senac elementos da economia e finanças
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Sumário
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 1 ................................................................................... 6
CONCEITOS BÁSICOS DE ECONOMIA.................................................................................................................. 6 O QUE É ECONOMIA? .................................................................................................................................... 6 MICROECONOMIA ......................................................................................................................................... 6 MACROECONOMIA ........................................................................................................................................ 6
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 2 ................................................................................... 7
O DIAGRAMA DO FLUXO CIRCULAR .................................................................................................................. 7
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 3 ................................................................................... 8
PROBLEMA DA ESCASSEZ: A FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO ............................................................... 8
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 4 ................................................................................... 9
ÍNDICES DE PREÇOS NO BRASIL......................................................................................................................... 9 QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS ÍNDICES DE PREÇOS MAIS UTILIZADOS NO PAÍS? ................................................................ 9
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 5 ................................................................................. 10
COMO CALCULAR E INTERPRETAR AS VARIAÇÕES DE PREÇOS A PARTIR DE NÚMEROS ÍNDICES? ..................................... 10
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 6 ................................................................................. 11
CONCEITOS BÁSICOS DE FINANÇAS ................................................................................................................. 11 MERCADO DE TRABALHO EM FINANÇAS........................................................................................................... 12
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 7 ................................................................................. 12
OPORTUNIDADES DE CARREIRA EM ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA......................................................................... 12 OPORTUNIDADE DE CARREIRA EM SERVIÇOS FINANCEIROS .................................................................................. 13
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 8 ................................................................................. 13
PRINCIPAIS ATIVIDADES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO ................................................................................... 13
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 9 ................................................................................. 14
OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA .................................................................................................... 14
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 10 ............................................................................... 15
OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA: MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO X MAXIMIZAÇÃO DA RIQUEZA DOS
PROPRIETÁRIOS .......................................................................................................................................... 15
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 11 ............................................................................... 16
OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA: MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO X MAXIMIZAÇÃO DA RIQUEZA DOS
PROPRIETÁRIOS (CONTINUAÇÃO...)................................................................................................................. 16
CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 12 ............................................................................... 17
SEPARAÇÃO ENTRE PROPRIEDADE E GESTÃO: POSSIBILIDADE DE CONFLITOS DE AGÊNCIA .......................................... 17
DEMANDA E OFERTA - PARTE 1 ................................................................................................................. 18
BÁSICO SOBRE OFERTA E DEMANDA ............................................................................................................... 18 A) CURVA DE OFERTA .................................................................................................................................. 18
DEMANDA E OFERTA - PARTE 2 ................................................................................................................. 18
B) CURVA DE DEMANDA ............................................................................................................................... 18
3
DEMANDA E OFERTA - PARTE 3 ................................................................................................................. 19
C) MECANISMO DE MERCADO ....................................................................................................................... 19
DEMANDA E OFERTA - PARTE 4 ................................................................................................................ 20
D) MUDANÇAS NO EQUILÍBRIO DO MERCADO................................................................................................... 20
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR - PARTE 1 .................................................................................... 20
TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR ........................................................................................................... 20
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR - PARTE 2 .................................................................................... 21
A) RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA: O QUE O CONSUMIDOR PODE GASTAR................................................................... 21
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR - PARTE 3 .................................................................................... 22
B) PREFERÊNCIAS: O QUE O CONSUMIDOR QUER ................................................................................................ 22
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR - PARTE 4 .................................................................................... 23
C) OTIMIZAÇÃO: O QUE O CONSUMIDOR ESCOLHE.............................................................................................. 23 D) EFEITO RENDA E EFEITO SUBSTITUIÇÃO ....................................................................................................... 24
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR - PARTE 5 .................................................................................... 24
METAS DE POLÍTICAS MACROECONÔMICAS - PARTE 1 ............................................................................ 25
POLÍTICA MONETÁRIA: EFEITOS SOBRE A TAXA DE JUROS BÁSICA E A INFLAÇÃO ........................................................ 25
METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA - PARTE 2................................................................................ 26
POLÍTICA FISCAL: IMPACTOS DA INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL NA ECONOMIA ..................................................... 26
METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA - PARTE 3................................................................................ 27
POLÍTICA CAMBIAL: O VALOR DA MOEDA E AS REPERCUSSÕES NA BALANÇA COMERCIAL ............................................. 27
METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA - PARTE 4................................................................................ 28
CRESCIMENTO ECONÔMICO .......................................................................................................................... 28
METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA - PARTE 5................................................................................ 29
DISTRIBUIÇÃO DE RENDA .............................................................................................................................. 29
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 1 .................................................................................. 30
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA ........................................................................................................... 30 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: CONCEITO E FUNÇÕES............................................................................................ 31
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 2 .................................................................................. 31
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) .......................................................................................................... 31
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 3 .................................................................................. 32
A) PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES QUE COMPÕEM O SUBSISTEMA NORMATIVO DO SFN .................................................. 32
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 4 .................................................................................. 33
B) PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES QUE COMPÕEM O SUBSISTEMA DE INTERMEDIAÇÃO DO SFN ......................................... 33
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 5 .................................................................................. 34
B) PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES QUE COMPÕEM O SUBSISTEMA DE INTERMEDIAÇÃO DO SFN (CONTINUAÇÃO...) ............... 34
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 6 .................................................................................. 35
MERCADO FINANCEIRO ................................................................................................................................ 35
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 7 .................................................................................. 36
SEGMENTOS DO MERCADO FINANCEIRO .......................................................................................................... 36
4
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 8 .................................................................................. 37
JUROS E TAXAS DE JUROS.............................................................................................................................. 37 A) TAXA EFETIVA ......................................................................................................................................... 37
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 9 .................................................................................. 38
B) TAXA REAL ............................................................................................................................................. 38 C) TAXAS EQUIVALENTES .............................................................................................................................. 38
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 10 ................................................................................ 39
APLICAÇÕES DE RENDA FIXA .......................................................................................................................... 39
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 11 ................................................................................ 40
APLICAÇÃO EM RENDA FIXA (CONTINUAÇÃO...) ................................................................................................ 40
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 12 ................................................................................ 40
APLICAÇÃO EM RENDA FIXA (CONTINUAÇÃO...) ................................................................................................ 40
AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 13 ................................................................................ 41
MERCADO DE AÇÕES ................................................................................................................................... 41
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 1 .................................................................................. 42
ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA: DECISÕES DE CURTO PRAZO...................................................................................... 42
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 2 .................................................................................. 43
ADMINISTRAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES ......................................................................................................... 43
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 3 .................................................................................. 44
ORÇAMENTO DE CAIXA ................................................................................................................................ 44
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 4 .................................................................................. 45
SALDO IDEAL DE CAIXA: MODELO DE BAUMOL ................................................................................................. 45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 5 .................................................................................. 46
SALDO IDEAL DE CAIXA: MODELO DE BAUMOL (CONTINUAÇÃO...) ........................................................................ 46
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 6 .................................................................................. 46
SALDO IDEAL DE CAIXA: MODELO DE CAIXA MÍNIMO OPERACIONAL ..................................................................... 46 OUTRAS TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DE SALDO ............................................................................................... 47
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 7 .................................................................................. 47
ADMINISTRAÇÃO DE DUPLICATAS A RECEBER .................................................................................................... 47 MODELOS DE CRÉDITO E SELEÇÃO DE CLIENTES: OS 5 CS DO CRÉDITO ................................................................... 47
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 8 .................................................................................. 48
MODELOS DE CRÉDITO E SELEÇÃO DE CLIENTES: PONTUAÇÃO DE CRÉDITO (CRÉDIT SCORE)....................................... 48
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 9 .................................................................................. 49
VARIAÇÕES NA POLÍTICA DE CRÉDITO .............................................................................................................. 49
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 10 ................................................................................ 50
VARIAÇÕES NA POLÍTICA DE CRÉDITO (CONTINUAÇÃO...) .................................................................................... 50
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 11 ................................................................................ 51
DESCONTOS PARA PAGAMENTOS À VISTA ........................................................................................................ 51
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 12 ................................................................................ 52
POLÍTICA DE COBRANÇA ............................................................................................................................... 52
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 13 ................................................................................ 52
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES ..................................................................................................................... 52 A) ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES: CLASSIFICAÇÃO ABC..................................................................................... 53
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 14 ................................................................................ 53
B) ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES: LOTE ECONÔMICO DE COMPRA (LEC) .............................................................. 53
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 1 ............................................................................. 54
INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS ........................................................................................................ 54
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 2 ............................................................................. 55
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 3 ............................................................................. 56
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 4 ............................................................................. 57
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 5 ............................................................................. 58
EXEMPLOS DE CÁLCULO DOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS ......................................................................... 58
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 6 ............................................................................. 60
BÁSICO SOBRE RISCO E RETORNO ................................................................................................................... 60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 7 ............................................................................. 61
CALCULANDO O RETORNO ............................................................................................................................ 61 CUSTO DE OPORTUNIDADE ........................................................................................................................... 61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 8 ............................................................................. 61
ESTRUTURA E CUSTO DE CAPITAL ................................................................................................................... 61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 9 ............................................................................. 62
A) CAPITAL DE TERCEIROS ............................................................................................................................. 62
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 10 ........................................................................... 63
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 11 ........................................................................... 64
B) CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO...................................................................................................................... 64
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 12 ........................................................................... 64
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 13 ........................................................................... 65
CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMPC) E ESTRUTURA ÓTIMA DE CAPITAL ................................................ 66
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 14 ........................................................................... 66
CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMPC) E ESTRUTURA ÓTIMA DE CAPITAL (CONTINUAÇÃO...) ...................... 66 CUSTO MARGINAL PONDERADO DE CAPITAL (CMGPC)...................................................................................... 67
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 15 ........................................................................... 68
FLUXO DE CAIXA E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ................................................................................................ 68
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 16 ........................................................................... 69
A) PAYBACK ............................................................................................................................................... 69
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 17 ........................................................................... 71
B) VALOR PRESENTE LÍQUIDO ........................................................................................................................ 71
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 18 ........................................................................... 71
C) TAXA INTERNA DE RETORNO ...................................................................................................................... 71 VPL OU TIR? QUAL DOS MÉTODOS DEVE SER ESCOLHIDO? ................................................................................. 72
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Concepção de Economia e Finanças - Parte 1
Conceitos Básicos de Economia
O que é Economia?
A economia é uma ciência social que tem como
questão chave compatibilizar a administração de
recursos escassos com as necessidades ilimitadas
dos indivíduos. Nas economias capitalistas, os
recursos não são alocados por um único planejador
central (Estado), mas pelos atos combinados de milhões
de famílias e empresas. Assim, os economistas estudam
como as pessoas tomam decisões: o quanto trabalham,
o que compram, quanto poupam e como investem suas economias; e como elas interagem
umas com as outras: por exemplo, como as ações conjuntas de compradores e
vendedores irão definir as quantidades a serem produzidas e os preços a serem cobrados
por determinado bem ou serviço. Além disso, os economistas também analisam as forças
e tendências que afetam a economia como um todo, incluindo o crescimento da renda
média, a evolução do desemprego e a variação de preços ocorrida em determinado
período. A partir desses diferentes enfoques a economia divide-se em dois grandes
campos de análise: a Microeconomia e a Macroeconomia.
Microeconomia
A microeconomia é o estudo de como as famílias e empresas tomam decisões e de como
elas interagem em mercados específicos. São exemplos de objeto de análise da
microeconomia: como as escolhas dos consumidores são influenciadas pelas variações de
preços e de rendas; de que maneira as empresas determinam o número de trabalhadores
que irão contratar, o preço que irão cobrar por seus produtos e a quantidade total que irão
disponibilizar no mercado.
Macroeconomia
A macroeconomia corresponde ao estudo dos fenômenos da economia como um todo, ou
seja, trata das quantidades econômicas agregadas, tais como o nível e a taxa de
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), taxas de juros, desemprego e inflação. Muitas
vezes a distinção entre esses dois campos torna-se bastante complicada, em virtude da
inter-relação demandada em determinadas análises, como por exemplo, identificar quais
os impactos de uma redução de impostos sobre as contas do governo (macroeconomia) e
sobre a produção e o consumo geral de bens e serviços (microeconomia).
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Concepção de Economia e Finanças - Parte 2
O Diagrama do Fluxo Circular
A economia consiste em milhões de pessoas envolvidas em muitas atividades - comprar,
vender, trabalhar, contratar, fabricar, etc. Para entendermos melhor como funciona esse
sistema precisamos de um modelo que explique, em termos gerais, como a economia está
organizada e como seus participantes interagem uns com os outros. No geral, os modelos
consistem em simplificações da realidade visando facilitar o entendimento de situações
práticas mais complexas. Assim, como as maquetes utilizadas em um curso de astronomia
não mostram todas as estrelas existentes no sistema solar, os modelos econômicos
também não conseguem incluir todas as características presentes no mundo real,
centrando-se nos principais aspectos que movimentam a economia.
Nesse sentido, o Diagrama do Fluxo Circular consiste em uma simplificação bastante
utilizada na compreensão de como funciona um sistema econômico. Esse modelo
considera apenas dois tomadores de decisões: as empresas que produzem bens e
serviços usando insumos como trabalho, terra e capital (prédios e máquinas), os quais são
chamados fatores de produção; e as famílias que são proprietárias dos referidos fatores
de produção e consomem todos os bens e serviços que as empresas produzem.
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O conjunto externo de setas do diagrama representa o fluxo de dinheiro realizado entre as
famílias e as empresas enquanto o conjunto interno de setas indica o correspondente fluxo
de insumos e produtos. Esses fluxos ou interações ocorrem em dois tipos de mercados.
No mercado de bens e serviços as famílias são compradoras e as empresas produtoras.
Por outro lado, no mercado de fatores de produção as famílias são vendedoras e as
empresas compradoras. As empresas usam parte da receita de suas vendas para o
pagamento de fatores de produção, como salários e aluguéis. O que sobra é o lucro dos
proprietários da empresa, que por outro lado também são membros das famílias.
Conforme pode ser percebido, o Diagrama do Fluxo Circular consiste em um modelo
simples da economia, não incluindo governo, sistema financeiro, comércio internacional
dentre outros fatores. Contudo, é justamente a sua simplicidade que permite um fácil
entendimento de como os componentes básicos da economia se encaixam.
Concepção de Economia e Finanças - Parte 3
Problema da escassez: A fronteira de possibilidades de produção
Conforme inicialmente destacado, a ciência econômica tem por natureza administrar o
problema da escassez. Um modelo bastante simples que ajuda a explicar as implicações
da escassez sobre o conjunto de todo uma economia é a chamada Fronteira ou Curva de
Possibilidades de Produção (CPP). Esse modelo demonstra graficamente as
combinações de produto que uma economia pode produzir de maneira conjunta, dados os
fatores de produção e a tecnologia disponíveis. Assim como os demais modelos, a CPP
simplifica a economia real a partir da suposição que apenas dois bens sejam fabricados e
que seus processos produtivos consomem todos os fatores de produção disponíveis.
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No hipotético exemplo acima estamos supondo que sejam produzidos apenas
computadores e televisores na economia. Os extremos da CPP nos mostram que caso
todos os recursos fossem utilizados para fabricação de computadores seriam produzidas
1.000 unidades desse produto e nenhuma televisão. Do contrário, caso fossem produzidos
apenas televisores teríamos 4.000 unidades desse produto e nenhum computador.
O ponto "A" representa uma alternativa intermediária para a sociedade, onde a divisão dos
fatores produtivos resultaria em uma produção conjunta de 800 computadores e 2.000
televisores. O ponto "B" representa uma situação de ineficiência econômica, uma vez que
por algum motivo os recursos produtivos disponíveis na economia não estão sendo
utilizados da melhor maneira possível, como por exemplo, um alto nível de desemprego ou
um baixo nível de produtividade. Por outro lado, o ponto "C" identifica uma situação
impossível de ser alcançada pela economia, seja em virtude da insuficiência de recursos
disponíveis ou da tecnologia disponível. Por último, o ponto "D" dá uma ideia dos custos
envolvidos em nossas tomadas de decisões. O custo de se aumentar a produção de
televisores de 2.000 para 2.500 unidades equivale à diminuição de 100 unidades de
computadores. Em linhas gerais, o custo de alguma coisa é aquilo de que desistimos para
obtê-la, comumente chamado de custo de oportunidade (mais adiante iremos retomar
novamente esse conceito).
Concepção de Economia e Finanças - Parte 4
Índices de Preços no Brasil
Índices de preços são números que agregam e representam os preços de uma
determinada cesta de produtos. Sua variação mede, portanto, a variação média dos
preços dos produtos dessa cesta. Podem se referir, por exemplo, a preços ao consumidor,
preços ao produtor, custos de produção ou preços de exportação e importação. No Brasil
existem diversos índices que medem as variações de diferentes preços. Contudo, os
índices mais difundidos são os índices de preços ao consumidor, os quais medem a
variação do custo de vida de variados segmentos da população brasileira.
Quais são os principais índices de preços mais utilizados no
país?
Os diversos índices de preços construídos no Brasil ao longo de nossa história visaram
atender diferentes finalidades. O IGP-M - Índice Geral de Preços de Mercado - calculado
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi criado originalmente para ser utilizado no
reajuste de operações financeiras. Por sua vez, o INPC - Índice Nacional de Preços ao
Consumidor - calculado pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o
índice balizador dos reajustes de salários, enquanto o IPCA - Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo - também calculado pelo IBGE, corrige os balanços e
demonstrações financeiras trimestrais das companhias abertas, além de ser o medidor
oficial da inflação no país. A tabela abaixo resume as características centrais dos
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principais índices de preços utilizados no país (Instituto responsável, área de abrangência,
período de coleta de dados e faixa de renda pesquisada).
Instituto Índice Índices
Componentes Faixa de Renda
Área de Abrangência
Coleta Divulgação Início
da Série
IBGE
IPCA-15
Não há
1 a 40 SM 11 maiores Regiões
Metropolitanas
dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de
referência
até o dia 25 do mês de
referência 2000
IPCA dia 1º ao dia 30 do mês de
referência
até o dia 15 do mês
subsequente 1979
INPC 1 a 6 SM
FGV
IGP-10 IPA IPC
INCC
1 a 33 SM no IPC, que é computado juntamente
com os Índices de Preços no Atacado (IPA)
e na Construção Civil (INCC).
12 maiores Regiões
Metropolitanas
dia 11 do mês anterior ao dia 10 do mês de
referência
até o dia 20 do mês de
referência 1994
IGP-M IPA IPC
INCC
dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de
referência 1º Prévia dia
21 a 30 2º Prévia dia
21 a 10
até o dia 30 do mês de
referência 1º Prévia - até
dia 10 2º Prévia - até
dia 20
1989
IGP-DI IPA IPC
INCC
dia 1º do mês anterior ao dia 30 do mês de
referência
até o dia 10 do mês
subsequente 1944
FIPE IPC-Fipe
não há 1 a 20 SM Município de
São Paulo
dia 1º do mês anterior ao dia 30 do mês de
referência
até o dia 10 do mês
subsequente 1939
Fonte: IBGE, FGV e FIPE.
Concepção de Economia e Finanças - Parte 5
Como calcular e interpretar as variações de preços a partir de números índices?
Vamos supor que você possua alguma despesa fixa, como o aluguel, por exemplo, cuja
correção anual esteja vinculada à variação do IGP-M. Interessado em acompanhar a
evolução do referido índice, você teve acesso a seguinte tabela:
Índices Mensais do IGP-M
(data base agosto de 1994)
MESES ÍNDICE
nov/09 405,98
dez/09 404,92
jan/10 407,48
fev/10 412,28
11
mar/10 416,16
abr/10 419,36
mai/10 424,35
jun/10 427,96
jul/10 428,60
ago/10 431,90
set/10 436,87
out/10 441,28
nov/10 447,68
Sabendo que o aniversário do seu contrato de aluguel corresponde ao mês de novembro
qual será o percentual de reajuste a ser considerado para o próximo ano? A partir dos
índices situados na segunda coluna da tabela se torna bastante simples calcular a
variação percentual do IGP-M ocorrida entre os meses de dezembro de 2009 e novembro
de 2010, conforme demonstrado abaixo:
447,68 (índice Nov/2009) = 1,1027 ou em % (1,1027 - 1) x 100 = 10,27%
405,95 (índice Nov/2010)
Essa regra pode ser utilizada para calcular a variação entre qualquer intervalo de tempo.
Por exemplo, a variação do IGP-M ocorrida no mês de novembro de 2010 foi de 1,45%
enquanto a variação acumulada nos últimos 3 meses foi de 3,65% e entre o período de
agosto de 1994 (data-base de cálculo, correspondente a um índice igual a 100) a
novembro de 2010 uma variação total de aproximadamente 348%.
Concepção de Economia e Finanças - Parte 6
Conceitos Básicos de Finanças
Conforme abordado no componente curricular Teoria e Fundamentos da Administração, a
função finanças consiste em uma das mais importantes atividades gerenciais existentes
em uma organização, na medida em que todas as tomadas de decisões realizadas em
outras áreas acabam de certa forma necessitando de aprovação do setor financeiro
(contratação de pessoal e treinamento pelo RH, novos investimentos em publicidade
demandados pelo marketing, dentre outros). Em linhas gerais, podemos afirmar que a área
de finanças afeta diretamente a vida de todas as pessoas e de todas as organizações,
financeiras ou não financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem
fins lucrativos, ou seja, independentemente da tipologia e dos diferentes objetivos
implícitos às mesmas. Em termos de conceituação, podemos definir finanças como a
arte ou a ciência de administrar fundos. Praticamente todos os indivíduos e organizações
obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Finanças tem sua atenção
voltada para os processos, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na
transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos.
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Mercado de Trabalho em Finanças
As oportunidades de carreiras na área de finanças podem ser genericamente divididas em
duas grandes áreas: administração financeira e serviços financeiros.
Concepção de Economia e Finanças - Parte 7
Oportunidades de Carreira em Administração Financeira
Cargo Descrição
Analista financeiro Responsável principalmente pela preparação e análise dos planos financeiros e orçamentários da empresa. Incluem previsão financeira e análise de desempenho baseada em índices.
Analista/gerente de orçamentos de
capital
Responsável pela avaliação e recomendação de propostas de investimentos em ativos. Também se envolve em aspectos financeiros quando da implementação dos investimentos aprovados.
Gerente de projetos financeiros
Responsável pela captação de financiamentos para investimentos em ativos; negocia com consultores, bancos e assessores jurídicos.
Gerente de caixa Controla e mantém os saldos diários de caixa da empresa, podendo se envolver com os procedimentos de cobrança, pagamentos, contatos com bancos, empréstimos e aplicações de curto prazo.
Analista/gerente de crédito
Administra a política de crédito da empresa por meio da análise e avaliação das solicitações de crédito.
Administrador de fundos de pensão (aposentadoria)
Responsável pela coordenação dos ativos e passivos do fundo de pensão dos empregados. Administra investimentos, contrata ou supervisiona o desempenho dessas atividades.
b) Serviços Financeiros: corresponde a área de finanças voltada à concepção e à
prestação de assessoria, tanto quanto à entrega de produtos financeiros a indivíduos,
empresas ou governos. Essa área envolve uma série de importantes e crescentes
oportunidades de trabalhos em bancos e instituições correlatas (atendimento a pessoa
física e jurídica), de planejamento das finanças pessoais, de investimento, de bens
imóveis e de seguros.
a) Administração Financeira: corresponde às responsabilidades do administrador
financeiro em uma empresa, tais como a realização de orçamentos, previsões
financeiras, administração do caixa, administração de crédito, análise de investimentos,
captação de fundos, análise de riscos e estudos de viabilidade econômica-financeira.
Os profissionais que exercem essas funções em uma organização são chamadas de
administradores financeiros.
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Oportunidade de Carreira em Serviços Financeiros
Concepção de Economia e Finanças - Parte 8
Principais atividades do administrador financeiro
Basicamente as atividades de um administrador financeiro podem ser divididas em três
categorias principais: realizar análises e planejamentos financeiros; tomar decisões de
investimento; e tomar decisões de financiamento. Especialmente com relação a essas
duas últimas atividades, destacamos a importância de se conhecer bem a lógica e o
funcionamento de um fluxo de caixa na vida de um administrador financeiro, assunto esse
a ser melhor abordado na última semana de nosso componente curricular.
Área Oportunidade
de Carreira Descrição
Bancos e instituições correlatas
Analistas de crédito Avaliam e fazem recomendações relativas à concessão de empréstimos (financiamentos) a empresas e pessoas físicas (consumo e/ou investimentos)
Gerentes de bancos de varejo
Administram agências e supervisionam os programas oferecidos pelo banco a seus clientes
Gerentes de conta
Oferecem diversos serviços financeiros a seus clientes, como planejamento de finanças pessoais (previdência, planos de capitalização, etc.), investimentos, bens imóveis (o crédito imobiliário tem ganhado muita importância no país) e seguros.
Planejamento das finanças
pessoais
Consultores financeiros
Podem ser tanto profissionais liberais ou trabalharem como empregados, prestando aconselhamento (consultoria) a indivíduos com respeito a todos os aspectos da administração de suas finanças pessoais, tais como, orçamento, impostos, investimentos, aquisição de imóveis, aposentadoria, etc. Profissionais de diversas áreas detentores de significativa quantidade de recursos e pouco tempo para administrar suas finanças pessoais tem lançado mão de serviços dessa natureza (artistas, empresários, esportistas, dentre outros).
Bens Imóveis
Agentes e corretores
Relacionam propriedades comerciais e residenciais para venda ou aluguel, pesquisam compradores e locatários, mostram e negociam tais propriedades.
Avaliadores Estimam o valor de mercado dos imóveis a serem comercializados
Financiadores Análise de crédito com relação à capacidade de endividamento dos compradores
Administradores de imóveis
(imobiliárias)
Lidam com operações do dia-a-dia para que os proprietários obtenham o máximo retorno
Seguros
Corretores Vendem apólices, visitam e prospectam clientes, calculam prêmios e franquias e prestam serviços de assistência em caso de sinistros.
Subscritores ou analistas de riscos
Selecionam e avaliam os riscos que sua empresa irá segurar, fixando os respectivos prêmios correspondentes.
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Concepção de Economia e Finanças - Parte 9
Objetivos da Administração Financeira
No geral, cabe à administração financeira gerir racionalmente os recursos financeiros de
uma empresa. Uma vez tais recursos sendo escassos, cabem ao setor financeiro tomar as
decisões a fim de obter deles o melhor benefício futuro. Tomar uma decisão implica fazer
uma escolha entre duas ou mais alternativas de ação, como por exemplo, aplicar recursos
em aplicações de curto ou longo prazo, investir no aumento da planta produtiva ou na
aquisição de maquinário, dentre diversas outras decisões que impliquem desembolsos
financeiros. O que irá definir a decisão a ser tomada é o objetivo da empresa, ou seja,
escolher a ação que melhor contribua à consecução dos objetivos organizacionais. O
objetivo de uma empresa pode ser descrito de várias maneiras, como a maximização dos
lucros, maior participação no mercado (sharing), maximização das vendas e da riqueza de
seus proprietários, etc. Na verdade, todos esses objetivos estão de certa forma inter-
relacionados, especialmente a maximização dos lucros e da riqueza dos
c) Decisões de Financiamento
Se por um lado as decisões de investimento estão atreladas ao ativo da organização,
por outro as decisões de financiamento estão vinculadas ao passivo. Assim, o
administrador deve comparar e analisar as opções de financiamento de curto e longo
prazo, bem como as fontes de financiamento a serem utilizadas - capital próprio ou de
terceiros.
b) Decisões de Investimento
Em linhas gerais se refere às combinações de ativos permanente e circulante que a
organização deve investir. Conforme visto de maneira mais detalhada no componente
curricular de contabilidade, os ativos circulante e permanente se diferenciam
basicamente pela liquidez apresentada, ou seja, pela capacidade de serem convertidos
em recursos monetários (circulante tem maior liquidez e o permanente tem menor
liquidez). Portanto, tal combinação é fundamental para a consecução dos objetivos
organizacionais.
a) Análise e Planejamento Financeiro
Diz respeito à transformação dos dados financeiros em informações que permitam
monitorar a situação financeira da empresa; avaliar a necessidade de aumento ou
redução da capacidade produtiva e determinar aumentos ou reduções dos
financiamentos requeridos. Objetiva desenvolver planos que assegurem que os
recursos adequados estarão disponíveis para o alcance dos objetivos organizacionais.
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proprietários, os quais, apesar de parecerem sinônimos à primeira vista, podem ser
conflitantes no que se refere às tomadas de decisões.
Concepção de Economia e Finanças - Parte 10
Objetivos da Administração Financeira: Maximização do Lucro x Maximização da Riqueza dos
Proprietários
Para ilustramos melhor o possível conflito entre esses dois objetivos, vamos tomar como
exemplo a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) abaixo, onde o lucro líquido
do período foi de R$ 8.100,00 e o valor investido foi de R$ 40.000,00, sendo
este exclusivamente oriundo de capital próprio, ou seja, não havendo tomada de
empréstimo por parte da empresa.
Demonstração do Resultado Exercício - 20XX (Em R$)
Receita operacional 45.000,00
Custo dos produtos vendidos (20.000,00)
Lucro bruto 25.000,00
Despesas administrativas (7.000,00)
Despesas de vendas (4.500,00)
Despesas financeiras -
Lucro antes do imposto de renda 13.500,00
b) Maximização da riqueza dos proprietários:
Consistem em medidas que não estão focadas no curto prazo, mas sim, que objetivem
valorizar o preço de mercado das ações da empresa. Portanto, não importam apenas
os lucros presentes, mas principalmente a capacidade da empresa em gerar
lucros futuros (visão de longo prazo), sua estrutura de capital, solidez e capacidade de
crescimento.
a) Maximização dos lucros:
Considerada com bastante frequência como o principal objetivo de qualquer empresa.
Assim, as decisões da área financeira teriam como objetivo gerar o maior lucro possível
no curto prazo, como por exemplo, tomando decisões que resultem em manutenções
inadequadas de maquinário, reduções de gastos com publicidade, adiamento de
investimentos, contratações de funcionários menos qualificados dentre outras medidas
mais imediatistas que visem prioritariamente reduzir custos.
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Provisão para o imposto de renda* (5.400,00)
Lucro líquido 8.100,00
*Alíquota de IR de 40%
Patrimônio Líquido = Lucro Líquido + Capital Próprio = R$ 48.100,00
Supondo que a custo de oportunidade do capital é de 15%, ou seja, a remuneração paga
por outros investimentos disponíveis no mercado financeiro, podemos calcular o Retorno
Sobre o Patrimônio Líquido (RSPL), o qual representa a taxa de remuneração obtida
pelo próprio capital, da seguinte forma.
RSPL =( Lucro líquido
- Lucro retido no exercício) x 100 Patrimônio líquido
RSPL =( R$ 8.100,00
) x 100 = 20,25% R$ 48.100,00- R$ 8.100
Concepção de Economia e Finanças - Parte 11
Objetivos da Administração Financeira: Maximização do Lucro
x Maximização da Riqueza dos Proprietários (continuação...).
Na medida em que a taxa de remuneração obtida foi superior ao referido custo de
oportunidade (20,25% > 15%), podemos concluir que nesse caso houve valorização do
valor da ação da empresa, ou seja, aumento da riqueza de seus proprietários
concomitantemente a uma variação positiva do lucro. Agora, vamos supor que apenas R$
20.000,00 seja oriundo de capital próprio e que os R$ 20.000,00 restante tenha sido
tomado no mercado financeiro com juros anuais de 20%.
Demonstração do Resultado Exercício - 20XX (Em R$)
Receita operacional 45.000,00
Custo dos produtos vendidos (20.000,00)
Lucro bruto 25.000,00
Despesas administrativas (7.000,00)
Despesas de vendas (4.500,00)
Despesas financeiras (4.000,00)
Lucro antes do imposto de renda 9.500,00
Provisão para o imposto de renda* (3.800,00)
Lucro líquido 5.700,00
*Alíquota de IR de 40%
Patrimônio Líquido = Lucro Líquido + Capital Próprio = R$ 25.700
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Calculando-se o novo RPSL observa-se que apesar do lucro da empresa ter caído no
curto prazo (R$ 5.700,00 < R$ 8.100,00), o valor de mercado das ações subiu em virtude
do maior RPSL alcançado (28,50% > 20,25%), comprovando que os objetivos de
maximização do lucro e da riqueza dos proprietários podem sim serem conflitantes,
resultando no que se denominou chamar conflitos de agência.
RSPL =( R$ 5.700,00
) x 100 = 28,50% R$ 25.700,00- R$ 5.700
Concepção de Economia e Finanças - Parte 12
Separação entre Propriedade e Gestão: Possibilidade de Conflitos de Agência
À medida que uma empresa vai crescendo o proprietário geralmente vai se distanciando das
atividades operacionais, contratando gestores para o desempenho de suas antigas funções.
Nos casos onde a empresa cresce muito para ser financiada por apenas uma única pessoa
ela abre seu capital e o antigo empreendedor passa a ser seu acionista, contratando agora
administradores profissionais, os quais ficam responsáveis pelas tomadas de decisões da
empresa em seus níveis hierárquicos mais altos. Assim, ocorre a separação entre a
propriedade e a gestão da empresa, sendo o acionista conhecido como o principal e os
administradores seus agentes.
Em determinados casos, essa distinção de papéis pode resultar em interesses distintos,
sendo as ações do agente incompatíveis com os objetivos de longo prazo dos acionistas.
Por exemplo, nos casos onde os administradores recebam percentuais de remuneração
sobre o lucro, eles poderiam privilegiar ganhos de curto prazo em detrimento de valorizações
de longo prazo (valor das ações). Outra situação seria a adoção de políticas mais
conservadoras por parte do administrador como forma de preservar seu emprego, evitando
riscos que viessem a prejudicar sua reputação no mercado. Essas e outras situações são
incentivadas principalmente pela assimetria de informações que passa a existir entre agente
e principal, exigindo do segundo mecanismos que venham a fortalecer seus controles.
Assim, o conceito de Gestão Corporativa vem ganhando força nas organizações
contemporâneas, representando um conjunto de mecanismos internos e externos que visam
harmonizar os interesses e as ações de administradores e acionistas. Um exemplo disso fica
por conta das políticas de remuneração dos administradores baseadas em participação
acionária, incentivando a adoção de políticas e estratégias comerciais que objetivassem
lucros sólidos e estruturados de longo prazo. Os Conselhos de Administração também
consistem em um importante mecanismo de controle que os administradores lançam mão.
Em linhas gerais, os Conselhos de Administração formulam políticas gerais para as
empresas, monitorando seus gestores e verificando periodicamente se suas tomadas de
decisões estão alinhadas com a de seus acionistas. Por último, mas não menos importante,
citamos também a realização de auditorias externas e a consequente transparência dada às
ações dos administradores.
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Demanda e Oferta - Parte 1
Básico sobre Oferta e Demanda
Conhecer a lógica existente no relacionamento entre oferta e demanda consiste em pré-
requisito básico para a realização de qualquer análise microeconômica. A chamada lei da
oferta e da demanda estabelece a relação existente entre a oferta de um bem ou serviço
(quantidade que será oferecida) e a sua demanda (procura). A partir dela é possível
determinar as quantidades e os preços que serão estabelecidos para os diferentes bens e
serviços produzidos em uma economia. Nos períodos onde a oferta supera a demanda, o
preço do bem ou serviço diminui. Por outro lado, quando a oferta é inferior a demanda, o
preço se eleva. Para uma melhor compreensão dessa lógica de mercado, vamos analisar
agora a chamadas curvas de oferta e demanda.
a) Curva de Oferta
A curva de oferta estabelece a relação entre a quantidade de mercadorias que os
produtores estarão dispostos a vender e o seu preço. Em outras palavras, preços mais
altos incentivam aumentos de produção, seja pelas empresas já existentes que teriam
interesse em aumentar suas vendas ou pela entrada de novos concorrentes. Assim, a
curva de oferta possui inclinação positiva indicando que maiores preços (eixo vertical do
gráfico) resultam em maiores quantidades ofertadas pelos produtores (eixo horizontal do
gráfico). Cabe ressaltar, que além do preço outros fatores também influenciam na oferta de
qualquer bem ou serviço, como por exemplo, a redução dos custos de produção da
empresa (salários, matéria prima, taxa de juros para financiamento, etc.). Em suma,
conforme visualizado na animação abaixo, quando ocorrem apenas variações de preço as
quantidades se ajustam ao longo da própria curva de oferta. Contudo, quando outros
fatores impactam a oferta, como, por exemplo, redução de custos produtivos, o ajuste nas
quantidades se dá através de deslocamentos ou mudanças da curva de oferta.
Demanda e Oferta - Parte 2
b) Curva de Demanda
A curva de demanda estabelece a relação entre a quantidade de um bem ou serviço que
os consumidores desejam adquirir e seu preço. Em outras palavras, quanto maior for o
preço de determinado bem ou serviço menos os indivíduos irão consumir. Do contrário,
quanto menores forem os preços, maior será a procura. Assim, diferentemente da curva de
oferta, a curva de demanda possui inclinação negativa, indicando que quanto maior for o
preço (eixo vertical do gráfico) de um bem ou serviço menor serão as quantidades
demandadas do mesmo (eixo horizontal do gráfico). Cabe ressaltar, que além do preço
outros fatores também influenciam na demanda de qualquer bem ou serviço, como por
exemplo, o aumento da renda dos indivíduos, o preço de outros bens, sazonalidades e
clima. Em suma, conforme visualizado na animação abaixo, quando ocorrem apenas
variações de preço as quantidades se ajustam ao longo da própria curva de demanda.
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Contudo, quando outros fatores impactam a demanda, como, por exemplo, a renda, o
ajuste nas quantidades se dá através de deslocamentos ou mudanças da curva de
demanda.
Demanda e Oferta - Parte 3
c) Mecanismo de Mercado
Conhecidas as curvas da demanda e da oferta e as relações que as mesmas indicam
entre preços e quantidade, cabe agora colocá-las juntas em um mesmo gráfico. A
combinação dessas duas curvas permite identificarmos como se dá o equilíbrio
entre oferta e demanda no mercado. No ponto de equilíbrio a oferta e a demanda de
um determinado bem ou serviço são iguais, ou seja, indicando que não existe
escassez ou excesso de oferta. Essa tendência dos preços a se modificarem em livre
mercado até que haja a igualdade entre oferta e demanda é chamado de mecanismo
de mercado, ou ainda, a "mão invisível do mercado" originalmente citada pelo
economista Adam Smith no século 18. Além do preço e da quantidade de equilíbrio
identificados no gráfico abaixo (P0,Q0), interessante destacarmos que os preços P1 e
P2 apresentam respectivamente as referidas situações de excesso e escassez de
oferta. No preço P1, os produtores disponibilizariam no mercado quantidades
superiores ao que seria demandado pelos consumidores. Como efeito, para que todo
esse excedente fosse vendido os preços seriam reduzidos até o ponto P 0. Por fim, a
redução de preço reduziria a quantidade ofertada pelos produtores conduzi ndo o
mercado a situação de equilíbrio (mecanismo de mercado). Raciocínio inverso vale
para o ponto P2, onde a escassez de oferta ocasionaria um natural aumento de preço
enquanto os consumidores estivessem dispostos a pagar mais pelo bem ou serviço
em questão, conduzindo novamente o mercado a uma situação de equilíbrio.
20
Demanda e Oferta - Parte 4
d) Mudanças no Equilíbrio do Mercado
A partir de uma situação de equilíbrio as condições de oferta e demanda podem ser
modificadas, implicando deslocamentos de suas respectivas curvas conforme
anteriormente explicado. A título de exemplo vamos supor que em um determinado
mercado o lucro auferido pelas empresas tenha chamado à atenção de novos
empreendedores. Com o ingresso de novas empresas (concorrentes) o mercado
passou a ofertar uma maior quantidade desse produto, deslocando a curva de oferta
para a direita, conforme mostrado na animação abaixo. Como consequência disso, o
preço do produto diminuiu, gerando um novo ponto de equilíbrio onde os preços são
mais baixos e a quantidade produzida é maior na comparação com a situação
original.
Agora vamos supor que a partir de uma situação de equilíbrio ocorra um aumento
significativo de demanda ao ponto de deslocar sua respectiva curva para direita.
Vamos tomar como exemplo o recente caso do álcool gel que em virtude do vírus
H1N1 teve o seu perfil de demanda fantasticamente alterado. Conforme demonstrado
na animação abaixo, o deslocamento da demanda ocasionou um novo equilíbrio onde
o preço e as quantidades ficaram acima dos níveis originais.
Comportamento do Consumidor - Parte 1
Teoria da Escolha do Consumidor
É comum entrarmos em uma loja e nos depararmos com diversos produtos que
gostaríamos de comprar. Naturalmente, como os recursos financeiro são limitados,
não podemos comprar tudo àquilo que desejamos. Sendo assim, levamos em
consideração os preços dos vários produtos à venda e adquirimos um conjunto de
bens que, dada a nossa disponibilidade de recursos, melhor atenda as nossas
necessidades. Como vimos anteriormente, a curva de demanda de um bem reflete a
disposição do consumidor em pagar por ele. Quando o preço de um bem aumenta, os
consumidores estão dispostos a pagar mais por menos unidades, de modo que a
quantidade demandada diminui. Agora analisaremos de maneira mais detalhada as
decisões que estão por trás da curva de demanda, compreendendo o comportamento
do consumidor através de três análises distintas:
21
Comportamento do Consumidor - Parte 2
a) Restrição Orçamentária: o que o consumidor pode gastar
A partir de um exemplo simplificando contendo apenas duas opções de compra, vamos
analisar como as limitações de renda interferem em nossas decisões de consumo. É obvio
que no mundo real as pessoas compram milhares de diferentes tipos de bens. Mas admitir
que existam apenas dois bens simplifica o problema sem alterar a compreensão básica a
respeito da escolha do consumidor. Vamos supor que um indivíduo tenha uma renda de
R$ 1 mil e que gaste todo esse valor exclusivamente na compra de jogos de videogame e
de livros e que os preços desses bens sejam respectivamente R$ 10 e R$ 50. A tabela
abaixo mostra algumas das combinações de jogos e livros que esse consumidor pode
optar sem ultrapassar sua limitação financeira de R$ 1 mil. Por exemplo, se ele optar em
comprar apenas jogos poderá comprar 100 unidades desse produto. Por outro lado, se a
escolha for comprar apenas livros, ele poderá adquirir no máximo 20 exemplares.
A representação gráfica ao lado da tabela ilustra todas as combinações possíveis entre
jogos (eixo vertical) e livros (eixo horizontal), A linha que liga os máximos de consumo de
Quantidade de Jogos de
Computador
Quantidade de Livros
Despesa com
Jogos (R$)
Despesa com
Livros (R$)
Despesa Total (R$)
100 0 1000 0 1000
90 2 900 100 1000
80 4 800 200 1000
70 6 700 300 1000
60 8 600 400 1000
50 10 500 500 1000
40 12 400 600 1000
30 14 300 700 1000
20 16 200 800 1000
10 18 100 900 1000
0 20 0 1000 1000
1. Restrição Orçamentária: não se consegue consumir tudo aquilo que se
deseja, uma vez que a renda dos indivíduos é limitada e os desejos de
consumo não, restringindo a quantidade de mercadorias que podem ser de fato
adquiridas.
2. Preferências do Consumidor: essa etapa consiste em encontrar uma forma
prática de descrever por que os indivíduos poderiam preferir uma mercadoria ou
cesta de mercadorias a outra.
3. Escolhas do Consumidor: diante de uma renda limitada e de suas
preferências, os consumidores irão adquirir as combinações de mercadorias
que maior satisfação lhes proporcione. Na medida em que tais combinações
dependerão dos vários preços dos bens disponíveis, o entendimento das
escolhas do consumidor permitirá uma melhor compreensão da demanda.
22
cada item é chamada de linha de restrição orçamentária, a qual indica o limite das
combinações de consumo de bens que o consumidor pode adquirir. A inclinação da
restrição orçamentária mede a taxa que o consumidor pode trocar um bem pelo outro. A
inclinação entre dois pontos é calculada pela variação da distância vertical dividida pela
variação da distância horizontal. Do ponto A ao ponto B a distância vertical é de 100 jogos
de computador e a distância horizontal é de 20 livros, ou seja, uma inclinação de 5 jogos
por livro. Assim, podemos dizer que um livro custa 5 vezes mais do que um jogo, de modo
que o custo de oportunidade de um livro equivale a 5 jogos de computador. A análise da
restrição orçamentária, portanto, nos indica o comportamento do consumidor a partir de
sua renda e dos preços dos produtos disponíveis para consumo, restando agora
analisarmos como funcionam suas preferências.
Comportamento do Consumidor - Parte 3
b) Preferências: o que o consumidor quer
As preferências do consumidor lhe permitem escolher entre diferentes combinações de
jogos de computador e livros. Se você oferecer duas opções de combinações ele irá
escolher aquela que melhor atenda as suas necessidades. Se ambas atenderem
igualmente suas preferências dizemos que o consumidor é indiferente entre essas duas
combinações. Graficamente as preferências do consumidor são apresentadas nas
chamadas curvas de indiferença. Observem na figura abaixo que os pontos A, B e C
situados na curva de indiferença 1 possuem combinações que proporcionam ao
consumidor o mesmo nível de satisfação. Interessante destacar que ao longo de uma
curva de indiferença diminuições de consumo de um bem são supridas pelo aumento no
consumo de outro. Reparem como a perda de jogos de computador presente na
passagem do ponto C para o B é compensada pelo aumento no consumo de livros. Essa
troca de um bem pelo outro é chamada de taxa marginal de substituição. No geral, a
taxa à qual o consumidor está disposto a trocar um bem por outro depende da quantidade
de bens que ele já está consumindo. No nosso exemplo, a taxa à qual o consumidor está
disposto a trocar jogos por livros depende da quantidade que ele possui destes dois bens.
Não é a toa que do ponto C para o ponto B o consumidor para aumentar uma
pequena quantidade de livros abriu
mão de razoável quantidade de jogos,
enquanto do ponto B para o ponto A
para o consumidor abrir mão da
mesma quantidade de jogos ele exigiu
uma quantidade bem superior de
livros. Em suma, o desejo de
consumir uma unidade adicional de
qualquer bem é sempre inferior à
primeira, por isso a taxa marginal
de substituição é decrescente ao
longo de uma curva de indiferença.
23
O ponto D está situado em outra linha de indiferença onde as combinações podem ser
realizadas com maiores quantidades de produtos. Apesar da quantidade de jogos
adquiridos serem maior no ponto C, o acréscimo de livros obtidos no ponto D é mais do
que suficiente para tornar esse ponto preferível ao primeiro. Na comparação com os
pontos B e A fica claro compreender a preferência pelo ponto D, uma vez que ele
proporciona maiores quantidades de consumo dos dois bens. Os ensinamentos que as
curvas de indiferença nos trazem e que precisam ficar claros podem ser resumidos da
seguinte forma:
Os consumidores sempre preferem maiores quantidades;
A vontade de substituir um bem pelo outro depende da quantidade de cada um que
o consumidor dispõe.
Comportamento do Consumidor - Parte 4
c) Otimização: o que o consumidor escolhe
Ciente de sua limitação financeira e conhecedor de suas preferências a escolha do
consumidor irá recair na combinação de produtos que melhor atendam as suas
necessidade respeitando o montante de recursos disponível. Graficamente, a combinação
das curvas de indiferença e da linha de restrição orçamentária permitem visualizar com
mais clareza essa situação. Observem no gráfico abaixo que o ponto ótimo corresponde à
situação onde a curva de indiferença tangencia a linha orçamentária. Assim, mesmo que o
ponto A dê ao consumidor maior satisfação do que em C, o seu orçamento não permite
que ele consuma A. Da mesma forma, o ponto B apresenta uma combinação que não
preenche o total de renda disponível para o consumidor. Em suma, dentre as curvas de
indiferenças disponíveis, o ponto C é aquele que permite a maior satisfação do consumidor
sem extrapolar a sua limitação financeira.
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d) Efeito Renda e Efeito Substituição
Vamos supor que o preço do livro tenha diminuído enquanto o preço dos jogos se manteve
constante. Essa redução de preço resultará em uma maior quantidade de recursos
disponível para o consumidor, aumentando a sua sensação de riqueza. A partir dessa
constatação, os consumidores poderão adquirir mais quantidades de ambos os bens
sendo que o "quanto" ele irá aumentar de cada um depende dos efeitos renda e
substituição proporcionados. Em síntese, a redução no preço do livro ocasionaria um efeito
renda positivo para ambos os bens, pois o consumidor estaria com mais dinheiro
disponível e, portanto, apto a consumir mais de ambos. Contudo, a queda no preço do livro
alterou o preço relativo dos bens, na medida em que o livro tornou-se mais barato em
relação ao consumo de jogos eletrônicos.
Bem Efeito Renda Efeito Substituição Efeito Total
Jogos de Computador
O consumidor está mais rico, portanto compra mais jogos.
Os jogos estão relativamente mais baratos, portanto, o consumidor compra mais jogos.
Os efeitos renda e substituição agem no mesmo sentido, portanto o consumidor compra mais jogos.
Livros O consumidor está mais rico, portanto compra mais livros.
Os livros estão relativamente mais caros, portanto, o consumidor compra menos livros.
Os efeitos renda e substituição agem em direções opostas, portanto, o efeito total sobre o consumo de livros é incerto.
Comportamento do Consumidor - Parte 5
Uma vez entendida a lógica existente nas tomadas de decisões de um consumidor,
algumas situações em especifico merecem ser melhor analisadas.
Clima e Sazonalidades
No que se refere aos impactos do clima e da sazonalidade sobre a procura de um bem,
é só imaginarmos a demanda por roupas de lã no inverno e por carne de peru no natal
e seus respectivos impactos em termos de preço praticado.
Bens Substitutos e Bens Complementares
A demanda por um bem ou serviço também pode ser afetada pelo preço de outros.
Quando a demanda de um bem ou serviço aumenta em decorrência do aumento de
preço de outro, dizemos que estes são bens substitutos. Por exemplo, quando o preço
da manteiga sobe a tendência é que aumente a demanda por margarina, o mesmo
ocorrendo entre a carne de frango e a carne de gado e diversos outros exemplos. Por
outro lado, quando a demanda de um bem ou serviço cai em virtude do aumento do
preço de outro, dizemos que este são bens complementares. Por exemplo, se o preço
da costela subir provavelmente irá cair a procura por sal grosso e carvão no Rio Grande
do Sul.
25
Metas de Políticas Macroeconômicas - Parte 1
Política Monetária: efeitos sobre a taxa de juros básica e a
inflação
A política monetária é aquela por meio da qual o governo controla a taxa de juros da
economia pela contração ou expansão da oferta de moeda. O controle da taxa de juros
básica é um dos principais mecanismos de controle da inflação que o governo dispõe. De
maneira bastante simples, a inflação pode ser entendida como a perda do poder de
compra da moeda, resultante do aumento geral de preço na economia.
A década de 80 no Brasil foi fortemente caracterizada pela
existência de altas taxas inflacionárias.
Bens Normais, Bens Inferiores e Bens de Giffen
Quando um bem ou serviço tem o seu consumo aumentado em virtude de aumento da
renda do consumidor dizemos que este é um bem normal. Por outro lado,
contraditoriamente alguns produtos passam a ser menos consumidos quando a renda
dos consumidores aumenta. Por exemplo, o miojo e o bife de hamburger podem ser
considerados bens inferiores quando um aumento de renda proporcione ao consumidor
substituir os mesmos por maiores quantidades de massa fresca e carne da gado. Por
último, existem bens que quando o preço sobe, contraditoriamente o seu consumo
aumenta, como por exemplo, o pão. Isso porque, em determinadas faixas de renda o
aumento do preço de produtos como o pão diminui a capacidade de consumo de outros
produtos, sendo mais racional utilizar o dinheiro restante para consumir mais pães do
que menores quantidades de outros itens. Esses bens são chamados Bens de Giffen.
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Um dos principais fatores geradores de inflação é o desequilíbrio entre oferta e
demanda. Conforme abordado anteriormente, quando a demanda supera a oferta o
equilíbrio do mercado se dará mediante aumento de preços. Assim, quando o governo
promove uma contração da oferta de moeda, a tendência é aumentar a taxas de juro
básica da economia. Com esse aumento, cresce a atratividade por investimentos no
mercado financeiro, principalmente em títulos da dívida pública, o que provoca uma
escassez de crédito para o setor produtivo. Como reflexo disso, as taxas de juros dos
financiamentos oferecidos pelas instituições aumentam, inibindo a capacidade de
investimentos das empresas e o crescimento da economia.
Em geral, juros altos desestimulam o consumo, principalmente de bens de consumo
duráveis (automóveis, eletrodomésticos, imóveis, etc.), uma vez que esses bens
costumam ser adquiridos por meio de financiamentos cujas prestações ficam mais caras.
Com a elevação das taxas de juros ocorre uma diminuição do consumo e dos
investimentos, reduzindo o nível da atividade econômica e das vendas para o mercado
interno. Em virtude da queda nas vendas as empresas faturam menos, diminuem a
produção e geram desemprego, diminuindo a circulação de renda e dando início a um
círculo vicioso conhecido como recessão.
Por outro lado, quando há expansão da oferta monetária, o efeito é exatamente o
contrário. Com a expansão da oferta de moeda a tendência é baixar as taxas de juros
básicas da economia, o que diminui a atratividade por investimentos no mercado
financeiro. Em outras palavras, a maior oferta de moeda provoca uma redução nas taxas
de juros dos financiamentos efetuados pelas instituições, o que incentiva a capacidade de
investimentos da empresa. Juros baixos estimulam o consumo, aumentam os
investimentos e o nível de emprego, gerando um ciclo virtuoso de crescimento econômico.
Para maiores detalhes acerca do regime de metas inflacionários utilizado no Brasil,
recomendamos fortemente a leitura do excelente material didático elaborado pelo Banco
Central a esse respeito. Clique aqui e faça a leitura.
Metas de Política Macroeconômica - Parte 2
Política Fiscal: impactos da intervenção governamental na economia
Política fiscal envolve as decisões do governo sobre quanto gastar e quanto arrecadar.
Sua principal fonte de recursos são os tributos (taxas e impostos) cobrados da sociedade.
Por outro lado, as despesas do governo podem ser divididas da seguinte forma:
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Quando o governo gasta mais do que arrecada ele cria uma situação de déficit público. O
governo financia seu déficit basicamente através da venda de títulos públicos ou da
emissão de moeda. A venda de títulos aumenta o endividamento do governo enquanto a
emissão de moeda tende a gerar inflação. Isto porque, quando a quantidade de moeda
disponível em uma economia é superior a disponibilidade total de bens e serviços para
consumo o ajuste entre oferta e demanda se dará mediante aumentos de preços. Em
síntese, reduções de impostos aumentam a capacidade de consumo dos indivíduos,
dando início ao círculo vicioso descrito no item anterior. Por outro lado, aumentos da carga
tributária inibem o consumo e a produção, gerando efeitos negativos sobre o crescimento
econômico do país.
A situação é complexa porque o efeito multiplicador dos gastos públicos quase sempre
é positivo para as empresas e para os indivíduos, especialmente no que se refere a
investimentos diretos em infraestrutura e em assistência social, além de contribuírem
fortemente com a geração de empregos. Outro fator importante diz respeito às
intervenções governamentais em momentos de crise econômica, como ocorreu
recentemente com a crise financeira mundial. Nesse caso, o governo norte americano
injetou alguns bilhões de dólares na economia, socorrendo instituições financeiras e a
indústria automotiva. No Brasil, o governo reduziu impostos como forma de incentivar o
consumo e manter a economia aquecida durante o período de crise. Mais recentemente
ainda, a Comunidade Europeia injetou alguns bilhões de Euros para socorrer as
economias da Grécia e da Irlanda do Norte.
Metas de Política Macroeconômica - Parte 3
Política Cambial: o valor da moeda e as repercussões na
balança comercial
Quando ocorrem transações entre países, surge a necessidade de se fixar a relação de
troca entre as moedas de cada parceiro comercial, ou seja, a taxa de câmbio. Assim, taxa
de câmbio nada mais é do que o preço, em moeda nacional, de uma unidade de outra
moeda estrangeira. A decisão de valorizar ou desvalorizar a moeda de um país é parte
integrante da sua política cambial. O grande dilema nesse tipo de decisão se refere aos
impactos trazidos sobre as exportações e importações de um país. A valorização da
Despesas Correntes: gastos para a manutenção e funcionamento da máquina
pública (salário de servidores, luz, água, etc);
Transferências: repasses de dinheiro sob a modalidade de programas
governamentais, como o bolsa família, por exemplo;
Juros: consistem nos encargos da divida pública, ou seja, na remuneração paga
aos detentores de títulos públicos;
Investimentos: incremento de capacidade produtiva, como estradas, usinas,
construções, obras públicas, etc.
Subsídios: benefícios concedidos a empresas com vistas a assegurar preços
mais baixos ao consumidor final.
28
moeda doméstica inibe as exportações, afetando negativamente a balança comercial de
um país (o valor das exportações de um país menos o valor das importações). Por outro
lado, incentiva as importações, aumentando a concorrência interna e reduzindo os preços
finais para os consumidores. Quando o volume de importações supera o total de
exportações de uma economia dizemos que existe um déficit comercial.
Na hipótese de uma desvalorização da moeda quem ganha são os exportadores, que
conseguem colocar seus produtos com maior facilidade no mercado externo. O aumento
das exportações gera empregos e divisas para o país. Além disso, muitos
insumos utilizados no país são de origem estrangeira e, portanto, o aumento de seus
custos de importação levaria a aumentos de preços de diversos produtos comercializados
internamente, ocasionado pressões inflacionárias. Quando o volume de exportações é
superior ao volume de importações dizemos que existe um superávit comercial.
A balança comercial é o principal item que compõe o Balanço de Pagamentos de um
país, o qual consiste no registro de todas as transações realizadas (comerciais e
financeiras) com o exterior, indicando o volume de reservas internacionais existentes. De
maneira bastante resumida, podemos concluir que quando a balança comercial é negativa
o país está gastando mais do que a renda interna disponível, sendo necessário
contrair empréstimos junto aos mercados financeiros internacionais para cobrir seus
déficits correntes.
No Brasil, a taxa cambial é definida por um sistema de bandas, onde são estabelecidas
faixas ou limites em que o câmbio pode flutuar livremente. Na medida em que o preço da
moeda estrangeira consiste em uma das variáveis mais importantes da economia
conforme rapidamente aqui abordado, mesmo no caso da adoção de um sistema de
câmbio flutuante, o governo pode intervir no mercado através da compra e venda de
divisas internacionais pelo Banco Central.
Metas de Política Macroeconômica - Parte 4
Crescimento Econômico
O crescimento econômico de um país é medido através das variações anualmente
registradas em seu Produto Interno Bruto (PIB) o qual corresponde ao somatório em
valores monetários de todos os bens e serviços internamente produzidos. Para se tiver
uma ideia da importância do crescimento econômico para qualquer país, uma taxa anual
de crescimento da ordem de 2% permite dobrar a renda per capita em um período de 35
anos. O crescimento é fruto da produtividade existente no país, ou seja, da quantidade de
bens e serviços produzida em cada hora de trabalho. Sendo assim, percebe-se a
importância dos recursos humanos, naturais, físicos e da tecnologia disponível na busca
pela produtividade, sendo tais elementos objeto de diferentes políticas públicas que visem
estimular o crescimento econômico.
29
Incentivar a poupança interna é uma das alternativas encontradas pelos governos, na
medida em que maiores níveis de poupança aumentam a quantidade de recursos
disponíveis para financiamentos de longo prazo, como por exemplo, para o financiamento
de obras, infraestrutura e para aquisição de bens de capital. Especificamente no que se
refere à infraestrutura, frisamos que esta é considerada como um dos principais gargalos
ao crescimento econômico brasileiro, sendo objeto de maior parte das ações previstas
pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Crescimento econômico requer
novas e melhores estradas, ampliação do potencial modernização de portos e aeroportos
e desenvolvimento do transporte aquaviário como requisitos a um melhor escoamento da
produção. No mesmo sentido, crescimento demanda maiores consumos de água,
saneamento e energia, sendo estes setores caracterizados pela alta necessidade de
investimentos.
Em termos de capital humano, a educação também é outro importante pilar das políticas
públicas governamentais. Mão de obra qualificada significa maior produtividade, bem como pode
propiciar o desenvolvimento de novas tecnologias capazes de aumentarem a produtividade. No
mesmo sentido, garantir os direitos de propriedade e a estabilidade política incentivam maiores
volumes de investimento privado, reduzindo os riscos de quebras unilaterais de contrato ou de
golpes de Estado que venham afetar a atividade produtiva de empresas nacionais ou
estrangeiras residentes no país. Apesar de ser peça indispensável para uma maior qualidade de
vida da população de qualquer país, o crescimento econômico não garante uma distribuição
equitativa de renda entre seus habitantes.
Metas de Política Macroeconômica - Parte 5
Distribuição de Renda
Conforme anteriormente indicado, uma elevada
renda (PIB) per capita não garante que os recursos
disponíveis em uma economia estejam sendo
distribuídos de maneira equitativa entre seus
habitantes. Nos países em desenvolvimento, em
especial no Brasil, a distribuição de renda tem sido
um problema há muito tempo enfrentado pelos
governos. De maneira mais usual, a distribuição de
renda tem sido medida através de indicadores que
permitem visualizar qual a parcela de renda apropriada pelos percentis mais pobres e mais
ricos de um país. O principal indicador utilizado é o índice de Gini, onde um número
situado entre 0 e 1 indicaria como a renda está sendo distribuída. No limite, um índice igual
a 0 representaria uma perfeita distribuição de renda, sendo que quanto mais próximo de 1
ele fosse maior seria o nível de concentração registrado no país. O Brasil possui uma das
piores distribuições de renda no mundo conforme pode ser observada na tabela abaixo
organizada pelo Banco Mundial em 2002.
30
Distribuição de Renda no Brasil e no Mundo
País 10% mais pobres 10% mais ricos Razão
Japão 4,80 21,70 4,50
Alemanha 3,30 23,70 7,20
Canadá 2,80 23,80 8,50
Índia 3,50 33,50 9,60
Reino Unido 2,60 27,30 10,50
China 2,40 30,40 12,70
Estados Unidos 1,80 30,50 16,90
Rússia 1,70 38,70 22,80
Nigéria 1,60 40,80 25,50
México 1,60 41,10 25,70
África do Sul 1,10 45,90 41,70
Brasil 1,00 46,70 46,70
As razões para tamanha discrepância no Brasil podem ser percebidas desde o início da
sua história, como por exemplo, o processo de colonização exploratória e a forte divisão
de classes iniciada no período imperial e que até hoje marcam a nossa cultura. Além
disso, o longo período inflacionário a que o país esteve submentido também colaborou
com más distribuições hoje vigentes, na medida em que muitas pessoas sem acesso ao
sistema financeiro e, portanto, incapazes de protegerem seus recursos monetários, tinham
seu poder de compra diariamente diminuído. Também podemos destacar a matriz
tributária existente onde os impostos indiretos que incidem basicamente sobre o consumo
respondem por uma parcela do total arrecadada pelos governos muito superior aos
impostos incidentes sobre a renda, lucros e propriedades. Assim, estaria invertida a lógica
tributária de redistribuir melhor a renda do país.
Não é a toa que o Brasil tenha um longo histórico de programas assistenciais, como mais
recentemente o bolsa família, onde através de repasses diretos o governo tenta minimizar
os problemas de distribuição existentes. No mesmo sentido, a fixação de salários mínimos
mais elevados também é uma alternativa de se tentar melhorar a distribuição de renda
brasileira. Contudo, ambos os casos podem ser entendidos, no limite, como alternativas
paliativas que não se sustentariam em um horizonte maior de tempo. Assim, mudanças na
matriz tributária e contínuos investimentos em educação podem ser alternativas
interessantes para uma melhor redistribuição de renda em longo prazo.
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 1
Ambiente Operacional da Empresa
Corresponde ao ambiente onde a empresa realiza suas operações com vistas a executar
uma adequada administração financeira. Assim, o conhecimento do ambiente
operacional da empresa é de fundamental importância para o administrador financeiro,
porque lhe permite realizar uma gestão eficiente do fluxo de caixa, fazer proteção para
diversos ativos financeiros e fornecer subsídios para a captação de recursos (empréstimos
Essa tabela mostra a
porcentagem da renda que
os 10% mais ricos e os
10% mais pobres da
população detêm. A razão
entre esses dois números
mede a diferença entre
ricos e pobres.
31
e financiamentos) de curto e longo prazo. De um modo geral, conhecer o ambiente
operacional implica compreender o papel das Instituições Financeiras, a estrutura do
Sistema Financeiro Nacional e o funcionamento dos principais componentes do mercado
financeiro, além dos impactos trazidos pelas políticas macroeconômicas do governo já
analisadas na semana anterior de nosso componente curricular.
Instituições Financeiras: Conceito e Funções
As instituições financeiras são intermediárias que canalizam as poupanças de indivíduos,
empresas e governos para empréstimos ou investimento. As poupanças dos consumidores
individuais constituem grande parte dos fundos das instituições financeiras. Os indivíduos
não só atuam como fornecedores de fundos às instituições financeiras, mas também
demandam delas recursos na forma de empréstimos. Contudo, os indivíduos enquanto
grupo poupam mais dinheiro do que tomam emprestado e por isso são chamados de
fornecedores líquidos às instituições financeiras. Por outro lado, empresas e os governos,
que também fornecem e tomam recursos junto às instituições financeiras, em sua maioria
tomam emprestados mais dinheiro do que poupam e por isso são chamados de tomadores
líquidos de fundos.
No geral, o principal exemplo de instituição financeira são os bancos, os quais prestam
diversos serviços aos seus clientes (sociedade) e ao governo, serviços esses chamados
de função social dos bancos. Dentre os diferentes serviços oferecidos a seus clientes
podemos citar a disponibilização de caixas automáticos, cartões de crédito, cheques
especiais (limites), conta poupança, seguro, recebimento de salários dentre outros. Apesar
dos serviços já representarem hoje cerca de 20% do faturamento total dos bancos (em
1994 era apenas 4%), no Brasil, diferentemente dos demais países, a principal fonte de
receita continua sendo o spread bancário - clique aqui e leia sobre este assunto - (o Brasil
possui o 4º mais spread bancário do mundo). No que se refere aos serviços prestados ao
governo, as intermediações no recolhimento de tributos e no pagamento de benefícios
realizadas pelo bancos, tem proporcionado ao setor público uma significativa redução de
custos operacionais, além de conferir maior agilidade e rapidez no atendimento ao
cidadão.
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 2
Sistema Financeiro Nacional (SFN)
Uma conceituação bastante abrangente de sistema financeiro poderia ser a de um
conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar
condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e
investidores. De maneira bastante simplificada podemos classificar as instituições
integrantes do SFN em dois diferentes subsistemas: normativo - estabelece regras e
normatizações; e de intermediação - responsável pelas operações.
32
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 3
a) Principais Instituições que compõem o Subsistema Normativo do SFN
Banco Central do Brasil (BACEN):
Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda que deve cumprir e fazer cumprir as
atribuições e disposições legais do CMN. São exemplos de responsabilidades do
BACEN: emitir moeda; recolher os depósitos compulsórios dos bancos; realizar
operações de redesconto e empréstimo a instituições financeiras; controlar e fiscalizar o
crédito e o fluxo de capital estrangeiro; ser o depositário das reservas de ouro e moeda
estrangeira no país; autorizar o financiamento e a fiscalização das instituições
financeiras presentes em território brasileiro.
Conselho Monetário Nacional (CMN):
Composto pelos Ministros da Fazenda, Planejamento e pelo Presidente do Banco
Central, possui como principais atribuições estabelecer as diretrizes gerais das políticas
monetária, cambial e de crédito; e regular as condições de constituição, funcionamento
e fiscalização das instituições financeiras. Juntamente com o Banco Central, consiste
em uma das autoridades monetárias do sistema.
33
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 4
b) Principais instituições que compõem o Subsistema de Intermediação do SFN
Baco do Brasil (BB):
Operando como banco múltiplo tradicional, o BB conserva funções de agente financeiro do
governo federal, executando políticas de crédito rural e industrial. As principais atribuições
do BB consistem em administrar a Câmara de Compensação de cheques e outros
papéis; realizar operações cambiais por conta própria ou por conta do BACEN; adquirir e
financiar estoques de produtos exportáveis e efetuar pagamentos e suprimentos para
execução do orçamento da União. Assim como BNDES o BB é considerado um dos
agentes especiais desse subsistema.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES):
Instituição não monetária responsável pela política de investimentos de longo prazo do
governo federal, consistindo na principal entidade de fomento do país. Os principais
objetivos do BNDES são impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país;
fortalecer o setor empresarial nacional; promover o crescimento e a diversificação das
exportações.
Caixa Econômica Federal (CEF):
Banco múltiplo responsável pela operacionalização das políticas do governo federal para
habitação popular e saneamento básico a partir da captação de recursos em cadernetas
de poupanças e do direcionamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS). A CEF também é responsável pela administração de loterias e de programas
sociais.
Comissão de Valores Mobiliários (CVM):
Órgão normativo voltado para o desenvolvimento, disciplina e fiscalização do mercado
de valores mobiliários não emitidos pelo sistema financeiro e tesouro nacional,
basicamente o mercado de ações e debêntures. Cabe à CVM estimular a aplicação de
poupança no mercado acionário; assegurar o funcionamento eficiente e regular das
bolsas de valores; proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões
irregulares e outros atos ilegais visando manipular preços nos mercados de
ações; fiscalizar a emissão, o registro, a distribuição e a negociação de títulos emitidos
pelas sociedades anônimas de capital aberto.
34
Bancos Múltiplos:
Instituições financeiras que operam carteiras de banco comercial; de investimento; de
crédito imobiliário; de crédito, financiamento e investimento; de arrendamento mercantil
(leasing) e de desenvolvimento. A CEF e o BB são típicos exemplos de bancos múltiplos.
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 5
b) Principais Instituições que compõem o Subsistema de Intermediação do SFN (continuação...)
Bancos Comerciais:
Possuem como objetivo proporcionar recursos necessários para financiar, a curto e médio
prazo, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas.
São atividades típicas dos bancos comerciais receber depósitos a vista; efetuar
empréstimos de curto prazo, descontar títulos; prestar serviços de cobrança e
transferência de fundos; obter recursos externos e em instituições oficiais para repasse a
terceiros; realizar operações de crédito rural, de câmbio e comércio internacional.
Bancos de Desenvolvimento:
Bancos estaduais ou regionais voltados para o desenvolvimento econômico e social da
região, como por exemplo, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
Consistem em instituições financeiras não monetárias que atuam como agentes
financeiros do BNDES.
Bancos de Investimentos:
Entidades privadas especializadas em operações de participação ou financiamento a
médio e longo prazos de capital fixo ou de giro. Além de capitais próprios, podem captar
recursos de terceiros, do exterior; operar como agentes financeiros do BNDES e oferecer
serviços, tais como, leasing financeiro; administrar fundos de investimentos e de ações;
operações de lançamento de títulos no mercado local e no exterior; assessorar o mercado
em operações de fusões, cisões e aquisições de empresas.
Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (financeiras):
Objetivam financiar bens de consumo duráveis por meio do crédito direto ao consumidor
("crediário"). Como não podem manter contas correntes, captam recursos através da
colocação de letras de câmbio e recibos de depósito bancário (RDB).
35
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 6
Mercado Financeiro
Retomando a ideia central contida no simplificado modelo de fluxo circular
apresentado em nossa primeira semana, temos que em um sistema econômico as
unidades familiares, as empresas, o governo e o setor externo interagem por meio
dos fluxos reais (fatores de produção, produtos e serviços) e dos fluxos monetários
(pagamentos pelos produtos e serviços adquiridos, pagamento de impostos e
remuneração dos fatores de produção). Nesse sistema, o mercado financeiro
desempenha um papel importante ao promover a intermediação de recursos entre os
agentes superavitários (gastam menos do que recebem) e os deficitários (gastam
mais do que recebem) de uma economia. Enquanto os agentes superavitários
recebem juros pelo capital aplicado, ou seja, são remunerados por adiarem o
consumo (os economistas chamam isso de prêmio pela renúncia à liquidez), os
deficitários se dispõem a pagarem juros por usufruírem antecipadamente suas
receitas.
Os emprestadores não estão dispostos a cederem gratuitamente e sem determinadas
garantias as suas poupanças. Da mesma forma, os investidores não estão dispostos
a financiar os seus projetos a qualquer preço. Além disso, os montantes que um dado
investidor necessita nem sempre são compatíveis com o montante que
cada emprestador individual está disposto a libertar para aquele projeto específico.
As economias de mercado precisam, portanto, de mecanismos que assegurem a
conciliação destes interesses conflitantes, e é justamente essa a função do m ercado
financeiro. Sendo um mercado, permite que as atividades de financiamento da
economia sejam organizadas de forma a garantir a compatibilização de preços,
prazos, montantes, riscos e garantias exigidos por aqueles que cedem e absorvem os
recursos disponíveis. De um modo geral, as empresas apresentam períodos que se
alternam entre deficitários e superavitários, cabendo aos administradores financeiros
conhecer as possibilidades de aplicação e obtenção de recursos oferecidos pelos
diferentes segmentos do mercado.
36
Fluxo de Fundos no Mercado Financeiro
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 7
Segmentos do Mercado Financeiro
No geral, são quatro os segmentos do mercado financeiro utilizados pelas empresas
brasileiras: o monetário, o de créditos, o de capital e o cambial.
Mercado Monetário: É o mercado onde se concentram as operações para controle da
oferta de moeda e das taxas de juros de curto prazo com vistas a garantir a liquidez da
economia. O Banco Central do Brasil atua neste mercado praticando a chamada Política
Monetária.
Mercado de Crédito: Esse segmento atende às necessidades de crédito de curto e de
médio prazos dos agentes econômicos, principalmente, as solicitações de financiamento
de bens duráveis pelos consumidores e de capital de giro pelas empresas. Atuam nesse
mercado diversas instituições financeiras e não financeiras.
Mercado de Capitais: Tem como objetivo canalizar recursos de médio e longo prazo para
agentes deficitários, através das operações de compra e de venda de títulos e valores
mobiliários (ações e debêntures), efetuadas entre empresas, investidores e
intermediários. A Comissão de Valores Mobiliários é o principal órgão responsável pelo
controle, normatização e fiscalização deste mercado.
37
Mercado Cambial: Corresponde ao mercado onde são realizadas operações de compra e
venda de moedas estrangeiras conversíveis (podem ser convertidas em reais). Atuam
nesse mercado os agentes voltados ao comércio internacional, e as operações são feitas
sob a intermediação de instituições financeiras autorizadas (bancárias e não bancárias). O
BACEN é o responsável pela administração, fiscalização e controle das operações de
câmbio e da taxa de câmbio atuando através de sua Política Cambial.
SEGMENTOS PRAZOS FINALIDADE TIPO DE
INTERMEDIAÇÃO
Monetário Curtíssimo e curto Controle da liquidez monetária da economia, suprimentos momentâneos de caixa.
Bancária e não bancária
Crédito Curto, médio e
aleatório. Financiamento do consumo e capital de giro das empresas
Bancária e não bancária
Capitais Médio, longo e indeterminado.
Financiamento de capitais fixo, de giro e especiais (habitação).
Não bancária (bolsa de valores e mercado de
balcão)
Câmbio À vista e curto Conversão de valores em moedas estrangeiras e nacional
Bancária e auxiliar (corretoras)
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 8
Juros e Taxas de Juros
Sabendo que o juro corresponde à remuneração do capital, bem como dando sequência
ao conhecimento já desenvolvido no componente de matemática financeira aplicada,
vamos abordar agora diferentes taxas de juros utilizadas no mercado financeiro.
a) Taxa Efetiva
Diz respeito à taxa que de fato recebemos ou pagamos em uma operação, sendo
calculada a partir da divisão dos juros recebidos ou pagos no final de um período pelo
capital inicialmente emprestado ou aplicado.
Taxa Efetiva = Juros recebidos ou pagos
x 100 capital inicial
A taxa efetiva pode ser decomposta em duas partes: uma compreendendo a recuperação
do poder de compra do investidor, ou seja, correspondente à inflação, e a outra, referente
ao seu ganho real (percentual acima da inflação).
Taxa Efetiva = {[(1 + taxa de inflação) x (1 + taxa real)] - 1} X 100
Exemplo: suponhamos que um investidor tenha recebido 6% ao ano de juros reais e mais
4% referentes à taxa de inflação do período, qual foi a taxa efetivamente recebida?
38
Taxa Efetiva = {[(1 + 0,04) x (1 + 0,06)] - 1} X 100 = 10,24% ao ano
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 9
b) Taxa Real
A taxa de juros real é calculada a partir da taxa efetiva descontados os efeitos
inflacionários do período
Taxa Real = [ (1 + taxa efetiva)
-1] x 100 (1 + taxa de inflação)
Exemplo: suponhamos que uma aplicação tenha proporcionado a um investidor a taxa de
juros efetiva de 18% no semestre e que a taxa de inflação registrada nesse mesmo
período tenha sido de 4%, qual foi a taxa real recebida?
Taxa Real = [ (1 + 0,18)
-1] x 100 = 13,46% (1 + 0,04)
c) Taxas Equivalentes
Dizemos que duas taxas são equivalentes quando são aplicadas sobre um mesmo capital
para um mesmo intervalo de tempo e produzem o mesmo montante.
iq = [(1+i) - 1] x 100
onde:
iq= taxa para o prazo que eu quero
i = taxa para o prazo que eu tenho
q = prazo que eu quero
t = prazo que eu tenho
Exemplo: qual seria a taxa equivalente mensal (im) de uma aplicação cuja taxa anual é de
12%?
im = [(1+0,12) - 1] x 100 = 0,95%
39
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 10
Aplicações de Renda Fixa
Títulos de renda fixa são aqueles cuja remuneração está previamente contratada, ou seja,
a rentabilidade nominal é previamente definida não havendo risco. Os administradores
financeiros frequentemente investem recursos de suas empresas em aplicações de renda
fixa, sendo bastante vasta a quantidade de alternativas disponíveis no mercado financeiro
brasileiro (CDB, RDB, Títulos Públicos, Caderneta de Poupança, Fundos de Investimentos,
etc). Nesse sentido, torna-se necessário tomar alguns cuidados quando da escolha da
aplicação que melhor rendimento poderá propiciar a empresa.
Exemplo1: vamos supor que determinada empresa disponha em seu caixa R$ 3 milhões
que somente serão investidos em um projeto previsto para daqui a um ano. Para não
deixar os recursos ociosos a empresa decidiu aplicar esse valor em um título pré-fixado
pelo prazo de 252 dias úteis (360 dias corridos) à taxa de 15% ao ano e estimando uma
inflação de 4%. Além disso, sobre o rendimento da aplicação incidirá IR de 20%. Qual o
erro que o administrador financeiro está sujeito nessa hipótese? Tomar a decisão de
investimento com base em um retorno de 15%, ou seja, comparar a taxa bruta com outras
alternativas de aplicação disponível no mercado. Observe abaixo como na verdade o
parâmetro para tomada de decisão será uma taxa de 7,69% ao ano.
40
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 11
Aplicação em Renda Fixa (continuação...)
Outro exemplo importante de ser comentado diz respeito às aplicações em títulos públicos,
os quais são emitidos pelo governo para financiar a dívida política e controlar a liquidez do
mercado (política monetária). Os exemplos mais comuns de títulos públicos são as Letras
do Tesouro Nacional (LTN) e as Letras Financeiras do Tesouro (LFT). Nas
remunerações pré-fixadas esses títulos geralmente são negociados com deságio sobre o
"valor de face", ou seja, valores inferiores ao valor nominal do título.
Exemplo 2: vamos supor que estamos negociando R$ 15 milhões de LTN com resgate
programado para 252 dias úteis (360 dias) e remunerados a uma taxa pré-fixada de 10%
ao ano. O IR sobre a remuneração será de 20%. Qual é a taxa efetiva líquida dessa
aplicação? Observe abaixo que o primeiro passo a ser dado é calcular o valor de compra
do título a partir do deságio informado. A taxa nominal de 10% anunciada na
verdade renderá 8% para a empresa (nominal porque nesse exemplo não estamos
considerando a inflação para fins de calcularmos a taxa real).
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 12
Aplicação em Renda Fixa (continuação...)
O último exemplo que será dado refere-se aos chamados fundos de investimento os
quais são constituídos sob a forma de condomínio, reunindo recursos de pessoas físicas e
jurídicas com objetivos comuns (rentabilidade). Esses recursos são aplicados em carteiras
de títulos diversificados sendo cobrado dos investidores uma taxa de administração pelas
41
instituições responsáveis por seu gerenciamento. No geral, esses fundos podem ser
divididos em dois grandes grupos: renda variável e fixa. Nos fundos de investimento de
renda fixa, a carteira é composta por ações e outros títulos. Nos fundos de investimento de
renda fixa, a carteira é composta basicamente por CDBs, títulos públicos e debêntures e o
rendimento é baseado em juros pré ou pós-fixados.
Exemplo3: vamos supor que uma empresa tenha aplicado R$ 100 mil em um fundo de
renda fixa no dia 12/12/2009. Nessa data o valor da cota era de R$ 1,622878. Assim, essa
empresa possuía 61.618,93 cotas naquele dia.
Quantidade de cotas = Valor aplicado
Valor da cota
Quantidade de cotas = R$ 100.000,00
= 61.618,93 1,622878
Agora vamos supor que em 12/06/2010 cada cota estava avaliada em R$ 1,690721. Qual
a rentabilidade auferida no semestre e qual o valor atualizado em reais na data de
12/06/2010?
Rentabilidade = [( Valor atual da cota
) -1] x 100 Valor anterior da cota
Rentabilidade = [( R$ 1,690721
) -1] x 100 =4,18% 1,622878
Valor atualizado da aplicação = Quantidade de cotas x Valor atual da cota
Valor atualizado da aplicação = 61.618,96 x R$ 1,690721 = R$ 104.180,41
Ambiente Operacional da Empresa - Parte 13
Mercado de Ações
As ações consistem em título nominativos de renda variável (maior risco), emitidos por
sociedades anônimas e que correspondem a uma fração do capital social, por isso, dizemos
que os acionistas são co-proprietários da empresa. As ações dividem-se em dois tipos:
.
Preferenciais: concedem prioridade no recebimento de dividendos e no
reembolso do capital em caso de dissolução da sociedade, restringindo o direito
a voto nas assembleias deliberativas da empresa.
Ordinárias: concedem a seus proprietários direito a voto nas assembleias
deliberativas da empresa, seja na eleição de diretores, na aprovação de
demonstrações contábeis, aprovação de estatutos sociais, etc.
42
A emissão de novas ações, conhecida como subscrição, corresponde ao mercado
primário de ações, pois os recursos provenientes de sua captação ingressam diretamente
no fluxo de caixa da empresa. Após seu lançamento no mercado primário, as ações
passam a ser negociadas no chamado mercado secundário, ou seja, diretamente entre
seus proprietários sem resultarem em ingresso de recursos no caixa da empresa
emissora. As negociações do mercado secundário ocorrem de duas maneiras:
Os ganhos no mercado acionário decorrem basicamente de duas fontes: da venda das
ações por preços superiores ao inicialmente pago ou pelo recebimento de dividendos
(distribuição do lucro sobre o capital). Na venda de ações também incide imposto de renda
sobre a rentabilidade aferida. Geralmente as bolsas de valores calculam índices que
representam o comportamento médio dos principais papéis ali negociados. No Brasil, o
principal índice é o IBOVESPA (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo).
Noções de Administração de Caixa - Parte 1
Administração de Caixa: decisões de curto prazo
Uma boa gestão das contas que integram o ativo e o passivo circulante de uma
empresa são de fundamental importância para garantir uma adequada liquidez
sem prejudicar a rentabilidade exigida pelos fornecedores de capital. Para faci litar
esse entendimento vamos dividir a análise em duas partes, iniciando com os
aspectos relativos à importância da liquidez. Em linhas gerais a liquidez de uma
empresa é associada à necessidade que esta possui de honrar suas obrigações nas
datas de vencimento. Para isso, torna-se indispensável um adequado gerenciamento
de suas disponibilidades, duplicatas a receber e estoques. As disponibilidades
correspondem aos valores disponíveis no caixa da empresa, incluindo os
seus depósitos em conta corrente e as aplicações de alta liquidez. Tais valores são
oriundos da comercialização de seus bens e serviços, os quais necessitam de
estoques para serem produzidos e geram duplicatas a receber. Portanto, quanto
maior for o volume de recursos investidos em cada uma dessas contas maior será a
capacidade de liquidez da empresa e menor o seu risco de inadimplência.
Contudo, altos investimentos nesses ativos atrapalham a rentabilidade do capital
investido na empresa, uma vez que investimentos de longo prazo possuem retornos
mais altos na comparação com aplicações de curto prazo. Em outras palavras, o que
estamos querendo dizer pode ser exemplificado da seguinte forma:
Bolsa de valores: negociações abertas e realizadas por sistema de leilão, ou
seja, a venda acontece para quem oferece melhor lance. O arremate e/ou a
negociação é feita por pregão de viva-voz ou com auxílio de sistema
informatizado;
Mercado de Balcão: a negociação ocorre diretamente entre os proprietários de
ações, sendo os valores negociados e não leiloados como na bolsa de valores.
43
Em linhas gerais, esse gerenciamento de curto prazo recebe o nome de
administração do capital de giro, o qual corresponde aos recursos que estão em
constante movimentação, seja na forma de ativos ou passivos circulantes. Conforme
visualizado abaixo, a administração do capital de giro envolve dois ciclos:
operacional e financeiro. Enquanto o primeiro corresponde ao intervalo de tempo que
vai desde a compra da matéria prima o recebimento pela venda do produto, o
segundo se envolve exclusivamente as entradas e saídas de caixa.
Noções de Administração de Caixa - Parte 2
Administração das Disponibilidades
Conforme já explicado, as disponibilidades correspondem aos recursos monetários que a
empresa mantém para pagar suas obrigações imediatas. A manutenção dessas
disponibilidades pela empresa pode ser justificada pelas seguintes razões:
Manter saldos de caixa acima do mínimo necessário não proporciona
melhorias de rentabilidade;
Manter saldos de duplicatas a receber elevado pode sinalizar ineficiência
de cobranças ou prática equivocada de política de crédito aos clientes;
Manter saldo de estoque acima do montante considerado normal não
melhora a eficiência da produção e das vendas.
44
Os custos de se manter saldos monetários em disponibilidade podem ser medidos pela
remuneração que tais valores deixam de receber caso fossem aplicados no mercado
financeiro. Mesmo as aplicações realizadas em título de alta liquidez geram custos de
oportunidade, uma vez comparadas às rentabilidades percebidas entre investimentos de
curto e longo prazo. Por outro lado, os benefícios da liquidez podem ser expressos pelas
taxas de juros que as empresas deixam de pagar às instituições financeiras quando seus
administradores realizam empréstimos de curto prazo. Antes de analisarmos qual é a
medida ideal de liquidez, vamos conferir de que forma um sistemático controle das
entradas e saídas de uma empresa pode colaborar com sua administração de caixa.
Noções de Administração de Caixa - Parte 3
Orçamento de Caixa
O Orçamento de Caixa consiste em uma simples, porém eficiente ferramenta de controle
das entradas e saídas de curto prazo de uma empresa. Através dessa planilha, o técnico
financeiro consegue projetar melhor o momento de aplicar recursos excedentes ou obter
financiamentos de curto prazo para fechar seu caixa. O exemplo abaixo parte de um
volume de vendas inicial no valor R$ 400.000,00 e um saldo final (total de
recebimentos menos total de pagamentos) de R$ 70.000,00. Para os meses seguintes
existem projeções de vendas e uma estimativa de que 25% serão efetuadas à vista e o
restante pago em até 30 dias (ingresso no mês seguinte). Além disso, também estão
lançadas algumas despesas fixas (salários, aluguéis e impostos), empréstimo bancário e
uma necessidade de saldo mínimo de caixa no valor de R$ 40 mil. A título de
simplificação, a remuneração recebida pela aplicação dos saldos excedentes (junho e
julho) e os juros pagos a título de financiamento (agosto e setembro) não estão lançados
no hipotético demonstrativo.
Transações: recursos monetários em disponibilidade para efetuar pagamentos
programados, como salários, fornecedores e impostos a recolher;
Reserva: recursos monetários superiores às necessidades de transações
mantidos por precaução em virtude de eventuais erros de projeção ou
ocorrência de fatos não previstos, sendo geralmente aplicados em títulos de alta
liquidez;
Especulação: recursos monetários mantidos em aplicações de alta liquidez
com o intuito de aproveitar eventuais oportunidades de mercado, como por
exemplo, a aquisição de matérias primas por preços abaixo do mercado;
Reciprocidade bancária: saldos mínimos mantidos em conta bancária com o
intuito de manter um bom relacionamento com o banco e com isso usufruir de
futuras vantagens, como a concessão de linhas de créditos com melhores
prazos e taxas de juros.
45
ORÇAMENTO DE CAIXA (R$) MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO
Vendas realizadas 400.000 Vendas projetadas 380.000 420.000 440.000 460.000 Recebimentos Vendas à vista 95.000 105.000 110.000 115.000 Duplicatas 300.000 285.000 315.000 330.000
1 TOTAL DE RECEBIMENTOS 395.000 390.000 425.000 445.000
Pagamentos Fornecedores 220.000 240.000 250.000 240.000 Salários 60.000 60.000 60.000 60.000 Aluguéis 16.500 16.500 16.500 16.500 Impostos 50.000 60.000 50.000 75.000 Empréstimo bancário 120.000
2 TOTAL DE PAGAMENTOS 346.500 376.500 496.500 391.500
3 FLUXO LÍQUIDO DE CAIXA (1 - 2) 48.500 13.500 (71.500) 53.500
4 SALDO INICIAL 70.000 78.500 52.000 (59.500)
5 SALDO INICIAL (3 + 4) 70.000 118.500 92.000 (19.500) (6.000)
6 SALDO MÍNIMO DE CAIXA 40.000 40.000 40.000 40.000
7a SALDO EXCEDENTE (5 - 6) 78.500 52.000
7b VALOR A FINANCIAR (5 - 6) (59.500) (46.000)
Noções de Administração de Caixa - Parte 4
Saldo Ideal de Caixa: Modelo de Baumol
Na planilha anterior a indicação de um saldo médio de caixa de R$ 30 mil foi arbitrado.
Contudo, existem modelos que ajudam o administrador financeiro a definir com maior
exatidão o valor médio de caixa a ser mantido. Um deles é o modelo de Baumol, que tem
como princípio igualar os custos de conversão aos custos de oportunidade, ou seja, os
custos de "transformar" as aplicações em dinheiro (impostos, taxas e comissões) e a
remuneração que tais recursos deixam de produzir. Dada a necessidade de recursos
prevista para determinado período, o referido modelo apresenta o número de resgates que
igualará os custos de oportunidade aos custos de conversão envolvidos. Vamos supor que
uma empresa tenha previsto uma necessidade de recursos para transação no valor de R$
1,156 milhão para o próximo ano e que as aplicações em título de alta liquidez
proporcionam rendimentos anuais de 10%. Além, disso a cada resgate de títulos se incorre
em custos de R$ 50,00 oriundos de impostos (IR e IOF) e taxas de administração. O valor
de cada resgate pode ser calculado da seguinte forma:
46
A partir do valor do resgate fica fácil definirmos qual a quantidade de resgates a serem
feitos durante o período:
Quantidade de resgates = Necessidade de recursos
Valor de cada resgate
Quantidade de resgates = R$ 1.156.000,00
= 34 R$ 34.000,00
Noções de Administração de Caixa - Parte 5
Saldo Ideal de Caixa: Modelo de Baumol (continuação...)
Assim, calculado o valor de cada
resgate em R$ 34 mil o saldo médio
ideal de caixa corresponderia a R$ 17
mil (R$ 34 mil dividido por 2). Observem
que esse saldo médio permite a referida
igualdade entre os custos de
oportunidade e os custos de conversão.
Os 34 resgates implicariam R$ 1.700 de
custos de conversão (34 x R$ 50,00)
enquanto um saldo médio de R$ 17 mil
geraria o mesmo valor de custo de
oportunidade (R$ 17 mil x 10%). O custo
total seria de R$ 3.400,00 (R$ 1.700,00
+ R$ 1.700,00)
OBS: Qualquer valor de resgate superior aos R$ 34 mil implicaria um menor número de
transações e com isso um menor custo de conversão. Por outro lado, o saldo médio de
caixa seria maior implicando maior custo de oportunidade. Da mesma forma, resgates
inferiores aumentariam o número de transações e com isso o custo de conversão total,
paralelamente a uma diminuição do saldo médio do custo de oportunidade. Em ambas as
hipótese não haveria a igualdade entre custos de transação e custos de oportunidade e o
custo total seria superior a RS 3.400,00.
Noções de Administração de Caixa - Parte 6
Saldo Ideal de Caixa: Modelo de Caixa Mínimo Operacional
Esse modelo é mais simples que o modelo de Baumol, contudo, também é bastante
utilizado na administração do caixa das empresas. Para determinar o saldo de caixa basta
dividir o montante de desembolso anual previsto pelo giro de caixa, sendo este obtido pela
divisão do número de dias do ano comercial (360 dias) pelo ciclo financeiro. A título de
47
exemplo, suponha um ciclo financeiro de 30 dias e um desembolso anual previsto de R$
1.080.000,00. A partir de um giro de caixa de 12 vezes (360 dias dividido por 30 dias) o
caixa mínimo operacional é calculado da seguinte forma:
Caixa mínimo operacional = R$ 1.080.000,00
= R$ 90.000,00 12
Fica entendido aqui que para a empresa ter um saldo de caixa inferior a R$ 80 mil ela
precisaria aumentar o seu giro de caixa, ou seja, reduzir o seu ciclo financeiro.
Outras técnicas de determinação de saldo
Noções de Administração de Caixa - Parte 7
Administração de Duplicatas a Receber
As duplicatas a receber surgem das vendas de produtos e serviços realizadas a crédito
pelas organizações. Nessas transações, a organização vendedora financia o cliente pelo
prazo estipulado para que ele efetue a quitação. Oferecer crédito consiste em uma política
que permite a empresa aumentar suas vendas e, por conseguinte, seus lucros. Por outro
lado, a decisão de vender a prazo traz consigo maiores custos para a empresa, em
virtude do incremento administrativo em termos de crédito e cobrança requeridos, além de
um risco maior de inadimplência. Tais fatores evidenciam a necessidade da formulação de
adequadas políticas de crédito para qualquer organização.
Modelos de Crédito e Seleção de Clientes: os 5 Cs do Crédito
Modelo cuja principal característica consiste na análise realizada pelo especialista de
crédito da empresa. Avaliação subjetiva cuja análise baseia-se em aspectos que visam
traçar o perfil do cliente. Em virtude de não possuir uma modelagem automatizada, essa
b) Análise dos custos de conversão: toda aplicação de curto prazo a ser feita deve
levar em consideração os custos de conversão envolvidos. Em alguns
casos, aplicações de curto prazo podem incorrer em custos superiores aos rendimentos
obtidos, o que levaria a conversões onde o valor sacado seria inferior ao valor
depositado. Mesmo que IOF (imposto sobre operação financeira) e o Imposto de
Renda incidam apenas sobre os rendimentos, a maioria dos fundos cobram taxa
administração que independem da rentabilidade auferida.
a) Percentual fixo sobre as vendas: algumas empresas entendem como aceitável um
saldo de caixa equivalente a um percentual sobre as vendas. Por exemplo, uma
empresa com média de vendas equivalente a R$ 2 milhões teria um saldo médio ideal
de R$ 100 mil caso entendesse como adequado um parâmetro de 5%.
48
alternativa é utilizada com mais frequência em cenários onde não existam grandes
carteiras de clientes cujo tratamento personalizado seria inviável.
Noções de Administração de Caixa - Parte 8
Modelos de Crédito e Seleção de Clientes: Pontuação de
Crédito (Crédit Score)
São modelos quantitativos de análise de crédito que permitem analisar se é possível ou
não novas concessões de créditos a potenciais clientes. Essas modelagens atribuem
pesos (valores) a várias características dos clientes, resultando em uma nota final que
permite classificá-los em diferentes grupos de riscos que podem variar de acordo com o
limite de crédito ou com o prazo para pagamento. Os modelos de pontuação de crédito
são informatizados e permitem aos analistas gerenciarem grandes carteiras de clientes de
maneira facilitada. No que se refere às pessoas jurídicas, são usualmente levados em
consideração o tempo de vida da empresa, nível de faturamento, índices de liquidez e
endividamento. Para as pessoas físicas, podem ser avaliadas a renda, número de
dependentes, capacidade de endividamento, sexo, idade, profissão, dentre outros.
Os pesos a serem utilizados em cada item da análise e as faixas de risco a serem
consideradas dependem da avaliação feita por cada empresa, não existindo uma "regra de
bolo" pré-definida e podendo variar conforme o caso. A título de exemplo suponha que
uma empresa qualquer, cujo seu mercado de clientes seja formado apenas por
pessoas jurídicas, tenha considerado apenas quatro itens para análise de crédito: tempo
de atividade, faturamento bruto mensal, imóvel próprio e histórico de pagamentos. A partir
dos pesos atribuídos pela empresa a cada um desses fatores, o exemplo abaixo traz uma
hipotética análise de crédito realizada. Nesse caso, o crédito seria disponibilizado ao
cliente, porém, não em condições especiais.
Caráter: informações baseadas no histórico de crédito do cliente, tais como
junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e ao banco de dados do
SERASA, que é uma empresa que presta serviço aos bancos e outras
instituições financeiras;
Condições: referem-se aos impactos trazidos pelo ambiente aos negócios da
empresa, tais como sazonalidades, conjuntura, concorrência, pressões de
grupos ambientais, etc.
Capacidade: habilidade do cliente em proporcionar renda ao seu negócio,
trazendo prosperidade para ambas as partes;
Capital: situação financeira do cliente e sua respectiva capacidade de
pagamento;
Colateral: diz respeito às garantias oferecidas pelo cliente para obtenção do
crédito
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VARIÁVEIS PONTUAÇÃO PESO PONTUAÇÃO PONDERADA
Tempo de atividade 50 25% 12,5
Faturamento bruto mensal 60 20% 12
Imóvel próprio 100 20% 20
Histórico de pagamentos 70 35% 24,5
TOTAL 100% 69
Limites: a) Até 50 pontos: negado o crédito b) Entre 51 e 70 pontos: aprovado o crédito com valor máximo a ser definido pela Diretoria c) Acima d e70: aprovado o crédito em condições especiais
Noções de Administração de Caixa - Parte 9
Variações na Política de Crédito
Em linhas gerais, políticas mais rígidas de
crédito diminuem o número de vendas,
contudo, diminuem os custos
administrativos (cobrança e análise) e os
riscos de inadimplência. Por sua vez,
políticas mais brandas de crediário alargam
a base de clientes relativamente a um
aumento dos riscos de inadimplência e dos
custos administrativos. O ideal seria
conseguir estabelecer uma política cujo
acréscimo de lucro obtido com o aumento
do número de vendas fosse, no mínimo, igual ao custo de oportunidade envolvida em tal
escolha. Para deixar essa ideia mais clara vamos analisar passo-a-passo como uma
modificação na política de crédito pode ter seus efeitos monitorados. Vamos partir do
exemplo abaixo onde uma hipotética expansão na política de crédito aumentou a receita,
as despesas e o lucro da seguinte forma:
SITUAÇÃO ATUAL (R$)
NOVA SITUAÇÃO
(R$)
NOVOS CLIENTES
1 Receita 60.000 72.000 12.000
2 Custos variáveis e despesas variáveis (30.000) (36.000) (6.000)
3 Margem de contribuição (1 - 2) 30.000 36.000 6.000
4 Custos fixos e despesas fixas (15.000) (15.000) 0
5 Lucro Operacional (3 - 4) 15.000 21.000 6.000
50
Nesse exemplo, observamos que o lucro da empresa aumentou R$ 6 mil, contudo, para
uma correta análise acerca dos custos e benefícios envolvidos torna-se também
necessário verificarmos os custos totais trazidos por essa alteração na política de crédito.
O primeiro passo é compararmos os investimentos em duplicatas a receber realizados
antes de depois da alteração da política de crédito.
Investimento em duplicatas a receber = Custos variáveis + Despesas variáveis anual
Giro das duplicatas a receber
Por sua vez, o giro das duplicatas a receber é calculado da seguinte forma:
Giro das duplicatas a receber = 360 dias
Prazo médio de cobrança
Noções de Administração de Caixa - Parte 10
Variações na Política de Crédito (continuação...)
Sabendo que o período de cobrança passou de 40 para 45 dias podemos agora calcular e,
posteriormente, comparar os investimentos em duplicatas a receber realizados em ambos
os períodos.
Investimentos em duplicatas a receber (situação atual) = R$ 30.000,00
R$ 3.333,33 (360 dias/40dias)
Investimentos em duplicatas a receber (nova situação) = R$ 36.000,00
R$ 4.500,00 (360 dias/45dias)
Vamos supor que o percentual de clientes incobráveis tenha passado de 2% para 3,5%, ou
seja, de R$ 1.200,00 (R$ 60.000,00 X 2%) para R$ 2.520,00 (R$ 72.000,00 x 3,5%). Logo,
o incremento dos incobráveis foi de R$ 1.320,00. Abaixo, segue o resumo da análise dos
custos e benefícios envolvidos na mudança da política de crédito da empresa. Nesse caso,
a expansão da política de crédito pode ser entendida como benéfica, na medida em que os
benefícios por ela proporcionados superaram os custos envolvidos.
Assim, observamos que o investimento em duplicatas a receber aumentou R$ 1.166,67
(R$ 4.500,00 menos R$ 3.333,33). Supondo que a empresa exige um retorno de 20%
sobre o capital investido, uma vez que este é o rendimento pago pelas demais alternativas
de investimento disponíveis no mercado, concluímos que o custo de oportunidade
envolvido nessa tomada de decisão foi de R$ 233,33 (R$ 1.166,67 x 20%). Uma vez tendo
sido calculado o custo de oportunidade envolvido, resta agora apenas identificarmos as
perdas financeiras decorrentes da inadimplência.
51
Lucro operacional marginal R$ 6.000,00
Custo de oportunidade do investimento marginal em duplicatas a receber (R$ 233,33)
Perdas marginais com devedores incobráveis (R$ 1.320,00)
Efeito marginal R$ 4.446,67
Noções de Administração de Caixa - Parte 11
Descontos para Pagamentos à Vista
A concessão de descontos financeiros é uma estratégia bastante utilizada pelas empresas
para incentivarem as compras à vista. Assim como na concessão de maiores prazos para
pagamento, essa alternativa também necessita ser analisada sob ponto de vista de seus
custos e benefícios. Semelhante ao exemplo anterior, vamos supor que a empresa projete
um aumento de 30% em suas vendas a partir da concessão de descontos de 3% para
compras à vista, o que reduziria o prazo médio de cobrança de 40 para 36 dias e a
quantidade de clientes incobráveis de 2% para 1%. Além do custo de oportunidade e das
perdas com clientes incobráveis, precisamos considerar também a redução de receita
decorrente do desconto de 3%.
SITUAÇÃO ATUAL (R$)
NOVA
SITUAÇÃO (R$)
NOVOS CLIENTES
1 Receita 60.000 78.000 18.000
2 Custos variáveis e despesas variáveis (30.000) (39.000) (9.000)
3 Margem de contribuição (1 - 2) 30.000 39.000 9.000
4 Custos fixos e despesas fixas (15.000) (15.000) 0
5 Lucro Operacional (3 - 4) 15.000 24.000 9.000
Investimentos em duplicatas a receber (nova situação) = R$ 39.000,00
R$ 4.500,00 (360 dias/36 dias)
Perdas com clientes incobráveis (nova situação) = R$ 78.000,00 x 1% = R$ 780,00
Desconto financeiro = R$ 78.000,00 x 3% = R$ 2.340,00
Logo, comparando os custos da nova proposta com os custos da situação atual, bem
como mantendo a rentabilidade dos investimentos alternativos em 20% (custo de
oportunidade), observamos que os benefícios líquidos trazidos por essa política seriam
inclusive superiores ao da proposta anteriormente analisada, cujo foco foi a concessão de
maiores prazos para pagamento (flexibilidade de crédito).
52
Lucro operacional marginal R$ 9.000,00
Custo de oportunidade do investimento marginal em duplicatas a receber (R$ 113,33)
Perdas marginais com devedores incobráveis R$ 420,00
Desconto financeiro (R$ 2.340,00)
Efeito marginal R$ 6.966,67
Noções de Administração de Caixa - Parte 12
Política de Cobrança
O principal objetivo de uma política de cobrança é manter o saldo de incobráveis e o prazo
médio de recebimentos em níveis razoáveis que não prejudiquem as necessidades de liquidez
da empresa. Em muitos casos a opção pela terceirização desse serviço tem sido bastante
frequente, cuja cobrança passa então a ser realizada por escritórios especializados. Contudo,
independente da forma a ser executada a política de cobrança da empresa (telefonema, email,
restrições ao crédito, fiadores, etc.), o importante é que os custos administrativos decorrentes da
mesma não superem as perdas com a inadimplência.
Graficamente podemos ilustrar melhor esse tipo de
situação. Observem que entre os pontos A e B o
aumento com os custos de cobrança se equipara
ao montante financeiro recuperado pela empresa.
A partir desse ponto, como por exemplo, entre os
pontos B e C, os aumentos com despesa de
cobrança são mais do que proporcionais ao
montante financeiro efetivamente recuperado pela
empresa, o que demonstra uma indesejável
relação custo benefício proporcionada pela política
de recuperação de crédito vigente.
Noções de Administração de Caixa - Parte 13
Administração de Estoques
Os estoques correspondem às quantidades de matérias-primas, produtos semi elaborados
e acabados que são mantidos em situação de disponibilidade pela empresa, com o
objetivo de atender a necessidade de produção ou demanda dos clientes. Ao mesmo
tempo em que a manutenção de estoques é necessária para um bom andamento das
atividades produtivas da empresa, o excesso de investimento nessa conta tende a ser
prejudicial, uma vez que os custos envolvidos não são desprezíveis, como por exemplo, o
53
custo de não realização de determinada venda, de armazenagem ou da contratação de
seguros. No limite, o ideal seria que o controle acerca da demanda fosse preciso de tal
forma que não houvesse a necessidade de estoques, contudo, essa hipótese é inviável,
razão pela qual algum nível de estoque sempre será necessário.
a) Administração de estoques: Classificação ABC
Em linhas gerais, essa metodologia consiste em segregar os estoques conforme sua
representatividade em termos de valor. Classificando os estoques em três categorias
distintas percebe-se na, grande maioria dos casos, a seguinte estratificação:
Na prática, esses percentuais não necessariamente estarão dispostos dessa forma,
contudo, o principal aqui é destacarmos que essa abordagem permite ao
administrador concentrar melhor suas ações em termos de gerenciamento de estoque,
mais especificamente no que se refere à Classe A, onde volumes menores impactam de
maneira mais significativa do ponto de vista financeiro.
Noções de Administração de Caixa - Parte 14
b) Administração de estoques: Lote Econômico de Compra (LEC)
Esse método de gerenciamento de estoques consiste na determinação de uma quantidade
ótima a ser adquirida pela empresa no intuito de minimizar seus custos de estocagem e
compra. Em outras palavras, sempre que os custos de manutenção de estoques
(armazenagem, seguros, movimentação, perdas e custo de oportunidade) forem inferiores
aos custos de reposição (inspeção do lote, acompanhamento do pedido, preparação e
emissão da compra e demais despesas administrativas envolvidas) é interessante para
empresa continuar investindo nessa conta. Do contrário, quando os custos de manutenção
forem maiores do que os custos de reposição significa que a empresa já possui um volume
de estoques superior a sua necessidade.
Classe A: itens cujos valores são mais relevantes, correspondendo em média à
20% do total físico estocado e à 80% do valor investido nessa conta;
Classe B: itens de valor intermediário, correspondendo em média à 30% do
total físico estocado e à 10% do valor investido nessa conta;
Classe C: itens de valor mais baixo, correspondendo em média à 50% do total
físico estocado e à 10% do valor investido nessa conta.
54
A título de exemplo, vamos supor que determinada empresa utilize 3.000 unidades de
insumo a cada ano. O custo de cada pedido de compra é de R$ 56,25 e a manutenção de
cada unidade no estoque é de R$ 15,00 por ano.
O valor de 150 unidades calculado corresponde a um saldo médio de estoques
equivalente a 75 unidades (150 dividido por 2) e a um volume de pedidos anual igual a 20
compras (3.000 dividido por 150). Observem que nesse ponto o custo de reposição (20
pedidos x R$ 56,25) é igual ao custo de manutenção (75 unidades x R$ 15,00), ou seja,
ambos R$ 1.125,00.
Noções de Administração Financeira - Parte 1
Indicadores Econômico-Financeiros
Uma das formas mais usuais de se analisar a saúde financeira de uma empresa é através
da utilização de indicadores econômico-financeiros. Esses indicadores são obtidos por
intermédio da relação entre as contas ou grupos de contas existentes nas principais
demonstrações contábeis já estudadas por vocês no componente curricular de
contabilidade. No geral, os indicadores econômico-financeiros podem ser divididos em 4
grupos de análise: índices de liquidez, índices de atividades, índices de
endividamento e índice de lucratividade. A elaboração desses índices permite ao
55
analista financeiro comparar a situação da sua empresa com outras de mesmo porte ou
que atuam no mesmo setor.
a) Índices de Liquidez: medem a capacidade da empresa de cumprir suas obrigações de
curto prazo nas corretas datas de vencimento, ou seja, quanto à empresa tem de bens e
direitos para cada real (R$) de obrigações.
Índice de Liquidez Corrente: mede quanto a empresa tem de bens e direitos a curto prazo
para cada real (R$) de obrigações a curto prazo.
Índice de Liquidez Corrente = Ativo Circulante
Passivo Circulante
Índice de Liquidez Geral: mede quanto a empresa tem de bens e direitos de curto e longo
prazo para cada real (R$) de obrigações a curto e longo prazo.
Índice de Liquidez Corrente = (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo)
(Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo)
Índice de Liquidez Imediata: evidencia quanto a empresa tem de dinheiro (caixa)
disponível para cada real (R$) de obrigações a curto prazo.
Índice de Liquidez Imediata = Disponibilidades
Passivo Circulante
Noções de Administração Financeira - Parte 2
Índice de Liquidez Seca: mede o quanto a empresa possui de bens e direitos mais
rapidamente conversíveis em dinheiro (maior liquidez) para cada real (R$) em
obrigações de curto prazo.
Índice de Liquidez Seca = (Ativo Circulante - Estoques)
Passivo Circulante
b) Índices de Atividade: medem o tempo que a empresa demora, em média, para
receber duplicatas de clientes, pagar fornecedores e renovar estoques, por isso a
terminologia atividade.
Prazo Médio de Cobrança: indica o tempo médio (número de dias) que a empresa leva
para receber o pagamento de suas vendas.
Prazo Médio de Cobrança = Duplicatas a Receber
(Vendas Anuais/360dias)
56
Prazo Médio de Pagamentos: indica o tempo médio (número de dias) que a empresa leva
para pagar seus fornecedores. Ne medida em que o total de compras anuais a prazo não
é explicitado nas informações contábeis, considera-se para fins de cálculo como uma
porcentagem do custo dos produtos vendidos (compras anuais a prazo = custo dos
produtos vendidos x percentual estimado).
Prazo Médio de Pagamentos: Duplicatas a Pagar
(Compras Anuais/360 dias)
Prazo Médio de Estocagem: indica o tempo médio (número de dias) que os estoques
levam para serem renovados
Prazo Médio de Estocagem = Estoque
(Custo dos Produtos Vendidos/360 dias)
Noções de Administração Financeira - Parte 3
c) Índices de Endividamento: indicam a política de obtenção de recursos praticada pela
empresa - capital próprio ou de terceiros.
Endividamento Geral: indica a relação percentual entre os capitais de terceiros de curto
e longo prazo e o ativo total da empresa.
Endividamento Geral = ( Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
) x 100 Ativo Total
Imobilização do Patrimônio Líquido: aponta quanto do ativo permanente é financiado pelo
patrimônio líquido, indicando maior ou menos dependência do capital de terceiros
(quanto maior for esse índice menor será a dependência e vice versa).
Imobilização do Patrimônio Líquido = ( Ativo Permanente
) x 100 Patrimônio Líquido
Exigível a Longo Prazo/Patrimônio Líquido: indica a composição dos recursos de longo
prazo, evidenciando a relação entre o capital de terceiros de longo prazo e o
patrimônio líquido.
Exigível a Longo Prazo =(
Exigível a Longo Prazo ) x 100
Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido
d) Índices de Lucratividade: evidenciam a rentabilidade da empresa.
Margem Bruta: mostra a relação entre o lucro bruto e a receita operacional líquida,
fornecendo assim a indicação mais direta de quanto a empresa está ganhando como
resultado direto de sua atividade. Consiste em um bom indicador de produtividade, ou
57
seja, se compararmos duas empresas através desse índice, aquela que tiver maior
margem bruta será a mais produtiva (eficiência nos processos, ganho de escala, estrutura
de custos, etc.).
Margem Bruta = ( Lucro Bruto
) x 100 Receita Operacional Líquida
Noções de Administração Financeira - Parte 4
Margem Operacional: mostra a relação entre o lucro operacional e a receita operacional
líquida, fornecendo assim um bom indicador de eficiência operacional da empresa. Em
outras palavras, se compararmos duas empresas de mesma atividade, aquela que tem
maior margem operacional é a que apresenta melhores resultados para cada real vendido
(custos operacionais mais reduzidos).
Margem Operacional = ( Lucro Operacional
) x 100 Receita Operacional Líquida
Margem Líquida: mostra a relação entre o lucro operacional e a receita operacional líquida,
sendo um dos indicadores de rentabilidade mais utilizado na comparação de empresas.
Margem Líquida = ( Lucro Líquido
) x 100 Receita Operacional Líquida
Taxa de Retorno sobre o Ativo Total: mostra a relação entre o lucro operacional e o ativo
total, também conhecido como "retorno sobre ativo total".
Taxa de Retorno sobre o Ativo Total =( Lucro Operacional
) x 100 Ativo Total
Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido: indica o retorno sobre o capital dos
proprietários, também é conhecido como "retorno sobre o capital líquido". (A parcela do
lucro líquido do exercício que não foi distribuída (lucro retido no exercício) deve ser
deduzida do patrimônio líquido).
Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido =( Lucro Líquido
) x 100 Patrimônio Líquido - Lucro Retido no Exercício
Lucro por Ação: indica o lucro gerado por ação da empresa.
Lucro por Ação =( Lucro Líquido1
) Quantidade de Ações
58
Noções de Administração Financeira - Parte 5
Exemplos de Cálculo dos Índices Econômico-Financeiros
ATIVO 31/12/09 PASSIVO 31/12/09
CIRCULANTE 83.300 CIRCULANTE 61.000
Financeiro 14.800 Financeiro 13.000
Caixa e bancos 14.000 Empréstimos bancários 8.000
Aplicações financeiras
800 Duplicatas descontadas 5.000
Operacional 68.500 Operacional 48.000
Duplicatas a receber 37.000 Duplicatas a pagar 21.200
Estoques 31.500 Outras obrigações 26.800
PERMANENTE 125.700 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
35.700
Investimentos 15.700 PATRIMONIO LÍQUIDO 112.300
Imobilizado 94.350 Capital 69.000
Diferido 15.650 Reservas de lucros 43.300
TOTAL DO ATIVO 209.000 TOTAL PASSIVO 209.000
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS (em R$)
2009
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 330.000
(-) CUSTO OPERACIONAL
Custo dos produtos vendidos (210.000)
(=) LUCRO BRUTO 12.000
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas administrativas (33.000)
Despesas de vendas (24.000)
(=) LUCRO OPERACIONAL 63.000
(-) Despesas financeiras líquidas (6.555)
59
(+/-) Resultados não operacionais 0
(=) LUCRO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E DO IMPOSTO DE RENDA 56.445
(-) PROVISÕES PARA A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E O IMPOSTO DE RENDA (19.756)
(=) LUCRO APÓS A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E O IMPOSTO DE RENDA 36.689
(-) PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES 0
(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCICIO 36.689
A partir das demonstrações contábeis acima (DRE e Balanço de Pagamentos) o quadro a
seguir apresenta o cálculo dos principais indicadores econômico-financeiros estudados até
aqui. Além das informações já disponibilizadas nas demonstrações contábeis, também é
conhecido que:
CLASSIFICAÇÃO ÍNDICES 2009
Liquidez
Corrente 1,37
Geral 0,86
Imediata 0,24
Seca 0,85
Atividades
Período médio de cobrança 40 dias
Período médio dos pagamentos 45 dias
Período médio de estocagem 54 dias
Endividamento
Endividamento geral 46,27%
Imobilização do patrimônio líquido 111,93%
Exigível a longo prazo/patrimônio líquido 31,79%
Lucratividade
Margem bruta 36,36%
Margem operacional 19,09%
Margem líquida 11,12%
Taxa de retorno sobre o ativo total 30,14%
Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido 48,52%
Todas as vendas da empresa são efetuadas a prazo;
As compras anuais a prazo representam 80% do custo dos produtos vendidos;
A empresa não distribuiu dividendos;
A empresa possui 100 mil ações ordinárias em circulação.
60
Noções de Administração Financeira - Parte 6
Básico sobre Risco e Retorno
Em linhas gerais, os investimentos são realizados sob condições de incertezas acerca de
seus resultados futuros. Contudo, o investidor deve sempre condicionar o retorno exigido
de um investimento ou aplicação ao risco envolvido, ou seja, quanto maior for o risco,
maior o retorno e vice-versa. Qualquer tomada de decisão que envolva investimento
pressupõe a existência de mais de uma alternativa, portanto, aos escolhermos apenas
uma estamos descartando os benefícios trazidos pelas demais. Em cenários onde os
riscos são semelhantes, o investimento escolhido deve ter um retorno, no mínimo, idêntico
a melhor alternativa desprezada.
Uma típica comparação que pode ser feita nesse sentido é entre os rendimentos pagos
pela caderneta de poupança e um investimento no mercado de ações. Historicamente, os
investimentos em ações tem se mostrado rentáveis no longo prazo, contudo, seus riscos
são altos e uma eventual necessidade de resgate a curto prazo pode implicar prejuízos ao
investidor. Nesse sentido, enquanto aplicar na caderneta de poupança rende
aproximadamente 6% ao ano um investimento em ações, por exemplo, poderia render
lucros de 15% ou prejuízos de 20%,
Em termos de conceituação, podemos definir que o risco está associado à variabilidade do
retorno de um investimento e resulta da possibilidade de ganhos ou prejuízos que o
mesmo pode obter. Por outro lado, o retorno corresponde aos ganhos ou prejuízos
proporcionados por um investimento, tanto no que se refere à valorização do ativo
adquirido quanto ao fluxo de caixa por ele proporcionado (ingressos de receitas). Já a
incerteza está associada á ausência de conhecimentos ou informações sobre os
acontecimentos futuros, não possibilitando assim, estimar os riscos envolvidos no negócio.
Graficamente a relação entre risco e investimento
fica mais fácil de ser percebida. Observem que
quando o risco é "0" o retorno exigido é de
4%, aumentando para 8% e 12% conforme o risco
envolvido no investimento começa a
crescer (eixo horizontal).
61
Noções de Administração Financeira - Parte 7
Calculando o Retorno
Vamos supor que um investidor tenha aplicado em determinado ano seus recursos na
bolsa de valores, adquirindo ações de duas empresas distintas cujos riscos são, a priori,
os mesmos. Ao todo, foram investidos R$ 80 mil, sendo R$ 20 mil na empresa X e R$ 60
mil na empresa Y. Ao final desse ano, as ações da empresa X estavam valendo R$ 25 mil
enquanto as da empresa X permaneceram em R$ 60 mil. Durante esse período, o
investidor recebeu R$ 1.000 de dividendos da empresa X e R$ 6.000 da empresa Y. Os
dados acima nos fornecem informações tanto acerca da valorização ocorrida no preço das
ações (ativo) como dos dividendos recebidos durante o período (fluxo de caixa), ou seja,
permitindo calcularmos o retorno obtido em cada um dos investimentos realizados.
Taxa de Retorno = ((preço final da ação - preço inicial da ação) + dividendos)
preço inicial da ação
Taxa de Retornox = ((R$ 25.000,00 - R$ 20.000,00) + R$ 1.000)
= 30% R$ 20.000,00
Taxa de Retornoy= ((R$ 60.000,00 - R$ 60.000,00) + R$ 6.000)
= 10% R$ 60.000,00
Custo de Oportunidade
Ao longo desse componente curricular já comentamos diversas vezes sobre o conceito de
custo de oportunidade, contudo, o exemplo acima permite retomarmos novamente essa
questão de maneira mais aprofundada. Entendo o custo de oportunidade como aquilo que
abrimos mão para a obtenção de alguma coisa, vamos imaginar que a rentabilidade da
alternativa Y fosse previamente conhecida pelo investidos. Ao abrir mão dessa alternativa
pelo investimento X, o investidor assume um custo de oportunidade equivalente a 10%, ou
seja, para que a sua escolha seja rentável ela deverá obter, no mínimo, uma taxa superior
à obtida pela opção Y. Muito importante destacarmos que em análises de investimentos o
conceito de custo de oportunidade somente é valido quando o risco envolvido entre as
opções de escolha forem iguais.
Noções de Administração Financeira - Parte 8
Estrutura e Custo de Capital
A estrutura de capital de uma empresa consiste na combinação de recursos próprios e
recursos de terceiros, conforme visualizado no lado direito do Balanço de Pagamentos. O
capital de terceiros é basicamente formado por empréstimos e financiamentos tomados
62
pelas empresas junto às instituições financeira e através da negociação de debêntures,
que são títulos de crédito emitidos pelas próprias empresas com juros e condições de
resgate pré-definidos. Por outro lado, o capital próprio advém da venda de ações da
empresa e de suas reservas de lucros acumuladas. Tanto o capital de terceiros como o
capital próprio possuem custos para empresa, os quais necessitam serem adequadamente
combinados visando a formação de uma estrutura ótima de capital, ou seja, aquela que
representa o menor custo de financiamento para a realização de investimentos de longo
prazo (custo de capital). É justamente o custo de capital que define a taxa mínima de
atratividade que um investimento deve ter, ou seja, parâmetro indispensável para a
tomada de decisão da empresa.
Como regra geral, o capital de terceiros
é mais barato do que o capital próprio.
Enquanto o capital de terceiros possui
um custo pré-fixado contratualmente, o
capital próprio recebe uma
remuneração residual, ou seja, será
pago durante toda a vida útil da
empresa. Esse custo mais alto cobrado
pelo capital próprio diz respeito ao
maior risco na comparação com o
capital de terceiros, principalmente no
caso de insolvência da empresa. Contudo, o fato do capital de terceiros ser mais barato
para a empresa não significa que sua utilização não possua limites. O uso demasiado
dessa fonte pode acarretar em níveis elevados de endividamento, os quais podem
acarretar riscos de inadimplência e aumentar os custos desse capital. Assim, um correto
balanceamento dessas fontes é a melhor alternativa para a empresa, sendo indispensável
para isso conhecer como os custos de capital são formados.
Noções de Administração Financeira - Parte 9
a) Capital de Terceiros
Conforme explicado esse tipo de capital refere-se ao exigível a longo prazo da empresa,
dividido basicamente entre os financiamentos e empréstimos tomados e as captações
realizadas através da emissão de debêntures.
Benefícios do Imposto de Renda:
Diferentemente do capital próprio, os juros pagos aos financiadores dessa fonte de capital
podem ser abatidos do Imposto de Renda das empresas. Por exemplo, se uma empresa
tomar emprestado de um banco o valor de R$ 200 mil com juros anuais de 20% ao ano, os
R$ 40 mil de encargos a serem pagos ao final do período poderão ser descontados do IR
a ser recolhido. Supondo uma alíquota de IR equivalente a 40% podemos calcular a
despesa financeira e a taxa de juros líquida da seguinte forma:
63
Em suma, para fins de tomada de decisão a taxa de juros a ser levada em conta deve ser
12% e a despesa total R$ 24.000,00. Contudo, em toda a captação de recursos de
terceiros realizada haverá outros encargos como impostos, comissões e taxas de abertura
de crédito, as quais também devem ser levadas em consideração.
Noções de Administração Financeira - Parte 10
Debêntures:
Na venda de uma debênture a empresa emissora assume as despesas administrativas
relativas à operação. Além disso, na grande maioria das vezes os títulos são vendidos com
deságio, ou seja, com valores inferiores ao valor de face (valor nominal) do título. O custo
de capital dessa fonte de financiamento é dada pela Taxa Interna de Retorno (TIR) obtida
através de seu respectivo fluxo de caixa. De maneira bastante simplificada, a TIR
corresponde à taxa de desconto que iguala os valores futuros de um fluxo de caixa ao
valor do investimento inicial. Com relação ao fluxo de caixa, o qual será melhor detalhado
logo a seguir, podemos afirmar que ele corresponde a todas as entradas e saídas
registradas pela empresa em um dado período de tempo, geralmente ligado a um projeto
específico. Vamos supor que uma determinada empresa tenha emitido debêntures no
valor nominal de R$ 110 mil, com deságio de R$ 3 mil e arcando com um total de
despesas operacionais de R$ 5 mil, o que resultou em um valor líquido recebido de R$ 102
mil. O prazo para resgate desse título é de 4 anos, a alíquota vigente do IR é de 35% e a
taxa de juros anual contratada é de 20%.
Valor nominal: R$ 110.000,00
(-) Deságio: R$ 3.000,00
(-) Despesas relativas à colocação das debêntures no mercado: R$ 5.000,00
(=) Valor líquido recebido: R$ 102.000,00
Juros anuais brutos: R$ 110.000,00 x 20% = R$ 22.000,00
A partir do ingresso inicial de R$ 102 mil no ano "0" e dos totais desembolsados nos anos
1, 2, 3 e 4 podemos calcular a TIR desse financiamento utilizando a ferramenta Excel.
Para ver como é calculada a TIR, acesse o link da simulação de nome TIR Debêntures
que está no ambiente virtual.
Despesas Financeiras Líquidas (juros) = Despesas com juros x (1 - Alíquota de IR)
Despesas Financeiras Líquidas (juros) = R$ 40.000,00 x (1 - 0,40) = R$ 24.000,00
Taxa de Juros Líquida = Taxa de Juros Contratada x (1 - IR)
Taxa de Juros Líquida = 20% x (1 - 0,40) = 12
64
Assim, observa-se que o custo de capital da debênture é de 15,58% ao ano, sendo este o
retorno mínimo exigido para qualquer investimento a ser realizado a partir do valor líquido
recebido.
Noções de Administração Financeira - Parte 11
Empréstimos e Financiamentos:
A determinação do custo desse capital é semelhante ao cálculo das debêntures, sendo
também obtido através da TIR de seu fluxo de caixa, usufruindo dos benefícios fiscais (IR)
proporcionados pelos encargos financeiros (juros) e arcando com custos relativos à
operação cobrados pelas instituições financeiras. Supondo um empréstimo de 4 anos no
valor de R$ 300 mil com taxas e comissões bancárias no valor de R$ 20 mil, juros anuais
contratados de 25% e alíquota de IR equivalente a 35%, podemos calcular a TIR repetindo
o procedimento anterior.
b) Custo de Capital Próprio
Corresponde aos recursos investidos pelos proprietários da empresa (acionistas) e os
lucros retidos. De maneira bastante simples, o custo de capital próprio deve corresponder
à remuneração da melhor alternativa de investimento dos quais os investidores abriram
mão ao aplicarem seus recursos na empresa.
Noções de Administração Financeira - Parte 12
Custo das Ações dos Lucros Retidos:
Atualmente os analistas financeiros dispõem de técnicas avançadas e complexas que
permitem definir como maior precisão o custo de capital utilizado pelas empresas, como
por exemplo, o modelo CAPM (Modelo de Precificação de Ativos Financeiros) e suas
variações. Contudo, objetivando apenas dar uma ideia geral sobre como estes custos são
formados, vamos utilizar aqui um modelo bastante simplificado de cálculo. A título de
exemplo vamos supor que as ações ordinárias de uma determinada empresa estejam
sendo cotadas a R$ 20,00 cada e que o dividendo previsto para o próximo ano seja de R$
Para ver como é calculado um empréstimo, acesse o link da simulação de nome
TIR Empréstimos que está no ambiente virtual.
Valor nominal do empréstimo: R$ 300.000,00
(-) Taxas e comissões bancárias: R$ 20.000,00
(=) Valor líquido recebido: R$ 280.000,00
Juros anuais brutos: R$ 300.000,00 x 25% = R$ 75.000,00
65
3,00 por ação. Além disso, vamos supor que os dividendos distribuídos pela empresa
tenham crescido nos últimos anos a uma taxa de 3,5%. Pergunta: qual a taxa de
remuneração que o acionista está esperando? A partir da fórmula abaixo é possível
responder essa questão.
K = D1
+ g P0
Onde:
K = taxa de desconto compatível ao risco assumido pelo acionista;
D1 = dividendo esperado por ação
P0 = preço corrente da ação
g = taxa anual esperada de crescimento dos dividendos das ações
Logo:
K = R$ 3,00
+ 3,5% = 0,15 + 0,035 = 18,5% R$2,00
Noções de Administração Financeira - Parte 13
Custo das Ações e dos Lucros Retidos (continuação...):
Dois pontos devem ser chamados a atenção quando do uso dessa metodologia para o
cálculo do custo de capital próprio: quando forem ações preferenciais ou quando se
tratarem de novas ações. De acordo com a legislação brasileira, as ações preferenciais
devem ter dividendos fixos ou mínimos. No caso de ser um dividendo fixo, o item "g" do
cálculo passa a ser "0". Por outro lado, sendo um dividendo mínimo, o item "D1" irá
corresponder ao valor mínimo a ser pago de dividendo enquanto o "g" representará
normalmente a taxa de crescimento esperado. Para o caso de novas ações, a diferença
fica por conta do valor de "P0" (preço corrente da ação), que deverá levar em consideração
o deságio e os custos de colocação do papel no mercado. Por exemplo, se no cálculo
anteriormente realizado estivéssemos falando de novas ações, com deságio de R$ 0,80
por ação e custos de colocação equivalentes a R$ 0,50 por ação, a remuneração
requerida seria de 19,54%.
66
Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) e Estrutura Ótima de Capital
A combinação entre capitais de terceiros e capital próprio resulta no Custo Médio
Ponderado de Capital (CMPC). Esse custo, nada mais é do que a média dos custos das
diferentes fontes de capital ponderados pela participação relativa de cada uma delas na
estrutura de capital da empresa. A partir da hipotética estrutura de capital abaixo podemos
tranquilamente calcular o CMPC dessa empresa.
VALOR CONTÁBIL
PROPORÇÃO DE CADA
FONTE
CUSTO (TAXA DE
REMUNERAÇÃO)
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
Debêntures R$ 100.000,00 13,33% 14,06%
Empréstimos R$ 200.000,00 26,67% 14,61%
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ações ordinárias R$ 300.000,00 40,00% 18,51%
Ações Preferenciais R$ 150.000,00 20,00% 16,50%
Total R$ 750.000,00 100,00%
CMPC = (13,33% X 0,1406) + (26,67% X 0,1461) + (40% X 0,1850) + (20% X 0,1650) =
16,47%
Cabe destacarmos, que nessa simulação foram considerados os valores (custos)
históricos contidos no hipotética demonstração acima utilizada. Contudo, antes de
calcularmos o CMPC, torna-se necessário primeiro atualizarmos o valor referente às fontes
de capital próprio de acordo com o valor de mercado das mesmas. De maneira mais
específica, as ações devem ser cotadas conforme a cotação atual na bolsa de valores. Em
termos práticos, tal atualização modificaria o custo do capital próprio, trazendo com isso
modificações na participação de cada fonte e na taxa do CMPC.
Noções de Administração Financeira - Parte 14
Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) e Estrutura Ótima de Capital (continuação...)
A partir do cálculo do CMPC a empresa poderá definir qual combinação de capital próprio
e capital de terceiros irá lhe proporcionar o menor custo de capital. Na tabela abaixo
podemos visualizar uma simulação onde constam 7 possíveis combinações, os custos de
cada fonte, a participação relativa de cada um na estrutura da empresa e o respectivo
CMPC. Nesse exemplo hipotético, verificamos que a opção 4 é a que menor CMPC
67
proporciona para empresa, sendo combinado 40% de recursos de terceiros e 60% de
capital próprio.
ESTRUTURA
CAPITAL DE TERCEIROS CAPITAL PRÓPRIO
CMPC
R$ Taxa
(Custo) R$ Taxa
(Custo)
1 100.000 10,00% 900.000 23,00% 21,70%
2 200.000 10,00% 800.000 22,00% 19,60%
3 300.000 11,00% 700.000 21,50% 18,35%
4 400.000 12,50% 600.000 21,50% 17,90%
5 500.000 15,05% 500.000 23,00% 19,00%
6 600.000 18,00% 400.000 26,00% 21,20%
7 700.000 22,00% 300.000 30,00% 24,40%
Custo Marginal Ponderado de Capital (CMgPC)
De maneira bastante simples, o CMgPC se refere às taxas de retorno que novos
investimentos irão requerer da empresa. A partir de definida a estrutura ótima de capital da
mesma (percentuais de participação de capitais próprios e de terceiros) os novos projetos
terão seus custos ponderados afim de serem verificadas suas respectivas possibilidades
de implantação. Tomando como exemplo a estrutura de capital ótima anteriormente citada
(60% de capital próprio e 40% capital de terceiros), podemos analisar as alternativas de
investimento abaixo. Nesse caso, observamos que somente a alternativa "A" possui uma
TIR (rentabilidade) esperada superior ao seu CMgPC, ou seja, somente esse projeto seria
passível de aprovação.
ESTRUTURA DE CAPITAL
R$ PARTICIPAÇÃO
DE CADA FONTE
CUSTO DE CADA FONTE
CUSTO PONDERADO
Projeto A
EXIGÍVEL A LONGO
PRAZO
Empréstimos 60.000 40% 15,50% 6,20%
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ações ordinárias 60.000 40% 20,00% 8,00%
Ações preferenciais 30.000 20% 17,00% 3,40%
TOTAIS e CMgPC 150.000 100% 17,60%
Projeto B
EXIGÍVEL A LONGO
68
PRAZO
Empréstimos 72.000 40% 21,00% 8,40%
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ações ordinárias 68.000 38% 25,00% 9,44%
Ações preferenciais 40.000 22% 21,00% 4,67%
TOTAIS e CMgPC 180.000 100% 22,51%
Projeto C
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
Empréstimos 80.000 40% 23,00% 9,20%
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ações ordinárias 70.000 35% 26,00% 9,10%
Ações preferenciais 50.000 25% 22,50% 5,63%
TOTAIS e CMgPC 200.000 100% 23,93%
PROJETOS TIR (%)
ESPERADA CMgPC
A 19,00% 17,60%
B 21,00% 22,51%
C 22,50% 23,93%
Noções de Administração Financeira - Parte 15
Fluxo de Caixa e Análise de Investimentos
Frequentemente os analistas financeiros estão tomando decisões acerca de novos
investimentos, os quais podem estar relacionados a diferentes objetivos organizacionais.
Uma empresa interessada em expandir pode adquirir uma nova planta produtiva,
maquinários, ampliar prédios já existentes, dentre outros investimentos. A princípio, a
decisão de investir ou não tem como parâmetro inicial o Custo Marginal Ponderado de
Capital, ou seja, o novo investimento a ser realizado necessita ter uma rentabilidade no
mínimo igual à sua estrutura de capital. No entanto, dependendo do objetivo da empresa,
não necessariamente esse critério será decisivo em suas escolhas, como por exemplo, na
execução de projetos sociais ou resultantes de estratégias comerciais de longo prazo
(ingresso em novos mercados ou criação de novas oportunidades de negócio).
69
Em termos de análises financeiras, diversos são os métodos que podem ser utilizados a
partir do fluxo de caixa do projeto, tais como, o Payback, o Valor Presente Líquido (VPL) e
a Taxa Interna de Retorno (TIR). O fluxo de caixa é formado por três variáveis básicas:
investimento inicial, entradas de
caixa e fluxo de caixa residual. O
primeiro se refere ao montante de
recursos líquidos investidos na
implantação do projeto; o segundo diz
respeito aos ingressos de receita na
empresa decorrentes do investimento
realizado; enquanto o terceiro
corresponde ao valor líquido resultante
da venda do ativo após o término da
vida útil do projeto.
No que se refere ao tipo de projeto, em linhas gerais esses podem ser classificados de três
maneiras distintas:
Noções de Administração Financeira - Parte 16
a) Payback
O método do Payback tem como objetivo conhecer o tempo necessário para recuperação
do investimento. Assim, na escolha entre projetos excludentes, teria êxito o projeto que
retornasse o capital investido no menor tempo possível, independente da rentabilidade
propiciada. Assim, uma das principais limitações desse tipo de análise diz respeito a não
consideração dos fluxos de caixa ocorridos após o retorno do investimento. Conforme
abaixo exemplificado, o projeto A, cujo payback é mais atrativo, possui um retorno total
inferior ao projeto B, o que poderia conduzir o administrador a tomar uma decisão
equivocada sob o ponto de vista da rentabilidade obtida em cada alternativa.
Projetos Independentes: são projetos cujas análises não competem com outras,
ou seja, uma vez tendo retornos mais vantajosos do que o CMgPC da empresa
poderão ser implementados conjuntamente. Por exemplo, um projeto para
ampliação da planta produtiva e outro para aquisição de novos bens de capital;
Projetos Mutuamente Excludentes: são projetos concorrentes, cuja escolha se
dará pelo empreendimento com maior rentabilidade a partir do CMgPC da empresa.
Por exemplo, a aquisição de determinado maquinário disponível em dois
fornecedores distintos;
Projetos Contingentes (Complementares): são projetos que se complementam
para o atendimento de um mesmo objetivo, como por exemplo, a compra de um
maquinário e sua respectiva instalação.
70
ANO
PROJETO A PROJETO B
FLUXO DE CAIXA R$
FLUXO ACUMULADO
R$
FLUXO DE CAIXA R$
FLUXO ACUMULADO
R$
0 (160.000) (160.000) (200.000) (200.000)
1 40.000 (120.000) 30.000 (170.000)
2 40.000 (80.000) 40.000 (130.000)
3 40.000 (40.000) 50.000 (80.000)
4 40.000 0 60.000 (20.000)
5 40.000 40.000 80.000 60.000
6 40.000 80.000 85.000 145.000
7 40.000 120.000 90.000 235.000
8 40.000 160.000 95.000 330.000
Payback = 3 anos Payback > 4 anos
Outra fragilidade desse modelo diz respeito ao fato de não serem considerados os valores
atualizados em sua análise. Em outras palavras, antes de ser analisado o retorno dado
pelo investimento torna-se necessário trazer a valor presente todos os fluxos de caixa do
projeto. No geral, a taxa de desconto a ser utilizada no cálculo corresponderá ao CMgPC
da empresa, ou seja, a taxa de atratividade mínima que o novo investimento deverá ter.
Abaixo, segue um exemplo de como uma análise de Payback realizada com base em
valores nominais pode trazer prejuízo na tomada de decisão da empresa. Nesse exemplo,
a taxa de desconto considerada foi de 20% ao ano.
ANO
PROJETO A PROJETO B
FLUXO DE
CAIXA R$
FLUXO ACUMULADO
R$
FLUXO DE
CAIXA R$
FLUXO
ACUMULADO R$
0 -72.700 -72.700 -72.700 -72.700
1 14.375 -58.325 11.979 -60.721
2 23.805 -34.520 16.531 -44.190
3 30.600 -3.920 17.708 -26.481
4 38.618 34.698 18.624 -7.858
5 48.272 82.970 19.399 11.542
Payback < 3 anos Payback < 4 anos
O valor presente (VP) é calculado da seguinte forma:
VP = Valor Futuro
(1 + taxa de desconto)número de períodos que serão descontados
71
VP ANO 1 = R$ 14.375,00
= R$ 11.979,00 (1 + 0,20)
1
VP ANO 2 = R$ 23.805,00
= R$ 16.531,00 (1 + 0,20)
2
Por último, cabe destacar que o Payback é uma metodologia que pode ser combinada com
as alternativas do VPL e da TIR, ou seja, a partir de serem estudadas as rentabilidades de
cada projeto e estas serem semelhantes ou pouco diferenciadas, poderia ser escolhida
aquela em que menos tempo retornasse o capital total investido.
Noções de Administração Financeira - Parte 17
b) Valor Presente Líquido
O Valor Presente Líquido corresponde a diferença entre o valor descontado do fluxo de
caixa para a data de seu investimento inicial menos o valor inicial investido. Em outras
palavras, o VPL apresenta em termos reais qual o valor líquido que o projeto retornou para
a empresa. A taxa de desconto a ser utilizada para o cálculo do VPL corresponde a Taxa
de Atratividade Mínima, ou seja, ao CMgPC da empresa. Assim, tratando-se de projetos
não excludentes, bastaria à empresa possuir um VPL > 0 para que seu investimento fosse
aceito. Contudo, tratando-se de investimentos excludentes, a escolha iria recair sobre o
projeto cujo VPL calculado fosse maior. Abaixo segue um exemplo de fluxo de caixa e de
como podemos calcular seu VPL através da ferramenta Excel. No referido exemplo, a
Taxa de Atratividade Mínima foi de 18% ao ano e o projeto B possui um melhor VPL do
que o projeto A.
Noções de Administração Financeira - Parte 18
c) Taxa Interna de Retorno
A TIR consiste em uma taxa de desconto que iguala o valor presente do fluxo de caixa ao
valor do investimento inicial de um projeto. Assim, se utilizarmos a TIR para descontar a
taxa de um projeto seu VPL será igual a zero. Para análise de projetos excludentes, será
escolhido o projeto com a maior TIR, desde que essa taxa seja superior à taxa mínima de
OBS: Observe que o último passo em cada cálculo foi descontar dos fluxos de
caixa o valor presente do valor do investimento inicialmente realizado, por isso o
nome de Valor Presente Líquido (Valor Presente dos fluxos de caixas
recebidos entre os anos 1 e 6 menos o investimento inicialmente realizado).
Para ver como é calculado o Valor Presente Líquido (VPL), acesse o link da simulação
de nome VPL que está no ambiente virtual.
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atratividades (CMgPC) exigida pela empresa. Abaixo, apresentamos mais um exemplo de
aplicação TIR com a realização de seu respectivo cálculo através da ferramenta Excel.
VPL ou TIR? Qual dos métodos deve ser escolhido?
No cotidiano das empresas frequentemente as metodologias do VPL e da TIR são
utilizadas por seus analistas financeiros para tomada de decisões acerca dos novos
investimentos. A diferença básica entre cada um desses modelos diz respeito a como eles
preveem que os fluxos de caixa positivos ocorridos ao longo da vida útil do projeto serão
reinvestidos pela empresa. Em outras palavras, enquanto o VPL pressupõe que os saldos
positivos de caixa serão reaplicados pela empresa à taxa correspondente ao seu custo de
capital (CMgPC), a TIR prevê que estes mesmos saldos positivos serão reaplicados pela
própria TIR do projeto. Assim, observamos que o VPL é um método mais conservador,
pois assume que a empresa dificilmente encontrará outras aplicações que venham a
render exatamente a mesma coisa que o projeto atual, diferentemente da ideia implícita no
modelo da TIR.
Para ver como é calculada a TIR, acesse o link da simulação de nome TIR que está no
ambiente virtual.