resumo historia do brasil

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HISTRIA DO BRASIL 1. A sociedade colonial 1.1 economiaDurante o perodo colonial, de 1500 a 1822, desenvolvem-se no Brasil mltiplas atividades econmicas de subsistncia e de exportao. As que mais interessam metrpole e a sua poltica mercantilista so aquelas dirigidas para o mercado externo, submetidas direta ou indiretamente ao monoplio e tributao real. A primeira atividade econmica da colnia a explorao do paubrasil, mas ela perde a importncia quando as rvores comeam a escassear na regio da mata Atlntica. Destacam-se ento as monoculturas exportadoras de cana-de-acar, algodo e tabaco e a minerao de ouro e diamante, ramos em geral baseados na grande propriedade e na escravido. Paralelamente, a criao de gado, vista como um meio de subsistncia, contribui para a colonizao do interior do pas. A economia colonial organiza-se de forma complementar metrpole. Produz principalmente o que a ela convm e compra dela muito do que necessita. Cada um dos seus setores tem importncia maior ou menor de acordo com a regio e o perodo em que se desenvolve. A explorao do pau-brasil, rvore ento abundante na mata Atlntica, a primeira atividade econmica desenvolvida pelos portugueses em terras brasileiras. tambm a primeira a ser declarada monoplio da Coroa, permanecendo nessa condio por quase todo o perodo colonial, mesmo quando arrendada a particulares. A madeira avermelhada usada na produo de pigmentos largamente empregados na Europa para o tingimento de tecidos e a preparao de tintas para desenho e pintura. A extrao do pau-brasil inicialmente bastante facilitada pela localizao das florestas junto ao litoral e pelo escambo com os indgenas, que cortam e transportam as toras em troca de mercadorias europias baratas, como faces, machados, espelhos, panos etc. Essa atividade, no entanto, no chega a ter o porte da monocultura exportadora, mantendo sua importncia comercial e estratgica ao garantir lucros aos comerciantes portugueses e ajudar na defesa do litoral. Assim ela permanece at suas reservas naturais comearem a esgotar-se no sculo XVIII. O Perodo Pr-Colonial : A fase do pau-brasil (1500 a 1530) A expresso " descobrimento " do Brasil est carregada de eurocentrismo, alm de desconsiderar a existncia dos ndios em nosso pas antes da chegada dos portugueses. Portanto, optamos pelo termo "chegada" dos portugueses ao Brasil. Esta ocorreu em 22 de abril de 1500, data que inaugura a fase pr-colonial. Neste perodo no houve a colonizao do Brasil, pois os portugueses no se fixaram na terra. Aps os primeiros contatos com os indgenas, muito bem relatados na carta de Caminha, os portugueses comearam a explorar o pau-brasil da mata Atlntica. O pau-brasil tinha um grande valor no mercado europeu, pois sua seiva, de cor avermelhada, era muito utilizada para tingir tecidos. Para executar esta explorao, os portugueses utilizaram o escambo, ou seja, deram espelhos, apitos, chocalhos e outras bugigangas aos nativos em troca do trabalho (corte do pau-brasil e carregamento at as caravelas). Nestes trinta anos, o Brasil foi atacado pelos holandeses, ingleses e franceses que tinham ficado de fora do Tratado de Tordesilhas (acordo entre Portugal e Espanha que dividiu as terras recm descobertas em 1494). Os corsrios ou piratas tambm saqueavam e contrabandeavam o pau-brasil, provocando pavor no rei de Portugal. O medo da coroa portuguesa era perder o territrio brasileiro para um outro pas. Para tentar evitar estes ataques, Portugal organizou e enviou ao Brasil as Expedies Guarda-Costas, porm com poucos resultados. Os portugueses continuaram a explorao da madeira, construindo as feitorias no litoral que nada mais eram do que armazns e postos de trocas com os indgenas. No ano de 1530, o rei de Portugal organiza a primeira expedio com objetivos de colonizao. Esta foi comandada por Martin Afonso de Souza e tinha como objetivos : povoar o territrio brasileiro, expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de-acar no Brasil. A fase do Acar ( sculos XVI e XVII ) O acar era um produto de grande aceitao na Europa e alcanava um grande valor. Aps as experincias positivas de cultivo no Nordeste, j que a cana-de-acar se adaptou bem ao clima e ao solo nordestino, comeou o plantio em larga escala. Seria uma forma de Portugal lucrar com o comrcio do acar, alm de comear o povoamento do Brasil. Para melhor organizar a colnia, o rei resolveu dividir o Brasil em Capitanias Hereditrias. O territrio foi dividido em faixas de terras que foram doadas aos donatrios. Estes podiam explorar os recursos da terra, porm ficavam encarregados de povoar, proteger e estabelecer o cultivo da cana-de-acar. No geral, o sistema de Capitanias Hereditrias fracassou, em funo da grande distncia da Metrpole, da falta de recursos e dos ataques de indgenas e piratas. As capitanias de So Vicente e Pernambuco foram as nicas que apresentaram resultados satisfatrios, graas aos investimentos do rei e de empresrios.

1.2 CulturaA sociedade da regio aucareira dos sculos XVI e XVII era composta, basicamente, por dois grupos. O dos proprietrios de escravos e de terras compreendia os senhores de engenho e os plantadores independentes de cana. Estes no possuam recursos para montar um engenho para moer a sua cana e, para tal, usavam os dos senhores de engenho. O outro grupo era formado pelos escravos, numericamente muito maior, porm quase sem direito algum. Entre esses dois grupos existia uma faixa intermediria: pessoas que serviam aos interesses dos senhores como os trabalhadores assalariados

(feitores, mestres-de-acar, artesos) e os agregados (moradores do engenho que prestavam servios em troca de proteo e auxlio). Ao lado desses colonos e colonizados situavam-se os colonizadores: religiosos, funcionrios e comerciantes.

vantajosa. Possuam, alm de escravos e terras, o engenho. Abaixo deles situavam-se os agricultores que possuam a terra em que trabalhavam, adquirida por concesso ou compra. Em termos sociais podiam ser identificados como senhores de engenho em potencial, possuindo terra, escravos, bois e outros bens, menos o engenho. Compartilhavam com eles as mesmas origens sociais e as mesmas aspiraes. O fato de serem proprietrios independentes permitia-lhes considervel flexibilidade nas negociaes da moagem da cana com os senhores de engenho. Eram uma espcie de elite entre os agricultores, apesar de haver entre eles um grupo que tinha condies e recursos bem mais modestos. Esses dois grupos - senhores de engenho e agricultores -, unidos pelo interesse e pela dependncia em relao ao mercado internacional, formaram o setor aucareiro. Os interesses comuns, porm, no asseguravam a ausncia de conflitos no relacionamento. Os senhores de engenho consideravam os agricultores seus subalternos, que lhes deviam no s cana - de - acar, mas tambm respeito e lealdade. As esposas dos senhores de engenho seguiam o exemplo, tratando como criadas as esposas dos agricultores. Com o tempo, esse grupo de plantadores independentes de cana foi desaparecendo, devido dependncia em relao aos senhores de engenho e s dvidas acumuladas. Essa situao provocou a concentrao da propriedade e a diminuio do nmero de agricultores.

A sociedade aucareira era patriarcal. A maior parte dos poderes se concentrava nas mos do senhor de engenho. Com autoridade absoluta, submetia todos ao seu poder: mulher, filhos, agregados e qualquer um que habitasse seus domnios. Cabia-lhe dar proteo famlia, recebendo, em troca, lealdade e deferncia. Essa famlia podia incluir parentes distantes, de status social inferior, filhos adotivos e filhos ilegtimos reconhecidos. Seu poder extrapolava os limites de suas terras, expandindo-se pelas vilas, dominando as Cmaras Municipais e a vida colonial. A casa grande foi o smbolo desse tipo de organizao familiar implantado na sociedade colonial. Para o ncleo domstico convergia a vida econmica, social e poltica da poca.

Existiam tambm os lavradores, que no possuam terras, somente escravos. Recorriam a alguma forma de arrendamento de terras dos engenhos para plantar a cana. Esse contrato impunha-lhes um pesado nus, pois em cada safra cabia-lhes, apenas, uma pequena parcela do acar produzido. Esses homens tornaram-se fundamentais produo do acar. O senhor de engenho deixava em suas mos toda a responsabilidade pelo cultivo da cana, assumindo somente a parte do beneficiamento do acar, muito mais lucrativa. Nesta poca, o termo "lavrador de cana" designava qualquer pessoa que praticasse a agricultura, podendo ser usado tanto para o mais humilde dos lavradores como para um grande senhor de engenho, conforme explica o historiador americano Stuart Schwartz.

A posse de escravos e de terras determinava o lugar ocupado na sociedade do acar. Os senhores de engenho detinham posio mais

No sculo XVI o acar tornou-se o principal produto de exportao brasileiro. Apesar da atividade mineradora do sculo XVIII e da concorrncia do acar produzido nas Antilhas, essa posio mantevese at o inicio do sculo XIX. Em todo esse tempo, segundo Schwartz, "houve tanto bons quanto maus perodos e, embora o Brasil nunca recuperasse sua posio relativa como fornecedor de acar no mercado internacional, a indstria aucareira e a classe dos senhores de engenho permaneceram dominantes em regies como Bahia e Pernambuco.

FAMLIA PATRIARCAL A famlia patriarcal era caracterizada:

poder absoluto do pai de famlia; submisso da mulher; casamentos sem escolha e sem amor; nmero elevados de filhos; religiosidade marcante; imposio paterna de uma profisso para os filhos; educao somente para os homens.

1.3 Trabalho escravoHistria da Escravido: Introduo Ao falarmos em escravido, difcil no pensar nos portugueses, espanhis e ingleses que superlotavam os pores de seus navios de negros africanos, colocando-os a venda de forma desumana e cruel por toda a regio da Amrica. Sobre este tema, difcil no nos lembrarmos dos capites-de-mato que perseguiam os negros que haviam fugido no Brasil, dos Palmares, da Guerra de Secesso dos Estados Unidos, da dedicao e idias defendidas pelos abolicionistas, e de muitos outros fatos ligados a este assunto. Apesar de todas estas citaes, a escravido bem mais antiga do que o trfico do povo africano. Ela vem desde os primrdios de nossa histria, quando os povos vencidos em batalhas eram escravizados por seus conquistadores. Podemos citar como exemplo os hebreus, que foram vendidos como escravos desde os comeos da Histria. Muitas civilizaes usaram e dependeram do trabalho escravo para a execuo de tarefas mais pesadas e rudimentares. Grcia e Roma foi uma delas, estas detinham um grande nmero de escravos; contudo, muitos de seus escravos eram bem tratados e tiveram a chance de comprar sua liberdade. Escravido no Brasil No Brasil, a escravido teve incio com a produo de acar na primeira metade do sculo XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colnias na frica para utilizar como mo-de-obra escrava nos engenhos de acar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos. O transporte era feito da frica para o Brasil nos pores do navios negreiros. Amontoados, em condies desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lanados ao mar. Nas fazendas de acar ou nas minas de ouro (a partir do sculo XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possvel. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentao de pssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas (galpes escuros, midos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o aoite era a punio mais comum no Brasil Colnia. Eram proibidos de praticar sua religio de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religio catlica, imposta pelos senhores de engenho, adotar a lngua portuguesa na comunicao. Mesmo com todas as imposies e restries, no deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representaes artsticas e at desenvolveram uma forma de luta: a capoeira. As mulheres negras tambm sofreram muito com a escravido, embora os senhores de engenho utilizassem esta mo-de-obra, principalmente, para trabalhos domsticos. Cozinheiras, arrumadeiras e at mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da colnia. No Sculo do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade aps adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida, conseguiam tornar-se livres. Porm, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedades acabavam fechando as portas para estas pessoas. O negro tambm reagiu escravido, buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos. Estes, eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em

liberdade, atravs de uma organizao comunitria aos moldes do que existia na frica. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua lngua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi. Campanha Abolicionista e a Abolio da Escravatura A partir da metade do sculo XIX a escravido no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo, o Parlamento Ingls aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o trfico de escravos, dando o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem navios de pases que faziam esta prtica.

Em 1850, o Brasil cedeu s presses inglesas e aprovou a Lei Eusbio de Queirz que acabou com o trfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenrios que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. Somente no final do sculo XIX que a escravido foi mundialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolio se deu em 13 de maio de 1888 com a promulgao da Lei urea, feita pela Princesa Isabel.

1.4 Os BandeirantesBandeirantes so chamados os sertanistas que a partir do sculo XVI penetraram nos sertes brasileiros em busca de riquezas minerais, sobretudo a prata, to abundante na Amrica espanhola, pedras preciosas e semipreciosas, ou ndios para escravizao. Por vezes, o reconhecimento do territrio para a Coroa portuguesa e o controlo de levantamentos dos ndios eram tambm objectivos dos bandeirantes. Entradas ou bandeiras As expedies eram chamadas de entradas ou bandeiras, este ltimo termo dado origem expresso bandeirante. Tradicionalmente, os historiadores distinguem as entradas, como movimentos promovidos pelo Governo, das bandeiras, como expedies particulares. Segundo um Bando Real de 1570, a Lei das Ordenanas, nas zonas rurais, em vez da Companhia de Ordenanas, se organizava uma Bandeira: tinha formao similar de uma companhia sendo seus componentes divididos em esquadras, reunindo-se os que estavam at a uma lgua da sede do capito-mor. Esta a origem das bandeiras que, com um capito e seus cabos, exploraram e devassaram o territrio brasileiro. Povoado de relevo foi o de So Paulo, e o surto das bandeiras teve origem na obra dos jesutas com suas expedies de resgate ou tropas de resgate para libertar prisioneiros de uma tribo que, atados a cordas ou encerrados em currais, destinavam-se morte. No inicio da colonizao, os interesses de Portugal se concentravam no litoral ou prximo dele. O extrativismo do pau-brasil, mesmo o plantio da cana-de-acar no se expandiram pelo interior. O fator orogrfico, com certeza, foi um dos que mais desmotivaram a penetrao dos colonizadores: a Serra do Mar, que mais parece uma grande muralha, recoberta por densas matas, dificultava a penetrao. Em 1585, Ferno Cardim, tendo acompanhado o padre jesuta Cristvo de Gouveia de So Vicente a So Paulo, relatou: "O caminho cheio de tijucos, o pior que nunca vi e sempre amos subindo e descendo serras altssimas e passando rios e caudais de guas frigidssimas". Os rios serviam somente como pontos de referncia, oferecendo poucas condies navegao, com quedas d'gua, corredeiras e formaes rochosas. Esse foi outro fator que atrasou a penetrao do branco no territrio brasileiro.

Domingos Jorge Velho, um dos bandeirantes paulistas A vocao paulista Houve uma poucas expedio ao atual territrio de Minas Gerais, nos sculos XVI e XVII. Tais entradas foram mal registradas e sobram poucas informaes sobre os caminhos e os acontecimentos das viagens dos desbravadores. Sertanistas corajosos, eram despreparados, no deram importncia ao registro e documentao das viagens. Uma bandeira vagueava anos por matas e sertes, sem uma s pessoa com conhecimento de astronomia e geografia para gui-la. At mesmo a interpretao errneas da lngua de uma tribo indgena fazia com que uma expedio alterasse o percurso, em incurses infrutferas. A prpria inexistncia de uma pessoa responsvel pelo dirio e pelas

anotaes das bandeiras comprometia o correto registro. Nem mesmo historiadores conseguiram definir, com exatido, os caminhos usados. J. Capistrano de Abreu, comentando a descrio de Gabriel Soares de Sousa sobre a viagem de Sebastio Fernandes Tourinho, diz: No meio destas indicaes e contra indicaes, fielmente resumidas por Gabriel Soares, impossvel uma pessoa entender-se. ~ Antes de surgirem aldeamentos na bacia do rio da Prata, os paulistas j percorriam o serto, buscando na preao do indgena o meio para sua subsistncia. Essa "vocao interiorana" era alimentada por condies geogrficas, econmicas e sociais. So Paulo, separada do litoral pela muralha da serra do Mar, voltava-se para o serto, cuja penetrao era facilitada pela presena do rio Tiet e de seus afluentes, que comunicavam os paulistas com o interior. Alm disso, apesar de afastada dos principais centros mercantis, sua populao crescera muito porque boa parte dos habitantes de So Vicente havia migrado para l quando os canaviais plantados no litoral por Martim Afonso de Sousa entraram em decadncia, na segunda metade do sculo XVI, arruinando fazendeiros. As consequncias Os mais famosos bandeirantes nasceram no que hoje o estado de So Paulo. Foram os responsveis pela conquista do interior e extenso dos limites de fronteira do Brasil para alm do limite do Tratado de Tordesilhas, acordo firmado entre Portugal e Espanha com a inteno de dividir a posse das terras do Novo Mundo. No entanto, os resultados destas expedies foram desastrosos para os povos autctones, ora reduzidos servido, deslocados e descaracterizados na sua identidade cultural, ora dizimados, no tanto pela violncia dos colonos como pelo contgio de doenas para as quais os seus organismos estavam desprovidos de defesas. As redues organizadas pelos jesutas no interior do continente foram, para os paulistas, a soluo para seus problemas: reuniam milhares de ndios adestrados na agricultura e nos trabalhos manuais, mais valiosos que os ferozes tapuias, de "lngua travada". No sculo XVII, o controle holands sobre os mercados africanos, no perodo da ocupao do Nordeste pelos holandeses, interrompeu o trfico negreiro. Os colonos voltaram-se para a escravizao do ndio para os trabalhos antes realizados pelos africanos. Com a procura houve elevao nos preos do escravo ndio, chamado o "negro da terra", que custava cinco vezes menos do que os africanos. Os paulistas no teriam atacado as misses durante dezenas de anos seguidos se no contassem com o apoio (ostensivo ou velado) das autoridades. Embora no se saiba bem quais as expedies promovidas pela Coroa e quais as de iniciativa particular, sendo tanmbm imprecisa a designao de entradas e bandeiras, o trao comum a todas foi a presena, direta ou indireta, do poder pblico. A aco dos bandeirantes foi da maior importncia na explorao do interior brasileiro, bem como na manuteno da economia da colnia, fosse pelas suas consequncias para o comrcio, fosse porque a captura de indgenas fornecia mo-de-obra para a agricultura, principalmente cana-de-acar. Para alm disso, no pode deles ser dissociada a descoberta de metais preciosos em vrios pontos, metais esses que marcaram o papel do Brasil no conjunto do Imprio Colonial Portugus ao longo do sculo XVIII.

Comenta o livro Ensaios Paulistas abaixo citado, pgina 635: A agresso dos portugueses de San Pablo s redues jesuticas bo sul do Brasil nos atuais Paran e Rio Grande do Sul, assaltos de que haviam os jesutas feito grande alarde na Europa, trouxeram aos paulistas a fama de que eram os mais insubmissos vassalos dos reis de Portugal, como demonstram os relatos seiscentistas dos capuchinhos italianos frei Miguel Angelo de Gattina e frei Dionsio de Carli, em 1667, e do engenheiro francs Froger em 1697. Montoya, na primeira metade do sculo XVII, proclamava que toda aquala vila de San Pablo era gente desalmada y alevantada que no hace caso de las leyes del Reyno ni de Dios. E prossegue: Se acaso se viam perseguidos, desamparavam casas e herdades e l se iam para o serto com suas mulheres, filhos e escravos, por desertos e montes em busca de novas terras. Dejar la villa tampoco se les da nada por que fuera de las principales fiestas muy pocos, o hombres y mujeres, estan en ella si no siempre en sus heredades o por los bosques y campos, en busca de indios en que gastan su vida. Irresistvel impulso lanava os paulistas selva. Toda sua vida, desde que salen de la escuela hasta su vejez no es sino yr e venir y traer y vender indios. Y en tola la villa de San Pablo no habr mas de uno o dos que no vayan a cautivar yndios o enbien sus hijos o otros de su casa con tanta libertad como si fuera minas de oro o plata. Os tipos de bandeiras Houve trs tipos de bandeiras: as de tipo apresador, para a captura de ndios (chamado indistintamente o gentio) para vender como escravos; as de tipo prospector, voltadas para a busca de pedras ou metais preciosos e as de sertanismo de contrato, para combater ndios e negros (quilombos). De incio, eram aprisionados os ndios sem contato com o homem branco. Posteirormente, passaram a aprisionar os ndios catequizados, reunidos nas misses jesuticas. Grandes bandeirantes apresadores foram Manuel Preto e Antnio Raposo Tavares, que forneciam ndios s fazendas do Brasil que necessitavam de mo de obra escrava e no contavam com suficiente quantidade de escravos negros. A palavra paulista alis segundo comenta o livro Ensaios Paulistas, Editora Anhambi, So Paulo, 1958, pgina 636, se deve ao visconde de Barbacena: Quer-nos parecer que a este Governador Geral se deve o mais longnquo emprego at hoje divulgado do adjetivo paulista, ocorrente numa ordem expedida em 27 de julho de 1671. O gentlico deve ter-se generalizado rapidamente. Na documentao municipal de So Paulo aparece pela primeira vez em ata de 27 de janeiro de 1695. Sertanista palavra que aparece em 31 de dezembro de 1678. Bandeira aparece a 20 de fevereiro de 1677 quando o sucessor de Barbacena narra que os ndios do vale do rio So Francisco haviam degolado vrias bandeiras de paulistas. Uma consulta do Conselho Ultramarino de 1676, relativa a Sebastio Pais de Barros, ao se referir a sua expedio, fala da sua bandeira, como eles (os paulistas) lhe chamavam. J da palavra bandeirante o mais longnquo emprego que lhe conhecemos muito mais recente. Vemo-lo num documento assinado pelo Capito-general conde de Alva em 1740. Impressa, parece ter sido pela primeira vez em 1817, por Aires do Casal. As bandeiras iniciais

Muitas vezes o governo financiava a expedio; outras vezes, limitavase a fechar os olhos para a escravizao dos ndios (ilegal desde 1595), aceitando o pretexto da "guerra justa". D. Francisco de Sousa patrocinou as bandeiras de Andr de Leo (1601) e Nicolau Barreto (1602) que, esta, se estendeu por dois anos. Teria chegado regio do Guair, regressando com um nmero considervel de ndios, que algumas fontes estimam em trs mil. Em agosto de 1628, quase todos os homens adultos da Vila de So Paulo esto armados para investir contra o serto. Eram novecentos brancos e trs mil ndios, formando a maior bandeira at organizada, com destino ao Guara, para expulsar os jesutas espanhis e prender quantos ndios pudessem, e vend-los Bahia, carente de braos. A dcada de 1660 O nmero de entradas notveis de origem paulistana cresceu considervelmente depois de 1660. Diz Ensaios Paulistas, editora Anhambi, So Paulo, 1958, pgina 635: Citam-se das de Ferno Dias Pais na Apucarana, a de Lus Pedroso de Barros, morto em pleno Peru, a de Loureno Castanho Taques ao serto dos Cataguazes, territrio de Minas Gerais, as de Sebastio Pais de Barros e Pascoal Pais de Arajo no alto Tocantins. O extraordinrio raid de Francisco Pedroso Xavier ao norte do Paraguai e sul de Mato Grosso, os de Lus Castanho de Almeida e Antnio Soares Pais, no centro de Gois, a enorme jornada de Domingos Jorge Velho, indo, em 1662, estabelecer-se no Piau, na confluncia do Parnaba e do Poti, acomnpanhado, mais ou menos contemporneamente, por Francisco Dias de Siqueira, o Apu, devassador das terras maranhenses. Lembremos ainda as expedies de Manoel de Campos Bicudo ao sul de Mato Grosso, de seu filho Antnio Pais de Campos, o primeiro Pai Pir, em terras mato-grossenses e goianas, de Bartolomeu Bueno da Silva, o primeiro Anhanguera, em territrio dos dois atuais grandes Estados do Centro, de Manoel Dias de Lima no Paraguai e em regio hoje argentina, etc. O historiador Capistrano de Abreu comenta que ao tempo em que os conquistadores se batiam contra os ndios de Paraguau e Ilhus, prosperava volta de So Paulo um grande nmero de vilas: Mogi das Cruzes, Parnaba, Taubat, Guaratinguet, Itu, Jundia, Sorocaba, todas anteriores a 1680, ao grande xodo do ltimo quartel do sculo XVII. Cada vila demandava destino diverso: as do Paraiba do Sul apontavam para as prximas Minas Gerais, como Parnaba e Itu para Gois (Guaiaz) e Sorocaba para os campos de pinheiros em que j surgia Curitiba. Bastou o descobrimento do ouro para mobilizar toda essa fora - ouro corrido, mas em abundncia: a populao que acudiu procedeu toda ou quase toda do planalto, especialmente do rio Paraba do Sul, onde a estreiteza do vale, entre a Mantiqueira e a cordilheira martima, produzia o efeito de condensador. E com a vitria dos emboabas, mais tarde, Sorocaba e Itu assumiram seu papel histrico, Tiet abaixo at a barra, rio Paran at o rio Pardo, por este at o rio Paraguai, So Loureno, Cuiab, atingindo-se descobertos em que o ouro se apanhou s arrobas. E as dificuldade da viagem, que desde Araritiguaba ou Porto Feliz pedia quatro a cinco meses, atravs de mais de 100 saltos, cachoeiras, corredeiras, entaipavas. Cuiab e Mato Grosso, para no sucumbir, tero que se desligar de So Paulo. As bandeiras em busca de ouro As bandeiras de prospeco nasceram na metade final do sculo XVII. Na dcada de 1690 foi descoberto ouro nas serras gerais, o chamado Serto do Cuiet, hoje o Estado de Minas Gerais. A interiorizao do povoamento deu origem s capitanias de Minas (separada da capitania

de So Paulo ainda na dcada 1720), Mato Grosso e Gois. Principais bandeirantes foram Ferno Dias Pais, Antnio Rodrigues Arzo, Pascoal Moreira Cabral e Bartolomeu Bueno da Silva. Havia tambm figuras como Carlos Pedroso da Silveira, scios e procuradores dos bandeirantes, com papel igualmente importante. As bandeiras de contrato Por fim, as de contrato visavam destruio de quilombos. Destacou-se o nome de Domingos Jorge Velho, impiedoso na luta contra o quilombo de Palmares. Como ele, eram contratados pelos Governadores e senhores de engenho do nordeste e grandes proprietrios pecuaristas. Nos verbetes dedicados a Nicolau Barreto e a Jos Ortiz de Camargo h curiosas listas dos artigos que consistiam a bagagem de um bandeirante. Legislao Ainda se sonhava com ouro, em Espanha e Portugal. Prova, em 15 de agosto de 1603, o Regimento das Minas do Brasil, feito em Valladolid por Filipe III em que diz o Rei: que sou informado que nas partes do Brasil so descobertas algumas minas de ouro e prata e que facilmente se podero descobrir mais, etc. Est registrado no Rio de Janeiro em 29 de maio de 1652 e So Paulo a 9 de outubro de 1652 e, tardiamente, em So Joo del-Rei em 27 de outubro de 1729. Os paulistas, porm, s guerreavam ndios, acostumados vida das armas e tirando lucro de sua venda, no queriam ficar sedentrios nem administrar as minas que desde 1603 o Rei lhes franqueara, mediante o pagamento do quinto. Bandeirantes famosos

Afonso Sardinha Antnio Dias Adorno Antnio Dias de Oliveira Antnio Raposo Tavares Antnio Soares Ferreira Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangera Belchior Dias Moria Manuel da Borba Gato Carlos Pedroso da Silveira Henrique da Cunha Gago Domingos Jorge Velho Fernando de Camargo, o Jaguaret Ferno Dias Pais Francisco Dias Velho Loureno Carlos Mascarenhas e Arajo Manuel Preto Nicolau Barreto Pascoal Moreira Cabral Pedro Vaz de Barros Fernandes Tourinho Simo lvares

Os bandeirantes apresentam alguma semelhana com a figura dos gachos, tambm fruto da miscigenao de brancos com indgenas. Terminaram por se confundir com a sociedade de seu tempo, enquanto

os gachos conservaram-se no seu nvel inicial de pees ao passo que os grandes proprietrios se capitalizaram.

1.5 Os Jesutas.A Companhia de Jesus (em latim, Societas Iesu, abreviadamente S. J.), cujos membros so conhecidos como Jesutas, foi fundada em 1534 por um grupo de estudantes da Universidade de Paris, liderados por igo Lpez de Loyola (Santo Incio de Loyola). hoje conhecida principalmente por seu trabalho missionrio e educacional. imprensa. Os Jesutas pregaram a obedincia total s escrituras e doutrina da igreja, tendo Incio de Loyola declarado: "Eu acredito que o branco que eu vejo negro, se a hierarquia da igreja assim o tiver determinado" Uma das principais ferramentas dos Jesutas era o retiro espiritual de Incio. Neste, vrias pessoas renem-se sob a orientao de um padre durante uma semana ou mais, permanecendo em silncio enquanto atendendo a palestras e submetendo-se a exerccios para se tornarem pessoas melhores. Por exemplo, houve uma conferncia e meditaes acerca das nossas mortes iminentes, entre outras. Tambm pregaram que as decoraes e a ostentao em geral nas cerimnias do catolicismo (desprezadas pelos Luteranos) deviam ser acentuadas e abundantemente financiadas. Os jesutas conseguiram obter grande influncia na sociedade nos perodos iniciais da idade moderna (sculos XVI e XVII) porque os padres jesutas foram por muitas vezes os educadores e confessores dos reis dessa altura. (Ver D. Sebastio de Portugal, por exemplo). Os jesutas foram uma fora lder da Contra-Reforma, em parte devido sua estrutura relativamente livre (sem os requerimentos da vida entre a comunidade nem do ofcio sagrado), o que lhes permitiu uma certa flexibilidade operacional. Em cidades alems, por exemplo, os jesutas tiveram um papel batalhador, contribuindo para a represso de quaisquer revoltas inspiradas pela doutrina de Martinho Lutero. Ver Munique ou Bona por exemplo, cidades que apesar de iniciais simpatias por Lutero, permaneceram um bastio catlico, em grande parte pelo empenho de jesutas. Expanso As misses iniciais ao Japo otiveram como resultado a concesso aos jesutas do enclave feudal em Nagasaki em 1580. No entanto, devido a receios crescentes da sua crescente influncia, este privilgio foi abolido em 1587. Dois jesutas missionrios, Gruber e D'Orville, chegaram a Lhasa, no Tibete, em 1661. Na China do sculo XVIII, os jesutas estiveram envolvidos na chamada questo dos ritos chineses. Na Amrica do Sul Em 1549 chegou ao Brasil (Bahia) o primeiro grupo de seis missionrios liderados por Manuel da Nbrega, trazidos pelo governador-geral Tom de Sousa. As misses jesutas na Amrica Latina foram controversas na Europa, especialmente em Espanha e em Portugal, onde eram vistas como

Fundao Em 15 de Agosto de 1534, Incio e seis outros estudantes (Pedro Faber, Francisco Xavier, Alfonso Salmeron, Jacob Laines, e Nicolau Bobedilla - Espanhis, e Simo Rodrigues - um portugus) encontraram-se na Igreja de Santa Maria, Montmartre e fundaram a Companhia de Jesus para "desenvolver trabalho de acompanhamento hospitalar e missionrio em Jerusalm, ou para ir aonde o papa nos enviar, sem questionar". Em 1537 eles viajaram at Itlia em busca de aprovao papal da sua nova ordem. O Papa Paulo III concedeu-lhes uma recomendao e autorizou que fossem ordenados padres. Foram ordenados em Veneza pelo bispo de Arbe (24 de Junho). Devotaram-se inicialmente a pregar e em obras de caridade em Itlia. A guerra reatada entre o imperador, Veneza, o papa e os Turcos (Seljuk), tornava qualquer viagem at Jerusalm pouco aconselhvel. Na companhia de Faber e Lainez, Incio viajou at Roma em Outubro de 1538, para pedir ao papa a aprovao da nova ordem. A congregao de cardeais deu um parecer positivo constituio apresentada, e em 27 de Setembro de 1540, Paulo III confirmou a ordem atravs da Bula "Regimini militantis Ecclesiae", que integra a "Frmula do Instituto" onde est contida a legislao substancial da nova Ordem. O nmero dos seus membros foi no entanto limitado a 60. Esta limitao foi porm posteriormente abolida pela bula Injunctum nobis de 14 de Maro de 1543. Incio de Loyola foi escolhido para servir como primeiro superior-geral. Ele enviou os seus companheiros e missionrios para vrios pases europeus, com o fim de criar escolas, liceus e seminrios. Incio de Loyola escreveu as constituies jesutas, adoptadas em 1554, que deram origem a uma organizao rigidamente disciplinada, enfatizando a absoluta auto-abnegao e a obedincia ao Papa e os superiores hierrquicos (perinde ac cadaver, disciplinado como um cadver, nas palavras de Incio). O seu grande princpio tornou-se o lema dos jesutas: "Ad Majorem Dei Gloriam" (tudo por uma maior glria de Deus) Obra inicial Os jesutas foram fundados no seguimento da reforma Catlica (tambm chamada Contra-Reforma), um movimento reaccionrio Reforma Protestante, cujas doutrinas se tornavam cada vez mais conhecidas atravs da Europa, em parte graas recente inveno da

interferncia com a aco dos reinos governantes. Os jesutas opuseram-se vrias vezes escravatura. Eles fundaram uma liga de cidades-estado, chamada Misses ou Misiones no sul do Brasil, ou ainda reducciones, no Paraguai, que eram povoaes organizadas de acordo com o ideal catlico, mais tarde destruda por espanhis, e principalmente portugueses, cata de escravos. Segundo o historiador Manuel Maurcio de Almeida, desde o fim do sculo XVI houve expanso hispano-jesutica a partir de Assuncin no atual Paraguai, em trs frentes pioneiras: 1 - rumo ao sul do Mato Grosso. Fundada a vila de Santiago de Jerez, que seria o centro da Provncia de Nueva Vizcaya, havia misses que aldeavam os representantes das comunidades primitivas do Itatim. Projeto com apoio do Estado e da Igreja, para assegurar o controle do vale do rio Paraguai e articular as misses do Itatim com as de Mojos e Chiquitos, de modo a assegurar proteo ao altiplano mineiro na atual Bolvia. 2 - em trechos do atual territrio do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, aldeias do Tape, Uruguai e Sierra. 3 - do Paran, onde se fundou na Provincia del Guair e a Villa Real del Espiritu Santo. As misses na Amrica do Sul eram unidades de produo autosuficientes, com relao de produo do tipo feudal. Cada famlia cultivava em regime de posse individual e coletiva pores de terra. A retribuio era sempre representada por produtos, realizados coletivamente (tupamba, "parte de Deus") ou nas terras de posse familiar (abamba,"parte das pessoas"). O que era reservado reproduo do sistema econmico, ou comrcio, constitua tabamba ou "parte da aldeia". Havia um cabildo rudimentar, presidido por um corregedor indgena eleito pela comunidade. A ideologia religiosa era catlica. Com a ocupao dos portos negreiros na Africa, So Jorge de Mina, So Tom e So Paulo de Luanda, pelos holandeses, o apresamento de ndios se expandir na segunda metade do sculo XVII para muito alm das vizinhanas do planalto de Piratininga, fora de trabalho escrava mais lucrativa - principalmente Guaiar. Autoridades espanholas favoreceram mesmo, na vigncia da Unio Ibrica, a destruio das misses. Em 30 de julho de 1609 uma lei de Filipe III declarou livres todos os ndios. Sob influncia da Companhia de Jesus, a escravido era proibida mas se mantinha sobre eles a jurisdio dos jesutas. Houve reclamaes tamanhas, por se ter desordenado a economia da colnia, principalmente do Rio de Janeiro e de So Paulo, que a Coroa retrocedeu, por lei de 10 de janeiro de 1611 ao regime anterior, os escravos sendo prisioneiros de guerra justa. Fi sempre a principal causa dos conflitos entre o povo e os jesuitas. A fico legal era a do resgate, o troco de ndios das tribos que os houvessem tomado em guerra para salv-los da morte e convert-los - um eufemismo. A ao dos jesutas resultava em simples transferncia da escravido em favor da Companhia, que os tratava porm com grande humanidade. Perodos agitados Na seqncia de uma srie de decretos assinados pelo papa Clemente XIV, incluindo o Breve "Dominus ac Redemptor" assinado em 21 de Julho de 1773, os jesutas foram suprimidos em todos os pases (excepto a Rssia, onde a liderana da igreja ortodoxa recusou reconhecer a autoridade papal). Havia 5 assistncias, 39 provncias, 669 colgios, 237 casas de formao, 335 residncias missionrias, 273 misses e 22589 membros.

Em Portugal, os Jesutas j tinham sidos expulsos do pas pelo Marqus de Pombal, na sequncia do caso Tvora em 1759. Em 1814, no entanto, restaurada a Companhia no mundo inteiro pelo Decreto do Papa Pio VII "Solicitudo omnium Ecclesiarum". Em vrias lnguas, a palavra "Jesuta" adquiriu a conotao de "hipcrita". Os Jesutas de hoje A companhia de Jesus continua activa no trabalho missonrio e na educao, hoje em dia. Alguns jesutas latino-americanos adaptaram uma viso esquerdista do catolicismo ao desenvolver a Teologia da Libertao, contrria s orientaes do Vaticano. Este tipo de opo poltica continua a ser um tema controverso dentro da igreja catlica. Jesutas famosos Os jesutas esto presentes, desde a primeira hora, nos novos mundos que se abrem actividade missionria da poca. So Francisco Xavier percorre a ndia, Indonsia, Japo e chega s portas da China;Joo Nunes Barreto e Andrs de Oviedo empreendem a fracassada misso da Etipia; Padre Manoel da Nbrega e Beato Jos de Anchieta ajudam a fundar as primeiras cidades do Brasil (Salvador, So Paulo, Rio de Janeiro). Atuao inicial no Brasil Os jesutas chegaram ao Brasil em 1549 e comearam sua catequese erguendo um colgio em Salvador da Bahia, fundando a Provncia Brasileira da Companhia de Jesus. 50 anos mais tarde j teriam colgios pelo litoral, de Santa Catarina ao Cear. Quando Pombal os expulsou em 1760, eram 670 por todo o pas, distribudos em aldeias, misses, colgios e conventos. Os nomes grandiosos do comeo so evidentemente os de Manuel da Nbrega e Jos de Anchieta. No se podem esquecer Leonardo Nunes, Vicente Pires ou o padre Joo de Azpilcueta Navarro. Varnhagen nos diz que este fora logo mandado para Porto Seguro, capitania onde estavam os melhores intrpretes da lngua tupi, talvez ainda - em avanada idade? - alguns dos ali deixados por Cabral e depois pela primeira armada exploradora. Vieram ainda os irmos Diogo Jcome e Vicente Rodrigues. Haviam partido de Portugal a 1 de fevereiro de 1549. Na Bahia, participaram da fundao da cidade de Salvador. Leonardo Nunes e Diogo Jcome foram enviados imediatamente para as aldeias das capitanias de Ilhus e Porto Seguro, em misso de catequese. Pouco depois, o irmo Vicente Rodrigues foi substituir o padre Leonardo, que seguiu para o Sul, rumo capitania de So Vicente. Jos de Anchieta tambm esteve em Porto Seguro e, em carta reproduzida por Accioli, diz: Aqui temos casa em que vivem de ordinrio seis dos nossos, trs padres e trs irmos; vivem de esmolas, ajudados dos da Bahia, como a casa dos Ilhus. Tm a seu cargo duas aldeias de ndios, uma cinco lguas da vila para o sul, outra quatro para

o norte. No esto os padres muito bem recebidos nesta terra por causa dos Capites e outros homens que no nos so muito benvolos, mas bem empregados, maxime em atender aos indios, porque com os portugueses no se tira muito fruto. E, adiante, descreve a terra: Os homens e mulheres portugueses nesta terra se vestem limpamente de todas as sedas, veludos, damascos, razes e mais panos finos como em Portugal e nisto se tratam com fausto, mxime as mulheresque vestem muitas sedas e jias e creio que nisto levam vantagem, por no serem to nobres, s de Portugal, e todos, assim homens como mulheres, como aqui vem, se fazem senhores e reis por terem muitos escravos e fazendas de acar, por onde reina o dio e lascvia e o vcio da murmurao geralmente... Republicadas, nas Primeiras Cartas do Brasil aparecem as primeiras cartas escritas no Brasil. Foram impressas em Coimbra em duas coletneas de 1551 e de 1555 e ainda impressionam pela fora de suas informaes e sinceridades do relato. Observadores atentos, os jesutas descrevem suas aventuras entre ndios e colonos, procisses na selva, converses, fugas, cenas de canibalismo, milagres, construes de igrejas e casas, expedies cercadas de perigos. A objetividade e simplicidade das cartas que encantaram os leitores quinhentistas transformaram-nas em sucesso editorial ao serem traduzidas em diversas lnguas. Simo Rodrigues nos conta que em 1555 se achavam em toda a Provncia 26 sujeitos da Companhia, quatro na Bahia, dois em Porto Seguro, dois no Esprito Santo, cinco em So Vicente e 13 em Piratininga. Leonardo do Vale, padre de Bragana que esteve com Mem de S na Guanabara, residiu um tempo em Porto Seguro e outro em Piratininga. Era professor no Colgio da Bahia em 1567 e deixou um vocabulrio da lngua tupi. Tambm por Porto Seguro esteve em 1568 o padre Incio de Azevedo, beatificado em 1854 pelo papa Pio IX como um dos quarenta mrtires do Brasil. Numerosas aldeias jesuticas foram criadas na regio sertaneja, respaldadas pelos Colgios da Bahia e de Pernambuco. As relaes entre Colgios e Misses eram tensas, pois os primeiros pensavam privilegiar os descimentos, enquanto as misses defendiam os aldeamentos. Eram sistemas distintos. A disputa entre Garcia dAvila, senhor da Casa da Torre, que em 1669 destruiu residncias e aldeias no serto e o padre Jacob Roland, missionrio jesuta entre os tapuias, ilustra bem a tenso. As Cartas nuas do perodo (1690-1693), nos Catlogos (1679-1694) e outras encontram-se abundantes referncias s aldeias dos tapuias (pagi tapuyarum). Uma carta de 1702 para a Junta das Misses apresenta muito bem a situao. As misses continuariam at a expulso dos jesutas em 1759. Foram os que, dos religiosos, desempenharam o maior papel na colonizao. Alm do Colgio de Salvador, estabeleceram, imediatamente, residncias em Porto Seguro e Ilhus. A partir destes pontos, criaram vrias aldeias em suas vizinhanas. Durante o sculo XVI, existiram na capitania de Porto Seguro nove misses das quais se conhecem os nomes de pelo menos seis: Casa do Salvador, em Porto Seguro; Aldeia do Esprito Santo de Patatiba (1564), atual Vale Verde; Aldeia de Caravelas (1581); So Joo Batista (1586), atual arraial de Trancoso; Santo Andr e So Mateus, situadas, respectivamente, em frente Vila de Santa Cruz Cabrlia e ao sul de Porto Seguro. Devido aos ataques dos ndios, estavam reduzidas, em 1643, a quatro.

Na Capitania de Ilhus, receberam grandes glebas de terras, fundaram ali residncias, colgios e aldeias. Em 1563, Mem de S doou ao Colgio da Bahia a chamada sesmaria das 12 lguas de Camamu, que havia recebido, em 1537, de Jorge Figueiredo Correia e se estendia do Rio Jequi, em Nilo Peanha, at duas lguas ao norte do Rio de Contas, em Itacar. Ali, os jesutas fundaram a Aldeia e Residncia de Boipeba e a Aldeia de N. S. da Assuno do Camamu. No atual Municpio de Ilhus, fundaram o Colgio de N. S. da Assuno, alm de possurem o Engenho de SantAna, doado em 1563, pela filha de Mem de S, ao Colgio de Santo Anto de Lisboa. Durante o sculo XVII, os esforos de colonizao portugueses se concentraram na regio entre Valena a Itacar, onde se localizava a sesmaria dos jesutas. A regio passou a ter o papel de produtora de gneros alimentcios e materiais de construo para Salvador e para o Recncavo canavieiro. A aldeia de Boipeba, por exemplo, teve grande crescimento, devido fuga de colonos do continente, temerosos dos ataques dos Aimors, sendo elevada a vila entre 1608 e 1610. Os jesutas, por seu turno, criam na aldeia de Nossa Senhora da Assuno (em Camamu) um engenho que se encontrava em construo em 1604 e seria destrudo pelos holandeses em 1640. Criaram, tambm, a Aldeia da Purificao, ou Nossa Senhora das Candeias de Mara (1654), atual Barcelos do Sul; a Residncia de So Francisco Xavier, no Morro do Galeo (1623), e a Igreja de Santo Incio, ambas em Cairu, alm da Aldeia de Santo Andr e So Miguel de Serinham (1683), atual Ituber. Fora dos tabuleiros de Valena, os jesutas fundaram a aldeia de Nossa Senhora da Escada, em Olivena, capitania de Ilhus, organizada como residncia fixa a partir da penltima dcada do sculo XVII. Embates em So Paulo e no Rio de Janeiro Houve violentas disputas em So Paulo com os bandeirantes. Em 10 de junho de 1612 houve uma reclamao do povo de So Paulo perante o conselho, contra os jesutas; assinaram Jos Ortiz de Camargo, Amador Bueno, Antnio Raposo Tavares, Bartolomeu Bueno, Pedro Leme, Aleixo Leme, Henrique da Cunha Gago, Antnio Bicudo, Antnio de Oliveira, Sebastio Leme, Antnio Fernandes, Domingos Pires, Diogo Pires, Pedro Nunes de Pontes, Geraldo Correia Sardinha, Belchior da Costa, Gonalo Madeira, Pascoal Leite Furtado, Duarte Machado, Manoel Godinho, Andr Gonalves, Ascenso Ribeiro, Manoel Francisco Pinto, Ferno Dias, Pedro Dias, Francisco Preto, Rafael de Oliveira, Joo do Prado, e outros. Era conflito novo e mais violento do que o anterior, pois a cmara e o povo negaram aos jesutas qualquer intromisso no governo das aldeias dos ndios, pois o rei s lhes havia concedido a administrao espiritual deles. Os padres recuaram com protestos dos oficiais da Cmara, o juiz ordinrio Jusepe de Camargo frente, e grande nmero dos principais, homens bons e da governana da terra. Houve novo embate em 1621. O episdio mais grave, em 1640, ficou conhecido como a botada dos padres fora. Somente em 14 de maio de 1653, houve termo assinado pelos oficiais da Cmara de So Paulo, homens bons e padres da Companhia pelo qual foram os direitos restituidos aos seus colgios na capitania. Foi importante o papel do bandeirante Ferno Dias Pais, cujo irmo foi o Padre Joo Leite da Silva, celebrado por suas virtudes,

instruo, letras e zelo apostlico. Eram frequentes, alis, na colnia, dissdios entre as autoridades do Reino e as eclesisticas. Haver outro, violento conflito em 1683. Os padres eram prestigiados por Pedro Taques de Almeida, Capito-mor da capitania, o primo riqussimo Padre Dr. Guilherme Pompeu de Almeida, o grande bandeirante Loureno Castanho Taques e duas matronas opulentas, D. Leonor de Siqueira (viva do sertanista Lus Pedroso de Barros) e sua filha, esposa de Pedro Taques, D. Angela de Siqueira. Com grande fortuna, Leonor ajudou a erguer de pedra e cal a torre do Colgio, enquanto a filha de encarregou da fachada. A reconstruo acabou em 1694. Era reitor o padre Manuel Correia. Haver um depoimento em 1701 de que a igreja valia a pena pela obra de talha dourada! Ainda no estava pacificada a situao quando aos ndios em 1685: em 8 de maro, tendo-se espalhado rumores de que o povo tentava outra vez expulsar os padres da Companhia, reuniram-se os homens bons da vila de So Paulo na casa do conselho e elegeram o Bispo D. Jos de Barros Alarco ( trs anos em So Paulo) e o capito-mor Pedro Taques de Almeida para tratarem com o provincial da Companhia, Alexandre de Gusmo, o meio de se concertarem. O Bispo e Taques se dirigiram ao colgio e acertaram com Gusmo que o procurador da companhia de Jesus, que estava para ir a Roma, se encarregaria de solicitar e alcanar permisso para se poder ir ao serto trazer ndios ao grmio da igreja e educ-los na f, podendo deste modo os moradores possui-los e t-los em seu poder. O povo aplaudiu o acordo e foi ratificado pela Carte Rgia de 9 de novembro de 1690, com a restrio de que no era permitido entradas com bandeiras no serto seno em auxlio dos padres que fossem pregar a f, e que s era permitido trazer ndios que voluntariamente quisessem vir. Houve nova tentativa dos paulistas de expulsar os jesutas mas em 24 de julho de 1687, feita acomodao, foi lavrado um termo na cmara por intermdio do Padre Francisco de Moraes. Expulso do Brasil O sculo XVIII assistiu expulso dos jesutas do Brasil, seqestrandose seus bens.

sculo XVIII, quando da expulso dos jesutas, mas estava guardado desde o sculo anterior, por temor dos holandeses em Sergipe, nas margens do rio So Francisco. Haveria assim uma acumulao de riquezas, protegidas de todas as investidas que pudessem amea-lo. A tese estaria fundamentada na ao do Vaticano, em 1630, ordenando recolher a rica imagem de Nossa Senhora das Agonias, salvando-a de um assalto flamengo. Os registros indicaram, sempre, que em 1694 os jesutas j estavam com sua fazenda e Residncia de Jaboato no rio de So Francisco. Sabia-se, tambm, que o padre Joo Nogueira, Procurador das Fazendas de Sergipe, e o irmo carpinteiro Francisco Simes, que fizeram as obras da Fazenda Tejupeba, moravam em Jaboato. Em 1757, quando os vigrios das diversas Freguesias sergipanas fizeram o levantamento, o proco de Vila Nova (hoje Nepolis) assim tratou de Jaboato, como uma Fazenda Modelo com sua igreja de Nossa Senhora do Desterro, bem ornada e aprazvel, alm do mesmo Hospcio e morada dos religiosos ser muito claro e vistoso e saudvel com as casas de seus escravos arruadas, e tudo com muita direo. Em 1760, o Edital da Junta pondo em arrematao os bens, estavam declarados: Seis moradas e casas, chos e foros na cidade de So Cristvo de Sergipe del Rei, a Fazenda de Jaboato e de Tejupeba e suas anexas, com casas de moradores, currais, gados e escravaturas, no distrito da Comarca de Sergipe del Rei. Outras consideraes Acima das inevitveis ambiguidades, as misses dos jesutas impressionam pelo esprito de inculturao (adaptao cultura do povo a quem se dirigem). As Redues do Paraguai e a adoo dos ritos malabares e chineses so os exemplos mais significativos. A actividade educativa tornou-se logo a principal tarefa dos jesutas. A gratuidade do ensino da antiga Companhia favoreceu a expanso dos seus Colgios. Em 1556, morte de Santo Incio, eram j 46. No final do sculo XVI, o nmero de Colgios elevou-se a 372. A experincia pedaggica dos jesutas sintetizou-se num conjunto de normas e estratgias, chamado a "Ratio Studiorum" (Ordem dos Estudos), que visa formao integral do homem cristo, de acordo com a f e a cultura daquele tempo. Os primeiros jesutas participaram activamente do esforo de renovao teolgica da Igreja Catlica, frente Reforma Protestante. No Conclio de Trento, destacaram-se dois companheiros de Santo Incio (Lanez e Salmern). Desejando levar a f a todos os campos do saber, os jesutas dedicaram-se s mais diversas cincias e artes: Matemtica, Fsica, Astronomia... Entre os nomes de crateras da Lua h mais de 30 nomes de jesutas. No campo do Direito, Suarez e seus discpulos desenvolveram a doutrina da origem popular do poder. Na Arquitetura, destacaram-se muitos irmos jesutas, combinando o estilo barroco da poca com um estilo mais funcional. Um dos colgios jesutas que existem hoje no Brasil o Colgio Santo Incio , que tambm mais de mil alunos em seu estabelecimento.Este foi feito em homenagem ao Santo Inacio De Loyola.

1 - Em Sergipe: as sesmarias concedidas ao tempo da fundao da Capitania e prdios na Tejupeba; em Jaboato; no local denominado Retiro, prximo a atual cidade de Laranjeiras; terras perto da hoje cidade de Maroim; terrenos em Japaratuba; e residncias.Em Jaboato os jesutas construram o mosteiro, um cruzeiro de pedra e a igreja dedicada a Nossa Senhora das Agonias. Segundo Jos Bezerra dos Santos, o autor do romance O Tesouro de Jaboato, os cristos que se aproximavam daquele abrigo ofereceram-se, voluntariamente, para executarem a escavao de um enorme subterrneo, sob o monte, o que fizeram um labirinto e largos corredores, onde foram encerrados os bens mais preciosos da igreja, para ficarem a salvo das incurses dos flamengos, protestantes, inimigos da Igreja, que avanavam serto adentro. Para este autor, o Tesouro de Jaboato no foi deixado, no

2. A independncia e o nascimento do Estado BrasileiroA Independncia do Brasil, ocorrida formalmente a 7 de setembro de 1822, marca a definitiva autonomia poltica e administrativa do Brasil em relao a Portugal. desaforos, conservou toda a plenitude de sua autoridade e dirigiu um manifesto ao povo, expondo as bases da Constituio que iria ser promulgada e convocando eleitores de todas as parquias. Os pernambucanos receberam suspeitosos as promessas e votaram com independncia, elegendo as pessoas que lhes pareciam mais dignas "quase todas pertenciam mais ou menos ostensivamente aos vencidos de 1817". Foram os de Pernambuco os que primeiro chegariam a Lisboa. O governador a 21 de agosto sofreu um atentado, e a pretexto de uma nova conspirao republicana mandou prender quantos antigos patriotas se achassem em Recife e embarc-los para Lisboa - soltos quase ao desembarcar. A 29 de agosto de 1821 nomeou-se por aclamao uma Junta Provisional Temporria em Goiania, para contrabalanar outra, do partido portugus, em Recife. Mesmo pedindo reforos da Paraba, Rego Barreto foi cercado em sua capital, saiu vitorioso o povo patriota! O Governador assinou uma capitulao, a 5 de outubro, junto povoao do Beberibe. A vitria dos pernambucanos ecoou logo na vizinha Paraba, onde a 25 de outubro foi eleita uma Junta Governativa para administrar a provncia em nome da Constituio portuguesa. Reflexos no Maranho Ali governava deste 1819 o marechal Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca. No pode deixar de admitir a autoridade de um Conselho Consultivo, e conseguiu transformar em farsa a eleio da Junta, no dia 13 de abril,sendo ele prprio proclamado Governador provisrio. Mandou a seguir deportar diversos patriotas, procedeu eleio de dois deputados s Cortes de Lisboa. Tinha triunfado o Governador, era terra muito atrasada. No dia 15 de fevereiro de 1822 foi eleita uma Junta Provisria e o marechal embarcou de volta para Portugal. A partida do rei Podia, pois, considerar-se tanto em Portugal quanto no Brasil triunfante a revoluo constitucionalista. Mas, muito longe achavam-se os liberais dos dois reinos de uma perfeita unidade de vistas quanto natureza do movimento! Para no abandonar o Brasil, D. Joo VI deixou como regente o filho, D. Pedro de Alcntara, mais tarde imperador como D. Pedro I. Se houvesse uma separao, era a maneira de garantir que a dinastia continuasse no poder. As divergncias No se pode compreender o processo de independncia sem pensar no projeto recolonizador das Cortes portuguesas, a verdadeira origem da definio dos diversos grupos no Brasil. Embora o rompimento poltico com Portugal fosse o desejo da maioria dos brasileiros, havia muitas divergncias. No movimento emancipacionista havia grupos sociais distintos: a aristocracia rural do sudeste partido brasileiro, as camadas populares urbanas liberais radicais e por fim, a aristocracia rural do norte e nordeste, que defendiam o federalismo e at o separatismo.

A revoluo constitucional do Porto O primeiro passo para a independncia foi dado em Portugal. Depois da Revoluo do Porto, em 24 de agosto de 1820, D. Joo VI no teve escolha seno voltar para seu pas. A notcia da revoluo no Porto chegou ao Rio de Janeiro em 12 de outubro e produziu extraordinria sensao, abatendo o nimo do rei e de toda corte. Em Belm A revoluo foi fazendo seu caminho: j havia sido acolhida com entusiasmo na ilha da Madeira e no arquiplago dos Aores quando a notcia chegou, no dia 1 de dezembro, a Belm do Par. Como a provncia estava entregue a uma Junta interina, a circunstncia facilitou o pronunciamento de apoio entusistico causa constitucional. A bordo do mesmo navio que trouxe a notcia, a galera Nova Amazonas, chegou o estudante Filipe Patroni, desafrontado e ardente, que "logo alcanou o concurso dos chefes militares, coronis Joo Pereira Vilaa e Francisco Jos Rodrigues Barata". Este ltimo, no dia 1 de janeiro de 1821, em nome do povo e da tropa proclamou a Constituio que iria ser elaborada pelas Cortes portuguesas". Elegeu-se por aclamao uma Junta Constitucional provisria de nove membros, deu-se comunicao ao Rio, Patroni e Domingos Simes Cunha foram eleitos procuradores da provncia e encarregados de representar perante as Cortes e a Junta Suprema os interesses dos paraenses. Reflexos na Bahia O levante se deu em 21 de fevereiro de 1821, pois era terra de espritos exaltados, no verdor dos anos, como Cipriano Jos Barata de Almeida e Jos Lino Coutinho. Deram incio os quartis. O Governador, conde da Palma, ordenou ao marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes, inspetor das tropas, reunir as tropas fiis. Enfrentou os rebeldes com apenas 160 homens, pois a maior parte da tropa o abandonou. No houve meio de os demover de constituir na Bahia uma Junta constitucional provisria, a exemplo de Belm, pela qual se manifestasse completa obedincia s Cortes de Lisboa, jurando-se desde logo a Constituio. Palma cedeu, propondo ele mesmo os nomes das pessoas que formaram a Junta. E a Junta foi mais longe, dirigindo-se a Lisboa como se tal governo fosse j o nico legtimo da monarquia e pedindo tropa portuguesa. Foram-lhe mandados 1.184 homens, a "Legio Constitucional Lusitana". A Junta nomeou ainda o marechal Lus Paulino de Oliveira Pinto de Frana para o cargo de Governador das armas, o coronel Incio Lus Madeira de Melo para o de inspetor das tropas, pois Caldeira Brant acompanhara Palma ao Rio. Reflexos em Pernambuco Lus do Rego Barreto tinha difcil situao desde a revoluo de 1817 pois a terra ainda gemia com seu "depravado e estrdio despotismo", como diz Rocha Pombo em sua "Histria do Brasil". Animado com as mensagens de Lisboa e convite da Junta da Bahia, mas temeroso de

A aristocracia rural do sudeste, a mais poderosa, era conservadora, lutando pela independncia, defendendo a unidade territorial, a escravido e seus privilgios de classe. Os liberais radicais queriam a independncia e a democratizao da sociedade, mas seus chefes, Joaquim Gonalves Ledo e Jos Clemente Pereira, permaneceram atrelados aristocracia rural, sem revelar vocao revolucionria. A aristocracia rural do norte e nordeste enfrentava a forte resistncia dos comerciantes e militares portugueses, fortes no Par, Maranho e Bahia. Alm disso, desconfiavam da poltica centralizadora de Jos Bonifcio. O partido portugus no Brasil chamado por vezes dos ps de chumbo, estava do lado das Cortes; o partido brasileiro e os liberais radicais eram contra, mas divergiam quanto aos objetivos. Para opartido brasileiro, o ideal era a criao de uma monarquia dual (Brasil e Portugal) para preservar a autonomia administrativa e a liberdade de comrcio. Mas a intransigncia das Cortes portuguesas, que nada tinham de liberais, fez o partido inclinar-se pela emancipao, sem alterar a ordem social e os seus privilgios. J os liberais radicais formavam agrupamento quase revolucionrio, bem perto das camadas populares urbanas, sendo alguns republicanos. No conjunto, tratava-se do grupo mais receptivo s mudanas mais profundas e democrticas da sociedade. A concretizao das aspiraes de cada um desses agrupamentos era distinta. Os grandes proprietrios rurais ligados ao partido dispunham dos meios efetivos para a realizao de seus objetivos. A nsia por um comrcio livre de entraves mercantilistas encontrava apoio em foras internacionais, lideradas pela burguesia britnica. A slida base econmica e social escravista garantia ainda os recursos materiais para resistir com xito provvel ameaa recolonizadora de Lisboa. A situao do Brasil permaneceu indefinida em 1821.em 9 de dezembro, chegaram ao Rio de Janeiro os decretos das Cortes que ordenavam a abolio da regncia e o imediato retorno de D. Pedro a Portugal; a obedincia das provncias a Lisboa e no mais ao Rio de Janeiro;a extino dos tribunais do Rio.O Prncipe Regente D. Pedro,comeou a fazer preparativos para seu regresso. Mas estava gerada enorme inquietao. O partido brasileiro ficou alarmado com a recolonizao e com a possibilidade de uma exploso revolucionria. A nova situao favoreceu a polarizao: de um lado o partido portugus e do outro, o partido brasileiro com os liberais radicais, que passaram a agir pela independncia. Na disputa contra os conservadores, os radicais cometeram o erro de reduzir a questo luta pela influncia sobre o Prncipe Regente. Era inevitvel que este preferisse os conservadores. Ademais, os conservadores encontraram em Jos Bonifcio um lder bem preparado para dar independncia a forma que convinha s camadas dominantes. O "Fico" e o "Cumpra-se" Sondado, o prncipe se mostrou receptivo. Foram enviados emissrios a Minas e So Paulo para obter a adeso causa emancipacionista, com resultados positivos. No Rio de Janeiro foi elaborada uma representao (com coleta de assinaturas) em que se pedia a permanncia de D. Pedro. O documento foi entregue a D. Pedro a 9 de janeiro de 1822 por Jos Clemente Pereira, presidente do Senado da Cmara do Rio de Janeiro. Em resposta, o Prncipe Regente decidiu desobedecer s ordens das Cortes e permanecer no Brasil: era o Fico.

A deciso do prncipe de desafiar as Cortes era produto de um amplo movimento, no qual se destacou Jos Bonifcio de Andrada e Silva. Membro do governo provisrio de So Paulo, escrevera em 24 de dezembro de 1821 uma carta a D. Pedro, na qual criticava a deciso das Cortes de Lisboa e chamava a sua ateno para o papel reservado ao prncipe na crise. D. Pedro divulgou a carta, publicada na Gazeta do Rio de Janeiro de 8 de janeiro de 1822 com grande repercusso. Dez dias depois, havia chegado ao Rio uma comitiva paulista, integrada por Jos Bonifcio, para entregar ao prncipe a representao paulista. No mesmo dia, D. Pedro nomeou Jos Bonifcio ministro do Reino e dos Estrangeiros, cargo de forte significado simblico: pela primeira vez o cargo era ocupado por um brasileiro. Os irmos Andrada (Jos Bonifcio e seus irmos Antnio Carlos e Martim Francisco) tornaramse figuras polticas de destaque nacional. D. Pedro ganhou forte apoio popular com a deciso do Fico. Para resistir s ameaas de recolonizao foi decretada, em 16 de fevereiro de 1822, a convocao de um Conselho de Procuradores Gerais das Provncias do Brasil. Teoricamente, tinha por finalidade auxiliar o prncipe mas na prtica tratava-se de manobra dos conservadores, liderados por Jos Bonifcio, contra os radicais, representados por Joaquim Gonalves Ledo, um funcionrio pblico para quem a preservao da unidade poltico-territorial do Brasil deveria ser feita atravs da convocao de uma Assemblia Constituinte eleita pelo povo. O conselho foi convocado exatamente para evitar isso e manter a unidade sob controle do poder central e dos conservadores. Em maio, a ciso entre D. Pedro e as Cortes aprofundou-se: o regente determinou que qualquer decreto das Cortes s poderia ser executado mediante o Cumpra-se assinado por ele, o que equivalia a conferir plena soberania ao Brasil. A medida teve imediato apoio: a 13 de maio o Senado da Cmara do Rio de Janeiro conferiu ao prncipe regente o ttulo de Defensor Perptuo do Brasil. Houve uma investida militar da Diviso Auxiliadora, estacionada no Rio sob o comando do Tenente general Jorge de Avilez, expulso do Brasil com suas tropas. Quando dos festejos pelo aniversrio de D. Joo VI de Portugal, a 13 de Maio, o Senado da Cmara do Rio de Janeiro pediu ao PrncipeRegente que aceitasse para si e para seus descendentes o ttulo de "Defensor Perptuo do Brasil". Os liberais radicais mantinham-se ativos: por iniciativa de Gonalves Ledo, uma representao foi dirigida a D. Pedro para expor a convenincia de se convocar uma Assemblia Constituinte. O prncipe decretou sua convocao em 13 de junho de 1822. A presso popular levaria a convocao adiante. Jos Bonifcio resistiu idia de convocar a Constituinte, mas foi obrigado a aceit-la. Procurou descaracteriz-Ia, propondo a eleio indireta, que acabou prevalecendo contra a vontade dos liberais radicais, que defendiam a eleio direta. Embora os conservadores tenham obtido o controle da situao e o texto da convocao da Constituinte apresentasse declaraes favorveis permanncia da unio entre Brasil e Portugal, as Cortes insistiam: o prncipe regente deveria retornar imediatamente.

A declarao de Independncia

A guerra da Independncia A independncia do Brasil, depois disso, foi conquistada de um modo relativamente rpido. O apoio da Inglaterra nessa independncia foi crucial, usando sua diplomacia. O uso de mercenrios ingleses sufocando rebeldes e guerras foi decisivo. Depois disso, ela foi seguindo naturalmente. Inicialmente assustados com a idia, os comerciantes e funcionrios portugueses aceitaram a idia, j que seus interesses seriam mantidos pelo fato de o imperador pertencer dinastia de Bragana e ser herdeiro da Coroa Portuguesa. Os problemas com as guerras no foram algo grande. Normalmente elas eram provincianas e de pequenos portes. Em 1823 todas elas j tinham sido sufocadas. Conseqncias Apesar de ser herica a histria do rompimento com Portugal, a independncia do Brasil teve vrios aspectos negativos. Na sua maioria, foi uma independncia das elites, que ganharam mais liberdade econmica e poltica. Coerentemente com as idias da poca, ao contrrio do que desejava Jos Bonifcio, por exemplo, a escravido foi mantida. Para ser reconhecido oficialmente, o Brasil negociou com a Inglaterra e aceitou pagar indenizaes a Portugal, tendo incio seu endividamento. Quando D. Joo VI retornou a Lisboa, por ordem das Cortes, levou todo o dinheiro que podia calcula-se que 50 milhes de cruzados , apesar de ter deixado no Brasil sua prataria e a enorme livraria, com obras raras que compem hoje o acervo bsico da Biblioteca Nacional. Consideraes historiogrficas A data comemorada oficialmente 7 de setembro de 1822, uma vez que nesse dia, s margens do riacho Ipiranga, em So Paulo, o prnciperegente D. Pedro, ao receber a correspondncia da Corte, teria proclamado o chamado "grito da Independncia", frente da sua escolta: Independncia ou Morte! Outras datas consideradas historiograficamente para a Independncia, embora menos populares so a data da coroao do Imperador (Dezembro de 1822) ou mesmo a do reconhecimento da Independncia por Portugal e pela Gr-Bretanha (1825).

Quadro Independncia ou Morte mais conhecido com "O Grito do Ipiranga" de Pedro Amrico (leo sobre tela - 1888) No final de agosto, D. Pedro viajava para a provncia de So Paulo para acalmar a situao depois de uma rebelio contra Jos Bonifcio. Qual seria sua posio pessoal? Apesar de ter servido de instrumento dos interesses da aristocracia rural, qual convinha a soluo monrquica para a independncia, no se deve desprezar seus interesses prprios. Tinha formao absolutista e por isso se opusera revoluo do Porto, liberal. Da mesma forma, a poltica recolonizadora das Cortes desagradou opinio pblica brasileira. E nisso que se baseou a aliana entre D. Pedro e o partido brasileiro. Assim, se a independncia do Brasil pode ser vista, objetivamente, como obra da aristocracia rural, preciso considerar que teve incio como compromisso entre o conservadorismo da aristocracia rural e o absolutismo do prncipe. Ao voltar de Santos, parando s margens do riacho Ipiranga, D. Pedro de Alcntara recebeu as ordens de seu pai para que voltasse para Portugal, se submetendo ao rei e s Cortes. Vieram juntos duas cartas, uma de Jos Bonifcio, que aconselhava D. Pedro a romper com a metrpole, e a outra da esposa, Maria Leopoldina, apoiando a deciso do ministro. D. Pedro I, impelido pelas circunstncias, pronunciou as famosas palavras Independncia ou Morte!, rompendo os laos de unio poltica com Portugal, a 7 de Setembro de 1822. Ao chegar na capital, Rio de Janeiro, foi aclamado Imperador, com o ttulo de D. Pedro I. Culminava o longo processo de emancipao, iniciado em 1808 com a vinda da famlia real. A 12 de outubro de 1822, D. Pedro foi aclamado imperador e coroado em 1 de dezembro.

3. A organizao do Estado Monrquico 3.1 Primeiro ImprioPrimeiro Imprio do Brasil redigiram a Primeira Constituio do Brasil, outorgada no dia 25 de maro de 1824.

Estrutura Poltica e Eleitoral Na Constituio de 1824, foram definidas as primeiras regras do sistema eleitoral brasileiro. Foi criada a Assemblia Geral, rgo mximo do poder Legislativo nacional, composta pelo Senado e pela Cmara dos Deputados, cujos integrantes eram escolhidos pelo voto dos cidados. Bandeira do Imprio do Brasil, em vigor de 1822 a 1889 Consolidao das Foras Armadas Brasileiras D. Pedro, agora Imperador Pedro I do Brasil, buscou retirar possveis focos de resistncia portuguesa dentro do territrio brasileiro. Encontrou ferrenha oposio nas provncias de Maranho, Bahia e Par, sem contar tropas portuguesas que ainda estavam instaladas no Rio de Janeiro, e em outras cidades brasileiras. Assim, D. Pedro I contratou alguns militares europeus, a maioria ingleses e franceses. Comandados pelo marechal britnico Thomas Cochrane, os soldados brasileiros e mercenrios contratados conseguiram retirar a resistncia. Thomas Cochrane chegou a dissipar a resistncia maranhense com apenas um navio de guerra. Reconhecimento da Independncia Apesar da Independncia ter sido realizada a 7 de setembro, os europeus ainda no viam o Brasil como estado livre. Somente em 1824 a Inglaterra e Portugal reconheceram a independncia, mediante o pagamento brasileiro de 1,4 milho de libras esterlinas para a coroa portuguesa, e uma indenizao de guerra no valor de 600 mil libras. Ainda, Dom Pedro I renunciava a idia de, futuramente, anexar colnias portuguesas na frica. Aos britnicos, foi prometida a abolio da escravatura, mas este episdio perdurou pelo resto do sculo XIX. Dissoluo da Assemblia Constituinte e a Outorga de 1824 D. Pedro I foi aclamado Imperador no dia 12 de outubro de 1822, e no incio de 1823 convocou a Assemblia Constituinte. A inteno de D. Pedro I era de organizar politicamente o pas, fazendo um Imprio exemplar para o resto da Amrica. Mas ele fracassou, pois havia muitas divergncias entre os deputados e o Imperador. As divergncias eram oriundas da ambio do Imperador em ter um poder pessoal (Poder Moderador) acima do Judicirio e Legislativo. Queria o Imperador ser um soberano absolutista, e ao perceber que no teria o apoio da burguesia, dissolveu a Assemblia Constituinte em novembro de 1823, aps o envio de tropas, e mandou prender alguns Deputados. Uma vez feito isso, reuniu dez cidados de sua inteira confiana pertencentes ao Partido Portugus, e, aps algumas discusses portas fechadas, As eleies no Imprio eram indiretas, isto , o pleito se dava em dois graus. No primeiro grau, exercido pelos eleitores de parquia, votavam os cidados de, no mnimo, 25 anos de idade e 100 mil ris de renda anual, e eram escolhidos os eleitores de segundo grau. Esses, tambm conhecidos como eleitores de provncia, elegiam os deputados e senadores. O voto era obrigatrio para os cidados, mas censitrio. Isto , o eleitor de primeiro grau era definido de acordo com suas posses econmicas, deveria possuir renda anual mnima de 100 mil ris. Os trabalhadores assalariados em geral, os soldados, as mulheres, os ndios e os menores de 25 anos eram excludos da vida poltica nacional. Por isso, as eleies brasileiras tinham uma tendncia concentradora, e o sufrgio ativo era um direito limitado a poucos cidados, por causa da eleio censitria, que restringia o eleitorado aos cidados mais ricos. E, 1887, no final do Imprio, por exemplo, apenas 1,5% da populao brasileira tinha direito ao voto. Tal tendncia concentradora acontecia tanto nas eleies federais como nas municipais. Outra importante caracterstica do sistema eleitoral brasileiro durante o Imprio foi a proximidade entre o Estado e a religio. A Igreja Catlica, declarada religio oficial do Brasil, tinha elevada influncia sobre as relaes polticas nacionais. Tal influncia se refletia na exigncia legal, por parte dos candidatos a cargos polticos, de seguir o catolicismo, assim como na realizao das eleies dentro das igrejas. Alm disso, uma boa porcentagem dos polticos eleitos no Brasil nessa poca era de origem sacerdotal, uma vez que eram os padres que faziam o recrutamento dos eleitores e a organizao do pleito era realizada por padres. Declnio e Fim do Primeiro Imprio Confederao do Equador e Guerra Cisplatina Veja mais em Confederao do Equador e Guerra da Cisplatina As foras polticas das provncias do Nordeste, lideradas por Pernambuco, se rebelaram contra a Constituio, pois dava muitos poderes ao Soberano. Pregavam uma repblica livre da coroa, com capital Recife, que se chamaria Confederao do Equador. O movimento foi reprimido com extrema violncia pelas tropas imperiais, demonstrando um governo absolutista. Apesar da Constituio de 1824

determinar que o regime vigente fosse liberal, D. Pedro I impunha sua vontade com firmeza, gerando um crescente conflito com os liberais que comearam a identific-lo como um governante ditatorial e autoritrio. Em 1825, na Guerra da Cisplatina, saiu o Brasil derrotado, e, em 1828 houve a perda da Provncia Cisplatina e a conseqente independncia do Uruguai, agravando assim, e muito, os problemas de D. Pedro I, pois, alm das crises polticas, havia a crise econmica, gerada pela recuperao da exportao e produo do acar pelas colnias espanholas com sua recente independncia e normalizao da exportao. Abdicao do trono portugus Seguindo a poltica da Constituio portuguesa de ento, e aproveitando-se da fragilidade do Brasil aps a Guerra da Cisplatina, D. Joo VI e a ala absolutista de seu ministrio procuram reaver o territrio brasileiro em meados de 1825. Na iminncia de uma guerra, D. Joo VI decide por nomear Pedro seu sucessor em Portugal, ignorando a desero que ele mesmo imps ao filho devido sua rebeldia e aos acontecimentos de 1822 -- negociao essa acompanhada distncia pelo governo ingls. Habilmente, Pedro I aceita a proposta e retorna a Portugal para finalmente sagrar-se Pedro IV de Portugal em maio de 1826, aps a abdicao de seu pai. Contudo, vista a Constituio brasileira recm-aprovada, era proibido o Imperador brasileiro deter paralelamente o ttulo de regente de Portugal. Assim, apenas um ms depois de coroado rei portugus, Pedro abdica ao trono, todavia garantido a sucesso sua primognita, D. Maria II, que momentaneamente no assumiria devido sua idade, e entregando a regncia do reino portugus a D. Miguel I. Pedro retorna ao Brasil, onde enfrentaria uma conjuntura poltica cada vez mais desfavorvel a si. Abdicao do trono brasileiro A opinio pblica comeou a reagir contra o Imperador, entre outras razes, com a morte de D. Joo VI (1826), sendo D. Pedro I o legtimo herdeiro do trono portugus. Apesar de ter renunciado ao trono de Portugal em favor da filha mais velha, D. Maria da Glria, a oposio

Liberal brasileira continuou pressionando-o, principalmente diante do envolvimento do imperador, no plano externo, com os problemas advindos dessa sucesso. A situao agravou-se, no plano externo, com a perda da Provncia Cisplatina (1828). No plano interno, o imperador passou a enfrentar diversos problemas, tais como as dificuldades financeiras advindas da falncia do primeiro Banco do Brasil (1829 e a inflao ocasionada pela elevao dos preos dos alimentos, a situao familiar do Imperador aps o falecimento de sua primeira esposa, Imperatriz Da. Maria Leopoldina (1826) diante do envolvimento com a sua amante a Marquesa de Santos, o assassinato do jornalista Lbero Badar em So Paulo (1830), executado por policiais ligados ao Imprio, e o constante apoio pedido pelo governante aos burocratas e militares do setor portugus, gerando conflitos entre portugueses e brasileiros. Com a sua imagem cada vez mais desgastada perante a opinio pblica brasileira, as manifestaes de protesto eram reprimidas com violncia. Numa tentativa de conciliar novamente o seu governo com a opinio pblica, D. Pedro I nomeou um novo ministrio com pessoas aceitas pelos Liberais. Porm, a oposio no aceitou a manobra, e continuou a pression-lo. O ministrio assim formado foi destitudo e constitudo um novo com portugueses de tendncias absolutistas. Os soldados brasileiros aquartelados no bairro de So Cristvo e o povo reagiram formando uma oposio implacvel, culminando com o cerco ao palcio imperial pela populao. No houve resistncia, pois poderia ocasionar uma guerra civil. A 7 de Abril de 1831, D. Pedro I renunciou ao Imprio, deixando o pas nas mos de seu primognito, Pedro II, que na poca tinha 5 anos. No mesmo dia, embarcou a bordo do [Warspite], de onde nomeou Jos Bonifcio de Andrada e Silva como tutor de seus filhos menores, e seguiu para Portugal. Faleceu em Sintra em 1834, depois de ainda ter participado das Guerras Liberais portuguesas, onde lutou a favor de sua filha, D. Maria II, cujo trono portugus fora usurpado por seu tio, D. Miguel I, o qual havia sido indicado regente portugus anteriormente.

3.2 Perodo regencialO Perodo regencial brasileiro (1831-1840) foi o intervalo poltico entre os mandatos imperiais da Famlia Real Brasileira, pois quando o Imperador Pedro I abdicou de seu trono, o herdeiro D. Pedro II no tinha idade o suficiente. Devido natureza do perodo e das revoltas e problemas internos, o perodo regencial foi um dos momentos mais conturbados do Imprio Brasileiro. instabilidades polticas no pas, o Imperador Pedro I no conseguiu segurar a presso, e se viu obrigado a abdicar do seu posto como Imperador do Brasil. No dia 7 de abril de 1831, o imperador Dom Pedro I abdicou do trono brasileiro em favor de seu filho, Dom Pedro II, que tinha pouco mais de cinco anos. A abdicao do Imperador provocou um vazio poltico no pas, acirrando a disputa pelo poder entre as duas principais correntes do Imprio: liberais exaltados e liberais moderados. O grupo dos exaltados era formado, principalmente, pelas camadas mdias urbanas, enquanto que os moderados eram constitudos pelos representantes da aristocracia rural. Essas duas correntes polticas compunham o chamado Partido Brasileiro, e tinham-se aliado para derrubar D. Pedro do poder e, com ele, os absolutistas do Partido Portugus, seus aliados. A abdicao pode ser considerada como a derrota desse grupo e a

Fim do Primeiro Imprio... A Abdicao do Imperador O Primeiro Imprio, instaurado logo aps a Independncia do Brasil (1822), passou por diversas instabilidades polticas. Depois de graves problemas internos, advindos de crises internacionais (como a disputa da Provncia Cisplatina e questes hereditrias em Portugal) e de

vitria da oposio, que era constituda por diferentes grupos sociais, cada um deles com seus prprios objetivos. A disputa pelo poder Conseguindo o seu intento, a aliana se desfez, e cada grupo passou a lutar para conseguir se instalar no poder. Os liberais moderados redigiram, no dia seguinte abdicao, um documento intitulado "Proclamao em nome da Assemblia Geral aos povos do Brasil", no qual informavam sobre os acontecimentos, afirmavam seu apoio aos regentes nomeados e aconselhavam prudncia e moderao populao, e que observasse a Constituio e respeitasse os novos governantes. Como Dom Pedro II era menor, era preciso escolher um regente. A Constituio de 1824 designava para essa funo o membro da famlia real com mais de 25 anos de idade. J que no existia ningum nessas condies, os deputados e senadores elegeram uma regncia composta por trs membros. J o grupo dos liberais exaltados via esse momento como a possibilidade de transformaes mais radicais, maior liberalizao do regime e de mais participao nos destinos do Imprio. Entendia que afastados do Governo, junto com D. Pedro, os portugueses identificados com o absolutismo, haveria condies de aqui se desenvolverem os ideais liberais, revestidos de um carter nacionalista. No entanto, os portugueses tinham se reorganizado e lutavam, agora, pela volta de D. Pedro ao trono brasileiro, sendo por isso chamados de restauradores. E, ao mesmo tempo, o Governo era dominado pelo grupo dos moderados. Desta forma, o movimento da abdicao transformou-se, para os exaltados, numa verdadeira "Journe des Dupes" (Jornada ou Dia dos Logrados), pois no conseguiram chegar ao poder, alm de verem suas propostas esquecidas, apesar de terem participado ativamente para a deposio de D. Pedro I. Perceberam, portanto, que tinham lutado pelos outros. Assim, so trs as tendncias polticas em jogo no cenrio poltico brasileiro a partir de 1831: os restauradores, ou caramurus; os liberais moderados, ou chimangos; e os liberais exaltados, ou farroupilhas ou, ainda, jurujubas. Em meio a esse quadro de agitaes polticas era necessrio organizar o novo Governo, j que a Constituio do Imprio estabelecia que, no caso de abdicao do imperador, o Governo brasileiro seria exercido por um conselho de trs regentes, eleitos pelo Legislativo, enquanto D. Pedro de Alcntara, o prncipe herdeiro, no atingisse a maioridade. Desse modo, cumprindo o preceito constitucional, teve incio o Governo das Regncias, que passou por trs etapas. O Perodo das Regncias (1831-1840) O periodo regencial se inicia em 17 de julho de 1831, cerca de dois meses aps a abdicao de Dom Pedro I. Segundo a constituio de 1824, caso um monarca no pudesse assumir, deveria ser formada uma regncia composta por trs pessoas, a chamada Regncia Trina. O que impossibilitava a ascenso de Dom Pedro II ao trono do Brasil era a idade. Ele tinha apenas 5 anos em 1831. Regncia Trina Provisria (1831) Nomeao dos Regentes

Como no dia da abdicao de D. Pedro o Parlamento brasileiro encontrava-se em frias, no havia no Rio de Janeiro nmero suficiente de deputados e senadores que pudesse eleger os trs regentes. Os poucos parlamentares que se encontravam na cidade elegeram, em carter de emergncia, a 17 de julho daquele ano, a chamada Regncia Trina Provisria, formada para conter as revoltas que vinham ocorrendo desde que Dom Pedro I abdicou ao trono do Brasil, alm de organizar a eleio da Regncia Trina Permanente. Essa regncia, que governou o pas por aproximadamente trs meses, era composta pelos senadores Nicolau de Campos Vergueiro e Jos Joaquim de Campos (Marqus de Caravelas) e pelo Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, pai do Duque de Caxias. As trs grandes correntes polticas do Brasil Imperial estavam assim representadas: os liberais, representados pelo Senador Campos Vergueiro, os conservadores, por Carneiro de Campos, e os militares, pelo General Francisco de Lima e Silva, que ficaria conhecido como "Chico Regncia". Apesar de manter as estruturas polticas do Imprio autoritrio, mantendo inalterada a Constituio de 1824, a Regncia Provisria tinha um carter liberal e anti-absolutista. Era o incio do chamado avano liberal, que durou at 1837, quando os grupos polticos das provncias alcanaram um maior grau de autonomia. Governo A Regncia Provisria, por ter entrado no poder em carter extraordinrio e, como o prprio nome pedia, provisrio, no fizeram profundas mudanas na sociedade e na instituio. Entre outras medidas tomadas pela Regncia Provisria destacam-se:

Reintegrao do Ministrio dos Brasileiros, demitido por D. Pedro I em Abril de 1831, aps a Noite das Garrafadas; Promulgao da Lei Regencial, que restringia as atribuies do Poder Moderador, que temporariamente seria exercido pelos regentes, vetando-lhes o direito de dissolver a Cmara dos Deputados, decretar a suspenso das garantias constitucionais e conceder ttulos de nobreza e condecoraes; Anistia aos presos polticos para abafar a agitao poltica; Proibio dos ajuntamentos noturnos em praa pblica, tornando inafianveis os crimes em que ocorresse priso em flagrante.

Nesse momento, a rivalidade entre brasileiros e portugueses se aprofundava. No final de Abril, as manifestaes anti-lusitanas se acirraram, devido inflamada sensao de nacionalismo e liberdade contra o jugo portugus. Estabelecimentos comerciais portugueses eram atacados e saqueados, funcionrios pblicos eram removidos de seus cargos, e a populao movia verdadeiros confrontos contra os portugueses que permaneceram no Brasil. A Regncia Trina Permanente (1831-1834) Eleio dos Regentes Uma vez instalada a Assemblia Geral, foi eleita em 20 de junho de 1831 a Regncia Trina Permanente, que ficou composta pelos

deputados Jos da Costa Carvalho, poltico do sul do pas, Joo Brulio Muniz, do norte, e novamente pelo Brigadeiro Chico Regncia. Tal composio representava, por um lado, uma tentativa de equilbrio entre as foras do norte e do sul do pas; por outro lado, a permanncia do Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, era a garantia do controle da situao e da manuteno da ordem pblica. Governo Caracterstica importante dessa Regncia era sua composio por deputados, ao contrrio da anterior, formada por senadores. A Cmara dos Deputados simbolizava a defesa da liberdade, e era representativa dos interesses do grupo dos moderados. A Cmara tornou-se um centro de presso em favor das mudanas constitucionais, em contraste com o Senado, que simbolizava a oposio s reformas e era considerado pelos moderados um "ninho de restauradores". Porm, a grande fora poltica deste perodo no foram os regentes mas, sim, o Padre Diogo Feij, Ministro da Justia, cargo que assumiu sob a condio de que lhe garantissem grande autonomia de ao. Feij teve carta branca para castigar os desordeiros e os delinqentes, o direito de exonerar e responsabilizar os funcionrios pblicos negligentes ou prevaricadores e a possibilidade de manter um jornal sob sua responsabilidade direta. Feij teve atuao enrgica na represso s agitaes populares e aos levantes militares que ocorreram na capital e em diversos pontos do pas nesse perodo. Para garantir a integridade territorial e a defesa da ordem pblica criou, em 18 de agosto de 1831, o Corpo de Guardas Municipais Permanentes, no Rio de Janeiro, e a Guarda Nacional na Corte e em todas as provncias. rgos subordinados ao Ministrio da Justia, se constituram na principal fora armada do Imprio. Acabou por concentrar os poderes nacionais em suas mos, at outorgrar, em 1834, o Ato Adicional, que mudava a constituio de 1824, criando a Regncia Una. O Ato Adicional de 1834 O Ato Adicional foi talvez a experincia mais democrtica ocorrida durante o Imprio, considerada como uma experincia republicana do Imprio que usou elementos da Constituio dos Estados Unidos. O regente uno passou a ser eleito por voto censitrio, com mandato temporrio (quatro anos). A eleio e a alternncia do chefe do poder executivo permitiram, entre 1835 e 1840, uma experincia considerada republicana e presidencialista no Brasil. O mesmo Ato Adicional criou as Assemblias Legislativas Provinciais, compostas por deputados eleitos tambm por voto censitrio e com poder deliberativo no campo civil, judicirio, eclesistico, educacional, policial, econmico e tributrio. Dessa forma, as provncias ganharam uma relativa autonomia legislativa. Portanto, a experincia republicana, alm de presidencialista, teve um aspecto federalista (que se constituem em elementos fundamentais do regime poltico dos EUA). O ato tambm criaria o Muncipio Neutro do Rio de Janeiro. A Regncia Una do Padre Diogo Antnio Feij Conforme estipulado pelo Ato Adicional, realizou-se, a 7 de abril de 1835, a eleio para o cargo de Regente nico. Duas candidaturas destacaram-se logo de incio, sendo ambos os candidatos do Partido

Moderado: o paulista Diogo Antnio Feij, apoiado pelas foras polticas do sul e, tambm, pela Sociedade Defensora do Rio de Janeiro; e o pernambucano Antnio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque, cuja famlia era dona de cerca de um tero dos engenhos de acar de Pernambuco, legtimo representante da aristocracia nordestina. Feij venceu por pequena diferena de votos (600), dos cerca de cinco mil eleitores do pas que, nessa poca, tinha aproximadamente cinco milhes de habitantes. Segundo a Constituio Outorgada de 1824, os eleitores - cidados ativos - eram aqueles que votavam e podiam ser votados. O regente tomou posse no dia 12 de outubro de 1835, enfrentando oposio at dentro do prprio Partido e uma grave situao de agitao no pas. Notcias das provncias falavam de revoltas nos "sertes" do extremo-norte: a Cabanagem no Gro-Par; a dos escravos Mals, na Bahia; e no extremo-sul, a Farroupilha. Tentando reverter o quadro poltico desfavorvel, Feij e seus companheiros criam um novo partido, denominado Progressista. Contra ele logo se ergueu um grupo chamado Regressista - porque queria o retorno situao anterior ao Ato Adicional, ou seja, s condies polticas e institucionais anteriores s medidas descentralizadoras. Este partido dar origem, ao Partido Conservador, enquanto que os partidrios do regente daro origem ao Partido Liberal. revelala com muita conviccao de seu poder ate que que quiz, leh cedeu o seus direitos a passou a ser um tipo de subordinado Feij provocou toda a furia que uma pessoa poderia mostrar diante de tal situacao e passou a a ira da aristocracia agrria ao manifestar-se publicamente em apoio abolio da escravatura. Dizia ser uma "vergonhosa contradio com os princpios liberais que professamos, conservar homens escravos". Chegou a enviar uma misso a Londres para tratar com o Governo ingls medidas de represso ao trfico negreiro. Essa atitude aumentou o temor dos proprietrios rurais, que passaram a assumir posies cada vez mais conservadoras. Desentendeu-se tambm com a imprensa, que o atacava constantemente, e por isso assinou um decreto, em maro de 1838, limitando sua liberdade. O autoritarismo do regente fazia aumentar a cada dia seu grupo de opositores, presente tambm na Cmara e no Senado. Feij teve sua atuao bastante limitada, sendo responsabilizado pelas revoltas sociais que se espalhavam por todo o pas.