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ISSN 1809-0915 Teresina-PI | Edição nº 35 | Ano IX Publicação Cientí ica da FAPEPI Presidente fala sobre os avanços e desaios da Fapepi Fomento a eventos cientíicos cria nova cultura no Piauí Programa diminui desigualdades regionais entrevista eventos dcr

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Edição Comemorativa 20 anos

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ISSN 1809-0915 Teresina-PI | Edição nº 35 | Ano IX

Publicação Cientíica da FAPEPI

Presidente fala sobre os avanços e desaios da Fapepi

Fomento a eventos cientíicos cria nova cultura no Piauí

Programa diminui desigualdades regionais

entrevista eventos dcr

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2 sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI

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PI sapiência e suas conquistas

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“A missão da FAPEPI é induzir e fomentar a pesquisa e a inovação cientíica e tecnológica para o

desenvolvimento do estado do Piauí”.

www.fapepi.pi.gov.br

FuNdAção dE AmPAro à PESquISAdo ESTAdo do PIAuí

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PI sapiência e suas conquistas

exemplaresimpressos

230.000

matérias

216

142indicações

de livros

196artigos

teses131

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) completa 20 anos em 2013. Entre suas realizações, está a revista Sapiência, canal de divulgação

da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado.

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eXpediente

N° 35 Ano IXISSN - 1809-0915

PublIcAção SAPIêNcIAPublicação produzida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí

Publicação Quadrimestral

coNSelho edItorIAl:Ademir Sérgio Ferreira de Araújo

Ana Regina Barros Rêgo LealAntônia Jesuíta de Lima

Bárbara Olímpia Ramos de MeloCarlos Augusto de França Rocha Júnior

Diógenes Buenos Aires de CarvalhoFrancisco Chagas Oliveira Atanásio

Hermes Manoel Galvão Castelo BrancoJoão Batista Lopes

Maria José Lopes de CarvalhoRaimundo Isídio de Sousa

Ricardo de Andrade Lira RabêloRivelilson Mendes de Freitas

edItoreS, redAção e fotoS:Cássia Sousa

Edienari dos AnjosMarco Aurélio do Amaral

Vanessa Soromo

revISão de teXtoS: Raimundo Isídio de Sousa

ProJeto GrÁfIco e dIAGrAmAção: Genilson Santiago

ImPreSSão e AcAbAmeNto:Graiset Gráica e Editora

tIrAGem: 5 mil exemplares

ao leitor

[email protected]

Av. Odilon Araújo, 372, Piçarra Teresina-PI • CEP 64017-280

Fone: (86) 3216-6090Fax: (86) 3216-6092

Para críticas, sugestões e contato:

foto: Vanessa Soromo

Programa dá autonomia e ixa pesquisadores no Piauí.

Bárbara Melo fala sobre avanços, desaios e o futuro da Fapepi. 7

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Trajetória da Fapepi é tema de dossiê.

Bolsas contribuem para desenvolvimento de C&T no Piauí.

Pesquisadores comentam contribuições do Pronex.

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Sum

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e mais...artigos, teses edicas de livros.

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21democratização de eventos cientíicos amplia participação de comunidades. Fo

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A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) completa 20 anos e, para comemorar esse momento, a Sapiência edição 35 apresenta um dossiê especial sobre o assunto. O passado, o presente e o fu-

turo da única agência de fomento à ciência, tecnologia e inovação do Estado são narrados em três matérias especiais.

A aprovação da lei nº 4.664, de 20 de dezembro de 1993, que criou a Fapepi, foi o resultado dos esforços de um grupo de pes-quisadores determinados que gestou, por muito tempo, a ideia de o Piauí ter uma instituição de fomento à pesquisa. A matéria de abertura do dossiê conta um pouco da história do principal idealizador da Fapepi, professor Afonso Sena Gonçalves. Ele, juntamente com seus parceiros, trabalhou com ainco em busca da concretização de um sonho que viria a beneiciar milhares de pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento.

Vamos conhecer também os presidentes que ajudaram a es-crever os capítulos dessa história e que representam os colabo-radores que contribuíram para a consolidação da Fundação. Na sessão Entrevistas, a atual presidente da Fapepi, professora Bár-bara Melo, faz uma análise das conquistas alcançadas, os avanços e os desaios enfrentados pela Fundação. Além disso, revela as ex-pectativas e os planos traçados para as futuras ações da agência.

Nesta edição comemorativa, vale destacar os importantes edi-tais lançados nos últimos anos pela Fundação em parceria com as agências federais de fomento, tais como: Coordenação de Aper-feiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Na-cional de Desenvolvimento Cientíico e Tecnológico (CNPq) e a Agência Brasileira da Inovação (Finep).

Programas, como o de Desenvolvimento Cientíico Regional – DCR/Piauí, estão sendo responsáveis pelo crescente desenvol-vimento da Ciência e Tecnologia (C&T) em todo o Estado. Isto é percebido pelo surgimento de novas culturas relacionadas às áreas de C&T, pelo aumento de capital humano qualiicado e pela ixação deste na região, pela interiorização das pesquisas e pela consolidação dos programas de pós-graduação.

A equipe responsável pela Sapiência agradece a todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a produção desta edi-ção, que é a última de 2013, ano em que a Fapepi comemora seus 20 anos de fundação. Por aqui, seguimos no trabalho árduo por novas edições que mostrem o crescimento da pesquisa cientíica no Piauí. Boa leitura.

Edito

rial

Marcas de uma trajetória

redessociais

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para a presidente da Fapepi, o conhecimento cientíico deve estar a

serviço das demandas sociais

Por Publicação Sapiência

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A única agência de fomento ao desenvolvimento cientíico e tecnológico do Piauí coleciona avanços e desaios ao longo dos seus 20 anos de fundação.

Bárbara melo é doutora em Linguística pela universidade Federal do Ceará e, há dois anos e meio, preside a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) “Prof. Afonso Sena Gonçalves”. É professora adjunta da universidade Estadual do Piauí (uespi), atuando na graduação e no mestrado proissional em Letras. Exerceu a função da Pró-reitora de Ensino de Graduação na uespi e de diretora Geral do Núcleo de Educação a distância da uespi. Na entrevista a seguir, a presidente destaca as linhas de atuação, os desaios e os planos da instituição que comemora 20 anos de fundação.

Foto

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As ações da fapepi têm crescido signiicativamente nos últimos anos. essa evolução se deve a quê?

Esse quadro se deve principalmente ao apoio que o Governo do Estado, os parceiros da esfera federal e a comunidade cientíica têm dado à Fundação. Esse apoio é materializado, em algumas situações, na forma de assegurar contrapartidas. Nossas maiores ações em montante de recursos são frutos de parcerias com o Governo Federal. Para tanto, é necessário garantirmos o pagamento da contrapartida, pois, se não assegurarmos que o Governo do Estado vai pagar, não conseguimos pactuar com esses órgãos, em especial, Capes, CNPq e Finep.

Outro avanço importante é no apoio à participação e à organização de eventos. Essa é uma ação que possibilita à Fapepi estar presente em todo o Estado, apoiando eventos cientíicos. E é importante destacar que esse apoio é concedido só com recurso do Tesouro Estadual. São editais que estamos regularmente reeditando há quase três anos de forma que os pesquisadores já sabem que podem contar com esse tipo de edital, que vem dando uma grande visibilidade para a divulgação do conhecimento cientíico produzido

no Estado.

A senhora falou que as principais ações da fapepi são oriundas de acordos e parcerias. Qual o relexo disso nos resultados da fundação?

O Governo do Estado tem sido muito pontual no pagamento das contrapartidas. Nós tínhamos feito importantes acordos. Um deles foi com a Capes no ano passado, em que estão sendo investidos 14 milhões de reais só em bolsas de mestrado e de doutorado. Essas bolsas tanto vão para os programas de pós-graduação sediados no Piauí, como vão também para os professores efetivos de universidades e do instituto federal do estado do Piauí, que estão cursando doutorado fora. É difícil fomentar pesquisa em um estado como o Piauí que ainda tem uma arrecadação incipiente em relação a outros estados da federação, só com recursos do Tesouro. Então, os acordos com a Capes, com o CNPq e com a Finep têm sido muito importante. E eu repito: a gente só tem conquistado irmar acordos porque estamos tendo credibilidade. Se a Fapepi não estivesse conseguindo executar aquilo que propõe em seus acordos, não conseguiríamos pactuar para novas parcerias.

A fapepi atua como ponte entre as políticas públicas e a sociedade. de que forma isso vem acontecendo?

Esse é um grande desaio nosso – integrar a demanda da academia, as políticas públicas inanciadas pelo Governo do Estado e as demandas da sociedade no que se refere à solução de problemas. Então nós temos sido responsáveis por ligar esse tripé e não tem sido fácil. O primeiro passo é estreitar o diálogo com a comunidade cientíica, pois os nossos demandadores são os pesquisadores. Então, se eles não acreditam em nossas ações, nós não teremos demandadores. Isso é algo que paulatinamente estamos conquistando: a credibilidade da comunidade cientíica.

Sabemos que há demandas urgentes e emergenciais para serem inanciadas, como por exemplo, na área da saúde pública, então o gestor tem que escolher o que é mais urgente inanciar. Temos procurado interfaces, por exemplo, como a pesquisa cientíica pode ajudar a resolver problemas da saúde pública, lançando editais especíicos para apoiar pesquisa na área do Sistema Único de Saúde. E o outro passo importante é tentar ouvir a demanda da sociedade. O que a sociedade espera que uma fundação que fomenta a pesquisa cientíica e tecnológica possa apontar para resolver problemas locais. Sobre isso temos procurado lançar os nossos editais com temas prioritários. Desde o início de nossa gestão, buscamos lançar nossos editais focando as áreas prioritárias para o estado do Piauí, para que as pesquisas acompanhassem os investimentos feitos pelo Estado, desse modo, garantimos, de certa forma, que o resultado destas pesquisas possam chegar na prática a quem de fato se destinam.

A senhora está presidindo a fundação há dois anos e meio. Quais são os desaios enfrentados pela fapepi atualmente?

Os principais desaios envolvem o orçamento. Sabemos que o Estado tem

Foto: Carlos Rocha

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demandas urgentes e emergenciais, que a nossa arrecadação é uma ainda pequena comparando-a ao restante do país, mas precisaríamos de mais investimentos. Outro ponto: a Fapepi hoje precisaria de um quadro de funcionários efetivos. Precisaríamos de analistas em ciência e tecnologia, contadores, administradores etc; essa é uma proposta que está tramitando na SEAD. Estamos na perspectiva de realizarmos um concurso público no próximo ano. A instituição, tendo esse quadro efetivo, icará bastante fortalecida, pois hoje todos os nossos colaboradores são cedidos de outros órgãos. E o outro desaio é estreitar o diálogo entre a comunidade cientíica e o poder público intermediado pela Fapepi. Essa é uma missão nossa também de que o poder público representado pela Fapepi possa estreitar esse diálogo com a comunidade cientíica, para que possamos ainar nossas ações com base no que a comunidade cientíica espera e o que a sociedade lá na ponta também demanda.

Presidente, a senhora concorda que a fapepi tem tido um papel de suma importância no que se refere a atrair investimentos para o sistema de ciência, tecnologia e inovação do estado, focando nas demandas regionais como é o caso do edital PPSuS que, no último lançamento, investiu mais de 1 milhão de reais?

Temos procurado atender a essas demandas de C&T e Inovação no nosso Estado, sempre atrelando com o que o Estado necessita. Isso tem sido uma ação interessante e importante para o Estado, porque, no último Edital PPSUS, nós investimos um milhão e vinte e seis mil reais na área de saúde, mas nós tínhamos propostas para contratar mais de dois milhões. Então vimos que, nessa área de saúde pública, tanto temos pesquisadores dispostos a pesquisar, quanto temos demandas que a sociedade reclama que sejam resolvidas. Um desaio mesmo seria um montante de recurso ainda maior.

A fapepi tem buscado incentivar

a divulgação cientíica no estado com editais especíicos e difundir as informações da área de c&t, com a revista Sapiência, o site e as redes sociais da fundação. em sua opinião, qual a importância destes instrumentos?

Esse é um aspecto crucial. Tem-se o mito de que o conhecimento cientíico ica encastelado nas paredes da academia, das universidades e dos institutos de pesquisa. A Fapepi tem priorizado e investido em ações de divulgação, por acreditar que o conhecimento cientíico deve estar a serviço das demandas da sociedade. Precisamos dizer, de forma clara, como esse conhecimento pode servir para apontar alternativas, resolver problemas ou mesmo apontar problemas pontuais das demandas do nosso Estado.

como pode ser deinida a experiência de estar à frente da fundação?

É uma experiência que tem sido muito gratiicante e desaiadora, porque, quando eu aqui cheguei, vinha com uma visão muito só da academia, de professora, de pesquisadora. Tinha uma pequena experiência na área de gestão, mas não imaginava o tamanho da missão. Então, essa experiência tem sido gratiicante e de muito aprendizado. Posso dizer que a Fapepi

hoje tem uma gestão diferenciada e de resultados. Reconhecemos que tais resultados só são possíveis com o apoio das entidades inanciadoras, dos pesquisadores e da comunidade cientíica, bem como do excelente serviço prestado pelos servidores a quem agradecemos sempre.

em termos de futuro, o que a senhora pode dizer sobre as atividades da fapepi e os rumos da c&t para os próximos anos no Piauí?

O futuro da Fapepi que esperamos, desejamos e que temos trabalhado para isso é que investimento em pesquisa, ciência e tecnologia na inovação seja uma constante; que o poder público consiga regulamentar um valor especíico a ser destinado para a Fundação, possibilitando um fomento à pesquisa de forma mais planejada; que a Fapepi consiga manter-se em uma posição de credibilidade junto à comunidade cientíica, junto aos órgãos de fomento do governo federal; que consigamos ter um quadro de servidores que trabalhe aqui com tranquilidade; que seja efetivo da Fundação. Então, vislumbramos que, em um futuro próximo, os gestores do Estado possam fortalecer ainda mais a visão da Fundação como órgão estratégico para o desenvolvimento do Estado.

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pesquisadores no piauí

Por Edienari dos Anjos

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Assistindo a um programa de televisão, a professora doutora Juliana Bendini se apaixonou

pelo projeto “Mel com Qualidade”, de-senvolvido na UFPI e em outras insti-tuições parceiras no município de Sim-plício Mendes. Segundo o que se pôde constatar na reportagem, seu objetivo é adequar o mel às exigências de mer-cado, principalmente no que se refere à exportação do produto.

Graduada em Biologia pela Univer-sidade de Taubaté (SP), ela já trabalha-

va com a apicultura e, quando tomou conhecimento do projeto, se encantou. “Esse trabalho com viés social me cha-mou muita atenção”, declara. Dessa ex-periência, o interesse para vir ao Piauí foi aguçado. Por aqui, conseguiu o título de mestre, e o doutoramento foi adqui-rido em seu estado natal.

Através da recomendação do Prof. Dr. Darcet Costa Souza (UFPI) que lhe explicou o funcionamento e as exigên-cias do edital DCR, a professora Juliana viu a possibilidade de pesquisar o semi-

árido piauiense. O projeto sob o título “Desenvolvimento de uma proposta integrada para apicultura: mapeamento lorístico-geográico na região de Sim-plício Mendes/ Piauí- Brasil” teve êxito na seleção da Fapepi no ano de 2010. Por ele, um calendário de loração foi feito para registrar a ocorrência e o tipo de loração de interesse para as abelhas. “O mapeamento serve para orientar os apicultores no manejo das colmeias em uma determinada lorada, tanto para produção de mel ou para manter as abe-

Em parceria com o CNPq, o programa tem por objetivo principal diminuir as desigualdades regionais no país

No laboratório, a professora Juliana bendini observa lâmina com pólen

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lhas na região”, explica a pesquisadora. A pesquisa no semiárido do Piauí

rendeu o desenvolvimento e a criação de uma palenoteca, ou seja, uma cole-ção de pólens de plantas. Por ela, é pos-sível identiicar por qual planta é pro-duzido o mel pelas abelhas através da incidência do tipo de pólen encontrado no produto.

“Ter uma palenoteca de referência nos ajuda saber a origem botânica não só dos méis, mas também dos pólens e outros produtos das abelhas.” A coleção tem, até

o momento, mais de 50 lâminas de pólens que vão propiciar o desenvolvimento de outros estudos.

Quanto à importância do DCR, a pro-fessora Juliana Bendini é categórica em dizer que o programa lhe deu autonomia e amadurecimento como pesquisadora.

“É importante não apenas para o desenvolvimento de projetos cientíi-cos a partir de áreas temáticas carentes de pesquisa no Estado, mas também pelo amadurecimento do proissional como pesquisador. A gente sai do dou-

torado exaurido por tantas cobranças e exigências em relação aos Programas de Pós-Graduação, especialmente em relação ao aproveitamento de discipli-nas que nem sempre são do objeto de nosso estudo. A possibilidade de se de-dicar exclusivamente a um projeto de pesquisa desenvolvido e coordenado pelo próprio recém-doutor é muito en-riquecedora”, relata a pesquisadora que completa: “Sou fascinada por este Esta-do! Pretendo morar aqui por muitos e muitos anos”.

Com o propósito de estimular o desenvolvimento de pesquisas inéditas no Piauí e de ixar

doutores no estado, o Programa DCR (Desenvolvimento Cientíico e Tecnológico Regional) completa nove anos de implantação no estado e, nesta quase uma década de execução, bons resultados foram colhidos junto aos pesquisadores vindos de diferentes estados do país.

O DCR foi implantado pela FAPEPI (Fundação de Amparo à Pesquisa do Piauí) no ano de 2003 numa parceria com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíico e Tecnológico). Muitos doutores de instituições de ensino

superior e pesquisa, institutos de pesquisa, empresas públicas de pesquisa e desenvolvimento, empresas privadas e microempresas que atuam em investigação cientíica ou tecnológica já se beneiciaram com o programa. A iniciativa propicia a criação, manutenção e fortalecimento dos grupos de pesquisa já existentes e a criação de novas linhas de pesquisa de interesse regional, mediante a integração entre os setores acadêmico e cientíico do Piauí.

Dentre seus objetivos, está a diminuição das desigualdades regionais, priorizando as instituições localizadas nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste (exceto

Brasília) e em microrregiões, reconhecidas pelo CNPq, pela precarização do desenvolvimento cientíico e tecnológico. Seu método de atuação se ixa em duas vertentes: a regionalização e a interiorização.

O programa beneicia o estado do Piauí e o pesquisador envolvido. “Ganha a comunidade cientíica piauiense, porque conta com proissionais competentes e gabaritados em determinadas áreas do conhecimento e ganha o proissional ao fazer essa ponte com o estado, fortalecendo as linhas de pesquisa do Piauí. É uma via de mão dupla”, disse o então Diretor Técnico Cientíico da Fapepi, Ricardo de Andrade.

dcr estimula pesquisadores a desenvolver pesquisa no piauí

disposição correta das colmeias facilita produção de mel

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aplicações de inteligência computacional à nanotecnologiaAr

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A nanociência é considerada uma área multidisciplinar, pois englo-ba pesquisas nos mais variados

campos de estudo como, por exemplo, eletrônica, ciência da computação, física, química, medicina, biologia, entre outras. Ela estuda as propriedades dos materiais em escala nanométrica. Quando tal co-nhecimento é utilizado para a produção e controle de nanomateriais com objetivos práticos e comerciais, é chamado de nano-tecnologia (POLETO, 2008).

Dentre os produtos desenvolvidos pela nanotecnologia, merecem destaque as nanopartículas metálicas devido prin-cipalmente às suas propriedades exclusi-vas associadas com a alteração da macro para a nanoescala (MEHTA et al., 2010). Dentre os metais nobres, a prata tem sido amplamente empregada na produ-ção de nanopartículas por apresentarem propriedades óticas, elétricas (QIN et al., 2010), antibacterianas, potencial an-ti-inlamátório e cicatrizante de feridas (VIGNESHWARAN et al., 2006). Devido a isso, a confecção de nanopartículas de prata (AgNPs) com diferentes morfolo-gias e tamanhos têm sido amplamente estudada, encontrando-se diversas rotas alternativas para este im (SHARMA et al., 2009 & KONWARH et al., 2011). Du-rante a última década, houve um interesse crescente sobre o tema síntese “verde”, que representa uma abordagem voltada a pro-jetar materiais sustentáveis, promovendo a redução de resíduos, buscando oferecer o máximo benefício desses produtos para a sociedade e para o ambiente (RAMIREZ et al., 2009).

A produção de AgNPs é um trabalho oneroso devido, principalmente, à alta reavidade da prata, diicultando o desen-volvimento de soluções coloidais desse

metal (THAKKAR et al., 2010). Outro a ser analisado na produção das nanopartí-culas é o fato de que as variáveis envolvi-das no processo de produção, tais como, a concentração do agente redutor, do agen-te estabilizante, o pH do meio reacional, a temperatura, o tempo de síntese, entre outros, inluenciam fortemente no tama-nho e na forma da partícula e tendem a afetar as características do produto inal (HUSSAIN et al., 2011).

Podemos concluir, desta forma, que

síntese de nanopartículas de prata se apre-senta como um problema de análise mul-tivariada no qual uma pequena mudança em qualquer uma das variáveis supracita-das pode acelerar o processo de formação de AgNPs ou até mesmo impedir a forma-ção das mesmas. Para a resolução de pro-blemas com esta magnitude a aplicação de modelos computacionais pode fornecer uma generalização da complexidade do sistema sendo capaz de proporcionar uma visão sobre a relação entre a síntese e as variáveis envolvidas no processo. Dentre os modelos computacionais que podem ser aplicados a este tipo de problema, me-recem destaque as redes neurais artiiciais,

por suas características e por seu alto po-der de aprendizado e generalização.

As Redes Neurais Artiiciais (RNAs) são modelos computacionais inspira-dos na estrutura e no funcionamento do cérebro humano capazes de processar dados, aprender e generalizar (SILVA et al., 2010). As RNAs são compostas por unidades de processamento chamadas neurônios artiiciais, que são capazes de extrair relacionamentos não lineares relativos ao comportamento de um de-terminado processo/sistema e, por meio do conhecimento adquirido, elas podem interpolar resultados de condições deseja-das (HAYKIN, 2001).

Essas habilidades permitem sua apli-cação em problemas que envolvam pro-cessos multivariados nas mais diversas áreas do conhecimento (CHANSANROJ et al., 2011), como na área farmacêutica (SUN et al., 2003), na biologia molecular (WU et al., 2011), na medicina (LISBOA & TAKTAK, 2008) e nas engenharias. É sabido também que as RNAs se mos-tram superiores a métodos estatísticos comumente utilizados em processos mul-tivariados, devido à existência de relacio-namentos não-lineares entre os compo-nentes, como pode ser visto em Amani et al. (2008), Takayama et al. (1997), Barm-palexis et al. (2010), entre outros.

Nesse sentido, foram promovidos es-tudos para a otimização e síntese de Ag-NPs reduzidas e estabilizadas por meio de um polímero natural, utilizando redes neurais artiiciais, buscando um modelo matemático para a obtenção de AgNPs de tamanhos adequados para as mais va-riadas aplicações. Os resultados demons-tram ser possível utilizar as RNAs como aproximadores funcionais para a síntese de AgNPs.

1 Professor Temporário da Universidade Estadual do Piauí • Contato: [email protected] Professora Adjunta Universidade Federal do Piauí • Contato: [email protected] Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí • Contato: [email protected]

anderson passos de aragão1 • durcilene alves da silva2 • ricardo de andrade Lira rabêlo3

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A arqueologia computacional é uma área para a qual se destinam algoritmos e apli-cações especíicas para a arqueologia. O

surgimento dessa linha de pesquisa demonstra o quanto a computação pode ser útil ao prover uma série de técnicas para auxiliar os arqueólogos em seus trabalhos. Neste estudo, trata-se do Google Earth, sotware desenvolvido pela empresa Goo-gle e disponibilizado gratuitamente na internet. Por meio dele, é possível fazer uma visita virtual aos lugares mais longínquos da Terra. Sua inter-face permite diversos tipos de visualização da su-perfície, além de controlar a altura com que se de-seja observar os objetos de interesse na superfície. O sistema de coordenadas utilizado pelo Google Earth permite representar uma superfície esférica em uma superfície plana, através do plano carte-siano. Desse modo, os objetos da Terra podem ser localizados o mais corretamente possível.

Com esses recursos, o Google Earth pode ser utilizado para simular um ramo da arqueologia chamado arqueologia aérea, campo responsável pela prospecção de sítios arqueológicos a partir da vista aérea. Ademais, há diversos recursos na ferramenta que permitem uma gama de intera-ções com sua interface, dentre as quais se destaca a marcação de pontos de interesse na superfície da terra.

Demonstrar-se-á, neste trabalho, um recurso computacional que permite localizar sítios arque-ológicos no sotware Google Earth. Para tanto, realizou-se prévia visita de campo, a im de obter as coordenadas geoespaciais dos sítios através de GPS. Como ambiente de teste, foi escolhido o município de Bom Princípio, localizado no norte do Piauí, escolha justiicada pelas evidên-cias da existência de alguns sítios com pinturas rupestres na área do município. Para localizá-los, foram relevantes a listagem obtida a partir do site do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) <www.iphan.gov.br> e prin-cipalmente a ajuda de moradores locais.

A partir daí, criou-se um arquivo computa-cional do tipo KMZ que, ao ser executado, mos-tra, no globo digital do Google Earth, os pontos onde foram coletados os dados de localização, bem como os dados descritivos e fotográicos do

sítio em questão, proporcionando ao arqueólogo e pesquisador da área um indicador que orienta-rá as visitas; além disso, é possível fazer uma aná-lise espacial do entorno, podendo ser obtidas di-versas conclusões que vão subsidiar as pesquisas.

Solução PropostaInicialmente, devem ser coletadas as infor-

mações para catalogação do sítio, a saber: nome, dados geoespaciais a partir de GPS, fotograia e demais informações relevantes (Figura 1).

De posse dessas informações, dá-se o pro-cesso de localização desses sítios no Google Earth por meio dos dados geoespaciais coletados na vi-sita. Para tanto, são inseridas as coordenadas lati-tude e longitude e adicionadas imagens e demais informações sobre o sítio, etapa na qual é neces-sário um conhecimento, mesmo que básico, em programação de computadores (Figura 2).

Após a inserção dos dados referentes a um determinado sítio, localiza-se o marcador na tela e clica-se sobre ele. Em seguida, observa-se uma janela com informações sobre o sítio (Figura 3).

Logo após serem colocadas todas as infor-mações sobre os sítios arqueológicos, parte-se, então, para a criação do arquivo KMZ. Deve-se clicar no menu arquivo / salvar / salvar lugar como, escolher o formato e colocar um nome para o arquivo (Figura 4).

De posse desse arquivo, será possível dis-ponibilizá-lo por meio da internet para outros pesquisadores e interessados. Importante sa-lientar que o arquivo pode ser editado e agre-gado outros sítios e informações.

O arquivo KMZ com os sítios de Bom Princípio-PI pode ser baixado a partir do se-guinte link: <http://www.ifpiparnaiba.edu.br/SA_BP-PI.kmz>. Ao executá-lo, os sítios e as informações nele encapsulados podem ser vistos na tela com base na navegação entre os marcadores que representam a localização dos sítios, conforme Figura 5.

ConclusãoConforme demonstrado, o Google Earth

é um sotware que, em muito, pode auxiliar os arqueólogos. Seu globo digital interativo pode perfeitamente ser usado como alternativa à arqueologia aérea e, além do mais, trata-se de uma ferramenta que pode prover uma série de recursos por meio das quais é possível interagir das mais diversas formas com a superfície ter-restre, inclusive marcando pontos de interesse visualmente ou pontualmente a partir de dados geoespaciais obtidos via GPS. O posicionamen-to desses locais que, no contexto desse trabalho são sítios arqueológicos, além de outras infor-mações descritivas e fotográicas, pode ser em-pacotado em um arquivo e distribuído para a comunidade de pesquisadores arqueólogos. Tem-se, portanto, um recurso de grande uti-lidade, porque agiliza e orienta o trabalho do pesquisador ao se deslocar até o sítio.

Geolocalização de sítios arqueológicos

1Professor do Ensino Básico Técnico e Tecnológico Instituto Federal do Piauí – Campus Parnaíba-PI e Mestre em Ciência da Computação – UFF Contato: [email protected] | 2Aluna do Ensino Médio Integrado ao Técnico - Curso Desenvolvimento de Sotware do Instituto

Federal do Piauí – Campus Parnaíba-PI e Bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação Cientíica – PIBIC/PIBICjr do Instituto Federal do Piauí – Campus Parnaíba-PI | Contato: [email protected]

Francisco Gerson amorim de Meneses1 • Lanna Letícia Goes silva oliveira2

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Se levarmos em conta o concei-to de saúde como um estado de completo bem estar físico, mental

e social e não somente como a ausên-cia de infecções e/ou enfermidades, postulado pela Organização Mundial da Saúde, teremos que concordar com Laplantine (2004), quando diz que não há sociedade onde a doença não tenha uma dimensão social, repleta de representatividades por ela acome-tidas, sendo ao mesmo tempo a mais íntima e individual das realidades, fazendo com que o “campo de conhe-cimento e signiicado do doente” seja caracterizado pelo sofrimento e pela consciência da experiência mórbida com seus componentes irracionais de angústia (de ser portador de uma doença incurável) e de esperança (de curar-se).

Com isso, segundo Minayo (2006, p. 205), “as doenças, a saúde e a mor-te não se reduzem a uma evidência orgânica, natural e objetiva, mas sua vivência [...] está intimamente rela-cionada com características organiza-cionais e culturais de cada sociedade”, ou seja, a doença e a saúde são social-mente construídas e o indivíduo do-ente é, sobretudo, um ator social que dá sentido aquilo que vivencia.

Conforme Giovanella (2008), o modelo médico hegemônico não pos-sibilitaria ao indivíduo encontrar tal sentido em suas vivências, por estar inserido em um modelo de saúde ca-racterizado por: individualismo, que trata o estado de saúde/doença como mercadoria e que dá maior ênfase ao biologismo (encarando a doença como uma disfunção isiológica de de-terminado órgão ou sistema biológico do organismo); privilégio da medicina

curativa em detrimento de uma me-dicina preventiva; medicalização dos problemas; estímulo ao consumismo médico; participação passiva e subor-dinada dos consumidores, ou seja, dos usuários dos serviços de saúde.

Disso resulta que as pessoas pro-curem outras estratégias/alternativas, além da assistência prestada nos mol-des do modelo médico hegemônico, para minimizar e/ou atender a neces-sidades de saúde, e não somente em

termos biológicos, mas o acolhimento e a atenção para suprir suas angústias e inquietações trazidas pela doença, assim, por exemplo, a busca pela cura nos terreiros de Umbanda comple-mentaria as práticas médicas oiciais (MELLO & OLIVEIRA, 2010).

A Umbanda é uma religião de matriz africana, de tradição oral de transmissão de seus saberes e práticas

culturais em espaços denominados de terreiros relacionados aos cuidados, acolhimento e solidariedade para a promoção da saúde, pois faz parte de seu conjunto de crenças, o cuidado do corpo adoecido, para que o mes-mo possa restabelecer seu equilíbrio e daí retomar seu estado saudável, pro-porcionando ao indivíduo seguir com suas funções sociais, independen-temente do grupo ao qual pertença. (SILVA, 2005).

De tais aportes, surgem os seguin-tes questionamentos: como tais repre-sentações terão uma carga de sentidos cada vez maior na medida em que ele se sinta acolhido ou de acordo com as próprias experiências vivenciadas no transcorrer do tratamento recebido em tais espaços? E quanto aos pró-prios adeptos da Umbanda, pais e/ou mães de santo e ilho (as) de santo, o que teriam a dizer sobre essa angústia e a busca que esses indivíduos empre-endem pela cura e/ou alívio de suas doenças? Qual o sentido da saúde, da doença e da cura nos espaços de ter-reiros de religiões de matriz africana?

Por isso, também estaremos aten-tos aos próprios signiicados e re-presentações de saúde na Umbanda, procurando pensar sobre a questão da doença e da cura no interior desta re-ligião, considerando sua cosmologia, seus rituais e as práticas de seus agen-tes (adeptos) em termos de saúde, do-ença e cura nos terreiros e como seus adeptos legitimam tais espaços. Esta pesquisa é inanciada pela CAPES, fazendo parte do grupo de pesquisas sobre Ritual e Simbolismo, do Progra-ma de Pós-Graduação em Antropolo-gia, da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

representações de saúde na Umbanda

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Bolsista CAPESContato: [email protected]

Maria do amparo Lopes ribeiro

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Família relembra a trajetória de afonso sena Gonçalves

Por Cássia Sousa

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A perseverança era um traço marcante da personalidade do pesquisador que idealizou a Fapepi

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Neste ano, a Fundação de Am-paro à Pesquisa do Estado do Piauí completa 20 anos. São

duas décadas de investimento na pes-quisa cientíica local que tem gerado frutos para o desenvolvimento cientíi-co e tecnológico do Piauí. Entretanto, o percurso trilhado para a existência da Fapepi não foi fácil. Para esta edição comemorativa de aniversário da insti-tuição, a Sapiência entrevistou a famí-lia do Prof. Afonso Sena Gonçalves, reconhecido como um dos principais fomentadores da instituição e, por isso mesmo, a Fundação recebe seu nome, no intuito de conhecer um pouco mais sobre esse personagem importante para a história da Fapepi.

Natural de Minas Gerais, Afonso Sena Gonçalves nasceu em 10 de julho de 1948 e formou-se em Química pela Universidade de Brasília (UnB). Em 1973, veio ao Piauí juntamente com o então reitor Elson Saraiva para integrar o quadro inicial de professores do cur-so de Química da Universidade Federal do Piauí (UFPI), que estava sendo fun-dada naquele ano. Em Teresina, havia até então as faculdades de Odontologia, de Direito e de Filosoia, que se uniram formando a UFPI.

“Ele veio pra montar o curso de Química. Gostou e aqui icou. Cerca de um ou dois anos depois, ele foi a São Paulo fazer mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Re-tornou a Teresina porque na época não era dado muito espaço para se fazer mestrado e doutorado seguidamente como hoje. Ele veio, icou dois anos e

Professor Afonso Sena Gonçalves, idealizador da fapepi

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retornou novamente para fazer o dou-torado.”, explica Miracel Ribeiro Gon-çalves, viúva do Prof. Afonso. Em 1985, ele tinha concluído os dois cursos. Foi também diretor do Centro de Ciências da Natureza (CCN) da UFPI.

Maricel relembra que o marido sempre gostou de fazer pesquisas, sen-do ligado a várias instituições, como a Sociedade Brasileira de Química que existe desde julho de 1977 e é a princi-pal sociedade da área do país. E, mesmo diante dos impasses, numa época em que a pesquisa apenas engatinhava no nosso estado, o Prof. Afonso conseguia realizar pesquisas, coordenava alunos e trabalhava em parceria com pesquisa-dores de outros centros da UFPI. “Ele não desistia no primeiro não. Se mar-casse uma audiência com alguém e a pessoa por um motivo qualquer não podia estar no momento nem se pre-ocupasse que ele voltava novamente.”, airma Miracel.

Com este peril de pesquisador de-terminado, o Prof. Afonso Sena jun-tou-se a outros pesquisadores, dentre eles os professores João Batista, José Arimateia Dantas Lopes, Francisco Guedes Alcoforado Filho, Conceição Lage, Francisco Rodrigo Freire, Almir Bittencourt e Jônatas de Barros Nunes, em torno de um ideal: uma fundação que desse suporte à pesquisa no esta-do do Piauí. Inicialmente as diiculda-

des foram muitas. De acordo com os Professores João Batista e Conceição Lage, o cenário piauiense da época era desfavorável. Havia poucos professores com mestrado e menos ainda com dou-torado. “O pensamento das autoridades das universidades desprivilegiavam o doutorado para os professores, pois era muito caro esse tipo de formação. Para fazer pesquisa, era preciso qualiicação e o fato de haver poucos mestres e dou-tores diicultava a pesquisa cientíica no Piauí”, explica o Prof. João Batista.

Segundo Miracel, havia também problemas relacionados às prioridades das autoridades da época. “Hoje eu

vejo que as coisas são mais articuladas em termos de estado, as pessoas têm a mente mais aberta e naquela época as pessoas não valorizavam muito a pes-quisa.” É um ponto também ressaltado pelo prof. João Batista. As autoridades da época entendiam o inanciamento às pesquisas como gasto e não como in-vestimento na ciência.

Coube a esse grupo de pesquisado-res, liderados pelo Prof. Afonso Sena, a missão de sensibilizar as autoridades da importância da pesquisa cientíica. In-felizmente, o Prof. Afonso não chegou a ver a Fapepi ser criada. Faleceu em 22 de maio de 1993, vítima de infarto ful-minante enquanto dormia, meses antes da fundação da Fapepi. Ao ser questio-nada sobre isso, Miracel enfatiza que o importante é que “ele plantou a semen-te e ela brotou” .

Alessandro Ribeiro Gonçalves, ilho do professor, concorda com o ponto de vista da mãe. “É lógico que a gente se sente orgulhoso do resultado, ainda mais porque ele era aiccionado pela parte de pesquisa. Muitas vezes eu fui buscá-lo dez horas da noite porque ele não vinha para casa, sempre trabalhan-do no laboratório. Fico orgulhoso não só pelo projeto ter se ampliado como pelo fato de ter beneiciado não apenas às pesquisas dele, mas de diversas ou-tras áreas.”, inaliza ele.

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a Fapepi completa 20 anos. Uma história de muitas conquistas

Por Marco Aurélio do Amaral

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Corria o ano de 1992 quando al-guns professores e pesquisado-res de Teresina começaram a

vislumbrar a possibilidade de criar uma fundação de apoio à pesquisa no Estado. Surgia assim o embrião do que hoje é a Fundação de Amparo à Pesquisa do Es-tado do Piauí (Fapepi).

O cenário da pesquisa naquela época deixava muito a desejar, justamente pela ausência de incentivo e de editais que contemplassem as necessidades dos pes-quisadores locais.

Preocupados com os rumos da situ-ação, nomes como: Afonso Sena Gon-çalves, Jônatas de Barros Nunes, Luiz Júnior, Valdenir Queiroz, João Batista Lopes, Francisco Guedes Alcoforado Fi-lho, Francisco Rodrigues, Rodrigo Freire, Maria Conceição Soares Meneses Lage, Almir Bittencourt, entre outros, organiza-ram uma comissão que realizava reuniões periódicas para articular a criação de uma agência de fomento à pesquisa.

O grupo se inspirou na fundação que já existia no estado do Maranhão cuja realidade era parecida com a piauiense: as mesmas diiculdades, os problemas com renda, acessibilidade e tecnologia. Naquela época, a Fundação do Ampa-ro à Pesquisa do Maranhão (Fapema) atravessava um período de auge nos aspectos organizacionais e de incentivo ao trabalho de pesquisa. Um grupo de pesquisadores da Fapema desempenhou papel determinante para a estruturação da Fapepi. Um núcleo de pesquisado-res do Maranhão orientou os colegas de proissão sobre os procedimentos que deveriam realizar para alcançar êxito na criação da Fundação.

A luta pela criação da FapepiAntes da criação da Fapepi não há

um registro numérico concreto sobre a quantidade de pesquisadores com nível de doutorado. De acordo com o Prof. João Batista Lopes, este número era re-duzido, “o certo é que não eram muitos os doutores com tese aprovada, e esse fato atrasava um pouco a evolução da pesquisa no nosso estado”.

Este panorama só poderia ser mo-diicado mediante o estabelecimento de uma fundação que apoiasse esse tipo de atividade acadêmica. A grande diicul-dade para viabilizar a Fapepi era sensi-bilizar as autoridades para que compre-endessem a relevância de uma iniciativa como aquela. O Estado deveria conceber a pesquisa como fator de desenvolvi-mento que precisava ser inanciado. A competição no âmbito nacional era mui-to difícil e todo apoio seria bem-vindo para que os pesquisadores piauienses se destacassem.

A Professora Maria Conceição Soa-res Meneses Lage, que foi integrante do primeiro Conselho Superior da Fapepi, discorreu sobre a importância de um inanciamento para a pesquisa acadê-mica. Para ela, “qualquer inanciamento do Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Cientíico e Tecnológico (CNPq), hoje em dia, destina 30% para editais de pesquisa dos estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e, mesmo as-sim, as pesquisas realizadas aqui ainda são pouco numerosas em comparação com outras universidades”. A professora airma que atualmente esse é o panora-ma apresentado, pois na época da cria-ção da Fapepi os recursos não eram dis-ponibilizados.

A Universidade Federal do Piauí che-gou a publicar alguns editais no período anterior à criação da Fapepi, mas a compe-tição pelas bolsas era uniicada com todas as instituições de ensino superior do país, o que diminuía muito as chances de apro-vação dos pesquisadores piauienses que não possuíam condições apropriadas de trabalho.

No intuito de modiicar este cenário e de pleitear a criação da fundação, o grupo de pesquisadores foi em busca de apoio das autoridades locais. Depois da luta de vários professores e pesquisadores da UFPI e da Uespi, o sonho tornou-se realidade.

A Fundação do Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí “Prof. Afonso Sena Gonçalves” foi criada pela Lei nº 4.664, de 20 de dezembro de 1993, no governo de Antônio de Almendra Freitas Neto, com a inalidade de estimular o desen-volvimento cientíico e tecnológico do estado do Piauí.

A criação da Fapepi relatada por meio de histórias de lutas e conquistas de um grupo de pesquisadores liderados pelo Professor Afonso Sena.

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IêPor Marco Aurélio do Amaral

os presidentes da Fapepielmano de Almeida férrer

O primeiro a assumir foi Elmano de Almeida Férrer, entre os anos de 1994 e 1995. Durante sua gestão, Elmano manteve o foco no planejamento e na estruturação da instituição. Foi formado o quadro de pessoal da Fundação com servidores recrutados de outras instituições, além das instalações físicas da Fapepi.

maria de fátima Aquino matos

Foi nomeada em 20 de março de 1996. A gestão da professora de Geograia procurou organizar a instituição e capacitar o quadro de pessoal.

valdionor Albuquerque barros

Assumiu em 1º de janeiro de 1999 e teve uma gestão curta, já que no dia 06 de julho de 2000 o cargo foi ocupado por Marta Maria dos Santos.

marta maria dos Santos

A quarta presidente da Fapepi icou menos tempo no cargo do que seu antecessor - menos de três meses, e saindo no dia 27 de outubro de 2000.

Antônio de Pádua costa lima

Antônio permaneceu na presidência de 27 de outubro de 2000 a novembro de 2001, e também ocupou o cargo de gestor por um breve período devido à substituição prematura dos gestores do Governo.

maria de fátima Aquino matos

Em 30 de novembro de 2001, Maria de Fátima voltou a presidir a Fapepi, agora como presidente interina, exercendo o cargo até dezembro de 2002.

Acácio veras

Com a entrada do Prof. Dr. Acácio Veras na presidência da Fapepi em janeiro de 2003, a fundação foi dirigida pela primeira vez por um pesquisador. As ações levaram a uma profunda mudança na atuação da fundação, que direcionou suas atividades de forma mais efetiva aos pesquisadores. O presidente ainda icou no cargo por mais uma gestão e alcançou o objetivo de tornar a Fapepi uma fundação de amparo à pesquisa de reconhecimento estadual e nacional.

bárbara melo

Professora Doutora em Linguística, Bárbara Melo foi nomeada no dia 15 de abril de 2011, na gestão do Governador Wilson Nunes Martins. Atual da presidente da Fapepi, Bárbara sempre prezou em manter os programas vigentes e implantar novos programas e principalmente buscar parcerias junto aos órgãos estaduais e federais. Além de presidente, é pesquisadora e tem como meta estreitar o diálogo entre os pesquisadores do estado, procurando

atender às demandas da comunidade cientíica piauiense.

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Por Edienari dos Anjos

Fapepi: papel, ações e comprometimento com a pesquisa

cientíica Vários pesquisadores piauienses já foram contemplados pelos programas de incentivo à pesquisa, e o resultado é o crescimento, fortalecimento e

continuidade dos núcleos de pesquisa.

Durante os seus 20 anos de atuação, a Fundação de Amparo à Pesquisa no

Piauí (Fapepi) vem desenvolven-do vários programas de fomento à pesquisa no estado. Como agência de fomento, sua participação efetiva teve início no ano de 2001, quando desenvolveu suas atividades articu-ladas com as diretrizes políticas do Governo do Estado. Firmada essa união de forças, a meta principal do plano de trabalho foi, e sempre será, o empenho em ações de Ciên-cia, Tecnologia e Inovação (CT&I),

de modo a traçar o desenvolvimen-to socieoeconômico sustentável do Estado.

Para melhor atender às neces-sidades dos pesquisadores e à ple-na expansão do saber cientíico, a Fapepi está, a cada ano, buscando novas formas de aproveitar e valo-rizar os pesquisadores nativos e os demais que se interessem em reali-zar atividades de pesquisa e exten-são no Piauí.

Parcerias com agências fomen-tadoras nacionais, como a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamen-

to de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíico e Tec-nológico), proporcionaram uma maior distribuição de bolsas de inanciamento aos estudantes ma-triculados em cursos strictu sensu de mestrado e doutorado, além da parceria com o governo do Piauí, que estimula os alunos do Ensino Médio a desenvolver ciência em conjunto com seus professores. Essa postura de comprometimento com o avanço da pesquisa cientíica esta-tal vem gerando resultados impor-tantes numa relação mútua de inte-resse entre pesquisadores e governo estadual.

O resultado disso é o salto na quantidade e qualidade dos pro-gramas de pós-graduação scrito-sensu. No último edital de bolsas (009/2012), a Fapepi distribuiu 130 bolsas em nível mestrado e 35 em nível de doutorado.

O programa de bolsas da Capes atende a duas modalidades: para docente vinculado efetivo às ins-tituições de ensino do Piauí e para estudantes de mestrado e doutora-do. Com a expansão dos cursos de pós-graduação para os campi dos municípios do interior do Piauí, houve uma maior adesão dos pes-

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quisadores residentes fora da capi-tal do estado, o que fortalece, valo-riza e diversiica as pesquisas, pois trazem particularidades de cada região. Parnaíba e Picos são cida-des com campi contemplados pelo programa. “Isso melhora os núcle-os de pesquisa, uma vez que se tem um maior número de pesquisadores atuando e formando novos futuros pesquisadores”, relata Eliana Abreu, gerente técnico-cientíica da Fapepi.

Frisa-se, contudo, que o cres-cente resultado positivo das ações desempenhadas em duas décadas é fruto da valorização dos pesquisa-dores e de investimento inanceiro. Os que se interessam pelas bolsas de estudo participam dos editais dos programas cumprindo suas exigên-cias e direcionamentos, numa con-corrência democrática e igualitária. Os agraciados passam a receber uma ajuda de custo mensal, cujo va-lor varia com as especiicidades de cada edital e com nível de ensino.

“A Fapepi está evoluindo a pas-sos largos e concretos. Prova disso é o reconhecimento das agências de fomento nacional, como a Capes e CNPq que nos parabenizaram atra-vés do relatório de desempenho dos programas da fundação”, comemo-rou o então Diretor Técnico Cien-tíico da Fapepi, Ricardo de An-drade. “Atualmente a Fapepi é uma das fundações estudais mais impor-tantes do país”, completa a Gerente Técnico-Cientíica, Eliana Abreu.

Dentre os programas desenvol-vidos pela Fapepi, destacam-se ain-da o Pronex. O primeiro edital foi lançado no ano de 2011 e tem por objetivo inanciar pesquisas de ex-celência em parceria com algumas instituições, a exemplo da Univer-

sidade Federal do Piauí (UFPI) e o CNPq. O Programa Primeiros Pro-jetos (PPO), que atualmente possui 42 projetos aprovados e em vias de produção, sendo que destes 30% são executado no interior no estado, visa melhorar a estrutura dos núcle-os de pesquisa.

Com o propósito de ixar pesqui-sadores de outros estados no País que tenham interesse de explorar as potencialidades do estado e fortale-cer as linhas de pesquisa, o Progra-ma de Desenvolvimento Cientíico e Regional (DCR), em parceria com o CNPq, estimula a permanência de recursos humanos com experiência em ciência, tecnologia e inovação.

O Programa de Bolsas de Ini-ciação Cientíica PIBIC/Júnior foi implantado no ano de 2003 e visa conceder bolsas para estudantes matriculados no Ensino Médio em escolas públicas do Piauí. Até o ano de 2012, foram concedidas mais de mil bolsas. Os municípios de Picos, Floriano e Bom Jesus são contem-plados neste programa. O pesquisa-dor, quando submete o projeto, rea-liza uma avaliação junto aos alunos e seleciona dez deles. Por meio do PIBIC/Júnior, os futuros pesquisa-dores dos programas de pós-gradu-ação e de instituições públicas são revelados. É a oportunidade que o estudante, ainda matriculado no ensino regular, tem para desenvol-ver habilidades e aptidões para pro-dução de conhecimento cientíico.

Nesta edição comemorativa dos 20 anos da FAPEPI, você vai conhe-cer como cada um destes programas atua no desenvolvimento técnico e cientíico do Piauí por meio de seus propósitos e relato dos pesquisado-res contemplados.

dentre as parce-rias irmadas pela Fapepi, destacam-se o Governo Es-tadual com o mi-nistério de Ciência, Tecnologia e Inova-ção (mCTI), o Con-selho Nacional de desenvolvimento Cientíico e Tec-nológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Proje-tos (Finep), o mi-nistério da Saúde, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a rede Nacional de Pesquisa (rNP) e a Secretaria Estadual da Saúde e Secre-taria Estadual da Educação.

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érIAFomento a eventos cientíicos

cria nova cultura no piauí o Programa de Auxílio para organização de reunião Cientíica tem sido

responsável pelo surgimento de uma nova cultura relacionada à divulgação da C&T no Piauí.

Por Vanessa Soromo

O ritmo crescente do desenvol-vimento da ciência tem inten-siicado, ao longo do tempo, a

necessidade de diversiicar as formas de circulação do conhecimento cientíico. Inicialmente a comunicação entre os pesquisadores era feita por meio de car-tas ou durante participação de reuniões entre seus pares; atualmente os eventos cientíicos e/ou tecnológicos mostram-se imprescindíveis para a divulgação, para o debate e para a relexão da Ciên-cia e Tecnologia, por contarem com um público-alvo mais heterogêneo oriundo de diversos âmbitos e comunidades.

Consciente do papel da ciência como atividade social, há três anos a

Fundação de Amparo à Pesquisa do Es-tado do Piauí (Fapepi) vem apoiando a realização de congressos, conferências, seminários, workshops, entre outros ti-pos de eventos, por meio do Programa de Auxílio para Organização de Reu-nião Cientíica (Edital 005/2013), que tem o objetivo de contribuir para o in-tercâmbio do conhecimento na área de C&T produzido por pesquisadores de instituições piauienses.

“Muitas vezes o pesquisador pode estar tão centrado no seu trabalho e con-versa somente com seus pares, a con-versa ica plenamente entendida. Mas quando entra em contato direto com a sociedade, ele vai ter uma dimensão de

como o trabalho dele está atingindo-a, se é obrigado a buscar outros elementos para poder respondê-la. Essa é a impor-tância dos eventos”, explica o professor Diógenes Buenos Aires de Carvalho, da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), campus Clóvis Moura, que coordenou o “IV Encontro Acadêmico de Letras (Enal): Linguagem, Contemporaneida-de e Ensino”.

Somente em 2013, o Programa de Auxílio para Organização de Reunião Cientíica apoiou, com recursos do Te-souro Estadual, 24 eventos que foram sediados na capital e em cidades do interior do Estado. A democratização desses eventos tem contribuído para

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Abertura da I Jornada extensionista da universidade estadual do Piauí (uespi).

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o surgimento de uma nova cultura no Piauí no que se refere à divulgação cien-tíico-tecnológica.

A Professora Eugênia Bridget Ga-dêlha Figueirêdo, do Núcleo de Estu-dos em Saúde Pública da Universidade Federal do Piauí (NESP/UFPI), cam-pus de Parnaíba, que coordenou o “III Congresso Piauiense de Saúde Pública” juntamente com o “III Seminário de Ensino na Saúde”, acredita que “os en-contros promovidos por esses eventos potencializam o desenvolvimento de conhecimentos e práticas necessários à promoção cientíica e proissional das disciplinas envolvidas e possibilita a troca de experiências, diálogos sem os quais seria impossível conhecer para inovar. Portanto, garantir a existência desses espaços é fundamental” e acres-centa que “o Programa permite a des-centralização e a interiorização dessas práticas, fomentando a circulação e a apropriação mais democrática de co-nhecimentos”.

Essa descentralização das reuniões cientíicas, que anteriormente eram re-alizadas prioritariamente nos grandes centros urbanos, vem resultando em uma participação mais efetiva e mas-siva de estudantes, pesquisadores e proissionais, que agora não precisam enfrentar obstáculos como diiculdade

de deslocamento ou falta de condições inanceiras para adentrar nesses espa-ços exclusivos de circulação de conhe-cimento cientíico.

O estudante do 5º período do cur-so de Letras Português, do Instituto de Educação Superior do Brasil (Iesb), Raimundo Dias, que participou como ouvinte do “IV Encontro Acadêmico de Letras (Enal): Linguagem, Contem-poraneidade e Ensino”, revela a impor-tância do evento para sua formação acadêmica:

“O Enal trouxe pessoas de alto ga-barito. Nós tivemos a oportunidade de vê-los aqui em Teresina, até mesmo al-gumas obras que eles trouxeram”, con-ta Raimundo Dias, que enfatiza que é grande a sua vontade em enveredar pelos eventos relacionados à sua área de estudo, realizados no país ou fora dele, mas que as diiculdades econômicas acabam por não permitir.

A professora doutora Lívia Suassu-na, da Universidade Federal de Pernam-buco (UFPE), está entre os estudiosos que o estudante de Letras Português se refere. Lívia Suassuna veio a Teresina em setembro deste ano, para compor ao lado de outras renomadas professoras a mesa redonda: Ensino de Língua Por-tuguesa na Contemporaneidade: Desa-ios e Perspectivas, durante o “IV Enal”. “Para mim, é uma alegria sempre gran-de vir a Teresina, porque isso tem um peso para o desenvolvimento do Esta-do, o desenvolvimento acadêmico, cien-tíico, pessoal e cultural das pessoas, dos envolvidos e dos alunos”, declara.

Para a doutora em linguística, a in-teração entre os estudantes e os pesqui-sadores, o acesso a novas informações e o intercâmbio de conhecimentos agrega valor na formação desses alunos, que na maioria das vezes é o público-alvo desse tipo de promoção cientíica. “Quando

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Abertura do Iv encontro Acadêmico de letras (eNAl).

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vou a eventos de um modo geral, me preocupo em levar algo que o aluno da graduação entenda, que ele possa de-pois buscar novas fontes, fazendo uma espécie de polifonia acadêmica, mas sempre muito voltada para o peril do grupo”, entaiza a professora Lívia Suas-suna.

O Programa também tem contri-buído para cidades, como Bom Jesus, que ica a 635 km da capital do Estado, sediarem eventos como o “II Curso de Atualização em Medicina Veterinária (Cavet)”, que proporcionou novas ex-periências a estudantes que sofrem com

limitações estruturais nas suas rotinas acadêmicas, como explica a professora Karina Rodrigues dos Santos.

“A Fapepi proporcionou aos nossos alunos, quando nos apoiou, práticas que estes só poderiam ter acesso quando sa-íssem para seus estágios no 10º período, já que Bom Jesus ainda não possui uma rotina hospitalar. O auxílio foi de gran-de valia para ampliar os conhecimentos de nossos alunos que não precisaram se descolocar 645 km ou mais para obter mais conhecimento”, ressalta a coorde-nadora do II Cavet.

A consolidação dos eventos fomen-tados pela Fundação, por meio do Pro-grama de Auxílio para Organização de Reunião Cientíica, tem sido outro re-levante ponto que comprova essa nova cultura que se vem conigurando no Estado. “A Fapepi nos apoia desde a pri-meira versão do evento que já se encon-tra em sua terceira edição. Poder contar com este apoio nos tem feito avançar na promoção desse espaço de interlocução entre as áreas da saúde e na ampliação do alcance do público-alvo. Planejamos uma próxima versão a nível internacio-nal e esperamos contar novamente com o incentivo do Programa”, expõe a pro-fessora Eugênia Bridget, coordenadora do III Congresso Piauiense de Saúde Pública.

De acordo com o coordenador do Encontro Acadêmico de Letras, pro-fessor Diógenes Buenos Aires de Car-valho, em 2012, o apoio da Fapepi possibilitou trazer dois renomados pes-quisadores, um de Minas Gerais e outro

do Ceará, ao evento que tinha dimensão regional, até então. “Com o IV Enal, nós demos uma dimensão nacional e pude-mos trazer seis pesquisadores, ou seja, nós crescemos três vezes o número de convidados e foram pesquisadores que são respeitados nas suas áreas nacional-mente e fora do Brasil. Só foi possível trazer os seis pesquisadores, porque tivemos o apoio do Programa. Com a dimensão que a Uespi tem hoje e o orça-mento que proporcionalmente é muito menor do que ela precisa, nós não con-seguiríamos. Até poderíamos fazer um encontro, mas não com a dimensão que nós conseguimos fazer”, inaliza o coor-denador do Enal.

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érIA Formação de pesquisadores é

uma das prioridades da FapepiBolsista e coordenadores de programas de pós-graduação stricto sensu relatam como os subsídios ofertados pela Fundação e seus parceiros vêm contribuindo

para o desenvolvimento acadêmico, cientíico e tecnológico do Piauí.

Por Vanessa Soromo

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As bolsas de pesquisa são re-conhecidas pelas agências de fomento como um dos pilares

para a formação dos pesquisadores e fundamentais para o desenvolvimento da ciência. São instrumentos utilizados com a inalidade de apoiar o aluno que, em contrapartida, se dedica exclusiva-mente às atividades de pesquisa.

Nos últimos dez anos, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) irmou importantes parcerias com o Governo Estadual e agências fe-derais, que possibilitaram a concessão de bolsas de apoio e o inanciamento de projetos de pesquisa desenvolvidos em instituições piauienses, em áreas do conhecimento consideradas prioritárias para o desenvolvimento do estado.

Visando ampliar a oferta de bolsas para os programas de pós-graduação stricto sensu sediados no Piauí, para o atendimento à formação de recursos humanos qualiicados, bem como na consolidação de cursos novos e na in-teriorização das atividades de pesquisa, em 2012, a Fapepi assinou um acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamen-to de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a concessão de 130 bolsas de mes-trado e 35 bolsas de doutorado.

Um dos beneiciados é o estudante do mestrado em Ciências da Computa-ção, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), José Victor Vasconcelos Sobral. A pesquisa do bolsista é voltada para a “Internet das coisas”, também conheci-da como Comunicação Ubíqua. “Meu trabalho é desenvolver qualidade de serviço para a internet das coisas. Em

um futuro não muito distante, todas as coisas vão estar ligadas à internet: um livro, uma roupa, uma sala, um ar-con-dicionado. Tudo vai trabalhar em con-junto para dar mais comodidade às pes-soas”, explica.

José Victor participou de dois gran-des eventos neste ano. O primeiro foi o “IEEE Congress on Evolutionary Com-putation”, que aconteceu em Cancun, no México, onde apresentou o trabalho “An Approach Based on Fuzzy Inference System and Ant Colony Optimization for Improving the Performance of Routing Protocols in Wireless Sensor Networks”. E mais recentemente esteve no 11º Con-gresso Brasileiro em Inteligência Com-putacional (CBIC), realizado juntamen-te com o 1º Congresso BRICS (grupo econômico formado pelo Brasil, Rússia,

Índia, China e África do Sul), em Porto de Galinhas (PE).

“A bolsa é bastante importante, por-que você consegue se dedicar mais aos estudos, ao programa de pós-gradua-ção. O incentivo é bom, até para que os estudantes possam participar de even-tos. Foi devido ao dinheiro da bolsa que recebo que consegui participar de todos esses eventos”, airma o mestrando.

Estão sendo destinados ao Progra-ma de Bolsas de Mestrado e Doutorado para os Programas de Pós-Graduação sediados no Piauí recursos no valor de R$ 4.212.000,00 (quatro milhões, du-zentos e doze mil reais), sendo que R$ 2.916.000,00 (dois milhões, novecentos e dezesseis mil reais) são oriundos da Capes e R$ 1.296.000, 00 (um milhão, duzentos e noventa e seis mil reais), do Tesouro Estadual. As bolsas serão con-cedidas pelo prazo de 24 meses para mestrado e de 48 meses para doutorado.

De acordo com a professora Maria Acelina Martins de Carvalho, coorde-nadora do doutorado em Biotecnolo-gia, da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO), que tem como institui-ção nucleadora no estado a Universida-de Federal do Piauí, esse é um momen-to histórico, pois nunca havia tido um incentivo tão substancial nesta área. O programa foi contemplado com 13 bol-sas de apoio à pesquisa.

“A ação de lançamento deste Edital juntamente com a Capes foi uma das principais ações da Fapepi e do Governo do Piauí e de grande importância para o desenvolvimento do nosso Estado, pois as atividades de pesquisa estão orga-

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nizadas, principalmente, tendo como ponta de lança os cursos de pós-gradu-ação. Isso demonstra o reconhecimento do Governo de que não há desenvolvi-mento cientíico-tecnológico em uma nação sem que as áreas da pesquisa e pós-graduação sejam priorizadas den-tro da política de desenvolvimento sus-tentável”, destaca a coordenadora.

Para o professor Feliciano José Be-zerra Filho, coordenador do Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), que teve seu programa de pós-graduação contem-plado com cinco bolsas por meio do Edital 009/2012, os subsídios ofertados pela Fundação contribui de forma sig-niicativa para a consolidação dos novos programas, além de ixar os pesquisa-dores no estado.

“Uma das grandes diiculdades do pesquisador piauiense para fazer uma carreira acadêmica mais aprofundada é a questão do deslocamento, ter que sair para fazer um mestrado, um doutorado fora. Essas bolsas ixam o pesquisador no estado, desde que, evidentemente, a demanda e os cursos ofertem vagas, e programas sejam criados cada vez mais e em várias áreas”, ressalta o coordena-dor.

“Me inscrevi para três mestrados: na UFPI, na Universidade Federal do Ceará (UFC) e na Universidade de São Paulo (USP). Felizmente eu fui aprova-do nas três, mas, como havia essa opor-tunidade de bolsa, consegui icar no meu estado. Isso é bom, porque estou gerando publicações para a minha uni-versidade e para o meu estado”, conta o mestrando José Victor.

O professor Feliciano José Bezerra Filho explica que a adequação da pes-quisa para outra realidade ou cultura é um dos maiores obstáculos enfrentado pelo pesquisador piauiense que neces-sita cursar uma pós-graduação fora do estado. Revela que muitos colegas tiveram que redirecionar sua linha de pesquisa, focando, por exemplo, em um autor carioca ou riograndense, pelo fato de o orientador está trabalhando nessas áreas. Dessa forma, perde o pesquisa-dor, que poderia dedicar-se a iguras, histórias e costumes de sua terra. E o es-tado, que não conta com a possibilidade de ampliar seu número de pesquisas e publicações.

“Com a bolsa, essa questão desa-parece. O pesquisador ica livre para pesquisar algo regional ou universal. E há uma ênfase da própria Capes ultima-mente para que as pesquisas e os pro-gramas de mestrado tenham cunho re-gional, principalmente o Nordeste onde ainda há deicit em número de bolsas. O empenho da Capes em favorecer os programas do Nordeste é justamente para que apareçam pesquisas genuina-mente nordestinas”, esclarece o profes-sor Feliciano Bezerra que acrescenta que “a Capes e a Fapepi vêm corrobo-rar com essas bolsas a possibilidade do pesquisador permanecer na sua região, pesquisar objetos da sua região”.

Um dos critérios de avaliação das propostas submetidas ao Edital 009/2012 foi a relevância das áreas de pesquisa para o desenvolvimento cien-tíico, tecnológico e de inovação para o Estado do Piauí. Na prioridade 1, i-caram a Saúde Coletiva, Farmácia, Ci-

ências Agrárias, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas, Engenharias e Multidisciplinares como Programa em Desenvolvimento e Meio Ambiente. As áreas deinidas como prioridade 2 foram – Ciências da Saúde e Medicina Veterinária. As Ciências Humanas, So-ciais, Letras e Linguística forma classii-cadas como prioridade 3.

Segundo a professora Maria Acelina Martins de Carvalho, a área do doutora-do que ela coordena na UFPI é de suma importante para o desenvolvimento cientíico e tecnológico do Piauí e para a melhoria das condições de vida da po-pulação e que os efeitos multiplicadores das bolsas de incentivo concedidas pela Fundação não tardaram a surgir.

“Daqui a quatro anos, serão 08 dou-tores na área de Biotecnologia em Re-cursos Naturais, 01 na área de Biotec-nologia em Saúde, 02 em Biotecnologia Industrial e 02 na área de Biotecnologia Agropecuária. Isso é um salto muito alto. Vamos ter esses 12 doutores, bol-sistas da Fapepi/Capes que vão dar um retorno mais rápido, porque, com as bolsas, eles têm mais condições de sus-tentabilidade no curso e, lógico, o curso vai crescer com a possibilidade de eles saírem antes, em um período curto”, conclui a coordenadora Maria Acelina.

Para a professora maria Acelina martins de carvalho, o Programa é um marco na história da fapepi

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érIA pronex e ppp - incentivadores

do crescimento da pesquisa cientíica no piauí

Programas ofertados pela Fapepi têm ajudado com bolsas destinadas a vários setores, gerando grande crescimento em diversas

áreas de pesquisas no estado do Piauí.

Por Marco Aurélio do Amaral

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Desde 2011, a Fundação de Am-paro à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) concedeu qua-

renta e cinco bolsas por meio do Progra-ma Primeiros Projetos (PPP) e quatro bolsas através do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex). Os dois programas permitem o desenvolvimento cientíico e tecnológico do estado. En-quanto o PPP visa dar suporte à ixação de jovens pesquisadores, o Pronex apoia grupos de pesquisa já consolidados.

O Pronex é uma iniciativa do Conse-lho Nacional de Desenvolvimento Cien-tíico e Tecnológico (CNPq) que visa apoiar projetos de grupos já formados ou de novos grupos de pesquisas cientíicas, tecnológicas ou de inovação em vias de consolidação. O Programa mantém par-ceria com instituições, como a Coorde-

nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e atual-mente conta com quatro projetos apro-vados e contratados no Piauí nas áreas de farmacologia, zootecnia, planejamento urbano e regional e medicina veterinária.

Um dos beneiciados pelo Pronex é o grupo de excelência em Farmacologia e Biologia (FARBIO). “Nosso projeto visa contribuir para o desenvolvimento de novos produtos e a obtenção de tecnolo-gias inovadoras que resultem na geração de patentes de processos e de novos pro-dutos da área, incentivando o desenvol-vimento do setor farmacêutico em nosso estado e país”, airma o Prof. Dr. Rivelil-son Mendes de Freitas, coordenador do FARBIO. Ele ainda airma que o Pronex tem contribuído de forma signiicativa

para a consolidação do grupo.Já o projeto de planejamento urbano

e regional tem como responsável a Pro-fa. Doutora Antônia Jesuíta. Esse projeto é uma iniciativa com grandes desaios partindo do olhar da integração inter-proissional e interinstitucional. “A pes-quisa está na sua fase de implantação. É um projeto que envolve 21 municípios piauienses. Nesse momento, estamos consolidando os dados preliminares que, numa primeira apreensão, já permitem vislumbrar a ausência dos principais ins-trumentos urbanísticos previstos no Es-tatuto da Cidade”, comenta a professora.

Outra pesquisa é a do Prof. Dr. João Batista Lopes, da área de Zootecnia, que tem obtido como resultado a produção de dissertações e teses dos discentes que orienta. Seu projeto contempla duas li-nhas de estudo: o uso de minerais nas dietas de frangos de corte e estudos com alimentos alternativos que possam substituir o milho na alimentação destas aves. “A partir dos subprojetos com o uso de minerais e vitaminas antioxidantes, já se tem resultados concretos, com duas dissertações de mestrado concluídas, três estão em andamento e três teses de doutorado já se encontram em fase de conclusão”, ressalta o professor.

A quarta pesquisa contemplada pelo programa é o projeto “Biodiversidade de Solo e Plantas no Parque Nacional de Sete Cidades”, coordenado pelo Prof. Dr. Ademir Sérgio Ferreira, da área de ecologia microbiana do solo. Segundo o pesquisador, o Pronex tem auxiliado sua

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pesquisa por meio de recursos às diver-sas atividades. “Nossa proposta é avançar no conhecimento da diversidade bioló-gica do parque através de ferramentas de análise avançadas”. O Prof. Sérgio analisa uma enorme gama de microrganismos presentes no Parque Nacional de Sete Cidades e progride na etapa de identii-cação por meio da extração de DNA.

Enquanto o Pronex visa consolidar grupos de pesquisa, o PPP dá as condi-ções necessárias para que o pesquisador recém-doutor ou recém-contratado por alguma instituição de pesquisa possa executar projetos. Este auxílio refere-se à aquisição, instalação, modernização, ampliação ou recuperação da infraes-trutura de pesquisa cientíicas e tecno-lógicas. No Piauí, o PPP contemplou 41 bolsas de pesquisa voltadas para ciências biológicas, química, farmacologia, ento-

mologia, ciências da saúde, engenharia da computação, entre outras.

Um exemplo é pesquisa da Profa. Dra. Michelle Vetorelli, da UFPI campus Parnaíba, da área de Ciências Biológicas, que estuda o camarão Macrobrachium com o intuito de estabelecer a estrutu-ra populacional e biológica reprodutiva da espécie no estado do Piauí. “Já temos alguns resultados preliminares que são importantes para a espécie em estudo. Com base nos dados das coletas, pode-mos estabelecer o período reprodutivo da espécie e suas relações com fatores ambientais, bem como o tamanho dos animais em início desse período”.

O projeto que busca alternativas para o tratamento das leishmanioses utilizan-do informações contidas em materiais genéticos também foi um dos contem-plados pelo programa. O Prof. Dr. Da-

niel Liarte, que coordena a pesquisa, revela que pode ser possível reverter a resistência do parasita utilizando com-binações do tratamento convencional, bem como reduzir doses de medicamen-tos mais tóxicos nesse processo. “Alguns desses compostos podem ser adquiridos pela pessoa com leishmaniose direta-mente pela alimentação, mas esses dados precisam ser melhor estudados.”, analisa.

O Programa também tem auxiliado a pesquisa da Profa. Dra. Luciana Bar-boza Silva, da UFPI campus Bom Jesus, que é da área de Entomologia. Em sua pesquisa, a professora avalia o desempe-nho de populações de Sitopholuszeamais que é o gorgulho-do-milho, importante praga econômica na cultura e no arma-zenamento do grão de milho. O objetivo do estudo é comparar populações desse inseto coletadas em diferentes regiões do Brasil, pois são alimentadas com dife-rentes variedades de milho. Por meio da pesquisa, será possível avaliar com mais precisão a longevidade da planta do mi-lho. “A relevância da proposta feita reside no fato de integrar estudos com insetos de produtos armazenados e insetos que atacam a cultura no campo, destinados ao consumo humano”, airmou a pesqui-sadora.

O PPP está subsidiando recur-sos para o pesquisador Vinicius Ponte Machado, professor de Engenharia da Computação, que analisa o Sistema Tu-tor com base em agentes na plataforma Moodle no apoio a atividades pedagó-gicas da Universidade Aberta do Piauí (CEAD-UFPI). O Sistema Tutor que

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se basear em qualquer sistema de com-putador fornece instruções diretas ou feedback aos alunos que com ele intera-gem. A plataforma Moodle constitui-se na sistemática administrativa de ativi-dades educacionais destinadas à criação de comunidades on-line, voltadas para a aprendizagem colaborativa. O Professor coloca que “dois dos três agentes pro-postos já foram desenvolvidos: o Agente de Peril, que é responsável por captar o peril do aluno, identiicando suas deici-ências e necessidades e o Agente Comu-nicador, que servirá de elo entre o pro-cesso do STI e o tutor, colocando-lhe a par das atividades exercidas pelos alunos e sugerindo intervenções pedagógicas”.

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organograma do fArbIo como sistema cooperativo entre outros estados e o estado do Piauí

bandeja com recipientes para disposição dos cultivares de milho para o experimento com chance de escolha. A região central indica o local de liberação dos insetos.

Arquitetura geral da proposta demonstrando os agentes responsáveis pelas ações de auxílio pedagógico (na plataforma de dados).

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érIApiauí apresenta propostas inéditas

para o pcti/nePotencial de desenvolvimento do semiárido e agroindústria com caráter regional

foram propostas feitas pelos representantes do sistema de CT&I do Estado

Por Cássia Sousa / Vanessa Soromo

Nas próximas décadas, é possível que o Nordeste alcance maiores níveis de desenvolvimento nas áreas de Ciên-

cia, Tecnologia e Inovação (CT&I). Para isto, está sendo elaborada a proposta do Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desen-volvimento Sustentável do Nordeste (PCTI/NE) que surge da necessidade de orientar e fomentar a atuação estratégica e planejada dos atores institucionais destas áreas. A ini-ciativa é dos presidentes das Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) e dos secretários de CT&I dos estados nordestinos, do Espírito Santo e de Minas Gerais.

O Centro de Gestão em Estudos Estra-tégicos (CGEE), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), foi escolhido para conduzir as etapas do pro-cesso de elaboração da proposta. Uma delas são as Oicinas Estaduais de Planejamento Participativo que integram a 1ª Rodada de Consultas da Região Nordeste, que tem como requisito básico ouvir atores de diversos seg-mentos sociais dos 11 estados.

A oicina realizada no Piauí foi a sex-ta promovida pelo CGEE e teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi), que icou responsável por mobilizar os atores vinculados ao sistema de CT&I do Estado.

Os temas discutidos pelos grupos nas oici-nas foram: Base Cientíica e Tecnológica Regio-nal; Inovação, Competitividade e Empreende-dorismo; e Potencialidades Locais e Regionais – Oportunidades e Estímulos. Participaram do debate representantes da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), da Embrapa Meio Norte, do Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Em-presas do Piauí (Sebrae-PI), da Secretária de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Ma-ranhão (Sectec – MA), do Sindicato dos Esta-belecimentos de Ensino do Piauí (Sinepe-PI), das empresas Bioalimentos e Infoway, da Uespi campus Parnaíba, da Secretaria do Desenvol-vimento Rural (SDR), da Secretaria do Plane-jamento do Estado do Piauí (Seplan), da Sedet, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), da

Agência de Tecnologia da Informação do Esta-do (ATI – PI) e da Fapepi.

As oicinas englobaram dois momentos: no primeiro, foi realizada a apresentação da proposta do plano e a metodologia a ser apli-cada pelo CGEE; no segundo, os participan-tes elaboraram alvos estratégicos e iniciativas para atingi-los.

De acordo com José Roberto Lima, coorde-nador do grupo responsável pela temática “Ino-vação, Competitividade e Empreendedorismo”, os participantes das oicinas demonstraram co-nhecimento da conjuntura dos outros Estados. “Algumas ações sugiram de formas extrema-mente novas. Uma delas, por exemplo, consi-derou o semiárido como uma região para o de-senvolvimento do Nordeste, passível de receber realmente ações voltadas à ciência, tecnologia e inovação de convivência com a seca, voltadas ao desenvolvimento sustentável do semiárido. Isso nos chamou a atenção, porque não apareceu em nenhum dos outros estados consultados. Muitos estão focados na ciência e tecnologia no litoral, criando “clusters”. Não pensaram na inte-riorização do semiárido”, airma o coordenador.

Outro ponto ressaltado por José Roberto Lima é que as propostas no Piauí não se pauta-ram somente no potencial do Estado. “Pensou-se em apoio às potencialidades, como a mine-ração que tem caráter regional, a agroindústria com caráter regional, focando questões como

caju e outros produtos regionais de potencial de mercado. Pensou-se em coisas extremamen-te novas na área, por exemplo, do agronegócio que pode ser tratada de forma muito forte no sul do Piauí, no Maranhão e por parte da Bahia, mas que abre espaço também para outras possi-bilidades de agronegócio a partir das potenciali-dades regionais, coisa que os outros Estados não apontaram. Eles pensaram apenas do ponto de vista pessoal.”, comenta Lima.

A próxima etapa da elaboração da pro-posta do PCTI/NE está prevista para o pri-meiro semestre de 2014. A intenção é apri-morar os resultados para então ser feita a versão inal do texto. “Nós vamos nos encon-trar de novo em uma segunda rodada, já em posse de um plano previamente elaborado”, endossa Henrique Villa, um dos coordena-dores dos grupos de discussão.

Caso seja aprovado pelo governo federal, a aplicação total do Plano deve acontecer nas próximas duas décadas. O diferencial desta proposta é o fato de ser uma ação que parte de instituições de CT&I, dos empresários, da academia e de outros segmentos sociais rele-vantes. A intenção é que as estratégias para CT&I determinadas nas oicinas estejam em sintonia com a Estratégia Nacional de Ciên-cia, Tecnologia e Inovação (ENCTI) de modo a alicerçar o desenvolvimento de acordo com as necessidades da região.

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DIcAS DE lIvrOS

autor: Helder Buenos Aires de Carvalho Número de páginas: 352

ano: 2013E-mail:[email protected]

Em Hermenêutica e Filoso-ia Moral em alasdair Mcintyre, Helder Buenos Aires de Carvalho busca explicitar a inluência da hermenêutica ilosóica de H.-G. Gadamer na constituição da es-trutura conceitual de sua teoria moral. Segundo o autor, a trajetó-ria da ilosoia moral de Alasdair MacIntyre se caracteriza por uma permanente abertura dialógica crí-tica às diferentes posições teóricas com que se defronta. A riqueza conceitual e temática nela presente proporciona múltiplas possibili-dades de diálogo ilosóico subs-tantivo, deixando rastros e marcas desse embate teórico. A inluência da hermenêutica ilosóica de Ga-damer na base conceitual de sua teoria moral é um destes diálogos.

HerMenêUtica e FiLosoFia MoraL

eM aLasdair Macintyre

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DIcAS DE lIvrOS

o direito natUraL e a desiGUaLdade entre os HoMens

no pensaMento de roUsseaU

autor: Esther Maria de Sá Castelo Branco

Número de páginas: 226ano: 2012

[email protected]

Nesta obra, a autora analisa duas obras de Rousseau, ressalta a contradição conceitual entre es-tado de natureza e de sociedade, destacando que a teoria da cons-ciência, desenvolvida no emilio, relete a noção de direito natural de Rousseau, ao tempo em que acentua a complementaridade desta com sua teoria da sociedade, apresentada no discurso da desi-gualdade entre os homens.

autor: Ana Célia de Sousa SantosNúmero de páginas: 223

ano: [email protected]

Resultado de relexões e expe-riências desenvolvidas no mestra-do em Educação da UFPI, o livro RELAÇÕES DE GÊNERO E EM-PODERAMENTO DE MULHE-RES: uma experiência de pesqui-sa-ação analisa como as práticas educativas desenvolvidas junto à Associação de Produção “Mulhe-res Perseverantes” contribuíram para a construção de um processo emancipatório e de empodera-mento desse grupo de mulheres nas dimensões humana, político--organizativa, de incorporação da economia solidária e construção de um novo olhar sobre as rela-ções de gênero.

reLações de Gênero e

eMpoderaMento de MULHeres

Biodiversidade do piaUí:

PESquISAS & PErSPECTIVAS

organizadores: Francisco Soares San-tos-Filho, Ana Flávia Cruz Leite Soares

e Eduardo Bezerra de Almeira Jr.Número de páginas: 264

ano: [email protected]

Organizado por Francisco So-ares Santos Filho, Ana Flávia Cruz Leite Soares e Eduardo Bezerra de Almeida Jr., o segundo volume de Biodiversidade do Piauí: pesqui-sas & perspectivas contém 16 arti-gos inéditos.

Nos capítulos, são apresenta-dos trabalhos da área de Botânica, sendo um deles fruto de pesquisa desenvolvida na única Floresta Na-cional (FLONA) do Piauí, além de estudos sobre animais envolvendo espécies que atacam culturas, trans-missão de doenças e grupos de im-portância ecológica.

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ES Prof. Adjunto do Centro de Tecnologia e Urbanismo da Universidade Estadual do Piauídefesa: Escola de Engenharia de São CarlosUniversidade de São Paulo, [email protected]

Profa. Adjunta I do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Piauídefesa: Universidade Federal do Ceará – UFC, [email protected]

Hermes Manoel Galvão castelo Branco Maria rosângela de souza

Problemas ocasionados por perturbações na Qualidade da Energia Elétrica (QEE) podem provocar sérios prejuízos, tanto de cunho so-

cial, quanto inanceiros, aos clientes conectados ao sistema elétrico de potência como um todo. Neste contexto, os clientes que mais sofrem são os clientes industriais, pois possuem cargas sensíveis a vários distúrbios associados à falta da QEE. Sendo assim, para adoções de medidas preventivas, ou corretivas, que melhorem os índices de QEE, faz-se necessário um monitoramento dos sistemas elétricos que per-mita um melhor acompanhamento da ocorrência dos distúrbios. Nesta pesquisa, é proposta a mode-lagem do problema de alocação ótima de monitores de QEE em sistemas de distribuição com múltiplos objetivos: minimizar o custo do monitoramento, minimizar a ambiguidade topológica, maximizar o monitoramento das cargas, maximizar a quantida-de de ramais monitorados, minimizar a quantidade de afundamentos não monitorados e maximizar a redundância do monitoramento dos afundamentos. Na resolução do problema, foi utilizado o Algoritmo Evolutivo Multiobjetivo com Tabelas (AEMT), ado-tado por ter boa capacidade de resolução com muitos objetivos. Os resultados obtidos permitiram observar que o AEMT forneceu as fronteiras de Pareto com so-luções diversiicadas e bem distribuídas ao longo das fronteiras, mostrando-se de grande relevância para o planejamento de sistemas de monitoramento da QEE em sistemas de distribuição de energia. A principal contribuição desta tese é o fornecimento de um mo-delo que permite às empresas de energia avaliar os investimentos que farão nos seus sistemas de moni-toramento considerando os objetivos distintos, per-mitindo uma maior lexibilidade no estabelecimento do plano de monitoramento e uma melhor análise do custo/benefício de acordo com os objetivos avaliados.

Este estudo apresenta imagens e narrativas dos agricultores e das agricultoras idosas do semi-árido Piauiense, desenvolvidas durante a reali-

zação do trabalho de campo entre os anos de 2010 a 2012, nas cidades de Simões, Francisco Santos, Picos e povoados (Angical dos Domingos, Lagoa dos Félix e Chapada dos Mocambos), que compõem o Territó-rio Vale do Rio Guaribas, parte da macrorregião de Picos. Inspirada na prática etnográica e com uma caixa de ferramentas na mão (caderno de campo, gravador, ilmadora e máquina fotográica), adentrei as trilhas do sertão piauiense com o objetivo de dia-logar com os trabalhadores e as trabalhadoras idosas e seus familiares, para conhecer e analisar seus mo-dos de vida, observando que sentidos e signiicados da velhice são compartilhados, como percebem as marcas corporais impressas pelo envelhecimento, por que permanecem na roça após aposentadoria, como vivenciam a morte e simbologias do morrer entre ou-tros aspectos. Assim, o trabalho de observar, escutar e escrever as narrativas ofereceu um rico e instigante campo de interpretações, aberto a tessituras teóricas e metodológicas no âmbito das Ciências Sociais, par-ticularmente para a antropologia visual e a sociolo-gia. Os signiicados atribuídos ao envelhecimento e à morte no contexto rural abrem outras possibilidades de diálogos e estudos, uma vez que as experiências de velhices cartografadas sugerem o reconhecimento de uma velhice sintonizada à paisagem, ao território e às práticas de convivência com o semiárido, pois as re-lações sociais, os modos de vida e os valores compar-tilhados expressaram a lógica desse pertencimento.

modelagem multiobjetivo para o Problema da Alocação de monitores de qualidade da Energia em Sistemas de

distribuição de Energia Elétrica

As velhices que habitam os sertões:cartograia dos modos de envelhecer e de morrer no semiárido piauiense

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ESProfessora adjunta da Universidade Estadual do Piauídefesa: Universidade Federal de Pernambuco, [email protected]

UESPI – Campus Joseina Demes – Florianodefesa: Natal-RN, [email protected]

Margareth torres de alencar costaJosé Wanderson Lima torres

A tese aborda a prosa de icção de Jorge Luis Borges sob a ótica dos conceitos de mímesis e da autorrelexividade. Parte-se da hipótese de

que o Aleph é o símbolo central do universo iccional de Borges e que sua retomada e reescrita ao longo de toda a obra borgeana vincula-se a uma relexão sobre as possibilidades e os limites da mímesis. Divide-se o trabalho em três partes, cada uma contendo dois capítulos. A primeira parte – Revisão bibliográica e fundamentos conceituais da pesquisa – discute a for-tuna crítica do autor (Capítulo 1) e os conceitos que dão sustentação à pesquisa (Capítulo 2). A segunda parte – Sobre o projeto estético de Jorge Luis Borges – delineia o projeto literário defendido por Borges: sua concepção de literatura e suas matrizes ideológicas (capítulo 3); seu antipsicologismo e sua nostalgia do epos (capítulo 4). A terceira e última parte intitula-se O Aleph e seus duplos; no capítulo 5, analisa-se o conto “El Aleph”, considerando sua centralidade na obra borgeana e como nele se elabora uma relexão sobre a mímesis; no capítulo 6, sob a mesma perspec-tiva, analisam-se quatro contos de diferentes obras do autor – “Funes el memorioso”; “El Libro de Arena”; “El evangelio según Marcos” e “Del rigor en la cien-cia”. Constata-se que a literatura de Borges, autocons-ciente de seus processos, como o demonstram seu senso paródico e sua procedência livresca, exaspera a crise mimética da linguagem e tensiona os liames que unem icção e realidade, porém não sucumbe a perspectiva niilista de fechamento da literatura ao mundo.

Nossa contribuição neste estudo toca em dois as-pectos relacionados à vida e a duas cartas escritas por sóror Juana Inês de La Cruz, a monja mexica-

na que viveu e produziu sua obra no século XVII. Assim, nosso objetivo neste é mostrar que sóror Juana Inês de La Cruz fez sua autobiograia na carta escrita por ela, deno-minada de Respuesta a Sor Filotea de la Cruz e investigar como ocorreu a recepção de duas cartas, a denominada Crisis, posteriormente intitulada Carta Atenagórica e a Respuesta. Dessa forma, o estudo em tela tentará eviden-ciar a escrita do eu na Carta Respuesta a Sor Filotéa de La Cruz bem como a recepção da referida carta nos séculos XVII, XVIII, XIX e XX como um elemento essencial para a identiicação e interação texto x leitor e, consequente-mente, comprovar que o texto é um veículo de eiciente assimilação, tanto pela inluência que gera sobre o traba-lho da autora, quanto pelo impacto direto que causa no lei-tor. Para alcançar os objetivos lançaremos mão das teorias de: Lejeune (2008), Willemart (2009), Mireaux (2005), Bosi (1994) Gomes (2004), Iser (1996) Gale (2009), Ti-rado (1998) Benveniste (2005), Blancafort e Valls(2008), Fairclough(2001), Mangueneau (1997) e Amossy(2005). Hans Robert Jauss (1994) e Wolfang Iser (1996)Alatorre (2007) Paz (1992) e outras pesquisas existentes sobre o as-sunto. A Respuesta a sóror Filotea de la Cruz é um texto autobiográico? Que marcas da enunciação do discurso a caracterizam como escrita de si? De acordo com a teoria voltada ao estudo da escrita autobiográica e da negação do eu, o texto escrito por sóror Juana Inês de La Cruz é ou não um texto autobiográico? Como foi a recepção das duas cartas escritas por sóror Juana Inês de la Cruz entre seus contemporâneos e através dos séculos? Sóror Juana tinha um projeto social e estava decidida a alcançá-lo. De quais estratégias lança mão para alcançar seus objetivos? Para responder a todos estes questionamentos dividimos a tese em três capítulos. Mostramos através de argumentos apoiados nos teóricos mencionados que sóror Juana escre-veu sua autobiograia denominada neste trabalho de auto-icção e ethos e expôs-se à recepção das cartas escritas por sóror Juana entre seus contemporâneos até o século XX.

o Aleph e seus duplos: mímesis e autorrelexividade na obra de

Jorge Luis Borges

Sóror Juana Inés de La Cruz: Autobiograia e recepção

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34 sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI

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Conheça um pouco mais a respeito de cada um dos membros do conselho editorial da Publicação Cientíica Sapiência.

adeMir Sérgio Ferreira de araújo Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agronomia--Produção Vegetal (PPGA) e docente permanente do mestrado em Agronomia-Solos e Nutrição de Plantas (PPGSNP), ambos da UFPI. Tem experiência na área de Agronomia-Ciência do Solo, com ênfase em Microbiologia e Bioquímica do Solo.

aNa regiNa BarroS rêgo leal Atua como professora no Programa de Pós-Graduação em Co-municação da Universidade Federal do Piauí. Tem experiência na área de Comunicação Corporativa e desenvolve pesquisas em assessoria de imprensa, teorias do jornalismo, ética, webjornalis-mo e história da imprensa.

aNtôNia jeSuíta de liMa Doutora pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente é professora associada da Universidade Federal do Piauí. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Di-reitos Sociais, atuando principalmente nos seguintes temas: po-líticas públicas, pobreza urbana, espaço urbano, cidade e gestão democrática.

BárBara olíMPia raMoS de Melo Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí - Fapepi, Professora Adjunta I da Universidade Estadual do Piauí, Doutora pela Universidade Federal do Ceará, desenvolve pesquisa na área de Linguística nas temáticas: letramento, argu-mentação, letramento digital, gêneros textuais, gêneros digitais, educação a distância e educação de jovens e adultos.

CarloS auguSto de FraNÇa roCHa júNior Vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação pela Universidade Federal do Piauí (PPGCom-UFPI). Atuou em Jornalismo Impresso, Jornalismo On-line e Assessoria de Comunicação. Desenvolve pesquisa na área de Mídia e Produ-ção de Subjetividades, voltada principalmente para a Análise de Discurso Crítica.

diógeNeS BueNoS aireS de CarvalHoDoutor em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e professor Adjunto I da Universidade Estadual do Piauí, atuando na Graduação em Letras e no Mestrado em Letras. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária, atuando nos temas: estética da recepção, literatura in-fantil e juvenil, leitura literária.

FraNCiSCo CHagaS oliveira ataNáSioProfessor Assiste I da Universidade Estadual do Piauí, campus Ariston Dias Lima, São Raimundo Nonato. Tem a produção de identidades, o estudo das memórias, literatura, representações sociais e antropologia histórica com eixos centrais de sua pes-

quisa. Atualmente, também faz incursão por temas, como: bio-graia, história política.

HerMeS MaNoel galvÃo CaStelo BraNCoAtua como professor do curso de Engenharia Elétrica da Univer-sidade Estadual do Piauí. Atualmente exerce a função de diretor técnico-cientíico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí. Suas principais áreas de interesse envolvem inteligência artiicial, computação evolutiva, proteção de sistemas elétricos de potência e qualidade da energia elétrica.

joÃo BatiSta loPeSPós-doutor pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo e professor associado do Departa-mento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Univer-sidade Federal do Piauí. Participa como orientador dos cursos de mestrados e doutorados dos Programas de Pós-Graduação em Ciência Animal e Desenvolvimento e Meio Ambiente, ambos da UFPI. Fez parte do grupo que atuou no processo de criação da Fapepi.

Maria joSé loPeS de CarvalHoMestra em História Social pela PUC/SP, especialista em História e Sociologia pela URCA/CE. Professora efetiva da SEDUC-PI e titular do curso de Licenciatura Plena em História da Faculdade do Médio Parnaíba-FAMEP. Com experiência em coordenações do Núcleo Universitário - Uespi e Polo da UAB em Simões-Piauí.

raiMuNdo iSídio de SouSaProfessor Assistente da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), Diretor Adjunto do Núcleo de Educação a Distância da Uespi, Mestre em Estudos de Linguagem, tem experiência na área de Letras, Linguística, com ênfase nos seguintes temas: análise de discurso, educação a distância, heterogeneidade discursiva e lei-tura.

riCardo de aNdrade lira raBêloProfessor Adjunto da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutor em Ciências (Engenharia Elétrica) pela Universidade de São Paulo (USP). Suas áreas de interesse são: Sistemas Inteligen-tes, Programação Matemática. Robótica e Sistemas Elétricos de Potência.

rivelilSoN MeNdeS de FreitaS Pós-doutor na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coim-bra e no Grupo de Investigação Redox Biology in Health and Di-sease do Centro de Neurociências e Biologia Celular e professor Adjunto III do Curso de Graduação em Farmácia e Coordena-dor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Farmacêutica da Universidade Federal do Piauí. FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DO PIAUÍ | FAPEPIAv. Odilon Araújo, 372, Piçarra • CEP: 64017-280 • Teresina-PI CNPJ: 00.422.744.0001-02 • Contato:(86) 3216-6090 / Fax: (86) 3216-6092Horário das 7:30h às 13:30h, de segunda à sexta

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FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DO PIAUÍ | FAPEPIAv. Odilon Araújo, 372, Piçarra • CEP: 64017-280 • Teresina-PI CNPJ: 00.422.744.0001-02 • Contato:(86) 3216-6090 / Fax: (86) 3216-6092Horário das 7:30h às 13:30h, de segunda à sexta

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