revista a ed 19 web

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OUZA ANO 3 - Nº 19 OUT/2013 R$ 9,99 revistaa.net sem Luiz, Santa Cruz: DE IRAQUE A CALIFÓRNIA LITERATURA: 100 ANOS DO POETINHA ANTÔNIO CARLOS E jOCAFI NO TRAPICHE cult entrevista PROMOTOR EDUARDO BITTENCOURT FALA SOBRE A ÁRDUA SOBREVIVÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO OESTE miscellanea BARREIRAS: CAMINHADA PELA PAZ PEDE BASTA À VIOLÊNCIA segurança PRESÍDIO: TRAPALHADAS DO GOVERNO DEIXA REGIÃO REFÉM DA DESINFORMAÇÃO economia Radicado há 38 anos em Barreiras, empresário candidato duas vezes a vice-prefeito solta o verbo e fala sobre política, religião, família, poesia e do bem que o AVC lhe fez

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Pra você que está sempre na frente

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r$ 9,99

revistaa.net

semLuiz,

Santa Cruz:de Iraque a CalIfórnIa

LITERATURA: 100 ANOS DO POETINHA

ANTÔNIO CARLOS E jOCAFI NO TRAPICHE

cult

entrevistapromotor eduardo bittencourt fala sobre a árdua sobrevivência do ministério público no oeste

miscellaneabarreiras: caminhada pela paz pede basta à violência

segurançapresídio: trapalhadas do governo deixa região refém da desinformação

economiaRadicado há 38 anos em Barreiras, empresário candidato duas vezes

a vice-prefeito solta o verbo e fala sobre política, religião, família, poesia e do bem que o AVC lhe fez

4 revis ta da bahia out-nov/2013

Diferençasadministrativas entre LEM e Barreiras

Na edição 12, na qual encerramos a série de reportagem com análise socioeconômica das cinco cidades mais populosas do Oeste, ouvimos de um jovem mineiro que viera curtir o car-naval de Barreiras as suas impressões sobre a cidade. “Tô me sentindo na Índia”, disse, referindo-se a desorganização e ao

desrespeito no trânsito, agravado pelos buracos no asfalto e pelo esgoto correndo a céu aberto.

Deste depoimento para cá já se passaram quase dois anos e a realidade de Barreiras não está muito diferente daquela época. Tem-se a impressão de que a má vontade do poder público é tão grande que quando se pensava que não poderia ficar pior, tem-se a impressão que ficou. Basta comparar-mos Barreiras e Luís Eduardo Magalhães nos últimos anos. O ex-distrito de Barreiras dá exemplo de eficiência administrativa e de postura progressista. Luís Eduardo Magalhães inaugurou, recentemente, a Procuradoria do Con-sumidor; em Barreiras, o Procon não passa de um projeto virtual emperrado em uma falta de vontade tão sólida que nem a seccional da OAB e a Câmara Municipal conseguem superá-la.

A reportagem desta edição sobre o Santa Cruz, apesar de expor os proble-mas sociais e de infraestrutura do bairro mais populoso de Luís Eduardo Ma-galhães, mostram a força de sociedade civil organizada atuante. Só para se ter uma ideia, a Associação dos Moradores do Aracruz administra uma rádio comunitária, uma Casa de Passagem, o Centro Digital de Cidadania, o projeto Cidadão do Futuro e uma indústria de vassouras de garrafas recicladas.

O bairro tem uma escola modelo municipal com piscina semiolímpica e o complexo esportivo e o ginásio de esportes Barreiras estão abandonados. Um Centro de Artes e Esportes Unificados (CEUs) está para ser inaugurado ao lado da escola modelo. Trata-se de uma praça com pistas de skate, biblio-teca, laboratório de informática, anfiteatro e quadra poliesportiva coberta. Alguém lembra da Praça da Juventude, projeto da ex-gestora de Barreiras?

Essa Praça da Juventude era exatamente um CEUs, obra do governo fe-deral do Pacote de Aceleração do Crescimento (PAC), também está

abandonada e sem perspectiva nenhuma para reinício.O presídio regional de Barreiras, cujos recursos foram depositados em 2011 na Caixa Econômica Federal pelo

Ministério da Justiça, agora virou refém da desinfor-mação do governo. Este é tema de outra reportagem desta edição, que mostra a trapalhada iniciada por uma nota oficial dizendo que o presídio regional iria ser substituído por uma Central de Detenção Provi-sória em Luís Eduardo Magalhães. Informação, inclu-sive negada pelo governador, que negou ainda que o governo federal houvesse liberado os recursos. No

entanto, os recursos estão depositados em uma conta na CEF, como mostra a reportagem.Mas, esta edição não gira apenas em torno dessas

querelas e omissões políticas que envolvem a região Oeste. A capa, aliás, é uma boa dosagem de otimismo. O empresário

carioca Luiz Bastos, conhecido como Luiz da Economia, conta como superou o AVC, a perda de sua loja por um incêndio e como é ser pai, aos 61 anos de idade, pela sexta vez.

Do editor

Ouza Editora Ltda.

DirEtOr DE rEDaçãO E EDitOr Cícero Félix (Drt-PB 2725/99)

(77) 9131.2243 e 9906.4554 [email protected]

DirEtOra COmErCiaL anne Stella

(77) 9123.3307 e 9945.0994 [email protected]

rEDaçãO Gabriela Flôres e alyne miranda

SECrEtária DE rEDaçãO Carol Freitas

(77) 8826.5620 e 9176.4555 [email protected]

iLuStraçãO Júlio César

EDiçãO DE artE Leilson Soares

COnSuLtOria DE mODa Karine magalhães

rEviSãO rônei rocha e aderlan messias

imPrESSãO Coronário Editora e Gráfica

tiraGEm 3 mil exemplares

aSSinaturaS/COntatOS COmErCiaiS Barreiras

(77) 3613.2118 / 9906.4554 / 9131.2243 / 9123.3307Barra

Helena: (74) 3662.3621Bom Jesus da Lapa

Gisele: (77) 9127.7401Luís Eduardo magalhães

Dávila Kess: (77) 9173.6997 / mônica Zanotto: (77) 9969.9679Santa maria da vitória

marco athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 rosa tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797

Rua Profª. Guiomar Porto, 209 - Sala 105 Tel.: (77) 3613.2118 - Centro - Barreiras (BA)

ANO 3 - Nº 19 OUT-NOV/2013

A r.A obedece a Nova Ortografia da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas

colunas assinadas.

www.revistaa.net

8 revis ta da bahia out-nov/2013

17 | A MiscellANeAmanifestação: um basta à violênciaShow: Setembro de grandes atrações em LEm, Barreiras e São

DesidérioDesenrola a língua, por aderlan messiasO personagem: a espera de Odelisaexclamação, por Karine magalhães

27 | ecoNoMiA & MercADoturismo: Gente, a chave do sucessoinauguração: Oficina Hyundai: econômica moderna e ecológica Pesquisa: O que você não sabe sobre o seu cliente Casa: Design Center & abraccio: parceria conectada com o estilo urbano Opinião: Carta para Lorena, por Emerson Cardoso 35 | eNtrevistA: EDUARDO BITTENCOURT ministério Público poderia mais atuante

38 | segurANçA trapalhada do governo deixa o Oeste refém da desinformação 40 | cApA Otimista sem economia

46 | reportAgeM Santa Cruz: de iraque a Califórnia das nações

53 | uM lugArrui rezente: Eu sei o caminho

54 | cultmúsica: 31 de agosto, dia de antônio Carlos e Jocafimúsica e literatura: O centenário do Poetinha impressões, por anton roos

60 | sociAlgelo, limão e Açúcar, por tizziana Oliveira

índice

cláudio foleto

out-nov/2013 revis ta da bahia 9

[email protected]

canaisleitor

revista a

Matéria de capa (BR-135)A equipe de redação da r.A entrou em contato com o DNIT para solicitar informações sobre a BR-135 e obteve a seguinte resposta no dia 12 de setembro: “Em atendimento à Vossa demanda, informa-se que o valor investido neste trecho foi R$ 94.301.057,84. As obras estão paralisadas devido à ação popular tramitada na Justiça Federal de Barreiras/BA que embargou a obra solicitando a elaboração de EIA/RIMA para construção da Ponte sobre o Rio Corrente. Outro impedimento para continuar a obra é a suspensão da licença ambiental, no trecho do km 207 ao km 212, devido à presença de cavidades naturais subterrâneas. O DNIT está tomando providências para conclusão do EIA/RIMA da ponte sobre o Rio Corrente e estudando alternativas técnico-ambientais viáveis para contornar as cavernas naturais. Atenciosamente e à disposição SIC/DNIT.”

Ação do Senadinho no Rio de Ondas“Nós do Senadinho, temos essa consciência e queríamos compar-tilhar com todos os barreirenses em uma campanha do bem, para que haja uma sensível melhoria na nossa qualidade de vida!! Parabéns a todos, em especial à r.A , aos amigos e chacreiros que contribuíram para mais uma ação do Senadinho!” Digão Sá

“Parabéns, estão fazendo um grande trabalho, dando um exemplo de cidadania, amor, coragem e educação!!! Um forte abraço.”Carlos Dubois

out-nov/2013 revis ta da bahia 11

12 revis ta da bahia out-nov/2013

caiunarede Colaboração do internautaEnvie uma foto, sugestão de pauta, comentário. Participe! Você faz a notícia.

quantos shoppingso oeste suporta?

25/09

04/09

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04/09

O Oeste espera, há anos, pela construção de um shopping. A falta de opção de entretimento no modelo oferecido por esses complexos comerciais na região tem angustiado a população. Aliás, a falta de um shopping nessas terras do “além São Francisco” tem emperrado o desenvolvimento. É claro que não é só isso e nem isso é mais significante para o desenvolvimento regional, mas não se tem dúvida que isso pesa contra.

A notícia que se tinha sobre o assunto, até então, havia sido sepultada no ano passado, depois das eleições, com a derrota da prefeita Jusmari Oliveira. Seu argumento eleitoreiro de construção do shopping não passou na aprovação das urnas e os empreendedores do projeto desapareceram. Mistérios...

Agora, de repente, surgem três novos projetos para constru-ção de shoppings: dois em Barreiras e um em Luís Eduardo Magalhães. Uma fonte que pediu sigilo informou que há outro no páreo, em Barreiras. Ou seja, há quatro projetos de shopping para região. Mas, afinal, quantos shoppings o Oeste comporta?

Alguns empreendedores defendem que a região só admite um, não importa se em Barreiras ou em Luís Eduardo Ma-galhães. Outros, que este só poderia ser em Barreiras, uma vez que é o centro comercial do Oeste e agrega inúmeros municípios em seu entorno. Há quem arrisque em dizer que há mais especulação que interesse.

Em conversa com um diretor de um dos grupos, este con-fessou que há muito alarde e fanfarrice em torno do assunto. Estudos de mercado apontam que a região só comporta um empreendimento desta natureza e que a cidade de Barreiras é, realmente, quem reúne as condições mais favoráveis para recebê-lo. Disse ainda, que quem vai definir qual projeto deve ser realmente concretizado é o pool de lojas âncoras. No momento em que essa escolha for feita, os outros projetos serão abortados. É esperar para ver vai ser o escolhido. E mais: se esse escolhido vai, realmente, construir esse shopping.Tag: shopping

Encontre a notícia Digite a tag na ferramenta de busca do site para localizar sua informação.

br-135: Quatro mortes em menos de uma semana

Meio Ambiente: Serra do Saco “de lixo”

pátio da prf lotado: maisde 200 carros apreendidos

No total foram 18 pessoas atingidas pela imprudência nas estradas do Oeste baiano, em menos de uma semana. Uma morte por dia na BR-135, em Barreiras, no trecho que liga Barreiras à São Desidério e no sentido Riachão das Neves. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, a maioria desses acidentes é causada por imprudência ao volante, como: ultrapassagens indevidas, a mistura de álcool e direção ou falta de atenção na pista. Tag: mortes

Papel, sacolas, garrafas, plásticos, entre outros objetos, tem sido encontrado com frequência às margens das rodovias que cortam a região oeste. Serra do Saco, em Barreiras é exemplo da falta de consciência ambiental de muitos motoristas e pessoas que depositam lixo nesses locais.É importante ressaltar que quem joga lixo nas rodovias comete infração de trânsito, prevista no Código de Trânsito Brasileiro – CTB. “Art. 172. Atirar do veículo ou abandonar na via objetos ou substâncias: Infração – média; Penalidade – multa no valor de R$ 85,13, com desconto de quatro pontos na carteira de habilitação.” Tag: meio ambiente

Menos de sete meses e mais de 200 veículos se aglomeram no posto da Polícia Rodoviária Federal. Grande parte desses veículos está presa por falta de documentação. Segundo o inspetor da PRF em Barreiras, Vanderlúcio Alves, “no total são 208 veículos, entre carros e motos, desses, 34 tem restrição judicial e não podem ser leiloados, os outros 174 passam por vistoria, antes de serem inclusos num novo leilão, ainda sem data marcada”. Tag: pesquisa

out-nov/2013 revis ta da bahia 13

abordo Salve Aparecida!

No coração de Luís Eduardo Magalhães a padroeira do Brasil, sob o arco da entrada princial da

catedral, dá boas-vindas aos fiéis. Cartão postal da cidade, a igreja ratifica a religiosidade do povo

brasileiro, que diariamente deposita fé aos pés da santa, na esperança de um país

mais ético, justo e menos violento.

Veja outras fotos no menu Ensaios/A bordo www.revistaa.net

16 revis ta da bahia out-nov/2013

miscellaneaeventos, design, tendência, moda...

c.f

Éli

X

uM Basta À VioLÊnCia

Barreirenses espalham cruzes na cidade e vão às ruas pedir paz e protestar contra violência que cresce assustadoramente na região

texto GABRIELA FLORES

MANIFESTAÇÃO

18 revis ta da bahia out-nov/2013

miscellanea

Com cartazes e trajados de branco, cerca de mil pessoas de diversos segmentos da sociedade de Barreiras foram às ruas protestar contra a violência na região. Pediram por justiça para crimes que chocaram a cidade e que conti-

nuam sem solução, qualidade no ensino e na saúde pública. Cerca de 600 cruzes amanheceram espalhadas na cidade no dia (03/10) da cami-nhada para simbolizar as mortes ocorridas nos últimos anos na região.

“Infelizmente, o governo estadual e municipal não estão conseguindo resolver o problema da segurança. Só com a união da comunidade é que vamos conseguir vencer essa luta”, disse Gil Areas, presidente da Comis-são Voluntária pela Segurança e Paz de Barreiras (CVSPB), organização que realizou a caminhada que está em sua 5ª edição.

Representante da Igreja Católica no evento, o Bispo Dom Josafá Me-nezes ressaltou a importância da união e a falta de religiosidade na vida das pessoas. “Os índices são alarmantes. Estamos em uma sociedade que perdeu seus valores, que resolve os problemas de uma maneira irracional. A violência é um desrespeito à pessoa humana, nós passamos a ser vistos como objetos. Precisamos educar as pessoas e mostrar o caminho de Deus e da paz”, declarou o Bispo.

“Toda manifestação que contribuir para melhorar Barreiras é de ex-trema importância. É preciso investir mais em segurança para diminuir os índices da criminalidade”, disse Gabriel Barbosa, membro do Senadi-nho, grupo barreirense que vem im-plementando ações para promover a cidadania na cidade.

Parentes de vítimas que ainda esperam respostas para crimes que chocaram a sociedade também par-ticiparam da caminhada. A sede de justiça e a indignação estavam pre-sentes nos cartazes, nas vozes e no silêncio dos caminhantes. A irmã do policial Paulo Renato, assassinado brutalmente ano passado, desabafou: “Queremos que os culpados sejam punidos”.

De acordo com a Polícia Militar, que tem um efetivo de 308 policiais, incluindo os cargos internos adminis-trativos, o consumo de drogas, em es-pecial do crack e da cocaína, tornou--se um dos maiores fomentadores da insegurança que a população ex-perimenta diariamente nas ruas (ver matéria sobre presídio regional na página 38).

De acordo com o CDCA/, até 2010, em Barreiras existiam70 pontos de prostituição e 75 pontos de venda de drogas

2012

55 homicídios76 atentados419 roubos e furtos40 gangues com um exército de mil jovens

raio x da violência em Barreiras

fontes: cVsPB

foto

s: c

.fÉ

liX

out-nov/2013 revis ta da bahia 19

Numa sequência de shows de despedida da banda Chiclete com Banana, Bell Marques se apresentou em Barreiras, no último mês, depois de divulgar um vídeo no You Tube, anunciando que ficaria na banda so-mente até o carnaval de 2014. Bell ficou à frente do Chiclete por 33 anos, mas, por motivos não revelados, decidiu seguir carreira solo.

Chiclete com Banana tem 27 discos e dois DVDs gravados. Fazia em média 130 shows por ano. Entre os sucessos consagrados na voz de Bell estão “Diga que valeu”, “Cara caramba”, “100% você”, “Nana banana” e “Chicleteiro eu, chicleteira ela”.

O show do Jota Quest, realizado no espaço Avenida Quatro Estações dia 20 de setembro comprovou que o pop-rock tem vez em Luís Eduardo Magalhães, apesar de realizar show gratuito na Festa da Paz no dia seguinte, a receptividade e o comportamento da plateia ilustraram um cenário favorável ao estilo musical. Os sucessos da banda, “Encontrar Alguém”, “Mais Uma Vez”, “Já foi”, “Dias Melhores”, entre outros, fizeram o público cantar e se divertir durante o show.

Com uma grade de atrações diversificada, a 17ª edição da Festa da Paz de São Desidério, aconteceu entre os dias 19 e 22 de setembro e se-gundo a organização do evento, cerca de 70 mil pessoas passaram pelo Coliseu da Paz durante a festa.

O Padre João Carlos abriu os festejos seguido por Fernando Mendes, autor de sucessos como “A desconhecida”, “Cadeira de rodas” e “Você não me ensinou a te esquecer”. Aviões do Forró esquentou o segundo dia de festa. No sábado, sob o comando do vocalista Rogério Flausino, o público escutou os sucessos que marcaram os 15 anos de estrada do Jota Quest. Depois do pop rock, a musa do axé music, Cláudia Leite, levantou a galera com seu ritmo frenético.

Setembro de grandes atrações em LEM, Barreiras e São Desidério

SHOWS

jota questBanda lotou casa Quatro Estações, em Luís Eduardo Magalhães. No dia seguinte o grupo se apresentou no Coliseu da Paz, em São Desidério

Desenrola aderlan messias Professor universitário, licenciado em Letras

Vernáculas, bacharel em Direito e especialista em Psicopedagogia e pós-graduando em Criminologia

CONECTADOfacebook: [email protected]

e-mail: [email protected]

por ADerlAN MessiAs

“Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres”

As arapucas da pontuação

Você possivelmente está se perguntando por que esta frase encontra-se tão confusa. Por meio dela fica difícil deduzir a intencionalidade do emissor, pois várias são as falhas no processo comunicativo.

Esta sentença foi escrita por um homem moribundo que almeja-va deixar a sua fortuna para alguém, mas morreu sem antes fazer a pontuação. E agora, com quem deve ficar a herança?

Observe que a pontuação é recurso gráfico necessário na linguagem escrita, composta de coesão e a coerência textuais. Quando não empregada, ou empregada indevidamente, o ruído comunicativo certamente aparecerá, a exemplo do excerto que abre esta coluna. A quem é destinada a fortuna? A irmã? Ao sobrinho? Ao padeiro? Aos pobres? Cada concorrente fará a sua pontuação, conforme seu interesse:

a) a irmãDeixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Ja-mais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.b) O sobrinhoDeixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Ja-mais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobresc) O padeiroDeixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

d) O pobreDeixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.Fica evidente que a vida pode ser interpretada e dividida

de diversas formas. A pontuação é você quem faz. Fora a mo-ral da história, pode-se afirmar que a pontuação é importante recurso coesivo, sintático e semântico na construção da tex-tualidade. Muitos se arriscam na ideia do senso comum que a pontuação serve para o “leitor respirar”. Cuidado, leitor, onde você respira! A sua “respiração” pode te colocar em situações desagradáveis, sobretudo no aspecto pragmático da língua, o uso que ela ocupa no dia a dia, nas suas mais variadas formas. Acompanhar esta “respiração” para dar pausas na es-crita, acreditando ser coerente, é um equívoco.

Imagine você escrevendo a um amigo(a) no whatsapp per-guntando como ele(a) está e, num deslize, faz uso indevido da pontuação: “Como vc, tá?” Ao invés de dizer “Como vc tá?” Observe que o emprego da vírgula deu informação contrária à intenção do emissor. Assim, é de extrema importância que se conheça as diferenças formais e funcionais existentes entre a oralidade e escrita, a fim de empregar, adequadamente, a pontuação como elemento linguístico crucial na formação do texto.

Segundo dados da Revista Superinteressante, edição 117, de junho de 1997, os textos do século IV eram uma bagunça, e necessitavam de intérpretes, pois a pontuação basicamente inexistia, e se existia, não tinha a mesma função que hoje, a exemplo do ponto (.), que era usado entre uma palavra e ou-tra, pois os espaços em branco surgem apenas no século VII. É na Idade Média que a escrita, aos poucos, ganha os sinais de pontuação, deixando os textos mais compreensivos.

Agora é com você, leitor! Analise as sentenças abaixo e dê a elas o contexto adequado por meio da pontuação.

1. “Maria toma banho porque sua mãe traga a toalha disse ela”2. “Se a mulher soubesse o valor que tem o homem se ajo-elharia em seus pés”Conseguiu? Acompanhe a próxima edição.

out-nov/2013 revis ta da bahia 21

22 revis ta da bahia out-nov/2013

odelisaa espera de

Ela viu Barreiras crescer, acompanhou o ritmo frenético dos caminhões rasgando o silêncio dos dias. Aos 92 anos, mantém o ‘maravilhoso’ hábito de sentar-se a calçada para assistir o tempo passar e conversar com os jovens.texto/foto GABRIELA FLORES

Com o olhar perdido no vai e vem dos carros na avenida, alguém passa, cumprimenta e segue seu caminho, mas ela fica lá observando - muitas vezes, o nada. Para Raul Seixas, dona Odelisa poderia estar ali

sentada na porta de casa esperando a morte chegar, mas, para ela é um passatempo maravilhoso, nada de “ouro dos tolos”.

Nascida em São Desidério, ela casou e mudou para Barrei-ras no dia 25 de julho de 1942. Mãe de seis filhos – quatro já falecidos -, Odelisa Gonçalves de Oliveira cuidava das crianças, da casa, dava atenção ao marido José Miguel, lavava roupa dos vizinhos no rio e ainda arranjava tempo de colocar a cadeira na calçada e observar o movimento na rua.

“Eu vi essa ponte ser construída. Eu sempre sentava aqui na porta e via os operários trabalhando”, relembra Odelisa. Aos 92 anos, a velhinha traz nas rugas que cortam o rosto a história de quem viu o crescimento de Barreiras. A ponte da qual ela fala é a Aylon Macedo (Ponte de Cimento).

Com o passar dos anos e o desenvolvimento da região, o trânsito constante de carretas e caminhões na porta da casa, que incomodaria a muitos, parece não chatear a senhori-nha. “Isso já virou uma diversão para mim. Se eu disser que incomoda, ninguém vai dar jeito”. Então ela se acomoda na cadeira sempre batendo a mão no joelho parecendo acompa-nhar o ritmo frenético do “vrum-vrum-vrum” dos veículos. Ela apenas deixa o tempo passar.

Mas ficar sentada na porta de casa representou, em alguns momentos, um risco para a vida de dona Odelisa. Certa vez, um carro vindo do sentido da ponte, perdeu o controle e

miscellanea

O personagem

chocou-se contra a casa dela. A fachada e a sala do imóvel ficaram totalmente destruídas. “Pergunte se eu recebi alguma indenização com isso? Não! Eu reconstruí a casa com a ajuda do pessoal aqui da rua”, desabafa. Em outra ocasião, estava sentada na frente de casa quando um carro invadiu a calçada. “Eu assustei, mas quando o rapaz saiu do carro eu falei: ‘tô vendo que aqui virou foi estacionamento’”, recorda. Troncos de madeira foram colocados em frente à casa como uma bar-reiras de proteção.

Quase centenária, dona Odelisa perde as contas de quantos netos, bisnetos e até tataranetos possui, mas a sinceridade é quase que uma marca registrada dela. Existem duas coisas das quais ela não gosta de fazer; festa de aniversário e conversar com pessoas da terceita idade. “Eu não gosto de falar com os velhos. Velho não tem nada de bom para dizer. Eu prefiro falar com os novos. Eu também não gosto de come-morar meu aniversário. Festa pra quê, se não tenho meus seis filhos comigo e meu marido? Isso dói aqui dentro”, diz ela pousando a mão sobre o lado esquerdo do peito. E continua: “eu sinto muita saudade dos meus filhos”.

O hábito dos finais de tarde se tornou uma fuga para ela. Em 2007, quando estava sozinha no banheiro, Odelisa caiu e quebrou o fêmur.

out-nov/2013 revis ta da bahia 23

Com dor e trancada no banheiro, ela pediu socorro por vários minutos até ser encontrada por alguns vizinhos. Com receio de ficar sozinha e trancada dentro de casa, a senhora pega a cadeira e sai. “Eu não sei explicar. Só sinto um nervoso muito grande e eu tenho que sair”, disse ela.

Nada parece tirar a senhorinha da porta de casa, a não ser os acidentes. Sempre que presencia choques entre veículos na avenida, ela corre para dentro de casa e fecha a porta esperando o movimento passar. “Eu não gosto da morte. Eu já vi muitas pessoas morrerem aí em acidentes. Eu pego minha cadeira e entro. Não quero nem saber o que aconteceu. Depois é que as pessoas contam que alguém morreu”.

Odelisa acredita que o segredo da longevidade é a sinceri-dade e a caridade. “Eu não peço pra chegar de manhã, eu não peço pra chegar meio-dia, eu não peço pra chegar de noite... Só peço a Jesus que ele me dê saúde e felicidade. E que me ajude a não deixar faltar o pão de cada dia. Se chega alguém aqui me pedindo alguma coisa, se eu tiver, eu dou, mas se não tiver peço para a pessoa voltar no outro dia que eu vou providenciar. Eu fui criada assim”, afirma.

Tendo uma vida simples, sendo honesta consigo mesma e com outros, Odelisa Gonçalves de Oliveira ainda leva ensina-mentos para as quatro gerações que já se formaram depois dela. “Hoje em dia não tem nada que preste na televisão. Então eu coloco minha cadeira aqui e sento... Todo mundo que passa quer o meu bem e eu quero o bem deles também. Isso é ser feliz e eu sou muito feliz”, finaliza ao voltar o olhar para a ponte que viu ser construída.

24 revis ta da bahia out-nov/2013

Exclamação karine magalhãesConsultora de moda, trabalhou na Maison Ana Paula e nas

lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide e em cerimoniais com Cristina Gomes. Presta consultoria à Maison Caroline.

CONECTADOfacebook: karine.beniciomagalhaes

e-mail: @ituau_Karine / twitter: @ituau_karine instagram: @karine_magalhaes

por kAriNe MAgAlhães

Conexão paris!Cerca de 100 marcas fizeram parte do calendário oficial de desfiles verão 2014 em Paris. Além dos clássicos das passarelas, como Chanel, Celine, Louis Vuitton, Christian Dior e Chanel, a temporada pariense estava repleta de novos talentos. É o caso de Holly Fulton, que trouxe uma coleção toda de cortiça recortada a mão, (no Brasil nos lembra Lampião, rei do cangaço). A semana de verão dos europeus pontuou maxi tendências bem ecléticas, fortes e surpreendentes como os volumes e os jeans lavados! Acesse Online www.revistaa.net/exclamcao e saiba mais sobre os assuntos pautados aqui!

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Vanessa Horita

26 revis ta da bahia out-nov/2013

out-nov/2013 revis ta da bahia 27

economia&mercadocarreiras, consumo, negócios, gestão, etc.

Depois de viajar e conhecer vários lugares, o empresário Frederico Maximiano Nóbrega, conhecido como Fred, notou a lacuna que havia em Barreiras no ramo do turismo. Fez uma pesquisa de mercado e investiu na im-

plantação da Flytour, franquia criada pelo gaúcho Elói D’Avila de Oli-veira, que se considera um sujeito inquieto, com alma de vendedor.

O perfil do homem que já foi garoto de rua e ergueu esse negó-cio bilionário é o mesmo de Fred. Ele não para: vive em viagens, reuniões, treinamentos, telefonemas. Bem relacionado e articulado, após abrir a Flytour Barreiras Fred, passou a focar consumidores que fazem turismo de negócio pela região. “Abrir a franquia foi uma boa alternativa, principalmente para os clientes. Com a franquia você faz parte de uma grande rede, consegue preços melhores, negociações com fornecedores. A franquia nos dá todo apoio na gestão do negó-cio. E a gente está sempre reciclando”, afirma o empresário.

“Nosso presidente já foi garoto de rua e hoje é um bilionário de sucesso. Elói Oliveira costuma dizer que uma empresa é formada por gente, então uma das coisas que eu aprendi com a Flytour é que a gente gosta de gente. Isso me ajuda a ter sucesso no que faço”, disse Fred, ao lembrar que começou a empresa, em Barreiras, com apenas um funcionário e hoje são 12, além de uma outra unidade em Luís Eduardo Magalhães.

Natural de Brasília, Fred mora em Barreiras desde 1982 e já se considera barreirense. Há cinco anos no mercado de turismo, ele aponta a falta de infraestrutura aeroportuária como o principal gar-galo da região para o negócio.

“Se existisse na cidade mais opções de voos e possibilidades de conexões, facilitaria a vida de quem pretende ir a Salvador de ma-

gente,a chave do sucesso

TURISMO

Empresário barreirense se inspira em dono de franquia que foi garoto de rua e hoje administra um negócio bilionário.texto ALYNE MIRANDA

avaliaçãoPara o empresário Frederico Maximiano a falta de um aeroporto bem estruturado, com mais opções de voos emperra o desenvolvimento regional

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nhã ou a Brasília e voltar no fim da tarde - ou o trajeto contrário! Agora não é só isso. É preciso que o governo do Estado olhe para o Oeste como um todo. Para o turismo, para a educação, saúde, infraestrutura. É claro que a falta de um aero-porto bem estruturado inibe a vinda de uma faculdade de medicina, entre muitas outras coisas”, desabafa.

Apesar dos problemas estruturais da região, Fred explica que é preciso também aprender a viver com os desafios. “Não adianta reclamar. É preciso agir, sempre. O desafio é um estímulo. Não foi à toa que chegamos aonde chegamos. Somos mais que uma empresa: somos uma família. Esse é o caminho do sucesso”, conclui.

28 revis ta da bahia out-nov/2013

economia&mercado

Segurança. Palavra que sela um negócio e estabelece a con-fiança entre um cliente e um fornecedor. Quando um cliente compra um carro zero quer, no mínimo, a garantia de ser-viços como revisão periódica e troca de óleo. E mais, uma

oficina que possa atender qualquer eventual necessidade de seu veículo. Agora, o cliente Hyundai do Oeste da Bahia tem todas es-sas garantias com a moderna oficina inaugurada recentemente em Barreiras.

A nova oficina pode ser resumida em três palavras: ecológica, econômica e tecnológica. “Para trocar o óleo do carro, antigamente,

Há um ano em Barreiras, concessionária investe em tecnologia para oferecer segurança a cliente sem agredir o meio ambiente.texto ALYNE MIRANDA

oficina hYundai:

INAUGURAÇÃO

diferencial Espaço amplo e agradável, a oficina oferece sala de espera, serviço personalizado e ferramentas de última geração para um atendimento ágil e eficiente

HYUNDAI - GTS MOTORS Av. Ahylon Macedo, 1.331 - Morada Nobre - Barreiras (BA) (77) 3613.5300

econômica, moderna e ecológica

comprava-se quatro litros, sobrava meio e não tinha o que se fazer com essa sobra. Com a nossa oficina não é assim. No seu carro ca-bem 3,5 litros? Nós vamos colocar somente essa quantidade”, expli-cou Hilton Silveira, diretor da loja.

Com o auxílio da tecnologia de ponta, os funcionários, treinados e certificados pela Hyundai em São Paulo, sequer têm contato com o óleo lubrificante colocado no veículo. Tudo é feito através de tu-bulação. “Além disso, nós fizemos todos os projetos para não gerar nenhum tipo de impacto ao meio ambiente. O óleo que a gente retira do carro é acondicionado em galões próprios, tudo por sucção”, diz Silveira.

A oficina da Hyundai conta também com um equipamento cha-mado GDS (Global Diagnostic Sistem) que conecta o carro ao com-putador. Se tiver qualquer problema em um carro e o mecânico local não conseguir identificar e resolver, basta conectá-lo à internet e os mecânicos da fábrica em São Paulo vão solucionar o problema.

Depois de muito estudos, a Hyundai estabeleceu uma linha de trabalho padrão. A marca quer ser a número um do mercado, quer ser a “marca mais querida do mundo”, por isso tanta exigência na qualidade da prestação de serviços de suas concessionárias.

Hoje, o cliente compra seu carro e sabe quanto vai pagar em todas as revisões. Sobre a mesa do vendedor há uma tabela fixa para todos os veículos e quilometragem. “Você sabe quanto vai pagar na revisão de 20, 30, 40, 50, 60 quilômetros. O cliente não tem surpresa. Sabe se a mão de obra vai ser gratuita, que peças teoricamente serão necessárias trocar em cada período. Enfim, na Hyundai o cliente tem segurança, garantia de serviços que, inclusive, ajudam na preserva-ção do meio ambiente”.

fotos: c.fÉliX

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Tomar uma decisão talvez não seja tão difícil. Por onde começar, que critérios utilizar e que resultados alcançar com essa decisão é outra questão. O tempo do “achis-mo” ficou para trás. Em um mercado cada vez mais

competitivo, com imensurável volume de informação que circula na sociedade e com o crescente nível de exigência do consumi-dor, tomar uma decisão baseada no “achismo” é um risco que pode custar caro.

“Um negócio pode começar a falir antes mesmo de abrir as portas para o consumidor; o político com a eleição na mão pode perder a campanha simplesmente porque se baseou no ‘achis-mo’; o gestor que não conhece as necessidades de sua comuni-dade, suas carências, o perfil de seus colabores está fadado ao insucesso. A pesquisa é instrumento imprescindível para avaliar desempenho, fazer um acompanhamento, orientar uma decisão. Estamos falando de uma ferramenta científica, metodológica”, explica Rony Moreno, diretor do Instituto de Pesquisa Insight, de Barreiras.

Através da pesquisa, os profissionais que atuam na gestão estratégica de um negócio descobrem informações de suma im-portância para o planejamento das ações futuras, correção de possíveis falhas, fidelização de clientes e garantia da satisfação dos envolvidos no processo.

“No campo político, por exemplo, a pesquisa de opinião pú-blica significa uma fotografia do momento que mostra dentro de uma metodologia científica e rigorosa o cenário político da localidade em estudo e os caminhos a serem percorridos pela administração em prol da sua satisfação da população”, disse Kowly Ronn, estatístico responsável pela Insight.

A Insight está no mercado há cinco anos, é registrada no Conselho Federal de Estatística e tem atuado em várias cida-des baianas, principalmente no Oeste e Chapada Diamantina. Apesar do “achismo” ainda ser bastante usado por empresários e políticos, a Insight vem conquistando mercado e ratificando o valor da pesquisa em variadas áreas da sociedade.

“Através de levantamentos sociais e econômicos temos pres-tado relevantes serviços a candidatos, prefeituras, ONGs, asso-ciações de classe, empresas privadas. O instituto vem auxilian-do empresas e entidades que buscam a gestão pela qualidade total, oferecendo ferramentas inovadoras que tornam mais efi-cientes o atendimento aos clientes, o marketing e a relação in-terpessoal nas instituições. Aos poucos, empresários, políticos e associações estão compreendo mais o valor da pesquisa”, conta Rony Moreno.

Instituto de Pesquisa Insight ratifica importância de pesquisa como instrumento imprescindível para gestão estratégica e avaliação de desempenho.texto ALYNE MIRANDA

o Que você não sabe sobre o seu cliente

PESQUISA

ALGUNS SERVIÇOS PRESTADOS PELA INSIGHTÓ Consultoria e assessoria estatística;Ó Pesquisa de mercado;Ó Pesquisa de opinião pública;Ó Perfil sócio-econômico de clientes, associados, filiados e eleitores;Ó Pesquisa de satisfação;Ó Intenção de compras em períodos festivos;Ó Popularidade, imagem e marca; Ó Pesquisa de mídia;Ó Pesquisa político-eleitoral;Ó Pesquisa de clima organizacional;Ó Avaliação de gestões municipais;Ó Levantamento de informações sobre o comércio;Ó Levantamento de informações sobre agricultura;Ó Pesquisa de preços da cesta básica.

INSIGHT INSTITUTO DE PESQUISA Rua JK, 389 - Sandra Regina - Barreiras (BA) (77) 3612.7587

em expansãoAos poucos, explica o diretor Rony Moreno, os empresários e políticos vão abandonando o “achismo” e investindo em uma leitura social com base e rigor científico

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Éli

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30 revis ta da bahia out-nov/2013

economia&mercado

Design Center & Abraccio:parceria conectada com o estilo urbano

CASA

fotos: diVulgação

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Estar conectado às tendências do mercado sempre foi uma das características da Design Center, empresa barreirense com considerável know-how em móveis requintados. Agora, está investindo na Abraccio, uma marca moderna cheia de estilo e apelo estético ultrarrefinado. A nova grife de mobiliário traz um misto de elegância, bom gosto e sofisticação com o clima suave, despojado, de cores que pontuam sobretons naturais.

Os móveis desenhados pela Abraccio foram pensados para um público conectado com as novas tendências da moda, acostumados com a nova rotina de espaços cada vez menores, que exigem adequação do mobiliário. Assim, a Abraccio oferece um design cool que deixa de lado a atmosfera clássi-ca dos outros produtos.

Inspirado nos anos 1950 e 1960, os móveis da Abrac-cio têm traços do design escandinavo. Tons cítricos, estampas étnicas e xadrez marcam a coleção. Para quem quer uma casa com sofisticação e espaços cada vez mais aconchegantes, não pode abrir mão de conferir a nova coleção Abraccio, na Design Cen-ter. Esta parceria, aliás, começa já com a campanha “Abraccio Off”, que vai até o dia 20 de novembro, com preços e prazos especiais.

DESIGN CENTER

Barreiras BR-242, km 001 (saída para Salvador) (77) 3612.4140

Luís Eduardo Magalhães Rua Rondônia, 270 (em frente ao Marmitex Vitória) (77) 3628.5338

32 revis ta da bahia out-nov/2013

economia&mercado

Um facho de luz que brilha sobre o meu olhar anuncia o nascimento de mais um habitante do planeta Terra. Mas, não é mais “um”... É “uma”! Sendo única, verdadeira,

singular. Minha filha, seja muito bem vinda! Foi nos seus olhos que vi

pela primeira vez a face de Deus e quando a coloquei sobre os meus braços tive certeza que o criador nos contemplava com a sua presença. Ele sempre esteve ao nosso lado, mas foi nesse instante que recebi seu abraço.

Seu nascimento não representa apenas um número estatístico para aumentar os 7 bilhões de seres humanos que povoam a su-perfície terrestre. Pra mim, é uma esperança que emergiu através de um grito e que veio ao mundo depois de passar por tanta ex-pectativa, emoção e susto.

Se você ficou assustada por sair abruptamente do colo do útero materno, ficará ainda mais impressionada quando entender o mun-do que vivemos. Vai ficar decepcionada ao reconhecer que passa-dos 2013 anos depois de Cristo e com tantos alimentos produzidos, tecnologia de ponta, inovações constantes, ainda temos 67% da população mundial que assola na pobreza e são vítimas das desi-gualdades sociais que persistem através dos tempos. Verás a vida humana de 1 bilhão de habitantes, assemelhada a de qualquer animal que não tem o que comer ou que padece de fome.

Esses olhinhos que hoje procuram o seio da mamãe, não podem se fechar diante de questões fundamentais que ameaçam nossa sobrevivência na órbita terrestre. Graças à ganância e desrespeito da minha geração, hoje a humanidade consome 50% a mais do que a terra consegue renovar. Ou seja, usamos um planeta e meio pra sobreviver. Até quando?

Como brasileira, dirão para você que o Brasil é o país do futuro. Ouvi muito isso quando criança, adolescente, até crescer... E posso lhe assegurar que esse futuro ainda não chegou. Dirão ainda que a educação é a solução de longo prazo para todos os problemas nacionais, no entanto, você ficará indignada quando constatar que há 1 milhão de crianças fora da escola, 4 milhões que trabalham, 45 mil delas vivem nos lixões.

Compulsoriamente, minha pequena princesa com poucos dias de vida já contribui para o aumento da arrecadação do fisco e com as mazelas do impacto ambiental. Só de fraldas, pagamos 55% em impostos e ainda não conseguimos torná-las amigas do meio am-biente. Dos doze meses do ano, o papai trabalha quatro e mais 11 dias, só para pagar os impostos ao governo e, mesmo assim, ainda tenho que encontrar divisas para lhe assegurar uma educação de qualidade, saúde eficiente e previdência privada. Não fica triste, filha. Não é absurdo. É Brasil mesmo!

Opinião por eMersoN cArDoso

Carta para Lorena

Mestrando em Gestão Social e Desenvolvimento Territorial; pós-graduado em Adm. de Empresas e Desenvolvimento de Pessoas e Bacharel em Ciências Contábeis

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Quando menino, gostava de brincar na rua de pega-pega, jogar bola no campo barrento, tomar água da torneira (não adoecia) e sempre respeitava/ouvia os mais velhos... Era uma grande festa. Não cresci em playground, muito menos, preso em apartamento ou condomínio fechado. Minha casa não tinha grade na janela ou muro com cerca elétrica. Mas, as coisas mudaram. Naquele tempo, nós tínhamos medo do bicho-papão, hoje, minha filha, você vai temer o bicho-homem.

Sua geração vai ser diferente. A turma de hoje não tem nome, tem facebook. As pessoas nascem primeiro no campo virtual. Dez minutos depois do seu nascimento a enfermeira perguntou se já estava nas redes sociais. Assim crescerá... Conquistará muitos amigos “ponto com” de línguas/comportamentos bem diferentes, conhecerá o mundo sem sair de casa e terá o controle de tudo através do chip na palma da mão... Na curta fase de infância, vai sonhar com a casa da Barbie e os meios de comunicação vão te impulsionar a comprar toda a coleção. Daí o capitalismo vai te ba-tizar no mundo do consumo, tentando transformá-la no que minha geração é hoje... A propósito, filha, quantas “barbies” você precisa para ser feliz?

A grande oportunidade é que serás educada para decidir e se responsabilizar por suas escolhas. Seus “contemporâneos” pode-rão mudar de nome ou o próprio futuro e até definirem não só com quem irão se relacionar, mas o gênero. Ninguém vai te dizer qual a profissão seguir, pois essa, você irá inventar. Espero que o conhecimento adquirido ao longo da sua passagem possa ser útil para construir um mundo melhor. Continue com o grito tão alto quanto o do seu nascimento e que nada o cale, mesmo diante das adversidades impostas pela vida. Que suas perninhas sigam firmes, fortes, engrossando os movimentos sociais e marcando seus pés nas areias inexploradas... Eu tenho esperança, eu tenho você.

Não quero ser referência, apenas respeitado. Torço para que te-nhas orgulho e sempre honre o nome de teu pai e tua mãe. Família, esse é o nosso maior valor. Talvez esteja aí o insólito patrimônio que pretendemos deixar para você: valores. Não iremos lhe cobrar pela maior nota da classe ou coleções de títulos acadêmicos, almejamos que sejas um ser iluminado capaz de amar e se doar ao próximo ou uma filha atenciosa que todos os dias agradece ao senhor por mais uma benção que é a vida. Lembre-se que papai e a mamãe vão estar sempre ao teu lado zelando pela sua felicidade, pois, quando se tornar adulta vai entender que filhos nunca crescem.

Falando da mamãe, agradeço por esse presente cândido, afável, puro e tão especial que é você, minha Lorena. Agora tenho um propósito, um bálsamo ou porto onde posso me encontrar. Obrigado meu amor. Crianças são dádivas de Deus que já me agraciou com dois filhos inusitados: Pedro Henrique e Laurinha (quis o destino assim e meu coração aceitou).

Quando nasce a filha, nasce o pai. Estamos muito felizes com a sua chegada. Todas as vezes que Deus manda um anjinho do céu como você para a Terra, é para demonstrar sua crença na construção de um mundo mais justo e, consequentemente, quando nos tornar-mos pais é uma oportunidade para sermos uma pessoa melhor...

Filha, eu te amo muito. Que papai do céu te abençoe hoje e sempre.

Receba esse manifesto como um selo que coroa nossa cumplici-dade ao longo da vida.

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EDUARDO BITTENCOURTentrevista

Milhares de litros de esgoto de Barreiras são lançados no Rio Gran-de através de vários canais; entulhos são despejados em terrenos baldios, nas margens dos rios.

Isso é foco direto de nossa preocupação, nossa atuação. Você tocou em dois temas: esgotamento sanitário e aterro para resíduos sólidos. Em 2008, o MP lançou uma campanha e firmou, com quase todos os municípios do Estado da Bahia, termos de ajustamento de conduta para implantação de aterros sanitários em substituição aos lixões. Acontece que, em 2010, veio a Lei da Política Nacional dos Resíduos Sólidos e prorrogou o prazo para os municípios para até agosto de 2014.

Mas a prefeitura não poderia fiscalizar e autuar quem dispensas-se o entulho dessa forma e quem impedisse o passeio público ou usasse a rua para depósito de material de obra de construção? O MP não poderia exigir isso da prefeitura?

Nosso foco é exatamente esse. Essa fragmentação das demandas, você atuar contra um particular, ao nosso ver, é obrigação do órgão fiscalizador - no caso o município -, principalmente pelo interesse local. Isso demandaria ação principalmente da Secretaria de Meio Ambiente dos municípios. Por isso que nós temos procedimentos instaurados para instalação, estrutura-ção e capacitação para esses órgãos nos municípios. Qual a solução para essa demanda de fiscalização ambiental? Capacitar os órgãos ambientais, porque são eles que estão mais próximos desses danos locais e podem

Com estrutura precária, o MP do Oeste tem se esforçado para responder as demandas da sociedade. Para 20 promotorias da regional de Barreiras, o MP tem apenas nove promotores titulares, que fazem a vez de substitutos nas promotorias vagas. Como se não bastasse, cada promotoria tem apenas um servidor. Essa é a realidade do órgão que, em muitos casos, significa a última esperança do cidadão, uma vez que a região não dispõe de defensoria pública. “O MP poderia atuar de maneira mais eficiente”, reconhece Eduardo Antônio Bittencourt Filho, promotor titular da Regional Ambiental. Ele ingressou no MP em 2002 e atua em Barreiras desde 2009. O jovem promotor de 36 anos, natural de Salvador, já ajuizou várias ações contra gestores da região. Mas, infelizmente, alega não poder instaurar um procedimento para solucionar o problema do esgotamento sanitário da cidade. Entenda por que na entrevista a seguir.texto/foto C.FÉLIX

MiniStério PúBLico poderia ser mais atuante

36 revis ta da bahia out-nov/2013

atuar de maneira preventiva e repressiva. O problema é que grande parte dos municípios daqui ainda não dispõe de órgãos devidamente estruturados. Nós temos municípios maiores que dispõem de secretarias com uma boa es-trutura, a exemplo de Barreiras, São Desidério, Luís Eduardo Magalhães. Mas temos vários outros municípios que a questão ambiental ainda está enga-tinhando, a exemplo de Catolândia, Cotegipe, Baianópolis. Então isso acaba resultando justamente nessas inúmeras situações que a gente registra aqui de forma corriqueira na região.

Que nível de confiança o senhor acredita que o cidadão do Oeste tem no MP: alto, médio ou baixo?

É uma boa pergunta. Talvez eu não seja a pessoa mais indicada para responder porque estou do lado de cá. O que eu sinto é que a instituição do MP, diante de outras instituições, ainda é uma das instituições que possuem maior credibilidade perante a sociedade. Claro que essa credibilidade está diretamente relacionada à atuação dos seus membros e dos órgãos em cada um dos locais em que o MP se faz presente. Onde o MP se faz mais presente porque tem promotor e esses colegas são mais atuantes, o nível de credibi-lidade é maior. Onde o MP, infelizmente, por falta de promotor ou por inope-rância do colega que está na ponta é menos atuante, o nível de credibilidade certamente tende a ser menor. Agora dados concretos sobre a percepção da população eu não sei. A promotoria está sempre aberta ao cidadão. A gente está aqui para colaborar.

As obras de saneamento básico foram paralisadas pela Embasa por falta de recurso, argumenta-se. A falta desse serviço à cidade implica em um problema ambiental sério.

Existem ações civis públicas e populares desde a década de 90 contra o município e Embasa que tramitam tanto na justiça estadual, quanto na justiça federal. Existe, inclusive, uma ação civil pública proposta pelo próprio Ibama – salvo engano em 2005/2006 - contra o município e contra a Em-basa também. A existência dessas duas ações acaba impedindo que a gente instaure um novo procedimento com o mesmo objeto. A gente acaba tendo essa limitação de atuação especificamente com relação ao esgotamento sa-nitário de Barreiras pela já judicialização da questão.

O problema seria da falta de celeridade da justiça em julgar essas ações?Sim. Seria a necessidade de uma sentença de mérito com relação a essa

demanda, compelindo a Embasa a cumprir seu papel como concessionária, bem como o município. O que eu sei é que agora existe uma discussão jurí-dica, uma polêmica com relação ao município de Barreiras e a Embasa sobre por que acabou esse recurso. De acordo com a Embasa esse recurso acabou fugindo um pouco do projeto executivo da obra, por solicitação do município. Tem também a contrapartida do município em relação a isso. Agora o muni-cípio está discutindo a cobrança da taxa de esgotamento sanitário. Eu sei que o maior prejudicado é sempre a população.

Em entrevista concedida a esta revista o presidente da Câmara de Vereadores de Barreiras reclamou da atuação do MP, como se hou-vesse omissão em relação a algumas questões.

Realmente o MP poderia atuar de maneira mais eficiente, dar uma res-posta mais séria para a população, no caso específico de Barreiras. Mas, a questão de Barreiras envolve, justamente, a ausência de promotores de jus-tiça ocupando todas as promotorias aqui da região. Pra você ter uma ideia, na regional de Barreiras nós temos cerca de 20 promotorias para apenas oito

ou nove colegas. Ou seja, todos os promotores daqui, além de atuar em sua promotoria, substituem também promotorias vagas. Nós temos também o problema de quadro de servidores na casa. A gente tem praticamente ape-nas um servidor para cada promotor de justiça. O que para promotorias que não tenham uma demanda extrajudicial significativa pode ser razoável, mas para promotorias que possuem literalmente um cartório, um único servidor não consegue dar conta da demanda. Isso acaba atrasando a marcha pro-seguimental dos procedimentos investigatórios. A promotoria que responde por improbidade administrativa em Barreiras é a Primeira Promotoria e, desde 2011, não tem um promotor, vive à base de promotores substitutos. A gente não tem como dar o dinamismo necessário pra esses procedimentos, mas o que eu posso dizer é que mesmo com essas limitações estruturais, todos os gestores e ex-gestores, pelo menos dos últimos dez anos, de Barreiras respondem ou já responderam por ações civis públicas por atos de impro-bidade administrativa ajuizadas pelo MP. Eu posso citar casos significativos como a doação da área do parque de exposições de Barreiras, o transporte coletivo de Barreiras. Foram demandas encaminhadas à justiça pelo MP que surtiram efeitos positivos em prol da sociedade. Agora todos nós gostaríamos de ter uma estrutura melhor de trabalho e ansiamos para que outros colegas venham trabalhar aqui no Oeste para que possam somar esforços conosco.

Até hoje não se fez licitação para transporte público em Barreiras.Fui eu que ajuizei a ação civil pública compelindo ao município a não

reajustar a tarifa e a fazer de imediato a licitação. Salvo engano essa ação foi em dezembro de 2010, nós estamos em outubro de 2013 e até hoje a gente não tem sentença de mérito. Volto a dizer, a gente sabe também da limitação do poder judiciário em Barreiras. Essas deficiências das estruturas dos serviços públicos na região Oeste acabam impactando as demandas da sociedade. Com relação ao transporte coletivo, todas as providências a cargo do MP foram tomadas. No começo deste ano houve uma nova tentativa do atual prefeito de reajuste mais uma vez da tarifa do transporte coletivo sem realizar a licitação devida e cobrada na ação civil pública. Na época também não havia promotor titular na Primeira Promotoria, o promotor que respondia como substituto estava afastado e eu acabei sendo designado para atuar naquele período. Eu entrei com um requerimento para a juíza da Vara da Fazenda Pública para que determinasse liminarmente a proibição de reajuste e é por isso que a tarifa do transporte coletivo não foi reajustada. Ainda não temos licitação, mas pelo menos a tarifa também não foi reajustada.

Recentemente um cidadão alcoolizado provocou um acidente e aca-bou tirando a vida de duas pessoas. Semanas antes ele havia se envolvido em outro acidente nas mesmas condições Isso não é im-punidade? A justiça é mais justa para quem tem recursos?

Esse cidadão que se envolveu nesse acidente teve a concessão de liber-dade provisória. Não foi a polícia quem o liberou, foi uma decisão judicial a qual um promotor de justiça se manifestou favoravelmente ao pedido pro-posto pelo advogado desse autor. E o juiz concedeu a liberdade provisória.

entrevista EDUARDO BITTENCOURT

A gente acaba tendo essa limitação de atuação especificamente com relação ao esgotamento sanitário de Barreiras pelajá judicialização da questão

out-nov/2013 revis ta da bahia 37

Eu não tenho como me manifestar com relação ao mérito, até porque não é minha atribuição. O que eu posso dizer é que infelizmente boa parte dessas situações são ocasionadas justamente por brechas previstas na legislação processual penal. Ela deixa claro que a prisão provisória é medida sempre excepcional, só no último caso que ela pode ser decretada ou mantida. In-felizmente, em razão do acesso ao advogado, logicamente quem tem mais recurso acaba sendo beneficiado. Isso não quer dizer que quem não tem recurso não tem direito do mesmo benefício previsto em lei. É muito chato quando a gente vê isso, acaba gerando uma sensação de impunidade gi-gantesca e isso acaba estimulando a prática de outros delitos. Infelizmente a gente sabe que essa não é a primeira situação que acontece com essa pessoa e não tem como garantir que, uma vez em liberdade, ele não venha praticar outros ilícitos.

Qual o posicionamento do MP em relação à exploração do tálio e gás xisto?

O posicionamento do MP é de atenção, preocupação e acompanhamento. Pelo menos até o presente momento não chegou ao nosso conhecimento nenhuma infração da legislação aplicada no caso do tálio, bem como no caso da exploração da pesquisa por petróleo e gás xisto em Luís Eduardo Magalhães. Em relação ao tálio, especificamente, nós temos acompanhado isso desde que nos foi informada a descoberta das jazidas aqui na região Oeste, principalmente no Val da Boa Esperança. Até onde sabemos algumas áreas ainda estão em fase de pesquisa, outras já tiveram os relatórios de pesquisa concluídos e encaminhados ao órgão responsável e em apenas uma dessas áreas, o empreendedor já entrou com o pedido de lavra e, se não me engano, com o pedido de licença ambiental, mas a exploração ain-da não se iniciou. Com relação ao petróleo e ao gás xisto em Luís Eduardo

Magalhães, a mesma situação, nós sabemos pelos meios de comunicação da vinda da Petrobras pra isso. Tivemos acesso ao processo de licenciamen-to ambiental e aparentemente está todo regular. O que se pretende, por enquanto, ainda não é a exploração. Apenas a pesquisa em várias áreas a pedido da ANP. Mas a preocupação é maior do que com o tálio, porque a área de exploração do gás xisto e do petróleo está abaixo do aquífero Urucuia. Esse aquífero é o pai das águas do cerrado. Todos os rios perenes do cerrado baiano são originários das águas do Urucuia. A contaminação de um aquífero como o Urucuia vai causar um prejuízo catastrófico pra toda a região, por isso que é fundamental um acompanhamento de perto dessa demanda, mas até onde nós sabemos não há nenhum dano ambiental, a pesquisa está ocorrendo de acordo com a legislação aplicada. Pelo que se sabe a exploração do gás xisto é extremamente danosa ao meio ambiente, isso já aconteceu em vários países e a gente não quer que essas experiên-cias negativas sejam aplicadas aqui também.

Os agrotóxicos também causam dano ambiental.Sim. Nós temos uma ação civil pública que foi movida recentemente com

relação à tentativa da utilização do agrotóxico que se pretendia aplicar con-tra a helicoverpa. O Ministério da Agricultura liberou a aplicação do produto sem registro, a ADAB também deu ok à aplicação desse produto e nós tive-mos que ingressar com uma ação pública contra o Estado da Bahia e contra a ADAB. Além dessa ação civil pública, existem pontualmente autos de in-fração por uso de agrotóxicos sem registro e pelo uso em desconformidade com as normas técnicas.

Entrevista na íntegra no menu Entrevista do sitewww.revistaa.net

38 revis ta da bahia out-nov/2013

do governo deixa o oeste refém da desinformação

trapaLhada

A então Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) da Bahia emite nota técnica informando que os recursos para a construção da penitenciária de Barreiras estão garantidos através de contrato com a CEF.Na época, só faltava aprovação dos projetos e planilha orçamentária para início do processo licitatório e contratação da obra.

A Revista A publica reportagem com informação da Superintendência da Caixa Econômica do Oeste de que os recursos para construção do presídio de Barreiras estavam creditados em conta vinculada ao contrato

Secretário de Administração Penitenciária e Ressocizalização, Nestor Duarte, encaminha documento ao diretor geral do Departamento Penitenciário Nacional solicitando alocação dos recursos da construção do presídio de Barreiras para construção de um Centro de Detenção Provisória (CDP) em Luís Eduardo Magalhães.

Surpreendido com a decisão do governo, o prefeito em exercício de Barreiras, Paê Baborsa, emite nota manifestando indignação. No mesmo dia o secretária de Administração Penitenciária e Ressocialização solta uma nota dizendo que o governo estava negociando com o Banco do Brasil novos recursos para construir o presídio de Barreiras e que o CDP de LEM iria custar R$ 10 milhões.

Em Barra, o governador responsabilizou o Ministério da Justiça pela confusão e disse que não iria transferir de Barreiras e que estava buscando financiamento no BB porque o governo federal não havia repassado os recursos para a construção do presídio de Barreiras. No entanto, no site da Caixa Econômica Federal, acessado em 11/10, consta que os recursos foram creditados na conta vinculada no dia 07/01/2011 e que o valor originário de R$ 16 milhões, corrigido, já se aproxima de R$ 18 milhões.

segurança

EntEnDa o caso

20/08/2010

03/10/2010

07/08/2013

26/09/2013

maio/2013

acesse depoimento do governador jaques Wagnerem: http://goo.gl/HaiEVS

out-nov/2013 revis ta da bahia 39

Documentos emitidos pela Secretaria de Administração Penitenciária da Bahia se contradizem, governador diz que recursos do governo federal ainda não saiu e Caixa Econômica Federal alega que dinheiro está em conta desde 2010.texto C.FÉLIX

Depois que um documento se tornou público, informando a transferência de recursos e substituição da construção da penitenciária de Barreiras por um Centro de Detenção Provisória (CDP) em Luís Eduardo Magalhães, o imbróglio

começou. Assinado por Nestor Duarte, secretário de Administração Penitenciário e Ressocialização (SEAP), o ofício deixava claro que os R$ 16 milhões empenhados pelo Ministério da Justiça para a obra de Barreiras seria transferido para construção do CDP na cidade vizinha.

Tão logo soube da notícia, o prefeito em exercício de Barreiras, Paê Barbosa, soltou nota, indignado. “A decisão silenciosa tomada representa um golpe ao município e ao seu povo, e um desrespeito às instituições públicas e da sociedade civil atuantes nesta causa”, disse Paê.

No mesmo dia, a SEAP soltou uma nota técnica ratificando a construção do presídio em Barreiras. Dizia, inclusive, que o número de vagas seria ampliado para 533 (era 466) e o método de cons-trução seria modificado. O valor da obra passaria de R$ 18 para R$ 22 milhões e estaria pronta em sete meses. A nota dizia ainda que um CDP seria construído sim, em Luís Eduardo Magalhães, mas com recursos de R$ 10 milhões.

No último dia 3 de outubro, o prefeito Paê Barbosa e o bispo Dom Josafá foram à Barra pedir explicações ao governador Jaques Wagner. Este, disse que a confusão foi causada pelo Ministério da Justiça.

“Não estamos tirando nenhum dinheiro de Barreiras. Ao con-trário, pela demora do dinheiro do governo federal, eu estou colo-cando dinheiro do governo estadual. É óbvio que se vier - quando vier! – o dinheiro [do governo] federal, já tendo feito o presídio de Barreiras, eu vou destinar ele para outros locais: Itabuna, Santo Antônio de Jesus, Bom Jesus da Lapa e pra Luís Eduardo”, disse o governador, gerando mais dúvidas e desconfianças sobre o as-sunto.

Na edição de maio deste, a r.A publicou uma reportagem com documentos sobre o empenho dos recursos do MJ para a cons-trução do presídio de Barreiras. Trouxe, também, a informação da Superintendência Regional da Caixa Econômica Federal de que os recursos estavam creditados em uma conta vinculada ao contrato.

Agora, o governador diz que está recorrendo a outra instituição financeira para adquirir empréstimo porque o governo federal não libera os recursos. Ou o governador está desinformado ou faltando com a verdade, ou a Caixa Econômica Federal está com defeito no sistema. De acordo com acesso ao site da CEF, em 11 de outubro, constava que os recursos para a construção do presídio de Barrei-ras continuavam creditados na conta do contrato.

Como se não bastasse, além do Oeste ser refém da violência e do descaso do poder público, agora é da desinformação.

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otimistasem economia

Seu nome é Luiz José Bastos, mas é conhecido como Luis da Economia. Carioca radicado em Barreiras desde 1975, ele foi candidato a vice-prefeito duas vezes, mas se diz vacinado da política e reclama dos vícios na área. Já perdeu sua loja em um incêndio, teve AVC, morre de medo da morte, mas nunca baixou a cabeça. O homem é um otimista inveterado, um verdadeiro bon vivant.texto/foto CÍCERO FÉLIX

“O AVC ensina a gente. A vida é como a doce água do rio de Ondas: passa e não volta mais”, reflete Luiz, ao lembrar daquela noite de agosto de 2005, quando foi aco-metido pelo acidente vascular cerebral. Felizmente, não ficou sequela, mas, uma lição: não se pode brincar com a saúde. A partir daquele momento, Luiz mudou o estilo de vida. Eliminou os excessos, fez reeducação alimentar e passou a realizar atividades físicas com frequência. “Hoje, estou melhor”, garante, com vibração, energia e muita alegria. Não é pra menos. A dois meses de completar 61 anos, acabou de ser pai pela sexta vez.

Luiz José Bastos, ou apenas Luiz da Economia, nasceu em Cambuci, Rio de Janeiro. Veio com seu irmão Paulo Renato morar em Salvador no ano em que o Brasil conquistou tricampeonato mundial de futebol. Seus pais Sérgio Dias e Noemia da Silva Bastos emanciparam Luiz quando ele tinha apenas 17 anos. Em julho de 1975 ele chegou a Barreiras. “Assim começou minha vida”.

Onze anos mais tarde, um episódio iria definir o otimismo como uma das marcas mais significativas de sua personalidade. Sua loja, no centro da cidade, pegou fogo. As chamas consumiram tudo que tinha lá dentro. “Quando aquilo aconteceu, eu tive certeza que eu daria a volta por cima. Deus foi bom comigo e eu continuei crescendo. A fumaça ficou para trás, a vida continuou, a vida continua”.

Luiz da Economia, que já foi candidato a vice-prefeito duas vezes, recebeu a r.a em dois momentos para conversar sobre sua trajetória em Barreiras. O primeiro foi no escritório do Café Fafá e o segundo em sua casa, na Vila Dulce. Não tem formação superior, mas se diz diplomado pela vida, formado pelo mundo. Sem economia, falou sobre política, religião, família, Barreiras, poesia e composições musicais. Veja a seguir.

o inícioQuando eu fui abrir a primeira empresa em Salvador, meu pai me emanci-

pou. Era uma loja de móveis. Depois, fui morar em Irecê e a partir daí passei a viajar pela região, numa Rural. Eu e mais quatro companheiros saíamos viajando, fazendo a pré-venda, cobrança. Quando eu cheguei em Barreiras, com essa equipe de vendas, a primeira arriada do caminhão foi um sucesso, já estava tudo vendido. Tinha 22 anos e os cabelos bem compridos. Doutor Orlando de Carvalho, tio de Antônio Balbino, me chamava de “Econômico”. Dizia: “Juventude é isso: cabelo grande, mas trabalhador e responsável”. Eu agradeço a Barreiras e região, foi quem me impulsionou, me colocou pra frente. Agradeço, também, a meus irmãos Paulo Renato e Rubens Dias Bas-tos. Rubens era representante comercial no norte-nordeste e encaminhou praticamente toda a nossa família de nove filhos (cinco homens e quatro mulheres) de dona Noemia e seu Sérgio. Agora, o nome “Loja da Economia” quem sugeriu foi Paulo Renato. Deu certo! De lá pra cá investi em vários empreendimentos. Hoje, quem toma conta são meus filhos. Quem quer ver seus filhos crescerem tem que prepará-los pra isso, dar confiança e entregar os negócios a eles em vida. É assim que eu penso.

Foi fogoUm dos maiores tombos que eu tomei foi em 1986, quando incendiou a

nossa loja, em frente ao Banco do Brasil. Foi tudo pro chão! Minha carteira de cobrança, controles... tudo que eu tinha foi queimado. Mas, não houve acidente com ninguém. Foi de um sábado para domingo. No domingo, eu estava certo de jogar futebol no estádio e fui, mesmo depois do incêndio. Olha, quando aquilo aconteceu, eu tive certeza que eu daria a volta por cima. Deus foi bom comigo e a coisa continua crescendo. Quando eu olho pra trás, eu vejo que aquela fumaça ficou lá, a vida continua. Não esqueço quando Doutor Reginaldo me visitou e disse: “Luiz, nós viemos aqui ser solidário a você e trazer força”. Várias pessoas me procuraram para pagar seus débitos. Foram solidários! Claro que teve gente que se aproveitou da situação.

o clienteAprendi na vida o seguinte: quando eu atendo um cliente, minha maior

preocupação é satisfazê-lo, deixá-lo feliz. A remuneração, pela venda do pro-duto, deixo pra depois. O lucro pouco importa na hora que eu tô atendendo. Eu não tô visando o lucro naquele momento. A gente é remunerado pelo volume das vendas, é verdade. Lógico que a gente tem um comércio e ga-nho minha vida através das rendas dos meus produtos. Mas, minha maior preocupação como empresário, como lojista é o prazer de trabalhar e dar satisfação a quem adquire os nossos produtos.

Barreiras antesEra muito boa. A pequena Barreiras que eu conheci com 35, 40 mil ha-

bitantes tinha o Jangada, o La Barca, o Dragão... tinha essa beira de rio que a gente usava muito. Era uma cidade pequena, mas muito prazerosa de se viver. As coisas mudaram, cresceram, gente nova chegou. Hoje, a gente sai na cidade e vê mais gente desconhecida do que conhecida. Naquela época era o contrário! A gente olhava para os lados e se sentia dentro de casa, como se estivesse em família. Isso é coisa de cidade interiorana. Esse povo é hos-pitaleiro demais, o pessoal da velha guarda é maravilhoso e só tem chegado gente boa pra fazer com que essa nossa região cresça cada vez mais. Hoje, vêm essas bandas grandes, shows, muita gente. Você vai com uns amigos e fica ali encurralado, curtindo com aquelas 10 pessoas. Barreiras, naquela

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época, tinha festas com mil, duas mil pessoas. Você interagia com todos eles. Aí que era o gostoso... saudades desse tempo. Tinha o Festival da Canção que teve bons períodos lá no Padre Vieira. Nosso Eliauci e o saudoso Nem gostavam de fazer aquilo. Eu tinha prazer em ajudá-los pra realizar aquele evento. Naquela época, não tinha nem TV em Barreiras. O entretenimento era pouco! Você nem imagina o bem e a forma que incentiva os jovens a tocar violão, fazer poesia, cantar. É uma pena que morreu. Isso aí dá saudade... mas acho que esse espaço está aí, essa lacuna. A Secretaria Municipal de Educação poderia reativá-lo. Tem tantos talentos, tantas pessoas boas que poderiam ser motivadas!

Poesias e cançõesPouca gente sabe que eu gosto de escrever. O festival me estimulava muito! Quando a gente

consegue colocar no papel um pensamento e torna aquilo uma mensagem para muitos é uma coisa inexplicável. Parece que a gente recebe uma mensagem, as ideias se encontram e de repente você consegue tirar um verso, uma rima bonita - palavras que servem de mensagem para alguém. Uma de-las eu fiz há mais de 30 anos: Alerta. Ela foi até musicada e é muito atual. Uma das frases que eu recito muito para as pessoas é: “A vida é como uma vela acesa/ Que o vento ou qualquer coisa pode apagar”. Ninguém garante que nós vamos permanecer aqui para sempre. A nossa vida pode acabar como num sopro. Eu não lia poesia, mas confesso até que fui motivado a ler poemas. Então li o chileno Pablo Neru-da, o português Fernando Pessoa. Daí percebi que eles iriam me influenciar, aquelas palavras que eu lia neles ia querer reproduzir. Cortei isso. Quando eu tô escrevendo acho que tem que sair de mim. Tenho um bocado de coisa escrita, trabalhos que dá pra juntar e montar alguma coisa. Mas eu nunca juntei porque eu faço para uma satisfação pessoal, não me julgo tão capaz, tão culto para publicar um livro. Mas, antes de morrer, vou deixar isso para os meus netos.

o político e a políticaEu não lembro a data certa, mas fui candidato a vice-prefeito com Baltazarino e Paulo Braga. Em

ambas candidaturas não fomos bem sucedidos. Perdemos uma eleição pra Saulo e outra pra Antônio Henrique. Na minha avaliação, eu não acho que o político é que maltrata a cidade. Quando o eleitor vota no político querendo alguma coisa em troca faz com que o político seja desse jeito mesmo. Enquanto existirem esses favores, a tendência é continuar como está. Agora, no caso de Barreiras, o crescimento em passos largos, a infraestrutura cada vez pior... Enquanto tiver político que entra lá e faça da prefeitura trampolim para parentes, para ajeitar a vida de amigos, vai continuar desse jeito. Prefeito foi feito para assumir o cargo e administrar a cidade, trabalhar coletivamente - esquecer de fazer favores até para quem votou nele! Votou porque queria o melhor para a cidade, não porque queria algo em troca. Eu vejo o seguinte: quando foi eleito não pode se preocupar em reeleição ou eleger ninguém. É pra administrar voltado para a comunidade, para a cidade. Todos entram preo-cupados em se reeleger, em eleger aquele candidato dele, seja vereador, deputado, governador. É inconcebível que se tire dinheiro dos cofres da prefeitura pra apoiar seja quem for. O dinheiro é pra ser gasto com saúde, educação, estradas, estrutura e não com político! Na hora em que se pensar assim, que dinheiro público foi feito para gastar com o bem geral, a coisa acontece. Mas, como não funciona desse jeito, prefeitos e governadores vêm administrando dessa forma. Os deputados liberam a verba e depois querem alguma coisa em troca. Eu não tenho vontade de voltar para a política, nem que

“Acorde irmãoAcorde para vidaO tempo está passandoA vida é como uma vela acesaQue o vento ou qualquer coisa pode apagar”Trecho do poema alerta, escrito em julho de 1979

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nenhum dos meus filhos assuma cargo po-lítico. Dizem que quando você é picado pelo bicho da política, entra no sangue e não sai mais. Eu entrei na política, saí e não volto mais. Estou vacinado.

oeste, umnovo estadoIsso aqui não valia nada para o resto do

Estado. O que que o cerrado tem? Volume de terra fácil de se plantar, de se trabalhar com maquinário pesado e bacia hidrográfi-ca muito boa. Eu acho que transformar isso aqui em um novo Estado vai ser bom. A Bahia é muito grande. Ela perde esse bra-ço, mas continuará forte. Será bom para quem o desmembramento? Para o povo que vive do lado de cá. Não vamos pensar em ajudar o Estado, o governador, os cofres do estado. Nós temos que pensar em be-neficiar as pessoas que vivem desse lado. A região é pouca assistida pelo governo do Estado. Ele está de olho é em nossa ar-recadação. A Bahia é muito grande, são quase 1,5 mil quilômetros daqui pro Sul da Bahia. É difícil administrar.

o bem do avcQuando eu tive o AVC, saí mais consciente da forma que a gente tem que comandar a vida. Uma

das coisas que eu às vezes digo é que as pessoas têm tempo pra tudo, menos para si. O corpo é uma máquina e nós temos que tomar cuidado com ela. Se tiver alguma coisa fora do lugar, a gente não anda. Depois que chega a reta final, nós podemos prolongar nossa vida, desde que a gente tome cuidado com nosso corpo, com a nossa máquina. É preciso sempre estar conversando com si. A vida tem dois caminhos, o certo e o errado. Escolha. O AVC trouxe uma coisa boa: eu comecei a cuidar de mim. Antes, eu não tinha essa preocupação, o AVC me fez bem.

religião e medo da morteA vida é uma coisa tão boa que eu não gostaria nunca de deixar esse mundo e partir para outro. A

morte é você desaparecer. Quer coisa melhor do que você viver entre sua família e amigos? Se deliciar com uma boa comida, uma boa bebida? Deixar tudo isso e partir? A saudade de quem partiu fica no peito da gente que não tem cabimento! Quando a gente for, vai deixar o peito de muita gente sangrando. Eu tenho medo da morte. Se pudesse, queria ser semente para nascer de novo. Mas não sou espírita. Sou católico, batizado, consagrado e crismado. Agora a minha religião é praticar o bem todos os dias. Não tenho maldade no meu coração para ninguém. Se pudesse, ajudava as pessoas sempre. Essa é a minha religião: estar sempre feliz contando piada e sorrindo todos os dias. Não sou frequentador de igreja, mas tenho Deus no coração.

FamíliaEu estou no terceiro casamento. Tive quatro filhos do primeiro, um no segundo e agora chegou

outro presente de Deus. Tudo de bom que eu tenho na vida é a família. Os filhos são a descendência da gente. Nascem, crescem e quanto mais o tempo passa, mais a gente se apaixona por eles. Tudo que eu tenho de bom na minha vida são os meus filhos.

Mariazinha

Levanta cedo MariazinhaSai correndo vai fazer a feiraCom a cesta cheia na cabeça equilibrando,Toda faceira vai levando.Mostrando seu requebradoPra quem passa e quem não passa.Lá vai Maria,Maria escorrega e cai,Maria escorrega e cai,Laranja rola de ladeira abaixoTomate esmaga e não presta mais,Maria chora vendo tudo se acabar;Chegou a hora do almoço aprontarLevanta triste, sai e vai emboraA cesta pura na cabeça volta a colocarSe o patrão chegaE não encontra prontoLá vem broncaE começa o pranto.

Xote inspirado em música da Banda de Pau e Corda. Foi musicada por Antônio de Pádua e Gil Pamplona. Ficou em 7º lugar no Festival de Música e Poesia de Ibotirama, 30 anos atrás

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otimismoEu tenho uma irmã que tem mal de Parkinson. Um irmão meu que já

partiu também tinha Mal de Parkinson. Essa minha irmã é uma lição de vida, uma inspiração. Sofre com essa doença há aproximadamente 40 anos. Teve cinco filhos, dos quais o último já teve com o Mal de Parkin-son. Ela é uma guerreira! Nunca deixou de lutar. Já escreveu dois livros de poesias, pinta diariamente e, com toda a dificuldade de saúde, nunca se entregou. Busca sempre dias melhores e vive a vida intensamente. E ainda tem força para se entreter. Tudo que aparece na vida da gente, é preciso ser perseverante e acreditar que somos capazes de superar, seja em hora difícil na saúde ou na vida profissional.

FuturoPra falar do futuro eu dou uma volta ao passado. Quando cheguei em

Barreiras, acreditei muito no potencial dessa região. Nós somos geografica-mente bem localizados. Quando eu cheguei aqui, tudo estava para aconte-cer. Tínhamos terra em abundância, bom volume de rios, chuva satisfató-ria. Terras boas, terras médias e terras fracas corrigidas - tá aí provado que produz e produz muito bem! Esse crescimento de Barreiras é fruto de tudo isso do passado, porque tudo estava para acontecer. Hoje nós temos a in-dústria de soja, mas temos o subproduto também, que é o farelo de soja e está saindo daqui para ser transformado fora. O algodão de alta qualidade

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que nós temos aqui também está saindo para ser transformado fora. Então, muita coisa está para acontecer ainda. Nesses 38 anos que estou aqui em Barreiras, a população aumentou 3 vezes. Agora pense nessa população de 150 mil habitantes triplicada daqui há 30, 40 anos também, são 450 mil habitantes que se projetam para o futuro. O empresariado está apostando muito no futuro, por isso os loteamentos. Os jovens, quando saírem das casas de seus pais, precisam de um lugar pra morar. Quantos jovens têm aqui nessa cidade e quantos estão chegando! O crescimento de Barreiras é sólido, é certo, tudo que se planta, colhe.

saudadesCom os pais Noemia e Sérgio que,

se estivesse vivo, teria 110 anos

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Lojas fechadas, ruas quase desertas. Domingo. O comércio no cen-tro de Luís Eduardo Magalhães não funciona e o dia se estende preguiçoso. Do outro lado da BR-020/242, outra cidade, por assim dizer, não para. Nem aos domingos. Comércio funciona, carros se

misturam às bicicletas, motos. Pessoas transitam pelas calçadas, entram nas igrejas com roupas passadas, bíblia em punho, saias e cabelos compridos; sentam à mesa da lanchonete, do boteco; compram milho assado, geladei-ras, escolhem TVs, engolem uma bebida, cumprimentam um, sorriem para outros, jogam conversa fora e seguem em frente...

O bairro mais populoso de Luís Eduardo Magalhães, Santa Cruz, hoje pou-co se compara com aquela pequena comunidade de 224 famílias de março de 1995. “Eu tinha um supermercado e faltava energia pra eu poder gelar alguma coisa, poder vender um frango, uma carne”, lembra Inácio Spengler. Ele nasceu no Rio Grande do Sul e veio para o ainda distrito de Barreiras, Mimoso do Oeste, em 1990.

Na época era tudo muito precário. Faltava água encanada, saneamento básico, asfalto. Quanto mais distante da BR, piorava. Spengler se recorda que o telefone que conseguiu a muito custo era de uso coletivo. “Quem quisesse receber informações de parente – alguma coisa! -, ligava lá pro mercado e eu passava a notícia”.

Hoje, moram cerca de 30 mil habitantes no Santa Cruz. E a cidade de apenas 13 anos já tem uma população estimada em 73 mil, conforme di-vulgação recente do IBGE. A cidade, o bairro – tudo cresceu rápido demais. Muita gente, principalmente do sertão baiano, acabou migrando para Luís Eduardo Magalhães, carregada de esperança de conseguir trabalho e me-lhorar a qualidade de vida. Mas a pouca qualificação profissional empurrou esse pessoal para outra realidade.

“A questão de o bairro ser mais populoso, ser grande – muita gente vir em busca de trabalho, às vezes sem estrutura nenhuma, sem preparo nenhum para o mercado de trabalho, vem com os filhos -, tudo isso resulta em pro-blema social”, explica Sheila Bernardes, vice-presidente da Associação dos Moradores do Aracruz (AMA), criada em 1994 por um grupo de 20 pessoas.

santa crUz:de Iraque a Califórniadas Nações

reportagem

Com cerca de 30 mil habitantes, bairro mais populoso de Luís Eduardo Magalhães não para de crescer. No quesito varejista é o centro nervoso dos negócios no município. Tem sete escolas e 37% de todo alunado da rede pública. A associação de moradores dá exemplo do quanto é importante a participação da comunidade para resolver os problemas locais, mas o alto índice de criminalidade, o número de casas de prostituição e de adolescente grávidas mostram a necessidade de mais e eficentes políticas públicas no bairro.texto/foto CÍCERO FÉLIX

Ela destaca ainda que a maior oferta e preço baixo do aluguel atrai quem vem de outros lugares.

O alto índice de criminalidade rendeu ao Santa Cruz o apelido de “Iraque” nos anos 1990. A alcunha ficou para trás, mas o bairro ainda apresenta um índice alarmante. Só este ano, das 39 mortes ocorri-das até setembro em Luís Eduardo Magalhães, 24 foram no bairro. Isto representa 62% dos homicídios. Mas poderia ser pior, não fossem algumas políticas públicas desenvolvidas pela a AMA e o município.

“Eu admiro muito os gestores que trabalharam para tirar essa visão [de Iraque] do bairro. Muito trabalho social, valorização de empregos, de escolas, projetos trazidos pra cá. Tudo que era de bom iam pro-curando trazer para o bairro e a comunidade foi esquecendo dessa violência”, defende Maria Zelinda, natural de Barra. Ela é professora e diretora da Escola Dom Ricardo Werberberger, conhecida como “Escola Modelo”, única do município com piscina e, por isso, atende as outras escolas bairro. “Aqui já foi um lugar muito feio, era chamado de Bura-cão, e foi transformado nessa bela escola”.

Ao todo, são sete escolas públicas no bairro com quase 6 mil alunos, 37% de todo alunado do município. O formigueiro de crianças e ado-lescentes nos horários de entrada e saída das escolas tomam as ruas e orgulha a professora.

“Não me vejo em outro lugar. Pra mim, meu espaço é da BR pra cá. Tudo que a gente procura no Santa Cruz a gente tem. Eu não preciso sair daqui pra comprar nada. Tudo aqui tem. É por isso que me orgulho de morar aqui. É um bairro de oportunidades”, diz Zelinda, apesar de reconhecer ainda várias deficiências no bairro: falta asfalto em várias ruas, saneamento básico, transporte público, moradia digna.

Na saúde, por exemplo, há um déficit de pelos menos cinco PSF, considerando que o Ministério da Saúde recomenda que haja um PSF para 4 mil habitantes. A expectativa é que até o início de 2015 existam no Santa Cruz sete Unidades Básicas de Saúde e oito PSF, informou a prefeitura. Até lá, a comunidade vai ter que se virar com os dois únicos postos do bairro.

“Eu acredito muito no futuro do Santa Cruz”, declara Inácio Spengler, que não esconde a dura realidade do bairro, tampouco o orgulho de viver lá, das pessoas de lá. “Lá tem de tudo. Desde a criminalidade até a santidade, praticamente. Tem muitas igrejas, bares, violência, drogas. Mas em meio a tudo isso tem muita gente boa também”.

VEM gEntEDE toDo LADoPor volta das 7h manhã, centenas de mulheres montadas sob suas bicicletas

tomam o rumo do Jardim Paraíso. São as secretárias do lar que ganham o pão no bairro vizinho. Uma hora antes, Seu Cícero, nordestino de Exu, terra natal de Luiz Gonzaga, já está no mundo. Ele mora há oito anos no bairro e veio tra-balhar em fazenda, mas não se deu muito bem. “Eu não mexo com trator, não. Não sou tratorista. Essa área aí a gente tem que fazer bastante curso pra não perder a profissão, né? Tem muita máquina moderna chegando aí, e o ope-rador tem que fazer curso pra desenvolver. Essa não é minha área”, desabafa.

As áreas que mais geram emprego em Luís Eduardo Magalhães são o co-mércio e a construção civil. A agricultura acabou se tecnificando demais e pre-terindo o simples profissional do campo. Por isso, Seu Cícero vende lanche em um isopor amarrado em sua bicicleta. Sua visão da cidade, em especial do bairro, é peculiar.

“Aqui é a Califórnia das Nações. Vem gente de todo lado. Vem gaúcho, ame-ricano, chinês, japonês, aí mistura tudo... pernambucano, paraibano... de tudo quanto é canto. Você sabe que Califórnia precisa juntar uma patota de alguém diferente, né? Por exemplo, Ribeirão Preto é chamado de Califórnia. Califórnia significa muita gente junta, muito país e estado junto. Tudo ali, no mesmo bolinho. Mas o progresso aqui tá mais ou menos”, explica.

A definição de Seu Cícero não é a de apenas um expectador. Ele e todos os outros moradores do Santa Cruz são protagonistas, personagens reais de uma cidade que se gaba de ser a que mais cresce no país e que tem uma das maio-res rendas per capita. No entanto, essa realidade cheia de ufanismo vendida na publicidade pouco tem a ver com a realidade da maioria dos moradores do bairro que abriga mais de 40% da população do município.

cotidiano O formigueiro de alunos se espalha ao redor das escolas nos horários de entrada e saída dos turnos da manhã e tarde. Nos domingos, o bairro não para, é dia de feira e carros, motos, bicicletas e pessoas dão ao dia preguiçoso um movimento acelerado. O pernambucano Seu Cícero, que passa sempre ao lado do canal que corta o Santa Cruz deixando uma vala que aumenta a cada inverno, define a cidade, em especial o bairro, como Califórnia das Nações, lugar que junta uma patota de gente diferente

cláudio foleto

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Luciana e Maurício Dias vieram de Xique-Xique há dois anos, empolgados pelo sonho de morar no eldorado do Oeste baiano, mas o que encontraram foi algo bem diferente. Com apenas 30 anos, ela já é mãe de cinco filhos e daqui a três meses nasce o sexto. O marido, 31 anos, é ajudante de pedreiro. Com eles moram dois adolescentes irmãos de Maurício: um com 14 e outro com 17 anos. O mais novo estuda e o outro faz uns “bicos pra ganhar algum”.

Apesar das dificuldades, Luciana não pensa em sair dali. Ela recebe R$ 230 do Bolsa Família e a renda do marido, que varia de acordo com a demanda de trabalho, complementa. Quando o mês é bom ele chega a faturar até mil reais. Eles moram em um pequeno cômodo cercado por arame farpado, pedaços de paus e de madeiras. A pouco mais de um metro da cerca fica o barranco causado por um canal que a cada chuva fica pior.

“Eu fico com medo, porque se chover pode derrubar tudo. É arriscado até derrubar a casa. Quando chove a gente fica dentro de casa, olha a cachoeira, o rio passando aí. É igual a um rio, quebrando tudo. Nós estamos rezando pra que daqui até o fim do ano seja feito tudo aí. Nós precisamos do prefeito agora, pra essas horas, pra ver o que ele faz. Porque só de promessa não presta, só dizer que vai fazer e depois não cumprir com a obrigação”, desabafa Luciana.

O canal foi criado para o escoamento pluvial, mas tem sido usado também para despejo de esgoto e corre a céu aberto por quase toda lateral direita do bairro. Tem aproximadamente um quilômetro e meio de extensão, dos quais apenas os 700 metros iniciais têm paredes de concreto, o restante é apenas uma vala que alarga a cada ano com a chuva e o poder público empurra com a barriga.

Embora Luciana não seja natural de Luís Eduardo Magalhães, ela ilus-tra o perfil das jovens mães do Santa Cruz. Ela teve o primeiro filho com 17 anos. Inácio Spengler lembra que já acompanhou casos de meninas com 16 anos já com três filhos. Ele não consegue mensurar se, ao longo dos anos, o índice de adolescentes grávidas diminuiu, mas estima que, com a educação chegando mais às pessoas, a tendência é que a gravi-dez venha acontecer em jovens com idade cada vez maior.

“Antes, a gente ouvia falar muito que tinham meninas grávidas com 11, 13 anos. Hoje, se ouve pouco. Se ouve falar em quantidade de me-ninas grávidas, sim, mas a partir dos 16 anos. Elas estão se prevenin-do mais, os meninos se preocupam mais, também”, conta a professora Zelinda.

Este ano, até o dia 15 de setembro, só no bairro Santa Cruz já havia nascido 339 crianças. A Secretaria de Saúde não soube informar a idade média dessas mães, alegando que o sistema não tabulava esses dados. Mas sabe-se que a maioria das mães é adolescente.

A rádio da AMA, através de um quadro diário chamado “Momento Saúde” vem tentando conscientizar a população com esclarecimentos e orientações médicas. Eventualmente, a associação promove palestras e leva profissionais de saúde às escolas para conversar com mães, ado-lescentes, jovens.

reportagem

A coMuniDADEquE VAi à LutAQuando Zelinda chegou ao Mimoso do Oeste, em 1996, havia poucas

casas no Santa Cruz. A escola Onero Costa, da qual foi professora por 12 anos, ficava no final do bairro e, hoje, está no centro. “Eu vi o bairro crescer, a cidade nascer”, relembra, pontuando o desenvolvimento do Santa Cruz.

Ao lado da Escola Modelo, onde ela é a atual diretora, vai ser inaugu-rado o Centro de Artes e Esportes Unificados (CEUs). “É tudo de bom que um bairro pode receber: biblioteca, laboratório de informática, pistas de skate, quadra poliesportiva coberta, anfiteatro”, exulta Zelinda.

Ela elogia as ações do poder público para melhorar a realidade do bairro, mas admite que sem o esforço da própria comunidade isso não seria possível. Assim surgiu a AMA, associação na qual Zelinda foi pre-sidente entre 2008 e 2011. Um dos fundadores foi Inácio Spengler, que aposta na ideia de que todos têm que colaborar. “Eu preparei e deixei pros outros. Acho que tem que formar pessoas e passar pra elas seguirem adiante”, diz.

Bairro mais populoso de Luís Eduardo Magalhães, com cerca de 30 mil habitantes, 41% da população total do município. Tem lotérica, postos de saúde, praças, farmácias, restaurantes, casa de espetáculo, postosde gasolina, estádio de futebol, mercadopara feira livre e um denso comércio.

2 POSTOS DE SAúDE

7 ESCOLAS

5,9 mil ALunOS

o Bairro

Dos 39 assassinatos ocorridos no município até 10/10 deste ano, 24 foram no Santa Cruz.

O saneamento do bairro ainda não foi concluído e o esgoto corre pelas ruas.

Muitas ruas ainda não têm asfalto.

CANALTem cerca de 1,5 quilômetro dos quais só os 600 metros iniciais têm parede de concreto. O restante é uma vala que alarga a cada chuva.Famílias como a de Luciana (foto acima), moram a poucos metros do barranco. “Quando chove a gente fica dentro de casa, olha a cachoeira, o rio passando aí. É igual a um rio, quebrando tudo. Nós estamos rezando pra que daqui até o fim do ano seja feito tudo aí”.

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Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Luís Eduardo Magalhães (Acelem), o parana-ense Carlinhos Antônio Pierozan analisa o potencial econômico do Santa Cruz e destaca a participação da comunidade para resolver os problemas do bairro.

É vantagem colocar um comércio no Santa Cruz?

O bairro Santa Cruz é o bairro que mais cresce na cidade. A maior concentração populacional da cidade é lá. Você tem lá Lojas Dantas, Mimoso Magazine, Casas Baianas, Paraíba e várias outras. Loja que antes estava só no centro da cidade hoje tem uma ramificação no Santa Cruz. Você vai ao centro da cidade num domin-go à tarde e não tem movimento, no Santa Cruz tem. A população que compra bastante está concentrada no Santa Cruz. Fora o agronegócio, se nós partirmos para o varejo, o Santa Cruz gira muito mais dinheiro que o centro da cidade, que tem mais lojas requintadas. Mas as lojas que estão indo para o Santa Cruz estão indo com produtos de qualidade. Não é segunda linha e nem queima de estoque somente. Independente do histórico problemático, o Santa Cruz tem um grande

poder de compra. Nós temos ali em torno de 40% da população, o restante está dividido em mais 10 bairros. Ali acaba sendo um centro nervoso dos negócios da cidade.

Como você avalia a participação da comunidade para resolver os problemas do bairro?

É fundamental! A tendência é a Associação dos Moradores do Aracruz ficar cada vez mais forte. É uma associação atuante. As pessoas que passaram por ela até hoje tinham um interesse em fazer com que o bairro crescesse e a população tivesse um respaldo. Quando a gente vê os números, às vezes só analisa um lado. Como ali é o bairro mais populoso, tudo vai ser proporcional. Mas essas entidades que trabalham no Santa Cruz podem resgatar muita coisa.

O que levou a Acelem transferir o projeto Centro Digital de Cidadania para a AMA?

A gente conseguiu o CDC através do Governo do Estado. Nós estávamos, na época, muito distante das comunidades carentes. Os bairros não ficavam próximos, nós tínhamos problemas de acessibili-dade e vimos que esse projeto não daria certo aqui. Sentamos com a diretoria e decidimos levar para um lugar que a população realmente fosse utilizar. Naquele momento quem precisava era o bairro Santa Cruz. Chamamos a AMA, fizemos uma parceria com eles e hoje está sendo usado de mil e uma formas. Para nós, o que fica é esse sentimento de ter contribuído no que está acontecendo. Não adiantava a gente está aqui com um projeto parado ou com meia dúzia de pessoas usando.

Há muitos associados a Acelem no Santa Cruz?

Temos as empresas mais tradicionais. Mas, dentro do nosso universo, temos muito a expandir no Santa Cruz. Nós temos uma população em torno de 70 mil habitantes aqui em LEM e 700 empresas associadas. Esse número, se você levar em consideração que nós temos em torno de 7 mil empresas instaladas, parece até que temos poucas empresas associadas. Mas o histórico de cidades maiores não é de um número grande de associados. O nosso número não é pequeno, mas ainda temos mui-to que crescer no Santa Cruz. Uma de nossas metas, inclusive, pra esse próximo mandato, é buscar mais associados no bairro. Nós vamos fazer um trabalho lá bem intensificado e temos um produto novo que vai atender muito bem. Trata-se de um cartão de fidelização num formato diferente. É um produto que a gente quer fazer com que quem trabalhe aqui, compre aqui. Isso dá uma fechada no círculo.

Santa cruz: centro nervoso dos negócios em LEM

ANÁLISE

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SObRE A AmA (ASSOCIAçãO DOS MORADORES DO ARACRUz) A foi criada em 1994 por um grupo de 20 pessoas. Hoje gera cerca de 40 empregos e se mantem com recursos de apoio cultural da rádio, doações esporádicas e mensalidade de R$ 4,50 dos cerca de 600 associados.

PRINCIPAIS PROJETOSCidadão do FuturoCriado em 1998 para retirar as crianças da rua e dar oportunidade para as mães trabalharem. Hoje, atende 150 crianças, 75 pela manhã e 75 à tarde. Oferece reforço escolar, alimentação, aulas de capoeira, violão e teatro, e assistência às famílias das crianças do projeto.

Casa de Passagem da Criança e do AdolescenteInaugurada em abril deste ano, a obra custou cerca de R$ 500 mil. Os recursos foram oriundos do Ministério Público do Trabalho, Fundesis e Prefeitura Municipal de Luís Eduardo Magalhães. Recebe crianças em situação de risco social, que foram espancadas ou sofreram abuso sexual. Até agora, já passaram pela casa 40 crianças e adolescentes.

Centro Digital de CidadaniaFoi inaugurado em 2010. O CDC foi adquirido do Estado pela Acelem, que transferiu o projeto para a AMA. Oferece aulas de informática e acesso livre à comunidade nos turnos da manhã e tarde.

Outros projetosA AMA administra a Rádio Cultura FM, com programação voltada para o fortalecimento da cidadania, e uma pequena fábrica de vassouras feitas de garrafas PET

aluno do cdc Todas as tardes Thauã Soares, 11 anos está no CDC. Tem duas irmãs, uma com 13 e outra com 4 anos. Seu pai é mototaxista e sua mãe, vez ou outra, cuida de outras crianças. Com olhos enormes e brilhantes, confessa: “Queria ter um computador em casa”

Atualmente, a associação é presidida pelo jovem Diego Alves de Souza. Ele veio de Irecê quando tinha cinco anos. Há 20 anos, mora no bairro e recorda que a AMA começou de forma tímida e bastante precária. Hoje, a associação administra a rádio comunitária, a Casa Passagem, o Centro Digital de Cidadania (CDC), adquirido através da Acelem, a fábrica de vas-soura de garrafas PET e o projeto Cidadão do Futuro, criado em 1998 na gestão de Spengler.

“Nesses 18 anos de história da AMA, o período que a gente mais conse-guiu recurso foi agora, entre 2012/2013”, diz a vice-presidente Sheila, con-tente por ter conseguido, enfim, construir a Casa de Passagem da Criança e do Adolescente, que custou meio milhão de reais. Ela lembra que o projeto da casa surgiu em 2009, quando era conselheira tutelar no bairro. “Nós não tínhamos onde colocar as crianças. Tinha muita ocorrência e nós conselheiros levávamos essas crianças para nossa casa”.

Ao repassar toda a história do bairro, o jovem presidente da AMA con-fessa que melhorou muito. “Antes, aqui era conhecido por Iraque porque

reportagem

todo dia morria um, dois, três. Já chegou a morrer cinco, seis de uma vez só. Hoje, penso que tem melhorado, mas ainda precisa de muito reforço em rela-ção à segurança”. E tem razão. Apesar do bairro já contar com duas unidades de polícia (CIP Cerrado e 5ª Companhia da Polícia Militar), o número de crimes tem aumentado e está sempre relacionado ao tráfico de drogas e bebidas.

“Eu já cansei de abrir site de notícia e ver foto de adolescente que eu atendi quando era conselheira tutelar. Infelizmente morreram, eram usuários de drogas. Várias mães, tias, avós batem à porta da associação desespera-dos, pedindo ajuda para mandar uma filha ou filho para algum centro de recuperação porque ele já tá marcado para morrer”, lamenta Sheila, que se diz preocupada também seriamente com o número de casas de prostituição no bairro.

Depois de a rádio receber várias reclamações de ouvintes incomodados com a vizinhança pouco discreta, uma equipe da emissora fez uma pesquisa e constatou que havia 16 prostíbulos. “Por que em outros locais, em outros bairros que as pessoas têm um poder aquisitivo maior não acontecem essas coisas? Por que aqui no Santa Cruz é que pode tudo e a gente tem que acei-tar tudo? A gente não discrimina quem faz prostituição. Se a pessoa é maior de idade ela faz do corpo dela o que quiser. Mas tem que ficar ali em área residencial, seminua, dando mãos para os carros, com crianças passando?”, desabafa, reclamanda da falta de fiscalização da prefeitura..

“Todas as iniciativas são válidas. A Escola Modelo, o PET, o CREAS, as creches, as escolas... mas a gente precisa de mais. É por isso que a AMA também tem ido atrás. É um esforço coletivo. A AMA entende que o governo tem feito sua parte, mas precisa e deve fazer mais. A cidade está crescendo muito, tem muita criança, muito adolescente no bairro. As mães precisam sair para trabalhar e essas crianças precisam de cuidados”.

educação, lazer e cultura Ao lado da Escola Modelo, única municipal na região com piscina semiolímpica, usada inclusive por outras escolas do Santa Cruz, será inaugurado em breve o Centro de Artes e Esportes Unificados (CEUs), equipamento público com biblioteca, laboratório de informática, pistas de skate, quadra poliesportiva coberta e anfiteatro

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umlugar especialoeste

foto RUI REZENDE

Eu sei o caminhoSeja deserto, enlameado, empoeirado, do jeito que for esses bois conhecem o chão que pisam. Juntos na lida diária, eles atravessam frequentemente a ponte sobre o rio Corrente, que divide as cidades de Santa maria da vitória e Correntina, levando e trazendo quem lhes tem como propriedade. É possível notar no semblante desses “bichos” a expressão: “Eu conheço cada palmo desse chão, é só me mostrar qual é a direção”...

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cultmúsica, cinema, artesanato, agenda,

música

á 42 anos, “Você abusou” estourou nas paradas do sucesso, como se dizia na época em que os bolachões eternizavam vozes de um Brasil que criou estilos e virou referência musical. Os autores da música citada acima são ícones desse período. Naturais de Salvador, Antônio Carlos e Jocafi, botaram a denguice, ritmo, sensualidade e cotidiano baianos na música com tal personalidade e genuinidade que Jorge Amado confessou que a dupla era quem melhor incorporava seus personagens.

Hoje, Antônio Carlos e Jocafi não estão mais entre os hits parades, mas “Você abusou” continua sendo regravada e, sem dúvida, faz parte do repertório clássico do samba. No entanto, quem pensa que eles se aposentaram, mesmo ambos às portas dos 70 anos, estão enganados. “Num tem nem 15 dias que eu acabei de fazer uma música. Fazemos muita música instrumental. Estudo pra cacete. Aliás, hoje compomos mais do que naquele tempo”, declarou Antônio Carlos. Ele e Jocafi estiveram em Barreiras no dia 31 de agosto, para uma apresentação no Trapiche. Conversamos das 11 da manhã até umas quatro horas da tarde. Conversa boa, regada a muita música, risadas, simplicidade, cumplicidade. Parecia uma ode à poesia musicada, ao sentimento materializado em sons se dissi-pando ao ar. O bate-papo só foi interrompido pelo saboroso cozido preparado e servido por Marcinha e Waldemar, sob as bênçãos do refrescante e imponente Rio Grande, no “quintal” do Trapiche, e os cuidados de Genivaldo e Silvana.

Pergunto como é o repertório de uma dupla com mais de 40 anos de estrada e Jocafi explica que, além dos sucessos deles, tem músicas de outros compositores.

- Tom Jobim e Vinicius de Moraes os pais da musicalidade moderna popular. Djavan também é muito importante, assim como Gilberto. Ele, na verdade, depois de Dorival Caymmi, é o pai da com-posição baiana. Mas, músicas que não faltariam: Toró de lágrimas, Teimosa, Desacato, Laura. O que não pode faltar é Você abusou, se não o homem não paga – diz Jocafi, rindo.

- Posso dizer que vocês são herdeiros da prosa poética de Caymmi, Jorge Amado?- Não existe essa consideração. Nós tivemos uma vivência muito grande na Bahia com o popular...- Um dos grandes responsáveis por tudo isso que Antônio Carlos e Jocafi fazem nessa linha que

você perguntou é o Guedes, tem o Gugu, tem o Elias Camardeli. Tudo isso que a gente é disso, me-tade disso vem desse cara, do João Guedes.

- Tanto ele quanto o Elias Camardeli nos ensinaram todos os samba de roda que a gente conhecia no Mercado Modelo – emenda Jocafi. - Então essa linguagem que Jorge Amado sempre usou no trabalho dele, que Caymmi usou nas músicas dele, a gente aprendeu com esses homens, no dia-a--dia no Mercado Modelo, porque todo dia a gente tinha que passar no Mercado Modelo para tomar uma antes de ir trabalhar.

Guedes e outros parceiros desse cotidiano em Salvador também vieram a Barreiras e são convo-cados para a mesa. Ele é amigo de infância de Jocafi. Moravam na mesma rua, em Brotas. Guedes

Ícones da MPB e autores de inúmeros sucessos da década de 1970, os baianos de Salvador estiveram em Barreiras para uma apresentação no Trapiche e proporcionaram um dia de passeio pela história da música brasileira texto/ fotos C.FÉLIX

dia de antônio Carlos e Jocafi

31 de agosto

h

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CheGA de SAudAde!

à tarde, no trapicheLadeado por Jocafi e Antônio Carlos, Guedes, amigo de infância da dupla, mostra um pouco da música de chão da Bahia. Ele faz parte de um grupo que se encontra uma ou duas vezes por mês. “É como se fosse uma confraria, pra cantar e beber alguma coisa”, diz centenário

O eterno “Poetinha” diplomata completaria 100 anos no dia 19 de outubro. Marcus Vinícius de Moraes faleceu na madrugada de 9 de julho de 1980

explica que o samba nasceu mesmo na Bahia, depois que vieram as misturas que os negros cariocas trouxeram, que era o jongo. Na sequência ele pega o atabaque e começa a cantar: “Amigo meu, quando nós andava junto, não havia sumitéro, num havia sumitéro pra caber tanto defunto”

- Essas pessoas mantém viva na gente essa coisa da música de chão – con-fessa Antônio Carlos, quando Guedes termina.

- Fora os dois – diz Guedes, referindo à dupla -, temos um grupo de umas 10 pessoas em Salvador. Tem gente que toca violão, cavaquinho e se reúne assim pelo menos uma vez por mês, às vezes duas. É como se fosse uma confraria, pra cantar e beber alguma coisa.

Antônio Carlos estava sem beber há meses e decide tomar um scott.- Como vocês avaliam a música popular brasileira hoje?- Tem músicas de universitário aí, lindas e, outras, horríveis. Tem música

popular brasileira ruim e tem música popular boa. E tem questão de horário também. O que tá acontecendo agora é que neguinho embaralha. Você tá num motel e tá tocando um axé, a mulher te beijando e o axé tocando?! Não, ali é hora de ouvir um Roberto Carlos – diz Antônio Carlos.

Jocafi escuta o amigo e em seguida começa a falar do novo projeto da dupla.- Nós vamos fazer uma trilogia com as regiões que os personagens de Jorge

Amaro atuaram: Lapinha, Rio Vermelho, Mercado Modelo. Sobre as mulheres e os personagens masculinos de Jorge.

Eles tentam lembrar de alguma coisa mas saem apenas trechos, ao que An-tônio Carlos justifica:

- É tanta música que a gente acaba esquecendo. Só de Jorge Amado, nós temos 45, imagine!

- Há uma ditadura na mídia?- Eu vou falar com você uma coisa muito séria. As pessoas ganham carimbo.

Antonio Carlos e Jocafi é visto como os caras que fizeram Teimosa, Você abusou. Essas outras coisas que a gente tem, ninguém fala, ninguém conhece. Porque a gente tem uma marca. Eu nem esquento mais a minha cabeça. Eu faço isso por-que gosto de fazer. Eu preciso tirar de dentro de mim um filho. Não tô querendo aplauso nem vaia. O nosso sucesso não diz o que nós dois fazemos e fizemos – desabafa Antônio Carlos.

- E como anda a agenda de vocês?- Mais ou menos. Mas não é só a nossa agenda que não anda cheia. Por

exemplo, Edu Lobo que é um gênio, você não vê falar dele, você não vê falar de quase ninguém. A não ser que você venda sua alma ao diabo. Eu já vendi no passado, agora eu tomei de volta.

A conversa é cortada por risadas e burburinhos que enchem o lugar. Vamos ao brinde. Logo logo Antônio Carlos e Jocafi vão se apresentar e temos que en-cerrar a conversa, embora a vontade de continuar seja teimosa. O 31 de agosto está apenas começando, e já se tornou inesquecível.

(...)E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do meu amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.(Soneto da Felicidade)

Com versos eternamente lembrados do poeta, Vinícius de Moraes, lembramos a data em que ele faria 100 anos. O brasileiro, nascido em 19 de outubro, além de conseguir expressar através das palavras os sentimentos e experiências vividas, sempre se mostrou multifun-cional e sábio, trabalhando também como dramaturgo, jornalista, diplomata e compositor. O boêmio inveterado, apreciador de uísque e fumante, casou-se nove vezes.

O “Poetinha” como era apelidado por Tom Jobim, escrevia textos es-sencialmente líricos, se tornando conhecido pelos inúmeros sonetos, conhecidos e divulgados pelo mundo todo.

A vasta obra de Vinícius passa pelo teatro, literatura, música e cinema. No meio musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.

Uma das canções mais lembrada e eternizada na voz de inúmeros intérpretes é a declaração de amor “Eu sei que vou te amar”, que mar-cou o tempo e continua sendo cantada. Além dessa canção, podem ser citadas outras composições lembradas até os dias atuais, como: A casa, Tarde em Itapuã, Regra Três, Samba da Benção, Se todos fossem iguais a você, A Felicidade, entre outras.

Na madrugada do dia 9 de julho de 1980 Marcus Vinícius de Moraes se sentiu mal na banheira da casa onde morava, no Rio de Janeiro, falecendo pouco tempo depois. No dia anterior o poeta havia acer-tado detalhes com o parceiro e amigo Toquinho, para o volume 2 do álbum “Arca de Noé”, LP lançado em 1981.

reProdução

texto ALYNE MIRANDA

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Dois pra lá e dois pra cá

“Menino, não levanta o pé, arrasta”, disse roçan-do na cartilagem do meu ouvido a morena de voz suavemente rouca e covinha no lado

do queixo. Arrastar. O verbo ficou tilintando no meu consciente embriagado. Estava com álcool demais no sangue, por isso, temi. “Não vou conseguir, não vou conseguir”, pensava, com os olhos voltados para nossos pés. O meu e o dela. Fazia anos que não me arriscava no dois pra lá, dois pra cá, então, achei melhor não pensar uma segunda vez. Insisti. Arrisquei. Na pior das hipóteses, ou, constataria ser totalmente desprovido de talento para o ritmo de Luiz Gonzaga ou me deliciaria com a mistura sanfona, triângulo e zabumba.

Ainda tive outras duas parceiras de dança aquela noite. A pri-meira reclamou. “Não precisa apertar tanto”. A segunda olhou pra mim e disse: “Relaxa. Segue o ritmo, é fácil. Um, dois, um dois”. E eu: um, dois, um dois. Deu certo. Continuei olhando pra baixo, pro meu pé, pro dela. Mas, no fundo, queria apenas rir. Enquanto ria, recordei minha relação de amor e ódio com o tal forró.

Na adolescência meu sentimento em relação ao estilo era de repulsa. Não podia ouvir falar nele. Bastava que alguém pronun-ciasse a palavra que sentia um tsunami de desprezo avançar pelos meus poros. Passar alguns segundos que fosse tendo meus sen-síveis ouvidos prisioneiros de alguma de suas melodias me dava ânsia. Por pouco não ultrapassei a tênue linha entre o nojo e o ódio. Por pouco.

Certa vez, em viagem ao sul do país fui vítima de três forrozei-ros. Um grupo. Um exército sádico e mestre na arte da tortura. Na poltrona em frente a minha no ônibus, o trio passou dois dias qua-se ininterruptos ouvindo as bandas de maior renome do gênero. Eles e o ônibus todo. E cantavam e riam. Quase morri de desgosto. Pela janela, olhava a paisagem com pesar. Tinha vontade de gritar, de implorar para que parassem com aquele tormento. Nada pode-ria ser mais desagradável.

Entretanto, o desprezo murchou. Diluiu-se como aspirina em coca-cola. Tive vontade de dançar. “Porque não, ora, pois”, eu di-zia. É só uma dancinha. Nada que pudesse corromper um barbudo acostumado com os gritos de Pato Donald de Brian Johnson ou a marcação pulsante do baixo de Steve Harris. À época, pensei: “Como dançar, assim, tão de repente, como num passe de mágica. Estalar os dedos e começar a mexericar a cintura freneticamente, conduzindo a dama de um lado a outro como se nada acontecesse à nossa volta. Dois passinhos pra cá, dois pra lá. Tão fácil”.

Mas, antes de dançar, precisava de alguém que me ensinasse. No entanto, por mais que precisasse de uma professora, ainda as-

Impressõese-mail [email protected]

por ANtoN roos

sim, tinha receio e certa vergonha em assumir. “Quero aprender a dançar forró”. Fiz-me de desentendido. “Eu, dançar forró? Não, não e não”. Mas o destino me levava a lugares onde o forró era o ritmo reinante. Ou dançava, ou chupava o dedo. Havia noites que observava os casais a bailar. A primeira vez que senti um dedinho de inveja, pensei: “Meu Deus, o que está havendo comigo?”. Não sabia se chorava ou se pedia para a primeira fêmea a minha volta: “Pelamor de Deus, me ensine a dançar esse troço”.

A minha felicidade foi geral quando pela primeira vez me disse-ram: “Eu te ensino a dançar”.

Meu coração se transformou numa bateria de escola de sam-ba. Tive vontade de pular, uma, duas, três, dezenas de vezes. Dar soquinhos no ar, igual Pelé. Não deu certo. Não conseguia. “Solta esse corpo”, me dizia a pobre moça tentando me ensinar. Quase aos prantos, respondia: “Não dáááá”. E assim, minha relação com o forró continuou por muito tempo. Amor e ódio. Eu era como o cachorrinho que corre atrás do próprio rabo. Nunca conseguiria dançar. Nunca. Outra guria me disse: “Eu te ensino a dançar”.

Novamente: coração escola de samba, dezenas de pulinhos. Fracasso de novo. Pensei positivo. “Eu consigo, eu consigo, eu con-sigo”. Repetia isso no subconsciente. Nada dava jeito. E eu suava, e tão logo falava em tom emocionado que estava conseguindo, perdia o ritmo e pisava no pezinho da querida e atenciosa pro-fessora. Concluí, por um tempo, que a arte de dançar forró estava fora da minha compreensão. Que infelizmente, podia estudar seus passos e tentar exaustivamente até não conseguir manter-me em pé que mesmo assim ainda seria um péssimo dançarino de forró. Que teria de olhar e olhar os outros se regozijando de prazer indo de um lado a outro, rebolando suas bundas, nesse ritmo quente e sensual que eu permaneceria tal qual um poste apenas observan-do e bebericando uma cerveja gelada.

Pois é... Errei. De tanto insistir e pisar em pezinhos delicados e com flor-

zinhas e borboletinhas tatuados, enfim, consegui. Adaptei-me aos dois pra lá, dois pra cá. Dancei. Passei um tempo na inércia é ver-dade, mas, dancei, ora bolas, e agora preciso me acostumar com a nova lição: arrastar e não levantar o pé. Repeti-la no subconscien-te, sei lá. Treinar. Praticar. Afinal, a morena tem a voz suavemente rouca e uma covinha no lado esquerdo do queixo. E só isso faz tudo valer a pena.

anton roosJornalista, gaúcho de Três Passos, nascido no dia de

Santo Antônio cerca de três décadas atrás e pós-graduado em Jornalismo Digital

58 revis ta da bahia out-nov/2013

cultagenda

CiNEMA

eLdorado BrasiLeiro

fotos: reProdução

O Brasil sempre chamou atenção por possuir riquezas naturais, tanto na superfície terrestre como no subsolo. O país ficou marcado pela grande quantidade de ouro en-contrado durante os séculos XVII e XVIII. Após esse período, acreditava-se que não haveria mais nenhuma grande jazida de ouro no país. No entanto, em 1980 surgiu a Serra Pelada.

A história do maior garimpo a céu aberto do mundo ga-nha as telonas na mais nova produção do cinema brasileiro, “Serra Pelada”. Com a direção assinada por Heitor Dhalia, o drama conta a jornada de dois jovens que, em busca de ouro, deixam o Rio de Janeiro na década de 70 rumo ao garimpo na região amazônica. A ganância e obsessão pelo poder transformam o destino dos dois amigos.

Localizada no Estado do Pará, Serra Pelada foi invadida por milhares de pessoas em busca do enriquecimento atra-vés do ouro. Toneladas de ouro foram retiradas da área, esse fato fez com que todos pensassem que as jazidas seriam capazes de enriquecer os garimpeiros. Porém, a maioria dos garimpeiros não conseguiu enriquecer, e o que é pior, muitos morreram durante o trabalho.

“Desde o início era uma história de amizade, de Juliano e Joaquim, dois amigos que partem em busca do Eldorado e conhecem o inferno”, explica o diretor. Ele teve uma parceira decisiva no processo, a roteirista Vera Egito, que encarou com Dhalia o desafio de concentrar em duas horas todos os excessos de Serra Pelada.

Estrelado por Juliano Cazarré, Wagner Moura, Júlio Andra-de, Matheus Nachtergaele e Sophie Charlotte, o filme “Serra Pelada” é um retrato histórico do Brasil, do período em que o sonho de enriquecimento rápido atraiu milhares ao norte do país. O longa estreia dia 18 de outubro nos cinemas de todo o país.

A capital do Brasil se torna mais uma vez o centro das atenções dos roqueiros dos quatro cantos do país. Dia 23 de outubro a banda Aerosmith desembarca em Brasília para um mega show no Estádio Nacional (Mané Garrincha) para o delírio dos fãs.

Os brasileiros podem esperar novidades na apresentação de Steven Tyler e Cia. Após 11 anos de espera, Aerosmith lança um novo álbum de inéditas chamado de “Music From Ano-ther Dimension”. Mas para os fãs mais apressados, muita calma, é que o novo álbum da banda começará a ser vendido no Brasil apenas em novembro.

Com mais de 30 anos de carreira, Aerosmith é uma banda lendária do rock americano. No histórico tem 150 milhões de discos vendidos, 55 álbuns de Ouro e Multi-Platina e um de Diamante, 4 Grammys, 6 prêmios Billboard e 12 VMAs. Em 2001, a banda foi incluída no Hall da Fama do Rock and Roll e na lista de 100 Maiores Artistas de Todos Os Tempos da revista Rolling Stone.

aerosmith: Banda invade Brasília MúSiCA

texto GABRIELA FLORES

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CiNEMA

LitERAtuRA

No dia 19 de outubro acontece mais uma edição da festa Mexicana em Barreiras no Cais e Porto.

A banda Os Incríveis se apresenta em Barreiras no dia 08 de Novem-bro para a Festa dos Anos 60 que acontece na Bartira Fest.

Mais de 30 anos depois, o renomado escritor Stephen King escreve finalmente a sequência do romance de horror “O Iluminado”. Vendedor de 350 milhões de livros, King disse ter receio de que as pessoas que leram ainda jovens sua primeira história sobre a família Torrance no Hotel Overlook tenham as mesmas expectativas com Doctor Sleep (ainda sem título em português).No novo livro, o protagonista da outra história, Dan Torrance, está agora na meia-idade e deve salvar

uma menina de 12 anos de uma tribo de assassinos. Assombrado pelos ha-bitantes de Overlook Hotel, onde Dan passou um terrível ano na infância, ele andou a deriva durante décadas, desesperado para se afastar do legado de seu pai. Finalmente, Dan instala-se em uma nova cidade, com um emprego em uma casa de repouso onde seus poderes remanescentes providenciam o conforto final para os moribundos.

O filme conta a história de dois astronautas que durante uma operação de rotina fora da nave, pas-sam por um desastre. A nave é destruída, deixando os personagens à deriva no espaço, ligados um ao outro apenas por um cabo. A ficção científica de Alfonso Cuarón é estrelada por Sandra Bullock e George Clooney.

A Sony Animation surpreendeu em 2009 com o ótimo filme “Tá Chovendo Hambúrguer”. A história do aspirante a cientista Flint Lockwood que inventa uma máquina que transforma água em comida, foi considerada super criativa em sua concepção. A con-tinuação é dirigida por Cody Cameron e Kris Pearn. Após a desastrosa tempestade de comida no primeiro filme, Flint e seus amigos são obrigados a deixar a cidade de Boca Grande. Sem saída, ele aceita o convite de seu ídolo, Chester V, e junta-se à The Live

Corp Company, que reúne os melhores inventores do mundo. Porém, quando descobre que sua máquina ainda funciona e agora cria perigosas comidas animalescas mutantes, Flint decide retornar e tentar salvar o mundo.

stephen King: Continuação de “O iluminado”

alfonso Cuarón: Gravidade

Cody Cameron e Kris pearn: Tá Chovendo Hambúrguer 2

Os Titãs promete levar a Brasília o melhor do Rock’n Roll no dia 26 de Outubro.

O cantor e compositor Djavan apre-senta a nova turnê “Rua dos Amores” em Salvador no dia 27 de outubro na Concha Acústica do TCA.

SE LIGA!

60 revis ta da bahia out-nov/2013

Tizziana Oliveira CONECTADOe-mail: [email protected]: tizzianaoliveira

twitter: @tizzioliveira

Gelo, Limão e Açúcar

A comemoração dos 15 anos de Camila Cássia Canzi, no Boliche Huba Strike reuniu mais de 200 convidados e muita emoção, principalmente dos pais Elaine Canzi e Hugo Canzi. Camila, natural de Barreiras, é destaque desta edição. “Meu Hobby é ler livros e tocar violão. Minha paixão: minha família e andar a cavalos! Meu sonho é me tornar uma boa médica”, disse ela.

Garota UAUCom 1,60m, 55 kg, 25 anos e muita simpatia, a baiana Katia Cappellesso é uma loira, com perdão do clichê, de arrasar quarteirão. A estrela de personalidade forte desta edição da “Garota Uau” gerencia o departamento jurídico de uma multinacional, e posou com desenvoltura para as lentes de Kika.

Em foco

kik

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(77) 3639 0194

SensualidadeJéssica Vaz dos Santos posou em ensaio sensual para as lentes da fotógrafa Helena Ogrodowczyk. Jéssica nascida em São Paulo mora em Luís Eduardo há sete anos, e trabalha na Academia da Cris. Seu maior desejo é ser independente profissionalmente, e ter sua própria academia! Seu hobby é malhar e dançar!

Miss BrasilLatinaPatrícia Guerra, baiana, 18 anos, 1,73m de altura foi eleita Miss Luís Eduardo Magalhães 2013 e ficou em segundo lugar no Miss Bahia Universo 2013. Neste mês de outubro, Patrícia irá disputar ao lado de 22 jovens de todo o Brasil, o título de Miss Brasil Latina 2014 no lindo Balneário de Porto de Galinhas em Pernambuco. Patrícia posou para a promoção “Meu Sonho de Verão” do Spa Carpe Diem!

Me cAiu os butiá Do bolso...

As alérgicas de plantão podem ficar sem medo nenhum de investir um pouquinho mais para ter um esmalte totalmente hipoalergênicos. Na lista dos mais desejados, os esmaltes da Bourjois tem composição à base de resinas selecionadas para fornecer cor e brilho intenso por mais tempo. Além disso, a novidade da marca fortalece e mantém as unhas resistentes, estimulando o crescimento e prevenindo a escamação. Testei e realmente é divino! Bourjois é uma marca France-sa e tem uma linha de cosméticos maravilhosa, sendo vendida na RACCO Cosméticos.

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out-nov/2013 revis ta da bahia 63

social

Márcia e Carmen

Hibera e Luciene

Fabio e Bia

Leandro, Rilla, Karollyne e Gabriel

Padre iolando,Benê, Mira, Aline e Plinio Zandra e Juline

out-nov/2013 revis ta da bahia 65

Rosanna, Rogério Fabrício e Rafael

Amarildo e Brigda

Mayco e Rogerio FlausinoHilton e Carla

Marina, Lilian e Clene

Gabriel e Olíbia

Gabriela, Matheus, Giovana, Enzo e Fábio

66 revis ta da bahia out-nov/2013

social

Elisabete, Andreia, inês e Cátia

Fabio e Bia

Eliandra, Nara e Eliana

Neiva, Lucian, Fabricio, Rosanna e Patricia

Lygia, Carol e Maricelle

Lucinha, Hryan, Maiara, Raquel e Lilian

Marianna, Andressa e GabrielaMara, Fabricio, Rubens, Gabriela, Eduardo, Marcela, Enói e Marna

Diego, Bié e Clarissa

Paulo, Giovana, Rita e José

Kátia, Geisa e Agui

Denise, Virginia e Castro

Olga, Keila, Juliana e Luciene

Carita, Eloisa,Leonardo, Hugo, Claúdio, Lurdes e Lilia

Kalyne, Dilma e Carol

Luciene e Regeane

Hilton, Camila e Gustavo

out-nov/2013 revis ta da bahia 67