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RISCO BIOMECÂNICO DE UM
FUNCIONÁRIO DE SERVIÇOS GERAIS
PELA EQUAÇÃO DE NIOSH
BIANCA REZENDE TRINDADE SILVA (PUC )
karen caroline vasconcelos (PUC )
Luanna Rodrigues Leite (PUC )
Introdução: Movimentos repetitivos, adoção de posturas anômalas no
trabalho e o manuseio de carga, podem causar grandes desordens
musculoesqueléticas. Objetivo: Avaliar o risco de dor lombar em
funcionário de serviços gerais de uma empresa de construção civil no
município de Betim-MG. Método: Os dados foram devidamente
observados e medidos. A equação de NIOSH indicada para serviços de
levantamento de cargas foi usada como instrumento de medida. Com o
resultado da equação e o IL foi estipulado o Limite de Peso
Recomendado (LPR) para o voluntário. Resultados: Um voluntário que
realiza o trabalho de serviços gerais de carga e descarga de um
caminhão manuseou sacos de cimento de 50kg de pegas de superfícies
baixas e altas. Os resultados do LPR foram de 4,239kg e 4,891kg para
pega mais alta e baixa, respectivamente. O índice de levantamento
para ambas as pegas apresentou risco aumentado para o funcionário.
Os resultados mostraram que as duas pegas de 50 kg estão muito
acima do limite de peso recomendado para esse individuo. Conclusão:
O peso manuseado pelo voluntário oferece grandes riscos á sua saúde.
Palavras-chave: Lombalgia, manuseio de cargas, índice de
levantamento
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
A dor lombar, segundo Nascimento et. al. (2015), atinge aproximadamente 11,9% da
população mundial. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) as
dores da coluna cervical, torácica e lombar são a segunda condição de saúde mais prevalente
do Brasil, o que pode gerar uma demanda acentuada para o serviço de saúde, que de acordo
com o autor, é causa frequente de incapacidade de trabalhadores, principalmente em homens
acima de 40 anos.
Segundo Nascimento et. al. (2015), cerca de 90 a 95% da dor lombar tem causa
inespecífica e multifatorial, são elas: fatores sócio demográficos (idade, sexo, renda e
escolaridade), estado de saúde, estilo de vida ou comportamento (tabagismo, alimentação e
sedentarismo) e ocupação (trabalho físico pesado, movimentos repetitivos).
O manuseio de cargas pesadas, de acordo com Figueiredo et.al. (2012), está entre os
muitos riscos que afetam a saúde do trabalhador que pode se transformar em problemas
crônicos e agudos. A Movimentação Manual de Carga (MMC) constitui-se numa das
principais causas de distúrbios osteomusculares que acometem os trabalhadores,
principalmente quando é associada a cargas elevadas e a esforços repetitivos por longos
períodos (BANKOFF, 1994 in FIGUEIREDO et.al. 2012). Segundo Oliveira et al. (2011), 25
a 30% dos casos de desordens musculoesqueléticas são ocasionadas pela atividade de
manuseio de cargas. A região corporal dos trabalhadores que é mais prejudicada por essa
atividade é a coluna lombar que varia entre 50 a 70% dos casos de complicações
musculoesqueléticas. O autor cita de acordo com Merino (1996) in Junior (2010), que no
Brasil é baixa a conscientização quanto aos problemas sérios acarretados pelo manuseio de
cargas acima dos níveis máximos a saúde dos trabalhadores. Apesar dos avanços da
tecnologia e da mecanização das tarefas, muitas atividades continuam sendo realizadas
manualmente com o manuseio de cargas além dos limites tolerados, sendo esses relacionados
ao nível de dor lombar. Para que haja prevenção e redução de ocorrências de complicações
musculares diretamente relacionados com o manuseio de cargas, torna-se imprescindível o
conhecimento sobre as cargas musculoesqueléticas e as consequências que a tarefa pode
trazer ao indivíduo quando estiver sendo realizada. Essa compreensão é muito importante para
a ergonomia, no aspecto de realização de um projeto de trabalho eficiente. (PADULA, 2011).
Iida (2005), complementa dizendo que para que as tarefas sejam executadas de forma correta,
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é preciso ter um conhecimento profundo sobre a real capacidade máxima de manuseio dos
indivíduos.
No Brasil é grande a falta conscientização quanto aos problemas sérios acarretados à
saúde dos trabalhadores pelo manuseio de cargas feita de maneira incorreta. Ao longo dos
anos o avanço da tecnologia tem englobado grande parte das empresas na tentativa de facilitar
o trabalho do funcionário e minimizar possíveis agravos. Porém, apesar de todo progresso da
tecnologia e da mecanização das tarefas, em muitas empresas as atividades continuam sendo
executadas de forma manual com o manuseio de cargas feito acima dos limites tolerados,
aumentando consideravelmente o risco do aparecimento de dores na região lombar.
(MERINO 1996 in JUNIOR 2010, CITADO por FIGUEIREDO, 2012). Mascarenhas e
Fernandes (2014), complementam afirmando que os modelos de trabalhos biomecânicos
organizados com a implantação de manuseio de carga que leva a um aumento de esforço
físico do funcionário, com muitos movimentos repetitivos, emprego excessivo de posturas
anormais e frequências de trabalho que excedem a capacidade psicológica e física dos
trabalhadores podem trazer muitas complicações musculoesqueléticas, que podem levar, entre
outros distúrbios, à lombalgia. Baseado nessas informações sobre a adoção inadequada do
manuseio de cargas e os sérios problemas que isso pode trazer à saúde dos assalariados, o
presente estudo busca explicar o real risco de desenvolvimento da lombalgia no indivíduo que
trabalha com o manuseio de cargas.
1.3 Objetivo
Avaliar o risco de dor lombar em funcionário de serviços gerais de uma empresa de
construção civil no município de Betim-MG.
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2. Métodos
A empresa analisada localiza-se no município de Betim/MG e é pertencente ao ramo
de construção civil. A empresa possui atualmente 5 funcionários contratados, sendo que dois
deles são responsáveis pela parte administrativa, 1 balconista, 1 motorista e 1 funcionário de
serviços gerais, sendo este último o foco da análise desse estudo.
O horário de funcionamento da empresa é de segunda à sexta-feira das 8h às 18h e no
sábado das 8h às 12h.
O funcionário possui carga horária de 9 horas diárias, com 1h de almoço, sendo que os
serviços realizados por ele são executados de maneira mais intensa no período compreendido
entre oito da manhã e meio dia. O indivíduo avaliado realiza diversas tarefas, dentre elas o
carregamento e descarregamento de sacos de cimentos de 50kg de caminhões.
2.3 Instrumentos de medidas
Os instrumentos de medida do estudo para avaliação do risco de dor lombar dessa
função foram a equação de Limite de Peso Recomendável (LPR) e o índice de levantamento
(IL). Os dados necessários para o cálculo da equação de LPR foram coletados utilizando uma
fita métrica e uma câmara fotográfica. (IIDA, 2005)
A equação de NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Healt – EUA)
foi criada para calcular o limite de peso recomendável para tarefas de carregamentos de
cargas realizadas de forma repetitiva. Ela foi criada em 1981 e revisada no ano de 1991, com
o objetivo de reduzir ou prevenir a ocorrência de dores causadas devido ao levantamento de
cargas. “Ela refere-se apenas à tarefa de apanhar uma carga e deslocá-la em um outro nível,
usando as duas mãos.” Essa equação foi desenvolvida por uma comissão de cientistas baseado
em critérios psicofísicos, fisiológicos e biomecânicos. (IIDA, 2005)
O LPR é uma ferramenta que foi criada para suprir a necessidade de se encontrar uma
forma de saber o peso máximo que um trabalhador pode levantar na execução de alguma
atividade, sem acarretar danos físicos. Para calcular este peso, a fórmula foi desenvolvida
através de variáveis inerentes ao processo de levantamento de cargas, possibilitando
determinar se há excesso de carga durante a atividade e realizar propostas para corrigir este
problema. (IIDA, 2005)
De acordo com Iida (2005), a equação tem um valor de referência que é de 23kg,
correspondente à capacidade do levantamento do peso no plano sagital, em uma altura de
75cm do solo, com um deslocamento vertical de 25cm, com a carga a 25cm do corpo
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(segurando-a). Esse valor de carga é aceitável para 75% das mulheres e 99% dos homens, sem
gerar danos físicos nos trabalhos repetitivos. “Esse valor de referência é multiplicado por 6
fatores de redução (valores iguais ou inferiores a 1,0) que dependem das condições de
trabalho.” (Figura 1)
Segundo Iida (2005), as variáveis são definidas da seguinte forma:
“PLR = peso limite recomendável;
H = distância horizontal entre o indivíduo e a carga (posição das mãos) em cm;
V = distância vertical na origem da carga (posição das mãos) em cm;
D = deslocamento vertical, entre a origem e o destino, em cm;
A = ângulo de assimetria, medido a partir do plano sagital, em graus;
F = frequência média de levantamentos em levantamentos por minuto;
C = qualidade da pega” (tabela 2)
A equação é descrita pela fórmula:
LPR = 23 x (25/H) x (1-0,003/[v-75]) x (0,82+4,5/D) x (1-0,0032 x A) x F x C
Figura 1 - Fatores de cargas considerados na equação de NIOSH
Fonte: IIDA, 2005
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Tabela 1 – Fator de Frequência de Levantamento (FM)
Fonte: IIDA, 2005
Tabela 2 – Determinação do Fator de Pega (CM)
Fonte: IIDA, 2005
O resultado da equação de NIOSH é o LPR: limite de peso recomendável. Assim, o
peso real carregado pelo trabalhador não deve ultrapassar o LPR, realizando-se assim a
análise de levantamento de carga. (IIDA, 2005)
O índice de levantamento (IL) consiste na divisão entre o peso levantado pelo valor
encontrado na LPR. (PINHEIRO et. al., 2013)
IL (Índice de levantamento) = peso levantado/LPR
De acordo com o Critério de NIOSH, valores encontrados no índice de levantamento
sugerem que:
Valores menores que 1 : risco limitado;
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Valores entre 1 e 3: aumento moderado do risco;
Valores acima de 3: risco do trabalhador desenvolver lesão na coluna aumenta
consideravelmente (PINHEIRO et. al., 2013).
3 Resultados
De acordo com a análise do trabalho do funcionário, foi verificado que o mesmo
realiza a tarefa de carregamento e descarregamento de caminhões 150x durante 1 hora da sua
jornada de trabalho, ou seja, 9 vezes por minuto. A carga em questão são sacos de cimento
com peso de 50 kg.
- Carga e descarga de sacos de cimento de 50 kg dos caminhões com uma frequência
aproximada de 150 vezes ao dia. Para realizar essa tarefa, a altura máxima que o funcionário
tem que alcançar o saco de cimento é de 210cm e a menor altura é de 0cm.
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Figura 2 – Altura da pega
Fonte: O autor
- Descarga de caminhões de areia de forma repetida de aproximadamente 10 vezes ao
dia.
Para o cálculo do limite de peso recomendado foram coletadas a Altura Vertical
(VM) de origem da carga de pega mais alta é de 210cm, ou seja, a distância do chão até a
altura máxima da carga; 32cm é a Distância Horizontal (HM) entre o trabalhador e a carga.
A carga será depositada no caminhão, com altura de 45cm, o que proporcionará um
Deslocamento Vertical (DM) entre a origem e o destino da carga de 165cm (figura 2). O
funcionário realiza uma Frequência de Levantamento (FM) de uma média de 9
levantamentos/minuto, com uma má qualidade de pega, Fator de Pega da Carga (CM). Os
dados inseridos na equação foram colhidos ao longo da atividade e mostraram as seguintes
medidas:
Tabela 3 – Valores NIOSH
Fator de Distância Horizontal (HM) 32 cm
Fator de Altura Vertical (VM) 210 cm
Fator de Deslocamento Vertical (DM) 165 cm
Fator de Assimetria (AM) 0
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Fator de Frequência de Levantamento (FM) 0,52
Fator de Pega da Carga (CM) 0,90
Fonte: Dados da pesquisa
Foi encontrado um valor do Limite de Peso Recomendado igual a 4,239kg. Depois de
encontrado o valor do LPR foi definido o índice de levantamento (I.L.), como o peso do saco
de cimento estudado é de 50 kg, o índice de levantamento obtido foi 11,794.
Já em relação à pega da carga mais baixa, a sua Altura Vertical (VM) de origem da
carga de pega mais alta é de 0cm, ou seja, a distância do chão até a altura da carga; 49cm é a
Distância Horizontal (HM) entre o trabalhador e a carga. A carga será depositada no
caminhão, com altura de 45cm, o que proporcionará um Deslocamento Vertical (DM) entre a
origem e o destino da carga de 45cm. O funcionário realiza uma Frequência de
Levantamento (FM) de uma média de 9 levantamentos/minuto, com uma rotação de tronco,
Fator de Assimetria(AM) de 10° com uma má qualidade de pega. Os dados inseridos na
equação foram colhidos ao longo da atividade e mostraram as seguintes medidas:
Tabela 4 – Valores NIOSH
Fator de Distância Horizontal (HM) 49 cm
Fator de Altura Vertical (VM) 0 cm
Fator de Deslocamento Vertical (DM) 45 cm
Fator de Assimetria (AM) 10
Fator de Frequência de Levantamento (FM) 0,52
Fator de Pega da Carga (CM) 0,90
Fonte: Dados da Pesquisa
Foi encontrado um valor do Limite de Peso Recomendado igual a 4,891kg. Depois de
encontrado o valor do LPR foi definido o índice de levantamento (I.L.), como o peso do saco
de cimento estudado é de 50 kg, o índice de levantamento obtido foi 10,223.
De acordo com a Norma Regulamentadora (NR) 17, no tópico 17.2.2. “Não deverá ser
exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador, cujo peso seja
suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança.”, em contrapartida, os resultados
encontrados mostram que o peso levantado pelo funcionário é maior do que o limite de peso
recomendado, podendo trazer prejuízos futuros à sua saúde. Outro tópico da NR17 que pode
ser ressaltado é o 17.2.4. “Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas
deverão ser usados meios técnicos apropriados.”, porém não foi observado a utilização de
nenhum tipo de equipamento que assistiu o funcionário durante a tarefa analisada.
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4 Conclusão
O risco para dor lombar na função analisada é bastante elevado e indica que medidas
para reduzir os riscos no trabalho desse funcionário devem ser implantadas imediatamente.
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Referências
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VI Jornada Científica 21 a 26 de outubro de 2013
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