sertão do são francisco - pe

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Secretaria de Desenvolvimento Territorial 2011 Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do São Francisco - Pernambuco

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Page 1: Sertão Do São Francisco - PE

Secretaria de

Desenvolvimento Territorial

2011

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural

Sustentável do Sertão do São Francisco - Pernambuco

Page 2: Sertão Do São Francisco - PE

2

Governo Federal

Presidenta da República Dilma Vana Rousseff

Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário Afonso Bandeira Florence

Secretária Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário Márcia da Silva Quadrado

Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Celso Lisboa de Lacerda

Secretário Nacional de Desenvolvimento Territorial Jerônimo Rodrigues Souza

Secretário Nacional de Agricultura Familiar Laudemir André Muller

Secretário Nacional de Reordenamento Agrário Adhemar Lopes de Almeida

Delegada Federal do MDA do Estado de Pernambuco Luiz Aroldo Lima

Departamento das Ações Territoriais Fernanda Corezola e Carlos Osório

Articulador Regional da SDT Henrique Farias

Articuladores Estaduais da SDT André Vasconcellos e Ícaro Lôbo

Colegiado Territorial do Sertão do São Francisco

Organizações da Sociedade Civil (Coordenação do Colegiado Territorial) FETAPE; Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa Grande; Quilombolas / Afrânio; Asa Branca;

Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável de Dormentes

Organizações do Poder Público (Coordenação do Colegiado Territorial) IPA; PRORURAL; Prefeitura de Petrolina; INCRA; Banco do Nordeste

Assessor Técnico Territorial Edson Castro

Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento Humano -I ADH

Conselho Gestor do IADH Silvana Parente, Tania Zapata e Zenaide Bezerra

Gerente Administrativo/financeira do IADH Bevânia Nascimento

Equipe Administrativa do IADH

Jéssica Brito, Marcelo Alves e Marcelo Bezerra Coordenadora Técnica do Projeto IADH / SDT

Jeanne Duarte Assessoria de Comunicação

Patrícia paixão

Moderação das oficinas e elaboração da Versão Inicial do documento PTDRS Sandro Gusmão

Elaboração do Resumo Executivo e Qualificação Final do Documento PTDRS Jeanne Duarte e Nazaré Cavalcanti

Fotografias

Edmar Melo

Page 3: Sertão Do São Francisco - PE

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Sumário Sumário ........................................................................................................................ 3 1 Caracterização Territorial ................................................................................. 10 1.1 Ambiente Territorial ...................................................................................... 10 1.2 Aspectos Históricos ...................................................................................... 12 1.2.1 Os indígenas remanescentes:.........................................................13 1.2.2 Tempo de Criação dos Municípios do Território:.............................14 1.2.3 A História Recente do Território.......................................................14 2 Diagnóstico Territorial..........................................................................................27 2.1 Dimensão Sócio-Cultural e Educacional..........................................................28 2.1.1 Características Demográficas..........................................................28 2.1.2 Características do Tecido Social Organizativo do Território............34

2.1.3 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM..................40 2.1.4 Situação da Saúde no Território......................................................43 2.1.5 Situação da Educação no Território................................................49 2.2 Dimensão Ambiental ..................................................................................... 52 2.2.1 Características Geoclimáticas..........................................................52 2.2.2 Características Geomorfológic ........................................................53 2.2.3 Características Edafológicas............................................................53

2.2.4 Características Hidrológicas.............................................................53

2.2.5 Ocorrências impactantes frequentes no meio ambiente..................54 2.3 Dimensão Econômica................................................................................ 56 2.3.1 População Economicamente Ativa (PEA)........................................56

2.3.2 Produção..........................................................................................56 2.3.3 Produção Agrícola............................................................................57 2.3.4 Produção Animal...............................................................................62

2.3.5 Estrutura fundiária.......................................................................... ..65 2.4 Dimensão Político-Institucional...................................................................... .66 2.5 Contexto Interno e Externo................................................................................67 3 Visão de Futuro......................................................................................................74 4 Objetivos Estratégicos ...................................................................................... 76 5 Missão.............................................................................................................. 78 6 Princípios Norteadores ..................................................................................... 80 7 Eixos de Desenvolvimento ............................................................................... 82 8 Programas e Projetos Estratégicos .................................................................. 87 9- Proposta de Gestão do Plano Territorial ........................................................ 100 10 - Considerações Finais .................................................................................... 109 Bibliografia Referencial ............................................................................................. 112

Page 4: Sertão Do São Francisco - PE

4

Introdução

Page 5: Sertão Do São Francisco - PE

5

Introdução

A perspectiva da abordagem territorial considera as múltiplas dimensões

e as inter-relações contidas em uma população diversificada e com necessidades e

potencialidades distintas. O desenvolvimento sustentável deve contemplar medidas

que objetivem a melhoria de vida do conjunto da população do território, não

apenas de parte dela. Portanto, é indispensável que haja uma forte articulação de

políticas públicas entre si, nos diversos níveis de governo, com as iniciativas da

sociedade, do setor privado dos diversos ramos de atividades.

No início de 2003, através da Secretaria de Desenvolvimento Territorial –

SDT, do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, chega ao Estado de

Pernambuco o Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Territórios

Rurais – PRONAT. Programa que vem sendo implementado desde 2003 na

perspectiva de:

“promover cada vez mais o protagonismo dos atores sociais para a

construção e governança do desenvolvimento de seus territórios. E, para

isso, embasada em experiências nacionais e internacionais de

aprofundamento da democracia participativa, tem reforçado a necessidade

de fortalecer a cultura da gestão social, a ampliação das redes sociais de

cooperação, estimulando as iniciativas que reorientam as dinâmicas

socioeconômicas a partir da articulação e coesão das diversas políticas

públicas federais, estaduais e municipais” (SDT/MDA, 2010).

No conceito adotado pela SDT, Território é:

“um espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo,

compreendendo cidades e campos, caracterizados por critérios

multidimensionais, tais como o ambiente, a economia, a sociedade, a

cultura, a política e as instituições, e uma população com grupos sociais

relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio

de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos

que indicam identidade e coesão social, cultural e territorial.” (SDT/MDA,

2003)

Os territórios são mais do que simples base física. Eles têm vida própria,

possui um tecido social, uma teia complexa de laços e de relações com raízes

históricas e políticas diversas, que vão muito além de seus atributos naturais, dos

custos de transporte e de comunicação, e que desempenham função ainda pouco

Page 6: Sertão Do São Francisco - PE

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conhecida no próprio desenvolvimento econômico. A Ciência Econômica conhece

bem os aspectos temporais (ciclos econômicos) e setoriais (agroindústria, por

exemplo), mas a questão territorial ou espacial só recentemente vem sendo alvo de

suas preocupações.

O trabalho da SDT começou com a Identificação e Seleção dos

Territórios pelo CEDS – Conselho Estadual de Desenvolvimento Sustentável de

Pernambuco, através de um diálogo com representantes da SDT e os principais

atores que intervêm no meio rural de Pernambuco. Esse diálogo se deu a partir do

reconhecimento das identidades e das relações sociais, econômicas e culturais

existentes entre os vários atores sociais que atuam no Território, numa perspectiva

da construção de uma visão estratégica de desenvolvimento territorial.

Inicialmente o Conselho de Desenvolvimento Sustentável – CDS/PE

selecionou seis Territórios: Agreste Meridional, Agreste Central, Mata Sul, Sertão

do Araripe, Sertão do Pajeú e Sertão do São Francisco. Os Territórios foram

selecionados a partir de critérios propostos pela SDT/MDA. Atualmente mais um

Território foi inserido nesta dinâmica, em Pernambuco, o Território da Mata Norte.

A atuação da SDT no território do Sertão do São Francisco iniciou no ano

de 2004, e tem contado com a participação de organizações do poder público e da

sociedade civil. Iniciou constituindo uma comissão provisória de instalação das

ações territoriais. Depois, evoluiu para a formação de um Colegiado Territorial.

De acordo com a Resolução nº 52 do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF), de 16 de fevereiro de 2005, as

institucionalidades territoriais devem conformar espaços nos quais “a gestão social

do desenvolvimento territorial deve ser concretizada por meio de espaços de

debate e concertação, com transparência e participação”. Nesse mesmo sentido a

Resolução nº 48 do CONDRAF, sugere que os colegiados de desenvolvimento rural

sustentável “tenham um caráter norteador, referenciador e definidor do processo de

desenvolvimento rural sustentável”.

Os colegiados territoriais são espaços de formulação e gestão de

políticas onde estão presentes as disputas de interesses, os conflitos, a coesão

social e a inclusão de novos sujeitos. Nessa proposta os sujeitos sociais são partes

integrantes do processo de elaboração, gestão e de decisão das políticas.

Page 7: Sertão Do São Francisco - PE

7

. O PTDRS – Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável é o

principal instrumento de apoio à Gestão Social do Território, subsidiando a instância

colegiada territorial para a construção de um novo modelo de desenvolvimento.

Neste contexto o PTDRS, visa congregar esforços para promover a

utilização de instrumentos de gestão participativa, notadamente o de planejamento,

para orientar as práticas e organizar os elementos de operacionalização dos

marcos construtivos do desenvolvimento.

O PTDRS explicita os desejos e os caminhos a serem tomados pelo

conjunto dos atores sociais, que representam o poder público e a sociedade civil,

que atuam no território. É um documento base para que os atores sociais estejam

visualizando e retroalimentando sua dinâmica interna e externa, dentro das

dimensões ambiental, sociocultural e educacional, econômica e política

institucional, desenvolvendo estratégias e ações integradas visando o

desenvolvimento sustentável do território.

A partir de 2003 se iniciou a construção dos PTDRS dos Territórios

Pernambucanos, um dos pontos fundamentais que norteou a construção foi apontar

para uma nova maneira de conceber e de implementar políticas públicas que

enfatizassem o “Desenvolvimento Rural Sustentável” como elemento propulsor de

mudanças sociais importantes. No território do Sertão do São Francisco, a

elaboração do primeiro PTDRS aconteceu a partir do ano de 2004, através das

discussões iniciais da dinâmica do desenvolvimento territorial, realizadas em

oficinas territoriais. Esse processo culminou com a elaboração do primeiro

documento PTDRS, em 2006.

No ano de 2008 o Governo Federal através do Ministério do

Desenvolvimento Agrário – MDA lança o Programa Território da Cidadania com o

intuito da integralização das várias políticas públicas desenvolvidas pelos

ministérios e secretarias especiais do Governo Brasileiro, com o objetivo da

descentralização e maior empoderamento das instâncias territoriais, e

fortalecimento da gestão social, buscando subsídios nas ferramentas de gestão

territorial, dentre elas, como já citado, os PTDRS. Foi então que se fez necessário

fortalecer o processo de avaliação e monitoramento dessa ferramenta e com isto

partir para sua revisão e qualificação.

A dinâmica de revisão do PTDRS aconteceu em 2009/2010, com o apoio

da entidade parceira IADH – Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento

Page 8: Sertão Do São Francisco - PE

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Humano. Ocorreu através da realização de reuniões e oficinas participativas, com o

envolvimento do Colegiado Territorial, e reuniões do núcleo técnico, com o

envolvimento de representantes de vários segmentos da sociedade, buscando-se

contribuir para a implementação da gestão social, o fortalecimento do capital social,

a dinamização das economias territoriais e a articulação interinstitucional.

A elaboração de um Plano de Territorial Desenvolvimento Rural

Sustentável – PTDRS implica num processo de diálogo permanente entre o

governo e a sociedade civil. Deve ser capaz de incorporar a contribuição de todos

os grupos, numa construção coletiva do desenvolvimento rural. Para tanto, em

todos os momentos da revisão do Plano foram adotadas metodologias

participativas apropriadas à realidade do território, propiciando um diálogo direto

entre todos os atores sociais envolvidos.

Este documento por si só não tem a pretensão de ser único nem

definitivo, ele é um elemento participativo de acompanhamento das mudanças e da

caracterização dos avanços ou entraves vividos pelos diversos atores no território.

Ele permite, através de um condicionamento cíclico, sofrer ajustes e avaliações no

decorrer de um processo, sempre que novos elementos possam ser levantados,

cabendo à sociedade civil, em conjunto com os poderes públicos governamentais,

dele se apropriar e utilizá-lo como ferramenta de transformação que venha a gerar

melhoria na qualidade de vida da população do território. Ele traz, então, a

sistematização de dados secundários associados aos resultados das oficinas

participativas. Ele também não pretende esgotar a apresentação desses dados e da

análise socioeconômicos, trazendo-os sim de forma a abrir horizontes para

pesquisas mais detalhadas, caso necessárias.

Page 9: Sertão Do São Francisco - PE

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Capítulo 1

Caracterização do Território

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1 Caracterização Territorial

1.1 Ambiente Territorial

Geograficamente o Território do Sertão do São Francisco localiza-se na

região Nordeste do Brasil, situado no Semi-árido Pernambucano. A Região tem

como vias de principal acesso as BR 428, BR 122 e BR 407, é constituído por 07

(sete) municípios: Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó, Petrolina e

Santa Maria da Boa Vista.

O território tem como limites ao Norte o Estado do Piauí e o Território do

Araripe, ao Sul o Estado da Bahia, a Leste o Território de Itaparica PE/BA e a Oeste

o Estado do Piauí e da Bahia, conforme ilustra o mapa abaixo:

Mapa 1: Localização do Território no Estado de Pernambuco

Fonte: SDT/MDA

Page 11: Sertão Do São Francisco - PE

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O Território da Cidadania do Sertão do São Francisco abrange uma área

de 14.682,2 Km², representando aproximadamente 14,89% da área total do Estado

que é de 98.588,3 km² e é composto por 07 (sete) municípios, conforme já citado,

sendo o município de Petrolina o de maior extensão, com 4.756,8 Km², abrangendo

32,4% da área total do território.

Estes municípios estão distribuídos na Mesorregião do São Francisco e

localizados na Microrregião de Petrolina, distam entre 489,3 e 675,3 km da Capital

do Estado (Ver quadro abaixo).Na divisão política do Governo do Estado de

Pernambuco é denominada RD – Região de Desenvolvimento do Sertão do São

Francisco.

Tabela 1– Informações Gerais sobre os Municípios que compõe o Território

Município Distância à capital (km) Área (km²) Área %

Afrânio 675,3 1.488,6 10,14

Cabrobó 489,3 1.629,9 11,1

Dormentes 649,2 1.392,1 9,48

Lagoa Grande 601,6 1.874,4 12,77

Orocó 522,8 562,6 3,83

Petrolina 635,9 4.756,8 32,4

Santa Maria da Boa Vista 549,9 2.977,8 20,28

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000.

Mapa 2 - Território do Sertão do São Francisco

Page 12: Sertão Do São Francisco - PE

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O território do Sertão do São Francisco reúne um conjunto de

experiências da sociedade, em torno do desenvolvimento rural sustentável,

construídas historicamente, que lhe confere uma dinâmica muito peculiar. No seu

entorno, o município com maior dimensão econômica é Petrolina, que possui uma

atividade agrícola e comercial dinâmica, inserida, em alguns setores agrícolas, no

mercado internacional.

O Rio São Francisco é a principal potencialidade do território e a sua

marca principal. O território, numa grande parte dos municípios, é alvo da atuação

de um conjunto de políticas públicas que utilizam o manejo da água com principal

alavanca de desenvolvimento.

1.2 Aspectos Históricos

“O povoamento português no estado de Pernambuco, como no resto do país, se

deu com o declínio do comércio português com as Índias. A partir de 1535, com a

chegada do donatário Duarte Coelho em Pernambuco, a ocupação iniciou-se na

capitania. Primeiramente, a ocupação seguiu toda a costa pernambucana e parte

da zona da mata, pois estas duas áreas estavam voltadas para o comércio e

produção de açúcar. Tanto o Agreste quanto o Sertão estavam alijados do

povoamento português, pois além de serem áreas de refúgio de indígenas, a

vegetação, o clima e a distância, entre outras coisas, não eram favoráveis à

exploração. A penetração do interior pernambucano se deu graças à atividade

pecuarista, pois proibida a criação em toda área litorânea pelo Rei de Portugal em

1701, em favor da empresa canavieira, a atividade pecuarista teve que se deslocar

para o Sertão. Esse deslocamento foi feito seguindo o rio São Francisco e

adentrando no Estado pelos afluentes pernambucanos” 1

O Rio São Francisco é um recurso natural que, de acordo com o seu uso,

influenciou e ainda influencia muito as vidas das pessoas que ocuparam

(inicialmente os povos indígenas) e que hoje ocupam o território (brancos, negros,

índios, agricultores familiares, artesãos, pequenos empresários, grandes

empresários, dentre outras).É um elemento que confere uma identidade às pessoas

1 Informações do portal da SECTMA – Secretaria Estadual Cultura, Tecnologia e Meio Ambiente.

Page 13: Sertão Do São Francisco - PE

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do território. Porém a forma como esse recurso é usado, aliado ao acesso a outros

recursos (como terra, conhecimentos, capital, poder) também condicionam as

diferenças culturais, políticas e econômicas existentes entre as pessoas e

segmentos sociais do território.

1.2.1 Os indígenas remanescentes:

Na área do Sub-médio São Francisco predominaram índios da nação Cariris,

que se dividiam em vários povos. Na região estudada permaneceram os Truká, que

constituíram quatro aldeamentos na região de Cabrobó e um sem número deles em

toda a região estudada. O aldeamento da Ilha de Assunção foi o principal deles e é

a grande referência histórica para a compreensão da atual situação. Ao se

"misturarem" com os brancos e negros, a pureza da raça se extinguiu, sobrando os

descendentes que permanecem na região, até a atualidade.

Na Ilha da Assunção, permaneceram algumas famílias. Estas se

apresentavam mais como brancos e mestiços do que como índios. Foi uma

situação que perdurou até a década de 1970, quando o Conselho Indigenista

Missionário (CIMI) fez um histórico trabalho de recuperação da identidade com

todos os povos indígenas, ou seus descendentes. A Língua, a dança, artesanatos e

todos os principais elementos foram sendo trabalhados para trazer, de volta a esse

povo, o orgulho de pertencer a uma nação indígena. Ao valor cultural era preciso

adicionar a retomada da terra, fator fundamental para a fixação dos valores étnicos

e culturais.

Foi assim que alguns remanescentes optaram por retomar a área que melhor

representava o passado desse povo: a própria Ilha da Assunção. Essa situação

aconteceu em três etapas, sendo a última em 1999, apesar dos últimos moradores

não indígenas só desocuparem a área em julho de 2001.

Em todos os casos, a ação ocorreu de forma pacífica, salvo situações

individuais em que algum ocupante resistiu à saída. A última etapa já ocorreu por

pressão. Como o processo judicial estava se desenvolvendo de forma lenta, os

indígenas decidiram por fazer pressão, obrigando a saída dos brancos. Todo esse

trabalho de recuperação de identidade étnico-cultural-fundiário recolocou os Truká

na condição de um grupo especificamente indígena. Formaram associações,

voltaram a dançar o Toré, a fazer artesanato, a eleger o seu cacique... Mais do que

Page 14: Sertão Do São Francisco - PE

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isso, a serem respeitados como índios, gerando uma subzona específica, na área

ribeirinha da região.

1.2.2 Tempo de Criação dos Municípios do Território:

Os municípios mais antigos são os de Petrolina e Santa Maria da Boa

Vista, com 140 e 138 anos respectivamente, e o mais novo é o município de Lagoa

Grande com 13 anos de existência. Ver o quadro abaixo:

Tabela 2 – Ano de instalação dos Municípios do Território

Município Ano de instalação

Afrânio 1963

Cabrobó 1928

Dormentes 1993

Lagoa Grande 1997

Orocó 1963

Petrolina 1870

Santa Maria da Boa Vista 1872

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000.

1.2.3 A História Recente do Território

Até o final da década de quarenta, a região cresceu lentamente tanto

econômica como populacionalmente, no ritmo da expansão da pecuária extensiva e

com desenvolvimento de alguns projetos de irrigação, que não tiveram maior

impacto na transformação do setor agrário da região.

Com a criação do Banco do Nordeste (BNB), no início da década de 50 e

com a criação da SUDENE, na década de 60, como órgão indutores do

desenvolvimento do Nordeste, a região passou a ter um certo dinamismo através

do incentivo a projetos de irrigação e de agropecuária de sequeiro.

A proposta da SUDENE, de planejar, em longo prazo, o desenvolvimento

social e econômico da região, era de extrema importância, tanto em função dos

perímetros irrigados já implantados, como para o manejo das caatingas,

especialmente num processo de convivência com a seca. No que se refere ao

Page 15: Sertão Do São Francisco - PE

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manejo das caatingas, não houve possibilidade de concretização da proposta, pois

a área foi considerada como objeto de extração e desmatamento para a instalação

de culturas, tanto de sequeiro (mamona, algodão, melancia, palma...) quanto

irrigadas (cebola, melancia, tomate...).

O uso de produtos químicos provocou a retirada do angico na

preparação dos couros em curtumes, por volta de 1960, assim como o advento das

fibras artificiais, que, no mesmo período, provocou o fechamento das usinas de

caroá. Uma parte da mão-de-obra, liberada destas usinas se junta a um grupo

oriundo da área rural que foge da seca e a setores da população urbana e migram

para os estados do sul, em particular São Paulo, para ocupar-se na construção civil

que estava desenvolvendo-se naquele estado.

Nos primeiros anos a SUDENE priorizou a implantação de uma infra-

estrutura que fosse capaz de reorganizar e dinamizar a economia regional,

ampliando a oferta de terras e racionalizando o uso da água e do solo. A irrigação,

apesar de já apresentar alguma importância, ainda não era a prioridade. Tanto a

SUDENE, quanto os órgãos que lhe precederam, como BNB e Departamento

Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), provocaram mudanças de ordem

global no semi-árido.

A SUDENE fez quatro Planos Diretores, até 1968, de política de

desenvolvimento para agricultura induzindo a implantação do "pacote" da

"revolução verde". O seu IV Plano Diretor, de 1967, criou o Grupo de Executivo de

Irrigação e Desenvolvimento Agrícola (GEIDA), que permite ao Governo fortalecer a

irrigação pública nas áreas das bacias dos açudes públicos e nas margens dos rios.

Ainda naquele ano, a Comissão do Vale do São Francisco (CVSF) é

transformada na Superintendência do Vale do São Francisco (SUVALE), que

passou a atuar em áreas selecionadas, privilegiando a colonização através dos

primeiros perímetros irrigados. Nesse período, a propriedade da terra começa a

promover uma outra base de diferenciação entre produtores, afetados por

desapropriações e por ações de compra-venda.

A água passa a ser valorizada como principal riqueza, seja para irrigação

ou para produção de energia, através de gigantescos projetos hidráulicos em toda a

extensão do Vale do São Francisco. Estes ocupam mão-de-obra da região e de

outros estados nordestinos, originam conflitos de uso dos recursos hídricos, tanto

por tipo (geração elétrica, agricultura irrigada, industrial e consumo humano),

Page 16: Sertão Do São Francisco - PE

16

quanto por instituição (Ministério de Integração Nacional e Ministério das Minas e

Energia). Essas ações desencadearam um novo reordenamento do território, com o

parcelamento de grandes imóveis em unidades de produção com áreas de 4 a 10

ha, criando os chamados minifúndios, tanto nos perímetros irrigados, quanto na

zona ribeirinha tradicional. Ações como essas e outras, promovidas nos próximos

períodos, aprofundaram as diferenças entre as zonas de sequeiro e ribeirinha.

Nesse período, foi implantada a malha viária que atravessa o sertão

(BRs 232, 407, 425, 122,116), com o objetivo de integrar a região ao centro e sul do

país, o que permitiria garantir a ocupação da região e a retirada dos produtos das

áreas irrigadas, mas acaba por facilitar a migração da população para as regiões do

sul do país.

Foi criado o sistema de extensão rural, inicialmente como Associação

Nordestina de Crédito e Assistência Rural (ANCAR), Departamento de Produção

Vegetal (DPV) e Departamento de Produção Animal (DPA) e, depois como

Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER), com

objetivo de dar toda a assistência técnica aos novos sistemas de produção, desde

que esses sistemas estivessem vinculados à dinâmica da "modernização da

agricultura".

O incentivo maior à irrigação promove a introdução das culturas do

melão e de fruticultura permanentes, como uva, goiaba, manga e coco,

proporcionando um grande aumento das áreas irrigadas, especialmente nas

margens do Rio São Francisco. A introdução da energia elétrica tornou a irrigação

mais acessível aos pequenos produtores, no entanto, a energia não foi disseminada

para o conjunto da área rural.

Além das modificações fundiárias e do impacto social, a irrigação

promove um grande impacto ambiental na região. As culturas implantadas nas

margens dos rios levam à destruição das matas ciliares e à erosão, promovendo

grandes assoreamentos. Mal orientada, a irrigação, feita por produtores que

desconheciam as técnicas, promove a salinização de grande parte das áreas onde

é praticada. O uso de adubo químico e de agrotóxico promove a poluição dos solos

e das águas e a intoxicação de muitos agricultores, que ministram os "venenos"

sem nenhum equipamento de proteção. Ao mesmo tempo, começam os problemas

de gestão da água nos perímetros irrigados e nos açudes do DNOCS, devido à má

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organização dos colonos para gerir a utilização dos recursos hídricos e um mau

planejamento na distribuição.

Já no final da década de 60 e ao longo da década de 70, o governo

federal investe no "desenvolvimento rural integrado", com base numa concepção

proposta pelo Banco Mundial, criando programas especiais de desenvolvimento

regional, como o Programa de Desenvolvimento de Áreas Integradas do Nordeste

(POLONORDESTE), em 1974, e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da

Região Semi-Árida do Nordeste (Projeto Sertanejo), em 1976.

Essa concepção procurava articular a pesquisa agronômica, a

assistência técnica, o crédito, a infra-estrutura (estradas vicinais e eletrificação

rural) e ações de reorganização territorial, e se manifesta na introdução de gado

bovino de alto teor genético, no desmatamento das caatingas para plantar capim e

na instalação de cercas. Tudo isso, através de financiamento aos pecuaristas e

agropecuaristas, tanto patronais, quanto familiares que, no primeiro momento,

usufruem ao máximo os financiamentos, mas, por motivos distintos, que incluem

desde o calote puro e simples dos grandes produtores à perda do rebanho pelos

pequenos produtores, ficam endividados, iniciando um processo de inadimplência,

que se mantém até a atualidade.

No entanto, a distribuição de funções em órgãos distintos, de ministérios

diferentes, não permite a articulação das ações, que acabavam por ter sempre um

cunho verticalista, não privilegiando as decisões dos agricultores irrigantes,

pecuaristas e agropecuaristas, suas instituições e comunidades. Além do mais, não

havia a preocupação de resolver o problema da baixa especialização e formação

acadêmica dos agropecuaristas e pecuaristas, principal entrave para introdução ou

adaptação de novas técnicas, até hoje. O grande mal, no entanto, estava

relacionado à forma descontínua que esses apoios federais eram colocados,

apenas nos momentos de seca, gerando uma dependência das ações de

mitigação, tais como abastecimento de água e cestas básicas.

Como esses projetos consolidaram-se na zona de sequeiro, acabaram

por fortalecer as diferenças, que geraram as quatro subzonas já identificadas nos

períodos anteriores: subzona de influência dos açudes do DNOCS; subzona dos

riachos permanentes e temporários; subzona de influência das cidades; e subzona

de sequeiro propriamente dito. Nestas subzonas, consolidam-se os produtores

agropecuaristas, tanto os que usam apenas mão-de-obra familiar quanto aqueles

Page 18: Sertão Do São Francisco - PE

18

que contratam mão-de-obra para atividades pontuais, na agricultura (algodão e

mamona), ou bem permanentes, na pecuária. Alguns produtores são meeiros

destes agropecuaristas, em particular para plantar melancia e cebola.

Ao mesmo tempo são criados os perímetros irrigados de Mandacaru

(Juazeiro-BA) e Bebedouro (Petrolina-PE). No início da década de 70, inicia-se a

construção da barragem de Sobradinho, que forma o lago homônimo e desloca

70.000 pessoas, criando um grande processo de migração dentro da área do Médio

São Francisco, que vai ser aprofundado no período seguinte, com a construção de

novas barragens.

É característica, deste período, a grande mobilidade dos trabalhadores

de municípios vizinhos e de outros estados, em busca de trabalho nos canteiros

das usinas hidrelétricas e dos perímetros irrigados gerando, por tempo

determinado, um dinamismo econômico e social na região. Os canteiros de obra de

maiores tamanhos se organizam como "cidades," que se estruturam sobre laços

mercantis e não humanitários, onde os "moradores" não possuem nenhuma relação

cultural com o lugar e qualquer relação social entre si. Essa situação vai se

aprofundar nos próximos períodos, nos assentamentos de reforma agrária e nos re-

assentamentos das famílias atingidas pelas barragens, mas que já ocorre com as

populações deslocadas com a construção da barragem de Sobradinho.

Em 1974, a SUVALE é substituída pela Companhia de Desenvolvimento

do Vale São Francisco (CODEVASF), com o objetivo de aproveitar os recursos de

água e solo do vale, por meio do desenvolvimento integrado de áreas prioritárias e

da implantação de distritos agropecuários e agroindustriais. Nesse mesmo ano, a

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), criada na década de

60, instala o Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido (CPATSA)

em Petrolina, objetivando responder a uma demanda de pesquisa, que atendesse

os perímetros irrigados e apresentasse propostas para a zona de sequeiro, que

mantinha o mesmo quadro de pobreza, mesmo depois das muitas ações

desenvolvidas na área.

As duas últimas décadas são marcadas pelo desenvolvimento da

fruticultura irrigada, como principal atividade econômica da região, e pela

reorganização fundiária, como resultado das intervenções públicas federais.

Durante este período a CODEVASF implantou quatro perímetros irrigados entre os

municípios de Petrolina e Juazeiro, dos quais só o projeto Senador Nilo Coelho

Page 19: Sertão Do São Francisco - PE

19

utilizou uma área de 53.950 ha e assentou 8.980 pessoas. As áreas agricultáveis

deste projeto foram divididas entre colonos (80%) e empresas agrícolas (20%). Nos

outros projetos, as proporções vão mudando, sempre em detrimento da agricultura

familiar.

Esses projetos provocam mudanças radicais na organização social de

toda a região, vistos tanto na ótica da criação de novos postos de trabalho, na

irrigação e na construção civil, quanto na visão de uma nova dinâmica do trabalho,

com a transformação de produtores de diferente tipo (beiradeiros, meeiros,

agropecuaristas e população urbana) em assalariados das empresas instaladas nos

perímetros irrigados. Esses projetos exercem forte influência em alguns produtores

que incorporam o trabalho assalariado nas atividades produtivas, consolidando um

tipo de produtor empresarial patronal.

Ao longo do seu período de existência, as ações pioneiras da

CODEVASF têm apresentado resultados expressivos na geração de emprego e

renda, principalmente na área conhecida como Pólo Petrolina / Juazeiro, onde se

concentram a maioria dos seus projetos de irrigação.

Com estas intervenções da CODEVASF, entram em cena as médias e

grandes empresas agropecuárias, nacionais e estrangeiras, que aprofundam o uso

da irrigação na agricultura, instalando-se na zona ribeirinha e originando a subzona

de agricultura empresarial que, no inicio, abrangia os territórios ribeirinhos de Santa

Maria da Boa Vista, Curaçá e Lagoa Grande. Estas empresas chegavam na região

com os incentivos financeiros e fiscais, para se instalarem e explorar a fruticultura

irrigada.

O número de empregos gerados nos perímetros irrigados foi da ordem

de 0,91 empregos por hectare implantado. Contudo, existiram entraves e limitações

às suas intervenções, tais como os custos dos projetos públicos de irrigação e

incorporação dos antigos proprietários e produtores da região.

Com subsídio garantido, através do Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES), BNB e Banco do Estado de Pernambuco

(BANDEPE), a SUDENE incentivou grandes grupos econômicos brasileiros (como

exemplo OAS, Queiroz Galvão e Varig nos municípios de Lagoa Grande, Santa

Maria da Boa Vista e Curaçá), para que implantassem grandes projetos de

fruticultura irrigada com tecnologia de pivô central, sendo toda a produção (uva,

Page 20: Sertão Do São Francisco - PE

20

graviola, manga e pinha) voltada para mercados internacionais, através do Pólo

Petrolina - Juazeiro.

Embora operando com recursos subsidiados e com sofisticada

tecnologia de controle do uso da água, os projetos de grande porte viram-se com

dificuldades financeiras e técnicas em pouco tempo. Os planos econômicos do

governo Sarney, na segunda metade dessa década, indexaram a dívida ao dólar,

fazendo com que os recursos obtidos, mesmo subsidiados, representassem um

custo real muito grande dentro do sistema produtivo. Aliavam-se, a essa situação, a

racionalidade econômica destes grupos, baseada no lucro através da especulação

fundiária e financeira, os problemas técnicos, como ataque de mosca branca ao

tomate e a perda de áreas de plantio de pinha e graviola com inundações, fatos que

levaram ao abandono das atividades.

A mão-de-obra requerida por estes projetos, bem como pela implantação

dos grandes projetos de irrigação da região, torna-se ociosa. Somam-se a isso os

problemas decorrentes da seca, que ocupou o final da década de 70, e os três

primeiros anos da década de 80, com grandes perdas da produção. Essa crise

promove um direcionamento, em algumas áreas, do uso do solo para o plantio da

Canabis sativa L. (maconha), por parte de vários produtores, tendo, o apoio das

organizações do tráfico de drogas do Rio de Janeiro e São Paulo.

A região logo se torna o maior centro produtor da droga no Brasil, com

uma complexa rede de produção, onde o risco é de até 80%, em função da

necessidade de se plantar até cinco roças para colher uma, complementada por

uma complexa rede de tráfico. Tudo isso torna a região bastante violenta, com

muitos assaltos e homicídios, que levam a uma situação de caos, que se tenta

mudar no final da década de 90, com um conjunto de ações repressivas,

promovidas pelos governos federal e estadual. Essas ações obrigam os produtores

a optarem por mudanças de grandes para pequenos plantios e investirem no

melhoramento genético, passando a cultivo com variedades de ciclos mais curtos,

com até 50 dias.

Independente de tudo, continuou existindo as atividades produtivas, tanto

nas subzonas de sequeiro quanto nas da área ribeirinha, assim como os diversos

tipos de produtores citados anteriormente. Nesse período, por influência dos órgãos

financeiros e técnicos, começam a mudar os consórcios de cultivo, acontecendo o

desaparecimento do algodão mocó, que é substituído pelo algodão herbáceo, o

Page 21: Sertão Do São Francisco - PE

21

qual não permite o consórcio com a palma ou com o feijão, como faziam

anteriormente os agropecuaristas. Isto afeta muito fortemente a pecuária bovina.

Conforme foi apresentado nos períodos anteriores, tanto na região como no

nordeste, aliada à pecuária, desenvolveu-se uma policultura de sequeiro (milho,

feijão-de-corda, algodão mocó, etc.).

A cultura do algodão mocó chegou a ser pioneira em termos de volume

de produção e de área cultivada. O mocó, em muitos períodos, foi o agente decisivo

de ocupação dos bolsões de terras secas do imenso semi-árido e das áreas da

região, em particular de Salgueiro, Serra Talhada e Santa Maria da Boa Vista. As

extensões do plantio com mocó ultrapassaram, em passado bem recente, mais de

2 milhões de hectares, exatamente na região onde o fenômeno da seca incide com

mais intensidade. Nos dias atuais, o plantio do mocó é restrito aos irrisórios 61.000

ha, correspondendo a menos de 5% da área de 1975. Os restos das culturas e a

torta de algodão sempre representaram importantes fontes de alimentação do

rebanho, principalmente nas estações secas. Uma série de modificações foi sendo

produzida na região.

Ao mesmo tempo, em 1985, o governo lança o I Plano Nacional de

Reforma Agrária (PNRA). Com a instalação da Unidade de Execução do INCRA,

em Petrolina, iniciam-se, na região, os assentamentos, sendo primeiro o Baixa da

Faveleira, em Floresta, em 1988. Seguiram-se os assentamentos Santana e

Varzinha, em Cabrobó; Cruz do Pontal em Lagoa Grande; Federação e Poço do

Angico, em Petrolina; Poço do Icó, em Santa Maria da Boa Vista, todos em 1989.

Esses assentamentos visavam reduzir a pressão social, causada pela presença de

agricultores, que ao longo dos últimos períodos, em função da seca, dos planos

econômicos ou de algumas intervenções públicas e privadas desastradas,

perderam suas terras ou ficaram sem condições de trabalho.

Desta forma, o INCRA, no município de Floresta, nos últimos dez anos,

instalou 14 projetos de assentamentos, gerando dessa forma uma nova subzona na

área de sequeiro, que será conhecida neste trabalho como subzona de

assentamentos de reforma agrária.

Na segunda metade da década de 80, a CHESF conclui a construção da

Hidrelétrica Luiz Gonzaga (Itaparica), iniciada na década de 70 e, pressionada por

movimentos sociais, onde se destaca os sindicatos de trabalhadores rurais

apoiados fortemente pela igreja católica, se vê obrigada a reassentar um grande

Page 22: Sertão Do São Francisco - PE

22

contingente de pessoas, que tiveram suas terras inundadas pelo lago formado pela

construção da barragem. O lago da hidrelétrica de Itaparica atingiu, direta e

indiretamente, as estruturas físicas, sociais, econômicas e culturais dos municípios

de Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Cabrobó, Belém do São Francisco, Itacuruba,

Floresta, Petrolândia e Tacaratu, no Estado de Pernambuco, e dos municípios de

Curaçá, Abaré, Chorrochó, Rodelas e Glória, no Estado da Bahia. Submergiram

4.160 moradias, que desalojaram 36 mil habitantes (sendo 15 mil na zona urbana e

21 mil na zona rural) e um rebanho de 91 mil cabeças (incluindo bovinos, caprinos,

ovinos, eqüinos e suínos). A CHESF cria, então, nove re-assentamentos na região.

Desses re-assentamentos, dois se encontram em municípios que

compõem o Território: Caraíbas (Santa Maria da Boa Vista) e Brígida (Orocó).

Esses agricultores reassentados diferenciam-se do conjunto dos outros agricultores

familiares, agricultores irrigantes, agropecuaristas e assentados - por acessarem

um conjunto de ações de infra-estrutura e irrigação que permitiu diferenciar a área

onde se localizam estes reassentamentos, como uma subzona da zona de

sequeiro.

Mesmo com essas condições específicas, que poderiam ser chamadas

"privilegiadas", as famílias sofreram um processo de desestruturação dos lugares

de origem e de seus vínculos sócio-culturais e produtivos. Como uma medida para

superar estes problemas, a CHESF comprometeu-se a instalar projetos de irrigação

nas áreas de re-assentamentos, determinação não cumprida de acordo com os

cronogramas, que previam o início da irrigação para 1988 e só foram concluídos em

1996.

Para dar solução a estes problemas, em 10 de novembro de 1990 foi

celebrado convênio entre a CHESF e a CODEVASF (CV-I-92.0.0153.00), com

interveniência da ELETROBRÁS, que transferiu da CHESF para a CODEVASF as

atividades relacionadas à conclusão da implantação, operação, manutenção e

emancipação dos projetos irrigados e piscigranjas, destinados à população rural

atingida pelo empreendimento UHE ITAPARICA (GEEPI, 1991). Desde então, a

CODEVASF realizou as atividades conveniadas e outras não previstas, como a

supervisão de abastecimento de água das agrovilas, locação de ônibus e

ambulâncias, assistência médica e ambulatorial à população (GEEPI, 2000).

Para executar o Convênio, foi criado o Grupo Executivo Especial do

Projeto Itaparica (GEEPI), subordinado à Presidência da CODEVASF, com a

Page 23: Sertão Do São Francisco - PE

23

responsabilidade exclusiva de coordenar a atuação da empresa no Projeto

Itaparica. A partir do ano 2000, começou o processo de transferência dos serviços

de saúde, educação e outros, para as prefeituras dos municípios onde ficam os re-

assentamentos.

O abandono das fazendas de fruticultura, pelos grandes empresários, na

primeira metade da década de 1990, coincidiu com a chegada, na região, do

Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O processo de organização

dos trabalhadores para ocupação dessas fazendas improdutivas não foi muito

difícil, visto que existia um grande contingente de mão-de-obra que havia ficado

ociosa com o fim dos grandes projetos de fruticultura. Somavam-se a esse grupo as

pessoas originárias de áreas de sequeiro, que se encontravam em busca de áreas

com acesso a água. Ao MST, juntou-se a Federação de Trabalhadores de

Pernambuco (FETAPE), no trabalho de organização desses trabalhadores,

fortalecendo um movimento que se revelou bastante forte e coeso, obrigando o

INCRA, na segunda metade dessa década, a transformar as áreas em

assentamentos da reforma agrária.

Nesse mesmo período, o INCRA fazia expropriação das propriedades

usadas para plantio de maconha e daquelas, cujos proprietários estavam

envolvidos com o "Escândalo da Mandioca". A sua ação, ao criar 43 projetos de

assentamento (13 apenas no município de Santa Maria da Boa Vista), até a metade

do ano 2000, estava relacionada basicamente com a questão fundiária. Ao assentar

um grande número de famílias 2.781 ou aproximadamente 14.000 pessoas,

resolve, em princípio, o problema do acesso à terra, desse contingente de

agricultores.

Enfim, mesmo que esse tipo de ação de arrecadação de terras tenha

reduzido relativamente o impacto da concentração fundiária, não promoveu

mudanças na situação econômica dos pequenos produtores, nem dos municípios.

O fato dos assentamentos concentrarem-se em uma área especifica onde ficavam

grandes empresas agropecuárias dá origem a uma subzona específica na área

ribeirinha. Da mesma forma, na zona de sequeiro, os assentamentos se

concentram no município de Floresta como resultado de expropriação de terras do

"Escândalo da Mandioca", criando uma outra subzona específica de assentamentos

de reforma agrária.

Page 24: Sertão Do São Francisco - PE

24

Cabe destacar que os assentamentos do INCRA, no Sub-médio São

Francisco, ocupam uma área de aproximadamente 50 mil ha, localizados numa

distância inferior aos 60 km da fonte de água referida no PLANVASF, sendo que,

nos municípios de Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande, os projetos totalizam

uma área de 26.056 ha, e já são assentamentos irrigados ou irrigáveis.

Constata-se, em todo esse período, que as intervenções governamentais

foram feitas sem a mínima participação do poder público municipal. A intervenção

pública federal ou a estadual, retirou o poder da dinâmica local, passando por cima

das decisões das organizações e comunidades e, literalmente, não dando a mínima

importância às posições das sociedades diretamente envolvidas no processo.

Apesar de ocorrerem, em diversos municípios ao mesmo tempo, as ações externas

funcionaram como incisões, separando os municípios que, durante muito tempo,

digladiaram entre si para ficar com as maiores partes dos recursos. Essas

intervenções, que envolveram a destituição do poder local, em grande parte não

solucionaram os problemas dos municípios; ao contrário, quase sempre

aumentaram os já existentes.

Esses problemas são aprofundados pelo acréscimo de população nas

áreas urbanas, apesar dos municípios serem notadamente agropecuaristas e as

atividades desenvolvidas nas sedes estarem inteiramente vinculadas com o mundo

rural. Desta maneira, os municípios da área de estudo, que integram neste

momento o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável do Submédio

São Francisco (CINDESF), no período de 1970 a 2000, têm reduzida a população

rural em 3%, e um acréscimo da população urbana em 159%. Enfim, a população

aumenta em 53%, sendo o ano 1991, aquele em que se apresentam as mudanças

de comportamento dos setores de população.

Ao mesmo tempo, nos aspectos rurais, o período 1992 - 2001 apresenta

um acréscimo das diferentes categorias de imóveis. De maneira geral, são os

minifúndios os que mais crescem. O que se pode interpretar como um processo de

"minifundização." Mas não acontece assim, já que as outras categorias também

aumentam. Esse acréscimo do número de imóveis está acompanhado de um

acréscimo da área ocupada por cada tipo de categoria.

Esse acréscimo de imóveis, tanto em número, quanto em áreas, é

devido, particularmente, ao aumento do numero de imóveis cadastrados pelo

INCRA. Aí se observa, que são os pequenos proprietários os que mais reagem a

Page 25: Sertão Do São Francisco - PE

25

este processo de inscrição, motivados pela necessidade de obter a legalização da

posse para serem "beneficiários" do financiamento, tanto a fundo perdido, como

reembolsável, nos diversos programas implementados na região. No entanto, a

estrutura agrária, segue sendo desigual, com apenas algumas pequenas

mudanças, tal como era nos anos de 1992.

Por outro lado, nos últimos anos o Congresso Nacional, por iniciativa do

Executivo, criou um conjunto de leis que amarram de tal forma os recursos

repassados à execução dos programas estabelecidos, que os municípios têm tido

dificuldade de cumprir estas determinações. Soma-se a isso a dificuldade de

recursos humanos capacitados para a implantação e/ou execução desses

programas ou de programas definidos pelos próprios municípios.

Assim, na medida em que há maior quantidade de ações a serem

desenvolvidas, mais há necessidade de mão-de-obra capacitada, que exige

melhores salários. Desta forma, como muitas vezes os municípios não conseguem

arcar com os salários exigidos por profissionais melhores qualificados, os

programas ficam sob a orientação de técnicos locais, os quais, em alguns casos,

possuem pouca experiência ou não conseguem usar os recursos e condições

oferecidas para criar condições locais, possibilitando que os moradores deixem a

condição de simples beneficiários para se transformarem em protagonistas.

Page 26: Sertão Do São Francisco - PE

26

Capítulo 2

Diagnóstico Territorial

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27

2 Diagnóstico Territorial

A execução do processo de revisão e qualificação do PTDRS no

Território do Sertão do São Francisco se deu através de atividades com cunho

participativo, com a contribuição direta dos atores/atrizes do território na reflexão

sobre a realidade do mesmo. Foram feitas reuniões e oficinas, executadas pelo

Instituto de Assessoria ao Desenvolvimento Humano – IADH, com o apoio do

Comitê Gestor do Sertão do São Francisco. Todo processo foi executado levando-

se em consideração as diretrizes definidas pela SDT, de percepção integral de

território, construção de parcerias, descentralização, participação e potencialização

das capacidades dos atores e atrizes locais.

A construção do Diagnóstico Territorial se deu por meio de oficinas de

avaliação participativa e análise técnica da assessoria, inicialmente a qualificação

do PTDRS buscou sensibilizar e comprometer os membros do colegiado territorial

para a participação no processo de qualificação do PTDRS.

A estratégia para comprometer os atores sociais foi socializar e discutir

sobre a estratégia de revisão e qualificação do PTDRS do território, e, entendendo,

que em quaisquer processos de construção é importante evidenciar os avanços, foi

realizada a avaliação da execução do PTDRS atual.

As oficinas participativas foram organizadas considerando 03 (três)

etapas.

A primeira etapa abordou algumas definições, dentre elas, a da Política

Territorial e o processo de Planejamento, neste último trabalhando-se o PTDRS,

seu significado e sua importância para o Desenvolvimento Territorial. Esta etapa

proporcionou um ambiente favorável para que o Colegiado Territorial pudesse

avaliar o documento construído em 2006 buscando identificar quais os aspectos

que necessitavam de atualização. Para tal foi apresentado o PTDRS anterior, sobre

o qual os atores sociais presentes analisaram a caracterização do território e as

dimensões da sustentabilidade.

Os indicadores apontados como merecedores de modificação e/ou

atualização foram relacionados com: População, Recursos Naturais, Organizações /

Instituições, Educação, Saúde, Infra-estrutura e Turismo.

Page 28: Sertão Do São Francisco - PE

28

Nesta etapa focou também a identificação dos avanços ocorridos no

Território por intermédio da avaliação das propostas contidas no documento

apresentado em 2006. Utilizou-se uma matriz onde se analisou cada Projeto e/ou

Ação proposto considerando sua situação atual de execução (iniciado, não iniciado

ou finalizado) e as justificativas para as situações que evidenciasse não ter sido

iniciado ou ter sido paralisado. Os resultados desta etapa se tornaram subsídios

para a atualização do Diagnóstico e para a qualificação da Visão de Futuro e das

propostas para o Desenvolvimento Territorial.

Na segunda etapa os atores sociais, já com uma leitura inicial do

diagnóstico territorial atual, realizaram uma análise do contexto interno e externo

territorial a partir da matriz, de potencialidades, problemas, oportunidades e

ameaças, buscando identificar tudo que estivesse dentro da gerência territorial

(potencialidades e problemas) e fora da gerência territorial (oportunidades e

ameaças).

Na terceira etapa foram realizadas 02 (duas) oficinas, que a partir da

analise do contexto interno e externo do território os atores locais construíram a

Visão de Futuro, Missão do Colegiado, princípios, diretrizes e objetivos estratégicos

do Colegiado Territorial, bem como, das propostas de ações para o

desenvolvimento do Território, definindo os eixos estratégicos, programas e

projetos.

2.1 Dimensão Sócio-Cultural e Educacional

Na Dimensão Sociocultural destacam-se as informações sobre a realidade do

território relacionadas às Características Demográficas, às Características do

Tecido Social Organizativo do Território, ao Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal, à Saúde e à Educação.

2.1.1 Características Demográficas

População e crescimento populacional

O Território da Cidadania do Sertão do São Francisco localiza-se no

semi-árido Pernambucano, com uma área de 14.682,2 Km², referente a 14,89% do

território estadual. Sua população representa 4,3% da população de Pernambuco.

Page 29: Sertão Do São Francisco - PE

29

De acordo com o censo do IBGE, a população do Território do Sertão do

São Francisco, no ano de 2000 era de 341.580 habitantes. No período de 2000 a

2007 a população do território apresentou um aumento populacional de 18,3%,

passando para 403.174 habitantes. Os municípios que tiveram maiores percentuais

de crescimento foram Petrolina e Orocó, com percentuais de crescimento de

22,78% e 21,63% respectivamente. O município com menor percentual de

crescimento foi o de Santa Maria da Boa Vista com 7,35%. Ver quadro 4 abaixo:

Tabela 3 – População do Território e Crescimento da População de 2000 - 2007

MUNICÍPIO ANO

Crescimento no Período (%)

2000 2007 2000 - 2007

Afrânio 15.014 16.471 9,7

Cabrobó 26.741 28.851 7,89

Dormentes 14.411 15.595 8,21

Lagoa Grande 19.137 21.125 10,38

Orocó 10.825 13.167 21,63

Petrolina 218.538 268.339 22,78

Santa Maria da Boa Vista 36.914 39.626 7,35

Total 341.580 403.174 Média 12,60

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000; Contagem da População 2007

No entanto, comparando-se o crescimento da população de 2007 – 2010 ,

observa-se um crescimento inferior a 1% em quase todos os municípios,

ressaltando-se que o município de Santa Maria da Boa Vista teve um decréscimo,

em torno de 0,039%, conforme a tabela a seguir:aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

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30

Tabela 4– População do Território: Urbana e Rural e por Gênero

Município População Total

Homens Mulheres População Urbana

População Rural

Afrânio 17.588 8.751 8.837 5.859 11.729

Cabrobó 30.883 15.060 15.823 19.811 11.072

Dormentes 16.915 8.655 8.260 6.004 10.911

Lagoa Grande 22.719 11.295 11.424 10.369 12.350

Orocó 13.176 6.561 6.615 4.614 8.562

Petrolina 294.081 143.283 150.798 219.309 74.772

Santa Maria da Boa Vista 39.473 19.865 19.608 14.861 24.612

TOTAL 434.835 213.470 221.365 280.827 154.008

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2010

Ainda, conforme a tabela acima, dentre os municípios que compõem o

território, Petrolina se destaca pelo fato de ser o mais populoso da região, onde em

2010 apresenta uma população total de 294.081 (duzentos noventa e quatro mil,

oitenta e um) habitantes, quase sete vezes mais que a próxima cidade mais

populosa, Santa Maria da Boa Vista, com 39.473 (trinta e nove mil, quatrocentos e

setenta e três ) habitantes.

Por sua vez, segundo contagem da população realizada pelo IBGE em

2010, os municípios menos populosos do território são Orocó, Dormentes

Afrânio , apresentaram população de 3.176 (treze mil e cento e setenta e seis) ;

16.915 (dezesseis mil, novecentos e quinze); 17.588 ( dezessete mil, quinhentos e

oitenta e oito) habitantes, respectivamente.

População feminina e masculina:

Em 2007 a população feminina era maior do que a masculina, porém em

termos de números absolutos, o percentual de mulheres a mais em relação aos

homens no Território não correspondia na realidade em números absolutos de

mulheres atuantes em atividades geradoras de renda. A grande parte desse

contingente de mulheres apenas participava de atividades domiciliares. Ver o

gráfico a seguir:

Page 31: Sertão Do São Francisco - PE

31

Gráfico 1 - População do território por faixa etária e sexo, 2007

Fonte: IBGE – Censo e estimativa DATAS

Em relação à quantidade de homens e mulheres no território em 2009,

constata-se um certo equilíbrio, com 213.740 homens e 221.365 mulheres, ou seja,

um percentual de 51% de população feminina e 49% de população masculina , em

referência à população total, conforme gráfico a seguir.

Gráfico 2- População por gênero do Território Sertão S. Francisco

Page 32: Sertão Do São Francisco - PE

32

População urbana e rural

De acordo com dados do IBGE , 2010, em relação à população do

território, 34,5% vivem na zona rural, o que reflete a realidade da maioria dos

municípios que compõe o território, pois dos 07 (sete) municípios apenas 02

apresentam concentração da população na área urbana, que são Petrolina e

Cabrobó.

O município com maior percentual de população rural é Afrânio seguido

de Dormentes, Orocó e Santa Maria da Boa Vista. Ver tabela a seguir

Tabela 5 - População recenseada, 2010

MUNICÍPIO 2010

Total Urbana Rural

Afrânio 17.588 5.895 11.729

Cabrobó 30.883 19.811 11.072

Dormentes 16.9125 6.004 10.911

Lagoa Grande 22.719 10.369 12.350

Orocó 13.176 4.614 8.562

Petrolina 294.081 219.309 74.772

Santa Maria da Boa Vista 39.473 14.861 24.612

Total 434.835 280.827 154.008

Fonte: Brasileiro e Geografia e Estatística (2010).

Segundo dados do IBGE e da Agência Estadual de Planejamento e

Pesquisa de Pernambuco, o município com maior taxa de urbanização é Petrolina

(76,09%), seguido de Cabrobó (56%) e Lagoa Grande (45,16%). O município com o

menor índice de urbanização é Afrânio (29,99%), seguido de Dormentes (31,54%).

Agricultores familiares, pescadores, assentados, quilombolas e indígenas:

De acordo com as informações do SIT / MDA – Sistema de Informações

Territoriais / Ministério do Desenvolvimento Agrário, ano de 2007, a população de

agricultores familiares do Sertão do São Francisco é de 17.717; 4.694 famílias

assentadas e 343 pescadores artesanais. Ver tabela abaixo:

Page 33: Sertão Do São Francisco - PE

33

Tabela 6 – Demanda Social do MDA

Demanda Social do MDA

Território 83 - Sertão Do São Francisco – PE

Município Agricultores Familiares(1)

Famílias Assentadas(2)

Pescadores Terras Indígenas

Quilombolas

Afrânio 2.612 15 0 0 0

Cabrobó 1.413 1.354 1 1 5

Dormentes 2.739 62 0 0 0

Lagoa Grande

1.413 1.354 1 1 5

Orocó 2.083 253 0 0 0

Petrolina 4.083 927 181 0 2

Santa Maria da Boa Vista

3.952 2.401 153 0 0

Total Território

17.717 4.694 345 1 7

Fonte: (1)IBGE. Censo Agropecuário (1995/96);(2)MDA/Incra/SIR (30/09/2007)

Os municípios de Cabrobó e de Oróco possuem aldeias de comunidades indígenas

de Trukás. Ver tabela a seguir:

Tabela 7– Comunidades Indígenas – Território do Sertão do São Francisco

Município Nº de Aldeias

Nº de Domicílios

Nº de Famílias

População Aldeiada

População Desaldeiada

População Total

Cabrobó Truká 31 889 923 2.780 2 2.782 Orocó Truká 1 68 68 158 - 158 TOTAL 32 957 991 2.938 2 2.940

Fonte: Fundação Nacional de Saúde

Em 1984, a Área Indígena Truká foi identificada como área de

extensão aproximada de 1650 ha, embora efetivamente, até o momento presente o

grupo só tenha obtido a posse de uma área inferior a 600 ha. O restante da área

acha-se ocupada por posseiros, que vem se aproveitando tanto da falta de apoio

efetivo da FUNAI ao grupo, como também dos conflitos internos que permeiam o

grupo, para “comprarem” direitos de algumas famílias indígenas que vem se

retirando da ilha. O posto indígena, que iniciou as atividades em fim de 1987, a

Page 34: Sertão Do São Francisco - PE

34

partir de 1991 conseguiu criar algumas dificuldades para este tipo de negócios. No

entanto, um trecho significativo, em torno de 50 ha, já se encontrava nas mãos dos

não-Truká.

A área Truká está inserida em região conhecida como “Polígono da

Maconha”, e os índios denunciam a utilização da mesma por produtores de

maconha, situação que tem acarretado inúmeros conflitos e violência contra eles.

De acordo com o Mapa da Demarcação (provisória) elaborado pela FUNAI, a TI

Truká possui dimensão de 9.688,4350 ha, incluindo a ilha de Assunção e um

complexo de ilhotas em torno da mesma, contabilizando um total de 66 (Dados da

FUNAI, em 22/11/2002).

As comunidades Quilombolas estão presentes massivamente no

território, localizadas em 05 (cinco) dos sete municípios que compõe o Território do

Sertão do São Francisco. Do total de 96 (noventa e seis) Certidões expedidas no

Estado de Pernambuco pela Fundação Cultural Palmares, 12 (doze) foram de

reconhecimento dos remanescentes de comunidades Quilombolas existentes no

Território do Sertão do São Francisco. Ver tabela a seguir.

Tabela 8 – Comunidades Quilombolas

Município Código IBGE

Comunidade Data Publicação

Petrolina 2611101 Afrânio 12/07/2005

2610905 Fandango 12/07/2005

Cabrobó 2603009 Cruz do Riacho 13/12/2006

2603009 Fazenda Bela Vista 13/03/2007

2603009 Fazenda Maranguinha 16/05/2007

2603009 Fazenda Santana 13/03/2007

2603009 Jatobá II 13/03/2007

Orocó 2609808

Fazenda Caatinguinha / São José Remanso /Umburana /

Vitorino / Mata 16/04/2007

Santa Maria da Boa Vista 2612604 Cupira 04/08/2008

2612604 Inhanhum 04/08/2008

2612604 Serrote 10/04/2008

Afrânio 2600203 Sitio Baixa do Caldeirão 19/11/2009

Fonte: Ministério da Cultura – Fundação Cultural Palmares (SICAB )

2.1.2 Características do Tecido Social Organizativo do Território

O Território da Cidadania do Sertão do São Francisco caracteriza-se por

ter extremos de situação de pobreza e de situação de riqueza, por ter uma

Page 35: Sertão Do São Francisco - PE

35

concentração de renda muito grande, onde populações pobres e excluídas

convivem lado a lado com uma realidade de modernos processos produtivos e

econômicos existentes na região (como as modernas fazendas irrigadas que se

inserem economicamente no mercado internacional), existindo uma diversidade de

lutas, de organizações e de movimentos sociais.

Destaca-se, no território, o movimento dos reassentados, vítimas das

inundações das barragens construídas no território; os movimentos dos assentados

da reforma agrária; movimento dos sem terra; dos agricultores familiares por

melhores condições de vida; mulheres; ambientalistas; dentre outras. Impulsionado

e fortalecendo esses movimentos têm-se entidades como a FETAPE, o MST, a

ADS-CUT (Agência de Desenvolvimento Solidário), associações/cooperativas de

agricultores. No apoio ou assessoria técnica a esses movimentos atuam diversas

entidades, como: COOPERGENCIO - Cooperativa Autogestionária do Projeto

Fulgêncio; COOPAGEL - cooperativa dos profissionais em atividades gerais;

ECOSOL; AGROMESF - Agência Regional de Agronegócios Familiar do Sub-Médio

São. Francisco; SASOP - O Serviço de Assessoria a Organizações Populares

Rurais; Asa Branca; IRPPA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária

Apropriada; RECAT - Rede de cooperação técnica aos agricultores familiares;

Aprisco do vale; COMPAIMT; COOPECAL; COOPTECARA - Cooperativa de

Prestação de Serviços Técnicos de Assentamentos de Reforma Agrária, etc.

Entre as institucionalidades de gestão e controle social que tem uma

atuação municipal destacam-se os Conselhos Municipais de Desenvolvimento

Rural Sustentável - CMDRS. Cada Conselho desenvolve atividades nos municípios

, de mobilização das associações, elaboração de planos de ação, Programa

Garantia Safra e representação política em espaços de políticos a nível territorial,

estadual e regional.

Portanto a sociedade no Território do Sertão do São Francisco está

organizada em diversas instâncias representativas dos vários segmentos das

organizações governamentais de níveis municipais, estaduais, federais e

organizações não-governamentais.

Organizações Sociais existentes no Território

Associações Comunitárias e Produtivas

Page 36: Sertão Do São Francisco - PE

36

Associações Comunitárias, Associações de Assentados e de Produtores Rurais, Associações de Artesãos, podemos destacar a Associação dos Apicultores de Petrolina.

Sindicatos e FETAPE

Pólo Sindical de Trabalhadores Rurais:

07 Sindicatos localizados em todos os municípios do território.

FETAPE

Entidades da Sociedade Civil de apoio ONG’s

Asa Branca AGUAVALE Aprisco do Vale COOPAGEL ADS ECOSSOL Petrolina

Movimentos sociais

MST

Movimento Nacional dos Catadores Movimento dos Jovens Ambientalistas

OSCIP’s

IVC – Instituto Velho Chico

Colônia e Associação de Pescadores

Colônia de Pescadores de Petrolina Colônia de Pescadores de Santa Maria da Boa Vista

O Território conta, ainda, com algumas instâncias de articuladores e

fortalecimento de ações da sociedade civil:

Conselhos Municipais

Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural – CMDRS: 07 Conselhos;

Conselho Popular – Petrolina Conselho de Educação – Dormentes Conselho de Educação – Afrânio Conselho de Educação – Petrolina Conselho de Educação – Lagoa Grande Conselho de Educação – Santa Maria Da Boa Vista Conselho de Educação – Orocó Conselho de Educação – Cabrobó Conselho da Saúde – Dormentes Conselho da Saúde – Afrânio Conselho da Saúde – Petrolina Conselho da Saúde – Lagoa Grande Conselho da Saúde – Santa Maria da Boa Vista

Page 37: Sertão Do São Francisco - PE

37

Conselho da Saúde – Orocó Conselho da Saúde – Cabrobó Conselho Meio Ambiente – Petrolina Conselho Meio Ambiente – Santa Maria da Boa Vista

Fóruns

RIDE- Programa Regiões integradas de Desenvolvimento.

ASA – Articulação do Semi-Árido representado no território pelos STR´s

nos municípios

Os Povos Indígenas possuem descendência dos povos Trukás de

Pernambuco e estão distribuídos em 32 (trinta e duas) comunidades localizadas em

02 (dois) municípios: Cabrobó e Orocó.

De acordo com Ministério da Cultura – Fundação Cultural Palmares em

Pernambuco foram expedidas 96 Certificações de Comunidades Remanescentes

de Quilombos, dessas 12 (doze) se localizam no Território do Sertão do São

Francisco. Podemos destacar as seguintes comunidades Quilombolas:

Comunidade Quilombola de Inhanhuns

Comunidade Quilombola de Cupíra

Comunidade Quilombola de Serrote.

Instituições Federais, Estaduais Ou Mistas

INCRA SR 29, CODEVASF 3ª SR, CEFET, Banco do Nordeste,

EMBRAPA Semi-Árido, PRORURAL, IBAMA, CPRH, MAPA (Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Banco do Brasil, UNIVASF,

DFDA – Delegacia do MDA/PE, EMBRAPA Sementes, Procuradoria

Pública – Petrolina, SENAI, SENAC, SEBRAE, SENAR, SEST-SENAT.

Na estrutura organizativa do Colegiado Territorial se destacam com

participação ativa as organizações representativas da Sociedade Civil, como:

STR’s, FETAPE, instâncias colegiadas, como os Conselhos Municipais de

Desenvolvimento Rural Sustentável – CMDRS e ONG’s.

O Poder Público na sua representação destacam-se algumas

Prefeituras, representadas pela Secretaria de Agricultura e entidades da esfera

estadual como o PRORURAL, IPA e CPRH. As instituições da esfera federal têm

Page 38: Sertão Do São Francisco - PE

38

baixa participação nos eventos do Colegiado Territorial, tendo apenas a

participação do INCRA.

Mesmo o Território tendo sede de várias instituições do Poder Público

Federal, percebe-se o isolacionismo nas ações dessas entidades e dificuldades na

comunicação com o Colegiado Territorial.

Tal quadro repercute nas tomadas de decisões voltadas a ações,

planos, programas e até projetos que venham a necessitar de uma ampla

discussão dos atores institucionais citados anteriormente.

A participação do Poder Público no processo de revisão e qualificação do

PTDRS no inicio foi baixa e foi aumentando gradativamente no decorrer da

realização das oficinas.

Programas Sociais existentes no Território

Dentre as famílias consideradas pobres, de acordo com dados do

Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome, o acesso do território aos

programas de transferência de renda (Bolsa Família e Cartão Alimentação) do inicio

do ano até o mês de setembro/2010 beneficiou 51.084 (cinqüenta e um mil, oitenta

e quatro) famílias e R$ 43.662.680,00 (quarenta e três milhões, seiscentos e

secenta e dois mil, seiscentos e oitenta reais) no Programa Bolsa Família e 125

(cento e vinte e cinco) famílias e R$ 60.700,00 (secenta mil e setecentos reais) no

Programa Cartão Alimentação. Ver tabela a seguir

Tabela 9 – Programas Sociais – Repasse até Set/2010

Município Bolsa Família Cartão Alimentação

Número de Famílias

Valor (R$ 1,00)

Número de Famílias

Valor (R$ 1,00)

Afrânio 2.878 2.672.178 10 4.850

Cabrobó 4.797 4.472.419 12 6.200

Dormentes 2.735 2.463.052 22 10.400

Lagoa Grande 3.508 3.182.382 31 14.800

Orocó 2.196 2.021.077 7 3.650

Petrolina 28.822 22.999.294 - -

Santa Mª da Boa Vista 6.148 5.852.278 43 20.800

Total 51.084 43.662.680 125 60.700

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Matriz de Informação Social

Page 39: Sertão Do São Francisco - PE

39

Em relação aos Programas de Assistência Social no território o Ministério

de Desenvolvimento Social e Combate a Fome repassou no período de janeiro a

setembro de 2010 para o Território do Sertão do São Francisco o montante de R$

35.774.563,50 (trinta e cinco milhões, setecentos e setenta e quatro mil, quinhentos

e sessenta e três reais e cinqüenta centavos).

Todos os municípios possuem CRAS - Centro de Referência da

Assistência Social - cadastrados e com financiamento do Governo Federal para

desenvolver atividades de assistência social, totalizando 14 Unidades CRAS, se

destacando Petrolina com 07 unidades e Cabrobó com 02 unidades. Ainda no

território têm 04 municípios com CREAS, são eles: Petrolina, Cabrobó, Lagoa

Grande e Santa Maria da Boa Vista.

O número total de pessoas atendidas no território Benefício da

Prestação Continuada (BPC) em 2010, com repasse até o mês de setembro foi de

6.696 (seis mil seiscentos e noventa e seis) sendo 4.416 (quatro mil, quatrocentos e

dezesseis) pessoas com deficiência (PDC) e 2.280 (dois mil e duzentos e oitenta)

idosos. O valor total repassado do BPC para o território foi de R$ 29.685.875,50

(vinte e nove milhões, seiscentos e oitenta e cinco mil, oitocentos e setenta e cinco

reais e cinqüenta centavos). O maior número de pessoas com deficiência atendidas

pelo programa encontra-se no município de Petrolina (2.727), seguido de Cabrobó

(525), Santa Maria da Boa Vista (446) e Afrânio (224). Os idosos em maior número

em Petrolina (1933), seguido de Lagoa Grande (135) e Santa Maria da Boa Vista

(94).

O ProJovem Adolescente que atua na qualificação profissional está

instalado em todos os municípios do Território e repassou até o mês de

setembro/2010 o total de R$ 832.893,75 (oitocentos e trinta e dois mil, oitocentos e

noventa e três reais e setenta e cinco centavos).

O Programa Erradicação do Trabalho Infantil – PETI, também

desenvolve ações nos sete municípios que compõe o território e repassou de

janeiro a setembro/2010 o montante de 1.168.800,00 (hum milhão, cento e secenta

e oito mil e oitocentos reais).

Page 40: Sertão Do São Francisco - PE

40

2.1.3 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM

O índice de Desenvolvimento Humano foi criado por Mahbub ul Haq com

a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de

Economia de 1998. Foi publicado pela primeira vez em 1990. Analisa as condições

de vida de uma população, através das condições de renda, longevidade e

educação. A longevidade utiliza números de expectativa de vida ao nascer. A

educação é avaliada pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em

todos os níveis de ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar PPC

(paridade do poder de compra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os

países). Essas três dimensões têm a mesma importância no índice, que varia de

zero a um.

IDH até 0,499 – Desenvolvimento Humano Baixo

IDH entre 0,500 e 0,799 – Desenvolvimento Humano Médio

IDH acima de 0,800 – Desenvolvimento Humano Alto

Evolução do IDH-M do Território, 1991-2000

O território apresenta um IDH inferior ao do Estado (0,705) e ao do

Brasil (0,766). De um modo geral o território apresentou um crescimento no seu

IDH-M. Enfatiza-se que os municípios do território que em 1991 apresentavam

índices de Desenvolvimento Humano baixos em relação ao Estado , porém

passaram a apresentar Médios índices de desenvolvimento em 2000. Ver tabela a

seguir.

Page 41: Sertão Do São Francisco - PE

41

Tabela 10- IDH–M, Território Sertão do São Francisco, 1991/2000.

MUNICÍPIO

Índice de

Desenvolvimento

Humano Municipal,

1991.

Índice de

Desenvolvimento

Humano Municipal,

2000.

Afrânio 0,515 0,634

Cabrobó 0,572 0,677

Dormentes 0,486 0,600

Lagoa Grande 0,503 0,627

Orocó 0,572 0,667

Petrolina 0,668 0,747

Santa Maria da Boa Vista 0,587 0,669

Média do Território 0,557 0,660

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000.

Os municípios de Petrolina (0,747), Cabrobó (0,677), Santa Maria da Boa

Vista(0,669) e Orocó (0,667), e se destacaram como os municípios que

apresentaram melhores Índices de Desenvolvimento Humano no ano de 2000.

Mapa 3 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, 2000

Page 42: Sertão Do São Francisco - PE

42

No Território a dimensão que mais contribuiu para a melhoria da taxa

de desenvolvimento dos municípios foi a Educação, seguida da dimensão

Longevidade.

Comparando-se os anos 1991 a 2000, respectivamente, observa-se

que houve um avanço significativo nos últimos anos com relação aos índices

apresentados pelos municípios do território no que se refere a Educação, onde

alguns municípios apresentaram excelentes resultados, a saber: Petrolina (0,735 -

0,828); Santa Maria da Boa Vista (0,559 - 0,751); Cabrobó (0,548 - 0,721) e

Orocó (0,527 - 0,703). Esses dados expressam o bom resultado das ações e

políticas de educação nos municípios, o quais vem acompanhando a média

nacional.

Os índices de educação mais baixos foram apresentados pelos

municípios, em 2000, foram Dormentes (0,685), Lagoa Grande (0,589) e Afrânio

(0,696). Entretanto, reconhecidamente houve uma elevação dessas taxas em todos

os municípios, inclusive nos municípios que apresentaram os índices mais baixos.

Ver tabela a seguir.

Tabela 11 - IDH – M Educação, Território Sertão do São Francisco, 1991/2000.

Município

IDH - M

Educação

1991

IDH - M

Educação

2000

IDH-M

Longevidade

1991

IDH –M

Longevidade

2000

IDH –

M

Renda

1991

IDH – M

Renda

2000

Afrânio 0,460 0,696 0,658 0,722 0,428 0,485

Cabrobó 0,548 0,721 0,652 0,748 0,515 0,561

Dormentes 0,539 0,685 0,520 0,645 0,400 0,471

Lagoa

Grande 0,504 0,689 0,520 0,645 0,485 0,546

Orocó 0,527 0,703 0,691 0,757 0,497 0,540

Petrolina 0,735 0,828 0,659 0,756 0,609 0,658

Santa M. da

B. Vista 0,559 0,751 0,672 0,708 0,530 0,548

Média 0,553 0,724 0,624 0,711 0,494 0,544

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000.

Page 43: Sertão Do São Francisco - PE

43

Com relação aos indicadores de saúde do território, observam-se,

também, alguns avanços nos últimos anos. O índice médio do Índice de

Desenvolvimento Humano de Longevidade do território era de 0,624 em 1991 e

passou para 0,711, em 2000. Dentre os municípios que apresentaram melhores

resultados destacam-se: Orocó (0,691 – 0, 757), Petrolina (0,659 – 0,756) e

Cabrobó (0,652 – 0,748); Afrânio (0,658 – 0,722) e Santa Maria da Boa Vista (0,672

– 0,708). Já os municípios de Dormentes e Lagoa Grande, ambos com as mesmas

taxas (0,520 – 0, 645) apresentaram os piores indicadores. Ver tabela acima.

Gráfico 3 : Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Educação, Longevidade e Renda no território, 2000.

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000.

No que se refere ao indicador de renda, os municípios que

apresentaram melhores resultados em 2000 foram: Petrolina (0,658); Cabrobó

(0,561); Santa Maria da Boa Vista (0,548) e Lagoa Grande (0,546), conforme

gráfico acima.

2.1.4 Situação da Saúde no Território

Os níveis de saúde da população são reflexos da organização social do país

(Lei orgânica da Saúde, nº 8,080/90), pois para se ter uma vida saudável é

necessário, antes de tudo, manter conjuntamente uma boa qualidade de vida nos

aspectos do bem estar físico, mental e social.

Dessa forma, a reflexão sobre a concepção de saúde, atualmente, é

necessária, pois a saúde hoje tem como fatores determinantes e condicionantes,

entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o

00,10,20,30,40,50,60,70,80,9

Afrânio

Cabro

Dorm

entes

Lagoa

Grand

e

Orocó

Petrolin

a

Santa

Mar

ia d

a Boa

Vist

a

Índice de

Desenvolvimento

Humano Municipal-

Educação, 2000

Índice de

Desenvolvimento

Humano Municipal-

Longevidade, 2000

Índice de

Desenvolvimento

Humano Municipal-

Renda, 2000

Page 44: Sertão Do São Francisco - PE

44

trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços

essenciais.

Mortalidade Infantil

Mortalidade Infantil consiste nas mortes de crianças durante o seu

primeiro ano de vida ( ou até cinco anos) e é a base para calcular a taxa de

mortalidade infantil observada durante o período, referida ao número de nascidos

vivos do mesmo período. É o indicador que melhor expressa o padrão de saúde de

uma população, estando estreitamente relacionada às condições ambientais nas

quais residem as crianças, à oferta dos serviços de saúde, à educação e à renda, e,

sobretudo, às deficiências nutricionais.

A tabela referente à taxa de mortalidade infantil (TMI) ,sobre 1 000

crianças nascidas vivas até 5 anos de idade , pontua que no Território do Sertão

do São Francisco houve uma redução nos indicadores de mortalidade Infantil. O

município de Lagoa Grande que, em 2003, apresentou a maior taxa do território (

61,2) conseguiu , em 2009,ocupar o 1º lugar , com a menor taxa (16,7%) de

mortalidade infantil do território, vindo a seguir o município de Afrânio , com a taxa

de 21,4%.

Ainda em 2009, a maior taxa de mortalidade infantil ficou com o

município de Cabrobó (27,6%), que por sinal foi o único que teve aumento dessa

taxa em relação a 2003, que era 26,1%.

Entretanto, apesar das reduções obtidas nos últimos anos,

comparando os resultados de 2003 com o de 2009, observa-se que o território

ainda apresenta taxas de mortalidades com médias ainda elevadas. Ver tabela e

gráfico a seguir:

Tabela 12– Taxa de Mortalidade infantil do território – 2003 e 2009

Município 2003 2009

Afrânio 47,0 21,4

Cabrobó 26,1 27,6

Dormentes 30,2 22,4

Lagoa Grande 61,2 16,7

Orocó 41,4 25,1

Petrolina 35,1 23,4

Santa Maria da Boa Vista

36,1 24,1

Média do Território 39,59 22,96

Fonte: Portal ODM 2009

Page 45: Sertão Do São Francisco - PE

45

Longevidade

É importante ainda considerar que, uma vez que os indicadores de

longevidade (já apresentados acima) são reflexos das políticas de saúde, a

municipalização dos serviços de saúde e a implementação dos diversos programas

de saúde no território (Programas de Saúde da Família, Programas de Agentes

Comunitários de Saúde, Programa de Saúde da Criança, da Mulher, dentre outros)

ainda não possibilitaram ampliações significativas nos níveis de saúde,

considerando também que muitos desses programas não dão cobertura a toda

população.

O IDH-M, da tabela a seguir, tem como fonte o Atlas de

Desenvolvimento Humano que apresenta os dados até o ano 2000 . Baseados

nestes dados , todos os municípios do território, comparando 1991/2000

apresentaram aumento das taxas de esperança de vida ao nascer, como também

houve aumento significativo nos índices de desenvolvimento humano –longevidade.

O mesmo se observa com os indicadores de Pernambuco, Nordeste e Brasil.

Possivelmente, nos dias atuais, esses indicadores teriam números diferentes, como

ocorreu com outros indicadores da saúde e educação que foram levantados com

períodos mais atuais.

Tabela 13 – Esperança de Vida ao Nascer e Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal – Longevidade, 1991 - 2000.

Unidade Espacial

Esperança de vida ao

nascer, 1991.

Esperança de vida ao

nascer, 2000.

Índice de Desenvolvimento

Humano Municipal-Longevidade, 1991.

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-

Longevidade, 2000.

Afrânio 64,49 68,35 0,658 0,722

Cabrobó 64,10 69,89 0,652 0,748

Dormentes 56,22 63,70 0,520 0,645

Lagoa Grande 56,22 63,70 0,520 0,645

Orocó 66,45 70,45 0,691 0,757

Petrolina 64,52 70,36 0,659 0,756

Sta Mª da Boa Vista 65,33 67,46 0,672 0,708

Brasil 63,60 67,60 0,643 0,710

Nordeste 59,97 64,83 0,582 0,663

Pernambuco 62,04 67,32 0,617 0,705

Média do Território 62,47 67,70 0,624 0,711

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000.

Page 46: Sertão Do São Francisco - PE

46

Desnutrição

A desnutrição é uma doença causada pela dieta inapropriada, hipocalórica

e hipoprotéica. Também pode ser causada por má absorção de nutrientes ou

anorexia.

Segundo dados do portal ODM, o resultado na tabela abaixo se refere ao

percentual de crianças desnutridas em relação às crianças pesadas pelo Programa

Saúde Família nos anos de 2003 e 2010. Comparando-se os resultados desses

dois anos, todos os municípios obtiveram diminuição das taxas de desnutrição,

destacando-se o município de Afrânio que em 2003 tinha a maior taxa do território

(17,1%), em 2010 conseguiu reduzir para 1,3%.

As menores taxas encontram-se nos municípios de Cabrobó (0,6%) e

Orocó (0,9%). A maior, nos municípios de Dormentes e Santa Maria da Boa Vista,

ambos com 1,6%, conforme gráfico a seguir.

Gráfico 04- Taxas de Desnutrição -2003 e 2010

Taxa de desnutrição

Território Sertão S.Francisco 17,1

13,112,2 11,4

7,1 7,7 7,7

10,9

1,3 0,61,6 1,2 0,9 1,0 1,6 1,2

02468

1012141618

Afranio

Cabro

Dormen

tes

Lago

a Gra

nde

Orocó

Petro

lina

Sta M

.B.V

ista

Terri

tório

2003

2010

Rede de Serviços de Saúde

No ano de 2005 havia apenas 171 (cento e setenta e um)

estabelecimentos de saúde para atender uma população total de 265.413 (duzentos

e sessenta e cinco, quatrocentos e treze) habitantes. Do total de estabelecimentos

Page 47: Sertão Do São Francisco - PE

47

de saúde existentes, 120 (cento e vinte) são públicos e 51 (cinqüenta e um)

privados, conforme tabela a seguir.

Em 2009, conforme dados do Datasus / CNES. o numero de

estabelecimentos de saúde passa para um total de 317 (trezentos e dezessete)

para atender uma população de 438.835 (quatrocentos e trinta e oito mil oitocentos

e trinta e cinco) habitantes no Território do Sertão do São Francisco.

Os municípios de Petrolina, Santa Maria da Boa Vista e Cabrobó,

apresentam o maior número de estabelecimentos de saúde do território, sendo

Petrolina o que apresenta o maior número de estabelecimentos de saúde, com 248

(duzentos e quarenta e oito) unidades e Santa Maria da Boa Vista e Cabrobó, com

18 (dezoito) e 16 (dezesseis) unidades, respectivamente. A partir dessa informação

é possível observar que praticamente toda a oferta de serviço de saúde do território

é coberta pelo município de Petrolina, que detém 78,232% da oferta de todo o

território.

Por sua vez, os municípios Dormentes, Afrânio, Lagoa Grande e

Orocó apresentaram os menores números de estabelecimentos de saúde em 2009,

variando entre 08 (oito) a 10 (dez) unidades de Saúde disponíveis, das quais,

apenas 01 (uma) dispõe de unidades para internação. Ver tabela a seguir.

Page 48: Sertão Do São Francisco - PE

48

Tabela 14 – Número de estabelecimentos de Saúde por Município - 2009

Equipamento

Afr

ân

io

Cab

rob

ó

Do

rmen

tes

Lag

oa

Gra

nd

e

Oro

Petr

olin

a

San

ta M

ª d

a

Bo

a V

ista

TO

TA

L

Centro de Atenção Psicossocial - 1 - - - 2 1 4

Centro de Apoio a Saúde da Família

- 1 - - - - - 1

Centro de Saúde/Unidade Básica de Saúde

5 9 5 6 1 47 7 80

Clinica Especializada/Ambulatório Especializado

- - - - - 39 - 39

Consultório Isolado - - - - - 89 - 89

Cooperativa - - - - - 1 - 1

Hospital Dia - - - - - 1 - 1

Hospital Especializado - - - - - 5 - 5

Hospital Geral 1 1 - 1 - 5 - 8

Policlínica - - - - - 10 - 10

Posto de Saúde 2 1 1 1 6 15 7 33

Pronto Socorro Geral - - - - - 1 - 1

Secretaria de Saúde 1 1 - - - 2 - 4

Unid Mista - atend 24h: atenção básica, intern/urg

- - 1 - 1 2 1 5

Unidade de Serviço de Apoio de Diagnose e Terapia

- 2 - - - 23 - 25

Unidade de Vigilância em Saúde - - - 1 - 2 1 4

Unidade Móvel Pré Hospitalar - Urgência/Emergência

- - - - - 2 - 2

Unidade Móvel Terrestre 1 - 1 - - 2 1 5

Total 10 16 8 9 8 248 18 317

Fonte: Datasus / CNES. Situação da base de dados nacional em 10/04/2010. Nota: Número total de estabelecimentos, prestando ou não serviços ao SUS

Podemos observar que da mesma forma que a grande maioria dos

estabelecimentos de saúde encontra-se concentrada no município de Petrolina, em

relação ao numero de leitos a situação é semelhante. Em relação aos leitos

existentes no território 74,78% encontra-se em no município de Petrolina, ficando

também com 64,42% dos leitos ligado ao SUS e de 100% dos leitos não SUS.

Page 49: Sertão Do São Francisco - PE

49

Tabela 15 – Leitos existentes e leitos ligados ao Sistema Único de Saúde - 2009

Território do Sertão do São Francisco

Município Total SUS Não SUS

Afrânio 35 35 -

Cabrobó 53 53 -

Dormentes 19 19 -

Lagoa Grande 18 18 -

Orocó 11 11 -

Petrolina 501 306 195

Santa Maria da Boa Vista 33 33 -

Total 670 475 195

Fonte: DATASUS

2.1.5 Situação da Educação no Território

De acordo com dados existentes PNUD / IPEA e Atlas do

Desenvolvimento Humano no Brasil em 2000, a taxa de analfabetismo variava de

acordo com os seguintes intervalos de idade: 15 a 17 anos – 5,57% (Petrolina) a

13,54% (Lagoa Grande); 18 a 24 anos – 7,58% (Petrolina) a 17,99% (Orocó) e 25

anos ou mais – 21,08% (Petrolina) a 45,61% (Afrânio). No Território a média é

9,41% de 15 a 17 anos, 14,71% de 18 a 24 anos e 38,48% para a população na

faixa de idade de 25 anos a mais.

Gráfico 05 – Taxa de analfabetismo dos municípios, 2000

Page 50: Sertão Do São Francisco - PE

50

Na avaliação do índice de desenvolvimento humano educacional o

município que apresenta o melhor índice é Petrolina (0,828) e o pior índice o

município de Dormentes (0,685). Ver Gráfico abaixo:

Gráfico 6 – IDHM Educação, municípios do Território do São Francisco, 2000

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000.

Estabelecimentos de Ensino

De acordo com dados do IBGE, ano de 2009,do total dos 985

(novecentos e oitenta e cinco) estabelecimentos de ensino existentes no território,

666 (seiscentos e sessenta e seis) são da esfera municipal, 128 (cento e vinte e

oito) são estadual, 01(uma) instituição federal e 190 (cento e noventa) particulares.

Em relação aos níveis de ensino, são 499 (quatrocentos e noventa e

nove) estabelecimentos de ensino fundamental, 69( sessenta e nove) de nível

médio e 417 (quatrocentos e dezessete) pré-escolar Ver gráfico e tabela a seguir:

Gráfico 7 – Estabelecimentos de Ensino por Dependência Administrativa - 2009

Número de estabelecimentos por Dependência Administrativa

1

190 128

666

Federal

Estadual

Municipal

Privado

Fonte: IBGE 2009

Page 51: Sertão Do São Francisco - PE

51

Tabela 16 – Número de Estabelecimentos por Dependência Administrativa e por Nível de Ensino, 2009

Fonte: IBGE 2009

Ensino Superior

No Território do Sertão do São Francisco existem 03 (três) instituições de

ensino superior, sendo 01 (uma) faculdade municipal, 01 (uma) universidade federal

e 01 (um) instituto federal, todos localizados no município de Petrolina.

Matrículas

No Território do Sertão do São Francisco, segundo dados do INEP em

2009 registraram-se 86.544 (oitenta e seis mil, quinhentos e quarenta e quatro)

pessoas matriculadas, sendo 28.838 (vinte e oito mil oitocentos e trinta e oito) na

rede estadual, 42.321 (quarenta e dois mil trezentos e vinte e um) na rede

municipal, 13.658 (treze mil, seiscentos e cinqüenta e oito) na rede particular e

1.727 (um mil, setecentos e vinte e sete) na rede federal, conforme tabela a seguir:

Nível de Ensino / Dependência

Administrativa Afr

ân

io

Ca

bro

Do

rmen

tes

Lag

oa

Gra

nd

e

Oro

Pe

tro

lin

a

Stª

da

Bo

a V

ista

To

tal

Ensino Fundamental 60 55 30 30 41 217 66 499

Estadual 0 14 - 2 1 45 4 66

Municipal 59 38 29 25 38 94 58 341

Privado 1 3 1 3 2 78 4 92

Ensino Médio 1 5 2 3 3 51 4 69

Federal 0 - - - - 1 - 1

Estadual 1 3 2 3 2 40 4 55

Municipal - - - - 1 0 - 1

Privado - 2 - - - 10 0 12

Pré- escolar 54 45 29 29 39 161 60 417

Estadual - 7 - - - 0 - 7

Municipal 53 36 28 26 37 88 56 324

Privado 1 2 1 3 2 73 4 86

Total 115 105 61 62 83 429 130 985

Page 52: Sertão Do São Francisco - PE

52

Tabela 17 – Nº de matrículas por Nível de Ensino e Dependência Administrativa, 2009

Município Total de matrículas

Pré-escolar Ensino Fundamental

Ensino Médio

E M P E M P E F M P

Afrânio 3.669 - 700 66 - 1.947 67 889 - - -

Cabrobó 6.568 116 1.016 89 787 2.109 349 2.063 - - 39

Dormentes 2.924 - 488 14 - 1.661 73 688 - - -

Lagoa Grande

4.839 - 784 93 - 2.597 159 1.206 - - -

Orocó 2.925 - 523 57 - 1.453 89 779 - 24 -

Petrolina 56.668 - 5.606 3.237 6.062 17.616 6.438 13.626 1.727 - 2.356

Stª Mª da Boa Vista

8.951 - 1.185 173 222 4.612 359 2.400 - - -

Total 86.544 116 10.302 3.729 7.071 31.995 7.534 21.651 1.727 24 2.395

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Condepe/Fidem.

2.2 Dimensão Ambiental

O território apresenta graves problemas ambientais, com forte influência

sobre a sustentabilidade das atividades agrícolas e do desenvolvimento sustentável

tais como desmatamento das matas ciliares, desertificação, poluição do Rio com a

destinação dos resíduos de esgotos e lixo, desaparecimento de espécies de peixes

nativas.

2.2.1 Características Geoclimáticas

O Território em estudo encontra-se na região do Sub-médio São

Francisco, possui um clima definido, segundo Koeppen, como semi-árido, tipo

estepe, com chuvas irregulares concentradas entre novembro e abril, sujeito a

anomalias atmosféricas que podem provocar longos períodos de estiagem cíclicas,

que configuram as secas.

A média anual de precipitação varia de 300 a 400 mm na região de

Juazeiro/Petrolina, até 700 a 800 mm nas serras divisórias com o Ceará, com 2.000

mm de evapotranspiração, resultando num déficit hídrico variando de 1.200 a 1.600

mm. A temperatura, afeita a esta situação, tem pouca oscilação anual, mantendo

valores próximos de 270C, superando com certa constância os 300C. Nos meses

de junho e julho uma pequena diminuição da temperatura permite a exploração de

culturas sensíveis às altas temperaturas.

Page 53: Sertão Do São Francisco - PE

53

Em geral, os produtores agrícolas distinguem três estações: fria (junho e

julho), de chuva (janeiro a março) e seca (agosto a dezembro). Esses períodos de

modificações climáticas promovem uma variabilidade da umidade relativa do ar de

30% até 90%.

2.2.2 Características Geomorfológicas

O relevo da região do Sub-médio São Francisco se caracteriza por uma

topografia ondulada, com vales muito abertos, devido a uma menor resistência à

erosão dos xistos e outras rochas de baixo grau de metamorfismo, entre as quais

se sobressaem formas abauladas esculpidas em rochas graníticas, gnáissicas e

outros tipos de metamorfismos. Na extremidade oeste da fronteira norte tem-se a

Chapada Cretácea do Araripe, com altitude de 800 metros, que se prolonga para

leste através da Serra dos Cariris, esculpida em rochas de idade pré-cambriana.

2.2.3 Características Edafológicas

Os solos dessa região são como em todo semi-árido predominantemente

do tipo bruno não cálcico, fase pedregosa, de pouca profundidade e baixa

fertilidade, com altos teores de potássio, cálcio e magnésio e baixos teores de

fósforo e nitrogênio, típico das áreas de sequeiro.

As áreas de baixada e as margens de rios e riachos são exceções, pois aí ocorrem

manchas de latossolo vermelho-amarelo e aluviais, vertissolos e cambissolos

distróficos.

Esses solos são tipicamente perdedores do material de superfície por

erosão laminar severa, bastante aumentada quando são exploradas as áreas

inclinadas ou declivosas. Apesar disso, esses solos apresentam uma condição de

riqueza em matéria orgânica que lhes permite suportar uma grande carga de

produção vegetal e de atividades pastoris em todo o semi-árido.

2.2.4 Características Hidrológicas

A Região é drenada pelas bacias rios Pontal, Brígida, Garças, Terra

Nova e o São Francisco. Este último com aproximadamente 204 Km de extensão,

inserido na Região e banha os municípios de Cabrobó, Lagoa Grande, Orocó,

Petrolina e Santa Maria da Boa Vista.

Page 54: Sertão Do São Francisco - PE

54

O rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra em Minas Gerais

em sua passagem pelos municípios do Território do Sertão do São Francisco, é

explorado de várias formas, sendo as principais delas a captação de água para os

projetos de irrigação através dos canais e do bombeamento das fazendas

particulares.

O Velho Chico, como é chamado o rio São Francisco, vem sofrendo com

os impactos negativos gerados por uma série de ações antrópicas provenientes das

mais diversas formas de uso e ocupação do solo de suas margens ou das margens

dos seus afluentes. No quadro a seguir, se tem os principais cursos d’água que

cortam os municípios que integram o Território do Sertão do São Francisco.

Quadro 1 – Principais Cursos d’água registrados no Território

MUNICÍPIO CURSOS D’ÁGUA

Cabrobó Rio São Francisco e Riacho Terra Nova

Lagoa Grande Rio São Francisco, Rio Pontal e Riacho do Recreio.

Orocó Rio São Francisco

Petrolina Rio são Francisco

Santa Maria da Boa Vista

Rio São Francisco, Rio Caraibas, Rio Brigida e Riacho das Garças

Fonte: Estudo Propositivo do Sertão do São Francisco - 2005

O rio São Francisco possui a maior biomassa e diversidade de peixes de

água doce da região Nordeste, sendo as espécies principais: a pilombeta, piaba,

dourado, matrichã, curimatá, piranha entre outros.

2.2.5 Ocorrências impactantes frequentes no meio ambiente De acordo com a pesquisa do Perfil Municipal – 2008 as ocorrências

impactantes ao meio-ambiente nos municípios do território registradas nos últimos

24 (vinte e quatro) meses foram:

Escassez de recursos d’água: Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó, Petrolina e S.Ma.Boa Vista. Assoreamento de corpo d’água: Lagoa Grande, Orocó,Petrolina, Santa Maria da Boa Vista. Poluição de recursos d’água: Afrânio,Cabrobó, Orocó e Petrolina

Page 55: Sertão Do São Francisco - PE

55

.

Ainda considerando dados do IBGE – Perfil Municipal (2008) no território apenas

02 (dois) municípios possuem Conselho Municipal de Meio-Ambiente, são eles

Petrolina e Lagoa Grande com caráter deliberativo e fiscalizador. Em relação a sua

composição o Conselho de Meio Ambiente de Petrolina possui maioria dos seus

representantes da sociedade civil, enquanto que o de Lagoa Grande é paritário

Poluição do ar : Afrânio, Cabrobó, Dormentes e Petrolina

Atividade pecuária prejudicada: Dormentes.

Atividade agrícola prejudicada: Dormentes e Orocó

Contaminação do Solo: Afrânio, Dormentes, Orocó e Santa

Maria da Boa Vista.

Redução do pescado: Cabrobó, Lagoa Grande, Orocó e Santa Maria da Boa Vista.. Queimadas: Afranio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande e Orocó. Desmatamento: Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó, Petrolina e Sta.Ma.da Boa Vista. Degradação de áreas protegidas:Santa Maria da Boa vista..

Page 56: Sertão Do São Francisco - PE

56

2.3 Dimensão Econômica

2.3.1 População Economicamente Ativa (PEA)

De acordo com a Agência de Desenvolvimento do Estado de

Pernambuco -Condepe/Fidem a economia da Região de Desenvolvimento do

Sertão do São Francisco está baseada na fruticultura irrigada, na agroindústria e na

vitivinicultura. A população economicamente ativa é de 145.184 habitantes dos

quais 124.129 estão ocupados nos seguintes setores produtivos: a agropecuária

(40,8%), comércio e serviços (15,4%), indústria de transformação (5,7%) e

educação (5,4%). Os demais 32,7% estão distribuídos em outros setores como

administração pública, construção civil, transporte e armazenagem, serviços

domésticos, entre outros. Essa distribuição estará sujeita em breve ao impacto da

construção de ponte sobre o rio São Francisco, em Ibó.

2.3.2 Produção

A economia da Região do Desenvolvimento do Sertão do São Francisco

de acordo com dados da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de

Pernambuco- Condepe/Fidem (2006) está baseada na agropecuária, na indústria,

no comércio/serviços e no turismo.

Page 57: Sertão Do São Francisco - PE

57

A agricultura familiar (AF) contribui para elevar um dos principais índices

de desempenho da produção agropecuária, trata-se do indicador trabalhadores/ha,

sendo no geral na razão de 0,13, onde a Agricultura Familiar - AF sozinha

apresenta uma média para o Território de 0,10. Alguns municípios como Orocó e

Cabrobó apresentam índices bem acima da média, 0,51 e 0,20 respectivamente. O

reflexo desse índice está diretamente relacionado ao número de pessoas ocupadas

na agricultura do Território, a AF representa 78,1% das pessoas.

Petrolina é uma exceção dentro do Território em relação AF, mais

especificamente nos índices relativos a trabalhador/ha (0,004) e VAP/trabalhador

(39.989,04), em ambos não segue a tendência territorial. Esse resultado está

basicamente relacionado ao número de pessoas ocupadas nos estabelecimentos

familiares da agricultura (365). Provavelmente esse alto valor anual/trabalhador na

AF de Petrolina esteja associado ao uso da tecnologia de forma intensa

(principalmente de irrigação) com menor inclusão de pessoas no processo

produtivo.

2.3.3 Produção Agrícola

A produção tanto é cultivada de sequeiro e irrigada. Os produtores que

exploram as culturas irrigadas são encontrados em todas as subzonas de sequeiro,

que dispõem de água, começando pela subzona de influência dos açudes do

DNOCS: na subzona de influência dos riachos temporários e permanente e

subzona de reassentamentos da CHESF; e continuando na zona ribeirinha, que

compreende a subzona de assentamentos, ilhas e áreas de agricultura familiar

tradicional, localizadas nas margens do rio São Francisco, onde desenvolvem a

irrigação para lavouras tanto anuais como perenes, e atividades de pecuária.

Diferenciam-se em patronais e familiares (meeiros, assentados, reassentados e

indígenas).

Os agropecuaristas irrigantes familiares diferenciam-se quanto aos

aspectos sociais, culturais, técnicos e econômicos, dando origem a três subtipos:

reassentados, assentados e indígenas. No que concerne aos produtores

reassentados, encontram-se na zona de sequeiro, subzona Reassentamentos da

CHESF, nos municípios de Santa Maria da Boa Vista (Fulgêncio), e Orocó

(Brígida); os assentados se encontram na subzona Assentamentos da Reforma

Page 58: Sertão Do São Francisco - PE

58

Agrária nas margens do rio São Francisco (principalmente em Santa Maria da Boa

Vista e Lagoa Grande) e os indígenas são encontrados na subzona Ilhas,

especialmente no município de Cabrobó. Estes subtipos plantam culturas anuais

(arroz, melancia, melão, cebola e tomate) e culturas perenes (banana, goiaba,

coco, manga e, em alguns casos, uva), porém se diferenciam pela condição sócio-

econômica, cultural e agroecológicas.

No caso dos agropecuaristas irrigantes reassentados, possuem uma

área de até 13 ha por família, onde 10 ha são de sequeiro e 3 ha, em média, com

irrigação (área que varia entre 1,5 a 6,0 ha); nas áreas irrigadas plantam culturas

perenes (banana e goiaba) e culturas anuais (tomate, milho, feijão, melão e

melancia) na etapa de instalação do pomar. O rebanho é composto de até 10

cabeças de caprinos/ ovinos e 1 bovino, destinados para subsistência.

Os assentados de reforma agrária têm os sistemas de produção bastante

semelhantes. No entanto, as condições de infra-estrutura e assistência técnica

diferem. Em relação aos sistemas de irrigação são de pequeno porte permitindo a

exploração de áreas entre 0,5 e 1,0 ha por família, além da dificuldade de

manutenção em função dos recursos para isso serem pequenos. Os indígenas têm

sistemas de produção com culturas anuais (principalmente cebola e arroz) e

perenes (principalmente a banana e goiaba); os seus rebanhos são os caprinos e

ovinos, com maior presença de bovinos que se acompanham a cultura do arroz.

A composição das famílias (número e idade dos membros) são fatores

que influenciam nas atividades desenvolvidas nas propriedades, em nível dos

assentamentos, reassentamentos e áreas indígenas. Geralmente são famílias

numerosas. Quanto à mão-de-obra disponível, varia entre 2 a 4 UTH (unidade de

trabalho homem) para todos os subtipos. Sendo que, em épocas de entre safra os

assentados vendem sua força de trabalho.

Os/as agricultores/as familiares com Agricultura irrigada, quanto às

características, assemelham-se ao tipo anterior de agropecuaristas familiares

irrigantes, porém se diferenciam por praticar somente agricultura. Vivem nas vilas

e/ou agrovilas de reassentamentos, assentamentos ou ilhas indígenas.

Desenvolvem os cultivos da mesma maneira que os agropecuaristas, tanto as

culturas anuais (melancia, melão, tomate e cebola) quanto as perenes (banana,

goiaba, coco e manga).

Page 59: Sertão Do São Francisco - PE

59

Em 2006 (Condepe/Fidem) o Território tinha 17.786 estabelecimentos

desenvolvendo atividades agrícolas cultivando culturas temporárias, permanentes e

de horticultura. Com um volume total de R$ 569.760,00 (quinhentos e sessenta e

nove mil setecentos e sessenta reais).

Considerando dados do Condepe/Fidem (2008), o Território do São

Francisco tinha 63.509 hectares de área colhida representando o valor da produção

de R$ 854.842,00 (oitocentos e cinqüenta e quatro mil, oitocentos e quarenta e dois

reais). A Manga e a Uva se destacavam, apresentando o maior volume de renda

obtida. Dentre as culturas temporárias, a Cebola e a Melancia se destacavam,

conforme se observa na Tabela abaixo:

Tabela 18– Principais Culturas cultivadas no Território

RD - Sertão São Francisco

Localidade / Produtos agrícolas

2008

Área colhida

(ha)

Quantidade produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor da produção (R$1.000)

Amendoim 30 39 1.300 98

Arroz 3.290 19.485 26.500 14.055

Banana 7.780 129.140 90.130 82.380

Batata-doce 85 1.400 25.000 968

Cana-de-açúcar 87 2.365 125.000 227

Cebola 3.260 62.680 93.000 42.910

Coco-da-baía (mil frutos)

1.808 52.244 130.000 12.316

Feijão 15.394 6.114 3.120 6.132

Goiaba 2.863 79.920 126.000 66.942

Laranja 5 35 7.000 11

Limão 16 256 32.000 106

Mamão 750 14.980 108.857 5.629

Mamona 1.010 329 2.740 285

Mandioca 855 10.180 82.000 1.657

Manga 8.740 174.070 91.000 311.467

Maracujá 530 7.130 64.500 8.136

Melancia 3.000 57.250 107.000 21.974

Melão 380 6.180 79.000 7.097

Milho 6.430 1.700 2.060 688

Sorgo 1.430 1.422 4.800 385

Tomate 440 15.520 166.000 12.411

Uva 5.326 159.668 116.404 258.968

Total 63.509 - - 854.842

Fonte: Condepe/Fidem 2008

Page 60: Sertão Do São Francisco - PE

60

De acordo com os dados do IBGE de 2009, as culturas temporárias que

mais se destacam, no Território, são: a Cebola (70.120 t), Melancia (60.200 t), Arroz

(13.008 t), Milho (11.262 t) e o Feijão (5.567 t). No que se refere à cultura da

Cebola, os municípios de Cabrobó e de Oróco exercem a liderança, com uma

produção de 30.000 t e de 25.200 t, respectivamente.

Tabela 19 - Lavouras Temporárias – Quantidade Produzida, em Toneladas (t) Território do São Francisco- 2009

Municípios

Feijão (t) Melancia (t)

Arroz (t)

Cebola (t) Milho

(t)

Afrânio 650 ----------------- ----------------- --------------- 1.325

Cabrobó 492 8.000 12.000 30.000 4.200

Dormentes 900 ---------------- ------------------

---------------- 1.944

Lagoa Grande 570 6.600 72 6.160 600

Orocó 665 3.600 490 25.200 93

Petrolina 1.536 6.000 96 3.060 2.700

Santa Maria da Boa Vista 754 36.000 350

5.700 400

Total do Território 5.567 60.200 13.008 70.120

11.262

Fonte: IBGE (Censo Agropecuário 2009).

Destacam-se abaixo algumas lavouras permanentes de importante

expressão econômica no Território, as quais são: a Manga, com produção total no

território de 175.210 toneladas t; a Uva, com 153.188 t; a Banana, com 133.940 t; e

a Goiaba, com 82.666 t. Em relação à Manga, principal cultura permanente do

território, os municípios de Petrolina e Santa Maria da Boa Vista detêm a maior

produção, com 150.000 (cento e cinqüenta mil) toneladas e 19.200 (dezenove mil e

duzentos) toneladas, respectivamente, conforme tabela abaixo que traz os dados

do IBGE 2009:

Page 61: Sertão Do São Francisco - PE

61

Tabela 20 - Lavouras Permanentes – Quantidade Produzida, em Toneladas (t) Território do São Francisco- 2009

Municípios Manga (t) Banana (t)

Uva (t)

Goiaba (t)

Afrânio ------------- -------------- -------------- --------------

Cabrobó 300 1.500 --------------- 200

Dormentes -------------- -------------- -------------- ------------

Lagoa Grande 3.240 2.400 34.620 1.960

Orocó 2.470 17.640 168 1.826

Petrolina 150.000 45.900 106.400 71.400

Santa Maria da Boa Vista 19.200 66.500 12.000 7.280

Total do Território

175.210 133.940

153.188

82.666

Fonte: IBGE (Censo Agropecuário 2009).

O sistema de preparo do solo identificado foi o convencional ou

gradagem profunda, cultivo mínimo e plantio direto na palha, predominando o

cultivo convencional (63%).

Gráfico 8 – Sistema de preparo do solo por estabelecimento agropecuário, 2006

Fonte: IBGE (Censo Agropecuário 2006)

No que se refere à infra-estrutura produtiva, como por exemplo, a

disponibilidade de trator, no Território existem 775 estabelecimentos com 1.010

tratores.

Page 62: Sertão Do São Francisco - PE

62

Cultura de Manga

Cultura de Uva

2.3.4 Produção Animal

De acordo com os dados do IBGE de 2009, o principal rebanho no

território é o de ovinos com 329.200 cabeças, representando 22% da produção do

Estado, seguido do rebanho de caprinos com 292.800 cabeças, representando

17,9% do rebanho do Estado.

Page 63: Sertão Do São Francisco - PE

63

Tabela 21– Efetivo do rebanho no Território (Cabeças) 2009

Bovinos Equinos

Caprinos

Ovinos Suínos Aves * Total

Afranio 20.200 820 31.400 66.500 4.950 25.480 149.350

Cabrobó 16.000 1.200 30.000 18.000 3.500 33.000 101.700

Dormentes

14.500 720 34.500 90.600 6.100 28.200

174.620

Lagoa Grande

8.650 440 34.400 30.000 2.770 21.700

97.960

Orobó 6.300 370 14.000 16.300 2.620 15.450 55.040

Petrolina 27.500 1.800 102.300 67.400 17.260 57.500 273.760

Sta.Mª Boa Vista

13.600 800 46.200 40.400 4.520 33.700

139.220

Total Território 106.750 6.150 292.800 329.200 41.720 215.030 991.650

Pernambuco

2.297.336 133.856 1.638.514 1.487.228 435.671 34.171.270 40.163.875

*Galinhas, pintos, frangos.

Fonte: IBGE (Censo Agropecuário 2009).

No que se refere ao manejo alimentar, para a época de estiagem

prolongada, que ocorre nos meses de agosto a dezembro, tanto os pecuaristas

patronais quanto os familiares cultivam palma e capim de pisoteio para superar a

falta de forragem nas caatingas. Normalmente nessa época, os animais recebem

alimentação complementar à base de milho e farelo de algodão. Ambos os subtipos

de produtores vacinam seus rebanhos nos meses de junho e janeiro contra a raiva

e a febre aftosa e fazem a vermifugação .

No Território, a renda proveniente da atividade pecuária tem origem na

comercialização do leite, conforme Censo Agropecuário 2006 foram produzidos

11.871 litros leites em 3.196 estabelecimentos agropecuários, apenas 483 litros de

leite cru foram beneficiados, representando 3,6% do leite produzido. O forte foi a

comercialização do leite cru (8.898 litros) por 1.182 estabelecimentos do Território

significando um rendimento de R$ 5.104,00 (cinco mil cento e quatro reais).

Dados do Condepe/Fidem traz que em 2008 foram ordenhadas 19.050

vacas, tendo uma produção de 10.612 litros de leite totalizando R$ 7.693,00 (sete

mil seiscentos e noventa e três reais).

Page 64: Sertão Do São Francisco - PE

64

Além da produção de leite, teve-se a produção de 1.137 dúzias de ovos

que foi inexpressiva (0,8%) considerando a produção estadual representando em

valores monetários apenas 1,1% (R$ 2.747,00);

Outra atividade desenvolvida no Território é a aqüicultura, ocupando

2.928 ha em 2.680 estabelecimentos.

Cultivo de Palma

Caprinocultura

Page 65: Sertão Do São Francisco - PE

65

Rebanho Bovino

Criação de aves para ovos

2.3.5 Estrutura fundiária

Quanto à condição legal das terras dos produtores do território a maior

parte constitui terras próprias (77%), sendo esta percentagem de 69,5% para o

Nordeste. A concentração de terras próprias situa-se nos municípios de Petrolina e

Dormentes. As terras ocupadas e sem titulação definitiva constituíam 9% cada, as

terras arrendadas representavam 4% e em parceria 2%.

No Território, em torno de 82,04% das propriedades estão abaixo do

módulo fiscal (55 ha) adotado pelo INCRA/FUNTEPE para a região do São

Page 66: Sertão Do São Francisco - PE

66

Francisco, têm-se desse total 57,73% com propriedades com até 10 ha (6.173).

Essa constatação aponta para uma realidade de maior complexidade para

processos de estruturação das unidades familiares de produção rural em face das

características agroecológicas do Território. A área ocupada pelas propriedades

rurais com até 50 ha só representa 27,19% de toda a área das propriedades rurais

no Território (476.049 ha).

O número de estabelecimentos agropecuários no Território em 2006 era

de 20.728 (vinte mil setecentos e vinte e oito) estando em sua maioria nas mãos de

pessoas do sexo masculino (84%).

O Censo Agropecuário 2006 traz que 32.938 ha em 6.609

estabelecimentos estavam ocupados com lavoura permanente e 57.419 ha em

12.842 estabelecimentos agropecuários com lavouras temporárias. Registram-se

também áreas cobertas com pastagens naturais, forrageira para corte, flores,

dentre outros cultivos.

2.4 Dimensão Político-Institucional

Por ser o território do São Francisco caracterizado por ter extremos de

situação de pobreza e de situação de riqueza, por ter uma concentração de renda

muito grande, onde populações pobres e excluídas convivem lado a lado com uma

realidade de modernos processos produtivos e econômicos existentes na região

(como as modernas fazendas irrigadas que se inserem economicamente no

mercado internacional), existe uma diversidade de lutas, de organizações e de

movimentos sociais.

Destaca-se, no território, o movimento dos reassentados, vítimas das

inundações das barragens construídas no território; os movimentos dos assentados

da reforma agrária; movimento dos sem terra; dos agricultores familiares por

melhores condições de vida; mulheres; ambientalistas, dentre outros movimentos.

Entre as institucionalidades de gestão social que tem uma atuação

municipal destacam-se os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural.

Durante o processo de qualificação do Plano Territorial de

Desenvolvimento Rural Sustentável foi perceptível que o Colegiado vive em

constante renovação e isto se reflete nas análises e nas propostas. Existe uma

cobrança forte por parte da Sociedade Civil Organizada para uma maior

Page 67: Sertão Do São Francisco - PE

67

aproximação e comprometimento dos Gestores Públicos com o desenvolvimento

territorial.

O Território do Sertão do São Francisco tem em sua composição 50

(cinqüenta) organizações. O número de organizações aumentou a partir da

definição do Território enquanto Território da Cidadania. Vale ressaltar que a

inserção maior foi de organizações governamentais, porém isto não se traduziu, no

entendimento dos atores sociais locais, em participação efetiva. A participação da

maioria das organizações se dá quando está em pauta a aprovação de ações e

projetos, mesmo assim nota-se principalmente a ausência das instituições da esfera

federal.

2.5 Contexto Interno e Externo

O Contexto Interno (Potencialidades e Problemas) e Externo

(Oportunidades e Ameaças) foi trabalhado com os atores sociais locais durante a 2ª

Oficina de Revisão e Qualificação do PTDRS, realizada no mês fevereiro/ 2010.

Priorizou-se trazer para a discussão as Potencialidades e os Problemas locais que

podem apoiar e/ou entravar o desenvolvimento do Território, bem como as

Oportunidades e a Ameaças existentes no território.

Para realizar a análise do contexto interno e externo do Território do

Sertão do São Francisco, utilizamos a dinâmica de trabalho em grupos identificando

o que existe no Território que ajuda ou pode ajudar o desenvolvimento

(potencialidades) e o que dificulta (problemas), bem como, o que existe fora da

governança do Colegiado Territorial que pode atrapalhar o desenvolvimento

(ameaças) e o que pode ajudar na resolução dos entraves e/ou desenvolver uma

potencialidade (oportunidades), com o intuito de termos uma visão sistêmica do

território.

Durante a discussão foi solicitado aos atores locais atentar para não se

satisfazer com o primeiro sentimento que geralmente é de “falta” de alguma coisa, e

sempre procurar responder as perguntas: porque sinto falta? o que esta falta me

traz de prejuízo?. Buscando assim internalizar questões importantes para a reflexão

a cerca do contexto territorial e poder subsidiar a construção de estratégias para o

desenvolvimento territorial.

Page 68: Sertão Do São Francisco - PE

68

Como resultado deste trabalho os atores sociais locais identificaram as

principais potencialidades e problemas (contexto interno), bem como as

oportunidades e as ameaças (contexto externo) por dimensão apresentados a

seguir

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69

Sócio-Cultural e Educacional

POTENCIALIDADES PROBLEMAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

- Escolas construídas - Aquisição de computadores - Ampliação do contingente de jovens da área rural para ingresso em cursos de nível superior - Existência de diversas instituições de ensino no território - Bens culturais existentes - Bens naturais - Diversidade cultural do território - Construção de escolas no meio rural do ensino fundamental (até o 9º ano) – Petrolina, Afrânio, Santa Maria da Boa Vista e Orocó, nos Assentamentos / aglomerados

- Inexistência de proposta de educação contextualizada voltada para o Semi-árido - Falta de comprometimento por parte de alguns educadores - Falta proposta pedagógica que dê continuidade a política desenvolvida pelo EJA - Dificuldade de manutenção de jovens que ingressam no ensino superior - Perca de identidade cultural - Êxodo rural - Organização associativista e cooperativista precária - Não implementação das diretrizes operacionais para as escolas do campo - Mecanismos de inclusão para alunos com deficiência incipiente (preconceito da família e profissionais sem preparação) com o- Falta de educação de qualidade - Falta de implantação de cursos técnicos nas escolas municipais (principalmente técnicas agrícolas) - Difícil acesso a médicos - Drogas e desestruturação familiar - Falta de água encanada - Vandalismo nas escolas pelos alunos missão da família

- Ampliação das escolas integrais para a área rural/educação do campo - Educação quilombola e indígena - Criação da casa do estudante com estrutura adequada para acolher jovens que ingressam no ensino superior - Implantação na grade curricular de disciplinas técnicas

- Falta de aproveitamento do potencial intelectual jovem da região - Processo atual de avaliação usado pelo ENEM - Interferência política não reconhecendo as lideranças locais - Pouca divulgação e apoio a diversidade cultural existente no território - Violência e insegurança no campo

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70

Dimensão Ambiental

POTENCIALIDADES PROBLEMAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

- Rio São Francisco; - Atuação de ONG´s e Ministério Público em Relação ao Meio Ambiente; - Presença de órgãos de pesquisa e extensão no território (Embrapa, IPA); - Programa de revitalização do Rio São Francisco presente no território; - Presença de programas de beneficiamento de frutas nativas de maneira sustentável no território; - Disponibilidade de material para reciclagem em abundância no território

- Falta de trabalho de separação do lixo, destino final de embalagens; - Precariedade na fiscalização ambiental pelos órgãos de governo; - Deficiência de informação sobre a reciclagem do lixo e conscientização da população; - Educação deficitária na área ambiental; - Inexistência de projetos de financiamentos voltados p/ a transição agroecológica; - Desmatamento; - Uso inadequado de tecnologias nos projetos de irrigação; - Não conservação da mata ciliar; - Destruição do Bioma Caatinga; - Desvalorização dos CONDEMAs (Conselhos Municipais de Defesa do Meio Ambinte).

- Conscientização ambiental por parte de alguns meios de comunicação; - Projetos de revitalização do Rio São Francisco a serem executados; - Disponibilidade de recursos para projetos ambientais; - Capacitação na área ambiental promovidas por diversas instituições; - Disponibilidade de recursos para cursos de reciclagem; - Existência de um fundo para o CONDEMA; - Política Estadual de aproveitamento do lixo.

- Efeito estufa; - Construção de barragens para fins de hidroelétricas no território; - Transposição do Rio São Francisco (impactos ambientais); - Processo de revitalização do São Francisco não é simultâneo ao de destruição; - Avanço da desertificação; - Uso indiscriminado de agrotóxicos nos municípios que compõe o território; - Inexistência de política de recursos hídricos voltadas para o semi-árido; - Implantação de uma Usina Nuclear no território; - implantação do monocultivo de 150.000 há de cana de açúcar; - Licenças para agroindústrias (SIE, SIF, SIM); outorga d água e licenças ambientais para construção de casas

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71

Dimensão Sócio-Econômica

POTENCIALIDADES PROBLEMAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

- Irrigação; - Mão de obra qualificada; - Cadeias produtivas priorizadas (Bacia leiteira, caprinovinocultura + 07); - Existência de órgãos de pesquisa e extensão no território; - Existência e forte atuação dos movimentos sociais; - Numero de faculdades existentes hoje na região; - Localização geográfica e infra-estrutura; - Setor terciário atuante para o território (sistema S).

- Falta de conhecimento para apresentar projetos; - Burocracia / morosidade; - ATER deficitária (falta de apoio técnico); - Falta de regularização fundiária; - Acesso viário (vicinais) deficitário, prejudicando o escoamento da produção no campo; - Aumento do plantio de drogas em alguns municípios do território; - Organizações associativas / cooperativistas desorganizadas, desarticuladas no território (fragilidades); - Comercialização desarticulada, desestruturada, fortalecendo os atravessadores.

- Apoio as cadeias produtivas; - Criação dos territórios da cidadania; - O relacionamento entre sociedade civil e Poder público; - Compra direta – PAA (Programa de Aquisição de Alimentos); - Exploração racional do Bioma Caatinga; - Geração de emprego temporário pela fruticultura irrigada; - Possibilidades de exportação dos produtos da agricultura familiar; - Dinamismo econômico da região; - Estrutura e composição do nosso solo (relevo, plano); - Políticas públicas do governo Estadual e Federal; - Perfuração de poços, construção de barragens, cisternas, construção de casas populares, Programa luz para Todos, etc; - Políticas públicas de apoio e incentivo a exportação de produtos da AF – Agricultura familiar.

- Excesso de chuvas na área irrigada e estiagem na área de sequeiro; - Legislação e exigências não diferenciam a AF da agricultura empresarial; - Burocracia institucional na liberação de recursos – PRONAF, por parte dos agentes financeiros; - Programa ATER/ATES – Assistência Técnica e Extensão Rural / Assessoria Técnica Social e Ambiental à Reforma Agrária ineficientes para o numero de famílias rurais existentes no território (relação do nº de técnicos X nº famílias); - Barragens mal dimensionadas.

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Dimensão Político-Institucional-

POTENCIALIDADES PROBLEMAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS

- O Colegiado vem facilitando a socialização das informações; - Boa relação entre o poder público e a sociedade civil dentro do colegiado; - Liberação de alguns projetos do território (PROINF); - O PRORURAL como proponente dos projetos do PROINF esta sendo positivo; - Os movimentos sociais atuantes no território.

- Dificuldade de avançar nas discussões e liberação de recursos; - Baixa participação das instituições governamentais (municipal e federal) no colegiado; - Inexistência de alguns representantes com poder de decisão; - Membros do colegiado não estão tendo assiduidade nos encontros do colegiado; - Projetos propostos pelo colegiado não estão atendendo a sociedade civil (associações, cooperativas, CMDRS,...) – PROINF/2005 aquisição de veículos e motocicletas para os STR e Sec. Agric. Municipais; - Falta de participação das instituições que são comprometidas com o desenvolvimento do território – Ausência no processo de construção da política territorial.

- PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar, 30% da merenda escolar proveniente da agricultura familiar; - O Fórum / Coordenação; - PAA – CONAB (Programa de Aquisição de Alimentos – Companhia Nacional de Abastecimento).

Burocracia para aprovação dos projetos (MDA) - Morosidade na liberação dos projetos / SICONV – Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse; - Divergências políticas; - Descontinuidade administrativa nas instituições públicas, acarretando a interrupção de projetos e programas; - Superposição de papéis de diversas instituições que não se integram, havendo uma ausência de pacto pelo desenvolvimento.

Page 73: Sertão Do São Francisco - PE

73

:

Capítulo 3

Visão de Futuro

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3 Visão de Futuro

A visão de futuro consiste na identificação dos sonhos individuais e coletivos

dos sujeitos que fazem parte do território. Ela surge de uma análise sobre a

situação atual do território. A partir dessa análise, os participantes do processo de

planejamento poderão se indagar, por exemplo, sobre onde querem chegar com o

território nos próximos vinte anos.

A formulação e validação pela plenária da Visão de Futuro do Sertão do

São Francisco deram-se a partir das reflexões, ocorridas nas oficinas, a cerca da

analise do contexto interno e externo do território, buscando retratar seus valores e

desejos para serem alcançados nos próximos 20 anos.

A Visão de Futuro, ou seja, a percepção que o conjunto de atores sociais

tem de um novo perfil multidimensional de desenvolvimento sustentável que o

território deverá assumir no médio/longo prazo, é expressa enquanto proposição,

enquanto “Propósito que se quer atingir com a atuação no eixo aglutinador e/ou

estratégico”. Portanto a visão de futuro construída pelos atores sociais foi a

seguinte:

“Em 2031 o território da Cidadania do Sertão do São

Francisco consolidado, sendo referência da política

territorial e a população consciente da força que ela possui

e integrada ao mesmo, com desenvolvimento sustentável e

solidário, em que as pessoas têm acesso a saúde, moradia

digna, esporte, cultural, lazer e educação de qualidade, que

respeita as especificidades de cada povo, garantindo a

melhoria das condições de vida, com vistas à obtenção de

uma sociedade justa e igualitária”.

Visão de Futuro Território do Sertão do São Francisco

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75

Capítulo 4

Objetivos Estratégicos

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76

4 Objetivos Estratégicos

O Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável da Mata Norte

de Pernambuco tem como finalidade a de ser um instrumento que contribua para a

ordenação e a adequação das políticas de âmbito nacional, estadual e municipal às

condições específicas do território. O objetivo é buscar uma estratégia que permita

a melhor articulação institucional, como forma de atender à execução e

consolidação de forma integrada dessas políticas.

O PTDRS busca, ainda, alcançar os seguintes Objetivos Estratégicos:

1. Integrar campo, cidade e municípios no Território do São Francisco;

2. Promover ações que efetivem as políticas públicas, tendo em vista a

melhoria da qualidade de vida da população;

3. Articular e mobilizar parcerias, que disponibilizem aos agricultores/as

familiares, comunidades tradicionais nas áreas rurais e urbanas,

tecnologias de convivência com o Semi-árido de forma sustentável para

o desenvolvimento do território;

4. Articular, discutir e propor programas, projetos e propostas

estruturadoras, envolvendo tecnologias sociais para o território;

5. Difundir tecnologias estruturadoras que abrangem a Zona Rural e

Urbana;

6. Estimular a participação de instituições governamentais e não

governamentais, para a construção e implementação coletiva das

políticas públicas integradas;

7. Estimular o fortalecimento das organizações sociais;

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77

Capítulo 5

Missão

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78

5 Missão Na construção da Missão do Colegiado Territorial foi resgatada uma Missão

proposta em uma Oficina temática, realizada no Colegiado Territorial do Sertão do

São Francisco em dezembro de 2009, tendo sido apresentada à plenária para

analise:

Missão anterior:

“Diagnosticar, deliberar, integrar, promovendo a inclusão social e a sustentabilidade

ambiental, econômica e sócio-cultural, educacional e a política institucional nos

municípios do território de forma participativa.”

Sugestões dos atores locais para a redefinição da Missão do Colegiado Territorial a

partir dos seguintes tópicos:

Aglutinar forças no território

Mobilizar/articular

Consolidar a política territorial

Controle social das políticas públicas

Missão Atual

Território do Sertão do São Francisco

Promover e aglutinar forças políticas através da articulação

entre os municípios e instituições que compõe o território com

ações que efetivem as políticas públicas, visando à inclusão

social, ambiental, econômica e sócio-cultural de forma

participativa e sustentável.

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Capítulo 6

Princípios Norteadores

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6 Princípios Norteadores

Os Princípios são elementos que constituem referências para identidade

espiritual da responsabilidade coletiva no trabalho do colegiado e na

implementação do PTDRS, gerando desse modo uma nova ética para a

sustentabilidade territorial.

Os Princípios Norteadores principais foram formulados a partir da Visão

de Futuro construída do território e da Missão, traçada pelos atores sociais locais

para orientar as discussões e deliberações do Colegiado Territorial:

O colegiado Territorial da Mata Norte definiu os seguintes Princípios:

Utilização de metodologias participativas nas tomadas de decisão;

Ações pautadas em princípios éticos;

Ações baseadas no respeito às diferenças dos grupos sociais (etnias,

gênero, cultural e religioso);

Construção coletiva de políticas públicas integradas (municipais,

estadual, federal, ONG´s, sociedade civil);

Imparcialidade política partidária;

Descentralização das tomadas de decisão;

Criação / elaboração de projetos com sustentabilidade, buscando a

conservação e recuperação dos recursos naturais;

Proposição das ações estratégicas pautadas no PTDRS;

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Capítulo 7

Eixos de Desenvolvimento

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7 Eixos de Desenvolvimento

Nesta etapa do processo procurou-se deixar cada vez mais claro para os

atores o que vem a ser EIXO, PROGRAMAS E PROJETOS, uma vez que havia

uma resistência por parte do grupo de rever os eixos, programas e projetos do

documento do PTDRS atual, por considerarem já validados.

Como estratégia se reforçou os conceitos e definiu-se que as propostas

de formulação de eixos, programas e projetos seriam trabalhadas a partir da analise

realizada do contexto interno e externo do território por dimensão, com vistas a

atingir a Visão de Futuro do Fórum Territorial.

Metodologicamente trabalhou-se a partir do fluxo abaixo.

Figura 1: Fluxo do Eixo de Desenvolvimento Territorial

Em relação ao fluxo apresentado acima, deve-se atentar para as

observações importantes:

Se um eixo aparece apenas com um programa, precisa ser revisto, ou falta

definir outros programas ou ele é um programa;

Se um programa só aparece associado a um projeto, possivelmente se trata

de um projeto;

O mesmo raciocínio serve para o projeto com relação às atividades.

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83

Figura 2 – Diagrama dos eixos de desemvolvimento

O Projeto é a concretização das propostas, é um esforço temporário para

criar um serviço/produto ou resultado exclusivo. Para tal necessitam de objetivos

claros e parâmetros de medição (o que não se pode medir, não se pode melhorar).

É o que se materializa em um espaço concreto.

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O conjunto dos eixos representa para os atores sociais participantes do

processo de revisão e qualificação do Plano Territorial de desenvolvimento Rural

Sustentável - PTDRS como soluções de maior e melhor repercussão na qualidade

de vida da população. A escolha desse conjunto também reflete o envolvimento e

comprometimento dos atores sociais com as temáticas relacionadas aos eixos

aglutinadores / estratégicos.

No documento anterior do PTDRS do território foram definidos 06 eixos

que eram: Agroindústria Familiar; Crédito; Pesquisa e Tecnologia Apropriadas;

Reforma Agrária; ATER e Capacitação; Comercialização.

A partir das reflexões, ocorridas nas oficinas, sobre as potencialidades e

dificuldades do território, os atores sociais selecionaram eixos estruturadores

considerados estratégicos para o desenvolvimento sustentável do território do

Sertão do São Francisco. O conjunto dos eixos possui amplitude suficiente para

integrar as dimensões do desenvolvimento sustentável, harmonizando-se com as

condições próprias do território.

Os atores sociais locais integraram os 06 Eixos definidos no documento

anterior (elaborado em 2006) em apenas 05 Eixos, contemplando as propostas

existentes e acrescentando outras, tanto no âmbito dos Programas quanto dos

Projetos, com intervenções em todas as dimensões da sustentabilidade. Abaixo

seguem discriminados os Eixos definidos pelo colegiado Territorial como

estratégicos para o desenvolvimento sustentável do Território do Sertão do São

Francisco:

Desenvolvimento e fortalecimento da dinamização econômica

territorial;

Desenvolvimento e fortalecimento dos espaços políticos e das relações

político-institucionais no território;

Ações estratégicas para o fortalecimento ambiental e ecológico do

Território;

Melhoramento e ampliação dos serviços sociais básicos;

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Reforma Agrária e Regularização Fundiária;

Figura 3 – Inter-relações dos eixos propostos com as dimensões de

sustentabilidades.

DIMENSÕES EIXOS

Sócio-Cultural e

Educacional

Ambiental

Econômica

Político-Institucional

Desenvolvimento e fortalecimento da dinamização econômica territorial

Desenvolvimento e fortalecimento dos espaços políticos e das relações político-

institucionais no território

Ações estratégicas para o fortalecimento ambiental e ecológico do Território

Melhoramento e ampliação dos serviços sociais básicos

Reforma Agrária e Regularização Fundiária

Page 86: Sertão Do São Francisco - PE

86

Capítulo 8

Programas e Projetos

Estratégicos

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87

8 Programas e Projetos Estratégicos

Durante todo o processo de revisão e qualificação do PTDRS, a análise

e avaliação do documento anterior foram base para a definição e qualificação dos

Programas e Projetos no Território do Sertão do São Francisco. Desde a primeira

oficina o Colegiado construiu propostas que foram sistematizadas e selecionadas

durante a realização das oficinas.

A construção dos eixos estratégicos foi precedida pela análise da

situação atual do território. Toda essa dinâmica resultou na identificação do que

viria a ser os eixos aglutinadores / estratégicos para o desenvolvimento territorial.

As ações estratégicas definidas representam caminhos para a

construção do futuro desejado expresso nos propósitos com a atuação em cada

eixo a partir da convergência dos atores locais sobre as prioridades e orientações

por onde deve passar o desenvolvimento do território

Os eixos estratégicos / aglutinadores propostos para o desenvolvimento

territorial sustentável do território do Sertão do São Francisco seguem abaixo, com

as referências dos parceiros animadores dos respectivos eixos, os propósitos da

atuação e as ações estratégicas:

1. Desenvolvimento e fortalecimento da dinamização econômica

territorial;

2. Desenvolvimento e fortalecimento dos espaços políticos e das relações

político-institucionais no território;

3. Ações estratégicas para o fortalecimento ambiental e ecológico do

Território;

4. Melhoramento e ampliação dos serviços sociais básicos;

5. Reforma Agrária e Regularização Fundiária.

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1) Eixo: Desenvolvimento e fortalecimento da dinamização econômica territorial

Programas Projetos

Desenvolvimento e fortalecimento dos APL’S do território

Melhoramento produtivo, reprodutivo e genético da

caprinovinocultura e bovinocultura de corte e leite do território

Fortalecimento da cadeia produtiva da fruticultura irrigada e

sequeiro

Fortalecimento da cadeia Produtiva da Caprinovinocultura

Fortalecimento da cadeia Produtiva da rizicultura

Fortalecimento da cadeia Produtiva da bovinocultura

Fortalecimento da cadeia Produtiva da piscicultura

Fortalecimento da cadeia Produtiva da pesca artesanal

Fortalecimento da cadeia Produtiva da apicultura e

meliponicultura, fomentando a atividade como geração de renda,

agente polinizador e preservação do meio ambiente

Fortalecimento da cadeia Produtiva da avicultura

Fortalecimento da Cadeia Produtiva da Mandioca

Difusão de tecnologias sociais p/ fortalecimento sustentável da

agricultura familiar

Executar estudos de viabilidade de projetos de irrigação

Executar estudos de viabilidade da exploração agropecuária nas

áreas de sequeiro (pasto nativo)

Fortalecimento da agroindústria familiar

Adequação das estruturas existentes e implantação de

abatedouros, atendendo a legislação vigente

Implantação e adequações de unidades de beneficiamento de

frutas, atendendo a legislação vigente (doces, polpas, compotas,

passas, sucos)

Fortalecimento das unidades de processamento do leite e

derivados (laticínio), atendendo a legislação vigente

Adequação e implantação de unidades de beneficiamento da

Page 89: Sertão Do São Francisco - PE

89

mandioca, atendendo a legislação vigente

Apoio a implantação, junto aos municípios do território, da Lei de

SUASA (Inspeção da agroindústria familiar)

Adequação e implantação de Casas de Mel e comercialização de

mel (comércio justo)

Implantação de entreposto de mel no território

Desenvolvimento da certificação dos produtos orgânicos e

agroecológicos com foco no comércio justo e solidário

Implementação e fortalecimento de espaços de comercialização da agricultura familiar agroecológica

Implantação da BSC – Base de Serviços de Comercialização-

para a construção dos processos de comercialização, marketing e

produtos

Organização da produção para uma rede de comercialização

Incentivo a realização de feiras e exposições das produções

agrícolas e pecuárias do município no território

Apoio na implantação e gestão de feiras agroecológicas no

território

Desenvolvimento e fortalecimento da agroecologia no território

Implantação da tecnologia social PAIS no território

Implantação de áreas piloto de sistemas agroflorestais (SAF)

Desenvolvimento e fortalecimento da meliponicultura

Fortalecimento do turismo sustentável e do resgate da cultura regional do território

Resgate e fortalecimento da cultura regional (São Gonçalo,

Reisado, Samba de Velho, Forró Pé de Serra, Teatro Matuto)

Desenvolver ações e estruturas voltadas para o ecoturismo

Beneficiamento e comercialização do artesanato familiar da

agricultura familiar

Page 90: Sertão Do São Francisco - PE

90

2) Eixo: Desenvolvimento e fortalecimento dos espaços políticos e das relações político-institucionais no território

Programas Projetos

Fortalecimento e estruturação do espaço físico do colegiado território

Capacitação em elaboração e gestão de projetos

Criação de um plano de mídia e comunicação para o território (Site, Jornal, Periódico)

Estruturação e formalização da instância do colegiado (adequação/ atualização do regimento interno

Aquisição de veículos

Aquisição da sede do Colegiado

Fortalecimento e Re-estruturação dos CMDRS do Território

Re-estruturação e fortalecimento dos conselhos Municipais de Desenvolvimento rural e Sustentável - CMDRS

Capacitação de técnicos, lideranças e conselheiro

Estruturação dos espaços: data-show, notebook

Fortalecimento e formação das organizações sociais da agricultura famílias no território

Processo de capacitação e assessoria técnica de gestores, lideranças e associados

Elaboração de diagnóstico rural participativo, com foco no fortalecimento das cadeias produtivas

Apoio a estruturação física e aquisição de equipamentos para as associações e cooperativas

Fortalecimento das relações institucionais: Poder Público e a Sociedade Civil Organizada

Construção de projeto de Lei p/ garantia dos recursos do FPM p/ as secretarias de agricultura do território

Adequação das políticas públicas, para orientação e prevenção, objetivando o fortalecimento da cadeia produtiva e de mercado

Fortalecimento das redes sociais existentes no território

Elaboração de propostas de projetos de pesquisa a partir de demandas locais, com a finalidade de potencializar a agricultura familiar do território do são Francisco

Estrutura de comunicação e divulgação dos resultados trabalhados no Território como: feiras, encontros, dentre outros, para que os produtores possam se integrar

Page 91: Sertão Do São Francisco - PE

91

3) Eixo: Ações estratégicas para o fortalecimento ambiental e ecológico do Território

Programas Projetos

Revitalização do São Francisco e tratamento de água para todos

Implantar sistemas de tratamento do destino final do esgoto (Campo – Cidade)

Campanha de articulação e mobilização da população para questões sanitárias (uso adequado da água, poluição dos afluentes, etc)

Implantação de sistemas de tratamento e distribuição de água (Campo – Cidade)

Revitalização do Rio São Francisco e dos afluentes (mais representativos do território)

Construção de casas com sistema de aproveitamento de água inteligente

Reciclagem do lixo Apoio a formação de cooperativa de catadores e reciclagem de lixo

Implantação de aterros sanitários com usina de reciclagem

Implantação de coleta seletiva e reciclagem do lixo

Saneamento ambiental (lixo)

Educação ambiental Campanha educativa permanente para ações sobre a reciclagem e coleta seletiva (separação do lixo)

Mobilização, sensibilização e conscientização sócio-ambiental (mídia, documentário, escolas, comunidades, etc.)

Arborização das cidades para melhoria da qualidade do ar

Valorização da Caatinga e de combate a desertificação (revitalização)

Seqüestro de carbono

Estabelecer política de incentivo, visando a manutenção da caatinga existente

Ações de sensibilização p/ representação da fauna e flora nativa

Estimular ações para uso de sistemas agroflorestais (feiras agroecológicas, seminários, unidades piloto)

Reflorestamento da Caatinga para diversos fins, com a utilização de espécies nativas

Recuperação de ambientes em processo de desertificação

Implantação de viveiro de mudas de plantas nativas

Campanha educativa permanente para o manejo sustentável da Caatinga

Desenvolvimento de ações voltadas para a convivência com o semi-árido

Formação de multiplicadores para técnicas de convivência com o semi-árido

Captação e armazenagem de águas pluviais e fluviais

Barreiro de salvação, barragem subterrânea e perfuração de poços artesianos

Elaboração de unidades para a implantação do projeto água doce (dessanilização, produção de peixe)

Barragens de médio e grande porte, cisternas

Incentivo a utilização de energias alternativas (solar e eólica)

Page 92: Sertão Do São Francisco - PE

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4) Eixo: Melhoramento e ampliação dos serviços sociais básicos

Programa Projetos

Saúde Familiar Criação de ESF’s (Estratégia Saúde da Família) quilombola, incluindo os saberes populares

Ampliação do numero de ESF’s

Ampliação do numero de leitos e UTI’s no território, que atenda a demanda da população

Criação de Policlínicas em todos os municípios do território

Implantação de serviços de referências de baixa, média e alta complexidade

Criação e fortalecimento de Unidades de Pronto Atendimento de saúde a população (médico, odontológico, dentre outras)

Construção de unidades hospitalares no território (Dormentes, outros)

Ampliação e fortalecimento do Projeto Mãe Coruja

Fortalecimento e qualificação do TFD (Tratamento Fora do Domicilio)

Rede interestadual de saúde, fortalecimento do Pólo do Vale do São Francisco

Constituição e fortalecimento da vigilância sanitária no território

Implantação e fortalecimento do CAPS - (Centro de Assistência e Promoção Social).

Aquisição de ambulâncias e UTI’s Móveis

Educação para saúde Implantação de formação continuada para profissionais de saúde

Implantação e ampliação do PSE (Programa Saúde na Escola)

Desenvolver educação popular em saúde, através dos agentes comunitários de saúde e demais profissionais da área de saúde

Projeto de conscientização da Saúde do Homem

Combate as drogas e assistência social aos dependentes químicos - Anti-drogas

Apoio as políticas de combate a violência e as drogas

Criar centro de reabilitação (com profissionais habilitados) para dependentes químicos

Projeto Reintegração social para dependentes químicos

Desenvolvimento de oficinas ocupacionais e educativas para os dependentes químicos

Acompanhamento a famílias de dependentes químicos

Implantação e fortalecimento dos CAPS AD (Centro de Atendimento Psico-social)

Desenvolvimento da educação do campo

Implantação de escolas de alternância no campo CFR/EFA

Escola modela – Implantação de escolas com metodologia voltada ao homem do campo, incluindo assistência na área de saúde

Construção e desenvolvimento de propostas educativas pedagógicas e contextualizada para o território

Qualificação técnica profissional para o meio rural

Page 93: Sertão Do São Francisco - PE

93

Formação técnica alternativa de trabalho

Criação de cursos técnicos profissionais para os jovens das escolas municipais e estaduais

Divulgar e motivar políticas de cursos profissionalizando o mercado de trabalho

Educação, uma semente do futuro

Inclusão digital para todos os segmentos sociais

Criação do fundo de educação para filhos de agricultores familiares para cursos profissionalizantes

Inclusão no conteúdo programático das escolas nas disciplinas educação ambiental, cooperativismo, associativismo e educação sexual

Formação continuada para os profissionais da educação da rede publica

Ampliação da cota/aluno disponível para a alimentação escolar

Aquisição de Biblioteca itinerante

Melhoria no atendimento do transporte escolar

Acessibilidade nas escolas (especiais)

Construção e ampliação de creches, objetivando adequação social e ocupacional para as crianças e seus familiares

Criação de casas de estudantes com estrutura adequada para acolher jovens que ingressam no ensino superior

Desenvolver ações que assegurem a permanência dos estudantes matriculados na EJA (Educação para Jovens e Adultos).

Tratamento terapêutico natural

Ampliar e fortalecer as ações voltadas para o desenvolvimento de hortas comunitárias, objetivando o consumo e alternativas alimentares

Implantação de viveiro de mudas de plantas nativas, frutíferas e medicinais

Criação de farmácias de manipulação para a fitoterapia, homeopatia a partir de plantas medicinais

Fortalecimento da Segurança Pública

Melhoria e criação da Delegacia da Mulher

Criação do Conselho de Segurança Pública

Construção de presídio territorial

Ampliação e melhoramento do aparelhamento policial no território

Melhoramento do atendimento policial (rondas, etc.) principalmente nos municípios menores e na área rural

Page 94: Sertão Do São Francisco - PE

94

5) Reforma Agrária e Regularização Fundiária Rural e Urbana

Programa Projetos

Programa de Regularização Fundiária Plena

Elaboração e/ou revisão do Plano Diretor

Criação de ZEIS – Zona Especial de Interesse Social

Elaboração dos planos de habitação

Elaboração do Plano Municipal de Regularização fundiária

Fortalecimento da Reforma Agrária do Território

Elaboração do PDA condizente com a realidade local e implementar um sistema de monitoramento e avaliação do plano

Aumentar o corpo técnico dos órgãos de operacionalização de políticas agrárias via contratação, concursos e convênios

Capacitação eficiente dos beneficiários dos créditos de apoio a produção, tendo em vista o aproveitamento do potencial técnico já difundindo na região

Georeferenciamento das terras do território para a reforma agrária e a agricultura familiar

Recuperação da infra-estrutura dos assentamentos

Assistência Técnica adaptada à realidade da Reforma Agrária

Aumento do volume e opções de crédito direcionado a RA - Reforma Agrária

Assistência técnica dirigida às famílias assentadas

Promover a assistência social em assentamentos no intuito de direcionar as políticas publica

Capacitação em associativismo e cooperativismo

Projetos aglutinadores ou nucleadores:

1. Fortalecimento da cadeia produtiva da fruticultura irrigada e sequeiro 2. Fortalecimento da cadeia Produtiva da Caprinovinocultura 3. Fortalecimento da cadeia Produtiva da rizicultura 4. Fortalecimento da cadeia Produtiva da bovinocultura 5. Fortalecimento da cadeia Produtiva da piscicultura 6. Fortalecimento da cadeia Produtiva da pesca artesanal 7. Fortalecimento da cadeia Produtiva da apicultura e meliponicultura,

fomentando a atividade como geração de renda, agente polinizador e preservação do meio ambiente

8. Fortalecimento da cadeia Produtiva da avicultura 9. Fortalecimento da Cadeia Produtiva da Mandioca

10. Adequação das estruturas existentes e implantação de abatedouros, atendendo a legislação vigente

11. Implantação e adequações de unidades de beneficiamento de frutas, atendendo a legislação vigente (doces, polpas, compotas, passas, sucos)

12. Fortalecimento das unidades de processamento do leite e derivados

(laticínio), atendendo a legislação vigente

Page 95: Sertão Do São Francisco - PE

95

13. Adequação e implantação de unidades de beneficiamento da mandioca,

atendendo a legislação vigente

14. Adequação e implantação de Casas de Mel e comercialização de mel (comércio justo)

15. Implantação de entreposto de mel no território 16. Implantação da tecnologia social PAIS no território 17. Implantação de áreas piloto de sistemas agroflorestais (SAF) 18. Criação de ESF’s (Estratégia Saúde da Família) quilombola, incluindo os

saberes populares 19. Ampliação do numero de ESF’s 20. Ampliação do numero de leitos e UTI’s no território, que atenda a demanda

da população 21. Criação de Policlínicas em todos os municípios do território 22. Criação e fortalecimento de Unidades de Pronto Atendimento de saúde a

população (médico, odontológico, dentre outras) 23. Construção de unidades hospitalares no território (Dormentes, outros) 24. Rede interestadual de saúde, fortalecimento do Pólo do Vale do São

Francisco 25. Aquisição de ambulâncias e UTI’s Móveis 26. Criar centro de reabilitação (com profissionais habilitados) para dependentes

químicos 27. Implantação de escolas de alternância no campo CFR/EFA 28. Construção e ampliação de creches, objetivando adequação social e

ocupacional para as crianças e seus familiares 29. Criação de casas de estudantes com estrutura adequada para acolher jovens

que ingressam no ensino superior

Projetos complementares:

1. Melhoramento produtivo, reprodutivo e genético da caprinovinocultura e bovinocultura de corte e leite do território

2. Difusão de tecnologias sociais p/ fortalecimento sustentável da agricultura familiar

3. Executar estudos de viabilidade de projetos de irrigação 4. Executar estudos de viabilidade da exploração agropecuária nas áreas de

sequeiro (pasto nativo)

5. Apoio a implantação junto aos municípios do território da Lei de SUASA

6. Desenvolvimento da certificação dos produtos orgânicos e agroecológicos com foco no comércio justo e solidário

7. Constituição e fortalecimento da vigilância sanitária no território 8. Implantação e fortalecimento do CAPS 9. Ampliação e fortalecimento do Projeto Mãe Coruja 10. Fortalecimento e qualificação do TFD (Tratamento Fora do Domicilio) 11. Implantação de formação continuada para profissionais de saúde 12. Implantação e ampliação do PSE (Programa Saúde na Escola) 13. Desenvolver educação popular em saúde, através dos agentes comunitários

de saúde e demais profissionais da área de saúde 14. Projeto de conscientização da Saúde do Homem 15. Projeto Reintegração social para dependentes químicos

Page 96: Sertão Do São Francisco - PE

96

16. Desenvolvimento de oficinas ocupacionais e educativas para os dependentes químicos

17. Acompanhamento a famílias de dependentes químicos 18. Implantação e fortalecimento dos CAPS AD (Centro de Atendimento Psico-

social) 19. Ampliação da cota/aluno disponível para a alimentação escolar 20. Aquisição de Biblioteca itinerante 21. Melhoria no atendimento do transporte escolar 22. Acessibilidade nas escolas (especiais) 23. Desenvolver ações que assegurem a permanência dos estudantes

matriculados na EJA. 24. Ampliar e fortalecer as ações voltadas para o desenvolvimento de hortas

comunitárias, objetivando o consumo e alternativas alimentares 25. Melhoramento do atendimento policial principalmente nos municípios

menores e na área rural 26. Campanha de articulação e mobilização da população para questões

sanitárias (uso adequado da água, poluição dos afluentes, etc.) 27. Criação de cursos técnicos profissionais para os jovens das escolas

municipais e estaduais 28. Campanha educativa permanente para ações sobre a reciclagem e coleta

seletiva (separação do lixo) 29. Mobilização, sensibilização e conscientização sócio-ambiental (mídia,

documentário, escolas, comunidades, etc.) 30. Estabelecer política de incentivo, visando a manutenção da caatinga

existente 31. Ações de sensibilização p/ representação da fauna e flora nativa 32. Estimular ações para uso de sistemas agroflorestais (feiras agroecológicas,

seminários, unidades piloto) 33. Campanha educativa permanente para o manejo sustentável da Caatinga 34. Formação de multiplicadores para técnicas de convivência com o semi-árido

35. Capacitação em elaboração e gestão de projetos 36. Processo de capacitação e assessoria técnica de gestores, lideranças e

associados 37. Elaboração de diagnóstico rural participativo, com foco no fortalecimento das

cadeias produtivas 38. Construção de projeto de Lei p/ garantia dos recursos do FPM – Fundo de

Participação dos Municípios p/ as secretarias de agricultura do território 39. Adequação das políticas públicas, para orientação e prevenção, objetivando

o fortalecimento da cadeia produtiva e de mercado

40. Elaboração Projetos de pesquisa a partir de demandas locais, com a finalidade de potencializar a A.F do território do São Francisco

41. Implantar estrutura de comunicação e divulgação dos resultados trabalhados no Território

42. Elaboração e/ou revisão do Plano Diretor 43. Elaboração dos planos de habitação 44. Elaboração do Plano Municipal de Regularização fundiária 45. Elaboração do PDA condizente com a realidade local e implementar um

sistema de monitoramento e avaliação do plano 46. Capacitação eficiente dos beneficiários dos créditos de apoio a produção,

tendo em vista o aproveitamento do potencial técnico já difundindo na região

Page 97: Sertão Do São Francisco - PE

97

47. Georreferenciamento das terras do território para a reforma agrária e a agricultura familiar

48. Aumento do volume e opções de crédito direcionado a Reforma Agrária Projetos de sustentabilidade

1. Resgate e fortalecimento da cultura regional (São Gonçalo, Reisado, Samba de Velho, Forró Pé de Serra, Teatro Matuto)

2. Desenvolvimento e fortalecimento da meliponicultura

3. Implantação de viveiro de mudas de plantas nativas, frutíferas e medicinais 4. Criação de farmácias de manipulação para a fitoterapia, homeopatia a partir

de plantas medicinais 5. Revitalização do Rio São Francisco e dos afluentes (mais representativos do

território) 6. Construção de casas com sistema de aproveitamento de água inteligente 7. Implantação de aterros sanitários com usina de reciclagem 8. Implantação de coleta seletiva e reciclagem do lixo 9. Saneamento ambiental (lixo) 10. Arborização das cidades para melhoria da qualidade do ar 11. Seqüestro de carbono 12. Reflorestamento da Caatinga para diversos fins, com a utilização de

espécies nativas 13. Recuperação de ambientes em processo de desertificação 14. Captação e armazenagem de águas pluviais e fluviais 15. Barreiro de salvação, barragem subterrânea e perfuração de poços

artesianos 16. Incentivo a utilização de energias alternativas (solar e eólica)

17. Criação de ZEIS – Zona Especial de Interesse Social Projetos de autonomia e independência:

1. Criação do Conselho de Segurança Pública 2. Apoio a formação de cooperativa de catadores e reciclagem de lixo 3. Criação de um plano de mídia e comunicação para o território (Site, Jornal,

Periódico) 4. Estruturação e formalização da instância do colegiado (adequação/

atualização do regimento interno

5. Re-estruturação e fortalecimento dos conselhos Municipais de Desenvolvimento rural e Sustentável - CMDRS

6. Capacitação de técnicos, lideranças e conselheiros 7. Estruturação dos espaços dos CMDRS: data-show, notebook 8. Fortalecimento das redes sociais existentes no território

Projetos Estruturantes

1. Implantação da BSC para a construção dos processos de comercialização, marketing e produtos

Page 98: Sertão Do São Francisco - PE

98

2. Organização da produção para uma rede de comercialização 3. Incentivo a realização de feiras e exposições das produções agrícolas e

pecuárias do município no território 4. Apoio na implantação e gestão de feiras agroecológicas no território 5. Desenvolver ações e estruturas voltadas para o ecoturismo 6. Beneficiamento e comercialização do artesanato familiar da agricultura

familiar 7. Implantação de serviços de referências de baixa, média e alta complexidade 8. Apoio às políticas de combate à violência e às drogas 9. Escola modela – Implantação de escolas com metodologia voltada ao

homem do campo, incluindo assistência na área de saúde 10. Construção e desenvolvimento de propostas educativas pedagógicas e

contextualizada para o território 11. Qualificação técnica profissional para o meio rural 12. Divulgar e motivar políticas de cursos profissionalizando o mercado de

trabalho 13. Inclusão digital para todos os segmentos sociais 14. Criação do fundo de educação para filhos de agricultores familiares para

cursos profissionalizantes 15. Inclusão no conteúdo programático das escolas nas disciplinas educação

ambiental, cooperativismo, associativismo e educação sexual 16. Formação continuada para os profissionais da educação da rede publica 17. Melhoria e criação da Delegacia da Mulher 18. Construção de presídio territorial 19. Ampliação e melhoramento do aparelhamento policial no território 20. Implantar sistemas de tratamento do destino final do esgoto (Campo –

Cidade) 21. Implantação de sistemas de tratamento e distribuição de água (Campo –

Cidade) 22. Elaboração de unidades para a implantação do projeto água doce

(dessalinização, produção de peixe) 23. Barragens de médio e grande porte, cisternas 24. Aquisição de veículos para o Colegiado Territorial 25. Aquisição da sede do Colegiado 26. Apoio a estruturação física e aquisição de equipamentos para as

associações e cooperativas 27. Aumentar o corpo técnico dos órgãos de operacionalização de políticas

agrárias via contratação, concursos e convênios 28. Recuperação da infra-estrutura dos assentamentos 29. Assistência técnica dirigida às famílias assentadas 30. Promover a assistência social em assentamentos no intuito de direcionar as

políticas públicas 31. Capacitação em associativismo e cooperativismo

Page 99: Sertão Do São Francisco - PE

99

Capítulo 9

Proposta de Gestão do

Plano

Page 100: Sertão Do São Francisco - PE

100

9- Proposta de Gestão do Plano Territorial

A gestão do plano se caracteriza, sobretudo, pela responsabilidade do

colegiado perante a implementação do PTDRS. Para isso, deverá se estruturar de

alguma forma (câmaras temáticas, comitês, núcleos, grupos de trabalho, dentre

outros) e constituir um instrumento de gestão que seja capaz de articular,

acompanhar e monitorar o processo.

O Colegiado atualmente é composto pela representação de 50

entidades, com representantes do Poder Público (Municipal, Estadual e Federal) e

da Sociedade Civil Organizada, podemos destacar uma maior participação das

entidades representantes da Sociedade Civil, principalmente dos STR – Sindicatos

de Trabalhadores Rurais e CMDRS – Conselhos Municipais de Desenvolvimento

Rural Sustentável com atuação no Território.

A estrutura atual é formada pelas seguintes instâncias: Plenária,

Coordenação Geral, Coordenação Executiva, Secretária Executiva, Núcleo Técnico,

Núcleo de Comunicação e Câmaras Temáticas (Meio Ambiente, Desenvolvimento

Econômico, Turismo, ATER/ATES e Crédito). Atualmente, a Coordenação Geral

mantém uma sistemática de realização de reuniões mensais. A Plenária realiza

reuniões bimensais.

Page 101: Sertão Do São Francisco - PE

101

Figura 4 – Estrutura de gestão do Fórum Territorial.

A composição do Plenário do Fórum Territorial de Desenvolvimento Rural

Sustentável do Sertão do São Francisco tem na sua composição as entidades

descritas no quadro a seguir:

Page 102: Sertão Do São Francisco - PE

102

Quadro 7 - Organizações no Fórum Territorial:

Instituições Governamentais

Prefeituras Municipais

Prefeitura Municipal de Afrânio. Prefeitura Municipal de Dormentes Prefeitura Municipal de Petrolina Prefeitura Municipal de Lagoa grande Prefeitura Municipal de Santa Maria da Boa Vista Prefeitura Municipal de Orocó Prefeitura Municipal de Cabrobó

Governo Federal

Banco do Nordeste Banco do Brasil Caixa Econômica Federal IBAMA INCRA CODEVASF EMBRAPA SEBRAE CAIXA ECONÔMICA FEDERAL IFPE - Instituto Federal de Pernambuco UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco SENAI – Petrolina SEST SENAT – Serviço Social do Transporte / Serviço Nacional

de Aprendizagem do Transporte SEBRAE – Petrolina

Governo Estadual

Secretaria de Produção Rural e Reforma Agrária - SARA IPA PRORURAL Condepe-Fidem CPRH – Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos

Hídricos RIDE – Programa Região Integrada de Desenvolvimento

Instituições/ Entidades da Sociedade Civil

Conselhos Municipais de

Desenvolvimento Rural

Sustentável – CMDRS

CMDRS de Afrânio CMDRS de Dormentes CMDRS de Petrolina CMDRS de Alagoa Grande CMDRS de Santa Maria da Boa Vista CMDRS de Orocó CMDRS de Cabrobó

Sindicatos Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Afrânio Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Dormentes Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Petrolina Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria da Boa Vista Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Orocó Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cabrobó

Page 103: Sertão Do São Francisco - PE

103

ONG´s, cooperativas e movimentos

sociais

FETAPE; SINTRAF; COOPERGENCIO – Cooperativa Autogestionária do Projeto Fulgêncio; MST; Asa Branca; RECAT – Rede de Cooperação Técnica aos Agricultores Familiares; Aprisco do vale; Instituto Velho Chico; Cooperativa de Crédito Rural de Economia Solidária de Pernambuco; Ambientalistas do Vale do São Francisco; Associação dos Criadores de Abelha de Petrolina-PE; Movimento Nacional dos Catadores; Movimento dos Jovens Ambientalistas do Vale do São Francisco.

O Plenário do Colegiado Territorial tem as seguintes atribuições

Articular os atores locais para o processo de Desenvolvimento Territorial

Construir agendas, planejar, selecionar projetos e arranjos institucionais;

Estimular a criação de Redes Territoriais; negociar programas, projetos e

ações concretas.

Realizar o Monitoramento e avaliação do processo de desenvolvimento do

território.

A construção da composição da Coordenação Geral Territorial mesclou a

representação geográfica, com a representação dos diversos atores sociais da

sociedade Civil e do Poder Público e com o grau de contribuição e

comprometimento dos atores presentes nas últimas assembléias e oficinas, sendo

definido que a Coordenação Geral do Colegiado Territorial ficará representada por

10 (dez) membros, 05 da Sociedade Civil e 05 do Poder Público, com seus

respectivos suplentes.

QUADRO 8- Composição da Coordenação Territorial

SOCIEDADE CIVIL PODER PÚBLICO

FETAPE (ICN) IPA (EMBRAPA)

STR – Lagoa Grande (STR – Petrolina) PRORURAL (CPRH)

Quilombola - Afrânio (Quilombola - Serrote) Prefeitura - Petrolina (Prefeitura - Afrânio)

Asa Branca (APRISCO) INCRA (CODEVASF)

CMDRS – Dormentes (CMDRS – Cabrobó) Banco do Nordeste (Caixa Econômica)

Page 104: Sertão Do São Francisco - PE

104

As atribuições da Coordenação Geral são:

Representar o Fórum perante as instituições e espaços políticos;

Coordenar o trabalho do Assessor Territorial quando necessário;

Convocar reuniões ordinárias e extraordinárias do Fórum;

Ordenar e controlar as despesas referentes ao Fórum;

Apreciar e submeter ao Fórum os projetos, ações e articulações;

Manter os participantes do Fórum informados sobre os andamentos das

ações, através de relatórios, informes e comunicados por vários meios de

comunicação

Apresentação de propostas/projetos a partir do PTDRS

A Coordenação Executiva formada por 03 (três) membros no PTDRS anterior foi

modificada em sua estrutura e número de membros, ficando da seguinte forma:

Coordenação Executiva (01 membro)

FETAPE

Secretaria Executiva (04 membros)

Asa Branca (Sociedade Civil)

ICN (Sociedade Civil)

Prefeitura de Petrolina (Poder Público)

PRORURAL (Poder Público)

Os membros da Coordenação e Secretaria Executiva são definidos a partir

das entidades da Sociedade Civil e do Poder Público que compõe a Coordenação

Geral do Colegiado Territorial, tem a função de coordenar os trabalhos e organizar

os trâmites legais referentes às propostas/projetos elaborados e validados pelo

Colegiado.

Para dar suporte técnico e apoiar o processo de comunicação e divulgação

das ações da Coordenação do colegiado e do Plenário do Fórum Territorial foram

formadas as instâncias do Núcleo Técnico, Núcleo de Comunicação e Câmaras

Temáticas.

Page 105: Sertão Do São Francisco - PE

105

Figura 5 – Instâncias da Gestão Territorial

Atualmente está definido que a Coordenação Executiva será representada

pela Sociedade Civil, podendo haver a alternância desta representação com o

Poder Público

Partindo do que já existia, com algumas mudanças e aprimorando a

estrutura ficou proposto que o Modelo de Gestão Territorial teria a estrutura

organizacional apresentada acima, porém com os espaços conectados

organicamente.

Page 106: Sertão Do São Francisco - PE

106

Figura 6 – Fluxo da comunicação entre as instâncias de gestão.

O Regimento Interno deverá ser finalizado e aprovado, para tal será

formada uma Comissão Extraordinária. Durante o processo de finalização e

aprovação do Regimento Interno um dos aspectos a ser discutido e definido será a

composição do Colegiado Territorial, uma vez que foi modificada a estrutura e as

representações durante o processo de revisão e qualificação do PTDRS do

território.

Para a composição do núcleo técnico poderão ser convidadas entidades

que não compõem a Plenária do Fórum Territorial através de cadastros de

entidades, cartas de comprometimento e ofícios para participação técnica na

elaboração de propostas/projetos e ações junto a Coordenação Geral e

Coordenação Executiva do Colegiado.

Atualmente na composição da Plenária do Colegiado há o

comprometimento do IPA – Instituto de Pesquisa Agropecuária, SEBRAE, IFET –

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, UNIVASF – Universidade

Federal do Vale do São Francisco, SENAI, PRORURAL, CODEVASF – Companhia

de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, Condepe-Fidem, ICN – Instituto de

Capacitação e Cidadania do Nordeste, ASA BRANCA, EMBRAPA – Empresa

Page 107: Sertão Do São Francisco - PE

107

Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Prefeitura de Petrolina (Usina de Projetos),

Aprisco do Vale e FACAPE – Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de

Petrolina para compor o Núcleo técnico, de acordo com a demanda do Território.

A gestão dos Projetos se dará pela Coordenação Geral, através da

Coordenação e Secretaria Executiva, e pelas Câmaras Temáticas de acordo com o

tema / atividade a partir de indicadores.

Antes dos projetos seguirem para a apresentação e aprovação na

Plenária terão que passar pelo Núcleo Técnico para que sejam avaliados, em

especial o modelo de gestão compartilhada do projeto.

A construção desta proposta de gestão territorial levou em consideração

alguns aspectos, tais como a engrenagem que deverá ocorrer entre as instâncias

municipais, territorial e estadual, que hoje não está ocorrendo.

Figura 7 – Relações institucionais dos espaços políticos

Para que esta proposta de Gestão se efetive precisará ocorrer a:

1) Formalização do Núcleo Técnico e das Câmaras Temáticas –

Definição do Grupo, Papel e Finalidades

2) Definição do papel e finalidades da Coordenação e Secretaria

Executiva, e do Núcleo de Comunicação.

3) Finalização e Atualização do Regimento Interno, de acordo com a

nova estrutura de gestão do colegiado Territorial.

4) Construção da Matriz de Compromisso e Responsabilidades

Page 108: Sertão Do São Francisco - PE

108

Capítulo10

Considerações Finais

Page 109: Sertão Do São Francisco - PE

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do São Francisco - Pernambuco

10 - Considerações Finais

A gestão e o controle social serão os aspectos mais importantes a serem

trabalhados no Território do Sertão do São Francisco, pois o processo de revisão e

qualificação do Plano foi enriquecedor. No inicio tivemos uma maior presença dos

representantes da sociedade civil; e durante o processo a participação do poder

público aumentou, chegando nas 02 (duas) últimas oficinas realizadas com um

equilíbrio no numero de participantes.

Sabe-se que a gestão pode se tornar o maior entrave para o

desenvolvimento sócio-econômico ambiental e cultural de um Território. Para que

se tenha uma gestão social democrática e compartilhada, o fortalecimento das

instituições envolvidas no processo é condição essencial.

O grupo que participou de todo o processo de revisão do PTDRS, que foi

quantitativamente pequeno, considerando a atual composição do Colegiado

Territorial, foi considerado bom e qualitativamente satisfatório (tanto em relação à

competência e conteúdo para definição das propostas trazidas neste documento,

quanto em relação ao nível de comprometimento).

Para que as propostas do PTDRS se efetivem, outros processos de

iniciativa do poder público e da sociedade civil também terão que acontecer, os

quais passam por:

Formação e capacitação;

Ampliação da capacidade e participação do poder público;

Dinamização das políticas públicas (Federal, Estadual e Municipal);

Ações que promovem a redução da pobreza e da desigualdade social;

Preservação, conservação e manejo sustentavelmente dos recursos

naturais;

Educação fundamentada na realidade sócio-econômica, ambiental e cultural

do território (Educação Contextualizada);

Busca da seguridade social (saúde, assistência social e previdência social);

Ampliação, sustentavelmente, da capacidade produtiva (agropecuárias,

industriais, agro-industriais e serviços);

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Fortalecimento do cooperativismo e associativismo da agricultura familiar;

Monitoramento e avaliação contínua e sistemática, por parte do colegiado

territorial, do PTDRS.

Considerando todo contexto interno e externo, este documento deverá

cumprir com seu papel, que é o de se tornar de fato um instrumento para a Gestão

Social do Território.

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Bibliografia Referencial

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Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do São Francisco - Pernambuco

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Bibliografia Referencial

Ministério do Desenvolvimento Agrário. Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Território do Sertão do São Francisco. SDT/MDA, 2006. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Estudos Propositivos do Território do Sertão do São Francisco. SDT/MDA, 2005. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Plano Safra Territorial do Sertão do São Francisco. SDT/MDA, 2007. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Orientações Gerais para a Elaboração e Qualificação dos PTDRS. MDA/SDT-Brasília: Programa Desenvolvimento Sustentável dos Territórios: 2009. Portal ODM. Acompanhamento Municipal dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Perfil Municipal de Afrânio. Relatórios Dinâmicos. Indicadores Municipais, 2009. Portal ODM. Acompanhamento Municipal dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Perfil Municipal de Cabrobó. Relatórios Dinâmicos. Indicadores Municipais, 2009. Portal ODM. Acompanhamento Municipal dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Perfil Municipal de Dormentes. Relatórios Dinâmicos. Indicadores Municipais, 2009. Portal ODM. Acompanhamento Municipal dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Perfil Municipal de Lagoa Grande. Relatórios Dinâmicos. Indicadores Municipais, 2009. Portal ODM. Acompanhamento Municipal dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Perfil Municipal de Orocó. Relatórios Dinâmicos. Indicadores Municipais, 2009. Portal ODM. Acompanhamento Municipal dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Perfil Municipal de Petrolina. Relatórios Dinâmicos. Indicadores Municipais, 2009. Portal ODM. Acompanhamento Municipal dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Perfil Municipal de Santa Maria da Boa Vista. Relatórios Dinâmicos. Indicadores Municipais, 2009. Sistema de Informações Territoriais (http://sit.mda.gov.br). PNUD. Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000. Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco - Condepe/Fidem (BDE - Base de Dados do Estado). BDE – Caderno Estatístico da RD Sertão do São Francisco e Caderno Estatístico Municipal (Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista).

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Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Sertão do São Francisco - Pernambuco

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IBGE – Pesquisa de informações básicas municipais, 2009 / Censo e estimativas (2007 – 2009) / Cidades. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – Matriz de informação social, 2009. Ministério da Cultura – Fundação Cultural Palmares, SICAB (Sistema de Informações das Comunidades Afrobrasileiras). Portal DATASUS – Saúde, Saneamento e Sócio-Econômico. www.saude.pe.gov.br Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP www.ufpe.br/nepe/povosindigenas Sites visitados: www.mda.gov.br www.ibge.gov.br www.condepe/fidem.pe.gov.br www.portaldatransparencia.gov.br www.portalodm.com.br