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GESTÃO DE RESÍDUOS TECNOLOGIA SUSTENTABILIDADE Ano 2 • n o 7 • Julho/Agosto 2010 • R$ 9,90 Ano 2 • n o 7 • Julho/Agosto 2010 • R$ 9,90 • VISÃO AMBIENTAL ALUMÍNIO ECODESIGN Moda e consciência ecológica COLETA SELETIVA A rota da reciclagem Eles podem ser solução? ALIMENTOS TRANSGÊNICOS ISSN 2178177-X 9 772178 177006 00207 R$ 9,90 55 atitudes para preservar o planeta alma sustentável VAREJO SOLIDÁRIO Uma estratégia de negócios O metal é flexível, leve, resistente, ajuda a reduzir a emissão de gases nocivos e é 100% reciclável CONSUMO CONSCIENTE Dicas de compras

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Revista Visão Ambiental nº 07

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• GESTÃO DE RESÍDUOS• TECNOLOGIA• SUSTENTABILIDADE

Ano 2 • no 7 • Julho/Agosto 2010 • R$ 9,90

Ano

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ECODESIGNModa e consciência ecológica

COLETA SELETIVAA rota da reciclagem

Eles podem ser solução?ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

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55 atitudes para preservar o planeta

alma sustentável

VAREJO SOLIDÁRIOUma estratégia de negócios

O metal é flexível, leve, resistente, ajuda a reduzir a emissão de gases

nocivos e é 100% reciclável

CONSUMO CONSCIENTE

Dicas de compras

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6 MATÉRIA DE CAPA AlumínioAlma sustentável

SUMÁRIO

51 Visão ContábilPor Marco Zanini

57 Visão Social Por Ariovaldo Caodaglio

63 Evento XII Fimai e XII Simai

64 Pesquisa Negócios aliado ao desenvolvim-ento social e meio ambiente

66 RadarContatos das empresas e colaboradores desta edição

14 Mercado de TrabalhoTecnologia a partir da vida

17 Visão Ambiental Por Philippe Roques

24 Eco Design Moda e sustentabilidade

28 TransgênicosA era dos geneticamente modificados

38 Varejo SolidárioEstratégia de negócios

42 Eco Estilo Montanhismo: a mais alta conquista

46 Visão Trabalhista Por Juan Quirós

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55 atitudes para preservar

o planetaVamos colocá-las

em prática?

48 Coleta Seletiva Quero reciclar,

mas não consigo

Saneamento Quem é dono da torneira?

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Consumo consciente34

1858 Madeira Certificada O caminho da construção

59 Emissão de gases Mistura Explosiva

62 Visão Econômicapor Ieda Novais

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Aproximando a sociedade dos

assuntos ligados ao meio ambienteDepois de comemorar um ano de lançamento, agora co-

meçamos uma nova fase, facilitando o acesso a um maior número de leitores que agora podem adquirir a revista em banca. A distribuição em banca foi pensada para atender a uma demanda específica, uma vez que o mercado é carente de informação direcionada que trate de assuntos relacionados a meio ambiente e sustentabilidade. A revista VISÃO AMBIENTAL consegue atender a este novo leitor que está interessado em cuidar do planeta e entende a sustentabilidade como um negócio, e não como um problema.

Nosso conteúdo continua focado, mas agora a abordagem foi ampliada, atendendo a leitores da sociedade em geral, temos matérias técnicas e outras de interesse geral, e nosso intuito é que a revista circule entre vários membros da família, do escritório ou da empresa onde ela chegar.

O compromisso com conteúdo isento e independente, e a preocupação com um projeto gráfico moderno e que facilite a leitura permanecem e se consolidam na medida em que estes foram ingredientes importantes na construção da imagem e no reconhecimento de mercado, anunciantes, parceiros e leitores da revista, o que certificam o nosso sucesso.

Nesta e nas próximas edições nossa tiragem será gradu-almente aumentada para atender à demanda de mercado e buscar atingir um público maior, ajudando na conscienti-zação ambiental e desmistificando assuntos considerados difíceis e tabus, aproximando a sociedade brasileira de sua verdadeira vocação, que é ser exemplo para o mundo nas questões ambientais.

Boa leitura!

José Antonio Gutierrez, Nilberto Machado de Sá e Susi Guedes

As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são de responsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes.

EXPEDIENTE

Capa: latinhas alumínio SXC/Alessandro Paiva Fotomontagem por [email protected]

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ERRATA Na edição 6, o crédito de uma das fotos da matéria Sustentabilidade Semeada, foi trocada, a entrevista foi feita com o diretor da Papirus Sr. Armando Varela, mas a foto publicada foi do Sr. Eduardo Gianini – gerente de marketing da Papirus.

EXECUTIVO EDITORIALNilberto Machado de Sá

[email protected]

EXECUTIVO FINANCEIROJosé Antonio Gutierrez

[email protected]

EDITORA-CHEFESusi Guedes

[email protected]

PROJETO GRÁFICO e DIREÇÃO DE ARTE Flora Rio Pardo

[email protected]

JORNALISTASArielli Secco, Cristina Braga, Henriete Mirrione, Maria de Lorenzo, Melissa Sayki e Taís Castilho

[email protected]

REVISÃOCris Barbieri e Giovana [email protected]

COLABORADORPaulo César Lamas (tratamento de imagens)

COLUNISTAS DESTA EDIÇÃOAriovaldo Caldaglio, Ieda Novais, Juan Quirós

e Marco Zanini

COMERCIAL e PUBLICIDADE [email protected]

PRODUÇÃOJurema Jardin

[email protected]@rvambiental.com.br

JORNALISTA RESPONSÁVEL Susi Guedes (MTb ��.��7/SP)

PERIODICIDADE – BimestralTIRAGEM – 10.000 exemplares

IMPRESSÃO – Vox Editora

ATENAS EDITORARua José Debieux, 3�, Cj. �2

Santana – São Paulo/SP – CEP: 02038-030Fone: ��-11- 26�9-0110

www.rvambiental.com.br

ASSINATURASFone: ��-11-26�9-0110

[email protected]

ATENDIMENTO AO LEITORFone: ��-11-26�9-0110

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O alumínio está presente nos transportes, na construção civil, nas embalagens, em fios e cabos, máquinas e equipamentos, e em inúmeros bens de consumo. Sua infinita reciclabilidade lhe confere alma sustentável

Por Maria de Lourenzo

O alumínio mora no lar de nove entre dez famílias no mundo, ainda que, algumas vezes, não seja visível. Sua convivência entre nós ainda é recente, se compararmos a outros materiais como o ferro – timidamente, a partir da década de 1920, no Brasil. Entretanto, seus importantes benefícios o tornam uma escolha cada vez mais frequente em grandes setores, como a indústria automotiva e a construção civil. O metal tem origem na bauxita, minério fartamente encon-trado no Brasil, com a terceira maior jazida do mundo, com 2,7 bilhões de toneladas.

A partir da produção do alumínio primário, os caminhos tomados pela matéria-prima são inúmeros, pois sua versatilidade abre um leque imenso de aplicações. É um material ex-tremamente flexível, leve e, ao mesmo tempo, forte. Contém uma espécie de antioxidante natural que o torna resistente à corrosão e às intempéries – ideal para compor de móveis de área externa, a fachada de edifícios passando por barcos e plataformas de petróleo. O alu-mínio vai de A a Z. Ele é capaz de criar uma barreira contra a luz, a umidade e à formação de microorganismos; preserva características como aroma, textura, sabor e integridade, o que o torna perfeito para embalar alimentos, medicamentos e cosméticos. Sua superfície aceita grande diversidade de acabamentos, sendo bastante utilizado em arquitetura e decoração. É excelente condutor térmico, tem fácil manutenção, durabilidade e im-

portante participação em uma das formas de obtenção de energia mais valorizadas no mundo: a solar.

Além das vantagens que oferece, o alu-mínio guarda trunfos que o tornam um dos mais importantes aliados da sociedade mo-derna para a preservação do meio ambiente. Um deles é o fato de utilizar em seu processo produtivo a energia hidrelétrica, considerada limpa, proveniente de um dos mais abundantes recursos no nosso país, o hídrico – ao contrário do carvão e do gás natural, por exemplo. O principal dos trunfos, entretanto, reside na reciclabilidade. O alumínio é 100% reciclável e pode ser reciclado infinitas vezes, sem perder suas características originais e sua qualidade. Só para dar uma ideia, hoje, 50% do alumínio usado na fabricação de veículos é oriundo da reciclagem, processo que consome apenas 5% da energia necessária para produção do alumínio primário.

Em termos de ganhos socioambientais, isso representa menor necessidade de extração de minério, economia no consumo de energia, redução do lixo urbano e abertura de muitas frentes de trabalho, entre outros. Segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), pos-suímos um dos processos de reciclagem mais eficientes do mundo, fato que coloca nossos índices em igualdade com os dos países eu-ropeus – latas de alumínio, em primeiro lugar. Para dar uma idéia em números, em 2008, foram recicladas 1�5,8 mil toneladas, ou seja, mais de 91% das latas de alumínio descartadas voltaram

ao ciclo produtivo. Atualmente, o Brasil é o se-

gundo maior produtor de bau-xita do mundo, perdendo para a China. Em 2007, produziu cerca de 254�0 mil toneladas do minério, correspondendo a 12% da produção mundial. Na produção de alumínio, nosso país é o sexto produtor, atrás de Austrália, Estados Unidos, Canadá, Rússia e China. Tam-bém em 2007, a produção na-cional de alumínio primário foi de 1�54,8 mil toneladas. Um motor potente, que gera cerca de US$ 14 bilhões de fatura-mento ao ano, abrange quase 17 mil empresas, contribui com 4,5% no PIB industrial e susten-ta cerca de 300 mil empregos diretos e indiretos, em todos os estágios da cadeia produtiva.

A indústria do alumínio brasileira é das que menos se ressentiu em função da crise recente. No setor de Embala-gens, por exemplo, as expecta-tivas para 2010 apontam para crescimento de 10% compa-rativamente ao ano passado. Empresários mais otimistas ga-rantem que a expansão deve chegar aos 20%.

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“A redução de peso alcançada com o alumínio

permite maior economia e aumento de

performance semcomprometer

a segurança”

Kaísa Couto, consultora técnica da Abal

CARROS MAIS EFICIENTESOs Estados Unidos descobriram os benefícios

do alumínio na indústria automotiva há muito tempo: carros mais leves e, consequentemen-te, mais econômicos e menos poluentes; maior segurança e melhor desempenho. Muito antes que o Brasil. Aqui, os nossos carros começam a surgir no mercado ostentando partes inteiras feitas com o metal.

“O alumínio está presente em praticamente todos os sistemas automotivos e o aumento do uso do metal na fabricação de automóveis é uma tendência em todo o mundo. Dados da Ducker Worldwide mostram 50 anos de crescimento ininterrupto do consumo de alumínio nos carros norte-americanos (que apresentam, em média, 148 kg de alumínio). Atualmente, no mercado mundial, o alumínio responde por cerca de 7,8% do peso de um carro de passeio. Em 2020, essa marca chegará a 10%”, aponta Kaísa Couto, con-sultora técnica da Abal.

Temos vários exemplos de carroceira 100% em alumínio: Audi A8, Ferrari F�12, Jaguar XJ. A presença do metal, entretanto, não está restrita aos veículos de luxo. Carros populares como o Peugeot 20� apresentam várias peças, inclusive o bloco do motor.

O alumínio é dois terços mais leve que o aço. Para o setor automotivo e de transportes, isso representa economia de combustível e redução de emissões poluentes, menor desgaste de pneus, peças e pavimentos. Em contrapartida, pode pro-porcionar o aumento da capacidade de carga e uma maior eficiência operacional dos veículos.

“O uso do alumínio, em substituição ao aço e ao ferro fundido, permite reduzir em mais de 400 kg o peso de um automóvel de tamanho médio (que pesa em torno de 1200 kg); em mais de 50% a massa de motores, para-choques e sistemas de transmissão e de direção, e em até 50% o peso de chassis, de partes de suspensão e de rodas. Cada 10% de redução de massa equivale a um aumento da eficiência energética (ou redução do consumo

de combustível) na mesma proporção. A redu-ção de peso alcançada com o alumínio permite maior economia e aumento de performance sem comprometer a segurança”, calcula Kaísa.

Por falar em segurança, o alumínio absorve duas vezes mais a energia de impacto em uma colisão, e oferece o dobro da resistência quando comparado ao aço. Por isso, pára-choques, crash boxes e outras partes de absorção de impacto são cada vez mais fabricadas em alumínio. “A excelente relação resistência-peso do metal ga-rante o sucesso de sua utilização em projetos estruturais, como na construção de estruturas de carroceria super resistentes e ao mesmo tempo leves”, conta a consultora.

Quanto ao design, o alumínio também sai na frente de outros metais. “Graças à sua elevada maleabilidade, facilidade de projeto, conforma-ção e corte, ele garante o desenvolvimento de peças com formas inovadoras, designs moder-nos e excepcional qualidade de acabamento superficial, conforme exigido na fabricação de painéis de fechamento (portas, capô, para-la-mas, tetos e tampa do bagageiro), por exemplo”, descreve Kaísa.

O metal torna o veículo mais leva, entre outros benefícios

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Ônibus da linha Geração 7, da Marcopolo, com detalhes em alumínio

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CANTEIRO DE OBRASConhecidos nomes da arquitetura brasileira,

como Ruy Ohtake e Carlos Bratke, são entusiastas do alumínio e o empregam em suas obras para garantir qualidade, facilidade de manutenção e modernidade. O metal também vem sendo lar-gamente empregado em edifícios inteligentes e nos “green building”, ou edifícios verdes, por suas características sustentáveis. Entre as aplicações mais utilizadas, estão acabamentos, divisórias, forros, portas, portões. Sem falar em esquadrias e telhas, utilizados em larga escala.

De acordo com os dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), o ano também deve en-cerrar com comemoração para o setor: cres-cimento de 8,8% com a criação de 180 mil empregos totalizando mais de 2,4 milhões de trabalhadores contratados, sendo 700 mil só na capital paulista. Segundo Edson Fernandes, gerente nacional do Programa Setorial da Qua-lidade (PSQ) de Esquadrias de Alumínio, a parti-cipação do setor de esquadrias de alumínio em grandes projetos habitacionais já é significativa, principalmente entre fabricantes de esquadrias padronizadas que desenvolveram produtos, para atender dentro das normas técnicas, as habitações a partir de R$ �2 mil. “Para as ha-bitações do Governo do Estado de São Paulo construídas pelo CDHU, o alumínio está presente em todas edificações e o rigor com a qualidade

e cumprimento com as normas é total. A com-panhia projeta para este ano 40 mil unidades habitacionais, devendo o setor de esquadrias de alumínio participar das licitações.

Já em 2009, havia mais de �0 mil unidades em construção. Ao final das obras, todas as casas terão aquecedores solares, esquadrias, portas e batentes de alumínio. As esquadrias represen-tam cerca de 20% do volume total de caixilhos produzidos no país. Entre os quatro materiais – aço, alumínio, PVC e madeira –, os caixilhos de alumínio são os que apresentam melhores índices de crescimento, especialmente nas três últimas décadas. Isto se deve, em primeiro lugar, às características do material: o alumínio é leve, estrutural e de baixa manutenção.

A Alpex desenvolve soluções em perfis de alumínio para construção civil e indústrias em geral. Também atua no mercado de produtos acabados de alumínio para a indústria moveleira, como portas de alumínio combinadas com vidro ou madeira, espelhos, puxadores, cabideiros, VI

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“O alumínio está presente

em todas as edificações

construídas pelo CDHU e o rigor

com a qualidade e cumprimento

com as normas é total”

Edson Fernandes, gerente nacional do Programa Setorial da Qualidade

de Esquadrias de Alumínio

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Eldorado Tower, em São Paulo: metal na construção sustentável

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Edson Fernandes, gerente nacional do Programa Setorial

da Qualidade de Esquadrias de Alumínio

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box e aplicações para indústria aeronáutica, au-tomobilística e planejamento urbano. “O setor tem crescido muito nos últimos anos. Queremos aumentar ainda mais a nossa visibilidade no mercado brasileiro. Hoje, o consumo de perfil de alumínio per capita no Brasil é de 1kg/por habi-tante/ano. Número ainda pequeno em relação a mercados como Itália e Espanha, onde o consumo chega a 10kg/por habitante/ano”, comenta Paulo Magalhães, sócio-diretor da empresa.

Voltada para o mercado residencial de alto padrão, a Zeloart fabrica esquadrias de alumínio sob medida, tendo como principal objetivo ofe-recer produtos e serviços que aliem qualidade e beleza. A empresa oferece uma infinidade de opções para projetos inovadores e requintados. “O mercado de alumínio está aquecido e temos percebido grande procura dos arquitetos por este tipo de produto. As portas e janelas de alumínio têm tudo para dar certo no mercado brasileiro, devido a suas características físicas e funcionais. Elas permitem maior ventilação e vedação, leveza e durabilidade do material, além de ter um apelo ambiental, já que o alumínio é um material 100% reciclável”, comenta Ricardo Martins, gerente comercial da Zeloart.

ALTA TECNOLOGIA E ACABAMENTOSAs pesquisas que envolvem o metal resul-

taram em diversas inovações que beneficiam projetos arquitetônicos em residências e edi-fícios comerciais. As mais recentes, de acordo com dados da Afeal, são a motorização dos

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caixilhos, com operação por controle remoto; o isolamento termoacústico através de perfis com thermo-break (dois perfis de alumínio que agregam, internamente, um perfil de poliamida, garantindo ao conjunto melhor desempenho termo-acústico); persianas projetantes (de enrolar ou não) integradas ao caixilho. São leves, durá-veis e oferecem melhor condição de isolamento térmico e acústico.

O quesito acabamentos é um dos que mais vem evoluindo e conquistando mercados. Os clássicos tratamentos de superfície, anodiza-ção e pintura, ganharam muitas possibilidades. Técnicas novas podem reproduzir no alumínio aspecto e a textura de madeira e pedras, como mármore e granito. A anodização com aspecto de aço inoxidável, por exemplo, é uma alternativa interessante por seu custo muito menor do que o do próprio inox. A indústria de tratamento de superfície oferece uma tabela de cores ampla, com cerca de 30 tonalidades. Além disso, o ar-quiteto pode especificar a cor desejada e obter uma tonalidade sob medida.

Uma das grandes vantagens dos tratamentos de superfície, somada à estética, é fortalecer a característica antioxidante e de resistência às intempéries. Daí a perfeita adequação do metal aos móveis de área externa, como jardins e beira de piscina, inclusive no litoral, já que o alumínio resiste também aos efeitos da maresia.

“O setor tem crescido muito

nos últimos anos. Queremosaumentar ainda

mais a nossa visibilidade no

mercado brasileiro”

Paulo Magalhães, sócio-diretor da Alpex

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Paulo Magalhães, sócio-diretor

da Alpex

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Esquadrias em portas e janelas aliam

qualidade e tecnologia

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CASA E COZINHAImagine uma sala, com TV, DVD, home

theater, ar condicionado. O alumínio está pre-sente em todos eles. Nos computadores de última geração como o Mac Air, finíssimo, e o recém-chegado i-Pad; em diversos modelos de celulares, relógios, luminárias, ventiladores, bicicletas, patinetes, motos... Até na trava do tênis! No box do banheiro, no fogão, nos ar-mários, eletrodomésticos como microondas e liquidificadores; em ferramentas... O alumínio faz parte do nosso dia a dia muito mais do que percebemos.

Segundo o assessor de qualidade e meio ambiente do Sindicato da Indústria de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo (Siamfesp), Roney Honda Margutti, a fabricação de artigos de funilaria e de metal para uso doméstico re-presenta um consumo aparente de pouco mais de R$ 500 milhões anualmente. “Isso representa no PIB brasileiro cerca de 0,1%”, calcula.

Os benefícios do alumínio na aplicação em bens de consumo justificam os números. Para Margutti, além da redução de custo de produção, o metal proporciona eco-nomia no transporte, pois como as peças são mais leves, acabam gerando me-nos desgastes aos veículos. “Ele contri-bui também para a er-

gonomia do ser

humano, que carrega menos peso no momento de levar a panela ao fogão, já que o alumínio é muito mais leve que produtos de vidro, inox e outros oxidantes. Isso não apenas nas panelas, mas também em motores de automóveis e outras aplicações, e ainda é um ótimo condutor elétrico”, explica.

O assessor faz questão de frisar os esfor-ços empreendidos pelo Siamfesp junto à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para a padronização de utensí-lios domésticos de alumínio, como a panela de pressão, que hoje conta com

a certificação compulsória do Inmetro, proporcionando muito mais segurança aos consumidores. O Siamfesp é sub-sede do Comitê Brasileiro do Alumínio (CB-35) , recebendo em suas dependências as reu-niões da Comissão de Estudos da ABNT para aperfeiçoar os produtos do setor.

Graças à qualidades como leveza e resis-tência, ao mesmo tempo, por ser excelente condutor térmico, é nas panelas que o metal encontra um mercado fortíssimo. Cozinheiras de mão cheia e chefs de cozinha garantem que uma panela de alumínio cozinha o alimento por inteiro. Linhas inteiras, simples ou sofisticadas, são vendidas nas lojas de presentes e utilidades domésticas.

Há 20 anos no mercado, a Multiflon, de Ca-xias do Sul, é referência na produção de panelas, frigideiras e utensílios para forno e fogão em puro alumínio, com antiaderente. São 250 itens voltados ao mercado

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Graças à levezae resistência,

ao mesmo tempo, por ser excelente

condutor térmico, o metal é forte

no mercado deutensílios

domésticos

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O alumínio tornou-se preferência entre chefs de cozinha, gormets e donas de casa. Criações da Multifon

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profissional e de uso doméstico, distribuídos em todo o Brasil e em mais de 10 países.

A linha Alumais, por exemplo, conta com frigideiras, assadeiras e fôrmas para pizza em alumínio de altíssima qualidade e 99,7% de pureza. Com alta espessura, as peças propiciam agilidade e eficiência na cocção dos alimentos. Segundo o fabricante, o material também é adequado ao uso intensivo, inclusive em co-zinhas profissionais, já que dispensa cuidados extras na limpeza e manutenção.

EMBALAGENS EFICIENTESPor que chocolate é envolvido em folha de

alumínio? Por que embalagem longa vida tem alumínio na composição? Por que se usa ali-mento congelado em embalagem de alumínio? Nos saches de molhos, nas tampas de iogurte, de achocolatado, de requeijão? E quanto aos remédios, as cartelas de pílulas, as tampas e frascos de cosméticos? Afinal, por que tantas embalagens levam alumínio? Para preservar a qualidade, as características originais de cor, sabor, aroma, textura; para proteger o pro-duto da umidade, luz, microorganismos. Em alguns casos, simplesmente para deixar o visual

mais bonito, moder-no, sofisticado – o que, por si só, tem um incrível valor de mercado.

O setor de em-b a l a g e m e vo l u i com a rapidez da própria evolução t e c n o l ó g i c a . Ao mesmo tempo, ga-nha status de pode-rosa ferramenta de marketing de pro-duto e valorização da marca. E por sua flexibilidade (em to-dos os sentidos), o alumínio se aos diversos segmentos, suas necessidades e desejo dos consumidores. Sem falar no apelo sustentá-vel por conta da reciclabilidade intrínseca. No campo da alta tecnologia, as latas de bebidas são campeãs. O consumo sempre crescente torna esse mercado milionário com demanda constante de pesquisa para encher os olhos do consumidor.

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Um dos mais prestigiados designers do país, Guto Índio da Costa, sediado no Rio de Janeiro, tem seu portfólio marcado pela presença do alumínio. “O alumínio é um material que alia resistência e leveza em infinitas aplicações e o utilizamos em diversos projetos e produtos. Trata-se de um fantástico

material, com diversas possibilidades e processos industriais(estampo, fundição, injeção, extrusão) e diversas alternativas de acabamentos. O alumí-nio tem a grande vantagem de reduzir o peso dos automóveis, reduzindo assim, seu consumo. Mas acredito em diversas novas aplicações em diversos setores. Sem contar com a revolução que teremos, em breve, devido à nanotecnologia e às fantásticas novas características que obteremos do alumínio e diversos outros materiais”, afirma o designer. Entre os exemplos de produtos e projetos com a utilização de alumínio, o designer destaca a cadeira Georgos com a estrutura principal de alumínio

injetado. Nos arbaletes do equipamento de pesca submarina Cobra Sub, Guto aponta o perfil especial que desenhou para reduzir o atrito lateral e incrementar a precisão do tiro com uma guia específica para o arpão. “Nos equipamentos de ginástica da Movement, utilizeio alumínio em toda a estrutura aparente, aproveitando o belo acabamento anodizado; e no ventilador Spirit, um perfil especificamente desenhado”, descreve. E, no veículo TEX, seu projeto de transporte coletivo com poluição zero, está projetando uma carroceria de alumínio.

DESIGN PREMIADO

O alumínio em embalagens

preserva qualidade, características

originais de cor,sabor, aroma,

textura; protegede umidade, luz

e microorganismos

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Guto Índio da Costa aplica alumínio às suas criações. Aqui, o premiado ventilador Spirit e o equipamento de ginástica Movement

O metal confere modernidade a celulares e computadores

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Em 2009, segundo os dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reci-clabilidade (Abralatas), essa indústria produziu 14,8 bilhões de unidades de latas; comparado a 2008, isso significou crescimento de 11,7%, em um período no qual o produto interno bruto do país caiu. Para destacar-se no mercado compe-titivo das marcas, os fabricantes não poupam esforços no desenvolvimento de latinhas que agreguem, ao mesmo tempo, características e funcionalidades novas.

Há apenas quatro ou cinco anos, existiam basicamente as latas com capacidade para 350 ml. Embora esse formato ainda predomine, outras opções estão disponíveis para o con-sumidor fazer suas escolhas: existem, também, o Latão (em versões de 473 ml e 500 ml), for-matos como o Sleek – em 270 ou 310 ml –, e Squat, referente às latinhas de 250 ml utiliza-das, por exemplo, pela Coca-Cola. Há também latas com tintas termocrômicas, que mudam de cor conforme a temperatura, a versão para consumo em festas e baladas, já que a tinta produz diferentes efeitos visuais conforme a luz e até latinhas cuja tinta tem rugosidades para aumentar a impressão de que seu conteúdo está gelado.

CÍRCULO VIRTUOSOA Abal coleciona alguns troféus de sua

indústria, que se orgulha de exibir. Entre eles, números dignos dos países mais desenvolvi-dos do mundo: o Brasil reciclou 324 mil tone-ladas de alumínio, em 2007, correspondendo a 35,3% do consumo doméstico de produtos transformados de alumínio. Na reciclagem de latas de alumínio para bebidas, o país man-tém a liderança mundial, com a reciclagem de 94,4% do total comercializado no ano. Na reciclagem de latas de alumínio para bebidas, o Brasil está na frente em eficiência ao ter reciclado 94,4% do total de unidades comer-cializadas no mercado interno, em 200�. No ano, foram recicladas 139,1 mil toneladas de sucata de latas, o que correspondeu a 10,3 bilhões de latinhas.

De acordo com o relatório da Associação, “esse índice mantém o Brasil na liderança mundial em reciclagem de latas de alumínio tanto entre países onde a atividade não é obrigatória por lei, como no Japão, que em 200� reciclou 90,9% de latas, ou entre aqueles cuja legislação sobre reciclagem de materiais é bastante rígida, como Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suíça. Na Europa, o índice médio

EMPRESAS FAZEM A SUA PARTEA Novelis do Brasil, uma das mais destacadas empresas que atuam no setor de reciclagem, mantém projetos de inclusão socioeconômica baseados na coleta de latas de alumínio, cujas prioridades são preservação do meio am-biente e capacitação para reciclagem. Um dos cinco projetos é o “Recicle um Sorriso”, realizado em praças de alimentação de shopping centers. que visa a conscientização da importância da coleta seletiva e a preservação do meio ambiente. A Novelis também apoia o Projeto Pintou Limpeza, da Rádio Eldorado (SP), de conscientização ambiental, por meio da coleta seletiva, colaborando com a limpeza da cidade e ajudando instituições filantrópicas. O projeto realiza ainda exposições e palestras durante o ano, levando informação sobre a importância da reciclagem à população.

O Brasil reciclou 324 mil toneladas

do metal, em 2007. O que significa

35,3% do consumo doméstico

de produtos transformados de

alumínio. Na reciclagem de

latinhas, o país é líder

Projeto da Novelis Recicle um sorriso, nos shoppings

Fardos de latas de alumínio prontos para retornar ao ciclo produtivo

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de reciclagem de latas de alumínio em 200� foi de 57,7%”.

Para dar uma noção da importância da re-ciclagem para o país e, principalmente, para a proteção do meio ambiente, em 200�, a ativida-de voltada às latas de alumínio gerou economia de 1.97� GWh/ano de energia elétrica ao país – segundo os especialistas da Abal, o suficiente para abastecer, por um ano inteiro, uma cidade com mais de um milhão de habitantes, nas dimensões de Campinas (SP).

ALUMÍNIO SUSTENTÁVELO que a indústria propõe como solução

para diminuir emissão de gases nocivos? A pergunta, feita para todos os setores da eco-nomia mundial nos encontros sobre Mudanças Climáticas, busca saídas urgentes. “A construção de veículos mais leves e eficientes”, aponta a consultora técnica da Abal, Kaísa Couto. Ela tem o cálculo na ponta da língua: “em média, cada quilo de alumínio, aplicado em substituição a um material pesado, pode evitar a emissão de até 20 kg de CO2 durante a vida útil de um automóvel; 28 kg de CO2, de caminhões, e de 40 kg a 45 kg de CO2, de ônibus.” A redução do peso dos veículos do setor de transportes

no mundo pode evitar a emissão de pelo me-nos 700 milhões de toneladas de CO2 a cada ano. “Isso é muito significativo, uma vez que – segundo dados do IEA (International Energy Agency), de 2004 – o setor de transportes é responsável por cerca de 20% das emissões de CO2 no planeta”, diz. Então, que a indústria continue investindo em produções eficientes e na reciclagem do alumínio.

Em 2006, a reciclagem de latinhas gerou economia de

1.976 GWh/ano de energia elétrica

– suficiente para abastecer, por um

ano uma cidade como Campinas

Empregos diretos (31/12) 64.358Faturamento (US$ bilhões) 16,1Participação no PIB (%) 1,0Participação no PIB Industrial (%) 4,3Investimentos (US$ bilhões) 2,6Impostos pagos (US$ bilhões) 2,7Produção de alumínio primário (mil t) 1.661Consumo doméstico de transformados de alumínio (mil t) 1.024Consumo per capita (kg/hab.) 5,4Exportação (mil t) (peso alumínio) 964Importação (mil t) (peso alumínio) 209Participação do alumínio nas exportações brasileiras(%) 2,4

O ALUMÍNIO NO BRASIL

Fonte: Abal - Anuário Estatístico 2008

Dados 2008

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O Brasil é campeão em reciclagem de latinhas. Também sai na frente em tecnologia: com acabamento de tinta termocrômica, entre outros

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MERCADO DE TRABALHO

Tecnologia a partir da vida

A Biotecnologia tem se mostrado promissora tanto para a articulação de melhorias para a humanidade e o meio ambiente

quanto para quem opta pela profissão

Por Arielli Secco

A fermentação, processo que acontece em vinhos, cervejas, pães e queijos, é uma técnica utilizada há milhares de anos. Consiste na atuação de microorganismos em substâncias orgânicas que transformam extratos de frutas, malte, lactose, em um produto final. Esse foi o primeiro contato do homem ocorrido há milhares de anos com uma ciência que, à época, ainda não era conhecida como tal: a Biotecnologia. Hoje, ela é entendida praticamente como um sinônimo da Engenharia Genética. O primeiro passo que possibilitou o de-senvolvimento dessa área foi a descoberta de Gre-gor Mendel, um monge austríaco que conseguiu explicar a transmissão de características entre um ser e outro, desvendando a base da genética.

A cronologia elaborada pelo portal do Conse-lho de Informações sobre Biotecnologia mostra os marcos que fizeram dessa ciência uma das grandes

promessas para o mercado de trabalho no âmbito industrial, médico, alimentar e agropecuário. A estrutura do DNA foi revelada em 1953, seguida da primeira transferência genética entre espécies diferentes no começo da década de 70. Foi quando se começou a tratar sobre regras de biossegurança entre a comunidade científica. A primeira substân-cia desenvolvida pela Biotecnologia foi a insulina – em 1982 – e onze anos depois foi efetuado, nos Estados Unidos, o primeiro cultivo de tomate longa vida (uma espécie alterada por estudos genéticos obtida pela transgênese de tomate Flavr-Savr). A primeira plantação comercial, porém, foi de soja transgênica, em 1996, também nos EUA. No Brasil, as primeiras variedades de soja geneticamente modificada foram registradas pelo Ministério da Agricultura em 1999. O número de hectares que abrigam plantações de vegetais geneticamente modificados atualmente no mundo já passa de cinqüenta milhões.

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Passado esse período de estruturação e avanços, a Bio-tecnologia tem se mostrado importante na prevenção e so-lução de problemas ambientais. Clarissa Boschiero, de Limeira (SP), tem 31 anos, é zootecnista, fez mestrado e doutorado com ênfase em Genética Molecular Animal e partilha dessa opinião. Ela comenta sobre a aliança da ciência com a produção agrícola para aumento da produtivida-de e redução do emprego de agrotóxicos e do uso de recur-sos naturais, ou com a ecologia, preservando a biodiversidade a partir da caracterização das espécies pelas técnicas de ge-nética molecular. Já é possível,

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por exemplo, constituir bancos de germoplasma, que consistem no armazenamento de espécies preservando seu conteúdo genético. “As aplica-ções são numerosas e não podemos ter receio das novas tecnologias, pois elas são necessárias, mesmo para preservação dos recursos naturais e espécies”, opina Clarissa. “Ainda há muito a ser estudado, compreendido e aplicado em benefício da sociedade, como a criação de novos produtos, mais eficientes e com menor custo. É a ciência do futuro”, completa.

NOVIDADE ANTIGA

A zootecnista optou pela genética molecular na especialização por ser uma área nova e por querer colaborar com o progresso científico. “Na Zootecnia, a Biotecnologia entra como aliada para melhorar a produção de animais como bovinos e ovinos”, relata. Esta é apenas uma das ramificações da Biotecnologia, que pode ainda se aprofundar em química, embriologia, robótica, nanotecno-logia, informática etc.

Essa ciência era apresentada no meio aca-dêmico apenas a título de especialização até pouco tempo. Os cursos de graduação no Brasil são recentes e, em boa parte das universidades, surgiram depois da estruturação de cursos de pós-graduação. Foi o caso da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul.

Na opinião de Tiago Collares, atual coordena-dor do curso, isso demonstra uma tendência de novos mercados que vêm sendo oportunizados por empresas de diversos setores, com a criação de núcleos de pesquisa e desenvolvimento e bio-

tecnologia. “O caminho inverso parece estranho, mas tem se mostrado um dos melhores modelos didático-pedagógicos que podemos observar. Nossos estudantes de graduação têm participado em tempo real da construção do conhecimento científico de fronteira junto a nossos estudantes de doutorado”, explica Tiago.

O Centro de Biotecnologia da UFPel – que já existia há mais de vinte anos –, foi integrado no ano passado a outras áreas de conhecimento da universidade, resultando no Centro de De-senvolvimento Tecnológico. A proposta é um encontro de cursos diferentes, como Engenharia Hídrica, Engenharia de Materiais, Engenharia de Petróleo, Engenharia Geológica, Engenharia da Computação e a própria Biotecnologia. “A nano-tecnologia é um exemplo concreto de interação direta entre Biotecnologia e engenharia de novos materiais que podem ser utilizados em processos de descontaminação, despoluição”, enumera Tiago. “Catástrofes ambientais, como derramamentos de petróleo, podem vir a ser controlados por estra-tégias utilizando microorganismos para degradar compostos rapidamente. Isso é tecnologia a partir da vida”, completa. Para ele, a Biotecnologia deve ser utilizada da forma correta e a comunidade científica está em um processo de construção desse conhecimento.

MEIO AMBIENTE A preocupação com a natureza e com a saú-

de do homem caminha junto à evolução dessa ciência. Renata de Lima, coordenadora do curso de Biotecnologia da Universidade de Sorocaba

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15Tiago Collares, coordenador do curso

(Uniso), destaca o exemplo do Proálcool, uma alternativa viável para substituição do petróleo, e também cita a nanotecnologia. “Temos profissionais atuando dentro e fora do Brasil para isso. As empresas de Biotecnologia são em geral empresas novas, já criadas dentro dos conceitos de sustentabilidade e responsabili-dade social e os benefícios para a sociedade são muitos, como a fabricação de vacinas utilizando a nanotecnologia e tecnologia do DNA recombinante”, diz Renata.

O potencial é incalculável e pode ser vantajoso para a humanidade. De acordo com o Conselho de Informações so-bre Biotecnologia, os avanços científicos podem oferecer cada vez mais novos produtos, viabi-lizar novas técnicas medicinais e de tratamentos de doenças, e produzir alimentos provenientes de plantas com maior facilidade de adaptação a condições adver-sas de clima e solo, reduzindo as perdas durante o cultivo. O produto adquire maior valor nutritivo e industrial.

Tiago cita como exemplo uma experiência que recentemente foi aprovada para testes em uma

Alunos de Biotecnologia em atividades nos laboratórios da UFPel

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e s -cala

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Canadá. Tr a t a - s e

de porcos geneticamen-

te modificados dos quais a urina

e as fezes podem ter até 65% menos fósfo-

ro, segundo informa-ções publicadas no site

da National Geographic. Esse composto é responsável

pela proliferação de algas em mares, rios e lagos, causando

sérios danos ambientais quando despejado no meio ambiente, uma

vez que elas reduzem significativa-mente a quantidade de oxigênio dis-

ponível aos peixes e outros organismos aquáticos. O animal desenvolvido em

laboratório foi chamado de Enviropig e é capaz de produzir uma enzima descoberta

em bactérias que quebra o fósforo, reduzindo a quantidade liberada nos dejetos e

aumentando a absorção do organismo dos suínos.

MUITA PESQUISAQuem opta pela Bio-

tecnologia precisa estar preparado para passar boa parte do tempo, tanto durante o curso

quando no mercado de trabalho, dentro de labo-ratórios e bibliotecas. As dis-ciplinas variam um pouco de acordo com o enfoque de cada universidade. No caso da UFPel, os alunos contam com conhecimen-tos de biologia celular, quí-mica geral, histofisiologia, biotecnologia ambiental, bioprocessos, engenharia de células e tecidos e legis-lação em biotecnologia. O

curso tem duração de oito semestres e necessita de um perfil dedicado. “O perfil do nosso aluno é de curiosidade científica, de quem aprecia a tecnologia e quer sistemas eficientes e compro-metidos ambientalmente para garantir o futuro das próximas gerações. São pessoas que gostam de biologia, medicina, agronomia, veterinária, e buscam tecnologias aplicadas a essas ciências da vida”, explica Tiago Collares. O coordenador ressalta também que os estudantes precisam obter conhecimentos de inglês, praticar muito a leitura de artigos científicos, estagiar em labora-tórios de instituições de pesquisa e em empresas que pretendem investir em pesquisa, inovação e desenvolvimento, o chamado PI&D.

Ruan Oliveira está na terceira fase do curso da UFPel e demonstra ser um aluno dedicado. Ele é estudante de iniciação científica do Con-selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e trabalha no Laboratório de Embriologia Molecular e Transgênese da univer-sidade. Participou recentemente da Conferência Internacional de Células-tronco e estará presente no XV Congresso da Sociedade Brasileira de Bio-logia Celular, que acontecerá em São Paulo (SP) no mês de julho. “Como é uma ciência extrema-mente transdisciplinar, evento é o que não falta. Existem congressos amplos, como o Congresso de Biotecnologia que neste ano aconteceu em Fortaleza (CE), e também os que abrangem temas

Referências:www.cib.org.brwww.nationalgeographic.com

Links relacionados:• Universidade Federal de Pelotas www.ufpel.br/biotecnologia• Biotec pra Galerawww.biotecpragalera.org.br

Órgãos e Entidades de Biotecnologia:• Sociedade Brasileira de Biotecnologia (SBBiotec) www.sbbiotec.org.br • Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) www.renorbio.org.br• Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) www.cib.org.br• Comissão Técnica Nacional de Biosse-gurança (CTNBio) – www.ctnbio.gov.br

mais específicos”, diz Ruan. O curso de Biotecnologia da

Universidade Federal de Pelotas incentiva o empreendedorismo dos futuros profissionais. Esse é um dos objetivos de Ruan. Ele destaca a importância de não se desligar completamente do meio acadêmico depois de se formar biotecnólogo, e pretende também se tornar empreende-dor. “Todos nós queremos fazer pós-graduação e sempre estar-mos em contato com a univer-sidade, porque é um ambiente que nos proporciona a interação com outras áreas e estamos sem-pre aprendendo coisas novas com isso”, opina o estudante. Ele ainda lembra que a profissão requer atualização constante. “Quanto mais você sabe, mais coisas você tem a explorar. A informação de hoje pode ser contrariada amanhã, porque novas descobertas são feitas a todo instante”, completa.

A primeira turma do curso da UFPel se formará em 2012. Tudo indica que a Biotecnologia continuará em ascensão e será um termo muito constante no emprego da sustentabilidade. As vagas estão em vários setores, seja científico, industrial ou am-biental, e a situação é promissora aos futuros profissionais.

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CURSOS DE GRADUAÇÃO NO BRASIL

• Universidade Federal da Bahia (UFBA) Biotecnologia – www.portal.ufba.br• Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) www.ufscar.br• Universidade de Sorocaba (UNISO) Biotecnologia – www.uniso.br• Universidade de São Paulo – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz” (Esalq/USP) Biotecnologia Agrícola – www.esalq.usp.br• Universidade Federal do Paraná (UFPR) Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia www.ufpr.br• Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Biotecnologia – www.ufpel.br• Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Biotecnologia com Habilitações em Bioinformática ou Biotecnologia Molecular www.ufrgs.br

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VISÃO AMBIENTAL

Philippe Roques

Hidrelétrica ou biomassa?O recente episódio sobre o leilão para constru-

ção da usina hidrelétrica de Belo Monte reacende o debate sobre as fontes utilizadas no Brasil para produção de energia. Embora forneça energia lim-pa e com baixa emissão de poluentes, a hidrelétrica de Belo Monte apresenta uma série de entraves que vão desde questões políticas e ambientais ao impacto que gerará à comunidade do entorno.

O projeto para construção de Belo Monte renasce após 30 anos de discussões acerca de sua viabilidade e em meio à corrida eleitoral. Os R$ 19 bilhões iniciais previstos para a concreti-zação do projeto podem chegar a quase R$ 35 bilhões, segundo expectativas das empresas que estudaram a construção. A alta do valor de imple-mentação do projeto ainda poderá influenciar o preço final da energia gerada na usina, um dos critérios tidos como vantajosos para que Belo Monte saísse do papel.

Paralelamente, os impactos ambientais e sociais que a construção da usina trarão à comunidade são imensos. Além de ser necessária a alteração do curso do rio, deslocando grandes quantida-des de recursos naturais como rochas e terra, e a inundação de uma parte da floresta, o que emite mais gás carbônico, a usina mudará drasticamente a rotina dos moradores da região. E mesmo com todo esse esforço, a usina só começará a gerar energia em meados de 2015.

Diante do cenário de dificuldades para a construção de Belo Monte, existe a possibilidade de pensarmos em outras fontes de energia que, igualmente, emitem menor teor de poluentes. A geração de energia a partir de biomassa, além de demandar menor capital para a implementação de projetos, garante a geração de energia em menor tempo. Outra vantagem é que a construção das usinas pode ser centralizada na área de consumo, o que diminui os custos de transmissão. A estimativa é que, no prazo de dois a três anos, uma térmica de biomassa já poderia fornecer energia.

Outro ponto a favor da biomassa, frente à Belo Monte, é o baixo impacto direto aos recursos na-turais e seu entorno. A geração à biomassa, aliás, agrega utilidade a um resíduo natural, antes des-

cartado sem utilização, movimentando a economia do entorno, uma vez que cria uma nova demanda por produtos e trabalhadores.

De acordo com especialistas, com os investi-mentos necessários, a biomassa pode responder anualmente pela produção de 5 mil megawatt ao ano, quantidade considerada ideal para in-clusão anual no sistema elétrico brasileiro, para manutenção do crescimento do País. Ao longo do tempo, a tendência é que a tecnologia para a implementação de termoelétricas de biomassa, hoje considerada cara, torne-se mais barata, pro-porcionalmente à sua utilização.

A matriz energética brasileira é considerada uma das mais limpas do mundo. Cerca de 45% da energia gerada no Brasil é resultado de fonte renovável, segundo especialistas. A matriz é for-mada, atualmente, por 85% de energia produzida em hidrelétricas e 5,4% a partir de termoelétricas à biomassa.

Especificamente sobre biomassa, como gran-de trunfo em relação aos demais países, o Brasil possui um clima favorável a esse tipo de geração de energia. Também, a biodiversidade contribui para a existência de uma ampla gama de recursos que podem ser utilizados na produção de energia com biomassa.

No Brasil, os dois principais tipos de biomassa utilizados são a cana de açúcar (etanol), que tem um mercado mais estruturado, e os resíduos de madeira e vegetais, parte da cadeia que começa a se estruturar. Porém, ainda há diversos outros materiais que podem ser utilizados na geração de energia, como palha de milho e de trigo, casca de arroz e resíduos de cacau, entre outros.

Outro ponto de destaque para a utilização da biomassa é o custo da matéria-prima inicial, que sofre menor flutuação no mercado, frente a outras fontes, e pode gerar menor impacto no preço final da energia. A expectativa é que, entre três e cinco anos, o País esteja em fase madura no processo de geração de energia com biomassa.

A preocupação global com o meio ambiente deve ainda ser um dos principais motores para im-pulsionar a geração de energia a partir de biomassa

PHILIPPE ROQUES é diretor industrial da Dalkia Brasil

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no Brasil. Isso porque o proces-so de geração de energia com esse tipo de matéria-prima reduz consideravelmente a eliminação de gás carbônico na atmosfera, durante a queima do produto. Em um cenário em que os países possuem metas crescentes para redução de poluentes e onde as principais empresas globais priorizam recursos mais limpos, a biomassa pode ser a chave para transformar o desafio da susten-tabilidade em realidade.

O Brasil tem muito a ganhar com a geração à biomassa. Além de funcionar muito bem e gerar ganhos ambientais e financei-ros, gera oportunidades. Com o tempo e o amadurecimento desse mercado, as indústrias de biomassa deverão se estruturar e dar mais velocidade à criação e negociação de uma energia mais limpa e mais barata. Além disso, o País tem a possibilidade de se firmar como uma potência na geração de energia limpa e servir de modelo aos demais países do globo.

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Uma daciddores com 10 looks masculinos sob o tema ‘Jardim Orgânico’, tudo desenvol-vido em denim produzido com algodão 100% orgânico, além de malha e voal em diferentes tons de azul.

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O mundo ideal e preservado que sonhamos, está longe de acontecer, muitas coisas não dependem do cidadão comum, e outras dependem simplesmente do tempo, tempo de decomposição de resíduos, tempo para conscientização e tempo para mudanças de conceito. Enquanto essas coisas não acontecem...

podemos e devemos fazer nossa parte... aqui algumas sugestões, vamos colocá-las em prática? Outras sugestões podem ser enviadas para [email protected] e serão publicadas em nosso portal.

55 ATITUDES PARA PRESERVAR O PLANETA

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55 ATITUDES PARA PRESERVAR O PLANETA3 Não consumir mais

que o necessário

4 Optar por comércio solidário sempre que

possível

6 Caminhar quando for possível e deixar o carro na garagem

7 Usar bicicleta

em trajetos viáveis

9 Em viagens de aventura, não deixar nada além de pegadas

10 Separar seu lixo reciclável

“ Você deve ser a mudança que deseja

ver no mundo”

Mahatma Gandhi (1869-1948), líder espiritual indiano e político

1 Não sujar ambientes públicos

2 Preferir o uso de energias

alternativas

8 Não comprar animais silvestres

11 Educar as crianças sobre as questões ligadas ao tema

5 Evitar produtos que tenham origem duvidosa ?

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2020 Reaproveitar a água

“ Eu vi a Terra. Ela é tão linda”

Yuri Gagarin (1934-1968), astronauta

12 Plantar árvores, flores, hortas

22 Transformar sua casa

ou condomínio em “construção

sustentável”

16 Usar tintas a base de água

21 Usar inseticidas

a base de água

19 Economizar energia

14 Não contaminar o solo

15 Decorar com móveis feitos de madeira de demolição

17 Escolher eletrodomésticos levando-

se em conta o consumo de energia

18 Economizar água

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13 Substituir lâmpadas por de menor consumo

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27 Usar cosméticos

que contenham

matéria prima natural

26 Usar produtos de limpeza biodegradáveis

32 Consumir menos

carne

22 Transformar sua casa

ou condomínio em “construção

sustentável”

“ Nós temos pouquíssimos anos para fracassar ou sermos bem-sucedidos

na conquista de um futuro sustentável

para nossas espécies”Jacques Cousteau (1910-1997), pesquisador e

ambientalista marinho VISÃ

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24 Preferir as sacolas de “plástico verde”

25 Se usar sacolas de plástico comum,

dar novos usos a ela antes de descartá-la

definitivamente

23 Utilizar sacolas

e caixas retornáveis

33 Preferir roupas de matéria prima natural

28 Usar perfumes e cosméticos que não tenham sido testados em animais

30 Evitar desperdício de alimentos

31Recolher o próprio lixo quando for à praia

15 Decorar com móveis feitos de madeira de demolição

29 Manter seu veículo regulado para emitir menos poluentes

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34 Apagar a luz quando sair do ambiente 35 Imprimir

somente o necessário

38 Criar um jardim

na laje

39 Pintar as telhas de branco41 Carregue o celular

e o notebook com carregador movido a energia solar

“Eu investiria meu dinheiro no Sol e na

energia solar. Que fonte de poder!

Espero que não tenhamos de esperar

até que o petróleo e o carvão

acabem para manejá-la”

Thomas Edison (1847-1931), inventor 44 Preferir

embalagens

retornáveis

37 Participar de ações solidárias

36 Usar o verso

do papel sempre

que possível

43 Cancelar o recebimento de extrato bancário impresso, consulte pela internet

42 Cancelar recebimento de

propaganda impressa desnecessária, prefira recebê-las por e-mail

40 Fechar a torneira ao escovar os dentes ou fazer a barba

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38 Criar um jardim

na laje

45 Usar produtos

que tenham refil

51 Decidir o que pegar, antes de abrir o refrigerador

52 Usar sanitários com duas opções de descarga

53 Doar ao invés de

descartar

Se você quer um ano de prosperidade, plante milho.

Se você quer dez anos de prosperidade, plante árvores.

Se você quer cem anos de prosperidade, eduque as

pessoas.

Provérbio Chinês

50 Usar luz natural o maior tempo possível

55 Comprar móveis e objetos

de madeira apenas se a mesma for

certificada

43 Cancelar o recebimento de extrato bancário impresso, consulte pela internet

46 Presentear com produtos ecologicamente corretos

48 Usar a máquina de lavar apenas quando houver roupas ou louças suficientes para a capacidade máxima

49 Abrir as janelas

para ventilar o ambiente

evitando ventilador ou ar

condicionado

47 Levar canecas personalizadas para o escritório, é charmoso e economiza copos descartáveis

INFORME-SE E FAÇA

SUA PARTE

54 Reutilizar sempre que possível

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FASHION

Por Henriete Mirrione

Uma das correntes vigentes atualmente no mundo fashion é a expressão do design relacionado às questões sociais e ecológicas, envolvendo designers renomados, jovens cria-dores, comunidades carentes, cooperativas, empresas e novas indústrias, linkando alta moda a trabalhos tradicionais de manufatura genuinamente brasileira.

Essa nova postura aparece nos mais diver-sos segmentos, como no de calçados, couro, artefatos, têxtil e moveleiro. Em São Paulo, por exemplo, aconteceu no final de julho a 2ª edição do Inspiramais – Salão de Design e Inovação das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos, promovido pela Associa-ção Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal by Brasil), no qual empresas que utilizam matérias-

primas sustentáveis e investem em mudanças de processos produtivos para reduzir o impacto ambiental apresentaram novos itens no espaço EcoMais.

“Muitas empresas estão priorizando a ‘linha eco’ no desenvolvimento de seus produtos. No EcoMais, reservamos um local especial para que o visitante tivesse a oportunidade de conhecer as novidades em materiais de apelo sustentável, para que estes se inspirem na criação de suas coleções”, afirma Oséias Schroeder, presidente da Assintecal.

Entre as 34 propostas mostradas no Salão, a Metalúrgica Reuter trouxe fivelas e ilhoses para sapatos, roupas e bolsas desenvolvidas com ausência de níquel, a Wolfstore veio com uma lona (87% algodão e 13% material pet) para bolsas e acessórios produzida com garrafas pet, roupas usadas, resíduos de processos de fiações e aparas de tecidos descartados em con-

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fecções, que são separados e catalogados. Assim, podem-se aproveitar as cores naturais das fibras e suas diversas nuances e tonalidades, não sendo neces-sária a utilização de corantes, água e produtos químicos, o que preserva o ecossistema.

Também se destacaram materiais derivados de resídu-os de madeireiras, provenien-tes de descartes, beneficiados e reusinados, composto de um mix com resinas naturais, pig-mentos e compostos sintéticos da Discover, além de composto de PVC recuperado, de formu-lação e fabricação própria e ex-clusiva aplicado em solas da MRJ Solados e Saltos e tecidos

Da indústria à passarela, o design ligado à sustentabilidade ganha cada vez mais espaço no mercado de moda nacional

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para roupas, calçados e acessórios tramado manualmente com couro atanado natural (curti-mento vegetal) e trança com fibra de bananeira da Arte e Tramas.

Já o Grupo Amazonas apresentou um so-lado biodegradável, produzido em látex que se decompõe 50 vezes mais rápido do que os solados convencionais. “É preciso estimular não somente a fabricação de itens eco, como também o consumo desses produtos, uma vez que é possível desenvolver artigos lindos e sus-tentáveis, com muito design e conforto”, destaca Ariano Novaes, gerente de marketing.

PARCERIAS DE SUCESSOA marca Ciao Maoiza já utiliza em suas cole-

ções o solado desenvolvido pela Amazonas. A principal matéria-prima dos calçados da grife é o couro natural de animais que foram abatidos para a alimentação, ou seja, um “subproduto” da indústria alimentícia, que são produzidos de forma sustentável, por curtumes que não eliminam resíduos tóxicos em rios.

A marca também dá preferência aos couros cromo-free, cujos resíduos de produção são

biodegradáveis e podem servir para adubos e composta-gem, e também àqueles que utilizam processos de pigmentação vegetal, sendo menos nocivos ao meio ambiente.

A grife preza a saúde e o conforto no desen-volvimento das formas e do material empre-gado em cada modelo, como cadarços, palas, tecidos, propiciando a cada consumidora um produto único, escolhendo desde os acessórios de materiais até formas e cores variadas, tornando-se coautora do próprio calçado. Os “calçados in-terativos” propostos pela designer e criadora da marca, Priscila Callega-ri, conquistaram reco-nhecimento nacional e internacional, recebendo prêmios como o Idea/Bra-sil 2008, o Top Xxi 2009 e Brazil Design Award.

Ela também realizou uma

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Ciao Mao – Rabisk

Ciao Mao para Fernanda Yamamoto

Ciao Mao – Pikote

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Empresas que utilizam matérias-primas sustentáveis apresentaram suas inovações no espaço EcoMais

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parceria com Fernanda Yamamo-to, criando um modelo exclusivo

para a estreia da designer no Calendário Oficial da

São Paulo Fashion Week, com o desfi-le da coleção para o Verão 2011. Um único modelo de

sapato intera-tivo acompa-nhou todos os looks de Yamamoto, elaborando

modelos di-ferentes e únicos por m e i o d e a p l i q u e s , justamente pelas diver-

s a s p o s s i b i -lidades de usar e ousar em seus acessórios, mu-dando completa-mente seu visual, ou seja, de um scar-pin de bico redondo

até uma ankle boot.“Os sapatos, desenvolvidos com exclusivida-

de pela Ciao Mao são confortáveis, produzidos com materiais duráveis, eco-friendly e camaleô-nicos. Feitos de couro marrom com três bases de velcro em cada pé, permitem aderir acessórios que os transformam, como pedaços de tecido ou ‘nuvens’ de organza”, afirma Fernanda Yama-moto, que atualmente comercializa o calçado em sua loja, na capital paulista.

Outro parceria pautada na sustentabilidade apresentada durante a última edição da SPFW foi a realizada entre o renomado Alexandre Herchcovitch e a EcoSimple, uma empresa totalmente voltada para a sustentabilidade, idealizada por um grupo de executivos com grande experiência na área têxtil, fabricante de tecidos produzidos exclusivamente com material reciclado, com fios originários de gar-rafas pets e aparas de confecções, entre outros descartes da cadeia têxtil, sem a necessidade de tingimentos e outros processos que agridam o meio ambiente.

Para a coleção de verão 2011 de Herchcovitch, a EcoSimple desenvolveu um tecido exclusivo, nas cores preta, cinza e branca e com esse mate-rial o estilista criou dois looks para seu o desfile masculino: um trench coat com aplicações de bolsos e abertura nas costas e um costume em alfaiataria com aplicações de bolsos.

FASHION

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LIVRO, SITE E CURSOA stylist e consultora Chiara Gadaleta Klajmic desenvolve projetos de moda e sustentabilidade. A moça, que começou sua trajetória no mundo fashion como modelo, formou-se no Studio Berçot em Paris, onde posteriormente foi professora, atualmente colabora com diversas publicações do mercado nacional, se dedica à carreira de estilista por meio da marca de bijoux e roupas “Tarântula”, e está assinando o blog “Ser Sustentável com Estilo” (http://sersustentavelcomestilo.blogspot.com/), voltado para a moda ecofriendely.“A moda é uma das expressões culturais mais importantes da nossa sociedade e por meio dela, podemos difundir novas tendências, disseminar informações e enviar mensagens para muita gente. Foi pensando em tudo isso que eu criei o “Ser Sustentável com Estilo”, um espaço para falar de uma nova moda que se preocupa com o consumo cons-ciente, com o artesanato, com o comércio justo, a reciclagem e todas as questões do desenvolvimento sustentável”, conta Chiara.A multiprofissional também apresentará o curso ‘Moda Sustentável’, o curso tem como objetivo estimular a discussão sobre o mercado de moda atual e de como este se relaciona com o desenvolvimento sustentável. Serão abordadas questões como renovação de tecidos, relações humanas, ’made in china’, ‘fastfashion’, entre outras.A editora inglesa Laurence King lança no mercado mundial o livro ‘Eco Fashion’. A publicação mostra o trabalho de diferentes e inovadoras marcas e empresas, de diversas áreas ligas a moda ao redor do globo, todas envolvidas num movimento para divulgar ou apresentar produtos diferenciados englobando o ecodesign. Detalhe, a autora Sass Brown, professora do Fashion Institute of Technology de Nova York, mora em Florenca, na Itália, de onde dirige cursos e programas sustentáveis em diferentes lugares do mundo, já atuou junto à cooperativa Coopa-Roca no Rio de Janeiro.

Uma das correntes vigentes

atualmente no mundo fashion

é a expressão do design

relacionado às questões sociais e

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Fernanda Yamamoto

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Alexandre Herchcovitch

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“A vantagem é ter o aval de um de-signer como Alexan-dre exemplificando que um tecido sus-tentável tem todas as condições de ser destaque em qual-quer passarela des-mistificando o fato de que o produto reciclado não tem qualidade ou não é glamouroso”, ressal-ta Renato de Caroli, diretor comercial e desenvolvimento de produtos da in-dústria catarinense,

que também desenvolve um trabalho social com a comunidade no preparo do material utilizado para a fabricação dos tecidos 100% reciclados.

ECODESIN, TRABALHO SOCIAL E RESGATE DE TÉCNICAS

E por falar em sustentabilidade aliada a traba-lhos sociais o mineiro Ronaldo Fraga apresentou durante a última edição da SPFW roupas em algodão orgânico cru com rendas desenvolvidos por artesãs da Paraíba e bordados produzidos por cooperativas de Pernambuco e artesãs de Minas Gerais.

A marca pernambucana Movimento, voltada para o beachwear, elaborou itens com comuni-dades do Pernambuco, capacitando mulheres da região, além de usar pele de peixe como tilapia, vendida pelas mulheres dos pescadores. Já a Ió-dice incrementou seu apoio às comunidades da Amazônia, capacitando artesãs de uma unidade de conservação com 200 famílias. A grife usou tucunã em forma de canutilhos nos bordados e pele de peixe e cortiça no desenvolvimento dos acessórios da coleção de verão 2011.

A designer Danielle Jensen, da carioca Maria Bonita, investiu na criação de peças que primam pela simplicidade rústica aliada à elegância, num mix de materiais como algodão, linho, madeira e inox. A coleção desfilada na SPFW veio repleta de peças que surgem de acessórios, como colares de esferas de madeira que dão sustentação a vesti-

dos e macacões tipo frente-única e outro itens, inclusive bolsas, com detalhes ou braçadeiras de madeira facetada, desenvolvidas em parceria com marceneiros de diferentes regiões do Brasil, numa colagem de pedaços precisos de madeira marfim ou de reflorestamento, resgatando a delicadeza desse tipo de manufatura.

PEQUENOS E SUSTENTÁVEISE quem disse que os pequenos ou no-

víssimos estilistas não se apropriam de técnicas eco-friendy em suas criações? Em sua estreia na SPFW, o designer João Pimenta utilizou o café para dar tingimento às roupas masculinas, usado especialmente para dar efeito em-poeirado nos linhos e rendas apli-cados em itens de alfaiataria.

O estilista pernambucano Gustavo Silvestre, integrante do casting oficial de designer da Casa de Criadores, olhou para o carnaval de Olinda para desen-volver peças elegantes numa verdadeira explosão de cores, como vestidos e macacões flui-dos, contrapondo-se a outras que marcam o corpo, com de-talhes de loja reciclada e em-borrachada, especialmente nos vestidos pretos com bordados em fios e em patchwork de denim reaproveitado, comprado de sobras de con-fecções.

Já o ven-c e d o r d a p r i m e i r a edição do F a s h i o n Mob, re -alizado em novembro de 2009, debutou no Projeto Lab da última edição da casa de Criadores com 10 looks masculinos sob o tema ‘Jardim Orgânico’, tudo desenvolvido em denim produzido com algodão 100% orgânico, além de malha e voil em diferentes tons de azul.

Maria Bonita Coleção Verão 2011

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Gustavo Silvestre

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TRANSGÊNICOS

Por Taís Castilho

“Estima-se que 70% de todos os alimen-tos processados contenham pelo menos um ingrediente derivado de soja ou milho, que podem ser transgênicos”, é o que afirma Alda Lerayer, diretora executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) e enge-nheira agrônoma com doutorado em genética e melhoramento de plantas.

Diariamente consumidos e sempre sem serem notados, os transgênicos fazem parte de nossas vidas. Eles estão nos sucos de caixinhas que contêm soja geneticamente modificada (GM) e até mesmo na calça jeans produzida com algodão transgênico.

De acordo com dados do Serviço Interna-cional para Aquisição de Aplicações em Agro-biotecnologia (ISAAA), organização que publica

anualmente os dados de adoção de plantações GM na agricultura mundial, 25 países plantaram 134 milhões de hectares em 2009, o que denota um crescimento de 9 milhões de hectares em relação ao ano anterior. Ao todo, 14 milhões de pequenos e grandes agricultores adotaram o cultivo transgênico em suas lavouras.

Os maiores países produtores no ranking foram: Estados Unidos (64 milhões ha.), Brasil (21,4 milhões ha.), Argentina (21,3 milhões ha.), Índia (8,4 milhões ha.), Canadá (8,2 mi-lhões ha.), China (3,7 milhões ha.), Paraguai (2,2 milhões ha.) e África do Sul (2,1 milhões ha.). No entanto, países como Uruguai, Bolí-via, Filipinas, Austrália, Burkina Faso, Espanha, México, Chile, Colômbia, Honduras, República Tcheca, Portugal, Romênia, Polônia, Costa Rica, Egito e Eslováquia também contabilizaram as estatísticas deste crescimento.

Comprovado cientificamente, os transgênicos ganham espaço e prometem conquistar o mundo com segurança e vantagens

ao meio ambiente, à saúde pública e animal

A era dos geneticamente

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TRANSGÊNICOS TUPINIQUINSOs dados do cultivo com culturas geneti-

camente modificadas (GM) em 2009 no Brasil indicam um aumento de 35,4% em relação a 2008, o equivalente a 5,6 milhões de hectares. Trata-se do maior índice de crescimento entre os 25 países produtores de transgênicos, especial-mente em razão da rápida adoção do milho GM. “O ótimo desempenho levou o País, pela primeira vez, ao segundo lugar no ranking mundial de transgênicos”, ressalta Alda.

Dos 21,4 milhões de hectares de GM no Bra-sil 71% são de soja – 16,2 milhões de hectares, 31% de milho – 5 milhões de hectares e 16% de algodão – 0,15 milhão de hectares. A biotecno-logia na agricultura já é adotada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins. Mais da metade da produção nacional de soja é geneticamente modificada e, em 2008, uma variedade de milho transgênico passou a ser cultivada, aumentando ainda mais a presença da biotecnologia no País e, consequentemen-te, na nossa vida. Hoje, já são 11 variedades de milho aprovadas para comercialização no Brasil, além de quatro de soja e outros seis de algodão transgênicos.

No Brasil, a Lei nº 11.105/05 – a de Bios-segurança – exige que qualquer organismo geneticamente modificado (OGM) passe pela avaliação criteriosa da Comissão Técnica Nacio-nal de Biossegurança (CTNBio). Trata-se de um

grupo com mais de 50 doutores em todas as áreas relacionadas à segurança dos transgênicos (meio ambiente, saúde humana, saúde animal, agricultura, saúde do trabalhador, entre outras), cientistas, representantes de vários Ministérios e da sociedade civil, que avaliam, um a um, cada pedido de pesquisa ou comercialização de OGM no Brasil, e só liberam um produto transgênico após analisar o resultado de diversos testes.

O artigo 40 da Lei, por exemplo, obriga a rotulagem dos transgênicos conforme o Decreto nº 4680/03, que determina que todos os alimen-tos/ingredientes com presença de OGM, acima de 1% da composição final do produto, sejam rotulados. Garantindo ao consumidor o direito à informação e à escolha na hora da compra.

O QUE SÃO OS TRANSGÊNICOS?Os transgênicos são organismos que rece-

beram um ou mais genes de outros seres vivos para apresentar novas características, ou seja, são geneticamente modificados. Os genes são os responsáveis pelas informações que vão ca-racterizar um indivíduo ou um organismo, como por exemplo, a cor dos olhos de uma pessoa e até mesmo o perfume de uma flor. “Ao receber um ou mais genes de outro organismo, um vegetal pode se tornar resistente a pragas ou se tornar mais nutritivo”, explica Alda.

Eles são apenas uma das várias aplicações da biotecnologia (estudo e desenvolvimento de organismos geneticamente modificados de forma que contribua no processo produtivo, além de melhorar a qualidade de vida em diver-sos aspectos). Os benefícios dessa ciência são usados na medicina, na agricultura e pecuária, além das indústrias farmacêuticas, de alimentos e de higiene. O que prova que atualmente, com pesquisas sendo realizadas em todo o mundo, a biotecnologia não é mais utilizada apenas no desenvolvimento de plantas, animais e micro-or-ganismos, seus benefícios avançam fronteiras.

“Se tomarmos como exemplo técnicas pri-mitivas envolvendo plantas, animais e micro-organismos, veremos que a biotecnologia, a base dos transgênicos, é um ramo de conhecimento milenar e até pré-histórico. Mesmo antes da des-coberta da genética, processos de fermentação usados na produção de queijos, vinhos, pães e iogurtes já utilizavam formas rudimentares da biotecnologia”, ressalta Alda. Há 20 anos são usa- VI

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O QUE É O CONSELHO DE INFORMAÇÕES

SOBRE BIOTECNOLOGIA?

O Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) é uma organização não governamental sem fins lucrativos, cujo objetivo é divulgar informações técnico-científicas sobre biossegurança, biotecnologia e seus benefícios, aumentando a familiaridade de todos os setores da sociedade com o tema. Criado em 2001, o CIB desenvolve suas atividades disponibilizando informações com base em estu-dos feitos no Brasil e no mundo, e posicionamentos de cientistas so-bre assuntos que estejam sendo discutidos pela sociedade. Desta forma, o CIB se consolidou como fonte para jornalistas, pesquisa-dores, consumidores, empresas e instituições interessadas em biotecnologia e biossegurança.Além de palestras em univer-sidades, escolas e empresas, o CIB desenvolve ainda materiais específicos para ações em aero-portos, supermercados e cursos, de acordo com a necessidade de cada público. Além de apoiar, por meio de parceria com importan-tes editoras, a realização de obras relacionadas com o tema. É o caso do livro Biotecnologia e Nutrição, com a editora Nobel, e Genômica, com a Atheneu, obra que rendeu o Prêmio Jabuti 2005 na categoria Ciências Naturais e Ciências da Saúde.O CIB também realiza atividades no segmento do agronegócio, com agricultores, cooperativas e outras entidades, oferecendo suporte técnico nas avaliações sobre o uso da biotecnologia na agricultura. Todas essas ações, bem como outras específicas, tornaram o CIB uma das principais entidades de divulgação da biotecnologia no Brasil.

Alda Lerayer, diretora executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB)

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das bactérias, leveduras e fungos geneticamen-te modificados nos processos de fermentação, preservação e formação de sabor e aromas de muitas bebidas e alimentos (iogurtes, queijos, embutidos, picles, pães e massas, aspartame, cervejas, sucos e vinhos).

VANTAGENS SIGNIFICATIVASAlém de reduzir as perdas na lavoura e de-

senvolver produtos mais nutritivos, a engenha-ria genética poderá diminuir a quantidade de substâncias indesejáveis nos alimentos, como as que podem causar alergias. A transgenia (in-serção, no genoma de um organismo receptor, através de técnicas de engenharia genética, de um ou mais genes obtidos de indivíduos diferentes, que podem ser da mesma espécie do indivíduo receptor ou de outra) já permite o desenvolvimento de alimentos como frutas e hortaliças que demoram mais para amadurecer, reduzindo perdas, além de plantas com valor nutricional enriquecido, como o arroz com mais vitaminas e plantas adaptadas às condições adversas do ambiente, como a seca.

Nos últimos 20 anos, houve um aumento sig-nificativo no número de aplicações comerciais da biotecnologia, por meio de micro-organis-mos geneticamente modificados, nas indús-trias farmacêutica, alimentícia, de papel, têxtil, química, petrolífera, ambiental e de mineração. Ela é usada principalmente na produção de aminoácidos, realçadores de sabor, além da utilização de inúmeras enzimas na fabricação de diversos alimentos, do pãozinho francês até

biscoitos, sucos, molhos e condimentos. “Se não fosse a transgenia, consumidores

do mundo inteiro não teriam à disposição diversos produtos, presentes em nosso dia a dia, com a mesma qualidade encontrada há um bom tempo. O jeans e o detergente são bons exemplos de artigos que evoluíram com a aplicação de técnicas de engenharia genética”, explica Alda.

No caso das aplicações na saúde, há muito a medicina faz uso dessa ciência como uma

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Nos últimos 20 anos, houve

um aumento significativo no

número de aplicações comerciais da biotecnologia

TRANSGÊNICOS

SEMENTES PODEROSAS

As sementes transgênicas, assim como quaisquer outras, são desenvolvidas e produzidas por empresas públicas ou privadas. A Monsanto, por exemplo, é uma das maiores e mais importantes multinacionais de herbicidas e sementes, além de ser uma das percussoras nas pesquisas e produção de semen-tes GM. No mundo todo, a empresa investe mais de US$ 1 bilhão na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos todos os anos.Ela trabalha desde a década de 70 com pesquisas pioneiras em biotecnologia, no entanto, os resultados começaram a surgir em meados da década de 90, quando lançaram no mercado os primeiros produtos com variedades tolerantes a herbicidas e resistentes a pragas.As pesquisas em biotecnologia desenvolvidas pela Monsanto são direcionadas à produção de plantas tolerantes ao estresse hídrico, alimentos enrique-cidos naturalmente com ômega 3, soja e milho com menor teor de gordura saturada e com melhor utilização de nitrogênio, entre outros. Além de desen-volver tecnologias que proporcionem aos agricultores melhor produtividade das lavouras, menores custos de produção e alimentos mais saudáveis.Segundo a assessoria da Monsanto, atualmente, suas diretrizes estão voltadas para pesquisar e trazer ao mercado, até 2030, variedades de sementes de milho, soja e algodão que rendam até duas vezes mais. “A escolha por variedades geneticamente modificadas entre os produtores é crescente em razão dos benefícios que apresentam, como a facilidade de manejo, a redução de custos e as vantagens para o ambiente”. O novo objetivo é diversificar e trazer inovações para a cultura de cana-de-açúcar, utilizando o melhoramento genético de plantas e biotecnologia. Em vinte anos, a empresa ainda pretende oferecer sementes que reduzam em 1/3 a quantidade de recursos por unidade produzida para o cultivo dessas plantas. Em breve, milho, soja e algodão serão capazes de produzir mais sem aumentar a área da lavoura, permitindo economia de água, energia e insumos, além de poupar impactos ao meio ambiente.

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Uma variedade de milho transgênico passou a ser cultivada, aumentando ainda mais a presença da biotecnologia no País

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ferramenta fundamental para encontrar a cura, prevenir doenças cujos tratamentos são custosos, realizar diagnósticos mais rápidos e precisos de muitas enfermidades, e produzir hormônios, vitaminas, antibióticos e diversos medicamentos. Uma variedade mais eficiente da insulina, por exemplo, foi desenvolvida por meio da biotecnologia e hoje é consumida por diabéticos do mundo todo.

POR QUE OS TRANSGÊNICOS SÃO SEGUROS?

Antes de chegarem às nossas mesas ou até mesmo de se tornarem matéria-prima, qual-quer organismo modificado geneticamente passa por rigorosos processos que avaliam sua segurança, seguindo padrões internacionais definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Os transgênicos disponíveis no mercado são testados em laboratórios e no campo para com-provação da segurança para a saúde humana e animal e para o meio ambiente. Para finalizar, antes de serem cultivados ou comercializados, ainda são submetidos a análises toxicológi-cas, alergênicas, nutricionais e ambientais que passam pela avaliação de uma comissão de especialistas em biossegurança. “Nos mais de 14 anos de amplo uso em cerca de 50 países, nunca

foi registrado impacto negativo dos alimentos transgênicos à saúde humana ou animal”, ex-plica a diretora executiva do CIB.

Em relação à saúde humana, são realizadas avaliações toxicológicas e nutricionais, proces-sos pelos quais nem alimentos convencionais passam segundo Alda. Quanto aos possíveis impactos ao meio ambiente, a solução é realizar experimentos de laboratório e de campo que analisam se o organismo transgênico interage com plantas, insetos e outros animais da mesma forma que o não transgênico. Também se avalia como o material genético do OGM se dispersa no ambiente e quais as possibilidades de cru-zamento com plantas convencionais.

Outro fator importante ressaltado pelo CIB é que a ciência trabalha com a inserção de ge-nes que já possuem um histórico seguro na alimentação ou que, indiretamente, estejam presentes no nosso dia a dia. Um bom exemplo é o gene da bactéria Bacillus thuringiensis, que confere a resistência a insetos e pragas que atacam o milho. “Há mais de duas décadas, a proteína desta bactéria, que é naturalmente encontrada no solo, passou a ser utilizada na agricultura convencional e, posteriormente, na agricultura orgânica, portanto fazem parte da nossa alimentação diária e não oferecem nenhum risco à saúde humana ou animal”, fi-naliza Alda.

“Cerca de 70% dos alimentos

processados no Brasil contêm

pelo menos um ingrediente

derivado de soja que pode

ser transgênica ou de outros organismos

geneticamente modificados”

Alda Lerayer, diretora executiva do Conselho de Informações sobre

Biotecnologia (CIB)

Até mesmo a calça jeans que usamos pode ser produzida com algodão transgênico

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Por outro l a d o, ex i s te m grupos e organiza-ções que se movem para promover alternativas aos transgênicos no País. Um deles é Gabriel Bianconi Fernandes, assessor técnico da Agricultura Familiar e Agroeco-logia (AS-PTA) e um dos responsáveis pela campanha ”Brasil ecológico, livre de transgênicos”, uma rede com mais 300 organizações que apoiam a suspensão/proibição dos transgênicos desde 1999, logo depois da liberação da soja transgênica no Brasil. Essas organizações atuam em diferentes áreas como agroecologia, agricultura orgânica, consumidores, direitos humanos, meio ambiente, segurança alimentar, estudantes, nutrição e traba-lhadores rurais. A Campanha é coordenada pela AS-PTA, Terra de Direitos e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e são desenvolvidas atividades de informação, além do monitoramento de políticas públicas e ações judiciais. Em entre-vista à revista Visão Ambiental, o assessor técnico fala do resultado de pesquisas independentes e porque não apoia os transgênicos.

Revista Visão Ambiental: Quais os riscos dos transgênicos em todos os âmbitos: meio am-biente e saúde humana e animal?

Gabriel Bianconi Fernandes: O que as pesquisas independentes mostram é que do ponto de vista ambiental existe o problema da contaminação ge-nética de plantas silvestres e de culturas agrícolas convencionais e orgânicas. Por meio da poliniza-ção ou da mistura de sementes, os transgenes se espalham pela natureza num processo sem volta. Ninguém sabe a consequência disso em médio e longo prazo.RVA: Então você acredita que possa existir im-pactos no futuro?

GBF: Já está comprovado e fartamente docu-mentado que o uso de transgênicos resistentes a herbicidas aumenta a aplicação de agrotóxicos.

TRANSGÊNICOS

O NÃO aos transgênicosDados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) mostram que entre 2003 e 2009 a venda de glifosato (ingre-diente ativo do herbicida Roundup® da Monsanto) pulou de 60 mil para mais de 140 mil toneladas. Como este veneno vai perdendo eficiência, os produtores

lançam mão de outros bem mais tóxicos para o meio ambiente e a saúde, como o 2,4-D (in-

tegrante do Agente Laranja - classe toxicológica I, extremamente tóxico) e gramoxone (classe

toxicológica I). No Paraná, por exemplo, a Secretaria de Agricultura informa que entre 2005 e 2007 o uso do herbicida tordon (2,4-D)

cresceu 52% e do gramoxone, 85%. No mesmo período, o resíduo de glifosato nos grãos de

soja transgênica no Paraná (aqueles que virarão ração animal ou matéria-prima para a indústria de alimentos) aumentou 233%. Há pesquisas recentes publicadas na literatura especializada mostrando que, mesmo em doses mil vezes menores do que a recomendada, foram identificados problemas de fígado, morte de células da placenta, aborto, má-formação fetal e de perda de fertilidade – indicando que o produto pode provocar alterações hormonais. Note que o glifosato é classificado como nível IV (pouco tóxico). Ou seja, é uma tecnologia que só faz aumentar o uso de venenos, vai à contramão da sustentabilidade.RVA: Quais os riscos reais desses impactos?

GBF: Os problemas de saúde relacionados ao con-sumo de transgênicos, além da questão dos venenos, estão ligados à possibilidade do aparecimento de novas alergias. Há pesquisas mostrando grande simi-

laridade entre proteínas transgêni-cas e proteínas alergênicas. Estudo recente de pesquisadores franceses mostrou que o consumo de milho transgênico alterou a composição do sangue e da urina dos ratos de laboratório e afetou machos e fê-meas de forma diferenciada. Uma pesquisa do governo da Áustria mostrou redução de fertilidade a partir da terceira geração de ratos alimentados com milho transgê-nico (um dos liberados no Brasil) e outros estudos relatam respostas imunológicas do organismo ali-mentado com esse grão.

Há ainda outro impacto re-lacionado. O que diz respeito ao crescente movimento de concen-tração empresarial no setor se-menteiro. Hoje, praticamente não existem mais empresas de me-lhoramento genético que sejam brasileiras, quase todas já foram compradas por multinacionais. A consolidação desse oligopólio dá às empresas grande poder de in-fluência sobre a agricultura, uma vez que elas podem escolher quais variedades ficam e quais saem do mercado, podendo, por exemplo, privilegiar apenas as transgênicas, como acontece hoje com a soja no Rio Grande do Sul.

Protesto contra os alimentos trangênicos

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Alda não acredita na resistência aos transgê-nicos, mas sim na falta de informação qualifica-da e, quando questionada sobre essa polêmica, a engenheira agrônoma é categórica:

“Os dados técnicos e científicos não são, por óbvio, de fácil entendimento por grande parte da população. É por isso que o CIB existe e é para isso que trabalhamos, para levar ao maior número possível de pessoas, informações que ajudem a desmistificar os transgênicos, tirar a visão absolutamente equivocada de falta de segurança nos métodos e no produto dessas técnicas.

Claramente existem grupos dispostos a fazer o trabalho con-trário ao que o CIB realiza (por razões políticas, ideológi-cas e até econômi-cas), disseminan-do medo, criando temores infundados na população. Isso assusta, cau-sa alarde. É compreensí-vel que assim seja, uma vez que é muito mais di f íc i l c o n s t r u i r uma nova vi-são, baseada em argumentos concretos, em dados e fatos científicos com-provados, do que espa-

RVA: Qual o cenário dos transgênicos no Brasil? GBF: Hoje, existe a Lei nº 11.105/05, chamada

de Lei de Biossegurança, ou seja, segurança da vida, que trata do uso de transgênicos no País. Essa Lei criou uma comissão do governo que é responsável por tomar as decisões sobre o que pode e o que não pode em relação ao uso de transgênicos, então vale pesquisa, produção comercial, importação e funcio-namento das empresas, laboratórios e universidades que mexem com transgênicos. Acontece que essa comissão é formada, em sua maioria, por pesqui-sadores que em geral trabalham com transgênicos, acham que não há risco nenhum e por isso são a favor da sua liberação. Há também a representação dos Ministérios na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), mas os que defendem es-tudos ambientais e de saúde são minoria. Há ainda, na Comissão, alguns representantes da sociedade civil, mas também são minoria e suas posições são sempre vencidas no voto.

É importante destacar que até hoje todas as sementes transgênicas aprovadas tiveram votos con-trários dos ministérios do Meio Ambiente, da Saúde e do Desenvolvimento Agrário. Da mesma forma, os representantes da sociedade civil nessas áreas também votaram contra. Isso porque consideraram que não havia informação e pesquisas suficientes que permitissem a liberação com segurança. As liberações são feitas basicamente sobre os dados apresentados pela empresa interessada. RVA: Existe algum ponto positivo nos trans-gênicos?

GBF: Não. Na verdade se promete muito mais do que a tecnologia pode oferecer. A única vantagem obtida pelos produtores está na praticidade. Com as sementes resistentes a herbicidas, o controle do mato fica mais fácil de ser feito. Mas o que as evi-dências de campo mostram, assim como muitas pesquisas, entre elas uma divulgada em abril pelo National Research Council dos EUA, é que após o terceiro ano essa vantagem se desfaz em função do desenvolvimento de mato resistente ao herbi-cida. Com isso, maiores doses de venenos devem ser aplicadas.

Mais informações sobre a situação dos trans-gênicos no Brasil e no mundo e sobre a campanha “Brasil ecológico, livre de transgênicos e agro-tóxicos” entre em contato e receba o boletim eletrônico semanal da AS-PTA através do e-mail [email protected] ou dos sites www.aspta.org.br e www.pratoslimpos.org.br

lhar informações que sequer precisam de comprovação.

Contrapor tais afirmações contra o avanço da ciência é a missão do CIB, assim como de outras instituições brasileiras, que realizam o trabalho de co-municação e de esclarecimen-to da população. Para cumprir sua missão, o CIB conta com um grupo multidisciplinar de especialistas, chamados de conselheiros. São profissionais de destaque em suas áreas de atuação e que trabalham em importantes universidades, centros públicos e privados de pesquisa, empresas de consultoria, entre outras. A iniciativa tem como objetivo dar respaldo e credibilidade

para as informações que são divulgadas para diferen-

tes públicos.”

O SIM aos transgênicos

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Originalmente criada com o conceito de sustentável, a marca Naturezza. Os modelos marcam a evolução do primeiro tênis da

linha ECO, hoje eles surgem cheios de estilo, a estampa animalier emprestou sofisticação, a mistura de cores e as ilustrações, levam

descontração aos modelos. Cadarços feitos de algodão, cabedal em Napa Aqua, etiqueta confeccionada em fibra de bambu e ilhós

reciclados de latinhas. Solado em TR flexível com cortiça recuperada, flexível e antiderrapante. www.naturezza.com.br

Os produtos da LolaHome linhas de cama, mesa e banho, têm sido criados para acompanhar o ritmo da moda sustentável. Produzidos a partir da fibra de bambu contam com uma série de vantagens como a capacidade de absorção até quatro vezes maior, que os torna mais frescos no verão e mais quentes no inverno. Previnem a proliferação de bactérias, pois tem função bactericida natural. www.lolahome.com.br

Novidade da grife Green Valley, casa noturna de Camboriu (SC) é um chinelo de folha de bananeira com alças de látex. Resultado de um longo trabalho junto a comunidade de bananicultoras da cidade de Corupá. Ele é feito com fibra de bananeira trançada e a tira deste é feita em latex biodegradavel produzido no Amazonas e no Acre por famílias ribeirinhas com tecnologia desenvolvida pela UNB – Universidade de Brasilia. O desenho e a gestão do projeto são responsabilidade de Celaine Refosco, do Orbitato, um Centro de Estudos, em Arquitetura, Moda e Design super conceituado de Santa Catarina. www.greenvalley.art.br

Camisetas, aventais, bolsas e bonés

promocionais são produzidos pela Art Cor Brasil à partir de

fibra PET. Ao ser tecida, essa fibra resulta em uma

malha confortável e de alta qualidade, 50% algodão e 50%

PET. O produto final é muito resistente e 100% sustentável. O sucesso de materiais ecológicos

é tão grande já planejam o lançamento de uma linha

com mais de 200 produtos voltados para esse mercado.

www.artcorbrasil.com.br

O Valor das Florestas publicação organizada pelos especialistas Marco Antonio

Fujihara, Roberto Cavalcanti, Andre Guimarães e Rubens Garlipp, aborda

a importância e o uso das florestas no mundo e no Brasil, apresentando

oportunidades de se obterem produtos e serviços ambientais a

partir de procedimentos sustentáveis que podem beneficiar toda

a sociedade.

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A Bolsa Ecoprática de transporte da Dog’s Care é perfeita para passear com o cãozinho. Feita de lona de caminhão reciclada, super resistente, serve tanto para transportar o cãozinho de estimação em passeios e viagens, como também se transforma em uma bolsa para a dona, para colocar seus pertences e assim carregar menos peso. www.dogscare.net

Especialista em medicina ecológica, o Dr. Alex Botsaris apresenta ao público brasileiro esse ramo da área de saúde, até agora pouco conhecido por aqui. Em ascensão nos EUA e na Europa, desde que surgiu, em 1994, a medicina ecológica, preconiza que a prática médica não deve agredir a natureza ou mesmo o organismo do indivíduo, mas lançar mão de técnicas alternativas e de conhecimentos milenares para o cuidado da saúde. www.record.com.br

O Cantinho Meigo é uma loja especializada na fabricação de Móveis Rústicos feitos com madeira de demolição. Todas as peças são produzidas com madeira de demolição vindas de casas antigas, derrubadas para serem substituídas por alvenaria. Estas casas têm em geral 150 anos ou mais. www.cantinhomeigo.com.br

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CONSUMO CONSCIENTE

A Tok&Stok acaba de lançar uma linha sustentável feita com ecomateriais. A Palha Café. Os produtos se destacam pela originalidade do design empregado confeccionados em papelão reciclado, derivado de uma Associação de catadores de papel, revestido com palha de café moída, fixada com cola à composta de PVA e finalizado com uma resina protetora à base de água. www.tokstok.com.br

A Tramontina acaba de lançar a linha Eco Friendly. Através do conceito “O mundo é sua casa”, a empresa incentiva seus clientes a cuidar do planeta em cada ação do dia a dia utilizando produtos ecologicamente corretos. A primeira criação da linha é o conjunto de panelas composto por cinco peças com acabamento interno e externo em antiaderente não poluente, produzido com material livre de PFOA. O alumínio e o aço inox do corpo, alças e cabos, assim como o vidro das tampas, são recicláveis. Os produtos são acondicionados em uma caixa de madeira, feita em madeira de reflorestamento que pode ser usada como bandeja ou caixa multiuso. www.tramontina.com

A GOÓC apresenta a primeira linha infantil ecológica do mercado, a GOÓC

GOÓC, composta por sandálias feitas com sola de pneu reciclado, o solado

antiderrapantes é obtido através da mistura de materiais reciclados

com durabilidade e segurança. A novidade surge nas versões

feminina e masculina, com numerações duplas do 25/26 a

31/32. Além de confortáveis elas são modernas.

www.gooc.com.br

Sem vidro, sem rolha, sem cápsula, sem desperdício, mas com qualidade e ecologicamente correto, o Onorabile é o novo vinho fino da Vinícola Wine Park que chega ao mercado sendo o primeiro varietal do país em embalagem cartonada asséptica Tetra Pak. São dois vinhos bi-varietais: o tinto (Cabernet Sauvignon e Merlot) e o branco (Chardonnay e Riesling). www.winepark.com.br www.tetrapak.com.br

A BIC lançou a linha ECOlutions, que reafirma seu compromisso com a sustentabilidade do planeta, pois utiliza reciclagem e fontes menos agressivas ao meio ambiente para produzir os modelos. Caneta é feita de reaproveitamento de embalagens longa vida (pós-consumo) da Tetra Pak, a cola bastão é a única produzida com 100% de plástico reciclado, o lápis fabricado com aparas de embalagens de iogurte (pré-consumo), evitando que o resíduo seja descartado na natureza sem tratamento, e o corretivo ECOlutions à base de água que não tem solventes. http://bicecolutions.com/br/.

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A Bombril agora tem a Linha Ecobril - soluções

sustentáveis para a limpeza doméstica composta por 24 itens que cuidam das

roupas, da casa e do meio ambiente. A outra novidade

é Bom Bril Eco, a lã de aço 1001 utilidades que todo

mundo conhece, agora com a palavra ‘eco’ estampada na

embalagem para enfatizar que o carro-chefe da

companhia é um produto ecológico, originário do

minério de ferro que não agride a natureza.

www.bombril.com.br

O piso permeável e amortecedor de impacto produzido com borracha de pneu reciclado pela Aubicon,

possui bolsas de amortecimento de impacto, é permeável, antiderrapante

e drena a água. Com a grande preocupação com o lixo depositado

na natureza e a longa vida do pneu usado é uma opção para

construções sustentáveis. www.aubicon.com.br

A rede de farmácias de manipulação Officilab lançou uma linha de cosméticos ecologicamente corretos. Composta por creme hidratante, um creme anti-estrias

e uma loção revigorante para grávidas com 100% de segurança, os produtos contem

na sua formulação matérias primas com selo ECOCERT. Todos os produtos são livres de

parabenos, petrolatos, óleos minerais e formol. E produzidos com produtos naturais obtidos

de forma ecologicamente correta. www.officilab.com.br

A Fujiro Ecotêxtil baseada sustentabilidade, se fortaleceu no mercado de brindes têxteis feitos

com malha pet, e prepara-se para um novo desafio; a Fujiro Econcept que surge com uma

coleção criativa de camisetas, ecobags, cases para notebook e outros itens. Todos feitos com

malha de garrafa pet ou malha reciclada. www.fujiro.com.br

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VAREJO SOLIDÁRIO

Por Arielli Secco

Valores ambientais e sociais passam a intermediar relações comerciais e geram oportunidades

para comunidades menos favorecidas

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Sustentabilidade e solidariedade

como estratégia de negócios

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Comércio é uma palavra que remete a lu-cratividade, competição, valores econômicos, e tudo isso implica em consumo, gerindo o sistema capitalista. Durante muito tempo a economia foi sustentada por essa sede, sem mais preocupa-ções. Por ora, nota-se a discussão de um novo modelo, que vem ganhando forças há cerca de dez anos no Brasil. Palavras como justo, solidário e sustentável se incorporaram ao varejo e passaram a ser trabalhadas pelo setor.

A definição para Economia Solidária proposta por Fernanda Nagem, no trabalho Introdução à Economia Solidária, publicado no site do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), sugere este conceito como uma proposta recente: “É um fenômeno social novo, pois possui característi-cas particulares, inerentes ao contexto histórico em que nasceram, mas que é influenciado pelo movimento cooperativista dos séculos XVIII e XIX”. A visão macro de uma economia movida por conceitos mais humanos é resultado do cha-mado Fair Trade, ou Comércio Justo, que volta a atenção do setor comercial para o desenvolvi-mento e a assistência de comunidades e grupos sociais marginalizados através da geração de oportunidades.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), define essa idéia como uma “contribuição para o desenvolvimento sustentável ao proporcionar melhores condições de troca e a garantia dos direitos para produtores e trabalhadores marginalizados. É uma alternativa concreta e viável frente ao sistema tradicional de comércio”. A Fair Trade Labelling Organiza-tions Internacional (FLO), uma organização in-ternacional de certificação, estipula uma série de normas e padrões que gerem essa prática. De acordo com o site fairtrade.net, o objetivo é assegurar os direitos dos produtores, para que os valores recebidos possam cobrir os custos de uma produção sustentável, além da possibilidade do pré-financiamento, parcerias comerciais de longo prazo e maior controle do produtor sobre o processo de negociação.

O portal Solidarium – empresa social voltada para criação, produção e distribuição de produ-tos sociais do Paraná – explica que a primeira loja dedicada ao fair trade surgiu em 1969, na

Holanda. A disseminação por toda Europa foi rápida, mas o fortalecimento desse conceito veio a se formalizar a partir de 1990, com a criação de instituições não-governamentais e de comércio alternativo, como a Federação Internacional de Comércio Alternativo (IFAT) e a própria FLO.

A pretensão dessa corrente é, sobretudo, distribuir de forma equilibrada os lucros do co-mércio internacional. Ainda de acordo com o site da Solidarium, os valores do setor de vendas triplicaram nos últimos vinte anos e os Estados Unidos e a União Européia respondem por 50% do movimento mundial de mercadorias. Nesse período, os quarenta e oito países em estágio menor de desenvolvimento tiveram suas expor-tações reduzidas para 0,4% do total mundial.

Para reverter esse quadro em um processo de inclusão, a interação entre fornecedor, varejista e consumidor, está em um momento de refor-mulação. “O comércio solidário, o comércio justo, são ligados mais a iniciativas que fazem parte do código sustentável, mas também estão muito relacionados a pequenas iniciativas, sejam de fornecedores ou do próprio varejo, oferecendo produtos com um formato diferente, com crité-rios sociais e ambientais”, explica Luiz Macedo, assessor do Programa de Responsabilidade Social e Sustentabilidade no Varejo, desenvolvido desde 2003 pelo Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.

Através de ações que compreendem mobi-lização, capacitação, pesquisas e publicações, o Programa tem a missão de disseminar conheci-mentos sobre essa nova possibilidade de varejo em todo o Brasil. Para a equipe da FGV, os aspec-tos econômicos não têm se mostrado suficientes na sustentação do mercado e novas perspectivas socioambientais demonstram a necessidade de um novo pensamento nessa articulação. “Todos os assuntos sociais e ambientais sempre existi-ram, principalmente depois da década de 50. A grande diferença é que se praticava muito pouco nas empresas. As indústrias, principalmente, começaram a inserir processos para reduzir seu impacto no meio ambiente, mas no varejo isso começou a avançar a partir de 2002, quando o assunto chegou ao consumidor”, relata o assessor do Programa. VI

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“Os trabalhadores ganham, a rede varejista ganha

e o consumidor passa a fazer da

sua compra uma prática capaz

de transformar milhares de vidas”

Tiago Dalvi, diretor-executivo da Solidarium

ONSUMIDOR SELETIVO Há cerca de dez anos, os

setores envolvidos com o va-rejo perceberam mudanças na perspectiva de consumo do seu público-alvo. Luiz Macedo cita esse reflexo como motivador de muitas iniciativas de grupos varejistas. As pessoas passaram a se interessar e a procurar mer-cadorias alternativas nas prate-leiras do comércio, com selos ambientais, com peso social, ou mesmo opções na finalização da compra, na questão da ex-tinção das sacolas plásticas. Foi um processo de sensibilização do consumidor que ocasionou uma procura cada vez maior por esse tipo de produto.

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Pequenos, médios e grandes varejistas pas-saram, então, a se envolver mais com a socie-dade, procurando essa demanda em projetos sociais, pequenas comunidades e cooperativas. “A partir de um segundo momento, tivemos um movimento muito grande, também, na questão de voltar aos velhos hábitos, deixar de utilizar as sacolas plásticas. Tem até pequenas redes de supermercado que hoje não utilizam mais esse elemento e optaram por sacolas biodegradáveis ou outra solução”, completa. São alternativas que valorizam a imagem institucional, fidelizam o consumidor, garantem acesso a novos mercados e reduzem custos.

O varejista precisa perceber essa nova possi-bilidade e, segundo Luiz, em algumas regiões do Brasil, ainda existem dificuldades que impedem a introdução de conceitos socioambientais nesse segmento. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e a região Sul são destaque no Programa de Va-rejo Sustentável da FGV, mas as demais regiões deixam a desejar nesse sentido. “A gente tem muita dificuldade de acessar ainda empresas do Centro-Oeste, do Nordeste, do Norte, que é um espaço mais difícil. Acreditamos que no Norte os aspectos ambientais estão muito atrelados à cultura, à própria tradição nas suas regiões por causa da Amazônia, dos problemas de desmata-mento”, opina Luiz.

O Programa realiza palestras, seminários, cur-sos e promove um Prêmio de Responsabilidade Social e Sustentabilidade no Varejo. Realizado a cada dois anos e partindo para a 5ª edição em 2010, o evento já conta com o cadastro de mais de quatrocentas mobilizações em todo o país no portal da organização. “Essas práticas estão em estágios extremamente diferenciados, desde ações pontuais e pequenos comércios varejistas até grandes projetos”, descreve Luiz.

INICIATIVAS A Economia Solidária provoca um redireciona-

mento da postura comercial, atentando os olhares para aspectos como inclusão social e erradicação da pobreza. Isso passa a existir por envolver produ-ções em menor escala, muitas vezes provenientes de comunidades socialmente excluídas. A primeira grande rede varejista a aplicar os conceitos de fair

trade foi o grupo Pão de Açúcar, com o programa Caras do Brasil. Desde 2002, as lojas disponibilizam produtos de manejo sustentável provenientes de comunidades menos favorecidas, promovendo o desenvolvimento econômico dessas populações e estimulando o consumo consciente do seu públi-co. São mais de cento e setenta itens de artesanato, alimentos, decoração etc., distribuídos em mais de cinqüenta e três lojas da rede.

A rede Walmart também inovou, mas na inter-net. Em parceria com a Solidarium, a loja virtual agregou uma nova categoria de produtos a partir de junho deste ano: o “E-Commerce Solidário”. Em comunicado à imprensa, Flávio Dias, diretor de e-commerce da Walmart Brasil, falou sobre a relevância dessa ação como estratégia de negócio. “Esse é um importante passo para nos tornarmos o primeiro comércio eletrônico do varejo a abraçar as causas sociais e ambientais. Com a nossa base de clientes, otimizamos também a capacidade de otimização do canal. Ou seja, além de atrairmos novos clientes, que passam a conhecer o que te-mos no site, ainda cumprimos o papel de oferecer ao consumidor uma escolha sustentável”.

A linha “E-Solidário”, atualmente, é constituída por cerca de cem itens. De acordo com a Walmart, treze empreendimentos dos estados do Paraná, São Paulo, Maranhão e Minas Gerais serão con-templados, contabilizando cento e cinqüenta trabalhadores que ampliarão suas rendas e a de-manda da produção. Entre os critérios exigidos para a seleção desses fornecedores, estão pontos como transparência e igualdade. São avaliados os processos de remuneração dos funcionários (que deve prezar pela indiferença de raças e gê-neros, além de proporcionar um bom ambiente de trabalho e a abolição do trabalho infantil) e a priorização de atitudes que respeitem o meio am-biente (utilização de matéria-prima sustentável e práticas que beneficiem a natureza). “Acreditamos que é possível transformar as relações comerciais a partir de acordos pautados nos princípios do comércio justo e que promovam a participação de pequenos produtores localizados em regiões de baixa renda”, opina Tiago Dalvi, diretor-executivo e co-fundador da empresa social Solidarium. Com a parceria, todos os produtores recebem metade do pagamento no ato das encomendas. “Os trabalha-

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dores ganham, a rede varejista ganha e o consumidor passa a fazer da sua compra uma prática capaz de transformar milhares de vidas”, esclarece.

A característica de consti-tuir vantagens do produtor ao consumidor tem favorecido esta prática comercial. “Nesse senti-do, quando uma rede varejista abre suas portas para produtos de Comércio Justo, ela não está fazendo filantropia, mas sim ne-gócio: é sustentável economica-mente e faz sentido no médio e longo prazo”, conclui Tiago.

“Todos os assuntos sociais

e ambientais sempre existiram,

principalmente depois da década

de 50. A grande diferença é que

se praticava muito pouco nas

empresas”

Luiz Macedo, assessor do Programa de

Responsabilidade Social e Sustentabilidade no

Varejo da FGV

Referências:www.solidarium.com.brwww.fbes.org.brwww.fairtrade.netwww.varejosustentavel.com.br

Links relacionados:www.carasdobrasil.com.brwww.walmart.com.br

VAREJO SOLIDÁRIO

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ECO ESTILO

Por Arielli Secco

Garantir a preservação dos ecossistemas e paisagens para as atividades futuras pode ser tão valioso

quanto alcançar o pico de uma montanha

A MAIS ALTA CONQUISTA

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Para civilizações passadas, as montanhas eram cenários de histórias mirabolantes, principalmente para a civilização ocidental regida pelo teocentrismo. Guardavam lendas de monstros, alienígenas, dragões e vários mistérios. Esse pensamento acabava afastando a possibilidade de expedições e aproximação dos humanos; acredita-se ser essa a razão da inexistência de qualquer indício da escalada de montanhas até o final da Idade Média.

O marco inicial do montanhismo é de Antoine de Ville, em 1492. O engenheiro do exército francês, sob as ordens do rei Carlos VIII, escalou rochas em um penhasco de mais de dois mil metros de altura, o Mont Aiguille. A Cordilheira dos Alpes se tornou, então, o berço dessa prática. Outras conquistas alpinas vieram somente dois séculos depois. O início do montanhismo moderno, de acordo com o portal Alta Montanha, foi marcada pela chegada no cume do Mont Blanc, também nos Alpes Franceses. Os aventureiros da mais alta montanha da Europa Ocidental foram Jacques Balmat e Michel Paccard, em 1786. A partir daí, começaram a surgir montanhis-tas com ferramentas agrícolas improvisadas para prática do alpinismo e o esporte passou a se difundir.

Mais de duzentos anos depois, certamen-te não há tantos pontos inexplorados e as finalidades desse esporte se ampliaram. Con-templar montanhas e paisagens faz parte dos objetivos de quem se aventura, entretanto, fez-se necessário também o monitoramento constante desses locais. Muitos montanhistas se preocupam em zelar pela preservação e assumem um Eco Estilo fundamental para a natureza e para a continuidade do esporte.

O montanhismo se resume a subir monta-nhas através de caminhadas e/ou escaladas. As empreitadas podem durar uma tarde ou até meses de expedição. Tudo depende do espírito aventureiro e da experiência de cada praticante. É importante nunca estar sozinho, munir-se de equipamentos básicos como lan-terna, rádio comunicador, kit de primeiros socorros, canivete ou faca, alimentos, água e vestir roupas confortáveis e vedadas, como calças, botas e blusas de manga comprida. Depois dessa checagem, tudo o que precisa ser feito é subir, subir e subir para conhecer pontos de vista diferentes daqueles a que estamos habituados aqui embaixo.

NO PARANÁA altitude nomeou um grupo de amigos

que se uniram por incentivo das montanhas em Curitiba (PR). A associação Nas Nuvens Montanhismo (NNM), criada em 2005, é filia-da e atuante junto à Federação Paranaense de Montanhismo. O grupo é pequeno, conta com sete integrantes e articula trabalhos ambientais e sociais no trecho da Serra do Mar. Alisson Cotrim Wosniak, 27 anos, é administrador de empresas e atual vice-presidente do NNM. Ele foi convidado a participar da idéia e compor o quadro de colaboradores antes mesmo da fundação, no final de 2004. “Gosto de chamar de Família nas Nuvens”, diz. “Conhecemo-nos muito bem e encaramos situações que au-mentaram ainda mais nossa união. Tenho um carinho especial por todos e continuamos a colecionar histórias”.

Alisson não tem dúvidas de que esse sen-timento veio de um trabalho sério, executado em conjunto. As palavras-chave são humildade, comprometimento e companheirismo. O inte-resse pelo esporte vem desde a infância. Desde criança, adorava brincar no jardim de casa, inventava acampamentos, subia em árvores e se metia até em tubulações de esgoto – o que, segundo ele relata entre risos, resultava em muitas broncas de sua mãe. Gostava de vislumbrar a Serra do Mar de cima do telhado e não parou mais depois de subir uma montanha pela primeira vez. “Com autorização dos meus pais, fui passar um domingo com um grupo de amigos no morro do Anhangava (Serra da Baitaca). Adorei o contato com a natureza e o start foi dado ao montanhismo”, relata Alisson. Hoje, o administrador tem a atividade como uma válvula de escape para “não explodir no dia-a-dia”. Ele diz que o esporte acaba deixan-do-o fisicamente cansado, mas mentalmen-te renovado. “As pessoas devem se dedicar a alguma atividade física, independente do montanhismo ou outro esporte, para ficarem de bem com a vida”, aconselha.

EM SÃO PAULOEm um dos estados vizinhos ao Paraná está

a sede do Clube Alpino Paulista (CAP) – mais es-pecificamente na cidade de São Paulo, no bairro Vila Mariana –, atuante desde 1959. São mais de cinqüenta anos de história e dedicação ao montanhismo. O CAP foi fundado por Domingos Giobbi com o objetivo de formar escaladores

para ambientes de neve, gelo e alta montanha, inspirado no conceito de clube alpino, com uma visão romântica do alpinis-mo. “Enquanto as atividades de montanha estavam restritas aos frequentadores tradicionais, o Clube e outras instituições ti-nham como preocupações fun-damentais a formação de novos montanhistas e a manutenção da cultura dos clubes, que já incluíam a preocupação com o mínimo impacto e respeito pelo meio ambiente”, destaca Sergio Robles, 50 anos, enge-nheiro mecânico e Conselheiro do CAP. Sérgio está no Clube desde 1997, quando se tornou montanhista depois de fazer um curso básico na instituição.

O engenheiro lembra que o interesse pelas atividades em ambientes naturais vem desde pequeno. Hoje, a melhor expe-riência que o montanhismo o propicia é a conjunção entre natureza e amigos. “O contato mais estreito com as monta-nhas e com o continente An-tártico me ajudou a apreender a complexidade e a fragilidade dos ecossistemas e quanto o ser humano interfere nisso – mais de forma negativa do que positiva – com suas ativi-dades cotidianas”, descreve. Os desafios para se chegar a essa interação transpassam o meio físico. Para Sergio, a primeira etapa é lidar com os limites do seu corpo e saber quais são suas habilidades para alcançar o topo e retornar em seguran-ça. A segunda etapa envolve o psicológico: “você agüenta o estresse gerado pela exposição aos elementos (chuva, vento, frio etc.) e à falta de conforto por longos períodos? Como lidar com o grupo e com cada companheiro de escalada?”, especifica. São aprendizados

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que perpassam o convívio social, pela expo-sição dos praticantes a condições extremas, que envolvem conceitos como tolerância, so-lidariedade e respeito.

E NO BRASILCom o desenvolvimento das atividades co-

merciais e do chamado turismo de aventura, o montanhismo e outros esportes relacionados ao meio ambiente têm sido amplamente difundidos. No CAP - que já conta com mais de cinqüenta anos de atuação - os projetos, por ora, se voltam ao objetivo de fortalecer a representação dos montanhistas como organização civil responsável e ativa nas decisões sobre a visitação de parques e o uso dos espaços naturais. “A preocupação dos clubes passou a ser a divulgação de práticas de mínimo impacto e a oposição à mercantiliza-ção dos parques, principalmente defendendo o ir e vir de montanhistas sem a necessidade de contratação de guias”, esclarece Sergio. Para

o engenheiro, o conhecimento e o domínio de técnicas de um montanhista é mais específico e eficiente do que de um guia de turismo.

As paisagens oferecem momentos agradá-veis a quem se dispõe à prática do montanhis-mo. Observar tudo “lá de cima”, estar perto de nascentes, vegetação nativa, animais e respirar ar puro são alguns dos prazeres proporciona-dos pela natureza. Por isso, junto à vontade de realizar essas atividades, é necessário manter uma postura ética e zelar pelas belezas natu-rais. Os problemas e agressões mais frequen-tes, de acordo com Alisson (NNM), podem ser facilmente combatidos com a conscientização ambiental e a fiscalização de quem percorre os caminhos entre as montanhas. “Encontramos muito lixo pelas trilhas, indícios de extração de palmito, fogueiras, acampamentos irregulares, desmatamentos, abertura de trilhas, soltura de balões que podem gerar incêndios de grandes proporções”, descreve. Em combate a isso, tanto

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o NNM quanto o CAP desem-penham ações de prevenção. “Não existiria montanhismo sem montanha e sem todos os ecossistemas envolvidos. É do nosso interesse preservar a fauna e a flora dessas regiões”, ressalta Alisson.

As duas instituições citadas nessa reportagem participam do Programa Adote uma Mon-tanha (PAM), da Confederação Brasileira de Escalada e Mon-tanhismo (CBEM). A iniciativa nasceu como um projeto da Federação de Montanhismo do Estado de São Paulo (FEMESP) em 2002, declarado Ano Inter-nacional das Montanhas pela Organização das Nações Uni-das. Hoje, ganhou proporção

Expedição em Alpamayo, pico da Cordilheira dos Andes localizado no Peru

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Campo alto do Alpamayo, que tem quase seis mil metros de altitude e uma peculiar forma de pirâmide

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Escalada no Jaraguá na década de 1960

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Reunião para discussão do Plano de Manejo

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nacional e é o maior programa voluntário do país de proteção às áreas montanhosas brasileiras, de acordo com o site da CBEM. Entre os objetivos, o programa pretende incentivar os grupos forma-lizados a gerirem atividades de manutenção das montanhas, tais como recuperação e manejo de trilhas, remoção de lixo, recuperação de áreas degradadas, conscientização de visitantes e moradores locais sobre a importância desses ambientes etc.

O grupo Nas Nuvens Montanhismo adotou o Morro do Itapiroca – a quinta montanha mais alta da região Sul do Brasil –, na Serra do Ibitira-quiri (PR). “Percebemos que o local precisava de cuidados, pois o grande número de visitações formava trilhas secundárias, acúmulo de lixo e até pichações”. O NNM recruta voluntários, nem sempre montanhistas ou associados, a partir de uma ficha de cadastro disponível no site da associação. Qualquer pessoa interessada pode se inscrever e aguardar a convocação

para os mutirões. Os resultados das ações são animadores. Segundo Alisson, o grupo já re-alizou o plantio de mais de trezentas mudas de árvores, além da aquisição de uma área de vinte mil metros quadrados na região que dá acesso às montanhas do Pico do Paraná, e agora planeja a implantação de uma sede campestre, que será utilizada como base de apoio para os trabalhos do NNM.

Em São Paulo, a montanha adotada pelo CAP foi a do Parque Estadual do Jaraguá, que, antes mesmo de ser decretado como parque, já tinha um significado histórico para o Clube. A mon-tanha faz parte do surgimento da organização e foi lá que o fundador Domingos Giobbi (que ainda participa das atividades do CAP) ministrou os primeiros treinamentos e trouxe nomes do alpinismo mundial para escaladas. A adoção resultou no projeto Tá Limpo, Jaraguá (TLJ), com a finalidade de gerir recursos para conservação e recuperação do pico. O conselheiro Sergio conta

que, após o decreto que tornou a região um parque estadual, o local permaneceu fechado e o TLJ lutou pela reabertura das áreas, obtida de forma parcial em fevereiro de 2009. “Atual-mente, o CAP/TLJ participa do Conselho Consultivo do Parque Estadual do Jaraguá, que passa por um período de definição do Plano de Manejo. Temos participado ativamente desta discussão, pressionando pela recuperação dos Campos e Trilhas para os montanhistas”, explica Sergio. Qualquer pessoa pode ingressar nos mutirões e atividades promovidas pelo TLJ entrando em contato pelo e-mail [email protected] ou efetuando cadastro no site.

Dica dos entrevistados: Para saber mais sobre práticas sustentáveis e de mínimo impacto em ambientes naturais, acesse o site Pega Leve!, uma campanha do Centro Excursionista Universitário: www.pegaleve.org.br.

Ações socioambientais do grupo Nas Nuvens Montanhismo

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Links interessantes:www.altamontanha.com.brwww.cbme.org.brwww.cap.com.brwww.nasnuvensmontanhismo.com.br

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VISÃO TRABALHISTA

Juan Quirós

Apagão profissional

A complexa construção de uma plataforma petrolífera em águas profundas, com capaci-dade para produzir 180 mil barris de petróleo e comprimir dois milhões de metros cúbicos de gás por dia, demora três anos; as obras da Rodovia Transoceânica, fabulosa estrada de 2,6 mil quilômetros ao longo da Floresta Amazônica e dos Andes, que ligará o Brasil ao Oceano Pacífico, devendo ser concluída em 2011, realizam-se em menos de cinco anos; e se gastam apenas três para a edificação de moderna arena esportiva e multiuso, para cerca de 50 mil pessoas e adequada aos mais exigentes padrões da Fifa.

Os três exemplos, pertinentes a grandes projetos de engenharia a serem executados no Brasil, considerando a exploração das reservas de petróleo da camada pré-sal, a solução da deficiência dos transportes e a demanda de estádios para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016, evidenciam que, havendo recursos para investimentos, pode-se resgatar em curto prazo o gargalo nacional da infra-estrutura. Contudo, exatamente agora que há financiamento disponível e concretas oportu-nidades, o País esbarra num grave obstáculo: a falta de profissionais especializados.

No tocante às construções, a maior carência é de engenheiros. Sua formação, entretanto, exige tempo muito maior do que o da realiza-ção das mais sofisticadas e desafiadoras obras. Contando apenas o Ensino Fundamental e o Médio, são 12 anos de educação básica e, depois, mais cinco na universidade, totalizan-do 17. Há que se considerar, ainda, o tempo necessário para que o formando adquira um mínimo de experiência profissional.

Por conta desse descompasso na escola-ridade, um velho e gravíssimo problema do Brasil, estima-se que já faltem mais de 20 mil engenheiros para trabalhar em todo o País e se

observa excessiva valorização salarial. Enge-nheiros recém-formados que quiserem atuar na área de petróleo e gás, por exemplo, podem conseguir salários iguais ou superiores a sete mil reais.

O Brasil forma cerca de 30 mil engenheiros por ano (para uma população de 190 milhões de pessoas), ante 80 mil na Coreia do Sul (com apenas 48,3 milhões de habitantes). Na Rússia, são 190 mil bacharéis, na Índia, 250 mil e na China, 400 mil. Aqui, temos seis engenheiros para mil pessoas economicamente ativas. Nos Estados Unidos e no Japão, a proporção é de 25 profissionais para mil.

De cem alunos que se formam em nossas universidades, apenas oito graduam-se em algum ramo de Engenharia. Na Coreia do Sul, são 20 em cada 100 formandos e na França, a relação é de 15 para 100. Obviamente, tais proporções não dependem somente da aptidão profissional e da escolha dos jovens, mas também da disponibilidade de vagas no Ensino Superior.

Depois do colapso de energia em 2001 e da constante ameaça representada pela deficiência dos transportes, um ver-dadeiro “apagão” profissional apresenta-se como novo obstáculo ao desenvolvimento brasileiro. Solucioná-lo é crucial para vencermos a precarieda-de da infraestrutura, fa-tor condicionante para a prosperidade socio-econômica. Portanto, estamos pagando um duro preço pela ne-gligência com que o ensino sempre foi tratado no País!

JUAN QUIRÓS é presidente do Grupo Advento e vice da

FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da

ABDIB (Associação Brasileira da

Infraestrutura e Indústrias de Base).

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Pré-Sal, Copa do Mundo de 2014, Olimpíadas 2016. O Brasil esbarra num grande obstáculo: a falta de profissionais especializados

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COLETA SELETIVA

Por Cristina Braga

A coleta seletiva de lixo envolve a ação da reciclagem, ou seja, separar, triar e destiná-lo a um local apropriado, tanto do cidadão quanto da sociedade em geral. Também engloba etapas como planejar, implantar e manter o hábito com empenho.

Em São Paulo, ONGs e associações públicas e privadas se organizaram para receber catadores e material para reciclar o lixo. O poder público, no caso a prefeitura, avisa ao munícipe ou empresa que deseja encaminhar os resíduos seletivos para a destinação correta que, em primeiro lu-gar, deve consultar se sua via é contemplada pelo Programa. Caso seja, ele deve se dispor do material reciclável com até duas horas de ante-cedência à passagem do caminhão. O material não precisa ser separado, pois isso é feito pelas Centrais de Triagem.

Se a via não for contemplada, o munícipe ou a empresa podem entrar em contato com a

cooperativa mais próxima e verificar se o local pode ser incluído na rota de coleta. Vale ressaltar que os condomínios também podem participar solicitando a coleta às concessionárias Loga (Lo-gística Ambiental de São Paulo S. A.) e EcoUrbis (EcoUrbis Ambiental S.A.) que instalam contêi-neres no prédio, ou por meio das cooperativas. Há cerca de 1.870 condomínios residenciais ca-dastrados no programa.

Segundo a assessoria de imprensa da secre-taria municipal de serviços, “o programa recolhe, em média, 120 toneladas de materiais passíveis de serem reciclados por dia. Esse valor representa cerca de 7% do total passível de ser reciclado. Lembrando que a cidade produz 10 mil toneladas diárias de resíduos domiciliares, dos quais 60% são orgânicos, 20% não passíveis (contaminados) e 20% passíveis de reciclagem”. A meta da pre-feitura é implantar mais seis Centrais de Triagem até o fim do ano. Nas centrais, os catadores triam, separam e vendem os detritos para as empresas de reciclagem.

Aos poucos, a consciência do ciclo recicla-gem/coleta está mudando. Até bem pouco tem-po, muitas pessoas jogavam o óleo de cozinha nos ralos de casa, obstruindo as tubulações. Ape-nas para se ter uma ideia do potencial poluidor deste resíduo, um litro de óleo de fritura contami-na 20 mil litros de água e ainda gera gás metano, 21 vezes mais nocivo à camada de azônio do

Depois de separado, o que fazer com o lixo? Muita gente não sabe nem por onde começar

Quero reciclar, mas não consigo

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que o carbono. A Associação Brasileira para a Sensibilização, Coleta e Reciclagem de Resídu-os de Óleo (Ecóleo), fundada em 2009, faz a coleta de aproxima-damente 1,7 milhão de litro de óleo vegetal por mês, deixando de poluir mais de 27 milhões de litros de água potável e ge-rando 160 postos de trabalho no Estado. Segundo Levi Torres, coordenador da entidade, há ecopontos espalhados em 55 cidades no Estado de São Paulo. Na região metropolitana, há um a cada dois quilômetros.

O consumo per capita do óleo capital fica em torno de 20l/ano, o que resulta uma pro-dução de três bilhões/litros de óleo por ano/país. Levando em consideração o montante cole-tado de óleos vegetais usados no Brasil, temos menos de 1,7% do total produzido, ou seja, seis milhões e meio de litros de óleo usado. O óleo vegetal usado é a maior receita de cooperativas e pequenas empresas que atuam nessa área. “Se reciclássemos

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ao menos 5% do que é produzido, poderíamos gerar mais de 10 mil postos de trabalho apenas com o resíduo”, afirma Torres. Para ele, “a coleta seletiva em São Paulo é tão reduzida que passa ao largo das necessidades de empresas recep-toras do material. Não há políticas nem projetos para o setor”, enfatiza. “A Reciclagem de óleo de cozinha mais precisamente é muito importante para a redução de gases efeito estufa, palavra tão presente em nosso cotidiano”.

Um outro resíduo de difícil descarte e de menor valor se comparado a papel, ferro, plástico e alumínio, além de ser de difícil manuseio, é o vidro. Para Juliana Schunck, diretora da Mass-fix, empresa referência no ramo de reciclagem de vidros, “grande parte do vidro reciclado no País é proveniente de resíduo industrial e não doméstico ou consumidores finais. Para que este resíduo seja enfim reciclado é necessário a implantação de políticas de coletas seletivas e educação ambiental”.

Ela completa ainda que, atualmente, há uma quantidade grande de vidro sendo destinada ao lixo comum devido à falta de informação sobre sua reciclabilidade e à desobrigação de sua destinação.

UMA BÚSSOLA PARA ORIENTARQuem está perdido e não sabe como descar-

tar o seu material, pode usar a internet para se orientar. Existe uma ferramenta que norteia o consumidor a encontrar locais para a destinação

correta dos materiais recicláveis produzidos dia-riamente em suas residências. O buscador ‘Rota da Reciclagem’ facilita a localização de pontos de entrega de materiais recicláveis em diversas cidades do País, vasculhando detalhadamente as regiões ao redor do endereço pesquisado. “Temos mais de 1600 pontos indicados no site entre cooperativas, pontos de entrega voluntária e empresas de comércio de materiais recicláveis”, garante Fernando Von Zuben, diretor executivo de Meio Ambiente da Tetra Pak.

A parte mais acessada é a ferramenta de buscas pelas iniciativas cadastradas, com uma média de oito mil visitas por mês. Por meio da ferramenta de georreferenciamento do Google Maps, adaptada para a Rota da Reciclagem, o internauta pode encontrar o ponto mais próxi-mo à sua casa e assim destinar os seus materiais recicláveis, incluindo as embalagens da Tetra Pak, para serem reciclados.

Segundo Von Zuben, muitas pessoas não aderiram à coleta seletiva porque, em primei-ro lugar, “falta a informação da população em como deve ser feita e é simples a separação do lixo: entre materiais secos e úmidos ou re-cicláveis e não recicláveis. Além disso, ainda falta infraestrutura de coleta seletiva porta a porta de uma forma regular. No entanto, com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos essas questões devem se resolver nos próximos anos”, explica.

Outro ponto relevante na coleta é que, além de ajudar na preservação do meio ambiente e de abrir postos de trabalho, a separação dos resíduos também diminui os custos dos aterros para os municípios e estimula a criação de cen- VI

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“Temos mais de 1600 pontos

indicados no site entre

cooperativas, pontos de

entrega voluntária e empresas

de comércio de materiais

recicláveis”

Fernando Von Zuben, diretor executivo de Meio Ambiente

da Tetra Pak

tenas de empresas recicladoras de pequena e média escala.

Com os avanços tecnológi-cos, o perfil do lixo urbano vem sofrendo alterações do ponto de vista qualitativo e quantita-tivo. Dentre eles destacam-se no ambiente urbano lâmpa-das, produtos eletroeletrônicos (eletrodomésticos, telefones celulares, computadores, im-pressoras, fotocopiadoras, etc), pilhas e bateriais. No site da Associação Compromisso Em-

Fernando Von Zuben, diretor executivo de Meio Ambiente da Tetra Pak

Acesso pela internet: Rota da Reciclagem de embalagens longa vida

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presarial para Reciclagem (Cempre), há uma lista de locais que recebem esses produtos.

A organização não governamental Greenpe-ace estima que de 20 a 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico são geradas no mundo a cada ano. Dentro da esfera pública, a Universidade de São Paulo (USP), criou um centro de descarte e reciclagem de lixo eletrônico, como computado-res, impressoras e outros equipamentos de rede. Desde abril, o local está aberto à comunidade que só precisa telefonar para o serviço, onde será aberto um chamado, e levar o material até a universidade. De janeiro a julho, já foram arreca-dadas 61 toneladas de equipamentos. “A ideia é o reúso dos equipamentos que são emprestados a entidades sociais”, comenta Neuci Bicov, gestora ambiental do Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (CEDIR) da USP.

Pioneiro no lançamento de sacolas retornáveis no varejo brasileiro, o Pão de Açúcar, desde 2001, já arrecadou mais de 36 mil toneladas de mate-riais recicláveis (papéis, metais, vidros, plásticos e óleo de cozinha). Só em 2010, 197 estações de reciclagem Pão de Açúcar Unilever arrecadaram quatro mil toneladas de janeiro a junho, em 31 municípios brasileiros. A média de arrecadação, por mês, de cada estação é de 600 toneladas. No supermercado que possui a estação, o consumidor sabe que pode depositar o material coletado.

Voltada para a coleta e destinação de pneus inservíveis (aqueles que não têm mais condições de serem utilizados para circulação ou reforma), a Reciclanip já conta com 463 pontos de coleta pelo Brasil. Em cada um desses locais, a entidade recolhe e transporta os pneus até as empresas de trituração ou de reaproveitamento. Fundada em 2007, ela cuida exclusivamente das ações de coleta e reciclagem e fortalece essas iniciativas que já eram realizadas desde 1999 pelo Programa Na-cional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis implantado pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). O programa é desenvol-vido por meio de parcerias, na maioria dos casos com prefeituras, que cedem um terreno dentro de normas específicas de segurança e higiene. Esse local é usado para recolher e armazenar o material vindo de origens diversas, como borracharias, revendedoras e dos próprios cidadãos.

As destinações realizadas pela Reciclanip são reconhecidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Após o pneu ser coletado e passar pela trituração, ele é reaproveitado de diversas formas, como combustível alternativo para as indústrias de cimento ou para combustível de caldeiras, na fabricação de asfalto borracha ou ecológico, solados de sapato, em borrachas de vedação, dutos pluviais, pisos para quadras po-

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A coleta seletiva aparece como

uma solução ao formar uma

nova consciência ambiental e

educativa na comunidade

COLETA SELETIVA

liesportivas, pisos industriais e tapetes para automóveis.

A coleta seletiva aparece como uma solução ao formar uma nova consciência ambien-tal e educativa na comunidade. Ainda com muitos problemas a serem sanados e com uma infra-estrutura deficiente, a coleta se-letiva vai ganhando terreno em prol da sustentabilidade. Agora, não há como recuar. A socieda-de vota pelo meio ambiente e vai atrás de reduzir o impacto do lixo que produz.

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VISÃO CONTÁBIL

Marco Zanini

SPED leva as empresas ao caminho da sustentabilidade

TI verde não é mais novidade. Poucas em-presas tem conseguido implementar soluções efetivas nesse sentido. Mas uma iniciativa da Secretaria da Fazenda, o projeto SPED, que tem como objetivo diminuir fraudes e tornar mais transparente o envio de informações ao Fisco, tem conseguido resultados expressivos: desde 2006, 254 mil empresas já substituíram as notas fiscais em papel pela versão eletrônica, o que significa redução estimada de mais de 26 bilhões de toneladas de papel.

Desde que surgiu, esse projeto foi mais visto como obrigação do que benefício pelas compa-nhias. Mas facilitou a rotina das áreas contábeis, comerciais e até financeiras melhorando o relacio-namento entre empresas e governo. Em paralelo, tornou o setor mais ético e competitivo, pois quem fraudava agora será realmente punido pela má prática correndo o risco de ficar fora do mercado, e de um modo geral as empresas passaram a atuar de igual para igual, pois a nota fiscal eletrônica pa-dronizou a área fiscal de todas, dando-lhes chances de crescer ainda mais em seus segmentos.

Em outra vertical dos benefícios, o SPED deu fim aos arquivos mortos que há décadas as empresas precisavam manter para guardar suas notas fiscais. Estudos apontam que para cada árvore cortada, o mercado recebe 12 mil folhas de papel. Se calcularmos que uma empresa emite 200 notas fiscais por mês, e multiplicarmos por cinco, que é o número de vias necessárias, serão 1000 folhas de papel circulando mensalmente. Esse mesmo número, se contabilizado por um ano, gera em torno de 12 mil folhas, ou seja, apenas uma empresa, no período de um ano, deixa de derrubar uma árvore.

Dados do Ministério da Fazenda, levantados ainda em 2006 quando o SPED dava os primeiros passos, demonstram quanto o Brasil está sendo

beneficiado por essa iniciativa. Somente o Estado de São Paulo tinha na época 3,6 bilhões de notas fiscais armazenadas. Para termos uma idéia do que esse número representa, podemos comparar essa quantidade com 26 mil estádios de futebol cobertos de papel. Este volume é o suficiente também para cobrir 40 vezes o Monte Everest ou para dar 47 voltas ao redor do mundo.

Há muito venho falando também da ajuda que o SPED deu aos contadores. Segundo os sindicatos da classe contabilista, o Brasil tem 400 mil contadores e cerca de 70 mil escritórios contábeis. Os profissionais dessa área tiveram o Livro Diário e o Livro Razão substituídos por arquivos digitais, dessa forma reduziram os custos e também eliminaram a utilização de papel.

Outro aspecto importante é que com a evo-lução das companhias para esse modelo, não basta apenas emitir a nota fiscal eletrônica, ter uma estrutura de armazenamento de dados é essencial. Vemos que as empresas estão avan-çando em busca de soluções de virtualização, segurança, storage e backup, tudo para manter seus dados atualizados, seguros e com o menor impacto ambiental possível.

A obrigatoriedade segue no Brasil e até o final deste ano, segundo a Secretaria da Fazen-da (SEFAZ), cerca de um milhão de empresas precisam começar a emitir nota fiscal eletrônica. Independente do número de árvores que isso possa representar, trata-se de uma prática de TI, disponível para todas as empresas.

Agora é necessário um olhar especial para dentro de casa, verificar o quanto sua empresa já avançou no modelo e o quanto ainda pode avançar. Se ainda não implementou, não espere a obrigatoriedade chegar. Se implementou, é hora de começar a contar quantas árvores sua empresa já salvou.

MARCO ZANINI é presidente da NFe do Brasil

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Esse projeto facilitou a rotina das áreas contábeis, comerciais e até financeiras melhorando o relacionamento entre empresas e governo

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EcoSoftware Sistema de Administração

de ResíduosAumente o lucro diminuindo as perdas

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Essa inovadora ferramenta, já amplamente testada e utilizada em grandes indústrias da América Latina, permite o gerenciamento

eficaz dos resíduos produzidos na operação de sua empresa. Desenvolvido especialmente para as áreas de Mineração

e Petróleo, Indústria e Hospitais, o SAR simplifica o gerenciamento de resíduos, disponibilizando

informações precisas em tempo real. Por meio da Internet, o sistema reúne e centraliza todos os dados

da empresa e de suas subsidiárias, permitindo que eles sejam acessados de qualquer computador conectado à rede mundial. Toda a informação é apresentada de forma consolidada, através

de relatórios customizáveis desenvolvidos por profissionais experientes e atuantes. O sistema possui ainda interface para

exportar esses dados para sua planilha eletrônica. Resíduos em excesso significam desperdício de matérias-primas

ou insumos. O SAR permite que se conheça de forma direta a quantidade de resíduos produzida em cada etapa da produção,

identificando, assim, os processos pouco eficientes. Essa poderosa ferramenta possibilita ainda a emissão dos formulários

necessários para o correto transporte de resíduos perigosos.Evite problemas com a fiscalização dos órgãos ambientais.

Com o SAR, todo o histórico do resíduo, desde sua produção até a correta destinação final, estará acessível em segundos!

Mapear a geração de resíduos em cada etapa do processo produtivo é fundamental para a implantação das normas de certificação

ISO 14000. Nesse sentido, o SAR é um forte aliado de sua empresa, pois, organizando as informações segundo

as melhores práticas do mercado, permite uma redução drástica nos custos de certificação.

Disponível em português, espanhol, inglês e japonês.A NR Ambiental oferece também todo o treinamento necessário

para a efetiva implantação do sistema em sua empresa.Agende uma demonstração sem compromisso e faça parte

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SANEAMENTO

Por Maria de Lourenzo

A polêmica continua, sem prazo para terminar. De um lado, a aposta na regulação em esfera federal

dos serviços. Do outro, concessionárias privadas defendem a autonomia na gestão

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Quem é dono da torneira?

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Problemas não faltam nas questões de sa-neamento básico no país. Alguns deles chegam, literalmente, a obstruir redes inteiras de esgoto, fazem estragos que afetam diretamente a popu-lação, chegando até a impedir que cheguem a pequenos municípios. Falta vontade política para mudar situações crônicas, falta vontade para abrir o canal de diálogo entre o público e o privado – e fazer valer, acima de todos os interesses, os direitos dos cidadãos. Fica claro que, enquanto não for determinado o modelo ideal de gestão de recur-sos, que leve em consideração as características e as peculiaridades do nosso país, continuaremos colecionando problemas.

São várias e divergentes as opiniões quanto a esse modelo. Especialistas competentes, como o engenheiro Yves Besse, presidente da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Servi-ços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) e da CAB ambiental, vê na criação de uma agência nacional reguladora impactos totalmente negativos para a população. “Imaginem um usuário de serviço pu-blico de um município no interior do Piauí, tendo que solicitar esclarecimento ou reclamar do atraso de ½ hora numa prestação do seu serviço local a uma agência nacional?”, questiona.

Já Jerson Kelman, primeiro presidente da Agên-cia Nacional de Águas (ANA) – um dos poucos remanescentes do governo FHC a ser mantido no governo Lula e, hoje, presidente da Light, no Rio de Janeiro – acredita que o melhor caminho é a cria-ção de uma agência na esfera federal para regular os serviços que lhe fossem atribuídos por decisão

municipal, por exemplo, contrato de concessão para prestação do serviço público de tratamento de água e coleta/tratamento de es-gotos. Segundo Kelman, haveria maior eficiência técnica e maior confiança dos prestadores de serviço de que a regulação seria prestada sem pressões políticas paroquiais. Consequentemente, as concessões de saneamento se tornariam um ne-gócio mais atrativo para empresas privadas.

“A Abcon é totalmente contrária à criação de uma agência reguladora nacional. Os serviços de saneamento básico são locais ou regionais, por-tanto as agências devem ser locais ou regionais. O governo federal deveria promover discussões sobre o modelo mais adequado de regulação e criar uma diretriz para elas, por exemplo, local-metropolitana (para as regiões metropolitanas) e regionais (por bacia hidrográfica) para os outros municípios”, afirma Besse.

Para ele, as reguladoras atuais são implanta-das de maneira totalmente descoordenada. “No Estado de São Paulo, por exemplo, o governo e a Sabesp promovem um modelo de regulação estadual, incentivando os municípios (atendidos pela Sabesp) a delegarem sua regulação para a agência estadual. Os municípios que delegam seus serviços a empresas privadas criam regulações municipais, sem levar em conta a sua viabilidade econômica, financeira e técnico operacional da prestação dos serviços. Desenvolver modelos di-

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Quem é dono da torneira?

Problemas não faltam nas

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básico no país. Alguns

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que afetam diretamente a população,

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A legislação atual permite que cada município constitua um órgão regulador ou que transfira as atividades de regulação e fiscalização para outro ente, podendo ele ser um consórcio ou um ente regulador estadual, desde que constituído dentro dos limites do respectivo Estado (parágrafo 1º do art. 23 da Lei 11.445/07). Não seria possível, portanto, que uma agência federal regulasse os serviços. Conforme explica Karla Bertocco Trindade, diretora de Relações Institucionais da Arsesp (Agência

Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), é fun-damental, no entanto, que este regulador atenda às prerrogativas de independência e autonomia, requisitos essenciais ao desempenho de suas funções. “A idéia de se permitir que municípios transfiram para ou-tra esfera a regulação e fiscalização dos serviços de saneamento básico é muito interessante. Algumas vantagens são a diluição do custo da estrutura do regulador, a maior troca de experiências entre municípios, bem como a gestão unificada de sistema de subsídios e a possibilidade de comparação do desempenho das prestadoras de diversos municí-pios”, afirma. Hoje, a Arsesp possui quase 200 convênios de cooperação com municí-pios paulistas, responsabilizando-se por edição de normas sobre a qua-lidade dos serviços, análise das revisões e reajustes tarifários, apuração de irregularidades e monitoramento da prestação dos serviços.

GESTÃO ESTADUAL

Karla Bertocco Trindade, diretora de RelaçõesInstitucionais da Arsesp

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versos sem uma diretriz maior dificultará, no futuro, fazer uma avaliação mais ampla dos avanços do setor, corrigir possíveis desvios e melhorar o seu planejamento”, explica.

TENTATIVA DE APROXIMARO Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou

o decreto de regulamentação da Lei de Saneamen-to 11.445/2007, nas suas palavras, com “frustração” pelo atraso de dois anos da edição do Decreto em relação à aprovação da Lei, que foi aprovada por unanimidade no Congresso e por aclamação no Senado. “O que não foi regulamentado em dois anos será feito em uma semana”, resumiu. A Lei da Política Nacional de Saneamento Básico determina que os municípios apresentem seus planos munici-pais de saneamento, a fim de que consigam captar recursos do governo federal. Ou seja, que promovam o seu próprio “saneamento básico” no sentido de rever antigos contratos, planejar de acordo com as necessidades de sua região e adequar-se às regras. A Lei do Saneamento foi aprovada há dois anos pela Câmara e pelo Senado e esperava a sanção do presidente para ser regulamentada.

Durante a 40ª Assembleia da Associação Na-cional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), ocorrido em junho, do qual partici-pou pela primeira vez, o presidente Lula declarou: “Saneamento sempre foi tratado como coisa de quarta importância. Não era fácil convencer admi-nistradores a enterrar canos. Hoje o país começa a formar uma nova geração de administradores públicos, preocupados com saneamento”.

Ele reconheceu falhas; ao mesmo tempo, não poupou críticas: “Em oito anos de mandato co-locamos mais dinheiro em saneamento do que foi colocado em 10, 20, 30 anos. Mas tudo o que fizemos ainda é pouco para tirar o atraso. Faço um discurso de reparação do ato dos administradores irresponsáveis. (...) Quando o estado não assumiu seu papel de fazer saneamento, vieram as empre-sas e tentaram tirar dinheiro daí, e não deu certo. É um contra-senso, quem precisa do serviço não tem dinheiro para pagar”.

RESSALVAS À PARTEA Assemae, anfitrã da Assembleia e entidade

membro do Conselho Nacional das Cidades, atuou propositivamente na construção da Lei Nacional de Saneamento Básico e, mais recen-temente, pela regulamentação dessa lei. “Nunca esteve em pauta a discussão para estruturação de uma Agência Nacional de Saneamento Bá-sico. A União não tem o poder de regular sobre esse setor, já que a titularidade sobre os serviços de saneamento é de caráter municipal. Trata-se de um serviço de interesse local, que deve atender ao cidadão no seu lugar de moradia. Sendo assim, a criação de uma agência reguladora nacional teria caráter de intervenção condenável sobre a organização política desse serviço”, analisa Arnaldo Luiz Dutra, o presidente da Assemae .

Para ele, o grande debate que se apresenta em relação à regulação dos serviços de sanea-mento refere-se ao tipo de constituição, ou seja, “o Decreto recém-sancionado pela Presidência da República, que estabelece que as agências podem ser constituídas por meio de Conselhos. Nossa crítica é quanto ao modelo centralizado e tecnocrático de uma agência reguladora. Nossa proposta é que a Agência seja permeável ao con-trole da sociedade, e sensível, para que faça valer os valores da cidadania”, esclarece.

A Assemae, segundo o seu presidente, tam-bém defende agências reguladoras municipais ou microrregionais. “Repudiamos a possibilidade de os Estados formarem agências reguladoras e passarem a exercer a regulação sobre os serviços municipais de saneamento”, finaliza Dutra.

Muita água ainda vai rolar e o debate mal começou. Há quem defenda, por exemplo, que a gestão seja feita pela própria Agência Nacional de Águas (ANA). Independentemente do fluxo de ideias, resta aos players do setor, o que inclui o público e o privado, olhar criticamente para suas posições para manter ou recuar em função do que será melhor para o país. E não, ao contrário, manter estagnado um estado de coisas. É o que se espera.

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Arnaldo Luiz Dutra, presidente da Assemae

SANEAMENTO

COMO FUNCIONA HOJEA Agência Nacional de Águas (ANA) e os órgãos gestores de recursos hídricos estaduais são responsáveis pela fiscalização dos serviços de saneamen-to no que concerne ao uso dos mananciais de abastecimento e à poluição dos corpos hídricos. Entretanto, a prestação dos serviços de saneamento, diferentemente dos serviços de energia elétrica ou os de telecomunicações, não é regulada em nível federal. Conforme estabelecido na Constituição Federal, na maioria das situações, eles estão sob responsabilidade do poder local. Assim sendo, não é competência da ANA fiscalizar a prestação dos serviços de saneamento à população. Essa é uma competência dos “titulares” do serviço de saneamento, ou seja, dos próprios municípios.

* Fonte: www.ana.gov.br

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VISÃO SOCIAL

Ariovaldo Caodaglio

Lixo: de quem é a responsabilidade?A caminho do trabalho, assisti novamente a uma

cena deprimente: o cidadão tinha acabado seu lan-che, abriu a janela do carro e jogou a embalagem. E, não contente, na quadra seguinte, descartou a lata do refrigerante. O comportamento, corriqueiro nas grandes cidades, já não choca mais os passantes anô-nimos, mas continua sendo uma atitude condenável, inaceitável e revoltante.

O ato demonstra falta de educação, de respeito com o próximo, de cuidado com o meio ambiente e de amor pela cidade. Jogar lixo na rua só prova que o modelo de limpeza urbana adotado no Brasil induz o cidadão a acreditar que manter a cidade limpa é uma obrigação da prefeitura porque, afinal, “é para isto que servem os impostos”. E, em tese: se ele paga, pode sujar porque alguém vai limpar. Seguindo a mesma lógica, quando um bueiro transborda depois de uma chuva forte o culpado sempre é o governo; nunca é o cidadão que jogou lixo na rua.

Mas a lógica, na prática, é uma distorção da realidade. Afinal, o lixo gerado por cada indivíduo – cerca de 1 Kg em média por dia – está esgotando a capacidade dos aterros sanitários. Os cidadãos brasileiros não são comprometidos com a limpeza urbana porque não percebem sua responsabilidade pela geração do lixo. Muito menos de que deveriam assumir parte da responsabilidade pela destinação adequada, colaborando para a reciclagem.

Segundo apontou o estudo “Gestão da Limpeza Urbana - Investimento para o futuro das cidades”, conduzido pela consultoria PricewaterhouseCoopers, em muitas cidades do mundo a municipalidade força a tomada de consciência da população, seja por conta da cobrança de taxas, penalidades ou por projetos de educação da população. Do ponto de vista da gestão, um tributo atrelado ao lixo é um instrumento que permite uma melhor compreensão pelo usuário do custo real do serviço prestado a ele. Fazendo um paralelo com o consumo de energia elétrica ou água – no qual se paga exatamente o que se consome - o usuário torna-se mais consciente na utilização e reduz o uso sempre que pode.

No Brasil, infelizmente, o poder público ainda arca com toda a responsabilidade pela gestão da limpeza urbana, quando, de fato, o problema não é só público e deveria ser compartilhado com os grandes geradores e com a população.

De acordo com os dados coletados na pesquisa, as cidades brasileiras analisadas ainda têm muitos pontos a melhorar na gestão do lixo, quando se com-para à realidade das capitais estrangeiras.

A cidade de Roma, por exemplo, não necessita dispor do orçamento para o serviço de limpeza urba-na porque uma taxa cobrada diretamente dos muní-cipes cobre integralmente a prestação do serviço. Em Londres, a estrutura é similar a adotada aos créditos de carbono: criou-se um mercado para redução do volume de resíduos em aterros, com incentivos para reciclagem e reuso. Tóquio, por sua vez, investe muito em tecnologia para triagem e reciclagem de resíduos, tornando mais eficiente o processo de descarte final, seja ela por meio de aterros ou incineração. Em Paris, para incentivar a comunidade a desenvolver a triagem de resíduos para reciclagem o órgão responsável prevê o apoio financeiro sobre os materiais recolhidos. Já em Buenos Aires, está institucionalizada a figura do catador e das cooperativas que se encarregam de 13% do lixo gerado. Em Barcelona, a Agência de Resíduos tem como funções promover a redução de resíduos, evitar o desperdício e fomentar a coleta seletiva.

Considerando legislação, agências reguladoras e políticas de tratamento de resíduos e de saneamento, as iniciativas no Brasil ainda são muito recentes. A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada pela Câmara após 19 anos de debates, mas ainda necessita da avaliação do Senado. Uma das novas medidas prevê o envolvimento das indústrias para aumentar o volume de material reciclável e assim reduzir os altos índices de poluição ambiental. Hoje, apenas 12% de todo o material coletado no país é reciclado. A nova política quer aumentar este índice para 25% até 2015.

Segue pela mesma linha a logística reversa, segundo a qual a responsabilidade do gerador de resíduos sólidos só cessa quando estes forem rea-proveitados na forma de novos insumos. Ou seja, a nova regra quer compartilhar a responsabilidade com o consumidor, fabricante, importador, comerciante e distribuidores, envolvendo todos os participantes da cadeia de consumo.

Mas, o que se conclui de todo este debate é que urge a implantação no Brasil de um sistema mais eficiente de fiscalização e de educação ambiental. Estas ações combinadas possibilitariam a redução

ARIOVALDO CAODAGLIO é presidente do Sindicato das

Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo

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do número de infrações contra o ambiente e, conseqüentemente, os gastos do Estado com limpeza urbana em todas as suas etapas, desde a coleta, até a destinação, passando pela limpeza das vias públicas.

A conscientização e a educa-ção da população, aliada a uma coleta de resíduos organizada, pode ajudar a resolver a questão do lixo no Brasil. É preciso escla-recer à população sobre o que, de fato, é lixo. Como aproveitar o máximo dos alimentos? Como dar outros destinos a resíduos duráveis? Temos que procurar os bons exemplos de fora e aplicá-los no nosso país, que está ganhando cada vez mais notoriedade e res-peito internacional.

Nos últimos anos avançamos muito em legislação. Só precisa-mos agora que o poder público e as empresas abracem a ideia da conscientização da população e invistam em programas de educa-ção ambiental. Só assim, o ciclo se fechará no Brasil e teremos cidades mais limpas e menos resíduos des-cartados no meio ambiente.

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Ao contrário de alguns mercados, onde já é realidade a exigência por determinados tipos de certificação como meio para o devido enqua-dramento nos conceitos da sustentabilidade, o emprego da madeira de reflorestamento no segmento da construção civil ainda não conta com uma retaguarda de qualificação através de um selo que dê garantias de origem ambiental-mente correta.

Na prática, os rigores hoje existentes nos textos legais relacionados ao segmento de pre-servação de madeiras e os procedimentos para obtenção das licenças de operação ou funcio-namento de unidades industriais do setor são de uma flexibilidade escandalosa. O simples cadastramento, aliado ao pagamento de taxas simbólicas, credenciam muitas usinas de trata-mento de madeiras, muitas vezes desprovidas de instalações adequadas, a operar em condições de igualdade com outras que observam rigorosa-mente as exigências ambientais e de segurança

constantes dos textos legais. O desequilíbrio é flagrante, que acarreta uma situação compro-metedora no mercado a partir do momento em que empresas tecnicamente descredenciadas competem, em igualdade de condições com respeito à legalidade, com aquelas que arcaram com o ônus da legalidade para entrar em ope-ração. Todos perdem: o mercado, o ambiente e o consumidor da madeira tratada.

“Está em processo a criação de um selo de qualificação que comprovará o devido creden-ciamento de empresas do setor no tocante aos aspectos técnicos e legais.”, afirma Flavio Carlos Geraldo, membro da diretoria da Associação Brasileira de Preservadores de Madeira (ABPM). Para a obtenção do direito de uso do selo de qualificação da ABPM, a empresa submete-se voluntariamente a auditorias que comprovarão a sua regularidade para produzir madeira tratada dentro dos rigores das normas técnicas em vigor e dentro de todas as exigências de segurança VI

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Selo de qualificação promete comprovar o conceito da sustentabilidade no uso da madeira de reflorestamento

O caminho para a construção sustentável

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ambiental e operacional.A utilização de madeira de

reflorestamento, como eucalip-to e pinus, exige técnicas para preservar e proteger, garan-tindo uma durabilidade maior. Na construção civil, a madeira está presente em pisos, estru-turas, paredes, decks, portas, esquadrias, entre outros. Mas, se repararmos atentamente nos telhados, por exemplo, veremos que a maioria é feito com madeira nativa, ou seja, não tem como origem o reflo-restamento, não há como ne-gar que o mercado tem que se educar e substituir de maneira ambientalmente adequada. Para saber mais, acesse www.abpm.com.br.

Reflorestamento: corte de madeiras e floresta de Pinus

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EMISSÃO DE GASES

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Gado brasileiro está entre os maiores emissores de gases que contribuem para o aquecimento global. O motivo?

De acordo com especialistas, uma alimentação inadequadaPor Melissa Sayki e Taís Castilho

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EMISSÃO DE GASES

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Muito se fala sobre aquecimento global e suas consequências. O tema já virou até palavrão entre as autoridades mundiais, que discutem incessante-mente como reduzir as emissões de gases-estufa como o dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Mas ele não é o único vilão da história, o metano (CH4) é ainda mais potente e tem 25 vezes mais capa-cidade de aprisionar calor no ar. Na pecuária, por exemplo, esse gás é produzido durante a digestão de ruminantes, como os bovinos, os bubalinos, os ovinos e os caprinos. E nesse vai e vem de deba-tes, a maioria dos governantes se mostra otimista em teoria, mas pessimista na prática. Isso porque poucos países se mostram dispostos a pagar o preço da mudança.

Conforme noticiou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação ao Times Online, a produção de metano derivada da agri-cultura deve aumentar 60% até 2030. Número assustador se considerarmos as mais de 1,5 bilhão de vacas e bilhões de outros animais de pastagens existentes no mundo.

É necessário investir em tecnologia para di-minuir a emissão desses gases. Os biodigestores, em resumidas palavras, estão sendo utilizados para transformar o metano liberado pelas fezes de porco em biogás (combustível produzido a partir de resíduos orgânicos) para ativar o funcionamento de geradores e aquecedores. Na Califórnia, nos Estados Unidos, o lixo vira calor e eletricidade. Em Samso, na Dinamarca, a energia vem dos ventos e assim por diante.

O homem vem encontrando maneiras de dri-blar a maioria dos inconvenientes causados ao meio ambiente por ele mesmo, mas qual seria a solução para a pecuária?

A PROBLEMÁTICA NO PAÍSO Brasil é dono do maior rebanho bovino comer-

cial do mundo, porém está longe de implementar ações para reduzir a emissão de metano pela eruc-tação (arroto) bovina. Segundo o Instituto Brasileiro

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de Geografia e Estatística (IBGE), as 200 milhões de cabeças de gado existentes no território nacional emitem 8 milhões de toneladas do gás por ano.

Muitos vêm divulgando a informação de que toda essa poluição vem da flatulência e da eruc-tação dos ruminantes, esquecendo, ao certo, de contextualizar o porquê e como isso acontece. Pobres animaizinhos que, além de viver para o abate, agora são culpados pelo que comem e pelas más condições em que vivem.

Jacob Silverman, em seu artigo HowStuffWorks - As vacas poluem tanto quanto os carros?, explica o que realmente acontece no organismo desses animais e o equívoco que, muitas vezes, ocorre em relação ao ruminantes. É que, diferente de nós, eles digerem o alimento em seus quatro estômagos e não no intestino. Por isso, eles comem o alimento, regurgitam e tornam a comê-lo. Para facilitar a digestão, os estômagos produzem bactérias que por sua vez produzem o metano. E aí acontece as emissões do gás no meio ambiente. (Veja box Um estômago especial).

Segundo o geógrafo, advogado, ambientalista e consultor em gestão ambiental Kláudio Cóffani Nunes, apesar da importância que possui, a ocor-rência de estudos relativos a esse tema que sejam devidamente fundamentados e desenvolvidos ain-da é mínima. A pesquisa mais atual e consistente foi realizado em 2009, denominada “Estimativa de Emissões Recentes de Gases de Efeito Estufa pela Pecuária no Brasil”, conduzida por Mercedes Bus-tamante, da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, dentre outros. “Essa pesquisa calculou que, da maneira como está hoje, cada quilo de carne bovina produzida gera uma emissão média de 300 quilos de carbono. Como no mercado de créditos desse gás paga-se uma média de US$ 20 por tonelada, o “custo climático” de um bife pode ser o triplo do custo pago pelo consumidor no bal-cão do açougue. Assim, teoricamente, o pecuarista poderia ganhar mais dinheiro implantando projetos de redução de emissões de carbono do que com o valor que recebe pela carne”, diz Nunes.

Outro ponto a ser considerado é que no Brasil não se tem tal obrigatoriedade de redução dessas emissões destrutivas nem um órgão com estrutura técnica e operacional para fiscalizar isso. “Se o go-verno decidir lançar essas emissões decorrentes das atividades da pecuária como um fato gerador de tributos, a Receita Federal e Secretarias de Estado da Fazenda poderão aplicar a metodologia que já pos-

UM ESTÔMAGO ESPECIAL

Nos animais ruminantes, o estô-mago divide-se em quatro par-tes: pança ou rúmem, barrete ou retículo, folhoso ou omaso e coagulador ou abomaso. Os ve-getais ingeridos por eles, como o capim, chegam até a pança, onde existem muitos micro-or-ganismos que digerem a celulo-se presente nas células vegetais. Depois da ação microbiana, o alimento retorna à boca, sendo novamente mastigado – esse processo chama-se ruminação. Então, o alimento é novamente engolido e vai para o barrete e depois para o folhoso, de onde passa para o coagulador, em que recebe um suco digestivo semelhante ao do nosso estô-mago. Finalmente, o alimento vai para o intestino, onde a digestão continua e as substân-cias nutritivas são absorvidas. As partes não aproveitadas par-ticipam da formação das fezes e são eliminadas pelo ânus.

RANKING DAS FONTES PRODUTORAS DE METANO

NO MUNDO1. Animais ruminantes - 28%2. Gás natural - 15%3. Aterros - 13%4. Cultivo de arroz - 11%5. Esgoto - 10%6. Outros - 23%Fonte: Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)

suem, desenvolvida e operante, para estimar, tributar e fiscalizar o pagamento dos gases liberados no meio ambiente, do mesmo modo que já o fazem com vários outros insumos que compõem a enorme carga tributária do nosso País. Assim, bastará fiscalizar os frigoríficos, lançando e cobrando ali esse imposto”, explica o consul-tor em gestão ambiental.

No final do ano passado, foi sancionada a lei 12.187/09, que instituiu a Política Nacional sobre Mudanças do Clima. Na norma, o Brasil assume a redução de emissões de gases nocivos para entre 36,1% e 38,9% até 2020, baseado em um decreto presi-dencial que definirá as metas que

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mais alimentos moídos que sejam facilmente di-geridos, além de elevar o mix com gramíneas e leguminosas que contenham mais proteína. Na Austrália, por exemplo, uma universidade já di-vulgou um ‘bolo de algas’, que alimenta o gado e reduz suas emissões de metano”, afirma.

Na opinião do ambientalista, além desses cuida-dos, outros investimentos devem ser feitos, como o aumento da produtividade, incluindo a melhoria genética do rebanho, o uso de rações complemen-tares e sal mineral que permitem a engorda mais rápida e ciclo de vida curto por cabeça de gado,

em relação aos padrões atuais da pecuária extensiva. “Tudo isso deve ser visto como questões estratégicas para o crescimento e segurança de nossa economia e de nossos pecuaristas. Reduzir essas emissões de carbono, ele-var a produtividade e a rentabi-lidade é uma situação que exige muitos investimentos, mas que trazem ótimos resultados e eleva a lucratividade”, lembra.

ALHO PARA AS VAQUINHASO professor de Ciência Animal da Aberystwyth University e diretor do Centro para Pesquisa Integrada do Meio Rural, Jamie Newbold, do Reino Unido, lidera uma pesquisa relacionada ao regime nutricional de ruminantes com a proposta de reduzir as emissões de metano e nitrogênio ao meio ambiente.Responsável por 3% dos gases de efeito estufa na Grã-Bretanha, a dieta das vacas e ovelhas está sendo pesquisada com o objetivo de diminuir emissão de me-tano, além de garantir que a mudança da alimentação não irá interferir na produção e sabor do leite e carne.Uma das alternativas encontradas pelos cientistas é acrescentar o alho na dieta dos ruminantes. E os primeiros resultados colhidos nos três primeiros anos de pesquisa mostrou uma redução de até 50% na emissão de gases. A pesquisa também desenvolveu extratos de plantas e capim com maior teor de açú-car para minimizar o problema. Newbold afirmou à BBC News que o alho ataca diretamente as bactérias responsáveis pela produção de metano no intestino, consequentemente diminuindo produção de gases. Também foram feitos testes para verificar se o alho provocou mau hálito nos animais e, mais especifi-camente, se ele poderia contaminar leite ou carne. Newbold brincou, porém, apenas dizendo que isso poderia ser “bom para o mercado francês”.

os diferentes setores da sociedade deverão assumir. Em 2010, o governo já realizou várias reuniões com representantes de diversos setores, incluindo o agropecuário, para discutir o tema. Mas o presi-dente Lula vetou o artigo que tratava do estímulo ao desenvolvimento e utilização de tecnologias limpas conjugado com um crescente abandono de combustíveis fósseis, bem como o artigo que determinava uma substituição gradativa desses tipos de combustíveis.

A SOLUÇÃO: DIETA BALANCEADA?Parece estranho, mas é verdade. Estudos realiza-

dos nos últimos 15 anos em vários países mostram que as emissões gasosas estão diretamente relacio-nadas à alimentação que o gado recebe. Isso quer dizer que o verdadeiro culpado não é o boi, e sim o capim muito fibroso e de difícil digestão encontrado nas pastagens brasileiras mal manejadas.

De acordo com Kláudio Cóffani Nunes, o ape-lo ambiental ainda não é forte o suficiente para convencer o pecuarista a cuidar do pasto e ali-mentar melhor seus animais. “Várias pesquisas nos apontam soluções que podem ser implantadas. A primeira delas é alterar a base alimentar do gado, diminuindo a presença de alimentos que provocam maior ruminância e elevam as emissões de metano, como a soja e o milho. Pode-se ofertar também

ENTREVISTA: Roberto Smeraldi“Reduzir a emissão da pecuária é a mais fácil das tarefas,

em relação a outros setores”

maior ou menor lançamento de metano? Sem dúvida, um pasto com mais legumi-nosas reduz a fermentação, assim como complemento de ração com óleos. Há uma maneira de se reduzir a liberação desses gases? Sobre CO2, é preciso eliminar o desmatamen-to, o que implica em aumentar a produtivida-de por hectare (passando de uma para três cabeças pelo menos, na média) e evitar nova expansão. Sobre metano, primeiramente levando o animal para o abate mais jovem, mas também tendo uma dieta diferente e ainda usando enzimas que reduzem a fermentação. Para isso tudo você precisa ter um sistema de manejo racional e organizado, que é o que você já terá feito para eliminar o C02, portanto as duas coisas vão juntas. Qual seria a solução a curto, médio e longo prazo para o problema? Reduzir a emissão da pecuária é a mais fácil das tarefas, em relação a outros setores. Isso porque você pode reduzir sem comprometer produção e, principalmente, aumentando o retorno da atividade. Ou seja, as atividades que levam à redução le-vam a aumentar o lucro, não diminuir. Mas para você obter esse lucro precisa investir, ele não vem sozinho. O que é preciso aban-donar é a noção de que as coisas possam mudar sem precisar de investimento.

Jornalista e autor de vários estudos e livros sobre políticas públicas, desenvolvimento sustentável e meio ambiente, Roberto Smeraldi é diretor da Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Amigos da Terra - Amazônia Brasileira e membro da Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde e do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. No exterior, faz parte dos conselhos diretores do Diálogo Florestal, da Universidade de Yale (EUA), e da Mesa Redonda Global para Sustentabilidade dos Biocombustíveis. Em 2000, recebeu o prêmio Henry Ford de Conservação Ambiental.Além disso, é um dos integrantes do trabalho que mostrou que mais da metade das emissões de gases-estufa do Brasil vem da pecuária. Na entrevista que concedeu, à Visão Ambiental, Smeraldi analisa os principais pontos que envolvem o tema em questão. Segundo o seu estudo, 48% da emissão de gases-estufa vieram da pecuária, que emitiu 1,055 bilhão de toneladas dos 2,203 bilhões do total nacional, segundo divulgou o Ministério da Ciência e Tecnologia, apesar de as emissões serem divididas por grupos (energia, processos industriais, mudança do uso da terra e florestas) e o estudo só focar a emissão vinculada à cadeia da pecuária.

É certo dizer que metade das emissões de gases-estufa do Brasil vem da pecuária? É certo que metade das emissões veio da pecuária, no período de 2003 a 2008. Mas entre um quarto e um quinto disso veio do organismo do animal, já a maioria veio de desmatamento e queimada. Quando se fala de emissão de metano pelo gado, estamos nos referindo a flatulência e a eructação do animal. O que disso é verdade científica ou é uma popularização? Nem verdade, nem popularização, simples-mente um erro. Não há emissão por flatu-lência nem por eructação. O metano sai do rúmen pela boca, mas o animal não arrota. O que o rebanho ingere também implica em

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VISÃO ECONÔMICA

Ieda Novais

Responsabilidade socioambiental

A desconcentração da renda promovida pelo Estado, por meio do aumento do salário mínimo ou da aplicação de recursos públicos em progra-mas sociais como o Bolsa-Família, são indispen-sáveis para que o Brasil promova a erradicação da miséria. E isso está cada vez mais perto de acontecer: de acordo com o Comunicado nº 58 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o país poderá acabar com a miséria, ou pobreza extrema, até 2016, e reduzir, no mesmo período, a pobreza absoluta a 4%.

O relatório define como miséria, ou pobreza extrema, uma renda mensal per capita de até 25% do salário mínimo de referência. A pobreza absoluta é a renda per capita mensal de até meio salário mínimo de referência.

Além do papel essencial que cabe aos gover-nos, há também uma crescente participação das empresas privadas nos processos de transforma-ção social. Primeiramente, convém lembrar que elas cumprem uma missão da maior importância, que consiste em produzir e, por extensão, gerar riquezas, postos de trabalho e renda. Mas, além de desempenharem sua função mais básica, as empresas também estão cada vez mais atentas à importância de adotar políticas de sustentabilida-de que contemplem o respeito ao meio ambiente e à inclusão social, atuando, sobretudo, junto às comunidades do entorno.

Hoje, quanto maior o porte de uma companhia, mais intenso tende a ser o seu comprometimento com a sustentabilidade. Isso ocorre, principalmen-te, porque o público consumidor de bens e serviços está mais exigente quanto ao papel social de seus fornecedores, e também, mais atento às boas prá-ticas ambientais. As empresas que não se alinham a esse comportamento de referência perdem es-paço no mercado, e tendem a ser cada vez menos atraentes para os potenciais investidores.

Ao mesmo tempo, dentro e fora do país, proliferam os chamados fundos verdes – uma variação de fundo de investimento que alguns bancos oferecem. Neles, as aplicações são feitas

em ações de empresas que preenchem os critérios de sustentabilidade (não necessariamente isso: e detêm o chamado “selo verde” Melhor eliminar) . Ou seja: hoje, o valor de uma empresa não é me-dido apenas pelo lucro, mas também pela sua riqueza intangível, à qual as ações responsáveis são inerentes.

É aqui que surge a necessidade de as em-presas comprovarem suas ações por meio dos chamados “balanços sustentáveis ”. Ou seja: não basta destinar recursos para boas práticas so-ciais e ambientais se isso não for comprovado de forma palpável, séria, confiável. Quem quer se firmar nesse novo mercado e atrair a atenção dos fundos verdes – que, por sinal, são os que mais crescem no mundo – não pode abrir mão de auditar os programas e realizar balanços precisos dos seus resultados.

Para quem investe, o respaldo trazido pelo Balanço Sustentável sinaliza que as chances da-quela organização de controlar os seus riscos com relação aos seus stakeholders ou às questões relacionadas ao meio ambiente são maiores . Além disso, ser social e ambientalmente respon-sável é uma das exigências impostas hoje pelas instituições financeiras do exterior. Uma com-panhia que enfrenta uma porção de processos trabalhistas ou é suspeita de explorar mão-de-obra infantil ou poluir o meio ambiente sequer tem chances de obter qualquer tipo de benefício ou investimento .

Mas o investimento feito, por exemplo, na formação profissional dos jovens em situação de risco que residem nas comunidades próximas a uma fábrica, ou a implementação de mecanismos para o reuso da água e a redução de perdas de matéria-prima em processos de manufatura ou a qualificação de sua rede de fornecedores , podem se traduzir em ganhos institucionais e financeiros para as companhias. Dessa forma, ao atuar como agente transformador, a empresa assegura seu próprio futuro e se torna o elo firme de uma ca-deia virtuosa.

IEDA NOVAIS é diretora corporativa da BDO.

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A Fimai – Feira Internacional de Meio Am-biente Industrial e Sustentabilidade, consolidada como a maior do setor na América Latina, terá este ano, além da participação já confirmada de 16 países, – Itália, Alemanha, Japão, Espanha, República Tcheca, Dinamarca, China, Estados Uni-dos, Noruega, Inglaterra, Reino Unido, Holanda, Canadá, Finlândia, Áustria e Argentina – que irão expor com 102 empresas internacionais – um sucesso da edição anterior: a operação de uma estação de reciclagem. A Estação, a exemplo do que aconteceu na XI Fimai, será comandada por uma Cooperativa de Catadores associada ao Cempre – Compromisso Empresarial para a Reciclagem, que fará o processo de triagem, ope-ração de prensa e encaminhamento do material, além de ser responsável por realizar a gestão dos resíduos gerados durante os três dias de seminários e feira. Todo o material arrecadado durante o evento será doado para a Cooperati-va. André Vilhena, diretor executivo do Cempre – Compromisso empresarial para reciclagem, ressalta a importância do projeto na Fimai: “Além das pessoas conhecerem o trabalho da coope-rativa, elas podem ver como funciona todo o processo em uma Estação de Reciclagem, que acaba fazendo parte da vida de todo mundo”, ressalta Vilhena.

Com a divulgação desse trabalho, os organi-zadores esperam reforçar ainda mais a posição de destaque e referência do Brasil no cenário internacional de gestão de resíduos – que este mês teve a Política Nacional de Resíduos Só-lidos sancionada pelo Presidente Lula, regu-lamentando o setor no país e multiplicando, não somente o aprendizado, mas também a

importância da valorização ambiental.Durante a 12ª Fimai, os visitantes também

poderão acompanhar diversas iniciativas inédi-tas que serão apresentadas na feira. Entre elas: 6 seminários paralelos – os já tradicionais XII Simai e IV Recicle Cempre, o Workshop Senai Nacional e o Seminário Internacional A&WMA, além dos representantes da Itália e Israel, que estão organizando seminários específicos sobre as tecnologias ambientais de seus países para apresentarem durante a realização da feira.

A XII Fimai acontecerá entre os dias 9, 10 e 11 de novembro de 2010, no Pavilhão Azul do Expo Center Norte. VI

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Inovações, soluções alternativas e tecnológicas em serviços ambientais. É o que promete a próxima edição do evento

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FICHA TÉCNICAXII Fimai/simai – Feira e Seminário Internacional de Meio Ambiente Industrial e SustentabilidadeData: 09, 10 e 11 de novembro de 2010Horário: das 14h às 21h – entrada francaHorários Seminários: XII Simai: das 8h30 às 18h30 – pago, com inscrições préviasVI Recicle Cempre: das 09h00 às 19h00 – pago, com inscrições préviasSite: www.fimai.com.brE-mail: [email protected] Tel. (11) 3917-2878Local: Expo Center Norte – Pavi-lhão AzulEndereço: Rua José Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme – SP

Fonte: Assessoria de Imprensa

A edição anterior do evento teve um público recorde de 36 mil visitantes e participantes do seminário

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PESQUISA

Sustentabilidade nos negócios

Recente pesquisa realizada pelo L.O. Baptista Advogados, com 40 grandes empresas de diversos segmentos, indica que 72,5% das companhias pretendem implementar ao menos uma ferra-menta para a gestão da sustentabilidade. Entre os instrumentos propostos, a norma de Respon-sabilidade Social ISO 26000 foi a preferida pelas empresas, recebendo 27,5% das respostas. A ISO 26000 é a primeira norma-padrão internacional de responsabilidade social e deve começar a valer no final de 2010. A nova norma estabelece dire-trizes sobre responsabilidade social para todos os tipos de organização (empresas, incluindo micro, pequenas e médias; associações sem fins lucrativos; associações representativas e organi-zações governamentais).

“Esse valor sugere a boa aceitação dessa nor-ma, que será um guia sobre responsabilidade social para todos os tipos de organizações, com ou sem fins lucrativos. Podemos constatar que a susten-tabilidade tem sido incorporada pelas empresas

de modo cada vez mais constante e consistente”, comenta Eduardo Felipe Matias, sócio responsável pelo núcleo de Sustentabilidade do escritório.

Em segundo lugar, com 22,5%, as empresas pretendem adotar as certificações de gestão de responsabilidade social nos moldes da SA 8000, AA 1000, NBR 16.001 e, em terceiro (17,5%), algum indicador de sustentabilidade nos moldes dos do Instituto Ethos.

A pesquisa também mostra resultados so-bre as relações de trabalho e se as companhias realizam ações sociais. Nas relações de trabalho, a responsabilidade social ainda se vincula à exi-gência legal. Maioria das empresas (85%) adota medidas exigidas por lei, como as políticas volta-das à saúde e à segurança de seus trabalhadores. No que se refere às práticas de responsabilidade social nas relações de trabalho, 67,5% oferecem cursos de capacitação e atualização profissional, o que é um dado positivo e representa um avanço em relação ao assunto. O resultado consta da recente pesquisa realizada pelo escritório L.O. Baptista Advogados, com 40 grandes empresas de diversos segmentos.

Por outro lado, apenas 30% afirmaram que permitem aos seus funcionários o acesso a infor-mações da administração e sua participação em alguns tipos de deliberação da empresa. “Prática que não é legalmente exigida, mas que contribui para a responsabilidade social na governança da organização”, comenta Matias.

Quanto às ações sociais, a prática de doações

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Pesquisa confirma a tendência das empresas na adoção de práticas que valorizem o desenvol-vimento social e o respeito ao meio ambiente

O L.O. Baptista Advogados é um dos escritórios líderes na América Latina no setor de Direito Empresarial. O escritório se diferencia por contribuir na formulação de soluções empresa-riais criativas e sólidas, combinando excelência técnica e visão estratégica dos negócios. Atualmente, conta com mais de 25 Doutores e Mestres, formados no Brasil e no exterior, além de inúmeros especialistas em Direito, Administração de Empresas e nas áreas de negócios dos clientes.

de recursos valendo-se de leis de incentivos fiscais configura-se como a medida mais utili-zada pelas empresas (52,5%). Outras 50% afirmam que atuam especificamente junto à comu-nidade onde estão instaladas, preocupando-se inclusive em criar canais de Comunicação e/ou contratar pessoas dessas localidades.

Outras 37,5% atuam por meio de institutos, associações ou fundação da própria empresa. Entretanto, 20% delas ainda não promovem ou desenvolvem ne-nhum tipo de ação de natureza social. “Os dados demonstram que, embora a atuação no Tercei-ro Setor tenha ganhado espaço nas empresas, esta pode ser in-crementada”, conclui Matias.

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