revista sinpol-df - ed. 05

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FOTOS: PAULO CABRAL/SINPOL-DF REVISTA SINPOL-DF A REVISTA SINPOL-DF É UMA PUBLICAÇÃO DO SINDICATO DOS POLICIAIS CIVIS DO DISTRITO FEDERAL Remoções sem critérios são usadas como punição [Pág.22] Escala de trabalho deixa policiais exauridos e estressados [Pág. 24] Polícia Civil pode perder acesso às digitais dos cidadãos [Pág.10] “Sinpol em Casa” vai resgatar aposentados [Pág. 12] WWW.SINPOLDF.COM.BR | ANO XX EDIÇÃO NÚMERO 5 | AGOSTO · SETEMBRO · OUTUBRO/2015 Greve resgata união e força dos policiais civis do DF Greve resgata união e força dos policiais civis do DF A VIDA POR UM TIRO Categoria deu exemplo de mobilização e mandou recado duro ao governador Rodrigo Rollemberg PÁG. 16 Disparos acidentais das pistolas Taurus sugerem defeito de fabricação e expõem a vida dos policiais a mais um risco PÁG. 6

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REVISTA SINPOL-DFA REVISTA SINPOL-DF É UMA PUBLICAÇÃO DO SINDICATO DOS POLICIAIS CIVIS DO DISTRITO FEDERAL

• Remoções sem critérios são usadas como punição [Pág.22] • Escala de trabalho deixa policiais exauridos e estressados [Pág. 24]

• Polícia Civil pode perder acesso às digitais dos cidadãos [Pág.10] • “Sinpol em Casa” vai resgatar aposentados [Pág. 12]

WWW.SINPOLDF.COM.BR | ANO XX • EDIÇÃO NÚMERO 5 | AGOSTO · SETEMBRO · OUTUBRO/2015

Greve resgata união e força dos policiais civis do DF

Greve resgata união e força dos policiais civis do DF

A VIDA POR UM TIRO

Categoria deu exemplo de mobilização e mandou recado duro ao governador Rodrigo Rollemberg PÁG. 16

Disparos acidentais das pistolas Taurus sugerem defeito de fabricação e expõem a vida dos policiais a mais um risco PÁG. 6

Page 2: Revista Sinpol-DF - Ed. 05

EXPEDIENTE

PALAVRA DO POLICIAL

PRESIDENTE Rodrigo Fernandes Franco (Gaúcho)

1º VICE-PRESIDENTE Renato Rincon

2º VICE-PRESIDENTE Marcele Alcântara

SECRETÁRIO GERAL Paulo Roberto Sousa

1ª SECRETÁRIA Celma Lima

TESOUREIRA Elcimar Nunes

DIRETOR JURÍDICO Targine de Resende Filho

DIRETOR DE COMUNICAÇÃO ADJUNTO Luciano Vieira

DIRETOR DE RELAÇÕES SINDICAIS Cadu Costa

DIRETOR DE REL. SINDICAIS ADJUNTO Fernando Ferreira (Fernandão)

DIRETOR DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO Marcão DH

DIRETOR DE PLANEJ. E ADM. ADJUNTO Lidenberg Rodrigues Melo

DIRETOR DE CULTURA E ESPORTES Marcelo Ferreira

DIR. DE CULTURA E ESPORTES ADJUNTA Yáskara Cordeiro

DIRETOR DE FORMAÇÃO SINDICAL ADJUNTO Sergio Cangussu

DIRETOR DE ASS. DE APOSENTADOS E PENSIONISTAS Robson Lima

DIRETOR DE POL. SINDICAIS ADJUNTO Alexandre Rocha

DIRETOR DE INFORMÁTICA ADJUNTO Rodrigo Meneses

DIRETOR MÉDICO Renato Santos

DIRETORA MÉDICA ADJUNTA Áurea Cherulli

CONSELHO FISCAL Francisca Camelo (Chiquinha) Washington Lima (Esopo) Johny Marcos Malaquias Maria Madalena Reis (Madá) Cidney Santana

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO - PROATIVA COMUNICAÇÃO (61 3242.9058 / [email protected]) Editor: Flávio Resende / RP 4903-DF. Redação: Andressa Guimarães, Diógenes Santos, Iuri Max e Larissa Leite e Maria Vitória Flor. Diagramação e Projeto Gráfico: Everton Pinheiro - Proativa Comunicação. Fotografia: Paulo Cabral. Revisão: Kadydja Albuquerque - Proativa Comunicação.

• Tiragem: 7 mil exemplares

O papel utilizado possui certificação que garante sua produção com madeira de florestas plantadas, isso reforça nosso respeito ao meio ambiente.

CONVÊNIOS “A Revista é muito boa. A parte de convênios, em especial, me foi muito útil”.Nelson Francisco, escrivão aposentado

ISONOMIA “Acredito que está no caminho certo. Achei importante levantar o tema da equiparação entre a Polícia Federal e Polícia Civil, como aconteceu na última edição”.Carlos Bernardes, agente de polícia, 4ªDP

NOMEAÇÕES “Gostei da matéria sobre as nomeações. A revista funciona bem, eu gosto.”Rodrigo Augusto, escrivão

MAIS MATÉRIAS “Gostaria de ver mais matérias de incentivo ao esporte, sobre as delegacias e sobre o DPE.”Lúcio dos Anjos, agente de polícia

REIVINDICAÇÕES “Acho a Revista bacana, mas falta mostrar o que está acontecendo agora, divulgar mais informações com relação à luta pelos nossos pleitos e reivindicações.”Nilton Gomes Nunes, agente de polícia, 13ªDP

REVISTA “Ótima. Traz boas informações. Para mim é completa e está sendo bem explicativa.”Valdir Matos, agente policial de custódia aposentado

“Considero uma boa revista porque complementa o que a gente vê no site.”Alba Cristina Oliveira, agente de polícia aposentada

“Acho que a Revista está bem completa, abrangendo muitos temas. Gostei das matérias.”Carlos Cunha, agente policial de custódia

“Está bem legal, interessante. Sempre leio a Revista.”Kellen Cristina, agente de polícia

A Revista Sinpol-DF é entregue na residência de todos os policiais filiados. Se você não recebeu, atualize o seu cadastro. Informações pelo telefone (61) 3701-1300.

SINPOL-DFSite: www.sinpoldf.com.br Sugestões de Pauta e Críticas: [email protected]: SCLRN 716, Bloco F, Entrada 61, Loja 59, Edifício do Policial Ci-vil. Brasília-DF. CEP 70770-536. Telefones: (61) 3701-1300 / 3701-1334E-mail: [email protected] Filial: QNA 03, casa 02, Taguatinga Norte. Brasília-DF. CEP 72.110-030.Telefones: (61) 3352-6429. E-mail: [email protected]

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EDITORIAL

RODRIGO FRANCOPRESIDENTE DO SINPOL-DF

N ão é novidade alguma que a Segurança Pública no Distrito Federal está em crise. Os investimentos na área estão abaixo do esperado e, sem os recursos humanos necessários, a população vê o cresci-

mento da violência e da impunidade.

Ainda que o Governo de Brasília tente provar o contrário, com dados que não traduzem a realidade, o fato é que 53% dos brasilienses já foram assaltados, conforme pesquisa divulgada pelo Jornal de Brasília em outubro. A sociedade pede mais policiamento e nós, policiais civis, pedimos mais investimentos para oferecer um serviço público de qualidade.

Foi para chamar a atenção para a situação caótica da Polícia Civil do DF que paramos por 22 dias em setembro. Foi mais uma tentativa de sensibilizar o governo, mas seguimos sem respostas à medida que os problemas vão se acumulando.

Um dos mais graves – e responsável por desencadear uma série de outros problemas - é o déficit no efe-tivo. Até o final do ano, ele chegará aos 50%. De 1993 até hoje, a população que transita pelo DF triplicou; o quadro da PCDF segue diminuindo.

Não é possível que diante dessa situação, o Fundo Constitucional, verba de origem federal que mantém as forças de segurança no DF, continue tendo sua finalidade desvirtuada.

Não somos apenas nós que sentimos isso: o cidadão, ao procurar uma delegacia, encontra unidades sucateadas, enquanto os policiais civis lidam, ainda, com a falta de equipamentos - parte dos coletes à prova de balas, por exemplo, está vencida.

O resultado desse descaso do Governo de Brasília é o aumento da criminalidade e a redução do índice de resolução de crimes, como os de homicídios, que de 80%, em 2007, caiu para 55,5%, em 2014. Os po-liciais civis seguem trabalhando, cumprido seu papel relevante junto à sociedade, apesar das condições. O mesmo não se pode dizer do governo.

Essa questão nos faz suscitar outro debate, do qual também não podemos fugir: o desgaste do modelo atual de Segurança Pública. É primordial que passemos a defender uma melhoria no serviço prestado ao cidadão, algo que se relaciona, diretamente, com a melhoria das nossas condições de trabalho.

É necessário considerar um formato que atenda às demandas dos policiais e dos cidadãos. Alguns le-vantam o debate sobre o Ciclo Completo. Outra discussão nesse sentido de modernizar a estrutura da Segurança Pública é estabelecer a Carreira e Ingresso únicos.

Qualquer modelo que venha a ser implantado, contudo, precisa valorizar todos os cargos, reconhecendo que cada um deles é importante para o sistema; não se pode supervalorizar um em detrimento dos demais.

É necessário reconhecer que todos têm atribuições específicas e complexas, de modo que as instituições e a sociedade percebam a importância de cada um. É por esse caminho que deve seguir a nossa luta. É o que queremos e o que a sociedade almeja. Juntos Somos Fortes!

Enquanto não se investir na Segurança Pública, perderemos vidasPA

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EM AÇÃO

Para ela, sensibilidade feminina é um diferencial das mulheres policiais

“A gente sai com prancheta, ocorrência e intimação na mão”, conta Janaína, ao lado da colega policial Andréa

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Cotidiano do agente de polícia é cheio de surpresasFormada em Jornalismo, Janaína decidiu trocar o trabalho nas redações pela delegacia

A agente de polícia Janaína Freire, 37, atua na Polícia Civil do Distrito Federal

(PCDF) há cinco anos. Atualmente lotada na Seção de Crimes Violentos (Sic-Vio) da 3ª DP, no Cruzeiro, ela investiga casos de roubo, homicídio e latrocínio diariamente. Quando uma nova ocorrência desse tipo é registrada, a agente e sua colega vão até o local de crime, isolam a área, ouvem as testemunhas e ali mesmo começam a apurar as circunstâncias do delito até a chegada da perícia.

Muitas vezes, eles utilizam imagens de câmeras de gravação instaladas no local do crime, entrevistam vítimas, testemunhas e envolvidos, realizam interceptações telefônicas e solicitam quebra de sigilo de dados, testemu-nham nas audiências de Justiça, e, a cada passo, elaboram relatórios de in-vestigação. “É por meio dos relatórios que descrevemos todos os envolvidos no crime e como foi feita toda a apura-ção dos fatos até a chegada da autoria dos criminosos”, explica. “A gente tem que aprender a pensar com a cabeça de um criminoso para desvendar cer-tas coisas”, acrescenta a agente.

Todos esses passos fazem parte do tra-balho diário não só de Janaína, mas dos mais de 3.093 agentes de polícia do Distrito Federal ainda ativos. A profissão exercida por eles tem nas atividades de inteligência o principal chamariz.

FARO INVESTIGATIVO

Aluna formada na primeira turma do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Brasília, Janaína sempre foi movida pela curiosidade, e isso a aproximou da investigação criminal. Ela chegou a trabalhar no Jornal de Brasília, mas a cobertura de crimes nas delegacias despertou outra pai-xão. Ainda durante o curso de for-mação na Academia de Polícia Civil

nasceu a vontade de trabalhar inves-tigando crimes violentos. “O trabalho é instigante e tem muito a ver com o meu perfil. Hoje, não me vejo traba-lhando em outra seção”, assegura.

Além do fato de ser desafiador, Janaína gosta da falta de rotina que o trabalho proporciona. “Posso fazer um relatório na delegacia quando toca o telefone, ou o rádio, ou chega uma vítima, e tenho que mudar os planos”, conta.

SENSIBILIDADE FEMININA

Muito confortável no ambiente de trabalho, para Janaína, as mu-lheres trazem um diferencial para a equipe. “Acho que as mulheres têm uma percepção diferente dos homens. Mulheres são mais deta-lhistas, por exemplo, e isso ajuda na resolução dos crimes”, afirma. “Aqui costumamos aconselhar os bandidos, para que procurem ou-tros caminhos”, relata.

A agente diz amar o seu trabalho e sente que um dos seus objetivos é tra-zer um pouco de justiça para a popu-lação. Corajosa, não tem receio algum de trocar tiros, mas diz ter “medo de velocidade” e se segura firme durante as perseguições aos criminosos.

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Policiais civis do DF brilham nos Jogos Mundiais de Policiais e BombeirosEquipe determinada, os policiais civis se destacaram em modalidades como atletismo e natação

N oventa e nove policiais civis integraram o grupo de 200 atletas do Distrito Fede-

ral que participaram da 16ª edição dos Jogos Mundiais de Policiais e Bombeiros, o World Police and Fire Games (WPFG). A competição ocorreu de 26 de junho a 5 de julho na cidade de Fairfax, no estado da

EM AÇÃO

Virginia, Estados Unidos. Nessa edição, cerca de 10 mil participantes – profissionais de segurança pública de várias partes do mundo – disputaram

títulos em mais de 45 modalidades. Em quin-to lugar geral, o Brasil ganhou 174 medalhas, das quais 60 foram conquistadas pelos po-liciais civis do DF.

AMADO ATLETISMO

MANZAN ATLETISMO

EQUIPE FEMININA REVEZAMENTO 4 X 100M, COMPOSTA PELA ATLETA

DÊNIA (COM PF – W50)

ATLETISMO

DÊNIA ATLETISMO

EQUIPE MASCULINA REVEZAMENTO 4 X 400 METROS, COMPOSTA

PELOS ATLETAS: SANTANA E SC (M45)

ATLETISMO

AMADO ATLETISMO

JOSILDA ATLETISMO

JOSILDA ATLETISMO

ABRAAO ATLETISMO

EQUIPE MASCULINA REVEZAMENTO 4 X 400 METROS, COMPOSTA

PELOS ATLETAS: ABRAÃO, COSME E ÉDSON E PM (M50)

ATLETISMO

GLEISE ATLETISMO

EQUIPE FEMININA REVEZAMENTO 4 X 400

METROS, COMPOSTA PELAS ATLETAS: DÊNIA,

JOSILDA, ROSEANE E ROSIMAR (W45)

ATLETISMO

VANUSA ATLETISMO

CÍCERO ATLETISMO

VANUSA ATLETISMO

DOMINGOS ATLETISMO

JOSILDA ATLETISMO

SANDRA YANDECY ATLETISMO

VANUSA ATLETISMO

EQUIPE FEMININA REVEZAMENTO 4 X 100 METROS, COMPOSTA

PELA ATLETA ROSEANE, USA E CANADÁ (W45)

ATLETISMO

MANZAN MOUNT BIKE

FABIANA MOUNT BIKE

EQUIPE MASCULINA REVEZAMENTO 4 X 100 METROS, COMPOSTA

PELOS ATLETAS: ABRAÃO, ÉDSON E PF(M50)

ATLETISMO

CÍCERO ATLETISMO

CÍCERO ATLETISMO

ÉDSON ATLETISMO

GLEISE ATLETISMO

DOMINGOS ATLETISMO

GLEISE ATLETISMO

ROSIMAR ATLETISMO

EQUIPE MASCULINA REVEZAMENTO 4 X 100 METROS, COMPOSTA

PELOS ATLETAS: MARCELO E SANTANA E

SC (M45)

ATLETISMO

GLEISE ATLETISMO

AMADO ATLETISMO

ANDERSON ATLETISMO

ANDERSON ATLETISMO

LUCAS NATAÇÃO

ARTUR ORIENTAÇÃO

DINORÁ ORIENTAÇÃO

GISELDA ORIENTAÇÃO

GISELDA ORIENTAÇÃO

PAULA TÊNIS

PRINCIPAL FUTEBOL

VETERANO FUTEBOL

MANZAN MOUNT BIKE

SILVANA MOUNT BIKE

ANUSKA NATAÇÃO

ANUSKA NATAÇÃO

FERNANDA NATAÇÃO

ARTUR ORIENTAÇÃO

HUMBERTO ORIENTAÇÃO

CRISTIANO/CLÉBIO VÔLEI PRAIA

VANUSA ATLETISMO

SANDRA YANDECY ATLETISMO

SANDRA YANDECY ATLETISMO

FABIANA MOUNT BIKE

ANUSKA NATAÇÃO

EQUIPE FEMININA NATAÇÃO

EQUIPE FEMININA NATAÇÃO

GRAZIELLA ORIENTAÇÃO

HUMBERTO ORIENTAÇÃO

QUADRO DE MEDALHAS

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ESPECIAL

ARMAS TAURUS PODEM CAIR E DISPARAR

Defeito nas pistolas PT 24/7 expõe os policiais civis do DF a mais um fator de risco à vida durante o trabalho

P rofissionais da Segurança Pública de todo o país estão submetidos a uma situação desnecessária de ris-

co: são cada vez mais comuns os casos de disparo acidental, por queda sem o acio-namento do gatilho, das armas fabricadas pela Forjas Taurus – uma das três maiores indústrias de armas leves do mundo.

A empresa é a principal fornecedora das forças de segurança do Brasil – graças a Lei 10.826/2003, as polícias só podem

comprar armas de empresas estrangei-ras se não houver modelo semelhante produzida nacionalmente.

Por essas razões, seria natural esperar que o armamento produzido tenha qua-lidade. Mais que isso, soa estranho ima-ginar que uma pistola municiada possa cair e disparar. Mas é, infelizmente, o que vem acontecendo – e isso indica a possibilidade de um defeito gravíssimo na fabricação das pistolas da Taurus.

Armas fabricadas pela Taurus predominam nas forças de segurança do Brasil

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ESPECIAL

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Todos estão com a vida exposta: nós, policiais, e os cidadãos. A arma aparenta

ter um grave defeito de fabricação.Luciano Vieira, diretor adjunto de

Comunicação do Sinpol-DF

Uma simples busca na internet confir-ma essas suspeitas. A página “Vítimas da Taurus” (www.vitimasdataurus.com) é a mais conhecida. Ela lista uma série de ca-sos de policiais que se feriram – em alguns casos, fatalmente – com a principal ferra-menta de trabalho: a pistola Taurus PT 24/7 calibre ponto 40.

As vítimas defendem a tese de que as ar-mas, entre as mais populares nas polícias brasileiras, tenham sido adqui-ridas com defeito de fabrica-ção. A fabricante ignora, siste-maticamente, as ocorrências no Brasil.

FABRICANTE IGNORA

No Distrito Federal, tanto a PCDF, quanto a Polícia Militar do DF (PMDF), compraram diversos lotes da pistola. Até agora, contu-do, apenas a PMDF realizou o recall de al-guns lotes junto à Forjas Taurus.

O agente de polícia Luciano Vieira, também diretor de Comunicação adjunto do Sindi-cato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), é uma das vítimas. Ele tem empreendido

uma jornada para que a PCDF siga o exem-plo de outras forças de segurança e realize a troca das armas – um exemplo é a Polícia Federal, que utiliza armamento importado de alta qualidade.

Essa medida já deveria ter sido consi-derada há anos, mas vem sendo sole-nemente negligenciada. O defeito nas armas utilizadas cotidianamente pelos policiais civis só agrava a situação das condições de trabalho.

Página na internet acumula relatos de vítimas dos acidentes com as armas de diversos modelos

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Page 8: Revista Sinpol-DF - Ed. 05

O Sinpol-DF vem acompanhando o caso de perto e solicitando às autoridades compe-tentes que se empenhem para que o poli-cial possa trabalhar com segurança. “Todos estão com a vida exposta: nós, policiais, e os cidadãos. A arma aparenta ter um grave defeito de fabricação”, afirma Luciano.

O caso dele ocorreu em novembro de 2011, no apartamento onde mora, em Brasília. Ao che-gar em casa e tirar a pistola da cintura, a arma de Luciano acidentalmente caiu no chão. O choque contra o piso causou um disparo, atin-gindo o policial na região do tórax. A bala atra-vessou o corpo dele saindo pelas costas, na al-tura do ombro, alojando-se no teto.

Luciano Vieira ficou hospitalizado por qua-tro meses. A partir desse acidente, o diretor do Sinpol-DF começou a investigar outros casos no DF e em outros estados, chegando a conclusões estarrecedoras.

CASOS NO DF

Além de Luciano, há registros de mais sete aci-dentes envolvendo policiais civis do DF – três deles com armas fabricadas no mesmo lote. Por sorte, nenhum desses se feriu gravemente.

Em todos, as circunstâncias são idênticas: mesmo com a trava de segurança acionada, a arma cai ao solo, dispara e o cartucho não é ejetado – o que indica o defeito.

Às vezes, contudo, a pistola nem chega a cair no chão. Foi assim com o agente de ativida-

des penitenciárias Patrício Junior de Olivei-ra, que trabalha no Presídio Feminino do DF. Em abril deste ano, a pistola 24/7 Taurus que ele portava disparou durante uma caminha-da do agente pelos alojamentos.

A bala atingiu a perna esquerda, perto da veia femoral. O acidente trouxe sequelas graves. “Esses casos são mais raros, mas acontecem. A arma estava na minha cintu-ra; eu estava com as mãos ocupadas e ela disparou apenas com o movimento da mi-nha caminhada. Por pouco, não morri”, re-corda Patricio.

ESPECIAL

Muita gente deixa de registrar a ocorrência porque não acredita que a arma possa ter defeito e por medo de

responder a um processo criminal. Minha competência profissional foi posta em xeque por colegas, que

desconfiavam do que ocorreu. Mas o laudo já apontou que a arma possui defeito e pode disparar sem o

acionamento do gatilho.

Patrício Junior de Oliveira, agente de atividades penitenciárias lotado no Presídio Feminino do DF

Testes feitos pelos peritos do IC na arma de Patrício apontam disparo acidental

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Page 9: Revista Sinpol-DF - Ed. 05

ESPECIAL

METODOLOGIA DA PERÍCIA

A arma do agente penitenciário foi subme-tida à perícia no Instituto de Criminalística (IC) da PCDF, que constatou um defeito no mecanismo de disparo. O equipamento fi-cou inutilizado após os testes.

“Esse fato é uma vitória, pois somente ago-ra, com a mudança na metodologia da reali-zação dos testes, começamos a constatar os defeitos nas armas”, explica Luciano Vieira.

Já Patrício diz que não sabia da possibilida-de do disparo acidental até ocorrer com ele. “Muita gente deixa de registrar a ocorrência porque não acredita que a arma possa ter de-feito e por medo de responder a um processo criminal. Minha competência profissional foi posta em xeque por colegas, que desconfia-vam do que ocorreu. Mas o laudo já apontou que a arma possui defeito e pode disparar sem o acionamento do gatilho”, confirma.

No final do ano passado, uma agente da Po-lícia Civil do DF foi retirar a sua roupa do armário e a pistola, que estava por cima das roupas, caiu no chão disparando sem o acionamento do gatilho.

Felizmente, na ocasião, ninguém ficou ferido. Após os testes realizados no IC, a conclusão foi a que se esperava: a arma, ao cair com o cano vol-tado para cima, em um piso de concreto, dispa-rou. Os peritos não indicam a causa do defeito.

Existem, ainda, casos documentados de dispa-ro por quedas em outros estados e com diferen-tes tipos de pistolas, como a PT 640 e a PT101.

MUDANÇA NOS TESTES

Até o caso de Patrício e da agente da Polícia Civil, a perícia simulava a queda em uma pla-ca rígida de plástico. Por não reproduzir a si-tuação real do acidente, conforme defendia Luciano, não era possível identificar o defeito. Só depois da mudança na metodologia, com o uso do piso de concreto, as armas começaram a disparar – e foi assim em todos os testes rea-lizados até agora.

Nem mesmo os peritos do IC sabem apontar o defeito ou o motivo do disparo. A alegação é de que seria necessária a formação de uma equipe de estudiosos para avaliar o possível defeito.

Todos os casos analisados estão documenta-dos. As armas estavam devidamente lubrifica-das, sem sujeira excessiva ou peças defeituosas.

REGISTRO DE OCORRÊNCIA

Luciano Vieira, diretor do Sinpol-DF, defende que a realização de um recall é absolutamente necessária e urgente, pois não faltam “evidên-cias da existência do problema”. Ele informa que toda documentação dos defeitos detectados já foi encaminhada ao Ministério Público para que as providências cabíveis sejam adotadas.

O Sinpol-DF alerta para que os policiais que tiverem problemas registrem uma ocorrência de natureza administrativa (caso não tenha algum ilícito penal envolvido) de “apreensão de arma de fogo da PCDF com problemas téc-nicos” e solicite o exame pericial de local caso haja vestígios. O armamento deverá ser enca-minhado à perícia.

TAURUS FEZ ACORDO MILIONÁRIO NOS EUAEm agosto deste ano, a Taurus fez um acordo para pagar uma in-denização de US$ 39 milhões por causa de disparos acidentais por queda, sem o acionamento do gatilho. O caso envolveu, além do PT 24/7, os modelos Millennium PT 111, PT 132, PT 138, PT 140, PT 145, PT 745, além dos PT 609 e PT 640. A ação foi movida em um Tribunal na Flórida, registrada por Chris Carter, um policial do con-dado de Scott, Iowa. À imprensa americana, Carter alegou que as armas da Taurus “têm o defeito de disparar quando caem de uma altura normal, e um defeito de falsa segurança que permite que a pistola dispare involuntariamente, mesmo quando a alavanca de segurança manual está em posição “ligada” ou de segurança e o gatilho se move para trás”. A ação acusou a Taurus de supressão e falhas de aviso sobre a segurança do produto e violação das leis do

consumidor. Na decisão, o juiz ressalta que a fabricante “fraudulen-tamente escondeu e intencionalmente falhou em avisar o requeren-te e os membros da ação coletiva sobre os defeitos de segurança com a intenção de enganar o requerente, os membros da ação cole-tiva e o público em geral sem conhecimento dos defeitos”.A empresa não admite publicamente o defeito, mas o acordo na justiça americana indica que ele é real e deve ser investigado tam-bém no Brasil, onde a linha de montagem está instalada e produz as armas para os mercados nacional e internacional. Em uma matéria do Instituto Defesa, disponível no YouTube, (https://goo.gl/V09nAt), contudo, o gerente de marketing da Taurus, Eduardo Minghell, diz reconhecer a existência de problemas no passado e de falhas pontuais nos produtos da fabricante.

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Page 10: Revista Sinpol-DF - Ed. 05

D esde o início deste semestre, tem avan-çado, na Câmara dos Deputados, as discussões a respeito do Projeto de Lei

(PL) 1775/15, que propõe a criação do Registro Civil Nacional (RCN) e de um documento único de iden-tificação que substituiria, principalmente, as cartei-ras de identidade emitidas pelas Secretarias de Se-gurança Pública dos estados e do DF.

De acordo com o texto atual do projeto, o RCN será gerenciado pela Justiça Eleitoral. Ele prevê ainda a criação do Fundo do Registro Civil Nacional – vincu-lado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em audiências públicas realizadas nos estados e, so-bretudo, no Congresso Nacional, os gestores da Segu-rança Pública têm demonstrado preocupação com a iniciativa e se posicionado de forma contrária.

Eles entendem que a identificação humana é com-petência da Segurança Pública e não da Justiça Elei-

Segurança Pública pode perder gestão das identificações civisProjeto que cria Registro Civil Nacional propõe que o TSE administre identidade única, mas prejudicará trabalho das Polícias Civis do Brasil

LEGISLAÇÃO

Com a gestão pela Justiça Eleitoral, o RCN pode comprometer as

investigações policiais

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toral, pois envolve a segurança das informações individuais dos cidadãos e extrapola a finalidade eleitoral – motivo pelo qual a constitucionalidade do PL vem sendo questionada.

A apreensão gira em torno da retirada da ati-vidade de identificação civil dos Institutos de

Há significativo temor quanto à segurança das informações e ao

comprometimento da pesquisa visando as investigações, caso a tutela

do banco de dados passe para o TSE.

Rodrigo Meneses, presidente da Asbrapp e diretor do Sinpol-DF

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Page 11: Revista Sinpol-DF - Ed. 05

LEGISLAÇÃO

Identificação das Polícias Civis, que são também responsáveis pelo sigilo das informações e pela custódia dos dados pessoais.

Outra preocupação é com o fato de que parte dos recursos destinados às Secretarias de Segurança Pú-blica é oriunda da cobrança de taxa para a emissão da 2ª via do RG.

INVESTIGAÇÕES

Para Rodrigo Meneses, presidente da Associação Brasiliense de Peritos Papiloscopistas (Asbrapp) e também diretor no Sinpol-DF, “há significativo temor quanto à segurança das informações e ao comprometimento da pesquisa visando as investi-gações, caso a tutela do banco de dados passe para o TSE”. Os papiloscopistas, ao realizarem perícias relacionadas à identificação humana, precisam do acesso à base de padrões biométricos, a fim de com-pará-los aos vestígios obtidos nos exames cadavéri-cos, nas perícias em locais de crimes e nas detecções de falsidades ideológicas.

Rodrigo ressalta que uma parcela significativa dos crimes no Distrito Federal é elucidada com base nes-sa pesquisa. O caso da professora Christiane Silva Mattos, que, em 2013, foi encontrada morta dentro do carro no estacionamento do Parque da Cidade, ilustra bem a situação. Poucos dias após o crime, o assassino, que não tinha antecedentes criminais, foi preso pela Polícia Civil, que só chegou a ele por meio da comparação de impressões digitais no registro ci-vil com aquelas deixadas no veículo da vítima.

“A Polícia Judiciária tem como objetivo a busca de indícios de autoria e materialidade de infrações pe-nais. A atuação dos Peritos Papiloscopistas, em mui-tas das vezes, é o ponto de partida da investigação, principalmente em casos em que a vítima tenha sua identidade ignorada ou quando não se tenha suspeitos para um dado crime”, esclarece Rodrigo. Ainda segundo o presidente da Asbrapp, sem estas informações, todo o desdobramento investigativo que parte da identificação humana será gravemente com-prometido, afetando tanto o trabalho da Polícia Civil quanto do Ministério Público e do Poder Judiciário.

TUTELA

Há ainda uma série de críticas aos aspectos téc-nicos do sistema biométrico adquirido pelo TSE. Nas últimas eleições, por exemplo, ele não iden-

tificou o eleitor em 8,5% dos casos, além do alto índice de urnas que apresentaram defeitos.

Rodrigo Meneses lembra também que, em 2013, o TSE firmou acordo com a empresa de análise de crédito Serasa Experian para repassar dados dos eleitores em troca de certificados digitais.

Mesmo temporariamente suspenso, o convê-nio aumentou ainda mais o receio dos gesto-res e profissionais da Segurança Pública com a perda dos bancos de dados dos cidadãos. O Sinpol-DF também entende que não é necessá-ria a atuação de um órgão externo à Segurança Pública para a emissão de um documento civil único. A solução seria muito mais simples: ga-rantir a interoperabilidade entre os Institutos de Identificação do Brasil.

A exemplo do DF, vários estados já possuem a tecnologia necessária para isso, sendo necessária apenas a criação de convênios entre os institu-tos. “O governo federal deveria oferecer a tecno-logia necessária aos estados mais carentes nesse quesito”, sugere Rodrigo Meneses.

Para ele, um exemplo de que essa integração é viável e eficiente é o Sistema do Instituto Na-cional de Identificação da Polícia Federal, “que armazena dados civis e criminais coletados em todo o território nacional e possui estações AFIS em cada Instituto de Identificação do Brasil”.

“Os Peritos Papiloscopistas alimentam o banco de dados e realizam a pesquisa de impressões digitais conseguindo elucidar diversos crimes e fraudes interestaduais”, observa Rodrigo. “Isso mostra que o caminho mais adequado é moder-nização do sistema de identificação civil brasilei-ro em sua estrutura atual”, conclui.

Para Rodrigo Meneses, é imprescindível que a tutela do banco de identificações civis

permaneça com os IIs

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Histórias, memórias e laços fortalecidosCom o “Sinpol em Casa”, sindicato visita aposentados para reintegrá-los ao convívio com os colegas

A s manhãs de quinta-feira serão dedicadas a uma importante ação de resgate da relação entre os policiais civis aposentados: a Diretoria

de Aposentados e Pensionistas do Sinpol-DF começou a desenvolver, em outubro, o projeto “Sinpol em Casa”.

A iniciativa tem como objetivo voltar a integrá-los às di-versas atividades desenvolvidas pela unidade de Tagua-tinga, o Sinpolzinho. Além disso, será feito o mapeamen-to de possíveis problemas médicos e jurídicos para eles sejam auxiliados. “Nossa ideia é resgatar essa relação. Não é porque se aposentou que tem que ficar em casa, se resguardando”, explica o diretor Robson Lima.

O primeiro a receber o grupo foi o agente de polícia Gil-van Alves da Costa. Aposentado há 27 anos, ele esteve afastado dos colegas nos últimos anos – especialmente depois de desenvolver alguns problemas de saúde que limitam a locomoção.

Ao lado da esposa, Maria Lúcia Costa, com quem está casado há quase 50 anos – comemorados em dezem-bro deste ano – Gilvan lembrou das histórias durante o trabalho nas delegacias por onde passou (a então, Delegacia de Vigilância e Captura, e, por exemplo, as

15ª, 19ª e 24ª delegacias). O casal mora em Taguatinga, com uma filha – eles têm mais quatro filhos.

“São tantas lembranças boas. Nós éramos muito unidos naquela época, todo mun-do trabalhava junto”, recorda-se. Gilvan deixa claro que sente falta dos amigos, principalmente dos que foram embora. “Muitos foram morar em Caldas Novas e eu sempre encontrava quando ia para lá. Conversávamos bastante. Mas, hoje, os aposentados estão se espalhando; é pre-ciso voltar a se unir”, sugere. Hermínio Alves de Oliveira foi o segundo visitado. Ele mora no Gama Leste com a esposa, Elisa Oliveira, com quem está casado há 58 anos. O encontro também foi regado a muitas histórias e boas lembranças.

Perto de completar 30 anos de aposentado, Hermínio contou que chegou a Brasília em 1961 e construiu uma família que, hoje, é composta por três filhos e três ne-tos. Segundo ele, o sonho é ver todos os filhos e netos "encaminhados na vida".

“Foi tudo muito bom e saudável. Estou aposentado faz muito tempo e é sempre gratificante conversar sobre os tempos antigos. Participarei das próximas visitas porque acho importante fazer companhia aos colegas de profissão”, afirma.

PARTICIPAÇÃO

Gilvan e Hermínio foram os primeiros, mas outros tantos colegas também serão visitados. O grupo de visitantes está aberto a participação: basta que o interessado entre em contato com o Sinpolzinho ou vá até lá pessoalmente.

Nessas duas visitas, os diretores – Robson Lima, Madalena Reis e Yáskara Cordeiro - foram acom-panhados pelos aposentados Custódio Honório da Silva, Reginaldo Nazário, Alvino dos Santos e João Pedro Maciel.

Gilvan e a Maria Lúcia receberam o grupo na casa onde vivem, em Taguatinga

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Policiais solidários, crianças felizesEquipe da 6ª DP dá exemplo de solidariedade ao proporcionar tarde de festa a crianças da zona rural do Paranoá

E les trocaram as viaturas por carrinhos de pipoca e picolé. Armas, coletes e al-gemas deram lugar a bonecas, bolas e

pipas. E, com solidariedade, colheram os sorri-sos de cerca de 120 crianças de uma comunidade carente do Distrito Federal.

Em outubro, policiais civis da 6ª Delegacia de Po-lícia, no Paranoá, arrecadaram recursos dentro da própria unidade e também com familiares e amigos. O resultado foi uma tarde de diversão para as crian-ças da Escola Classe Capão Seco, localizada na área rural daquela região administrativa.

A ação foi realizada para comemorar o Dia das Crian-ças, celebrado em 12 de outubro. Além dos alunos do turno vespertino, as crianças que estudam pela manhã também participaram do momento de lazer.

Emocionada, a professora Yara Zanchet, diretora da escola, agradeceu aos policiais pela iniciativa. “Ações desse tipo são muito raras aqui, pois é um local muito distante, o que acaba acarretando em gastos maiores, principalmente de combustível, e, no fim, nossas crianças ficam à margem de momen-tos como esse”, observa. “Nós precisamos muito de parcerias desse tipo e ficamos muito felizes com a disposição dos policiais em se aproximar da comu-nidade e proporcionar um momento de diversão para esses meninos e meninas que tanto precisam”, reconhece Yara.

Isana, de oito anos, conta que ficou muito feliz com a tarde diferente que tiveram. “Nós gostamos e não foi pouco não; foi muito”, revela a estudante do ter-ceiro ano. “Teve pipoca, picolé e um monte de do-ces. A gente viu a viatura dos policiais e todo mundo ganhou brinquedo”, comemora.

MOTIVAÇÃO

Uma das agentes de polícia responsáveis por organi-zar a ação, Luana de Ávila conta que iniciativas desse tipo já fazem parte da cultura da 6ª DP. Durante a Pás-

A ação solidária dos policiais civis beneficiou 120 crianças da Escola Classe Capão Seco

Interação com a comunidade ajuda a desmistificar a imagem da polícia

coa deste ano, os profissionais da unidade distribuí-ram mil ovinhos de chocolate pelas ruas do Paranoá. No Natal do ano passado, além de brinquedos, eles também doaram colchões para uma creche da região.

“Nós fazemos questão de pôr em prática ações so-lidárias em todas as datas comemorativas, princi-palmente com enfoque nas crianças. A esperança é muito importante para todos, mas é ainda mais especial durante a infância. É uma semente que ali-menta a alma e tem o poder de estimular os sonhos e de busca por uma realidade melhor”, garante Luana.

Gabriel Guedes, também agente da 6ª DP, explica que a tarde de diversão oportunizou ainda que os policiais mostrassem um outro lado da instituição. “Interagir com a comunidade também é papel da Polícia Civil, e, em momentos como esse, as crianças se divertem ao mesmo tempo que conhecem me-lhor o nosso trabalho, descobrindo principalmente que não é só de repressão”, revela.

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N a obra“Polícia, mito e realidade (1972)”, Fernand Cathala, um ex-comissário de polícia na França, alertava para a profunda ignorância que havia na sociedade sobre a instituição

policial. No Brasil, as observações desse livro ainda são oportunas, visto que há diversos mitos sobre nossas polícias e policiais.

É fato. Esse desconhecimento, muitas vezes, reveste-se numa aversão, na qual a dimensão das críticas às polícias ofusca a compreensão da realidade delas. Todavia, aos poucos isso vem sendo superado, pois pesquisas recentes têm revelado contrassensos no campo policial brasileiro.

É nesse caminho que trilham duas pesquisas conduzidas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP): “Opinião dos Policiais Brasileiros sobre Reformas e Modernização da Segurança Pública” (2014), que apontou como os policiais estão insatisfeitos com o vigente modelo de polícia, e “Pesquisa de Vitimização e Percepção de Risco entre Profissionais de Segurança Pública”, apresentada no encontro do FBSP deste ano, que destacou como os policiais também são vítimas da violência. O mérito delas é revelar, portanto, a polícia pelos policiais.

Conforme relatos da primeira pesquisa: 39,9% dos policiais defendem ampla reformulação do modelo de segurança, sendo que os problemas do país nessa área só serão resolvidos com a revisão dos procedimentos e do modo como se organizam as corporações do sistema de segurança.

Ademais, ressaltam-se nas opiniões dos policiais: 52,1% acreditam que as carreiras policiais não são adequadas; 62,1% afirmam que as polícias deveriam se organizar em carreira única; 58,3% acreditam que a hierarquia nas polícias provoca desrespeito e injustiças profissionais; 83,2% defendem a modernização dos regimentos e códigos disciplinares de modo a adequá-los à Constituição Federal de 1988.

Por sua vez, a segunda pesquisa apontou que ao longo da carreira: 75,6% já sofreram ameaças em serviço; 63,5% das vítimas já passaram assédio moral ou humilhação no trabalho; 36,7% já sofreram acusação injusta de prática de ilícito; 65,7% já foram discriminados por serem profissionais do sistema de segurança pública; 33,6% tiveram pelo menos um familiar vítima de ameaça pelo fato de serem profissionais de segurança pública.

A percepção de risco por parte dos agentes da lei também é elevada, porquanto 67,7% e 68,4% têm temor alto ou muito alto ser vítima de homicídio, respectivamente, em serviço e fora do serviço.

Enfim, a análise da polícia pelos policiais nesses dois estudos demonstra que o campo policial brasi leiro está em crise. Nesse cenário, as pautas “modernização das polícias” e “valorização dos policiais” não deveriam ser tratadas como meras demandas corporativas, mas, como problemas públicos, que por não serem equacionados contr ibuem para agravar a insegurança da sociedade.

A polícia pelos policiaisPA

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Alexandre Pereira da Rocha*[email protected]

*Policial civil do DF, Cientista Político e Diretor de Políticas Sindicais adjunto do Sinpol-DF.

ARTIGO

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TALENTOS

“Fui fisgada pela maravilhosa e rica produção literária infantil”

E la revela que sempre teve mania de escrever, mas nada com foco ou direcionamento para um assunto especifico. Com a chegada dos dois filhos, porém, passou a ler para eles diariamente

e tornou-se uma consumidora de livros infantis. “Fui fisgada pela maravilhosa e rica produção literária infantil”, lembra.

O relato é da agente policial de custódia Giulieny Matos, 43 anos, que ingressou na PCDF em 1999. Ela é formada em Relações In-ternacionais, pela Universidade de Brasília (UnB) e, atualmente, trabalha na Secretaria de Segurança Pública (SSP). Giulieny con-ta que sempre escreveu uma série de historinhas à mão, e as lia para os filhos como passatempo e diversão. “Em um piscar de olhos”, segundo ela, já estava lançando a primeira obra infantil, inspirada na filha, sob o título de “A menina derretida”.

No livro, lançado em 2011, Giulieny narra, por meio de páginas coloridas e desenhos tridimensionais, o lado divertido da sensi-bilidade infantil e das relações familiares. A obra traz como perso-nagem principal uma menina que chora por tudo, ou por quase tudo. Segundo a escritora, “uma história gostosa de ser lida pelas crianças e para as crianças”. Embora tenha lançado o livro sem grandes pretensões, o trabalho repercutiu bastante. “Escrevo para crianças porque vivi e vivo com alegria a oportunidade maravilhosa que é ser mãe e são dois trabalhos que andam juntos”, acrescenta a agente po-licial de custódia e escritora.

Ao ler histórias para os filhos, Giulieny Matos despertou o talento de escritora infantil. Autora de “A menina derretida”, ela se prepara para lançar mais dois livros

NOTA DA REDAÇÃO Se você é ou conhece algum policial cujo talento vai além

da atividade policial, entre em contato conosco para

divulgarmos a sua história e o seu trabalho pelo e-mail

[email protected]

A agente policial de custódia e escritora tem se engajado pela proteção dos Direitos da Criança

No ano de 2013, “A menina derretida” foi adotada pela Se-cretaria de Educação do Estado de São Paulo como obra de literatura infantil, pois aborda conteúdos curriculares do 1º ano do ensino infantil. Outras escolas do Distrito Federal e de outros estados do já haviam seguido esse caminho. Além disso, o livro de Giulieny também passou a ser usado por clínicas de psicologia em tratamentos terapêuticos. “Eu não esperava todo esse sucesso, foi mesmo uma surpresa ótima. Uma consequência da aposta que a editora teve na qualidade do meu trabalho, e uma boa parceria entre eu, a editora e a ilustradora”, avalia.

O envolvimento de Giulieny com a literatura infantil levou-a a se engajar em assuntos voltados à defesa e proteção à primeira infância, cujas ações se voltam a crianças de zero a seis anos. Recentemente, ela compareceu a Câmara Federal onde acompanhou a aprovação do Marco Legal da Primeira Infância. “O que eu levo para a vida policial e a de escritora é a defesa da vida, principalmente a importância da proteção e cuidados das crianças”, explica.

Ao contar seus próximos passos como escritora, Giulieny afir-ma que está no forno mais duas obras infantis: “A Menina Ta-

garela” e “O Doutor Acaso”, ambos com lançamento ainda para este ano. Em outubro, ela obteve mais uma conquis-

ta com "A Menina Derretida": o livro foi lançado em uma feira literária no Chipre, Sul da Turquia, em uma versão em Inglês. A escritora foi ao evento com a comitiva da Associação Internacional de Polícia.

Os interessados em alguma obra po-dem adquiri-las na represen-

tação da Editora RHJ pelo telefone (61) 3349-6062, ou

pelo endereço eletrônico: www.lojarhj.com.br

Ela diz que algumas pessoas se espantam com o fato de ser policial e escrever para crianças, por terem uma visão muita séria daquela profissão. “Pelo que sei, até o momento, sou a única policial do mundo, agente policial de custódia, que escreve para crianças”, afirma.

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F oram 22 dias de paralisação e uma das maiores adesões da história dos movimentos grevistas dos policiais civis do Distrito

Federal. A grande participação nas assembleias e a forte presença da categoria nos piquetes em frente às delegacias comprovaram esta mobilização. Mesmo com as reivindicações ainda em discussão, a greve iniciada no primeiro dia de setembro conseguiu importantes vitórias. Além de resgatar a união entre os policiais, ela demonstrou para o poder público a força que a categoria tem.

Greve dos policiais civis do DF resgatou união da categoriaManutenção da isonomia com a PF, normatização das remoções e nomeação dos aprovados foram os principais pleitos do movimento

Ao longo dos últimos meses, as queixas apresentadas pelos policiais civis do DF foram, sistematicamente, ignoradas pelo Governo de Brasília e pela Direção Geral da PCDF. Insatisfeitos com o tratamento recebido, cerca de dois mil policiais civis decidiram, no fim do mês de agosto, durante Assembleia Geral Extraordinária (AGE), realizada em frente à sede do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), que a melhor estratégia para que seus pleitos fossem ouvidos seria a deflagração do movimento grevista.

Um número cada vez maior de policiais civis atendeu aos chamados do Sinpol-DF para as assembleias gerais

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A principal reivindicação era o compromisso do gover-no distrital com a manutenção da isonomia que, desde a transferência da capital do país para Brasília, sempre existiu entre a PCDF e a Polícia Federal (PF).

Além disso, os policiais civis cobraram que fosse institu-cionalizada uma normatização para as remoções e que fossem nomeados os mais de 400 aprovados no último concurso, o que amenizaria o alto déficit de recursos hu-manos que a instituição enfrenta.

PRIMEIRA SEMANA

No primeiro momento, a categoria decidiu que só seriam registrados os flagrantes e as ocorrências de crimes gra-ves, como latrocínio, homicídio, estupro e roubo com res-trição de liberdade (sequestro relâmpago). O movimento teve seu início definido para as 8h do dia 1º de setembro.

Naquela data, houve uma assembleia em frente ao Palá-cio do Buriti e os policiais votaram pela continuidade do

movimento paredista por tempo indeterminado. No dia 4, em outra assembleia realizada no mesmo local, a cate-goria decidiu pela manutenção da greve e pela paralisa-ção também das atividades de perícias, inclusive daque-las que estavam pendentes até o início do movimento.

Durante a AGE, o presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Fran-co, o Gaúcho, destacou a necessidade de a categoria se mobilizar e permanecer unida em torno da causa.

“Essa guerra é demorada, mas é de todos. Não são 10, 12, 20 diretores que vão resolver o problema; somos todos nós. Ninguém sabe do futuro, mas ele pode ser alterado por nós. É isso o que cada um de vocês deve considerar. Essa é a hora de irmos à luta”, acrescentou Gaúcho.

Ao longo dos dias seguintes, a adesão cresceu significa-tivamente, com cada vez mais policiais se adequando às recomendações da Cartilha de Greve. A força e a união ficou evidente em diversas unidades, onde os profissio-nais atuaram, durante todo o período, em escala de re-vezamento, blindando o plantão e informando à popula-ção sobre a interrupção do atendimento.

Nem mesmo a ilegalidade da greve, conforme decisão ju-dicial na primeira semana do movimento, enfraqueceu a mobilização. Pelo contrário, ela foi o ponto de partida para que a categoria passasse a acompanhar a do gover-nador Rodrigo Rollemberg, chamando a atenção para a necessidade de ele receber os dirigentes do sindicato em audiência e, assim, houvesse negociação.

SEGUNDA SEMANA

No dia 8 de setembro, a diretoria do Sinpol-DF voltou a se reunir com o secretário de Relações Institucionais do GDF, Marcos Dantas, e o diretor-geral da PCDF, Eric Seba. Apesar de ter afirmado que o governador manteria a isonomia, Marcos Dantas rechaçou a possibilidade de o GDF formalizar, por escrito, essa garantia.

Em resposta, a categoria decidiu, em uma nova AGE realizada poucas horas depois, pela interrupção de mais serviços, entre eles, o recolhimento de corpos por morte natural em residências. O serviço de emis-são e entrega de carteiras de identidade também foi suspenso por completo.

No Instituto Médico Legal (IML), a partir de então, passaram a serem emitidos somente laudos cada-véricos. E as fianças arbitradas pela Justiça deixaram de ser recolhidas pelos escrivães nas delegacias. Já as ordens de Missão (OM) que não correspondiam aos crimes mais graves passaram a ser devolvidas ou re-

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cusadas. Já na tarde da quinta-feira, 10, cerca de 500 policiais fizeram uma manifestação em frente ao Complexo da Polícia Civil para marcar o décimo dia de greve. O ato serviu para registrar a mobilização da categoria e confirmar a força do movimento.

No dia seguinte, nova AGE foi realizada, dessa vez, com a presença de cerca de três mil policiais civis. Entre os principais motivos para grande participação estava o recebimento oficial, na noite anterior, da notificação de-clarando a greve ilegal. A entrega aconteceu depois que a Direção Geral PCDF designou um delegado para levar o oficial de justiça até um dos diretores do Sinpol-DF.

Durante a assembleia, Gaúcho registrou a insatisfação do sindicato com a forma como a notificação aconteceu e informou que a entidade iria recorrer da medida judicial. Ao fim, a categoria voltou a decidir pela continuidade da greve e, além das restrições já estabelecidas, votou por suspender, a partir de então, as escutas telefônicas.

TERCEIRA SEMANA

Ao completar 15 dias de greve, uma nova assembleia foi realizada, dessa vez no Complexo PCDF – como ato de desagravo. Em mais uma intensificação do movimento paredista, a categoria decidiu que as viaturas descarac-terizadas que apresentarem defeitos ou problemas – extintor fora da validade e pneus carecas, por exemplo – seriam devolvidas à Divisão de Transportes da PCDF.

Alguns dias depois, o Sinpol-DF reuniu um grupo de vo-luntários para doar sangue na Fundação Hemocentro, em Brasília. Cerca de 100 policiais civis decidiram exercer, de forma literal, o dever de dar o sangue pela sociedade. Os participantes vislumbraram na metáfora a oportuni-dade de manifestar-se politicamente exercendo, tam-bém, a solidariedade.

De volta à Praça do Buriti, a nova AGE, realizada na sexta, 18, deliberou pela manutenção do movimento de greve e sua radicalização por 72 horas a partir das 8h da segunda--feira seguinte, 21. Ficou determinado que nesse período,

entre outras restrições, não seriam realizados quaisquer procedimentos, mesmo os de flagrante, exceto em cri-mes de homicídio, latrocínio, casos referentes à Lei Maria da Penha, estupro e roubo com restrição de liberdade.

As decisões foram uma resposta à nova demonstração de inércia do governador Rodrigo Rollemberg, que, depois de reunião com a diretoria do Sinpol-DF, na tarde do dia 17, sugeriu a criação de um Grupo de Trabalho para de-bater as reivindicações.

QUARTA SEMANA

No entanto, mesmo sem garantias, a categoria decidiu, na terça, 22, interromper o movimento como forma de fortalecer o trabalho de articulação política junto à Câ-mara Legislativa, ao Congresso Nacional e aos governos distrital e federal.

A decisão foi aprovada pela maioria dos policiais civis que compareceram à assembleia realizada no Parque da Ci-dade. O objetivo foi possibilitar a retomada das negocia-ções pela aprovação de pleitos e reivindicações dos poli-ciais, como do Projeto do Nível Superior, em tramitação no Senado. A diretoria do sindicato retomou esse traba-

Passeatas, manifestações e atos públicos marcaram a greve

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“Tenho 20 anos de polícia e esse é um dos movimentos mais fortes que já presenciei. A insatisfação do policial é muito grande por não ter o seu trabalho valorizado. São longos

anos de espera, de promessas não cumpridas. Não é só uma questão salarial. Esse sentimento de

insatisfação é de todos os policiais e por isso conseguiu ganhar corpo” - Cida Landim, 47, agente de polícia, lo-tada na Coordenação de Repressão às Drogas (CORD).

“Nunca vi uma greve com esse nível de engajamento. A diretoria usou

as mídias sociais e conseguiu unir ainda

mais aos policiais” - Carlos Augusto, 48, agente policial de custódia, lotado na 15ªDP.

“O concurso para entrar na Polícia Civil exige nível superior, mas somos reconhecidos como nível médio. Isso é um atraso para toda

a sociedade e estava mais do que na hora de lutar por uma outra realidade” -

Armando Cardoso, agente de polícia, lotado na Coordenação de Repressão às Drogas (CORD).

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lho já no dia seguinte, a quarta-feira, 23, quando esteve, ao longo do dia em reuniões com senadores para garantir apoio ao Projeto de Lei da Câmara (PLC) 91/2015.

BALANÇO

Ao fazer um balanço desses 22 dias, o presidente do Sinpol-DF destacou o maior legado da greve: o resgate da união, da autoestima e do espírito de luta dos policiais

Entre os nomes que mais se aproximaram da catego-ria estão Celina Leão (PDT); Wasny de Roure e Cláudio Abrantes (PT); Professor Israel (PV); Agaciel Maia (PTC); Lilliane Roriz (PRTB); Luzia de Paula (PEN); Telma Rufino (PPL); Bispo Renato Andrade (PR); Julio Cesar (PRB); Re-ginaldo Veras (PDT) e Wellington Luiz (PMDB).

Agora, os policiais civis, junto ao Sinpol-DF, vão concluir a proposta de uma Operação Legalidade. O documento está sendo trabalhado para uma aplicação de maneira permanente, a fim de se tornar uma cultura dentro PCDF. “Temos que estar unidos ainda mais daqui para frente. A grande vitória depende da nossa união”, conclui Gaúcho.

civis – aspectos essenciais para que qualquer movimento seja vitorioso. “Deixamos claro para o governo, para a mí-dia e para a sociedade que a polícia está unida e forte no seu propósito”, avalia Gaúcho. “Nosso movimento forçou o governador a nos receber e abriu as portas da Câmara Legislativa, além de inserir a Direção-Geral da PCDF nas negociações, o que não ocorria antes”, acrescenta.

O estreitamento das relações com os deputados distri-tais ficou evidente com as suas manifestações durante as assembleias, em reuniões com o governo e na própria Câmara Legislativa do DF (CLDF), quando diversos par-lamentares demonstraram apoio à categoria.

Equipes se organizaram em escalas para blindar o plantão

Outro resultado do movimento foi a aproximação com os deputados distritais

Pressionado, governador Rollemberg recebeu os diretores do Sinpol-DF, mas não apresentou propostas objetivas

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“Nunca vi um movimento assim e vou fazer 17 anos de polícia. A união está muito forte. Dessa vez não está havendo manipulação. Em greves passadas, percebíamos que a categoria era um pouco manipulada; nessa, não. A categoria está no limite. A polícia está massacrada, sucateada. Nesse momento, não tínhamos como não fazer a greve. ” - Carlos Alberto Torres, 44, agente de polícia, lotado na 8ªDP.

“Eu sou da turma de 1999 e já vi movimentos fortes na Polícia Civil, mas isso se perdeu ao longo dos anos. Acho que aos poucos está sendo resgatado, como agora. Estou voltando a ver uma união que há muito tempo eu não via. Os policiais estão esco-lhendo o lado de seus familiares. São nove anos de perdas inflacionárias. Estamos buscando e através dessa união, sermos vitoriosos ao final.” - Rogério Solino, 42, agente de polícia, lotado na 13ªDP.

“Estou na PCDF há 20 anos e participei de todos os movimentos desde então. A greve foi bem coesa, todos os cargos uni-dos, novatos e aposentados. Todo mundo está pensando igual. A categoria está mobilizada muito forte para manter nos-sas conquistas.” - Rosalvo Soares Barros, 45, papiloscopista, lotado no Instituto de Identificação (II).

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PLEITOS

O que acontece com as investigações quando um policial é abruptamente re-movido de sua lotação? O Sinpol-DF es-

tima que, em mais de 90% dos casos, elas são inter-rompidas sem serem retomadas por outro servidor. As investigações de uma única denúncia ou ocor-rência policial demandam horas, dias ou até meses de trabalho. Como a finalização desse trabalho é que subsidia o indiciamento, quando a conclusão do in-quérito policial não acontece, o aumento da impu-nidade é inegável.

Remoções sem critérios claros e objetivos, além das investigações interrompidas, também afetam o pró-prio servidor, e têm levado os policiais civis a um clima de tensão e revolta. A dificuldade de adapta-ção à nova unidade e a enorme perturbação na vida pessoal, por sua vez, podem resultar em baixa pro-dutividade, ansiedade e até mesmo depressão. Para o sindicato, essa falta de normas possibilita diversos tipos de abusos por parte dos gestores. E, não raro, transferências imotivadas são utilizadas para coagir ou, muitas vezes, prestigiar apadrinhados em detri-mento de policiais mais experientes e qualificados.

REPRESÁLIA

O caso do agente de polícia Paulo Sérgio Ramirez exemplifica bem essa realidade. Ele era lotado na Divisão de Operações Especiais (DOE), quando fez um curso de operações aéreas durante 30 dias no Rio de Janeiro, sendo, entre os 40 inscritos, um dos oito aprovados.

Com a especialização, foi para a Divisão de Ope-rações Aéreas (DOA), onde esteve lotado por qua-tro anos. Fez ainda dois cursos de instrução em operações aéreas – um pela Academia de Polícia Civil e outro pela própria DOA – e se tornou ins-trutor na unidade.

Em 2012, no entanto, durante a realização de um curso, teve divergências com o delegado recém lotado na divisão. Segundo Ramirez, o delegado queria pular etapas, e por envolver

Remoções injustificadas comprometem o trabalho policialSem normatização, transferências têm sido utilizadas como represália, causando instabilidade nas delegacias

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a segurança física dos alunos, ele se recusou a dar aula daquela forma.

“A partir daí, começou a perseguição e o assédio moral lá dentro”, afirma. “Ele disse para mim que eu era uma pessoa que desagregava e que arregimentava opiniões ao meu favor”, acrescenta Ramirez, que acabou trans-ferido para a 3ª Delegacia de Polícia, no Cruzeiro.

A mudança teve um forte impacto na vida do agente, mas também representou a perda dos investimen-tos feitos pela própria PCDF em sua formação. Se houvesse um concurso de remoção e de competên-cias, que funcionaria como mecanismos para nor-matizar as transferências, a situação certamente se-ria outra. “Com o concurso, não ficamos à mercê da canetada dos delegados, mas teríamos respeitadas a antiguidade e as especializações feitas por aqueles que querem progredir na carreira”, observa o agen-te. “Quem perde é a sociedade, porque os melhores profissionais em determinadas áreas não estão lota-dos nas unidades mais adequadas”, pontua.

Indignado, Ramirez, foi, na época, o primeiro agen-te de polícia a entrar com a ação judicial contra um diretor geral da PCDF questionando a legalidade das transferências sem motivação. Acompanhado pela assessoria jurídica do Sinpol-DF, ele conta que ainda deverá tentar uma ação rescisória, pois, em decisões recorrentes, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), entende que todo ato administrativo, mesmo

Segundo Ramirez, remoções imotivadas são represálias travestidas de legalidade

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o discricionário, tem que ser motivado. A única jus-tificativa dada para a sua remoção, no entanto, foi de que seria “a bem da administração pública”. Para Ramirez, entretanto, essa motivação é muito vaga e ilustra a uso da máquina feito por alguns delegados em favor de si mesmos. “É uma represália travestida de legalidade”, afirma.

INSTABILIDADE

Fábio de Faria Leão, também agente de polícia, re-lata que, nos últimos anos, em função da participa-ção ativa no movimento sindical, foi vítima de duas remoções. Em 2011, estava há cinco anos na Dele-gacia da Criança e do Adolescente II (DCA II), em Taguatinga, quando, seguiu a orientação do movi-mento grevista de que as viaturas sem condições de uso fossem baixadas. No dia seguinte, descobriu que tinha sido removido para a 15ª DP, na época, locali-zada na Ceilândia.

Segundo o delegado que solicitou a remoção, não houve qualquer caráter punitivo ou de vingança. Em sua motivação, o gestor chegou a pontuar que o agente trabalhou na delegacia desde a sua criação e destacou que a lotação na 15ª seria de grande servi-ço para a sociedade de Ceilândia, “tendo em vista ser ele muito experiente e possuidor de vasto conheci-mento na atividade policial”. Afirmou ainda não vis-lumbrar “qualquer prejuízo ou sanção a ele, pois sua rotina sequer foi alterada com a nova lotação”. Mas, segundo Leão, os elogios serviram apenas como for-ma de mascarar a punição. Para ele, a Direção Geral vê o sindicalista e o representante sindical como ini-migos, quando deveria tê-los como parceiros. “Com as remoções, eles tentam mostrar ao policial que ele

deve se adequar, mas nós estamos em um país de-mocrático e temos o direito de manifestar a nossa insatisfação, especialmente quando estamos bus-cando conquistas para a instituição”.

Por causa da sua participação na greve de 2012, Leão, que já era chefe do plantão na 15ª DP, perdeu a chefia e foi novamente colocado à disposição. Aca-bou então lotado na 23ª, em Ceilândia, onde está até hoje. “Você está perfeitamente adaptado ao serviço, à rotina e aos colegas de trabalho, quando, de repen-te, é obrigado a recomeçar, deixando tudo aquilo para trás”, protesta o agente de polícia. “As remoções não só desagradam o servidor, como desestabilizam a equipe em que estava integrado e também aquela na lotação de destino”.

EFEITOS

De acordo com Fábio Leão, “removendo injusta-mente um servidor para longe da sua casa ou para um local onde não queira trabalhar, você o afeta psicologicamente”. “Essas mudanças geram a insa-tisfação no serviço e muitas vezes comprometem o convívio familiar, porque você acaba levando os problemas também para casa”, ressalta.

Ramirez compartilha da mesma opinião. “Eu fui ti-rado de um local em que gostava de trabalhar e fui mandado para um local que nem conhecia”. “Os co-legas que ficaram do meu lado, e declaram apoio pu-blicamente, também foram punidos alguns meses depois. Um que morava na Asa Norte foi mandado para Planaltina, e outro que morava em Águas Cla-ras foi removido para Sobradinho”, ressalta. “Como nós somos profissionais, nós nos adaptamos, mas até chegar a esse ponto, eu fiquei doente, fiquei de-primido. Porque para você se estruturar de novo, demora um pouco”, admite Ramirez, acrescentando que a instituição não oferece qualquer apoio psico-lógico ou psiquiátrico. Apesar de ser uma cobrança recorrente do sindicato e, inclusive, uma das prin-cipais reivindicações do movimento grevista do úl-timo mês de setembro, a normatização das transfe-rências continua a ser ignorada pela PCDF.

Enquanto isso, desconsiderando a competência e a formação dos policiais civis e utilizando-se de uma deturpada noção de hierarquia e disciplina, os dele-gados permanecem com o poder de submeter esses profissionais a remoções desprovidas de motivação, objetividade e transferência.

Para Fábio Leão, as remoções desestabilizam tanto a equipe da lotação de origem quanto a de destino

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Que o trabalho nas unidades da PCDF não tem sido fá-cil, não é novidade. Porém, a carga horária extensa de trabalho a qual os policiais civis são submetidos, tanto no expediente quanto no plantão, tem tornado as coi-sas ainda mais insuportáveis.

Na 21ª DP, localizada no Pistão Sul, em Águas Claras, o agente de polícia Martins diz que apenas seis agentes de polícia, dois delegados e dois escrivães se revezam na escala de trabalho, que, naquela unidade, segue o esquema 12h x 24h e, depois, 12h x 60h. Se esse efe-tivo é pouco para uma circunscricional, imagine para uma que também tem funcionado como Central de Flagrante (Ceflag). “Está um inferno. A delegacia está respondendo por uma área gigantesca, que junta, com certeza, mais de um milhão de habitantes”, afirma o agente, referindo-se às regionais de Águas Claras, Ta-guatinga Sul, Areal, Park Way, Arniqueiras e ADE, co-mumente atendidas.

Desde que passou a ser Ceflag, a 21º passou a receber ocorrências da 23ª, 32ª, 12ª, 17ª e 38ª DPs. Extrapolar o horário de trabalho tem sido uma rotina. “Todo dia saímos mais tarde. É muito exaustivo: somos policial de plantão, carcereiro e ainda temos que lavrar fla-grante. Não há emocional que suporte. Nós estamos abandonados”, lamenta o agente Martins.

O cenário é ainda mais desastroso na 35ª DP, em Sobra-dinho II. Para se ter uma ideia, a estrutura tem funcio-nado de maneira provisória há mais de dez anos; não há paredes, apenas divisórias. A cela fica ao lado do balcão de atendimento. Graças a isso, os policiais são submeti-dos a situações vexatórias, como na ocasião em que um preso jogou fezes em um dos agentes policiais. Lá, tra-balham 40 agentes de polícia, seis escrivães e seis dele-gados na escala de 24h por 72h – já condenada pela Or-ganização Internacional do Trabalho. Embora funcione como circunscricional, constantemente os policiais tra-balham até a madrugada. “O plantão está descoberto; tanto que nós temos que buscar policial do expediente

Trabalho exaustivo e por horas a fioExtrapolar a escala de trabalho já é rotina para os policiais civis do Distrito Federal

Estrutura e plantão tornam a 35º DP um local insalubre para os policiais civis

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para cobrir. Quem trabalha até às 19h da noite sempre sai às 2h, 3h da manhã por causa de flagrante, sem con-tar quando somos acionados para uma ocorrência de madrugada”, relata o agente Paulo César, chefe da Seção de Repressão às Drogas da 35º DP.

SAÚDE PREJUDICADAAs consequências dessa prática ilegal, embora chan-celada pela PCDF, estão no número de policiais afas-tados por problemas de saúde: no ano passado, dos 1.300 que se licenciaram, metade – 650 - passou por atendimento psicológico.

Martins e Paulo César concordam que a exaustão decorrente do trabalho é o principal fator. “É assim que o policial se deprime: tem a sobrecarga do ser-viço, a falta de valorização, as condições de trabalho na delegacia; tudo isso conta”, analisa Martins, da 21º. Para Paulo César, até a relação entre policial e a sociedade sai prejudicada. “Percebemos o desânimo entre os colegas. Já houve até agressão por causa de estresse. Toda essa situação afeta o humor dos poli-ciais. E isso acaba indo para a sociedade” pondera.

O Sinpol-DF tem cobrado, sistematicamente, uma po-sição da PCDF. “Temos um quadro envelhecido e em processo de adoecimento. Não podemos atingir metas à custa da saúde e do bem-estar do servidor”, critica Rodrigo Franco, presidente do sindicato.

Infelizmente, a administração da PCDF não tem se sensibilizado com o grave problema dos plantões. O mínimo a fazer seria fechar algu-mas unidades, pelo menos durante a noite. O sindicato já ajuizou ações coletivas visando manter a jornada semanal de 40 horas e o fim dos plantões de 24 horas.

A recomendação é de que os policiais documentem toda e qualquer irregularidade, além de informá-la aos representantes sindicais.

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APOSENTADOS EM JULHO DE 2015Heloísa Helena Silva de Magalhães - Perito CriminalLiduína Rocha Taboada - Agente de PoliciaRoberto Patrício da Silva - Agente de PoliciaMarcos Antonio Xavier - Agente de PolíciaJoão Marcus Braga da Costa Lima - Perito CriminalAgnaldo Machado Cruz - Escrivão de PolíciaTânia Luisa Lopes de Oliveira - Escrivã de PolíciaFreudes de Souza R. Pereira Nogueira - Agente de PolíciaRosanita Barboza Nogueira - Agente de PolíciaMaria José Alves Santana - Escrivã de PolíciaMilton Dias da Silva - Perito CriminalLilian Kátia Pereira - Papiloscopista PolicialAdenilson Azevedo Silva - Agente de PolíciaEliana de Souza Sampaio Lima - Escrivã de PolíciaLuiz Gonçalves Diniz - Agente de PolíciaLuis Carlos Lyra Pato - Agente de PolíciaRoberto Gonçalves Zaidan - Agente de PolíciaMaria Lucia de Sousa - Agente Policial de CustódiaAntonia Eliene Santos Fontoura - Agente Policial de CustódiaFrancisco Fabio Alves dos Santos - Agente de PolíciaRenato Arcanjo de Oliveira Emery - Agente de PolíciaJefferson Duarte Barros de Medeiros - Agente de Polícia

APOSENTADOS EM AGOSTO DE 2015Carla Mary da Silva - Agente de PolíciaSonia Beatriz de Faria Vicenzi - Agente de Polícia Sandra Barbosa de Carvalho - Agente de Polícia Jayme Ribeiro de Andrade - Agente de PolíciaRenner Camargos Mesquita - Agente de PolíciaMauri Francisco da Silva - Escrivão de PolíciaLucivan Santos Pereira - Agente de PolíciaWalter Fernandes - Delegado de PolíciaVantuir Rodrigues dos Santos - Agente de Polícia

APOSENTADOS EM SETEMBRO DE 2015João Luis Rodrigues Neres - Agente de PolíciaJadir Wagner de Queiroz Arnaldo - Agente de PolíciaHugo Cavalcanti Vasconcelos - Agente de PolíciaIvete Rocha Cavalcante - Papiloscopista PolicialJosé Carlos Moura Moreira da Fonseca - Agente de PolíciaWagner Meirencio da Silva - Agente Policial de CustódiaAdelço Aluizio Barbosa - Agente de PolíciaHamilton da Silva Cunha - Agente Policial de CustódiaCarlos Magno da Silva - Agente de PolíciaJorge Rodrigues Maciel - Agente de Polícia

“Passei anos muito bons e extremamente gratificantes na PCDF. Vou sentir muita falta do pessoal que trabalhava comigo, mas tenho uma filha de seis anos e pretendo me

dedicar mais à minha família”. Freudes de Souza Rodrigues, 49 anos, agente de polícia

“Saio com a sensação de ter feito o meu trabalho da melhor forma possível. Sentirei saudades dos queridos companheiros que fizeram parte da minha vida nos últimos 23 anos. Meu plano para o futuro é

estudar para a carreira de educação e viajar muito”. Tânia Luisa Lopes de Oliveira, 47 anos, escrivã de polícia

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Sedentarismo pode agravar estresse do trabalhoFalta de exercícios e de hábitos saudáveis também adoecem os policiais; pequenas mudanças de hábito podem ajudar

O s problemas decorrentes do déficit no efetivo so-mado à elevada carga de

estresse inerente à profissão têm levado um número cada vez maior de policiais civis do Distrito Fede-ral a se afastar do trabalho por pro-blemas de saúde. Dados referentes aos anos de 2011 e 2012, apresen-tados em levantamento feito pelo Governo de Brasília, no ano passa-do, apontam que 36% dos policiais civis tiram, ao longo do ano, um ou mais atestados médicos. Os afasta-mentos duram em média 11 dias e os motivos mais frequentes são an-siedade e depressão.

Atento a essas questões, o Sinpol-DF tem, constantemente, cobrado mu-danças quanto às condições de traba-lho e às longas jornadas. No entanto, o sindicato entende também que, adquirindo hábitos saudáveis, os poli-ciais podem melhorar a qualidade de vida e ajudar a reverter as estatísticas.

SEDENTARISMOSegundo o diretor médico do Sinpol-DF, Renato Santos, o aumento de pa-tologias nos policiais civis também está intimamente ligado à falta de exercícios e hábitos saudáveis. Ele lembra ainda que “a atividade física é uma excelente válvula de escape e costuma ser uma das principais re-comendações médicas para transtor-nos como a depressão”. “Além disso, a falta de preparo físico pode ser de-terminante no momento de atuação nas ruas. Mas existem alternativas fá-ceis que podem melhorar muito essa situação”, contrapõe. “Evite o seden-

tarismo, começando com exercícios simples, como uma caminhada. Saia de casa a pé, estacione o carro duas quadras antes”, sugere o diretor mé-dico do sindicato.

“Quando até mesmo uma pequena caminhada até a padaria da esquina se torna cansativo, há grande indício de sedentarismo, o que, hoje em dia, já é considerado uma doença”, res-salta Renato, pontuando, no entanto, que esse tipo de avaliação deve ser feita por um médico especialista em Medicina Esportiva.

QUALIDADE DE VIDAA fim de garantir a segurança, evitando novos problemas de saúde, antes de iniciar qualquer tipo de atividade físi-ca, é preciso buscar o aconselhamento especializado. É essa orientação médi-ca que dará a direção mais adequada de quais atividades podem ser realiza-das e quais são os exercícios mais ade-quados para cada pessoa. Também é necessário o acompanhamento de um bom orientador físico, evitando assim, complicações físicas como dores musculares, traumas, ou mes-mo lesões que exigem tratamento cirúrgico. Outra medida importante para que os objetivos sejam atingidos é procurar um nutricionista – que irá traçar as recomendações para uma alimentação balanceada.

O agente de polícia Edson Antônio da Silva, lotado na 29ª DP, do Ria-cho Fundo, dá o exemplo para os demais colegas. Nas terças e quin-tas, pratica natação. Nas segundas, quartas e sextas, faz atletismo com os demais integrantes da Associa-ção Tornado DF. Edson conta que,

BEM-ESTAR

atualmente, vários policiais civis fa-zem parte do grupo, que realiza os treinamentos no Taguaparque, em Taguatinga Norte, e compete em di-versas provas de atletismo, dentro e fora do Brasil. O grupo já participou de competições em alguns países europeus, além de Estados Unidos, Peru e Chile. “Nós estamos sempre convidando os amigos que estão pa-rados para se exercitarem também, e hoje temos muitos policiais voltando a correr, inclusive alguns que já estão aposentados”, afirma o agente. “Se a pessoa não tiver tempo para a saúde, vai ter que arrumar para a doença”, acrescenta Edson.

“Eu já estou com mais de 50 anos, mas meu pique é o mesmo da juventude”, garante o agente de polícia, que, entre junho e julho deste ano, participou da 16ª edição dos Jogos Mundiais de Po-liciais e Bombeiros, no estado ame-ricano da Virgínia, e voltou com três medalhas de prata em provas de atle-tismo. Segundo ele, a atividade física é essencial para todos, mas é ainda mais importante para os policiais. “Nós não podemos entrar no sedentarismo, até porque o nosso trabalho exige um certo condicionamento e muita dis-posição. Aliando os exercícios, que também servem como uma forma de terapia, aos exames periódicos e uma alimentação moderada, podemos melhorar bastante a nossa qualidade de vida”, conclui Edson.

Edson Silva, 52 anos, integra a Associação Tornado DF, grupo de atletismo que treina

no Taguaparque três dias por semana

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Ainda não pratica atividade física?Marque sua consulta com um médico especia-lizado e um nutricionista. Tendo o plano de saú-de Amil/ Sinpol-DF, os agendamentos podem ser realizados pelo telefone (61) 3003.1333. E para garantir mensalidades reduzidas, matri-cule-se no Centro de Condicionamento Físico (Cecof), localizado no Complexo da PCDF. Mais informações pelo telefone (61) 3207.4987.WWW.SINPOLDF.COM.BR | AGOSTO • SETEMBRO • OUTUBRO/201526

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CONVÊNIOS

Lista de Convênios

ACADEMIASFive Rounds Academia de Lutas (61) 8176.7638, 9510.1871Academia Any Shirley (61) 3556.7622, 3556.7901Quattor Academia (61) 3965.7444Academia Runway (61) 3272.0202ClubeCoat Fitness (61) 4141.4126Academia Tribus (61) 3346.2163 CrossFit Selva Academia (61) 3567.4388Academia Corpo e Saúde (61) 3382.6441Fit30min Personal Studio (61) 3447.7186, 3445.1303Studio Wellness Fit (61) 3256.2501, 3046.8187 CHAVEIROChaveiro D.I. (61) 8405.0841, 9634.2678, 3352.8644

CLÍNICAS E ESTÉTICAClínica de Nutrição Eugênio Giovanni (61) 9601.5961 Renata de Souza Cunha (Nutricionista) (61) 8152.8110 Wilson Luiz Vieira Villela (Psicólogo) (61) 3344.4074 Espaço Iara Nárdia (61) 9212.0028, 8122.8312Clínica Diálogo – Psicologia (61) 3346.5469, 3041.5569InPCo – Integração dos Psicólogos Cooperados (61) 3340.4237, 8221.8750 FC Massoterapia (61) 8165.5890Coral Clínica Médica e Estética (61) 3877.6888

CURSOSTokata Instituto de Música (61) 3345.0151Grupo Educacional Verbo Jurídico (61) 3076.8691IPOG – Especializando Valores (61) 3964.5101, 8167.0542Cultura Inglesa (61) 3244.5650 , 3244.8571Casa Thomas Jefferson (61) 3442.5599, 3442.5501

FACULDADES E COLÉGIOSFaculdade Mauá (61) 3397.5251, 3613.0423Unepos – União de Estudos e Pós-Graduação (61) 3254.5334, 3254.5281Colégio Cor Jesu (61) 2105.6800 UnYLeYa (61) 3031.8225, 3031.8073 IEPG Pós-Graduação (61) 4063.8655 Damásio Educacional(61) 3037.7000, 4141.1714 Instituto Laboro (61) 3442.6700 Centro Educacional Nossa Senhora do Rosário (61) 3242.1134Colégio Sagrado Coração de Maria (61) 3031.5000 UDF Centro Universitário (61) 3704.8829 Colégio Jesus Maria José (61) 3354.6363, 3354.1838 UniCEUB – Centro Universitário de Brasília (61) 3966.1230 Escola Cresça – Centro de Realização Criadora (61) 3224.1640 Colégio Presbiteriano Mackenzie (61) 2106.9000

O Sinpol-DF oferece aos filiados o acesso a diversos serviços com preços especiais. Lembre-se sempre de estar munido da carteira de filiado ao sindicato para garantir as van-tagens. Veja, abaixo, a lista de convênios firmados pela atual diretoria. Todos as empresas conveniadas ao sindicato podem ser consultadas em www.sinpoldf.com.br/convenios

Fundação Getúlio Vargas (61) 3799.8000Colégio Galois Infantil (61) 3435.1002

FUNERÁRIAFunerária Bom Pastor (61) 3233.1956, 3361.2664

LAZER E TURISMOHotel Fazenda Rancho dos Canários (61) 3344.9718, 3248.4000Montreal Turismo (61) 3701.1300Bluepoint Hot Springs Hotel 0800.627373, (64) 3455.9600

LOJASVictor Fazollo Vestuário e Calçados (61) 3263.2510A Cutelaria (61) 3037.6360, 9276.2121 Jet Line Remanufatura de Cartuchos (61) 3351.0250Wilker do Brasil Remanufatura de Cartuchos (61) 8423.4141, 3343.2525

ODONTOLOGIANeo Imagem e Diagnóstico (61) 3381.1505, 3382.0343 Exata – Clínica de Radiologia Odontológica (61) 3340.4746, 3349.5634Centro de Implantes Dentários (61) 3223.6559, 3223.8453 SEGUROSGlobal Insurance Administradora e Corretora de Seguros (61) 3244.6417, 3443.3299

OUTROSSesc (61) 0800.617.617Sesi (61) 3317.9989/3317.9992

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