relatÓrios de campanha · 2020. 4. 20. · simmonds, e.j., 1992). a eco-integração foi efetuada...
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RELATÓRIOS DE CAMPANHA
CAMPANHA JUVESAR15 - DEZ. 2015(versão preliminar)
Vitor Marques, Maria Manuel Angélico, Silvia Rodriguez, Andreia Silva, Raquel Marques, Eduardo Soares, Alexandra Silva e Ana
Moreno
Edição
IPMA Rua C – Aeroporto de Lisboa
1749-007 LISBOA Portugal
Edição Digital
Anabela Farinha
Capa
Anabela Farinha
Disponíveis no sitio web do IPMA
http://ipma.pt/pt/publicacoes/index.jsp
Todos os direitos reservados
Referência Bibliográfica MARQUES, V.; ANGÉLICO, M.M.; RODRIGUEZ, S.; SILVA, A.; MARQUES, R.; SOARES, E.; SILVA, A.; MORENO, A., 2016. Relatório da Campanha JUVESAR (versão preliminar) 15 DEZ- - 2015. Relatórios
de Campanha, 15p.
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Relatório da Campanha JUVESAR 15
Vitor Marques, Maria Manuel Angélico, Sílvia Rodríguez, Andreia Silva, Raquel Marques, Eduardo
Soares, Alexandra Silva e Ana Moreno
INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A CAMPANHA
Campanha: JUVESAR15 Período: 05-13 de Dezembro 2015
Navio: NI Noruega
Área coberta: Costa Portuguesa de Viana do Castelo ao Cabo Espichel
Financiamento: SARECOOP e PNAB
Dias mar: 8 Radiais: 38 Mau tempo: Não houve mau tempo.
Estações CalVET: Estações CUFES: Estações BONGO: Estações CTDF:
Estações de pesca:13
Pelágica: 13 Fundo: 0
Estações de pesca com sardinha: 10
Introdução
A campanha JUVESAR 15 decorreu entre 5 e 13 de Dezembro a bordo do navio “Noruega” e
cobriu as águas costeiras do norte e centro de Portugal continental, entre Viana do castelo e o
Cabo Espichel. O objetivo principal da campanha foi estimar o recrutamento de sardinha, na
área onde tradicionalmente, os juvenis desta espécie são mais abundantes. As outras espécies
de pequenos pelágicos, nomeadamente o biqueirão, foram igualmente estudadas nesta
campanha.
Foram também recolhidos, continuamente durante o trajecto, dados de temperatura, salinidade
e clorofila por bombagem de água a cerca de 3 metros de profundidade e amostras para
estimar densidades de ictioplâncton (sistema CUFES – “Continuous Underway Fish Egg
Sampler”). Durante o período nocturno efectuaram-se amostragens para caracterização da
estrutura da massa de água e comunidade zooplanctónica.
Material e métodos
Acústica e pesca
A estimação de abundância e da distribuição geográfica das espécies pelágicas foi realizada
pela combinação de rastreio acústico e pesca. O rastreio acústico efetuou-se entre as
batimétricas dos 12 e 60 metros, aproximadamente. (figura 1). Realizaram-se 38 transetos
perpendiculares à costa, procurando ir desde o ponto mais próximo da costa (condicionado
pelo calado do navio e pelas condições do mar) e o limite exterior usual de distribuição dos
juvenis (50-60 m) segundo dados de campanhas anteriores realizadas na mesma época do ano.
O método usado para a estimação de biomassa foi a eco-integração (MacLennan, D.N. and
Simmonds, E.J., 1992). A eco-integração foi efetuada com uma sonda científica Simrad
EK500-38 kHz. O programa MOVIES+ (Weill et al., 1993) foi usado para o registo dos dados
acústicos e para a eco-integração.
Para ajudar na discriminação de cardumes foi ainda usado o ecograma obtido pela sonda
EK60-120KHz, cujo transdutor foi instalado na borda do navio numa barquinha amovivel,
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fixada a um mastro. Este equipamento foi adquirido para o projeto SARECOOP, para ser
usado em traineiras.
Para a estimação da abundância por classes de comprimento e para a repartição da energia
acústica por espécies, foram usadas as amostras obtidas por pesca. Foram realizadas 13
estações de pesca para a amostragem biológica das espécies pelágicas (figura 2).
Plâncton/Ambiente:
No período diurno, ao longo dos transectos de rastreio acústico, foram efectuadas colheitas de
plâncton com amostrador CUFES e registos de temperatura, salinidade e fluorescência. Os
dados, conjuntamente com informação GPS, são continuamente compilados através do
programa EDAS.
Equipamento para recolha de plâncton e dados ambientais:
o CUFES: malha 335 µm, colheitas a 3m continuamente
o CalVET: estrutura adaptada (estrutura com dupla rede CalVET (25cm) + CTDF), malha
150 µm, arrastos verticais
o BONGO: estrutura com 1 par de aros de 60cm (malhagem: 200, 500µm), arrastos
oblíquos
o Registos continuos de temperatura, salinidade, fluorescência à superficie (~3m)
através dos sensores associados ao sistema CUFES
o Perfis de temperatura, salinidade, fluorescência; CTDF (RBR - Concerto)
Resultados
Distribuição e abundância de sardinha e biqueirão
Na área rastreada foram estimados 2831 milhões de sardinhas, correspondendo a 45 mil
toneladas, sendo que 98% tinham tamanho igual ou inferior a 16 cm (considerados juvenis). A
leitura de idades indicou que a sardinha estimada era composta quase exclusivamente por
indivíduos de idade 0 (figura 6), pertencendo portanto ao recrutamento de 2015.
A tabela 1 mostra o quadro comparativo de abundâncias desta campanha com campanhas
anteriores, na mesma época ou adjacentes no tempo. De notar que a campanha JUVESAR14
não cobriu a mesma área que a presente campanha, não sendo portanto diretamente
comparável.
A figura 3 mostra a distribuição geográfica de sardinha. Na zona de Aveiro predominou a
sardinha juvenil, misturada com o biqueirão. Na figura 4 apresenta-se a composição de
comprimentos de sardinha, em número e em biomassa.
A distribuição geográfica de biqueirão é apresentada na figura 7. Desde Viana do Castelo até
à Nazaré o biqueirão, esteve sempre presente nas estações de pesca, sendo preponderante
entre Viana do Castelo e o Porto. Não foi pescado biqueirão a sul da Nazaré, sendo nesta área,
as pescas constituídas principalmente por sardinha e carapau.
A abundância de biqueirão foi de 3870 milhões de indivíduos, correspondendo a 30 mil
toneladas. A estrutura por classes de comprimento de biqueirão apresenta-se na figura 8. A
estrutura de idades de biqueirão era constituída maioritariamente por indivíduos das idades 0 e
1 (figura 9).
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Distribuição da temperatura, salinidade e fluorescência da água do mar
Foram recolhidos, continuamente durante o trajecto, dados de temperatura, salinidade e
clorofila (figura 10) por bombagem de água a cerca de 3 metros de profundidade e amostras
para estimar densidades de ictioplâncton. Durante o período nocturno efectuaram-se
amostragens para caracterização da estrutura da massa de água e comunidade zooplanctónica.
As condições ambientais encontradas revelaram os padrões expectáveis de temperatura e
salinidade superficiais resultantes do forçamento meteorológico com ventos
predominantemente do quadrante sul.
Conclusões
Os resultados obtidos permitem concluir que a sardinha observada na área rastreada, era
constituída principalmente por juvenis (98% do total, em número). No entanto a força do
recrutamento de juvenis é relativamente fraca quando comparada com anos de bom
recrutamento (figura 5).
Bibliografia
MacLennan, D.N. and Simmonds, E.J., 1992. Fishery Acoustics. Fish and Fisheries Series 5, Chapman
& Hall, 5: 325pp.
Weill, A., Scalabrin, C. and Diner, N., 1993. MOVIESB: An acoustic detection description
software. Application to shoal species classification. Aquatic Living Resources; 6: 255-267.
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Tabela 1. Quadro comparativo da abundância em número e biomassa de sardinha, estimadas
na presente campanha e na campanha realizada anteriormente na mesma época
(JUVESAR13) e também na campanha PELAGO15 (realizada em abril-maio 2015) e
SARECOOP0715 (Julho 2015). De notar que a estrutura de comprimentos é diferente. A
campanha JUVESAR14 não é comparável, pois abrange uma área menor.
Zona Campanha
Abundânc
ia
(milhões)
Biomassa (mil
toneladas)
Peso médio
(grama)
Viana - Cabo Espichel JUVESAR13 2093 21,8 10
Viana - Nazaré JUVESAR14 108 4,4 41
Matosinhos - Cabo
Espichel
SARECOOP0
715 1403 67.9
48
Caminha - Cabo
Espichel PELAGO15 1900 54
28
Viana - Cabo Espichel JUVESAR15 2831 45 16
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Figura 1- JUVESAR15: trajeto realizado e mapa de contorno da distribuição da energia
acústica atribuída a sardinha.
-10º -9º -8º -7º38º
39º
40º
41º
42º
Porto
Nazaré
Lisboa
20
0m
Energia acústica SA (m2/mn2)
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5000
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Figura 2 - JUVESAR15: composição específica das estações de pesca realizadas.
-10º -9º -8º -7º38º
39º
40º
41º
42ºCaminha
Porto
Aveiro
Figueira da Foz
Nazaré
Peniche
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AP2
AP3
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AP1
AP5
AP6
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AP12
AP13
AP9
AP10
JUVESAR15
sardinha
biqueirão
carapau
boga
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Figura 3 - JUVESAR15: Energia acústica atribuída a sardinha. A escala é linear e o circulo de
maior diâmetro equivale a SA= 8060 m2/mn
2.
-10º -9º -8º -7º38º
39º
40º
41º
42ºCaminha
Porto
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Lisboa
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Figura 4a- JUVESAR15: distribuição da abundância de sardinha por classes de comprimento.
Total: 2831 milhões (98% de juvenis L=<16cm)
Figura 4b - JUVESAR15: distribuição da biomassa de sardinha por classes de comprimento.
Total: 45 mil toneladas.
0
50
100
150
200
250
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350
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19
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.0
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Abundância sardinha (milhões)
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8.0
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Biomassa de sardinha (toneladas)
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Figura 5 – Índice de recrutamento de sardinha resultante das campanhas de primavera.
0
5000
10000
15000
20000
25000
1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Ab
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Classe anual
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Figura 6: abundância e biomassa de sardinha por grupos de idade.
0.0
500.0
1000.0
1500.0
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0 1 2 3 4 5 6
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un
dân
cia
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õe
s)
Grupo de idade
Juvesar 15 - Abundância de Sardinha
0.0
5000.0
10000.0
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Bio
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Grupo de idade
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Figura 7- Juvesar15: distribuição da energia acústica atribuída a biqueirão. E escala é linear e
o diâmetro máximo dos circulos corresponde a SA=14700 m2/mn
2.
-10º -9º -8º -7º38º
39º
40º
41º
42ºCaminha
Porto
Aveiro
Figueira da Foz
Nazaré
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Lisboa
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Figura 8a- JUVESAR15: distribuição da abundância de biqueirão por classes de
comprimento. Total: 3870 milhões
Figura 8b- JUVESAR15: distribuição da biomassa de biqueirão por classes de comprimento.
Total: 30 mil toneladas.
0
100
200
300
400
500
600
700
8008
8.5 9
9.5 10
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biqueirão (milhões)
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Figura 9: abundância e biomassa de biqueirão por grupos de idade.
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un
dân
cia
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Grupo de idade
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0.0
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8000.0
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Ton
elad
as)
Grupo de idade
Juvesar 15 - Biomassa de Biqueirão
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Figura 10 – JUVESAR 15: Temperatura, salinidade e fluorescência (proporcional à clorofila)
superficiais, registadas ao longo do percurso de rastreio acústico.
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Anexo I – lista equipa técnica
Bolseiros
Silvia Rodriguez SARECOOP
Raquel Milhazes PNAB
Raquel Marques SARECOOP
Andreia Silva PNAB
Técnicos
Vitor Marques DivRP
Lurdes Dias DivOA
M.M.Angélico DivOA
Jorge Barra DivRP