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1 Plano de Manejo da Área de Relevante Interesse Ecológico Cruls RESUMO EXECUTIVO

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Plano de Manejo da Área

de Relevante Interesse

Ecológico Cruls

RESUMO EXECUTIVO

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GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

Governador do Distrito Federal

Rodrigo Rollemberg

Vice-Governador do Distrito Federal

Renato Santana

Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do DF

André Lima

Presidente do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do

Distrito Federal - Brasília Ambiental.

Jane Vilas Bôas

Superintendente de Gestão de Áreas Protegidas

Leonel Graça Generoso Pereira

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RESPONSÁVEIS TÉCNICOS:

Eng. Florestal, MSc Eduardo Ribeiro Felizola

8.763/D – CREA-DF

Eng. Florestal, MSc Rogério Henrique V. de Azevedo

10.570/D – CREA-DF

EMPRESA RESPONSÁVEL:

NOME: Greentec Tecnologia Ambiental Ltda.

CNPJ: 72.610.090/0001-43

END: SRTV/N Qd 701, Conj C, Centro Empresarial Norte, Salas 717/719

Bloco B

CEP: 70.719-903

TEL: (61) 3327-0218 – (61) 3201-6453

EMAIL [email protected]

EQUIPE TÉCNICA:

Kátia Cury– Ecóloga, PhD (Coordenação Técnica)

Marcelo Pedrosa Pinelli – Geólogo, MSc (Meio Físico)

Helena Corrêa – Socióloga, PhD (Socioeconomia)

Ayrton Peres Klier Júnior – Biólogo, PhD (Meio Biótico – Fauna)

Ana Luiza Cerdeira Noce – Eng. Florestal (Meio Biótico – Flora)

Brasília, setembro de 2015.

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Lista de Acrônimos

AER- Avaliação Ecológica Rápida

AGEFIS- Agência de Fiscalização

AMONOR- Associacao Dos Moradores do Noroeste

APA- Área de Proteção Ambiental

ARIE- Área de Relevante Interesse Ecológico

BPMA- Batalhão de Policia Militar Ambiental

CAESB- Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal

CBMDF -Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal

CE- Corredor Ecológico

CEB- Companhia Energética de Brasília

CODEPLAN- Companhia de Planejamento do Distrito Federal

COP10- 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica

DF-Distrito Federal

EIA - Estudo de Impacto Ambiental

Funatura- Fundação Pró-Natureza

GDF- Governo do Distrito Federal

IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBAMA/DF- Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

IBRAM/DF/DF- Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos

do Distrito Federal - Brasília Ambiental

ICMBio- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

MAB - Man and Biosphere

MMA-Ministério do Meio Ambiente

OPP- Oficina de Planejamento Participativo

PDAD-Pesquisa Distrital por Amostra de Domicilio

PDDU -Plano Diretor de Drenagem Urbana

PDOT- Plano Diretor de Ordenamento Territorial

PDRS -Plano Diretor de Resíduos Sólidos

PM- Plano de Manejo

PNB- Parque Nacional de Brasília

PPCIF- Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais

PPCUB -Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico

PPCUB- Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico

PRAD- Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

PROBIO- Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica

Brasileira

Pronaf -Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RA- Região Administrativa

RIMA-Relatório de Impacto Ambiental

SDUC- Sistema Distrital de Unidades de Conservação

SGIRH- Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SNUC- Sistema Nacional de Unidades de Conservação

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TNC- The Nature Conservancy

UC- Unidade de Conservação

UH- Unidade Hidrográfica

UHG- Unidade Hidrográfica de Gerenciamento

UnB-Universidade de Brasilia

WWF- Fundo Mundial pela Natureza

ZA- Zona de Amortecimento

ZEE- Zoneamento Ecológico e Econômico

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO .................................................................................... 9

2. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 9

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS ............................ 11

3.1 Enfoque Internacional ............................................................................. 11

3.2 Enfoque Federal ...................................................................................... 11

3.3 Enfoque Distrital ...................................................................................... 13

4. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A UC ............................................... 15

5. ETAPAS PARA A CONSOLIDAÇÃO DO PLANO DE MANEJO ............ 16

5.1 Vegetação ............................................................................................... 18

5.2 Fauna .................................................................................................. 21

5.3 Recursos Hídricos ............................................................................... 27

5.4 Socioeconomia .................................................................................... 29

5.5 Ameaças ............................................................................................. 32

6. HISTÓRICO CRIAÇÃO DA UC ARIE CRULS ........................................ 33

7. PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO DA ÁRIE CRULS .......................... 34

8. ZONEAMENTO DA ARIE CRULS .......................................................... 38

9. PROGRAMAS DE GESTÃO. ................................................................. 42

9.1 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas. ................................... 42

9.1.1 Objetivo ............................................................................................. 42

9.1.2 Identificação das áreas a serem recuperadas .................................. 42

9.1.3 Definição de estratégias de ação para a área 1 e 2: ........................ 43

9.1.4 Definição das estratégias de ação para a área 3: ............................. 44

9.2 Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais ............... 48

9.2.1 Objetivos ........................................................................................... 48

9.2.2 Atividades ......................................................................................... 49

9.3 Programa de Proteção e Fiscalização ................................................. 49

9.3.1 Objetivos ........................................................................................... 49

9.3.2 Princípios .......................................................................................... 49

9.4 Programa de Consolidação Territorial ................................................. 50

9.4.1 Objetivos ........................................................................................... 50

9.4.2 Princípios .......................................................................................... 50

9.4.3 Indicadores de efetividade ................................................................ 50

9.5 Programa de Uso Público ................................................................... 50

9.5.1 Objetivos ........................................................................................... 51

10. NORMAS GERAIS PARA ARIE CRULS. ............................................... 51

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Representação dos Polígonos de Áreas Prioritárias (importância

biológica e prioridade de ações) para a Conservação da Biodiversidade do

Bioma Cerrado (Portaria MMA nº 09/2007). FONTE: mosaico de imagens

Landsat de Julho de 2007. ............................................................................... 13

Figura 2– Representação da relação de vizinhança da ARIE Cruls com outras

áreas protegidas. FONTE: fotografias aéreas obtidas em 2009 pela

TERRACAP. ..................................................................................................... 15

Figura 3– Cerrado Típico em bom estado de conservação. Destaque para a

planta herbácea em florescimento no primeiro plano e para a Vellozia flavicans

(Canela-de-ema) em segundo plano. ............................................................... 18

Figura 4– Cerrado ralo com camada rasteira de em ótimo estado de

conservação, com grande riqueza de espécimes. ........................................... 19

Figura 5– Alocação das unidades amostrais na ARIE Cruls. FONTE: fotografias

aéreas obtidas em 2009 pela TERRACAP. ...................................................... 20

Figura 6– Alguns dos insetos capturados na rede entomológica e armadilhas

janelas na ARIE Cruls. ..................................................................................... 22

Figura 7– Fêmea adulta de calanguinho (Cercosaura ocellata) capturada e

solta na ARIE Cruls. ......................................................................................... 23

Figura 8– Macho adulto de papa-vento (Anolis meridionalis) capturado e solto

na ARIE Cruls. .................................................................................................. 23

Figura 9– Macho adulto de calanguinho-do-cerrado (Cnemidophorus ocellifer)

capturado e solto na ARIE Cruls. ..................................................................... 24

Figura 10– Indivíduo de Necromys lasiurus capturado com armadilha

Shermann na área de estudo. .......................................................................... 26

Figura 11– Unidades Hidrográficas de Gerenciamento – UHG do DF. FONTE:

Iema/Sematec, 1994. ....................................................................................... 28

Figura 12– Mapa de recarga subterrânea local proposta para a Arie Cruls.

FONTE: fotografias aéreas obtidas em 2009 pela TERRACAP. ...................... 29

Figura 13– Densidade demográfica Preliminar (Hab/Km2) – Lago Norte e

Brasília. FONTE: http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores. ........ 30

Figura 14– Pessoas residentes - Lago Norte e Brasília. FONTE:

http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores. .................................... 31

Figura 15– Zoneamento Ambiental da ARIE Cruls. FONTE: fotografias aéreas

obtidas em 2009 pela TERRACAP. .................................................................. 39

Figura 16 - Cobertura vegetal e uso do solo na ARIE Cruls com a indicação das

áreas a serem recuperadas. FOTE: fotografias aéreas obtidas em 2009 pela

TERRACAP. ..................................................................................................... 43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Matriz de Avaliação Estratégica ...................................................... 35

Tabela 2 - Espécies botânicas do Cerrado amostradas no interior da ARIE

Cruls. ................................................................................................................ 44

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1. APRESENTAÇÃO

Este documento apresenta o Resumo Executivo do Plano de Manejo da

Unidade de Conservação – UC ARIE Cruls do Distrito Federal - DF. O objetivo

deste Resumo Executivo é divulgar as características e a importância desta

Área Protegida, bem como apresentar as propostas de manejo estabelecidas

para este espaço territorial. Trata-se de uma ferramenta de consulta para os

gestores desta unidade, para as comunidades beneficiadas do entorno, e para

o público interessado. Este instrumento, síntese do planejamento desta área,

não substitui o referido Plano de Manejo, pois traz o detalhamento do

diagnóstico da Unidade. Como um Resumo Executivo, apresenta-se por meio

de mapas e fotografias, a proposta de zoneamento e gerenciamento dessa UC.

Entretanto, não se apresentam detalhes de planilhas nem de ações gerenciais,

que se encontram nos documentos básicos, os referidos Planos de Manejo, à

disposição para a consulta da comunidade junto ao IBRAM/DF/DF.

2. INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é apresentar um resumo do Plano de Manejo da

ARIE Cruls, baseando-se no Termo de Referência Técnico (IBRAM/DF/DF,

2010). A elaboração de um Plano de Manejo surge da necessidade de se

construir um documento técnico orientador para as atividades principalmente

do interior das áreas. O Plano de Manejo tem por finalidade servir de base de

planejamento para o órgão gestor responsável pela administração destes

espaços. Ele apresenta para os técnicos e para o público em geral, as regras

que passarão a valer para a utilização destes espaços de acordo com as

categorias de Unidades de Conservação, sobretudo, cumprem a função de

tornar mais efetiva a implementação da ARIE Cruls.

Segundo o SNUC criado pela Lei 9.985/2000:

“Plano de manejo é um documento técnico mediante o qual, com

fundamento nos objetivos gerais de uma UC, se estabelece o seu

zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo

dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas

necessárias à gestão da Unidade”.

As unidades de conservação integrantes do SNUC, assim como do Sistema

Distrital de Unidades de Conservação – SDUC (Lei Distrital Complementar

827/2010) dividem-se em dois grupos com características específicas:

Proteção Integral – tem como objetivo geral preservar a natureza, sendo

admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.

Uso Sustentável - tem como objetivo geral compatibilizar a conservação da

natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

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A categoria Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE, enquadrada no

grupo de Uso Sustentável, compreende, normalmente, uma área de pequena

extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características

naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional. Uma

ARIE tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância

regional ou local, e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a

compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. Para a

elaboração deste plano de manejo, destacam-se a participação social

principalmente, da sociedade civil e do terceiro setor, e o envolvimento dos

gestores das instituições responsáveis pelas unidades de conservação

distritais e federais tornando-os atores ativos do planejamento, proteção e

conservação destas áreas nas suas diversas etapas de elaboração.

De maneira geral, os objetivos de um plano de manejo são:

Levar a Unidade de Conservação - UC a cumprir com os objetivos

estabelecidos na sua criação;

Definir objetivos específicos de manejo, orientando a gestão da UC;

Dotar a UC de normas para seu desenvolvimento;

Definir ações específicas para o manejo da UC;

Gerar conhecimento para o manejo da Unidade;

Promover o manejo da Unidade, orientado pelo conhecimento

disponível;

Estabelecer um zoneamento diferenciado de uso visando a proteção de

seus recursos naturais e culturais;

Destacar a representatividade da UC frente as suas características

naturais;

Destacar a representatividade da UC frente às características de

valorização dos seus recursos como: biomas, convenções e

certificações internacionais;

Estabelecer, quando couber, normas e ações específicas visando

compatibilizar a presença das populações residentes com os objetivos

da unidade, até que seja possível uma indenização ou compensação e

realocação destas populações;

Estabelecer normas específicas regulamentando a ocupação e o uso

dos recursos da Zona de Amortecimento - ZA e dos Corredores

Ecológicos - CE, visando a proteção da UC;

Promover a integração socioeconômica das comunidades do entorno

com a UC;

Orientar a aplicação dos recursos financeiros destinados à UC.

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3. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS

3.1 Enfoque Internacional

Considerando que a área em estudo está localizada na porção central do

território brasileiro, descrever o seu respectivo enfoque internacional se resume

a verificar as relações que porventura possam existir com políticas públicas e

acordos internacionais, já que não apresentam rebatimento com situações de

fronteira com outros países e biomas.

Nos meses de setembro e outubro de 1992 foram realizados os estudos para a

criação da Reserva da Biosfera do Cerrado no Distrito Federal cuja aprovação

do Programa MAB (Man and Biosphere -Homem e Biosfera) foi o primeiro ato

de reconhecimento internacional da importância do cerrado brasileiro. Este ato

foi reforçado pela Lei Distrital nº 742 de 28/07/94 que define os limites, funções

e o seu sistema de gestão.

A Reserva da Biosfera do Cerrado Fase I, que foi estabelecida ao redor da

capital do país abrangendo uma série de unidades de conservação e seu

entorno, privilegia a conservação dos remanescentes ainda intocados de

Cerrado, a recuperação de áreas alteradas e de corredores ecológicos já

fortemente degradados.

A ARIE Cruls está localizada a poucos metros do Parque Nacional de Brasília

(PNB) e podendo fazer da sua zona tampão. Nesta localidade, deve ser

estimulada a criação de áreas de recuperação e experimentação, visando a

preservação dos corredores contínuos de vegetação nativa, conforme

preconizado pela própria lei distrital de criação da Reserva da Biosfera do

Cerrado – Fase I.

Na perspectiva dos Princípios e Diretrizes para a Gestão da Biodiversidade, o

Brasil assumiu metas de conservação dos seus Biomas. Na última Conferência

das Partes (COP10), ficou acordado como meta para 2020, que o Brasil

alcançaria a marca de 17% de cada bioma em unidades de conservação

(exceto APA). Desta forma, as ARIE Cruls e Cruls, apesar de uma área

relativamente pequena, tem importância para auxiliar no cumprimento das

metas estabelecidas para a conservação do Bioma Cerrado.

3.2 Enfoque Federal

A ampla transformação do Cerrado em bioma ameaçado tem levado muitas

instituições (organizações governamentais, organizações não governamentais,

pesquisadores, e o setor privado) a desenvolverem iniciativas de conservação.

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Dentre as organizações não governamentais de atuação nacional no Bioma

Cerrado, destacam-se a Conservação Internacional, o WWF, a TNC e a

Funatura.

Quanto as ações governamentais, surgiu o PROBIO, no qual foi possível

identificar as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade, avaliando

os condicionantes socioeconômicos e as tendências atuais da ocupação

humana do território brasileiro, bem como formular as ações mais importantes

para a conservação dos recursos naturais. Através do Decreto nº. 5.092 de 21

de maio de 2004 e da Portaria nº. 126, de 27 de maio de 2004 foram definidas

as regras para identificação de áreas prioritárias para a conservação, utilização

sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade.

Mediante a Portaria do MMA nº. 9, de 23 de janeiro de 2007, a última

atualização das Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e

Repartição dos Benefícios da Biodiversidade gerando um mapa com a

indicação destas áreas. A Figura 1 exemplifica toda esta região do Distrito

Federal e entorno, onde estão localizados importantes áreas definidas para a

conservação do Bioma Cerrado. Nesta área estão representados os polígonos

de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade, com a respectiva

importância biológica e prioridade de ação.

A ARIE Cruls não está inserida dentro das áreas prioritárias definidas pelo

MMA, porém encontram-se muito próximas e cercadas por elas.

Especificamente, merece destaque a área prioritária representada pela

poligonal do próprio PNB e outra localizada ao longo do relevo dissecado do

Rio São Bartolomeu, que corta o DF no sentido norte-sul na sua porção central.

Isto sugere a importância da ARIE como trampolim de biodiversidade entre as

grandes áreas destinadas para a conservação da biodiversidade e uso

sustentável da biodiversidade.

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Figura 1– Representação dos Polígonos de Áreas Prioritárias (importância

biológica e prioridade de ações) para a Conservação da Biodiversidade do

Bioma Cerrado (Portaria MMA nº 09/2007). FONTE: mosaico de imagens

Landsat de Julho de 2007.

3.3 Enfoque Distrital

O Distrito Federal - DF apresenta um grande número de unidades de

conservação em seu território, especialmente quando comparado com outras

unidades federativas. Cerca de 90% de sua superfície encontra-se protegida

por algum instrumento legal, fato que ressalta importante particularidade ao

território.

ARIE Cruls

ARIE Cruls

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O SNUC- Lei 9.985 de 18 de Julho de 2000 é constituído pelo conjunto das

unidades de conservação federais, estaduais, distritais e municipais, de acordo

com o disposto na lei. A regulamentação das atividades previstas em uma

unidade de conservação é consolidada na forma de um Plano de Manejo.

Trata-se de um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos

objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu

zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos

recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à

gestão da unidade.

A Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), categoria da unidade de

conservação objeto deste Plano de Manejo, tem como objetivo manter os

ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso

admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de

conservação da natureza (Art. 16). Nos termos dos parágrafos 1o e 2º do

mencionado artigo, as ARIE são constituídas por terras públicas ou privadas e,

respeitados os limites constitucionais, normas e restrições podem ser

estabelecidas para a utilização da propriedade privada.

Recentemente, foi publicada a Lei Complementar 827 de 22 de julho de 2010,

que regulamentou alguns artigos da Lei Orgânica do DF e instituiu o SDUC,

reforçando o entendimento dado pelo SNUC para a categoria ARIE, inovando

apenas no seu Artigo 16, § 2º e § 4º, por meio das seguintes diretrizes:

“§ 2º A Área de Relevante Interesse

Ecológico, localizada fora de Área de

Proteção Ambiental, terá Conselho Gestor

Consultivo, presidido pelo órgão responsável

por sua administração e constituído por

representantes dos órgãos públicos, de

organizações da sociedade civil e da

população residente, conforme disposto em

regulamento.

...

§ 4º As áreas rurais situadas em Área de

Relevante Interesse Ecológico não poderão

ser convertidas em áreas urbanas.”

Todas as ARIE’s no DF somam 6.625 hectares, com uma área individual que

varia desde 19 a 2185 hectares. Neste contexto, a ARIE Cruls, com seus 55,02

hectares representa pouco mais de 0,8% da área total protegida por esta

categoriade unidade de conservação.

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A ARIE Cruls está inserida em um mosaico de unidades de conservação (não

reconhecido oficialmente) por apresentar uma relação de vizinhança com

outras áreas protegidas de importância local e, até mesmo, regional. Conforme

se observa na Figura 2, a área está próxima do Parque Nacional de Brasília e

do Parque Ecológico Burle Marx.

Figura 2– Representação da relação de vizinhança da ARIE Cruls com outras

áreas protegidas. FONTE: fotografias aéreas obtidas em 2009 pela

TERRACAP.

4. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A UC

A ARIE Cruls está situada no domínio do bioma Cerrado, considerado um dos

34 hotspots mundiais para a conservação da biodiversidade (MYERS et al.,

2005), ou seja, é uma área considerada de alta biodiversidade e grande

vulnerabilidade, sendo, portanto, uma área prioritária para a concentração das

ações para conservação. Encontra-se na Região Administrativa de Brasília (RA

I) e é limítrofe a área da poligonal do Setor Habitacional Noroeste, próxima ao

Parque Ecológico Burle Marx e vizinha a Região Administrativa do Lago Norte.

A criação da ARIE Cruls se deu pelo reconhecimento da importância biológica

das áreas ambientalmente sensíveis, situadas ao lado Parque Nacional de

Brasília, durante o processo de licenciamento ambiental do Setor Habitacional

Noroeste, iniciado em 1997 e consolidado em 2008, mesmo ano de criação da

ARIE Cruls.

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Segundo o PDOT, a ARIE Cruls encontra-se em Zona Urbana do Conjunto

Tombado e que, no Art. 66, é composta por áreas predominantemente

habitacionais de média densidade demográfica, correspondendo à área do

conjunto urbano construído em decorrência do Plano Piloto de Brasília e às

demais áreas incorporadas em função de complementações ao núcleo original.

A Zona Urbana do Conjunto Tombado tem como diretrizes previstas pelo

PDOT:

i) zelar pelo Conjunto Urbanístico de Brasília, tombado em âmbito

federal e distrital; ii) harmonizar as demandas do desenvolvimento

econômico e social e as necessidades da população com a preservação

da concepção urbana de Brasília; iii) consolidar a vocação de cultura,

lazer, esporte e turismo do lago Paranoá, mediante criação e promoção

de espaços adequados para o cumprimento de suas funções; iv)

promover e consolidar a ocupação urbana, respeitando-se as restrições

ambientais, de saneamento e de preservação da área tombada; v)

preservar as características essenciais das quatro escalas urbanísticas

em que se traduz a concepção urbana do conjunto tombado, a

monumental, a residencial, a gregária e a bucólica; vi) manter o conjunto

urbanístico da área tombada como elemento de identificação na

paisagem, assegurando-se a permeabilidade visual com seu entorno.

Dentre as ações previstas para esta unidade destaca-se ainda a construção do

Memorial Cruls, que dá o nome à ARIE, com o objetivo difundir, pesquisar e

preservar a memória da Missão Cruls que deu origem às explorações em

busca do local ideal para a transferência da capital brasileira.

A implantação do Memorial Cruls está prevista na Lei Nº 3.526, de 03 de

janeiro de 2005. Que estabelece no parágrafo único que o Governo do Distrito

Federal definirá sua locali a o ap s ouvir o lu e dos ioneiros de ras lia.

Segundo o texto da lei, o memorial ruls tem por o jetivo “difundir, pesquisar e

preservar a memória e a obra do astrônomo Luiz Cruls, chefe da Missão Cruls”.

5. ETAPAS PARA A CONSOLIDAÇÃO DO PLANO DE MANEJO

A construção de um Plano de Manejo para as áreas protegidas requer uma

equipe multidisciplinar e uma série de etapas a cumprir. Inicialmente, buscam-

se as informações conhecidas como dados secundários, disponíveis nas

instituições de pesquisa e nos diversos órgãos governamentais. Uma visita ao

local conhecida como fase de campo é fundamental para obter informações

mais exatas das características da área. Os trabalhos de campo deste

diagnóstico foram realizados no período de maio a junho de 2013, sendo a

campanha realizada no período de transição da estação chuvosa para a seca.

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Na fase de campo denominada de diagnóstico os estudos da área são

divididos em Meio Físico, Meio Biótico e Meio Socioeconômico. O

levantamento do meio físico objetiva compreender como é constituída a bacia

hidrográfica da região, a formação do solo e sua atual situação. Os estudos do

meio biótico são divididos em levantamentos de fauna e flora da região. Os

estudos de flora avaliam a atual situação da vegetação original das Unidades

de Conservação identificando seus principais impactos humanos sobre a

vegetação do bioma Cerrado. Os levantamentos de fauna visam comparar as

espécies que ocorriam originalmente no local, com as que mesmo com os

severos impactos humanos, ainda podem ocorrem na região. Os estudos de

Socioeconomia buscam diagnosticar o histórico de ocupação humana da área,

e a atual situação do espaço territorial, levantando problemas e buscando

apresentar soluções integradas para a gestão das unidades de conservação.

Para o diagnóstico de flora da ARIE Cruls, a descrição e caracterização da flora

foi realizada por meio da identificação das fitofisionomias exstentes e o grau de

influência antrópica, apresentação das listas florísticas e fitossociológicas

aferidas e análise da estrutura e a similaridade da vegetação. Observou-se que

a fitofisionomia mais predominante do local é Cerrado sensu stricto e sendo

assim , as áreas foram inventariadas por meio do lançamento de 10 parcelas

de área fixa de tamanho amostral 0,1 hectares por meio do processo de

amostragem casual simples, alocando-se parcelas aleatórias no sentido oeste-

leste. De forma geral, as espécies mais importantes para a dinâmica da floresta

foram: Qualea parviflora, Qualea grandiflora, Caryocar brasiliense, Vellozia

flavicans, Indivíduos mortos, Guapira noxia, Annona crassiflora,

Stryphnodendron adstringens, Dalbergia miscolobium e Dimorphandra mollis.

Estas espécies deverão ser priorizadas para a recuperação de áreas

degradadas, uma vez que são as que mais se adaptaram ao ambiente.

Para os levantamentos da fauna existente na ARIE Cruls foi realizado

utilizando-se o método de Avaliação Ecológica Rápida – AER (Natureza em

foco: Avaliação Ecológica Rápida, The Nature Conservancy, 2003), que

consiste na realização de levantamentos em campo por diferentes especialistas

para obtenção de dados primários, respeitando-se a metodologia própria de

cada área de pesquisa, promovendo-se a interação entre tais áreas, de modo a

garantir o conhecimento da relação ecológica entre os grupos estudados. De

forma complementar, realizou-se o levantamento de dados secundários obtidos

por meio de pesquisa documental de informações, relatórios e publicações

científicas referentes à área da unidade, bem como das áreas de proteção e

unidades de conservação adjacentes. Os grupos faunísticos estudados na

ARIE Cruls foram: Entomofauna, Herpetofauna, Avifauna e Mastofauna;

considerando-se as espécies ameaçadas, endêmicas e migratórias, bem como,

as características ecológicas das comunidades e suas inter-relações com as

fitofisionomias locais.

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18

Para a área de Socioeconomia foram realizados levantamentos históricos,

consulta a documentos públicos, visitas a campo e entrevistas em profundidade

com alguns atores chave no processo. As bases de dados secundárias

consultadas foram principalmente a PDAD de 2010/2011/2012 e o Anuário

Estatístico do Distrito Federal 2010/2011/2012 realizados pela CODEPLAN. No

sentido de complementar a caracterização socioeconômica das RA Brasília e

Lago Norte, apresentam-se a seguir alguns indicadores extraídos do XII Censo

Demográfico da População Brasileira, do IBGE realizado em 2010.

5.1 Vegetação

A vegetação nativa do local é composta por duas fitofisionomias: Cerrado

Típico (Figura 3) e Cerrado Ralo (Figura 4) e existem perturbações antrópicas

como: abertura de trilhas aleatórias; linhas aéreas de alta tensão elétrica;

entulho de obras; deposição de solo de escavações; clareiras sob as linhas e

torres de alta tensão, que serão melhor exploradas posteriormente.

Figura 3– Cerrado Típico em bom estado de conservação. Destaque

para a planta herbácea em florescimento no primeiro plano e para a Vellozia

flavicans (Canela-de-ema) em segundo plano.

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Figura 4– Cerrado ralo com camada rasteira de em ótimo estado de

conservação, com grande riqueza de espécimes.

Foram inventariados 951 indivíduos dentro das 10 parcelas de 20 x 50m. A

disposição das unidades amostrais está explicitada na Figura 5.O número de

espécies encontradas foram 33 e pertencem a 24 famílias. Os indivíduos

mortos representam 6,33% dos indivíduos inventariados. As famílias com as

maiores riquezas específicas foram Myrtaceae (12,12%), Fabaceae (9,1%),

Annonaceae, Arecaceae, Euphorbiaceae e Lauraceae com 6,1% do total.

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20

Figura 5– Alocação das unidades amostrais na ARIE Cruls. FONTE:

fotografias aéreas obtidas em 2009 pela TERRACAP.

Foram amostradas 67 espécies, distribuídas em 54 gêneros e em 32 famílias.

Os indivíduos mortos foram contados como uma classe separada, com 60

indivíduos, isto é, 6,31% do total dos indivíduos amostrados. As famílias com

maiores riquezas específicas foram Fabaceae (20,9%), Vochysiaceae (8,95%)

Melastomataceae e Myrtaceae, ambas abrangendo 5,97% das espécies e por

último, Nyctaginaceae, com 4,47%.

A ARIE Cruls não possui espécies raras, porém foram encontradas nove

espécies endêmicas do Cerrado: Connarus suberosus, Enterolobium

gummiferum, Eremanthus glomerulatus, Guapira noxia, Miconia burchellii,

Mimosa claussenii, Sclerolobium paniculatum var. subvelutinum, Vellozia

flavicans e Vochysia rufa.

Foram inventariadas, ainda, 10 espécies tombadas como Patrimônio Ecológico

do DF: Aspidosperma macrocarpon, Aspidosperma tomentosum, Caryocar

brasiliense, Dalbergia miscolobium, Eugenia dysenterica, Handroanthus

ochraceus, Pseudobombax longiflorum, Pterodon pubescens, Tabebuia aurea e

Vochysia thyrsoidea. Esta diversidade de endemismo e de espécies tombadas

indica a alta importância da conservação desta UC, que abriga espécies

consideradas vulneráveis à antropização e que merecem atenção especial com

relação ao desmatamento.

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Conclui-se que a UC é rica e biodiversa e possui manchas que representam as

características estruturais e florísticas da fitofisionomia. Portanto, a ARIE Cruls

é estratégica para a conservação da biodiversidade regional, uma vez que

conserva fragmentos representativos da fitofisionomia em questão. A ARIE

Cruls atua como importante zona de amortecimento do PNB, sobretudo quando

se considera a malha urbana do Plano Piloto, que possui poucos fragmentos

remanescentes de vegetação nativa.

Apesar de apresentar boa densidade, há locais em alto processo de

degradação dentro da UC e, por este motivo, é necessário realizar a

recuperação de alguns trechos, que serão detalhados nos programas de

gestão da unidade.

O mais recomendado seria aproveitar as áreas que já se encontram

degradadas para ocupação, como a construção da área para o Museu da

Missão Cruls, que está programado no projeto inicial de implantação da UC.

5.2 Fauna

5.2.1 Entomofauna

No estudo de entomofauna, foi coletado um total de 1.287 individuos

pertencentes a doze famílias. As Famílias mais coletados foram os Acridídea,

com 435 indivíduos coletados (33,79%), Formicidae dos gêneros Myrmicinae,

Ponerinae e Pseudomyrmex, com 713 indivíduos (55,40%), Díptero, com 38

(2,95%), pertencente a duas famílias, além de outros invertebrados

(crisomelidae, noctuidae, coleóptero, hemíptero, himenóptero, etc.) (Figura 6).

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Figura 6– Alguns dos insetos capturados na rede entomológica e armadilhas

janelas na ARIE Cruls.

5.2.2 Herpetofauna

No levantamento da Herpetofauna foi registrado um total de 11 espécies,

sendo que não foi registrado nenhum anfíbio, quelônio ou jacaré. Obtivemos 09

registros diretos (avistamentos ou captura em campo) e 02 registros indiretos

(entrevistas). Entre as espécies registradas, 08 são de lagartos, distribuídas

nas famílias Gymnophthalmidae (2), Sincidae (1), Polychrotidae (2), Teiidae (2),

Tropiduridae (1); e 03 são de serpentes distribuídas nas famílias Colubridae (2)

e Viperidae (1).

A ARIE ruls n o apresenta nenhum corpo d’água e é composta asicamente

por ambientes abertos de cerrado. Por isso, não houve registro de nenhuma

espécie de anfíbios, e nem de quelônios ou jacarés. Por outro lado, foram

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registradas onze espécies de répteis, com uma riqueza razoável de lagartos,

oito espécies. Apesar da ARIE Cruls sofrer uma forte influência antrópica,

principalmente de carroceiros e invasores, as espécies de lagartos registradas

na área, sugerem que o ambiente ainda é capaz de sustentar populações de

espécies normalmente sensíveis, como o calanguinho (Cercosaura ocellata)

(Figura 7), o papa-vento (Anolis meridionalis) (Figura 8), e o calanguinho-do-

cerrado (Cnemidophorus ocellifer) (Figura 9).

Figura 7– Fêmea adulta de calanguinho (Cercosaura ocellata) capturada e

solta na ARIE Cruls.

Figura 8– Macho adulto de papa-vento (Anolis meridionalis) capturado e solto

na ARIE Cruls.

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Figura 9– Macho adulto de calanguinho-do-cerrado (Cnemidophorus ocellifer)

capturado e solto na ARIE Cruls.

Entre as ameaças à herpetofauna local, podemos destacar a perda de habitat e

a degradação dos remanescentes de cerrado, resultante da ocupação humana.

Os ambientes da ARIE Cruls encontram-se extremamente fragmentados e

desconectados, dificultando o contato entre as diferentes populações de répteis

e anfíbios da região. Para essa área, além de ser transformada em UC (ARIE),

o ideal seria recuperar áreas que pudessem conectar a ARIE Cruls com o

Parque Nacional de Brasília (PNB), garantindo assim a troca genética entre

populações da área fonte (PNB) e da ARIE.

5.2.3 Avifauna

Na Avifauna, segundo os registros obtidos na área de estudo (dados

primários), foram inventariadas 66 espécies de aves na ARIE Cruls durante os

trabalhos de campo. Dentre as espécies mais frequentes da região da ARIE

Cruls, destacam-se espécies associadas aos ambientes campestres locais, tais

como a perdiz Rhynchotus rufescens, o inhambu-chororó Crypturellus

parvirostris e a seriema Cariama cristata, seguido por alguns psitacídeos

comuns em áreas savânicas de Cerrado: como os periquitos Brotogeris chiriri e

Aratinga aurea; além de espécies abundantes em áreas de cerrado sensu

stricto, incluindo: o joão-bobo Nystalus chacuru, arapaçú-do-cerrado

Lepidocolaptes angustirostris, a guaracava Elaenia chiriquensis e o sanhaço-

do-cerrado Neothraupis fasciata.

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Dentre as aves inventariadas para a área de influência da ARIE Cruls, há

quartoze espécies de aves incluídas alguma categoria de ameaça, sendo que

destas, seis estão incluídas na lista de espécies da fauna ameaçada no Brasil;

e treze também são listadas em diferentes classes dentre as espécies

ameaçadas de extinção a nível mundial. Considerando apenas estas últimas,

uma espécie é tida como “em perigo”, a águia-cinzenta Harpyhaliaetus

coronatus; seis são relacionadas como vulneráveis e outras seis tidas como

próximas de serem consideradas ameaçadas (near-threathened).

Dentre as quatorze aves ameaçadas inventariadas para a região, três espécies

foram registradas na ARIE Cruls: papagaio-galego Alipiopsitta xanthops, o

papa-moscas-do-campo Culicivora caudacuta e o sanhaço-do-cerrado

Neothraupis fasciata. Outras oito espécies são aves associadas às formações

abertas de Cerrado, como campo sujo e cerrado sensu stricto; e podem utilizar

os ambientes presentes na ARIE Cruls sazonalmente ou, mesmo, de forma

eventual, como rota de migração ou parte da área de vida; entre elas: ema

Rhea americana; a codorna-mineira Nothura minor; a águia-cinzenta

Harpyhaliaetus coronatus; o andarilho Geositta poeciloptera; o galito Alectrurus

tricolor; o azulinho do cerrado Porphyrospiza caerulescens; o mineirinho

Charitospiza eucosma e o tico-tico-de-máscara-negra Coryphaspiza melanotis.

A ARIE Cruls deve ser mantida devido à importante função ecológica de

resguardar remanescentes de cerrado sensu stricto nas adjacências do Parque

Nacional de Brasília. Tais áreas poderiam ser utilizadas como Parques

Urbanos e Vivenciais, ou mesmo, como local de estímulo à atividade de

observação de aves, desde que suas características fisionômicas e florísticas

não fossem descaracterizadas. Os grandes desafios para manutenção e uso

desta unidade de conservação pela população seriam a segurança e

fiscalização dos recursos florestais. No entanto, apesar de pequena, a Área de

Relevante Interesse Ecológico Cruls apresenta notável riqueza de aves

exuberantes e peculiares que merece ser preservada e desfrutada pela

comunidade do Distrito Federal.

5.2.4 Mastofauna

No estudo de pequenos mamíferos terrestres, foram registradas em campo,

apenas duas espécies de pequenos mamíferos silvestres, Necromys lasiurus

(Figura 10) e Oligoryzomys fornesi, pertencentes a uma família: Cricetidae . E

entre as espécies de provável ocorrência, listamos um total de 19 espécies,

distribuídas em quatro famílias: Cricetidae (12 spp), Caviidae (1 sp),

Echimyidae (2 spp) e Didelphidae (4 spp).

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Figura 10– Indivíduo de Necromys lasiurus capturado com armadilha Shermann na área de estudo.

Quanto ao levantamento de mamíferos voadores, não foram registradas

nenhuma espécie de morcego na ARIE Cruls. No entanto, apontamos nove

espécies de morcegos que provavelmente ocorrem na UC, distribuídas em três

famílias: Phyllostomidae (7 spp), Molossidae (1 sp) e Vespertilionidae (1 sp).

A ARIE Cruls, por se tratar de um pequeno fragmento de cerrado, sem conexão

com o Parque Nacional de Brasília, e muito utilizada por invasores e

carroceiros, não deve apresentar uma grande riqueza de mamíferos médio e

grande porte. Poucas espécies tem a possibilidade de residir na área, como os

tatus, e outras espécies devem apenas utilizar eventualmente, como o

tamanduá-mirim. Por isso, não foram registradas espécies de médio e grandes

mamíferos para a área de estudo.

Como espécies de provável ocorrência, apresentamos um total de 13 espécies,

distribuídas em 09 famílias: Dasypodidae (4 spp), Myrmecophagidae (1 sp),

Callitrichidae (1 sp), Canidae (1 sp), Procyonidae (2 spp), Mustelidae (1 sp),

Cervidae (1 sp), Dasyproctidae (1 sp) e Leporidae (1 sp)

Em todo o bioma, o crescimento rápido da malha urbana e agropecuária tem

restringido a flora e fauna nativa às unidades de conservação, as quais tem se

transformado em fragmentos de cerrado, praticamente isolados uns dos outros.

Diante deste quadro, existe uma necessidade urgente de estudos que abordem

o efeito da fragmentação nos diferentes grupos de organismos vivos e

propostas que possam contribuir para melhorar a situação atual das

populações de plantas e animais neste bioma. Estudos recentes têm

demonstrado que de maneira geral o nosso conhecimento científico no Cerrado

ainda é bastante incipiente.

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A situação fica mais grave considerando que os parques e reservas poderão

responder pela manutenção de apenas 10% da cobertura natural dos

ecossistemas tropicais. Desta maneira, o estabelecimento de uma rede de

reservas e a manutenção de áreas fonte é de fundamental importância para o

Cerrado. Assim, a incorporação da área de estudo ao Parque Nacional de

Brasília e consequentemente ao sistema de unidades de conservação de DF

seria benéfico para a manutenção das populações de mamíferos no Distrito

Federal e entornos.

A seguir algumas recomendações necessárias para conservação de mamíferos

na área de estudo:

1- Recuperação de áreas degradadas nas áreas de passagem de mamíferos.

2- Monitoramento das espécies consideradas vulneráveis, ameaçadas e

endêmicas.

3- Monitoramento de espécies atropeladas nos entornos.

4-Estabelecimeto de quebra-molas e placas de sinalização nas áreas críticas.

5- Educação ambiental para moradores da região.

6- Controle de animais domésticos e espécies introduzidas.

7 – Recuperação e manutenção da vegetação nativa de possíveis corredores

entre a ARIE Cruls e o Parque Nacional de Brasília.

5.3 Recursos Hídricos

Dentro da concepção do SGIRH, a ARIE Cruls encontra-se na Região

Hidrográfica do Paraná, na Bacia Hidrográfica do Paranoá e na Unidade

Hidrográfica de Gerenciamento Bananal (Figura 11). Os principais cursos

d’água da UHG s o o Ri eir o Bananal, o Córrego Capão Comprido, o Córrego

do Rego, o rrego do Acampamento, o rrego o o d’anta e o rrego

o o d’água.

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Figura 11– Unidades Hidrográficas de Gerenciamento – UHG do DF. FONTE:

Iema/Sematec, 1994.

A UHG Bananal desenvolve um padrão de drenagem dendrítica ou

arborescente, que se caracteriza por desenvolvimento semelhante aos galhos

de uma árvore, com predomínio de rios insequentes, que não apresentam

qualquer controle geológico visível.

O controle das vazões na UHG Bananal é determinado parcialmente pelas

precipitações, sendo que as cheias coincidem com o período do verão quente e

chuvoso, que ocorre de outubro a março. De acordo com a análise do balanço

hídrico da Estação Brasília, este é o momento no qual o solo apresenta

reposição dos estoques de água e passa a ter excedentes. Já o período de

estiagem coincide com o período de inverno frio e seco, que ocorre de abril a

setembro, e as nascentes são alimentadas pelos reservatórios subterrâneos de

água.

UH do Bananal

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Os condicionantes geomorfológicos, hidrogeológicos e pedológicos presentes

na Arie Cruls permitiram determinar uma área de recarga subterrânea local,

expressa na Figura 12.

Vale salientar que as porções que apresentam solo exposto não são favoráveis

para recarga subterrânea, já que a supressão vegetal impede uma infiltração

eficiente na zona vadosa. O solo desprotegido possui um maior risco ao

desenvolvimento dos processos erosivos como as voçorocas e ravinas.

Figura 12– Mapa de recarga subterrânea local proposta para a Arie Cruls.

FONTE: fotografias aéreas obtidas em 2009 pela TERRACAP.

5.4 Socioeconomia

O presente estudo pretende levantar as questões socioeconômicas específicas

relativas à ARIE Cruls com fins de diagnóstico. No intuito de cumprir este

objetivo, foram realizados levantamentos históricos, consulta a documentos

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públicos, visitas a campo e entrevistas em profundidade com alguns atores

chave no processo.

A ARIE Cruls encontra-se na divisa entre as Regiões Administrativas de

Brasília (RA I) e do Lago Norte (RA XVII), e apresentam população com idade

ascendida, acima de 29 anos, escolaridade elevada e renda muito alta quando

comparadas dentro do panorama do Distrito Federal.

Se tratando da densidade demográfica das RA, observa-se que há maior

concentração de pessoas nas Asas Sul e Norte em função da predominância

de residências verticais. A construção do Setor Noroeste irá acrescentar uma

densidade populacional em direção à área da ARIE e do PNB. A densidade

populacional pertence à Sinopse do Censo 2010, disponível no portal de

acesso à informação do IBGE (Figura 13).

Figura 13– Densidade demográfica Preliminar (Hab/Km2) – Lago Norte e

Brasília. FONTE: http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores.

No que se refere ao contingente populacional, nos últimos anos houve um

incremento populacional com a construção de novos edifícios na Asa Norte e

com a expansão das ocupações no Lago Norte (Setor de Mansões, Centro de

Atividades, Torto, Varjão e Taquari).

Atraídos pelo alto padrão construtivo, de renda e de consumo, muitos

empresários se instalaram no Lago Norte oferecendo serviços, comércio e

incrementando a economia da parte norte do Distrito Federal.

ARIE Cruls

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31

Todos estes atrativos fizeram com que aumentasse o fluxo de pessoas, de

mercadorias e, consequentemente, de veículos na Saída Norte. A região sofre

com a questão viária, uma vez que o acesso principal é realizado pela ponte do

Bragueto, que liga a Asa Norte ao Lago Norte, à Planaltina e à Sobradinho. O

tráfego sobre a ponte é estimado em 80 mil veículos/dia ocasionando

congestionamentos principalmente nos horários de pico.

A figura a seguir ilustra este adensamento populacional no Lago Norte e nas

Asas Sul e Norte.

Figura 14– Pessoas residentes - Lago Norte e Brasília. FONTE:

http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores.

A ARIE Cruls e suas proximidades são locais que contém fragmentos de

Cerrado de tamanho razoável fora do PNB e sofrem, em especial, grande

impacto advindo do Setor Habitacional Noroeste, que está sendo construído ao

lado. Percebe-se, portanto, a necessidade e a importância da ARIE Cruls,

gerando maior conexão entre outros grandes fragmentos de Cerrado do Distrito

Federal.

É possível perceber que apesar do crescente desenvolvimento da área urbana

e de outros usos da terra dentro da UH do Bananal (abriga a ARIE Cruls), a

área ocupada pela cobertura vegetal de Cerrado ainda é predominante no

local.

Com relação ao grau de antropização, existe um processo de degradação no

local, uma vez que há moradia irregular na região. Eventualmente, estas

ARIE Cruls

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32

pessoas podem poluir e compactar o solo, desmatar e danificar mudas em bom

estado. Além disto, é necessária uma maior presença do Estado na UC, para

que ela não vire refúgio para certos criminosos que praticam atos ilícitos,

principalmente no final do bairro da Asa Norte.

Especificamente na área circunvizinha as ARIE Cruls e do ribeirão Bananal

estão previstas diferentes intervenções físicas na rodovia DF 001 (EPIA) que

dá acesso a ambas as unidades de conservação, dentre as quais se pode

destacar: a construção de vias marginais, adequações de interseções e a

implantação de obras de arte especiais.

Ainda com relação aos aspectos culturais, cabe ressaltar a questão da

ocupação de uma gleba de terras por grupos indígenas nas proximidades do

Setor Habitacional Noroeste e dos limites da ARIE Cruls, atualmente

denominada Santuário dos Pajés.

O Plano Brasil sem Miséria poderá beneficiar as famílias dos catadores de

entulho que atualmente ocupam irregularmente áreas de Cerrado nas

proximidades e no interior da ARIE Cruls.

As politicas públicas governamentais para solução dos problemas sociais

citados acima e ambientais no âmbito Federal, estão: Plano Brasil Sem Miséria,

Programa Bolsa Família e Pronaf. No âmbito Distrital, estão: PPCUB, Parque

Tecnológico Capital Digital, PGIRH, PDDU, Plano Diretor de Resíduos Sólidos -

PDRS, Plano de Investimento do Setor Elétrico - CEB, Plano Diretor de Água -

CAESB, Plano Diretor de Esgotamento Sanitário, PROMAQ/DF, Projeto

Rodofauna e Escola do Cerrado.

5.5 Ameaças

As amea as s o “fenômenos ou condições externas à UC, que comprometem

ou dificultam o alcance de seus o jetivos”. Na ARIE Cruls, as principais

ameaças são:

Pressão imobiliária, possibilidade de haver maior adensamento urbano;

Proximidade com a Estrada Parque Industria e Abastecimento - EPIA

(DF – 003) que deveria ser toda arborizada e servir como um corredor

pelo projeto inicial como “parque”, impedindo a expans o ur ana e

crescimento ao longo da rodovia e no entorno da UC;

Proximidade com área urbana e tendência à antropização;

Invasão por carroceiros e uso da área como moradia e depósito de

entulho;

Falta de articulação institucional para evitar pressões e de política

ambiental do GDF para a gestão de UC;

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Indefinição sobre a questão indígena. Instabilidade institucional causada

pela indefinição e ausência de articulação entre os órgãos como Funai,

Terracap e IBRAM/DF/DF, GDF;

Falta de recursos orçamentários específicos para a gestão ambiental do

GDF.

6. HISTÓRICO CRIAÇÃO DA UC ARIE CRULS

Em 1953, a Unidade Hidrográfica Bananal era toda ocupada por formações

florestais, savânicas e campestres. Em 1964, a cobertura vegetal diminuiu para

98,2% da área total, caindo para 94,3% em 1973. Do ano de 1984 a 1998 a

cobertura vegetal de Cerrado praticamente manteve-se estável, ocupando no

ano de 1998 um total de 84,6% da área. Em 2009, a área de cobertura vegetal

diminuiu para 76,32%, o que ainda assim significa um alto percentual de

remanescente de áreas naturais dentro da Unidade Hidrográfica.

A ARIE Cruls e suas proximidades são locais que contém fragmentos de

Cerrado de tamanho razoável fora do PNB e sofrem, em especial, grande

impacto advindo do Setor Habitacional Noroeste, que está sendo construído ao

lado. Percebe-se, portanto, a necessidade e a importância da ARIE Cruls,

gerando maior conexão entre outros grandes fragmentos de Cerrado do Distrito

Federal.

Com a implantação recente do Setor Habitacional Noroeste está previsto um

crescimento das áreas urbanizadas na unidade hidrográfica do ribeirão

Bananal da ordem de 825 hectares, que compreendem a área do Setor

Habitacional (525 hectares) e a área destinada à implantação do Parque Burle

Marx (300 hectares), conforme informação apresentada no EIA/RIMA deste

empreendimento.

Como mencionado anteriormente, é possível perceber que apesar do

crescente desenvolvimento da área urbana e de outros usos da terra dentro da

UH Bananal, a área ocupada pela cobertura vegetal de Cerrado ainda é

predominante no local.

Um dos grandes problemas ambientais relacionados ao intenso

desenvolvimento urbano é a contaminação do Ribeirão Bananal devido à

emissão irregular de efluentes não tratados, tanto os sanitários quanto os

industriais, estes últimos provenientes do Setor de Oficinas Norte. Outro

problema é o assoreamento do ribeirão, que tende a aumentar pontualmente

neste ano e no próximo devido à erosão de terras provenientes da construção

do Setor Noroeste.

Com relação à ARIE Cruls, existe um processo de degradação antrópica no

local, uma vez que há moradia irregular na região. Eventualmente, estas

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34

pessoas podem poluir e compactar o solo, desmatar e danificar mudas em

bom estado. Além disto, é necessária uma maior presença do Estado na UC,

para que ela não vire refúgio para certos criminosos que praticam atos ilícitos,

principalmente no final do bairro da Asa Norte.

A criação da ARIE Cruls se deu pelo reconhecimento da importância biológica

das áreas ambientalmente sensíveis, situadas ao lado Parque Nacional de

Brasília, durante o processo de licenciamento ambiental do Setor Habitacional

Noroeste, iniciado em 1997 e consolidado em 2008, mesmo ano de criação da

ARIE Cruls.

7. PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO DA ÁRIE CRULS

No planejamento de uma área protegida se formulam as estratégias de ação

para cada atividade necessária à sua implementação. É a parte do plano de

manejo que, em parceria com a população local, busca-se, soluções para

administrar estas áreas. Um bom planejamento é realizado de modo

participativo, para que os moradores possam expor e discutir os problemas

existentes na região, visando à preservação e a gestão das referidas áreas.

A OPP da ARIE Cruls teve a participação de representantes de instituições

públicas, chacareiros, pesquisa, organização não governamental e setor

empresarial. Foi lembrado aos participantes que este momento seria bastante

importante para expor as principais questões sobre o desenvolvimento

socioambiental na UC, considerando as principais necessidades dos

moradores e o objetivo da unidade. Ressaltou-se a importância das UC em

diferentes escalas, locais, e regional, a importância para a sobrevivência das

espécies, assim como os serviços ambientais prestados.

A partir da OPP, foi produzida a Matriz de Análise Estratégica, observada na

Tabela 1. Nela estão definidos os elementos do cenário da ARIE, sob o ponto

de vista do planejamento estratégico, analisando a ARIE sobre quatro tópicos:

Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças, por meio do método conhecido

como análise FOFA (do inglês SWOT: Strength, Weakness, Opportunity,

Threat)

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Tabela 1– Matriz de Avaliação Estratégica

Fo

rças I

mp

uls

ora

s

Ambiente Interno Ambiente Externo Premissas

Pontos Fortes Oportunidades Ofensivas ou de Avanço

Presença de vegetação nativa. Tem a função de corredor ecológico estabelecendo conexão entre o Parque Nacional de Brasília, Arie do Ribeirão Bananal e Parque Ecológico Burle Max. Área de recarga de aquífero da Bacia do Lago Paranoá.

Prestação de diferentes serviços ambientais como fornecimento de água (recarga de aquifero), beleza cênica, biodiversidade, turismo, qualidade ambiental. Possibilidade de criação de Mosaico na região. Integração com outras UC como Arie Cruls, Parque Nacional de Brasília, Parque Burle Marx, Arie do Torto. Instalação do Batalhão Ambiental da Polícia Militar em sua vizinhança, permitindo maior segurança e proteção à UC.

Pagamento de serviços ambientais revertidos na consolidação da Arie. Parceria entre IBRAM/DF/DF, CEB e CAESB para melhor gestão da UC. Formalizar parcerias com as universidades para estimular a pesquisa e apoio na tomada de decisão da gestão.

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Área para pesquisa, educação ambiental, histórico-cultural sobre a origem de Brasília. Ótima localização facilitando o acesso para a gestão e uso público. Visibilidade por localizar-se próxima ao Plano Piloto, Lago Norte e Setor Noroeste, Granja do Torto. Situação fundiária definida.

Formação de brigada de incêndio. Aumento da visitação por diferentes públicos. Possibilidade de receber recursos de compensação ambiental. Promoção de eventos: feiras, exposições, oficinas. Despertar a consciência ambiental, histórica e educativa por meio de atividades educativas com a instalação do Memorial Cruls. Alta possibilidade de captação de recursos financeiros junto às instituições como Embaixada da Bélgica, o Banco do Brasil, Fundação o Boticário, Petrobras para desenvolvimento de programas de educação ambiental.

Estabelecimento de Acordos de Cooperação Técnica entre IBRAM/DF e ICMBio para gestão integrada e troca de experiências. Pactuação entre o GDF e sociedade civil interessados na gestão da UC como o Centro Cultural de Ciências da Natureza Luiz Cruls e a AMONOR para realizar a gestão compartilhada da UC

Moradores do Noroeste mobilizados em prol da causa ambiental e interessados em participar da gestão da UC. Apropriação e pertencimento ao local. Envolvimento direto dos moradores do Noroeste por meio de sua Associação -AMONOR para apoiar a UC na sua implementação e do plano de manejo.

Estabelecimento do conselho gestor. Processo participativo na gestão da UC e plano de manejo implementado.

Fo

rças

Restr

itiv

as

Ambiente Interno Ambiente Externo Premissas

Pontos Fracos Ameaças Defensivas ou de Recuperação

Existência de infraestrutura pública como rede

de distribuição de esgoto, rede elétrica de alta

tensão, favorecendo o desmatamento para

Pressão imobiliária, possibilidade de haver maior adensamento urbano.

Proximidade com a Estrada Parque Industria e Abastecimento - EPIA (DF – 003) que deveria

Articulação institucional entre CAESB, CEB, IBRAM/DF, Terracap para melhor gerenciamento do território e redução dos impactos.

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37

manutenção da rede elétrica.

Ausência de integração entre as instituições

públicas para a gestão territorial.

ser toda arborizada e servir como um corredor pelo projeto inicial como “parque”, impedindo a expansão urbana e crescimento ao longo da rodovia e no entorno da UC.

Estabelecimento de um pacto de gestão.

Área com alta sensibilidade ambiental e com presença de áreas degradadas.

Presença de espécies exóticas invasoras da

flora.

Altamente impactada com perda de hábitat pela

antropização.

Presença de entulhos e moradias de

carroceiros.

A Arie permite fácil acesso e não está cercada, demarcada e apresenta excesso de trilhas.

Proximidade com área urbana e tendência à antropização.

Invasão por carroceiros e uso da área como moradia e depósito de entulho.

Falta de articulação institucional para evitar pressões e de política ambiental do GDF para a gestão de UC

Plano de Recuperação de Área Degradada implantado e área recuperada.

Cercamento da área para proteção contra invasores.

Operações de fiscalização de AGEFIS E IBRAM/DF para maior governança no território. Identificação e sinalização implantada.

Atividades de fiscalizações conjuntas entre os órgãos envolvidos para aperfeiçoar resultados.

Programa de recuperação de áreas degradadas apoiado e implantado.

Presença de indígena provocando

desmatamento e perda de hábitats.

Indefinição sobre a questão indígena. Instabilidade institucional causada pela indefinição e ausência de articulação entre os órgãos como Funai, Terracap e IBRAM/DF, GDF.

Estabelecimento de uma Câmara de Conciliação com MPF, AGU, FINAI, IBRAM/DF e Terracap.

Falta de equipe do IBRAM/DF para a gestão da UC.

Ausência de conselho gestor formado.

Ausência de infraestrutura para se consolidar.

Falta de recursos orçamentários específicos para a gestão ambiental do GDF

Dotação orçamentária estabelecida e respeitada para gestão efetiva da UC, definição de equipe para gestão da ARIE.

Proibição de atividades incompatíveis com UC.

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8. ZONEAMENTO DA ARIE CRULS

Neste plano de manejo, optou-se em não definir a zona de amortecimento para

a ARIE, tendo em vista que outros mecanismos de ordenamento territorial

existentes no Distrito Federal, inclusive com mais força do ponto de vista legal,

devem controlar a ocupação de seu entorno, tais como: o PDOT, PPCUB, a lei

de tombamento do Distrito Federal, a Lei Orgânica do Distrito Federal, o ZEE,

ou mesmo, a zona de amortecimento do Parque Nacional de Brasília

atualmente em discussão pelo órgão gestor daquela UC.

O zoneamento ambiental da ARIE Cruls (Figura 14) foi proposto tendo como

referências os diferentes usos permitidos para a categoria de manejo.

Resultou-se em cinco zonas que representam diferentes graus de importância

para a conservação da diversidade biológica, pressões antrópicas, ocupação

humana, uso público, e geração de conflitos. As classes e objetivos estão

seguidas abaixo:

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Figura 15– Zoneamento Ambiental da ARIE Cruls. FONTE: fotografias aéreas

obtidas em 2009 pela TERRACAP.

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Zona de Uso Extensivo: é aquela constituída, em sua maior parte, por áreas

naturais, podendo apresentar algumas alterações humanas. O objetivo geral do

manejo é a manutenção de um ambiente natural, com mínimo impacto

humano, pode oferecer acesso ao público para fins de contemplação, de lazer

e educação ambiental. Os objetivos específicos são:

a) Proteger a fitofisionomia de cerrado sensu stricto e permitir a dispersão de

propágulos e colonização natural das demais zonas alteradas.

b) Proteger habitats de espécies da fauna e sua função ecológica como abrigo,

locais de pouso, sítios de alimentação e reprodução.

c) Manutenção da paisagem natural em ambiente urbanizado.

d) Permitir a conexão com demais áreas naturais circunvizinhas.

e) Permitir o uso público e educação ambiental.

Zona de Uso Público: nesta zona, é permitida a visitação, recreação, instalação

de infraestrutura de lazer e apoio às atividades de visitação; serão admitidos

infraestrutura e serviços de apoio ao visitante como: centro de visitantes,

camping com infraestrutura completa, estacionamentos, locais para apoio à

visitação, mirantes, pontos de banho, piquenique e serviços de concessões

para venda de produtos. Os objetivos específicos são:

a) Promover o conhecimento científico e a educação ambiental;

b) Divulgar a história da transferência da capital para o Centro Oeste;

c) Divulgar a Comissão Exploradora do Planalto Central;

d) Promover um espaço que associa, em um mesmo local, cultura, educação e

lazer para a população do Distrito Federal;

e) Aprimorar a formação de professores nas áreas de educação patrimonial, de

ciências da natureza e do meio ambiente;

f) Estimular o intercâmbio entre instituições afins, visando à troca de

experiências e o aumento do capital intelectual sobre as ciências da natureza.

Zona de Recuperação: é aquela que contém áreas alteradas e antropizadas.

Trata-se de uma zona provisória que, uma vez restaurada, será incorporada

novamente a uma das zonas definidas no PM. A recuperação poderá ser feita

mediante implantação de projeto de recuperação de área degradada (PRAD)

ou através de outras medidas de contenção dos impactos que causam o dano

ambiental. O objetivo geral é de ampliar as áreas de conservação e mitigar o

impacto ambiental proveniente das ações humanas. As atividades de educação

ambiental e pesquisa podem ser desenvolvidas com o objetivo educativo e de

experiência para restauração de novas áreas. Os objetivos específicos são:

a) Recuperar a paisagem natural de cerrado sensu stricto;

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b) Regularizar atividades impactantes e degradadores do ambiente;

c) Incorporar áreas recuperadas em outras zonas;

d) Proporcionar e ampliar habitats para a fauna nativa aquática e terrestre;

e) Impedir novos avanços e ampliação de atividades irregulares e ilegais;

Zona de Uso Conflitante: constituem-se em espaços localizados dentro de uma

UC, cujos usos e finalidades, estabelecidos antes da criação da unidade,

conflitam com os objetivos de conservação da área protegida. São áreas

ocupadas por diferentes redes de infraestrutura urbana, consideradas de

utilidade pública, tais como: redes de água e esgoto, oleodutos, linhas de

transmissão, antenas, torres, captação de água, barragens, estradas,

dispositivos de drenagem pluvial, cabos óticos e outros. Seu objetivo de

manejo é contemporizar a situação existente, estabelecendo procedimentos

que, ao permitir a respectiva manutenção e operação da infraestrutura, sejam

minimizados os impactos sobre a UC. O objetivo específico é:

a) Permitir o acesso e a eventual manutenção da infraestrutura para

atendimento de serviços de energia elétrica, abastecimento de água e galerias

de drenagem de águas pluviais, com o mínimo impacto e intervenção sobre a

vegetação de cerrado.

Zona de Uso Conflitante: Constituem-se em espaços localizados dentro de uma

UC, cujos usos e finalidades, estabelecidos antes da criação da unidade,

conflitam com os objetivos de conservação da área protegida. São áreas

ocupadas por empreendimentos de utilidade pública, como, linhas de

transmissão, antenas, torres, captação de água, dispositivos de drenagem

pluvial, estradas, cabos óticos e outros. Seu objetivo de manejo é

contemporizar a situação existente, estabelecendo procedimentos que, ao

permitir a respectiva manutenção e operação da infraestrutura, sejam

minimizados os impactos sobre a UC. O objetivo específico é:

a) Permitir o acesso e a eventual manutenção da infraestrutura para

atendimento de serviços de energia elétrica e esgoto, com o mínimo impacto e

intervenção sobre a vegetação de cerrado.

Zona de Sobreposição: é aquela que contém áreas ocupadas por uma ou mais

etnias indígenas, superpondo partes da UC. São áreas subordinadas a um

regime especial de regulamentação, sujeitas à negociação caso a caso entre a

etnia, a Funai e o órgão gestor. Trata-se de uma zona provisória onde, uma vez

regularizada as superposições, será incorporada a uma das zonas

permanentes ou excluída como área da unidade de conservação.

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9. PROGRAMAS DE GESTÃO.

Os programas de gestão têm por objetivo consolidar a UC e atingir os objetivos

de sua criação. Os programas propostos atendem as perspectivas de

implementação da Arie Cruls e sua função como área protegida de uso

sustentável que permite diferentes atividades econômicas, sociais, ambientais

e institucionais.

9.1 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas.

As U ’s do tipo ARIE possuem objetivo de manter os ecossistemas naturais de

importância regional ou local e regular o uso admissível destas áreas, de modo

a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza (SNUC, 2000).

E para atingir os objetivos de conservação da natureza, é necessária a

elaboração de um PRAD, para revitalizar a área de vegetação nativa da ARIE,

de forma a dar as condições adequadas da UC cumprir suas funções

ecológicas.

9.1.1 Objetivo

O objetivo do PRAD é estabelecer diretrizes e metas, além de métodos e

prazos de execução para a recuperação das áreas degradadas situadas na

ARIE Cruls.

9.1.2 Identificação das áreas a serem recuperadas

As áreas degradadas na ARIE Cruls, que serão objeto de ações de

recuperação ambiental, estão divididas em três subáreas. A primeira foi

identificada como uma área de cerrado ralo degradado e localiza-se a noroeste

da Unidade de onserva o. A segunda está identificada como “cerrado t pico

degradado” e a terceira como “deposi o de solo”.

A segunda e a terceira áreas se localizam a sul da UC, sendo que a última

necessita de um trabalho mais intenso para a recuperação, uma vez que o solo

está exposto e a perda das camadas superficiais contendo nutrientes em

decorrência da chuva é grande.

É possível observar as áreas indicadas para recuperação através da Figura 16,

de vegetação e cobertura do solo da ARIE Cruls.

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Figura 16 - Cobertura vegetal e uso do solo na ARIE Cruls com a indicação

das áreas a serem recuperadas. FOTE: fotografias aéreas obtidas em 2009

pela TERRACAP.

9.1.3 Definição de estratégias de ação para a área 1 e 2:

A área 1 se localiza na porção noroeste da UC, possui 1,97 hectares e

encontra-se ocupada por uma cobertura de cerrado ralo perturbado pelas

interferências antrópicas, causadas especialmente pelos catadores de lixo que

utilizam as redondezas para depositar e triar os entulhos.

Por sua vez, a área 2 se localiza na porção sul da ARIE Cruls, ocupa 2,9

hectares e encontra-se ocupada por uma cobertura de cerrado típico,

perturbado pelas interferências antrópicas causadas, especialmente, pelos

catadores de lixo que utilizam as redondezas para depositar e triar os entulhos.

Atualmente, as áreas encontram-se com trilhas abertas, presença de

ocupações irregulares e perturbação antrópica (presença de entulhos), o que

causa a remoção da cobertura vegetal, o acúmulo de lixo, o afastamento dos

animais silvestres, queimadas frequentes, entre outros impactos ambientais.

As Áreas 1 e 2 possuem a presença de um estrato herbáceo formado por

plantas exóticas ao Cerrado, com o predomínio do Capim-braquiária

(Brachiaria sp.) que se localiza, principalmente, nas proximidades da linha de

1

2 3

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transmissão. E para manejar essas espécies é necessário realizar a roçagem,

mais bem descrita nos Encarte 5 do Plano de Manejo.

O plantio de enriquecimento/adensamento proposto para as áreas 1 e 2 é o

plantio com espécies desejáveis, acompanhado da remoção de trepadeiras,

arbustos e árvores indesejadas. A vegetação encontrada é de cerrado ralo,

porém será feito um enriquecimento no local para diversificação das espécies e

aproximação da vegetação ao cerrado sensu stricto, que é a vegetação natural

do Parque Nacional de Brasília, área preservada próxima à ARIE.

Portanto, serão plantadas espécies iniciais de sucessão (pioneiras e

secundárias iniciais), preenchendo os espaços vazios e espécies finais de

sucessão, com o intuito de recobrir o solo e aumentar a diversidade vegetal no

local.

As etapas de pré-plantio, plantio e monitoramento se encontram de forma

detalhada no Encarte 4 do Plano de Manejo.

9.1.4 Definição das estratégias de ação para a área 3:

A área 3 se localiza na porção sul da ARIE Cruls, ocupa 2,75 hectares e

encontra-se ocupada por um depósito de material inservível (solos e detritos),

sem a presença da cobertura de cerrado típico, e significativamente perturbada

pelas ações antrópicas.

Serão realizadas atividades de recomposição topográfica, subsolagem e

adubação verde antes do plantio das mudas. Quanto as espécies sugeridas

para o processo de revegetação da área 3, encontra-se na tabela a seguir e foi

obtida a partir do inventário florístico realizado na ARIE Cruls.

Tabela 2 - Espécies botânicas do Cerrado amostradas no interior da ARIE

Cruls.

Família Botânica Nome científico Nome popular

Annonaceae Annona crassiflora (Mart.) Araticum

Apocynaceae

Aspidosperma macrocarpon Mart. Guatambu

Aspidosperma tomentosum (Mart.) Peroba-do-

cerrado

Araliaceae Schefflera macrocarpa (Seem.) Mandiocão-do-

cerrado

Arecaceae cf. Butia sp. Butiá

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Família Botânica Nome científico Nome popular

Syagrus sp. Côco-babão

Asteraceae

Eremanthus glomerulatus Less. Coração-de-

negro

Piptocarpha rotundifolia (Less) Coração-de-

negro

Bignoniaceae

Handroanthus ochraceus (Cham.)

Mattos Ipê-amarelo

Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. &

Hook. f. ex S. Moore Ipê-amarelo

Calophyllaceae Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. Pau-santo

Caryocaraceae Caryocar brasiliense (Camb.) Pequi

Celastraceae

Plenckia populnea Reissek Paliteiro

Salacia crassifolia (Mart. ex Schult.) Bacupari-do-

cerrado

Chrysobalanaceae Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.)

Benth. ex Hook. f. Oiti-do-sertão

Connaraceae Connarus suberosus (Planch.) Araruta-do-

campo

Dilleniaceae Davilla elliptica A. St.-Hil. Lixeirinha

Ebenaceae Diospyros burchellii (DC) Olho-de-boi

Emmotaceae Emmotum nitens (Benth.) Miers Sobre

Erythroxylaceae

Erythroxylum suberosum (St. Hil.) Fruta-de-

pombo

Erythroxylum tortuosum Mart. Fruta-de-

pombo

Fabaceae

Acosmium dasycarpum (Vog.) Chapadinha

Andira paniculata (Benth.) Mata-barata

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Família Botânica Nome científico Nome popular

Bowdichia virgilioides (H.B.K.) Sucupira-preta

Dalbergia miscolobium (Benth.) Jacarandá-do-

Cerrado

Dimorphandra mollis (Benth.) Faveiro

Enterolobium gummiferum (Mart.) Orelha-de-

macaco

Hymenaea stigonocarpa (Mart.) Jatobá-do-

cerrado

Machaerium opacum (Vog.) Jacarandá-

cascudo

Mimosa claussenii Benth. Mimosa

Plathymenia reticulata (Benth.) Vinhático

Pterodon pubescens (Benth.) Benth. Sucupira-

branca

Sclerolobium aureum (Tul.) Pau-bosta

Sclerolobium paniculatum var.

subvelutinum Benth. Carvoeiro

Stryphnodendron adstringens (Mart.) Cura-puta

Lithraceae Lafoensia pacari (St. Hil.) Dedaleiro

Loganiaceae Strychnos pseudoquina (St. Hil.) Falsa-quina

Malpighiaceae

Byrsonima coccolobifolia Kunth Murici-rosa

Byrsonima verbascifolia (L.) DC. Muricizão

Malvaceae

Eriotheca pubescens (Mart. & Zucc.) Paineira-do-

cerrado

Pseudobombax longiflorum (Mart. ex

Zucc.) Embiruçu

Melastomataceae Miconia albicans (Sw.) Steud. Pixirica

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Família Botânica Nome científico Nome popular

Miconia burchellii Triana Pixirica

Miconia ferruginata DC. Pixirica

Miconia pohliana Cogn. Pixirica

Myrtaceae

Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O.

Berg Maria-preta

Eugenia dysenterica (DC) Cagaita

Psidium myrsinoides O. Berg Araça

Psidium salutare var. pohlianum (O.

Berg) Landrum Araça

Nyctaginaceae

Guapira noxia (Netto) Maria-mole

Guapira salicifolia (Heimerl) Lundell Maria-mole

Neea theifera Oerst. Caparrosa-

branca

Ochnaceae Ouratea hexasperma (St. Hil.) Vassoura-de-

bruxa

Primulaceae Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze Capororoca

Proteaceae Roupala montana Aubl. Carne-de-vaca

Rubiaceae

Palicourea rigida Kunth Bate-caixa

Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.

Schum.

Jenipapo-de-

cavalo

Sapotaceae Pouteria ramiflora (Benth. ex Miq.) Curiola

Styracaceae Styrax ferrugineus (Nees & Mart.) Laranjinha-do-

cerrado

Symplocaceae Symplocos rhamnifolia A. DC. Congonha

Velloziaceae Vellozia cf. flavicans Mart. ex Schult. f. Canela-de-ema

Vochysiaceae Qualea grandiflora (Mart.) Pau-terra

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Família Botânica Nome científico Nome popular

Qualea multiflora Mart. Pau-terra-liso

Qualea parviflora (Mart.) Pau-terrinha

Vochysia elliptica (Mart.) Pau-doce

Vochysia rufa Mart. Pau-doce

Vochysia thyrsoidea (Pohl) Gomeira

As etapas de pré-plantio, plantio e monitoramento se encontram de forma

detalhada no Encarte 4 do Plano de Manejo.

9.2 Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais

Os incêndios florestais constituem em um dos mais danosos eventos que

provocam alterações nas formações vegetais, sejam elas naturais ou

plantadas. As causas mais frequentes e preocupantes de sua origem estão

relacionadas ao desenvolvimento de atividades humanas em áreas rurais ou

mesmo urbanas. Este programa prevê as ações de prevenção e de combate

aos incêndios florestais para a ARIE Cruls.

As ações propostas neste programa poderão sofrer adequações e ajustes por

parte dos gestores da UC, nos anos subsequentes à implantação do Plano de

Manejo, de forma a atualizá-lo, aperfeiçoá-lo e implantá-lo integralmente.

O PPCIF indica os recursos logísticos, humanos, materiais necessários e as

ações a serem adotadas diante da ocorrência de queimadas na ARIE Cruls e

no entorno próximo. Sua elaboração e coordenação competem à administração

da ARIE ressaltando-se que durante a ocorrência de incêndios, a coordenação

das ações de combate caberá ao CBMDF.

9.2.1 Objetivos

Este programa tem por objetivo proteger a fauna e a flora existente na ARIE

Cruls contra os efeitos da degradação ambiental decorrentes da incidência de

fogo sobre a cobertura vegetal de Cerrado e indicar as principais ações,

recursos logísticos, materiais e humanos necessários à prevenção e combate

aos incêndios florestais.

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9.2.2 Atividades

Identificação das áreas críticas

Definição das estratégias de ação

Definição dos Resultados Esperados

Elaboração do Cronograma de Execução

9.3 Programa de Proteção e Fiscalização

O Programa de Proteção e Fiscalização da ARIE do Ribeirão Cruls tem por

objetivo a orientação para as ações preventivas, corretivas e educativas

voltadas a controlar as atividades realizadas na UC e proteger seus recursos

naturais.

Este programa deve auxiliar na conscientização da população local e divulgar a

legislação ambiental. Estes objetivos dependem da formulação de ações

coordenadas entre os órgãos de controle e fiscalização ambiental atuantes no

GDF. Para tal, devem ser formuladas e executadas estratégias de controle e de

fiscalização.

Ações de fiscalização devem ser integradas com a Administração da RA,

AGEFIS, ICMBio, Exército e BPMA.

Formação de brigadistas, combate incêndio, cercamento, sinalização. Gerência

de Riscos Ambientais - plano de contingência, planos de combate, etc.

9.3.1 Objetivos

Fiscalização como instrumento de coibir ações predatórias e de degradação

ambiental.

Proteger a área contra a pressão de urbanização e grilagem.

Integração com políticas governamentais de questões territoriais.

Promover a participação e corresponsabilidade dos atores sociais na gestão

do uso público.

9.3.2 Princípios

Proteção como meio de assegurar a recuperação ambiental e restauração

da funcionalidade ecossistêmica da UC.

Garantir que as ações de fiscalização mantenham os princípios legais da

UC como área pública.

Garantir que as atuais pressões e ameaças se reduzam em curto espaço de

tempo.

Inserir a comunidade e demais instituições parceiras como protagonista na

proteção da área pública.

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50

Garantia da participação e corresponsabilidade dos atores sociais na gestão

do uso público;

Estabelecimento de parcerias para a gestão da área e entorno.

9.4 Programa de Consolidação Territorial

O Programa de Consolidação Territorial da ARIE Cruls objetiva resgatar a

governança da área determinando, de modo propositivo e impositivo,

estratégias para garantir sua regularização fundiária e servir de base para o

fortalecimento da conservação e preservação de recursos naturais e o

enfrentamento dos problemas socioeconômicos e ambientais da região.

9.4.1 Objetivos

Estabelecer a câmara de conciliação para solução da ocupação indígena;

Retirar os carroceiros e todo o material armazenado por eles;

Realizar um processo de gestão participativa que conte com as opiniões de

diversos atores, instituições e sociedade civil.

9.4.2 Princípios

Solucionar a questão de ocupação ou de remoção das etnias indígenas;

Em caso de permanência dos indígenas, estabelecer as regras de uso na

área sobreposta;

Participação dos diversos atores envolvidos na implantação do programa na

UC.

9.4.3 Indicadores de efetividade

Câmara de conciliação estabelecida;

Decisões tomadas e implementadas;

Parcerias firmadas entre os órgãos envolvidos;

Planos de Utilização da área elaborado.

9.5 Programa de Uso Público

O programa de uso público tem por objetivo dar a oportunidade de moradores

de Brasília, estudantes e demais interessados, de utilizarem o espaço da ARIE

Cruls como área de lazer, educação, contato com a natureza e aprendizado e

da importância na conservação dos recursos naturais e seu papel como área

protegida, incorporando a dimensão ambiental em todas as atividades da

comunidade, difundindo práticas que expressem a responsabilidade

socioambiental e o compromisso ético com as premissas da sustentabilidade.

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51

Esse programa deve ser implantado em parceria com a embaixada da Bélgica

que já demonstrou interesse e apoio financeiro na construção do Centro.

Outros parceiros também podem ser responsáveis na implementação desse

programa como a AMONOR, UnB, etc.

A sua implementação depende de ações de implantação de infraestrutura para

dar condições adequadas ao receptivo de visitantes, como centro de visitantes,

museu, trilhas interpretativas, e demais obras necessárias. É importante que as

parcerias sejam estabelecidas e fortalecidas pois essa instituições

historicamente realizam ações de educação e a ausência de corpo técnico

suficiente para a implantação de todo o SDUC demandam parcerias e apoio.

9.5.1 Objetivos

Sensibilizar a população de Brasília, estudantes da rede pública e privada,

universitários, na conservação e proteção da UC para os recursos naturais

e culturais.

Desenvolver o senso de respeito ao meio ambiente e às áreas de proteção,

incorporar atitudes inovadoras na resolução de problemas e desenvolver o

espírito crítico sobre a problemática ambiental.

10. NORMAS GERAIS PARA ARIE CRULS.

Neste capitulo estão indicadas as normas gerais administrativas e de uso e

ocupação do solo das UC, que estabelecem, regulamentam e esclarecem as

atividades e procedimentos gerais a serem desenvolvidos e adotados nas duas

UC.

1. Todas as pesquisas realizadas dentro da UC deverão seguir as normas

legais vigentes e mesmo aquelas que não impliquem em coleta de

material biológico deverão solicitar autorização ao IBRAM/DF.

2. Toda edificação e construção no interior da UC deverá ser precedida de

anuência do IBRAM/DF.

3. Manejo de fauna e flora deverá ser precedido de autorização do

IBRAM/DF.

4. Não será permitida dentro da ARIE a execução de obras,

empreendimentos ou adoção de práticas e técnicas que acarretem na

degradação da qualidade ambiental.

5. É permitida a implantação de infraestrutura para pesquisa, educação

ambiental, manejo, monitoramento e controle ambiental em qualquer

zona.

Page 52: RESUMO EXECUTIVO - ibram.df.gov.br€¦ · regional ou local, e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza

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6. A reintrodução de espécies da fauna e da flora somente será admitida

mediante autorização do IBRAM/DF.

7. A manutenção de obras de infraestrutura como redes de energia

elétrica, captação de água, rede de esgoto e drenagem deverão ser

objeto de acompanhamento do IBRAM/DF e autorizadas mediante

parecer.

8. Não será admitida dentro da UC a adoção de técnicas e/ou práticas

agropecuárias ou de obras de engenharia que acarretem na aceleração

dos processos erosivos, perda de fertilidade natural dos solos, poluição

ou degradação dos recursos hídricos.

9. Serão admitidas ações de proteção do solo sempre que necessárias e

precedidas de projeto, estudos, autorizações e acompanhamento dos

órgãos competentes.