revista port.com março 2015

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2015 . Nº 5 . MARÇO. REVISTA MENSAL . PREÇO: 2,50€ www.revistaport.com D i a i n t e r n a c i o n a l d a M u l h e r Os Desafios das portuguesas Mulheres Mundo no Por ocasião do dia 8 de março, dedicado ao Dia Internacional da Mulher, a PORT.COM homenageia mulheres portuguesas emigradas em oito países. Conheça as suas vivências em França, Suíça, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Brasil, Canadá e Estados Unidos 8 d e m a r ç o DOSSIÊ ESPECIAL ALQUEVA O MILAGRE DA AGRICULTURA E DO TURISMO FUTEBOLISTAS LUSODESCENDENTES Novas armas da seleção nacional vêm da emigração PORTUGUESES NA MODA Seis rostos que dão que falar no panorama internacional CAPITAL DO FOLAR DA PÁSCOA Março é mês de folar em Valpaços O ABRAÇO MAIS EMOTIVO No Dia do Pai conheça a história de um Pai com o filho emigrado no Canadá

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Edição de Março da Revista PORT.COM, Revista de Portugal e das Comunidades

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Page 1: Revista PORT.COM março 2015

2015 . Nº 5 . MARÇO. REVISTA MENSAL . PREÇO: 2,50€ www. rev i s tapo r t .co m

Dia intern

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ulher

Os

Desafios

das

portuguesasMulheres

Mundo

no

Por ocasião do dia 8

de março, dedicado ao Dia Internacional da Mulher, a

PORT.COM homenageia mulheres portuguesas emigradas em oito

países. Conheça as suas vivências em França, Suíça, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Brasil,

Canadá e Estados Unidos

8 de março

DOSSIÊ ESPECIAL

ALQUEVAO MILAGRE DA AGRICULTURAE DO TURISMO

FUTEBOLISTASLUSODESCENDENTES

Novas armas da seleção nacional vêm da emigração

PORTUGUESES NA MODA

Seis rostos que dão que falar no panorama internacional

CAPITAL DO FOLAR DA PÁSCOA

Março é mês de folarem Valpaços

O ABRAÇO MAIS EMOTIVO

No Dia do Pai conheça a história de um Pai com o filho emigrado no Canadá

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A AJBBNETWORK não é responsável pelo conteúdo dos anúncios nem pela exatidão

das características e propriedades dos produtos e/ou bens anunciados. A respetiva veracidade e conformidade com a realidade são da integral e exclusiva responsabilidade

dos anunciantes e agências ou empresas publicitárias. Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações, - sob quaisquer meios e para quaisquer fins,

inclusive comerciais.

FICHA TÉCNICA

REVISTA DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES

Edição Mensal - Março 2015www.revistaport.com

Nº de registo na ERC: 126526

Rua João de Ruão, nº 12 – 8º3000-299 Coimbra (Portugal)

Tel: (+351) 239 820 688

[email protected]

EDITOR E PROPRIETÁRIO

[email protected]

NIF: 510 475 353

DIREÇÃO Abílio Bebiano

[email protected]

COORDENAÇÃO EDITORIALLuís Carlos Soares (CP-9959)[email protected]

REDAÇÃO Luís Carlos Soares, Márcia de Oliveira,

Ana Laura Duarte, Filipa Marques Colaboradores: Carla Gil

PLATAFORMA ONLINE Márcia de Oliveira - Edição de conteúdos

[email protected] Carlos Gouveia

DESIGN E PAGINAÇÃO BDMP, LDA

www.bdmp.pt

ASSINATURAS [email protected]

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Rua João de Ruão, 12 – 1º 3000-229 Coimbra (Portugal)

(+351) 967 583 [email protected]

EDIÇÃO PAPEL: Março 2015

Tiragem: 20.000 Exemplares Impressão: StudioPrint

Depósito Legal: 376930/14Distrib. nacional e internacional: CTT

SUMÁRIO4 EDITORIAL

6 DESTAQUE 6. DIA INTERNACIONAL DA MULHER . Vivências de oito portuguesas no estrangeiro

14 . DIA DO PAI

. O abraço mais emotivo

17 . SUGESTÕES

. Prendas para o Dia do Pai e para o Dia da Mulher

20 . NOTÍCIAS

. PLATAFORMA nasce em Lisboa

22 GASTRONOMIA . Valpaços é capital do folar de Páscoa

26 CULTURA . Rostos portugueses na moda internacional

30 NEGÓCIOS . Frijobel promove a qualidade do pescado português

32 DESPORTO . A vaga de lusodescendentes da seleção de Portugal

36 DISCURSO DIRETO . Carla Gil emigrou para Guadalupe

DOSSIÊ ESPECIAL

ALQUEVAO MILAGRE DA AGRICULTURAE DO TURISMO

A portuguesa Daniela

Hanganu é das modelos

mais solicitadas do momento

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES4

A edição de março da revista PORT.COM chega às mãos dos leitores que nos acompanham em 108 países como aquela que mais se aproxima dos moldes que pretendemos seguir daqui em diante. Depois dos ajustamentos e correções referidos no editorial de fevereiro, reforçámos a nossa

equipa editorial, tanto direta (com um novo editor de conteúdos) co-mo indiretamente. Este número de março é aquele em que os nossos leitores mais colaboraram na conceção da revista.

Esta colaboração começa a ser evidente no artigo que escolhemos para inspirar a capa, um artigo que homenageia as emigrantes portugue-sas. No aproximar do dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, contactámos oito portuguesas que atualmente vivem e trabalham em oito países estrangeiros diferentes.

Para além disto, ouvimos um pai português contar como foi visitar pela primeira vez o seu filho emigrado no Canadá, registámos as recor-dações que um emigrante em Angola guarda das tradições pascais da região portuguesa que o viu nascer e crescer. O suplemento deste mês dá conta da revolução que a albufeira do Alqueva implementou na agri-cultura alentejana e nacional, no ano em que é concluído este projeto.

Estes e outros conteúdos podem ser encontrados nas próximas pági-nas, que acreditamos o vão convencer a esperar todos os meses pela publicação de uma nova revista PORT.COM. Até lá, podem continuar a acompanhar-nos diariamente no site www.revistaport.com, no qual temos saudado um aumento exponencial de novos leitores, com mais de 200.000 páginas visitadas.

Desejamos a todos um ótimo mês de março, recheado de boas notícias para as comunidades portuguesas no estrangeiro.

EDITORIAL

PORTAL WWW.REVISTAPORT.COMMAIS DE 200 MIL VISITAS EM FEVEREIRO

LUÍS CARLOS SOARESCoordenador Editorial

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES6

DESTAQUE

POR LUÍS CARLOS SOARES

As mulheres portuguesas têm cada vez mais formação académica, mas a falta de perspetivas para concretizarem os sonhos que alimentaram durante os estudos,

levam-nas para fora do país. No estrangeiro, os principais direitos profissionais são-lhes assegurados e abrem-lhes as portas para o futuro.

A Revista PORT.COM contactou portuguesas em oito países diferentes, e entre elas encontrou mais semelhanças do que diferenças.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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O Dia Internacional da Mulher é, tal como o nome indica, assinala-do por todo o mundo. Desde 1977 que a ONU (Organização

das Nações Unidas) reconhece 8 de março como o dia em que se lembram as principais conquistas sociais, culturais, políticas e económicas por parte do género feminino. Na mais recente vaga da emigração portuguesa, milhares de mulheres rumaram ao estrangei-ro. Entre estas, há as que anseiam por condições que possibilitem o regresso ao ponto de partida, assim como aquelas que se imaginam na pele de emigrante para sempre.

Na aproximação ao dia 8 de março, a Revista PORT.COM contactou oito mulheres portuguesas, emigradas em alguns dos países com maiores comunidades lusitanas: França, Suíça, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Brasil, Canadá e Estados Unidos. Todas elas

emigraram na última meia década, têm menos de 30 anos e, na maior parte, formação superior. Todas encontraram melhores condições profissionais do que aquelas que lhes eram apresentadas em Portugal.

Apesar de atualmente trabalharem em áreas distintas, da saúde à restaura-ção, das vendas às limpezas, as justifica-ções para o êxodo encontram eco umas nas outras: “Quando terminei o curso de Ciências Farmacêuticas, a oferta na área já deixava muito a desejar, tanto a nível da remuneração como de perspe-tiva de progressão. As ofertas cingiam-se sobretudo a estágios profissionais. Depois de alguns meses de procura sem sucesso, a vontade de me aventurar em mercados mais férteis e desafiantes começou a crescer cada vez mais”, conta Daniela Seixas, em Inglaterra.

As escolhas dos países é que variam mais, desde as que foram em resposta a propostas de trabalho, às que partiram à

aventura ainda sem um emprego certo, mas com o apoio garantido de familiares ou amigos que já se encontravam nesses destinos. Mas depois de instaladas e adaptadas, não tardaram a ver reco-nhecidas características apontadas aos portugueses em todos estes oito países: “Gente simpática, que trabalha bem e bastante”, indica Catarina Alves, desde França.

Mulheres sem razões de queixa

Os direitos que as trabalhadoras reivindicavam outrora, e que inspira-ram a criação do Dia Internacional da Mulher, não parecem estar em falta nas principais comunidades portuguesas no estrangeiro, a julgar pelas declarações das oito entrevistadas. Nenhuma sentiu diferença de tratamento por ser mulher, nem tão pouco por ser portuguesa.

“Nunca senti que tenha perdido alguma oportunidade ou que fui menos remunerada por ser mulher”, aponta

VIVÊNCIAS DE OITO PORTUGUESAS

NO ESTRANGEIRO

MARÇO

DIA

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CIONAL DA MULHER

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES8

DESTAQUE

Diana Pereira, na Alemanha. De resto, ao comparar a realidade germânica com a portuguesa, a principal diferença é outra: “Sinto que as pessoas não são descartadas pela idade, ao entrar num supermercado ou em lojas em centros comerciais é frequente sermos aten-didos por funcionárias acima dos 40 anos, o que não acontece em Portugal”, acrescenta.

No que toca à segurança no trabalho em casos específicos ao sexo femini-no, por exemplo, em caso de gravidez, todas as oito entrevistadas, por maior ou menor informação que tenham sobre o assunto, afiançam que lhes são asseguradas condições para manterem o emprego durante e após essas even-tualidades.

O principal desvio à igualdade entre homens e mulheres, é apontado desde um país que, tal como a Alemanha, tem uma mulher como principal figura de Estado, o Brasil: “Apesar do exemplo da Dilma Rousseff na presidência da República, os principais cargos nas empresas, entidades e mesmo políticos são maioritariamente ocupados por homens”, explica Carla Flores.

Mas isto é apenas um senão numa experiência globalmente positiva, dado que realça que “no Brasil, felizmente, tive a sorte de encontrar, em muito pouco tempo, uma empresa que me desse as condições de trabalho que nunca encontrei em Portugal”. Esta comparação é feita por Carla, mas, mudando apenas o nome do país, po-deria muito bem ser feita por Catarina (França), Inês (Suíça), Diana (Alema-nha), Daniela (Inglaterra), Carolina (Espanha), Mara (Canadá) ou Sandra (Estados Unidos).

FRANÇAMantém-se o estereótipo da Maria e do José

No filme Gaiola Dourada, que em 2013 parodiou a imagem que os franceses alimentam dos emigrantes portugueses, os atores Rita Blanco e Joaquim de Almeida encarnam no simpático casal Ribeiro, a viver e tra-balhar em Paris há 30 anos. Os nomes escolhidos para essas personagens foram Maria e José. Para Catarina Alves, enfermeira na capital francesa desde dezembro de 2011, este este-reótipo continua bem vivo, tal como outros.

“Os portugueses comem sardinhas e bacalhau, são católicos praticantes, adoram futebol e música popular. A mulher chama-se Maria, é empregada de limpeza ou porteira num prédio, alguém com estatura baixa, gordinha e com uma grande pilosidade, sobre-tudo ao nível facial. O homem chama-se José ou Manuel, é empregado da

construção civil, baixo de estatura e com bigode”, exemplifica a jovem de 26 anos, natural da Póvoa de Varzim.

Mesmo assim, garante que não nota “nenhum tipo de atitude pejorativa por ser portuguesa, antes pelo contrário”. Do que tem assistido tanto dentro como fora do Centro Hospitalar Universitá-rio Henri Mondor, “a nossa formação e competência têm boa reputação no mercado de trabalho”.

Apesar de “sentir saudade da família e dos amigos, do espírito e do convívio português, da boa mesa e calma de Por-tugal”, considera que o balanço da sua experiência como emigrante é positivo, e até se imagina a regressar ao país de origem apenas para a reforma.

SUÍÇAOs curtos horários do comércio

Toda a gente sabe que os relógios são um dos produtos distintivos da Suíça.

Catarina Alves, enfermeira

Inês Pinto, enfermeira

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E quando os ponteiros apontam para as 19h, as lojas e supermercados, de maior ou menor dimensão, encerram as portas, o que causou estranheza a Inês Pinto quando emigrou para o país helvético há quatro anos.

A enfermeira de 27 anos começou a carreira em Espanha, mas as seme-lhanças entre a Galiza e o norte de Portugal são bem maiores do que as que partilham com a Suíça. Em Friburgo, também o horário a que Inês muitas ve-zes se vê obrigada a levantar lhe causou estranheza, por não estar habituada a ter que o fazer às 5h30 da manhã.

Maior familiaridade encontrou na gastronomia. Para além de apreciar a co-mida do país, “e ser uma fã de queijos”, tem facilidade em encontrar produtos provenientes de Portugal, “por exis-tirem mini mercados portugueses em quase todas as cidades suíças”, conta. Só é pena que fechem tão cedo.

ALEMANHAMuito mais do que salsichas

Para quem vive em Portugal não é fá-cil enumerar vários produtos gastronó-micos típicos da Alemanha, mas Diana Pereira, gestora de vendas no país ao qual chegou em maio de 2012, confessa que ficou “fascinada ao descobrir que a cozinha alemã é muito mais do que apenas salsichas”. Variadas formas de confecionar batatas e produtos pouco comuns, como joelho de porco, são algumas das novidades que passou a conhecer em Hamburgo, “a cidade mais portuguesa da Alemanha”, conta a jo-vem de 26 anos, natural de Santo Tirso.

Durante a fase de adaptação, o que mais custou foi “perceber que voltar a Portugal será muito mais difícil do que foi sair, possibilidade que diminui a ca-da dia que passa”, por não acreditar que o país de origem lhe possa oferecer “um certo estilo de vida” ao qual acabou por se habituar.

Do que pensa em não se desabituar é da “capacidade de desenrasque”, que Diana considera ser “a maior habi-lidade dos portugueses” quando comparado com o povo germânico: “Se um português comprar um móvel no IKEA mas por alguma razão faltar uma peça, soluciona o problema de outra forma, enquanto que o alemão bloqueia, volta à loja e espera que tudo corra con-forme os procedimentos normais”.

Os alemães podem ser peritos em salsichas, mas é a capacidade de desen-rasque que fez com que os portugueses sejam o povo que descobriu mais formas de utilizar o porco.

INGLATERRAComunidade de farmacêuticos

Inglaterra é um dos destinos que mais emigrantes portugueses tem aco-lhido nos últimos anos, com destaque para profissões como enfermeiros e

MARÇO

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“NÃO NOTO NENHUM TIPO DE ATITUDE PEJORATIVA POR SER PORTUGUESA, ANTES PELO CONTRÁRIO”

CATARINA ALVES, ENFERMEIRA EM PARIS DESDE DEZEMBRO DE 2011

Diana Pereira, gestora de vendas

Daniela Seixas, farmacêutica

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DESTAQUE

farmacêuticos. Por isso, é natural que profissionais da mesma área acabem por formar informalmente uma comunida-de dentro da comunidade de portu-gueses. Daniela Seixas, farmacêutica de 27 anos, beneficiou desta proximi-dade na sua integração a terras de Sua Majestade.

Viajou de Chaves para Stoke-on-Trent em julho de 2012, onde já a espe-ravam uma casa habitada por portu-gueses, também farmacêuticos, e uma proposta de trabalho: “A oportunidade surgiu através de um antigo colega de faculdade que na altura trabalhava numa farmácia e procurava alguém interessado para se juntar à equipa”, recorda Daniela.

Passados nove meses rumou umas dezenas de quilómetros a noroeste, para Liverpool, onde as saudades da família e dos amigos continuam a ser superadas com a ajuda do “conforto junto dos nossos”, ou seja, os compa-triotas, com os quais costuma frequen-tar restaurantes portugueses, “quando as saudades do polvo ou bacalhau aper-tam, ou mesmo só para ter o português como som de fundo”.

ESPANHAVoltar a casa uma vez por mês

A localização geográfica de Portugal leva a que a palavra “emigrar” signifi-que, para a maior parte dos emigrantes, longos períodos sem se regressar ao país de origem. O ainda recente apareci-mento de companhias de aviação low cost permite contrariar este cenário, principalmente se o emigrante estiver em Espanha, como é o caso de Carolina Marques, a viver em Madrid há cerca de dois anos e meio.

“Tento ir a Portugal uma vez por mês”, revela esta investigadora de 27 anos, natural de Guimarães, o que até lhe permite “conciliar as viagens com aniversários de familiares ou amigos”. Quando não há nenhum motivo em con-creto, “a decisão é tomada em função do preço das viagens”, acrescenta.

Ao viver num país com um clima, idio-ma e até gastronomia semelhantes aos de Portugal, e com as visitas frequentes

à família e amigos, as saudades apon-tam noutra direção sentimental: “Sinto falta de ir ao estádio ver o Vitória [de Guimarães]”, confessa. A julgar por Ca-rolina, o ambiente do Estádio D. Afonso Henriques é algo que nem os bares e restaurantes portugueses de Madrid conseguem simular.

BRASILO outro idioma Português

O Português é atualmente a quarta língua mais falada no mundo, de acordo com o Instituto Camões, mas nem todos o expressam da mesma maneira. Carla Flores não ignorava a existência destas diferenças, mas a verdadeira noção das disparidades já surgiu em pleno solo brasileiro, no qual aterrou pela primeira vez em setembro de 2011.

Voou da Póvoa de Varzim para o Rio de Janeiro a convite de uma amiga, sem emprego garantido, mas não

TODAS ENCONTRARAM MELHORES CONDIÇÕES PROFISSIONAIS DO QUE AQUELAS QUE LHES ERAM APRESENTADAS EM PORTUGAL.

Carolina Marques, investigadora

Carla Flores, assessora de imprensa

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tardou a encontrar, como assessora de imprensa da Confederação Brasileira de Taekwondo. Depois de em Portugal trabalhar como jornalista a recibos verdes, no Brasil recebeu um visto de trabalho e “condições que nunca havia encontrado”, compara.

Num país com um clima que adora e uma gastronomia da qual gosta, no prin-cípio acabou por acusar alguns proble-mas de comunicação, tanto oral como escrita: “Tirando algumas expressões idiomáticas ou algum vocabulário, eu entendia-os perfeitamente. Porém, eles não me entendiam, diziam que eu falava muito rápido, precisava de repetir duas ou três vezes, às vezes nem sabia como me expressar para que me entendes-sem”, recorda a jovem de 26 anos.

Para se adaptar tanto na vida quo-tidiana como profissionalmente, começou a usar o sotaque brasileiro e a adaptar a forma de escrever: “No início sentia-me um pouco ridícula, mas fui aperfeiçoando e hoje, num primeiro contacto, raramente percebem que sou portuguesa”.

Atualmente, se perguntarem a Carla qual é a forma que mais lhe agrada, a resposta não se faz esperar: “Prefiro o meu Português”.

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“DIZIAM QUE EU FALAVA MUITO RÁPIDO, PRECISAVA DE REPETIR DUAS OU TRÊS VEZES”

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DESTAQUE

CANADÁ“Até dormem a correr”

O Canadá é muitas vezes visto como o vizinho pacato dos Estados Unidos, mas não deixa de ter metrópoles com uma azáfama inexistente na maior parte das cidades portuguesas. Mara Aleixo nota todos os dias a diferença, desde que há dois anos trocou Chaves, concelho com pouco mais de 40 mil habitantes, por Toronto, em cuja área metropolitana cabem mais de seis milhões de pessoas.

“Aqui não se encontra a calma que se sente no dia a dia em Portugal, costumo dizer que as pessoas aqui até dormem a correr”, compara a f lavien-se de 23 anos. Depois de ter concluído uma licenciatura em Serviço Social, “e perante a crise em que Portugal se encontrava e continua a encontrar”, aceitou o convite de familiares para rumar a Toronto, onde trabalha num restaurante português.

Apesar de estar rodeada de gente e produtos portugueses tanto no local de trabalho como na zona em que reside, em que até a senhoria é compatriota, continua a suspirar pela tranquilidade transmontana: “Preten-do regressar a Portugal o mais rápido que consiga”, conclui.

ESTADOS UNIDOS Ir de pijama ao supermercado

Entre os vários filmes norte-ameri-canos que abordam traços de comuni-dades estrangeiras em Nova Iorque, os

italianos e os irlande-ses costumam ser os europeus mais retrata-dos. Porém, não faltam elementos portugueses em algumas zonas metropolitanas da Big Apple, como em Mineola, onde reside Sandra Ribeiro.

“Aqui em quase todas as ruas se fala português e encontramos facil-mente portugueses em pastelarias, restaurantes, cabeleireiros, lojas de licores, tudo”, descreve a jovem de 22 anos, proprietária de um negócio no ramo das limpezas. “Os portugueses gostam sempre de socializar e aqui existem restaurantes, clubes despor-tivos, festas de associações, entre ou-tras entidades que reúnem os nossos compatriotas”, acrescenta.

Entre os clubes desportivos desta-ca-se o Mineola Portuguese Soccer Club, que no ano passado conquistou o campeonato de futebol do estado de Nova Iorque, o quarto mais populoso dos 50 estados norte-americanos. No atual plantel desta equipa cabem jogadores com apelidos tão insuspei-tamente portugueses como Mendes, Neves, Pinto, Silva, Vasques e Veloso.

A comunidade portuguesa é, segun-do Sandra Ribeiro, muito bem vista junto dos americanos, um povo com o qual diz identificar-se, por serem “muito amáveis e divertidos, capa-zes de ir diariamente de pijama ao supermercado”. Depois de ter vivido e trabalhado dois anos em Paris, num restaurante português, e de levar já quatro em solo americano, Sandra vê-se apenas a regressar a Portugal “quando já estiver velhinha”.

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“UM DIA VOLTAREI A PORTUGAL, MAS SÓ QUANDO ESTIVER VELHINHA”SANDRA RIBEIRO

Mara Aleixo, empregada de mesa

Sandra Ribeiro, empresária de limpezas

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DESTAQUE

O Dia do Pai é celebrado em diferentes datas por todo o mundo. Portugal assi-nala-o a 19 de março, Dia de São José, o carpinteiro

marido de Maria, mãe de Jesus Cristo. Acompanham Portugal países como Espanha, Itália, Liechtenstein, Bolívia, Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. A data que gera mais consenso é o terceiro domingo de junho, que marca o Dia do Pai em países como Estados Unidos, Canadá, México, França, Inglaterra, Irlanda, Ho-landa, Argentina, Chile, Venezuela, Japão ou Índia.

Existem ainda muitas outras datas em países de todos os continentes, inclusiva-mente nalguns com grandes comunida-

des de portugueses, como são o caso da Alemanha (39 dias depois do domingo de Páscoa, ou seja, o Dia da Ascensão), Brasil (segundo domingo de agosto), Áustria (segundo domingo de junho), Austrália (primeiro domingo de setembro), Polónia (23 de junho), Rússia (23 de fevereiro) ou os escandinavos Noruega, Suécia e Fin-lândia (segundo domingo de novembro).

Apesar das diferenças no calendário, em todos estes países o Dia do Pai é assi-nalado com um objetivo primordial, o de assinalar a estima, o respeito e a consi-deração que os filhos têm pelos seus pro-genitores. A estes sentimentos acrescen-tam-se outros de semelhante intensidade quando a distância geográfica os separa, como acontece por via da emigração.

Abraço que quase partia costelas

Joaquim Rodrigues visitou pela primei-ra vez o seu filho mais velho, emigrado na metrópole canadiana de Toronto, no mês passado, para marcar presença no casa-mento do seu descendente. As saudades apertavam há muito, desde que Marco partiu há três anos de Chaves, onde a família Rodrigues tem o seu núcleo. Após oito horas de viagem ao lado da esposa, a primeira vez que este condutor de auto-carros se sentiu obrigado a andar de avião, sabia que o filho o esperava no aeroporto, mas não esperava que o reencontro fosse tão emotivo como seria.

“Abraçámo-nos tão forte que parecia

Países como Canadá, França ou Alemanha assinalam o Dia do Pai em datas diferentes de 19 de março. Para os emigrantes portugueses longe dos seus progenitores ou mais diretos

descendentes, duplica-se assim a oportunidade de o assinalar, mesmo à distância. O abraço de um pai a um filho emigrado é dos mais sentidos que se pode dar.

A Revista PORT.COM partilha a história de uma família que sabe o que é dar um abraço assim.

DIA DO PAI

O ABRAÇO MAIS EMOTIVO

POR LUÍS CARLOS SOARES

Page 15: Revista PORT.COM março 2015

www.revistaport.com 15

que se iam partir as costelas. O meu filho começou a chorar muito, até comentei com a minha esposa que não imagi-nava que aos 37 anos a nossa presença continuasse a ser tão importante para ele”, conta Joaquim Rodrigues. “Nós que ficamos em Portugal temos sempre muitas saudades dos nossos, mas são os que partem que sentem mais, porque para eles tudo é novo, um meio novo, uma vida nova”, explica.

Além do mais, este foi o maior pe-ríodo em que pai e filho estiveram sem se ver, “maior do que quando o Marco esteve nas missões militares na Bósnia e em Timor”. Tudo condicionantes às quais ainda se acrescentariam momentos de suspense no aeroporto, principalmente para o filho.

As malas do casal português foram das últimas a aparecer no tapete rolante. “Como o Canadá é um dos países com regras mais restritas para a entrada de visitantes no país, nem se pode levar produtos alimentares, por exemplo, e o Marco via muita gente do nosso voo a sair e nós tardávamos a aparecer, acabou por ficar ansioso”. Mas no final, tudo acabou por correu como desejado, e Marco teve opor-tunidade de apresentar “o seu novo mundo” aos pais.

A impressionante funcionalidade canadiana

No novo mundo de Marco cabe uma realidade que é bem conhecida dos mi-lhares de emigrantes portugueses em Toronto. Um país muito organizado, excelentes condições para os trabalha-dores, uma das taxas de criminalidade mais baixas do continente americano, um clima muito rigoroso, diversos es-

tabelecimentos comerciais de origem portuguesa.

Joaquim Rodrigues e a esposa não corresponderam ao convite do filho para subir à emblemática CN Tower, a segunda torre visitável mais alta do mun-do, mas não dispensaram uma visita às “lindíssimas” Cataratas do Niágara: “No dia seguinte à nossa visita, parece que congelaram, a nossa filha até nos ligou de Portugal a dizer que tinha visto uma notícia sobre isso”.

NO CANADÁ, O DIA DO PAI É NO TERCEIRO DOMINGO DE JUNHO, TAL COMO EM FRANÇA, INGLATERRA, VENEZUELA, ESTADOS UNIDOS OU ÍNDIA

Pai e filho, antes do casamento

Page 16: Revista PORT.COM março 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES16

DESTAQUE

A funcionalidade canadiana peran-te as temperaturas muito reduzidas, “chegaram a estar -36ºC durante a nossa estadia”, foi do que mais os impressio-nou. “A cidade continua perfeitamente transitável por maiores que sejam os montões de neve. Não há acidentes, porque as estradas estão muito bem desenhadas, sem curvas nem rotundas. Estavam constantemente a deitar aquele sal-gema para as estradas e para os pas-seios era sal azul, que não estraga tanto os pavimentos”, explica o condutor profissional, habituado a outra realidade nas décadas que acumula a transportar passageiros entre Chaves e Lisboa.

Joaquim Rodrigues encontrou nos autocarros canadianos, “muito grandes e feios, amarelos e com formas quadran-gulares”, as principais semelhanças com a realidade canadiana que já lhe havia sido transmitida televisivamente por notícias ou filmes. Também encontrou semelhanças entre um par de botas que viu em Toronto e outro que havia estado prestes a comprar em Chaves, “mas para minha surpresa e da minha esposa, as do Canadá eram mais baratas, e acabei por comprá-las”, conta.

Num país em que o rendimento

médio e o salário mínimo são bastante superiores aos portugueses, encontra-ram preços em muitos bens essenciais ao nível dos de Portugal: “Até bebíamos o café expresso, como eles lhe chamam, a um preço equivalente a 60 cêntimos”, reforça.

A experiência “espetacular e inesque-cível” deu-lhe vontade de voltar, “mas para a próxima tem que ser no verão, pa-ra ver mais verde do que branco”, graceja Joaquim Rodrigues.

Mas a principal motivação que o levará novamente a voar sobre o Oceano Atlântico não tem a ver com qualquer característica que o Canadá venda em iniciativas de promoção turística. Visitar o filho Marco, que vê “muito bem instalado no papel de emigrante”, será a única e inquestionável prioridade.

“TEMOS SEMPRE MUITAS SAUDADES DOS NOSSOS, MAS SÃO OS QUE PARTEM QUE SENTEM MAIS, PORQUE PARA ELES TUDO É NOVO” JOAQUIM RODRIGUES

Os pais de Marco ficaram a conhecer a nora, a luso-canadiana Sarah

Com a CN Tower como pano de fundo

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e único, fazem deste relógio uma prenda que qualquer pai gostaria de receber.

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CERVEJA ARTESANAL 7 MARES

Sugestões

Dia do Paiprendas

Para o melhor pai do mundo,

TUDO!A Port.Com preparou uma lista de sugestões de presentes made in

Portugal para o Dia do Pai. Algumas ideias de prendas para os filhos que,

a 19 de março, querem ir além do beijinho e do almoço.

Para o pai fashion

Para o pai patriota

Para o pai pontual

Para o pai guloso

Para o pai com sede

Page 18: Revista PORT.COM março 2015

DESTAQUE

Sugestões

Dia Internacionalda Mulher

prendas

Para elas, TUDO!

A Port.Com preparou uma lista de sugestões de presentes made in

Portugal para oferecer às mães, às avós, às tias, às irmãs, às namoradas,

a todas as mulheres com impacto nas nossas vidas.

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FIO EUGÉNIO CAMPOS

Para uma mulher sofisticada

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Para uma mulher exigente

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regada de memórias e emoções dos tempos da Belle Époque. Apele aos

sentidos femininos…

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ÁGUA DE COLÓNIA

Para uma mulher glamourosa

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES18

u m b e i j o u m s o r r i s ou m e l o g i ou m a b r a ç o a p e r t a d o

Page 19: Revista PORT.COM março 2015

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Doce ou amargo, o chocolate cai sempre bem. A ELLG gourmet criou uma gama de chocolates

artesanais que, certamente, vai ser a tentação de qualquer mulher.

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CHOCOLATES Para uma mulher doce

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HERB PACK Para uma mulher criativa

u m e l o g i o

Page 20: Revista PORT.COM março 2015

Nova nota de 20 euros entra em circulação no final do ano

Depois das recentes renovações das no-tas de cinco e dez euros, o Banco Central Europeu anunciou que a nova nota de 20 euros vai entrar em circulação a 25 de novembro. O combate a falsificações é o principal objetivo desta renovação. Segundo dados do Banco de Portugal (BdP), no primei-ro semestre de 2014, cerca de 86% das notas falsas apreendidas foram de 20 e 50 euros. A renovação continuará e seguir-se-ão as notas de 50, 100, 200 e 500 euros.

Carro de cestos da Madeira é dos transportes mais “cool” do mundo

O portal de viagens da CNN elegeu o carro de cestos do Monte, perto do Funchal, como um dos sete mais “fixes” meios de transporte do mundo. Estes cestos feitos com vimes e madeira, que são empurrados ladeira abaixo por dois homens vestidos de branco (os carrei-ros), são atualmente uma das imagens de marca turísticas da Madeira.

Padres portugueses são campeões da Europa

Portugal venceu o campeonato da Europa de futsal entre padres, a “Clerigus Cup”, que decorreu na Áustria, ao derrotar, na final, a seleção de padres polacos, por 1-0. O golo da vitória foi marcado pelo padre António Cunha, de Viana do Castelo. Até chegar ao título, os padres portugueses derrotaram a Eslová-quia, a Albânia e a Bielorrússia na fase de grupos, a Hungria nos quartos-de-final e a Croácia nas “meias”.

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Breves

Para mais desenvolvimentos sobre estas e outras notícias consulte www.revistaport.com

Saiba mais

Page 21: Revista PORT.COM março 2015

www.revistaport.com 21

A criação da PLA-TAFORMA vai ser oficializada, em Lisboa, nos dias 5 e 6 de março. Sem fins lucrativos, esta

associação assume-se como interlocu-tora dos órgãos de comunicação social portugueses no estrangeiro junto dos poderes públicos, nomeadamente das tutelas da comunicação social e das comunidades portuguesas no estran-geiro, com quem quer estabelecer acordos e protocolos de ação.

Durante a presença em Portugal, os fundadores da PLATAFORMA vão en-contrar-se com os deputados membros da “Comissão Parlamentar dos Negó-cios Estrangeiros” e da “Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação”. Um debate sobre “Quem são os órgãos de comunicação social portugueses no estrangeiro que nos permitem aceder ao mundo inteiro?” vai ter lugar a 6 de março, a partir das 9h30, na sala de conferências do Hotel da Estrela, com agentes comerciais, responsáveis de marketing, agências de meios, e respe-tivas associações.

Está ainda prevista uma reunião de trabalho com as direções dos princi-pais órgãos de comunicação social em Portugal, também no dia 6 de março, nos salões do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A reunião dos fundadores desta asso-ciação é possível graças ao patrocínio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e apoio da API, Associação Portuguesa de Imprensa e da empresa AJBB Network.

Em Portugal, a PLATAFORMA vai ter sede na Associação Portuguesa de Imprensa, em Lisboa.

Associação dos órgãos de comunicação social

portugueses no estrangeirooficializada em Lisboa

Os fundadores da PLATAFORMA deslocam-se a Portugal, representando órgãos de comunicação portugueses na África do Sul,

Bélgica, Brasil, Canadá, Estados Unidos, França, Luxemburgo, Macau, Reino Unido e Suíça.

Lista de Fundadores e Corpos Sociais:

Assembleia Geral:Presidente: José Rocha Dinis (“Tribuna de Macau” / Macau)

Secretário: Adelino Sá (“Gazeta Lusófona” / Suíça)

Secretária: Eliesa Florinda Schulte(“Portugal Post” / Alemanha)

DireçãoPresidente: Carlos Pereira

(“LusoJornal” / França e Bélgica)Vice Presidente: Paulina Arruda (“Rádio WJFD” / Estados Unidos)

Vice Presidente: Odair Sene (“Mundo Lusíada” / Brasil)

Vice Presidente: Conceição Ferreira (“TV Portuguesa Montreal” / Canadá)

Vice Presidente: Rogério Varela (“O Século” / África do Sul)

Secretário: Raul Reis (“Bom dia” / Luxemburgo)

Tesoureiro: João Noronha (“As Notícias” / Reino Unido)

Conselho FiscalPresidente: José Campinho

(“Decisão” / Luxemburgo)Secretário: Luís Pires

(“Luso Americano” / Estados Unidos)

Page 22: Revista PORT.COM março 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES22

GASTRONOMIA

VALPAÇOSCAPITAL DO FOLAR DA PÁSCOA

O folar salgado e com carne no interior tornou-se tão popular que várias padarias o produzem ao longo de todo o ano. Muitos emigrantes transmontanos costumam levá-lo na bagagem para

o estrangeiro. Os eventos que o promovem começam já este mês, com destaque para a Feira do Folar de Valpaços.

POR LUÍS CARLOS SOARES

Fotografias gentilmente cedidas pela Câmara Municipal de Valpaços

Muitos produtores caseiros recheiam o folar com carnes do porco que eles próprios criaram e mataram

Page 23: Revista PORT.COM março 2015

www.revistaport.com 23

A palavra folar tem diferen-tes significados ao longo do território português. Em muitas zonas do país veem-no como uma

espécie de pão doce, adornado com um ou mais ovos cozidos. A norte do Douro, sobretudo nos dois distritos transmon-tanos, folar é um produto de panificação salgado, cuja massa contém ovos, azeite, margarina ou banha, na qual são incor-poradas carnes de porco com diferentes características e formas, designada-mente carnes gordas salgadas e secas, e fumeiro, como salpicão, linguiça, pá e presunto.

Os apreciadores do produto são tantos, e tão divididos por diferentes geografias, que “já há padarias que fa-zem folar durante o ano inteiro e enviam centenas de encomendas para vários pontos do país e estrangeiro”, conta Cátia Mata, responsável de comunicação da Câmara Municipal de Valpaços.

Mas afinal, o que distingue o folar de Valpaços do de tantas outras localida-des transmontanas? A representante do município tem a resposta: “São os ingredientes ímpares do concelho, con-ferem-lhe um gosto marcado. As várias carnes que o integram fazem a diferen-ça, apresentando o sabor acentuado e consistência característica do fumeiro de Valpaços, decorrente da fumagem com lenhas da região e do uso da “sorça de vinho” para tempero de algumas carnes”, explica.

Para além da qualidade dos ingre-dientes regionais, atribui o mérito “às mulheres valpacenses que o vão produ-zindo com engenho e saber, em poucas ou grandes quantidades, para consumo próprio ou para comercializar”, acres-centa. “Antigamente, nas semanas que

antecediam a Páscoa, as mulheres dedi-cavam especial atenção à casa, limpan-do-a e pintando-a quando necessário, ao mesmo tempo que se organizavam para a confeção do folar”.

Antigamente apenas se comia folar na Páscoa, pois confecioná-lo era muito dispendioso para a maior parte das famí-lias. A popularidade que foi granjeando originou “a realização da Feira do Folar, sempre no fim de semana anterior à Páscoa, ou seja, no fim de semana de Ramos”. Segundo Cátia Mata, “são esperados mais de 70 mil visitantes” na edição deste ano, que é a 17ª. Os interes-sados em visitá-la devem deslocar-se ao Pavilhão Multiusos de Valpaços, entre os dias 27 e 29 de março.

Mostra de produtos do concelho

Durante os três dias, o folar é logica-mente o produto no qual recaem mais atenções, com a participação de mais de uma dezena de padarias do concelho de Valpaços, que comercializam o produto ao longo do ano, assim como de aproximada-mente 25 produtores de folar artesanal.

A Feira do Folar acaba por ser também a maior mostra anual de produtos do concelho, uma vez que são cerca de cem os expositores que participam. Para além do folar, também são apresentados e comercializados produtos como azei-te, vinho, fumeiro, mel, doçaria, frutos secos, bolo podre e pão variado.

A organização da feira conta voltar a receber mais de 70

mil visitantes

Outros produtos do concelho, como fumeiro, mel, doçaria e frutos secos, também são comercializados

Os canais de televisão portugueses costumam emitir imagens da feira

para todo o mundo

Page 24: Revista PORT.COM março 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES24

GASTRONOMIA

Paralelamente ao evento, decorrem ainda atividades desportivas como raid TT, noturno e diurno, passeio de BTT e corridas de trial. Os programas de ani-mação televisiva que costumam ir para o ar nas tardes de fim de semana nos principais canais portugueses, também procuram a Feira do Folar. No ano pas-sado, a RTP transmitiu-a em direto para todo o mundo, permitindo aos emigran-tes portugueses sentirem-se mais perto de Valpaços.

Emigrantes viajam com folar

Um dos emigrantes que teve essa oportunidade foi Vítor Iria, que desde que há cinco anos partiu para Angola para dar seguimento à carreira de engenheiro civil, nunca mais teve oportunidade de ir passar a Páscoa a casa dos pais, o que o levou a habi-tuar-se a outra forma de assinalar a festividade.

“Aqui a Páscoa calha na época mais quente do ano. Não há cruz para beijar, nem o padre vem trazer a boa nova às nossas casas. Aqui não costumamos, se-quer, ir à missa. O que fazemos é tentar petiscar algumas coisas que nos façam lembrar a nossa terra e os momentos outrora vividos. Eu costumo ir à praia e descansar das semanas difíceis de tra-balho que passaram e recuperar forças para as que se avizinham”, descreve o valpacense de 32 anos.

Da Feira do Folar guarda boas recor-dações: “Lembro-me dos variados expo-sitores, dos saborosos folares expostos, os quais divergiam na forma e nos condimentos, mas mantinham o sabor delicioso que os caracterizava. Recordo as atividades musicais e desportivas que se organizavam à volta da exposição, assim como me lembro de reencontrar diversos amigos que também, tal como eu, trabalhavam ou estudavam fora e se

“Dar o folar” por terras transmontanasPara os cristãos, a Páscoa é uma época especial e em Valpaços não é exceção. É nesta época que se “dá o folar”, que se hoje até pode ser consi-derado apenas mais um elemento de uma mesa típica transmontana, “há al-gum tempo era considerado um luxo”,

compara Cátia Mata.

“No dia de Páscoa, o padre e mem-bros da paróquia

levavam “O Senhor” de casa em casa, apresentando a bênção pascal aos seus paroquianos, que “tiravam o folar””, explica a representante da Câmara Municipal de Valpaços. “Para muitos, o folar era também o presente que os padrinhos e madrinhas davam aos seus afilhados na Páscoa, para quebrar o período de grande jejum”, acrescenta.

Atualmente, de tão enraizada, a expressão “dar o folar” já ganhou con-tornos metafóricos, sendo também utilizada para retratar o presente que o padrinho ou a madrinha dão ao afi-lhado, mesmo que este não seja o tão apreciado produto de panificação.

O emigrante Vítor Iria costuma levar folar de Valpaços para Angola

deslocavam à “terrinha” para participar nas festividades”, recorda.

Tal como em muitas casas do conce-lho, na da família Iria fazem-se folares caseiros, tradição que Vítor também não apaga: “Enquanto a minha avó foi viva, ela fazia-os naqueles fornos a lenha tra-dicionais, depois uns eram distribuídos pelos familiares e outros guardavam-se e degustavam-se ao longo do ano. Mais recentemente, fazem-se apenas em épocas festivas e em número muito mais reduzido. A minha mãe costuma fazer um ou dois para compor a mesa nas épocas festivas (Natal, Páscoa, festas da aldeia) e, claro, agora também os faz para eu trazer para Luanda”, conta o engenheiro.

Os folares que leva para Angola são partilhados “com quem nunca teve oportunidade de o saborear”. Os emigrantes valpacenses como Vítor Iria acabam por contribuir para a divulgação do tão apreciado produto, contribuindo para aumentar um slogan que ganha cada vez mais força: “Valpaços, capital do folar”.

Page 25: Revista PORT.COM março 2015

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Page 26: Revista PORT.COM março 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES26

CULTURA

OS ROSTOS

PORTUGUESES DA MODA

Modelos e estilistas nacionais recebem cada vez mais convites para participarem em eventos da moda internacional, o que já levou a que

vários destes acabassem por emigrar, como é o caso de Sara Sampaio. No mês em que Portugal volta a prestar atenção às passerelles da Moda Lisboa

(entre os dias 10 e 15), a Revista PORT.COM apresenta alguns dos portugueses que mais se têm destacado neste mundo.

Apesar de ainda não se ter chegado a meados de 2015, já se pode apontar Da-niela Hanganu como a grande revelação do ano na moda portuguesa. Filha de imigrantes moldavos, com os quais vive em Cascais desde os cinco anos, a mode-lo de 17 anos foi a segunda portuguesa a desfilar para a Chanel, o que aconteceu no final de janeiro. O momento teve lugar na Semana da Moda de Alta-Cos-tura de Paris, onde apresentou alguns dos modelos da coleção primavera-verão

2015 de uma das marcas mais conhecidas em todo o mundo.

Depois de ter sucedido a Susana Sabi-no, que nos anos 80 havia sido primeira portuguesa a ser chamada pela Chanel, Daniela Hanganu aponta a altos voos no sempre competitivo mundo da moda. Conciliar a carreira com os estudos, nos quais frequenta o 12º ano de escolari-dade, é que previsivelmente se tornará mais difícil.

Daniela HanganuEstuda no 12º ano, desfila para a Chanel

Filha de mol-davos, Daniela Hanganu vive

em Cascais desde os cinco

anos

Page 27: Revista PORT.COM março 2015

www.revistaport.com 27

Sara SampaioA primeira top

model portuguesa

Portugal sempre foi um país de mulheres bonitas, mas nunca tinha tido uma modelo a brilhar nas mais presti-giadas passerelles do mundo, até que apareceu Sara Sampaio. A portuense de 23 anos foi a primeira manequim nascida em Portugal a participar no desfile anual da Victoria’s Secret. Depois de em 2013 se ter estreado neste evento, para o qual apenas são convidadas as mais destacadas à escala global, repetiu presença no desfile do ano passado, o que comprova que a sua passagem pelo estrelato não é fugaz.

O início deste percurso de sucesso aconteceu em 2007, quando venceu a versão portuguesa do concurso Cabelos Pantene, com apenas 16 anos. Desde então, já foi capa de revista em várias publicações nacionais e internacionais (Vogue, Elle, Sports Illustrated, Marie Claire, GQ, Lui Magazine, entre outras) e emprestou a sua imagem a campanhas publicitárias de diversos tipos de pro-dutos, como a Calzedonia, Armani, Axe, Lanidor, Replay, Vodafone e a própria Victoria’s Secret.

A popularidade desta portuense emigrada nos Estados Unidos (em Nova Iorque, depois de já ter vivido em Lisboa, Londres e Paris) não pára de aumentar. Atualmente soma mais de 965 mil se-guidores no Instagram e mais de 675 mil no Facebook. Não estranhe se um dia destes se deparar com o rosto desta bela compatriota num quiosque em qualquer ponto do planeta, por mais longe que esteja de Portugal.

A carreira de Sara Sampaio já a levou a viver em Londres, Paris e agora

em Nova Iorque

Page 28: Revista PORT.COM março 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES28

CULTURA

Jonathan e Kevin Sampaio

Gémeos que nem a moda separou

Os irmãos Jonathan e Kevin Sam-paio são os modelos portugueses que atualmente granjeiam maior repercussão internacional na moda masculina. Nas-ceram em França há 28 anos, mas com cinco rumaram com os seus pais para Felgueiras, onde cresceram e estudaram, até que uma professora enviou uma foto-grafia de ambos para a agência portugue-sa Central Models.

Este foi o primeiro passo de duas carreiras que desenvolvem juntos ou em trabalhos a solo, o que permite que já te-

nham partilhado e dividido colaborações com marcas tão reputadas como Versace, Armani, Dolce Gabbana, D Squared2, Dior Homme, Bottega Veneta e Givenchy, entre outras. Tal como Sara Sampaio, com a qual não têm qualquer laço fami-liar, atualmente Jonathan e Kevin vivem em Nova Iorque.

Katty Xiomara

Vitamina luso-venezuelana

Parece pseudónimo, mas os dois pri-meiros nomes que aparecem nos cartões de identificação de uma das mais presti-giadas estilistas do panorama da moda portuguesa são mesmo Katty Xiomara.

As suas peças imaginativas e confortáveis têm causado impacto significativo além-fronteiras, particularmente nos Estados Unidos, quatro décadas após ter nascido em Caracas, a capital da Venezuela.

Quando veio viver pra Portugal já tinha 18 anos, com o ensino secundário completo e o castelhano como primeira língua. Os pais, ambos portugueses, foram viver para Águeda, mas Katty Xiomara assentou arraiais no Porto, onde começou a estudar moda e a ganhar os primeiros concursos na área.

Atualmente mantém o seu atelier na Invicta, de onde as suas ideias para rou-pas partem para países como Espanha, Kuwait e República Dominicana. Mas é mesmo nos Estados Unidos onde mais tem dado que falar, com a presença em várias feiras e desfiles deste país. A título de exemplo, foi a única portuguesa a participar na Semana de Moda de Nova Iorque, em fevereiro do ano passado.

O ano de 2015 também tem sido bas-tante ativo para a luso-venezuelana Katty Xiomara, que no mês passado viajou para Berlim para apresentar uma coleção es-pecialmente criada sob o lema das frutas

Irmãos Sampaio nasceram em França, cresceram em Felgueiras e agora vivem em Nova Iorque

Katty Xiomara

Page 29: Revista PORT.COM março 2015

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e dos legumes portugueses, num desfile à margem da Fruitlogistica, a maior feira do mundo ligada a estes produtos alimentares.

Filipe FaíscaDepois da solidariedade social,

de novo a Moda Lisboa

Filipe Faísca é um exemplo de estilistas portugueses que souberam usufruir do mediatismo que todos os anos é gerado em torno da Moda Lisboa, para se dar a conhecer no mundo da moda. A sua estreia no certame lisboeta aconteceu em 1991, um ano antes de inaugurar um atelier em nome próprio, que mantém até à atualidade na baixa da capital portu-guesa. Para além de repetir presença na Moda Lisboa, onde as suas criações con-tinuam a ser presença assídua e aguarda-da, Filipe Faísca tem-se empenhado na parceria com instituições de solidarieda-de social. Recentemente recebeu no seu atelier nove meninas com diagnóstico de cancro, que estão em tratamentos no IPO de Lisboa, com as quais desenvolveu um workshop relacionado com a criação de peças de moda.

Filipe Faísca

Page 30: Revista PORT.COM março 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES30

NEGÓCIOS

Quer ser uma empresa global, ter clientes e parceiros em todos os conti-nentes do mun-do, estar junto das comunida-

des de portugueses e procurar novos segmentos de mercado, aproveitando a sua flexibilidade e agilidade. É esta a ambição da Frijobel, uma empresa portuguesa que, em 2014, cresceu mais de 20% no seu volume de negócios, com um resultado de cerca de 10%, o que re-vela um ano de crescimento sustentável e “extraordinariamente produtivo”.

“Mais do que a venda de pescado e outros produtos alimentares con-gelados, queremos vender soluções e serviços que reduzam custos e maxi-mizem a qualidade, com continuidade

e consistência”, explica Paulo Júlio, diretor geral da Frijobel.

Dos dez maiores clientes da Frijobel, seis são clientes de exportação. As ex-portações da empresa cresceram cerca de 25%, atingindo um valor absoluto aproximado de 3,5 milhões de euros, numa base de clientes sobretudo assen-te no território europeu, desde França, Suíça, Alemanha, Bélgica, Croácia, Luxemburgo, Malta, entre outros. Para

além destes, os PALOP, sobretudo Angola e Cabo Verde, complementam os principais países de destino das exportações, até ao momento. “Não temos dúvidas que este segmento de mercado de exportações é um dos que mais crescerá durante o ano de 2015, uma vez que existe um objetivo estra-tégico para o quadriénio 2015-2018, de triplicar o valor das exportações, dando seguimento ao trabalho que está a ser desenvolvido”.

Aposta em produtos diferenciadores

Para além do pescado transformado, do marisco e dos produtos de valor acrescentado (pastéis de bacalhau, ris-sóis de camarão, de carne, de pescada, de salmão, croquetes, pataniscas de bacalhau, etc.), provenientes de bases industriais, a Frijobel complementa

FRIJOBEL PROMOVE A QUALIDADE

DO PESCADO PORTUGUÊS PELO MUNDO

Começou em Penela, mas os seus produtos já estão um pouco por todo o mundo. A Frijobel é, hoje, uma das

maiores empresas de produtos congelados do país.

POR MÁRCIA DE OLIVEIRA

Da fábrica de Penela exportam-se sabores portu-gueses para todo o mundo

Page 31: Revista PORT.COM março 2015

www.revistaport.com 31

a sua gama de comércio de produtos congelados com a gama de vegetais e de batata pré-frita, resultado de parce-rias comerciais fortes e consistentes. Segundo Paulo Júlio, a diferenciação da empresa “está no seu serviço de logísti-ca, na capacidade de abarcar uma larga gama de referências, permitindo, por exemplo, na exportação, a organização de contentores mistos de várias refe-rências a preços muito competitivos”.

No que concerne a produtos, há uma preocupação por observar hábitos alimentares locais. “Recentemente, lançámos uma novidade nos produ-tos de valor acrescentado, o rissol de salmão, que resultou exatamente dessa perceção de alguns consumos, o que acaba também por ser um fator diferen-ciador de atuação nos mercados onde estamos presentes”, realça o diretor geral da Frjobel.

Da Europa para o mundo

A empresa está a desenvolver uma prospeção global de novos mercados desde 2013, identificando alguns des-tinos de exportação e eventualmente internacionalização de atividade, como sejam Hong Kong, Rússia, Países do Golfo Árabe, Angola, Itália, Estados Unidos, Canadá e Norte de África.

“Como qualquer trabalho de prospe-ção de novos mercados e internaciona-lização, temos consciência do tempo necessário para consolidar este tipo de mercados com uma matriz social e cultural diferente da europeia, embora considerando o atual estádio de desen-volvimento da ação comercial, possa-mos, hoje, afirmar que o ano de 2015, será já um ano com alguns resultados muito interessantes em várias destas geografias”, conclui Paulo Júlio.

“O TEMPO, A PACIÊNCIA E A PERSISTÊNCIA SÃO A ALMA DO NEGÓCIO PARA QUEM QUER CONQUISTAR NOVOS MERCADOS FORA DA EUROPA” PAULO JÚLIO

Paulo Júlio, diretor geral da Frijobel

Por forma a garantir a qualidade dos seus produtos, a Froijobel mantém uma política de relação de proximidade com os seus fornecedores

Page 32: Revista PORT.COM março 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES32

DESPORTO

Adrien Silva, Anthony Lopes, Raphaël Guerreiro e Cédric Soares são nomes que fizeram parte das últi-mas convocatórias da sele-

ção portuguesa de futebol. Tal como a conjugação de nomes estrangeiros com apelidos portugueses ajuda a decifrar, todos eles são filhos de emigrantes. Todos eles começaram a ser convoca-dos recentemente, representando uma vaga de lusodescendentes na seleção de Portugal.

França é o país estrangeiro onde nascem mais futebolistas profissionais de ascendência portuguesa. Dos exem-plos já referidos, apenas Cédric Soares nasceu noutro país, na Alemanha. Adrien Silva, um dos jogadores mais idolatrados pelos adeptos do Sporting, nasceu em Angoulême, no oeste do território francês. Já Anthony Lopes,

guarda-redes titular do Olympique de Lyon e suplente de Rui Patrício na se-leção portuguesa, é natural de Givors, nos arredores da cidade do seu atual e

clube de sempre. Destes três futebolis-tas luso-franceses, Raphaël Guerreiro é o que atua no clube menos sonante, no Lorient (que luta para não descer do principal escalão do futebol francês), mas também é o que mais depressa deu que falar pelas atuações ao serviço da seleção portuguesa, pela qual se estreou em novembro do ano passado,

A VAGA DE LUSODESCENDENTES

DA SELEÇÃO DE PORTUGALNão há memória de tantos futebolistas de nome estrangeiro e apelido português na “Equipa de todos

nós”, como acontece na atualidade. O principal clã é composto por jogadores nascidos em França. Mas também há os que optam por outra camisola...

POR LUÍS CARLOS SOARES

Stéphane Madeira tem conhecido Portugal nas viagens que faz como futebolista

FRANÇA É O PAÍS ESTRANGEIRO ONDE NASCEM MAIS FUTEBOLISTAS PROFISSIONAIS DE ASCENDÊNCIA PORTUGUESA

Page 33: Revista PORT.COM março 2015

www.revistaport.com 33

inviabilizando uma possível chamada à congénere francesa.

Poucos dias após ter sido titular na vitória contra a Arménia (1-0, golo de Cristiano Ronaldo), saltou do banco na segunda parte do aceso amigável con-tra a Argentina, para marcar o único golo do jogo já após o minuto 90. Quem nesse momento o viu a ser abraçado pe-la generalidade dos colegas, dificilmen-te imaginaria que durante o estágio que antecipou os dois jogos, se refugiou na companhia de Adrien Silva e do agora dirigente Pedro Pauleta, como confes-saria em entrevista ao site do Lorient, por ambos falarem francês.

O jovem futebolista natural de Le Blanc-Mesnil, a norte de Paris, tem muito mais habilidade com a bola nos pés do que a falar ou até compreender a língua portuguesa.

Preferência pela seleção francesa

Para além de futebolistas luso-fran-ceses que representam a seleção portu-guesa, também há quem tenha acabado por jogar pelo conjunto gaulês. Se o exemplo mais conhecido é o já retirado Robert Pires, que se sagrou campeão do mundo (1998) e da Europa (2000) pela França, o mais recente é o de Kevin Gameiro, nascido e criado nos arredo-res de Paris, descendente de portugue-ses por parte do avô paterno. Quando tinha 22 anos, em 2010, terá rejeitado um convite de Carlos Queiroz, para poucos meses depois aceitar um outro de Laurent Blanc. Ou seja, preferiu vestir o azul francês do que o vermelho português.

Quando a imprensa portuguesa quis saber o que motivava esta escolha, Ga-

meiro alegou que nunca tinha visitado Portugal e nem sabia falar Português. Curiosamente, também dava nas vistas no modesto Lorient, pelo qual foi duas vezes o segundo melhor marcador do campeonato francês. Atualmente tem

Raphael Guerreiro mergulha para o golo com que derrotou a Argentina,

no segundo jogo pela seleção principal

Anthony Lopes ainda não soma internacionalizações AA, mas tem sido presença assídua nas convocatórias portuguesas

Page 34: Revista PORT.COM março 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES34

DESPORTO

27 anos e representa os espanhóis do Sevilha, mas desde novembro de 2011 que não é chamado à seleção bleu, pela qual somou apenas dois jogos oficiais.

Uma questão de oportunidade

Não há uma regra que permita an-tecipar as escolhas de cada futebolista selecionável por mais do que um país. Para Stéphane Madeira, futebolista luso-francês que representa o Despor-tivo de Chaves, acaba por ser, acima de tudo, uma questão de oportunidade: “Acredito que a maior parte, tal como eu, torça pelas duas seleções, pelo que aproveitam logo a primeira oportuni-dade que tenham para jogar por uma delas”, explica.

Quando militava nos escalões de formação, chegou a ser chamado às sele-ções jovens francesas. Nasceu em Paris e vive em Portugal apenas desde 2013, quando foi contratado pelo Moreiren-se. Até então, o contacto com o nosso país era sobretudo nas férias do verão, onde juntamente com os pais rumava à pequena aldeia Vale de Vila, no concelho de São João da Pesqueira. Mas se fosse Portugal a convocá-lo, reforçando a vaga de lusodescendentes, não esconde que “também vinha sem pensar duas vezes”.

Antes das primeiras chamadas de Adrien Silva, Anthony Lopes, Ra-phaël Guerreiro e Cédric Soares, o luso-venezuelano Danny já somava dezenas de internacionalizações de quinas ao peito. Cada caso é um caso, mas a regra é que os filhos de emigrantes portu-gueses mantêm uma grande estima e consideração por Portugal. O futebol é só mais um exemplo, com expressão máxima na seleção.

A Revista PORT.COM escalonou uma equipa de futebol composta exclusivamente por futebolistas nascidos no

estrangeiro com ascendência portuguesa

Onze de lusodescendentes

Anthony Lopes

Manuel da Costa

Laurent dos Santos

Kevin Gameiro

Yannick Ferreira-Carrasco Danny

Cédric Barbosa Adrien Silva

Damien da Silva

Cédric SoaresRaphael Guerreiro

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Ultimamente têm corrido rios de tinta na imprensa portuguesa a augurar um longo e auspicioso percurso de Tobias Figueiredo na seleção portuguesa. A generalidade dos adeptos de fute-bol já têm opinião formada sobre o talento do futebolista de 21 anos que é titular no Sporting, mas poucos sabem que por pouco não pôde escolher en-tre representar a seleção de Portugal ou da Alemanha.

Afinal, Tobias é irmão de Cristiano, guarda-redes da Académica de Coim-bra que nasceu em Munique, há 24 anos. “Os meus pais decidiram regres-sar a Portugal pouco antes do Tobias nascer”, conta Cristiano. “Eu não me lembro, mas pelos vistos já sabia falar muito bem alemão, só que com os tempos fui-me esquecendo”, revela o guardião, que ainda assim cresceu a fixar-se no alemão Oliver Kahn como grande referência e modelo inspira-dor.

Depois de ter representado as sele-ções jovens de Portugal, de ter tido uma aventura no futebol internacional, ao serviço dos espanhóis do Valência, e de se ter estreado no principal es-calão do futebol português, Cristiano sonha em ser colega de equipa do ir-mão: “Nem precisa de ser da seleção”, descreve. Mas a ser, só pode ser com a camisola de Portugal.

Só há uma seleção que Cristiano pode partilhar com Tobias Figueiredo

Nascido na Alemanha, Cristiano é guarda-redes da Académica

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES36

DISCURSO DIRETO

Eu e o meu companheiro che-gámos a Guadalupe há apenas quatro meses, mas temos vivido esta experiência de uma forma muito intensa, pelo que

podemos dizer que já temos muito para contar, tanto do ponto de vista profissio-nal como da aventura de viver numa ilha das Caraíbas.

Trabalho como fisioterapeuta num centro de reeducação em Base-Terre e está a ser bastante interessante. Em Guadalupe não existem universidades com curso de fisioterapia, pelo que somos muito bem recebidos pelos nossos queri-dos pacientes. Mesmo estando doentes, oferecem-nos todos os dias as suas alegrias, gargalhadas e boa disposição. Costumo dizer-lhes que são “vendedores de sorrisos”. A alegria de viver, a vontade de festejar e a entreajuda das pessoas, algo que atualmente é difícil de encontrar na Europa, aqui encontro todos os dias!

A magia de nadar com tartarugas gigantes

No que toca à ilha, oferece-nos lindís-simas paisagens e uma exótica ligação entre o mar e a montanha, inclusivamen-te com um vulcão ativo, chamado La Sou-frière. Tem ainda lindíssimas praias de

areia branca e águas transparentes, com uma vasta quantidade de peixes e corais a colorir o fundo dos mares. Mergulhar neste mar é extraordinário, parece que estamos num aquário. Não sei como des-crever o quanto é mágico nadar com uma ou mais tartarugas gigantes. Brevemente será a época de acasalamento das baleias, estou mortinha para ouvir o canto delas.

A gastronomia é também uma grande surpresa, com uma incrível diversidade de cores e de sabores, graças a uma mis-tura de influências francesas, crioulas e indianas. Adoro ir ao mercado por cá. Todos os frutos e legumes são de origem biológica, e os próprios comerciantes têm todo o prazer em me explicar como devo confecionar os seus produtos.

Mas nem tudo é bom, e no meio de tanta riqueza natural, e talvez por ter vindo de um país onde a limpeza e a organização são exemplares (Suíça), incomoda-me a falta de bom senso, de contentores de lixo e de reciclagem neste paraíso verde.

Emigrar fez-me muito bem

Sair de Portugal não foi fácil, mas creio que me fez bem. Quando lá mora-mos, raramente olhamos para ele. É por

isso que eu repito, fez-me muito bem. Hoje amo ainda mais o meu país. Olho-o com outras cores, sinto-o de uma forma diferente. Como é lindo o nosso país. A nossa cultura, as nossas tradições, a nossa gastronomia. As nossas gentes. Como considero que estou ainda a cres-cer, digo que quando for grande, volto. Para já, estou a viver os meus sonhos e a ser muito feliz!

Carla Gil tem 27 anos, é natural de Ribeira de Pena e licenciada em Fisioterapia. Depois de ter trabalhado três anos na Suíça, rumou às Caraíbas, para Guadalupe.

GUADALUPELINDÍSSIMAS PAISAGENS E VENDEDORES DE SORRISOS

Carla Gil, na foto, a primeira a contar da esquerda, na fila de baixo

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DOSSIÊ ESPECIAL: ALQUEVA

ALQUEVA

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O MILAGRE DA AGRICULTURA E DO TURISMO

TEXTOS DE LUÍS CARLOS SOARES

Os terrenos que juntaram a água do maior lago artificial da Europa ao sol alentejano, apresentam níveis de produtividade agrícola muito superiores aos do resto do mundo. Azeitona, milho, cebola e até papoila branca

são algumas das várias culturas que têm registado uma evolução surpreendente. Tudo isto atrai investimento nacional e internacional para a região, para além de

diminuir as importações e aumentar o emprego. À imagem do presente, o futuro prevê-se bastante produtivo.

ALQUEVA

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DOSSIÊ ESPECIAL: ALQUEVA

Depois de 19 anos de obras e 13 desde o início do en-chimento, a construção da albufeira do Alqueva chega este ano ao fim. No total, foram inves-

tidos mais de 2 mil milhões de euros no projeto, mas os resultados são mais do que positivos. Alqueva está a bater recordes mundiais de produtividade por hectare, pelo menos em oito categorias de produtos. Milho, beterraba, tomate, azeitona, melão, uva de mesa, brócolo e

luzerna rendem, em certos casos, três vezes mais que no resto do mundo, em termos médios, se forem produzidos na região alentejana que operou um autêntico milagre da multiplicação na agricultura nacional.

Um dos principais exemplos deste “milagre” está bem presente na pro-dução de milho, praticamente inexis-tente em território alentejano antes da construção da barragem que originou o maior lago artificial da Europa. Outrora

produzido sobretudo na lezíria ribate-jana, a substituição da agricultura de sequeiro pela agricultura de regadio no Alqueva fez com que os principais produtores portugueses deste cereal descessem até ao Alentejo.

A área de milho cultivado na zona do Alqueva quase que triplicou entre 2011 e 2013, dos 2700 hectares para os 6882. O que também quase triplicou foi a produtividade agrícola deste cereal por hectare na região (14 toneladas de

ALQUEVA, O MILAGRE DA AGRICULTURA

Foto

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milho/hectare), comparativamente com a média mundial (5,5 toneladas).

O exemplo do milho encontra reper-cussão no tomate ou na uva de mesa, com o Alqueva também a triplicar os valores médios mundiais: 100 toneladas de tomate no Alqueva contra 33,6 tone-ladas no resto do mundo, 30 toneladas de uva de mesa em comparação com 9,6 toneladas a nível global.

Estes valores foram recentemente obtidos pelo jornal Expresso, após cruzar dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) com a informação da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva), que gere o regadio de Alqueva.

A Revista PORT.COM contactou o presidente da EDIA, José Pedro Salema, que não se mostrou nada surpreendido com estes valores: “A região de Alqueva, por ser “virgem” no que à agricultura de regadio diz respeito, tem a capacidade de oferecer solos de altíssima qualidade. Esta qualidade, associada ao clima, uma das regiões que maior número de horas de sol tem por ano, e à garantia de água, criou condições únicas para a agricul-tura”.

Existe ainda uma outra grande vanta-gem comparativa. Comparando com ou-tras zonas do país, Alqueva permite ter produtos nos mercados abastecedores duas a três semanas antes de toda a con-corrência. E se a comparação for feita com outros países europeus, a vantagem aumenta à medida que se caminha para norte. De Espanha para cima, muitos dos produtos são obtidos em estufas, com climatização artificial, ou seja, com custos energéticos acrescidos conside-

rados avultadíssimos, o que acaba por se refletir no preço final ao consumidor.

Todos estes fatores levam José Pedro Salema a reforçar que, “aqui não há surpresas”. Para o presidente da EDIA, “o que há é uma garantia de água que permite potenciar uma agricultura que hoje aposta na eficiência e na diversifi-cação cultural”, justifica.

A outra Autoeuropa

A diversidade de culturas é outro dos motivos que fazem com que a fama de Alqueva ultrapasse há muito fronteiras, motivando investimentos de diversas nacionalidades, desde a África do Sul a Marrocos, passando pela França, Itália e Escócia. Perante o interesse externo, Paulo Portas classificou, em meados do ano passado, o Alqueva como "a Autoeu-ropa da agricultura", que pode transfor-mar a região de forma extraordinária.

O governante referiu que um em cada quatro investidores estrangeiros que procuram Portugal vai para a zona. "Os investidores estrangeiros procuram a região do Alqueva, procuram terras boas

para produzir, transformar e exportar e isso, muitas vezes, em parceria com empresas nacionais e dando trabalho a agricultores portugueses", frisou.

O vice-primeiro-ministro lembrou também que "a agricultura representa 20% das exportações portuguesas”. Segundo dados do governo, nos últimos três anos, Portugal abriu mais de 70 mercados para mais de 120 produtos novos que podem ser exportados para o estrangeiro. O Alqueva é, inequivo-camente, a região portuguesa que mais contribui para esta abertura de portas.

Recentemente, numa feira agrícola em Don Benito, na Extremadura espanhola, a EDIA foi abordada por um banco do país vizinho pedindo informações sobre as disponibilidades de terra na área do regadio, com o objetivo de aconselhar clientes seus a investir no Alqueva.

“EM QUATRO ANOS APENAS, PORTUGAL PASSOU DE DEFICITÁRIO EM AZEITE, PARA A AUTOSSUFICIÊNCIA, FACTO QUE ESTÁ DIRETAMENTE LIGADO A ALQUEVA”

José Pedro Salema, presidente da EDIA

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES42

DOSSIÊ ESPECIAL: ALQUEVA

De resto, a vizinha Espanha lidera claramente entre os vários países que estão a investir no Alentejo, através de empresas como a Vegenat, responsá-vel pela produção de cebola que sai do Alqueva para os cerca de 150 estabe-lecimentos McDonald’s em território português (ler pág. 46).

As empresas portuguesas não estão menos atentas, com apostas no Alqueva que alavancam a economia nacional, através da redução de balança de importações e a criação de postos de trabalho. O caso específico da azeitona, a cultura que mais cresceu na região, “é o mais notável”, aponta José Pedro Salema.

A Sovena plantou mais de 10 000 hectares de olival no Alentejo, o maior olival do mundo, com destaque para os 3 400 hectares da Herdade do Marmelo, em Ferreira do Alentejo. “Em quatro anos apenas, Portugal passou de defici-tário em azeite, para a autossuficiência, facto que está diretamente ligado a Al-queva”, classifica o presidente da EDIA.

Oportunidades continuam elevadas

Como o Alqueva há muito que não é um segredo para os agentes do setor da agricultura, tanto portugueses como estrangeiros, as perguntas que se impõem variam entre o que ainda está por explorar e o que resta para evoluir. José Pedro Salema revela que, “neste momento, Alqueva dispõe de 73 mil hectares de regadios concluídos e den-tro de poucos meses terá mais 15 mil, ou seja, 88 mil hectares disponíveis”. O projeto estará concluído na campanha de rega de 2016, quando o Alqueva terá 120 mil hectares.

Para o gestor, “as oportunidades para investir no espaço servido por Alqueva ainda são muito elevadas, mas com o avanço da infraestruturação e conse-quente adesão ao regadio, essas opor-tunidades irão escassear”. A adesão ao regadio em Alqueva atinge atualmente a barreira dos 65%, “o que quer dizer que, a subir como tem estado a subir, dentro de poucos anos a taxa de utilização da área regada irá atingir o máximo possível”.

A variedade de culturas já é vasta, mas ainda tem por onde crescer, particu-larmente nas frutícolas, como pera, ameixa e romã, e nas culturas destinadas a fins medicinais, como a papoila para produção de ópio, que também já ocupam espaço considerável.

Todos os investidores são bem-vin-dos no Alqueva e “a EDIA está sempre disponível para ajudar a encontrar a melhor forma de o fazer nos setores agrícola e agroindustrial”. A porta para os emigrantes que desejem voltar a Por-tugal continua bem aberta. O milagre da agricultura decorre a todo o vapor, ou melhor… a toda a água.

O MILAGRE DA AGRICULTURA DECORRE A TODO O VAPOR, OU MELHOR… A TODA A ÁGUA

Foto

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A região “regada” pelo lago emprestou à agricultura portuguesa caracterís-ticas únicas no Velho Continente. Apesar dos

recentes anos difíceis para a economia nacional, e com os agricultores portu-gueses a terem dificuldades no acesso ao crédito, os principais representantes do setor consideram que Portugal tem sabi-do aproveitar as virtudes do Alqueva.

Novas culturas passaram a ser culti-vadas, aumentou a produção, a rentabi-lidade, o emprego e as exportações. A Confederação dos Agricultores Portu-gueses, enquanto entidade representa-tiva das associações agrícolas nacionais, saúda o desenvolvimento de que foi alvo esta região alentejana, tal como o Secre-tário-Geral Luís Mira conta à Revista PORT.COM.

Ultimamente tem sido noticiado que as terras regadas por Alqueva es-tão a registar colheitas recorde a nível mundial em vários tipos de produtos. Esta informação surpreendeu a CAP ou é uma percepção bem conhecida do setor agrícola nacional?

Luís Mira (L.M.): A realidade do Alqueva é por nós conhecida, como é

normal. Trata-se de um projeto cuja evolução os agricultores têm vindo a acompanhar ao longo dos anos. Os au-mentos de produtividade têm sobretudo a ver com a conjugação de fatores que foi possível alcançar a partir do momento em que as terras daquela região passaram a ser irrigadas a partir da barragem do Alqueva – nomeadamente o sol e as tem-peraturas que se registam naquela zona do país, aliadas à disponibilidade de água.

Como tem sido a adaptação dos produtores da região, anteriormente mais habituados a agricultura de sequeiro, a uma nova forma de produ-ção, a agricultura de regadio?

L.M.: A adaptação tem vindo a verifi-car-se progressivamente, quer pela via das inovações tecnológicas, particular-mente ligadas ao regadio, quer através de novos investimentos em culturas

“ALQUEVA É UMA OBRA GRANDIOSA E SINGULAR QUE DEVE ORGULHAR OS PORTUGUESES”Entrevista a Luís Mira, Secretário-Geral da CAP - Confederação dos Agricultores Portugueses

A CAP é a entidade representativa das associações agrícolas nacionais

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DOSSIÊ ESPECIAL: ALQUEVA

existentes e em implantação de novas culturas, quer por meio de arrendamen-tos ou através da aquisição de terras. É possível observar que a agricultura da região tem vindo a adaptar-se às novas circunstâncias e oportunidades, sendo o olival de regadio um exemplo que se poderá assinalar.

Para além da azeitona desses olivais, o milho, o tomate, as uvas de mesa e o melão são alguns dos produtos nos quais os resultados obtidos são considerados mais sur-preendentes…

L.M.: Os aumentos de produtividade em culturas já existentes são de facto surpreendentes, uma vez que durante muito tempo as circunstâncias foram outras e que quem mantém o mesmo tipo de produção e de cultura tem agora a oportunidade de ver resultados dife-rentes. Mas esta nova realidade é tam-bém surpreendente pela introdução de culturas, como a horto-fruticultura e o olival. A própria alteração da paisagem e das contingências climáticas locais tornam-se surpreendentes para quem compara a fase pré e pró Alqueva.

Muitas oportunidades de investimento

Vários países estrangeiros e em-presas multinacionais estão a inves-tir na produção agrícola no Alqueva. Na opinião da CAP, o setor agrícola português tem sabido aproveitar as virtudes da região?

L.M.: Sim, tem vindo a aproveitar, na medida do possível. Terá também cer-tamente ainda muito para aproveitar, uma vez que, não podemos esquecer, só agora é que a obra do Alqueva está ver-

dadeiramente em conclusão, podendo ainda ser expandida de acordo com as infraestruturas de regadio em imple-mentação ou ainda a implementar. Com efeito, os agricultores têm vindo a investir na região do Alqueva, apesar das dificuldades de acesso ao crédito que temos vindo a atravessar.

Ainda há muito por onde o setor agrícola nacional possa investir no Alqueva?

L.M.: Certamente que haverá ainda muitas oportunidades de investimento, tendo em conta a disponibilidade de água e o respetivo potencial de rega em termos de área. No entanto, há que notar que a quantidade de água estimada no projeto de Alqueva não au-mentará no futuro. A diferença estará na eficiência da rega e das tecnologias que permitam regar mais área com a mesma quantidade de água.

Aconselha os emigrantes portu-gueses que desejem regressar ao país de origem, a investirem no Alqueva?

L.M.: Se tiverem como opção investir no setor agrícola, a região do Alqueva será uma das mais favoráveis para o efeito.

Resumindo e concluindo, o Alque-va é uma região da qual os emigran-tes portugueses se devem orgulhar?

L.M.: De facto, o Alqueva veio trans-formar completamente uma região deprimida e condicionada pela falta de água. É uma obra grandiosa e singular no contexto europeu que, sem dúvida, deve orgulhar tanto os portugueses re-sidentes no território nacional quanto aqueles que habitam no exterior.

“OS AUMENTOS DE PRODUTIVIDADE EM CULTURAS JÁ EXISTENTES SÃO DE FACTO SURPREENDENTES, ASSIM COMO A PRÓPRIA ALTERAÇÃO DA PAISAGEM E DAS CONTINGÊNCIAS CLIMÁTICAS LOCAIS”LUÍS MIRA

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Não faltam exemplos de empresas portuguesas e estrangeiras que têm aproveitado a produtividade agrícola do Alqueva para venderem nas mais varia-das latitudes e longitudes. Dos brócolos da Monliz à cebola da Vegenat, há todo um cabaz de frutos e produtos viajados.

Brócolos chegam aos países mais distantes

A Monliz está sediada em Alcobaça e pertence a duas multinacionais belgas com fábricas um pouco por toda a Euro-pa, mas é no Alqueva que produz e colhe

COLHIDOS NO ALQUEVA, VENDIDOS POR TODO O MUNDO

os brócolos que viajam maioritaria-mente para os países do centro e norte da Europa, da Áustria à Alemanha, da Dinamarca à Noruega. As exportações por parte desta empresa de produção de vegetais ultracongelados crescem de ano e ano, chegando inclusivamente a levar os brócolos ultracongelados aos países geograficamente mais distantes de Portugal, ou seja, a Austrália e a Nova Zelândia.

Atualmente, “os mercados de expor-tação têm um peso de 90%”, indica o diretor de marketing da Monliz, Tiago Santos, à Revista PORT.COM. O res-

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DOSSIÊ ESPECIAL: ALQUEVA

ponsável aponta ainda 2015 como “um ano no qual se pretende atingir marcas muito importantes e significativas, prevendo-se um aumento de 300% na produção, comparativamente com 2014”.

A presença da Monliz no Alqueva tem apenas três anos, mas “após um início cauteloso”, já conta com 300 hecta-res nesta região alentejana, dos quais aproximadamente 200 se destinam à produção de brócolos.

Cebola para os estabelecimentos McDonald’s

A cebola picada usada na condimenta-ção dos hambúrgueres da McDonald’s é portuguesa, concretamente do Alqueva. Cultivada por produtores nacionais, é transformada em Espanha pela Vegenat, podendo ser saboreada nos cerca de 150 estabelecimentos da cadeia de fast food em território português.

A Vegenat é uma empresa com sede na cidade espanhola de Badajoz, e que trabalha com várias quintas, agriculto-res e produtores em Portugal. Em 2012, comprou 3 800 toneladas de cebola

portuguesa, quantidade que para além de abastecer a 100% os restaurantes McDonald’s em Portugal, permite exportar a restante para os estabeleci-mentos noutros mercados europeus.

O maior olival do mundo

Portugal voltou a ser autossuficien-te em termos de produção de azeite em 2013, o que não acontecia desde o início da década de 1960, feito para o qual em muito contribuiu a Sovena. O grupo que integra a marca Oliveira da Serra conta com mais de 10 milhões de oliveiras, espalhadas por mais de 10 mil hectares, o que permite a esta empresa portuguesa dizer que tem “o maior olival do mundo”, distribuído por 57 herdades e quintas que, na campanha 2014/2015, produziram 51 mil toneladas de azeitona.

O maior destes polos é regado pelo Alqueva e está situado em Ferreira do Alentejo, com aproximadamente 3 400 hectares. Na Herdade do Marmelo cabe ainda um lagar de autor, desenhado pelo arquiteto português Ricardo Bak Gordon, que permite visitas ao público, nas quais são explicadas todas as fases de produção dos azeites da empresa.

A Sovena exporta o azeite Oliveira da Serra para diversos países do “mercado

PORTUGAL VOLTOU A SER AUTOSSUFICIENTE EM TERMOS DE PRODUÇÃO DE AZEITE

O maior olival do mundo: 10 milhões de oliveiras em pleno Alentejo

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da saudade”, como França, Suíça e Lu-xemburgo. No Brasil, a marca Andori-nha é a aposta preferencial da empresa.

Reduzir a importação de colza para óleos alimentares

Para além da aposta em olival, a Sovena vai começar a semear colza nos terrenos regados pelo Alqueva. Esta planta da família da couve produz uma vagem dentro da qual se forma grão com um elevado teor oleico. O objetivo da empresa portuguesa é ter no Alqueva fornecedores de colza em quantidade suficiente para a produção de óleos alimentares sem ter de estar tão dependente das importações.

Açúcar português novamente da beterraba

As características únicas do Alqueva permitem que a DAI (Sociedade de De-senvolvimento Agro-Industrial) tenha anunciado, no final do ano passado, que vai investir em 12 mil hectares de beterraba sacarina. A empresa portu-guesa, com sede em Coruche, encon-trou no Alqueva boas condições para

EM MÉDIA, CULTURAS PRODUZIDAS NA REGIÃO ALENTEJANA RENDEM TRÊS VEZES MAIS QUE NO RESTO DO MUNDO

voltar a cultivar grandes áreas deste tipo de beterraba, a única que dá para produzir açúcar.

Os 12 mil hectares de terreno permi-tem, previsivelmente, a produção de um milhão de beterrabas sacarinas, o que se traduz em 120 a 150 mil tonela-das de açúcar, cerca de metade das 250 mil toneladas que saem anualmente da fábrica da DAI, para abastecer a marca Rio Bravo ou as marcas próprias do Continente e da Auchan.

A DAI tinha deixado de apostar nesta prática porque, em 2008, a Comis-são Europeia reduziu para menos de metade a quota nacional de produção de açúcar a partir de beterraba, o que obrigou à importação de cana-de-açú-car. O aumento das quotas de produ-ção já foi anunciado pelas entidades governamentais, embora ainda não seja conhecido para que valores.

A economia nacional fica a ganhar com esta aposta da DAI no Alqueva, devido à consequente redução de im-portações e ao aumento do número de postos de trabalho.

Papoila branca para fins medicinais

A cultura da papoila para pro-dução de ópio destinado a

fins medicinais é outras das culturas mais promissoras para o Alqueva. Já ocupa quase 1000 hectares e avança rapidamente para o dobro desse valor, devido à chegada ao Alentejo do maior produtor mundial de ópio, a TPI. Antes desta empresa australiana, já a escocesa Macfarland Smith havia dado início à plantação da papoila branca no Alentejo, em 2012.

Apesar deste tipo de plantação ser inédito na região, os resultados têm sido positivos. A média de ópio recolhido, em Inglaterra, é de 9% por tonelada, mas houve explorações em Serpa e Quintos, entre Serpa e Beja, onde a percentagem de ópio já superou os 20%.

Beterraba sacarina

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DOSSIÊ ESPECIAL: ALQUEVA

Nem só de agricultura vive o Alqueva. Outro setor de atividade profissional que tem crescido a olhos vistos é o turismo, o que,

de resto, é uma realidade comum a todo o Alentejo, recentemente considerado um dos 50 lugares do mundo a visitar em 2015, pelo jornal New York Times.

Não faltam atrativos turísticos, para os diversos escalões etários e sensibi-lidades. O Museu da Luz retrata a cul-tura social da região, particularmente da aldeia que ficou submersa pelo Alqueva, para ser reconstruída numa nova localização. O Parque Noudar é o epicentro dos atrativos naturais da

região, com destaque para flora e fauna que a distingue. A enogastronomia alentejana é honrada em localidades como Reguengos de Monsaraz ou Juromenha.

A abertura de um novo hotel de cinco estrelas, com projeto da autoria do ar-quiteto Eduardo Souto Moura (um dos dois portugueses que já venceram um Pritzker), está prevista para o final do ano. A possibilidade de serem conces-sionadas algumas das 426 ilhas existen-tes na albufeira do Alqueva começa a ser equacionada.

No meio de tudo isto, a Revista PORT.COM apresenta e recomenda

três atividades disponíveis aos visitan-tes deste destino turístico recente e cada vez mais atrativo.

Navegar e pernoitar em barcos casa

As águas calmas do Grande Lago tanto podem ser navegadas, como ser o local onde pernoitam os turistas que se desloquem para o Alqueva à procura de aventura ou sossego. Para que tal aconteça, os interessados devem alugar um barco casa disponível na Marina da Amieira, no concelho de Portel. Existem cinco tipos destas embarca-ções, com lotação que vai das duas às 12 pessoas.

MILAGRE (TAMBÉM) NO TURISMO

Foto de Miguel Claro. www.miguelclaro.com

A Via Láctea, como se pode ver na vila de Monsaraz, em pleno parque do Alqueva

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As comodidades da maior parte das tipologias de alojamento turístico também estão presentes nestas embar-cações, como cozinha completa com fogão, casas de banho, duche, sala de refeições, rádio e televisão. Espaço ainda para outras que apenas barcos casa podem oferecer, como zonas de solário (ao ar livre, naturalmente), de pesca e barbecue exterior.

Graças à grande autonomia destas embarcações, os utentes poderão navegar pelo Grande Lago nas zonas autorizadas, podendo aportar com faci-lidade e deslocar-se a pé ou de bicicleta às povoações ribeirinhas e a outros destinos, usufruindo de todo o poten-cial turístico da região. Não é necessária carta de marinheiro, uma vez que dispõe de equipamento específico de localiza-ção e segurança: Plotter, GPS e Sonda de Varrimento Vertical.

ContactosMorada: Marina da Amieira, 7220-999 PortelTelefone: 266611173E-mail: [email protected]: www.amieiramarina.com

Voar de balão

Sobrevoar o Alqueva num Balão de ar quente é uma experiência que permite conhecer a região de uma perspetiva di-ferente, com emoções alimentadas pelo

encanto de se voar dentro do vento e em completa harmonia com a natureza. A Windpassenger é a empresa que realiza estes voos, com capacidade das duas às 40 pessoas.

A experiência começa com o enchi-mento do balão, no qual os visitantes são convidados a participar. Assim que o balão ganha forma, graças aos potentes queimadores, está na altura de se subir para cesto, porque a viagem de rumo incerto, mas de diversão garantida, está prestes a ter início. Apesar de não haver rotas traçadas previamente, os pilotos garantem que os viajantes não se perde-rão, ao controlarem a posição do balão com GPS e cartas.

Os voos realizam-se durante todo o ano, desde que existam condições favoráveis. Por essa razão a maior parte dos voos realiza-se entre fevereiro e outubro. Cada voo tem a duração apro-ximada de uma hora e meia, e tanto pode acontecer ao nascer do sol, como duas horas antes do pôr do sol.

Terminada a viagem, os participantes têm direito um certificado de voo. Mas as melhores recordações costumam ser as fotografias e vídeos que a viagem proporciona, pelo que as máquinas fotográficas ou smartphones não devem ficar em terra.

ContactosTelefone: 243 675091Telemóvel: 927 585 536Email: [email protected]: www.windpassenger.pt

Observar estrelas e planetas

O Alqueva apresenta um céu noturno com características únicas, o que pro-

porcionou o desenvolvimento de uma Reserva Dark Sky. Por outras palavras, o território englobado pelos concelhos de Alandroal, Barrancos, Moura, Mourão, Portel e Reguengos de Monsaraz tor-nou-se no primeiro sítio no mundo a re-ceber a “Starlight Tourism Destination Certification”, concedida pela Fundação Starlight, com o apoio de entidades co-mo a UNESCO e a OMT (Organização Mundial do Turismo).

A Reserva Dark Sky engloba várias atividades noturnas, como observação astronómica com telescópios, passeios de barco, de canoa, de carros elétricos, de bicicleta, de cavalo ou simplesmente pedestres, sempre em fruição com um céu estrelado livre de poluição lumino-sa. Estas atividades são organizadas por diversos estabelecimentos de alojamen-to, restaurantes e empresas de anima-ção turística, cujos nomes podem ser consultados online.

ContactosE-mail: [email protected]: www.darkskyalqueva.com

Barco casa

Cruzar os céus do Alentejo a bordo de um balão

Page 50: Revista PORT.COM março 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES50

DOSSIÊ ESPECIAL: ALQUEVA

Sharish, um gin de Reguengos de Monsaraz

Promovido com o slogan “lentamente destilado no Alentejo”, Sharish é um gin que nasce num alambique tradicional em Reguengos de Monsaraz. Criado por António Cuco, um antigo professor de Turismo que estava no desemprego quando decidiu avançar com este projeto, Sharish distingue-se da maior parte dos gins por incorporar na receita maçã Bravo de Esmolfe DOP, casca de laranja e casca de limão do Alentejo, junto a outros botânicos mais convencionais.

Atualmente já é exportado do Alentejo para países como Espanha, Suíça, Bélgica, Brasil e Angola.

No extenso território do interior alentejano existe um assinalável leque de empresas cujos produtos estão presentes em diversos mercados internacionais com assinaláveis comunidades portuguesas.

A Ervideira conta com 160 hectares de vinha, 50 deles na sub-região de Reguengos de Monsaraz, beneficiando da proximidade ao maior lago artificial da Europa. Exporta atualmente cerca de 60% da sua produção, sendo os principais mercados a Bélgica, a Holanda e Angola.

Adega de Borba aposta no Premium Tinto 2012

Depois do sucesso da colheita de 2011, o primeiro vinho lançado pela Adega de Borba este ano é o Premium Tinto 2012, mais um DOC alentejano de sabor elegan-te, macio e um final persistente. Produzido a partir das castas Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional e Trincadeira, apresenta uma cor granada bem definida, com grande intensidade.

Segundo nota de imprensa lançada pela própria Adega de Borba, este vinho tem um aroma a frutos vermelhos maduros, compota e pimento maduro. O sabor é macio, elegante, com destaque nos sabores a frutos pretos, café e chocolate. Estagiou seis

meses em barricas novas de carvalho (francês e americano) e castanho, e foi engarrafado para mais um estágio final em cave de outros seis meses em garrafa.

A Adega de Borba conta com forte presença em inúme-ros mercados internacionais, como destaque para Estados Unidos da América, Angola, China, Brasil, Rússia, Alema-nha, França e Suíça.

Delta Cafés desenvolve máquina de café em Campo Maior

A marca do setor do café inaugurou recentemente o pó-lo industrial Tecnidelta II, em Campo Maior. O principal ob-jetivo desta nova unidade é a montagem da Mayor, o nome da primeira máquina de café profissional para a restaura-ção desenvolvida e assembla-da a 100% na vila alentejana, garantindo também a criação de novos postos de trabalho qualificado na região.

A Delta Cafés prevê a pro-dução anual de 4 200 máqui-nas Mayor, muitas das quais destinadas aos profissionais do mercado internacional. A principal empresa do Grupo Nabeiro está presente em mais de 35 países, com des-taque para Espanha, França, Luxemburgo, Angola e Brasil.

Ervideira com wine shop com vista para o Alqueva

Reguengos de Monsaraz, que este ano é a capital euro-peia do vinho, foi a localidade escolhida pela Ervideira para abrir a sua terceira wine shop. Nesta nova loja, situada na Praça da Igreja e com vista para o lago do Alqueva, os visitantes podem provar e comprar todos os vinhos produzidos pela Ervideira, conhecer os processos de vinificação e as castas existen-tes na propriedade, e ainda marcar uma visita à adega.

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