saúde informa n°05

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 5 - Ano I - Belo Horizonte, setembro de 2010 4 7 8 Página 3 D issertação confirma eficácia do Projeto Frutos do Morro e classifica capacitação de educadores como essencial: “jovens se es- pelham no aprendizado adquirido para enfren- tar situações do dia a dia”. Fotografia: Krisley de Castro TRANSPLANTES Número de cirurgias cresce no Brasil OSCE Avaliação testa desempenho de alunos PEDIATRIA Conheça a caderneta de saúde da criança Prevenir e combater a violência é possível

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Page 1: Saúde Informa N°05

Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMGNº 5 - Ano I - Belo Horizonte, setembro de 2010

4 7 8

Página 3

Dissertação confirma eficácia do Projeto Frutos do Morro e classifica capacitação

de educadores como essencial: “jovens se es-pelham no aprendizado adquirido para enfren-tar situações do dia a dia”.

Fotografia: Krisley de Castro

TRANSPLANTESNúmero de cirurgias cresce no Brasil

OSCEAvaliação testa desempenho de alunos

PEDIATRIAConheça a caderneta de saúde da criança

Prevenir e combater a violência é possível

Page 2: Saúde Informa N°05

Saúde e cidadania

Civilidade, saúde, doação e reco-

nhecimento marcam esta edição do Saúde Informa.

A capa traz ma-téria sobre o combate à violência. Dissertação, defendida na Faculda-de, fala sobre o proje-to de extensão Frutos do Morro e aponta a educação e atividades em grupo como ferra-mentas de prevenção da violência.

Outra boa no-tícia é a ampliação do número de trans-plantes no Brasil e em Minas Gerais. O pro-fessor Agnaldo Lima faz breve análise dos dados da Associação Brasileira de Trans-plante de Órgãos e opina sobre o tema.

Entre outros assuntos, o leitor tam-bém vai conhecer as novidades e a impor-tância da Caderneta de Saúde da Criança. O documento facilita o diálogo entre os pro-fissionais de saúde e os pais e possibilita o acompanhamento do desenvolvimento da criança.

Editorial Saúde do português

Plural

Quando eu era professor da disciplina “Obstetrícia”, João Carlos era meu alu-

no. Dotado de grandes qualidades, estudioso, habilidoso, certo dia, durante atendimento no ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia, veio-lhe a dúvida: plural de gravidez. Percebi o vacilo e imediatamente disse: “não escutei com clareza a sua pergunta, e, por certo, a pa-ciente também não”. Demonstrando ligeireza de raciocínio, perguntou desta vez: “quantas gestações a senhora teve?”. Lembrei-me do caso que o gramático Celso Cunha conta de um fazendeiro que tinha viajado ao Rio e, ao escrever para a família resolveu relatar um epi-sódio que viu num circo. No meio da carta, veio a dúvida: “Eu gostei, mesmo, foi dos dois anões”. Ou seria “anãos”? Embora estivesse com as duas formas corretas na memória (a primeira de que se lembrou era apenas a mais usada), depois de alguns momentos de hesita-ção, terminou por redigir: “eu gostei, mesmo, foi de um anão e de outro anão”. (CUNHA, 1976: 68). Anos depois, me encontro com o Dr. João Carlos, hoje profissional de grande projeção nas Minas Gerais. Contou-me ele que, apesar de ter optado por outra especialidade, ao ver uma grávida, ainda sorri por lembrar-se do fato. A partir daquela ocasião, faz questão de, sempre que pode, dizer gravidezes. “Aliás, a minha mulher já teve cinco gravidezes”, me disse sorrindo da própria ‘sorte’. João Carlos realmente aprendeu bem o plural.

Washington Cançado de AmorimProfessor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia

Contribua para a ‘Saúde do Portu-guês’. Envie sua sugestão ou opinião para [email protected].

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Publicações

Podemos prevenir a violênciaFoi lançado, no último dia 8 de setem-

bro, o livro “Podemos Prevenir a Violência – teorias e práticas”, organizado pela professora Elza Machado de Melo, do Departamento de Medicina Preventiva e Social (MPS).

A obra apresenta aspectos teóricos e práticos para a prevenção e o enfrentamento da violência. Nas palavras do professor Fran-cisco Campos, também do MPS, que assina o prefácio, “o livro não tem a pretensão de apresentar saberes acabados, ao contrário, é apenas um dentre múltiplos pontos de parti-da, em uma palavra, um convite ao debate”.

Durante o evento, também foram lan-çados a versão em língua portuguesa dos tex-tos “Guia Metodológico para a Multiplicação de Observatórios Municipais de Violência e Sistematização de experiências sobre Sistemas de Vigilância, Observatórios ou Sistemas de Informação de Violência na América Latina. Observatórios de Violência: Melhores Práti-cas”; e o Manual de Avaliação de Programas de Prevenção da Violência, de autoria de An-dréa Maria Silveira e Betânia Totino Peixoto.

Todas as obras foram editadas e são distribuídas pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS).

Parabéns a todos os secretários da Medicina

O Dia do Secretário, comemorado em 30 de setembro, é em reconhecimento ao trabalho fundamental desses profis-sionais. Edilberto Mendes, chefe do Departamento de Propedêutica Complementar, considera indispensável para

que a Instituição possa gerar e transmitir conhecimento visando à formação de recursos humanos especializados. Sirley Carvalho, chefe da Fonoaudiologia, concorda: “A secretária viabiliza as condições para a concretização das atividades”, afirma. “A partir deste trabalho, a equipe pode se concentrar e ser mais produtiva”, conclui o coordenador do Centro de Graduação, Fernando dos Reis, para quem agilidade, empatia, gentileza e compromisso espelham a forma como o setor

quer ser reconhecido. Veja o que os secretários pensam:

Geraldo Guimarães: “Eu e a Magda Belchior, que é a titular, nos esforça-mos para ver o resultado na prática”.

Marília Souza (esquerda): “Jogo de cintura e conhecimento das atividades”

Lúcia Pinheiro (centro): “Cuidar para tudo acontecer no prazo e com qua-lidade”

Neusa Pereira (direita): “Trabalhar sob pressão e saber se relacionar com segmentos acadêmicos”

Setembro de 20102

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Projeto social pode ser arma importante no combate à violência

Estudo da UFMG comprova eficiência de oficinas educativas como forma de fortalecer vínculos afetivos e promover comportamento menos agressivo entre jovens carentes

Divulgação Científica

“Atividades em grupo alimentam o respeito mútuo e desencorajam o uso de violência na solução de

problemas”. Este é, segundo Adriana Braga Chaves, psi-cóloga e autora de dissertação de mestrado sobre o tema, um dos principais méritos do projeto Frutos do Morro, ação conjunta da Faculdade de Medicina da UFMG e do Ministério da Saúde, em parceria com diversas entidades públicas e privadas.

Além de preencher parte do período em que essas crianças estão fora da escola, a convivência orientada nas oficinas promovidas pelo Frutos do Morro apresenta um modo pacífico de resolver difi-culdades. Adriana Chaves percebeu as mudanças com base em entrevis-tas, grupos focais e observação dos participantes. “Com o passar das semanas, as crianças começaram a resolver os conflitos sem que fos-se necessário o uso da força ou a agressão verbal”, destaca a autora.

Freud explicaO texto de Sigmund Freud

“Psicologia de grupo e análise do eu”, mediou e sustentou teorica-mente todas as discussões, dando subsídios para a compreensão do fenômeno da identificação e sua re-lação com a formação e o fortaleci-mento de vínculos emocionais entre os sujeitos do grupo estudado.

“A violência pode ser combatida e prevenida. O estudo ajuda a provar isso”, avalia Elza Machado de Melo, orientadora da pesquisa e coordenadora do Proje-to Saúde e Paz. “A dissertação mostra que ações sociais, como este projeto, têm papel preponderante no proces-so de promoção da paz”, afirma.

O poder do bom exemplo Mas, para alcançar as metas propostas pelo

Projeto, a capacitação dos educadores é essencial. A pesquisadora garante que a forma como eles agem

influencia, e muito, no comporta-mento dos jovens. “A postura ética desses orientadores é muito impor-tante. Eles são alguns dos principais modelos das crianças atendidas. Afi-nal, não basta apenas ocupar o tem-po dos jovens para afastá-los da vio-lência”, declara.

Os resultados da disserta-ção demonstram que a mudança de postura não se restringe ao momen-to em que os alunos estão nas ofici-nas. “Durante as entrevistas muitos afirmaram se espelhar no aprendiza-do adquirido no projeto para enfren-tar situações em casa e na escola”, explica Adriana Chaves. Segundo ela, os alunos também declararam transmitir esses conhecimentos para outras pessoas de sua convivência.

Foto: Arquivo do Projeto Frutos do Morro

“Eu quero só dizer, eu quero só falar um pouco desse ‘Frutos’ que chegou para abalar... Não viemos aqui

te passar sermão, nem dizer que estamos com a verdade

e com a razão. Nem achamos aqui ninguém melhor que ninguém. O que é bom

pra mim, quero pra você também!”

Rap criado em oficina na Escola Municipal do Morro das Pedras

Equipe do Frutos do Morro e alunos do Projeto na Oficina de Jiu-Jitsu

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A fila de espera por transplantes de órgãos está andando mais rápido. Segundo dados

da Associação Brasileira de Transplante de Ór-gãos (ABTO), no primeiro semestre de 2010, as doações de rim, fígado e pulmão atingiram números recordes. A taxa de 10 doadores por milhão de população (pmp), meta prevista para o ano inteiro, foi praticamente alcançada em seis meses, chegando a 9,9 doadores pmp.

De acordo com o professor Agnaldo Lima, do Departamento de Cirurgia da Facul-dade de Medicina da UFMG e coordenador da equipe de transplantes de fígado do Hospi-tal das Clínicas da UFMG, mudanças práticas adotadas pelos hospitais paulistas podem ex-plicar os números que colocam São Paulo como o maior realizador de transplantes pmp, mais que o dobro da taxa média do país.

“São Paulo profissionali-zou as atividades das comissões intra-hospitalares de transplan-tes responsáveis por identificar doadores, cuidar dos pacientes e abordar as famílias, tornan-do o processo mais eficaz”, reflete.

Setembro de 2010

Número de transplantes bate recordeMudanças em hospitais explicam o número crescente de transplantes de órgãos

O paciente que não apresenta qualquer tipo de atividade cerebral, sem respiração espontânea, mas que mantém as funções cardíacas, é submetido a exames médicos, com intervalos de pelo menos seis horas,

que confirmem a morte encefálica.

As equipes responsáveis por cada um dos órgãos são

acionadas. Todos os órgãos devem ser retirados simultaneamente.

Os órgãos são conservados até o momento do transplante, respeitando a vida útil de cada um.

Enquanto os rins podem ficar de 24 a 36 horas fora do corpo, o fígado pode ser conservado por 12 horas

desde a retirada. O coração, por sua vez, só tem quatro horas antes de ser transplantado.

Depois da recuperação, o paciente que recebe os

órgãos pode levar uma vida normal, constituir família, ter filhos, produzir e atuar ativamente na sociedade.

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Em Minas GeraisAgnaldo Lima

ressalta que a melhora na taxa de captação também

ocorreu em Minas Gerais, mas em índices mais modestos.

“Em Minas, os transplantes de cór-nea cresceram muito, o que indica uma

maior identificação de doadores. Os números mostram progresso, mas o transplante de órgãos

sólidos, como coração, fígado ou pâncreas, cresceu em taxas menos significativas, aquém do desejável”, analisa.

Ele explica que, enquanto a retirada das córneas pode aconte-cer até seis horas depois que o coração do doador parou de bater, os órgãos

sólidos precisam receber sangue até o momento da retirada, o que afeta diretamen-te o número de transplantes, uma vez que é difícil manter o doador estável enquanto são

realizados os exames obrigatórios.“Com exceção dos rins e do fígado, que podem ser doados também com o paciente vivo,

os transplantes de órgãos sólidos só acontecem quando o paciente tem morte encefálica, carac-terizada pela falta de atividade cerebral enquanto o coração continua batendo, e isto acontece com uma minoria”, esclarece o professor.

PerspectivasLima pondera que, para aumentar as taxas de transplantes de órgãos sólidos, seria

necessário um maior investimento na infraestrutura dos hospitais públicos que atendem urgên-cias e uma mudança na percepção das instituições e dos médicos quanto ao papel dos doadores.

“Ainda temos uma estrutura limitada para a realização dos transplantes, sendo necessária a ampliação do número de hospitais que realizam procedimentos mais complexos. Além disto, os hospitais, principalmente particulares, tendem a encarar o doador em potencial como, so-mente, um paciente falecido. É preciso deixar esta visão de lado e percebê-lo como um perso-nagem importante, que pode ajudar a salvar várias vidas”, avalia.

5Setembro de 2010

Número de transplantes bate recordeMudanças em hospitais explicam o número crescente de transplantes de órgãos

Uma equipe especializada aborda a família do doador. De acordo com a legislação vigente, os transplantes

só podem acontecer com autorização familiar.

O sangue do doador em potencial é submetido a diversos testes obrigatórios, que garantem a segurança do paciente que

receberá os órgãos.

As equipes responsáveis por cada um dos órgãos são

acionadas. Todos os órgãos devem ser retirados simultaneamente.

EncontroNo dia 30 de outubro, o Hospital das Clínicas da UFMG promove o XII Encontro de Pacien-tes Transplantados e Pacientes em Fila de Espera, na Praça da Liberdade. O evento contará com palestras para os pacientes e familiares, além de um espaço para confra-ternização e troca de

experiências.

Vida

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Andar pelos corredores da Faculdade de Medicina da UFMG é um passeio pela história da Unidade. Quem

circula pelo prédio repara nas várias salas que ganharam nomes em homenagem a pessoas que fazem parte da me-mória da Faculdade. Quem são as pessoas que dão nome às salas da Faculdade? O Saúde Informa responde.

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Que sala é esta?História

Sala Aurélio Pires (térreo): Próxima à Diretoria, a sala é uma homenagem a um dos fundadores da Faculdade. Farmacêutico, defendeu com fervor, no início do século XX, a criação de uma Escola de Medicina em Minas Ge-rais. A sala tem uma galeria com os quadros dos profes-sores eméritos da Faculdade de Medicina.

Anfiteatro Amilcar Vianna Mar-tins (térreo): Em 1930, assumiu o cargo de professor assistente da cadeira de Fisiologia e, mais tarde, a cadeira de Histologia e de Para-sitologia. Ele foi, também, diretor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, onde recebeu o título de emérito em 1979, quando re-tornou do exílio. Nas palavras do professor Ajax Pinto Ferreira, coordenador do Centro de Memória da Faculdade de Medicina (Cememor), “foi uma das maiores expressões mundiais em parasitologia e um pesquisador incansável”.

Sala Dona Carminha (térreo): “Ela começou na Faculdade quan-do era adolescente. Seu pai era chefe do almoxarifado, e ela vi-nha ajudá-lo. Mesmo aposentada continuou por aqui, ela adorava a Medicina”, conta Maurílio Elias, superintendente administrativo da Faculdade. A homenagem à fun-cionária foi aprovada por unani-

midade pela Congregação. “Foi uma quebra de protocolo. Há uma regra que diz que só se pode colocar nomes em homenagem a quem já faleceu, e no caso da Dona Carmi-nha a sala foi inaugurada na presença dela, em novembro de 2007”, relembra Maurílio.

Sala José Ferreira das Graças (terceiro andar): O funcionário trabalhou por mais de vinte anos na Faculdade. A sala que recebeu seu nome, por decisão unânime do Departamento de Anatomia Pato-lógica e Medicina Legal, fica dentro da sala da biópsia, no terceiro an-dar, onde passava a maior parte do seu tempo. “Técnico de necropsia,

era a pessoa mais envolvida nas atividades do setor. Aju-dava nas aulas, no serviço de biópsias, na organização do trabalho. Dava um apoio completo”, conta o professor do Departamento Geraldo Brasileiro.

Laboratório Professor Luigi Bogliolo (terceiro an-dar): No Departamento de Anatomia Patológica e Me-dicina Legal, a sala homenageia o catedrático, chefe do setor por 33 anos. “As aulas dele eram fantásticas. Ele fazia uma autópsia e ia desenvolvendo um raciocínio clínico impressionante, dizia que isso era ler o livro da na-tureza”, lembra o professor Luiz Otávio Savassi Rocha, aluno e as-sistente de Bogliolo e autor do li-vro Vida e Obra de Luigi Bogliolo.

Centro de Microscopia Eletrô-nica Professor Washington Luiz Tafuri (terceiro andar): O Centro homenageia o discípulo de Bogliolo, que fez descobertas que marcaram a história da Patologia. “Ele, sem dúvida, é o idealizador e foi quem implantou o Centro de Microscopia na Medicina. Por isso merece a homenagem”, afirma o professor Brasileiro.

Sala Liberato João Affonso Di Dio (subsolo): Falecido em 2004, Di Dio é considerado “o pai de to-dos os anatomistas que estão em exercício em nossa Faculdade”, de acordo com o professor Ernesto Lentz, do Departamento de Cirur-gia, em entrevista ao Boletim da UFMG, em 2004. A sala que leva seu nome foi onde o professor mi-

nistrou sua primeira aula na Faculdade.

Sala Professor Yeddo Peixoto de Figueiredo (Pri-meiro andar): O professor João Amilcar Salgado, do Ce-memor, conta que Yeddo estava em vias de se tornar um grande cientista, quando descobriu que estava com uma doença cardíaca grave. “Ele faleceu precocemente e por isso foi homenageado”, afirma. O professor era discípulo de José Noronha Perez, um dos maiores microbiologista de Minas.

Laboratório Professor Lineu Freire Maia (Segundo andar): Foi inaugurado em março deste ano. Na ocasião, o professor José Renan da Cunha Melo, do Departamen-to de Cirugia, afirmou que a homenagem “tem a preten-são de fazer justiça e reconhecer quem possui mérito”. Freire Maia era reconhecido internacionalmente como um dos principais estudiosos das toxinas do escorpião Tityus serrulatu.

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Ensino

Desempenho e competência testados na prática

Fundamental para o aperfeiçoamento do processo de avaliação dos estudantes do curso de Medicina, a avaliação Objetiva e Estrutura-

da do Exame Clínico (Osce) foi implantada na Faculdade de Medicina da UFMG no ano passado. Realizado a cada semestre, o Osce avalia alunos matriculados nos Internatos, a partir do 10º período.

A professora Eliane Gontijo, coordenadora da Comissão Per-manente de Avaliação da Faculdade de Medicina UFMG, conta que este foi um passo muito importante. Para ela, os exames convencionais são eficazes para testar os conhecimentos adquiridos pelos alunos. “Entre-tanto, lembrando o conceito de competência, que é a mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes para a resolução de problemas, é essencial que os estudantes sejam avaliados além de aspectos teóricos”, explica a professora. “O que importa é avaliar o desempenho - quando ele tem de demonstrar que consegue integrar o que sabe teoricamente - com o que sabe fazer e o faz com humanismo e ética”, conclui.

Revendo os errosApós cada uma das avaliações, os coordenadores discutem as

questões com os alunos, dando o retorno de cada situação avaliada. O processo, chamado de Devolutiva, oferece ao aluno a oportunidade de saber a melhor atuação em cada caso e conhecer suas falhas de apren-dizagem, ainda em tempo de corrigi-las.

“É dever do professor mostrar as fragilidades de aprendizagem para que o momento da avaliação seja, também, uma oportunidade de aprender. Infelizmente, as Normas Acadêmicas da UFMG não reco-nhecem que algumas competências são tão essenciais que o aluno não deveria ser aprovado ao obter 60% de desempenho. Um médico não pode saber fazer 60% de uma reanimação cardio-pulmonar”, pondera a professora Eliane.

Ela assegura que a presença na atividade é tão importante para a formação profissional quanto a avaliação em si. “Esta é a oportunidade de o aluno aprender e ser capaz de realizar um atendimento de qualida-de para a população”, garante. Além disto, “já existe uma recomenda-ção da Comissão Nacional de Residência Médica de que seja utilizada, também, uma avaliação prática dos candidatos, ao estilo do Osce no processo de seleção”, conta.

Fotos: Bruna Carvalho

Conheça a avaliação OsceNo Osce, os alunos são apresentados a um ce-nário de atuação, uma situação clínica, na qual devem cumprir uma lista de atividades pré-de-finidas, que incluem o desempenho técnico e as atitudes em relação ao paciente. Isto em cinco minutos, e sob a observação de um professor avaliador.

Os estudantes passam por cinco estações, sen-do que cada uma prioriza um dos enfoques clí-nicos básicos: anamnese, exame físico, interpre-tação de exames complementares/raciocínio clínico, conduta e orientação ao paciente.

Na sexta estação, os alunos avaliam o proces-so e se autoavaliam. As provas contemplam o conteúdo dos internatos de Urgência e Trauma, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Clínica Mé-dica e Cirurgia.

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ObservaPED Acontece

Já conhece a nova Caderneta de Saúde da Criança? O documento, criado em 2005, é

uma evolução do antigo Cartão da Criança, que continha apenas algumas informações sobre o desenvolvimento infantil e o cartão de vacinação. Já a Caderneta é um espaço para registro detalhado do crescimento da criança e também funciona como um guia para os pais, com informações sobre a ali-mentação correta, vacinação, segurança, en-tre outros.

O documento é entregue a todos os pais logo após o nascimento do bebê, em hospitais e maternidades, e possui versões diferentes para meninos e meninas. A ver-são atual, lançada no primeiro semestre des-se ano, traz dados e gráficos atualizados. É também a primeira caderneta que apresenta divisão clara entre a seção reservada aos pais e a específica para o profissional de saúde.

A professora Lúcia Horta, responsável pelo eixo relativo à Caderneta no Observa-tório de Saúde da Criança e do Adolescen-te (ObservaPED), afirma que o documento possibilita o diálogo entre os profissionais de saúde e os pais da criança. “A partir dos da-dos, os pais estarão mais instruídos para con-versar e até mesmo cobrar do profissional”,

explica a professora.A professora chama atenção também

para a importância do preenchimento corre-to do documento. “Pode-se formar um ciclo vicioso: Se o profissional não valorizar o do-cumento, o paciente também não irá valori-zar, e isso pode prejudicar um instrumento que é fundamental para a criança”, aponta Lúcia.

Juliana Righi dos Santos, pediatra do Setor de Neonatologia do Hospital das Clí-nicas da UFMG, considera o documento de extrema importância. “Ali consta a história de saúde da criança. Sempre orientamos as mães e pais a levar a Caderneta em todas as consultas médicas de seus filhos”, conta.

As mães também aprovaram a nova Caderneta. Carolina Gonçalves após ouvir as instruções do residente que lhe entregou o documento, considera as orientações úteis. “Vai me ajudar muito, vou poder acompa-nhar o peso e o tamanho do meu filho”, rela-ta. Já Waldilene Aparecida Moreira, que deu a luz a gêmeos, admite que desde o parto não teve disposição física para olhar o documen-to com calma. “Mas quando voltar pra casa, vou ler as orientações todas com cuidado”, afirma ela.

Saúde da CriançaCaderneta é aliada dos pais no acompanhamento dos filhos

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Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura (Reg. Prof. MG 04961JP) – Editora: Mariana Pires – Redação: Jornalistas: Maíra Lobato e Marcus Vinícius dos Santos – Estagiários: Ennio Rodrigues, Estefânia Mesquita e Renata Ferreira. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira - Atendimento Publicitário: Janaina Carvalho – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 1.500 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e [email protected]. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

Expediente

IMP

RES

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Lei da palmadaO projeto Observa-PED reabriu o fórum eletrônico online para debater a questão da punição física na edu-cação da criança, po-lêmico e significativo no âmbito da saúde infanto-juvenil. Dê a sua opinião sobre a “Lei da Palmada” na página www.medici-na.ufmg.br/observa-ped/forum.

TitularesForam empossadas, este mês, as profes-soras Maria Isabel Toulson Davisson Correia e Teresa Cris-tina de Abreu Ferrari, para o cargo de Titular dos Departamentos de Cirurgia (CIR) e de Clínica Médica (CLM), respectivamente.

Livro“O menino que jan-tava manga”, lançado no último mês, reúne as memórias do pro-fessor Pedro Raso, emérito da Faculdade de Medicina da UFMG. O livro está disponível para interessados na secretaria da Diretoria da Faculdade, sala 81, no térreo da Unidade.

Foto: Bruna Carvalho