secretaria de estado da educaÇÃo · a pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu...
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UEPR - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ
CAMPUS DE CAMPO MOURÃO
PDE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA: UNIDADE DIDÁTICA
LEITURA E ESCRITA DE CRÔNICAS
ÁREA/DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA PDE: MARLI AMÁLIA GARCIA BITTENCOURT
PROF.ª ORIENTADORA: PROF.ª DOUTORA VALÉRIA SANCHES FONSECA
CAMPO MOURÃO
2010/2011
SUMÁRIO
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO .............................................................................. 3
2 APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 4
3 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 5
4 O GÊNERO CRÔNICA ......................................................................................... 6
4.1 HISTÓRIA DA CRÔNICA .................................................................................... 6
4.2 CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO CRÔNICA .................................................. 7
4.3 A CRÔNICA EM SALA DE AULA ........................................................................ 9
5 ATIVIDADES DE LEITURA E ESCRITA COM O GÊNERO CRÔNICA ............... 9
6 TEXTO 1 - A PIPOCA ......................................................................................... 10
6.1 LEITURA COMPREENSIVA ............................................................................. 13
6.2 PRODUÇÃO TEXTUAL .................................................................................... 14
6.3 A TEXTUALIDADE: ANÁLISE LINGUÍSTICA ................................................... 14
7 TEXTO 2 – A VELHA CONTRABANDISTA ....................................................... 16
7.1 LEITURA COMPREENSIVA ............................................................................. 17
7.2 PRODUÇÃO TEXTUAL .................................................................................... 18
7.3 A TEXTUALIDADE: ANÁLISE LINGUÍSTICA ................................................... 18
8 TEXTO 3 – PRECONCEITO ............................................................................... 19
8.1 LEITURA COMPREENSIVA ............................................................................. 21
8.2 PRODUÇÃO TEXTUAL .................................................................................... 21
8.3 A TEXTUALIDADE: ANÁLISE LINGUÍSTICA ................................................... 22
9 TEXTO 4 – DROGAS E VIOLÊNCIA.................................................................. 23
9.1 LEITURA COMPREENSIVA ............................................................................. 26
9.2 PRODUÇÃO TEXTUAL .................................................................................... 26
9.3 A TEXTUALIDADE: ANÁLISE LINGUÍSTICA ................................................... 26
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professor PDE: Marli Amália Garcia Bittencourt
Área PDE: Língua Portuguesa
NRE: Campo Mourão
Escola de implementação: Colégio Estadual Darci José Costa - EFM
Público objeto da intervenção: Alunos do Ensino Médio.
Professora Orientadora: Prof.ª Doutora Valéria Sanches Fonseca
2 APRESENTAÇÃO
A Unidade Didática, intitulada ―Leitura e Escrita de Crônicas, que ora
apresentamos, insere-se no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE –
Turma 2010, e será implementada no 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual
―Professor Darcy José Costa‖ de Campo Mourão – Ensino Fundamental e Médio –
PR. Essa proposta objetiva transformar a atual práxis docente e dos estudantes em
relação às atividades de leitura e produção oral e escrita na sala de aula, a partir do
estudo do gênero crônica. Fundamenta essa nova práxis a concepção de linguagem
como interação, as contribuições teóricas de Bakhtin no que tange os conceitos de
dialogia, gênero do discurso e ideologia; e as contribuições das teorias do texto e do
discurso: Linguística Textual e Análise do Discurso.
Justifica essa proposta as nossas reflexões sobre nossa práxis educativa
inadequada, ou seja, que consideramos nossa práxis educativa não mais adequada
aos avanços dos estudos da linguagem e ao fato de que nossos estudantes saem
do Ensino Médio lendo mal e apresentando grandes dificuldades de produção
textual. Portanto, é incontestável que o processo ensino/aprendizagem de Língua
Portuguesa necessita ser redefinido. Nossa práxis docente requer uma nova decisão
política e pedagógica para produzir melhores efeitos no processo
ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa.
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3 INTRODUÇÃO
Inúmeras pesquisas sobre leitura e produção textual nas escolas do Brasil
têm demonstrado que se lê pouco e se escreve pouco na escola. Os estudantes
concluem o Ensino Médio e chegam ao Ensino Superior ainda realizando uma leitura
decodificadora e com grandes dificuldades para produzir um gênero simples como
um bilhete. As redações dos vestibulares têm comprovado esse fato.
Trabalhar na perspectiva de gêneros textuais/discursivos tem sido a proposta
defendida pelos estudiosos da linguagem que se apoiam na concepção de
linguagem sócio interacionista. Um gênero textual como a crônica pode auxiliar o
trabalho de leitura e escrita na sala de aula, por apresentar uma linguagem
moderadamente elaborada, por ser um texto curto, por poder abordar também
temáticas atuais, por apresentar estilos variados: ora próximo ao da conversação,
ora lírico, ora humorístico, refletindo sobre fatos do cotidiano, entre outros. A crônica
é um gênero que pode agradar mais facilmente os leitores. Além de ser um gênero
híbrido, pois informa e diverte, (no momento adequado) pode facilitar o trabalho do
professor na introdução do estudante à prática de leitura. Além do que, a crônica
jornalística levará o estudante ao contato com o veículo jornal, colocando-o diante
de outros gêneros textuais: textos da esfera econômica, da esfera política, e outras
tantas. Da mesma forma, ao ler a crônica em coletâneas literárias, o estudante
também tomará conhecimento da própria esfera literária e isso poderá ampliar seu
interesse.
A leitura da crônica possibilita ao leitor, no caso o estudante, a enveredar por
particularidades de várias culturas, manifestações de um povo, de uma época, numa
miscigenação entre o jornalístico e o literário, além da abordagem de temas mais
próximos dos leitores, especialmente daqueles que não têm a leitura como uma
prática.
Acreditamos que o gênero crônica contribuirá de forma significativa para o
bom resultado do trabalho do professor na sala de aula. O gênero crônica poderá
despertar e intensificar o ato de ler.
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4 O GÊNERO CRÔNICA
4.1 HISTÓRIA DA CRÔNICA
A palavra crônica é derivada do latim Chronica e do grego Khronos (tempo) e
refere-se aos acontecimentos de um determinado tempo.
A crônica vem das mais antigas civilizações. No Brasil, a crônica surgiu com
Pero Vaz de Caminha na medida em que ele retratou ao rei o modo subjetivo como
era a terra recém-descoberta, os índios seus costumes. Naquele momento de
confronto entre a cultura europeia e a cultura primitiva, apresentou uma visão mais
semelhante à de um cronista do que de um historiador. Com os escritos de
Caminha, o registro circunstancial passou a ser princípio básico da crônica.
A crônica enquanto texto jornalístico teve início no século XIX, a partir das
publicações abordando diversos assuntos. No princípio aparecia com o nome de
―folhetim‖ em artigo no rodapé das páginas, escrito a propósito com assuntos do dia
dos políticos, sociais e literários. Tinha o objetivo de distrair os leitores, dando-lhes
momentos de descanso, após uma avalanche de notícias pesadas, tristes.
Desde o seu surgimento até os dias de hoje, a crônica ganhou prestígio entre
nós e podemos dizer que constitui um gênero brasileiro. Desenvolveu-se com
naturalidade e originalidade, tratando de acontecimentos cotidianos de um jeito
envolvente e emocionante.
Os folhetins do século XIX tratavam de assuntos variados, tomando quase a
metade da página do jornal, já a crônica moderna, mais curta, tratava só de um
assunto. Com o passar do tempo a crônica brasileira começou a ter caráter mais
literário, usando linguagem mais leve, envolvendo lirismo, poesia e fantasia.
O gênero textual crônica se consolidou no Brasil por volta de 1930 e está
adquirindo uma importância fundamental em nossa literatura por causa de seus
excelentes escritores que se dedicaram exclusivamente a ela, podendo-se citar
Rubem Braga e Luís Fernando Veríssimo, além dos grandes autores brasileiros
Machado de Assis, José de Alencar e Carlos Drummond de Andrade, os quais
dedicaram seus talentos a esse gênero.
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4.2 CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO CRÔNICA
A crônica é um gênero do discurso cuja temática, estrutura composicional e
estilo variam. Ela aparece em vários suportes textuais a exemplo de jornais, revistas,
internet entre outros e até no rádio e na televisão. Esse gênero chega às pessoas
facilmente e desperta nelas o interesse pelo texto escrito.
Para Arriguci Junior (1987 p, 52), a crônica é um relato de comentários de
fatos corriqueiros do dia a dia, dos fatos da atualidade que alimentam o noticiário
dos jornais, desde que esses se tornaram instrumentos de informação de grande
tiragem do século passado.
A crônica pode tratar de qualquer tema, pode partir da realidade vivida para a
enunciada. Segundo Marchezam (1989, p. 94) ―até mesmo a falta de assunto
específico pode ser discursivisada, basta que o cronista deseje e tenha talento para
fazê-lo‖.
A crônica, ao longo dos tempos, tornou-se mais abrangente, recorrendo à
memória e à profecia, situando-se no presente e no passado, tratando de temas
sociais, políticos, exaltando ou condenando comportamentos sociais, fazendo
humor, e tantos outros. As crônicas não se restringem aos fatos objetivos, elas
também permitem o subjetivismo do autor.
Algumas características da crônica foram citadas por vários autores que
tentaram entender a crônica enquanto texto literário:
Ligada à vida cotidiana.
Narrativa informal, familiar, intimista.
Uso de oralidade na escrita, linguagem coloquial.
Sensibilidade no contato com a realidade
Síntese
Uso de fato como meio ou protesto para o artista exercer seu estilo e
criatividade.
Dose de lirismo
Natureza ensaística
Leveza
Diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa fiada.
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Uso de humor
Brevidade
É um fato moderno: está sujeita à rápida transformação e à fugacidade da
vida moderna.
Uma outra classificação da crônica leva em conta a sua maleabilidade,
brevidade, sua abordagem reflexiva, e, por vezes, a subjetividade. Nesse sentido, a
crônica poder ser:
CRÔNICAS DEFINIÇÃO
Descritivas Quando apresentam a caracterização de seres animados e
inanimados num espaço, viva como uma pintura, precisa como
uma fotografia ou dinâmica como um filme.
Narrativas Quando é menor que um conto e maior que uma piada,
apresentando poucas personagens e uma conclusão inusitada.
Seus traços mais comuns são humor anedótico ou a crítica
mordaz.
Narrativo-
descritiva
Quando o texto apresenta uma mistura de momentos narrativos
com flagrantes descritivos.
Lírica Quando procura traduzir poeticamente os sentimentos (nostalgia,
saudade, emoção).
Reflexiva Quando o interior do autor reflete-se sobre a realidade que o
cerca, interpretando-a e registrando por meio de conjecturas e
associações de ideias.
Metalinguística Quando o autor se volta para o ato de escrever de uma maneira
despretensiosa, de uma retrospectiva das primeiras experiências
com as letras, de uma análise da palavra.
Crônica-
comentário
Quando são críticas irônicas, sarcásticas ou de humor resultando
num texto cujo ponto forte são as interpretações do autor sobre
um assunto, numa visão quase jornalística.
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4.3 A CRÔNICA EM SALA DE AULA
O gênero discursivo crônica, dada a sua natureza, oferece muitas alternativas
para o processo ensino/aprendizagem na sala de aula A partir desse gênero, é
possível planejar e desenvolver aulas direcionadas à leitura e produção de textos
escritos. E o trabalho com esse gênero também pode levar os estudantes à leitura e
produção de outros gêneros discursivos.
A escrita, partindo da leitura de crônicas, contribuirá para despertar nos
alunos o interesse na procura desse gênero em outros suportes até considerados
desinteressantes para eles, a exemplo dos jornais; suscitando então o interesse
pelas notícias, artigos de opinião e de outros encontrados nas páginas desse veículo
de comunicação.
Koch e Elias (2009. p. 74) argumentam que compete à escola possibilitar ao
aluno o domínio do gênero, primeiramente, para melhor conhecê-lo ou apreciá-lo,
sendo capaz de compreendê-lo, produzi-lo na escola ou fora dela; para desenvolver
capacidades que ultrapassam o gênero e são transferíveis para outros gêneros
próximos ou distantes.
5 ATIVIDADES DE LEITURA E ESCRITA COM O
GÊNERO CRÔNICA
Você conhece o gênero crônica? O que você sabe sobre esse gênero?
Onde a crônica é publicada?
A que esfera pertence o jornal?
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6 TEXTO 1 - A PIPOCA
A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar.
Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.
Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo
que poderia ter o nome de "culinária literária". Já escrevi sobre as mais variadas
entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com
tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.
Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma
meditação sobre o filme A Festa de Babette que é uma celebração da comida como
ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi
como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo — porque a culinária
estimula todas essas funções do pensamento.
As comidas, para mim, são entidades oníricas.
Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que
chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso
que aconteceu.
TEXTO 1
A PIPOCA
Rubem Alves
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A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples
molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas.
Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E
algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas ideias começaram a estourar
como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar.
Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e
imprevisível.
A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético.
Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar
estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do
sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.
Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o
sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não
é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas.
Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do
Candomblé baiano: que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé...
A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido.
Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos
aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas.
Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem
competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que
houve alguém que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela
sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser
comidos.
Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que
aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado.
Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com
uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos
duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as
crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma
simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de
todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do
milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem
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passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca
não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho
da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do
fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser
crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para
sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem
quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida
inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não
percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa
situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor,
perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de
dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas
ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o
sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando
cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua
casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não
pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina
aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande
transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente
diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que
surge do casulo como borboleta voante.
Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela
morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É
preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro.
"Morre e transforma-te!" — dizia Goethe.
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os
paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era
gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do
Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que
se recusa a estourar.
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Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp,
especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da
pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no
mundo da poesia, as explicações científicas não valem.
Por exemplo: em Minas "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não
conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: "Fiquei piruá!"
Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior.
Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a
mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas
serem.
Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á". A sua
presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino
delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca
macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no
fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.
Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e
que sabem que a vida é uma grande brincadeira...
"Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar.
Pois foi precisamente isso que aconteceu".
O texto acima foi extraído de 708 Crônicas Maravilhosas: Disponível em:
<http://sitenotadez.net/cronicas>.
6.1 LEITURA COMPREENSIVA
O que tematiza esta crônica?
Que sujeitos são mobilizados nesta crônica, ou seja, que sujeito (s) fala
(m) e a quem se dirige(m)?
O texto mobiliza vários domínios: o literário, o filosófico, o científico, o
culinário. Que diferenças você pode estabelecer sobre esses domínios?
Como você compreende o fogo no texto?
A dor, o enfrentamento dos problemas, do sofrimento levam a quê, de
acordo com o que é discutido na crônica?
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Como você compreende o uso de elementos concretos, conhecidos para
tratar de outra coisa, como por exemplo: ―É a lagarta rastejante, feia que
surge do casulo como borboleta voante‖.
6.2 PRODUÇÃO TEXTUAL
Pesquise sobre as características que determinam as esferas:
Religiosa Científica Filosófica
Literária Artística Culinária
Educativa.
Agora é sua vez
Produza um breve texto informativo sobre uma das esferas que você
pesquisou. Utilize a variedade padrão e tenha como destinatário um colega de
turma. Tenha em mente que o texto precisa ser claro, objetivo, curto e apresentar
qualidade naquilo que vai informar.
6.3 A TEXTUALIDADE: ANÁLISE LINGUÍSTICA
Do ponto de vista textual, podemos verificar a utilização da comparação e
da metáfora. Que recursos são esses? Como funcionam no texto?
Ao citar o filme ―A Festa de Babete‖ recorre-se a outro texto, trata-se de
uma intertextualidade? Esse recurso tem qual função na textualidade?
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Como você compreende o uso de elementos concretos, conhecidos para
tratar de outra coisa, como por exemplo: ―É a lagarta rastejante, feia que
surge‖.
Observe os tempos verbais no texto lido. Que tempos predominam?
O que significa a predominância do presente do indicativo? E do pretérito
perfeito?
Quando no texto discute-se o sentido da palavra piruá, estamos tratando
do fenômeno linguístico conhecido como função metalinguística da
linguagem. O que define esta função?
O sentido atribuído às palavras também é questão cultural regional. O que
compreende sobre isto?
O particípio passado funciona como uma forma nominal, ou seja, funciona
como substantivo, adjetivo. Verifique no texto a presença desse caso:
Qual o significado de onírico?
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7 TEXTO 2 – A VELHA CONTRABANDISTA
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava
pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal
da Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega
mandou parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco
aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros,
que ela adquirira no odontólogo e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a
velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal
esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que
fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com
areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte,
TEXTO 2
A VELHA CONTRABANDISTA
Stanislaw Ponte Preta
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quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez.
Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O
fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a
velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo
essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é
contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta,
quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não
apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o
contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não ―espaia‖? – quis saber a velhinha.
- Juro – respondeu o fiscal.
- É lambreta.
7.1 LEITURA COMPREENSIVA
Quem é o sujeito produtor da crônica?
Que ideologia subjaz essa crônica?
A quem a crônica é destinada?
A esperteza não tem idade. Quem comumente faz o contrabando?
O que se espera do velho na sociedade ocidental?
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7.2 PRODUÇÃO TEXTUAL
A partir da leitura da crônica, transforme-a em notícia. Ao relatar os
fatos seja claro e objetivo.
Faça a leitura da notícia para os colegas de classe.
Produza uma crônica a respeito de alguém que conseguiu enganar os
pais e se deu mal
7.3 A TEXTUALIDADE: ANÁLISE LINGUÍSTICA
O que significa a expressão ―tudo malandro velho‖
Que ideologia subjaz essa crônica?
Essa crônica traz os verbos conjugados predominantemente em que
tempo? Que efeito a predominância desse tempo verbal produz no texto?
Que papel o discurso direto tem no texto?
Por que a palavra ―espaia‖ está entre aspas?
Como o humor desencadeado?
Que função argumentativa tem o substantivo velha no diminutivo?
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8 TEXTO 3 – PRECONCEITO
Todos sabemos: preconceito não é nada mais do que uma ideia
preconcebida, antecipada; o não gostar sem saber o porquê, estabelecer diferenças
entre as pessoas sem razão para tal.
Pois bem, todos fomos, alguma vez, preconceituosos. Uns mais, outros
menos. Mas fomos, infelizmente. Isso é próprio do ser humano.
O preconceito racial é bem conhecido e não preciso deter-me muito nele.
Sabemos que as manifestações são violentas, principalmente contra os negros -
eles têm, sim, suas razões para odiarem o mundo, mas de nada vai adiantar dizer
que um erro não justifica o outro. Foram arrancados de sua pátria, escravizados em
mundos diferentes e, ainda, torturados num certo Pelourinho, hoje lindo e
maravilhoso, todo colorido, lugar ideal pra turista tirar fotografias e rir não sei de quê.
O preconceito está sempre presente e não precisa esforço para encontrá-lo.
Ele está nas religiões, nas seitas - cada uma achando que a sua doutrina é a
verdadeira, a única. Vamos encontrá-lo no pobre, no trabalhador de baixa instrução,
nos homossexuais, nos velhos, deficientes, gordos, feios, baixos, gigantes ou ateus.
E, por aí vai; não existe mais gente, existem categorias e grupos prontos para serem
discriminados.
TEXTO 3
PRECONCEITO
Tais Luso de Carvalho
Tais
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Ouvi de um casal de amigos, ambos obesos, que a mulher gorda é mais
descriminada do que o homem gordo. Eu não tinha pensado nisso; a discriminação
ainda tem subdivisões!
A gordura tem identidade. A gorda jovem é mais discriminada do que uma
gorda idosa. A gorda idosa é perdoada porque é idosa; mas a jovem já leva um
apelido pra arrasar, pra ficar quieta. Já viram gordas trabalhando? Poucas: gorda
tem de ir pra Spa; gorda não sabe fazer nada, gorda ocupa espaço, gorda é lerda...
Esse é o pensamento do empregador.
Porém a pior das discriminações é contra os deficientes. Ser deficiente é uma
coisa; ser ineficiente é outra. Mas parece que o negócio anda meio misturado...
Quantas vezes chamamos as pessoas pelo defeito exposto e não pelo seu
nome? É o vesgo, o narigudo, o orelhudo, o fanhoso, o manco, o albino, o gordo, o
magrão, o careca... Já presenciei um homem de 1.95 m ser chamado de
anãozinho... Ainda tem o lado irônico.
Onde o preconceito mais funciona é quando saímos à procura de trabalho.
Quantos não conseguem emprego por sua massa corporal não entrar nos padrões
exigidos de boa aparência?
Os velhos acumularam conhecimento durante anos e depois não servem
mais, a não ser que sejam liberais. Caso contrário são desprezados e tratados como
se fossem bagaços.
Os jovens recém-formados também são discriminados. Nos classificados dos
jornais a exigência do empregador é de que esses jovens tenham, no mínimo, 3
anos de experiência com-pro-va-da. Com tudo isso entrego meus pontos: não
consigo entender esse raciocínio. De onde esses jovens vão tirar os tais 3 anos de
prática? Estágios? Não dão a vazão necessária.
O que faremos com aqueles milhões de empregos prometidos que ainda não
vieram?
Liguei meus neurônios e consegui entender: aqueles dez milhões de
empregos prometidos - que ainda não vieram - são para criaturas jovens, de fé, com
experiência, brancas, magras, bonitas, nem altas, nem baixas e com uma saúde de
ferro; e se forem homens, com cabelos; porque os carecas também estão no listão!
Enfim, coisas nossas, dos humanos.
O texto foi extraído do Google, domínio publico. Disponível em:
<http://www.taisluso.blogspot.com/2009/10/preconceito.html>.
21
8.1 LEITURA COMPREENSIVA
Qual a temática da crônica?
Onde o preconceito pode estar presente?
Como se manifesta o preconceito?
Com quais preconceitos nós convivemos?
Como você vê o problema dos deficientes?
O que significa para você ―Existem categorias e grupos prontos para
serem discriminados‖.
O que significa para você: ―Existem categorias e grupos prontos para
serem discriminados‖?
Você concorda que há uma hierarquia de preconceito em relação aos
grupos que sofrem o preconceito?
Que efeito de sentido produz a afirmação ―todos sabemos‖?
O que você sabe sobre o Pelourinho?
Você acha que todo preconceito é decorrente do ―não saber‖?
Quais são os grupos vítimas de preconceito, de que trata o texto?
8.2 PRODUÇÃO TEXTUAL
Na crônica que você leu as crônicas testemunham, comentam fatos
atuais do nosso dia a dia. Escolha o tema que mais está ligado ao seu cotidiano e
redija a sua crônica.
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8.3 A TEXTUALIDADE: ANÁLISE LINGUÍSTICA
No texto há várias afirmações categóricas. Identifique-as e explique os
efeitos que produzem?
Que tempo verbal predomina neste e que efeito produz?
Qual o funcionamento do advérbio ―infelizmente‖ na linha 5?
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9 TEXTO 4 – DROGAS E VIOLÊNCIA
O tráfico e o consumo de drogas, que são interdependentes, estão entre os
mais graves problemas contemporâneos, sob qualquer aspecto que se encare. Ou
seja, tanto do ponto de vista policial, quanto do familiar, social, sanitário,
comportamental e até mesmo filosófico, são males que devem merecer combate
constante, permanente e incansável, e de toda a sociedade. Ninguém pode ficar de
fora dessa cruzada.
Trata-se de uma praga, de um flagelo, de um mal que se espalha com
enorme rapidez pelo mundo, atingindo, indistintamente, tanto países ricos e
poderosos (como os Estados Unidos e a potências da Europa Ocidental), quanto as
mais miseráveis e carentes comunidades nacionais do Planeta, que não têm
dinheiro sequer para o atendimento das necessidades essenciais à vida, como
alimentação, saúde e saneamento básico. Expande-se, dia a dia, apesar dos
volumosos recursos despendidos para coibir seu avanço (que ensejam, por sinal,
muita corrupção) e de todos os esforços (repressivos e profiláticos) que se fazem
para o seu combate. Certamente a estratégia adotada não é a adequada.
Esta, porém, é uma luta que não podemos perder. Mas que, infelizmente, até
aqui, estamos perdendo! E nem é preciso dizer o por quê. Vencê-la é um enorme
TEXTO 4
DROGAS E VIOLÊNCIA
Pedro J. Bondaczuk
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desafio, não somente para o aparato de segurança do Estado, encarregado de
barrar a ação dos traficantes, cada vez mais numerosos e ousados, mas de todas as
entidades que compõem a sociedade, como a família, as igrejas, as organizações
humanitárias e as pessoas inteligentes e de boa vontade, que sabem da importância
da solidariedade na convivência (pelo menos civilizada) entre os diversos grupos, de
graus culturais e sociais dos mais diversos. É uma responsabilidade geral, de todos,
de maneira indistinta, e que não admite omissões. Busca-se, somente, combater o
narcotráfico e suas sequelas apenas apelando-se para a repressão, quando o
fundamental seria aliá-la à educação, baseada em eficaz informação.
Destaque-se que ninguém está livre de ser atingido, de uma forma ou de
outra, por este problema, que angustia milhões de lares no mundo. O aumento da
violência urbana em nosso país, por exemplo, está diretamente relacionado à
expansão do narcotráfico, que hoje domina importantes regiões, urbanas e rurais do
País (como o "Polígono da Maconha", em Pernambuco), promovendo, ou
financiando, ou inspirando assaltos, que se multiplicam, mormente nas grandes
cidades, pondo em risco a nossa segurança pessoal e a do nosso patrimônio. Não
existe o traficante "bonzinho", embora muitos deles tentem se passar por filantropos
e supram (até certo ponto), em comunidades extremamente carentes, como as
favelas do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Campinas, de Belo Horizonte etc., o
papel social que deveria ser desempenhado pelo Estado, mas que este não vem
desempenhando.
E se as vendas de drogas estão aumentando, é porque, logicamente, há um
número crescente de consumidores. É a inflexível lei da oferta e da procura em
ação. Raras são as pessoas, por exemplo, que ainda não passaram pelos riscos e
dissabores de serem assaltadas: em suas casas, nas ruas, nos estabelecimentos
comerciais, nos bancos, nos ônibus e em qualquer outra parte. Boa parte desses
assaltos, destaque-se, é praticada por viciados, que buscam, mediante o crime,
obter recursos para sustentar esse caro e destrutivo vício. As drogas, portanto, têm
contribuído, sob todas as formas, para tornar nossa vida tensa, insegura e cada vez
mais complicada (e menos valorizada).
Por outro lado, seria infantilidade afirmar que, embora não venhamos a nos
viciar, não estejamos sujeitos a ter nenhum parente (filho, irmão, neto ou sobrinho,
não importa) viciado. Por melhor que seja nossa estrutura familiar e a educação que
proporcionemos aos que dependem de nós; por mais unidos que sejamos na família,
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nunca estaremos livres por completo desse perigo. Não podemos afrouxar e nem
abrir a guarda jamais. É preciso permanente, constante e sábia vigilância sobre os
nossos filhos. E, sobretudo, é necessário o diálogo. Muito, e incansável, diálogo:
franco, amigo, direto e sincero.
O assédio dos narcotraficantes, principalmente aos jovens, ocorre cada vez
com maior frequência e ousadia em todos os lugares que eles frequentam: nas
escolas, nos clubes, nos bares, nas boates etc.. E, na maioria dos casos, os pais
somente descobrem que os filhos estão viciados quando já é tarde para evitar.
Crianças de apenas oito anos de idade estão sendo cada vez mais assediadas e
acabam, fatalmente, por se viciar, sem que ninguém sequer desconfie.
Contraído o vício, começa, para o infeliz que deu esse mau passo (e para a
sua família), a dura, a tensa, a dramática e nem sempre bem-sucedida luta para se
livrar da droga. Trata-se de um processo sofrido, penoso, traumático e que requer
muita, muitíssima, extrema força de vontade do viciado para dar certo. Quem já
tentou parar de fumar sabe o quanto é dolorosa a chamada "síndrome de
abstinência". No caso das drogas proibidas, como a maconha, o crack, a cocaína, a
morfina, a heroína etc.etc.etc., o sofrimento é mil vezes (ou mais) pior! E o índice de
sucesso, infelizmente, é extremamente baixo. E, ainda assim, ocorrem inúmeros
casos de recaída.
O aliciamento ao vício sofistica-se, explorando, sobretudo, os pontos fracos
das crianças e dos adolescentes, vulneráveis à experimentação que os irá viciar
com enorme rapidez. Ele se dá, sobretudo, com a exploração da curiosidade, da
rebeldia e do desejo dos jovens de mostrar independência em relação aos mais
velhos, com o que se tornam, paradoxalmente, não apenas dependentes, mas
escravos dos narcóticos e dos narcotraficantes. O chamado ―formador de opinião‖
(se é que alguém, de fato, forme opiniões), ou seja, o jornalista, principalmente
aquele que dispõe de uma coluna diária, semanal ou mensal (não importa), tem
importante papel a cumprir, nesse aspecto que, a bem da verdade, não vem
cumprindo (não, pelo menos, com a constância e a eficiência necessárias). Afinal,
jornalismo não se restringe somente, como muitos parecem pensar, à política, à
economia, aos esportes e às variedades.
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9.1 LEITURA COMPREENSIVA
O que o texto tematiza?
Como lidar com as drogas e a violência?
Que relação tem as drogas com o capitalismo?
Pesquise sobre o narcotráfico na América Latina?
Que medidas poderiam ser tomadas para combater o narcotráfico?
Você considera o narcotráfico como um dos responsáveis pela violência
urbana em nosso país?
Explique essa frase ―Não existe o traficante bonzinho‖.
9.2 PRODUÇÃO TEXTUAL
Fazer leitura de matérias jornalísticas relacionadas ao tráfico e consumo
de drogas.
Produzir uma crônica alertando sobre o perigo de ser usuário de drogas
socializá-la com os colegas.
9.3 A TEXTUALIDADE: ANÁLISE LINGUÍSTICA
Explique essa frase ―Não existe o traficante bonzinho‖.
Qual a função da expressão ―ou seja‖?
Por que ocorre vírgula separando as expressões (linha 2): ―tanto do ponto
de vista policial, quanto familiar, social, sanitário, comportamental e até
mesmo filosófico‖.
Na linha 2 aparece a locução verbal ―devem merecer‖.
Que efeito produz o verbo ―dever‖ na locução verbal?
Qual o sentido da palavra ―flagelo‖ no texto?
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REFERÊNCIAS
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