rita kohler e strut ura cabelo
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CINCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EDUCAO EM CINCIAS:QUMICA DA VIDA E SADE
A QUMICA DA ESTTICA CAPILAR COMO TEMTICA NO ENSINO DE QUMICA E NA
CAPACITAO DOS PROFISSIONAIS DA BELEZA
DISSERTAO DE MESTRADO
Rita de Cassia Oliveira Khler
Santa Maria, RS, Brasil
2011
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A QUMICA DA ESTTICA CAPILAR COMO TEMTICA NO
ENSINO DE QUMICA E NA CAPACITAO DOS
PROFISSIONAIS DA BELEZA
Rita de Cassia Oliveira Khler
Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Ps-Graduao em Educao em Cincias:Qumica da Vida e Sade, da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM,RS), como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Educao em Cincias
Orientadora: Profa Dra. Mara Elisa Fortes Braibante
Santa Maria, RS, Brasil
2011
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CINCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EDUCAO EM CINCIAS:QUMICA DA VIDA E SADE
A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertao de Mestrado
A QUMICA DA ESTTICA CAPILAR COMO TEMTICA NO ENSINO DE QUMICA E NA CAPACITAO DOS PROFISSIONAIS DA
BELEZA
elaborada por Rita de Cassia Oliveira Khler
como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Educao em Cincias
COMISSO EXAMINADORA:
Mara Elisa Fortes Braibante, Dra. (Presidente/Orientadora)
Martha Bohrer Adaime, Dra. (UFSM)
Guilherme Carlos Corra, Dr. (UFSM)
Santa Maria, 27 de janeiro de 2011.
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Dedico este trabalho a minha me
que sempre me ensinou que vitria resultado
de muita responsabilidade, compromisso e dedicao.
Me, obrigada por ser o reflexo de luz
que ilumina todos os meus dias!
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AGRADECIMENTOS
Universidade Federal de Santa Maria; Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES; A orientadora Prof. Dra. Mara Elisa Fortes Braibante por estar sempre presente, pela disponibilidade e ateno. E tambm por todas as sugestes fundamentais para o direcionamento dessa pesquisa que oportunizou um grande perodo de aprendizagem e por todo carinho com o qual me acolheu com orientada. Aos professores que aceitaram fazer parte da minha banca, professora Martha Adaime, professor Guilherme Corra e como suplente professora Marlise Bartholomei; Ao professor Hugo Braibante pelo apoio e sugestes nos materiais durante este projeto; Aos colegas do LAEQUI, em especial a Denise e Janessa no qual convivi a maioria do tempo trocando idias. Aos colegas Marcele, Maurcius, Vincius, Onssimo pelo apoio em algumas atividades e companheirismo durante este projeto. Aos licenciandos do sub-projeto PIBID-Qumica desta Universidade, pelo desempenho no planejamento e execuo das oficinas apresentadas nas escolas, aos supervisores das escolas envolvidas nas oficinas pela disponibilidade em divulgar, acompanhar e participar das oficinas. Aos alunos do Ensino Mdio das escolas selecionadas para a aplicao das oficinas; A Empresa Bellkey Professional pelo patrocnio dos materiais para algumas atividades deste projeto; A Distribuidora Treat Hair Bellkey Professional da regio de Lajeado, atravs do distribuidor Ilton Khler, pelo patrocnio dos produtos cosmticos capilares para os procedimentos nas oficinas; A Distribuidora DLD Bellkey Professional da regio de Santa Maria, Diulie e Dcio Marcuzzo pela divulgao do Seminrio Cientfico e aplicao dos questionrios na regio de Santa Maria; A Distribuidora Kosmtikos Bellkey Professional da regio de Pelotas, Andria Khler, pela divulgao e acompanhamento dos cabeleireiros de Pelotas e regio no Seminrio Cientfico e tambm pela aplicao dos questionrios; Ao distribuidor de produtos Bellkey Professional da regio de Cricima-SC, Renato de Souza, pela aplicao dos questionrios em sua regio; Ao cabeleireiro e amigo Lucimar Casagrande, pelas doaes das mechas de cabelo para serem utilizadas nas oficinas e tambm pelas sugestes desse projeto; Aos cabeleireiros, Annalydia Kipper e ao Bira pelas doaes das mechas de cabelo, utilizadas nas oficinas; Ao meu esposo, Ilton Khler, por compreender os momentos de ausncia, pela pacincia e pelo companheirismo durante a trajetria deste projeto. A todos que direta ou indiretamente contriburam com a realizao desse projeto e principalmente a DEUS, por ter concedido sabedoria e entendimento durante a aplicao das atividades e pela proteo durante as viagens.
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Para se chegar a solues inovadoras preciso escapar das suposies,
preciso sair do convencional, preciso fugir do repetitivo.
Apenas Deus no muda. O resto, muda a toda hora.
O que deu certo hoje, pode dar errado amanh.
O que deu errado hoje pode dar certo amanh.
(Adolfo Sures)
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RESUMO
Dissertao de Mestrado Universidade Federal de Santa Maria
Programa de Ps-Graduao em Educao em Cincias:Qumica da Vida e Sade
A QUMICA DA ESTTICA CAPILAR COMO TEMTICA NO ENSINO DE QUMICA E NA CAPACITAO DOS
PROFISSIONAIS DA BELEZA
AUTORA: Rita de Cassia Oliveira Khler
ORIENTADORA: Mara Elisa Fortes Braibante
Data e Local: Santa Maria, 27 de janeiro de 2011.
Este trabalho apresenta A Qumica da Esttica Capilar como temtica para desenvolver um estudo conectando trs sujeitos: licenciandos de Qumica do sub-projeto PIBID-Qumica da UFSM, alunos do Ensino Mdio de quatro escolas pblicas de Santa Maria/RS e profissionais da beleza (cabeleireiros). Atravs da temtica A Qumica da Esttica Capilar foram explorados vrios contedos de Qumica, um deles est relacionado com as substncias qumicas presentes em alisantes. Durante o desenvolvimento deste projeto, foi desenvolvida e aplicada uma oficina intitulada A Qumica da esttica capilar: do crespo ao liso a moda da escova progressiva. A oficina foi estruturada com base nos trs momentos pedaggicos de acordo com Delizoicov: problematizao inicial, organizao do conhecimento e aplicao do conhecimento. Neste trabalho foram desenvolvidos dois estudos: o acompanhamento dos licenciandos de qumica no processo da sua formao inicial e tambm as concepes dos alunos do ensino mdio de escolas pblicas de Santa Maria/RS na relao com a abordagem da Qumica esttica capilar no seu cotidiano com contedos de Qumica do currculo do Ensino mdio. O segundo estudo foi realizado com os profissionais da beleza (cabeleireiros), neste estudo fez-se um diagnstico das concepes relacionadas com o conhecimento dos conceitos qumicos desses profissionais para o desenvolvimento dos procedimentos qumicos nos sales de beleza. Neste sentido, a Qumica da Esttica capilar explorada neste trabalho, contribuiu para uma aprendizagem significativa da Qumica tanto no contexto escolar pela relao estabelecida pelos alunos dos contedos ministrados em sala de aula com a Qumica envolvida no mundo que os cerca, quanto pelo seminrio ministrado aos profissionais da beleza cumprindo seu carter social. O trabalho realizado com os profissionais da beleza resultou em uma melhor compreenso da metodologia Qumica utilizada nos procedimentos empregados nos sales de beleza.
Palavras-chave: Ensino de Qumica. Cabelo. Esttica capilar
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ABSTRACT
Dissertation Universidade Federal de Santa Maria
POST-GRADUATE EDUCATION PROGRAM IN SCIENCE: CHEMISTRY OF LIFE AND HEALTH
THE CHEMISTRY OF BEAUTY HAIR AS A THEME IN CHEMISTRY TEACHING AND IN THE TRAINING OF BEAUTY PROFESSIONAL
AUTHOR: Rita de Cassia Oliveira Khler
ADVISOR: Mara Elisa Fortes Braibante
Date and Location of Defense: Santa Maria, january 27th, 2011.
This paper presents The Chemistry of Hair Esthetics as a theme to develop a study connecting three subjects: Chemistry undergraduates from the sub-project PIBID-Chemistry from UFSM, high school students from four public schools in Santa Maria / RS and beauty professionals (hairdressers). Through the theme "The Chemistry of Hair Esthetics" it were explored various Chemistry contents, one of them is related to the chemicals present in smoothing. During the development of this project, it was developed and implemented a workshop entitled "The Chemistry of esthetic hair: from curly to smooth the progressive brush fashion." The workshop was structured based on the three pedagogical moments according to Delizoicov: initial questioning, knowledge organization and application of knowledge. In this paper it were developed two studies: the monitoring of the chemistry undergraduates in the process of their initial training and also the views of the high school students from public schools in Santa Maria / RS in relation to the approach of esthetic hair Chemistry in their routine and the Chemistry content from the curriculum of the high school. The second study was carried out with the beauty professionals (hairdressers), in this study it was made a diagnosis of concepts related to this professionals knowledge of chemical concepts for the development of the chemistry procedures in beauty parlors. In this sense, the chemistry of hair esthetics explored in this paper contributed to a significant learning of chemistry both in the school context by the relationship established by students of the content taught in the classroom with the chemistry involved in the world around them, and by the workshop presented to the beauty professionals fulfilling its social character. The work with the beauty professionals resulted in a better understanding of the Chemical methodology used in the procedures applied in beauty parlors.
Key words : Teaching of Chemistry. Hair. Capillary esthetics.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Estrutura do desenvolvimento de uma oficina temtica .................. 22 FIGURA 2 - Esquema do sistema pilossebceo/folculo piloso .......................... 29 FIGURA 3 - Localizao da glndula sabcea ................................................... 30 FIGURA 4 -.Estrutura da cistena ....................................................................... 31 FIGURA 5 - Anatomia do fio de cabelo ............................................................... 32 FIGURA 6 - Micrografia das partes do fio de cabelo ........................................... 32 FIGURA 7 - Estrutura da protena queratina ....................................................... 34 FIGURA 8 - Representao da seco transversal de um fio de cabelo ............ 36 FIGURA 9 - Fases do ciclo de vida do cabelo .................................................... 37 FIGURA 10 - Estrutura mostrando as ligaes qumicas no crtex do cabelo ... 39 FIGURA 11 - Representao das ligaes de hidrognio .................................. 39 FIGURA 12 - Representao entre lisina e a ligao inica ............................... 39 FIGURA 13 - Surfactantes presentes nos xampus ............................................. 43 FIGURA 14 - Apresentao esquemtica de um tensoativo .............................. 44 FIGURA 15 - Representao da micela ............................................................. 45 FIGURA 16 - Representao das cargas negativas e positivas nos fios de cabelo ............................................................................................
46
FIGURA 17 - Escala de pH e a relao com os cabelos .................................... 47 FIGURA 18 - Reao qumica que ocorre no alisamento com formol ................ 50 FIGURA 19 - Estrutura representando as ligaes de dissulfeto em cabelo cacheado .......................................................................................
51
FIGURA 20 - Estrutura representando as ligaes de dissulfeto rompidas aps processo da ao mecnica do secador e chapinha ...........
51
FIGURA 21 - Estrutura representando as ligaes de dissulfeto reestruturadas aps a ao do agente oxidante ...................................................
52
FIGURA 22 - Mecha de cabelo crespo e Materiais envolvidos nos procedimentos .............................................................................
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FIGURA 23 - Profissionais da beleza no seminrio cientfico ............................. 83 FIGURA 24 - Profissionais escrevendo seus comentrios e sugestes ............. 85
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LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Sntese dos trs momentos pedaggicos .................................... 24 QUADRO 2 - Desenvolvimento dos trs momentos pedaggicos na oficina a qumica da esttica capilar ...........................................................
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Composio qumica do sebo ........................................................ 30 TABELA 2 Elementos qumicos presentes no cabelo ...................................... 37 TABELA 3 Principais substncias do xampu ................................................... 42 TABELA 4 Perfil dos participantes ................................................................... 65 TABELA 5 Conhecimento sobre a temtica ..................................................... 65 TABELA 6 Perfil dos participantes que responderam o questionrio ............. 71 TABELA 7 Questes referentes aos conceitos qumicos dos alunos .............. 72 TABELA 8 Resultados dos questionrios ....................................................... 79 TABELA 9 Respostas dos questionrios ps seminrio .................................. 83
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LISTA DE GRFICOS
GRFICO 1 Amostragem do nmero de acertos por questo ........................ 77
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SUMRIO
CAPTULO 1 ABORDAGENS EDUCACIONAIS NO ENSINO DE
QUMICA ...............................................................................................18
1.1 A formao inicial de professores e sua interao com programas de estgios
............................................................................................................................... 18
1.2 Projeto PIBID como ferramenta na formao inicial de professores ................ 20
1.3 Oficinas temticas como proposta para o ensino de qumica .......................... 21
1.4 Momentos pedaggicos ................................................................................... 23
1.5 Temas estruturadores em qumica ................................................................... 24
CAPTULO 2 A QUMICA DA ESTTICA CAPILAR .....................27
2.1 O cabelo atravs da histria ............................................................................ 27
2.2 O que o cabelo? ............................................................................................ 28
2.2.1 Folculo Pilossebceo ................................................................................... 28
2.2.1.1 Composio qumica do sebo .................................................................... 30
2.2.2 Anatomia do fio de cabelo ............................................................................. 31
2.2.2.2 O crtex ..................................................................................................... 33
2.2.2.3 A medula .................................................................................................... 33
2.2.3 Protenas estruturais do cabelo..................................................................... 34
2.2.4 Diferenas tnicas ......................................................................................... 35
2.2.4.1 Forma do cabelo ........................................................................................ 35
2.2.5 Os ciclos de vida dos cabelos ....................................................................... 36
2.2.6 Elementos que fazem parte da constituio qumica do cabelo ................... 37
2.2.7 Ligaes qumicas do cabelo ........................................................................ 38
2.2.8 A histria do desenvolvimento dos produtos ................................................. 40
2.2.8.1 A ao dos xampus nos cabelos ................................................................ 42
2.2.8.2 Estrutura de um tensoativo ........................................................................ 44
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2.2.8.4 O controle do pH nos produtos capilares ................................................... 46
2.2.9 Alisamento dos fios de cabelo....................................................................... 47
2.2.9.1 Histria do alisamento ................................................................................ 47
2.2.9.2 Escovas progressivas ................................................................................ 48
2.2.9.3 Compostos qumicos presentes em alisantes ............................................ 48
2.2.9.4 Alisamento com formol ............................................................................... 49
2.2.9.5 Alisamento com tioglicolato de amnio ...................................................... 50
CAPTULO 3 PROCEDIMENTOS MEDOTOLGICOS .....................53
3.1 A proposta do presente trabalho ...................................................................... 53
3.1.1 Primeiro estudo desenvolvimento das oficinas A Qumica da esttica
capilar: do crespo ao liso, a moda da escova progressiva .................................... 54
3.1.1.1 Seleo das escolas .................................................................................. 54
3.1.1.2 Capacitao do grupo PIBID para desenvolver as oficinas nas escolas .... 54
3.1.1.3 Preparao dos materiais para as apresentaes nas escolas e pr-
apresentao ......................................................................................................... 56
3.1.1.4 Divulgao das oficinas nas escolas .......................................................... 56
3.1.1.5 Calendrio das apresentaes das oficinas ............................................... 56
3.1.1.6 Aplicao da oficina nas escolas ............................................................... 57
3.1.1.7 Aplicao dos questionrios....................................................................... 59
3.1.1.7.1 Questionrio diagnstico ......................................................................... 59
3.1.1.7.2 Aplicao dos questionrios pr- oficina nas escolas ............................. 60
3.1.1.7.3 Aplicao do questionrio ps- oficina .................................................... 61
3.3 Segundo estudo desenvolvimento das atividades com os profissionais da
beleza .................................................................................................................... 62
3.3.1 Primeira etapa ............................................................................................... 62
3.3.2 Segunda etapa .............................................................................................. 62
CAPTULO 4 RESULTADOS .............................................................64
4.1 Resultados do primeiro estudo......................................................................... 64
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4.1.1 Pr-questionrio aplicado aos licenciandos do curso de Qumica. ............... 64
4.1.2 Aplicao da oficina ...................................................................................... 67
4.1.3 Aplicao do questionrio aps a oficina dos licenciandos de Qumica ....... 70
4.2 Questionrio diagnstico aplicado aos alunos do Ensino Mdio ..................... 70
4.2.1 Questionrio diagnstico ............................................................................... 71
4.2.2 Aplicao da oficina para os alunos do Ensino mdio. ................................. 74
4.2.3 Aplicao do questionrio pr-oficina ........................................................... 74
4.2.4 Questionrio 1 - 1 parte: Perfil do aluno ...................................................... 75
4.2.5 Questionrio 1 - 2 parte: interesse pelo estudo de Qumica e a sua relao
com o cotidiano. ..................................................................................................... 75
4.2.6 Questionrio 2 Verificao dos conceitos qumicos relacionados com a
temtica ................................................................................................................. 76
4.3 Resultados do segundo estudo ........................................................................ 78
4.3.1 Resultados dos questionrios aplicados em SP, SC e RS ........................... 78
4.3.2 Resultados dos questionrios ps-seminrio cientfico ................................. 82
CAPTULO 5 CONSIDERAES FINAIS .........................................86
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .....................................................90
APNDICES .........................................................................................93
ANEXOS ............................................................................................. 111
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INTRODUO E OBJETIVOS
A Qumica da Esttica Capilar se refere a beleza das transformaes
qumicas do cabelo. Todos os procedimentos capilares envolvem a Qumica, desde
as mais simples que realizamos cotidianamente como lavar e condicionar at os
mais complexos com alisar e colorir os cabelos.
A esttica capilar um segmento direcionado aos profissionais da beleza
especializado no embelezamento capilar, arte e cincia do cabelo, terapia capilar e
estilismo.
O estudo desenvolvido neste trabalho surgiu da observao das
transformaes1 realizadas nos cabelos das pessoas nos ltimos tempos
principalmente de crianas e adolescentes que precocemente j esto modificando a
aparncia dos fios de cabelo, utilizando produtos cosmticos capilares denominados
pela Agncia de Vigilncia Sanitria (ANVISA) grau de risco II2.
Ento questiona-se atravs desta dissertao Como a Qumica da Esttica
Capilar pode contribuir para o ensino e a aprendizagem em Qumica para
professores em formao, licenciandos de Qumica, alunos do ensino mdio e na
capacitao dos profissionais da beleza.
A partir dessas consideraes, o objetivo geral deste trabalho utilizar a
temtica A Qumica da Esttica Capilar para desenvolver aes facilitadoras para o
processo de ensino e aprendizagem em Qumica tendo como sujeitos, licenciandos
do curso de Qumica Licenciatura, alunos do ensino mdio e profissionais da beleza
(cabeleireiros), atravs de oficinas e palestras relacionando contedos bsicos de
Qumica e sua implicao social com a temtica deste trabalho.
Considerando esse objetivo, os objetivos especficos so:
Acompanhar o processo de planejamento do grupo de licenciandos de
qumica para a aplicao das oficinas;
1 Transformaes nos cabelos so modificaes realizadas no crtex, estrutura intermediria do fio,
atravs de produtos como tintura, alisamentos ou tratamentos. 2 Grau de risco II so produtos com risco potencial (tinturas, alisantes, xampu ou condicionador anti-
caspa e/ou antiqueda.)
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Investigar as concepes iniciais dos alunos do ensino mdio com relao
aos contedos de qumica relacionados com a temtica A Qumica da Esttica
Capilar;
Observar o comportamento dos alunos do ensino mdio, relacionado ao
interesse e motivao na participao das oficinas temticas;
Investigar as concepes dos profissionais da beleza (cabeleireiros), sobre os
contedos de Qumica bsica e a relao com os procedimentos realizados nos
sales de beleza;
Oferecer um seminrio para abordar os contedos bsicos de qumica
esttica capilar aos profissionais da rea da beleza, como complemento para
desenvolver os procedimentos em sua profisso.
Esta dissertao esta estruturada em cinco captulos. No primeiro captulo,
sero apresentadas as Abordagens Educacionais no Ensino de Qumica,
comeando com a formao inicial dos professores de qumica, sua interao com
os estgios e o Programa Institucional de Bolsa de Iniciao a Docncia (PIBID)
como ferramenta na formao inicial. No final desse captulo mencionada a
proposta da oficina temtica, os temas estruturadores em qumica segundo o
PCNEM e os momentos pedaggicos.
No segundo captulo, A temtica A Qumica da Esttica Capilar no Ensino
de Qumica, realizada um breve reviso relatando a breve histria dos cabelos
atravs dos tempos, a anatomia do cabelo, composio qumica, ligaes qumicas,
breve histrico sobre o desenvolvimento dos produtos para cabelos, a ao dos
xampus, condicionadores, estruturas dos tensoativos, controle do pH em produtos
capilares, a histria do alisamento, escovas progressivas e as principais substncias
qumicas presentes nas formulaes dos alisantes.
No terceiro captulo, sero apresentados os Procedimentos Metodolgicos
da Pesquisa. Neste captulo, ser descrito o tipo de pesquisa, a caracterizao do
contexto e dos sujeitos da pesquisa, os instrumentos utilizados para a coleta dos
dados, e como estes dados sero analisados.
No quarto captulo, Anlise e Discusso dos Resultados, sero descritos os
resultados obtidos nesta pesquisa e no quinto captulo, Consideraes Finais.
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CAPTULO 1 ABORDAGENS EDUCACIONAIS NO ENSINO DE
QUMICA
1.1 A formao inicial de professores e sua interao com programas de
estgios
Verificamos a mudana rpida na sociedade relacionada s novas tecnologias
e culturas e a mdia tem contribudo muito com isso. No entanto fao a seguinte
pergunta, devemos formar professores para qual sociedade? Este um dos nossos
desafios hoje em dia. Ao refletimos sobre formao de professores, no podemos
olhar somente para as Instituies de Ensino Superior, pois sabemos que h
necessidade urgente de transform-las. Devemos olhar para a sociedade, para a
poca em que vivemos e as escolas que a esto (VIANA, 2003).
O paradigma da modernidade teve como motivo unificador a celebrao do indivduo e a supremacia da liberdade individual e da razo em oposio autoridade estabelecida. O indivduo passou a ser a figura fundamental na sociedade moderna. No podemos esquecer que na pr-modernidade o indivduo no existia, segunda a concepo moderna deste tempo, pois ficava diludo na sociedade, no poder da igreja, no atuando como sujeito livre e independente ( SANTOS, 2000, p. 163-171).
Observamos que para essa sociedade em desenvolvimento,
contempornea, que queremos formar nossos jovens.
O aluno que nosso futuro professor vai ter em suas salas de aula est na fase
de mudanas orgnicas, nas quais se aceleram o desenvolvimento cognitivo e a
estruturao da personalidade. Apresentam culturas juvenis compostas de
conhecimento, atitudes, linguagem, cdigos e valores que coincidem
necessariamente com a cultura escolar e com os currculos tradicionalmente
oferecidos.
So culturas diferenciadas, o que faz com que os jovens alunos e os prprios
professores recm-formados se sintam desmotivados, desencantados, contribuindo
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para o acmulo de diferentes insucessos escolares. Nesse contexto, torna-se
necessria a aproximao entre o mundo da licenciatura e o mundo da escola
(VIANA, 2003).
A formao inicial de professores no Brasil via as Licenciaturas, vem sendo
objeto de estudo e de prticas h vrios anos. A histria das Metodologias e/ou
Prticas de Ensino no pas remonta dcada de 1930 e ao longo de sua existncia
no currculo esta disciplina tornou-se parte dos cursos de Licenciatura na forma de
estgios curricular. Contudo junto ao estgio, esta disciplina sempre teve carter
complementar ou suplementar, uma prtica que aparecia ao final do curso de
formao. Com a Lei 5692/71, que estabelecia a qualificao obrigatria, reservou-
se Didtica o papel de aproximao com a realidade de sala de aula, pois se
acreditava que esta disciplina seria o espao privilegiado na luta para melhoria da
formao de professores e da qualidade do ensino. Ao mesmo tempo, a prtica de
sala de aula era cada vez mais marcada pela reprovao e a evaso (MARANDINO
apud PICONEZ, 1991, p.18).
Com relao Prtica/Metologia de Ensino, consenso entre aqueles que
atuam na rea que esta disciplina tem uma especificidade em relao Didtica e
que deve estar em interao com o projeto pedaggico do curso, articulada aos
demais componentes. Desse modo, esta disciplina deve ser desenvolvida a partir da
aproximao entre a realidade escolar e uma prtica da reflexo, que possa
contribuir para o esclarecimento e o aprofundamento da relao dialtica prtica-
teoria-prtica (MARANDINO apud Piconez, p. 25).
Consideramos que no caso dos professores de cincias, a formao
profissional no pode prescindir da discusso sobre os temas de pesquisas no
campo do Ensino de Cincias. A Metodologia de Ensino deve promover a
articulao dos saberes especficos com aqueles pedaggicos, procurando
incorporar ao seu programa as questes que se colocam hoje tanto no campo
educacional mais amplo como na educao cientfica. As diferentes disciplinas que
compem a matriz curricular das Licenciaturas nas vrias Cincias devem garantir,
de forma terica e prtica, o acesso a esses conhecimentos (MARANDINO, 2003).
Ensino, aprendizagem e formao de professores so trs conceitos que tm
ligaes bastante profundas e aparecem estreitamente inter-relacionados
(CARVALHO, 2003).
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Entretanto, possvel identificar, algumas vezes, uma postura negativa com
relao ao estgio escolar, seja por parte de professores da Licenciatura, seja por
parte dos alunos, com a justificativa de que a escola brasileira, especialmente a
pblica revela vrios problemas que no capaz de proporcionar a vivncia que os
licenciandos necessitam em sua formao inicial (MARANDINO, 2003).
Percebemos nesta perspectiva que outros mecanismos tm sido propostos
para a realizao do estgio, via palestras, projetos e atividades de extenso
(FERREIRA apud VIANA, 2001).
Portanto a insero dos licenciandos do sub-projeto PIBID-Qumica da UFSM,
neste trabalho, alm dos estgios que so desenvolvidos como pr-requisito para a
sua formao inicial, possibilitar uma qualificao profissional mais abrangente na
rea da educao em cincias.
1.2 Projeto PIBID como ferramenta na formao inicial de professores
O objetivo do projeto PIBID antecipar o vnculo entre os futuros mestres e as
salas de aula da rede pblica. Com essa iniciativa o PIBID, faz uma articulao entre
a educao superior (por meio das licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e
municipais. Os objetivos do PIBID so:
Incentivar a formao de professores para a educao bsica, especialmente
para o ensino mdio;
Valorizar o magistrio, incentivando os estudantes que optam pela carreira
docente;
Promover a melhoria da qualidade da educao bsica;
Promover a articulao integrada da educao superior do sistema federal
com a educao bsica do sistema pblico, em proveito de uma slida
formao docente inicial;
Elevar a qualidade das aes acadmicas voltadas formao inicial de
professores nos cursos de licenciaturas das instituies federais de educao
superior;
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Estimular a integrao da educao superior com a educao bsica no
ensino fundamental e mdio, de modo a estabelecer projetos de cooperao
que elevem a qualidade do ensino nas escolas da rede pblica;
Fomentar experincias metodolgicas e prticas docentes de carter
inovador, que utilizem recursos de tecnologia da informao e da
comunicao, e que se orientem para a superao de problemas identificados
no processo ensino-aprendizagem;
Valorizar o espao da escola pblica como campo de experincia para a
construo do conhecimento na formao de professores para a educao
bsica.
O grupo PIBID-Qumica da UFSM foi estabelecido em 2009 e conta com oito
alunos licenciandos de Qumica, quatro supervisores professores em atividade do
ensino mdio de Qumica das escolas pblicas selecionadas e uma coordenadora,
professora do ensino superior do departamento de Qumica da UFSM.
Observamos que a proposta fundamental do PIBID proporcionar aos futuros
professores participao em aes, experincias metodolgicas e prticas docentes
inovadoras, articuladas com a realidade local da escola. Portanto este projeto contou
com a colaborao deste grupo.
1.3 Oficinas temticas como proposta para o ensino de qumica
A oficina temtica, procura tratar os conhecimentos de forma inter-relacionada
e contextualizada e envolve os alunos em um processo ativo de construo de seu
prprio conhecimento e de reflexes que possa contribuir para tomada de decises.
Essas oficinas se baseiam em atividades experimentais sobre um dado tema de
interesse social, sendo explorados conhecimentos qumicos em estreita relao com
suas aplicaes e implicaes sociais (MARCONDES, 2008).
As oficinas temticas requerem planejamento prvio, por isso requerem
tempo dos professores para a sua elaborao, pois esto constitudas de vrias
etapas at a sua aplicao.
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O desenvolvimento de uma oficina temtica envolve: escolha do tema,
desenvolvimento do experimento e relao com os conceitos qumicos.
Na figura 1, visualizamos a representao das etapas da organizao de uma
oficina temtica, proposta pelo Grupo de Pesquisa em Educao Qumica (GEPEQ)
do Instituto de Qumica da Universidade de So Paulo (USP).
Figura 1 Estrutura do desenvolvimento de uma oficina temtica3
3 Disponvel em: http://gepeq.iq.usp.br
Escolha do Tema
PESQUISA BIBLIOGRAFICA
- Viabilidade - Adaptao (teste) - Pblico Alvo - Questo ambiental
Escolha dos diversos experimentos
relacionados ao tema
Conceitos Qumicos
envolvidos nos
experimentos
Seminrio e Discusses
Escolha de
experimentos inter-relacionados
Texto e Material de Apoio
Roteiros Experimentais
Abordagem apropriada (linguagem acessvel)
Organizao da Oficina
- conceitos qumicos - aspectos sociais, polticos, ambientais, tecnolgicos.
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A escolha do tema fundamental para o desenvolvimento da oficina, levando
em considerao a possibilidade de abordar vrios aspectos do conhecimento
qumico e estabelecer relao com outros campos do saber (MARCONDES, 2006).
Outra parte importante que devemos sempre considerar em uma oficina a
parte experimental, o tipo de experimento que ser realizado, pois o tema do
experimento desperta a curiosidade e interesse por parte dos alunos na sua
participao na atividade e assim de forma dinmica, pode-se incluir os conceitos
qumicos.
1.4 Momentos pedaggicos
Os momentos pedaggicos esto inseridos nas oficinas fazendo parte da
estrutura de ao das atividades elaboradas, que esto divididos em momentos
fundamentais para o seu desenvolvimento.
O ensino a partir de temas pode ser organizado em trs momentos pedaggicos
segundo Delizoicov, 2002, o estudo da realidade, a organizao do conhecimento e
aplicao do conhecimento (Quadro 1). O estudo da realidade o momento de
problematizao, de estabelecimentos de relaes entre o que o aluno sabe e o
problema a ser estudado; a organizao do conhecimento pressupe a busca de
informaes para que se possam entender aspectos do problema; a aplicao
sugere a reinterpretao do problema tendo como base os conhecimentos
construdos na fase de organizao, e o estabelecimento de relaes entre essa e
outras situaes problemticas e entre os conhecimentos tratados (Marcondes,
2007).
-
24
ESTUDO DA REALIDADE PROBLEMATIZAO INICIAL
ORGANIZAO DO CONHECIMENTO
APLICAO DO CONHECIMENTO
-Ligao entre o contedo e situaes reais que os alunos conhecem e vivenciam. -Manifestao das concepes prvias sobre as questes colocadas para a problematizao. -Professor atua como um problematizador.
-Desenvolvimento dos contedos a partir do conhecimento cientfico. -Percepo de outras explicaes para as questes problematizadas. - Comparao entre os conhecimentos para resoluo das questes desafiadoras. -Professor atua como mediador, provedor.
-Contedo escolar usado para reinterpretar as questes problematizadoras iniciais. -Novas questes que podem transcender o cotidiano do aluno. -Professor atua como mediador, organizador, problematizador.
Quadro 1 Sntese dos trs momentos pedaggicos
4
1.5 Temas estruturadores em qumica
A proposta apresentada para o ensino mdio de Qumica nos PCNEM se
contrape velha nfase na memorizao de informaes, nomes, frmulas e
conhecimentos como fragmentos desligados da realidade dos alunos.
Verifica-se que atravs da histria o conhecimento qumico centrou-se em
estudos da natureza emprica sobre as transformaes qumicas e as propriedades
dos materiais e substncias. Atravs da concepo de cada poca os modelos
explicativos foram gradualmente se desenvolvendo, o conhecimento cientfico em
geral e o da Qumica em particular que exigiam modelos mais elaborados.
Assim, em consonncia com a prpria histria do desenvolvimento desta cincia, a Qumica deve ser apresentada estruturada sobre o trip: transformaes qumicas, materiais e suas propriedades e modelos explicativos. Um ensino baseado harmonicamente nesses trs pilares poder dar uma estrutura de sustentao ao conhecimento de qumica do estudante especialmente se, ao trip de conhecimentos qumicos, se agregar a uma trilogia de adequao pedaggica fundada em: contextualizao, que d significado aos contedos e que facilite o estabelecimento de ligaes com outros campos do conhecimento; respeito
4 Disponvel em: http://gepeq.iq.usp.br
-
25
ao desenvolvimento cognitivo e afetivo, que garanta ao estudante tratamento atento a sua formao e seus interesses; desenvolvimento de competncias e habilidades em consonncia com os temas e contedos de ensino (PCN+, 2002, p. 87-89).
O PCN+ do Ensino Mdio Orientaes Educacionais Complementares aos
Parmetros Curriculares Nacionais, traz propostas para a disciplina de Qumica que
iro ampliar os horizontes, trazendo os contedos ministrados em sala de aula
atravs de temas.
Defende-se uma abordagem de temas sociais (do cotidiano) e uma experimentao que, no sejam pretensos ou meros elementos de motivao ou de ilustrao, mas efetivas possibilidades de contextualizao dos conhecimentos qumicos, tornando-os socialmente mais relevantes. Para isso necessria a articulao na condio de proposta pedaggica nas quais situaes reais tenham um papel essencial na interao com os alunos (suas vivncias, saberes, concepes), sendo o conhecimento, entre os sujeitos envolvidos, meio de ferramenta metodolgica capaz de dinamizar os processos de construo e nagociao de significados (BRASIL, 2002).
Uma maneira de selecionar e organizar os contedos a serem ensinados so
pelos temas estruturadores, que permitem o desenvolvimento de um conjunto de
conhecimentos de forma articulada, em torno de um eixo central com objetos de
estudo, conceitos, linguagens, habilidades e procedimentos prprios. Tomando
como foco de estudo as transformaes qumicas que ocorrem nos processos
naturais e tecnolgicos, o PCN+ sugere nove temas estruturadores:
1. Reconhecimento e caracterizao das transformaes qumicas;
2. Primeiros modelos da constituio da matria
3. Energia e transformao qumica
4. Aspectos dinmicos das transformaes qumicas
5. Qumica e atmosfera
6. Qumica e hidrosfera
7. Qumica e litosfera
8. Qumica e biosfera
9. Modelos qunticos e propriedades qumicas
-
26
Os nove temas estruturadores apresentados acima para o ensino de Qumica
esto centrados em dois eixos: transformao qumica e qumica da sobrevivncia,
com contedos que facilitam o entendimento do mundo fsico sob a viso da
Qumica e que contribuem para promover competncias e habilidades.
Verifica-se de modo geral nas escolas, que os alunos desenvolvem o
conhecimento acadmico, atravs das transmisses de informaes pelos
professores supondo que atravs da memorizao adquira-se o conhecimento
acumulado.
A proposta do PCN+, atravs da seleo e organizao dos temas, contedos
e habilidades so parte essencial do processo de ensino aprendizagem, mas no
bastam para alcanar as metas almejadas de formao e desenvolvimento de
competncias. imprescindvel nesse processo que sejam contempladas
conjuntamente diferentes aes didticas, pedaggicas, culturais e sociais, desde a
mais especfica e aparentemente simples, como a disposio fsica da sala de aula,
at as mais gerais e muitas vezes complexas, envolvendo toda a comunidade
escolar e seu entorno. Entre elas, a forma de conduzir uma aula e as atividades em
classe, os meios e recursos didticos, os projetos disciplinares e interdisciplinares,
as formas de avaliao, os estudos do meio (BRASIL, 2002).
-
27
CAPTULO 2 A QUMICA DA ESTTICA CAPILAR
Neste captulo ser apresentada uma breve reviso da temtica A Qumica
da Esttica Capilar utilizada neste trabalho.
2.1 O cabelo atravs da histria
Uma interessante evoluo sobre os cabelos no decorrer dos tempos e sua
histria abordada pela revista de negcios da indstria da beleza em sua edio
temtica sobre produtos para cabelos (FRANQUILINO, 2009).
Impregnados de simbologias, os cabelos receberam ateno especial desde a
Antiguidade. Na pr-histria, o troglodita j se esforava para tratar e arrumar seus
cabelos, fato comprovado nos achados arqueolgicos, como pentes e navalhas de
pedra. Contudo, foi no Egito, h aproximadamente cinco mil anos, que a arte de
cuidar dos cabelos chegou ao pice.
Foi nessa poca que surgiram perucas sofisticadas, as quais mostravam a
habilidade dos cabeleireiros, que gozavam de grande prestgio na corte dos faras.
Na antiga Grcia, no sculo II a.C., os penteados eram bem elaborados, os cabelos eram frisados, encaracolados delicadamente, com franjas em aspiral, os cabelos das mulheres eram enfeitados com tiaras e fitas, pentes de bronze ou marfim. Foram os gregos que criaram os primeiros sales de cabeleireiro (Koureira), em Atenas construdo em praa pblica. Os Kosmetes ou embelezadores de cabelo escravos especiais eram afamados e muito procurados. Os escravos cuidavam dos homens e as escravas das mulheres. Os cabelos eram perfumados com leos raros e preciosos, tingidos e descoloridos uma vez que a cor mais em voga era loura. Ainda na Grcia antiga, a moda dos cabelos se mantinha por dois a trs sculos. A mudana era mais rpida na Roma antiga, onde as esposas dos soberanos eram imitadas pelas outras mulheres. No Imprio Grego-Romano, gregos e gregas faziam os penteados dos romanos e das romanas. No sculo XVII, a partir de Lus XIV, a moda francesa dominou todas as civilizaes. No comeo do sculo XVIII, as mulheres casadas usavam uma touca para esconder os cabelos, pois somente seu marido poderia v-los soltos. Na dcada de 1920, era a moda das mulheres usarem cabelos curtssimos, a la garonne. Naquela poca, as mulheres mais independentes e ativas, com intensa vida social e engajada no trabalho,
-
28
rejeitavam as tradies que as obrigavam a usar cabelos compridos, as quais remontavam a Idade Mdia (FRANQUILINO, 2009, p. 6-16).
Atualmente percebemos a grande variedade de transformaes nos cabelos
desde os mais sofisticados penteados, cores que podem variar conforme a
personalidade das pessoas, desde as cores mais vibrantes ou neutras, as
modificaes na estrutura tornando-os lisos ou cacheados, tratamentos
revolucionrios com propostas atravs de tcnicas como, renaturao das protenas
estruturais do cabelo, nanoqueratinizao, cristalizao, reconstruo, hidratao,
cauterizao, reposio de aminocidos, so diversos os tratamentos oferecidos
pelas empresas.
2.2 O que o cabelo?
A estrutura fundamental para entendermos o que o cabelo, o folculo
pilossebceo, que origina duas estruturas o pelo e o sebo (Bedin, 2009).
2.2.1 Folculo Pilossebceo
Seu desenvolvimento iniciado em torno do terceiro ms da vida fetal quando
aparecem os primeiros germes pilares no couro cabeludo, superclios, lbio superior
e queixo. No quarto ms comeam o desenvolvimento na face e no couro cabeludo,
seguindo uma direo/orientao cfalo-caudal (da cabea para os ps).
O germe pilar comea na epiderme e avana para dentro, fazendo um caminho
oblquo at a derme.
Na extremidade inferior do folculo piloso est situado o bulbo que a parte
mais espessa e profunda.
-
29
Figura 2 Esquema do sistema pilossebceo/folculo piloso5
O bulbo continua a matriz germinativa, a qual recobre uma papila de tecido
conjuntivo denominado papila drmica.
A papila drmica composta de fibroblastos especializados na base do folculo,
supondo-se que controla o nmero de clulas da matriz e assim o tamanho do plo.
Na fase de crescimento as clulas da matriz germinativa multiplicam e se
movem para cima dentro do folculo diferenciando-se em clulas do pelo e da bainha
epitelial interna.
O corpo humano ao nascer revestido por cerca de cinco milhes de folculos
pilosos, no sendo formados folculos pilosos adicionais aps o nascimento.
As glndulas sebceas (Figura 3) so estruturas lobulares e saculares que,
com seus canais excretores, abrem-se no tero superior do folculo abaixo de sua
abertura externa e produzem o sebo cuja funo lubrificar os pelos e a pele.
5 Disponvel em: www.google.com.br/imagens
-
30
Figura 3 Localizao da glndula sebcea 6
2.2.1.1 Composio qumica do sebo
O sebo constitudo de vrias substncias qumicas, a composio qumica
do sebo, varia de espcie para espcie, em humanos os percentuais esto descritos
na Tabela 1.
Tabela 1 Composio qumica do sebo
6 Disponvel em: www.google.com.br/imagens/glndula sebcea
SUBSTNCIA COMPOSIO PERCENTUAL
Ceras monosteres 25%
Triglicerdeos 41%
cidos graxos livres 16%
Esqualeno 12%
-
31
2.2.2 Anatomia do fio de cabelo
Os cabelos so fios formados por um tipo de protena chamada -queratina,
constituda por uma seqncia de 15 a 22 tipos de aminocidos principalmente a
cistena (Figura 4).
Figura 4 Estrutura qumica da Cistena
A queratina uma protena fibrosa com estrutura tridimensional formada por
micro filamentos com resistncia, elasticidade e impermeabilidade gua.
Na constituio do fio de cabelo encontramos 65% a 95% de protenas, outras
protenas presentes no cabelo so o colgeno, responsvel pela forma, elasticidade
e resistncia e a elastina que uma protena fibrilar, constituda de fibras elsticas
enoveladas que, junto com o colgeno, so essenciais para manter os cabelos
saudveis.
Os cabelos nascem de uma estrutura da pele chamada folculo piloso (Figura
2), que onde fica a raiz do cabelo (GOMES, 2006). Outros componentes so:
gua, lipdeos, pigmentos e elementos como zinco e ferro (BEDIN, 2009).
O cabelo dividido em trs partes: cutcula (parte externa), crtex (parte
intermediria) e medula (parte interna), conforme Figura 5.
-
32
Figura 5 Anatomia do fio do cabelo7
Figura 6 Micrografia das partes do fio de cabelo8
2.2.2.1 A cutcula
A cutcula o revestimento externo da fibra capilar. As clulas que a formam
se chamam escamas e so extremamente pequenas e incolores. Elas so unidas
por um cimento intercelular rico em lipdios, sobrepondo-se umas s outras como
7 Disponvel em: www.google.com.br/imagens/cabelo
8 Disponvel em: www.sbbq.org.br/revista/mtdidaticos/bioq_beleza
-
33
telhas, formando camadas de trs a dez clulas. Como as extremidades livres da
clula esto orientadas para a ponta do cabelo, elas exercem um papel principal que
o de proteger o crtex. A cutcula a parte do cabelo sujeita aos ataques dirios e
as propriedades cosmticas dos produtos para cabelo dependem seu estado.
2.2.2.2 O crtex
O crtex o corpo real da fibra capilar . representando 90% de seu peso total,
ele formado por clulas preenchidas por queratina e esta organizao que d
fibra suas propriedades marcantes. Ao longo da maturao do cabelo, estas clulas
corticais se tornam alongadas e chegam a atingir cerca de 100 micrmetros.
Arranjadas ao longo do fio de cabelo, elas so mantidas por uma substncia
intercelular composta por queratina flexvel, rica em lipdios. E tambm no crtex
que os gros de melanina que do cor ao cabelo so encontrados. A sua nica
forma de proteo uma fina camada de sebo e a cutcula. no crtex que ocorrem
as transformaes do cabelo, atravs da formao ou quebra das ligaes qumicas
da sequncia de aminocidos.
2.2.2.3 A medula
A medula, ou canal medular, est situada no centro da fibra e sua presena
ao longo do cabelo, geralmente, descontnua ou at ausente. Parece que as
clulas que a compem rapidamente degeneram, deixando espao para bolhas de
ar. Em humanos, o seu papel ainda desconhecido, porm, em alguns animais,
esta estrutura alveolar parece possuir um papel essencial na termorregulao.
-
34
2.2.3 Protenas estruturais do cabelo
As protenas estruturais presentes na fibra capilar, queratina, elastina e
colgeno so responsveis para dar estrutura aos fios de cabelos.
Queratina: uma protena constituda de cerca de quinze aminocidos,
principalmente a cistena. uma protena fibrosa com estrutura tridimensional:
microfilamentos com resitncia, elasticidade e impermeabilidade a gua.
Figura 7 Estrutura da protena queratina
9
Elastina: uma protena fibrilar, so fibras elsticas enoveladas que junto com o
colgeno forma uma ligao de apoio a protena, que essencial para manter a pele
e os cabelos saudveis.
Colgeno: nos cabelos funcionam como um conectivo unindo as clulas que do
forma ao cabelo. Proporciona elasticidade e d resistncia aos fios.
9 Disponvel em: www.google.com.br/imagens/queratina
-
35
2.2.4 Diferenas tnicas
2.2.4.1 Forma do cabelo
Independente do fato de ser liso, ondulado, crespo ou encaracolado, o cabelo
tem sempre uma composio qumica bsica, ou seja, a queratina, sendo que o que
muda a seqncia de aminocidos que compem esta protena. Por outro lado, a
forma do cabelo varia enormemente. As diferenas dependem, em grande parte, da
seco transversal do cabelo e de como ele cresce. Estudos indicam que estes dois
elementos esto intimamente relacionados forma do folculo piloso e sua posio
no couro cabeludo.
A seco transversal de um cabelo tem a forma de uma elipse que pode
tender para o formato de um crculo uma analogia com outros materiais mostra como
a seco transversal pode influenciar na aparncia do cabelo no espao: nas
mesmas condies de tamanho, uma faixa fina se enrola muito mais facilmente do
que uma corda cilndrica. Por isso (Figura 8), os asiticos possuem cabelo com uma
seco transversal mais grossa e cilndrica, os cabelos so lisos, enquanto que os
africanos possuem uma seco transversal achatada e fina, formando o cabelo
crespo e encaracolado com anis de at poucos milmetros de dimetro.
Caucasianos possuem uma seco transversal muito mais variada, porm sendo
mais ou menos elptica. O cabelo dos caucasianos vai desde ondulado at bastante
cacheado (BAYARDO, 2005).
-
36
Figura 8 Representao da seco transversal de um fio de cabelo10
2.2.5 Os ciclos de vida dos cabelos
O cabelo vive e morre de acordo com um ciclo regular e de durao diferente.
Este ciclo composto por trs fases:
Fase Angena: corresponde ao crescimento ativo do cabelo que dura
aproximadamente trs a seis anos.
Fase Catgena: o perodo de regresso, ou seja, o cabelo comea a morrer e
dura trs semanas.
Fase Telgena: dura aproximadamente trs meses, onde o cabelo morto
empurrado por um fio angeno. A nossa cabeleira possui de oitenta a noventa por
cento de fios na fase angena, onde cinqenta a cem fios de cabelo caem
diariamente.
10 Disponvel em: www.google.com.br/imagens/tipos de cabelos
-
37
Figura 9 Fases do ciclo de vida dos cabelos11
2.2.6 Elementos que fazem parte da constituio qumica do cabelo
Os principais elementos qumicos que fazem parte da constituio qumica do
cabelo esto descritos na Tabela 2, alm destes ainda esto presentes no cabelo,
ferro, cobre, zinco, iodo, cobalto e Alumnio.
Tabela 2 Elementos qumicos presentes no cabelo
ELEMENTOS %
Carbono
Hidrognio
Nitrognio
Oxignio
Enxofre
43,72
6,34
15,60
29,93
4,85
11
Disponvel em: www.google.com.br/imagens/ciclo do cabelo
-
38
2.2.7 Ligaes qumicas do cabelo
no crtex onde encontramos as ligaes qumicas que ocorrem nos fios de
cabelo, so elas: ligao de dissulfeto, ligao de hidrognio e ligao inica.
Ligao de dissulfeto: formam-se pela unio entre dois grupos tiol, - SH,
provenientes de duas molculas do aminocido cistena formando uma ligao
dissulfeto, - S - S -, caracterstica da molcula de cistina (FONSECA, 2001). Essas
ligaes so rompidas em processos de alisamento e permanente, quando usamos
produtos como tioglicolato de amnio ou os cremes alcalinos para alisamento com
pH acima de 10 (GOMES, 2006). A Figura 9 demonstra as ligaes covalentes entre
dois tomos de enxofre do aminocido cistena (SNYDER, 1995).
Figura 10 Estrutura mostrando as ligaes qumicas do fio de cabelo12
12
(SNYDER, 1995)
-
39
Ligao de hidrognio: ocorre entre um tomo de hidrognio de um grupo
hidroxila, -OH, proveniente de um aminocido especfico e o tomo de oxignio do
grupo carbonila proveniente de outro aminocido (REIS, 2001).
Por isso podemos modificar mais facilmente a forma do cabelo quando ele est
molhado, pois estas ligaes so favorecidas.
C CH2H OH
N
CO
H
C HCH2
C
N
O
C
H
OH
O
ligao Hidrognio
cadeia proteica
Figura 11 Representao da ligao de hidrognio
Ligao inica: so rompidas pela simples ao da gua quando o cabelo
umedecido um tipo de ligao qumica baseada na atrao eletrosttica entre dois
ons carregados com cargas opostas so mais resistentes que as ligaes de
hidrognio, mas podem ser quebradas quando usamos produtos alcalinos (com pH
acima de 10) ou cidos (com pH abaixo de 2).
C CH2H CH2N
CO
H
CH2 CH2 NH3+
C HCH2
C
N
O
CH2-OOC
H
cadeia proteicaligao inica
cido glutmicolisina
Figura 12 Representao entre a lisina e a ligao inica
-
40
Podemos modificar o formato do cabelo quando estas ligaes so rompidas.
A forma do fio de cabelo pode ser modificada quando quebramos ligaes inicas ou
as ligaes covalentes que so as de dissulfetos. Nunca devemos quebrar as duas
ao mesmo tempo, pois isso provocaria a dissoluo do fio de cabelo (GOMES,
2006).
A parte visvel dos fios de cabelo uma haste constituda pela -queratina,
que possuem estrutura helicoidal e so unidas por pontes de enxofre. So essas
protenas e as pontes de enxofre que definem a forma dos cabelos se lisos,
ondulados ou crespos (FONSECA, 2001).
2.2.8 A histria do desenvolvimento dos produtos
Na antiguidade devido aos recursos da poca, as pessoas utilizavam misturas
caseiras para limpar e cuidar dos cabelos. Usavam extratos de plantas e essncias
de rosas e jasmim que eram usados para tratar a calvcie, amaciar os cabelos e
diminuir a oleosidade dos fios.
No perodo medieval essas receitas chegaram ao conhecimento ocidental
atravs dos cavaleiros que voltavam das cruzadas.
Conforme foram se espalhando pela Europa, esses preparados ganharam os mais
inusitados ingredientes, como r e banha de urso. Receitas excntricas parte, o
fato que, durante a maior parte da Idade Mdia, os cabelos estiveram esquecidos.
Nos sculos XV e XVI eles eram comumente lavados a seco com argila em p, e
depois escovados (FRANQUILINO, 2009).
Atravs do processo de fervura da mistura de soda custica, gordura animal e
leos naturais, foi obtido o processo de saponificao. A origem do que atualmente
conhecemos como xampu, s foi possvel atravs desse processo.
O sabo para lavar roupas era o mesmo que lavava os cabelos, e foi usado
durante sculos. Em 1890 foi criado na Alemanha, o sabo lquido destinado
especialmente a lavagem dos fios de cabelos, mas esta novidade s chegou para a
populao depois da Primeira Guerra Mundial (1914-18). O produto foi batizado
pelos ingleses como xampu, em aluso a palavra hindu champo que significa
massagear, e era considerado artigo de luxo e usado por poucos.
-
41
Em 1914 na Gr-Bretanha, foi introduzido o conceito de champo pelo
empresrio indiano chamado Sake Dean Mahomed. Na cidade inglesa de Brighton,
o empresrio abriu um estabelecimento conhecido como Mahomeds Indian Vapour
Baths. Neste estabelecimento eram oferecidos banhos parecidos com os turcos,
mas com massagens teraputicas. A palavra champo j era usada para designar
um produto preparado pelos cabeleireiros ingleses mesmo antes que o detergente
alemo fosse difundido atravs da disseminao das massagens capilares.
Esses profissionais no incio do sculo XX, preparavam para aplicar nas
cabeas dos clientes uma mistura de ervas, fragrncias, raspas de sabo que eram
adicionados na gua e cozinhado.
Os xampus comearam a ganhar mais popularidade com a expanso da
indstria de higiene e beleza na Europa e nos Estados Unidos, a partir da dcada de
20. Em 1934 chegou ao mercado o primeiro xampu com base sinttica atravs da
marca Drene, da Procter & Gamble.
Na primeira metade do sculo XX no Brasil, muitas pessoas ainda lavavam os
cabelos com sabo de lavar roupas e para deixar os fios mais fceis de pentear
usavam recursos como banha de porco.
O Centro de Histria da Empresa Unilever relata que em 1954, a empresa
inglesa D & Gibbs, que pertencia ao grupo Unilever, lanou um xampu capaz de
lavar em apenas uma aplicao, sem ressecar os fios como faziam seus
antecessores. Era um xampu apresentado em garrafas que duravam at sete
aplicaes ou saches para uma nica lavagem conhecido como Sunsilk.
No comeo da dcada de 60, a Unilever aportou no mercado brasileiro de xampus, com o lanamento da marca Vinlia. No incio, o produto no fez muito sucesso em parte por causa da embalagem de vidro, nada prtica. Em 1966, o Vinlia passou a ser vendido em garrafas de plstico, num perodo em que os xampus e outros itens de cuidado pessoal comearam a ser comercializados em supermercados. Nos anos 1979 quando era comum aplicar misturas caseiras nos cabelos, com ingredientes como ovo, abacate e babosa as mulheres brasileiras conheceram o creme-rinse, novidade que ajudava a desembaraar os cabelos depois de lav-los e que seria substitudo pelo condicionador, nos anos 1980 (FRANQUILINO, 2009, p.10-16).
-
42
2.2.8.1 A ao dos xampus nos cabelos
A finalidade do xampu lavar o cabelo, pois deve remover o sebo,
componentes do suor, estrato crneo descamado, restos de produtos cosmticos
como, tintura, fixadores, creme sem enxge e poeira ambiental que depositado
sobre os fios. muito simples a formulao de um xampu apenas para remover a
poeira, mas a remoo de todo sebo acaba deixando o cabelo com aspecto de
spero ao toque, sujeito a eletricidade esttica, sendo mais difcil de arrumar. Por
esse motivo os consumidores desejam xampus que no apenas limpe, mas tambm
que embeleze, essa demanda conduziu o mercado de cosmticos capilar a criar
uma grande variedade de frmulas de xampus. Considerados detergentes que
limpam o cabelo os xampus tem formulaes mais complexas que um simples
sabo, com uma variedade de ingredientes para satisfazer diferentes requerimentos
para a manuteno do cabelo.
Tabela 3 Principais ingredientes de um xampu
INGREDIENTES PESO % FUNO FRMULA
gua purificada 60 Solvente H2O
Lauril sulfato de trietanolamonio
32 Surfactante (OH-CH2-CH2)3N+H
-O3SO-CH2-(CH2)10-
CH3
cido miristico 4 Ajustar pH CH3-(CH2)12-CO2H
lcool oleico 2 Agente condicionador
CH3-(CH2)7-CH=CH-(CH2)7-CH2-OH
Fragncia 1 Perfume
Formaldedo 0,5 Conservante H-CO-H
Outros ativos 0,5 Seqestrantes e corantes
-
43
Relacionado s frmulas, os xampus contm detergentes, substncias
espumantes, condicionadores, espessantes, opacificantes, substncias
seqestrantes que tem a finalidade de complexar ons como o Clcio, presente em
guas duras, fragncias, conservantes e aditivos especiais (FOX apud DRAELOS,
1999).
Os xampus funcionam usando detergentes tambm conhecidos como
surfactantes, que so tanto lipoflicos (atrados pelo leo) quanto hidroflicos
(atrados pela gua). O componente lipoflico adere gordura, e o componente
hidroflico permite que a gua lave a gordura (ZVIAK apud DRAELOS, 1999).
Lavar os cabelos significa remover a sujeira com a gua, mas como a sujeira
do cabelo formada tipicamente por substncias hidrofbicas como gorduras, a
interao gua/sujeira no muito grande. A propriedade tensoativa dos
detergentes possibilita um aumento do contato da gua com a sujeira a ser
removida. Alm disso, para minimizar o contato das caudas hidrofbicas com a
gua, o detergente orienta-se inserindo-as na sujeira, que hidrofbica, deixando
sua cabea polar em contato com a gua.
O S
O
O
O N CH2CH2
CH2CH2
CH2CH2
OH
OH
OH
H
parte hidrofbica parte hidroflica
Lauril dodecil sulfato de trietanolamonio
O S
O
O
O Na
O S
O
O
O NH4
Lauril dodecil sulfato de sdio
Lauril dodecil sulfato de amonio
Figura 13 Surfactantes presentes nos xampus
-
44
2.2.8.2 Estrutura de um tensoativo
Os tensoativos apresentam a propriedade de reduzir a tenso superficial da
gua e de outros lquidos. Apesar de possurem uma composio qumica muito
varivel, apresentam uma caracterstica comum: sua molcula apresenta um
componente hidrfilo e outro hidrfobo.
Figura 14 Representao esquemtica de um tensoativo
13
Os tensoativos conseguem fazer o arraste das sujidades (hidroflicas ou
hidrofbicas) pela formao de estruturas denominadas micelas.
As micelas so estruturas esfricas, formadas por vrias molculas de
tensoativos quando colocadas em contato com a gua e leo. Numa micela as
cadeias carbnicas (lipoflicas) ficam voltadas para o centro e as partes carregadas
(hidroflicas) ficam em contato com a gua (Figura 15).
13
Disponvel em: www.google.com.br/imagens/tensoativos
-
45
Figura 15 - Representao da micela14
2.2.8.3 A ao dos Condicionadores
Os condicionadores foram desenvolvidos durante o incio dos anos 30,
quando ceras auto-emulsificantes tornaram-se disponveis. Essas ceras eram
combinadas com hidrolisados de protena, poliinsaturados e silicones para dar a
melhor sensao e textura aos cabelos. Fontes iniciais de protenas incluam
gelatina, leite e ovos (NAVARRE apud DRAELOS, 1999).
Os condicionadores capilares so emulses (cremes) capilares, o material
base destes produtos normalmente um tensoativo catinico ou de natureza
quaternria, o que lhe confere substantividade (aderncia) ao cabelo. No
condicionamento o cabelo fica suave e macio, com reduo do efeito esttico
esvoaante. Isso se deve interao da carga positiva do tensoativo catinico com
a carga negativa sobre a fibra capilar, deixada pelos tensoativos aninicos
(detergentes) do xampu ou por danos da prpria estrutura das protenas do cabelo.
As cargas negativas provenientes dos surfactantes aninicos dos xampus so
neutralizadas pelas cargas positivas (Figura 16) provenientes normalmente de um
sal quaternrio de amnio presente nos condicionadores, diminuindo o efeito
14
Disponvel em: www.google.com.br/imagens/micela
MOLCULA DE GUA
ARRASTAM A MICELA E TEM AFINIDADE
PELA PARTE EXTERNA DA MICELA
REGIO DA CABEA DO SURFACTANTE
REGIO DA CAUDA DO SURFACTANTE
MOLCULAS INSOLVEIS E SILICONES
INSOLVEIS EM GUA FICAM APRISIONADOS
NESTA REGIO
CORTE TRANSVERSAL NA ESTRUTURA 3D
DE UMA MICELA
-
46
esttico nos cabelos e melhorando a penteabilidade (ROMANOWSK e
SCHUELLER, 2001). Devido a estas substncias carregadas, devemos retirar
totalmente os xampus ao lavarmos os cabelos.
(a) (b)
Figura 16 - Representao a )das cargas negativas e b) positivas nos fios de cabelo15
2.2.8.4 O controle do pH nos produtos capilares
O pH (potencial hidrogeninico) usado para indicar a acidez ou a
alcalinidade de uma substncia determinada pela quantidade de ons de hidrnio
(H3O+). O pH do cabelo varia entre 4,5 a 5,5 (Figura 17). A manuteno desses
valores inibe a proliferao de fungos e bactrias.
Se tratando de cosmticos, devemos usar pH cido, mantendo assim as
cutculas fechadas e os cabelos tratados. Um xampu cujo pH neutro, no
acrescenta nada ao cabelo, pois sua ao ser somente de limpeza, assim como o
condicionador de pH neutro, que s amolece os cabelos.
Produtos de pH alcalinos atravessam a cutcula e agem diretamente no
crtex, reagindo com a queratina, quebrando as estruturas do cabelo. Produtos de
pH muito baixos abaixo de 3,5 desencadeiam reaes que mudam a estrutura da
queratina, podendo ocorrer danos no cabelo.
15
Disponvel em: www.google.com.br/imagens/cargas positivas e negativas do cabelo
-
47
Figura 17 Escala de pH e a relao com os cabelos16
2.2.9 Alisamento dos fios de cabelo
2.2.9.1 Histria do alisamento
A saga das brasileiras por cabelos lisos tinha como aliado, nos anos 1930, um
aparato chamado cabelisador. Parente distante da chapinha, o instrumento era uma
espcie de haste de metal, que era levada brasa ou ao fogo e depois usada para
alisar os cabelos.
Dos anos 1940 em diante, tornou-se bastante utilizado o pente de metal, que
(tambm aquecido no fogo) cumpria a mesma tarefa do cabelisador. Esse pente de
metal, popularmente conhecido como pente quente, ainda era popular entre
mulheres de baixa renda nos anos 1980.
A partir da dcada de 50, comearam a ser usados os primeiros alisadores
qumicos, feitos a partir de soda custica (hidrxido de sdio). Nesse perodo e
durante muito tempo, havia quem passasse os cabelos a ferro, literalmente,
entortando o pescoo na tbua de passar roupas.
Nos anos 1980, foram criados vrios produtos para amenizar os efeitos
danosos causados por processos de alisamento, muitos deles base de queratina.
Os sales passaram a oferecer a tcnica de relaxamento que ganharia mais fora
16
Disponvel em: www.google.com.br/imagens/pH do cabelo
-
48
nos anos 1990. Os produtos (a maioria deles eram importados) tinham formulaes
mais suaves e proporcionavam aspecto mais natural (FRANQUILINO, 2009).
2.2.9.2 Escovas progressivas
Segundo a ANVISA, escova progressiva uma tcnica de alisamento
semelhante Escova Francesa, ao Alisamento Japons e Escova Definitiva.
muito importante lembrar que os mtodos de alisamento no so registrados, pela
Agncia de Vigilncia Sanitria (ANVISA), mas apenas os produtos que so
utilizados neles.
O nome escova progressiva vem sendo associada a compostos qumicos
tais como: formol, formaldedo, glutaraldedo etc.. Normalmente quem busca fazer
essa escova, submete-se ao procedimento com esses compostos.
Em geral esses consumidores no conhecem as conseqncias do uso
inadequado desses compostos no cabelo, porque no tem
curiosidade ou porque o profissional no tem conhecimento
suficiente para explicar sua composio. O uso de
formaldedo e glutaraldedo em alisantes resultam em
graves riscos sade, tais como: irritao, dor e
queimadura na pele, ferimentos nas vias respiratrias e
danos irreversveis aos olhos e aos cabelos. Pois os
mesmos se forem utilizados em concentraes maiores do
que o padro aprovado pela ANVISA prejudicial sade.
2.2.9.3 Compostos qumicos presentes em alisantes
Segundo Adriano Pinheiro (2009), os tipos de
alisamentos podem ser classificados de acordo com as
suas formulaes as substncias qumicas presentes em
HSO-NH4
+
O
HSNH2n
HONH2
HSOH
O
etanolamina
cido tiogliclico
tioglicolato de amonio
tiolamina
HH
O
formol
-
49
alisantes so: hidrxido de sdio (o mais eficiente, mas tambm o mais agressivo
aos cabelos); hidrxido de guanidina (que est numa posio intermediria, tanto em
relao eficincia quanto possveis danos); o tioglicolato de amnio, um sal do
cido tiogliclico ( o menos nocivo aos fios, mas tambm o que menos alisa); e o
formaldedo (no diretamente responsvel pelo alisamento, mas, quando aplicado
em presena de calor, promove uma espcie de plastificao nos fios).
2.2.9.4 Alisamento com formol
O formol uma soluo de formaldedo, matria-prima com uso permitido em
cosmticos nas funes de conservante e de acordo com a resoluo 162/01 da
ANVISA, a concentrao mxima permitida do formol em cosmticos de 0,2% e do
glutaraldedo de 0,1%.
Muitas das ligaes que o formaldedo estabelece com as protenas, so
suficientemente lbeis para se romper pela simples lavagem. Entretanto, a reao
mais importante em que o formol participa na reestruturao do fio de cabelo a
adio nucleoflica do grupo tiol (-SH) a carbonila do aldedo (formol ou
glutaraldedo), desta forma, as pontes dissulfdicas so restabelecidas, contendo um
grupo metilnico entre os tomos de enxofre (ponte metilnica) (PINHEIRO, 2004).
No Esquema a seguir na primeira etapa ocorre reduo do dissulfeto, que
pode ser feita pela ao do cido tiogliclico em uma soluo de amnia, esta etapa
nos sales de beleza chamada de relaxante. Os grupos SH reagem com o formol
formando ligaes covalentes fortes (-S-C-), em uma etapa que os cabeleireiros
chamam de neutralizante.
-
50
R S S R R SH + HS RH H
O
R S S RC
H
H
ponte metilnicaR: Queratina
reduo
Figura 18 Reao qumica que ocorre no alisamento com formol
2.2.9.5 Alisamento com tioglicolato de amnio
O Tioglicolato de Amnio um sal de amnio do cido tiogliclico, age sobre
o tiol (RSH), o cido tiogliclico um bom agente redutor, particularmente de
ligaes de dissulfeto (R S S R).
HS
O-
O
NH4+
HS
OH
O
tioglicolato de amnio cido tiogliclico
No processo de alisamento com tioglicolato de amnio, inicialmente, aplica-se
ao cabelo uma loo contendo cido tiogliclico, que um agente redutor. Esse
cido quebra as pontes dissulfdicas reduzindo-as a grupos SH, separando as
cadeias de aminocidos que formam a queratina.
Nas Figuras a seguir, para melhor visualizao do processo, numeramos os
carbonos da cistena ligado ao S podendo-se observar que aps a reduo (-SH) e a
ao do secador e chapinha o restabelecimento das ligaes ocorre de forma
diferente causando o efeito do alisamento.
-
51
Antes do processo C-1 de uma fita (cadeia B) estava ligado ao C-2 da outra
atravs das ligaes (C1-S-S-C2) aps observa-se uma reestruturao (C-1-S-S-
C1), Figura 19.
C
O
N
H
HC
CH2SH
C
O
NHC
CH2
S
C
O
NHC
CH2SH
C
O
NHC C
OH H H
CH2
S
1 2 3 4
Cadeia A
Cadeia B
C N
H
CH
CH2
C
O
N CH
CH2SH
C
O
N CH
CH2
C
O
N CH
C
OH H H
CH2SH1 2 3 4
O
SS
Figura 19 Estrutura representando as ligaes de dissulfeto em cabelo cacheado
Em seguida os cabelos so esticados, atravs de traes mecnicas (secador
e chapinha), (Figura 18) dando-lhes um formato liso. Um agente oxidante, perxido
de hidrognio (H2O2), aplicado sobre o cabelo onde acontecer a regenerao das
ligaes de dissulfeto Figura 20.
C
O
N
H
HC
CH2
C
O
NHC
CH2
SH
C
O
NHC
CH2
C
O
NHC C
OH H H
CH2
SH
1 2 3 4
Cadeia A
Cadeia B
C N
H
CH
CH2
C
O
N CH
CH2
C
O
N CH
CH2
C
O
N CH
C
OH H H
CH21 2 3 4
O
SHSH SH SH
SH SH
Figura 20 Estrutura representando as ligaes de dissulfeto rompidas aps o processo de ao
mecnica do secador e chapinha
-
52
C
O
N
H
HC
CH2
C
O
NHC
CH2
S
C
O
NHC
CH2
C
O
NHC C
OH H H
CH2
S
1 2 3 4
Cadeia A
Cadeia B
C N
H
CH
CH2
C
O
N CH
CH2
C
O
N CH
CH2
C
O
N CH
C
OH H H
CH21 2 3 4
O
SS S S
S S
Figura 21 Estrutura representando as ligaes de dissulfeto reestruturadas aps a ao do agente
oxidante
Esse processo deve ser repetido periodicamente quando se desejar manter o
efeito, conforme o crescimento do cabelo, pois na raiz os fios mantm as ligaes
qumicas originais.
-
53
CAPTULO 3 PROCEDIMENTOS MEDOTOLGICOS
A metodologia cientfica est dividida em vrias modalidades, escolhemos
para os dois estudos propostos, a pesquisa de campo, que possibilita a observao
dos fatos como eles ocorrem, no permitindo isolar ou controlar as variveis mas,
perceber e estudar as relaes estabelecidas (RODRIGUES, 2007).
Para Silva 2008, a pesquisa de campo a que se prende na observao de
um contexto onde ocorre um fato social. Este trabalho requer inicialmente uma
pesquisa bibliogrfica sobre o assunto a ser discutido, seguido de um referencial
terico. Na seqncia deve se fazer a coleta de dados e determinar as amostras
relevantes.
Dentre os instrumentos deste tipo de coleta de dados da pesquisa de campo
encontramos: questionrio, formulrio e entrevista. Selecionamos para o nosso
estudo apenas o questionrio, devido o contato com os sujeitos ser breve num nico
encontro e com curto espao de tempo. Utilizamos nos questionrios questes
abertas, fechadas e de mltiplas escolhas.
3.1 A proposta do presente trabalho
A proposta desse trabalho foi desenvolvida atravs de dois estudos, o
primeiro estudo foi realizado atravs de oficinas, que foram oferecidas para dois
sujeitos diferentes, professores em formao, licenciandos de Qumica do sub-
projeto PIBID-Qumica da UFSM e alunos do Ensino Mdio. Para os alunos do
ensino mdio, a oficina foi desenvolvida em quatro escolas pblicas de Ensino
Mdio de Santa Maria/RS. A oficina recebeu o nome de: A Qumica da Esttica
Capilar: do crespo ao liso, a moda da escova progressiva.
No segundo estudo foi realizada uma pesquisa com os cabeleireiros dos
estados do RS, SC e SP, para diagnosticar a relao dos seus conhecimentos da
qumica bsica com os procedimentos realizados nos sales de beleza, atravs de
um questionrio. Tambm foi realizado para os cabeleireiros um evento denominado
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54
Seminrio Cientfico Para Profissionais da Beleza A Qumica da Esttica
Capilar, foi desenvolvido para cabeleireiros das cidades da regio de Santa Maria,
RS, em forma de palestras, com o objetivo de pesquisar os sujeitos profissionais da
beleza (cabeleireiros).
3.1.1 Primeiro estudo desenvolvimento das oficinas A Qumica da esttica
capilar: do crespo ao liso, a moda da escova progressiva
3.1.1.1 Seleo das escolas
Para desenvolver suas atividades o PIBID selecionou escolas pblicas de
Santa Maria, RS, com o ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (IDEB),
que estavam abaixo da mdia nacional de 4.4. Com a criao do sub-projeto PIBID-
Qumica na UFSM, o grupo selecionou quatro escolas pblicas do Ensino Mdio,
para desenvolver seus projetos nos anos de 2009 e 2010. As atividades
desenvolvidas visavam elevar o IDEB, atravs do estimulo a aprendizagem.
Enviamos, atravs da coordenao do projeto PIBID, uma solicitao para a
direo das quatro escolas selecionadas para que fossem autorizadas as aplicaes
das oficinas.
Todas as escolas selecionadas ficam na regio urbana da cidade de Santa
Maria e para preservarmos as suas identidades, conforme a Comisso de tica da
UFSM, identificaremos estas escolas como Escola A, Escola B, Escola C e Escola
D.
3.1.1.2 Capacitao do grupo PIBID para desenvolver as oficinas nas escolas
Este projeto teve como parceria o grupo do sub-projeto PIBID-Qumica da
Universidade Federal de Santa Maria.
-
55
O grupo PIBID-Qumica passou por uma capacitao, para relacionar a
temtica proposta com o contedo de qumica a ser abordado nas oficinas.
A capacitao foi realizada no perodo de trs horas, no Ncleo Cincia Viva
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Participaram da capacitao oito alunos do sub-projeto PIBID-Qumica da
UFSM, quatro supervisores, professores do ensino mdio das escolas selecionadas,
a mestranda desse projeto e sua orientadora (que tambm a coordenadora do
sub-projeto PIBID-Qumica). O planejamento da capacitao est localizado no
(Apndice 3) e est dividido em sete partes:
Primeira parte: aplicao do questionrio pr-oficina para os participantes.
Na segunda parte: apresentao do vdeo com a reportagem sobre a
proibio da ANVISA para os procedimentos de alisamentos em crianas.
Terceira parte: Discusso entre os alunos e a capacitadora sobre os pontos
relevantes da reportagem.
Quarta parte: apresentao dos contedos envolvidos na temtica.
Quinta parte: prtica de alisamento em mechas de cabelos naturais.
Sexta parte: apresentao dos resultados obtidos na prtica com o
procedimento de alisamento na mecha de cabelo, discusso dos resultados e
concluso.
Stima parte: aplicao do questionrio ps oficina.
Aps a capacitao discutiu-se sobre a proposta da oficina para ser aplicada
nas escolas de Ensino Mdio, quando algumas sugestes foram dadas e algumas
alteraes foram realizadas. Os contedos foram direcionados para as turmas das
1, 2 e 3 sries para a aplicao. Ficou determinado que cada dupla iria
desenvolver o seu prprio material (apresentao Power Point), conforme os
contedos apropriados para cada srie e realidade da Escola.
Os licenciandos de Qumica foram subdivididos em duplas e cada dupla ficou
responsvel pela elaborao e aplicao da oficina em uma escola, juntamente com
o professor supervisor da mesma. Os professores supervisores de cada escola
auxiliaram suas duplas, orientando sobre a realidade de cada escola.
-
56
3.1.1.3 Preparao dos materiais para as apresentaes nas escolas e pr-
apresentao
Atravs de um calendrio, agendou-se oito encontros, dois encontros com
cada dupla e a mestranda desse projeto. O primeiro encontro foi para auxili-los no
preparo para a apresentao multimdia e tambm tirar algumas dvidas
relacionadas ao contedo. O segundo encontro foi para a dupla PIBID-Qumica
apresentar a apresentao da oficina como se fosse na escola. Todos os encontros
foram observados pela pesquisadora desse projeto, onde a mesma fez algumas
observaes e correes.
3.1.1.4 Divulgao das oficinas nas escolas
A divulgao e o convite para a participao nas oficinas, que aconteceram
no turno inverso ao das aulas, ficaram a cargo de cada professor supervisor das
escolas selecionadas. Porm, alguns dias antes da oficina, as duplas de
licenciandos PIBID-Qumica foram nas escolas reforar o convite, entrando nas
salas de aula e convidando os alunos. A divulgao tambm foi feita atravs de
cartazes contendo o (local, dia e horrio das oficinas), fixados nas salas de aula e no
mural na entrada das escolas.
Os alunos de cada escola deveriam procurar seus supervisores para fazerem
as inscries, pois o nmero de vagas era limitado devido ao material e o espao
fsico para a realizao das oficinas.
3.1.1.5 Calendrio das apresentaes das oficinas
Reservou-se um dia para cada escola, para os alunos que estudam pela
manh, a oficina foi disponibilizada no perodo da tarde, e para os alunos que
-
57
estudam pela tarde, a oficina foi disponibilizada no perodo da manh, com
agendamento prvio do supervisor da escola.
3.1.1.6 Aplicao da oficina nas escolas
Para aplicar a oficina temtica nas escolas, desenvolveu-se uma estrutura
(Quadro 2) metodolgica semelhante para todas as escolas.
A metodologia utilizada para a aplicao das oficinas seguiu os trs
momentos pedaggicos, segundo (Delizoicov, et. al, 2007).
Quadro 2 - Os trs momentos pedaggicos aplicados na oficina A qumica da esttica capilar: do
crespo ao liso a moda da escova progressiva
Aplicao do questionrio pr oficina
1 Momento
pedaggico:
Problematizao inicial: - Vdeo: Reportagem sobre a temtica - Discusso com os alunos (sua opinio) sobre o vdeo, (pblico, idade, formao profissional, mdia, status, influncia do grupo e etc.).
2Momento
pedaggico:
Organizao do conhecimento: - Contedos abordados - Anatomia e fisiologia da haste capilar (cutcula, crtex e medula); - Protenas estruturais do cabelo (queratina, elastina e colgeno); - Composio qumica do cabelo (C, H, O, N, S); pH dos produtos cosmticos capilares (cido, neutro e alcalino); - Ligaes qumicas: Inica, Hidrognio e Dissulfeto; - Agentes redutores e oxidantes; - Composies qumicas (tiis, hidrxidos, formol, glutaraldedo e etc.)
3 Momento
pedaggico:
Aplicao do conhecimento: - Desenvolvimento da prtica de um alisamento em mechas de cabelos crespos naturais, intercalando a prtica e a teoria. - Aplicao do questionrio ps- oficina para verificar a relao entre os contedos qumicos relacionados com a temtica.
-
58
Estas oficinas foram ministradas pelas duplas do sub-projeto PIBID-Qumica,
cada dupla se direcionou para sua escola no dia agendado e as oficinas foram
acompanhadas pela pesquisadora desse projeto e sua orientadora.
Foram disponibilizadas vinte e cinco vagas para cada escola, devido ao
material e tambm para que os alunos no se dispersassem durante o
procedimento, por esse motivo, achamos invivel trabalhar com um grupo muito
grande. O grupo maior foi sub-dividido em cinco grupos com quatro alunos, onde
cada sub-grupo recebeu os materiais para realizar os procedimentos.
Os materiais envolvidos foram os produtos cosmticos capilares (Shampoo
cleaner, voluminor plus shampoo, voluninor plus smoother, equilibrium,
voluminor plus neutralizer e voluminor plus mask), o kit contendo uma cumbuca,
pincel e esptula, luvas de procedimentos, escova de cabelo, pente com cabo fino,
toalha pequena, plsticos cortados em tiras mdias e mechas de cabelos crespos
naturais.
A primeira atividade da oficina foi o preenchimento do questionrio pr-oficina,
com durao de dez minutos.
Aps o preenchimento do questionrio apresentamos uma reportagem, onde
cujo assunto era, ANVISA Probe Alisamento para Menores, os apresentadores
alertavam para os procedimentos de escovas progressivas em crianas. Nessa
reportagem aparecem personagens com os cabelos alisados com certa influncia
para o pblico infantil, como Vitor e Vitria filhos de Edson, da dupla Edson e
Hudson e tambm Maria e Sacha Obama, filhas do presidente dos Estados Unidos
Barack Obama.
O desfecho dessa reportagem que as crianas esto alisando seus cabelos
precocemente desde os sete anos de idade. E a ANVISA alerta que no existe
produto para alisamentos em crianas. Os produtos devem ser fortes, pois precisam
modificar a estrutura do fio de cabelo, diz a engenheira qumica entrevistada na
reportagem e os mesmos produtos que so utilizados em adultos, so utilizados
para fazer alisamentos em crianas.
Por esse motivo a ANVISA no permite o alisamento para crianas abaixo de
doze anos, pois o fio de cabelo de u