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PECE – Programa de Educação Continuada – Poli USP Curso de Especialização -Tecnologias e Gestão Ambiental ESTUDO DE CASO Sistema de Gestão Ambiental: desafios, possibilidades e vantagens Elaborado por: Adriana d’Avila Couto 3° ciclo de 2002

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Page 1: Sistema de Gestão Ambiental: desafios, possibilidades e ... · Curso de Especialização -Tecnologias e Gestão Ambiental ESTUDO DE CASO Sistema de Gestão Ambiental: desafios, possibilidades

PECE – Programa de Educação Continuada – Poli USP

Curso de Especialização -Tecnologias e Gestão Ambiental

ESTUDO DE CASO

SSiisstteemmaa ddee GGeessttããoo AAmmbbiieennttaall::

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Elaborado por: Adriana d’Avila Couto

3° ciclo de 2002

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PECE – Programa de Educação Continuada – Poli USP / Curso de Especializaçãoem Tecnologias e Gestão Ambiental

RESUMO

Esta monografia apresenta os pilares de um Sistema de Gestão Ambiental,enfatizando seus principais obstáculos e desafios, bem como as possíveis vantagensobtidas com a sua implantação em uma Indústria.

Para ilustrar e demonstrar a aplicação dos aspectos teóricos são apresentadosneste trabalho alguns pontos do Sistema de Gestão Ambiental da Indústria QuímicaHenkel Ltda.

Partindo desta visão mais detalhada de um Sistema deGestão Ambiental, pretende-se chegar a uma visão maisampla (problemas ambientais locais, regionais e mundiais)para reforçar a importância de repensar nossas ações parapromover o desenvolvimento sustentável.

As mudanças tecnológicas e um maior controlepopulacional, por exemplo, podem controlar as taxas deconsumo de energia (é possível estabelecer uma correlaçãoentre o consumo de energia e a degradação ambiental); asnecessidades humanas, podem ser satisfeitas de formamais ponderada; uma maior conscientização (preocupação ambiental), pode mudar oshábitos das pessoas.

A contribuição da educação ambiental também será apresentada como um dospontos fundamentais desta mudança de comportamento.

Pode-se perceber a abrangência do Sistema de Gestão Ambiental, seja na vidapessoal dos funcionários da empresa e seus familiares e amigos, seja na comunidade eaté mesmo no decorrer do Ciclo de Vida de seus produtos e da própria instalação daempresa.

A Análise do Ciclo de Vida dos produtos e das instalações, parte importante noplanejamento e execução de projetos, trata de assuntos como: o destino de embalagensusadas, uso de tecnologias mais limpas, reciclagem, reuso, e o passivo ambiental. Éimportante ressaltar que a desativação ou até o abandono de uma instalação, são etapasque fazem parte do Ciclo de Vida de qualquer empreendimento, são a regra e não, aexceção. Essa desativação pode acarretar conseqüências negativas de cunhoeconômico, social, ambiental e urbanístico.Tais conseqüências, como o passivoambiental, podem e devem ser minimizadas.

Como conclusão da monografia, são expostas as vantagens de um Sistema deGestão Ambiental (utilizando também, Indicadores Ambientais), bem como algumassugestões para enfrentarmos os desafios de minimizar as gerações de poluição,interromper processos de degradação de recursos naturais; mobilizando a ação de cadaum de nós na esperança de que o estabelecimento de um melhor GerenciamentoAmbiental possa mudar a visão das pessoas, contribuindo para a preservação de todosos sistemas naturais globais que alicerçam a vida e a sobrevivência.

Estudo de Caso: Sistema de Gestão Ambiental-desafios,possibilidades evantagens 3° ciclo de 2002 - Adriana d’Avila Couto

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SUMÁRIO

1 Introdução ................................................................................................................5

2 Sistema de Gestão Ambiental – estrutura, pilares e etapas para sua implantação 7

2.1 Série ISO 14000............................................................................................8

2.2 Integração dos Sistemas de Gestão da Qualidade e Ambiental.................10

3Henkel Ltda: breve descrição da empresa, filosofia e apresentação do seu Sistemade Gestão Ambiental. .........................................................................................................17

3.1 Histórico e filosofia de atuação – Grupo Henkel Mundial ...........................17

3.2 Melhorias contínuas e liderança em proteção ambiental e ao consumidor:objetivos permanentes da política corporativa da Henkel. .............................................17

3.3 Sustentabilidade..........................................................................................17

3.4 Estratégia de Sustentabilidade ...................................................................18

3.5 Inovação de produtos..................................................................................18

3.6 Comprometimento dos funcionários ...........................................................18

3.7 Estudo de caso ...........................................................................................19

4Henkel Ltda: desafios, obstáculos, recursos e resultados do Sistema de GestãoAmbiental............................................................................................................................20

4.1 Política de Meio Ambiente, Qualidade e Segurança...................................21

4.2 Principais Aspectos e Impactos Ambientais ...............................................22

4.3 Objetivos e Metas ambientais da empresa .................................................24

4.4 Planos de ações / Planejamento.................................................................25

4.5 Treinamentos Ambientais ...........................................................................25

4.6 Estrutura da Documentação do SGA..........................................................30

4.7 Auditorias Ambientais .................................................................................31

4.8 Custo: Certificação e Manutenção do Sistema Integrado de Gestão .........32

4.9 Abrangência do Sistema de Gestão (Projetos Sociais e Promoção daConsciência Ambiental) ..................................................................................................33

5 Indicadores Ambientais ..........................................................................................34

5.1 O conceito de eco- eficiência ......................................................................35

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5.2 Exemplos de medidas de eco-eficiência:....................................................36

5.3 A posição da Henkel frente aos indicadores de eco-eficiência...................39

6 Sistema de Gestão Ambiental: abrangência ..........................................................43

6.1 Problemas ambientais locais, regionais e mundiais ...................................43

6.2 Conscientização – Papel da educação ambiental ......................................49

6.3 Função Social da empresa e Abrangência do Sistema de Gestão.............51

7 Integração do Meio Ambiente às atividades de desenvolvimento..........................54

7.1 Gestão Ambiental........................................................................................54

7.2 O futuro do planeta .....................................................................................55

7.3 Energia........................................................................................................57

7.4 Versão “ECO”..............................................................................................59

7.5 Desengenharia (Passivo Ambiental)...........................................................60

8 Conclusões.............................................................................................................66

9 Bibliografia..............................................................................................................69

10 Anexos .................................................................................................................71

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1 Introdução

O principal objetivo desta monografia (Estudo de Caso) de conclusão do Curso deEspecialização em Gestão e Tecnologia Ambiental é explorar a estrutura de um Sistemade Gestão Ambiental (SGA) e sua possível abrangência.

O Sistema de Gestão Ambiental da empresa Henkel Ltda. será utilizado para ilustraros pilares de sustentação de um SGA e os resultados (vantagens) da implantação, comopor exemplo:

Melhoria na eficiência do processo de produção;

Aumento da produtividade;

Redução dos custos de limpeza de poluição;

Diminuição de consumo de energia e água;

Diminuição de consumo de insumos (devido à substituição dos mesmos,reuso e reciclagem).

Menor emissão de poluentes com a substituição do combustível dasCaldeiras (óleo GLP), diminuindo a contaminação do ar.

Serão explorados resultados como estes acima citados, os obstáculos encontradospela empresa, os recursos envolvidos e os principais desafios.

As informações que foram obtidas através da empresa serão comparadas aconceitos e outras abordagens teóricas, para constituir uma análise crítica de um Sistemade Gestão Ambiental.

Partindo desta visão mais detalhada de um Sistema de Gestão Ambiental, pretende-se chegar a uma visão mais ampla (problemas ambientais regionais ou até mundiais) parareforçar a importância de repensar nossas ações para promover o desenvolvimentosustentável.

As mudanças tecnológicas e um maior controle populacional, por exemplo, podemcontrolar as taxas de consumo de energia; as necessidades humanas, podem sersatisfeitas de forma mais racional; uma maior conscientização (preocupação ambiental),pode mudar os hábitos das pessoas.

A contribuição da educação ambiental também será apresentada como um dospontos fundamentais desta mudança de comportamento.

Outro ponto relevante é a abrangência do Sistema de Gestão Ambiental, seja navida pessoal dos funcionários da empresa e seus familiares e amigos, seja nacomunidade e até mesmo no decorrer do Ciclo de Vida de seus produtos e da própriainstalação da empresa.

A Análise do Ciclo de Vida dos produtos e das instalações, parte importante noplanejamento e execução de projetos, trata de assuntos como: o destino de embalagensusadas, tecnologias mais limpas, reciclagem, reuso, e o passivo ambiental.

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É importante ressaltar que a desativação ou até o abandono de uma instalação, sãoetapas que fazem parte do Ciclo de Vida de qualquer empreendimento, são a regra e não,a exceção.

Essa desativação pode acarretar conseqüências negativas de cunho econômico,social, ambiental e urbanístico.Tais conseqüências, como o passivo ambiental, podem edevem ser minimizadas.

Como conclusão da monografia, pretende-se expor as vantagens de um Sistema deGestão Ambiental (utilizando também, Indicadores Ambientais), bem como algumassugestões para enfrentarmos os desafios de minimizar as gerações de poluição,interromper processos de degradação de recursos naturais; mobilizando a ação de cadaum de nós na esperança de que o estabelecimento de um melhor GerenciamentoAmbiental possa mudar a visão, contribuindo para a preservação de todos os sistemasnaturais globais que alicerçam a vida e a sobrevivência.

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2 Sistema de Gestão Ambiental – estrutura, pilares e etapaspara sua implantação

Várias vantagens podem ser citadas para justificar a implantação de um Sistema deGestão Ambiental (SGA) na Indústria Química.

Na busca pela viabilização do desenvolvimento de forma sustentável, é precisodiminuir a ineficiência dos processos, responsável pelo consumo exagerado de recursos epela geração de resíduos ao meio ambiente. É preciso evitar os desperdícios.

A implantação do Sistema de Gestão Ambiental possibilita conhecer melhor aempresa, identificar os caminhos e as prioridades para atingir esta melhoria de eficiência.

Sendo assim, a partir da década de 90, o meio produtivo, em especial o Industrial,deve buscar uma atitude pró-ativa. A empresa deve apresentar um desempenho superioràs Normas (Leis), tendo como alternativas: adotar a análise de Ciclo de Vida dosprodutos, buscar tecnologias mais limpas, reciclar, reutilizar recursos, diminuir a geraçãode resíduos, utilizar produtos ambientalmente mais corretos (recicláveis, biodegradáveis)ou seja, integrar o meio ambiente às suas atividades.

O Sistema de Gestão Ambiental, com apoio da alta administração, deve promover:

Integração das técnicas e sistemas de Gestão ambiental no sistemaprodutivo;

Adaptação dos sistemas de produção;

Alteração dos sistemas de informação gerencial para analisar os impactosambientais do processo produtivo;

Controle dos impactos ambientais existentes;

Conscientização dos funcionários de todos os níveis da empresa;

Mudança cultural das pessoas;

Prevenção à poluição.

A prevenção à poluição, minimização de geração de resíduos, envolve váriasatividades. Somam-se os cuidados adicionais nas operações diárias com as mudanças noprocesso produtivo, incluindo projetos e melhorias de produtividade. Como por exemplo:

Modificações dos Processos e Equipamentos;

Avaliações periódicas;

Substituição do Produto / Material;

Análise do Ciclo de Vida do Produto;

Treinamento / Conscientização;

Reciclagem e Reuso (consumindo menos recursos novos);

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Manutenção Preventiva;

Segregação de resíduos e disposição adequada.

O Programa de Gestão Ambiental (PGA) se baseia em:

Planejamento: desenvolvimento de metas que possam ser medidas eidentificação de atividades que possam ser divididas com os funcionários

Medição: através deste recurso possibilita-se a descoberta de idéias paranovas metas e a revelação dos resultados obtidos.

Educação: este componente pode aprimorar o programa de participação dosfuncionários, aumentando potencialmente os resultados mensuráveis egerando uma fonte de novas idéias.

2.1 Série ISO 14000

A sigla “ISO” significa “International Organization for Standardization”.

Ou seja, a empresa certificada com base na ISO 14000, deve padronizar seuSistema de Gestão de acordo com requisitos estabelecidos por esta Norma.

Na verdade, esta padronização orienta a estruturação do Sistema de GestãoAmbiental, entretanto, não garante a excelência no Desempenho Ambiental.

A Indústria de PET, por exemplo, tem perfeitas condições para obter a certificaçãoISO 14001, entretanto seu produto leva 100 anos para se deteriorar no Meio Ambiente.

Ou seja, a empresa pode obter a Certificação ISO 14001, mas seu produto poderáser não-sustentável. (1)

Sendo assim, é preciso ir além do marketing.

A consciência ambiental precisa ser aprofundada dentro da empresa e entre osfuncionários, transformando-se numa questão cultural que perpassa todas as etapas deprodução. (1)

A certificação tornou-se, em muitos casos, uma necessidade primária pararealização de negócios. (2)

As empresas do ramo automobilístico, por exemplo, estabeleceram que todos osseus fornecedores tenham sido certificados de acordo com a ISO 14001 até DEZ/2002. (2)

O Sistema de Gestão Ambiental, conforme já mencionado, é um ciclo contínuo deplanejamento, implementação, análise crítica, melhoria dos processos e ações que aorganização desenvolve para atingir objetivos/metas (conhecido como Ciclo PDCA – emInglês: Plan, Do, Check, Act).

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A Norma ISO 14001, publicada em setembro de 1996 possui os seguinteselementos:

Política Ambiental

PLAN (Planejar)

Aspectos e impactos Ambientais;

Requisitos Legais;

Objetivos e Metas;

Programa de Gestão Ambiental (PGA);

DO (Executar)

Estrutura e Responsabilidades;

Treinamento;

Conscientização;

Competência;

Comunicação;

Documentação do SGA;

Controle de Documentos;

Controle Operacional;

Preparação para Emergências e Respostas;

CHECK (Avaliar)

Monitoramento e Medições;

Ações Preventivas,Corretivas,Não-Conformidades;

Registros;

Auditorias;

Análise Crítica Gerencial;

ACT (Agir, dar continuidade)

Melhoria Contínua;

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Estas etapas, além de constituírem requisitos para obtenção da certificação, podempromover a estruturação (nesta mesma ordem de etapas) do SGA em empresas quenão se interessem, não tenham recursos ou não necessitam do “rótulo ISO 14000”. Éimportante ressaltar que, para o estabelecimento e definição da Política, é imprescindível,que se anteceda o comprometimento da alta administração da empresa.

Existem empresas, não certificadas, que estabelecem um Sistema de GestãoAmbiental para buscar seu melhor Desempenho Ambiental.

A decisão de buscar a certificação ou apenas o estabelecimento de um SGA deveconsiderar: a exigência dos clientes e do mercado (nacional ou internacional, em caso deexportações), a disponibilidade de recursos e a existência de justificativas para oinvestimento.

2.2 Integração dos Sistemas de Gestão da Qualidade e Ambiental

Ao contrário do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), cujos requisitos e uso sãobastante familiares para a maioria das organizações, o SGA é comparativamente novo,pois muitas organizações estão apenas começando a aprender sobre sua implementaçãoe uso. A ISO 14001 foi publicada em setembro de 1996, estabelecendo requisitosgenéricos para SGAs aplicáveis a todo tipo de organização. Existem, atualmente, cercade 20.000 certificados ISO 14001 em todo o mundo.(3)

O objetivo da ISO 14001 é auxiliar as empresas na gestão dos aspectos ambientaisde seus processos, produtos e/ou serviços, possibilitando a gestão dos impactosambientais resultantes. Um dos principais conceitos da ISO 14001 é o comprometimentocom a melhoria contínua, o qual requer que a organização trabalhe continuamente a fimde melhorar seu SGA e, conseqüentemente, reduzir os impactos ambientais negativos,aumentando, ao mesmo tempo, os impactos positivos. (3)

O problema é que a maioria das organizações que estão implementando o SGAbaseado na ISO 14001 já possui um SGQ baseado na ISO 9001 e experiência com o seuuso. (3)

Muitas dessas organizações têm interesse em desenvolver um SGA que possa serintegrado ao SGQ existente. Porém, antes de tudo, é necessário considerar:

Semelhanças (3)

A nova ISO 9001:2000 é mais compatível com a ISO 14001:1996 do que o era aISO 9001:1994. Um dos principais objetivos da revisão da ISO 9001 foi reorganizar seuconteúdo, a fim de corresponder o máximo possível ao conteúdo da ISO 14001.

Um dos conceitos intimamente associados com as normas ISO 9000 é o conhecidociclo PDCA:

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Figura 1: PDCA

A ISO 14001:1996 também adotou essa metodologia como modelo para aimplementação e manutenção do SGA. A ISO 9001:2000 contém uma nota (Seção 0.2,Abordagem Orientada para Processos) que menciona a possibilidade de se aplicar ametodologia PDCA a todos os processos de SGQ da organização.De acordo com o ciclo PDCA, a organização:

1. Primeiramente, documenta os processos relacionados com o SGQ (diz o quefaz) e planeja as alterações, a fim de assegurar sua conformidade com osrequisitos da ISO 9001;

2. Utiliza o SGQ, já documentado, conforme pretendido (faz o que diz fazer);

3. Verifica se o SGQ está em conformidade com os requisitos da ISO 9001,reflete sobre o modo como são conduzidos os processos e assegura oatendimento efetivo às especificações do cliente (prova o sistema);

4. Faz alterações no SGQ baseando-se naquilo que foi encontrado ao severificar o sistema, a fim de estabelecer não-conformidades e assegurar queo SGQ esteja atendendo as necessidades do cliente e sendo utilizadoconforme pretendido (melhora o sistema).

No último processo, a análise crítica pela administração é conduzida regularmente,a fim de assegurar que o sistema permanece adequado e eficaz e para estabelecer novosobjetivos e metas da qualidade, caso os objetivos e metas existentes, ligados à política daqualidade, já tenham sido alcançados. Para o sistema ser bem-sucedido, é necessárioque a alta administração dê suporte ao SGQ; portanto, o sistema deve iniciar com apolítica da qualidade, desenvolvida e aprovada pela alta administração.

Tanto os requisitos das normas ISO 9001/2/3:1994 e ISO 9001:2000, como os daISO 14001:1996, encaixam-se no modelo PDCA. Obviamente, alguns requisitos da ISO14001 e da ISO 9001 diferem entre si devido a algumas diferenças entre o SGQ e o SGA.

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A principal meta de um SGQ baseado na ISO 9001/2/3 é assegurar que todos os produtosou serviços atenderão aos requisitos do cliente.

Diferenças (3)

A ISO 14001 exige que a organização estabeleça um SGA, a fim de identificar egerenciar seus aspectos e impactos ambientais, com o intuito de reduzir os impactosnegativos e dar suporte aos impactos positivos. Essa norma foi escrita de maneira quepossa ser aplicada a qualquer tipo de operação, sendo bastante genérica, assim como aISO 9001. Ao contrário da ISO 9001:1994, a ISO 14001 não exige muita documentação.Na verdade, além de tornar o conteúdo da ISO 9001 compatível com o conteúdo da ISO14001, outro objetivo dos criadores da nova ISO 9001 foi o de reduzir os procedimentosque exigem documentação. Com isso, a organização passará a ter mais flexibilidade paradeterminar a quantidade de documentos necessária para que o sistema de gestão sejaeficiente, e os procedimentos, adequadamente seguidos. (C)

A ISO 14001 também se baseia no modelo PDCA, em que a alta administração éresponsável por estabelecer a visão do SGA por meio da política ambiental. A normaestabelece para essa política alguns requisitos mínimos:

1. Comprometimento com a melhoria contínua, conformidade com os requisitoslegais e com outros requisitos e prevenção da poluição;

2. Estabelecimento de uma estrutura para a implantação e análise crítica dosobjetivos e metas ambientais;

3. Comunicação da política a todos os funcionários;

4. Disponibilização da política ao público.

As diferenças entre a ISO 14001 e a ISO 9001 refletem a natureza do SGA, cujofoco primário são as "partes interessadas", e não somente os clientes. (C)

Algumas dessas diferenças, que constituem requisitos da ISO 14001, são:

Identificar meios de interação entre os processos e o meio ambiente(aspectos ambientais) que possam ou ser controlados pela organização, oureceber influência da mesma. É importante lembrar que nem todos osaspectos são negativos ou controláveis, e que o SGA não é um mecanismoconformativo. O objetivo do SGA é ajudar a organização a gerenciar seusimpactos sobre o meio ambiente e evitar não-conformidades legais eregulamentares. Esse é um novo conceito para muitos gerentes, que têmdado maior atenção às interações ambientais negativas sujeitas àregulamentação.

Determinar os impactos associados com os aspectos ambientais e decidirquais deles são significativos. Esses "impactos ambientais significativos"desempenham um papel central em todo o SGA.

Identificar os requisitos legais e outros requisitos associados com osaspectos ambientais "de suas atividades, produtos ou serviços" e ter acesso

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aos mesmos. Essa "lista" se refere a todos os aspectos ambientais, e nãoapenas àqueles considerados significativos.

Buscar a melhoria contínua por meio do estabelecimento de objetivos emetas, a fim de aprimorar o SGA. Esse item é semelhante aos requisitos daISO 9001, que exigem a melhoria do SGQ, e não dos produtos/serviços. Aose estabelecerem objetivos e metas, deve-se levar em consideração osimpactos ambientais significativos e os requisitos regulamentares.

Possuir programas para a realização de objetivos e metas ambientais.

Determinar quais atividades estão associadas com os aspectos ambientaissignificativos e desenvolver procedimentos documentados, a fim deassegurar que as atividades possíveis de resultar em impactos significativosocorram sob condições controladas.

Preparar-se para situações de emergência que possam vir a produzirimpactos ambientais negativos, por meio da identificação de situações deemergência potenciais e do desenvolvimento de procedimentos possíveis deser seguidos em resposta a situações de emergência.

Avaliar regularmente a conformidade ambiental com os requisitos legais eregulamentares pertinentes.

Opções de Integração (3)

Contudo, é uma boa estratégia para a empresa manter seus sistemas de gestão o maissimples possível e integrar ambos. Para tanto, existem, pelo menos, três propostas:

Proposta dos sistemas paralelos

Proposta dos sistemas fundidos

Proposta do SIG (Sistema Integrado de Gestão)

Sistemas Paralelos

Optando pela proposta dos sistemas paralelos, a organização estará desenvolvendoe implementando dois sistemas separados: um para a gestão da qualidade, e outro para agestão ambiental. Ambos os sistemas podem ter documentações com formatossemelhantes no que se refere à numeração, terminologia, organização etc, porém essa éa única parte comum. Mesmo com sistemas paralelos, é aconselhável criardocumentações com formatos comuns, a fim de que os usuários não se confundam aoexaminar os documentos de ambos.

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Nessa proposta, vários elementos da ISO 9001 e da ISO 14001 são semelhantesentre si, podendo, até mesmo, haver procedimentos escritos semelhantes ou idênticos;porém, os processos não são comuns. Dentre outras coisas, a organização terá dois(duas):

Representantes da administração;

Programas de treinamento;

Conjuntos de documentos;

Programas de controle de documentos e dados;

Instruções de trabalho;

Sistemas de gestão de registros;

Sistemas de calibração;

Programas de auditoria interna;

Controles de procedimentos para não-conformidades;

Programas de ações corretiva e preventiva;

Reuniões para análise crítica pela administração.

Essa proposta parece ser bastante redundante e exigir bastante tempo na criação egestão da documentação e na realização de reuniões. Além disso, o investimento paramanter os dois sistemas atualizados é bastante grande.

Sistemas Fundidos

Com a proposta dos sistemas fundidos, o SGQ e o SGA passam a compartilharalgumas partes relacionadas com procedimentos e processos, porém continuam sendosistemas separados em várias outras áreas. O grau de integração, no geral, dependeráda própria organização, porém alguns processos podem ser comuns a ambos ossistemas, como:

Sistema de registros de programas de treinamento;

Programa de controle de documentos e dados;

Sistema de calibração;

Sistema de gestão de registros.

Documentações de partes combinadas dos sistemas, tais como instruções detrabalho, são freqüentemente compartilhadas por ambos os sistemas, a fim de que umúnico procedimento documentado se aplique tanto aos aspectos da qualidade, como aosaspectos ambientais desses procedimentos e processos. Entretanto, no caso dossistemas fundidos, o uso comum das instruções de trabalho continuará limitado.

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Dentre outras coisas, a organização continuará tendo dois (duas):

Representantes da administração;

Programas de treinamento;

Conjuntos de documentos (nível 1 - manuais; nível 2 - procedimentos);

Programas de auditoria interna;

Controles de procedimentos para não-conformidades;

Programas de ações corretiva e preventiva;

Reuniões para análise crítica pela administração.

Nesse nível de integração, a organização já se encontra caminhando em direção auma proposta mais eficiente e menos redundante, porém continua gastando muita energiacom a manutenção dos dois sistemas, tendo que determinar onde um termina e onde ooutro começa.

Sistemas Totalmente Integrados

A proposta do SIG envolve um sistema de gestão homogêneo, que se adequa tantoaos requisitos da ISO 9001, como aos da ISO 14001. Todos os elementos dos doissistemas de gestão são comuns, ou seja, há apenas um (uma):

Conjunto de documentos;

Política abrangendo os requisitos da qualidade e os ambientais;

Representante da administração;

Sistema de gestão de registros e de treinamentos;

Sistema de controle de documentos e dados;

Conjunto de instruções de trabalho (instruções de trabalho do SGQmodificados, a fim de abranger as questões ambientais);

Sistema de calibração;

Programa de auditoria interna (incluindo uma única equipe de auditoresqualificados);

Plano de reação às não-conformidades da qualidade e do meio ambiente;

Programa de ações corretiva e preventiva;

Sistema de gestão de registros;

Reunião para análise crítica pela administração.

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Desenvolver a documentação pode ser um grande desafio ao se implementar umSIG. Os elementos relativos aos requisitos de cada uma das normas que não foremcomuns tornam-se procedimentos independentes. Além disso, todos os elementos devemser claramente referidos no manual. Ao implementar o SIG, a organização devecompreender o impacto causado na auditoria do sistema e saber como evitar osproblemas associados com a auditoria de um sistema combinado.

Como saber qual a melhor proposta de integração?

Tudo depende da organização que está implementado os sistemas. É necessárioque a organização considere sua própria cultura ao decidir o nível de integração viável.

Entretanto, pode-se considerar que, pela semelhança existente entre os sistemas,da Qualidade e o Ambiental, o Sistema Integrado pode tratar dos assuntosconjuntamente, o que reflete o dia-a-dia da empresa, onde os aspectos ambientaisestarão, muitas vezes, relacionados aos aspectos de qualidade e demais sistemasexistentes, como Segurança e Saúde no Trabalho, por exemplo.

No Estudo de Caso em questão, pode-se perceber que a opção feita é pelo modelode Gestão Integrado.

Para atingir continuamente melhorias em segurança, saúde, proteção ambiental equalidade, a Henkel introduziu um sistema de gerenciamento integrado. Seus produtospossuem padrões globais uniformes para todas as empresas do grupo Henkel. Estespadrões englobam todo o ciclo de vida dos produtos, desde a matéria-prima até odesenvolvimento e descarte do produto depois do uso.

O sistema de gerenciamento integrado otimiza os processos de negociação egarante que os recursos sejam usados de forma eficiente.

A experiência alcançada no gerenciamento de Segurança, Saúde e Meio Ambienteno grupo Henkel, demonstra como a implementação de medidas de proteção ambientalpode gerar economias e como o desenvolvimento sustentado pode gerar vantagenscompetitivas no mercado. Isto inclui economias no consumo de recursos, transporte edisposição de resíduos assim como inovação de produtos com o que Henkel atingiu umaposição vantajosa no mercado.

Um dado recente destaca que 600 empresas estão Certificadas em conformidadecom a NBR ISO14001. (D) Esta Norma tem caráter voluntário, e conforme já mencionado,não garante que a empresa, ao implementá-la, tenha um desempenho ambiental 100 %.Mas, demonstra que a empresa estabeleceu um plano de Objetivos e metas visando oatendimento de todos os compromissos ambientais e sociais a que se propôs. Este é umgrande passo para a evolução da sua responsabilidade ambiental e social.

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3 Henkel Ltda: breve descrição da empresa, filosofia eapresentação do seu Sistema de Gestão Ambiental.

Será apresentado seu contexto ambiental, destacando suas melhorias nodesempenho ambiental, social e econômico.(5)

3.1 Histórico e filosofia de atuação – Grupo Henkel Mundial

A Henkel é uma Companhia Internacional que produz diversos produtos entre elesadesivos, produtos de limpeza, cosméticos e produtos para tratamentos de pisos esuperfícies.

3.2 Melhorias contínuas e liderança em proteção ambiental e ao consumidor:objetivos permanentes da política corporativa da Henkel.

As normas de segurança, saúde e meio ambiente elaboradas pela Henkel, assimcomo a proteção ao consumidor, estão ligados a metodologia que assegura proteçãoambiental incluindo o processamento de substâncias que são eco-compatíveis, reduzindoo volume de embalagens e implementando conceitos de distribuição ambientalmenteaceitáveis.

Proteção ambiental e segurança, minimização de emissões e redução do consumode recursos e na geração de resíduos, fazem parte do desenvolvimento de novosprocessos de produção e novas plantas.

O objetivo da Henkel é transformar liderança ambiental em vantagenscompetitivas sustentáveis no mercado.

3.3 Sustentabilidade

Hoje a estratégia de sustentabilidade da Henkel inclui o sistema de gerenciamentoimplementado globalmente para segurança, saúde meio ambiente e qualidade, assimcomo o Código de Conduta dos funcionários.

Figura 2: Pilares da sustentabilidade

Fonte : http\\: www.henkel.com (5)

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A empresa pretende atingir os seguintes objetivos:

• Vantagem competitiva através de produtos sustentáveis;

• Processos seguros e eficientes;

• Funcionários motivados e responsáveis

3.4 Estratégia de Sustentabilidade

A sustentabilidade traz novos desafios. A intenção da Henkel é transformar estesdesafios em vantagens competitivas. O balanço entre questões econômicas, ecológicas esociais garante que a empresa permanecerá atrativa e com sucesso comercial.

As empresas comprometidas com os princípios do desenvolvimento sustentáveltambém recebem suporte do mercado financeiro. Vários fundos de investimentosdescobriram que empresas listadas em fundos ambientais, geralmente, possuem umaperformance melhor que aquelas listadas em índices comuns de ações. Eles assumemque empresas ecologicamente eficientes serão mais fortes economicamente,apresentando um potencial superior de inovação e maiores habilidades degerenciamento.

3.5 Inovação de produtos

A estratégia da Henkel é garantir vantagens competitivas no mercado, através deprodutos de alta performance, seguros e ambientalmente compatíveis.

A Henkel é a pioneira na produção de adesivos sem solventes e é a líder nestemercado.A Henkel atingiu esta liderança através do conhecimento das necessidades deseus consumidores, atividades de pesquisa e alianças e a criatividade de seusfuncionários.

3.6 Comprometimento dos funcionários

Funcionários que estão satisfeitos em seu local de trabalho, desenvolvem um altograu de criatividade e se preparam para assumir mais responsabilidades. A Henkelacredita numa cultura de confiança, respeito mútuo e mentalidade aberta. Possui poucosníveis hierárquicos em seu organograma e apresenta uma estrutura descentralizada.

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3.7 Estudo de caso

O estudo de caso em questão aborda o Sistema de Gestão Ambiental da empresaHenkel Ltda.

A Henkel Ltda., filial Itapevi, município da grande São Paulo, Brasil, é umasubsidiária da Henkel KgaA (Düsseldorf - Alemanha).

Até 1997 esta unidade era denominada Loctite Brasil Ltda, quando o grupo Henkeladquiriu a Loctite Corporation, uma empresa de especialidades químicas, com sede emRocky Hill, Connecticut, EUA. Esta unidade então passou a ser denominada HenkelLoctite Adesivos até 2001.

Esta unidade da Henkel se dedica à manufatura e distribuição de adesivos eprodutos complementares (Linha de adesivos Super Bonder, Travas químicas paraMontadoras, Adesivos anaeróbicos para fixação, vedação, formadores de juntas, adesivosà Base de PVA entre outros).

Sua produção é distribuída pelo Brasil, e por países da América Latina, AméricaCentral, México e África do Sul.

As políticas e procedimentos corporativos, quando apropriados, são implementadosdiretamente nas políticas e procedimentos da Henkel Ltda., levando em consideração queesta planta opera de acordo com as Leis Brasileiras relativas à Saúde, Segurança e MeioAmbiente, administradas pelo Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Trabalho,Ministério do Exército, Ministério da Saúde, Polícia Federal, órgãos de controle ambientale Vigilância Sanitária.

A unidade de adesivos em questão, já certificada em conformidade com as NormasISO 9000 (1995) e QS 9000 (1998), obteve a Certificação ISO 14001(Ambiental) eOHSAS 18001(Segurança e Saúde no trabalho) em dezembro do ano 2000.

Com objetivo de seguir a filosofia mundial do grupo Henkel, a empresa atua emconformidade com a sua Política SHEQ (anexo1), se preocupando com a saúde(H), asegurança(S), o meio ambiente(E) e a qualidade(Q).

É importante ressaltar, que mesmo antes das Certificações ISO 14001 e OHSAS18001, a empresa já tinha como filosofia o comprometimento com o meio ambiente e asegurança. Desde 1993, a empresa vem adotando medidas de proteção ao meioambiente, melhorias em seus processos e a conscientização de seus colaboradores.

Na fase anterior as Certificações, foram encontradas dificuldades para mudar acultura das pessoas, para romper certos paradigmas. Pela experiência da empresa, aconscientização das pessoas e o comprometimento se tornam mais concretos após 3 a 5anos de convivência em ambiente que estimula a filosofia de proteção ao meio ambientee práticas mais seguras.

As diretrizes corporativas do grupo Henkel facilitam a concretização deste processode conscientização e atuação comprometida com o meio ambiente. Estas diretrizesrepresentam um forte incentivo e apoio nesta direção.

A empresa optou pelo Sistema Integrado de Gestão, adequando a documentaçãoexistente à Norma ISO14000 e ao Guia OHSAS 18001.

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4 Henkel Ltda: desafios, obstáculos, recursos e resultados doSistema de Gestão Ambiental.

O incentivo da diretoria, alta administração da empresa, tem papel fundamentalpara o Sistema de Gestão Ambiental da Henkel Ltda: todos os recursos humanosnecessários são disponibilizados (considerados como prioridade para empresa) eanualmente, 2 a 4 % do faturamento da empresa são dedicados para investimentos emequipamentos e alterações nos processos (otimização de processos em busca demelhorias ambientais) e demais despesas e mão de obra do departamento de SGA.

No planejamento anual da empresa, 2 a 4 % do faturamento são reservados parainvestimentos ambientais e de segurança. A elaboração dos Planos de Ações se baseianeste valor, podendo haver disponibilidade de mais recursos financeiros de acordo comas necessidades, devidamente justificadas.

A empresa adotou como forma de trabalho para Implementar o Sistema de GestãoAmbiental, a formação de um Grupo Multifuncional de Trabalho, “Comitê SHE - Safety,Healty and Environment ”.

Foram escolhidos “titulares” e substitutos para constituir este Comitê, de diversosdepartamentos: Qualidade (2), Manutenção (1), Diretoria (1), Engenharia/Segurança eMeio Ambiente (3), Sistemas da Qualidade (1), Produção/Embalagem (3),Engenharia/Manutenção Predial (2),Laboratório de Suporte a clientes(1),Administração/Marketing (2), RH/Financeiro(1).

Obs: Entre parênteses está o número de pessoas de cada departamento.Para cada umadestas pessoas há um substituto.

A participação nas reuniões dos Membros do Grupo de Trabalho de SHE éobrigatória, sendo que as eventuais ausências (titular e substituto) devem ser previamentejustificadas à diretoria.

Este Comitê se reúne a cada dois meses para: avaliar os aspectos e impactos maissignificativos (são os membros deste grupo que realizam o levantamento de aspectos eimpactos da empresa), definir os Objetivos a as Metas Ambientais e de Segurança paraum biênio, acompanhar o andamento dos Planos de Ações propostos, propor melhoriasambientais, discutir treinamentos ambientais, por em prática as definições corporativassobre estes assuntos, considerar os resultados de auditorias ambientais (internas, deterceira parte e corporativas), entre outros.

As atas destas reuniões são divulgadas para toda a empresa, sendo deresponsabilidade destes integrantes divulgar o trabalho que está sendo realizado.

O foco do Programa de Gestão SHE - Saúde, Segurança e Meio Ambiente - daHenkel Ltda. é atingir os objetivos e as metas desenvolvidos para a eliminação ouminimização de impacto ambiental e/ou risco à saúde ocupacional e segurança industrial,incluindo o Plano de Ação com as datas para a conclusão, bem como a determinação doresponsável pela sua execução. Os responsáveis das áreas têm a responsabilidade deatingir os respectivos objetivos e metas referentes à SHE.

Novos processos industriais, modificações de processos existentes, transferência detecnologia e projetos de engenharia, são avaliados pelo Gerente de SHE.

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O Sistema é periodicamente analisado criticamente, para incorporar ações comonovos requisitos legais, normas e/ou oportunidades de melhorias.

A cada dois anos um novo Programa de Gestão SHE – Conjunto de Objetivos eMetas (em anexo a seguir) é determinado com base em :

Resultados do biênio anterior (eventuais pendências)

Resultados de auditorias,

Sugestões dos colaboradores ou comunidade vizinha,

Revisão no Levantamento de Aspectos e Impactos,

Relatórios da CIPA,

Sugestões de Metas de PPR (Programa de Participação emResultados),

Experiências de outras unidades (Benchmarking).

Definições Corporativas (diretrizes)

Indicadores locais e mundiais

Outros

4.1 Política de Meio Ambiente, Qualidade e Segurança

A política da empresa (anexo1) está publicada em diversos setores nas diferentesedificações da planta, e é comunicada aos funcionários, sub-contratados, clientes evisitantes.

Durante a realização deste estudo de caso, a Política da empresa foi revisada. Aanalise crítica realizada (a seguir) se baseou na versão vigente até o momento (anexo1),não considerando, portanto, a nova versão que estará sendo divulgada pela empresa embreve.

Alguns dos pontos levantados na análise crítica foram considerados na nova versãoa ser publicada (anexo 2).

Segue a análise crítica da Política da empresa:

• A Política da empresa está documentada e divulgada (inclusive via site daempresa na Internet); √

• Não tem um texto muito longo, mas poderia ser mais concisa (na opinião doGerente Ambiental). Apresenta uma linguagem clara (acessível para aspessoas da comunidade vizinha e interessados em conhecer seu Sistemade Gestão Ambiental). √

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• A Política relata sua abrangência: refere-se somente a unidade Henkel Ltda.√

• Atende o requisito de promover o Atendimento à Legislação vigente; √

• Atende o requisito de promover a Melhoria Contínua e Prevenção daPoluição nas suas atividades. √

• Há evidência no texto da Política do comprometimento com relação aosenvolvidos com as atividades da empresa: "O fornecimento dos recursosnecessários para atingir os Objetivos e Metas relativos à Qualidade, Saúde,Segurança e Meio Ambiente" √

• Observação: a Política não contém assinatura da alta administração, o quepoderia reforçar a imagem do comprometimento da alta administração daempresa.

• A relação da Política da empresa com a natureza de suas atividades podeser percebida “fabricante de adesivos e produtos complementares, declaraque todos os seus processos devem ser estabelecidos de maneira segura eapropriada, buscando a satisfação do cliente, a preservação do meioambiente, e a proteção de todos os seus colaboradores e da comunidade.” √

• Observação: Os aspectos mais significativos, para especificar a natureza daempresa (algum resíduo predominante, emissões específicas, consumo dematérias-primas etc.), deveriam ser citados.

4.2 Principais Aspectos e Impactos Ambientais

Os aspectos e perigos, bem como a avaliação e controle de potenciais riscos eimpactos, são identificados em todas as atividades e operações da Henkel Ltda. Utiliza-sea técnica de Análise Preliminar de Riscos e Impactos (APRI) para a identificação epontuação dos aspectos e perigos referentes à SHE.

Todas as novas atividades, projetos e produtos, ou ainda, quaisquer modificaçõesnos processos de manufatura, são avaliados antes de sua implementação, para que sejaverificado se existe impacto ambiental ou risco operacional. Caso haja impacto ambientale/ou risco à saúde ocupacional e segurança industrial significativos, a atividade éintegrada a esse programa, de modo a evitá-los ou minimizá-los.

Durante o processo de Certificação integrada ISO14001 e OHSAS 18001, foi feitoum amplo e detalhado processo de Levantamento de Aspectos/Perigos, incluindo todasas atividades da empresa e ligadas a ela, e todos os seus possíveis impactos.

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Tabela 1: Exemplos de aspectos ambientais da empresa

Agente (aspecto) Evento Dano/Impacto

Água Desperdício Esgotamento de recursos

Água Vazamento Danos materiais

Efluente industrial Descarte Contaminação da água

Efluente industrial Descarte Contaminação do solo

Efluente industrial Emissão de névoas Contaminação do ar

Efluente industrial Emissão de vapores Contaminação do ar

Efluente industrial Inalação Danos pessoais

Efluente industrial Incêndio/Explosão Danos pessoais

Efluente industrial Incêndio/explosão Danos materiais

Efluente industrial Infiltração Contaminação do solo

Energia elétrica Desperdício Esgotamento de recursos

Líquido inflamável Vazamento Contaminação do ar

Líquido inflamável Vazamento Contaminação do solo

Líquido inflamável Vazamento Contaminação da água

Líquido inflamável Vazamento Danos pessoais

Óleo lubrificante Derramamento Contaminação do solo

Óleo lubrificante Derramamento Contaminação da água

Papel Desperdício Esgotamento de recursos

Papel Uso de material não reciclado Esgotamento de recursos

Plástico Desperdício Esgotamento de recursos

Produto químico Derramamento Contaminação da água

Produto químico Derramamento Contaminação do solo

Produto químico Emissão de poeira Contaminação da água

Produto químico Emissão de vapores Contaminação do ar

Produto químico Emissão de vapores Contaminação da água

Resíduos graxos Vazamento Contaminação do solo

Resíduos graxos Vazamento Contaminação da água

Ruído Exposição excessiva Danos pessoais

Óleo hidráulico Desperdício Esgotamento de recursos

Óleo hidráulico Emissão de vapores Contaminação do ar

Gás Tóxico pressurizado Vazamento Contaminação do Ar

Gases de combustão Inalação Danos pessoais

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Com base nos resultados obtidos, foram destacados os aspectos/perigos maissignificativos. Na primeira fase, os Objetivos e Metas Ambientais foram determinados combase nestes aspectos mais significativos (anexo 3).

Na Planilha são identificados, além dos aspectos / impactos: departamento,atividade em questão, o agente do evento, o evento em si, as possíveis causas, situaçãode emergência (sim ou não), controles atuais, ações recomendadas, freqüência,severidade (neste item são considerados os funcionários, os vizinhos, a comunidade, osrecursos financeiros envolvidos e o meio ambiente). Com estes dados, é calculada apontuação final de cada aspecto e conseqüentemente, sua criticidade.

Figura 3: Planilha de Análise Preliminar de Riscos e Impactos – Henkel Ltda.

4.3 Objetivos e Metas ambientais da empresa

Os objetivos e metas referentes à Saúde, Segurança e Meio Ambiente da HenkelLtda. são elaborados com base nos levantamentos das atividades identificadas e quepossuam significativo impacto ambiental e/ou risco à saúde ocupacional e segurançaindustrial, na perspectiva de eliminá-los ou minimizá-los, devendo cumprir com osrequisitos legais. As metas incluem ações para a prevenção de poluição e/ou acidentes.

Os objetivos e metas são consistentes com a Política SHEQ, que tem comoprincipal missão, a preservação do meio ambiente e da saúde ocupacional e segurançaindustrial. A empresa se compromete a fornecer os recursos necessários para o atingirdos objetivos e metas.

Os aspectos mais significativos foram englobados na relação de Objetivos e Metasda empresa. Dentre estes objetivos pode-se citar: Redução de Geração de Resíduos,Diminuição de uso de solventes clorados, Redução de n° de acidentes, Implementação de

Responsável 1

Data e Revisão: 2_ Substitui: 3

Agente Evento i ii iii iv total NS P

5 6 7 8.1 8.2 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Formulário Anexo à Instrução de Trabalho SHE-I-01.

Signif.Severidade

Fre

q.

Dano/Impacto

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS E IMPACTOS - APRI

Equipe Multi-disciplinar: (4)

Departamento Atividade Sub Atividade

Em

erg

Controles Atuais Ações RecomendadasPerigo/Aspecto (8)

Causas

SHE-F-02 Rev. 07de 16/04/2002

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Programa para minimizar ocorrência de Lesões por Esforços Repetitivos e Redução deConsumo de Recursos Naturais (energia, água).

Pode-se verificar o Programa de Gestão SHE com os Objetivos e as Metas dobiênio 2000/2001(anexo3). Em detalhe, está o Plano de Ação ligado ao Objetivo n°12 -Meta n° 12.2, Controle de Uso de Energia Elétrica, para ilustrar a metodologia de trabalho(anexo 4).

4.4 Planos de ações / Planejamento

O Planejamento para atingir um Objetivo proposto pode se verificado através dorespectivo Plano de Ação. A planilha de Plano de Ação da empresa inclui: etapas doplano, "como fazer", "onde fazer", prazos (início e término), indicação do responsável,custo envolvido em cada etapa, resultado esperado e "status"(andamento).

Alguns programas implementados para atingir os objetivos propostos, já mostramresultados ambientais, econômicos, sociais, comportamentais e culturais na empresa.

Estes resultados podem ser observados em gráficos de indicadores e durante arotina de trabalho, nas mudanças de comportamento e práticas, por exemplo.

Após a conclusão de um objetivo (conclusão das etapas do Plano de Ação), chega-se a fase de monitoramento constante, dando possibilidade para o estabelecimento denovos objetivos. Visando sempre uma melhoria contínua dentro de cada atividade.

Em detalhe, está o Plano de Ação ligado ao Objetivo n°12 -Meta n° 12.2 (anexo 4) -Controle de Uso de Energia Elétrica, para ilustrar a metodologia de trabalho.

4.5 Treinamentos Ambientais

A empresa possui um Procedimento e uma Instrução de Trabalho específicos paraComunicação sobre Meio Ambiente, Segurança e Saúde.

Ambos descrevem um sistema de constante intercâmbio de informações epromoção da comunicação com a comunidade externa, colaboradores e terceiros.

A eficiência dos treinamentos pode ser verificada na própria rotina de trabalho,como por exemplo:

Prática de segregação de resíduos de acordo com a sua classificação;

Minimização de consumo de energia elétrica;

Maior coleta de materiais recicláveis;

Menor uso de solventes clorados na área produtiva;

Menor consumo de água no Processo Produtivo;

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Sugestões dos funcionários sobre Melhorias Ambientais nos ProcessosProdutivos;

As principais dificuldades encontradas nos treinamentos são aquelas de ordemcultural. Em alguns treinamentos são percebidos perfis inadequados para determinadasfunções, podendo gerar a necessidade de substituições.

Seguem alguns exemplos de Treinamentos Ambientais:

Folheto sobre Reciclagem de Materiais/ Programa de Coleta Seletiva

O folheto foi distribuído no ano de Certificação da ISO 14000 (ano 2000), anexo 5.

Todos os assuntos descritos no folheto foram discutidos em uma palestra oferecidaem várias datas para que todos os funcionários e terceiros pudessem participar: tipos decoletores por cores, reciclagem, reuso etc.

Foi reforçado o conceito de não desperdiçar materiais e recursos.

Os coletores foram então instalados (vidro, plástico não-contaminado, papel, metal epilhas/baterias) em diversas áreas, estando ao alcance de todos.

Neste caso, foi possível verificar a eficiência do Treinamento sobre Coleta Seletiva,verificando a Redução de Geração de Lixo doméstico apoiado pelo Processo de ColetaSeletiva, através de um Indicador Ambiental: Quantidade de lixo doméstico gerada /porano.

Assim como já mencionado, a redução de geração de resíduos é um objetivo daempresa, devido a classificação significativa que recebeu durante o levantamento detodos os impactos causados por suas atividades. Neste caso, tem-se como impactoprincipal a contaminação do solo (disposição em aterro).

Obs: O lixo doméstico inclui: sanitários, restaurante, lixo administrativo não-reciclável e materiais da limpeza de pátio.

Situação Inicial: antes do Treinamento/ Implementação do Programa deRedução/Coleta Seletiva

Caçamba Lixo Doméstico (mistura de diferentes tipos de materiais)

Caçamba de Papel reciclável (pouca quantidade coletada)

Processo de compactação de lixo mais difícil devido a mistura de materiais

Envio à destinação adequada (custo com disposição em Aterros)

Aquisição de Papel para preenchimento de caixas com embalagens deproduto: gasto com compra de papel

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234

189204

134

0

50

100

150

200

250

Ano ( período Jan - Set )

Geração de Lixo Doméstico Kg/pessoa

1998

1999

2000

2001

Projeto de Redução de Geração de Lixo Doméstico/Resíduo Escritório:

Campanha de Conscientização de Coleta seletiva;

Instalação de coletores específicos: papel, vidro, metal, plástico epilhas/baterias (com cores padronizadas);

Cancelamento de compra de papel para preenchimento de caixas comembalagens de produto – Utilização do papel recolhido nos coletores depapel reciclado;

Doação/ venda do material segregado reciclável para empresas do ramo. Ovalor arrecadado é doado para uma Instituição Infantil.

Mensalmente é feito o levantamento de dados de quantidade (remessa em Kg/ mês)de Lixo doméstico ao aterro, determinando assim um Indicador de DesempenhoAmbiental.

Observando estes gráficos, é possível observar certos aumentos de remessa emdados meses devido ao acúmulo de material na empresa. Neste caso, o material geradonum dado mês pode estar sendo enviado ao aterro somente no mês seguinte, somando-se assim a geração daquele mês.

Para evitar o eventual desvio de dados que possam ser causados por eventos dotipo: n° excessivo de pessoas na empresa num dado mês, realização de obras ouvariação de n° de funcionários temporários, fez-se uma divisão da quantidade de lixogerado pelo número de pessoas presentes na fábrica no mesmo período.

Estipulando assim o Indicador de Desempenho Ambiental: Quantidade de lixoDoméstico gerado em Kg / pessoa (anual)

Figura 4: Gráfico de Geração de Lixo Doméstico

Kg/pessoa

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Situação Atual - Resultados

Redução de geração de lixo doméstico;

Aspecto Social: doação do valor arrecadado com os materiais recicláveispara uma Instituição de Ensino Infantil – responsabilidade Social;

Redução de gasto com aquisição de papel para proteger os produtos nasembalagens.

Antes da instalação da campanha, a empresa precisava comprar papel para colocardentro das embalagens para proteger seus produtos. Hoje, as folhas de papel inutilizadasque iriam para o lixo são separadas, picotadas e servem para a função. Não é maisnecessário comprar papel especial para isto, a e ainda há sobras que são disponibilizadaspara empresas recicladoras.

Redução de custo com transporte / disposição em Aterro

Com a segregação, o lixo ficou com granulagem mais homogênea, e com isto,consegue-se compactá-lo melhor, e assim, facilitando a disposição em aterro na hora dedispor o lixo nas células. Com isto, diminuíram os custos de disposição e de transporte.

Educação ambiental: introdução dos conceitos de coleta seletiva, reciclageme minimização de geração de resíduos no dia-a-dia dos colaboradores.

Os funcionários são estimulados a trazer de casa seus recicláveis (pilhas,por exemplo), criando a conscientização ecológica, a diminuição dadisposição de lixo doméstico em aterros e um aumento na oferta de materialreciclável para empresas recicladoras.

Disponibilização de material reciclável para fins econômicos para empresasdo ramo.

Alguns dados:

Plástico:

No ano 2000, foram disponibilizadas 4,73 toneladas de plástico para reciclagem.Como os plásticos não são separados por tipo (PET, Plástico Rígido e Plástico Filme),considerando-se o preço médio dos plásticos R$ 233,33/tonelada o valor gira em torno deR$ 1103,00. No ano de 2001, foram disponibilizadas 10,13 toneladas, com valor girandoem torno de R$ 2363,20, o que representa um aumento significativo de coleta.

Metal :

No ano 2000, foram disponibilizadas 13,13 toneladas de metais e no ano de 2001totalizou-se 34,3 toneladas. Como não houve a separação entre aço e alumínio e adiferença entre os preços médios de mercado entre os dois materiais é estratosférica,decidiu-se não aferir o valor disponibilizado, mas somente a proporção do aumento dacoleta entre os dois anos (sendo, que em 2001, a campanha foi implementada) tambémfoi significativa.

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Outros Exemplos de Treinamentos Ambientais:

SIPAT / SIMA (Semanas da CIPA e do Meio Ambiente)

Na semana de divulgação da CIPA, SIPAT, foi apresentada uma peça de teatro comenfoque em organização, 5S, qualidade, onde, um dos assuntos foi a coleta seletiva e asua ajuda ao meio ambiente.

Na semana interna do Meio Ambiente foi apresentada outra peça de teatro,específica sobre correta manipulação e disposição de resíduos e coleta seletiva -enfocando o impacto ao meio ambiente causado pela disposição inadequada.

O interessante é que estas peças foram elaboradas pela Instituição Infantil, querecebe a doação da Henkel obtida pela venda dos recicláveis. Aqui, nota-se aabrangência do SGA, propagando os conceitos ecológicos entre as crianças.

O incentivo de levar a idéia de coleta seletiva e minimização de geração de resíduo"para a casa" (aspecto social do programa), também foi bastante abordado. (permissãopara os funcionários trazerem resíduos específicos para descartar na empresa).

A Programação da Semana do Meio Ambiente de 2002 pode ser vista em anexo.(anexo 6)

Diálogo diário sobre Meio Ambiente e Segurança no Trabalho

Diálogo com 5 minutos de duração por dia, em cada departamento.

Obs: Parece pouco, mas estimula o interesse pelos assuntos desta área.

Assuntos ligados ao dia-a-dia dos funcionários (na empresa e em casa) sãoabordados nestes diálogos: separação de materiais em casa, reuso de embalagens, usoracional de recursos naturais (menor consumo de água e energia durante as atividades).

Treinamentos das Brigadas de Incêndio, Vazamentos Químicos ePrimeiros Socorros

Treinamentos periódicos, externos, realizados por empresasespecializadas.

Treinamento sobre Manipulação de Produtos Perigosos

Treinamento sobre a classificação de riscos dos produtos químicos,uso de EPI´s (equipamentos de Proteção Individual), correta disposiçãode resíduos industriais. A empresa possui um Sistema de Identificação deriscos, obrigatório em todos os produtos químicos, matérias-primas,reagentes químicos.

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4.6 Estrutura da Documentação do SGA

A estrutura de documentação é a mesma do Sistema de Qualidade (baseado naISO 9001 e QS 9001). As bases dos documentos foram aproveitadas e documentosespecíficos foram criados.

Foi elaborado um Manual do Sistema de Gestão de SHE – Saúde, Segurança eMeio Ambiente.

Este manual descreve todo o Sistema de Gestão de SHE, implementado na HenkelLtda. na manufatura e distribuição de sua linha de produtos.

Procedimentos e Instruções de trabalho relativas a aspectos e/ou perigos de SHE,são descritos de maneira detalhada. A documentação detalhada de cada departamentoreferente à SHE - Saúde, Segurança e Meio Ambiente - está explicitada no apêndice, quetambém inclui uma lista de referência cruzada dos procedimentos e instruções detrabalho, com os requisitos da Norma NBR ISO 14001:1996 e da Guia OHSAS18001:1999.

O Manual descreve os controles que têm sido desenvolvidos para assegurar ocumprimento dos requisitos legais referentes à Saúde, Segurança e Meio Ambiente,consistente com a Política SHE - Saúde, Segurança e Meio Ambiente - da Henkel Ltda.Os controles também têm sido elaborados, de modo a cumprir com os requisitos daNorma NBR ISO 14001:1996, referentes à Sistemas de Gestão Ambiental, bem como daGuia OHSAS 18001:1999, referente ao Sistema de Gestão de Saúde Ocupacional eSegurança do Trabalho.

É implementado e mantido um procedimento para monitorar e medir os impactosambientais significativos e os riscos para a saúde ocupacional e segurança do trabalho.Os registros são avaliados e comparados com os objetivos e metas. Quaisquerinstrumentos usados nessas medições são calibrados de acordo com as recomendaçõesdo fabricante, e esses registros são mantidos no departamento de calibração.

Periodicamente, e onde aplicável, são efetuadas medições para atestar aconformidade com os parâmetros dos respectivos requisitos legais e outros requisitos.

Os acidentes, incidentes, as não-conformidades resultantes de inspeções e/ouauditorias internas e/ou externas, bem como quaisquer desvios das tolerâncias permitidasnas medições, ou do desempenho esperado, ou provenientes de comunicações deórgãos oficiais, são dirigidas ao responsável da área.

O responsável da área onde a não-conformidade foi detectada, deve solicitar açõescorretivas e/ou preventivas, as ações são discutidas com o Gerente de SHE eimplementadas.

Quando necessários, os procedimentos são revisados para a adoção das medidascorretivas e preventivas.

Registros das modificações decorrentes de ações corretivas e preventivas sãomantidos conforme apropriado.

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Todos os registros referentes ao Sistema de Gestão de SHE, são mantidos,identificados e disponibilizados, conforme definido nos respectivos procedimentos einstruções de trabalho, em conformidade com os requisitos legais, e/ou com oestabelecido na norma NBR ISO14001 e Guia OHSAS18001.

Os registros são mantidos em área segura (cópia física e backup de segurança),com identificação apropriada, de modo a resgatá-los de maneira simples. O tempo deretenção é estabelecido e registrado no próprio documento.

4.7 Auditorias Ambientais

Uma agenda para Auditoria do Sistema de Gestão de SHE é anualmente preparada,de modo a garantir que as auditorias são executadas em todas as áreas identificadas poraspectos ambientais significativos e riscos à saúde ocupacional e segurança do trabalho,e para contemplar os elementos da norma NBR ISO14001 e Guia OHSAS18001. Asauditorias são efetuadas por auditores qualificados de acordo com as normas acima.

Os resultados das auditorias são apresentados aos respectivos gerentes das árease ao Representante da Administração. As ações solicitadas são discutidas, encaminhadase implementadas.

Além disso, os auditores do Grupo Henkel executam auditorias corporativas paradeterminar a conformidade com os requisitos especificados no "SHE Guideline" (Guiacom diretrizes semelhantes à ISO 14000).

Cooperação com o gerenciamento da empresa

O papel da Auditoria Interna Corporativa é medir e avaliar a efetividade doscontroles da empresa, realizada por um grupo mundial em todas as unidades. Trata-se deuma função de avaliação independente dentro da companhia e que busca a revisão dasoperações e serviços em todos os níveis da administração

A importância desse trabalho é visível na medida que ela é parte integrante docontrole interno da organização e gera uma forte interação com todas as áreas.

As principais etapas desta atividade compreendem planejamento, trabalho decampo, avaliação de pontos para melhoria ou falta de aderência, comunicação dosresultados e acompanhamento das ações acordadas. Cabe ainda à Auditoria Internaauxiliar na elaboração de normas e procedimentos, como por exemplo, a política deviagens e gastos de representações.

Em um trabalho de Auditoria Interna Mundial, aspectos como otimização deprocessos, precisão no cumprimento das normas, procedimentos, políticas eregulamentações são sempre revisadas. A área atua em estreita cooperação com aAuditoria Corporativa, em Düsseldorf, na Alemanha e com os Auditores Independentes.

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4.8 Custo: Certificação e Manutenção do Sistema Integrado de Gestão

O receio de incorporar a gestão ambiental, muitas vezes, está relacionado com aidéia de que a variável ambiental traz consigo o aumento das despesas e o conseqüenteacréscimo dos custos dos processos produtivos.

Sem dúvida, a empresa deverá fazer investimentos significativos (disponibilizaçãode recursos na fase de planejamento estratégico, refletindo o comprometimento da altaadministração).

Como referência, tem-se o valor gasto com empresa certificadora, informadodurante a realização do Estudo de Caso, envolvido em auditorias periódicas (semestral) eauditoria de recertificação do Sistema Integrado de Gestão, incluindo a avaliação dosrequisitos: QS 9000, OHSAS 18001 e ISO 14001:

R$12.200,00/ano + R$ 24.500 (no caso de haver necessidade de Auditoria deRecertificação naquele ano).

Este investimento, entretanto, pode ser compensado pelos benefícios econômicosdo SGA:

Economias devido à redução do consumo de água, energia e outrosinsumos;

Economias devido à reciclagem (diminuindo gasto com disposição), vendade recicláveis, aproveitamento de resíduos no próprio processo, diminuiçãode geração de efluentes;

Redução de multas e penalidades por poluição e/ou irregularidades(licenças).

Quando se imagina que o custo do Sistema de Gestão é alto, é importante refletir...

quanto custará a remediação de um impacto ambiental ?

quanto custará o tratamento de um passivo ambiental ?

quais as fronteiras da repercursão de uma acidente ambiental ?

qual a dificuldade de recuperar a imagem da empresa junto à opiniãopública em caso de acidentes ambientais?

Qual o valor de multas/implicações legais aplicáveis?

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4.9 Abrangência do Sistema de Gestão (Projetos Sociais e Promoção daConsciência Ambiental)

Todos nós temos diversos papéis em nossas vidas (como profissionais e no planopessoal), as empresas, da mesma forma, atualmente, têm que assumir vários papéis:

Econômico: produzir produtos, tecnologias e fornecer serviços;

Social: promover a qualidade de vida dos colaboradores, investir nosrelacionamentos humanos, na realização pessoal etc. Além da proteção derecursos naturais, saúde, segurança no trabalho.

Cultural: promovendo o aprimoramento cultural, a formação e a educaçãoambiental dos colaboradores.

O Sistema de Gestão Ambiental, se bem estruturado, através de treinamentos,palestras e disponibilização de informações atuais (notícias dos meios de comunicação,últimos acontecimentos, dados de pesquisas),pode despertar ou reforçar (naqueles maisinformados) a responsabilidade social e a consciência ambiental.

A prática destes valores no dia-a-dia da empresa (preservação do meio ambiente,redução de poluição, segregação de resíduos, e os demais já comentados), estende-seaté a casa, os familiares, amigos, enfim, todo o círculo de convivência de cadafuncionário.

Entre outras ações sociais, a empresa Henkel Ltda., está realizando neste ano o“Projeto Saber Fazer”, fornecendo apoio pedagógico para professores exercitarem amente e a coordenação motora, estimulando a criatividade.

A Henkel através deste projeto, fornece orientaçãopedagógica e material de apoio (www.pritt.com.br) paraajudar o professor no dia-a-dia com os seus alunos.

As propostas de trabalho se baseiam na utilizaçãode “sucata” (materiais já usados que possam serreaproveitados: caixas, embalagens, tampas diversas,caixas de leite, jornais, revistas, caixas de ovos, retalhosetc).

Orientando professores e alunos que na era dos “descartáveis”, muito lixo estásendo gerado e o planeta não tem condições de absorver tudo isto!

Além do trabalho manual, utilizando materiais recicláveis, protegendo o meioambiente, as pedagogas sugerem assuntos para conversas relacionadas com o tema dotrabalho, para promover o melhor relacionamento entre pais e filhos.

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5 Indicadores Ambientais

Para avaliar a eficiência do sistema de Gestão Ambiental e os resultados obtidoscom os programas implementados, alguns indicadores foram escolhidos pela Henkel Ltda.(sujeitos a aprimoramento constante). São alguns deles:

Remessa de Efluente Industrial (m³) enviada para tratamento/ano;

Consumo de Solvente Clorado/ área produtiva/ ano / ton. Produzida;

Consumo de água/ volume de produção;

Consumo de Energia Elétrica (anexo7: Gráfico, para evidenciar oresultado do Plano de Ação, também em anexo);

Remessa de Lixo Industrial para tratamento/mês;

Remessa de Materiais Recicláveis (Indicador já abordado na seção deTreinamento Ambiental)/ano;

Remessa de Esgoto Industrial/ano;

Além dos indicadores locais, anualmente, informações são enviadas a sede dogrupo na Alemanha, para determinação de indicadores mundiais. São eles:

Consumo de Energia/Volume de Produção

Emissão de CO2/Volume de Produção

Emissão de NO2 / Volume de Produção

Emissão de SO2 / Volume de Produção

Emissão de poeira (particulados) / Volume de Produção

Emissão de compostos orgânicos voláteis / Volume de Produção

Consumo de água/ Volume de Produção/ água perdida ( evaporação)

Demanda química de Oxigênio enviada ao corpo hídrico/ Volume deProdução

Emissão de metais pesados ( Pb, Cr,Cu,Ni,Zn) / Volume de Produção

Resíduos para recliclagem e disposição / Volume de Produção

Consumo de Solventes Clorados / Volume de Produção

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Os indicadores são números que indicam determinada relação entre duas ou maisvariáveis.

Para mensurar a eficácia dos gestores na preservação e conservação do meioambiente, tendo em vista a política ambiental da organização, os Indicadores podem serchamados de Indicadores de eco-eficiência ou eco-indicadores.

5.1 O conceito de eco- eficiência

Este conceito descreve a ligação entre a performance ambiental e financeira daempresa. O termo “eco-eficiência” foi pela primeira vez definido pelo Conselho Mundial deNegócios para o Desenvolvimento Sustentável (World Business Council for SustainableDevelopment) em 1992 e atualizado em 1996:

«Eco-eficiência é alcançada pelo oferecimento de serviços e produtos com preçoscompetitivos que satisfazem as necessidades humanas e trazem qualidade de vidaenquanto progressivamente reduzem impactos ecológicos e uso intensivo de recursos portodo o ciclo de vida do produto para um nível pelo menos alinhado com a capacidade desuporte estimada do planeta.» (6)

A definição tem uma perspectiva macro-econômica e foi separada em itens quepodem ser aplicados ao nível gerencial da empresa:

Minimizar o uso intensivo de material;

Minimizar o uso intensivo de energia;

Minimizar a geração de resíduos;

Aumentar a validade dos produtos;

Melhorar a reciclabilidade do produto;

Dar prioridade ao uso de recursos renováveis.

O conceito de “produzir mais usando menos” alcançou grande aceitação entre asempresas - combina a performance ecológica com a financeira e faz com que asempresas que atuem dentro desta filosofia sejam fortes candidatos para as carteiras deinvestimentos, pois:

Utilizar menos recursos naturais e emitir menos poluentes leva a margens deoperação mais altas;

O nível de risco ambiental sendo menor leva a um menor fator de desconto;

Margens mais altas e fatores de desconto mais baixos aumentam o valor deações;

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O objetivo do trabalho contínuo é aconselhar os analistas sobre parâmetrosfinanceiros que podem ser usados da mesma forma que os rendimentos poração ou outro parâmetro de avaliação de desempenho financeiro.

5.2 Exemplos de medidas de eco-eficiência:

Consumo de energia por funcionário ou por valor agregado

Emissão de CO2 por tonelada produzida por funcionário ou por valoragregado

Resíduos totais por tonelada produzida por funcionário ou por valoragregado

Unidades produzidas por energia consumida

Unidades produzidas por resíduos produzidos

Perdas produtivas causadas por problemas ambientais por período detempo.

É importante enfatizar aqui que o Indicador deve ser relativo para que não hajapossibilidade de interpretação ambígua. Por exemplo, aumenta-se a geração de resíduossólidos, mas no mesmo período, dobra-se o n° de funcionários.

A melhoria na relação com o Meio Ambiente é capaz de beneficiar a produtividadedos recursos utilizados na organização destacando os seguintes benefícios para oprocesso e para o produto:

Benefícios para o processo (6) :

economias de materiais, resultantes do processo mais completo, dasubstituição, da reutilização ou da reciclagem dos insumos de produção;

aumentos nos rendimentos do processo;

menos paralizações, através do maior cuidado na monitoração e namanutenção;

melhor utilização dos subprodutos;

conversão dos desperdícios em formas de valor;

menor consumo de energia durante o processo de produção;

redução dos custos de armazenamento e manuseio de materiais;

economia em razão de um ambiente de trabalho mais seguro;

eliminação ou redução do custo das atividades envolvidas nas descargas ouno manuseio, transporte e descarte de resíduos; e

melhorias no produto como resultado indireto das mudanças nos processos.

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Benefícios para o produto (6):

produtos com melhor qualidade e mais uniformidade;

redução dos custos do produto (por exemplo, com a substituição demateriais);

redução nos custos de embalagem;

utilização mais eficiente dos recursos pelos produtos;

aumento da segurança dos produtos;

redução do custo líquido do descarte do produto pelo cliente e;

maior valor de revenda e de sucata do produto.

A Avaliação do Desempenho Ambiental é vista por muitas empresas com oenfoque de desempenho sustentável e desta forma as organizações consideram osseguintes princípios:

a empresa é entendida e administrada como um sistema;

o desempenho sustentável é um processo de interdependência ecológica(compatibilidade com os ecossistemas);

é um processo voltado para resultados;

de construção de um senso comunitário;

limitativo;

aberto;

de melhoria contínua de cada aspecto do desempenho da empresa;

existe um sistema de informação que dá suporte ao processo;

é um processo que abrange a empresa como um todo.

Desta forma é possível avaliar a posição da organização quanto as questõesambientais. Esta avaliação geralmente envolve o estabelecimento de níveis decomprometimento da empresa com estas questões estes níveis são arbitrários edependem dos princípios citados acima adotados por cada organização. De modo geralpodem ser identificados os seguintes níveis (6):

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A. Nível um: cumprimento da lei

A Empresa que se encontra neste nível de comprometimento com as questõesambientais está começando a definir o atual nível de observância da lei e o seu risco. Oobjetivo é cumprir o mínimo exigido por lei com um risco mínimo a custo mínimo. Não hápolíticas ambientais pró-ativas ou objetivos específicos de melhoria que ultrapassem oexigido por lei.

B. Nível dois: iniciativas não-integradas

Neste nível, a gestão busca a antecipação de desenvolvimentos na legislaçãoambiental e começa a tomar decisões com o objetivo de otimizar a utilização de recursos.

Estas decisões visam basicamente a redução do uso de energia, o aproveitamentode oportunidades óbvias de redução de resíduos e embalagens e uma preocupação maiornos aspectos relacionados com a conservação e a boa manutenção.

Neste estágio, ainda não há uma política unificada para o desempenho sustentávele os objetivos de melhoria não estão integrados. A motivação para estas iniciativas surgede oportunidades de mercado, focadas pontualmente ao invés de sistematicamente.

C. Nível três: plano de iniciativas ambientais integradas

A empresa neste nível desenvolve uma política de desempenho sustentável,estabelecendo objetivos específicos de melhoria além dos exigidos por lei.

Investimentos são realizados com o objetivo de desenvolver ou adquirir novastecnologias ambientais.

D. Nível quatro: desempenho sustentável

A empresa que se encontra neste nível inclui, em todas as fases do processo degestão (planejamento, execução e controle), a preocupação com o desempenhosustentável.

Esta fase apresenta como principal característica a busca da contínua melhoria darelação da empresa com o meio ambiente.

A avaliação do desempenho sob a ótica ambiental deve ser utilizada como umaferramenta de avaliação dos gestores em decisões que envolvam questões ambientais,ou seja, o gestor deve ser avaliado pelo impacto que determinada decisão causou narelação da empresa com o meio ambiente.

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5.3 A posição da Henkel frente aos indicadores de eco-eficiência

As empresas que se comprometem com os princípios de desenvolvimentosustentável recebem apoio do mercado financeiro. Várias agências de gerenciamento deativos descobriram que as empresas listadas nos fundos ambientais geralmente têmdesempenho melhor do que as listadas em índices de ações gerais Elas assumem queuma empresa ecologicamente eficiente será economicamente mais forte, exibirá um perfilmais inovador e geralmente habilidades gerenciais acima da média.

Da mesma forma, uma empresa deve identificar, acessar e minimizar os riscosassociados com sua atividade. Se um incidente operacional colocar em perigo suavizinhança ou meio ambiente, por exemplo, os custos associados e antecipados sãoapenas parte das conseqüências. Se a reputação da empresa for danificada issogeralmente resulta em queda do preço de suas ações.

No caso do grupo Henkel, que depende da venda de produtos com marcas diversaspara metade de sua receita bruta, existe um fator adicional: todos os dias osconsumidores decidem se querem ou não comprar os produtos da Henkel e o sucessoeconômico da Henkel é diretamente influenciado por essa decisão. Além disso, oincremento do valor através de produtos inovadores, soluções sistêmicas e minimizaçãode riscos têm um papel fundamental na estratégia de sustentabilidade da Henkel.

Junto com formas tradicionais de investimento, as ações da Henkel fazem parte doportifolio de vários fundos ambientais e de sustentabilidade. Apenas empresas desucesso econômico cujas políticas estão alinhadas com critérios ecológicos e sociais sãoselecionadas para figurarem nestes portifolios. Esta seleção é realizada por agênciasexternas e independentes. No ano 2000 as ações da Henkel foram incluídas no ÍndiceDow Jones de empresas que fazem parte do grupo de sustentabilidade. As empresasdeste índice estão entre as 10% superiores de seu setor, em termos de desempenhosustentável.

Figura 5: Classificação da Henkel frente a média do seu setor do índice desustentabilidade avaliado pela SAM/Dow Jones (2000)

Fonte: SAM/Dow Jones Sustentability Group Index

67.5

43.2

61.2

30.3

68.8

51.5

70.1

41.6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Total Econômico Ecológico Social

Henkel Média do setor

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A Henkel procura atingir um melhoramento contínuo do gerenciamento integrado desegurança, saúde e meio ambiente que é seguido por todas as suas empresas pelomundo. Os seus padrões estendem-se por ciclo de vida de seus produtos, desde amatéria-prima até sua disposição após o uso. Além disso, seus funcionários seguem umCódigo de Conduta que é a base da prática dos seus negócios. Muitas das atividades daHenkel são estendidas a seus funcionários e famílias gerando uma conscientização daimportância na observância das diretrizes para a preocupação com meio ambiente.

Desta forma a Henkel encontra-se hoje caminhando para o quarto nível daavaliação geral apresentada quanto ao comprometimento da empresa com questões desustentabilidade, mas focada em atingir este nível visualizando que, ao atingí-lo, estarágarantindo aos seus investidores que, acima de tudo, o grupo Henkel éeconomicamente saudável justamente porque inova nas questões ambientais esociais.

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Segue transcrição de notícia publicada:

“Henkel à frente em índices de sustentabilidade”

”A Henkel foi selecionada para integrar o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI)pela quarta vez consecutiva. Na categoria de mercadorias e serviços não-cíclicos devarejo a Henkel lidera o segmento na Europa e ocupa a segunda posição mundial. Oportfólio deste índice é composto exclusivamente de empresas que operam de acordocom os princípios de desenvolvimento sustentável.

A Henkel foi incluída tanto no índice mundial DJSI World quanto no europeu DJSI STOXX.O DJSI World reúne 310 das 2500 maiores ações de 23 países citados no Índice GlobalDow Jones e representa um total de capitalização de mercado de mais de 4600 bilhõesde euros. O DJSI STOXX inclui 183 empresas de 14 países europeus.

Além disso, no recém-criado índice publicado pela agência belga de avaliação Ethibel,para empresas operando de acordo com princípios de desenvolvimento sustentável, aHenkel aparece como líder inaugural do segmento. Ao todo, 151 empresas são citadas noÍndice Global de Sustentabilidade da Ethibel, das quais 15 são empresas alemãs.

"Estamos muito felizes com este excelente reconhecimento externo à nossa política desustentabilidade e performance. É uma confirmação de que estamos no caminho certo",afirma Dr. Wolfgang Gawrisch, Chief Technology Officer e presidente do Conselho Henkelde Desenvolvimento Sustentável. "Estamos trabalhando muito para expandir nossosistema de gerenciamento de segurança, saúde, qualidade e meio ambiente para incluir odesenvolvimento sustentável até 2004. Também estamos aptos a atender efetivamente esistematicamente a quaisquer indicações na categoria de potenciais áreas de melhoria".

Mais informações sobre a Henkel no Índice de Sustentabilidade Dow Jones podem serencontradas no endereço: (www.sustainabilityindex.com). Detalhes relativos ao ÍndiceEthibel de Sustentabilidade estão disponíveis em: (www.ethibel.be)

Fonte: http:// www.henkel.com

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Recentemente a Henkel Ltda. foi avaliada, sendo parte integrante de um Projeto queconstitui uma “Análise internacional e específica por setores industriais dos fatores queinfluenciam as mudanças de desempenho ambiental de empresas certificadas pela NBRISO 14001 (projeto AIDA).

O objetivo deste Projeto é avaliar:

Que objetivos ambientais foram formulados pelas empresas e qual o papeldo objetivo global da sustentabilidade nestes objetivos ambientais?

As empresas se orientam sempre pelos objetivos ambientais nacionais,globais ou do respectivo setor industrial?

Existem desvios da nossa definição ampliada de desempenho ambiental eda definição de desempenho ambiental das empresas?

Que instrumentos podem ser usados para a avaliação da melhoria contínuae que métodos existem para o levantamento da melhoria contínua dodesempenho ambiental?

Existem fatores principais que influenciam o alcance do desempenhoambiental, que sejam especialmente relevantes e como eles se distinguemno interior dos países e entre eles?

A proposição inicial deste projeto é:

Existem fatores de influência principais sobre o desempenho ambiental deuma empresa.

Estes principais fatores de influência são distintos de país para país porquesão, de um lado, dependentes de diferentes interpretações de desempenhoambiental e por outro lado, dependentes de caracteríticas sócio-culturais-nacionais.

Do estudo resultará: o desenvolvimento de medidas para assegurar e

influenciar, no longo prazo, o desempenho ambiental.

Fonte: Grothe-Senf, Prof. Dr. Anja (University of Economics/Berlin); Frank, Prof. Dr. Beate(Universidade Regional de Blumenau /SC, Brazil ): ”Acomparative study of the relativeenvironmental performance enhancements achieved by ISO 14001 certified companies inGermany and Brazil Project .

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6 Sistema de Gestão Ambiental: abrangência

6.1 Problemas ambientais locais, regionais e mundiais

As poluições locais, regionais e mundiais têm diferentes naturezas:

POLUIÇÂO LOCAL: é de responsabilidade do governo local.Refere-se geralmenteà qualidade do ar, fornecimento de água doce limpa, remoção e disposição de lixosólido, efluentes e a limpeza das ruas;

POLUIÇÂO REGIONAL: é de responsabilidade nacional ou estatal eeventualmente, pode envolver mais de um país. É causada principalmente pelosautomóveis, pela produção de energia e Indústrias (pela queima de combustíveisfósseis) – que são inerentes às sociedades em desenvolvimento e desenvolvidas.

POLUIÇÂO MUNDIAL: é de responsabilidade de ações internacionais. Trata-se deproblemas resultantes das mudanças na composição da atmosfera: gases que seoriginam de qualquer parte do planeta e seus efeitos atingem diversos países.

Uma recente notícia de poluição ambiental é um exemplo de que a poluição geradanuma área Industrial pode atravessar fronteiras e atingir outros países e/ou regiões não-industrializadas, causando uma poluição global: animais e esquimós no pólo Norte estãosendo atingidos por substâncias tóxicas (derivados clorados), originados de emissões deIndústrias que produzem materiais anti-fogo (equipamentos, roupas especiais). Estescomponentes estão se concentrando nas águas geladas, atingindo as espécies locais.Ainda não é conhecida a fonte poluidora. Pensando em conseqüências ainda maiores; seconsiderarmos o aumento da temperatura global e o conseqüente derretimento dasgeleiras (aumento do nível do mar), haverá outra migração destas substâncias, matando ecausando danos às outras espécies em regiões costeiras. (Fonte: Rádio CBN 26/09/02)

As provas de degradação ambiental estão aí:

O efeito estufa, causando aumento da temperatura global e conseqüenteelevação do nível dos oceanos.

A chuva ácida, envenenando rios, lagos e solos. Não só nas regiõesindustrializadas, mas também no raio de propagação.

Este problema ambiental causa a deteriorização de obras históricas em mármore:estão sendo corroídas.A principal causa é a presença de H2SO4 no ar, resultante dereações com os compostos de Enxofre(S) (queima de carvão e sistemas de aquecimentoscaseiros).A acidez em lagos provoca a morte de peixes.Os efeitos também podem serpercebidos a grande distância do local de origem.Nos solos, os terrenos ácidos se tornampobres, não servindo mais para agricultura/efeito sobre a parte aérea das plantas,diminuindo sua resistência. (7)

O buraco na camada de Ozônio, relacionado com o aumento da incidênciadas radiações UV, colocando em risco nossas vidas e a do planeta. (7)

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Jean Friedel, cientista e filósofo francês,já dizia em 1921:

“A maioria das pessoas, sobretudo aquelas que não estudaram ciências biológicas,manifesta muito freqüentemente uma tendência a situar o homem em confronto com anatureza,ou mesmo em oposição a ela. Segundo sejam essas pessoas otimistas oupessimistas,vêem elas o homem como o rei da natureza ou a sua vítima”. (7)

Os impactos ambientais não causam a destruição de apenas uma ou poucasespécies diretamente atingidas. Na maioria das vezes, provocam uma reação em cadeiaque leva à desorganização e extinção de todo o sistema.

O consumismo não gera apenas os impactos ambientais decorrentes danecessidade crescente de energia e do próprio processo industrial, mas é causa de umgrave problema: o esgotamento dos recursos naturais não-renováveis. (7)

Infelizmente, o problema ambiental da Terra não se restringe somente aos animaisem extinção (ícone utilizado em campanhas ambientalistas).(8)

Hoje em dia, estamos nos deparando com problemas que colocam em risco nossaexistência: (8)

• Nuvens de poluentes na atmosfera.

Ex: Nuvem – região Japão ao Afeganistão/ China – Indonésia/ Sul Ásia -1/5 dahumanidade com tamanho de 3 Brasis, constitui 1,5% da atmosfera da região. Nãohá nenhuma outra ocorrência deste tamanho de durabilidade. O problema assume amagnitude do problema do buraco na camada de Ozônio.O perigo é global, poisuma nuvem como esta pode atravessar o mundo.A contribuições para o aumentodesta “nuvem” de poluentes são:

Contribuição Industrial: partículas de C (carbono), sulfatos, cinzas orgânicas.

O crescimento econômico do sul da Ásia � poluição dobrou nos últimos 20anos. (8)

A pobreza: a população pobre queima tudo para cozinhar e se aquecer.

No Brasil, por exemplo, as queimadas abrem espaço para o plantio.

Por causa da alta concentração de Carbono, a nuvem de poluentes chega areter 15% luz solar. Sem sol, o solo fica frio e o ar mais abafado. Com isto, háalteração de chuvas, causando danos para agricultura e queda da safra.

Outros problemas ambientais podem ser citados: escassez de água,degradação da biodiversidade (recifes de corais e florestas tropicais).

Seguem alguns Dados Alarmantes:

Para igualar o nível de consumo atual das pessoas mais ricas, seriamnecessários 2,6 planetas do tamanho da Terra.

A presença do homem em algum habitat aumenta em até 50 vezes avelocidade de extinção se comparada a evolução natural das espécies.

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PLANETA ÁGUA(8)

A escassez de água atinge dois bilhões de pessoas. Nesse ritmo, dentro de25 anos serão quatro bilhões.

A água contaminada pelo descaso ambiental mata 2,2 milhões de pessoaspor ano.

Três milhões de mortes são causadas anualmente pela poluição do ar.

As emissões de carbono, o principal poluidor do ar, aumentaram em 10%desde 1991.

DEPÓSITO DE LIXO(8)

30 bilhões de toneladas de lixo são despejadas anualmente no meioambiente.

São produzidos por ano 80 milhões de toneladas de plástico, material quenão se decompõe na natureza. Há cinqüenta anos chegava a cinco milhõesde toneladas.

Só o Brasil tem 100 milhões de pneus abandonados.

FLORESTAS(8)

90 milhões de hectares de florestas – área equivalente à do Estado deMato grosso – foram destruídos nos anos 90 em todo mundo.

Um em cada quatro hectares desmatados no planeta estava na Amazôniabrasileira.

10% das espécies de árvores conhecidas correm risco de extinção. .

O crescimento da população do planeta (seis bilhões) é outro grandeproblema.

Um estudo do Fundo Mundial para Natureza, estima que o homemultrapassou em 20% os limites de exploração que o planeta pode suportarsem se degradar. As conseqüências são: enchentes, secas, perda daqualidade de vida, aquecimento global, aumento do nível do mar(derretimento das geleiras), tempestades no hemisfério norte. (H)

Os sistemas de H2O doce têm sido usados de forma descontrolada esubmetidos a grande poluição. (8)

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40% da população do planeta vive em regiões com escassez de H2Opotável, o que limita o desenvolvimento, a agricultura e os cuidadossanitários. (8)

Os últimos anos vêm sendo críticos para a área das Ciências do Meio Ambiente,principalmente por causa das constantes mudanças ligadas: (10)

ao Crescimento contínuo de desenvolvimento humano (medido pelo nível deconsumo de energia);

a Biosfera x capacidade de absorção deste desenvolvimento humano;

a Sustentabilidade dos sistemas.

A escala de empreendimentos humanos, do desenvolvimento, medida pelo uso deenergia, cresceu significativamente nos últimos 50 anos. Por outro lado, tem-se umapequena diminuição na taxa de fertilidade em várias partes do mundo.

O aumento do nível de consumo (“nível de conforto”) nos países mais ricos fez comque as famílias diminuíssem o número de filhos para manter o mesmo "padrão" de vida(padrão que prevê um consumismo exagerado). Por outros motivos, nos países emdesenvolvimento, também ocorreu a diminuição de fertilidade (com exceção da China).

Entretanto, mesmo com esta queda, a perspectiva de que a população iráultrapassar os oito bilhões de habitantes apenas mudou de 2019 para 2024.

Os efeitos das ações passadas (conseqüências a longo prazo) e recentes também(conseqüências a curto prazo) desta maneira de pensar, estão comprometendo asobrevivência humana.

A Natureza evolui constantemente sob a influência de processos dinâmicos ligadosa forças naturais como inundações, incêndios, tornados, erupções vulcânicas ouacidentes climáticos que destroem ou transformam sítios, espécies e ecossistemas.

Evidentemente, nossa espécie desempenha importante papel nesse processo, coma capacidade de intervenção (e de causar danos), singularmente reforçada há algumasdécadas pelos processos da tecnologia e desenvolvimento.

O aquecimento global é um dos resultados desta interferência da ação humana,desequilibrando os ecossistemas. Outros exemplos são: adição de nitrogênio em excessoao Ciclo do N2, diminuição da fertilidade do solo, perda da biodiversidade, deposiçõesácidas causadas pela Chuva Ácida, substituição de áreas verdes por empreendimentoshumanos, efeitos tóxicos na saúde das pessoas e vidas selvagens.

É preciso acionar os governos, a população e a sociedade que movimenta osnegócios para, com cooperação de todos, se possa prover a sustentabilidade. Os líderesdos negócios têm grandes oportunidades e responsabilidades para por a teoria emprática.

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Mas não basta incentivar uma melhoria na qualidade ambiental se não houverconjuntamente uma preocupação com o crescimento populacional.

Todos nós somos dependentes dos ecossistemas naturais: para respirar, disporresíduos, consumir água, enfim, para sobreviver.

Apesar dessa sucessão de tragédias ambientais, há saídas para conter este quadrode destruição.

O homem de hoje, inevitavelmente, se depara com a necessidade de repensarsuas ações.

O homem que degrada o meio ambiente é capaz de desenvolver e adotaralternativas para recuperá-lo e no estágio seguinte, para conservar o meio ambiente e asua biodiversidade.

As mudanças tecnológicas e um maior controle populacional podem controlar astaxas de consumo de energia; as necessidades humanas, podem ser satisfeitas de formamais racional; uma maior conscientização (preocupação ambiental) pode mudar oshábitos das pessoas. Disto depende o destino da civilização.

É possível diminuir emissões de C (novas tecnologias disponíveis), proteção legalde áreas verdes, manutenção da Floresta Amazônica, criação de reservas de proteção,turismo ecológico.

Um outro exemplo é diminuir o uso de agrotóxicos, adotando práticas de inserçãocontrolada de bactérias parasitas, insetos parasitas de modo a manter a população(pragas) equilibrada. O uso de alterações genéticas, variedades de plantas maisresistentes.

É possível utilizar “iscas” que atraem o inseto para o biocida, não havendonecessidade de dispersão do agrotóxico, evitando atingir áreas desnecessárias.Desenvolvem-se pesquisas hoje em dia sobre o uso de feromônios (vantagem:especificidade destas substâncias).

A irradiação de raios gamas e outros de ação física podem ser usadas para destruiros insetos e microorganismos sem alterar os alimentos. (7)

É possível adotar a compostagem para tratar o Lixo urbano/resíduos sólidos(Matéria Orgânica � composto “húmus” natural � adubo para solo).

A prática da segregação de resíduos (coleta seletiva) facilita a disposição final epossibilita a reciclagem e o reuso.

O desenvolvimento sustentável aconselha o planejamento de um país, de umaregião, de uma empresa, baseado em um levantamento de todas as suas necessidades(energia, matéria prima, alimentos), comparando-se com todas as suas potencialidades,isto é, sua capacidade de fornecimento dessas necessidades, de forma sustentável, ouseja, sem desgastes, obedecendo a sua capacidade e velocidade de renovação oureciclagem natural. (7)

Isto tem grande importância preventiva para manutenção de nossos recursos equalidade do meio ambiente.

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Percebe-se então que o Sistema de Gestão Ambiental de uma empresa deveconsiderar sua abrangência dentro e fora dos limites físicos de sua instalação. Aeventual poluição gerada e os impactos ambientais podem atingir não só os funcionáriose a comunidade vizinha, mas também a região e até o próprio país (e/ou os outros),dependendo da natureza e grandeza dos processos. Assim como, outras fontes depoluição podem atingir o meio ambiente da empresa, comprometendo seufuncionamento, comprometendo recursos necessários (água, por exemplo).

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6.2 Conscientização – Papel da educação ambiental

A capacitação das pessoas está relacionada com a educação e o treinamento. (9)

A incorporação de um novo conceito deve ser feita de forma integrada,possibilitando assim que o indivíduo possa se adaptar a um ambiente social, econômico,cultural, em rápida transformação e continue a aprender ao longo de toda a vida.

Hoje em dia, não basta mais aprender a ler, escrever e contar.É necessárioaprender a ser, a fazer, a aprender e a viver em comunidade (pilares básicos do conceitode aprendizado) por toda a vida.

O investimento na educação é fundamental para aproveitar, integralmente, aalavancagem do capital humano para o crescimento humano futuro.

A educação ajuda a melhorar a segurança, a saúde, a prosperidade e o equilíbrioecológico no mundo, da mesma maneira como incentiva o progresso social, cultural,econômico, a tolerância e a cooperação internacional. Constitui o alicerce essencial paraa construção da paz e do desenvolvimento sustentáveis. (I)

Os Estados devem adotar planos nacionais de ação. Precisam criar uma educaçãocujo conteúdo e métodos estejam ajustados às suas realidades sociais e culturais. AEducação moderna deve incentivar o interesse pela ciência desde o nível primário.

A educação é pré-condição para autonomia de cada indivíduo numasociedade globalizada e para a participação eqüitativa e responsável de cada um denós. Com educação, podemos contribuir com o seu meio ambiente e assumir ocontrole de nossas vidas.

Globalização da Economia X Valores para a Nova Civilização

A globalização, antes de mais nada, e principalmente, é um processo econômico efinanceiro. Mas constituí, também, um processo científico e tecnológico, cujas novastecnologias de informação e comunicação formam uma imagem impressionante, aoenvolverem o mundo numa rede mundial de vínculos densos e flexíveis.(9)

Os valores devem ser reforçados:

Educação ao longo da vida.

Ética da sociedade da informação (força motriz para o desenvolvimento).

Ética da ciência e da tecnologia.

Ética do meio ambiente.

Ética do diálogo intercultural.

Reconhecimento/apreciação da diversidade.

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O Meio Ambiente constitui uma área profundamente ameaçada pelo processo daglobalização. Certos avanços científicos e tecnológicos foram explorados sem que fossemtidos em conta os seus efeitos sobre o meio ambiente. (9)

Somente uma consciência globalmente compartilhada nos permitirá retirar o maiorproveito de nossa humanidade comum, embora respeitando nossas diferenças. (9)

É preciso manter uma visão de longo prazo nos programas ambientaisinternacionais para que seja possível sustar o presente processo de degradação globaldos recursos florestais, terrestres e hídricos, nos trópicos;

É necessário adotar um enfoque interdisciplinar, mobilizando as potencialidades.

A maior pressão é que se adote uma perspectiva de curto prazo (ciclos econômicosde 1 – 3 anos para financiamentos), adotando soluções técnicas rápidas para problemasemergentes do Meio Ambiente. Mas, de nada adianta olharmos e tentarmos resolver osproblemas presentes somente, é vital entender melhor as transformações ambientaisglobais e seu impacto sobre nosso Meio Ambiente e nossa sociedade.(9)

É preciso avançar além das fronteiras imediatas da ciência(conhecimentos técnicos)para as áreas mais amplas dos fatores institucionais, sócio-culturais e sócio-econômicos afim de buscar soluções.

Não basta, por exemplo, alterar um processo para melhorar o desempenhoambiental, é preciso mudar paradigmas, hábitos, buscar divulgar os conceitos,transformar as pessoas e desenvolver parcerias.

É importante buscar o engajamento de todas as partes interessadas, “falar a línguada pessoa”. Praticar a comunicação eficiente. Não importa o que cada pessoa tenhacomo interesse principal, o que importa é que todas sigam na mesma direção. Porexemplo, os ambientalistas podem querer proteger o Meio Ambiente, mas podemconvencer os administradores através de argumentos sobre vantagens competitivas eaumento de margem de lucro, a adotar medidas de Proteção Ambiental.

Para interromper a contínua degradação dos recursos florestais, terrestres ehídricos, precisamos reviver valores visionários de longo prazo, compreender, sem pensarsomente em nós mesmos, que os benefícios de nossas ações podem se concretizardepois de nossa existência, ou após o fim de nossas carreiras.

Juntamente com nosso ampliado conhecimento e compreensão dos segredos davida e nosso domínio mais sólido das técnicas de intervenção na natureza, é essencialque reflitamos, profundamente sobre o significado e as possíveis implicações dessesdesenvolvimentos. (9)

Isto deve ser muito rápido(esta reflexão) pois as mudanças ocorrem num ritmoassombroso. (9)

A bioética deve ser inserida no processo de pesquisa científica e tecnológica, paraque permaneçamos conscientes das implicações éticas das descobertas e dos resultadosde nossas ações, suas ramificações e possíveis direções.

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Da resolução UNESCO 53/22, tem-se: ”.....permanecer a interação mutuamentebenéfica entre civilizações, ao longo da história humana, a despeito de empecilhosgerados pela intolerância, disputas e guerras”. (9)

O diálogo sempre foi visto como o modo de atingir o entendimento, eliminarameaças à paz e fortalecer a interação e o intercâmbio entre civilizações. (9)

Pela Constituição da UNESCO, por meio da “colaboração entre as nações” e“mediante o gradual conhecimento mútuo dos povos”, poderemos” construir a paz nasmentes dos homens........”. (9)

O diálogo nos dias de hoje é ainda mais relevante.

Ele implica o reconhecimento da diversidade e o respeito pela contribuiçãoessencial e pela mesma dignidade de todas as culturas e seres vivos. (9)

Precisamos, todos, aprender a reconhecer que cada cultura e cada experiência temum débito para com todas as demais.

Com a globalização estamos numa situação de interdependência. Nosso futuro estáintrinsecamente vinculado à preservação de todos esses sistemas naturais globais quealicerçam a vida e na verdade, à sobrevivência de todas as formas de vida.

A cultura e o Meio Ambiente são áreas inter-relacionadas e devem, portanto,coabitar a Organização. (9)

Podemos escolher uma dessas maneiras de tratar a natureza:

Tentativa de dominar o meio ambiente natural �”superioridade dos sereshumanos”.

“Dialogar com o meio ambiente”. Respeitá-lo.

Como resultado da observação do mundo natural, ao longo das eras, descobrimosque a sobrevivência e o desenvolvimento de uma espécie depende da sobrevivência edesenvolvimento das demais. Ao perceber a importância da unidade e da diversidade, ascivilizações passaram a reconhecer que a interação entre grupos diferentes não é sónecessária, mas sim, mutuamente enriquecedora. (9)

Uma vez compreendido o valor da pluralidade, seremos capazes de adotar umenfoque intercultural para lidar com o Meio Ambiente, que leve em consideração asdistintas percepções da criação que as sociedades construíram ao longo da história.

Se quisermos assegurar as futuras necessidades dos povos, isto é absolutamentevital. (9)

6.3 Função Social da empresa e Abrangência do Sistema de Gestão

A visão de gestão empresarial atual difere-se da anterior que considerava mercadose recursos ilimitados. Hoje, há uma grande competitividade e sabe-se que os recursosnaturais são finitos (se não for dado tempo e condições suficientes para a natureza serecuperar da ação antropocêntrica, os impactos negativos são ainda maiores).

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O desafio da gestão é incorporar estas variáveis no Planejamento Estratégico e naestrutura da organização.

Todos nós temos diversos papéis em nossas vidas (como profissionais e no planopessoal), as empresas, da mesma forma, atualmente tem que assumir vários papéis:

Econômico: produzir produtos, tecnologias e fornecer serviços;

Social: promover a qualidade de vida dos colaboradores, relacionamentoshumanos, realização pessoal etc. Além da proteção de recursos naturais,saúde, segurança no trabalho.

Cultural: promovendo o aprimoramento cultural, a formação e a educaçãoambiental dos colaboradores.

“A lucratividade e a rentabilidade das empresas é fortemente influenciada pela suacapacidade de antecipar e reagir frente às mudanças sociais e políticas que ocorrem emseu ambiente de negócios. Ignorar esta tendência tem custado a muitas companhiasgrande quantidade de dinheiro (recursos) e embaraços em sua imagem institucional.” (15)

Figura 6: A empresa como instituição socio-política

Fonte: Rogene A.Buchholz,Willian D. Evans e Robert ª Wagley; Managementresponse to public issues:concepts and cases in strategy formulation.

O contrato entre a empresa e a sociedade, além de aspectos econômicos, hoje,engloba os aspectos sociais.

A abrangência do Sistema de Gestão Ambiental é muito maior nos dias de hoje.

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As expectativas da sociedade mudaram e as empresas devem se adaptar. Hoje, asexpectativas envolvem: fornecimento de novos produtos e serviços, respeito às pessoas eao meio ambiente, fornecimento de soluções, atendimento às legislações, ética,realização de projetos sociais,educação etc.

Na América Latina as prioridades têm a tendência de focar em políticas dedesenvolvimento e na luta contra o sub-desenvolvimento e seus maiores problemassociais, políticos e econômicos. Isto compromete ainda mais o contexto ambiental.

É importante incluir o contexto ambiental entre as prioridades, para nãocomprometer inclusive o desenvolvimento econômico e social.

Figura 7: O contrato entre as organizações e a sociedade (15)

Fonte: Adaptado de Buchholz,R.A Busimess environment and public policy p.25

NOVO CONTRATO

ASPECTOS SOCIAIS

INSUMOS: AR E ÁGUA, COMPOSIÇÃO(QUALIDADE) DA MÃO-DE-OBRA

SAÍDAS: POLUIÇÃO, ACIDENTES,DISCRIMINAÇÃO, POBREZA

CONTRATO ANTIGO

ASPECTOS ECONÔMICOS

INSUMOS: CAPITAL, MATÉRIA-PRIMA, RECURSOS HUMANOS

SAÍDAS: BENS & SERVIÇOS, SÁLARIOS E RENDA, JUROS EDIVIDENDOS

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7 Integração do Meio Ambiente às atividades dedesenvolvimento

7.1 Gestão Ambiental

Na busca pela viabilização do desenvolvimento de forma sustentável, é precisodiminuir a ineficiência dos processos, responsável pelo consumo exagerado de recursos epela geração de resíduos ao meio ambiente.

A antiga visão (e de algumas pessoas ainda hoje) sobre Gestão Ambiental era:

Manutenção da saúde ambiental = estorvo legal.(1)

Minimizar o impacto significa onerar o processo produtivo no curto prazo.

Consultorias técnicas, projetos e pesquisas: só estão em busca de um “selo”.(1)

A visão atual do SGA considera:

Consórcio produção/prevenção ambiental = maior produtividade. (1)

O SGA promove a utilização racional de máquinas e insumos, manejo dabiota circundante → Redução de custos. (1)

Capacitação e Conscientização da Mão de Obra.

Promoção cultural da Comunidade, aumentando o nível da mão de obra

Importante para repensar valores

A adoção de modelos sérios de SGA leva ao aumento da competitividade daempresa, dependendo de como o processo é encarado e conduzido pelo empresário. OSGA ao invés de ônus a produção pode se tornar um investimento de altíssimo retorno.

Os setores produtivos já devem estar cientes de que o Meio Ambiente não constituium mero agente passivo de seus processos de produção, apenas fornecendo insumos eenergia e absorvendo, sem limites, resíduos e poluição.

Um modelo viável de Gestão Ambiental requer conservação dos recursos naturais,inclusão social e a melhoria da qualidade de vida. Requer que a empresa assuma seupapel com responsabilidade no desenvolvimento sustentável.

As forças econômicas e sociais são interlocutoras privilegiadas na definição daspolíticas para cada região. (1)

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A antiga concepção: noção de que as organizações sofrem restrições e imposiçõesdo ambiente, formou a sociedade industrial. (1)

A nova concepção possibilita o eco-desenvolvimento, levando a uma nova postura.(1)

Para isto são pré-requisitos:

Revisão dos padrões de consumo

Os resíduos industriais acumulados deverão ser revertidos em recursos que requertecnologias eficientes, troca de valores e participação individual. (1)

Revisão dos padrões tecnológicos

Redistribuição espacial

Qualidade do meio físico

Reduzir perdas nas transformações

Minimizar os resíduos ao longo do ciclo de vida do produto.

A adoção das séries ISO 14000 e dos indicadores empresariais e de outrasestratégias para minimização de impactos ⇒ postura mais ativa, social, ambiental e maisresponsável, passam a incorporar políticas de produção mais limpas em suas operaçõese em seus investimentos, levando também em consideração sua influência sobrefornecedores e consumidores. (1)

O novo milênio vem trazer a contínua revisão de conceitos, aperfeiçoamento daabordagem preventiva dos problemas sócio-ambientais, o estímulo do uso ambiental esaudável das fontes de energia novas e renováveis, e as conexões entre produção Xconsumo, meio ambiente, adaptação, inovação tecnológica, crescimento econômico,desenvolvimento, fatores demográficos, indicadores para abrir horizontes. É precisosempre considerar o Ciclo equilibrado da Natureza.

7.2 O futuro do planeta

Um dos maiores desafios é promover o progresso sem destruir a Natureza naprática. Isto implica em ações complexas que envolvem mudanças de comportamento,quebra de paradigmas, necessidade de rever o modelo econômico seguido pelos paísesdesenvolvidos(e almejado pelos países em desenvolvimento).

Como disse o representante da União Internacional para a Conservação daNatureza, Achim Steiner, “Ecologistas e empresários não têm os mesmos interesses, masespera-se que possam encontrar uma plataforma comum de trabalho”.

Atualmente, alguns temas são comumente discutidos em relação a interface:Indústria e Meio Ambiente:

Manejo de resíduos e efluentes;

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Produção / disposição de substâncias tóxicas e radioativas;

Conservação e proteção de áreas verdes (florestas, reservas etc)

Mudança de padrões de consumo;

Manutenção da Biodiversidade;

Inserção econômica competitiva;

Geração de empregos e/ou renda através de trabalhos como a ColetaSeletiva;

Sendo assim, todos estes assuntos devem ser abordados em políticas de empresas(atuação do setor Industrial) e nas políticas públicas. Se não abordados, deveriam sercobrados pela comunidade e pelos funcionários, que também devem participar dainteração entre as atividades inerentes ao desenvolvimento e o meio ambiente.É precisopraticar também a participação individual e não somente esperar que estas Instituiçõesatuem a favor do desenvolvimento sustentável.

Por exemplo, o Brasil levou para a Rio +10 a proposta de aumentar o uso deenergias renováveis de uma fração atual de 2 % para 10 % até 2010.

Lançado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) em 1982, o Prêmio ECOjá reconheceu a importância de 116 programas empresariais, envolvendo a sociedade –responsabilidade social. Nota-se portanto, que aumentou o interesse das Indústrias eminstituir Programas sócio-ambientais que beneficiam a comunidade e o meio ambiente.

Todos nós somos responsáveis pelas carências que o Brasil tem. Para melhorar anossa parcela,podemos, por exemplo, contribuir com projetos sócio-ambientais.

Abaixo estão citados alguns deles(13) :

“Banco Ecológico” UNIBANCO: Incentivo a Coleta Seletiva de lixo, plantio deespécies nativas para recuperação de áreas degradadas, e educaçãoambiental.

Leitores mirins – Campanha Bienal Nestlé de Literatura Brasileira:incentivando crianças e jovens a escrever e ler com capacidade crítica;

Saúde e prevenção – “Instituto Criança é vida” da Schering-Plough:transferência de conhecimentos e experiências de agentes de saúde paraoutras empresas e instituições.O objetivo é ensinar para pais, funcionários eeducadores os cuidados básicos com a saúde e a prevenção de doenças,como por exemplo, a importância da água.

Apesar dos problemas sociais do país (aumento da pobreza), indiscutivelmente,temos hoje, uma maior consciência ambiental: abordagem do assunto em escolas eempresas, mobilização da opinião pública através de ações das ONG’s – OrganizaçõesNão Governamentais, reportagens, denúncias etc.

Ainda há, em muitos casos, uma grande distância entre a conscientização e asações das Instituições públicas e privadas, entretanto a conscientização é um grandepasso para trilhar o caminho do Desenvolvimento Sustentável.

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7.3 Energia

A ligação entre a energia e o Meio Ambiente tem sido objeto de muitos estudos emuitas vezes é possível estabelecer uma relação de causa-efeito entre o uso de energia eos danos ao Meio Ambiente. (17)

Um exemplo recente é a degradação da terra e a desertificação que ocorre emalgumas áreas da África, devido ao uso de árvores como combustível (lenha).

A relação energia X desenvolvimento é vista de uma forma mais simplista: odesenvolvimento tem sido considerado como a capacidade de uma economia desustentar um grande aumento no produto nacional bruto (PNB). Tal indicador é usadoamplamente por economistas, é uma medida grosseira do bem estar geral de umapopulação, desconsiderando as desigualdades sociais dentro de um dado país. Os maispobres consomem menos energia do que os ricos, e também tipos distintos de energia. (17)

Desta forma, o impacto ambiental da energia consumida por estes diferentes gruposé diferente.

Assim, pode-se entender melhor as diferenças entre os impactos locais,regionais e globais.

Pela definição: Energia é a ” capacidade de realizar trabalho”. A energia pode serobtida de diversas fontes: músculos, gás em expansão, eletricidade.

Os estágios de desenvolvimento do homem podem ser relacionados com energiaconsumida. Dados:

Homem Primitivo: 1.000.000 de anos atrás, sem o uso do fogo, tinha apenas aenergia dos alimentos que consumia 2000 Kcal/dia.

Homem Tecnológico: (EUA, 1970) consumia 230.000 Kcal/dia caracterizando umenorme crescimento de energia per capita, devido principalmente à:

Uso do carvão como fonte de potência e calor.

Uso de motores a explosão, consumo de petróleo e derivados.

Uso de energia hidroelétrica/ termoelétrica. (17)

O consumo de energia per capita anual médio mundial em 1990 eraaproximadamente 1,5 TEP(tonelada equivalente de petróleo) ou 15 000 kcal. Há, contudo,uma enorme diferença de mais do que um fator de dez entre o consumo de energia percapita dos países industrializados – onde moram 25% da população mundial – e ospaíses em desenvolvimento onde vivem os restantes 75%. Os EUA sozinhos, com 6% dapopulação mundial, consomem 35% da energia mundial. (17)

O consumo anual per capita em 1990 foi de 5 TEP nos países industrializados e deapenas 0,45 TEP nos países em desenvolvimento (excluindo as fontes de energia não-comerciais). Mesmo se as fontes utilizadas de forma ineficiente tais como lenha, carvão

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vegetal, bagaço e resíduos agrícolas, forem incluídas, o consumo per capita foi de apenas0,63 TEP nestes países. Além disso, dentro de alguns países há diferenças enormes noconsumo de energia entre os ricos e os pobres. (17)

Para os mais pobres, desenvolvimento significa satisfazer as necessidadeshumanas básicas (alimentação, saúde, educação, água corrente, tratamento de esgoto).Para os mais ricos significa luxo.

Fazendo um paralelo com o tipo e a quantidade de energia total consumida porfamília (Brasil) / renda mensal, têm-se:

Famílias mais pobres consomem menor quantidade e predominantemente,carvão, lenha e carvão vegetal;

Famílias de classe média e alta consomem maior quantidade epredominantemente derivados de petróleo e hidreletricidade.

Estabelecendo uma relação entre o exposto no item 6.1, pode-se dizer que apoluição local está relacionada com a classe mais pobre e a regional/mundial estárelacionada com a queima de combustíveis, classe mais rica.

Por exemplo, a poluição do ar e a chuva ácida ocorrem principalmente, em virtudeda queima dos combustíveis fósseis e do transporte urbano.O desmatamento e adegradação do solo são derivados, em parte, ao uso de lenha para cozinhar. De umaforma indireta, por exemplo, a energia ainda pode ser relacionada coma degradação deregiões costeiras e marinhas, na ocorrência de vazamento de petróleo no mar.

A indústria consome 35% a 45% de toda a energia utilizada nos paísesdesenvolvidos e uma porção maior nos países em desenvolvimento. Os setoresindustriais mais intensivos energeticamente são: de papel, químico, metais primários(alumínio) e a própria indústria do petróleo.

A indústria em geral é responsável por 20% da poluição total do ar. (17)

A emissão de orgânicos voláteis ainda é significativa, entretanto, outros gases estãosendo reduzidos ao longo do tempo.

A indústria: é fonte de metais pesados, emissão de particulados, contribuem para aformação da chuva ácida.

“SOLUÇÃO”

A melhor maneira de reduzir a degradação ambiental gerada direta ou indiretamentepela energia (uso, transporte e geração) seria “cessar” sua utilização.

A substituição destas fontes tradicionais por outras fontes de energia renováveis,caminha neste sentido.

Mas antes de eliminar certa fonte ou substituir parcialmente, podemos pensar emconsumir menos energia, consumir de forma racional. Campanhas de conscientizaçãode redução de energia (dentro da empresa, estendendo-se para a casa dos funcionários)são uma boa opção para promover esta colaboração de cada um de nós. O SGA pode

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estabelecer um Plano de Ação neste sentido. No plano nacional, políticas podem seradotadas para conscientizar as pessoas sobre a importância de economizar energia, derever os parâmetros de uso.

7.4 Versão “ECO”

Muitas empresas têm investido em lançamentos de produtos na versão “eco”, porexemplo, sem “CFC”, com uso de solventes menos agressivos ao meio ambiente, comembalagens que podem ser reaproveitadas, brinquedos sem produtos tóxicos etc. (11)

Estão sendo lançados no mercado, produtos industrializados “ecológicos”. (11)

Os produtos verdes de marcas consagradas são investimentos de empresas queacreditam no consumidor consciente.

O objetivo destes lançamentos é que o consumidor não valorize somente aqualidade do produto e sim o processo de produção (tecnologia mais limpa) e ocomprometimento social da empresa.

De acordo com uma pesquisa de mercado feita pelo Instituto Akato, uma em cadacinco pessoas faz uma reflexão maior na hora da compra. (11)

As empresas, que como a fornecedora do Filtro Melita, apostam nesta parcela dosconsumidores, têm alcançado resultados positivos. O filtro “Eco”, feito com celulosenatural (exclusão do processo usual de branqueamento), reduz a geração de resíduosquímicos, sem comprometer a funcionalidade do produto. Neste exemplo, a empresa teveretorno em quatro meses do objetivo proposto para o ano de 2002 (sem investimento decampanha de marketing). Outro exemplo é o lançamento da 3M, “Post it versãoecológica”, feito com papel reciclado (25 % originado do pós-uso, material coletado nasruas). Oferece a mesma qualidade por um preço mais baixo. (11)

A informação de “eco-produto” não garante o desempenho ecológico da empresa,entretanto, é um passo importante:

a existência de consumidores mais conscientes;

empresas mais preocupadas com os problemas atuais do meio ambiente, dageração de resíduos, da reserva de recursos naturais.

Se a proposta for séria (envolver revisão de processos industriais, reciclagem,substituição de matérias-primas, redução de geração de resíduos, uso racional derecursos; há ganhos para o meio ambiente, para os consumidores e para própria empresa( maior competitividade, ampliação de mercado, imagem positiva).

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7.5 Desengenharia (Passivo Ambiental)

Seja devido à marcha da História, à política econômica de um país ou por razões demá gestão empresarial, o fato é que investimentos industriais deixam de ser rentáveis,empresas perdem competitividade, produtos perdem mercado.(12)

O que fazer com estas obras e instalações?

Não é possível simplesmente abandoná-las: ambientalmente é muito perigoso,socialmente é injusto e, economicamente, pode representar um desperdício de recursos.

É necessário desfazer, demolir, desmanchar, desmontar. Mas, não de formaaleatória, para não degradar. (12)

É preciso desativar, de forma ordenada, cuidadosa, com a mesma atençãodedicada à fase de construção. (12)

Para a engenharia, cuja função principal sempre foi a de projetar, construir e fazerfuncionar, esse é um novo desafio.

O fim, a obsolescência, o desgaste, não eram questões relevantes quando se faziaum novo projeto.

Mas hoje em dia, novos questionamentos estão sendo feitos pelos órgãosambientais, pelos governos, pelas empresas, pelos técnicos, pela população.

A exploração deste campo, da “desengenharia”, requer novas ferramentas, outravisão da análise do ciclo de vida dos objetos, aparelhos, instalações e obras.

Percebe-se agora que as obras e objetos construídos pelo homem não são eternos.

Desde a Revolução Industrial, todas as atividades de produção passaram porsucessivas transformações e foram marcadas por um grande desenvolvimentotecnológico que bem se acelerando continuamente. A industrialização tem uma dinâmicaprópria, que requer investimentos em pesquisa e desenvolvimento de processos deprodução cada vez mais eficientes e produtivos. (12)

Ao mesmo tempo, as economias modernas impuseram um enorme aumento deconsumo de bens e serviços, de modo que as indústrias dependem do lançamento denovos produtos (maior competitividade e poder satisfazer seus clientes, atendendo suasexpectativas). (12)

O processo de globalização da economia e liberação do comércio mundial temalterado radicalmente os mercados de produtos industriais, estimulando a relocalizaçãode inúmeras empresas e mesmo de setores industriais inteiros. (12)

Isto significa que aumenta hoje em dia a quantidade de estabelecimentos industriaisque são fechados ou desativados.

Um dos fatores é o ambiental: antigas indústrias poluentes são objeto de protestosda população vizinha e as leis estão cada vez mais exigentes quanto à geração depoluição.

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Geralmente, trata-se de indústrias antigas, que haviam sido implantadas bem antesda regulamentação sobre poluição ambiental e investem em modernização tecnológica.

Diante da necessidade de investir em equipamentos de redução de emissõespoluentes, redução de geração de resíduos, tratamentos de resíduos, adotandotecnologias mais limpas, muitas empresas optam pela transferência de suas unidadesprodutivas para outros locais, construindo novas fábricas em distritos industriais ou emlocais onde as autoridades são mais complacentes em termos de degradação ambiental.Condições de produção mais propícias, como incentivos fiscais, melhor infra-estrutura,mão de obra mais qualificada ou mais barata, também podem incentivar umatransferência.

Pode-se então elencar alguns motivos que levam às transferências:

a localização torna-se inadequada por falta de espaço físico para a empresaexpandir sua área, o custo de aquisição de imóveis vizinhos é alto demais, oacesso pode tornar-se difícil ( mudança de vias, congestionamento,enchentes,...);

atividade incompatível com o uso do solo local ( novas regras ambientais,pressão da vizinhança);

taxas e impostos locais desinteressantes;

alteração da política de uso do solo, estimulando a desindustrialização dedeterminados bairros;

isenções fiscais em outros estados ou até países, tornando-os maisatrativos.

Um dos resultados da desindustrialização, é a produção de imóveis, terrenos eedifícios, disfuncionais, geralmente localizados em zonas urbanas. Quandoabandonados,todo o novo uso somente é possível após um reordenamento significativo,não podendo ser utilizado sem tratamento.

Esses imóveis são problemáticos dentro do espaço urbano por diversas razões:

contribuem para desvalorizar a vizinhança;

deterioram a imagem da cidade perante a opinião pública e os investidores;

provocam rupturas no tecido urbano;

favorecem o depósito clandestino de resíduos;

podem ser objeto de ocupação clandestina;

podem representar riscos à segurança, à saúde e aos ecossistemas.

A reutilização de um imóvel industrial pode se dar de várias maneiras. (anexo 8)

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Em alguns casos, o edifício pode ter valor histórico, podendo ser proibida suademolição. Um exemplo na América do Norte,é o Lowell, Massachusetts, que foi aprimeira concentração industrial dos Estados Unidos e hoje foi transformada em parquehistórico. Em São Paulo, alguns exemplos de reciclagem de edificações são:

Antiga fábrica de tambores instalada nos anos 30, que funcionou até 1971como fábrica de geladeiras, quando fechou, o imóvel foi vendido ao SESC –Serviço Social do Comércio. Em 1982, foi inaugurado o centro cultural:”SESC- Fábrica da Pompéia” (12)

O antigo matadouro municipal da Vila Mariana tornou-se sede daCinemateca Brasileira;

O antigo entreposto de carne da Lapa, junto à ferrovia, foi transformado emespaço educativo – a Estação Ciência da Universidade de São Paulo – ecultural – o Tendal da Lapa.Outra parte do entreposto é hoje em dia ocupadopor escritórios e garagens da Administração Regional da Lapa.

Razões de ordem ambiental,podem dificultar a reciclagem de edifícios. A presençade substâncias tóxicas impregnando paredes, piso, telhados e condutos, requer o uso detécnicas de limpeza como aspiração, lavagem sob pressão (hidrojateamento), jato deareia, assim, como a retirada e disposição de todo o resíduo. Trata-se do passivoambiental.

A questão do passivo ambiental (destino da estrutura e demais instalações quandoo empreendimento deixar de ser útil), muitas vezes, não é levada em conta na elaboraçãodo projeto.

Embora, em muitos casos, indeterminada, os diversos tipos de engenharia têmduração limitada.

É importante ressaltar que o fechamento, a desmontagem, a demolição, adesativação ou até o abandono, são etapas que fazem parte do Ciclo de Vida de qualquerempreendimento, são a regra e não, a exceção.

Essa desativação pode acarretar conseqüências negativas de cunho econômico,social, ambiental e urbanístico.Tais conseqüências podem e devem ser minimizadas.

Dentre as conseqüências ambientais, uma das mais graves é o legado ás geraçõesfuturas de um passivo ambiental sob a forma de solos contaminados.

A qualidade do solo é um assunto que começa a se consolidar muito tempo depoisque a poluição da água e do ar se tornou objeto de detalhada legislação. A qualidade desolo até então era assunto de livros e publicações acadêmicas.

Finalmente, começa-se compreender que a qualidade do solo constitui um problemade saúde pública e riscos para os ecossistemas, sendo merecedora de políticas públicase ações, leis para protegê-la / recuperá-la.

Desde que a poluição industrial passou a ser gerada, seus efeitos se refletem nosolo. As substâncias circulam de um meio para o outro e destes para os seres vivos.

A poluição do solo tende a ser mais localizada, afetando principalmente as áreasindustriais e grandes concentrações agrícolas (uso de agrotóxicos). Duas das principais

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características da poluição do solo são: caráter cumulativo e a baixa mobilidade dospoluentes. Mas, com o tempo, as substâncias nocivas acumuladas, podem lentamentepoluir as águas subterrâneas ou as superficiais e contaminar a biota.

Os solos contaminados representam:

riscos à saúde pública e dos ecossistemas – geralmente as manifestaçõesnão são imediatas: aumento do número de doenças e mortes no futuro.

riscos à segurança das pessoas e das propriedades;

restrições ao desenvolvimento urbano;

desvalorização imobiliária.

Um triste exemplo, além do caso famoso do “Love Canal” nos Estados Unidos, é ode Lekkerkirk, localidade situada nas proximidades de Roterdam, na Holanda. Um casograve de contaminação foi descoberto em 1978 – 268 casas construídas sobre uma áreaaterrada onde havia resíduos industriais tiveram de ser abandonadas quando osmoradores começaram a sentir odores intensos e a notar a deteriorização de tubulaçõesplásticas de água no subsolo das casas. Compostos orgânicos como tolueno e xilenopenetraram lentamente nas tubulações de água e esgoto do setor. Alguns prédios formademolidos, quando se descobriu a existência de 1651 tambores de substâncias químicasmisturados aos resíduos supostamente inertes de demolições ali depositados.O custo deremediação atingiu US$ 65 milhões na época (fonte: EPA,1992).Este caso atingiu deforma incisiva a opinião pública e com este problema, a Holanda foi um dos primeirospaíses europeus a adotar uma legislação sobre proteção e contaminação de solos.(12)

No Brasil, um dos casos, que teve bastante repercussão ocorreu na BaixadaSantista nos anos 80, quando vários depósitos de compostos organoclorados foramdescobertos nos municípios de Cubatão e São Vicente.Estes resíduos são provenientesda fabricação de agrotóxicos pela empresa Clorogil, que em 1976 foi comprada pelaRhodia S.A. Ao adquirir a empresa, o comprador herdou seu passivo ambiental, já tendogasto milhões de dólares para tentar eliminá-lo. (12)

O caso foi objeto de uma das maiores ações civis públicas ambientais. A Rhodiaprocedeu à remoção da maior parte dos resíduos e do solo dos locais contaminados, àsua estocagem temporária, numa célula de resíduos chamada “estação de espera”, einstalou um incinerador em sua unidade industrial para queimar os resíduos, além deestudos detalhados da região vizinha. Até 1994, a empresa teria gasto cerca de US$ 60milhões nessas atividades. (12)(Fonte: P.McCurry, “Justiça pode reabrir Processo contra aRhodia”, Gazeta Mercantil, 10 de novembro de 1994).

Práticas ambientais com estas do passado deixaram um passivo ambiental quecomo as dívidas financeiras, estão sendo pagos com juros.

Os custos são bastante variáveis, dependendo do tipo e do grau de toxicidade dospoluentes presentes, grau de exposição, mobilidade dos poluentes, contaminação ou nãode águas subterrâneas, tecnologias de remediação disponíveis e empregadas, temponecessário para conclusão dos trabalhos de remediação.

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Considerando esta possível variação de valores, podendo atingir valoresexorbitantes, entendem-se os riscos dos credores e a razão do envolvimento dasinstituições financeiras nas questões referentes a solos contaminados, desativação deindústrias e passivos ambientais.

Os bancos têm funcionado como verdadeiros “detetives ambientais”, muitas vezes,contratando especialistas na área e formando departamentos responsáveis pelainvestigação do passivo ambiental durante uma negociação. São avaliados os riscosambientais de empréstimos e investimentos, favorecendo as empresas com desempenhoambiental confirmado.Cláusulas ambientais estão sendo adicionadas aos contratos.

Isto porque, muitas vezes, o valor do imóvel é dado como garantia de umempréstimo, mas a compra de um imóvel com passivo ambiental pode gerar gastos comremediação (prejuízos) e implicações legais, superiores ao valor do imóvel.

Não só o agente poluidor, causador da poluição, mas também o atual proprietário éconsiderado responsável pelo passivo ambiental.

Ao exercer determinada atividade, um empreendedor assume todas asresponsabilidades e riscos dela decorrentes, inclusive os ambientais, não sendonecessário provar sua impudência, sua imperícia, ou negligência para se conseguir najustiça que ele pague pela reparação do dano ambiental.

Isso é, em essência, o que se chama de responsabilidade objetiva: para que seconstitua a obrigação de reparar um dano ambiental, não é absolutamente necessário queele tenha sido produzido em decorrência de um ato ilegal (não atendimento aos limitesnormativos de tolerância, concentração ou intensidade de poluentes), até porque aresponsabilidade objetiva dispensa a prova da culpa. É suficiente, em síntese, que a fonteprodutiva tenha produzido o dano, atendendo ou não aos "padrões" previstos para asemissões poluentes.

Um estudo de trezentas grandes corporações americanas demonstrou que aimplantação e a melhoria do sistema de gestão ambiental pode aumentar o valor domercado de firmas em cerca de 5%. O valor das ações de algumas empresas tem sidoinfluenciado pela divulgação de certas informações acerca de seu desempenho ambiental(relatório anual de emissões, usualmente exigido pelos acionistas).

Uma sugestão para minimizar o passivo ambiental é o estabelecimento de um Planode desativação. De forma preventiva e planejada, usando os conhecimentos adquiridospela equipe gestora da empresa, pode-se reservar um fluxo de caixa para realizar asmedidas necessárias no caso de uma dasativação (limpeza e recuperação de áreasdegradadas), evitando assim, complicações futuras.

Alguns dos instrumentos de gestão para minimizar a geração de passivosambientais são:

A responsabilidade objetiva (conceito de poluidor pagador);

Adoção de padrões de referência de qualidade do solo;

Autorizações administrativas para desativar empreendimentos e incentivosfinanceiros para empresa com bom desempenho ambiental;

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Auditorias e avaliações de sítios contaminados (normas técnicas,procedimentos);

Regulamentações e Controle do uso do solo;

Inventário e publicação: localização das áreas potencialmente contaminadas;

Apoio ao desenvolvimento tecnológico para alternativas de remediações.

Melhor ainda, só que ainda raras, são as perspectivas pró-ativas, que evitam que ospassivos ambientais se acumulem durante a operação de um empreendimento industrial,minimizando assim os impactos ambientais durante todo o ciclo de vida de umainstalação.

Esta visão deve incluir a idéia de que o uso que se faz do solo é temporário(considerando uma visão de templo mais ampla) e, portanto deve ser protegido epreservado.

A única forma de minimizar os impactos ambientais de um produto “do berçoao túmulo” é fazer esta consideração desde sua concepção. Ou seja, incluir aanálise do ciclo de vida na fase de planejamento.

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8 Conclusões

Como resultado da observação do mundo natural, ao longo das eras, descobrimosque a sobrevivência e o desenvolvimento de uma espécie depende da sobrevivência edesenvolvimento das demais. Ao perceber a importância da unidade e da diversidade,passamos a reconhecer que a interação entre grupos diferentes não é só necessária, massim, mutuamente enriquecedora. Se quisermos assegurar as futuras necessidades daspróximas gerações, isto é absolutamente vital.

Desenvolver mecanismos para conservação, o uso racional de recursos emanutenção da biodiversidade devem ser os elementos chaves no gerenciamento dabiosfera.

Uma vez compreendido o valor da pluralidade, seremos capazes de adotar umenfoque intercultural para lidar com o Meio Ambiente, que leve em consideração asdistintas percepções da criação que as sociedades construíram ao longo da história.

Todos temos tarefas importantes a completar, no sentido de garantir que osproblemas ambientais do mundo sejam entendidos e que soluções práticas sejamencontradas e adotadas.

É necessário o funcionamento dos organismos de licenciamento e monitoramentoambiental, e principalmente que seja efetiva a fiscalização das empresas para que se crieuma cultura de respeito ao Meio Ambiente.

O desenvolvimento sustentável não deve ser entendido como barreira para odesenvolvimento e sim, como mecanismo de incremento de eficácia e eficiência naatividade econômica, mantendo o equilíbrio do meio ambiente, não comprometendo apossibilidade de atendimento às necessidades das gerações futuras. O mais importante éque o homem tem este poder de reconciliar suas atividades com as leis naturais.

A proteção ambiental está deixando de ser uma função exclusiva da produção,tornando-se uma função da administração também: no desenvolvimento de atividadesrotineiras,na discussão de cenários alternativos, novos produtos; gerando políticas deatuação, identificação de aspectos ambientais, metas, planos, auditorias e melhoriacontínua.

A proteção ambiental deve se tornar um valor para a empresa.

A implantação do Sistema de Gestão Ambiental possibilita conhecer melhor aempresa, identificar os caminhos e as prioridades para atingir esta melhoria de eficiência.O comprometimento da alta administração cria o clima propício para o surgimento deidéias e planos de ações (planejamento) ambientais, podendo assim, promover a melhoriado sistema.

O contrato entre a empresa e a sociedade, além de aspectos econômicos, hoje,engloba os aspectos sociais e ambientais.

A abrangência do Sistema de Gestão Ambiental é muito maior nos dias de hoje.

As expectativas da sociedade mudaram e as empresas devem se adaptar. Hoje, asexpectativas envolvem: fornecimento de novos produtos e serviços, respeito às pessoas e

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ao meio ambiente, fornecimento de soluções, atendimento às legislações, ética,realização de projetos sociais, educação ambiental etc.

As respostas da Indústria ao novo desafio ocorrem em três etapas (de formaseparada ou não):

1. Controle Ambiental nas saídas (chaminés etc);

2. Integração do controle ambiental nas práticas e processos industriais, minimizando ageração da poluição, reutilizando recursos, reciclando resíduos etc);

3. Integração do controle ambiental na Gestão Ambiental (incluindo parte administrativa).

A qualidade ambiental é resultado de vários fatores, entre eles:

• Política Ambiental, incluindo o comprometimento da alta direção e diretrizes deconduta a serem seguidas;

• Planejamento adequado, conhecendo a situação atual, identificando impactosambientais, definindo metas e objetivos, etapas de Planos de Ações (responsáveis).Éimportante nesta fase, a disponibilização de recursos para possibilitar o andamentodas ações;

• Existência e incentivo à Educação Ambiental (conscientização ambiental), ressaltandoas potencialidades das pessoas.

• Modo de trabalho, incluindo a estrutura de documentação da empresa (Instruções deTrabalho e Procedimentos, Manuais);

• Continuidade do trabalho, buscando sempre incrementar o sistema com resultadosainda melhores. O PDCA é uma ótima ferramenta para esta etapa;

• Verificação programada do sistema, através de auditorias e podendo incluir ointercâmbio de avaliações entre outras unidades da empresa;

• Identificação de problemas e desvios (não-conformidades) para estabelecimento deações corretivas e preventivas.

• Estabelecimento de Indicadores que possam, realmente, avaliar o sistema, orientandopara necessidades de alterações e oportunidades de melhoria;

A implementação da ISO14001, auxilia a estruturação e a padronização, na direçãoda obtenção de um bom Desempenho Ambiental.

A Certificação ISO 14000 ou simplesmente, o estabelecimento de um Sistema deGestão Ambiental, influencia diretamente na área de Segurança do Trabalho,considerando que as recomendações ambientais tornam as áreas mais salubres e oambiente em geral mais agradável, diminui o risco e a ocorrência de acidentes,conseqüentemente.

Vários motivos podem ser citados para que a empresa incorpore a variávelambiental na gestão de seus negócios:

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• Melhoria nas relações de trabalho;

• Maior comprometimento pessoal;

• Incentivo à criatividade para enfrentar desafios;

• Acesso ao mercado externo

• Adequação aos padrões ambientais

• Melhor relação com órgãos governamentais, comunidade e ambientalistas;

• Aumento de produtividade (novas possibilidades de melhoria, alterações noprocesso, reaproveitamento de energia, diminuição de perdas, reciclagem,reuso etc);

Dentre as conseqüências ambientais, uma das mais graves é o legado ás geraçõesfuturas de um passivo ambiental sob a forma de solos contaminados.

Uma sugestão para minimizar o passivo ambiental é o estabelecimento de um Planode desativação. De forma preventiva e planejada, usando os conhecimentos adquiridospela equipe gestora da empresa, pode-se reservar um fluxo de caixa para realizar asmedidas necessárias no caso de uma dasativação (limpeza e recuperação de áreasdegradadas), evitando assim, complicações futuras.

A única forma de minimizar os impactos ambientais de um produto “do berço aotúmulo” é fazer esta consideração desde sua concepção. Ou seja, incluir a análise dociclo de vida na fase de planejamento.

O estudo de caso realizado revelou que a Henkel procura atingir um melhoramentocontínuo do gerenciamento integrado de segurança, saúde e meio ambiente que éseguido por todas as suas empresas pelo mundo. Os seus padrões estendem-se por ciclode vida de seus produtos, desde a matéria-prima até sua disposição após o uso. Alémdisso, seus funcionários seguem um Código de Conduta que é a base da prática dos seusnegócios. Muitas das atividades da Henkel são estendidas a seus funcionários e famíliasgerando uma conscientização da importância na observância das diretrizes para apreocupação com meio ambiente.

Desta forma a Henkel encontra-se hoje caminhando para o quarto nível daavaliação geral apresentada quanto ao comprometimento da empresa com questões desustentabilidade, mas focada em atingir este nível visualizando que, ao atingí-lo, estarágarantindo aos seus investidores que, acima de tudo, o grupo Henkel éeconomicamente saudável justamente porque inova nas questões ambientais esociais.

O Sistema de Gestão Ambiental não é a solução final para todos os problemasambientais, mas pode sistematizar o manejo ambiental, minimizando os impactoscausados pelas atividades industriais, reduzindo a geração de resíduos, propagando ovalor da questão ambiental para a sobrevivência, impondo uma nova consciência.

“PRESERVAR É DEVER, MELHORAR É O NOSSO DESAFIO”

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9 Bibliografia

1) Empresa e Meio Ambiente, Revista Ação Ambiental. Editora UFV – UniversidadeFederal de Viçosa, Ano III, nº 16 Fevereiro/Março de 2001.

2) REIS, V. R. DOS A importância da ISO 14001.Informativo CRQ-IV-Jornal doConselho Regional de Química IV Região (SP e MS), ANO II, nº 54, p. 10, MAR/ABR,2002.

3) MORS, TERRY A.(presidente da Team Consulting USA) Sistemas Integrados deGestão – Propostas para a Integração de Sistemas, maio,2002. Texto traduzido porMarily Tavares Sales, do QSP.

4) O Brasil atinge a marca das 600 empresas certificadas em conformidade coma Norma ISO 14001, Revista Meio Ambiente Industrial. Editora Tocalino Ltda., Ano VII,n°37, Ed.38, Julho/Agosto de 2002.

5) http://www.henkel.com

6) MORAES, R. OLIVEIRA; JUNQUEIRA, E.R;CARVALHO, Dr. NELSON L. Aavaliação de Desempenho Ambiental:Um enfoque para os custos ambientais e osindicadores de Eco-Eficiência. São Paulo, Faculdade de Economia, Administração eContabilidade da USP.

7) BRANCO, S.M. O meio ambiente em debate. São Paulo: Editora Moderna,2001.26a Ed.

8) MADOV, N.; GRECO,A.; SAMPAIO.F,COUTINHO.L O planeta pedesocorro.Revista Veja, Edição 1765, ANO 35, Nº33, p 80-87.

9) MATSUURA, KOICHIRO A Unesco e os Desafios do Novo Século. EdiçõesUnesco Brasil , Unesco, 2002.

10) Ehrlich, Paul R. Recent Developments in Environmental Sciences

11) GERHARDT, R. Marcas consagradas lançam versão “eco”.Folha de São Paulo,São Paulo, 19 de setembro de 2002.Caderno Folha Equilíbrio.

12) SANCHEZ, L. ENRIQUE Desengenharia: O passivo ambiental na desativaçãode empreendimentos industriais. EDUSP, São Paulo, 2001.

13) FRANÇA,M.S.J Rio +10: O planeta discute o seu futuro. Editora Audichromo,Revista Horizonte Geográfico, Ano 15, Nº82, São Paulo.

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14) MOURA, L.A.A de Qualidade e Gestão Ambiental.Editora Juarez de Oliveira, 3a

Edição. São Paulo,2002.

15) DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. Editora ATLAS. 2A Edição; SãoPaulo, 1999.

16) Relatório Ambiental do Grupo Henkel – Anos 2000 e 2001: “Sustainability Report”.

17) GOLDEMBERG,J. (tradução;André Koch) Energia, Meio Ambiente eDesenvolvimento. Editora EDUSP, 2a Edição, São Paulo, 2001.

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10 Anexos

Anexo 1: Política Henkel Ltda (vigente)

PPOOLLÍÍTTIICCAA ""SSHHEEQQ""

QQUUAALLIIDDAADDEE,, SSAAÚÚDDEE,, SSEEGGUURRAANNÇÇAA ee MMEEIIOO AAMMBBIIEENNTTEE

Henkel Ltda., fabricante de adesivos e produtos complementares, declara quetodos os seus processos devem ser estabelecidos de maneira segura e apropriada,buscando a satisfação do cliente, a preservação do meio ambiente, e a proteção detodos os seus colaboradores e da comunidade.

Estamos comprometidos com a melhoria contínua dos processos e produtos,em todos os aspectos referentes à Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente,assegurando:

• A implementação e manutenção do Sistema de Gestão da Qualidade, Saúde,Segurança e Meio Ambiente;

• O fornecimento dos recursos necessários para atingir os Objetivos e Metasrelativos à Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente;

• O atendimento à todos os requisitos legais aplicáveis aos processos eprodutos;

• A prevenção de poluição e de acidentes.

• A promoção da conscientização e do comprometimento de todos os seuscolaboradores.

A manutenção de canais de comunicação com a comunidade e autoridadeslocais.

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Anexo 2: Política SHEQ - Proposta

(rev. de 24/09/2002 - conforme “notes” desta data)

POLÍTICA SHEQ - QUALIDADE, SAÚDE, SEGURANÇA e MEIO AMBIENTE

Henkel Ltda., unidade Itapevi, fabricante de adesivos e produtos complementarespara o mercado nacional e internacional, comprometida com a Qualidade e com oaprimoramento nos aspectos de Saúde, Segurança e Meio Ambiente relativos aosseus produtos e processos, tem como principais objetivos a satisfação de seusclientes, a preservação do meio ambiente bem como a proteção de todos os seuscolaboradores e da comunidade.

A melhoria contínua dos processos e produtos, em todos os aspectos referentesà Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente é nosso compromisso, assegurando:

• A implementação e manutenção do Sistema de Gestão da Qualidade,Saúde, Segurança e Meio Ambiente;

• O fornecimento dos recursos necessários para atingir os Objetivos eMetas relativos à Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente;

• O atendimento à todos os requisitos corporativos, legais e específicosaplicáveis aos processos e produtos;

• A preservação ambiental a partir do uso racional dos recursosnaturais, do tratamento e disposição de efluentes líquidos e resíduossólidos, bem como de campanhas de redução de perdas;

• A prevenção de acidentes aprimorando a segurança dos processos eprodutos, e estabelecendo programas e campanhas específicas;

• A promoção da conscientização e do comprometimento de todos osseus colaboradores;

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Anexo 3: Programa de Objetivos e Metas

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Anexo 3: Programa de Objetivos e Metas

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SETOR:

CONTROLE DE PLANO DE AÇÕES DATA:

RESP.:

META SAVING ENERGY UA & TL

AÇÃO COMO FAZER ONDE FAZER DATA RESP. CUSTO RESULTADO(ITEM) INÍCIO TÉRMINO ESPERADO

Economia de Energia Elétrica

Reabertura do Comite de Energia Elétrica

Henkel abr/02 dez/02 Manutenção -

Manutenção da Cultura de economia de energia elétrica; apresentação,

aprovação e viabilização de propostas para

redução de consumo

Economia de Energia Elétrica

Otimização / Unificação dos Contratos de Manutenção

Preventiva das Unidades de Transferência e Distribuição de

Energia Elétrica

Manutenção jan/02 mai/02Manutenção &

Compras

TL - U$ 2.400,00 /

Ano & UA $ 1.600,00 /

Ano

Maior disponibilização das Unidades de Transferência e

Distribuição

Economia de Energia Elétrica

Manutenção do Contrato de Consultoria para as Questões

Energéticas

Engenharia & Manutenção

jan/02 -Engenharia & Manutenção

TL - U$ 2.280,00 /

Ano & UA $ 1.520,00 /

Ano

Identificação de Opertunidades de

Economia, Modernização dos

Sistemas, Apoio para Questões Legais, Etc.

Economia de Energia Elétrica

Otimização dos recursos do software de gerenciamento de Energia

Elétrica GESTAL

Manutenção / GESTAL

jun/02 -Produção

Engenharia Manutenção

-Mudança das rotinas de

consumo de Energia Elétrica

Economia de Energia Elétrica

Adequação do Banco de Capacitores

Banco de Capacitores

mai/02 mai/02 ManutençãoU$ 2.332,50 (TL + UA)

U$ 2.612,40 até Dez/02 + U$ 4.478,40 / Ano (TL

+ UA)

Economia de Energia Elétrica

Análise Crítica & Otimização dos Bicos de Ar Comprimido para

Limpeza

Setores Produtivos & Oficinas de Manutenção

mai/02 mai/02 Manutenção U$

Mínimo de U$ 3.042,42 até Dez/02 + U$ 5.215,58 / Ano

(TL + UA)

REVISÃO: 02

Anexo 4: Página 1 do Plano de Ação para Economia de Energia

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Anexo 5: Folheto da Campanha de reciclagem

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Anexo 5: Folheto da Campanha de reciclagem

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Anexo 6: Folheto Semana do Meio Ambiente 2002

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Anexo 6: Folheto Semana do Meio Ambiente 2002

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Anexo 7: Gráfico Indicador Ambiental – Redução de Consumo de Energia

CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA

210000

230000

250000

270000

290000

310000

330000

350000

370000

Jane

iro

Fever

eiro

Mar

çoAbr

ilM

aio

Junh

oJu

lho

Agosto

Setem

bro

Outub

ro

Novem

bro

Dezem

bro

KW

h

2000

2001

2002

Meta Eletropaulo2002

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Anexo 8: reutilização de Instalações Industriais

Categoria Tratamento Forma de utilização Novo uso

Abandono

Reutilização após

limpeza

Em bloco

Industrial

Comercial

Institucional

Recreativo

AgrícolaTerrenos

Reutilização após a

limpeza e rearranjo

Loteamento

Industrial

Comercial

Institucional

Residencial

Misto

Demolição

Em bloco

Industrial

Comercial

Institucional

Recreativo

Cultural

Misto

Edifícios

Reutilização após rearranjo

Condomínio

Industrial

Escritórios

Comercial

Residencial

Misto

Fonte: Sanchez,Luis Enrique; “Desengenharia : O passivo ambiental na desativação de empreendimentosindustriais” - EDUSP,2001.

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Anexo 9: Algumas Características da Desativação de Empreendimentos

Empreendimento Vida útil Principais razões parafechamento

Principais Passivos ambientais

Indústrias

Indeterminada Obsolescência

Mercado

Impactos ambientais

Solos contaminados

Aqüíferos poluídos

Resíduos tóxicos

Minas

Determinada,masvariável

Exaustão

Obsolescência

Mercado

Impactos ambientais

Escavações

Áreas de subsidência

Áreas alagadas

Pilhas de estéreis

Barragens de rejeitos

Depósitos deresíduos

Determinada masvariável

Exaustão

Mercado

Impactos ambientais

Riscos de migração depoluentes e de explosões degás

Solos contaminados

Infra-estrutura detransportes

Indeterminada Obsolescência

Incompatibilidade como tecido urbano

Solos contaminados

Aqüíferos poluídos

Resíduos tóxicos

UsinasTermoelétricas

Indeterminada Obsolescência

Mercado

Impactos ambientais

Solos contaminados

Aqüíferos poluídos

Resíduos tóxicos

Instalações Nucleares Determinada Obsolescência Materiais radioativos

Barragens

Indeterminadas Obsolescência

Riscos de ruptura

Estrutura obsoleta

Sedimentos acumulados

Grande superfíciedegradada

Sanchez,Luis Enrique; “Desengenharia : O passivo ambiental na desativação de empreendimentos industriais”- EDUSP,2001.