síntese

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Instituto Politécnico de Setúbal Escola Superior de Educação Licenciatura em Educação Básica Discentes: Ana Isabel Santos Ana Sofia Ortet 3ºAno - Turma A Língua Portuguesa e Tecnologias de Informação e Comunicação Docente: Helena Camacho Síntese Educação para a Televisão e aprendizagem do Português Um estudo prospectivo Setúbal 2009/2010

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Page 1: SíNtese

Instituto Politécnico de Setúbal

Escola Superior de Educação

Licenciatura em Educação Básica

Discentes: Ana Isabel Santos

Ana Sofia Ortet

3ºAno - Turma A

Língua Portuguesa e Tecnologias de Informação e Comunicação

Docente: Helena Camacho

Síntese

Educação para a Televisão e aprendizagem

do Português – Um estudo prospectivo

Setúbal

2009/2010

Page 2: SíNtese

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Referencias Bibliográficas:

Botelho, Fernanda (2002): Educação para a Televisão e aprendizagem do

Português – Um estudo prospectivo, tese de doutoramento concluída em

Dezembro de 2002, Universidade Aberta. (1ªparte, capítulo III, pp122,123,124)

Botelho, Fernanda (2002): Educação para a Televisão e aprendizagem do

Português – Um estudo prospectivo, tese de doutoramento concluída em

Dezembro de 2002, Universidade Aberta. (1ªparte, capítulo III, pp129,130)

Botelho, Fernanda (2002): Educação para a Televisão e aprendizagem do

Português – Um estudo prospectivo, tese de doutoramento apresentada em

Dezembro de 2002, Universidade Aberta. (1ª parte, capítulo III, pp132 - 135)

Botelho, Fernanda (2002): Educação para a Televisão e aprendizagem do

Português – Um estudo prospectivo, tese de doutoramento concluída em

Dezembro de 2002, Universidade Aberta. (1ªparte, capítulo V, p.191,192,193)

O texto televisivo

Características: polissemia (s) e construção da significação

O texto televisivo se lido, desconstruído e analisado activamente pela audiência

possibilita uma ampla multiplicidade de significações que o espectador/leitor

relacionará com a sua vida social e cultural.

Este ponto de vista relacionado com as várias significações inerentes ao texto

televisivo torna-o polissémico.

Segundo o autor Fiske (1992), a leitura de um texto mediático pode ser feita a

partir de três pontos de vista distintos: o “dominante” ou socialmente correcto; o

“oposto” que interroga os aspectos ideológicos da mensagem textual; e “negociado”

que permite as diferenças individuais na construção das significações.

Page 3: SíNtese

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O mesmo autor refere que o texto televisivo está impregnado de tensões

opostas, tensões essas oriundas das significações do texto em questão, pois tanto

podem apenas salientar uma das muitas significações presentes no texto, como

podem permitir que a audiência percepcione as várias significações.

O texto televisivo apresenta características semelhantes a outras tipologias

textuais, como o facto de estruturalmente limitar as suas significações às ideologias

daqueles que o escrevem e promovem, porém, a polissemia auxilia o espectador a

não se deixar levar apenas pela ideia dominante veiculada pelo texto, o que faz com

que por muito fechado que o texto seja ao nível das significações, cada espectador

tem sempre hipótese de construir a sua própria significação, originando assim um

universo de significações para o mesmo texto.

Na construção das diversas significações de cada texto televisivo estão

envolvidos o próprio “leitor”, os seus conhecimentos anteriores, as suas ideologias, as

suas expectativas; Os conhecimentos produzidos sobre a televisão, ou seja, a

indústria de produção de textos secundários; A partilha das leituras com os outros.

O texto televisivo faz objectivamente uso de diversos recursos textuais como a

ironia, a hipérbole, a metáfora e o excesso semiótico, de modo a provocar contradição

no espectador e originar uma vasta panóplia de significações.

A actual competência que os espectadores têm de ser críticos activos do texto

televisivo é um fenómeno recente, pois antigamente estes aspectos eram

desconsiderados.

O espírito crítico dos espectadores, bem como a sua própria diversidade

cultural possibilitou a proliferação da polissemia.

Esta visão activa e participativa do espectador e dos próprios produtores de

televisão na construção de significações constituí uma democracia semiótica.

A narrativa na televisão: tipos, estruturas e códigos

A linguagem e a narrativa, são meios culturais partilhados por todas as

sociedades.

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A narrativa é um processo em que se atribui um sentido às experiências

vividas.

No ponto de vista dos estruturalistas a narrativa tem muitas propriedades da

linguagem, pois: - estrutura-se em torno dos eixos paradigmático e sintagmático.

Devido à narrativa ser um processo cultural, conclui-se que a televisão seja

narrativa.

Masterman, refere-se à televisão como um meio usado pelos Media para

representarem os acontecimentos contando histórias.

A narrativa não se cinge apenas aos géneros ficcionais, os noticiários, os

documentários, os programas desportivos mas também entretêm com histórias em

que exista um herói, conflitos e vilanias.

Fiske, considera que a narrativa realista é o modo dominante de representar a

televisão.

A narrativa realista clássica tenta construir um mundo intrinsecamente

consistente e idêntico ao mundo actual, sem se tratar apenas de meras reproduções.

Assim sendo, a narrativa realista é algo coerente e permite que o leitor

construa o seu sentido.

Aprendizagens sobre Televisão: Aspectos Essenciais

A televisão faz parte da vida familiar e, consequentemente, da vida das

crianças, tendo como finalidades entreter, educar e informar, sendo a principal fonte

de informação sobre os acontecimentos mundiais.

As crianças são capazes de referir as aprendizagens que realizam através da

televisão, no âmbito das aquisições pessoais e sociais, como por exemplo, sobre

como lidar com as pessoas em determinadas situações.

Page 5: SíNtese

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Investigações revelam que aprender com a televisão depende de um conjunto

de factores:

o Os conhecimentos e interesses dos espectadores;

o Razões e motivações para ver televisão;

o Grau de concentração e atenção durante o visionamento;

o A própria produção do programa;

Por estas razões os professores e educadores se têm consciencializado cada

vez mais acerca do papel da televisão no meio educativo e da necessidade da

educação para este tipo de média.

Neste seguimento, Bob Hodge e David Tripp enunciaram dez teses que

estabelecem relações entre a criança e a televisão:

1. A educação para a televisão é uma questão importante, actualmente, pois

visa as formas como se constroem e circulam os significados, no âmbito da sociedade,

em geral.

2. As crianças preferem programas diferentes dos adultos e interpretam-nos de

maneira diferente.

Tal como com o desenvolvimento da linguagem, os sistemas semióticos das crianças

só se aproximam dos sistemas dos adultos, em função do nível de exposição que

estes lhes concedem.

3. Pais e educadores podem utilizar as diversas leituras que os programas

proporcionam para ajudar a clarificar algumas das questões sociais essenciais para as

crianças e até para si próprias.

4. Relação entre a representação da realidade na televisão e o mundo real,

bem como a representação das crianças julgarem esta mesma relação.

5. Refinar os julgamentos sobre o estatuto da realidade das mensagens

televisivas ou outros sistemas de mensagens, deveria construir uma preocupação

essencial dos educadores e professores.

É necessário permitir e criar condições para que as crianças desenvolvam

capacidades de descodificação e compreensão das mensagens explícitas e implícitas

Page 6: SíNtese

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veiculadas pela televisão, para que futuramente possam vir a ser espectadores críticos

da televisão e cidadãos eficazes da sociedade de informação actual.

6. As crianças devem poder experimentar assistir a programas com diversas

representações da realidade, pois o conhecimento da diversidade existente vai-as

capacitando para o estabelecimento das várias distinções entre os programas que

vêem.

7. Ver televisão permite construir significações acerca dela e dos seus

programas e a sua circulação através do discurso social.

Podemos constatar os conceitos e termos adquiridos através da televisão pelas

crianças ao longo dos seus discursos, pois estes são reconhecidos e alterados por

elas influenciando os seus comportamentos sociais.

8. A resposta das crianças à televisão não pára como fim do visionamento dos

programas, isto é, continua com toda uma série de actos de construção e significação,

através de redefinições e novas apropriações.

9. O papel activo da família na construção das significações da televisão é

essencial.

10. As relações entre a televisão e a escola não podem ser ignoradas. O

ensino deve integrar a televisão nas suas práticas e encará-la como parte da sua

função primária de apetrechar adequadamente os estudantes para que se tornem

cidadãos conscientes, adaptados e competentes à sociedade em que vivem.

Literacia televisiva e ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa

A qualidade de um trabalho de educação para os media numa aula de língua

portuguesa e a importância desta disciplina na Educação para a Comunicação, são

cruciais para a inclusão desta componente no curriculum dessa disciplina.

A Educação para os media deve construir uma dimensão transversal nos

currículos do Ensino Básico, pois os riscos que lhe estão inerentes, conduzem à

anulação da ideia que a educação para os media deva integrar um currículo,

nomeadamente o de Língua Portuguesa.

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Hobbs considera que a aceitação da ideia de incluir a Educação para os Media

na disciplina de Língua Portuguesa passa pela formação de todos os professores e na

reconstrução do seu curriculum.

Apesar do esforço em evidenciar as diferenças entre os objectos e finalidades

do ensino da Língua Materna e os da Educação para os Media, os factores que os

unem são mais fortes.

Historicamente, os professores de inglês têm desenvolvido e integrado esta

componente da educação nas suas aulas.

Apesar do ensino das línguas maternas e o estudo dos Media serem de

campos académicos diferentes, estes lidam com textos, preocupam-se com a

linguagem, interpretação e a produção de significações.

Para integrar uma componente de Literacia televisiva/educação para a

Televisão é necessário construir actividades comunicativas participadas.

Na Escócia segue-se a mesma linha de pensamento na planificação e

avaliação do curriculum da Língua Inglesa, de modo a permitir que os alunos apreciem

de modo crítico os Media.

As crianças aprendem melhor quando estão motivadas e se envolvem no

processo de aprendizagem, logo a educação para os Media encoraja a tais

aprendizagens, pois criam situações genuínas de comunicação.

Rother e Emery afirmam que na província de Quebec no Canadá, os

professores referem que ler engloba todos os tipos de textos, ou seja, pode ser uma

grande obra de Shakespeare ou apenas mensagens dos centros comerciais.

Nesta província do Canadá, existe disposições específicas no Curriculum da

Disciplina de Língua Inglesa para a inclusão da Educação para os Media e para a

Televisão, quer no Ensino Básico como Secundário.

Em suma: o ensino aprendizagem das Línguas Maternas deverá proporcionar

aos alunos a oportunidade de explorar a língua em diversas dimensões, de modo a

desenvolver a capacidade crítica sobre as ideias do mundo em que vivem.