renan colpo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO POLITÉCNICO DA UFSM CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO PARTICIPAÇÃO NA INPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO PILOTO DE UM CADASTRO TERRITORIAL MULTIFINALITÁRIO RURAL GEORREFERENCIADORELATÓRIO DE ESTÁGIO Renan Colpo Santa Maria, RS, Brasil. 2015

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Page 1: Renan Colpo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

COLÉGIO POLITÉCNICO DA UFSM

CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO

PARTICIPAÇÃO NA INPLEMENTAÇÃO DO

PROJETO “DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO

PILOTO DE UM CADASTRO TERRITORIAL

MULTIFINALITÁRIO RURAL

GEORREFERENCIADO”

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Renan Colpo

Santa Maria, RS, Brasil. 2015

Page 2: Renan Colpo

PARTICIPAÇÃO NA INPLEMENTAÇÃO DO PROJETO “DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO

PILOTO DE UM CADASTRO TERRITORIAL MULTIFINALITÁRIO RURAL

GEORREFERENCIADO”

Renan Colpo

Relatório de Estágio de Habilitação Profissional apresentado ao Curso Técnico em Geoprocessamento, do Colégio Politécnico da

UFSM, como requisito parcial para obtenção do título de

Técnico em Geoprocessamento

Orientador: Prof. Dr. Diogo Belmonte Lippert

Santa Maria, RS, Brasil. 2015

Page 3: Renan Colpo

Universidade Federal de Santa Maria Colégio Politécnico da UFSM

Curso Técnico em Geoprocessamento

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório de Estágio

PARTICIPAÇÃO NA INPLEMENTAÇÃO DO PROJETO “DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO

PILOTO DE UM CADASTRO TERRITORIAL MULTIFINALITÁRIO RURAL GEORREFERENCIADO”

Elaborado por

Renan Colpo

Como requisito parcial para a obtenção do título de Técnico em Geoprocessamento

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Diogo Belmonte Lippert (Orientador)

Prof. Dr. Valmir Viera

Prof. Dr. Lucio. De Paula Amaral

Page 4: Renan Colpo

Santa Maria, 07 de Julho de 2015. Universidade Federal de Santa Maria

Colégio Politécnico da UFSM Curso Técnico em Geoprocessamento

PARTICIPAÇÃO NA INPLEMENTAÇÃO DO

PROJETO “DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO PILOTO DE UM CADASTRO TERRITORIAL

MULTIFINALITÁRIO RURAL GEORREFERENCIADO”

Relatório de Estágio realizado no Laboratório de Topografia e Geodésia da URI Campus Santiago

Elaborado por Renan Colpo

Prof. Dr. Diogo Belmonte Lippert (Orientador)

Prof. Dr. Attus Pereira Moreira (Supervisor da empresa)

Renan Colpo (Estagiário)

Santa Maria, 07 de julho de 2015.

Page 5: Renan Colpo

RESUMO

Relatório de estágio Colégio Politécnico da UFSM

Universidade Federal de Santa Maria

PARTICIPAÇÃO NA INPLEMENTAÇÃO DO PROJETO “DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO PILOTO DE UM

CADASTRO TERRITORIAL MULTIFINALITÁRIO RURAL GEORREFERENCIADO”

AUTOR: RENAN COLPO ORIENTADOR: DIOGO BELMONTE LIPPERT

Data e Local da Defesa: Santa Maria, 07 de julho de 2015.

O Estágio Supervisionado, de 200 horas, como requisito parcial para a

formação no curso Técnico em Geoprocessamento do Colégio Politécnico da

UFSM, foi desenvolvido no Laboratório de Topografia e Geodésia da

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI Campus

de Santiago, RS. Teve como objetivo a realização do levantamento de uma

parte da poligonal principal das características de 10 propriedades existentes

numa área piloto, de aproximadamente 1.500 há. Para os trabalhos de campo

foi utilizado um receptor GNSS de dupla frequência (L1/L2), marca Leica Viva

GS 15; e, para os trabalhos de escritório (ajustamento das coordenadas e

confecção dos mapas) foram utilizados os softwares Leica Geo Office, versão

8.3, Posição, AutoCad e SPRING (Sistema de Posicionamento de Informações

Geográficas).

Palavras-chave: Poligonal. Imóveis Rurais. Gestão Fundiária. GNSS.

Page 6: Renan Colpo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 10

1.1 Justificativa ...................................................................................... 10

2 OBJETIVOS ....................................................................................... 11

2.1 Objetivo Geral .................................................................................. 11

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................... 11

3 GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS......................... 11

4 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................. 13

4.1 Características do Sistema de Posicionamento GNSS.................... 13

4.2 Os Três Segmentos do Sistema GNSS ........................................... 14

4.2.1 Segmento Espacial ....................................................................... 14

4.2.2 Segmento de Controle Terrestre .................................................. 15

4.2.3 Segmento dos Usuários ................................................................ 16

5 SISTEMAS DE POSICIONAMENTO .................................................. 17

5.1 Sistema de Referência ..................................................................... 20

6 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................. 21

6.1 Localização da Área ...................................................................... 21

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................... 26

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 27

9 CONCLUSÃO ..................................................................................... 27

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 27

Page 7: Renan Colpo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação gráfica do segmento espacial da constelação

GPS ....................................................................................................... 14

Figura 2: locais onde estão instaladas as estações de monitoramento . 15

Figura 3: Receptores de navegação. ..................................................... 17

Figura 4: Técnica de posicionamento com RTK .................................... 20

Figura 5: Mapa de localização da área. ................................................. 22

Figura 6: Controladora Leica GS15, L1L2. ............................................ 22

Figura 7: Rastreio do marco de referência. ............................................ 23

Figura 8: Monumentalização dos marcos conforme a 3ª NTGIR. .......... 24

Figura 9: Rastreio dos vértices limítrofes do imóvel. ............................. 25

Page 8: Renan Colpo

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação dos vértices quanto à finalidade, precisão e tipo. ....... 25

Page 9: Renan Colpo

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1: Relatório do Posicionamento por Ponto Preciso (PPP) ..................... 30

Anexo 2: Relatório dos vértices do software Leica Geo Office ......................... 32

Anexo 3: Mapa Preliminar de Limites de Propriedades .................................... 33

Page 10: Renan Colpo

10

1 INTRODUÇÃO

O uso dos sistemas globais de navegação por satélite (GNSS) foi um

grande avanço tecnológico para as atividades de mapeamento, tais como os

levantamentos topográficos, utilizados na descrição dos imóveis rurais. Para

complementar os conhecimentos obtidos no Curso Técnico em

Geoprocessamento foi optado por estagiar no Laboratório de Topografia e

Geodésia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

campus Santiago.

1.1 Justificativa

O georreferenciamento é um procedimento eficaz para desatar o nó

fundiário que ainda existe em grandes porções do Brasil. Por meio do

monitoramento por GPS é possível estabelecer os limites do imóvel rural com

alto grau de precisão, identificando as áreas de preservação permanente

(APPS), reserva legal (RL), lavouras, pastagens e florestas.

O georreferenciamento de imóveis rurais consiste na determinação de

seus limites do imóvel (neste estudo o imóvel rural) através de coordenadas

georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro. Estas coordenadas devem

ter precisão posicional fixada pelo INCRA- Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária.

A identificação do imóvel rural objeto de desmembramento,

parcelamento, remembramento ou de qualquer hipótese de transferência

deverá ser obtida a partir de memorial descritivo, firmado por profissional

habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, com

as coordenadas dos vértices definidores dos limites do imóvel,

georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional

a ser fixada pelo INCRA, que certificará que o imóvel não se sobrepõe a

qualquer outro imóvel do seu cadastro georreferenciado.

Page 11: Renan Colpo

11

A importância do projeto desenvolvimento e aplicação piloto de um

cadastro territorial multifinalitário rural georreferenciado desta propriedade,

quando concluído, apresentar-se-á como modelo às demais futuras áreas que

serão georreferenciadas, em conformidade com a Terceira Norma Técnica de

Georreferenciamento de Imóveis Rurais. (INCRA, 2013).

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Mensurar e georreferenciar uma área piloto de aproximadamente 1500

ha, através da tecnologia GNSS.

2.2 Objetivos Específicos

Reconhecer e materializar os limites das propriedades localizadas dentro

da área piloto.

Mensurar e confeccionar os mapas de localização e de área das

propriedades.

Reconhecer e demostrar as dificuldades que os profissionais ligados a

área do georreferenciamento enfrentarão em prol da certificação de todas as

propriedades do país.

3 GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS

O georreferenciamento de imóveis rurais consiste na correta descrição

do imóvel, com levantamento das coordenadas dos vértices limites, perímetro e

Page 12: Renan Colpo

12

confrontações, georreferenciado ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), com

precisão posicional fixada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária (INCRA). Tem como objetivo regularizar a malha fundiária do país,

acabando com as matrículas emitidas em duplicidade, às descrições de divisas

pouco confiáveis; e, principalmente, acabar com a grilagem de terras. Este

serviço deve ser executado por profissional habilitado no Conselho Regional de

Engenharia e Agronomia (CREA) e no INCRA.

A Lei Federal nº 10.267 de 28 de agosto de 2001, regulamentada pelo

Decreto nº 4.449 de 30 de outubro de 2002, que foi alterado pelo Decreto nº

5.570 de 31 de outubro de 2005 criou o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais

(CNIR). A referida lei torna obrigatório o georreferenciamento do imóvel para

inclusão no CNIR, condição esta, necessária para que se realize qualquer

alteração cartorial da propriedade, tais como: desmembramento, parcelamento,

remembramento, transferência ou, em caso de utilização da matrícula da

propriedade, para fins de financiamento e hipoteca. A não realização do

georreferenciamento, depois de transcorridos os prazos, impede a efetivação

de qualquer transcrição na matricula.

A partir do dia 23 de novembro de 2013, em atendimento ao que

estabelecem os parágrafos 3º e 4º, do artigo 176, e o parágrafo 3º do artigo

225, da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, incluídos pela Lei nº 10.267,

de 28 de agosto de 2001, entrou em vigor a 3ª edição da Norma Técnica para

Georreferenciamento de Imóveis Rurais (NTGIR). A referida norma

regulamenta os procedimentos, especificações e condições para execução dos

serviços de georreferenciamento de imóveis rurais, estando a sua correta

aplicação condicionada às especificações dos seguintes manuais técnicos:

Manual Técnico de Limites e Confrontações, publicado pelo

INCRA;

Manual Técnico de Posicionamento, publicado pelo INCRA.

Com o advento da 3ª NTGIR, os procedimentos para certificação dos

imóveis rurais passaram a ser totalmente digital e on-line, não sendo mais

necessário o protocolo de processos analógicos junto ao INCRA. Entrou em

vigor o Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF), que fará a análise de

sobreposição dos imóveis.

Page 13: Renan Colpo

13

O SIGEF é uma ferramenta eletrônica desenvolvida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para subsidiar a governança fundiária do território nacional. Por ele são efetuadas a recepção, validação, organização, regularização e disponibilização das informações georreferenciadas de limites de imóveis rurais, públicos e privados (INCRA/ Manual do SIGEF, 2013).

4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 Características do Sistema de Posicionamento GNSS

Desde o lançamento dos primeiros receptores GPS no mercado, tem

havido um crescente número de aplicações nos levantamentos topográficos

geodésicos, geodinâmicos etc., face às vantagens oferecidas pelo sistema

quanto à precisão, rapidez, disponibilidade, versatilidade e economia.

Entretanto, vale a pena ressaltar que os métodos utilizados nos levantamentos

são muito diferentes dos usados na Topografia clássica (SEGANTINE, 2005).

Sem sombra de dúvidas, o sistema GPS é o maior avanço tecnológico

das últimas décadas, na navegação e no posicionamento desde o advento da

bússola que pode ser definido da seguinte forma:

“O Sistema de Posicionamento Global (GPS) é um sistema espacial de

navegação, que foi desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos EUA, que

pode ser usado 24 horas por dia, em quaisquer condições meteorológicas. O

objetivo inicial era para satisfazer as necessidades de usuários civis, das forças

militares americanas e de seus aliados, de modo a determinar posição,

velocidade e tempo, em relação a um sistema de referência definido, para

qualquer ponto sobre ou próximo da superfície da terra” (SEGANTINE, 2005).

O GPS fornece fundamentalmente posições de pontos através de suas

coordenadas. No entanto, associando este dado ao tempo, obtêm-se

imediatamente: velocidade, aceleração, direção de deslocamento etc. Torna-

se, então, importante o sistema de controle da contagem de tempo da

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14

propagação do sinal desde a antena do satélite até atingir a antena do receptor

instalada numa estação fixa ou móvel (SEGANTINE, 2005).

4.2 Os Três Segmentos do Sistema GNSS

O sistema GPS pode ser dividido em três grandes segmentos, segmento

espacial, controle terrestre e usuário. O segmento espacial é composto pelos

satélites ativos que emitem os sinais (efemérides). O segmento de controle

terrestre é composto pelas estações de rastreamento para fins de controle do

tempo e predição das orbitas. O segmento do usuário é composto pelos

usuários, que em suas ações, utilizam qualquer tipo de receptor. (SEGANTINE,

2005).

4.2.1 Segmento Espacial

Figura 1: Representação gráfica do segmento espacial da constelação GPS. Fonte: http://www.vaztolentino.com.br/

A finalidade do segmento espacial é emitir, de maneira precisa e

constante, as efemérides para todos os pontos próximos da superfície terrestre,

de modo que o usuário possa utilizá-las para calcular posições, velocidades e

tempo. (SEGANTINE, 2005).

Page 15: Renan Colpo

15

Composto por satélites GPS, também conhecidos como SV (Space

Vehicles – veículos espaciais).

- Formado por uma constelação de 24 satélites titulares e 7 reservas.

- Não geostáticos (movimentam-se redor da Terra).

- 6 órbitas diferentes.

- 4 satélites por órbita.

- Perfazem a órbita a cada 12 horas (2 vezes ao dia).

- Altitude de 20.200 Km.

4.2.2 Segmento de Controle Terrestre

Figura 2: Locais onde estão instaladas as estações de monitoramento

Fonte: http://www.vaztolentino.com.br/

Quando o sistema GPS estava sendo estudado para sua implantação,

de alguns dos projetos propostos consideravam que os satélites seriam

guiados por bases terrestres, utilizando raio lasers. No entanto a solução final

definiu que os satélites transmitiriam, constantemente, informações relativas às

suas posições e então as bases terrestres usariam estas informações de modo

a obter o posicionamento dos mesmos. O propósito do segmento de controle

terrestre é:

-Rastrear os satélites e fornecer suas posições periodicamente;

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16

-Comandar pequenas manobras nos satélites para mantê-los em suas

órbitas previstas ou posicionar novos satélites após o seu lançamento;

-Determinar o tempo GPS;

-Corrigir e prognosticar as efemérides e o comportamento dos relógios

dos satélites;

-Atualizar, periodicamente, a mensagem de navegação para cada

satélite em particular.

-O segmento de controle é composto por 5 estações de monitoramento

sendo que uma delas recebe o status de Estação Master de Controle.

(SEGANTINE, 2005).

4.2.3 Segmento dos Usuários

O segmento dos usuários é constituído pelas antenas receptoras

localizadas na superfície terrestre, no ar, a bordo de navios e de alguns

satélites etc. As antenas captam sinais de quatro ou mais satélites,

simultaneamente ou sequencialmente, processam os dados determinando a

posição, a velocidade e a medida de tempo dos pontos observados. Existem

duas categorias básicas de usuários do sistema GPS: militares e civis. É

importante salientar que o interesse em desenvolver o sistema de

posicionamento global nasceu para intender aos interesses militares

americanos. (SEGANTINE, 2005).

Atualmente, receptores GPS são utilizados nas mais variadas áreas

profissionais, como por exemplo: levantamentos de campo, controles

geodésicos no monitoramento de pontos de apoio à Fotogrametria, em especial

à Aerofotogrametria no monitoramento do vôo e posição tomada da foto,

reduzindo a tarefa de controle terrestre necessária na elaboração de mapas.

(SEGANTINE, 2005).

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17

Figura 3: Receptores de navegação. Fonte: http://www.vaztolentino.com.br/

5 SISTEMAS DE POSICIONAMENTO

Segundo MONICO (2008), desde os primórdios todos temos a

necessidade de nos posicionarmos, ora utilizado como referência o sol,

planetas, estrelas, bússolas, mesmo que imprecisos. Conforme foi

acontecendo á evolução da eletrônica, foram surgindo equipamentos como o

astrolábio, que apenas determinava a latitude. Logo após, surgiram o Loran

(Long-Range Navigation System), o Decca (Low frequency continuous wave

phase comparison navigation), o Omega (Global low frequency navigation

system) e o NNSS (Navy Navigation Satellite System), sendo o NNSS muito

utilizado em posicionamento geodésico, porém, as órbitas dos satélites eram

muito baixas, acarretando em dificuldades para se obter as posições, com

precisão confiável.

Na década de 1970, com o desenvolvimento de um sistema de

radionavegação pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos – DoD

(Departament of Defense), surge o projeto NAVSTAR-GPS (Global Positioning

System). Sistema este que revolucionou praticamente todas as atividades que

dependiam da determinação de posições, pois permite que um usuário, em

qualquer local da superfície terrestre, ou próximo a esta, realize o seu

posicionamento em tempo real, sobre quaisquer condições climáticas, tendo à

sua disposição, no mínimo quatro satélites, para serem rastreados. O princípio

básico de navegação pelo GPS consiste na medida de distâncias entre o

usuário e os satélites, onde é calculada a coordenada da antena do usuário. O

GPS foi declarado operacional em 27 de abril de 1985, com 24 satélites em

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18

orbita. Na mesma década, em 1970, a antiga URSS, de forma independente,

desenvolve um sistema muito similar ao NAVSTAR-GPS, o GLONASS (Global

Orbiting Navigation Satellite System), que atualmente é desenvolvido e

operado pela Rússia. Assim como o GPS, o GLONASS também é um sistema

de uso militar; e, declarado totalmente operacional no fim de 1995, com uma

constelação de 24 satélites. Já no final da década de 1990, com a decisão do

governo norte-americano de não autorizar outras nações a participarem do

controle de uma configuração básica de GPS, é proposto pela União Européia

e a Agência Espacial Européia, o desenvolvimento independente do sistema

Galileo, que deverá ser aberto e compatível com os outros sistemas, porém

com o controle civil, como os demais sistemas. O Galileo encontra-se em

desenvolvimento até os dias atuais.

No ano de 1991, durante a 10ª Conferência de Navegação Aérea, foi

atribuído o nome de GNSS (Global Navegation Satellite System) à integração

dos sistemas de posicionamento citados anteriormente, que juntos, vieram para

revolucionar as atividades que necessitam de posicionamento.

O sistema GPS oferece dois tipos de serviços, conhecidos como SPS

(Standard Positioning Service – Serviço de Posicionamento Padrão) e PPS

(Precise Positioning Service – Serviço de Posicionamento Preciso). Ambos os

serviços, até o dia 1º de maio de 2000, proporcionavam uma acurácia de baixa

qualidade, devido à adoção do AS (Anti-Spoofing) e da SA (Selective

Availability), que são uma técnica para deterioração da acurácia no SPS,

porém, o PPS apresentava melhores resultados, visto que, era de uso restrito

aos militares e usuários autorizados, como se mantém até hoje. A acurácia do

PPS proporcionava resultados de 22,0 metros horizontal, 27,7 metros vertical e

200 ns (nanossegundos), enquanto o SPS proporcionava resultados de 100

metros horizontal, 140 metros vertical e 340 ns. No dia 2 de maio de 2000, à 0h

TU (Tempo Universal), foi abolida a técnica de deterioração da acurácia no

SPS, acarretando em uma melhora da acurácia em torno de 10 vezes. Em 18

de setembro de 2007, foi definitivamente abolida esta técnica dos futuros

satélites GPS (GPSIII).

Com essa melhora da acurácia, os receptores GNSS evoluíram,

surgindo equipamentos de diversos tipos, marcas e funcionalidades, como:

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19

GNSS pós-processados, DGPS (Differential GPS) e RTK (Real Time

Kinematic), conforme segue:

Pós-Processado: há necessidade de um receptor ocupar o vértice de

coordenadas conhecidas, enquanto outro, coleta dados dos vértices de

interesse, sendo necessário que os receptores GNSS coletem dados

simultaneamente. Neste método de posicionamento podemos usar as

observáveis: fase da onda portadora, pseudodistância ou as duas em

conjunto, sendo que a fase da onda portadora proporciona melhor

precisão. A disponibilidade das coordenadas se dá por meio de pós-

processamento dos dados.

O conceito de posicionamento pelo DGPS e RTK, baseia-se na

transmissão instantânea de dados de correções dos sinais de satélites, do

receptor instalado no vértice de referência aos receptores que percorrem os

vértices de interesse. Desta forma, proporciona o conhecimento instantâneo

(tempo real) de coordenadas precisas dos vértices levantados. Abaixo a

diferença de funcionamento entre os dois sistemas.

DGPS: tem fundamento análogo ao RTK, utilizando a observável da

pseudodistância a partir do código C/A. Neste sistema um receptor é

instalado em um local de coordenadas conhecidas, isto permite

conhecer-se a diferença entre a posição obtida pelo receptor e a posição

real do equipamento, possibilitando a correção do erro. Baseando-se no

fato de que o erro na determinação de um ponto é semelhante para

todos os receptores localizados a certo número de quilômetros, a

eliminação deste erro reduz significativamente o erro total presente.

RTK: é um método bastante semelhante com o DGPS, no entanto, ao

invés de utilizar a pseudodistância, utiliza-se a fase da portadora,

visando melhorar, de forma considerável, a qualidade dos resultados.

Possui uma precisão milimétrica. É um dos métodos de posicionamento

mais avançados no momento. Para que esse conceito seja realizado na

prática, é necessário que os dados coletados na estação de referência

sejam enviados para a estação móvel, através de um rádio de

comunicação e um link de rádio, conforme a figura 4.

Page 20: Renan Colpo

20

Figura 4: Técnica de posicionamento com RTK Fonte: 3ª edição da norma técnica para georreferenciamento de imóveis rurais.

Um fator que limita a área de abrangência para a realização de

levantamentos por RTK, é o alcance de transmissão das ondas de rádio.

Basicamente, o alcance máximo é definido em função da potência do rádio e

das condições locais em termos de obstáculos físicos.

5.1 Sistema de Referência

De acordo com a NTGIR, para os serviços de georreferenciamento, o

INCRA adota para a execução do cálculo de coordenadas, distância, área e

azimute, o plano de projeção Universal Transversa de Mercator (UTM), e o

Sistema Geodésico Brasileiro deve ser referenciado ao Sistema de Referência

Geocêntrico para as Américas (SIRGAS), em sua realização do ano de 2000

(SIRGAS/2000), conforme resolução nº 01 de 25 de fevereiro de 2005, definido

da seguinte forma:

Sistema geodésico de referência: sistema de referência terrestre

internacional – ITRS (International Terrestrial Reference System);

Figura geométrica para a terra: elipsoide do sistema geodésico de

referência de 1980 (Geodetic Reference System 1980 – GRS80).

Semi-eixo maior a = 6.378,137 m

Page 21: Renan Colpo

21

Achatamento f = 1/298,257222101

Origem: Centro de massa da terra;

Orientação: pólos e meridianos de referência consistentes em +/-

0,005” com direções definidas pelo BIH (Bureau International de

L’Heure), em 1984;

Estações de referência: estações da rede continental SIRGAS/2000;

Época de referência das coordenadas: 2000,4;

Sistema de coordenadas: geodésicas;

6 MATERIAIS E MÉTODOS

6.1 Localização da Área

Os trabalhos de campo foram realizados numa propriedade de

aproximadamente 1.500 hectares localizada em Tupantuba, distrito de

Santiago, conforme mostra a figura 5. Utilizou-se um receptor GNSS de dupla

frequência (L1/L2), marca e modelo Leica Viva GS15 (figura 6); e, para os

trabalhos de escritório (ajustamento das coordenadas e confecção dos mapas)

foram utilizados os softwares Leica Geo Office, versão 8.3, Posição, AutoCad e

SPRING (Sistema de Posicionamento de Informações Geográficas).

Page 22: Renan Colpo

22

Figura 5: Mapa de localização da área. Fonte: Google Earth (adaptado), 2015.

Figura 6: Controladora Leica Viva GS15, L1/L2. Fonte: Renan Colpo, 2015.

Page 23: Renan Colpo

23

Após a visita de reconhecimento do imóvel e identificação dos

confrontantes, procedeu-se e rastreio do marco de referência (base), no qual a

base receptora GNSS ficou coletando o ponto por mais de duas horas, no

modo estático, em local livre de obstáculos na mascara de elevação, conforme

figura 7.

Figura 7: Rastreio do marco de referência. Fonte: Renan Colpo, 2015.

Após o levantamento do marco de referência, os dados foram

processados pela metodologia do Posicionamento por Ponto Preciso (PPP) do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é um serviço on-line

para o pós-processamento de dados GNSS, onde é possível fazer o

ajustamento dos pontos do levantamento. Ele permite aos usuários do sistema

de posicionamento por GNSS, obterem coordenadas com precisão confiável no

datum SIRGAS2000.

No posicionamento com GNSS, o termo Posicionamento por Ponto

Preciso normalmente refere-se à obtenção da posição de um ponto

utilizando as observáveis da fase da onda portadora, coletadas por

receptores de duas frequências e em conjunto com os produtos

precisos (órbitas e erro dos relógios dos satélites), como por exemplo,

aqueles disponíveis no IGS (International GNSS Service) ou NRCan.

Page 24: Renan Colpo

24

O resultado do PPP independe de qualquer ajustamento de rede

geodésica e não está associado às realizações ou ajustamentos de

rede planimétrica. (IBGE, 2013, p. 3).

Este processamento de dados deve ser efetuado após 15 dias do

rastreio, afim de que, já estejam disponíveis as efemérides precisas para

utilização no ajustamento. (Anexo 1).

O próximo passo foi a materialização das coordenadas dos vértices

limítrofes do imóvel, através da implantação dos marcos de concreto,

devidamente identificados com a plaqueta.

Figura 8: Monumentalização dos marcos conforme a 3ª NTGIR. Fonte: Renan Colpo, 2015.

Na codificação dos vértices, deve-se observar o que estabelece a norma

técnica, de modo que não ocorra mais de um vértice com a mesma codificação.

Então, para realizar-se a codificação dos vértices, os três primeiros caracteres

serão o código de credenciamento do profissional habilitado, o próximo

caractere será o tipo de vértice (M, P, V), sendo: M é utilizado para vértices

ocupados e materializados com marco e plaqueta; P emprega-se para vértices

ocupados e não materializados e V para vértices virtuais, que são obtidos

através de cálculos matemáticos utilizando-se interseções de alinhamentos

pré-determinados. Por fim, vem o número do vértice, que a partir desta norma

será composto somente por números inteiros, sendo incrementados à medida

que o profissional efetue a definição de um novo vértice.

Page 25: Renan Colpo

25

Após a implantação dos marcos, efetuou-se o rastreio dos vértices

limítrofes do imóvel, através da metodologia de posicionamento por RTK.

A utilização deste método, para determinação de limites artificiais, está

condicionada a solução do vetor das ambiguidades como inteiro (solução fixa),

além disso, deve ser observada a precisão posicional dos vértices, conforme

tabela 1.

Tabela 1: Classificação dos vértices quanto à finalidade, precisão e tipo.

CLASSE FINALIDADE PRECISÃO (M) TIPO

LA Limites artificiais ≤ 0,50 M, P, V

LN Limites naturais ≤ 3,00 P

LN Limites inacessíveis ≤ 7,50 V

Fonte: Elaborada conforme 3ª edição da norma técnica para georreferenciamento de imóveis

rurais.

Utilizou-se um par de receptores GNSS de dupla frequência (L1/L2),

marca e modelo Leica Viva GS, ambos equipados com rádio externo de

comunicação RTK, conforme figura 9.

Figura 9: Rastreio dos vértices limítrofes do imóvel. Fonte: Renan Colpo, 2015.

De posse das informações de campo, devem-se gerar as declarações de

reconhecimento de limites, que necessita conter as informações do proprietário

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e imóvel que esta sendo georreferenciado, as informações pessoais e do

imóvel dos confrontantes, além, de constar os vértices que fazem divisa com

suas respectivas codificações

Finalizado os trabalhos de campo, inicia-se a etapa de ajustamento dos

dados e montagem das peças técnicas. O ajustamento dos dados foi realizado

no software Leica Geo Office, versão 8.3, (Licença número 00102-41612-

00018-53535-A2251), onde foi gerado o relatório dos pontos, com suas

respectivas coordenadas e precisões. (Anexo 2).

A montagem das peças técnicas é feita através do software livre

LibreOffice Calc., que é um software de planilha eletrônica multiplataforma de

código aberto, onde o credenciado deve preencher a “planilha .ods” com as

informações geradas pelo Leica Geo Office e de acordo com a 3º edição da

NTGIR. As informações necessárias para preenchimento da planilha são:

Identificação do proprietário (nome completo e CPF), identificação do imóvel

(denominação, código do imóvel, matrícula e localidade) e descrição do

perímetro (vértice, coordenadas, precisões, metodologia de posicionamento e

confrontantes), conforme anexo 2.

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os trabalhos de implementação do referido projeto ao qual foi prestado

o estágio estender-se-ão até o final do corrente ano, quando terá sua

conclusão. No entanto, durante a participação viu-se que é de suma

importância o cuidado por parte do profissional, para que todo o trabalho esteja

de acordo com o que estabelece a 3ª edição da Norma Técnica para

Georreferenciamento de Imóveis Rurais.

Para realização deste trabalho, foram seguidos os passos de acordo

com a NTGIR, sendo, primeiramente, estabelecidas as coordenadas do ponto

de referência, através do método estático rápido; após foram ajustadas pelo

sistema de Posicionamento por Ponto Preciso (PPP) do IBGE. Posteriormente,

foi feito a materialização dos vértices do perímetro com marcos de concreto e o

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levantamento das coordenadas dos mesmos. Após foi realizado o ajustamento

das coordenadas do perímetro e montagem das peças técnicas, verificou-se

que as precisões alcançaram os parâmetros estabelecidos pelo INCRA.

Após os trabalhos de campo e escritório, serão encaminhada ao INCRA,

através do Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF), a planilha contendo todos os

dados técnicos para análise. Após a análise, a certificação dos imóveis será

homologada, gerando a planta e memorial descritivo de cada propriedade.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o advento da 3ª edição da Norma Técnica para

Georreferenciamento de Imóveis Rurais, houve uma mudança drástica na

apresentação das peças técnicas com relação à 1ª e 2ª edição da NTGIR. A

partir desta norma, o processo passou a ser totalmente digital e on-line, através

do Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF), acarretando no fim dos processos

analógicos e de análise demorada por parte do comitê, para um moderno

sistema de recepção, validação, organização, regularização e disponibilização

das informações georreferenciadas de limites de imóveis rurais, que através da

inserção da planilha com os dados técnicos do levantamento, gera,

automaticamente, a planta, memorial descritivo e certificação do imóvel.

Constatamos também a necessidade de que haja uma maior

comunicação entre o INCRA e os Cartórios de Registro de Imóveis, para o

estabelecimento de uma padronização nas descrições dos limites e

confrontações, para que os profissionais habilitados no processo de

certificação não fiquem à mercê das exigências de cada titular de seu

respectivo cartório.

Até o momento, não possui nenhum imóvel registrado pelos cartórios de

registro de imóveis no estado do Rio Grande do Sul, sendo este, um dos

problemas enfrentados atualmente pelos profissionais, pois, realizam os

trabalhos com muito esmero, dentro dos padrões exigidos pelo INCRA, e acaba

trancando na hora do registro da certificação, devido a desatualização dos

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registradores, que acabam não recebendo estas informações por parte do

INCRA.

Outro problema é a dificuldades em conseguir a documentação e

informação dos confrontantes, também por desinformação dos mesmos, que

muitas vezes não querem repassar as respectivas informações achando que os

profissionais poderão prejudica-los se estiver de posse dos seus dados.

9 CONCLUSÃO

O Estágio Supervisionado, de 200 horas, realizado no Laboratório de

Topografia e Geodésia da URI Câmpus Santiago, contribui muito para o

conhecimento pessoal, prático e teórico na área de Geoprocessamento. Foi

realmente importante por contribuir com mais conhecimento nessa área,

conhecimento dos instrumentos e métodos utilizados para a realização dos

trabalhos e as dificuldades encontradas no decorrer das tarefas de um

georreferenciador.

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10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apostila de GPS. Disponível em

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAYZEAA/apostila-gps. Pesquisado em

16 de Maio de 2015.

IBGE. Manual do Usuário Aplicativo Online IBGE-PPP. Versão 2013.

INCRA. 3ª edição Norma técnica para georreferenciamento de imóveis rurais.

Agosto de 2013.

Manfra e Cia LTDA. Leika FlexLine TS02/TS06/TS/09. Manual de utilização.

Patrimônio do Laboratório de Topografia e Geodésia, URI Câmpus de

Santiago, RS.

MONICO, João Francisco Galera. Posicionamento pelo GNSS: descrição,

fundamentos e aplicações. 2. ed. São Paulo: INESP, 2007. 476 p.

Segantine P. C. L.. GPS: Sistema de Posicionamento Global. Editora USP,

364 pg, 2005.

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Anexo 1: Relatório do Posicionamento por Ponto Preciso (PPP)

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Anexo 2: Relatório dos vértices do software Leica Geo Office

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Anexo 3: Mapa Preliminar de Limites de Propriedades