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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS FARMACÊUTICOS E SUAS ATIVIDADES EM FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS: UMA ANÁLISE DE PERFIL SARALY DOS SANTOS SOUZA NATAL 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

FARMACÊUTICOS E SUAS ATIVIDADES EM FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS: UMA ANÁLISE DE PERFIL

SARALY DOS SANTOS SOUZA

NATAL 2012

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SARALY DOS SANTOS SOUZA

FARMACÊUTICOS E SUAS ATIVIDADES EM FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS: UMA ANÁLISE DE PERFIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientadora: Profª Dra. Maria Cleide Ribeiro Dantas de Carvalho

NATAL 2012

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Aos farmacêuticos, bravos profissionais que se superam e sobrevivem ao longo dos séculos.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profª Dra. Maria Cleide Ribeiro Dantas de Carvalho, pelos

conselhos sempre úteis e precisos com que, sabiamente, orientou esta dissertação.

À Coordenação da Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte pelo incentivo e confiança em meu talento.

A meus pais e irmão pelo apoio incondicional em todas as horas.

A Deus, meu fiel amigo e fonte de força.

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“Realize o seu sonho, você mesmo vai ter que fazer isso. Eu não posso acordar você. Você é quem pode se acordar. Por que nós estamos no mundo? Certamente não para viver com medo e dor. Nós todos brilhamos como a lua, as estrelas e o sol...”

(John Lennon)

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RESUMO

O objetivo do presente estudo foi estabelecer o perfil do farmacêutico responsável

técnico por farmácias comunitárias da cidade de Natal/RN, caracterizando elementos

pessoais, percepção do seu papel e da atenção farmacêutica realizada, níveis de

satisfação profissional, tipo de serviços prestados e qualidade destes em âmbito

humano e estrutural. Para tanto, foi feito um estudo transversal exploratório aplicando

um questionário contendo perguntas abertas e fechadas, o qual foi aplicado aos

farmacêuticos responsáveis técnicos por farmácias comunitárias em Natal/RN, no

período de setembro de 2010 a setembro de 2011. A amostra foi estabelecida através

do cálculo da amostra aleatória simples, com grau de confiança de 95% e nível de

significância de 0,05. Para avaliar o nível de satisfação das atividades realizadas

pelos farmacêuticos nas farmácias comunitárias foi usada a Escala de Satisfação

Simples (LIKERT, 1935). Para avaliar as atitudes e percepções dos farmacêuticos

com relação aos aspectos da atenção farmacêutica, foi utilizada o Modelo de Atitude

em Relação ao Objeto (FISHBEIN; AJZEN, 1975). As respostas foram convertidas em

dados analisados estatisticamente pelo programa Epi Info 3.5.2 Os resultados

mostraram que os pontos positivos e negativos em relação ao perfil do farmacêutico e

suas atividades nas farmácias comunitárias de Natal/RN não são diferentes em

relação a outras capitais do país. Os aspectos mais relevantes foram: em 51% (n =

90) dos estabelecimentos visitados o farmacêutico estava ausente; 46% (n = 80) não

possuem pós-graduação e dos que a fazem ou a concluíram, 33% (n = 51) são na

área das Análises Clínicas; 56% (n = 98) trabalham 08h/dia e 64% (n = 111) afirmam

que esta carga horária influencia no seu desempenho; 83% (n = 146) recebem como

salário, o piso farmacêutico referente ao estado do Rio Grande do Norte; 44% (n = 76)

estão insatisfeitos quanto ao salário, sendo esta a maior dificuldade citada; 78% (n =

136) afirmam serem sempre procurados pelos usuários sendo a receptividade destes

considerada boa (52%, n = 91). As atividades de maior satisfação são aquelas ligadas

à atenção farmacêutica e as de menor, as administrativas. Quanto às atitudes e

percepções, o escore mais negativo foi para a pergunta „se o farmacêutico se sente

trabalhando em equipe com o médico‟, em que 59% (n= 103) responderam „nunca‟.

49% (n = 86) relataram estarem “aptos” a tirarem as dúvidas dos usuários; 39% (n =

68) encontram-se „insatisfeitos‟ em relação à estrutura da farmácia para o exercício da

atenção farmacêutica. São necessárias ações sobre os entraves ao exercício da

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profissão farmacêutica na solução e minimização dos pontos negativos e estímulo aos

positivos.

Palavras-chaves: Farmacêutico. Farmácias comunitárias. Atenção farmacêutica.

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ABSTRACT

The aim of this study was to establish the profile of the pharmacist technician

responsible for community pharmacies in the city of Natal/RN, featuring personal

elements, perceived their role and place of pharmaceutical care, levels of job

satisfaction, type and quality of services provided in human and structural framework.

To that end, we made an exploratory cross-sectional study applying a questionnaire

containing open and closed questions, which was applied to pharmaceutical

technicians responsible for community pharmacies in Natal/RN, from September

2010 to September 2011. The sample was established by calculating the simple

random sample, with a confidence level of 95% and a significance level of 0.05. To

evaluate the satisfaction level of the activities performed by pharmacists in

community pharmacies was used Simple Satisfaction Scale (Likert, 1935). To assess

the attitudes and perceptions of pharmacists in relation to aspects of pharmaceutical

care, we used the Model Attitude toward the object (Fishbein, Ajzen, 1975). The

answers were converted into data were analyzed statistically using Epi Info 3.5.2 The

results showed that the strengths and weaknesses in relation to the profile of the

pharmacist and their activities in community pharmacies in Natal/RN are not different

in other cities in the country . The most important aspects were: 51% (n = 90) of the

establishments visited, the pharmacist was absent; 46% (n = 80) did not have post-

graduate and of those who are or have completed 33% (n = 51) are in the area of

Clinical Analysis; 56% (n = 98) 08h for day work and 64% (n = 111) claim that this

load influence its performance; 83% (n = 146) receive as salary, the floor pharmacist

regarding the state of Rio Grande do Norte; 44% (n = 76) are unhappy about the

salary, which is the main difficulty cited; 78% (n = 136) say they are always sought

by users and the receptivity of these considered good (52%, n = 91). The activities of

higher satisfaction are those related to pharmaceutical care and lower the

administrative. As regards attitudes and perceptions, the score was more negative to

the question 'if the pharmacist feels working as a team with the doctor', in which 59%

(n = 103) responded 'never'. 49% (n = 86) reported being "able" to take questions

from users and 39% (n = 68) are 'dissatisfied' with respect to the structure of the

practice of pharmacy to pharmaceutical care. Action is needed on the obstacles to

the exercise of the pharmacist in the solution and minimize the negative and positive

stimulus to.

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Keywords: Pharmaceutical. Community pharmacies. Pharmaceutical care.

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Atividades em que o farmacêutico dedica mais tempo..... 46

GRÁFICO 2 Principais dúvidas dos usuários........................................ 50

GRÁFICO 3 Estratégias usadas pelos farmacêuticos fazerem suas

atualizações/estudos......................................................... 51

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Regiões Administrativas / Áreas de Fiscalização do

CRF/RN............................................................................. 26

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1

Distribuição de estabelecimentos farmacêuticos por área

metropolitana de fiscalização, CRF/RN, set. 2010, e amostra a

ser pesquisada.............................................................................

30

TABELA 2 Dados pessoais e profissionais dos farmacêuticos

comunitários, em Natal/RN, 2010-2011, (n=175)......................... 33

TABELA 3

Dados relacionados às atividades desenvolvidas na farmácia,

pelos farmacêuticos comunitários, em Natal/RN, 2010-2011,

(n=175).........................................................................................

39

TABELA 4 Demonstrativo da relação habitante/farmácia nas áreas de

fiscalização do CRF/RN, Natal/RN, 2010..................................... 44

TABELA 5 Atividades realizadas pelos farmacêuticos nas farmácias

comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n = 175)............................. 45

TABELA 6

Nível de satisfação nas atividades realizadas pelos

farmacêuticos nas farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-

2011..............................................................................................

45

TABELA 7

Atitudes e percepções dos farmacêuticos com relação aos

aspectos da atenção farmacêutica, Natal/RN, 2010-2011,

(n=175).........................................................................................

48

TABELA 8

Dificuldades encontradas para o farmacêutico exercer suas

atividades em farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011,

(n=175).........................................................................................

49

TABELA 9

Nível de aptidão dos farmacêuticos para tirar dúvidas dos

usuários em farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011,

(n=175).........................................................................................

50

TABELA 10 Local em que o farmacêutico orienta o usuário em farmácias

comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)............................... 52

TABELA 11 Nível de satisfação dos farmacêuticos quanto à estrutura física

das farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011) (n=175)....... 53

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 15

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................ 17

2.1 Evolução da Profissão Farmacêutica: auge, problemática e

renovação............................................................................................. 17

2.2 Farmácias Comunitárias: o reencontro da profissão

farmacêutica......................................................................................... 19

2.3 Farmácias Comunitárias em Alguns Países......................................... 20

2.4 Farmácias Comunitárias no Brasil........................................................ 22

3 MÉTODOS............................................................................................ 24

3.1 Coleta de Dados................................................................................... 24

3.2 Amostra................................................................................................ 25

3.2.1 Áreas de Fiscalização do CRF/RN / Regiões Administrativas............. 25

3.2.2 Cálculo da Amostra.............................................................................. 29

3.3 Avaliação dos Dados............................................................................ 30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................ 32

4.1 Dados Pessoais e Profissionais........................................................... 32

4.2 Dados Relacionados às Atividades na Farmácia................................. 39

4.3 Dados Relacionados à Orientação ao Usuário.................................... 50

4.4 Dados Relacionados à Estrutura da Farmácia..................................... 52

5 CONCLUSÃO....................................................................................... 54

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................. 55

6.1 Farmacêutico........................................................................................ 55

6.2 Instituições de Ensino........................................................................... 55

6.3 Fiscalização.......................................................................................... 56

6.4 Proprietários de Farmácias.................................................................. 57

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6.5 Usuários de Medicamentos.................................................................. 57

REFERÊNCIAS................................................................................................... 59

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO....................................................................... 65

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(TCLE)................................................................................................................. 70

APÊNDICE C – ARTIGO..................................................................................... 71

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1 INTRODUÇÃO

Em 1997, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu que "a missão

da prática farmacêutica é prover medicamentos e outros produtos e serviços e auxiliar

as pessoas e a sociedade a utilizá-los da melhor forma possível" (OMS; OPAS, 1997).

Posteriormente, em 2006, a mesma OMS publicou um manual como referência para a

reorientação da educação e da prática farmacêutica e a incorporação da atenção

farmacêutica nesta prática (OMS; FIP, 2006).

O cerne da profissão farmacêutica é o medicamento e com este a atenção à

saúde da população seja em âmbito hospitalar, industrial, laboratorial, ensino e

pesquisa, público ou privado. A discussão sobre a importância de se acrescentar a

este processo farmácias e drogarias, transformando-as não em meros

“estabelecimentos comerciais” e sim em “órgãos de saúde”, no mundo e no Brasil é

de longa data promovendo a necessidade de regulamentações específicas e, não

raro, conflitos de interesse dos mais diversos (SILVANA; FERREIRA; RIBEIRO,

2008).

São nas farmácias e drogarias onde, provavelmente, a população terá o último

contato com um profissional de saúde (ZUBIOLI, 1996a) e é neste momento de

grande importância que a atuação do farmacêutico, promovendo o uso racional de

medicamentos e fazendo uso das boas práticas farmacêuticas, se faz necessária. A

união de mudanças da legislação, reafirmação do profissional farmacêutico e maior

cobrança da população, têm provocado em muitos destes estabelecimentos, a

necessidade de incluir serviços de atuação clínica farmacêutica como diferencial

competitivo no enfrentamento da concorrência de grandes redes do varejo

farmacêutico (SCHROEDER et al., 2009).

Neste contexto, surge um novo conceito de farmácias e drogarias: as farmácias

comunitárias. Estas são caracterizadas como estabelecimentos farmacêuticos de

propriedade privada, os quais atendem diretamente o paciente na dispensação de

medicamentos industrializados, em suas embalagens originais, os quais não estão

inseridos em hospitais, unidades de saúde ou equivalente (BARETA, 2003). Estas

farmácias não manipulam medicamentos e o atendimento ao paciente acontece em

nível de atenção primária à saúde, com a responsabilidade técnica, legal e privativa,

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de farmacêutico. O fato de serem “comunitárias” está ligado ao atendimento a

pessoas que vivem e/ou trabalham em locais próximos a estas farmácias. Mesmo não

havendo esta territorialidade, o compartilhamento de ações entre o estabelecimento,

principalmente no papel do farmacêutico, caracteriza a relação de comunidade.

Mas como cobrar do farmacêutico um posicionamento não-mercantilista e de

desvalor de sua profissão se não conhecemos este profissional? Quem são esses

farmacêuticos? O que pensam? Como reagem aos problemas de sua formação e

atuação profissionais? Quais problemas enfrentam? Qual sua satisfação? Os órgãos

fiscalizadores possuem números, mas e a “identidade” destes profissionais?

Saber das respostas para estas perguntas (inicialmente) e tentar, a partir daí,

traçar um perfil desse profissional foi a inspiração para esta pesquisa que tem como

objetivo principal conhecer o profissional farmacêutico responsável técnico pelas

farmácias comunitárias de Natal/RN, caracterizando elementos pessoais, percepção

do seu papel e da atenção farmacêutica, níveis de satisfação profissional, tipo de

serviços prestados e a qualidade destes em âmbito humano e estrutural.

Essa avaliação servirá como um verdadeiro mapeamento no que diz respeito

ao trabalho, de que maneira eles o exercem, suas perspectivas e o impacto de suas

ações sobre a população que procura a farmácia e precisa obter dela serviços

farmacêuticos de qualidade e, acima de tudo, um profissional farmacêutico de

qualidade.

Os resultados obtidos nesta pesquisa poderão servir como base para ações

dos órgãos competentes locais para melhoria das farmácias comunitárias da cidade e

dos profissionais farmacêuticos que nelas trabalham.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 EVOLUÇÃO DA PROFISSÃO FARMACÊUTICA: AUGE, PROBLEMÁTICA E RENOVAÇÃO

A profissão farmacêutica encontra-se em um momento de ascensão e

profundas transformações no mundo e no Brasil. Transformações estas relacionadas,

dentre outras, à integração do farmacêutico nas equipes de saúde (tornando a

multidisciplinaridade um aliado aos pacientes para obtenção de melhorias na saúde e

sucesso terapêutico) e reconhecimento da sociedade sobre o papel deste profissional.

A história da Farmácia e, por conseguinte, do farmacêutico vem passando por

evoluções, quedas e novamente, na atualidade, por restabelecimento. Esta história

passa pelos primórdios da antiguidade clássica. Neste período, houve as primeiras

divisões nas ocupações nas áreas de saúde entre os pharmakopoloi (gregos) e

pharmacopoli (romanos), que lidavam com medicamentos, dos médicos – iatros

(DIAS, 2009). No início do século XX surgiram os boticários (profissional de saúde

que manipulava medicamentos e mais acessível à população) chegando, após a

revolução industrial, com a instalação dos grandes conglomerados farmacêuticos

tornando os medicamentos como uma importante fatia da economia mundial (DIAS,

2009).

Em meados dos anos 70, veio o advento das chamadas farmácias (que

comercializam tanto medicamentos magistrais quanto os industrializados) e drogarias

(que só podem comercializar medicamentos industrializados) com caráter

estritamente mercantilista, sobretudo no Brasil, havendo perda da identidade

profissional dos farmacêuticos que começaram a se afastar de sua área de atuação

milenar, o medicamento. Esse distanciamento se inicia nos próprios cursos de

Farmácia onde os estudantes passam a optar por outras áreas da profissão. Segundo

Haddad et al. (2006) “em 1973, 97% dos estudantes de Farmácia do país haviam

optado pela área de análises clínicas”.

Com os profissionais farmacêuticos se afastando das farmácias e drogarias,

entraram em seu lugar os balconistas (confundidos muitas vezes com farmacêuticos

por boa parte da população) e proprietários, em sua maioria leigos, após o advento da

Lei 5.991 (BRASIL, 1973). Ações ilegais e de assédio moral começaram a fazer parte

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do dia a dia da profissão farmacêutica, degradando o profissional e deixando a

população a mercê de atitudes inescrupulosas sobre o seu bem mais importante: a

saúde, além do acesso a serviços de saúde de qualidade (CARLINI, 1996).

Dentre uma das inúmeras ações ilegais que fazem parte deste contexto, tem-

se a “empurroterapia”, constituindo-se em uma prática irregular em que balconistas

oferecem e indicam medicamentos para ganhar comissão e premiação dos seus

fabricantes (CARLINI, 1996). Há também acordos antiéticos entre os proprietários de

farmácias/drogarias e farmacêuticos que „assinam‟ a responsabilidade técnica do

estabelecimento, mas não estão presentes e recebem valores salariais abaixo do

piso, desvalorizando a categoria.

Em relação ao assédio moral, encontram-se, por exemplo, a ameaça de

demissão por não cumprir metas de vendas, o não-cumprimento às leis trabalhistas,

os desvios de funções (farmacêutico confundido com gerente, balconista,

administrador), a exigência de exclusividade não podendo trabalhar em outras

farmácias, entre outras.

Com os crescentes casos de intoxicações por medicamentos, atitudes

mercantilistas inescrupulosas, falsificações de medicamentos e preços abusivos

praticados pela indústria farmacêutica, na década de 90, a Organização Mundial da

Saúde (OMS) através do documento “The Role of The Pharmacist in The Health Care

System” (1997), define o perfil do farmacêutico apontando-o como um profissional

necessário ao tratamento farmacológico para obtenção de resultados favoráveis a

melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Então, definiu-se Atenção Farmacêutica

que envolve macrocomponentes como a educação em saúde, orientação

farmacêutica, dispensação, atendimento farmacêutico e seguimento

farmacoterapêutico, além do registro sistemático das atividades, mensuração e

avaliação dos resultados (IVAMA, 2002).

Neste novo contexto no qual o farmacêutico se insere, torna-se imprescindível

uma atitude de re-profissionalização, tanto no papel de dispensador de medicamentos

quanto no das análises clínicas. Surgem diversas ramificações muito mais complexas

e importantes exigindo qualificações constantes, atenção as suas responsabilidades

legais e éticas, além de uma postura mais presente em conjunto com outros

profissionais de saúde, com entidades públicas e privadas e à população em geral.

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2.2 FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS: O REENCONTRO DA PROFISSÃO FARMACÊUTICA

As drogarias e farmácias como modelos meramente mercantilistas, vem sendo

gradativamente combatidas pelos profissionais farmacêuticos atualizados e realmente

comprometidos com sua profissão e com a saúde, pelos órgãos de fiscalização

(nacionais e internacionais) e pelo reconhecimento e exigência da população

preocupada e cada vez menos leiga em quesitos de saúde.

A farmácia é por sua natureza um centro prestador do serviço público onde há,

além da distribuição de medicamentos, atenção à saúde da população (SANTOS,

1998b). Segundo Ferraes e Cordoni Junior (2011) há concordância de alguns autores

sobre a importância de se integrar a Farmácia ao Sistema Sanitário, na tentativa de

contribuir na atenção primária à saúde, através da participação em programas de

prevenção e promoção da saúde (MOTA et al., 2000; SANTOS, 1998a; ZUBIOLI,

1996b).

O futuro da profissão farmacêutica talvez esteja na prestação de serviços, na

resolução de problemas com os medicamentos e no desenvolvimento da atenção

farmacêutica (IVAMA, 2002). Se quisermos uma farmácia de interesse social e não

somente um comércio com altos lucros, torna-se claro que o próprio farmacêutico tem

uma grande tarefa devendo fazer parte de todo o processo de assistência à saúde

(FERRAES; CORDONI JUNIOR, 2011).

As farmácias comunitárias encaixam-se neste contexto. Atividades voltadas ao

medicamento, assistência e atenção farmacêuticas estão em voga e são uns dos

importantes focos de ações de saúde no país, como já citadas anteriormente. Porém

as ações esbarram nos interesses mercantilistas de alguns destes estabelecimentos

e, muitas vezes, são menosprezadas ou mesmo impedidas de serem realizadas. Isso

gera motivo de preocupação porque são nas farmácias e drogarias onde ocorre o

último contato do paciente com um profissional de saúde e com o medicamento o que

poderá lhe trazer um uso racional deste ou não (ZUBIOLI, 1996a).

“São nas farmácias comunitárias o local do primeiro emprego de cerca de 70%

dos farmacêuticos brasileiros e onde eles obtêm o aprendizado na prática que as

instituições de ensino superior não o fazem por inteiro” (BRANDÃO, 2009). Isto é um

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dado relevante trazendo o questionamento sobre o nível de atuação destes

farmacêuticos.

As novas e muitas exigências que recaem sobre os farmacêuticos que atuam

nas farmácias comunitárias estão construindo um novo paradigma para a profissão

estruturado na super-qualificação e no conhecimento.

2.3 FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS EM ALGUNS PAÍSES

Em outros países, a farmácia comunitária tem as seguintes características:

A Índia tem um setor de rápido crescimento da indústria farmacêutica e uma

necessidade de farmacêuticos bem preparados. O fornecimento de medicamentos à

população é realizada por farmácias comunitárias de propriedade privada e às vezes

também por farmácias hospitalares. Os farmacêuticos comunitários estão envolvidos

apenas na distribuição de medicamentos. No entanto, eles têm oportunidade de

melhorar a saúde da população, particularmente da seção desfavorecidas da

sociedade que não têm os recursos para visitar clínicas). No entanto, barreiras

importantes para a prestação de assistência farmacêutica existe, incluindo a falta de

educação adequada e de formação de farmacêuticos, fraca implementação das leis

existentes, e falta de reconhecimento da farmácia como profissão pelo outros

profissionais de saúde (BASAK; VAN MIL; SATHYANARAYANA, 2009).

Na União Européia, a farmácia obedece ao conceito de farmácia única

integrando medicamentos industrializados e manipulados, suplementos alimentares e

fitoterápicos. A prática da Atenção Farmacêutica vem sendo implantada

gradualmente. A propriedade exclusiva pelos farmacêuticos destas farmácias varia

entre os países, mas se mantêm em sua maioria (ANFARMAG, 2009).

Na Espanha, todas as farmácias em atividade possuem apenas uma pessoa

para atendimento ao público, o farmacêutico, e somente podem funcionar com a

presença deste (FONSECA, 2011).

Na Dinamarca, as farmácias comunitárias são de propriedade privativa do

farmacêutico e as autoridades sanitárias regulam o número de farmácias. Dados de

2007 demonstraram que a Dinamarca possuía 01 farmácia para cada 16.700

habitantes. Muitas farmácias oferecem serviços clínicos como medição de glicose, da

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pressão arterial e colesterol e inalação, no entanto, alguns serviços são

reembolsáveis (HERBORG; SORENSEN; FROKJAER, 2007).

Na Inglaterra, as farmácias comunitárias tem sido organizadas pelo governo

para contribuírem com a atenção primária e pública de saúde. A prioridade é integrar

serviços nas farmácias a programas de saúde, principalmente através do

fortalecimento de informações tecnológicas e disposições contratuais (NOYCE, 2007).

Nos Estados Unidos da América, a dispensação de medicamentos continua a

ser o foco principal, mas a incidência de pacientes que estão sendo aconselhados

sobre medicamentos parece estar aumentando. Mais de 25% dos proprietários de

farmácias comunitárias relatam serviços de cuidados clínicos, tais como

aconselhamento de medicamentos e gerenciamento de doenças crônicas. A maioria

dos programas de seguro pagam farmacêuticos apenas para dispensar serviços,

ainda há um número crescente de iniciativas públicas e privadas que reembolsam os

farmacêuticos para os serviços cognitivos. Reembolso por serviços cognitivos

continua a ser pouco frequente, mas é uma atividade crescente (CHRISTENSEN;

FARRIS, 2006).

No Canadá, o papel do farmacêutico na assistência ao paciente continua em

grande expansão em farmácias comunitárias, no entanto, os obstáculos à prestação

da assistência farmacêutica ainda existem, incluindo a atual escassez de

farmacêuticos e a falta de sistemas de reembolso por serviços realizados (JONES;

MACKINNON; TSUYUKI, 2005).

No Japão o sistema de saúde deve ser submetido a reformas para resolver os

problemas relacionados com a taxa de natalidade e as necessidades de uma

população em envelhecimento. Embora os farmacêuticos japoneses não sejam

totalmente capazes de fornecer assistência farmacêutica nesta fase, eles vão

desempenhar um papel crucial para garantir uma sociedade saudável de

envelhecimento no futuro, particularmente no ambiente comunitário (YAMAMURA et

al., 2006).

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2.4 FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS NO BRASIL

No Brasil, a farmácia comunitária é o segmento profissional que reúne o maior

número de farmacêuticos: aproximadamente 60% de todos profissionais registrados

nos Conselhos Regionais de Farmácia (SBFC, 2012). Entretanto, este segmento é

talvez o que recebe a menor remuneração salarial, oferece menos perspectivas de

crescimento e, assim, detém o maior índice de insatisfação profissional.

Segundo o Conselho Federal de Farmácia em seu último relatório de atividades

dos Conselhos Regionais de Farmácia (divulgado em dezembro de 2010), existem

82.204 estabelecimentos farmacêuticos no país, com a proporção de um

estabelecimento para cada grupo de 3,2 mil pessoas, o que demonstra um número

excessivo de farmácias no Brasil.

A situação atual das farmácias comunitárias no Brasil é de transformação. Os

problemas são muitos, mas aponta-se um combate a eles. As ações clínicas na

farmácia, antes restritas ao âmbito hospitalar, com o surgimento da atenção

farmacêutica, expandem-se gradativamente para as farmácias comunitárias

(MOREIRA, 2011). Estas são incentivadas pelo novo engajamento dos profissionais

farmacêuticos ancorados pelas instituições legais, modificações nas legislações e

conscientização e cobrança da população.

No Brasil, as farmácias e drogarias ainda estão distanciadas do seu papel

sanitário. A dispensação de medicamentos nem sempre é entendida como processo

de assistência à saúde; há insuficiência de orientação farmacêutica no momento da

dispensação de medicamentos, tanto em estabelecimentos privados como nos

públicos; e o profissional farmacêutico poucas vezes está presente nas farmácias

para prestar adequadas informações e orientações (ROMANO-LIEBER; CUNHA;

RIBEIRO, 2008). Além disso, o farmacêutico não tem atuação destacada no

acompanhamento da utilização de medicamentos, na prevenção e promoção da

saúde e é pouco reconhecido como profissional de saúde tanto pela sociedade

quanto pela equipe de saúde (IVAMA, 2002). De maneira geral, o principal serviço

prestado nas farmácias e drogarias é a dispensação de medicamentos e a qualidade

dessa prática pode ser considerada abaixo do padrão, uma vez que os farmacêuticos

frequentemente estão ausentes da farmácia (CASTRO; CORRER, 2007).

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A revalorização do profissional farmacêutico e seu posicionamento diante de

suas funções e importância no processo geral de saúde vêm sido enfatizadas e

impulsionadas por mudanças que abrangem desde o ensino farmacêutico nas

Universidades até mudanças importantes nas legislações e programas do Governo

Federal. As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia,

aprovadas em 2002, abandonando os modelos tecnicistas e voltando-se para uma

formação mais generalista, humanística e crítica, contribuiu, dessa forma, para a

concepção de profissionais mais aptos a lidar com os desafios que o contexto atual

exige (BRASIL, 2002).

O advento da Política Nacional de Medicamentos em 1998, dos medicamentos

genéricos em 1999, (Lei 9.787/99), a criação do Sistema Nacional de Gerenciamento

de Produtos Controlados – SNGPC (RDC 27/07), a Resolução que dispõe sobre as

Boas Práticas Farmacêuticas (RDC 44/09), a criação dos NASF - Núcleos de Apoio à

Saúde da Família e a e inclusão dos farmacêuticos nesses núcleos (RDC 154/08), de

projetos como Programa de Farmácias Notificadoras e Projeto de Fracionamento de

Medicamentos, lançados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),

além de outros, tem contribuído, sobremaneira, para a revalorização do profissional

farmacêutico (BRASIL, 1998, 1999, 2007, 2008, 2009).

A criação em abril de 2009 da Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária

(SBFC), o curso de “Assistência Farmacêutica na Farmácia Comunitária” realizado

pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) em várias capitais do Brasil, o aumento do

número de fiscalizações (pelas Visas e Conselhos regional e federal) a fim de se

verificar a qualidade dos serviços prestados e direitos dos farmacêuticos prestados e

campanhas de conscientização da população sobre uso racional de medicamentos,

sinalizam novos tempos para as farmácias comunitárias e de sua importância como

centro propagador e extensor de saúde e não somente comerciais.

Resta ao farmacêutico buscar meios para se manter atualizado técnica e

cientificamente, atuar na comunidade, unir-se aos colegas de profissão e às equipes

de saúde multidisciplinares. A valorização do profissional parte do princípio da

valorização pessoal.

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3 MÉTODOS

A pesquisa constituiu-se de um estudo transversal exploratório realizado no

período de setembro de 2010 a setembro de 2011, em Natal/RN.

O Conselho de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes

(CEP-HUOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), autorizou a

pesquisa (protocolo CEP-HUOL 417/10).

O termo farmácia comunitária deve ser entendido segundo a definição de

Bareta (2003, p. 105) como

[...] estabelecimentos farmacêuticos de propriedade privada, os

quais atendem diretamente o paciente na dispensação de

medicamentos industrializados, em suas embalagens originais, os

quais não estão inseridos em hospitais, unidades de saúde ou

equivalente. Estas farmácias não manipulam medicamentos e o

atendimento ao paciente acontece ao nível de atenção primária à

saúde, com a responsabilidade técnica, legal e privativa, de

farmacêutico (BARETA, 2003, p. 105).

Portanto, neste trabalho, o termo farmácia comunitária exclui tanto as

farmácias de manipulação como as farmácias públicas (pertencentes aos programas

do governo), referindo-se tão somente às farmácias ditas comerciais ou drogarias.

Denominou-se “farmácia” ao longo de todo trabalho para simplificação. e “usuários”

no lugar de “pacientes” (mais adequado para unidades hospitalares) ou “clientes”

(muito comercial).

3.1 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário (APÊNDICE A), o

qual foi aplicado aos farmacêuticos responsáveis técnicos por farmácias comunitárias

em Natal/RN, devidamente registrados no Conselho Regional de Farmácia do Rio

Grande do Norte (CRF/RN), que se dispuseram a respondê-lo. O questionário foi

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constituído por perguntas abertas e fechadas elaborado com a finalidade de se obter

o melhor universo de respostas relacionadas ao tema e ao objetivo da pesquisa.

O tempo médio de preenchimento do questionário foi de 30 minutos.

3.2 AMOSTRA

As farmácias comunitárias foram selecionadas randomicamente a partir de

listagem oficial de farmácias fornecida pelo CRF/RN. As visitas foram feitas de acordo

com os horários do responsável técnico farmacêutico, especificados no CRF/RN, de

forma a abranger o maior número de bairros correspondentes à área. Quando o

farmacêutico não era encontrado, era feita uma nova visita para comprovar se a

ausência foi pontual ou não, persistindo a falta numa terceira visita, era caracterizada

a ausência, contando esta como importante índice para avaliação. Dessa forma, uma

nova farmácia era sorteada para visita a fim de perfazer o total da amostra (n).

3.2.1 Áreas de Fiscalização do CRF/RN / Regiões Administrativas

A listagem das farmácias comunitárias da cidade de Natal/RN usada para

fiscalização do CRF/RN mapeia a cidade em 06 áreas de fiscalização baseadas no

princípio da proximidade geográfica, sendo representativa de toda a cidade.

Segundo dados do CRF/RN, em setembro de 2010, existiam 320 farmácias

comunitárias na cidade de Natal/RN, distribuídas em 06 áreas metropolitanas de

fiscalização (FIG. 01).

Por sua vez, a cidade do Natal é constituída por 36 bairros distribuídos em 4

regiões administrativas (norte, sul, leste e oeste) (FIG. 01).

Neste trabalho utilizou-se o esquema de fiscalização usado pelo CRF/RN, uma

vez que este também é representativo da cidade, além do que o CRF/RN forneceu as

listagens das farmácias por área de fiscalização facilitando sobremaneira esta tarefa.

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LEGENDA

Região Administrativa Norte Área I Região Administrativa Sul Área II Região Administrativa Leste Área III

Região Administrativa Oeste Área IV

Área V

Área VI

FIGURA 1 – Regiões Administrativas / Áreas de Fiscalização do CRF/RN Adaptado de Natal (2009b)

P

arq

ue d

as D

un

as

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ÁREA I – Bairros da Ribeira, Rocas, Praia do Meio, Santos Reis, Brasília Teimosa

(14 farmácias comunitárias)

Os bairros da Área I pertencem a Região Administrativa Leste.

De acordo com Natal (2009a), a localidade Brasília Teimosa pertence ao bairro de

Santos Reis.

De acordo com Natal (2009a), a Área I compreende 336,6 Ha (3,37 Km2) e tem

uma população residente de 23.439 habitantes. Portanto, 1.674 hab/farmácia.

ÁREA II – Bairros do Alecrim, Cidade Alta, Petrópolis, Tirol, Barro Vermelho,

Quintas, Bairro Nordeste e Mãe Luíza (82 farmácias comunitárias).

Com exceção dos bairros Quintas e Nordeste que pertencem à região

administrativa oeste, todos os outros bairros da Área II também pertencem à

Região Administrativa Leste.

De acordo com Natal (2009a), a Área II compreende 1.485,19 Ha (14,85 Km2) e

tem uma população residente de 125.103 habitantes. Portanto, tem 1.525

hab/farmácia.

ÁREA III – Bairros do Panatis, Potengi, Soledade, Gramoré, Santa Catarina, Igapó,

Pajuçara, Cidade Praia, Redinha, Parque dos Coqueiros, Além Potengi, Parque

das Dunas, Alvorada, Lagoa Azul, Nova Aliança, Nova República, Vale Dourado

(84 farmácias comunitárias).

Na verdade, a lista oferecida pelo CRF/RN comete alguns equívocos ao listar como

bairros alguns conjuntos habitacionais e loteamentos da Área III. No entanto, os

bairros, conjuntos habitacionais e loteamentos da Área III pertencem à Região

Administrativa Norte.

De acordo com dados de Natal (2009b) os bairros dessa área são: Igapó, Lagoa

Azul, Pajuçara, Potengi e Redinha, os conjuntos habitacionais Além Potengi

(Pajuçara), Parque das Dunas (Pajuçara), Alvorada (N. S. Apresentação), Parque

dos Coqueiros (N. S. Apresentação), Cidade Praia (Lagoa Azul), Gramoré (Lagoa

Azul), Santa Catarina (Potengi), Soledade (Potengi), Panatis (Poengi), e o

loteamento Vale Dourado (N. S. Apresentação) todos pertencem à Região

Administrativa Norte.

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De acordo com Natal (2009a), a Área III compreende 4.472,79 Ha (44,73 Km2) e

tem uma população residente de 284.668 habitantes. Portanto, 3.388

hab/farmácia.

ÁREA IV – Bairros da Cidade da Esperança, Dix-sept Rosado, Felipe Camarão,

Bom Pastor, Cidade Nova e N. S. de Nazaré (30 farmácias comunitárias).

Todos os bairros da Área IV pertencem à Região Administrativa Oeste.

De acordo com Natal (2009a), a Área IV compreende 1.593,04 Ha (15,93 Km2) e

tem uma população residente de 137.712 habitantes. Portanto, 4.590

hab/farmácia.

ÁREA V – Bairro de Lagoa Nova, Lagoa Seca, Nova Descoberta, Candelária,

Morro Branco, Nova Dimensão e Potilândia (54 farmácias comunitárias).

De acordo com Natal (2009b), Morro Branco é uma localidade do bairro de Lagoa

Nova e Nova Dimensão e Potilândia são conjuntos habitacionais do bairro Lagoa

Nova. Portanto, excetuando-se o bairro de Lagoa Seca que pertence à Região

Administrativa Leste, os demais bairros, localidades e conjuntos habitacionais da

Área V pertencem à Região Administrativa Sul.

De acordo com Natal (2009a), a Área V compreende 1.762,48 Ha (17,62 Km2) e

tem uma população residente de 75.433 habitantes. Portanto, 1.396

hab/farmácia.

ÁREA VI – Bairros de Neópolis, Pitimbú, Ponta Negra, Capim Macio, Cidade

Satélite, Pirangi, Jiqui, Mirassol e Cidade Jardim (56 farmácias comunitárias).

De acordo com Natal (2009b), Cidade Satélite é um conjunto habitacional do bairro

Pitimbú; Pirangi e Jiqui conjuntos habitacionais do bairro Neópolis; Mirassol

conjunto habitacional do bairro Capim Macio e Cidade Jardim um loteamento do

bairro Capim Macio. Portanto, os bairros, conjuntos habitacionais e loteamentos da

Área VI pertencem à Região Administrativa Sul.

De acordo com Natal (2009a), a Área VI compreende 2.293,33 Ha (22,93 Km2) e

tem uma população residente de 91.796 habitantes. Portanto, 1.639

hab/farmácia.

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3.2.2 Cálculo da Amostra

Para estabelecimento da amostra (n), utilizou-se o cálculo da amostra aleatória

simples, com grau de confiança de 95% e nível de significância de 0,05.

qpNE

Nqpn

..)1(

...2

2

Onde: n = amostra a ser calculada

α = grau de confiança 95% = 1,96

p = 50% = 0,5

q = 1 - p

E = estrato = 5% = 0,05

N = total da amostra (320 farmácias)

5,0.5,0.)96,1()1320.()05,0(

320.5,0.5,0.)96,1(22

2

n 17583,174n

ÁREA I ÁREA II ÁREA III ÁREA IV 320 – 100% 320 – 100% 320 – 100% 320 – 100% 14 – X 82 – y 84 – z 30 - w X=4,37 y = 25,62 z = 26,25 w = 9,37 ÁREA V ÁREA VI 320 – 100% 320 – 100% 54 – a 56 - b a = 16,87 b = 17,50 ÁREA I ÁREA II ÁREA III 175 – 100% 175 – 100% 175 – 100% x – 4,37 y – 25,62 z – 26,25 x=7,6 ~ 7 y = 45,3 ~ 45 z = 46,4 ~ 46 ÁREA IV ÁREA V ÁREA VI 175 – 100% 175 – 100% 175 – 100% w – 9,37 a – 16,8 b – 17,5 x=16,5 ~ 16 a = 29,8 ~ 30 b = 30,9 ~ 31

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A Tabela 1 demonstra a distribuição de estabelecimentos farmacêuticos por

área metropolitana de fiscalização e amostra a ser pesquisada.

TABELA 1 - Distribuição de estabelecimentos farmacêuticos por área metropolitana de fiscalização, CRF/RN, set. 2010, e farmacêuticos comunitários a serem pesquisados (n=175 e IC = 95%)

ÁREAS DE FISCALIZAÇÃO EM

NATAL/RN

FARMÁCIAS E DROGARIAS

AMOSTRA

Área I 14 7

Área II 82 45

Área III 84 46

Área IV 30 16

Área V 54 30

Área VI 56 31

TOTAL 320 175

3.3 AVALIAÇÃO DOS DADOS

Para avaliar o nível de satisfação das atividades realizadas pelos farmacêuticos

nas farmácias comunitárias foi usada a Escala de Satisfação Simples (LIKERT, 1935).

As escalas de Likert consistem numa série de afirmações, todas elas

relacionadas com a atitude de uma pessoa em face de um objeto singular. Nas

escalas Likert aparecem dois tipos de informações: o primeiro tipo é composto por

afirmações cuja aceitação ou concordância é indicadora de uma atitude positiva ou

favorável face ao objeto de interesse (estas são chamadas “afirmações favoráveis”).

O segundo tipo é composto por afirmações cuja rejeição ou discordância é

indicadora de uma atitude negativa ou desfavorável face ao objeto (estas são

chamadas “afirmações desfavoráveis”). Em geral uma escala Likert é composta por

um número equivalente de afirmações favoráveis e afirmações desfavoráveis. Um

valor numérico é atribuído a cada opção de resposta. (ANDERSON, 1990).

Neste método, o entrevistado demonstra sua satisfação com os atributos,

utilizando uma escala cujos extremos indicam se ele está muito satisfeito ou não

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está nada satisfeito com o item, ou seja, uma escala de diferencial semântico

ancorada por dois extremos de satisfação (FONTENOT; HENKE; CARSON, 2005).

Em relação à avaliação das atitudes e percepções dos farmacêuticos com

relação aos aspectos da atenção farmacêutica, foi utilizada o Modelo de Atitude em

Relação ao Objeto (FISHBEIN; AJZEN, 1975). Este é um dos diversos modelos de

multiatributos, desenvolvido para descrever o modo como os consumidores

combinam suas crenças sobre os atributos do produto e para formar conceitos a

respeito das Além disso, sugere que alguns fatores influenciam a formação da

atitude: os atributos visíveis; o quanto os consumidores acreditam que o objeto

possui tais atributos e quanto é bom ou ruim cada um dos atributos. (MOWEN;

MINOR 2003).

Os dados levantados pela pesquisa foram processados e analisados utilizando-

se o programa Epi Info 3.5.2.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DADOS PESSOAIS E PROFISSIONAIS

Após as visitas às farmácias observou-se que em 90 estabelecimentos (51%),

o farmacêutico não estava presente durante o horário de funcionamento declarado

junto ao CRF/RN. É importante novamente frisar que a ausência era caracterizada

após terceira visitada no mesmo estabelecimento. A área que apresentou maior

ausência foi a III (23%, n = 21), sendo esta a maior área em termos de extensão e de

número de farmácias, assim como a mais carente sócio-economicamente.

Este é um dado relevante. Onde estão estes farmacêuticos? Como cobrar

mudanças na profissão e reclamar insatisfações se, logo de início, eles não estão

cumprindo com sua presença nos estabelecimentos farmacêuticos? De que adianta o

nome do farmacêutico somente na placa da farmácia e no registro do CRF como

responsável técnico ou auxiliar? E os proprietários destes estabelecimentos com

estas atitudes em não cumprir o básico que é ter o farmacêutico presencialmente na

farmácia? E a fiscalização dos órgãos reguladores locais que não está cumprindo

efetivamente com seu papel? São indagações importantes que iniciam todo o

raciocínio para os resultados obtidos posteriormente neste estudo.

A Lei 5991/73 (BRASIL, 1973) assegura a Atenção Farmacêutica plena para a

população durante todo o horário de funcionamento de farmácias e drogarias. A

ausência do farmacêutico transfere, indevidamente, o papel dele para o profissional

leigo (balconista). É um direito do cidadão a orientação farmacêutica. Na farmácia, o

usuário terá a oportunidade de esclarecer suas dúvidas e receber orientações sobre o

uso racional e correto do medicamento, que levará ao tratamento desejável e à

recuperação da saúde e/ou cura da doença. O estabelecimento farmacêutico deve,

por Lei, assegurar a presença do farmacêutico em todo seu horário de funcionamento,

fazendo disto a contratação de quantos profissionais farmacêuticos forem

necessários. Na realidade, há interesses econômicos de grande parte dos

proprietários de farmácias onde muitos afirmam não poderem arcar com os custos

para manutenção desses profissionais.

Nas farmácias visitadas, nas quais o farmacêutico estava presente, foi fácil

identificá-lo, pois na maioria delas ele estava próximo ao balcão e vestido de branco.

Em raras exceções, como nas farmácias de pequeno porte, observou-se o contrário: o

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farmacêutico distante e vestido com indumentária que não o diferenciava de outros

membros da equipe.

Realizada a análise dos dados, delineou-se o perfil dos profissionais

entrevistados (TAB. 2).

TABELA 2 – Dados pessoais e profissionais dos farmacêuticos comunitários, em Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

DADOS PESSOAIS/PROFISSIONAIS FREQUÊNCIA

N %

Sexo Feminino 107 61

Masculino 68 39

Idade (anos)

20↔25 28 16

26↔31 87 50

32↔36 28 16

37↔40 20 12

41↔45 4 2

Mais de 45 8 4

Tempo de formatura (anos)

1↔5 117 67

6↔10 37 21

Mais de 10 21 12

Instituição da formatura

Pública 110 63

Privada 65 37

Pós-graduação

Não 80 46

Sim, em andamento 63 36

Sim, concluída 32 18

Nível da pós-graduação

Lato sensu 79 83

Mestrado 16 17

Doutorado - -

A pós-graduação auxilia nas atividades da farmácia?

Auxilia bastante 46 48

Auxilia em parte 25 27

Não tem nada a ver 24 25

Apoio ao farmacêutico que faz cursos de atualização ou pós-graduação

Não 105 64

Sim 59 36

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Domínio da informática

Simples 79 45

Intermediário 61 35

Fluente 31 18

Nenhum 4 2

Domínio de língua estrangeira

Simples 77 44

Intermediário 50 29

Nenhum 34 19

Fluente 14 8

Conhece o termo “farmácia comunitária”

Não 74 58

Sim 101 42

Definiu corretamente o termo “farmácia comunitária”

Sim 79 78

Não 22 18

Houve predomínio do sexo feminino (61%), média de idade de 31 anos, tempo

médio de formatura de 5 anos (desvio padrão=5,3), sendo a maioria graduada em

instituições públicas (63%, n = 110) e 46% (n = 80) sem pós-graduação (TAB. 2).

Em relação à distribuição por sexo, a predominância de farmacêuticas nas

farmácias comunitárias de Natal/RN mostra que cada vez mais o sexo feminino

insere-se no mercado de trabalho, conquistando um espaço antes dominado pelos

homens. Várias pesquisas pelo Brasil, em farmácias comunitárias, revelaram também

predomínio de mulheres: em Jundiaí-SP 63,7% (FARINA; ROMANO-LIEBER, 2009),

em Santa Catarina 68% (FRANÇA FILHO et al., 2008), em Umuarama-PR 71,2%

(PADUAN; MELLO; DOBLISNSKI, 2005), em Brasília-DF 77% (SOUSA; LIMA, 2008),

em Curitiba-PR 80% (CORRER et al., 2004).

São nas farmácias comunitárias o local do primeiro emprego de cerca de 70%

dos farmacêuticos brasileiros (BRANDÃO, 2009a) e isto pode explicar a média

recente de até 05 anos do tempo de formatura. A faixa etária prevalente (26 a 31

anos, com média de 31 anos) também se coaduna com os dados anteriormente

citados, demonstrando uma população de jovens farmacêuticos.

Em Natal/RN existem duas instituições de ensino superior que oferecem cursos

de Farmácia: uma pública federal, a UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do

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Norte), e outra privada, a UNP (Universidade Potiguar). O curso de Farmácia da UNP

é bem mais recente (1997) do que o da UFRN que foi criado há 91 anos (1925).

O índice de farmacêuticos que ainda não possui pós-graduação (46%) é

preocupante, mas Natal apresenta-se com dados mais positivos sobre esse dado do

que outras capitais com estudos semelhantes (CORRER et al., 2004; FARINA;

ROMANO-LIEBER, 2009; FRANÇA FILHO et al., 2008; PADUAN; MELLO;

DOBLISNSKI, 2005; SOUSA; LIMA, 2008). Não foi verificado se este valor é devido

ao número de cursos de pós-graduação oferecidos nos municípios estudados, se

devido à baixa remuneração do profissional (o que limitaria o investimento em pós-

graduação pela maioria dos farmacêuticos) ou até mesmo se pelo desinteresse do

profissional em buscar algum tipo de pós-graduação.

A atualização e especialização no trabalho é parte primordial para a formação

de um profissional com maior capacidade de atuação e vasto conhecimento. Uma boa

formação prepara o profissional para se destacar nesse mercado farmacêutico que é

tão competitivo. Nesse sentido, uma pós-graduação não é um custo e sim um

investimento com retorno garantido. Se o profissional produzir mais existe grande

probabilidade de conseguir promoções. Mas o maior beneficiado será, além do

próprio profissional, as empresas e a sociedade como um todo.

Em relação àqueles que possuíam pós-graduação, tanto os que já a tinham

concluído como aqueles que ainda a estavam cursando, houve predominância do lato

sensu (83%, n = 79). Entre as áreas mais citadas de pós-graduação, observou-se

33% (n = 26) em análises clínicas, 24% (n = 19) em farmacologia e 7% (n = 6) em

saúde pública. Não houve co-relação entre sexo e possuir pós-graduação ou não (p =

0,20, Qui-quadrado = 3,2073). Sobre em que a pós-graduação que fazem auxilia ou

faz parte das atividades dos farmacêuticos nas farmácias comunitárias, 48% (n = 46,

IC95% 37,5 - 58,4) disseram que auxilia bastante, dando ênfase e base às funções

desenvolvidas na farmácia.

O número de farmacêuticos comunitários em Natal/RN, pós-graduados ou que

está se pós-graduando em análises clínicas chega a 33%, portanto a maioria dos

entrevistados. Não foi observado neste estudo o motivo por esse direcionamento,

uma vez que se contrapõe à área de atuação profissional, mas há a possibilidade de

teorizar alguns pontos: a oferta mais abundante de cursos na área de análises

clínicas; a falta de identificação com a área da farmácia comunitária; os salários mais

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atraentes pagos aos profissionais das análises clínicas; além da concepção de que o

“status” dos que trabalham em laboratório é maior em relação aos que trabalham em

“balcões de farmácia”. Essa preferência pelas análises clínicas vem sendo observada,

desde meados dos anos 70, nas universidades brasileiras (Haddad et al., 2006).

Não há nada de errado em se optar pelas análises clínicas ou outra área de

especialização que não na área da Farmácia Comunitária, visto que o farmacêutico

atua em diferentes ramos da saúde e é profissional gabaritado para tal. Porém a

atuação em Farmácia Comunitária exige uma gama de conhecimentos específicos

que cursos de pós-graduação, como os de análises clínicas, não fornecem. No Brasil,

ainda são em pequeno número os cursos de pós-graduação na área da Assistência

Farmacêutica que embasam a atuação na Farmácia Comunitária. No entanto, os

farmacêuticos tem se valido de outros cursos que podem suprir algumas carências

deixadas pela graduação dando suporte às suas atividades como é o caso dos cursos

de pós-graduação em farmacologia, em gerenciamento farmacêutico, em farmácia

clínica, dentre outros.

Neste aspecto, é imprescindível que as instituições de ensino superior possam

oferecer uma educação continuada nessa área, uma vez que as Diretrizes

Curriculares para os Cursos de Graduação em Farmácia apontam para uma formação

generalista, além de no seu artigo 4º, item V sobre educação permanente, determinar

que os profissionais farmacêuticos devam ser capazes de aprender continuamente,

tanto na sua formação, quanto na sua prática. Portanto, que os farmacêuticos

busquem uma especialização na área que abraçaram (BRASIL, 2002).

Verifica-se que em Natal/RN a disponibilidade maior é para cursos de pós-

graduação em Análises Clínicas. A UFRN oferece o Curso de Especialização em

Análises Clínicas e Toxicológicas, o curso de Farmácia Hospitalar com ênfase em

oncologia, além do doutorado em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em

Medicamentos e mestrado em Ciências Farmacêuticas. Neste último as áreas de

concentração são em Bioanálises e Medicamentos (havendo maior procura pelas

bioanálises). A UNP oferece os Cursos de Especialização em Citologia Clínica,

Hematologia Clínica e Microbiologia Clínica e Laboratorial.

O Conselho Regional de Farmácia (CRF/RN) tem sido um grande parceiro na

educação continuada oferecendo cursos e mini-cursos de atualização nas áreas de

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análises clínicas e de medicamentos tanto na capital como no interior. Tem oferecido

também a Pós-Graduação (lato sensu) em Farmacologia.

Observou-se também que especialização em Atenção Farmacêutica, ou

alguma outra área que seja focada no segmento da farmácia comunitária, não foi

citada por nenhum dos entrevistados. Este aspecto pode ser proveniente da falta de

cursos nesta área nas instituições de ensino do município estudado. Outros autores

também já demonstraram falhas de formação nessa área (BARETA, 2003; CORRER

et al., 2004; SILVA; VIEIRA, 2004) e esses novos dados alertam para a necessidade

do preenchimento dessa lacuna de formação.

Um estudo (ainda não concluído) que vem sendo realizado pela Comissão de

pós-graduação do Conselho Federal de Farmácia (CFF), intitulado “Reflexões sobre a

Pós-graduação Farmacêutica, no Brasil”, encontrou dados preocupantes sobre o

tema: dos 54 cursos de pós-graduação stricto sensu existentes no Brasil na área

farmacêutica, apenas um é focado em farmácia comunitária. Isso é altamente

discrepante, levando-se em consideração que esse segmento absorve cerca de 70 a

80% da mão-de-obra farmacêutica e os farmacêuticos comunitários atuam

diretamente junto ao paciente, necessitando de um grande aporte de conhecimentos

técnico-científicos e práticos (BRANDÃO, 2009b).

Se há apoio dos donos da farmácia ao farmacêutico que faz alguma pós-

graduação, como regulação de horário ou até mesmo financeiro, 64% (n = 105)

afirmaram que não (IC95% 56,2 - 71,4). Por que ao contrário de outras empresas que

supervalorizam os profissionais pós-graduados, muitas vezes até bancando

financeiramente seus profissionais, as farmácias não fazem o mesmo? O que foi

observado nos depoimentos dos farmacêuticos é que, na prática e com poucas

exceções, os proprietários de farmácia não estão interessados se seus profissionais

farmacêuticos estão qualificados ou procuram qualificar-se.

Parece haver uma cultura de apenas “manter o profissional por força da lei”, o

que precisa ser mudado. As pessoas procuram cada vez mais pelos serviços

farmacêuticos e os exigem mais nas farmácias. Um estabelecimento que oferece

estes serviços, de forma diferenciada e com profissionais gabaritados, se destaca no

mercado. É lucro garantido com responsabilidade social.

Em relação à informática e a língua estrangeira, a grande maioria tem

conhecimentos básicos sobre esses temas: 45% (n = 79) afirmaram ter um domínio

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“simples” para informática e 44% (n = 77) para língua estrangeira (IC95% 37,60 -

52,80)

A importância que a informática está exercendo no mundo atual é grande. Se o

profissional não estiver preparado para receber todas essas informações, certamente

dentro de pouco tempo vai ser classificado como desatualizado e também terá menos

chances de ingressar no mercado de trabalho e se manter nele. Para o farmacêutico,

isto não é diferente.

Conhecer uma segunda língua, principalmente o inglês (já que é uma língua

universal) é de grande importância, pois publicações científicas para atualização na

área farmacêutica ficam prejudicadas. Estudo efetuado em Santa Catarina mostrou

que 42,8% tinham baixo domínio de inglês e 50,5% baixo domínio de espanhol.

Domínio razoável de língua inglesa foi relatado por 47,7% e domínio razoável de

espanhol, por 46,6% (FRANÇA FILHO et al., 2008). Em Curtiba-PR foi encontrado um

número melhor: 51,4% afirmaram ter domínio intermediário (mais que o básico) em

língua estrangeira (CORRER et al., 2004).

Ao perguntar se conhecia o termo “farmácia comunitária”, a maioria dos

farmacêuticos (58%, n = 74) afirmou que não. Dos 42% (n = 101) que disseram sim,

78% (n = 79) definiram corretamente o termo ou deram uma definição a mais próxima

possível da correta. Os 18% (n = 22) que não definiram corretamente “farmácia

comunitária”, afirmaram que era “farmácia de bairro”, de postos de saúde ou do

governo federal.

Num conceito mais amplo, as farmácias comunitárias são:

[...] estabelecimentos farmacêuticos de propriedade privada, os quais

atendem diretamente o paciente na dispensação de medicamentos

industrializados, em suas embalagens originais, os quais não estão

inseridos em hospitais, unidades de saúde ou equivalente. Estas

farmácias não manipulam medicamentos e o atendimento ao paciente

acontece ao nível de atenção primária à saúde, com a

responsabilidade técnica, legal e privativa, de farmacêutico (BARETA,

2003, p. 105).

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É importante que, atuando em farmácia comunitária, o farmacêutico conheça

sobre temas relacionados a esta área. Desta forma, poderá exercer sua profissão

plenamente e com qualidade.

4.2 DADOS RELACIONADOS ÀS ATIVIDADES NA FARMÁCIA

Os dados pertinentes às atividades desenvolvidas nas farmácias comunitárias

estão explicitados na Tabela 3.

TABELA 3 – Dados relacionados às atividades desenvolvidas na farmácia, pelos farmacêuticos comunitários, em Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

DADOS RELACIONADOS À ATIVIDADE NA FARMÁCIA

FREQUÊNCIA

N %

É proprietário da farmácia?

Não 158 90

Sim 17 10

Carga horária (CH) exercida (horas/dia)

4 16 9

6 21 12

8 98 56

12 34 19

Maior que a CH permitida

5 3

Outra 1 1

A CH influencia seu desempenho?

Sim 111 64

Não 64 36

Salário

Piso 146 83

Acima do piso 24 14

Abaixo do piso 5 3

Satisfação com o salário*

Insatisfeito 76 44

Muito insatisfeito 53 30

Satisfeito 43 25

Muito satisfeito 3 1

O salário influencia no desempenho das atividades?

Sim 91 52

Não 84 48

Recebe comissões na venda de medicamentos?

Não 97 55

Sim 78 45

Procura do usuário pelo farmacêutico

Sempre 136 78

Raramente 39 22

Satisfação do usuário*

Boa 91 52

Muito boa 81 46

Ruim 3 2

Péssima - -

Áreas da cidade em que o farmacêutico

III 41 30

II 33 24

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é mais solicitado VI 25 19

V 23 17

IV 10 7

I 4 3

(*Escala de Satisfação Simples)

Dos farmacêuticos entrevistados, apenas 10% (n = 17) eram proprietários de

farmácias. Não houve co-relação significativa entre sexo (p = 0,14), idade (p = 0,20),

ter pós-graduação (p = 0,30) ou não e área (p = 0,32) em relação a ser proprietário de

farmácia (qui-quadrado Mantel-Haenszel = 0,27, teste exato de Fisher = 0,17).

A Lei 5.991 (BRASIL, 1973) autorizou a propriedade de farmácias e drogarias

por pessoas que não são farmacêuticos abrindo a oportunidade para o mercantilismo

pura e simplesmente nestes estabelecimentos. Em muitos países da Europa

(Portugal, Alemanha, Suécia, Bélgica, Suíça, Irlanda do Norte, Itália, Espanha e

França) e em outros como Estados Unidos, Austrália e Argentina, a propriedade de

farmácias e drogarias é exclusiva do farmacêutico, incluindo seus sócios. (ANTONINI,

2011).

Não foi analisado neste estudo o fato da farmácia com proprietário

farmacêutico ser melhor ou mais responsável nos quesitos saúde, presença e

valorização de seus farmacêuticos, estrutura e atenção farmacêutica.

Observou-se também que a maioria dos farmacêuticos (56%, n = 98) trabalha

8h/dia totalizando uma carga horária de 40h/semanais (IC95% 48,3 - 63,5) e 64% (n =

111) afirmaram que a carga horária influencia no desempenho do seu trabalho.

Perguntados sobre o porquê desta influência, 69% (n = 76) afirmaram que a carga

horária era “cansativa”. Em estudos semelhantes em Umuarama-PR (PADUAN;

MELLO; DOBLISNSKI, 2005) e Santa Catarina (FRANÇA FILHO et al., 2008), 41,9%

e 52,4%, respectivamente, exercem, em sua maioria, 8h/dia de trabalho. Não foi

observado se a quantidade de farmacêuticos por farmácia em Nata/RN diminui ou não

a carga horária de trabalho de cada um deles, mas sabe-se na prática que quanto

mais profissionais farmacêuticos melhor a distribuição de tarefas e menor acúmulo de

funções (PADUAN; MELLO; DOBLISNSKI, 2005).

A carga horária continua sendo motivo de muita insatisfação do farmacêutico,

como analisado nesta pesquisa. Não é trabalhar “menos” e sim trabalhar com “mais”

qualidade. Desde 2007, por solicitação do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e

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outras entidades representativas da profissão farmacêutica, foi requerida junto à

Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado a discussão do Projeto de Lei

da Câmara dos Deputados n°. 113/05, que assegura ao farmacêutico uma jornada de

trabalho não superior a 30 horas semanais (BEATRIZ, 2011). O projeto em discussão

faz parte de uma luta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade

Social (CNTSS) da Central Única dos Trabalhadores (CUT) pela redução da carga

horária de todos os trabalhadores de Saúde e tem o respaldo da Organização

Internacional do Trabalho (OIT).

A jornada de 30 horas é recomendada porque ela beneficia pacientes, usuários

e trabalhadores de saúde do mundo inteiro. Nas jornadas extenuantes a qualidade do

atendimento da população é comprometida. Levando em conta o desgaste e os riscos

de determinadas profissões, várias categorias da saúde já tiveram sua jornada de

trabalho reduzida: médicos (20 horas), técnicos em radiologia (24 horas),

fisioterapeutas e terapeutas educacionais (30 horas). Outras carreiras que trabalham

sob estresse, pressão e fadiga, como metroviários, telefonistas e ascensoristas

também já garantiram jornadas menores.

Atualmente, o Sindicato dos Farmacêuticos do Rio Grande do Norte

(SINFARN) tem feito uma série de acordos de trabalho com o empresariado do ramo

de farmácias em Natal. Estes acordos visam assegurar e estabelecer o cumprimento

dos direitos trabalhistas dos farmacêuticos e tratam, dentre diversos pontos,

principalmente da carga horária de trabalho (diária, semanal e plantões), salário e

contratação de pessoal. Os acordos tem sido individualizados visto que cada

estabelecimento possui suas particularidades de porte, serviços e horários. Isto pode

ser favorável, mas também pode contribuir para não-uniformização do profissional

farmacêutico na cidade, enfatizando algumas importantes e preocupantes

discrepâncias (principalmente em relação à carga horária e salário). Muito já se

conquistou, mas ainda resta muita discussão.

Quanto ao salário recebido, na maioria (83%, n = 146), encontra-se em

conformidade com o piso mínimo exigido pela categoria no Rio Grande do Norte. Já

quanto ao nível de satisfação salarial, a maior parte está „muito insatisfeita‟ (30%, n =

53) com o salário. Perguntados se o salário influencia no seu desempenho, 52% (n =

91, IC95% 44,3 - 59,6), disseram que sim e destes, 68% (n = 62) afirmaram que o

baixo salário desvaloriza o profissional e os desestimula para exercer melhor suas

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atividades. Não houve co-relação significativa entre sexo (p = 0,30), idade (p = 0,28) e

área (p = 0,30) com salário recebido (Qui-quadrado = 2,4310) e satisfação salarial

(Qui-quadrado = 9,0290).

Uma pesquisa feita em Florianópolis, Santa Catarina, revelou que quanto maior

é a jornada de trabalho maior é a renda mensal do farmacêutico e que um dos

entrevistados recebia até R$ 450,00 por mês, trabalhando de 9 a 12 horas diárias, e

que ele era o proprietário da farmácia (FRANCESCHET; FARIAS, 2005). Estudo feito

em Jundiaí-SP mostrou que 67,1% dos farmacêuticos comunitários entrevistados

recebiam entre 4,8 e 6,3 salários mínimos (FARINA; ROMANO-LIEBER, 2009).

O piso salarial mais baixo da categoria (na cidade de Natal e em várias do

Brasil) é o de farmacêutico que atua em farmácias e drogarias. Atualmente em

Natal/RN, segundo o SINFARN, encontra-se no valor de R$ 1.815,29 (para uma

jornada de trabalho de 8h/dia de segunda a sexta-feira). Para os farmacêuticos que

atuam na manipulação, R$ 1.996,82; para o hospitalar, R$ 2.000,00 e para o analista

clínico, R$ 1.980,00 (todos para jornada de 08h/dia de segunda a sexta-feira). Não há

dúvida, que este piso salarial foi uma conquista importante conseguida ao longo dos

anos, mas o questionamento que se faz é por que esta diferença? Seria o

farmacêutico comunitário menos valorizado ou importante que o hospitalar, industrial,

analista clínico, pesquisador? Trabalharia este menos horas ou teria menos “trabalho”

a fazer?

A fim de não persistirem tais diferenças, tramita na Câmara dos Deputados

desde 2009, o Projeto de Lei 5.359/09, que regulamenta a profissão de farmacêutico.

A proposta estabelece para a categoria piso único salarial de R$ 4.650,00 a ser

reajustado na data da publicação da Lei, de acordo com a inflação acumulada do

Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), da Fundação Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE).

O piso salarial é um direito de todo profissional. Atualmente inúmeros

profissionais da área de saúde acumulam mais de um emprego para obter uma

remuneração digna. O desgaste por essa situação compromete a saúde do

trabalhador e a qualidade de seu atendimento. Enquanto nada for decidido, as

discrepâncias continuam a existir: há lugares, em que o piso é de R$ 1.200,00, em

outros passa dos R$ 2.500,00. Há farmacêuticos, como os peritos criminais, que

recebem salários acima de R$ 10.000,00 (BRANDÃO, 2009c).

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Verificou-se que 55% (n = 97) dos farmacêuticos comunitários em Natal/RN

(IC95% 47,7 - 62,9) não recebem comissões de vendas sobre medicamentos (TAB.

4). Mesmo que seja paga pela venda de um medicamento similar ou de referência, a

comissão não é proibida e varia de acordo com os acertos entre as redes de

farmácias e os laboratórios. O pagamento de comissões sobre a venda de

medicamentos é alvo de críticas por estimular o consumo desmedido e a

“empurroterapia”, mas será que o não-recebimento dessas comissões somente pelo

profissional farmacêutico resolveria esta questão?

Perguntados de maneira informal, muitos se dizem “contra” esta proibição, pois

complementam suas rendas com as comissões e que, de qualquer forma, os

balconistas continuariam recebendo-as não abandonando algumas práticas abusivas.

No site do CRF/RN encontra-se uma consulta pública para avaliar a opinião das

pessoas e profissionais sobre ser de acordo ou não que o farmacêutico receba

comissões sobre vendas nas farmácias.

Quanto à procura dos usuários pelos farmacêuticos nas farmácias

comunitárias, 78% (n = 136, IC95% 70,8 - 83,6) dos farmacêuticos disseram serem

sempre requisitados seja pessoalmente ou por telefone. A receptividade dos usuários

quanto ao trabalho desenvolvido pelo farmacêutico (52%, n = 91, IC95% 38,7 - 54,0)

foi caracterizada, em sua maioria, como “boa”. Para melhorar a relação

farmacêutico/usuário, 17% sugeriram divulgar mais os serviços farmacêuticos nas

farmácias comunitárias, 13% recomendaram que o farmacêutico se fizesse mais

presente e 10% indicaram melhorar a estrutura das farmácias para a realização da

atenção farmacêutica.

Verificou-se ainda que a área onde o farmacêutico é mais procurado é a Área

III (30%, n = 41) e as menos procuradas, a I e IV.

A Área III compreende os bairros Igapó, Lagoa Azul, Pajuçara, Potengi e

Redinha. Estes bairros pertencem à Região Administrativa Norte de Natal, maior zona

da cidade tanto em extensão como em número de habitantes, além do que reúne uma

população onde o nível sócio-econômico é considerado mais baixo. Essa área

apresenta a segunda maior relação habitante/farmácia (TAB.4).

A Área IV compreende os bairros Cidade da Esperança, Dix-sept Rosado,

Felipe Camarão, Bom Pastor, Cidade Nova e N. S. de Nazaré, todos da Região

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Administrativa Oeste, com população de nível sócio-econômico também considerado

baixo. Essa área apresenta a maior relação habitante/farmácia (TAB. 4).

Surge aí um paradoxo ao se comparar as Áreas III e IV, já que ambas tem

praticamente as mesmas características. A primeira foi aquela onde os farmacêuticos

foram mais procurados e a segunda foi uma daquelas onde o farmacêutico foi menos

procurado. Provavelmente, a causa determinante que leva o usuário a procurar

informações ou serviços prestados pelo farmacêutico está fora das características

apontadas e poderá ser objeto para novas pesquisas a serem realizadas dentro dessa

temática.

TABELA 4 – Demonstrativo da relação habitante/farmácia nas áreas de fiscalização do CRF/RN, Natal/RN, 2010

ÁREAS DE FISCALIZAÇÃO

HABITANTESa Nº DE

FARMÁCIASb

RELAÇÃO

HAB/ FARMÁCIAS

ÁREA I 23.439 14 1.674

ÁREA II 125.103 82 1.525

ÁREA III 284.668 84 3.388

ÁREA IV 137.712 30 4.590

ÁREA V 75.433 54 1.396

ÁREA VI 91.796 56 1.639

Fonte:

a – Natal (2009a)

b – CRF/RN (2010)

Com relação às atividades realizadas pelos farmacêuticos, a orientação ao

usuário é a mais citada, seguida da intercambialidade entre genéricos, dispensação e

gestão de controlados (TAB. 5).

TABELA 5 - Atividades realizadas pelos farmacêuticos nas farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n = 175)

ATIVIDADES FREQUÊNCIA

N %

Relacionadas à atenção farmacêutica

Orientação ao usuário 162 93

Intercambialidade genéricos 142 81

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Dispensação 136 78

Verificação da pressão arterial 64 37

Aplicação injetáveis 52 30

Acompanhamento farmacoterapêutico

44 25

Palestras 37 21

Verificação da glicemia 16 9

Nebulização 2 1

Relacionadas à área administrativa

Gestão de controlados 126 72

Gestão de estoque 98 56

Gestão de vendas 81 46

Treinamento de auxiliares 66 38

Gestão manutenção da farmácia 63 36

Gestão de pessoas 47 27

Atendimento ao cliente no caixa 43 25

O nível de satisfação quanto às atividades citadas foi alto apresentando, em

sua maioria, o nível S (satisfatório) com média de 63% das respostas (TAB. 6).

TABELA 6 – Nível de satisfação nas atividades realizadas pelos farmacêuticos nas farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011

ATIVIDADES*

NÍVEL DE SATISFAÇÃO

MS S I MI

N % N % N % N %

Rela

cio

na

das

à a

ten

çã

o

farm

ac

êu

tic

a

Orientação ao usuário 32 20 113 70 14 8 3 2

Intercambialidade genéricos 31 21 103 73 8 6 - -

Dispensação 17 12 96 69 23 15 5 4

Verificação da pressão arterial 15 23 41 64 8 13 - -

Aplicação injetáveis 11 22 37 72 4 6 - -

Acompanhamento farmacoterapêutico

8 18 28 64 7 16 1 2

Palestras 5 11 31 86 1 3 - -

Verificação da glicemia - - 14 88 2 12 - -

Nebulização 2 100 - - - - - -

Rela

cio

na

das

à á

rea

ad

min

istr

ati

va

Gestão de controlados 23 18 78 61 22 19 3 2

Gestão de estoque 3 3 71 73 24 24 - -

Gestão de vendas 12 15 27 33 25 31 17 21

Treinamento de auxiliares 12 18 50 75 4 7 - -

Gestão manutenção da farmácia

3 5 45 71 10 16 5 8

Gestão de pessoas 5 10 35 76 5 10 2 4

Atendimento ao cliente no caixa

7 16 16 37 8 19 12 28

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(*Escala de Satisfação Simples. MS: muito satisfeito; S: satisfeito; I: insatisfeito; MI: muito insatisfeito)

As atividades com índices de satisfação mais altos foram aquelas ligadas à

atenção farmacêutica como palestras na comunidade, verificação da pressão arterial,

verificação de glicemia e orientação ao usuário. As atividades que apresentaram

menores índices de satisfação são aquelas ligadas à área administrativa como gestão

de vendas, atendimento de clientes no caixa, gestão de estoque e gestão de

controlados. Não foram observados aspectos de sistematização e documentação

dessas atividades.

Perguntados sobre em quais destas atividades os farmacêuticos dedicam mais

tempo, a maioria disse ser na dispensação (GRÁF. 1).

GRÁFICO 1 - Atividades em que o farmacêutico dedica mais tempo

A RDC nº. 328, de 22 de julho de 1999 da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária ANVISA que dispõe sobre requisitos exigidos para a dispensação de

produtos de interesse à saúde em farmácias e drogarias, estabelece que

6.2. São inerentes ao profissional farmacêutico as seguintes atribuições: (...)

b) estabelecer critérios e supervisionar o processo de aquisição de medicamentos e demais produtos

d) assegurar condições adequadas de conservação e dispensação dos produtos;

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e) manter arquivos, que podem ser informatizados, com a documentação correspondente aos produtos sujeitos a controle especial;

h) manter atualizada a escrituração;

i) manter a guarda dos produtos sujeitos a controle especial de acordo com a legislação específica (BRASIL, 1999).

Por sua vez, a Resolução nº. 357, de 20 de abril de 2001, do Conselho Federal

de Farmácia (CFF), que aprova o regulamento técnico das Boas Práticas de

Farmácia, em seu artigo 19 fixa as atribuições do profissional farmacêutico, dentre as

quais se destacam:

I) assumir a responsabilidade pela execução de todos os atos farmacêuticos praticados na farmácia, cumprindo-lhe respeitar e fazer respeitar as normas referentes ao exercício da profissão farmacêutica;

III) supervisionar os medicamentos e substâncias medicamentosas em bom estado de conservação, de modo a serem fornecidos nas devidas condições de pureza e eficiência;

VI) manter os livros de substâncias sujeitas a regime de controle especial em ordem e assinados, demais livros e documentos previstos na legislação vigente;

XIV) informar as autoridades sanitárias e o Conselho Regional de Farmácia sobre as irregularidades detectadas em medicamentos no estabelecimento sob sua direção técnica;

XV) manter medicamentos e demais produtos sob sua guarda com controle de estoque que garanta no mínimo o reconhecimento do lote e do distribuidor (BRASIL, 2001).

É importante salientar que foi observado nesta pesquisa vários desvios de

função do farmacêutico, como por exemplo: farmacêuticos trabalhando como

balconistas; atuando como caixa; em escalas de limpeza (até de banheiros);

descarregando mercadorias; panfletando; participando de eventos externos

fantasiados para marketing da empresa, dentre outras situações.

O exercício destes desvios de função ocorre por desconhecimento da

legislação, por deficiência no quadro de funcionários ou por medo ou ameaça da

perda do emprego. O Ministério Público do Trabalho tem fiscalizado e notificado

estabelecimentos e profissionais farmacêuticos que permanecem descumprindo a

legislação que rege a profissão farmacêutica, seus direitos e deveres.

Em relação às atitudes e percepções no desenvolvimento de atividades

relacionadas à atenção farmacêutica o escore positivo foi encontrado na pergunta

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„percebe quando o usuário não entende orientação dada‟, com resposta de 48% (n =

85 para „sempre‟. O escore mais negativo foi o da pergunta „se o farmacêutico se

sente trabalhando em equipe com o médico‟, com 59% (n = 103) dizendo que „nunca‟

(TAB. 7).

A atenção farmacêutica é mais efetiva quando há colaboração de outros

profissionais de saúde em especial dos médicos, uma vez que muitos problemas

encontrados durante o seguimento devem ser solucionados pelos prescritores

(HEPLER; STRAND, 1990).

TABELA 7 - Atitudes e percepções dos farmacêuticos com relação aos aspectos da atenção farmacêutica, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

ATITUDES E PERCEPÇÕES* NUNCA

QUASE SEMPRE

SEMPRE

N % N % N %

Sente-se responsável pelos bons ou maus resultados do uso de medicamentos por seus usuários?

23 13 90 52 62 35

Julga-se capaz de intervir no uso de medicamentos de um usuário a partir da percepção de um problema?

7 4 96 55 72 41

Percebe quando o usuário não entende orientação dada?

3 2 87 50 85 48

Percebe do usuário confiança com relação ás orientações dadas por você?

6 3 94 54 75 43

Sente-se em trabalhando em equipe com o usuário?

29 17 89 51 57 32

Toma atitudes para resolver problemas referentes a medicamentos em um usuário?

4 2 92 53 79 45

Procura saber resultado da ação? 38 22 80 46 57 32

Sente-se trabalhando em equipe com o médico?

103 59 62 36 10 5

Sente-se seguro para discutir com o médico algo sobre uso de medicamentos de um usuário?

41 24 75 43 59 33

(*Escala Modelo de Atitude em Relação ao Objeto)

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Perguntados se os farmacêuticos recomendariam a atividade do farmacêutico

em farmácia comunitária para alguém, 64% (n = 112) afirmaram que sim. Este dado é

importante, mostrando que apesar de todas as dificuldades e “reclamações” dos

farmacêuticos sobre sua profissão, mesmo assim eles ainda a recomendam e a

incentivam para outras pessoas. Dos que disseram sim, 45% (n = 51) responderam

que recomendariam porque o farmacêutico na farmácia comunitária tem a

oportunidade de „ajudar as pessoas‟. Dos que disseram não, 57% (n = 36) não

recomendaria esta profissão por ser „mal paga‟ e não ter „reconhecimento pela

sociedade‟.

Sobre a maior dificuldade encontrada para o farmacêutico exercer suas

atividades na farmácia, a resposta que apresentou maior escore (maior dificuldade) foi

o baixo salário (média = 7,1), seguida da carga horária pesada (média = 6,9) e falta

de local adequado para atender ao público (média = 6,8) (TAB. 8). Esta tabela foi feita

com a escala de respostas tipo Likert de 1 a 9. As perguntas foram elaboradas de

modo que quanto maior o escore da resposta, maior a dificuldade que este item causa

para que o farmacêutico exerça suas atividades. Verificou-se em uma escala de 1 a 9

que a média das respostas foi de 6,4 (Desvio Padrão = 2,6).

TABELA 8 - Dificuldades encontradas para o farmacêutico exercer suas atividades em farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

DIFICULDADE* MÉDIA DESVIO PADRÃO

Baixo salário 7,1 2,1

Carga horária pesada 6,9 2,4

Falta de local adequado para atender o público 6,8 2,2

A "empurroterapia" dos donos de farmácia/balconistas/laboratórios

6,7 2,6

Falta de reconhecimento do público 6,5 2,4

Falta de fiscalização 6,0 2,9

Desvios de função e práticas abusivas 5,8 3,2

Falta de conhecimento técnico 5,5 3,0

(*Escala de Likert)

4.3 DADOS RELACIONADOS À ORIENTAÇÃO AO USUÁRIO

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Com relação às dúvidas mais frequentes dos usuários, os farmacêuticos

relataram, em sua maioria, a posologia (GRÁF. 2). Sobre a habilidade dos

farmacêuticos em tirar essas dúvidas, a maioria relatou estar apta (TAB. 9). Para

superar possíveis deficiências da sua formação acadêmica, 83% (n = 145) dos

farmacêuticos disseram que tem se preparado estudando e atualizando-se, contra

16% (n = 30) que disseram não fazer isso. O Gráfico 3 demonstra como os

farmacêuticos fazem seus estudos e atualizações. Com relação à frequência com que

os farmacêuticos estudam sobre medicamentos, 41% (n = 72, IC95% 33,8 - 48,8)

disseram estudar „quando sobra tempo‟ e 37% (n = 65) „frequentemente‟. O meio de

estudo mais utilizado é a internet com 58% (n = 101, IC95% 50,0 - 65,1%) das

respostas.

GRÁFICO 2 - Principais dúvidas dos usuários

TABELA 9 - Nível de aptidão dos farmacêuticos para tirar dúvidas dos usuários em farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

APTIDÃO FREQUÊNCIA

N %

Sim, apto 86 49

Às vezes apto 49 28

Sim, muito apto 40 23

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GRÁFICO 3 – Estratégias usadas pelos farmacêuticos fazerem suas atualizações/estudos

Segundo Petty (2003), a profissão farmacêutica está mudando da simples

oferta de medicamentos para uma função clínica de fornecimento de informações. O

farmacêutico como um profissional capaz de interagir com os prescritores e os

pacientes, deve possuir o quesito informação como alicerce desta relação (PEPE;

CASTRO, 2000). A fonte desta informação deve ser confiável assim como o tempo

disponível para passá-las ao usuário.

Infelizmente, na prática, estes dois quesitos são difíceis de serem obtidos. Isto

pode ocorrer pelo fato das fontes mais precisas serem muitas vezes inacessíveis

(pelo custo ou por serem em língua estrangeira), ou mesmo em algumas situações

pela dificuldade de negociação com o proprietário (GALATO et al, 2008). Quanto ao

tempo para o atendimento, o excesso de funções administrativas e a “corrida” para o

alcance de metas de vendas atropelam a dedicação necessária ao exercício da

atenção farmacêutica plena ao usuário.

As exigências feitas ao farmacêutico, tanto pela sociedade quanto pelos

sistemas de saúde públicos e privados, são enormes, o que torna imprescindível que

o profissional se atualize permanentemente. Além do conhecimento técnico é

importante a recepção e abordagem do usuário pelo farmacêutico, acolhendo-o e

iniciando uma relação de empatia e confiança para que daí inicie-se a orientação e

não só a “venda-pela-venda” do medicamento e, sim, seu uso consciente e racional.

Muitos dos farmacêuticos entrevistados nesta pesquisa mostraram-se

preocupados com este cuidado na dispensação, mas nem todos conseguem, na

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prática, realizar, faltando certa iniciativa pra isso. Essa falta de iniciativa pode ser

tanto pessoal, como mesmo de tempo ou estrutural da farmácia.

4.4 DADOS RELACIONADOS À ESTRUTURA DA FARMÁCIA

Não foi objetivo específico deste trabalho analisar detalhes da boa estrutura ou

não das farmácias em Natal, mas observou-se que a maioria dos farmacêuticos disse

não haver local adequado e reservado na farmácia para orientação e que atendem os

usuários no balcão, em pé (TAB. 10).

Lembrando que, como já mostrado anteriormente, a falta de local adequado

para atender ao público foi dita pelos farmacêuticos comunitários em Natal/RN como

a terceira maior dificuldade para o exercício de suas atividades (média = 6,8 TAB. 10).

A existência de um local reservado para conduzir entrevistas é necessária ao

processo de atenção farmacêutica uma vez que este envolve, dentre suas etapas, a

coleta de dados de usuários e atividades de aconselhamento e discussão

(CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2000).

TABELA 10 - Local em que o farmacêutico orienta o usuário em farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

LOCAL DE ATENDIMENTO FREQUÊNCIA

N %

No balcão, em pé 148 85%

Em uma sala 11 6%

Em uma sala com mesa, cadeiras, computador, biblioteca 9 5%

No ambulatório 4 2%

Em nenhum lugar específico 3 1%

A Tabela 11 demonstra o grau de satisfação dos farmacêuticos em relação à

estrutura da farmácia, mostrando a maioria (39%, n = 68), como insatisfeita.

TABELA 11 - Nível de satisfação dos farmacêuticos quanto à estrutura física das farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

NÍVEL DE SATISFAÇÃO FREQUÊNCIA

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N %

Insatisfeito 68 39

Pouco satisfeito 52 30

Satisfeito 46 26

Muito satisfeito 9 5

(Escala de Satisfação Simples)

Em estudos semelhantes, o mesmo problema de estrutura das farmácias para

o exercício da atenção farmacêutica foi observado (CORRER et al., 2004; FARINA;

ROMANO-LIEBER, 2009; FRANÇA FILHO et al., 2008; PADUAN; MELLO;

DOBLISNSKI, 2005; SOUSA; LIMA, 2008).

Torna-se importante observar a área disponível ao atendimento, de forma a

garantir um ambiente propício para estabelecer uma conversa com os usuários. Essa

área não requer da farmácia uma reestruturação dispendiosa (GALATO et al, 2008).

Se não for possível uma sala totalmente privativa para o atendimento, pode-se fazer

uma área semi-privativa com uma parede divisória, mesa e cadeira.

É importante a humanização dos serviços de farmácia e isto começa pelo

ambiente de atendimento havendo instalações adequadas o suficiente para causar

bem-estar e confiança.

Os livros disponíveis na maioria das farmácias (Dicionário de Especialidades

Farmacêuticas, Guia de Remédios e Dicionário Terapêutico Guanabara) nem sempre

atendem a demanda gerada por este tipo de serviço e, além disso, faz-se necessária

a atualização anual destas fontes.

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5 CONCLUSÃO

Com os resultados desta pesquisa foi possível avaliar que a formação,

situação, anseios, dificuldade e perspectivas dos farmacêuticos comunitários em

Natal/RN não são muito diferentes dos apresentados em estudos de outras capitais

do país. São na maioria jovens farmacêuticos, com formação recente que tem nas

farmácias comunitárias seu primeiro emprego e contato com a profissão. Muitos não

são especializados na área da Atenção Farmacêutica e quando buscam o

aperfeiçoamento, este ocorre em áreas não relacionadas à Farmácia Comunitária.

Uma grande parte encontra-se insatisfeita com a pesada carga horária de trabalho e

com os salários recebidos, mas os escores de percepções e atitudes foram positivos

em relação à sua profissão, além da satisfação por suas atividades na farmácia,

principalmente àquelas ligadas à atenção farmacêutica.

As farmácias comunitárias em Natal/RN devem adaptar-se, tanto em nível

estrutural como de profissionais, a fim de atenderem a demanda cada vez mais

crescente de uma população que precisa e busca por serviços de qualidade e

diferenciados de cuidados à saúde nestes estabelecimentos. O modelo que visa

apenas o lucro, embora ainda persista, deve ser combatido.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muito se teoriza sobre o papel do farmacêutico como profissional de saúde,

sobre o exercício da atenção farmacêutica, sobre as problemáticas do caráter

mercantilista das farmácias no Brasil, sobre o crescimento do uso irracional e

problemas relacionados a medicamentos, mas na prática como isso tudo funciona?

Como melhorar essa realidade? Tornam-se necessárias ações em cinco frentes: com

o farmacêutico, nas Instituições de ensino, órgãos fiscalizadores, donos de farmácias

e usuários.

6.1 FARMACÊUTICO

O farmacêutico, foco principal desta pesquisa, necessita urgentemente mudar

sua postura e sua visão/posição diante da sociedade. Cobrar valorização e

reconhecimento não funciona se ele mesmo não se valoriza e não se reconhece. Ao

aceitar acordos antiéticos com donos de farmácia, ao não cumprir seus deveres com

responsabilidade e exigir seus direitos perante a lei, ao não estudar, não se atualizar,

não se empenhar e não estar presente, atuando com responsabilidade e competência

no exercício de suas funções, o farmacêutico acaba denegrindo sua classe e

colaborando para perda da identidade profissional e atitudes criminosas que

acarretam no agravamento da saúde da população.

É necessário o aprendizado permanente e contínuo, utilizando fontes seguras

de informação; a supervisão de sua equipe de trabalho, coibindo erros; a sabedoria

de ouvir o paciente e valorizar seus relatos e experiências com os medicamentos e a

sistematização e registro de suas atividades, além de procurar se integrar a outros

profissionais de saúde, visando sempre à melhoria da saúde da população. Pequenas

ações que podem fazer grande diferença.

6.2 INSTITUIÇÕES DE ENSINO

As instituições de ensino superior são também partes vitais nesse processo. É

crescente o número de faculdades de Farmácia no país (tanto privadas quanto

públicas) e há grande diversidade entre elas inclusive de qualidade. É preciso

melhorar a educação farmacêutica nacional para atender às necessidades de saúde

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da população. Formar profissionais aptos a atuarem no contexto real, e não utópico,

da profissão com competências e habilidades para tal. A educação farmacêutica vem

experimentando uma mudança abrangente, trazida pelas Diretrizes Curriculares

editadas pelo Ministério da Educação, em fevereiro de 2002. Mudanças essas

sentidas no processo de ensino-aprendizagem em que a esta é baseada na troca de

informações entre professor e aluno e não somente o foco no professor como

transmissor do pensamento e ensino.

Deve ser privilegiado o ensino com mais raciocínio e aplicabilidade e menos

memorização. É imprescindível a criação do conhecimento, estímulo à criatividade do

aluno, melhorias na estrutura (salas de aula, bibliotecas, laboratórios, oficinas

especializadas), valorização do corpo docente, acompanhamento na graduação e na

pós-graduação e pós-formados.

É preciso aumentar a oferta de cursos de atualização e pós-graduação

principalmente em áreas carentes como a Farmácia Comunitária e a Atenção

Farmacêutica.

6.3 FISCALIZAÇÃO

A fiscalização sanitária também é parte primordial. Sem fiscalização e punição

para os infratores (tanto estabelecimentos farmacêuticos como profissionais) não há

como haver responsabilidade no setor. As vigilâncias estaduais e municipais tem sido,

na maioria dos casos, inoperantes e sem o devido rigor. É necessário um empenho

maior e mais eficaz desses órgãos para que a população não continue a sofrer nas

mãos da incompetência, da irresponsabilidade e do descaso.

Como tolerar o fato de se ter estabelecimentos funcionando sem a devida

autorização? Como desculpar a ausência do farmacêutico, irresponsável técnico, que

empresta seu nome e entrega o exercício da sua profissão nas mãos de pessoas

inescrupulosas, despreparadas e irresponsáveis e justificam o fato apontando os

baixos salários recebidos? Como tolerar a comercialização de medicamentos

irregulares e de forma irregular?

As ações de fiscalização efetuadas pelo CRF/RN, apesar das de todos os

avanços alcançados nos últimos anos, ainda deixam a desejar haja vista as ausências

constatadas nesta pesquisa. Faltam fiscais? O esquema de fiscalização é

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inadequado? As multas não fazem o efeito desejado? Há que se repensar esse tema,

buscando o aprimoramento da fiscalização, já que ela é um inibidor natural para

práticas nocivas.

6.4 PROPRIETÁRIOS DE FARMÁCIAS

O modelo de farmácias puramente comerciais há muito tem provado ser

obsoleto. Estabelecimentos que investem na Atenção Farmacêutica, na prestação de

serviços, no cumprimento das leis sanitárias e morais e em um ambiente humanizado,

tem fidelizado cada vez mais clientes, tornado-se um diferencial no mercado.

O marketing no farmacêutico e na extensão da farmácia como estabelecimento

de saúde integrada à comunidade, apontam para uma nova realidade em que

empresas realmente comprometidas já perceberam ser esse o “filão” de mercado com

retorno garantido e, sobretudo, com responsabilidade. Programas educacionais para

a promoção e proteção da saúde, incluindo a diminuição do abuso e mau uso dos

medicamentos, podem ser desenvolvidos e implementados pela farmácia.

6.5 USUÁRIOS DE MEDICAMENTOS

O ato de denunciar, reclamar, exigir seus direitos é recente no Brasil, mas os

instrumentos legais e os órgão de defesa do consumidor estão transformando essa

sociedade passiva e letárgica. Conhecer seus direitos de usuário e consumidor dos

serviços farmacêuticos, cobrar por eles e denunciar ações ilegais é tão importante

quanto não usar medicamentos sem prescrição, repetir uma receita médica

indefinidamente ou se utilizar da “empurroterapia” do balconista.

Procurar estabelecimentos que tenham o farmacêutico em horário integral, que

não ofereçam só o medicamento a preço mais acessível, mas que proporcionem um

serviço de qualidade, humanizado e com competência.

A mobilização positiva é possível. Farmacêuticos, usuários e órgãos

relacionados precisam enxergar-se como um só e partir para ação, de forma tão

eficiente e na mesma velocidade como a que tem para abrir mais e mais farmácias e

drogarias na cidade, se mostrado sim um negócio lucrativo. Resta, a saber, se

também responsável.

Os profissionais e a sociedade só tem a ganhar com isso.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTCAS

QUESTIONÁRIO “FARMACÊUTICOS E SUAS ATIVIDADES EM FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS: UMA ANÁLISE DE PERFIL”

QUESTIONÁRIO

ÁREA ___________ I Dados Pessoais e Profissionais 1-Sexo: ( ) F ( ) M 2-Idade _______ anos 3-Instituição em que se formou: _______________________________________________________________ 4-Tempo de formatura: ______________ 5- Possui pós-graduação? ( ) Não ( ) Sim, em andamento ( ) Sim, já concluída Nível: Lato sensu ( ) Em que: _______________________________________________________________ Mestrado ( ) Em que: _______________________________________________________________ Doutorado ( ) Em que: _______________________________________________________________ 6-Em que esta pós-graduação auxilia ou faz parte de suas atividades na farmácia comunitária? ( ) Auxilia bastante, dando ênfase e base às minhas funções na farmácia. ( ) Auxilia em parte apenas em alguns momentos relacionados. ( ) Não tem nada a ver, sendo apenas uma maneira de eu mudar de área. 7-Em sua farmácia há apoio (regulagem de horário, financeiro, etc) ao farmacêutico que faz cursos de atualização, pós-graduação, etc? ( ) Sim ( ) Não 8-Possui domínio em língua estrangeira? ( ) Simples ( ) Intermediário ( ) Fluente ( ) Nenhum 9-Possui domínio em informática? ( ) Simples ( ) Intermediário ( ) Fluente ( ) Nenhum 10-Conhece o termo “farmácia comunitária”? ( ) Não ( ) Sim Se respondeu SIM, O que você entende por Farmácia Comunitária? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ II - Dados Relacionados à Atividade na Farmácia 1-Você é: ( ) farmacêutico proprietário ( ) farmacêutico empregado

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2-Qual a carga horária de trabalho na farmácia? ( ) 4h/dia ( ) 6h/dia ( ) 8h/dia ( ) 12h/dia ( ) mais do que a carga máxima permitida ( ) Outro ___________________________ 3–Você acha que a carga horária exercida por você influencia sobre o seu desempenho no trabalho como farmacêutico? ( ) Sim. Por quê? _____________________________________________________________ ( ) Não. Por quê? _____________________________________________________________ 4-Quanto ao salário recebido, este se encontra em conformidade ao piso mínimo exigido pela categoria? ( ) Sim, recebo o valor do piso. ( ) Sim, recebo acima do valor do piso. ( ) Não, recebo abaixo do valor do piso. 5-Qual seu grau de satisfação quanto ao seu salário? ( ) Insatisfeito ( ) Muito insatisfeito ( ) Satisfeito ( ) Muito satisfeito 6–Você acha que o seu salário exerce alguma influência sobre o seu desempenho no trabalho como farmacêutico? ( ) Sim. Por quê? _____________________________________________________________ ( ) Não. Por quê? _____________________________________________________________ 7-Você recebe comissões sobre vendas de medicamentos? ( ) Não ( ) Sim. >>>> Quais? ( ) Referência ( ) Genéricos ( ) Similares 8-Qual o grau de procura pelo farmacêutico na sua loja? ( ) Sempre requisitado seja pelos clientes pessoalmente ou por telefone. ( ) Raramente, somente em alguns casos espaçados. ( ) Nunca o farmacêutico é procurado. 9-Como é a receptividade dos usuários ao trabalho desenvolvido pelo farmacêutico? ( ) Muito boa/excelente ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima 10-Na sua opinião, o que é preciso para melhorar este relacionamento farmacêutico/usuário? _______________________________________________________________ 11-Os proprietários da farmácia são farmacêuticos? ( ) Sim ( ) Não 12-Segundo a tabela abaixo, indique quais são as atividades que você exerce na farmácia e, seguindo o código, seu nível de satisfação quanto a elas.

(MS – MUITO SATISFEITO, S – SATISFEITO, I – INSATISFEITO, MI – MUITO INSATISFEITO)

ATIVIDADE SE A FAZ MS S I MI

Gestão de controlados

Gestão de estoque em geral

(medicamentos/perfumaria/conveniência) tais

como compras, avaliação de vencidos e avarias.

Gestão de pessoas.

Gestão de manutenção da farmácia.

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Gestão de vendas (como metas por laboratório).

Intercambialidade entre genéricos.

Treinamento de auxiliares

Atendimento do cliente no caixa

Atenção farmacêutica:

1-verificação de pressão;

2-verificação de glicemia;

3-orientação ao usuário;

4-acompanhamento farmacoterapêutico;

5-dispensação;

5-aplicação de injetáveis;

6-nebulização;

7-palestras na comunidade ou entre colaboradores;

8-outra (s)

Qual (s)? __________________________

Não faço nada

14-Em quais das atividades citadas acima você dedica mais seu tempo na farmácia? _______________________________________________________________ 15-Atitudes e percepções dos farmacêuticos com relação aos aspectos da atenção farmacêutica: Seguir relação ( ) Nunca (N) ( ) Quase sempre (QS) ( ) Sempre (S) Com que freqüência você:

Sente-se responsável pelos bons ou maus resultados do uso de medicamentos por seus usuários?

Julga-se capaz de intervir no uso de medicamentos de um usuário a partir da percepção de um problema?

Percebe quando o usuário não entende orientação dada?

Percebe do usuário confiança com relação ás orientações dadas por você? Sente-se em trabalhando em equipe com o usuário? Toma atitudes para resolver problemas referentes a medicamentos em um usuário?

Procura saber resultado da ação? Sente-se trabalhando em equipe com o médico?

Sente-se seguro para discutir com o médico algo sobre uso de medicamentos de um usuário?

16-Você recomendaria a profissão de farmacêutico em farmácia comunitária a alguém? ( ) Não ( ) Sim Por quê? _______________________________________________________________ 17-Qual a maior dificuldade encontrada, na sua opinião, para o farmacêutico exercer suas atividades em uma farmácia comunitária (numere de 1 a 9 por ordem de dificuldade)?

Baixo salário

Carga horária pesada

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Falta de local adequado para atender o público

A "empurroterapia" dos donos de farmácia/balconistas/laboratórios

Falta de reconhecimento do público

Falta de fiscalização

Desvios de função e práticas abusivas

Falta de conhecimento técnico

( ) Outro >>>> Qual? __________________________________________________ III Quanto à orientação ao usuário 1-Quais dúvidas são mais freqüentes pelos usuários? _______________________________________________________________2-Você se sente apto intelecto e emocionalmente para tirá-las? ( ) Sim, muito apto. ( ) Sim, apto. ( ) Às vezes apto. ( ) Inapto. 3-Você tem se preparado para superar possíveis deficiências da sua formação acadêmica, atualizando-se e estudando? ( ) Não ( ) Sim >>>>De que maneira? ( ) cursos de pós-graduação;

( ) cursos oferecidos pelos CRFs; ( ) discussões entre farmacêuticos da mesma rede; ( )outras >> Qual (s)?

___________________________________________________ 4-Qual das áreas de estudo você sente necessidade de mais atualização? _______________________________________________________________ 5-Você costuma estudar sobre medicamentos? ( ) Não ( ) Sim, freqüentemente ( ) Sim, quando me sobra tempo ( ) Sim, mas raramente. 6-Qual meio de estudo e/ou consulta mais utilizado? ( ) Livros ( ) Revistas e artigos impressos ( ) Internet ( ) SAC das indústrias ( ) Bulas dos medicamentos ( ) Orientação em faculdade e órgãos federais. IV Dados relacionados à estrutura física e social da farmácia 1-Há um local adequado e reservado na farmácia para orientação ao usuário? ( ) Não ( ) Sim Descreva: _______________________________________________________________ 2-Em que local você orienta o usuário? ( ) No balcão em pé; ( ) Em uma sala, ambulatório ou local com mesa reservada; ( ) Em uma sala, ambulatório ou local com mesa reservada, computador, biblioteca, aparelho básicos para atenção farmacêutica; ( ) Em nenhum local específico. 3-Quais as fontes de consulta (terciárias) existentes na farmácia? Dicionário de Especialidades Farmacêuticas - DEF ( ) BPR - Guia de Remédios 124 ( )

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Dicionário Terapêutico Guanabara 118 ( ) PR-Vademécum 93 ( ) Goodman & Gilman. As bases Farmacológicas da Terapêutica ( ) Martindale. The Extra Pharmacopea. 12 ( ) Drug Information for the Health Care Professional (USP-DI) 10 ( ) Outras ( ) _____________________________________________ Nenhuma ( ) 4-Você se sente satisfeito com a estrutura física da farmácia para atenção farmacêutica de qualidade e um bom atendimento em geral (ambulatório, local reservado para o cliente em atenção equipamentos disponíveis, treinamento da equipe) ( ) Muito satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Pouco satisfeito ( ) Insatisfeito. 5-Você se sente satisfeito com a estrutura física da farmácia para o exercimento do trabalho em geral da equipe (ventilação, espaço, disponibilidade de banheiro, limpeza) ( ) Muito satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Pouco satisfeito ( ) Insatisfeito.

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APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Este é um convite para você participar da pesquisa “FARMACÊUTICOS E SUAS ATIVIDADES EM FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS: UMA ANÁLISE DE PERFIL”, que é coordenada pela prof.(a) Dra. MARIA CLEIDE RIBEIRO DANTAS DE CARVALHO. Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. O referido projeto objetiva avaliar se o farmacêutico e as farmácias comunitárias e drogarias da cidade de Natal tem cumprido com as ações necessárias para a Atenção Farmacêutica de acordo com as normas legais vigentes. Objetiva também conhecer mais profundamente o profissional farmacêutico responsável técnico por estes estabelecimentos caracterizando elementos pessoais, percepção do seu papel e da atenção farmacêutica, níveis de satisfação profissional, tipo de serviços prestados e a qualidade destes em âmbito humano e estrutural.

Entende-se por farmácias comunitárias os estabelecimentos farmacêuticos de propriedade privada, os quais atendem diretamente o paciente na dispensação de medicamentos industrializados, em suas embalagens originais, os quais não estão inseridos em hospitais, unidades de saúde ou equivalente. Estas farmácias não manipulam medicamentos e o atendimento ao paciente acontece em nível de atenção primária à saúde, com a responsabilidade técnica, legal e privativa, de farmacêutico.

Caso decida aceitar o convite, você deverá responder um questionário, onde todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários.

Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para MARIA CLEIDE RIBEIRO DANTAS DE CARVALHO, no endereço Av. Cordeiro de Farias, s/n – Petrópolis, ou pelo telefone 3215-4360. Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL.

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “Perfil dos Farmacêuticos e suas Atividades em Farmácias Comunitárias e Drogarias na cidade de Natal/RN”. Participante da pesquisa: <<nome>>__________________________________________________________________________ Pesquisador responsável: Maria Cleide Ribeiro Dantas de Carvalho________________________________________________ Av. Cordeiro de Farias s/n – Fone 3215-4360 Comitê de Ética e Pesquisa do HUOL 3215-3135

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APÊNDICE C – ARTIGO

Farmacêuticos e suas Atividades em Farmácias Comunitárias: uma Análise de Perfil

Pharmacists and their Activities in Community Pharmacies: a Profile Analysis

Saraly dos Santos Souza1

Maria Cleide Ribeiro Dantas de Carvalho1

1-Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Abstract: The objective of this study was to investigate the profile of pharmacist technician

responsible for community pharmacies in the city os Natal/RN, featuring personal elements of

their role and perceptions of pharmaceutical are perfomed, levels of job satisfaction, type of

services and quality of in structural and human framework. To that end, was made an

exploratory cross-sectional study applying a questionnaire containing open and closed

questions and varying scales (for example Likert scale, Simple Satisfaction and Model

of Attitude Toward the Object), during the period September 2010 to September 2011 in a

sample of 175 community pharmacies (obtained by Calculating of Simple Random

Sample). The answers were converted into data were analyzed statistically using Epi Info

3.5.2 with confidence level of 95% and a significance level of 0.05. The results showed that

the strengths and weaknesses in relation to the profile of the pharmacist and their activities in

community pharmacies in Natal/RN aren´t much different in other capitals. The most

important aspects were: 51% (n = 90) of the establishments visited the pharmacist was absent;

46% (n = 80) haven´t post-graduation, or that are completed, 33% (n = 51) are in the area of

Clinical Analysis; 56% (n = 98) work 08h/day and a 64% (n = 111) say that this workload

influence on your performance; 83% (n = 146) receive as salary, the minimum value for

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pharmaceuticals for the state of Rio Grande do Norte; 44% (n = 76) are dissatisfied about pay,

which is the main difficulty cited; 78% (n = 136) say they are always being sought by users

and the receptivity is considered good (52%, n = 91). The most satisfying activities are those

related to pharmaceutical care and lower the administrative. As regards attitudes and

perceptions, the score was more negative to the question 'if the pharmacist feels working as a

team with the doctor', in which 59% (n = 103) answered 'never'. 49% (n = 86) reported being

"able" to take questions from users, 39% (n = 68) are 'dissatisfied' with respect to the structure

of the practice of pharmacy to pharmaceutical care. Actions are needed on the obstacles to the

exercise of the pharmacist focusing on the solution and minimization of negative and positive

encouragement to.

Keywords: Pharmaceutical. Community pharmacies. Pharmaceutical care.

Resumo: O objetivo do presente estudo foi estabelecer o perfil do farmacêutico responsável

técnico por farmácias comunitárias da cidade de Natal/RN, caracterizando elementos

pessoais, percepção do seu papel e da atenção farmacêutica realizada, níveis de satisfação

profissional, tipo de serviços prestados e qualidade destes em âmbito humano e estrutural.

Para tanto, foi feito um estudo transversal exploratório aplicando um questionário contendo

perguntas abertas e fechadas e variações de escalas (como a de Likert, Satisfação Simples e

Modelo de Atitude em Relação ao Objeto), durante o período de setembro de 2010 a setembro

de 2011, em uma amostra de 175 farmácias comunitárias (obtida pelo Cálculo da Amostra

Aleatória Simples). As respostas foram convertidas em dados analisados estatisticamente pelo

programa Epi Info 3.5.2 com grau de confiança de 95% e nível de significância de 0,05. Os

resultados mostraram que os pontos positivos e negativos em relação ao perfil do

farmacêutico e suas atividades nas farmácias comunitárias de Natal/RN não são diferentes em

relação a outras capitais do país. Os aspectos mais relevantes foram: em 51% (n = 90) dos

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estabelecimentos visitados o farmacêutico estava ausente; 46% (n = 80) não possuem pós-

graduação e dos que a fazem ou a concluíram, 33% (n = 51) são na área das Análises

Clínicas; 56% (n = 98) trabalham 08h/dia e 64% (n = 111) afirmam que esta carga horária

influencia no seu desempenho; 83% (n = 146) recebem como salário, o piso farmacêutico

referente ao estado do Rio Grande do Norte; 44% (n = 76) estão insatisfeitos quanto ao

salário, sendo esta a maior dificuldade citada; 78% (n = 136) afirmam serem sempre

procurados pelos usuários sendo a receptividade destes considerada boa (52%, n = 91). As

atividades de maior satisfação são aquelas ligadas à atenção farmacêutica e as de menor, as

administrativas. Quanto às atitudes e percepções, o escore mais negativo foi para a pergunta

„se o farmacêutico se sente trabalhando em equipe com o médico‟, em que 59% (n= 103)

responderam „nunca‟. 49% (n = 86) relataram estarem “aptos” a tirarem as dúvidas dos

usuários; 39% (n = 68) encontram-se „insatisfeitos‟ em relação à estrutura da farmácia para o

exercício da atenção farmacêutica. São necessárias ações sobre os entraves ao exercício da

profissão farmacêutica na solução e minimização dos pontos negativos e estímulo aos

positivos.

Palavras-chaves: Farmacêutico. Farmácias comunitárias. Atenção farmacêutica.

Introdução

O cerne da profissão farmacêutica é o medicamento e com este a atenção à saúde da

população seja em âmbito hospitalar, industrial, laboratorial, ensino e pesquisa, público ou

privado. A discussão sobre a importância de se acrescentar a este processo farmácias e

drogarias, transformando-as não em meros “estabelecimentos comerciais” e sim em “órgãos de

saúde”, no mundo e no Brasil é de longa data promovendo a necessidade de regulamentações

específicas e, não raro, conflitos de interesse dos mais diversos1.

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São nas farmácias e drogarias onde, provavelmente, a população terá o último contato

com um profissional de saúde2 e é neste momento que a atuação do farmacêutico, promovendo

o uso racional de medicamentos e fazendo uso das boas práticas farmacêuticas, se faz

necessária. A união de mudanças da legislação, reafirmação do profissional farmacêutico e

maior cobrança da população, têm provocado em muitos destes estabelecimentos a necessidade

de incluir serviços de atuação clínica farmacêutica como diferencial competitivo no

enfrentamento da concorrência de grandes redes do varejo farmacêutico3.

Neste contexto, surge um novo conceito de farmácias e drogarias: as farmácias

comunitárias. Estas são caracterizadas como estabelecimentos farmacêuticos de propriedade

privada, os quais atendem diretamente o paciente na dispensação de medicamentos

industrializados, em suas embalagens originais, os quais não estão inseridos em hospitais,

unidades de saúde ou equivalente4. Estas farmácias não manipulam medicamentos e tem a

responsabilidade técnica, legal e privativa do farmacêutico. O fato de serem “comunitárias”

está ligado ao atendimento a pessoas que vivem e/ou trabalham em locais próximos a elas.

Mas como cobrar do farmacêutico um posicionamento não-mercantilista e de desvalor

de sua profissão se não conhecemos este profissional? Quem são esses farmacêuticos? O que

pensam? Como reagem aos problemas de sua formação e atuação profissionais? Quais

problemas enfrentam? Qual sua satisfação? Os órgãos fiscalizadores possuem números, mas e a

“identidade” destes profissionais?

Saber das respostas para estas perguntas (inicialmente) e tentar, a partir daí, traçar um

perfil desse profissional foi a inspiração para esta pesquisa, cujo objetivo principal foi o de

conhecer o profissional farmacêutico responsável técnico pelas farmácias comunitárias de

Natal/RN, caracterizando elementos pessoais, percepção do seu papel e da atenção

farmacêutica, níveis de satisfação profissional, tipo de serviços prestados e a qualidade destes

em âmbito humano e estrutural.

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Método

A pesquisa constituiu-se de um estudo transversal exploratório realizado no período de

setembro de 2010 a setembro de 2011. O Conselho de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Onofre Lopes (CEP - HUOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), autorizou a pesquisa (protocolo CEP-HUOL 417/10).

É necessário destacar que, neste trabalho, o termo farmácia comunitária exclui tanto as

farmácias de manipulação como as farmácias públicas (pertencentes aos programas do

Governo), referindo-se tão somente às farmácias ditas comerciais ou drogarias. Denominou-se

“farmácia” ao longo de todo trabalho para simplificação e “usuários” no lugar de “pacientes”

(mais adequado para unidades hospitalares) ou “clientes” (muito comercial).

A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário elaborado com a finalidade

de se obter o melhor universo de respostas relacionadas ao tema e ao objetivo da pesquisa,

sendo aplicado aos farmacêuticos responsáveis técnicos por farmácias comunitárias em

Natal/RN, devidamente registradas no Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Norte

(CRF/RN), que se dispuseram a respondê-lo. O questionário continha perguntas abertas e

fechadas, tendo algumas destas variações de escalas (como a de Likert, Satisfação Simples e

Modelo de Atitude em Relação ao Objeto). O tempo médio de preenchimento do questionário

foi de 30 minutos. As visitas foram feitas de acordo com os horários do responsável técnico

farmacêutico, especificados no CRF/RN, de forma a abranger o maior número de bairros

correspondentes à área. Quando o farmacêutico não era encontrado, era feita uma nova visita

para comprovar se a ausência foi pontual ou não. Após uma triplicata de visitas, sem encontrar

o farmacêutico neste mesmo estabelecimento, era caracterizada a ausência, contando esta como

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importante índice para avaliação. Dessa forma, uma nova farmácia era sorteada para visita a

fim de perfazer o total da amostra (n).

As farmácias comunitárias foram selecionadas randomicamente a partir de listagem

oficial de farmácias fornecida pelo CRF/RN que mapeia a cidade em 06 áreas de fiscalização

baseadas no princípio da proximidade geográfica, sendo representativa de toda a cidade.

Segundo dados do CRF/RN (set. 2010), existem 320 farmácias comunitárias na cidade de

Natal/RN, distribuídas em 06 áreas metropolitanas de fiscalização (área I, área II, área III, área

IV, área V, área VI), sendo representativa de toda a cidade. Segundo dados do CRF/RN (set.

2010), existem 320 farmácias e drogarias na cidade de Natal/RN.

Para estabelecimento da amostra (n) usou-se o cálculo da amostra aleatória simples com

grau de confiança de 95% e nível de significância de 0,05, ficando o seguinte resultado: 175 foi

o total de farmácias pesquisadas com 07 para área I, 45 para área II, 46 para área III, 16 para

área IV, 30 para área V e 31 para área VI. O n utilizado foi o número de farmácias comunitárias

existentes em Natal/RN e, com base nesse n, a quantidade de farmacêuticos a serem

entrevistados. Os dados levantados pela pesquisa foram processados e analisados utilizando-se

o programa Epi Info 3.5.2.

Resultados e Discussão

Dados pessoais e Profissionais

Após as visitas às farmácias observou-se que em 90 estabelecimentos (51%), o

farmacêutico não estava presente durante o horário de funcionamento declarado junto ao

CRF/RN. Este é um dado relevante. A Lei 5991/735

(BRASIL, 1973) assegura a Atenção

Farmacêutica plena para a população durante todo o horário de funcionamento de farmácias e

drogarias. A ausência do farmacêutico transfere, indevidamente, o papel dele para o

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profissional leigo (balconista). A farmácia deve, por Lei, assegurar a presença do farmacêutico

em todo seu horário de funcionamento, fazendo disto a contratação de quantos profissionais

farmacêuticos forem necessários. Na realidade, há interesses econômicos de grande parte dos

proprietários de farmácias onde muitos afirmam não poderem arcar com os custos para

manutenção desses profissionais.

Realizada a análise dos dados, delineou-se o perfil dos profissionais entrevistados

(TAB. 1).

TABELA 1 – Dados pessoais e profissionais dos farmacêuticos comunitários, em

Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

DADOS PESSOAIS/PROFISSIONAIS FREQUÊNCIA

N %

Sexo Feminino 107 61

Masculino 68 39

Idade (anos)

20↔25 28 16

26↔31 87 50

32↔36 28 16

37↔40 20 12

41↔45 4 2

Mais de 45 8 4

Tempo de formatura

(anos)

1↔5 117 67

6↔10 37 21

Mais de 10 21 12

Pós-graduação

Não 80 46

Sim, em andamento 63 36

Sim, concluída 32 18

Nível da pós-

graduação

Lato sensu 79 83

Mestrado 16 17

Doutorado - -

A pós-graduação

auxilia nas

atividades da

farmácia?

Auxilia bastante 46 48

Auxilia em parte 25 27

Não tem nada a ver 24 25

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Domínio da

informática

Fluente 31 18

Simples 79 45

Intermediário 61 35

Nenhum 4 2

Domínio de língua

estrangeira

Fluente 14 8

Simples 77 44

Intermediário 50 29

Nenhum 34 19

Conhece o termo

“farmácia

comunitária”

Sim 101 42

Não 74 58

Definiu

corretamente o

termo “farmácia

comunitária”

Sim 79 78

Não 22 18

Houve predomínio do sexo feminino (n = 107, 61%), média de idade de 31 anos, tempo

médio de formatura de 05 anos (desvio padrão = 5,3), sendo a maioria graduada em instituições

públicas (n = 110, 63%) e 46% (n = 80) sem pós-graduação.

Em relação à distribuição por sexo, a predominância de farmacêuticas nas farmácias

comunitárias de Natal/RN mostra que cada vez mais o sexo feminino insere-se no mercado de

trabalho, conquistando um espaço antes dominado pelos homens. Várias pesquisas pelo Brasil,

em farmácias comunitárias, revelaram também predomínio de mulheres: em Jundiaí-SP

63,7%6, em Santa Catarina 68%

7, em Umuarama-PR 71,2%

8, em Brasília-DF 77%

9, em

Curitiba-PR 80%10

.

São nas farmácias comunitárias o local do primeiro emprego de cerca de 70% dos

farmacêuticos brasileiros11

e isto pode explicar a média recente de até 05 anos do tempo de

formatura. A faixa etária prevalente (26 a 31 anos, com média de 31 anos) também se coaduna

com os dados anteriormente citados, demonstrando uma população de jovens farmacêuticos.

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O índice de farmacêuticos que ainda não possui pós-graduação (n = 80, 46%) é

preocupante, mas Natal apresenta-se com dados mais positivos sobre esse dado do que outras

capitais com estudos semelhantes6, 7, 8, 9, 10

. Não foi verificado se este valor é devido ao número

de cursos de pós-graduação oferecidos nos municípios estudados, se devido à baixa

remuneração do profissional (o que limitaria o investimento em pós-graduação pela maioria dos

farmacêuticos) ou até mesmo se pelo desinteresse do profissional em buscar algum tipo de pós-

graduação.

Em relação àqueles que possuíam pós-graduação, tanto os que já a tinham concluído

como aqueles que ainda a estavam cursando, houve predominância do lato sensu (n = 79, 83%).

Entre as áreas mais citadas de pós-graduação, observou-se 33% (n = 26) em análises clínicas,

24% (n = 19) em farmacologia e 7% (n = 6) em saúde pública. Não houve co-relação

significativa entre sexo (p = 0,14), idade (p = 0,20), ter pós-graduação (p = 0,30) ou não e área

(p = 0,32) em relação a ser proprietário de farmácia (qui-quadrado Mantel-Haenszel = 0,27,

teste exato de Fisher = 0,17).

Sobre em que a pós-graduação que fazem auxilia ou faz parte das atividades dos

farmacêuticos nas farmácias comunitárias, 48% (n = 46, IC95% 37,5 - 58,4) disseram que

auxilia bastante, dando ênfase e base às funções desenvolvidas na farmácia.

Não foi observado o porquê da maioria dos farmacêuticos comunitários pós-graduados

ou pós-graduandos serem para áreas de análises clínicas. É um dado curioso, pois se contrapõe

à área de atuação profissional, mas há a possibilidade de teorizar alguns pontos: a oferta mais

abundante de cursos na área de análises clínicas; a falta de identificação com a área da farmácia

comunitária; os salários mais atraentes pagos aos profissionais das análises clínicas; além da

concepção de que o “status” dos que trabalham em laboratório é maior em relação aos que

trabalham em “balcões de farmácia”. Essa preferência pelas análises clínicas vem sendo

observada, desde meados dos anos 70, nas universidades brasileiras12

.

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A atuação em Farmácia Comunitária exige uma gama de conhecimentos específicos que

cursos de pós-graduação, como os de análises clínicas, não fornecem. No Brasil, ainda são em

pequeno número os cursos de pós-graduação na área da Assistência Farmacêutica que embasam

a atuação na Farmácia Comunitária13

. Neste aspecto, é imprescindível que as instituições de

ensino superior possam oferecer uma educação continuada nessa área, uma vez que as

Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação em Farmácia apontam para uma formação

generalista, além de no seu artigo 4º, item V sobre educação permanente, determinar que os

profissionais farmacêuticos devam ser capazes de aprender continuamente, tanto na sua

formação, quanto na sua prática14

. Portanto, que os farmacêuticos busquem uma especialização

na área que abraçaram.

Em relação à informática e a língua estrangeira, a grande maioria tem conhecimentos

básicos sobre esses temas: 45% (n = 79) afirmaram ter um domínio “simples” para informática

e 44% (n = 77) para língua estrangeira (IC95% 37,60 - 52,80). A importância que a informática

está exercendo no mundo atual é grande. Se o profissional não estiver preparado para receber

todas essas informações, certamente dentro de pouco tempo vai ser classificado como

desatualizado e também terá menos chances de ingressar no mercado de trabalho e se manter

nele. Conhecer uma segunda língua, principalmente o inglês (já que é uma língua universal) é

de grande importância, pois publicações científicas para atualização na área farmacêutica ficam

prejudicadas.

Ao perguntar se conhecia o termo “farmácia comunitária”, a maioria dos farmacêuticos

(n = 74, 58%) afirmou que não. Dos 42% (n = 101) que disseram sim, 78% (n = 79) definiram

corretamente o termo. Os 18% (n = 22) que não definiram corretamente “farmácia

comunitária”, afirmaram que era “farmácia de bairro”, de postos de saúde ou do Governo

Federal. É importante que, atuando em farmácia comunitária, o farmacêutico conheça sobre

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temas relacionados a esta área. Desta forma, poderá exercer sua profissão plenamente e com

qualidade.

Dados Relacionados à Atividade na Farmácia

Os dados pertinentes às atividades desenvolvidas nas farmácias comunitárias estão

explicitados na Tabela 2.

Observou-se que a maioria dos farmacêuticos (n = 98, 56%) trabalha 8h/dia totalizando

uma carga horária de 40h/semanais (IC95% 48,3 - 63,5) e 64% (n = 111) afirmaram que a

carga horária influencia no desempenho do seu trabalho. Perguntados sobre o porquê desta

influência, 69% (n = 76) afirmaram que a carga horária era “cansativa”. Em estudos

semelhantes em Umuarama-PR8 e Santa Catarina

7, 41,9% e 52,4%, respectivamente, exercem,

em sua maioria, 8h/dia de trabalho. Não foi observado se a quantidade de farmacêuticos por

farmácia em Nata/RN diminui ou não a carga horária de trabalho de cada um deles, mas sabe-

se na prática que quanto mais profissionais farmacêuticos melhor a distribuição de tarefas e

menor acúmulo de funções8.

Desde 2007, por solicitação do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e outras

entidades representativas da profissão farmacêutica, foi requerida junto à Comissão de

Assuntos Econômicos (CAE) do Senado a discussão do Projeto de Lei da Câmara dos

Deputados n°. 113/05, que assegura ao farmacêutico uma jornada de trabalho não superior a 30

horas semanais15

. O projeto em discussão faz parte de uma luta da Confederação Nacional dos

Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS) da Central Única dos Trabalhadores (CUT) pela

redução da carga horária de todos os trabalhadores de Saúde e tem o respaldo da Organização

Internacional do Trabalho (OIT). Nas jornadas de trabalho extenuantes a qualidade do

atendimento da população é comprometida.

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TABELA 2 – Dados relacionados às atividades desenvolvidas na farmácia, pelos

farmacêuticos comunitários, em Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

DADOS RELACIONADOS À ATIVIDADE

NA FARMÁCIA

FREQUÊNCIA

N %

Carga horária (CH)

exercida (horas/dia)

4 16 9

6 21 12 8 98 56 12 34 19 Maior que a CH

permitida 5 3

Outra 1 1

A CH influencia seu

desempenho?

Sim 111 64

Não 64 36

Salário Piso 146 83

Acima do piso 24 14 Abaixo do piso 5 3

Satisfação com o salário*

Muito satisfeito 3 1

Satisfeito 43 25 Insatisfeito 76 44 Muito Insatisfeito 53 30

O salário influencia no

desempenho das

atividades?

Sim 91 52

Não 84 48

Recebe comissões na

venda de medicamentos?

Sim 78 45

Não 97 55

Procura do usuário pelo

farmacêutico Sempre 136 78

Raramente 39 22

Satisfação do usuário*

Muito boa/excelente 81 46

Boa 91 52 Ruim 3 2 Péssima - -

ATIVIDADES FREQUÊNCIA

N %

Relacionadas à atenção

farmacêutica

Orientação ao usuário 162 93

Intercambialidade genéricos 142 81 Dispensação 136 78 Verificação da pressão arterial 64 37 Aplicação injetáveis 52 30 Acompanhamento farmacoterapêutico 44 25 Palestras 37 21 Verificação da glicemia 16 9 Nebulização 2 1

Relacionadas à área

administrativa

Gestão de controlados 126 72

Gestão de estoque 98 56 Gestão de vendas 81 46 Treinamento de auxiliares 66 38 Gestão manutenção da farmácia 63 36

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Gestão de pessoas 47 27 Atendimento ao cliente no caixa 43 25

*Escala de Satisfação Simples

Quanto ao salário recebido, na maioria (n = 146, 83%), encontra-se em conformidade

com o piso mínimo exigido pela categoria no Rio Grande do Norte. Já quanto ao nível de

satisfação salarial, a maior parte está „muito insatisfeita‟ (n = 53, 30%) com o salário.

Perguntados se o salário influencia no seu desempenho, 52% (n = 91, IC95% 44,3-59,6),

disseram que sim e destes, 68% (n = 62) afirmaram que o baixo salário desvaloriza o

profissional e os desestimula para exercer melhor suas atividades. Não houve co-relação

significativa entre sexo (p = 0,30), idade p = 0,28) e área (p = 0,30) com salário recebido (Qui-

quadrado = 2,4310) e satisfação salarial (Qui-quadrado = 9,0290).

O piso salarial mais baixo da categoria (na cidade de Natal e em várias do Brasil) é o de

farmacêutico que atua em farmácias e drogarias. Atualmente em Natal/RN, segundo o

SINFARN, encontra-se no valor de R$ 1.815,29 (para uma jornada de trabalho de 08h/dia de

segunda a sexta-feira). Não há dúvida, que este piso salarial foi uma conquista importante

conseguida ao longo dos anos, mas o questionamento que se faz é por que esta diferença? Seria

o farmacêutico comunitário menos valorizado ou importante que o hospitalar, industrial,

analista clínico, pesquisador? Trabalharia este menos horas ou teria menos “trabalho” a fazer?

A fim de não persistirem tais diferenças, tramita na Câmara dos Deputados desde 2009,

o Projeto de Lei 5.359/09, que regulamenta a profissão de farmacêutico. A proposta estabelece

para a categoria piso único salarial de R$ 4.650,00 a ser reajustado na data da publicação da

Lei, de acordo com a inflação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC),

da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto nada for

decidido, as discrepâncias continuam a existir: há lugares, em que o piso é de R$ 1.200,00, em

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outros passa dos R$ 2.500,00. Há farmacêuticos, como os peritos criminais, que recebem

salários acima de R$ 10.000,0016

.

Verificou-se que 55% dos farmacêuticos comunitários em Natal/RN (n = 97, IC95%

47,7 - 62,9) não recebem comissões de vendas sobre medicamentos. O pagamento de

comissões sobre a venda de medicamentos é alvo de críticas por estimular o consumo

desmedido e a “empurroterapia”.

Quanto à procura dos usuários pelos farmacêuticos nas farmácias comunitárias, 78% (n

= 136, IC95% 70,8 - 83,6) dos farmacêuticos disseram serem sempre requisitados seja

pessoalmente ou por telefone. A receptividade dos usuários quanto ao trabalho desenvolvido

pelo farmacêutico (n = 91, 52% - IC95% 38,7 - 54,0) foi caracterizada, em sua maioria, como

“boa”. Para melhorar a relação farmacêutico/usuário, 17% sugeriram divulgar mais os serviços

farmacêuticos nas farmácias comunitárias, 13% recomendaram que o farmacêutico se fizesse

mais presente e 10% indicaram melhorar a estrutura das farmácias para a realização da atenção

farmacêutica.

Com relação às atividades realizadas pelos farmacêuticos, a orientação ao usuário é a

mais citada, seguida da intercambialidade entre genéricos, dispensação e gestão de controlados.

O nível de satisfação quanto às atividades realizadas foi considerado alto apresentando,

em sua maioria, o nível S (satisfatório) com média de 63% das respostas. As atividades com

índices de satisfação mais altos foram àquelas ligadas à atenção farmacêutica como palestras na

comunidade, verificação da pressão arterial, verificação de glicemia e orientação ao usuário. As

atividades que apresentaram menores índices de satisfação são aquelas ligadas à área

administrativa como gestão de vendas, atendimento de clientes no caixa, gestão de estoque e

gestão de controlados. Não foram observados aspectos de sistematização e documentação

dessas atividades.

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Perguntados sobre em quais destas atividades os farmacêuticos dedicam mais tempo, a

maioria disse ser na dispensação com 32% (n = 56) das respostas, seguido da orientação ao

usuário 31% (n = 54) e gestão de controlados 25% (n = 44). É importante salientar que se

observaram nesta pesquisa vários desvios de função do farmacêutico, como por exemplo:

farmacêuticos trabalhando como balconistas; atuando como caixa; em escalas de limpeza (até

de banheiros); descarregando mercadorias; panfletando; participando de eventos externos

fantasiados para marketing da empresa, dentre outras situações. O exercício destes desvios de

função ocorre por desconhecimento da legislação, por deficiência no quadro de funcionários ou

por medo ou ameaça da perda do emprego. O Ministério Público do Trabalho tem fiscalizado e

notificado estabelecimentos e profissionais farmacêuticos que permanecem descumprindo a

legislação que rege a profissão farmacêutica, seus direitos e deveres.

Em relação às atitudes e percepções (TABELA 3) no desenvolvimento de atividades

relacionadas à atenção farmacêutica o escore mais positivo foi encontrado na pergunta „percebe

quando o usuário não entende orientação dada‟, com resposta de 48% (n = 85 para „sempre‟. O

escore mais negativo foi o da pergunta „se o farmacêutico se sente trabalhando em equipe com

o médico‟, com 59% (n = 103) dizendo que „nunca‟. A atenção farmacêutica é mais efetiva

quando há colaboração de outros profissionais de saúde em especial dos médicos, uma vez que

muitos problemas encontrados durante o seguimento devem ser solucionados pelos

prescritores19

.

Sobre a maior dificuldade encontrada para o farmacêutico exercer suas atividades na

farmácia (escala de Likert), a resposta que apresentou maior escore (maior dificuldade) foi o

baixo salário (média = 7,1), seguida da carga horária pesada (média = 6,9) e falta de local

adequado para atender ao público (média = 6,8).

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TABELA 3 - Atitudes e percepções dos farmacêuticos com relação aos aspectos da

atenção farmacêutica, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

ATITUDES E PERCEPÇÕES* NUNCA

QUASE

SEMPRE SEMPRE

N % N % N %

Sente-se responsável pelos bons ou maus

resultados do uso de medicamentos por seus

usuários? 23 13 90 52 62 35

Julga-se capaz de intervir no uso de

medicamentos de um usuário a partir da

percepção de um problema?

7 4 96 55 72 41

Percebe quando o usuário não entende

orientação dada? 3 2 87 50 85 48

Percebe do usuário confiança com relação ás

orientações dadas por você? 6 3 94 54 75 43

Sente-se em trabalhando em equipe com o

usuário? 29 17 89 51 57 32

Toma atitudes para resolver problemas

referentes a medicamentos em um usuário?

4 2 92 53 79 45

Procura saber resultado da ação? 38 22 80 46 57 32

Sente-se trabalhando em equipe com o médico? 103 59 62 36 10 5

Sente-se seguro para discutir com o médico algo

sobre uso de medicamentos de um usuário?

41 24 75 43 59 33

*Escala Modelo de Atitude em Relação ao Objeto

Dados Relacionados à Orientação ao Usuário

Com relação às dúvidas mais frequentes dos usuários, os farmacêuticos relataram, em

sua maioria, a posologia (n =99, 57%) seguidas das reações adversas (n = 37, 21%) e interações

(n = 17, 10%). Sobre a habilidade dos farmacêuticos em tirar essas dúvidas, a maioria relatou

estar apta (n = 86, 49%).

Para superar possíveis deficiências da sua formação acadêmica, 83% (n = 145) dos

farmacêuticos disseram que tem se preparado estudando e atualizando-se. Com relação à

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frequência com que os farmacêuticos estudam sobre medicamentos, 41% (n = 72, IC95% 33,8 -

48,8) disseram estudar „quando sobra tempo‟ e 37% (n = 65) „frequentemente‟. O meio de

estudo mais utilizado é a internet com 58% (n = 101, IC95% 50,0 - 65,1%) das respostas. A

profissão farmacêutica está mudando da simples oferta de medicamentos para uma função

clínica de fornecimento de informações18

. O farmacêutico como um profissional capaz de

interagir com os prescritores e os pacientes, deve possuir o quesito informação como alicerce

desta relação18

. A fonte desta informação deve ser confiável assim como o tempo disponível

para passá-las ao usuário.

Infelizmente, na prática, estes dois quesitos são difíceis de serem obtidos. Isto pode

ocorrer pelo fato das fontes mais precisas serem muitas vezes inacessíveis (pelo custo ou pela

língua), ou mesmo em algumas situações pela dificuldade de negociação com o proprietário da

farmácia19

. Quanto ao tempo para o atendimento, o excesso de funções administrativas e a

“corrida” para o alcance de metas de vendas atropelam a dedicação necessária ao exercício da

atenção farmacêutica plena ao usuário.

Dados Relacionados à Estrutura da Farmácia

Não foi objetivo específico deste trabalho analisar detalhes da boa estrutura ou não das

farmácias em Natal/RN, mas observou-se que a maioria dos farmacêuticos disse não haver

local adequado e reservado na farmácia para orientação e que atendem os usuários no balcão,

em pé (TABELA 4). 39% (n = 68) dos farmacêuticos encontram-se insatisfeitos com relação à

estrutura das farmácias para o exercimento da atenção farmacêutica. Em estudos semelhantes, o

mesmo problema de estrutura das farmácias para o exercício da atenção farmacêutica foi

observado6, 7 ,8 ,9 ,10

.

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Torna-se importante observar a área disponível ao atendimento, de forma a garantir um

ambiente propício para estabelecer uma conversa com os usuários. Essa área não requer da

farmácia uma reestruturação dispendiosa19

. Se não for possível uma sala totalmente privativa

para o atendimento, pode-se fazer uma área semi-privativa com uma parede divisória, mesa e

cadeira.

TABELA 4 - Local em que o farmacêutico orienta o usuário em farmácias comunitárias,

Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

LOCAL DE ATENDIMENTO FREQUÊNCIA

N %

No balcão, em pé 148 85%

Em uma sala 11 6%

Em uma sala com mesa, cadeiras,

computador, biblioteca 9 5%

No ambulatório 4 2%

Em nenhum lugar específico 3 1%

Conclusão

Com os resultados desta pesquisa foi possível demonstrar que os farmacêuticos

comunitários em Natal/RN são na maioria jovens, com formação recente que tem nas farmácias

comunitárias seu primeiro emprego e contato com a profissão. Muitos não são especializados

na área da Atenção Farmacêutica e quando buscam aperfeiçoamento, estes ocorrem em áreas

não relacionadas à Farmácia Comunitária. Uma grande parte encontra-se insatisfeita com a

pesada carga horária de trabalho e com os salários recebidos, mas os escores de percepções e

atitudes foram positivos em relação à sua profissão, além da satisfação por suas atividades na

farmácia, principalmente àquelas ligadas à atenção farmacêutica.

As farmácias comunitárias em Natal/RN devem adaptar-se, tanto em nível estrutural

como de profissionais, a fim de atenderem a demanda cada vez mais crescente de uma

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população que precisa e busca por serviços de qualidade e diferenciados de cuidados à saúde

nestes estabelecimentos. O modelo que visa apenas o lucro, embora ainda persista, deve ser

combatido.

É necessário um maior trabalho em relação aos entraves que dificultam o pleno

exercício da profissão farmacêutica nas farmácias comunitárias de Natal/RN: aumento da

fiscalização e punição aos estabelecimentos que não cumprem à legislação; aumento da oferta

de cursos de atualização, pós-graduações de forma acessível ao farmacêutico e nas áreas da

farmácia comunitária; divulgação dos serviços farmacêuticos à sociedade; incentivo ao

farmacêutico desde os bancos da universidade até os profissionais mais antigos já no mercado;

maior união da classe e ações direcionadas para isso e não que contribuam para sua divisão.

A mobilização positiva é possível. Farmacêuticos e órgãos relacionados precisam

enxergar-se como um só e partir para ação.

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