simposio pos40anos caderno resumos completo-out2011

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Mesa PPGLg 01 Linguística Aplicada e a produção do conhecimento na contemporaneidade Maria Marta Furlanetto - Coordenadora | UFSC | UNISUL Roxane Rojo | UNICAMP Rosângela Hammes Rodrigues | UFSC

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  • Mesa PPGLg01

    Lingustica Aplicada e a produo do conhecimento na contemporaneidade

    Maria Marta Furlanetto - Coordenadora | UFSC | UNISUL Roxane Rojo | UNICAMPRosngela Hammes Rodrigues | UFSC

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Mesa 01 05/10/20011 | 8h30min - 10h | Auditrio Henrique Fontes CCE - BMichel de Certeau (A escrita da Histria) afirma que o sentido de um elemento no acessvel seno atravs da anlise de seu funcionamento nas relaes histricas de uma sociedade. Esse enunciado parece definir bem a posio da Lingustica Aplicada como um campo dentro da Cincia da Lin-guagem que problematiza scio-historicamente usos e aes institudos pelas lnguas-linguagens dentro de um processo interativo contnuo de subjetivao e de alteridade. Fazer Lingustica Apli-cada no mais praticar uma ou a Lingustica. Se tiver havido, alguma vez, essa delimitao, ela cer-tamente esmaeceu e atravessou fronteiras, tornando-se uma prtica social ligada a um movimento interpretativo ininterrupto. Quem a faz enfrenta um objeto em constante e real disperso que possi-bilita mltiplos olhares e cujos movimentos interpretativos buscam compor um discurso organizado sobre as prticas de linguagem instauradas no tecido social o que significa dizer que ela tem, hoje, um carter predominantemente poltico. Nessa linha, talvez a busca de identidade seja uma meta, e sua denominao um mito a ser sempre revisitado. O que se prope aqui a revisitao de alguns de seus grandes temas, s vezes com nomes modernizados, sutilizados, na constncia das formas de compreenso que se afinam. O que passou pode ser lido em sua espessura com caminhos e descaminhos , os desafios remetem a um porvir de mil facetas, que talvez ainda no se saiba como encarar. Em todo caso, pensa-se em novos objetos, novos procedimentos neste amplo campo das Ci-ncias da Linguagem, aberto transdisciplinaridade, que chamamos Lingustica Aplicada, esse outro do que pode ter sido.

    Relaes interpessoais e de saberes na Lingustica Aplicada: o desafio da alteridade.

    Maria Marta FurlanettoUNISUL

    Ao centrar seu foco de ateno na lngua em si, a Lingustica no pode ter, ao mesmo tempo, o fa-lante como um problema, o que a deixa permanentemente comprometida com uma determinada imagem cristalizada da pessoa humana. (FARACO, 2001). Faraco quer dizer que a anlise de carter apenas lingustico conduzida de modo monolgico, tomando o indivduo como princpio para a modelagem de teorias. A linhagem que contrasta com essa se fundamenta na intersubjetividade como fator constituinte, pressupondo a impossibilidade de vivncia humana sem o outro e a rela-o com o simbolismo da linguagem. Alteridade a palavra-chave; a alteridade deriva os aconteci-mentos da vida (social). Com o outro eu abre-se a linguagem para a proximidade, e tambm para o

  • 3Mesa 01

    estranhamento; para a compreenso, e para a incompreenso; para a comunicao discursiva, e para o desentendimento e o equvoco. A espessura da linguagem, aberta pela alteridade, faz pensar no confronto do planejamento (um ideal) e das prticas, em que os sujeitos se alinham e desalinham; faz pensar na concretude do mundo real: identidade e diferena absoluta, como expressa Faraco em seu texto. Se as pesquisas aplicadas em linguagem tm de pensar uma lngua como realidade vivida, uma consequncia sua abordagem transdisciplinar, como expe Celani, em Transdiscipli-naridade na Lingustica Aplicada no Brasil (1998). Uma viso transdisciplinar no supe justaposio de saberes, mas interao, atravessamento de campos, e ento se trata do princpio do dialogismo (de saberes e de sujeitos). nesse sentido que desejo salientar o papel fundamental da interlocuo nesse processo de aproximao e distanciamento, apontando duas direes e seu entremeio: as re-laes eu/tu e eu/ele relativamente aos sujeitos em questo e os saberes correspondentes, marcando a aproximao e o (possvel) confronto (pesquisadores, professores, sujeitos afetados nas prticas de linguagem, especialmente no ensino).

    Desafios: a Lingustica Aplicada e a educao para os multiletramentos.

    Roxane Rojo IEL | UNICAMP

    A formao do professor de Letras contemporneo continua, em certo sentido, beletrista. No en-tanto, as demandas e a vida cultural contempornea impem, a professores e alunos, letramentos mltiplos, multissemiticos e crticos. Assim, previsvel que a formao pr-servio (e mesmo em servio) no prepare o professor para os desafios do mundo contemporneo, dentre eles, o prin-cipal: a democratizao do acesso aos bens culturais e aos letramentos. Canclini (2001, p. XXXVII), tematizando as polticas de hibridao, pergunta: possvel democratizar no s o acesso aos bens, mas tambm a capacidade de hibrid-los, de combinar os repertrios multiculturais que esta poca global expande? A resposta que o autor encaminha que tudo depende, antes de tudo, de aes econmicas, mas tambm polticas, dentre as quais destaca que reivindicar a heterogeneidade e a possibilidade de mltiplas hibridaes um primeiro movimento poltico para que o mundo no fique preso sob a lgica homogeneizadora (p. XXXVIII). Reivindicar o dilogo na heterogeneidade cultural o que faz esta fala, entendendo a educao como um espao poltico e indicando o curr-culo de Lngua Portuguesa e de Linguagens e Cdigos como o locus privilegiado de promoo do multiculturalismo e dos letramentos mltiplos. Disso, retiramos decorrncias para os desafios aos es-tudos no campo da Lingustica Aplicada voltada educao para os multiletramentos e formao pr/em servio do professor de lnguas.

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    A Lingustica Aplicada no Programa de Ps-graduao em Lingustica da UFSC: caminhos, perspectivas e desafios.

    Rosngela Hammes RodriguesUFSC

    Abordar o campo da Lingustica Aplicada (LA) hoje tratar do modo de fazer pesquisa nas cincias aplicadas, o que o configura como constitudo pela transdisciplinaridade e indisciplinaridade (MOI-TA LOPES, 2006) e pelo compromisso tico e poltico com as pesquisas empreendidas. Tratar da LA nessa mesa-redonda objetiva tematizar seu papel no Programa de Ps-Graduao em Lingustica da UFSC. Inicialmente apresenta-se breve histrico da rea, mostrando seu percurso desde sua ori-gem, no final da dcada de 1970, passando pela dcada de 1980 at a dcada de 1990, em que se observa que o conceito de lingustica aplicada alinha-se com uma perspectiva de aplicao de teorias lingusticas ao campo do ensino de lnguas e ao campo de anlise de questes do texto e do discurso. A partir de reformas na dcada de 1990, observa-se a reconfigurao da LA, em que se v a Lingustica implicada na pesquisa em LA, j que ela passa a ser pensada como um campo de pesquisa autno-mo, com vocao para a transdisciplinaridade. Em seguida, apresenta-se a LA tal como constituda atualmente, articulada com o modo de fazer pesquisa no mbito das cincias humanas e sociais, com destaque para as pesquisas no campo do ensino e da aprendizagem de lnguas (materna e estran-geiras) e das prticas de linguagem (estudos do discurso, dos gneros, do letramento, das patologias da linguagem, das novas tecnologias). Esses temas materializam-se em grupos (NELA) e projetos de pesquisa, em projetos de ensino (PIBID de Lngua Portuguesa e de Ingls) e em projetos de extenso (PROLETRAMENTO , GESTAR II, e Radio Escolar e Jornal Escolar na Educao Bsica). Com essa expo-sio objetiva-se demonstrar o papel da LA da UFSC no campo da pesquisa aplicada no pas, com destaque hoje para os problemas lingusticos socialmente relevantes (MOITA LOPES, 2006), como as pesquisas na Educao Bsica, o que aponta para a dimenso poltico-social e para a tica da pesqui-sa desenvolvida.

  • Mesa PPGLg02

    Recentes contribuies das neurocincias para o processamento da linguagem

    Leonor Scliar Cabral - Coordenadora | UFSC Jos Morais | Universit Libre de BruxellesRgine Kolinsky | Universit Libre de Bruxelles

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Mesa 02 05/10/20011 | 10h30min - 12h | Auditrio Henrique Fontes CCE - BEvidncias empricas da neurocincia provam a base neuropsicolgica de constructos, em especial das invarincias postuladas pela Lingustica contempornea. Ser enfatizada a realidade psicolgica da categorizao perceptual dos traos fonticos. A invarincia dos traos que constituem os cons-tructos ser demonstrada, mencionando vrios experimentos que foram realizados recentemente pelos neurocientistas.

    Atravessando o espelho: a reciclagem neuronal na alfabetizao.Leonor Scliar-Cabral

    UFSC | CNPq

    A neurocincia da leitura demonstra experimentalmente que, se, por um lado a aprendizagem pos-svel porque os neurnios so capazes de aprender, por outro, a programao biolgica, muitas vezes entra em conflito com os traos que precisam ser reconhecidos em determinados sistemas, como o caso dos sistemas de escrita, sendo necessrio que tais neurnios se reciclem. Isso possvel graas margem de plasticidade neuronal de que eles so dotados. Com efeito, para o reconhecimento dos demais sinais luminosos, o sistema visual, como mecanismo de sobrevivncia, obedece a uma programao gentica antiga que simetriza a informao. No entanto, para o reconhecimento dos traos que constituem as letras, como os do sistema alfabtico, por exemplo, fundamental distin-guir a diferena entre a direo dos traos para a esquerda ou para a direita, para cima ou para baixo. Tal conflito resulta na grande dificuldade de tal aprendizagem, o que leva as crianas a persistirem por maior ou menor tempo na leitura e escrita espelhada.

    As bases cerebrais da leituraJos Morais

    Unit de Recherche en Neurosciences Cognitives | UNESCOG

    Universit Libre de Bruxelles | ULB, Blgica

    Em que medida o conhecimento das bases cerebrais de uma funo susceptvel de nos informar so-bre a natureza e a organizao dos processos cognitivos implicados nela? Essa questo ser ilustrada atravs do exame das bases cerebrais da leitura. Sero distinguidas as estruturas cerebrais envolvidas

  • 7Mesa 02

    nos processos de compreenso e nos processos de identificao das palavras escritas. Sero exami-nadas em detalhe a organizao e a localizao das reas ativadas por diferentes tipos de estmulo escrito (das letras s palavras e, no caso destas ltimas, em funo da sua frequncia de uso) na regio occipito-temporal ventral do hemisfrio esquerdo. Enfim, ser examinado o papel desem-penhado por outras reas no decorrer da aprendizagem e sero evocadas as diferenas de ativao cerebral entre crianas dislxicas e leitoras normais.

    Efeitos cerebrais da aprendizagem da leituraRgine Kolinsky

    Unit de Recherche en Neurosciences Cognitives | UNESCOG

    Fonds de la Recherche Scientifique | FNRS, Blgica

    Universit Libre de Bruxelles | ULB, Blgica

    Sendo a notao escrita muito recente em termos de evoluo biolgica (~ 5400 anos), a seleo natural no pode ter dotado o nosso crebro com um sistema especfico para leitura. Portanto, a aquisio da leitura precisa de uma adaptao de sistemas de processamento gerais preexistentes, o sistema visual e o sistema verbal. A reconverso desses sistemas foi examinada num estudo de ativao cerebral com ressonncia magntica funcional, realizado em colaborao com equipes da Frana, da Blgica, de Portugal e do Brasil (DEHAENE, PEGADO, BRAGA, VENTURA, NUNES, JOBERT, DEHAENE-LAMBERTZ, KOLINSKY, MORAIS; COHEN, Science, 2010, 2010). Esses dados sero apresen-tados e discutidos no que respeita plasticidade do crebro e s suas implicaes para uma melhor compreenso dos distrbios da aprendizagem da leitura.

  • Mesa PPGLg03

    Estudos das Lnguas de Sinais no Mundo: 40 Anos de Produo

    Ronice M. de Quadros - Coordenadora | UFSC Christian Rathmann | Diretor do Departamento de Lngua de Sinais Alem | Universidade de Hamburgo | AlemanhaTarcsio Arantes Leite | UFSC

  • 9Mesa 03

    Mesa 03 06/10/20011 | 8h30min - 10h | Auditrio Henrique Fontes CCE - BAs lnguas de sinais esto sendo estudadas no mundo a partir da dcada de 1960. Embora sejam consideradas bastante recentes as inscurses sobre as lnguas de sinais no mundo, avanou-se muito no conhecimento sobre essas lnguas em diferentes pases, inclusive no Brasil. Os estudos iniciaram focando os aspectos formais de vrias lnguas de sinais, em especial, da lngua de sinais americana. A partir disso, expandiram-se consideravelmente esses estudos por todo mundo. O fato de essas lnguas apresentarem-se em um modalidade lingustica diferente das lnguas faladas, isto , serem visuais-espaciais, tem provocado especial interesse ao campo das investigaes lingusticas. Teori-camente, os estudos das lnguas de sinais contribuem diretamente para a discusso dos princpios que regem as lnguas humanas, disvinculado-os dos mecanismos articulatrios. Por outro lado, a identificao de especificidades dessas lnguas acaba tambm por contribuir para identificar o que determinado por restries articulatrias. Assim, comeamos a identificar com mais clareza o que especfico da linguagem humana. Os estudos das lnguas de sinais nos ltimos anos tm permitido comparaes entre as diferentes lnguas de sinais, alm das comparaes com as lnguas faladas. Nesta etapa desses estudos, identificamos a especificidade dessas lnguas e, ao mesmo tempo, as questes gramaticais e conceituais que lhes so comuns. Esta mesa traz elementos dessas investiga-es nos ltimos quarenta anos e tematiza a insero do Programa de Ps-Graduao em Lingustica nesse panorama.

    Histria dos estudos da Lngua Brasileira de Sinais: do Brasil ao Programa de Ps-Graduao em Lingustica da UFSC

    Ronice Mller de Quadros UFSC | CNPq

    Os estudos da Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS) iniciam na dcada de 1980, com o objetivo de des-mistificar algumas concepes sobre as lnguas de sinais, apresentando evidncias para o reconheci-mento de seu estatuto lingustico. Os estudos variam entre descries e anlises em diferentes nveis da Lingustica, especialmente, nos nveis fonolgico, morfolgico e sinttico, alem de discusses no mbito das polticas lingusticas (FERREIRA-BRITO, 1987, 1993, 1995; FELIPE, 1989; QUADROS, 1997; QUADROS; KARNOPP, 2004). Foram estudos isolados que inauguraram os estudos sobre a Libras e colocaram o Brasil, entre os pases, que desenvolvem pesquisas relacionadas com lnguas de sinais. A partir desses estudos, a partir do sculo XXI comearam a surgir vrios estudos sobre a Libras, tor-

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    nando o campo de investigao bastante atrativo e interessante para anlises lingusticas. O foco das pesquisas j no se detm no objetivo de provar que a Libras uma lngua, mas em analisar a Libras em si, como lngua que se apresenta em uma modalidade visual-espacial. As pesquisas continuam tendo um cunho descritivo, uma vez que so poucos os registros sobre a Libras, mas avanam no sentido de usar os resultados das anlises lingusticas realizadas para discutir questes de ordem te-rica e aplicada mais abrangentes e interdisciplinares (QUADROS; LILLO-MARTIN, 2007; LILLO-MAR-TIN; QUADROS, 2010; CHEN PICHLER; LILLO-MARTIN; QUADROS, 2009; LEITE, 2008; NASCIMENTO, 2009; PIZZIO, 2011; entre outros). H tambm uma preocupao com as questes metodolgicas e com a documentao da Libras (CHEN PICHLER, LILLO-MARTIN, HOCHGESANG; QUADROS, 2011). A escrita da Libras tambm passa a fazer parte dos estudos que comeam a ser desenvolvidos no Brasil (STUMPF, 2008). Dentro desse contexto, em 2010, o Programa de Ps-Graduao em Lingustica abriu a Linha de Pesquisa em Libras.

    Sign Linguistics Research in the WorldChristian Rathmann

    Institut fr Deutsche Gebrdensprache | Hamburg Univeritt

    History of sign language research in the world from five angles:

    (a) Sign Languages as Natural Languages: From lAbb de lpe and Bebian through Stokoe to Pre-sent: the core question here is how the arguments were used for the claim that sign languages are bona fide human languages, i.e. languages equipped with lexicon, morphology, syntax, semantics, discourse and pragmatics and used in vibrant communities.

    (b) Sign Languages and Psycholinguistics: this section illustrates research findings in the past thirty years showing that bilingualism and bimodalism is a core part to Deaf everyday life.

    (c) Sign Languages and Human Rights: in the context of (sign) language planning (consisting of sta-tus planning, corpus planning and acquisition planning), this section touches the question how Deaf citizens including Deaf children in the world practice human rights by using their sign language(s). In addition, the issue on the accessibility of research information in Deaf communities will be addressed. (d) Sign Languages as a Part of Human Diversity in the World: under this domain, three issues will be investigated: (i) Relationship between Deaf Studies/Deafhood Studies/Cultural and Sign Language Research, (ii) Indigenous Sign Languages all over the World and their linguistic and cultural richness and (iii) Sign Languages in the Hearing World.

    (e) Sign Languages and Methodology: in this section, I will illustrate the evolution of sign language research methodology from early years until now. At this point, the importance of corpus-based me-thods and active involvement of Deaf signers in sign language research will be addressed.

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    Mesa 03

    O futuro dos estudos lingusticos das Lnguas de sinais e da LibrasTarcsio Arantes Leite

    UFSC

    Como qualquer outro campo de saber, a Lingustica se construiu como uma cincia num determina-do contexto social, histrico e tecnolgico. Nesse sentido, um aspecto importante a ser considerado sobre o campo de estudos lingusticos o forte vis da lngua oral, particularmente em sua forma escrita, em nosso entendimento cientfico de o que uma lngua natural. Esse vis se torna mais evidente quando olhamos criticamente para o desenvolvimento dos estudos de lnguas de sinais. Essas lnguas comeam a ser estudadas a partir da dcada de 1960 e, observando o seu desenvolvi-mento, podemos constatar dois fatos interessantes: primeiro, sempre foi um desafio muito grande aos linguistas realizar o estudo das lnguas de sinais fazendo uso da escrita como ferramenta bsica; segundo, os linguistas de lnguas de sinais sempre se viram diante de certos dados que levantavam o questionamento: isso deve ser tratado como gesto ou como lngua? Assumindo o estatuto cien-tfico das lnguas de sinais como lnguas naturais, o que a presente fala prope que esses desafios sejam objetos de reflexo por parte de todos os linguistas, fazendo-nos colocar numa perspectiva crtica as nossas vises sobre as lnguas naturais e sobre como elas podem ser estudadas.

  • Mesa PPGLg 04

    Interfaces: Semntica, Pragmtica e Cognio

    Heronides Moura - Coordenador | UFSC Pieter Seuren | Max Planck Institute | HolandaTeresa Cristina Wachowicz | UFPR

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    Mesa 04

    Mesa 04 06/10/20011 | 10h30min - 12h | Sala Hassis CCE - B As estruturas cognitivas formatam um nvel especfico de anlise, que interage com a pragmtica, de um lado, e com as condies de verdade, de outro. As estruturas cognitivas definem as rotinas lingusticas que merecem ser apropriadamente chamadas de regras semnticas. Nesta mesa, sero discutidos trs aspectos da estrutura cognitiva: a) a natureza conceptual do contedo lexical; b) o ca-rter conceptual dos acarretamentos; c) o papel de primitivos semnticos na aquisio da estrutura argumental do portugus.

    Inferncias e estrutura conceptualHeronides Moura

    UFSC | CNPq

    Tentarei mostrar que a relao de acarretamento um tipo de inferncia baseada na percepo da rela-o parte/todo, no mbito de algum frame especfico. Quer dizer, dedues vlidas com base em acar-retamentos, em lngua natural, so motivadas pelo uso da relao parte/todo, ou seja, uma relao me-tonmica. Isso explica por que certas dedues vlidas segundo o modelo lgico no so aplicveis s lnguas naturais: essas dedues no esto baseadas na relao parte/todo e, como tal, so imotivadas.

    Use conditions versus truth conditions: some examples from English

    Pieter A. M. SeurenMax Planck Institute for Psycholinguistics

    Formal semanticists, following Tarski, Quine and Montague, have equated sentence meaning with tru-th conditions and lexical meaning with satisfaction conditions. I argue that this is too narrow. First, what is meaning? For me, meaning is the linguistically fixed property of linguistic elements and structures in virtue of which a hearer can reconstruct a speakers intent (speech act + proposition) as expressed in an utterance u, given appropriate values for situational and contextual parameters in u. Then I need the no-tion of settling. The settling of a language is the historical, sociolinguistically determined process by which a language gains its identity and goes its own way, loosening, or playing upon, its conceptual bindings. All language does is convert conceptual structures into perceptual form and vice versa, whereby the cate-

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    gories on the form plane need not correspond one-to-one with those on the conceptual plane, the link being forged by speakers linguistic competence. For example, grammatical gender has liberated itself from original cognitive-semantic gender. Now consider the English prepositions on and at. Roughly speaking, on needs close attachment to a surface, as in The fly is on the ceiling (though we also say on Tuesday). At needs relevant precise location, often as a value on a parameter (at the corner, at the cross-roads, arrive at the station, at 90 degrees, at 1500 metres). But when I say The shop is on the corner of High Street and Meadow Lane, what I say is not false but merely ill-expressed. Or: we cut the grass, but mow the lawn and trim the hedge. But when I say I mowed the grass, what I say is not false but illexpressed. Yet the distinctions are semantic, not pragmatic. What happens is that certain (universal) cognitive featu-res are bundled for the purpose of appropriate use, not truth. These bundles are not truth-conditionally defined concepts but function as readyto-hand criteria at a nonconscious level, as part of the auto-mated language routine. This raises the question of how to represent lexical meanings. We do have a format for the truth-conditional aspects of lexical meaning. But how do we incorporate the conditions for appropriate use? This question will be gone into to such amount of detail as time permits.

    Primitivos semnticos e aquisio de estrutura argumental no PBTeresa Cristina Wachowicz

    UFPR

    Sob uma perspectiva de concepo de linguagem que assuma a relao entre pragmtica, cognio e semntica (FRANCHI 1976), definimos como objetivo deste trabalho investigar motivaes semn-ticas em dados, tanto longitudinais quanto experimentais, de crianas em fase de aquisio do PB. Essa postura prospectiva pressupe, de incio, que a criana, no trajeto em direo gramtica do adulto, relaciona-se a realidades contextuais e cognitivas em suas manifestaes de compreenso e produo de linguagem. Dados longitudinais no PB nos revelam construes argumentais seman-ticamente hierarquizadas: Aiu, de B(1;8.16), ao focalizar o objeto afetado em estrutura inacusativa; Compei!, de AL (2;1.28), ao elidir os argumentos agente e tema; Eu v sent aqui, de A (2;7.0), ao realizar um objeto locativo; E comendupap, de A (3;8.0), ao realizar um objeto incremental (DOWTY 1991). De outra parte, dados de experimentos nos revelam restrio de objeto incremental realiza-o de alternncia causativa A bolinha quebrou/ *O livro leu (DEROSSO; WACHOWICZ, 2010), bem como aquisio tardia de objeto incremental em alternncia locativa Ela encheu suco no copo/ Ela encheu o copo com suco (RODRIGUES; WACHOWICZ, 2010). No controle de contextos pragmti-cos que se alternam entre o narrar (foreground) e o descrever (background) (HOPPER; THOMPSON, 1980), assumimos que em fase de bootstrapping semntico (PINKER, 1989), a criana estrutura sua linguagem pela percepo (TALMY, 2001) e atravs de combinatrias de primitivos (RAMCHAND, 2008). No PB, o lxico verbal o lugar proeminente a essas combinatrias.

  • Mesa PPGLg05

    O portugus brasileiro contemporneo atravs da semntica (formal)

    Roberta Pires de Oliveira - Coordenadora | UFSC Rodolfo Ilari | UNICAMPLuisandro Mendes de Souza | FAFIUV

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Mesa 05 06/10/20011 | 18h - 19h30min | Auditrio Henrique Fontes CCE - BEsta mesa ocorre na comemorao dos quarenta anos da Ps-Graduao, que em seu incio con-gregou o que hoje temos como diferentes ps-graduaes. Nessa ocasio, achamos oportuno fa-zer uma reflexo sobre a contribuio que a semntica, de vertente formal, tem dado para melhor entendermos o portugus brasileiro contemporneo, porque uma parte dessa histria ocorreu na Ps-Graduao em Lingustica da UFSC. Nosso objetivo no definir o que a semntica formal, mas mostrar como ela pode auxiliar na compreenso do portugus Brasileiro Contemporneo (PB doravante). Vamos aqui adotar a viso mais fraca de formalista: ser formal de alguma maneira des-crever o fenmeno utilizando uma metalinguagem arregimentada. Esse quadro terico nos serve de pano de fundo para uma reflexo para fenmenos do PB. Ilari refaz, em sua fala, os princpios da semntica (formal) no Brasil apontando para questes em aberto que se colocam nos dias de hoje, em que j temos uma Gramtica do Portugus Brasileiro. Entre elas: a perfrase do pretrito perfeito composto, os advrbios, os tempos e aspectos. Pires de Oliveira tambm refaz um certo caminho da semntica no Brasil, que tem incio com Ilari, seu orientador de mestrado, e uma trajetria de dez anos na Ps-Graduao em Lingustica da UFSC que tem, como um de seus frutos, a pesquisa de Mendes de Souza, que fez seu doutorado nessa Ps-graduao. Em sua abordagem, Pires de Oliveira ir discutir os nominais nus no PB, em particular o chamado singular nu, apresentando um modelo formal lexicalista. Tanto o pretrito perfeito composto quanto o singular nu so marcas do portugus em relao a outras lnguas romnicas, o que coloca uma srie de perguntas trans-lingusticas alm daquelas que dizem respeito a como essas estruturas sobreviveram se que elas no so inovaes do portugus... Finalmente, Mendes de Souza ir discutir uma particularidade do PB, o fato de que ele admite comparao com predicados tlicos, impossvel no ingls, por exemplo. Tambm nesse caso a proposta ser apresentada formalmente.

    Lgica e linguagem, velhas ideias que mudaram o modo de olhar para a semntica do portugus

    Rodolfo Ilari UNICAMP

    Nessa palestra, traa-se a histria recente da semntica (formal) no Brasil. Nesse percurso, que se origina com a criao do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) paralelamente formao do Cen-tro de Lgica e Epistemologia (CLE) na Unicamp, revisamos algumas das contribuies de Ilari para

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    Mesa 05

    entendermos o PB, assim como sua participao na construo da Gramtica do Portugus Falado. Entre suas contribuies para entendermos a semntica do portugus, vale citar sua anlise do pre-trito perfeito composto exemplificado por Joo tem visitado seus pais ultimamente. O uso dessa perfrase verbal bastante peculiar no PB contemporneo, j que ela no expressa nem perfectivida-de vale notar que a leitura preferencial dessa sentena repetio de visitas nem pretrito, j que essa repetio inclui tambm o momento de fala.

    Refletindo sobre a semntica do singular nuRoberta Pires de Oliveira

    UFSC | CNPq | CAPES

    Neste estudo, a autora analisa o chamado singular nu no portugus brasileiro. Como sabemos, as demais lnguas romnicas no aceitam o singular nu, isto , o uso de um sintagma sem determi-nante e sem morfologia de nmero, como exemplificado em Mulher chora muito. Assim, entre as questes que o singular nu levanta esto aquelas sobre a sua origem e evoluo: por que afinal s o portugus do Brasil tem essa construo? Nessa comunicao, a autora ir mostrar que o singular nu tem uma mesma distribuio sinttica e o mesmo comportamento semntico do nome de massa nu exemplificado por Leite faz bem sade, o que a levar a atribuir-lhes uma mesma semntica. A autora defende, baseando-se em Pires de Oliveira e Rothstein (prelo), que tanto o singular nu quanto o nome de massa nu denotam uma espcie, uma entidade intensional, atravs da aplicao do ope-rador down a um nome raiz. Essa proposta faz predies inesperadas e corretas: (i) o singular nu se comporta como massa em contextos de comparao; (ii) o singular nu nem sempre ocorre nu, j que ele pode se combinar com quantificadores massivos como quanto.

    Consideraes sobre a semntica das construes graduaisLuisandro Mendes de Souza

    Faculdade Estadual de Filosofia, Cincias e Letras | Unio da Vitria | PR

    O autor discute a semntica de algumas construes graduais e sua relao com a semntica dos predicados que podem aparecer nesses contextos. Construes graduais tpicas so as sentenas comparativas cannicas (mais/menos do que), as subordinadas consecutivas (to/tanto que) e a modificao por advrbios de intensidade como muito, bastante, demais etc. O autor pretende expli-car por que certos predicados verbais e nominais so medidos por escalas diferentes (cardinalidade, intensidade, volume, peso etc.), mostrando que as diferentes classes acionais (estados, atividades,

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    accomplishments e achievements) no so medidas uniformemente. Essas diferenas so atribudas s propriedades lexicais (semnticas e pragmticas) de tais predicados ou se devem s particulari-dades do ambiente sinttico-semntico? O objetivo principal ser buscar caractersticas lexicais que nos possam dar pistas para a formulao de uma proposta semntica (dentro de uma semntica de modelos) que seja capaz de explicar por que diferentes predicados so medidos em diferentes esca-las. Alguns fatos sobre predicados nominais e adjetivais tambm sero trazidos baila para que no final se possa articular um panorama geral desse tipo de construo.

  • Mesa PPGLg06

    Focalizao e ClivagemCarlos Mioto - Coordenador | UFSC Simone Lucia Guesser | Universit di SienaSandra Quarezemin | UFSC

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Mesa 06 07/10/20011 | 8h30min - 10h | Sala Hassis CCE - BEsta mesa foi montada para ilustrar o nvel dos trabalhos desenvolvidos por professores e alunos da UFSC. Ela foi composta com o objetivo de mostrar quais so as relaes entre o processo pragmtico de focalizar e a estrutura sinttica associada a ele. Por isso, as sentenas em debate so aquelas de-signadas para focalizar: clivadas e pseudo-clivadas.

    Clivadas como estratgia de focalizao em Portugus BrasileiroSandra Quarezemin

    UFSC

    Este trabalho descreve e analisa, com base na Teoria Gerativa, as estratgias empregadas pelos fa-lantes do Portugus Brasileiro (doravante PB) para focalizar o sujeito e o objeto. Os elementos focali-zados aparecem destacados na sentena em PB sob duas formas: (i) por meio da sintaxe; (ii) atravs de uma combinao entre prosdia e uma posio sinttica especfica de foco. O uso recorrente das construes clivadas, no s nos casos de foco contrastivo, um forte indcio de que os falantes do PB preferem destacar o constituinte focalizado, seja ele sujeito ou objeto, na sintaxe. A focalizao nessa lngua no deve ser vista como um fenmeno estritamente prosdico. Se fosse puramente prosdica, a estratgia in situ no dividiria espao com a estratgia clivada nos casos de foco de informao. Ainda, ela apareceria em nmero mais significativo nos casos de foco contrastivo. As partculas morfolgicas de foco e tpico, presentes em algumas lnguas naturais, apontam para a existncia de posies especficas na estrutura sinttica para os constituintes que veiculam proprie-dades sintticas e semnticas especiais.

    Sentenas clivadas em Portugus BrasileiroSimone L. Guesser

    Unisi.it

    Este trabalho trata das sentenas clivadas do portugus brasileiro (PB) e tem como base terica os estudos realizados dentro da Abordagem Cartogrfica (CINQUE, 2002; RIZZI, 2004; BELLETTI, 2004). Em particular, tomam-se como referncia as anlises propostas por Rizzi (1997; 2001) e Belletti (2001; 2004; 2005) para as construes com tpico e foco em italiano e os estudos de Mioto (2001; 2003),

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    Mesa 06

    Quarezemin (2005; 2009) e Guesser (2007) sobre o processo de focalizao em PB. Segundo Mioto (2003) e Quarezemin (2005; 2009), o PB uma lngua que faz uso de duas projees de foco para focalizar constituintes: a da periferia esquerda (RIZZI, 1997) e a da periferia de vP (BELLETTI, 2001). A primeira dedicada focalizao contrastiva, enquanto na segunda realizada a focalizao de nova informao. O objetivo principal deste trabalho verificar se a abordagem que assume duas diferentes posies de foco, cada uma dedicada a um tipo de interpretao focal, pode dar conta das peculiaridades sintticas e pragmtico-discursivas das sentenas clivadas do PB.

    Pseudo-clivadas reduzidasCarlos Mioto

    UFSC | CNPq

    Este trabalho analisa as chamadas pseudo-clivadas reduzidas (PCR), sentenas como as de (1), ates-tadas no portugus brasileiro e espanhol do Caribe respectivamente:

    (1) a. Eu quero um cafezinho. (BRAGA et al., 2009)

    b. ... me gustaba ms que todo era el estilo libre. (SEDANO, 1990)

    O que essas sentenas tm de interessante que elas se parecem em tudo com pseudo-clivadas, exceto pelo fato de no conterem a expresso relativa o que/lo que:

    (2) a. O que eu quero um cafezinho.

    b. Lo que me gustaba ms que todo era el estilo libre.

    Essa semelhana tem levado sintaticistas a considerarem que as duas sentenas tm a mesma estru-tura, as PCRs, apresentando um operador relativo nulo no lugar de o que/lo que. Entretanto, pretendo mostrar que a semelhana disfara estruturas sintticas diferentes. A concluso a que vou chegar que as PCRs, ao contrrio das pseudo-clivadas plenas, so sentenas simples a despeito da ocorrn-cia de dois verbos finitos.

  • Mesa PPGLg07

    Os Estudos em Fontica e Fonologia no Sul do Brasil

    Cristiane Lazzarotto Volco - Coordenadora | UFSC Carmen Lcia Barreto Matzenauer | UCPel | CNPQAndria Schurt Rauber | UCPel

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    Mesa 07

    Mesa 07 07/10/20011 | 10h30min - 12h | Sala Drummond CCE - BEsta mesa pretende discutir os avanos das reas da Fontica e Fonologia no Sul do Brasil, especial-mente aqueles que apresentam relaes interinstitucionais com a linha de pesquisa A fala do ponto de vista perceptual-acstico-articulatrio e os modelos fonolgicos do Programa de Ps-Graduao em Lingustica.

    A contribuio da fontica e da fonologia para o estudo dos desvios fonolgicos

    Cristiane Lazzarotto-Volco UFSC

    Os estudos na rea da fontica e fonologia tm permitido analisar e compreender de forma mais adequada a aquisio fonolgica pela criana, bem como as alteraes que podem ocorrer em seu percurso. Exemplos disso so as novas propostas de avaliao e tratamento fonoaudiolgicos que surgiram ao longo dos ltimos vinte anos. Essa comunicao pretende mostrar a evoluo das pes-quisas relacionadas ao tema, alm de apresentar estudos recentemente desenvolvidos no Programa de Ps-Graduao em Lingustica, relacionados aquisio e aos desvios fonolgicos.

    Estudos de fonologia no Sul do BrasilCarmen Lcia Barreto Matzenauer

    Universidade Catlica de Pelotas | UCPEL

    Os estudos sobre a fonologia do portugus e de outras lnguas alcanaram grande desenvolvimento no Sul do Brasil, de modo especial a partir dos anos 1970. Emergindo nesse contexto, o Programa de Ps-Graduao em Lingustica (PPGL) da UFSC elegeu a Fonologia como um campo do saber privilegiado, destacando-o sob diferentes enfoques: vinculado, por exemplo, variao lingustica, s interfaces com outros componentes do sistema e ao ensino do portugus e de outras lnguas. Tal realidade apresentada nesta comunicao, que visa a discutir a contribuio dos pesquisadores vinculados ao PPGL da UFSC para a consolidao dessa rea do conhecimento no cenrio acadmico do pas.

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    A fontica acstica e os estudos da linguagem no Sul do BrasilAndria Schurt Rauber

    Universidade Catlica de Pelotas | UCPEL

    Pesquisas envolvendo anlises acsticas de sons da fala so recentes no Brasil, tendo os primeiros es-tudos iniciado na dcada de 1990 nos poucos laboratrios localizados em universidades dos Estados de So Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina. Nesse perodo, as pesquisas em nosso pas se tornaram viveis devido facilitao de acesso a softwares capazes de fazer anlises antes realizadas por aparelhos caros e com altos custos de manuteno. Desde ento, o interesse pela fo-ntica acstica tem aumentado consideravelmente e os vrios softwares disponveis tm auxiliado pesquisadores tanto na coleta como na anlise de dados resultantes de experimentos de produo e percepo de sons de lngua materna e estrangeira. O objetivo desta comunicao abordar tanto aspectos metodolgicos como resultados de estudos realizados no Sul do Brasil que se utilizam da medio acstica das propriedades de sons voclicos e consonantais da lngua portuguesa e de ln-guas estrangeiras, mostrando os avanos em termos de preciso na anlise de dados.

  • Mesa PPGLg08

    Portugus Prolegmenos discusso sobre o futuro da norma

    Gilvan Muller de Oliveira - Coordenador | UFSC Marcos Bagno | UnBRosngela Morello | IPOL

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Mesa 08 07/10/20011 | 14h - 15h30min | Auditrio Henrique Fontes CCE - BO portugus uma lngua bicntrica, com duas Normas constitudas historicamente e com gesto separada: a Norma Portuguesa, vlida tambm nos seis pases que fizeram sua independncia em 1975 (Palops + Timor Leste), e a Norma Brasileira. Nos diversos setores societrios que formulam ideologias lingusticas, encontramos todo o espectro das possibilidades de futuro: da secesso com-pleta das Normas, com a declarativa que o portugus brasileiro outra lngua, at as tentativas de aproximao com Norma Portuguesa e com as Normas Emergentes dos Palops, proposta por setores que valorizam a unidade da Lusofonia. Mas afinal, para onde vamos? Quais as consequncias e carac-tersticas desses diferentes futuros?

    O-Culto da Lngua: a Lngua pelo Brasil e a questo da Normatizao

    Rosngela MorelloIPOL | Instituto de Investigao e Desenvolvimento em Poltica Lingustica

    A problemtica da diferenciao da Lngua Portuguesa pelo Brasil e sua contraface, a da instalao de uma norma lingustica capaz de representar essas diferenas tem sido objeto de intensos debates. De modo geral, esses debates atualizam um discurso sobre um desejado padro de lngua que est fora do alcance dos brasileiros, apesar da sistemtica produo de reflexes e descries dos usos da lngua mostrando suas determinaes sociais e suas relaes com a histria do pas. Tampouco instrumentos lingusticos gerados em projetos como o NURC, o ALERS, o PHPB, PROHPOR, The Tycho Brahe Project, LACIO-WEB, UNL, entre outros, se tornam dispositivos polticos capazes de interferncia significativa nesse discurso que desqualifica as prticas da lngua portuguesa no pas. Problematizaremos a estruturao desse discurso, analisando suas prerrogativas polticas no Brasil e suas consequncias para uma gesto da lngua portuguesa articulada aos quadros atuais da economia lingustica.

    Uma lngua ou uma famlia de lnguas?Marcos Bagno

    UnB

    Passado mais de meio milnio do incio da formao do imprio colonial portugus e da consequen-te expanso do portugus quinhentista mundo afora, j hora de nos perguntarmos se a entidade

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    Mesa 08

    sociolingustica rotulada de portugus ainda uma lngua s ou se j se trata de uma famlia de lnguas aparentadas. Optamos pela segunda hiptese, postulando a famlia lingustica portugalega e reivindicando a difcil posio de reconhecer que galego, portugus europeu, portugus brasileiro, cabo-verdiano etc. so lnguas distintas, sob os pontos de vista sinttico, semntico, pragmtico e sociocognitivo, mas enfatizando, ao mesmo tempo, a necessidade de uma poltica lingustica concer-tada que possibilite a manuteno dos vnculos scio-histricos, socioculturais e socioeconmicos que unem os diferentes pases em que as lnguas da famlia so faladas.

    Lnguas e Normas: do Portugus Brasileiro ao Portugus do sculo XXI

    Gilvan Mller de OliveiraUFSC | Instituto Internacional da Lngua Portuguesa

    A criao da CPLP Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa em 1996 e sua agncia lingus-tica, o IILP Instituto Internacional da Lngua Portuguesa, instalado no ano 2000 foram um voto de confiana na unidade dos pases e na unidade da lngua portuguesa. A implementao do Acordo Ortogrfico e agora a elaborao do Vocabulrio Ortogrfico Comum da Lngua Portuguesa (VOC) afianam essa tentativa de unidade. Este estudo focalizar a promoo internacional do Portugus, sua internacionalizao e o modus operandi das polticas multilaterais do idioma.

  • Mesa PPGLg 09

    Sociolingustica e Dialetologia o Portugus da Regio Sul em PerspectivaPaulino Vandresen - Coordenador | UFSC Gregory Guy | New York UniversityHarald Thun | Univ. Kiel | AlemanhaClo Vilson Altenhofen | UFRGS

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    Mesa 09

    Mesa 09 07/10/20011 | 16h - 17h30min | Auditrio Henrique Fontes CCE - BA mesa prope-se a (i) apresentar resultados de anlises de fenmenos em variao e mudana nos nveis fonolgico, morfolgico e sinttico, encontrados em amostras dos projetos VARSUL e ALERS da regio sul do Brasil; e (ii) promover reflexes sobre a convergncia e/ou divergncia desses fen-menos lingusticos em relao a resultados de outras regies do Brasil.

    Variao lingustica no Sul do Brasil em perspectivas nacional e internacional: contribuies do projeto VARSUL sociolingustica

    Gregory Guy New York University

    O projeto VARSUL, com participao central dos linguistas da UFSC, formou, nos anos 1990, um ban-co de dados de entrevistas sociolingusticas gravadas com amostras estratificadas de falantes em doze cidades do Sul do Brasil. Esse banco possibilitou, e ainda possibilita, investigaes de problemas relevantes a vrios modelos, teorias e subdisciplinas da Lingustica. Esta comunicao exemplifica as contribuies das pesquisas baseadas no projeto VARSUL nas seguintes reas. Estudos comparativos investigam processos lingusticos em comunidades de fala distintas; o banco de dados do VARSUL, formado por amostras comparveis levantadas com metodologia padronizada, ideal para tais estu-dos. Questes de contato lingustico podem ser investigadas com os dados de VARSUL, em vista do fato de certas cidades includas no banco de dados contarem com populaes bilingues (em alemo, italiano etc.). O banco tambm permite evidncia relevante a vrios problemas da teoria lingustica, como o tratamento apropriado na fonologia de itens lexicais excepcionais ou de alta frequncia de uso. E examinam-se questes diacrnicas com esse corpus, desde que a diversidade etria da amos-tra permita estudos em tempo aparente, ao mesmo tempo em que o banco inteiro oferece uma poca de referncia que permita comparaes com outras pocas para investigaes em tempo real. Finalmente, devido riqueza morfossinttica da lngua portuguesa, os dados de VARSUL j promo-veram muitos estudos de variao em processos morfolgicos (e.g., concordncia nominal e verbal; seleo do tempo/modo do verbo). Esses estudos oferecem uma perspectiva sobre a variao mor-folgica que impossvel de obter com os numerosos estudos variacionistas do ingls, pelo simples

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    fato de esta lngua no possuir muita flexo morfolgica. As contribuies cientficas das pesquisas baseadas no banco de dados de VARSUL, portanto, oferecem perspectivas valiosas e nicas sobre a natureza da linguagem e seu uso em comunidades de fala.

    Contatos do Portugus Brasileiro em reas de fronteiraHarald Thun

    Univ. Kiel | Alemanha

    O portugus americano falado fora do Brasil encontra-se em situaes lingusticas muito variadas, fato que se deve origem dos falantes e s constelaes contatuais diferentes. No Norte do Uru-guai, por exemplo, coexiste uma camada velha do portugus falado pelos descendentes dos pri-meiros povoadores da zona com o portugus rio-grandense introduzido em pocas mais recentes, por brasileiros compradores de terras uruguaias, ou ainda pelo contato nas relaes econmicas atuais. Na Argentina, mais precisamente na provncia de Misiones, a situao totalmente distinta. Aqui, o portugus foi introduzido pelos imigrantes brasileiros que falam, em muitos casos, tambm o hunsriqueano. A posio do portugus, em Misiones, muito forte ao longo de toda a fronteira do lado do Rio Uruguai, estando os dialetos alemes em posio regressiva, como caracterstica mais da camada baixa. Existe, logicamente, tambm o contato com o castelhano argentino. Ainda mais complicada a constelao de contatos lingusticos no Paraguai. Aqui, o portugus forte entre muitos brasiguaios que so, como na Argentina, em boa parte tambm falantes do hunsriqueano. As novas lnguas de contato so o castelhano paraguaio e o guarani. Na zona Sul (Hohenau, Obliga-do), observa-se uma perda lingustica dupla: a do portugus e a do hunsriqueano. Sobrevivem o alto-alemo e o castelhano. Todas estas observaes lingusticas, que se pretende analisar em detalhes na mesa-redonda, baseiam-se nas pesquisas realizadas para o Atlas lingustico Diatpico y Diastrtico del Uruguay, o Atlas Lingustico Guaran-Romnico e o Atlas Lingustico-Contatual das Minorias Ale-ms na Bacia do Prata. Os trs projetos combinam a dialetologia com a sociolingustica.

    O Portugus sul-riograndense na perspectiva das migraes e dos contatos lingusticos

    Clo Vilson AltenhofenUFRGS

    O estudo aborda o papel das migraes e dos contatos lingusticos com as lnguas de imigrao e de fronteira na configurao, ocupao e difuso da variedade do portugus sul-riograndense no

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    Mesa 09

    espao pluridimensional do Sul do Brasil e fronteiras com Uruguai, Argentina e Paraguai. A partir da macroanlise de dados de atlas lingusticos que se ocupam com essas reas, pretende-se identificar mecanismos gerais que caracterizem a difuso de uma variedade e a constituio de territorialidades lingusticas, a exemplo do que pode estar na base da ocupao e formao do portugus no Brasil.

  • Mesa PPGL01

    Arquivo e HistriaCarlos Eduardo Schmidt Capela - Coordenador UFSC | CNPqSabrina Sedlmayer Pinto | UFSMGAntonio Carlos dos Santos | UNISUL

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    Mesa 0

    Mesa 01 05/10/20011 | 08h30min - 10h | Sala Drummond CCE - B

    Arquivos do desejo Carlos Eduardo Schmidt Capela

    UFSC | CNPq

    A proposta pensar o arquivo, de um ponto de vista histrico, como um dispositivo, isto , uma rede de funes estratgicas que entretece relaes entre campos de saber e poder. Consider-lo no como um corpus total, algo a ser exumado, ou um depositrio de valias, manancial ou cornucpia, mas sim como uma possvel passagem que a um s tempo nos solicita e nos implica, que pode nos marcar corpo que , caso aceitemos fraquear o contato que ele nos abre, que nos deixemos tocar, em ressonncia, ao toc-lo, que, ao us-lo, ousemo-nos.

    Sobre a recordao do destino: Warburg, Benjamin e Herberto Helder

    Sabrina Sedlmayer PintoUFMG

    Pretende-se discutir a noo de tempo atravs da cincia sem nome de Warburg, o alarme de in-cndio dado por Walter Benjamin, com a poesia do devir e da metamorfose do poeta portugus Herberto Helder.

    Georg Simmel e o arquivo modernoAntonio Carlos dos Santos

    UNISUL

    Pretende-se discutir a noo de tempo, arquivo e modernidade na obra do pensador alemo Georg Simmel.

  • Mesa PPGL02

    Teoria das FicesCludio Cruz - Coordenador | UFSCMartin Kohan | Buenos Aires Andr SantAnna | Rio de Janeiro

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    Mesa 02

    Mesa 02 05/10/20011 | 10h30min - 12h | Sala Drummond CCE - BA crise das chamadas grandes divises coloca tambm em questo os limites do literrio. Tem ainda algum sentido, na contemporaneidade, postular a existncia de uma linguagem (uma escritura ou uma essncia, uma escritura como essncia) intrinsecamente literria? Como pensar, nesse contexto, a autonomia do literrio frente a outras linguagens sociais? Questes como essas norteiam e moti-vam as reflexes propostas nesta mesa-redonda.

    Contra la postautonomiaMartin Kohan

    Buenos Aires

    Es la postautonoma un concepto para (lo que resta de) la literatura? Cmo pensar el concepto de realidadficcin con el de ficcin terica?

    A Linguagem no Parque de DiversesAndr SantAnna

    Rio de Janeiro

    O meu trabalho criar linguagens. Linguagens nicas que possam expressar de modo nico, per-cepes nicas acerca de tudo o que acontece. Quero falar sobre tudo e, para isso, preciso sempre encontrar a linguagem nica, a esttica nica, um sistema nico de expresso para cada trabalho, para cada texto. Antes de ser considerado escritor, fiz um monte dessas coisas teatro, cinema, m-sica, bal e tudo isso sempre me pareceu bem mais divertido do que o ato de passar dias e noites solitrios, forando motivao por uma histria literria que, aos poucos, vai perdendo o sentido de ser. Mas no tem jeito. Teatro, cinema, msica, bal, essas paradas dependem de um monte de gente, equipamentos tecnolgicos, produes dinheiro. Ento, desde meu primeiro livro Amor tento tornar a criao literria o mais parecida possvel com a msica, com o bal. O mais parecida possvel com um jogo. Na minha apresentao, vou mostrar algumas das minhas jogadas, alguns dos meus brinquedos. Vou contar como construo as nicas linguagens possveis para expressar aquilo que s eu posso enxergar, que s eu posso perceber, a respeito de tudo o que existe. Vou falar sobre Litera-tura/Arte, Literatura/Msica, Literatura/Bal.

  • Mesa PPGL03

    Literatura e VidaRal Antelo - Coordenador | UFSCEmanuele Coccia | Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales Paris Fabin Luduea Romandini | Universidad de Buenos Aires

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    Mesa 02

    Mesa 03 05/10/20011 | 18h - 19h30min | Auditrio Henrique Fontes CCE - B A biopoltica contempornea demanda cuidado e ateno com respeito a articulaes tidas como resolvidas ou pouco problemticas pela tradio ocidental, como aquela que identifica a linguagem, e outros fenmenos sociais e culturais a ela relacionados, como um atributo distintivo entre o huma-no e outras formas de vida. O propsito desta mesa-redonda questionar pressupostos como tais.

    Logos spermatikos. La lingua dei viventiEmanuele Coccia

    Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales Paris

    La filosofia del secolo scorso ha fatto del linguaggio la sua unica, ossessiva schibboleth. Nel lingua-ggio siamo abituati ormai a riconoscere la struttura originaria e la condizione di possibilita di ogni fenomeno umano: la cultura (come ha insegnato Levi-Strauss), la psiche (che e articolata come il linguaggio) la religione, la mente o lo spirito. Ed e grazie al linguaggio che la cultura contemporanea e riuscita a pensare, nonostante il suo apparente credo darwiniano, una differenza ontologica tra uomo ed animale. Contro questa tradizione, di chiari radici teologiche, si trattera di dimostrare che quanto chiamiamo linguaggio e il nome umano di un fenomeno che esiste in ogni vivente, e ad ogni grado della scala della natura. Riprendendo unidea di origine stoica, sviluppata dal pensiero medico rinascimentale si provera a pensare nel seme questa unita di lingua e vita che attraversa e definisce tutto cio che vive.

    Principio antrpico y ontologa de la vidaFabin Luduea Romandini

    Universidad de Buenos Aires

    eLa presentacin explorar las consecuencias filosficas, para una ontologa de la vida, de la postula-cin del principio antrpico en la cosmologa moderna. Una indagacin de los orgenes de tal princi-pio, nos permitir constatar tambin su presencia en la onto-teo-loga occidental y su coronacin en el idealismo alemn. Como corolario, se bucar responder la pregunta acerca del posible significado de una literatura y una filosofa no-antrpicas.

  • Mesa PPGL04

    Arte-Pensamento: As Literaturas Estrangeiras Modernas

    Liliana Reales - Coordenadora | UFSCJorge Monteleone | Universidad de Buenos Aires CONICETPatrcia Peterle | UFSC

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    Mesa 02

    Mesa 04 06/10/20011 | 08h30min - 10h | Sala Drummond CCE - B Esta mesa pretende discutir relaes estreitas entre arte, pensamento e poltica, tendo como escopo autores e textos que compem o acervo de algumas literaturas estrangeiras modernas.

    Literatura e Poltica: a experincia de Il PolitecnicoPatrcia Peterle

    UFSC

    Literatura como uma batalha das ideias, inicitica, evocao e modulao de sombras, linguagens inditas so questes que perpassam pela produo intelectual e a atuao de Elio Vittorini. As rela-es estreitas entre arte, pensamento e poltica marcam a elaborao da revista Il Politecnico, dirigida pelo escritor, lanada no imediato ps-guerra. O texto pretende discutir as tenses presentes nessas relaes a partir de alguns nmeros da revista.

  • Mesa PPGL05

    A Literatura Brasileira e o Moderno

    Ana Luiza Andrade - Coordenadora | UFSCEneida Maria de Souza | UFMG | CNPqMaria Augusta Fonseca | USP | CNPq

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    Mesa 02

    Mesa 05 06/10/20011 | 10h30min - 12h | Sala Drummond CCE - B Esta mesa tem por foco as passagens da literatura brasileira rumo ao moderno. Ser discutido um conjunto de articulaes que traam esse deslocamento, tais como arcaico/moderno, pblico/priva-do, fico/biografia, literatura/imagem, entre outras.

    Passagens: ruinlogos modernosAna Luiza Andrade

    UFSC

    Algumas figuras literrias representativas das passagens brasileiras, no sentido benjaminiano, ao moderno. Destaques s transformaes arcaico/moderno, paisagens /urbanidades, literatura/ima-gem. Exemplos: Gilberto Freyre e as runas do nordeste na passagem ao modo de produo indus-trial (e as runas do artesanal). A.J. Ponte (modelo de ruinlogo) e as runas de Havana. Joo Cabral de Melo Neto e as runas do Recife. Joo do Rio e as runas cariocas. Flavio de Carvalho, Clarice Lispector, Valncio Xavier e Osman Lins: a importncia da imagem e o mundo em runas da literatura (objetos e gestos).

    A modernidade residual do contemporneoEneida Maria de Souza

    UFMG | CNPq

    Pretende-se desenvolver a marca residual do moderno na produo biogrfica atual, levando-se em conta o desejo de arquivar a prpria vida e de legitimar um dos sentidos do contemporneo como prtica retr.

  • Mesa PPGL06

    Poesia, Arte e Pensamento

    Susana Scramim - Coordenadora | UFSCTamara Kamenszein | Buenos Aires Paula Glenadel | Rio de Janeiro

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    Mesa 02

    Mesa 06 06/10/20011 | 18h - 19h30min | Sala Drummond CCE - B Esta mesa se prope a ouvir dos criadores de poesia o que tem motivado os seus trabalhos na relao que estabelecem entre escrita potica versus escrita acadmica, poesia versus ensaio, poesia versus teatro.

    La novela de la poesaTamara Kamenszein

    Buenos Aires

    Una reflexin acerca de cmo los lmites del gnero son al mismo tiempo los lmites del estilo y cmo la permanente transgresin de esos lmites pone en funcionamientos el motor de la productividad. Poesa y narrativa como dos caras de una tensin que tambin suele tomar en mi obra la forma del ensayo.

    Mais um no oceanoPaula Glenadel

    Rio de Janeiro

    Na tentativa de responder pergunta: Por que voc escreve?, sero visitados os seguintes aspectos: escrita potica versus escrita acadmica; formao intelectual e leituras; pblico e privado; relaes entre poesia e teatro.

  • Mesa PPGL07

    Ps-Graduao em Lite-ratura e seus Egressos: Pesquisa e Ensino

    Luiz Felipe Soares - Coordenador | UFSCRita Lenira Bittencourt | UFRGSRenata Telles | UFPRJefferson Agostini Melo | UPSValdir Prigol | UFFS

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    Mesa 07

    Mesa 0707/10/20011 | 08h30min - 10h | Sala Drummond CCE - B A partir do testemunho de pesquisadores e professores egressos do Programa de Ps-Graduao em Literatura, a mesa pretende, de um lado, lanar questes pertinentes para se pensar a possibilidade, hoje, da crtica, e, de outro, ajudar a refletir sobre polticas de formao de profissionais postas em ao na Ps-Graduao em Literatura/UFSC.

    Teoria, crtica e ensino: deslocamentos mnimos.Rita Lenira Bittencourt

    UFRGS

    As prticas crticas do presente, num limiar tico-poltico-pedaggico infraleve, esbarram, ainda, em topos duros de uma herana de peso, que, em confronto direto, geralmente as reconduzem ao dis-curso negativo e s armadilhas da sntese. Como exerccio des-operatrio, uma dico bartlebiana que preferia no e abordagens tensas ao potico, em contralgica de desconexo e fragmentao, movimentos simultaneamente fortes e mnimos, promovem a frico, o rudo, o desvio.

    Imigrao: entre a difcil conquista do pertencimento e a potncia do intervalo

    Renata Telles UFPR

    A aposta na tenso permanente entre passado e futuro para pensar a duplicidade temporal que mar-ca a crtica literria brasileira, seja no lamento de uma falta, na constatao de uma singularidade, ou, ainda, no preenchimento da fratura como resoluo, depara-se com o abandono da ptria e do familiar, para enfrentar, em terras estrangeiras, o desconhecido. Entre o passado da ps-graduao e o presente de professor efetivo, o imigrante enfrenta a acelerao do tempo (currculo centrado na linearidade da literatura brasileira, cobrana de produtividade e exigncia de participao em en-cargos administrativos). nessa condio que a passividade, o retardo, a hesitao, o intervalo entre ao e reao surgem como resistncia, como possibilidade de potncia, para pensar o futuro do passado, ou, a disputa temporal entre Estado e Igreja na constituio do Estado moderno.

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Novas crenas da fico brasileira contemporneaJefferson Agostini Melo

    USP

    A comunicao parte do pressuposto de que setores influentes da crtica literria contempornea, tanto direita quanto esquerda, esbarram em certo idealismo quando buscam compreender a fico brasileira atual pelo vis da exceo. Esperando o surgimento de gnios, deixam de observar no s o contexto poltico, mas, sobretudo, o quanto esse contexto sobredetermina o surgimento de uma nova sociedade da literatura, provavelmente mais autnoma, mas nem por isso mais crtica. A relativa autonomia do campo literrio brasileiro e o investimento dos autores no que seria especfico do literrio tm como contrapartida o silncio da literatura brasileira a respeito de uma realidade social brutalizada que necessitaria de anlise.

    A crtica e o leitorValdir Prigol

    UFFS

    A Rainha dos Crceres da Grcia, de Osman Lins, encena dois modos de escrita da crtica que exer-citei a partir das aulas e das leituras do Programa de Ps-Graduao em Literatura da UFSC (Ecos de Lectura ideal y lectura pasional, de Raul Antelo): a crtica como forma de passar por uma experincia, como fico (Josefina Ludmer e Aqu America Latina, Daniel Link e Fantasmas, Raul Antelo e Maria com Marcel) e a crtica como promessa de experincia, como mediao (Susana Scramin e Carlito Azevedo, Maria Lucia de Barros Camargo e o Nelic, Joo Cezar de Castro Rocha e Crtica Literria: em busca do tempo perdido?)

  • Mesa PPGL08

    Poesia e EscutaMaria Lcia de Barros Camargo - Coordenadora UFSC | CNPqMarcos Siscar | UNICAMP | CNPqSusana Scramim | UFSC | CNPq

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Mesa 0807/10/20011 | 10h30min - 12h | Auditrio Henrique Fontes

    CCE - B Esta mesa prope-se a enunciar perguntas: Como escutar a poesia? Como ela foi ouvida no momen-to em que os cursos de ps-graduao se institucionalizaram? Qual nossa responsabilidade como professores e crticos? Em que sentido a crtica escuta a poesia, isto , nela e com ela ressona?

    A soberba do naufrgioMarcos Siscar

    UNICAMP | CNPq

    A partir da discusso recente em torno de obras plsticas de Nuno Ramos, sobre os limites da arte na democracia, o trabalho retoma elementos da escrita crtica de Mallarm, a fim de evidenciar o modo como ganha corpo na poesia moderna a reivindicao de uma paradoxal soberania, a ser diferencia-da da afirmao desdenhosa de autonomia.

    Como a crtica vem escutando a poesia?Susana Scramim

    UFSC | CNPq

    Tomando como ponto de partida a resenha que Antonio Candido escreve em 1943 para o livro Pedra do Sono, de Joo Cabral de Melo Neto, na qual compreende a poesia do referido poeta como to autonomamente construda e escuta da voz (?) do cisne mallarmeano sempre viva, a ponto de vir ressoar na ltima gerao da nossa literatura, este trabalho passa por outras leituras crticas que a poesia de Joo Cabral recebeu, prometendo ensaiar um questionamento das leituras vanguardistas da poesia brasileira do sculo XX.

  • Mesa PPGL09

    Arqueologia de 1971Ral Antelo - Coordenador | UFSCDiana Wechsler | Universidad de Buenos Aires. Diretora da Ps-graduao em Estudos Curatoriais da UNTREFEttore Finazzi-Agr | Universidade de Roma, La Sapienza

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Mesa 0907/10/20011 | 14h30min - 17h | Sala Drummond CCE - B A mesa coloca em discusso, a partir de fices e imagens diversas, a questo do comeo, da arch, tomado como linearidade ou totalidade. Isso a partir de um conjunto de reflexes que constatam, de modo fragmentrio ou constelacional, instigantes sobrevivncias que iro se disseminar no discurso crtico contemporneo. O ano de 1971, bem como as dcadas de 70 e de 80, menos que marcos rgi-dos, fronteiras temporais, tem ressaltado seu aspecto, ou potencial, cairolgico.

    Arqueologia de 1971Ral Antelo

    UFSC

    Morre Lukcs. Sartre escreve Lidiot de la famille. Bosi publica Histria concisa da Literatura Brasileira. Um ciclo se encerra. Barthes estampa Sade, Fourier, Loyola. Foucault, A arqueologia do saber. Dois anos depois, Blanchot, em Le pas au del, promoveria um retorno ao fragmento e postularia o frag-mento enquanto retorno. El aforismo, la sentencia, mxima, cita, pensamientos, temas, clulas ver-bales estn quizs ms lejos de l que el discurso infinitamente continuo cuyo contenido es su pro-pia continuidad, continuidad que no est segura de s misma ms que mostrndose como circular y sometindose, con dicho giro, al preliminar de un retorno cuya ley est afuera, afuera que es fueradeley. (p. 74). Isso implica tambm uma reviso da mmese porque, como aponta Lacoue-Labarthe em Poetica da Histria, muito antes disso, em A origem da obra de arte (1935-6), Heidegger j dizia que a arte no devia ser pensada como Darstellung, mimesis ou (re)presentao, mas como ao, tese, dispositivo ou instalao, Gestell da verdade, da aletheia, da physis, na medida em que ela crptica e requer decifrao. A obra de arte , pois, metaficcionalmente, vista como realidade concreta, com estrutura labirntica. Em Tutamia, publicada pouco antes, 1967, lemos, por exemplo, quatro pref-cios, num procedimento anlogo ao adotado por Sterne em The Life and Opinions of Tristram Shandy, que s apresenta o prefcio do Autor no captulo 20 do livro III. Nessa leitura indireta de Machado de Assis, outro leitor de Sterne, pioneiro da histria como inventrio, ressalta que o anterior ou arcaico (o pre- do prefcio) pode aparecer, aleatoriamente, em qualquer lugar. No cessa de no desapare-cer. Alm do mais, Guimares Rosa, com a noo de aletria, indicia o posicionamento do leitor frente fico: ele o decifrador de algo macarrnico, a aletria ou cabelos de anjo, sem esquecer, como depois nos ensinariam Agamben e Coccia que, onde h anjo, h mediao, mas tambm burocracia kafkiana. a Stimmung, o acorde dissonante de todas essas notas do contemporneo, o que emerge em 1971 e que cabe aqui decifrar.

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    Mesa 09

    Arte, sociedad y el problema de las imagenes, una deriva historiogrfica

    Diana Wechsler Universidad de Buenos Aires. Diretora da Ps-graduao em Estudos Curatoriais da UNTREF

    El binomio arte-sociedad y la disputa entre la historia del arte -como disciplina destinada a pensar las imgenes- y las ciencias sociales se instala con fuerza en la historiografa artstica de la segunda posguerra. Las diversas variantes de los estudios ligados a una sociologa del arte marxista, por un lado y a los recursos que permitieran establecer otras alternativas para pensar las complejas rela-ciones entre arte y sociedad -desde la esttica de la recepcin y sus variaciones hasta lo que se ha definido como el giro lingstico- sealan uno de los senderos de esta deriva en busca de expandir los alcances de esta relacin y aprehender aspectos presentes en las imgenes que superen la lectura de su superficie iconogrfica. Estas bsquedas alcanzan sobre la dcada del 80 un punto de infle-xin que se proyecta sobre los debates publicados a comienzos de los 90 en la revista Octubre, por ejemplo. All se pone en escena tanto la discusin con la historiografa artstica tradicional como con las variantes sociolgicas, para dar paso a una serie de propuestas que buscan sondear las imgenes partiendo de sus especificidades y de su irreductibilidad a los textos, abriendo paso desde los estu-dios visuales a otras entradas al problema de las imgenes.

    Munus e communitas: o dom fastuoso e a fundao da comunidade nas Primeiras estrias

    Ettore Finazzi-Agr Universidade de Roma, La Sapienza

    O texto pretende discutir a questo da fundao da comunidade nacional que atravessa, de parte a parte, as pginas de Primeiras estrias. O conto que vai ser sobretudo analisado, nesta perspectiva, Nada e a nossa condio, a partir da questo do dom e da sua relao com o nada-em-comum, com o Nada compartilhado fundando a Comunidade.

  • Mesa PPGI 01

    Anlise do DiscursoDbora Figueiredo - Coordenadora | UFSC Izabel Magalhes | UnB | UFCAdriana Dellagnelo | UFSC

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    Mesa 01

    Mesa 01 05/10/20011 | 8h30min - 10h | Sala Hassis CCE - BSurgida nos anos 70 a partir de contribuies de vrias outras disciplinas, como a antropologia, a lingustica, a sociologia e a psicologia, a anlise do discurso vem, desde ento, sendo desenvolvida e aplicada em inmeros pases em todo o mundo, utilizando uma variedade de abordagens tericas e mtodos descritivos, como a anlise da conversa e a anlise textual. Esta mesa tem como objetivo apresentar abordagens crticas socio-construtivistas anlise do discurso, como aquelas baseadas na lingustica sistmico-funcional (estudos sobre multimodalidade; anlise crtica do discurso; estu-dos sobre linguagem e gnero), aplicadas a objetos como o discurso da mdia de massa, o discurso de divulgao cientfica e o discurso do professor.

    Estudos discursivos crticos no Brasil: a anlise crtica do discursoDbora de Carvalho Figueiredo

    UFSC

    A Anlise Crtica do Discurso (ACD) constitui uma abordagem cientfica transdisciplinar para estudos crticos da linguagem como prtica social. Essa abordagem est inserida na tradio das cincias so-ciais crticas, que desenvolvem pesquisas que possam oferecer suporte cientfico a questes sociais relacionadas ao poder, descriminao, excluso social, justia, cidadania, etc. A maior parte dos trabalhos em ACD adota a Lingustica Sistmica Funcional (LSF) como teoria lingustica de base e como fonte de ferramentas e categorias analticas, pelo fato de a LSF estar interessada na relao entre a linguagem e outros elementos e aspectos da vida social, alm de propor uma abordagem anlise lingustica de textos sempre orientada para o carter social desses textos. Nesta fala apresen-to uma viso panormica do campo da Anlise Crtica do Discurso, apontando seus principais focos de discusso terica e seus interesses de pesquisa em centros acadmicos no exterior no Brasil, in-cluindo o Programa de Ps-Graduao em Ingls da UFSC.

    A violncia contra mulheres: textos e prticas socioculturais

    Izabel MagalhesUnB | UFC

    O propsito deste trabalho relacionar discursos, letramentos e identidades na concepo da anlise de discurso crtica, focalizando a violncia contra mulheres. Nas prticas de gnero, um dos

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    efeitos do poder a violncia, que se manifesta discursivamente em ameaas e insultos, e no-discursivamente em agresses fsicas. Esse um tema oportuno, dada a celebrao da Declarao Universal dos Direitos Humanos em 2008. Com a anlise da intertextualidade em uma reportagem de jornal, a principal concluso do trabalho que as inovaes nos recursos representacionais da imprensa esto em descompasso com os discursos citados em reportagens sobre violncia contra mulheres. Como o discurso uma dimenso importante na construo de crenas, conhecimentos, valores e vises de mundo, fundamental investir em aes discursivas (leis) e no-discursivas (punio) e, sobretudo, na formao de novas mentalidades em relao ao gnero social por meio do letramento, que o uso social da leitura e da escrita.

    Relaes entre prticas discursivas e prticas sociais na formao da identidade de professores de Ingls

    Adriana DellagnelloUFSC

    Este estudo pressupe a centralidade da linguagem na construo das representaes mentais do ser humano, na medida em que focaliza implicaes entre prticas discursivas e prticas sociais na construo da identidade de professores de Ingls como lngua estrangeira. Para tanto, parte so-bremodo de concepes de Fairclough (1992, 2010) e Halliday, (1985-1994, 2002), para os quais a linguagem reflete, refora e at mesmo constri o que toda uma sociedade percebe por realidade. Esse aporte terico sustenta uma anlise de textos produzidos por professores em formao em suas reflexes ps-aula no que respeita a valores e ideologias legitimados, buscando desvelar em que me-dida conhecimento terico e conhecimento experiencial/prtico dialogam ou divergem na constru-o da identidade desses professores. Os resultados corroboram a literatura na rea de educao de professores (JOHNSON, 2009; JOHNSON; GOLOMBEK, 2002; JOHNSON, 1999; FREEMAN; JOHNSON, 1998; FLOWERDEW, 1998; BAILEY et al, 1996; FREEMAN, 1996) ao sugerir que professores-estagirios tendem a ser influenciados pelo conhecimento experiencial a um grau mais elevado.

  • Mesa PPGI02

    Perspectivas da Pesquisa em Leitura nos 40 Anos do PPGI: Buscando uma Aproximao entre a Teoria e a Prtica

    Leda Tomitch - Coordenadora | UFSC Josalba Vieira | CA | UFSCCelso Tumolo | UFSC

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Mesa 02 06/10/20011 | 8h30min - 10h | Sala Hassis CCE - BOs trabalhos desta mesa redonda buscam apresentar uma viso geral da pesquisa realizada na linha de Leitura do PPGI, trazendo um apanhado das dissertaes e teses defendidas, as quais podem ser encaixadas em trs grandes perspectivas: aspectos cognitivos da compreenso leitora, ensino da leitura, e a leitura nos estudos empricos da literatura. Alguns dos pontos que sero defendidos nos trabalhos apresentados incluem os seguintes: (1) O fio condutor da linha de pesquisa Leitura a viso da compreenso leitora como um processo cognitivo complexo, e no apenas como um produto final a ser analisado; (2) A leitura aqui vista como um processo interativo, tanto no sentido cognitivo- no que se refere interao entre seus subprocessos componenciais, quanto no sentido de interao social- leitor-texto-autor- inseridos em contextos sociais de produo e recepo da mensagem; (3) A pesquisa desenvolvida na linha de Leitura inclui tanto trabalhos mais tericos, que buscam a compreenso do objeto investigado dentro da rea de pesquisa em que se inserem, quan-to trabalhos mais prticos, que visam buscar respostas a questes ligadas sala de aula de leitura em lngua estrangeira; alm de outras questes discutidas pelos membros da mesa.

    Leitura, memria de trabalho e crebro humanoLda Maria Braga Tomitch

    O objetivo desse trabalho apresentar uma sntese da pesquisa produzida na linha de pesquisa de Leitura do PPGI, no que se refere aos estudos que se concentraram na rea de processamento e com-preenso escrita, envolvendo a memria de trabalho e/ou a implementao de processos cognitivos da compreenso leitora no crebro humano. O foco ser na apresentao dos principais resultados encontrados, discutidos luz da literatura nas reas de leitura, cognio e neurocincias.

    Leitura, metfora e interao socialJosalba Ramalho Vieira

    Nesta mesa apresentarei questes relativas ao processamento metafrico para entender questes mais amplas relativas tanto cognio quanto prtica social da leitura em lngua estrangeira reali-zada em contexto educacional.

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    Mesa 02

    Leitura, ensino e aprendizagemCelso Henrique Soufen Tumolo

    O objetivo do trabalho apresentar uma sntese da pesquisa produzida na linha de pesquisa em Leitura do PPGI, no que se refere aos estudos relativos leitura para seu ensino e aprendizagem. O foco ser na apresentao de suas contribuies para o ensino e a aprendizagem de leitura em Ingls como lngua estrangeira.

  • Mesa PPGI 03

    A Linha de Pesquisa Traduo: Teoria e Prtica do PPGI

    Lincoln Fernades - Coordenador | UFSC Rosa Konder | UFSCJos Roberto OShea | UFSC

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    Mesa 03

    Mesa 03 05/10/20011 | 10h30min - 12h | Sala Hassis CCE - BO objetivo desta mesa redonda discutir dentro de uma perspectiva histrica a criao e o desen-volvimento da linha de pesquisa Traduo: Teoria e Prtica junto ao Programa de Ps-Graduao em Ingls (PPGI) da Universidade Federal de Santa Catarina. A discusso tambm abordar os diferentes tipos de pesquisa em nvel de mestrado e doutorado j realizados no Programa, com base em mape-amentos j realizados no mbito do campo disciplinar Estudos da Traduo.

    A linha de pesquisa Traduo: teoria e prtica do PPGI-UFSCMaria Lcia B. de Vasconcellos

    Lincoln P. Fernandes Este trabalho tem por objetivo traar o percurso histrico da Linha de Pesquisa Traduo: Teoria e Prtica, com vistas a (re)construir a narrativa conceitual (BAKER, 2006) dos Estudos da Traduo no mbito do Programa de Ps-Graduao em Letras-Ingls PPGI da UFSC. Inicialmente, parte de uma releitura da crtica feita por Pym (1999) institucionalizao dos Estudos da Traduo, sugerindo que o desalojamento ou no-lar (homelessness) apontado como soluo aos perigos da institucio-nalizao pode vir a ser uma condio positiva do campo disciplinar, quando considerado luz da interdisciplinaridade que o constitui. Nesse contexto, o trabalho constri as narrativas conceituais da disciplina no PPGI, relacionando os vrios cenrios em que a pesquisa na rea foi desenvolvida no Programa, incluindo-se as interfaces com outras disciplinas nas pesquisas realizadas no mbito do PPGI, a contribuio do peridico Ilha do Desterro para o estabelecimento e consolidao dos Estu-dos da Traduo como Linha de Pesquisa no PPGI e, finalmente, a descrio de projetos de pesquisa desenvolvidos na rea.

    Traduo - teoria & prtica: do incioRosa Konder

    UFS | PPGI

    Esta fala tem como objetivo oferecer um depoimento sobre a criao e o desenvolvimento da Linha de Pesquisa, Traduo: Teoria & Prtica do Programa de Ps-Graduao em Ingls (PPGI) da UFSC, res-gatando aspectos histricos a partir do ponto de vista de uma das fundadoras da linha de pesquisa

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    em questo, a Professora Rosa W. Konder. A fala se basear em trs pontos principais: (i) a disciplinas que informavam a pesquisa em traduo na poca; (ii) os pesquisadores que contriburam para a criao da linha e (iii) uma avaliao geral do quadro em que se encontra a linha de pesquisa atual-mente.

    Produo textual e autoria: as especificidades da Traduo LiterriaJos Roberto OShea

    UFSC | PPGI

    O trabalho proposto recorta o vasto tema Produo Textual e Autoria -, topicalizando a questo da traduo literria. As reflexes apresentadas baseiam-se na noo da indissociabilidade entre leitura e escrita e, a partir da experincia do autor com produo textual e autoria no mbito da traduo de modo geral, comenta relatos empricos que visam ressaltar as especificidades da traduo literria enquanto autoria.

  • Mesa PPGI04

    A Pesquisa sobre Aprendizagem e Ensino de LE no Brasil e no PPGI: Anlise e RetrospectivasGlria Gil - Coordenadora | UFSC Barbara Baptista | UFSCVilson Leffa | UCPel

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Mesa 04 06/10/20011 | 10h30min - 12h | Auditrio Henrique Fontes CCE - BO objetivo desta mesa redonda refletir sobre a linha de pesquisa em Aprendizagem e Ensino de Lnguas Estrangeiras, principalmente do ingls, no Brasil. Para isso, num primeiro momento, o desen-volvimento atravs do tempo da linha de Pesquisa Aprendizagem e Ensino do Programa de Ps-Gra-duao em Ingls e Literatura Correspondente (PPGI) ser apresentado por Barbara O. Baptista. Num segundo momento, sero apresentados por Gloria Gil os diferentes tipos de pesquisas qualitativas sobre ensino e aprendizagem de ingls realizados no Programa de Ps-Graduao em Ingls e Lite-ratura Correspondente - PPGI da UFSC - fazendo um paralelo com o desenvolvimento das pesquisas qualitativas na Lingustica Aplicada no Brasil. Num terceiro momento, ser apresentado por Vilson Leffa o trabalho intitulado: Uma espiadinha na sala de aula: o que acontece com o ensino de lngua estrangeira no Brasil, que parte do pressuposto de que o ensino de lnguas estrangeiras caracteriza-se por um descompasso muito grande entre teoria e prtica.

    A linha de pesquisa Aprendizagem e Ensino no PPGIBarbara O. Baptista

    UFSC

    A linha de pesquisa Aprendizagem e Ensino teve um incio tmido no PPGI nos anos setenta, concen-trada nas sub-reas de anlise de erros, aptido, e anlise contrastiva. Na dcada de 80 as disserta-es dessa linha j entravam em reas novas como anlise de interlngua, competncia comunica-tiva, fluncia, e interao. Finalmente, nas dcadas de noventa e 2000, j contando com as teses de doutorado, a pesquisa passou a incluir anlise de livros didticos, metodologia, estratgias de comu-nicao e aprendizagem, cognio e processamento de informaes, interfonologia, percepo e produo da fala, e crenas de professores, sub-reas que continuam ativas at hoje.

    Pesquisas qualitativas sobre ensino e aprendizagem de Ingls no PPGI

    Gloria GilUFSC

    O objetivo desta apresentao mostrar os diferentes tipos de pesquisas qualitativas sobre ensino e aprendizagem de ingls realizados no Programa de Ps-Graduao em Ingls e Literatura Corres-

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    Mesa 04

    pondente - PPGI da UFSC - fazendo um paralelo com o desenvolvimento das pesquisas qualitativas na Lingustica Aplicada no Brasil. Duas grandes reas foram identificadas: as pesquisas de sala de aula e as pesquisas sobre formao de professores. Nesta apresentao, sero mostrados os arcabouos tericos, os temas mais pesquisados e algumas concluses dessas pesquisas realizadas no PPGI.

    Uma espiadinha na sala de aula: o que acontece com o ensino de lngua estrangeira no Brasil

    Vilson J. LeffaUCPEL | CNPq

    Este trabalho parte do pressuposto de que o ensino de lnguas estrangeiras caracteriza-se por um descompasso muito grande entre teoria e prtica. Enquanto que na teoria prega-se a evoluo ace-lerada de aspectos polticos e ideolgicos, em detrimento da metodologia, na prtica h a descon-fiana de uma estagnao generalizada, caracterizada pela valorizao de uma metodologia ultra-passada e de um recuo poltico e ideolgico. Para verificar a dimenso dessa diferena, faz-me uma meta-anlise de trabalhos publicados no Brasil, incluindo dissertaes, teses e artigos de peridico em que se transcrevem segmentos de sequncias didticas de aulas de lngua estrangeira. Pela an-lise desses segmentos, procura-se levantar as causas das discrepncias terico/prticas e apontar possveis solues.

  • Mesa PPGI 05

    As Literaturas de Lngua Inglesa do Sculo XIX Contemporaneidade no PPGI

    Bernadete Limongi - Coordenadora | UFSC Maria Lucia Martins | UFSCAnelise Corseuil | UFSC

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    Mesa 05

    Mesa 05 07/10/20011 | 8h30min - 10h | Auditrio Henrique Fontes CCE - BOs trabalhos desta mesa apresentaro e discutiro parte da pesquisa realizada na Linha de Literatu-ras de Lngua Inglesa do Sculo XIX Contemporaneidade no PPGI. Desde sua criao o Programa de Ps-Graduao em Ingls tem contemplado os estudos literrios, sendo esta uma das principais linhas de pesquisa. Assim, apresentaremos nesta mesa no somente um panorama dos trabalhos desenvolvidos nestes quarenta anos como tambm uma discusso sobre as diferentes abordagens e tendncias nos estudos de literatura contempornea em lngua inglesa realizados no PPGI.

    Minha atuao na Literatura Inglesa no Curso de Ps-Graduao em Ingls e Literatura Correspondente: o imprevisvel

    Bernadete LimongiUFSC

    Em minha apresentao pretendo relatar as vrias disciplinas que ministrei no decorrer de 10 anos, as principais linhas de pesquisa a que me dediquei e os frutos dessas pesquisas. Por um bom perodo fui a nica professora da ps dedicada literatura inglesa, tendo em vista a volta para os Estados Unidos do professor John Derrick. Este fato levou-me a uma dedicao maior docncia do que produo cientfica, embora a pesquisa, de maneira formal ou informal, sempre acompanhe a atuao docente.

    Percursos de poesia e estudos culturaisMaria Lcia Millo Martins

    UFSC

    A discusso proposta analisa duas dcadas de crtica de poesia e estudos culturais no Programa de Ps-Graduao em Letras/Ingls. As diversas abordagens dessa crtica examinam a relao dialgi-ca da poesia com contextos social, histrico, poltico e cultural. Iniciando com pesquisa de poetas norte-americanos e ingleses do sculo XIX contemporaneidade, os estudos ganham novos rumos com a incluso de poetas canadense contemporneos. Entre outros assuntos, os estudos discutem representaes culturais, questes de identidade, gnero e raa, multiculturalismo, dispora e outros deslocamentos, ps-colonialismo e poticas de resistncia. Uma reflexo final aborda as pesquisas atuais e a possibilidade de novos percursos.

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Cinema e Literatura: interseces no ensino e na pesquisaAnelise Reich Corseuil

    UFSC

    O trabalho apresenta um panorama dos trabalhos comparados em Literatura e Cinema, desenvolvi-dos no Curso de Ps-Graduao em Letras/Ingls desde o incio da dcada de 90. A partir dos Estudos Culturais e da Narratologia, pode-se estabelecer as interseces entre a literatura e o cinema com o desenvolvimento de trabalhos inseridos em um contexto local e transnacional. Pretende-se tambm refletir sobre os possveis caminhos que os estudos comparados entre literatura e cinema podem vir a tomar a partir de suas inseres em diversas mdias.

  • Mesa PPGI06

    Teoria Fora do Controle: Teoria Trans-Borda

    Eliana vila - Coordenadora | UFSC Ramayana Lira | UNISULSergio Bellei | PUC-RS

  • Simpsio Internacional Linguagens e Culturas

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    Mesa 06 07/10/20011 | 10h30min - 12h | Sala Hassis CCE - BEssa mesa enfocar perspectivas crticas distintas sobre textualidades contemporneas: estudos de hipertexto; estudos culturais de msica; e estudos tericos de cinema. A proposta refletir sobre a retrica ps-moderna que se isenta de questionar a referencialidade da mdia, afirmando-a como referncia libertadora garantida pela tecnologia.

    Hipertexto, desconstruo, LiteraturaSrgio Luiz Bellei

    UFSC | PUCRS

    Traduzido para o formato hipertextual, o texto literrio permite que qualquer leitor, em qualquer lugar do mundo em que seja possvel utilizar um computador ligado rede, tenha acesso a um nmero pra-ticamente ilimitado de contextos explicativos. O acesso a tais contextos, por mais completo que seja, deixa entrever um resto estrutural de significao permanentemente resistente ao processo de hiper-textualizao. Na medida em que, no momento presente, o hipertexto torna-se a forma hegemnica de produo textual, esse resto estrutural constitutivo do prprio literrio tende a ser relegado a um segundo plano, ou mesmo a desaparecer, uma vez que o excesso de contextualizaes programadas de antemo parece permitir ao leitor exaurir o significado textual na perseguio de links. O presente trabalho pretende explorar a contribuio que pode oferecer o pensamento de Jacques Derrida para o entendimento desse resto sem o qual a literatura, na forma como foi entendida nos ltimos trezen-tos anos, teria a sua natureza profundamente alterada, correndo at mesmo o risco de desaparecer.

    Sentir a falta da ausncia: documentrio e(m) retratosRamayana Lira

    Programa de Ps-Graduao em Cincias da Linguagem | UNISUL

    O documentrio A falta que me faz (2009), de Marlia Rocha, retrata um grupo de meninas moradoras da localidade de Curralinho, um enclave na Cordilheira do Espinhao (que avana pelo norte do es-tado de Minas Gerais), vivendo o fimda adolescncia, negociando um romantismo impossvel que deixa marcas em seus corpos e na paisagem a seu redor. A passagem para a vida adulta mostra-se marcada pela incerteza e embebida em um universo onde as marcas na pele das garotas remetem

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    Mesa 06

    ausncia do homem e acabam representando uma forma de conter a sua passagem, a fuga do par-ceiro. Essa parece ser uma das principais foras expressivas do filme e que se torna objeto principal dessa proposta: o jogo presena/ausncia, que to bem caracteriza a noo de retrato (e que j est sugerido no prprio ttulo do filme). Atravs da imerso no mundo restrito de suas protagonista, o documentrio opera de forma marcante o que, para o filsofo francs Jean-Luc Nancy uma das funes da arte: tornar intensa a presena de uma ausncia, enquanto ausncia. A noo de retrato aparece aqui como motivo (no sentido musical) para a anlise: o que a presena na imagem solici-ta de ausncia. Nesse sentido, proponho analisar a forma como o filme de Marlia Rocha retrata a vontade de se marcar de fazer da marca uma evidncia do vivido, um souvenir da ausncia em inteligentes jogos de extracampo e som.

    Canes populares do capitalismo blico: o upgrade comercial da deficincia

    Eliana de Souza vilaUFSC

    No incio do sculo XX, a indstria musical estadunidense passava gradualmente a ser dominada no mais pelo mercado editorial de partituras, mas sim pelo mercado fonogrfico, que cresceria vertiginosamente com o advento do cinema sonoro nos anos 20. Nesse pice da sua popularidade comercial, notvel que a gagueira era uma das temticas recorrentes em canes da poca. No contexto histrico dos anos 20 a 40, faz sentido especular que o investimento comercial na gagueira teria muito a lucrar ao constru-la metaforicamente como vulnerabilidade moral para confirmar, por contraste, a auto-confiana masculinista dos discursos pr-guerra. Esse trabalho discutir tal investimento metafrico que dependeria necessariamente de ignorar outras metforas possveis, como por exemplo o da gagueira como conhecimento epistmico engajando a linguagem nos limites entre o dizvel e o indizvel. Buscarei tecer essa reflexo a partir do trabalho da pesquisadora de Estudos de Gnero e Deficincia, Rosemary-Garland Tompson (1997; 2004) e do pesquisador de Estudos Culturais, Daniel Goldmark (2006). Partindo dessas fontes, o trabalho buscar expor prticas musicais codificadas pela lgica cultural do capitalismo blico. As questes que proponho discutir so: como o significado de deficincia reproduzido e transformado em canes populares dessa poca? Quais so alguns significados emergentes nessas canes, ao ouvirmos nelas processos residuais de resignificao que trans-bordam a conteno da gagueira dentro das malhas eugenistas da deficincia?

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    Ensino e aprendizagem de lngua estrangeira

    Maria Ins Lucena | CA | UFSCAdja Balbino de Amorim Barbieri Duro | UFSCRosely Perez Xavier | UFSC

    GT PPGLg

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    GT 01

    Sesso 1 05/10/20011 | 14h - 15h30min | Sala 245 CCE A

    A construo discursiva das identidades de futuros professores de ingls: um estudo em Mato Grosso do Sul

    Joo Fbio Sanches Silva UEMS | UFSC

    [email protected]

    Gloria Gil UFSC

    [email protected]

    Este trabalho traz uma discusso sobre o desvelar das identidades de alunos-professores de um cur-so de Letras Portugus/Ingls em uma universidade pblica no Centro-Oeste brasileiro. Inicialmente, so apresentados alguns dos fundamentos tericos que do base a este estudo, como Norton (2010), Block (2007), Weedon (1997), entre outros. Em seguida, apresentada uma proposta de pesquisa qualitativa, que tem por base compreender como estes alunos-professores constroem discursiva-mente suas identidades nas suas experincias de aprendizagem de lngua inglesa, explorando os debates atuais no campo da formao em lnguas que lidem com as relaes entre lngua, discurso e identidade enquanto prticas sociais. Os resultados preliminares indicam que os alunos-professores parecem ter construdo uma relao positiva com a lngua inglesa e, em consequncia, assumido uma identidade que aparentemente no existia antes do curso de Letras. Os resultados tambm indicam que os participantes usam diversos meios para melhorar suas prticas de lngua inglesa, o que pode posicion-los como alunos investidos na sua aprendizagem. Os dados analisado