setor de moveis na atualidade

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O SETOR DE MÓVEIS NA ATUALIDADE: UMA ANÁLISE PRELIMINAR Sergio Eduardo Silveira da Rosa Abidack Raposo Correa Mario Luiz Freitas Lemos Deise Vilela Barroso* * Respectivamente, gerente, técnico administrativo, economista e estagiária de economia do Departamento de Bens de Consumo da Área Industrial do BNDES. MÓVEIS

Author: allana-katiussya

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  • O SETOR DE MVEIS NAATUALIDADE: UMA ANLISEPRELIMINARSergio Eduardo Silveira da RosaAbidack Raposo CorreaMario Luiz Freitas LemosDeise Vilela Barroso*

    * Respectivamente, gerente, tcnico administrativo, economista eestagiria de economia do Departamento de Bens de Consumo da reaIndustrial do BNDES. M

    VEIS

  • O artigo apresenta uma viso geral da indstriabrasileira de mobilirio, com destaque para os mveis demadeira, em virtude de seu peso relativo. Alm de abor-dar as caractersticas gerais do setor, o trabalho discute,com maior nfase, as questes relacionadas ao supri-mento de matria-prima, os padres de localizao dasempresas do setor e o papel da tecnologia e especial-mente do design para a competio intra-industrial. Damesma forma, discutem-se o grande crescimento dasexportaes brasileiras de mveis nos ltimos anos ealgumas tendncias mais recentes, como a importnciacrescente para a governana do setor.

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar

    Resumo

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  • A evoluo recente da indstria brasileira de mobiliriotem-se caracterizado por duas tendncias bastante divergentes entresi: enquanto a demanda interna per capita manteve-se estagnada oudeclinou de 1990 a 2005, as exportaes aumentaram em cerca de2.400% no mesmo perodo. Em paralelo, a continuidade dessecrescimento, bem como a eventual recuperao do mercado inter-no, sofrem a ameaa da possvel escassez de madeira, principalmatria-prima utilizada na fabricao de mveis. Alm disso, deacordo com diversos analistas, a indstria se ressente de problemasestruturais que podem representar obstculos ao seu desenvolvi-mento, como os relacionados ao design e comercializao.

    O presente trabalho, alm de traar um panorama sucintodo setor de mveis, aborda questes especficas relacionadas aosaspectos mencionados:

    O expressivo aumento das exportaes, suas origens e as dificul-dades recentes para sua continuidade;

    As perspectivas do fornecimento das diversas modalidades demadeira (macia, aglomerada, MDF etc.);

    O papel do varejo na governana da cadeia produtiva do mobi-lirio (esse papel muito importante, e crescente, em diversospases desenvolvidos); e

    Algumas peculiaridades do setor, como a baixa densidade tec-nolgica (e suas conseqncias para a estrutura produtiva) e aimportncia do design para a competitividade.

    O IBGE classifica a indstria de mveis com base nasmatrias-primas predominantes. As categorias bsicas so: mveisde madeira (incluindo vime e junco), que constituem o principalsegmento, com 91% dos estabelecimentos, 83% do pessoal ocupa-do e 72% do valor da produo; e os mveis de metal, com 4% dosestabelecimentos, 9% do pessoal ocupado e 12% do valor da produ-o. O restante diz respeito aos mveis confeccionados em plstico eartefatos do mobilirio, que renem colchoaria e persianas.

    A indstria de mveis tambm pode ser segmentada porcategoria de uso: residencial, escritrio e institucionais (utilizadosem hospitais, escolas, lazer, restaurantes, hotis e similares). A

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    Introduo

    Classificao

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  • Tabela 1, apresentada adiante, sintetiza as principais caractersticasdo segmento de mveis de madeira para residncia. Os mveis demadeira, que detm expressiva parcela do valor total da produodo setor, so ainda segmentados em dois tipos: retilneos, que solisos, com desenho simples de linhas retas, cuja matria-primaprincipal constituda de aglomerados e painis de compensados;e torneados, que renem detalhes mais sofisticados de acabamen-to, com formas retas e curvilneas misturadas, e cuja principalmatria-prima a madeira macia de lei ou de reflorestamento ,podendo tambm incluir painis de MDF.

    A indstria de mobilirio faz parte dos chamados setorestradicionais da economia, que tm uma srie de aspectos em comum:

    Reduzido dinamismo tecnolgico;

    Intensidade de mo-de-obra relativamente elevada; e

    Utilizao relativamente alta de materiais de origem animal ouvegetal.

    No caso do setor de mveis, essas caractersticas apre-sentam-se de forma particularmente acentuada. Alm disso, o setorse distingue pela ausncia, em grande medida, de alguns traos co-mumente associados s empresas industriais modernas, como a pre-sena de barreiras entrada decorrentes de economias de escala.

    Em resumo, a indstria de mveis pode ser consideradauma das mais conservadoras da atual estrutura produtiva. Isso especialmente verdadeiro no segmento de mveis de madeira, umavez que se trata de material pouco propcio utilizao de processoscontnuos de fabricao, o que por sua vez dificulta consideravel-mente a automao e a possibilidade de ganhos de escala. Umadas solues encontradas pelo setor conforme descrito no itemseguinte deste artigo consiste na transferncia de determinadasoperaes para o varejo (montagem) e para a preparao da mat-ria-prima (acabamento de painis).

    As observaes feitas acima no significam que no hajaprogresso tcnico na indstria de mobilirio, e sim que a incorpora-o de tecnologia pela indstria, alm de ser inferior verificada noconjunto da economia, no decisiva para a competio entre asempresas do setor. Cabe acrescentar que as principais inovaestcnicas das ltimas dcadas originaram-se dos fornecedores dematria-prima (os vrios tipos de painis de madeira) e bens de capital.

    Ao contrrio do que ocorre com a tecnologia, o designdesempenha papel considervel para a competio entre os fabri-cantes de mobilirio, em especial no que diz respeito faixa superior

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar

    Caracterizaoda Indstria

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  • do mercado. importante ressaltar que a finalidade do design nose restringe aos aspectos estticos, mas tambm e principalmen-te funcionalidade dos produtos. Deve-se observar, no entanto,que o prprio design tradicionalmente liderado por empresasitalianas no implica barreiras entrada muito expressivas, emvirtude da relativa facilidade de imitao.

    Uma das principais conseqncias das caractersticas jmencionadas da indstria de mveis consiste na escala reduzida dasempresas, inclusive as lderes. De fato, mesmo num pas como a Ale-manha, que se distingue pela estrutura industrial concentrada, o fatu-ramento dos maiores fabricantes de mveis no ultrapassa US$ 20bilhes. Ocorre que a comercializao de peas de mobilirio, nospases mais desenvolvidos, realizada, de modo crescente, por redesde lojas especializadas, que freqentemente so empresas de portebem superior ao dos fabricantes. A cadeia produtiva, portanto, tende aser dominada pelo varejo, a exemplo do que se verifica com os super-mercados em relao aos produtores de alimentos perecveis.

    Finalmente, importante ressaltar que o quadro traadoacima menos pronunciado no caso dos mveis metlicos, assimcomo os elaborados a partir de insumos petroqumicos. Isso, entre-tanto, menos relevante do que pode parecer, pois a grande maioria(cerca de 72%) dos mveis continua a ser feita de madeira, e estaproporo, segundo analistas do setor, no dever modificar-sesubstancialmente no futuro previsvel.

    Os comentrios feitos a seguir a propsito do uso demateriais metlicos na indstria de mobilirio sero muito sucintos,por duas razes bsicas:

    A madeira continua sendo a matria-prima tpica para a fabricaode mveis (os mveis so apenas 12% do consumo brasileiro ver item sobre classificao); e

    Os insumos metlicos utilizados pela indstria no apresentamcaractersticas que os diferenciem dos direcionados aos demaissetores.

    Tais insumos podem ser classificados em dois gruposprincipais. O primeiro formado por elementos estruturais, queconstituem os mveis metlicos propriamente ditos. De acordo como Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi) e a Associaodas Indstrias de Mveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs),os mveis de metal so compostos essencialmente por tubos (62%em peso) e por chapas (38%).

    O outro tipo de insumo metlico so as chamadas fer-ragens (como puxadores), utilizadas tambm em mveis de madeira

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    Matrias-Primas

    Metal

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  • e de outros materiais. As ferragens de melhor qualidade so produ-zidas em lato, liga de cobre e zinco que oferece inmeras vanta-gens em relao a outros materiais, como zamak (ligas de zinco comalumnio, magnsio e cobre), alumnio, ao carbono e ao inoxidvel.

    A forma e a disposio das ferragens constituem impor-tante ferramenta para o design de mveis em geral.

    A Associao Brasileira da Indstria de Madeira Proces-sada Mecanicamente (Abimci) revela que a produo brasileira demadeira para uso industrial (madeira serrada, chapas e celulose) de 180 milhes de m3/ano, dos quais 130 milhes de m3/ano paraflorestas plantadas e 50 milhes de m3/ano para florestas nativas.Segundo a Abimci, a produo de madeira serrada no Brasil em2004 foi de 23,5 milhes de m3. O Grfico 1 mostra a evoluo daproduo de madeira serrada de 2000 a 2004. Conforme apontaNahuz (2004), cerca de 15% da madeira serrada no Brasil destina-se indstria de mveis, perfazendo 3,5 milhes de m3/ano.

    Madeira Nativa (Madeira de Lei)

    A primeira matria-prima empregada na fabricao demveis foi a madeira nativa, ou madeira de lei. Suas caractersticasprincipais so a aparncia das diferentes fibras e coloraes, a altaresistncia fsica e mecnica, a durabilidade e a usinabilidade (podeser emoldurada, torneada ou entalhada). Como exemplo, podemoscitar o jacarand, o mogno, a imbuia, a cerejeira, o freij e o marfim.

    Com o avano da tecnologia e dos materiais, as madeirasmacias passaram a ser mais utilizadas na forma de lminas aplica-

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar

    Madeira

    70

    Grfico 1

    Produo de Madeira Serrada no Brasil 2000-2004

    Fonte: Banco de dados do STCP.

  • das sobre painis (aglomerados, compensados, MDF etc.), o queotimiza a utilizao dessa matria-prima, atualmente mais escassa,uma vez que o maior volume fica por conta dos painis basicamenteproduzidos com madeira de reflorestamento, como eucalipto epnus. Na forma de tbua, mais utilizada em molduras, entalhes etorneados, em que no se podem utilizar os painis laminados.

    Outro motivo para a intensificao do uso de madeira dereflorestamento (eucalipto e pnus) so as crescentes restries decarter ambiental no comrcio internacional. Provavelmente, a utili-zao da madeira macia na produo de mveis dever se con-centrar na madeira de reflorestamento, ou seja, a antiga vantagemcomparativa representada pelas florestas naturais torna-se cada vezmenos eficaz em um mundo preocupado com questes ambientais.Nesse sentido, o Brasil desfruta de uma fonte importante de compe-titividade representada pelo baixo custo de sua madeira de reflores-tamento, que, todavia, ainda no utilizada em seu potencial pleno,uma vez que, atualmente, a maior parte das florestas plantadas manejada visando exclusivamente produo de fibra de celulose.

    Eucalipto

    O eucalipto um gnero florestal originrio da Austrlia.Existem 730 espcies j conhecidas de eucalipto, sendo que osplantios em larga escala, no mundo, esto concentrados em poucasespcies. Em termos de incremento anual e das propriedadesdesejveis da madeira, apenas 12 tm sido utilizadas, com maisintensidade, para atender o setor industrial: Eucalyptus grandis, E.saligna, E. urophylla, E. camaldulensis, E. tereticornis, E. globulus,E. viminalis, E. deglupta, E. citriodora, E. exserta, E. paniculata e E.robusta.

    No Brasil, estima-se que existam cerca de 1 milho dehectares de plantio de eucalipto destinados produo de painis,papel e celulose e 1,2 milho de hectares para a produo de lenhae carvo [Portal Remade (2006)].

    O uso do eucalipto abrange desde a produo de mveis,acabamentos para a construo civil, pisos, postes, mastros parabarcos at a obteno do leo essencial usado em produtos delimpeza, alimentcios, perfumes e remdios.

    O eucalipto atualmente utilizado no mbito dos projetosde preservao da natureza. Por ser uma rvore de rpido cresci-mento e de fcil adaptao, o eucalipto plantado passou a ser umaalternativa racional contra a devastao das florestas nativas. Nafabricao de mveis macios, o eucalipto tem restries por causada grande dificuldade na secagem. Suas fibras so consideradasrebeldes e apresentam muitas rachaduras e/ou encolhimentoaps a secagem.

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  • Pnus

    O pnus um gnero botnico cuja madeira possui fibralonga, com comprimento acima de 2,5 mm. As espcies maisconhecidas no Brasil so: taeda, eliottis e caribea. O pnus vemsendo plantado h mais de um sculo no Brasil, onde foi introduzidopara fins ornamentais. O principal uso desse gnero como fontede matria-prima para indstrias de madeira serrada e laminada,painis, mveis, papel e celulose. As empresas moveleiras queadquirem madeira serrada de pnus enfrentam problemas ligados alta incidncia de ns, secagem e ao desdobro inadequado. Emconseqncia disso, algumas empresas possuem plantios prpriosde pnus, para garantir a qualidade da matria-prima, e ainda proces-sam a secagem, o que implica alto nvel de verticalizao.

    So denominados painis de madeira reconstituda ospainis que utilizam madeira sob a forma de cavacos como matria-prima mais relevante. Podem ser classificados em dois grupos:

    (1) Os compostos laminados, que se caracterizam pelaestrutura contnua de linha de cola atravs do proces-so de colagem, para fabricao de produtos como:compensado multilaminado, compensado sarrafeado(blockboard), compensado de lminas paralelas (lam-myboard), compensado de madeira macia (three-ply)e painel de lminas paralelas (laminated veneer lumberLVL); e

    (2) Os compostos particulados, que so constitudos depequenos elementos de madeira (partculas e fibras)e se caracterizam pela estrutura descontnua da linhade cola. Os principais tipos so os painis de madeiraaglomerada (particle board), o MDF (medium densityfiberboard), as chapas de fibra ou chapas duras (hard-board) e as chapas OSB (oriented strand board).

    Os fabricantes de painis de madeira reconstituda utilizampreponderantemente, na confeco de seus produtos, madeiravirgem proveniente de macios florestais plantados e, para comple-tar o mix, resduos de serraria.

    Compensado Multilaminado

    Painel composto de lminas de madeira sobrepostas emnmero mpar de camadas, formando um ngulo de 90 entre ascamadas adjacentes. Os compensados podem ser de uso interiorquando utilizado o adesivo uria-formaldedo e de uso externo ouprova dgua, quando a colagem base de adesivo fenol-for-

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar

    Painis deMadeira

    Reconstituda

    72

  • maldedo. As variveis do processo, como umidade das lminas,composio estrutural, formulao do adesivo, gramatura e ciclo deprensagem, so importantes fatores para assegurar a qualidade dospainis. So utilizados pela indstria de construo civil, naval,embalagens e indstria moveleira.

    O compensado considerado um produto maduro, comrestries ambientais, pela baixa disponibilidade de toras de grandedimetro e de qualidade para laminao e seus elevados custos.

    Compensado Sarrafeado

    Painel com miolo composto de sarrafos e as capas comlminas de madeira. caracterizado conceitualmente como painelde cinco camadas, tendo em vista que h uma camada de transi-o constituda de lminas coladas perpendicularmente aos sar-rafos. A principal vantagem do compensado sarrafeado a maiorresistncia do painel flexo esttica no sentido paralelo ao seucomprimento. utilizado principalmente para a fabricao de mveis.

    Compensado de Lminas Paralelas

    um painel derivado do compensado sarrafeado, com adiferena de que o miolo composto por painis de lminas para-lelas seccionados no sentido longitudinal em tiras e virados emngulo de 90. As faces so constitudas de duas lminas de madeiraem disposies cruzadas.

    Compensado de Madeira Macia

    um produto relativamente novo no Brasil, com termino-logia no muito bem definida at o momento. Trata-se de um painelconstitudo de trs camadas cruzadas de sarrafos colados lateral-mente com adesivo base de PVA (acetato de polivinila).

    Painel de Lminas Paralelas (LVL)

    As etapas iniciais da manufatura de LVL so similaresquelas usadas na manufatura da madeira compensada. Os fo-lheados individuais so montados no sentido longitudinal. Pode serutilizado na confeco de paredes, batentes de portas e janelas,tampos de mesa e mveis em geral.

    Painis de Madeira Aglomerada

    So painis fabricados com partculas de madeira deeucalipto ou pnus impregnados com resinas sintticas submetidasao calor e presso. Durante o processo de produo, so adicio-nados diversos produtos qumicos para evitar o mofo, a umidade eo ataque de insetos e aumentar a resistncia ao fogo. Disponvel nos

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  • revestimentos em baixa presso (BP) e em lmina celulsica finishfoil (FF), os painis de aglomerado oferecem versatilidade de cores,diversos padres decorativos e excelente performance fsico-mec-nica. As principais fontes de matrias-primas utilizadas so resduosindustriais, resduos de explorao florestal e madeiras de qualidadeinferior.

    Os painis apresentam excelente estabilidade dimensio-nal e alto nvel de desempenho, resistindo ao empenamento. Semveios ou ns, permitem corte e usinagem em qualquer direo. Ospainis de madeira so a principal matria-prima para a indstriamoveleira para a produo de mveis residenciais, de escritrios,gabinetes de banheiro, copa e cozinha, racks e estantes.

    So apresentados em trs formas: in natura, pintado erevestido com laminado baixa presso (BP) ou finish foil (FF).

    In natura (sem revestimentos) as chapas no recebemnenhum acabamento, so processadas pelo prprio usurio e po-dem ser revestidas com lminas de madeira natural, com laminadoplstico ou policloreto de vinila (PVC), entre outros.

    Revestimento laminado baixa presso (BP) atravs detemperatura e presso, uma lmina celulsica impregnada comresina melamnica fundida ao aglomerado, resultando em umpainel pronto para uso.

    Revestimento em finish foil (FF) uma pelcula celulsica colada ao aglomerado, resultando em um produto j acabado.

    Medium Density Fiberboard (MDF)

    uma chapa produzida a partir da aglutinao de fibrasde madeira, com resinas sintticas e ao conjunta de temperaturae presso. Para obteno das fibras, a madeira cortada empequenos cavacos que, em seguida, so triturados por equipamen-tos denominados desfibradores. O pnus a principal matria-primautilizada, j que proporciona a produo de uma chapa clara, muitovalorizada no mercado.

    O MDF tem consistncia e algumas caractersticas pareci-das com as da madeira macia, e a maioria de seus parmetrosfsicos superior aos da madeira aglomerada. Caracteriza-se, tam-bm, por possuir boa estabilidade dimensional e grande facilidadepara usinagem.

    A homogeneidade proporcionada pela distribuio unifor-me das fibras possibilita ao MDF acabamentos do tipo envernizado(pinturas em geral ou revestimentos com papis decorativos, lmi-nas de madeira ou PVC). Podem tambm ser torneados, entalhados,

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  • perfurados e unidos lateralmente. O MDF apresenta ainda vantagensem relao madeira natural, j que no tem ns, veios reversose imperfeies tpicas do produto natural.

    Pelas suas caractersticas, o MDF amplamente utilizadona indstria moveleira em frontais de portas, frentes de gaveta eoutras peas elaboradas, com usinagens em bordas ou faces, comotampos de mesa, racks e estantes. Na construo civil, utilizadoem pisos, rodaps, almofadas de portas, batentes, portas usinadas,peas torneadas como balastres de escadas, ps de mesa etambm em embalagens.

    O MDF apresenta-se em trs formas: in natura, pintado erevestido com laminado baixa presso (BP) ou finish foil (FF).

    In natura (sem revestimentos) as chapas no recebemnenhum acabamento e so processadas pelo prprio usurio epodem ser revestidas com lminas de madeira natural, com lamina-do plstico e PVC, entre outros.

    Revestimento laminado baixa presso (BP) uma folha depapel especial impregnada com resina especfica fundida ao MDFpor meio de presso e alta temperatura, resultando em chapaacabada. Pode-se revestir apenas uma das faces, o que permite aousurio usinar a face no-revestida e acab-la atravs de pintura ourevestimento PVC.

    Revestimento em finish foil (FF) uma pelcula celulsica aplicada ao MDF, resultando em um produto j acabado.

    Chapas de Fibra ou Chapas Duras

    So chapas de fibras de alta densidade, com espessurafina e homognea, produzidas a partir de fibras de madeira coladascom resina fenol-formaldedo e consolidadas atravs de prensagema quente. As chapas duras podem ser produzidas atravs do proces-so mido ou seco. No processo mido, que utiliza a filtragem dasuspenso de gua-fibras, a deposio das fibras mais uniforme.No entanto, h um grande consumo de gua e necessidade detratamento para evitar problemas ambientais. No processo seco, asfibras so secadas e o ciclo de prensagem mais curto, aumentandoa produtividade do processo. As chapas duras so utilizadas princi-palmente como fundos de gavetas e armrios, aparelhos eletrni-cos, revestimentos de painis e divisrias etc.

    Oriented Strand Board (OSB)

    O OSB um painel estrutural, considerado uma segundagerao dos painis waferboard, produzido com base em partculas(strands) de madeira, sendo que a camada interna pode estar

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  • disposta aleatria ou perpendicularmente s camadas externas.Distingue-se dos aglomerados tradicionais pela impossibilidade deutilizao de resduos de serraria na sua fabricao. Alm disso, temum baixo custo, e suas propriedades mecnicas assemelham-se sda madeira slida, podendo substituir plenamente os compensadosestruturais. Consiste em um segmento de destacado crescimentono rol de produtos transformados de madeira.

    Segundo informaes do Portal Remade, o segmento demveis domsticos corresponde a 60% do faturamento total do setormoveleiro no Brasil.

    Em contraste com os mveis retilneos que so lisos, semdetalhes sofisticados de acabamento, com desenho simples de linhasretas , os mveis torneados apresentam muitos detalhes de acaba-mento, misturando formas retas e curvas. O segmento de mveistorneados pode ser dividido, de acordo com as matrias-primas utili-zadas, em dois subsegmentos: a) o de madeiras de lei, que otecnologicamente mais defasado e revela um elevado grau de hetero-geneidade tecnolgica. Sua antiga vantagem competitiva, represen-tada pelas madeiras nativas, parece ter perdido eficcia num mundocada vez mais preocupado com questes ambientais (empresasque outrora exportavam atualmente destinam basicamente sua pro-duo ao mercado interno); e b) o de madeiras de reflorestamento,que rene a maioria dos fabricantes de mveis torneados seriados,os quais destinam a maior parte de sua produo ao mercadoexterno (com freqncia, so empresas verticalizadas que utilizamcomo principal matria-prima a madeira da confera pnus).

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar

    Categoria de Uso

    Mveis Domsticos

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    Tabela 1

    Principais Caractersticas do Segmento de Mveis de Madeira para ResidnciaTIPO DE MVEL PRODUO MATRIA-PRIMA

    PREDOMINANTEPORTE DASEMPRESAS

    PRINCIPAL MERCADOCONSUMIDOR

    GRAU DETECNOLOGIA

    Torneado Seriada Madeira dereflorestamento,especialmenteserrado de pnus

    Mdias egrandes

    Exportao Alto

    Sobencomenda

    Madeiras de lei, emespecial serrado defolhosas

    Micro epequenas

    Mercado nacional, emespecial para asclasses mdia e alta

    Baixo, quaseartesanal

    Retilneo Seriada Aglomerado Mdias egrandes

    Mercado nacional, emespecial para asclasses mdia e baixa

    Alto

    Sobencomenda

    Compensado eaglomerado

    Micro epequenas

    Mercado nacional, emespecial para asclasses mdia e baixa

    Mdio

    Fonte: Estudo da Competitividade. Elaborao: BNDES.

  • No caso dos mveis sob encomenda, cabe mencionar apresena de uma multiplicidade de micro e pequenas empresas, emgeral marcenarias, cuja matria-prima bsica a madeira compen-sada conjugada com madeiras nativas. Seus equipamentos e ins-talaes so quase sempre deficientes e ultrapassados (o que geramuitas imprecises nas medidas) e o trabalho ainda predominan-temente artesanal. O produto final destinado principalmente aomercado domstico.

    No que se refere aos mveis seriados, principalmente osretilneos, destacam-se empresas mais modernas, que produzemem grande escala utilizando redes atacadistas nacionais comodistribuidores. Os mveis retilneos seriados so lisos, sem detalhessofisticados de acabamento e com desenho simples de linhas retas.Por exemplo, os mveis tradicionais para quarto e cozinha, que sedestinam parcela da populao de menor poder aquisitivo.

    Em contraste com os mveis torneados seriados, cujoprocesso de fabricao envolve inmeras etapas secagem damadeira, processamento secundrio, usinagem, acabamento, mon-tagem e embalagem , o grau de especializao no segmento demveis retilneos seriados maior. O processo produtivo maissimplificado, envolvendo produo em grande escala e em poucasetapas: corte dos painis, usinagem e embalagem. As etapas deacabamento e de montagem final foram eliminadas, pois os painisde madeira aglomerada so adquiridos com acabamento e suamontagem final feita pelo varejista.

    importante destacar que a eliminao dessas etapaspode trazer, para os fabricantes de mveis, economia em investi-mentos em mquinas utilizadas para acabamento dos painis, almde dispensar contratao de mo-de-obra. Em relao montagemfinal dos mveis, podemos destacar como efeito positivo a reduono custo do transporte, j que as peas avulsas so acomodadascom mais facilidade, alm de ocuparem menos espao em cami-nhes. Como efeito negativo, podemos citar os problemas encon-trados na montagem dos mveis, pois a mo-de-obra utilizada paraesse servio, de responsabilidade do varejista, ainda consideradade baixa qualidade e provoca inmeras queixas dos consumidores.

    Os mveis de metal para residncia so, basicamente, deao tubular conjugado com outras matrias-primas, como madeira,vidro etc. Nesse segmento, a maior complexidade dos processosprodutivos (metalurgia) inibe a presena de pequenas empresas.

    O segmento de mveis de escritrio participa com 25% dofaturamento total do setor moveleiro no Brasil. A especializao daproduo grande, ou seja, h poucas linhas de produtos numa

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    Mveis de Escritrio

    77

  • mesma unidade industrial, como empresas especializadas na pro-duo de cadeiras giratrias. Entretanto, para atender um mercadocorporativo muito exigente, a tendncia atual de que as empresasdesse setor forneam a seus clientes a soluo completa, ou seja,a linha completa de produtos para escritrio, o que vem implicandoaumento da terceirizao da produo, especialmente de estruturasmetlicas e peas plsticas. Destaca-se ainda a preocupao dasempresas do setor com a qualidade e os servios ps-venda, dadoo mercado de grandes clientes, em que atuam.

    A maior complexidade dos processos produtivos dessesegmento marcenaria, metalurgia, tapearia, injeo de poliureta-no, acabamento exclui a presena de micro e pequenas empresas.Alm disso, no segmento de mveis de escritrio sob encomenda,as empresas tambm executam o projeto de instalao dos mveis,o que dificulta ainda mais a presena de pequenas empresas. Demodo geral, os fabricantes desse setor so de grande porte einternacionalizados.

    Os mveis institucionais podem ser divididos em mveisescolares, mveis mdico-hospitalares, mveis de lazer e mveispara restaurantes, hotis e similares. Esse um segmento dequalificao mais complexa, pois cobre uma variedade muito grandede produtos.

    O mobilirio escolar corresponde a um dos subsegmentosaltamente especializados da indstria moveleira, sujeito s normali-zaes nacional e internacional que regulam sua produo e seuuso. Eles so, normalmente, funcionais e muito sensveis ao preo.Os hospitais e o setor de sade impem padres rgidos, emboraainda busquem preos baixos. Hotis e restaurantes buscam gran-de variedade de mveis e freqentemente compram de acordo comseus prprios desenhos. O mercado de mveis de lazer abrangen-te, incluindo bancos de estdios e poltronas de teatros luxuosos. Asreas pblicas exigem mveis que estejam rigorosamente de acor-do com normas e padres de segurana e funcionalidade. Oscompradores, normalmente, exigem certificados de acordo compadres estabelecidos, como parte dos contratos.

    Embora, segundo as estatsticas do Portal Remade, cercade 15% do total do faturamento do setor de mveis no Brasil sejamde mveis institucionais, difcil quantificar esse mercado, j queseus fabricantes fornecem produtos tanto para o mercado de mveisresidenciais quanto de escritrios e, portanto, os dados podem estarmultiplicados. Para atender a um determinado pedido, o fornecedorpoder produzir alguns itens e adquirir o restante de outros forne-cedores, ocorrendo, assim, a duplicao de valores.

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar

    MveisInstitucionais

    78

  • De acordo com as estatsticas disponveis1, a produomundial de mveis estimada em US$ 267 bilhes, tendo crescido,nos ltimos dez anos, ao ritmo mdio de 9% ao ano. Os maiorespases produtores so Estados Unidos (US$ 57 bilhes), China(US$ 38 bilhes), Itlia (US$ 23 bilhes) e Alemanha (US$ 19 bi-lhes). Enquanto sete das maiores economias industriais desenvol-vidas (que so, na ordem de produo de mveis, Estados Unidos(EUA), Itlia, Alemanha, Japo, Canad, Reino Unido e Frana)produziram juntas, em 2005, 54% do total mundial, os pases emer-gentes contriburam com 30% do total.

    O comrcio mundial de mveis envolve basicamente ses-senta pases, que representam cerca de US$ 80 bilhes anuais. Osmaiores exportadores so, pela ordem, China, Itlia, Alemanha,Polnia e Canad, que respondem por 50% das exportaes mun-diais. Os maiores importadores so Estados Unidos, Alemanha,Reino Unido, Frana e Japo, que respondem por 57% do total dasimportaes.

    Na dcada de 1990, ocorreu um grande crescimento nograu de abertura dos mercados de mobilirio (medida como a taxaentre importao e consumo, que para o mundo todo subiu de 20%em 1996 para 31% em 2005). Os Estados Unidos e o Reino Unidotiveram grande contribuio para tal crescimento. Suas importaescresceram significativamente no perodo 1996-2005 (de US$ 7,3bilhes para US$ 23,8 bilhes, no caso dos Estados Unidos, e deUS$ 1,9 bilho para US$ 6,7 bilhes, no caso do Reino Unido).Estados Unidos e Reino Unido respondem, respectivamente, por28,3% e 7,9% das importaes mundiais.

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 25, p. 65-106, mar. 2007

    PanoramaInternacional

    79

    1 necessrio fazer a ressal-va de que, em razo da gran-de informalizao que carac-teriza o setor, as afirmaesaqui emitidas esto baseadasem estatsticas que prova-velmente no so capazes decaptar com exatido o univer-so da produo e comercia-lizao moveleira mundial.Entretanto, no dispomos defontes que estimem o efeitoda informalizao sobre osnmeros agregados.

    Tabela 2

    Comrcio Mundial de Manufaturados e de Mveis em 2005MANUFATURADOS (A) MVEIS (B) B/A

    Ano US$ Bilhes Variao % US$ Bilhes Variao % %

    1996 3787 39 1997 3991 5,4 41 5,1 1,01998 4044 1,3 43 4,9 1,01999 4186 3,5 47 9,3 1,12000 4712 12,6 51 8,5 1,12001 4639 -1,5 50 -2,0 1,12002 4729 1,9 54 8,0 1,12003 5443 15,1 64 18,5 1,12004 6378 17,2 76 18,8 1,22005 7739 21,3 82 7,9 1,22006* 8801 13,7 88 7,3 1,1* Estimado.Fonte: CSIL Milano Market & Industry Research Institute.

  • Por sua vez, as exportaes da China aumentaram deUS$ 1,3 bilho em 1996 para US$ 13,0 bilhes em 2005. Em conse-qncia, a China passou, ao longo desse perodo, do dcimo parao primeiro posto no ranking mundial de exportaes de mveis.

    Em 1999, o Brasil era o 18 maior exportador, o querepresentava 1,5% do total das trocas mundiais do setor. Desdeento as exportaes brasileiras aumentaram em 158% (de US$ 396milhes para US$ 1 bilho), o que, entretanto, representa apenas1,2% das exportaes mundiais.

    A geografia da indstria moveleira mundial vem mudandodesde o fim da dcada de 1970. At ento, os pases em desenvol-vimento exportavam madeira bruta, que era processada nos pasesdesenvolvidos. Estes concentravam a produo e a exportao doproduto final. Entretanto, a partir da dcada de 1980, muitos pasesem desenvolvimento se capacitaram para fabricar mveis, apro-veitando a vantagem de possuir as fontes de matria-prima e mo-de-obra barata.

    Desde ento, observa-se a tendncia dos pases desen-volvidos de se especializarem no design, no desenvolvimento deprodutos, na distribuio e comercializao, transferindo a produ-o de partes e componentes, ou ainda a confeco do prprio m-vel, para os pases em desenvolvimento. Nesse processo, a inter-mediao das transaes feita pelos agentes de exportao (tra-ders) com base em preo, qualidade, capacidade e prazo de entrega.

    A transferncia da produo dos pases desenvolvidospara os pases perifricos revela um desnvel de poder entre aspartes, que se reflete em assimetrias na lucratividade. Ou seja, porcausa de diferenas de concentrao entre a distribuio, perten-

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar80

    Tabela 3

    Dados Gerais da Indstria Moveleira por Regies em 2005PAS PRODUO EXPORTAES IMPORTAES CONSUMO

    APARENTE

    US$Milhes

    % US$Milhes

    % US$Milhes

    % US$Milhes

    %

    Unio Europia,Noruega e Sua

    104.639 39,1 43.376 54,2 42.649 50,8 103.912 38,4

    Europa do Leste Forada UE (Inclui Rssia)

    6.150 2,3 2.383 3,0 2.623 3,1 6.390 2,4

    sia e Pacfico 75.764 28,3 23.793 29,7 8.927 10,6 60.445 22,3 Oriente Mdio e frica 3.448 1,3 785 1,0 1.673 2,0 4.336 1,6 Amrica do Norte 72.191 27,0 8.579 10,7 27.771 33,1 91.383 33,8 Amrica do Sul 5.098 1,9 1.152 1,4 270 0,3 4.216 1,6 Total (60 Pases) 267.290 100,0 80.068 100,0 83.912 100,0 270.681 100,0 Fonte: CSIL Milano Market & Industry Research Institute.

  • cente a grandes grupos, e a produo, mais fragmentada, o designe a distribuio tornam-se as partes mais atraentes do negcio, emdetrimento da produo. A marca colocada nos produtos geralmen-te pertence ao cliente, por isso no h qualquer identificao doprodutor do mvel com o comprador e usurio final. Por outro lado,o benefcio para o produtor nesse tipo de relao comercial est nagarantia de manuteno de um nvel alto de encomendas, na redu-o do risco de recebimento e do custo de colocao do produto.

    Tal fluxo torna-se possvel pela existncia de certificadoresde normas relativas qualidade e conformidade do processoprodutivo. Ao produtor contratado, exigida a chancela da empresacertificadora [Garcia (2005)].

    Um exemplo do poder alcanado pela distribuio asueca Ikea, maior grupo varejista de mveis do mundo, com fatura-mento anual de cerca de 15 bilhes. Criada em 1953, a Ikea atuacom cerca de 240 lojas em 35 pases, incluindo 4 lojas na China, eocupa uma faixa de mercado semelhante da Tok&Stok no Brasil,investindo fortemente em design e no desenvolvimento de produtos.O grupo tambm atua na fabricao de mveis e trabalha com umagrande rede de fornecedores mundiais subcontratados.

    Uma mudana importante realizada pela Ikea no mercadomoveleiro, principalmente nos Estados Unidos, no Reino Unido e emoutros pases onde o custo da mo-de-obra mais elevado, foi a

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 25, p. 65-106, mar. 2007 81

    Tabela 4

    Dados Gerais da Indstria Moveleira Mundial em 2005 (60 Maiores Produtores)PAS PRODUO EXPORTAES IMPORTAES CONSUMO APARENTE

    US$Milhes

    % US$Milhes

    % US$Milhes

    % US$Milhes

    %

    Frana 9.185 3,4 2.364 3,0 5.881 7,0 12.703 4,7Alemanha 18.890 7,1 6.557 8,2 8.236 9,8 20.570 7,6Itlia 23.692 8,9 10.159 12,7 1.675 2,0 15.208 5,6Reino Unido 10.154 3,8 1.273 1,6 6.664 7,9 15.546 5,7Estados Unidos 57.371 21,5 2.893 3,6 23.765 28,3 78.243 28,9Canad 11.723 4,4 4.417 5,5 3.478 4,1 10.784 4,0Mxico 3.097 1,2 1.269 1,6 528 0,6 2.356 0,9China 37.965 14,2 13.451 16,8 479 0,6 24.993 9,2Malsia 2.262 0,8 1.979 2,5 330 0,4 614 0,2Indonsia 2.357 0,9 1.835 2,3 56 0,1 578 0,2Japo 12.356 4,6 506 0,6 3.660 4,4 15.511 5,7Polnia 7.078 2,6 5.277 6,6 812 1,0 2.612 1,0Brasil 6.314 2,4 994 1,2 154 0,2 5.474 2,0Outros 64.846 24,3 27.094 33,8 28.194 33,6 65.489 24,2Total 267.290 100,0 80.068 100,0 83.912 100,0 270.681 100,0Fontes: CSIL Milano Market & Industry Research Institute; Iemi (caso do Brasil).

  • introduo do padro do it yourself (DIY)/ready to assemble (RTA),no qual o mvel entregue desmontado e o montador o prpriocliente final.

    Segue breve descrio das caractersticas gerais dos prin-cipais produtores mundiais.

    Itlia

    A produo italiana de mveis corresponde a US$ 23,7bilhes anuais, muito acima de seu consumo, de US$ 15,2 bilhes.Suas importaes alcanam US$ 1,7 bilho e suas exportaessomam US$ 10,2 bilhes, atrs somente da China. Ou seja, alm degrande exportadora, a Itlia auto-suficiente na produo moveleirae atua de forma competitiva em todos os segmentos de mercado,com destaque para cadeiras e dormitrios. As exportaes italianasde mveis so fragmentadas e tm como principais destinos Frana(14,6%), Reino Unido (13,1%), Alemanha (11,8%) e Estados Unidos(10,8%).

    Reconhecidamente lder em design, a indstria italiana oprincipal centro mundial em mobilirio. A principal feira internacionalde mveis a de Milo, cujos expositores so as referncias nosegmento de alto valor.

    A indstria moveleira italiana caracteriza-se pela expres-siva fragmentao, com grande nmero de pequenas e mdiasempresas. As principais empresas desenvolvem os produtos, enco-mendam partes e componentes a terceiros, fazem o acabamento,juntam as partes e se ocupam das vendas. As partes e os compo-nentes so, em geral, fabricados por empresas pequenas. A princi-pal matria-prima utilizada so os painis de madeira reconstituda.A madeira macia destinada fabricao de mesas, cadeiras ealguns componentes de mveis.

    Presses no sentido da reduo de custos tm levado asempresas a transferirem a encomenda de partes e componentesdos pequenos fornecedores locais para fornecedores de pases daEuropa Oriental, onde o custo da mo-de-obra menor.

    Alemanha

    A produo alem de mveis corresponde a cerca deUS$ 18,9 bilhes anuais, abaixo de seu consumo, de cerca deUS$ 20,5 bilhes. Suas importaes alcanam US$ 8,3 bilhes esuas exportaes somam US$ 6,5 bilhes. A maior parte da impor-tao de mveis da Alemanha tem origem na Polnia (21,9%),seguida da Itlia (10,7%) e China (7,8%). As exportaes destinam-se aos Pases Baixos (14,2%), Sua (11,5%) e ustria (10,5%).

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar82

  • A estrutura do mercado moveleiro alemo das maisconcentradas, com predomnio de empresas mdias e grandes,cujas principais caractersticas esto na utilizao de maquinriomoderno e no aproveitamento de economias de escala na produoe na comercializao. O segmento em que a indstria alem concor-re com maior vantagem competitiva o de mveis para cozinha, devalor intermedirio.

    Estados Unidos

    O mercado norte-americano o principal motor do co-mrcio mundial de mveis. Seu consumo anual est na faixa deUS$ 80 bilhes, enquanto suas importaes se situam em tornode US$ 25 bilhes, o que representa uma taxa de importaessobre o consumo de cerca de 30%. A produo de US$ 57 bilhes,enquanto as exportaes so baixas (ligeiramente inferiores a US$ 3bilhes) e concentradas em mveis de metal.

    Os maiores exportadores de mveis para os Estados Uni-dos so, na ordem, China, com 48,9% das importaes norte-ame-ricanas, Canad (16,7%), Mxico (5,1%), Itlia (4,5%) e Malsia(3,1%). As exportaes brasileiras correspondem a 1,8% do total dasimportaes dos Estados Unidos.

    Os EUA vm se especializando na montagem de mveis,atravs da importao de componentes fabricados no Mxico e empases da Amrica Central. Esse modelo compreende mveis paradormitrios, salas de estar e jantar e mveis estofados. Algumasempresas americanas construram ou adquiriram fbricas na China,como o caso da Ashley, maior marca de mveis residenciais dosEstados Unidos.

    China

    Como ocorre em amplo leque de setores industriais, aChina o grande destaque na indstria moveleira mundial. O pasexporta 16,8% do total comercializado no mundo, graas aos inves-timentos recentes em novas plantas concebidas para fabricar gran-des volumes de mveis destinados exportao. Com uma produ-o anual de US$ 38 bilhes (era de US$ 7,5 bilhes em 1996), aChina exporta US$ 13,5 bilhes e importa US$ 0,5 bilho. Seuconsumo interno da ordem de US$ 25 bilhes. Metade da expor-tao da China tem como destino os Estados Unidos, ficando HongKong em segundo lugar, com 10%, e o Japo em terceiro, com 8%.

    A produo moveleira da China se concentra em mveisde madeira (madeira macia, painis de MDF e de aglomerado), cujaqualidade vem crescendo continuamente, com destaque para oacabamento, etapa de produo de carter artesanal, em que osmveis recebem at 18 passes de pintura, o que lhes confere a

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 25, p. 65-106, mar. 2007 83

  • percepo de excelente qualidade. O crescimento da competitivida-de chinesa mais sentido nas linhas e nas etapas de produo queso intensivas em mo-de-obra. Em mveis de escritrio, a China jcompete no mercado brasileiro, colocando seus produtos em gran-des redes de magazines e supermercados.

    Polnia

    Com uma produo anual de US$ 7 bilhes e uma expor-tao de US$ 5,3 bilhes, a Polnia vem se destacando em termosde exportaes de mveis residenciais de madeira, alcanando6,6% do total do comrcio internacional. Suas exportaes des-tinam-se, majoritariamente, Alemanha (41,9% do total exportado)e Frana (8,4% do total).

    A indstria nacional de mveis concentra-se, principalmen-te, nas Regies Sul e Sudeste, sendo que 77% dos estabelecimentosesto localizados nos principais plos produtores do pas, ou seja, nosEstados de So Paulo (23%), Rio Grande do Sul (15%), SantaCatarina (13%), Paran (13%) e Minas Gerais (13%) (ver Tabela 5).

    Em termos de comrcio exterior, Santa Catarina (compredominncia do plo de So Bento do Sul) e Rio Grande do Sul(principalmente na regio de Bento Gonalves) detm, juntos, 71%do total das exportaes nacionais. Especializados em mveis resi-denciais, esses dois estados intensificaram suas vendas externasdesde a dcada de 1980.

    Alm desses dois estados, cabe mencionar o Paran, comparticipao de 9,3% nas exportaes, e So Paulo, com 8,8%. Com

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar

    PanoramaNacional

    Principais PlosProdutores

    84

    Tabela 5

    Principais Estados ProdutoresESTADO ESTABELECIMENTOS TRABALHADORES

    Quantidade % Quantidade %

    Bahia 355 2,2 4.816 2,3 Minas Gerais 2.126 13,2 24.717 12,0 Esprito Santo 313 1,9 5.402 2,6 Rio de Janeiro 583 3,6 5.367 2,6 So Paulo 3.754 23,3 48.462 23,5 Paran 2.133 13,2 29.079 14,1 Santa Catarina 2.020 12,5 32.273 15,6 Rio Grande do Sul 2.443 15,2 33.479 16,2 Outros 2.377 14,8 22.757 11,0 Total 16.104 100,0 206.352 100,0 Fonte: Abimvel, com base na Rais/2004.

  • relao a So Paulo, significativa a queda de suas exportaes,cuja parcela no total reduziu-se de 27,0% em 1990 para 8,8% em2005, declnio que foi absorvido pelo aumento da participao deSanta Catarina, Paran e Bahia no total das exportaes. So Pauloconcentra a produo brasileira de mveis de escritrio e abriga,por exemplo, a Giroflex.

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 25, p. 65-106, mar. 2007 85

    Tabela 6

    Principais Estados Exportadores Dezembro de 2005 US$ Mil %

    Santa Catarina 433.339 43,75Rio Grande do Sul 270.442 27,31Paran 91.732 9,26So Paulo 87.427 8,83Bahia 68.257 6,89Minas Gerais 11.190 1,13Esprito Santo 6.426 0,65Cear 4.430 0,45Maranho 3.988 0,40Par 3.308 0,33Gois 2.988 0,30Rio de Janeiro 2.528 0,26Mato Grosso do Sul 1.442 0,15Pernambuco 1.045 0,11Outros 1.882 0,19Total 990.424 100,00Fonte: Abimvel.

    Tabela 7

    Principais Plos Moveleiros do Brasil

    PLO MOVELEIRO UNIDADE DA FEDERAO PRINCIPAIS PRODUTOS

    Ub Minas Gerais Cadeiras, dormitrios, salas, estantes

    Bom Despacho Minas Gerais Cadeiras, dormitrios, salas, estantes

    Linhares e Colatina Esprito Santo Mveis retilneos (dormitrios, salas)

    Arapongas Paran Mveis retilneos, estofados de escritrio e tubulares

    Votuporanga So Paulo Cadeiras, armrios, estantes, mesas, dormitrios eestofados

    Mirassol So Paulo Cadeiras, salas, dormitrios e estantes

    Tup So Paulo Mesas, racks, estantes e cmodas

    So Bento do Sul eRio Negrinho

    Santa Catarina Salas, estantes, cozinhas e dormitrios de pnus paraexportao

    Bento Gonalves Rio Grande do Sul Mveis retilneos e metlicos (tubulares)

    Lagoa Vermelha Rio Grande do Sul Dormitrios, salas, estantes e estofados

    Fontes: Associao das Indstrias de Mveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs); Sindicato das Indstrias daConstruo e do Mobilirio de So Bento do Sul (Sindusmobil); Abimvel.Elaborao: BNDES.

  • Em Arapongas (PR), Linhares (ES), Mirassol (SP) e Ub(MG) concentram-se empresas que trabalham com mveis padro-nizados, comercializados no varejo convencional.

    Segue uma breve caracterizao dos principais plos move-leiros do pas. Por suas caractersticas especiais em termos de concen-trao espacial e volume de exportaes, conjuntamente considera-dos, o trabalho se detm com mais detalhes nos plos moveleirossituados nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

    Caracterizao Geral

    Com cerca de 2.400 empresas, o Rio Grande do Sul osegundo maior estado produtor e exportador de mveis. Apesar deconcentrar 27,3% do total das exportaes nacionais, sua produo voltada predominantemente para o mercado domstico, sendoainda poucas as empresas do estado que exportam.

    O principal plo moveleiro do estado localiza-se na regioda chamada Serra Gacha, que engloba, alm de Bento Gonalves,as cidades de Garibaldi, Gramado, Caxias e Flores da Cunha. Aregio da Serra responde por cerca de 30% do nmero de es-tabelecimentos e 60% do nmero de empregados na indstriamoveleira do estado (Iemi/Movergs). Somente a cidade de BentoGonalves emprega 7.000 pessoas em cerca de 300 empresasformais, seguida de Flores da Cunha, que emprega 3.000 pessoasem cerca de 90 empresas (Iemi/Movergs).

    O principal produto da regio o mvel residencial retil-neo de painis de madeira reconstituda (madeira aglomerada eMDF), de valor intermedirio e com canais prprios de comerciali-zao no mercado interno (Todeschini, SCA, Dellano, Evviva!), oudestinados s faixas de preos relativamente mais baixos do merca-do interno (Carraro, Politorno, Ferrarte). Os fabricantes de mveisde menores preos concorrem com base em grande escala e linhasautomatizadas, o que lhes permite reduzir custos.2 A regio tambmconta com empresas representativas em mveis de metal (Bertolinie Telasul), de preos, em mdia, mais baixos do que os de madeira.

    A cidade de Gramado, em particular, tem sua produovoltada para mveis artesanais. Um exemplo a Sierra Mveis,especializada em mveis artesanais para exportao, mas quetambm vende no mercado interno e tem mais de cem lojas fran-queadas no Brasil.

    Os mveis para dormitrios representaram, em 2005,55,2% da produo do estado em nmero de peas, os mveis para

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar

    Rio Grande do Sul

    86

    2As principais diferenas dequalidade entre mveis es-to na espessura do painel,no acabamento e na qualida-de das ferragens. Quanto matria-prima utilizada, umaspecto interessante quealgumas grandes empresasda regio voltadas para osegmento de valor interme-dirio afirmam que utilizamMDF em todas as partes domvel apenas por exignciado mercado, que seria malinformado. Segundo as em-presas, laterais de mveis,por exemplo, poderiam serfeitas com madeira aglome-rada, com custo cerca de20% mais baixo, sem com-prometimento da qualidade.Ainda segundo esses fabri-cantes, na Europa s sesubstitui o aglomerado peloMDF nas partes em que preciso pintar ou usinar.

  • salas de jantar representaram 21,5%, enquanto os mveis paraescritrio representaram 14,8% (dados Iemi/Movergs).

    A cultura da cooperao, forte no estado, apontadacomo muito importante para o sucesso da indstria local. Um dosfrutos dessa cooperao a realizao anual, na cidade de BentoGonalves, da Feira Internacional de Mquinas, Matrias-Primas eAcessrios para a Indstria Moveleira (FIMMA), que cumpre umpapel relevante para a qualificao do setor. Vale destacar tambma existncia de curso superior em tecnologia em produo movelei-ra, no campus de Bento Gonalves da Universidade de Caxias doSul (UCS), em convnio com o Senai.

    Entre as maiores empresas do Rio Grande do Sul, des-tacam-se Carraro, Todeschini, Dellano, Madem, Madecenter, Berto-lini, Madesa, Florense, SCA e Telasul. Citada como a maior e maismoderna empresa moveleira da Amrica Latina, a Todeschini fatura,quase que exclusivamente no mercado interno, cerca de R$ 35milhes/ms, incluindo sua marca Italnea. Vende quase 100% parao mercado interno, atravs de cerca de quatrocentas lojas exclusi-vas. Esta, ao contrrio da regra geral do setor, opera em regime decapital intensivo, automatizando todas as etapas de produo, comexceo da montagem, realizada pelo lojista.3

    Tecnologia

    No que tange tecnologia moveleira, a regio conta como Centro Tecnolgico do Mobilirio (Cetemo), um dos seis centrostecnolgicos do mbito do Senai presentes no Rio Grande do Sul.O Cetemo possui um ncleo de assessoria tecnolgica, informaotecnolgica e servios laboratoriais (por exemplo, controle de qua-lidade), realiza pesquisas de tendncias de mercado e promove umcurso de design. O plo de Bento Gonalves tambm conta com oCentro Gestor de Inovao (CGI), instituio mantida com o apoiode diversas entidades, entre elas a Movergs, a Universidade deCaxias do Sul e o Senai, que objetiva gerar e organizar informaesrelativas ao setor.

    Um aspecto importante em termos de design diz respeito indstria de acessrios e ferragens. Enquanto a indstria moveleirapropriamente dita consegue acompanhar de perto as inovaessurgidas na Itlia e na Alemanha, o mesmo no ocorre com aproduo de acessrios e ferragens, o que impede o design brasi-leiro de acompanhar o italiano, pois o design depende das fer-ragens. Ou seja, o Brasil mais pobre em acessrios em compa-rao com a indstria italiana e a alem, uma vez que o acessriode melhor qualidade tem custo elevado para o padro brasileiro.

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 25, p. 65-106, mar. 2007 87

    3A Todeschini compra a cha-pa, corta, faz o acabamento,junta as ferragens e embala.Tem equipe de desenvolvi-mento de produtos e contra-ta escritrio de design.

  • Clientes/Comercializao

    Ao contrrio do exemplo do plo de So Bento do Sul, aproduo moveleira de Bento Gonalves predominantementeescoada no mercado interno. Segundo apurado em entrevista comRenato Hansen, diretor da Movergs, o pequeno volume exportado alcanado por empresas que colocam sua prpria marca noproduto, em geral para lojistas e distribuidores de pequeno porte noexterior. Nesse caso, a exportao no realizada atravs de tra-dings, sob encomenda. o produtor quem apresenta ao compradorseus produtos e preos, o que exige, por outro lado, o investimentono desenvolvimento da sua marca no exterior. Ainda segundo Re-nato Hansen, esse tipo de experincia tem apresentado resultadospositivos.

    H tambm o caso de empresas que esto experimentan-do a abertura de lojas no exterior. Um exemplo a SCA, quecomercializa produtos de alto padro em 14 pontos de venda quepossui nos Estados Unidos, Mxico, Uruguai e Trinidad e Tobago,representando 7% do seu faturamento [Gazeta Mercantil (21.11.2006)].

    Alguns esforos coletivos vm sendo desenvolvidos visan-do ampliao de canais diretos de exportao. Um trabalhoimportante nesse sentido, realizado pela Movergs, o Centro deViglia Tecnolgica, voltado para o monitoramento do mercadointernacional. Outra iniciativa a participao direta em feiras inter-nacionais de mveis. Algumas iniciativas de mbito federal tambmso relevantes. O Programa Brasileiro de Incremento Exportaode Mveis (Promvel), programa de iniciativa do Ministrio do De-senvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC) e da Agnciade Promoo de Exportaes (Apex), desenvolveu 16 atividadespara preparar o empresrio para exportar. Mais de cem empresasdo Rio Grande do Sul foram inscritas no Programa.

    Como resultado de aes dessa natureza, o nmero deempresas exportadoras passou de cerca de 50 em 1998, para maisde 300 em 2006, o que ainda pouco no universo de cerca de 2.400empresas (Movergs). A Carraro a maior exportadora do estado.

    As vendas para o mercado norte-americano correspon-dem a cerca de 40% do total do plo de Bento Gonalves, em parteem razo de um centro de distribuio que as prprias empresas daregio construram nos Estados Unidos. So empregados do ploque fazem os contatos com os lojistas dos Estados Unidos.

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  • Caracterizao Geral

    O estado de Santa Catarina o terceiro maior produtor demveis do pas e o maior exportador, sendo responsvel por quasemetade das exportaes brasileiras do setor. O principal plo mo-veleiro do estado localiza-se na regio de So Bento do Sul, queemprega cerca de 14.000 pessoas em cerca de quinhentas empre-sas. Em So Bento do Sul, predominam pequenas e mdias empre-sas, sendo apenas trs empresas consideradas de grande porte(acima de quinhentos funcionrios).

    O plo de So Bento do Sul se destaca pelo grau deinsero no mercado externo. A grande maioria das empresas doplo, independentemente do porte, opera direta ou indiretamentecom exportaes, cujo principal produto o mvel torneado demadeira macia, especialmente pnus. So mveis produzidos sobencomenda, para uso residencial. A Artefama, maior exportadora doBrasil, encontra-se em So Bento do Sul. De acordo com Ivo SandiGrossl, presidente do Sindusmvel, de So Bento do Sul, outrasempresas da regio com representatividade na pauta de exporta-es so: Rudnick, Neumann, Zipperer, Weiherman, Serraltense,Trs Irmos, Grossl, Polska, James, Katzer, Amrica, Clement e Seiva.

    So Bento do Sul foi fundada em 1873 por colonos imi-grantes alemes, poloneses e austracos. A produo de mveis naregio de So Bento do Sul surgiu por volta de 1920 e intensificou-sea partir da dcada de 1940. A Artefama, maior empresa da regio,surgiu em 1945.

    Segundo Denk (2002), at a dcada de 1970 a regio deSo Bento do Sul era marcada pela especializao em mveis deestilo colonial (torneados), de alta qualidade, elaborados com ma-deiras nobres e voltados para o mercado interno. A partir da dcadade 1980, a demanda pelo mvel de estilo colonial sofreu forte refluxo,em razo de um movimento de reduo da metragem mdia dasmoradias dos consumidores, o que exige mveis mais compactos,e do aumento da demanda por cores mais claras.

    Essas mudanas no consumo geraram uma crise de de-manda que afetou a produo moveleira da regio de So Bento doSul. A crise comeou a ser superada com a exportao de mveis,incrementada a partir da dcada de 1980 com a chegada de tradings(agncias de exportao), que atuavam como agenciadores naexportao, difundindo novas tcnicas, desenhos e produtos. Osimportadores faziam pedidos por encomenda, com planos deta-lhados, definindo modelos, normas e especificaes tcnicas, fatoque supria a falta de tradio em design na regio.

    Tal movimento foi reforado pela crise sovitica ocorridano fim da dcada de 1980. De acordo com Denk (2002), a crise fez

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    Santa Catarina

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  • com que o Leste Europeu, grande fornecedor moveleiro do restanteda Europa, deixasse de abastecer seus clientes. Tal fato abriuespao para que os importadores europeus encontrassem, em SoBento do Sul, produtores com experincia na exportao de mveisde pnus de acordo com os padres da Europa e dos EstadosUnidos, alm de grande disponibilidade de reas plantadas compnus. Esse foi o impulso de que a regio necessitava para expandirsuas exportaes. Entre 1989 e 1995 as vendas externas da indstriamoveleira de Santa Catarina cresceram, em mdia, 57% ao ano, deacordo com dados do MDIC.

    A capacidade desenvolvida pelos produtores locais commveis construdos com madeiras nobres foi fundamental para atransio para o pnus, madeira que, ao contrrio do mercadonacional, era valorizada no exterior graas proibio da entrada demadeiras nobres na Europa e que era abundante e barata na regiode So Bento (mdia de 17,5 anos no Brasil para beneficiamentocontra 35 anos na Europa). Os mveis de pnus ocupam hoje umimportante nicho de mercado na Europa e nos Estados Unidos.

    Em conseqncia do novo impulso dado pela exportao,as empresas se reequiparam e se modernizaram. Nesse processo,a Fundao de Ensino, Tecnologia e Pesquisa (Fetep) de So Bentodo Sul, atuando na difuso de conhecimentos tcnicos, teve impor-tante papel. As agncias exportadoras tambm tiveram papel fun-damental nesse processo de ampliao das exportaes na regio,atravs da intermediao entre fabricantes e os importadores e osdistribuidores.

    A valorizao cambial ocorrida a partir de 1994 obrigou asempresas a se ajustarem fortemente, reduzindo custos e elevandoa produtividade. Quando veio a desvalorizao cambial de 1999, asempresas estavam prontas para deslanchar um crescimento vigo-roso nas exportaes, o que de fato ocorreu at 2004, a partir dequando o cmbio voltou a se tornar desfavorvel. Em 2005, asexportaes cresceram muito pouco, refluindo em 2006.

    Tecnologia

    As empresas exportadoras do plo de So Bento do Sulutilizam majoritariamente madeira macia (pnus) na confeco dosmveis. O pnus goza de boa aceitao na Europa e nos EstadosUnidos, permite a sua usinagem (torneamento e outros detalhes deacabamento) e tem custo similar ao do painel de MDF. A madeiramacia tambm utilizada pelos fabricantes de mesas de bilhar(Rudnick), que as exportam para os Estados Unidos.4

    Entretanto, as empresas maiores esto comeando a in-troduzir chapas de madeira reconstituda (MDF, principalmente) em

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    4Alm de produzir mesas debilhar, a Rudnick tambm seconfigura como uma grandeprodutora de mveis de salae dormitrio, embora, fugin-do ao padro da regio, te-nha a produo voltada tan-to para o mercado internoquanto para exportao. Aempresa utiliza majoritaria-mente painis (aglomeradoe MDF). O processo consis-te em receber a matria-pri-ma, preparar os painis, cor-tar, colocar as ferragens etc.A montagem feita pelo co-mrcio, na residncia docliente.

  • substituio madeira macia. A chapa s entra, porm, comomatria-prima marginal, nas partes que no so torneadas. O pro-duto continua no sendo o mvel retilneo, cuja chapa entra na m-quina e sai pronta. Mantm-se a filosofia do mvel de pnus macio,com detalhes em torneado, com maior valor para os europeus.

    As maiores empresas exportadoras optam por processara madeira (serrar e secar) por considerar que no mercado noexistem fornecedores qualificados a tratar a matria-prima adequa-damente. As empresas optam tambm por comprar reas paraflorestas porque o mercado de fornecimento de floresta em p oligopolizado, o que eleva em demasia o preo da rvore.

    Hoje existe uma grande rede de fornecedores na regio.No caso da madeira, cabe destacar a presena da Tafisa Brasil S.A.,distante 25 km de So Bento do Sul. Outros materiais, como fer-ragens, colas, tintas e pregos, tambm tm fornecedores ou repre-sentantes na regio.

    Os equipamentos so, majoritariamente, nacionais. A im-portao se restringe a mquinas CNC (Controle Numrico Compu-tadorizado) para corte e usinagem, em geral adquiridas da Alema-nha e da Itlia. Muitas vezes, em razo do baixo custo da mo-de-obra no Brasil, as empresas adquirem apenas a parte do sistemaem que a mquina produz com maior qualidade e rapidez.

    Quanto s mquinas nacionais, o prprio plo produzlixadeiras, seccionadeiras, destopadeiras e furadeiras de tecnologiaavanada. Em So Bento do Sul, h metalrgicas especializadas naconfeco de estufas de secagem, cabines de pintura, sistemas deexausto e outros equipamentos.

    Algumas empresas se especializam em um tipo de produ-to, padronizado, para mercados de massa, de preos e custos baixos,no exterior. A empresa compra a madeira pronta, j processada ecolada. O torneado e a pintura so terceirizados, em empresas daregio. Para a confeco da pea torneada, a empresa que faz aencomenda fornece para terceiros o material, como a madeira e overniz, e se encarrega da montagem. Nesses casos, os fatores decompetitividade esto nas compras, na produtividade e nas condiesde venda. Em torneados, a principal vantagem de terceirizar est nofato de que a produo de torneados irregular, sem demandacontnua, e a mo-de-obra para tornear muito especializada. Tanto aatividade de tornear quanto a de acabamento so intensivas emmo-de-obra. Algumas empresas que produzem mveis de maior valortambm terceirizam a confeco de peas torneadas e a pintura.

    As empresas maiores importam ferragens, principalmentecorredias metlicas. As que operam com grandes lotes importammais. Em geral, as empresas importam cola.

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  • Clientes/Comercializao

    Por causa de sua especializao em vendas para o mer-cado externo, as empresas da regio de So Bento do Sul so rela-tivamente mais afetadas que as das demais regies em caso de su-pervalorizao cambial, o que fez, por exemplo, com que as vendasexternas cassem 15% em 2006 em comparao a 2005. Tal efeitocambial foi particularmente relevante sobre as exportaes para osEstados Unidos, onde a indstria moveleira chinesa se inseriu commaior agressividade, obtendo boa aceitao e fortes vendas.5

    As principais empresas da regio de So Bento do Sulvendem 100% da produo para o exterior. Estas no acessam omercado internacional diretamente e dependem dos agentes deexportao para colocao do produto. O cliente, em geral repre-sentante de distribuidor no exterior, apresenta o desenho, o tamanhodo lote e o preo do mvel. A fbrica estuda, ento, se vale a penaproduzir pelas condies ofertadas e, em caso de aceitar a enco-menda, traduz o desenho em produto atravs de uma equipe dedesenvolvimento. Em 2005, as vendas por agentes de exportaorepresentaram 55% do total exportado. As vendas feitas atravs derepresentantes comerciais no Brasil e no exterior foram 30% do total,enquanto as vendas diretas para os varejistas no exterior ficaramcom a fatia de apenas 7%.

    As empresas avaliam que no vivel economicamenteinvestir na distribuio, em razo do aporte de recursos necessriose da lentido e incerteza do retorno. Algumas empresas tentam, svezes, pular etapas na distribuio, como em feiras, onde o contatocom o cliente direto.

    Em razo da escala mnima exigida pelos custos fixos(departamento de engenharia, equipe de desenvolvimento de pro-dutos, mo-de-obra especializada, maquinrio), as grandes empre-sas se especializam em vender para grandes clientes. Por outrolado, as empresas menores fazem negcios diretamente para pe-quenos lojistas no exterior. O design, porm, sempre do cliente.As grandes empresas avaliam que devem manter sempre mais deum cliente em carteira, para evitar dependncia excessiva de umcliente. Em caso de exclusividade, se o cliente pra de comprar, afbrica fecha.

    Vem crescendo a participao da Europa no total dasvendas externas da regio, situando-se em torno de dois teros dototal, contra um tero dos Estados Unidos. Segundo os exportado-res, as margens de lucro nas vendas para os Estados Unidos vmse reduzindo nos ltimos anos, em razo do aumento da concentra-o das distribuidoras americanas.

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    5Cerca de 50% das exporta-es de mveis da Chinatm por destino os EstadosUnidos (CSIL-Milano).

  • Uma questo que afeta particularmente a regio de SoBento do Sul o imbrglio fiscal representado pelo crdito de ICMSsobre a exportao, por causa da demora no recebimento do tributo.Ineficincias na infra-estrutura, especialmente portos, tambm afe-tam a produo local. De acordo com os produtores de So Bentodo Sul, o produto fica, muitas vezes, at noventa dias no ptio doporto, passando mais tempo no porto do que no navio viajando.

    O principal plo moveleiro do Estado de Minas Geraisencontra-se em Ub, cidade da Zona da Mata mineira, que dista280 km de Belo Horizonte. A indstria moveleira a principal atividadeeconmica da regio e a mais importante arrecadadora de impostos.

    Ub abriga a maior empresa de mveis de ao da AmricaLatina, a Itatiaia, alm de trs grandes, cerca de quarenta mdias eduas centenas de pequenas empresas de mveis de madeira maciae painis de madeira. O plo de Ub produz mveis de todos os tipose faixas de preo, destinados principalmente a mdios varejistas espa-lhados pelas cidades do pas, com 50% do destino concentrado noRio de Janeiro, que a metrpole mais prxima da regio. A regioexporta mveis de escritrio, ainda em pequeno volume.

    A regio conta com fornecedores de ferragens (parafusos,dobradias etc.) que montam kits para vender aos fabricantes demveis. Conta tambm com escola de design e curso superior emdesign na Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Possuiainda curso tcnico em mveis oferecido pelo Centro Federal deEducao Tecnolgica (Cefet).

    O plo moveleiro do Nordeste Capixaba desenvolveu-seem torno do municpio de Linhares a partir do incio da dcada de1960. De acordo com Villaschi Filho e Bueno (2002), o plo composto por cerca de noventa empresas de capital nacional,sendo uma de grande porte (Movelar) e duas de mdio porte (Rimoe Delare). O principal produto da regio o mvel retilneo produzidoem srie, com destaque para dormitrios. A principal exceo aDelare, que fabrica estofados.

    Alm das empresas fabricantes de mveis, o plo tambmconta com serrarias, alguns poucos fornecedores de equipamentos,alm de fornecedores de tintas e vernizes.

    A indstria da regio escoa seus produtos, majoritariamen-te, no mercado nacional. As vendas so realizadas, no caso das

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    Minas Gerais

    Esprito Santo

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  • pequenas empresas, atravs de representantes comerciais, quevendem seus produtos para pequenos varejistas. No caso dasempresas de maior porte, o principal destino so os grandes varejis-tas distribudos ao longo do pas. As grandes empresas tambmutilizam escritrios de exportao para comercializar o pequenovolume destinado exportao [Villaschi Filho e Bueno (2002)].

    As principais instituies envolvidas com o plo de Li-nhares so o Sindimol, que coordena as aes coletivas do plo, eo Senai, que oferece cursos profissionalizantes voltados para aproduo moveleira.

    So Paulo apresenta dois plos moveleiros com caracte-rsticas bastante distintas: de um lado, a Grande So Paulo, es-pecializada em mveis de escritrio, com destaque para cadeirasgiratrias (Giroflex, por exemplo); de outro lado, o Noroeste Paulista,que rene os plos de Mirassol e Votuporanga, onde predominammicro e pequenas empresas, fabricantes de mveis retilneos seria-dos, voltados para o mercado interno.

    A produo moveleira do Estado do Paran concentra-seno plo de Arapongas, voltado para o mercado de mveis popula-res, com destaque para o segmento de estofados. Existem algumasempresas mdias e grandes que possuem maquinrio mais avan-ado e exportam parte da produo, o que torna a regio res-ponsvel por 9% das exportaes totais de mveis do pas.

    A produo brasileira de mveis de madeira consomecerca de 59% de madeira macia serrada e 41% de madeira indus-trializada. A madeira serrada composta de 26% de pnus e 33% demadeira de lei, obtidas quase sempre de florestas naturais. Amadeira industrializada utilizada na forma de painis de MDF (20%)e aglomerados (17%). As chapas de fibras duras participam doconsumo com 5% [Iemi/Movergs (2006)].6

    importante ressaltar o dficit existente de madeira oriun-da de florestas plantadas. De acordo com o Programa Nacional deFlorestas (PNF), do Ministrio do Meio Ambiente, e com estudosrealizados pela Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), existe umdesequilbrio entre a oferta e a procura de madeira plantada parasuprir as necessidades de crescimento projetadas para a indstriade base florestal. Para suprir a demanda de todos os segmentos,

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar

    So Paulo

    Paran

    Oferta deMadeira

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    6Ver item Madeira desteartigo.

  • so utilizados, hoje, cerca de 450 mil ha/ano de pnus e eucaliptose a rea plantada tem sido na faixa de 150 mil ha/ano. Considerandoo estoque de florestas, o prazo de maturao dos novos inves-timentos e o dficit de 300 mil ha/ano apontado, o setor vemchamando a ateno para o risco de um apago florestal, quepoder ocorrer em, no mximo, dez anos.

    Estudos estimam que em 2020 haver um dficit de 27milhes de m3, considerando somente toras de pnus [Itto (2004),apud Nahuz (2004)]. O problema de suprimento de madeira com-promete a competitividade dos setores de base florestal. A Abimciaponta que o preo da tora de pnus, no binio 2003/04, apresentouaumento acumulado de quase 70% em mdia, bem acima do ndicede inflao do mesmo perodo (IPCA acima de 16%). Para diminuiras presses nos preos, algumas empresas esto importando ma-deira de pases membros do Mercosul, especialmente Uruguai eArgentina. Outra forma de diminuir os efeitos da falta de madeira a aquisio de florestas por parte de empresas moveleiras.

    Contudo, em pesquisa de campo realizada recentemente,alguns empresrios, principalmente os exportadores de mveis demadeira macia, apontam para a impossibilidade de um apagoflorestal, pois, segundo eles, existem muitas florestas que noconstam de estatsticas oficiais e que podem suprir esse dficit entreoferta e demanda.

    Portanto, se futuramente ocorrerem problemas com aoferta de madeira, possivelmente no ser pela falta do produto, massim pela forma de comercializao. Pois, de acordo com empres-rios do setor, ainda mais vantajoso para o proprietrio da florestaexportar e/ou vender madeira para celulose do que para fabricantesde mveis.

    Conforme foi mencionado na introduo, a densidadetecnolgica da indstria de mveis relativamente baixa, mesmo secomparada com a de outros setores tradicionais, como o txtil. Aindaassim, o progresso tcnico contribui, em conjunto com outros fato-res, para definir os padres de competio do setor.

    O desenvolvimento tecnolgico atual evolui no sentido defazer com que os ciclos de vida dos produtos diminuam e conse-qentemente os perodos de comercializao acelerem. O conceitode produto no pode mais estar relacionado unicamente fabrica-o. Elaborar produtos significa criar um design atrativo para oconsumidor [Quadros (2002)]. Portanto, o design tornou-se fun-damental para que o produto tenha boa aceitao no mercado.

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    Tecnologia eDesign

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  • Um aspecto bastante peculiar da indstria de mveis aexistncia, s vezes na mesma unidade produtiva, de equipamentosde geraes muito diferentes. Isso decorre principalmente do car-ter descontnuo dificultando a automao do processo produtivo, oqual, por sua vez, se deve natureza da matria-prima utilizada, bemcomo padronizao relativamente pequena dos produtos.

    As inovaes tecnolgicas trazem reduo no uso intensi-vo da mo-de-obra, principalmente nos segmentos em que o pro-cesso de produo pode ser contnuo, como o caso de mveisretilneos seriados produzidos com painis de madeira recons-tituda. Apesar das inovaes incorporadas pela indstria, as empre-sas que produzem mveis torneados com muitos detalhes de aca-bamento ainda priorizam a utilizao de mo-de-obra, pois os inves-timentos em automao apresentam custos muitas vezes inviveis.

    O segmento de mveis retilneos seriados, composto emsua maioria por empresas de maior porte, apresenta o maior graude atualizao tecnolgica da indstria brasileira de mveis. Nosegmento de mveis de madeira macia, verifica-se grande hetero-geneidade tecnolgica, que inclui desde as modernas empresasexportadoras at as pequenas empresas artesanais voltadas paraproduo sob encomenda. No segmento de mveis para escritrio,a maioria das empresas apresenta processos produtivos bastantesofisticados, pois isso facilitado pela natureza metlica dos mate-riais utilizados.

    No que tange fabricao propriamente dita, importanteregistrar a tendncia, verificada recentemente, de horizontalizaoda produo. Assim, boa parte dos fabricantes de mveis retilneostransferiu as atividades de montagem para o varejo ou para oconsumidor final, o que lhes permite a concentrao nas operaesmais fceis de ser automatizados. Em sentido inverso, crescenteo uso de painis j preparados, mesmo quando se trata de acaba-mento superficial.

    A definio do produto no que diz respeito a seu designtem sido objeto de vrias discusses acadmicas e profissionais. Omotivo dessas discusses est na valorizao que a originalidadeconfere ao produto, um fator que pode determinar a competitividadede determinado setor.

    O design no mvel no pode ser entendido apenas co-mo o desenho ou a aparncia fsica. O mvel tem de ser funcional,confortvel e ergonmico e ainda precisa de um melhor aprovei-tamento de espaos. O design abrange desde a concepo doprojeto e todas as fases de produo at a entrega ao cliente final[Quadros (2002)].

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  • Pesquisa recente [Franzoni (2005)] detectou que no plode So Bento do Sul os empresrios exportadores trabalham comdesign fornecido pelo cliente e projeto desenvolvido pelo fabricante.O exportador brasileiro apenas determina as especificaes dimen-sionais, os materiais e o processo de produo de acordo com oprottipo, desenho ou fotografia fornecidos pelo cliente. Na mesmapesquisa observou-se que as principais razes para o produtor nodesenvolver design prprio foram o desconhecimento das ten-dncias de mercado e a resistncia dos clientes.

    O servio de design prprio parece ser visto pelos empre-srios como aumento de custos das empresas. Na realidade, asempresas esperam que as associaes de classes e universidadesformem parcerias e criem cursos especficos. Alm do que sugerema criao de legislao prpria sobre direito autoral e direito decriao, para justificarem os investimentos em design.

    Ferreira (1998) verificou que as inovaes tecnolgicastrazidas para a indstria moveleira, tanto em mquinas e equipamen-tos quanto em materiais, facilitaram a modernizao de muitasempresas brasileiras. Portanto, o design tornou-se fator de inovaoprprio da indstria de mveis, pois diferencia o produto dos demaisconcorrentes e tornou-se o principal fator de competitividade nessaindstria.

    Podemos observar que as empresas, em sua maioria, con-centram esforos na evoluo tecnolgica, no aprimoramento deseu parque industrial e de processos produtivos, mas deixam em se-gundo plano a estratgia de desenvolvimento de produtos com design.

    No Brasil, as empresas produzem mveis de acordo coma tendncia europia e, a partir do desenvolvimento do produto, voadaptando os modelos realidade brasileira. Observa-se, portanto,que o design prprio no tem grande importncia, pois para issoso necessrios investimentos em pesquisas de novos materiais etambm na utilidade que o mvel pode trazer ao usurio, ou seja,vai muito alm do desenho. Para os empresrios do setor, essesinvestimentos so inviveis atualmente, pois, talvez, s trouxessemalgum benefcio em prazo muito longo, o que estaria fora da reali-dade da maioria das empresas brasileiras.

    A demanda por mveis varia positivamente com o nvel derenda da populao e com o comportamento de alguns setores daeconomia, particularmente a construo civil. Muito sensvel svariaes conjunturais da economia, o setor um dos primeiros asofrer os efeitos de uma recesso. O gasto com mveis, em geral,situa-se na faixa de 1% a 2% da renda disponvel das famlias [Gorini(1998)]. Outros fatores que influenciam muito a demanda por mveis

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    Demanda porMveis

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  • so as mudanas no estilo de vida da populao, os aspectosculturais, o ciclo de reposio, o investimento em marketing (emgeral muito baixo nessa indstria) e a concorrncia com outrosprodutos de consumo de massa.

    O consumo nacional de mveis suprido quase integral-mente pela produo domstica. As importaes tm participaomuito pequena, com valor prximo a US$ 170 milhes no ano de2005 (corresponde a menos de 1% do faturamento da indstria).Destaca-se a representatividade da produo dos Estados do RioGrande do Sul, Santa Catarina, So Paulo e Paran, que respondempor cerca de 83% da oferta nacional.

    Os principais centros consumidores so as Regies Sul eSudeste, com destaque para So Paulo e regio do ABC, BeloHorizonte, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Braslia, bemcomo suas respectivas regies metropolitanas. Segundo informa-es da Abimvel, as 26 capitais do pas e o Distrito Federal respon-dem por 37% do consumo de mveis no Brasil.

    As exportaes brasileiras de mveis se intensificaram apartir da dcada de 1970, com a industrializao do setor. Todavia,foi somente na dcada de 1990 que ocorreu maior insero interna-cional graas modernizao das empresas. De fato, durante essadcada a indstria brasileira de mveis apresentou bom desempe-nho e se consolidou no mercado internacional.

    Nessa poca, a indstria passou a utilizar canais de co-mercializao internacionais atravs de representantes de vendasno exterior e importadores atacadistas, os quais geralmente procu-ram diretamente as empresas brasileiras. Normalmente, esses co-merciantes determinam o tipo de mvel e o design desejado. Emmuitos casos, um mesmo importador encomenda o mesmo tipo demvel a vrias empresas, e muitos deles fazem cotaes de preos,o que, com freqncia, conduz a uma grande concorrncia entre asprprias empresas brasileiras.

    Alguns segmentos realizaram investimentos na aquisiode mquinas e equipamentos importados, que trouxeram, comoconseqncias diretas, o aumento da escala de produo e a pa-dronizao do produto ao nvel internacional, possibilitando umaelevao significativa das exportaes de mveis. As exportaespassaram de US$ 40 milhes, no ano de 1990, para US$ 1 bilhoem 2005, o que implicou um aumento na participao das exporta-es brasileiras no comrcio mundial de mveis de 0,1% para 1%,respectivamente. O crescimento observado no perodo foi de 2.400%.

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar

    ComrcioExterior

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  • Ao observarmos a evoluo das exportaes, podemosfazer distines entre tipos distintos de padro de crescimento doperodo analisado. Entre os anos de 1990 e 1995, as taxas mdiasde crescimento anuais ficaram em torno de 58%, o que se explica,em parte, pela reduzida base inicial de exportaes naquele perodo,pela melhoria da capacidade produtiva da indstria e pelo cmbiofavorvel. A partir de 1995, observa-se um crescimento menosexpressivo, com taxas mdias de 4,5% ao ano at 1998, em funodo cmbio desfavorvel. Do ano de 1998 at 2005, a taxa mdia decrescimento anual foi de 17%. Nesse ltimo perodo analisado, ocmbio foi, mais uma vez, um dos principais fatores que impulsio-naram as exportaes brasileiras de mveis.

    importante ressaltar que, em 1998, a Abimvel e a Apexassinaram convnio estabelecendo o Promvel, com a finalidade defortalecer a capacidade gerencial e incrementar o relacionamento entreas empresas, atravs da realizao de eventos de interesse comum,como seminrios, feiras e outras modalidades de intercmbio tcni-co e comercial, visando promoo comercial para exportaes.

    No incio, os mercados-alvo foram os Estados Unidos, pasque atualmente o maior consumidor de mveis do mundo, aFrana e a Inglaterra, pelo reconhecimento internacional comomercados de elevado padro de consumo. Cabe observar que asexportaes para os Estados Unidos cresceram aproximadamente480%, para a Frana, 110%, e para a Inglaterra, 140%, no perodocompreendido entre 1998 e 2005. Portanto, podemos sugerir queas aes do Promvel tambm contriburam para o bom desempe-nho das exportaes brasileiras de mveis.

    Posteriormente, aps a realizao de atividades de pes-quisa e promoo nos mercados dos Estados Unidos, da Frana eda Inglaterra, foram definidos como mercados alternativos em rela-o aos trs mercados iniciais e passaram a compor a pauta deaes do programa: Mxico, Amrica do Sul, pases do Golfo rabe,Japo, frica do Sul, Rssia e outros pases da Europa Ocidental.

    De acordo com o Ministrio do Desenvolvimento, Indstriae Comrcio Exterior MDIC (2003) e Rangel (1993), outros fatoresque explicam o crescimento das exportaes podem ser os seguintes:

    melhoria da capacidade produtiva;

    transformaes no Leste Europeu, que permitiram ao Brasil ex-portar para os mercados que eram supridos por outros pases;

    avano das negociaes do Mercosul; e

    salto tecnolgico da indstria moveleira.

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  • Rangel (1993) observa que a produo fsica da indstriade mveis no ano de 1990 cresceu em torno de 250%, se comparadacom o ano de 1970, de acordo com dados do IBGE. De fato, essaobservao pode sugerir que houve grande melhoria na capacidadeprodutiva, embora o perodo tenha coincidido com o aumento dasexportaes brasileiras de mveis.

    O avano das negociaes do Mercosul permitiu o es-tabelecimento de menores tarifas de exportaes para a regio,comparativamente com as tarifas enfrentadas em outros pases oublocos. No caso dos produtos de madeira e mveis, a Tarifa ExternaComum (TEC) variou de 7,5% a 19,5%, o que possibilitou o aumentodas exportaes para a regio. Em outros pases, como o Mxico,as tarifas para as mesmas operaes e produtos chegam a ser deat 25% [Farina (2003)].

    Podemos citar tambm os investimentos do BNDES namodernizao tecnolgica da indstria de painis de madeira, in-vestimento que atingiu, conforme Valena (2002), o montante deUS$ 250 milhes entre os anos de 1997 e 2001. Graas a isso, houvequase a duplicao da produo de painis de madeira aglomeradae de MDF. Em 1997, a produo conjunta desses produtos era de1.254 mil m3, passando para 2.442 mil m3 no ano de 2001. Issopermitiu o aumento da oferta de outras matrias-primas para aindstria como um todo e diminuiu, assim, a presso sobre a ofertade matrias-primas tradicionais (pnus) utilizadas pela indstria ex-portadora, acarretando queda nos preos.

    As exportaes brasileiras de mveis so, em sua grandemaioria, compostas por mveis de madeira (73%). Nesse segmento,os mveis residenciais respondem por cerca de 34%, os mveis deescritrio, por 4%, e outros mveis e partes, por 35%.

    As maiores exportaes de mveis so realizadas porempresas localizadas no Estado de Santa Catarina, que em 2005foram responsveis por cerca de 44% das exportaes brasileirasde mveis, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 27%, Paran, com9%, So Paulo, com 9%, e Bahia, com 7%.

    Os principais destinos das exportaes brasileiras de m-veis, em 2005, foram os Estados Unidos, com 39%, Frana, com10%, Reino Unido, com 8%, Argentina, com 5%, Espanha, com 4%,e Alemanha, com 4%.

    Os mveis em madeira para dormitrios foram os maisexportados em 2005, com participao de 30% do total de mveisexportados pelo Brasil.

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar100

  • Observa-se que as importaes evoluram de US$ 3 mi-lhes para US$ 166 milhes entre os anos de 1990 e 2005, res-pectivamente, com crescimento de 6.000%.

    Os estados brasileiros que mais importaram mveis em 2005foram So Paulo, com 68% de participao, Paran, com 17%, Rio deJaneiro, com 5%, Minas Gerais, com 3%, e Esprito Santo, com 2,6%.

    As principais origens das importaes brasileiras de mveisem 2005 foram Estados Unidos, com 29,5% de participao, Alemanha,com 22%, Frana, com 13%, Espanha, com 8%, e Itlia, com 5,5%.

    O saldo da balana comercial do setor de mveis no pe-rodo analisado foi sempre muito expressivo, passando de US$ 37milhes em 1990 para US$ 861 milhes em 2005.

    Apesar de o comrcio exterior de mveis ter crescidosignificativamente entre os anos de 1998 e 2005, ainda existemvrios desafios a serem vencidos. A terceirizao de etapas doprocesso produtivo pode atuar como forma de reduo de custosnesse ambiente de abertura comercial e intensa competitividade. Ascrescentes restries de carter ambiental ao uso de madeiras delei tem aumentado muito a importncia, no comrcio internacional,das madeiras de reflorestamento como o pnus e o eucalipto. Comisso, certamente, o futuro do comrcio mundial de mveis reside nouso crescente dessas madeiras, ou seja, a antiga vantagem compa-rativa representada pelas florestas naturais torna-se cada vez maisineficaz em um mundo extremamente preocupado com questesambientais. Para tanto, os empresrios da indstria brasileira demveis tm a misso de adaptar suas estratgias s exigncias domercado mundial.

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    Grfico 2

    Comrcio Exterior Brasileiro de Mveis

    Fonte 1: at 1995, informativo MDIC/Secex n. 18, jan. 1999.Fonte 2: de 1996 a 2005, MDIC/Secex/Sistema Alice Web, 9401.10.10 a 9404.90.00.

  • De acordo com o estudo realizado pelo Iemi e Movergs, ofaturamento do setor moveleiro cresceu timidamente entre 2003 e2005. De 2003 para 2004, o faturamento cresceu apenas 2%; j de2004 para 2005, elevou-se um pouco mais (3,6%).

    Com relao produo, apesar da queda de 10% nosvolumes exportados, o setor dever aumentar as vendas domsti-cas. A previso era de que a indstria encerrasse o ano de 2006 comcrescimento de 2,6% no volume de peas produzidas em relaoao ano anterior, com 317 milhes de unidades, ante 309 milhes em2005, sendo que a expectativa dos empresrios de crescimento.Os nmeros so positivos, considerando a baixa nas vendas aomercado externo, estimada em aproximadamente 10% em volume,sobre cerca de 80 milhes de unidades vendidas no exterior em2005. O faturamento dever ter aumento nominal de cerca de 3%,somando R$ 17,5 bilhes em 2006. Descontada a inflao de 2006,o faturamento deve ter queda, mesmo com o esforo para repassarcustos e agregar valor aos produtos, previu Luiz Antonio Troes,presidente da Movergs.

    Nos ltimos trs anos, as lojas especializadas (ou exclusi-vas, destinadas a um pblico de mdio e alto poder aquisitivo) tor-naram-se o maior e principal canal de comercializao de mveisno pas, com participao de 33% das vendas totais, seguido daslojas de departamento, com 30%. Est clara a tendncia para oconsumo de mveis projetados (sob medida), principalmente emgrandes centros consumidores, onde a necessidade de ocuparespaos est cada vez mais valorizada. A valorizao de marcas novarejo pode ser reflexo da necessidade de aproximao entre ofornecedor e seu segmento de consumidores.

    importante ressaltar o surgimento de um mercado com-prador, tendo o cliente como foco principal de estratgia das em-presas. A necessidade de cooperao e parceria no desenvolvimen-to de novos produtos exigidos diretamente pelo consumidor finaltrouxe a governana da cadeia produtiva de mveis para as mosdos compradores varejistas.

    O Setor de Mveis na Atualidade: Uma Anlise Preliminar

    Perspectiva eTendncias do

    Consumo

    102

    Tabela 8

    Faturamento Anual do Setor de Mveis 2003-2005(Em Milhes de R$)

    SEGMENTO 2003 2004

    Mveis Residenciais 10.446 10.634Mveis de Escritrio 4.444 4.480Colches 1.528 1.631Total do Faturamento 16.418 16.745Fonte: Iemi/Movergs.

  • Atualmente, a oferta de mveis maior do que a demanda,j que a produo aumentou em dimenso superior do consumo.As empresas no investiram em clientes e no acompanham aevoluo da vida do consumidor. As empresas do setor sempre sepreocuparam em expandir a capacidade produtiva, mas no criaramnovas necessidades para os consumidores. Os consumidores que-rem novidades, ou seja, produtos que lhes causem surpresa etragam solues, para ento sentirem a necessidade de realizarnovas compras, como ressalta Ari Bruno Lorandi, diretor de marke-ting da Central de Excelncia Moveleira de Curitiba.

    Os recursos destinados ao setor de mveis vm crescen-do nos ltimos cinco anos, especialmente em 2005. O Grfico 3apresenta os desembolsos do BNDES ao setor moveleiro de 1995at agosto de 2006. Durante esse perodo, o valor total dos desem-bolsos somou R$ 751 milhes. Os financiamentos se destinam,principalmente, a aquisies de novas mquinas e capital de giropara micro, pequenas e mdias empresas. Cabe destacar que onmero de operaes quanto ao porte das empresas concentra-seacima de 90% s MPMEs.

    A regio que mais recebeu recursos, nesse perodo, foi aRegio Sul, com um percentual de 66,6%, seguida da RegioSudeste, com 29,2% do montante, conforme o Grfico 4.

    BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 25, p. 65-106, mar. 2007

    Apoio doBNDES aoSetor

    103

    Grfico 3

    Desembolsos do Sistema BNDES para o Setor