revista conterrâneos bnb - "do bate papo ao bate bola"

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Conterrâneos - Set/Out 2008 3

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Revista Conterrâneos BNB - "Do bate papo ao ba

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Page 1: Revista Conterrâneos BNB - "Do bate papo ao bate bola"

Conterrâneos - Set/Out 2008 3

Page 2: Revista Conterrâneos BNB - "Do bate papo ao bate bola"

Conterrâneos - Set/Out 2008 29

Regra essencial para o bom

funcionamento de uma instituição é

a harmonia entre os membros da

equipe. No Banco do Nordeste, segue-

se essa premissa com facilidade.

Mas, até certo ponto, pois, como se diz

popularmente, para toda regra há

exceção. O ponto fraco dessa

harmoniosa relação se resume numa

palavra: futebol. Contraditoriamente, o

que é capaz de provocar discórdia

também é o elo fora do ambiente de

trabalho. A paixão pelo futebol, mais

precisamente pela “pelada” do fim de

turno ou de final de semana, é o

escape para as duras horas de

batente. Além de ser

uma valiosa

oportunidade de maior

entrosamento entre

colegas, novos ou

veteranos.

Assunto quase

diário, o futebol, uma

das preferências

nacionais, tem lugar

cativo nas vidas dos

funcionários do BNB.

Seja como esporte

ideal para bate-papo,

Douglas Xavier (*)

Do bate-papoao bate-bola

campeonatos. O entusiasmo dos

torcedores se revela nos artigos

pessoais de cada um: escudo do time

como papel de parede, adesivos

colados no computador ou toques de

celular personalizados com os

respectivos hinos.

A menor manifestação de torcida

causa, de imediato, reação do

adversário. Inicia-se, então, a

competição dos colegas. Algumas das

pérolas que se ouve são: “Pode falar,

vascaíno, o freguês sempre tem

razão” e “Essa caravela aí já

afundou”, diz Fábio Vinícius, assessor

da Célula de Apoio Operacional,

flamenguista, referindo-se ao escudo

do Vasco da Gama. O revide vem

rápido: “O urubu vai virar galinha”,

responde a vascaína Nayanna Caroline,

atendente generalista.

Cada um está sempre bem armado

para o embate. Como estratégia para

desestabilizar o time adversário,

recorrem a paródias. Os versos do

hino do Flamengo, por exemplo, com

algumas alterações, viram piada na

boca dos vascaínos.

“Era uma vez

Flamengo, nunca

Flamengo, Flamengo

nunca hei de ser, o

meu maior prazer, é

vê-lo perder, perder,

perder, perder...”

Ceará X Rio

Grande do Norte -

Conta-se que, em

ou como atividade da agenda semanal

dos conterrâneos, todos compartilham

da mesma paixão, sem diferenças.

Nem há distinção entre homens e

mulheres, como preconceituosamente

se pensa. O importante é defender seu

time de coração.

Nas discussões, um lado se

vangloria por ter levado a melhor no

último jogo. O outro, para não ficar por

baixo, relembra os títulos alcançados e

as vitórias conquistadas sobre o

adversário principal. Os times

digladiam pela honra dos seus

escudos, defendendo cada qual a sua

história em campo, nos campeonatos

vencidos ao longo dos anos. As

partidas da noite anterior dão

matéria suficiente para um fórum de

discussão informal entre os colegas em

mais um dia de trabalho.

Disputas e apostas - Na

Superintendência da Paraíba, a maior

rivalidade ocorre entre flamenguistas e

vascaínos. Piadas e brincadeiras são

constantes, principalmente quando se

tratam de momentos decisivos dos

Harmonia, integração esentimento de equipeultrapassam os limites doambiente de trabalho e se refletemna paixão pelo esporte

Page 3: Revista Conterrâneos BNB - "Do bate papo ao bate bola"

30 Conterrâneos - Set/Out 2008

2006, colegas da Superintendência do

Rio Grande do Norte foram

convidados a participar de um

torneio, em Fortaleza, com o

pessoal da Direção Geral, sendo a

única equipe de fora do Ceará.

“Estávamos animados para ganhar o

torneio, pois vínhamos nos

apresentando em jogos que

realizávamos aqui, no Estado, e

também na nossa pelada semanal

no Sindicato dos Bancários”,

comenta Antônio Roberto Gama,

gerente de negócios da Agência

Natal-Centro.

A seleção do Rio Grande do Norte

contava inclusive com líderes de

torcida, sob o comando de Anacely da

Silveira de Paula, secretária da Super-

RN, a responsável pela organização da

turnê, por ônibus. “Além, é claro, de

providenciar apitos, buzinas e outros

apetrechos para incrementar o agito

durante o jogo”, complementa Gama.

Apesar das 10 horas de viagem, e

de farra sem descanso, a seleção do

Rio Grande do Norte, compareceu ao

campo no mesmo dia para disputar

três jogos. O primeiro sem sucesso.

Venceu o segundo, com um gol de

Roberto Gama e outro do funcionário

Zé Carlos (Cenop-RN). No entanto,

no terceiro jogo, a equipe perdeu a

taça almejada.

Mas a comunhão futebolística entre

os benebeanos do Ceará e Rio Grande

do Norte terminou em feijoada.

Peladas e campeonatos - Na

Paraíba, bancos privados e públicos no

interior se reúnem num campeonato

de futebol organizado pelo Sindicato

dos Bancários. Há dois anos, a

competição é disputada por uma

equipe do BNB formada pelas agências

de Campina Grande, Alagoa Grande e

Sumé. Até então, sem vitórias para

contar. Mas, Aníbal Rodrigues, gerente

de Campina Grande, anuncia:

“Seremos campeões este ano!”.

O campeonato, realizado

anualmente, dura três meses, com

partidas realizadas aos sábados.

De oito a dez times participam da

disputa. “O campeonato é interessante

porque integra todos os bancos, e, no

segundo momento, os bancos e a

sociedade”, diz Aníbal.

Já na capital, o futebol se expressa

nas peladas semanais. Funcionários da

Superinten-

dência e das

agências João

Pessoa-Centro

e João Pessoa-

Epitácio Pessoa

batem uma

bolinha (há

controvérsias

quanto ao

diminutivo!)

religiosamente

após o turno

das terças-

feiras. De um

lado, ficam os

sem-camisas.

Do outro, os

padronizados.

Assim

estabelece-se a

partida, que é

repleta de

rivalidades,

lances violentos

e muita

confusão. Tanta raça em campo acaba

em hematomas e

torções.

Pioneirismo

- O futebol dos

benebeanos na Paraíba

tem antecedentes. Em

2001, funcionários da

Agência João-Pessoa Centro e

do Crediamigo formaram o

NATA Futebol Clube. O time

pioneiro atuou por apenas uma

temporada, tendo participado de

27 jogos, dos quais venceu 11 e

empatou dois.

A estréia, jogando contra um time

de peladeiros profissionais em

Cabedelo (PB), foi marcada por uma

derrota no mínimo engraçada. O

resultado da partida foi 8x1 para o

adversário. Triste começo!

Principalmente pelos oitos chutes na

trave desperdiçados pela equipe.

O que poderia ter sido uma

vitória pela diferença de um

gol, tornou-se derrota

histórica. Segundo explica

Evilásio Júnior, um dos

idealizadores e veterano do

clube, “tivemos a infelicidade

de, na estréia, estar com os

jogadores totalmente

despreparados fisicamente e

com uma baita falta de sorte”.

O NATA Futebol Clube

era dado às farras. Como os

A odisséia daequipe potiguar doBNB descreve umarsenal deperipécias desde asaída do ônibus atéa chegada aocampo. A viagem foiregada a cervejas eembalada por umasérie de DVDs

musicais. Mais de 10 horas de farra, sem descanso!Afora cervejas, apareceu por lá uma garrafa de uma tal de

“seleta”, que associada a uma garrafa de mel despertou maissede nos jogadores, tietes e agregados. Depois de algumashoras mantinham-se de pé os mais resistentes.

Roberto Gama tentou cochilar na última poltrona, até quepegou no sono. Mas, para sua desventura, havia um buraco nomeio do caminho.

A caixa de isopor onde antes havia cervejas, virou sobreele com gelo, água e uma garrafa de cachaça. O nossoconterrâneo ficoumolhado da cabeça aospés. “Ainda levei umaporrada da garrafa decachaça na cabeça”,acrescenta Gama.O gerente relata umpouco do seu sofrimento:“O ônibus já estavagelado do ar-condicionado,ficou congelante paramim. Não dormi mais; acabeça parecia umsino com um badaloecoando dentro”.

Torcida potiguar: animação e aventura no Ceará

Equipe do RN no campeonato realizado na Dirge

A viagem dospotiguares

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Conterrâneos - Set/Out 2008 31

jogos se realizavam

aos sábados, os

jogadores comumente

chegavam ressacados da

noite anterior. Muitas

vezes dormiam no

próprio local onde as

partidas aconteciam,

segundo Evilásio.

Futebol cor-de-rosa -

Há quem insista na

afirmação machista de que

“futebol é coisa de homem!”.

Mas as benebeanas arregaçam as

mangas – ou seriam as calças? – e

partem pra pelada também. As

competições femininas tiveram início

com as meninas da Cenop do

Maranhão, inspiradas pelo primeiro

jogo masculino da Cenop e Conaj

contra a Agência Renascença (12x1).

Elas decidiram também montar sua

equipe de futebol, desafiando as

colaboradoras da

Renascença.

O Maranhão conta

ainda com um estiloso time

de futebol formado por

mulheres da equipe da

Superintendência Estadual.

Completamente em cor-de-

rosa, as garotas aprumam

no jogo, com a mesma

raça que os homens. No entanto,

com um pouquinho menos de

ordem e apego às regras.

Nas noites das quintas-feiras,

munido de talento

e graça, o time

entra em campo

para disputar com

as concorrentes;

bem preparadas

pelo técnico, com

treinamentos nos

finais de semana. E bem

apresentadas também!

“Não deixamos de passar

batom para ficarmos

bonitas”, declara Rosaline

Lima, assistente de

comunicação da

Super-PI, titular do time.

Entre as mulheres,

quem não joga, torce.

E os homens, escalados

a jogar na seqüência,

entram nessa levada:

“defendem e torcem de

verdade”, acrescenta

Rosaline. Os comentários

do jogo ficam por parte

deles, que apontam

desempenhos e

incentivam a equipe

feminina.

Turma do pompom

- De torcidas também se

faz o futebol. Além do caso

maranhense, no Piauí, há a torcida

mais organizada de todas, com direito a

pôster (uma montagem, claro!) e tudo

mais, à moda cherleaders americanas.

Mas, de garotas choronas essa

equipe não tem nada. Com elas é só

animação. A proposta é colocar os

campeonatos pra cima, explica Leyla

Sampaio, assistente de comunicação:

“Resolvemos dar um ‘up’ ao evento!”.

Mais do que torcer, elas se

responsabilizam ainda pela divulgação

dos jogos. Convites eletrônicos são

enviados aos

familiares dos

jogadores.

“Mobilizamos as

esposas, filhos,

maridos, parentes,

amigos e

namorados para

participarem”,

detalha Leyla

João Pessoa-Centro e Super-PB (em pé) x Epitácio Pessoa

Colegas de Campina Grande, Alagoa Grande e Sumé formamtime no campeonato entre bancos públicos e privados

Garotas de Torcida doPiauí: Janete, Elicleide,Jane, Luzia, Leyla,Mara e Bárbara

Agência Renascença (em pé) x Super-MA

(*) Douglas é bolsistada Superintendênciada Paraíba