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O Pensamento Cristo: A Patrstica e a EscolsticaO Final da Idade Antiga foi marcado pela ascenso do cristianismo. Uma nova ordem comeava a ser estabelecida em todo Ocidente. A Filosofia Crist tendo Jesus Cristo como modelo e a sagrada escritura como paradigma de todas as verdades, espalhava-se e dominava, pouco a pouco, todos os imprios da poca. Ela se firmou de tal forma que marcou o inicio de uma nova era da histria, o perodo cristo, cujo apogeu foi a Idade Mdia.

A filosofia medieval e o cristianismo

Ao longo do sculo V d.C., o Imprio Romano do Ocidente sofreu ataques constantes dos povos brbaros. Em meio ao esfacelamento do Imprio Romano, a Igreja catlica conseguiu manter-se como instituio social, passou a exercer importante papel poltico na sociedade medieval. Conquistou tambm vasta riqueza material tornando-se dona de um tero das reas cultivveis da Europa Ocidental.

A f consistia na crena irrestrita ou na adeso incondicional s verdades reveladas por Deus aos homens. Verdades expressas na Bblia e interpretadas segundo a Igreja. Santo Ambrsio(340-397, aproximadamente): Toda verdade, dita por quem quer que seja, do Esprito Santo.

Toda investigao filosfica ou cientfica no poderia, de modo algum, contrariar as verdades estabelecidas pela f catlica. Existiam religiosos que desprezavam a filosofia grega, sobretudo porque viam nessa forma pag de pensamento uma porta aberta para o pecado, a dvida, o descaminho e a heresia.

Por outro lado, surgiram pensadores cristos que defendiam o conhecimento da filosofia grega , sentindo a possibilidade de utiliz-la como instrumento a servio do cristianismo. Tinham como objetivo convencer os descrentes, tanto quanto possvel, pela razo, para depois fazlos aceitar a imensido dos mistrios divinos, somente acessveis a f.

A filosofia medieval pode ser dividida em quatro momentos principais:

Os padres apostlicos, do incio do cristianismo(sculos I e II), entre os quais se incluem os apstolos. Entre estes se destaca a figura de So Paulo. Os padres apologistas(sculos III e IV) que faziam apologia ao cristianismo contra a filosofia pag. A Patrstica(sculo IV a VIII), no qual se busca uma conciliao entre a razo e a f. Entre eles destaca-se Santo Agostinho. A Escolstica(sculo IX a XVI) no qual se buscou uma sistematizao da filosofia crist. Entre eles se destaca So Toms de Aquino.

A caracterstica fundamental dessa filosofia medieval a nfase nas questes Teolgicas; os dois momentos mais importantes da filosofia medieval so a Patrstica e a Escolstica.

Patrstica A f em busca de argumentos racionais a partir de uma matriz platnica.Como se desenvolveu do cristianismo, tornou-se necessrio explicar seus preceitos s autoridades romanas e ao povo em geral. Os primeiros padres da igreja se empenharam na elaborao de inmeros textos sobre a f e a revelao crists. Uma das principais correntes da filosofia patrstica, inspirada na filosofia greco-romana, tentou munir a f de argumentos racionais.

Santo Agostinho: A certeza da razo por meio da f Compreender para crer, crer para compreender

Aureliano Agostinho (354-430) nasceu em Tagaste, provncia romana situada na frica, e faleceu em Hipona, hoje localizada na Arglia. Nesta cidade ocupou o cargo de bispo da igreja catlica.Em sua formatao intelectual, Agostinho sentiu-se despertado para a filosofia pela leitura de Ccero. Posteriormente, deixou-se influenciar pelo maniquesmo. Viajou para Roma e Milo, entrando em contato com ceticismo e depois neoplatonismo.

Nesse perodo crtico encontrou com Santo Ambrsio, bispo de Milo, sentindo-se extremamente atrado por suas pregaes converteu-se ao cristianismo tornando-se seu grande defensor pelo resto da vida. Segundo o filsofo, o homem que trilha a vida do pecado s consegue retornar aos caminhos de Deus e da salvao mediante a combinao de seu esforo pessoal de vontade e a concesso, imprescindvel, da graa divina.

PelagianismoNa poca de Agostinho, outro telogo, Pelgio, afirmava que a boa vontade e as boas obras humanas seriam suficientes para a salvao individual. Doutrina do Pelagianismo. O Pelagianismo no podia ser adotado pela Igreja catlica porque conservava a noo grega da autonomia da vida moral humana. Enquanto na filosofia grega o indivduo se identifica com o cidado, a filosofia crist enfatiza no indivduo sua vinculao pessoal com Deus e exalta a salvao individual. De acordo com Santo Agostinho, a liberdade humana prpria da vontade e no da razo.

Agostinho tambm discutiu a diferena existente entre f crist e razo, afirmando que a f nos faz crer em coisas que nem sempre entendemos pela razo: Creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio tambm entendo. Tudo o que compreendo conheo, mas nem tudo que creio conheo.

Do Helenismo ao CristianismoO pensamento de Agostinho reflete, em grande medida, os principais passos de sua trajetria intelectual: Do Maniquesmo ficou uma concepo dualista; Do ceticismo ficou a permanente desconfiana nos dados dos sentidos, isto , no conhecimento sensorial; Do Neoplatonismo Agostinho assimilou a concepo de que a verdade, como conhecimento eterno, deveria ser buscada intelectualmente no mundo das idias. Com o cristianismo, defendeu a via do autoconhecimento, o caminho da interioridade, como instrumento legtimo para a busca da verdade.

Escolstica Os caminhos de inspirao aristotlica at Deus

No sculo VIII, Carlos Magno organizou o ensino e fundou escolas ligadas as instituies catlicas. No ambiente cultura dessas escolas e das primeiras universidades do sculo XI surgiu uma produo filosficoteolgica denominada escolstica (de escola). At cerca do sculo XII, os europeus s conheciam pequena parcela da filosofia de Aristteles. Em 711, os rabes passaram a exercer uma influncia notvel sobre vrios setores da cultura europia, tanto na arquitetura como na literatura, nas cincias e na filosofia.

No perodo Escolstico, a busca de harmonizao entre a f crist e a razo manteve-se como problema bsico de especulao filosfica. Nesse sentido, a escolstica pode ser dividida em trs fases: Primeira fase(sculo IX ao fim do sculo XII) caracterizada pela confiana na perfeita harmonia entre f e razo; Segunda fase(sculo XIII ao princpio do sculo XIV) caracterizada pela elaborao de grandes sistemas filosficos, merecendo destaque Toms de Aquino. Terceira fase(sculo XIV at XVI) decadncia da escolstica, caracterizada pela afirmao das diferenas fundamenteis entre f e razo.

A questo dos universais: o que h entre as palavras e coisasO mtodo escolstico de investigao, segundo o historiador francs contemporneo Jacques Le Goff, privilegiava o estudo da linguagem(o trivium) para depois passar para o exame das coisas(o quadrivium). Desse mtodo surgiu a seguinte pergunta: qual a relao entre as palavras e as coisas? Esse problema filosfico gerou muitas disputas. Era grande a discusso sobre a existncia ou no das idias gerais, isto , os chamados universais de Aristteles. Tal discusso ficou conhecida como a questo dos universais.

O realismo sustentava a tese de que os universais existiam de fato, ou seja, as idias universais existiriam por si mesmas. Essa posio foi defendida por exemplo, pelo abade beneditino e arcebispo de Canturia Santo Anselmo(10351109). O filsofo e bispo francs Guilherme de Champeaux(1070-1121) tambm era realista e acreditava que entre o universo das coisas e o universo dos nomes havia uma analogia tal que quanto mais universal fosse o termo gramatical.

O nominalismo sustentava a tese de que os termos universais, tais como beleza, bondade e etc., no existiriam em si mesmos, pois seriam apenas palavras sem uma existncia real. Essa era a posio do filsofo francs Roscelin de Campigne(1050-1120), autor segundo o qual s existiria a individualidade.

Entre as duas posies contrrias surgiu uma terceira, o realismo moderado, sustentado por Pedro Abelardo(1079-1142). De acordo com Abelardo s existem as realidades singulares. A importncia da questo dos universais est no s no avano que essa discusso possibilitou em relao busca do conhecimento da realidade, mas tambm porque, atravs dela, se alcanou um alto nvel de desenvolvimento lgico-lingustico.

Santo Toms de Aquino: a cristianizao de Aristteles

Se correto que a verdade da f crist ultrapassa as capacidades da razo humana, nem por isso os princpios inatos naturalmente razo podem estar em contradio com esta verdade sobrenatural. Toms de Aquino(1226-1274) nasceu em Npoles, sul da Itlia, e faleceu no convento Fossanuova, prximo de sua cidade natal, aos 49 anos de idade. considerado o maior filsofo da escolstica medieval.

Inserida no movimento escolstico, a filosofia de Toms de Aquino(o tomismo) j nasceu com objetivos claros: no contrariar a f. Reviveu em grande parte o pensamento Aristotlico com a finalidade de nele buscar os elementos racionais que explicassem os principais aspectos da f crist, enfatizou a importncia da realidade sensorial

Princpio da no-contradio o ser ou no . No existe nada que possa ser e no ser ao mesmo tempo sob o mesmo ponto de vista; Princpio da substncia na existncia dos seres podemos distinguir a substncia. Princpio da causa eficiente todos os seres que captamos pelos sentidos so seres contingentes.

As provas da existncia de Deus

Santo Toms prope cinco provas da existncia de deus: 1. O primeiro motor tudo aquilo que se move movido por outro ser. 2. a causa eficiente todas as coisas existentes no mundo no possuem em si prprias a causa eficiente de suas existncias. 3. ser necessrio e ser contingente este argumento uma variante do segundo. 4. os graus de perfeio em relao a qualidade de todas as coisas existentes, pode-se afirmar a existncia de graus diversos de perfeio. 5. a finalidade do ser todas as coisas brutas, que no possuem inteligncia prpria, existem na natureza cumprindo uma funo, um objetivo, uma finalidade, semelhante flecha dirigida pelo arqueiro.

O mrito de Toms de AquinoO pensador catlico contemporneo Jacques Maritian escreveu sobre ele: No s transportou para o domnio do pensamento cristo a filosofia de Aristteles na sua integridade, para fazer dela o instrumento de uma sntese teolgica admirvel, como tambm e ao mesmo tempo superelevou e, por assim dizer, transfigurou essa filosofia. Purificou-a de todo vestgio de erro () sistematizou-a poderosa e harmoniosamente, aprofundando-lhe os princpios, destacando as concluses, alargando os horizontes, e se nada cortou, muito acrescentou, enriquecendo-a com o imenso tesouro da tradio latina e crist.

J filsofos no-cristos como Bertrand Russell questionaram os mritos filosficos de Toms de Aquino: H pouco do verdadeiro esprito filosfico em Aquino () No est empenhado numa pesquisa cujo resultado no possa ser conhecido de antemo. Antes de comear a filosofar, ele j conhece a verdade; est declarada na f catlica. Se, aparentemente, consegue encontrar argumentos racionais para algumas partes da f, tanto melhor; se no, basta-lhe voltar de novo revelao. A descoberta de argumentos para uma concluso dada de antemo no filosofia, mas uma alegao especial. No posso, portanto, admitir que merea ser colocado no mesmo nvel que os melhores filsofos da Grcia ou dos tempos modernos.

Em que pese essa discordncia de opinies sobre os mritos de Toms de Aquino, praticamente unnime o reconhecimento de que sua obra filosfica representou o apogeu do pensamento medieval catlico.

A Escolstica ps-tomistaOs artigos de f no so princpios de demonstrao nem concluses, no sendo nem mesmo provveis, j que parecem falsos para todos, para a maioria ou para os sbios, entendendo por sbios aqueles que se entregam razo natural, j que s de tal modo se entende o sbio na cincia e na filosofia. Entre os filsofos significativos desse perodo, destacam-se:

So Boaventura(1240-1284) iniciou uma reao contra a filosofia tomista e buscou recuperar a tradio platnica agostiniana. Roberto Grosseteste(1168-1243) e Roger Bacon(1214-1292) iniciaram uma investigao experimental no campo das cincias naturais que abriu caminho para a cincia moderna.

Guilherme de Ockham(1280-1349) proclamou uma distino absoluta entre f e razo. De acordo com Ockham, a filosofia no serva da teologia e a mesma no pode sequer ser considerada cincia, pois somente um corpo de proposies mantidas no pela coerncia racional, mas pela fora da f. Pensador empirista e nominalista combateu a metafsica tradicional e iniciou o mtodo da pesquisa cientfica moderna.