resenha do texto a presunção da cultura, de roy wagner

3
Universidade de Brasília Instituto de Ciências Sociais Departamento de Antropologia Introdução a Antropologia – Turma G Benjamin Constant Vianna C. – 10/0047670 Resenha do texto A Presunção da Cultura, de Roy Wagner O autor busca evidenciar o conceito de cultura e a abordagem que o estudo da antropologia possui com a cultura. Enquanto delimitando o conceito de cultura como amplo e ao mesmo tempo básico, é entendido que a utilização da própria cultura do pesquisador é necessária para a relação com outra estudada. Para o autor a cultura trata-se de um conceito genérico apropriado pelo antropólogo, a busca científica a ser feita é a inserção própria no objeto de estudo, e, através dessa relação, ele é capaz de vivenciar o conceito de cultura plenamente. Através da internalização criada pelo contraste da criação da própria cultura e uma «invenção» da cultura estudada é que a própria cultura se torna visível. Ao se inventar essa outra cultura, faz-se a invenção da própria e consequentemente a reinvenção do próprio conceito de cultura. Do contraste de duas culturas, a que é estudada e a que se origina, nasce a cultura, uma terceira cultura que existe entre a estudada, que é um pano de fundo, e a que se origina. A criação de uma nova cultura é a própria cultura apercebida

Upload: berinjela

Post on 21-Jan-2016

644 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Resenha do texto A Presunção da Cultura, de Roy Wagner

TRANSCRIPT

Page 1: Resenha do texto A Presunção da Cultura, de Roy Wagner

Universidade de Brasília

Instituto de Ciências Sociais

Departamento de Antropologia

Introdução a Antropologia – Turma G

Benjamin Constant Vianna C. – 10/0047670

Resenha do texto A Presunção da Cultura, de Roy Wagner

O autor busca evidenciar o conceito de cultura e a abordagem que o estudo da

antropologia possui com a cultura. Enquanto delimitando o conceito de cultura como amplo e

ao mesmo tempo básico, é entendido que a utilização da própria cultura do pesquisador é

necessária para a relação com outra estudada.

Para o autor a cultura trata-se de um conceito genérico apropriado pelo antropólogo, a

busca científica a ser feita é a inserção própria no objeto de estudo, e, através dessa relação,

ele é capaz de vivenciar o conceito de cultura plenamente. Através da internalização criada

pelo contraste da criação da própria cultura e uma «invenção» da cultura estudada é que a

própria cultura se torna visível. Ao se inventar essa outra cultura, faz-se a invenção da própria

e consequentemente a reinvenção do próprio conceito de cultura.

Do contraste de duas culturas, a que é estudada e a que se origina, nasce a cultura,

uma terceira cultura que existe entre a estudada, que é um pano de fundo, e a que se origina.

A criação de uma nova cultura é a própria cultura apercebida da tentativa experienciada de se

aplicar os contrastes da cultura em que se origina e as consequencias que surgem, e a

aplicação da cultura estudada e a reação de diferenciação causada na cultura de origem.

Através da inserção do pesquisador em uma sociedade alheia a sua, determinados

eventos afloram de modo a evidenciar para si a visão de mundo e maneira de fazer

determinadas coisas de outros. Isso torna a existência da cultura algo multifacetado, diversos

povos fazem coisas diferentes uns dos outros, e monolítico, existem povos, existem culturas

de povos, um bloco cultural faz-se com determinados preceitos.

Através da objetificação da cultura é passível do antropológo a compreensão do que

se estuda, portanto «aprender» o que se trata a cultura e, ao passo que esse aprendizado

ocorre ao mesmo tempo que a objetificação, ocorre a «invenção» da cultura pelo pesquisador.

Page 2: Resenha do texto A Presunção da Cultura, de Roy Wagner

Análogamente ao que ocorre a um forasteiro no estrangeiro. Este deve aprender a língua e os

costumes locais de forma a conseguir conviver com os nativos, enquanto internaliza essa

nova cultura, aprendendo o que difere da sua, ele constrói a cultura do próximo dentro de si, e

por conseguinte a sua, ao passo que percebe o que diverge e constitui sua própria cultura,

fazendo-a visível a si.

Ao passo que as culturas colocam-se de forma equiparadas umas às outras, a

colocação da cultura conhecida em igualdade com a estudada, enquanto o pesquisador coloca

a cultura estudada em evidência, construindo-a, esta contrói a própria cultura dele e ambas

inventam o conceito de cultura para ele. A situação estudada denomina a «cultura» e apodera

o antropólogo do controle sobre ela e como lidar com a mesma.

Enquanto imerso em outra cultura e no ato de construção e invenção das três, o

pesquisador vivencia ruídos entre si e os nativos que moldam sua percepção, bem como a

alheia, de si, de sua cultura, da cultura do outro, e do conceito de cultura. O ato de

familiarizar o estranho com sua cultura faz com que ele pareça-lhe ainda mais estranho, ao

passo que o que é familiar torne-se mais estranho.

Torna-se interessante o estudo de outras culturas uma vez que essa evidencia a nossa

própria, nos faz questionar a nossa em uma metamorfose contínua contida em um esforço de

melhora; apropriando-se da existência de meios diferentes de vida impelido pela preocupação

em compreender aquilo que nos é estranho.