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[Digite texto] RELATÓRIO V e VI Mostras de Fonoaudiologia em Linguagem Escrita VII e VIII Mostras de Fonoaudiologia na Educação I, II, III e IV Fórum de Fonoaudiologia na Educação 11º Colegiado do Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região São Paulo - Triênio 2016/2019

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RELATÓRIO

V e VI Mostras de Fonoaudiologia em Linguagem Escrita

VII e VIII Mostras de Fonoaudiologia na Educação

I, II, III e IV Fórum de Fonoaudiologia na Educação

11º Colegiado do Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região

São Paulo - Triênio 2016/2019

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Conselheiros do 11º Colegiado do CREFONO 2

Ana Leia Safro Berenstein

Claudia Xavier Soares

Cristiana Beatrice Lykouropoulos

Elaine Herrero

Fabíola Incontri Marques Brandão

Heloisa Oliveira Macedo

Jason Gomes Rodrigues Santos

Lucia Kazuko Nishino

Marcia Cristiane de Freitas Mendes Civitella

Marcia Regina Gama

Maria Teresa Rosangela Lofredo Bonatto

Mariza Cavenaghi Argentino Pomilio

Neusa Maria Lima Botana

Patrícia Fernandes Rodrigues

Patricia Monteiro de Barros Lopes

Renata Strobilius Alexandre

Vera Regina Vitagliano Teixeira

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Conselheiros da Comissão de Educação do CREFONO 2

Cristiana Beatrice Lykouropoulos

Heloisa Oliveira Macedo

Jason Gomes Rodrigues Santos

Maria Teresa Rosangela Lofredo Bonatto

Neusa Maria Lima Botana (abril/16 a julho/17)

Vera Regina Vitagliano Teixeira

Assessoria Técnica

Cibele Siqueira

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CONTEXTUALIZAÇÃO DAS MOSTRAS E FÓRUNS

Em 2012, como iniciativa do 9º Colegiado do Conselho Regional de

Fonoaudiologia 2ª Região (CREFONO 2), foi promovida a I Mostra de Fonoaudiologia em

Linguagem Escrita: a diversidade de práticas na interface Saúde e Educação”, com o

objetivo de conhecer e dialogar com as diversas experiências que vinham sendo

desenvolvidas pelos fonoaudiólogos na Saúde, na Educação e na interface entre as áreas.

Na ocasião 22 trabalhos foram inscritos e apresentados, no formato oral ou pôster.

No primeiro ano de gestão do 10º Colegiado, 2013, considerando o contexto

político do momento, optou-se por promover a Mostra para apresentar o panorama dos

aspectos relacionados aos projetos de leis sobre dislexia, apresentar informações sobre a

tramitação dos mesmos nas casas legislativas e expor a visão dos Departamentos de

Linguagem, Saúde Coletiva e Fonoaudiologia Educacional da Sociedade Brasileira de

Fonoaudiologia a respeito de tais projetos. A proposta da comissão organizadora era

debater e definir o posicionamento da categoria quanto ao trâmite dos projetos de leis

sobre dislexia, visandosubsidiar as futuras ações do CREFONO 2 relacionadas ao tema, a

partir do consenso do Fórum.

Em 2014, a III Mostra de Fonoaudiologia em Linguagem Escrita foi promovida

com os seguintes objetivos: contemplar as discussões realizadas na II Mostra de

Linguagem Escrita, referentes à Fonoaudiologia Educacional; discutir com a categoria a

legislação que orienta a atuação do fonoaudiólogo educacional; apresentar as principais

demandas recebidas pela Comissão de Orientação e Fiscalização do CREFONO 2 sobre as

ações fonoaudiológicas no espaço educacional.

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A IV Mostra de Fonoaudiologia em Linguagem Escrita, promovida em 2015,

teve como tema os “Desafios da Educação: unindo saberes”, ocasião em que se buscou

refletir sobre o processo de aprendizagem, considerando múltiplos olhares e formações.

Foi uma oportunidade de reunir profissionais da Fonoaudiologia, Psiquiatria,

Antropologia, Psicologia e Pedagogia para contemplar a diversidade de especialidades,

formações e práticas, indispensáveis para as ações no ambiente escolar.

A V Mostra de Fonoaudiologia em Linguagem Escrita, primeira edição

organizada pela Comissão de Educação do 11º Colegiado do CREFONO 2, realizada em

2016, retomou a apresentação de trabalhos realizados por fonoaudiólogos na Educação

ou na interface Saúde/Educação, prática que se consolidou nas edições posteriores.

A V Mostra foi marcada pela diversidade dos trabalhos apresentados,

heterogeneidade desejada em relação à atuação fonoaudiológica nos espaços em que a

linguagem escrita e, especialmente, a relação com as escolas se articulam. Nesta edição,

a Mostra foi realizada no período da manhã, seguida do I Fórum de Fonoaudiologia na

Educação, cuja proposta foi possibilitar debates e reflexões sobre a atuação do

fonoaudiólogo na Educação.

O I Fórum de Fonoaudiologia na Educação propôs a interlocução entre as áreas

que envolvem a Educação e a Fonoaudiologia. As questões giraram em torno das Políticas

Públicas dessas áreas e salientou-se o quanto é importante a escuta de todos os atores

envolvidos no processo: gestores, equipe profissional, família, estudantes e sujeito em

terapia. Isso significa pensar que o papel político é o da coletividade, no qual as

subjetividades precisam ser reconhecidas nos seus espaços sociais, de interlocução, antes

de serem patologizadas.

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A VI Mostra de Fonoaudiologia em Linguagem Escrita, realizada em junho de

2016, na cidade de Marília, marcou a descentralização dos eventos, uma das propostas

da plataforma de gestão do 11º colegiado. O II Fórum configurou-se como um espaço

para discutir as “Interlocuções entre Fonoaudiologia e Educação”.

A 7ª edição da Mostra, realizada em outubro de 2016, foi uma versão ampliada

das anteriores, com objetivo de contemplar as experiências das diversas ações que o

fonoaudiólogo realiza na Educação ou que tenham interface com a área, e não apenas

as relacionadas à linguagem escrita, o que provocou a alteração do título, que a partir

dessa edição passou a ser denominada “Mostra de Fonoaudiologia na Educação” e não

mais “em Linguagem Escrita”. O III Fórum propôs a apresentação e debate sobre

“Fonoaudiologia na Educação: encontros e desencontros com as áreas fronteiriças”,

questão que vem sendo amplamente debatida no campo da Fonoaudiologia: quais são

os limites das atuações de áreas tão próximas?

A VIII Mostra e o IV Fórum de Fonoaudiologia na Educação, última edição

organizada pela Comissão de Educação do 11º Colegiado, foi realizada em Santos,

buscando a consolidação dessa prática descentralizada dos eventos pelo Estado de São

Paulo, a divulgação e valorização de trabalhos realizados por fonoaudiólogos fora da

capital e deu continuidade às discussões sobre Fonoaudiologia na Educação, por meio

dos Fóruns.

Para finalizar, nossos sinceros agradecimentos às parcerias firmadas para a promoção

das Mostras e Fóruns realizados ao longo do triênio 2016-2019, a saber: Instituto da

Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

(ICr) e Cursos de Fonoaudiologia da Unesp/Marília, da PUC-SP e do Centro Universitário

Lusíada.

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O TRABALHO DA COMISSÃO DE EDUCAÇÃO DO 11º COLEGIADO DO CONSELHO REGIONAL DE FONOAUDIOLOGIA 2ª REGIÃO

TRIÊNIO 2016-2019

A comissão de educação do 11º colegiado do Conselho Regional de

Fonoaudiologia 2ª Região buscou consolidar uma prática de descentralização de suas

atividades e ações. A ideia foi levar os eventos para locais mais próximos dos

fonoaudiólogos que nem sempre conseguem chegar à sede, em SP. Foi nesse sentido,

como se pode ler no relato acima, que fomos a Marília, a Santos e a Ribeirão Preto, seja

com as Mostras e Fóruns, seja participando de eventos organizados pelas delegacias

alocadas nessas cidades.

Nas mostras iniciais, focadas na escrita, vieram à tona as interrelações das

questões clínicas, de intervenção e de patologias vinculadas à educação. Com isso, a

Mostra foi se transformando e ganhando o formato que tem hoje, cujo objetivo é dizer

sobre as possibilidades do fazer do fonoaudiólogo na educação. Os trabalhos enviados

foram apresentando uma perspectiva mais ampla em que os fonoaudiólogos clínicos que

fazem ações junto à educação, que discutem as questões de aprendizagem com reflexões

bastante pertinentes, foram ganhando o espaço do dizer nos eventos que promovemos.

Além dessa ampliação do olhar, as Mostras ganharam amplitude no território, dentro do

estado: descentralizamos sua execução – fomos para outros locais da nossa jurisdição:

Marília e Santos. Ficamos muito satisfeitos com o alcance das Mostras, combinadas com

os Fóruns, espaços criados para discussão e reflexão das questões que foram sendo

pautadas nas Mostras.

Como marca importante, destacamos a última edição dos eventos, realizada

em Santos, em que tivemos uma grande participação de fonoaudiólogas que atuam no

serviço público, de diferentes municípios, buscando informação, apoio e um local para

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reflexão e discussão de ações fonoaudiológicas na educação junto a seus pares.

A riqueza das discussões, o alcance das ações e, especialmente, a possibilidade de criação

de um espaço de troca e aprofundamento do fazer fonoaudiológico, foi motivo de

satisfação para a comissão de educação.

Enfim, podemos afirmar que nosso objetivo inicial se cumpriu e que agora, essa

prática consolidada, deve seguir seu rumo aprofundando cada vez mais as ações da

Fonoaudiologia na Educação.

Na sequência, apresentamos os programas dos eventos realizados durante o

11º colegiado, bem como os resumos dos trabalhos selecionados para cada uma das

edições. Contamos com sua leitura, apreciação e contínua parceria, para que o trabalho

do Conselho represente cada vez mais o trabalho da nossa classe profissional.

Boa leitura!

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V MOSTRA DE FONOAUDIOLOGIA EM LINGUAGEM ESCRITA

I FÓRUM DE FONOAUDIOLOGIA NA EDUCAÇÃO São Paulo, 26 de novembro de 2016

PROGRAMA

V Mostra de Fonoaudiologia em Linguagem Escrita

8h30: Recepção e entrega dos materiais

9h – 9h30: Abertura - Comissão de Educação do CREFONO 2

9h30 - 10h30: Apresentação oral dos trabalhos selecionados

11h – 12h30: Debates

12h30 – 13h45: Almoço

I Fórum de Fonoaudiologia na Educação

13h45: Contextualização do evento - Comissão de Educação do CREFONO 2

14h – 15h30: Mesa “Interlocuções entre Fonoaudiologia e Educação”

Fga. Dra. Elaine Cristina Oliveira Doutorado em Linguística pela Unicamp Professora do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal da Bahia Fga. Ms. Simone Favaretto Mestre em Educação pela USP Especialista em gestão escolar pela Fundação de Apoio à Educação da USP Fonoaudióloga da equipe de orientação técnica da Secretaria de Educação de São Bernardo do Campo/SP Pedagoga Dra. Adriana Watanabe Doutorado em Educação pela PUC-SP Assessora Técnica da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e Coordenadora do NAAPA – Núcleo de Apoio e Acompanhamento para Aprendizagem

15h30 – 16h30: roda de conversa “Interlocuções entre Fonoaudiologia e Educação”

Promoção: CONSELHO REGIONAL DE FONOAUDIOLOGIA 2ª REGIÃO/SP

Local: Anfiteatro térreo do Instituto da Criança do HC-FMUSP

Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 647 - Jardim Paulista

Apoio: Instituto da Criança do HC-FMUSP

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TRABALHOS SELECIONADOS PARA APRESENTAÇÃO

OFICINA EXPRESSIVA DE LINGUAGEM ESCRITA EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

INFANTO-JUVENIL: UM DISPOSITIVO DE CUIDADO NA INTERFACE SAÚDE MENTAL E EDUCAÇÃO

Lourdes Aparecida D`Urso CRFa 2 – 3685

Andrea P. S. Jurdi – Terapeuta Ocupacional

Introdução: O papel do fonoaudiólogo que integra as equipes do Centro de Atenção Psicossocial

Infanto-juvenil (CAPSij) vem sendo debatido na tentativa de romper com os paradigmas da

atuação assistencial em direção aos pressupostos da reabilitação psicossocial no campo da saúde

mental. Uma forma de atuar nessa perspectiva seria a partir da proposição de oficinas

terapêuticas para crianças e adolescentes em sofrimento psíquico, incluídas entre os principais

dispositivos dos estabelecimentos substitutivos às instituições asilares. Dentre essas, estão

elencadas as oficinas expressivas, que podem proporcionar intercâmbio de experiências e

mergulho no universo cultural. No âmbito da Fonoaudiologia, muito vem sendo discutido acerca

da legitimidade do trabalho com linguagem escrita e de visões de trabalho apoiadas em

concepções distintas do processo de aquisição e desenvolvimento do ler e escrever. Numa

proposta de criação de dispositivo de cuidado ao sofrimento psíquico em uma instituição pública

de saúde mental, acreditamos que seja mais apropriada a concepção enunciativo-discursiva de

linguagem, que dá ênfase ao letramento e à noção de gêneros de discurso. Entende-se que o

letramento inclui os usos sociais da leitura e escrita, não restritos ao universo escolar, sendo um

processo complexo e contínuo. Os encaminhamentos que chegam ao CAPSij são de crianças e

adolescentes com transtornos mentais graves e persistentes e/ou situações de vulnerabilidade e

risco ao adoecimento mental. No entanto, observa-se na prática de acolhimento e assistência no

CAPSij o entrelaçamento das dificuldades de aprendizagem, especialmente as de leitura e escrita,

com o sofrimento psíquico. Para alguns usuários, ler e escrever podem ser atividades pouco

significativas, associadas estritamente ao universo escolar, o qual, muitas vezes, é cercado de

experiências de insucesso e fracasso. Usuários com quadros mais graves podem abandonar a

escola no período de adoecimento e muitos chegam à vida adulta mantendo

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as dificuldades no uso social da leitura e escrita, prejudicando a inserção no mundo do trabalho.

Por outro lado, há usuários sem dificuldades na aprendizagem e até com interesse na linguagem

escrita que poderiam se beneficiar de atividades grupais expressivas. A antropóloga Michèle Petit

vem investigando a arte de ler em contextos de crise e a superação de adversidades e

vulnerabilidades por meio da leitura, especialmente entre adolescentes e jovens. A autora destaca

que os livros contribuem para a construção de sentido, a reinvenção e a maior consciência de si e

dos outros, como forma de construir, significar e ampliar sentidos para suas experiências de vida.

Outro referencial importante para este estudo foi a obra do psicanalista Donald Winnicott, que

traz o conceito de experiência cultural como sendo um desenvolvimento dos fenômenos

transicionais e do brinquedo. Esse autor valoriza a ambiência acolhedora e confiável na

apresentação de objetos culturais que fazem parte da herança cultural da humanidade, como a

linguagem escrita. Objetivo: O objetivo deste estudo foi acompanhar o percurso de uma oficina de

leitura e escrita em um CAPSij da região Sudeste do município de São Paulo, tendo como hipótese

que essa abordagem de cuidado teria potencial de interferir positivamente na saúde mental dos

usuários adolescentes. Metodologia: A metodologia adotada foi qualitativa, na forma de pesquisa-

intervenção, sendo desta forma possível tanto contribuir para a investigação científica como

propor um trabalho interventivo. O diário de campo foi um instrumento fundamental no percurso

da pesquisa, composto pelas narrativas da pesquisadora sobre a experiência, buscando-se o

registro do funcionamento geral do grupo, as reações individuais dos participantes, as impressões

sobre os fatos sucedidos e as produções realizadas nas oficinas. Os sujeitos foram adolescentes,

entre treze e dezessete anos, com transtornos graves e persistentes ou com comprometimento

complexo do curso natural de seu desenvolvimento psicossocial, e em situação de risco para o

agravamento de sua condição mental. Eles participaram de doze encontros, com periodicidade

semanal, por cerca de três meses, nos quais eram apresentados materiais de gêneros discursivos

diversos, como narrativas, poesia, letra de música, bilhete, notícia, instruções de jogos, sempre

selecionados a partir do interesse dos sujeitos, procurando-se ainda incentivar a expressão escrita

individual ou coletiva dos participantes. A condução da oficina foi feita por uma fonoaudióloga e

uma psicóloga. A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética da Unifesp e da Prefeitura

Municipal de São Paulo.

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Resultados: A pesquisa encontra-se, atualmente, na etapa de análise de dados, mas alguns

resultados preliminares indicam tanto potencialidades quanto dificuldades nesse tipo de proposta.

Mesmo com alguns percalços iniciais para que o grupo se constituísse, percebe-se que esse tipo de

abordagem, focado no uso social da escrita e em atividades expressivas e não em aspectos de

aprendizagem escolar, pode ser eficiente no serviço em questão. As relações constituídas no

grupo favorecem o estabelecimento de vínculos entre os participantes, com ênfase na

solidariedade grupal, e abrem campos para a expressão da subjetividade por meio de práticas

letradas. Entre os participantes, há diversos graus de envolvimento com o trabalho, mas, de certa

forma, foi possível a ampliação do repertório cultural e o interesse pela expressão escrita. Um dos

desdobramentos do trabalho foi a visita a uma biblioteca pública, na tentativa de possibilitar

maior integração com o território e a ampliação da circulação social dos sujeitos. Conclusão: A

partir desses resultados, é possível a proposição de espaços de discussão junto aos equipamentos

educacionais sobre a singularidade do desenvolvimento da linguagem escrita dos usuários

adolescentes do CAPSij, no sentido de favorecer a permanência na escola e o desenvolvimento

linguístico e psicossocial. Para os que não estão incluídos na escola regular, a participação em

oficinas dessa natureza pode ser facilitadora da inclusão em espaços de socialização em que a

linguagem escrita circula.

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O CUIDADO COM UM GRUPO DE FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM DIFICULDADES ESCOLARES

Fga. Bárbara Aparecido Botelho CRFa 4 - 11935 Fga. Danielle Pinheiro Carvalho de Oliveira CRFa 4 - 12207

Fga. Dra. Elaine Cristina Oliveira CRFa 4 – 8844-2 O grupo terapêutico é um espaço extremamente importante para a fonoaudiologia. A peculiaridade deste espaço é permitir ao fonoaudiólogo questionamentos de suas concepções de grupo, sujeito e interação, vivenciando uma realidade distinta do atendimento clínico individual. A concepção de grupo terapêutico deve ultrapassar a ideia de uma simples reunião de pessoas, e tornar-se um espaço singular, um organismo vivo, construído pela voz de cada sujeito ali pertencente que ao expor suas tensões e angústias se permitem construir reflexões e (re)significados da vida, do outro, do agora. O trabalho em questão, tem como objetivo relatar a experiência do trabalho clínico com um grupo de familiares e os efeitos deste trabalho sobre o processo de escolarização das crianças atendidas por fonoaudiólogos. O Grupo da Família, realizado no Centro Docente Assistencial em Fonoaudiologia (CEDAF) da Universidade Federal da Bahia, é vinculado ao atendimento fonoaudiológico de crianças que são encaminhadas ao serviço com queixas, principalmente, de dificuldades de leitura e escrita. O encontro ocorre semanalmente, com duração de quarenta minutos, com o total de doze participantes, sendo duas fonoaudiólogas as responsáveis pelos encontros. O grupo se configurou como um espaço coletivo para o qual os familiares eram convidados a participar expondo suas dúvidas, angústias e medos quanto ao processo terapêutico de suas crianças. A cada semana, as fonoaudiólogas responsáveis, a partir da escuta dos familiares, traziam temas para serem debatidos, tais como: família, dificuldades de aprendizado, relações entre pais e filhos, tecnologia e aprendizado, escola, dentre outros. O tema era lançado na roda, provocando em cada participante, uma fala inquietante que se reconhecia na fala do outro. Aos poucos a timidez e o silêncio dos primeiros encontros foram se transformando e o grupo foi se configurando em vozes consonantes, entrelaçadas pela similaridade de vivências e distinção de saberes, somando medos e dúvidas às receitas de bolo e dicas de lazer, que surgiam entre um cafezinho e outro. Ao longo do processo, os participantes começaram a relatar o quanto as discussões do grupo passaram a refletir, de forma positiva, nas relações em casa com as crianças e, consequentemente, no comportamento das crianças na escola e no processo terapêutico, pois novos olhares sobre erro, o aprendizado, a família e o ser criança passaram a se configurar em meio a esses sujeitos e suas realidades opressoras. O grupo terapêutico cumpre o seu papel ao acolher e somar indivíduos e suas histórias em um só espaço e concretiza sua função ao receber em troca novas vivências, novas histórias construídas inicialmente ali, em conjunto. No processo terapêutico com crianças com dificuldades de aprendizado a família é a peça principal. Ouvir o lado de quem por vezes se sente culpado pelo fracasso escolar dos filhos é dar a chance de fazer diferente, de repensar caminhos e estereótipos socialmente aceitos que só se multiplicam e prejudicam nesse processo. Por ser o grupo o mediador dessa chance de mudança, só fortalece os resultados positivos para a família e para a criança, como o Grupo da Família do CEDAF/UFBA, que estreitou laços e apertou seus nós para que juntos somem e construam caminhos positivos.

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CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO E O ATENDIMENTO CLÍNICO DE UMA CRIANÇA DIAGNOSTICADA COM O SUPOSTO TDAH

Fga. Dra. Elaine Cristina Oliveira CRFa. 4 – 8844-2

Erika Carvalho Silva Graduanda da UFBA O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) vem sendo caracterizado por: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Além disso, a literatura de caráter mais biologizante, geralmente associa o TDAH a dificuldades na aquisição e desenvolvimento da linguagem escrita. Tanto a existência do TDAH quanto a relação entre o transtorno e dificuldades de leitura e escrita têm sido questionados por estudos científicos não medicalizantes. Este estudo, pautado numa perspectiva não medicalizante, tem como objetivo geral analisar a trajetória escolar e clínica de uma criança diagnosticada com TDAH. Pretendesse, mais especificamente, caracterizar essa trajetória, ao longo de um ano, em dois aspectos: o uso do medicamento e seu suposto efeito sobre as dificuldades escolares apresentadas pela criança. Este estudo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia em maio de 2015, configura-se como um estudo de caso de uma criança diagnosticada com TDAH, atendida no Centro Docente Assistencial de Fonoaudiologia (CEDAF) da Universidade Federal da Bahia. O sujeito de que trata este estudo é uma menina, na época com 11 anos, matriculada no quinto ano de uma escola particular, na cidade de Salvador/BA. Os dados foram obtidos por meio da análise de dados registrados em prontuário (entrevista inicial, relatórios semestrais de avaliação do caso, atividades realizadas pela criança e monitoramento do uso da medicação, extraídos do segundo semestre do ano de 2014 e primeiro semestre de 2015). A partir da leitura do prontuário foi possível observar que o uso do medicamento Ritalina foi diferente nos dois semestres analisados. No segundo semestre de 2014 a criança ingeria o medicamento duas vezes ao dia, antes de ir para a escola e antes de ir para o reforço escolar, exceto nos finais de semana e férias. Já, no primeiro semestre de 2015, conforme os registros, a criança não fez uso do medicamento porque os pais não conseguiram renovar a receita com a neurologista. Com base nestas informações, iniciamos um estudo comparativo entre esses dois momentos ao longo de um ano considerando os relatos dos pais, da escola e das terapeutas que acompanharam o caso. Quantos aos pais, nos registros eles não apontam diferenças no comportamento e no desempenho escolar da filha com e sem o uso do medicamento. O pai refere apenas que quando a criança está usando o medicamento ela “fica calma, quieta, sem perturbar ninguém”. Já a escola aponta, no ano de 2015, que a criança parecia estar mais atenta as atividades de classe e que sentia falta da família mais próxima, auxiliando a criança. A coordenadora da escola referiu que não recebeu queixas do comportamento da criança em sala de aula no período de 2015, período no qual enfatizamos, a criança estava sem o uso da medicação. Do ponto de vista terapêutico, não há relatos no prontuário de que a criança tenha piorado seu desempenho em aspectos como a escrita, leitura ou o comportamento. Observa-se nos dados apontados que o uso ou não do medicamento não teve efeito sobre o rendimento escolar da criança, sobre o seu comportamento, nem mesmo sobre o processo terapêutico fonoaudiológico. Não é nossa intenção afirmar com essas observações que a questão do comportamento e das dificuldades escolares desta criança, podem ser reduzidas a um diagnóstico mais adequado, com prescrição mais adequada do medicamento. Questionamos o ideal de criança e de infância que sepretende alcançar com este diagnóstico e com o uso deste tipo de procedimento terapêutico que dele decorre.

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REFLEXÕES ACERCA DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL E A EDUCAÇÃO BILÍNGUE

Fga. Marta Cecilia Rabinovitsch Gertel CRFa 2 - 5359

Relato de Experiência Introdução A presença marcante da fonoaudiologia educacional tem sido tema de discussão frequente em eventos científicos nacionais e internacionais nos últimos anos. Observa-se um avanço crescente de pesquisas e trabalhos principalmente no que se refere à assessoria ao corpo docente para estimular o desenvolvimento de linguagem oral e escrita, como lidar com as alterações observadas tanto no sentido de prevenir como para favorecer os alunos com diagnóstico de transtornos de linguagem ou aprendizagem. Meu trabalho com algumas instituições bilíngues da rede privada de ensino em São Paulo e minha experiência clínica no atendimento de crianças e jovens com alterações de linguagem oral e/ou escrita na língua materna ou na 2ª língua tem gerado reflexões e dilemas acerca do desenvolvimento infantil e do processo de letramento em duas línguas simultaneamente. Por acreditar que as instituições bilíngues fazem parte de um universo importante na sociedade contemporânea e campo promissor para a atuação do fonoaudiólogo educacional optei por relatar aqui minha vivencia na área. Antes a escolha dos pais por uma instituição bilíngue, geralmente, era fruto de tradição familiar cultural ou religiosa. Portanto, escolas tradicionais da cidade de São Paulo recebiam seus alunos de sua comunidade base: judaica, italiana, espanhola, alemã, francesa, entre outras. Nos últimos anos é possível observar uma mudança significativa do público que frequenta as escolas bilíngues. É nítido o avanço crescente de famílias que optam por matricular seus filhos pequenos em escolas bilíngues da rede privada de ensino mesmo sem ter relação direta com a língua escolhida. Geralmente, pais e/ou responsáveis alegam exigências de seu grupo social, crença de que a educação bilíngue facilitará o acesso a um mercado de trabalho globalizado e, portanto, seria garantia de um futuro profissional promissor para seus filhos. Nesse sentido, as instituições bilíngues tradicionais citadas acima passaram também a receber crianças que não têm relação familiar cultural com a língua escolhida. Fruto da demanda social na rede privada de ensino há também o crescimento de escolas bilíngues pertencentes a redes de franquias que apresentam como proposta educacional primária a imersão na 2ª língua desde a mais tenra idade. Quando o fonoaudiólogo recebe em âmbito clínico uma criança ou jovem que apresenta dificuldades ou alterações de linguagem oral e/ou escrita, permanecer ou não em uma instituição bilíngue é fruto da decisão conjunta de todos os envolvidos no processo terapêutico dessa criança; família, terapeuta, escola. Entretanto quando o fonoaudiólogo está inserido na instituição há questões importantes a serem elencadas: como sugerir que para determinada criança ou jovem essa não é a melhor escola? Quando há alterações de linguagem oral e/ou escrita privilegiar uma das línguas favorece o desenvolvimento daquele aluno? Optar por privilegiar uma das línguas é contrário a escolha dos pais que matricularam seu filho em uma instituição bilíngue e querem esse tipo de educação? Os cursos de graduação e pós-graduação estão cientes da demanda de escolas bilíngues e preparam os fonoaudiólogos para lidar com ela?

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Ações realizadas Ainda de maneira incipiente, minha experiência tem sido no sentido de discutir caso a caso com a instituição sobre como lidar com as dificuldades que a criança ou jovem apresentam. Diferente da prática clínica, aqui a busca é pelas possibilidades e recursos disponíveis na instituição de ensino para que a criança possa permanecer na escola bilíngue e se beneficiar dessa experiência. Há casos em que os recursos disponíveis (tutores, adaptação curricular) favorecem o processo de aprendizado do aluno e é possível conciliar a tríade: escolha familiar, perfil da instituição e ritmo de desenvolvimento e aprendizado da criança ou jovem. Entretanto, também há casos em que esses recursos são insuficientes e as questões ou alterações de linguagem oral e/ou escrita permanecem tornando a presença da 2ª língua um fator extra de dificuldade para o aluno. Nesses casos, minha prática tem se guiado pela minha experiência clínica: discutir e analisar em parceria com a família e a escola sobre a permanência ou não da criança na instituição. Resultados obtidos Estas são algumas das questões que se apresentam e que demandam reflexão e posicionamento do fonoaudiólogo educacional frente a educação bilíngue. Por ser área relativamente nova no âmbito da Fonoaudiologia, as iniciativas individuais podem e devem ser divulgadas para que novos estudos e propostas sejam desenvolvidos. Só assim é possível assegurar nosso papel e lugar no contexto educacional e contribuir efetivamente para o desenvolvimento e a aprendizagem infanto juvenil.

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ADAPTAÇÃO CURRICULAR: CONTRIBUIÇÕES DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL

Fga. Marta Cecilia Rabinovitsch Gertel CRFa 2 - 5359

RELATO DE EXPERIENCIA Introdução Nos últimos anos, a proposta de inclusão escolar tem gerado uma modalidade de atividades cujo objetivo principal é favorecer o processo de aprendizagem dos alunos que apresentam questões de linguagem escrita. Conhecidas por atividades adaptadas ou flexibilizadas eram, inicialmente, elaboradas de maneira artesanal, ou seja, caso a caso. Na maioria das vezes dependiam do conhecimento, sensibilidade e empenho individual de professores, pedagogos ou coordenadores. O aumento da demanda e a prática cotidiana fizeram com que diversas escolas sistematizassem essas atividades diárias e, como consequência, as avaliações da performance do aluno também. Nos últimos cinco anos tenho tido a oportunidade de vivenciar essa realidade em diversas instituições da rede privada de ensino de São Paulo. Graças a essa vivencia tenho conseguido contribuir para o processo de adaptação curricular, seja em âmbito clínico seja no contexto da fonoaudiologia educacional. Alguns desafios se colocam e podem favorecer a presença do fonoaudiólogo nesse novo campo de atuação. O primeiro desafio é o conhecimento específico da grade curricular mínima obrigatória elaborada pelo MEC e o perfil da instituição em que o fonoaudiólogo está inserido. Para isso, a integração com a equipe pedagógica (coordenação e corpo docente) é fundamental. É a partir desse pressuposto que o fonoaudiólogo pode e deve assegurar a especificidade de suas contribuições: seu saber da linguagem oral e escrita. Mais do que discutir matérias ou temas do currículo, o fonoaudiólogo pode trabalhar sua escuta para favorecer o aprendizado do aluno no grupo classe. O segundo desafio é a escolha do tipo de adaptação que será indicado para cada aluno com dificuldades no processo de aprendizagem. Grosso modo o que se observa é a crença, por parte da equipe escolar, que basta fazer as atividades orais e a performance do aluno melhora. Em alguns casos isso é verdadeiro, mas nem sempre. O terceiro é auxiliar o professor a olhar de maneira diferenciada o processo de aprendizagem daquela criança ou jovem. Só assim, ele é capaz de perceber as particularidades de cada uma e o momento certo para mudar ou retirar as adaptações. Por ser um processo individualizado e que depende do olhar e da pessoalidade do professor e do aluno nem sempre é um processo claro ou tranquilo para ambas as partes. O quarto desafio é a avaliação do desenvolvimento do aluno e a modificação dos tipos de adaptação para que, no decorrer da vida escolar, ele possa caminhar em direção à autonomia de aprendizagem. Vale lembrar que a nota é uma exigência legal, mas nem sempre traduz o que a criança ou jovem aprendeu ou apreendeu dos conteúdos apresentados em classe. Ações realizadas Em minha experiência chegar à adaptação curricular é fruto de longo processo de discussão. Nós fonoaudiólogos podemos auxiliar com questões pertinentes ao desenvolvimento da linguagem oral e escrita: o aluno se beneficia da leitura por outra pessoa? É necessário explicações pormenorizadas

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de cada conteúdo? São algumas das questões que podem ser discutidas com o corpo docente. Já os professores e coordenadores, por exemplo, conhecem o aluno no grupo, em atividades que demandam realização versus tempo, podem comparar a performance das atividades em classe e em casa. A partir dessa vivencia com diferentes escolas observo, grosso modo, quatro modelos básicos de adaptação para os alunos que apresentam alterações no processo de aprendizagem: 1. As atividades são iguais às do restante da turma e se apresenta a possibilidade de aumentar o tempo para a realização da mesma. Por exemplo, o aluno faz a prova em duas aulas invés de uma. 2. As atividades são lidas por um tutor ou professor assistente e o aluno responde as questões por escrito ou oralmente. Nesse último caso, o tutor ou professor assistente escreve as respostas exatamente como o aluno falar. 3. As atividades têm seu tamanho reduzido de acordo com o tema principal eleito pelo professor e que o aluno consegue realizar em sala de aula com autonomia individual. 4. As atividades são adaptadas de acordo com o conteúdo que o aluno necessita e que não está em consonância com o restante da turma. Resultados obtidos Acredito que a contribuição do fonoaudiólogo educacional está em auxiliar o corpo docente a perceber que o processo de aprendizagem é mais do apreender conteúdos específicos. Envolve escolhas e conhecimento de como aquele aluno específico aprende e como é possível favorecer seu processo rumo a autonomia da construção do saber. Ao longo do processo de elaborar e definir o tipo de adaptação curricular para cada aluno é possível observar que os professores desenvolvem uma sensibilidade especial para perceber, identificar e contextualizar características pessoais de cada aluno e do grupo como um todo. Essa é a raiz da EDUCAÇÂO.

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ATUAÇÃO INTERDISCIPLINAR DO DEPARTAMENTO DE APOIO INCLUSIVO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BARUERI

Fga. Maria Gloria Gomes Rodrigues CRFa 2 – 17904

Michele Lopez Tognini - Psicóloga

Princípios adotados: O Departamento Interdisciplinar de Apoio Inclusivo (DIAI) foi criado no ano de 2013 diante da necessidade de esclarecer a demanda de alunos com queixas escolares, a ser analisada no contexto educacional, e considerando seus aspectos multifatoriais, para garantir avaliação e intervenção adequadas. Entendemos que a integração entre as disciplinas de fonoaudiologia, psicologia e pedagogia permitem acolher a complexidade do tema em sua pluralidade. Dessa forma, nosso objetivo é atuar como apoio no processo de avaliação especializada de alunos com demanda de diagnóstico diferencial frente à queixa escolar, a fim de propor direcionamentos, intervenções e/ou encaminhamentos necessários, de modo a atender adequadamente as suas necessidades educacionais. Ações: A porta de entrada do departamento se dá através do DAPEI (Departamento de Assessoria Psicopedagógica de Educação Inclusiva) que, por sua vez, se encarrega de encaminhar os alunos após avaliação específica, e respeitando os critérios para diagnóstico diferencial de deficiência intelectual, transtorno de aprendizagem, ou de alteração comportamental. Queixas de cunho pedagógico são excluídas, uma vez que devem ser compreendidas e articuladas no contexto escolar. O processo de avaliação interdisciplinar é estruturado em quatro fases: anamnese com os pais ou responsáveis, avaliação interdisciplinar do aluno, estudo do caso e elaboração de condutas e, por fim, devolutivas das informações aos envolvidos no caso, tais como a família (para esclarecer e informar sobre a dinâmica da queixa de cada caso, expor os encaminhamentos, e explorar as intervenções/orientações que se fazem necessárias), psicopedagoga responsável (a fim de construir uma proposta de intervenção para o aluno), profissionais que estejam atendendo a criança em outros serviços, e discussão e articulação com os equipamentos da rede municipal, quando necessário. Resultados: Ao longo de sua atuação o departamento tem articulado junto ao DAPEI e com o DAPEE (Departamento de Assessoria Pedagógica de Educação Especial) as intervenções necessárias às demandas escolares e seus direcionamentos; tem favorecido o acesso dos alunos à avaliação interdisciplinar e acelerado o processo diagnóstico, evitando que os alunos enfrentem a demanda reprimida do sistema de saúde, assim como temos aproximado o diálogo com as escolas, contribuído para despatologização da queixa escolar, e instrumentalizado as equipes da Secretaria de Saúde no diagnóstico da deficiência intelectual e transtorno de aprendizagem. É importante destacar que, por se tratar de um departamento da Secretaria de Educação, não cabe ao DIAI emitir conclusões diagnósticas que, por sua vez, são realizadas pelos profissionais da Secretaria de Saúde. Contudo, este trabalho foi definido em conjunto com representantes de tal Secretaria, a fim de dar conta de uma demanda tão extensa e específica quanto a queixa escolar. Sendo assim, o DIAI de posse de seu conhecimento específico, emite relatórios com indicações diagnósticas e encaminha aos profissionais da saúde, a fim de obter a conclusão diagnóstica. Dessa forma, o fluxo de saúde se torna mais agilizado e o diálogo com a educação fica mais próximo e efetivo, garantindo uma assistência mais adequada às necessidades desses alunos.

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ESCRITA E CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO

Fga. Dra. Maria Lucia Hage Masini CRFa 2 - 2462

O presente trabalho, um relato de experiência, é fruto de reflexão sobre a prática clínica, na interface com a educação, com crianças com dificuldades recorrentes de aprendizagem, que costumam ser encaminhadas para atendimento fonoaudiológico com a compreensão de que seus problemas são transtornos individuais a serem sanados. A terapia fonoaudiológica de base dialógica bakhtiniana nos mostra que, entre o fracasso e o sucesso escolar, há um universo de possibilidades que, via de regra, não é considerado. Nessa perspectiva clínica, ao analisarmos a história da vida de cada paciente encontramos modos de ser, dizer e aprender que não correspondem a um padrão de aprendizagem, expectativas, comportamentos e resultados. Assim, mostra-se de fundamental importância buscarmos diferentes interlocuções que possam nos dar um olhar mais diverso da criança que se apresenta em risco. Interlocuções com os profissionais da escola, com seus amigos, seus pais, irmãos, pessoas que convivem com ela em outros contextos de estrutura diferente da escolar, e com a própria criança. Os fragmentos de sessões aqui apresentados referem-se ao ponto de vista da criança. Valemo-nos de seu discurso para analisá-la, mas não a tomamos como parceiro de nossas formulações de hipóteses sobre elas. Geralmente ela é falada; ela é a terceira pessoa do discurso: ELA, aquele de quem se fala, não com quem se fala. A partir da escuta da própria criança, nosso olhar pode e deve ser relativizado. A relativização e consequente mudança de postura na oferta de propostas de trabalho confere significativas mudanças nas produções da criança que nos leva à necessidade de se rediscutir os diagnósticos mais comuns ligados às dificuldades de aprendizagem. Neste trabalho serão apresentados, Igor, Paulo e Vivi, em diversas situações significativas, que nos fortalecem a ideia de que a compreensão de suas dificuldades não se pauta nos sintomas, mas sim nos momentos singulares de suas vidas. A interlocução de fato com as crianças, sobre suas vidas e seus processos de aprendizagem, se mostra um terreno fértil para a compreensão de que há entre o fracasso e o sucesso escolar uma gama enorme de posições potentes e saberes válidos. Experimentar essa possibilidade é um bom início para desenvolver as potencialidades das crianças, sem rótulos que as aprisionem por tempo indeterminado.

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VI MOSTRA DE FONOAUDIOLOGIA EM LINGUAGEM ESCRITA II FÓRUM DE FONOAUDIOLOGIA NA EDUCAÇÃO

Marília, 22 de junho de 2017

PROGRAMA

VI Mostra de Fonoaudiologia em Linguagem Escrita

8h30: Recepção e entrega dos materiais

9h – 9h30: Mesa de Abertura

Fga. Vera Teixeira – vice-presidente do CREFONO 2 Fga. Fabiana Martins – Delegada Regional de Marília do CREFONO 2

Fga. Claudia Regina Mosca Giroto - Representante da Unesp/Marília Fga. Giseli Donadon Germano - Representante da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 9h30 - 10h30: Apresentação oral dos trabalhos selecionados

Moderadora: Fga. Vera Teixeira

10h30 – 11h00: Coffee break

11h – 12h: Debates

12h – 13h: Almoço

Promoção: CONSELHO REGIONAL DE FONOAUDIOLOGIA 2ª REGIÃO/SP

Realização: DELEGACIA REGIONAL DE MARÍLIA

Local: Auditório "Mestre Xidieh" - Av. Vicente Ferreira, 1278 Cascata - Marília/SP

Apoio: Unesp Marília

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PROGRAMA

IIFórum de Fonoaudiologia em Linguagem Escrita

13h15: Contextualização do evento

Fgo. Jason Gomes Rodrigues Santos – Presidente da Comissão de Educação do CREFONO 2

13h30 – 14h30: Mesa “Interlocuções entre Fonoaudiologia e Educação”

Profa. Dra. Aline Roberta Aceituno da Costa CRFa 2 - 12800

Doutorado em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos

Professora/ Pesquisadora da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP

Prof. Dr. Lourenço Chacon

Doutorado em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas

Professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Profa. Dra. Rosimar Bortolini Poker

Doutorado em Educação pela Faculdade de Filosofia e Ciências Unesp

Professora da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Moderadora: Profa. Dra. Claudia Regina Mosca Giroto

14h30 – 15h30: roda de conversa “Interlocuções entre Fonoaudiologia e Educação”

Promoção: CONSELHO REGIONAL DE FONOAUDIOLOGIA 2ª REGIÃO/SP

Realização: DELEGACIA REGIONAL DE MARÍLIA

Local: Auditório "Mestre Xidieh" - Av. Vicente Ferreira, 1278 Cascata - Marília/SP

Apoio: Unesp Marília

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TRABALHOS SELECIONADOS PARA APRESENTAÇÃO

Estimulação de linguagem com famílias de baixo nível socioeconômico

Fga. Caroline Pascon CRFa 2 - 20081 Fga. Cinthia Procópio da Silva CRFa 2 - 20028 Fga. Larissa Menegassi Sarro CRFa 2 - 20058 Fga. Priscila de Assis Bastos CRFa 2 - 20062

Fga. Ariadnes Nobrega de OliveiraCRFa 2 - 15326 Fga.Aline Roberta Aceituno da CostaCRFa 2 - 12800

A experiência de intervenção aqui relatada foi realizada em uma instituição filantrópica localizada na cidade de Bauru, interior do estado de São Paulo, a qual seleciona, anualmente, 20 famílias com baixo nível socioeconômico (classes D e E, segundo dados normativos da ABEP – 2008, constatados pela assistente social da instituição) e as auxilia com entrega de cestas básicas, roupas e informações a respeito da busca por trabalho. A instituição disponibiliza palestras e rodas de conversa sobre diversos temas e atividades para toda a família. O trabalho foi realizado ao longo do primeiro semestre de 2016, no qual foram realizados seis encontros mensais e contou com a participação de quatro graduandas em fonoaudiologia que ficaram responsáveis por realizar atividades de estimulação de linguagem com a população frequentadora do projeto. Para a realização das atividades, os participantes foram divididos em quatro grupos: 2-3 anos (G1); 4-5 anos (G2); 7-13 anos (G3) e grupo de pais/responsáveis (G4). Todas as atividades foram realizadas com a supervisão de uma fonoaudióloga, docente do curso de Fonoaudiologia da USP/Bauru. Foram realizados levantamentos das características e do repertório inicial dos participantes adultos sobre estimulação infantil; caracterização das crianças e avaliações de linguagem (vocabulário receptivo/expressivo, consciência fonológica, leitura e escrita) e constatou-se que a maior parte das crianças e dos adultos apresentavam pouca informação e escolaridade aquém da idade, grande parte das crianças apresentaram linguagem oral e escrita defasada. A partir desses resultados, o objetivo geral dos grupos foi propiciar uma situação em que se pudesse fomentar o diálogo e a reflexão em relação à comunicação das famílias, a respeito da importância da estimulação de linguagem assim como sobre a forma de realizar atividades para este fim nas situações diárias. A seguir, serão apresentados os trabalhos realizados com cada grupo. G1: contava com a participação de seis crianças no primeiro encontro, quatro no segundo e uma no terceiro e quarto encontros. Os infantes tinham idades entre 1 e 3 anos. O objetivo dos encontros foi favorecer a intenção comunicativa e consequentemente a linguagem. Foram realizados quatro encontros de 50 minutos cada e foi entregue aos pais/responsáveis o teste MacArthur para preencherem e assim ser possível traçar um perfil de cada pré-escolar. Não foi possível avaliar o impacto das atividades com avaliações padronizadas devido ao alto índice de faltas. Porém, é possível afirmar que ao longo das atividades foi observado aumento no número de comportamentos comunicativos como o contato ocular, apontar com função comunicativa, emissão de palavras e frases curtas, olhar compartilhado, respostas a solicitações da terapeuta. G2: contava com três crianças com idades entre 4 e 5 anos. Foram realizados seis encontros nos quais foi realizada avaliação do vocabulário receptivo por meio do teste de Vocabulário por Imagens Peabody e vocabulário expressivo pela Prova de Vocabulário do ABFW e então a estimulação de vocabulário, envolvendo atividades lúdicas adequadas para a faixa etária em

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questão, contendo jogos, brincadeiras simbólicas, perguntas e respostas. As crianças que participaram de mais encontros obtiveram melhora em seu vocabulário expressivo e receptivo em testes padronizados de avaliação. Todas as crianças aumentaram os episódios de comunicação por meio da fala conforme as atividades foram sendo realizadas. G3: contava com quatorze crianças com idades entre 7 e 13 anos. Foram realizados seis encontros de uma hora e meia, sendo que quatro foram utilizados para realizar avaliações de leitura, escrita e vocabulário receptivo e dois foram utilizados para realizar atividades de estimulação de consciência fonológica (CF), habilidade selecionada a partir dos resultados obtidos. Para realizar a avaliação da leitura foi utilizado o subteste de leitura do Teste de Desempenho Escolar; para avaliar a escrita utilizou-se o ditado das palavras provindas da Prova de Fonologia do ABFW e para o vocabulário receptivo foi usado o teste de Vocabulário por Imagens Peabody. As avaliações foram feitas a fim de descrever o perfil de leitura, escrita e vocabulário dos escolares. Os resultados do TDE apontaram que apenas quatro escolares estão de fato alfabetizados enquanto os demais encontram-se em fases inferiores e, portanto, não possuem domínio sobre a linguagem escrita. O ditado mostrou que três escolares deveriam estar na fase de alfabetização e onze deveriam já estar alfabetizados, porém, foi observado que apenas quatro dos participantes estavam de fato no nível alfabético, três deles encontravam-se no nível silábico-alfabético, dois em transição do silábico para o silábico alfabético, um em silábico e quatro em pré-silábico. Em relação ao vocabulário, todos os sete que realizaram avaliação obtiveram escores classificados como baixo. Devido aos resultados encontrados foi eleita a CF para ser a habilidade a ser estimulada nos outros dois encontros. Assim, três atividades foram criadas, que envolviam nível de fonemas, sílabas e palavras. Para verificar se as atividades eram adequadas ou não foi realizada uma avaliação da CF dos escolares antes e depois das atividades e constatou-se que duas crianças apresentaram consciência fonêmica, duas consciência silábica e duas consciência fonêmica e silábica após as atividades. G4: o grupo contou com quatorze pais/responsáveis das crianças que frequentavam os demais grupos, com idades entre 18 e 70 anos de ambos os sexos. Foram realizados seis encontros mensais, de uma hora e meia, sendo que o primeiro e o último foram utilizados para realizar atividades voltadas para o conhecimento dos posicionamentos e dos repertórios iniciais e finais sobre os temas abordados por meio de entrevistas individuais e questionários. Nos demais encontros foram propostas reflexões por meio de grupo focal sobre temas voltados para a relação entre pais e filhos e desenvolvimento infantil, entre eles: relação entre pais e filhos, tecnologias, futuro das nossas crianças e o papel do brincar. Como resultados, pode-se ressaltar o relato de modificações da rotina familiar como consequência das reflexões e da construção de novos conhecimentos durante os encontros, diminuição das respostas agressivas dos pais como solução ao mal comportamento ou más atitudes vindas dos filhos e aumento de atividades em conjunto dos pais com os filhos, utilizando-se do tempo em que estão juntos para realizar atividades voltadas para estimulação infantil. Tais resultados foram obtidos através dos depoimentos de cada indivíduo participante da pesquisa.

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Ensino, serviço e comunidade: o estágio supervisionado da graduação em fonoaudiologia nas escolas de ensino infantil e fundamental

Fga. Ariadnes Nobrega de Oliveira CRFa 2 - 15326 Fga. Gessyka Gomes Marcandal CRFa 2 – 16561

Fga. Patrícia Abreu Pinheiro Crenitte CRFa 2 - 3494 Fga. Maria Aparecida Miranda de Paula Machado CRFa 2 – 4610-3

Fga. Aline Roberta Aceituno da Costa CRFa 2 - 12800

A atuação profissional do fonoaudiólogo, devido sua complexidade e diversidade, vem exigindo mudanças no processo de formação do aluno. Desde 2002, encontram-se vigentes as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos Cursos de Graduação em Fonoaudiologia a serem observadas na organização curricular das Instituições de Ensino Superior (IES) do Brasil. As diretrizes definem o objetivo do curso, o currículo de base nacional comum e sinalizam uma mudança nos paradigmas da formação deste profissional, que deve ser capaz de aprender a aprender, de trabalhar em equipe e de levar em conta a realidade social que está inserido seu trabalho. Nesta perspectiva, o curso de graduação da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP (FOB-USP) criou o programa de Saúde Coletiva em que o aluno é inserido na comunidade desde o primeiro ano de sua graduação, passando por vários equipamentos sociais, dentre eles, as escolas de ensino infantil e fundamental. A escola pode ser considerada como um ótimo local para o desenvolvimento cognitivo, linguístico, social e cultural de um sujeito. Portanto, a atuação fonoaudiológica nessas instituições deve ser fundamentada em conceitos e diretrizes que visem enfrentar os problemas de saúde por meio de ações coletivas e contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população. Assim, a fonoaudiologia se insere no contexto escolar, visando a criação de condições favoráveis e eficazes para que as capacidades de cada um possam ser desenvolvidas ao máximo, envolvendo as ações do educador, que ao planejar suas estratégias de ensino contemple, de forma consciente, as relações necessárias para potencializar as habilidades das crianças. O presente relato de caso apresenta sobre o Estágio Curricular Supervisionado - Disciplina Saúde Coletiva III: Fonoaudiologia na escola, oferecido aos alunos do segundo ano da graduação em Fonoaudiologia da FOB-USP, com carga horária de 60 horas, junto a escolas de ensino infantil e fundamental da cidade, com objetivo de trazer o aluno a refletir criticamente sobre as questões do trabalho do fonoaudiólogo na escola. Para a construção do estágio foi necessária uma negociação com a Secretaria Municipal de Educação de Bauru, tendo sido firmado um convênio desde 2014 entre as partes, estabelecendo-se um vínculo de cooperação e corresponsabilidade na sua condução. Após as atividades teóricas oferecidas na universidade, os alunos são divididos em grupos e fazem uma visita aos locais de atuação para um diagnóstico institucional, reconhecimento do espaço físico e condições de vida e de saúde da comunidade escolar. Inicia-se, então, o planejamento de suas ações nas escolas com a tutoria das docentes responsáveis pelo estágio. A aplicação das atividades acontece em seguida, também sob supervisão das docentes.

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Ao final do período do estágio, os estudantes devem elaborar uma apresentação oral para a sala, relatando suas ações e também um relatório final, explicando com profundidade a lógica da realização de sua vivência nas escolas. A experiência vivenciada deve ser trazida a este relatório, assim como o embasamento teórico que guiou a realização das atividades. Os alunos também devem apontar o aproveitamento e a importância da vivência do estágio para sua formação etambém apontar pontos positivos e negativos do estágio, recomendações, sugestões e novas propostas de trabalho. A compreensão da dinâmica de trabalho nas escolas e um sentimento de insegurança inicial frente a uma realidade desconhecida foram identificados nos relatórios e seminários apresentados pelos estudantes. No entanto, muitos foram os relatos de surpresa, sentimento de superação diante das expectativas preliminares e contentamento ao final do estágio. Foi possível observar que a presença dos estudantes nas escolas vem provocando, gradualmente, uma mudança na rotina do serviço. No início, o envolvimento da direção e dos professores das escolas com o estágio eram mínimos, limitando-se apenas em receber os graduandos de forma amigável. Hoje, ocorre a participação efetiva dos professores em sala de aula enquanto os graduandos aplicam suas atividades. Caminhamos para uma participação ainda maior com a possibilidade de os planejamentos das atividades serem realizadas juntamente com os professores das escolas. A construção de cenários diversificados de aprendizado durante a formação acadêmica é muito significativa e vem ao encontro das DCN que trazem a necessidade da aproximação da Universidade com comunidade. Esta aproximação oferece um espaço de reflexão crítica para a busca de soluções dos reais problemas da população. Conclui-se que a experiência do estágio é um diferencial na formação do estudante de Fonoaudiologia, principalmente pensando em seu ingresso no mercado de trabalho, pois possibilita a vivência concreta da realidade que o aluno encontrará no país durante o exercício profissional, após a conclusão do curso de graduação.

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Fonoaudiologia e Educação Infantil: uma proposta de formação a coordenadores pedagógicos com enfoque em Linguagem

Fga. Ana Claudia Tenor CRFa 2 - 6735

1. INTRODUÇÃO A instituição escolar é um ambiente que possibilita a promoção do desenvolvimento dos alunos. Tendo em vista que as crianças ingressam cada vez mais cedo nas escolas, a formação continuada dos profissionais da educação infantil com enfoque aos aspectos da linguagem poderia contribuir para que inserissem atividades no contexto escolar, que auxiliasse o desenvolvimento dos alunos. Atuo como fonoaudióloga da Secretaria Municipal de Educação de um município do interior paulista, em um núcleo que realiza avaliação de alunos matriculados em escolas da rede municipal de ensino. As coordenadoras pedagógicas da educação infantil encaminham ao serviço de fonoaudiologia, fichas de alunos com queixas de dificuldades de linguagem. As fichas são preenchidas por professores e as coordenadoras fazem a intermediação entre o encaminhamento de alunos para avaliação fonoaudiológica e recebem a devolutiva das avaliações. Este estudo teve como objetivo identificar as dúvidas das coordenadoras pedagógicas da educação infantil a respeito do desenvolvimento de linguagem infantil e propor um curso de capacitação. 2. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA O trabalho iniciou-se no ano de 2017 e foi organizado em duas etapas. Na primeira etapa a pesquisadora entrou em contato com a equipe gestora da Secretaria Municipal de Educação para apresentar a proposta de um curso de formação em linguagem aos coordenadores pedagógicos da educação infantil. A pesquisadora ofereceu dois encontros de capacitação com carga horária total oito de horas. Os encontros ocorreram em um núcleo de atendimento pedagógico, vinculado à secretaria municipal de educação. No primeiro encontro participaram 25 coordenadoras pedagógicas de educação infantil. Foi aplicado um questionário contendo cinco questões abertas e fechadas com o objetivo de identificar: tempo de atuação, dúvidas a respeito do desenvolvimento de linguagem dos alunos, como as escolas trabalham a linguagem oral, interesse em temas de capacitação. Em seguida foi ministrado o curso abordando o tema “Promoção do desenvolvimento de linguagem na educação infantil”. No segundo encontro participaram 20 coordenadoras pedagógicas, inicialmente a pesquisadora respondeu as dúvidas apresentadas pelas participantes no questionário do primeiro encontro. Em seguida ministrou o curso abordando os temas “Desenvolvimento das habilidades auditivas e da linguagem nos escolares” e “Orientações e atividades para o trabalho de linguagem no contexto escolar”. No final do curso foi aplicado um questionário contendo cinco questões abertas e fechadas para as participantes avaliarem o curso e apenas 14 responderam. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Entre as 25 participantes do primeiro encontro, 18 responderam ao questionário. Todas as participantes eram do gênero feminino e o tempo de atuação na educação infantil variou de 2 a 25 anos. Entre as 18 participantes que responderam ao questionário apenas 5 haviam participado de curso de formação em linguagem infantil. As dúvidas relatadas a respeito do desenvolvimento de linguagem dos alunos foram variadas, tais como: troca de letras, gagueira, idade para encaminhar ao fonoaudiólogo, o que esperar e como estimular as diferentes fases e idades, intervenções

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educacionais para crianças de 2 anos com dificuldade na fala ou que não fala, aspectos do desenvolvimento normal da linguagem, idade para uma criança falar corretamente, dificuldades compatíveis com a idade, idade ideal para buscar acompanhamento, se o pediatra tem condições de avaliar e encaminhar ao fonoaudiólogo, quais atividades usar para o desenvolvimento e/ou aprimoramento da linguagem oral, como ajudar, atividades para diferentes idades, em que idade a criança deve pronunciar palavras com todas as sílabas, quais atividades utilizar para desenvolver a linguagem em alunos que apresentam dificuldades, se o uso de chupeta e mamadeira realmente influenciam no desenvolvimento da linguagem, qual a idade em que a criança pode desenvolver a linguagem. Em relação ao trabalho de linguagem desenvolvido na escola, as participantes relataram: a leitura de histórias, a roda de conversa, diálogos, conversas informais, parlendas, músicas, poesias, recitação, rimas, trava- línguas, cantigas de roda, jogos de adivinhação, cantando e imitando sons, contos e recontos de histórias, dramatização, roda musical, hora da novidade, descrição de cena, relatos, brincadeiras simbólicas, textos coletivos. Ao serem questionadas sobre o interesse em temas de capacitação, mencionaram: orientação aos pais ou responsáveis por crianças com dificuldades de linguagem, atividades para crianças com atraso de linguagem, gagueira, Libras na sala de aula e para professora, etapas do desenvolvimento da criança, desenvolvimento da linguagem, comunicação, estímulos, a postura do educador, diagnóstico de problemas de fala, voz e audição. No segundo encontro participaram 20 coordenadoras pedagógicas e apenas 14 responderam ao questionário de avaliação do curso. Quanto ao conteúdo abordado, 8 consideraram muito bom, 5 excelente e 1 bom. Todas as participantes informaram que os temas abordados no curso esclareceram suas dúvidas. Em relação ao conhecimento prévio das atividades de linguagem apresentadas, 11 responderam sim, 2 não responderam e 1 não informou. As participantes consideraram ainda que as atividades apresentadas podem promover o desenvolvimento de linguagem dos alunos. Quanto a demais comentários pertinentes, 12 não informou, 1 apontou que auxilia na prática e 1 considerou o espaço do curso inadequado. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível perceber que as educadoras apesar de trabalharem a linguagem oral seguindo as diretrizes do Referencial curricular nacional para a educação infantil, apresentavam dúvidas variadas a respeito das etapas do desenvolvimento normal de linguagem, como identificar um aluno com desvio no curso do desenvolvimento, quando encaminhar para o fonoaudiólogo, quais atividades poderiam promover o desenvolvimento de alunos com dificuldades de linguagem. Ao término do curso as participantes apontaram que as atividades apresentadas podem promover o desenvolvimento de linguagem dos alunos. Nesse sentido, seria importante também oferecer a formação aos demais educadores, atendentes de creche e professores de educação infantil que atuam diretamente com os alunos. Além disso, é necessário pensar em estratégias para uma atuação conjunta, entre fonoaudiólogo e educador, a fim de refletirem sobre ações a serem desenvolvidas no contexto da educação infantil, com vistas à promoção e desenvolvimento de linguagem dos alunos.

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Estudo de caso: intervenção fonoaudiológica na dislexia por meio de figuras

Fga. Ellen Viviane do Nascimento Amoris CRFa 2 - 19821

A dislexia é um distúrbio que chega a atingir 15% da população mundial, mas, ainda assim, continua sendo um distúrbio desconhecido para muitos pais e professores. A dislexia é um transtorno de aprendizagem hereditário e sem cura, que acarreta uma falha nas conexões cerebrais, principalmente nas regiões responsáveis pela leitura, pela escrita e pela soletração. Os disléxicos recebem informações em uma área diferente do cérebro, portanto o cérebro dos disléxicos é normal. Infelizmente essas informações em áreas diferentes resultam de falhas nas conexões cerebrais. O resultado é que devido a essas falhas no processo de leitura, eles têm dificuldades de aprender a ler, escrever, soletrar, pois é difícil assimilarem as palavras. Os modelos de leitura de palavras atribuem um papel ao componente semântico (sistema semântico nos modelos de dupla rota, nível semântico nos modelos distribuídos) na leitura. Na rota lexical, a ativação não percorre o caminho entre os léxicos ortográfico e fonológico e o sistema semântico unidirecionalmente: os três componentes podem tanto se excitar ou se inibir mutuamente. Alguns autores afirmam que conexões excitatórias e inibitórias bidirecionais estão presentes entre os componentes da rota lexical, com exceção da ligação entre os léxicos ortográfico e fonológico, que possuem conexões entre si apenas excitatórias. Dessa forma, o sistema semântico pode influenciar o acesso no léxico ortográfico e no léxico fonológico, assim como a ativação no léxico fonológico pode ser repassada para o sistema semântico. Um fator que está relacionado com diferenças individuais em leitura é a força da influência do nível semântico no nível fonológico, que varia entre indivíduos. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo relatar a prática e a importância fonoaudiológica na aprendizagem durante o processo escolar de um disléxico. O trabalho foi desenvolvido em uma Unidade de Saúde da Família, na qual foram realizados atendimentos fonoaudiológico semanalmente com sessão de 50 minutos. O estudo teve a participação de um aluno com 9 anos de idade, sexo masculino, com histórico familiar, matriculado em uma escola municipal na cidade de Marilia, interior de são Paulo. As atividades desenvolvidas com o aluno basearam na leitura por meio de figuras semânticas, desse modo, foram selecionadas imagens para que inicialmente o paciente fizesse o reconhecimento fonológico e depois utilizasse na escrita grafema-fonema. Esse modelo foi realizado considerando a dificuldade do paciente e a solicitação do mesmo, que não conseguia reconhecer os fonemas, necessitando da intervenção por meio de imagens. A utilização de diversas estratégias facilitou para que o participante compreendesse o conteúdo: usando materiais estimulantes e interessantes, como jogos, histórias e temas de seu interesse. Foi observado que depois de várias sessões fonoaudiológicas o participante passou a reconhecer os grafema-fonemas diminuindo sua dificuldade durante a escrita. O uso da figura permitiu que o participante realizasse em menor tempo atividades que envolviam a escrita. No entanto, vale ressaltar que as dificuldades causadas por esse transtorno podem ser melhoradas desde que o indivíduo seja diagnosticado precocemente e tratado de forma adequada. Além disso, a importância da intervenção fonoaudiológica está associada ao meio familiar e escolar que contribuem imensamente em diferentes ambientes.

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Game de Alfabetização: Foco X Cuca Fresca

Fga. Katia Esper Izar Verniano CRFa 2 - 5035

O game “Foco X Cuca Fresca” ® é um aplicativo para dispositivos eletrônicos que propõe estimular o processo de alfabetização através de uma hiper-história (história apresentada através de um jogo/aplicativo que conta com a interatividade do jogador. O principal objetivo é estimular a aquisição de conceitos fundamentais à aquisição da leitura e a fluência na alfabetização. Os objetivos específicos focam a alfabetização de pessoas com autismo, dislexia, TDAH, deficiência intelectual e adultos não alfabetizados. A metodologia utilizada no game oferece a aquisição da leitura através da apresentação de três estímulos com significados equivalentes. As atividades estão distribuídas em 33 capítulos que totalizam 110 telas/fases de entretenimento. Cada capítulo é composto por três telas. A organização da sequência das telas tem o objetivo fundamental de cumprir a proposta de apresentação de estímulos com significados equivalentes: figura, sílaba escrita - anagrama, sílaba falada e posteriormente palavra falada e palavra escrita. Em seguida é apresentado um treino dirigido do conteúdo do bloco através da construção das palavras apresentadas com ajuda demonstrativa do personagem. Na Terceira tela de cada capítulo o jogador experimenta a construção das mesmas palavras e mais duas recombinadas com as sílabas oferecidas sem ajuda do personagem e, na última tela do capítulo, o jogador deve selecionar pseudopalavras ao ouvir sua emissão. Nessa sequência de atividades são oferecidas oportunidades de exposição aos estímulos (sílabas e palavras), manipulação deles com ajuda, manipulação deles sem ajuda e finalmente, a possibilidade de comprovar se os conceitos de início, sequenciação e associação entre fonemas e grafemas foram assimilados, ou seja, ao término de cada capítulo há uma tela de avaliação que ocorre subjetivamente, sem que o jogador perceba que está sendo avaliado. O jogo começa com uma animação que solicita ao jogador que vença desafios. O personagem principal, Max® (jogador) conta com dois personagens que formam sua consciência: Foco® e Cuca Fresca®. O personagem Foco, incentiva e estimula o jogador a vencer os desafios de cada tela e o personagem Cuca Fresca® sugere deixar as atividades para depois do descanso. A primeira tela apresenta o conteúdo a ser trabalhado e a dinâmica de uma corrida muito apreciada pelas crianças. Há uma música de fundo envolvente, porém em volume baixo, a fim de não mascarar os estímulos auditivos (palavras faladas) das sílabas coletadas para a próxima tela. Há uma animação entre as telas para finalizar cada etapa e iniciar a etapa seguinte,

mantendo a proposta da hiper-história.A cada três blocos de sílabas apresentados nessa sequência de telas há uma tela de construção de pseudo-palavras para a certificação de que o jogador assimilou os conceitos e consegue aplicá-los. As primeiras telas do jogo que correspondem ao primeiro Bloco de Sílabas/Palavras e a tela de construção de pseudopalavras compõem a versão de demonstração do projeto estão disponíveis gratuitamente ao público, e estão sendo utilizadas como ferramenta de trabalho em abordagens fonoaudiológicas realizadas com pacientes com autismo, dislexia e deficiência intelecual em um centro especializado de reabilitação do SUS. Os resultados foram positivos em mais de 90% dos participantes.

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Percepção dos professores acerca dos sinais e sintomas da dislexia em crianças na sala de aula

Fga. Rosa Maria Seabra da Silva CRFa 4-9247

Este Trabalho de Conclusão de Mestrado trata-se de uma pesquisa de campo com os professores que lecionam na Escola Municipal Professor Isaac Pereira da Silva, localizada na Rua Olegário Mariano, S/N Bairro de Jardim Atlântico – Olinda. A pesquisa tem como objetivo compreender a importância da dislexia, seus sinais e sintomas nas crianças, nas quais já podem ser detectados os primórdios das possíveis dificuldades de aprendizagem estando nas series inicial. Esta pesquisa se justifica e se faz relevante, pois quando as dificuldades escolares surgem, deve-se procurar atendimento especializado, uma vez que quanto mais tempo demorar o diagnóstico e a intervenção, mais graves serão as consequências. A metodologia utilizada foi à pesquisa exploratória qualitativa, delineada como pesquisa de campo, que teve como objeto de investigação a equipe docente de uma escola da rede Municipal de ensino da cidade de Olinda. Dos 28 questionários entregues, 17 retornaram, tendo sido 15 respondidos por professoras e 2, por professores. A análise dos dados revelou a existência de uma lacuna nos cursos de formação de professores no que concerne ao estudo das dificuldades de aprendizagem, especificamente sobre dislexia. Embora os docentes sejam capazes de perceber os problemas apresentados pelos alunos, faltam-lhes conhecimentos que lhes permitam identificá-los e compreendê-los para que possam, enfim, proporem o encaminhamento adequado. No entanto, a pesquisa apontou também existirem alguns professores, conscientes dessa falha em sua formação, que procuram buscar informações visando superar os obstáculos que impedem o desenvolvimento pleno de seus alunos. O simples fato de instituições escolares estarem abertas à pesquisa já demonstra haver um interesse por novos conhecimentos e, consequentemente, a possibilidade de um novo olhar para as dificuldades de aprendizagem, entre elas, a dislexia. Nesse sentido, acredita-se que o profissional da educação juntamente com uma equipe multidisciplinar pode ser muito importante tanto na prevenção, intervenção quanto no diagnóstico das dificuldades de aprendizagem. Conclui-se que é necessário trabalhar o indivíduo e o coletivo, para alcançar com satisfação e com amplitude o conhecimento.

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VII MOSTRA DE FONOAUDIOLOGIA NA EDUCAÇÃO III FÓRUM DE FONOAUDIOLOGIA NA EDUCAÇÃO

São Paulo, 21 de outubro de 2017

PROGRAMA

VII Mostra de Fonoaudiologia na Educação

8h30: Recepção dos participantes e fixação dos pôsteres

9h – 9h30: Mesa de Abertura

Fga. Maria Lucia Hage Masini - Representante do Curso de Fonoaudiologia da PUC/SP

Fga. Marcia Cristiane de Freitas Mendes Civitella - Presidente do CREFONO 2

Fgo. Jason Gomes Rodrigues Santos - Presidente da Comissão Educação do CREFONO 2

9h30 - 10h45: Apresentação oral dos 4 trabalhos selecionados

Moderador: Conselheiros da Comissão de Educação

10h45 – 11h15: Coffee break e visita aos pôsteres

11h15 – 12h: Debates

Promoção: Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região/SP

Local: Campus Perdizes da PUC- SP

Rua Ministro de Godói, 969 - Sala 117 A

Prédio Reitor Bandeira de Melo (Prédio Novo)

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PROGRAMA

IIIFórum de Fonoaudiologia na Educação

13h15: Contextualização do evento

Fgo. Jason Gomes Rodrigues Santos – Presidente da Comissão de Educação do CREFONO 2

13h30 – 14h30: Mesa “Fonoaudiologia na Educação: encontros e desencontros com as

áreas fronteiriças”

Pedagoga: Profa. Dra. Anete Maria Busin Fernandes

Doutorado em Psicologia pela PUC/SP

Docente da PUC/SP

Psicóloga: Juliana de Oliveira Góis Barcia

Especialista em Neuropsicologia pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina da USP e em Psicopedagogia pela PUC-SP.

Mestre em Ciências pelo IPq-HCFMUSP

Atua na área clínica e como Orientadora Educacional de Apoio à Aprendizagem no Colégio

Rio Branco.

Fonoaudióloga: Profa. Dra. Maria Lucia Hage Masini

Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela PUC/SP

Docente da PUC/SP

Moderador: Conselheiro da Comissão de Educação

14h30 – 15h30: Roda de conversa “Encontros e desencontros com as áreas

fronteiriças”

Promoção: Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região/SP

Local: Campus Perdizes da PUC- SP

Rua Ministro de Godói, 969 - Sala 117 A

Prédio Reitor Bandeira de Melo (Prédio Novo)

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TRABALHOS SELECIONADOS PARA APRESENTAÇÃO

Fonoaudiologia Educacional: percurso e percalços

Fga. Ana Elisa de Belotti e Nogueira Baptista CRFa 2 - 15483

Este trabalho discute a atuação fonoaudiológica educacional, partindo de reflexões sobre o percurso do fonoaudiólogo na Educação, suas práticas e inserções na equipe escolar e sobre o afastamento do fazer clínico na escola. As questões trazidas aqui foram suscitadas durante minha atuação dentro de uma escola particular na cidade de São Paulo, onde atuei como fonoaudióloga educacional. Com base nas discussões e reflexões realizadas no decorrer deste trabalho, foi possível pensar possibilidades e caminhos para que a atuação fonoaudiológica seja mais efetiva no espaço educacional, buscando definir/delimitar suas práticas dentro da equipe pedagógica. A base teórica adotada é o conjunto de pressupostos elaborados no Interacionismo em Aquisição da Linguagem (De LEMOS, 1992 e outros), decorrentes da produção bibliográfica desenvolvida, desde 1997, por pesquisadores do LAEL- PUCSP. Neste espaço teórico, as discussões são fortemente instruídas pelo estruturalismo europeu (SAUSSURE, 1916/1974; JAKOBSON, 1954; MILNER, 1978, 2002). Foram também contemplados textos de pesquisadores do campo da Fonoaudiologia que se voltaram para o percurso histórico da profissão e do fonoaudiólogo na Educação. A meta foi debater a atuação do fonoaudiólogo no espaço educacional e dessa forma, leis, pareceres e diretrizes que definem o perfil do fonoaudiólogo na Educação, emitidos pelo Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia foram examinados. Para avistar o que tem sido realizado por fonoaudiólogos atuantes neste campo, foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativo, utilizando como instrumento questionário com perguntas fechadas e abertas, respondidos por 5 fonoaudiólogas atuantes em Fonoaudiologia Educacional. Os relatos coletados através destes questionários foram relatados e analisados neste trabalho. Espera-se, dessa forma, contribuir para a reflexão e caracterização das práticas em Fonoaudiologia Educacional.

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A Parceria entre Fonoaudiologia e Psicopedagogia na escola

Fga. Aliaska Pereira Aguiar CRFa 2-9151

Psicopedagoga Gloria Maria Bueno Ferraz

Este trabalho discute a atuação fonoaudiológica educacional, partindo de reflexões sobre o percurso do fonoaudiólogo na Educação, suas práticas e inserções na equipe escolar e sobre o afastamento do fazer clínico na escola. As questões trazidas aqui foram suscitadas durante minha atuação dentro de uma escola particular na cidade de São Paulo, onde atuei como fonoaudióloga educacional. Com base nas discussões e reflexões realizadas no decorrer deste trabalho, foi possível pensar possibilidades e caminhos para que a atuação fonoaudiológica seja mais efetiva no espaço educacional, buscando definir/delimitar suas práticas dentro da equipe pedagógica. A base teórica adotada é o conjunto de pressupostos elaborados no Interacionismo em Aquisição da Linguagem (De LEMOS, 1992 e outros), decorrentes da produção bibliográfica desenvolvida, desde 1997, por pesquisadores do LAEL- PUCSP. Neste espaço teórico, as discussões são fortemente instruídas pelo estruturalismo europeu (SAUSSURE, 1916/1974; JAKOBSON, 1954; MILNER, 1978, 2002). Foram também contemplados textos de pesquisadores do campo da Fonoaudiologia que se voltaram para o percurso histórico da profissão e do fonoaudiólogo na Educação. A meta foi debater a atuação do fonoaudiólogo no espaço educacional e dessa forma, leis, pareceres e diretrizes que definem o perfil do fonoaudiólogo na Educação, emitidos pelo Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia foram examinados. Para avistar o que tem sido realizado por fonoaudiólogos atuantes neste campo, foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativo, utilizando como instrumento questionário com perguntas fechadas e abertas, respondidos por 5 fonoaudiólogas atuantes em Fonoaudiologia Educacional. Os relatos coletados através destes questionários foram relatados e analisados neste trabalho. Espera-se, dessa forma, contribuir para a reflexão e caracterização das práticas em Fonoaudiologia Educacional. Propor ações de saúde mental no ambiente educacional que abarquem a comunidade. Incentivar práticas de leitura e escrita na comunidade em parceria com ações educacionais. Auxiliar a equipe pedagógica no manejo e encaminhamentos dos escolares que necessitam de avaliações e acompanhamento externo ao ambiente escolar. Orientações e Discussão de adaptações metodológicas e pedagógicas que facilita o trabalho de inclusão. Priorizar as janelas de oportunidades de aprendizagem, individualizadas dos alunos. Orientações ao professor para buscar a potencialidade individual do aluno, participação e convívio social.

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Escolas de Educação Infantil: identificação da demanda fonoaudiológica e propostas de ações

Fga. Ana Claudia Tenor CRFa 2 - 6735

BREVE DESCRIÇÃO Atuo como fonoaudióloga em um núcleo de atendimento vinculado a Secretaria Municipal de Educação de Botucatu, desenvolvendo as atividades de avaliação de alunos matriculados em escolas da rede municipal de ensino, orientações às famílias e professores. Neste contexto, as escolas de educação infantil solicitam ao fonoaudiólogo a avaliação de alunos com queixas referentes ao desenvolvimento de linguagem. O relato de experiência descrito neste estudo foi desenvolvido no período de 2010 a 2011 junto às escolas de educação infantil da rede municipal de ensino de Botucatu. Os objetivos deste trabalho foram identificar a demanda fonoaudiológica das escolas de educação infantil e a seguir elaborar propostas de ações. AÇÕES REALIZADAS O trabalho foi organizado em três etapas. Na primeira etapa foi elaborada pela fonoaudióloga uma ficha de encaminhamento dos alunos para avaliação fonoaudiológica contendo os seguintes itens: nome do aluno, data de nascimento, idade, escola, série escolar, período, professor, motivo do encaminhamento, alterações de linguagem observadas, presença de hábitos orais, intervenções desenvolvidas na escola, envolvimento da família com a escola e outras observações. No primeiro semestre de 2010 foram encaminhados para avaliação 84 alunos com faixa etária de 3 a 6 anos de idade, que apresentavam queixas referentes ao desenvolvimento de linguagem. As famílias desses alunos foram entrevistadas pela fonoaudióloga e após as avaliações receberam orientações a respeito das alterações identificadas, prevenção de distúrbios de linguagem e como estimular o desenvolvimento de linguagem dos filhos no contexto familiar. Os casos que se configuravam como distúrbio de linguagem foram encaminhados a exames complementares nas unidades básicas de saúde, inseridos em grupos de estimulação e acompanhados pela fonoaudióloga. Após a análise das avaliações e identificação da demanda encaminhada das escolas, a fonoaudióloga entrou em contato com o orientador pedagógico da educação infantil e propôs um curso de formação aos educadores em Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC). Foram organizados dois encontros de capacitações, um direcionado aos atendentes de creche e outro a professores de pré-escola (maternal, etapa 1 e etapa 2 da educação infantil). O objetivo da capacitação foi esclarecer os educadores a respeito das etapas do desenvolvimento normal de linguagem, orientá-los a respeito da prevenção de distúrbios de linguagem no âmbito escolar, apresentar sugestões de atividades com vistas à promoção do desenvolvimento de linguagem no contexto escolar. Participaram 180 atendentes de creche, 100 professores de pré-escola, 20 coordenadores pedagógicos e três profissionais da equipe técnica pedagógica da educação infantil.

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Na segunda etapa foi agendada uma reunião com a equipe técnica pedagógica da educação infantil, para apresentar a demanda fonoaudiológica das escolas, as ações desenvolvidas e as necessidades identificadas. A fonoaudióloga elaborou dois folders informativos, um abordando as etapas do desenvolvimento normal de linguagem, outro contendo as alterações de linguagem encontradas com maior frequência nos alunos e sugestões de atividades a serem desenvolvidas no contexto escolar com o objetivo de promover o desenvolvimento de linguagem. Durante a terceira etapa foi feita a análise e monitoramento dos encaminhamentos das escolas e as necessidades ainda existentes. RESULTADOS No primeiro semestre de 2010 foram avaliados 84 alunos com faixa etária de 3 a 6 anos, observando-se que 61 (72,61%) apresentavam desvio fonológico; 14 (16,66%) desenvolvimento de linguagem normal para idade, 5 (5,95%) desvio fonético; 4 (4,76%) atraso de linguagem. Observou-se que após as ações desenvolvidas, houve diminuição no número de alunos encaminhados para avaliação. Durante o primeiro semestre de 2011 foram encaminhados 47 alunos com faixa etária de 1 a 6 anos. Entre os alunos avaliados 37 (78,72 %) apresentou desvio fonológico, 5 (10, 63%) atraso de linguagem; 5 (10,63%) desenvolvimento de linguagem normal para idade. Foi possível perceber que apesar da redução no número de encaminhamentos, ainda houve um número significativo de crianças na faixa etária pré-escolar que apresentaram desvio fonológico. Os resultados apontaram a necessidade de o fonoaudiólogo desenvolver um trabalho com vistas à promoção do desenvolvimento das habilidades fonológicas e da linguagem nas escolas de educação infantil. Sendo assim, é importante o fonoaudiólogo estabelecer um diálogo com os gestores da educação infantil para pontuar a necessidade de implementar um trabalho em parceria colaborativa junto aos professores. A construção de um trabalho em parceria colaborativa, por meio da elaboração e execução de ações conjuntas entre fonoaudiólogo e educador, poderá propiciar melhores condições para promoção do desenvolvimento de linguagem e aprendizagem dos educandos. Além disso, é necessário pensar em ações que possibilitem maior interação entre família e escola, para que sejam parceiras no trabalho de prevenção e promoção do desenvolvimento de linguagem das crianças.

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PAM - Programa Aprender Melhor

Jaqueline Alexandre Batista CRFa 2 - 16703 Profa. Denise Madalena Magri de Alcantara

Elaine Momesso de Queiroz Juliana das Graças Conde Esteves

Luciane Cristina Fuzeto Garcia O cenário do século 21 coloca o homem diante de um embate entre o real e o virtual, e cada dia mais submerso em informações abundantes. Consequentemente, a educação enfrenta um dos maiores desafios de nossa época: as novas formas de aprender do ser humano. Dessa maneira, nasceu a necessidade de compreender melhor o processo de aprendizagem humana e como resolver seus problemas, visto que há um grande número de crianças com dificuldade para aprender. Com isso, vários profissionais voltaram sua atenção em torno do processo ensino-aprendizagem, e parcerias entre as áreas profissionais envolvidas com o aluno passaram a ser fundamentais para alcançar o sucesso do ensino. É notória a importância das áreas de Educação, Saúde e Assistência Social trabalharem conjuntamente, assim o presente Projeto visa fortalecer esses vínculos de trabalho. É uma necessidade real investigar simultaneamente quais fatores possam interferir nesse processo, pois as origens das falhas na aprendizagem podem ser multifatoriais. Posterior a um esboço teórico, o PAM – Programa Aprender Melhor teve seu início prático em 2011, onde foi divulgado para as unidades escolares, tendo como meta principal otimizar o aprendizado eficiente dos alunos nele inseridos. Após sua implantação, várias modificações foram realizadas, tanto em aspectos organizacionais, de demanda, fluxo e profissionais, visando aperfeiçoar o trabalho desenvolvido e atender às expectativas dos diretores, coordenadores e professores da rede municipal. Cada vez mais os profissionais diretamente envolvidos buscam a disseminação dos objetivos do projeto, a valorização por parte das famílias, alunos e outros profissionais, e a eficiência nos atendimentos e decisões tomadas para que soluções sejam encontradas. O programa visa essa colaboração para o aprendizado das crianças matriculadas na rede pública municipal de ensino, da cidade de Votuporanga – SP, especialmente aquelas que apresentam baixo rendimento nesse processo, englobando nesse contexto alunos de unidades escolares de diferentes etapas de aprendizagem (Educação Infantil e Ensino Fundamental). Esse projeto justifica-se, tendo em vista que alunos com falhas no processo ensino-aprendizagem carregam grandes prejuízos psicossociais ao longo de sua vida, comprometendo a excelência de seu futuro e de seu desenvolvimento profissional; fundamenta-se ainda pela necessidade de procedimentos avaliativos e terapêuticos por parte de uma equipe técnica, a fim de apontar e solucionar a origem da dificuldade apresentada, visto que sem uma parceria íntima de secretarias municipais o caminho a percorrer até o desfecho de cada caso pode ser demorado e burocrático. Este programa tem por objetivos:

✓ Garantir ao público-alvo o direito de eficiência na aprendizagem, focando a alfabetização na idade certa, o domínio dos conteúdos apresentados e o desempenho adequado de competências esperadas para seu ano escolar;

✓ Identificar a origem das dificuldades apresentadas pelo aluno, sejam elas falham no processo de ensino, problemas psicossociais, ou alterações físicas e de saúde;

✓ Integrar áreas e profissionais da Educação, Saúde e Assistência Social, além de parcerias com

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outras instituições, a fim de utilizar-se de processos avaliativos e terapêuticos para a busca de soluções para as falhas na aprendizagem do aluno;

✓ Fortalecer o envolvimento dos familiares ou responsáveis nesses processos, pois estes representam um dos pilares fundamentais para o sucesso da aprendizagem;o Proporcionar colaborações para um futuro com sucesso profissional;

✓ Atenuar ou eliminar desvios psicológicos, evasão escolar e/ou desmotivação em decorrência de fracasso escolar;

✓ Manter os índices positivos já apresentados pelo município para o IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, e alcançar a meta prevista pelo Ministério da Educação para o Brasil até 2021.

O projeto é composto por núcleos de profissionais, de acordo com sua Secretaria Municipal. Inicialmente é a escola, através dos professores, coordenadores e diretores, que realiza o encaminhamento do aluno ao PAM, após a verificação que este não possui rendimento satisfatório na aprendizagem e que é necessário realizar avaliações profissionais específicas, sendo solicitado por meio de fichas padronizadas. O núcleo da Educação tem por finalidade a busca fatorial para a dificuldade do aluno, através de processos avaliativos; é por parte deste núcleo que são realizados os encaminhamentos intersetoriais, multiprofissionais e para outras instituições parceiras, quando necessário; este grupo também realiza orientações a alunos, familiares e outros profissionais que envolvam o processo de aprendizagem. Conta com avaliações psicopedagógicas, psicológicas e fonoaudiológicas. É de responsabilidade também, realizar devolutivas às escolas sempre que exista algum assunto importante ou algum novo acontecimento no processo de avaliação ou tratamento do aluno. Neste programa, o Fonoaudiólogo atua na contribuição para a promoção, aprimoramento, e prevenção de alterações dos aspectos relacionados à audição, linguagem (oral e escrita), motricidade oral e voz e que favoreçam e aperfeiçoem o processo de ensino e aprendizagem, através de capacitação e assessoria (esclarecimentos, palestras, orientações), planejamento, desenvolvimento e execução de programas fonoaudiológicos, e observações e triagens fonoaudiológicas. Representando a Secretaria Municipal da Assistência Social, o projeto conta ainda com a avaliação de um Assistente Social, que julga os procedimentos necessários a cada caso, desde orientações e encaminhamentos. O núcleo da Saúde visa tratar as patologias que venham a ser diagnosticadas, onde existem dias específicos de atendimento aos alunos da rede municipal de ensino, fila especial e mais ágil para atendimento, reuniões constantes com demais integrantes do projeto para devolutivas, e encaminhamentos necessários. Para tratamentos terapêuticos o projeto conta com psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, e para tratamentos médicos conta com psiquiatra e neurologista. Os atendimentos, encaminhamentos e demais dados pertinentes, são monitorados além de catalogados através de um arquivo informatizado, que é atualizado constantemente. A satisfação por parte de diretores, coordenadores, professores, alunos e familiares é o feedback para a constante busca de aprimoramentos no projeto. Atualmente este programa é regulamentado através do Decreto nº 8897 de 18 de novembro de 2013, e da Lei nº 5736 de 18 de fevereiro de 2016, aprovados pelo município acima citado.

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Game de Alfabetização: Foco X Cuca Fresca

Fga. Katia Esper Izar Verniano CRFa 2 - 5035

O game “Foco X Cuca Fresca”® é um aplicativo para dispositivos eletrônicos que propõe estimular o processo de alfabetização através de uma hiper-história (história apresentada através de um jogo/aplicativo que conta com a interatividade do jogador. O principal objetivo é estimular a aquisição de conceitos fundamentais à aquisição da leitura e a fluência na alfabetização. Os objetivos específicos focam a alfabetização de pessoas com autismo, dislexia, TDAH, deficiência intelectual e adultos não alfabetizados. A metodologia utilizada no game oferece a aquisição da leitura através da apresentação de três estímulos com significados equivalentes. As atividades estão distribuídas em 33 capítulos que totalizam 110 telas/fases de entretenimento. Cada capítulo é composto por três telas. A organização da sequência das telas tem o objetivo fundamental de cumprir a proposta de apresentação de estímulos com significados equivalentes: figura, sílaba escrita - anagrama, sílaba falada e posteriormente palavra falada e palavra escrita. Em seguida é apresentado um treino dirigido do conteúdo do bloco através da construção das palavras apresentadas com ajuda demonstrativa do personagem. Na terceira tela de cada capítulo o jogador experimenta a construção das mesmas palavras e mais duas recombinadas com as sílabas oferecidas sem ajuda do personagem e, na última tela do capítulo, o jogador deve selecionar pseudopalavras ao ouvir sua emissão. Nessa sequência de atividades são oferecidas oportunidades de exposição aos estímulos (sílabas e palavras), manipulação deles com ajuda, manipulação deles sem ajuda e finalmente, a possibilidade de comprovar se os conceitos de início, sequenciação e associação entre fonemas e grafemas foram assimilados, ou seja, ao término de cada capítulo há uma tela de avaliação que ocorre subjetivamente, sem que o jogador perceba que está sendo avaliado. O jogo começa com uma animação que solicita ao jogador que vença desafios. O personagem principal, Max® (jogador) conta com dois personagens que formam sua consciência: Foco® e Cuca Fresca®. O personagem Foco incentiva e estimula o jogador a vencer os desafios de cada tela e o personagem Cuca Fresca® sugere deixar as atividades para depois do descanso. A primeira tela apresenta o conteúdo a ser trabalhado e a dinâmica de uma corrida muito apreciada pelas crianças. Há uma música de fundo envolvente, porém em volume baixo, a fim de não mascarar os estímulos auditivos (palavras faladas) das sílabas coletadas para a próxima tela. Há uma animação entre as telas para finalizar cada etapa e iniciar a etapa seguinte, mantendo a proposta da hiper-história. A cada três blocos de sílabas apresentados nessa sequência de telas há uma tela de construção de pseudo-palavras para a certificação de que o jogador assimilou os conceitos e consegue aplicá-los. As primeiras telas do jogo que correspondem ao primeiro Bloco de Sílabas/Palavras e a tela de construção de pseudopalavras compõem a versão de demonstração do projeto estão disponíveis gratuitamente ao público, e estão sendo utilizadas como ferramenta de trabalho em abordagens fonoaudiológicas realizadas com pacientes com autismo, dislexia e deficiência intelecual. Os resultados foram positivos em mais de 90% dos participantes. Palavras Chave: Alfabetizacão. Dislexia. Autismo.

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Oficina de Linguagem: atuação do fonoaudiólogo na prevenção e promoção da aprendizagem

Fga. Ana Lúcia Durán Martinez Abrão CRFa 2 - 7426

A atuação do fonoaudiólogo na comunidade escolar sempre foi prerrogativa do colégio CERMAC (instituição educacional privada, que atende alunos no segmento da educação infantil ao ensino médio). Com o passar dos anos e a evolução dos estudos em neurociência observou-se que, mais do que identificar dificuldades e encaminhá-las para terapias especializadas, deveríamos atuar na prevenção e promoção da comunicação e do processo de aprendizagem da leitura e escrita. Objetivando, portanto promover estimulação para a aprendizagem, desde de 2013, a fonoaudióloga Ana Lúcia Durán Martinez Abrão (CRFa 2 – 7426) elaborou um projeto que coordena e atua. Este trabalho foi reconhecido como um diferencial importante da instituição, recebendo em 2015 o ouro do PNGE (Prêmio Nacional de Gestão Educacional) e em 2016 sua autora foi honrada com o primeiro lugar do “Desafio Semeando Boas Práticas” proposto pelo Instituto ABCD em parceria com a Associação Brasileira de Dislexia. Objetivos Específicos: • Promover o desenvolvimento das habilidades auditivas; • Desenvolver as habilidades de consciência fonológica / habilidades metalinguísticas; • Desenvolver funções executivas; • Promover reflexões proporcionando habilidades de interpretação textual em seus aspectos menos explícitos, ampliando o vocabulário através de banco de palavras e desenvolvendo a elaboração oral e gráfica através da escrita de textos coletivos; • Envolver as famílias no processo de aprendizagem, promovendo situações de comunicação que permitam aos pais colaborarem nesta empreitada. Público Alvo: Este projeto envolve os alunos de berçário, educação infantil e 1º ano do ensino fundamental e se reflete no desenvolvimento ao longo de todo o percurso escolar. A comunidade docente recebe orientações e capacitações frequentes para que sejam agentes multiplicadores. Descrição das Atividades: O projeto está organizado em três frentes: 1. intervenção direta do especialista com o aluno em aulas, com frequência semanal; 2. capacitação do corpo docente em reuniões pedagógicas preestabelecidas para os diferentes níveis; 3. sensibilização / orientação das famílias.

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1. Intervenção com o aluno Unidade Baby (crianças de quatro meses a três anos): Na faixa ETÁRIA do grupo de aluno da unidade CERMAC Baby são observadas grandes e rápidas mudanças que ocorrem no desenvolvimento das crianças. Com o grupo de Berçário 1 e 2 (três meses a um ano) as oficinas de linguagem têm como principal objetivo promover estratégias para o desenvolvimento das habilidades auditivas, fortalecimento das estruturas musculares que compõe o aparelho fonador e introdução de vocabulário. As berçaristas e professoras da equipe participam das atividades e são constantemente orientadas para promover estratégias que contribuam no processo de desenvolvimento da fala e linguagem. A capacidade de pensar conscientemente sobre os sons da fala e suas combinações, assume especial relevo para a aprendizagem da leitura e escrita, que é a aquisição mais importante nos primeiros anos de escolaridade. Partindo deste princípio, as aulas de Baby 1 e Baby 2 (dois anos a três anos) têm em seu conteúdo programático estratégias de caráter lúdico que promovem o desenvolvimento das habilidades de consciência fonológica. O aumento do vocabulário, o desenvolvimento da autonomia moral e o treino das funções executivas também fazem parte do contexto das aulas que buscam trazer informações pautadas em obras da literatura infantil, criando o gosto pela leitura e iniciando o aprendizado da interpretação textual. Educação Infantil e 1º ano do ensino fundamental: Nas turmas de infantil 1 e infantil 2 (4 e 5 anos) encontramos crianças que estão aprimorando sua comunicação e o ambiente escolar é sempre convidativo. As aulas de oficina de linguagem apresentam contexto lúdico e utilizam exercícios que promovem o desenvolvimento das habilidades metalinguísticas e as funções executivas. Nas estratégias também são usadas, como ponto de partida, obras da literatura infantil, previamente selecionadas, com temas centrais que promovem reflexões morais e exercitam a interpretação de aspectos implícitos. As atividades propõem a criação de bancos de palavras e convidam para a formação de pequenos textos coletivos de diferentes gêneros literários, iniciando assim o desenvolvimento da elaboração gráfica. No 1º ano (seis anos) do ensino fundamental as habilidades de consciência fonológica já estão mais consolidadas e, embora no 1º semestre do ano letivo o conteúdo programático das aulas preveja algumas atividades com este objetivo, o foco principal da oficina de linguagem passa a ser a interpretação textual e a elaboração gráfica. Para tanto foi elaborado um pequeno projeto denominado “Saudade” que encerra o ciclo da educação infantil e sedimenta o conhecimento deste vocábulo que só existe no português.

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2. Capacitação do corpo docente – formando agentes multiplicadores É fundamental que a equipe de educadores seja constantemente capacitada para melhor atender as necessidades dos alunos. A comunicação e sua relação com a neurociência tem sido o tema central que rege os encontros semanais de estudo. O fonoaudiólogo da equipe prepara palestras e workshops para atender as dúvidas e promover reflexões que levem a práticas mais eficientes. 3. Sensibilização / orientação das famílias A comunicação ou a falta dela, no ambiente familiar, tem sido preocupação e objeto de estudo nos últimos anos. Nos primeiros anos de vida e durante todo o percurso da pré-escola as relações comunicativas são muito significativas e determinantes para o resto da vida. Pensando em promover um ambiente lúdico e comunicativo, o projeto “ oficina de linguagem” criou a MALETA DE LINGUAGEM, composta por jogos selecionados de acordo com a faixa etária, que estimulam tarefas de consciência fonológica, habilidades de função executiva e promovem a interação familiar. A maleta circula semanalmente em cada turma a partir dos 3 anos. Juntamente ao jogo segue um caderno com instruções para as atividades, onde a família deve registrar a experiência. Principais resultados: Os resultados do projeto são observados através da análise qualitativa das produções dos alunos, da percepção subjetiva e vivencial e também dos relatos registrados pelas famílias e professores que garantem uma prática mais eficaz em todos os níveis. Há clareza que o aprimoramento da linguagem implica na necessidade de um trabalho sistemático e contínuo no decorrer de toda escolaridade do aluno e que a participação da família e as vivências culturais promovidas tanto no âmbito escolar como social são fundamentais neste processo.

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O Trabalho com oralidade na Educação Infantil e Ensino Fundamental

em uma rede municipal de ensino

Fga. Renata Cristina Bernardi Gramani CRFa 2 - 4331

O trabalho de acompanhamento realizado por Orientadoras Pedagógicas e Equipe de Orientação Técnica (constituída de Fonoaudiólogos, Psicólogos, Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais e Assistentes Sociais) às unidades escolares da rede Municipal de Educação de São Bernardo do Campo apontava que as questões de linguagem e comunicação eram frequentes e se apresentavam como alvo de solicitação de acompanhamento para discussão. A necessidade de se discutir as questões de linguagem e comunicação se impunham porque esta última é o instrumento base na atuação e interações que ocorrem em ambiente escolar, permeando todo o processo de ensino-aprendizagem. Constituir-se como sujeito pensante, ator e autor no mundo, é uma tarefa que se dá por meio da construção de pensamento e linguagem. Este é um dos princípios que tem nos movido na busca de uma relação de ensino e aprendizagem que vise à superação de relações opressoras que retira de nós e do outro a possibilidade de pensar e falar. Considerando as questões semelhantes das práticas observadas e dos desafios formativos comuns nas diversas unidades, entendemos que a formação para as Equipes Gestoras (Diretor, Vice-Diretor e Coordenador Pedagógico) que enfocasse o eixo de oralidade seria a estratégia mais indicada, pois permitiria gerir o tempo disponibilizado no individual para o coletivo, propiciando maior qualidade e tempo de discussão sobre o tema. Outro fator significante seria a possibilidade de reflexão sobre as próprias práticas, assim como o conhecimento das práticas e reflexões de seus parceiros para a construção de uma sistematização de conhecimento pautado em observações críticas que possibilitassem um novo olhar para o currículo de oralidade proposto no PPP das escolas. Os ambientes educativos que partilhamos, convivemos e ensinamos crianças e adultos, estão permeados de contextos que se caracterizam por processos diversos. Esses processos vão desde a aquisição da fala e construção do sistema de comunicação, como ocorre com as crianças na faixa etária de 0 a 3 anos, assim como àquelas crianças na faixa etária de 3 a 5 anos e as de 6 a 10 anos, que já ingressam com bom domínio da linguagem e da língua oral, ou seja, que conhecem a maior parte da estrutura linguística da sua língua materna e a maioria dos padrões gramaticais; apreendem que a linguagem e a língua são funcionais e podem ser usadas para adquirir e ampliar conhecimentos, satisfazer desejos, necessidades, buscar contato e aproximação com pessoas, iniciar e manter diálogos, ampliar relações interpessoais, expressar opiniões, etc.; e àquelas crianças em que a fala não será ou poderá ser seu principal meio de comunicação. O contexto escolar é um espaço privilegiado na medida em que as crianças precisam expressar significados novos e mais complexos, adquirindo novas formas de linguagem, diversificando-as segundo intenção e contexto. A competência linguística dos alunos expande-se na medida em que o professor ocupa papel ativo na estruturação de situações com seus alunos que envolvam a conversação com sujeitos de diferentes domínios linguísticos e o acesso à norma culta. Nas práticas de oralidade observadas e discutidas no trabalho de acompanhamento às unidades escolares são recorrentes/ predominantes aquelas que se limitam a:

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• Só enfatizar a função informativa da linguagem; • Centralizar a ação do professor, assumindo papel de quem só explica e interroga; • Fazer uso excessivo de metalinguagem; • Limitar a função interativa, por meio da formulação de perguntas para os alunos que provocam respostas breves ou monossilábicas; • Considerar que a conversação e a atividade grupal dentro da sala de aula constituem um sinal de desordem. Estas práticas estão presentes nas relações entre adultos e crianças em salas de aulas e entre adultos nas práticas formativas, revelando a predominância de uma concepção de currículo pensado para assimilação de conhecimentos produzidos/acumulados em detrimento dos processos de construção e ressignificação do conhecimento próprios da natureza humana. O objetivo principal da formação foi que a Equipe Gestora fosse capaz de revisar papéis protagonizados por ela, professores e alunos para constituição de sujeitos ativos dentro do processo de ensino-aprendizagem e comunicação que ocorre no ambiente escolar. Assim como ampliar seu conhecimento sobre Desenvolvimento de Linguagem e os observáveis sobre comunicação e linguagem de forma a auxiliar os educadores na análise de situações dos alunos; problematizar as propostas pedagógicas com língua oral em sua escola, potencializando-as na aprendizagem das crianças; revisitar o PPP com foco no “Eixo de Oralidade” a partir da sistematização dos conhecimentos elaborados no grupo formativo, construindo um esboço de plano para discussão com a equipe escolar. Foram realizados cinco (5) encontros de 3 horas cada, totalizando 15 horas, divididos em dois (2) grupos de acordo com a fonoaudióloga referência das unidades escolares. A coordenação dos encontros foi alternada entre Fonoaudiólogas e Orientadoras Pedagógicas de acordo com o conteúdo abordado no encontro. A avaliação ocorreu em cada encontro utilizando-se da estratégia de focos de aprendizagem, da dinâmica do grupo e da coordenação. Possibilitando desta forma, no decorrer do processo de formação, realizar os ajustes necessários, corrigindo rotas. Ao final da formação foi realizada uma avaliação oral pelos participantes, a qual foi gravada para possível análise/reflexão posterior. No início do planejamento do curso pensou-se em dividir o grupo por modalidade de ensino (Infantil, Fundamental), contudo a opção final por realizar o trabalho sem esta divisão possibilitou crescimento do mesmo e ampliação da socialização das práticas escolares, assim como efetivou um estudo que focou globalmente o desenvolvimento de linguagem. O planejamento conjunto entre Orientação Pedagógica e Equipe de Orientação Técnica, assim como a coordenação realizada pela chefia da macrorregião permitiu resgatar o trabalho multidisciplinar, favorecendo a consonância de orientações às unidades escolares da rede.

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Conhecimento dos professores sobre a aprendizagem da linguagem escrita

Fga. Tais Ciboto 2 - CRFa 10366

Renata Calixto De Oliveira - Graduanda de Fonoaudiologia da FMU Gabriele Cristina Albuquerque Da Silva - Graduanda de Fonoaudiologia da FMU

A aprendizagem é um processo de construção de conhecimento, que se inicia no começo da vida, antes mesmo da criança entrar na escola. Ela acontece quando o cérebro reage aos estímulos do ambiente, realiza as sinapses e/ou torna-as mais fortes. Seria importante que os educadores entendessem como o aluno aprende, pois isso permitiria ao professor buscar formas mais adequadas de conduzir sua atividade, promovendo melhores resultados com seus alunos. Conhecer o neurodesenvolvimento permite que o educador leve em conta a base biológica e os mecanismos neurofuncionais na utilização de teorias e práticas pedagógicas, obtendo um melhor potencial do seu aluno. O objetivo deste estudo foi caracterizar o conhecimento de educadores do ensino fundamental sobre o processo neurobiológico de aquisição da leitura e da escrita e verificar a eficácia da orientação fonoaudiológica junto a eles. Trata-se de um estudo experimental que foi submetido ao Comitê de Ética em pesquisa e todos os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário aplicado a um grupo de 31 professores do ensino fundamental I, das cidades de Ferraz de Vasconcelos e Mauá, de forma individual e por escrito. O questionário foi elaborado a partir da literatura pesquisada. Primeiro, foi aplicado o questionário com o objetivo de extrair os conhecimentos prévios dos professores a respeito do processo neurobiológico de aquisição da aprendizagem da leitura e da escrita. Em seguida, foi agendado um encontro coletivo dentro do horário da reunião dos professores, estipulado pela escola, a fim de garantir a presença do maior número de professores possível. Nesse dia foi entregue um folheto explicativo, elaborado pelas autoras deste estudo a partir da literatura estudada sobre o assunto, a respeito de como a criança adquire a leitura e a escrita e, reaplicado o mesmo questionário junto aos professores que receberam o folheto, verificando assim o efeito que a orientação fonoaudiológica trouxe na situação pesquisada. Os resultados pré e pós intervenção fonoaudiológica foram comparados.

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Fonoaudiologia Educacional: O conhecimento dos profissionais da educação

sobre essa área de atuação

Jessé J Silva - Graduando Fonoaudiologia FMU Stephanie R Lavezo - Graduando Fonoaudiologia FMU

Thais Mascarenhas Campanha - Graduanda Fonoaudiologia FMU Fga. Tais Ciboto CRFa 2 - 10366

INTRODUÇÃO O fonoaudiólogo propicia um conhecimento mais aprofundado dos aspectos relacionados à comunicação da criança, ajudando o professor a compreender o processo de aprendizado e suas alterações, bem como conhecer recursos diagnósticos, tanto para fins de prevenção como para melhor direcionamento da conduta a ser adotada em cada caso (ANDRADE, 1995). A Fonoaudiologia Educacional é uma área de especialização da fonoaudiologia voltada à promoção da Educação, em todos os níveis e/ou modalidades de ensino. O fonoaudiólogo educacional pode atuar em Secretarias Municipais e Estaduais de Educação, em escolas da rede pública e do setor privado, em sistemas de ensino, em empresas de consultoria e assessoria. Para tanto, deve conhecer as políticas de educação definidas em âmbito federal, estadual e municipal, bem como os programas, projetos e ações relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem. Deve também atuar em parceria com os educadores visando contribuir para a promoção do desenvolvimento e da aprendizagem do escolar, para a melhoria da qualidade de ensino, para o aprimoramento das situações de comunicação oral e escrita; na identificação de situações que possam dificultar o sucesso escolar e na elaboração de programas que favoreçam e otimizem o processo de ensino-aprendizagem. Deve ter, ainda, conhecimento aprofundado da inter-relação dos diversos aspectos fonoaudiológicos com os processos e métodos de aprendizagem no ensino regular e especial, colaborar no processo de ensino-aprendizagem por meio de programas educacionais de aprimoramento das situações de comunicação oral e escrita, oferecer assessoria e consultoria educacional, atuar em gestão na área educacional, em consonância com as políticas, programas e projetos educacionais públicos e privados vigentes (CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2010). Considera-se de fundamental importância, o conhecimento de pressupostos teóricos relacionados ao processo de aprendizagem escolar, articulados aos de desenvolvimento infantil, para essa atuação. No que se refere ao conceito de promoção de saúde, estes também são de extrema importância para compreender aspectos de saúde da comunidade com a qual se está lidando. Além disso, a compreensão da Educação e de suas políticas públicas é crucial para o entendimento da dinâmica escolar (OLIVEIRA; SCHIER, 2013). A parceria do fonoaudiólogo com os educadores tem o objetivo de oferecer estratégias que visem à promoção e o aprimoramento das noções de aquisição da linguagem oral e escrita, criando condições favoráveis e eficazes para identificação das dificuldades apresentadas em ambiente escolar no processo de alfabetização, pois durante sua formação os professores não adquirem capacitação suficiente para compreender as dificuldades de leitura e escrita (FERNANDES; CRENITTE, 2008). Por isso, há necessidade de se reforçar a importância das ações do fonoaudiólogo no processo ensino-aprendizagem e no planejamento escolar. A atuação do fonoaudiólogo ocorre de forma facilitadora, visando às dificuldades da comunicação, e potencializando a ação do educador (BELLO; MACHADO; ALMEIDA, 2012). Vale-se, para tanto, de

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estratégias, recursos, formas de comunicação e materiais adaptados que atendam às necessidades educacionais dos alunos com dificuldades de leitura e escrita. Dessa forma, a sua atuação é voltada exclusivamente para a promoção de leitura e escrita através de incentivos ao domínio da linguagem em seus diferentes níveis (CÁRNIO et al., 2012). Alguns fonoaudiólogos têm trabalhado de modo a retomar e, principalmente, expandir, as possibilidades de atuação profissional e cientifica na educação (ZORZI, 2010). Para isso, a interdisciplinaridade precisa ser constante entre os serviços da área da Educação e da Saúde, além de se incentivar uma importante parceria entre fonoaudiólogos e pais (RAMOS; ALVES, 2008), a fim de se fornecer ao professor segurança e apoio contínuo em exercícios na sala de aula, além de proporcionar reflexão sobre as potencialidades de cada aluno para atender às diversidades em sala de aula (MACHADO; BELLO; OLIVEIRA, 2012). OBJETIVO O objetivo deste estudo foi caracterizar o conhecimento de profissionais da Educação sobre os transtornos de linguagem e escrita e sobre a atuação do Fonoaudiólogo Educacional e verificar a eficácia de um folheto informativo sobre o papel do fonoaudiólogo como complemento da equipe pedagógica. METODOLOGIA Trata-se de um estudo exploratório, transversal, quantitativo e qualitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o nº CAAE: 65928817.3.0000.0081. Todos os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes do início da coleta de dados. A amostra foi constituída por 20 sujeitos do sexo feminino, sendo profissionais de escolas públicas. Os instrumentos de coleta de dados foram dois questionários individuais autoaplicáveis em duas etapas: um questionário pré e um pós a aplicação de um folheto informativo. RESULTADOS PRELIMINARES: 95% dos profissionais afirmaram saber o que é a fonoaudiologia, mas apenas 25% obtiveram em sua formação informações sobre o trabalho do fonoaudiólogo educacional; 95% afirmaram que um aluno disléxico deve ser avaliado de forma diferente dos demais alunos, porém 60% não saberiam diferenciar um aluno com dificuldade de aprendizagem de um aluno disléxico e apenas 20% dos profissionais afirmaram encaminhar os alunos com dificuldades de aprendizagem para um fonoaudiólogo, o que reitera a importância da atuação do fonoaudiólogo no âmbito educacional. O folheto informativo foi eficaz, já que ajudou os profissionais a responderem o segundo questionário com maior propriedade e esclareceu as principais dúvidas inerentes ao tema. CONCLUSÃO: Os profissionais da educação possuem um saber limitado acerca dos transtornos e dificuldades de aprendizagem, bem como sobre a atuação do fonoaudiólogo educacional. Suas maiores dificuldades concentram-se na identificação e diferenciação das dificuldades e transtornos de aprendizagem, no encaminhamento assertivo para o fonoaudiólogo e na elaboração de estratégias específicas que viabilizem o processo de aprendizagem.

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Surdez, implante coclear e formação de professores: relato de experiência

Fga. Ana Claudia Tenor CRFa 2 - 6735 O desenvolvimento de linguagem e a escolarização de crianças surdas é um tema que vem sendo debatido por pesquisadores. Com o advento da tecnologia, como o implante coclear as discussões vêm avançando. O implante coclear é um dispositivo eletrônico de alta tecnologia que tem por objetivo substituir as funções das células ciliadas da orelha interna nos indivíduos com perda auditiva neurossensorial severa e profunda e prover a sensação auditiva. O uso desse dispositivo não significa a cura da surdez e a tecnologia por si só não garante o desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem da criança surda, pois isso depende de vários fatores, tais como: a capacidade de memória auditiva, estimulação adequada no ambiente familiar, intervenção fonoaudiológica precoce, entre outros. Atuo como fonoaudióloga da Secretaria Municipal de Educação de um município do interior paulista, em um núcleo que oferece suporte para a inclusão de alunos com deficiência e aos professores. O objetivo deste estudo foi acompanhar o desenvolvimento de linguagem de um grupo de alunos surdos usuários de implante coclear e capacitar os seus professores. O trabalho foi desenvolvido no ano de 2011 e participaram a coordenadora do núcleo, cinco professoras do ensino regular, duas da sala de recursos multifuncionais que atendiam esses alunos, três mães e dois pais de alunos surdos. A fonoaudióloga acompanhava o desenvolvimento de linguagem de cinco alunos surdos usuários de implante coclear com faixa etária de quatro a nove anos, que estavam incluídos em escolas diferentes. Para a identificação dos alunos foi utilizado A1, A2, A3, A4 e A5. Três alunos eram do gênero masculino (A1, A3, A4), dois do gênero feminino (A2, A5) e no período do estudo tinham as respectivas idades: A1 e A2 quatro anos, A3 cinco anos, A4 sete anos, A5 nove anos. A1 e A2 frequentavam a Etapa 1 da Educação Infantil e A3 a Etapa 2. O aluno A4 cursava o segundo ano do ensino fundamental I e A5 o terceiro ano. Os alunos apresentavam tempo de uso do dispositivo eletrônico variado, A1 recebeu o implante com um ano e onze meses, A2 com quatro anos, A3 com três anos, A4 com cinco anos e A5 com sete anos. O trabalho foi desenvolvido em quatro etapas. Na primeira etapa a fonoaudióloga avaliou o desenvolvimento de linguagem dos alunos surdos. Na segunda etapa dialogou junto à gestora do núcleo e professoras de sala de recursos multifuncionais a respeito do desenvolvimento de linguagem dos alunos surdos e a necessidade de capacitar os professores do ensino regular que atuavam com esses alunos. Na terceira etapa foram convidadas a participar de um encontro de capacitação cinco professoras do ensino regular, duas professoras da sala de recursos e a coordenadora do núcleo. Durante o encontro foram abordados os temas: deficiência auditiva, recursos tecnológicos para o aluno deficiente auditivo (aparelho de amplificação sonora individual, implante coclear, sistema de frequência modulada), desenvolvimento de linguagem, abordagens educacionais para o aluno surdo (abordagem oral e educação bilíngue), estratégias de comunicação, atividades para trabalhar as habilidades auditivas e linguagem no contexto escolar. Na quarta etapa foram convidados a participar de uma reunião no núcleo os pais desses alunos, a coordenadora e as professoras de sala de recursos, com o objetivo de apresentar o trabalho desenvolvido em parceria com o fonoaudiólogo, as escolas e professoras, bem como para ouvi-los e identificar suas expectativas em relação do desenvolvimento dos filhos surdos.

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Os resultados do trabalho evidenciaram que apesar de os alunos surdos fazerem uso do implante coclear, ainda não tinham desenvolvido a linguagem oral. As famílias pareciam acreditar que o ensino de Língua de Sinais poderia interferir no desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem dos filhos surdos e se posicionavam contra o ensino de Libras. Os professores se demonstravam preocupados com o fato de os alunos surdos não apresentarem uma língua constituída, quer seja na modalidade oral ou de sinais, bem como com as dificuldades que vinham ocorrendo no processo de ensino e aprendizagem desses alunos, o que atribuíam à falta de domínio de uma língua. Consideravam necessário o ensino da Língua de Sinais a esses alunos e a inserção do Intérprete de Libras em sala de aula. As professoras de sala de recursos multifuncionais também se posicionavam a favor do ensino da Língua de Sinais aos alunos surdos com implante coclear, principalmente para os que cursavam o Ensino Fundamental I e vinham apresentando dificuldades no processo de letramento, mas respeitavam a opção da família e não ensinavam Libras sem o consentimento dos pais. O estudo apontou a necessidade de maior investimento com vistas à formação continuada dos professores de alunos surdos e também de se estabelecer uma articulação entre os profissionais da saúde dos centros de implante coclear e educação, para dialogar a respeito da necessidade de o aluno surdo usuário de implante coclear ter acesso ao ensino de Libras. Além disso, é necessário esclarecer as famílias que a educação bilíngue poderia beneficiar as crianças surdas usuárias de implante coclear e o ensino da Língua de Sinais não interfere de forma negativa no desenvolvimento auditivo e linguístico dessas crianças.

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Avaliação do Processamento Auditivo, Neuropsicológica... O que fazer com meu aluno?

Marta Cecilia Rabinovitsch Gertel 2 - CRFa 5359

Introdução Nos últimos anos, é possível observar o aumento sistemático de pedidos para avaliações formais de crianças em idade escolar: avaliação do Processamento Auditivo, avaliação neuropsicológica, psicopedagógica, fonoaudiológica, psicodiagnóstico, avaliação psiquiátrica, foniátrica, neuropediátrica, entre outras. De modo geral esses encaminhamentos são fruto de queixas relacionadas ao desenvolvimento infantil e/ou ao processo de aprendizagem, principalmente da leitura e escrita. Em minha experiência na área de educação com instituições privadas, esse aumento de demanda por avaliações e diagnósticos pode ter origem em diferentes contextos: a família apresenta queixas quanto ao tempo que a criança leva para realizar as atividades extraescolares; o olhar atento do professor em sala de aula para a performance individual do aluno e sua comparação com o grupo classe e, por último, pelo pressuposto de que etapas de aprendizagem devem ser seguidas e atingidas em uma série específica. Em geral as queixas familiares em relação à aprendizagem são fundamentadas na comparação com a história de irmãos, filhos de amigos, primos e também nos relatórios escolares que assinalam, muitas vezes, a etapa que o aluno não atingiu ou não apresenta de forma satisfatória. Os pais procuram compreender o que ocorre com seu filho, porque é diferente dessa ou daquela criança ou ainda porque não atinge as metas pré-estabelecidas para a respectiva série. O olhar atento do professor é um ganho importante para a educação: estimula a relação de confiança entre o professor e aluno, o conhecimento do ritmo de aprendizagem e as estratégias que favorecem aquela criança. Em contrapartida esse mesmo olhar que avalia a performance do aluno em relação a si próprio e ao grupo classe também pode transformar características de um processo em construção em erros de performance e, portanto, em falhas de desenvolvimento ou características de patologias. As metas das atividades diárias são pautadas no conteúdo pedagógico e na grade curricular específica de cada série o que pode favorecer a busca pelo que a criança não atinge ou não dá conta no cotidiano escolar. Isso pode ser bem observado principalmente nas séries inicias do Fundamental I e na transição para o Fundamental II (6º ano) ou para o Ensino Médio (9º ano e 1º ano do E.M). Assim sendo, há hoje um aumento significativo nos encaminhamentos para diagnósticos principalmente no que se refere ao processo de aprendizagem e da leitura e escrita. Não é nosso objetivo aqui discutir se as avaliações são ou não importantes, se devem ou não ser solicitadas pela escola, se há ou não aumento de diagnósticos no ambiente escolar. Nosso intuito é apresentar uma proposta de trabalho com os professores para lidar com os resultados obtidos de modo a favorecer o desenvolvimento da criança em relação ao seu próprio desenvolvimento e em relação ao grupo classe. Para tanto vamos nos concentrar nas avaliações do processamento auditivo (PAC) e neuropsicológica, que são as mais solicitadas atualmente para diagnóstico de alterações da aprendizagem, principalmente leitura e escrita.

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Ações realizadas Quando chega o resultado de uma avaliação do Processamento Auditivo ou Neuropsicológica podemos seguir dois caminhos diferentes: se a criança já é acompanhada por um profissional da área de educação (fonoaudiólogo, psicólogo, psicopedagogo, professor particular ou tutor) sugiro à coordenação pedagógica que solicite uma reunião para conversar com o responsável pelo atendimento clínico e discutam as estratégias a serem utilizadas com aquele aluno tendo em vista os recursos disponíveis na instituição para flexibilização ou adaptação do currículo da série que está em curso. Em alguns casos o profissional que atende a criança fora da escola não está disponível para essas reuniões e também há casos em que não há acompanhamento terapêutico fora da escola. Nessas circunstâncias opto por seguir uma linha de trabalho pautada em encontros com os professores onde são realizadas discussões sobre os seguintes tópicos: • Queixa da escola: embasada em quais atividades realizadas pela criança e pelo grupo classe; • Por que do encaminhamento para a avaliação do processamento auditivo, fonoaudiológica, psicodiagnóstico, psicopedagógica, neuropsicológica, neuropediátrica (escolha do encaminhamento) • O processo de desenvolvimento de linguagem oral e escrita e suas alterações; • Áreas que são mapeadas nas avaliações solicitadas; • Diagnósticos encontrados; • Retrospectiva de como era o processo de aprendizagem do aluno nas séries anteriores (história do aluno) • Família também apresenta queixas? Quais? Como surgiram? • Propostas do professor que favorecem o aluno em questão (o que já tentou em sala de aula) Resultados obtidos Acredito que a contribuição do fonoaudiólogo educacional está em auxiliar o corpo docente a perceber que nem sempre uma avaliação ou diagnóstico dá conta de apresentar soluções mágicas para a sala de aula. É no trabalho de discussão e reflexão sobre o cotidiano da classe e do aluno que está com dificuldades que são eleitas as estratégias facilitadoras para a criança continuar a desenvolver seu processo de aprendizagem. Para isso é necessário que os professores descrevam de maneira pormenorizada o tipo de estratégia que utilizam para aquele aluno e quais apresentam melhor ou pior resultado. Discutir também como foi o processo de escolha das estratégias (embasamento teórico x olhar do professor), o que pode ser modificado para continuar a favorecer esse aluno e como está seu desenvolvimento em relação ao grupo classe. Cabe ressaltar que é fundamental não perder de vista que a aprendizagem é um processo contínuo e que justamente por isso há que existir maleabilidade do corpo docente para reavaliar constantemente o que funciona ou não com o aluno. Dessa maneira a troca de informações com os professores de séries anteriores e subsequentes é de fundamental importância para que a criança tenha assegurado seu processo de desenvolvimento e se sinta amparada pelo ambiente escolar. Só assim é possível garantir o direito a uma educação de qualidade para todos os alunos inclusive aquele que apresenta esse ou aquele diagnóstico.

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OUVIR PARA TRANSFORMAR – Uma experiência da Escola Promotora de Saúde

Fga. Aline Oliveira Santos CRFa 2 - 17594

Breve descrição dos princípios adotados: Diversos são os estudos acerca dos efeitos do excesso de barulho sob o sistema auditivo. O ruído está cada vez mais frequente, inclusive em locais que precisam e deveriam ser mais silenciosos, como a escola. Além de provocar o zumbido e perda auditiva, o ruído causa cansaço mental, irritabilidade e diminui a concentração e a qualidade do sono. A rede escolar SESI-SP, fundamentada nos princípios da Escola Promotora de Saúde, tem como objetivo a educação para a saúde com enfoque integral, o qual possibilita a conscientização e opção de escolhas mais saudáveis de toda a comunidade escolar. Por esta razão oportunizou nas escolas da Rede o projeto “Ouvir para Transformar” com o objetivo de sensibilizar estudantes, corpo docente, equipe gestora, estagiários, inspetores e demais técnicos da escola, além da comunidade sobre a importância da audição e da prevenção de perdas auditivas, além de conhecer os outros efeitos negativos da exposição do ruído. Instituição: O relato desta experiência é fruto de um trabalho realizado em 2015 pelas 173 escolas da rede de escola particular SESI do Estado de São Paulo. Destas, 57 eram assistidas por fonoaudiólogos educacionais. Ações realizadas: Os estudantes realizaram a medição do ruído nos diferentes espaços escolares: sala de aula, áreas de entrada e saída, corredores, refeitório e biblioteca, utilizando aplicativos para smartphones e tablets Android e iOS. A partir desses dados, deveriam, juntamente com seus professores realizar atividades transdisciplinares, ou seja, aproveitando os conteúdos curriculares para desenvolver estratégias voltadas para identificação, atenuação do ruído e promoção de saúde auditiva. A equipe de Saúde e Inclusão Escolar do SESI-SP desenvolveu material de apoio para a prática das ações das escolas: folders informativos para as três modalidades de ensino – Fundamental I, II e Médio e para professores; criou uma mascote virtual, Rui, que simbolizava um “sugador de ruído” e poderia ser usado pela escola, da maneira que lhe fosse mais conveniente. Resultados obtidos: As medições realizadas foram tabuladas e a partir de então, trabalhadas em diferentes contextos. Todas as atividades realizadas respeitaram a idade e ano escolar dos estudantes, bem como a necessidade identificada pela própria unidade escolar e componente curricular, o que proporcionou resultados variados. Em matemática por exemplo, utilizaram esta temática para embasar o trabalho de leitura e interpretação de tabelas e gráficos. Em Ciências, foi desenvolvida a temática poluição sonora, juntamente com juntamente outros tipos de poluição: hídrica, do solo, visual, etc. Diversos estudantes analisaram os tipos de materiais que atenuam o ruído e em algumas unidades a aplicação de feltro em portas foi realizada. Rui protagonizou um jogo computadorizado de quebra-cabeça virtual, usado no Laboratório de Informática, especialmente utilizado pelos estudantes menores – primeiro a terceiro ano escolar. Nos componentes de Linguagem – Arte e Língua Portuguesa, jingles e paródias, bem como apresentações de teatro foram produzidas. Outras unidades escolares convidaram profissionais da fonoaudiologia para dialogar com estudantes sobre o uso de fones de ouvido para música amplificada e seus riscos. Em uma das escolas, previamente a esta atividade, um questionário foi aplicado a fim de conhecer o nível de conhecimento dos estudantes do Ensino Médio sobre os cuidados com a audição, presença de sintomas auditivos, hábitos e etc. Verificou-se que na maioria das vezes os pais alertam quanto ao uso de fones para ouvir música, mas acreditam que eventuais danos são reversíveis embora reconheçam que usam dispositivos como celulares e MP3players com volume alto ou muito alto, por muitas horas, alguns, inclusive, para dormir.

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A mascote do projeto, chamado Rui, em algumas escolas protagonizou o ruidômetro robotizado pelas equipes de Robótica. O dispositivo, desenvolvido com a tecnologia de arduíno, alertava com uma luz vermelha quando o nível de pressão sonora ultrapassava 85dB. Ruidômetros visuais, em forma de cartazes também foram confeccionados por outras turmas. Por meio da lousa digital, recursos como BoucyBalls também foram importantes ferramentas para reduzir o ruído provocado pelos próprios alunos em sala de aula, como gritar, arrastar carteiras e mesas, etc. Outra unidade escolar aproveitou da Feira de Ciências, a qual era aberta para o público em geral, para apresentar, dentro outras atividades, a Orelha Gigante, de material inflável. Recebeu a comunidade que pode conhecer as estruturas e funcionamento da audição e hábitos prejudiciais à saúde auditiva. Em diversas cidades a divulgação das ações foi ampla, sendo exibida cor programas televisivos e em jornal impresso. Tais estratégias demonstraram ser boas ferramentas visuais para controle de ruído, embora não deva ser ignorado a inerente dificuldade que toda mudança de comportamento apresenta, por isso, a redução dos níveis de ruído na medição realizada ao final do projeto não evidenciou queda significativa, mas reconhece-se que o Ouvir para Transformar propiciou a sensibilização para o problema e promoção de saúde auditiva não só pelos estudantes, mas por toda a comunidade escolar.

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O percurso da Fonoaudiologia Educacional no Sistema SESI-SP de Ensino

Fga. Soraia Romano CRFa 2 – 9397 Fga. Aline Oliveira Santos CRFa 2 - 17594

Breve descrição dos princípios adotados: O Serviço Social da Indústria de São Paulo (SESI-SP) foi criado em 25 de julho de 1946, por um grupo de empresários com objetivo de estabelecer solidariedade e harmonia entre capital e trabalho. Em meio à Segunda Guerra Mundial era necessário humanizar as relações trabalhistas e a criação dos Serviços Sociais foi o primeiro passo, oferecendo educação, saúde, cultura, lazer, qualidade de vida e esporte para o trabalhador da indústria. O Sistema SESI-SP de Ensino é uma das maiores redes particulares de educação, composta por 160 escolas, localizadas em 110 municípios paulistas, com atendimento superior a 180.000 alunos e o setor de transferência de tecnologia educacional que engloba mais de 30 prefeituras do Estado de São Paulo, ultrapassando atendimento à rede pública, com mais outros 100.000 estudantes. O SESI-SP possui a missão de oferecer Educação que contribua na formação integral dos beneficiários da indústria e seus dependentes legais, visando melhoria da qualidade de ensino, mediante opção estratégica de investimentos na formação continuada de seus profissionais e utilização de recursos tecnológicos. A Fonoaudiologia sempre esteve presente nas ações da Rede, acompanhando as tendências que a própria ciência valorizou ao longo dos anos. Atualmente, suas ações estão centradas no gerenciamento do setor de saúde educacional. Ações realizadas: A Fonoaudiologia no SESI-SP iniciou seu percurso num foco clínico, atendendo estudantes nas diferentes necessidades e com orientações pontuais sobre as características individuais de cada paciente. No ano 1999, iniciou um trabalho Educacional, realizando triagem fonoaudiológica completa, com foco na identificação precoce e prevenção de problemas escolares. Este trabalho era concluído com reuniões para professores e orientação familiar. Em pouco tempo, foi notado que o trabalho junto aos professores era dinâmico, por ser multiplicador e obtinha resultados efetivos com mais rapidez. Em 2009, a triagem deixou de ter a maior importância e o trabalho foi reformulado para atendimento coletivo centrado nos preceitos da Escola Promotora de Saúde e apoio à inclusão de estudantes com deficiências, transtornos e altas habilidades. Em 2011, foi implantada a Supervisão Educacional de Saúde e Inclusão escolar, que era constituída por concepção transdisciplinar atuando em conjunto com os diversos setores educacionais da gestão de planejamento, currículo e programas educacionais. O Setor de Saúde e Inclusão Escolar realiza anualmente diagnóstico institucional e mapeamento dos estudantes com deficiência ou transtorno, em todas suas escolas. A atuação de forma conjunta e transdisciplinar promove a construção de ações coletivas de atendimento, com a integração de um trabalho formativo, numa perspectiva inclusiva para concretizar a garantia e promoção de direitos individuais e coletivos, da inclusão social e promoção de cidadania. Diante deste cenário, várias ações são planejadas para desenvolver um trabalho pautado na equidade que contemplem uma escola de todos e para cada um. Resultados obtidos: Neste contexto, a Fonoaudiologia Educacional contribui de forma direta, ao promover ações que relacionam a comunicação com desenvolvimento, aprendizado e formação da cidadania. A aplicação de recursos e materiais especializados cria condições que asseguram a participação das pessoas com deficiência, transtornos e altas habilidades, durante o acompanhamento das aulas e vivências. Entretanto, não é possível aplicar esforços somente em acessibilidade e recursos, na medida em que a escola inclusiva deve buscar a transformação de referências curriculares, reconsiderar as práticas de

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ensino/aprendizagem e aplicar investimentos na formação do docente. Diante destes fatos, a fonoaudiologia contribui para o acolhimento e reflexão sobre as necessidades da escola, dos envolvidos e seus familiares, mantendo o relacionamento próximo da equipe escolar e a comunidade. A Formação Continuada de Professores e Discussões Coletivas Pedagógicas (período de quatro horas destinado para reciclagem, planejamento e reflexão conjunta entre todos os colaboradores da escola) alimentam esta relação e o fonoaudiólogo pode apropriar-se das necessidades do cenário escolar, além de relacionar junto com os professores quais são as estratégias de ensino e aprendizagem cabíveis para cada aluno e no contexto daquela sala de aula. Realiza-se a assessoria específica para estudantes com deficiências e transtornos; e, além da monitoração dos recursos de acessibilidade, o fonoaudiólogo respalda o professor sobre assuntos de saúde, características das patologias encontradas, aspectos de desenvolvimento da linguagem, que devem ser evidenciados para promoção de estimulação e promoção da saúde da comunicação desde o público infantil até o Ensino de Jovens e Adultos. Além disso, o Setor coordena a área de recursos humanos indicando, formando e monitorando os profissionais de apoio (cuidadores, professores alfabetizadores para surdos, tradutores e intérpretes de Libras e estagiários facilitadores de aprendizagem). O Setor coordena os Programas de Inclusão que incluem desde a avaliação funcional do estudante, perpassa pela elaboração de vídeo aulas sobre a temática, distribuição de material educativo e discussões por videoconferências junto aos professores e gestão escolar. A Fonoaudiologia é valorizada pela Rede, que solicitou a contribuição na escrita dos principais documentos educacionais como capítulos nos Referenciais Curriculares da Rede, na Formação dos eixos integradores, que propôs uma mudança curricular e a contribuição nas Diretrizes da Ciência e Tecnologia. Além da coordenação e autoria das Diretrizes Curriculares da Educação Inclusiva, que padronizou os procedimentos para organização e registro das adaptações curriculares para estudantes com deficiências e transtornos. O trabalho da Fonoaudiologia Educacional no Sistema SESI-SP de Ensino conquistou grandes avanços por acreditar na construção de um serviço baseado na parceria, no apoio mútuo e na objetividade das ações. Fazer parte da equipe escolar é o maior reconhecimento de que a Fonoaudiologia pode contribuir para os programas de ensino em que todos os estudantes estejam inseridos de modo efetivo.

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Contribuições Fonoaudiológicas no Compartilhamento do Cuidado de Crianças e Adolescentes em Sofrimento Psíquico no Âmbito Escolar

Luciana Regina de Lima Carvalho CRFa 2 - 15898

Juliana Pinheiro dos Santos CRFa 2 - 13879-1 Tathiana de Itacarambi Pereira CRFa 2 - 17867

Marilisa Barbosa Hessel CRFa 2 -20140

Introdução: O cuidado em saúde de crianças e adolescentes com transtornos psiquiátricos severos e persistentes é feito nos CAPSij – Centros de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil. Tal população apresenta uma gama de comportamentos que podem interferir no aprendizado e na qualidade de sua interação com os colegas e com a equipe escolar. O diálogo entre CAPS e escola nem sempre é fácil. No geral os profissionais da educação costumam se queixar da falta de suporte e da linguagem excessivamente técnica e pouco clara dos profissionais da saúde, que, por sua vez, reclamam que os profissionais da educação são fechados e depositam expectativas demasiado exageradas no uso de medicamentos e nas condutas médicas. O fonoaudiólogo, por ter uma formação que transita entre as áreas da saúde e da educação, é o profissional mais indicado para fazer a ponte entre os dois serviços, promovendo um cuidado integral que favoreça a autonomia e bem-estar da criança ou adolescente em sofrimento psíquico. No entanto, a atuação do profissional da Fonoaudiologia no campo da saúde mental ainda é uma surpresa, não só para as escolas como também para outros profissionais, inclusive os de saúde e dentro da própria categoria. Isto faz com que a presença do fonoaudiólogo muitas vezes seja questionada em alguns espaços. Objetivo: A presente pesquisa tem como objetivo discutir o papel da escola na construção de uma rede de cuidados para crianças e adolescentes com doenças mentais graves, a partir da contribuição da Fonoaudiologia. Método: A metodologia utilizada é a do estudo de caso, desenvolvido por meio da análise das ações intersetoriais realizadas por quatro fonoaudiólogas nos CAPSij do município de Campinas, com especial enfoque às ações feitas em parceria com a educação. A pesquisa em questão foi realizada no período de fevereiro a agosto de 2017. Resultados: Foi possível observar o estreitamento das relações entre os CAPS e as escolas a partir da troca de saberes do fonoaudiólogo com a equipe pedagógica, tendo especial importância a presença dos professores de educação especial nos espaços de discussão. Estes profissionais, por serem mais habilitados para o trabalho com crianças e adolescentes com diferentes diagnósticos, no geral tendem a ter um olhar mais cuidadoso às questões relativas à saúde mental e aos fatores predisponentes para situações de crise. A Fonoaudiologia, por tratar da aquisição e desenvolvimento da língua oral e escrita, mediante os processos de abstração e estratificação do pensamento, é capaz de compreender as preocupações dos professores e demais profissionais da educação quanto ao aprendizado e rendimento escolar dos alunos, de forma a estabelecer uma comunicação mais efetiva entre os serviços, possibilitando maior sucesso terapêutico e promovendo a inclusão da criança ou adolescente em sofrimento psíquico ao ambiente escolar. Com isso, os índices de absenteísmo e evasão escolar foram reduzidos, aliado à diminuição de ocorrências em sala de aula. A discussão regular de temas que permeiam o cotidiano de crianças e adolescentes dentro e fora da escola, tais como bullying, automutilação e heteroagressividade, pode servir como ponto de partida para fortalecer o vínculo entre CAPS e escola, desmistificando assuntos pouco conhecidos e esclarecendo dúvidas quanto à necessidade de intervenção em alguns casos.

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Apoio matricial fonoaudiológico como potencializador das ações na escola

Marilisa Hessel CRFa 2 - 20140 Tathiana de I. Pereira CRFa 2 - 17867

Juliana P. dos Santos Luciana R L Carvalho CRFa 2 - 15898

Introdução: O fonoaudiólogo na saúde mental tem um importante papel na intersecção da saúde com a escola devido à sua formação, que abrange a reabilitação na comunicação oral, escrita e suplementar/ alternativa. Pode-se dizer que muito além das adaptações dos conteúdos formais do currículo escolar, o fonoaudiólogo amplia a visão de que o aluno é um agente comunicante em todos os momentos e espaços em que se encontra na escola, podendo se beneficiar de diversas estratégias de ampliação da comunicação. Portanto, a ideia de apoio matricial - terminologia advinda da saúde mental e proposta por Campos - é utilizada para pensar que a fonoaudiologia atuaria na escola como uma retaguarda especializada, oferecendo suporte técnico às equipes da escola, seja de auxiliares ou de professores. Isto reforça um ideal de gestão interdisciplinar dessas redes de ação e modifica as relações em níveis hierárquicos, objetivando assim ampliar as possibilidades de intervenção e integração dialógica. Esse matriciamento se daria por intermédio das ações estipuladas pelo Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia e pelo Código de Ética Profissional, conhecidas como os cinco eixos de ação da Fonoaudiologia educacional. Podemos considerar estes eixos de ação como pontos facilitadores que propiciam a identificação da demanda elencada aos aspectos fonoaudiológicos que interfiram no processo educacional. Razão esta do matriciamento escolar por equipes de saúde mental ser um recurso atualmente utilizado para ampliar as possibilidades de (re)inserção social, interação entre os pares, colaborando na construção do planejamento e desenvolvimento de ações que contribuam para o processo educacional. Objetivo: descrever relatos de experiências de matriciamentos escolares realizados por fonoaudiólogas inseridas em CAPSij do município de Campinas e em uma instituição especializada para portadores de Transtorno do Espectro Autista no município de Indaiatuba. Método: Os matriciamentos foram realizados entre início de 2016 até agosto de 2017 com periodicidade média de um encontro semestral entre as equipes de saúde mental com as unidades escolares de cada criança ou adolescente. De acordo com a demanda escolar e sintomas dos pacientes, encontros extras foram agendados. Discussão:O intuito das reuniões intersetoriais seria de proporcionar um intercâmbio sistemático de conhecimentos, possibilitando ações e estratégias similares nos ambientes “saúde e educação”. Além disso, possibilitar que a escola compreenda de que forma os quadros psíquicos interferem nos aspectos comunicativos e comportamentais destes indivíduos, que as unidades de saúde compreendam os objetivos pedagógicos de cada aluno e que ambos construam de forma compartilhada as estratégias de manejo dos sujeitos e suas famílias. Resultados: Por ser um processo dinâmico que depende de diversos fatores como a realidade de recursos humanos na escola, a disponibilidade e o interesse dos profissionais envolvidos, o fonoaudiólogo também realiza trabalhos de sensibilização com exemplos de sucesso já realizados com o paciente nos espaços de tratamentos na saúde e potencializa as ações já desenvolvidas pelos educadores com uma escuta apurada e acolhedora. A discussão de caso individualizada via matriciamento escolar semestral demonstrou-se efetiva na composição dos Projetos Terapêuticos

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Singulares, possibilitando uma integralidade dos cuidados. Como há uma diversidade de sintomas nos sujeitos acometidos por transtornos mentais, relacionadas também a seu contexto social, como nos casos de TEA, transtornos do humor e conduta, surgiam por muitas vezes questões que necessitavam de condutas compartilhadas “saúde e educação” com outros setores como o Conselho Tutelar e Assistência Social. Também o fonoaudiólogo conseguia explicar através de sua competência relacionada aos aspectos comunicativos, algumas características psicopatológicas apresentadas por sintomas agressivos ou disruptivos, e como manejar estas situações. Conclusão: A Fonoaudiologia historicamente tem relação direta junto à área da Educação, apesar de sua consolidação na área da saúde, colaborando com a promoção de saúde, do processo educativo e favorecendo a inclusão escolar das crianças que apresentem dificuldades no âmbito educacional. Portanto, a sistematização pelos membros das equipes de saúde mental em matriciar as escolas com o apoio do fonoaudiólogo, valoriza a construção de espaços para comunicação ativa e o compartilhamento de conhecimento entre os profissionais e apoiadores, estimulando e facilitando o contato direto entre eles, e, consequentemente, possibilita a (re)inserção social, interação entre os pares e elaboração de estratégias para inclusão pedagógica dessas crianças e adolescentes. Referências: i. Campos GWS. Equipes de referência e apoio especializado matricial: uma proposta de reorganização do trabalho em saúde. Ciênc Saúde Coletiva 1999; 4:393-404.

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Espaço Terapêutico da Escrita: interlocução acerca da produção acadêmica

Fga. Claudia Mazzini Perrotta CRFa 2 - 4129

Trata-se de experiência voltada ao atendimento de dificuldades na elaboração do texto acadêmico, vivida em consultório particular, denominado Espaço Terapêutico da Escrita. O trabalho segue pressupostos da teoria bakhtiniana (ressonância dialógica/gêneros discursivos) em articulação com preceitos dos psicanalistas da escola inglesa: Winnicott e Marion Milner, em especial, no que se refere à criatividade e seus bloqueios, além do uso de objetos culturais, no caso, a escrita. É realizado com adultos-pesquisadores-criadores e tem como objetivo sustentar, no contexto clínico-terapêutico, as ansiedades geradas durante a produção acadêmica (monografia, dissertação, tese, artigo), bem como indicar possíveis caminhos de elaboração estética do texto, de modo a contemplar a expressividade de cada um, em consonância com as regularidades do gênero discursivo em questão. A ideia principal é oferecer um espaço de interlocução, com presença implicada do terapeuta, ampliando a capacidade de pensar acerca da própria produção, dela se aproximando amorosamente para potencializar dizeres investidos de pessoalidade. Dentre os resultados obtidos, é possível constatar uma apropriação maior da própria produção, o que gera maior segurança no momento de publicá-la. Através do trabalho, ideias pré-concebidas sobre a incapacidade para escrever, bem como autodiagnósticos equivocados de supostos distúrbios também vão sendo desmistificados, enquanto potenciais para criar vão sendo descobertos e realizados, de acordo com processos e ritmos particulares de produção.

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VIII MOSTRA DE FONOAUDIOLOGIA NA EDUCAÇÃO IV FÓRUM DE FONOAUDIOLOGIA NA EDUCAÇÃO

Santos, 09 de novembro de 2018

PROGRAMA

IV Fórum de Fonoaudiologia na Educação

• 13h: Recepção e entrega dos materiais

• 13h30: Mesa de Abertura

• 14h: Mesa "A formação do fonoaudiólogo para atuar na Educação"

Fga. Alessandra Sampaio Ferreira CRFa.2-9110 Especialização em Neuropsicologia Fonoaudióloga clínica

Fga. Luciana Azevedo Rajabally CRFa.2-5548 Mestre em Fonoaudiologia pela PUC/SP Docente do curso de Fonoaudiologia da UNILUS Fonoaudióloga clínica e atuação em Fonoaudiologia Escolar

• 15h às 16h30: Roda de conversa

• 16h30 às 17h00: Coffee break

VIII Mostra de Fonoaudiologia na Educação

• 17h30: Contextualização do evento Comissão de Educação do CREFONO 2

• 18h às 20h15: Apresentação dos trabalhos selecionados

• 20h15 às 20h30: Encerramento

Promoção: Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região/SP

Realização: Delegacia Regional da Baixada Santista

Local: Campus III da Unilus - Centro Universitário Lusíada

Rua Batista Pereira, 265 – Macuco – Santos/SP

Apoio: UNILUS

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FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO: UMA UNIÃO FUNDAMENTAL

Fga. Daniella Perez CRFa2 - 17.177

Este trabalho de promoção e prevenção da saúde iniciou no ano de 2017, através de um trabalho em rede, com parceria das Secretárias Municipais de Saúde e Educação da Estância Turística de Paranapanema/SP, dando continuidade até o momento. Essa iniciativa foi atribuída pela Fonoaudióloga do município, com o objetivo de além de reduzir a lista de espera pelo Setor de Reabilitação, assessorar nas dúvidas e condutas referentes ao uso vocal profissional, relatadas pelos Educadores das Unidades de Educação Municipais. Pois devido à escassez de informações sobre o processo de produção e o uso adequado da voz, além dos maus hábitos vocais, acabam gerando licenças de saúde freqüentes, transtornos emocionais, readaptações de cargos, entre muitos outros. O Município de Paranapanema é dividido entre a Sede do Município e o Distrito de Campos de Holambra, sendo o mesmo desempenhado em todas as unidades de educação Municipal, com professores da Educação Infantil, PEB I e PEB II. O plano de orientação para professores utiliza a data do Dia Mundial da Voz, sendo ofertadas orientações sobre como a voz é produzida, quais são os profissionais da voz, sinais de problemas vocais, conseqüências do mau uso vocal, cuidados com a voz, dicas de mudanças no habito vocal e na dinâmica em sala de aula, auto avaliação vocal {Protocolo QVV – Mensuração de Qualidade de Vida, adaptado pela Fga. Mara Behlau (1999)}, dinâmicas, etc. A dinâmica utilizada no ano de 2018 foi a Dança Circular Sagrada (DCS), selecionada a partir do “diagnóstico” da vida profissional e emocional dos Educadores participantes, o qual dimensionou um grande índice de ingestão medicamentosa de ansiolíticos e antidepressivos pelos mesmos. A DCS é o resgate de uma prática muito antiga que sempre esteve presente na história da humanidade, seja no nascimento, casamento, plantio, colheitas, chegada das chuvas, primavera, morte, etc, reflete a necessidade de comunhão, celebração e união entre as pessoas. Uns dos benefícios desta dança são o ACOLHIMENTO: Ao dar as mãos em círculo, sentimos instantaneamente o poder de apoiar e sermos apoiados; movimentar-se é pura SAÚDE; a DCS é considerada uma MEDITAÇÃO em movimento; as músicas, sorrisos e olhares mudam o seu próprio olhar, proporcionando RELAXAMENTO; o cérebro é muito requisitado no exercício de ativar a MEMÓRIA corporal e mental, para lembrar dos passos, gestos e ritmos; ao aprender o passo da dança, se alcança a ATENÇÃO plena, aprendendo a lidar com os fatores de dispersão; entre outros. Mediante essas ações, sucedem bastantes dúvidas dos professores quanto os cuidados vocais, compartilham experiências e estratégias exitosas adotadas em sala de aula, fortalecem o vínculo entre os membros de cada equipe profissional, entre outros benefícios. Favorecendo uma qualidade de vida profissional, emocional e coletiva.

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ERA UMA VOZ

Fga. Carla Fernanda Leme de Araujo Adachi CRFa 2 - 7358

Considerando que a carreira docente é uma das que apresentam o maior risco para o desenvolvimento de problemas relacionados à voz, tais como cansaço vocal, rouquidão e dificuldades em projetar a voz. Este projeto teve como objetivo a realização de palestras e oficinas ao longo de oito encontros, nas quais os participantes foram orientados quanto à prevenção de problemas vocais, visando a promoção da saúde vocal, por meio de ações, orientações e treinamento, com o objetivo de construir novos comportamentos vocais. Para promover a atenção a todos os educadores e funcionários da rede municipal de Ensino, foi elaborado um programa de encontros semanais que foram oferecidos nos períodos da manhã, tarde e noite, possibilitando a participação de todos, com o objetivo da promoção dos cuidados com a voz como proposta para obter grandes êxitos em ampliar a percepção e conscientizar os educadores a respeito dos fatores que atuam de maneira favorável ou prejudicial à voz.

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Rodas de conversa com as famílias nas escolas: ferramenta de orientações das questões fonoaudiológicas e divulgação do trabalho realizado pela equipe de Atendimento Educacional

Especializado da Secretaria Municipal de Educação de Suzano/SP

Fga. Mária de Fátima Dall' Aqua CRFa 2-4196 Abdalla C.R. pedagoga

Introdução O atendimento educacional especializado (AEE) é um serviço da educação especial que identifica, elabora, e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminam as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. A Rede Municipal de Suzano é formada por oitenta e nove Unidades Escolares que atendem alunos desde a creche (quatro meses) até o quinto ano do ensino fundamental, a equipe de Educação Especial é composta por uma Assistente Técnica de Área (ATA), uma coordenadora, duas Professoras Orientadoras de Pólos (POP), dezenove professores de AEE, sessenta Agentes de Apoio à Inclusão (AAI), sete Agentes de Apoio à Pessoa com Surdez (AAPS), uma fisioterapeuta, uma fonoaudióloga e uma psicóloga. Na medida em que foram sendo realizamos as ações de AEE nas escolas, a equipe supracitada identificou que a comunidade escolar apresenta dificuldade em entender com clareza as diretrizes nacionais da Educação Especial no nosso país e a importância da intervenção precoce que inclui todas as formas de apoios específicos aos alunos. Ações realizadas Sabendo que a família e a escola emergem como duas instituições fundamentais para desencadear os processos evolutivos das pessoas, atuando como propulsores ou inibidores do seu crescimento físico, intelectual e social e percebendo como imprescindível o trabalho com famílias como forma de promover o desenvolvimento do aluno e consequentemente prevenir problemas no seu desenvolvimento, propomos essa ação educativa que pretendeu instrumentalizar as famílias para estimularem os alunos, buscarem tratamentos médicos e ou multidisciplinares quando necessário e entenderem a proposta de educação inclusiva do município. Dessa forma, as rodas de conversas com ás famílias nas Unidades Escolares é uma proposta de trabalho que tem o objetivo de fazer com que a inclusão aconteça de forma plena, a fim de que os princípios inclusivos se concretizem, esclarecer questões dos desenvolvimento global dos alunos, para que os alunos tenham condições efetivas de aprendizagem e desenvolver suas potencialidades, orientando as famílias acerca da importância da intervenção precoce quando necessária como medida de apoio integrado centrada no aluno e na família mediante ações de natureza preventiva e habilitativa. Os profissionais da equipe multiprofissional trabalharam conjuntamente com a equipe de AEE nas escolas, visando auxiliar o processo de inclusão escolar dos alunos. A Fonoaudióloga da equipe tem realizado desde 2017 uma visita a cada escola no primeiro semestre com o objetivo de acompanhar a equipe de educação especial e realizar triagens nos alunos detectados pelos professores com alguma possível alteração de fala e ou linguagem e a realização de pelo menos uma roda de conversa

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em cada Unidade Escolar no segundo semestre, esse encontro dura em torno de uma hora e o gestor da Unidade Escolar determina quem fará parte dessa ação, podendo ser toda a comunidade escolar ou apenas os familiares dos alunos que foram encaminhados para avaliação nas UBS de referência do município. No ano de 2017 foram realizadas noventa e uma rodas de conversa e tivemos a participação de mil duzentos e cinquenta e seis familiares, foram abordados durante os encontros temas como: inclusão, o trabalho da equipe de AEE realizado no município, desenvolvimento de fala e linguagem, hábitos orais deletérios, estratégias para estimular o desenvolvimento global da criança, esclarecimento sobre equipamentos de atendimentos e projetos ofertados pelo município de Suzano, além de ressaltarmos a importância da intervenção precoce e realizarmos orientações aos familiares. Resultados Obtidos Os professores da rede municipal de Suzano apontaram a importância das rodas de conversa, pois após as realizações das mesmas foi notório a mudança de postura de alguns familiares com relação a participação na vida escolar dos alunos, a procura de acompanhamentos especializados quando necessário o que refletiu na melhora do desempenho escolar desses alunos. Essa ação deixa claro que para que ocorra o desenvolvimento pleno do educando, é importante que escola e pais trabalhem em harmonia. Quando os pais participam da vida escolar dos filhos, eles aprendem mais e melhor, a família tem um papel extremamente importante na construção do sucesso ou do fracasso escolar, à medida que funciona como um grupo afetivo responsável por grande parte da formação cultural e do estabelecimento dos projetos de vida e identidade dos educandos. Integrar escola e família, estimular a família a acompanhar o desenvolvimento global do aluno, dotando as famílias de conhecimentos teórico-práticos capazes de subsidiar esse acompanhamento, envolvendo os pais e ou responsáveis para que compreendam melhor o desenvolvimento da criança e a necessidade de intervenções específicas quando necessário dão a oportunidade de inclusão de todos os alunos e isso também é visto como papel da equipe de educação especial deste munícipio. REFERÊNCIAS ALVES, Denise de Oliveira. Sala de recursos multifuncionais: espaços para atendimento educacional especializado. Brasília, DF: Ministério da Educação: Secretaria de Educação Especial, 2006. ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith; BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF, 2008. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/ CEB n.º 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Diário Oficial da União, 5 de outubro de 2009. .______. Decreto n° 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento especializado e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 18 nov. 2011. p. 12. FUCK, A. H. O atendimento educacional especializado nas salas de recursos multifuncionais na concepção dos professores da sala comum. Dissertação de Mestrado. 190 f. Universidade da Região de Joinville, Joinville. 2014

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MEC. Implantação de salas de recursos multifuncionais. Disponível em: Acesso em: 20 jul. 2011. MELETTI, S. M. F. Diferenças e diferentes aspectos psicossociais da deficiência. In: MELETTI, S. M. F., KASSAR, M. de C. M. Políticas Públicas, escolarização de alunos com deficiência e a pesquisa educacional. Campinas. Mercado das Letras: 2013. MENDES, Enicéia Gonçalves. Perspectivas para a construção da escola inclusiva no Brasil. In: PALHARES, Marina S.; MARINS, Simone C. (Org.). Escola inclusiva. São Paulo: EdUFSCAR, 2002.

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O PROFESSOR EM SALA DE AULA: UMA ANÁLISE DOS FATORES PREJUDICIAIS AO SEU DESEMPENHO VOCAL

Ruth Nunes de Oliveira Samara Desidério da Silva

Vitória de Souza Pinto Frazatto Yorran Marques de Oliveira

Fga. Tatiane Martins Jorge CRFa 2-12236 Fga. Patrícia PupinMandrá CRFa2-6714

É prevalente queixas e alterações vocais entre os professores, tanto de instituições de ensino públicas como privadas, expondo esse grupo de profissionais a problemas não somente vocais, mas também mentais e sociais. Índices de adoecimentos mental e corporal de professores é um número preocupante e que deve ser analisado é tratado de forma correta. Considerando a importância do trabalho com o professor, estagiários do quarto período de Fonoaudiologia de uma universidade pública de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, realizaram ações no contexto escolar. A primeira ação realizada foi o diagnóstico da escola e as condições de trabalho do professor. No intuito de levantar as necessidades de quatro professores do ensino fundamental em sala de aula, foi elaborado pelos estagiários um roteiro com tópicos a serem observados, sendo estes, velocidade de fala, intensidade vocal, articulação, hidratação do profissional ao lecionar, uso de técnicas de aquecimento vocal, presença de ruído em sala e fora dela, projeção da voz do profissional e como o mesmo a usa para comunicar-se com a turma. A elaboração desse roteiro baseou-se no texto “o professor cuida do aluno: e quem cuida do professor?” de Rehder (2010). Com base em dados observacionais diretos com o professor dentro de sala de aula por meio deste roteiro e por questionamentos feitos ao professor, verificou-se queixas vocais, como rouquidão, aspereza vocal, disfonia frequente de média e longa duração, zumbido após grandes picos de ruído em sala de aula, cefaléia, otalgia, problemas gástricos, cansaço físico e mental. Segundo relato dos professores e observação em sala de aula, o professor utiliza a voz como recurso para chamar a atenção do escolar, principalmente em salas onde nota-se mau comportamento. O uso da voz como autoridade foi o quesito mais frequentemente relatado, seguido do ruído (segunda maior problemática) e uso de substâncias prejudiciais à saúde vocal, como cafeína em excesso e prática do fumo (terceiro agravante). O desuso de técnicas vocais apropriadas, como o aquecimento e desaquecimentos vocal, além de falta de hidratação vocal, foram pontos críticos relatados pelo professor. Após descrição das problemáticas dentro das salas de aula e análise dos professores de forma singular, o grupo de estágio traçou métodos para que os problemas fossem amenizados e as queixas fonoaudiológicas fossem diminuídas, visando melhorar a qualidade de vida durante o tempo de sala de aula e após esse período. Tendo conhecimento concreto da importância de medidas preventivas para a saúde do professor, foi aplicado um guia de orientação e reeducação fonoaudiológica para os profissionais, incluindo diversas técnicas, manobras e ações para diminuir as queixas em relação ao seu próprio ambiente de trabalho, como aquecimento vocal antes de iniciar à aula, manter sempre uma garrafa de água para hidratação vocal, evitar explicar conteúdo/falar com os alunos em posições irregulares e que desfavoreçam o entendimento do aluno (para que não haja desinteresse pela aula), transitar pela sala ao invés de elevar a intensidade vocal para chamar a

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atenção ou explicar um conteúdo, fazer o uso de alimentos adstringentes para que seja feita uma limpeza vocal, evitar o uso de cafeína em excesso, sempre que possível realizar descanso vocal, entre outras ações. A aplicação do guia de reeducação fonoaudiológica teve aceitação de 100% dos professores, que se viram em posição de importância, cuidados e acima de tudo respeitados.

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RUIDÔMETRO: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Samara Desidério da Silva Ruth Nunes de Oliveira

Vitória de Souza Pinto Frazatto Yorran Marques de Oliveira

Fga. Tatiane Martins Jorge CRFa2- 12236 Fga. Patrícia Pupin Mandrá CRFa2-6714

O ruído pode ser definido como um som ou um conjunto de sons frequentemente desagradáveis à audição. Em sala de aula ruidosa, a qualidade da conversação é ruim, fazendo com que as crianças necessitem de repetições da mensagem, o que pode irritar, confundir e cansar, tanto o falante, quanto o ouvinte. O ruído também pode interferir na discriminação auditiva e, provavelmente, na habilidade de leitura. Nesse contexto, a aprendizagem é muito prejudicada, além de ser comum encontrar professores com alterações vocais devido aos esforços realizados em sala para se fazer ouvir. Em estágio curricular do curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública de Ribeirão Preto, São Paulo, os estagiários realizam ações no contexto escolar. No segundo semestre de 2018, os estagiários realizaram ações para diagnosticar as condições da sala de aula e a comunicação do professor. Para esse fim, elaboraram um roteiro com tópicos a serem observados (estrutura da sala de aula, habilidade didáticas do professor, comunicação verbal e saúde vocal do professor). Em dia pré-estabelecido, os estagiários observaram uma aula do professor, durante aproximadamente 50 minutos. Um dos aspectos presentes em quase todas as salas, prejudicial ao desenvolvimento acadêmico do escolar e à voz dos professores e alunos, foi o ruído interno das salas de aulas. Esse ruído é provocado pelos próprios alunos e pelas características acústicas da sala e por aparelhos como o ventilador. A partir desse diagnóstico, os estagiários elaboraram uma estratégia para sensibilizar e envolver os alunos na redução do ruído em sala de aula. Foi confeccionado o “termômetro da bagunça”, também denominado por “ruidômetro” em papel EVA, colorido, com cores e símbolos que representavam “ausência de ruído”, “pouco ruído”, “ruído médio” e “ruído intenso”. Esse termômetro também apresentava um marcador do ruído, a ser manipulado pelo professor, de acordo com a sua percepção do nível de ruído da sala. No total foram confeccionados e entregues quatros “ruidômetros” para turmas do primeiro e segundo ano do ensino fundamental. Os escolares tinham idades entre seis e oito anos e pertenciam a uma escola pública municipal do distrito oeste de Ribeirão Preto. No total, participaram da atividade, 84 escolares que estudavam no período vespertino. Após a entrega dos “ruidômetros”, foi combinado com os alunos que durante duas semanas os professores monitorariam o ruído da sala de aula provocado pelos alunos e, caso a percepção do ruído pelos professores tivesse melhorado, todos os alunos ganhariam uma medalha colorida confeccionada com papel, parabenizando sua dedicação em agir em prol de sua aprendizagem e em benefício de sua saúde vocal e da de seu professor. Todos os alunos envolvidos gostaram da atividade, mudaram comportamento, de acordo com a percepção dos professores e ganharam medalhas. O resultado positivo alcançado reforça a importância de ações que envolvam os escolares no processo de redução do ruído da própria sala de aula. Assumindo papel de protagonista, o escolar fica motivado e corresponsável pela mudança de comportamento diária, levando-o a perceber o quanto suas ações podem transformar as atividades escolares. Com a participação de cada um se alcança uma mudança que se inicia no âmbito escolar e se expande para experiências que podem ter impacto no coletivo, ou sejam na sociedade como um todo.

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O “FALAR ERRADO” DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: Concepções e práticas das orientadoras educacionais

Fga. Simone Carvalho de Oliveira CRFa 2 - 5690 Nildo Alves Batista - médico e professor universitário

INTRODUÇÃO

A comunicação humana é um ato social de importância indiscutível em qualquer contexto.

O falar fluente, certo linguisticamente, sem trocar sons, repercute na autoestima do indivíduo e na

sua qualidade de vida. Porém, a aquisição da fala é um processo que se inicia desde os primeiros

sons emitidos pelo bebê e não um estado absoluto que ocorre de maneira exata. E a educação

infantil tem um papel importante nesse processo.

As relações que envolvem criança, saúde e educação sofreram profundas mudanças,

alinhadas às reformulações políticas e sociais do país como a criação do SUS e seus princípios. Com

novas concepções acerca de saúde e doença, os sujeitos envolvidos e seus contextos vão sendo

construídos e há o realinhamento das intervenções educativas em saúde.

OBJETIVOS

Investigar o significado, dado pelas orientadoras educacionais, do “falar errado” de uma

criança matriculada na Educação Infantil.

Apreender as concepções sobre o “falar errado” da criança da Educação Infantil.

Conhecer vivências do cotidiano do orientador educacional relacionado com o “falar

errado” da criança.

Identificar as condutas adotadas pelos orientadores educacionais frente ao “falar errado”

da criança.

Levantar as sugestões dos orientadores educacionais para o aprimoramento da

comunicação oral das crianças no âmbito escolar.

Espera-se, com os resultados desta pesquisa, encontrar subsídios para o desenvolvimento

de propostas direcionadas à comunicação do escolar com vistas à promoção da saúde da criança

na escola.

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MÉTODO

O presente estudo utilizou abordagem predominantemente qualitativa, de caráter

descritivo analítico.

A técnica utilizada foi a entrevista individual semiestruturada. O roteiro da entrevista foi

elaborado a partir de três núcleos direcionadores: as concepções dos orientadores educacionais

sobre o "falar errado", as condutas e as sugestões para o aprimoramento da comunicação oral das

crianças no âmbito escolar.

RESULTADOS

A maioria das orientadoras educacionais entende o falar errado como uma troca de letras

feita pelas crianças, referindo-se à substituição de um som (fonema) por outro e expressando

preocupação com a consequência desse desvio para a alfabetização.

Por outro lado, as orientadoras entendem os “erros” como parte do desenvolvimento

infantil, devendo ser avaliado caso a caso, considerando especialmente a idade e os estímulos que

esta criança recebe.

O “falar errado” e o não falar ou falar pouco são também entendidos como um problema

decorrente da falta de estimulação, seja no meio familiar ou escolar.

O reconhecimento do “falar errado” foi também relacionado com dificuldade na

articulação da fala por problema decorrente da mastigação e hábitos regionais ou socioculturais,

como a imitação da forma que os familiares da criança falam ou a expressão de uma região e/ou

cultura de origem, produzindo estranhamento no ouvinte.

Finalmente, a gagueira foi referenciada, associando essa dificuldade de comunicação com a

reação do interlocutor e com o estado emocional da criança.

Na análise temática das falas das orientadoras, uma conduta frequente adotada frente ao

falar errado da criança é o acolhimento, enfatizando a observação durante a rotina escolar. A

orientação à família e aos professores e o encaminhamento aos profissionais de saúde, como o

pediatra e o fonoaudiógolo também foram mencionados pelas orientadoras educacionais.

As educadoras salientam a necessidade de ampliação e adequação de espaços

pedagógicos do estímulo à comunicação oral da criança como rodas de conversa e contação de

histórias. Embora já façam parte da rotina do pré-escolar, a sugestão é de que essas atividades

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sejam revistas e ampliadas, considerando as particularidades de cada criança.

A diminuição do número de alunos por turma foi uma das sugestões mais recorrentes para

que a criança tenha oportunidade de falar e ser ouvida. Outras sugestões dadas foram:

dramatização com a participação das crianças, atividades fora da escola, projetos de idas ao

cinema, teatro, festas na escola e canto de músicas com as crianças.

As educadoras também consideram a orientação aos pais e professores como um

instrumento a ser revisto e ampliado.

Também sugeriram o aprimoramento das práticas de observação das crianças, ampliação

à orientação aos pais e professores e a capacitação dos educadores com os fonoaudiólogos da

rede assim como outros profissionais da saúde.

CONCLUSÕES

O resultado da pesquisa nos mostra que as entrevistadas têm informação acerca do

significado de “falar errado” e relatam agir adequadamente no diálogo com os alunos, aceitando e

observando a sua fala antes de procurar corrigi-la. Relacionam várias atividades na rotina escolar

que contribuem para a adaptação da criança, assim como pontuam a importância de orientar a

família e professores. Consideram o “falar errado” como processo e não desvio no

desenvolvimento infantil, porém relatam ficar atentas para que a dificuldade não se amplie,

trazendo assim prejuízos em outras áreas da vida do aluno, prejudicando seu futuro escolar.

Neste sentido, as educadoras discorrem sobre práticas adequadas frente ao aluno que

“fala errado”, mostrando-se sensibilizadas para ouvir e acolher a criança.

No entanto, durante as entrevistas, comentam sobre a dificuldade no cotidiano do

trabalho, como número elevado de crianças por classe, dificuldade na orientação às famílias e

acúmulo de atividades, trazendo à tona uma preocupação em não dar conta de todas as funções

que se dispõem a realizar na rotina escolar.

Por outro lado, sugerem que as atividades desenvolvidas no âmbito escolar sejam

ampliadas e que haja capacitação dos educadores pelos fonoaudiólogos.

A vivência nesta pesquisa nos incentiva a propor o planejamento de ações com vistas à

promoção da saúde da comunicação do pré-escolar, utilizando a educação permanente dos

orientadores educacionais como estratégia de mudança.

Entendemos que conhecer os saberes e práticas da orientadora educacional sobre a

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comunicação oral da criança nos possibilita obter novas formas de abordar as questões da

saúde do escolar, não se restringindo ao conhecimento científico, mas direcionando o aprendizado

para as ocorrências da rotina do trabalho.

Almejamos, assim, estar colaborando para que as educadoras olhem as suas práticas e

acreditem que, embora repleta de desafios, a função do orientador educacional possa ser vista

por meio de uma prática social compartilhada com outros sujeitos no cuidado à criança.

Para compartilhar os resultados da pesquisa sugerimos duas propostas de intervenção:

roda de conversa, como possibilidade de discutir os resultados do estudo com a pesquisadora e o

grupo das entrevistadas. Propõe promover reflexões por meio do exercício da troca de

experiências para a construção coletiva de propostas educativas em saúde da criança. Também foi

confeccionado um boletim informativo intitulado Fonoaudiologia para Todos. Este boletim surgiu

frente à necessidade de se produzir material textual para registrar e divulgar as atividades

desenvolvidas pelas fonoaudiólogas da Secretaria de Saúde e abordar temas na área de

comunicação humana.

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GINCANA SOBRE ÁGUA: ATIVIDADE LÚDICA DA FONOAUDIOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Juliana Hediger Borges Chiara Della Vedova

Isabela de Camargo Mori Forestieri Isabela Geraldo

Isabela Irano dos Reis Jonathan Leonardo Gonçalves Prudencio

Julia Nicolau Correia Júlia Teodoro Fernandes

Fga. Patrícia Pupin Mandrá CRFa2-6714 Fga. Tatiane Martins Jorge CRFa2-12236

O período escolar, particularmente o ensino fundamental, é marcado por muitas transformações, tanto no aspecto biológico como no cognitivo, social e emocional dos escolares. As práticas educativas em saúde no ambiente escolar auxiliam os escolares a adotarem estilos de vida mais saudáveis, com base na informação e na reflexão consciente. O lúdico tem se apresentado como um forte recurso para a divulgação de informações sobre saúde e constitui-se como elemento essencial no trabalho com crianças em idade escolar. Durante estágio curricular do curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, em uma escola municipal de ensino fundamental, os graduandos do quarto período realizaram uma atividade lúdica com os escolares para abordar o assunto "água" com as turmas dos terceiros, quartos e quintos anos. O intuito da atividade foi mostrar a importância da água, tanto para a saúde vocal como corporal do indivíduo. A escolha pelo tema e pela atividade ocorreu após observação feita pelos graduandos em Fonoaudiologia, em seis salas de aula da referida escola, que constataram que poucos estudantes possuíam uma garrafa de água; a maioria não se hidratava durante as aulas. Após esse diagnóstico, iniciou-se a construção da Gincana pelos graduandos de Fonoaudiologia, em estilo de "Caça ao Tesouro", onde os alunos foram divididos em dois grupos no primeiro horário e em outros dois no segundo horário, de acordo com o ano em que se encontravam. Os discentes elaboraram entre si quatro postos de paradas para recepção de pistas, que estavam em forma de gota de água, em que uma levava a outra. Os grupos foram organizados em ordens diferentes para não se encontrarem nestes lugares, e para receber a dica para o próximo local eles deveriam responder a perguntas relacionadas à água e à hidratação. Quando não sabiam responder as perguntas, o grupo deveria cumprir uma prova (ex: pule com uma perna só durante 10 segundos). Os estagiários estavam cada um em um posto um pouco escondidos, vestidos de camiseta azul decorada com gotas brancas para fácil reconhecimento. Dois estagiários acompanharam as crianças como monitores para ajudá-las a achar os locais e a responder as perguntas e, também, para controlar a ordem dos escolares. Outros dois estagiários foram coordenadores do tempo, pois a gincana possuía uma hora de duração. Como prêmio, foram entregues às crianças garrafas estilizadas com etiqueta da gincana para utilizá-las dentro da sala de aula, como forma de incentivo para se hidratarem com mais frequência. O resultado da gincana foi bastante positivo e agradou a todos os envolvidos (crianças, professores e estagiários). Os alunos refletiram sobre um importante

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tema durante um momento de diversão/ descontração, de forma descontraída, enquanto que os estagiários de Fonoaudiologia tiveram a oportunidade de trabalhar em grupo e com grupo, desenvolvendo e aplicando noções de promoção à saúde e prevenção. A partir dessa experiência foi possível perceber a importância da Fonoaudiologia no contexto escolar, direcionando o olhar para além da ‘doença’, fortalecendo os atores sociais da escola, na busca por uma vida mais saudável.

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ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA SALA DE AULA E DA COMUNICAÇÃO DO PROFESSOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Chiara Della Vedova Julia Teodoro Fernandes

Jonathan Leonardo Gonçalves Prudencio Juliana Hediger Borges

Isabela de Camargo Mori Forestieri Isabela Geraldo

Isabela Irano dos Reis Julia Nicolau Correia

Patrícia Pupin Mandrá CRFa 2 -6714 Tatiane Martins Jorge CRFa 2 -12236

Na Fonoaudiologia Educacional, o profissional atua em conjunto com a instituição escolar de diversas maneiras para promover, dentre outros objetivos, o processo de ensino-aprendizagem do aluno em seus diferentes ciclos de vida. Nessa atuação, todos os personagens devem ser envolvidos (alunos, professores, pais e toda a equipe de profissionais da escola). O diagnóstico institucional, parte inicial do trabalho do fonoaudiólogo, é uma ferramenta importante para o reconhecimento do local de aprendizado, bem como da equipe de profissionais, da rotina de trabalho e das metodologias adotadas. O espaço onde se aprende influencia muito no desenvolvimento de um indivíduo, para tanto, é mister que hajam ferramentas necessárias para o reconhecimento de pontos positivos, bem como dos negativos a serem melhorados no ambiente onde é executado o trabalho dos educadores com educandos. Essa análise possibilita o estabelecimento de ações que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem. Durante estágio curricular do curso de Fonoaudiologia de uma universidade pública de Ribeirão Preto, São Paulo, em uma escola municipal de ensino fundamental, os discentes do quarto período realizaram uma ação para diagnosticar as necessidades do professor inserido no contexto da sala de aula. Inicialmente, após leitura do texto de Maria Inês Rehder (2010) intitulado: “O professor cuida do aluno: e quem cuida do professor?”, foi elaborado um roteiro englobando os seguintes tópicos: a) Estética da sala de aula; b) Habilidades didáticas do professor; c) Comunicação não verbal do professor; d) Comunicação verbal do professor; e) Saúde vocal do professor. Em um dia pré-determinado, os estagiários acompanharam, com consentimento, os professores enquanto lecionavam a segunda aula do período da manhã por, aproximadamente, cinquenta minutos, o equivalente ao tempo de uma aula. Após as observações, os achados foram discutidos na supervisão e as necessidades de cada educador e da sala em que lecionava foram levantadas. Em seguida, cada estagiário elaborou um documento impresso padronizado com o diagnóstico da sala de aula e características observadas, incluindo as sugestões para a melhora das condições observadas. No total, participaram seis professores que lecionavam para terceiros, quartos e quintos anos do ensino fundamental. O roteiro elaborado foi de fácil aplicação e considerado pelos estagiários um importante instrumento para o diagnóstico institucional. A partir da aplicação do instrumento elaborado, os pontos negativos observados foram: ruídos da escola (dentro e fora da sala de aula), pouca hidratação dos educadores, falta de conhecimento dos professores a respeito de hábitos favoráveis ao bem-estar vocal e de exercícios de aquecimento vocal e desaquecimento vocal, que garantem uma preservação da saúde do seu aparelho fonador

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aumentando o fluxo sanguíneo na região e também proporcionando a volta do ajuste fonorespiratório coloquial. Sem a hidratação e o conhecimento e aplicação de hábitos que promovem a saúde vocal, há grandes chances do desenvolvimento de problemas tardios, porém bastante graves no que se refere o professor, cujo instrumento de trabalho é a sua própria voz. O roteiro de observação mostrou-se bastante eficiente no diagnóstico institucional e deverá ser adotado como material permanente do estágio, assim como também será utilizado pelas próximas turmas do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, cuja grade inclui esse estágio curricular.

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Relato de experiência entre a parceria escola e centro de reabilitação

Luciana Pereira Maschio CRFa 2-19532 Patricia Ramos Bueno Alexandre CRFa 2 - 15919

Mayze Sartori dos Santos CRFa 2 – 4090 Luciana Marçal da Silva- Fisioterapeuta

Lilian Gomes Bernardi Bellam - Terapeuta Ocupacional Lilian Maria Candido de Souza Dornelas- Fisioterapeuta

Breve descrição dos princípios adotados: A inclusão escolar da pessoa com deficiência vai além de

inserí-lo na escola regular, deve-se analisar o ambiente de aprendizagem no qual este aluno está

inserido, verificar a necessidade de adequações e/ou adaptações ou recursos de acordo com as

necessidades do aluno no processo ensino-aprendizagem. É de fundamental importância o

professor conhecer aspectos relacionados ao diagnóstico/prognóstico do aluno com necessidades

educativas especiais, entrevistar os pais/responsáveis e solicitar orientações dos profissionais que

acompanham o aluno, como psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais

com o objetivo de favorecer o processo de inclusão. Instituição: A SORRI-BAURU é uma associação

sem fins lucrativos que mantém um Centro de Reabilitação, que atua sob o paradigma de

emancipação, estimula o desenvolvimento e reconhecimento de competências para a gestão da

própria vida, visando a autonomia e independência. Atua com foco na integralidade da

habilitação/ reabilitação realizando ações de saúde, bem-estar social, educação e trabalho,

voltadas para pessoa com deficiência e seus familiares. A SORRI-BAURU está habilitada como

Centro Especializado em Reabilitação e Oficina Ortopédica pelo SUS. É referência para deficiências

físicas, intelectuais e auditivas para 18 municípios da região do Colegiado Regional de Bauru.

Possui também, parceria com Sistema Único de Assistência Social-SUAS, convênio com a

Secretaria Municipal de Educação de Bauru e Secretaria Municipal de Saúde. A equipe

multidisciplinar do Centro de Reabilitação é composta por médicos de diferentes especialidades,

fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros,

entre outros. Os atendimentos são realizados e organizados em programas conforme o ciclo de

vida. Ações realizadas: A SORRI-BAURU prevê a inserção escolar de forma completa e sistemática.

Todos as crianças e adolescentes devem

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frequentar as salas de aula do ensino regular e ter acesso à aprendizagem por meio de todos os

recursos necessários. Os atendimentos multiprofissionais são realizados no contra turno escolar

como forma de estimular a frequência e permanência na escola. A Instituição fornece apoio

técnico especializado às equipes escolares, por meio de visita e plantão às escolas, capacitação da

equipe escolar, visita técnica para avaliação e implementação de adequações ou adaptações de

acessibilidade física; proposta de adequação/adaptação de material ou estratégia para melhor

desempenho pedagógico, orientação e prescrição de tecnologias assistivas. Cabe ressaltar, que a

equipe de visita é composta por fonoaudiólogos, psicólogos, fisioterapeutas e terapeutas

ocupacionais, sendo os profissionais organizados em dupla para realização das visitas/plantões

escolares. Na visita escolar, o fonoaudiólogo faz o levantamento de queixas da equipe escolar e

realiza orientações mediante o parecer da equipe de intervenção, oferecendo orientações

referentes ao diagnóstico, plano terapêutico na instituição e possíveis adaptações ou adequações

curriculares e de acessibilidade física e pedagógica, assim como orientações individualizadas afim

de estimular o melhor desempenho e autonomia acadêmica. O trabalhado desempenhado pelo

fonoaudiólogo nesta equipe, vai além dos aspectos fonoaudiológicos, tem um cunho

transdisciplinar, pois o mesmo representa a equipe responsável pelo caso, realizando orientações

também relacionadas as outras áreas, como fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia, sendo

matriciado por tais profissionais responsáveis pelo caso, com o objetivo de mediar as orientações

para as escolas. Proporciona com isso, uma visão do usuário como um todo, com o objetivo de

favorecer a inclusão no ambiente escolar e melhora da qualidade de vida. Resultados: Dentre os

resultados obtidos no ano de 2017, dados divulgados no relatório anual, podemos destacar os

seguintes resultados voltados para inclusão escolar: 45 usuários com deficiência foram inseridos

em escola regular; foram realizadas 48 horas de capacitações para professores da Rede Municipal

de Educação de Bauru; 584 visitas/plantões escolares; Capacitações e palestras para público

externo, sendo estes Profissionais da Rede Municipal de Ensino de Bauru: 09 capacitações para

diretores, supervisores, professores e cuidadores, com total de 26 horas e 170 participações.