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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
REGIONAL JATAÍ
COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA
DJÉSSYCKA DE SOUSA MACHADO
DIAGNÓSTICO ESPACIAL DOS CASOS DE DENGUE NO MUNICÍPIO DE
JATAÍ (GO): UMA ANÁLISE DO PERÍODO 2012-2014
JATAÍ (GO)
2016
DJÉSSYCKA DE SOUSA MACHADO
DIAGNÓSTICOESPACIAL DOS CASOS DE DENGUENO MUNICÍPIO DE
JATAÍ (GO): UMA ANÁLISE DO PERÍODO 2012-2014
Monografia apresentada ao Curso de
Geografia, como requisito parcial à obtenção
do título de Licenciada em Geografia, pela
Universidade Federal de Goiás – Regional
Jataí.
Orientadora: Profª. Drª. Maria José Rodrigues
JATAÍ (GO)
2016
DJÉSSYCKA DE SOUSA MACHADO
DIAGNÓSTICO ESPACIAL DOS CASOS DE DENGUE NO MUNICÍPIO DE
JATAÍ(GO):UMA ANÁLISE DO PERÍODO 2012-2014
Monografia de final de curso DEFENDIDA e APROVADA em 24/03/2016 pela banca
examinadora constituída pelos membros:
___________________________________
Profa. Dra.Maria José Rodrigues.
Orientadora
Presidente – REJ/UFG
___________________________________
Profa. Msc Isabel Rodrigues da Rocha
Membro interno
___________________________________
Mestrando Assunção Andrade de Barcelos
Membro externo
JATAÍ (GO)
2016
Dedico este trabalho a minha mãe
Antônia Vieira de Sousa, pelo apoio
oferecido durante toda minha
graduação e a minha irmã Jackelyne
de Sousa Machado que sempre
incentivou que eu continuasse a
persistir em busca dos meus
objetivos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me concedeu essa vitória na minha vida, não apenas nos anos de
graduação, mas que em todos os momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer.
A instituição pela oportunidade de fazer o curso, e a professora Maria Jose Rodrigues
pela dedicação em me orientar para elaboração desse trabalho, sua orientação foi de
fundamental importância e a todos os professores que tive durante os anos de graduação por
me transmitirem conhecimento para poder realizar esse trabalho. Ao professor Alécio que me
ajudou na confecção dos mapas e também pelo conhecimento transmitido, a professora Zilda
e ao professor José Ricardo, todos foram muito acolhedores quando precisei de ajuda.
Ao professor William, só tenho que dizer muito obrigada, pois durante a disciplina
Trabalho Final de Curso, acompanhou a confecção desse trabalho semanalmente, sempre me
orientando da melhor forma possível.
Agradeço aos meus colegas e amigos que sempre me ajudaram no decorrer da
graduação, em especial a Ana Karoline, Sr. Valdivino, a Barbara, a Rosangela, a Priscila e ao
Jean Carlos.
Agradeço a minha mãe Antonia, minha rainha que sempre me apoiou e incentivou para
que eu nunca desistisse, mesmo as horas mais difíceis ela sempre me deu apoio. Obrigada a
minha irmã Jackelyne e aos meus sobrinhos Brian e Betânia, a minha tia Maria da Conceição,
que nos meus momentos ausentes dedicados aos estudos sempre me fizeram entender que o
futuro é feito a partir da grande dedicação no presente.
Aos meus amigos Onaldo Neto, Deila e Waldeci, pois sempre me incentivaram com
apoio e contribuíram grandemente para minha formação.
A todos que diretamente ou indiretamente fizeram parte de minha formação, о mеu
muito obrigada.
Feliz aquele que transfere o que
sabe e aprende o que ensina.
Cora Coralina.
RESUMO
A dengue é uma doença grave, que todos os anos deixa várias pessoas doentes. Em Jataí essa
situação não é diferente, o registro de casos de dengue tem aumentado no município. Nesse
sentido, o objetivo central da pesquisa, consiste em levantar e especializar os dados de
ocorrência de casos de dengue no município de Jataí nos anos de 2012 a 2014, a fim de
verificar quais são os bairros com maiores ocorrências no período analisado. O presente
trabalho foi realizado em etapas, sendo a primeira delas, um levantamento bibliográfico, sobre
a temática geografia da saúde, geoprocessamento e dengue, a seguir, levantou-se os dados
relativos aos casos de dengue entre os anos de 2012 a 2014, junto a Vigilância
Epidemiológica, da Secretaria Municipal de Saúde de Jataí. Com essas informações foi
possível especializá-las por meio do Sistema de Informação Geográfica (SIG) ArcGIS 9.3®,
Licenciado para o Laboratório de Geoinformação da Universidade Federal de Goiás/ Regional
Jataí. Dessa forma, percebeu-se que no período analisado o Setor Central foi o que apresentou
o maior número de casos confirmados, assim pode-se perceber que a maior incidência de
dengue na cidade de Jataí ocorre no Setor Central que necessita de ações de conscientização
da população, e também um trabalho em conjunto da população e dos órgãos públicos
responsáveis, todos em busca de eliminar possíveis focos do mosquito nesse setor.
Palavras-chave: Jataí. Espacialização. Dengue.
ABSTRACT
Dengue is a serious disease that every year leaves several people sick. Jataí in this situation is
no different, the record of dengue cases has increased in the city. In this sense, the central
objective of the research is to get up and specialize the occurrence of dengue cases data in
Jataí the municipality in the years 2012-2014 in order to see which are the neighborhoods with
the highest occurrences in this period. This work was carried out in stages, the first of them, a
literature review on the subject geography of health, geoprocessing and dengue, then got up
data on dengue cases between the years 2012-2014, together Epidemiological Surveillance,
the Municipal Health Jataí. With this information it is possible to specialize them through the
Geographic Information System (GIS) ArcGIS 9.3®, Licensed Geoinformation Laboratory of
the Federal University of Goiás / Regional Jataí. Thus, it is noticed that in the period under
review the Central Sector was presented the highest number of confirmed cases, so it can be
seen that the highest incidence of dengue in the city of Jataí occurs in the Central Sector that
needs awareness shares population, and also a joint effort of the public and responsible public
agencies, all seeking to eliminate possible mosquito outbreaks in this sector.
Key- word: Jataí. Specialization. Dengue.
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Municípios com maior coeficiente de incidência de dengue (número de casos por
100.000 habitantes). Goiás, das 4 últimas semanas (49 a 52) de 2014. ................................... 16
Mapa 2- Localização da área de estudo. .................................................................................. 18
Mapa 3- Área urbana de Jataí (GO), divisão por bairros (2014). ............................................ 20
Mapa 4- Cidade de Jataí: Casos Confirmados de Dengue em 2012. ....................................... 22
Mapa 5- Cidade de Jataí: Casos Confirmados de Dengue em 2013. ....................................... 26
Mapa 6- Cidade de Jatai: Casos Confirmados de Dengue em 2014. ....................................... 28
LISTA DE FIGURAS
Foto 1 – Cidade de Jataí: lixo urbano descartado na Av. Goiás, 2016. ........................................................... 23
Foto 2- Cidade de Jataí: lixo urbano descartado na Av. Goiás, 2016.................................................................... 24
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SIG- Sistema de Informação Geográfica
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10
2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 11
2.1- Estudos de Geografia da saúde .................................................................................. 11
2.2. Estudos sobre dengue no Brasil ................................................................................. 12
2.3 - O espaço, a transmissão e a prevenção da dengue .................................................... 14
2.4. Estudos sobre dengue em Jataí ................................................................................... 15
3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 17
3.1- Caracterização da área de estudo ............................................................................... 17
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 19
4.1 - Casos de dengue no município de Jataí (GO) ............................................................... 19
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 30
6- REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 32
ANEXOS ............................................................................................................................... 35
10
1. INTRODUÇÃO
A dengue é a doença viral, transmitida por mosquitos, mais comum entre os seres
humanos. Nos últimos anos, está entre os principais problemas da saúde pública nas mais
diversas regiões do Brasil e de outros países do mundo. A distribuição geográfica dos vetores
e dos vírus levou o surgimento global da epidemia por esse motivo é cada vez mais necessário
a conscientização social e o desenvolvimento de medidas governamentais que visem auxiliar
no combate a proliferação do mosquito transmissor da dengue.
Conforme Teixeira et al (1999) a dengue é uma doença mais comum em regiões
tropicais, transmitida pela picada das fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes
albopictus. A transmissão do vírus envolve a ingestão de sangue virêmico pelo mosquito e a
passagem para um hospedeiro secundário humano susceptível (MONATH, 1994).
Em estudos realizados por Mendonça et al.(2009), além da própria mutação do vírus,
fatores ambientais e sociais também estão associados à expansão dos vetores de doenças, seja
elas as alterações climáticas e modificações nas paisagens, nos ecossistemas, entre outras.
De acordo com Santos (2012) há referências de casos de dengue no Brasil desde o
século XIX. Em 1865, foi descrito o primeiro caso de dengue na cidade de Recife. Em 1872,
uma epidemia de dengue levou a morte de cerca de 2.000 pessoas em Salvador. No Século
XX, houve relato de casos de dengue em 1916 em São Paulo e em 1923 em Niterói (RJ). As
primeiras epidemias documentadas, clínica e laboratorialmente, ocorreram em 1981 em Boa
Vista (RR) e em 1986/1987, nos municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
A dengue tem uma abordagem bastante complexa, tratando-se de uma doença grave
que tem em sua cadeia de transmissão fatores ecológicos, biológicos, sociais,
comportamentais, econômicos e políticos, muitos desses de difícil compreensão e solução. As
questões estruturais são um fator importante na manutenção dos criadouros em Jataí. As
desigualdades sociais, as precárias condições de vida e saúde, o nível educacional, a forma
como são divulgadas as informações sobre as medidas de prevenção da dengue, a magnitude
do déficit de serviços de saneamento, limpeza urbana e a salubridade das moradias.
Nesse contexto o presente estudo, visa espacializar com auxílio de técnicas de
geoprocessamento os casos de dengue nos bairros da cidade de Jataí, que encerrou o ano de
2015, com a incidência de 5.172 casos, Goiás (2016). A importância da realização desse
trabalho se deve ao crescente número de pessoas na cidade de Jataí com dengue e a
necessidade da própria sociedade jataiense mudar seus hábitos para conseguirem erradicar os
graves problemas de saúde causados pelo mosquito Aedes aegypti.
11
O objetivo do presente trabalho é identificar os bairros de Jataí com as maiores
incidências de casos de dengue durante os anos de 2012 a 2014 e tem como fonte de dados os
boletins epidemiológicos disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde de Jataí.
Desse modo, dentre os objetivos específicos da pesquisa estão, espacializar com
auxílio do software ArcGIS 9.3®, os números de casos de dengue na cidade de Jataí, no
período analisado, demonstrar hábitos da população do município, que contribuem para o
aumento de casos de dengue na cidade.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1- Estudos de Geografia da saúde
Desde o tempo de Hipócrates (480 a.C.) considerado o pai da “medicina”, que os
fatores ambientais como o clima, passaram a ter importância nas observações referentes à
saúde e ao ambiente, sendo os estudos realizados por Hipócrates foram tão relevantes que
propiciaram a sistematização de uma área de estudo da Medicina conhecida como Saúde
Ambiental (Peiter, 2005; Ribeiro, 2004).
A partir da necessidade de entender os processos de transmissão de doenças e o
comportamento de seus vetores fez com que diversas ciências se dedicassem a criar
metodologias capazes de oferecer respostas adequadas às demandas em questão. Nesse
contexto, foram realizados diversos estudos com a temática, normalmente chamados de
Geografia Médica que tinham como característica em comum a distribuição espacial das
doenças em uma área delimitada (LIMA NETO, 2000; PARAGUASSU-CHAVES, 2001;
COSTA, TEIXEIRA, 1999).
Com o aparecimento das políticas imperialistas do século XVII e XVIII a Geografia
foi utilizada como instrumento de conquista, fato esse ocorreu também na Geografia Médica,
pois seu maior progresso se deu com a penetração dos países imperialistas nos trópicos, como
é destacado nos Atlas de Geografia Médica produzidos nessa época, com informações
preventivas a serem tomadas pelos exércitos europeus em caso de ocupação militar dos
territórios insalubres do mundo tropical (JUNQUEIRA, 2009).
É apenas nos séculos XVIII e XIX, que ocorreu a sistematização das informações
sobre a espacialização das doenças, e que posteriormente são encontrados nos estudos de
Topografias Médicas (PESSOA, 1978; OLIVEIRA, 1993).).
A denominação de Geografia Médica é modificada para Geografia da Saúde em 1976,
em Moscou, através de um pedido à Comissão de Geografia Médica da UGI, devido à
12
ampliação dos temas, questões e abordagens que esta foi desenvolvendo ao logo do tempo,
entretanto essa denominação não é utilizada em todos os países, sendo que ainda hoje se
encontra o termo Geografia Médica (ROJAS, 1998; PEITER, 2005; LIMA NETO, 2000).
De acordo com Peiter (2005), a maioria dos estudos de Geografia da Saúde foram e
ainda são mais desenvolvidos nos países de língua inglesa como Reino Unido, Estados
Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, sendo menos divulgados na Bélgica e Alemanha.
Conforme Ramires (2012) é a partir da década de 1940, que a Organização Mundial de
Saúde (OMS), define Saúde como o estado de completo bem-estar físico, mental e social e
não apenas ausência de doenças, influenciando o aparecimento de novas concepções sobre
saúde-doença em diferentes áreas do conhecimento.
De acordo com Gallo (2011) a Geografia da Saúde surgiu assim, como a procura do
homem por metodologias que abrangessem a saúde e as dinâmicas ocorridas no território,
sendo assim a saúde e os problemas de saúde, são construídos socialmente mediante processos
que são de várias origens e que atuam em conjunto: a biologia humana, o ambiente, os modos
de vida e o próprio sistema de serviços de saúde, ou seja, as dinâmicas que acontecem num
determinado espaço.
Dessa forma o conceito espaço na geografia da saúde é de essencial importância,
sendo fundamental compreender sua definição, como é afirmado por Santos (1997, p. 47), o
espaço geográfico é; “algo dinâmico e unitário onde se reúnem materialidade e ação humana,
o espaço seria o conjunto indissociável de sistemas de objetos naturais ou fabricados e de
sistemas de ações, deliberados ou não”.
2.2. Estudos sobre dengue no Brasil
Com a industrialização, evolução tecnológica, mudanças políticas e sociais, que
ocorreram ao longo da história da humanidade as cidades tiveram sua dinâmica espacial
modificada e atualmente em sua grande maioria tem uma maior concentração populacional na
área urbana em relação a rural.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que em 2010,
cerca de 29,83 milhões de habitantes do Brasil viviam na área rural e 160.93 milhões na área
urbana (IBGE,2010). Fato esse que contribui diretamente para o crescimento sem
planejamento e inadequado das áreas urbanas, que resultam em diferentes problemas nesses
ambientes, como falta de saneamento básico, coleta seletiva de lixo, entre outros,
13
demonstrando a necessidade de ações de saúde pública em todo o país de forma a atender com
mais qualidade e que seja ofertada para toda a sociedade.
De acordo com estudos realizados por Ramires (2012) com o novo modo de vida
surgido com a urbanização das cidades resultam na eliminação e/ou atenuação das fronteiras
entre o urbano e rural, generalizando hábitos e formas de consumo das grandes cidades,
difundindo doenças até então típicas dos espaços urbanos no meio rural e vice-versa.
Desse modo, as cidades são locais marcados pela ação humana, formando espaços em
que devido seu crescimento poucas vezes planejado, apresentam uma precária infraestrutura,
educação e saúde pública sem qualidade, fatores esses que juntamente a outros propicia a
disseminação de epidemias nos espaços urbanos, como a Dengue, um dos principais
problemas de saúde pública nas mais diferentes regiões do Brasil.
Ferreira (2006) afirma que a dengue chegou ao Brasil na metade do século XIX, e os
primeiros relatos de dengue aconteceram em 1946, no Rio de Janeiro, São Paulo e SalvadorDe
acordo com Costa e FUNASA, (2001), a primeira epidemia no Brasil com confirmação
laboratorial foi em 1982, em Boa Vista (RR), sendo os vírus DEN-1.
Segundo o Datasus (2016) em 2012, para cada 100 mil habitantes a taxa de incidência
no Brasil foi em média de 301,47 e para Goiás 405,77 casos de dengue. Um número muito
grande para o estado de Goiás se comparado ao Brasil.
As principais formas clínicas da dengue são a Dengue Clássica (DC), a Dengue com
Complicações (DCC) e a Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), podendo evoluir para a forma
mais grave que é a Síndrome do Choque da Dengue (SCD) (DIAS, A. S.C.L; MOTA, L. M.
et, al. 2010).
Com base em dados do Ministério da Saúde (2010), cerca de 550 mil pessoas com
dengue necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em consequência da doença, no mundo.
No Brasil, a dengue é considerada uma doença reemergente uma vez que foi
erradicada, deixando de existir no território nacional por quase 60 anos, retornando com mais
força nos últimos anos, (CATÃO e GUIMARÃES, 2009).
Nos estudos realizados por Ayoade (1991) é destacado que algumas doenças tendem a
ser predominantes em certas zonas climáticas, enquanto que outras, particularmente as
contagiosas tendem a seguir um padrão sazonal em sua tendência.
A Organização Pan-Americana da Saúde- OPAS - (2003, p.1), afirma que as “chuvas
fortes podem desencadear epidemias de doenças como a malária e a dengue”. Fato esse
demonstra que nos períodos úmidos ocorre mais casos de dengue, devido ser nessas épocas
em que as condições ambientais são propícias para o desenvolvimento e proliferação do
14
mosquito vetor (ROCHA et al ,2012, p. 757). No entanto não pode-se afirmar que em Jataí os
casos de dengue são maiores no período chuvoso por não ter sido esse o foco do estudo.
2.3 - O espaço, a transmissão e a prevenção da dengue
Os conceitos geográficos propostos por Santos constituem uma das mais importantes
referências para as análises da relação entre espaço e doença, especialmente as produzidas no
Brasil. Pois para esse autor espaço é
Um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações – um conjunto
de fixos e fluxos juntos interagindo, sendo que os fixos hoje, cada vez mais
artificiais e mais fixados ao solo: os fluxos são cada vez mais diversos, mais amplos,
mais numerosos, mais rápidos (...) Santos, (2004, p 50-51)
Nesse sentido, as ações derivam das necessidades humanas: materiais, espirituais,
econômicas, sociais, culturais, morais, afetivas e não há como separar o que é natural do
artificial de forma que:
(...) o espaço é hoje um sistema de objetos cada vez mais artificiais, povoado de
sistemas de ações igualmente imbuídos de artificialidades. (...) de um lado, os
sistemas de objetos condicionam a forma como se dão as ações e, de outro lado, o
sistema de ações leva à criação de objetos novos ou se realiza sobre objetos
preexistentes, é assim que o espaço encontra sua dinâmica e se transforma (...) a
configuração territorial é uma produção histórica resultante dessas relações, sendo
aquilo que resulta da relação entre a materialidade das coisas e a vida que as animam
e transformam. Santos, (2004, p 50-51)
Desse modo a relação entre doença e produção espacial é uma variável a ser
considerada na análise da dengue, devido ao mosquito transmissor da dengue Aedes Aegypti
ser localizado principalmente na área urbana e pela acentuada predileção pelo sangue
humano-antropolífico (CATÃO, 2012).
Segundo Silva, (2002, p. 1), provavelmente o Aedes aegypti adaptou-se a vida urbana
há milênios atrás:
Dengue pode ser considerada um subproduto da urbanização desordenada e
exagerada, verificada nos países em desenvolvimento. Poucas são as metrópoles do
terceiro mundo livres de dengue, assim como poucas estão livres da criminalidade,
do tráfico de drogas, da corrupção, da poluição, do trânsito e de outras tantas
mazelas de difícil controle.
Dentre alguns dos fatos de a dengue ser diagnosticada principalmente na área urbana,
estão a relacionados ao fato de que nesses ambientes encontra-se uma elevada concentração
populacional, deposição de lixo como pneus, garrafas plásticas entre outros em local
15
inapropriado e que servem para manter água parada, contribuindo assim para reprodução do
mosquito da dengue.
Para Costa (2001, p.6), o desenvolvimento do Aedes aegypti “[...] ocorre, quase
totalmente, na água acumulada em recipientes utilizados pelo homem, como caixa d’água,
pneus usados, calhas entupidas, vasos de plantas ou pratos para vasos também toda parte de
vidraria, latas e potes descartáveis ou outros materiais que possam reter água”.
Dessa forma é fundamental que a própria população busque a começar pelas suas
residências no combate à dengue e para isso ocorrer é necessário que evite qualquer material
que mantenha água parada em local e tempo que possa ser utilizado como fonte de reprodução
do mosquito da dengue.
A atuação do Estado em uma acepção ampla, também pode ser determinante na
prevenção à dengue, desde que desenvolvesse políticas voltadas para cobertura de
infraestrutura, serviços de vigilância entomológico e atenção à saúde, facilitando a
participação comunitária e dificultando a produção da doença (CATÃO, 2012).
Com a aplicação e utilização das ferramentas e técnicas avançadas do
geoprocessamento na identificação e análise das áreas onde se encontra maior número de
ocorrência de casos de dengue facilitam e colaboram nas tomadas de decisões dos setores
responsáveis no combate ao mosquito transmissor da doença (CAIXETA, D. M; SOUZA,
F.G, 2007).
O mosquito transmissor da dengue, é o Aedes Aegypti, que distribui-se
geograficamente entre os paralelos 45º de latitude norte e 35º de latitude sul, perfazendo uma
área caracterizada por altas temperaturas e intensa pluviosidade em determinados períodos,
além da umidade do ar, fatores favoráveis à proliferação do mosquito (COSTA, 2001). Cada
mosquito quando férteis, as fêmeas chegam a depositar entre 150 a 200 ovos. (SILVA, 2007).
Conforme Silva; Mariano; Scopel (2008), o mosquito Aedes aegypti, mede menos de 1
centímetro e possui uma aparência inofensiva, sendo da cor preta com listras brancas no corpo
e nas pernas, sua picada não dói, nem coça e o Aedes aegypti adulto vive em média 45 dias,
costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde.
2.4. Estudos sobre dengue em Jataí
Por sua localização e condições climáticas, o estado de Goiás apresenta significativos
índices de infestação de dengue, especialmente em centros urbanos.
16
Com base na classificação de riscos (Mapa 1) Jataí encontrava-se em dezembro de
2014 entre os municípios de médio risco para epidemia de dengue. Sendo que a classificação
varia de baixo (até 100 casos novos para cada 100.000 habitantes; médio risco: de 100 casos
novos a 299 casos novos para cada 100.000 habitantes; e alto risco acima de 300 casos novos
para cada 100.000 habitantes) Brasil, (2015).
Mapa 1 - Municípios com maior coeficiente de incidência de dengue (número de casos por 100.000
habitantes). Goiás, das 4 últimas semanas (49 a 52) de 2014.
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde de Goiás, 2016.
De acordo com Mariano e Scopel (2001) a região de Jataí possui um índice
pluviométrico médio de 1630 mm, assim as características climáticas da região propiciam o
surgimento do vetor da dengue, o Aedes aegypti.
Conforme Rocha; Mariano; Carvalho (2011), em abril de 2011, foi o mês que registrou
maiores índices de casos de dengue do ano, sendo 81 casos registrados. O mês de agosto foi o
que apresentou menor índice de casos em 2011 (22 casos) e o bairro Estrela Dalva teve maior
número de casos de dengue no mês (4 casos).
Com base em estudos realizados por Feltrin (2013), a cidade de Jataí (GO) no período
de agosto/2012 a julho/2013 teve um total de 2.027 casos de dengue confirmados, sendo que
as mulheres apresentaram um total de 1.708 casos e os homens 1.119 casos, demonstrando um
maior número de casos entre o sexo feminino.
17
É importante fazer o acompanhamento espacial dos casos de dengue no município de
Jataí (GO), por diversos fatores como: informar a comunidade os bairros onde tem mais casos
todos os anos, podendo assim, serem realizadas ações pelos moradores em lotes baldios e em
suas casas verificando se não há nenhum lugar com acúmulo de água parada, cobrar ações dos
órgãos responsáveis a fim de amenizar o problema.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1- Caracterização da área de estudo
Para realização desse estudo foi selecionado a cidade de Jataí (GO), que com base nos
dados do IBGE, encontra-se localizado no sudoeste do estado de Goiás a aproximadamente
320 km da capital Goiânia. Segundo a Prefeitura Municipal de Jataí, esse município se
localiza entre as coordenadas 17º 52’53” de latitude sul e 51º 42’ 52” longitude oeste,
possuindo uma altitude média de 696 m e uma área urbana aproximada de 26km², mapa 2.
18
Mapa 2- Localização da área de estudo.
Fonte: Laboratório de Geoinformação – UFG/Regional Jataí, 2015
Para a realização dessa pesquisa os seguintes procedimentos foram realizados:
levantamento bibliográfico sobre o tema, a fim de aprofundar acerca dos estudos sobre
geografia da saúde e dengue, coleta de dados de casos de dengue dos anos de 2012 a 2014,
cedidos pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Jataí.
Através dos dados foram confeccionados os mapas, usando o ArcGIS, no laboratório
de Geoinformação da Universidade Federal de Goiás/ Regional Jataí. Para que os mapas
ficassem padronizados e com fácil leitura foram utilizadas classes de intervalos iguais e o
método de amplitude, que considera os valores máximo e mínimo para estabelecer os
intervalos de classes.
Como área de estudo trabalhou-se todos os bairros do município de Jataí-GO, com
exceção daqueles que não possuíam informações sobre casos confirmados de dengue para o
período analisado. Nesse caso eles apareceram em branco, nos mapas. Nesse estudo análise se
dará a partir dos dados de casos de dengue confirmados e os casos notificados serão utilizados
apenas para efeito de comparação.
19
Os procedimentos adotados para confirmação de casos de dengue são os seguintes:
Dependendo da situação entomológica e de circulação prévia do vírus da dengue em cada
área, são necessárias condutas de vigilância e controle diferenciadas, como roteiros e condutas
de investigação específicos. A vigilância epidemiológica (VE) tem como objetivo impedir a
introdução do Aedes, detectando focos precocemente, para contê-los em tempo hábil e fazer a
vigilância de casos suspeitos. Tendo como medidas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde
de Goiás.
Notificar os casos, de acordo com o fluxo estabelecido para o estado.
Solicitar a coleta de sangue e encaminhar ao laboratório de referência para
confirmação laboratorial.
Investigar o caso para detectar o local provável de infecção.
Preencher a ficha de investigação de dengue enviá-la ao nível hierárquico
superior e encerrar o caso.
Os dados de casos de dengue ocorridos são gerados através de visitas dos agentes
de saúde que fazem visitas nas casas, da verificação de boletins nos postos de saúde e no
Centro Médico, em seguida esses dados são copilados e repassados à Secretaria Municipal de
Saúde que por sua vez, repassada ao Ministério da Saúde.
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 - Casos de dengue no município de Jataí (GO)
O recorte temporal adotado neste estudo compreende aos anos de 2012 à 2014 por
tratar-se de um período no qual ocorreu uma significativa variação referente ao quantitativo
de casos registrados no município de Jataí (GO). Como forma de estabelecer a espacialização
dos casos registrados, o estudo considerou o recorte dos bairros para a confecção do
mapeamento das taxas de incidência de dengue nesses três anos.
A divisão por bairros utilizada seguiu o padrão estabelecido pela Prefeitura Municipal e
se encontra representado no mapa 2.
20
Mapa 3- Área urbana de Jataí (GO), divisão por bairros (2014).
Quadro 1: Jataí denominação dos bairros(2015).
Bairro Bairro
1 Jardim Paraíso 44 Setor Antena
2 Cohacol 45 José Bento
3 Jardim Goiás I 46 Setor das Mansões
4 Epaminondas 47 Santa Maria II
5 Rio Claro III 48 Central
6 Cylleneo França 49 Nossa Senhora do Bom Conselho
7 Primavera 50 Vila Progresso
8 Jardim Primavera 51 Jardim Maximiano Peres
9 Dorival de Carvalho 52 Santa Terezinha
10 Jardim da Liberdade 53 Condomínio Barcelona
11 Frei Domingos 54 Vila Fátima
12 Campo Neutro 55 Vila Luiza
13 Palmeiras 56 Bairro Popular
14 Colinas 57 Setor Sodré
15 Jacutinga 58 Serra Azul
16 Colméia Park II (Mauro Bento) 59 Aimbiré
17 Santo Antônio 60 Fabriny
18 Hermosa 61 Jardim Floresta
19 Divino Espírito Santo 62 Setor Industrial
21
20 Gedda 63 Vila Sofia III
21 José Estevam 64 Vila Sofia II
22 Dom Benedito 65 Vila Sofia IIIB
23 Vila Olavo 66 Sebastião Herculano
24 Bela Vista I 67 Francisco Antônio
25 Epaminondas II (Vila Mutirão) 68 Estrela D'alva
26 Jardim Goiás II 69 Cordeiro
27 Rio Claro I e II 70 Jardim América
28 Granjeiro 71 Vila Sofia I
29 Planalto 72 Jardim Rio Claro
30 Samuel Graham 73 Cohacol V
31 Filostro Machado 74 Residencial das Abelhas
32 Colméia Park 75 Morada do Sol
33 Sítio de Recreio Alvorada 76 Residencial das Brisas
34 Iracema 77 Flamboyant
35 Dom Abel 78 Portal do Sol I
36 Centro 79 Portal do Sol II
37 Alto das Rosas 80 Recanto da Mata
38 Vila São Pedro 81 Bandeirantes
39 Vila Brasília 82 Universidade Federal de Goiás
40 Santa Maria I 83 Distrito Agroindustrial
41 Santa Lúcia 84 Residencial Sul
42 Bela Vista II 85 Cidade Jardim I
43 Aeroporto
Fonte: Laboratório de Geoinformação – UFG/Regional Jataí, 2015
No ano de 2012 foram notificados 265 casos de dengue no município. Destes, foram
confirmados 41 casos.
22
Mapa 4- Cidade de Jataí: Casos Confirmados de Dengue em 2012.
Fonte: Prefeitura Municipal de Jataí
Organização: Machado (2016).
No ano de 2012 no município de Jataí – GO, os bairros Jardim Paraíso, Cohacol, Dom
Abel, Serra Azul, Setor Industrial 1, Santa Maria 1, Divino Espírito Santo, Conjunto Rio
Claro 111, Setor Hermosa, Samuel Graham entre outros, são os setores que apresentaram
menor taxa de incidência de 0,0 a 0,2 de casos de dengue confirmados. Já nos setores
Jacutinga, Santo Antônio, Santa Terezinha, setor Granjeiro e Vila Progresso apresentaram um
23
número maior de casos confirmados de 1,2 a 2,5, e no mesmo período os bairros Aeroporto,
Vila Fátima e Jardim Rio Claro apresentaram taxas de 2,5 a 3,7 de casos de dengue, e o Setor
Central, foi o que apresentou as maiores taxas que variam entre 3,7 a 5,0 de casos de dengue
confirmados, isso equivale a cerca de 12 % dos casos confirmados em 2012.
O ano de 2012, apresentou um número menor casos confirmados de dengue em relação
aos anos de 2013 e 2014, acredita-se que uma das causas, seja que no ano anterior tenha tido
muito casos de dengue, e assim realizado diversas ações, o que mobilizou a população para ter
mais cuidados para evitar a proliferação do mosquito.
O setor Central, foi onde ocorreu maior número de casos registrados, uma das causas
pode ser pelo fato do mosquito voar baixo, assim ele pica quase todos os trabalhadores da área
central e pelas construções antigas, piscinas sem cuidados, as praças sem os devidos cuidados.
Também há varios lotes baldios, onde a população joga lixo, o que com as chuvas torna-se um
ambiente favorável para os focos do mosquito.
Como é possivel verificar nas foto 1 e 2, , no Setor Central da cidade, nesse caso essa
foto foi tirada na Av. Goiás, é possível verificar a existência de lote baldio usado por
populares para descartarem lixo, acumulando vários possíveis focos de dengue.
Foto 1 – Cidade de Jataí: lixo urbano descartado na Av. Goiás, 2016.
Fonte: MACHADO, D. S. 2016.
24
Foto 2- Cidade de Jataí: lixo urbano descartado na Av. Goiás, 2016
Fonte: MACHADO, D. S. 2016.
Com essas imagens fica claro que, mesmo com tantos casos da doença, muitas ações do
estado, a população não se conscientiza do risco que elas mesmas se submetem, pois esses
lixos, muitas das vezes acumulam água sem que se perceba. Criando assim possíveis focos de
dengue, e colocando muitas pessoas sujeitas a doença.
A falta de manutenção e reparos em calçadas e ruas também pode aumentar os focos de
dengue, conforme evidenciado na foto 3.
Foto 3: Cidade de Jataí: calçada e rua com buracos na área central, 2016.
Fonte: RODRIGUES, 2016.
A foto 4 localiza-se em uma praça no centro da cidade, a Praça Matriz, que por muitas
vezes a população reclama que fica água acumulada nesse local, chamando atenção para a
25
necessidade de os órgãos públicos como a prefeitura municipal fazer uma manutenção
periódica de locais sob sua responsabilidade.
Foto 4 - Setor Central: Praça Matriz, 2016.
Fonte: MACHADO, D. S. 2016.
O mapa 4 evidencia a distribuição espacial dos casos de dengue confirmados em Jataí
no ano de 2013.
26
Mapa 5- Cidade de Jataí: Casos Confirmados de Dengue em 2013.
Já no ano de 2013, os setores Portal do Sol I, Jardim Rio Claro, Granjeiro, Iracema, Vila
Brasília, Filostro Machado, Primavera, entre outros apresentaram taxas de 0,0 a 36,7 de casos
27
confirmados de dengue. Já os bairros Cidade Jardim I, Vila Progresso, Colméia Park, Vila
Sofia I, entre outros apresentaram taxas de 36,7 a 73,5 de casos confirmados de dengue é
notável o quanto aumentou em relação ao ano anterior. E os setores Jardim Paraíso, Dom
Abel, Santa Maria I e Vila Olavo, apresentaram taxas de 73,5 a 110,2 de casos de dengue
confirmados. Sendo que os setores Jacutinga, Central e Vila Fátima apresentaram taxas de
110,2 a 147,0 de casos confirmados, equivalendo a cerca de 19,9 % dos casos confirmados
para o ano de 2013. Comparando ao ano de 2012 que foi de 12%, esses bairros tiveram um
aumento considerável cerca de 7 % a mais, sendo que aumentou dois setores com números de
casos elevados.
Pressupõe-se que, o aumento do número de casos que ocorreu, de 2012 para 2013, tenha
relação ao fato de que 2012 foi um ano com número de casos menores do que os outros anos
analisados, assim tanto a população quanto os órgãos públicos deixaram de desenvolver ações
de maior prevenção da dengue como limpeza em lotes baldios, visitas de agentes de saúde nas
casas, entre outras. No ano de 2013 além do Centro, que foi o bairro com o maior número de
casos em 2012, os bairros Jacutinga e Vila Fatima, também tiveram número de casos
elevados. Os lotes baldios, a falta de cuidado com o meio ambiente, com acúmulo de lixo nas
ruas, passeios e terrenos vagos, está entre os responsáveis pelos números elevados de casos de
dengue nesses setores. A falta de segurança na cidade também influencia no aumento de casos
de dengue, pois com medo os moradores têm impedido a entrada dos agentes de saúde em
suas casas.
O mapa 4 evidencia a distribuição espacial dos casos de dengue confirmados em Jataí
no ano de 2013.
28
Mapa 6- Cidade de Jatai: Casos Confirmados de Dengue em 2014.
No ano de 2014, a pesquisa evidenciou que os setores Jardim Goiás I, Gedda, Francisco
Antônio, Vila Brasília, Residencial Sul, Vila Sofia I, entre outros, apresentaram taxas de 1,0 a
29
56,7 de casos confirmados, e os setores Colméia Park II, Colméia Park, Dom Abel, Jacutinga,
Vila Progresso, Vila Olavo, Jacutinga, Vila Fatima, tiveram 56,7 a 112,5 de casos de dengue
confirmados, já o setor José Bento, teve 112,5 a 168,2 de casos de dengue confirmados e o
Setor Central mais uma vez foi o bairro onde teve o maior número de casos de dengue
confirmados, com 168,2 a 224,0 casos de dengue. Assim, apenas no Setor Central apresentou
9,15% dos casos de dengue do ano de 2013 confirmados, gráfico 1.
Gráfico 1-Total de casos de Dengue confirmados em Jataí (GO)
Organização: MACHADO, D, S (2016).
A análise compreendeu o período de 2012 a 2014, comparando os resultados dos três
anos, o ano de 2012 foi o que apresentou o menor número de casos, já no ano de 2013 o
aumento foi de 4873,17%, e no ano de 2014 o aumento na ocorrência de casos confirmados
foi de 5869,29%, em relação a 2012.
Nos três anos de análise o setor central aparece como o setor onde ocorreu a maior
incidência de dengue, um problema muito sério a considerar que a dengue é uma doença
grave, se não tratada a tempo. Com a chuva o problema é agravado, já que no verão que o
mosquito se reproduz mais rápido, pois com o aumento da temperatura o ciclo se torna mais
acelerado e ele se reproduz com maior velocidade.
41
2039
2447
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
2012 2013 2014
Anos
Total de casos
30
Foto 5- Cidade de Jataí: lixo em calçada de rua da periferia urbana, 2016.
Fonte: MACHADO, D. S. 2016.
A foto 5 está localizada no bairro Santa Lucia em Jataí, na área urbana de Jataí, verifica-
se que igualmente nas áreas centrais, nas periferias também há muitas áreas com locais de
lixos exposto, que foram abandonados pela população.
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo que teve como objetivo espacializar os casos de dengue na cidade de Jataí
no período 2012 a 2014 faz uma abordagem espacial enfocada no espaço social onde se ocorre
as relações humanas e são realizadas as funções de produzir, circular e consumir e estão as
formas (objetos geográficos). O espaço socialmente organizado guarda as marcas impressas
pela organização social, inclusive aquelas herdadas do passado, adquirindo características
locais próprias que expressam a diferenciação de acesso aos resultados da produção coletiva.
(SANTOS, 2004)
A grande concentração de pessoas nas áreas urbanas tem causado sérias alterações no
meio ambiente. O lixo é um dos principais problemas nos centros urbanos e, responsável por
desencadear uma série de problemas, dentre eles, provocando a disseminação de doenças
entre os moradores, inclusive a dengue.
Com a espacialização dos dados sobre dengue em Jataí se tornou mais clara a
distribuição desses casos, sendo que o Setor Central foi o que, no período analisado,
apresentou o maior número de casos confirmados de dengue se comparado a todos os bairros
da cidade. A hipótese é a de que por ser um setor com construções antigas, imóveis fechados,
31
empoçamento de água nas calçadas e ruas devido às péssimas condições de conservação e
pela proximidade com o córrego Jataí possam ter contribuído para as maiores incidências de
dengue nesse setor.
Assim, fica claro a importância de intensificar ações nesse setor, e a melhor forma para
que isso ocorra é diminuir as condições propícias à reprodução e proliferação do vetor que
causa a dengue. E mesmo nos outros bairros que o estudo evidenciou menor incidência de
dengue, o número de casos confirmados não foram poucos, o comportamento das pessoas vem
de uma questão cultural, tornando mais difícil de mudar, e também a deficiência nos serviços
públicos, todos esses fatores contribuem para o aumento de casos todos os anos.
Nesse sentido, podemos observar que a cidade de Jataí precisa realizar ações em todas
as épocas do ano, além de intensificar para a população a importância de cuidado com o
ambiente de suas residências, quintais e terrenos baldios.
32
6- REFERÊNCIAS
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p. 147-73.
35
ANEXOS
36
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - 2012
Portaria CVE nº 4, 22/12/2011
Dispõe sobre a adoção, em todo âmbito do Sistema de Saúde do Estado de São Paulo, de
critério uniforme de identificação das semanas epidemiológicas do ano para efeito de registro,
tabulação e apresentação de dados estatísticos quer técnicos, quer administrativos.
O Diretor do Centro de Vigilância Epidemiológica, de acordo com a Resolução SS-270, de
07/12/90, resolve:
Artigo 1º — A semana epidemiológica se inicia no domingo e termina no sábado seguinte.
Artigo 2º — As semanas do ano de 2012 serão numeradas seguidamente de 01 a 52, de
conformidade com a tabela abaixo.
Artigo 3º — A semana de número 01 se iniciará no dia 1 de janeiro de 2012 e a semana 52
terminará em 29/12/2012.
Artigo 4º — Todas as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão adotar, no ano de
2012, identificação de semanas constantes na tabela abaixo:
2012
37
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - 2013
Portaria CVE nº 4, 20/12/2013
Dispõe sobre a adoção, em todo âmbito do Sistema de Saúde do Estado de São Paulo, de
critério uniforme de identificação das semanas epidemiológicas do ano para efeito de registro,
tabulação e apresentação de dados estatísticos quer técnicos, quer administrativos.
O Diretor do Centro de Vigilância Epidemiológica, de acordo com a Resolução SS-270, de
07/12/90, resolve:
Artigo 1º — A semana epidemiológica se inicia no domingo e termina no sábado seguinte.
Artigo 2º — As semanas do ano de 2013 serão numeradas seguidamente de 01 a 52, de
conformidade com a tabela abaixo.
Artigo 3º — A semana de número 01 se iniciará no dia 30 de dezembro de 2012 e a semana
52 terminará em 28/12/2013.
Artigo 4º — Todas as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão adotar, no ano de
2013, identificação de semanas constantes na tabela abaixo:
2013
38
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - 2014
Portaria CVE 02, de 26-12-2014
Dispõe sobre a adoção, em todo âmbito do Sistema de Saúde do Estado de São Paulo, de
critério uniforme de identificação das semanas
epidemiológicas do ano para efeito de registro, tabulação e apresentação de dados estatísticos
quer técnicos, quer administrativos.
O Diretor do Centro de Vigilância Epidemiológica, de acordo com a Resolução SS-270, de
07/12/90, resolve:
Artigo 1º - A semana epidemiológica se inicia no domingo e termina no sábado seguinte.
Artigo 2º - As semanas do ano de 2014 serão numeradas seguidamente de 01 a 53, de
conformidade com a tabela abaixo.
Artigo 3º - A semana de número 01 se iniciará no dia 29-12-2013 e a semana 53 terminará em
28-12-2014.
Artigo 4º - Todas as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão adotar, no ano de
2014, identificação de semanas constantes na
tabela abaixo:
2014