resumo acadêmico
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REsumo do sexto capítulo do Livro A África na Sala de Aula: visita à história contemporrâneaTRANSCRIPT
HERNANDEZ, Leila Leite; HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. Selo Negro, 2005.
Márcio Henrique MacedoVinicius Galvino do Nascimento1
A obra “A África na Sala de Aula: Visita á História Contemporânea” em seu
quinto capítulo traz a tona o tema os movimentos de resistência na África.
Dentro da referida temática a autora busca apresentar uma visão menos
eurocêntrica de como o continente africano fora colonizado, para isso ela tece
três parâmetros usados para explicar erroneamente a invasão europeia: o
primeiro argumento seria a aceitação coletiva dos povos nativos a essa
dominação de forma pacífica; a segunda eleva o fato de que os movimentos de
resistência não possuíam unidade e eram norteados por crenças e ideologias
irracionais e dessa forma não deveriam ser levados em consideração; e por
último a tentativa de diminuição na organização social e política das tribos
autóctones, onde eram classificadas em “naturalmente belicosas” quando
detinham o poder centralizado e “naturalmente pacíficas” quando detinham
poder descentralizado. Este exemplo denota claramente o objetivo dos
conquistadores europeus, para eles a África era um grande e rico território com
farta mão-de-obra que precisava ser desmitificada e cristianizada para servir
aos caprichos das novas potências. Porém os povos tribais não estavam
dispostos a perder sua soberania e muito menos serem cristianizados, uma vez
que estes em sua maioria já haviam sido islamizados há muito tempo e outros
continuavam com seus cultos em religiões tradicionais. Vale ressaltar que o
poder político de algumas sociedades africanas estavam atreladas a religião,
portanto a rejeição as novas políticas burocráticas dos estados europeus foi
massiva ocasionando diversas rebeliões e conflitos, é importante destacar: Os
sudaneses (nas Revoluções de 1881 a 1884 e nos levantes de 1900 a 1904),
egípcios (na Revolução urabista entre 1860 e 1882) e somalis (entre 1884 e
1894). Todas essas sufocadas pelo exército britânico, que posteriormente
exigia o pagamento de impostos através de lideres nomeados por eles para
chefiar as tribos, o que causou a revolta da população e a prisão e deportação 1 Acadêmicos do Curso de Licenciatura Plena em História da Faculdade de Itaituba, resumo para obtenção de nota parcial na disciplina de História da África, ministrada pelo Prof. MSc. Ricardo Nei de Araújo.
de lideres e generais. Inúmeras outras revoltas eclodiram no continente por
diversos motivos de ordem econômica, cultural e social.
A historiografia do século XX busca analisar também outro ator deste processo
de resistência, o bandido social, destacando-se Mapondera. O bandido social
tinha o papel de defender a população, principalmente do interior, dos
exploradores e cobradores de impostos, além de organizar saques e ações
para tentar destruir o poder exercido nesses territórios, legitimado por forças
policiais milicianas que tinha a função de intimidar a população e assegurar o
controle da metrópole sobre os chefes locais. Esta nova análise nos
desmistifica a ideia de que as tribos autóctones aceitaram pacificamente
dominação dos colonizadores europeus e apresenta a figura do bandido como
um herói local que é o símbolo da organização social conservadora desses
povos.
É necessário ponderar a respeito da colonialismo que a África sofreu, pois ele
deixou marcas que dificilmente serão apagadas, mas que por muito tempo
foram maquiadas para não se ver a dimensão da interferência deste processo.
A dissolução dos modelos sociais e políticos encontrados no continente
africano no século XIX, que estavam arraigados nas sociedades, e a
implantação do modelo europeu-ocidental ocasionou inúmeros conflitos civis
que perduram até os dias de hoje, já que o colonizador demarcou fronteiras de
acordo com seus parâmetros juntando povos e culturas diferentes. Os
movimentos de resistência persistem até hoje pelo fato de ainda haver
interferência nas formas organizacionais dos territórios feitas aleatoriamente
sem levar em consideração os traços antropológicos das populações. Diante
disso é importante ressaltar o revisionismo e a busca por novas fontes que
denotam mudanças na forma como a África é vista e analisada, a visão
eurocêntrica vai a cada dia se tornando o formato “pacífico” e cômodo que os
colonizadores gostam de entoar.