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RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE PESQUISA (Relatório Final Julho/2017) Projeto Agrisus N o : 1491/15 Título da Pesquisa: Sistema de Plantio Direto e Intensificação Ecológica para Sustentabilidade na Produção de Grãos em Minas Gerais. Interessado (Coordenador do Projeto): Álvaro Vilela de Resende Instituição: Embrapa Milho e Sorgo Endereço: Rodovia MG 424, km 45, Cx. Postal 151, CEP: 35.701-970, Sete Lagoas MG. Fone: (31) 3027-1145, Cel.: (31) 99198-2575 E-mail: [email protected] Local da Pesquisa: Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas MG Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 20.000,00 Vigência do Projeto: Agosto/2015 a Julho/2017 RELATÓRIO FINAL 1. RESUMO DO RELATÓRIO PARCIAL ANTERIOR Os recursos do projeto Agrisus têm sido utilizados desde 2015 na condução de um campo de demonstração de sistemas de produção de grãos em plantio direto, com níveis variados de investimento tecnológico alocados em parcelas de grandes dimensões. Decorridos dois anos agrícolas desde o início do estabelecimento do campo de demonstração, em 2014/2015, ainda não foi possível distinguir claramente variações de produtividade de grãos em decorrência dos diferentes sistemas de cultivo, tanto no pivô central quanto em sequeiro. As quantidades de palhada, avaliadas antes da safra 2016/2017, expressam o papel do milho como cultura que deixou mais restos culturais para cobertura do solo, contrastando com os tratamentos que tiveram cultivos anteriores apenas com soja. Foi possível notar tendência de maior produção de palhada quando a braquiária foi inserida no sistema de rotação soja-milho. Sob sequeiro, a presença de palhada de braquiária proporcionou maior produtividade de soja na safra 2015/2016. Nas ações de divulgação, no segundo semestre de 2016 até janeiro de 2017, foram realizadas as seguintes atividades de difusão, efetivadas com suporte do projeto Agrisus: 1) Visita técnica de produtores, técnicos, estudantes e secretários de agricultura do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, com público de 53 pessoas; 2) Minicurso e visita técnica para estudantes do PET Agronomia e professores da UFLA, com público de 16 pessoas; 3) Artigos técnicos publicados na revista A Granja e no jornal Informações Agronômicas do IPNI; e 4) Resumo expandido apresentado no XXI Congresso Nacional de Milho e Sorgo. 2. INTRODUÇÃO Em Minas Gerais, observam-se muitas áreas agrícolas mal manejadas, limitando o potencial produtivo das culturas. Mesmo os agricultores com maior capacidade de investimento tecnológico acabam deixando de lado os preceitos de rotação de culturas, equilíbrio nutricional e conservação da capacidade produtiva do solo. A situação agrava-se pela ocorrência de veranicos e pluviosidade abaixo da média histórica, prejudicando a produção de sequeiro e afetando as reservas de água para

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RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE PESQUISA (Relatório Final – Julho/2017)

Projeto Agrisus No: 1491/15 Título da Pesquisa: Sistema de Plantio Direto e Intensificação Ecológica para Sustentabilidade na Produção de Grãos em Minas Gerais. Interessado (Coordenador do Projeto): Álvaro Vilela de Resende Instituição: Embrapa Milho e Sorgo Endereço: Rodovia MG 424, km 45, Cx. Postal 151, CEP: 35.701-970, Sete Lagoas – MG. Fone: (31) 3027-1145, Cel.: (31) 99198-2575 E-mail: [email protected] Local da Pesquisa: Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas – MG Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 20.000,00 Vigência do Projeto: Agosto/2015 a Julho/2017

RELATÓRIO FINAL

1. RESUMO DO RELATÓRIO PARCIAL ANTERIOR Os recursos do projeto Agrisus têm sido utilizados desde 2015 na condução de um campo de

demonstração de sistemas de produção de grãos em plantio direto, com níveis variados de investimento tecnológico alocados em parcelas de grandes dimensões.

Decorridos dois anos agrícolas desde o início do estabelecimento do campo de demonstração, em 2014/2015, ainda não foi possível distinguir claramente variações de produtividade de grãos em decorrência dos diferentes sistemas de cultivo, tanto no pivô central quanto em sequeiro. As quantidades de palhada, avaliadas antes da safra 2016/2017, expressam o papel do milho como cultura que deixou mais restos culturais para cobertura do solo, contrastando com os tratamentos que tiveram cultivos anteriores apenas com soja. Foi possível notar tendência de maior produção de palhada quando a braquiária foi inserida no sistema de rotação soja-milho. Sob sequeiro, a presença de palhada de braquiária proporcionou maior produtividade de soja na safra 2015/2016.

Nas ações de divulgação, no segundo semestre de 2016 até janeiro de 2017, foram realizadas as seguintes atividades de difusão, efetivadas com suporte do projeto Agrisus: 1) Visita técnica de produtores, técnicos, estudantes e secretários de agricultura do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, com público de 53 pessoas; 2) Minicurso e visita técnica para estudantes do PET Agronomia e professores da UFLA, com público de 16 pessoas; 3) Artigos técnicos publicados na revista A Granja e no jornal Informações Agronômicas do IPNI; e 4) Resumo expandido apresentado no XXI Congresso Nacional de Milho e Sorgo.

2. INTRODUÇÃO Em Minas Gerais, observam-se muitas áreas agrícolas mal manejadas, limitando o potencial

produtivo das culturas. Mesmo os agricultores com maior capacidade de investimento tecnológico acabam deixando de lado os preceitos de rotação de culturas, equilíbrio nutricional e conservação da capacidade produtiva do solo. A situação agrava-se pela ocorrência de veranicos e pluviosidade abaixo da média histórica, prejudicando a produção de sequeiro e afetando as reservas de água para

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a agricultura irrigada. Portanto, é preciso aprimorar e difundir práticas agronômicas que permitam o uso mais eficiente

dos fatores de produção, observando os condicionantes regionais que envolvem aspectos de solo, clima, espécies agrícolas de interesse e perfil tecnológico dos agricultores.

Desde 2015, este projeto tem apoiado a manutenção de campo de demonstração e a difusão de tecnologias em sistemas melhorados com plantio direto e níveis crescentes de intensificação ecológica para a produção de grãos em sequeiro e sob irrigação, em área de cerrado da Região Central de Minas Gerais. Parcelas de monoculturas de soja e milho são contrastadas com alternativas combinando diversificação de culturas, inclusão de braquiária para produção de palhada e investimento em adubação. O objetivo final é demonstrar e difundir a viabilidade técnica e econômica de opções de manejo de sistemas de produção que expressem maior estabilidade e sustentabilidade ao longo do tempo.

Devido às características de histórico de uso anterior diverso das áreas para atividades de pesquisa da Embrapa Milho e Sorgo, se procedeu à implantação do atual campo demonstrativo com correção total da fertilidade, na tentativa de uniformizar tais áreas, para depois estabelecer os diferentes sistemas de intensificação. Por esses motivos, ainda não se notam respostas mais consistentes de produtividade aos tratamentos que vêm recebendo diferentes níveis de adubação de manutenção e combinações de culturas. Não obstante, o campo de demonstração tem servido de base para uma série de ações de difusão de boas práticas de manejo em sistemas de produção de grãos, envolvendo cursos, visitas técnicas e dias de campo para público técnico, produtores e estudantes.

3. MATERIAL & MÉTODOS O campo de demonstração de sistemas de produção de grãos intensificados em plantio direto

consiste de níveis variados de investimento tecnológico, em condições de sequeiro e sob pivô central, utilizando-se parcelas (faixas) de grandes dimensões. Nessas faixas, além de sistemas em monocultivos (controles), estão sendo conduzidas modalidades com diversificação de culturas viáveis nas condições edafoclimáticas da região, combinadas com níveis de investimento em adubação e outros tratos culturais.

No Quadro 1, são indicados os tratamentos conduzidos na área irrigada durante as safras de verão 2015/2016 e 2016/2017. No outono-inverno de 2015 e 2016, todas as faixas/tratamentos nesta área foram cultivados com milho. No Quadro 2, constam os tratamentos da área de sequeiro nas duas safras. Na entressafra 2016, as faixas sob sequeiro permaneceram dessecadas em pousio, ou com braquiária cobrindo parcialmente a faixa 4 e totalmente a faixa 5.

Nos tratamentos pertinentes, a braquiária para produção de palhada foi semeada juntamente com o adubo no caso do milho e a lanço na fase reprodutiva da soja (estádio > R2). Os tratamentos de alto investimento tecnológico recebem maior aporte de fertilizantes na adubação NPK e aplicações foliares com micronutrientes, além de especial atenção no controle de pragas e doenças.

Precedendo o plantio da safra 2016-2017, no mês de novembro, foi feita reaplicação de calcário (cerca de 3 t/ha de calcário dolomítico PRNT 85%) nos tratamentos envolvendo alto investimento tecnológico na área de sequeiro. Na área irrigada, a aplicação do calcário foi feita pelo mesmo critério, porém precedendo a semeadura do milho no outono-inverno de 2017. Os tratamentos com alto investimento também receberam aporte extra de potássio em adubações de cobertura (cerca de 60 kg/ha de K2O).

Dez pontos georreferenciados foram locados em cada faixa/tratamento para realização de amostragens de solo, folhas e palhada, além das medições de produtividade e avaliações de raízes. Parte desse material ainda encontra-se em fase de análise em laboratório. Os dados referentes à produtividade até a safra verão 2016/2017 e de presença de palhada das safras 2014/2015 e 2015/2016 foram processados para apuração de indicadores de desempenho dos diferentes sistemas nas áreas de sequeiro. Para a área irrigada, tem-se também os resultados de cultivos de milho em sucessão à soja, no outono-inverno de 2015 e 2016.

Uma primeira amostragem de solo mais abrangente para caracterização dos efeitos do manejo

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nos diversos tratamentos sobre a fertilidade foi realizada nos prontos georreferenciados, nas profundidades de 0-10, 10-20, 20-40 e 40-60 cm, em outubro/novembro de 2016, antes da semeadura da safra 2016/2017. As amostras de solo foram analisadas segundo metodologias descritas em Silva (2009).

Quadro 1. Descrição sucinta dos sistemas de produção conduzidos nas safras verão 2015/2016 e 2016/2017, no campo de demonstração sob pivô central.

Sistemas de produção sob pivô central

Faixas/tratamentos – safra verão 2015/2016* Faixas/tratamentos – safra verão 2016/2017*

1. Pousio após milho monocultura no outono/inverno de 2015, sob médio investimento tecnológico

1. Pousio após milho monocultura no outono/inverno de 2016, sob médio investimento tecnológico

2. Pousio após milho no outono/inverno de 2015 (não foi possível realizar o cultivo de feijão previsto após o milho), sob médio investimento tecnológico

2. Pousio após milho no outono/inverno de 2016 (não foi possível realizar o cultivo de feijão previsto após o milho), sob médio investimento tecnológico

3. Soja após milho no outono/inverno de 2015, sob médio investimento tecnológico

3. Soja após milho no outono/inverno de 2016, sob médio investimento tecnológico

4. Soja após milho + braquiária junto ao adubo no sulco no outono/inverno de 2015, sob médio investimento tecnológico

4. Soja após milho + braquiária junto ao adubo no sulco no outono/inverno de 2016, sob médio investimento tecnológico

5. Soja após milho + braquiária junto ao adubo no sulco no outono/inverno de 2015, sob alto investimento tecnológico

5. Soja após milho + braquiária junto ao adubo no sulco no outono/inverno de 2016, sob alto investimento tecnológico

6. Soja após milho no outono/inverno de 2015, sob alto investimento tecnológico

6. Soja após milho no outono/inverno de 2016, sob alto investimento tecnológico

* O alongamento dos ciclos da soja e do milho, não permitiu a inclusão do cultivo de feijão de inverno após o

milho e antes das safras 2015/2016 e 2016/2017, como inicialmente previsto no projeto.

Quadro 2. Descrição sucinta dos sistemas de produção conduzidos nas safras verão 2015/2016 e 2016/2017, no campo de demonstração em sequeiro.

Sistemas de produção em sequeiro

Faixas/tratamentos – safra verão 2015/2016 Faixas/tratamentos – safra verão 2016/2017

1. Soja monocultura, sob médio investimento tecnológico

1. Soja monocultura, sob médio investimento tecnológico

2. Milho monocultura, sob médio investimento tecnológico

2. Milho monocultura, sob médio investimento tecnológico

3. Soja após milho (rotação simples), sob médio investimento tecnológico

3. Milho após soja (rotação simples), sob médio investimento tecnológico

4. Soja + braquiária sobressemeada na maturação, após milho + braquiária junto ao adubo no sulco em 2014/2015, sob médio investimento tecnológico

4. Milho + braquiária junto ao adubo no sulco, após soja + braquiária sobressemeada na maturação em 2015/2016, sob médio investimento tecnológico

5. Milho + braquiária junto ao adubo no sulco, após soja + braquiária sobressemeada na maturação em 2014/2015, sob alto investimento tecnológico

5. Soja + braquiária sobressemeada na maturação, após milho + braquiária junto ao adubo no sulco em 2015/2016, sob alto investimento tecnológico

6. Milho após soja (rotação simples), sob alto investimento tecnológico

6. Soja após milho (rotação simples), sob alto investimento tecnológico

Aproveitando o campo de demonstração, está em fase final de desenvolvimento uma dissertação

de mestrado (UFSJ) que, por meio de fotografias digitais e softwares de processamento de imagens, buscará quantificar a distribuição de raízes no perfil e a palhada depositada na superfície do solo em tratamentos selecionados na área de sequeiro. Essa atividade deverá reforçar a avaliação dos impactos de sistemas intensificados sobre a qualidade do solo e o desempenho das culturas.

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Também uma tese de doutorado (UFV) vem sendo trabalhada, integrando os dados de desempenho fitotécnico e uma análise econômica das modalidades de intensificação implementadas sob condições de sequeiro.

A manutenção dos tratamentos de intensificação ecológica, tanto na área irrigada quanto na de sequeiro, tem se mostrado de grande relevância para as ações de transferência de tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo. Essas áreas vêm sendo constantemente utilizadas para abordagens demonstrativas em visitas técnicas, treinamentos e cursos para diferentes públicos.

As fotografias apresentadas no Apêndice I ilustram parte das atividades realizadas a campo, no quarto semestre de vigência do projeto Agrisus (Fevereiro a Julho de 2017). No Apêndice II, são destacadas ações durante esse período envolvendo difusão e treinamento sobre tecnologias de intensificação na produção de grãos.

Como parte das ações de divulgação previstas no projeto, uma cartilha especialmente voltada para a educação de crianças e jovens foi produzida (Apêndice III), tendo em vista a necessidade de melhor informar e esclarecer as pessoas, sobretudo a população urbana, acerca da importância da utilização de técnicas sustentáveis de produção agropecuária. De forma lúdica, numa história em quadrinhos, o conteúdo expressa a ideia de valorização do solo e do trabalho na terra, os efeitos dos sistemas conservacionistas no uso mais eficiente de recursos naturais e o papel do agricultor em prover alimento e água para as cidades. A cartilha será distribuída no programa Embrapa & Escola e em outras atividades educacionais e de popularização da ciência junto a instituições de ensino fundamental/médio.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A seguir, são apresentados resultados parciais deste projeto, haja vista que uma análise mais

completa de dados de desempenho deverá constar nas abordagens de uma dissertação (UFSJ) e uma tese (UFV), ambas em andamento, vinculadas aos tratamentos conduzidos no campo de demonstração de sistemas intensificados de produção de grãos. Além disso, como a expectativa é de que os contrastes entre tratamentos deverão se tornar mais consistentes com o passar do tempo, diversas avaliações e amostragens já realizadas serão utilizadas futuramente para compor a caracterização da fase de estabilização do campo de demonstração e da evolução de atributos dos respectivos sistemas de intensificação.

A produtividade de grãos é aqui expressa em termos de produção relativa, tendo como referências (produção relativa = 100%) tratamentos diferentes, definidos para as áreas irrigada (Figuras 1a, b) e de sequeiro (Figuras 2a, b). Em valores absolutos, nas safras 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017, as produtividades de soja e de milho variaram, respectivamente, de 2.870 a 5.340 e de 6.315 a 10.399 kg ha-1 no pivô central. Em sequeiro, as produtividades foram em geral mais baixas, oscilando de 1.890 a 3.282 e de 5.841 a 10.362 kg ha-1, para soja e milho, respectivamente. Comparativamente às demais safras de verão (vide 3o Relatório Parcial), em 2016/2017 obteve-se produtividade crescente de soja, de até 89 sc ha-1, no pivô central, o que pode ser atribuído principalmente a um melhor ajuste na escolha da cultivar. Já na condição de sequeiro, a safra 2016/2017 foi mais severamente prejudicada por veranicos, o que limitou o potencial produtivo tanto da soja quanto do milho.

O desempenho das culturas sob pivô central no período considerado (três anos com cinco cultivos) ainda não reflete claramente efeitos decorrentes das práticas de intensificação do sistema de produção soja/milho (Figuras 1a, b), seja pela inclusão da braquiária (tratamentos 4 e 5) ou pelo maior aporte de nutrientes na adubação (tratamentos 5 e 6). As Figuras 1a e 1b permitem duas formas exposição das respostas em produção relativa, com visualização do desempenho das safras dentro de cada tratamento de intensificação e vice-versa.

Pode-se perceber alguma tendência de perda de produtividade nos tratamentos com maior intensificação. Isso pode estar ligado a alguma competição da braquiária nos cultivos de milho (tratamentos 4 e 5, em 2015) e à vegetação excessiva da soja e consequente perda de rendimento no cultivo sobre palhada de braquiária e com maior adubação (tratamento 5, safra 2015/2016). No acumulado de todos os cultivos (Figura 1b), o desempenho dos tratamentos 4, 5 e 6, com

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intensificação por inclusão da braquiária e/ou maior adubação, ainda fica abaixo do observado no tratamento 3, que tem alternância simples soja/milho, sob médio investimento em adubação. A incidência mais acentuada de doenças nos tratamentos com maior aporte de nutrientes e dosséis mais densos de plantas também é uma possibilidade plausível. Deve-se levar em conta ainda que os cultivos de milho em 2015 e 2016 (semeadura em 12 de junho e 15 de abril, respectivamente) ocorreram em períodos de menor insolação e com incidência de temperaturas mais baixas, o que certamente restringiu o potencial de resposta dos híbridos utilizados. Entretanto, dado o curto período de avaliação dos efeitos dos tratamentos, o apontamento de relações causa/efeito é prematuro e acaba tornando-se especulativo.

Em condições de sequeiro, os dados de produção relativa baseados nas três safras avaliadas até o momento (Figuras 2a, b) permitem notar ganhos de rendimento no tratamento 5, que envolve a inclusão de braquiária no sistema soja/milho para a incremento de palhada, associada a um maior investimento em adubação. Os ganhos nesse tratamento ocorreram tanto no milho da safra 2015/2016, quanto na soja em 2016/2017. Na sequência, destaca-se o desempenho das culturas no tratamento 6, que recebe maior adubação de manutenção assim como o tratamento 5, porém, não tem inclusão da braquiária. Esses resultados evidenciam que um perfil enriquecido com nutrientes e, sobretudo o acréscimo de palhada promovido pela braquiária, contribuem para ganhos de rendimento e maior estabilidade produtiva sob condições de estresse por deficiência hídrica (Resende et al., 2016), como tem sido o caso da área de sequeiro prejudicada por veranicos intensos nas últimas duas safras.

Na observação da produção relativa acumulada (Figura 2a), é preciso fazer a ressalva de que o tratamento 3 destacou-se dos demais porque teve dois cultivos de milho e um de soja ao longo do período de avaliação de três safras, enquanto o oposto ocorreu com os tratamentos 5 e 6, que tiveram dois cultivos de soja e um de milho. A produtividade acumulada do tratamento 4 ficou abaixo do esperado, pois a concorrência no consórcio com braquiária foi agravada pelos veranicos, acarretando forte impacto negativo no milho em 2016/2017.

É importante destacar que, no estabelecimento do campo de demonstração, as áreas de sequeiro e do pivô central receberam operações de condicionamento com subsolagem, aração e gradagem, associadas à realização de calagem e gessagem, bem como, adubações corretivas com P, K e micronutrientes, para nivelamento inicial da fertilidade do solo. As duas áreas correspondem a cerca de 7,5 ha que tinham histórico de uso diverso e fragmentado, o que levou à opção por um nivelamento inicial da fertilidade para, a partir daí, se buscar estabelecer os contrastes entre os tratamentos de intensificação tecnológica. Nas Tabelas 3 e 4 são apresentados resultados de análise para alguns atributos de fertilidade do solo das áreas irrigada e de sequeiro, respectivamente, a partir de amostragens realizadas em diferentes profundidades até 60 cm nas faixas correspondentes aos tratamentos de intensificação, antes da semeadura da safra 2016/2017.

De modo geral, após dois anos de cultivo (duas safras colhidas em sequeiro e quatro safras no pivô central) todos os tratamentos apresentam condições de fertilidade do solo que podem ser consideradas adequadas pelo menos até 20 cm de profundidade no perfil, de acordo com os critérios de interpretação para solos argilosos propostos por Sousa & Lobato (2004). Verifica-se menor acidez e maior disponibilidade de P e K nas camadas superficiais e, notadamente, na área irrigada (Tabelas 3 e 4). As condições de fertilidade alta a média até camadas mais profundas no perfil devem estar favorecendo certo nivelamento das respostas nos cultivos iniciais. Espera-se que, com as adubações de manutenção distintas, ao longo do tempo aumente o contraste entre os tratamentos.

Algumas variações entre tratamentos quanto aos valores dos atributos de fertilidade podem estar relacionados à persistência de eventuais contaminações/variabilidade entre os locais de coleta das amostras no campo, ou ainda ao histórico de uso das áreas anteriormente à instalação do campo de demonstração de sistemas intensificados. Não obstante, vale observar a tendência de maiores valores de CTC potencial em camadas superficiais na área irrigada em comparação à de sequeiro (Figuras 3 e 4), e também nos tratamentos que tiveram inserção de braquiária no pivô (Figura 3, tratamentos 4 e 5). Novas amostragens de solo previstas poderão reforçar as evidências de haver acumulação de matéria orgânica favorecida pela irrigação (maior número de cultivos e maior ingresso anual de resíduos orgânicos) e pela inclusão da braquiária no sistema de culturas, o que poderia explicar os incrementos na CTC.

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Figura 1a. Produção relativa de grãos em cultivos de soja e de milho, e produção relativa acumulada de 2014/2015 a 2016/2017, conforme tratamentos de intensificação de sistemas de produção sob pivô central (vide descrição dos tratamentos no Quadro 1). O tratamento 1 é a referência para os cultivos de miho (produção relativa em monocultivo com médio investimento = 100%), enquanto o tratamento 3 é a referência para os cultivos de soja e para o acumulado das safras (produção relativa da sucessão soja/milho em médio investimento = 100%).

Figura 1b. Produção relativa de grãos em cultivos de soja e de milho, e produção relativa acumulada de 2014/2015 a 2016/2017, conforme tratamentos de intensificação de sistemas de produção sob pivô central (vide descrição dos tratamentos no Quadro 1). O tratamento 1 é a referência para os cultivos de miho (produção relativa em monocultivo com médio investimento = 100%), enquanto o tratamento 3 é a referência para os cultivos de soja e para o acumulado das safras (produção relativa da sucessão soja/milho em médio investimento = 100%).

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Figura 2a. Produção relativa de grãos e produção relativa acumulada de 2014/2015 a 2016/2017, conforme tratamentos de intensificação de sistemas de produção em sequeiro (vide descrição dos tratamentos no Quadro 2). Os tratamentos 1 e 2 são, respectivamente, as referências para as demais parcelas cultivadas com soja e de milho em cada safra (produção relativa em monocultivo com médio investimento = 100%), enquanto a média dos tratamentos 1 e 2 é a referência para o acumulado das três safras (produção relativa da média das monoculturas de soja e de milho = 100%).

Figura 2b. Produção relativa de grãos e produção relativa acumulada de 2014/2015 a 2016/2017, conforme tratamentos de intensificação de sistemas de produção em sequeiro (vide descrição dos tratamentos no Quadro 2). Os tratamentos 1 e 2 são, respectivamente, as referências para as demais parcelas cultivadas com soja e de milho em cada safra (produção relativa em monocultivo com médio investimento = 100%), enquanto a média dos tratamentos 1 e 2 é a referência para o acumulado das três safras (produção relativa da média das monoculturas de soja e de milho = 100%).

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Figura 3. Condições de fertilidade no perfil do solo, a partir de amostragem realizada antecedendo a safra 2016/2017 (2 anos após o início de estabelecimento do campo demonstrativo), conforme tratamentos de intensificação de sistemas de produção sob pivô central (vide descrição dos tratamentos no Quadro 1). P e K extraídos com a solução Mehlich 1.

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Figura 4. Condições de fertilidade no perfil do solo, a partir de amostragem realizada antecedendo a safra 2016/2017 (2 anos após o início de estabelecimento do campo demonstrativo), conforme tratamentos de intensificação de sistemas de produção sob sequeiro (vide descrição dos tratamentos no Quadro 2). P e K extraídos com a solução Mehlich 1.

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Os dados de presença de palhada em dois momentos no ano de 2016 (Figura 5) comprovam que os cultivos irrigados propiciam a manutenção de consideráveis quantidades de resíduos vegetais sobre o solo. Contudo, ainda não aparecem indicativos de surgimento de um diferencial de palhada devido às modalidades de intensificação estabelecidas com referência à monocultura de milho (tratamento 1). Da mesma forma, a inclusão de braquiária no sistema soja/milho (tratamentos 4 e 5) ainda não impactou a quantidade de palhada que resta no solo após as colheitas. Não obstante, a presença de plantas vivas de braquiária entre as safras de grãos e a atividade de suas raízes devem favorecer a ciclagem de nutrientes no sistema.

As condições diferenciais de acumulação de palhada entre os tratamentos (Figura 6) já promovem impactos positivos na produtividade de grãos dos sistemas em sequeiro. A presença de cobertura morta sobre o solo antes da safra 2015/2016 foi marcadamente maior onde, no ano anterior, foi cultivado milho (tratamentos 2, 3 e 4), ou onde a braquiária sobressemeada na soja produziu biomassa na entressafra (tratamento 5), aproveitando as chuvas restantes após a colheita da leguminosa. A produção de biomassa de parte aérea (exceto grãos), avaliada por ocasião da colheita da safra 2015/2016, denota o papel do milho como cultura que deixa grande quantidade de restos culturais como cobertura do solo, contrastando com os tratamentos 1, 3 e 4 cultivados com soja naquela safra (Figura 6).

Decorridos três anos do início da implantação do campo de demonstração, ainda não estão nitidamente consolidadas diferenças entre os tratamentos quanto à produtividade de grãos, assim como no tocante a outras variáveis avaliadas. O monitoramento dos diferentes sistemas de manejo em mais longo prazo poderá confirmar com clareza os benefícios esperados da intensificação em ambientes de cultivo irrigado e, sobretudo, em sequeiro. Este último constitui atualmente o maior desafio para o produtor da região Central de Minas Gerais e de outras áreas do País onde a restrição na disponibilidade hídrica tem representado enormes obstáculos à atividade agropecuária.

Figura 5. Presença de palhada sobre o solo em dois momentos, após a colheita da soja (abril de 2016) e após a colheita do milho (outubro de 2016) cultivado em sucessão, conforme tratamentos de intensificação de sistemas de produção sob pivô central (vide descrição dos tratamentos no Quadro 1).

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Figura 6. Presença de palhada sobre o solo antes da safra 2015/2016 e produção de biomassa de parte aérea (exceto grãos) por ocasião da colheita da safra 2015/2016, conforme tratamentos de intensificação de sistemas de produção em sequeiro (vide descrição dos tratamentos no Quadro 2).

Paralelamente à condução do campo de demonstração, no primeiro semestre de 2017, foram realizadas as seguintes atividades de difusão, efetivadas com suporte do projeto Agrisus (vide imagens no Apêndice II):

Em 23 de maio, durante a 10ª Semana de Integração Tecnológica – SIT, foi realizado o seminário “Sistemas agropecuários integrados: aumento da eficiência e renda na propriedade”, composto por quatro apresentações divididas em dois painéis pela manhã e, na parte da tarde, giro tecnológico com três estações no campo de demonstração. O público presente foi constituído principalmente por produtores, técnicos da Emater – MG e estudantes, além de pesquisadores e analistas da Embrapa, totalizando 178 participantes. Divulgado em: http://grao.cnpms.embrapa.br/noticia.php?ed=NTY=&id=MjAz

No dia 24/05, ainda dentro da programação da SIT, foi oferecida a 2ª edição do curso “Intensificação em Sistemas de Produção de Grãos: Conceitos e Práticas”, com duração de 8 horas, envolvendo apresentações de pesquisadores em sala e visita com quatro estações no campo de demonstração, contando com 20 participantes.

Curso de capacitação em “Tecnologias do Plano ABC”, para técnicos do Senar, totalizando 8 participantes. No dia 04/07/2017, foram abordados os temas de construção da fertilidade do solo, manejo de plantas daninhas e manejo integrado de pragas, concluindo com visita técnica ao campo de demonstração de sistemas intensificados na parte da tarde. Carga horária de 8 h relacionada à sistemas de produção de grãos.

Resumo expandido: “Variabilidade de dados de produtividade de grãos e de palhada em sistemas intensificados de produção”, apresentado no Seminário de Iniciação Científica CNPq, em 12/07/2017, na Embrapa Milho e Sorgo.

Artigo técnico: “Sistemas integrados de produção exigem conhecimento para mais rentabilidade” publicado no Jornal da Integração ILPF. Disponível em: http://boletimilpf.cnpms.embrapa.br/noticia.php?ed=NDE=&id=MTg0

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5. CONCLUSÕES

Decorridos três anos do início do estabelecimento do campo de demonstração, os efeitos sobre a produtividade de grãos ainda apresentam fracas evidências de diferenciação devido aos distintos tratamentos de intensificação de sistemas em sequeiro e também sob irrigação. Resultados de análises de solo de amostragem antecedendo a última safra refletem boa fertilidade em todos os tratamentos, justificando, em parte, as variações relativamente pequenas no desempenho produtivo. Isso decorre do efeito residual das operações iniciais de correção e nivelamento da fertilidade do solo nas áreas.

Na condição de sequeiro, o tratamento com inclusão de braquiária no sistema de alternância soja/milho, com mais investimento em adubação de manutenção, já tende a proporcionar maior produção relativa de grãos em comparação às monoculturas, indicando ganho de estabilidade produtiva mesmo enfrentando veranicos intensos nas últimas safras. Essa tendência sugere que a maior quantidade de palhada com a inclusão de braquiária e a manutenção de um maior fornecimento anual de nutrientes na adubação resultam em mais resiliência e melhor aproveitamento de água pelas culturas.

A área irrigada apresenta maior CTC potencial que a de sequeiro, o que pode ser atribuído ao aporte anual mais elevado de resíduos vegetais, por se realizar mais de um cultivo ao ano. Mais palhada favorece o incremento de matéria orgânica, que, por sua vez, contribui para aumentar a CTC do solo.

O projeto Agrisus vem permitindo avançar também na identificação de cultivares de soja mais adaptadas e produtivas em plantios irrigados e de sequeiro na região Central de Minas Gerais, onde, apesar de relativamente recente, o cultivo da oleaginosa tem aumentado e se tornado uma alternativa de diversificação na produção de grãos.

Boa parte das avaliações realizadas no campo de demonstração ainda encontra-se em fase de análises laboratoriais, processamento ou interpretação, e deverá compor dissertação e tese de pós-graduação, ambas em andamento. Além disso, os dados levantados até o momento serão úteis em abordagens futuras para caracterizar a evolução do sistema de produção referente a cada tratamento. Novos projetos aprovados devem permitir a manutenção do campo demonstrativo em mais longo prazo.

No escopo do projeto Agrisus, tem-se elaborado publicações e realizado eventos que enfatizam a intensificação ecológica como a estratégia mais coerente para a estabilidade de produção ao longo do tempo, com ganhos de sustentabilidade e rentabilidade na agropecuária. O campo demonstrativo tem viabilizado a realização de diversas atividades educativas, treinamentos e divulgação envolvendo as tecnologias preconizadas. Recentemente, foi produzida uma cartilha para o público infanto-juvenil, em formato de história em quadrinhos, cujo conteúdo expressa a ideia de valorização do solo e do trabalho na terra, os efeitos dos sistemas conservacionistas no uso mais eficiente de recursos naturais e o papel do agricultor em prover alimento e água para as cidades.

6. DIFICULDADES E MEDIDAS CORRETIVAS Na área irrigada, o alongamento do ciclo das cultivares de soja (semeada em 02/12/2015) e de

milho (semeado em 13/04/2016), condicionado pela interação entre data de semeadura e clima da região de Sete Lagoas, não permitiu a inclusão do cultivo de feijão de inverno conforme planejado inicialmente para a rotação de culturas. Foram buscados ajustes no cronograma operacional de campo a fim de antecipar a semeadura da soja na safra 2016/2017, bem como posicionar cultivares mais precoces de soja e do milho semeado em sequência, o que deveria viabilizar o cultivo de feijão em 2017. Esses ajustes foram conseguidos, contudo, o agravamento da seca após o cultivo do milho reduziu as reservas de água da Embrapa Milho e Sorgo a níveis jamais vistos na sua história, inviabilizando a implantação de novos cultivos irrigados e, por consequência, impedindo mais uma vez a inserção do feijoeiro nos sistemas como havia sido planejado na elaboração do projeto.

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7. RELATÓRIO PRÁTICO Pela sua natureza, os trabalhos com intensificação de sistemas de produção de grãos envolvendo

combinações de culturas e investimentos na qualidade do solo nem sempre oferecem respostas rápidas, notadamente quando se parte de condições de fertilidade já construída, como foi o caso das áreas de sequeiro e irrigada que compõem o presente projeto. Muitas vezes, as vantagens dos sistemas intensificados só são detectáveis em mais longo prazo e considerando os resultados cumulativos de várias safras.

Até o momento, os tratamentos implementados no campo de demonstração não apresentaram diferenças consistentes de desempenho produtivo das culturas, mas algumas tendências de benefícios dos sistemas mais diversificados e bem adubados em relação às monoculturas, principalmente em sequeiro. A presença de mais palhada decorrente da inclusão de braquiária e uma adubação de manutenção mais pesada têm favorecido tanto a soja quanto o milho, melhorando o aproveitamento de água das chuvas e aumentando a tolerância aos veranicos, com algum ganho de produtividade em comparação às respectivas monoculturas. Com o avançar do tempo de condução do campo de demonstração, a expectativa é que aumentem os contrastes entre os tratamentos, confirmando tendências e validando as melhores alternativas de sistemas para os produtores da região.

Apesar de não fazer parte diretamente dos objetivos iniciais, a cada safra no campo de demonstração, a equipe da Embrapa tem conseguido progressos no entendimento do comportamento e adaptação de cultivares de soja na região Central de Minas Gerais. Cabe ressaltar que essa não é uma região tradicional de cultivo e mesmo na Embrapa Milho e Sorgo eram raras as oportunidade de avaliação da oleaginosa. Com o melhor posicionamento de cultivares, na última safra obteve-se produtividade próxima de 90 sc/ha sob pivô central, o que atesta o bom potencial da cultura nessa região.

Embora recomendações de manejo mais bem embasadas ainda devam demandar mais tempo de condução e avaliação dos tratamentos, as duas áreas do campo de demonstração têm permitido visitas técnicas muito produtivas desde o primeiro ano do projeto Agrisus. Ao visualizar as modalidades de sistema de produção conduzidas, os visitantes (produtores, pessoal de assistência técnica, pesquisadores, gestores de associações e prefeituras, além de estudantes de diferentes níveis escolares) conseguem perceber as diferenças entre formas de manejo com maior ou menor investimento tecnológico quanto às características de conservação do solo, resiliência e potencial produtivo. Esse cenário instiga discussões muito interessantes e força a reflexão dos presentes quanto à necessidade de mudar a realidade com meios de produção mais eficientes e sustentáveis (Apêndice II).

As áreas são divididas em faixas onde cada uma representa um tratamento de intensificação do sistema de produção e, ao serem percorridas, oferecem uma visão muito didática dos problemas e soluções referentes não apenas à fertilidade e conservação do solo, mas também a outros temas como controle de plantas daninhas e manejo de pragas e doenças. Assim, o campo de demonstração tem servido de base para diversas ações educativas, de capacitação e de transferência de tecnologia ao longo de todo ano, superando em muito a expectativa inicial. Ao longo dos dois anos de vigência do projeto Agrisus, cerca de 471 pessoas tiveram oportunidade de participar dessas atividades.

Por fim, destaca-se a produção de uma cartilha especialmente voltada para a educação de crianças e jovens (Apêndice III), tendo em vista a necessidade de melhor informar e esclarecer as pessoas, sobretudo a população urbana, acerca da importância da utilização de técnicas sustentáveis de produção agropecuária. De forma lúdica, numa história em quadrinhos, o conteúdo expressa a ideia de valorização do solo e do trabalho na terra, os efeitos dos sistemas conservacionistas no uso mais eficiente de recursos naturais e o papel do agricultor em prover alimento e água para as cidades. A cartilha será distribuída no programa Embrapa & Escola e em outras atividades educacionais e de popularização da ciência junto a instituições de ensino fundamental/médio.

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8. COMPENSAÇÕES OFERECIDAS À FUNDAÇÃO AGRISUS Todas as compensações previstas foram cumpridas conforme discriminado no cronograma físico

de execução e no termo de outorga do projeto, indo além, pois surgiram oportunidades para outras ações vinculadas ao campo de demonstração, as quais foram efetivadas com os devidos créditos à Fundação Agrisus.

Além da condução e avaliações periódicas que vêm sendo efetuadas, foram realizados dois seminários técnicos, oferecidos dois minicursos e visitas guiadas (dias de campo) com estações no campo de demonstração, durante a 9ª e 10ª edições da Semana de Integração Tecnológica - SIT. Outras duas visitas técnicas, um curso de capacitação de pessoal do Senar, além de aulas práticas para alunos de pós-graduação e bolsistas da Embrapa também foram promovidos. No total, cerca de 471 pessoas tiveram oportunidade de participar dessas atividades.

Artigos técnicos, resumos expandidos e artigos de mídia foram elaborados na temática do projeto e mencionam o apoio da Agrisus. Recentemente, uma cartilha na forma de história em quadrinhos foi produzida e impressa com recursos do projeto e será distribuída no programa Embrapa & Escola e em outras atividades educacionais e de popularização da ciência junto a instituições de ensino fundamental/médio.

A descrição e a comprovação de todas essas compensações constam nos três relatórios parciais e neste relatório final.

9. DEMOSTRAÇÃO FINANCEIRA DOS RECURSOS DA FUNDAÇÃO AGRISUS Os recursos da Agrisus foram aplicados conforme previsto no projeto, principalmente para a

aquisição de fertilizantes, defensivos, sementes, material de consumo, peças de reposição para trator, pulverizador e pivô central, material de acondicionamento de amostras, pequenas ferramentas e para a impressão de placas de identificação de campo e de uma cartilha. O extrato detalhado da utilização dos recursos pode ser disponibilizado pela Fealq.

Os recursos da Agrisus foram fundamentais para essa etapa inicial de estabelecimento do campo de demonstração com tratamentos de intensificação de sistemas de produção em áreas de sequeiro e sob pivô central. O apoio da Agrisus funcionou como “seed money” e permitiu alavancar outros projetos que deverão dar suporte à continuidade dos trabalhos. Um projeto da Embrapa e outro do CNPq foram aprovados em interface com o projeto Agrisus, embora o aporte dos respectivos recursos esteja sendo profundamente prejudicado pela crise econômica do País. Ademais, bolsistas de iniciação científica (Pibic – CNPq/UFSJ) e de pós-graduação (Fapemig/UFSJ e CNPq/UFV) puderam ter seus trabalhos de formação profissional vinculados a avaliações no campo de demonstração.

Sete Lagoas, 30 de julho de 2017.

Álvaro Vilela de Resende

Coordenador do Projeto

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10. REFERÊNCIAS RESENDE, A.V.; FONTOURA, S.M.V.; BORGHI, E.; SANTOS, F.C.; KAPPES, C.; MOREIRA, S.G.; OLIVEIRA JUNIOR, A.; BORIN, A.L.D.C. Solos de fertilidade construída: características, funcionamento e manejo. Informações Agronômicas, v.156, p.1-17, 2016.

SILVA, F.S. Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. 2ª ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. 627p.

SOUSA, D.M.G.; LOBATO, E. (Eds.). Cerrado: correção do solo e adubação. 2.ed. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 416p.

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APÊNDICE I

Imagens ilustrativas da condução do campo de demonstração, no quarto semestre de vigência do Projeto Agrisus No 1491/15

1º conjunto de imagens: Vista parcial de tratamentos conduzidos na área irrigada por pivô central (Fevereiro a Julho/2017), mostrando a finalização do cultivo de soja na safra verão 2016/2017, reaplicação de calcário nos tratamentos de alto investimento, semeadura do milho de outono/inverno 2017 e grupo de pesquisadores após realização de evento na área em maio/2017.

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2º conjunto de imagens: Aspectos de alguns dos tratamentos na área de sequeiro, durante a safra 2016/2017 e a entressafra em 2017. No alto, cobertura do solo nos tratamentos com soja em monocultura e sobre palhada de milho + braquiária. Sobressemeadura de braquiária na maturação da soja e avaliação de raízes. Abaixo, visual da entressafra 2017 na interface de faixas com os tratamentos: soja e soja com braquiária sobressemeada (foto da esquerda), e milho + braquiária com milho solteiro (foto da direita).

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APÊNDICE II

Imagens ilustrativas de atividades de divulgação das tecnologias preconizadas, realizadas no quarto semestre de vigência do Projeto Agrisus No 1491/15

1º conjunto de imagens: Seminário e giro tecnológico (dia de campo) sobre o tema “Sistemas agropecuários integrados: aumento da eficiência e renda na propriedade”, e curso sobre “Intensificação de sistemas de produção de grãos: conceitos e práticas”, oferecidos durante a realização da 10ª Semana de Integração Tecnológica – SIT, com utilização do campo de demonstração apoiado pelo projeto Agrisus (Maio/2017).

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2º conjunto de imagens: Momentos do seminário e curso sobre sistemas intensificados e giro tecnológico no campo de demonstração, realizados durante a SIT 2017, no mês de maio.

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3º conjunto de imagens: Programação e lista de presença do curso de “Tecnologias do Plano ABC” para capacitação de técnicos do Senar. Na foto, detalhe da exposição de práticas de manejo utilizando o campo de demonstração de sistemas intensificados apoiado pelo Projeto Agrisus (Julho/2017).

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4º conjunto de imagens: Divulgação de resultados e tecnologias relacionadas ao projeto de sistemas intensificados de produção de grãos apoiado pela Agrisus. 1) Resumo expandido em Seminário de Iniciação Científica – PIBIC e reportagem no jornal Integração ILPF.

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APÊNDICE III

Imagens com reprodução das capas e contracapas da cartilha produzida para o público infanto-juvenil, nas versões colorida e para colorir. Parte integrante das ações de divulgação

na temática de valorização do solo, do agricultor e das tecnologias de sistemas conservacionistas preconizadas no Projeto Agrisus No 1491/15