revista ambiente energia 03

12
Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 2015 1 Entrevista “Não decretar racionamento tem gerado prejuízos maiores do que um racionamento em si”, afirma Ricardo Savoya, diretor da Thymos Consultoria Menos impostos para equipamentos solares importados O Projeto de Lei isenta do Imposto sobre a Importação os equipamentos e componentes para geração elétrica dessa fonte Banco Mundial lança guias de eficiência energética para edifícios Banco Mundial, lança seis guias de apoio à integração da eficiência energética no planeja- mento urbano e estratégias locais Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 2015 - R$ 15,90 - www.ambienteenergia.com.br REVISTA Meio Ambiente, Sustentabilidade e Inovação

Upload: ambiente-energia

Post on 21-Jul-2016

224 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Ambiente Energia 03

Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 2015 1

Entrevista“Não decretar racionamento tem gerado prejuízos maiores do que um racionamento em si”, afi rma Ricardo Savoya, diretor da Thymos Consultoria

Menos impostos para equipamentos solares importadosO Projeto de Lei isenta do Imposto sobre a Importação os equipamentos e componentes para geração elétrica dessa fonte

Banco Mundial lança guias de efi ciência energética para edifíciosBanco Mundial, lança seis guias de apoio à integração da efi ciência energética no planeja-mento urbano e estratégias locais

Ediç

ão 0

1 - A

no 0

3 - N

º 03

- mar

ço/ju

nho

- 201

5 - R

$ 15

,90

- ww

w.a

mbi

ente

ener

gia.

com

.br

REVI

STA

Meio Ambiente, Sustentabilidade e Inovação

revista ae - final.indd 1 3/16/2015 1:43:11 PM

Page 2: Revista Ambiente Energia 03

Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 20152

revista ae - final.indd 2 3/16/2015 1:43:13 PM

Page 3: Revista Ambiente Energia 03

Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 2015 3

SUMÁRIO

EDITORIALNovos hábitos para novos desafios4

AE NEGÓCIOSMenos impostos para equipamentos solares importados 5

ENTREVISTAPara especialista a decretação de um racionamento de energia é inevitável e a medida deve ser tomada o quanto antes pelo governo para evitar mais prejuízos à economia brasileira

6/7

CRISE ENERGÉTICA (CAPA)A hora é de rever hábitos, investir em eficiência energética, procurar soluções mais econômicas8/9

JOGO RÁPIDOCom Fernando Milanez - INEE10

revista ae - final.indd 3 3/16/2015 1:43:15 PM

Page 4: Revista Ambiente Energia 03

Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 20154

Novos hábitos para novos desafios

A dificuldade de geração de energia elétrica causada pela crise hídrica, o aumento do consumo, companhias elétricas endividadas, falta de planejamento e investimento do setor em novas alternativas são alguns fatores para o aumento exponencial no preço da energia. A crise energética é um problema grave para a economia e a qualidade de vida das pessoas, mas também uma oportunidade de repensar velhos hábitos e encontrar soluções para os problemas atuais.

Os aumentos progressivos na conta de energia, sem previsão de estabilidade ou redução de preços, prejudica a todos é um alerta para o setor industrial que pode ter sua produção comprometida e até mesmo inviabilizada.

O momento atual exige de todos uma maior reflexão não só em como consumir a energia de forma mais eficiente, mas também nos preocupar em gerar a própria energia, de maneira sustentável, utilizando recursos renováveis e de baixo impacto para o meio ambiente.

A geração distribuída, a microgeração e o mercado livre de energia surgem como opções viáveis, para o enfrentamento dos efeitos da crise, mas ainda são desconhecidas por boa parte dos consumidores.

Nesta edição apresentamos para você diferentes visões sobre o problema energético brasileiro e iniciativas que tentam garantir maior segurança energética e minimizar os impactos econômicos da crise.

Boa leitura!

Fabbio Vemgiz LoboDiretor Executivo do Grupo Ambiente Energia

EDITORIAL EXPEDIENTERevista Ambiente Energia

Meio Ambiente, Sustentabilidade e Inovação

Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 2015

www.ambienteenergia.com.br

Diretor ExecutivoFabbio Vemgiz Lobo

Redação Ana Caroline Carvalho

Programação VisualAlan Barros

NormalizaçãoFernanda Fonseca – CRB 7 5665

GráficaIdeograf

Publicidade+55 21 3872 0355

[email protected]

Atendimento ao [email protected]

Tiragem2.000 exemplares

* A Revista Ambiente Energia não se responsabiliza pelas opiniões emitidas pelos

autores dos artigos publicados.

REVI

STA

revista ae - final.indd 4 3/16/2015 1:43:16 PM

Page 5: Revista Ambiente Energia 03

Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 2015 5

Isenção de imposto para importação de equipamentos solares é estudada na CâmaraFoi aprovado na Comissão do Senado o Projeto de Lei 317/2013, que trata sobre o incentivo fiscal para a geração de energia solar. O PL isenta do Imposto sobre a Importação os equipamentos e componentes para geração elétrica dessa fonte.

A proposta ainda será encaminhada diretamente à Câmara dos Deputados, se não houver recurso para votação no Plenário. Segundo autor do projeto, o Senador Ataídes Oliveira (PROS-TO), o aumento da demanda por energia no Brasil, necessita de leis que facilitem a introdução de fontes limpas na matriz energética do país. O projeto reflete os investimentos feitos em energia limpa no Brasil, já que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê a construção de mais 31 empreendimentos de energia solar.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 26 milhões para a Pure Energy implantar a primeira fábrica de painéis fotovoltaicos do Brasil. O empreendimento será construído no município de Marechal Deodoro (Alagoas).

O projeto da Pure Energy prevê a nacionalização de componentes dos painéis fotovoltaicos. Essa é a primeira aprovação do BNDES para um projeto de empresa que irá operar na cadeia de fornecedores de energia solar. O apoio reflete a política do Banco de estímulo ao desenvolvimento dessa cadeia.

O Programa de Assistência à Gestão do Setor Energético (ESMAP), em parceria com o Banco Mundial, lançou seis guias de apoio à integração da eficiência energética no planejamento urbano e estratégias locais.

O material é constituído por informações detalhadas que orientam para a melhoria do desempenho energético dos edifícios, técnicas de concepção e construção, medidas para a otimização dos edifícios e substituição de equipamentos com elevado consumo de energia.

Faça o download do material em: http://bit.ly/guiabmee

CNI incentiva eficiência energética através de novo modelo de contratoEm parceria com a Associação Brasileira de Grandes Con-sumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), a CNI está criando um novo modelo de negócios que financiará projetos industriais para economizar energia e água e reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

A Sociedade para Eficiência Energética (SEE) tem o objetivo de reduzir a burocracia para aprovação de projetos de eficiência energética e o aumento de endividamento das empresas volta-das para esse mercado. Nele, a SEE comprará equipamentos e, posteriormente, alugará para as empresas selecionadas. Esses equipamentos serão cedidos às indústrias por meio de contrato de prestação de serviços.

BNDES investe R$ 26 milhões em startup de painéis fotovoltaicos

Banco Mundial lança guias de eficiência energética para edifícios

AE NEGÓCIOS

revista ae - final.indd 5 3/16/2015 1:43:17 PM

Page 6: Revista Ambiente Energia 03

Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 20156

de racionamento. A previsão da � ymos é de que o risco de racionamento é da ordem de 77% para cortes de carga em até 1%, conforme risco dé� cit divulgado ao � nal de fevereiro. Se de fato for necessário um racionamento, deve ser anunciado entre abril e maio, que marca o início do período seco.

AE - Quais são os fatores decisivos para os próximos meses: chuva no Sudeste e Centro-Oeste, redução de consumo por conta de aumento de tarifas ou o nível de atividade econômica?

Savoia - Todos esses fatores podem contribuir para melhorar ou piorar a situação nos próximos meses.Um alto volume de chuva poderá melhorar as condições dos reservatórios. Por outro lado, a redução do consumo ajuda a evitar que essas barragens � quem ainda mais vazias. Acreditamos que o aumento da tarifa pode contribuir para que o consumo seja mais planejado, evitando maiores desperdícios de água e energia. Há de se considerar também o nível de atividade econômica: normalmente, o consumo de

O diretor de Regulação e Gestão em Energia da consultoria � ymos, Ricardo Savoia, não só acredita que a decretação de um racionamento de energia seja inevitável como defende que a medida seja tomada o quanto antes pelo governo. Segundo ele, a incerteza gerada principalmente no setor industrial quanto à oferta do serviço a médio e longo prazos já estaria causando prejuízos à economia brasileira. A paralisação dos investimentos seria o principal motivo. Para a volta do clima de segurança energética, ele defende a diminuição da demanda até a recuperação dos reservatórios, a tomada de medidas de e� ciência pelo governo e distribuidoras e o uso mais racional da eletricidade pelos consumidores.

AE - Qual é o prognóstico atual da � ymos em relação à possibilidade de racionamento de energia no País?

Savoia - O cenário atual é muito parecido com o de 2001. Fatores como a situação hidrológica e a expectativa de chuvas abaixo da média nos primeiros meses do ano apontam para uma situação

energia cresce na proporção de 1,5 multiplicado pela taxa de crescimento do PIB, ou seja, se o PIB crescer 2%, o consumo de energia vai crescer 3%. As medidas de e� ciência recomendadas pelo governo e pelas distribuidoras também ajudarão, mas não são su� cientes, sozinhas, para resolver os problemas.

AE - Que medidas emergenciais ainda poderiam ser tomadas para se evitar um racionamento?

Savoia - O governo já iniciou uma série de medidas de e� ciência, porém tardiamente. Todas essas medidas de racionalização deveriam ter começado em 2014. Se não houver racionamento de energia neste ano, podemos empurrar o problema para os anos seguintes, agravando ainda mais a situação entre 2016 e 2017. A tendência é de que haja corte na energia da ordem de 20%. Com isso em mente, acreditamos que o racionamento é inevitável. O ato de decretar racionamento numa situação como essa que vivemos hoje é fundamental para a sociedade, pois provoca um choque estrutural entre a oferta e a demanda e permite o reequilíbrio dos preços no curto e médio prazos. A degradação da atividade econômica veri� cada até agora

“Não decretar racionamento tem gerado prejuízos maiores do que um racionamento em si.”Ricardo SavoiaDiretor da � ymos Energia

revista ae - final.indd 6 3/16/2015 1:43:26 PM

Page 7: Revista Ambiente Energia 03

Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 2015 7

ligada enquanto se utiliza o computador é uma atitude que poderia ser evitada. Tirar os aparelhos da tomada, evitando que � quem em stand-by, também pode ajudar. E, claro, dentro do possível usar com moderação os vilões do consumo, como ferro de passar, chuveiro elétrico, ar condicionado. No caso do ar condicionado, vale também � car atento ao bom funcionamento do equipamento: cuidar da manutenção, bem como fechar bem as janelas enquanto o aparelho estiver ligado. Por � m, vale observar que a quantidade de energia que desperdiçamos é muito grande: de toda a energia consumida no Brasil durante 2014, mais de 10% se perderam à toa, segundo levantamento da Abesco (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia).

“A previsão da

� ymos é de

que o risco de

racionamento é

da ordem de 77%

para cortes de

carga em até 1%,

conforme risco

dé� cit divulgado

ao � nal de

fevereiro”

reduz a previsão de crescimento do consumo, o que favorece uma eventual possibilidade de não se decretar racionamento. Entretanto, é fato que o não decretar gerou prejuízos maiores do que se decretar racionamento, com custos atuais superiores a R$ 100 bilhões, cerca de 2 a 4 vezes superior às expectativas impacto sobre o PIB Nacional de um corte de fornecimento. Assim, o próprio conceito do racionamento, mais uma vez, é deixado de lado, onde sua primordial � nalidade de recuperar os níveis de reservatório, não será colocada em prática. Trará portanto, novos aumentos substanciais nas tarifas de energia e riscos para o curto e médio prazo. Aqui é importante deixar claro, que embora prejudique a economia em um primeiro momento, sua � nalidade é de amenizar os impactos sobre a mesma em momento futuro e nunca o contrário. Assim, talvez mais uma vez veremos passivamente acontecer com os reservatórios de energia a mesma degradação feita aos reservatórios de água em São Paulo.

AE - Como as empresas e famílias podem ser preparar para o pior?

Savoia - Com o risco iminente de racionamento, deve-se planejar melhor o consumo de energia nas residências. Isso requer uma reeducação que inclusive deveria se estender para o dia a dia, mesmo quando não há situação de crise. Normalmente utilizamos diversos equipamentos para uma mesma função, ou então usamos mais de um equipamento por vez. Por exemplo, deixar a televisão

AE - Há espaço para empresas e famílias adotarem, por exemplo, aparelhos e lâmpadas mais e� cientes?

Savoia - Com certeza. Boa parte das indústrias adotou medidas de e� ciência energética nos últimos anos, principalmente devido ao custo elevado do insumo. No caso das residências, por outro lado, houve crescimento muito signi� cativo na quantidade de eletrodomésticos, como panelas elétricas, ar condicionado, televisores maiores, com consequente aumento do consumo. Nesse sentido, consumidores residenciais também podem dar uma contribuição maior para reduzir a demanda do País, reduzindo o uso de equipamentos menos essenciais. Quanto às lâmpadas, hoje já usamos modelos bastante econômicos, que são as � uorescentes compactas, mas a perspectiva é que, nos próximos anos, amplie-se o uso dos modelos de LED.No comércio, a situação é mais complicada, pois uma empresa não pode simplesmente desligar aparelhos para economizar energia e comprometer a demanda de produtos essenciais como alimentos, por exemplo.Uma medida que pode ser bené� ca tanto para algumas empresas quanto para famílias é a troca de equipamentos antigos, que consomem muito, por equipamentos mais modernos que apresentam baixo consumo de energia, sem comprometimento do desempenho.

revista ae - final.indd 7 3/16/2015 1:43:38 PM

Page 8: Revista Ambiente Energia 03

Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 20158

Crise energética e as diferentes visões sobre o problema

O ano de 2015 não começou com boas notícias para os consumidores. Entrou efetivamente em vigor a bandeira tarifária, que transfere de imediato para as contas de energia os custos com a geração térmica. Mas os aumentos não param por aí. O chamado “realismo tarifário” consiste não só na cobrança de despesas praticamente “em tempo real”. Também entra em cena a compensação para as empresas do setor pelas perdas dos últimos anos. As projeções chegam a ultrapassar a casa dos 60% de elevação só este ano. Mais do que rezar para São Pedro encher os reservatórios, a hora é de rever hábitos, investir em e� ciência energética, procurar soluções mais econômicas e até recorrer à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ou, em último caso, à Justiça.O professor de MBA do setor

elétrico da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Franklin Miguel calcula que, para cada R$ 1 bilhão de aumento de custos, viria 1% de reajuste na ponta. Só em transferências do Tesouro para cobrir o orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), por exemplo, foram repassados nos últimos dois anos R$ 25 bilhões. Como a meta � scal não permite mais esse tipo de manobra, ninguém poderá estranhar o impacto de pelo menos 25 pontos percentuais até 2016 para a manutenção dos programas dessa rubrica. Os cálculos de rombos feitos por especialistas são variados, mas nunca fora da casa das dezenas de bilhões de reais. O professor da FGV alerta para o fato de que empresas de geração hídrica têm sido forçadas a comprar no mercado de curto prazo energia mais cara para cumprir seus contratos. O dé� cit

estaria, segundo ele, em torno de 20%, bem acima da margem de risco, que é de 5%. Os prejuízos já somariam quase R$ 10 bilhões, conta que ainda não foi cobrada.Aos consumidores de pequeno, médio ou grande porte caberia de imediato reduzir seu consumo. À medida que a demanda sobre as térmicas (mais caras) diminua, a necessidade de reajuste pode ser menor. A sociedade também pode, segundo ele, participar das três audiências públicas promovidas pela Aneel que tratam dos aumentos. Uma delas é sobre a elevação do valor da bandeira vermelha de R$ 3,00 a cada 100 kWh para R$ 5,50. É hora de reclamar. “Não vejo muito espaço no campo jurídico para se questionar esses aumentos. Mas grandes consumidores, principalmente o setor industrial, podem fazer valer sua força política”, a� rma Miguel.

ESPECIAL CRISE ENERGÉTICA

revista ae - final.indd 8 3/16/2015 1:43:42 PM

Page 9: Revista Ambiente Energia 03

Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 2015 9

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) vem acompanhando os altíssimos reajustes aplicados desde o ano passado. O gerente técnico Carlos � adeu de Oliveira ressalta que o governo está antecipando a partir de agora aumentos que só viriam na revisão tarifária anual. Ele compara a medida com os empréstimos compulsórios do passado, que depois caíam no esquecimento. A elevação aplicada com as bandeiras teria que ser descontada no balanço posterior da Aneel. “O Código de Defesa do Consumidor dá margem a ações por aumentos abusivos ou indevidos. É possível que surja uma enxurrada de ações questionando esses reajustes daqui para frente”, a� rma Oliveira. Ele lembra que além das bandeiras, as revisões extraordinárias que estão sendo previstas também são formas de repasse imediato de custos para o consumidor. Para ele, é hora de exigir mais transparência e cobrar na Justiça, se houver extrapolação. O pró-reitor de Extensão da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), José Wanderley Marangon Lima, acredita que a crise atual está mais para crônica anunciada. O País não aprendeu totalmente a lição do racionamento de 2001. Segundo ele, teríamos que ter criado um sistema de “back-up” para cobrir eventuais de� ciências das hidrelétricas, que fornecem 80% da energia, mas falham quando há falta de chuva. O custo das térmicas poderia ser menor, se eles tivessem recebido maior investimento para elevar sua produtividade, como, por exemplo, na logística de fornecimento de

combustíveis. Por outro lado, é cada vez mais evidente, de acordo com ele, a necessidade de se investir em outras soluções mais ambientalmente corretas, como as usinas eólicas e solares. Embora no passado elas tenham sido preteridas por causa do seu alto custo, atualmente vêm se mostrando mais viáveis economicamente. “O evento do dia 19 de janeiro, quando as distribuidoras tiveram que reduzir o fornecimento, poderia ter sido evitado. O horário de pico de consumo ocorre entre 14h e 16h, justamente quando os painéis fotovoltaicos estão captando maior intensidade de luz. O potencial dessa fonte é enorme no interior de Minas e São Paulo, por exemplo”, avalia o professor, referindo-se ao recente apagão sofrido por 11 estados e pelo Distrito Federal.Há alguns anos, a própria Unifei produziu estudo sobre a repotenciação de usinas hidrelétricas. Unidades antigas, segundo Marangon, poderiam ter um ganho de até 10% com a modernização das turbinas. Foi o que � zeram os americanos na usina de Hoover Dam, construída na década de 1930 no Rio Colorado. Pelo visto, informação e diálogo podem ser os melhores antídotos contra a atual crise. Numa série de reportagens, o portal Ambiente Energia pretende

não só discutir essa crise, como apresentar soluções que garantam uma energia de qualidade, constante e com menor custo.

Acompanhe a série de reportagens do Especial Crise Energética no portal Ambiente Energia www.ambienteenergia.com.br

revista ae - final.indd 9 3/16/2015 1:43:45 PM

Page 10: Revista Ambiente Energia 03

Edição 01 - Ano 03 - Nº 03 - março/junho - 201510

AE - O Brasil tem uma das maiores tarifas industriais de energia do mundo, � cando, atualmente, em 4º lugar nesse ranking. Qual é o cenário energético atual das empresas e a que se deve esse fator?

Fernando Milanez - O Brasil desenvolve um Planejamento Energético que é atualizado periodicamente, entretanto, as obras de expansão da oferta não cumprem os prazos previstos. Esse fato di� culta a construção de uma política tarifária coerente, que é sempre remendada, além de ter havido uma sinalização errada em 2012, quando as tarifas foram irresponsavelmente reduzidas.

AE - Como a indústria pode driblar os altos preços da energia elétrica e manter a sua produtividade?

FM - As tarifas de energia elétrica não representam, de modo geral, um insumo signi� cativo nas indústrias, pesando muito, apenas, nas eletrointensivas. Duas ações são extremamente importantes para reduzir o peso

do custo da eletricidade nas indústrias: a redução das perdas e o uso e� ciente na fabricação e nos serviços auxiliares.Uma alternativa que deve ser sempre examinada pelo industrial é a cogeração que, ao produzir simultaneamente eletricidade e calor/frio, permite reduzir o custo da energia elétrica e do combustível.

AE - Programas como o Procel incentivam a e� ciência energética em vários setores da economia brasileira. Como o setor industrial pode aderir a essa realidade?

FM - Há um acordo entre o PROCEL e a CNI para trabalhos conjuntos. As indústrias devem aderir aos esforços das concessionárias para apresentação conjunta de projetos ao PROPEE da ANEEL.

AE - É possível que algumas indústrias se tornem produtoras da própria energia? Quais as vantagens que a microgeração traria para o setor?

FM - Sim e a melhor forma de uma indústria produzir a energia que consome é com a cogeração. A microgeração só é economicamente viável em situações especí� cas a

Com Fernando Milanez, diretor do Instituto Nacional de E� ciência Energética

serem estudadas. AE- Quais são as vantagens para as empresas que elaboram seus PEEEs?

FM - Uso mais e� ciente da energia elétrica e redução nas despesas com ela.

AE - O Ambiente Energia junto com o INEE realizará o curso “Introdução ao Gerenciamento e Execução de Projetos de E� ciência Energética”. A quem se destina e quais os diferenciais para os pro� ssionais que participarem dele?

FM - O curso será fundamental para todos aqueles que administram uma indústria, pois permitirá que adquiram informações sobre as possíveis ações de e� ciência energética a executar e, caso as executem, acompanhadas de medições e registros das grandezas envolvidas, além de gerenciar o uso do insumo energético maximizando os resultados.

Serviço:Curso Introdução ao Gerenciamento e Execução de Projetos de E� ciência Energética

Informações:21 3872 0355

JOGO RÁPIDORE

FERÊ

NCIA

S O livro, do professor Aldo Rosa, contém os detalhes técnicos necessários para a compreensão dos princípios de engenharia que governam as aplicações da energia renová-vel em diferentes níveis. Veja como adquirir o livro em: http://bit.ly/lper3ed

Batizado de Eletrix, o jogo lançado pela Usina Hidrelétri-ca Belo Monte tem o objetivo de iluminar 17 estados com a energia de Belo Monte. Nele o jogador deve percorrer os 17 estados que receberão 70% da energia gerada pelas 24 turbi-nas das Casas de Força.

Livro “Processos de Energias Renováveis” Usina Belo Monte lança jogo sobre abastecimento de energia

revista ae - final.indd 10 3/16/2015 1:43:49 PM

Page 11: Revista Ambiente Energia 03

T R E I N A M E N T O S

revista ae - final.indd 11 3/16/2015 1:43:50 PM

Page 12: Revista Ambiente Energia 03

revista ae - final.indd 12 3/16/2015 1:43:52 PM