seminário antropologias contemporâneas e fronteiras · 2018. 10. 11. · apresentação o...
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Seminário Antropologias
Contemporâneas e
Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018
Campo Grande, Mato Grosso do Sul
Brasil
Caderno de Resumos
Coordenadores Álvaro Banducci Júnior
Antonio Hilário Aguilera Urquiza
Comissão Científica Álvaro Banducci Júnior – UFMS
Antônio Carlos de Souza Lima – UFRJ/MN
Antonio Hilário Aguilera Urquiza - UFMS
Esmael Alves de Oliveira - UFGD
Guilherme Passamani - UFMS
Jacira Helena do Valle Pereira – UFMS
Jane Felipe Beltrão – UFPA
Ricardo Cruz - UFMS
Tiago Duque - UFMS
Victor Ferri Mauro – UFMS
Comissão Organizadora Aline Correia Antonini
Álvaro Banducci Júnior
Alyson Matheus de Souza
Andréa Lúcia Cavararo Rodrigues Antonio Hilário Aguilera Urquiza
Emilli Amarilha Faria
Juliana Barbosa Lima e Santos Toyama
Guilherme Passamani
Ivani Marques da Costa Grance
Josiane Emilia do Nascimento Wolfart
Patrik Adam Alves Pinto
Pâmella Rani Epifânio Soares
Ricardo Cruz
Tiago Duque
Victor Ferri Mauro
Realização Universidade Federal de Mato grosso do Sul - UFMS
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS/UFMS
Apoio Faculdade de Ciências Humanas - FACH
Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Esporte – PROECE - UFMS
Saberes Indígenas na Escola – Núcleo UFMS
Rede de Saberes - UCDB
Apresentação
O Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras busca se
consolidar dentro do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS),
recém-criado no ano de 2016 na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS),
como ferramenta de divulgação das pesquisas e produções realizadas no já referido
Programa. O evento tem como intenção a promoção do fortalecimento e da
democratização da formação acadêmica e, principalmente, da pesquisa no estado de
Mato Grosso do Sul. Pensando nisso, foi construída uma programação estruturada a
partir da contribuição de pesquisadores que são referências teóricas nacionais e
regionais para a Antropologia, partindo das temáticas de estudo das linhas de pesquisa
que compõem o PPGAS, sendo estas “Identidade, Cultura e Poder” e “Povos e
comunidades tradicionais, fluxos e fronteiras”, na medida em que as discussões
estabelecidas na programação do evento estão em diálogo direto com as produções das
respectivas áreas de atuação do corpo docente e discente. Deste modo, o Seminário
Antropologias Contemporâneas e Fronteiras busca ampliar o acesso às investigações
de ponta que estão sendo realizadas na área antropológica, sendo os pesquisadores
convidados figuras fundamentais na produção desse conhecimento.
Programação
DIA 17-10-2018 (quarta-feira)
Auditório SEDFOR/UFMS
Credenciamento: a partir das 16 h – em frente ao Auditório SEDFOR
18h30min. – Apresentação cultural
19h30min. – Mesa de autoridades
– Conferência de abertura – Auditório SEDFOR
Tema: “Com quem a Antropologia conversa?”: diálogos e trânsitos disciplinares
Palestrante: José Jorge de Carvalho (UnB)
Coordenação: Dr. Antônio Hilário Aguilera Urquiza (PPGAS/UFMS)
DIA 18-10-2018 (quinta-feira) 08h às 09h – Palestra 01 – Auditório FAALC/UFMS
Título: Experiências e trajetórias antropológicas – Sessão I
Palestrante: Dr. Esmael de Oliveira (UFRGS/UFGD)
Coordenação: Dr. Ricardo Cruz (PPGAS/UFMS)
09h às 09:30 – INTERVALO
09h30 às 11h30 – MESA 01 – Auditório FAALC/UFMS
Título: Múltiplos olhares sobre múltiplos mundos: religiosidades e cosmologias na
contemporaneidade
Palestrantes: Dr. Mário Teixeira de Sá Júnior (UFGD)
Dr. Antonio Carlos Seizer da Silva (UCDB)
Me. Saulo Conde Fernandes (NEIP; UFMS)
Mediador: Dr. Álvaro Banducci Júnior (UFMS/Coord. PPGAS)
12h – ALMOÇO
14h às 17h40min – APRESENTAÇÃO DOS GTs - Unidade VI e Unidade XIII– UFMS
18h – Atividade Cultural
DIA 19-10-2018 (sexta-feira) 08h às 09h – Palestra 02 – Auditório FAALC/UFMS
Título: Experiências e trajetórias antropológicas – Sessão II
Palestrante: Dra. Maria de Fátima Lima Santos (PIPGLA/UFRJ)
Coordenação: Dr. Tiago Duque (PPGAS/UFMS)
09h às 09:30 – INTERVALO
09h30 às 11h30 – MESA 02 – Auditório FAALC/UFMS
Título: Etnografias contemporâneas: mobilidades e tramas na cidade
Palestrantes: Dra. Taniele Rui (PPGAS/Unicamp)
Dra. Flávia Freire Dalmaso (NuCEC/UFRJ)
Mediador: Dr. Guilherme Passamani (UFMS)
12h – ALMOÇO
14h às 17h40min – APRESENTAÇÃO DOS GTs - Unidade VI e Unidade XIII– UFMS
19h – Festa de encerramento (local externo)
Apresentações artísticas: Música (ao vivo), Poesia e Teatro
Sumário GT1 - ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO: DIÁLOGOS NA CONTEMPORANEIDADE
................................................................................................................................................... 13
A escola como instituição disciplinadora ................................................................................... 14
Rafael Simões Galvão
A inserção de crianças indígenas em escola não indígena da rede municipal de Dourados ........ 14
Clotildes Martins Morais, Obonyo Meireles Guerra e Antônio Dari Ramos
Relato de experiência: a etnografia como construto na pesquisa em educação........................... 15
Dayana de Oliveira Arruda, Antônio Carlos do Nascimento Osório
Um relato de professores sobre o ensino da antropologia: educando para compreensão das
diferenças culturais..................................................................................................................... 15
Sara Santana Armoa da Silva e Weslem Gimenez dos Santos
Os contributos de geertz na construção de uma abordagem antropológica da autoridade na
educação judoística .................................................................................................................... 16
Aaron França Teófilo
(Des)colonizando a educação: uma análise etnográfica da educação escolar indígena em
Sidrolândia/MS .......................................................................................................................... 17
Ana Carolina Bezerra dos Santos e Jacira Helena do Valle Pereira Assis
GT 2 - ANTROPOLOGIA E METODOLOGIAS TRANSDISCIPLINARES:
REPENSANDO FRONTEIRAS EPISTEMOLÓGICAS...................................................... 18
Um encontro na mata – perspectivismo ameríndio como alternativa ao totemismo em
psicanálise .................................................................................................................................. 19
Alberto Warmling Candido da Silva
Olhar entre avistagens e visagens: diálogos e controvérsias de uma etnografia em campo
fluviomarítimo ........................................................................................................................... 19
Guilherme Antunes
O método micro analítico para a história de vida: contribuições para pesquisa de Tiago Marques
Aipobureu e a coleção etnográfica do Museu das Culturas Dom Bosco ..................................... 20
Carla Fabiana Costa Calarge
Afetos, identificações e relações de confiança na pesquisa sobre aborto .................................... 21
Gabriela Lauterbach
Espaços e territorialidades interdisciplinares: (re)pensar o futebol como convívio social entre
indígenas e não indígenas na região do pantanal sul .................................................................. 21
Felipe Gavioli Diniz, Edson Pereira de Souza e Icléia Albuquerque de Vargas
Contribuições do método etnográfico para a saúde coletiva e o avanço da política nacional de
humanização .............................................................................................................................. 22
Nicolle Pinho Mendonça Mascitelli
Antropologia e etnografia em uma pesquisa P&D ..................................................................... 23
Vinícius Cruz Pinto
GT 03 - ANTROPOLOGIA NOS CONTORNOS DO CORPO E DA SAÚDE ................... 24
Quando corpo, gênero e saúde se encontram: algumas reflexões sobre os itinerários terapêuticos
da infertilidade feminina no contexto moçambicano .................................................................. 25
Obonyo Meireles Guerra e Esmael Alves de Oliveira
Gênero e psicologia: um olhar sobre a saúde mental da mulher paranaibense ........................... 25
Milena Oliveira da Silva
A morte autoprovocada na visão das famílias terena da aldeia limão verde em Aquidauana – MS
................................................................................................................................................... 26
Josiane Emilia do Nascimento Wolfart e Antônio Hilário Aguilera Urquiza
Performance de corpos aprisionados: uma análise da representatividade de homens privados de
liberdade com HIV/AIDS ........................................................................................................... 27
Isabella Beatriz Gonçalves Lemes e Cássia Barbosa Reis
Ação caritativa na antiga rodoviária de Campo Grande - MS: produção de corpos “saudáveis” e
agência da população em situação de rua ................................................................................... 27
Vladimir Eiji Kureda .................................................................................................................. 28
Gênero, patriarcado e significações imaginárias sociais na depressão pós-parto: um estudo de
casos a partir do referencial teórico de Cornelius Castoriadis e Piera Aulagnier ........................ 28
Keity Emanuela Araújo Vieira e David Victor-Emmanuel Tauro
Corporalidade: produção e reprodução da criança Kaiowá dentro da aldeia Laranjeira Ñanderu
................................................................................................................................................... 29
Jéssica Maciel de Souza, Antonio Hilario Aguilera Urquiza e Tania Milene Nugoli Moraes
Entre linhas e tramas: uma etnografia sobre as narrativas de indígenas Guarani e Kaiowá em
seus itinerários pelas redes do SUS ............................................................................................ 29
Jéssica Camile Felipe Tivirolli e Esmael Alves de Oliveira
GT 06 - GÊNERO, FRONTEIRAS E (I)MOBILIDADES: REFLEXÕES
ETNOGRÁFICAS SOBRE LIMITES E ATRAVESSAMENTOS ...................................... 31
A produção brasileira sobre prostituição masculina: um mapeamento inicial do campo ............ 32
Tatiana Bezerra de Oliveira Lopes e Guilherme Rodrigues Passamani
Estratégias de (in)visibilidade: uma etnografia-online da sala de bate papo uol sobre gênero e
sexualidade na fronteira Brasil-Bolívia ...................................................................................... 32
Carla Cristina de Souza e Tiago Duque
Cômodos que falam: uma reflexão antropológica sobre gênero e arquitetura ............................ 33
Hugo Costa Gripa
Tráfico de adolescentes para fins de exploração sexual na cidade fronteiriça de Ponta Porã/MS
................................................................................................................................................... 33
Emilli Amarilha Faria e Jacira Helena do Valle Pereira Assis
“Eu sou brasitiano”: mapeando redes, trajetórias e negociações de haitianos/as em Campo
Grande – MS .............................................................................................................................. 34
Aline Correia Antonini e Esmael Alves de Oliveira
Fronteiras do estado, fronteiras do cuidado: notas sobre cidadania, hiv e política na fronteira
brasil-peru.....................................................................................................................................35
Thiago de Lima Oliveira
GT 08 - IMPACTOS DE INTERVENÇÕES DO ESTADO SOBRE POPULAÇÕES
INDÍGENAS ............................................................................................................................. 36
A “cultura” do índio: crítica antropológica da noção de “cultura” indígena no Superior Tribunal
de Justiça .................................................................................................................................... 37
Caio Ferrari de Castro Melo
Os Terena de Mato Grosso do Sul e a carteirinha da funai: de signo material da tutela à
ressignificação ............................................................................................................................ 37
Patrik Adam Alves Pinto
Território e cárcere: o encarceramento Kaiowá e Guarani na região de Dourados - MS e a luta
pelo tekohá ................................................................................................................................. 38
Raphael de Almeida Silva e Antonio Hilario Aguilera Urquiza
Participação de terenas na resistência à emancipação da tutela nos governos Geisel e Figueiredo
(1974-1985)................................................................................................................................ 38
Victor Ferri Mauro
GT 09 - LUTA E RESISTÊNCIA DOS POVOS INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO
SUL............................................................................................................................................ 40
VI Aty Kuñangue em perspectiva: corporalidades femininas na elaboração das narrativas das
mulheres Kaiowá e Guarani ....................................................................................................... 41
Aline Domingos Corrêa e Aline Castilho Crespe Lutti
Fotodocumentário: aldeia aldeinha, espaço de resistências eternizadas pela fotografia.............. 41
Lucas Afonso Serafim Domingues, Raylson Chaves Costa e Eduardo Perotto Biagi
Cosmologia Guarani X Cosmologia ocidental de expansão: o caso dos Guarani (Kaiowá) e
Guarani (Ñandeva) de Mato Grosso do Sul em situação de vulnerabilidade e resistência .......... 42
Rosalvo Ivarra Ortiz
Guyra Kambi’y: Uma metonímia Guarani Kaiowá .................................................................... 43
Giovanna Strengari Nanci Fluminhan
A gênese dos estados nacionais e sua relação com os povos tradicionais do Mato Grosso do Sul
................................................................................................................................................... 43
Marco Antônio Rodrigues, Andréa Lúcia Cavararo Rodrigues e Antonio H. Aguilera Urquiza
Ocupação de território tradicional do povo terena: fazenda Cristalina, município de Aquidauana
– MS........................................................................................................................................... 44
Gilson Tiago e Álvaro Banducci Júnior
Povos indígenas no brasil e o direito à resistência (o caso de Mato Grosso do Sul) ................... 45
Adriana de Oliveira Rocha
A criminalização da resistência Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul ............................... 45
Felipe Mattos Johnson, Marco Henrique Soares Pereira e Maria Angélica Chiang
Criança kaiowá: fazer-se criança na aldeia Laranjeira Ñanderu ................................................. 46
Jéssica Maciel de Souza e Tania Milene Nugoli Moraes
GT 11- PATRIMÔNIO CULTURAL E DIÁLOGOS HISTÓRICO-EDUCATIVOS ........ 48
Cultura material, etnografia e história: reflexões sobre o descarte de materiais históricos ......... 49
Alexsandro Nunes Benevides
Cultura e memória das idosas: utilização da memória no ensino de história regional ................ 49
Juliane Fávero da Silva e Jaqueline Aparecida Martins Zarbato
Ensino de história e educação patrimonial: mapeando os lugares de memória em Campo
Grande/MS a partir do Museu José Antônio Pereira .................................................................. 50
Jéssica Lima de Freitas e Jaqueline Aparecida Martins Zarbato
Museus, educação patrimonial e mulheres: análises sobre a representação cultural feminina nos
museus em Campo Grande/MS .................................................................................................. 51
Jaqueline Aparecida Martins Zarbato
O uso de imagens tridimensionais (3D) para a valorização do patrimônio arqueológico do sítio
templo dos pilares, Alcinópolis/MS ........................................................................................... 51
Thaiane Coral Fernandes Lima e Beatriz dos Santos Landa
GT 12 - POVOS TRADICIONAIS: PARENTESCO, TERRITÓRIO, SAÚDE E
SOCIEDADE ............................................................................................................................ 53
A incidência da violência contra as mulheres kaiowá e guarani: a falta de políticas públicas de
atendimento aos direitos de demarcação do tekoha na aldeia Laranjeira Ñanderu, rio
Brilhante/MS .............................................................................................................................. 54
Carolina Palhares e José Paulo Gutierrez
A importância da educação ambiental para Campo Grande (MS): projeto P.A.I.S. na escola
agrícola....................................................................................................................................... 54
Marcelo Augusto Ferreira, Felipe Gavioli Diniz e Edson Pereira de Souza
Assassinatos indiretos: reflexões sobre os suicídios indígenas no estado de Mato Grosso do Sul
na região do pantanal sul ............................................................................................................ 55
Fernando de Mattos Menezes, Edson Pereira de Souza e Icléia Albuquerque de Vargas
A relação entre sustentabilidade, conhecimento tradicional e território para o povo Guarani .... 56
Thais Almeida Cariri e Antonio Hilário Aguilera Urquiza
Povo Guarani e território: uma relação com as práticas de trabalho escravo .............................. 57
Camila Assad Catelan e Antônio Hilário Aguilera Urquiza
Oguata Guasu: grande caminhada dos Kaiowá .......................................................................... 57
Andréa Lúcia Cavararo Rodrigues, Sônia Rocha Lucas e Antônio Hilário Aguilera Urquiza
Três anos de lama, séculos de luta: a mobilização social das comunidades tradicionais no
extremo litoral norte do Espírito Santo frente ao crime da SAMARCO/VALE/BHP................. 58
Arthur Augusto Silva Santos
O preconceito com raízes históricas ........................................................................................... 59
Pedro Ramão Rojas Coronel
Paisagens e (des)continuidades: o incremento do turismo e a configuração de uma arena de
conflito no parque nacional dos lençóis maranhenses ................................................................ 59
Benedita de Cássia Ferreira Costa
GT 13 - PROIBIÇÕES E RESISTÊNCIAS ........................................................................... 61
Aborto autônomo, feminista e acompanhado: redes feministas de acompanhamento às mulheres
que abortam ................................................................................................................................ 62
Gabriela Lauterbach
A áfrica e sua contribuição rítmica para a música brasileira ....................................................... 62
Luiz Carlos Santana
Feminismos antiproibicionistas no Brasil ................................................................................... 63
Greciane Martins de Oliveira e Nathalia Eberhardt Ziolkowski
Vai ter “shortinho” sim! A importância e os reflexos de se discutir o movimento feminista e a
igualdade de gênero no ambiente escolar ................................................................................... 63
Sara Santana Armoa da Silva
GT 14 - RELIGIÕES, RELIGIOSIDADES, FESTAS E CELEBRAÇÕES ........................ 65
A procissão à São Pedro: o ritual e seus percursos indefinidos em Boa Vista, Roraima ............ 66
Cristiane Bade
Doutrinas em movimento: um bailado entre Santo Daime e o Rastafari .................................... 66
João Otávio Duarte Farias
Café da manhã com São João. Rituais e comensalidade no aniversário do santo ....................... 67
Camila Assad Catelan e Luciana Gomes
As singularidades do banho de São João em Ladário/MS. ......................................................... 67
Danilo Cezar de Jesus Santos e Álvaro Banducci Júnior
As reciprocidades da festa de São Sebastião entre os terena da aldeia Buriti ............................. 68
Rafael Allen Gonçalves Barboza e Graziele Acçolini
Comércio e devoção: a venda e as oferendas de alasitas nos pedidos à virgem de Urkupiña no
Calvário, em Puerto Quijarro (BO) ............................................................................................ 68
Alyson Matheus de Souza e Álvaro Banducci Júnior
A fé em festa: a compreensão do banho de São João pela imagem ............................................ 69
Talita Thomazini Carvalho
Povo da rua: os territórios das entidades Exu e Pomba Gira na umbanda .................................. 70
Gesliane Sara Vieira Chaves
“Por uma nuvem ele veio e por uma nuvem voltou”: sinhozinho patrimônio cultural de Mato
Grosso do Sul ............................................................................................................................. 70
Edivânia Freitas de Jesús e Douglas de Oliveira Nobre
Meu pai xangô para além de São João Batista sincretismo e tempo religioso nas festas juninas
de Corumbá MS ......................................................................................................................... 71
Mario Teixeira de Sá Junior
GT16 - TRABALHO, CONSUMO E SIGNIFICADO NUM MUNDO EM
TRANSFORMAÇÃO .............................................................................................................. 72
Globalização e gourmetização: a gastronomia de Belém do Pará ............................................... 73
Guilherme Bemerguy Chêne Neto e Renata Medeiros Paoliello
Os novos rumos da moda em Campo Grande-MS (2016-2018) os coletivos criativos de moda e
as transformações no mundo do trabalho ................................................................................... 73
Ivani M. C. Grance e Ricardo L. Cruz
“A gente não quer só comida, a gente a gente quer comida, diversão e arte”: uma análise dos
rolezinhos como contestação da segregação socioespacial ......................................................... 74
Nátali Bozzano Nunes e Davide Giacobbo Scavo
“Uma feira mais limpinha”......................................................................................................... 75
Juliana Barbosa Lima e Santos Toyama
A moda e as redes sociais: a complexidade da sociedade do consumo ....................................... 75
Ranielly Silva Leite
Conselheiro regionais de planejamento urbano: voluntários trabalhando pelo bem comum ....... 76
Liliana Simionatto e David Victor-Emmanuel Tauro
Produção agrícola para autoconsumo e “comércio justo”. Agroecologia nas pampa da
Argentina, à margem do agronegocio ......................................................................................... 76
Romina Cravero
GT1 Antropologia e Educação:
diálogos na
contemporaneidade
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 14
A ESCOLA COMO INSTITUIÇÃO DISCIPLINADORA
Rafael Simões Galvão
Neste artigo pretendemos problematizar a temática da escola como instituição social.
Tomaremos como ponto de partida algumas noções gerais sobre o papel da escola, para,
em seguida, refletirmos sobre os sentidos do papel da escola segundo alguns autores
importantes das Ciências Sociais (Durkheim, Marx e Foucault). A partir de uma
problematização inicial, iremos contrapor perspectivas que enfatizam o papel
emancipador e democrático da educação (escola) e contrapor com outras abordagens
que refletem a respeito das caraterísticas disciplinadoras dos dispositivos escolares. Para
desenvolver essa investigação iremos privilegiar uma leitura direta dos autores
escolhidos e, ao final do artigo, pretende-se apresentar uma compreensão mais
aprofundada da instituição social escola.
Palavras-chave: Escola, Michel Foucault, Poder, Panóptico.
A INSERÇÃO DE CRIANÇAS INDÍGENAS EM ESCOLA NÃO INDÍGENA DA
REDE MUNICIPAL DE DOURADOS
Clotildes Martins Morais
Obonyo Meireles Guerra
Antônio Dari Ramos
Neste artigo pretende-se um diálogo sobre os desafios que a escola pública enfrenta para
implementação das diferentes práticas educacionais para assegurar o respeito as
diferenças culturais demandadas pelos alunos no cotidiano escolar. Busca-se evidenciar
como as relações dos alunos indígenas se estabelecem com os alunos não indígenas e
com todo o contexto escolar. Propomos também algumas reflexões sobre como as
escolas tem trabalhado as questões relacionadas a essa interculturalidade. Partimos de
algumas experiências práticas, vivenciadas em contextos escolares, bem como, das
discussões antropológicas de diferentes autores sobre a temática pesquisada. Neste
sentido, propomos reflexões sobre em que medida a educação escolar pública, reitera ou
não, a diversidade étnica cultural que são garantidas pela legislação educacional
brasileira. Para tais discussões nos embasamos nas práticas pedagógicas de algumas
escolas da Rede Municipal de Ensino da cidade de Dourados-MS.
Palavras-chave: Crianças Indígenas, Escolarização, Interculturalidade.
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 15
RELATO DE EXPERIÊNCIA: A ETNOGRAFIA COMO CONSTRUTO NA
PESQUISA EM EDUCAÇÃO
Dayana de Oliveira Arruda
Antônio Carlos do Nascimento Osório
O texto apresenta parte do relato de experiência de uma pesquisa no campo da educação
concluída, no que concerne a efeitos de arranjos teóricos e metodológicos constituídos
em processos pelos referenciais Foucaultianos, cujas aproximações in loco decorreram
na explicitação da etnografia enquanto movimento operativo e dinâmico, que facultou o
construto de métodos, técnicas, procedimentos e recursos. Nesta conjuntura,
problematizamos práticas efetivas e discursos no Projeto “Travessia Educacional do
Jovem Estudante Campo-grandense”, estratégia de escolarização, em nível de ensino
fundamental, direcionado aos jovens de 15 a 17 anos, transversal à educação de jovens e
adultos, com exercícios singulares – operacionalizado na Rede Municipal de Ensino de
Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul, na instituição Escola Osvaldo Cruz.
Os desdobramentos de caráter empírico-analíticos da pesquisa foram articulados às
possibilidades etnográficas de levantamentos e acessos ao campo e aos sujeitos, bem
como às fontes como documentos institucionais, dados, informações e uma gama de
(outros) achados, oportunizados, sobretudo pela observação, registos em caderno de
campo e entrevistas exploratórias. Enquanto um empenho de uma problematização que
se configurou, oportunizou e sinalizou diferentes olhares e interfaces a um exercício
institucional-escolar em sua engrenagem, alinhavado de forma relacional, considerando
para além de descrições fidedignas de suas relações, circunstâncias e possibilidades,
enfoques e sentidos intrínsecos ao campo de estudos como uma ortopedia pedagógica
de uma realidade, suas características sociais, individuais, intersubjetivas, políticas,
culturais e de poder, condições e premissas básicas do fazer etnográfico, apropriado pela
pesquisa em educação, como um saber que ainda deve ser aprofundado.
Palavras-chave: Método, Etnografia, Pesquisa, Educação.
UM RELATO DE PROFESSORES SOBRE O ENSINO DA ANTROPOLOGIA:
EDUCANDO PARA COMPREENSÃO DAS DIFERENÇAS CULTURAIS
Sara Santana Armoa da Silva
Weslem Gimenez dos Santos
Este trabalho irá apresentar um relato de professores de Sociologia e Filosofia
descrevendo e analisando como se caracteriza o ensino de Antropologia em algumas
escolas, de ensino médio, da rede estadual de ensino em Campo Grande, Mato Grosso
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 16
do Sul. A tarefa mais basilar a que a antropologia se propõe é compreender os diferentes
hábitos culturais de cada povo e o que as diversas culturas nomeiam por “pessoa”. O
exercício de olhar os hábitos “do outro” é de fundamental importância para rompermos
com preconceitos existentes em nossa sociedade, formando alunos com um olhar mais
compreensível e respeitoso às diferenças. Além disso, uma das questões
epistemológicas mais importantes de se lidar no ensino das Ciências Sociais é
desconstruir o pensamento eurocêntrico que estão pré-colocados nos currículos e livros
didáticos, buscando mostrar que a história é construída por diversos povos e etnias.
Assim, a partir do movimento dialético e de contradições, educar promovendo o
respeito e a compreensão das diferentes culturas, é uma maneira de possibilitar a
existência de estudantes críticos que respeitam o outro e compreendem as diferenças
culturais existentes na sociedade.
Palavras-chave: Educação, Antropologia, Ensino de Sociologia, Ensino de Filosofia.
OS CONTRIBUTOS DE GEERTZ NA CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM
ANTROPOLÓGICA DA AUTORIDADE NA EDUCAÇÃO JUDOÍSTICA
Aaron França Teófilo
O objetivo do trabalho é delinearmos as implicações de lançarmos mão das
contribuições legadas por Clifford Geertz em uma abordagem antropológica das
relações de autoridade no ensino e aprendizado do Judô – modalidade de luta
originariamente japonesa, cuja prática esportiva e educativa é bastante prestigiada no
território nacional brasileiro, desde a segunda metade do século XX. Realizamos a
aproximação aos contributos antropológicos fornecidos por Geertz mediante uma
revisão bibliográfica concentrada nas obras “A interpretação das culturas” e “Nova luz
sobre a antropologia”. Em conclusão, destacamos que optar pelas balizas da
Antropologia Interpretativa geertziana no estudo da questão da autoridade na educação
judoística, pressupõe, fundamentalmente, o trabalho de campo etnográfico para o
recolhimento dos dados, especialmente no que diz respeito à observação participante; o
emprego do conceito semiótico de cultura; e a noção de que o pesquisador é um
intérprete de segunda ou terceira mão da teia de significados entretecida em primeira
mão pelos/as interlocutores/as na pesquisa. A partir destes princípios geertzianos,
delimitamos o trabalho de campo, precisamente, entre os senseis (“educadores”) e
aprendizes na Associação de Judô de Bastos, no interior do Estado de São Paulo. E por
meio da “observação participante” tentaremos, então, interpretar os significados que
carregam as ações dos agentes judoísticos com os quais trabalharemos em campo, a fim
de compreender a legitimação (ou a desautorização) pelos aprendizes, da autoridade do
sensei. Deste modo, pretendemos contribuir com a redução da carência de pesquisas no
campo da Educação acerca dos fenômenos educativos concernentes à “cultura” do Judô.
Palavras-chave: Educação, Autoridade, Judô, Etnografia, Clifford Geertz.
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 17
(DES)COLONIZANDO A EDUCAÇÃO: UMA ANÁLISE ETNOGRÁFICA DA
EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA EM SIDROLÂNDIA/MS
Ana Carolina Bezerra dos Santos
Jacira Helena do Valle Pereira Assis
Este artigo faz parte da pesquisa de mestrado em Antropologia Cultural
(PPGAS/UFMS) intitulado O papel do professor Terena e sua pedagogia indígena na
formação socio-cultural dos alunos aldeia urbana no município de Sidrolândia/MS,
realizada através da pesquisa de cunho etnográfico com os professores indígenas da
escola da comunidade. Busca discutir o processo de descolonização que a educação
escolar indígena vem passando, mostrando assim a importância de uma educação
escolar indígena que atenda aos quatro eixos centrais: específica, diferenciada, bilíngue
e comunitária, pensando assim através do processo da interculturalidade tentando
romper com um sistema colonizador, homogenizante e etnocêntrico que perdura até os
dias atuais.
Palavra-Chave: Interculturalidade; Descolonização; Educação escolar indígena.
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 18
GT 2 Antropologia e Metodologias
transdisciplinares:
repensando fronteiras
epistemológicas
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 19
UM ENCONTRO NA MATA – PERSPECTIVISMO AMERÍNDIO COMO
ALTERNATIVA AO TOTEMISMO EM PSICANÁLISE
Alberto Warmling Candido da Silva
É conhecida e sempre retomada a afirmação de Lacan de o inconsciente estruturado pela
linguagem. Desse axioma se pode decorrer, por um lado, o contexto de aproximação do
ensino lacaniano ao estruturalismo, vindouro nos anos sessenta na França, bem como
envolver a psicanálise a uma ontologia discursiva. Se por um lado a montagem da teoria
lacaniana passaria pela implicação da estrutura como figura da ciência, pelo menos se
falamos em seu primeiro ensino, por outro podemos dizer que essa apropriação recebe
críticas provenientes de outras áreas, em que vale citar a crítica derridiana a certo
falocentrismo ou o etnocentrismo do ponto de vista da teoria pós-colonial. Dessa forma,
atento a essas considerações, seguindo o ensejo da pesquisa de Dunker (2015) “Mal-
Estar, Sofrimento e Sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros” propõe-se uma
visada crítica ao modo como a distinção natureza versus cultura se manifesta na teoria
psicanalítica a partir da apropriação do estruturalismo, em especial apontando as
implicações da centralidade da estrutura neurótica em sua racionalidade diagnóstica.
Nesse sentido, como operador crítico dessa pesquisa, o conceito de perspectivismo
ameríndio do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro será utilizado. Bem como dar
dignidade à cosmologia ameríndia, que preconiza por uma ontologia variável e
epistemologia constante tentaremos apontar que o conceito é fortuito como forma de
rever os modos de alienação e espaços de indeterminação na teoria do sujeito em Lacan.
Palavras-chave: Estruturalismo, Perspectivismo Ameríndio, Psicanálise.
OLHAR ENTRE AVISTAGENS E VISAGENS: DIÁLOGOS E
CONTROVÉRSIAS DE UMA ETNOGRAFIA EM CAMPO LUVIOMARÍTIMO
Guilherme Antunes
A partir de pesquisa em áreas ribeirinhas amazônicas (do litoral paraense à bacia
rionegrina) acerca das interações humanas com a fauna aquática em suas práticas
extrativistas na pesca, propõe-se discutir também as interações pontuadas por conflitos
metodológicos e dificuldades operacionais resultantes de uma etnografia compartilhada
por olhares e paradigmas diversos: num ambiente fluviomarítimo, além da presença do
ponto de vista nativo, também operam metodologias e técnicas de observação de outros
campos científicos. Eventuais diferenças de ordem metodológica – a saber, entre
antropólogos e biólogos, como nas estratégias de abordagem de dados e na validade de
certas terminologias (“percepção”, “predação”, “preservação” etc.) – denotam aqui
alguns pontos de disputas epistêmicas. Por outro lado, tais empreendimentos científicos
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 20
se fazem necessariamente à luz dos modos de vida locais, seus saberes e práticas,
podendo resultar em eventuais conflitos ontológicos. Encontrando-se o extrativismo
pesqueiro e a agenda da conservação ambiental no limiar das interações entre
pescadores e pesquisadores de áreas diversas, o olhar etnográfico se depara, assim, tanto
com “avistagens” (parte do trabalho de monitoramento empenhado por biólogos),
quanto com “visagens” (denominação de moradores locais a eventuais seres ou fatos
sobrenaturais), além da atuação de órgãos de fiscalização. Enseja-se, assim, pensar
também as biopolíticas exercidas por tais órgãos diante de práticas extrativistas locais (e
nem sempre sustentáveis), além de discutir as eventuais possibilidades – e necessidades
– de diálogos interdisciplinares que levem em conta as práticas e saberes locais como
fatores fundamentais (e não meros empecilhos) aos paradigmas de conservação e
sustentabilidade.
Palavras-chave: Amazônia; Antropologia ecológica; Conservação e práticas
tradicionais; Pesca artesanal; Relações humano-animal.
O MÉTODO MICRO ANALÍTICO PARA A HISTÓRIA DE VIDA:
CONTRIBUIÇÕES PARA PESQUISA DE TIAGO MARQUES AIPOBUREU E
A COLEÇÃO ETNOGRÁFICA DO MUSEU DAS CULTURAS DOM BOSCO
Carla Fabiana Costa Calarge
As reflexões aqui apresentadas partem da proposta de pesquisa de doutorado da autora
que tem como objetivo analisar o papel e o legado de Tiago Marques Aipobureu (1989?
– 1958), um indígena bororo que foi tomado como referência na antropologia para a
construção do conceito de marginalidade identitária. O que temos hoje sobre Tiago
Marques Aipobureu é uma construção acadêmica sobre um indivíduo que se tornou um
estereótipo do “índio marginalizado” e que, viveu outros capítulos de sua história que
não podem ser resumidos aos seus momentos de reinserção no modo de vida tradicional
e amadurecimento enquanto sujeito. A documentação etnográfica disponível no acervo
do Museu das Culturas Dom Bosco (MCDB), a Enciclopédia Bororo e outras fontes
documentais indicam um caminho diverso para esse sujeito que é apontado como um
importante colaborador na construção e documentação da coleção etnográfica Bororo e
como interlocutor entre os indígenas e salesianos, entre outros. Para o desenvolvimento
da pesquisa, a metodologia da chamada micro-história e da prosopografia tem se
evidenciado como caminhos interessantes de investigação, possibilitando o diálogo
entre antropologia e da história. O contexto em que se insere o sujeito de pesquisa e
seus interlocutores, principalmente salesianos, permitem delimitar um universo micro-
analítico, possibilitando refletir sobre trajetórias individuais e os contextos em que estão
inseridos.
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Palavras-chave: Micro-análise histórica; História de vida; Povo bororo; Museu;
Coleções etnográficas.
AFETOS, IDENTIFICAÇÕES E RELAÇÕES DE CONFIANÇA NA PESQUISA
SOBRE ABORTO
Gabriela Lauterbach
Alguns obstáculos no fazer da pesquisa sobre aborto são frequentemente mencionados
em trabalhos sobre o tema. Entre eles, o medo da denúncia, do processo, da condenação
e os estigmas em torno da prática muitas vezes impedem que as mulheres compartilhem
suas experiências de abortamento. Ao mesmo tempo em que a prática é marcada pelo
tabu e pelo silêncio, pesquisas evidenciam que 45% da população brasileira conhece
uma mulher que já viveu um aborto, sendo que 52% destas pessoas são mulheres; outras
revelam que as mulheres que abortam compartilham suas experiências entre si e
auxiliam umas às outras em seus itinerários abortivos, dados que demonstram algumas
contradições existentes nesse universo. Antropólogas afirmam há certo tempo que
determinadas formas de aproximação, afetos, especificidades e subjetividades das
relações estabelecidas entre pesquisadores/as e interlocutores/as são aspectos centrais da
pesquisa antropológica e, no caso específico das pesquisas sobre aborto, podem
contribuir para a construção de relações de confiança e manifestação de subjetividades
não expostas em contatos mais formais. Além disso, considerando o feminismo como
campo político e epistêmico no qual suas práticas políticas e teóricas comumente visam
a transformação social e a partir do dado de que as pesquisadoras do tema são
majoritariamente mulheres,
demonstrando possivelmente suas próprias implicações enquanto mulheres em um
debate
historicamente tão relevante, buscarei fazer um diálogo entre o método etnográfico de
uma antropologia engajada e feminista e as pesquisas sobre aborto, objetivando
contribuir para construções orgânicas de novos olhares sobre o campo.
Palavras-chave: Antropologia, Etnografia, Epistemologia feminista, Subjetividades,
Aborto.
ESPAÇOS E TERRITORIALIDADES INTERDISCIPLINARES: (RE)PENSAR
O FUTEBOL COMO CONVÍVIO SOCIAL ENTRE INDÍGENAS E NÃO
INDÍGENAS NA REGIÃO DO PANTANAL SUL
Felipe Gavioli Diniz
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Edson Pereira de Souza
Icléia Albuquerque de Vargas
O futebol é um esporte que oportuniza interações socioespaciais. Sendo assim,
questiona-se: De que maneira o futebol contribui no convívio social entre indígenas e
não indígenas nas escolas da Região do Pantanal Sul? Com isso, a presente pesquisa
tem como objetivo geral identificar as territorialidades oportunizadas pelo futebol entre
indígenas e não indígenas nas escolas da região do Pantanal Sul. Metodologicamente,
trata-se de uma pesquisa qualitativa, reportando-se a materiais bibliográficos e visitas in
loco, com o exercício do desenvolvimento de técnicas de observação e realização de
entrevistas semiestruturadas informais. Desta maneira esta pesquisa observa às
dinâmicas socioespaciais do futebol no cenário escolar nos espaços de ensino e lazer das
escolas em territórios indígenas. Ademais, o futebol entre indígenas e não indígenas,
nos ambientes escolares contribui na construção de um novo espaço etnocultural sendo
este interno e externo à sala de aula, e com isso pode auxiliar nas dinâmicas
socioespaciais entre indígenas e não indígenas, além de oportunizar novas formas no
processo de ensino-aprendizagem nos bancos escolares. Acrescenta-se a esta pesquisa
que leituras sobre o futebol possibilitará enxergar as mudanças que podem ocorrer nas
relações socioculturais entre indígenas e não indígenas, e como isso pode dinamizar as
relações de convívio social afetando diretamente as fronteiras etnoculturais ali
presentes. Portanto, pensa-se, de forma simples e complexa, que a prática do futebol em
terras indígenas também possa ser vivido pelos professores das escolas para que
trabalhem as possibilidades de interação e convívio social de forma interdisciplinar por
meio da modalidade esportiva: o futebol.
Palavras-chave: Espaço, Futebol, Pantanal Sul, Terena, Territorialidades.
CONTRIBUIÇÕES DO MÉTODO ETNOGRÁFICO PARA A SAÚDE
COLETIVA E O AVANÇO DA POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO
Nicolle Pinho Mendonça Mascitelli
Este trabalho propõe uma discussão acerca da relevância do método etnográfico para a
Saúde Coletiva e sua contribuição para o avanço da Política Nacional de Humanização,
tomando como ponto de partida trabalhos publicados entre os anos de 2016 e 2018.
Sendo a Saúde Coletiva, composta por uma complexa rede que envolve políticas
públicas, tradições e impasses entre os diversos saberes, muitos são os entraves para
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intervir no campo de maneira mais efetiva e fazer valer os princípios da humanização,
uma vez que há ainda muita discrepância entre as ditas “boas práticas” em saúde,
apregoadas pelos órgãos oficiais e o cotidiano da prática clínica, onde a tradição e o
saber empírico se sobrepõe aos princípios da Medicina Baseada em Evidências (MBE).
Tendo em vista este cenário, o método etnográfico se impõe como estratégia de
pesquisa que, ao propor conhecer o campo em “primeira pessoa”, propicia um olhar
diferenciado, capaz de produzir possibilidades de intervenção para além dos protocolos
e cartilhas do Ministério da Saúde, diminuindo assim a distância entre o real e o
prescrito nas práticas de cuidado.
Palavras-chave: Saúde Coletiva, Humanização, Método Etnográfico.
ANTROPOLOGIA E ETNOGRAFIA EM UMA PESQUISA P&D
Vinícius Cruz Pinto
Este artigo busca refletir sobre a forma que a Antropologia pôde ser pensada e aplicada
em um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) que teve diversos outros
pesquisadores de diferentes áreas, tendo sido uma metodologia “multimétodos” para se
compreender o fenômeno social do furto de energia desconstruindo a associação entre
pobreza e o furto. Para este projeto que contou com uma equipe multidisciplinar foram
utilizados alguns métodos de pesquisa como grupos focais, entrevistas semiestruturadas,
banco de dados da empresa de energia ENEL S.A. e um questionário de vitimização
empresarial. De maneira geral, os métodos consagrados hoje na Antropologia (trabalho
de campo e descrição densa) não foram utilizados tanto para se compreender a
perspectiva de funcionários tanto dos moradores, porém, é possível a meu ver, devido
ao volume de dados produzir um tese em Antropologia, e a partir daí fazer uma breve
discussão crítica sobre a associação da Antropologia com sua forma de produzir
conhecimento fazendo uma discussão bibliográfica sobre os métodos e escolas
antropológicas.
Palavras-chave: Furto de energia; Projeto P&D; Discussão metodológica;
Antropologia.
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GT 03 Antropologia nos contornos
do corpo e da saúde
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QUANDO CORPO, GÊNERO E SAÚDE SE ENCONTRAM: ALGUMAS
REFLEXÕES SOBRE OS ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS DA
INFERTILIDADE FEMININA NO CONTEXTO MOÇAMBICANO
Obonyo Meireles Guerra
Esmael Alves de Oliveira
Este artigo visa analisar os aspectos socioculturais dos Itinerários terapêuticos da
Infertilidade feminina na Medicina Tradicional Moçambicana e seus impactos nas
histórias de vida das mulheres que a vivenciam. Busca-se pensar de que modo tanto a
infertilidade quanto a condição feminina, são significadas pela lógica da medicina
tradicional. Os estudos antropológicos sobre os itinerários terapêuticos demonstram que
a construção das diferentes formas de cuidado com a saúde não podem estar
desvinculadas de uma análise ampla sobre as noções de corpo, saúde, doença, ciência e
outros aspectos e marcadores que complexificam tal debate. Estes estudos têm apontado
como os diferentes sujeitos, bem como instituições, encontram diferentes maneiras de
resolver as questões relacionadas à saúde. No caso das sociedades contemporâneas, esse
cenário torna-se ainda mais desafiante à medida que está atravessado por diversos
saberes, poderes, fazeres. Assim, se de um lado, os indivíduos se deparam com maiores
possibilidades de escolha e de ação, uma vez que encontram à sua disposição uma
ampla gama de serviços terapêuticos e saberes que os justificam, por outro também
encontramos uma série de concepções e de práticas que continuam a reiterar as
dicotomias e essencialismos na sua forma de compreender e intervir sobre as questões
relacionadas seja ao corpo seja à saúde - na qual o gênero torna-se um (dentre outros)
marcador importante. Portanto, este artigo ao buscar analisar os aspetos socioculturais
dos itinerários terapêuticos com relação à infertilidade feminina, busca tanto voltar um
olhar sobre os possíveis recursos oferecidos pela medicina tradicional ao seu tratamento,
quanto sobre o modo como as mulheres classificadas como “inférteis” agenciam essa
condição.
Palavras-chave: Itinerários Terapêuticos, Infertilidade Feminina, Medicina
Tradicional.
GÊNERO E PSICOLOGIA: UM OLHAR SOBRE A SAÚDE MENTAL DA
MULHER PARANAIBENSE
Milena Oliveira da Silva
Este trabalho busca compreender os itinerários terapêuticos dos processos de cura,
desenvolvidos em experiências individuais de saúde e doença, nas instituições públicas
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e privadas de saúde que oferecem atendimento psicológico às mulheres do município de
Paranaíba/MS. Especificamente, atentaremos para as biopolíticas ligadas ao campo da
saúde, seja na construção de saberes, seja na de práticas, orientadas ao gênero, neste
local. À princípio, estabelecemos as seguintes perguntas: como os métodos utilizados
pela/os psicologia/psicólogos abordam a saúde/doença da mulher, como a mulher em
tratamento médico compreende tal processo e, por fim, como o meio social reflete
acerca da saúde mental da mulher em processo de tratamento. A fim de respondermos a
tais questões utilizaremos o método de entrevista, observação e a revisão bibliográfica,
nas áreas de antropologia da saúde e de psicologia e gênero como metodologia.
Justificamos esta pesquisa devido à inexistência de trabalhos acadêmicos em ciências
sociais na área da antropologia da saúde no município supracitado, à uma demanda de
estudos sobre o impacto do curso de Psicologia da UFMS nesta cidade, bem como por
conta de o gênero ser entendido como tecnologia ou forma de regulação que possibilita
a análise das representações morais, normas e subjetividades postas em jogo no
cotidiano institucional.
Palavras-chave: Opressão; Objetificação; Gênero; Saúde mental.
A MORTE AUTOPROVOCADA NA VISÃO DAS FAMÍLIAS TERENA DA
ALDEIA LIMÃO VERDE EM AQUIDAUANA – MS
Josiane Emilia do Nascimento Wolfart
Antônio Hilário Aguilera Urquiza
O objetivo desta pesquisa consiste em analisar o discurso simbólico e a representação
social da morte autoprovocada (suicídio) entre os Terena da Aldeia Limão Verde, do
município de Aquidauana/MS. A aproximação inicial com o campo se dará por
intermédio das professoras indígenas, da Ação Saberes Indígenas na Escola. Inserindo-
se aos poucos no campo para formar vínculos e apresentar a proposta de pesquisa à
comunidade indígena e aproximação sucessiva com as famílias das vítimas de morte
autoprovocada. Realizar escuta dos familiares, professoras/es e anciãos, assim como,
explorar, o discurso religioso no imaginário social destes sujeitos, sobre este tema. Será
apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com o objetivo de zelar
pelo sigilo dos depoimentos dos pesquisados. O trabalho de campo será desenvolvido a
partir da etnografia, baseado em procedimentos como, a observação participante,
aproximação com a comunidade, entrevistas semiestruturadas com as famílias das
vítimas e com as professoras. Serão realizadas outras técnicas, como o levantamento de
história de vida das/os jovens vítimas da morte autoprovocada, como também, outros
jovens da comunidade, participação em atividades do grupo e registro em Diário de
Campo. A partir do material levantado em trabalho de campo, realizar o diálogo com os
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teóricos da etnologia que estudaram o tema da morte autoprovocada entre os povos
indígenas. Estudos que irão auxiliar as atividades de campo, durante as entrevistas com
os pesquisados como também, na construção da escrita etnográfica, trazendo
problematizações e elucidações sobre o tema.
Palavras-chave: Morte autoprovocada; Terena; Representação Social.
PERFORMANCE DE CORPOS APRISIONADOS: UMA ANÁLISE DA
REPRESENTATIVIDADE DE HOMENS PRIVADOS DE LIBERDADE COM
HIV/AIDS
Isabella Beatriz Gonçalves Lemes
Cássia Barbosa Reis
Introdução: O corpo do homem, arraigado culturalmente sob a óptica da “masculinidade
hegemônica” se torna supostamente mais vulnerável às influencias do ambiente
carcerário, sobe performance de comportamentos, que ora produzem e ora reforçam as
suas necessidades de adaptação. Sob esta análise busca-se encontrar os efeitos
significativos, que tangem não apenas a reprodução de uma dublagem da unidade
prisional como máquina que reproduz delinquência e ilegalidade, mas retratar seus
sujeitos, suas reproduções e representatividade acerca dos que, neste meio são
soropositivos. Objetivo: Conhecer quais são as necessidades de cuidados com a saúde
de homens privados de liberdade com HIV/Aids da Penitenciária Estadual de
Dourados/MS (PED). Metodologia: Para realizar essa discussão utilizaremos as
aproximações teóricas das Representações Sociais de Serge Moscovici (1978), como
estratégia metodológica será realizada entrevistas individuais e como tratamento dos
dados à análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Resultados esperados: Das
análises que resultarem da investigação, será construída uma sequência didática definida
pelos pressupostos de Antoni Zabala (1998), que servirá como material de apoio para
que a equipe de enfermagem. Conclusão: Fica evidente a carência de dispositivos que
visem alcançar a participação ativa destes sujeitos acerca da reflexão e construção de
suas necessidades de saúde, desta forma procuramos aproximar a assistência de
enfermagem dos discursos, concepções e interpretações de HIV/Adis e encarceramento
vivenciados por estes indivíduos.
AÇÃO CARITATIVA NA ANTIGA RODOVIÁRIA DE CAMPO GRANDE - MS:
PRODUÇÃO DE CORPOS “SAUDÁVEIS” E AGÊNCIA DA POPULAÇÃO EM
SITUAÇÃO DE RUA
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Vladimir Eiji Kureda
eijikureda @gmail.com
O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre a produção dos corpos de sujeitos em
situação de rua, a partir dos dados produzidos em observações etnográficas numa ação
caritativa de uma igreja evangélica na antiga rodoviária de Campo Grande – MS. Para
tanto, objetiva-se analisar como a intervenção evangélica e as relações advindas entre os
sujeitos nesse contexto explicitam noções particulares sobre corpo e saúde. Nesse
sentido, será abordada a forma como os evangélicos representam positivamente o seu
lugar social, ou seja, o universo da casa, através das performances realizadas junto aos
sujeitos em situação de rua, que, em contrapartida, são concebidos como sujeitos
dotados de ausência, logo, do mundo das ruas. Do ponto de vista metodológico, será
utilizado como material, a descrição etnográfica dos cenários que desenrolaram as ações
caritativas para demonstrar como os evangélicos produzem uma noção de saúde
corporal ideal para as pessoas em situação de rua, que englobam desde aspectos
relacionados à alimentação e higiene física até relações de sociabilidade primária e uma
religiosidade cristã. Além disso, o trabalho também se propõe a pensar alguns dos
agenciamentos feitos por pessoas em situação de rua atendidas pela ação caritativa no
intuito de refletir acerca dos diferentes usos e estratégias que esses sujeitos venham a
fazer nessa situação social.
Palavras-Chave: Antiga Rodoviária; Ação caritativa; População de rua.
GÊNERO, PATRIARCADO E SIGNIFICAÇÕES IMAGINÁRIAS SOCIAIS NA
DEPRESSÃO PÓS-PARTO: UM ESTUDO DE CASOS A PARTIR DO
REFERENCIAL TEÓRICO DE CORNELIUS CASTORIADIS E PIERA
AULAGNIER
Keity Emanuela Araújo Vieira
David Victor-Emmanuel Tauro
O fenômeno da depressão pós-parto embora muito recorrente, tem sido silenciado na
medida em que a maternidade é naturalizada, diante de padrões que fundamentam
relações díspares entre homens e mulheres. Não obstante, a normativa patriarcal
estabelece que viver a maternidade é fundamental para o sentimento de completude das
mulheres, gerando culpa e sofrimento em quem se coloca à margem dos padrões
estabelecidos. O presente estudo se trata de uma pesquisa realizada com duas mulheres
residentes em Campo Grande - MS, que apresentaram suspeita e\ou diagnóstico de
depressão no puerpério. Para compreender o fenômeno da depressão materna, nos
valemos do referencial teórico e metodológico de Cornelius Castoriadis e Piera
Aulagnier. Analisando as significações imaginárias sociais encontradas, com base na
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metodologia de estudo de caso, com entrevistas abertas e fundamentação na clínica
psicanalítica. Os resultados apontam que não se pode considerar o problema da
depressão pós-parto como uma questão meramente individual ou clínica. Dessa
maneira, para haver um combate do sofrimento na maternidade, também é preciso haver
um questionamento dos padrões que a idealizam e, ao mesmo tempo, dificultam o seu
exercício, ao impor um modelo de família nuclear, com relações desiguais e papéis que
sobrecarregam as mulheres, já que essas relações de poder são engendradas pelas
diferenças sexuais, e provém das estruturas de gênero que privilegiam o masculino. De
modo que, a sujeição do feminino se coloca como um destino a ser cumprido. Sendo
assim, é preciso lutar por transformação social que implica na busca por novas
significações e relações igualitárias.
Palavras-chave: Gênero, Maternidade, Depressão pós-parto, Estudo de caso.
CORPORALIDADE: PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA CRIANÇA KAIOWÁ
DENTRO DA ALDEIA LARANJEIRA ÑANDERU
Jéssica Maciel de Souza
Antonio Hilario Aguilera Urquiza
Tania Milene Nugoli Moraes
O presente trabalho tem como objetivo descrever como acontece a fabricação dos
corpos das crianças Kaiowá, o produzir e se reproduzir dentro de uma organização
social, mais especificamente, dentro da aldeia Laranjeira Ñanderu, área localizada no
município de Rio Brilhante/MS. Enfocando os processos de aprendizagens das crianças
que perpassam pelas práticas culturais e cotidianas, como: brincadeiras, rituais,
cosmologia, relações de gênero e de parentesco, entre outros. Estes que, acontecem a
partir da retomada do tekoha, que por sua vez, o contato com o território tradicional
acarreta a retomada cultural, assim como os indígenas da aldeia denominam. Este artigo
é resultado de uma pesquisa de mestrado realizada através da observação participante
dentro da aldeia Laranjeira Ñanderu.
Palavras-chave: Laranjeira Ñanderu; Corpo; Retomada; Criança Kaiowá.
ENTRE LINHAS E TRAMAS: UMA ETNOGRAFIA SOBRE AS NARRATIVAS
DE INDÍGENAS GUARANI E KAIOWÁ EM SEUS ITINERÁRIOS PELAS
REDES DO SUS
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Jéssica Camile Felipe Tivirolli
Esmael Alves de Oliveira
O trabalho proposto apoia-se no processo de pesquisa de mestrado voltado para a
experiência em rede(s) de Saúde Indígena na cidade de Dourados-MS, uma etnografia
das narrativas. Pretende-se seguir os fios de Ariadne percorrendo os caminhos
intrincados dos modos de existir, dos discursos dissonantes que contrapõem narrativas e
marcam outras fisio-sócio-lógicas. Realiza-se o esforço em compreender, por meio das
narrativas dos sujeitos indígenas das etnias Guarani e Kaiowá, seus itinerários pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), sem evitar, ao abrir campo para a discussão sobre
saúde(s), corpos e devires, perpassar pelos entremeios da rotina prática e burocrática do
sistema de saúde, seus atravessamentos, contradições, impasses pungentes. Tais rusgas
e brechas expõem uma trama complexa, passível de ser pensada, não pela via de sua
linearidade redutora, mas a partir dos encontros que constroem redes de saberes e
poderes, da reflexão diante da experiência, das narrativas que se capilarizam para além
do escopo dos espaços-tempo institucionalizados. Com essa intenção de explorar o
cenário poroso da rede de saúde, seus enfrentamentos, entraves e ações políticas, é
imprescindível extrapolar o protocolar, enveredar pelos relatos, por outras
discursividades e posições de fala, relevando a complexidade das vidas e existências.
Esse artigo ensaístico propõe pensar as (sub)tessituras do cotidiano, os caminhos
inventados e contados em meio a um sistema de saúde que se propõe indígena, e olhar
para o micro de seus emaranhados, para as experiências dos usuários indígenas
enquanto atores e sujeitos, outras dinâmicas de sentido e agenciamento dos espaços
relacionais narrados e vivenciados.
Palavras-chave: Experiência; Saúde Indígena; Narrativas; Itinerários.
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GT 06 Gênero, fronteiras e
(i)mobilidades: reflexões
etnográficas sobre limites e
atravessamentos
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A PRODUÇÃO BRASILEIRA SOBRE PROSTITUIÇÃO MASCULINA: UM
MAPEAMENTO INICIAL DO CAMPO
Tatiana Bezerra de Oliveira Lopes
Guilherme Rodrigues Passamani
O presente estudo é fruto de uma pesquisa sistemática no campo do gênero e da
sexualidade e tem como objeto a prostituição masculina. Em nosso trabalho, foram
catalogadas quarenta e cinco produções teóricas sobre o tema. O Negócio do Michê,
dissertação do antropólogo Néstor Perlongher, ocupa um lugar pioneiro nos estudos
sobre a prostituição masculina no Brasil. É a partir da década de 1980, quando
Perlongher inicia sua pesquisa, que outras produções passam a tematizar esse negócio
do desejo. Nossa pesquisa começa com um levantamento bibliográfico e com a criação
de um perfil sociológico do que vem sendo discutido no país em termos de produção do
conhecimento. Em um segundo momento, olhamos para as questões que perpassam
gênero, sexualidade e marcadores sociais da diferença a partir dos elementos presentes
nas produções localizadas. O que encontramos sugere que a discussão da prostituição
masculina no Brasil tem raça, performance de gênero e homossexualidade como temas
basilares no cenário do sujeito que pratica sexo tarifado e daquele que paga por seus
serviços. Além disso, notamos que, embora o quantitativo de trabalhos mobilizados no
território nacional sinalize que a temática continua periférica na área de gênero e
sexualidade, há um campo de possibilidades em aberto que ainda guarda uma série de
inquietações passíveis de investigação, principalmente, quando olhamos para Mato
Grosso do Sul, estado em que esta pesquisa se desenvolveu, e no qual não localizamos
qualquer tipo de produção acerca da temática.
Palavras-chave: Michês; Sexualidade; Panorama teórico.
ESTRATÉGIAS DE (IN)VISIBILIDADE: UMA ETNOGRAFIA-ONLINE DA
SALA DE BATE PAPO UOL SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE NA
FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA
Carla Cristina de Souza
Tiago Duque
O presente artigo faz parte dos resultados de uma pesquisa de iniciação científica e de
um projeto que desenvolve um estudo sobre gênero, sexualidade e diferenças, em uma
perspectiva sócio-antropológica na área de fronteira Brasil-Bolívia. Ele busca analisar
experiências de interações de usuárias/os da Sala de Bate Papo Uol Corumbá. A
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metodologia é, principalmente, a etnografia-online, mas também apresenta parte do
trabalho de campo offline realizado na região de fronteira Brasil-Bolívia em Mato
Grosso do Sul. O enfoque é para as relações de gêneros dissidentes e sexualidades
disparatadas nesse ambiente virtual, sem, contudo, deixar de compreendê-lo a partir do
contexto offline. As reflexões apontam para o erotismo presente nesse espaço virtual,
assim como discute a experiência fronteiriça de produção de um “Outro” desvalorizado.
Busca, ainda, contribuir para as reflexões no campo metodológico das pesquisas em
ambientes da Internet.
Palavras-Chave: Gênero; Sexualidade; Etnografia-online; Fronteira; Redes sociais
CÔMODOS QUE FALAM: UMA REFLEXÃO ANTROPOLÓGICA SOBRE
GÊNERO E ARQUITETURA
Hugo Costa Gripa
A casa é uma expressão, e também uma expansão do eu. A casa, mas também a maneira
como se organiza o uso, são fundamentais para quem quer compreender determinada
cultura; ela está embutida nas coisas, nos móveis, e no modo de usá-los. Estudos
variados de arquitetura e antropologia avaliam e discutem os detalhes da vida cotidiana
e seus hábitos domiciliares sobre a vida privada, a vida pública e suas escolhas. Neste
sentido este trabalho pretende refletir sobre representações simbólicas da arquitetura
como conhecemos ao longo da história ocidental, e como esse conceito cotidiano
urbano sofreu e sofre influência do imaginário de gênero em contextos públicos e
privados. Esta reflexão será possível através do estudo de dois textos de autores que
refletem sobre gênero, domesticidade, feminilidade e prótese de gênero: Couro Imperial
de Anne McClintok, e Basura y Gênero: Mear/Cagar. Masculino/Feminino, de Paul
Beatriz Preciado e, também, através da correlação destes dois conteúdos com o livro
Tudo sobre a Casa (2013), de Anatxu Zabalbeascoa, uma crônica dos fatos que
configuram a evolução de espaços arquitetônicos e de nossos hábitos domésticos. Estre
trabalho pretende discursar sobre como as representações simbólicas da mulher
influenciaram a arquitetura de interiores em ambientes privados, e também como as
pessoas trans influenciam a de ambientes públicos, incluindo seus usos e fluxos
distintos.
Palavras-chave: Gênero, Feminilidade, Arquitetura, Interiores
TRÁFICO DE ADOLESCENTES PARA FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL NA
CIDADE FRONTEIRIÇA DE PONTA PORÃ/MS
Emilli Amarilha Faria
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Jacira Helena do Valle Pereira Assis
A presente proposta de pesquisa tem como objetivo analisar as especificidades do
tráfico de adolescentes para fins de exploração sexual na cidade fronteiriça de Ponta
Porã, em Mato Grosso do Sul. Do ponto de vista metodológico realizar-se-á uma
pesquisa de caráter documental em que serão investigadas fichas informativas
registradas pelo Conselho Tutelar e CREAS de Ponta Porã em que sejam identificadas
situações de tráfico de adolescentes para fins de exploração sexual, nos últimos dez anos
e entrevistas com profissionais dos Conselhos Tutelares e CREAS de Ponta Porã/MS.
Os resultados obtidos das informações levantadas, sintetizadas e analisadas poderão
contribuir na fundamentação, desenvolvimento e aprimoramento de ações que auxiliem
na prevenção, proteção e identificação de casos, bem como na criação e
aperfeiçoamento de políticas públicas de proteção às crianças e adolescentes, vítimas do
tráfico internacional para fins de exploração sexual na região de Ponta Porã.
Palavras-chave: Tráfico de pessoas, Adolescentes, Fronteira, Ponta Porã.
“EU SOU BRASITIANO”: MAPEANDO REDES, TRAJETÓRIAS E
NEGOCIAÇÕES DE HAITIANOS/AS EM CAMPO GRANDE – MS
Aline Correia Antonini
Esmael Alves de Oliveira
O presente trabalho é fruto de reflexões de uma pesquisa antropológica que se encontra
na fase inicial. O objetivo da mesma é analisar a relação da comunidade haitiana
estabelecida em Campo Grande – MS com a cidade. Nesse sentido, visa-se apresentar
algumas problematizações, a partir de dados apreendidos no trabalho de campo e da
revisão de literatura. Levando em consideração esse cenário mais amplo, minha
aproximação com o grupo se iniciou em agosto de 2017, durante uma reunião da
Associação Haitiano-Brasileira de Imigrantes Haitianos em Campo Grande - MS.
Fundada em dezembro de 2016, a associação estima que cerca de 300 haitianos residem
na cidade.
Palavras-chave: Antropologia Urbana; Cidade; Haitianos; Mobilidade; Sociabilidade.
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 35
FRONTEIRAS DO ESTADO, FRONTEIRAS DO CUIDADO: NOTAS SOBRE
CIDADANIA, HIV E POLÍTICA NA FRONTEIRA BRASIL-PERU
Thiago de Lima Oliveira
Os últimos anos têm sido marcados por intensas transformações nas tecnologias
biomédicas e tensões no campo social no Brasil e América Latina relativas à pauta do
HIV e da Aids. Esse cenário é configurado pelo fluxo de circulação global de
informações e tecnologia, uma rede de que participam agentes com status e interesses
desproporcionais. Considerando o modo como tais discussões circulam a partir de e
entre grandes centros urbanos de uma economia farmacopolítica, pode ser interessante
retomar os debates sobre a “interiorização” dos processos de sofrimento social, em
especial do hiv em vista de sua posição para construção dos debates sobre os limites,
fronteiras e zonas de expansão das políticas sexuais. A presente comunicação tem como
propósito estabelecer um investimento descritivo e analítico sobre as práticas de
conhecimento e formas de reflexão política sobre a experiência de viver com HIV em
contextos transfronteiriços. Em tais espacialidades, as dinâmicas de diálogo com as
políticas de saúde se realizam articulando múltiplos eixos de negociação com/contra o
Estado propiciadas pela possibilidade de circulação entre limites nacionais, e a
construção de redes de comunicação e articulação a partir de relações complexas com
outros agentes. A partir da experiência etnográfica que venho desenvolvendo na região
de tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, na comunicação busco apresentar
algumas reflexões sobre o modo como sentidos de saúde, pessoa e cidadania se
flexibilizam e constituem-se na circulação transfronteiriça que conferem sentido e valor
à avaliação relacional da presença e da precariedade de si e do outro.
Palavras-chave: políticas de saúde; tecnologias de precarização; Estado.
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 36
GT 08 Impactos de intervenções do
Estado sobre populações
indígenas
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 37
A “CULTURA” DO ÍNDIO: CRÍTICA ANTROPOLÓGICA DA NOÇÃO DE
“CULTURA” INDÍGENA NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Caio Ferrari de Castro Melo
O trabalho examina a fundamentação de decisões judiciais do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) a respeito da integração do índio à “sociedade nacional” entre os anos de
2004 a 2017. Com isso, se busca entender qual noção de cultura aparenta ter o Tribunal
a partir de sua jurisprudência. O objetivo específico do trabalho é responder à questão:
“quais as características da noção de cultura que o STJ mobiliza?”. Para auxiliar na
resposta a tal pergunta, fixamos as seguintes hipóteses: h1) os Ministros mobilizam uma
visão dinâmica de “cultura”? e h2) os Ministros opõem a ideia de “sociedade nacional”
à de “cultura” indígena? A metodologia empregada consiste, em primeiro lugar, na
pesquisa de decisões judiciais pelo mecanismo de busca de jurisprudência do próprio
STJ por meio dos termos “índio” e “integrado” entre 2004 e 2017. Após, é feita análise
desses documentos, de modo a identificar de que modo aparece a ideia de “cultura”
indígena e como ela é mobilizada na fundamentação das decisões. Temos, como
principal referencial teórico, a teoria antropológica de Manuela Carneiro da Cunha a
respeito da diferença entre “cultura” e cultura. Encontramos na pesquisa 19 resultados,
todos eles da categoria acórdão, sendo 14 desses casos desfavoráveis no sentido de
classificar partes dos processos como “indígenas integrados”. Muito frequentemente,
nas decisões, é possível perceber que a noção de “cultura” é empregada como algo com
conteúdos claros e definidos, não passíveis de alteração. “Cultura” indígena também é
mobilizada como um polo antitético assimétrico em relação à expressão “sociedade
nacional”.
Palavras-chave: Estatuto do Índio, Índio integrado, Etnicidade, “Cultura”, Superior
Tribunal de Justiça.
OS TERENA DE MATO GROSSO DO SUL E A CARTEIRINHA DA FUNAI:
DE SIGNO MATERIAL DA TUTELA À RESSIGNIFICAÇÃO
Patrik Adam Alves Pinto
O artigo a ser apresentado busca realizar um breve percurso histórico, enfocando a
relação dos Terena de Mato Grosso do Sul com os aparatos de poder estatal,
representados pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e, posteriormente, por sua
substituta, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), para pensar a questão da tutela
operada localmente. Esse percurso servirá para abordar a relação que esses indígenas
mantiveram e mantêm com a chamada Carteirinha da FUNAI, documento de
identificação não oficial emitido até 2010 pela Fundação Nacional do Índio em Mato
Grosso do Sul, tomada aqui como um símbolo material da tutela, por um lado, e
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 38
também como ferramenta de identificação étnica apropriada pelos indígenas de maneira
ressignificada em seus discursos e práticas.
Palavras-chave: Tutela; Carteirinha da FUNAI; Afirmação identitária.
TERRITÓRIO E CÁRCERE: O ENCARCERAMENTO KAIOWÁ E GUARANI
NA REGIÃO DE DOURADOS- MS E A LUTA PELO TEKOHÁ
Raphael de Almeida Silva
Antonio Hilario Aguilera Urquiza
O presente trabalho trata de uma investigação acerca dos Kaiowá e Guarani, da questão
do território e luta pela terra, mas especialmente do fenômeno do encarceramento desses
indígenas na região de Dourados, MS. Partimos da hipótese de que o encarceramento se
relaciona com o processo de perda do tekoha e com o confinamento e territorialização
desses indígenas em reservas, a partir disso realizamos pesquisa bibliográfica em
plataformas diversas – bancos de teses, sites oficiais, bibliotecas – tendo como ponto de
confluência a temática do território, da prisão, do encarceramento e dos povos
indígenas, em especial, os Kaiowá e Guarani. Apresentamos como cresceram nas
comunidades problemas como desemprego, fome, desnutrição, violência e crimes, bem
como de fenômenos tais quais o encarceramento de Kaiowá e Guarani devido à
violência, ao tráfico ou devido a perseguições políticas internas e externas. Ao longo da
pesquisa notamos que a perda do tekoha se relaciona com outras problemáticas internas
aos grupos, isso por que gerou e está gerando a desestruturação das instituições
políticas, sociais, econômicas desse povo. O que por sua vez, tem como consequência a
adoção de outros ordenamentos e paradigmas econômicos, políticos e sociais distintos
dos que são tradicionais a eles, gerando fenômenos como o encarceramento. Ao traçar
as relações entre o encarceramento dos Kaiowá e Guarani e a perda do território,
buscamos compreender as outras nuances da questão. Por fim, entendemos que somente
através da retomada de seu território tradicional, o encarceramento e outros problemas
relacionados as comunidades poderão ser solucionados.
Palavras-chave: Encarceramento, Território, Kaiowá e Guarani.
PARTICIPAÇÃO DE TERENAS NA RESISTÊNCIA À EMANCIPAÇÃO DA
TUTELA NOS GOVERNOS GEISEL E FIGUEIREDO (1974-1985)
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 39
Victor Ferri Mauro
Este artigo analisa um momento histórico em que governos militares, consoantes com a
orientação integracionista da política indigenista brasileira, cogitaram emancipar da
tutela prevista pela Lei 6.001/73 o povo Terena (bem como outros grupos étnicos) por
considerar os seus membros aculturados. Essa proposta sofreu uma forte reação do
movimento indígena organizado, de entidades da sociedade civil e de outros aliados da
causa, por se temer o risco de os povos originários serem subtraídos em seus direitos
diferenciados, sobretudo no que tange às garantias territoriais. Amparada em um
dispositivo da mesma lei, a FUNAI, ainda nos tempos da ditadura, contratou vários
indígenas (inclusive dezenas de Terena) como funcionários, mas os pressionou a pedir a
sua emancipação individual. Estes, no entanto, se recusaram a fazê-lo. Com a
promulgação da nova Constituição em 1988, foi assegurado aos indígenas o direito de
preservarem seus costumes e tradições e se retirou da tutela o sentido mais restritivo, de
relativa incapacidade civil, que sobrevinha desde o Código Civil de 1916,
permanecendo apenas o entendimento da tutela como instrumento jurídico de proteção
especial às etnias originárias do Brasil.
Palavras-chave: Terena, Indigenismo, Tutela, Emancipação, Funcionários indígenas.
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 40
GT 09 Luta e resistência dos povos
indígenas em Mato Grosso
do Sul
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 41
VI ATY KUÑANGUE EM PERSPECTIVA: CORPORALIDADES FEMININAS
NA ELABORAÇÃO DAS NARRATIVAS DAS MULHERES KAIOWÁ E
GUARANI
Aline Domingos Corrêa
Lucia Pereira
Aline Castilho Crespe Lutti
Neste artigo pretendemos investigar a importância do território na vida cotidiana dos
povos Kaiowá e Guarani e perceber como a relação com a terra atravessa e é
atravessada pela construção das corporalidades femininas e das narrativas das mulheres
e lideranças Kaiowá e Guarani. Entende-se que os sentidos dados ao território são
permeados por diversos marcadores sociais tais como o sagrado, o poder, as relações
interétnicas e, também, pelo gênero. As reflexões realizadas neste artigo partem da
nossa participação na assembléia das mulheres indígenas: a VI Kuñangue Aty Guasu -
mobilização promovida por várias lideranças (mulheres, homens, jovens) Guarani e
Kaiowá. O encontro das comunidades indígenas ocorreu na aldeia Guapo’y, no
município de Amambai, em Mato Grosso do Sul. Em campo ficou notável a presença da
pintura dos corpos com urucum, as danças sagradas e as rezas feitas junto às ñandesy e
aos ñanderu. Outro foco dado pela VI Kuñangue Aty Guasu, foram as explanações e
atualização dos relatos sobre os processos de ocupação das terras tradicionais (as
retomadas e as reservas). Um momento importante foram as narrativas das mulheres
indígenas sobre os cantos e as curas na medicina tradicional Kaiowá e Guarani –
trazendo discussões sobre os cuidados dispensados aos corpos femininos (na menarca e
na gravidez) como centrais na construção da pessoa kaiowá e guarani.
Palavras-chave: Kaiowá-Guarani; Kuñangue Aty Guasu; Ação Política;
Gênero/Mulher.
FOTODOCUMENTÁRIO: ALDEIA ALDEINHA, ESPAÇO DE RESISTÊNCIAS
ETERNIZADAS PELA FOTOGRAFIA
Lucas Afonso Serafim Domingues
Raylson Chaves Costa
Eduardo Perotto Biagi
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 42
O presente trabalho foi realizado na disciplina de Fotojornalismo, do quinto semestre do
curso de Jornalismo. As fotografias fazem parte de uma série chamada: Kopénoti xâne
kiyakaxe’ke, ko’oyene yoko iharôti (Indígena ontem, hoje e amanhã), que retrata o ritual
de celebração da semana dos povos indígenas da Aldeia Terena Aldeinha, localizada na
cidade de Anastácio, 141 quilômetros de Campo Grande. O fotodocumentário é
composto por 15 fotos que mostram a festa e as (os) indígenas. Cada fotografia é
acompanhada de uma palavra na língua terena traduzida pelo Professor de Língua
Materna da Escola Estadual Indígena Guilhermina da Silva, Jessé Joel. São fotos que
retratam os rituais, como o Exoketi Terenoé, Ciputrena e Kohixoti Kipaé. Utilizamos
autores (as) da fotografia, como Kossoy (2001), (2014), Souza (2002) e ZANON &
SABBAG (2017). Além de autoras (es) como Pereira & Nascimento (2012), Pires
(2015), Oliveira (1960), Souza (2009) para compreender as lutas do povo terena. O
fotodocumentário tem objetivo de retratar como o terena que vive na Aldeinha criou
espaços para mostrar que sua cultura - apesar do movimento intenso dos sujeitos
brancos sobre o seu modo de ser e o crescimento desordenado da cidade - resiste da
forma que une toda a comunidade em uma semana de celebração dentro do espaço de
três hectares que lhes restaram de um total inicial de quarenta. O diálogo constante com
as moradoras da aldeia foi um elo para estabelecer realidades nas fotografias, cada
pessoa retratada tem uma história que o fotojornalista eternizou na lente.
Palavras-chave: Aldeia Aldeinha, cultura terena, fotojornalismo.
COSMOLOGIA GUARANI X COSMOLOGIA OCIDENTAL DE EXPANSÃO:
O CASO DOS GUARANI (KAIOWÁ) E GUARANI (ÑANDEVA) DE MATO
GROSSO DO SUL EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE E RESISTÊNCIA
Rosalvo Ivarra Ortiz
Pesquisas recentes acerca da relações internacionais (IR) desenvolveram uma crescente
consciência das raízes coloniais dessa epistemologia, levando uma busca por
abordagens de descolonização. Por assim enfatizar, este artigo é sobre as soberanias
indígenas e como elas foram ocluídas no sistema europeu de estados atualmente
globalizado/internacionalizado. O método empregado é um estudo de caso de dois dos
Povos Indígenas mais empobrecidos e brutalizados do Brasil: os Guarani, também
conhecido como Ñandeva e os Guarani Kaiowa. Em uma tentativa de transitar entre o
mundo da Vestfália e os universos não europeus, começa por se engajar em uma
conversa com os conhecimentos dos Guarani e dos Kaiowá, povos que resistem há mais
de 500 anos, violências ocasionadas pelos colonizadores. Em seguida, através de uma
análise histórica de longo prazo, examina os principais processos coloniais que
causaram a oclusão da soberania dessas etnias. Finalmente, fornece uma perspectiva
mais ampla sobre como a difusão do modelo europeu de soberania, confrontada com a
resistência indígena, levou à exclusão social dos povos indígenas em todo o planeta.
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 43
Palavras-chave: Soberanias Indígenas; Colonização; Colonialismo Interno; Sistema
Europeu de Estados; Exclusão social.
GUYRA KAMBI’Y: UMA METONÍMIA GUARANI KAIOWÁ
Giovanna Strengari Nanci Fluminhan
Dado o entendimento do processo histórico de expropriação e confinamento ao qual os
povos indígenas foram submetidos no Brasil, desde a sua colonização, enfrenta-se o
nascimento da política indigenista brasileira, no início do século XX, no íntimo do
Ministério da Agricultura. Essa subordinação já apontava para o descumprimento dos
direitos territoriais dos povos originários em razão dos interesses da propriedade privada
e da lógica capitalista, resultando em relações políticas, econômicas e culturais
assimétricas. Tal cenário se potencializa hoje em Mato Grosso do Sul, apontado como o
estado com maior percentual de terras privadas e latifúndios do país, ao mesmo tempo
em que carrega o maior índice de mortes e ataques contra indígenas nos últimos anos,
onde destacam-se os Guarani Kaiowá. Em resposta à omissão e morosidade do Estado
nos processos de regularização e demarcação, a retomada das terras tradicionais vêm
sendo feita de forma autônoma pelas comunidades; como é o caso de Guyra Kambi’y,
próximo à cidade de Douradina/MS, estudado nesta pesquisa através da elaboração de
uma cartografia afetiva - coletiva e participativa -, acompanhada de uma cartografia
falada - documentário audiovisual-, a fim de dar ouvidos aos sujeitos dessa história.
Mais do que entender a cultura Kaiowá e a conjuntura fundiária em que estão inseridos,
a intenção deste trabalho é desvelar as especificidades da (re)produção indígena no
Mato Grosso do Sul do agronegócio, sua resistência e sobrevivência.
Palavras-chave: Kaiowá, Guarani, Território, Tekoha, Fundiário.
A GÊNESE DOS ESTADOS NACIONAIS E SUA RELAÇÃO COM OS POVOS
TRADICIONAIS DO MATO GROSSO DO SUL
Marco Antônio Rodrigues
Andréa Lúcia Cavararo Rodrigues
Antonio Hilário Aguilera Urquiza
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 44
O presente artigo é fruto do projeto de pesquisa em andamento, intitulado “A Dinâmica
Migratória dos Povos Tradicionais Fronteiriços no Estado do Mato Grosso do Sul e os
Reflexos da Mensagem de Veto no 163/2017”. O artigo tem o intuito de pesquisar a
formação do Estado soberano com base no pensamento de Egídio Colonna de Roma1 e
suas contribuições para a formação do Estado a partir do direito natural a fim de se
compreender os conceitos de fronteira e mobilidade humana decorrentes da origem dos
Estados Nacionais, além de se analisar o tema em uma ótica antropológica. A pesquisa
buscará compreender as fronteiras nacionais e a mobilidade humana como tendo sua
gênese nos primórdios do Estado, cujas distorções se refletem até hoje na esfera dos
povos tradicionais da América do Sul, especificamente os povos indígenas, cuja noção
de fronteira é diferente, pois para esses povos não existem fronteiras como as que são
conhecidas, buscando-se desvincular a mobilidade dos povos tradicionais da ideia de
migração. Por meio da pesquisa bibliográfica e dos principais conceitos o artigo buscará
chegar ao resultado esperado.
Palavras-chave: Formação do Estado, Mobilidade Humana, Fronteiras Nacionais,
Povos Tradicionais.
OCUPAÇÃO DE TERRITÓRIO TRADICIONAL DO POVO TERENA:
FAZENDA CRISTALINA, MUNICÍPIO DE AQUIDAUANA – MS
Gilson Tiago
Álvaro Banducci Júnior
Desde muito tempo atrás o povo Terena foi expulso de um lugar que vivia com
harmonia e identidade, como os saberes, a língua e outros conhecimentos que herdaram
do anciões. Há três anos, os índios da Terra Indígena Taunay e Ipegue, que fica no
município Aquidauana-MS, ocuparam a fazenda Cristalina, no mesmo Município,
sendo que a retomada aconteceu no dia 28 de agosto de 2015, por indígenas das aldeias
Água Branca, Lagoinha, Morrinho, Bananal, Ipeque, Colônia Nova e Imbirussu. Esta
ação teve por objetivo recuperar o território tradicionalmente indígena que estava
ocupado pelo fazendeiro. A retomada foi proposta por lideranças e comunidades das
aldeia do PIN Taunay e Ipeque, cujas terras não eram suficientes para prover suas
necessidades de sobrevivência, fazendo com que a população terena buscasse recuperar
1 (Também chamado de Gil de Roma ou Egidio, Roma, 1247-Avignon, 1316) teólogo e filósofo italiano.
Grande personalidade intelectual de seu tempo, era um discípulo de São Tomás de Aquino, professor da
Universidade de Paris (1285-1295), tutor para o futuro Filipe IV de França (para o qual escreveu De
regimine principum), vigário geral da Ordem dos Agostinianos (1292-1295). Suas ideias universalistas
contribuíram para a formação do Estado moderno (nota dos autores).
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 45
seu território perdido para os não índios. Esta pesquisa tem o objetivo de realizar um
estudo antropológico sobre a ocupação da fazenda Cristalina, como forma de resistência
do povo Terena à investida do não-índio sobre o seu território. O estudo irá descrever
como foi o processo de retomada da fazenda, desde a organização do povo Terena para
a ocupação do local, até a forma como está vivendo atualmente nesse território. A
pesquisa foi realizada por um líder da ocupação, um índio de etnia Terena que pretende
trazer uma visão êmica do fenômeno pesquisado, tendo a seu favor o fato de ser
indígena e conhecedor do idioma e dos costumes de seu povo. O projeto teve apoio da
FUNDECT-MS.
Palavras chaves: Terena, território, retomada, resistência.
POVOS INDÍGENAS NO BRASIL E O DIREITO À RESISTÊNCIA
(O CASO DE MATO GROSSO DO SUL)
Adriana de Oliveira Rocha
Tem-se por objetivo abordar as experiências indígenas localizadas em Mato Grosso do
Sul, mormente aquelas vivenciadas entre famílias em situação de vulnerabilidade
extrema por residirem acampadas às margens de rodovias, ou em áreas litigiosas do
ponto de vista fundiário, no interior de propriedades rurais. A hipótese levantada é de
que tais famílias indígenas se enquadrem no conceito de alienação legal, cunhado por
Gargarella (2005; 2007) e ante a extrema dificuldade encontrada para verem suas
demandas atendidas pelo Estado, exerçam o chamado direito de resistência. Serão
utilizados ainda os estudos de Bobbio (2004), mediante o método dedutivo, calcado na
bibliografia existente sobre o tema, com o objetivo de identificar nas práticas indígenas,
tais como as retomadas e os acampamentos, a ocorrência do direito à resistência. A
pesquisa será, como dito, realizada por meio de revisão bibliográfica.
Palavras chave: Resistência; Indígenas; Alienação legal; Vulnerabilidade; Território.
A CRIMINALIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA GUARANI E KAIOWÁ NO MATO
GROSSO DO SUL
Felipe Mattos Johnson
Marco Henrique Soares Pereira
Maria Angélica Chiang
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Frente à inércia do Estado em cumprir seu dever constitucional de demarcação das
Terras Indígenas, não resta outra opção aos Guarani e Kaiowá se não a de buscar a
garantia e efetivação dos seus direitos originários através das retomadas. A resposta do
Estado brasileiro a essa contestação da ordem é o uso do aparelho repressor
instrumentalizado por dispositivos penais materializados na criminalização dos
movimentos sociais de resistência. É a partir dessa conjuntura que propomos trazer ao
debate casos específicos de encarceramento, tortura, perseguição e distintas formas de
violência de Estado contra os Guarani e Kaiowá. Para a presente discussão, apoiamo-
nos no método de uma etnografia baseada em solidariedade crítica, revelando a
necessidade de uma antropologia engajada (Albert, 2014), e experienciando assim, junto
aos Guarani e Kaiowá, os caminhos da luta pelo tekoha em um contexto de guerra
produzida pelo agronegócio e seus congêneres – Estado-nação, Capital e Patriarcado -,
tal como os efeitos devastadores que inter-relacionam ataques paramilitares e
criminalização ao racismo institucional que mira esses sujeitos históricos pelo simples
fato de serem indígenas. Deste modo, junto a retomadas de terra na região do cone-sul
do Mato Grosso do Sul, procuraremos compreender como operam as investidas do
Estado brasileiro no sentido de exercer forças punitivas, restritivas de liberdade, que
constantemente manejam o direito de matar ou deixar viver os Guarani e Kaiowá. Por
fim, considerando o aprofundamento do estado de exceção, questionamos: como tecer
uma rede de apoio e resistência em resposta à estas circunstâncias?
Palavras-chave: Criminalização, Guarani Kaiowá, Lutas sociais.
CRIANÇA KAIOWÁ: FAZER-SE CRIANÇA NA ALDEIA LARANJEIRA
ÑANDERU
Jéssica Maciel de Souza
Tania Milene Nugoli Moraes
O Estado de Mato Grosso do Sul abriga a segunda maior população indígena do Brasil,
segundo dados do IBGE/2010. Após um longo processo transitório desde a expulsão de
seus tekoha, os Guarani e Kaiowá iniciaram na década de 1980 um movimento de
retomada dos seus territórios tradicionais. Este artigo tem como objetivo descrever o
trabalho realizado com e sobre as crianças da aldeia Laranjeira Ñanderu, está área fica
localizada no município de Rio Brilhante/MS. Enfocando as crianças como atores
importantes neste ambiente. Buscando apontar como elas vivenciam os processos
educacionais e de violência dentro da aldeia, ressaltando a circularidade que as mesmas
realizam no seu território, em sua produção e reprodução de fazer-se criança. Ademais,
iremos relatar o processo de retomada da terra, que acarreta a retomada cultural dos
laços socioculturais com o tekoha. Para tanto, utilizamos a observação participante para
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 47
a coleta de dados e para dar embasamento teórico os escritos de Benites (2008), Clarice
Cohn (2004), Levi Pereira (2004/2008), entre outros.
Palavras-chave: Laranjeira Ñanderu; Retomada; Criança Kaiowá.
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GT 11 Patrimônio Cultural e
diálogos histórico-educativos
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CULTURA MATERIAL, ETNOGRAFIA E HISTÓRIA: REFLEXÕES SOBRE
O DESCARTE DE MATERIAIS HISTÓRICOS
Alexsandro Nunes Benevides
Esse artigo pretende-se discorrer sobre Cultura Material, Etnografia e História,
Envolver=se em questões objetivas da construção de identidade histórica brasileira a
valorização e proteção do Patrimônio Histórico Nacional., em suas formas de
conservação e resguardo. O ponto de partida é o casario Sleiman e o que provocou o
“projeto realizado de restauração” situado no Porto Geral de Corumbá. A investigação
se debruça em peças descartadas pela sociedade corumbaense do inicio do século XX
Discutir e transformar o entulho indesejável em artefato cultural, com relevância em
suas interpretações para demonstrar os hábitos, os costumes e o cotidiano daquele
período. Relacionar a cultura material com a história da cidade sobre a lupa da
antropologia, permite refletir, sobre equilíbrio entre o empreender e o preservar, de
maneira a alimentador continuas pesquisas no campo acadêmico em seu rico substrato
cultural da sociedade. A Cultura Material nos oferece um vasto material de pesquisa,
portanto, será explorado e implementado como amálgama desse trabalho, os estudos e a
manipulação dos fatos, permitiram interpretar objeto analisado e notoriamente ajudará
apontar caminhos e descobertas.
Palavras Chaves: Cultura Material; etnografia; Antropologia e Cidade de Corumbá.
CULTURA E MEMÓRIA DAS IDOSAS: UTILIZAÇÃO DA MEMÓRIA NO
ENSINO DE HISTÓRIA REGIONAL
Juliane Fávero da Silva
Jaqueline Aparecida Martins Zarbato
O objetivo desta pesquisa é investigar a partir da memória de idosas, que residem em
Campo Grande/MS, os saberes e fazeres, principalmente os artesanatos, e a partir destes
elementos culturais encaminhar propostas de análise da utilização destes no ensino de
história. De acordo com Michel Pollack a memória não pode ser reduzida a uma noção
de passado, pois é viva. A memória pode até ser individual, mas ela também é coletiva e
social sendo importante para a formação de identidade e pertencimento. O ato de
recordar é também de reconstruir, ao rememorar um período somos capazes de captar
novos sentimentos e novos significados. Ecléa Bosi (1987) afirma que o
desenvolvimento industrial foi maléfico para os idosos. Afinal, em uma sociedade que
busca apenas a produção e o lucro não há espaço para memória. Portanto os idosos
perdem aos poucos sua função social. E passam a ser considerados improdutivos, logo
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inúteis. Na historiografia os velhos também acabaram esquecidos, bem como as
mulheres. Com novos métodos de pesquisa como a História Oral é possível recuperar
historicamente as experiências das idosas e com suas narrativas sobre o fazer bordados,
artesanatos, artefatos, visamos perceber de que forma esses elementos culturais são
constituidores de suas identidades e de que forma podem ser utilizados para ensinar a
história regional.
Palavras-chave: Ensino de História, Artesanato, Saberes Regionais.
ENSINO DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: MAPEANDO OS
LUGARES DE MEMÓRIA EM CAMPO GRANDE/MS A PARTIR DO MUSEU
JOSÉ ANTÔNIO PEREIRA
Jéssica Lima de Freitas
Jaqueline Aparecida Martins Zarbato
Este trabalho pretende abordar as discussões sobre as inter-relações entre história e
educação para o patrimônio. No cenário de mudanças na sociedade brasileira, há
necessidade de repensar a importância do patrimônio cultural como parte da
constituição da história das cidades, bem como das concepções que podemos utilizar
para ensinar história a partir dos bens patrimoniais. Este trabalho faz parte de um
projeto de pesquisa sobre o museu José Antônio Pereira e também pretende desenvolver
a análise sobre o patrimônio feminino no Museu José Antônio Pereira. Este museu está
instalado na fazenda Bálsamo, terra doada pelo fundador da cidade a um dos seus filhos,
Antônio Luiz Pereira. Em Bálsamo, a pequena casa de pau-a-pique, o monjolo, o
silêncio só encontrado na periferia semi-rural da cidade. Neste sentido, buscamos
dialogar sobre a conexão entre o ensinar e aprender história, a partir das práticas
museais propõe-se aprofundar as dimensões da cultura feminina e história regional. A
presença feminina está arraigada na construção na cultura nacional e expressa no
patrimônio cultural imaterial brasileiro, em que a transmissão de saberes,
constantemente feita pelas mulheres, seja pelas mãos, dança, artesanato ou oralidade,
muito além de solidificar relações culturais complexas, ainda mais quando se trata do
intangível, é capaz de construir história. Buscamos demonstrar metodologicamente que
as mulheres tem história e são representadas no museu, objetos, estátuas, detalhes que
mostram a contribuição e importância feminina na história de Campo Grande. A partir
da fundamentação teórico-metodológica pretende-se abordar a relação entre museu,
história regional, a presença feminina e sua importância e interfaces com a educação
patrimonial.
Palavras chaves: Memória, Museu, História, Cultura feminina, Patrimônio feminino.
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 51
MUSEUS, EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MULHERES: ANÁLISES SOBRE A
REPRESENTAÇÃO CULTURAL FEMININA NOS MUSEUS EM CAMPO
GRANDE/MS
Jaqueline Aparecida Martins Zarbato
A proposta desta análise visa problematizar o patrimônio e o museu pelo viés feminino.
Compreende-se as inúmeras composições culturais num Brasil múltiplo, diverso,
complexo, em que contribuições culturais podem favorecer o entendimento sobre o
pertencimento, estranhamento, valorização, das culturas. A discussão sobre patrimônio
é densa e tem diferentes encaminhamentos metodológicos. A semântica do termo
patrimônio deve ser analisada no tempo histórico. Em outras palavras, refletir sobre o
patrimônio significa, igualmente, pensar nas formas sociais de culturalização do tempo,
próprias a toda e qualquer sociedade humana”. Percebe-se que, a abordagem sobre
patrimônio tem uma historicidade em nível mundial. Em 1945, com a criação da
Organização das Nações Unidas (ONU), da segunda Guerra Mundial e da Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) foi legitimada a
noção de patrimônio após a Conferência Geral da UNESCO reunida em Paris de 17 de
Outubro a 21 de Novembro de 1972. Assim, na análise vislumbramos as discussões
sobre a presença feminina nos museus em Campo Grande/MS, para tal investigamos os
museus Dom Bosco, José Antônio Pereira e de Arte Contemporânea. Em que, serão
descritas as dimensões das coleções, das obras, dos espaços e de que forma representam
as contribuições culturais femininas e os modos de ensinar sobre a importância das
mulheres nos museus e os museus de mulheres.
Palavras chaves: Museus, Patrimônios, Mulheres.
O USO DE IMAGENS TRIDIMENSIONAIS (3D) PARA A VALORIZAÇÃO DO
PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DO SÍTIO TEMPLO DOS PILARES,
ALCINÓPOLIS/MS
Thaiane Coral Fernandes Lima
Beatriz dos Santos Landa
O avanço das tecnologias permitiu o surgimento de várias inovações que tem facilitado
um sem número de atividades no cotidiano das pessoas. Dentre essas inovações deve-se
ressaltar que as tecnologias desenvolvidas a partir de perspectivas arqueológicas podem
contribuir para a ampliação, consolidação e interpretação das informações obtidas nas
atividades de campo induzindo iniciativas que poderão resultar em ações para um maior
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 52
conhecimento do patrimônio arqueológico. Busca-se apresentar como as imagens
tridimensionais geradas dos abrigos e painéis de arte rupestre do sítio Templo dos
Pilares, localizado no município de Alcinópolis/MS podem ser a base para a proposição
de políticas públicas para a preservação, conservação e valorização deste tipo de
manifestação arqueológica, e como essa tecnologia pode ser usada para a Educação
Patrimonial promovida tanto no local, e também por meio de aplicativos para acesso a
distância. A presença humana neste sítio tem uma antiguidade de 10.735 A. P. (cal) e as
imagens em 3D servirão para uma melhor compreensão do passado vivido por pessoas
que habitavam o país em um período recuado e inseridos em um contexto ambiental
diverso do atual.
Palavras-chave: Imagens tridimensionais, Educação Patrimonial, Patrimônio
Arqueológico, Arte Rupestre, Alcinópolis-MS.
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 53
GT 12 Povos tradicionais:
parentesco, território, saúde e
sociedade
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 54
A INCIDÊNCIA DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES KAIOWÁ E
GUARANI: A FALTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENDIMENTO AOS
DIREITOS DE DEMARCAÇÃO DO TEKOHA NA ALDEIA LARANJEIRA
ÑANDERU, RIO BRILHANTE/MS
Carolina Palhares
José Paulo Gutierrez
As mulheres Guarani e Kaiowá, habitantes da Aldeia Laranjeira Ñanderu, vivem com
suas famílias em territórios tradicionais precários, sem demarcação de terra e nem
existência grupos de trabalhos definidos pela FUNAI, em local conhecido como aldeia
de acampamento, devido a sua característica de transitoriedade. Com o estabelecimento
de uma política colonizadora e integradora no Estado a agropecuária foi introduzida
pela ação de fazendeiros e granjeiros, com a presença fundiária maciça nos
denominados espaços vazios. Devido a uma medida liminar judicial, os Guarani e
Kaiowá da aldeia Laranjeira Ñanderu, que fazem parte da Terra Indígena Bacia
Brilhante-Peguá e suas famílias, foram alocados dentro de área de reserva legal da
fazenda Santo Antônio de Nova Esperança, em Rio Brilhante/MS, aguardando decisão
definitiva favorável para a demarcação e restituição do tekoha. Apesar de terem o
direito constitucional previsto no art. 231, da CF/1988, que lhes garante os direitos
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, a violência contra os indígenas
e o desrespeito aos Direitos Humanos cresceram vertiginosamente, atingindo
principalmente mulheres, meninas e seus familiares. Isso decorre das transferências de
seus tekoha para áreas demarcadas, sem nenhum estudo antropológico e critério
etnológico, ocasionando influências negativas da cultura eurocêntrica e patriarcal a
cultura tradicional, modificando a cultura Guarani e Kaiowá que é baseada na
cooperação e reciprocidade em seu sistema social. Nesse sentido, as mulheres são as
principais prejudicadas pelo aumento da incidência da violência, sendo vítimas muitas
vezes, da discriminação de sua cultura pelos fazendeiros, moradores da região e de
outros karaí (branco).
Palavras-chave: Território, Mulher Guarani e Kaiowá, Violência, Demarcação,
Direitos humanos.
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CAMPO GRANDE
(MS): PROJETO P.A.I.S. NA ESCOLA AGRÍCOLA
Marcelo Augusto Ferreira
Felipe Gavioli Diniz
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 55
Edson Pereira de Souza
Com o advento da revolução industrial e a expansão na utilização dos recursos naturais
em meados do século XIX, os processos de produção começaram a ser analisados com
um caráter de percepção mais crítico por parte da sociedade. Ao par disso, é possível
abordar a seguinte problemática: como produzir sem haver a necessidade de se utilizar
da agricultura convencional? Deste modo, busca-se um despertamento do pensamento
crítico/ecológico na/da população. Todavia, o objetivo geral foi identificar as
potencialidades do projeto P.A.I.S. (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável),
bem como, os mecanismos utilizados para o desenvolvimento de uma agricultura
sustentável que atenda as necessidades da escola agrícola em Campo Grande/MS. O
trabalho apresentou um estudo bibliográfico, observando e relatando a forma com que a
tecnologia P.A.I.S. foi inserida no ambiente escolar, bem como as práticas que foram
adotadas para se ter um sistema de produção ecologicamente correto. Os resultados se
basearam em um método de produção agroecológico, ou seja, no uso de medidas
sustentáveis em relação ao que é produzido na escola. As considerações finais
evidenciaram a aplicação dos elementos da agroecologia nas aulas práticas na escola
agrícola, onde se utilizaram ecotécnicas na produção das hortaliças cultivadas,
contribuindo no desenvolvimento de um sistema de produção que não afeta o meio
ambiente, uma vez que, reutilizaram matéria prima de origem orgânica.
Palavras-chave: Agroecologia, Educação ambiental, Projeto P.A.I.S.
ASSASSINATOS INDIRETOS: REFLEXÕES SOBRE OS SUICÍDIOS
INDÍGENAS NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL NA REGIÃO DO
PANTANAL SUL
Fernando de Mattos Menezes
Edson Pereira de Souza
Icléia Albuquerque de Vargas
O suicídio é entendido como um atentado individual contra a própria vida. Essa
generalização não condiz com a especificidade com os povos indígenas, sobretudo os
Terena, visto que na ótica indígena são considerados assassinatos indiretos causados
pela situação socioeconômica (agronegócio) provocada pelos não indígenas. Logo, de
que maneira a sociedade não indígena influencia esse problema de saúde e como essa
influência acarreta em suicídios de indígenas na Região do Pantanal Sul? Todavia, esta
pesquisa tem como objetivo geral identificar como esse comportamento se constrói e as
consequências dos suicídios indígenas na região do Pantanal Sul. Metodologicamente,
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 56
trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, reportando-se a materiais bibliográficos.
Nesse contexto a pesquisa identifica os suicídios na sociedade indígena e quais os
motivos para materializar este comportamento. Comportamento esse que se relaciona
com o sentimento de pertencimento que as populações indígenas tem sobre seus
territórios. Todavia, o pertencimento é determinado pelo afeto que uma sociedade tem a
um determinado espaço, ou seja um sentimento de bem-estar nesse lugar, podendo ser
determinado onde as relações sociais foram originadas. Essas relações, tanto de
parentesco ou até de soberania naquele território, reforçam o pertencimento que a
sociedade tem no local, a frustação, ou até conflitos e podem ocasionar suicídios na
sociedade. Essa pesquisa é relevante pela incipiente compreensão do comportamento
suicida indígena e como ele afeta a própria sociedade. Com isso, pretende-se analisar as
causas que desencadeiam os suicídios de indígenas, na Região do Pantanal Sul e a
cadeia de eventos gerados pela sociedade.
Palavras-chave: Suicídio, Assassinatos Indiretos, Indígena, Pantanal Sul, Terena.
A RELAÇÃO ENTRE SUSTENTABILIDADE, CONHECIMENTO
TRADICIONAL E TERRITÓRIO PARA O POVO GUARANI
Thais Almeida Cariri
Antonio Hilário Aguilera Urquiza
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa realizada sobre “território”,
“conhecimentos tradicionais” e “sustentabilidade” para o povo Guarani, bem como a
relação entre esses conceitos. Objetiva-se compreender a relação entre território e
conhecimento tradicional e como isso define a maneira com que o povo Guarani
desenvolve práticas de sustentabilidade. Para isso, realizou-se pesquisa bibliográfica e
conceitual em plataformas virtuais como bancos de teses, sites oficiais e em bibliotecas.
Partindo da questão de como se dá esse processo, e levando em conta o histórico de
perseguição e expropriação de seu território tradicional, procuramos entender de que
maneira o conhecimento tradicional atua e como a sustentabilidade aparece na gestão do
território. Como resultado da pesquisa mostrasse que mesmo no contexto de conflito de
terra que se perpetua a décadas o povo Guarani existe e resiste como um povo
tradicional, que diferente do que se imagina no senso comum os conhecimentos
tradicionais não são um pacote fechado que é passado de geração em geração, é uma
constante construção, uma forma de se ver e organizar o mundo própria do povo
guarani.
Palavras-chave: Povo Guarani, Território, Conhecimento Tradicional,
Sustentabilidade.
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 57
POVO GUARANI E TERRITÓRIO: UMA RELAÇÃO COM AS PRÁTICAS DE
TRABALHO ESCRAVO
Camila Assad Catelan
Antônio Hilário Aguilera Urquiza
O presente trabalho é fruto de um projeto maior intitulado Direitos Humanos,
Territórios e Políticas Públicas, e é voltado para o povo Guarani de Mato Grosso do Sul
que vive em território de fronteira com o Paraguai. A situação desse povo é marcada
pela disputa de seus territórios tradicionais, e como enfoque salienta-se a negação de
seus direitos básicos desde o período pós Guerra do Paraguai (1865-1870), onde esse
povo passou a ser submetido a práticas de trabalho análogas a de escravo. Objetiva-se
então fazer uma relação dos aspectos históricos entre trabalho escravo e os índios
Guarani. Para isso faz-se um paralelo com a perda dos territórios tradicionais que tal
povo vem sofrendo, comprometendo assim sua organização social própria (relações de
parentesco e de autoridade, dentre outras), levando-os a procurar trabalho fora da aldeia
sob condições precárias. Acresce ainda um aspecto fundamental para o povo Guarani, a
mobilidade espacial, que muitas vezes tem a ver com aspectos culturais e ancestrais,
mas que atualmente, ocorre pela busca de trabalho.
Palavras-chave: Povos indígenas, Migração, Trabalho escravo, Território.
OGUATA GUASU: GRANDE CAMINHADA DOS KAIOWÁ
Andréa Lúcia Cavararo Rodrigues
Sônia Rocha Lucas
Antônio Hilário Aguilera Urquiza
Tradicionalmente, o povo Kaiowá possui uma concepção de territorialidade ampla,
englobando as regiões do Paraguai, Argentina, Brasil e Bolívia. Esse território é
denominado pelos Kaiowá como Ñane Retã - “Nosso País, ou nosso Território” -
espaço no qual os Kaiowá vivem e estabelecem as suas comunidades. O presente
trabalho tem como objetivo estudar a dinâmica da mobilidade espacial de acordo com as
práticas culturais, dos Kaiowá localizados na região sul do estado de Mato Grosso do
Sul. O estudo privilegia a motivação da mobilidade deste povo, o rearranjo desta
população ao chegar ao novo território, a concepção de mobilidade espacial (Oguata)
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 58
para esta população e seus deslocamentos no espaço/tempo. O povo Kaiowá possui
processo próprio de ocupação de territórios tradicionais, nos quais ocorrem
deslocamentos e neles as comunidades estabelecem suas redes sociais pautadas pelas
relações de parentesco e afinidades. A análise histórica da usurpação do território
tradicional no final da década de 1940 é importante para que se possa compreender o
processo de esbulho sofrido por essa população, em total desrespeito ao direito de
viverem de acordo com suas tradições, como também análise de como este povo
percebe a situação de acampamento, levando em conta as representações e vínculos com
o território em sua forma de vivenciar as moradias móveis. A base metodológica é
própria dos estudos antropológicos, com interface no direito dos povos tradicionais e,
além da pesquisa bibliográfica, mantém-se a preferência pelo trabalho de campo. O
estudo permite concluir que mesmo após terem sofrido deslocamentos forçados, depois
de anos os Kaiowá realizaram o caminho de volta para o seu território tradicional a fim
de manter as suas tradições.
Palavras-chave: Mobilidade espacial, Povos indígenas, Territorialidade Kaiowá,
Moradia móvel.
TRÊS ANOS DE LAMA, SÉCULOS DE LUTA: A MOBILIZAÇÃO SOCIAL
DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS NO EXTREMO LITORAL NORTE DO
ESPÍRITO SANTO FRENTE AO CRIME DA SAMARCO/VALE/BHP
Arthur Augusto Silva Santos
Este trabalho busca contribuir às pesquisas relacionadas ao campo dos conflitos
ambientais, com foco no processo de mobilização social de comunidades tradicionais.
As comunidades tradicionais no extremo litoral norte do Espírito Santo apresentam
conflitos históricos contra a matriz racional produtivista focada no desenvolvimento
econômico a partir do extrativismo e do monocultivo. São pescadores e agricultores
remanescentes de indígenas e quilombolas que preservaram suas territorialidades ao
longo de gerações, tendo seu território invadido pelo ideal desenvolvimentista de forma
avassaladora no final da primeira metade do século XX (BATISTA, 2009). Devido a
seca nos últimos anos, a água do mar contaminada pelos rejeitos de mineração, oriundos
do crime socioambiental da Samarco, adentrou os rios, riachos e corregos, atingindo
dezenas dessas comunidades. O presente trabalho tem foco nas mobilizações que
surgem pós desastre e busca apresentar os repertórios de mobilização social dessas
comunidades na garantia de seus direitos ao longo de quase três anos de lama e luta.
Passa pelos históricos conflitos de territorialidades dentro deste mesmo território e
procura salientar a marca da colonialidade do projeto desenvolvimentista pensado pelo
Estado do Espírito Santo para essa região. Tem como ponto central a relação entre o
Fórum de Atingidos Norte da Foz, vinculado ao Fórum Capixaba em Defesa do Rio
Doce, e as Comissões de Atingidos, construídas em aliança ao Movimento dos
Atingidos por Barragens (MAB). Salienta que após o desastre e por meio destes dois
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 59
espaços de mobilização e união de forças, foi possível garantir reconhecimento dessa
região como atingida, bem como consolidar a Comissão de Atingidos como instância
legal de representação dentro do TAC Governança, assinado entre o MPF e as
mineradoras.
Palavras-chave: Repertórios, Comunidades tradicionais, Territorialidade, Desastre,
Mobilização social.
O PRECONCEITO COM RAÍZES HISTÓRICAS
Pedro Ramão Rojas Coronel
O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a origem do preconceito estabelecido
sobre o paraguaio, na região da cidade de Jardim-Mato Grosso do Sul, a simbolização
do outro, e as formas de identidade/alteridade como ferramenta para compreensão dessa
realidade, tendo uma de suas raízes históricas, a vista disso será feita uma análise do
discurso da obra clássica a Retirada da Laguna de Visconde de Taunay, a partir de suas
matizes antropológicas e linguísticas, com suas adjetivações e percepções, e relacionar
como essa obra atinge o imaginário das pessoas na cidade de Jardim-MS, e trabalhar a
conscientização sobre o tema, para poder transformar a condição de vulnerabilidade dos
paraguaios e seus descendentes. Portanto, esse trabalho faz uma reflexão sobre a
fabricação contínua das representações no processo de socialização, havendo a
necessidade de enfrentamento e busca de soluções dos conflitos gerados por esse
preconceito e demonstrando as consequências que essa realidade pode acarretar.
Palavras-chave: Paraguaios, Identidade/Alteridade, Preconceito, Antropologia.
PAISAGENS E (DES)CONTINUIDADES: O INCREMENTO DO TURISMO E A
CONFIGURAÇÃO DE UMA ARENA DE CONFLITO NO PARQUE
NACIONAL DOS LENÇÓIS MARANHENSES
Benedita de Cássia Ferreira Costa
O presente trabalho procura refletir sobre os problemas que definem uma arena de
disputa envolvendo, por um lado, famílias de comunidades tradicionais e, por outro, o
Estado, e agentes econômicos em torno da privatização das atividades turísticas nas
áreas historicamente ocupadas pelas famílias no Parque Nacional dos Lençóis
Maranhenses (PNLM), criado em 1981. Busca identificar os elementos e conteúdos
imagéticos utilizados para divulgar o potencial turístico do PNLM no contexto de
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 60
concessão da gestão do turismo a agentes econômicos privados. A partir da análise de
material fotográfico de promoção turística, pretende ultrapassar, como obstáculo
epistemológico, a relação naturalizada entre imagem e turismo, realizando um
iconoclash na construção social dessas imagens, que projetam a ideia de paraíso provido
de dunas, lagoas cristalinas, céu azul e muito sol, sugerindo um lugar natural, óbvio. A
construção de uma paisagem que remete a um produto turístico é reveladora de uma
arena de conflito entre as definições e usos da unidade de conservação, na medida em
que as imagens, acompanhadas de narrativas sobre os “Lençóis Maranhenses”, operam
na construção de uma natureza prístina e intocada, simplificando ou apagando sua
variedade e diversidade humana, desconectando-as de questões político- econômicas
relacionadas à sua própria produção, enquanto destino turístico único. Problematiza,
assim, o processo da “descoberta” e a “concessão” dessa unidade de conservação, que
demonstra por um lado, a continuidade da natureza que sofre um regime cada vez maior
de comoditização e, por outro, a descontinuidade do humano, promovendo uma
invisibilização do modo de vida de comunidades tradicionais.
Palavras-chave: Paisagens, Turismo, Unidade de conservação, Comunidades
tradicionais, Arena.
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GT 13 Proibições e Resistências
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ABORTO AUTÔNOMO, FEMINISTA E ACOMPANHADO: REDES
FEMINISTAS DE ACOMPANHAMENTO ÀS MULHERES QUE ABORTAM
Gabriela Lauterbach
Ao longo da história mulheres vem sendo auxiliadas em seus processos de abortamento
por pessoas, grupos e redes que tem se dedicado a possibilitar abortos seguros a partir
de escolhas baseadas no acesso à informação em contextos de ilegalidade e
criminalização. Nos anos 1970, momento em que os movimentos feministas ganhavam
força e reivindicavam direitos em relação à liberdade sexual, contracepção e aborto,
surgiram iniciativas coletivas autônomas de auxílio à mulheres que não desejavam
seguir com suas gestações, como grupos feministas e de esquerda que se articularam
nos Estados Unidos, na França e na Itália para garantir o acesso de mulheres ao
procedimento de aborto seguro, constituindo parte do que é descrito por Mabel Belucci
(2014) como “a história de uma desobediência”; e que tem seus desdobramentos ainda
hoje, em diversos países. Segundo a autora, numa perspectiva foucaultiana, legitimar o
aborto fora do marco da lei é uma das estratégias de resistência desenvolvidas pelas
mulheres para marcar sua posição de insubmissão, desobediência e vontade de poder.
Desta forma, este trabalho tem o intuito de demonstrar as limitações do exercício da
autonomia e dos direitos das mulheres ao aborto legal e seguro quando estes são
restritos às decisões e aos espaços institucionais dominados historicamente pelo poder
patriarcal, a partir do diálogo com as práticas de liberdade, solidariedade e
ressignificação que emergem das experiências de acompanhamento feminista às
mulheres que abortam, considerando os países citados acima e também a experiência
mais recente das Socorristas en red: feministas que abortamos, na Argentina.
Palavras-chave: Redes feministas, Acompanhamento feminista, Aborto.
A ÁFRICA E SUA CONTRIBUIÇÃO RÍTMICA PARA A MÚSICA
BRASILEIRA
Luiz Carlos Santana
Os tambores que chamam têm um elo de comunicação importante entre os povos de
todas as matrizes que vieram da África. A ligação no qual me refiro, são os tambores
dessas matrizes que tanto contribuem para a música popular brasileira. E mesmo tendo
essa representatividade tão forte nesse gênero artístico, no qual são utilizados diversos
ritmos ligados ao culto afro brasileiro, de matriz africana, o seu toar causa
constrangimento, ou seja, embora haja vista a sua relevância para a musicalidade do
nosso país, ainda se percebe resistência em função dessas levadas serem oriundas dos
terreiros. A África, mãe de todos os outros continentes, deixou seu legado musical para
todos os povos representando assim nossa ancestralidade.
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Palavras-chave: Musicalidade afro-brasileira, Tambores, Ritmos brasileiros.
FEMINISMOS ANTIPROIBICIONISTAS NO BRASIL
Greciane Martins de Oliveira
oliveira.greciane@gmail
Nathalia Eberhardt Ziolkowski
O Estado brasileiro é moldado pelo paradigma proibicionista, mas a busca da
legitimidade por este princípio através de sua política de vigilância, coerção e
criminalização não interrompe uma série de problemas sociais, dos mais diversos. Ao
contrário, o que se verifica, em muitas situações, é justamente o efeito inverso, como
aumento do índice de mortes na sociedade civil, o fortalecimento de estereótipos
racistas e sexistas, a criminalização social de grupos no país. Do outro lado, os
motivadores de criminalizações no Brasil demonstram a perseguição por parte do
Estado e outras instituições sociais a fatores étnicos e aspectos culturais de setores
populacionais historicamente rejeitados e menosprezado. No século XX o país tornou
crime o samba, a capoeira, a umbanda, o uso da maconha, todos associados às
marginalidades imputadas as manifestações afro-brasileiras. Também é o século que
marca a última revisão legislativa da lei de proibição do aborto, exaltado como prática
criminosa para além dos efeitos legislativos e repressivos, mas também morais. Todas
as questões citadas atingem diretamente a nós, mulheres, em aspectos distintos, nos
vulnerabilizando e nos fazendo alvo de perseguições. Por motivos como esse é que se
cria a vertente antiproibicionista dentro dos feminismos, com um debate que perpassa
racismo, encarceramento, diversidade sexual, maternidade, prostituição, juventude,
economia, redução de danos, cultura e espiritualidade. A luta hoje é para que mais
movimentos de mulheres e feministas se sensibilizem com este ponto em debate e
incorporem em suas reflexões o tema, articulando permanentemente o embate político
pelo fortalecimento das mulheres como protagonistas.
Palavras-chave: Antiproibicionismo; feminismos; gênero.
VAI TER “SHORTINHO” SIM! A IMPORTÂNCIA E OS REFLEXOS DE SE
DISCUTIR O MOVIMENTO FEMINISTA E A IGUALDADE DE GÊNERO NO
AMBIENTE ESCOLAR
Sara Santana Armoa da Silva
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Este trabalho irá apresentar um relato sobre a importância de discutir o movimento
feminista e a igualdade de gênero no ambiente escolar. A partir de algumas aulas de
Sociologia, em uma escola de ensino médio, da rede estadual de educação, em Campo
Grande, Mato Grosso do Sul, seguindo a grade curricular proposta, mais
especificamente com a discussão do movimento feminista, as alunas desta escola
começaram a pensar sobre a questão de terem o direito de usarem short na escola. Os
meninos já podiam ir de bermuda, enquanto as meninas não. Este relato mostra como se
deu a reivindicação das alunas, quais os argumentos da escola por parte de professores e
da direção sobre o fato. Afirma-se, ainda, que uma discussão de gênero no ambiente
escolar permite que os estudantes estabeleçam o respeito e a compreensão entre si sendo
muito mais proveitoso e saudável para a formação humana dos jovens, do que
proibições e falta de diálogo.
Palavras-chave: Educação, Relações de gênero, Movimento Feminista.
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GT 14 Religiões, religiosidades,
festas e celebrações
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A PROCISSÃO À SÃO PEDRO: O RITUAL E SEUS PERCURSOS
INDEFINIDOS EM BOA VISTA, RORAIMA
Cristiane Bade
A procissão a São Pedro acontece no município de Boa Vista, estado de Roraima desde
o ano de 1957. Durante esses anos esse ritual católico sofreu diversas mudanças, mas a
que mais alterou sua estrutura foi a do ano de 2004, com a construção da Orla
Taumanan. A construção dessa obra gerou a destruição do Porto de Cimento e da sede
da colônia de pescadores, afetando significativamente o trajeto da procissão fluvial e a
participação dos pescadores nesse ritual. Desse modo, essa pesquisa tem como objetivo
analisar os impactos que a construção da Orla Taumanan teve na performance da
procissão fluvial em homenagem a São Pedro. Assim, essa comunicação igualmente
discute sobre esse ritual na experiência urbana e como suas formas de expressão
simbólica foram afetadas ao longo desses anos. Esse estudo faz parte da pesquisa de
doutorado desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Antropologia da
Universidade Federal de Pernambuco, em parceria com a Universidade Federal de
Roraima (DINTER UFPE/UFRR). A proposta metodológica, portanto, deste trabalho,
de natureza etnográfica, envolve a utilização de observação, análise de documentos e
entrevistas com pessoas que que participaram da procissão ao longo desses anos, em
especial pescadores e fieis mais assíduos da procissão.
Palavras-chave: Ritual, Patrimônio, Memória.
DOUTRINAS EM MOVIMENTO: UM BAILADO ENTRE SANTO DAIME E O
RASTAFARI
João Otávio Duarte Farias
Esse ensaio pretende refletir o sincretismo religioso ocorrido no momento em que a
Igreja Céu de Santa Maria de Sião - centro religioso ligado a Doutrina do Santo Daime,
que pratica o uso sacramental da bebida enteógena Ayahuasca - se aproximou e
apropriou-se dos pressupostos religiosos existentes na cultura Rastafari, alterando em
seus preceitos e costumes a própria doutrina do Santo Daime. A importância de se
entender esse processo está no fato de que tal doutrina é também fruto de sincretismo de
representações indígenas/caboclas sobre a ayahuasca, e ressignificações entorno da
bebida, introduzindo à doutrina elementos cristãos. Para esse propósito, irei dialogar
com o conceito de representações, apoiado na oralidade para buscar compreender as
motivações dos agentes de tal aproximação entre as doutrinas, e de que forma são
construídas as representações, movidas por vontades e interesses próprios desses
sujeitos.
Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras
17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 67
Palavras-chave: Sincretismo religioso, Representações, História oral, Ayahuasca,
Santo Daime, Rastafari.
CAFÉ DA MANHÃ COM SÃO JOÃO. RITUAIS E COMENSALIDADE NO
ANIVERSÁRIO DO SANTO
Camila Assad Catelan
Luciana Gomes
Para além do ritual de banhar a imagem de São João no rio Paraguai, a festa dedicada a
este santo na cidade de Corumbá (MS) constitui-se de inúmeros outros eventos que
acontecem na cidade na data de 23 de junho. A partir da pesquisa etnográfica realizada
durante essa festividade religiosa, observamos que tão importante quanto a festa que
ocorre no período noturno - a tão famosa Noite de São João, conhecida no Brasil por ser
um momento mágico, que muito encanta seus participantes – é o café da manhã
tradicionalmente organizado nas casas de muitos festeiros. Assim, o presente trabalho
tem como objetivo descrever esse evento e discutir os significados para a comunidade
local.
Palavras-chave: Festa, Comensalidade, Ritual.
AS SINGULARIDADES DO BANHO DE SÃO JOÃO EM LADÁRIO/MS
Danilo Cezar de Jesus Santos
Álvaro Banducci Júnior
O presente trabalho resulta de um estudo etnográfico realizado durante pesquisa sobre a
festa de São João que ocorre nas cidades pantaneiras de Corumbá e Ladário, ambas no
estado de Mato Grosso do Sul, onde acontece o tradicional Banho de São João nas
águas do rio Paraguai. Este estudo refere-se especificamente aos eventos joaninos da
cidade de Ladário, localidade que tem recebido pouca atenção por parte das pesquisas
relacionadas a esse evento religioso e festivo. O Banho de São João consiste em
conduzir a imagem do Santo em andores até o rio Paraguai onde, mediante ritual de
ablução, recebe o batismo simbólico dos devotos. Na cidade de Ladário a festa
apresenta uma particularidade, pois os festeiros, que trazem os andores de suas casas,
costumam reunir-se na praça central da cidade, onde acontece a festa pública e, próximo
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à meia noite, saem juntos numa única procissão em direção ao rio. Trata-se de duas
modalidades de festa – a pública, organizada pela prefeitura, e as dos festeiros, que
reúne familiares e comunidade de bairros – que se unem numa celebração única do
Banho de São João. O objetivo da pesquisa é descrever as distintas expressões festivas,
os grupos que delas participam, comparar os rituais devocionais nas casas e na praça
pública e buscar desvendar o sentido para os devotos de cada uma dessas celebrações,
bem como do significado da prática conjunta do ritual do Banho de São João.
Palavras-chave: São João, Festas, Ladário, Banho do Santo.
AS RECIPROCIDADES DA FESTA DE SÃO SEBASTIÃO ENTRE OS TERENA
DA ALDEIA BURITI
Rafael Allen Gonçalves Barboza
Graziele Acçolini
O artigo tem como foco central o processo de ressignificação de São Sebastião à
cosmologia Terena considerando a afirmação da identidade Terena na Terra Indígena
Buriti (MS). A observação das reelaborações da religião tradicional e as tentativas de
revitalizar e ressignificar as histórias sobre o próprio território, a partir do contexto dos
Terenas de Buriti. Os Terena de Buriti consideram de necessária importância esse tema
principalmente no cenário político pela reivindicação pelo território tradicional e o
registro da história Terena de Buriti. A festa de São Sebastião é um momento de
manutenção das redes de alianças. A devoção desse santo proporcionou a reelaboração
das identidades étnica pelo grupo e encontros entre familiares e amigos de outras
regiões do país. É durante a festa que acontece a atualização de toda organização social
dos Terena de Buriti, nas esferas: politicas, religiosas e sociais. Esse evento social
tornou uma significância histórica para esse grupo, relembrando de um difícil período
que configurou o sistema da vida em reserva. Mesmo com São Sebastião muitos índios
e não índios recorrem ao xamanismo, buscando nas práticas tradicionais religiosas
Terena, conforto, saúde, paz e proteção. As divisões de tarefas para o preparo da festa e
especificamente do jantar para o santo, transborda a perspectiva de gênero e a formação
de corpos pelos Terena de Buriti.
Palavras-chave: Terena da aldeia Buriti, São Sebastião, Reciprocidades.
COMÉRCIO E DEVOÇÃO: A VENDA E AS OFERENDAS DE ALASITAS NOS
PEDIDOS À VIRGEM DE URKUPIÑA NO CALVÁRIO, EM PUERTO
QUIJARRO (BO)
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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 69
Alyson Matheus de Souza
Álvaro Banducci Júnior
No mês de agosto, durante os dias 14, 15 e 16 de agosto, ocorrem em Puerto Quijarro,
cidade boliviana que faz fronteira com o Brasil, festividades em devoção à Virgem de
Urkupiña. A Santa, cuja aparição acredita-se ocorreu em Quillacollo, no altiplano
boliviano, comove devotos daquele país, tendo seguidores na Argentina, no Brasil e em
demais países. Cada um destes dias que compõem a festa recebe uma denominação
específica, sendo, respectivamente, Entrada, Diana e Calvário, com rituais e
celebrações específicos. Neste trabalho, tratarei por meio de uma breve etnografia os
rituais realizados no último dia da festa nesta cidade, o Calvário, quando os devotos se
concentram para a compra das alasitas, objetos rituais que representam, em miniatura,
bens materiais que cada devoto deseja obter por intercessão da Virgem: casas, carros,
terrenos, diplomas, viagens e demais representações são comercializadas, purificadas,
benzidas e “ch’alladas” (ato de libar com o uso de cerveja) visando realizar pedidos à
Virgem. O estudo pretende problematizar categorias como sagrado e profano, realidade
e representação, interesse e fé em um cenário religioso singular, mostrando, a partir do
comércio destes objetos e dos rituais com eles realizados, como essas categorias se
mesclam e se confundem nos mesmos gestos e atitudes de celebração e devoção à Santa
dadivosa.
Palavras-chave: Virgem de Urkupiña, Devoção, Festa, Comércio, Alasitas.
A FÉ EM FESTA: A COMPREENSÃO DO BANHO DE SÃO JOÃO PELA
IMAGEM
Talita Thomazini Carvalho
A partir da participação no projeto “Banho de São João Corumbá/Ladário - MS:
subsídios para registro como patrimônio cultural imaterial brasileiro” - que objetiva
tornar esta celebração patrimônio cultural do país e, assim, contribuir para sua ampla
divulgação - ficou evidente o poder de registro e da captura da fotografia como
atividade essencial para o entendimento da festividade. Com base nessa questão,
proponho apresentar alguns aspectos simbólicos da festa baseados no registro imagético
e na etnografia, tendo como base uma breve discussão sobre a antropologia visual.
Palavras-chave: Fotografia, Religião, Festa.
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POVO DA RUA: OS TERRITÓRIOS DAS ENTIDADES EXU E POMBA GIRA
NA UMBANDA
Gesliane Sara Vieira Chaves
Exu e pomba gira são as entidades mais procuradas nos terreiros de Umbanda, estes são
associados ao povo da rua. Tendo como territórios a rua, a encruzilhada, o cemitério, o
cabaré, a porteira e o lixão. O inverso das entidades ditas de direita, que possuem
territórios outros, associados ao sagrado, como: cachoeiras, mares, rios, matas,
pedreiras, ou seja, à natureza. Sendo assim, neste trabalho propomos apresentar os
múltiplos e distintos territórios das entidades exu e pomba gira, a partir dos diversos
espaços correspondentes a estas entidades. Espaços estes que são apresentados nos
pontos cantados, estórias contadas pelas entidades e nos locais de oferenda. Para
atingirmos os objetivos propostos, realizamos levantamento bibliográfico sobre a
temática e a apresentação de pontos cantados para as referidas entidades na Umbanda.
Além de consultas a arquivos de campos, de pesquisas realizadas nos terreiros de
Umbanda na cidade de Dourados-MS, nos anos de 2015, 2016 e 2017. É perceptível que
os locais vistos como profanos (dos mortos, dos indigentes, das profissionais do sexo,
ou até mesmo o local da desordem, do descontrole) são apropriados pelos mesmos e
sacralizados. Tornando-se territórios de morada, afetividade e poder. De modo que,
estas entidades se apoderam destes espaços, vistos como mundanos e de desordem.
Contudo, é evidente que os locais considerados “profanos” também podem ser
valorizados e ressignificados. Estabelecendo assim relações de identidade, poder e
afetividade.
Palavras-chave: Territórios, Umbanda, Exu, Pomba Gira.
“POR UMA NUVEM ELE VEIO E POR UMA NUVEM VOLTOU”:
SINHOZINHO PATRIMÔNIO CULTURAL DE MATO GROSSO DO SUL
Edivânia Freitas de Jesús
Douglas de Oliveira Nobre
Em meados de 1940, a cultura religiosa local vê-se transformada: um homem simples,
com um terço no pescoço, vestido com um longo manto que cobria seu braço esquerdo,
começou uma tradição que permanece até hoje na cidade de Bonito em Mato Grosso do
Sul. Sinhozinho ou Mestre Divino como também ficou conhecido, era tido como
curandeiro e realizador de milagres para os moradores do município, comunicava-se
apenas por gestos e andava com dificuldades, que segundo os relatos, eram ocasionados
por alguma deficiência física. Também acredita-se, que o Sinhozinho além de profeta
era a reencarnação de São João Batista. Os ensinamentos transmitidos por ele,
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perpetuaram-se de pai para filho. Não se sabe ao certo o que aconteceu para o seu
desaparecimento, mas na sua passagem pela cidade, ele construiu várias cruzes de
madeira e uma capela, que hoje serve de ponto de encontro para os seus devotos no dia
12 de outubro, onde seus fiéis prestam suas homenagens com orações e celebram uma
missa.
Palavras-chave: Sinhozinho, Patrimônio Cultural, Bonito/MS.
MEU PAI XANGÔ PARA ALÉM DE SÃO JOÃO BATISTA SINCRETISMO E
TEMPO RELIGIOSO NAS FESTAS JUNINAS DE CORUMBÁ MS
Mario Teixeira de Sá Junior
No mês de junho são comemoradas diversas festas católicas no Brasil. A cidade de
Corumbá, situada no norte de Mato Grosso do Sul, tem em seu calendário religioso as
festas de Santo Antônio (11/06), de São João (24/06) e as de São Paulo e São Pedro
(29/06). Essas importantes festas, para o calendário católico, se desdobram nas religiões
de matrizes afro-brasileiras, a Umbanda e o Candomblé, que são bastante presentes
nessa cidade. Esse desdobramento se deve a um processo de sincretismo onde o orixá
Xangô é sincretizado com os quatro santos católicos acima citados. O sincretismo é
realizado através de similaridades nas estórias, imagens, lugares em comum entre o
Orixá e os Santos. Esse processo acaba gerando um “tempo religioso”, onde as casas
religiosas afro-brasileiras constroem uma ligação entre as quatro festividades, a
princípio, comemoradas de forma isolada, ainda que os festejos juninos também as uma.
Isso se traduz na construção de um processo ritualístico que tem início na comemoração
de Santo Antônio. Nela, são realizadas sessões (encontros) de pretos velhos e Exus
(espíritos que se manifestam na Umbanda). Em São João os mesmos pretos velhos dão
continuidade as manifestações iniciadas em Santo Antônio, agora associados a figura do
Orixá Xangô. Em 29 de junho ocorre o encerramento desse “tempo” com a festa de São
Pedro. A comemoração de São João se coloca como um elo entre essas diversas
atividades religiosas. A pesquisa busca compreender o sentido específico que as
religiões afro-brasileiras dão a esses festejos.
Palavras-chave: Umbanda; Candomblé; Afro-brasileiras; Sincretismo; Corumbá MS.
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GT16 Trabalho, consumo e
significado num mundo em
transformação
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GLOBALIZAÇÃO E GOURMETIZAÇÃO: A GASTRONOMIA DE BELÉM DO
PARÁ
Guilherme Bemerguy Chêne Neto
Renata Medeiros Paoliello
No ano de 2015 Belém recebeu o prêmio de Cidade Criativa de Gastronomia, dado pela
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A
partir daí a cidade se tornou referência em gastronomia amazônica e muitos estudiosos
das ciências gastronômicas e chefs de cozinha passaram a incluir a cidade em seus
roteiros gastronômicos. Nesse ensejo, tanto o Estado, na figura da prefeitura da cidade
e do governo estadual, quanto empresários argumentaram que esse título dado pela
UNESCO visa valorizar a tradição e identidade belenenses, a partir de sua culinária, que
começa, então ser inserida mais intensamente numa cadeia global de consumo, sendo
mais uma possibilidade nas prateleiras do “supermercado cultural global” (MATHEWS,
2002). Essa inserção da culinária belenense em “comunidades transnacionais de
consumidores” (CANCLINI, 1999) tem como causa, de acordo com Jesús Contreras
Hernández (2005), o impacto da progressiva homogeneização e globalização da comida.
O processo de globalização impacta diretamente na alimentação, onde a busca por
alimentos adquiriu um intrínseco caráter mercadológico (PETRINI, 2009). O gourmet
vira palavra-chave do novo conceito de gastronomia, que, agora, tem no regional a
grande “novidade”. As comidas populares passam por um processo de gourmetização
feita por grands chefs de cozinha nacional e internacional, com um discurso pautado na
valorização das tradicionalidades. Essa pesquisa vem sendo desenvolvida em forma de
tese de doutorado e almeja compreender qual o real impacto do contínuo, e inevitável,
processo globalizador na alimentação.
Palavras-chave: Gastronomia, Gourmetização, Identidade Cultural, Globalização,
Belém do Pará.
OS NOVOS RUMOS DA MODA EM CAMPO GRANDE-MS (2016-2018)
OS COLETIVOS CRIATIVOS DE MODA E AS TRANSFORMAÇÕES NO
MUNDO DO TRABALHO
Ivani M. C. Grance
Ricardo L. Cruz
Desde 2016, em Campo Grande-MS, tem se observado o surgimento de coletivos
criativos de moda autoral, cujo objetivo é facilitar o acesso e a interação de seus
componentes aos fornecedores de matéria prima e a cadeia produtiva de prestadores de
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serviços em confecção de vestuário, sublimação em prensa ou calandra, serigrafia entre
outros serviços necessários à criação de seus produtos. Estes coletivos têm como uma
de suas características, a participação de indivíduos das mais variadas profissões, tais
como: designer de moda, designer gráfico, administrador, arquiteto, psicólogo, modelo,
designer de acessórios, fotógrafo, produtores de moda, personal stylist, bloggers,
publicitários e alunos egressos dos cursos de moda e design. Utilizam métodos análogos
ao sistema de economia criativa, como o de trabalho em redes colaborativas, bem como
o fomento ao empreendedorismo, sustentabilidade e geração de renda. Neste sentido,
este trabalho tem como objeto os coletivos criativos de moda autoral e o objetivo geral
norteia-se a partir de conhecer quem são os agentes que atuam neste sistema de trabalho
em rede e compreender como se dão as relações de trabalho dentro do contexto
colaborativo em que atuam. O ponto de partida será a plataforma colaborativa BRAVA,
que se encontra em atividade desde 2016, situada nas imediações da Explanada
Ferroviária em nossa capital. Neste local se desenvolvem empreendimentos ligados à
moda, designer, arte e cultura, compartilhando o espaço de forma coletiva e
colaborativa em rede.
Palavras-chave: Coletivos criativos, Redes colaborativas, Empreendedorismo, Moda
autoral.
“A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA, A GENTE A GENTE QUER COMIDA,
DIVERSÃO E ARTE”: UMA ANÁLISE DOS ROLEZINHOS COMO
CONTESTAÇÃO DA SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL
Nátali Bozzano Nunes
Davide Giacobbo Scavo
Esta pesquisa busca compreender se os rolezinhos, caracterizados como passeios em
grandes grupos de jovens da periferia nos shoppings centers das cidades brasileiras
manifestados desde 2014, foram uma tentativa de contestação da segregação social e
espacial presente na sociedade. Ainda que os protagonistas dessas mobilizações não
estivessem protestando contra as mazelas da sociedade do consumo em si, a hipótese
que norteia este trabalho é a de que estes jovens negros, pobres da periferia, ao mesmo
tempo que circulam invisíveis pela cidade, não aceitaram calados tais estigmas. Assim,
eles saem do lugar a eles atribuindo pela sociedade e vão aos shoppings centers –
considerado o templo do consumo – utilizando roupas e acessórios de grandes marcas e
buscando um reconhecimento social por meio do consumo. Os rolezinhos apresentam-
se, portanto, como fenômenos de resistência e contestação à exclusão e não ao sistema
capitalista como tal. O procedimento metodológico utilizado para a realização desta
pesquisa foi a revisão bibliográfica e documental do tema, a partir de uma análise
qualitativa da problemática trabalhada.
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Palavras-chave: Rolezinhos; Consumo; Cidade; Segregação socioespacial; Resistência.
“UMA FEIRA MAIS LIMPINHA”
Juliana Barbosa Lima e Santos Toyama
A Feira Central e Turística de Campo ocupa uma edificação implantada na Esplanada
Ferroviária. Trata-se de uma estrutura modular, com corredores ajardinados protegidos
por uma cobertura que remonta o estilo Shinden - arquitetura que era utilizada em
épocas de Japão feudal, justificada sob a homenagem aos comerciantes de ascendência
japonesa da feira. Embora o discurso que levou a concretização desse espaço edificado
esteja vinculado a um ideal de modernização, a ideia de tradição sul-mato-grossense
também está em evidência nesse novo modelo. Esse ideal flerta, ao menos, com quatro
âncoras regionais culturais de caráter identitário: o homem pantaneiro, os trilhos da
ferrovia que atravessava a cidade, a população indígena e, principalmente, o imigrante
japonês. Essa composição paisagística condiz com uma visão sobre a dimensão estética
da cidade, ao que podemos observar sobre a repaginação/requalificação dos centros
urbanos, dedicadas a atividades lúdicas, onde a aglomeração coletiva tem por essencial
objetivo a descontração, a festividade e o prazer experiências que regem um efeito
chamado por “consumo do lugar”.
Palavras-chave: Feira Central, Consumo, Cidade, Capitalismo Artista.
A MODA E AS REDES SOCIAIS: A COMPLEXIDADE DA SOCIEDADE DO
CONSUMO
Ranielly Silva Leite
A moda sempre esteve presente na sociedade se desenvolvendo e modificando com o
passar das décadas. O surgimento e o avanço das redes sociais têm transformado a
forma como as pessoas acessam as novidades e tendências desse segmento, até mesmo
o consumo de produtos, para além dos modelos mais consolidados, como desfiles,
revistas e lojas físicas. O crescente número de perfis ligados ao estilo de pessoas
famosas ou não famosas, de vendas e o grande número de brechós online, faz com que
pessoas deixem de ser um mero expectador nas redes sociais, para se tornar também
produtor de conteúdo e consumidor quase que instantâneo daquilo que lhe agrada. Então
surge a dúvida, não de julgar o consumo excessivo da moda, mas sim de buscar
entender o quanto está ligado o consumo com as redes sociais.
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Palavras-chave: Redes Sociais, Consumo, Moda.
CONSELHEIRO REGIONAIS DE PLANEJAMENTO URBANO:
VOLUNTÁRIOS TRABALHANDO PELO BEM COMUM
Liliana Simionatto
David Victor-Emmanuel Tauro
O objetivo deste trabalho foi estudar a criação do Sistema Municipal de Planejamento
[SMP] de Campo Grande [MS] e a representatividade da sociedade civil organizada
[Conselhos Regionais Urbanos] frente aos desafios de planejamento para o
desenvolvimento da cidade. Foram realizadas pesquisas bibliográfica e documental no
Instituto Municipal de Planejamento Urbano [Planurb] e na Internet. As entidades
cadastradas no SMP concorrem um assento no Conselho Regional da Região Urbana
pertencente. As entidades que compõe os Conselhos Regionais atuam nas discussões e
acompanhamento do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias, da Lei
Orçamentária Anual e sugestão de prioridades e modificações de obras e serviços para e
na região pertencente. Constatou-se a importância de mais estudos sobre esta
representatividade da sociedade civil organizada, no Sistema Municipal de
Planejamento de Campo Grande [MS]. Além disso, constatou-se um diferencial nestes
conselhos, uma vez que sua composição é feita apenas por representantes da sociedade
civil e o trabalho é desenvolvido voluntariamente.
Palavras-chave: Controle social, Gestão participativa, Voluntariado, Autonomia-
Heteronomia.
PRODUÇÃO AGRÍCOLA PARA AUTOCONSUMO E “COMÉRCIO JUSTO”.
AGROECOLOGIA NAS PAMPA DA ARGENTINA, À MARGEM DO
AGRONEGOCIO
Romina Cravero
Apresentamos aqui uma investigação desenvolvida em quatro sitios agroecológicos da
Argentina localizados nas “Pampas”. Essa região socioprodutiva remonta à inserção do
modelo agroexportador no país desde o século XIX, e à disseminação sistemática das
políticas de modernização. É aí que o agronegócio se desenvolveu mais desde o final do
século XX. Neste trabalho, em vez de buscar definições exaustivas sobre o que é
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agroecologia ou as identidades substantivas de um tipo novo ou tradicional de
agricultores, propomos dar conta das maneiras pelas quais as pessoas produzem
alimentos que qualificam como “saudáveis”, e que eles usam para o autoconsumo e o
mercado local em busca de um “comércio justo” É claro que cada uma delas dá conta de
um repertório de práticas que colocam posições dentro de redes das relações sociais em
que estão inseridas. Assim, o fenômeno que estamos considerando-os processos de
emergência os modos da produção ecológico na agricultura pampeana- vai adquirir
formas mais complexas. A perspectiva etnográfica é apresentada aqui como uma
abordagem teórico-metodológica que nos permite compreender as relações sociais que a
formam. Ao mesmo tempo, aproxima-nos da dimensão dinâmica do social sem perder
de vista o contexto do cotidiano das pessoas.
Palavras-chave: Agroecologia; Agronegócio; Extrativismo; Agricultura.
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Realização
Apoio/Grupos de Estudos