silva, adilson gomes da. gestão de pessoas por competências

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ADILSON GOMES DA SILVA GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS: Uma ferramenta estratégica Trabalho de Conclusão de Curso Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Ten Cel Fabio Perdonati da Silva. Rio de Janeiro 2015

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ADILSON GOMES DA SILVA

GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS:

Uma ferramenta estratégica

Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia.

Orientador: Ten Cel Fabio Perdonati da Silva.

Rio de Janeiro 2015

C2015 ESG

Este trabalho, nos termos da legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da Escola Superior de Guerra (ESG). É permitida a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los em comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais, e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG.

______________________________

ADILSON GOMES DA SILVA – Cel QMB

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Silva, Adilson Gomes. Gestão de Pessoas por Competências: Uma ferramenta

estratégica/Cel QMB Adilson Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: ESG, 2015.

47 f.: il.

Orientador: Ten Cel Fabio Perdonati da Silva. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2015.

1. Gestão de Pessoas. 2. Foco em Competências. 3. Avaliação do Desempenho. 4. Conhecimento. I.Título.

Obrigado, Senhor DEUS, por

todas as bênçãos, livramentos e

ensinamentos que me conduziram até

aqui e que me levaram a concluir este

trabalho.

Aos meus pais, Antônio e

Marlene (in memoriam), pela educação,

carinho, amor, exemplos e incentivos

que me transmitiram em todos os

momentos.

A minha gratidão, em especial à

minha querida esposa, Márcia Patrícia, e

aos meus filhos, Jéssica e Adilson

Júnior, pela fé, amor, companheirismo,

apoio, cumplicidade, paciência,

confiança e compreensão, como

resposta aos momentos de minhas

ausências e omissões, em dedicação às

atividades da ESG.

AGRADECIMENTOS

Aos meus professores de todas as épocas, por terem sido responsáveis por

parte considerável da minha formação e do meu aprendizado.

Ao Alto-Comando do Exército Brasileiro, que reconheceu minha dedicação e

profissionalismo ao confiar-me mais um grande compromisso, designando-me para

realizar tão importante Curso de Altos Estudos.

Ao meu orientador, Ten Cel Int Fabio Perdonati da Silva, pela demonstração

de amizade, pela inequívoca dedicação e pelas valiosas orientações acadêmicas,

essenciais para a exitosa conclusão deste trabalho.

Aos estagiários da melhor turma do Curso de Altos Estudos de Política e

Estratégia (CAEPE) de todos os tempos, pela atenção, amizade e convívio

harmonioso, registro meu apreço e gratidão.

Ao Corpo Permanente da ESG, pelos ensinamentos e orientações que me

fizeram refletir cada vez mais sobre a importância de se estudar o Brasil com a

responsabilidade implícita de ter que melhorar.

“A única coisa que sabemos sobre o futuro é que ele será diferente”.

Peter Drucker

RESUMO

A publicação do Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, que estabeleceu a

Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal, bem como a aprovação da

Política Nacional de Defesa, da Estratégia Nacional de Defesa e do Livro Branco de

Defesa Nacional, fizeram com que se descortinasse uma maior necessidade de

valorização dos recursos humanos no âmbito das Forças Armadas(FFAA). A Gestão

de Pessoas por Competências (GPC) tornou-se uma referência a ser perseguida por

instituições e organizações inseridas na Administração Pública Federal. Nesse

contexto, ao manusear esta monografia, o leitor irá familiarizar-se com o tema, pois

este trabalho versará sobre conceitos, características, vantagens e dificuldades

relacionadas à Gestão de Pessoas por Competências; e aspectos, erros e cuidados

referentes à Avaliação do Desempenho. A metodologia adotada baseou-se em uma

pesquisa bibliográfica e documental, em busca de referenciais teóricos sobre o tema.

Assim, como o assunto engloba um amplo espectro, com o objetivo de delimitá-lo, o

autor buscou focar seu trabalho na seguinte questão: “Como a Gestão de Pessoas

por Competências e a Avaliação do Desempenho podem contribuir para que sejam

minimizados ou solucionados os problemas de alocação de pessoal no âmbito do

Exército Brasileiro (EB)?” Cabe ressaltar que o trabalho não esgota o assunto,

apenas analisa superficialmente o tema, com o intuito de nivelar conhecimentos

para futuros estudos sobre o assunto.

Palavras-chave: Gestão de Pessoas. Foco em Competências. Avaliação do

Desempenho. Conhecimento.

RESUMÉN

La publicación del Decreto N ° 5.707, de 23 de febrero de 2006, que estableció la

Política Nacional de Desarrollo de Recursos Humanos y la aprobación de la Política

Nacional de Defensa, de la Estrategia Nacional de Defensa y del Libro Blanco de la

Defensa Nacional, dieron énfasis a la necesidad de promocionar el mejoramiento

continuo del efectivo militar de las Fuerzas Armadas mediante la gestión de

personas por las habilidades. Este estilo de gestión se ha convertido en el modelo

de referencia, el mejor camino para las instituciones y organizaciones de la

Administración Pública Federal. Al manejar la monografía el lector irá familiarizarse

con el tema, porque el trabajo presentará conceptos, características, ventajas y

dificultades relacionadas con la gestión de personas por las habilidades, además de

ello, la investigación conducirá al lector a enterarse de los aspectos, errores e

cuidados referentes a la evaluación del desempeño laboral usándola como

instrumento de apoyo para estimular habilidades y potenciales del efectivo militar de

las fuerzas armadas. La metodología seguida para elaborar el trabajo de

investigación fue compuesta de la consulta documental e de la toma de apuntes de

una extensa bibliografía y del uso de referencias teóricas basadas en el tema central

que es el desarrollo personal. Como es un asunto amplio, para lo delimitar, el autor

ha tomado una síntesis de las dudas e cuestionamientos sobre la gestión de

recursos humanos en una sola pregunta: “¿Cómo el Ejército de Tierra Brasileño

debe evaluar habilidades personales y el desempeño de sus subordinados para

lograr éxito en la gestión de recursos humanos?” El objetivo del trabajo no es

presentar una versión total del tema, pero sí, presentarlo de forma didáctica para que

nuevos estudios nazcan a partir de las teorías y de las ideas presentadas.

Palabras clave: Gestión de Personas. Enfoque en habilidades. Evaluación de

Desempeño. Conocimiento.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Identificação do gap de competências .............................................22 FIGURA 2 As dimensões da competência ........................................................24 FIGURA 3 Competência ....................................................................................25 GRÁFICO 1 Processo de Avaliação de Desempenho .........................................32 FIGURA 4 Atores do Sistema de Gestão do Desempenho ...............................35 FIGURA 5 Competências básicas .....................................................................36 FIGURA 6 Competências específicas ...............................................................37

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Pautas de avaliação ................................................................................. 39

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMAN Academia Militar das Agulhas Negras

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANTAQ Agência Nacional de Transporte Aquaviário

BB Banco do Brasil

CAEPE Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia

DECEX Departamento de Educação e Cultura do Exército

DG Desempenho Global

EB Exército Brasileiro

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

END Estratégia Nacional de Defesa

ESG Escola Superior de Guerra

ESPCEX Escola Preparatória de Cadetes do Exército

FFAA Forças Armadas

GP Gestão de Pessoas

GPC Gestão de Pessoas por Competências

LBDN Livro Branco de Defesa Nacional

MD Ministério da Defesa

OM Organização Militar

PN Poder Nacional

PND Política Nacional de Defesa

QC Quadro de Cargos

QCP Quadro de Cargos Previstos

RH Recursos Humanos

SGD Sistema de Gestão do Desempenho

SIGESTA Sistema de Gestão de Talentos

TCU Tribunal de Contas da União

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ............................................................................. 14

3 GESTÃO DE PESSOAS .............................................................................. 16

4 GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS ........................................ 19

4.1 CONCEITOS ................................................................................................ 20

4.2 DIMENSÕES ................................................................................................ 24

4.3 VANTAGENS ............................................................................................... 27

4.4 DIFICULDADES ........................................................................................... 29

5 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO................................................................ 31

5.1 FORMAS DE AVALIAÇÃO ........................................................................... 31

5.2 CAUTELA NA APLICAÇÃO .......................................................................... 33

5.3 SISTEMA DE GESTÃO DO DESEMPENHO ............................................... 34

6 CONCLUSÃO............................................................................................... 40

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 44

11

1 INTRODUÇÃO

No atual ambiente de negócios do terceiro milênio, a mudança é a única

variável constante, a contínua introdução de novas tecnologias nos processos

produtivos e de gestão das organizações e instituições exige mudanças estruturais

internas e a evolução de cargos e funções para que a empresa se mantenha estável

no mercado.

Tais alterações são bastante influenciadas pela globalização, pela

valorização do conhecimento, pela eficiência e pela competitividade. Seus efeitos

são irreversíveis e prosseguirão impactando de forma decisiva no gerenciamento e

na administração dos funcionários das instituições e organizações, sejam elas

públicas ou privadas.

Em face de tantas modificações, o cenário atual nos aponta para uma

supervalorização do capital intelectual, pois este gera mais criatividade e inovação

em uma empresa do que o capital financeiro.

O presente trabalho de conclusão de curso materializa o encerramento do

Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia da Escola Superior de Guerra e

estimula a pesquisa, a busca e a produção de conhecimento de interesse da ESG,

por parte dos estagiários (ESG, 2014).

O tema trata especificamente da utilização da Gestão de Pessoas por

Competências no âmbito de organizações, e apesar do assunto ser incipiente no

Brasil, já surgiu nos Estados Unidos há mais de 30 anos.

Seu foco principal é a busca do alinhamento do planejamento estratégico da

empresa com as desejáveis competências que o trabalhador da organização deve

possuir para que os objetivos vislumbrados sejam alcançados. Como resultado

desse pensamento, as empresas começaram a preocupar-se em identificar e

desenvolver os talentos de seus funcionários, essa seria a receita para sobreviver

em um ambiente competitivo e globalizado. Desde então, as competências que o

indivíduo adquire, desenvolve e aplica, visando à conquista dos objetivos

organizacionais e à obtenção de seu crescimento profissional e pessoal, são

consideradas o ativo mais importante das organizações, tornando um verdadeiro

desafio a retenção de talentos.

Assim sendo, o problema do estudo surge da constatação da alocação de

pessoal militar em cargos e/ou funções, de acordo com a quantidade de vagas

12

disponíveis, algumas vezes, sem levar em conta se estas estão alinhadas com a

principal linha de capacitação do militar. Tais condições provocam um grande

dispêndio de tempo para que o militar atinja o nível desejável e, não raro, o

desmotivam a prosseguir na carreira, ocasionando a evasão de talentos.

Como mensurar o desempenho das competências dos colaboradores no

âmbito do Exército Brasileiro e estabelecer o equilíbrio entre vagas disponíveis,

capacitação e planejamento estratégico?

Surge um novo foco, o trabalhador que durante a Era Industrial era

considerado um fator de produção (FISCHER, 2002, p.172) passou a ser visualizado

como o Trabalhador do Conhecimento (DRUCKER, 2002, p. 68)

Surge então a seguinte pergunta:

Como a Gestão de Pessoas por Competências e a Avaliação do

Desempenho podem contribuir para que sejam minimizados ou solucionados os

problemas de alocação de pessoal no âmbito do Exército Brasileiro (EB)?

A fim de responder à pergunta, durante o trabalho, procurou-se discutir

conceitos, características, vantagens e aspectos que motivam sua implantação e as

dificuldades enfrentadas para a adoção da técnica de Gestão de Pessoas. A

metodologia escolhida foi a pesquisa bibliográfica e documental, nesse aspecto,

buscou-se referenciais teóricos sobre o tema e, para delimitá-lo – pois o assunto

engloba um amplo espectro –, o autor concentrou o foco do trabalho no âmbito do

EB. Sem a pretensão de esgotar o assunto, valeu-se de uma análise não muito

aprofundada sobre esse tipo de técnica, e elencou seus pontos fortes e fracos, com

o intuito de nivelar conhecimento para futuros estudos sobre o tema. A motivação ou

justificativa originou-se da percepção de que ao se implantar a GPC a instituição

estará buscando o Bem Comum, objeto de estudo da ESG, e fortalecerá a

Expressão Psicossocial do Poder Nacional (PN), mantendo elevada a motivação de

cada colaborador, fruto das respectivas autorrealizações no ambiente de trabalho.

A carência de uma referência prática que explique como aplicar ou fazer a

Gestão de Pessoas por Competências e as exigências de um mundo globalizado

também foram decisivas para a realização deste estudo.

A evolução experimentada pela área de Gestão de Pessoas ao longo do

tempo provocou o seu condicionamento à lógica das competências, tudo decorrente

da adoção de novos modelos de gestão empresarial. Fica evidente que a interação e

13

a sinergia dos colaboradores de uma instituição resultam em algo muito maior que o

simples somatório das características individuais de cada membro da organização.

Para o desenvolvimento do trabalho foram selecionadas as seguintes

questões norteadoras:

– Quais as principais características e conceitos relacionados com a Gestão

de Pessoas por Competências?

– Quais as vantagens e desvantagens da implantação da Gestão de

Pessoas por Competências?

– Quais as principais dificuldades enfrentadas para a implantação da Gestão

de Pessoas por Competências em uma organização?

E, para responder às questões formuladas, estabeleceram-se os seguintes

objetivos, de forma a encadear logicamente o raciocínio descritivo apresentado

neste estudo:

– apresentação das principais características e conceitos relacionados com

a GPC.

– apresentação de vantagens, desvantagens e aspectos que motivam a

implantação da GPC.

– apresentação das principais dificuldades enfrentadas.

O estudo deste assunto é de extrema relevância, está alinhado com o

escopo estabelecido pela Escola Superior de Guerra e encontra vasto campo de

aplicação e emprego no âmbito das Forças Armadas, em consonância com os

Objetivos Nacionais de Defesa (VII e X), estabelecidos na Política Nacional de

Defesa (PND), com a Diretriz (nº 15) da Estratégia Nacional de Defesa (END),

aprovada pelo Decreto Nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008, e do Livro Branco de

Defesa Nacional (LBDN): a capacitação científico-tecnológica dos recursos humanos

(p. 148) e a maior ênfase na dimensão humana (p. 124). Esses tópicos servem de

oportunidade para o eficaz emprego da GPC como instrumento de influência positiva

e de fortalecimento das Expressões Militar, Psicossocial e Científica e Tecnológica

do Poder Nacional (PN).

Nesse contexto, a adoção da GPC no âmbito do setor público também

reforça a consolidação do previsto no Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006,

que instituiu a Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da

14

Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, contribuindo para o

incremento da capacidade do governo de realizar a gestão de políticas públicas.

O trabalho será composto por seis capítulos:

O capítulo 1 apresenta a introdução e o problema da pesquisa.

O capítulo 2 mostra ao leitor uma breve evolução histórica da Gestão de

Pessoas.

O capítulo 3 versa sobre a Gestão de Pessoas e medidas implantadas pelo

Exército Brasileiro.

O capítulo 4 apresenta a Gestão de Pessoas por Competências, seus

conceitos e suas dimensões e características, as vantagens decorrentes de sua

implantação e as dificuldades enfrentadas.

O capítulo 5 versa sobre a avaliação do desempenho, formas de avaliação,

cuidados na implantação, aspectos e características do Sistema de Gestão do

Desempenho (SGD) adotado pelo Exército Brasileiro.

O capítulo 6 apresenta a conclusão.

E, finalizando o trabalho, serão apresentadas as referências utilizadas.

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Segundo Chiavenato (2005, p.53), no início do século XIX surgiu a

necessidade de se contabilizarem os registros, faltas e atrasos dos trabalhadores,

daí surgirem os Departamentos de Recursos Humanos e os inflexíveis e frios

“chefes de pessoal”, cujo lema era o estrito seguimento das leis. Quando um

trabalhador era informado de que deveria comparecer ao Departamento de Pessoal,

automaticamente deduzia que seria demitido, e isso ocorreu durante muito tempo.

Na década de 1920, um novo desafio foi apresentado aos “Chefes de

pessoal”, o movimento de relações humanas difundia uma maneira diferente de

administrar, alterando a relação entre os empregados e os empregadores. Antes,

imperava a força e, com o novo modelo, prevaleceria a preocupação com o indivíduo

e com suas necessidades.

Apesar do despreparo para fazer frente a tais mudanças, as organizações e

seus respectivos modelos de gestão de pessoas continuaram a evoluir ao longo dos

anos e, por volta de 1945, ainda com o enfoque no comportamento humano, o Chefe

15

de pessoal passou a ser encarado como um gerente de pessoal fruto de estudos

sobre liderança, motivação e democracia no trabalho. (VISCAINO e ESTORK, 2007)

Ainda de acordo com Viscaino e Estork (2007), na década de 1950,

decorrente das transformações na área, a função de Gerente de Pessoal passou a

ser denominada Gerente de Recursos Humanos. A denominação de Gerente de

Relações Industriais surgiria na década seguinte e, a partir de então, as

organizações puderam distinguir quem cuidava dos aspectos administrativos.

Iniciando-se ainda na década de 1960, a Administração de Recursos

Humanos (ARH) passou a denominar o que se conhecia como Administração de

pessoal e Relações Industriais (GIL, 2009). A ARH passou a oferecer à organização

uma visão sistêmica de seu pessoal.

Cada momento histórico ficou marcado por uma característica mais

predominante, de acordo com o contexto da época. E de acordo com Fischer (2002,

p.19), é possível classificar os modelos de gestão de pessoas em quatro categorias

principais:

1) Como departamento de pessoal, onde os custos estavam em primeiro

lugar, a relação empresa-cliente era unilateral;

2) Como gestão do comportamento, a liderança e a motivação estavam

em alta, a satisfação do trabalhador influenciava na produtividade;

3) Como gestão estratégica, vinculação da gestão de pessoas às

estratégias organizacionais; e

4) Como vantagem competitiva, ênfase na competição.

Ainda segundo Fischer (2002, p. 25), esse último modelo “[...] cria as bases

do surgimento de um modelo de gestão de pessoas baseado em competências”.

A partir da década de 1990, o ambiente corporativo começa a passar por

mudanças cada vez mais velozes e intensas, tanto no ambiente organizacional

quanto na forma com que as empresas utilizavam as pessoas.

As tarefas operacionais e burocráticas são transferidas para terceiros,

enquanto a gestão se dedica ao gerenciamento de pessoas em prol delas mesmas,

supondo que os colaboradores sejam dotados de talento, capacidade, habilidades e

atitudes capazes de gerar sucesso organizacional (ARAÚJO, 2006).

“O verdadeiro investimento na sociedade [...] não é em máquinas e ferramentas, mas no conhecimento do trabalhador [...] – o trabalhador industrial precisava infinitamente mais do capitalista do que o capitalista

16

precisava dele [...] Na sociedade do conhecimento [...] as empresas precisam mais dos trabalhadores do que eles precisam delas”. (DRUCKER, 1997, p.95)

O capítulo 3 versa sobre a Gestão de Pessoas e medidas implantadas pelo

Exército Brasileiro.

3. GESTÃO DE PESSOAS

Vários foram os reflexos da segunda guerra mundial, e um deles fez com

que a administração de pessoal começasse a se preocupar mais com as condições

de trabalho e com os benefícios disponibilizados aos seus empregados (GIL, 2009).

Foi possível deduzir que a Expressão Psicossocial do Poder Nacional (PN)

estaria sendo fortalecida quando um militar estivesse motivado e se sentisse

realizado em suas necessidades, independentemente do grupo social em que

estivesse interagindo.

Durante a década de 1980, constataram-se profundas mudanças estruturais

e organizacionais, provocadas por questionamentos motivados pelas ondas de

globalização aliadas à célere evolução tecnológica. A combinação de fatores

econômicos, culturais e tecnológicos resultou em grandes e significativas evoluções

sociais, políticas e comportamentais. E, segundo Resende (2003, p.4), esses

movimentos caracterizavam-se por serem cíclicos e denominavam-se de períodos,

eras ou gerações. Atualmente, verifica-se uma redução de tempo entre eles e dentro

deles.

Ao final da década de 1990, principalmente após o surgimento do Ministério

da Defesa (MD), os debates relativos à Defesa Nacional se fortaleceram e

começaram a ser mais frequentes. Identificou-se uma tentativa de se aproximar

Sociedade, Estado e Forças Armadas com vistas a solucionarem consensualmente

questões dignas de discussão.

Uma dessas tentativas surgiu com o Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de

2006, que instituiu a Política e Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da

Administração Pública Federal, Autárquica e Fundacional, que, em seu bojo, trouxe

os seguintes desafios à Gestão das Pessoas (GP) no setor público:

– melhorar a eficiência, a eficácia e a qualidade dos serviços públicos;

17

– desenvolver permanentemente o servidor público;

– adequar as competências individuais aos objetivos institucionais; e

– racionalizar gastos.

De acordo com Dutra (2011, p.17), a Gestão de Pessoas pode ser

caracterizada pelo conjunto de políticas e práticas que resultam na realização

conciliada das expectativas almejadas pelas organizações e pelas pessoas,

simultaneamente.

Atento ao cenário, o Exército Brasileiro, sem desprezar a experiência e o

conhecimento profissional e preservando a flexibilidade e iniciativa de seus chefes,

também promoveu as mudanças necessárias, uniformizando procedimentos e

pensamentos com a aplicação de normas e diretrizes de comando.

Caberia ao gestor utilizar sua perspicácia para trilhar a área comum entre as

aspirações dos militares e as necessidades institucionais. Mas gerenciar pessoas

em uma instituição como o Exército Brasileiro não é tarefa fácil, em razão de sua

diversidade de segmentos, suas áreas de atuação e legislações vigentes, tudo

funcionando em completa sintonia de ações. Um passo equivocado ou uma falha na

tentativa de mudança, por menor que fosse, no processo ou na estrutura, acarretaria

repercussões negativas para o país, impactando a Expressão Militar do Poder

Nacional e causando efeitos indesejáveis ao nosso pessoal e à Soberania Nacional.

Novos equipamentos, doutrinas e técnicas surgiram, e a continuidade da

evolução seguramente prosseguiria, mas a nobre e sagrada missão de defender a

Pátria, até mesmo com o sacrifício da própria vida, permaneceria. Manter o

fortalecimento e a preservação dos princípios e valores (patriotismo, sentimento do

dever, lealdade, probidade e coragem), que sempre nortearam o Exército Brasileiro

ao longo de sua vitoriosa história, era imprescindível.

“O processo de modernização administrativa no Exército deverá ser mantido por meio [...] das melhores práticas de gestão, no âmbito da Administração Pública, coerentes com as normas do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GESPÚBLICA) e do Tribunal de Contas da União (TCU)” (BRASIL, 2011, p.29).

Mantendo a linha de seu pensamento, o Comando do Exército expediu

ordens aos seus diversos sistemas integrantes:

– Ciência e Tecnologia;

– Comando e Controle;

18

– Comunicação Social;

– Doutrina Militar;

– Economia e Finanças;

– Engenharia e Construção;

– Inteligência;

– Logística;

– Mobilização;

– Operações;

– Pessoal (Sistema de Gestão do Desempenho); e

– Educação e Cultura.

Com relação ao Sistema de Educação e Cultura, para enfrentar os desafios

futuros, foi mantida a prioridade de seus investimentos, pois a qualidade da

Educação aumentaria a motivação profissional; um legítimo e eficiente argumento.

Conduzir o processo de transformação na área de ensino do Exército exigiu

do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx) a adaptação de sua

estrutura, com o objetivo de alcançar as metas programadas.

Em seguida, o DECEx reavaliou o processo de modernização do ensino

iniciado em 1995, e, após estudo referente às práticas pedagógicas em curso,

resolveu implantar o ensino por competências nas linhas de ensino militar bélico,

complementar e de saúde. Estendendo também essa mesma técnica ao ensino

preparatório e assistencial.

Desde 2012, o Exército Brasileiro vem implantando o ensino por

competências em seus estabelecimentos de ensino, e o acompanhamento realizado

constatou que os alunos estão se adaptando positivamente às novas exigências

escolares, ou seja, apesar da necessidade de eventuais ajustes, a escolha foi

acertada. A educação militar pode e deve evoluir, mas a preservação das tradições

da Instituição e o preparo do profissional são fundamentais para as ações de

segurança em uma nova ordem mundial.

De acordo com Miranda (2015), a alteração do currículo da Academia Militar

das Agulhas Negras (AMAN), com a inserção de mais um ano de ensino superior,

realizado presencialmente na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx),

coincidiu com a implantação do ensino por competências e, em razão dessas

recentes mudanças, ainda não há notícias sobre indicadores que demonstrem se os

resultados almejados foram alcançados. Apenas em 2017, a primeira turma de

19

aspirantes será recebida pela tropa. Tal assertiva foi corroborada por Bruno

Henrique de Avelar Francisco ao relatar sobre indícios de melhorias no

aproveitamento escolar dos cadetes e dos alunos do Colégio Militar do Rio de

Janeiro durante os últimos três anos, com expressivo aumento do número de

aprovações de alunos na 1ª chamada dos vestibulares1.

Todas as medidas adotadas pelo EB até o momento se espelham no

estabelecido na END e, nesse aspecto, a Estratégia Nacional de Desenvolvimento

também é reforçada, faz ressurgir a ideia de Nação, pois para ocupar o lugar que

merece perante o mundo o Brasil deve distinguir-se por seu preparo para defender-

se contra agressões e ameaças, em quaisquer cenários de atuação, valendo-se do

Poder Nacional de suas Forças Armadas.

Para fazer frente a essas demandas, mudanças devem ocorrer nas diretrizes

estratégicas, doutrinárias e tecnológicas, provocando o desenvolvimento das

capacidades operacionais dos militares.

Essas mudanças também devem estar presentes na área de gestão. As

situações práticas enfrentadas desde a formação tornarão esse novo profissional um

cidadão preparado para criar, decidir, liderar, valorizar e manter elevada a motivação

de sua equipe, desenvolvendo competências consideradas necessárias e

essenciais.

O capítulo 4 versará sobre a Gestão de Pessoas por Competências, seus

conceitos e características, dimensões, vantagens decorrentes de sua implantação e

dificuldades enfrentadas.

4. GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS

A Gestão de Pessoas por Competências chegou ao Brasil por causa da

iniciativa de empresários do setor privado que buscavam competitividade em alguns

setores econômicos.

A necessidade de revigorar o setor público, marcado à época por entraves e

morosidade, levou à publicação do Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006,

que estabeleceu a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal e impôs que a

1 Informação transmitida durante visita realizada pelos estagiários do Curso de Altos Estudos de

Política e Estratégia (CAEPE) à Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em 26 Ago 2015.

20

Gestão de Pessoas por Competências fosse adotada como referência no âmbito da

Administração Pública Federal. Como consequência, várias diretrizes e orientações

foram estabelecidas para que todos os órgãos direcionassem seus esforços no

sentido de implantar tal técnica.

Alinhado com o contexto, o Ministério da Defesa identificou uma excelente

oportunidade de reestruturar as orientações da sociedade brasileira com relação às

suas Forças Armadas e, após criterioso trabalho, conseguiu a aprovação da Política

Nacional de Defesa, da Estratégia Nacional de Defesa e do Livro Branco de Defesa

Nacional.

4.1 CONCEITOS

De acordo com Brandão e Guimarães (2001), é importante estabelecer a

diferença entre os termos Gestão de Competências e Gestão por Competências.

Enquanto o primeiro refere-se à maneira como a organização planeja, organiza,

controla e avalia as competências necessárias ao seu negócio, o segundo versa

sobre a forma como a organização divide suas tarefas, valendo-se das equipes

disponíveis e conforme as competências de cada um. Em face desse pensamento,

podemos deduzir que a gestão por competências nem sempre estará inserida na

condução da gestão de competências de uma instituição.

Durand (1998, p. 7) coloca: "Nos tempos medievais, os alquimistas

procuravam transformar metais em ouro. Os gerentes de hoje e as empresas

procuram transformar recursos e ativos em lucro. Uma nova forma de alquimia é

necessária na organização. Vamos chamá- la de competência”.

Segundo Ferreira (1995, p. 353), o termo competência vem do latim

competentia e representa o atributo de quem é capaz de apreciar e resolver certo

assunto, habilidade, capacidade, aptidão para resolver determinada coisa.

De acordo com Fleury e Fleury (2000), a competência é caracterizada por

um saber agir responsável e reconhecido. Tal agir mobiliza, integra, transfere

conhecimentos, recursos e habilidades que agregam valor econômico à organização

e valor social ao indivíduo.

Muitas são as definições de competência, todas possuem a mesma

essência, na verdade, elas se completam. No entanto, para nivelar conceitos e

21

balizar nosso estudo a respeito do tema no âmbito do Exército Brasileiro, fica

estabelecido que competência é a “capacidade de aplicar conhecimentos,

habilidades, atitudes, valores e experiências na solução de problemas” (BRASIL,

2012, p. 3).

Leme (2005, p. 1) reforça, “Gestão por Competências é o processo de

conduzir os colaboradores para atingirem as metas e os objetivos da organização

através de suas competências técnicas e comportamentais”.

Mas para que isso seja possível, a visão de futuro da organização deve ser

bem definida e bastante conhecida pelos dirigentes, para que eles saibam como

orientar seus colaboradores na mesma direção. E, nesse aspecto, a missão do

Exército Brasileiro e sua visão de futuro estão bem definidas e disseminadas.

Assim, vejamos (BRASIL, 2015):

a) Missão

– Contribuir para a garantia da soberania nacional, dos poderes

constitucionais, da lei e da ordem, salvaguardando os interesses nacionais e

cooperando com o desenvolvimento nacional e com o bem-estar social.

– Para isso, preparar a Força Terrestre, mantendo-a em permanente

estado de prontidão.

b) Visão de Futuro

Até 2022, o processo de transformação do Exército chegará a uma nova

doutrina – com o emprego de produtos de defesa tecnologicamente avançados,

profissionais altamente capacitados e motivados – para que o Exército enfrente, com

os meios adequados, os desafios do século XXI, respaldando as decisões

soberanas do Brasil no cenário internacional.

Durand (1999) afirma que o desenvolvimento de competências se dá

mediante aprendizagem coletiva ou individual, englobando de forma concomitante

as três dimensões do modelo, ou seja, assimilando conhecimentos, integrando

habilidades e adotando atitudes relevantes para uma organização específica ou para

alcançar um alto nível de desempenho no trabalho, logo, é possível forjar uma

competência para que um indivíduo possa aplicá-la e manifestá-la como resposta a

uma situação em que ela seja requisitada.

Para agir, isto é, tomar uma atitude, é necessário que o indivíduo se mobilize

e aplique adequadamente seus recursos cognitivos e utilize a experiência coletada

em ações anteriores. Esse processo é permanente e influencia nas decisões futuras.

22

Segundo Gramigma (1999), a gestão por competências exige a adoção de

premissas como balizamento para ações gerenciais, são elas:

– conscientização da instituição com relação à demanda de pessoas com

perfis específicos, pois cada setor de uma empresa possui características próprias;

– reconhecimento de que os ocupantes das funções de liderança devem

criar oportunidades para o desenvolvimento e conquista de novas competências; e

– convicção de que as exigências para a realização de um trabalho nos dias

atuais servirão para agregar conhecimento para o desenvolvimento de novas

competências amanhã.

Quando falarmos de Gestão de Pessoas por Competências, o foco

direcionado ao funcionário deve ser outro, devemos considerá-lo um colaborador.

Este difere daquele porque veste a camisa da empresa, ou seja, sempre está

presente por completo, além das competências técnicas, ele desenvolve também as

competências comportamentais.

Assim, podemos conceituar a Gestão de Pessoas por Competências como o

conjunto de ações adotadas pela instituição, motivadas pelo conhecimento do gap

de competências. O gap seria o resultado da comparação entre as competências

que uma função exige e as competências que o colaborador possui.

Figura 1 - Identificação do gap (lacuna) de competências

Fonte: Ienaga (1998), com adaptações.

23

Ao tomar conhecimento do gap de competências a empresa deve articular e

implementar:

– um plano de desenvolvimento específico para cada colaborador cujas

competências estejam aquém do nível exigido pela função, ou,

– um plano de acompanhamento para aqueles cujas competências estejam

no mesmo nível ou que estejam acima do nível exigido pela função.

Na figura 1 é possível visualizar a diferença entre o Gap 0 e o Gap 1. Essa

diferença tende a aumentar quando a organização não investe em capacitação e

desenvolvimento de seus funcionários. (CARBONE ET al., 2006).

A incessante busca pela eliminação ou diminuição do gap conduz a uma

análise sobre como orientar e estimular os colaboradores na redução de tais

discrepâncias, entre o que se tem e o que a empresa espera deles.

“Se antes a habilidade técnica era considerada fator preponderante na contratação de um profissional, hoje os selecionadores procuram algo mais quando entrevistam o candidato e buscam identificar se o entrevistado possui as chamadas competências comportamentais. Para isso, as empresas e as consultorias têm recorrido cada vez mais à adoção da seleção por competências - metodologia que permite a realização do mapeamento do perfil de competências e identifica a presença ou a ausência dessas no repertório comportamental do candidato. Geralmente, a seleção por competências vem sendo aplicada em candidatos que possuem experiências anteriores, mas como os processos sempre podem ser adaptados às novas realidades, já há quem utilize essa metodologia até mesmo na seleção de estagiários e de trainees” (BISPO, 2006).

No contexto empresarial atual, a incessante busca por inovação modela e

direciona a maneira de se realizar a gestão de pessoas sob a ótica da valorização

das competências. Profissionais com competências técnicas e comportamentais já

internalizadas, e que demonstrem potencial de desenvolvimento de outras

competências, levam enorme vantagem sobre os demais e, frequentemente, são

assediados por outras empresas para que mudem de organização. A

competitividade é o preço a ser pago pelas instituições para que se mantenham

alinhadas com a globalização e com o mundo da informação e do constante

desenvolvimento tecnológico. Os fatores tecnológicos impõem às instituições novas

necessidades de conhecimento, especialmente nas áreas da educação, automação,

informatização e robotização. Para que as empresas se mantenham competitivas

exigem-se elevados parâmetros curriculares, que, se não forem atendidos, poderão

comprometer sua sobrevivência.

24

4.2 DIMENSÕES

As três dimensões que compõem uma Competência são: Conhecimento,

Habilidade e Atitude (ver figura 2). São os “Pilares das Competências”

representados pelas letras C, H e A (LEME, 2005).

O Conhecimento (C) é o saber, está relacionado ao processo de

aprendizagem, à posse das informações técnicas e à cultura geral, que aprendemos

em escolas, universidades, livros, no trabalho, na vida.

A Habilidade (H) é o saber como fazer, é o método, é o emprego dos nossos

conhecimentos adquiridos de maneira eficiente e eficaz na rotina diária.

A Atitude (A) é o querer fazer, é o que nos leva a praticar nossa habilidade

em um determinado conhecimento, é ter motivação para executar as atividades.

Figura 2 - As dimensões da Competência

Fonte: Durand (1999), com adaptações.

Mas as especificidades da profissão militar, na maioria das vezes,

inviabilizam a adoção de modelos bem-sucedidos em qualquer outra organização,

surge então a necessidade de se buscar adequações que atendam às demandas do

Exército Brasileiro.

25

"Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de corneta, se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da vida. Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de a celebrar. Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente conhece-os por militares...Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; como se os cobres do pré pudessem pagar a liberdade e a vida. Publicistas de vista curta acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a servidão. Eles, porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si mesma. Pelo preço de sua sujeição, eles compram a liberdade para todos e os defendem da invasão estranha e do jugo das paixões. Se a força das coisas os impede agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fizeram, algum dia o farão. E, desde hoje, é como se o fizessem. Porque, por definição, o homem da guerra é nobre. E quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai coragem, e à sua direita a disciplina". (MONIZ BARRETO – Carta a El-Rei de Portugal, 1893) "A carreira militar não é uma atividade inespecífica e descartável, um simples emprego, uma ocupação, mas um ofício absorvente e exclusivista, que nos condiciona e autolimita até o fim. Ela não nos exige as horas de trabalho da lei, mas todas as horas da vida, nos impondo também nossos destinos. A farda não é uma veste, que se despe com facilidade e até com indiferença, mas uma outra pele, que adere à própria alma, irreversivelmente para sempre" (BRASIL, 2002).

Assim, após a necessária adequação, os pilares adotados pelo Exército

Brasileiro passaram a ser representados pelas letras C, H, A, V e E.

Figura 3 – Competência

Fonte: Fonseca et al. (2014, p. 39), com adaptações.

26

“As competências necessárias ao desempenho de um cargo estão apoiadas na aquisição de conhecimentos e habilidades, no desenvolvimento de atitudes e valores institucionais e na experiência. A fim de preparar os recursos humanos para atuar no Exército transformado, homens e mulheres deverão ser capacitados e habilitados a atuar nas Operações no Amplo Espectro, em situações de guerra e não guerra. Nesse ambiente complexo, a adaptabilidade é um dos principais atributos requeridos aos integrantes da Força” (BRASIL, 2013, p. 13).

No meio acadêmico, Leme (2005) visualiza o Conhecimento e as

Habilidades constituindo as Competências Técnicas, aquelas necessárias ao

cumprimento da função; e as Atitudes constituindo as Competências

Comportamentais, aquelas que o profissional precisa demonstrar como seu

diferencial competitivo.

No âmbito do Exército Brasileiro, a nova concepção estratégica estabelece a

seguinte hierarquia de competências:

a) Competências Organizacionais

– Capacidades Operacionais são aquelas voltadas para a atividade-fim;

– Competências Administrativas são as voltadas para as atividades-meio;

e,

b) Competências Individuais

– Básicas são aquelas comuns a todos os militares, independentemente

do posto ou graduação, do cargo ocupado ou função desempenhada;

–Específicas são aquelas que caracterizam o desempenho

do militar no posto ou graduação, no cargo ocupado ou na função

desempenhada.

A Gestão de Pessoas por Competências é uma grande colaboradora da

Gestão Estratégica de Pessoas. Um estudo aprofundado do conhecimento, das

habilidades, das atitudes, dos valores e das experiências dos colaboradores traz

uma nova realidade e apresenta novas e melhores oportunidades de aproveitamento

de seus servidores, alocando-os com acerto nas funções mais adequadas às suas

competências.

Dutra (1996, p. 43) afirma: “A autopercepção de habilidades, necessidades e

valores forma o que chamamos de âncoras de carreira, ou seja, são elementos de

nossa realidade que irão determinar nossas preferências por determinada ocupação,

carreira, empresa ou oportunidade”.

27

Os funcionários esperam que a profissão escolhida seja capaz de lhes

propiciar desafios, momentos de realização e de satisfação, motivos para prosseguir

– sem mudar os rumos de sua escolha –, e, se a empresa souber explorar isso, é

possível que consiga fixar seus talentos sem a ameaça de perdê-los para outras

instituições. Cabe afirmar que o Exército Brasileiro, assim como qualquer outra

empresa, não está livre da evasão profissional de seu pessoal, o interesse em reter

seus talentos justifica-se diante dos investimentos aplicados na formação,

aperfeiçoamento e capacitação de seus recursos humanos.

Assim, torna-se essencial que as pessoas certas sejam alocadas nas

funções certas, para que um desempenho insuficiente da equipe, decorrente da falta

de motivação e do exercício inadequado da função por parte dos colaboradores, não

comprometa o desempenho da instituição. Quando uma instituição analisa suas

competências e seus rumos estratégicos, ela incentiva as pessoas a buscar o

conhecimento e o aprimoramento com estudos, treinamentos e outros métodos de

aprendizado, visando a eliminar seu gap de competências, suprindo e/ou

completando aquilo que lhes faltava. Nesse contexto, ao dispor em seus quadros de

colaboradores mais bem preparados e alinhados com seus interesses, a instituição

tende a retribuir, buscando uma constante evolução que se reverterá em lucro para a

empresa e em bem-estar para o colaborador.

4.3 VANTAGENS

De acordo com Hommer (2005), as vantagens decorrentes do sistema de

gestão por competências normalmente estão relacionadas à rapidez para compor

equipes de projetos com as competências adequadas, à facilidade para atrair e

manter os melhores talentos e à maximização do retorno do investimento em

formação e treinamentos.

Hommer ainda complementa sobre o ganho na capacidade de resposta às

novas exigências organizacionais e tecnológicas, no conhecimento das expectativas

dos colaboradores e no melhor aproveitamento do talento existente na organização.

“[...] A gestão por competências, [...] traz para as lideranças e para a gerência inúmeras vantagens: - A possibilidade de definir perfis profissionais que favorecerão a produtividade;

28

- O desenvolvimento das equipes orientado pelas competências necessárias aos diversos postos de trabalho; - A identificação dos pontos de insuficiência, permitindo intervenções de retorno garantido para a organização; - O gerenciamento do desempenho com base em critérios mensuráveis e passíveis de observação direta; - O aumento da produtividade e a maximização de resultados; - A conscientização das equipes para assumirem a co-responsabilidade pelo seu auto-desenvolvimento, tornando o processo ganha-ganha. Tanto a organização quanto os colaboradores têm suas expectativas atendidas; e - Quando a gerência por competências se instala, evita-se que gerentes e colaboradores percam seu tempo em programas de treinamento e desenvolvimento que nada têm a ver com as necessidades da organização e que não atendem às exigências dos postos de trabalho” (SARGEIRO, 2005, p. 20).

Um dos grandes desafios apresentados às organizações encontra-se na

capacidade que elas devem possuir para identificar os conhecimentos já

manifestados ou não, por cada um de seus integrantes.

“Várias organizações têm implantado sistemas informatizados tipo banco de talentos, para alimentação, armazenamento e recuperação de dados sobre seus empregados. Inicialmente, a instituição passa a conhecer melhor o perfil dos servidores e suas respectivas trajetórias profissionais. A seguir, é possível a análise das competências disponíveis, bem como dos conhecimentos, das habilidades e das atitudes que a organização deseja adquirir ou que são necessários para a atuação, no presente ou no futuro, em cada carreira ou setor. Normalmente, o banco de talentos é um cadastro de servidores com dados sobre formação, especialização, atividades acadêmicas, experiência profissional, realizações, atividades de entretenimento, artísticas e esportivas, entre outras, armazenadas em um sistema informatizado que permite a realização de consultas e pesquisas refinadas. A proposta é disponibilizar para a organização dados que auxiliem na identificação do perfil geral dos funcionários, incluindo informações curriculares, indicações comportamentais – como, por exemplo, as provenientes da auto-avaliação de habilidades e atitudes – e dados sobre atividades realizadas de modo voluntário pelos servidores. Os itens que formam o cadastro de cada indivíduo são definidos pela organização, de acordo com suas necessidades, expressas, por exemplo, pela localização de especialistas em determinados temas ou das pessoas interessadas em setores situados em cidades e países diferentes do que abriga a sede ou matriz” (PIRES ET AL, 2005, p. 23).

Nesse contexto, o Exército Brasileiro aprovou, desde o ano de 2011, a

implantação de um Sistema de Gestão de Talentos (SIGESTA) do Departamento de

Educação e Cultura do Exército com uma série de objetivos apresentados pela

Portaria nº 90-DECEx, de 21 de julho de 2011, e um deles seria o de identificar

carências de pessoal qualificado em áreas importantes para o desenvolvimento

institucional e atuar no sentido de supri-las, utilizando o sistema de educação e

cultura do Exército e parcerias com Universidades e Instituições de Pesquisa,

nacionais ou estrangeiras.

29

A implantação do SIGESTA trouxe como vantagem para a Instituição a

possibilidade de contar com o apoio de um instrumento eficaz de suporte à decisão,

o que simplifica o processo de seleção de pessoal para o desempenho de funções.

Trata-se de um Banco de Talentos utilizado para a gestão do capital intelectual, a fim

de transformar dados em informações combinadas e úteis.

4.4 DIFICULDADES

Não basta estalar os dedos e achar que a Gestão de Pessoas por

Competências será facilmente implantada em qualquer organização. Trata-se de

uma técnica de gestão de pessoas que exige um mínimo de organização, visão

sistêmica, tecnologia, tempo, energia e vontade. Segundo Sargeiro (2005), a

inexistência de estratégias sistematizadas de verificação do desempenho e a falta

de conhecimento sobre a real importância da formação de um capital intelectual

limitam os investimentos realizados pelas empresas no desenvolvimento de

pessoas.

Seria injusto afirmar que o processo de implantação de Gestão de Pessoas

por Competências só apresenta vantagens. As dificuldades existem e são as

maiores responsáveis por uma implantação equivocada e limitada por parte das

empresas, a falta de preparo e de conhecimento técnico de alguns dos condutores

provoca o abandono do processo de forma drástica e prematura, deixando a

instituição traumatizada com essa técnica de gestão.

A resistência do ser humano contra as mudanças também representa um

óbice ao sucesso da implantação. Um sistema de Gestão de Pessoas por

Competências deve ser cíclico e dinâmico, exige uma revisão contínua de suas

competências e, dependendo do porte da instituição, gera uma grande quantidade

de dados.

“[...] problemas no EB para realizar a Gestão de Pessoas por Competências, que produzem reflexos negativos para a produção doutrinária. O primeiro é a ideia, contestada, mas ainda forte na cultura do EB, de que o militar deve possuir uma formação generalista e servir em áreas diferentes da organização. Com isso, dificilmente um oficial consegue ter elevado grau de competência em determinada função, possuindo, ao contrário, um conhecimento superficial e pouca experiência em várias frentes. Seria muito importante que houvesse planos de carreira que permitissem que o militar realmente se especializasse naquela área do conhecimento e adquirisse a experiência servindo por mais tempo nessa área determinada ou escolhida

30

por sua aptidão. O segundo é a seleção do pessoal para realizar os diversos cursos ou missões no Brasil ou no exterior e sua posterior classificação em determinada função em seu retorno. Culturalmente, o EB encara essas missões como uma forma de valorizar o desempenho dos profissionais que se destacaram durante suas carreiras, o que não significa, necessariamente, que as suas aptidões e histórico profissional sejam levados em conta, muito menos que a melhor aplicação do conhecimento adquirido nessas missões esteja sendo visualizada, quando da seleção. Por exemplo, é comum encontrar militares selecionados para serem instrutores de escolas no estrangeiro sem que tenham sido instrutores da escola congênere do EB. Outro exemplo é o de militares que, tendo aprendido as doutrinas em uso nos exércitos de países amigos, cursando diretamente uma das escolas desses exércitos – de Estado-Maior ou equivalentes –, são, depois do seu retorno, classificados para a área de finanças ou de comunicação social. Com isso, nem sempre temos os militares aplicando ou difundindo seus conhecimentos adquiridos. No EB, na verdade, a aprendizagem organizacional é prejudicada, pois, na maior parte das vezes, como todo o prêmio, aquela riqueza cultural é do militar que a recebeu e não do coletivo. O terceiro problema é que a base de dados que contém as informações sobre o pessoal do EB, a do Departamento Geral de Pessoal, não passa a quem precisa decidir tudo o que é necessário, pois, para se estabelecer a competência da pessoa em determinado assunto, é preciso saber que funções ela exerceu, por quanto tempo, quais foram os trabalhos acadêmicos por ela realizados, os artigos que escreveu, ou mesmo que assuntos ela domina – mesmo não constando como curso realizado –, além de suas experiências profissionais e pessoais naquele determinado domínio do conhecimento. Hoje não se associam as funções às competências das pessoas. Para que se possam realizar trabalhos doutrinários com qualidade e confiabilidade, é preciso que o projeto seja realizado pelas pessoas mais competentes, que possuam o conhecimento, a experiência e a aptidão para isso” JANSEN (2013).

De acordo com Gramigma (2004, p.11), o domínio de competências faz

diferença no contexto profissional atual, torna as organizações aptas a acompanhar

a evolução do mercado. Empresas que tradicionalmente se comportavam como se

tivessem um grande estoque de talentos mudam repentinamente de atitude ao

perceber a dificuldade de identificar, em seus próprios quadros, profissionais que

atendam às demandas do mundo globalizado. A fim de se manter competitivas, as

empresas devem treinar os colaboradores que já estejam atuando no time e

selecionar rigorosamente os aptos a entrar para a equipe e desempenhar tarefas de

maneira a reforçá-la.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a Agência Nacional de

Transporte Aquaviário (ANTAQ), o Banco do Brasil (BB), o Banco Central do Brasil

(BC) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) são casos de

sucesso da implantação da Gestão de Pessoas por Competências que superaram

dificuldades de lidar com um elevado número de profissionais temporários, de

31

dispersão geográfica de unidades, de envolvimento da alta administração, de

ceticismo e barreiras culturais, inclusive organizacionais (PIRES ET AL, 2005).

O capítulo 5 versará sobre aspectos, formas, razões e cuidados referentes à

realização da avaliação do desempenho e apresentará a ferramenta adotada pelo

Exército Brasileiro, que incorporou melhorias ao sistema de avaliação vigente até

2014, o Sistema de Gestão do Desempenho.

5. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO

A avaliação de desempenho constitui algo comum na vida de cada ser

humano, as pessoas são avaliadas por tudo e a todo o momento. Trata-se de algo

essencial para as empresas, pois é uma excelente ferramenta para a identificação

de problemas relativos à integração/adequação das pessoas aos cargos. Conforme

afirma Chiavenato (2008, p. 240) “são as pessoas que dão vida à organização”.

Segundo Romão (2004), são duas as perspectivas que justificam as razões

para que as avaliações sejam realizadas: a perspectiva do empregador e a do

empregado. A primeira utiliza os resultados para medir as diferenças individuais de

desempenho, como respaldo legal, caso seja necessária uma defesa da empresa,

para estabelecer um sistema de bônus, para operacionalizar metas estratégicas e

expectativas de desempenho. Já a segunda utiliza os resultados como feedback do

desempenho e os diferentes níveis de desempenho incentivam uma busca pela

melhoria contínua por parte de cada colaborador. Esse pensamento também estava

presente na Diretriz do Comandante do Exército, relativa ao período de 2011 a 2014,

foram emitidas várias orientações na área da gestão de pessoal, inclusive no tocante

à avaliação do pessoal. Entre as ordens exaradas, estava a que estabelecia a

validação dos sistemas de avaliação e valorização do mérito, como instrumentos

para dimensionar os atributos profissionais e pessoais dos militares, de maneira a

fornecer melhores subsídios aos processos seletivos utilizados pelo Exército.

5.1 FORMAS DE AVALIAÇÃO

Diversas são as formas de Avaliação de Desempenho utilizadas pelas

organizações. Segundo Chiavenato (2008), normalmente o responsável por essa

32

tarefa, com assessoria do setor de recursos humanos, é o gerente de cada

departamento ou setor da empresa. Algumas organizações utilizam também uma

forma conjunta, em que uma parte do processo é realizada pelo gerente e outra

parte pelo colaborador, por meio de uma autoavaliação. Uma terceira forma de

avaliação utilizada é aquela cuja equipe de trabalho avalia o desempenho dos

indivíduos no todo e individualmente, propondo melhorias no trabalho. Outra

maneira também utilizada é a chamada avaliação 360 graus. Nesse caso, a

avaliação ocorre de modo circular, ou seja, por todos os elementos envolvidos com o

avaliado, sendo esta a mais rica, pois avalia o desempenho do funcionário por

diferentes pontos de vista.

No método 360 graus, o funcionário além de realizar sua autoavaliação

também é avaliado por superiores, pares e subordinados com base em um

questionário específico. Essa forma de avaliação preserva a identidade dos

avaliadores e possibilita a obtenção de uma visão mais completa da performance do

avaliado por diferentes ângulos. Isso promove uma maior aceitação, já que os

colaboradores a percebem como um processo mais justo e confiável. A avaliação

360 graus ajuda a pessoa avaliada a progredir em seu desenvolvimento individual

por evidenciar, com isenção, as competências que são fortes e as que indicam a

necessidade de treinamentos e capacitações. O gráfico a seguir procura ilustrar o

dinamismo do processo de avaliação.

Gráfico 1 - Processo de avaliação de desempenho.

Fonte: Reifschneider (2008).

33

“As duas primeiras fases são preparatórias, anteriores ao período de avaliação. Na fase de formulação de objetivo é decidido o que avaliar e são determinadas as áreas específicas. Em seguida, são elaborados os indicadores de desempenho e os instrumentos de coleta de dados; determinados os documentos comprobatórios e o modo de coleta, indicando inclusive quem deverá coletá-los. Só então, no início do período de avaliação, é conduzida a primeira entrevista que determinará, mediante acordo entre superior e funcionário, as metas a serem alcançadas por cada funcionário. Os dados são então coletados ao longo desse período, conforme estipulado. O modo como as informações serão avaliadas deve ser determinado antes da coleta de dados para evitar favoritismos. A análise dos dados será feita com base nessa determinação e as metas alcançadas serão comparadas às estabelecidas na primeira entrevista. Durante a entrevista final o funcionário é informado do resultado da análise e, caso discorde, pode pedir uma reavaliação dos dados pelo próprio superior. Se ainda permanecer insatisfeito, uma instância superior, determinada a priori para esses casos, pode ser consultada. Decisões relativas ao desenvolvimento de pessoal e planejamento deverão ser baseadas nessa análise”. (REIFSCHNEIDER, 2008, p. 56)

5.2 CAUTELA NA APLICAÇÃO

Segundo Muchinsky (2004, p. 207), a avaliação de desempenho auxilia as

organizações que utilizam a Gestão de Pessoas por Competências em vários

aspectos, inclusive nas decisões sobre aumentos de salários, promoções,

remanejamento e até demissões.

Mas conforme foi visto no item 4.4 Dificuldades, a Gestão de Pessoas por

Competências também possui desvantagens. Há muita subjetividade com relação a

julgamentos, dependendo da metodologia adotada e, por vezes, surgem problemas

de conflitos com feedback negativo e problemas com leis trabalhistas, envolvendo

denúncias de discriminação relativas à avaliação de desempenho no cargo.

“[...] a avaliação em longo prazo é recomendada para verificar a melhoria da produtividade e do desempenho no trabalho. É conveniente que as avaliações considerem os critérios estabelecidos na especificação do treinamento” (BASTOS, 1991, p. 87).

Segundo Romão (2004), para que uma avaliação de desempenho seja justa,

o avaliador deve solicitar informações ao funcionário antes de avaliá-lo, durante a

entrevista de avaliação deve ser concedida ao avaliado a oportunidade de

contestação, também é importante que sejam aplicados padrões de desempenho

coerentes.

34

Quando o avaliador deixa para realizar a avaliação ao final do prazo

estabelecido, normalmente ele incorre em erros de avaliação bastante recorrentes

tais como:

a) Efeito de halo – avaliação segundo uma impressão geral ou imagem já

internalizada do avaliado;

b) Leniência – avaliação carregada com excessiva benevolência;

c) Severidade – avaliação realizada com extremo rigor;

d) Lógico – avaliação em que o avaliador estabelece correlações

equivocadas entre competências avaliadas;

e) Contraste – avaliação em que o avaliador intitula-se o padrão de

referência para observar o comportamento do avaliado;

f) Viés – avaliação que ocorre quando o avaliador considera aspectos ou

situações externas ao solicitado na Ficha de Avaliação; e

g) Incongruência – avaliação que ocorre quando o avaliador atribui uma

pauta descritiva que não corresponde ao nível de desempenho observado.

5.3 SISTEMA DE GESTÃO DO DESEMPENHO

Como medir as competências exigidas? Bom exemplo de instrumento de

medição de conhecimentos é o efetuado pela formação acadêmica e pelos cursos,

bem como o sistema de certificações adotado pelo Banco Brasil, cujas provas

chegaram a ser realizadas em institutos externos e serviram de parâmetro para

concorrências externas.

A complexidade administrativa do Exército Brasileiro originou a demanda de

criação de mecanismos próprios de avaliação de seus efetivos, com o intuito de

estabelecer critérios para movimentações de pessoal, promoções e designação para

a realização de cursos e/ou outras atividades que levassem em consideração a

valorização do mérito de seus militares. E assim, em complemento à Gestão de

Pessoas por competências, o Exército Brasileiro adotou o Sistema de Gestão do

Desempenho, com o objetivo de minimizar ou solucionar seus problemas de

alocação de pessoal.

35

“Em cumprimento à Diretriz do Comandante do Exército, o DGP atribuiu à Diretoria de Avaliação e Promoções, no contexto do Projeto Estratégico ‘Força da nossa Força’, a incumbência de aperfeiçoar o Sistema de Gestão do Desempenho do Exército, alinhando-o com a Concepção Estratégica do Exército” (FONSECA ET AL, 2014, p. 7).

O Sistema de Gestão do Desempenho tem como base a análise individual

de seus militares sob a ótica de um conjunto de competências pré-definidas, que

resultará no perfil do desempenho de cada avaliado. O SGD incorpora conceitos da

moderna gestão de pessoas e auxilia o Exército Brasileiro a obter informações

fidedignas sobre o desempenho dos militares, a promover a melhoria do

desempenho de seus recursos humanos e a corrigir discrepâncias e desempenhos

insatisfatórios.

“A avaliação do desempenho por competências mensura o desempenho do profissional, relacionando-o com as competências ideais para o desempenho de sua função e para o cumprimento dos objetivos organizacionais. Permite à instituição gerir seus recursos humanos de acordo com o grau de capacitação alcançado pelos militares dentro das competências previstas para cada cargo. Com a participação de todos os envolvidos, além de poder melhor orientar as ações institucionais, o sistema ajuda a sinalizar ao militar, os aspectos que ele pode investir em seu autodesenvolvimento, e alcançar níveis maiores de proficiência no exercício de suas funções” (FONSECA ET AL, 2014, p. 10).

Quatro importantes atores compõem o cenário do Sistema de Gestão do

Desempenho: o Comandante da Organização Militar/Homologador – responsável

pelo processo de avaliação propriamente dito; o Gestor de Avaliação da

Organização Militar – responsável pelo gerenciamento da avaliação; o Avaliador – a

mola propulsora do sistema, que auxilia o avaliado a relacionar o seu desempenho

às necessidades da organização; e, por fim, o Avaliado – representa o alvo do

sistema.

Figura 4 – Atores do Sistema de Gestão do Desempenho

Fonte: Fonseca et al. (2014, p. 9), com adaptações.

36

Segundo Fonseca et al. (2014), a avaliação do desempenho não deve ser

considerada um fardo ou algo que gere aflição, suspeitas e dúvidas quanto à lisura,

em nenhum dos atores. O Sistema de Gestão do Desempenho aperfeiçoou o

sistema de avaliação anteriormente adotado pelo Exército Brasileiro ao incorporar

inovações como o diagnóstico pessoal, entrevistas, avaliação lateral, feedback e

distribuição forçada. A transparência constitui uma das características do Sistema de

Gestão, ela possibilita ao avaliado tomar conhecimento do resultado de sua

avaliação e lhe permite corrigir rumos antes que sua carreira seja afetada por um

desempenho inadequado – há uma quebra de paradigmas arraigados.

No Sistema de Gestão do Desempenho, adotado pelo Exército Brasileiro, as

competências avaliadas são as individuais, e para facilitar a avaliação, elas

encontram-se divididas em competências básicas (aquelas comuns a todos os

militares) e competências específicas (aquelas que caracterizam o desempenho no

cargo ou função).

Figura 5 – competências básicas

Fonte: Fonseca et al. (2014, p. 42).

As competências elencadas nas figuras 5 e 6 compõem o Sistema de

Gestão do Desempenho e não devem ser confundidas com os antigos atributos que

estruturavam os sistemas de avaliação anteriores. As antigas avaliações produziam

perfis com traços da personalidade dos militares e, em razão do baixo dinamismo

dessas particularidades, havia uma grande dificuldade para mudanças e

aprimoramentos. A substituição do conceito de atributos pelo de competências

37

focaliza a avaliação em aspectos mais dinâmicos do desempenho profissional,

facilitando o entendimento, a observação e o aprimoramento desse desempenho no

decorrer do tempo.

Figura 6 – competências específicas

Fonte: Fonseca et al. (2014, p. 42).

A sistemática de avaliação do desempenho do SGD tem periodicidade

anual, e o ano de 2015 marca o início de sua utilização no âmbito do Exército. A

avaliação propriamente dita conta com o diagnóstico do avaliado, entrevista,

avaliação formativa (1º semestre), avaliação lateral (logo após a avaliação

formativa), avaliação somativa (2º semestre), mostra on-line (feedback), interação

avaliador/avaliado e cadastro no banco de talentos, que reúne os militares com grau

de desempenho (GD) muito acima da média (GD Alto Desempenho).

Para medir o desempenho, o Sistema de Gestão estabeleceu para cada

Competência, Básica ou Específica, de 3 (três) a 7 (sete) descritores, que

apresentam uma escala de classificação que pode ser correlacionada com o

comportamento apresentado pelo militar, de acordo com cada competência (básica

ou específica) analisada e no intuito de subsidiar a avaliação.

Nesse contexto, por exemplo, a competência disciplina (competência básica)

seria avaliada com base nos seguintes descritores:

a) cumpre e faz cumprir, de forma natural e espontânea, as leis, normas e

regulamentos que regem a Instituição;

b) apresenta suas reivindicações na forma prevista na legislação,

respeitando o canal de comando e observando sempre as regras da boa

educação civil e militar;

38

c) emprega de forma correta e apropriada os sinais de respeito previstos nas

relações entre militares;

d) observa e faz observar, no seu nível hierárquico e na esfera de suas

atribuições funcionais, os princípios da hierarquia e da disciplina;

e) considera as orientações dos seus superiores ou, na falta destas, a

intenção de seu comandante, ao tomar uma decisão;

f) demonstra atitude de adesão às decisões do escalão superior, mesmo

sendo contrárias à sua opinião; e

g) empenha-se em criar condições favoráveis para o cumprimento da missão

conforme as ordens recebidas, mesmo discordando delas.

Já para a competência direção e controle (competência específica) os

descritores seriam:

a) conduz o planejamento das missões a serem executadas, delegando

tarefas e providenciando os recursos necessários para que os resultados

almejados sejam atingidos;

b) acompanha o desenvolvimento das atividades de seus subordinados,

orientando-os sempre que percebe a necessidade de correção ou melhorias;

c) coordena sua equipe ou grupo de trabalho, distribuindo atividades

compatíveis com a habilitação de cada subordinado;

d) orienta seus subordinados, visando ao desenvolvimento pessoal e

profissional de cada um, sugerindo possibilidades para o aprimoramento das

respectivas competências;

e) identifica as necessidades de sua equipe de trabalho, determinando

ações para supri-las; e

f) gera com eficácia os recursos de toda ordem, postos à sua disposição

(para a avaliação do Ordenador de Despesas e/ou Agente Diretor).

Os descritores expressam uma síntese detalhada das competências

analisadas. A medição do desempenho é realizada com o apoio da classificação das

pautas, discriminadas na tabela 1, que correspondem ao desempenho atribuído a

cada competência.

39

Tabela 1 – pautas de avaliação

Fonte: Fonseca et al. (2014, p. 44).

Caso o desempenho observado esteja abaixo do esperado, o avaliado

receberá os valores 1 ou 2. Se o desempenho atender a todos os requisitos básicos

esperados, receberá valores entre 3 e 5. E quando o desempenho observado for

claramente superior ao esperado, o avaliador receberá valores 6 ou 7. Para isso, é

extremamente importante que os avaliadores estejam totalmente capacitados e

inteirados dos processos, a fim de realizar uma avaliação imparcial, justa e precisa.

Quando um avaliador registrar uma pauta “7” ou “1” para o desempenho de

determinada competência, ele deverá justificar a sua avaliação para que o

homologador tome conhecimento.

Ao fim da avaliação, é realizado o registro do Desempenho Global (DG) do

Avaliado, que pode ser interpretado como superior, como adequado ou como uma

oportunidade de melhoria.

40

“O Homologador poderá selecionar um percentual dos Oficiais e das Praças de sua OM, dentre os militares avaliados com DG Superior, a ser considerado como merecedor do DG Alto Desempenho. O DG Alto Desempenho poderá ser atribuído aos militares que, durante o período de avaliação anual, destacaram-se dentre seus pares (quartil superior) por seus valores, relações interpessoais, capacidade de trabalho e produtividade, evidenciando, em alto nível, as competências nas quais está sendo avaliado, bem como potencial para prosseguir na carreira em cargos mais elevados” (FONSECA ET AL, 2014, p. 49).

O Desempenho Global reflete a percepção geral do avaliador sobre o

avaliado, e aqueles militares que forem classificados como DG Alto Desempenho,

por serem dotados com um DG claramente superior ao esperado, deverão ser

cadastrados no banco de talentos da Organização Militar (OM).

6. CONCLUSÃO

A busca de soluções que impactem positivamente no desenvolvimento

simultâneo das empresas e das pessoas é incessante. Reconhecer, valorizar o

conhecimento tácito e investir em cursos e treinamentos, que colimem a estratégia

organizacional e as necessidades pessoais de seus colaboradores, tornou-se

essencial para que uma organização seja respeitada e permaneça na vanguarda do

desenvolvimento.

A noção de competência, explorada no presente trabalho traz à tona uma

questão muito importante e digna de reflexão:

“[...] se por um lado, agrega valor econômico à organização, por outro não menos relevante deve agregar valor social ao indivíduo, ou seja, as pessoas, ao desenvolverem competências essenciais para o sucesso da organização, estão também investindo em si mesmas, não só como cidadãos organizacionais, mas como cidadãos do próprio país e do mundo” (SILVA, 2009, p. 36).

Desde a publicação do Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, que

estabeleceu a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal e tornou a Gestão

de Pessoas por Competências (GPC) uma referência a ser perseguida por

instituições e organizações inseridas na Administração Pública Federal, o Exército

Brasileiro adotou medidas que o rejuvenesceram e modernizaram seus processos e

seu planejamento estratégico. Durante a vida laboral, os funcionários de uma

41

organização adquirem conhecimentos que não podem ser transmitidos por apostilas,

são conhecimentos tácitos, experiências de valor intangível que se perderão quando

eles se aposentarem; e as empresas devem estar atentas à situação. No Exército,

essa situação também se repete, desde o nível de oficiais que servem em

aditâncias, participam de missões no exterior e comandam Organizações Militares,

até o nível das praças técnicos e especialistas na manutenção de aeronaves,

armamentos, viaturas. A falta de gestão dessas competências cria óbices que muitas

vezes já foram vencidos ou ultrapassados, obrigando uma organização a reinventar

a roda, ou seja, enfrentar antigos problemas como se fossem novos.

A propósito, segundo Telmo Machry, um exemplo que evidenciaria a falta de

gestão de conhecimento e de competências é que, caso os EUA quisessem voltar à

lua, eles enfrentariam dificuldades devido à inexistência de relatórios, dados e

informações sobre o Projeto Apollo 132.

Situações como as relatadas direcionaram o Exército Brasileiro para a

implantação da Gestão de Pessoas por Competências, a questão ainda não está

totalmente solucionada nem massificada, muito já se caminhou, mas ainda há um

longo trajeto a ser percorrido. Observa-se que o Ensino por competências, a

atualização da legislação até então vigente, a gestão de pessoas com foco em

competências e o Sistema de Gestão do Desempenho (Avaliação do Desempenho

baseada em competências) foram medidas adotadas pelo Exército Brasileiro que,

além de acertadas, estão alinhadas com o Sistema de Gestão por Competências

proposto para a Administração Pública Federal.

Quando se busca pautar a gestão de uma organização pelo foco das

competências também se busca o reconhecimento do trabalho das pessoas que

aprimoram o sucesso daquelas empresas, organizações e/ou instituições de

sucesso. São trabalhadores que contribuem decisivamente para a solução de

problemas rotineiramente enfrentados com soluções simples e que, nem sempre,

foram concebidas no 1º escalão da empresa.

Segundo Ferreira (2004, p. 9), “De uma simples ideia nasce uma

contribuição permanente”.

2 Conforme aula sobre Análise de riscos: Processo, Qualificação e Priorização, ministrada em 28 de

julho de 2015, para os estagiários do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia, da Escola Superior de Guerra-RJ.

42

A Aprovação da Política Nacional de Defesa, da Estratégia Nacional de

Defesa e do Livro Branco de Defesa Nacional fizeram com que se identificasse uma

infinidade de oportunidades de desenvolvimento das forças armadas e de

sensibilização da sociedade no tocante ao reconhecimento da importância

geopolítica de se manter as forças armadas do país devidamente atualizadas,

equipadas e mobiliadas por pessoal altamente capacitado e motivado.

De acordo Ferreira (2004, p. 9), “O momento feliz não nos pergunta, ele

chega”. O momento era oportuno para a reformulação e surgiram os projetos

estratégicos que, no momento, em plena execução, aumentam o poder dissuasório

das FFAA, buscam o incremento da indústria de defesa e contribuem para o

desenvolvimento do País e para a Soberania Nacional ao fortalecer as Expressões

Psicossocial, Econômica, Militar, Política e Científico-Tecnológica do Poder

Nacional.

Há que se ter em mente que a implantação da Gestão de Pessoas por

Competências no âmbito do Exército Brasileiro trouxe e trará benefícios

organizacionais e individuais, no entanto, a técnica merece ser revista

periodicamente para que se corrijam rumos divergentes, afinal, o planejamento

estratégico é dinâmico.

Como uma resposta ao questionamento proposto neste trabalho, o Exército

Brasileiro adotou o Sistema de Gestão do Desempenho, que contribui para a

consolidação da Gestão de Pessoas por Competências por disponibilizar uma

sistemática de avaliação do desempenho fidedigna e transparente. Trata-se de uma

ferramenta de apoio à GPC, concebida para atender aos anseios do Exército

Brasileiro (organizacionais) e dos militares (individuais), seu resultado, cuja

periodicidade é anual, apontará para as competências individuais que necessitam de

melhorias e minimizará ou solucionará dificuldades, com a ocupação de cargos e

funções por pessoal vocacionado e adequadamente capacitado e motivado a

exercê-los. Mas cabe ressaltar, ele ainda não foi testado, o ano de 2015 marcou o

início de suas atividades de avaliação e, por ser o seu primeiro ano em

funcionamento, até o momento, nenhuma entrega de perfil foi gerada pelo novo

sistema.

Na mesma situação encontra-se o Ensino por Competências que, por conta

de sua recente implantação, ainda não disponibilizou militares formados

integralmente por essa nova forma de ensino às organizações militares. Torna-se

43

pertinente sugerir que sejam apurados indicadores relativos ao aproveitamento

escolar dos discentes, visando à correção de rumos e aperfeiçoamentos.

“As organizações buscam formar equipes que possuam competências que preencham a lacuna organizacional de seu projeto, desta forma, ao longo dos anos, para a gestão de recursos humanos, a expressão ‘a pessoa certa no lugar certo’ se tornou quase um mantra repetido a todo o momento com a ideia que atendendo a esse preceito a organização irá prosperar e o setor de Recursos Humanos (RH) terá demonstrado sua eficiência colaborando para o sucesso da instituição. A frase parece ser um consenso nas organizações e demonstra como as relações entre as pessoas e funções são entendidas pelos gestores. No entanto, algumas pessoas apresentam evolução, nas suas competências, mais rapidamente que evoluem as atribuições do seu cargo e isso pode criar a expectativa ou desejo de novos desafios. A dificuldade dos gestores de recursos humanos, nas organizações, em perceber e compreender que é preciso ter a pessoa certa no lugar certo, mas pelo tempo certo é o problema que afeta diretamente a eficiência das instituições. Partindo do pressuposto que à medida que o colaborador evolui em suas competências e não ocorrendo a evolução das atribuições de seu cargo, este pode se desmotivar, diminuindo sua eficiência e por consequência deixar de ser a pessoa certa no lugar certo [...]” (VANZELLA, 2013, p. 77).

A afirmação de Vanzella ratifica o que dissemos anteriormente quanto à

necessidade do acompanhamento da evolução do desempenho das competências

dos militares e desenvolvimento do profissional na sua carreira.

Do mesmo modo, aponta para uma constante revisão das atribuições dos

cargos e funções dos Quadros de Cargos e nos Quadros de Cargos Previstos das

Organizações Militares do Exército Brasileiro. Tal ação, aliada à permanente

avaliação individual, manteria os níveis de competências exigidos por cada

cargo/função compatíveis com as competências alcançadas pelos militares ao longo

das suas carreiras, contribuindo eficazmente para a retenção desses talentos, pois

os profissionais se sentiriam desafiados por exercer as atribuições exigidas.

44

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