revista obara - seu axé, sua história

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Seu Axé, sua história - Costumes do Povo Ioruba no Brasil Ano 1 - Edição 1 junho 2011 A revista Obara Traz a trajetória das casas: Ilê Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum e Ilê Axé Logum Ede Bade Ola Oxum; E a suas unificações no Ilê Axé Irepo Araketu Blog: http://revistaobara.blogspot.com e-mail: [email protected]

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Costumes do povo yoruba no Brasil

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Page 1: Revista obara - seu Axé, sua história

Seu Axé, sua história - Costumes do Povo Ioruba no Brasil Ano 1 - Edição 1

junho 2011

A revista Obara Traz a trajetória das casas:

Ilê Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum e Ilê Axé Logum Ede Bade Ola Oxum;

E a suas unificações no Ilê Axé Irepo Araketu

Blog: http://revistaobara.blogspot.com e-mail: [email protected]

Page 2: Revista obara - seu Axé, sua história

Sob o “Olhar dos Orixás” somos a cada dia doutrinados e educados de várias formas. A vida, a partir de nossa escolha de acompanharmos os ritos aos Orixás, nos mostra a realidade da fé. Uns sentem na própria carne e outros sim-plesmente em uma crença cega, doando suas vidas e criando histórias para outros escreverem as suas próprias e darem continuidade a essa crença.

A natureza nos apresenta o caminho e, sendo assim, escolhemos o que re-almente é certo ou errado, não importa a nação, cor, condição social. Não importa nada disso, a natureza doa sua sabedoria representada em cultos os quais como na África, aldeias se unem fortalecidas para ajudar o próximo. Essa tradição é nossa herança.

Terreiros, casas, roças oi ilês, como são chamados os locais para celebra-ção e cultos do Candomblé, por anos lutaram para ter reconhecimento e respeito das instituições e da sociedade, onde dogmas são respeitados e mantidos.

Somos cobrados diariamente por nossos Orixás, nessa vida enlouquecida entre trabalho e família. O nosso tempo cessa simplesmente para nos dedicarmos a uma reza; uma cantiga; o tocar do atabaque; o olhar atento a dança de um Ori-xá; o fechar de olhos desejando ao próximo tudo de bom, uma alquimia de grãos, óleos, folhas...

Nascer e morrer, um percurso de aprendizado, pois o passado vira história e o futuro não há como saber, e os Orixás nos apresentam o presente valorizan-do suas decisões e apoiando o certo ou errado, pois mesmo uma decisão tomada erroneamente nos fortalece e faz todos nós evoluirmos para que no futuro tenha-mos mais sabedoria na escolha do caminho certo.

Mojuba (meus respeitos) a todos;

Ogã Jonas de Logum Ede

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Page 4: Revista obara - seu Axé, sua história

04 maio 2011

Índice

05 - Carta ao leitor

“O Inicio, a união, a fé”Fundação do “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum” ........................06

“Mãe, Amiga ...”Mãe Vera de Oxum e a fundação do “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogu” ......................07 e 08

“Soldado dos Orixás”Depoimento Ogã Adalberto de Ogum sobre o “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum” ........................09 e 10

“Dedicação ao Orixá.”Depoimento Ebomi Will de Ogum sobre o “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”.........................11 e 12

“O Guardião dos Orixás”Depoimento Ogã Jonas de Logum Ede sobre o “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”...........................13 e 14

Fundação do “Yle Axé Logum Ede Bade Ola Oxum” ......................16

“Amor aos Orixás”Depoimento Ya Cecy de Logum Ede sobre o “Yle Axé Logum Ede Bade Ola Oxum”..........................18 e 19

“A Guerreira”Depoimento Ekedi Claudia de Oxum sobre o “Yle Axé Logum Ede Bade Ola Oxum”...........................20 e 21

Agradecimentos“Ile Axe Irepo Araketu”.............................22 e 23

“A União”Depoimentos Mãe Vera de Oxum e Mãe Cecy de Logum Ede sobre o “Ile Axe Irepo Araketu”..............................24, 25, 26 e 27

“Resumo”Revista Obara ...............................27

“Saudades”Eterna Ekedi Katia de Yemanja ...............................29

Page 5: Revista obara - seu Axé, sua história

05maio 2011

Direção, edição, reportagem, designer e diagramação:Jonas Ferreira do Rosário

Fotografias:Karina Alves Avenia

Capa:Jonas Ferreira do Rosário

Colaboradores:Marilda Gifalli Felipe C. Santos Mauricio Barreira

e-mail: [email protected] msn: [email protected] Skype: revista.obara Cel: (11) 9449.7304

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revistaobara.blogspot.com

Carta ao Leitor

Com o intuito de divulgar a re-ligião afro-brasileira, mais precisamente o Candomblé, a revista Obara nasce de-spretenciosa.

Divilgaremos toda a excelência que as casas de Candomblé trazem com suas trajetórias, histórias de seus zeladores (as), filhos (as) e simpatizantes.

Queremos que esse patrimônio cul-tural cresça, crie força e faça parte a cada dia, do histórico brasileiro.

Mostraremos as casas, suas ori-gens, a alquimia de suas lembranças boas e não tão boas para que todos saibam o quanto é difícil manter erguida a bandeira do Candomblé.

Povo sofrido e que hoje conquistou seu lugar na sociedade, mostrando, seu modo de ser, vestindo roupas afros, fios de contas, torços e tudo que o Candom-blé possui por direito.

Somos Livres

Page 6: Revista obara - seu Axé, sua história

“Ile Axe Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”(Casa de Axé Mãe das Aguas Claras e e a Corte de Ogum)

Fundada em 2002 a esta casa começou sua história de luta pela divulgação da religião afro-brasileira.

Unidos pelo amor ao Can-domblé, Ya (mãe) Vera de Oxum, Ogã Adalberto de Ogum, Ebomi Will de Ogum e Ogã Jonas de Logum Ede, inauguraram o sonhado Ilê.

Foram meses de construção apoiados pe-los filhos e simpatizantes, concretizando assim mais uma ramifi-cação do Axé Moraketu - Muritiba – BA.

Conforme as entrevistas com os seus fun-dadores observamos como a vida voltada aos Orixás é sofrida e ao mesmo tempo gratificante.

06 maio 2011

“O Inicio, a União, a Fé”

Page 7: Revista obara - seu Axé, sua história

Publique Aqui

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07maio 2011

Page 8: Revista obara - seu Axé, sua história

Mãe Vera de Oxum

08 maio 2011

Sou Vera Lucia Borges Caetano, 49 anos, do lar, iniciada ao Orixa em 16 de maio de 1981 por Mãe Célia “Odé Lokemi”, filha de Pai Cido de Oxum.

Em fevereiro de 1981, Mãe Celia tirava sua primeira “yao” (ìyàwó, Iyawô, yao ou Iaô palavra de origem yoruba, é a denominação dos filhos-de-santo já iniciados na feitura ao Orixá, que ainda não complet-

aram o período de 7 anos da iniciação. Só após a obrigação de 7 anos ele se tornará um Ebomi - irmão mais velho. Antes da iniciação são chamados de abíyàn ou abian.) Sonia de Xango, e neste dia lá estava eu apenas como visita, quando em um determinado momento “bolei” (fui tomada pelo Orixá). Meu marido, que também não conhecia o Candomblé, pensou que eu estava tendo um ataque epilético. Foi quando Mãe Celia e Pai Cido informaram a ele que era apenas uma manifestação do Orixá Oxum pedindo iniciação, e não diferente de outras pessoas não tinha con-dições financeiras para isso. Estava casada a menos de um ano, não conseguia engravidar e estávamos os dois desempregados, foi então que meu pai carnal João, disse que cobriria meu Orixá (compraria todas as coisas nescessárias para eu ser iniciada no Orixá). Mesmo sem entender nada de Candomblé ele e minha mãe carnal, Lourdes, ajudaram. Ele financeiramente e ela costurando minhas roupas de ração (roupas brancas) e as roupas para meu Orixá.

“Mãe, Amiga ....

Com tradição de uma família unida, mãe Vera nos mostra sua tranquilidade e equilíbrio. Poucas pessoas conseguem trazer esta sereni-dade até nos momentos mais difíceis.

“30 anos de Ya Vera e Oxum, nossas Mães”

Mãe Carmem - BA Mãe Vera Mãe Juju

Page 9: Revista obara - seu Axé, sua história

Pai Jair de Oxossi

Mãe Célia

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Fiquei com Mãe Célia até 1985, infelizmente porque ela decidiu não mais tocar Candomblé, assim, fui para casa de Pai Jair de Odé (Oxossi), nação Efon, e lá tomei obrigação de 7 anos e 14 anos e ocupei o cargo de yakekere (se-gunda pessoa responsável pelos filhos da casa) dado pelo Orixá Odé de pai Jair, saindo de lá para fundar a minha casa “Ile Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”. Em 1981, jamais imaginei ou almejei ter minha casa de Axé, isso aconteceu de forma natural, diferente do que acontece hoje quan-do os yaôs chegam na casa sabendo seu Orixá, sua qualidade, seus fundamentos e pensando logo em ter sete anos para poder abrir sua casa. De forma natural como deve ser

escrito pelo Orixá e não por nós. Quando dei conta já es-tava fazendo meu primeiro yaô na casa de Pai Jair e de lá para cá não planejo, apenas acontece dia a dia de forma natural.

A união dos Axés não foi tão fácil assim para os filhos, mas para os Orixás Logum Ede e Oxum foi natural, in-felizmente nós seres hu-

manos ainda temos muitos preconceitos com tudo. Al-

guns não aceitaram e acabar-am se distanciando, o que foi

uma pena, pois todos os filhos que iniciei foram com amor e

respeito a eles e acima de tudo ao Orixá, mas acredito que só acontece

o que o Orixá quer, não somos nós que escolhemos.

Hoje mais do que nunca, sei que Ya Mi Oxum (minha mãe Oxum) é quem me guia, afi-nal colocou no meu caminho meu marido, compan-heiro e cúmplice Ogã Dal de Ogum, que sem ele mãe Vera não existiria, e juntos caminhamos na es-

trada traçada pelos nos-sos Orixás.

“isso aconteceu de forma natural”

Page 10: Revista obara - seu Axé, sua história

Ogã Adalberto de Ogum

10 maio 2011

Olá, meu nome é Adalberto Caetano, tenho 53 anos e sou Analista de Sistema por profissão e estudioso dos cultos afro-brasileiros por paixão. Minha trajetória se iniciou no culto aos Orixás há 30 anos. Comecei na Umbanda na casa de Mãe Célia, segunda filha de santo de Pai Cido de Oxum. Fui suspenso Ogã do Oxossi que significa guardião de Oxossi, de Mãe Célia, em 1987, du-rante sua obrigação de Orixá na casa de Pai Cido. Em 6 de junho de 1996, recebi o cargo de Axo-gun pelo babalorixa Jair de Odé no Ilé Axé Omo Ode. Casa de Axé Efon. Cargo

esse de grande responsabilidade, já que o Axogun é o responsável pelo ato de imolar todo e qualquer animal nos rituais da casa e de todos os membros do Axé, inclusive do próprio Babalorixa.

Os anos se passaram e algumas mudanças ocorreram no Axé de Pai Jair, sendo sua obri-gação de 21 anos no Axé Ketu com Pai Marcos e na época houve muita dissidência e transtornos nesse processo de adaptação.

Minha esposa, Mãe Vera de Oxun, já era Ya Kekere da casa e diante dessas divergências e mudanças decidimos ter nossa própria casa (Axé).Durante esse período tivemos o privilégio de co-nhecer Mãe Juju que nos fez um convite para conhecermos o Axé de Muritiba - BA. Fo-mos para Muritiba em fevereiro de 2001 e ficamos na roça durante as festividades de Ode (Oxossi) e Ogum.

Conseguimos, através de um filho de santo, um local para erguermos nosso Axé, local esse alu-gado (o que só viemos saber depois de começar-mos a construção).

Estudioso, Ogã Adalberto do Ogum, conhecido como Pai Dal, preserva o Axé e seus rit-uais com sabedoria e pulso forte.

“Soldado dos Orixas”

Page 11: Revista obara - seu Axé, sua história

11maio 2011

Em outubro de 2002 plantamos o Axé da casa e fundamos o “Ile Axe Ya Omi lodo Ati Egbe Ogum (Axé Ketu do Portão de Muritiba de mãe Juju). Quem nos ajudou nessa tarefa foi pai Marcos (que depois seria o Babalorixa de minha filha Luciana de Yemanja, em ja-neiro de 2003) e pai Francisco , ambos filhos de santo de Mãe Juju.

Em Fevereiro de 2003 voltamos a Muriti-ba onde tive o privilégio de ter o Axé de Ogum sobre meu Ori (cabeça). Nesse ano ainda tive-mos os toques de Ogum e Oxum em nosso Axé. Toques maravilhosos.

Após a obrigação de minha filha vimos que o fato de termos o Axé plantado em um local alugado não estava dando certo por vários mo-tivos: espirituais e administrativos. O jeito foi sairmos desse local e im-provisarmos um quarto de santo em nossa residên-

cia até decidirmos o que fazer. O fato mais marcante dessa decisão foi o apoio dos filhos de santo que en-tenderam os motivos e se mantiveram conosco.

Ya Cecy filha de santo da casa, já pos-suía um sítio com Axé plantado pela minha esposa e diante dos fatos nos cedeu metade desse sítio para construirmos nossa casa. A princípio a idéia era ter-mos os dois Axés separados, sendo cada um admin-istrado pela sua Yalorixa. O que na verdade seria um contracenso. Varias reuniões e conversas foram efe-tuadas entre os filhos da casa. Discutiam-se normas, regras, hierarquias, etc.

Diante de tudo isso, decidimos que o nosso Axé seria diferente, de tudo que normalmente acon-tece nas casas de Candomble, em vez de separamos as coisas faríamos o inverso, íamos unir as coisas. Não queríamos cair no mesmo processo que acon-teceu em casas tradicionais onde divergências cul-

minaram na divisão do Axé e de filhos do Axé (como ocorreu na Casa Branca do Engenho Velho, onde as divergên-cias culminaram na criação do Axe Opo Afonja, do Axé Gantois e do Engenho Velho).

A decisão foi unir o que já estava unido, aproximar o que já não es-tava mais distante e da união dos Axés Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum e o Ile Axé Logun Ede Bade Ola Oxum surgiu o Ile Axe Irepo Araketu (Casa de Axe da União do Povo de Ketu).

Hoje nossa casa tem esse propósito, o de fazer com que os Ebomis (filhos com mais de 7 anos de iniciados) de hoje e de amanhã tenham seus filhos de santo feitos no Irepo Araketu, sem a necessidade de se aventurar em construir novas casas.

A idéia ainda é de se criar uma ONG do Irepo Araketu para podermos dar apoio e ajuda à região onde esta localizado, região essa muito carente.

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Ebomi Will de Ogum

Meu nome de batismo é Ildefonso Noguei-ra Prudencio, e tornei-me adepto ao espiritismo em 1971 no bairro do Bom Retiro, Rua Matarazzo, no Templo de Umbanda Caboclo Junco Verde, tendo como iniciador o Sr. Antonio Rodrigues Nunes Neto, profundo conhecedor dos ensina-mentos de Umbanda, que só não deu continuidade ao templo por problemas de saúde. Trago desta casa lembranças e ensinamentos que guardo até hoje.

Após fechamento desta casa, procurei dar continuidade a minha caminhada espiritual em outras duas casas, que também já não existem mais, mas que me daram o suporte necessário a conclusão de minhas obrigações dentro da Umbanda, sendo que em Outubro de 1984, com todos os preceitos necessários cumpridos, dei o primeiro passo dentro

de minha jornada como Sacerdote de Umbanda, in-augurando minha casa Templo de Umbanda Cabo-clo Pena Branca, isto no bairro da Armênia, na Rua Luiz Pacheco, sen-do que a inaugu-ração deu-se com a festa de Cosme e Damião. Esta casa permaneceu aberta até junho de 1991, quando aconteci-mentos alheios à minha vontade e fora de minha

compreen-são, foram me levando a outros caminhos, até que em julho do mesmo ano fui iniciado ao cultodo Orixá, sen-do então fundamen-tado de fato Ogum em minha vida. Esta iniciação deu-se na Rua Frei Durão, no Templo de Raiz Ketu de Pai Ode Ofanile, casa maravilhosa onde tudo começou na minha caminhada no Candomblé. Nela permane-ci por quase três anos, quando por motivos que só o Orixá explica, conheci e fui prontamente adota-do por minha zeladora, Mãe e amiga, Mãe Vera de Oxum, que hoje comanda de forma impecável o Axé Irepo Araketu de raiz Muritiba - BA, sendo filha de mãe Juju de Oxum.

Mas esta caminhada ao lado de minha mãe não foi só mar de rosas, tive o privilégio de acompanhá-la em diversas fases, uma delas quan-do abrimos juntos o “Ile Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”, no mesmo endereço onde anos atrás eu havia começado minha jornada na Um-banda. Voltando à rua Luiz Pacheco, junto com minha mãe desta vez, tomamos a empreitada jun-tos a Ogâ Jonas de Logum Ede e Ogã Adal-berto de Ogum de construirmos o Axé desde o chão até e ultima telha, jornada que foi difícil, mas

“Dedicação aos Orixas”

Com uma história de dedicação e amor, Will vem com raizes de Umabanda e Candomblé, uma vida inteira dedicada ao Orixa.

12 maio 2011

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13maio 2011

conseguimos executar, com todas as di-ficuldades e contratempos que foram acontecendo ..... mas ao final con-seguimos.

Mas como sempre, nossa vontade é uma a do Orixá, é outra, e assim, nosso caminho novamente foi alterado, ficando por curto es-paço de tempo naquele local, .... o que havíamos combinado com o locador foi totalmente deturpado pelo mesmo, e diante desta e de mais algumas decep-ções, resolvemos que ali não haveria paz e a serenidade necessárias à iniciação de um yaô, porque minha mãe sempre disse que a iniciação de um yaô deve ser repleta de paz, harmonia, alegria. para que este momento seja lembrado e relembrado com alegria por esta pessoa por toda sua vida. Den-tro deste princípio foi que resolvemos encerrar as atividades naquele lugar.

Neste momento surge minha irmã mais velha, Cecy de Logum Ede, que já tinha sua Casa de Camdomblé aberta em Itapecirica da Serra, pro-pondo a minha mãe que trans-ferisse o Axé para Itapecirica, momento mágico em que deu-se a fundação do Irepo Ara-ketu, casa que trouxe a minha mãe e a nós, como um todo, a harmonia necessária a execução de nossos cultos em torno

do Orixá, esta casa hoje é comandada por mãe Vera de Oxum, (Yalorisa) mãe Cecy de Logum Ede, ebomi Doris de Yansã e Ekedi Claudia de Oxum, com o acompanhamento de Ogã Adal-berto nos assuntos de ordem mate-rial que envolvem a casa.

Nesta nova era, a pouco tempo, mi-nha esposa, agora Dofona Vanessa de

Oxum , foi iniciada (mas esta é uma outra história).

Eu , por outro lado, decidi, com as bênçãos de minha mãe, seguir meu caminho e

abrir minha Casa “Ile Axé Egbe Omo Ogum”, no Bairro de Sacomã (Ipiranga). Fixei minha residên-cia em uma casa ao lado, estruturando-me de forma a atender nossas nescessidades, a nescessidade de tudo que envolve o culto Orixá. Desta forma pre-tendemos iniciar novos yaôs, dando continuidade

a nossa religiosidade ao Orixá, mas como eu disse, meu caminho na espi-ritualidade começou na Umbanda, portanto até hoje cultuo as entidades e preceitos dentro do pos-sível, não vou nunca ab-dicar destas entidades que tanto já fizeram por mim, nos momentos difí-ceis de minha vida. Não é porque hoje minha casa tem uma re-ferência de Axé, de Nação, (ketu) que eu vou abandonar minhas referências, muito pelo contrário, somar é sempre

melhor que subtrair. Hoje minha mãe soma forças no Axé Irepo Araketu, e com ela aprendi que nada se joga fora dentro dos ensina-mentos que passamos com os Orixás e é com esta mentalidade que procuro dar e passar ensinamentos a meus filhos. Não é fácil, mas é extremamente gratificante.

Axé a todos, sabedoria, alegria, que é apenas o que nossos Orixás nos pedem para cultuá-los, e muita, mas muita fé mesmo, porque semela não chegaremos a lugar algum.

Page 14: Revista obara - seu Axé, sua história

Ogã Jonas de Logum Ede

14 maio 2011

Sou Jonas Ferreira do Rosario, tenho 34 anos, designer, iniciado ao culto do Candomblé em 02 de novembro de 2002 por mãe Vera de Oxum no qual me tornei Ogã Jonas de Logum Ede com o Cargo de Oba Logum (Oba: pronunciado Oba, “rei” ou “governante” na língua yoruba, este é o nome dado aos chefes tradicion-ais de povoados yoru-bas – Logum: Orixá Logum Ede).

Minha trajetória no Orixá vem de muito amor e dedicação, familiar, trago lembranças da Umbanda de minha finada Tia Araci e seguindo, sem muitas in-tenções religiosas, conheci o Candomblé de Angola, o qual freqüentei como sim-patizante por um bom tem-po. Mais ou menos no ano de 1998 conheci

Ebomi Will do Ogum por meio da Sra. Nilza de Oxum. Após algum tempo com o Ebomi Will tive a felicidade de ser escolhido por Oxum para ser seu guardião, apontado Ogã de Oxum automaticamente me tornei filho de mãe Vera de Oxum onde iniciei toda a batalha para o Ilê Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum.

Tudo começou em uma conversa na residência de mãe Vera, entre Ogã Adalberto (Meu Pai Pequeno), mãe Vera e o Ebomi Will.Até aqui

“ O Guardião dos Orixás”

Com muita honra falo um pouco deste Axé e deixo meus sinceros agradecimentos por fazer parte de história

Page 15: Revista obara - seu Axé, sua história

15maio 2011

era apenas o Jonas. A idéia de criar a casa parecia um sonho e com muito esforço e ajuda de alguns filhos e simpatizantes conseguimos erguer nosso Axé. Tive o privilégio de ser o primeiro a ser iniciado no novo Axé e logo após minha iniciação também tive outro presente quando fui conhecer o berço de nosso Axé em Muritiba – BA de Pai Nezinho, também passei e pisei no chão onde Mãe Menininha de Gantóis construiu toda a sua historia de vida. Passa-gens na vida de uma pessoa religiosa que jamais serão esquecidas.

Voltando a São Pau-lo e ao novo Axé tivemos muitas alegrias ao ver nas-cer para o Orixá a minha irmã Luciana de Yem-anja e Flavio de Oxa-guiã. Foram momentos inesquecíveis. Lá também tocávamos a Umbanda, que foi raiz de minha mãe no começo de sua vida espiritual.

Muitas festas e obrig-ações foram feitas, mas como nem tudo é alegria, tívemos problemas de caráter administrativos com o proprietário que nos levaram a entregar o imó-vel. Por algum tempo to-dos os nossos fundamentos ficaram na residência de minha mãe, até que para

surpresa de todos as nos-sas irmãs Cecy de Logum Ede, Dóris de Yansã e Claudia de Oxum nos acolheram na roça delas.

Um começo complicado, pois o convite de juntar os Axés foi muito bom, porém todo começo é difícil pois costumes foram mudados e decisões foram divididas, mas hoje vejo que Orixá sabe real-mente o que faz. Tudo que passamos foi um aprendi-zado para moldar o Irepo Araketu e fazer dele uma casa respeitada e maravilhosa.

Mojuba a todos.

Page 16: Revista obara - seu Axé, sua história

“Ile Axe Logun Ede Bade Olà Oxun”(Casa de Axé Logum Ede herdeiro de Oxun)

Com uma história de herança, esta casa teve suas terras compradas em 1996 e fun-dado (com os rituais necessários) em 2002. Sua história tem diferentes momentos.

Responsáveis por uma casa da nação Angola, que foi fechada após o falecimento de seu Babalorixa Alexandre Miranda Coelho (filho de Yansã), Mãe Cecy de Logum Ede, Ebomi Doris de Yan-sã, Ekedi Claudia de Oxum, Ekedi Alessandra de Ox-

alufã e Kety de Oxum, as-sumiram a responsabilidade sobre os fundamentos do encerramento e abertura de um novo espaço de culto aos Orixás e, numa mudança radical, fundaram o Ilê Axé Logum Ede Bade Olá Oxum já na nação Ketú...

16 maio 2011

Page 17: Revista obara - seu Axé, sua história

www.revistaemfamilia.com.br

Page 18: Revista obara - seu Axé, sua história

“24 anos dedicados aos

Orixas”

Mãe Cecy de Logum Ede

Meu nome é Marilda Gifalli e Cecy-Demin é minha digina na Angola (nação onde fui iniciada). Digina é um nome de batismo quando você nasce para o Orixá e é como você passa a ser chamada e reconhecida no meio dos seus parentes de religião. Depois, com o tempo, as pessoas se acostumaram a me chamar de Cecy, mais simples e mais fácil que Marilda, meu nome de batismo. Tenho 57 anos e sou jornalista. Nasci para o Orixá no dia 12 de fevereiro de 1987, quando tinha 33 anos. Fui iniciada por Al-exandre Miranda Coelho (babalorixá da Angola), falecido em 1985, em Portugal, aos 29 anos de idade. Ele foi à Portugal a trabalho e sofreu um acidente de carro que in-felizmente lhe tirou a vida. Sua família

18 maio 2011

“Amor aos Orixás”

de Orixá era do Rio de Janeiro com raízes da Goméia, que faz referên-

cia à Joãozinho da Goméia famoso líder da Angola, mas como ele criou sua casa, situada no Jar-dim Jacira, em São Paulo, de maneira independente, pouco tive contato com seus parentes de Orixá, a não ser Pai Remival de Xangô, ogã que vinha ajudar nos rituais e Pai Raimundo de Oxumarê, ogã que tocava e can-

tava em nossa casa. Nesta casa fui Mãe Pequena (Yá Kekerê).

“Amor e dedicação”, é o que nos mostra “mãe Cecy de Logun Ede”. A vida total-mente ligada ao Orixá, anos de luta para construir uma casa e um sonho concretizado.

Page 19: Revista obara - seu Axé, sua história

tente. Claro, que está liderança permanece no âmbito do Irepô. Lá, mãe Vera é superior a mim hierarquicamente falando. Mas, estamos aprendendo a dividir espaços, tarefas e o mais importante, responsabilidades. Creio que não seja fácil, nem dífícil, apenas diferente e este é o desafio a enfrentar. No mais creio que só o tempo dirá se deu certo e se as novas gerações serão capazes de dar continuidade a este pro-jeto chamado Irepô.

“minha afinidade com a Yá Vera e Ogã Adalberto que vai muito além

do Candomblé. Somos amigos, inde-pendente da religião que escolhemos.”

Após a morte de meu pai, fundei o Ilê Axé Logum Ede Bade Olá Oxum, em 2002, já sob os cuidados de mãe Vera de Oxum e em 2006 fundimos as duas casas, e um pouco desta história está descrita em todas as respostas desta matéria.

A idéia de unir as casas e de fundar o Irepô (com certa modéstia) foi minha, pelos motivos descritos acima, além de muitos outros, como por exemplo, a minha afinidade com a mãe Vera e Ogã Adalberto que vai muito além do Candomblé. Somos amigos, independ-ente da religião que escolhemos.

No começo houve resistência de muitos que vêem o Candomblé como uma re-ligião onde cada babalorixá e yalorixá deve ter a sua casa, na qual será um líder isolado e onipo-

19maio 2011 19

Page 20: Revista obara - seu Axé, sua história

Ekedi Claudia de Oxum

20 maio 2011

Cláudia Amaral Argoud, 49 anos, designer de moda, iniciada na religião dos Orixás setembro de 1992, com o Sr. Alexandre Miranda Coelho - “Tata Mavambulô” de “Matamba” no “Axé Abaça Legbara Oya Ogir”, hoje em nossa Roça tenho o cargo de “Yalaxè” (Colabora-dora na administração da casa e responsável pelos rituais mais ligados à preservação e continui-dade do Axé).

De família es-pírita com hábito de evangel-ho no lar, presenciei e frequentei vários anos o Kardecismo, tendo feito parte integrante de grupos de estudos e de doutrina a espíritos. Pouco tempo depois, com um relacionamento com uma pessoa inicida no Candomblé, houve os primeiros contatos com a religião, seus ritmos e lendas. Tive casos de saúde que foram resolvidos e abrandados com peque-nas obrigações, hoje, com muito mais proprie-dade, reconheço que já eram prenúncios de uma caminhada longa pelos caminhos do Candomblé.

Anos mais tarde, com um caminho de vida bem diferente, já casada e tendo passado muito tempo distante da religião, volto a deparar-me com ela num raro encontro destes que a gente nunca esquece. Meu pai por toda vida foi vítima do alcoolismo e junto com ele toda a nossa famíl-ia sofreu muito os efeitos desta horrível doença.

Após um repentino reencontro com uma velha amiga da época do colégio, fui apresen-

tada à Marilda Gifalli. “Cecy Demin” de Logum Edè , “Yakekerê” da

casa na época.

Minha vida mudou com-pletamente a partir daí. Marcamos uma consulta para meu pai carnal que passava por uma crise de alcoolismo grave e já não bastavam tantas internações em hospi-tais psiquiátricos para

desintoxicação. Passei por um “ebó” (limpeza espir-

itual) de descarrego junto com meu pai, a quem tenta-

mos ajudar espiritualmente. A partir dali, nunca mais me afastei

do Candomblé. Fui iniciada na “Nação Angola”, no “Abaçá Oyá Ogir - Axé Goméia”

para “Oxum” como “Ekedi de Oya”, cujos anos foram de muito aprendizado de vida. Quatro anos mais tarde, meu pai de santo faleceu no exterior, a trabalho. Sucedeu-se uma maratona para preser-var o “Abacá”. Tivemos que deixar o terreno por questões jurídicas. Foi o caos ! O “Boiadeiro (são entidades epitituais vinculadas à homens que trabalharam, sobretu-

Levada pelo acaso, o amor pelo Orixá foi muito mais forte, tomou conta de sua vida e fez nascer uma Guerreira do Axé.

“A Guerreira”

Page 21: Revista obara - seu Axé, sua história

21maio 2011

do na condução de gado) da mãe Cecy”, nos orientou a to-dos os filhos, até que a “mãe Cecy” comprou um terreno que ajudamos a pagar e de-positamos ali nossos “Igbás” (Igba Orixá, ibá orixa ou sim-plesmente ibá é o nome dos assentamentos sagrados dos Orixás). Muito sofrimento e o desejo de manter o que para nós era mais do que sagrado. Fundamos ali o nosso “Ilê”, no ins-tinto e na bravura de poucos integrantes, a maioria, mulheres. Fiz tudo o que esteve ao meu alcance para erguer nosso “Ilè”.

O destino e o Orixá nos guiaram de maneiras muito peculiares e especiais até que nossos camin-hos se cruzaram com os de “mãe Vera de Oxum”, que nos acolheu e nos deu as obri-gações na casa de “Pai Jair de Ode”. Passamos a frequentar a Casa de Pai Jair, procurando ir a todas as funções, começamos de novo em outro Axé, dando con-tinuidade as nossas obrigações continuamos todas nós nosso caminho sob outra bandeira, a “Nação Efon”. Nossa casa, o “Ilè Axè Logum Ede Bade Olà Oxum”, prosperava, crescia, até que o Pai Jair toma sua obrigação de 21 anos com “Pai Marcos de Ode” – “Nação Ketu”. Passamos todos então a um novo Axé. - A “Nação Ketu” que vinha de raíz-es muito profundas. Muitos fa-

tos ocorreram a partir daí. Con-hecemos muitas pessoas que foram marcantes em nossa tra-jetória. Nossa “Ya”, mãe Vera de Oxum, fundou sua própria casa, “Ilè Axè Ya Omi Lodo ati Egbe Ogum” deixando então, a casa de Pai Jair, a quem passamos a ver mais esporadicamente. In-felizmente, o barracão de mãe Vera não teve suas instalações muito bem sucedidas.

Questões de ordem material tornaram impossível continuar com o barracão no local onde

estava instalado. Foi quando mãe Cecy resolveu par-tilhar a terra do “Ilê” com mãe Vera. Numa corajosa atitude, pois trata-se de algo muito inusitado dentro do Candomblé indo de encontro a tudo que já vi-mos e após muita relutância de mãe Vera, unimos

as Casas, numa mesma terra. Hoje, somos o “Irepò” (União). “Axé” é sinô-nimo de Força e o nosso “Axé” é redobrado, nos-sa força foi multiplicada com nossa união. Hoje, depois de ter passados por três nações, posso dizer com muita honra, que sou “Yalaxé do Irepò Araketu”, raíz da “Nação ketu”, a qual, com muito orgulho, seguimos hoje: “Maroketu de Pai Nezinho de Portões de Muritiba - BA e de mãe Juju de Oxum a grande Yalode de São Paulo”.

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O Irepo Araketu cresce a cada dia e reforça a história do Candomblé, tradições e respeito pelo Orixás, sendo assim deixamos aqui gravado que estivemos juntos a eles para registrar esse momento. Agradecemos:

Ya Vera de Oxum Ogã Adalberto de Ogum Luciana de Yemanja Rafael de OxaguiãTatiana de Yansã e seu filho LuanYa Cecy de Logun EdeEkedi Claudia de Oxum Ya Dóris de YansãKety de Oxum Alessandra de Oxalufã Luciana do Ogum Vanessa de Oxossi seu marido Alessandro e suas filhas Jeniffer e VictoriaZeni de Yemanja, seu marido Sr. Carlos e seus filhos Rafael e Victor Will de Ogum e toda sua família de SantoVanessa de Oxum e suas filha Tamiris, Rafaela e OminayeOgã Jonas de Logun Ede e sua esposa Karina e sua filha Maria Eduarda Marcos de Omolu, sua mulher Claudia e seus filhos João e Gabriel e toda sua família de SantoOgã Marcelo de Oxossi e sua familia

E todos os amigos e simpatizantes deste bonito Axé.

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27maio 2011

“Ya Vera de Oxum e Ya Cecy de Logum Ede, continuam, na luta para manter

viva a cultura dos escravos africanos no Brasil, sem cor, sem nenhum tipo de discrimi-

nação, fazem a sua historia e mostram a todos que vale a pena acreditar no próximo,

pois para a vida no Orixá nada conta como credito, dinheiro, prestigio. Nada disso,

a única importância dentro desta vida é amor ao próximo, ao Orixá, à dignidade e o

orgulho de dizer que nossa Religião é o Candomble”

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Com a união dos Axés, em 2006, a mãe Cecy pensou em batizar o Axé com um novo nome, no que con-cordaram a mãe Vera e os demais integrantes. Assim, nasceu o “Irepo Araketu”, em 2008, que significa (União do Povo de Ketu), já que as duas casas estavam sob a bandeira desta nação. Se-diada na Rua Tupiniquins, 126, Itapecerica da Serra, São Paulo, comandada por mãe Vera de Oxum e mãe Cecy de Logun Ede, a casa se tornou um espaço concreto aos olhos de quem é ini-ciado para o Orixá, ou sim-plesmente é simpatizante do Candomblé. Lá, os cultos afros-brasileiros são reali-zados seguindo as tradições do Axé Moraketu – Muritiba – BA, que tem

“Ile Axé Irepo Araketu”

24 maio 2011

como uma de suas matriarcas a mãe Juju de Oxum.

Os fundamentos aprendidos por suas mães e por todos os responsáveis por cargos hierárquicos distintos, revelam nos rituais internos e nas festas publicas, que este Axé ja faz parte do Candom-blé em São Paulo.

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25maio 2011

Falem um pouco mais sobre união dos Axés, suas metas e seus projetos so-ciais.

Mãe Vera de Oxum: Os motivos, para união foram tan-

tos que ficaria difícil enumerá-los, mas em síntese ela veio principal-mente depois de uma conversa in-formal com minha Yalorixa Juju de Oxun no portão do sitio quando me despedia dela e num abraço de até breve ela me disse: “Filha vocês devem se unir e tocar

esse Axé juntas”. Isso calou na minha alma, no momento não entendi, mas, refletindo depois per-cebi que ela estava certa, como sempre, pois nesta época eu ia ao sitio tocar para minha filha Cecy e toda vez que tinha toque em casa lá estava ela e suas fiéis escudeiras Ekedy Claudia e Ebomy Doris.

Depois deste dia fiquei pensando, mas não comentei com ninguém. Foi quando, para minha surpresa, Cecy me procurou para propor a união de nossas casas. Me lembro que, mesmo assim, pedi a ela um tempo para pensar afinal não era só minha essa decisão, mas sim de toda uma família do Axé.

E assim decidimos todos juntos fazer o in-verso da Casa Branca “UNIR AS CASAS DE AXÉ”.

A meta é apenas manter o Axé vivo e quanto a projetos sociais, sim, como toda casa de Axé deve ter, mas ainda não chegou o momento.

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Mãe Cecy de Logum Ede:

Vários motivos justificaram a união das duas casas e destaco apenas dois principais. O primeiro é que o terreno onde se situa o Irepô é grande demais e me senti sozinha para administrá-lo, uma vez que por ser uma comunidade pequena, não havia pes-soas para dividir as diversas tarefas, que vão desde a administração, propriamente dita (com todas as despesas que são recorrentes desta administração), até os trabalhos de uma organização espiritual que exigem a presença de diversas pessoas em diferentes cargos. Três mulheres à frente de um grande projeto, sen-do que nenhuma delas pode se dedicar integralmente tor-nou a primeira casa inviáv-el. A segunda é que por ser a mãe Vera minha yalorixá, eu tinha que me dedicar, um pouco, à casa dela, ou seja num toque de Ogum, por exemplo, eu tinha que es-tar presente e colaborar nas tare-fas que envolvem os rituais (além de uma pequena contribuição financeira). Dentro do mesmo mês, eu tinha que organizar uma festa de Ogum na minha casa e a minha mãe Vera estava presente e trabalhava para me ajudar, mobili-zando meus irmãos etc. Enfim, tínhamos o trabalho dobrado para chegar a um mesmo objetivo. Com as dificuldades que ela encontrou na sua primeira casa (uma delas foi o fato de ser um espaço alugado), decidimos juntar forças para cumprir esta missão. Isto não é convencional no Candomblé, muitos até criticaram a decisão, mas, questões espirituais e de ordem material nos levaram para este caminho que espero dê muito certo, pois é o desejo de nós duas:

mãe e filha.

Quanto as metas: Uma casa de Candomblé tem seu tempo ajustado a diversos fatores. Não é uma empresa que por visar lucro deve manter um plano de metas ousado para atender à concorrên-cia etc. Dependemos da união de todos, depen-demos da força espiritual dos Orixás, mas o Irepô quer trabalhar para melhorar seu espaço físico, sua estrutura, enfim, tornar-se uma casa com uma or-ganização plena, embora já tenhamos avançado

muito nesta direção. Uma roça de Orixá exige manutenções constantes, que

nem sempre podem ser feitas por seus filhos, muitas vez-

es temos que terceirizar serviços como os de pe-dreiro, encanador, por exemplo. Como nenhum de nós pode morar na roça, o Irepô possui uma

funcionária para vigiar e cuidar dos espaços públi-

cos.

Quanto a um objetivo espiritual, espera-mos merecer o crédito de sermos, acima de tudo, uma casa que respeita as tradições do Candomblé

26 maio 2011

Page 27: Revista obara - seu Axé, sua história

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e que tem amor e respeito pelo Orixás, sem os quais nenhum de nós estaria respondendo estas perguntas ou fazendo qualquer movimento para realizar um ideal. O Irepô é um ideal que mistura a tradição dos Orixás e a forma de ver o mundo de um jeito mais moderno, sob o ponto de vista de atender as necessidade de uma comunidade que vive no século Vinte e Um e não no século Dezenove, quando a religião Yorubá foi trazida

para o Brasil no seios da escravidão.

A casa na medida do possível estará inserida em projetos sociais da região, mas para isto é preciso que sua organização interna avance. Ela, apesar das experiências de seus líderes, é uma casa muito jovem e precisa de ajustes internos para prosperar

neste sentido. Os projetos futuros são muitos, mas como disse na resposta anterior, é preciso respeitar o tempo de cada um e o tempo dos Orixás.

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28 maio 2011

Revendo a história do Candomblé, imaginamos o sofrimento do povo Yoruba para conquistar seu espaço na sociedade, isso para pessoas de fora simplimente se torna a história de um povo real-mente sofrido. Quem vive isso na pele não é diferente, pois, tanto o passado quanto o presente revive seus sofrimentos e preconceitos porem com modos diferentes.

Fazer parte de toda essa trajetória é como representar nossa ancestralidade, é vestir o manto da igualdade social. Candomblé ou qualquer outra religião prega o bem maior ao próximo e sendo as-sim: “Me sinto honrado de fazer parte da família Irepo Araketu”.

Essa experiência de mostrar um pouco da trajetória desse Axé foi gratificante e marcante, pois alem de mostrar eu vivo isso a cada dia.

A Revista Obara e Ogã Jonas de Logum Ede agradecem a todas as pessoas que ajudaram de uma for-ma ou de outra a realização dessa Edição.

Registramos aqui o convite da família Irepo Araketu, que, convidam a todos que quiserem co-nhecer sua roça (casa) localizada na Rua Topin-iquins, nº 126 – Itapecerica da Serra,. Mais esclare-cimentos ou perguntas entrem em contato com nossa edição que teremos o prazer de informá-los.

Deixamos aqui mais uma vez nossos sinceros agra-decimentos.

Mojuba;

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Ekedi Katia de Yemanja,

“Saudades”

29maio 2011

Em 2010 infelizmente fomos surpreendidos com o falecimento de nossa Irmã “Ekedi Kátia de Yemanja”, como amiga e irmã particípou de vários momentos da vida de “Ya Vera” pois ganhou seu cargo de “Ekedi” ao lado de “Ya Vera” sendo guardiã de “Oxum”. Iniciada por “Pai Jair de Oxossi” demonstrou a todos nós a hu-mildade em pessoa, com sua vida pessoal bem agi-tada participava das obrigações da casa como podia, mãe presente a seus filhos carnais, dividia sua boa vontade entre Orixá e Família.

Foi presente no inicio do “Ile Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum” e da forma que dava participou dos anos de luta do “Axé”. Após a descoberta de uma doença teve que se afastar para cuidados médicos que lhe foram consumidos muitos anos e sendo assim não pode acompanhar nossa união para o “Irepo Araketu”, mas me lembro de algu-mas ocasiões onde ela esteve entre nos tentando mesmo com muita dificuldade para participar e estar entre nós e os Orixás.

Tanto eu, “Ogã Jonas de Logun Ede” e a Familia “Irepo Araketu” deixamos aqui nossa homenagem a uma Grande Mulher, Guerreira ............ Mãe e amiga.

Saudades “Ekedi Kátia de Yemanja”

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