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SITUAÇÃO DAS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM RECIFE, 2014 - 2019

Recife, Abril de 2020

Secretaria de Saúde Diretoria Executiva de Vigilância à Saúde Gerência de Vigilância Epidemiológica Setor de Vigilância de Doenças não transmissíveis

1

Prefeito

Geraldo Júlio

Secretário Municipal de Saúde

Jailson de Barros Correia

Diretoria Executiva de Vigilância à Saúde

Joanna Freire

Gerente Geral de Vigilância à Saúde:

Juliana Maria Oriá de Oliveira

Gerente de Vigilância Epidemiológica

Natalia Barros

Setor de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde

Claudia Castro

A situação epidemiológica das Doenças Respiratórias em Recife 2014 -2019 é uma publicação

da Diretoria Executiva de Vigilância à Saúde - Setor de Doenças e Agravos Não Transmissíveis

e Promoção a Saúde da Secretária Municipal de Saúde de Recife

Elaboração: Andréa Barbosa, Claudia Castro, Denise Oliveira, Gabriela da Cruz, Terezinha

Aquino

Disponível: https://cievsrecife.wordpress.com/

Endereço Eletrônico: [email protected]

https://cievsrecife.wordpress.com/

mailto:[email protected]

2

SITUAÇÃO DAS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM RECIFE:

Morbidade 2014 a 2019 e Mortalidade 2014 a 2018

1. Introdução

As infecções respiratórias agudas são mundialmente reconhecidas como uma das

principais causas de morbidade e mortalidade em todas as idades, particularmente em crianças

e idosos, resultando em torno de 3 a 5 milhões de casos de doenças graves ao ano. Cerca de

90% dos casos são causadas por vírus, mas também podem ser causadas por bactérias e outros

microrganismos1.

A maior parte das infecções respiratórias são consideradas leves, apresentando apenas

alguns desconfortos temporários. Entretanto, se não tratados adequadamente, podem evoluir

para um estado mais grave podendo levar a morte1.

No mundo, segundo a OMS, cerca de 65 milhões de pessoas sofrem de doença pulmonar

obstrutiva crônica e 3 milhões morrem a cada ano, tornando-a a terceira principal causa de

morte; 334 milhões de pessoas sofrem de asma, a doença crônica mais comum da infância

que afeta 14% de todas as crianças; A pneumonia mata milhões de pessoas anualmente e é

uma das principais causas de morte entre crianças menores 5 anos2.

No Brasil, no período de 2014 a 2017 ocorreram 5.113.651 óbitos por doenças do

aparelho respiratório (DAR), este grupo de causa encontra-se na quarta posição entre as demais,

visto que os primeiros grupos são: doenças do aparelho circulatório, neoplasias e causas

externas. Seguindo o mesmo padrão do Brasil, em Pernambuco, as DAR representaram o quarto

grupo para os óbitos, entre os anos de 2014 e 2017, foram registrados 30.874 óbitos por doença

respiratória, sendo 84,2% na faixa de 60 anos ou mais3.

No Recife, a distribuição dos óbitos por capitulo de CID10 ocorre de forma diferenciada,

no período de 2014 a 2018 ocorreram 7.792 óbitos pelas DAR, e desde 2012 passou a ocupar a

terceira causa de morte entre os demais grupos.

Diante da relevância epidemiológica deste grupo de causa apresentaremos uma análise

da morbimortalidade pelas DAR, entre os residentes do Recife, no período de 2010 a 2019

(morbidade hospitalar) e 2014 a 2018 (mortalidade).

3

2. Morbidade hospitalar por doenças do aparelho respiratório: 2014 – 2019

As informações referentes à morbidade hospitalar são provenientes do Sistema de

Internação Hospitalar (SIH) do Datasus/MS (2014 a 2019). No período estudado ocorreram

625.012 internações entre os residentes do Recife. As três principais causas de hospitalização

foram às ligadas à gravidez, parto e puerpério (17,0%), doenças do aparelho circulatório

(10,9%) e causas externas (9,1%). As doenças do aparelho respiratório aparecem em sexto lugar

com 8,2%. (Gráfico1).

Gráfico 1: Proporção de internações hospitalares por Capítulos da CID-10. Recife, 2014 a 2019

Fonte: SIH/DATASUS/MS

A análise da evolução por capítulo CID 10, mostra um crescimento no número de internações

por neoplasias e doenças infecciosas e parasitárias. Para as demais causas destacadas neste no gráfico

2, observa-se uma redução, inclusive as doenças do aparelho respiratório que sofreu uma redução de

7,4% (Gráfico 2).

17,0

10,9

9,1

9,0

8,8

8,2

8,1

6,2

1,8

1,8

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0

Gravid parto e puerpério

D. Apar. Circulat.

Causas externas

D. Apar. Digest.

Neoplasias

D. Apar. Respirat.

D. Infec. e Parasit.

D. Apar. Genitur.

D. Endóc. Nutric. e Metab

Transtornos mentais

4

Gráfico 2: Distribuição das principais causas de internação por capítulo CID 10. Recife, 2014 a 2019.


Considerando as doenças do aparelho respiratório na totalidade de suas morbidades,

observa-se flutuações ao longo do período, com média de 8.552 internações por ano. Destaca-

se um incremento de internações no ano de 2017 (Gráfico 3).

Gráfico 3- Número de internações hospitalares por doenças do aparelho respiratório.

Recife, 2014 a 2019


2014 2015 2016 2017 2018 2019

Causas Externas 10013 9117 9133 10031 9230 9050

Grav, parto e puerp. 17718 17858 16689 18520 18071 17519

D. Ap. Digestivo 9463 9205 9095 9745 9629 9240

D. Ap. Respiratório 8999 8491 8266 9049 8122 8382

D. Ap. Circulatório 11451 11326 11584 11837 11199 10929

Neoplasias 8439 8726 8932 9487 9820 9878

D.Infec. e Parasit. 7592 8245 9053 8307 8582 8837

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

8999

8491

8266

9049

8122

8382

7600

7800

8000

8200

8400

8600

8800

9000

9200

2014 2015 2016 2017 2018 2019

5

Quanto às morbidades das doenças do aparelho respiratório, no período de 2014 a 2019,

encontram-se as pneumonias, com o maior percentual das internações (50,6%), bem abaixo

encontramos a asma (15,9%) e as bronquites e bronqueolites agudas. (Gráfico 4).

Gráfico 4: Proporção de internações hospitalares por doenças do aparelho respiratório.

Recife, 2014 a 2019


Quando analisamos a evolução dessas causas no período estudados observamos que a

influenza provocou maior número de internações nos anos de 2014 e 2015 e as demais causa

sofreram pequenas flutuações (Tabela 1)

50,6

15,9

16,1

8,0

6,5

1,5

1,4

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

Pneumonia

Asma

Outras doenças do aparelho respiratório

Bronquite e bronquiolite aguda

Bronquite enfisema e outr doenç pulm obstr crôn

Doenças crônicas das amígdalas e das adenóides

Influenza [gripe]

6

Tabela 1: Número de internações hospitalares por doenças do aparelho respiratório segundo

causa. Recife, 2014 a 2019


Quanto às faixas etárias, as doenças respiratórias atingem mais a população infantil e

idosa, quase 50% das internações aconteceram em crianças de 0 a 9 anos (gráfico 5). Analisando

as causas especificas entre as faixas, observa-se que as pneumonias ocuparam a primeira

posição em todos os grupos. Nas crianças e adolescente, a asma teve importante posição como

causa de internação e as doenças pulmonares obstrutivas crônica atinge mais a população de 40

a 79 anos.

INTERNAÇÕES DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO

2014 2015 2016 2017 2018 2019 TOTAL

Faringite aguda e amigdalite aguda 19 14 7 12 7 13 72

Laringite e traqueíte agudas 17 31 33 20 25 33 159

Outras infec agudas das vias aéreas super 21 32 25 39 62 48 227

Influenza [gripe] 439 283 6 6 5 1 740

Pneumonia 4231 3995 4364 4783 4332 4252 25957

Bronquite aguda e bronquiolite aguda 772 685 711 754 506 700 4128

Sinusite crônica 19 8 14 12 35 18 106

Outras doenças do nariz e seios paranasais 152 72 68 83 122 118 615

Doenças crônicas das amígdalas e adenóides 169 128 112 122 116 134 781

Outras doenças do trato respiratório superior 113 66 55 78 118 115 545

Bronquite enfisema e outr doenç pulm obstr crôn 512 582 542 676 557 451 3320

Asma 1381 1568 1274 1475 1161 1291 8150

Bronquiectasia 14 7 12 23 21 27 104

Pneumoconiose 1 3 - 1 1 5 11

Outras doenças do aparelho respiratório 1139 1017 1043 965 1054 1176 6394

Total 8999 8491 8266 9049 8122 8382 51309

7

Gráfico 5: Proporção de internações hospitalares por doenças do aparelho respiratório segundo

faixa etária. Recife, 2014 a 2019


A distribuição das internações entre os sexos apresentou uma pequena diferença, ficando o sexo

masculino com 52,4% das hospitalizações (Gráfico 6).


sexo. Recife, 2014 a 2019


48,5

3,96,1

11,4

19,2

10,9

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

0-9 anos 10-19 anos 20-39 anos 40-59 anos 60-79 anos 80 anos e mais

52,447,6

Masc Fem

8

A análise por raça/cor revela uma grande proporção sem informação (39,1%) e entre as

declaradas, predominou a parda com 52,4% das internações (Gráfico 7).


raça/cor. Recife, 2014 a 2019


3. Mortalidade por Doenças do Aparelho Respiratório (DAR): 2014 - 2018

No período de 2014 a 2018 ocorreram 58.133 óbitos nos residentes do Recife, com

média anual de 11.626 óbitos. A primeira causa de morte ocorreu por doenças do aparelho

circulatório com 26,7% dos óbitos, seguido das neoplasias com 17,4%. As doenças do aparelho

respiratório (13,4%) e as causas externas (12,2%) aparecem em terceiro e quarto lugares,

respectivamente (Gráfico 8).

4,1

0,8

54,7

1,30,0

39,1

Branca Preta Parda Amarela Indígena Sem informação

9

Gráfico 8: Proporção de óbitos por causas de morte segundo capitulo de CID10. Recife, 2014 a 2018

Fonte: SIM/SISV/GEVEPI/DEVS/SESAU do Recife

*Dados parciais sujeitos a alteração, captados em 15/01/20

Uma análise por capítulo CID 10, mostra destaque para os óbitos por doenças do

aparelho circulatório, com predominância em todos os anos estudados, dentre as cinco

principais causas de mortalidade na cidade do Recife. No último ano do período, as neoplasias

e as doenças do aparelho respiratório, apresentaram discreto aumento no número absoluto.

(Gráfico 9).

0,0

0,0

0,0

0,1

0,4

0,4

0,4

0,6

0,6

1,0

3,3

3,8

2,7

5,5

5,6

5,9

12,2

13,4

17,4

26,7

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0

VII. Doenças do olho e anexos

XIX. Lesões enven e alg out conseq causas externas

VIII.Doenças do ouvido e da apófise mastóide

XV. Gravidez parto e puerpério

XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo

XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo

III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár

V. Transtornos mentais e comportamentais

XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat

XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas

VI. Doenças do sistema nervoso

XIV. Doenças do aparelho geniturinário

XVI. Algumas afec originadas no período perinatal

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias

XI. Doenças do aparelho digestivo

IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas

X. Doenças do aparelho respiratório

XX. Causas externas de morbidade e mortalidade

II. Neoplasias (tumores)

IX. Doenças do aparelho circulatório

10

Gráfico 9: Distribuição das principais causas de óbitos por capítulo CID 10. Recife, 2014 a 2018.



Em relação a causa específica dos óbitos por DAR, no período de 2014 e 2018,

encontrou-se em primeiro lugar as patologias registradas como restante das doenças do aparelho

respiratório com 46,8%, seguida das pneumonias (28,5%) e doenças crônicas das vias aéreas

inferiores (23,9%) (Gráfico 10).

2014 2015 2016 2017 2018

D. End. Nut e Metab. 648 676 753 731 647

Causas Externas 1276 1340 1474 1606 1413

D. Ap. Respiratório 1403 1627 1709 1495 1558

Neoplasias 1953 2075 1979 2026 2064

D. Ap. Circulatório 2953 3133 3230 3224 2968

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

11

Gráfico 10: Proporção de óbitos por causa específica das doenças do aparelho respiratório.

Recife, 2014 a 2018.

Fonte: SIM/SISV/GEVEPI/DEVS/SESAU Recife*Dados parciais sujeitos a alteração, captados em 15/01/20

Em relação a todas as causas específicas por DAR, os óbitos se elevaram à medida que

aumentou a faixa etária, com cerca de 84,8% dos casos a partir dos 60 anos (Gráfico 10).

Gráfico 10: Proporção de óbitos por doenças do aparelho Respiratório, segundo faixa etária.

Recife, 2014 a 2018

Fonte: SIM/SISV/UVEPI/DEVS/SESAU do Recife *Dados parciais sujeitos a alteração, captados em 15/01/20

Bronqueolite InfluenzaOutras

InfecçõesAsma

DoençasCronicas das

viasPneumonias

Restante dasDAR

Nº 11 12 44 139 1866 2220 3649

% 0,1 0,2 0,6 1,8 23,6 28,5 46,8

0

10

20

30

40

50

0

1000

2000

3000

4000

<1 Ano 1-4 5-9 10-14 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 80 e+

% 0,3 0,3 0,1 0,1 0,2 0,5 1,3 2,8 7,7 13,3 21,9 51,4

Nº 21 23 7 9 17 42 101 220 603 1038 1705 4005

0

1000

2000

3000

4000

5000

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

12

O sexo feminino foi mais acometido com 56,6% dos óbitos (gráfico 11) e a raça/cor

parda e branca apresentaram pouca diferença no número de óbitos com 46,1%, e 45,8%,

respectivamente (Gráfico 12).

Gráfico 11: Proporção de óbitos por doenças do aparelho Respiratório, segundo sexo.

Recife, 2014 a 2018

Fonte: SIM/SISV/GEVEPI/DEVS/SESAU Recife


Gráfico 12: Proporção de óbitos por doenças do aparelho Respiratório, segundo raça/cor.

Recife, 2014 a 2018



43,4

56,6

Masculino

Feminino

45,8

6,10,2

46,1

0,1 1,6

Branco

Preta

Amarela

Parda

13

O número de óbitos por doenças do aparelho respiratório concentrou-se naqueles

com pouca escolaridade, representando 61,2% com menos de 8 anos de estudo e 24,8% com

mais de 8 anos (Gráfico 13).

Gráfico 13: Proporção de óbitos por doenças do aparelho Respiratório, segundo escolaridade.

Recife, 2014 a 2018



Os Distritos Sanitários IV e V apresentaram maior número de óbitos, com 1.339 e

1347 óbitos, respectivamente. (Gráfico 14).

Gráfico 14 - Proporção de óbitos por doenças do aparelho Respiratório, segundo Distrito Sanitário.

Recife, 2014 a 2018



Nenhuma 1-3 anos 4-7 anos 8-11 anos 12e+ Ignorado

Nº 1441 2132 1196 1251 684 1088

% 18,5 27,4 15,3 16,1 8,8 14,0

0

500

1000

1500

2000

2500

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

DS I DS II DS III DS IV DS V DS VI DS VII DS VIII Ign

Nº 436 1201 744 1339 1347 1208 854 643 20

% 5,6 15,4 9,5 17,2 17,3 15,5 11,0 8,3 0,3

0

400

800

1200

1600

0,0

4,0

8,0

12,0

16,0

20,0

14

4. Considerações finais

As Doenças do aparelho respiratório são importantes causas de morbi-mortalidade na

população, exercendo pressão sobre os serviços de saúde e provocando absenteísmo escolar,

uma vez que a morbidade atinge em grande proporção as crianças.

No período deste estudo, observa-se aumento dos óbitos por esta causa, acometendo

principalmente a população de idosos e manutenção com pequena redução das internações

hospitalares.

Seria interessante a realização de estudos mais detalhados sobre as doenças respiratórias

que pudessem subsidiar ações da atenção básica e o planejamento das políticas de prevenção e

controle no âmbito municipal.

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