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PORQUE CONHECER UMA CIDADE DE BICICLETA

ou

E por que não? Essa é a pergunta que todo rolê de bike parece percorrer. Pedalar é traçar rotas abertas que, embora quase sempre considerem um destino, também permitam surpresas, a sorte, o improviso.

A palavra inglesa serendipity - que se refere às descobertas afortunadas feitas, a princípio, por acaso – é conhecida dos ciclistas.

Quem anda de bike tem tempo para aceitar a sugestão de um cartaz, interagir com desconhecidos, entrar desavisadamente na rua errada, tomar uma café passado na hora, se perder por aí.

Nesse sentido, a bicicleta é um desvio: não só da lentidão do trânsito (e da sua pesadíssima energia), mas das relações pouco afetivas que esboçamos no espaço público. O pedal permite interações mais profundas e frequentes, e compreende a cidade como uma composição viva da qual faz parte. Afinal, a cidade também sente, pressente, respira.

De bike, as distâncias, histórias e deslocamentos de uma localidade podem ser mais facilmente percebidas. Ganhamos intimidade com a geografia – e, ao mesmo tempo, aprendemos que conhecer um lugar o suficiente é saber que jamais vamos conhecê-lo por inteiro.

Ainda bem.

Aproveite esse guia como uma alternativa para uma viagem mais acessível (seja a sua grana ou o seu tempo reduzidos). Ele foi organizado de acordo com as muitas turmas de bike que cruzam a cidade em batidas mais energéticas, calmas ou divertidas. A ideia aqui é cortar caminho: conhecer os principais pontos turísticos em um ou dois dias, e ganhar velocidade para descobrir o que vai fazer da sua trip de fato inesquecível.

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Olinda

Recife

Escapes

Recife em 24hrs

Bike Feminismo

Bike Cultura

Farra

Perfis e Roteiros

Rango

Mobilidade e Segurança

Anotações

Endereços

ÍNDICE

A Florista

A Protagonista

A Família

A Criativa

A Cineasta

As Minas da Bike

O Currieiro

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A REVOLUÇÃO FESTIVA ou

Uma das cidades mais antigas do Brasil, Recife só é novata na onda do ciclismo. E muito embora não tenha mais que 40km de rotas cicláveis, encontrou na mobilidade ativa um movimento legítimo, de ares ativistas, irreverentes, tanto quanto o seu fervo cultural – desde sempre muito expressivo. Música, cinema, gastronomia. A arte em Pernambuco é (e sempre foi) da rua, bem como as festas, e é claro, os ciclistas.

Dito isso, percorrer Recife de bicicleta dá, de muitas formas, aquela gostosa sensação de se sentir em um filme. E por que não Aquarius ou Som ao Redor, ambos do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho – onde se transita da cidade original, sob o efeito do tempo e da maresia, à cidade construída, sua especulação imobiliária e seus muitos processos de gentrificação.

De um lado, o Recife Antigo com seus edifícios históricos. Centenários. Do outro, a Praia de Boa Viagem e seus prédios enormes (às vezes, com 50 andares). E no meio de tudo isso, o Cais José Estelita, palco para algumas das ocupações políticas – e festivas – mais importantes dos últimos anos, quando a orla pública esteve a um passo de se tornar um condomínio de luxo, é claro, privativo.

Da paisagem, exuberante, às narrativas conhecidas de todo o país, Recife é um lugar para se (deixar) atravessar. Da praia para o mercado, do mercado para o cinema, do cinema para a farra. Escolha a sua trilha sonora (misturando playlists de frevo, maracatu, brega e manguebeat) e bora pedalar.

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É claro que a gente não pode, nem deve, esquecer as muitas fronteiras invisíveis que separam a cidade. É possível que você se depare com insegurança pública, falta de infraestrutura e pouca organização no trânsito. Para isso, criamos uma sessão ao final desse guia especialmente dedicada às questões de mobilidade (saiba mais na página 130).

—

Para percorrer a cidade com você, convidamos ciclistas experientes que, de Pernambuco ou não, têm Recife como casa e a bicicleta como prioridade. Com a Gaia, o passeio é bucólico e passa por alguns dos grandes cartões-postais da cidade. Assim como ao lado da Andressa, da Pat e da Mescorel, com destino final na praia de Boa Viagem.

Cole com curriero Deco para conhecer o centro e a sua cena, mais alternativa; ou vá para os parques da zona norte ao lado da Gabi. Por incrível que pareça, a sexta-feira a noite é em família, com o Bento, o Bruno e a Camilla. O sábado a tarde, em uma sala de cinema com a Dandara. E o domingo de manhã, tomando café fresquinho com a Tita.

Só não se esqueça de compartilhar tudo o que achou tagueando a sua viagem com a hashtag #melissabike.

A REVOLUÇÃO FESTIVA ou

Mercado São José

Mercado Boa Vista

Pina

HOTSPOTS IMPERDÍVEIS

10:00

8:00

13:00

Acorde com café regional em um dos muitos mercados populares da cidade (mais na pág. 18). A maioria abre cedo e recebe dos trabalhadores aos mais fervidos, “de virote”, amanhecendo das farras e precisando forrar o bucho antes de ir pra casa. A pedida clássica é a macaxeira com carne de sol ou charque.

Percorra toda a orla do Pina à Boa Viagem (ou vice-versa), dando uma pausa para mergulho em um dos pontos de arrecife ou piscinas naturais. Ali, o mar é seguro – e a água, bem morninha. Se bater a fome, vá de caldinho ou queijo coalho.

Na Zona Sul, o Giro Praia tem uma peixada caprichada. Na Zona Norte, a Casa do

Guaiamum é especialista em caranguejos e no ensopado de marisco. Peça o sururu ou o aratu para petiscar.

HOTSPOTS IMPERDÍVEIS

15:00

17:30

23:00Barchef

Marco Zero

Dê uma volta pela Ilha do Recife

Antigo, o pedaço histórico da cidade. O Paço do Frevo e o Cais

do Sertão são imperdíveis. Além da Primeira Sinagoga das Américas, na

bonita Rua do Bom Jesus. A trilha sonora é por nossa conta (com

seleção de discos na página 19).

O entardecer é no Marco

Zero, vendo o céu mudar de cor por trás das esculturas de Francisco Brennand. Aproveite

para tomar um sorvete de tapioca, paçoca ou açai

queimado na Rua Rio Branco ou nas suas transversais.

Em Casa Forte, na Zona Norte da cidade, há vários pubs, restaurantes e cervejarias

com agito até de madrugada. O Barchef tem cardápio de

drinks, no mínimo, tentador; e o Ramón, cerveja gelada e

tempero argentino, em um delicioso clima de quintal.

HOTSPOTS IMPERDÍVEIS

Nesse caso, o queijinho coalho é um detalhe. Conhecer os mercados públicos de Recife (são 24 ao todo!) é também conhecer a sua história, a sua cultura, e ter a oportunidade de experimentar a cidade para além dos circuitos turísticos (muito embora o passeio seja bastante conhecido). Vá sem pressa e dê uma volta por entre os boxes, pátios e restaurantes abrigados por esses mercados; além dos próprios armarinhos, lojas de flores e de artesanato.

Os horários costumam ser das 06:00 às 18:00, aos sábados, e das 06:00 às 12:00, aos domingos – mas é sempre bom checar.

Mercado da Madalena Nem precisa dizer muito. O Madalena é o pós farra clássico, perfeito pra ver o dia clarear com charque e saideira. Rua Real da Torre s/n, na Praça Solange Pinto, Madalena.

Mercado da Encruzilhada Além do melhor bolinho de bacalhau do Recife, no Bragantino, é no Encruzilhada que fica a bike oficina mais querida da cidade, a Reciclo Bikes. Rua Doutor José Maria s/n, Encruzilhada.

Mercado de Casa Amarela

Para provar o famoso cuscuz com galinha guisada ou se abastecer de frutas, verduras e flores. Estrada do Arraial 1930, Casa Amarela.

Mercado da Boa Vista Os caldinhos de camarão passados na bandeja e a tradicional tábua de frios são as melhores pedidas. No mais, no Boa Vista sempre rola uma música ao vivo. Rua de Santa Cruz s/n, Boa Vista.

Mercado de São José Para arrematar o artesanato, as comidinhas bem preparadas, e se perder pelas lojinhas cheias das velas, das ervas, entre outros artigos usados pelas religiões de matriz africana. Praça Dom Vital s/n, São José.

Mercado de Água Fria Quase um ritual: primeiro, caldo de cana com bolinho de bacia. Depois, uma fatia de abacaxi como sobremesa. Difícil é não repetir. Av. Beberibe s/n, Água Fria.

Mercado Boa Vista

HOTSPOTS IMPERDÍVEIS

Não adianta, Recife é uma viagem por si só, e necessariamente, com trilha sonora.

Aqui, três discos amados, nascidos na cultura pernambucana, para cada dia da

semana (afinal, um só não era suficiente). Para uma experiência completa, plugue a bike aos fones de ouvido ou passe na

Taberna do Vinil (@tabernadovinil).

Segunda Chão, do Lenine.

Cordões Umbilicais, da Flaira Ferro. Carnaval no Inferno, do Eddie.

Terça Da Lama ao Caos, da Nação Zumbi.

Zunido da Mata, da Renata Rosa. Terceiro Samba, do Mestre

Ambrósio.

Quarta Ciranda Mourisca, do Alceu Valença.

De Baile Souto, do Siba. Todo Calor, da Isaar.

Quinta Olidance, da Academia da Berlinda.

Los Sebosos Postizos interpretam Jorge Ben Jor, dos Los Sebosos

Postizos. Certa Manhã Acordei de Sonhos

Intranquilos, do Otto.

Sexta Afrociberdelia, do Chico Science.

Levaguiã Terê, do Vítor Araújo. Samba Esquema Noise, do Mundo

Livre S/A.

Sábado Baião de Dois, de Luiz Gonzaga.

Dois Cordões, de Alessandra Leão. Amigos Bons, Junio Barreto.

Domingo

Nadadenovo, do Mombojó. Circular Movimento, da Marsa.

Pra ficar, da Orquestra Contemporânea de Olinda.21

Gabi Fiuza

PERFIL

Maria Mescorel

Bruno Samento

Camila Fernandes

Pat Quintella

PERFIL

Tita de Paula

André Couto Gaia Lourenço

Andressa Paulino

Bento

Dandara de Morais

PERFIL

O jeito doce da Tita (@anapatriciatita) se dá até no lugar onde mora, a Rua

da Amizade, na região das Graças. Com comércio de bairro e natureza por perto,

dá pra fazer tudo como ela gosta – pedalando.

Tita de Paula

PERFIL

Apesar do nome marcante, Tita mal pode se lembrar da última vez que a chamaram de Ana Patrícia. Pra ela, o apelido conta (muito) mais sobre o seu jeito de levar a vida, com leveza e amor pelas coisas simples – o que tem tudo a ver com bike.

Por outro lado, é como Dona Jardineira - nome do seu pequeno empreendimento itinerante (@donajardineira) - que muita gente a conhece. A partir do ciclismo, Tita virou florista, e com uma bicicleta cargueira mais alguns vasos de vidro, hoje abastece as ruas com

plantas e flores. No início, foi um pouco complicado, já que a bike, superpesada, não era das mais fáceis de levar. O combustível nesse caso, era a forma como as pessoas que passavam por ela reagiam. Em geral, encantados com a figura romântica em uma cidade que, como tantas outras, pode ser bastante cinza.

Com a Tita, o roteiro é florido e pode levar o dia todo. Pede mais que um café da manhã e faz qualquer dia da semana parecer domingo.

PERFILTita de Paula PERFIL Tita de Paula

PERFILTita de Paula PERFIL Tita de Paula

PERFILTita de Paula PERFIL Tita de Paula

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ROTEIRO

Hoje, o seu ponto de partida é na (1) Rua da Amizade, onde, segundo a Tita, até parece Lisboa de “tanta padaria”. Seja nas barracas de rua ou na famosa (2) DaSé, a tapioca em Recife é sempre a melhor pedida no café da manhã. A não ser que você prefira um pãozinho artesanal – os mais gostosos saem em fornadas na (3) Vila Amizade e na (4)

Pão&Vinho.

Seguindo pela Rua João Ramos, e depois pela Rua Amélia, a sua próxima parada é o (5) Lalá Café & Cozinha Afetiva, com todo um cardápio de grãos de café e métodos de extração. Chame a Emanuelle, barista, para passar um café coado com especiarias direto na mesa pra você. Às quartas, aliás, agora a casa também recebe uma roda de choro (com café).

Na volta, pegue a Ponte D’Uchoa e faça uma parada no (6) Jardim do Baobá, à beira do rio, e solte-se na grama para pegar sol. De lá, dá pra curtir a vista, fazer piquenique nos diques de madeira, brincar nos balanços gigantes, ou quem sabe até pegar um barquinho e fazer um passeio bem tranquilo pelas águas do Capibaribe.

Tita de Paula

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ROTEIRO

Para seguir no mesmo mood, vá para o bairro de Boa Vista, que em dias de comércio fechado fica ainda mais gostoso de pedalar. Aos domingos muita gente corre para aproveitar a Ciclofaixa de Turismo e Lazer, deixando outros spots da cidade mais vazios.

Parta da (7) Rua das Ninfas, passando pela (8) Rua Manoel

Borba e pelo (9) Mercado Boa Vista, até chegar na (10) Praça

Maciel Pinheiro, disposta ao redor de um antigo chafariz. É também ali do lado, na (11) Travessa do Veras, que fica o sobrado em que viveu Clarice Lispector. A casa, pintada de rosa e amarelo, infelizmente se encontra em ruínas, aguardando a burocracia para, quem sabe um dia, se tornar patrimônio histórico, e ainda, um museu dedicado à escritora.

A seguir, pegue a Rua Aragão para cair no (12) Largo de

Santa Cruz, um caminho de igrejas e casas antigas. Ou parta direto para uma fatia de pizza na (13) Padaria Santa

Cruz, com direito a maltado servido direto no balcão.

Tita de Paula

PERFIL

Em 2017, Dandara (@dandarademorais) protagonizou o filme Superpina, no qual interpretava uma ciclista, tendo ao lado

a sua própria bicicleta durante as gravações.

Dandara de Morais

PERFIL

É do senso comum que poucas palavras têm o poder de descrever Dandara de Morais tão bem quanto ‘intensidade’. Atriz, roteirista e dançarina, a moça é também militante da causa negra e feminista, pondo em pauta uma luta diária para ocupar espaços que aos poucos, vêm se tornando seus. Nesse sentido, a bike é também protagonista, dando à ela a autonomia necessária para que seja dona da própria vida e uma voz ativa na cidade.

Assim, comemora qualquer pequena mudança – mesmo que esta chegue a passos de formiga –, reparando em todo novo bicicletário, por exemplo. Também já não se sente tão estranha ao chegar na farra pedalando; e menos ainda, de madrugada, quando volta pra casa com as ruas vazias.

Com ela – que, como se não bastasse, é também vegetariana – cruzamos a cidade em um roteiro karma free, cheio de opções para quem não come carne e hotspots dignos de atriz.

PERFILDandara PERFIL Dandara

PERFILDandara PERFIL Dandara

PERFILDandara PERFIL Dandara

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ROTEIRODandara

Tome como ponto de partida a Rua do Futuro, fazendo um breve stop para café da manhã no vegetariano (1) Orgânico

22, no melhor clima farm to table. Ou, se o dia estiver dos mais quentes, vá direto para a sorveteria: a (2) Santo Doce é cheia dos sabores exóticos, pra provar enquanto curte as mesinhas do jardim.

Já na hora do almoço, o restaurante (3) Papaya Verde, na Rua Santo Elías, é certamente a melhor pedida, com cardápio de inspiração árabe e buffet que agrada a qualquer paladar. Guarde espaço para sobremesa, aproveitando que lá dá pra provar um pouquinho de tudo. Uma outra opção é pedalar para os lados do centro e só almoçar nos muitos vegs da região. Em cima do (4) Cinema São Luiz, por exemplo, umas das salas mais antigas de Recife, fica o Vegostices.

Se puder, escolha um filme para assistir, com vitrais iluminados ao lado da tela, antes de começar. Em seguida, passe pelo “cinematográfico” (5) Café Lumière, com lanches veganos e rodas de conversa sobre filmes e livros. No cardápio, os sucessos se chamam ‘Frida Kahlo’ e ‘bolo do dia’.

De lá – melhor ainda, se no entardecer – pegue a Rua da União para o happy hour do (6) Sovaj Veg Bar, já no caminho para o melhor esquenta da cidade, o (7) Bar Central, na Rua Mamede Simões. Na verdade, só a Mamede já vale o rolê, com muitas opções de bares e pequenos agitos. É aquele lugar que chama boemia, e sempre reúne intelectuais, artistas, jornalistas, sem falar na turma do cinema.

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ROTEIRO Dandara

No Besta Fera, um dos poucos bares geridos por gente mais nova, peça o chope artesanal pernambucano (em geral, Turvalina) com empanadas da casa. O clone de caipirinha do (8) Boi Neon serve qualquer orçamento e, junto com o falafel do Bar Central, é um clássico. Já reparou que em Recife muita coisa tem nome de filme?

Para esticar a noite, confira as festas na programação do (9) Edifício Texas, um dos pontos mais interessantes do fervido Largo de Santa Cruz. No primeiro andar também rolam pequenas performances, apresentações de teatro e cineminha a preços populares.

E tem mais: Outro jantar bacana é no (10) Udon Cozinha Oriental, rodízio de sushi em Casa Amarela com farta variedade de comidinhas veganas. Do centro pra lá você leva em torno de 20 minutos de bicicleta. De lá, subindo a Rua Curupaiti, você chega no (11) Grandão dos Queijo, que apesar do nome é famoso pelo bolo de rolo mesmo. E descendo a Estrada do Encanamento, no (12) Box Vitória Régia, em frente a Praça de Casa Forte. Para beber da calçada ao som do DJ Agui, clássicos do rock – rola até performance de air guitar – ou, melhor ainda, da Juke Box.

Além de curriero, o Deco (@deecopi) é ativista na Associação Metropolitana

de Ciclistas do Grande Recife (@ameciclo) e dá uma força pra quem quer começar a pedalar (mas precisa perder o medo).

PERFIL

André Couto

PERFIL

A história do Deco é engraçada. Primeiro entrou na faculdade de Direito e, logo que viu que não era isso, largou. Depois, mais um processo parecido, dessa vez com o curso de Jornalismo. Até finalmente mudar para Psicologia, curso que, de acordo com as suas expectativas, poderia lhe trazer o conhecimento necessário para desenvolver algum tipo de trabalho social – e que segue frequentando até hoje.

Nesse meio tempo, sem saber direito o que fazer da vida, o Deco, que já era apaixonado por bicicleta, resolveu experimentar ser cicloentregador. E foi amor ao primeiro rolê.

Por outro lado, com o tempo foi reparando que na empresa onde estava era pouco valorizado e carecia de benefícios. Nisso, acabou fundando, ao lado de outros amigos, a Tupi Cicloentregas (@tupicicloentregas). Além do delivery limpo, sem emissão de carbono, a cooperativa se preocupa em manter cada ciclista motivado, com direitos e segurança garantidos.

Cole com ele para descobrir a região do centro – que por trás da carinha detonada, guarda uma porção de spots criativos.

PERFILDeco PERFIL Deco

PERFILDeco PERFIL Deco

PERFILDeco PERFIL Deco

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ROTEIRODeco

Dê início ao seu roteiro percorrendo alguns lugares pelos quais o Deco passa todo dia. Você pode começar pelo bairro (1) Espinheiro, na Rua 48, e cruzar a Av. Norte passando pelas Graças até encontrar (2) Praça da Torre. De lá, você pode descer a Rua Conselheiro Teodoro e seguir pela Av. Caxangá ou ir margeando a (3) Av. Beira Rio, procurando encontrar o campus da (4) Universidade Federal

de Pernambuco (UFPE).

Outra opção, um pouquinho mais fácil, é partir da (5) Praça

do Derby, um grande ponto de encontro para a cidade (por ficar justamente bem no meio de Recife, entre Boa Viagem, Centro, Zona Norte e Olinda). Muitas manifestações partem de lá, bem como as bicicletadas – um tipo de pedal coletivo, também conhecido como Massa Crítica, para cobrar melhorias de infraestrutura e conscientização no trânsito. Em 2017, uma das edições mais expressivas (e emocionantes) do evento foi em outubro, em homenagem ao cicloativista Raul Aragão.

Raul era recifense (radicado em Brasília), estudante de Ciências Sociais, bike anjo e voluntário na ONG Rodas da Paz. Era um grande entusiasta do assunto e ocupava o espaço acadêmico para pesquisar políticas públicas de incentivo à bicicleta; isso sem falar no interesse pelas cicloviagens, bike polo e pela própria fixa. Um dia, voltando para a casa, veio a falecer, aos 23 anos, daquilo que mais combatia – um acidente de carro. A partir daí foram muitas as bicicletas, intervenções, honrarias. Na verdade, por todo o Brasil. Na Praça do Derby, por exemplo, você ainda vê os stencils com a frase “Pedalar é suave” e o nome de Raul.

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ROTEIRO Deco

De lá, siga para o (6) Ceça, um colaboratório criativo, com peças de novos designers, artistas locais e eventos de todo tipo. Logo ali, na Rua Aurora, também fica o (7) Espaço

Somos, mais ou menos na mesma batida: zines, quadrinhos, acessórios, tatuagens e até um “salão de beleza livre”. Outra opção é seguir direto pela Ponte do Recife e só estacionar no (8) Edifício Pernambuco. São 11 andares de atividades culturais, com destaque para o sexto piso, onde mora o ateliê aberto Risco Experimental, a casa- palco-oficina-cabarézinho Suplex Xangai e a Risoflora, cervejaria artesanal.

Quando a fome bater, vá para o Recife Antigo e peça um japonês no (9) Sushi Digital. Ou, bem pertinho do Espaço Somos, entre na Rua Capitão Lima para experimentar o (10) Copo Sujo, com cervejinha gelada, feijão caseiro e, de entrada, sarapatel. O pf é simples, mas o copo é bem limpinho. Não precisa se preocupar.

A seguir, é cair no (11) Empório Sertanejo, bar perfeito para o pós-festa com cerveja em conta e horário de funcionamento até bem tarde, ou melhor, até o amanhecer. O cardápio segura a larica com cozinha regional do tipo charque, tripa e miúdo de galinha – embora essa não seja lá uma escolha muito leve para provar às três da manhã, quando o bar está lotando.

Ah, e se o seu roteiro acabar de dia, siga para a (12)

Maumau Galeria, em uma casa linda com residência artística, exposições, e espaços livres voltados para a arte e outras linguagens – como o teatro e a dança. Se esse for o seu mood, aliás, a gente recomenda seguir no Instagram o Panthom Five (@phantom.five.art), um canal de arte digital com dicas bem massa por toda Pernambuco.

PERFIL

Pedalando lado a lado desde 2012, a montadora de vídeos Camila

Fernandes e o pós produtor Bruno Sarmento fazem de tudo de bike.

E há dois anos com o filhote, Bento, na garupa.

A bike trouxe liberdade para o período pós gravidez da

Camila (@camillaalalala), que do alto do seu selim se sentia ganhando o mundo outra vez.

PERFIL

Camila, Bruno e BentoMoradores da zona norte de Recife, a família pedala de casa para o trabalho e do trabalho para a escola, sem perder o ritmo. Na ida para a aula, por exemplo, Camilla costuma contar histórias pro Bento, que sempre ao cruzar a ponte em direção ao Parque Santana, aponta para o rio lembrando que um “bicho mora ali”. Esse tipo de brecha afetiva, que guardam segredos no nosso dia a dia, fazem da relação entre bike e família mais que uma demanda por mobilidade ativa, mas de verdade, um amor.

O próprio Bruno costuma dizer o quão difícil é explicar porquê ou como ou a partir de quando nasceu o seu gosto pelo pedal. É uma alegria gratuita, daquelas que enchem o coração da gente – e o bolso por tabela. Com um gap de 13 anos vivendo em Natal e os anos mais recentes muito voltados para o filho, quem lidera o rolê de hoje não é o Bruno, nem o Bento, mas a Camila. Primeiro, em uma rota para a sexta à noite, e depois, com algumas dicas para curtir em família. Afinal, antes de mãe, a Camila é uma mina.

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ROTEIRO 1

O ponto de encontro com os amigos deve ser a (1) Praça do

Derby, de onde é gostoso debater o itinerário da noite. Vale lembrar que logo ao lado, na Rua Henrique Dias também fica o (2) Cinema da Fundação (Joaquim Nabuco), um dos melhores cines de rua.

A seguir, pedale rumo à zona norte, passando pelo (3) Parque

da Jaqueira, e mais adiante, pela (4) Praça dos Cachorros. Se precisar jantar, dê uma volta um pouquinho maior, passando pelo (5) Ca-já. O restaurante tem clima cozy (e aproveitando a deixa, quintal gostoso para os pequenos). A cozinha é brasileira com toque contemporâneo, feita de ingredientes locais e memórias afetivas.

Agora siga em frente, percorrendo o Capibaribe, até encontrar o Bar do Seu Vital no Poço da Panela. Se você reparar bem, o bar fica em frente à (6) Igreja Nossa Senhora

da Saúde, cujo pátio vira palco para vários eventos. Por ali, o clima de São João começa logo após a Semana Santa, com muito forró pé de serra e o povo dançando animado – pelo menos até o Seu Vital aparecer, muito mal humorado, pondo todo mundo pra fora.

Vale lembrar que entre a Jaqueira e o Seu Vital, nas Graças, rola feira no (7) Espaço Agroecológico, com produtores orgânicos de todo o Estado a partir da meia-noite. Para encher a dispensa, jogar conversa fora e voltar para casa depois de um café coado (ou seguir noite adentro).

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ROTEIRO 2

Parque da Jaqueira Para passear também de dia, com parquinhos, pistas,

barraquinhas, quase sempre na sombra das árvores. Não deixe de conhecer o píer, um calçadão que margeia o

Capibaribe e te coloca bem mais perto do rio. Desça os degraus e confira a vista, ou atravesse para a outra margem

de barquinho.

Parque Dona Lindu Para crianças de todas as idades e projeto recente,

assinado por Oscar Niemeyer. O mergulho é logo ali, do outro lado da rua, na praia de Boa Viagem.

Sítio Trindade Com ciclovias na porta das duas entradas, o Sítio Trindade

é o parque ideal para fazer “bicnics”.

Nas Ubaias Food Park Ponto de encontro para food trucks com área de recreação

para os pequenos – e o suporte de cuidadores para que os pais possam comer tranquilos. Outra boa opção é o Vila

Cardeal Food Park.

Casa das Asas Espaço de lazer infantil com atividades lúdicas, junto

a natureza, em um casa fofa.

Fundação Joaquim Nabuco Conta com programação infantil aos domingos, como peças

peças de teatro, contação de histórias e exposições.

CamilaBrunoBento

PERFIL

Para a Gabi (@gabifiuza) a graça do pedal está nas coisas mais

simples, como a liberdade de ir e vir, podendo “estacionar”

em qualquer lugar.

Gabi Fiuza

PERFIL

Quando começou com a Calma Monga, sua marca de bolsas e acessórios veganos, a Gabi Fiúza mal podia imaginar que as peças feitas para ciclistas estariam, hoje em dia, entre os seus produtos mais vendidos. São bolsinhas pra guidom, alforjes, firma-pés, entre outros itens de ordem prática, para descomplicar o desafio que é, muitas vezes, simplesmente sair para pedalar.

Feminista, Gabi lembra que escolher a bike para transitar em uma cidade como Recife – que de muitas formas privilegia o uso do carro à qualquer outro meio de locomoção – é um ato de resistência; especialmente quando somado à experiência da ciclista

mulher, vulnerável a todo tipo de assédio e constrangimento (mais na página 120). Mesmo assim, ou justamente por isso, segue riscando as ruas da cidade corajosamente para que, a cada dia, mais mulheres se sintam à vontade para fazer o mesmo.

Nessa batida, dá rolês de fixa ou roda-livre, pratica bike polo e participa de pedais noturnos só para mulheres. Tendo o privilégio de assistir com calma a cidade onde cresceu viver as suas mudanças.

Com ela, o roteiro é pela zona norte, para curtir uma cidade de outro tempo sem precisar cair no Recife Antigo.

PERFILGabi Fiuza Gabi FiuzaPERFIL

PERFILGabi Fiuza Gabi FiuzaPERFIL

PERFILGabi Fiuza Gabi FiuzaPERFIL

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ROTEIROGabi Fiuza

Antes de subir na bike, vá para a (1) feira livre de Casa

Amarela tomar um bom café da manhã. De lá, é fácil chegar no (2) Sítio Trindade, parque gostoso de relaxar (ou fazer piquenique com o que você trouxer da feira). Sem pressa, passe pela (3) Rua Ferreira Lopes, com casas lindas, e faça um stop no (4) Castigliani para tomar um café, se precisar. Se por acaso o dia estiver chuvoso – já que o tempo em Recife é bastante instável –, peça o cappuccino que leva o nome da casa ou o chocolate submarino.

De volta à bike, pegue a Estrada do Encanamento e, ao descer na Rua Jerônimo de Albuquerque, passe pela (5)

Praça de Casa Forte. A sua próxima parada é o restaurante vegetariano (6) Flô de Jambo, com cardápio do dia e uma casa das mais aconchegantes, pertinho do Rio Capibaribe. Você também estará à beira do bucólico (7) Poço da Panela, um dos bairros mais bonitos de Recife. Ali, o clima é bem tranquilo, com pouco fluxo de carros, casarões e ruas de paralelepípedo.

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Gabi FiuzaROTEIRO

Agora, volte à direção partindo do (8) Parque de Santana, outra área verde conhecida da cidade. Logo mais adiante fica o (9) Museu Murillo La Greca, com exposições de artistas locais. De lá, aproveite para pegar a Av. Dezessete de Agosto na direção da (10) Praça Doutor Lula Cabral de

Melo. No número 68 fica a loja Rosamarela, com o acervo das marcas pernambucanas Duas Design, Trocando em Miúdos e, é claro, Calma Monga.

A seguir, pegue a Av. Rui Barbosa, passe pelo (11) Parque

da Jaqueira e siga em frente pela Rua do Futuro para encontrar os japoneses (12) Quina do Futuro e (13) Tokyo’s

Café, ambos da família Matsumoto. O primeiro, mais chique, já foi escolhido como o melhor restaurante oriental de Recife. Já o segundo, ficou famoso pelos lanchinhos – com destaque para o pastel. Daí, para fechar o dia (ou a noite), é checar a programação do cinema de rua (14) Rosa e Silva; ou só seguir pela Rua da Angustura, estacionar no (15)

Armazém Centenário e pedir uma cerveja no balcão original. O bar de esquina perfeito é para beber na calçada e pede atenção no cardápio com filés, petiscos e até cabrito.

PERFIL

Gaia (@gaiabjs) é carioca e chegou a morar na paradisíaca Porto de

Galinhas, antes de vir pra Recife. A conexão com o mar é muita e,

embora já não vá tanto a praia, às vezes gosta de tirar o dia só pra isso.

Gaia Lourenço

PERFIL

Para a produtora Gaia Lourenço, Recife é uma cidade bela. Nas ruas, nos rios, nos manguezais. Mesmo o centro, com a sua carinha “acabada”, ainda guarda uma porção de fachadas valiosas, especialmente para alguém que cresceu com mãe arquiteta – e olhar apurado para os diferentes tempos e movimentos que uma cidade dispõe.

A sensibilidade é também para o cinema (que a vida é). O corre da Gaia é no audiovisual, o que somado aos rolês de bike, faz com

que, muitas vezes, se sinta roteirista do próprio filme. É um detalhe que apesar da idade, nunca foi visto (e por isso é novo). Aquela rua bonita que a desvia de um caminho mais curto... Isso sem falar nos tais prédios preferidos – como o Hotel Central ou o edifício do Duque Café.

Com ela, pensamos um roteiro de lugares lindos, cheio dos grandes cartões-postais de Recife. Vá sem pressa e não se esqueça de anotar as suas descobertas ao final deste livro.

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Comece o seu dia repondo as vitaminas na (1) Praia do

Pina, mais precisamente na Barraca do Pingo, em frente ao Edifício San Remo e próxima ao Primeiro Jardim. O atendimento é ótimo e conta com várias opções para distrair a fome, mas é bom guardar o apetite já que a sua próxima parada é na (2) orla de Brasília Teimosa.

A comunidade de pescadores, agora apelidada de Brasília Formosa, acabou se transformando em uma espécie de spot gastronômico sem frescuras, com direito a ciclofaixa recém-adquirida (de tão usada que a bike é por lá). Se o desejo for por frutos do mar, a melhor pedida é o (3) Bar do Peixe, um prédio estreito, com mesas nos três pavimentos, na Rua Albacora. Com o caldinho de marisco e a posta de peixe frito não tem erro.

Outra opção é virar na Rua Salmão e seguir pela Badejo até encontrar o (4) bar do Samuray. O restaurante é conhecido pelo siri mole – e pelo próprio Samuray, sempre cumprimentando as mesas e postando fotos com os fregueses no Instagram (@bardosamuray). Se você não for de frutos do mar, o seu lugar é no (5) Rosbife da Vera, a melhor comidinha caseira da cidade.

De bucho forrado, siga pedalando pela orla, contornando os arrecifes e piscinas naturais que se formam por ali. Mais adiante você vai acabar caindo no (6) Parque das Esculturas

de Francisco Brennand, especial no fim de tarde, mas imperdível a qualquer hora do dia. Dá pra curtir as ondas batendo bem pertinho.

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A seguir, ponha a bike em um barquinho de madeira e atravesse para a outra margem do Rio Capibaribe. Ali são muitas as opções para visitar: na (7) Caixa Cultural você confere mostras e apresentações; já no (8) Museu Cais do

Sertão, você conhece um pouco mais da história de Luiz Gonzaga e experimenta uma espécie de imersão na cultura popular nordestina. Coisa que “se repete” no (9) Paço do

Frevo, com pesquisas e atividades dedicadas à dança – aulas, inclusive.

Então dê uma olhada na (10) Praça do Arsenal, passe pelo Marco Zero, e não se esqueça de tomar um maltado na tradicionalíssima (11) As Galerias. Atravessando a Ponte Buarque de Macedo, você encontra o (12) Teatro Santa

Isabel, também conhecido como Teatro Monumento desde que foi tombado como Patrimônio Histórico Nacional.

Para um rolê ainda mais nostálgico, desça a Av. Martins de Barros até encontrar o (13 Mercado São José (bom pra garimpar artesanato e artigos de palha) e dê uma volta pela (14) Rua Direita, onde a Gaia costuma comprar material para bordar. Ali pertinho, na Rua da Praia, também fica o (15) Pura Vida, empório de produtos naturais, orientais e especiarias. De lá, siga pela Av. Dantas Barreto, atravesse a Ponte Boa Vista e prenda a bike na (16) Padaria da Imperatriz, onde um quindim maravilhoso te espera como recompensa. Afinal, você só tem mais uma parada – o (17) Hotel Central, na Av. Manoel Borba, e os seus arredores de edifícios bonitos que a Gaia também adora “paquerar”.

Considerada uma espécie de embaixadora do pedal

feminino em Recife, a Pat (@patquintella) vê na bike um ferramenta social de astral

revolucionário.

Mãe de dois filhos, a Andressa (@dessapaulinos) encontrou na bike um desvio para um período de transição,

arejando o corpo e a mente.

Sabe aquela bike encostada, esquecida, há muitos anos, no fundo da garagem?

A Mescorel (@mescorel) a resgata de toda a ferrugem e a transforma do jeito certo,

com a sua cara.

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Pat, Andressa e Mescorel

PERFIL

Tem gente que vê na bike um rolê individual. Tem gente que acha que o pedal é uma pira coletiva. Para Mescorel, Pat e Andressa, a resposta certa é, definitivamente, a segunda.

A história é assim: Maria Escorel pedala desde pirralha. Para ela a bike é natural. Mesmo assim, só mais velha passou a customizar a própria bicicleta – e de um jeito tão massa que uma grande amiga virou sócia, e a brincadeira, negócio. Hoje, as duas dão conta da Reciclo Bikes (@reciclobikes), oficina de personalização queridíssima em Recife.

Já Pat Quintella, a sócia, começou com pedais mais esportivos, com jeito de treino e atividade física.

“O despertar da bike” veio só mais tarde, quando morou na Itália, onde a bicicleta é meio de transporte (tanto quanto qualquer outro veículo). Hoje, organiza pedais coletivos só para mulheres, visto que a princípio, todos os rolês eram liderados por meninos. A falta de espaço – de voz e de ritmo femininos – deu o gás para que a iniciativa crescesse e se tornasse uma rede de apoio, troca de ideias, histórias e acolhimento de outras mulheres, como é o caso da Andressa Paulino, a terceira personagem deste roteiro.

Com elas, traçamos uma rota que pode ser feita em um ou mais dias, em batidas mais rápidas ou mais relaxadas, a depender do seu fôlego e da sua energia.

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Comece o dia no (1) Museu do Estado, um palacete de 1929. Além das exposições, a casa recebe pocket shows (com preços igualmente pocket). Já no estacionamento, fica o Clandestino, um café dentro de um ônibus militar antigo. A Sara, barista do espaço, pode te ajudar a escolher o café. Peça também o bolo do dia.

Falando nisso, descendo a Av. Rui Barbosa, você encontra a (2) Casa dos Frios, que tem o bolo de rolo mais renomado – fica a dica para o souvenir. Daí, siga para o centro pegando a Rua Joaquim Felipe, e depois a Rua do Príncipe, até encontrar o (3) Parque Treze de Maio e a (4) Faculdade

de Direito: dois pontos bem bonitos para admirar antes de atravessar o Capibaribe em direção ao Recife Antigo. Passe pela (5) Praça da República, onde está, exemplo o Teatro de Santa Isabel, e dê uma olhada na programação da (6) Caixa

Cultural ou da galeria (7) Arte Plural. As exposições em cartaz costumam privilegiar artistas pernambucanos.

Seguindo pela Rua da Moeda, você começa a retornar para o Marco Zero, de onde parte o (6) Cais José Estelita. No alvo da especulação imobiliária, o Cais correu risco de virar condomínio; mas foram tantas as ocupações festivas que o projeto está suspenso e o trecho de armazéns, coberto por mensagens de protesto e intervenções artísticas.

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Ao deixar o Cais, pegue a ponte Gov. Paulo Guerra, mais conhecida como a “ponte do Pina”, e siga para a (9) Via

Mangue: uma via expressa sem semáforos, com radares demarcando a velocidade dos carros e passe livre para bicicletas. Dependendo do dia, Mescorel, Patrícia e Andressa dão até mais de uma volta por ali, tendo como próxima parada a (10) Pracinha de Boa Viagem. Vá de acarajé, tapioca recheada ou água de coco para repor as energias. E se quiser, dê um mergulho (só cuidado com os tubarões!).

Descansou? Agora volte pela orla, aproveitando a vista das praias de Boa Viagem e Pina. Faça uma pausa no (11)

Edifício Califórnia, com arquitetura cinquentinha e a galeria de arte Amparo 60, uma das mais bacanas da cidade - sem falar nos grão especiais do Café Borsoi. Outro edifício para dar um check é o (12) Oceania, mais conhecido como Aquarius (no filme homônimo de Kleber Mendonça Filho).

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ROTEIRO

O Sítio Histórico de Olinda, que é como se chama a parte alta dessa cidade colonial, tem mesmo magia. Talvez vinda daqueles que moram por lá, nos casarões antigos, em meios aos ateliês, com ruas metade asfalto, metade paralelepípedo. Talvez por sempre ter sido um berço para música local, com direito a muita boemia.

Apesar das controvérsias (os cariocas que o digam), Olinda também é casa para o melhor carnaval do país, sempre na rua. No metro quadrado em frente a Prefeitura, então, parece um formigueiro, difícil de tudo, inclusive de andar, mas delicioso de curtir. O fato é que em qualquer época do ano Olinda tem sempre um agito – a não ser nas noites de chuva ou feriados, quando todo mundo viaja deixando a cidade vazia.

Na (1) Bike Fit, você não só toma um café delícia, como tira as medidas para ajustar a sua bike segundo os princípios de aerodinâmica. Sim, tem isso. Em seguida, procure pela Rua Treze de Maio e vá em frente até encontrar o número 99: é lá que fica a (2) Casa Balea, ex-Casa do Cachorro Preto, com festas, exposições e o Sana Pub no quintal.

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Na hora do almoço, a melhor pedida é na (3) Casa de Noca com a macaxeira mais molinha (e, consequentemente, a mais cara) de toda Pernambuco. Ou caia o (4) Beijupirá, com mood aconchegante e cardápio recheado de frutos do mar.

De bucho forrado (você vai precisar) suba a Rua Bispo Coutinho até o (5) Alto da Sé, na parte mais elevada de Olinda, com vista privilegiada para a capital. Se achar difícil pedalar pelas ruas de pedra ou pelas subidas bem íngremes, prenda a bike e siga a pé. O melhor horário é no fim de tarde, quando o calor já baixou e o astral, todo bucólico, vai lá em cima.

Não deixe de passar pela Igreja da Sé, pelos centros de artesanato, e ainda, experimentar a famosíssima Tapioca da Vovó, com coco ralado e queijinho coalho. Coma ali mesmo, da mureta, e volte para casa passando pelo (6) Centro

Histórico, mais conhecido como os quatro cantos de Olinda.

ROTEIRO

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Há apenas duas ou três horas de viagem de Recife, estão alguns dos escapes mais bacanas do Estado como, por exemplo, Porto de Galinhas ou a Ilha de Itamaracá. Mas, se você não estiver com tempo ou disposição para tanto, faça uma day trip com a sua bicicleta para a Aldeia, a Praia do Paiva, ou um pouco mais longe, Serrambi.

Praia do Paiva

Cabo de Santo Agostinho Praia deserta, para curtir sossegado em meio ao extenso coqueiral ou às piscinas naturais com vista para o mar aberto. O acesso é recente: pela ponte estaiada que liga a praia à Barra de Jangada, no Jobotão dos Guararapes. Só não se esqueça de abastecer a mochila, pois o trecho é de reserva florestal, livre de barracas e ambulantes.

Aldeia, Camaragibe Em geral, quem se muda pra Aldeia é porque gosta de mato (e muito). O bairro composto por sítios, condomínios fechados e chácaras tropicais é uma saída fácil para a Mata Atlântica e vale o ar mais puro da região. No entanto, é preciso preparo físico e equipamento para encarar a subida com 170 metros de altitude em uma estrada cheia de curvas e pouquíssimo acostamento. Com alguns trechos de estrada de chão batido, Aldeia também é querida dos mountain bikers e praticantes de off-road.

Serrambi Embora a 70km de Recife, o que torna a biketrip um bocado cansativa, considere esse destino como uma oportunidade única para experimentar um dos pontos de mergulho mais especiais do Brasil. A combinação águas mornas e bem clarinhas, naufrágios e vida marinha riquíssima é ideal até para quem nunca mergulhou (mas gostaria de tentar um “batismo”).

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Se Recife tem clima pra alguma coisa, essa coisa é farra. Aproveite a cena noturna (cultural, democrática) que risca toda a cidade e só volte pra casa de manhã – e de preferência, de bike.

Edifício Texas No Pátio de Santa Cruz, em pleno centro da cidade, fica esse edifício do século passado – agora com bar de cervejas artesanais, cardápio do dia e espaço gratuito para shows e festas. Rua Rosário da Boa Vista 163, Boa Vista.

Tropicasa A casa, também no centro de Recife, tem à frente o DJ 440 (conhecido pela Terça do Vinil, na Haus). A programação é dançante, com festas temáticas e feiras de discos. Rua da Glória 496, Boa Vista.

Haus Lajetop famoso pela melhor coxinha da cidade, o Haus fica dentro da Galeria Joana D’Arc, no Pina. Para curtir sob as árvores, no espaço externo, ou da laje, vendo tudo de cima. Os drinks são ótimos e a cerveja, geladíssima. Av. Herculano Bandeira 513, Pina.

Iraq É o inferninho mais querido dos alternas de Recife. Se antigamente só se entrava com senha (no melhor estilo bar secreto), agora se compra ingresso antecipado, quase sempre a preços módicos. Para chegar tarde e ir até de manhã. Rua do Sossego 179, Santo Amaro.

Mesbla Nada de bar: Fernando Peres e Marília Cireno, donos do Mesbla e anfitriões da festa Lesbian Bar, garantem que a casa é muito mais que isso. Dá até pra arrematar a sua próxima (ou primeira) obra de arte por lá. Rua Conde D’Eu 77, Santo Amaro.

Ursa Comedoria com espaço pra dançar, seja no ar condicionado

ou do lado de fora, onde o clima é mais relaxado. Experimente o picles de cenoura, especialidade do chef

Lucas Muniz. Rua Carneiro Viléla 30, Espinheiro.

Clube Bela Vista Vale a visita pela noite cubana, com edições duas vezes ao

mês. Av. Aníbal Benévolo 636, Água Fria.

Terra Café Bar Está para a cena musical como o Bar Central está para

a turma do cinema. Recebe novos artistas da cena pernambucana e eventos de poesia. Rua Monte Castelo

102, Recife.

Casbah, Olinda Casarão bonito, logo depois da Praça do Carmo, tão bom

para comer quanto pra dançar. As festas e shows um pouco maiores ficam por conta do Mourisco, é como se chama a

área do quintal. Rua 27 de Janeiro 7, Carmo.

Xinxim da Baiana, Olinda Forró dos mais maravilhosos, sempre muito apertado e, digamos assim, caloroso – com mais gente do lado de

fora do que de dentro. De qualquer forma, um clássico de Olinda. Rua Doutor Manoel de Barros Lima 742, Bairro Novo.

Sargação, Olinda O melhor rango da madrugada, bem pertinho do Xinxim.

Forre o bucho ao sair da farra com os burgers e sanduíches dali. Av. Sigismundo Gonçalves 716, Bairro Novo.

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Recife é cheia dos quitutes de nome esquisito – pelo menos, pra quem não é de lá. São muitas as influências: africanas, portuguesas, indígenas. E as tradições, seguidas à risca. Na Semana Santa, por exemplo, a mesa é farta de peixe ou camarão, bredo* (uma verdura sazonal com carinha de espinafre), arroz e feijão cozidos no leite de coco. Humm.

Aqui, uma lista daquelas tem-que-provar, para não se deixar intimidar pela sonoridade ou a aparente simplicidade da culinária local e experimentar tudo o que puder.

Arrumadinho de Charque “Arrumadinho” porque assim são servidas todas as guarnições em um mesmo prato, de forma organizada: feijão verde, farofa, vinagrete e carne de charque picada. Alguns restaurantes, no entanto, preferem servir o prato todo misturado. Para garantir a qualidade do seu, vá de boteco, daqueles com copo americano e mesa de plástico.

Bar do Tonhão Para a uma experiência clássica, sem gourmetização. Rua Amaro Coutinho 399, Encruzilhada.

Mercado de Boa Vista Para a inusitada versão com camarão. Rua da Santa Cruz 144, Boa Vista.

Mercado de Casa Amarela

São várias as lojas de bolo. Divirta-se elegendo a melhor. Rua Padre Lemos s/n, Casa Amarela. 121

Caldinho Se tem um troço difícil de entender é a paixão do recifense

por comidas e bebidas quentes, mesmo com o sol rachando. É só pensar no xodó pelos caldinhos (feitos de

feijão, mandioca, peixe, sururu, caranguejo ou mão de vaca), e que ainda ganham acompanhamentos estranhíssimos

como ovo de codorna, torresmo, carne de charque, azeitona e milho.

Fernando (ou Urbano) Ambulante famoso na praia de Boa Viagem, com a garrafa

térmica abastecida dos melhores caldinhos.

Bar do Frontal O melhor caldinho de feijão com torradinhas do mundo. Rua

Mamede Simões 155, Boa Vista, em frente ao Bar Central (por isso o nome).

Bar Aritana O melhor caldinho de sururu, feito por Dona Juju em uma

minúscula cozinha. Rua do Sol 9, Carmo, Olinda.

Ostras frescas É bom ficar de olho nos baldes metálicos (ou coolers com

gelo) carregados de ostras frescas que passeiam pelas praias. Chame o vendedor, puxe uma cadeira, sirva a ele

um copo de cerveja e negocie um melhor preço. Nenhuma mordomia pode ser maior do que ter alguém abrindo ostras

pra você. Para se sentir em casa, tempere com sal, azeite, limão, e ainda, “tempero” – que é como se chama o cominho

entre os ambulantes de Recife.

Guaiamum Reunir amigos pra comer caranguejo não é diversão, é terapia! No entanto, não se engane, exige prática, habilidade e muitíssima paciência. Ainda assim, toda semana tem promoção de caranguejo em algum canto da cidade – e, se você der sorte, com direito a clone (leia-se happy hour) de chope ou caipirinha. Para os menos dedicados, a melhor pedida é a casquinha, geralmente acompanhada de farofa. E vale lembrar que a versão do guaiamum no coco é, para muitos, a melhor.

Caneca Fina O guaiamum mais cheiroso de Recife. Av. Visconde de Albuquerque 807, Madalena.

Guaiamum Gigante Apesar das muitas TVs ligadas, a casa é ainda uma das mais tradicionais quando o assunto é guaiamum. Rua Dr. José de Góes 299, Parnamirim.

Tanajura Nos períodos de chuva, é comum ver muitas tanajuras saindo dos formigueiros ou passeando pelas árvores... até virarem petisco. A cultura, muito mais forte no interior do Estado e durante as festas de São João tradicionais (como a de Caruaru), é também uma brincadeira para as crianças – que aliás, diz assim: “Cai, cai, tanajura que a sua bunda tem gordura!”. De qualquer forma, tanajura se frita em casa, pois não é comum encontrar a formiga em restaurantes.

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Bode Costume que vem do agreste, a carne de bode (cozida ou assada) é iguaria em Recife, compondo o cardápio

de qualquer restaurante de mood regional. A versão mais exótica é, ainda, a buchada – com bucho (estômago), tripas

e fígado na receita. Parece difícil, mas há quem ache uma delícia.

Bode do Nô Há 25 anos servindo um bode caprichado. Rua São Miguel

1401, Afogados.

Cuscuz Nem o paulista, nem o marroquino. O cuscuz pernambucano

é feito com flocos de milho, daquele bem amarelinho. Puro, cozido ou no vapor, vem geralmente acompanhado de ovos

fritos, carne de sol, de charque ou galinha guisada. Em outras palavras, o tradicional café da manhã nordestino,

disponível em qualquer hotel, casa de família ou mercado popular.

Queijo Coalho Pouco importa se produzido no quartinho dos fundos de um sítio, ou num grande laticínio, o queijo coalho é

aquilo que os pernambucanos chamam de confort food. Tanto, que o queijinho está prestes a receber o selo de

indicação geográfica, o Terroir. Também, não era pra menos: no agreste, interior do Estado, existem feiras dedicas

exclusivamente ao queijo (como em Cachoeirinha, Sanharó e Garanhuns), tamanho o consumo e produção do coalho.

Para experimentar (e repetir quantas vezes desejar), a dica é assar na brasa com orégano e mel do engenho, por cima da

carne de sol ou dentro da tapioca.

Bolo de rolo e Bolo Souza Leão O primeiro, mais conhecido, já virou febre por todo o Brasil.

Mas a dica é a seguinte: quanto mais fina a massa, mais voltas de recheio – e assim, melhor o bolo. Já o segundo, com carinha de pudim, foi criado por uma família dona de

engenhos de cana de açúcar (daí o nome importante). Com ingredientes locais e mais de 150 anos de história, o quitute

é festejado como patrimônio imaterial de Pernambuco. 123

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Em uma história recente das sociedades ocidentais, o lugar da mulher nunca foi a rua. Pelo contrário: gurias direitas e garotas de família deveriam sair acompanhadas – senão dos seus pais, dos seus maridos – de forma que, por muitas gerações, a mobilidade feminina esteve circunscrita a limites claros de tempo e espaço. Depois de tal hora ou a partir de tal lugar, uma mulher está em risco só pelo fato de ser mulher. E isso permanece até os dias de hoje.

Seguindo por essa via (onde a mobilidade feminina está em evidência) entendemos que a relação de medo que se estabelece entre mulher x cidade não é só um questão de segurança pública – mas de desigualdade de gênero. E é nesse momento que a bicicleta aparece como uma possibilidade de autonomia e ocupação dos espaços, nos lembrando que pedalar é, muitas vezes, resistir.

Liberdade x Vulnerabilidade

Para usufruir de toda a liberdade que a bicicleta pode somar ao seu ir-e-vir, é preciso se cuidar. Se ser mulher é, por si só, estar vulnerável, imagine ser mulher ciclista e compartilhar as vias com outros veículos muito maiores e agressivos. Esteja preparada, alinhada e fit; alimente-se de forma equilibrada e funcional; ponha o sono em dia e não force uma barra quando se sentir cansada. Isso significa não sair (ou optar por outros meios de transporte) quando houver energia para ir, mas não para voltar.

OU UMA MINA NA DIREÇÃO (DA PRÓPRIA VIDA)

Feminilidade De bicicleta, desviamos, também, dos padrões de beleza, pois essa é uma cultura aberta às muitas formas de auto expressão. A cientista social, antropóloga e ciclista Vivian Garelli (@vivangarelli) lembra que a bike foi protagonista na briga por uma moda que não machucasse ou limitasse o descolamento da mulher – livre de espartilhos, sapatos apertados e camadas de roupa superpesadas. “As calças, por exemplo, simbolizaram uma conquista de espaço e uma ampliação de direitos. Amelia Bloomer foi a grande popularizadora das calças bloomer, que assim como os spencers (uma adaptação do casaco masculino usado à época), facilitavam a locomoção das mulheres na bicicleta e no dia a dia”.

Sororidade O lema é: Uma mina cuida da outra para que todas possam estar nas ruas. Saem e voltam para casa juntas, deixando sempre na porta aquela que, por algum motivo, precisa se sentir mais protegida. Os pedais coletivos só para meninas funcionam como espaços de acolhimento não-tradicionais que, embora não promovam rodas de conversa, facilitam rolês tranquilos, onde a mulher pode ser, por algumas horas, só ciclista.

OU UMA MINA NA DIREÇÃO (DA PRÓPRIA VIDA)

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Empatia É preciso olhar para a cidade como um espaço amigável para todas: pedestres, motociclistas, motoristas. Afinal, se para muitas mulheres a bike é possível, para muitas outras ela ainda é um privilégio. “Uma cidade pensada em investir nas relações entre pessoas é garantir um espaço cada vez mais democrático para todos, bicicletas, carros, entre outros veículos, de modo a desconstruir a obrigatoriedade ou uma normatividade atrelada a debates de gênero ou classe, de modo a construir também uma democracia do corpo e de representações” explica Vivian.

Comunidade A bike é uma turma em qualquer lugar do mundo. É um pouco como fazer parte de uma “sociedade secreta” ou um movimento ativista – como, por exemplo, o veganismo. Pode estar relacionada com outras atividades, como o interesse por café, design e arquitetura, política, fotografia, sustentabilidade, arte. E combina pessoas diferentes em pares ou grupos. O trânsito, tido como inimigo, fica favorável ao flerte: para dar match é preciso pedalar. Bike também é assunto, sinal de compatibilidade e pretexto para um primeiro date (sem climão). Ou a possibilidade de cair fora, rapidamente, se a coisa não vingar.129

OU UMA MINA NA DIREÇÃO (DA PRÓPRIA VIDA)

Para entender que a bicicleta não é uma via alternativa – mas uma outra via.

LOJAS & OFICINAS

Reciclo Bikes Oferece serviços de customização, restauração e reparo de bicicletas – sem contar com a venda de peças e acessórios. Rua Doutor José Maria s/n, Encruzilhada.

Toca Studio Oficina voltada especialmente para a personalização de bikes fixas. Rua Tenente Domingos de Brito 679, apto 102, Boa Viagem.

Rota Bike Sport Bikeshop com ampla variedade de itens e acessórios. Av. Engenheiro Antônio De Góes 14, Pina.

L2 Bike Shop Oferece serviços de revisão e manutenção, além da venda de equipamento para a prática de mountain bike. Estrada do Encanamento 751, Casa Forte.

PROJETOS

De bicicleta ao trabalho @ameciclo O projeto recruta voluntários para acompanhar quem deseja ir de bike para o trabalho, mas morre de medo do trânsito. Mais uma iniciativa da Ameciclo.

Bike Anjo @bikeanjo Presente em mais de 600 cidades ao redor do mundo, o Bike Anjo te ajuda e ensina (seja lá qual for a sua idade) a pedalar.

Bota pra rodar Com foco nas populações de baixa-renda, o projeto resgata bicicletas usadas para uso compartilhado dentro das comunidades, fomentando a mobilidade ativa nesses espaços.

Meu chinelo não é freio Oferece aos ciclistas, na volta pra casa, serviços de manutenção básica e substituição de peças de segurança. Quem participa também recebe orientações sobre o seguro DPVAT e o código de trânsito brasileiro (voltado para pedestres e ciclistas).

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LIVROS

Diários de Bicicleta, David Byrne Registros de viagem do músico à frente da Talking Heads, que passou por diversas cidades como Buenos Aires, Berlim e Istambul, sempre de bicicleta.

Bikenomics, Elly Blue Uma reflexão para entender a bicicleta não só como uma alternativa mais barata de vida, mas como uma ferramenta de transformação capaz de fazer do mundo um lugar melhor.

Artigo “A Bicicleta como um veículo

feminista”, Vivian Garelli A partir de uma pesquisa sobre a relação entre o cicloativismo e o feminismo nas cidades de Niterói e Rio de Janeiro.

FESTIVAIS & PEDAIS COLETIVOS

Bicicletada (@ameciclo) Também conhecida como “massa crítica”. O pedal, cujo objetivo é fortalecer a bike como meio de transporte, acontece toda última sexta-feira de mês e é organizado pela Ameciclo.

Pedala Vivi (@pedalavivi)Praticamente uma família de ciclistas (reunidos pela designer Vivi Ting) com pedais coletivos às quarta-feiras, possíveis para iniciantes. Em geral, sai por volta das 20:00 no Parque da Jaqueira.

Caveiras Bike Club

(@caveirasbikeclub) Pedal para quem busca saúde, lazer e diversão entre amigos. Às segundas o rolê costuma ser intermediário, e às quartas, avançado – com saídas por volta das 20:00 no Posto Shell da Rua Amélia, nas Graças.

Pedal Clube

goo.gl/3hGXRy Se divide em diferentes “vertentes”, como o Pedal Vapor, para quem gosta de velocidade, ou o Pedal Casal, para casais de ciclistas. A média mensal de quilômetros rodados varia de 500 à 800.

Ciclo Adventure (@cicloadventure)As saídas costumam ter batidas mais fortes, ideais para os ciclistas de velocidade, as vezes ultrapassando os 28km/h. O ponto de encontro costuma ser na Praça Parnamirim ou na frente do Parque da Jaqueira por volta das 20:30.

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CUIDADOS

Contatos de emergência Ambulância 192 Bombeiros 193 Polícia 190

Informações turísticas www.belohorizonte.mg.gov.br

1. Alongamento Procure uma série de alongamentos adequada ao seu corpo. Com cinco minutinhos de prática antes e depois do pedal, você já vai começar a sentir a diferença.

2. Hidratação Nas pedaladas mais longas ou nos dias mais quentes, beba bastante água, água de coco ou bebidas isotônicas.

3. Capa de chuva Leve uma capa na bolsa para não ser surpreendido pelo clima nos trópicos, e deixe a bike em casa em dias de muita chuva.

3. Cuidados com a pele Use sempre filtro solar (para não acabar com a marca da mochila). E se por acaso se machucar, a dica é usar óleo natural de copaíba ou melaleuca para ajudar na cicatrização.

Porque pedalar só se torna um hábito saudável se você se cuidar.

4. Roupas Vista-se (sempre) como quiser, e se puder, dê preferência para roupas e acessórios mais práticos, que facilitem a sua mobilidade e não te deixem arrasada se acabarem sujos de graxa.

5. Calçados Como no item anterior, prefira calçados confortáveis para não escorregar.

DICAS

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Confira algumas dicas para pedalar melhor e se manter em segurança, afinal, o ciclista inconsciente do seu próprio movimento é um perigo – para si mesmo e para a cidade.

Prefira a ciclovia, sempre. E lembre-se que, mesmo nela, as leis do trânsito prevalecem. Por isso, seja qual for a sua situação: não pare sobre a faixa de pedestres, não ande na contramão, não avance o sinal e use os braços para antecipar mudanças.

Nem tão rápido, nem tão devagar Quando precisar seguir pela rua, flua na velocidade dos carros e evite as vias cuja velocidade média seja superior à do seu rolê.

Evite a proximidade com os ônibus Ocupando a faixa da esquerda.

Use acessórios de segurança Capacete, a qualquer hora do dia, e ainda, faixas ou objetos luminosos durante a noite - para que outros possam te ver.

Nos casos de insegurança Não insista; e mesmo que precise dar uma volta maior, procure uma rota alternativa.

Não pedale olhando para baixo Se precisar checar aplicativos de localização com frequência, adquira um suporte para celular.

Prenda a bike sempre que estacionar Com corrente ou cadeado e, de preferência, perto de você.

A noite, evite pedalar sozinho Prefira a companhia de um amigo ou informe-se sobre os pedais coletivos.

Tenha bom senso E cuidado com a bebida.

Evite usar fones de ouvido Quando estiver fora da ciclovia, para ouvir o movimento, sirenes e buzinas.

Evite sair nos horários de pico Quando as ruas estão mais cheias, e os motoristas, menos pacientes.

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A—C

As Galerias R. da Guia 183, Recife.

Armazém Centenário R. Barão de Itamaracá 10, Espinheiro. Bar Central R. Mamede Simões 144, Santo Amaro.

Bar do Peixe R. Albacora 26, Brasília Teimosa.

Bar do Samuray: R. Badejo 252, Brasília Teimosa.

Bar do Seu Vital: R. Álvaro Macedo 4, Poço da Panela.

Bar Frontal: R. Mamede Simões 155, Boa Vista.

Barchef Mercado Gourmet: R. Marquês de Tamandaré 59, Poço da Panela.

Barraca do Pina (Praia do Pina): Av. Boa Viagem 940, Boa Viagem.

Beijupirá

R. Saldanha Marinho s/n, Amparo, Olinda.

Bestafera

R. Mamede Simões 12, Santo Amaro.

Bike Fit Café

R. de São Bento 179, Varadouro, Olinda.

Box Vitória Régia Praça de Casa Forte 420, Casa Forte.

Café Lumiére

R. da União 563, Boa Vista.

Cais José Estelita

Av. Eng. José Estelita 1647, São José.

Caixa Cultural

Av. Alfredo Lisboa 505, Recife.

Ca-Já

R. Carneiro Viléla 648, Aflitos.

Casa Balea: R. Treze de Maio 99, Carmo, Olinda.

Casa das Asas

R. Dom Sebastião Leme 81, Graças.

Casa de Noca

Rua Bertioga 243, Bonfim, Olinda.

Casa do Guaiamum

R. Eng. Oscár Ferreira s/n, Poço da Panela.

Casa dos Frios Av. Rui Barbosa 412, Graças.

140

C—G

Castigliani Cafés Especiais Estr. do Encanamento 323 - Loja 3, Parnamirim.

Ceça Espaço Colaborativo

Av. Manoel Borba 339, Boa Vista.

Cine Rosa e Silva Avenida Cons Rosa e Silva 1460, Aflitos.

Cinema da Fundação Joaquim

Nabuco: R. Henrique Dias 609, Derby.

Cinema São Luiz R. da Aurora 175, Boa Vista.

Clandestino Café Av. Rui Barbosa 960, Graças.

Copo Sujo R. Cap. Lima s/n, Santo Amaro.

daSé Tapiocas Famosas R. da Amizade 28-A, Graças.

Edifício Califórnia R. Artur Muniz 82, Boa Viagem.

Edifício Oceania Av. Boa Viagem 560, Pina.

Edifício Pernambuco Av. Dantas Barreto 324, Recife.

Edifício Texas R. Rosário da Boa Vista 163, Boa Vista.

Empório Pura Vida R. da Praia 169, Santo Antônio.

Empório Sertanejo R. da Hora 34, Espinheiro.

Espaço Agroecológico R. Souza de Andrade s/n, Graças

Espaço Somos R. da Aurora 1035 - Loja 2, Santo Amaro.

Feira Livre de Casa Amarela R. Padre Lemos s/n, Casa Amarela.

Flô de Jambo R. Joaquim Xavier de Andrade 151, Poço da Panela.

Fundação Joaquim Nabuco Av. Dezessete de Agosto 2187, Casa Forte.

Galeria Arte Plural R. da Moeda 140, Recife.

Giro Praia R. dos Navegantes 2277, Boa Viagem.

141

G—R

Grandão do Queijo Rua Padre Lemos s/n, Casa Amarela.

Jardim Baobá: R. Me. Loiola 2, Graças.

Lalá Café & Cozinha Afetiva: R. Amélia 470, Graças.

Marco Zero: Av. Alfredo Lisboa s/n, Recife.

MauMau Galeria: R. Nicarágua 173, Espinheiro.

Mercado de São José: Praça Dom Vital, s/n, São José.

Museu Cais do Sertão Av. Alfredo Lisboa, s/n – Armazém 10, Recife Antigo.

Museu do Estado de Pernambuco Av. Rui Barbosa 960, Graças.

Museu Murillo La Greca R. Leonardo Bezerra Cavalcante 366, Parnamirim.

Orgânico 22 R. Doze de Outubro 15, Graças.

Paço do Frevo R. da Guia s/n, Recife.

Padaria Imperatriz R. Imperatriz Teresa Cristina 240, Boa Vista.

Padaria Santa Cruz R. da Santa Cruz 101, Boa Vista.

Panificadora Pão & Vinho R. das Pernambucanas 255, Graças.

Papaya Verde R. Santo Elías 409, Espinheiro.

Parque da Jaqueira

R. do Futuro 959, Graças.

Parque de Santana R. Jorge Gomes de Sá s/n, Santana.

Parque Dona Lindu Avenida Boa Viagem s/n, Boa Viagem.

Parque Treze de Maio R. Mamede Simões 111, Boa Vista.

Quina do Futuro Taberna Japonesa R. Xavier Marquês 134, Aflitos.

Ramon Bar y Parrilla Av. Dezessete de Agosto 1778, Casa Forte.

142

R—Z

Rosamarela Praça Dr. Lula Cabral de Melo, 68 – Loja 18, Parnamirim.

Sinagoga Kahal Zur Israel

R. do Bom Jesus 197, Rua Domingos José Martins.

Sítio da Trindade R. Jouberte de Carvalho 2-92, Casa Amarela.

Sorveteria Santo Doce

R. Doze de Outubro 15, Graças.

Sovaj Veg Bar R. Princesa Isabel 207, Santo Amaro.

Sushi Digital R. da Moeda 122, Recife.

Teatro Santa Isabel

Praça da República 233, Santo Antônio.

Tokyo’s Café Av. Dr. Malaquias 79, Graças.

Udon Cozinha Oriental Rua Raimundo Freixeira 175, Casa Amarela.

143

Vegostices R. da Aurora 175, Boa Vista.

Vila Amizade Padaria Artesanal

R. da Amizade 54, Graças.

Concepção: Bá RosalinskiProdução: Bateu Castelo

Fotografia: Flora Negri e Victor AlencarDesign Gráfico: Bettina Birmarcker Direção de Arte: Raphael TepedinoTexto: Fernanda Cintra

Este guia foi produzido em abril de 2018 para o lançamento oficial da bicicleta Melissa Bike em parceiria com a Blitz.

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