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UNIVAG CENTRO UNIVERSITRIO GPA DE CINCIAS AGRRIAS E BIOLGICAS CURSO DE AGRONOMIA

SELETIVIDADE DE HERBICIDAS SOBRE Crotalaria juncea L.

ANTONIO CARLOS IENERICH

Vrzea Grande - MT 2010

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ANTONIO CARLOS IENERICH

SELETIVIDADE DE HERBICIDAS SOBRE Crotalaria juncea L.

Monografia apresentada ao Univag Centro Universitrio, como parte das exigncias do GPA de Cincias Agrrias e Biolgicas, Curso de Agronomia, para obteno do ttulo de Engenheiro Agrnomo.

Orientador: Prof. Dr. Anderson Luis Cavenaghi

Vrzea Grande - MT 2010

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ANTONIO CARLOS IENERICH

SELETIVIDADE DE HERBICIDAS SOBRE Crotalaria juncea. L.

Monografia apresentada ao Univag Centro Universitrio, como parte das exigncias do GPA de Cincias Agrrias e Biolgicas, Curso de Agronomia, para obteno do ttulo de Engenheiro Agrnomo.

APROVADA em 16 de Julho de 2010.

___________________________________ Prof. M.Sc. Rogrio Donizeti de Castro UNIVAG Centro Universitrio ___________________________________ Profa. M.Sc. Andria Q. Machado Cassetari UNIVAG Centro Universitrio ____________________________________ Prof. Dr. Anderson Luis Cavenaghi UNIVAG Centro Universitrio (Orientador)

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DEDICATRIA

As

minhas

irms

Andrea Ienerich, Minia Ienerich e Lucinia Ienerich pelos conselhos e por me incentivar ao estudo. Aos meus pais Antonio Celso Ienerich (in memorian) e Ironita Acker, por terem acreditado em mim e no medirem esforos em suas vidas, dando-me condies para estudar e possibilitando essa conquista to importante em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeo primeiramente a Deus, pois sem ele, nada seria possvel; Aos amigos e colegas do curso de agronomia Anderson Marolli, Leandro Bedin, Felipe Frizon, Fernando Smanioto, Jos Mario Raimundi, Geovane Secchi, Rogger Luis Gainno, Tiago Baldasso, e aos demais pela amizade, motivao e ajuda durante esses anos; Agradeo ao empenho de todos os professores do curso e ao Professor Anderson Luis Cavenaghi por me orientar neste trabalho;

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RESUMO

A crotalria (Crotalaria juncea L.) vem ganhando espao e tem sido empregada como adubo verde, proporcionando o aumento de nitrognio, e em rotao ou sucesso de culturas visando principalmente o controle de nematides. No entanto, no sistema de rotao ou sucesso torna-se necessria rea isenta de plantas daninhas. Por isso, este trabalho buscou avaliar a seletividade de diferentes herbicidas sobre Crotalaria Juncea. O experimento foi conduzido no campo experimental do UNIVAG Centro Universitrio, MT. O ensaio foi instalado com aproximadamente quarenta sementes de Crotalaria juncea por metro linear, sendo o ensaio composto por oito tratamentos com oito repeties, e sete herbicidas: Gamit (1,5 L p.c/ha), Boral (0,8 L p.c/ha), Basagran (1,2 L p.c/ha), Atrazina (3,0 p.c/ha), Pivot (0,8 p.c/ha), Accent (0,03 Kg p.c/ha) e Flex (1,0 L p.c/ha) e a testemunha, com delineamento blocos ao acaso. Avaliou-se visualmente a porcentagem de fitotoxidade na Crotalria Juncea aos 7, 14, 21, 130 (pr-colheita) dias aps a aplicao, comparando com a testemunha. O herbicida Gamit apresentou maior seletividade (tolerncia ao herbicida) sobre Crotalria (C. juncea L.), apresentando fitotoxidade somente at a terceira avaliao, Basagran apresentou pouco sintomas de fitotoxidade, e at a ltima avaliao continuou com uma pequena fitotoxidade em relao testemunha. O herbicida atrazina provocou a morte das plantas, os herbicidas Boral, Pivot, Accent e Flex, provocaram uma alta fitotoxidade (interferiram no crescimento e na produo), e desenvolvimento lento das plantas, assim no sendo recomendados para a cultura. Com a avaliao de produtividade os herbicidas Gamit e Basagran proporcionaram uma produo prxima a testemunha, assim podendo ser recomendados para a cultura. Os herbicidas Boral, Pivot, Accent e Flex provocaram um rendimento muito baixo de gros, e foram considerados no seletivos a crotalria (C. juncea L.).

Palavras-chave: Fitotoxicidade, Crotalria, Adubao verde.

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SUMRIO INTRODUO ............................................................................................................ 7 1 REVISO DE LITERATURA .................................................................................... 9 1.1 CULTURA ............................................................................................................. 9 1.2 ADUBAO VERDE COM CROTALRIA .................................................................... 10 1.3 SELETIVIDADE DE HERBICIDAS ............................................................................. 12 2 MATERIAL E MTODOS ....................................................................................... 13 3 RESULTADOS E DISCUSSO.............................................................................. 16 CONCLUSES ......................................................................................................... 23 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .......................................................................... 24

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INTRODUO

O uso de plantas de cobertura uma prtica que contribui para a conservao dos solos tropicais, protegendo-os da exposio direta ao sol e do impacto das chuvas e do vento, principais agentes de sua degradao. Alm do efeito de proteo, tais plantas podem ser manejadas visando adubao verde, acarretando impacto positivo sobre as caractersticas qumicas, fsicas e biolgicas dos solos (DE-POLLI et al., 1996). O cultivo de plantas para adubao verde pode conduzir a conservao e incremento de matria orgnica do solo (CANELLAS et al., 2004), conferindo ao agricultor certa autonomia em relao disponibilidade de matria orgnica. Apesar de vrias espcies botnicas serem cultivadas para tal fim destacam-se aquelas da famlia Leguminosae. As leguminosas, alm de proporcionar benefcios similares aos obtidos com espcies de outras famlias, formam associaes simbiticas com bactrias fixadoras de N dos gneros Rhizobium sp e Bradyrhizobium sp resultando em quantidades expressivas de N aps o corte, acarretando, se adequadamente manejada, auto-suficincia neste nutriente (GUERRA et al., 2004). Dentro das leguminosas merece destaque o gnero Crotalaria L., que figura entre os cinco maiores gneros desta famlia, com cerca de 700 espcies nos trpicos e subtrpicos do mundo. (ROSKOV, et al., 2005). Dentre as espcies de Crotalaria L., a maioria dos trabalhos e informaes cientficas no Brasil reportam-se Crotalaria juncea (COSTA et al, 1993; ESPINDOLA et al., 2005), cujo seu uso amplamente preconizado face o seu rpido crescimento, supresso de ervas espontneas e ao grande potencial de produo de fitomassa e fixao biolgica do nitrognio atmosfrico (PEREIRA, 2004).

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Devido grande utilizao de Crotalria em rotao de cultura e adubao verde nas lavouras, principalmente visando fazer o manejo de fito nematides, tornase importante avaliar a seletividade de diferentes herbicidas na cultura da crotalria para obteno de uma lavoura isenta de plantas daninhas (BRAGA et al., 2005). A seletividade aos herbicidas o nvel diferencial de tolerncia das culturas e das plantas daninhas a um tratamento especfico. Quanto maior a diferena de tolerncia entre a cultura e a planta daninha, maior a segurana de aplicao dos herbicidas. At o momento no h recomendao de herbicida seletivo para a cultura da crotalria (OLIVEIRA JUNIOR & CONSTANTIN, 2001). Diante do exposto, este trabalho teve por objetivo avaliar a seletividade de herbicidas sobre Crotalaria juncea L.

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1 REVISO DE LITERATURA 1.1 Cultura O nome Crotalria se refere ao som de chocalho das vagens secas, semelhantes a da cascavel (Crotalus cp). Atualmente existem cerca de 550 espcies conhecidas, muitas so herbceas, anuais ou perenes, havendo ainda espcies arbustivas. Esta cultura apresenta flores amarelas, s vezes estriadas com vermelho, dispostas em racemos vistosos (NEVES, 2007). Crotalaria juncea L. uma espcie originria da ndia, com ampla adaptao s regies tropicais. As plantas so arbustivas, de crescimento ereto e determinado, produzem fibras e celulose de alta qualidade, prprias para a indstria de papel e outros fins. Recomendada para adubao verde, em cultivo isolado, intercaladas a perenes, na reforma de canavial ou em rotao com culturas granferas, uma das espcies leguminosas de mais rpido crescimento inicial, atingindo, em estao normal de crescimento, 3,0 a 3,5 m de altura. considerada m hospedeira de nematides formadores de galhas e cistos (MIRANDA, et al., 2005). A poca de semeadura recomendada de outubro a maro, admitindo-se semeaduras at abril em regies com temperaturas mais elevadas, para produo de sementes, quando as plantas ficam mais baixas, pela elevada sensibilidade da espcie ao fotoperodo, o que facilita a colheita de sementes. Para adubao verde e produo de sementes recomenda-se utilizar 25 a 50 cm entre linhas e distribuir 25 a 40 sementes (25 a 40 kg/ha) por metro linear de sulco. Para semeaduras tardias, recomendam-se os menores espaamentos. As quantidades de corretivos e fertilizantes devem-se basear em resultados de anlise de solo. A calagem, se necessria, dever elevar o ndice de saturao por bases a 60%. Na adubao, considerar eventual efeito residual de fertilizantes aplicados em culturas anteriores. Aplicar no plantio, fsforo e potssio nas doses de 0 a 40 kg/ha de P2O5 e 0 a 30 kg/ha de K2O. Para o controle de plantas infestantes deve-se efetuar, se necessrio, dois cultivos mecnicos at 40 dias aps a semeadura, para prevenir concorrncia desfavorvel. O controle de pragas e doenas em cultivos para produo de adubo verde e biofertilizantes, a incidncia de insetos no atinge nvel de dano econmico; entretanto, a lagarta-das-vagens (Utetheisa omatrix) e o percevejo (Thianta perditor),

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quando presentes, podem prejudicar a produo de sementes. A incidncia da murcha, causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata, limitante produo de C. juncea e C. spectabilis, exigindo o uso de cultivares resistentes, IAC-1 e IAC-KR 1, ou evitando-se o cultivo consecutivo na mesma rea. No h produtos registrados at maro/2005. Para a realizao da colheita pode-se efetuar o corte das plantas, seguido ou no de incorporao da fitomassa produzida, no florescimento e no incio do surgimento das primeiras vagens, normalmente aos 120 dias aps a semeadura para C. juncea. As plantas de C. juncea atingem a maturao em 180 dias, com seca dos rcemos e vagens, ficando as sementes livres dentro delas. Cortar manualmente os rcemos, seguindo-se a trilhagem e abanao para separar as sementes. Em semeaduras tardias, em maro e abril, as plantas atingem de 1,0 m a 1,5 m de altura quando da maturao, em agosto e setembro, sendo ento facilitada a colheita mecanizada de sementes. A produtividade normal de 10 a 15 t/ha de matria seca e 500 a 1.000 kg/ha de sementes (MIRANDA, et al., 2005). No Brasil o principal rgo responsvel por estudos com crotalrias, em especial C. juncea, o IAC (Instituto Agronmico de Campinas), que desenvolveu duas cultivares a IAC-1 e IAC-KR-1 (MIRANDA, et al., 2005).

1.2 Adubao verde com crotalria A adubao verde consiste em incorporar plantas verdes no-lenhosas (ou partes dessas plantas) no solo, por meio de lavoura. Pode ser plantas que crescem ao mesmo tempo ou depois da cultura principal, com a finalidade de disponibilizar os nutrientes, aumentar ou preservar o contedo da matria orgnica do solo e a capacidade do solo de reter umidade, alm de proteger o solo contra a eroso hdrica e aelica (ESPINAL, 2008). A maioria das espcies vegetais utilizadas como condicionadoras de solo em condies de cerrado tem como principal objetivo promover a diversidade biolgica dos agroecossistemas, aumentar a fitomassa vegetal dos sistemas de produo, incrementar a quantidade e melhorar a qualidade da matria orgnica do solo na entressafra, protegendo dos principais agentes de degradao (ESPINAL, 2008). Estudos demonstram que o uso de plantas de cobertura pode otimizar os efeitos dos fertilizantes minerais, possibilitando, para alguns nutrientes, reduo da

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quantidade a ser aplicada, e quando ao uso de algumas espcies, como as de leguminosas, pode, para algumas culturas e faixas de produtividade, suprir integralmente o nitrognio s culturas (ESPINAL, 2008). Dentre as diversas leguminosas usadas como adubo verde, a Crotalria muito eficiente como produtora de massa vegetal e como fixadora de nitrognio, (SALGADO et al, 1982). Wutke (1993) relata que a Crotalaria juncea pode fixar de 150 a 165 kg ha-1 ano-1 de nitrognio no solo, podendo chegar a 450 kg ha-1 ano-1 em certas ocasies, produzindo de 10 a 15 toneladas de matria seca correspondendo a 41 e 217 kg ha-1 de P2O5 e K20, respectivamente. Aos 130 dias de idade pode apresentar razes na profundidade de at 4,5m, sendo que 79% de seu peso se encontram nos primeiros 30 cm. Esse mesmo autor ressalta que nem sempre o rendimento de fitomassa est associado ao aumento de produes das culturas subseqentes. H evidncias de benefcios das excrees radiculares na sucesso Crotalria - cana-de-acar, e ainda, de efeitos alelopticos sobre a tiririca. Abboud & Duque (1995), estudando a caracterizao de leguminosas com potencial para adubao verde no perodo da seca, demonstraram que caso os agricultores queiram cortar o adubo verde no perodo da florao como comumente recomendado, possvel que se faam dois cortes antes do perodo da safra aumentando-se a produo de material orgnico produzido. Como a crotalria uma planta usada para prtica da adubao verde, no adotada pelo agricultor brasileiro que visa implantao de culturas rentveis. Portanto, como opo de renda extra, pode-se cultivar a crotalria para fins de produo de sementes, associando-se ainda adubao fosfatada e prtica de poda, para aumento dessa produo de sementes (DOURADO, et., al., 2001). A crotalaria juncea a espcie mais utilizada como adubo verde em reas de reforma de canavial ou de plantio da cana de ano e meio, pois suas sementes so de fcil obteno, no apresentam dormncia; tem crescimento rpido, o que lhe confere competitividade com as plantas daninhas; possui sistema radicular profundo e vigoroso, capaz de reciclar nutrientes; resistente a pragas e pouco atacada por doenas e, tambm fixa o nitrognio do ar atmosfrico (OLIVEIRA, et. al., 1998). Em estudo conduzido por Oliveira et al. (1998) com os adubos verdes; crotalaria juncea, feijo guandu, mucuna preta, mucuna cinza, lab-lab e milheto, verificou-se que a maior produo de biomassa seca foi a da crotalria, com valores da ordem de 15 t por hectare. A crotalaria juncea devido ao seu rpido ciclo de

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crescimento apresentou taxa mdia de acmulo de biomassa seca de 3,1 t por hectare por ms, sendo totalmente mecanizada, da semeadura colheita de sementes. Cceres & Alcarde (1995) avaliaram o potencial produtivo para adubao verde de sete leguminosas e, tambm, constataram que crotalaria juncea foi a mais produtiva, tendo acumulado 7,1 t de matria seca na parte area.

1.3 Seletividade de herbicidas A seletividade de herbicidas a base para o controle qumico de plantas daninhas na produo agrcola, sendo considerada uma medida de resposta diferencial de diversas espcies de plantas a um determinado herbicida. O efeito seletivo do herbicida , portanto, uma manifestao das complexas interaes entre uma planta, o herbicida e o ambiente no qual a planta se desenvolve (OLIVEIRA et al., 2001). Um herbicida seletivo aquele que muito mais txico para umas plantas do que para as outras dentro dos limites de: a) uma faixa especifica de doses; b) mtodo de aplicao e c) condies ambientais que precedem e sucedem a aplicao. Erros cometidos pelo usurio, tais como escolha imprpria do produto, poca de aplicao, dose ou equipamento, podem anular a diferena entre espcies tolerantes e susceptveis e ambas podem ser injuriadas, ocasionando perda da seletividade (OLIVEIRA et al., 2001). Os fatores que determinam a seletividade cultura da cana-de-acar, segundo Chistoffolet, et. al. (1994) so: grau de sensibilidade dos cultivares ao herbicida (morfolgicos, anatmicos, fisiolgicos e bioqumicos), propriedades fsicas e qumicas dos herbicidas (polaridade, solubilidade, volatilidade, dissociao e reatividade), condies ecolgicas reinantes (umidade do solo, orvalho, chuva, vento, temperatura e tipo de solo) e tcnicas de aplicao (posicionamento do herbicida e aplicao dirigida). Os estudos de seletividade dos herbicidas, normalmente so feitos em conjunto com a eficincia dos mesmos. Desta forma, h possibilidade de que os resultados de fitotoxicidade sejam confundidos devido interferncia de plantas daninhas, mascarando possveis efeitos negativos dos herbicidas sobre a produtividade da cultura (COSTA, 2001).

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2 MATERIAL E MTODOS O presente trabalho foi realizado no campo experimental do UNIVAG, municpio de Vrzea Grande MT, cujas coordenadas so

Latitude 153840,51S e Longitude 56604W, com altitude de 182m e solo muito arenoso (argila