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LINGUAGEM ACADÊMICA v. 6, n. 2, jul./dez. 2016 Dossiê: Nutrição ISSN: 2237-2318

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LINGUAGEM ACADÊMICA

v. 6, n. 2, jul./dez. 2016

Dossiê: Nutrição

ISSN: 2237-2318

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Revista Científica do Claretiano – Centro Universitário

LINGUAGEM ACADÊMICADossiê: Nutrição

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Reitoria / RectorateReitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor PivaPró-reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir BotteonPró-reitor Acadêmico: Prof. Me. Luís Cláudio de AlmeidaPró-reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Me. Pe. José Paulo Gatti

Conselho editorial / Publish CommitteProf. Dr. Alexandre Bonafim Felizardo (UEG)Prof.ª Dra. Alexsandra Loiola Sarmento (UNIMONTES)Prof.ª Ma. Aline Sommerhalder (UFSCar-SP)Prof. Dr. Antônio Donizetti Gonçalves de Souza (UNIFAL-MG)Prof.ª Dra. Camila de Araújo Beraldo Ludovice (UNIFRAN)Prof. Me. Carlos Alberto Marinheiro (CLARETIANO)Prof.ª Ma. Carmen Aparecida Malagutti de Barros (CLARETIANO)Prof.ª Dra. Carolina Kesser Barcellos Dias (UNIPel)Prof. Dr. Christian José Quintana Pinedo (UFT)Prof. Me. Dirceu Fernando Ferreira (IFTM)Prof. Dr. Elvisney Aparecido Alves (CLARETIANO-SP e UNI-FACEF)Prof. Dr. Everton Luis Sanches (CLARETIANO-SP)Prof.ª Dra. Fatima Chechetto (UNESP)Prof. Dr. Fernando Donizete Alves (UFSCar-SP)Prof. Me. Fernando de Figueiredo Balieiro (UNISEB)Prof. Dr. Francisco de Assis Breda (CLARETIANO-SP)Prof. Dr. Glauco Nunes Souto Ramos (UFSCar)Prof. Me. Gustavo Henrique Cepolini Ferreira (UNIMONTES)Prof.ª Dra. Hilda Maria Gonçalves da Silva (UNESP)Prof. Me. José Augusto de Oliveira (CLARETIANO)Prof.ª Dra. Jussara Bittencourt de Sá (UNISUL)Prof. Dr. Juscelino Pernambuco (UNIFRAN)Prof.ª Dra. Maria Cecília de Oliveira Adão (CLARETIANO)Prof.ª Dra. Maria de Lourdes Faria dos Santos Paniago (UFG)Prof. Dr. Pedro Guilherme Fernandes da Silva (IFAL)Prof. Dr. Renato Luis Tâme Parreira (UNIFRAN)Prof. Me. Ricardo Boone Wotckoski (CLARETIANO)Prof. Me. Rodrigo Ferreira Daverni (CLARETIANO)Prof.ª Dra. Silvia Beatriz Adoue (UNESP)Prof.ª Dra. Semíramis Corsi Silva (UFSM)Prof. Dr. Stefan Vasilev Krastanov (UFMS)Prof.ª Dra. Zenith Nara Costa Delabrida (UFS)

Informações Gerais / General InformationPeriodicidade: semestralNúmero de páginas: 118 páginasNúmero de artigos: 5 artigos neste volumeMancha/Formato: 11,3 x 18 cm / 15 x 21 cm

Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores

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Ling. Acadêmica Batatais v. 6 n. 2 p. 1-118 jul./dez. 2016

ISSN 2237-2318

Revista Científica do Claretiano – Centro Universitário

LINGUAGEM ACADÊMICADossiê: Nutrição

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© 2016 Ação Educacional Claretiana

Equipe editorial / Editorial teamEditor responsável: Prof. Me. Rafael Menari Archanjo

Organização / OrganizationProf.ª Dra. Fabíola Rainato Gabriel de Melo

Equipe técnica / Technical staff Normatização: Dandara Louise Vieira MatavelliRevisão: Eduardo Henrique Marinheiro, Rafael Antonio Morotti e Vanessa Vergani MachadoCapa e Projeto gráfico: Bruno do Carmo Bulgarelli

Direitos autorais / CopyrightTodos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.

Permuta / ExchangeOs pedidos de permuta devem ser encaminhados à Biblioteca da instituição:[email protected] Bibliotecária / LibrarianAna Carolina Guimarães – CRB-8/9344

370 L727

Linguagem acadêmica: dossiê nutrição : revista científica do Claretiano – Centro Universitário – v.6, n.2, jul./jdez. 2016) -. – Batatais, SP : Claretiano, 2016. 118 p.

Semestral ISSN: 2237-2318 1. Educação - Periódicos. I. Linguagem acadêmica : revista científica do Claretiano - Centro Universitário.

CDD 370

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Sumário / Contents

Editorial / Editor’s note

ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL PAPER

Intervenção nutricional no transtorno do espectro do AutismoNutritional intervention on the Autistic spectrum disorder Os benefícios da alimentação saudável no período do climatérioBenefits of a healthy nutrition during the climacteric period

Análise quantitativa de portadores de doenças crônicas não transmissíveis frequentadores de um grupo alimentar e nutricional do Claretiano – Centro Universitário de Batatais Quantitative analysis of patients with chronic non-communicable diseases goers of a group of food and nutrition education in the University Center Claretiano of Batatais Avaliação da composição centesimal de congelados saudáveis comercializados na cidade de Ribeirão Preto-SPCentesimal composition assessment of healthy frozen foods sold in the city of Ribeirão Preto-SP Os efeitos dos BCAAs antes, durante e após os treinos na otimização da hipertrofia muscularEffects of BCAAs before, during and after the training in optimization of muscular hypertrophy

Política Editorial / Editorial Policy

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Editorial / Editor’s note

Prezado Leitor,

O Dossiê: Nutrição constitui uma iniciativa do Grupo de Es-tudos Alimentos, Alimentação e Nutrição do Claretiano – Centro Universitário e tem por objetivo incentivar a produção científica nos mais diversos desdobramentos acerca dos temas emergentes da área.

O corpo docente do curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário incentiva e promove a integração de ensino, pesqui-sa e extensão, acreditando que a pesquisa não deve ser privilégio apenas de docentes, mestres ou doutores. Alunos de graduação bem orientados em trabalhos que envolvam pesquisa teórica ou empíri-ca, alunos de pós-graduação, além dos profissionais na área de Nu-trição são potenciais e reais pesquisadores, que podem contribuir para o avanço do conhecimento e da ciência da Nutrição.

Esperamos que esta edição firme o nosso compromisso de contribuir com a construção do saber nas diversas áreas da Nutri-ção, numa proposta inter e multidisciplinar.

Prof.ª Dra. Fabíola Rainato Gabriel de MeloCoordenadora do Grupo de Estudos Alimentos, Alimentação e NutriçãoCoordenadora do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário Organizadora

Prof. Me. Rafael ArchanjoEditor Chefe

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Intervenção nutricional no transtorno do espectro do Autismo

Jocilene Cristina PRODÓSSIMO1

Fabíola Rainato Gabriel de MELO2

Erika da Silva BRONZI3

Giseli Cristina Galati TOLEDO4

Cyntia Aparecida Montagneri AREVABINI5

Márcio Henrique Gomes de MELO6

Resumo: O Autismo é um Transtorno Global do Desenvolvimento conhecido, também, como Transtorno do Espectro do Autista que possui como características alterações na co-municação, na interação social e no comportamento da criança. O objetivo deste artigo foi descrever informações sobre a alimentação adequada e sugerir um cardápio, contribuindo para a melhora das características e dos sintomas decorrentes da doença, possibilitando qualidade de vida. Foi desenvolvida pesquisa bibliográfica de artigos científicos nas ba-ses de dados SciELO e Google Acadêmico. Elaborou-se um cardápio isento de glúten e caseína, utilizando-se como ferramenta o programa de avaliação nutricional AVANUTRI®

on-line. Os resultados foram comparados com os valores de referência das DRIs. As pato-logias gastrointestinais estão entre as principais comorbidades apresentadas pelos autistas causadas, além dos fatores genéticos, por um processo de digestão incompleto do glúten e da caseína. Estudos apontam que uma dieta isenta dessas proteínas possibilitou melho-ra nos sintomas gastrointestinais e alergias alimentares, bem como nos comportamentos sociais. Crianças autistas têm padrão alimentar e estilo de vida diferentes, e isso pode comprometer seu estado nutricional e crescimento corporal. Conclui-se que a alimentação como uma medida terapêutica tem se mostrado benéfica, tornando necessários mais estu-dos para obter-se conhecimento da relação alimentação e autismo.

Palavras-chave: Autismo. Nutrição. Qualidade de Vida.

1 Jocilene Cristina Prodóssimo. Bacharel em Nutrição pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.2 Fabíola Rainato Gabriel de Melo. Doutora e Mestre em Investigação Biomédica pela Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto (SP). Bacharel em Nutrição pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Coordenadora e Docente do Curso de Nutrição no Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <nutriçã[email protected]>.3 Erika da Silva Bronzi. Doutora em Ciências Nutricionais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus Araraquara (SP). Mestre em Saúde na Comunidade pela Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto (SP). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.4 Giseli Cristina Galati Toledo. Doutora e Mestre em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal de Alfenas (UFAL). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.5 Cyntia Aparecida Montagneri Arevabini. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.6 Márcio Henrique Gomes de Melo. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Química Industrial pela mesma instituição. Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.

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Nutritional intervention on the Autistic spectrum disorder

Jocilene Cristina PRODÓSSIMOFabíola Rainato Gabriel de MELO

Erika da Silva BRONZIGiseli Cristina Galati TOLEDO

Cyntia Aparecida Montagneri AREVABINIMárcio Henrique Gomes de MELO

Abstract: Autism is a disorder of the Global Development also known as Autistic Spectrum Disorder which has as characteristic changes in communication, social interaction and behavior of the child. The purpose of the article was to describe information about proper nutrition and suggest a menu, contributing to the improvement of the characteristics and symptoms of the disease, enabling quality of life. A bibliographical research was held in SciELO and Google Scholar databases. A gluten and casein-free menu was elaborated using as a tool the AVANUTRI® on-line nutritional assessment program. The results were compared with the reference values of the DRIs. Gastrointestinal disorders are among the major comorbidities caused by autism, in addition to genetic factors, by a process of incomplete digestion of gluten and casein. Studies show that a diet free of these proteins has provided an improvement in gastrointestinal symptoms and food allergies, as well as in social behavior. Autistic children have different food standards and lifestyles, and this can compromise their nutritional status and body growth. It is concluded that food as a therapeutic measure has proven to be beneficial; therefore, more studies are needed to obtain knowledge on the relation between nutrition and autism.

Keywords: Autism. Nutrition. Quality of Life.

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1. INTRODUÇÃO

O Autismo é um Transtorno Global do Desenvolvimento co-nhecido, também, como Transtorno do Espectro do Autista (TEA) que possui como características alterações na comunicação, na in-teração social e no comportamento da criança; essa tríade o leva a uma dificuldade de adaptação. Geralmente, tais características apa-recem antes dos três anos de idade; contudo, podem ser percebidas nos primeiros anos de vida (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTA-DO DE SÃO PAULO, 2011).

Kanner (1943) descreveu um conjunto de características apresentadas por onze crianças com quem ele trabalhava. Entre as características em comum, destacam-se a falta de capacidade de manter relações normais com pessoas e situações; atraso na capa-cidade de falar e não utilização da linguagem como instrumento de comunicação com os outros; resistência a mudanças no seu am-biente físico. Com isso, a denominação autismo infantil passou a ser utilizada.

O primeiro estudo epidemiológico sobre autismo foi realiza-do na Inglaterra por Vitor Lotter, em 1966, e apresentou 4,5 autistas para 10.000 habitantes (0,045%). Estudos atuais indicam 1 autista para 1.000 habitantes (0,1%) (FOMBONNE, 2009). Segundo da-dos internacionais, o TEA atinge, principalmente, crianças do sexo masculino, cerca de 4,2 nascimentos para cada 1 do sexo feminino (FOMBONNE, 2009; RICE et al., 2007).

A Associação Brasileira de Autismo (1997) aponta que exis-tiam cerca de 600 mil pessoas afetadas pelo TEA, considerando somente a forma típica da síndrome. Existem poucos estudos epi-demiológicos desenvolvidos no Brasil; Fombonne (2010), basean-do-se no Censo de 2000, estimulou uma prevalência nacional de cerca de 500 mil pessoas com autismo.

Crianças portadoras do TEA que possuem permeabilidade in-testinal e alergia alimentar apresentam sintomas gastrointestinais, como diarreia, constipação, distenso e dor abdominal, e não são capazes de uma digestão completa do glúten e da caseína (BUIE et al., 2010; SHAW, 2002). Além disso, tem sido descrita diminuição

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da expressão de enzimas e transportadores, condicionando a má digestão e absorção (WILLIAMS et al., 2011).

Domingues (2007) cita três aspectos pontuais relacionados à alimentação na hora da refeição: a seletividade, limitando a va-riedade e, assim, podendo levar a carências nutricionais; a recusa, sendo que a não aceitação de certos alimentos pode levar a um qua-dro de desnutrição calórico-proteica; e a indisciplina, contribuindo para uma inadequação alimentar. Isso ocasiona a falta de equilíbrio energético e a má alimentação, podendo, assim, haver um consumo energético menor e, também, deficiências de micronutrientes.

O autismo, por se tratar de uma doença psicopatológica, tor-na-se desafiante para a investigação científica. Os estudos são im-portantes para que se compreendam as possíveis relações genéticas e psicológicas que indicam o diagnóstico da doença (CRISTINA; ALMEIDA, 2010).

Este trabalho tem como objetivo descrever informações so-bre a alimentação adequada ao Transtorno do Espectro do Autismo e sugerir um cardápio direcionado ao tratamento eficaz dessa doen-ça, contribuindo para a melhora das características e dos sintomas decorrentes da doença, possibilitando qualidade de vida.

2. METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido através de pesquisa bibliográ-fica de artigos científicos nas bases de dados SciELO e Google Acadêmico realizada de março a maio de 2014 através dos descri-tores: Autismo, Nutrição, Qualidade de Vida. Depois de analisados, foram selecionados os artigos que abordavam os temas relaciona-dos à pesquisa. Recorreu-se, ainda, às referências bibliográficas de artigos previamente encontrados, quando o tema era de acordo com o trabalho, tendo-se obtido um total de 39 artigos.

Elaborou-se uma sugestão de um cardápio isento de glúten e caseína, utilizando como ferramenta para o cálculo dos macro e micronutrientes o programa de avaliação nutricional AVANUTRI®

on-line, disponível na web. Os resultados foram comparados com

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os valores de referência das DRIs (Dietary reference intakes) pro-postos em um estudo feito em 2006 por Padovani et al.

3. DESENVOLVIMENTO

Por décadas, o autismo era rotulado de esquizofrenia infantil. Já nos anos 1970, foi reconhecida a necessidade de distinguir as de-sordens mentais e, somente na década de 1980, o termo Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID) foi adotado, tendo em vista que essas anomalias estão presentes desde cedo na vida da criança (RUTTER, 2005).

Entre os transtornos invasivos do desenvolvimento, o autis-mo é o mais conhecido (KLIN, 2006), podendo ser chamado, tam-bém, de transtorno autístico, autismo da infância e autismo infantil precoce, causando perda severa na interação social e na comuni-cação, padrões limitados de atividades, interesse e comportamento isolante, manifestando, com frequência, agressividade, irritabilida-de, hiperatividade e autoagressão (FONBANNE, 2005; GENUIS; BOUCHARD, 2010).

A American Psychiatric Association publicou, em 2000, o texto Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM IV- TR), que norteia critérios do diagnóstico clinico observacionais das desordens de espectro autista, dando definições para o diagnós-tico diferenciado de várias doenças, como o autismo, síndrome de Asperger, transtorno invasivo do desenvolvimento não especifico, transtorno desintegrativo da infância e síndrome de Rett. Alguns médicos e pesquisadores, por concluírem que há características em comum mesmo havendo heterogeneidade entre si, passaram a classificar o quadro clínico como desordem, transtorno do espectro autista e, inclusive, autismo (APA, 2000).

Sendo assim, a origem do termo Transtorno do Espectro do Autismo deu-se a partir do conhecimento de que as manifestações comportamentais são heterogêneas, acometem em diferentes graus e que há múltiplos fatores etiológicos fortemente associados a fato-res genéticos (KLIN, 2006).

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4. INTERVENÇÃO NUTRICIONAL

As patologias gastrointestinais estão entre as principais co-morbidades apresentadas por indivíduos com autismo (CUBALA--KUCHARSKA, 2010). Vários casos surgiram em clínicas de gas-troenterologia pediátrica de crianças com autismo com prevalência de sintomas gastrointestinais, como constipação crônica, diarreia, dor, gases, inchaço abdominal (IBRAHIM et al., 2009); outras al-terações as acometem, podendo ser citadas hiperplasia nodular lin-foide íleo-cólica, enterocolite, gastrite, esofagite, disbiose e perme-abilidade intestinal aumentada (CUBALA-KUCHARSKA, 2010; WILLIAMS et al., 2011).

No autismo, além dos fatores genéticos, como funcionamen-to intestinal deficiente e más formações genéticas, existem, tam-bém, os fatores ambientais, destacando-se as imunizações, a flora gastrointestinal anormal, os metais tóxicos ou as intolerâncias ali-mentares. Estudos apontaram um processo de digestão incompleto das proteínas do trigo e do leite, respectivamente glúten e caseí-na. Sendo assim, indivíduos que apresentam intestino permeável não são capazes de fazer a digestão correta das proteínas do leite e seus derivados, absorvendo os peptídeos produzidos pela caseína e pelo glúten. Estes são absorvidos e entram na corrente sanguínea; ao atingirem o cérebro, estimulam comportamentos autistas ao in-fluenciarem as neurotransmissões (SHAW, 2002).

Ainda segundo Galiatsatos, Gologan e Lamoureux (2009), existem hipóteses apontando para a absorção de peptídeos incom-pletamente quebrados devido a respostas imunes a proteínas ali-mentares e à presença de uma permeabilidade intestinal anormal, ocasionando uma atuação opioide no Sistema Nervoso Central (SNC) através da barreira hematoencefálica, deixando como alter-nativa uma dieta restrita em glúten e caseína, já que, assim, há uma minimização dos sintomas gastrointestinais, refletindo em melho-ras no comportamento. A teoria do “Excesso de Opioides” como causadora ou agravadora do autismo surgiu em 1979, citada pelo médico Dr. Jaak Pankseep (PANKSEPP, 1979).

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A digestão incompleta da caseína ou do glúten produz peptí-deos chamados de exorfinas, sendo que as caseomorfinas, gluteo-morfinas e agliadomorfinas possuem forte atividade de opioides no cérebro (CADE et al., 2000). Gillberg e Lo Nnerholm (1985) en-contraram níveis aumentados de exorfinas no líquor cefalorraqui-diano em autistas. Porém, Nagamitsu et al. (1997) não encontraram relação com o líquor de crianças normais ao estudar essa substância em crianças autistas. A dificuldade em comparação dos resultados encontrados evidencia que o espectro autista envolve quadros clíni-cos muito diferentes e etiologias diversas.

Foi publicado um estudo no qual 387 questionários aplica-dos a pais e/ou cuidadores de crianças autistas foram analisados. Concluiu-se que uma dieta isenta de glúten e caseína possibilitou às crianças melhora nos sintomas gastrointestinais e alergias ali-mentares, bem como nos comportamentos sociais. Porém, surgem dúvidas quanto ao critério a aplicar para definir que subgrupos de autistas responderão melhor à adesão da dieta (PENNESI; KLEIN, 2012; WHITELEY et al., 2010).

Em uma dieta restrita de glúten, a recomendação é de, pelo menos, três meses para obter um resultado melhor para averiguação do progresso. Porém, mudanças podem ser notadas em três a quatro semanas de dieta. Após o período de três meses, pode-se iniciar a investigação sobre possíveis alérgenos através de testes de alergias com resultados fidedignos. Uma ferramenta excelente para esse trabalho é o diário alimentar, registrando, assim, o consumo ali-mentar e possíveis alterações de comportamentos e sintomas, sendo possível uma melhor investigação da história alimentar da criança (SHATTOCK; WHITELEY, 2000).

Francis (2005) aponta que, com a dieta, houve redução da agressividade e do comportamento autodestrutivo e, em contra-partida, melhora na sociabilidade, atenção, fala e estereotipias. Em crianças com história patológica pregressa ou familiar positiva de alergias alimentares, a dieta parece ser mais bem-sucedida.

A fim de melhorar a qualidade de vida dessas crianças, medi-das de intervenções dietéticas são estudadas, mas a dieta sem glú-ten e sem caseína, devido a relatos de casos bem-sucedidos, ficou

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popular entre os pais e cuidadores, mas, até agora, sem validação científica rigorosa (CORMIER; ELDER, 2007).

Crianças com espectro do autismo são muito seletivas e re-sistentes a novidades, negando a introdução de novas experiências alimentares. Comportamento repetitivo e interesse restrito podem ter um papel importante na seletividade dietética. Podem apresentar dificuldade na alimentação, dependendo da gravidade do distúrbio neuropsicológico. Sendo assim, é essencial não ofertar alimentos não saudáveis, para que não ocorra um prejuízo na saúde, como qualquer pessoa normal que não supre a necessidade diária de nu-trientes (SILVA, 2011; CARVALHO et al., 2012).

Crianças autistas têm padrão alimentar e estilo de vida di-ferentes em comparação com os de crianças normais, e isso pode comprometer seu estado nutricional e crescimento corporal (ZU-CHETTO; MIRANDA, 2011).

O momento da refeição, muitas vezes, causa um desgaste emocional por parte do cuidador, por estar associado a choro, agi-tação e agressividade por parte do autista (ZUCHETTO; MIRAN-DA, 2011). A inserção de um novo padrão alimentar para o autista deve envolver todos os familiares e pessoas que com ele convivem, contribuindo, assim, para a aceitação das propostas de modifica-ções, pois as dificuldades são muitas, tendo em vista que os hábitos alimentares envolvem aspectos culturais, preferenciais e financei-ros (CARVALHO et al., 2012).

Processos metabólicos e fisiológicos, como a digestão e ab-sorção, quando passam por perturbações, podem conduzir à neces-sidade acrescida de vitaminas e minerais; sendo assim, o estado nutricional do autista não depende somente da ingestão alimentar (ADAMS et al., 2011; MEHL-MADRONA et al., 2010).

Sugestão de cardápio isento de glúten e caseína

Uma das estratégias na intervenção nutricional é propor uma dieta que auxilie o indivíduo na melhora dos sinais e sintomas da doença. A adoção de uma alimentação sem caseína e sem glúten

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por autistas apresenta uma permeabilidade intestinal significativa, contribuindo para a melhora clínica (ADAMS et al., 2011).

A Tabela 1 apresenta uma sugestão de cardápio para um pa-ciente com TEA, sendo ele de um dia livre de glúten e caseína, ofertando seis refeições.Tabela 1. Cardápio isento de glúten e caseína.Desjejum1 copo americano de leite de soja½ mamão papaia com 1 colher de sobremesa de linhaça1 tapioca recheada com 1 fatia média de TofuColação2 castanhas do Pará1 maçãAlmoço4 colheres de sopa de arroz integral2 colheres de sopa de feijão1 filé de peito de frango grelhado2 colheres de sopa de cenoura cozida4 flores de brócolis cozido1 pires de alface e 1 tomate com 1 colher de café de azeite de oliva1 laranjaLanche da tarde1 xícara de chá de iogurte de soja com 5 morangos picadosJantar3 colheres de sopa de arroz integral2 colheres de lentilha cozida1 bife bovino “alcatra” grelhado2 colheres de sopa de cabotiá cozida1 pires de salada de rúcula com 1 colher de café de azeite de oliva1 banana prataCeia1 xícara de chá de hortelã

Observam-se, na Tabela 2, os valores de macro e micronu-trientes demonstrados por porcentagem (%) e unidades de medi-

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da (mg ou/g) como valores de referência. Os valores de referência apresentados correspondem ao estágio de vida de uma criança de 4 a 8 anos. O valor calórico total desse cardápio foi de 1260,75 Kcal/dia.

Tabela 2. Valores em macro e micronutrientes do cardápio.

Macronutrientes Valores do Cardápio Valores de Referência*

Carboidratos 48,02% 45 – 65%

Proteínas 29,77% 10 – 30%

Lipídeos 22,21% 25 – 35%

Micronutrientes Valores do Cardápio Valores de Referência*

Ferro 9.37mg 10mg

Cálcio 521.52mg 800mg

Vitamina C 208,53mg 25mg

Sódio 512,55mg 1200mg

Fibras 32,97g 25g

* (PADOVANI, et al., 2006) – DRIs.

Por ser uma psicopatologia, o autismo constitui ainda uma doença desafiante, demonstrando a importância de estudos para a confirmação de possíveis relações genéticas e psicológicas que via-bilizem o diagnóstico mais precoce da doença. Estudos mais apro-fundados têm sido realizados nos últimos anos, visando averiguar a sua origem genética, especialmente através da investigação do funcionamento cerebral dos indivíduos autistas, constatando que há uma deficiência das neurotransmissões responsáveis pelos mo-vimentos, linguagem e aprendizagem (CRISTINA; ALMEIDA, 2010).

Com a esperança de melhorar o desempenho cognitivo de seus filhos, aliviar possíveis transtornos gastrointestinais e reações alérgicas, as famílias estão dispostas a experimentar todos os tra-

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tamentos alternativos existentes. Isso evidencia a importância da atualização do conhecimento para uma conduta adequada, promo-vendo a melhora na qualidade de vida dessas crianças (PUGLISI, 2005).

Portanto, são necessários orientações e acompanhamento de profissionais experientes quando houver a efetivação das modifica-ções alimentares. Dessa maneira, potenciais deficiências nutricio-nais decorrentes de uma longa restrição alimentar serão evitadas (MARCASON, 2009; WHITELEY et al., 2010).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O autismo, apesar de ser uma doença com o diagnóstico exis-tente, há vários anos, continua sendo motivo de muita discussão em relação à alimentação como uma medida terapêutica em seu tratamento.

A dieta sem glúten e sem caseína para o tratamento do autis-mo vem sendo bastante debatida entre pesquisadores, que apontam benefícios como a melhora nos sintomas decorrentes da doença e malefícios como a carência de alguns nutrientes devido à adesão da dieta, que já é comprometida pelo comportamento resistente a mu-danças. Contudo, pais e cuidadores têm tido uma atenção especial a essa dieta devido aos benefícios nos sintomas da doença apresen-tados por vários pacientes em estudos

Dessa forma, tornam-se necessários mais estudos pontuais com populações com espectro do autismo para que conhecimentos sejam obtidos a respeito de uma alimentação que seja benéfica nos sintomas da doença, contribuindo para o convívio social.

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Os benefícios da alimentação saudável no período do climatério

Laila Cristina PINTO1

Fabíola Rainato Gabriel de MELO2

Érika da Silva BRONZI3

Giseli Cristina Galati TOLEDO4

Cyntia Aparecida Montagneri AREVABINI5

M Márcio Henrique Gomes de MELO6

Resumo: O período do climatério é definido como a transição entre a fase reprodutiva e não reprodutiva da mulher. Nesse período, em decorrência das alterações hormonais, é possível ocorrer declínio na qualidade de vida. O objetivo do estudo foi demonstrar os be-nefícios que uma alimentação saudável proporciona às mulheres no período do climatério e sugerir um cardápio para essa fase. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica acerca do tema climatério e alimentação através de livros e nas bases de dados LILACS, SCIELO e BIREME. Elaborou-se uma sugestão de cardápio utilizando o programa de avaliação nu-tricional Avanutri®. A diminuição na síntese dos hormônios esteroides pode relacionar-se ao aparecimento de vários sintomas e patologias apresentados no climatério. A alimenta-ção constitui-se como aliada nessa fase. As isoflavonas podem minimizar os sintomas da síndrome climatérica, e o seguimento de uma dieta rica em cálcio contribui para a manu-tenção da matriz óssea. Conclui-se que os hábitos alimentares podem contribuir para a boa saúde, e a informação acerca da alimentação torna-se essencial.

Palavras-chave: Climatério. Nutrição e Climatério. Síndrome Climatérica. Doenças e Climatério.

1 Laila Cristina Pinto. Especialista em Nutrição nas Diferentes Fases da Vida e Dietoterapia Avançada pelo Claretiano – Centro Universitário, nutricionista formada no Claretiano Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.2 Fabíola Rainato Gabriel de Melo. Doutora e Mestre em Investigação Biomédica pela Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto (SP). Bacharel em Nutrição pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Coordenadora e Docente do Curso de Nutrição no Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.3 Erika da Silva Bronzi. Doutora em Ciências Nutricionais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus Araraquara (SP). Mestre em Saúde na Comunidade pela Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto (SP). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.4 Giseli Cristina Galati Toledo. Doutora e Mestre em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal de Alfenas (UFAL). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.5 Cyntia Aparecida Montagneri Arevabini. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.6 Márcio Henrique Gomes de Melo. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Química Industrial pela mesma instituição. Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.

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Benefits of a healthy nutrition during the climacteric period

Laila Cristina PINTOFabíola Rainato Gabriel de MELO

Érika da Silva BRONZIGiseli Cristina Galati TOLEDO

Cyntia Aparecida Montagneri AREVABINIMárcio Henrique Gomes de MELO

Abstract: The climacteric period is defined as the transition between the reproductive phase and the phase where the woman becomes unable to reproduce. During this period, due to hormonal changes, it is possible to occur decline in quality of life. This study aimed at demonstrating the benefits that a healthy diet provides women during the climacteric period, as well as providing a healthy sample menu for this phase. A bibliographical research on the climacteric period and nutrition was carried out by means of books and in the databases LILACS, SCIELO and BIREME. A menu suggestion was developed using the program of nutritional assessment Avanutri®. The decrease in the synthesis of steroid hormones may be related to the appearance of various symptoms and pathologies presented by climateric women. Nutrition is an ally in this phase. Isoflavones can minimize the climacteric syndrome symptoms, while following a diet containing calcium contributes to the maintenance of the bone matrix. It can be concluded that dietary habits can contribute to the good health, and information about nutrition becomes essential.

Keywords: Climacteric period. Nutrition and Climacteric Period. Climacteric Syndrome. Diseases and Climacteric Period.

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1. INTRODUÇÃO

O período do climatério é definido como a transição entre a fase reprodutiva e a fase que a mulher se torna impossibilitada de reproduzir-se (BRASIL, 2004). De acordo com Halbe (2000), essa perda da capacidade reprodutiva ocorre em virtude da cessação dos folículos ovarianos e declínio na síntese do hormônio estradiol. Há divergências entre os autores em relação ao período. Para alguns, essa fase compreende cerca de 15 anos, ocorrendo entre 45 e 60 anos ou, ainda, dos 50 aos 65 anos. Já outras fontes indicam a ocor-rência do climatério entre os 40 e 65 anos, abrangendo, assim, um período de 25 anos (OLIVEIRA et al., 2008).

A diminuição do estradiol faz com que as mulheres apresen-tem vários sintomas desconfortantes, como ondas de calor, insônia, sudorese noturna, alterações de humor, depressão, secura vaginal, predisposição à fadiga, irritabilidade, entre outros sintomas (GRA-VENA et al., 2013; BRASIL, 2008).

Essa gama de sintomas é conhecida como síndrome clima-térica e, em longo prazo, outros fenômenos podem manifestar-se, como a ocorrência da osteoporose e de doenças cardiovasculares (GALVÃO et al., 2007). Coutinho (2013) aponta que cerca de 60 a 80% das mulheres apresentam a sintomatologia da síndrome clima-térica. Melo (1998) afirma que a modificação hormonal decorrente dessa etapa pode configurar-se, ainda, como um grave problema de saúde pública, e as ocorrências de osteoporose e doenças cardio-vasculares constituem-se como as principais causas. Nesse período, em decorrência das alterações hormonais e emocionais, é possível que a mulher sofra declínio na sua qualidade de vida (GALVÃO et al., 2007). Visando a melhora dessa qualidade de vida, Marinho (1995) conceitua que mudanças nos hábitos podem melhorar a si-tuação dessas mulheres.

A terapia de reposição hormonal (TRH) tem sido utilizada por mulheres no mundo todo. Nessa terapia, utilizam-se estrogênios e a combinação de estrogênios e progestógenos. A indicação deve considerar a individualidade da mulher (o fato de possuir útero, de tolerar ou não os progestógenos, entre outros fatores, vão indicar a

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melhor terapia) (GIACOMINI; MELLA, 2006). Ela está indicada para a melhora dos sintomas vasomotores e para a preservação do trofismo urogenital e dos ossos. Porém, há alguns casos em que a TRH é contraindicada, entre eles, pode-se citar: casos de doenças do fígado, tromboembolismo agudo, neoplasias de mama e endo-métrio, sangramentos vaginais, assim como em mulheres que já tenham sido acometidas por infartos (CLAPAUCH et al., 2005). A utilização da terapia de reposição hormonal na prevenção de doen-ças cardiovasculares tem gerado controvérsias, pois alguns estudos indicam que ela possui benefícios em relação ao perfil lipoproteico, à coagulação, metabolismo dos carboidratos e à composição corpo-ral, todavia, outros estudos indicaram risco aumentado para doença cardiovascular ou ineficácia na sua prevenção (CLAPAUCH et al., 2005; CALLEJON et al. 2009).

Diante dessas doenças que podem atingir as mulheres no pe-ríodo climatério, deve-se priorizar uma alimentação equilibrada em todos os nutrientes, visando a redução da ocorrência dessas patolo-gias ou dos sintomas advindos delas. Montilla et al. (2003) apon-tam que os danos à saúde em mulheres climatéricas se associam di-reta ou indiretamente à alimentação imprópria, tanto nos excessos como nas deficiências. Mendonça (2010) indica que a alimentação saudável auxilia na prevenção de várias doenças e que essa pre-venção se dá no consumo diversificado de nutrientes que protegem o organismo, pela reduzida ingestão de gorduras saturadas, trans, açúcares, sal e álcool, assim como pela baixa ingestão energética, que previne a ocorrência de sobrepeso e obesidade, que são predi-tores de outras doenças.

Alguns estudos apresentam como está a alimentação das mu-lheres que se encontram no período do climatério. Em um estu-do transversal composto por 154 mulheres climatéricas matricu-ladas no Ambulatório de Saúde da Mulher Climatérica do Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, verificou-se que a ingestão energética se apresentava adequada, porém, o consumo de proteí-nas e gorduras mostrou-se acima do recomendado e o consumo de cálcio apresentou-se abaixo do recomendado (MONTILLA et al., 2003). Outro estudo transversal analítico e descritivo composto por

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200 mulheres no período do climatério cadastradas no Ambulató-rio Multidisciplinar de Atenção ao Climatério da Universidade de Caxias do Sul apresentou o mesmo resultado em relação às inade-quações de proteínas (apresentando consumo acima do recomen-dado) e cálcio (apresentando consumo abaixo do recomendado) (GALLON; WENDER, 2012).

Informar essas mulheres torna-se demasiado importante para que ocorram melhores hábitos e uma consequente melhoria da sua qualidade de vida. Nesse sentido, o presente estudo teve como ob-jetivo demonstrar os benefícios que uma alimentação saudável pro-porciona às mulheres no período do climatério e apresentar uma sugestão saudável de cardápio para essa fase.

2. METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica acerca do tema climatério e alimentação por meio de livros e nas bases de dados LILACS, SCIELO e BIREME nos meses de abril e maio de 2014. Os descritores foram definidos de acordo com a relevância com o tema. São eles: climatério, menopausa, terapia de reposição hormonal, alimentação e climatério, nutrição e climatério, síndrome climatérica, doenças e climatério. Ao final foram inclusos no estudo 45 documentos científicos, sendo eles artigos, trabalhos acadêmicos e publicações governamentais, bem como 5 livros.

Elaborou-se, também, uma sugestão de cardápio por meio do programa de avaliação nutricional Avanutri®. No cardápio foram avaliados os seguintes nutrientes: carboidratos, proteínas, lipídios, colesterol, gordura saturada, fibras, cálcio, sódio e vitamina D. Es-ses nutrientes foram escolhidos em virtude da relevância que pos-suem com o período do climatério. O valor calórico de 1700 Kcal foi proposto considerando as necessidades nutricionais de uma mu-lher ativa que se apresenta na fase do climatério e pratica regular-mente alguma atividade física, mesmo que essa seja leve; contudo, deve-se salientar que as necessidades calóricas são individuais e determinadas por vários fatores (idade, sexo, atividade física, ativi-dade ocupacional, dentre outros).

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3. DESENVOLVIMENTO

O climatério é compreendido como a passagem da mulher da fase reprodutiva para a fase não reprodutiva (BRASIL, 2011), sendo a ocorrência da menopausa uma parte dessa fase (BRASIL, 2008).

O climatério é abrangido por três fases, caracterizadas pelo comportamento das glândulas endócrinas (DOUGLAS, 2006).

• A fase de pré-menopausa, onde ocorrem irregularidades na menstruação devido à variação na secreção de estróge-nos (BYDLOWSKI, 2006);

• A menopausa, que se caracteriza pela ocorrência da última menstruação (que apenas é confirmada passados 12 me-ses após a ocorrência), onde a pequena secreção hormonal não é capaz de estimular fisiologicamente o endométrio, resultando, assim, na amenorreia (BYDLOWSKI, 2006; VIGETA; BRETAS, 2004);

• E também a fase de pós-menopausa, em que ocorre um equilíbrio e adaptação do organismo após as variações hormonais (BYDLOWSKI, 2006).

Gallon e Wender (2012) salientam que o envelhecimento po-pulacional trará como resultado o aumento na procura pelos servi-ços de saúde a partir das mulheres acometidas por sintomas refe-rentes ao climatério. Devido ao aumento no número de mulheres que envelhecerão, chegando a essa fase, o climatério torna-se um importante tema em saúde pública (LIMA; BOTOGOSKI, 2009). Esse período da vida da mulher é conhecido pelas alterações físicas e emocionais e essa inconstância pode levar ao declínio da qualida-de de vida (GALVÃO et al., 2007).

De acordo com Livinalli e Lopes (2007), atualmente, o tra-tamento dos sintomas da síndrome climatérica e a prevenção das doenças relacionadas é composto por mudanças no estilo de vida – que incluem a prática de exercícios e a alimentação saudável – e o uso de medicamentos, sendo a terapia de reposição hormonal o principal deles. Para prestar atenção à população, Gonçalves,

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Moreira e Normando (2011) afirmam que o envolvimento de uma equipe multiprofissional é de grande importância, a fim de manter a qualidade de vida. A mulher no período do climatério necessita ser assistida em sua individualidade pelos profissionais de saúde, sen-do que esse acompanhamento deverá envolver medidas preventivas e terapêuticas (DE LORENZI et al., 2009). Desse modo, nota-se que a atenção às mulheres que se encontram no período do clima-tério é essencial, visto que muitas passam por sintomas advindos dessa fase.

4. SÍNDROME CLIMATÉRICA

A diminuição na síntese e a insuficiência dos hormônios es-teroides que ocorrem no climatério podem relacionar-se ao apare-cimento de vários sintomas apresentados por mulheres climatéricas (GALVÃO et al., 2007).

A atrofia gênito-urinária ocorre em função do hipoestrogenis-mo decorrente dessa fase (AUGE; SILVA-CARRAMÃO, 2009). Os tecidos gênito-urinários ficam mais finos, alterando a genitália interna e externamente (DOS SANTOS; BIONDO-SIMÕES; IO-SHII, 2001; GIACOMINI; MELLA, 2006). Essas alterações po-dem influenciar na ocorrência de incontinência urinária (AUGE; SILVA-CARRAMÃO, 2009). A secura vaginal é outro sintoma presente. Ela é causada pela alteração do epitélio vaginal e como consequências pode trazer dor à penetração e alteração da flora, predispondo a mulher à maior ocorrência de infecções genitais e urinárias (BYDLOWSKI, 2006; AUGE; CARRAMÃO, 2009).

Os sintomas vasomotores (representados pelas ondas de ca-lor) são os mais expressivos em virtude da frequência de ocorrência e por estarem presentes em cerca de 75% das mulheres (PRADO, 2009). Eles podem interferir consideravelmente na qualidade de vida delas, pois podem influenciar no sono, promovendo fadiga, irritabilidade e depressão (GIACOMINI; MELLA, 2006).

A Diretriz Climatério: Atenção Primária e Terapia Hormonal (2008) apontou alguns efeitos negativos na utilização da terapia de reposição hormonal, como, por exemplo, o aumento na incidência

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de câncer de endométrio e de mama e risco aumentado para doenças cardiovasculares. Esse documento recomenda, ainda, que as mulheres devem ser orientadas ao uso de medidas complementares e alternativas, entre elas o uso de medicação não hormonal. Assim, os fitoestrogênios têm sido utilizados como alternativa à terapia de reposição hormonal em mulheres no período do climatério (WENDER; CAMPOS, 2001). As isoflavonas são compostos não esteroidais que se apresentam estruturalmente análogas ao hormônio estrogênio. Segundo Simão et al. (2008), elas agem equilibrando os níveis desse hormônio. Além disso, Setchell e Cassidy (1999) declaram que as isoflavonas possuem efeito antioxidante. Suas concentrações são mais altas nas leguminosas, principalmente na soja (SIMÃO et al., 2008). Pereira (2013) expõe o fato de que as isoflavonas podem minimizar os sintomas da síndrome climatérica em quantidade e intensidade. Em um estudo realizado em 2003, Nahas et al. (2003) analisaram 50 mulheres em menopausa. Essas mulheres foram divididas em 2 grupos: G1 – pacientes que receberam 60mg isoflavona/dia durante 6 meses, e G2 (placebo) – pacientes que receberam cápsulas contendo lactose durante 6 meses. Os dois grupos foram avaliados aos 2,4 e aos 6 meses. Eles observaram, ao final do estudo, que, entre as usuárias de isoflavonas, houve melhora total nos sintomas vasomotores (fogachos) em 44% das mulheres do grupo. Observaram, ainda, valores superiores de estradiol nas participantes do grupo que utilizou isoflavonas, assim com diminuição nos níveis de LDL e aumento nos níveis de HDL.

Outro estudo que utilizou isoflavonas foi o de Han et al. (2002), que avaliaram 80 pacientes por 16 semanas. As mulheres foram divididas em 2 grupos, o GI, que utilizou 100mg de isofla-vonas/dia, e o GCtr (placebo), que utilizou um composto de glicose com proteína de soja. Entre os resultados, observou-se que 80% das mulheres constituintes do grupo GI relataram redução nos sintomas da síndrome climatérica, enquanto no GCtr apenas 5 obtiveram essa melhora. Além disso, das mulheres do grupo GI que apresentaram níveis séricos anormais de colesterol, em cerca de 85,7% houve di-minuição desses níveis, sendo que esse quadro ocorreu em apenas 34,2% das mulheres do GCtr.

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Em uma revisão bibliográfica, Simão et al. (2008) constata-ram, após analisar vários estudos, que o consumo de isoflavonas apresentou bons resultados sobre os sintomas da síndrome climaté-rica, como os fogachos, assim como a diminuição na incidência de osteoporose e prevenção de doenças cardiovasculares por melhorar o perfil lipídico, diminuindo a concentração de LDL e aumentando a de HDL.

5. OSTEOPOROSE

A Diretriz de Osteoporose: Diagnóstico (2011) afirma ser comum o aparecimento de osteoporose em mulheres climatéricas. Fontes, Araujo e Soares (2012a) afirmam que a enfermidade é ca-racterizada pelo declínio da densidade mineral óssea e deterioração da microarquitetura óssea, o que aumenta o risco da ocorrência de fraturas. Os autores declaram ainda que o declínio da densidade mineral se dá devido à maior atividade osteoclástica que ocorre em mulheres nesse período e que esse aumento e a reabsorção óssea ocasionam a diminuição do número de trabéculas, o que diminui a resistência do osso (FONTES; ARAÚJO; SOARES, 2012a).

A formação óssea estende-se da infância à idade adulta, onde há o seu pico, e as mulheres climatéricas demonstram rápida per-da óssea (COUTINHO, 2013; OLIVEIRA, 2007). O declínio da síntese de estrogênio é o fator mais importante para estabelecer a perda óssea da mulher climatérica (DIRETRIZ OSTEOPOROSE: TRATAMENTO, 2011). Fontes, Araujo e Soares (2012b) atentam para o fato de que a doença se torna um problema econômico em virtude dos altos gastos com os cuidados e que a atenção à saúde óssea da mulher nessa fase deve ser aumentada pelo ginecologista, que é o profissional da saúde consultado regularmente pelas mulhe-res. A prevenção da osteoporose deve se iniciar ainda na juventude, e durante a idade adulta a manutenção da massa óssea deve ser estimulada. Nesse sentido, os hábitos de vida são essenciais para que isso ocorra, de modo que a alimentação adequada é importante, pois apresenta-se como aliada na prevenção de fraturas (COUTI-NHO, 2013).

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Bedani e Rossi (2005) atentam para a importância do segui-mento de uma dieta que contenha cálcio – mesmo após a cessação do crescimento – pois há uma considerável perda diária desse mi-neral e, se essa perda não for reposta, o organismo romperá es-truturas ósseas a fim de utilizar o cálcio dessa estrutura em ou-tras funções. Entende-se, portanto, que a ingestão desse mineral é fundamental. Ele desempenha várias funções em nosso organismo, como participante da coagulação sanguínea, na contração muscu-lar, formação e manutenção dos ossos e dentes, entre outras funções (BOTOGOSKI; COUTINHO, 2009).

A recomendação de ingestão diária para as mulheres entre 31 a 70 anos gira em torno de 1000 a 1200mg/dia (IOM, 2011). Leite e derivados são a principal fonte, porém, também são encontrados em menor quantidade em vegetais verde-escuros, como os bróco-lis (DOUGLAS, 2006). Contudo, deve-se atentar ao fato de que a biodisponibilidade do cálcio nesses vegetais é menor em relação aos laticínios (PEREIRA et al., 2009). No Brasil, a ingestão desse mineral é considerada baixa e Pereira et al. (2009) afirmam que o alto custo desses alimentos contribui para esse quadro. A suplemen-tação do mineral pode ser praticada nos casos em que a ingestão se encontra abaixo do recomendado. No mercado os suplementos mais utilizados são os carbonatos, fosfatos e citratos, que, se in-geridos juntamente com alimentos, têm sua absorção intensificada (FONTES; ARAUJO; SOARES, 2012b). Outro fator que pode in-fluenciar na absorção do suplemento de cálcio é o fracionamento, já que alguns estudos indicam que alguns suplementos são melhor absorvidos na medida em que a ingestão for mais fracionada (PE-REIRA et al., 2009).

Outros fatores que podem interferir na absorção e biodisponi-bilidade do cálcio são: a presença de fitatos, oxalatos e taninos, pois eles formam complexos insolúveis com o cálcio; a ingestão diária de sódio acima do recomendado (2400mg/dia), pois ele aumenta a excreção renal de cálcio; o consumo de oligossacarídeos não dige-ríveis, que fermentam no intestino grosso, aumentando a produção de ácidos graxos de cadeia curta, que por sua vez promovem maior acidificação do meio, aumentando, assim, a absorção do mineral, já que ele é melhor absorvido em meio acidificado (PEREIRA et al.,

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2009). A adequada absorção do cálcio necessita, ainda, da presen-ça de vitamina D (LANZILLOTTI et al., 2003); ela age como um hormônio regulando a absorção de cálcio no intestino, assim como os níveis de cálcio nos ossos e nos rins (FONTES; ARAÚJO; SOA-RES, 2012b). A vitamina D é sintetizada na pele por intermédio dos raios solares (COUTINHO, 2013). Uma outra forma desta vitamina é encontrada ainda nos alimentos. As principais fontes alimentares são: sardinha, leite, gema de ovo, óleo de fígado de peixe, bacalhau, atum, manteiga (BOTOGOSKI; COUTINHO, 2009). A Tabela 1 demonstra o conteúdo de cálcio presente em alguns alimentos por porção.

Tabela 1. Conteúdo de cálcio presente em alguns alimentos por porção.

ALIMENTOS QUANTIDADE CÁLCIO (mg)Leite integral não suplementado

1 copo (200ml) 228

Leite desnatado não suplementado

1 copo (200ml) 246

Leite de soja 1 copo (200ml) 80Leite de cabra 1 copo (200ml) 380Queijo minas fresco 1 fatia média (30g) 205Queijo prato 1 fatia fina (15g) 126Queijo parmesão 1 colher sobremesa (10g) 114Requeijão 1 porção (20g) 113Iogurte 1 pote (200ml) 240Espinafre 2 colheres sopa (60g) 47Couve-manteiga 3 colheres sopa (36g) 73Escarola 3 colheres sopa (36g) 29Agrião 1 prato sobremesa (20g) 24Brócolis 3 colheres sopa (36g) 37Sardinha 1 porção (30g) 86Ostras 1 porção (240g) 235Fonte: adaptado de Sociedade Brasileira de Reumatologia, 2011.

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6. OBESIDADE

A obesidade é caracterizada como uma enfermidade de causa multifatorial (NESI; CORRADINI; FELICIO, 2008), provindo de causas genéticas, endócrinas, fatores ambientais, culturais, socioeconômicos e psicossociais (MENDONÇA, 2010). Ela é reconhecida pelo elevado acúmulo de gordura corporal (MONTEIRO; RIETHER; BURINI, 2004). Acúmulo esse que influi negativamente na saúde do indivíduo (NESI; CORRADINI; FELICIO, 2008). O índice de massa corporal (IMC) tem sido utilizado para classificar o estado nutricional do indivíduo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o IMC acima de 30Kg/m² define o indivíduo como obeso (WHO, 2003).

Outro fator de importância na avaliação da obesidade é o acúmulo de gordura abdominal, pois esse quadro está associado ao maior risco na ocorrência de doenças crônicas não degenera-tivas (NONINO-BORGES; BORGES; SANTOS, 2006). A obesi-dade possui destaque epidemiológico devido ao fato de apresen-tar-se como fator de risco para diversas doenças crônicas, como, por exemplo, o diabetes e as doenças cardiovasculares (BRASIL, 2008).

Nesi, Corradini e Felicio (2008) afirmam que nas mulheres a prevalência do excesso de peso apresenta-se maior, sendo que algu-mas estimativas apontam que 30% das mulheres ocidentais adultas – principalmente as próximas da menopausa – apresentam o quadro de obesidade. De acordo com Monteiro, Riether e Burini (2004), pesquisadores têm obtido demasiado interesse acerca da obesidade no climatério pelo fato de acometer várias mulheres nessa fase da vida, assim como por estar intimamente relacionada ao acréscimo dos riscos de morbimortalidade nesse período. Segundo os mesmos autores, uma das possibilidades para que isso ocorra se deve ao fato de que o hipoestrogenismo pode influenciar no perfil de lipoproteí-nas plasmáticas e distribuição no tecido adiposo, todavia, o exacer-bado consumo de gorduras e calorias correlacionam-se fortemente ao excesso de peso corporal (MONTEIRO; RIETHER; BURINI, 2004).

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De Lorenzi et al. (2005) apontam um ganho de peso em torno de 0,8Kg/ano no período do climatério. Afirmam que esse aumento ocorre em virtude de vários fatores, como o aumento da ingestão energética, diminuição do metabolismo basal e sedentarismo. Essas mulheres devem ser bem orientadas nesse sentido, a fim de evitar o ganho de peso, já que se sabe a grande relação que a obesidade possui com várias patologias, como a hipertensão arterial, diabetes melittus, doenças cardiovasculares, neoplasias, entre outras (DE LORENZI et al., 2005). Para o tratamento dietético da obesidade, Nonino-Borges, Borges e Santos (2006) afirmam que dietas equi-libradas, contendo todos os nutrientes, sendo carboidratos na pro-porção de 55-75% das calorias totais, proteínas na proporção de 10-15%, lipídios na proporção de 15-30%, um consumo maior do que 25g de fibras por dia, vitaminas e minerais, sempre levando em conta as variáveis individuais (sexo, idade), apresentam maior sucesso a médio e longo prazo. Por outro lado, dietas radicais não apresentam resultados positivos a médio e longo prazo (NONINO--BORGES; BORGES; SANTOS, 2006).

Consoante Lottenberg (2006) salienta, as dietas da moda não representam mudança no hábito alimentar, além do que não influenciam hábitos saudáveis e, em longo prazo, podem refletir negativamente sobre a saúde do indivíduo. Um bom exemplo são as dietas restritas a algum tipo de alimento, que tendem a promover deficiências nutricionais. Além disso, Simão et al. (2013) afirmam que o valor de perda ponderal e o tempo gasto para se chegar a essa perda dependem de vários fatores, que podem sofrer varia-ções, o que deixa explícito que esse processo é individual. Enfim, a prevenção de doenças é fundamental e, nesse sentido, alguns há-bitos se apresentam favoráveis, promovendo boa saúde, como, por exemplo, realizar três refeições e dois lanches; não pular refeições; ler os rótulos e escolher alimentos com baixas quantidades de gor-duras trans; evitar o consumo de refrigerantes e guloseimas; prati-car atividade física, entre outros (SIMÃO et al., 2013).

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7. DOENÇAS CARDIOVASCULARES

De acordo com Alexandre, Lima e Aldrighi (2009), as doen-ças cardiovasculares têm se mostrado como as principais causas de mortalidade no mundo, sendo que no Brasil a mortalidade feminina por essas doenças chega a 36,7%. A literatura aponta que usual-mente os homens desenvolvem doenças cardiovasculares cerca de 10 anos mais cedo do que as mulheres e que há um acréscimo da ocorrência da doença em mulheres no período do climatério (ALE-XANDRE; LIMA; ALDRIGHI, 2009). Uma explicação para isso seria que o estrogênio possui um efeito protetor, já que interfere no metabolismo das lipoproteínas (NESI; CORRADINI; FELICIO, 2008).

Oliveira e Mancini-Filho (2005) complementam essa afirma-tiva apontando que o hipoestrogenismo altera os níveis de colesterol total, lipoproteínas e triglicerídeos, tornando as mulheres climatéri-cas mais vulneráveis para a ocorrência de aterogênese, além do que outro fator que predispõe a esse quadro é a propensão que mulheres nesse período possuem para o ganho ponderal. Inúmeros são os fa-tores que se associam ao acréscimo do risco cardiovascular. Entre eles, podem-se citar: o tabagismo; a ocorrência de dislipidemias, sedentarismo, sobrepeso, obesidade, síndrome metabólica, diabetes mellitus, hipertensão arterial, idade, sexo, história familiar (FER-NANDES et al., 2008; ALEXANDRE; LIMA; ALDRIGHI, 2009). Além disso, o número de fatores é proporcional às chances da ocor-rência de algum episódio cardiovascular. Por outro lado, melhores hábitos de vida correlacionam-se com menores riscos cardiovas-culares (FERNANDES et al., 2008). Desse modo, a orientação ás mulheres acerca do seu estado e as recomendações para reduzir as chances de ocorrerem doenças cardiovasculares tornam-se es-senciais. Entre as recomendações, destacam-se: ingerir diariamente verduras cruas, legumes cozidos e frutas frescas; temperar saladas com azeite de oliva; comer peixe duas vezes na semana; reduzir o consumo de carnes vermelhas e embutidos; dar preferência aos laticínios desnatados; evitar o uso de banha, maionese, manteiga e margarina (ALDRIGHI; ASAKURA, 2001).

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8. SUGESTÃO DE CARDÁPIO

Com base nas informações descritas anteriormente, a Tabela 2 apresenta uma sugestão de cardápio para mulheres climatéricas.

Tabela 2. Sugestão de cardápio para a fase do climatério.Refeição/Composição Quantidade

DesjejumLeite desnatadoPão francêsManteigaMaçã

200ml1 unidade1 colher de chá1 unidade pequena

ColaçãoIogurte naturalAveiaMorango

1 unidade1 colher de sopa5 unidades médias

AlmoçoArroz brancoFeijãoSalmão cozidoBrócolis cozidoSalada de alface com tomate e azeiteAlfaceTomateAzeite de olivaAbacaxi

3 colheres de sopa2 colheres de sopa1 filé médio5 colheres de sopa

1 prato1 unidade1 ml2 fatias

Lanche da TardeVitamina de leite com mamãoLeiteMamãoBiscoito água e sal

1 copo tipo requeijão1 fatia média4 unidades

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JantarArroz brancoSoja cozidaFrango grelhadoAbobrinha cozidaSalada de couve-flor com cenoura e azeiteCouve-florCenouraAzeite de olivaManga

3 colheres de sopa40g1 filé pequeno3 colheres de sopa

3 ramos3 colheres de sopa1 ml1 unidade pequena

CeiaBanana maçãAveia

1 unidade média1 colher de sopa

A Figura 1 demonstra a comparação entre os valores de ma-

cronutrientes do cardápio apresentado na Tabela 2 e a sua relação com as recomendações propostas pelas Dietary Reference Intakes – DRIs.

Figura 1. Comparação entre valores do cardápio e recomendação das Dietary Reference Intakes (DRIs) em relação aos macronu-trientes.

45%

10%

20%

57%

21% 22%

65%

35% 35%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Carboidrato Proteína Lipídio

Recomendação mínima paraadultos

Valores cardápio

Recomendação máxima paraadultos

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A Tabela 3 apresenta a comparação entre os valores de coles-terol, gordura saturada, fibras, cálcio, sódio e vitamina D do car-dápio sugerido na Tabela 2 e a sua relação com as recomendações propostas pelas Dietary Reference Intakes – DRIs.

Tabela 3. Comparação entre valores do cardápio e recomendação das Dietary Reference Intakes (DRIs) em relação à colesterol, gor-dura saturada, fibras, cálcio, sódio e vitamina D.

Nutriente Valor cardápio

Recomendação mulher 31-50

anos

Recomendação mulher 51-70

anos

Nível máximo

tolerado de ingestão

Colesterol 127,8mg Mínimo possível

Mínimo possível

-

Gordura saturada 12,4g Mínimo

possívelMínimo possível

-

Fibras 24,5g 25g 21g

Cálcio 1056mg 1000mg 1200mg2000-

2500mg

Sódio 2106mg 1500mg 1300mg 2300mg

Vitamina D 13,8mcg 15mcg 15mcg 100mcg

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo demonstrou que a saúde da mulher é for-temente influenciada pelo fator hormonal. A comprovação dessa informação pode ser encontrada na leitura especializada, que re-ferencia o período do climatério. Nessa fase, o hipoestrogenismo causa alterações não apenas no aparelho reprodutor, mas também

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em outros órgãos, sendo que o resultado desse processo pode ser a ocorrência de várias enfermidades, que, além de tudo, são grandes problemas de saúde pública. Por outro lado, observa-se também que os hábitos de vida – principalmente a alimentação – podem interferir na qualidade de vida da mulher climatérica, seja na pre-venção ou no tratamento de diferentes patologias secundárias a essa fase. Sendo assim, os hábitos alimentares podem contribuir para a boa saúde ou tornar a mulher mais susceptível à instalação/agra-vamento de várias enfermidades. Assim, a informação acerca da alimentação é essencial e uma grande aliada da mulher na fase do climatério.

REFERÊNCIAS

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Análise quantitativa de portadores de doenças crônicas não transmissíveis frequentadores de um grupo alimentar e nutricional do Claretiano – Centro Universitário de Batatais

Jocilene Cristina PRODÓSSIMO1

Laila Cristina PINTO2

Fabíola Rainato Gabriel de MELO3

Erika da Silva BRONZI4

Giseli Cristina Galati TOLEDO5

Cyntia Aparecida Montagneri AREVABINI6

Márcio Henrique Gomes de MELO7

Resumo: As doenças crônicas não transmissíveis constituem um problema de saúde pú-blica, por esse motivo, a educação nutricional tem se tornado uma das aliadas na redução das complicações decorrentes das doenças e na melhora da qualidade de vida. Ao analisar, quantitativamente, portadores de doenças crônicas não transmissíveis frequentadores de um grupo de educação alimentar e nutricional do Claretiano – Centro Universitário de Batatais, foram mensurados peso e estatura para cálculo do IMC, foi realizada a aferição de pressão arterial, além da aplicação de recordatório 24h e da escala de avaliação da imagem corporal. Observou-se decréscimo da média de IMC (de 32,3Kg/m² para 30,6Kg/m²) e também redução da pressão arterial sistólica (de 126,5mmHg para 123mmHg). O trabalho de educação alimentar e nutricional é fundamental na melhora da saúde dos por-tadores de DCNT. Com base nos bons resultados apresentados, são necessários maiores investimentos para o fortalecimento deste tipo de trabalho.

Palavras-chave: Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Educação Nutricional. Estado Nutricional.1 Jocilene Cristina Prodóssimo. Bacharel em Nutrição pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.2 Laila Cristina Pinto. Bacharel em Nutrição pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.3 Fabíola Rainato Gabriel de Melo. Doutora e Mestre em Investigação Biomédica pela Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto (SP). Bacharel em Nutrição pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Coordenadora e Docente do Curso de Nutrição no Claretiano - Centro Universitário. E-mail: <nutriçã[email protected]>. 4 Erika da Silva Bronzi. Doutora em Ciências Nutricionais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus Araraquara (SP). Mestre em Saúde na Comunidade pela Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto (SP). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.5 Giseli Cristina Galati Toledo. Doutora e Mestre em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal de Alfenas (UFAL). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.6 Cyntia Aparecida Montagneri Arevabini. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.7 Márcio Henrique Gomes de Melo. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Química Industrial pela mesma instituição. Docente do Curso de Nutrição do Claretiano Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.

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Quantitative analysis of patients with chronic non-communicable diseases goers of a group of food and nutrition education in the University Center Claretiano of Batatais

Jocilene Cristina PRODÓSSIMOLaila Cristina PINTO

Fabíola Rainato Gabriel de MELOErika da Silva BRONZI

Giseli Cristina Galati TOLEDOCyntia Aparecida Montagneri AREVABINI

Márcio Henrique Gomes de MELO

Abstract: Chronic Non-communicable Diseases are a public health problem; for this reason, nutrition education has become one of the allies in reducing complications of diseases and improving quality of life. By quantitatively analyzing patients with chronic non-communicable diseases goers of a group of food and nutrition education of the University Center Claretiano of Batatais, weight and height were measured in order to obtain the BMI, blood pressure was measured, as well as the application of 24h recall and the scale of assessment of body image. It was observed a decrease in BMI average (32,3Kg/m² to 30,6Kg/m²) and also a reduction in systolic blood pressure (126,5mmHg to 123mmHg). It can be concluded that the work of food and nutrition education is essential in improving the health of people with CNCD. Based on the good results, larger investments are necessary in order to strengthen this type of work.

Keywords: Chronic Non-communicable Diseases. Nutritional Education. Nutritional Status.

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1. INTRODUÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) têm se tornado as principais causas de óbitos no Brasil e no mundo. Segundo o Ministério da Saúde, as DCNT são doenças multifatoriais que possuem relação direta com fatores de risco que não se modificam, como, por exemplo, a idade, raça e sexo, e com os fatores que podem se modificar, como o consumo exagerado de álcool, tabaco e sal, assim como a obesidade, baixa ingestão de frutas e verduras e o sedentarismo. Fazem parte desse grupo a hipertensão, o diabetes, a obesidade, as doenças cardiovasculares, dentre outras. Como consequências podem ser apontadas a hipertensão arterial, com complicações cardiovasculares, encefálicas, coronarianas, renais e vasculares periféricas; e o diabetes, com insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira e doença cardiovascular (TOSCANO, 2004). A obesidade pode elevar o risco da ocorrência de diabetes tipo II em dez vezes e o aumento de 10% na gordura corporal reflete em aumento significativo da pressão arterial (MARIATH et al., 2007).

Mariath et al. (2007) afirmam que as DCNT se caracterizam por apresentar longo período de latência, tempo de evolução pro-longado, lesões irreversíveis e complicações que acarretam graus variáveis de incapacidade ou óbito. Diante disso, nota-se que cons-tituem uma ameaça ao desenvolvimento econômico e social de todas as nações, pois podem levar o indivíduo a desenvolver um quadro de incapacidade que causará perdas no trabalho, queda da renda familiar, além de aumento de gastos do governo na saúde pública, favorecendo o avanço da pobreza nas famílias (MALTA; SILVA, 2013). No caso do Brasil, por exemplo, estudos apontam que o país pode ter tido uma perda em sua economia no valor de US$ 4,18 bilhões, entre 2006 e 2015, devido aos casos de DCNT (MALTA; SILVA, 2013).

Kac e Velásquez-Melendez (2003) destacam que o Brasil e os países da América Latina têm passado por uma rápida transi-ção demográfica, epidemiológica e nutricional, e essa mudança tem contribuído para a modificação no perfil de morbimortalida-de da população. Dados do Ministério da Saúde (2005) apontam a

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transição epidemiológica ocorrida no Brasil. Em 1930, as doenças infecciosas foram responsáveis por cerca de 46% de mortes nas ca-pitais brasileiras, já em 2003 esse número caiu para 5%, entretanto, a prevalência de DCNT tem aumentado. No ano de 2003 cerca de 31% dos óbitos por causas conhecidas se deram devido a doenças cardiovasculares, tornando-as as maiores causas de mortes no país.

A elevação da prevalência das DCNT tem ocorrido tanto em países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. Re-petto, Rizzoli e Bonatto (2003) demonstram que a obesidade nos Estados Unidos da América atinge 33,4% das mulheres adultas e 27,5% dos homens. O aumento dos casos, segundo os autores, se dá pelo estilo de vida sedentário, assim como pela facilidade em obter alimentos. Dados da POF (2008-2009) apresentam a preva-lência de obesidade (caracterizada pelo IMC ≥ 30Kg/m²) no Brasil. Observa-se que 12,5% dos homens e 16,9% das mulheres adultas são considerados obesos. Esses dados aumentam proporcionalmen-te em relação à idade.

Segundo o Ministério da Saúde (2005), as estimativas e proje-ções mundiais de diabetes para o ano de 1994 eram de 110 milhões de indivíduos portadores da doença, já em 2010 esse número saltou para 239 milhões, caracterizando um aumento de 217%. Freitas e Garcia (2012) em um estudo sobre a evolução da prevalência de diabetes associada à hipertensão arterial comprovaram o rápido au-mento da associação dessas doenças no Brasil. Eles afirmam que em 2008 a prevalência de diabetes alcançou a marca de 4,3% e a sua associação com HAS nos anos de 1998, 2003 e 2008 apontaram respectivamente as prevalências de 1,7, 2,1 e 2,8%.

A educação nutricional tem se tornado uma das aliadas na redução das complicações decorrentes da doença e na melhora da qualidade de vida dos portadores de DCNT. De acordo com Manço e Costa (2004), a educação nutricional possui como foco a adoção de conhecimentos acerca da nutrição com o intuito de promover hábitos adequados, visando a melhoria da saúde. Boog (1997) com-plementa salientando que as pessoas devem possuir o desejo de mudar a alimentação e o profissional é que deverá despertar essa vontade.

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O trabalho de educação nutricional em grupo pode auxiliar o indivíduo e criar um espaço solidário onde o acesso à informação é facilitado. Há grandes trocas de experiências e ajuda mútua, além disso, a esperança que surge após as mudanças do indivíduo atua como motivação para os outros participantes (DUARTE, 2012).

Em um estudo realizado na cidade de Ribeirão Preto/SP com um grupo de educação nutricional composto por mulheres hiper-tensas, comprovou-se que essa prática é eficaz para mudanças no estilo de vida e nas escolhas alimentares, já que as participantes tiveram como resultados a perda de peso e o aumento no consumo de vegetais (DIEZ-GARCIA; CERVATO-MANCUSO, 2011).

Dutra-de-Oliveira e Marchini (2008) enfatizam a necessidade da organização de estratégias mais efetivas na promoção de uma alimentação adequada nutricionalmente, em virtude dos resulta-dos obtidos com programas de educação nutricional realizados em nosso país. Nesse sentido, afirmam que é de grande importância a participação do governo, da indústria, da mídia e também da popu-lação. Complementando essa afirmativa, Manço e Costa (2004) in-dicam que o acréscimo da Educação Nutricional em ações de edu-cação em saúde é importante devido à urgência em vincular-se ao tratamento medicamentoso de DCNT. Dessa forma, é de extrema importância a formação de grupos de educação nutricional, a fim de se promover a melhora na qualidade de vida dos indivíduos.

O aumento da prevalência de DCNT aliado aos elevados gas-tos do governo e da população, assim como à morbimortalidade e os relatos positivos de outros programas de educação nutricional impulsionam e justificam a realização desse tipo de trabalho, sendo assim, o presente estudo teve como objetivo a análise qualitativa e quantitativa de portadores de doenças crônicas não transmissíveis frequentadores de um grupo de educação alimentar e nutricional do Claretiano – Centro Universitário de Batatais.

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2. METODOLOGIA

Local de Pesquisa

O presente estudo foi desenvolvido nas dependências do Cla-retiano – Centro Universitário de Batatais, localizado na cidade de Batatais, interior do Estado de São Paulo.

População Estudada

Participaram do estudo indivíduos de ambos os sexos com diferentes faixas etárias. Como critério de inclusão de dados na pes-quisa, somente foi utilizada a avaliação de participantes que obtive-ram média de 60% de participação nos encontros.

Aspectos Éticos

O presente estudo foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Claretiano – CEP/CLA-RETIANO através do protocolo N. 77/2011 A. Em seguida, foi aplicado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos voluntários.

Seleção e Recrutamento dos voluntários

Foi realizada uma seleção com pessoas que possuiam históri-co de atendimento e que procuraram a Clínica Multidisciplinar do Claretiano – Centro Universitário de Batatais na cidade de Batatais, SP; no mesmo local foi realizada uma triagem individual nos dia 28 de fevereiro, 4 e 7 de março do ano de 2013, através do Protocolo de Atendimento Nutricional utilizado no Ambulatório de Nutrição da instituição. Esse protocolo consiste em anamnese, avaliação clínica antropométrica e dietética, com duração média de 1 hora, com o objetivo de identificar portadores de doenças crônicas não transmissíveis para participarem do Grupo de Educação Alimentar

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e Nutricional. Foram incluídas no estudo pessoas que apresentavam doenças crônicas não transmissíveis de qualquer natureza, sendo aquelas que manifestaram interesse em participar do estudo e que tinham disponibilidade para estarem presentes nos encontros, toda segunda-feira, das 14 às 15 horas, por treze encontros no total, sen-do o primeiro dia 11 de março de 2013 e o último dia 3 de junho de 2013.

Delineamento

Figura 1. Delineamento do projeto.

QUANTITATIVO

IMC IMAGEM CORPORAL PRESSÃO ARTERIAL

RECORDATÓRIO 24 HORAS

TRIAGEM NÃO

SIM

TCLE

COMITÊ DE ÉTICA

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Métodos

Grupos de EANOs encontros foram planejados durante a elaboração do pro-

jeto, com assuntos de acordo com as necessidades apresentadas pelos participantes e no decorrer das atividades foram incluídos te-mas que se faziam necessários devido aos seus interesses e dúvidas. Foram utilizadas aulas expositivas, vídeos, músicas, dinâmicas e cozinha experimental, para abordar o conteúdo programado. Utili-zou-se do método de problematização, em que o indivíduo se torna responsável por sua conduta alimentar, partindo do ponto em que aprende a observar seu próprio corpo (DUTRA-DE-OLIVEIRA; MARCHINI, 2008). Segundo Rodrigues e Boog (2006), esse pro-cesso não tem como meta a imposição de respostas prontas, mas sim a instauração de uma conexão entre o profissional e o indivíduo participante.

Análise Quantitativa

Antropometria

A coleta de dados foi realizada durante os encontros, sendo no período de março a junho de 2013. A avaliação antropométrica foi feita a partir da obtenção das medidas de peso e altura.

O peso foi verificado utilizando-se uma balança digital (mar-ca Toledo com antropômetro acoplado de 2,01m; máx= 200Kg, min= 1Kg, e=d= 50g), com o indivíduo posicionado em pé, no cen-tro da base da balança, descalço e com roupas leves. A estatura foi verificada usando-se o antropômetro acoplado à balança (2,01m da balança digital da marca Todelo), com o indivíduo em pé, descalço, com os calcanhares juntos, costas retas e os braços estendidos ao lado do corpo (KAMIMURA, 2009).

Foi utilizado o Índice de Massa Corpórea (IMC), que se ob-tém a partir da relação entre peso e estatura, utilizado para a classi-ficação do estado nutricional (EN). Para o cálculo é necessário divi-

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dir o peso (kg) pelo quadrado da estatura (em metro), o que resulta em um valor expresso em Kg/altura2 (m), sendo o EN e risco de comorbidades classificados segundo a OMS de 1998 (MIRANDA et al., 2012). Para idosos foi utilizada a classificação proposta por Lipschitz (1994). Para dados comparativos, será utilizado o IMC apresentado no início (T0) e o IMC apresentado no final do projeto (T1).

Imagem Corporal

Os participantes foram submetidos a uma avaliação da imagem corporal através da Escala de Desenhos de Silhuetas, que representa desde a magreza (silhueta 1) até a obesidade (silhueta 9), com a finalidade de avaliar o tamanho e a forma corporal por meio da percepção do indivíduo sobre o peso que considera mais semelhante à sua imagem corporal real e a imagem corporal que considera como ideal. Para a avaliação, será subtraído o número da silhueta escolhida como imagem corporal real pelo número da silhueta da imagem corporal ideal. Quando o valor for igual a zero, será classificado como satisfeito; quando for diferente de zero, será insatisfeito, se o valor for negativo, será insatisfeito pela magreza; quando positivo, será insatisfeito pelo excesso de peso (STUNKARD, SORENSEN; SCHULSINGER, 1983).

Aferição da Pressão Arterial

A medida da pressão arterial (PA) sistólica e diastólica foi realizada no início de cada encontro por uma estagiária do curso de Fisioterapia. Foi utilizada uma técnica padronizada, equipamento calibrado da marca BIC Sphygmomamometer e estetoscópio da mesma marca. De acordo com a recomendação, a posição utilizada para a medida da pressão arterial foi a sentada. A medida da PA foi realizada pelo método indireto com técnica auscultatória com uso de esfigmomanômetro de coluna de mercúrio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).

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Avaliação Alimentar

Realizou-se recordatórios de 24 horas que foram aplicados pelas pesquisadoras em dois dias diferentes e não consecutivos, sendo um no início e outro no final do projeto. A ingestão dos gru-pos de alimentos foi determinada segundo o porcionamento pro-posto por Philippi et al. (1996).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo 20 indivíduos de ambos os sexos, sendo 18 do gênero feminino (90%) e 2 do gênero masculino (10%); com faixa etária entre 51 anos e 74 anos, com uma média de 63,05±7,59 anos.

A classificação do estado nutricional, segundo o IMC de am-bos os sexos dos voluntários da pesquisa, sendo distribuídos os in-divíduos abaixo e acima de 60 anos, pode ser visualizada na Tabela 1 (T0) e na Tabela 2 (T1). Na Figura 2, pode-se observar a média do IMC no T0 e no T1.

Tabela 1. Índice de Massa Corporal dos indivíduos de ambos os sexos, com idade abaixo e acima de 60 anos.

IDADE < 60 ANOS

Classificação Sexo Feminino Sexo Masculino

n % n %

Eutófico 1 5 0 0

Obesidade grau I 4 20 0 0

Obesidade grau II 1 5 0 0

Obesidade grau III 1 5 0 0

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Idade > 60 anos

Classificação Sexo Feminino Sexo Masculino

n % n %

Eutófico 1 5 0 0

Obesidade 10 50 2 10

Tabela 2. Índice de Massa Corporal dos indivíduos de ambos os sexos, com idades abaixo e acima de 60 anos.

Idade < 60 anos

Classificação Sexo Feminino Sexo Masculino

n % n %

Eutófico 1 5 0 0

Obesidade grau I 5 25 0 0

Obesidade grau II 0 0 0 0

Obesidade grau III 1 5 0 0

Idade > 60 anos

Classificação Sexo Feminino Sexo Masculino

n % n %

Eutófico 1 5 1 5

Obesidade 10 50 1 5

A utilização do IMC para obtenção do perfil nutricional de uma população é de extrema importância, pois sabe-se que a mor-

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bimortalidade de algumas doenças, como o diabetes, por exemplo, possui forte relação com essa variável (CAVALCANTI et al., 2009).

No início do estudo, cerca de 5% do total dos indivíduos par-ticipantes com idade < 60 anos apresentava eutrofia, 20% apresen-tava obesidade grau I, 5% apresentava obesidade grau II e 5% apre-sentava obesidade grau III. Pode-se observar que no final do estudo permaneceu a condição de eutrofia e de obesidade grau III, mas, em contrapartida, houve decréscimo de 1 participante na faixa de obesidade grau II, pois esse participante ascendeu para obesidade grau I, demonstrando a eficácia na participação do grupo de educa-ção alimentar e nutricional. Já nos indivíduos com idade > 60 anos, cerca de 5% do total dos indivíduos participantes apresentaram eu-trofia no início do estudo e 60% apresentaram obesidade.

No final do estudo, nota-se que houve acréscimo de um in-divíduo na faixa de eutrofia (5%), pois esse indivíduo ascendeu da faixa de obesidade, comprovando, mais uma vez, os benefícios da participação no grupo de educação alimentar e nutricional. Os resultados demonstraram que os participantes, na maioria, estavam obesos (tanto os adultos como os idosos). Tribess (2006) afirma que esse fato pode ter relação com a redução do tempo de atividade física e também com o aumento no consumo de refeições rápidas, que geralmente são pouco nutritivas. O período de intervenção de cerca de 3 meses pode ser considerado pequeno para apresentar resultados maiores.

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Figura 2. Média do IMC da primeira e da última medida apresenta-do pelos indivíduos de ambos os sexos, abaixo e acima de 60 anos.

Cavalcanti et al. (2009) afirmam que índices elevados de IMC constituem um fator de risco para idosos e podem estar asso-ciados à elevação da morbimortalidade e à qualidade de vida. No presente estudo houve decréscimo da média de IMC dos indivíduos no decorrer da participação pelo grupo de educação alimentar e nutricional. No início, a média apresentada foi de 32,3Kg/m² e, no final, foi de 30,6Kg/m² (classificando-os como obesos). O resulta-do representa o sucesso da intervenção em grupo e a melhora na qualidade de vida. Na Figura 3, observa-se a percepção dos partici-pantes quanto à imagem corporal atual.

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Figura 3. Porcentagem de satisfação e insatisfação com o excesso de peso apresentado pelos indivíduos através da aplicação da Ima-gem Corporal.

Em relação à imagem corporal, observa-se que 10% dos participantes demonstraram satisfação com sua imagem e 90% demonstraram insatisfação com o excesso de peso, indicando que a maioria dos participantes desejavam possuir uma silhueta mais magra. Esse achado é semelhante ao encontrado em um estudo realizado na cidade de Jequié/BA. Nesse estudo, observou-se que 54% dos participantes se encontravam insatisfeitos com a imagem corporal, principalmente pelo excesso de peso corporal (TRIBESS; JUNIOR; PETROSKI, 2010). Segundo Damasceno et al. (2006), a insatisfação com a imagem corporal aumenta com a exibição de um padrão de beleza por meio da mídia, tendo em vista que atualmen-te o que se considera belo são silhuetas mais magras no caso das mulheres e silhuetas mais musculosas para os homens. Observa-se, também, que a percepção da imagem corporal possui forte relação com o IMC. Tribess (2006) apontou que o IMC alto influencia for-temente a insatisfação corporal. O presente estudo comprovou essa observação, pois notou-se que a maioria dos participantes (90,9%)

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que apresentaram insatisfação com a imagem corporal eram clas-sificados como obesos segundo o IMC, e apenas uma participante insatisfeita com a imagem corporal apresentava eutrofia.

Na Figura 4, pode ser vista a média referente à pressão sistó-lica e diastólica no T0 e no T1.Figura 4. Média da Pressão Arterial Sistólica e Diastólica da pri-meira e da última medida apresentada pelos indivíduos de ambos os sexos, abaixo e acima de 60 anos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010), a ele-vação dos níveis pressóricos é um fator de risco para doença cardio-vascular, sendo que o abuso no consumo de sal, a obesidade, o etilis-mo e o sedentarismo são fatores fortemente ligados com a elevação da pressão arterial. Conforme se observa na Figura 4, a média de pressão arterial sistólica no início do estudo foi 126,5mmHg, e no final esse número diminuiu para 123mmHg. Em relação à pressão arterial diastólica, verificou-se que obteve como média a marca de 69,5mmHg no início do estudo, e no final esse número subiu para 75mmHg. Esses resultados comprovaram que todos os indivíduos se encontravam normotensos e que houve melhora nos níveis da

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pressão arterial sistólica, constatando a eficiência da participação no grupo de educação alimentar e nutricional.

Em relação à alimentação dos participantes, pode-se observar na Tabela 3 a média de ingestão dos grupos de alimentos segundo o porcionamento proposto por Philippi et al. (1996).

Tabela 3. Média de ingestão de grupos de alimentos.Grupo de Alimentos T0 – Porção T1 – Porção

Pães, Cereais, Raízes e Tubérculos 3,8 3,7

Hortaliças 2 1,3

Frutas 1,75 1,8

Leguminosas 1,2 1,1

Carne Bovina, Suína, Peixe, Frango, Ovos 1,9 1,4

Produtos Lácteos 1,5 1,4

Óleos e Gorduras 1,9 0,7

Açucares 1,7 1,5

Observa-se, na Tabela 3, que os indivíduos aumentaram a in-gestão de alimentos que compõem o grupo das Frutas, mas, em con-trapartida, diminuíram o consumo dos outros grupos de alimentos. A ingestão dos alimentos que compõem o grupo dos pães, cereais, raízes e tubérculos, o grupo das hortaliças, o das frutas, o dos pro-dutos lácteos e o grupo dos óleos e gorduras apresentaram-se abai-xo do recomendado por Philippi et al. (1999). Contudo, destaca-se a redução do consumo de alimentos do grupo de óleos e gorduras, que foi a mais significativa. Costa et al. (2006) apontam que podem ocorrer erros na avaliação quando se utiliza o Recordatório de 24h em virtude de alguns fatores, entre eles as variações da ingestão ali-mentar, intrínsecas às pessoas, assim como a falta de padronização de instrumentos e o treinamento dos entrevistadores. Os resultados obtidos no presente estudo não condizem com o estado nutricional

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dos participantes. Percebe-se, assim, que a ingestão alimentar pode ter sido subestimada devido aos fatores apresentados.

4. CONCLUSÃO

Pode-se concluir com o estudo que o trabalho de educação alimentar e nutricional é fundamental na melhora da qualidade de vida dos portadores de DCNT. Este fato comprovou-se nos resul-tados pois houve diminuição da média de IMC, da pressão arterial sistólica além de melhora na socialização dos pacientes, aumen-to no consumo de frutas e redução no consumo de óleos e gor-duras. Percebe-se que os pacientes procuram grupos de educação nutricional e alimentar por estarem insatisfeitos com sua imagem corporal e para melhorar sintomas e complicações decorrentes da doença. Com a participação, tornam-se conscientes de seu estado nutricional e modificam hábitos de vida, possibilitando a ocorrên-cia de resultados positivos como os que foram demonstrados no estudo. Portanto, com base nos bons resultados apresentados, são necessários maiores investimentos para o fortalecimento desse tipo de trabalho.

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Avaliação da composição centesimal de congelados saudáveis comercializados na cidade de Ribeirão Preto-SP

Heloísa Helena TAZINAFFO1

Cyntia Aparecida Montagneri AREVABINI2

Fabíola Rainato Gabriel de MELO3

Giseli Cristina Galati TOLEDO4

Erika da Silva BRONZI5

Márcio Henrique Gomes de MELO6

Resumo: O padrão de consumo alimentar brasileiro tem sofrido significativas mudanças nas últimas décadas. Verifica-se a preferência por alimentos que ofereçam praticidade e rapidez em sua forma de preparo e, ainda, tragam benefícios à saúde. O objetivo deste estudo foi avaliar a autenticidade das informações nutricionais declaradas nos rótulos de congelados saudáveis comercializados na cidade de Ribeirão Preto-SP, conforme a legislação vigente. Os teores de nutrientes declarados pelos rótulos foram comparados com os resultados obtidos por métodos analíticos (físico-químicos) oficiais, considerando a variabilidade de 20% tolerada adotada pela legislação vigente. Os resultados encontra-dos demonstraram que todas as amostras analisadas apresentavam alguma discordância, sendo que, na rotulagem nutricional, 100% dos dados de proteína e valor calórico foram superestimados, enquanto ocorreu subestimação em 20% dos dados de lipídios e fibra alimentar e 80% dos dados de carboidratos. Conclui-se que é necessário maior controle e fiscalização na legitimidade das informações na rotulagem nutricional.

Palavras-chave: Congelados Saudáveis. Composição dos Alimentos. Rotulagem Nutri-cional.

1 Heloísa Helena Tazinaffo. Bacharel em Nutrição pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>. 2 Cyntia Aparecida Montagneri Arevabini. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.3 Fabíola Rainato Gabriel de Melo. Doutora e Mestre em Investigação Biomédica pela Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto (SP). Bacharel em Nutrição pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Coordenadora e Docente do Curso de Nutrição no Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <nutriçã[email protected]>.4 Giseli Cristina Galati Toledo. Doutora e Mestre em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal de Alfenas (UFAL). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.5 Erika da Silva Bronzi. Doutora em Ciências Nutricionais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus Araraquara (SP). Mestre em Saúde na Comunidade pela Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto (SP). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.6 Márcio Henrique Gomes de Melo. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Química Industrial pela mesma instituição. Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.

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Centesimal composition assessment of healthy frozen foods sold in the city of Ribeirão Preto-SP

Heloísa Helena TAZINAFFOCyntia Aparecida Montagneri AREVABINI

Fabíola Rainato Gabriel de MELOGiseli Cristina Galati TOLEDO

Erika da Silva BRONZIMárcio Henrique Gomes de MELO

Abstract: The pattern of Brazilian food consumption has undergone significant changes in recent decades. There is a preference for foods that provide convenience and speed in its form of preparation, and also bring health benefits. The objective of the study was to evaluate the authenticity of nutrition information stated on the labels of healthy frozen foods commercialized in the city of Ribeirão Preto - SP, according to current legislation. The nutrient content declared on labels were compared with the results obtained by official analytical methods (physical and chemical), considering the 20% variability tolerated adopted by law. The results showed that all samples presented some disagreement, and in the nutrition labeling 100% of the protein data and caloric value were overestimated, while, in 20% of lipids and dietary fiber data and 80% of carbohydrates data, an underestimation was verified. We conclude that more supervision and control on the legitimacy of the information in nutrition labeling is required.

Keywords: Healthy Frozen Foods. Composition of Food. Nutrition Labeling.

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1. INTRODUÇÃO

O padrão de consumo alimentar brasileiro tem sofrido signi-ficativas mudanças nas últimas décadas, associado à intensa urba-nização e industrialização. O ritmo de vida acelerado e a necessi-dade de se estabelecer prioridades diante de um mercado altamente competitivo e instável propõe uma nova organização do tempo, restringindo os períodos dedicados à convivência familiar, amigos, lazer e, sobretudo, à alimentação (FONSECA et al., 2011).

Nesse contexto, verifica-se maior interesse da população por produtos que tragam benefícios a sua saúde, que sejam saudáveis, do ponto de vista nutricional, não deixando de oferecer praticidade e rapidez em seu preparo (VIEIRA; CORNÉLIO, 2007).

A indústria alimentícia, diante dessa nova tendência do com-portamento alimentar, constantemente, diversifica e amplia sua li-nha de produção, ofertando aos consumidores produtos com mo-dificação em sua composição nutricional, atendendo tanto aqueles que precisam manter dietas restritivas devido à presença de patolo-gias quanto aqueles que simplesmente almejam conquistar melhor qualidade de vida e desempenho físico (VIEIRA; CORNÉLIO, 2007; LUCCHESE; BATALHA; LAMBERT, 2006).

Dessa maneira, a rotulagem dos alimentos torna-se indispen-sável para fornecer aos consumidores informações fidedignas, que lhes transmitam segurança e clareza no momento da compra desses produtos (VIEIRA; CORNÉLIO, 2007).

Assim, o Regulamento Técnico – RDC nº 259/2002, principal legislação do Ministério da Saúde que se aplica à rotulagem de todo alimento que seja comercializado, qualquer que seja sua origem, embalado na ausência do cliente e pronto para oferta ao consumi-dor, estabelece que, obrigatoriamente, a rotulagem de alimentos embalados deve apresentar informações como: nome do produto; sua lista de ingredientes, com conteúdos líquidos; a identificação da origem, do lote e do prazo de validade, como nome ou razão social e endereço do importador, no caso de alimentos importados; e instruções sobre preparo e uso do alimento, quando necessário (BRASIL, 2002; CÂMARA et al., 2008).

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A Resolução – RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003, aplica-se à rotulagem nutricional dos alimentos produzidos e co-mercializados, qualquer que seja sua origem, embalados na ausên-cia do cliente e prontos para serem oferecidos aos consumidores, definindo rotulagem nutricional como “[...] toda descrição destina-da a informar ao consumidor sobre as propriedades nutricionais de um alimento” (BRASIL, 2003, n.p.).

Obrigatoriamente, segundo essa resolução, a informação nu-tricional de produtos embalados deverá conter a quantidade do va-lor energético e dos seguintes nutrientes: carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio, estabelecendo que também poderão constar, como infor-mação nutricional complementar, as vitaminas e os minerais que estiverem presentes em quantidade igual ou maior a 5% da Ingestão Diária Recomendada (IDR) por porção indicada no rótulo (BRA-SIL, 2003).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o ór-gão do Ministério da Saúde responsável pela normatização e inspe-ção da produção e comercialização de alimentos, tornando a rotula-gem obrigatória no ano de 1999, assegurando o controle sanitário, a veracidade das informações contidas nos rótulos dos produtos, o direito à cidadania, qualidade e segurança alimentar e nutricional (LOBANCO et al., 2009).

A informação nutricional e de outros componentes de alimen-tos in natura e processados constitui uma fonte imprescindível para auxiliar nas escolhas alimentares, estabelecendo um diálogo entre o setor e o mercado, no qual a autenticidade das informações deve ser garantida, visto que possíveis inconformidades nos rótulos po-dem representar um problema de saúde à população, especialmente quando esse produto se destina ao consumo de portadores de algu-ma enfermidade, além de infringir o direito do consumidor (GIUN-TINI; LAJOLO; MENEZES, 2006; LOBANCO et al., 2009).

Para tanto, foram desenvolvidos métodos analíticos para de-terminação centesimal de nutrientes e não nutrientes presentes nos alimentos, permitindo o cálculo dos teores de cinzas, umidades, fibras, carboidratos, proteínas, lipídios e contagem do valor calóri-

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co (GIUNTINI; LAJOLO; MENEZES, 2006). A utilização de tais métodos auxilia na garantia dos direitos e na satisfação dos consu-midores, visto que o interesse de fabricantes por produtos industria-lizados, pré-preparados ou prontos, prometendo uma alimentação saudável, equilibrada, associada à melhoria do rendimento, dimi-nuição da gordura corporal, entre outros benefícios, cresce diaria-mente, podendo conter, nos rótulos, informações que não atendem as recomendações das legislações vigentes, iludindo o consumidor e prejudicando o funcionamento adequado do seu organismo, afe-tando sua qualidade de vida (LOBANCO et al., 2009; TORRES et al., 2000).

O presente estudo visa realizar a análise da composição cen-tesimal de congelados saudáveis comercializados na cidade de Ri-beirão Preto-SP, avaliando a autenticidade das informações nutri-cionais declaradas nos rótulos dessas refeições industrializadas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais

AmostrasForam utilizadas 05 (cinco) refeições prontas para consumo,

de marcas e sabores distintos, todas comercializadas congeladas, como sendo uma alternativa de refeição balanceada e saudável para melhoria das condições de saúde e vida.

As referidas refeições receberam as seguintes denominações: CS I – Filé de Frango à Pizzaiolo, Purê de Mandioquinha e Arroz Integral com Ervilhas Frescas; CS II – Filé de Saint Peter Assado com Mix de Vegetais Refogados e Arroz Integral; CS III – Iscas de Carne ao Molho Mostarda, Arroz Integral com Amêndoas e Abo-brinha; CS IV – Estrogonofe de Frango Saudável e Arroz Integral Colorido; CS V – Frango com Arroz Integral e Legumes.

Foram excluídas do estudo as refeições congeladas que não possuíam rótulo com informações nutricionais, não eram comercia-

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lizadas na cidade de Ribeirão Preto-SP e não constituíam refeições prontas para consumo contendo opção de prato principal, guarnição e acompanhamento.

Análises centesimais

Preparação de amostras

Liquidificador, balança analítica, estufa, potes plásticos.

Determinação de umidade

Cápsulas de porcelana (cadinhos com tampa), estufa, pinças de metal, dessecador com sílica gel, balança analítica, espátulas de pesagem.

Determinação de cinzas totais em Mufla a 550ºC

Cápsulas de porcelana (cadinhos com tampa) de 60ml, forno Mufla a 550ºC, pinças de metal, dessecador com sílica gel, balança analítica, bico de Bunsen.

Determinação de fibras pelo método Wender

Erlenmeyer com tubo de refluxo de 50ml, suporte metálico, tela amianto, pesa-filtro com papel de filtro, funil. Reagentes: so-lução 0,3N de ácido sulfúrico, solução 1,5N de hidróxido de sódio, álcool etílico e éter etílico.

Determinação de proteínas pelo método Macro-Kjeldahl

Balança analítica, papel filtro, tubo de Kjeldahl, pipetador de borracha, chapa elétrica ou manta aquecedora, balão de destilação, frasco Erlenmeyer de 500ml, bureta de 25ml, espátula, dedal. Rea-gentes: ácido sulfúrico 0,05M, sulfato de cobre, sulfato de potássio,

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dióxido de titânio, solução fenolftaleína, vermelho de metila a 1% m/v, zinco em pó, hidróxido de sódio a 30% m/v, hidróxido de só-dio 0,1M. Mistura catalítica – dióxido de titânio anidro, sulfato de cobre anidro e sulfato de potássio anidro, na proporção 0,3:0,3:6.

Determinação de lipídios pelo método de Soxhlet

Aparelho extrator de Soxhlet, bateria de aquecimento com refrigerador de bolas, balança analítica, estufa, cartucho de Soxhlet ou papel de filtro de 12cm de diâmetro, balão de fundo chato de 250ml a 300ml, lã desengordurada, algodão, espátula e dessecador com sílica gel. Reagente: hexano

Determinação do valor calórico

Valores obtidos nas análises dos teores de carboidratos, pro-teínas e lipídios.

Avaliação do rótulo

Informações presentes na embalagem de cada uma das amos-tras de congelados saudáveis e Resolução – RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002, legislação que define e aprova o regulamento técnico sobre rotulagem de alimentos embalados.

Avaliação da rotulagem nutricional

Cinco tabelas de informações nutricionais presentes nas em-balagens das amostras utilizadas, cinco tabelas de informações nutricionais criadas a partir das análises centesimais das amostras realizadas em laboratório e Resolução – RDC nº 360, de 23 de de-zembro de 2003, que se aplica à rotulagem nutricional dos alimen-tos produzidos e comercializados.

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Métodos

Procedimentos para análises centesimaisTodos os procedimentos para análises centesimais foram rea-

lizados em duplicata.

Preparação das amostras

As amostras foram processadas no Laboratório de Bromato-logia do curso de Bacharelado em Nutrição do Claretiano – Centro Universitário de Batatais-SP, onde todas as etapas de manipulação e preparação das amostras foram supervisionadas pelo docente e orientador desta pesquisa. Foram realizados os seguintes procedi-mentos:

a) As amostras foram pesadas em balança analítica como ga-rantia de maior precisão; primeiramente, foi realizada a pesagem do recipiente.

b) As amostras foram trituradas em liquidificador, e uma par-te foi separada para a determinação da umidade.

c) O restante das amostras foi secado em estufa e acondicio-nado em recipientes plásticos com tampa e conservados em local livre de umidade, em temperatura ambiente para realização dos procedimentos de análise.

Após essa etapa, realizou-se a determinação da composição centesimal.

Determinação de umidade

O teor de umidade de um alimento diz respeito à umida-de restante dele após ser submetido ao método de estufa a 105ºC (SOUZA, 2011). Esse princípio se baseia na perda de umidade e substâncias voláteis de uma amostra em temperaturas acima de 100ºC. Inicialmente, as cápsulas de porcelana utilizadas passaram por processo de secagem, sendo mantidas em estufa a 105ºC pelo

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período de uma hora. Em seguida, retirou-se as cápsulas de porce-lana da estufa, com o auxílio de uma pinça metálica, e foram res-friadas em um dessecador por 20 minutos. Procedeu-se a pesagem das cápsulas em balança analítica. Na sequência, foi realizada a pesagem de cerca de 5g de amostra homogeneizadas nas cápsulas que já haviam passado pelo processo de secagem. Foram anotados o peso da amostra úmida mais o peso da cápsula. Depois, a cápsula foi levada até a estufa a 105ºC, com o auxílio de uma pinça metá-lica, e mantida por duas a três horas. Posteriormente, as cápsulas contendo a amostra foram retiradas da estufa e resfriadas em desse-cador por 20 minutos e, então, foram pesadas em balança analítica e calculadas. Essa determinação foi realizada em duplicata (ZENE-BON; PASCUET; TIGLEA, 2008).

Determinação de cinzas totais

A determinação de cinzas totais foi realizada em Mufla a 550ºC. Esse método é fundamentado na perda de peso que ocorre quando um produto é incinerado a 500-550ºC, com destruição da matéria orgânica, sem apreciável decomposição dos constituintes do resíduo mineral ou perda por volatilização. Inicialmente, as cáp-sulas foram aquecidas em forno Mufla a 550ºC durante 30 minutos; em seguida, resfriadas em dessecador e, posteriormente, pesadas. Após, ser pesada em balança analítica, cerca de 2 gramas da amos-tra homogeneizada, a seguir foi carbonizada em bico de Bunsen. Essa amostra foi transferida ao forno Mufla a 550ºC e incinerada até a obtenção de cinzas brancas (cerca de duas horas). Depois, as cápsulas foram esfriadas por 30 minutos em dessecador e pesadas. Essa determinação foi realizada em duplicata (BRASIL, 1981).

Determinação de fibras

A determinação de fibras foi realizada pelo método Wender, que se fundamenta no duplo ataque ácido/alcalino das amostras, estando as fibras que são quantificadas por gravimetria. Primeira-mente, o pesa-filtro com papel foi mantido na estufa por duas horas, a temperatura de 105ºC, e o papel-filtro foi esfriado em dessecador

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e pesado em balança analítica. Em seguida, em um Erlenmeyer, foi pesada 1g de amostra e juntado 50ml de reagente ácido sulfúrico 0,3N. O Erlenmeyer foi adaptado ao condensador, e foi acrescenta-do antiespumante. Depois, foi realizada uma fervura suave por 30 minutos, e o Erlenmeyer foi esfriado. Novamente, foi adicionado outro reagente, o NaOH, 1,5N, e procedeu-se à fervura por 30 mi-nutos. Foi feita filtragem em papel-filtro tarado anteriormente. O papel e o funil foram lavados com água destilada até reação neutra e, depois, lavados mais três vezes, com álcool etílico e éter etílico. O papel foi secado no pesa-filtro, em estufa, até seu peso constante, e finalmente foi esfriado em dessecador e pesado em balança ana-lítica. Essa determinação foi realizada em duplicata (ZENEBON; PASCUET; TIGLEA, 2005).

Determinação de proteínas pelo método Macro-Kjeldahl

O método Macro-Kjeldahl baseia-se na determinação do ni-trogênio total de origem orgânica presente em uma amostra e é o método químico mais útil para a determinação de proteínas. Foi pesada 1g da amostra em papel-filtro, que foi transferida para o balão de Kjeldahl (papel + amostra). Foram adicionados 25ml de ácido sulfúrico e cerca de 6g da mistura catalítica. A solução foi levada ao aquecimento em chapa elétrica, na capela, até se tornar azul-esverdeada e livre de material não digerido (pontos pretos), e, depois, aquecida por mais uma hora, permanecendo em repouso, na sequência, até esfriar. Em seguida, foram adicionadas 10 gotas do indicador fenolftaleína e 1g de zinco em pó (para ajudar na cliva-gem das moléculas grandes de protídeos). Imediatamente, o balão foi ligado ao conjunto de destilação. A extremidade afilada do refri-gerante foi titulada em 25ml de ácido sulfúrico 0,05M, contido em frasco Erlenmeyer de 500ml com três gotas do indicador vermelho de metila. Adicionou-se ao frasco que contém a amostra digerida, por meio de um funil com torneira, solução de hidróxido de sódio a 30%, até garantir um ligeiro excesso de base. Aqueceu-se até a ebulição e destilou-se até obter-se entre 250-300ml do destilado. Titulou-se o excesso de ácido sulfúrico 0,05M com solução de hi-dróxido de sódio 0,1M, usando vermelho de metila. Essa determi-

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nação foi realizada em duplicata (BRASIL, 1981). Para o cálculo do percentual de proteínas, utilizou-se o fator de correção 5,35.

Determinação de lipídios pelo método de Soxhlet

O princípio de Soxhlet fundamenta-se na solubilidade dos lipídios em determinados solventes, que, após a extração, são de-terminados gravimetricamente. Foram pesadas de 2g a 5g da amos-tra em cartucho de Soxhlet e tapado com algodão. O cartucho foi transferido para o aparelho extrator tipo Soxhlet, e este foi acoplado ao balão de fundo chato, previamente tarado a 105°C. Adicionou-se éter em quantidade suficiente para um Soxhlet e meio, sendo manti-do, assim, sob aquecimento em chapa elétrica, à extração contínua por 6h. O cartucho foi retirado, destilou-se o éter e transferiu-se o balão com o resíduo extraído para uma estufa a 105°C, mantendo-o por cerca de uma hora. Resfriou-se em dessecador até a temperatu-ra ambiente. Pesou-se e repetiram-se as operações de aquecimento por 30 minutos na estufa e resfriamento até peso constante (2h no máximo). Essa determinação foi realizada em duplicata (BRASIL, 1981).

Determinação de carboidratos

O valor de carboidrato de cada uma das amostras foi obtido por meio de diferença, ou seja, a partir da somatória dos valores encontrados para umidade, cinzas, proteínas, fibras e lipídios, sub-traindo-se o resultado do percentual de 100%.

Determinação do valor calórico

Para o cálculo do valor calórico, foram empregados os fatores de conversão de: quatro calorias para cada grama de carboidrato; quatro calorias para cada grama de proteína; e nove calorias para cada grama de lipídio (BRASIL, 2013).

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Avaliação do rótulo

Com base na Resolução – RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002, da Diretoria Colegiada da Anvisa, foram observadas, na rotulagem dos congelados saudáveis, as seguintes informações:

• denominação de venda do alimento;• lista de ingredientes;• identificação da origem: nome (razão social) do fabrican-

te, ou produtor, ou fracionador, ou titular (proprietário) da marca, endereço completo, país de origem e município;

• identificação do lote;• data de fabricação;• prazo de validade;• modo de conservação;• modo de preparo e uso do alimento.

Avaliação da rotulagem nutricional

Coletaram-se as informações inseridas na tabela nutricional das amostras.

Análise de dados

Análises centesimais e determinação do valor calóricoApós a realização das análises em duplicata, calcularam-se as

médias e o desvio padrão desses valores, com auxílio do software Excel 2010, desenvolvendo-se uma tabela de informação nutricio-nal para cada uma das cinco amostras a partir dos dados obtidos.

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Avaliação do rótuloFoi avaliada cada informação daquelas apresentadas nas aná-

lises propostas: se o produto apresentou a informação, estava em concordância; se não apresentou, estava em discordância. Assim, esses dados foram tabulados no Excel 2010 e apresentados os per-centuais de concordância na forma de figura.

Avaliação da rotulagem nutricionalOs teores de carboidratos, proteínas, lipídios e fibras e o valor

calórico da tabela nutricional de cada produto foram analisados, e foi averiguado se eles estavam conforme a tabela formulada a partir das análises. Esses dados foram tabulados no Excel 2010.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 1, observam-se os percentuais de concordância en-tre as cinco amostras e a rotulagem dos produtos estudados, confor-me o preconizado pela Resolução – RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002.

Figura 1. Percentuais de concordância de amostras avaliadas con-forme informações da Resolução – RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002. Rotulagem de alimentos – Batatais, 2015.

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Considerando a matéria legislada na RDC 259/2002 (BRA-SIL, 2002), relativa à rotulagem dos produtos alimentares em ge-ral, observou-se que 100% das amostras analisadas indicavam a denominação de venda, a lista de ingredientes, a data de fabrica-ção, o prazo de validade e o modo de preparo e uso do alimento; 80% identificavam o modo de conservação dos produtos, sendo que apenas 60% atendem a recomendação para a correta descrição de sua origem, declarando o nome do fabricante ou produto, com respectivo endereço, município e país. O número de identificação do lote das amostras analisadas constatou-se presente em 40% dos produtos, ressaltando que esse é um item indispensável para rastre-abilidade do alimento em caso de intercorrências.

Segundo Moraes, Mano e Baptista (2007), informações cla-ras, precisas e fidedignas na rotulagem dos alimentos não consti-tuem somente um direito primordial do consumidor, como também permitem a identificação do alimento em casos de agravos à saúde, devendo ser estabelecidos, pelo poder público, critérios de fiscali-zação mais rigorosos e eficientes, desde os processos de fabricação até a comercialização dos produtos, contribuindo, assim, para a sua segurança alimentar e nutricional, o que corrobora com o presente estudo.

Os resultados obtidos na análise da composição centesimal dos diversos produtos encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1. Média e desvio padrão da composição centesimal (g/100g) em congelados saudáveis.

COMPOSIÇÃO CENTESIMAL (g/100g)Congelados saudáveis Umidade Cinzas Fibras Carboidratos Proteínas* Lipídios

CS I 76,85 ±0,18 1,29 ±0,02 1,17 ±0,25 11,98±0,38 6,91 ±0,08 1,80±0,04

CS II 70,49 ±0,18 1,17 ±0,13 1,57 ±0,15 12,33±0,15 10,14 ±0,27 4,30±0,03

CS III 67,79 ±0,30 1,56 ±0,06 1,57 ±0,15 16,17±0,66 9,31 ±0,45 3,60±0,02

CS IV 69,82 ±0,02 1,28 ±0,03 1,63 ±0,12 16,23±0,83 9,64 ±0,92 1,40±0,06

CS V 69,82 ±0,79 1,22 ±0,03 1,83 ±0,21 13,37±1,39 12,79 ±0,84 1±0,07

*Fator de conversão do nitrogênio em proteína -5,35.

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A composição centesimal ou composição química de um alimento é realizada por meio de análises laboratoriais de deter-minação e demonstra, de maneira simples, o valor nutricional e a proporção de constituintes em que aparecem, em 100g do produ-to, os grupos homogêneos de substâncias do alimento, permitindo averiguar a proporção desses grupos e verificar o valor calórico desse alimento, indicando a qualidade do produto (MORETTO et al., 2002).

Nas Tabelas 2, 3, 4 e 5, são apresentados os valores nutricio-nais obtidos e os encontrados nos rótulos dos congelados saudáveis utilizados para comparação.

Tabela 2. Análise comparativa dos resultados dos valores nutricio-nais encontrados na análise da composição centesimal e a descrição desses valores no rótulo do produto CS I.

NutrientesRótulo I (450g) Análise I (450g)

Quantidade %VD* Quantidade %VD*Valor calórico (kcal) 531,3 27 413 21

Carboidratos (g) 48,2 16 54 18Proteínas (g) 57,9 77 31 41

Gorduras totais (g) 11,9 22 8,1 15Fibra alimentar (g) 7,9 32 5,3 21

*VD = Valor Diário 2000kcal

Na Tabela 2, observou-se que os valores encontrados no ró-tulo não eram compatíveis aos dados obtidos nas análises; dessa forma, segundo os critérios adotados pela Anvisa (de 20% de varia-bilidade), os valores de proteínas, gorduras totais e fibra alimentar e o valor calórico presentes no rótulo (respectivamente: 57,9g/450g; 11,9g/450g; 7,9g/450g; e 531,3kcal/450g) estavam mais de 20% acima do valor encontrado no estudo (respectivamente: 31g/450g; 8,1g/450g; 5,3g/450g; e 413kcal/450g). Quanto aos valores de car-boidratos (rótulo: 48,2g/450; análise 54g/450g), o percentual de

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diferença estava dentro do limite de tolerância admitido pela RDC 360/2003 (BRASIL, 2003).

Tabela 3. Análise comparativa dos resultados dos valores nutricio-nais encontrados na análise da composição centesimal e a descrição desses valores no rótulo do produto CS II.

NutrientesRótulo II (300g) Análise II (300g)

Quantidade %VD* Quantidade %VD*Valor calórico (kcal) 415,78 20,78 385 19

Carboidratos (g) 38,16 12,72 37 12Proteínas (g) 41,47 55,29 30 40

Gorduras totais (g) 3,91 7,10 13 24Fibra alimentar (g) 5,60 22,40 4,7 19

*VD = Valor Diário 2000kcal.

Conforme a Tabela 3, os valores encontrados no rótulo não eram compatíveis aos dados obtidos nas análises; dessa forma, se-gundo os critérios adotados pela Anvisa (de 20% de variabilidade), os valores de proteínas presentes no rótulo (41,47g/300g) estavam mais de 20% acima do valor encontrado no estudo (30g/300g) e as gorduras totais estavam 70% abaixo (rótulo: 3,91g/300g; análise: 13g/300g). Quanto aos valores de carboidratos e fibra alimentar e o valor calórico (rótulo: 38,16g/300g, 5,60g/300g, 415,78kcal/300g; análise: 37g/300g, 4,7g/300g, 385kcal/300g), o percentual de di-ferença estava dentro do limite de tolerância admitido pela RDC 360/2003 (BRASIL, 2003).

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Tabela 4. Análise comparativa dos resultados dos valores nutricio-nais encontrados na análise da composição centesimal e a descrição desses valores no rótulo do produto CS III.

NutrientesRótulo III (300g) Análise III (300g)

Quantidade %VD* Quantidade %VD*Valor calórico (kcal) 501 25 403 20

Carboidratos (g) 37 12 48 16Proteínas (g) 41 55 28 37

Gorduras totais (g) 21 38 11 20Fibra alimentar (g) 4,9 19 4,7 19

*VD = Valor Diário 2000kcal.

De acordo com a Tabela 4, foi constatado que os valores encontrados no rótulo não eram compatíveis aos dados obtidos nas análises; dessa forma, segundo os critérios adotados pela An-visa (de 20% de variabilidade), os valores de proteínas e gordu-ras totais e o valor calórico presentes no rótulo (respectivamente: 41g/300g, 21g/300g, 501kcal/300g) estavam mais de 20% aci-ma do valor encontrado no estudo (respectivamente: 28g/300g, 11g/300g, 403kcal/300g) e os carboidratos estavam 22% abaixo (rótulo: 37g/300g; análise: 48g/300g). Quanto aos valores de fibra alimentar (rótulo: 4,9g/300g; análise: 4,7g/300g), o percentual de diferença estava dentro do limite de tolerância admitido pela RDC 360/2003 (BRASIL, 2003).

Tabela 5. Análise comparativa dos resultados dos valores nutricio-nais encontrados na análise da composição centesimal e a descrição desses valores no rótulo do produto CS IV.

NutrientesRótulo IV (310g) Análise IV (310g)

Quantidade %VD* Quantidade %VD*Valor calórico (kcal) 390 20 359 18

Carboidratos (g) 40 13 50 17Proteínas (g) 44 58 30 40

Gorduras totais (g) 6 11 4,3 8Fibras (g) 4,3 17 5,1 20

*VD = Valor Diário 2000kcal.

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A Tabela 5 mostra que os valores encontrados no rótulo não eram compatíveis aos dados obtidos nas análises; dessa forma, segundo os critérios adotados pela Anvisa (de 20% de variabili-dade), os valores de proteínas e gorduras totais presentes no ró-tulo (respectivamente: 44g/310g, 6g/310g) estavam mais de 20% acima do valor encontrado no estudo (respectivamente: 30g/310g, 4,3g/310g). Quanto aos valores de carboidratos e fibra alimentar e o valor calórico (rótulo: 40g/310g, 4,3g/310g, 390kcal/310g, análi-se: 50g/310g, 5,1g/310g, 359kcal/310g), o percentual de diferença estava dentro do limite de tolerância admitido pela RDC 360/2003 (BRASIL, 2003).

Tabela 6. Análise comparativa dos resultados dos valores nutricio-nais encontrados na análise da composição centesimal e a descrição desses valores no rótulo do produto CS V.

NutrientesRótulo V (300g) Análise V (300g)

Quantidade %VD* Quantidade %VD*Valor calórico (kcal) 347 17,4 339 17

Carboidratos (g) 23,5 7,8 40 13Proteínas (g) 50,3 67,0 38 51

Gorduras totais (g) 5,8 10,6 3 5Fibra alimentar (g) 22,5 89,9 5,4 22

*VD = Valor Diário 2000kcal.

Na Tabela 6, é possível observar que os valores encontrados no rótulo não eram compatíveis aos dados obtidos nas análises; des-sa forma, segundo os critérios adotados pela Anvisa (de 20% de va-riabilidade), os valores de proteínas, gorduras totais e fibra alimen-tar presentes no rótulo (respectivamente: 50,3g/300g, 5,8g/300g, 22,5g/300g) estavam mais de 20% acima do valor encontrado no estudo (respectivamente: 38g/300g, 3g/300g e 5,4g/300g) e os carboidratos estavam 43% abaixo (rótulo: 23,5g/300g; análise: 40g/300g). Quanto ao valor calórico (rótulo: 347kcal/300g; análi-se: 339kcal/300g), o percentual de diferença estava dentro do limite de tolerância admitido pela RDC 360/2003 (BRASIL, 2003).

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Conforme exposto, todas as amostras analisadas apresenta-ram alguma discordância entre os dados nutricionais declarados na rotulagem dos alimentos e aqueles obtidos na quantificação analí-tica dos nutrientes. Observou-se que, na rotulagem nutricional das amostras estudadas, 100% dos dados de proteínas e valor calórico foram superestimados, enquanto, em 20% dos dados de lipídios e fibra alimentar e 80% dos dados de carboidratos, ocorreu subesti-mação.

A discordância entre os dados de nutrientes obtidos em aná-lise laboratorial e os declarados pelo fabricante na rotulagem para os produtos estudados pode ser esclarecida por diferentes fatores que intervêm no plano de amostragem e na análise dos resultados, destacando-se o número de amostras que originaram os dados e as medidas de variabilidade, o controle de matéria-prima e tipo de processamento industrial adotado, o armazenamento dos produtos, os métodos utilizados no controle de qualidade e os procedimentos analíticos aplicados em todas as determinações e, especialmente, as tabelas de composição de alimentos utilizadas para a determinação da informação nutricional do produto pela indústria, comumente desenvolvidas em outros países, imprecisas na identificação, na descrição dos alimentos e preparações culinárias e limitadas quanto aos processos de análises químico-físicas e os critérios seguidos (LOBANCO et al., 2009; RIBEIRO et al., 2003). Contudo, as dis-cordâncias, independentemente da razão, não devem ultrapassar a variabilidade de 20%, para mais ou para menos, admitida como tolerância pela legislação vigente (RDC 360/2003 da Anvisa).

De acordo com Lobanco et al. (2009), a não concordância das informações de nutrientes declaradas nos rótulos contravém as disposições da RDC 360/2003 da Anvisa e, especialmente, os di-reitos assegurados pelas leis de segurança alimentar e nutricional e de direito humano à alimentação adequada, inseridas nas ações governamentais da Política Nacional de Alimentação e Nutrição – PNAN, cujo propósito é a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira.

Resultados semelhantes foram observados no estudo de Ri-beiro et al. (2003), que compararam um banco de dados com as

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análises de umidade, proteínas, lipídios, cinzas, carboidratos e va-lor calórico de 11 tipos de alimentos diferentes, disponíveis em dois grupos (cereais e derivados e preparações), totalizando 701 amos-tras, disponíveis no Laboratório de Bromatologia e Microbiologia de Alimentos da Universidade Federal de São Paulo – LABMA, com tabelas e softwares de composição de alimentos: Tabelas de Composição Química de Alimentos do Estudo Nacional da Des-pesa Familiar – ENDEF, Tabela de Composição Química dos Ali-mentos (Guilherme Franco), Tabela Brasileira de Composição de Alimentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universi-dade de São Paulo – FCF/USP e os softwares Sistema de Apoio de Informações Nutricionais (Virtual Nutri) e Sistema de Apoio e Decisão em Nutrição – NUT.

Nesse estudo, observou-se que 64% dos dados de proteínas foram superestimados pela tabela do ENDEF, enquanto, em 64% dos dados de lipídios e 55% de carboidratos e energia, respecti-vamente, ocorreu subestimação. Na tabela de Guilherme Franco, houve a superestimação dos valores de proteínas em 72% e a su-bestimação de 55% dos dados de lipídios e energia e 64% dos de carboidratos. Quanto aos softwares, o Virtual Nutri tendeu a su-perestimar os valores de carboidratos e energia em 64% e 55%, respectivamente, e a subestimar os de proteínas e lipídios em 91% e 72% dos dados, respectivamente. Já o software NUT subestimou os teores de proteínas e lipídios em 72% e de carboidratos e energia em 64% dos dados. A tabela da FCF/USP tendeu a superestimar o conteúdo de lipídios e carboidratos (55% dos dados) e subestimar o de proteínas (67% dos dados) e de energia (78% dos dados). Assim, todas as amostras analisadas apresentaram alguma discordância re-lacionada aos valores apresentados na análise laboratorial e nas ta-belas e softwares de composição dos alimentos.

No estudo de Abreu e Takahashi (2011), foram analisadas duas amostras de “bentô” que continham tabela nutricional e eram comercializados em um bairro oriental da cidade de São Paulo. As análises laboratoriais foram realizadas em duplicata, e foram avaliados o teor de umidade, cinzas, carboidratos, lipídios totais, proteínas, fibras e sódio, comparando-se com a rotulagem. Foi pos-sível observar inadequações nos valores encontrados nos rótulos

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nutricionais das duas amostras. No bentô 1, os valores de carboi-dratos, proteínas, fibras e sódio estavam mais de 20% acima do va-lor encontrado no estudo e as gorduras totais estavam 70% abaixo. No bentô 2, o valor calórico, os carboidratos, as fibras e o sódio estavam mais de 20% acima do valor encontrado na análise. Dessa forma, tais resultados são similares aos encontrados no presente trabalho.

Lobanco et al. (2009) realizaram a análise físico-química de 153 produtos industrializados de 84 marcas diferentes, tanto salga-dos quanto doces, sendo habitualmente consumidos por crianças e adolescentes, comercializados no município de São Paulo. Dentre os salgados, foram avaliados 56 produtos de 34 marcas e, dentre os doces, 97 produtos de 50 marcas distintas. Nesse estudo, constatou--se que, quanto à composição nutricional, todos os produtos anali-sados tinham elevado valor energético, gorduras totais e sódio, e a totalidade das amostras apresentava alguma discordância de dado nutricional declarado na rotulagem do alimento, corroborando o presente estudo.

Diferentes estudos demonstram que o consumidor brasilei-ro, no ato da compra dos alimentos, tem preferência por aqueles que apresentem em suas embalagens algum efeito benéfico à saú-de, mesmo que tenham dificuldade de entendimento e compreensão das informações contidas nos rótulos dos alimentos (CÂMARA et al., 2008).

Diante dessa perspectiva, a rotulagem dos alimentos é um instrumento de orientação ao consumidor sobre a qualidade e a quantidade dos nutrientes constituintes dos produtos, devendo co-laborar para a promoção de escolhas alimentares adequadas, bus-cando a autonomia do consumidor, instituindo uma ferramenta de educação nutricional para a população (LOBANCO et al., 2009).

Desse modo, os resultados evidenciados ratificam os de ou-tros estudos que mostram que, apesar do progresso na legislação, as informações nutricionais disponíveis na rotulagem de alimentos no Brasil apresentam discordâncias.

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4. CONCLUSÃO

As discordâncias encontradas entre a rotulagem dos produtos e a análise da composição centesimal das amostras estudadas, além de infringirem as legislações vigentes, devem fomentar a busca por maior controle e fiscalização na legitimidade das informações na rotulagem nutricional, necessitando da conscientização dos fabri-cantes e das empresas de produtos pré-preparados e prontos para consumo.

A falta de autenticidade dessas informações pode induzir a erros na avaliação do consumo alimentar dos indivíduos, afetando, assim, tanto o reconhecimento de associações entre fatores dieté-ticos e fisiopatológicos envolvidos com as doenças crônicas não transmissíveis quanto a adesão satisfatória a dietas especiais, com restrição ou ausência de algum nutriente.

Com base nos resultados obtidos, salienta-se, também, a im-portância da padronização dos procedimentos empregados na aná-lise laboratorial dos produtos alimentícios, da utilização com pru-dência das tabelas de composição centesimal dos alimentos, haja vista que essa é uma ferramenta essencial na rotina de trabalho do profissional nutricionista, e, principalmente, da elaboração de ta-belas de composição dos alimentos adequadas à realidade brasi-leira, que considerem, em toda extensão do território nacional, as variações geográficas, climáticas, etiológicas, regionais, de manejo e distribuição existentes, adotando técnicas de análises físico-quí-micas, critérios e formas de amostragem confiáveis.

O agrupamento entre a sociedade economicamente ativa, o governo, através de uma fiscalização efetiva, e uma indústria cons-ciente de suas obrigações com certeza resultará na qualidade ali-mentar digna de uma sociedade em desenvolvimento, pois nota-se a preferência do consumidor brasileiro por alimentos que ofereçam praticidade e rapidez em seu preparo, mas que também não causem danos provenientes de uma alimentação inadequada à sua saúde.

Assim, a alimentação saudável, proporcionalmente adequa-da em macro e micronutrientes, garante melhorias nas condições de vida e saúde da população, atuando na prevenção de diferentes

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patologias, sendo, para isso, imprescindível proporcionar ao consu-midor a oportunidade de escolhas alimentares mais saudáveis fun-damentadas em dados fidedignos.

Para tanto, estudos como este e a atuação do nutricionista para profissionalizar cada vez mais as ações de fiscalização, assim como identificar e corrigir erros na elaboração de rótulos de ali-mentos, são fundamentais.

REFERÊNCIAS

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Os efeitos dos BCAAs antes, durante e após os treinos na otimização da hipertrofia muscular

Sabrina da SILVA1

Fabíola Rainato Gabriel de MELO2

Giseli Cristina Galati TOLEDO3

Erika da Silva BRONZI4

Cyntia Aparecida Montagneri AREVABINI5

Márcio Henrique Gomes de MELO6

Resumo: Em humanos, nove aminoácidos são considerados essenciais, já que não podem ser sintetizados pelo organismo, devendo ser ingeridos por meio da alimentação. Entre eles, estão os de cadeia ramificada, que são: a leucina, a valina e a isoleucina, também conhecidos como BCAAs. Os BCAAs contribuem para a regulação do balanço proteico corporal, e, em praticantes de atividade física, existem algumas evidências de que esses aminoácidos também contribuem para o balanço proteico muscular, retardam a fadiga central, aumentam a performance dos indivíduos, diminuem o grau de lesão muscular, servindo, ainda, como substrato energético. Este estudo apresenta uma análise sobre o uso dos BCAAs e seus possíveis efeitos quando utilizados antes, durante e após os treinos, bem como suas contribuições para o ganho de massa muscular, visto que eles estão entre os suplementos mais utilizados nas academias. A partir daí, procura-se mostrar que os BCAAs poderão suprir as necessidades do organismo, colaborando para a síntese pro-teica.

Palavras-chave: Aminoácidos de Cadeia Ramificada. Síntese Proteica. Suplementos Dietéticos. Lesão Muscular. Exercício.

1 Sabrina da Silva. Especialista em Nutrição Estética e Esportiva pelo Claretiano – Centro Universitário. Bacharel em Nutrição pela mesma instituição. E-mail: <[email protected]>. 2 Fabíola Rainato Gabriel de Melo. Doutora e Mestre em Investigação Biomédica pela Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto (SP). Bacharel em Nutrição pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Coordenadora e Docente do Curso de Nutrição no Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <nutriçã[email protected]>.3 Giseli Cristina Galati Toledo. Doutora e Mestre em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal de Alfenas (UFAL). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.4 Erika da Silva Bronzi. Doutora em Ciências Nutricionais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus Araraquara (SP). Mestre em Saúde na Comunidade pela Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto (SP). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.5 Cyntia Aparecida Montagneri Arevabini. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.6 Márcio Henrique Gomes de Melo. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Química Industrial pela mesma instituição. Docente do Curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.

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Effects of BCAAs before, during and after the training in optimization of muscular hypertrophy

Sabrina da SILVAFabíola Rainato Gabriel de MELO

Giseli Cristina Galati TOLEDOErika da Silva BRONZI

Cyntia Aparecida Montagneri AREVABINIMárcio Henrique Gomes de MELO

Abstract: In humans, nine amino acids are considered essential because they can not be synthesized by the body and must be ingested through the diet. Among them are the ones with branched chain: leucine, valine and isoleucine, also known as BCAAs. BCAAs contribute to the regulation of body protein balance, and, in physical activity practitioners, there is some evidence that these amino acids contribute to muscle protein balance, slows the central fatigue, increases the performance of individuals, decreases the degree of muscle damage, also serving as substrate energy. This study presents an analysis of the use of BCAAs and their possible effects when used before, during and after workouts, and their contributions to the muscle mass since it is among the most widely used supplements in gyms. From there we try to show that BCAAs may meet the needs of the organism, contributing to protein synthesis.

Keywords: Branched Chain Amino Acids. Protein Synthesis. Dietary Supplements. Muscle Injury. Exercise.

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1. INTRODUÇÃO

A busca incessante por um corpo imposto pela sociedade como perfeito e a falta de uma cultura de práticas alimentares sau-dáveis têm levado as pessoas a fazerem uso, de forma cada vez mais indiscriminada, de substâncias que possam potencializar, em pouco tempo, os resultados desejados. Entre essas substâncias, estão os suplementos alimentares, notando-se a sua utilização de maneira abusiva por praticantes de atividade física. Por não exis-tir uma legislação rigososa que autorize a sua venda sem receita médica, as indústrias colocam à venda no mercado vários desses produtos como sendo ergogênicos, prometendo efeitos eficazes a curto prazo (SANTOS; SANTOS, 2002).

Para que se consiga alcançar a hipertrofia muscular, é preci-so associar os exercícios de força a uma dieta balanceada, na qual se obtenha todos os nutrientes necessários para uma melhor recu-peração do indivíduo, bem como suprir as necessidades proteicas diárias de acordo com as necessidades de cada pessoa. Assim como as proteínas, os aminoácidos de cadeia ramificada (AACRs) estão se destacando cada vez mais entre os praticantes de atividade física, pois trazem efeitos benéficos para os resultados. Por esses aminoá-cidos serem essenciais para o nosso organismo, mas não serem sin-tetizados por ele, devem ser consumidos através da alimentação ou suplementação, quando for necessário (MATA; NAVARRO, 2009).

Os aminoácidos de cadeia ramificada são constituídos de três aminoácidos essenciais: leucina, isoleucina e valina, que, juntos, participam da síntese da glutamina, um aminoácido plasmático que contribui com diversas funções metabólicas. Os BCAAs contri-buem para o anabolismo proteico muscular e ajudam a reduzir a lesão muscular causada pela prática de treinos de alta intensidade. Existem evidências de que esses aminoácidos contribuem para o metabolismo de energia durante os treinos, sendo usado como fonte de energia (SHIMOMURA et al., 2004).

Ainda existem inúmeras especulações sobre os verdadeiros efeitos do uso dos BCAAs e a correta forma de uso para sua efi-ciente ação no organismo, já que, hoje, a nutrição pré e pós-treino

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na musculação tem sido considerada tão importante quanto o trei-namento para que se consiga atingir os resultados desejados.

Algumas afirmações experimentais propõem que os aminoá-cidos de cadeia ramificada podem diminuir o catabolismo protei-co provocado por exercícios muito intensos e dietas que não su-prem a quantidade energética adequada; assim, supostamente, o consumo desses aminoácidos poderia levar a maiores ganhos de massa muscular. No entanto, nenhuns desses resultados relatados com o uso dos BCAAs foram alcançados por indivíduos expostos ao treinamento de força. Desse modo, não existem comprovações científicas quanto aos benefícios da suplementação na composição corporal, sendo necessário mais pesquisas para estabelecer o efeito dos BCAAs no que se refere ao seu efeito anabólico para indiví-dios submetidos ao exercício de força (BACURAU; NAVARRO; UCHIDA, 2005).

Portanto, o objetivo deste artigo é verificar os reais efeitos dos BCAAs administrados antes, durante e após os treinos na otmi-zação da hipertrofia muscular.

2. METODOLOGIA

Este é um estudo de revisão bibliográfica, desenvolvido com produção científica indexada nas seguintes bases eletrônicas de da-dos: Scielo, Google Acadêmico e PubMed.

A revisão bibliográfica respondeu ao questionamento em específico utilizando pesquisas realizadas por vários autores, que foram selecionadas levando em consideração as necessidades nutri-cionais para praticantes de exercício de força a partir das seguintes palavras-chave: aminoácidos de cadeia ramificada; síntese protei-ca; suplementos dietéticos; lesão muscular; exercício. Também fo-ram utilizados artigos, livros e revista científica que apresentam noções básicas sobre o tema abordado. Foram selecionados 18 ar-tigos nacionais e 5 internacionais, sendo 11 estudos de revisão, 5 experimentais e 7 clínico.

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Os critérios de inclusão ou exclusão de artigos e outras biblio-grafias foram as áreas de conhecimento abordadas pelos autores e sua aplicação na ciência nutricional e as pesquisas que avaliaram os efeitos da suplementação de BCAAs na hipertrofia muscular, sendo essa seleção realizada a partir da análise dos resumos.

3. DESENVOLVIMENTO

Suplementos alimentares

Os suplementos alimentares são recursos ergogênicos que são utilizados por praticantes de atividade física, em especial na musculação, para melhorar a performance e o desempenho nas ati-vidades, aprimorando, assim, o rendimento (SANTOS; SANTOS, 2002). Segundo Dantas (2005), os suplementos nutricionais contri-buem para o aumento do tecido muscular, produzem energia para suprir as demandas energéticas do músculo, diminuem os efeitos da fadiga, aumentam a atenção mental, deixando os indivíduos mais alertas, e diminuem a produção de metabólitos tóxicos do músculo, contribuindo para a sua remoção, podendo, ainda, fornecer ação fisiológica, nutricional, farmacológica, biomecânica e, até mesmo, psicológica.

A alimentação balanceada é o fator principal para se conse-guir atingir um bom rendimento nos treinos e o consequente al-cance dos objetivos, pois, na falta de nutrientes, os resultados dos exercícios serão prejudicados (ALVES, 2002). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as ingestões de alimen-tos para atletas devem ser prescritas apenas por nutricionistas ou médicos, apesar de alguns suplementos alimentares serem motivo de grande controvérsia científica (BRASIL, 2015b).

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Aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs)

De acordo com Rogero e Tirapegui (2008), os aminoácidos são as estruturas que formam a proteína, que resultam de ligações peptídicas. Dentre os aminoácidos existentes, nove são considera-dos essenciais, uma vez que não podem ser fabricados pelo orga-nismo, devendo ser obtidos através da alimentação. Entre os ami-noácidos essenciais, estão os três aminoácidos de cadeia ramificada (AACRs), que são: a leucina, a valina e a isoleucina, também co-nhecidos como BCAAs. Cerca de 35% dos músculos são formados por BCAAs, sendo que a massa muscular do ser humano é cons-tituída de 40-45% da massa corporal total. Conclui-se, com isso, que a maioria da quantidade de AACRs se encontra em proteínas musculares.

Os aminoácidos de cadeia ramificada são naturalmente for-necidos em fontes proteicas de origem animal, derivados do leite, whey protein, e são chamados de BCAAs porque essa sigla, em inglês, significa “Branched Chain Amino Acids”. Os BCAAs são produtos desenvolvidos através de concentrações de aminoácidos de cadeia ramificada (valina, leucina e isoleucina), que são formu-lados com o objetivo de fornecer energia para os atletas e melhorar a fadiga central (ALVES, 2002).

Conforme a Portaria n° 222, de 24 de março de 1998, da Se-cretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (BRASIL, 2015a), tornou-se regulamentada a elaboração de alimentos para praticantes de atividade física, assim como produtos que contenham aminoácidos fornecidos através da hidrólise de proteínas, incluindo os de cadeia ramificada, desde que não apresentem ação terapêuti-ca ou alguma toxidade, devendo conter as necessidades diárias de aminoácidos de cadeia ramificada, sendo a recomendação diária de isoleucina de 10mg/kg/dia; de leucina, 14mg/kg/dia; e de valina, 10 mg/kg/dia (BRASIL, 1998).

Segundo Padovani et al (2006) as recomendações da Dietary Reference Intakes para as necessidades de AACRs são de 42mg de leucina, 24mg de valina e 19mg de isoleucina por kg/dia para adultos.

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Segundo a Anvisa, em sua Resolução n° 18, de 27 de abril de 2010 (BRASIL, 2015b), art. 29, os aminoácidos de cadeia ramifi-cada são liberados para ser vendidos e provisoriamente dispensa-dos da necessidade de terem registro, mas não podem ser indicados para atletas nem possuir nenhuma indicação para atletas especifi-cada no rótulo do produto, pois, embora não apresentem nenhum risco à saúde, sua eficácia não está comprovada; eles não cumprem os benefícios especificados, que são o fornecimento de energia e a prevenção da fadiga central. Ainda, é necessário conter no rótulo a designação “aminoácidos de cadeia ramificada”, cumprindo a lei estabelecida na Portaria SVS/MS n° 222/1998, da Anvisa.

Importância do uso dos BCAAs

De acordo com Delavier e Gundill (2009), durante um exer-cício de força, o corpo entra em estado catabólico pela diminuição do nível de aminoácidos, e, se não forem supridos os nutrientes ne-cessários durante o treino, o corpo usa os aminoácidos presentes no músculo para suprir suas necessidades, levando à perda de massa muscular. Cada tipo de atividade, dependendo do grau de intensi-dade, vai afetar a taxa de aminoácidos existentes, onde suas neces-sidades vão depender da atividade praticada, sendo a musculação a que mais utiliza os aminoácidos, pois após o treino, diminui o seu nível total, o que mostra uma necessidade maior de reposição por praticantes de musculação, uma vez que o anabolismo depende, em grande parte, dos aminoácidos.

Santos e Santos (2002) relatam que o consumo dos AACRs tem como papel mais importante melhorar a função muscular e re-tardar o início da fadiga. De acordo com Marquezi e Lancha Ju-nior (1997), a suplementação com BCAAs melhora a resistência ao esforço físico prolongado por meio da preservação das concentra-ções do glicogênio muscular e hepático e também pela regulação da produção de serotonina, fazendo que menos quantidade de trip-tofano entre no cérebro – que é o precursor da serotonina, neuro-transmissor responsável pelo sono e outras respostas fisiológicas. Quando as quantidades de BCAAs estiverem em equilíbrio com a

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quantidade de triptofano, a produção de serotonina será diminuída, retardando, assim, a fadiga e aumentando o rendimento nos treinos.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina do Espor-te (2003), a utilização dos aminoácidos em forma de suplemento juntamente com soluções de carboidrato leva a uma melhor recu-peração após treinos intensos, gerando o aumento da massa mus-cular. Já os aminoácidos de cadeia ramificada, por controlarem a utilização de triptofano pelo sistema nervoso central, supostamente estimulariam a tolerância ao exercício prolongado, mas esses resul-tados não são cientificamente comprovados na prática, não sendo indicado o uso desses aminoácidos como recurso ergonênico.

Delavier e Gundill (2009), em sua pesquisa, relatam que, dos três aminoácidos de cadeia ramificada essenciais, a leucina é a mais importante para promover o anabolismo, mas ela precisa da valina e da isoleucina para conseguir uma ação durável. A importância do uso dos BCAAs nos treinos é que eles agem no turnover pro-teico (catabolismo-anabolismo), contribuindo para a recuperação e crescimento muscular, podendo ser usados, também, como fonte de energia, ajudando a elevar a capacidade de realizar treinos de longa duração. Além disso, a absorção dos suplementos de BCAAs é mais rápida do que de aminoácidos disponibilizados através do consumo de proteínas, pois sua absorção é lenta.

Atualmente, os BCAAs são o segundo suplemento mais uti-lizado por atletas de fisiculturismo, cujos principais objetivos para o uso de suplementos são o aumento do anabolismo muscular, au-mento dos estoques energéticos e aumento dos substratos necessá-rios para suprimento do músculo (PEÇANHA; NAVARRO; MAIA, 2015).

Os efeitos dos BCAAs antes dos treinos

De acordo com Biesek, Alves e Guerra (2010), a ingestão de 5g de BCAAs antes do exercício pode diminuir a dor muscular por vários dias após os treinos. Isso ocorre pela ação dos aminoácidos, impedindo a degradação proteica pós-treino, e, principalmente, pela ação da leucina, que estimula a síntese proteica muscular.

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Para os adeptos da prática de aerobiose em jejum, o uso de BCAAs pré e pós-exercício pode ser interessante, apresen-tando uma espécie de efeito “protetor” da massa muscular. Essa prática, muito comum em praticantes experientes de musculação e em atletas, visa otmizar o efeito da ativida-de aeróbica quanto à perda de gordura. A hipótese sugere que, por causa de jejum, os níveis de glicogênio (reserva de carboidratos) estão baixos, tornando maior o recruta-mento de gordura para ser utilizado como fonte energética. No entanto, esse processo metabólico também proporciona maior utilização de aminoácidos (cuja reserva é a massa muscular) como energia. Como, entre os aminoácidos, os BCAAs são os mais utilizados como fonte energética, se-ria uma boa medida suplementá-lo antes da atividade em jejum. O fato de os BCAAs serem insulinotrópicos (esti-milarem a liberação de insulina no organismo) não é algo a ser considerado como negativo, pois é um efeito muito pequeno perante sua ação anticatabólica, nesse caso (PE-RES, 2013, p. 102-103).

Shimomura et al. (2006) afirmam que, no processo de redu-ção de gordura corporal, o uso dos BCAAs pode diminuir a perda de massa magra. O aporte suplementar de BCAAs ajuda na forma-ção da serotonina, o que leva a um melhor rendimento nos treinos, retardando a fadiga (KAZAPI; TRAMONTE, 2003).

De acordo com Biesek, Alves e Guerra (2010), o uso dos BCAAs é recomendado imediatamente antes ou após os treinos e leva ao balanço proteico positivo, devido ao aumento desses ami-noácidos para dentro da célula muscular. Esse suplemento contribui para a recuperação do tecido muscular, estimulando a síntese pro-teica, sendo capaz de repor as concentrações desses aminoácidos, mantendo seus estoques nos músculos, levando à liberação de al-guns hormônios, como a testosterona, o GH (hormônio do cresci-mento) e a insulina, diminuindo a degradação da proteína dos mús-culos em repouso ao término do exercício, na fase de recuperação, promovendo, assim, o anabolismo muscular.

Segundo Peres (2013), o uso dos BCAAs associado à gluta-mina antes e após o treino de musculação ajuda as mulheres que querem manter a massa magra e diminuir o percentual de gordura corporal. E, dependendo da intensidade do exercício, também pode

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ser utilizado durante os treinos, de acordo com o grau de desenvol-vimento muscular.

Os efeitos dos BCAAs durante os treinos

Segundo Biesek, Alves e Guerra (2010), os BCAAs, quando ingeridos durante e após o treino de força, levam a um aumento da síntese proteica muscular depois dos treinos, podendo contribuir para o balanço proteico muscular, diminuindo, também, a lesão, evitando a degradação da proteína causada pelo exercício. A ne-cessidade de consumir os aminoácidos de cadeia ramificada antes, durante ou após os treinos é que os exercícios resultam em um au-mento da oxidação desses AACRs, sendo que grande parte dessa oxidação de aminoácidos é liberada no sistema através da depleção da síntese proteica, e a suplementação entraria para repor as molé-culas oxidadas, regulando a síntese proteica, dando o aporte neces-sário. Nesse sentido, algumas pesquisas indicam a suplementação de AACRs, principalmente a leucina, durante ou após os exercí-cios, por contribuírem para o aumento da síntese proteica.

De acordo com Blomstrand e Saltin (1991), o uso dos BCAAs nos treinos traz várias contribuições, promovendo a hipertrofia muscular, por ter ação anticatabólica, retardando o aparecimento da fadiga, além de amenizar os danos musculares durante o exercício prolongado.

Ainda não existe comprovação científica de que a suplemen-tação com BCAAs traz benefícios significativos para os resultados dos treinos por grande parte dos estudos serem conflitantes. Mas os exercícios muito prolongados e extenuantes baixam o sistema imu-nológico, o que pode ter ligação com a diminuição plasmática de glutamina, responsável por aumentar a imunidade, e a suplementa-ção com BCAAs aumentaria a sua concentração, já que eles servem de substrato para a síntese de glutamina, sendo esse aminoácido o substrato energético fundamental para os macrófagos e linfócitos, que são as células responsáveis pelo sistema imunológico. Isso di-minuiria a incidência de infecções e melhoraria o rendimento do atleta, afetando positivamente os treinos (ALVES, 2002).

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Conforme Bacurau, Navarro e Uchida (2005), em exercícios muito longos e extenuantes e em situações de overtraining, a con-centração plasmática de glutamina diminui, o que pode acontecer pela lesão que ocorre na musculatura. Com isso, ocorreria a mi-gração de células imunológicas para o local, o que aumentaria a necessidade de glutamina, e isso poderia dificultar a capacidade de a musculatura liberar glutamina para o sangue.

A musculatura esquelética é o tecido mais importante para a síntese e liberação de glutamina. Acredita-se que exercícios mode-rados auxiliam as pessoas previamente sedentárias a aumentarem seu sistema imunológico, ajudando a diminuir o número de infec-ções. Já exercícios muito intensos e excessivos ocasionam a dimi-nuição do sistema imunológico, e situações de overtraining tam-bém ocorrem em exercícios de força, quando são cometidos erros no programa de treinamento.

A glutamina é sintetizada através dos aminoácidos de cadeia ramificada, precursores de cadeia de carbono, glicogênio e glicose, sendo esses aminoácidos, então, precursores de glutamina (MEN-DES, 2005). O aumento das concentrações plasmáticas de glutami-na pode ser alcançado por meio da ingestão do próprio suplemento de glutamina ou da suplementação com BCAAs (BACURAU; NA-VARRO; UCHIDA, 2005). Entretanto, de acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (2003), ainda há pouca evidência científica sobre o uso dos aminoácidos de cadeia ramificada com a finalidade de aumentar o sistema imunitário após a realização de atividade física intensa, não sendo recomendada a utilização desse suplemento com finalidade ergogênica.

Os efeitos dos BCAAs após os treinos

No período após os treinos (45 minutos depois), momento que é considerado a fase anabólica, também conhecido como “jane-la de oportunidade”, o corpo absorve mais nutrientes. Nessa fase, o corpo está mais acelerado, e esse período é o ideal para se fazer uso de suplementos alimentares, já que é nesse momento pós-exercício que os músculos iniciam a reparação proteica e o restabelecimen-

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to das reservas de glicogênio. Ainda nessa fase, o corpo tem uma sensibilidade maior à ação da insulina, o que contribui para o ana-bolismo. Entretanto, depois de um tempo do término do exercício, essa sensibilidade vai diminuindo, até as células musculares torna-rem-se resistentes à ação da insulina. Nesse momento, é essencial um aporte de nutrientes para o crescimento muscular, quando uma mistura de nutrientes contendo aminoácidos, como a leucina e glu-tamina, carboidratos e vitaminas antioxidantes pode potencializar os resultados (MENDES, 2005).

De acordo com Haraguchi, Abreu e Paula (2006), o consumo de aminoácidos, em especial a leucina, contribui para a recupera-ção e a síntese muscular, e, quanto mais rápido for a ingestão do suplemento após os treinos, melhor será o resultado anabólico do exercício. A leucina é fundamental para estimular a síntese proteica e exerce importante papel na disponibilização de hormônios anabó-licos, como a insulina. Os BCAAs ajudam a manter a homeostase glicêmica, preservando os estoques de glicogênio muscular, pois esses aminoácidos são degradados no músculo, o que leva a uma maior concentração plasmática da alanina e glutamina (aminoáci-dos que vão para o fígado para a obtenção da glicose), normali-zando a glicemia em períodos de jejum e diminuindo a resposta da insulina depois das refeições. A leucina também contribui para a síntese proteica e, em elevadas concentrações, contribui, ainda, para a manutenção da massa muscular no processo de perda de peso.

A ingestão de BCAAs após os treinos ajuda o sistema imuno-lógico, pois esses aminoácidos servem de substrato para a síntese de glutamina, cuja diminuição dos níveis plasmáticos ocorre em treinos muito intensos, e o uso dos BCAAs aumenta a sua concen-tração, trazendo benefícios (CALDER, 2006).

O uso da suplementação com BCAAs traz muitos benefícios para os músculos, suprindo as suas necessidades nutricionais, man-tendo o substrato energético do músculo e proporcionando uma ação anticatalítica, podendo ser um suplemento usado para ajudar na recuperação do atleta após sofrer alguma lesão (PACHECO, 2012).

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De acordo com Rogero e Tirapegui (2008), a suplementa-ção com BCAAs promove o anabolismo muscular, provocando a liberação da insulina, que é um hormônio anabólico, melhorando o sistema imunológico e a fadiga nos treinos, amenizando a lesão muscular ocasionada pelos treinos extenuantes e levando a uma di-minuição do tempo de recuperação do músculo após o exercício, podendo diminuir os danos associados aos treinos prolongados e proporcionando melhor rendimento em pessoas que treinam em ambientes muito quentes. A suplementação com BCAAs, princi-palmente a leucina, leva à hipertrofia muscular e recuperação pós--treino e ajuda na manutenção da massa muscular, principalmente para quem pratica outras atvidades físicas (GONÇALVES, 2013).

Efeitos adversos do uso de BCAAs

Segundo Pacheco (2012), os BCAAs não se mostraram tóxi-cos, podendo ser usados como suplemento alimentar. Entretanto, Kazapi e Tramonte (2003) relatam que o uso de quantidades muito altas de BCAAs pode ser prejudicial, ocasionando um aumento de amônia na corrente sanguínea, o que pode ser tóxico para o cére-bro e prejudicar o metabolismo muscular, levando ao retardo na absorção de líquidos pelo corpo, podendo causar desidratação e problemas gastrointestinais, dificultando a absorção de outros ami-noácidos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A influência da suplementação de aminoácidos de cadeia ra-mificada sobre a atividade física, principalmente em exercícios de força, tem se constituído em um importante objeto de estudo.

Devido à utilização dos BCAAs ter uma grande aplicabilida-de na prática entre os esportistas, inúmeros trabalhos envolvendo esses aminoácidos foram realizados, e muitos dos resultados ob-tidos se mostraram conflitantes. Portanto, existe a necessidade de mais pesquisas na área, visando elucidar esses aspectos, já que se

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trata de um dos suplementos mais utilizados entre os praticantes de atividade física.

O objetivo principal deste estudo foi verificar os efeitos dos BCAAs quando ingeridos antes, durante e após os treinos e sua contribuição para o ganho de massa muscular. De todos os modos de utilização, o que mais obteve resultados foi no pós-treino.

De acordo com Haraguchi, Abreu e Paula (2006), o consu-mo de aminoácidos, em especial a leucina, contribui para a recu-peração e síntese muscular, e, quanto mais rápido for a ingestão do suplemento após os treinos, melhor será o resultado anabólico do exercício.

Fica evidente que conhecer a suplementação durante o treina-mento é importante para futuras pesquisas. É interessante ressaltar que foram obtidos bastantes índices de eficácea quanto ao uso dos BCAAs, apesar da ausência de evidências científicas quanto aos benefícios desses aminoácidos. Em treinos muito intensos, é pre-ciso usar de estratégias que supram as necessidades do organismo para que se mantenha a homeostase, trazendo benefícios para o ga-nho de massa muscular.

Desse modo, apesar destas considerações, este estudo apre-senta limitações, principalmente quanto aos benefícios dos BCAAs quando utilizados com o objetivo de alcançar a hipertrofia muscu-lar.

Dessa forma, de maneira ainda experimental, pode-se dar credibilidade à suplementação de BCAAs, na perspectiva de novos estudos na área, para que se chegue a um consenso quanto aos seus efeitos em humanos submetidos ao exercício de força.

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Política Editorial / Editorial Policy

A Revista Linguagem Acadêmica é uma publicação digital semestral do Claretiano – Centro Universitário, des tinada à divul-gação científica dos cursos, bem como de pesquisas e projetos co-munitários.

Tem como objetivo principal publicar trabalhos que possam contribuir com o debate acerca de temas variados do ensino acadê-mico.

A Revista Linguagem Acadêmica destina-se à publicação de trabalhos inéditos que apresentem resultados de pesquisa histórica ou de investigação bibliográfica originais, visando agregar e as-sociar à produção escrita a produção fotográfica, vídeo ou áudio, sendo submetidos no formato de: artigos, ensaios, relatos de caso, resumos estendidos, traduções ou resenhas.

Serão considerados apenas os textos que não estejam sendo submetidos a outra publicação.

As línguas aceitas para publicação são o português, o inglês e o espanhol.

Análise dos trabalhos

A análise dos trabalhos é realizada da seguinte forma: a) Inicialmente, os editores avaliam o texto, que pode ser

desqualificado se não estiver de acordo com as normas da ABNT, apresentar problemas na formatação ou tiver reda-ção inadequada (problemas de coesão e coerência).

b) Em uma segunda etapa, os textos selecionados serão en-viados a dois membros do conselho editorial, que avaliarão as suas qualidades de escrita e conteúdo. Dois pareceres negativos desqualificam o trabalho e, havendo discordân-cia, o parecer de um terceiro membro é solicitado.

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c) Conflito de interesse: no caso da identificação de conflito de interesse da parte dos revisores, o editor encaminhará o manuscrito a outro revisor ad hoc.

d) O autor será comunicado do recebimento do seu trabalho no prazo de até 8 dias; e da avaliação do seu trabalho em até 90 dias.

e) O ato de envio de um original para a Revista Linguagem Acadêmica implica, auto maticamente, a cessão dos direi-tos autorais a ele referentes, devendo esta ser consultada em caso de republicação. A responsabilidade pelo con-teúdo veiculado pelos textos é inteiramente dos autores, isentando-se a Instituição de responder legalmente por qualquer problema a eles vinculado. Ademais, a Revista não se responsabilizará por textos já publicados em ou tros periódicos. A publicação de artigos não é remunerada.

f) Cabe ao autor conseguir as devidas autorizações de uso de imagens/fotogra fias com direito autoral protegido, de modo que estas sejam encaminhadas, quando necessário, juntamente com o trabalho para a avaliação. Também é do autor a responsabi lidade jurídica sobre uso indevido de imagens/fotografias.

g) Pesquisas envolvendo seres vivos: o trabalho deve ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição em que o trabalho foi realizado e cumprir os princípios éticos contidos na resolução 196/96. Na parte “Metodo-logia”, é preci so constituir o último parágrafo com clara afirmação desse cumprimento.

Publicação

A Revista Linguagem Acadêmica aceitará trabalhos para publicação nas seguintes categorias:

1) Artigo científico de professores, pesquisadores ou estu-dantes: mínimo de 8 e máximo de 15 páginas.

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2) Relatos de caso ou experiência: devem conter uma abor-dagem crítica do even to relatado; mínimo de 5 e máximo de 8 páginas.

3) Traduções de artigos e trabalhos em outro idioma, desde que devidamente au torizadas pelo autor original e com-provadas por meio de documento oficial im presso; míni-mo de 8 e máximo de 15 páginas.

4) Resumos estendidos de trabalhos apresentados em even-tos científicos ou de te ses e dissertações; mínimo de 5 e máximo de 8 páginas.

5) Ensaios: mínimo de 5 e máximo de 8 páginas. 6) Resenhas: devem conter todos os dados da obra (editora,

ano de publicação, cidade etc.) e estar acompanhadas de imagem da capa da obra; mínimo de 5 e máximo de 8 pá-ginas.

Submissão de trabalhos 1) Os trabalhos deverão ser enviados: a) Em dois arquivos, via e-mail (attachment), em formato

“.doc” (Word for Windows). Em um dos arquivos, na pri-meira página do trabalho, deverá constar apenas o título, sem os nomes dos autores. O segundo arquivo deverá se-guir o padrão descrito no item 2, incluindo os nomes dos autores.

b) Em caráter de revisão profissional. c) No máximo com 8 autores. d) Com Termo de Responsabilidade devidamente assinado,

escaneado de forma legível e enviado para o e-mail [email protected].

2) O trabalho deve incluir: a) A expressão “TÍTULO” seguida do título em língua portu-

guesa, em Times New Roman, corpo 12, negrito.

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b) A expressão “TITLE” seguida do título em língua inglesa, em Times New Roman, corpo 12, normal.

c) A expressão “AUTORIA” seguida do(s) nome(s) do(s) autor(es) e dos dados de sua(s) procedência(s) – filiação institucional, última titulação, e-mail, telefones para con-tato. Obs.: os telefones não serão disponibilizados ao pú-blico.

d) A expressão “RESUMO” seguida do respectivo resumo em língua portugue sa (entre 100 e 150 palavras). Sugere--se que, no resumo de artigos de pesquisa, seja especifica-da a orientação metodológica.

e) A expressão “ABSTRACT” seguida do respectivo resumo em língua inglesa (entre 100 e 150 palavras).

f) A expressão “PALAVRAS-CHAVE” seguida de 3 até 5 palavras-chave em língua portuguesa, no singular.

g) A expressão “KEYWORDS” seguida de 3 até 5 palavras--chave em língua inglesa, no singular.

h) O conteúdo textual do trabalho. i) Os vídeos, as fotos ou áudios são opcionais. Todo o mate-

rial de mídia digital deve ser testado antes do envio e não ultrapassar 5 minutos de exibição.

Formatação do trabalho

1) Em Times New Roman, corpo 12, entre linhas 1,5 e sem sinalização de início de parágrafo.

2) Para citações longas, usar corpo 10, entre linhas simples, recuo duplo, espaço antes e depois do texto. Citações cur-tas, até 3 linhas, devem ser colocadas no interior do texto e entre aspas, no mesmo tamanho de fonte do texto (12).

3) Tabelas, quadros, gráficos, ilustrações, fotos e anexos devem vir no interior do texto com respectivas legendas.

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Para anexos com textos já publicados, deve-se incluir re-ferência bibliográfica.

4) As referências no corpo do texto devem ser apresentadas entre parênteses, com nome do autor em letra maiúscula, seguida de vírgula, seguida de espaço, da expressão “p.”, espaço e o respectivo número da(s) página(s), quando for o caso. Ex.: (FERNANDES, 1994, p. 74). A norma utili-zada para a padronização das referências é a da ABNT em vigência.

5) As seções do texto devem ser numeradas, a começar de 1 (na introdução) e ser digitadas em letra maiúscula; subtí-tulos devem ser numerados e digitados com inicial maiús-cula.

6) As notas de rodapé devem estar numeradas e destinam-se a explicações com plementares, não devendo ser utilizadas para referências bibliográficas.

7) As referências bibliográficas devem vir em ordem alfabé-tica no final do artigo, conforme a ABNT.

8) As expressões estrangeiras devem vir em itálico.

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Artigos de periódico em meio eletrônico PIZZORNO, Ana Cláudia Philippi et al. Metodologia utilizada pela bibliote-ca universitária da UNISUL para registro de dados bibliográficos, utilizando o formato MARC 21. Revista ACB, Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 143-158, jan./ jun. 2007. Disponível em: <http://www.acbsc.org.br/revista/ojs/viewarticle. php?id=209&layout=abstract>. Acesso em: 14 dez. 2007.

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