revista fazer bem, alimentaçao, informaçao e solidariedade. ano 1 nº1
DESCRIPTION
BF - Revista ano 1 nº1 WEB - lyTRANSCRIPT
A cadeia dodesperdício
alimentação, informação e solidariedadeAno 1 - N º 1 - Outubro de 2011
Segurança Alimentar:
Bancos de Alimentos:
Como os Bancos de Alimentos estão mudando realidades
- Os Apoiadores- Captação - Beneficiários- Transparência
A revista da
O problema é sério, mas a solução
tem receita 12 e 13
10 e 11
alimentação, informação e solidariedade
A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul
Editorial
Opinião
Acontece na Rede
Captação
Segurança Alimentar e Nutricional
Combate ao Desperdício
Conhecendo os Beneficiários
Nossos apoiadores
Rede
Qualidade e Capacitação
Perfil Social
Bancos Sociais
Transparência
4
5
6
8
10
12
14
15
16
18
19
20
22
Conselho Editorial: Paulo Renê Bernhard, Sidnei Aragon dos Santos, Maria de Lourdes Giongo, Denise Zaffari, Adriana Lockmann da Silva, Sérgio Ricardo Sant’Anna, Paola Weiss Monti, Daniel dos Santos Kieling
Jornalista Responsável: Felipe Basso (Reg 11557)Projeto Gráfico e Diagramação: ME GUSTA PropagandaFotos: Arquivos Banco de Alimentos e WalmartImpressão: Gráfica TrindadeTiragem: 3.000 exemplares Periodicidade: Bimestral
Fundação Gaúcha dos Bancos SociaisAv. Assis Brasil, 8.787, 3º andarBloco 10 - CEP 91140-001 Porto Alegre (RS)
Fale com a Redação da Fazer BemEscreva para:
www.redebancodealimentos.org.br
Expediente
Jorge Luiz Buneder Presidente do Conselho de Administração do Banco de Alimentos Paulo Renê Bernhard Presidente da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul
v
acompanhar os primeiros passos do Banco de Ali-
mentos de Porto Alegre, e, mais recentemente, da
fundação da Rede de Bancos de Alimentos, que
já se espalha por todo o Rio Grande do Sul e ou-
tras regiões do Brasil. Para isso, contamos com o
apoio de parcerias fundamentais, como a do Siste-
ma FIERGS, Gerdau, Walmart, GBOEX, SETCERGS,
UNISINOS, Puras, Goldsztein, STEMAC, Siargs,
Sinmetal, Terra e GM, dentre outras centenas de
colaboradores.
Ao longo desses últimos 11 anos, atuamos sempre
com o objetivo de oferecer mais
saúde, bem-estar, inclusão social,
respeito, dignidade e cidadania
para a população carente, diminuir
a evasão e melhorar a assimilação
escolar, e promover a diminuição
da violência. Neste momento, ao
lançarmos a revista Fazer Bem, temos o propósito
de difundir esse trabalho que tantos benefícios vem
proporcionando às comunidades carentes.
Nossa expectativa é de que quanto mais conhe-
cida se tornar a proposta e os objetivos do Banco
de Alimentos no país, mais e mais pessoas juntem-
se a nós para participar deste verdadeiro exército
de pessoas do bem, que por sua vez multiplicarão
a semente de amor e carinho ao próximo. Talvez
essa seja a maior razão do desenvolvimento deste
meio de comunicação, concebido para ser porta-
dor de nossa mensagem de Fazer Bem.
4 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulOpinião
Editorial
Modelo de autogestão da sociedade
Utilizar os esforços, os recursos, a in-
teligência e, acima de tudo, o espírito
humanitário de membros preciosos
da sociedade tem sido a forma como
a nossa Rede de Bancos de Alimen-
tos vem trabalhando para minimizar
ao máximo um flagelo persistente em
todo o mundo ainda hoje: a fome.
Isto porque temos comprovado que
a própria população é capaz de buscar soluções
para as suas demandas sociais, bastando apenas a
generosidade e a solidariedade com
o próximo.
De um desafio lançado no ano de
2000 pelo Coordenador do Conselho
de Cidadania da FIERGS, o industrial
Jorge Luiz Buneder, em conjunto com
Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho,
FIERGS, SETCERGS, SHRBS, ADCE, Rotary, SIA-RS,
Agas, Lions, Parceiros Voluntários, UNISINOS, Asso-
ciação Leopoldina Juvenil, McCann Erickson e SESI,
temos hoje milhares de voluntários totalmente en-
gajados a uma mesma causa.Nossa metodologia de
trabalho baseia-se no princípio da gestão empresa-
rial, e onde cada um contribui com o seu expertise.
Contamos com entidades e pessoas especializadas
nas áreas estratégicas para a Rede, pois acreditamos
que a partir do conhecimento específico dos profis-
sionais e voluntários conseguimos conquistar os me-
lhores resultados em logística, segurança alimentar
e nutricional, assistência social, administração, entre
tantos outros pontos vitais para uma operação efi-
ciente dos Bancos de Alimentos.
Particularmente, tive a satisfação de participar e
Atuamos com o objetivo de oferecer
mais saúde, inclusão social, dignidade e cidadania para
a população.
Diretor Superintendente da Fundação dos Bancos Sociais FIERGS Coordenador Executivo do Conselho de Cidadania FIERGS
Presidente da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul
Paulo Renê Bernhard
Jorge Luiz Buneder
alimentação, informação e solidariedade5Opinião
Uma trajetória bem sucedida, e sempre com novos desafios
Através dos princípios e
estratégias de gestão empresarial, instrumentalizamos
o Banco de Alimentos.
Diretor Presidente da STEMAC S/A Grupos GeradoresCoordenador do Conselho de Cidadania da FIERGS
Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Banco de AlimentosPresidente do Conselho de Administração da Fundação dos Bancos Sociais
Artigo
No período em que comemoramos os 11 anos do Banco de Alimentos de
Porto Alegre – pioneiro no país – estamos também dando outro importante
passo: a publicação da nossa revista Fazer Bem. Aqui, registramos, com des-
taque, que nossas ideias e convicções à época da criação do primeiro Banco
de Alimentos vêm se confirmando integralmente.
Somos sabedores de que, ainda hoje, um dos problemas mais graves que
afligem os gestores das instituições benemerentes do Brasil continua sendo
a falta de alimentos para atender às refeições diárias de crianças, jovens ou
idosos. Com muita satisfação, informamos que estamos oferecendo, com su-
cesso, uma solução para essa questão, por intermédio do Banco de Alimen-
tos do nosso Estado.
Por meio do uso dos princípios e estratégias de gestão empresarial, instru-
mentalizamos o Banco de Alimentos, e já alcançamos a captação e distribui-
ção de 370 toneladas de gêneros alimentícios para 803 entidades por mês.
Com isso, conseguimos atender a um público de 40 mil pessoas, somente no
Rio Grande do Sul.
Reconhecemos, com alegria, tratar-se de números fantásticos que muito
orgulham a todos nós que trabalhamos na busca desses objetivos. Notada-
mente, esse esforço conjunto reproduz a integração da sociedade como um
todo. Destacamos os clubes de Rotary e Lyons, os sindicatos, as empresas
mantenedoras, a logística do SETCERGS, e a orientação de Segurança Ali-
mentar e Nutricional proporcionada pela área de Extensão da Faculdade de
Nutrição da UNISINOS, que nos oferece total segurança técnica.
Na expectativa de difundir ainda mais a Rede de Bancos de Alimentos para
todo o Rio Grande do Sul e demais estados brasileiros, estaremos contribuin-
do para a construção de um mundo melhor, com mais saúde e felicidade
para todos.
6 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulAcontece na Rede
Rede amplia Núcleos dos Bancos de AlimentosInteriorização
Publicações ensinam sobre Educação AlimentarProdução Bibliográfica
A Rede de Bancos de Alimentos do RS investe na propagação do conhecimento para
gerar transformação social. Em junho deste ano, o Banco de Alimentos de Cruz Alta
lançou o guia alimentar Resto Zero, em parceria com alunos do Curso de Nutrição da
Universidade de Cruz Alta. O guia traz informações sobre Segurança Alimentar, além
de cuidados com higiene pessoal e de cozinha. Em 2010, foi publicado pelo Banco de
Alimentos de Porto Alegre o livro Jogos de Ensinar: instrumentos de ensino e aprendi-
zagem na educação alimentar, reunindo ferramentas adquiridas por nutricionistas do
Banco de Alimentos ao longo de anos de experiência em escolas de Educação Infantil
de Porto Alegre e que podem ser utilizadas para a prática da Educação Alimentar.
Banco de Alimentos do Egito conhece trabalho da Rede do Rio Grande do Sul
Visita Internacional
No primeiro semestre deste ano, o Coordenador do Conselho de
Agroindústria da FIERGS e Presidente da indústria Conservas Oderich,
Marcos Oderich, recebeu o Diretor Executivo do Banco de Alimentos do
Egito, Reda Sukker, que veio ao Estado conhecer a sistemática modelo
de operação da Rede de Bancos de Alimentos do RS. Mensalmente, o
Banco de Alimentos do Egito fornece alimentação para 120 mil famílias.
Durante o mês sagrado do Ramadã, o Banco auxilia mais de 750 mil
famílias com a refeição com a qual interrompem o jejum (Al Iftar).
Localidades onde existem
Núcleos BA instalados
Os Núcleos Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul são entidades benefi-
centes e assistenciais já estabelecidas, cadastradas e certificadas pela Rede de
Bancos para atuar como braços no gerenciamento do combate ao desper-
dício de alimentos. Em 2010, a Rede contava com 34 núcleos espa-
lhados pelo Estado. Hoje, já são 75 entidades, além dos 16 Bancos,
operando no sistema de recolhimento, higienização e distribuição de
alimentos. Os Núcleos são fundamentais no processo por já serem
entidades com reconhecido conceito social, estrutura física, de pessoal
e de logística constituída, e capacidade de absorver e distribuir os alimentos
doados. Também assumem a responsabilidade pela segurança alimentar por meio
do trabalho de nutricionistas, e destinam os excedentes a instituições circunvizinhas.
alimentação, informação e solidariedade7Acontece na Rede
Banco de Alimentos é Top Cidadania ABRH-RS
Banco da capital gaúcha tem novo Presidente
Reconhecimento
Porto Alegre
O Banco de Alimentos foi
agraciado com o Top Ci-
dadania ABRH-RS 2011,
na categoria Instituições
Sem Fins Lucrativos. O
prêmio é um dos mais
importantes reconheci-
mentos gaúchos a empre-
sas e instituições que se
destacam por suas práti-
cas de gestão de pessoas,
desenvolvimento huma-
no e responsabilidade
social. Ao todo, foram 39 empresas e instituições
vencedoras, em diversas categorias. A cerimônia
de premiação ocorreu no dia 28 de setembro, na
Sede Alto Petrópolis do Grêmio Náutico União, na
capital gaúcha.
Antonio Parissi assumiu, em maio último, a pre-
sidência do Banco de Alimentos de Porto Alegre,
anteriormente ocupada por Paulo Renê Bernhard,
que passa agora a dedicar-se à Rede de Bancos de
Alimentos do RS e do Brasil. Parissi participa do
Banco de Alimentos desde a sua fundação, no ano
de 2000, com grande destaque na coordenação da
campanha Sábado Solidário e no gerenciamento
dos Núcleos Bancos de Alimentos.
Rede chega à Região do Calçado
Expansão
No último dia 20 de junho, foi inaugurado o Banco de Alimentos da Região do Calçado, para atender às cidades de Novo Hamburgo, Sapiranga, Estância Velha e Campo Bom. Localizado em Novo Hamburgo, este é o 16º Banco da Rede, e tem como principal mantenedora a empresa Gerdau.
Bancos participam da 13ª Transposul
Feira
O Banco de Alimentos e os Bancos Sociais par-ticiparam da tradicional Transposul – Feira e Con-gresso de Transporte e Logística, ocorrida de 13 de junho a 15 de julho. As instituições levaram ao evento uma ampla mostra de seus trabalhos e ações sociais, como o Clique Alimentos.
Vem aí... novos BancosPerspectivas
E a Rede de Bancos de Alimentos do RS continua crescendo. Em breve, novos bancos chegarão a Ca-choeirinha, Bagé e Rio Grande.
Rede lança nova embalagem de arroz
Marca própria
A Rede de Bancos de Alimen-tos do RS lançou a embalagem de 5 quilos para arroz. O cere-al, que muitas vezes chega à Rede em sacos de 60 quilos, agora será mais facilmente manipulado e estocado em sacos menores, melhorando o arma-zenamento e distribuição do produto. Em breve, será lançada nova embalagem para feijão.
Rapidinhas
8 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulCaptação
Arregimentando recursos e pessoasCampanhas de captação contam com forte engajamento da sociedade
Voluntários de empresas parceiras atuam nas campanhas dos Bancos
Conheça mais sobre as ações:
A Rede de Bancos de Alimentos do RS desenvolve diversas
campanhas para angariar recursos, alimentos e colabora-
dores para os projetos da entidade. Entre as principais
formas de captação, estão: o Clique Alimentos, o Sá-
bado Solidário, Super Natal, Campanha do Quilo,
Inverno Sem Fome e as arrecadações
em eventos e jogos esportivos.
Todos os anos, os resultados
obtidos comprovam a eficá-
cia das campanhas.
Clique AlimentosOs mais de 1 milhão e meio de cliques feitos no
www.cliquealimentos.com.br por internautas de todo o mundo já renderam à Rede mais de 1 milhão e meio de quilos de alimentos doados. A ferramenta é possível graças ao apoio de empresas parceiras, que doam uma cota em quilos de alimentos ou em Reais, que é contabilizada em cliques disponíveis no site. A marca da empresa aparece imediatamente após a doação, com link para acesso ao respectivo site.
Super NatalRealizado em dois fins de semana do mês de dezem-
bro nas lojas de todas as redes de supermercados do Estado, conta com a participação de voluntários que, juntos, ajudam a alimentar o Natal de quem mais preci-sa. Na última edição do evento, foram arrecadadas 22 toneladas de alimentos.
Inverno Sem FomeO projeto ocorre em um dos períodos em que as
pessoas mais precisam de alimentos, o inverno. Com o apoio dos meios de comunicação do Rio Grande do Sul, o Banco veicula a campanha para mobilizar a popula-ção gaúcha a doar alimentos.
Sábado SolidárioUma das mais importantes fontes de arrecadação de
alimentos para o Banco é realizada em parceria com a Rede de Supermercados Walmart em todo o Rio Grande do Sul. Sempre no primeiro sábado do mês, o Sábado Solidário conta com voluntários de instituições como Rotary e Lions, que trabalham junto aos super-mercados estimulando doações de alimentos e divul-gando o Banco. Em 2010, o total arrecadado foi de 92 mil quilos de alimentos.
Campanha do QuiloArregimenta funcionários de empresas, escolas e uni-
versidades, que elegem um dia do mês como o “Dia de Doação”, e doam um quilo de alimento a ser entregue ao Banco de Alimentos.
alimentação, informação e solidariedade9Captação
Sábado Solidário arrecada em parceria com CRNSensibilização
O Conselho Regional de Nutricionistas 2ª Região
(CRN-2), em parceria com o Banco de Alimentos e um de
seus Núcleos, integrou o Sábado Solidário com a campa-
nha nacional Fome, Obesidade, Desperdício: não alimente
este problema. A ação de sensibilização para a doação de
alimentos, que ocorreu no dia 3 de setembro em hiper-
mercados BIG de Porto Alegre, Pelotas e Santa Cruz do
Sul, e no dia 10 em Caxias do Sul, arrecadou quase 700
kg de alimentos. Os doadores ainda foram convidados a
participar de uma atividade lúdica, e ganharam um prato
artístico. A iniciativa também contou com a parceria da
UNISINOS, Unisc e UFPel.
Banco de Alimentos participa do PAAParceria com Prefeitura
A Prefeitura de Porto Alegre, por meio da Co-
ordenadoria de Segurança Alimentar e Nutricio-
nal Sustentável (COSANS), mantém, desde 2007,
parceria com o Banco de Alimentos de Porto Ale-
gre para o recebimento, armazenamento, moni-
toramento e distribuição de alimentos adquiridos
da Agricultura Familiar, atendendo ao Programa
de Aquisição de Alimentos da Agricultura Fami-
liar (PAA). Entre 2007 e 2009, foram distribuídas
200 toneladas de gêneros alimentícios para pro-
jetos como Cozinhas Comunitárias e Restaurante
Popular. O Banco de Alimentos de Caxias do Sul
foi o pioneiro neste processo, que deverá se de-
senvolver por todo o Estado.
Clique Alimentos agora pelo celularTecnologia social
Criado em 2008, o www.cliquealimentos.com.br já recebeu mais
de 1 milhão e meio de cliques originados de 199 países e mais de
duas mil cidades do mundo. Cada vez que o internauta realiza um
clique, doa gratuitamente um quilo de alimento ao Banco de Ali-
mentos. Agora, através de uma parceria entre a Human Mobile, In-
ternetSul, Me Gusta e Vetorial, a ferramenta também estará disponí-
vel, em breve, pelo celular. Será possível fazer doações por meio de
uma simples mensagem de celular, sem custo. A nova tecnologia por
SMS acompanha a rápida expansão dos telefones celulares no país,
aumentando as doações aos Bancos de Alimentos.
10 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulSegurança Alimentar e Nutricional
Segurança Alimentar e Nutricional: um direito humano fundamentalO que é, sua importância e o papel dos Bancos de Alimentos do RS
Um tema de extrema importância na sociedade,
porém ainda pouco disseminado face ao panora-
ma atual brasileiro. Conforme a Lei Orgânica de
Segurança Alimentar e Nutricional (Losan), sancio-
nada em 2006 no país, Segurança Alimentar e Nu-
tricional é definida como a realização do direito de
todos ao acesso regular e permanente a alimentos
de qualidade, em quantidade suficiente, sem com-
prometer o acesso a outras necessidades, e com
base em práticas alimentares promotoras da saúde,
social, econômica e ambientalmente sustentáveis.
Compreender esse conceito representa um passo
para vencer problemas como a fome, a desnutri-
ção, a obesidade e outras doenças associadas à má
alimentação. Tais mazelas caracterizam situação de
insegurança alimentar, assim como o consumo de
alimentos de qualidade duvidosa ou prejudiciais
à saúde, uma estrutura de produção de alimentos
alimentação, informação e solidariedade11Segurança Alimentar e Nutricional
predatória em relação ao ambiente, bens es-
senciais com preços abusivos e imposição de
padrões alimentares que não respeitem a di-
versidade cultural.
Conforme divulgado pelo IBGE em 2010,
a insegurança alimentar diminuiu, mas ainda
atinge 30% dos domicílios brasileiros. Pesqui-
sas também revelam que 16% das famílias
com renda inferior a meio salário mínimo per
capita podem ter insuficiência alimentar gra-
ve. Em paradoxo, a obesidade vem sofrendo
incremento no Brasil e no mundo, estando
associada a um grande número de doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT), como hi-
pertensão, doenças cardiovasculares e câncer.
O papel dos Bancos de AlimentosAtuando de forma ampla nesta problemática, os
Bancos de Alimentos do RS funcionam como inter-
mediadores do processo de distribuição de gêneros
alimentícios, assumindo a responsabilidade pela sua
qualidade técnica perante a Secretaria da Saúde e a
Vigilância Sanitária. Inicialmente em parceria com a
UNISINOS, e hoje também contando com a partici-
pação de diversas universidades gaúchas em cidades
que possuem Bancos, a Rede de Bancos realiza di-
versas ações de Segurança Alimentar e Nutricional,
repassando às instituições beneficentes alimentos
perecíveis e não perecíveis provenientes da indústria
e do comércio de vários locais do Estado e do Brasil.
Outro foco de atenção dos Bancos está centrado
na educação em saúde e nutrição. A partir da par-
ceria com a UNISINOS, os Bancos norteiam suas
ações no sentido de contribuir para melhorar as
condições de saúde e nutrição de crianças e ado-
lescentes acolhidos pelas instituições que recebem
os alimentos. A equipe do projeto realiza atividades
de diagnóstico e intervenções nutricionais individu-
alizadas e coletivas, para prevenir e tratar situações
relacionadas à má alimentação. Pais, educadores
e manipuladores de alimentos também recebem
orientações sobre nutrição e saúde. Conforme a nu-
tricionista da Rede de Bancos, Adriana Lockmann,
os resultados obtidos, frutos do aprimoramento dos
processos nas instituições atendidas, são evidentes.
“Registramos grande melhora da qualidade e va-
riedade dos alimentos oferecidos, nos sistemas de
produção de alimentos, na estrutura física das co-
zinhas, e na atitude dos profissionais das escolas, a
partir da obtenção de conhecimento”, comemora.
Para a Coordenadora do Projeto Social Banco de
Alimentos / UNISINOS e professora do curso de
Nutrição da Universidade, Denize Zaffari, “estimu-
lar a prática da alimentação saudável na infância
auxilia no desenvolvimento da capacidade crítica,
e essas ações contribuem para escolhas alimentares
saudáveis no futuro. Assim, a Educação Alimentar
tem o seu foco de Responsabilidade Social”.
Dessa forma, mediante ações consistentes de
Educação Alimentar, os Bancos de Alimentos vêm
conseguindo mudar a realidade de milhares de
pessoas, que ingressam em um novo patamar de
saúde e qualidade de vida.
12 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulCombate ao Desperdício
A cadeia doDESpERDíCiOSeu impacto na Fome e na Economia mundiais, e as soluções para o problema
Cinquenta e dois milhões. Este é o número de
pessoas que sofrem com a fome apenas na América
Latina e Caribe, segundo dados da Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
(FAO). As causas associadas à fome e à inseguran-
ça alimentar no mundo são diversas. Entre outros
aspectos – como a desigualdade social e a alta dos
preços dos alimentos –, catástrofes ambientais, guer-
ras e pesca predatória são alguns dos eventos que
colaboram para o aumento do problema em nível
global, pois aumentam as áreas de solo e água não
produtivas por até centenas de anos. Diante deste
cenário, estão sendo desenvolvidas linhas de tra-
balho para aumentar a disponibilidade e diminuir
os custos dos alimentos. Uma das mais modernas e
consideradas mais eficazes, conforme especialistas,
é a redução do desperdício
de gêneros alimentícios.
O desperdício está
ligado proporcional-
Tratamento dos alimentos no Programa de Combate ao Desperdício e à Fome do Banco de Alimentos e rede Walmart
alimentação, informação e solidariedade13Combate ao Desperdício
mente ao aumento da população mundial. Quanto
mais a população cresce, mais cresce o desperdício
de alimentos. “Este é um dos grandes paradigmas
que vive a civilização atual. Os ditos países ricos
também desperdiçam quantidades significativas de
alimentos”, afirma Luiz Carlos Einloft, Assessor de
Projetos da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais
(FGBS). Ele explica que, no ciclo do desperdício
de alimentos, as perdas iniciam já na semeadura,
posteriormente na colheita, no transporte e arma-
zenagem. “Após, o alimento sai das lavouras, vai
para a indústria, e inicia outro ciclo de desperdí-
cio até chegar nos pontos de venda e nos lares dos
consumidores”, descreve. No Brasil, 64% do que
se planta se perde em toda a cadeia produtiva.
Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
pecuária (Embrapa), 10% do desperdício ocorrem
durante a colheita, 50% no manuseio e transporte,
30% nas centrais de abastecimento e 10% ficam
diluídos entre supermercados e consumidores.
Consumo irresponsávelA FAO observa que uma grande parte do desper-
dício de comida é resultado do consumo incons-
ciente: a população compra muito acima do que re-
almente consome, e no processo de preparação dos
alimentos caseiros acaba deixando de lado gêneros
em perfeito estado. Estudos indicam que 20% dos
produtos comprados no Brasil acabam no lixo sem
ao menos serem abertos. Mais do que nos Estados
Unidos, onde esse número alcança 14%. Por outro
lado, a “cultura do consumo rápido” também gera
a perda de conhecimentos tradicionais sobre a co-
mida e os cuidados com o manejo dos alimentos, e
não incentiva a compra planejada e consciente.
Custos e AlternativasA correção dos níveis de desperdício poderia im-
pactar consideravelmente na economia de milhares
de dólares a
cada ano, in-
fluenciando,
inclusive, no
preço dos ali-
mentos. Con-
forme a FAO,
os custos de-
correntes do
desperdíc io
ocorrem em três níveis: perda econômica para as fa-
mílias que compram alimentos que não consomem;
custo com processamento de lixo gerado pelo des-
perdício; e custo para o meio ambiente por conta-
minação.
Para atacar o problema, é necessário atuar na
Produção (ampliando as boas práticas agrícolas e
métodos de conservação e transporte para reduzir
perdas; promovendo a compra de produtos locais,
entre outras ações); na Venda (favorecendo os Ban-
cos de Alimentos para a reutilização dos gêneros);
e no Consumo (reciclagem de alimentos, educação
para o manejo e conservação, etc). Como alternati-
va, os Bancos de Alimentos são sistemas consagra-
dos há décadas em todo o mundo. Eles recolhem
os alimentos, distribuem para as comunidades locais
em vulnerabilidade e fomentam a mudança de vi-
são sobre o desperdício: de restos não aproveitáveis,
para produtos com valor econômico e plenamente
utilizáveis. Para o assessor da FGBS, Luiz Carlos Ein-
loft, esta nova consciência do não desperdício não
está somente ligada à fome existente. “É uma nova
visão cultural de um mundo mais inteligente, equili-
brado, humano e mais voltado ao que coletamos da
natureza e a ela retornamos em forma de resíduo”.
Na página 15, conheça o projeto de combate
ao desperdício e à fome realizado pelo Banco de
Alimentos do RS em parceria com o Walmart Brasil.
14 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulConhecendo os Beneficiários
Quem se beneficia diretamenteMais de 800 entidades são atendidas diretamente pela Rede de Bancos de Alimentos
É amplo o universo de entidades contempladas
pelas doações e processos educativos oferecidos
pelos 16 Bancos de Alimentos no Rio Grande do
Sul e por um no Rio de Janeiro. No total, 803 ins-
tituições são atendidas hoje por mês, beneficiando
mais de 100 mil pessoas com 380 mil quilos de ali-
mentos, o equivalente a 1.143.000 refeições.
Essas entidades comunitárias assistenciais aten-
dem a públicos diversos, como crianças, adoles-
centes, idosos, pessoas portadoras de necessi-
dades especiais e famílias de baixa renda ou em
situação de vulnerabilidade social. Encontram-se
cadastradas no Banco de Alimentos creches, es-
colas, asilos, associações de bairros, entre outras,
com função social e idoneidade comprovadas.
Alicerçadas nos conceitos de promoção e de-
senvolvimento humano, cidadania, segurança ali-
mentar e qualidade de vida, as contribuições do
Banco de Alimentos têm o objetivo de encorajar
os parceiros beneficiários a promover mudanças
estruturais físicas e administrativas como a melho-
ra de suas instalações e equipamentos, reformu-
lação das formas de gestão institucional e qua-
lificação dos profissionais. Favorecidas pela
redução de custos, em função do recebi-
mento de alimentos doados pelos Bancos
de Alimentos nas diversas localidades, as
instituições passam a dispor dê melhores
condições para ampliar e qualificar os
seus serviços, alcançando novo status na
comunidade, e conquistando novas parcerias.
Conforme explica Maria de Lourdes Giongo,
Assistente Social e Consultora da Rede de Bancos
de Alimentos, através de encontros e reuniões
regulares no Banco de Alimentos, as entidades
têm a oportunidade de expor seus problemas
e intercambiar experiências para soluções de
problemas comuns. “Orientamos as instituições
a participar das políticas públicas sociais para
habilitarem-se à busca de recursos públicos e
privados existentes na comunidade. Também as
incentivamos a acessar todos os nossos recursos
e cursos profissionalizantes”.
Além de fornecer alimentação regularmente,
com qualidade e em quantidade suficiente para
os usuários das entidades, os Bancos de Alimentos
contribuem para a construção de co-
nhecimentos sobre saúde e boas
práticas alimentares.
Para selecionar as instituições, o Banco
de Alimentos realiza o cadastramento de
dados das entidades, e faz avaliações e
visitas in loco. Após, estabelece as prio-
ridades de atendimento a iniciativas de
acolhimento e apoio sociail, como esco-
las infantis, asilos, lares de excepcionais,
associações comunitárias, entre outras.
Como as entidades
beneficiárias são selecionadas
alimentação, informação e solidariedade15Nossos Apoiadores
Walmart Brasil: parceria pelo combate ao desperdício
A Rede de Bancos de Alimen-tos do RS conta com a adesão fundamental de diversos mante-nedores e parceiros estratégicos. Desde a fundação do primeiro Banco, em Porto Alegre, o Wal-mart Brasil é importante apoia-dor da entidade, não apenas como mantenedor financeiro, mas também como agente atu-ante nos projetos desenvolvidos pelo Banco.
Essa parceria nos empreendi-mentos sociais se dá através do Instituto Walmart, organização sem fins lucrativos. Criado em 2005 e mantido com recursos do Walmart Brasil, é responsá-vel pela orientação estratégica e gestão das práticas de Respon-sabilidade Social da empresa, direcionando investimentos para três causas: Juventude e Traba-lho, Desenvolvimento Local e Geração de Renda. As atividades
têm como objetivo promover o desenvolvimento humano e so-cioeconômico de populações e territórios vulneráveis a riscos sociais no Brasil. Para isso, o Ins-tituto realiza programas e apoia financeiramente projetos de par-ceiros com experiência em tra-balhos sociais.
Nesta linha, a empresa uniu-se ao Banco de Alimentos do RS (BA) para a viabilização do Pro-
grama de Combate ao Desperdí-
cio e à Fome. Pelo projeto, o BA coleta diariamente nas lojas Wal-mart do Estado os produtos ‘que-bras de lojas‘, em perfeito estado de conservação, mas considera-dos sem condições de venda por aspectos comerciais e estéticos. Artigos de hortifrutigranjeiro, pa-daria e mercearia são trazidos para o BA, onde são seleciona-dos, higienizados e armazenados em câmaras frias ou no estoque. Todo o processo é supervisiona-do e orientado por nutricionistas do Banco. “Esta relação de par-ceria do Instituto com o Banco de Alimentos nasceu de uma ideia simples e transformou-se num grande movimento para a erradicação da fome no RS. Nos últimos dois anos, nossas lojas BIG, Nacional, Maxxi Atacado e TodoDia destinaram mais de duas mil toneladas de alimen-tos aos Bancos de Alimentos”, destaca o Diretor do Institu-to Walmart, Paulo Mindlin. De janeiro a agosto de 2011, fo-ram arrecadadas 660 toneladas de alimen-tos nas lojas do Walmart, desti-nadas a mais de 16 mil pessoas no Estado.
Marcos Samaha Presidente e CEO do Walmart Brasil
Contribuir para melhorar a qualidade de vida da população passa pelo combate à fome a às
desigualdades sociais. O Banco tem um papel muito
relevante no dia a dia de milhares de gaúchos,
possibilitando a construção de uma sociedade mais justa
e responsável.
16 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulRede - Cruz Alta
Um ano de conquistas para o Banco de Alimentos de Cruz Alta
Dados do Banco
Instituição já entregou mais de 100 toneladas de alimentos à comunidade local
Composta hoje de 16 Bancos associados no Rio
Grande do Sul e um no Rio de Janeiro, a Rede de
Bancos de Alimentos marcou, em 2011, o primeiro
ano de operações do Banco de Alimentos de Cruz
Alta. Inaugurada oficialmente para a comunidade
em abril de 2010, a unidade alia-se ao objetivo de
promover o acesso ao alimento, combatendo o des-
perdício e gerando transformação social.
A iniciativa da instalação do Banco na cidade con-
tou com a adesão de um grande número de empre-
sas e entidades locais, como a Universidade de Cruz
Alta (UNICRUZ), e os Rotarys Club Érico Veríssimo,
Cruz Alta e Ana Terra. Atualmente beneficiando 26
entidades carentes do município, em um ano o Ban-
co entregou aproximadamente 100 toneladas de ali-
mentos, atingindo em torno de quatro mil pessoas.
Conforme o presidente da unidade, Darci Martins,
o objetivo é identificar entidades que desenvolvam
projetos e executem atividades de caráter não ape-
nas assistencialista, mas, sobretudo, de mudança
social. “Buscamos parceiros beneficiários que des-
pertem a possibilidade de haver a transformação da
realidade social dos seus usuários, desenvolvendo
as suas capacidades e habilidades para se tornarem
autônomos, e não eternos dependentes dos serviços
socioassistencias”, explica.
Endereço: Rua Duque de Caxias, 131. Centro
Atendimento: Segunda a sexta, das 8h às 12h e 13h30 às 18h
Contatos:(55) 3343.1787 / [email protected]
Instituidores:
Prefeitura de Cruz Alta, UNICRUZ, Rotary, ACI Cruz
Alta e Rede de Banco de Alimentos do Rio Grande
do Sul.
Mantenedores: Banco de Alimentos de Porto Alegre, Rotarys Club
Érico Veríssimo, Cruz Alta e Ana Terra, Prefeitu-
ra de Cruz Alta, Madezano, CFC Getepro, Pos-
tos 2001, Sindicato Rural, Daronco Materiais de
Construções e Macuglia Imóveis.
Parceiros Doadores: Nacional Supermercados, Marasca Comércio
de Cereais, White Martins, Sementes Aurora e
SLC Comercial.
alimentação, informação e solidariedade17Rede - Cruz Alta
parcerias e realizações
A solidariedade em números
Cada real aplicado foimultiplicado 18 vezes
Em parceria com a UNICRUZ, que viabiliza a
participação de técnicos da área de Nutrição e
Serviço Social, o Banco realiza iniciativas como o
Cozinha Nota Dez, projeto de capacitação desen-
volvido por nutricionistas do Banco de Alimentos
de Porto Alegre, que promove boas práticas ali-
mentares nas entidades beneficiárias. O Banco
também realiza a oficina Resto Zero, que trata
da conscientização para se evitar o desperdício
e promover a utilização integral dos alimentos. A
oficina já resultou no lançamento do Guia Alimen-
tar Resto Zero, com informações sobre higiene ali-
mentar e receitas com reutilização de alimentos.
A entidade também participa do Sábado Solidá-
rio, evento da Rede já consagrado, e assim projeta
o trabalho do Banco e de seus voluntários dentro
da própria comunidade.
Traduzidos em valores financeiros, as doações,
serviços e esforços despendidos pelo Banco de Ali-
mentos de Cruz Alta neste primeiro ano de ativida-
des junto às comunidades carentes do município
alcançaram mais de R$ 400 mil em benefícios ge-
rados, 18 vezes mais do que os recursos aplicados.
Uma comprovação do poder do engajamento social
e da eficiência da aplicação dos sistemas de gestão
empresarial que norteiam o trabalho do Banco e re-
sultam na melhor administração dos recursos.
Darci Martins
Quais os impactos gerados pelo Banco no seu primeiro ano de atuação? Estamos sendo reconhecidos de forma muito
positiva pela comunidade. O Banco se apre-
senta com um catalisador na arrecadação de
alimentos, dando tranquilidade às entidades
parceiras para realizar seu trabalho sem se pre-
ocupar com a alimentação.
E as principais metas do Banco nos próximos anos?Consolidar os 26 projetos que nossas entidades
beneficiárias estão realizando para o seu públi-
co-alvo, e sensibilizar novos parceiros mante-
nedores para que nos auxiliem na instalação de
um laboratório sensorial de alimentos e uma
área para limpeza e manuseio de hortifruti.
Conversa com o presidente
18 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulQualidade e Capacitação
Projetos que educam na prática
A equipe de Nutricionistas do Banco de Alimentos de Porto Alegre, em uma sólida parceria com a Facul-
dade de Nutrição da UNISINOS, realiza diversos programas de qualidade e capacitação voltados à Segu-
rança Alimentar e Nutricional. Direcionado às entidades conveniadas, esses projetos já atingiram milhares
de pessoas e transformaram realidades. Saiba mais:
Cozinha Nota Dez Nutrindo o Amanhã
Oficina do Sabor
Primeiros Passos
O projeto visa a promover segurança e boas prá-ticas alimentares. O Cozinha Nota Dez identifica os principais pontos críticos na produção de alimen-tos, orienta quanto a mudanças para adequação às boas práticas, e capacita funcionários e coordena-dores das instituições.
Contribui para a promoção e manutenção da saúde de crianças e adolescentes matriculados em instituições conveniadas. É feita a identificação de perfil nutricional, acompanhamento semanal e re-alização de ações educativas para a melhoria de condições de saúde e higiene.
Com o objetivo de incentivar a opção por esco-lhas alimentares adequadas, e tendo a culinária como seu eixo estruturante, as oficinas são reali-zadas na cozinha experimental do Banco de Ali-mentos e são divididas em práticas e teóricas. O projeto estimula a interação com os alimentos e a criatividade no preparo.
Promove a saúde de crianças de 0 a 24 meses, faixa etária que merece atenção especial pela ima-turidade fisiológica e vulnerabilidade. O projeto identifica prevalência de anemia, realiza avaliações, presta orientações nutricionais, dispõe de oficinas práticas sobre aleitamento materno e alimentação complementar, entre outras ações.
alimentação, informação e solidariedade19perfil Social
Respeito e compromisso com o ser humano
A história empresarial de Adir Luiz Fração no Rio
Grande do Sul é marcada pela excelência de ges-
tão, pelos resultados conquistados e pelo reconhe-
cimento do empresariado. Durante muitos anos,
integrou e comandou a Expresso Mercúrio, atual-
mente TNT Mercúrio, auxiliando a empresa da fa-
mília Fração a alcançar exitosas conquistas. Iniciou
cedo, com 15 anos, atuando como auxiliar de es-
critório na matriz da Mercúrio, em Santa Maria, sua
terra natal. Passou pela filial de Alegrete, e chegou
a Porto Alegre em 1966 para gerenciar a unidade
da capital. A carreira sempre seguiu uma trajetória
ascendente e de inúmeras vitórias.
Mas uma outra face do empresário de sucesso,
que presidiu a Mercúrio de 1999 a 2003, também
é notória. Adir Fração é identificado por sua lon-
ga e contínua atuação social, de envolvimento nas
questões comunitárias. Conforme ele mesmo rela-
ta com simplicidade, o olhar social, a vontade de
ajudar ao próximo vem de família, do pai, Vitório
Fração, da mãe, Edina Bertagnoli Fração, da espo-
sa, Laci Fração, e de todos os demais membros.
Tanto que, desde a fundação, a Expresso Mercú-
rio foi uma empresa engajada, disposta a auxiliar
as comunidades onde estava presente. “O espírito
social da Mercúrio vinha do entendimento de que
devíamos devolver benefícios às comunidades que
nos proviam o sustento”, ele conta.
Sempre atuando com foco na Responsabilidade
Social, Adir Fração, a convite de seu tio Hermene-
gildo Fração, ingressou no Rotary Club Porto Alegre
São João, em 1988, do qual foi presidente no biênio
2006/2007. Pela entidade, serviu à sociedade de-
senvolvendo iniciativas
em prol da melhora da
qualidade de vida e da
dignidade humana. No
ano de 2000, enquanto
presidente do Sindicato
das Empresas de Trans-
porte de Carga do Rio
Grande do Sul (SETCER-
GS), um dos mais impor-
tantes do setor no país,
participou ativamente da
implantação do primeiro
Banco de Alimentos, em
Porto Alegre. Inicialmente, introduziu o projeto na
entidade, que desenvolveu todo o planejamento
logístico, ponto dos mais estratégicos para o Banco.
Em sequência, pelo alinhamento com os objetivos
do Banco, levou o projeto para a Mercúrio, onde
foi bem recebido. A parceria, inclusive, resultou na
doação de um caminhão da empresa para a insti-
tuição. Em 2007, um novo caminhão foi cedido ao
Banco, desta vez doação da família Fração.
Agora, mais uma vez, Adir Fração identifica uma
oportunidade de ecoar as ações da Rede de Ban-
cos de Alimentos, do qual é Conselheiro Fiscal na
unidade de Porto Alegre. Ele é um dos principais
incentivadores da criação da revista Fazer Bem.
“Por meio deste veículo, buscaremos sensibilizar os
empresários e possíveis parceiros para ingressar na
causa, principalmente os que ainda não conhecem
a Rede. A revista vai alçar o Banco a uma nova di-
mensão”, ele projeta.
Adir Luiz Fração
20 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulBancos Sociais
Bancos Sociais: transformando o desperdício em benefício social
Oferecer às comunidades carentes excedentes
industriais dos mais diversos segmentos, além de
proporcionar cursos de capacitação e treinamen-
to, e introduzir as técnicas de gestão empresarial
ao Terceiro Setor. Essa é a vocação do projeto dos
Bancos Sociais, dirigido pela Fundação Gaúcha dos
Bancos Sociais – Indústria da Solidariedade. Ideali-
zada, desenvolvida e implementada pelo Conselho
de Cidadania da FIERGS, a Fundação faz uso de
uma metodologia de trabalho inovadora. Seu obje-
tivo é a inserção das entidades de classe, empresas,
empresários e sociedade civil na área de Responsa-
bilidade Social, com o objetivo de apoiar e fortale-
cer de forma eficaz as iniciativas do Terceiro Setor
Alunos são capacitados pelos Bancos Sociais
Visando qualificar e gerar renda para mo-radores de comunida-des carentes, a FGBS já capacitou inúme-ros alunos que parti-cipam de seus cursos
de formação. Em setembro, 111 estudantes formaram-se em cerimônia realizada no Complexo dos Bancos Sociais. Ao todo, 77 alunos completaram os cursos dos bancos de Vestuário, Mobiliário, Computadores e Materiais de Construção, desenvolvidos em parceria com o SENAI-RS. Já o curso Inova FIERGS formou 13 colaboradores do Ban-co de Mobiliário, e o Banco de Alimentos certificou nove Manipuladores de Alimentos de instituições beneficentes pelos projetos Oficina do Sabor e Cozinha Nota Dez. No semestre, 480 alunos foram formados.
Bancos Sociais implantam Núcleo de Inovação de Design da UniRitter
Em setembro, foi inaugurado na sede do Complexo dos Bancos Sociais o Núcleo de Gestão da Inovação de De-sign Social da Uni-Ritter. A iniciativa busca qualificar ainda mais as ações da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais (FGBS) e poten-cializar a atividade profissional do Desenhista Industrial. Coordenado pelo professor Daniel Quintana Sperb, o projeto conta com a colaboração de nove bolsistas da faculdade de Design da UniRitter. “Não desenharemos somente produtos e imagens, mas sistemas. O grande objetivo do Núcleo será planejar novos serviços a partir das demandas da sociedade”, destaca Sperb.
no combate à fome, violência e miséria.
O projeto dos Bancos Sociais iniciou no ano de
2000 com a criação do Banco de Alimentos, cuja
metodologia envolvendo instrumentos de gestão
empresarial como logística modelo, bancos de
dados, controladoria financeira, além de trabalho
social voluntário, foi replicada com sucesso nos de-
mais Bancos. O importante no projeto é que cada
Banco busca identificar a demanda da população
carente com o setor empresarial que produz o des-
perdício ou o excedente industrial, como: proble-
ma da fome, e a indústria da alimentação (Banco
de Alimentos); necessidade de móveis, e indústria
do mobiliário (Banco de Mobiliários), tal como
nos demais: Computadores, Vestuários, Medica-
mentos, Materiais de Construção, Órgãos e Trans-
plantes, Tecido Humano, Projetos Comunitários,
Refeições Coletivas, Resíduos, Voluntários, Livros,
e Gestão e Sustentabilidade. A Fundação é com-
posta de 14 Bancos Sociais, cada um presidido por
um empresário do setor correspondente, detentor
do expertise no assunto.
O projeto dos Bancos Sociais está instalado em
um complexo de 9.300 m² na Zona Norte de Porto
Alegre. Os bancos de Alimentos, Vestuários, Com-
putadores, Mobiliários, Materiais de Construção,
Livros e Medicamentos possuem
instalações físi-
cas, ocupando depósitos de 700 m² cada um. Já
os bancos de Voluntários, Projetos Comunitários
e Gestão e Sustentabibilidade são virtuais, e os de
Órgãos e Transplantes e Tecido Humano são insta-
lados em hospitais.
Dada sua efetividade, a metodologia difundiu-
se e já está presente em mais de 20 cidades do
Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro,
com projetos de expandir-
se ainda mais.
alimentação, informação e solidariedade21Bancos Sociais
Banco de Livros cria projeto de bibliotecas para a Fase
Entre as iniciativas educativas e culturais promo-vidas pelo Banco de Livros, uma nova acaba de ser lançada. O Projeto Tesouro Literário irá instalar bibliotecas dentro das 24 unidades de atendimen-to da Fundação de Apoio Socioeducativo do RS (Fase), em Porto Alegre. A primeira foi inaugura-da em 9 de setembro, na Unidade Case POA 1, na Vila Cruzeiro. Além da doação de 500 livros, o Banco de Livros instalou toda a estrutura do espaço de leitura, e irá realizar em cada unidade da Fase uma seleção de obras específicas de acordo com o perfil dos leitores e seu grau de instrução. O pro-jeto será estendido também a todos os presídos do RS e a instituições como a Aldeia da Fraternidade.
22 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulTransparência
O valor financeiro dos serviços prestados
A transparência sempre foi prática corrente do Banco de Ali-
mentos de Porto Alegre, modelo para os demais Bancos do Es-
tado. Prestar contas é uma forma não apenas de comprovar as
ações realizadas, mas de agradecer e valorizar todos os parceiros
envolvidos na causa da instituição. Em 2010, o Banco reformu-
lou o seu Relatório Anual, incluindo a quantificação, em valores
financeiros, das doações, serviços e esforços despendidos em
prol das comunidades carentes. Dos R$ 396.232,14 efetivamen-
te aplicados, o Banco de Alimentos conseguiu multiplicar em 27
vezes esse valor, ou seja, gerou R$ 10.638.400,14 em benefí-
cios. Alguns dos números:
Captação e distribuição de alimentos2.800.000 de quilos de alimentos353 instituições/mês atendidas40 mil famílias/mês atendidasValor anual do benefício: R$ 8.400.000,00
Doações de Refeições IndustriaisRealizadas pelo Banco de Refeições Coletivas dos Bancos Sociais a partir da participação de 65 empresas, apenas no RS. Valor anual do benefício: R$ 267.168,00
Capital Financeiro / Captação de RecursosA proposta do Banco estimulou a destinação de recursos de Mantenedores e Parceiros Es-tratégicos oriundos do ambiente empresarial e sociedade em geral.Valor anual do benefício: R$ 396.232,14
Captação de EstagiáriasQualificação de 43 estagiárias das faculdades de Nutrição, Gastronomia e Engenharia Alimentar da UNISINOS e da PUC-RS.Valor anual do benefício: R$ 43.000,00
Treinamento e Formação de LíderesÁreas: Serviço Social, Nutrição, Gastronomia,Jurídico e Administração.87 entidades envolvidas7.800 pessoas beneficiadasValor anual do benefício: R$ 312.000,00
Capital Intelectual e Difusão de Metodologia20 cidades no RS e 4 cidades no Brasil atendidasLideranças treinadas para a implantação de iniciativas em benefício da sociedade.Valor anual do benefício: R$ 120.000,00