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RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 1 Razão e Emoção Novela criada e escrita por: Rômulo Guilherme

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RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 1

Razão e Emoção

Novela criada e escrita por:

Rômulo Guilherme

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 2

CENA 01. RUA. MADUREIRA. EXT. NOITE

Cont. imediata da última cena. Cínara caída na rua

desacordada. Um círculo de curiosos se forma em torno

dela. Confusão no trânsito. Alguns ligam pra polícia,

para o atendimento médico. Lupe e Cazé aparecem.

Lupe - (reconhecendo) É a Cínara!

Corta rápido para:

CENA 02. CASA VIRGÍNIA. SALA. INT. NOITE

A campainha toca insistentemente. Virgínia vem da

cozinha.

Virgínia - Já vai...

Virgínia abre a porta. Lupe aflito.

Virgínia - Lupe? Que cara é essa?

Lupe - A Cínara.../

Virgínia - (corta, nervosa) O que tem minha

filha?

Lupe - Ela acabou de ser atropelada!

Virgínia fica em choque. Instantes.

CENA 03. RUA. MADUREIRA. EXT. NOITE

Paramédicos acabam de colocar Cínara dentro a

ambulância. Virgínia aparece desesperada, chorando.

Virgínia - (abalada) É minha filha!

Corta rápido para:

CENA 04. HOSPITAL. CORREDOR. INT. NOITE

Enfermeiros e paramédicos levam Cínara pra sala de

emergência. Virgínia logo atrás, segurando um terço,

completamente desestabilizada.

Corta rápido para:

CENA 05. AP. DORA. QUARTO LETÍCIA. INT. NOITE

Letícia e Théo estão desenhando.

Théo - Você tem muita sorte de ter uma mãe

que te ama.

Letícia - Por quê? A sua não te ama?

Théo - Não. Acho que ela nem gosta de mim.

Nem queria que eu tivesse nascido.

Letícia - A minha mãe de verdade também não

gosta de mim. Por isso me abandonou.

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 3

Théo - Eu só não fugi de casa pelo meu pai.

Letícia - Seu pai é muito legal.

Théo - Eu queria ser adotado. Quem sabe eu

teria uma mãe que gostasse de mim, que

me desse carinho...

Sílvia aparece.

Sílvia - (brava) Já disse que não quero vocês

dois juntos, Théo.

Théo - Só estávamos desenhando.

Sílvia - (tom) Vai pro seu quarto agora.

Théo vai pro seu quarto. Sílvia encara Letícia, que

fica assustada, acoada.

Sílvia - (firme) Fica longe do meu filho, sua

adotada!

Sílvia vai embora. Letícia volta a desenhar. Uma

carinha triste toma conta do seu rosto. Nancy aparece.

Nancy - Vamos jantar?

Nancy percebe a expressão caidinha de Letícia.

Nancy - (preocupada) Que foi? Aconteceu alguma

coisa?

Letícia nega com a cabeça.

Nancy - Já sei! Isso é fome. (pegando na sua

mãe) Vamos?

Letícia levanta e elas saem do quarto.

Corta para:

CENA 06. AP. DORA. QUARTO SÍLVIA. INT. NOITE

Sílvia está em frente ao espelho.

Sílvia - Acho que vou fazer uma plástica...

Seu celular toca. Sílvia pega e atende.

Sílvia - (cel.) Oi, Leonel?

Corta rápido para:

CENA 07. AP. LEONEL. INT. NOITE

Leonel no celular.

Leonel - (cel./pânico) Eu atropelei uma pessoa!

Corta rápido para:

CENA 08. AP. DORA. QUARTO SÍLVIA. INT. NOITE

Sílvia no celular, em choque.

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 4

Sílvia - (cel.) Onde você está?... Calma, estou

indo prai.

Sílvia desliga. Pega sua bolsa e saí do quarto.

Corta rápido para:

CENA 09. HOSPITAL. SALA CIRURGIA. INT. NOITE

Cínara apagada. Uma cesariana de urgência tem inicio.

Tempo.

Corta para:

CENA 10. AP. DORA. SALA JANTAR. SALA. INT. NOITE

Ricardo, Letícia e Théo sentados a mesa posta. Repara

nas crianças caladas, quietas.

Ricardo - Que foi? Vocês brigaram?

Nancy acaba de trazer uma travessa de lasanha.

Nancy - Isso é fome, seu Ricardo. Conheço.

Nancy coloca a travessa na mesa.

Nancy - Essas crianças estão tão quietinhas

hoje... Tomará que minha lasanha deixe

vocês mais alegres.

Nancy começa a servir as crianças. Ricardo bebe um

pouco de suco. Sílvia vem do seu quarto apressada.

Ricardo - Vai onde, Sílvia?

Sílvia não para pra responder e saí, batendo a porta.

Ricardo levanta.

Ricardo - Toma conta delas pra mim, Nancy.

Ricardo pega suas chaves e vai atrás de Sílvia. Nancy

fica sem entender.

Nancy - Vamos comer?

Nancy serve as crianças.

Corta para:

CENA 11. HOSPITAL. SALA ESPERA. INT. NOITE

Virgínia está sentada de olhos fechados, segurando

firme seu terço rezando. Amanda, Clóvis e Camila

chegam. Virgínia abraça Clóvis, que tente lhe amparar.

Todos muito nervosos, preocupados, querendo notícia.

Virgínia - (chorando) Nossa filha, Clóvis...

Camila - Como ela está?

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 5

Virgínia - Foi levada pra sala de cirurgia. Vão

fazer uma cesariana de emergência pelo

que me falaram.

Clóvis - (carinhoso) Vai ficar tudo bem,

Virgínia. Nossa filha é forte.

Amanda - Eu vou tentar saber de mais notícias.

Amanda se afasta. Virgínia, Clovis e Camila

apreensivos.

Corta para:

CENA 12. RUAS CARIOCAS. CARRO DE SÍLVIA. CARRO

RICARDO. EXT. INT. NOITE

Sílvia acelera. Ricardo vai atrás, tentando não ser

percebido, mas ao mesmo tempo atento pra não perdê-la.

Instantes.

Ricardo - (determinado) Hoje eu te pego, Sílvia!

Ricardo acelera mais. Sílvia atravessa no sinal

amarelo e Ricardo acaba sendo obrigado a parar no

sinal vermelho, diante de algumas pessoas que já

começam atravessar a rua, perdendo Sílvia de vista.

Ricardo bate com a mão no volante, furioso.

Ricardo - Droga!

Corta para:

CENA 13. RUAS. CARRO INÊS. INT. EXT. NOIT

Inês dirige. Lívia do seu lado.

Inês - Vamos marcar logo nosso casamento,

Lívia. Não vejo a hora de legalizarmos

nossa união de uma vez por todas.

Lívia - Eu também quero isso, Inês. Mas vamos

primeiro fazer a festa do Eduardo pra

depois pensarmos no nosso casamento. Não

foi isso que combinamos?

Inês - Foi, mas é que eu tive um sonho tão

ruim com a gente. Na verdade um

pesadelo, que prefiro nem ficar

lembrando...

Lívia - Se esperamos até agora, podemos

esperar mais um pouco. Só um pouquinho

mais de paciência, ta bom?

Inês é convencida.

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 6

Inês - (concorda) Tudo bem.

Lívia - Quero que tudo saia perfeito. Nos

merecemos comemorar muito!

Inês - Eu sempre acabo fazendo tudo o que

você pede, Lívia.

Lívia - Sabe por quê? Porque você me ama!

Inês - (brinca) Convencida. Quem te disse

isso?

Lívia - Um passarinho me contou...

Inês - (rindo) Boba!

Lívia liga o som. Música romântica.

Lívia - Adoro essa música...

Lívia aumenta o volume e começa a cantar junto. Inês

observa, achando graça da performance de Lívia.

Inês - (provoca) Você devia se inscrever no

“The Voice”.

Risos.

Corta para:

CENA 14. MANSÃO RAUL. SALA. INT. NOITE

Carolina está brincando com Raul. Cleide observa.

Carolina - Nunca imaginei que seria uma avó tão

babona assim.

Cleide - Mas quem resiste a um ser tão lindinho

e fofinho sim. Um doce de criança. Não

dá trabalho nenhum.

Carolina - (pra si) Pelo menos uma coisa boa

dessa relação homoafetiva...

Lívia e Inês entram.

Carolina - Mais já? Estávamos nos divertindo

tanto...

Lívia - Oi mãe. Cleide.

Elas se cumprimentam. Lívia pega Eduardo no colo. Inês

brinca com o filho.

Lívia - (pra Eduardo) Deu muito trabalho pra

vovó e pra Cleide, filho?

Cleide - Ele não dá trabalho nenhum. Acho que é

o bebê mais quietinho que já vi.

Inês - Mas quando chora também sai de baixo!

Parece até que vai balançar o prédio.

Risos.

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 7

Carolina - Ficam pra jantar. Seu pai saiu pra um

jantar de negócio e novamente vou ter

que jantar sozinha, se vocês não me

fizerem companhia.

Lívia e Inês se olham. Elas concordam.

Inês - Tudo bem.

Carolina - (feliz) Mais dois pratos a mesa,

Cleide.

Cleide - Sim, senhora. Já vou servir então.

Cleide vai pra cozinha.

Lívia - Jantar com quem, mãe?

Carolina - E seu pai me fala, Lívia? A bem da

verdade é que não me intrometo nos

assuntos de trabalho dele. Não tenho

paciência. Gosto só de gastar o dinheiro

e pronto!

Lívia - (rindo) E depois reclama que o papai

trabalha de mais...

Corta para:

CENA 15. COPACABANA. RESTAURANTE LUXO. INT. NOITE

Dora e Raul tomam vinho.

Dora - Fiquei surpresa e confesso que curiosa

com esse convite, Raul.

Raul - Te admiro muito, Dora. E se nunca tive

a oportunidade de dizer isso, estou

dizendo agora.

Dora - Obrigada, Raul. Mas não me chamou aqui

pra me elogiar, não? Alias, nem posso

imaginar do que se trata esse jantar, já

que não temos nenhum assunto em comum, a

não ser que dois empresários cariocas.

Raul - Negócios. Business.

Dora - (estranha) Negócios? Somos de ramos

diferentes. Você da construção civil e

eu dona de uma joalheria. Não sei qual o

tipo de negócios teríamos em comum.

Raul - Pelo que fiquei sabendo você resolveu

se aventurar no mundo da gastronomia, se

tornando sócia de um restaurante, não é

isso?

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 8

Dora - Vejo que está bem informado. Mas ainda

não entendi onde você quer chegar.

Raul - Sim. Quero comprar sua parte no

restaurante.

Corta para:

______________________________________________________

COMERCIAL 1

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CENA 16. COPACABANA. RESTAURANTE LUXO. INT. NOITE

Cont. imediata. Dora e Raul.

Raul - Pode fazer seu preço. Estou disposto a

negociar pra chegarmos num preço justo.

Dora - E quem disse que minha parte na

sociedade que tenho no restaurante está

à venda?

Os dois se encaram.

Raul - Se não estava, agora pode estar. Estou

disposto a pagar a mais do que você

investiu pra fecharmos essa venda que

será benéfica pra ambos.

Dora - Menos pro Lucas, não é?

Raul reage. Ignora o que Dora fala.

Raul - Qual a vantagem de você manter-se

sócia de um restaurante em outra cidade,

Dora? Você mesma disse que seu ramo de

negócios é outro.

Dora - Como empresário você sabe muito bem

que é interessante diversificar os

negócios, principalmente em tempos

difíceis que o país está passando, nessa

montanha russa que é o mundo dos

negócios.

Raul - (insiste) Vamos negociar. Fala seu

preço.

Dora - Por favor, Raul. Não insista. Como eu

fiz com o Lucas. Ainda mais por saber

que essa sua proposta tem o intuito de

prejudicá-lo. Eu já fiquei sabendo do

seu interesse em comprar o terreno da

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 9

casa e do restaurante dele. E minha

última palavra é: não!

Corta para:

CENA 17. HOSPITAL. SALA CIRURGIA. INT. NOITE

A cesariana continua. Amanda está próxima de Cínara,

que segue desacordada, lhe acariciando. Tempo. A

criança nasce. É um menino. Amanda fica super

emocionada. Momento.

Corta para:

CENA 18. HOSPITAL. SALA ESPERA. INT. NOITE

Clóvis anda de um lado pro outro. Virgínia e Camila

num canto mais afastado.

Virgínia - Me fala quem é o pai dessa criança,

Camila. É um pedido de mãe que estou te

fazendo.

Camila fica apreensiva, acuada.

Camila - Eu não sei, dona Virgínia.

Virgínia - Não mente pra mim. Você e a Cínara

sempre foram igual unha e cutícula.

Morando juntas então, é claro que ela te

falou, se é que você já não o viu.

Amanda vem correndo.

Amanda - Nasceu! É um menino!

Eles vibram, comemoram. Felicidade total.

Virgínia - Como a Cínara está?

Amanda - Ela vai ficar bem, mãe. Não se

preocupe.

Virgínia senta no sofá, fecha os olhos e começa

agradecer, segurando firme seu terço que não larga por

nada.

Clóvis - Podemos vê-lo?

Corta para:

CENA 19. HOSPITAL. BERÇARIO. INT. NOITE

Clóvis, Virgínia, Amanda e Camila no vidro do

berçário, babando, vendo o filho de Cínara (vamos

chamá-lo de Matheus, já que esse é o nome que ela vai

lhe dar), que a enfermeira mostra.

Corta para:

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 10

CENA 20. AP. LEONEL. INT. NOITE

Leonel toma uma bebida, tentando se acalmar. Sílvia

por ali. Conversa a meio.

Sílvia - Você a reconheceu?

Leonel - Não esqueço fácil uma mulher bonita.

Sílvia - Sem gracinha, que o assunto é sério.

Leonel - Foi com essa garota que eu atropelei,

que o Maurício saiu acompanhado da boate

na noite da inauguração. Só que agora

ela está grávida!

Sílvia - (surpresa) Grávida?

Leonel - (estranha) Sim. Se algum tiver pego

minha placa, a merda vai ser dobrada.

Sílvia se afasta com uma expressão pensativa. Anda de

um lado pro outro. Leonel fica lhe observando, sem

entender nada.

Leonel - Você está me deixando tonto, Sílvia.

Que foi?

Sílvia - Você não percebe que esse filho pode

ser do Maurício?

Leonel - De onde você tirou isso, Sílvia?

Baseado nessa noite que eles saíram

juntos? Pode ser filho de qualquer um...

Sílvia - Meu faro está dizendo que esse filho é

do Maurício, Leonel. E é raro eu me

enganar. Se eu estiver certa, vai ser um

belo trunfo que acabo de ter pra usar

contra minha irmã. Conhecendo-a bem, ela

não vai perdoá-lo. Destruo sua vida

amorosa e sua vida profissional.

Leonel - Tenho pena da Dora. Ter uma irmã como

você, não se precisa de inimigo.

Sílvia - (determinada) Dora vai ficar sem o

jogador, sem o pescador e sem a

joalheria.

Leonel - O que eu faço agora?

Sílvia - Não sai com seu carro. Dá um tempo,

até a poeira abaixar. E eu vou atrás de

descobrir quem é essa garota e pra qual

hospital ela foi levada. Foi onde esse

atropelamento?

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 11

Leonel - Em Madureira.

Sílvia - Me explica como faz pra chegar no

local do fato. Vizinhos pra darem

notícia de tudo o que acontece tem em

todo lugar. Vai ser fácil descobrir tudo

sobre essa garota.

Corta para:

CENA 21. HOSPITAL. ENFERMARIA. INT. NOITE

Cínara está dormindo, ainda pelo efeito da anestesia.

Tem um curativo na testa. Virgínia está do seu lado,

lhe acariciando.

Virgínia - (carinhosa) Que susto você me deu,

minha filha. Só espero que esse filho

traga mais juízo pra sua vida e que faça

você parar de cometer besteira atrás de

besteira.

Corta para:

CENA 22. AP. DORA. QUARTO DELA. INT. NOITE

Dora entra. Tira seus sapatos e se troca.

Dora - (voz, revoltada) Que homem arrogante,

prepotente... Acha que é o dono do

mundo. Não poderia fazer isso com o

Lucas, mesmo ele tendo feito o que fez

comigo, com a gente...

Dora fica mexida ao lembrar-se de Lucas. Ela vai até a

janela, observando a vista por uns segundos.

Dora - (sentimental) Será que nunca vou te

esquecer, Lucas?

Corta para:

CENA 23. ANGRA. GERAIS. EXT. NOITE

Corta para:

CENA 24. CASA LUCAS. QUARTO. INT. NOITE

Lucas está recostado na cama, distante, alheio. Insert

rápido do primeiro beijo de Lucas e Dora. Suelen com a

cabeça em seu peito, falando animada:

Suelen - Quero um casamento com tudo o que

tenho direito. Sempre sonhei em me casar

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 12

de forma bem tradicional, com véu,

grinalda, na igreja.../

Lucas não rende assunto. Suelen estranha, olha pra ele

e o percebe com olhar vago.

Suelen - Está prestando atenção no que eu estou

falando, Lucas?

Lucas - (voltando a si) Claro...

Suelen - O que você acha então?

Lucas - Pensei em algo mais simples, na praia,

pra poucas pessoas. Mais uma benção, do

que uma celebração, um evento como você

está querendo.

Suelen - (estranha) Você está bem, Lucas?

Lucas - Está sim. Só estou cansado. Hoje foi

um dia de muito trabalho e de grandes

emoções.

Suelen - Parece um sonho tudo o que está

acontecendo... E pra mim se vamos casar

na igreja, na praia, não importa. Pra

mim o que vale é a nossa união, que

tenho certeza que será eterna!

Lucas sorri meio sem jeito. Ele dá um beijo na testa

de Suelen, que se aconchega em seus braços.

Corta para:

CENA 25. AP. DORA. QUARTO LETÍCIA. INT. NOITE

Dora aparece na porta. Letícia está aninhada nos

braços de Maurício. Eles dormem. Um livro aberto caído

no chão. Dora se emociona. Instantes.

Corta para:

CENA 26. ANGRA. PRAIA. EXT. NOITE

Lucas parado em pé, diante do mar.

Lucas - (voz) Como diz a música: a vida vem em

ondas como o mar... Assim como no mar,

onde nunca sabemos o que essas ondas

podem nos trazer, nos provocar, nunca

sabemos o que o destino nos reserva. (t)

Me enganei achando que minha vida seria

ao lado da Dora. Então eu te peço, minha

mãe Iemanjá: tira esse sentimento que

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 13

ainda tenho por ela. Me faça gostar de

verdade da Suelen, correspondendo aos

seus sentimentos, seu amor por mim. Se a

Dora me esqueceu, vai ser isso que eu

farei com ela, esquecê-la!

Corta para:

CENA 27. AP. DORA. QUARTO SÍLVIA. INT. NOITE

Ricardo está deitado. Sílvia chega, entra. Olha pra

Ricardo, achando que ele está dormindo.

Sílvia - (baixo) Amanhã vou nesse hospital e

pressionar essa garota. Vou arrancar a

verdade dela.

Ainda deitado, Ricardo fala:

Ricardo - Onde você foi, Sílvia?

Corta para:

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COMERCIAL 2

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CENA 28. AP. DORA. QUARTO SÍLVIA. INT. NOITE

Cont. imediata. Sílvia e Ricardo.

Sílvia - (assustada, reclama) Credo, Ricardo.

Achei que você estava dormindo!

Ricardo recosta na cama.

Ricardo - (tom) Te fiz uma pergunta.

Sílvia - Não tenho que te dar satisfação da

minha vida não. Mas pra evitar bate-

boca, eu vou dizer onde eu fui.

Ricardo - Estou esperando.

Sílvia - Fui ajudar uma amiga que passou mal.

Pronto, foi isso.

Ricardo - De novo essa tal amiga?

Sílvia - Ela estava sozinha e me ligou pedindo

ajuda, pra acompanhá-la ao hospital.

Está satisfeito?

Ricardo - Acha que vai me enganar até quando?

Sílvia - Se quiser acreditar acredita. Eu vou

me deitar. Estou exausta e amanhã tenho

um longo e atarefado dia.

Sílvia vai se trocar.

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 14

Ricardo - (firme) Eu vou descobrir, Sílvia. E

não vai demorar!

Corta para:

CENA 29. AP. CÍNTIA. QUARTO NICOLE. INT. NOITE

Nicole está jogada na cama, segurando e observando seu

anel. Mexe com o objeto, o roda nas mãos. Insert

rápido de cenas de Nicole e Lupe. Nicole fica mexida.

Sentimentos vem a tona. Nicole coloca o anel de volta

no dedo, como que se quisesse dizer: “escolhi ficar

com o Jeferson”.

Corta para:

CENA 30. AP. MAFALDA. QUARTO JEFERSON. INT. NOITE

Jeferson acaba de ter uma grande idéia.

Jeferson - (animado) Com essa idéia que eu tive,

vou conseguir neutralizar o suburbano e

tirar da cabeça da Nicole qualquer

suspeita que ele possa ter conseguido

deixar ao me acusar de sua prisão.

Corta para:

CENA 31. MANSÃO. QUARTO. INT. NOITE

Raul está recostado na cama, lendo uma revista.

Carolina passando um creme nas mãos, no rosto.

Carolina - Que tipo de negócio você pode ter com

a Dora?

Raul - Diretamente com ela não. Na verdade

meu único interesse é comprar a parte de

um restaurante qual ela se associou, que

envolve um grandioso empreendimento da

construção.

Carolina - Nem precisa falar mais, que minha

cabeça já começou a doer. Não sirvo pra

esse mundo dos negócios. É muito pra

mim. Só sirvo pra te apoiar, estar do

seu lado...

Raul - (completa, provoca) E gastar, né?

Carolina - E tem coisa melhor?

Carolina deita e recosta na cama.

Raul - Eu queria te parabenizar, Carolina?

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 15

Carolina - (sem entender) Pelo quê?

Raul - Por sua mudança com relação a nossa

filha e a Inês. Parou de implicância,

daqueles comentários inconformados e com

um tom de preconceito... Trouxe paz e

união pra nossa família.

Carolina - Nem sempre a gente ganha todas na

vida, não é?

Raul - Você tem todo direito de não aceitar a

união da nossa filha. Mas agindo igual

você estava agindo não estava certo.

Carolina - Não vou brigar mais, afrontar, nem

nada disso. Só não quero ficar longo do

nosso neto, que está tão fofo. Uma

graça! Ele passou a tarde e o comecinho

da noite aqui, depois que saiu da

escolinha. Foi tão bom.

Raul - Toda família tem seus problemas, mas

temos é que tentar superar pra

convivermos bem.

Carolina - Apreendi a lição, meu querido. Pelo

meu neto eu apreendi a lição.

Raul dá um beijo em Carolina, vira pro lado, se ajeita

e dorme. Carolina fica ali, com uma expressão de quem

está maquinando algo.

Carolina - (voz) Não aceito essa relação e nunca

vou aceitar. Vou resolver essa situação

e vai ser de uma vez por todas.

(misteriosa) Só preciso colocar meu

plano em ação...

Corta para:

CENA 32. AP. LÍVIA E INÊS. QUARTO. INT. NOITE

Lívia e Inês dormem. Inês está tendo um sonho.

Inquieta, suando, mexendo.

Corta rápido para:

CENA 33. SONHO INÊS. CARRO. RUA. EXT. NOITE

Um carro acaba de capotar duas vezes e fica de cabeça

pra baixo na rua. Tudo muito rápido, sem detalhar

muito. Corta rápido para:

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 16

CENA 34. AP. LÍVIA E INÊS. QUARTO. INT. NOITE

Inês acorda assustada. Instantes. Inês olha pro lado.

Lívia continua dormindo.

Corta rápido para:

CENA 35. AP. LÍVIA E INÊS. COZINHA. INT. NOITE

Inês bebe um pouco de água, tentando se acalmar,

impressionada com o sonho que teve.

Fusão para:

CENA 36. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXT. DIA

Takes da cidade, em diversos pontos, amanhecendo.

Corta para:

CENA 37. FEIRA DE RUA. EXTERIOR. DIA

Inês e Nico estão andando por entre as barracas,

escolhendo produtos.

Inês - Já é a segunda vez que tenho esse

mesmo sonho, de um carro se acidentando.

Parece até que é uma premonição de algo

que vai acontecer.

Nico - (assustado) Credo, Inês. (mostrando o

braço) Fiquei todo arrepiado.

Inês - Imagina como eu estou. Nem consigo

dormir mais quando tenho esse sonho, na

verdade esse pesadelo.

Nico - Vai numa igreja, num centro espírita

tomar uns passes, procura uma

benzedeira... Nessas situações temos que

recorrer a tudo.

Inês - Não quis comentar com a Lívia pra ela

não ficar assustada, impressionada. Já

basta eu ficar desse jeito.

Nico - E você não consegue ver quem está

dentro desse carro?

Inês - Não. É isso que está me deixando ainda

mais intrigado. Mas só pode ser eu quem

sofro esse acidente, Nico.

Corta para:

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 17

CENA 38. BAR. EXT. DIA

Clóvis, o motorista do ônibus e um outro cobrador

levantam um brindam com copo de café.

Motorista - Um brinde ao mais novo avó dessa

cidade.

Eles brindam.

Clóvis - Saúde e felicidade pro meu neto que

acaba de chegar.

Cobrador - Depois do trabalho temos que comemorar

direito, brindando com uma dose de

pinga, daquelas boas mesmos, da roça. A

ocasião merece.

Reação de Clóvis. Ele fica apreensivo.

Corta para:

CENA 39. AP. DORA. CORREDOR. INT. DIA

Sílvia saí do quarto apressada. Dora aparece.

Sílvia - Bom dia, minha irmã.

Dora - Bom dia... Sempre apressada, não é?

Sílvia - Como o grande Cazuza disse: o tempo

não para.

Dora - Podemos almoçar juntas hoje?

Sílvia - Algum problema?

Dora - Almoço de irmãs. A quanto tempo não

almoçamos juntas, só eu e você?!

Sílvia - Tudo bem. Podemos sim. Agora deixa eu

ir, que já está na minha hora.

Sílvia saí.

Corta para:

CENA 40. AP. CÍNTIA. SALA. INT. DIA

Nicole reage surpresa diante ao que Jeferson fala, que

age falsamente, mostrando ser uma pessoa que ele não

é.

Nicole - Como é?

Jeferson - Não gostou da minha idéia?

Nicole - Oferecer um trabalho na construtora de

boy pro Lupe, Jeferson?

Jeferson - A empresa está precisando. Mas diante

da sua reação vejo que é uma péssima

idéia. É muito estranho assim?

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 18

Nicole - Totalmente. Porque você pensou justo

nele?

Jeferson - Ignorar que vocês ficaram juntos, se

envolveram, é algo que não podemos.

Soube que ele foi preso, vi a notícia e

posso imaginar como é complicado a vida

de quem sai da cadeia. E se eu posso

ajudar uma pessoa, porque não ajudar uma

pessoa que foi importante pra você?

Nicole - (surpreendida) Fez isso pensando em

mim?

Jeferson - Na minha visão, eu não vi nada de

errado nisso. Mas se você está

falando...

Nicole - A intenção é boa, Jeferson. Achei

legal a iniciativa. Mas acho que não

combina, não tem sentindo. Além disso,

ele já tem um emprego na loja de um

amigo dele ou pelo menos acho que ele

ainda tem.

Jeferson - Pois então. Não quer ir até lá comigo

fazer essa proposta? Se ele ainda

trabalhar nessa tal loja, ele pode

tentar conciliar com o emprego de boy.

Quem dispensa um dinheiro a mais?!

Corta para:

CENA 41. MADUREIRA. RUA. CARRO JEFERSON. LOJA CAZÉ.

EXT. DIA

Jeferson para o carro. Nicole do seu lado. Do PV

deles, vemos Lupe trabalhando dentro da loja,

atendendo uma cliente e depois conversando com Cazé.

Corta rápido para:

CENA 42. CARRO JEFERSON. INT. DIA

Jeferson e Nicole.

Nicole - Ele ainda está trabalhando na loja do

amigo dele.

Jeferson - Então é melhor nem irmos lá.

Nicole - Esquece isso, Jeferson. Deixa-o no

canto dele e vamos ficar no nosso.

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 19

Jeferson - Eu só quis ajudar.

Nicole - Eu sei. Eu entendi o que você queria.

Foi uma idéia estranha, com mas com boa

intenção. Algo que me surpreendeu e que

me deixou muito feliz em saber que você

pensa nos outros. Só que pensou na

pessoa errada.

Jeferson - Tive essa boa intenção pra mostrar que

não tenho ressentimento com ninguém.

Nicole aproxima-se carinhosamente de Jeferson e o

envolve.

Nicole - Você mudou muito, Jeferson. O que me

fez me afastar de você era seu jeito

egocêntrico, superior, sem ter

humildade, sem pensar em quem está

próximo. E vejo que você conseguiu mudar

pra melhor. Ser um outro Jeferson, que

vou descobrindo a cada dia e me

surpreendendo sempre.

Jeferson - Graças a você, meu amor. Te perder foi

muito doloroso e me fez pensar onde

errei pra você não me querer mais. Mas

que bom que voltamos e estamos bem

agora.

Nicole beija Jeferson.

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CENA 43. PRAIA. QUIOSQUE. EXT. DIA

Jeferson e Melissa tomam uma água de coco. Conversa a

meio.

Jeferson - (irônico) Banquei o bom samaritano,

que só queria ajudar o próximo. No caso,

aquele suburbano pichador!

Melissa - (rindo) Você não presta, Jeferson!

Jeferson - Nenhum pouco. Eu tive que me controlar

pra não rir do que eu estava falando,

quando disse que não tinha raiva deles

terem ficados juntos, que só queria

ajudá-lo e as outras baboseiras que eu

falei...

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 20

Melissa - Você mente com uma facilidade que nem

sente.

Jeferson - O que importa é que consegui o que eu

queria. Senti que a Nicole ficou

sensibilizada com minha atitude.

Consegui atingi-la em cheio mostrando

esse Jeferson que eu não sou.

Melissa - Será mesmo?

Jeferson - Eu confio no meu taco, Melissa. (T)

Agora chegou a hora de você entrar em

ação e cair matando em cima do rapaz.

Precisa conquistá-lo, como combinamos.

Melissa - A Nicole nunca vai me perdoar.

Jeferson - É claro que vai. E não se esqueça do

carro que vou te dar se meu plano

funcionar.

Melissa - Sacrifício não vai ser, pois o Lupe é

gatinho e tem lá seu charme. Só espero

que isso tudo acabe não sobrando pra

mim, que até então só observa e

comentava sobre esse triângulo amoroso.

Jeferson - Que agora vai virar um quadrilátero.

Não é engraçado?

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CENA 44. HOSPITAL. ENFERMARIA. INT. DIA

Cínara está recostada na cama, amamentando Matheus e

acariciando seu rostinho.

Cínara - Você vai me dar à vida boa que eu

sempre quis e batalhei pra conseguir,

meu filho. Seu pai vai ter que nos dar

uma gorda pensão e eu finalmente vou

ascender socialmente, com direito a

caviar e champagne.

Sílvia entra.

Sílvia - Então é você?

Cínara fica surpresa vendo Sílvia entrando e se

aproximando dela.

Cínara - Dona Sílvia?

As duas se encaram. Sílvia com ar superior.

RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 35 PÁG: 21

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FIM DO CAPÍTULO

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