revista europa em foco 3

19
EUROPA em foco ATÉ ONDE VAI? A trajetória de Messi até ele chegar onde chegou e a análise da pergunta: é possível pará-lo? E MAIS: O Anti-jogador: a história do mau caráter de Pepe O vistoso futebol do atual Barcelona O desempenho dos novos ricos do futebol Análises de: Rodrigo Moreno Luka Modric Aaron Ramsey E MUITO MAIS! Edição 3 21/01/2012 Venda proibida

Upload: joao-pedro-almeida

Post on 10-Mar-2016

221 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Revista Europa em Foco 3

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Europa em Foco 3

EUROPAem foco

ATÉ ONDE VAI?A trajetória de Messi até ele chegar onde chegou e a análise da pergunta: é possível pará-lo?

E MAIS:O Anti-jogador: a história do mau caráter de PepeO vistoso futebol do atual BarcelonaO desempenho dos novos ricos do futebolAnálises de: Rodrigo MorenoLuka ModricAaron Ramsey

E MUITO MAIS!

Edição 321/01/2012Venda proibida

Page 2: Revista Europa em Foco 3

ÍNDICE4 O Anti-jogador

6 Quem quer ser um milionário?

11 Manchester city errou muito antes de acertar

13 O messias da bola

16 Até onde vai o talento de messi?

20 A trajetória de Allegri

22 Rodrigoleador

25 Para onde vai Luka Modric?

27 O novo Paul Scholes?

28 Barcelona, um time imune a saudosistas

30 Barcelona: inovando taticamente

36 Aaron “Awesome” Ramsey

37 O ídolo azul real

o

EQUIPECRIAdOR:João Pedro Almeida (@tdsobreocalcio)

dIAgRAMAdOR:João Pedro Almeida (@tdsobreocalcio)

REVISÃO dE:João Pedro Almeida (@tdsobreocalcio)

COlAbORAdORES:luis Felipe Mendes (@luismendes_98)Rodrigo Moraes (@rdrmoraes)João Pedro Almeida(@tdsobreocalcio)Caio dellagiustina(@caio03)Afonso Canavilhas(@afon5o)Eduardo Rocha (@rochaedu)

AUTORES CONVIdAdOS:Victor Mendes(@VictorMendes8)André bailichPedro lampert(@Pedrolampert)

Para bom usufruto da revista digital, é sugerido que leia em tela cheia, o que é possível apenas clicando em qualquer lugar do re-tângulo no qual a revista está contida. Caso já tenha feito isso, é possível dar ainda mais zoom clicando em qualquer lugar da re-vista. Para passar as páginas, basta clicar no botar com uma seta, que simula o folhear de uma verdadeira revista. Em baixo, a re-vista dispõe de um menu com miniaturas de todas páginas e suas respectivas numerações.

Para sugestões, críticas e se quiser anunciar na revista, entre em contato pelo botão abaixo.

Page 3: Revista Europa em Foco 3

O ANTI-JOGADOR Por João Pedro Almeida

Como todos sabem, a música não é feita só de Beatles. Queiram ou não, temos de aceitar o fato de que Restart e afins sempre existirão para fazerem nossos ouvidos sangrarem. O mesmo acontece no futebol. O esporte bretão não é feito só de Messis e outros joga-dores geniais (ou nem tanto). Mesmo contra a nossa vontade, Odvan, Do-mingos e outros trogloditas do mun-do futebolístico sempre dividirão o gramado com bons jogadores.

Esses “anti-jogadores”, vilões do bom futebol, destoam por sua for-ma tosca de jogar, quebrando tudo o que vêem pela frente, mesmo que sem malícia na maioria das vezes. Isso acaba dando graça ao futebol às vezes. Mas só às vezes.

Geralmente limitados ao território tupiniquim, os anti-jogadores estão ganhando o mundo. E é o mais-bem sucedido da nova geração quem vem chamado a atenção nos últimos me-ses. O luso-brasileiro Kléper Laveran Lima Ferreira, o Pepe, é natural de Maceió e atualmente encontra-se na posição de titular do que é tido como o “segundo melhor time do mundo” (não preciso dizer o primeiro). Não satisfeito com essa condição, ainda é titular da zaga da seleção portuguesa.

Ao se tornar conhecido quando as-sumiu a posição no clube merengue,Pepe começou a se notabilizar pelo seu bom senso inexistente, pelas suas pancadas e pelo seu temperamento, digamos, complicado. O zagueiro

começou a ser alvo de críticas e os-tentador de uma média invejável de cartões vermelhos.

No último “superclássico”, nosso querido Kléper não manteve a sua média e foi somente advertido por um simples amarelo. Ok, mas isso porque o árbitro da partida não viu seu pisão desleal na mão esquerda de Lionel Messi enquanto o argen-tino estava caído. Sim, após ser derrubado por Callejón, o craque ficou caído e levou uma “patada” do “anti-craque”.

O lance obviamente gerou polêmi-ca e revolta. Piqué, Puyol, Iniesta e Busquets (que não um exemplo de fair-play) alfinetaram o joga-dor, enquanto Wayne Rooney não se contentou com isso e foi além: chamou o zagueiro de idiota em pleno Twitter.

Apesar de tudo, ninguém está sur-preso com o comportamento de Pepe. Ele já foi além. Seu caso mais grave foi no jogo Real Madrid x Ge-tafe no dia 22 de abril de 2009. No fatídico dia, o luso-brasileiro com-eteu pênalti em Javier Casquero e, não satisfeito,.chutou o adversário

caído duas vezes. Acha que acabou? Ainda deu tempo de agredir Juan Al-bín antes de ir direto para o vestiário. Alguns dizem que esse foi o estopim para o início do mau-comportamento de Pepe.

Entre as ilustres vítimas do psicopata da bola, está ninguém mais ninguém menos que Felipe Melo, um de seus grandes rivais na disputa pelo título de jogador mais sem noção do futebol mundial. Em ação pela seleção de Por-tugal, o jogador merengue acertou um belo pisão no tornozelo do brasileiro, que teve que ser tirado de campo por Dunga. E olha que de pisões Felipe entende bem. Robben que o diga...

Mas enfim, não vou continuar citando as peripécias de Pepe, pois não creio que todas caibam nessa revista. O que podemos tirar de lição é que “vilões do bom futebol” como o zagueiro sempre existirão. E podem até domi-nar o mundo futebolístico. Viva o an-ti-futebol!

Page 4: Revista Europa em Foco 3

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? Por Luis Felipe Mendes

A ‘onda árabe’ que tem atingido os a Europa com seus investimentos milionários no futebol foi algo comemorado pelos clubes me-dianos. Estava aí a oportunidade para, em pouco tempo, atingir o patamar dos grandes, construin-do elencos recheados de estrelas que garantiriam títulos aos mon-tes.

Na prática, não é bem assim que acontece. O dinheiro ajuda, mas não é sinônimo de sucesso instantâneo. O Paris Saint-Ger-main, novo rico da Europa, pode tirar a prova disso com os dois exemplos do futebol inglês: o Chelsea, de Roman Abramovic, e o Manchester City, do Sheik Mansou bin Zayed.

Para que isso possa ser compreendido melhor, vamos fazer um balanço de como foram os anos desses dois clubes enquanto ricos.

CHELSEA

política de contrataçõesApesar dos altos gastos com futebol, a gestão Abramovic quase sempre acertou nos reforços. Jogadores como Cech, Drogba e Robben vi-eram de mercados médios, mas estouraram nos grandes palcos e hoje são referências do futebol mundial.

Quando investiu além da conta, geralmente o Chel-sea se deu mal. Torres e Shevchenko custaram for-

tunas e fracassaram, mas foram erros compen-sados pelas chegadas de Joe Cole, Lampard e Essien, por exemplo. Contratações bem mais baratas e com resultados muito melhores

Agora, os Blues olham para o futuro. Sturridge, Ramires, Mata, Oriol Romeu e David Luiz são a base de uma nova geração vencedora.

os comandantesA ascensão do Chelsea pode se resumir em um nome: José Mourinho. O português foi contratado logo após conquistar a Europa com o Porto, e não decepcionaria: foram dois títu-los da Premier League, três copas nacionais e o estabelecimento dos Blues entre os grandes da Europa.

O retrocesso com Felipão foi logo corrigido, já que Guus Hiddink colocou a equipe na semifi-nal da Champions League. Carlo Ancelotti le-vou a equipe a mais um título, mas não resistiu a muito tempo.

André Villas-Boas é visto como a continuação do ‘ideal Mourinho’, embora não esteja conse-guindo seguir os passos do mentor.

Page 5: Revista Europa em Foco 3

SALDO FINAL - NOVE TEMPORADAS TÍTUlOS 3 Premier leagues 3 FA Cups, 1 leagueCup Champions league: 1 vice-campeonato 4 semi-finais

AS lIÇÕES- Pesquisa de mercado- Planejamento- Treinador com baga-gem

TREINAdORES - Mourinho - grant - Scolari - Ancelotti - Villas-boas

gastos com contratações:

£ 572 milhões(63 mi/temporada)

MANCHESTER CITY

política de contrataçõesAté montar o invejado elen-co que tem em mãos hoje, o City bateu muito com a cabeça. Assim que os ár-abes assumiram, entrou em vigor uma política de aproveitar negócios de oca-sião. Robinho, Bridge e Jô, por exemplo vieram nessas circunstâncias.

O fracasso no ano de estreia levou os Citizens a serem mais agressivos, tanto que

chegaram a fechar com três atacantes de uma vez (Adebayor, Tévez e Santa Cruz) e dois joga-dores em fim de carreira (Sylvinho e Vieira).

No ‘desespero’, o Manchester foi além de sua estrutura, e passou a contratar jogadores de nível mundial. Na leva recente, Agüero, Dzeko, David Silva e Yaya Touré se tornaram os pila-

os comandantesPara assumir o projeto de crescimento do clube, Mark Hughes foi escolhido como treinador na primeira temporada do Sheik. A inexperiên-cia do comandante teve um impacto direto no trabalho do City, já que atletas chegavam sem seu consenso, e a equipe nunca ganhava uma identidade.

Tudo iria mudar com a chegada de Roberto Mancini no meio da temporada 2009-10. Quase tudo. A equipe perderia a vaga na Champions League na última rodada, e pouco comemorou naquele ano.

Na temporada mais recente, enfim, a taça da Copa da Inglaterra. Porém, os problemas extra-campo com jogadores, como no caso Tévez, e a eliminação precoce na Champions League são aspectos que nem o experiente italiano conse-guiu vencer.

Page 6: Revista Europa em Foco 3

SALDO FINAL - QUATRO TEMPORADAS TÍTUlOS Premier league - 3º lugar1 FA Cup

Copa da UEFA/liga Europa

Quartas-de-final (2008/09)

AS lIÇÕES

- Problemas extra-campo- Falta de planejamento-Contratações obsoletas

TREINAdORES - Mark Hughes - Roberto Mancini

gastos com contratações:

£ 457 milhões(114 mi/temporada)

Para melhor compreensão do que está sendo abordado, mais um texto complementando o assunto

MANCHESTER CITY ERROU MUITO PARA ACERTAR

Por Eduardo RochaAlguns resumem o futebol se tratan-do de dinheiro, outros de paixão. Mas lhes faço uma pergunta, de que adianta dinheiro se na é bem investido? Não precisamos ir mui-to longe para provar. No Brasil os clubes cariocas estão emaranhados em dividas, possuem verbas, mas não a competência em administrá-lo.

Prefiro me reter em exemplos alem mares. Os blues, Chelsea, foi um clube comprado por Roman Abramovich, bilionário russo que investe em futebol. Os primeiros anos não foram recheados com tí-tulos, o caminho das pedras ainda não era conhecido. Más contrata-ções, treinadores assumindo equiv-ocadamente o posto e outros prob-lemas são normais. Mas assim como todo investimento esperasse um retorno imediato, coisa que no futebol não é bem assim.

Hoje o Chelsea é um clube consoli-dado. Possui um time base, plantel

definido e faz contratações pon-tuais. Já não é mais um caminhão de jogadores por temporada. Mas o caminhão de dinheiro continua o mesmo.

Os caminhões de dinheiro, ci-fras intermináveis impressionam a qualquer um. É um poço sem fundo, uma conta bancaria nas il-has Cayman. Torna-se fácil impres-sionar um atleta com o montante prometido. A pressão por resulta-dos sempre se torna insustentável, a troca de treinador e contratações equivocada é iminente.

É claro que com dinheiro tudo se torna mais fácil, mas a chance de erro é maior se não souber como e onde aplicar. Montar um time do zero, com investimentos milionári-os, contratações estrelares é missão impossível. Existe um período de transição, geralmente leva em tor-no de dois anos. Tempo suficiente para montar um time base e só as-sim começar a colher os frutos do

Page 7: Revista Europa em Foco 3

do trabalho duro.

Este é o elo principal do sucesso e o fracasso. O período de TRANSIÇÃO de um clube que irá passar de mediano a gigante em proporção internacional. Se bem feito terá tudo para dar certo, alguns anos e quando acham que o clube se tornou um leão adormecido ele acorda sedento por títulos.

Hoje quem encanta é o Manchester City. Clube adquirido por Mansur bin Zayed Al Nahyan, xaque árabe. O clube em poucos anos se tornou quem mais investiu na Europa. Desde 2008, o Manchester City já gastou mais de 600 milhões de libras (R$ 1,68 bilhão) para construir um time repleto e estrelas.

Ao longo de quase quatro anos ao Citi-zens erraram, e muito. Contratações como os sul-americanos: Jô, Roque Santacruz, Sylvinho, Robinho não em-

emplacaram. Outros grandes nomes chegaram e não se adap-taram a exemplo de: Adebayor, Tevez.

Após ressaca o sol brilhou com força em Manchester. Nomes como: Mica Richards, Yaya Tou-ré, Nasri, David Silva, Aguero, Dzeko e Balotelli; Elevaram o City a outro patamar no futebol mundial.

Os petrodólares não são um problema, o dinheiro não dá em arvore, mas parece. Os resulta-dos e taças no armário precisam chegar. O futebol demonstrado em campo é empolgante. Parece ser o ano do City com reforços pontuais o time esta tomando prumo.

Porém a galinha dos ovos de ouro não pode morrer. Exemplos ex-istem aos bocados. Parma e Par-malat pareciam perdurar para o resto da vida, e hoje serve de ex-emplo que um clube não pode ficar a mercê de um investidor. No Brasil Palmeiras e Juventude sentiram a separação da grande multinacional Italiana. A fonte não pode secar.

O MESSIAS DA BOLA Por Victor Mendes

O dia 9 de janeiro de 2012 está eternizado na história do fute-bol. Foi a data que consagrou, definitivamente, um dos maiores craques pós-Pelé. A premiação de melhor jogador do mundo, que juntou pela segunda vez a Fifa e a Bola de Ouro da France Foot-ball, entregou a Messi o troféu de melhor pela terceira vez con-secutiva, igualando nomes como Platini, Cruyff, Van Basten, Zi-dane e Ronaldo. A distancia da

da Pulga de Rosário para seus rivais é tão grande que Cristiano Ronaldo, talvez o único que possa tirar o prêmio das mãos do argentino nos próximos anos, parece apenas um jogador normal comparado ao blaugrana. Os feitos do português, que conseguiu fazer 41 gols em uma úni-ca edição de Liga Espanhola, parecem algo comum quando relacionados com os do blaugrana.

Hoje, o futebol comemora. A relação de Messi com a bola sempre foi de amor. A carreira tem felicidades, lágrimas, como, até o momento, as decepções por ter fal-hado em duas Copas disputadas, mas nunca faltou sentimento. Messi só existe um. Virão anos, décadas, séculos, gols, sincronias e sinais. Mensagens do além, dos céus, dos gramados. Um camisa 10 de 1,69 de altura que exala genialidade a cada partida. Seu namoro com a bola é precoce. Há mais de 20 anos, numa tar-de em família, seu pai, ao lado de tios, primos e amigos, preparava-se para dis-putar uma tradicional pelada. Faltava um. Quis o destino que a criança Mes-si, com apenas cinco anos, completasse

Page 8: Revista Europa em Foco 3

uma das equipes. “Dizem que, assim que eu toquei na bola, todos ficaram sur-presos, como se já soubesse do que se tratava isso”, disse em uma entrevista ao Mun-do Deportivo em 2006.

Na família, ninguém sus-peitava de que ali brotava um craque. À exceção de sua falecida avó, Celia, mãe de sua mãe. Foi ela quem o presenteou com a primeira bola e convenceu o genro, Jorge Messi, do talento do moleque franzino. O pai não teve escolha: levou La Pulga para treinar no Gran-doli, pequeno clube de seu bairro. Durou apenas um ano a aventura do craque no clube. O próximo passo foi a ida para o Newell’s Old Boys, paixão desde sempre e onde Messi sempre rati-fica que atuará profissional-mente um dia. O amor do clube com o jogador, no en-tanto, não foi recíproco. Os Leprosos viraram as costas a Messi justamente quando este mais precisava. Lionel

descobrira que possuia um problema de cres-cimento. O destino, novamente e, dessa vez, ironicamente, acertou. Foi justamente no maior drama da vida da Pulga que o levou ao clube onde, atualmente, desfila classe e é idola-trado.

A profecia que nasceu na Argentina se alas-trou à Catalunha. No Barcelona, chegou aos 13 anos. Baixo demais, franzino demais, moleque demais. Acima de tudo, craque demais. Bas-tou isso para Messi cruzar o Atlântico e faz-er história. Viajou com seu pai, deixando em Rosário sua mãe e seus irmãos. Em seu primeiro teste, o gigante da Catalunha não deu chance ao azar. Carlos Rexach o contratou vendo-o jogar por instantes. O catalão fica impressionado até hoje: “Eu o contratei em 30 segundos! Ele me chamou muita atenção. Em meus 40 anos de

futebol, jamais havia visto coisa se-melhante. De cinco situações de gol, converteu quatro. E tem uma ha-bilidade excepcional. Me lembrou o melhor Maradona. Seu primeiro contrato eu assinei, simbolicamente, em um guardanapo. Queria contra-tá-lo o quanto antes. Não podia de-ixá-lo escapar”, afirma.

Senhor do próprio destino, fez do calvário a estrada para a redenção. O destino desafiou, ele respondeu. Messi tem a eterna sede dos imor-tais. Não lhe satisfaz a arrancada, o drible ou o gol. Tem que estar tudo completo. Não lhe satisfaz se, com apenas 24 anos, possui um currículo invejável. São 3 Champions League, 5 Ligas Espanholas, 2 Mundiais de Clubes, além de Supercopas da Uefa e da Espanha e Copa do Rei. Tem que vir tudo junto. Não lhe satisfaz se, com apenas seis temporadas na carreira, já possui 217 gols e 87 as-

sistências. Já é o segundo maior ar-tilheiro da história do Barcelona, ficando 18 gols atrás de César Ro-dríguez, o maior. La Pulga faz jus ao “quanto mais, melhor”. O céu é o limite de Messi.

Todo mundo já sabe o final, mas não cansa de assistir. Messi não seria o mesmo sem as peças que o destino lhe pregou. Foram as voltas por cima que fizeram dele o que ele é, vitórias e derrotas, baques e recomeços, gols, títulos, arrancadas e dribles, o mun-do estupefato com suas jogadas, fu-racão em campo. Um jornalista per-nambucano, Wagner Sarmento, o definiu bem, uma vez. Messi é o pes-adelo dos superlativos e o sonho dos neologismos. É preciso inventar no-vas palavras em que caibam seu bril-ho. No futuro, talvez Messi se torne um adjetivo. Sinônimo de maior.

PARABÉNS MESSI!

Page 9: Revista Europa em Foco 3

ATÉ ONDE VAI O TALENTO DE MESSI? Por Luis Felipe Mendes e João Pedro Almeida

No auge do seu talento, com apenas 24 anos, o pequeno Lionel Messi con-quistou na última segunda-feira o seu terceiro título de melhor jogador do mundo da Fifa, consagrando o seu nome ao lado de gigantes do futebol como Pelé, Maradona, Platini, Cruyff, Zidane, Van Basten e Ronaldo. Não é a toa que o argentino recebeu quase metade dos votos dos capitães e técnicos das seleções nacionais, superando seus concorrentes pela terceira vez consecu-tiva, consagrando o seu nome em definitivo na história do esporte. Mas é impossível não se perguntar, mesmo que ainda não se possa responder, até onde vai o talento de Lionel Messi?Certo apenas é que, no momento presente, Messi está para o Barcelona as-sim como o Barcelona está para Messi. Com a ajuda de uma equipe recheada de estrelas talentosas, o argentino joga com facilidade e crava números cada vez mais surpreendentes em seu histórico. Na temporada em que coroou o seu ‘tricampeonato’ na Bola de Ouro, Messi marcou 55 gols em 53 jogos, além de 24 assistências.

LIONEL MESSI | ÚLTIMAS TRÊS TEMPORADAS

TEMPORADA JOGOS GOLS ASSISTÊNCIAS

2008/20092009/20102010/2011

515355

159

384753

138

181124

53

Com uma assombrosa e crescente regularidade nessas últimas três tem-poradas, não é difícil esperar que com anos pela frente no futebol, Messi possa manter seus números fantásti-cos por mais algumas temporadas, podendo ser interrompido apenas por uma grave lesão ou algum com-pleto imprevisto em sua carreira.

No entanto, o que parece ser o único tabu do jovem camisa 10 é uma con-

quista por sua seleção nacional.

Messi já anunciou mais de uma vez a sua determinação em superar tal meta, ganhando um grande título com a Argentina. Mas com filosofias de jogo diferentes entre a Seleção e o Barcelona, pode demorar mais do que o esperado para que Messi con-sagre o seu nome com a camisa albi-celeste. Mas afinal...

quem pode desbancar messi? Agora sim uma pergunta, já que Messi não é o único talento no futebol atual. Apesar de manter uma regularidade absurda para qualquer jogador, não são poucos os nomes que almejam desbancar o talentoso argentino na hegemonia da Premiação Mundial da Fifa.Confira alguns dos nomes que podem ameaçar o reinado de Messi no fute-bol mundial.

Considerado por muitos o ‘arqui-inimigo’ do argentino, devido à grande rivalidade entre suas equipes, o português Cristiano Ronaldo é o mais próximo de tirar o posto de Messi no reinado atual do futebol, principalmente por também se mostrar extremamente regular com a camisa do Real Madrid. No entanto, apesar de colecionar números impressionantes como o camisa 10 blaugrano, Cristiano ainda tem que superar o fantasma de ‘sumir’ em jogos im-portantes, vislumbrado novamente no último El Clasico espanhol vencido pelo Barça.

CRISTIANO RONAldO | REAl MAdRId

Page 10: Revista Europa em Foco 3

NEYMAR | SANTOSO fenômeno brasileiro continua a impressionar com a camisa do Santos e selou a sua permanên-cia no país até o ano da Copa do Mundo no Bra-sil, em 2014. Apesar do talento inegável de Ney-mar, o jovem santista ainda precisa amadurecer para chegar ao nível do argentino, mas conta a seu favor com a juventude dos seus 19 anos, que ainda lhe dá tempo para isso. Se a consagração de Neymar depende da sua ida para a Europa ou da regularidade na Seleção, o certo é que o cami-sa 11 santista já deu um primeiro passo no hall do futebol mundial ao ser indicado para a Bola de Ouro em 2011, ficando entre os dez primeiros melhores jogadores da última temporada.

WAYNE ROONEY | MANCHESTER UNITEdApesar de seus 26 anos, o atacante do time inglês já pode ser considerado um jogador experiente. Desde seu início promissor no Everton, Rooney é tratado como um dos melhores jogadores do mundo e mesmo tendo sido especulado prati-camente todos os anos, nunca ganhou o prêmio da FIFA. É um jogador extremamente habili-doso e virtuoso e tem as grandes características de um atacante completo. Já soma mais de 250 jogos pelo clube mancuniano e mais de 120 gols pelo mesmo. É já há algum tempo considerado o melhor jogador inglês em atividade e um grande candidato à coroa de Messi. Mas ultimamente não feito por merecer.

A TRAJETÓRIA DE ALLEGRI Por Rodrigo Moraes

Massimiliano Allegri é um técnico, no mínimo, competente. Depois de uma carreira de calciatore, que ele mesmo classificou como “medío-cre” em entrevista a uma emissora de televisão italiana, o jovem técni-co da Toscana assumiu as rédeas de pequenas equipes até chegar ao Ca-gliari, onde chamou a atenção do gi-gante vermelho da capital da Lom-bardia, o Milan. Com títulos e um time competente, Allegri conquis-tou i tifosi, e com uma personali-dade forte e muita confiança, ousou desafiar Silvio Il Cavaliere Berlus-coni.

Sua carreira como técnico se iniciou em 2004, no comando do Aglianese, na Serie C2 (a quarta divisão itali-

italiana). Com passagens rápidas por SPAL, Grosseto e Sassuolo, onde levou i neroverdi a histórica pro-moção para a Serie B, seu trabalho recebeu atenção especial de Mas-simo Celino. O presidente do Ca-gliari, clube da Sardenha, contratou Max Allegri para o lugar do demiti-do Davide Ballardini, no começo da temporada 2008/2009.

Fazendo um paralelo rápido, nessa mesma temporada, o Milan, sob o comando de Carlo Ancelotti, não disputaria a UEFA Champions League e, mais do que nunca, sofre-ria perdas irreparáveis ao final desta mesma temporada, como a aposen-tadoria de Il capitano cuore di drago Paolo Maldini, a saída do bambino

Page 11: Revista Europa em Foco 3

d’oro Kaká e a chegada de Ronaldin-ho Gaúcho. Ademais, o próprio An-celotti seria dispensado.

Mister Allegri, apesar de um começo desastroso de temporada (derro-tas para Lazio, Siena, Juventus, Ata-lanta e Lecce), tendo conquistado seu primeiro ponto justamente em um empate com o Milan, recebeu o apoio de Celino. Ao final da tempo-rada 2008/2009, com um time sem qualquer destaque que valha, o nono lugar conseguido por Allegri foi comemorado e premiado pela Lega Calcio, que lhe deu o prêmio Panchi-na d’Oro, o melhor técnico da Penín-sula.

A temporada 2009/2010 de Allegri foi ainda melhor quando compara-da as anteriores, contudo, teve uma curiosidade. O Cagliari Allegriano, sempre jogando em seu 4-3-1-2, mesmo confirmando o bom futebol da temporada anterior, tendo até al-guns jogadores convocados para La Nazionale (Biondini, Marchetti e Cossu), terminou em 16º lugar na tabela. A surpresa foi que Allegri, na verdade, foi surpreendentemente demitido do comando técnico do Cagliari em abril, antes do final da na verdade, foi surpreendentemente demitido do comando técnico do Cagliari em abril, antes do final da temporada, portanto.

Paralelamente, O Milan da tempo-rada 2009/2010 era, apesar da pre-sença de Thiago Silva no comando da defesa, e de Pirlo em boa fase, um time sem brilho, armado em um 4-3-3 construído por Leonardo ape-nas para que Ronaldinho Gaúcho, a pedido de Berlusconi, retornasse a sua melhor forma da época blaugra-na. A derrota nos dois Derbys della Madoninna (0X4 e 0X2 para a In-ternazionale de Mourinho) dá bem a figura da situação à época.

Assim, finalmente, em junho de 2010, Allegri tomou as rédeas de Mi-lanello. Em sua primeira temporada, recebeu importantes reforços (Ibra-himovic, Robinho e Prince Boateng) e, com uma ótima temporada de Al-exandre Pato, Cassano, T. Silva e Ab-biati, repetiu o feito de duas lendas do banco milanista (Arrigo Sacchi e Fabio Capello), levantando um Scu-detto, o 18º do Milan. Com destaque para as vitórias no Derby della Ma-doninna.

Com um esquema definido, o seu amado e insuperável 4-3-1-2, e mui-tas peças de reposição e de quali-dade (a exemplo de Nocerino e Aq-uilani) no plantel, a atual temporada do Milan começou claudicante, mas

já o tático de Livorno já corrigiu a rota milanista, que agora divide a liderança com uma impressionante Juventus, que renasce nas mãos de Antonio Conte. Aliás, perguntado mês passado sobre o trabalho do téc-nico bianconero e se ele poderia ser o “novo Allegri”, Massimiliano re-spondeu que espera que não, que ele (Conte) faça um bom trabalho mas, ao contrário de Allegri, termine a temporada em segundo lugar.

Recentemente, o comando de Al-legri foi desafiado por Alexandre Pato. Em entrevista coletiva, Il pa-pero rossonero alfinetou o técnico, pedindo mais conversa e o compa-rando com Ancelotti e Leonardo. Tudo indica que isso tenha sido o mais forte indício de que Pato, com um desempenho decepcionante nes-ta temporada, deseja se juntar aos antigos comandantes no projeto do PSG, turbinado pelo dinheiro árabe, de montar um “Milan in Paris”.

Page 12: Revista Europa em Foco 3

RODRIGOLEADOR Por Afonso Canavilhas

“Nasceu no Brasil, já jogou em Es-panha, marca no Benfica, ninguém o apanha, chama-se Rodrigo e é um GOLEAAAADOR”. A música do conjunto português “Da Vinci” que foi a concurso há muito tempo no Festival Eurovisão foi adaptada por João Ricardo Pateiro, comentarista da rádio TSF, que a ajustou a Rodri-go na perfeição.

O jovem atacante nascido no Bra-sil, mais concretamente no Rio de Janeiro, tem nacionalidade espan-hola e é peça fulcral nas camadas jovens da mesma, dando garan-tias a Vicente Del Bosque de que o ataque da atual campeã do mundo

e da europa Espanha será herda-do por alguém à altura do desafio que é fazer com que o país siga na rota dos triunfos. Contratado pelo Benfica vindo do Real Madrid em 2010 por 7 milhões de euros, Ro-drigo chegou à Luz acompanhado de Alípio. Ambos figuraram como ilustres desconhecidos aos olhos da maior torcida de Portugal, a do Benfica, e o valor foi prontamente questionado entre a mesma. 7 mill-hões de euros era sem dúvida um valor muito elevado tendo em con-ta que se tratava de um jovem.

No entanto, Jorge Jesus foi perspi-caz e pediu ao diretor desportivo

Rui Costa para avançar com os 7 mil-hões de euros e fechou Rodrigo, sen-do que também chegou à Luz Alípio. Sem espaço no plantel da equipe naquela altura campeã nacional, foi emprestado ao Bolton de Owen Coyle onde certamente poderia evoluir. O campeonato com um nível de jogo altíssimo como é o inglês só poderia fazer de Rodrigo jogador. E foi isso que aconteceu. Aos poucos, foi entrando no time e embora não se tenha notabilizado por ter demon-strado o porquê de ter a alcunha de matador, foi bastante importante em vários capítulos de jogo, o que agra-dou bastante o técnico Owen Coyle que fez saber junto da direcção do Bolton Wanderers que valia a pena tentar junto do Benfica (embora fosse difícil) assegurar a contratação do jogador em definitivo.

Foram feitos vários esforços por parte do clube inglês nesse sentido, mas a transferência foi inviabilizada. Há pouco tempo, já no decorrer do ano 2012, com o grande momento de Rodrigo na Luz a fazer eco um pouco por todo o mundo, o presi-dente do Bolton veio dizer que du-rante os contatos com o Benfica pela contratação de Rodrigo, Luís Filipe

Vieira, presidente dos “encarnados”, sublinhou que não fazia intenção de vender o avançado, mesmo que fosse por uma quantia astronômica. De-pois de uma temporada na Inglat-erra, Rodrigo voltou ao Benfica com o intuito de vingar e prontamente mostrou a JJ que estava para ficar. A pouco e pouco, conquistou o seu espaço e começou a marcar gols. Al-guns deles, decisivos. Com os tentos decisivos e os bons jogos, a confiança total chegou e foi entrando a pouco e pouco no onze titular, e quando não figurava nesse lote, era quase sempre o jogador no banco que tinha mais probabilidade de entrar em campo para mudar um jogo.

Page 13: Revista Europa em Foco 3

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Rodrigo é muito polivalente na frente de ataque. Tanto pode desempenhar as funções de winger em qualquer dos lados como também de ponta-de-lança, lugar onde se sente mais à vontade. É um jogador inteligente, com bom toque de bola e exímio no contra ataque. Rápido, poderá vir a melhorar o seu chute de longa distância. A sua capacidade de desmarcação é também sublime, sendo bastante improvável aos olhos da defensa adversária. Ro-drigo tem também um bom drible e uma enorme margem de progressão pela frente, durante a qual se tornará um jogador completo e adquirirá a maturidade que tanto vai necessitar em situações de maior pressão e más fases da sua carreira.

OS TOQUES DE JORGE JESUS E OWEN COYLEOwen Coyle e Jorge Jesus são dois treinadores dos quais Rodrigo certamente terá boas recordações. Ambos tiveram desde já um papel preponderante na sua formação. Imaginando Rodrigo como um diamante bruto, com neces-sidade, por isso, de ser polido, falemos então dos papéis dos dois treinadores na sua carreira. Primeiro JJ, que apostou em si e o trouxe da cantera do Real Madrid para o Benfica por 7 milhões de euros, e depois Owen Coyle, que o trabalhou no futebol mais competitivo do mundo: o inglês. Junto de Coyle, no Bolton, o jogador espanhol adquiriu experiência e voltou para Portugal em grande forma. Aí, e apesar da concorrência que encontrou na frente de ataque, conseguiu ganhar a confiança de Jorge Jesus que apostou em si, e viu resultados bem positivos. Rodrigo tinha crescido como jogador e voltava então à Luz para deixar a sua marca.

O FUTURO DE LUKA MODRICPor Luis Felipe Mendes

Quem acompanha o futebol europeu pode ter uma certeza: o futuro de Luka Modric não será com o Tottenham. 2012, 2013 ou 2014. Em um desses anos o meio-campista croata deixará o clube do norte de Londres, com Manches-ter City, Manchester United e Chelsea sendo os favoritos para a compra do “pequeno croata”.

Modric quase abandonou o Tottenham nessa temporada. Só quase. Porque Harry Redknapp (treinador), Daniel Levy (presidente) e Luka ainda querem a permanência nos Spurs, além do con-trato do jogador ter duração até 2016. Modric sempre foi muito grato ao Tot-tenham por levá-lo ao cenário europeu e sempre disse estar feliz no norte de Lon-dres, enquanto Redknapp vê em Modric o seu principal jogador e Levy sempre

deixou bem claro que o Tot-tenham tem finanças em ótimas condições, não precisando e nem querendo se desfazer de suas prin-cipais estrelas por dinheiro.

As últimas vendas relevantes do Tottenham aconteceram em 2008, quando Dimitar Berbatov e Rob-bie Keane se transferiram para Manchester United e Liverpool, respectivamente, gerando £50 milhões aos cofres da equipe. Ber-batov se encontrava em seu ultimo ano de contrato, ou seja, sua ven-da era a única opção, enquanto o Tottenham até fez força, mas não conseguiu segurar Keane.

Se não conseguir a classificação para a Liga dos Campeões da próxima temporada, os comen-tários e as especulações sobre as possíveis saídas de nomes como Gareth Bale e Modric ganharão mais manchetes e serão mais co-mentadas ainda. Uma grave lesão no tornozelo afastou o interesse de grandes clubes por Bale, mas Mo-

Page 14: Revista Europa em Foco 3

Modric vem sendo alvo de gigantes do futebol europeu.

Aparentemente, o Manchester Unit-ed já desistiu de tentar contratar Mo-dric, focando as suas atenções em Wesley Sneijder (para a atual janela). Mas Sir Alex Ferguson é um grande admirador de Modric e certamente voltará a tentar a sua contratação.

Por momento, o Chelsea é o grande interessado, tendo uma proposta de £22 milhões recusada recentemente. Porém, o Tottenham já disse que não vende Modric por nenhum valor e muito menos para o Chelsea – rival de Londres.

Quem ainda pode levar Modric é o Manchester City. Dinheiro não falta pra os Citizens, que podem oferecer os £35-40 milhões sonhados pelo Tottenham e triplicar o atual salário de £55,000 semanais de Luka.

Mas o mais provável é que Luka continue no Tottenham até o fim da temporada 2011/2012 e, no miní-mo, até o fim da primeira metade da temporada 2012/2013. Porém, caso o Spurs não consigam a vaga na Liga dos Campeões 2012/2013, Modric certamente abandonará o clube em 2012.

Falando sobre as qualidades do joga-dor, Modric é um craque, quebran-do qualquer “regra” de que para um jogador dar certo no Campeonato Inglês é preciso força física. Com 1.70m, Modric consegue, pratica-mente sozinho, dominar qualquer adversários do futebol inglês. Apesar de não aparecer muito com assistên-cias e gols, Luka consegue, ao mes-mo tempo, recuperar muitas bolas e dar um volume de jogo fantástico a equipe. Hoje em dia, ele seria titular em 99% das equipes do planeta

O NOVO PAUL SCHOLES?Por Luis Felipe Mendes

Será que Tom Cleverley pode ser o tão esperado sucessor do agora aposen-tado (ou não) ídolo man-cuniano?

Com a saída de muitos jogadores im-portantes para o elenco e a temporária aposentadoria de Paul Scholes, o téc-nico do Manchester United, Sir Alex Ferguson, procura um jogador á al-tura para suprir a ausência de um dos seus melhores atletas nesses 25 anos no clube inglês.

Em tempos de crise financeira na zona do euro, os times acabam sentindo este reflexo negativo nas bolsas européias. Com isto, o número de contratações de grandes jogadores está cada vez mais escasso.Pensando em uma alternativa mais econômica, e que pode render frutos no futuro, a direção do United está in-vestindo pesado na base. Formado nas divisões inferiores dos Red Dev-il’s, o meio-campista Tom Cleverley, é uma das apostas de Ferguson para comandar o meio campo do Man-chester United na década.

O jovem de apenas 22 anos foi em-prestado para Leicester City, Wigan e Watford para adquirir experiência e, depois disso, Cleverley retornou a equipe do norte da Inglaterra, princi-palmente após a confirmação da saída definitiva de Scholes, um dos homens fortes do grupo mais que vitorioso do United nos últimos anos.Natural de Basingstoke, Cleverley, in-clusive, já chamou atenção de Fábio Capello, que o convocou para repre-sentar a seleção inglesa, porém, uma lesão adiou sua estreia. A confiança no meio-campista é tão grande que o Manchester United an-unciou a renovação de contrato de sua joia por mais quatro anos. Agora, Cleverley precisa provar em campo que o maior clube do país não está equivocado em apostar suas fichas em seu futebol para manter o espírito vencedor que consagrou a era Sir Alex Ferguson.

Page 15: Revista Europa em Foco 3

BARCELONA, O TIME IMUNE AOS SAUDOSISTAS

Por André Bailich

Como acontece com todo menino apaixonado por futebol, minha ro-tina de domingo não ficava limitada aos 90 minutos do principal jogo da rodada. A partir do apito final do ár-bitro, minha diversão era passar às mesas redondas e ouvir o que os es-pecialistas pensavam.

Foi nestes espaços de debate que aprendi que o futebol que eu via era uma verdadeira porcaria. Quem jogou mesmo, segundo os analis-tas, já havia parado há muito tempo. Aqueles 22 jogadores correndo atrás da bola eram apenas o resquício de um esporte que um dia foi bonito.

Os saudosistas no futebol são real-mente cruéis. Só algo realmente es-petacular poderia convencê-los de que o futebol daquele tempo era dig-no de comparação com o passado. Por isso é que costumo repetir que, quem cresce vendo futebol hoje, é um verdadeiro sortudo.

A sorte é de poder ver um time tão extraordinário que nem o mais sau-dosista dos analistas pode ignorar. Não há como. O Barcelona é espe-tacular demais, é diferente demais, para que não seja admirado.

Um jornalista esportivo é alguém

que é quase escravo do futebol. As-siste a uma quantidade de jogos in-terminável, que ameaçam lhe tirar a paixão infantil pelo jogo. Tudo é razão, é a análise fria e cerebral. Perde-se a emoção, tão essencial ao esporte.

Confesso que muitas vezes fiquei pre-ocupado por ver que o futebol já não me empolgava com a facilidade de antes. O Barça tratou de resolver esse problema. É a equipe que mais con-segue tirar de mim o sentimento de paixão ao olhar com admiração uma jogada bonita que se desenrola. Sem analisar, sem procurar motivos. Ape-nas olhar, como fazia quando menino.

Desconfio que os mais saudosistas sintam-se da mesma maneira e, por isso, reconheçam sem problemas que este Barça já tem seu lugar en-tre os grandes da história do futebol. Só espero que daqui a alguns anos, o grande esquadrão de Guardiola não

me deixe mal acostumado e eu não me transforme em um dos chatos que testaram minha paixão pelo jogo. Espero que um dia eu possa contar com saudade que vi esse time espetacular, tendo consciência que uma equipe assim só aparece de vez em quando.

Page 16: Revista Europa em Foco 3

BARCELONA: INOVANDO TECNICAMENTEPor Pedro Lampert

Quando o Barcelona anunciou a contratação de Cesc Fàbre-gas, muitos acharam um luxo desnecessário. Um grande jogador a fazer parte de um time já fantástico e completo, sem necessidade de contrata-ção de uma estrela mundial como o ex-jogador do Arsenal. Logo após o acerto do Barce-lona com Cesc, alguns jornais espanhóis falavam que o Barça poderia passar a jogar no 3-4-3, com Xavi, Sergio Busquets, An-drés Iniesta e o recém-chegado Fàbregas no meio-campo, em um desenho tático sem later-ais. No começo, assim como muitos, achava isso improvável e também tinha a impressão que a contratação de Fàbregas era muito mais uma obsessão do clube em ter de volta a sua antiga estrela das divisões de base do que simplesmente um jogador que chegaria para fazer a diferença no já melhor time do mundo.

Porém, em apenas meia temporada, Pep Guardiola já mostra que muitos estavam errados ao achar que esse 3-4-3 (ou algo próximo disso) não poderia ser implanta-do e que Fàbregas seria apenas mais um. O Barcelona vem jogando no 3-3-4, acomo-dando Fàbregas como “falso 9” ao lado de Lionel Messi, resultando em 10 gols e três assistências para Fàbregas, que já se tornou fundamental ao time.

Falando em desenho tático, o “novo” Bar-celona vem jogando no 3-3-4, ou pelo me-nos como eu considero em “números”, já que podemos ver a equipe de Guardiola no 3-1-4-2, 3-7-0 ou 3-1-6-0.

Porém, por que 3-3-4? Para começar, o fato de a equipe jogar com três zagueiros, preferencialmente Car-les Puyol pela direita, Gerard Pi-qué pelo centro e Eric Abidal pela esquerda. No meio-campo, seguem jogando Xavi, Sergio Busquets e Andrés Iniesta, ou seja, o mesmo trio do 4-3-3 anterior, com Bus-quets a frente da zaga. Além disso, o time segue jogando com dois extre-mos bem adiantados, sendo Daniel Alves pela direita e Alexis Sánchez, Pedro Rodríguez, Thiago Alcântara ou David Villa pela esquerda. E, se no 4-3-3, Messi era considerado um “falso 9”, agora existe uma dupla de “falsos 9”, formada pelo argentino e por Cesc Fàbregas. É difícil definir a posição de Messi e Fàbregas em campo, porém “mapas de calor” mostram que ambos ocupam prati-

camente a mesma faixa do gramado, Messi um pouco mais pela direita e Cesc um pouco mais pela esquerda, formando assim uma dupla de fal-sos atacantes, compondo uma linha de quatro jogadores ofensivos, jun-tamente com os dois extremos.

Entretanto, existe um problema em jogar com esse desenho tático: uma possível fragilidade defensiva. Por esse motivo, Pep Guardiola preferiu jogar com uma linha defensiva de quatro jogadores no derby contra o Real Madrid, disputado na capi-tal espanhola, no dia 10 de dezem-bro. Veremos qual será a atitude de Guardiola com a chegada da fase de mata-mata da Liga dos Campeões: confiar no ousado 3-3-4 ou voltar a jogar com linha defensiva com quatro jogadores.

Nas páginas seguintes, três desenhos da nova tática preferencial do Barcelona, usada em jogos mais relevantes.

Page 17: Revista Europa em Foco 3

MIlAN 2 X 3 bARCElONA | 23/11/2011

Mapa de calor

3-4-3 usado em um grande jogo, con-tra o Milan, pela Liga dos Campeões. Apesar do domínio e dos três gols mar-cados, o esquema tático ainda apre-sentava dificuldades defensivas, com o meio-campista ofensivo central do Milan, Kevin Prince Boateng, sabendo utilizar muito bem os espaços pelos lados da defesa es-panhola.

SANTOS 0 X 4 bARCElONA | 18/12/2011

Na surra da final do Mundial de Clubes, o Santos não conseguiu impor a menor resistência contra o Barcelona. Vitória fácil.

Page 18: Revista Europa em Foco 3

AARON “AWESOME” RAMSEY Por Afonso Canavilhas

Aaron James Ramsey nasceu a 26 de Dezembro de 1990 em Caerphilly, no País de Gales. Com apenas nove anos, Ramsey iniciou a sua carreira futebolística no Cardiff City. Per-maneceu nas camadas jovens até 2007, altura em que com apenas 17 anos ingressou no plantel sénior, cumprindo 16 jogos e agradando aos scouts do Arsenal, que rapida-mente o levaram assinar pelo clube londrino. A partir de 2008, o joga-dor passou a atuar nos “Gunners”, mas viveria no Emirates aquele que foi até agora o pior momento da sua carreira. 27 de Fevereiro de 2010, Arsenal x Stoke City. À passagem do minuto 66, Ramsey divide um lance com Ryan Shawcross, e acaba com uma fratura na tíbia e fíbula da perna direita. O lance chocou todo o estádio, e não era para menos.

O cenário era aterrador, e pela fr-ente, Ramsey tinha cerca de oito duros meses sem pisar no grama-do. Recuperado, para ganhar rex-periência, foi então emprestado ao Nottingham Forest. O empréstimo pouco durou e foi só até ao mercado de transferências de inverno, onde depois de 5 jogos no Forest, se trans-feriu para o clube que o viu nascer novamente durante o empréstimo: o Cardiff City. No entanto, e como Aaron estava já antingindo níveis suficientemente satisfatórios para voltar a jogar pelo Arsenal, e sua estadia no Cardiff durou cerca de mês e meio, voltando ao Emirates, onde até hoje já realizou 78 jogos. Na seleção do País de Gales, Aar-on recebeu duas vezes o prémio de jogador galês do ano, em dois anos consecutivos: 2009 e 2010.

ESPANYOl 1 X 1 bARCElONA | 08/01/2012No derby da Catalunha contra o Espanyol, as coisas não deram certo. Uma atuação incrivel-mente discreta ofensi-vamente e fragilidade defensiva. Enquanto o time esteve pouquíssi-mo inspirado ofensiva-mente, o 3-3-4 deixou a desejar defensivamente, com o Espanyol crian-do muito perigo e ex-plorando momentos em que o Barcelona se defendeu apenas com quatro jogadores – os três zagueiros e mais Sergio Busquets.

Page 19: Revista Europa em Foco 3

Ramsey tem evoluir e se tor-nar um dos grandes nomes do atual elenco do Arse-nal. Mas para isso, terá que mostrar ainda muito mais do que já mostrou, mas com apenas 20 anos, tem ainda uma longa carreira pela frente e por isso tudo para alcançar. Para já, tem o seu espaço na equipe de Arséne Wenger, podendo atuar como meio campista central ou pelas laterais.

Desempenha ambas as fun-ções bastante bem. A mé-dio-centro, faz valer a sua soberba visão de jogo e pre-cisão de passe, e a extremo, dá sempre muito que fazer

ao seu defensor por ser um jogador rápido e de drible fácil. É am-bidestro, mas chuta-preferencialmente de pé esquerdo. A sua precisão de remate também impressiona qualquer um. Embora não seja um jogador cujas características físicas impressionem ao invés do que acon-tece com Walcott, é, isso sim, um jogador com muita raça, e não poderia ser de outra forma uma vez que joga no campeona-to mais exigente do mundo.

Ramsey tem tudo para vingar, agora falta ganhar títulos, coisa que no Arsenal com o passar dos anos se torna cada vez mais raro, derivado de Ar-séne Wenger ter à sua disposição sempre um plantel jovem que não consegue ser regular.

Passará a solução pela saída quando for um jogador mais adulto à semelhança do que sucedeu com Césc Fábregas? Um joga-dor só sente realiza-do ganhando títulos, logo, é natural que se nos próximos anos o Arsenal não investir pensando em con-quistá-los, Ramsey e outros jogadores de-ixem o clube.

ÍDOLO AZUL REAL Por Caio Dellagiustina

Se a torcida do Schalke vive carente de títulos, ao mesmo pode comemorar um ídolo no seu time, Raúl. O espan-hol que veio do Real Madrid no verão de 2010, mal completou a segunda temporada e já é o jogador preferido da torcida azul real. E tudo isso tem um motivo. Ele conduziu o time na última Liga dos Campeões à inédita semifinal, perdendo apenas para o Manchester United.

Nessa temporada, o time de Gelsen-kirchen está na briga apenas da Liga Europa, mas para Raúl, a competição é super importante, pelo simples fato de que ele pode ampliar sua marca de maior artilheiro em competições eu-ropéias. Ele está à frente de Inzaghi, do Milan, mas como o italiano não foi inscrito na Liga dos Campeões, não ultrapassará o espanhol, pelo menos nessa temporada.Porém, o que preocupa a torcida azul real é a renovação de contrato de seu maior ídolo, que vence no final da tem-

porada. Apesar de ele pretender con-tinuar e até encerrar a carreira no clube alemão, ainda há imbróglios a resolver. A situação preocupa, pois a demora pode fazer o ídolo espanhol rumar para um novo time.

Tudo se encaminha para uma renova-ção, mas só saberemos ao final da tem-porada. Enquanto isso, Raúl curte o que chama de melhor momento na carreira e passa dias ouvindo a música que a torcida fez para ele, uma paródia do hino do clube.

Por enquanto, só resta aos torcedores da Veltins Arena aproveitar e curtir os momentos e os brilhantes gols que o espanhol sempre se caracterizou por marcar. Além disso, seus gols são mais do que importantes para ajudar o time a sair da fila de 58 anos sem títulos. Com o título, até mesmo se Raúl sair, sempre ficará na memória do torcedor do Schalke.