sabedoria de sri aurobindo

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Sabedoria de Sri Aurobindo(Seleo de seus escritos)

ndicendice ___________________________________________________________________ 1 Resumo Da Vida De Sri Aurobindo ___________________________________________ 2 O Ensinamento de Sri Aurobindo_____________________________________________ 4 Nosso Objetivo ____________________________________________________________ 5 A Lei do Caminho _________________________________________________________ 6 Toda Vida Yoga__________________________________________________________ 7 Certezas _________________________________________________________________ 7 Os Auxlios e o Objetivo ____________________________________________________ 8 O Guru do Yoga Integral____________________________________________________ 9 Os Smbolos Exteriores _____________________________________________________ 9 Forma__________________________________________________________________ 10 Por que a Orao? ________________________________________________________ 10 O Mestre do Mundo_______________________________________________________ 11 O Shastra do Yoga Integral_________________________________________________ 12 O Senhor dos Trabalhos ___________________________________________________ 13 A Vontade Suprema_______________________________________________________ 14 O Homem, Um Ser Transicional ____________________________________________ 15 A Alma e o Ser Psquico ___________________________________________________ 18 O Ser Psquico e o Psquico ________________________________________________ 19 O Ser Psquico e o Eu (Esprito). ____________________________________________ 19 Renascimento____________________________________________________________ 20 O Objetivo do Nascimento, Renascimento e Boas e Ms Aes ____________________ 21 Isto o Fim? ____________________________________________________________ 21 A Real Dificuldade________________________________________________________ 22 O Entrave _______________________________________________________________ 23 a Existncia uma Iluso? ________________________________________________ 23 A Presso do Esprito Escondido ____________________________________________ 241

O Eu Aparente e o Eu Real _________________________________________________ 25 Os Grilhes _____________________________________________________________ 26 A Verdade Secreta ________________________________________________________ 27 Destino e Livre Arbtrio____________________________________________________ 28 Psicologia _______________________________________________________________ 29 Conscincia _____________________________________________________________ 30 Foras e Poderes Ocultos __________________________________________________ 31 O Eterno, O Infinito, O nico ______________________________________________ 32 Trabalhos Divinos ________________________________________________________ 33 A Graa Divina __________________________________________________________ 33 O Divino - Uma Certeza Concreta ___________________________________________ 34 A Hora de Deus __________________________________________________________ 35 Pensamentos e Vislumbres _________________________________________________ 36 Glossrio _______________________________________________________________ 36

Resumo Da Vida De Sri AurobindoSri Aurobindo nasceu em Calcut, ndia, a 15 de agosto de 1872. Aos sete anos foi levado para estudar na Inglaterra. Durante uma brilhante carreira acadmica em St. Paul's, Londres, e no King's College, estudou literatura inglesa, literatura francesa, aprendeu e dominou o grego e o latim. Alm dessas lnguas, o alemo, o italiano e o espanhol tambm lhe eram familiares e podia ler facilmente Goethe, Dante e Caldern em seus originais. Estudou durante catorze anos na Inglaterra, onde adquiriu um profundo conhecimento da cultura europia antiga, medieval e moderna. Voltou ndia em 1893 e passou treze anos em Baroda, a servio administrativo e educacional do estado. Na Inglaterra havia recebido, de acordo com as instrues expressas de seu pai, uma educao inteiramente ocidental, sem nenhum contato com a cultura da ndia e do Oriente. Em Baroda, ele procurou compensar essa deficincia estudando snscrito e vrias lnguas indianas modernas, para assimilar o esprito da civilizao indiana em todos os seus aspectos. Foram anos de aprendizado cultural e criao literria, porm grande parte desse perodo passou-os em atividade poltica silenciosa. Em 1906, Sri Aurobindo foi para Bengala para juntar-se abertamente ao movimento de libertao da ndia, que durante anos havia organizado em silncio. Seu jornal "Bande Mataram" rapidamente tornou-se a voz mais poderosa do Movimento NacionaIista Indiano. Trs vezes processado por suas atividades, todas as vezes foi libertado por falta de provas. Finalmente, em 1908, o Governo Ingls conseguiu implic-lo no Caso da Conspirao de Alipore e mant-lo no crcere por um ano, entre 1908 e 1909. Esse ano de deteno, Sri Aurobindo passou-os na prtica de Yoga. Foi o tempo em que uma srie de experincias espirituais decisivas mudou o curso de sua vida futura. Ele ainda participou do movimento revolucionrio at 1910 quando, em resposta a um chamado interior, retirou-se das atividades polticas e recolheu-se em Pondicherry para dedicar-se exclusivamente sua vida espiritual. Depois de quatro anos de recolhimento, em 1914, ele comeou a editar, em colaborao com sua discpula, Mirra Alfassa, que mais tarde se tornou conhecida como A Me, um jornal filosfico chamado "rya". Os mais importantes trabalhos seus - The Life Divine, The Synthesis of Yoja, Essays on the Gita e The ldeal of Human Unity apareceram pela primeira vez. Esses trabalhos compreendiam muito dos conhecimentos interiores adquiridos em sua prtica de Yoga. Tendo reunido todas as verdades essenciais de experincias espirituais passadas, ele trabalhou por um mtodo mais completo de Yoga, que pudesse transformar a natureza humana e divinizar a vida.2

Sri Aurobindo era um poeta prolfico em ingls e sua poesia abrangia poemas lricos, sonetos, longos poemas narrativos, poemas dramticos. Porm seu trabalho supremo espiritual o pico Savitri. Sri Aurobindo anteviu a possibilidade de uma vida divina na terra e lutou para realiz-la. Durante os quarenta anos passados em Pondicherry, permaneceu completamente absorvido em seu trabalho espiritual, mas conservou-se a par de tudo o que se passava no mundo. Quando necessrio interferia, mas apenas com sua fora espiritual e ao silenciosa. Ele faleceu em 1950, aos 78 anos, contudo sua viso e ideais continuaram a atrair a ateno do mundo inteiro. Seu trabalho tornou-se conhecido como "O Yoga Integral de Sri Aurobindo", porque, como ele dizia "Toda vida Yoga". - "Este Yoga significa no somente a realizao de Deus, mas uma completa consagrao e mudana das vidas interiores e exteriores, at que a natureza humana transformada possa manifestar uma conscincia divina e tornar-se parte do Trabalho Divino". ...Levanta teus olhos em direo ao Sol. Ele Est l nesse maravilhoso corao de vida e luz e esplendor. Observa noite as inmeras constelaes cintilando como outras tantas fogueiras solenes do Eterno no silncio ilimitado, que no nenhum vazio mas pulsa com a presena de uma nica existncia calma e tremenda. Olha l Orion com sua espada e cinto brilhando como brilhou aos antepassados Arianos h dez mil anos atrs, no comeo da era Ariana, Sirius no seu esplendor, Lyra percorrendo bilhes de milhas no oceano do espao. Lembra-te que estes mundos inumerveis, a maior parte deles mais poderosos que o nosso prprio, esto girando com velocidade indescritvel ao aceno desse Ancio dos Dias, a quem ningum, exceto Ele, conhece, e contudo so milhes de vezes mais antigos que teu Himalaia, mais firme que as razes de tuas colinas e assim permanecero at que Ele, sua merc, sacuda-os como folhas murchas da eterna rvore do Universo. Imagina a perpetuidade do Tempo, considera a incomensurabilidade do Espao; e ento lembra-te que, quando estes mundos ainda no existiam, Ele era ainda o Mesmo. Observa que alm de Lyra Ele est, e no longnquo Espao onde as estrelas do Cruzeiro do Sul no podem ser vistas, ainda assim Ele l est. E ento volta terra e considera quem este Ele. Ele est bem perto de ti. Repara naquele homem idoso que passa perto de ti, abatido e curvado, apoiado em seu basto? Imaginas tu que Deus quem est passando? H uma criana rindo e correndo ao sol. Podes tu ouvi-lo nesse riso? No, Ele est ainda mais prximo de ti. Ele est em ti, Ele tu mesmo. s tu quem ardes l longe, h milhares de milhas de distncia, nas infinitas extenses do Espao, s tu que caminhas com passos confiantes sobre os turbulentos vagalhes do mar etrico. s tu quem colocaste as estrelas em seus lugares e teceste o colar de sis, no com mos, mas por este Yoga, esta Vontade silenciosa, impessoal e inativa, que te colocou hoje aqui, ouvindo a ti mesmo em mim. Olha para cima, oh filho do Yoga antigo e no sejas mais medroso e cptico; no temas, no duvides, no lamentes, porque em teu aparente corpo est Aquele que pode criar e destruir mundos com um sopro.

(Unanishads)

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Se no Vazio sem significado a criao surgiu, Se de uma fora inconsciente a Matria nasceu, Se a Vida pode se erguer na arvore inconsciente, E o encanto verde penetrar nas folhas esmeraldinas, E seu sorriso de beleza desabrochar na flor, E a sensao pode despertar no tecido, no nervo e na clula, E o Pensamento apossar-se da matria cinzenta do crebro, E a alma espiar de seu esconderijo atravs da carne, Como no poder a luz ignota se lanar sobre o homem, E poderes desconhecidos emergirem do sono da Natureza? Mesmo agora insinuaes de uma Verdade luminosa como estrelas, Erguem-se no esplendor da mente lunar da ignorncia; Mesmo agora o toque imortal do Amante sentimos, Se a porta da cmara apenas estiver entreaberta, O que ento pode impedir Deus de furtar-se para dentro, Ou quem pode proibir seu beijo na Alma adormecida?

(Savitri)

O Ensinamento de Sri AurobindoO ensinamento de Sri Aurobindo origina-se daquele dos antigos sbios da ndia, no qual, por trs das aparncias do universo, existe a Realidade de um Ser e Conscincia, um Eu de todas as coisas, uno e eterno. Todos os seres esto unidos quele nico Eu e Esprito, mas divididos por uma certa separatividade de conscincia, uma ignorncia de seu verdadeiro Eu e Realidade na mente, vida e corpo. possvel, por uma certa disciplina psicolgica, remover este vu de conscincia separativa e tornar-se consciente do verdadeiro Eu, a Divindade dentro de ns. O ensinamento de Sri Aurobindo declara que este nico Ser e Conscincia est envolvido aqui na Matria. Evoluo o mtodo pelo qual Ele se liberta; a conscincia surge no que parece inconsciente, e uma vez tendo aparecido, auto impelida para se elevar cada vez mais alto e ao mesmo tempo ampliar-se e desenvolver-se para atingir uma perfeio cada vez maior. A vida o primeiro passo desta libertao de conscincia; a mente o segundo. Mas a evoluo no termina com a mente; ela espera uma libertao em algo maior, uma conscincia que espiritual e supramental. O prximo passo da evoluo deve ser em direo ao desenvolvimento da Supermente e Esprito como o poder dominante do ser consciente. S ento a Divindade envolvida nas coisas libertar-se- inteiramente e ser possvel vida manifestar perfeio. Mas enquanto os passos precedentes na vida vegetal e animal eram tomados pela Natureza sem a vontade consciente, no homem, a Natureza torna-se capaz de evolver por uma vontade consciente no instrumento. No , contudo, pela vontade mental no homem que isso pode ser inteiramente feito, porque a mente s alcana um certo ponto e depois disso pode apenas se mover em crculos. Deve ser feita uma converso, uma mudana de direo de conscincia, peIa qual a mente tenha que se transformar no princpio mais alto. Este mtodo para ser encontrado atravs da antiga disciplina e prtica psicolgica de Yoga. No passado, isso foi tentado por um afastamento do mundo e um desaparecimento nas alturas do Eu ou Esprito. Sri Aurobindo ensina que possvel uma descida do princpio mais alto, que no meramente libertar o Eu espiritual alm do mundo, mas o libertar no mundo, substituindo a ignorncia da mente, ou seu mui limitado conhecimento, pela Verdade-Conscincia supramental, que ser um instrumento adequado do Eu interior e possibilitar ao ser humano se encontrar, tanto dinmica como interiormente e excedendo sua humanidade ainda animal, florescer em uma raa mais divina. A disciplina psicolgica do Yoga pode ser usada para este fim, pela abertura de todas as partes do ser a uma converso ou transformao, atravs da descida e trabalho do mais alto princpio supramental ainda veIado.4

Isso, contudo, no pode ser feito de uma vez ou em pouco tempo ou por qualquer transformao rpida ou miraculosa. Muitos passos devem ser dados por aquele que busca, antes que a descida supramental seja possvel. O homem vive a maior parte do tempo em sua mente, vida e corpo de superfcie, mas existe um ser interior dentro dele com maiores possibilidades, para o qual ele tem que despertar porque apenas uma influncia muito restrita deste ser interior que ele recebe agora e ela que o impele a uma constante busca de beleza, poder e conhecimento. O primeiro processo do Yoga , portanto, abrir as dimenses deste ser interior e viver de l para fora, governando sua vida exterior por uma luz e fora interiores. Assim fazendo, ele descobre em si sua verdadeira alma, que no esta mistura exterior de elementos mentais, vitais e fsicos, mas algo da Realidade por trs deles, uma fasca do nico Fogo Divino. Ele tem que aprender a viver em sua alma e purificar e orientar, por seu impulso em direo Verdade, o resto da natureza. Pode-se seguir posteriormente uma abertura para cima e uma descida do princpio mais alto do Ser. Mas mesmo ento, no imediatamente a plena Luz e Fora supramentais. Pois h vrias gradaes de conscincia entre a mente humana comum e a Verdade-Conscincia supramental. Estas gradaes interferentes tm que ser abertas e seu poder trazido para baixo, para dentro da mente, vida e corpo. Somente depois que o pleno poder da Verdade-Conscincia pode trabalhar na natureza. O processo desta auto-disciplina ou Sadhana portanto longo e difcil, mas mesmo um pouco disso significa ganhar muito, porque torna mais possvel a libertao e perfeio ltimas. H muitas coisas pertencentes a sistemas mais antigos que so necessrias no caminho: uma abertura da mente para uma ampliao maior e em direo ao sentido do Eu e do Infinito, uma emergncia para dentro do que foi chamado a conscincia csmica, domnio dos desejos e paixes. Um ascetismo exterior no essencial, mas a conquista do desejo, apego e um controle sobre o corpo e suas necessidades, ambies e instintos so indispensveis. H uma combinao dos princpios de antigos sistemas: o caminho do conhecimento atravs do discernimento entre a Realidade e a aparncia, o caminho da devoo, amor e entrega e o caminho dos trabalhos, desviando a vontade de motivos de interesse prprio, voltando-se para a Verdade e o servio de uma Realidade maior que o ego. Pois o ser inteiro tem que ser treinado para que possa responder e ser transformado quando a estas Luz e Fora maiores for possvel trabalhar na natureza. Nesta disciplina, a inspirao do Mestre, e nos estgios difceis, seu controle e sua presena, so indispensveis - pois, de outro modo, seria impossvel atravess-la sem muito tropeo e erro, que impediriam toda chance de sucesso. O Mestre aquele que se elevou a uma conscincia e ser mais altos e freqentemente considerado como sua manifestao ou representante. Ele no apenas ajuda por seu ensinamento e, mais ainda, por sua influncia e exemplo, como tambm por um poder de comunicar sua prpria experincia aos outros. Este o ensinamento e mtodo de prtica de Sri Aurobindo. No seu objetivo desenvolver nenhuma religio ou amalgamar religies mais antigas ou fundar alguma nova religio - pois qualquer destas coisas desviariam de seu propsito central. O nico objetivo do seu Yoga um autodesenvolvimento interior pelo qual cada um que o seguir possa, com o tempo, descobrir o nico Eu em tudo e evolver uma conscincia mais alta que a mental, uma conscincia espiritual e supramental, que transformar e divinizar a natureza humana.

Nosso Objetivo

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Se estas coisas no me satisfazem, que procuro eu? Procuro uma luz que seja nova, muito embora antiga, na realidade, a mais antiga de todas as luzes. Procuro uma autoridade que aceitando, iluminando e harmonizando toda verdade humana, ainda assim rejeite e livre-se de todo erro humano, explicando-o. Procuro um texto e um shastra que no estejam sujeitos interpolao, modificao e substituio, que a mariposa e o trmita no possam destruir, que a terra no possa sepultar, nem o Tempo mutilar. Procuro um ascetismo que me d pureza e que me liberte do egosmo e da ignorncia, sem anular Deus e Seu universo. Procuro um ceticismo que duvide de tudo, mas que tenha a pacincia de no negar nada que tenha possibilidade de ser verdade. Procuro um racionalismo que no provenha da suposio insustentvel de que todos os sculos da histria do homem tenham sido sculos de loucura e de superstio, exceto o dcimo nono, mas que se incline para descobrir a verdade, em vez de limitar a investigao por um novo dogmatismo, obscurantismo e furiosa intolerncia que escolha de chamar senso comum e iluminao. Procuro um materialismo que reconhea a matria e a use, sem se tornar seu escravo. Procuro um ocultismo que apresente todos seus processos luz do dia, sem mistrio, sem prestidigitao, sem a estpida chamada humanidade "Seja cego, homem, e - veja !" Resumindo, no procuro cincia, nem religio, nem Teosofia, porm Veda - a verdade sobre Brahma, no apenas sobre sua essencialidade, mas sobre Sua manifestao, no uma lmpada no caminho para a floresta, mas uma luz e guia para ter regozijo e ao no mundo, a verdade que est alm da opinio, o conhecimento que todo pensamento persegue - yasmin vjjte sarvam vijtan. Acredito que o Veda seja a base do sanatam dharma; acredito que seja a divindade oculta dentro do Hindusmo - porm, um vu tem que ser posto de lado, uma cortina tem que ser levantada. Acredito que isso possa ser conhecido e descoberto. Acredito que o futuro da ndia e do mundo dependam dessa descoberta e da sua aplicao, no para a renncia da vida, mas para - viver no mundo e entre os homens.

A Lei do CaminhoPrimeiro esteja certo do chamado e da resposta de tua alma. Se o chamado no for verdadeiro, no for o toque dos poderes de Deus, ou a voz de seus mensageiros, mas a iluso de teu ego, o fim de teus esforos ser um pobre fiasco espiritual ou at mesmo um desastre mais profundo. E se no for o fervor da alma, mas apenas o consentimento ou o interesse da mente que responde s intimaes divinas, ou somente o desejo da vida inferior que se agarra a algum aspecto da atrao dos frutos do Poder do Yoga ou do prazer do Yoga, ou apenas uma emoo transitria, que salta como uma chama insegura, movida pela intensidade da Voz ou sua doura ou grandeza, ento, tambm, pode haver pouca certeza para ti no difcil caminho do Yoga. Os instrumentos exteriores do homem mortal no tm fora para o levar atravs dos ardores severos desta jornada espiritual e da titnica batalha interior, ou para enfrentar suas provaes terrveis e obstinadas, ou encoraj-lo a vencer seus perigos sutis e tremendos. Somente a vontade firme e venervel do esprito e o fogo insacivel do ardor invencvel de tua alma que so suficientes para esta transformao difcil e este empreendimento elevado e improvvel. No imagines que o caminho seja fcil; a senda longa, rdua, perigosa e difcil. A cada passo existe uma emboscada, em cada curva uma cilada. Milhares de inimigos, vistos e no vistos, lanar-se-o contra ti, terrveis em sua sutileza contra tua ignorncia, tremendos no poder contra tua fraqueza. E quando com dor conseguires destru-los, outros milhares lanar-se-o para tomar seu lugar. O Inferno vomitar suas hordas para opor e cercear e ferir e ameaar; os Cus enfrentar-te-o com seus testes impiedosos e suas negaes luminosas e frias. Encontrar-te-s sozinho em tua angstia, os demnios furiosos em teu caminho, os Deuses relutantes acima de ti. Antigos e poderosos, cruis, inconquistveis e prximos e inumerveis so os Poderes terrveis e escuros que lucram com o reino da Noite e da Ignorncia, que no querem mudana e so hostis. Longnquos, lentos em chegar, distantes e poucos e breves em suas visitas, so os Luminosos que querem e so permitidos dar socorro. Cada passo para a frente uma batalha. H descidas precipitadas, h ascenses infindveis e sempre picos e picos mais elevados para conquistar. Cada planalto escalado apenas um estgio no caminho e revela, alm, alturas sem fim. Em cada vitria que tu pensas ser a ltima luta triunfante, evidencia-se somente o preldio de batalhas perigosas e centenas de vezes mais ferozes.

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Mas tu no disseste que a mo de Deus estar comigo e a Divina Me perto com seu gracioso sorriso de socorro? E no sabes tu que a Graa de Deus mais difcil de ter e de conservar que o nctar dos Imortais ou os tesouros inestimveis de Kuvera? Pergunta a teus escolhidos e eles dir-te-o quantas vezes o Eterno escondeu deles Sua face, quo freqentemente Ele se retirou para trs de seu vu misterioso e eles se encontraram sozinhos nas garras do Inferno, solitrios no horror da escurido, expostos e sem defesa na agonia da batalha. E se sua presena for sentida por trs do vu, todavia como o sol de inverno por trs das nuvens e no salva da chuva e da neve e da tempestade calamitosa e do vento spero e do frio cortante e da atmosfera de um cinzento doloroso e da monotonia parda e enfadonha. Sem dvida o auxlio existe, mesmo quando parece ter se retirado, mas ainda h a aparncia da noite total, sem um sol para chegar, e sem a estrela da esperana para dar prazer na escurido. Bela a face da Divina Me, mas ela tambm pode ser dura e terrvel. Mas , ento, a imortalidade um brinquedo para ser dado levianamente a uma criana, ou a vida divina um prmio sem esforo ou a coroa para um fraco? Esfora-te corretamente e conseguirs; confia e tua confiana acabar justificada; mas a Lei terrvel do Caminho existe e ningum pode derrog-la.

Toda Vida YogaNa viso certa, tanto da vida como do Yoga, toda vida consciente ou sub-conscientemente um Yoga. Com este termo queremos dizer um esforo metodizado em direo auto-perfeio, atravs da expresso das potencialidades latentes no ser, e uma unio do humano individual com a Existncia universal e transcendente, que vemos parcialmente expressa no homem e no Cosmos. Mas toda vida, quando olhamos por trs de suas aparncias, um vasto Yoga da Natureza, tentando realizar sua perfeio numa expresso sempre crescente de suas potencialidades, para unir-se com sua prpria realidade divina. No homem, seu pensador, pela primeira vez sobre esta terra, ela planeja meios autoconscientes e sistemas voluntrios de atividade, atravs dos quais este grande propsito pode ser obtido mais rpida e poderosamente. O Yoga, como Swami Vivekananda disse, pode ser considerado como um meio de comprimir a nossa evoluo em uma vida nica, ou em poucos anos, ou mesmo em poucos meses de existncia corporal. Um dado sistema de Yoga, ento, no nada mais do que uma seleo ou uma compresso de formas de intensidade mais estreitas, mas mais enrgicas, dos mtodos gerais que j esto sendo usados dispersa e amplamente em um movimento vagaroso, com uma perda de material e energia mais profusa e aparente; mas com uma combinao mais completa pela grande Me, no seu vasto trabalho para cima. somente esta viso do Yoga que pode formar as bases de uma sntese racional e segura para os mtodos de Yoga. Pois ento o Yoga deixa de parecer algo mstico e anormal, que no tem relao com os processos ordinrios do Mundo-Energia ou com a finalidade que ele mantm em vista, nos seus dois grandes movimentos de auto-realizao subjetiva e objetiva; revela-se, melhor, como um uso de poderes intensos e excepcionais que ele j manifestou ou est organizando progressivamente em suas operaes menos exaltadas, porm mais gerais. Os mtodos de Yoga relacionam-se com os trabalhos psicolgicos habituais do homem, assim como o manejo cientfico da fora natural da eletricidade ou vapor relacionam-se com as operaes normais do vapor e da eletricidade. E eles tambm so formados, baseados em um conhecimento desenvolvido e confirmado por experincia regular, anlise prtica e resultado constante... O objetivo verdadeiro e completo e a utilidade do Yoga podem somente ser realizados quando o Yoga consciente no homem torna-se o Yoga subconsciente na Natureza, externamente limitado, mas com vida prpria, e ns podemos uma vez mais, olhando, tanto para o caminho como para a realizao, dizer num sentido mais perfeito e luminoso: "TODA VIDA YOGA".

CertezasNas profundezas existe uma profundeza maior, nas alturas, uma altura maior. Mais rpido chegar o homem s fronteiras do espao ilimitado, do que plenitude de seu prprio ser. Porque esse ser ilimitado, Deus.7

Aspiro pela fora infinita, pelo conhecimento infinito, pela ventura infinita. Posso eu alcan-los? Sim, mas a natureza do ilimitado no ter fim. No digas, portanto, que o posso atingir. Torno-me ele.. S assim pode o homem alcanar Deus, tornando-se Deus.. Mas antes, possvel relacionar-se com Ele. Entrar em relao com Deus, Yoga, o Supremo objeto e o interesse mais nobre. Dentro do mbito da humanidade, h relaes que desenvolvemos. So chamadas prece, culto, adorao, pensamento, f, cincia, filosofia. H outras relaes alm de nossa capacidade desenvolvida, mas dentro do mbito da humanidade, que ainda temos que desenvolver. Essas so relaes alcanadas pelas vrias prticas do que Realmente chamamos Yoga. Podemos no O conhecer como Deus, podemos O conhecer como Natureza, nosso Eu Superior, Infinito, algum Alvo inefvel. Foi assim que Buda aproximou-se Dele; assim aproximou-se Dele o rgido Adwaitin, Ele acessvel mesmo ao Ateu. Para o materialista, EIe se disfara em matria. Para o nihilista, EIe aguarda, espreita, no seio da Aniquilao..

Os Auxlios e o ObjetivoEsta a completa definio do objetivo do Yoga Integral: traduzir em experincia pessoal da verdade o que a Natureza universal escondeu em si mesma e que ela trabalha para descobrir. a converso da alma humana em alma divina e da vida natural em vida divina. O caminho mais seguro desta realizao integral encontrar o Mestre do segredo que mora dentro de ns, abrir-nos constantemente ao Poder divino, que tambm a Sabedoria e Amor divinos, e confiar que Ele efetue a converso. Porm muito difcil para a conscincia egosta fazer isso no comeo. E, se fizer, ainda difcil faz-lo perfeitamente e em cada elemento de nossa natureza. difcil no comeo por causa de nossos hbitos egostas de pensamento, de sensao, de sentimento, que bloqueiam as avenidas pelas quais podemos chegar percepo que necessria. difcil depois porque a f, a entrega, a coragem que necessria neste caminho no fcil para a alma nublada pelo ego. Porm, conquanto seja difcil para o homem acreditar em alguma coisa que no seja vista dentro de si, fcil para ele acreditar em algo que ele pode considerar adicional para si mesmo. O progresso espiritual da maior parte dos seres exige um suporte suplementar, um objeto de f fora de ns. Ele necessita uma imagem externa de Deus, ou precisa de um representante humano, - uma Encarnao, um Profeta ou Guru; ou exige ambos e os aceita. Porque, de acordo com a necessidade da alma humana, o Divino se manifesta como deidade, como divino-humano ou na humanidade simples - usando este disfarce grosseiro, que com tanto sucesso esconde a Divindade, para um meio de transmisso de sua direo. A disciplina Hindu de espiritualidade prov esta necessidade da alma com a concepo do lshta Devata, do Avatar e do Guru. Ishta Devata, a divindade escolhida, significa - no algum Poder inferior, mas um nome e forma da Divindade transcendente e universal. Quase todas as religies tm em sua base ou fazem uso de algum desses nomes e formas do Divino. Sua necessidade para a alma humana evidente. Deus o Tudo e mais que o Tudo. Mas isso que mais que o Tudo, como vai o homem conceb-lo? E mesmo o Todo a princpio muito difcil para ele, porque ele prprio, em sua conscincia ativa uma formao limitada e seletiva, que pode se abrir apenas quilo que est em harmonia com sua limitada natureza. H coisas no Todo que so muito difceis para sua compreenso ou parecem muito terrveis para suas emoes sensveis e sensaes covardes. Ou, simplesmente, ele no pode conceber o Divino, no pode se aproximar ou no pode reconhecer algo que esteja muito fora do crculo de suas concepes ignorantes e parciais. necessrio que ele conceba Deus sua prpria imagem ou em alguma forma que esteja alm dele, porm consoante com suas tendncias mais elevadas e captvel por seus sentimentos ou sua inteligncia... Mesmo sua natureza clama por um intermedirio humano para que possa sentir o Divino em alguma coisa completamente prxima sua prpria humanidade e que seja sensvel a uma influncia e exemplos humanos. Esse apelo satisfeito pela manifestao Divina em uma aparncia humana, a Encarnao, o Avatar - Krishna, Cristo, Buda. Ou se isso for muito difcil para ele conceber, o Divino se representa atravs de um menos maravilhoso intermedirio - o Profeta ou Instrutor. Muitos no podem conceber ou no esto desejosos de aceitar o Homem Divino, mas esto prontos para abrir-se ao homem supremo, chamando-o no de encarnao, mas de instrutor do mundo ou representao divina.8

Isto tambm no bastante; uma influncia viva, um exemplo vivo, uma instruo presente necessria. Porque apenas alguns podem fazer do Instrutor passado e seus ensinamentos, da Encarnao passada e seu exemplo e influncia, uma fora viva em suas vidas. Essa necessidade tambm provida pela disciplina Hindu na relao do Guru e o discpulo... O Sadhaka do Yoga integral far uso de todos esses auxlios de acordo com sua natureza, mas necessrio que ele evite suas limitaes e lance fora esta tendncia exclusiva da mente egosta que grita: "Meu Deus, minha encarnao, meu Profeta, Meu Guru" e coloca oposio a todas outras realizaes num esprito sectrio e fantico. Todo sectarismo, todo fanatismo deve ser evitado porque inconsistente com a integridade da realizao divina... Nem deveria ele esquecer o objetivo desses auxlios externos, que despertar sua alma para o Divino dentro de si. Nada ser finalmente realizado se isso no for alcanado. No suficiente adorar Krishna, Cristo ou Buda exteriormente, se no existir a revelao e a formao de Buda, de Cristo ou Krishna em ns mesmos. E qualquer outro auxlio tambm no tem nenhum propsito; cada um uma ponte entre o estado no convertido do homem e a revelao do Divino dentro dele.

O Guru do Yoga IntegralO Mestre do Yoga Integral seguir tanto quanto possvel o mtodo do Mestre dentro de ns. Ele guiar o discpulo atravs da natureza do discpulo. Ensino, exemplo, influncia - estes so os trs instrumentos do Guru. Mas o Mestre sbio no procurar se impor ou impingir suas opinies passiva aceitao da mente receptiva; ele lanar dentro apenas o que seja produtivo e seguro, como uma semente que germinar sob a proteo divina de dentro. Ele procurar muito mais despertar do que instruir; visar o crescimento das faculdades, como um plano utilizvel, no como uma frmula ou uma rotina fixa. E ele tomar cuidado para evitar qualquer mudana dos meios em limitao na mecanizao do processo. Todo seu mister despertar a divina luz e colocar em atividade a fora divina, da qual ele prprio apenas um meio e um auxlio, uma parte ou um canal. O exemplo mais poderoso que a instruo; mas no o exemplo dos atos exteriores ou do carter pessoal que de maior importncia. Estes tm seu lugar e utilidade; mas o que estimular a aspirao em outros o fato central da realizao divina dentro dele, que governa sua vida toda, e seu estado interior e todas suas atividades. Este o elemento universal e essencial; o resto pertence pessoa e peculiaridade individual. esta realizao que o Sadhaka deve sentir e reproduzir em si de acordo com sua prpria natureza; ele no precisa se esforar por uma imitao exterior que pode muito bem ser mais esterilizante do que produtora de frutos concretos e naturais. A influncia mais importante do que o exemplo. Influncia no a autoridade exterior do Mestre sobre o discpulo, mas o poder de seu contato, da sua presena, da proximidade de sua alma com a alma do outro, infundindo nela, mesmo em silncio, aquilo que ele prprio e possui. Este o supremo sinal do Mestre. Porque o grande Mestre muito menos um Instrutor do que uma Presena que extravasa a conscincia divina e sua luz e poder e pureza e ventura representativas sobre todos os que sejam receptivos sua volta. ser tambm um sinal do Mestre do Yoga Integral se ele no se arrogar o ttulo de Guru, num esprito exaltado de vaidade humana. Seu trabalho, se o tiver, uma confiana do alto, sendo ele prprio um canal, um receptculo ou um representante. Ele um homem ajudando seus irmos, uma criana guiando crianas, uma luz acendendo outras luzes, uma alma desperta despertando outras almas, no mximo um Poder ou uma Presena do Divino chamando para si outros poderes do Divino.

Os Smbolos Exteriores

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Em qualquer culto, smbolo, o ritual significativo, ou a forma expressiva, no apenas um elemento esttico que comove e enriquece, mas um meio fsico pelo qual o ser humano comea a tornar definida exteriormente a emoo e a aspirao de seu corao, a confirm-la e dinamiz-la. Porque, se a adorao sem uma aspirao espiritual inexpressiva e v, a aspirao tambm sem o ato e a forma um poder sem corpo e imperfeitamente efetivo para a vida. Infelizmente, o destino de todas as formas de vida humana tornarem-se cristalizadas, puramente formais e portanto estreis, e embora a forma e o culto preservem sempre seu poder para o homem que pode ainda entrar em seu significado, a maioria chega a usar a cerimnia como um ritual mecnico e o smbolo como um sinal sem vida e, porque isso mata a alma da religio, o culto e a forma tm que ser mudados ou postos de lado completamente. H at aqueles para quem todo o culto e forma so, por essa razo, suspeitos e ofensivos; mas poucos podem dispensar o suporte de smbolos exteriores, e mesmo um certo elemento divino na natureza humana pede sempre por eles para completar sua satisfao espiritual. O smbolo sempre legtimo enquanto for verdadeiro, belo e encantador, e mesmo pode-se dizer que uma conscincia espiritual sem nenhum contedo esttico ou emocional no totalmente ou de alguma forma integralmente espiritual. Na vida espiritual, sendo a base do ato uma conscincia espiritual perene e renovadora, acionada para expressar-se constantemente em novas formas ou capaz de renovar a verdade de uma forma, sempre pelo fluxo do esprito, e tornar cada ao um smbolo vivo de alguma verdade da alma, esta a verdadeira natureza de sua viso e impulso criativos. assim que aquele que busca deve lidar com a vida e transmutar sua forma e a glorificar sua essncia.

FormaOh adorador do Infinito sem forma, No rejeites a forma, EIe quem vive nela. Cada finito essa Infinitude Sua velada alma depuro deleite entesourada. A Forma, em seu corao ale recndito silncio Esconde o significado de Seu mistrio, A Forma a morada assombrosa da eternidade, Uma caverna do imortal Eremita

H uma beleza nas profundezas ale Deus, H um milagre do Maravilhoso Que constri o universo para sua habitao. O Uno, em Sua glria inumervel Explodindo em forma e cor como uma rosa, Compele as grandes ptalas do mundo a se abrirem.

Por que a Orao?A vida do homem uma vida de carncias e necessidades, e portanto de desejos, no apenas em seu fsico e vital, mas em seu ser mental e espiritual. Quando ele se torna consciente de um grande Poder que governa o mundo, aproxima-se dele atravs da orao, para a satisfao de suas necessidades, para auxlio em sua spera jornada, para proteo e ajuda em sua luta. Sejam quais forem as imperfeies que possam existir na aproximao comum religiosa de Deus pela prece, e h muitas, especialmente essa atitude que imagina que o Divino seja capaz de ser propiciado, subornado, lisonjeado para a aquiescncia ou indulgncia pelo louvor, splica e ddivas e pouco considera o esprito com o qual se aproxima dele, contudo este modo de voltar-se para o Divino um movimento essencial de nosso ser religioso e repousa numa verdade universal.

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Duvida-se freqentemente da eficcia da orao e a prpria orao supe-se uma coisa irracional, necessariamente suprflua e ineficaz. verdade que a vontade universal executar sempre seus objetivos e no pode ser desviada por propiciao e splica egosticas, verdade do Transcendente que se expressa a si mesmo na ordem universal que, sendo onisciente, seu conhecimento mais amplo deve prever a coisa a ser feita e no necessita de direo ou estmulo do pensamento humano e que os desejos individuais no so e nem podem ser, em nenhuma ordem do mundo, o verdadeiro fator determinante. Porm, nem essa ordem ou a execuo da vontade universal em conjunto efetuada pela Lei mecnica, mas por poderes e foras dos quais, pelo menos para a vida humana, no esto entre os menos importantes, a vontade humana, a aspirao e a f. A prece apenas uma forma determinada dada a essa vontade, a essa aspirao e f. Suas formas so muitas vezes cruas e no somente infantis, o que no um defeito em si mesmo, mas criancice; contudo ela tem um poder e significado reais. Seu poder e sentido so colocar a vontade, a aspirao e a f do homem em contato com a Vontade divina, como a de um Ser consciente com quem podemos entrar em relaes conscientes e vivas. A orao ajuda a preparar esta relao para nos, primeiro no plano interior, mesmo quando ainda exista l compatibilidade com o que mero egosmo e iluso de si; mas depois podemos avanar em direo vontade espiritual que est por trs. No portanto a concesso da coisa pedida que importa, mas a relao em si, o contato da vida do homem com Deus, a permuta consciente. Em assuntos espirituais e na procura de aquisies espirituais, esta relao consciente um grande poder; um poder muito maior que nossa prpria luta e esforo inteiramente autoconfiantes e proporciona um crescimento e experincia espirituais mais plenos. Inevitavelmente, no fim, a orao ou extingue-se na coisa maior para a qual nos preparou, - de fato, a forma a que chamamos de orao no em si mesma essencial, contanto que a f, a vontade e a aspirao estejam l, - ou permanece apenas para a alegria do relacionamento. Tambm seus objetivos, o artha ou interesse que procura realizar, torna-se cada vez mais alto at que alcanamos a devoo, sem motivo, mais elevada, que essa do amor divino puro e simples, sem qualquer exigncia ou anseio.

O Mestre do MundoComo o supremo Shastra do Yoga integral o eterno Veda secreto no corao de cada homem, assim seu supremo Guia e Mestre o Guia interno, o Mestre do Mundo, o jagad-guru secreto dentro de ns. ele quem destri nossa escurido pela luz resplendente de seu conhecimento; essa luz torna-se em ns a glria crescente de sua prpria natureza de liberdade, ventura, amor, poder de ser imortal. Ele coloca acima de ns seu divino exemplo como nosso ideal e transforma a existncia inferior em um reflexo daquilo que contempla. Pelo influxo de sua prpria influncia e presena em ns, ele possibilita ao ser individual alcanar a identidade com o universal e transcendente. Qual seu mtodo e sistema? Ele no tem mtodo e tem todos os sistemas. Consiste numa organizao natural dos processos e movimentos mais elevados de que a natureza capaz. Aplicando-os mesmo aos mais mesquinhos detalhes e s aes mais insignificantes em sua aparncia, com todo o cuidado e inteireza como faz com os grandes, eles no fim erguem tudo em direo Luz e transformam tudo. Porque neste Yoga no h nada muito pequeno para ser usado, nem nada muito grande que no possa ser tentado. Como o servo e discpulo do Mestre no considera o orgulho ou egosmo porque tudo feito por Ele, de cima, assim tambm no tem o direito de desanimar por causa de suas deficincias pessoais ou pelos tropeos de sua natureza. Porque a Fora que trabalha nele impessoal ou superpessoal - infinita. O completo reconhecimento deste Guia interior, Mestre do Yoga, senhor, luz, desfrutador e alvo de todo sacrifcio e esforo, da mais alta importncia no caminho da perfeio integral. imaterial se ele primeiro visto como Sabedoria, Amor e Poder impessoais por trs de todas as coisas, ou como o Absoluto manifestando-se no relativo e atraindo-o, como o prprio Eu supremo e o mais elevado Eu de todas as coisas, como uma Pessoa Divina dentro de ns e no mundo, em um de seus nomes ou suas numerosas formas ou como o ideal que a mente pode conceber. No fim, percebemos que ele tudo isso e mais todas estas coisas juntas. A porta de entrada da mente para conceb-Lo deve, necessariamente, variar de acordo com a evoluo passada e a presente natureza.

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Este Guia interno freqentemente velado a princpio, pela prpria intensidade de nosso esforo pessoal e pela preocupao do ego consigo mesmo e seus objetivos. Conforme progredimos em clareza e o turbilho dos esforos egosticos cedem lugar a um auto-conhecimento mais calmo, reconhecemos a fonte da crescente luz dentro de ns. Reconhecemo-la retrospectivamente quando compreendemos que todos os nossos movimentos obscuros e conflitantes conduziram resolutamente a um fim que apenas agora comeamos a perceber, do mesmo modo que antes de nossa entrada para o caminho do Yoga a evoluo de nossa vida levou, intencionalmente, em direo a seu ponto crtico. Porque agora comeamos a compreender o sentido de nossas lutas e esforos, sucessos e fracassos. Por fim, somos capazes de apreender o significado do sentido de nossas provaes e sofrimentos e podemos apreciar o auxlio que nos foi dado por tudo que feriu e resistiu e a utilidade de nossas prprias quedas e tropeos. Reconhecemos esta direo divina depois, no retrospectivamente, mas imediatamente, na moldagem de nossos pensamentos por um Vidente transcendente, de nossa vontade e aes por um Poder todoenvolvente, de nossa vida emocional por uma Ventura e Amor que tudo atrai e tudo assimila. Reconhecmo-la tambm numa relao mais pessoal, que a princpio tocou-nos, ou no fim, captou-nos; sentimos a eterna presena de um Senhor supremo, um Amigo, Amante, Mestre. Reconhecmo-la na essncia de nosso ser enquanto se desenvolve na semelhana e unidade de uma existncia maior e mais vasta, porque percebemos que este desenvolvimento milagroso no o resultado de nossos prprios esforos. Uma eterna Perfeio est nos moldando sua prpria imagem. Aquele que o Senhor, ou lshwara da filosofia Yguica, o Guia no seu consciente (cartya guru ou antaryamim), o Absoluto do Pensador, o Desconhecido do Agnstico, a Fora universal do materialista, a Alma suprema e a suprema Shakti, Aquele que chamado e imaginado por diferentes nomes pelas religies, o Mestre do nosso Yoga. Ver, conhecer, tornar-se e realizar este Uno em nosso ser interior e em toda nossa natureza exterior, sempre foi o objetivo secreto e torna-se o propsito consciente de nossa existncia corprea. Ser consciente Dele em todas as partes de nosso ser e igualmente em tudo que nossa mente divisria percebe como exterior ao nosso ser, a culminncia da conscincia individual. Ser possudo por Ele e possu-Lo em ns e em todas as coisas o termo de todo poder supremo e domnio. Desfrut-Lo em toda experincia de passividade e atividade, de paz e de poder, de unidade e de diferena, a felicidade que o Jiva, a alma individual manifestada no mundo, est obscuramente procurando. Esta a definio completa do objetivo do Yoga integral; a interpretao em experincia pessoal da verdade que a Natureza universal escondeu em si mesma e que ela labora para descobrir. a converso da alma humana em alma divina e de vida natural em vida divina.

O Shastra do Yoga IntegralO supremo Shastra do Yoga Integral o segredo eterno do Veda no corao de cada ser vivo e pensante. O ltus do conhecimento eterno e da eterna perfeio um boto fechado e envolto dentro de ns. Ele se abre rapidamente, ptala por ptala, atravs de realizaes sucessivas, quando a mente do homem comea a se virar para o Eterno, quando seu corao no mais comprimido e confinado pelo apego s aparncias finitas, se torna enamorado, em qualquer grau, do Infinito. Toda vida, todo pensamento, toda energizao de faculdades, todas as experincias passivas ou ativas tornam-se, da em diante, choques que desintegram os revestimentos da alma e removem os obstculos que impedem a eflorescncia inevitvel. Aquele que escolheu o Infinito, foi escolhido pelo Infinito. Ele recebeu o toque divino sem o qual no h nenhum despertar, nem abertura do esprito; mas uma vez recebido, a realizao certa, quer seja conquistada rapidamente no decurso de uma nica vida humana ou perseguida pacientemente atravs de muitas estadias do ciclo de existncia no universo manifestado. Nada pode ser ensinado mente que j no esteja encoberto como conhecimento potencial na alma em desdobramento da criatura. Assim tambm, toda perfeio da qual o homem exterior capaz, apenas uma realizao da eterna perfeio do Esprito dentro dele. Conhecemos o Divino e tornamo-nos o Divino, porque j somos Isso em nossa natureza secreta. Todo ensinamento uma revelao, todo tornar-se um desabrochar; auto-realizao o segredo, auto-conhecimento e uma crescente conscincia so os meios e o processo.

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O meio usual desta revelao a Palavra, a coisa ouvida (sruta). A Palavra pode chegar a ns vinda de dentro; pode chegar a ns de fora. Mas, em qualquer caso, apenas um agente que coloca o conhecimento escondido em ao. A palavra dentro pode ser a expresso vocal da alma em ns, que est sempre aberta ao Divino, ou pode ser a palavra do Mestre secreto e universal que se encontra nos coraes de todos. Existem raros casos quando nada mais necessrio, porque todo o resto do Yoga um desdobramento sob aquele constante toque e direo; o ltus do conhecimento abre-se de dentro pelo poder da irradiante efulgncia que procede do habitante no ltus do corao. Grandes de fato, mas poucos, so aqueles para quem o auto-conhecimento de dentro suficiente e que no necessitam passar pela influncia dominante de um livro escrito ou de um mestre vivo. Comumente, a Palavra de fora que representa o Divino necessria como um auxlio no trabalho de auto-desenvolvimento; e pode ser uma palavra do passado ou a palavra mais poderosa do Guru vivo. Em alguns casos, esta palavra representativa apenas usada como uma espcie de escusa do poder interior para acordar e manifestar; , por assim dizer, uma concesso do onipotente e onisciente Divino generalidade de uma lei que governa a Natureza. Assim dito no Upanishad que Krishna, filho de Devaki, recebeu uma palavra do Rishi Ghora e obteve o conhecimento, Assim, Ramakrishna, tendo conseguido por seu prprio esforo interno e iluminao central, aceitou vrios mestres nos diferentes caminhos do Yoga, mas sempre mostrou no modo e rapidez de sua realizao que esta aceitao era uma concesso regra geral, pela qual o conhecimento efetivo deve ser recebido do Guru pelo discpulo. Mas, geralmente, a influncia representativa ocupa um lugar muito mais vasto na vida do Sadhaka. Se o Yoga for guiado por um Shastra escrito que tenha sido recebido - alguma Palavra do passado que incorpore a experincia dos Yogues antigos ela pode ser praticada pelo esforo pessoal apenas, ou com a ajuda de um Guru. O conhecimento espiritual ento adquirido atravs da meditao sobre as verdades espirituais que so ensinadas e que se tornam vivas e conscientes por sua realizao na experincia pessoal. O Yoga procede dos resultados de mtodos prescritos ensinados nas Escrituras ou na tradio e reforado e iluminado pelas instrues do Mestre. Esta uma prtica mais restrita, porm segura e efetiva dentro de seus limites, porque seque uma trilha bem conhecida em direo a um longo objetivo familiar. Para o Sadhaka do Yoga Integral necessrio lembrar que nenhum Shastra escrito, mesmo que sua autoridade seja grande ou amplo seu esprito, no pode ser mais do que uma expresso parcial do eterno Conhecimento. Ele us-lo-, mas nunca se prender a ele, mesmo maior das Escrituras. Se a Escritura for profunda, vasta e universal, poder exercer sobre ele uma influncia para o bem mais elevado e ser de incalculvel importncia. Pode ser associada s suas experincias do despertar de verdades culminantes e sua realizao de experincias elevadas. Seu Yoga pode ser governado por um longo tempo por uma escritura ou por vrias sucessivamente se estiver na linha da grande tradio Hindu, pelo Gita, por exemplo, os Upanishads, o Veda. Ou uma boa parte do seu desenvolvimento poder incluir no seu material uma experincia variada e rica das verdades das muitas Escrituras, para tornar o futuro opulento de tudo que existiu de melhor no passado. Mas, no fim, ele deve tomar sua posio, ou melhor ainda, se puder, sempre e desde o princpio, ele deve viver em sua prpria alma, alm da Verdade escrita sabdabrahmativartate - alm de tudo que tenha ouvido e de tudo que ainda venha a ouvir - srotavyasya srutasyaca. Porque ele no o Sadhaka de um livro ou de muitos livros; ele um Sadhaka do Infinito.

O Senhor dos TrabalhosO Senhor e Impulsionador de nossos trabalhos o Uno, o Universal e Supremo, o Eterno e o Infinito. Ele o transcendente ignoto, ou o AbsoIuto incognoscvel, o Inefvel inexpresso e imanifesto acima de ns; mas ele tambm o Eu de todos os seres, o Senhor de todos os mundos, o que transcende todos os mundos, a Luz e o Guia, o Todo-Maravilhoso e o Todo Bem-Aventurana, o Amado e o Amante. Ele o Esprito Csmico e toda esta Energia criativa nossa volta; ele o Imanente dentro de ns. Tudo que , ele, e ele mais que tudo isso, e ns mesmos, embora no saibamos, somos ser de seu ser, fora de sua fora, conscientes com uma conscincia derivada da sua; mesmo a nossa substncia mortal feita de sua substncia e h um imortal dentro de ns que uma fasca da Luz e Ventura que existe para sempre. No importa se por conhecimento, trabalho, amor ou qualquer outro meio, o objetivo de todo Yoga tornar se consciente dessa verdade de nosso ser, realiz-la, faz-la efetiva aqui ou em qualquer lugar.

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Mas a passagem longa e o labor rduo antes que o possamos olhar com olhos que vem de verdade, e mais longo e rduo deve ser nosso esforo se quisermos reconstruir-nos sua verdadeira imagem. O Senhor dos trabalhos no se revela de repente quele que busca. sempre seu Poder que age por trs do vu, porm ele manifesto apenas quando ns renunciamos ao egosmo do trabalhador, e seu movimento direto aumenta na proporo em que a renncia se torna cada vez mais concreta. Apenas quando nossa entrega sua Shakti divina absoluta, teremos ns o direito de viver em sua presena absoluta. E s ento podemos ver nosso trabalho projetar-se naturalmente, completa e simplesmente nos moldes da Vontade Divina. Devem existir, portanto, estgios e gradaes em nossa aproximao dessa perfeio, assim como h progresso em direo a toda outra perfeio, em qualquer plano da Natureza. A viso da glria plena pode chegar-nos antes, subitamente ou devagar, de vez ou freqentemente, mas at que a base esteja completa, um resumo ou condensao, no uma experincia durvel e toda abrangente, no uma presena duradoura. As amplitudes, os contedos da Revelao Divina vm depois e desenrolam, gradualmente, seu poder e seu significado. Ou, mesmo, a viso firme pode estar nas culminncias de nossa natureza, mas a resposta perfeita de nossos membros interiores vem apenas por etapas. Em todos os Yogas, os primeiros requisitos so f e pacincia. Os ardores do corao e a violncia da vontade ansiosa que procuram tomar o reino dos cus pela tempestade podem ter reaes miserveis, se eles desdenharem apoiar sua veemncia nestes auxiliares mais humildes e mais tranqilos. E no longo e difcil Yoga Integral deve haver uma f integral e uma pacincia inabalvel. difcil adquirir ou praticar esta f e firmeza no caminho spero e estreito do Yoga por causa da impacincia do corao e da mente, e a f ansiosa, porm vacilante, de nossa natureza rajsica. A natureza vital do homem sempre tem fome dos frutos de seu labor e, se os frutos lhe parecem negados ou demoram a vir, ele perde a f no ideal e na orientao. Porque sua mente julga sempre pela aparncia das coisas, j que este o primeiro hbito inerente razo intelectual, na qual ele to excessivamente confia. Nada mais fcil para ns do que acusar Deus, em nossos coraes, quando sofremos longamente ou tropeamos na escurido, ou abjurar do ideal que colocamos diante de ns. Pois dizemos: "Confiei no Altssimo e fui abandonada no sofrimento e pecado e erro". Ou ento, "Empenhei toda minha vida numa idia que contrariada e desencorajada pelos fatos inflexveis da experincia. Teria sido melhor ser como outros homens, que aceitam suas limitaes e andam no cho firme da experincia normal". Em tais momentos - e eles so, s vezes, freqentes e longos - toda experincia mais elevada esquecida e o corao concentra-se em sua prpria amargura. So nessas passagens sombrias que possvel cair para sempre ou se voltar contra o trabalho divino. Se algum j tiver andado por muito tempo e de modo firme no caminho, a f do corao permanecer sob a presso mais feroz e adversa; mesmo que esteja escondida ou aparentemente destruda, ela aproveitar a primeira oportunidade para reaparecer. Porque alguma coisa mais elevada que o corao ou mesmo o intelecto a sustenta, a despeito dos piores tropeos e atravs do mais prolongado malogro. Mas, mesmo para o Sadhaka experimentado, essas vacilaes ou obscurecimentos provocam um retardamento em seu progresso e eles so extremamente perigosos para o novio. , portanto, necessrio, desde o princpio, compreender e aceitar as dificuldades rduas do caminho e sentir a necessidade de uma f que, para o intelecto pode parecer cega, contudo, mais sbia do que nossa inteligncia racional. Porque esta f um suporte de cima; a brilhante sombra projetada por uma luz secreta que excede o intelecto e suas premissas; o corao de um conhecimento escondido que no est merc das aparncias imediatas. Nossa f, quando perseverante, ser justificada em seus trabalhos e elevada e transfigurada finalmente na auto-revelao de um conhecimento divino. Devemos sempre aderir injuno do Gita -"O Yoga deve ser, continuamente, colocado em prtica com um corao livre da depresso acabrunhadora". Sempre devemos repetir ao intelecto vacilante a promessa do Senhor: "Livrar-te-ei certamente de todo pecado e mal; no te lamentes". No fim, as hesitaes da f cessaro, porque veremos Sua face e sentiremos sempre a Presena Divina.

A Vontade Suprema

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luz dessa progressiva manifestao do Esprito, a princpio aparentemente engolfada na Ignorncia, depois livre no poder e sabedoria do Infinito, podemos melhor compreender a grande e culminante injuno do Gita ao Karmayogi: "Abandona todos os Dharmas, todos os princpios e leis e regras de conduta, refugia-te em Mim somente". Todos os padres e regras so construes temporrias, fundadas nas necessidades do ego em sua transio da Matria para o Esprito. Estes expedientes tm uma relativa imposio enquanto ficamos satisfeitos nos estgios de transio, contentes com a vida fsica e vital, apegados ao movimento mental, ou mesmo fixos nas esferas do plano mental tocadas pelo brilho espiritual. Porm, alm est a vastido sem barreiras da conscincia supramental infinita, onde cessam todas as estruturas temporais. No possvel entrar inteiramente na verdade espiritual do Eterno e do Infinito se no tivermos a f e a coragem de nos confiarmos nas mos do Senhor de todas as coisas e Amigo de todas as criaturas, e deixarmos para trs, completamente, nossos limites e medidas mentais. Em um dado momento, devemos mergulhar, sem hesitao, reserva ou medo ou escrpulo dentro do oceano do livre, do infinito, do Absoluto. Depois da Lei, a Liberdade, depois dos padres do pessoal, do geral, do universal, existe ainda algo maior, a plasticidade impessoal, a liberdade divina, a fora transcendente e o impulso superno. Depois do caminho estreito da ascenso, o vasto planalto do pice. H trs estgios da ascenso - no fundo, a vida corprea escravizada presso da necessidade e do desejo; no meio, a regra do mental, do emocional mais elevado e do psquico, que procura maiores interesses, aspiraes, experincias e idias, e no cume, primeiro um psquico e um estado espiritual mais profundos e depois a conscincia supramental eterna, na qual toda nossa aspirao e buscas descobrem seu prprio significado ntimo. Na vida corprea, primeiro o desejo e a necessidade, depois o bem realizvel do indivduo e da sociedade so o motivo imperante, a fora dominante. Na vida mental, so as idias e as regras ideais, idias que so meia-luzes usando a vestimenta da Verdade, idias formadas pela mente como um resultado de uma crescente intuio e experincia, embora ainda imperfeitas. Sempre que a vida mental prevalece e a corprea diminui sua brutal insistncia, o homem, o ser mental, sente-se empurrado pela presso da Natureza mental para moldar a vida do indivduo no sentido da idia ou do ideal, e no fim, mesmo a vida mais complexa e mais vaga da sociedade forada a se submeter a este sutil processo. Na vida espiritual, ou quando um poder mais alto que a Mente tiver se manifestado e possudo a natureza, estas foras-motivo limitadas retrocedem, definham, tendem a desaparecer. O Eu espiritual ou supramental, o Ser Divino, a Realidade suprema e imanente, deve ser unicamente o Senhor dentro de ns e deve moldar livremente nosso desenvolvimento final, de acordo com a mais elevada, a mais vasta, a mais integral expresso possvel da lei de nossa natureza. No fim, essa natureza age na Verdade perfeita e na liberdade espontnea, porque ela obedece apenas ao poder luminoso do Eterno. O indivduo no tem nada mais a ganhar, nenhum desejo para realizar; ele tornou-se uma poro da impersonalidade ou personalidade universal do Eterno. Nenhum outro objetivo que a manifestao e jogo do Esprito na vida e a manuteno e conduta do mundo em sua marcha para o objetivo final divino pode obrig-lo ao. Idias, opinies e construes mentais no so mais suas, porque sua mente entrou em silncio, ela apenas um canal para a Luz e a Verdade do conhecimento divino. Ideais so muito estreitos para a vastido de seu esprito; o oceano do Infinito que flui atravs dele e o move para sempre.

O Homem, Um Ser TransicionalO homem um ser transicional, no final. Porque no homem e acima, alm dele, elevam-se degraus radiantes que conduzem divina superhumanidade. L se encontra nosso destino e a chave liberadora de nossa existncia mundana aspirante, mas perturbada e limitada. Por homem queremos dizer a mente aprisionada em um corpo vivo. Mas a mente no o mais alto poder possvel de conscincia, pois a mente no est na posse da Verdade, mas apenas sua investigadora ignorante. Alm da mente, encontra-se um poder supramental e gnstico de conscincia que est na posse eterna da Verdade. Esta supermente , ao mesmo tempo e natureza, em sua fonte, a conscincia e sabedoria dinmicas e a vontade infinita do Conhecedor e Criador divinos. A supermente o superhomem; uma humanidade gnstica o prximo passo evolucionrio distinto e triunfante a ser alcanado pela natureza terrena. O passo entre o homem e o superhomem a prxima aquisio na evoluo da terra. inevitvel porque , ao mesmo tempo, a inteno do Esprito interior e a lgica do processo da Natureza.

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O aparecimento de uma possibilidade humana no mundo material e animal foi o primeiro raio de luz de alguma Luz divina prxima, a primeira promessa longnqua de uma divinidade a nascer da Matria. O aparecimento de um superhomem no mundo humano ser a realizao desta divina promessa. Da conscincia material na qual nossa mente trabalha como um escravo acorrentado, est emergindo o disco de um sol secreto de Poder e Alegria e Conhecimento. A supermente ser o corpo formado desta radiante efulgncia. A superhumanidade no o homem que escalou at seu prprio znite natural, no um degrau superior da grandeza humana de conhecimento, de poder, de inteligncia, de vontade, de carter, de gnio, de fora dinmica, de santidade, de amor, de pureza ou perfeio. A Superhumanidade algo que est alm do homem mental e seus limites; uma conscincia maior que a conscincia mais elevada, prpria da natureza humana. O homem um ser mental cuja mentalidade trabalha aqui envolvida, obscura e degradada em um crebro fsico. Mesmo no mais elevado de sua espcie, por essa dependncia est frustrada de sua possibilidade de fora e liberdade supremas, separada mesmo de seus prprios poderes divinos, impotente para mudar nossa vida, alm de certos limites estreitos e precrios; uma fora aprisionada e cerceada mais freqentemente, apenas um servidor ou fornecedor de interesses ou um abastecedor de divertimentos para a vida e o corpo. Mas o divino superhomem ser um esprito gnstico. A supermente nele se encarregar dos instrumentos mentais e fsicos, permanecendo acima e, contudo, penetrando nossas partes inferiores j manifestadas, transformar a mente, vida e corpo. A mente a fora mais elevada no homem. Mas a mente no homem um poder ignorante, nublado e que se debate. E mesmo quando mais luminoso, possudo apenas por uma luz plida e refletida e fraca. Uma supermente livre, senhora de si, que expresse as glrias divinas, ser o instrumento central do superhomem. Seus movimentos desembaraados de conhecimento autoexistentes, de poder espontneo e deleite no misturado, imprimiro a harmonia da vida dos deuses na existncia terrena. O homem em si pouco mais que algo ambicioso. Ele uma insignificncia que alcana uma vastido e uma grandeza que est alm dele, um ano enamorado das alturas. Sua mente um raio escuro nos esplendores da Mente universal. Sua vida uma agitada paixo ansiosa, abatida pela tristeza, esforando-se, exultando, sofrendo, ou um movimento mesquinho da Vida universal, estpido e irracionalmente inquieto. Seu corpo uma poeira elaborada e perecvel na matria universal. Este no pode ser o fim da misteriosa onda ascendente da Natureza. Existe algo alm, algo que a humanidade ser e que visto agora apenas em vislumbres partidos, atravs de fissuras, na grande parede de limitaes que nega sua possibilidade e existncia. Uma alma imortal est em algum lugar dentro dele e emite algumas centelhas de sua presena; acima, um esprito eterno protege-o e sustenta a continuidade da alma de sua natureza: Mas este esprito maior est impedido de descer pela cobertura dura de sua personalidade construda; e esta alma luminosa interna est envolvida, sufocada, oprimida em densas camadas. De todos, s em alguns a alma est ativa, na maioria, dificilmente perceptiva. A alma e o esprito no homem parecem mais existir acima e por trs de sua natureza, do que ser uma parte de sua realidade externa e visvel. Eles esto mais para nascer, do que nascidos da Matria; melhor, so mais possibilidades para a conscincia humana, do que coisas realizadas e presentes. A grandeza do homem no est no que ele , mas no que ele torna possvel. Sua glria a de ser um lugar fechado e a oficina secreta de um labor vivo, nos quais a superhumanidade est sendo preparada por um divino Arteso. Mas ele tambm convidado a participar de uma grandeza ainda maior e isso que, levando em conta ser diferente de uma criao inferior, ele , em parte, um arteso desta divina mudana; seu consentimento consciente, sua vontade e participao consagradas so necessrias para que em seu corpo possa descer a glria que o substituir. Sua aspirao o chamado da terra ao criador supramental. Se a terra chama e o Supremo responde, a hora para essa imensa e gloriosa transformao pode ser agora mesmo. Mas qual a vantagem a ser ganha, pela conscincia da Terra que incorporamos, por esta ascenso sem precedente da mente para supermente, e qual a redeno da mudana supramental? Para que fim deixaria o homem seus limites humanos seguros por esta aventura arriscada?

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Primeiro, considere qual foi o proveito quando a Natureza passou da bruta inconscincia e inrcia, do que parecia a Matria inanimada, para o vibrante despertar de sensibilidade da ordem da planta. A Vida foi ganha; o ganho foi o princpio de um bulo tateante e envolvido, alcanando uma conscincia que se esfora silenciosamente para crescer em direo ao sentido de vibrao, para uma preparao de anseios, uma alegria e beleza vivas. A planta alcanou a primeira forma de vida, mas no a pode possuir porque esta primeira conscincia-vida organizada tinha sentimento e busca, mas era cega, muda, surda, acorrentada ao solo e, envolvida em seu prprio nervo e tecido, no podia escapar deles, no podia ficar por trs de seu eunervo, como faz a mente do animal; menos ainda podia se curvar de cima sobre si mesma, para conhecer e realizar e controlar suas prprias moes, como faz a mente pensante e observadora no homem. Esta foi uma aquisio aprisionada, porque havia ainda uma grossa opresso da primeira Inconscincia que tinha encoberto, com o bruto fenmeno da Matria e de Energia da Matria, todos os sinais do Esprito. A Natureza no podia, de modo algum, parar a, porque ela continha muito em si que ainda estava oculto, em potencial, inexpresso, desorganizado, latente; a evoluo tinha forosamente que avanar. O animal devia substituir a planta no cume e no topo da Natureza. E o que foi ento adquirido quando a Natureza passou da obscuridade do reino vegetal para o sentido desperto, o desejo e a emoo e a mobilidade da vida animal? O proveito foi o sentido liberado e a sensao e o desejo e a coragem e a esperteza e o dispositivo dos objetos de desejo, a paixo, a ao, a tome, a batalha, a conquista, o apelo sexual, o drama, o prazer e toda a alegria e dor da criatura viva consciente. No apenas a vida do corpo que o animal tem em comum com a planta, mas a mente-vida que apareceu pela primeira vez na histria da terra e cresceu de forma para formas mais organizadas at alcanar, no seu melhor, o limite de sua prpria frmula. O animal alcanou uma primeira forma da mente, mas no a pde possuir porque esta primeira conscincia-mente organizada estava escravizada a um escopo, amarrada ao completo funcionamento do corpo e crebro e nervos fsicos, atada para servir vida fsica e seus desejos e necessidades e paixes, limitada aos usos insistentes do mpeto vital, nsia e sentimento e ao materiais, atada sua instrumentao prpria inferior, suas combinaes espontneas de associao e memria e instinto. Ela no podia se livrar delas, no podia se voltar de cima como faz a razo humana e a vontade para controlar, ampliar, reordenar, exceder, sublimar. A cada passo importante da ascenso da Natureza, h uma reverso de conscincia no esprito evolvente. Como quando um alpinista chega ao cume que almejava alcanar, e olha para baixo com um poder de viso exaltado e mais vasto para tudo que estava uma vez acima ou no mesmo nvel que ele, mas agora est abaixo de seus ps, o ser evolucionrio no apenas transcende seu eu passado, seu status anterior ultrapassado, mas comanda de um grau mais elevado de auto-experincia e viso, agora com um sentimento perceptivo ou uma nova viso compreensiva e realizadora num sistema de valores maior, tudo que havia sido sua prpria conscincia, mas que est agora abaixo dele e pertence uma criao inferior. Este reverso o sinal de uma vitria decisiva e o selo de um progresso radical na Natureza. A nova conscincia alcanada na evoluo do esprito sempre mais elevada em grau e poder, sempre mais ampla, mais rica e refinada em faculdades, mais complexa, mais orgnica e dominadora que a conscincia que era uma vez a nossa prpria e que foi deixada para trs. H maior amplido e espao, alturas antes intransponveis, profundidades e intimidades inesperadas. H uma expanso luminosa que o verdadeiro sinal manual do Supremo sobre o seu trabalho. Observe que cada grande passo radical para frente j tomado pela Natureza foi infinitamente maior em suas alteraes, incalculavelmente mais amplo em suas conseqncias do que seu insignificante predecessor. Existe uma abertura miraculosa para uma expanso sempre mais rica e mais vasta, h uma nova iluminao da criao e um enaltecimento dinmico de seus significados. No existe, neste mundo em que vivemos, nenhuma igualdade no plano horizontal, mas uma hierarquia de superioridades apressadas sempre crescentes, empurrando seus ombros gigantescos para cima em direo ao Supremo. Porque sendo o homem um ser mental, ele naturalmente imagina que a mente o grande e nico lder e ator e criador ou o agente indispensvel no universo. Mas isso um erro; mesmo em relao ao conhecimento, a mente no o nico instrumento, maior ou possvel, o nico aspirante e descobridor. A mente um interldio canestro entre a ao precisa e vasta do subconsciente da Natureza e a enormidade infalvel da ao superconsciente da Divindade.

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No h nada que a mente possa fazer que no possa ser feito melhor na imobilidade da mente e na quietude do livre pensamento. Quando a mente fica tranqila, ento a Verdade aproveita-se da oportunidade para ser ouvida na pureza do silncio. A Verdade no pode ser conseguida atravs do pensamento da Mente, mas apenas por identidade e pela viso silenciosa. A Verdade vive na calma da Luz muda dos espaos eternos; eIa no se manifesta no rudo e no palrar do debate lgico. O pensamento na mente pode, no mximo, ser a vestimenta brilhante e transparente da Verdade; no nem mesmo seu corpo. Olhe atravs da veste e no para ela e voc poder ver alguma insinuao de sua forma. Pode ser um corpo-pensamento da Verdade, mas o Pensamento e a Palavra espontneas supramentais que, completamente formados, ressaltam da Luz, no alguma imitao e miscelnea mentais e difceis. O Pensamento supramental no um meio para chegar Verdade, mas um modo de a expressar, pois a Verdade na Supramente auto-criada ou auto-existente. uma seta da Luz, no uma ponte para a alcanar. Cale interiormente o pensamento e a palavra, fique imvel dentro, olhe em direo luz acima e para fora, em direo vasta conscincia csmica que est sua volta. Seja uno cada vez mais com a luminosidade e a vastido. Ento, a Verdade raiar de cima sobre voc e derramar-se- em voc de tudo sua volta. Mas s se a mente no for menos intensa em sua pureza do que seu silncio. Por que numa mente impura o silncio ser logo preenchido por luzes enganadoras e vozes falsas, o eco e a sublimao de seus prprios conceitos e opinies enfatuados ou a resposta a seu orgulho secreto, vaidade, ambio, lascvia, cobia ou desejo. Os Tits e os Demnios falaro a ele mais rapidamente do que as Vozes divinas. O Silncio indispensvel, mas tambm h necessidade de amplido. Se a mente no estiver silenciosa, ela no pode receber as luzes e vozes da Verdade superna ou as recebe misturadas s suas prprias lnguas trmulas e ao balbucio pretensioso e cego. Ativa, arrogante, barulhenta, ela distorce e desfigura o que recebe. Se no for vasta, no pode abrigar o poder efetivo e a fora criativa da Verdade. Alguma luz pode adejar l, mas torna-se estreita, confinada e estril: a Fora que desce fica aprisionada e frustrada e se retira outra vez deste plano rebelde e estranho para suas vastas alturas. Ou mesmo se algo desce e permanece uma prola no lodaal, porque nenhuma mudana acontece na natureza, ou ento, se forma apenas uma fraca intensidade que aponta acanhadamente para as culminncias, mas pouco pode guardar e difundir no mundo sua volta.

A Alma e o Ser PsquicoQuando a alma ou "centelha do Fogo Divino" comea a desenvolver uma individualidade psquica, essa individualidade psquica chamada de ser psquico. A alma ou centelha existe antes do desenvolvimento de uma mente e um vital organizados. A alma alguma coisa do Divino que desce dentro da evoluo, como um Princpio divino no interior dela, para servir de suporte para a evoluo do indivduo, da Ignorncia para a Luz. Ela desenvolve no decurso da evoluo um indivduo psquico ou individualidade-alma que cresce de vida para vida, usando a mente, o vital e o corpo evolventes como seus instrumentos. a alma que imortal, enquanto o resto se desintegra, ela passa de vida para vida, carregando sua experincia em essncia e a continuidade da evoluo do indivduo. a conscincia toda, mental, vital e fsica, tambm, que tem que se elevar para se unir a uma conscincia mais alta e uma vez realizada essa unio, a conscincia mais alta tem que descer dentro delas. O psquico est por trs de tudo isso como base de apoio.

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Uma distino tem que ser feita entre a alma em sua essncia e o ser psquico. Por trs de cada um e de tudo est a alma que a centelha do Divino - nada poderia existir sem ela. Porm, perfeitamente possvel existir um ser vital e fsico sem um ser psquico claramente evolvido por trs dele. Contudo, no se pode fazer afirmaes generalizadas de que nenhum aborgene possua uma alma ou que no haja nenhuma manifestao da alma em qualquer parte. O ser interior composto do mental interior, do vital interior, do fsico interior - porm isso no o ser psquico. O psquico o ser mais profundo e completamente distinto deles. A palavra "psquico" realmente usada em ingls para indicar alguma coisa diferente ou mais profunda que a mente, vida e corpo externos, alguma coisa oculta ou suprafsica, porm esse um uso que traz confuso e erro e ns o descartamos inteiramente quando falamos ou escrevemos sobre Yoga. Em linguagem comum, podemos usar algumas vezes a palavra "psquico" no sentido popular mais livre, ou na poesia, quando no estiver presa exatido intelectual, podemos s vezes falar da alma no sentido comum e mais exterior, ou no sentido do verdadeiro psquico. O ser psquico est velado pelos movimentos superficiais e se expressa o melhor que pode atravs desses instrumentos exteriores, que so governados mais pelas foras externas do que pelas influncias internas do psquico. Porm, isso no significa que eles estejam isolados inteiramente da alma. A alma est no corpo do mesmo modo que a mente ou o vital - porm o corpo que ela ocupa no apenas esse corpo grosseiro fsico, mas o corpo sutil tambm. Quando o revestimento grosseiro se dissolve, os revestimentos vital e mental do corpo ainda permanecem como veculos da alma, at que eles tambm se dissolvam. A alma de uma planta ou de um animal no est inteiramente adormecida - apenas seus meios de expresso so menos desenvolvidos do que os do ser humano. H muito na planta que psquico, muito que psquico no animal. A planta evolveu apenas o fsico-vital em sua forma, assim ela no pode se expressar; o animal tem uma mente vital e a pode expressar, mas sua conscincia limitada e suas experincias so limitadas, de modo que a essncia psquica tem uma conscincia e uma experincia menos desenvolvidas do que aquelas presentes no homem, ou pelo menos, que lhe possvel. Contudo, os animais tm uma alma que pode corresponder bem aproximadamente ao psquico no homem. claro que o "fantasma" no a alma. Ele ou o homem que aparece em seu corpo vital ou um fragmento de seu vital que foi agarrado por algum ser ou fora vital. A parte vital em ns persiste normalmente por algum tempo aps a dissoluo do corpo, e passa para o plano vital, onde permanece at que o revestimento vital se dissolva. Depois ele passa, se for desenvolvido mentalmente, para o revestimento mental e para algum mundo mental e, finalmente, o psquico deixa tambm o seu revestimento mental e vai para seu lugar de descanso. Se o mental for extremamente desenvolvido, ento a parte mental em ns pode permanecer; do mesmo modo pode o vital, desde que eles sejam organizados e reunidos volta do verdadeiro ser psquico - ento eles podem compartilhar da imortalidade do psquico. Caso contrrio, o psquico atrai a mente e a vida para dentro de si mesmo e penetra numa quietude internatal.

O Ser Psquico e o PsquicoO ser psquico a centelha do Divino envolvida aqui na existncia individual. Ela cresce e evolve na forma do ser psquico. A nossa parte psquica algo que vem diretamente do Divino e est em contato com a Divino. Em sua origem, o ncleo prenhe de possibilidades divinas que suporta esta manifestao tripla mais inferior da mente, vida e corpo. Este elemento divino existe em todos os seres vivos, porm permanece escondido por trs da conscincia ordinria; no a princpio desenvolvido e, mesmo quando desenvolvido, no est sempre ou freqentemente frente; e se expressa, tanto quanto a imperfeio do instrumento permite, por seus meios e sob suas limitaes. Ele cresce na conscincia pelas experincias dirigidas a Deus, ganhando fora cada vez que h um movimento elevado em nos e, finalmente, pela acumulao destes movimentos mais profundos e mais elevados, desenvolve uma individualidade psquica - o que chamamos usualmente de ser psquico.

O Ser Psquico e o Eu (Esprito).19

O psquico a alma que se desenvolve na evoluo - o esprito o Eu que no afetado pela evoluo; ele est acima dela - apenas est encoberto pela atividade da mente, vida e do corpo. necessrio compreender claramente a diferena entre a alma evolvente (ser psquico) e o puro Atman, Eu ou Esprito. O puro Eu no nasce, no passa atravs da morte ou nascimento, independente do nascimento ou do corpo, mente ou vida, ou desta Natureza manifestada. No est preso a estas coisas, no limitado nem afetado, apesar de assumi-Ias e suport-las. A alma ao contrrio, algo que desce dentro do nascimento e atravs da morte (embora ela prpria no morra, porque imortal), passa de um estado para o outro, do plano da terra para outros planos e volta outra vez existncia na terra. Ela continua com esta progresso, de vida em vida, atravs de uma evoluo que a leva at o estado humano e evolve, por meio de tudo isso, um ser de si prpria, que chamamos de ser psquico, que suporta a evoluo e desenvolve uma conscincia mental, vital e fsica como seus instrumentos de experincia do mundo e de uma auto-expresso disfarada, imperfeita, porm crescente.

RenascimentoVoc deve evitar um erro popular comum sobre a reencarnao. A idia popular que Titus Balbus renasce novamente como John Smith, um homem com a mesma personalidade, carter, realizaes, que tinha em sua vida anterior, com a nica diferena que usa palet e cala em vez de toga, e fala ingls "cockney" em vez de latim popular. No este o caso. Qual seria a utilidade terrena de repetir a mesma personalidade e carter um milho de vezes, do comeo do tempo at seu fim? A alma vem existncia para experincia, crescimento, evoluo, at que possa trazer o Divino para dentro da Matria. o ser central que se encarna, no a personalidade exterior - a personalidade apenas um molde que ele cria para suas formas de experincias naquela vida. Em um outro nascimento, criar para si uma vida e carreira diferentes. Supondo que Virglio nasa outra vez, ele pode seguir a poesia em uma ou duas outras vidas, porm certamente no escrever uma poesia pica, mas antes, talvez, belos versos lricos, leves e elegantes, como quis escrever em Poma, mas no conseguiu. Noutro nascimento, provavelmente, no ser nenhum poeta, porm um filsofo e um yogue procurando alcanar e expressar a verdade mais alta porque isto tambm foi uma tendncia irrealizada de sua conscincia naquela vida. Talvez antes, ele tenha sido um guerreiro ou regente praticando feitos, como Enas ou Augusto, antes de cant-los. E, assim por diante, - deste ou daquele modo, o ser central desenvolve um novo carter, uma nova personalidade, cresce, desenvolve-se, passa por toda espcie de experincias terrestres. Enquanto o ser evolutivo desenvolve-se cada vez mais e torna-se rico e complexo, ele acumula suas personalidades, por assim dizer. Algumas vezes elas permanecem por trs dos elementos ativos, lanando alguma cor, algum trao, alguma capacidade aqui e ali, - ou permanecem frente, e h ento uma personalidade mltipla, um carter de muitas facetas ou uma capacidade multilateral, que se parece algumas vezes com uma capacidade universal. Mas se uma personalidade anterior, uma capacidade anterior trazida frente integralmente, no ser para repetir o que j foi feito, mas para projetar a mesma capacidade em novas formas e contornos e fundi-Ia numa nova harmonia do ser, que no ser a reproduo do que foi antes. Assim, voc no deve esperar ser o que o guerreiro e o poeta foram. Algo das caractersticas exteriores poder reaparecer, mas muito mudadas e remodeladas numa nova combinao. numa nova direo que as energias sero guiadas para fazer o que no foi feito antes. Outra coisa. No a personalidade nem o carter, que so de primeira importncia no renascimento - o ser psquico que permanece por trs da evoluo da natureza e evolui com ela. Quando o psquico deixa o corpo espalhando o mental e o vital para seu lugar de repouso, carrega consigo o mago de suas experincias, - no os acontecimentos fsicos, no os movimentos vitais, no as construes mentais, no as capacidades ou caracteres, mas alguma coisa essencial que colheu deles, que pode ser chamada de elemento divino, pelo bem do qual o resto existiu. Isto a adio permanente, isto que ajuda a crescer em direo ao Divino. por essa razo que, usualmente, no h memria dos acontecimentos e circunstncias exteriores de vidas passadas - para esta memria, deve haver um forte desenvolvimento em direo continuidade ininterrupta da mente, do vital, at mesmo do fsico sutil; pois embora ela permanea numa forma de semente-memria, raramente emerge. O que foi o elemento divino na magnanimidade do guerreiro, que se expressou na sua lealdade, nobreza, grande coragem, o que foi o elemento divino por trs da mentalidade harmoniosa e da vitalidade generosa do poeta e se expressou neles, isto permanece e numa nova harmonia de carter pode encontrar uma nova expresso, ou, se a vida estiver voltada para o Divino, ser usado como foras para a realizao ou para o trabalho que tem de ser feito pelo Divino.

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O Objetivo do Nascimento, Renascimento e Boas e Ms AesO ser psquico na hora da morte no escolhe nem planeja a prxima formao da personalidade, ele a fixa. Quando entra no mundo psquico, ele comea a assimilar a essncia de suas experincias, e atravs dessa assimilao formada a futura personalidade psquica, de acordo com a fixao j feita. Quando esta assimilao termina, ele est pronto para um novo nascimento. Mas os seres menos desenvolvidos no planejam a coisa totalmente por si mesmos. H seres e foras do mundo superior que fazem esse trabalho. Tambm, quando ele nasce, existe a possibilidade de que as foras do mundo fsico se atravessem no planejamento daquilo que ele queria - sua prpria instrumentao nova talvez no seja suficientemente forte para esse propsito; porque h a interao de suas prprias energias e das foras csmicas aqui. Pode haver frustrao, desvio, um planejamento parcial - muita coisa pode acontecer. Tudo isso no uma engrenagem rgida, um planejamento de foras complexas. Pode-se acrescentar, entretanto, que um ser psquico desenvolvido muito mais consciente nesta transio e planeja muito disso por si mesmo. O tempo depende tambm do desenvolvimento e de um certo ritmo do ser - para alguns, h praticamente um renascimento imediato, para outros demora mais, e para outros ainda pode levar sculos. Mas aqui, novamente, desde que o ser psquico seja suficientemente desenvolvido, ele livre para escolher seu prprio ritmo e seu prprio intervalo. As teorias comuns so muito mecnicas (e esse o caso tambm dessa idia de punya e ppa e seus resultados na vida seguinte). Certamente h resultados de energias colocadas em movimento na vida anterior, mas no nesse princpio algo infantil. O sofrimento de um bom homem nesta vida seria a prova, de acordo com a teoria ortodoxa, de que ele teria sido um grande vilo na vida passada. O prosperar de um homem mau seria a prova de que ele teria sido muito bondoso na sua ltima visita terra e espalhado uma grande semeadura de virtudes e aes meritrias, para colher esta plantao trasbordante de boa fortuna. Muito simtrico para ser verdadeiro. Sendo o objetivo do nascimento o progresso atravs de experincias, quaisquer reaes que venham de aes passadas devem ocorrer para que o ser aprenda e cresa, no como pirulitos para os bons meninos da classe (no passado) e castigo para os maus. A sano real para o bem e o mal no a boa sorte para um e a m sorte para o outro, mas sim que o bem nos leva em direo a uma natureza superior, que eventualmente elevada acima do sofrimento, e o mal nos puxa em direo a uma natureza inferior, que sempre permanece no crculo do sofrimento e do mal.

Isto o Fim? isto o fim de tudo que fomos, tudo que fizemos ou sonhamos? Um nome no lembrado e uma forma desfeita, isto o fim?

Um corpo apodrecendo sob a lage de pedra Ou transformado em cinzas pelo fogo, Uma mente dissolvida, perdidos seus esquecidos pensamentos, isto o fim?

Nossas poucas horas que foram e no mais so, Nossas paixes outrora to elevadas, Sendo zombadas pela terra tranqila e a calma luz do sol, isto o fim?

Nossos anseios de elevao humana em direo a Deus Passando para outros coraes Iludidos, enquanto o mundo sorri para a morte e o inferno,21

isto o fim?

Cada est a harpa, ela jaz despedaada e muda; Est morto o invisvel tocador? Porque a rvore tombou onde o pssaro cantava, Deve o canto tambm emudecer?

Aquele que na mente planejou e desejou e pensou, Trabalhou para reformar o destino da terra, Aquele que no corao amou e suspirou e esperou, Tambm chega ele ao fim?

O imortal no mortaI o seu Nome; Aqui uma Divindade artista Em formas mais divinas, sempre se remodela, Sem vontade de cessar

At que tudo seja feito, para o que as estrelas foram criadas, At que o corao descubra Deus E a alma se conhea. E mesmo ento No h nenhum fim.

A Real DificuldadeA real dificuldade est sempre em ns mesmos, no nossa vota. H trs coisas necessrias para fazer o homem invencvel: Vontade, Desinteresse e F. Podemos ter uma vontade para nos emancipar, mas F suficiente pode estar faltando. Podemos ter uma f em nossa liberao final, mas a vontade de usar os meios necessrios pode estar faltando. E mesmo que haja vontade e f, podemos as usar com um apego violento aos frutos de nosso trabalho ou com paixes de dio, excitamento cego ou apressada violncia, que podem produzir reaes prejudiciais. Por esta razo necessrio, nesse trabalho de tal magnitude, procurar refgio num Poder mais elevado que o da mente e do corpo, a fim de vencer obstculos sem precedentes. Esta a necessidade de fazer Sadhana. Deus est dentro de ns, um Poder Onipotente, Onipresente, Onisciente; ns e Ele somos de uma mesma natureza e, se entrarmos em contato com Ele e colocarmo-nos em Suas mos, Ele derramar em ns Sua prpria Fora e descobriremos que nos, tambm, temos o nosso quinho de divindade, nossa poro de onipotncia, onipresena e oniscincia. O caminho longo, mas a entrega torna-o curto; a senda difcil, mas perfeita confiana torna-a fcil. A Vontade onipotente, mas deve ser vontade divina, desprendida, tranqila, sem cuidados sobre os resultados. "Se voc tivesse f, mesmo do tamanho de um gro de mostarda" disse Jesus, "voc diria quela montanha: Venha e ela viria at voc." O que significava a palavra F era realmente Vontade, acompanhada de perfeita Sraddha. Sraddha no raciocina, ela sabe: pois ela comanda a viso e v o que Deus quer, e ela sabe que, o que for da Vontade de Deus, acontecer. Sraddha sem ser cega, mas usando a viso espiritual, pode tornar-se onisciente. A Vontade tambm onipotente. Pode lanar-se dentro de tudo com o qual entra em contato e conferir-lhe uma poro de seu poder, seus pensamentos, seus entusiasmos, temporria ou permanentemente. O pensamento de um homem solitrio pode tornar-se, pelo exerccio da vontade desinteressada e confiante, o pensamento de uma nao. A vontade de um nico heri pode impregnar de coragem os coraes de milhares de covardes.22

Este o Sadhana que devemos empreender. Esta a condio de nossa libertao. Temos usado uma vontade imperfeita com uma f imperfeita e um imperfeito desprendimento. No entanto, a tarefa diante de nos menos difcil do que mover uma montanha. A fora que pode fazer isto existe. Mas est escondida numa cmara secreta dentro de ns e, desta cmara, Deus guarda a chave. Vamos ach-Lo e reclam-la.

O EntraveQuando tivermos passado alm dos conhecimentos, ento teremos o Conhecimento; a Razo foi o auxlio, a Razo o entrave. Quando tivermos passado alm do querer, ento teremos o Poder; o Esforo foi o auxlio, o Esforo o entrave. Quando tivermos passado alm dos prazeres, ento teremos a felicidade; o Desejo foi o auxlio, o Desejo o entrave. Quando tivermos passado alm da individualizao, ento seremos as Pessoas reais; o Ego foi o auxlio, o Ego o entrave. Quando tivermos passado alm da humanidade, ento seremos o Homem; o Animal foi o auxlio, o Animal o entrave. Transforma tua razo em uma intuio ordenada; que tudo em ti seja luz. Este teu alvo. Transforma teu esforo em um conhecimento igual e soberano da fora da alma; que tudo em ti seja fora consciente, Este teu alvo. Transforma teu prazer em um xtase igual e sem objetivo; que tudo em ti seja felicidade. Este teu alvo. Transforma o indivduo dividido na personalidade universal; que tudo em ti seja divino. Este teu alvo. Transforma o animal no Pastor dos rebanhos; que tudo em ti seja Krishna. Este teu alvo.

a Existncia uma Iluso?Nossa vida no nem acidente, nem mecanismo; no o capricho de algum Acaso auto-organizado e amplamente espalhado, nem o resultado de uma Necessidade material cega e incalculvel. O que chamamos Acaso um jogo de possibilidades do Infinito; o que chamamos Necessidade uma verdade de coisas se evidenciando em uma seqncia de Tempo do Infinito. Nossa vida parece, de fato, nascer de uma Inconscincia csmica que, empurrada, de algum modo, em direo construo do mundo, faz o que pode ou o que deve, mas em nenhum caso tem conhecimento de si prpria ou de sua ao. Contudo, existe um significado nestes trabalhos, uma inteno consciente; nossa vida guiada pela vontade de algum Ser secreto, secreto talvez dentro de seu prprio fenmeno, em direo soluo deste Mistrio csmico acondicionado, o desenrolar de um Enigma decidido e poderoso.