento da influência identitária, de gênero, de etnicidade, de história, de língua, entre outras características, fez com que as comparações fossem realizadas apenas com sistemas latino-americanos participantes.

Convém destacar ainda que, para as análises feitas neste relatório, ao se comparar grupos de professores ou diretores, dada uma determinada característica, utilizou-se o nível de significância de 0,05. Portanto, ao se testar se há diferença entre um certo comportamento entre os grupos, para um p-valor menor que 0,05, constatou-se que há evidências para afirmar que existe diferença entre dois grupos. Por exemplo, quando se diz que a diferença entre dois grupos (ex.: escolas públicas versus escolas privadas, professores do sexo masculino versus sexo feminino, professores em escolas com até 10% de seus alunos vindos de lares socioeconomicamente desfavorecidos versus em escolas com mais de 60% de seus alunos vindos de lares socioeconomicamente desfavorecidos) é estatisticamente significativa, é porque o teste de hipótese indicou que é muito improvável que a diferença entre os grupos tenha ocorrido por acaso.

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2.1 QUAL A ORIENTAÇÃO AMOSTRAL DA TALIS 2018 PARA OS PAÍSES/ECONOMIAS?

Como uma pesquisa amostral, a Talis foi discutida com os gerentes de projetos e de dados de cada país/economia participante e com o consórcio internacional, que a operacionalizou por mais de dois anos. Acordou-se que o público-alvo seriam todos os professores que estivessem nas escolas regulares, bem como os diretores desses estabelecimentos. Não foram considerados como parte da Talis os professores auxiliares ou tutores, nem o corpo técnico de suporte pedagógico ou de saúde.

O plano amostral da Talis 2018 foi construído em duas etapas, no qual as escolas (representadas pelos diretores) são as unidades primárias, e os professores são as unidades secundárias da amostra. A definição do tamanho da amostra da Talis 2018 de 200 escolas e aproximadamente 20 professores por escola para cada população (etapa de ensino – nível de Isced – que cada país participa) foi resultado das análises da OCDE das taxas de resposta e dos efeitos de design das edições anteriores da pesquisa Talis 2008 e 2013.

A probabilidade de as escolas serem selecionadas na amostra é proporcional ao seu tamanho. Para garantir que as amostras não foram enviesadas por não-respostas, a Talis estabeleceu uma taxa mínima de resposta de 75% de escolas participantes da amostra (após a substituição de escolas que não participaram da pesquisa); para uma escola ser considerada participante, esta deveria alcançar pelo menos 50% de participação de seus professores incluídos na amostra. Além disso, foi exigida uma taxa mínima de participação geral

2 AMOSTRA DO BRASIL NA TALIS 2018

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dos professores de 75% em cada país. Portanto, a taxa de resposta difere entre as escolas e, por isso, os pesos calculados levam em conta tanto o desenho amostral quanto essas diferenças de participação. Esse processo permite a geração de estimativas populacionais e estimativas de erros amostrais representativas da população de professores. Idealmente, todos os membros do público-alvo deveriam ser admissíveis de constar no público-alvo da amostra nacional, porém restrições de cobertura nacionais puderam ser contempladas, caso a caso, desde que fossem mínimas e justificáveis, sendo sua possibilidade reduzida a apenas 5% de todo o universo do Isced-alvo, sendo descrito conforme Quadro 3:

QUADRO 3

PÚBLICO-ALVO DA TALIS 2018

Universo do ISCED Versus População-alvo do ISCED amostrado

Fora do escopo da TALIS 2018

Idealmente para a orientação INTERNACIONAL: Universo do ISCED amostrado

=

População-alvo da amostra do ISCED amostrado

=

Todas as escolas com ao menos 1 (um) ISCED com população-alvo e 1 (uma) classe encontrada no ISCED com população-alvo

• Escolasexclusivasdeeducaçãodejovens e adultos

População-alvo NACIONAL

• Escolasexclusivasdeeducaçãoespecial

Exclusões NACIONAIS possíveis Condições de inclusão NACIONAL

• Professoressubstitutos ou emergenciais

Escolas pequenas ou remotas

Ao menos 95% dos professores• Professoresexclusivosdaeducaçãodejovens e adultos

Províncias, estados ou subpopulações inte iras

Até 5% dos professores

Fonte: OECD (2019c, p. 99, tradução nossa).Nota: Traduzido de Table 5.1. Talis 2018 target and survey populations.

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2.2 QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA DO BRASIL NA TALIS 2018?

O Brasil dedicou-se à aplicação da pesquisa no Isced 2 e no Isced 3. Em um primeiro momento, foi gerada pela OCDE uma amostra aleatória de 200 escolas a partir do universo de escolas do Isced amostrado, seguida por uma amostra também aleatória de 20 professores dessas escolas selecionadas. A Tabela 1 apresenta a descrição do plano amostral brasileiro:

TABELA 1

DESCRIÇÃO DO PLANO AMOSTRAL DO BRASIL NA TALIS 2018

País/economia

Estratificação explícita Isced

Número total de escolas do Isced

Número total de

professores de escolas do Isced

Tamanho da amostra de escolas do

Isced

Tamanho esperado de amostra de professores

do Isced

BrasilEscolas públicas e privadas

2 53.308 850.117 200 4.000

BrasilEscolas públicas e privadas

3 28.011 640.522 200 4.000

Fonte: Elaborada por Deed/Inep com base nas informações nacionais da Talis (Brasil. Inep, 2018).

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As Figuras 4 e 5 apresentam as estruturas básicas das seções dos questionários de professor e diretor da Talis 2018.

FIGURA 4

SEÇÕES DO QUESTIONÁRIO DE DIRETOR DA TALIS 2018Fonte: Elaborada por Deed/Inep com base na estrutura do questionário de diretor da Talis (OCDE, 2019b).

3 OS QUESTIONÁRIOS DE PROFESSOR E DIRETOR NA TALIS 2018

Informaçõesbásicas

Liderançaescolar

Avaliaçãoformal

Informaçõesbásicas

da escolaClima escolar

Indução(integração) eorientação em

turma-alvo

EscolarizaçãoSatisfação

com otrabalho

em ambientescom

diversidade

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FIGURA 5

SEÇÕES DO QUESTIONÁRIO DE PROFESSOR DA TALIS 2018 COM OS PRINCIPAIS TEMAS ABORDADOS

Fonte: Elaborada por Deed/Inep com base na estrutura do questionário de professor da Talis.

Informações básicas e

qualificação

• Curso regular de formação docente

• Componentes incluídos na formação inicial ou complementar

• Razões para se tornar professor

Seu trabalho atual

• Forma de contratação nesta escola

• Anos de experiência de trabalho

• Áreas de ensino incluídas na formação inicial e que leciona

• Horas gastas com tarefas

Desenvolvimento profissional

• Atividades de indução (integração)

• Tipos de atividades de desenvolvimento profissional oferecidas e que se necessita

• Barreiras às atividades de desenvolvimento profissional

Feedback (retorno)

• Quem utiliza feedback• Impacto positivo do feedback

Ensino de forma geral

• Autoeficácia

• Participação

Ensino para uma turma específica

• Perfil da turma

• Perfil dos alunos da turma

• Autonomia

• Horas gastas em atividades na turma

• Disrupção

• Clima da turma

Ensino em ambientes com

diversidade

• Multiculturalidade

• Migração

• Contexto/origem cultural, socioeconômica e étnica

Clima escolar e satisfação

com o trabalho

• Autonomia

• Colaboração

• Tempo que pretende trabalhar como professor

• Estresse

• Vida pessoal

• Impactos negativos da profissão

• Se o investimento fosse aumentado em 5%, em qual área preferiria que fosse gasto

(NACIONAL)

• Opinião sobre a profissão de professor e sua visão sobre a educação no Brasil

(NACIONAL)

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Além das questões, dos questionários dos diretores e professores, padronizadas para aplicação internacional, cada país/economia participante da pesquisa pode incluir uma questão sobre seu contexto interno. No Brasil, a seguinte questão foi incluída no questionário dos professores:

54. Para finalizar, gostaríamos de saber sua opinião sobre a profissão de professor e sua visãosobre a educação no Brasil. Em que medida você concorda ou discorda das seguintes afirmações? [...]

a) Professores mais dedicados deveriam receber maiores salários.

b) Os salários dos professores deveriam variar de acordo com o desempenho de seus alunos nas avaliações externas. [...]

c) É bom para a formação do aluno que ele repita o ano caso tenha recebido notas baixas durante o ano todo. [...]

d) De modo geral, acredito que a educação na minha escola está melhorando. [...]

e) De modo geral, acredito que a educação no Brasil está melhorando.

f) Os resultados de avaliações externas, como a Prova Brasil, o Saeb e as avaliações estaduais, têm ajudado a melhorar o processo de ensino e aprendizagem nesta escola. [...]

g) A criação de um exame nacional de ingresso na carreira docente teria um bom impacto para a educação. [...]

h) Seria bom para a educação brasileira que os professores participassem de avaliações de habilidades e competências profissionais ao longo de seu desenvolvimento profissional. (OCDE, 2018, p. 34).

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Os resultados da Talis 2018 apresentados nesta seção foram selecionados sob uma perspectiva nacional com vista a refletir sobre o trabalho e a profissionalização docente no Brasil, destacando-se alguns dos elementos das complexas interações entre os temas do mapa conceitual da Talis (profissão docente e ambiente de ensino aprendizagem) e as áreas de atuação política no campo da educação (Seção 1.2).

Os indicadores selecionados procuram subsidiar a discussão acerca das possibilidades de caminhos para o sistema educacional brasileiro. Assim, esta seção apresenta algumas características das condições do trabalho docente como: tipo de contrato dos profissionais (Seção 4.1); número de escolas em que os professores trabalham (Seção 4.2) e autonomia oferecida a eles no ambiente escolar (Seção 4.3); e ainda destaca o trabalho dos diretores na gestão escolar expressado na necessidade de maior apoio governamental (Seção 4.4) e no uso dos resultados da avaliação docente pelas escolas (Seção 4.5). Por fim, os temas: satisfação com o trabalho atual (Seção 4.6), satisfação salarial dos professores e diretores (Seção 4.7), fatores de estresse no ambiente de trabalho (Seção 4.8) e saúde mental e física dos profissionais (Seção 4.9) procuram refletir o impacto da profissão docente no Brasil e nos países participantes da Pesquisa.

Os resultados dos indicadores, por vezes, serão descritos conforme algumas características das escolas, como: rede de ensino, contexto socioeconômico e contexto de escola inclusiva.

4 ALGUNS RESULTADOS DA TALIS 2018

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4.1 CONTRATOS DE TRABALHO

Os tipos de contratos dos professores são um desafio a todos os países na medida em que, contratos de trabalho permanentes ou de maior duração, geralmente são vistos como desejáveis para os professores, mas reduz a flexibilidade para governos e escolas na utilização de seus recursos humanos (OCDE, 2020). Assim, a Talis coleta informações sobre tipos de contratos para embasar discussões acerca da atratividade e retenção da carreira docente. Com particular atenção, em média, 20% dos professores dos anos finais do ensino fundamental dos países participantes da Talis 2018 possuem contratos de curta duração, predominantemente em contratos menores que um ano.

O percentual de professores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental que possuem contrato por tempo indeterminado é de 79%. O percentual brasileiro é próximo da Média Talis (80%). No entanto, supera os percentuais de todos os países/economias latino-americanos participantes da pesquisa: Chile (62%), México (72%), Cidade Autônoma de Buenos Aires (72%) e Colômbia (76%) (Gráfico 1).

GRÁFICO 1

PROPORÇÃO ENTRE OS TIPOS DE CONTRATO DE EMPREGO DOS PROFESSORES – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).

80

79

76

72

72

62

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7

23

15

16

11

12

17

4

13

22

Média Talis

Brasil

Colômbia

Buenos Aires (Argentina)

México

0 20 40 60 80 100

Chile

Contrato por tempo indeterminadoContrato por tempo determinado para um período maior do que 1 ano letivoContrato por tempo determinado para um período de 1 ano letivo ou menos

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No Brasil, 22% dos professores do ensino médio, possuem contrato por tempo determinado, sendo que 12% são contratados por 1 ano letivo ou menos respectivamente, enquanto que em Portugal estes percentuais equivalem a 28% e 18%, respectivamente (Gráfico 2).

GRÁFICO 2

DISTRIBUIÇÃO DO TIPO DE CONTRATO DE EMPREGO DOS PROFESSORES – ENSINO MÉDIO

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) Em razão do número baixo de países/economias participantes (11), não foi calculada a Média Talis. 2) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores com contrato por tempo indeterminado em ordem

crescente.

4.2 TRABALHO EM MÚLTIPLAS ESCOLAS

A OCDE e os países/economias possuem um olhar atento às condições de trabalho dos professores que afetam a satisfação com a carreira. Sabe-se que, apesar das diferenças entre os sistemas de ensino analisados, a decisão de trabalhar em diversas escolas pode trazer experiências e trocas profissionais significativas para os profissionais. Contudo, isso pode estar relacionado também à precarização laboral em relação à estabilidade no emprego, ao acúmulo exacerbado de tarefas ou até à falta de atratividade de pessoas à profissão (Seção 1.2) (OCDE, 2020). Por isso, essa é uma dimensão tratada nesta seção e nos instrumentos de pesquisa.

0 20 40 60 80 100

93

86

78

72

38

1

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10

10

36

6

7

12

18

26

C ontrato por tempo indeterminado C ontrato por tempo determinado para um período maior do que 1 ano letivo C ontrato por tempo determinado para um período de 1 ano letivo ou menos

Emirados Árabes Unidos

Portugal

Brasil

Turquia

Dinamarca

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Enquanto na média Talis apenas 5% dos professores dos anos finais do ensino fundamental relatam trabalhar em mais de uma escola, no Brasil esse percentual corresponde a 20%, sendo que 15% trabalham em duas escolas e 5% em mais de três escolas.

Entre os professores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental que lecionam em duas escolas ou mais (20%), não há diferença relevante entre aqueles que atuam na rede pública ou privada. A seguir, é mostrada a situação desses profissionais, em comparação aos demais da América Latina (Gráfico 3).

GRÁFICO 3

PERCENTUAL DE DOCENTES POR NÚMERO DE ESCOLAS EM QUE LECIONAM – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais na rede pública e rede privada é estatisticamente significativa a um nível de significância

de 95%. 2) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que lecionam em duas escolas ou mais em ordem

decrescente.

Contudo, ao verificar o contexto socioeconômico das escolas entre os professores brasileiros que lecionam em duas ou mais escolas, observa-se que essa realidade é maior nas escolas com menor proporção de alunos provenientes de lares socioeconomicamente desfavoráveis, ou seja, 24% desses professores atuam em escolas onde até 10% dos alunos são oriundos de contextos de vulnerabilidade e 15% atuam em escolas onde o percentual de alunos nessa condição é superior a 60%, uma tendência distinta do México, do Chile e da Média Talis.

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Total Privada Pública

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GRÁFICO 4

PERCENTUAL DE DOCENTES POR NÚMERO DE ESCOLAS EM QUE LECIONAM, POR CATEGORIA ADMINISTRATIVA – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais das escolas com menos de 10% e com mais de 60% dos alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos é estatisticamente significativa a um nível de significância de 95%. 2) O país/economia não teve o percentual divulgado para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos por não atingir o mínimo de 10 escolas e/ou 30 professores com dados válidos e/ou a proporção de respostas ausentes ou inválidas é superior a 50%.

3) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que lecionam em duas escolas ou mais em ordem decrescente.

4.3 AUTONOMIA ESCOLAR

Analisar a profissão docente e as práticas pedagógicas (Seção 1.2) passa necessariamente por um olhar específico às condições de autonomia encontradas na escola. Essas condições apontam para sistemas educacionais mais ou menos centralizadores e com possibilidades de redesenho na execução das atividades (OCDE, 2020). Essa dimensão foi explorada nesta seção e pode ser adensada por outras análises, a partir dos elementos apresentados nos questionários de pesquisa6.

A Talis 2018 perguntou aos diretores de escolas quais atores (“diretor ou equipe de gestão escolar”; “conselho escolar”; “professores” e “autoridades municipais, estaduais ou federais”) tinham responsabilidade considerável na tomada de decisão no nível da escola sobre atividades relacionadas a: pessoal; despesas; políticas escolares; currículo e políticas educacionais.

6 Verificar maiores informações em OCDE (2020).

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2

Total Menor ou igual a 10% Maior que 60%

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No Brasil, segundo a percepção dos diretores de escolas que ofertam os anos finais do ensino fundamental, há uma relativa autonomia para o diretor e a equipe de gestão escolar no estabelecimento de procedimentos e políticas disciplinares para os alunos (80%), bem como para a seleção de materiais didáticos a serem usados (77%). A Cidade Autônoma de Buenos Aires (CABA) destaca-se com os maiores percentuais de autonomia para os diretores nesses aspectos (88% e 79%), enquanto a Colômbia possui os menores percentuais (59% e 54%, respectivamente) (Gráfico 5).

GRÁFICO 5

PERCENTUAL DE DIRETORES OU EQUIPE DE GESTÃO ESCOLAR COM RESPONSABILIDADE CONSIDERÁVEL PELO ESTABELECIMENTO DE PROCEDIMENTOS E POLÍTICAS DISCIPLINARES PARA OS ALUNOS E SELEÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS A SEREM USADOS – ANOS FINAIS

DO ENSINO FUNDAMENTALFonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) Para análise sobre demais atividades e os responsáveis por elas, consultar a Tabela 1.2. Tabelas de Relatório Nacional

volume II (Brasil. Inep, [2018]). 2) Dados coletados a partir do questionário do diretor. 3) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de diretores ou equipe de gestão com responsabilidade

considerável pelo estabelecimento de procedimentos e políticas disciplinares para os alunos em ordem decrescente.

Dos diretores brasileiros das escolas que ofertam os anos finais do ensino fundamental, 70% afirmaram que as autoridades municipais, estaduais ou federais são responsáveis pela indicação ou contratação de professores; 70% pela demissão ou suspensão de professores do emprego; e ainda 72% pela decisão sobre a oferta de cursos. Entre os latino-americanos, os percentuais brasileiros estão entre os mais altos, ficando atrás somente da Colômbia nos dois primeiros aspectos apresentados no Gráfico 6:

0

20

40

60

80 7988 85

7782

62

80 7772

57 5954

100

Buenos Aires(Argentina)

Brasil MéxicoMédia TalisChile

Estabelecimento de procedimentos e políticas disciplinares para os alunos

Seleção de materiais didáticos a serem usados

Colômbia

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GRÁFICO 6

PERCENTUAL DE AUTORIDADES MUNICIPAIS, ESTADUAIS OU FEDERAIS COM RESPONSABILIDADE CONSIDERÁVEL POR DEMISSÃO OU SUSPENSÃO

DE PROFESSORES DO EMPREGO, INDICAÇÃO OU CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES E DECISÃO SOBRE A OFERTA DE CURSOS – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) Para análise sobre demais atividades e os responsáveis por elas, consultar a Tabela 1.2. das Tabelas de Relatório Nacional

volume II (Brasil. Inep, [2018]). 2) Dados coletados a partir do questionário do diretor. 3) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de autoridades municipais, estaduais e federais que é responsável

pela demissão ou suspensão de professores do emprego em ordem decrescente.

No Brasil, 84% dos diretores de escolas que ofertam o ensino médio informaram haver responsabilidade considerável dos diretores ou da equipe de gestão escolar nas decisões sobre o estabelecimento de procedimentos e políticas disciplinares para os alunos, e 73% informaram haver responsabilidade mais ativa na seleção de materiais didáticos a serem usados. Veja no Gráfico 7.

7770

62

4740

32

7770

61

4233

25

37

7267

33

47

20

0

20

40

60

80

Colômbia Brasil México Chile Média Talis Buenos Aires(Argentina)

Demissão ou suspensão de professores do empregoIndicação ou contratação de professoresDecisão sobre a oferta de cursos

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GRÁFICO 7

PERCENTUAL DE DIRETORES OU EQUIPE DE GESTÃO ESCOLAR COM RESPONSABILIDADE CONSIDERÁVEL PELO ESTABELECIMENTO DE PROCEDIMENTOS E POLÍTICAS DISCIPLINARES PARA OS ALUNOS E SELEÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS A SEREM USADOS – ENSINO MÉDIO

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) Em razão do número baixo de países/economias participantes (11) não foi calculada a Média Talis. 2) Para análise sobre demais atividades e os responsáveis por elas, consultar a Tabela 2.2. das Tabelas de Relatório Nacional

volume II (Brasil. Inep, [2018]). 3) Dados coletados a partir do questionário do diretor. 4) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de diretores ou equipe de gestão que é responsável pelo

estabelecimento de procedimentos e políticas disciplinares para os alunos em ordem decrescente.

4.4 APOIO GOVERNAMENTAL

Apesar da importância do nível de autonomia que a comunidade de cada escola encontra em sua governança, é fundamental que haja apoio governamental, sem a qual as possibilidades de mudança de qualidade na educação e de engajamento profissional tornam-se bastante limitadas (OCDE, 2020). A OCDE investiga essa questão e trata de muitas intersecções a esse fenômeno (Seção 1.2), as quais podem ser encontradas também pela análise dos instrumentos de pesquisa7. Nesta seção, trataremos um pouco desses desafios.

Nas escolas que oferta m os anos finais do ensino fundamental, cerca de 81% dos diretores brasileiros afirmaram a necessidade de haver mais apoio das autoridades municipais, estaduais ou federais, superando a Média Talis 2018 (71%). Todavia, essa carência é sentida, sobretudo, naquelas escolas onde há maior concentração de alunos provenientes de contextos de vulnerabilidade socioeconômica (maior que 60%), como se pode ver pelo Gráfico 8:

7 Verificar maiores informações em OCDE (2020).

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Estabelecimento de procedimentos e políticas disciplinares para os alunosSeleção de materiais didáticos a serem usados

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GRÁFICO 8

PERCENTUAL DE DIRETORES QUE RELATARAM NECESSIDADE DE MAIS APOIO DAS AUTORIDADES MUNICIPAIS, ESTADUAIS OU FEDERAIS, POR CONTEXTO SOCIOECONÔMICO

– ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais das escolas com menos de 10% e com mais de 60% dos alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos é estatisticamente significativa a um nível de significância de 95%. 2) O país/economia não teve o percentual divulgado para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos por não atingir o mínimo de 10 escolas e/ou 30 professores com dados válidos e/ou a proporção de respostas ausentes ou inválidas é superior a 50%.

3) A média Talis para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares socioeconomicamente desfavorecidos deve ser analisada com cautela, pois muitos países que a compõem tiveram poucos dados válidos para essa desagregação.

4) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de diretores que relataram necessidade de ter mais apoio das autoridades municipais, estaduais ou federais em ordem decrescente.

Nas escolas de ensino médio, a tendência é a mesma. Também 81% dos diretores brasileiros manifestaram a necessidade de maior apoio governamental. Enquanto que nas escolas onde há maior concentração de alunos provenientes de contextos de vulnerabilidade socioeconômica (maior que 60%), o percentual é de 91%, conforme o Gráfico 9:

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GRÁFICO 9

PERCENTUAL DE DIRETORES QUE RELATARAM NECESSIDADE DE MAIS APOIO DAS AUTORIDADES MUNICIPAIS, ESTADUAIS OU FEDERAIS, POR CONTEXTO

SOCIOECONÔMICO – ENSINO MÉDIO

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) Em razão do número baixo de países/economias participantes (11) não foi calculada Média Talis. 2) A diferença entre os percentuais das escolas com menos de 10% e com mais de 60% dos alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos é estatisticamente significativa a um nível de significância de 95%. 3) O país/economia não teve o percentual divulgado para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos por não atingir o mínimo de 10 escolas e ou 30 professores com dados válidos. 4) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de diretores que relataram necessidade de ter mais apoio das

autoridades municipais, estaduais ou federais em ordem decrescente.

4.5 AVALIAÇÃO DOCENTE

A literatura sobre avaliação docente é extensa e está entre um dos pontos mais conflitantes na condução das políticas nacionais. Além da diversidade no formato da avaliação que vai desde sistemas de avaliação nacionais centralizados até abordagens desenvolvidas de forma autônoma nas escolas, outras características como frequência e atores que avaliam diferem amplamente entre os sistemas educacionais, assim como as consequências para os professores. Sabendo disso, a Talis 2018 pergunta aos diretores se cada professor de sua escola é formalmente avaliado, com que frequência, o método utilizado para as avaliações, quem faz a avaliação e as consequências potenciais desta avaliação. A OCDE se refere a esse conceito como:

A avaliação do professor se refere à avaliação formal dos professores “para fazer um julgamento e/ou fornecer feedback sobre suas competências e desempenho” [...]. (OCDE, 2020, p. 52, tradução nossa).

Os diretores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental afirmam que, os resultados das avaliações do docente são utilizados, na maioria das vezes ou sempre, para

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sanar as deficiências no ensino (94%) e para o desenvolvimento de um plano de formação ou treinamento (61%) de escolas. Esses percentuais estão bem acima da Média Talis (68% e 50%, respectivamente) e são os maiores entre os latino-americanos participantes da pesquisa. Veja o gráfico 10.

GRÁFICO 10

PERCENTUAL DE DIRETORES QUE, A PARTIR DA AVALIAÇÃO FORMAL DOS PROFESSORES, NA MAIORIA DAS VEZES OU SEMPRE, DISCUTEM COM O PROFESSOR MEDIDAS PARA SANAR AS DEFICIÊNCIAS NO ENSINO E DESENVOLVEM UM PLANO DE FORMAÇÃO OU TREINAMENTO

– ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) Dados coletados a partir do questionário do diretor. 2) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de diretores que, a partir de sua avaliação formal, na maioria das

vezes ou sempre, discutem com o professor medidas para sanar as deficiências no ensino e desenvolvem um plano de formação ou treinamento em ordem decrescente.

4.6 SATISFAÇÃO COM O AMBIENTE DE TRABALHO

A Talis 2018 quis saber dos profissionais a satisfação com o atual ambiente de trabalho, entendendo que esse é um dos fatores que pode levar um professor a sair prematuramente de uma escola, quando associado a outros preditivos de satisfação com o trabalho de um modo geral8, como indicadores de estresse ou indicadores de avaliação docente (OCDE, 2020).

Quando perguntados aos professores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental se gostariam de mudar para uma nova escola, 13% afirmaram que sim, se fosse possível.

8 Ver Figure II.1.7. Relationship between Talis predictors and job satisfaction (OCDE, 2020).

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Medidas para sanar as deficiências no ensino são discutidas com o professorUm plano de formação ou treinamento é desenvolvido

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Esse percentual está abaixo da Média Talis (21%) e figura como um dos mais baixos entre os países latino-americanos da pesquisa (Colômbia e Chile – ambos com 25% e México – 27%), ficando somente acima da Cidade Autônoma de Buenos Aires (12%) (Gráfico 11).

GRÁFICO 11

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE MUDARIAM PARA OUTRA ESCOLA, SE ISSO FOSSE POSSÍVEL, POR REDE DE ENSINO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais na rede pública e rede privada é estatisticamente significativa a um nível de significância

de 95%. 2) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que informaram concordar com a afirmação de que

mudariam para outra escola em ordem decrescente.

Sob o contexto socioeconômico dos estudantes, observa-se que o percentual de professores que desejam mudar de escola é maior entre os docentes brasileiros que lecionam em escolas onde o percentual de alunos provenientes de contextos de vulnerabilidade socioeconômica é maior que 60%: são 20% versus 12% em escolas com até 10% dos alunos nessa condição (Gráfico 12).

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GRÁFICO 12

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE MUDARIAM PARA OUTRA ESCOLA, SE ISSO FOSSE POSSÍVEL, POR CONTEXTO SOCIOECONÔMICO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais das escolas com menos de 10% e com mais de 60% dos alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos é estatisticamente significativa a um nível de significância de 95%. 2) O país/economia não teve o percentual divulgado para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos por não atingir o mínimo de 10 escolas e ou 30 professores com dados válidos. 3) A média Talis para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares socioeconomicamente desfavorecidos

deve ser analisada com cautela, pois muitos países que a compõem tiveram poucos dados válidos para essa desagregação. 4) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que informaram concordar com a afirmação de que

mudariam para outra escola em ordem decrescente.

No ensino médio, os professores brasileiros estão entre os países com o menor percentual de professores que informaram que mudariam de escola, se fosse possível. O percentual do Brasil (14%) se iguala ao da Dinamarca, e ambos estão bem distantes de Taiwan, que apresentou o maior percentual de professores que informaram que mudariam para outra escola se pudessem (42%) (Gráfico 13).

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GRÁFICO 13

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE INFORMARAM CONCORDAR COM A AFIRMAÇÃO DE QUE MUDARIAM PARA OUTRA ESCOLA, SE ISSO FOSSE POSSÍVEL – ENSINO MÉDIO

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) Em razão do número baixo de países/economias participantes (11) não foi calculada a Média Talis. 2) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores relataram que mudariam para outra escola

em ordem crescente.

4.7 SATISFAÇÃO SALARIAL

A Talis 2018 pergunta aos professores e diretores não apenas sobre sua satisfação com o salário, mas também com os termos de seu contrato trabalho (por exemplo, benefícios e horário de trabalho). Embora, em média, 66% dos professores dos anos finais do ensino fundamental tenham se mostrado satisfeitos com seus termos de emprego, essa percepção não é a mesma quando se fala sobre o salário. Apenas 39% dos professores “concordam” ou “concordam totalmente” com a afirmação de que estão satisfeitos com os salários.

No Brasil, 18% dos professores dos anos finais do ensino fundamental informaram satisfação com o seu salário, percentual notadamente abaixo da Média Talis (39%) e entre os mais baixos apresentados pelos países/economias participantes. Entre os países latino-americanos, a satisfação salarial dos professores brasileiros é a mais baixa, ficando atrás de México (41%), Chile (38%), Colômbia (36%) e Cidade Autônoma de Buenos Aires (20%) (Gráfico 14).

Para a maioria dos países que participaram da Talis 2018, os professores da rede privada estão mais satisfeitos com seu salário do que os professores da rede pública. A diferença entre a satisfação com salário entre as redes de ensino ultrapassa 20 pontos percentuais no Brasil e Colômbia. Entre os países/economias latino americanos, apenas no Chile e Buenos Aires não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre as redes de ensino.

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GRÁFICO 14

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE INFORMARAM CONCORDAR COM A AFIRMAÇÃO DE QUE ESTÃO SATISFEITOS COM O SALÁRIO QUE RECEBEM, POR REDE DE ENSINO

– ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais na rede pública e rede privada é estatisticamente significativa a um nível de significância

de 95%. 2) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que estão satisfeitos com o salário que recebem

em ordem decrescente.

Nesse aspecto, também quando observada a satisfação salarial dos professores brasileiros, os mais satisfeitos (24%) estão em escolas de menor concentração de alunos provenientes de contextos de vulnerabilidade socioeconômica (menor que 10%) (Gráfico 15).

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GRÁFICO 15

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE ESTÃO SATISFEITOS COM O SALÁRIO QUE RECEBEM, POR CONTEXTO SOCIOECONÔMICO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais das escolas com menos de 10% e com mais de 60% dos alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos é estatisticamente significativa a um nível de significância de 95%. 2) O país/economia não teve o percentual divulgado para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos por não atingir o mínimo de 10 escolas e ou 30 professores com dados válidos. 3) A média Talis para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares socioeconomicamente desfavorecidos

deve ser analisada com cautela, pois muitos países que a compõem tiveram poucos dados válidos para essa desagregação. 4) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que estão satisfeitos com o salário que recebem

em ordem decrescente.

O percentual de professores brasileiros no ensino médio que informaram estar satisfeitos com o salário que recebem também é baixo e é o segundo menor entre os países participantes da pesquisa (17%), ficando apenas à frente de Portugal (11%). Os professores taiwaneses destacaram-se como os mais satisfeitos entre os pesquisados (74%). Observada a condição dessa satisfação por rede de ensino, a rede privada possui 15 pontos percentuais maior do que na rede pública, no Brasil, em Portugal e no Vietnã (Gráfico 16):

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GRÁFICO 16

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE INFORMARAM CONCORDAR COM A AFIRMAÇÃO DE QUE ESTÃO SATISFEITOS COM O SALÁRIO QUE RECEBEM,

POR REDE DE ENSINO – ENSINO MÉDIO

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais na rede pública e rede privada é estatisticamente significativa a um nível de significância

de 95%. 2) Em razão do número baixo de países/economias participantes (11) não foi calculada a Média Talis. 3) O gráfico apresenta dados de todos os países/economias com dados divulgáveis para as redes pública e privada. 4) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que estão satisfeitos com o salário que recebem

em ordem decrescente.

Em média, a satisfação salarial entre os diretores participantes da Talis é maior que a dos professores. Cerca de 37% dos diretores de escolas que ofertam anos finais do ensino fundamental informaram estar satisfeitos com o salário recebido pelo seu trabalho, um percentual abaixo da Média Talis, de 47%. Mesmo com esse percentual, os diretores brasileiros são os menos satisfeitos com seu salário, junto com a Cidade Autônoma de Buenos Aires (34%), quando comparados aos demais latino-americanos (Gráfico 17).

Assim como ocorre com os professores, a dependência administrativa da escola e o contexto socioeconômico dos alunos são aspectos em que as diferenças de percepção sobre o salário para os diretores são significativas. Enquanto 62% dos diretores de escolas privadas que ofertam anos finais do ensino fundamental afirmaram estar satisfeitos com o salário que recebem, 30% dos professores de escolas públicas apresentam a mesma satisfação. Os percentuais brasileiros estão entre os menores dos países latino-americanos. O México apresentou o maior percentual de diretores de escolas públicas que informaram satisfação com seus salários e, em todos os países latino-americanos, os percentuais de satisfação com o salário dos diretores de escolas privadas estão acima dos de escolas públicas.

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GRÁFICO 17

PERCENTUAL DE DIRETORES QUE ESTÃO SATISFEITOS COM O SALÁRIO QUE RECEBEM, POR REDE DE ENSINO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais na rede pública e rede privada é estatisticamente significativa a um nível de significância

de 95%. 2) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de diretores que estão satisfeitos com o salário que recebem em

ordem decrescente.

Quando analisado o aspecto salarial a partir do contexto socioeconômico, em escolas com maior concentração de estudantes provenientes de lares socioeconomicamente desfavorecidos, 15% dos diretores se dizem satisfeitos com o salário que recebem, enquanto, nas escolas com menor concentração desses estudantes, o percentual aumenta para 43%, uma diferença de 28 p.p. (Gráfico 18).

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GRÁFICO 18

PERCENTUAL DE DIRETORES QUE ESTÃO SATISFEITOS COM O SALÁRIO QUE RECEBEM, POR CONTEXTO SOCIOECONÔMICO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais das escolas com menos de 10% e com mais de 60% dos alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos é estatisticamente significativa a um nível de significância de 95%. 2) O país/economia não teve o percentual divulgado para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos por não atingir o mínimo de 10 escolas e/ou 30 professores com dados válidos e/ou a proporção de respostas ausentes ou inválidas é superior a 50%.

3) A média Talis para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares socioeconomicamente desfavorecidos deve ser analisada com cautela, pois muitos países que a compõem tiveram poucos dados válidos para essa desagregação.

4) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de diretores que estão satisfeitos com o salário que recebem em ordem decrescente.

Os diretores brasileiros ( junto com os portugueses) de escolas que ofertam o ensino médio estão entre os menos satisfeitos, considerando os participantes da Talis (36%), atrás somente dos croatas (34%). Os Emirados Árabes apresentaram o maior perentual de diretores satisfeitos com o salário que recebem (74%). A satisfação salarial entre os diretores de escolas que ofertam o ensino médio aponta grande diferença entre os diretores de escolas públicas e privadas. No Brasil, enquanto 23% dos diretores de escolas públicas informaram estar satisfeitos com o salário que recebem, nas escolas privadas esse percentual sobe para 67%. Brasil e Portugal apresentam os menores percentuais de diretores de escolas públicas do ensino médio que informaram satisfação com o salário que recebem, 23% e 17%, respectivamente (Gráfico 19).

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GRÁFICO 19

PERCENTUAL DE DIRETORES QUE ESTÃO SATISFEITOS COM O SALÁRIO QUE RECEBEM, POR REDE DE ENSINO – ENSINO MÉDIO

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais na rede pública e rede privada é estatisticamente significativa a um nível de significância

de 95%. 2) Em razão do número baixo de países/economias participantes (11) não foi calculada a Média Talis. 3) O gráfico apresenta dados de todos os países/economias com dados divulgáveis para as redes pública e privada. 4) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de diretores que estão satisfeitos com o salário que recebem em

ordem decrescente.

4.8 FATORES DE ESTRESSE

Nesta edição da Talis, a OCDE (2020) buscou conhecer com mais detalhe os fatores de estresse dos profissionais em seus ambientes de trabalho. Assim, ações políticas (Seção 1.2) associadas à redução do estresse podem ser conduzidas de maneira mais assertiva.

Segundo a Talis, 37% dos professores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental disseram que se sentem bastante ou muito estressados em seus trabalhos, abaixo da Média Talis (45%). Entre os países/economias latino-americanos participantes da pesquisa, o Brasil fica somente atrás do Chile (49%) e da Colômbia, que apresenta o maior percentual (52%). Os resultados da pesquisa por rede de ensino da escola apontam que há uma diferença entre as percepções apresentadas pelos professores de escolas públicas e privadas brasileiras. Enquanto, nas escolas públicas, 39% dos professores brasileiros afirmaram sentir-se bastante ou muito estressados em seus trabalhos, nas escolas privadas esse percentual é de 28%, uma diferença de 11 p.p. Além do Brasil, a Colômbia foi o único país latino-americano a apresentar diferença tão expressiva, porém em sentido diferente, sendo o percentual de 61% dos professores na rede privada e, na rede pública, 50%, uma diferença de 11 p.p. (Gráfico 20).

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GRÁFICO 20

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE SENTEM BASTANTE OU MUITO ESTRESSADOS NO SEU TRABALHO, POR REDE DE ENSINO – ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais na rede pública e rede privada é estatisticamente significativa a um nível de significância

de 95%. 2) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que se sentem bastante ou muito estressados nos

seus trabalhos em ordem decrescente.

Observa-se também diferença na percepção dos professores quando se analisam os percentuais a partir do contexto socioeconômico das escolas. Professores brasileiros que trabalham em estabelecimentos com maior proporção de alunos provenientes de lares socioeconomicamente desfavorecidos afirmaram se estressar mais que os professores que atuam em escolas com menor proporção desses alunos (45% e 29%, respectivamente). Sob esse aspecto, a Colômbia apresenta uma tendência contrária, em que 47% dos professores das escolas com mais alunos provenientes de lares socioeconomicamente desfavorecidos informaram se sentir estressados com o trabalho, enquanto 60% dos professores das escolas com menos alunos nessa mesma condição teve o mesmo comportamento. Os demais países/economias latino-americanos não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os dois tipos de escolas (Gráfico 21):

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GRÁFICO 21

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE SENTEM BASTANTE OU MUITO ESTRESSADOS NO SEU TRABALHO, POR CONTEXTO SOCIOECONÔMICO

– ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais das escolas com menos de 10% e com mais de 60% dos alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos é estatisticamente significativa a um nível de significância de 95%. 2) O país/economia não teve o percentual divulgado para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares

socioeconomicamente desfavorecidos por não atingir o mínimo de 10 escolas e/ou 30 professores com dados válidos e/ou a proporção de respostas ausentes ou inválidas é superior a 50%.

3) A média Talis para escolas com mais de 60% dos seus alunos provenientes de lares socioeconomicamente desfavorecidos deve ser analisada com cautela, pois muitos países que a compõem tiveram poucos dados válidos para essa desagregação.

4) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que se sentem bastante ou muito estressados nos seus trabalhos em ordem decrescente.

Quando a análise dos resultados é feita sob a perspectiva de escolas mais ou menos inclusivas para alunos com necessidades especiais, 60% dos professores brasileiros das escolas mais inclusivas disseram que se estressam com seus trabalhos na escola, enquanto 35% dos professores de escolas menos inclusivas fizeram essa afirmação (Gráfico 22).

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Total Menor ou igual a 10% Maior que 60%

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GRÁFICO 22

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE SENTEM BASTANTE OU MUITO ESTRESSADOS NO SEU TRABALHO, POR CONTEXTO DE ESCOLA INCLUSIVA – ANOS FINAIS

DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais das escolas com menos de 10% e com mais de 10% dos alunos com necessidades

especiais é estatisticamente significativa a um nível de significância de 95%. 2) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que se sentem bastante ou muito estressados nos

seus trabalhos em ordem decrescente.

A Talis 2018 também explora as fontes de estresse relatadas pelos professores e diretores, com foco na carga de trabalho, no comportamento dos alunos e estresse relacionado às suas responsabilidades com demais atores como pais e autoridades administrativas.

Entre os professores e diretores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental, as fontes de estresse que se destacaram foram: a responsabilização pelo desempenho dos alunos e o esforço para manter a disciplina.

No Brasil, o percentual de professores dos anos finais do ensino fundamental que se estressam bastante ou muito por ser responsabilizado pelo desempenho dos alunos é de 52% enquanto o percentual de diretores é 67%. Esses percentuais são maiores do que as Médias Talis de 45% e 50%, respectivamente, e, entre os diretores figura como o maior percentuais entre os latino-americanos (Gráfico 23).

Os professores e diretores da rede pública no Brasil se estressam mais que os da rede privada por ser responsabilizado pelo desempenho dos alunos. Se observados, em conjunto, as respostas de professores e diretores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental, para aqueles que se estressam bastante ou muito por serem responsabilizados pelo desempenho dos alunos, sobressaem as dificuldades daqueles da rede pública (54% e 71%), respectivamente (Gráfico 24):

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Total Menor ou igual a 10% Maior que 10%

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GRÁFICO 23

PERCENTUAL DE PROFESSORES E DIRETORES QUE SE ESTRESSAM BASTANTE OU MUITO POR SER RESPONSABILIZADO PELO DESEMPENHO DOS ALUNOS, POR REDE DE ENSINO – ANOS

FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTALFonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais na rede pública e rede privada é estatisticamente significativa a um nível de significância

de 95%. 2) Os países/economias foram ordenados pelo percentual total de professores que se estressam bastante ou muito por ser

responsabilizado pelo desempenho dos alunos em ordem decrescente.

GRÁFICO 24

PERCENTUAL DE PROFESSORES E DIRETORES QUE SE ESTRESSAM BASTANTE OU MUITO POR MANTER A DISCIPLINA DENTRO DA ESCOLA, POR REDE DE ENSINO

– ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTALFonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais na rede pública e rede privada é estatisticamente significativa a um nível de significância

de 95%. 2) Os países/economias foram ordenados pelo percentual total de professores que se estressam bastante ou muito por ser

responsabilizado pelo desempenho dos alunos em ordem decrescente.

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Colômbia Chile Brasil Média Talis México Buenos Aires(Argentina)

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No ensino médio, a principal fonte de estresse relatada pelos professores brasileiros é a atividade de corrigir muitas provas/exercícios (58%), seguida pelas atividades de ser responsabilizado pelo desempenho dos alunos (54%) e manter a disciplina dentro da escola (50%). Entre os países/economias participantes da pesquisa para essa etapa de ensino, os professores de Portugal (76%) e Dinamarca (60%) apresentam maior percentual de estresse com a atividade de correção de provas/exercícios do que no Brasil. Porém, em Portugal a principal fonte de estresse dos professores do ensino médio é ser responsabilizado pelo desempenho dos alunos (81%) (Tabela 2):

TABELA 2

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE ESTRESSAM BASTANTE OU MUITO, POR ATIVIDADE – ENSINO MÉDIO

País

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Alberta (Canadá) 43,0 37,5 19,6 27,2 36,3 30,9 30,4 7,0

Brasil 58,1 54,1 50,0 41,4 40,9 34,0 33,8 30,4

Croácia 32,6 50,7 27,7 15,0 49,3 28,0 24,3 6,9

Dinamarca 59,6 21,5 17,7 55,2 39,2 59,2 37,4 3,8

Emirados Árabes 53,6 52,7 38,2 51,6 46,7 48,3 48,9 12,4

Eslovênia 33,7 52,6 34,6 23,9 46,1 23,8 17,0 4,6

Portugal 75,7 80,9 59,6 61,7 70,8 68,8 58,5 29,2

Suécia 50,8 37,2 16,5 36,6 57,7 27,9 20,5 6,8

Taiwan 25,3 42,8 34,2 27,1 38,9 20,5 38,0 6,3

Turquia 32,4 33,2 27,2 23,3 33,9 14,0 36,2 8,1

Vietnã 37,5 55,2 48,1 34,6 35,0 41,8 29,2 3,4

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Nota: 1) Em razão do número baixo de países/economias participantes (11) não foi calculada a Média Talis. 2) Os países/economias estão em ordem alfabética e as atividades foram ordenados pelo percentual de professores que se

estressam bastante ou muito no Brasil em ordem decrescente.

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4. 9 SAÚDE MENTAL E FÍSICA DOS DOCENTES

Uma das consequências dos diversos tipos de estresse profissional é o impacto na saúde física e mental de professores e diretores (OCDE, 2020), e a Talis pode ajudar a compreender melhor esse fenômeno. Por diversas desagregações de análise, é possível elaborar ações políticas para minorar esses sofrimentos.

Nos anos finais do ensino fundamental, cerca de 26% dos professores brasileiros relataram que a situação do trabalho impacta negativamente a saúde mental, bem como a saúde física. Em comparação com os países/economias latino-americanos, o Brasil apresenta os maiores percentuais, tanto para o aspecto mental quanto para o físico, sendo superado somente pela Colômbia. Nesse sentido, a Média Talis sobre a percepção dos docentes quanto aos impactos da profissão sobre a saúde foi de 22% para saúde mental e de 20% para saúde física, respectivamente (Gráfico 25):

GRÁFICO 25

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE SENTEM BASTANTE OU MUITO IMPACTADOS NEGATIVAMENTE PELO TRABALHO NA SUA SAÚDE MENTAL OU FÍSICA

– ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).

Nota: Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que se sentem bastante ou muito impactados negativamente pelo trabalho na sua saúde mental em ordem decrescente.

Quando se analisa a percepção dos professores segundo a rede de ensino da escola em que atuam, 29% dos professores da rede pública e 15% dos professores da rede privada relataram que a situação do trabalho impacta negativamente em sua saúde mental. Quanto à saúde física, os percentuais foram de 29% na rede pública e 17% na rede privada. Entre os países/economias latino-americanos, Buenos Aires, Colômbia e México seguem a mesma tendência brasileira, em que o percentual de professores que reconheceram maior impacto da profissão sobre a percepção de saúde mental é maior nas escolas públicas do que nas escolas privadas. A Média Talis apresenta a mesma tendência de percepção para ambos os aspectos (Gráfico 26):

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GRÁFICO 26

PERCENTUAL DE PROFESSORES QUE SE SENTEM BASTANTE OU MUITO IMPACTADOS NEGATIVAMENTE PELO TRABALHO NA SUA SAÚDE MENTAL OU FÍSICA, POR REDE DE ENSINO

– ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos resultados da Talis 2018 (OCDE, 2020).Notas: 1) A diferença entre os percentuais na rede pública e rede privada é estatisticamente significativa a um nível de significância

de 95% para saúde mental. 2) A diferença entre os percentuais na rede pública e rede privada é estatisticamente significativa a um nível de significância

de 95% para saúde física. 3) Os países/economias foram ordenados pelo percentual de professores que se sentem bastante ou muito impactados

negativamente pelo trabalho na sua saúde física em ordem decrescente.

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Saúdemental

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Saúdefísica

Saúdemental

Saúdefísica

Saúdemental

Saúdefísica

Saúdemental

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Colômbia1 Brasil1, 2 Média Talis1, 2 Chile Buenos Aires(Argentina)2

México1

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AINLEY, J.; CARSTENS, R. Teaching and Learning International Survey (Talis) 2018 conceptual framework. [S.l.]: Organisation for Economic Co-operation and Development, 2018. (OECD Education Working Papers, n. 187). Available in: <https://doi.org/10.1787/19939019>. Acess in: 25 Jan. 2021.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 27833.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Classificação Internacional Normalizada da Educação: áreas de formação e treinamento 2013 (Cine-F 2013): descrição das áreas detalhadas. Tradução Andreza J. Meireles. Brasília, DF: Inep, 2017.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Relatório Nacional: pesquisa internacional sobre ensino e aprendizagem: Talis 2018: primeira parte. Brasília: Inep, 2019a. 36 p. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/informacao-da-publicacao/-/asset_publisher/6JYIsGMAMkW1/document/id/6726718>. Acesso em: 25 jan. 2020.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Sinopse Estatística da Educação Básica 2018. Brasília: INEP, 2019b.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Tabelas do Relatório Talis 2018. Brasília, DF: Inep, [2018]. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/guest/talis/resultados>. Acesso em: 10 fev. 2021.

ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO Econômico (OCDE). Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) 2018: questionário do professor anos finais do ensino fundamental: versão pesquisa principal. Coordenação de: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Brasília, DF: OCDE, [2018]. Disponível em: <https://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pesquisa_talis/questionarios/2019/questionario_professor_anos_finais_do_ensino_fundamental2018.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2020.

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