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Page 1: Revista Sol Brasil - 8°edição
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Índice2

Expediente

Revista SOL BRASIL Publicação bimestral do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condi cio nado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA). Conselho Editorial: Luís Augusto Ferrari Mazzon, Marcelo Mesquita, Nathalia P. Moreno, Ronaldo Yano e Sara VieiraEdição: Ana Cristina da Conceição (MTb 18.378)Projeto gráfico e editoração eletrônica: Izilda Fontainha SimõesFoto de capa: Pro-Sol Solar

Diretoria DASOLPresidência - José Ronaldo KulbVP Relações Institucionais (VPI) - Amaurício Gomes LúcioVP Operações e Finanças (VPOF) - Edson PereiraVP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) - Carlos Artur A. Alencar VP Marketing (VPM) - Luis Augusto Ferrari MazzonVP Desenvolvimento Associativo (VPDA) - Laércio LopesGestor - Marcelo MesquitaDASOL/ABRAVA Avenida Rio Branco, 1492 – Campos Elíseos –São Paulo – SP – CEP 01206-905 - Telefone (11) 3361-7266 (r.142)Fale conosco: [email protected]

Matéria da Capa 8

A casa solar ao alcance de todosAquecimento solar torna-se item

obrigatório nas casas do Programa Minha Casa Minha Vida destinadas às

famílias com renda de até R$ 1.635

Mundo Verde

Editorial

Mais conforto para os idosos Tuma fornece sistemas de aquecimento solar para 85 asilosem projeto da Cemig

CB-Solar e Exposolar: união e integração do setor

Energia limpa em hospitais públicose hotéis de luxoSun & Wind Energy descreve inovadores projetos de aquecimento solar na Espanha, África do Sul, Turquia e Dubai

3

Tecnologia

Trocadores de calor Dispositivo instalado nos sistemas de aquecimento solar favorece medição individual do consumo de água

Case Solar

5

18

4

Aquecimento solar em nova unidade do SESCProjeto da Cumulus prevê economia de 2.862,3 kWh/mês em energia elétrica

14

Empresas Associadas

Mercado6

Setor produziu 445,7 mil m2 de coletores solaresde janeiro a junhoÁrea acumulada chega a6,68 milhões de m2

Entrevista

Teotonio Costa RezendeDiretor de Habitação da Caixa Econômica Federal fala sobre as mudanças em programa federal

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Page 3: Revista Sol Brasil - 8°edição

CB-Sol e Exposolar: união e integração do setor

O DASOL realizará em novembro o CB-SOL (Congresso Brasileiro de Aquecimento Solar) e a EXPOSOLAR (Feira e Exposição de Sistemas de Aquecimento Solar), além de uma exposição temática para o público em geral na cidade de Campinas (SP), principal metrópole do interior do país.

Evolução das edições anteriores do ENASOL – Encontro Nacional de Aquecimento Solar, estes novos eventos contam com o apoio de especialistas de universidades e instituições de elevado conceito no cenário nacional e mundial.

Não temos dúvida da importância desses dois aconteci-mentos para profissionais, universidades e empresas que interagem com o setor. Ou para aqueles que utilizam/espe-cificam a tecnologia do aquecimento solar em projetos nas mais variadas aplicações, no Brasil ou no exterior - diversas empresas têm ampliado suas exportações nos últimos anos, dada a tecnologia avançada que confere competitividade aos produtos brasileiros.

A realização do CB-SOL e da EXPOSOLAR representará um novo marco nas relações profis-sionais e comerciais da nossa indústria. Será uma grande oportunidade de aproximação desses diversos agentes, de ampliação de relacionamentos e de discussão de temas de fundamental importância para a evolução do setor.

Nosso segmento conta com profissionais e empresas experientes, que possibilitaram a alavancagem da indústria de aquecimento solar de água junto à ABRAVA. Também reúne empresas novas, que iniciaram suas atividades recentemente, atraídas por oportunidades de mercado como a inclusão dos sistemas solares nos programas habitacionais – o programa da CDHU, do governo de São Paulo, e o Minha Casa Minha Vida, do governo federal, são alguns exemplos.

A indústria de aquecimento solar vive seu momento mais importante e promissor desde o início de suas atividades, no final da década de 70. Cabe ao DASOL a missão de congregar e equilibrar os mais diversos interesses e realidades em prol do futuro do nosso setor.

O CB-SOL será, portanto, também uma oportunidade para a união de esforços em torno de ações e objetivos rumo a uma integração maior a cada dia. Somente com comprometimento, união e integração conseguiremos consolidar nossa indústria e proporcionar espaço e bons resultados para todos os agentes envolvidos.

É para isso que estamos e continuaremos trabalhando, muito e há muito tempo.

ObrigadoLuís Augusto Ferrari MazzonVice-Presidente de Marketing do DASOL

Editorial 3

Div

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ção

Page 4: Revista Sol Brasil - 8°edição

4 Case Solar

A Aquecedores Cumulus S/A implantou um sistema de aquecimento solar que será inaugurado em 19 de no-vembro na nova unidade do SESC localizada no bairro de Santo Amaro, em São Paulo (SP).

A instalação recebeu dois reservatórios tér-micos de 2.000 litros que serão aquecidos por 62,4 m² de coletores solares modelo CSC Ultra 200. A superfície em cobre, com cobertura seletiva de alta eficiência à base de titânio, permitiu que a área instalada de cole-tores fosse reduzida em 30%, quando comparada à área necessária para produção de energia térmica nos modelos tradicionais de coletores com pintura negra. Além de ocupar menor es-paço, os vidros endurecidos resistem à chuva de granizo, reduzindo a necessidade de manutenção nessas situações e garantindo o prazo de retor-no do investimento.

Este projeto que fornecerá água quente para os vestiários

Cumulus instala aquecedor solar em nova unidade do SESC Projeto inovador ocupa espaço menor e prevê economia de 2.862,3 kWh/mês em energia elétrica

Div

ulga

ção:

Cum

ulus

Aquecedores Cumulus S.A. Ind. Com.

(Guarulhos –SP)

Associada ao DASOL/ABRAVA desde 25/02/99

Site: www.cumulus.com.br

dos usuários e funcionários do SESC contará com o apoio de quatro boilers elétricos de 200 litros com resistência

de 12 kW cada. Todo o sistema é comandado por um painel eletrônico responsável pelo moni-toramento do consumo de energia.

Para esse complexo foi estimada uma eco-nomia de 2.862,3 kWh/mês, que representará aproximadamente 60% da conta de energia. Essa unidade do SESC de-cidiu utilizar energias renováveis e optou pela energia solar térmica para aquecimento de

água, deixando as energias convencionais (elétrica e gás) como backup do sistema.

Page 5: Revista Sol Brasil - 8°edição

5Case Solar

A Tuma, empresa precursora na fabricação de aquecedores solares no Brasil, participa do Programa Energia Inteligente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). O programa faz parte do conjunto de projetos da Cemig no seu Programa de Eficiência Energética e conta ainda com a parceria do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas).

O projeto prevê a instalação de sistemas de aquecimento so-lar de água que totalizarão mais de 20.000 m² de coletores solares em substituição a chuveiros elé-tricos em Instituições de Longa Permanência para Idosos em todo o Estado de Minas Gerais.

A Tuma é uma das seis em-presas fornecedoras do projeto e ficou responsável por cerca de 3.300 m² de coletores solares que equiparão os sistemas de aquecimento de água de 85 asilos da região central do estado de Minas Gerais. A capacidade média dos sistemas fornecidos é de 38 m² com armazena-mento aproximado de 3.500 litros.

Este projeto é de suma importância para o setor elétrico na medida em que contribui para as reduções do pico de consumo de energia entre as 18 e 21 horas, período em que o chuveiro elétrico é utilizado na maioria dos lares brasileiros.

O fornecimento não se limita ao aquecedor solar. Fazem parte do projeto também as adaptações das instalações hidráulicas das edificações para receber a água quente e sistemas de recirculação de água que garantem curto tem-po de espera para chegada de água quente nos chuveiros. Também integram o projeto controles eletroeletrônicos do

Aquecedores solares da Tuma trazem mais conforto a idosos Fabricante fornece sistemas de aquecimento solar para 85 asilos dentro de projeto da Cemig

Div

ulga

ção

TUM

A

Tuma Industrial (Belo Horizonte-MG)

Associada ao DASOL/ABRAVA desde 23/09/99

Site: www.tuma.ind.br

funcionamento das resistências elétricas do aquecimento complementar, limitando o consumo energético fora do horário de ponta.

Vale salientar alguns dos benefícios que os aquecedores solares vão trazer às instituições. Além da melhoria na quali-dade dos banhos dos internos, há uma significativa redução do custo operacional da entidade. O ganho proporcionado pela economia gerada nas faturas de energia permitirá às entidades investimentos importantes em infraestrutura, na alimentação e medicamento dos internos e em outras ativi-dades que garantirão melhor qualidade de vida aos idosos. Em algumas entidades já beneficiadas pelo programa, a eco-nomia chega próximo de 40% da fatura de energia elétrica.

Jovino Gil de Sousa, atual vice-presidente do Lar das Idosas Santa Gema Galgani, da Sociedade de São Vicente de Paulo da cidade de Belo Horizonte, relata com enorme satisfação que o aquecedor solar de água está trazendo mais conforto para as idosas e uma grande economia na conta da Cemig. “A casa depende de doações para a sua sobrevivên-cia, e é com muita alegria que comemoramos a chegada do aquecedor solar na nossa instituição”, acrescenta Jovino.

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Área acumulada de coletores solares chega a 6,68 milhões m2

6 Mercado

Região Sudeste concentra maior volume de vendas

O Brasil atingiu no primeiro semestre de 2011 a marca de 6,68 milhões m2 de placas coletoras de energia solar para aquecimento de água. Segundo pesquisa real-izada pelo DASOL – Departamento Nacional de Aquecimento Solar da ABRAVA, nos seis primeiros meses do ano foram produzidos 445,7 mil m2 de coletores solares.

Esse dado revela crescimento de 7,14% na área acumulada em relação ao vol-ume produzido no ano de 2010, que foi de 6,24 milhões m². Historicamente, a área acumulada tem crescido a taxas superiores a 15% nos últimos anos, conforme a tabela a seguir:

Ano Área Nova Instalada (m2) Área Acumulada (m2)Crescimento sobre o

Ano Anterior (%)% da Área Acumulada

Instalada

2003 323.700 2.010.825 7,3% 19,2%

2004 389.100 2.399.925 20,2% 19,4%

2005 394.658 2.794.583 1,4% 16,4%

2006 434.331 3.228.914 10,1% 15,5%

2007 573.186 3.802.100 32,0% 17,8%

2008 671.156 4.473.256 17,1% 17,7%

2009 798.140 5.271.396 18,9% 17,8%

2010 966.681 6.238.077 21,1% 18,3%

1º Sem. 2011 445.703 6.683.780 - 7,14%

Page 7: Revista Sol Brasil - 8°edição

7Mercado

No entanto, na comparação com o primeiro semestre de 2010, os números demonstram que o setor produziu 2,12% menos coletores de janeiro a junho de 2011. A redução é atribuída à retração da economia e também à transição dos governos federal e estadual, com a posse dos governantes eleitos em 2010. Esses fatores acarretaram atrasos na dinâ-mica do mercado, principalmente nos cronogramas dos Programas de Habitações de Interesse Social.

Com relação aos reservatórios térmicos, a pesquisa reve-lou que foram produzidas mais de 65 mil unidades (aproxi-madamente 26 milhões de litros), representando crescimento de 4,4% sobre o mesmo período de 2010. A produção é maior que a dos coletores porque os reservatórios térmicos são utilizados em outras aplicações além do aquecimento solar.

Volume de vendas por região

De acordo com a pesquisa, o volume de vendas teve maior concentração na Região Sudeste com 80,33%, seguida pelas regiões Sul e Centro-Oeste com 8,56% e 6,67% respec-tivamente. Norte (4%) e Nordeste (0,44%) foram as regiões com menor índice de vendas.

Nas últimas pesquisas, a região Sudeste vem ganhando participação nas vendas, tendo registrado 64% em 2009, 75,7% em 2010 e 80,33% neste último semestre.

Crescimento em 2011

Apesar da retração da economia no primeiro semestre, as empresas estão confiantes no crescimento do setor ao longo de 2011. Segundo a pesquisa, 24% das empresas estimam crescimento de até 10% nas vendas (faixas 1 e 2 do gráfico). Para 29% das empresas pesquisadas, o crescimento estará entre 11% e 15% (faixa 3). Outro dado expressivo é que 24% das empresas têm expectativa de crescer entre 16% e 20% (faixa 4). O gráfico indica também o otimismo das empresas que estimam crescimento acima de 20% (faixa 5) e até superior a 50% (faixa 6).

Vendas por segmento

O segmento residencial foi o que mais demandou o mer-cado no primeiro semestre de 2011, com 59% das vendas. Indústria, comércio e serviços representaram 24%, seguidos pelos Programas Habitacionais (Habitações de Interesse Social – HIS), com 18%.

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8 Matéria da Capa

A Portaria 325 do Ministério das Cidades, que estabe-lece as regras da segunda fase do Programa Minha Casa Minha Vida, representa um grande impulso para o setor de aquecimento solar. O documento determina que todas as casas (unidades unifamiliares) contratadas para a faixa de renda 1 (renda familiar de três salários mínimos ou R$ 1.635) deverão ser equipadas com sistemas de aquecimento solar (SAS). Os novos valores máximos estabelecidos para essas habitações já incluem os custos desses equipamentos.

Segundo a Portaria, publicada em 8 de julho de 2011, a meta do programa é construir 860 mil unidades habita-cionais para essa faixa de renda. Ainda não há cálculos de quantas dessas unidades serão casas, sobrados ou prédios. Porém, é possível fazer uma estimativa com base no projeto piloto da primeira fase do Minha Casa Minha Vida, que contratou a instalação de SAS em 41.449 moradias para a faixa de renda 1. Desse total, 82,7% eram casas, 4% eram sobrados e 13,3% apartamentos.

Mantida a proporção de cerca de 82% de casas para a faixa 1 nos novos números do programa (860 mil), pode-se estimar a instalação de aquecedores solares em 705 mil mo-radias até 2014, e uma demanda de instalação de 1,4 milhão m2 de coletores. “Esse número representa pouco mais de um ano de produção de todo o mercado de aquecimento solar”, afirma o vice-presidente de Tecnologia e Meio Ambiente do DASOL, Carlos Artur Alencar.

A atuação do DASOL sem dúvida contribuiu para esta

A casa solar ao alcance de todos Aquecimento solar torna-se item obrigatório nas casas do ProgramaMinha Casa Minha Vida destinadas às famílias com renda de até R$ 1.635

boa notícia. O Departamento tem participado de fóruns institucionais para divulgar a tecnologia de aquecimento solar e seus benefícios para a sustentabilidade ambiental e a economia do país.

Por meio da ABRAVA, o DASOL está presente no grupo de trabalho do Ministério do Meio Ambiente, com partici-pação dos ministérios das Cidades e de Minas e Energia, juntamente com a Caixa, Eletrobrás, Inmetro e outras insti-tuições e associações. O objetivo desse grupo de trabalho é discutir estratégias para a ampliação da tecnologia e subsi-diar estudos para a elaboração de programas do governo.

“A Portaria 325 confirma nosso permanente compromis-so com o fortalecimento do setor”, observa o presidente do DASOL José Ronaldo Kulb.

Além de colaborar institucionalmente com as ações dos governos federal e estaduais, o DASOL apoia as empresas do setor por meio de seu programa de capacitação dos pro-fissionais e da cruzada em favor da qualidade e da adesão dos fabricantes ao Programa Nacional de Etiquetagem do Inmetro. “Esta segunda fase representa uma conquista e também um desafio para o nosso setor. Mas com o trabalho sério e responsável que caracteriza nossa atuação, consegui-remos atender à demanda”, assegura o vice-presidente de Tecnologia e Meio Ambiente do DASOL.

Na primeira fase do programa algumas empresas par-ticiparam e ofereceram sistemas de aquecimento solar, experiência que trouxe importantes lições para o setor.

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eira

Page 9: Revista Sol Brasil - 8°edição

9Matéria da Capa

O que mudou no Minha Casa Minha Vida para a faixa de renda 1

Itens Como era Como ficou

Tamanho mínimoCasa: 35 m2

Apartamento: 42 m2

Casa: 39,6 m2

Apartamento: 45,5 m2

Aumento de área para melhoria de acessibilidade

Valor médio das habitações R$ 42.000 R$ 55.188

Piso Cerâmico no banheiro, cozinha e área Cerâmico em todos os ambientes

Paredes Azulejo nas paredes das áreas molhadas Azulejo em todas as paredes de cozinha e banheiro

Chuveiro Aquecedor solar em 40 mil unidades Aquecedor solar em todas as casas

VentilaçãoLimite mínimo apenas para portas externas

(0,8 m)Todas as portas com 0,8 m e janelas maiores para melhoria das condições de iluminação e ventilação

Mais de 11 mil casas com aquecimento solar

O programa habitacional Minha Casa Minha Vida 1, lançado em 2009 com o objetivo de reduzir o déficit habitacional no Brasil, atingiu a marca de 1.005.028 unidades habitacionais em fevereiro deste ano, segundo o Governo Federal. Os investi-mentos somaram mais de R$ 50 bilhões. Entretanto, o número de unidades entregues, até o momento, foi de algo próximo a 300 mil unidades.

Na primeira etapa do PMCMV foram contratadas 41.449 unidades habitacionais com SAS. Segundo a Caixa Econômica Federal, até o final de agosto, tinham sido concluídos 36 empreendimentos, totalizando 11.406 unidades habitacionais com o SAS. Desses empreendimentos, 20 foram entregues, totalizando 6.850 unidades habitacionais equipadas com aquecimento solar.

Elogiado no Brasil e no exterior, o Programa Minha Casa Minha Vida passou por uma reformulação na troca de Governo. A Portaria 325 do Ministério das Cidades revogou a Portaria 93, de 24 de fevereiro de 2010, e lançou as diretrizes gerais da segunda fase do programa com várias alterações, referentes a valores, regras de financiamento e especificações mínimas exigidas para as habitações.

A reformulação e lançamento das novas regras do programa afetaram momentaneamente o ritmo de contratações de obras e a indústria de aquecimento solar tem sentido esse impacto. No primeiro semestre de 2011, a produção de coletores solares foi 2,2% menor que no mesmo período de 2010, segundo levantamento do DASOL.

No entanto, na última década, a área acumulada de coletores solares tem crescido a taxas anuais superiores a 15%. Mobi-lizado e mais estruturado para atender maiores demandas do programa, o setor de aquecimento solar trabalha neste momento para acelerar a liberação dos contratos da fase 2 do Minha Casa Minha Vida.

Empregos verdes

Mais demanda, mais empregos. O DASOL calcula que cada 1 milhão m2 de coletores solares representa cerca de 30 mil empregos no setor de aquecimento solar. Projetando-se uma demanda de 705 mil casas, que representam cerca de 1,4 milhão m2 nos próximos três anos, pode-se estimar a criação de 14 mil novos empregos já no primeiro ano da segunda fase do Minha Casa Minha Vida.

Economia para as famílias e para o país

A obrigatoriedade da instalação dos SAS nas moradias para a faixa 1 coloca a energia solar (gratuita, ecológica e inesgotável) ao alcance das famílias de baixa renda e sem dúvida contribui para a economia do país.

O aquecimento da água para banho constitui uma das principais causas da alta demanda de energia elétrica em horários de ponta e o Brasil tem investido em ações para diversificar a matriz energética, incentivar o uso de ener-

gias limpas como a solar e reduzir a demanda de energia gerada por hidrelétrica, um investimento caro e com grande impacto ambiental.

Segundo o Ministério das Minas e Energia, cerca de 7% do consumo nacional de energia elétrica é usado no aque-cimento de água para banho. Para o país, o consumo cres-cente de energia elétrica obriga a realização de gigantescos investimentos em infraestrutura energética para garantir o abastecimento.

Para as famílias em geral, boa parte do valor da conta de energia elétrica está vinculada ao acionamento do chuveiro elétrico, responsável por cerca de um terço ou mais do total do consumo de uma residência.

O uso de um chuveiro solar híbrido (solar com apoio elé-trico), por exemplo, permite uma redução de 35 a 50% no con-sumo de energia elétrica. No caso das famílias de baixa renda, uma conta de energia elétrica menor significa mais dinheiro no bolso para alimentação, educação e saúde, por exemplo, e até para o pagamento das prestações da casa própria.

Page 10: Revista Sol Brasil - 8°edição

Contratações de obras doMinha Casa Minha Vida devem ser retomadas ainda este ano

Teotonio Costa Rezende, diretor executivo de Habitação da Caixa

com renda de até R$ 1.635,00 (três salários mínimos) que serão construídas na segunda etapa do PMCMV terão aquecedores solares.

SOL BRASIL - Existem muitos projetos em carteira nas Regionais da Caixa, concebidos nos moldes da primeira fase do Minha Casa Minha Vida. Esses projetos serão adaptados para a segunda fase para serem contratados ainda em 2011 com sistemas de aquecimento solar, como determina a Portaria 325 do Ministério das Cidades?

Não há como estimar, pois a opção por contratar projetos de empreendimentos na regra de transição (até 31/12/2011) ou apresentar projetos que atendam às novas regras é das empresas proponentes.

SOL BRASIL – Quantas uni-dades do Minha Casa Minha Vida foram contratadas com sistemas de aquecimento solar (SAS) na pri-meira fase do programa? Quantas foram entregues e quantas estão em construção?

Na pr imei ra e tapa do PMCMV foram contratadas

41.449 unidades habitacionais com SAS. Até esta data (início de setembro), foram concluídos 36 empreendimentos, tota-lizando 11.406 unidades habitacionais com o SAS. Desses empreendimentos, 20 foram entregues, totalizando 6.850 unidades habitacionais com o SAS.

SOL BRASIL - Quais os principais indicadores e experiências da primeira fase que motivaram a contratação de sistemas de aquecimento solar também para os empreendimentos das regiões

SOL BRASIL - Elogiado no Bra-sil e no exterior, o Programa Minha Casa Minha Vida passou por uma reformulação na troca de Governo. O que mudou e por quê?

Teotonio Costa Rezende - Houve alterações no Programa Minha Casa Minha Vida nos va-lores máximos para as unidades habitacionais e nas especificações mínimas exigidas para os empre-endimentos do programa, com o objetivo de qualificar as habitações.

SOL BRASIL - O setor de aquecimento solar sentiu o impacto da breve interrupção do Programa Minha Casa Minha Vida para reorganização e lançamento das novas regras. As empresas podem esperar a retomada de contratações de obras com aquecimento solar ainda em 2011?

Sim, uma vez que todas as casas destinadas às famílias

Até o início de setembro deste ano, o Programa Minha Casa Minha Vida entregou 6.850 unidades ha-bitacionais equipadas com sistemas de aquecimento solar (SAS), de um total de 41.449 unidades contratadas e 11.406 construídas.

A informação é do diretor executivo de Habitação da Caixa Econômica Federal, Teotonio Costa Rezende, que reafirma a retomada das con-tratações de obras com SAS ainda este ano na segunda fase do programa. Nesta entrevista exclusiva à SOL BRASIL, Teo-tonio Rezende fala também sobre as vantagens da energia solar nas habitações de interes-se social.

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Entrevista10

Page 11: Revista Sol Brasil - 8°edição

Norte e Nordeste?As experiências conhecidas de instalação dos sistemas

de aquecimento solar em habitações de interesse social no Brasil demonstram a economia de energia proporcionada. Os sistemas de aquecimento solar, além de gerar o aumento da renda mensal dessas famílias, contribuem para desonerar a rede de energia nos horários de pico. Além disso, a energia solar é limpa, o que contribui para a preservação ambiental. Ainda não temos indicadores do PMCMV, pois os primeiros empreendimentos com SAS estão sendo entregues às famí-lias e somente após o uso poderemos avaliar os resultados reais, inclusive a satisfação dos usuários.

SOL BRASIL - De acordo com a Portaria 325, serão contrata-das na segunda fase 860 mil unidades habitacionais na faixa de 0 a 3 salários, das quais as unifamiliares devem contemplar obrigato-riamente sistemas de aquecimento solar. Quantas unidades serão unifamiliares e quantas multifamiliares? Quais são os valores de orçamento para essas duas tipologias?

Estima-se que 45% do total serão habitações unifamiliares (casas), mas esse não é um número exato, pois a escolha da tipologia depende de outros fatores, como a disponibilidade de terrenos, cultura local, dentre outros. Os valores máximos para cada tipologia variam conforme a região do país, como descrito na Portaria 325 do Ministério das Cidades.

SOL BRASIL - Em recente pronunciamento, a Presidenta Dilma defendeu a produção e qualidade da indústria nacional em apoio e incentivo ao mercado interno. Como esse apoio se reflete em projetos de grande porte da Caixa, como é o caso do Programa MCMV-2?

Com a utilização de produtos nacionais de qualidade e que apresentem o desempenho esperado para o tipo de uso.

SOL BRASIL - Muitas empresas ainda não entendem as pre-missas técnicas dos programas da Caixa, como por exemplo o Selo Azul e o MCMV, onde exigências por melhorias e padrões mínimos de qualidade desafiam o mercado. Como a Caixa vem explicando ao mercado esses requisitos e os motivos para adotá-los?

O Selo Casa Azul não é exatamente um produto, mas sim uma forma de incentivar e reconhecer as empresas que adotam itens de sustentabilidade em seus projetos de em-preendimentos habitacionais. O Selo Casa Azul é aplicável ao programa MCMV e está sendo disseminado em eventos realizados em todo o país, em parceria com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e os Sinduscons nos Estados.

SOL BRASIL - A Caixa possui pesquisas de satisfação dos moradores dos conjuntos já entregues?

Estão previstas pesquisas de pós-ocupação, mas ainda não foram iniciadas, pois os primeiros empreendimentos com o SAS ainda estão sendo entregues.

SOL BRASIL - Por que, na fase 2 do Programa, foi incorporado aos valores do empreendimento o custo do Sistema de Aquecimento Solar, que antes era pré-determinado e definido em separado?

Porque o SAS foi incorporado como um item obrigatório nas especificações do programa e, assim como os demais itens de projetos (bacias sanitárias, esquadrias etc.), passou a integrar o orçamento da unidade habitacional.

Entrevista 11

Page 12: Revista Sol Brasil - 8°edição

Notícias do Dasol12

O DASOL/ABRAVA, em parceria com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente da Prefeitura da Cidade de São Paulo, GIZ e o Procobre, promove desde agosto o projeto “Ligado em energia solar”. Realizado em parques públicos municipais, o projeto divulga junto à população a tecnologia de aquecimento solar, suas aplicações e benefícios.

O projeto também informa sobre as mais de 30 legisla-ções vigentes em cidades e estados brasileiros referentes ao aquecimento solar. Um exemplo é a lei 14.459/2007, regula-mentada pelo decreto 49.148/2008 na cidade de São Paulo.

A legislação paulistana dispõe sobre a instalação de sistema de aquecimento de água por energia solar nas novas edificações do município, seja para fins industriais, comerciais ou residenciais. Segundo essa lei, a energia solar deve atender a 40% das necessidades de água quente da construção.

As exposições nos parque públicos apresentam a instala-ção típica de um sistema de aquecimento solar que funciona por termossifão, também chamada de circulação natural, sem a utilização de instalações elétricas.

O sistema consiste em uma caixa d’água sobre um reservatório térmico interligado com o coletor solar, tudo instalado em um suporte metálico que facilita a locomoção. A caixa d’água alimenta o reservatório tér-mico que fornece água ao coletor e, à medida que a água aquece, sua densidade diminui na mesma propor-ção. Assim, a água fria “empurra” a água quente para o reservatório térmico.

A população freqüentadora do parque tem a possibilidade de sentir a água aquecida pelo Sol, atestando a funcionalidade da tecnologia através de uma torneira como

Ligado em energia solar nos parques de São Paulo

Secretário Eduardo Jorge visitou exposição no Ibirapuera

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ponto de consumo. E o mais importante, a água utilizada na demonstração não é desperdiçada: ela é armazenada e

posteriormente retorna à caixa d’água.A primeira exposição aconteceu dia

6 de agosto no Parque da Aclimação. Em seguida foram realizadas apre-sentações nos parques Alfredo Volpi, Burle Marx e Buenos Aires.

No dia 11 de setembro, a exposi-ção no Parque Ibirapuera recebeu a vi-

sita do secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge Martins

Alves Sobrinho, um dos principais apoia-dores do aquecimento solar nas edificações. O cronograma completo da campanha e ou-

tras informações estão disponíveis na página do “Ligado em Energia Solar”.

“Ligado em Energia Solar” no Parque da Aclimação.

Projeto explica tecnologia de aquecimento solar de água

Page 13: Revista Sol Brasil - 8°edição

Notícias do Dasol 13

O DASOL promoveu nos dias 28 e 29 de agosto em Goi-ânia mais um curso de Analista de Sistema de Aquecimento Solar. Foi a primeira vez que o Programa de Capacitação, lançado em 2010, realizou treinamento fora da sede paulista da ABRAVA.

O curso, ministrado no SENAI da Vila Canaã em Goi-ânia, teve como principal objetivo “levar informação e conhecimento técnico aos profissionais de regiões que vêm apresentando forte desenvolvimento”, explicou Sara Vieira, coordenadora do Programa de Capacitação do DASOL.

A coordenadora refere-se principalmente à demanda de habitações de interesse social, como as do Programa Minha Casa Minha Vida. O Minha Casa Minha Vida, que já vinha atendendo as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, agora também contempla as regiões Norte e Nordeste.

O SENAI ofereceu infraestrutura e hospitalidade para a realização do curso que contou ainda com o apoio das indústrias do setor na organização e divulgação do evento.

O curso foi uma oportunidade única para a capacitação de cinco instrutores do SENAI. “Em breve, esses instrutores poderão multiplicar o conteúdo didático entre alunos da região”, observou Wilson Leite, do SENAI da Vila Canaã.

Na opinião de Edson Emiliano Pinto, empresário do setor, o curso em Goiânia “foi de extrema importância para nós no ramo de aquecimento solar e muito acrescentou

Curso em Goiânia

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ção

para a nossa região que ainda é carente de montadores profissionais.”

O monitor do DASOL, o engenheiro Ronaldo Yano Toraiwa, reafirmou a importância de levar o programa de cursos para outros estados brasileiros. “Dessa forma, podemos capacitar ainda mais a mão-de-obra que é tão fundamental no setor de aquecimento solar.”

Desde a sua criação, o Programa de Capacitação do DASOL já promoveu 15 cursos e capacitou mais de 280 profissionais do setor.

Alunos da turma de Goiânia e representantes do DASOL

Laboratório GREEN promove evento aberto em 27/10

O laboratório GREEN realizará a segunda edição do evento GREEN ABERTO no dia 27 de outubro, a partir das 9h30. A iniciativa é uma oportunidade para esclarecer dúvi-das dos fabricantes de coletores solares sobre a realização de ensaios e procedimentos internos.

No evento, os fabricantes também poderão conhecer os coordenadores, a equipe técnica e a infraestrutura do laboratório, facilitando assim, futuros contatos.

Inscrições e outras informações podem ser solicitadas pelo e-mail [email protected].

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Trocadores de calor para sistemas de aquecimento solar

Os “trocadores de calor” são dispositivos largamente empregados em sistemas térmicos, que têm por finalidade a transferência de energia térmica entre materiais. Eles têm como princípio o fluxo de calor decorrente da diferença de temperatura entre dois meios, também chamados de “fonte quente” e “fonte fria”, através de uma interface de condução térmica.

A partir deste princípio, é possível a um corpo absorver calor de outro e a eficiência deste processo será regida prin-cipalmente pela diferença de temperatura entre os meios, as suas propriedades térmicas, as características dos fluxos, a área e a resistência à condução da interface de troca - parâ-metros fundamentais para um bom dimensionamento do dispositivo.

Em termos práticos, é perfeitamente possível o emprego de trocadores de calor em sistemas de aquecimento solar, por exemplo, aplicados no circuito primário, ou seja, na interli-gação entre os coletores solares e o reservatório, conforme ilustra a figura 1. Com esta solução é possível, portanto, adotar um fluido específico para a “fonte quente” e a água de consumo na “fonte fria”, sem comprometimento substancial da eficiência do conjunto, ou mesmo com uma compensação não muito significativa da área de captação solar.

Esta solução é chamada de “aquecimento indireto”, pois o circuito primário é dividido em dois subcircuitos hidrau-licamente isolados e termicamente interdependentes, em contraponto com o tradicional “aquecimento direto”, onde o fluido de consumo é também o meio de absorção circulando diretamente pelos coletores solares.

Figura 1: Sistema de aquecimento solar indireto

O próprio coletor solar é um trocador de calor especiali-zado, onde as aletas e a tubulação fazem o papel da interface

Figura 2: Detalhe de um coletor solar fechado

Também a tubulação que transporta o fluido aquecido, pelo princípio apresentado, não deixa de ser um trocador de calor involuntário que promove perdas ao longo dos circuitos primário e secundário do sistema de aquecimento solar. Daí a importância de ser devidamente isolada, de modo a minimizar a troca de calor com o meio ambiente, com perdas indesejáveis.

A aplicação dos trocadores de calor com circulação indireta é comum em países frios, pois as baixas tempera-turas levam ao risco de congelamento do fluido nos sistemas diretos, o que provoca danos aos equipamentos e interrupção de seu uso.

Nestas situações, o fluido aquecido no circuito primário é uma solução de água com substância anticongelante, como por exemplo o glicol, garantindo o bom funcionamento do sistema mes-mo em situações adversas.

Outra aplicação dos trocadores de calor no circuito pri-mário tem por objetivo atender às regiões onde a água possui características agressivas, corrosivas, e que podem danificar a tubulação tanto do circuito hidráulico dos coletores solares como a própria tubulação destes coletores.

de condução térmica para a água, ou algum outro fluido de absorção, conforme mostra a figura 2:

Ronaldo Yano Toraiwa (Engenheiro do DASOL)Carlos Artur Alencar (VP Tecnologia e Meio Ambiente do DASOL)

Marcelo Mesquita (Gestor do DASOL)

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Ganhos adicionais podem ainda ser verificados no em-prego dos trocadores de calor em casos de água com alto teor de sólidos em suspensão ou com forte composição orgânica, onde a devida limpeza dos coletores solares seria

Figura 3: Esquema hidráulico predial com uso de trocadores de calor

muito difícil, comprometendo o sistema em seus aspectos sanitários ou mesmo de eficiência térmica.

Graças às condições climáticas gerais do Brasil, a grande maioria dos sistemas utiliza a circulação direta, não neces-

sitando, portanto, de um trocador de calor, já que o risco de congelamento está restrito a poucas regiões e pode na maioria das vezes ser solucionado por meio de dispositivos termomecânicos ou eletromecânicos.

Mas uma nova tendência vem se apresentando, constituindo-se em uma oportunidade de mercado: as recentes regulamentações sobre medição indivi-dualizada do consumo de água em edificações de uso coletivo a exemplo do que ocorre na Europa e EUA.

Nestas situações surge como solução de engenharia a aplicação de trocadores de calor agora no circuito secundário, ou seja, o circuito de consumo e recircula-ção. Aqui, a água de uso vinda da medição individual passa pelo trocador de calor, onde o circuito secundá-rio fornece apenas a energia térmica, sem consumo volumétrico de água, conforme mostra a figura 3.

Um bom sinal do potencial desse mercado é que no Brasil já se contabilizam mais de 30 leis em vigor, que determinam condições e exigências para utiliza-ção dos sistemas de aquecimento solar, se fazendo necessários os trocadores de calor para instalações prediais e industriais.

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Figura 4: Trocador duplo tubo

Tipos de trocadores de calor

Duplo tubo – consiste em dois tubos concêntricos, ge-ralmente com trechos retos e com conexões apropriadas nas extremidades de cada tubo para dirigir os fluidos de uma seção reta para outra. Este conjunto em forma de U é denominado grampo, o que permite conectar vários tubos em série. Neste tipo de trocador, enquanto um fluido circula pelo tubo interno, outro flui pelo espaço anular, e a troca de calor ocorre através da parede do tubo interno, conforme a figura 4.

Figura 5: Trocador casco e tubo

Casco e tubo - O trocador de calor casco e tubo é com-posto por um casco cilíndrico, contendo um conjunto de tubos, colocados paralelamente ao eixo longitudinal do casco. Os tubos são presos em suas extremidades a placas perfuradas denominadas espelhos e a cada furo corresponde um tubo do feixe. Os espelhos são presos ao casco. Os tubos que compõem o feixe atravessam várias placas perfuradas, as chicanas, que servem para direcionar o fluido que escoa por fora dos tubos e também para suportar os tubos. No trocador, um dos fluidos escoará pelo interior dos tubos e outro por fora dos tubos.

A área de troca pode ser disposta de várias maneiras: por exemplo, pode-se ter um equipamento com tubos longos e com determinado diâmetro de casco ou com a mesma área construir outro trocador com tubos curtos. Em relação ao custo, é mais conveniente e mais econômico construir tro-cadores longos com diâmetros de casco e de tubos menores.

A distribuição dos tubos é padronizada e o número de tubos que é possível alojar em um determinado diâmetro depende do diâmetro externo do tubo, da distância e arranjo dos tubos que compõem o feixe e do número de passagens no lado do tubo. O espaçamento entre as chicanas também é padronizado.

A redução no seu espaçamento tende a elevar o coefi-ciente de troca de calor do lado do casco; entretanto, tende a aumentar também a perda de carga, o que pode sobrecar-regar o sistema de movimenta-ção do fluido. Diferentes tipos de chicanas fazem com que o escoamento seja aproximada-mente perpendicular aos tubos ou paralelo a eles.

Trocador de calor em serpentina – consiste em uma ou mais serpentinas (de tubos circulares) ordenadas em uma carcaça. A transferência de calor associada a um tubo espiral é mais alta que para um tubo duplo. Além disso, uma grande superfície pode ser acomodada em um determinado espaço utilizando as serpen-tinas.

Trocador de calor de placas - O trocador de placas con-siste em um suporte, onde placas independentes de metal, sustentadas por barras, são presas por compressão, entre uma extremidade móvel e outra fixa. Entre placas adjacentes formam-se canais por onde os fluidos escoam.

Os trocadores de placa foram introduzidos em 1930 na indústria de alimentos em razão da facilidade de limpeza. As placas são feitas por prensagem e apresentam superfície corrugada, for-necendo mais resistência à pla-ca e causando maior turbulên-cia aos fluidos em escoamento.

Figura 6: Serpentina em Reservatório

Sempre surgem comparações entre os trocadores casco e tubo. O trocador de placas será viável somente se:

• A pressão de operação for menor que 30 bar• As temperaturas forem inferiores a 180°C• Houver vácuo não muito elevado• Houver volumes moderados de gases e vapores

O trocador de serpentina é encontrado com freqüência em países frios, onde o reservatório térmico faz o papel do casco e possui uma serpentina interna para realizar a troca de calor entre o fluido anticongelante e a água a ser consumida.

No Brasil, em sistemas indiretos, a predominância é do trocador de calor de placas, que vem ganhando projeção em sistemas prediais com equipamentos individuais ou centrais. Recentemente, em lançamento de projetos básicos para prédios, as associações ABRASIP, ABRAVA e ABRINSTAL apresentaram três opções. Cada opção contempla o uso de trocadores de calor de placas individuais. Essas soluções estão disponíveis nos websites das associações (clique aqui).

Figura 7: Trocador de placas

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considerados são as características do material do trocador, como a contração e expansão térmica, pois estes fenômenos podem provocar trincas.

Limpeza

O depósito de materiais indesejáveis na superfície de um trocador de calor aumenta a resistência à transferência de energia, diminuindo a eficiência de troca térmica e pode obstruir a passagem do fluido, aumentando a sua perda de carga.

Um dos modos adotados na prática para saber o grau de depósito num trocador de calor em operação é acompanhar, ao longo do tempo de uso, as temperaturas e as pressões terminais do trocador. À medida que o depósito aumenta, a eficiência de troca térmica cai (observado através das temperaturas) e a diferença de pressões cresce.

O processo de formação do depósito é em geral com-plexo. Pode ser devido à sedimentação, à polimerização, à cristalização, à corrosão ou a causas de natureza orgânica (como algas).

É recomendável uma consulta ao fabricante quanto às informações sobre a limpeza do equipamento para que assim garanta seu correto funcionamento e eficiência.

Dimensionamento

Um trocador de calor deve ser dimensionado correta-mente para que seja efetivo. Existem diversos fatores que devem ser considerados, como por exemplo:

• Tipo de trocador de calor• Características do fluido de transferência de calor (calor

específico, viscosidade e densidade)• Taxa de fluxo• Temperaturas interna e externa para cada fluido

Geralmente, fabricantes auxiliam no projeto do trocador de calor que atenda às necessidades, fornecendo informações necessárias para seu correto dimensionamento e especifica-ções de materiais e tipo mais apropriado para a aplicação.

Instalação

Para melhor desempenho, sempre siga as recomendações de instalação do fabricante. Assegure que o fluido de trans-ferência é compatível com o tipo de trocador de calor que será utilizado. Se a opção for fabricar um trocador próprio, tome cuidado na escolha do material, pois, dependendo do fluido, pode haver corrosão. Outros pontos a serem

Colaboraram neste artigo: Ronaldo Yano Toraiwa – Engenheiro do DASOLCarlos Artur Alencar – VP Tecnologia e Meio Ambiente do DASOL Marcelo Mesquita – Gestor do DASOL

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Para muitas pessoas, o aquecimento solar ainda é uma tecnologia desconhecida. Ainda que essas pessoas não possuam seus próprios siste-mas de aquecimento solar, já devem ter usado água aque-cida pelo Sol em algum hotel onde ficaram hospedados.

Isto pode ter acontecido no luxuoso hotel Armani na torre Burj Khalifa, em Dubai, atualmente o prédio mais alto do mundo, ou no extraordi-nário hotel Cappadocia Cave, na Turquia, onde os hóspedes dormem em quartos estilo ca-verna. Ou poderia ainda ser no Da Vinci, um novo hotel luxuo-so no centro de Johanesburgo.

Em todos esses três casos, os hóspedes não vêem necessa-riamente os coletores solares e muito provavelmente não irão pensar como o calor dos chu-veiros é produzido. Contudo, valeria muito a pena olhar cada uma dessas instalações, onde as empresas envolvidas têm sido bastante criativas para planejar e instalar um sistema perfeito.

Hotel Da Vinci em Johanesburgo

O Da Vinci em Johanesburgo é o mais novo hotel do Grupo Legacy, que possui hotéis e resorts em vários países da África. Localizado na Praça Nelson Mandela, possui 230 quartos, incluindo 54 suítes luxuosas, dois restaurantes, cen-tro fitness, spa de bem-estar e uma piscina com vista para a praça - instalações adicionais para atrair hóspedes ao hotel.

A instalação foi realizada devido a um pedido do gover-no para reduzir o consumo de eletricidade e aplicar, quan-do possível, formas alternativas de geração. Os custos da energia na África do Sul têm crescido por volta de 30% nos

Energia solar em hotéis de luxo

Da Sun & Wind Energy

Novos hotéis na África do Sul, Turquia e Dubai utilizam aquecimento solar para fornecimento de água quente. O sistema de aquecimento solar não é um luxo por ali e irá reduzir consideravelmente os custos com energia

últimos três anos. Aumentos de 25% são esperados para os próximos dois anos, e aumen-tos ainda maiores depois disso.

A arquitetura moderna do hotel, com o céu e as nuvens refletidos na fachada de vi-dro, chamam a atenção. Ao observar as laterais do hotel é possível perceber que o prédio é estreito e o espaço de telha-do extremamente limitado. Assim, o número de coletores que poderiam ser instalados também seria limitado. Além disso, o telhado é utilizado como saída de incêndio e ini-cialmente não foi projetado para suportar o peso adicional do sistema. Todas essas cir-cunstâncias tornaram o projeto ainda mais desafiador.

A solução foi erguer os coletores em suportes sobre o telhado das instalações de máquinas. Diante disso, gran-de parte dos suportes teve que ser projetada individualmente e foi posicionada a fim de asse-gurar que suportem cargas de vento de até 2 kN/m².

Além do mais, “parafusos químicos”, que usam uma cola e, assim, criam um vínculo mais forte do que os parafusos mecânicos, tiveram de ser afundados na laje em suas posições exatas com vários meses de antecedência.

O sistema foi erguido a 2,1 m sobre o nível do telhado, permitindo a circulação de pessoas por baixo da instalação.

Foram instalados 117 coletores de 2,9 m² e três reserva-tórios térmicos de 10.000 litros que fornecem energia para um trocador de calor localizado 80 m abaixo. Este sistema é suficiente para aquecer 20.000 litros de água de 18°C a 60°C. O hotel todo requer por volta de 60.000 kWh de energia térmica para aquecer água.

De acordo com a empresa responsável pela instalação, o sistema de aquecimento solar gera 360.000 kWh por ano que representam 60% da demanda de energia. Caso o hotel

Instalação do prédio mais alto do mundo, em Dubai

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não opere em sua capacidade, a contribuição solar aumenta podendo fornecer 100% da necessidade de água quente.

O sistema de aquecimento solar é todo automatizado e controlado via sensores de temperatura, sensores de radia-ção, medidores de vazão e bombas. Ele tem a habilidade de coletar e fornecer todos os dados pelo celular para monito-rar e rastrear. O software fornece saídas visuais de como o sistema está operando, quanto de energia o sistema está economizando e o que isso equivale em termos de economia financeira. O sistema superou todas as expectativas, mesmo durante o inverno. Em diversas ocasiões, foi necessário ligar o sistema à noite para trocar calor com o ar e resfriar os reservatórios.

Um projeto como esse custou cerca de € 212.000, com um valor presente líquido de 20 anos de operação em tor-no de € 636.000. Os cálculos supõem que o preço atual da eletricidade da concessionária Eskom é aproximadamente € 0,046/kWh e aumentará em 25% ao ano por cinco anos e, em seguida, outros 25% a cada cinco anos por quinze anos, com uma taxa de desconto de 5% incluindo os custos de manutenção, com um pay back aproximado de cinco anos.

Turquia – dormindo em cavernas

O Cappadocia Cave Resort & Spa, localizado na Capadó-cia, Anatólia Central, na Turquia, foi escavado em rochas vulcânicas da região, sendo incor-porado às mesmas e construído em etapas. Ele inclui 79 suítes luxuosas ao estilo de cavernas.

Além da localização extravagante e da vista incrível das formações vulcânicas da Capadó-cia, os hóspedes podem usufruir de diversos serviços que visam o bem-estar. Entre eles há duas piscinas aquecidas, uma externa e outra interna, duas saunas, sala de neve, sala de va-por, duas salas de banhos turcos e de banheiras para terapias e tratamentos especiais. Todos esses recursos demandam muita água quente e consequentemente muita energia térmica.

Solução para instalação do sistema de aquecimento solar no hotel Da Vinci, em Johanesburgo, onde o espaço é limitado

Instalação do hotel Da Vinci levou três meses

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Antes de os proprietários decidirem pelo sistema de aquecimento solar, eles produziam energia a partir do carvão. Eles usavam caldeiras que queimavam carvão para produzir água quente para uma central de aquecimento e um sistema doméstico através de um trocador de calor. Como o carvão é barato, este tipo de caldeira é comum em pequenas cidades da Anatólia.

A principal razão para o uso do novo sistema é econo-mizar dinheiro e ser menos dependente deste combustível. Além do mais, os proprietários do hotel queriam reduzir a fumaça resultante da queima do carvão e manter um am-biente limpo e bonito.

O sistema consiste em 40 coletores de 2,3 m² com super-fície seletiva, os quais fornecem 5.000 litros de água quente para uso nas suítes e para as necessidades do SPA, e está em funcionamento desde o fim de junho de 2009.

De acordo com a empresa responsável pela instalação, o sistema produz 92.142 kWh por ano, ou seja, 1.930.344

litros de água quente a 55°C por ano. Com isso, serão economizados 17.336 kg de carvão por ano. O grande de-safio foi decidir o local da instalação, pois a construção do hotel seria feita em etapas e as suítes escavadas nas rochas, limitando o espaço disponível. Há uma grande distância entre a sala de aquecimento e os coletores e, para evitar problemas de perdas térmicas ao longo deste percurso, foram utilizadas tubulações devidamente isoladas. O reservatório térmico de 5.000 litros está localizado perto das antigas caldeiras de carvão.

O sistema supre 65% a 70% da ne-cessidade de água quente das suítes.

Algumas vezes no verão, eles não precisam armazenar água quente e atendem os pontos de uso diretamente

através de um by pass. Para aquecimento auxiliar, utilizam as antigas caldeiras de carvão.

Dubai – a torre mais alta do mundo

As fotos do arranha-céu Burj Khalifa, em Dubai, revela-das em janeiro deste ano, são as mais impressionantes que circulam na mídia. Com 828 m e mais de 160 andares, o Burj Khalifa possui diversos recordes: edifício mais alto do mundo, a mais alta estrutura autônoma do mundo e prédio com mais andares do mundo.

O Burj Khalifa é uma torre de uso misto, com o primeiro Hotel Armani em três níveis, residências com um e dois quartos do Armani Residences em oito andares, residên-cias extremamente luxuosas em 63 pisos e 37 andares de escritórios. Os residentes podem utilizar quatro piscinas, uma sala de estar exclusiva, academia de quatro andares

e clube de bem-estar e muitas outras comodidades luxuosas. Os visitantes podem desfrutar de uma refeição no restaurante mais alto do mundo no 122° andar.

É difícil para estes arranha-céus serem energeticamente eficientes. Porém, a empresa responsável pelo projeto do empreendimento se com-prometeu em utilizar tecnologias que visam à eficiência energética. Uma des-sas tecnologias é o sistema de aqueci-mento solar com 1.020 m² de coletores com superfície seletiva, instalados no

Suítes escavadas em rochas vulcânicas na Turquia

Piscinas aquecidas pelo sistema de aquecimento solar no Cappadocia Cave

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Sistema de aquecimento solarno Burj Khalifa, em Dubai,

garante 60.000 litrosde água quente por dia

telhado de um prédio comercial anexo à torre. A instalação traz uma economia de energia de 690 MWh por ano, com 60.000 litros de água quente por dia.

A instalação levou dois meses para ser concluída e envolveu 50 profissionais. O custo total foi por volta de € 300.000, segundo o representante da empresa responsável pelo projeto e instalação.

Instalações de sistemas de aquecimento solar em locais altamente frequentados são uma oportunidade para a sen-sibilização quanto ao uso da tecnologia. No entanto, para fazer isso os administradores destes empreendimentos terão de informar seus convidados sobre a tecnologia. No site oficial do Burj Khalifa, não há informações sobre o conceito de energia. Água quente em hotéis de luxo é simplesmente uma questão de disciplina. Mas mesmo que eles não relatem sua forma de produção de energia, os projetos mostram que o quanto a tecnologia solar térmica é avançada, podendo fazer parte de edifícios de prestígio e de seus conceitos de aquecimento.

Instalação do Burj Khalifa, em Dubai

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Tradução: Ronaldo Yano Toraiwa (Engenheiro do DASOL)

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Hospitais, hotéis e alojamentos são considerados ideais para utilizar sistemas de aquecimento solar de grande porte, tendo em vista suas necessidades de grandes volumes de água quente e por possuírem área disponível para instalar os coletores solares.

Este tipo de instalação chamou a atenção da EREN, Agência de Energia do Governo Regional Espanhol de Cas-tilla e León, quando desenvolveu o Plano de Energia Solar de Castilla e León em 2001. Seguindo este plano, a agência decidiu instalar sistemas de aquecimento solar de água em todos os hospitais da região. O programa, chamado de Hospisol, foi iniciado em 2004.

A região de Castilla e León possui nove províncias no norte da Espanha, entre elas Salamanca e Valladolid. Apro-ximadamente 2,5 milhões de pessoas vivem na região de cerca de 95.000 km².

Plano de longo prazo

O objetivo do plano é promover no longo prazo o mer-cado solar. Para fazer isso, a EREN definiu quatro ativida-des principais: sensibilização para o uso da energia solar, treinamento de instaladores, fornecimento de subsídios e

Aquecimento solar emhospitais espanhóis Da Sun & Wind Energy

Na região espanhola de Castilla e León, 23 hospitais públicos são supridos por sistemas de aquecimento solar. A Agência de Energia do Governo Regional, EREN, não só mantém as instalações em perfeito funcionamento, como também atua como contratante e gestora dos projetos

instalação de plantas solares em prédios públicos.A EREN foi fundada em 1996 e atualmente três dos 30

funcionários são dedicados à divisão solar, sob coordenação de Jorge José Sandoval, chefe do departamento de energia renovável . “Hospisol é nosso programa mais importante”, diz ele. A EREN é responsável por 70 instalações solares térmicas e fotovoltaicas. “Elas precisam de nossa supervisão, controle, monitoramento e manutenção.”

Até o fim de 2001, a área de coletores instalada em pré-dios públicos e privados em Castilla e León era de 10.223 m². A meta para o final de 2009 era uma área de 74.850 m².

Em uma auditoria de energia conduzida em 2003, a EREN encontrou uma média de 5.049 kWh por leito por ano, requeridos para suprir a demanda de água quente. Em dinheiro, isso equivale a € 135 por leito por ano, ou € 3,51/m³ de água quente.

A EREN determinou que a energia solar térmica poderia suprir 65% da demanda de energia anual para aque-cimento de água e estabeleceu meta de fornecimento superior a 20% da demanda de aquecimento de água em hospitais públicos com instalações solares.

Com todas as instalações, espera-se produzir anualmente 18.800 MWh de energia solar térmica para suprir 7.000 leitos.

Agência é a responsável

Sandoval e sua equipe são respon-sáveis por quase todas as tarefas dos projetos de energia solar. Tudo começa com o projeto da instalação, elaboração do contrato com o hospital e solicitação de permissão das autoridades locais. Eles

contratam os instaladores, treinam a equipe de manutenção do hospital e fornecem manutenção preventiva durante os três primeiros anos.

Quando perguntado por que a EREN optou pela con-tratação, Sandoval diz: “porque é melhor para os hospitais e para nós. Nos hospitais, eles geralmente não conhecem a tecnologia e não têm o dinheiro para estas atividades. Para a

Telhados extensos possibilitam a instalação de grande área coletora, como o Hospital Del Bierzo, na província de León, com 477 m2

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EREN é bom, pois podemos demonstrar o valor dos negócios na contratação. O modelo fornece para a agência a oportu-nidade de apresentar a tecnologia ao público e nossa equipe assegura que as instalações funcionem por muitos anos”.

Até o fim de 2009, foram instalados 15 sistemas de aque-cimento solar. A maior instalação está no hospital de León, na capital da província que possui o mesmo nome. A insta-lação foi finalizada em fevereiro de 2007 e o hospital possui 487 leitos. A área instalada é de 506,2 m² de coletores em conjunto com dois reservató-rios térmicos com volumes de 20.000 e 15.000 litros. A agên-cia EREN investiu € 250.600 neste sistema.

A menor instalação pode ser encontrada no Hospital Virgen del Castañar, em Bé-jar, na província de Salamanca. São 15 leitos supridos, desde março de 2007, por um sistema de 17,6 m² de área coletora e um reservatório térmico de 1.000 litros.

Para esta instalação foram investidos € 17.500.

Retorno do investimento

“Nós fizemos as instalações com nossa própria verba, sem nenhum subsídio”, diz Jorge José Sandoval. A energia fornecida pelas instalações é vendida aos hospitais que pagam 90% sobre o custo do combustí-vel convencional. O preço do combustível convencional é atualizado e segue o custo de obtenção do combustível do hospital durante cada período de aquisição.

O hospital remunera a EREN, que

Sistema de aquecimento solar do Hospital Virgen del Castañar

utiliza o dinheiro para cobrir o investimento que é calculado sob taxas bancárias. Assim que o investimento é quitado, os hospitais assumem a pro-priedade de suas instalações. Segundo Sandoval, o hospital tem uma instalação de energia solar sem riscos técnicos e está usufruindo de uma conta de energia mais baixa desde o começo.

No total, 15 instalações fornecem aquecimento sufi-ciente para 3.193 leitos. Até

o momento, 3.425 m² de coletores solares foram instalados com o custeio da EREN, totalizando € 1,83 milhões. Até outubro de 2010, as instalações solares já produziram 6.850 MWh, gerando uma economia de € 675.000 em custos de energia aos hospitais.

Mas Sandoval admite que não é sempre fácil. Controlar e supervisionar como as instalações estão sendo operadas é o maior desafio, assim como sensibilizar a equipe de ma-

nutenção do hospital para que realize suas tarefas cui-dadosamente.

De acordo com Sandoval, algumas vezes, as tarefas administrativas são com-plicadas, porém os maiores problemas foram causados pelo sistema de controle de temperatura instalado em

alguns hospitais para reduzir a temperatura máxima que as instalações de aquecimento solar podem fornecer. Atu-almente, Sandoval e sua equipe estão trabalhando em duas novas instalações - uma delas terá área coletora de 950 m².

Tradução: Ronaldo Yano Toraiwa (Engenheiro do DASOL)

No Hospital Divino Vallés, os visitantes podem observar o sistema de aquecimento solar da área

de estacionamento. A sensibilização sobre as tecnologias solares é um dos objetivos da EREN

No total, 15 instalaçõesfornecem aquecimento

suficiente para 3.193 leitos

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