sílvia daniela amado araújo - repositório aberto · eu, sílvia daniela amado araújo, abaixo...

62
Farmácia Cristal Sílvia Daniela Amado Araújo

Upload: others

Post on 28-Jul-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

Farmácia Cristal

Sílvia Daniela Amado Araújo

Page 2: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

II

Page 3: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

III

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Cristal

Fevereiro de 2014 a Julho de 2014

Sílvia Daniela Amado Araújo

Orientador: Dr.(a) Juliana Gomes

_____________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutor (a) Glória Queiroz

_____________________________________

Setembro de 2014

Page 4: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

IV

Declaração de Integridade

Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado

Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do

Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo,

mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou

partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores

pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras,

tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ____________ de ______

Assinatura: ______________________________________

Page 5: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

V

Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à minha filha, Daniela, por ter sempre um

sorriso para me dar. Ao meu marido, Nuno, agradeço toda a paciência e apoio nos

dias menos bons. Aos meus pais a disponibilidade para cuidar da minha filha. Sem o

apoio da minha família seria impossível, para mim, a conclusão do Curso de Mestrado

Integrado em Ciências Farmacêuticas.

À Faculdade de Farmácia do Porto, um obrigada pelos ensinamentos transmitidos e

pela possibilidade obter de mais uma ferramenta para um futuro melhor.

Agradeço à Dra. Juliana Gomes, a possibilidade de estágio na farmácia cristal e a toda

a equipa da mesma os conhecimentos teóricos e práticos transmitidos, num ambiente

profissional e descontraído. Agradeço-lhes também pelo fato de qualquer dúvida ser

resolvida com simpatia e paciência e pelo fato de tornarem os 6 meses de estágio uma

experiência aprazível.

Page 6: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

VI

Resumo

O estágio curricular é parte integrante do percurso formativo de um Mestre em

Ciências Farmacêuticas. Têm como principal propósito de a integração do estudante

no quotidiano laboral de um farmacêutico, permitindo a articulação dos conhecimentos

teóricos adquiridos com a prática da atividade profissional. Em específico, o estágio

curricular em farmácia comunitária permite ao aluno familiarizar-se com a dinâmica de

uma atividade dirigida à restauração e manutenção da saúde.

A farmácia comunitária é um local de interesse público que tem ao dispor do utente

serviços essenciais e diferenciados. Os serviços essenciais relacionam-se com a

dispensa de medicamentos e produtos de saúde, promoção da saúde, medições de

parâmetros, promoção do uso racional dos medicamentos e avaliação da eficácia e

segurança dos mesmos. Os serviços diferenciados são inerentes ao especialista do

medicamento e estão associados ao seguimento farmacoterapêutico. Para prestar

estes serviços, o farmacêutico, necessita de uma constante atualização de

conhecimentos e disponibilidade.

O presente relatório pretende descrever o meu estágio curricular realizado entre os

dias 3 de Fevereiro e 31 de Julho de 2014, na Farmácia Cristal. O capítulo 1 descreve

todas as atividades realizadas desde a organização e gestão da farmácia aos serviços

prestados. O capitulo 2 refere casos de situações que ocorreram na farmácia e com os

quais tive de prestar um serviço diferenciado, aconselhando terapêutica farmacológica

e não farmacológica.

Page 7: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

VII

Abreviaturas

� AFP – Associação de Farmácias de Portugal

� CCF – Centro de Conferência de Faturas

� CNP – Código Nacional de Produto

� CNPEM – Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos

� DCI – Designação Comum Internacional

� DT – Diretora Técnica

� EMA – Agência Europeia do Medicamento

� FC – Farmácia Cristal

� hCG – Gonadotrofina Coriónica humana

� INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P.

� IMC – Índice de Massa Corporal

� IVA – Imposto de Valor Acrescentado

� MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

� MSRM – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

� OF – Ordem dos Farmacêuticos

� PA – Pressão Arterial

� PB – Parâmetros Bioquímicos

� PBF – Parâmetros Bioquímicos e Fisiológicos

� PCHC – Produtos de Cosmética e Higiene Corporal

� PVP – Preço de Venda ao Público

� RAM – Reação Adversa a Medicamento

� SISR – Sistema Informático SoftReis

� SNS – Sistema Nacional de Saúde

� SNF – Sistema Nacional de Farmacovigilância

� SIGREM – Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e

Medicamentos

Page 8: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

VIII

Índice

CAPÍTULO 1 ................................................................................................................. 1

1. ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA ........................................................................... 1

1.1. LOCALIZAÇÃO ............................................................................................... 1 1.2. POPULAÇÃO ................................................................................................. 1 1.3. HORÁRIO DE ATENDIMENTO ....................................................................... 1 1.4. RECURSOS HUMANOS ................................................................................. 2 1.5. INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS .............................................................. 2

1.5.1. Exterior .................................................................................................... 2 1.5.2. Área de Atendimento ao Público .............................................................. 3 1.5.3. Área de receção de encomendas ............................................................ 3 1.5.4. Armazém de grandes quantidades .......................................................... 3 1.5.5. Laboratório ............................................................................................... 4

1.6. REGULAMENTAÇÃO DA ACTIVIDADE FARMACÊUTICA EM FARMÁCIA

COMUNITÁRIA ......................................................................................................... 4

2. FONTES DE INFORMAÇÃO ................................................................................. 5

2.1. INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO ............................................................. 5 2.2. FORMAÇÃO CONTINUA/ COMPLEMENTAR ................................................ 5

3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE .............. 6

3.1. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA............... 6 3.1.1. Dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ................... 9 3.1.2. Regimes de comparticipação ................................................................. 10

3.2. MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ............................ 11 3.3. OUTROS PRODUTOS DE SAUDE ............................................................... 11 3.4. FARMACOVIGILÂNCIA ................................................................................ 13

4. ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO .......................................................... 14

4.1. REALIZAÇÃO DE ENCOMENDAS ............................................................... 14 4.2. RECEÇÃO E VERIFICAÇÃO DE ENCOMENDAS ........................................ 15 4.3. DEVOLUÇÕES ............................................................................................. 16 4.4. MARCAÇÃO DE PREÇOS ............................................................................ 16 4.5. ARMAZENAMENTO ..................................................................................... 17 4.6. PRAZOS DE VALIDADE ............................................................................... 17

5. GESTÃO DA FARMÁCIA ..................................................................................... 18

5.1. GESTÃO DE EXISTÊNCIAS ......................................................................... 18 5.2. FATURAÇÃO DE RECEITUÁRIO ................................................................. 18 5.3. SISTEMA INFORMÁTICO ............................................................................ 18

6. INTERACÇÃO FARMACÊUTICO-DOENTE-MEDICAMENTO ............................. 20

7. SERVIÇOS PRESTADOS NA FARMÁCIA .......................................................... 22

7.1. DETERMINAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL ............................................... 22 7.2. DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS ................................. 23 7.3. REALIZAÇÃO DE TESTES DE GRAVIDEZ .................................................. 24

Page 9: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

IX

7.4. DETERMINAÇÃO DO PESO, ALTURA E ÍNDICE MASSA CORPORAL ....... 24 7.5. A VALORMED............................................................................................... 25

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................... 26

CASO I: DIARREIA ..................................................................................................... 27

CASO II: OBSTIPAÇÃO .............................................................................................. 31

CASO III: QUEIMADURA SOLAR ............................................................................... 36

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 42

ANEXOS ..................................................................................................................... 48

Page 10: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

X

Tabelas Tabela 1 - Definição e Classificação dos níveis de PA - Guidelines 2013 ESH/ESC. .. 22

Tabela 2 - Valores de referência para a glicemia e colesterol total. ............................. 23

Tabela 3 - Classificação nutricional adultos (˃20 anos) de acordo com o IMC obtido. 24

Page 11: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

1

Capítulo 1

1. ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA

1.1. LOCALIZAÇÃO

A Farmácia Cristal (FC) está situada numa das principais artérias da Cidade de Braga,

na Avenida da Liberdade. Sendo uma das principais ruas da cidade, a Avenida da

Liberdade permite à FC uma localização privilegiada. Apesar da recente transferência

(2011) do hospital público de centro da cidade para a periferia, esta continua a ser

uma zona com grande oferta de serviços de saúde, com várias clinicas dentárias e

estéticas, laboratórios de análises clínicas e consultórios de especialidades médicas.

1.2. POPULAÇÃO

A FC, como qualquer farmácia, possui utentes fidelizados e utentes que a visitam

ocasionalmente. Devido à sua localização, no centro da cidade, a população por ela

abrangida é muito heterogénea, quer a nível de faixa etária, quer a nível

socioeconómico e grau de instrução. Esta heterogenia é uma oportunidade de

contacto com as mais diversas realidades, necessidades e comportamentos o que

permite uma constante aprendizagem e adaptação face às características do utente.

Os utentes mais idosos, em consequência das várias patologias, são na sua maioria

polimedicados e é aqui que surge a oportunidade de analisar a terapêutica instituída

(possibilidade de interações medicamentosas) e o correto cumprimento desta.

Igualmente importante é saber lidar com problemas próprios desta faixa etária como a

solidão, sensação de abandono e inutilidade perante a sociedade, tornando a farmácia

um local acolhedor.

1.3. HORÁRIO DE ATENDIMENTO

A FC encontra-se em funcionamento, com um horário contínuo, das 9h até às 19h30h

todos os dias úteis e ao sábado das 9h às 13h. A indicação do horário de

funcionamento e informações como as farmácias de serviço são colocadas na porta de

entrada. A indicação das farmácias de serviço é feita através de um papel plastificado

com as respetivas moradas e todos os dias, imediatamente antes da abertura da

farmácia, este papel é substituído por outro atualizado. De 12 em 12 dias a farmácia

está de serviço permanente podendo esse dia ser qualquer dia da semana. A escala

de serviço processa-se em regime de obrigatoriedade, em colaboração com as

restantes farmácias do centro de Braga, e segundo o calendário de serviços

estabelecido pela Administração Regional de Saúde. Nos dias de serviço, após as 23

horas procede-se ao fecho da porta da farmácia e o atendimento é realizado por um

Page 12: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

2

postigo assegurando assim a integridade física do farmacêutico ou técnico de farmácia

designado para o serviço noturno.

1.4. RECURSOS HUMANOS

A FC é constituída por uma equipa de profissionais competentes e prestáveis que

marcam a diferença e contribuem para a satisfação dos utentes. Esta equipa é

liderada pela Diretora Técnica (DT), Dra. Juliana Gomes, sendo ela a responsável por

determinar e supervisionar todas as atividades da farmácia. Estas atividades/tarefas

são atribuídas mensalmente a cada colaborador e encontram-se afixadas num painel

de tarefas.

A restante equipa é constituída pelo Dr. Francisco Pinheiro, farmacêutico substituto,

pela Dra. Ana Rita Costa, farmacêutica, pelas técnicas de farmácia, Dra. Célia Sousa

e Dra. Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar de limpeza.

1.5. INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

A FC conta com instalações, distribuídas por 3 pisos, que têm em conta não só os

requisitos legais obrigatórios como a necessidade de criar um ambiente acolhedor.

No primeiro piso (rés do chão): Sala de atendimento ao público, constituída por 5

balcões de atendimento; Sala de receção de encomendas; Laboratório; Instalações

sanitárias.

No piso inferior: Vestiário para os funcionários; Zona de recolhimento/quarto.

No piso superior: Gabinete da direção técnica e economato; Armazém de grandes

quantidades.

Em todas as áreas existe boa iluminação e a temperatura nunca é superior a 25ºC,

conseguida através do uso ar condicionado. Isto possibilita a boa conservação dos

medicamentos e restantes produtos farmacêuticos.

A FC está equipada com sistema de vigilância que capta a imagem da sala de

atendimento, da sala de receção de encomendas e do armazém.

1.5.1. Exterior

A fachada de uma farmácia, em específico a montra, é de grande importância uma vez

que constitui a primeira imagem transmitida ao utente. Na FC dá-se especial atenção a

produtos em promoção, produtos de venda livre publicitados nos media e produtos

sazonais.

No exterior da fachada da FC existe uma cruz verde, localizada superiormente à porta

de entrada, que permanece ligada sempre que a farmácia se encontra em

funcionamento.

Page 13: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

3

1.5.2. Área de Atendimento ao Público

Esta área conta com 5 balcões de atendimento, cada um equipado com um

computador com o sistema informático SoftReis (SISR), uma impressora e uma caixa.

O receituário vai sendo colocado numa gaveta por debaixo do caixa, onde fica até ser

corregido.

Nesta área as paredes encontram-se forradas com lineares, preenchidos por produtos

de cosmética e higiene corporal (PCHC), suplementos alimentares e medicamentos

não sujeitos a receita médica (MNSRM) de uso humano e de uso veterinário. Estes

produtos vão sofrendo rotação ao longo do ano, dando destaque aos produtos com

maior saída na época sazonal em questão. No Verão, por exemplo, dá-se destaque

aos protetores solares, aos cremes para aplicar após exposição solar e aos repelentes

de insetos.

A ordem do atendimento dos utentes é realizada pela ordem de chegada.

À entrada encontra-se uma balança eletrónica de moedas e, lateralmente a esta, um

tensiómetro eletrónico de moedas.

1.5.3. Área de receção de encomendas

A área destinada à receção de encomendas está equipada com um computador, com

o SISR e uma impressora de papel e outra de etiquetas. Para além da receção das

encomendas é também nesta zona onde se procedem às devoluções dos produtos, à

realização de novas encomendas e ao arquivo de faturas.

Em frente à sala de receção de encomendas encontram-se as estantes para

armazenamento dos medicamentos. Estes são organizados por:

- Comprimidos e cápsulas;

- Medicamentos de uso oftálmico;

- Medicamentos de uso veterinário sujeitos a receita médica;

- Contracetivos orais;

- Produtos de desinfeção e soros;

- Cremes, pomadas, geles, sprays, aerossóis, soluções e vernizes;

- Xaropes;

- Saquetas e ampolas;

- Produtos de frio.

Os estupefacientes e os psicotrópicos são guardados num armário em local recatado.

1.5.4. Armazém de grandes quantidades

Neste armazém guardam-se todos medicamentos e outros produtos farmacêuticos

que não cabem nas estantes. Nele existe uma área reservada a produtos de

Page 14: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

4

desinfeção e soros, outra para cremes e pomadas, outra para produtos de higiene

corporal, outra para chás e outra para medicamentos. Os medicamentos são

organizados por laboratórios.

1.5.5. Laboratório

Neste local são administradas vacinas existindo à disposição todo o material

necessário para o efeito como algodão, álcool, luvas, recipiente de lixo indiferenciado

e contentores para produtos com risco biológico III e IV. É também o local onde se

preparam alguns antibióticos e suspensões.

1.6. REGULAMENTAÇÃO DA ACTIVIDADE FARMACÊUTICA EM FARMÁCIA

COMUNITÁRIA

A profissão de farmacêutico é uma atividade sujeita a normas jurídicas e deontológicas

apresentando por isso órgãos tutelares.

A Ordem dos Farmacêuticos (OF) é o órgão defensor dos interesses da classe

farmacêutica. É uma associação de carácter público que funciona também como

entidade reguladora da classe1.

A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. (INFARMED) é uma

instituição pública responsável pela conformidade de todos os medicamentos e

produtos de saúde. A sua principal função é garantir a qualidade, a segurança e a

eficácia dos medicamentos e dos produtos de saúde, prevenindo os efeitos adversos

decorrentes da sua utilização. Para este fim, e sendo a farmácia o local que, de facto,

cede o medicamento ao cidadão, é essencial uma relação eficaz entre a autoridade

reguladora e os farmacêuticos tendo como objetivo comum a prestação de um serviço

de saúde de excelência2.

A Associação de Farmácias de Portugal (AFP) é o órgão de cariz associativo ao qual a

FC pertence. Esta associação tem por missão a defesa dos interesses morais,

profissionais e económicos das farmácias e dos farmacêuticos3.

Page 15: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

5

2. FONTES DE INFORMAÇÃO

2.1. INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO

As constantes descobertas a nível científico e tecnológico, aliadas ao papel mais

interventivo e informado dos utentes tornam indispensável que o farmacêutico tenha

acesso a informação atualizada de qualidade, para que possa, como agente de saúde

pública e especialista do medicamento, prestar um correto aconselhamento, para o

qual diariamente é solicitado4.

As fichas do produto constantes no SISR são uma fonte de informação valiosíssima ao

serviço do farmacêutico comunitário pois, permite encontrar a maior parte da

informação científica relevante acerca de todos os produtos de farmácia com extrema

rapidez. Acresce a este tipo de informação, a mais-valia, de ser automática e

periodicamente atualizada.

A Internet é também uma enorme fonte de informação que, contudo, deve ser

analisada criteriosamente e avaliada quanto à credibilidade, pelo farmacêutico.

Permite a pesquisa de informação em sítios como o INFARMED, a Agência Europeia

do Medicamento (EMA), a AFP, a ANF, etc.

Não menos importante é a informação em suporte papel. De tal forma que, por lei, é

obrigatório que todas as farmácias de oficina tenham, uma biblioteca básica

organizada e atualizada. Esta deve ser constituída pelo Prontuário Terapêutico,

Resumo das Características dos Medicamentos e pela Farmacopeia Portuguesa,

sendo também obrigatória a existência do livro de reclamações5-6. De carácter

opcional pode existir na farmácia o Índice Nacional Terapêutico, o Simpósio

Terapêutico, o Código Deontológico da Ordem dos Farmacêuticos e revistas e jornais

informativos (exemplo “Farmácia Distribuição”).

2.2. FORMAÇÃO CONTINUA/ COMPLEMENTAR

Atualmente, na era da informação, os cidadãos possuem maiores conhecimentos

sobre os medicamentos e produtos de saúde, o que torna desafiante a profissão de

farmacêutico. Desta forma torna-se necessária uma atualização constante dos

conhecimentos técnico-científicos sobre os mesmos. De igual importância é a prática

do dia-a-dia que confere ao farmacêutico maior segurança e confiança no

aconselhamento5. Uma forma de o farmacêutico se manter atualizado é a participação

em cursos e formações. Durante o estágio na FC tive a oportunidade de participar na

formação intitulada “Farmácia e o Aconselhamento à Mulher em Anticoncetivos”,

organizada pela Gedeon Richter que teve lugar no Hotel Meliã em Braga, e ainda

numa outra realizada pela LEO Farmacêuticos Lda, em que o tema abordado foi a

psoríase e que decorreu nas instalações da FC.

Page 16: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

6

3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE

3.1. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

A dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) constitui uma

importante atividade do ato farmacêutico em farmácia comunitária. O farmacêutico

deve assegurar-se que o utente ao abandonar a farmácia sabe a que efeito se destina

o medicamento, como tomá-lo e conservá-lo, quais as contraindicações, principais

interações e reações adversas, bem como a duração do tratamento.

No ato da dispensa, o farmacêutico deve, em primeiro lugar, verificar a integridade da

receita (intacta, não rasurada e sem correções, exceto se rubricada pelo prescritor).

Estas são habitualmente eletrónicas em formato papel tamanho A4 sendo que metade

se refere à guia de tratamento, a qual deve ser entregue ao utente. No entanto, a lei

prevê 4 exceções para a prescrição manual que devem ser devidamente assinaladas.

Estas incluem a inadaptação do prescritor, a falência do sistema informático, a

prescrição no domicílio e a prescrição até 40 receitas/mês.

Verificada a integridade da receita, o farmacêutico deve validar todos os parâmetros

que dela fazem parte, nomeadamente:

• Existência, no quanto superior direito, da designação “Governo de Portugal”;

• Número da receita;

• Identificação do médico (para além da vinheta devem ser preenchidos os campos

para o nome e especialidade médica);

• Identificação do local de prescrição (vinheta, no caso das unidades do SNS, que

pode ser substituída por um carimbo ou inscrição manual “Consultório Particular”

quando se trata de um consultório e/ou médicos particulares);

• Nome e número de utente;

• Identificação do sistema de saúde e regime de comparticipação;

• Existência de fármacos ao abrigo de portarias, indicativos de comparticipação

especial;

• Número de medicamentos prescritos (até 4 produtos distintos por receita com o

limite de 4 embalagens, sendo o máximo de 2 embalagens por produto, e no caso

de embalagens unitárias o máximo permitido são 4);

• Descrição por denominação comum internacional (DCI) e respetivo código

nacional para a prescrição eletrónica de medicamentos (CNPEM) e que agrupa,

pelo menos, as seguintes características do medicamento: princípio ativo;

dosagem; forma farmacêutica; número de unidades. O CNPEM conta apenas nas

receitas eletrónicas.

A prescrição pelo nome comercial pode ser efetuada nestas situações:

Page 17: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

7

� Quando não existe genérico ou só existe marca ou licenças;

� Quando apresenta justificação técnica:

- exceção a) - Medicamento com margem ou índice terapêutico estreito. O

utente neste caso não tem direito de opção.

- exceção b) - Suspeita reportada ao INFARMED de intolerância ou reação

adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificada

por outra denominação comercial. Neste caso o utente também não pode

optar.

- exceção c) - Prescrição de medicamento para assegurar tratamento com

duração estimada superior a 28 dias. O utente neste caso pode optar por um

medicamento com PVP inferior ao prescrito.

• Validade da receita (30 dias seguidos para receitas normais ou 6 meses para

receitas renováveis a partir da data de emissão);

• Assinatura do médico prescritor7.

Se a receita não obedecer a algum dos requisitos anteriormente descritos, deve

determinar-se a causa da incorreção, e sempre que possível, tentar resolver sem ter

de recusar o aviamento, visto que muitos dos erros ou incorreções não são mais do

que questões burocráticas que se podem resolver com relativa facilidade.

Sempre que não é especificada na receita a quantidade ou a dosagem dos

medicamentos, deve optar-se pelo mínimo comercializado.

É crucial a atenção e concentração do farmacêutico nesta fase visto que, qualquer

distração pode conduzir a um erro de dispensa acarretando consequências não só

para o utente em causa mas também para a farmácia.

Antes de aviar a receita médica, o farmacêutico deve fazer uma avaliação crítica da

mesma, preocupando-se com a possibilidade de interações entre os medicamentos,

contraindicações e precauções associadas ao uso dos mesmos.

Como as Boas Práticas de farmácia assim o indicam e para aumentar as

possibilidades de adesão à terapêutica por parte do utente, no ato da dispensa do

medicamento, devem ser transmitidas de forma clara e objetiva ao utente as seguintes

informações: esquema posológico (que deve ser transmitido verbalmente e transcrito,

de forma legível, para a embalagem, se necessário), objetivos da medicação, duração

do tratamento, possíveis efeitos adversos, contraindicações, precauções especiais de

administração e conservação, eventuais interações com outros medicamentos,

alimentos ou álcool. É muito importante reforçar a informação verbal com a informação

escrita, devendo-se fazer sempre o “feedback” com o utente para esclarecer alguma

dúvida que este possa ter e garantir a boa adesão à terapêutica5.

Page 18: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

8

De seguida, procede-se à introdução dos códigos de barras dos medicamentos e do

código informático referente ao organismo do qual o utente é beneficiário.

No fim do atendimento imprime-se o documento da faturação no verso da receita e o

recibo. Pede-se ao utente que assine, como prova da dispensa dos medicamentos e

de toda a informação necessária.

Por fim, o responsável pela cedência deve carimbar, datar e rubricar a receita.

No entanto, o procedimento nem sempre é tão linear como o descrito. Casos há em

que se tem de recorrer a uma venda suspensa, como, por exemplo, quando a receita

médica não é totalmente dispensada, porque algum medicamento está esgotado ou

porque o utente não quer levar de imediato todos os medicamentos que constam na

mesma, desejando fazê-lo posteriormente. Pode-se, ainda, efetuar uma venda

suspensa quando o utente não apresenta receita no caso de se tratar de um doente

habitual com uma história clínica conhecida e, em que é prejudicial a interrupção do

tratamento. Em qualquer um dos casos, é selecionado o separador de “venda

suspensa” do SISR e são lidos os códigos de barras dos produtos sendo que, no

primeiro exemplo é possível fazer a comparticipação e, no segundo o utente pagará o

medicamento por inteiro. Depois de terminada a venda é emitido um talão e entregue

ao utente. Habitualmente, no segundo exemplo, o farmacêutico escreve,

manualmente, no talão a mensagem “trazer receita”.

Em situações semelhantes ao exemplo 1 a receita fica na posse da farmácia sendo,

posteriormente, regularizada aquando da venda dos restantes medicamentos e no

exemplo 2, a situação é regularizada quando o utente trouxer a receita, sendo-lhe

entregue o valor correspondente à comparticipação a que tem direito.

Se certo medicamento não está disponível de imediato pode-se, também, optar por

outro procedimento que consiste na venda do medicamento como se estivesse

materialmente presente sendo faturado e pago como tal. Contudo, o que é dado ao

utente é um “talão comprovativo de pagamento” no qual o farmacêutico faz referência

ao medicamento em falta. Mais tarde, o utente, na posse do referido talão, pode

levantar o seu medicamento na farmácia.

Existe ainda outra possibilidade que é a venda a crédito e destina-se a clientes com

conta corrente na farmácia, mediante condições previamente especificadas. Nestes

casos não é emitido fatura/recibo mas sim um talão de crédito até à regularização da

situação em causa. Os utentes que dispõem de crédito podem beneficiar de uma

venda suspensa e a crédito, para medicamentos sujeitos a receita médica.

Page 19: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

9

3.1.1. Dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes, pela sua ação no sistema nervoso

central e capacidade de produzirem dependência física, psicológica e fenómenos de

tolerância e, devido à procura por toxicodependentes e pelo tráfico que podem gerar,

estão sujeitos a uma legislação específica que não pretende impedir o acesso dos

doentes à medicação, mas sim limitar a sua circulação e controlar a sua utilização. As

substâncias passíveis deste acesso restrito estão discriminadas nas tabelas I a II

anexas ao Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro e no n.º 1 do artigo 86.º do Decreto-

Regulamentar n.º 61/94, de 12 de outubro e carecem de receita médica especial para

a sua dispensa8.

A prescrição destes medicamentos não pode constar em receitas onde sejam

prescritos outros medicamentos, sendo as restantes regras de prescrição mantidas8.

Como refere o Decreto-Lei nº 15/93, de 22 de Janeiro, só o farmacêutico pode

dispensar estes medicamentos. No ato da dispensa é feito o registo informático do

médico prescritor, do utente e do adquirente. Os dados sobre o adquirente incluem o

nome, o número e a data do bilhete de identidade, do cartão de cidadão ou da carta de

condução ou de outro documento (ex. passaporte), desde que tenha fotografia do

titular, devendo neste caso ser recolhida a assinatura do mesmo. Estas informações

devem constar no verso da receita e a dispensa só é efetuada quando o adquirente

tem mais de 18 anos e se encontra em plenas funções psíquicas. Se a receita se

destinar a um menor, o adquirente responsável por este tem que assinar a cópia da

receita que permanece na farmácia. No caso do adquirente não saber assinar, o

farmacêutico consigna essa menção. No final, a receita deve ser datada, carimbada e

assinada pelo farmacêutico de forma legível9,10.

A receita é depois enviada para a faturação da Administração Regional de Saúde e os

talões de venda de estupefacientes/psicotrópicos anexados a duplicados da receita,

sendo que m destes vai para o INFARMED, enviado até ao dia oito de cada mês, e o

outro fica arquivado na farmácia durante três anos10.

A farmácia tem ainda o dever de enviar ao INFARMED, no que respeita a este tipo de

medicamentos:

- Fotocópia das receitas manuais até ao dia 8 do mês seguinte ao da dispensa;

- Listagem das receitas materializadas até ao dia 8 do segundo mês a seguir àquele a

que se refere a listagem9;

- Registo das receitas médicas aviadas até 15 dias após o termo de cada trimestre7;

- Balanço anual com o registo das entradas e saídas destes medicamentos até ao dia

31 de Dezembro de cada ano10.

Page 20: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

10

3.1.2. Regimes de comparticipação

Uma grande percentagem dos MSRM é comparticipada, isto é, a utente paga apenas

uma parte do seu PVP, cabendo à respetiva entidade comparticipadora o pagamento

do restante valor.

Existem inúmeras entidades envolvidas na comparticipação dos medicamentos; no

entanto, a grande maioria está a cargo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e seus

subsistemas. Em casos de complementaridade, o utente usufruir da comparticipação

de mais do que um organismo, acrescentando outra comparticipação sobre a do

organismo primário. Outros exemplos de entidades comparticipadoras são os seguros

de saúde (ex.: Multicare, Sãvida, Tranquilidade), entidades bancárias, Portugal

Telecom, etc.

Existe, ainda, um conjunto de medicamentos sujeitos a legislação específica, sendo as

suas comparticipações alteradas desde que o médico, com autorização para tal,

mencione o conveniente despacho, portaria ou decreto-lei. A receita é faturada ao

organismo correspondente associado à Portaria ou Despacho. Estes medicamentos

são utilizados em patologias especiais, patologias como a Paramiloidose, Lupus,

Hemofilia, Hemoglobinopatias, doença de Alzheimer, Psicose maníaco-depressiva,

Doença Inflamatória intestinal, Artrite Reumatóide e Espondilite Anquilosante, Dor

oncologia moderada a forte, Dor crónica não oncológica moderada a forte, procriação

médica assistida e Psoríase9,11.

Para além das patologias especiais, o regime especial de comparticipação também se

aplica a pensionistas com rendimentos baixos em que é acrescida uma percentagem

da comparticipação12.

Os produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus são, igualmente,

abrangidos por um regime de comparticipação. O Estado comparticipa as tiras-teste

para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria, assim como as agulhas,

seringas e lancetas. Esta comparticipação é de 85% do preço de venda ao público

(PVP) das tiras-teste e 100% das agulhas, seringas e lancetas. Com este programa o

Estado pretende prevenir, identificar e tratar as complicações causadas pela Diabetes.

O acompanhamento do tratamento e a promoção da adesão à terapêutica,

acompanhados por um estilo de vida saudável permitem combater a morbilidade e

mortalidade subjacentes à Diabetes mellitus. Nas receitas onde são prescritas estes

produtos, não podem ser incluídos outros medicamentos9.

Cada um destes regimes de comparticipação é denominado por um código

alfanumérico específico, no SISR, que deve ser devidamente selecionado para que a

receita seja faturada ao organismo correto.

Page 21: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

11

De notar, que para regimes de complementaridade é necessário tirar previamente uma

fotocópia da receita, com ou sem cartão associado, para que também ela seja

impressa. A original é, posteriormente, enviada à entidade comparticipadora primária

(normalmente o SNS) e a cópia à outra entidade financeira em causa.

Dado que, a FC possui protocolos especiais com determinadas entidades acresce um

desconto aos utentes cobertos por estas, seja em MSRM ou em MNSRM. Um

exemplo é o protocolo com a casa do professor.

3.2. MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

Os MNSRM são aqueles que podem ser dispensados sem a apresentação de uma

receita médica. Esta situação ocorre em casos de automedicação, que constitui “a

utilização de MNSRM de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e

tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou

aconselhamento opcional de um profissional de saúde”13. Em 2003 foi criada a

primeira lista de situações passiveis de automedicação organizadas de acordo com os

diferentes sistemas14,15.

Aquando da dispensa deste tipo de medicamentos, o farmacêutico deve assegurar-se

de que possui a informação suficiente para a avaliação do problema de saúde do

utente. A recolha de informação passa por saber qual o problema, quais os sintomas,

há quanto tempo persistem e se já foram tomados medicamentos. Em casos mais

graves o farmacêutico deve reencaminhar o utente para uma consulta médica.

No caso de se tratar de um problema de saúde sem gravidade, autolimitante, de curta

duração e sem relação com outros problemas de saúde do doente, o farmacêutico

deve indicar o MNSRM mais apropriado. Na indicação de um medicamento, o

farmacêutico deverá ter em conta a seleção do princípio ativo, dose, frequência de

administração, duração do tratamento e forma farmacêutica. Esta seleção dependerá

da situação fisiológica do doente, alergias medicamentosas, problemas de saúde já

diagnosticados e medicamentos que o utente esteja a tomar. O Farmacêutico deve

fornecer a informação necessária para o uso correto do MNSRM e informar sobre

possíveis reações adversas, quais as medidas não farmacológicas e promover o uso o

racional dos medicamentos5.

3.3. OUTROS PRODUTOS DE SAUDE

Para além dos medicamentos para uso humano, a farmácia tem ao dispor um grande

número de outros produtos de saúde, para os quais o farmacêutico deve estar

capacitado para prestar aconselhamento e fornecer a informação necessária para uma

utilização segura e eficaz.

Page 22: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

12

A FC tem à disposição dos seus utentes: Produtos cosméticos e de dermofarmácia;

Produtos dietéticos; Fitoterápicos e suplementos nutricionais; Dispositivos Médicos e

Medicamentos de uso veterinário, entre outros.

Os produtos cosméticos e de dermofarmácia, são muito procurados por razões

estéticas e na resolução de problemas de saúde, muitas vezes por indicação médica.

As afeções mais comuns relacionaram-se com a pele acneica e com a pele sensível/

intolerante. A pele acneica por se tratar de uma pele oleosa muitas vezes as pessoas

não aplicam proteção solar. É necessária a proteção da pele regularmente com um

fotoprotetor não oleoso de pelo menos SPF 20. Para a pele sensível/ intolerante deve-

se evitar a aplicação de produtos antienvelhecimento, pois os princípios ativos

(normalmente ácidos de frutas e retinol) podem causar irritação. Também a linha

pediátrica tem relevância nos produtos de dermofarmacia. Esta faixa etária por

apresentar uma pele mais permeável está mais sujeita à desidratação e secura que

pode causar irritação assim como à ação de agentes infeciosos e alergénios. Por isso

é imprescindível a utilização de produtos para peles intolerantes e sem álcool. A

entidade responsável pela regulação destes produtos é o INFARMED16.

A Farmácia Comunitária pode também dispensar produtos diatéticos com fins

medicinais específicos. Estes produtos estão destinados a situações onde é

necessária uma alimentação especial como em doentes afetados de erros congénitos

do metabolismo ou em lactentes. Os erros congénitos do metabolismo estão definidos

na legislação, assim como os produtos dietéticos com caráter terapêutico indicados

para satisfazer as necessidades nutricionais destes doentes. Estes produtos são

passíveis de comparticipação17. Os produtos dietéticos infantis mais solicitados na FC

são os preparados para lactentes e os leites de transição. Estes produtos diferem

consoante a idade, patologias ou intolerâncias, existindo inúmeras fórmulas18. A

legislação destas fórmulas é, por isso, importante pois estabelece os requisitos

essenciais destas, sob ponto de vista nutricional. Aqui o farmacêutico pode ter um

papel interventivo, aconselhando e promovendo o aleitamento materno. Contudo, em

determinadas circunstâncias, as fórmulas para lactentes tornam-se os únicos produtos

que satisfazem as necessidades desta faixa etária. Os produtos diatéticos estão sobre

a jurisdição do gabinete de planeamento e políticas, do Ministério da Agricultura, do

desenvolvimento Rural e das Pescas19.

A procura por fitoterápicos e suplementos nutricionais é cada vez mais crescente na

farmácia comunitária. O papel do farmacêutico é preponderante para garantir a

segurança e eficácia da utilização destes produtos. Os utentes devem ser informados

de possíveis interações destes produtos com medicamentos. De igual forma devem

ser aconselhados a ter um regime alimentar adequado e variado19.

Page 23: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

13

Na FC os suplementos nutricionais com mais procura são os destinados ao aumento

do rendimento físico e psíquico. Como a oferta é variada, o farmacêutico tem de

adequar o suplemento às necessidades e características fisiopatológicas de cada

utente. Estes produtos são regulados pelo Ministério da Agricultura, do

desenvolvimento Rural e das Pescas20.

Do grupo de dispositivos médicos fazem parte uma diversidade de produtos

destinados à prevenção, diagnóstico ou tratamento de doenças. Tendo o mesmo

prepósito que os medicamentos diferem destes por não apresentarem acções

farmacologias, metabólicas ou imunológicas21. As seringas são dispositivos médicos

bastante requisitados na FC. A entidade reguladora destes produtos é o INFARMED.

Os medicamentos veterinários são importantes para a saúde e bem-estar dos animais,

mas os seus efeitos revelam-se também na proteção da saúde pública22. Os

antiparasitários e os anticoncecionais são dos medicamentos veterinários mais

solicitados. Estes medicamentos encontram-se separados dos restantes

medicamentos e produtos de saúde. A regulação destes medicamentos fica a cargo do

Ministério da Agricultura, do desenvolvimento Rural e das Pescas22.

3.4. FARMACOVIGILÂNCIA

A deteção, o registo e a avaliação de uma reação adversa a medicamento (RAM),

inesperada ou grave, é um dos objetivos do sistema nacional de farmacovigilância

(SNF), criado em 1992, e que conta com a intervenção de todos os elementos do

sistema de saúde, incluindo farmacêuticos5,23. Estes, para além de informar o utente

sobre possíveis reações adversas que podem surgir, devem alertá-los para a

importância de regressar à farmácia sempre que sejam alvo de qualquer manifestação

não esperada decorrente da toma do medicamento.

As notificações podem ser comunicadas ao SNF através do Portal RAM ou através de

formulários de notificação, que são remetidos para a Direção de Gestão do Risco de

Medicamentos do INFARMED ou para as Unidades Regionais de Farmacovigilância

(no caso da FC o envio é feito para a Unidade de Farmacovigilância do Norte). A

notificação de uma reação adversa, deve conter no mínimo, a seguinte informação:

Descrição da reação adversa; Identificação do medicamento que terá dado origem à

reação adversa; Informação sobre a pessoa que sofreu a reação adversa; Contactos

do notificador da reação adversa23.

De extrema importância é também a avaliação que cabe ao farmacêutico, como

especialista do medicamento e profissional de saúde com contato direto com o utente,

da necessidade de notificação de uma RAM.

Page 24: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

14

4. ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO

4.1. REALIZAÇÃO DE ENCOMENDAS

De modo a garantir um bom funcionamento da farmácia, é necessário uma gestão

adequada dos produtos. Sendo em grande parte responsável pela viabilidade

económica de uma farmácia, a gestão de stocks é influenciada por diversos fatores.

São exemplos: o volume de vendas; a capacidade de armazenamento; a época do

ano na utilização de produtos sazonais; o nível socioeconómico e faixa etária da

população utente da farmácia; as campanhas publicitárias em curso; e as condições

de compra/preço/forma de pagamento/bonificações dos armazenistas ou laboratórios.

As encomendas de grandes quantidades são normalmente feitas diretamente aos

laboratórios de forma a obter melhores condições de compra. No entanto, implicam um

investimento maior e imediato e alguma capacidade de armazenamento na farmácia.

Na FC, grande parte dos medicamentos genéricos são encomendados desta forma.

As encomendas diárias são efetuadas para armazéns que apresentam como

vantagens, maior variedade de produtos, rapidez de entrega e possibilidade de

adquirir produtos em pequena quantidade. Esta função é da responsabilidade da DT

da FC. Contudo, podem ser acrescentados a estas encomendas pedidos adicionais

por telefone realizados por qualquer um dos funcionários da farmácia.

A FC utiliza como fornecedores a A. Sousa e a Medicanorte. A aquisição de produtos

farmacêuticos inicia-se pela elaboração de uma encomenda. O SISR gera uma

encomenda de acordo com o stock mínimo e máximo, podendo o responsável por este

processo aceitar ou modificar a encomenda. Após analisar todas a quantidades

necessárias a DT envia a encomenda para os respetivos fornecedores.

É importante salientar que uma boa gestão de stocks não significa que a farmácia

tenha todos os produtos existentes no mercado, mas que tenha forma de os conseguir

com a maior brevidade possível. As farmácias têm que ter em stock, no mínimo, 3

medicamentos de cada grupo homogéneo de entre os 5 medicamentos com o preço

mais baixo7.

A gestão de uma farmácia não é fácil e existem situações problemáticas como as dos

produtos temporariamente esgotados. Exemplo desta situação foi o medicamento

STAGID® (Merck). Não havendo alternativa no mercado a este medicamento, muitos

foram os utentes que tiveram de esperar, alterar a medicação e outros que

simplesmente não entenderam o porquê de não estar disponível o medicamento de

que necessitam.

Page 25: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

15

4.2. RECEÇÃO E VERIFICAÇÃO DE ENCOMENDAS

A receção de encomendas inicia-se com a confirmação do destinatário e recolha da

Fatura/Guia de Remessa. Na fatura têm que ser, obrigatoriamente, emitida em

duplicado, deve constar os seguintes elementos: Identificação do fornecedor;

identificação da farmácia que recebe; número do documento; data, hora e local de

entrega; designação dos produtos (nome comercial, código nacional de produto

(CNP), forma farmacêutica, dosagem e tamanho da embalagem); quantidade enviada;

preço de custo unitário; imposto de valor acrescentado (IVA) a que estão sujeitos os

produtos; PVP, exceto nos produtos cujo preço de venda é calculado na farmácia;

Motivo do não fornecimento de determinado produto ou de não fornecimento da

quantidade pedida (por exemplo, "retirado do mercado" ou “não comercializado”);

custo total da encomenda.

A receção da encomenda é, normalmente, feita através de leitura ótica dos códigos de

barras dos produtos que os possuem ou caso não os possuam dá-se entrada do

produto através do CNP impresso na embalagem ou através da sua designação

comercial. Aqui dá-se prioridade aos produtos que necessitam de condições especiais

de conservação, como as vacinas.

Durante a receção da encomenda avalia-se se o produto está em boas condições e,

verifica-se os prazos de validade (caso este seja inferior ao que consta na ficha do

produto ou o stock esteja a zero, deve ser feita a alteração).

Na receção das matérias-primas é verificado o estado da embalagem, a existência do

nome do produto, lote, validade e boletim analítico válido.

Durante esta etapa os produtos são separados consoante necessitem ou não de ser

marcados. Os produtos a marcar são colocados numa zona específica da bancada

para posteriormente serem etiquetados. Já os produtos detentores de PVP na

cartonagem, são imediatamente arrumados.

Terminada a leitura ótica, fica registada no SISR uma lista dos produtos rececionados

por ordem alfabética, possibilitando a fácil inserção de preços de custo e PVP que

constam da fatura/guia de remessa.

Quando há alterações no PVP de produtos previamente marcados e em que existe um

stock positivo, o preço é alterado na ficha do produto e imprimem-se também etiquetas

para os produtos já existentes em stock.

Após a conferência da encomenda, o valor total a pagar no SISR deve coincidir com o

que é descrito na fatura/guia de remessa. Finalmente, confirma-se a entrega da

encomenda e a aplicação informática faz imediatamente o acerto de stocks. O passo

seguinte é a impressão dos códigos de barras dos produtos por marcar, dos quais

consta também a designação do produto, o preço e a taxa de IVA a que está sujeito.

Page 26: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

16

Para receção dos produtos pedidos por telefone, são criadas encomendas sem

sugestão no programa informático, em que se insere o código do produto e número de

unidades recebidas. Após rececionar estes produtos, é essencial verificar para quem

foram encomendados. O produto é identificado com o nome do utente e, colocado

numa gaveta, onde permanece no máximo por 3 dias.

Por fim, as guias de remessa/faturas são datadas, assinadas e arquivadas no devido

dossiê.

A entrada de psicotrópicos e estupefacientes é feita juntamente com os restantes

produtos. Ao dar entrada dos produtos, a aplicação informática deteta a presença de

psicotrópicos e estupefacientes e regista os dados de entrada numa base específica.

A acompanhar os psicotrópicos e os estupefacientes, os armazenistas enviam em

duplicado um registo de requisição destes medicamentos. Nestes documentos

constam os códigos dos medicamentos em causa, a designação do medicamento, a

quantidade pedida e enviada, os dados da entidade fornecedora, onde consta o nome

do diretor técnico do armazém de distribuição grossista e respetivo número de

inscrição na ordem dos farmacêuticos (OF).

4.3. DEVOLUÇÕES

No decorrer da receção e conferência de produtos podem ser detetadas não

conformidades, como por exemplo: prazo de validade caducado ou demasiado curto,

embalagem danificada, produto trocado, produto faturado mas não enviado, produto

não encomendado, etc.

O procedimento adotado implica que se prossiga com a entrada da encomenda

normalmente, colocando os produtos com problemas de parte. Posteriormente,

procede-se à emissão de uma “Nota de devolução”. Nesta constam os dados da

farmácia, o número da fatura, os produtos a devolver e os motivos da devolução.

A regularização pode ser efetuada por troca pelo mesmo produto, por troca por outro

produto ou através de nota de crédito. No caso de a devolução não ser aceite pelo

fornecedor, os produtos em causa são encaminhados para as quebras do stock.

Existe uma situação, no entanto, em que não se imite a “Nota de devolução” e que

decorre do envio de produtos não faturados. Neste caso o procedimento consiste na

colocação do produto num saco, devidamente acondicionado e acompanhado de uma

nota informativa do sucedido.

4.4. MARCAÇÃO DE PREÇOS

Diversos produtos farmacêuticos e MNSRM não trazem impresso o PVP, pelo que são

etiquetados na própria farmácia. O PVP atribuído a cada produto pode variar em

Page 27: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

17

função de cada farmácia, sendo no entanto, um valor calculado de acordo com

margens pré-definidas. Na FC segue-se a regra de que o PVP final terminará em 5 ou

9, isto é, supondo que, depois de aplicada a margem líquida, um produto custe 12,96€

o PVP final será de 12,95€ ou no caso de o produto custar 12,98€ o PVP final será de

13,00€.

4.5. ARMAZENAMENTO

Após a verificação da encomenda é importante proceder ao armazenamento imediato

dos produtos nos lugares destinados. O local de armazenamento depende, em grande

parte, da natureza do produto (os produtos sujeitos a receita médica estão

armazenados num local menos acessível aos utentes, enquanto os produtos de venda

livre são colocados em áreas privilegiadas na zona de atendimento).

As insulinas, vacinas e certos colírios têm requisitos especiais de armazenamento,

devendo ser armazenadas no frigorífico por motivos de estabilidade e, uma vez que

apresentam elevada suscetibilidade às variações de temperatura, deve-se evitar a

quebra da cadeia do frio durante todo este processo.

4.6. PRAZOS DE VALIDADE

A gestão dos prazos de validade é um processo de grande importância pois evita a

cedência de produtos cujo prazo de validade tenha expirado ou esteja prestes a

expirar, de modo a garantir a segurança dos utentes. Esta gestão reveste-se também

de importância económica uma vez que muitos dos produtos poderão ser alvo de

devolução desde que o processo seja efetuado atempadamente.

Na FC existe um conjunto de medidas que permite o controlo dos prazos de validade,

nomeadamente:

- Sempre que um produto é rececionado numa encomenda, é atualizado no sistema,

de acordo com o exemplar com validade menor;

- Os produtos são armazenados de acordo com a regra “First expire, First out”,

garantindo assim que os produtos com validades inferiores são dispensados primeiro;

- Periodicamente são impressas listagens de “Controlo de Validade” onde constam os

produtos cujas validades expiram nos três meses seguintes a essa data. A verificação

é feita manualmente e todos os produtos em que, de facto, se confirma a brevidade do

fim do prazo de validade serão então devolvidos. São exceção os produtos do

Protocolo Nacional da Diabetes e de Uso Veterinário que devem ser devolvidos com

seis meses de antecedência.

Page 28: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

18

5. GESTÃO DA FARMÁCIA

5.1. GESTÃO DE EXISTÊNCIAS

Além da prestação de cuidados farmacêuticos, o farmacêutico é também responsável

pela gestão da farmácia. No entanto esta gestão não se pode resumir a um ato

mercantilista. O farmacêutico tem de cumprir com o dever ético da sua profissão, que

deve ser realizada com o maior zelo e competência, pensando sempre no bem-estar

do utente. A farmácia para funcionar eficientemente necessita que seja efetuada uma

boa gestão de existências. A existência dos produtos deve ser baseada na análise de

vários critérios, como o perfil dos clientes, a localização da farmácia, os produtos

publicitados nos media e os sazonais, a rotatividade do produto, a área de

armazenamento disponível, os hábitos de prescrição médica e a proximidade dos dias

de serviço, as condições de pagamento e as bonificações.

5.2. FATURAÇÃO DE RECEITUÁRIO

Parte do trabalho de gestão passa pela faturação de receituário. Esta tarefa é atribuída

mensalmente a um membro da equipa FC. As receitas são organizadas por

organismos e lotes. Quando um lote está completo é emitido um verbete de

identificação, onde consta o número de lote, a quantidade de receitas do lote, o

número de embalagens de cada receita, assim como o PVP, o encargo do utente e o

valor a pagar pela entidade. No último dia do mês é emitido um resumo dos verbetes

de lote. Estes documentos são depois enviados às entidades responsáveis pelo

reembolso das comparticipações. O receituário referente ao SNS segue para o Centro

de Conferência de Faturas (CCF) acompanhado dos verbetes, resumo de lotes e

fatura24.

As receitas faturadas a outras entidades são enviadas para a AFP que as recebe e

distribui pelos organismos comparticipadores respetivos. Após a conferência, estas

entidades enviam as retificações para a farmácia, casos estas existam, e a farmácia

faz a sua análise, decidindo posteriormente se recorre da decisão ou a aceita.

5.3. SISTEMA INFORMÁTICO

Com o constante aumento do número e variedade de produtos, clientes, organismos

de saúde, fornecedores, a informatização na farmácia tornou-se indispensável para

facilitar todo o conjunto de processos inerentes ao quotidiano da farmácia.

O SISR, utilizado na FC, é uma ferramenta-chave para uma boa gestão e organização,

permitindo uma economia de tempo e uma diminuição de erros. Dada a sua

versatilidade pode ser usado tanto para o atendimento ao público como para a

elaboração, transmissão e receção de encomendas. Permite criar fichas dos produtos

Page 29: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

19

rececionados, armazenando toda a informação relativa aos mesmos. O balanço de

compras e vendas de produtos adquiridos, a análise de frequência de vendas e

rotação de produtos, a gestão de stocks, controlo de prazos de validade, atualização

de preços, listagem de psicotrópicos e estupefacientes, impressão de códigos de

barras, devoluções de produtos, são exemplos de algumas funções facilitadas por este

programa. Possui ainda outra ferramenta que permite visualizar os produtos adquiridos

pelos utentes. Isto é de grande utilidade quando o utente se esquece da dosagem ou

do laboratório do medicamento que usa habitualmente. Outra das suas preciosas

utilidades é pesquisa de medicamentos existentes no mercado, por substância ativa e

quais desses produtos estão disponíveis na farmácia.

Periodicamente são efetuadas atualizações ao sistema, no sentido melhorar as

funções pré-existentes ou introduzir novas informações relativas a produtos

farmacêuticos.

Page 30: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

20

6. INTERACÇÃO FARMACÊUTICO-DOENTE-MEDICAMENTO

O contacto com o utente implica, para além de uma base científica sólida, a

preparação do farmacêutico em vários outros aspetos como a postura que assume, a

capacidade de adequar o diálogo e a forma como a disponibiliza a informação.

O farmacêutico deve mostrar disponibilidade e interesse pela situação exposta pelo

utente mas não pode limitar-se a ouvi-lo, deve ser interventivo e colocar perguntas

estratégicas de modo a obter a informação necessária à sua resolução. Deve

estabelecer-se um diálogo participativo, claro e preciso, evitando juízos de valor e

moralismos. O tipo de linguagem deve ser apropriado a cada utente, tendo-se em

conta a faixa etária deste e o seu nível socioeconómico. O farmacêutico deve tentar

perceber quais as capacidades de compreensão do utente e sempre que notar

dificuldade de compreensão ou memorização deve transmitir a informação também de

forma escrita. Quando os utentes não sabem ler, geralmente idosos, a informação

deve efetuar-se de forma esquemática. O tom de voz deve corresponder às

capacidades auditivas do utente e a informação cedida deve ser transmita com

confiança. O farmacêutico deve assegurar-se que todos os utentes ficam

completamente elucidados sobre como e porque estão a tomar determinado

medicamento24.

No exercício da sua profissão, o farmacêutico deve sempre pautar-se pelo respeito

das normas jurídicas e deontológicas que lhe são impostas e nunca deixar que

interesses pessoais ou comerciais prevaleçam na prestação de um serviço. Como tal,

espera-se que o farmacêutico aconselhe o medicamento com maior relação

beneficio/risco e beneficio/custo transmitindo toda a informação relevante a ele

associada, promovendo a adesão à terapêutica, bem como, a utilização eficaz e

racional do medicamento.

O aconselhamento deve ser redobrado em doentes polimedicados, idosos,

insuficientes renais, hipertensos, diabéticos, grávidas e crianças devendo incluir, os

riscos de toma incorreta ou da suspensa da toma por vontade própria.

Os doentes polimedicados exigem grande atenção, muitas vezes porque confundem a

medicação, deixando de saber o efeito a que se destina cada medicamento e como

tomá-los. Nestes doentes há que ter também um especial cuidado na dispensa de

medicamentos procurando possíveis interações medicamentosas e duplicação de

medicação. Este processo é facilitado quando se tratam de utentes habituais.

Também nos utentes diabéticos, o farmacêutico tem um papel ativo na prestação de

informação e esclarecimentos. Cabe ao farmacêutico informar o utente da correta

utilização de dispositivos de autovigilância da glicémia capilar e conservação das

insulinas aquando da dispensa destes. Cabe-lhe também promover um estilo de vida

Page 31: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

21

saudável através do ensino de regras de alimentação saudável, higiene e exercício

físico adaptado e incentivar a autovigilância da glicémia capilar.

Toda a comunicação entre o farmacêutico e o utente encontra-se salvaguardada pelo

sigilo profissional24. Os farmacêuticos são obrigados ao sigilo profissional, dever

deontológico relativo a todos os fatos que tenham conhecimento no exercício da sua

profissão, exceto em situações revistas pela lei6.

Page 32: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

22

7. SERVIÇOS PRESTADOS NA FARMÁCIA

A farmácia é também um espaço de saúde onde se prestam serviços que promovem o

bem-estar e a saúde dos utentes6. A determinação de parâmetros bioquímicos e

fisiológicos (PBF) é um desses serviços. Estes serviços são importantes não apenas

na perspetiva de apoiar a identificação de indivíduos não diagnosticados,

referenciando-os para a consulta médica, como também, de suporte à monitorização

de doentes diagnosticados e medicados. Neste sentido, de forma a promover a saúde

e um controlo de fatores de risco de doenças, a FC disponibiliza os seguintes serviços:

Determinação da pressão arterial (PA); Determinação de parâmetros bioquímicos (PB)

como a glicemia e o colesterol total; Realização de testes de gravidez; e Determinação

do Peso, Altura e Índice de Massa Corporal (IMC).

7.1. DETERMINAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL

O controlo da PA na farmácia é um contributo para a eficácia da terapêutica. Cabe ao

farmacêutico, além de medir a PA, explicar o tratamento anti-hipertensivo, dar

conselhos sobre a terapêutica não farmacológica, assim como proceder a um despiste

de efeitos secundários destes medicamentos e a um encaminhamento para o médico

se for caso disso. Na FC, a medição da PA é feita através de um tensiómetro

eletrónico de moedas que através de um ticket fornece informação sobre a pressão

sistólica, a pressão diastólica e a pulsação. Antes da medição da PA são, no entanto,

necessários alguns cuidados, como: Repouso do utente antes da medição (3-5min)

para regularizar o batimento cardíaco e; Recolha de informação sobre possível

medicação tomada, alimentos ingeridos antes da medição e estado psicológico e físico

do doente. Valores de PA elevados ou diminuídos podem ter várias origens, contudo,

em ambas deve-se aconselhar o utente a fazer nova determinação no dia seguinte à

mesma hora de forma a saber se aquele valor foi ocasional.

Tabela 1 - Definição e Classificação dos níveis de PA - Guidelines 2013 ESH/ESC.

Definição e Classificação dos níveis de PA (mmHg)26

Sistólica Diastólica

Óptima ˂120 e ˂80

Normal 120-129 e/ou 80-84

Normal alta 130-139 e/ou 85-89

Hipertensão Grau I 140-159 e/ou 90-99

Hipertensão Grau II 160-179 e/ou 100-109

Hipertensão Grau III ≥180 e/ou ≥110

Hipertensão sistólica isolada ≥140 e ˂90

Page 33: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

23

Uma alimentação diversificada com ingestão de sal reduzida, a prática de exercício

físico regular, a moderação no consumo de álcool e a cessação tabágica são dos

principais cuidados não farmacológicos que o utente deve ter26.

7.2. DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

A determinação de PB é sempre precedida da recolha de informação sobre o doente e

da preparação do material para a colheita de sangue. Para tal, o Farmacêutico deve

calçar luvas, preparar a lanceta, os capilares necessários, as tiras de teste e usar

álcool ou soro, no caso da glicemia, para limpar a região da recolha de sangue. No

caso da utilização do álcool é necessário deixar que este evapore para se proceder à

recolha de sangue. A punção capilar é realizada na zona lateral da polpa do dedo por

esta ser uma zona de menor sensibilidade e o sangue é recolhido para um capilar com

anticoagulante. O sangue recolhido é colocado sobre a zona de reação e leitura das

tiras e estas são introduzidas na Reflotron, aparelho de leitura. Cada parâmetro tem

uma tira específica. Os valores obtidos são registados em cartões específicos que são

fornecidos aos utentes de forma a estes poderem utilizar aquela informação em

futuras consultas médicas, se necessário.

A determinação de PB é fundamental para o controlo de doenças e identificação

precoce de doentes, de modo a prevenir ou atrasar as complicações destas.

A determinação da glicémia deve ser efetuada preferencialmente em jejum, de pelo

menos 8h. Pode também ser efetuada uma hora após a refeição (glicemia pós-

prandial) ou a qualquer hora do dia (glicémia ocasional).

A determinação do colesterol total poderá ser medido a qualquer hora do dia no

entanto, em caso de necessidade de confirmação de um valor elevado, deve-se dar

preferência à medição em jejum. No entanto, há que ter em conta que esta

determinação corresponde ao colesterol total, que permite ter uma noção acerca do

colesterol sérico mas não das frações LDL ou HDL.

Tabela 2 - Valores de referência para a glicemia e colesterol total.

Glicemia27 Colesterol Total28

Jejum < 100 mg/dL

Pós-prandial 2h < 140 mg/dL

< 190 mg/dL

O Farmacêutico deve fazer uma avaliação científica e, usando uma linguagem

compreensível pelo utente, deve tecer uma explicação do valor, não se esquecendo

de referir as medidas não farmacológicas associadas a cada parâmetro para um

controlo mais eficaz.

As medidas não farmacológicas incluem a adoção de hábitos alimentares adequados,

com uma alimentação rica em fibras, ácidos ómega 3 e que comtemple a ingestão de

Page 34: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

24

frutas, legumes e peixe. Também a diminuição da ingestão de gorduras de origem

animal, devendo optar-se por carnes brancas em detrimento das vermelhas e a prática

de exercício físico regular são importantes.

Todos os testes realizados têm grande fiabilidade pois os métodos usados pela

Reflotron são os standard usados em laboratório, permitindo um acompanhamento e

controlo dos valores mais próximos da população. Não devendo ser nunca descurada

a hipótese de realizar exames em laboratório.

7.3. REALIZAÇÃO DE TESTES DE GRAVIDEZ

O teste de gravidez é uma análise imunológica, onde se pesquisam anticorpos

monoclonais produzidos pelo organismo dirigidos à hormona gonadotrofina coriónica

humana (hCG), que está presente no soro e urina da grávida cerca de 7 dias após a

fecundação. O teste deve ser feito usando a primeira urina da manhã pois em princípio

é a que tem maior concentração da hormona hCG. Por este motivo deve ser evitada a

ingestão de líquidos de manhã de modo a não diminuir a concentração da hormona na

urina. Para aumentar a fiabilidade do teste este deve ser feito a partir do primeiro dia

de atraso da menstruação. O dispositivo utilizado permite que o teste possa ser feito

na farmácia ou noutro local. O Farmacêutico deverá informar a utente de que um

possível resultado negativo não exclui uma gravidez, pois os testes têm um limite de

sensibilidade, e de igual modo um resultado positivo tem de ser contextualizado pois

certos tratamentos de fertilidade utilizam a hormona hCG, que influencia o resultado29.

7.4. DETERMINAÇÃO DO PESO, ALTURA E ÍNDICE MASSA CORPORAL

A FC dispõe de uma balança eletrónica de moedas que, através de um ticket informa o

peso, a altura e o IMC. O IMC permite relacionar o peso com a altura através da

fórmula: ����(��)

�� �(�)�. Consoante o IMC obtido consegue-se classificar o estado nutricional

dos utentes.

Tabela 3 - Classificação nutricional adultos (˃20 anos) de acordo com o IMC obtido.

Classificação nutricional30 IMC(kg/m2)

Baixo peso < 18.5

Eutrofia 18.5 - 24.9

Pré-obesidade 25 - 29.9

Obesidade, grau I 30 - 34.9

Obesidade, grau II 35 - 39.9

Obesidade mórbida ≥ 40

Page 35: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

25

7.5. A VALORMED

A VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos responsável pela gestão do

Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos

(SIGREM). Este sistema apresenta vários intervenientes como a indústria

farmacêutica, cidadãos, farmácias, distribuidores, centros reciclagem e incineradores.

Através dos contentores colocados nas farmácias, os cidadãos podem descartar as

embalagens vazias e medicamentos fora de uso. Uma vez cheios, os contentores de

recolha são selados e entregues aos distribuidores de medicamentos, que os

conservam nas suas instalações até serem transportados para um centro de triagem.

No processo de triagem o material recolhido é encaminhado para a reciclagem ou, na

sua impossibilidade, para inceneração.

O farmacêutico como técnico de saúde deve sensibilizar os utentes da importância e a

mais-valia de entregar os medicamentos/produtos de saúde na farmácia. Por serem

resíduos especiais precisam de um processamento diferenciado em estações de

tratamento adequadas31.

Page 36: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

26

Capítulo 2

A segunda parte deste relatório consiste na descrição de alguns casos práticos com os

quais tive contato durante o período de estágio.

O caso I é um caso típico de diarreia provocado por uma infeção gastrointestinal. Este

caso teve especial interesse por estar associado à ingestão de marisco, onde tudo

apontava para uma infeção de origem viral.

O caso II aborda o tema da obstipação que mereceu atenção por se revelar bastante

comum entre os utentes frequentadores da Farmácia Cristal. Os utentes desta

farmácia são maioritariamente idosos e nestes não é incomum encontrar situações de

imobilidade, são polimedicados e abusavam de laxantes; fatores que se revelaram as

principais causas de obstipação. Destas causas o abuso de laxantes foi a que o

aconselhamento farmacêutico desempenhou um papel mais relevante.

O caso III mostrou-se importante não por ser comum mas por ser um caso que

apelava ao sentido farmacêutico, que relacionava uma queimadura solar com

substâncias fotossensibilizantes, neste caso numa criança.

Para completar cada caso foi elaborado um folheto informativo sobre as principais

causas, medidas preventivas e cuidados a ter em cada em cada uma das situações.

Page 37: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

27

CASO I: DIARREIA

Identificação: sexo masculino, 34 anos, asiático, turista

Queixa principal: diarreia

História clinica: o paciente referiu o aparecimento súbito de diarreia há 2 dias, com 5

dejeções diárias. Inicialmente (1º dia) acompanhada de vómitos. Não apresentava

muco e sangue nas fezes. Não tinha febre (T˂38,5ºC). Não apresentava doenças

associadas. Não tinha feito qualquer medicação e associou esta situação à ingestão

de uma refeição com marisco.

Caracterização

A diarreia caracteriza-se pelo aumento do número de dejeções ou pela presença de

fezes amolecidas ou líquidas e por uma massa fecal superior a 200g/dia. É

classificada como aguda quando tem uma duração inferior a duas semanas, como

persistente quando tem uma duração superior a 14 dias e como crónica quando tem

uma duração superior a 4 semanas32,34.

A diarreia aguda é habitualmente autolimitada e tem como principal causa as infeções

gastrointestinais32. Nos países desenvolvidos, estas infeções são predominantemente

de origem viral e menos frequentemente de origem bacteriana e parasitária33. As

diarreias de etiologia parasitária são mais frequentes em países em desenvolvimento,

limitando-se habitualmente a viajantes34.

A diarreia aguda também pode ter causas não inflamatórias, resultante da medicação

com antibióticos, laxantes, antiácidos ou magnésio entre outros; alergias e

intolerâncias alimentares e quimioterapia34.

A diarreia crónica, por sua vez, necessita de um diagnóstico diferencial mais

abrangente e está normalmente associada a causas não infeciosas como, por

exemplo, a síndrome do intestino irritável e a doença inflamatória intestinal32.

Abordagem ao doente

A abordagem inicial a estes doentes deve passar pela recolha da seguinte

informação32:

� caracterização das fezes (aspeto, nº dejeções diárias, presença de

sangue/muco/pus);

� sintomas associados (dor abdominal, perda de peso, febre, desidratação,

flatulência);

� consumo de carne/peixe mal cozinhados ou produtos lácteos não pasteurizados;

� viagens recentes a países endémicos de doenças infeciosas gastrointestinais

� medicação;

Page 38: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

28

� imunossupressão.

O exame físico pode revelar-se de extrema importância nesta primeira abordagem

pois ajuda a determinar a severidade da diarreia. A febre, normalmente, está

associada a infeções por microrganismos invasivos. Por sua vez, a presença de pele e

mucosas secas, hipotensão, taquicardia, letargia e estado de consciência alterado são

sinais de desidratação32,33. A avaliação da desidratação pode efetuada utilizando o

“método Dhaka”, tabela apresentada no Anexo I que permite determinar o grau de

desidratação e selecionar o plano mais adequado de prevenção34.

Necessidade de encaminhamento médico

Na avaliação inicial tem de se ter em conta situações de alerta em que é necessário o

encaminhamento médico32:

• sangue/muco/pus nas fezes

• temperatura corporal ≥ 38,5 °C

• mais de 6 dejeções/dia

• diarreia com duração superior a 48 horas

• idade inferior a 2 anos e superior a 70 anos

• imunossupressão

• dor abdominal severa

• desidratação.

Discussão e Aconselhamento do doente

Este caso de diarreia aguda poderá estar relacionado como uma possível

gastroenterite pois como o próprio doente referiu os sintomas surgiram horas após a

refeição que fez com marisco. Os vómitos iniciais que referiu também são indicativos

disso pois são comuns em diarreias virais e doenças provocadas por toxinas

bacterianas34. O doente foi aconselhado a fazer reidratação e alterações na dieta

como parte da terapêutica não farmacológica. Mais detalhadamente, esta consiste

na:

• ingestão de água e chás;

• refeições pequenas e leves;

• ingestão de alimentos sólidos como a banana madura, arroz, batata cozida e pão

branco;

• evitar, enquanto a diarreia persistir, alimentos ricos em gordura, fibra, produtos

lácteos, cafeína e álcool34,35.

Page 39: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

29

A alimentação habitual deve ser mantida nos casos em que não há sinais de

desidratação. Em caso de desidratação, a reidratação é prioritária e a alimentação

habitual deve ser reintroduzida após a sua correção. Com a terapêutica de reidratação

habitualmente a diarreia reverte entre 2 a 4 horas34.

Como parte da terapêutica farmacológica foi dispensado ao doente um suplemento

de saccharomyces boulardii (UL-250®) com a seguinte posologia: 1 saqueta, 3 vezes

por dia35,36. Este probiótico é eficaz no tratamento de diarreias de origem infeciosa

pois, entre outros mecanismos, interfere com a capacidade dos agentes patogénicos

colonizarem e infetarem a mucosa intestinal38. Outras opções passariam por

suplementos de bacilos lácteos como Lactobacillus casei 39 (ANTIBIOPHILUS®

Cápsulas) e Lactobacillus fermentum e Lactobacillus delbruecki40 (LACTEOL®

Cápsulas).

Nesta situação a utilização de fármacos antidiarreicos, como a loperamida, não é

aconselhada pois a etiologia não foi claramente esclarecida. Os fármacos

antidiarreicos não são indicados na diarreia infeciosa, por esse motivo não devem ser

administrados se houver sangue ou muco nas fezes e/ou febre 34,36,41.

O tratamento com antibióticos também não é recomendado se a etiologia for

desconhecida, porque não têm efeito se a diarreia for de origem viral e podem causar

desenvolvimento de resistências bacterianas e efeitos secundários desagradáveis. A

maioria dos casos de diarreia aguda não necessita de antibioterapia, esta apenas

deve ser considerada nos casos de diarreia severa. Na diarreia crónica o tratamento é

individualizado, em função das causas32.

Por fim, se se verificasse uma necessidade emergente de reidratação poderia ainda

recorrer-se a soluções para reidratação oral. Estas soluções devem ser ingeridas a

cada episódio diarreico. A quantidade ingerida depende do tamanho e peso do utente.

São exemplos de soluções para reidratação oral:

- Bicarbonato de Sódio + Cloreto de Potássio + Cloreto de Sódio + Glucose

(REDRATE®). Posologia: 1-2 saquetas em 200 mL de água a cada dejeção

diarreica42;

- Citrato dissódico + Cloreto de Potássio + Cloreto de Sódio + Glucose

(DIORALYTE®). Posologia: 1-2 saquetas em 200 mL de água a cada dejeção

diarreica43.

O doente foi ainda informado de que se os sintomas se mantivessem ou agravassem,

com surgimento de sangue/muco/pus nas fezes, febre ou dor abdominal severa,

deveria dirige-se ao hospital.

Page 40: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

30

Diarreia

Principais causas [32,34]

� Infeções entéricas (intoxicações

alimentares, condições de higiene

deficitárias, viagens para países

endémicos, contato com animais, i)

� Medicação (antibióticos, laxantes,

antiácidos com magnésio e outros)

� Alergias e intolerâncias alimentares

� Quimioterapia

Medidas preventivas [44,45]

Beber água potável;

Lavar as mãos com frequência, antes de comer ou preparar alimentos.

Lavar e desinfetar os utensílios e locais de preparação dos alimentos antes de usá-los;

Lavar bem carnes, peixes, frutas e legumes;

Cozinhar bem os alimentos.

Cuidados a ter [32]

Se tiver:

� Vómitos

� Febre (≥ 38,5 °C)

� Dor abdominal persistente

� Sangue ou muco nas fezes

� Mais de 6 dejeções/dia

� Diarreia há mais de 48 horas

Se está grávida

Crianças e idosos

Caracteriza-se [32,34]

Pelo aumento no nº de dejeções ou pela presença de fezes amolecidas ou líquidas. Aguda tem uma duração inferior a duas semanas Persistente tem uma duração superior a duas semanas Crónica tem uma duração superior a 4 semanas

Page 41: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

31

CASO II: OBSTIPAÇÃO

Identificação: sexo masculino, 67 anos, caucasiano, reformado

Queixa principal: não defeca há 5 dias

História clinica: doente refere que não defeca há 5 dias. Trata-se de um doente diabético que toma regularmente comprimidos com uma associação de 60 mg de pó de folículos de sene, 20 mg de pó de folíolos de sene, 25 mg de extrato aquoso seco de folículos de sene e 5 mg de bisacodilo (BEKUNIS® comprimidos). Sofre de hemorróidas. Confessa que não bebe muita água e o único exercício físico que faz é uma caminhada diária de 15 min pelo centro da cidade e “quando não chove”.

Caracterização

A obstipação caracteriza-se pela dificuldade persistente em defecar, por defeções que

obrigam a grande esforço, pela necessidade de manobras digitais na saída das fezes

ou pela redução do número habitual de defeções. Não existe um padrão de

funcionamento intestinal mas, tendo em conta a maioria da população saudável,

considera-se uma situação de obstipação quando ocorrem duas ou menos defeções

por semana. Numa situação de obstipação é comum a presença de fezes duras e

fragmentadas, sensação de mal-estar persistente e desconforto abdominal. Para que

sejam mais facilmente expulsas, as fezes tem de ser moles e volumosas sendo por

isso muito importante a ingestão de fibras. As fibras têm a capacidade de absorver

água existente no intestino e aumentar o peristaltismo intestinal. Também o tempo que

as fezes permanecem no intestino determina o seu teor em água. Situações que

provoquem maior lentidão no funcionamento do intestino podem provocar

obstipação46.

A obstipação pode ter diversas causas e muitas vezes ocorrem em simultâneo como a

ingestão inadequada de líquidos e fibras, um estilo de vida sedentário e o ignorar da

vontade de defecar47. A obstipação poderá estar agravada pela gravidez, situações de

stress (exemplo das viagens), situações de imobilidade (devido à idade ou doença) ou

toma de medicamentos. Alguns medicamentos que podem causar obstipação incluem:

os analgésicos, antitússicos, anti-parkinsónicos e antiácidos (hidróxido de alumínio,

carbonato de cálcio, Anexo 2) 36,46. O abuso de laxantes é outra das causas de

obstipação. O uso prolongado e regular de laxantes torna o intestino dependente

destes para o seu regular funcionamento 36. A obstipação pode também ser sintoma

de uma doença como o cancro colo-rectal, hipotiroidismo, diabetes, esclerose múltipla,

ou doença de Parkinson (Anexo 3) 46.

A obstipação pode ser classificada como aguda com duração inferior a 4 semanas ou

crónica com duração superior. A obstipação aguda ocorre frequentemente por

alterações nos hábitos de vida e raramente causa complicações ou problemas de

Page 42: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

32

saúde a longo prazo. A obstipação crónica, por sua vez, pode levar à retenção fecal

progressiva, à distensão do reto, à perda da função sensorial e motora e à impactação

fecal (especialmente em idosos). Esta última situação pode conduzir ao

desenvolvimento de incontinência fecal, infeções urinárias, sangramento retal e

prolapso retal e em casos mais graves ao cancro do cólon 47.

Abordagem ao doente

Na abordagem ao doente deve-se tentar perceber as características da obstipação.

Como por exemplo, saber se existe46:

- dor e distensão abdominal;

- sensação de evacuação incompleta;

- esforço defecatório prolongado/excessivo;

- efeitos colaterais conhecidos de medicamentos;

- obstrução provada transtornos metabólicos.

Necessidade de encaminhamento médico

Sintomas ou situações de alarme onde é necessário o encaminhamento médico

incluem46,47:

- sangue nas fezes;

- febre;

- emagrecimento súbito;

- obstipação severa ou persistente que não responde ao tratamento;

- idade ˂ 2 anos;

- gravidez;

- idade > 50 anos em pessoas que não fizeram exame de rastreio do cancro do

cólon;

- historia familiar de cancro do cólon;

- doentes oncológicos.

Discussão e Aconselhamento do doente

Como este episódio se refere a uma situação de obstipação aguda (˂4 semanas) o

doente foi aconselhado a alterar alguns hábitos de vida. Assim faz parte da

terapêutica não farmacológica50,51:

- Aumentar a ingestão de fibras na dieta mas de forma gradual para evitar

aumento do meteorismo.

o Alimentos ricos em fibras:

� cereais: farelo, flocos, pão e bolachas integrais;

Page 43: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

33

� fruta como a ameixa, pêssego, frutos de polpa, frutos tropicais;

� vegetais como a couve, feijão, grão, ervilha, fava, salada.

- ingestão de 1,5 a 2 L de água por dia;

- praticar exercício físico regular;

- não ignorar a necessidade de defecar;

- não utilizar laxantes regularmente;

- criar hábitos de defecação.

o Este último ponto apresenta especial importância no presente caso

porque o doente sofre de hemorróidas que se devem ao esforço que

faz para defecar. Deve ir à casa de banho com tempo, de preferência

após refeições, para não fazer esforços na defecação.

Estas medidas levam o seu tempo a produzir efeito, dias a semanas, e o doente deve

estar consciente disso. Mesmo assim, se as medidas dietéticas se mostrarem

ineficazes ou enquanto se espera que estas façam efeito, pode ser aconselhado o uso

de laxantes. Nos adultos a utilização de laxantes deve ser reservada para os casos em

que a terapêutica não farmacológica falhou ou em situações em que é necessário um

alívio rápido dos sintomas. O tratamento prolongado raramente é necessário, exceto

ocasionalmente em idosos, nos cuidados paliativos ou para prevenir a recorrência em

crianças 47.

A terapêutica farmacológica deve iniciar-se com um laxante expansor do volume

fecal (metilcelulose, preparados do psílio). Estes laxantes não são adequados para o

alívio rápido, mas são uma boa opção a longo prazo. Como atuam causando uma

expansão do fluido intestinal é necessário uma ingestão adequada de líquidos para

evitar uma possível obstrução intestinal 36,47.

Se as fezes permanecem duras é aconselhado adicionar ou mudar para um laxante

osmótico (lactulose, sorbitol, polietilenoglicol). Estes laxantes podem demorar alguns

dias a exercer efeito e não são adequados para um alívio rápido. Podem ser

administrados em doses divididas ao longo do dia. A ingestão adequada de líquidos

também deve ser incentivada pois estes compostos causam retenção de água no

cólon o que diminui o pH e estimula o peristaltismo. Os catárticos salinos não devem

ser usados como rotina pois existe risco de causarem desequilíbrios hidroeletrolíticos

principalmente na hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e

insuficiência hepática. São úteis na preparação de meios de diagnóstico, casos de

envenenamento e em associação com anti-helmínticos 36. O leite de magnésio

(suspensão de 8% de hidróxido de magnésio) pode eventualmente ser usado em

adultos saudáveis 36,47.

Page 44: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

34

No caso de as fezes serem moles mas o esvaziamento intestinal ser incompleto deve

ser adicionado um laxante de contacto/estimulante (sene, bisacodilo). Estes laxantes

não devem ser usados regularmente, são úteis em SOS e na preparação de meios de

diagnóstico. São geralmente administrados ao deitar para produzir um efeito de

manhã. Atuam pelo aumento da motilidade intestinal e por esse motivo podem

provocar cólicas abdominais. Devem ser evitados em situações de obstrução intestinal 36,47.

As preparações retais como supositórios e enemas podem ser usados quando se

pretende uma defeção mais rápida (≈30 minutos) mas o seu uso merece especial

cuidado em idosos e pessoas debilitadas.

A terapêutica com laxantes deve ser interrompida assim que as fezes se tornem moles

e que a defeção não seja dolorosa.

O doente foi aconselhado a suspender a toma dos comprimidos. O seu uso regular

poderá ser a causa da obstipação que agora apresenta. Foi explicado ao doente que é

comum após o uso de laxantes ocorrerem vários dias sem nova defeção, isto porque

ocorreu um esvaziamento completo do cólon 36. Foi também alertado para o facto dos

laxantes de contato provocarem habituação e do seu uso prolongado poder causar

dependência e perda da função normal de defecação. Pode também surgir melanosis

coli (pigmentação da mucosa intestinal) que é reversível após descontinuação da toma

do laxante 52.

A opção para este doente pelo aconselhamento da toma de um laxante de contato

com gelatina e glicerina na sua constituição, 12 mg e 851,077 mg respetivamente

(DAGRAGEL® gel retal). Embora seja um laxante de contato permite um alívio rápido

e evita esforços de evacuação 53. O esquema passou por aplicar uma, no máximo

duas bisnagas no 1º dia e nos dias seguintes adotar medidas não farmacológicas,

aguardar pelo menos 2 semanas para ver se ocorria a normalização da função

intestinal. Na escolha deste laxante também se teve em conta o facto de o doente ser

diabético e da via retal apresentar menos efeitos sistémicos (evita parcialmente o

efeito de 1ª passagem pelo fígado). De igual modo poderia ter-se optado por

supositórios de glicerina. Se mesmo assim o doente não apresentasse melhorias, este

deveria ser aconselhado a dirigir-se ao médico e a optar por laxantes expansores do

volume fecal. Aqui com a ressalva da lactulose e do sorbitol, uma vez que os seus

metabolitos podem influenciar os níveis séricos de glicose.

Page 45: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

35

Pela dificuldade persistente em defecar

Por defecações que obrigam a grande esforço

Pela necessidade de manobras digitais na saída das fezes

Pela redução do número habitual de defecações

Nota: Após defecação provocada por uso de laxante podem decorrer vários dias sem nova defecação por se ter verificado esvaziamento quase total do cólon.

Caracteriza-se [46]

Nota: não existe um padrão de funcionamento intestinal. Cada pessoa tem o seu.

Medidas preventivas [50,51]

Dieta rica em fibras (grãos, vegetais, frutas, nozes,i) e

ingestão de água

Praticar exercício físico regularmente

Não ignorar a necessidade de defecar

Adquirir o hábito de defecação regular

Não utilizar laxantes regularmente

Se tiver:

•Sangue nas fezes •Febre •Emagrecimento súbito •Idade superior a 50 anos e não realizou rastreio do cancro do cólon

•Historia familiar de cancro do cólon•Se é doente oncológico•Se está grávida •Crianças e idosos

Cuidados a ter [46,47]

Page 46: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

36

CASO III: QUEIMADURA SOLAR

Identificação: criança do sexo masculino, 7 anos, caucasiano (fototipo II),

acompanhado pela mãe.

Queixa principal: queimadura solar na face e costas.

História clinica: a mãe refere que o filho tem queimaduras solares nas costas e cara

decorrente de uma ida à praia em visita escolar. O protetor solar (FPS30) terá sido

aplicado de manhã, antes da saída para a escola. Refere também, que recentemente

teve febre (3 dias atrás) tendo-lhe sido administrado ibuprofeno em suspensão. O filho

queixa-se de dor ligeira e prurido. É visível a presença de eritema nas regiões

afetadas. Não apresenta sintomas febris. A criança permanece ativa durante todo o

atendimento.

Caracterização

A queimadura solar é uma reação inflamatória cutânea aguda desencadeada pela

exposição excessiva a radiação ultravioleta (UV) emitida pelo sol e por algumas fontes

de radiação artificiais 54.

A radiação UV está dividida em 3 faixas diferentes, C, B e A. A radiação UVC (100 aos

290 nm) é completamente filtrada pela camada de ozono, razão pela qual não atinge a

superfície terrestre e tem ação germicida. A radiação UVB (290 aos 320 nm) é

responsável pela síntese de vitamina D ativa a partir de compostos presentes na pele,

mas é igualmente a principal causa de fenómenos de natureza patológica, como o

fotoenvelhecimento e o cancro da pele. A radiação UVA (320 aos 400 nm) embora

seja biologicamente menos nefasta que a UVB também exerce um papel importante

nomeadamente na excitação de substâncias fotossensibilizantes 55.

O desenvolvimento de queimaduras solares não depende só da intensidade e do tipo

de radiação recebida mas também de fatores individuais, como o tipo de pele.

Podem ser identificados seis fototipos cutâneos, determinados de acordo com a cor da

pele e a capacidade de cada pessoa em se bronzear sob exposição solar 56,57,58.

Fototipo I - pessoas com pele clara, com muitas sardas, cabelos ruivos e olhos azuis.

Têm pele extremamente sensível ao sol, que queima intensamente e não bronzeia.

Fototipo II - pessoas com pele clara, muitas vezes com sardas, cabelos loiros, olhos

azuis ou verdes. Têm pele extremamente sensível ao sol, que queima facilmente e

intensamente e fica bronzeada por vezes.

Fototipo III - pessoas com pele clara, cabelo loiro a loiro escuro, olhos azuis ou

verdes. Adquirem um bronzeado gradual mas são propensas a queimaduras solares.

Page 47: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

37

Fototipo IV - pessoas com pele morena, cabelo loiro escuro ou castanho e olhos

castanho escuros. Têm a pele pouco sensível ao sol e raramente sofrem queimaduras,

contudo, estão sujeitas a um envelhecimento cutâneo precoce.

Fototipo V - pessoas com cabelos pretos, pele escura e olhos escuros. Bronzeiam

facilmente e com intensidade, e raramente sofrem queimaduras.

Fototipo VI - pessoas com pele negra e olhos negros. Têm uma pele robusta e que

nunca queima. A exposição solar apresenta menores riscos para a sua saúde 57,58.

Também existem alimentos, substâncias e fármacos fotossensibilizantes (Anexo 4)

que quando aplicados na pele ou ingeridos causam maior sensibilidade aos efeitos

nocivos da luz solar. Estes efeitos podem ser de natureza tóxica (aumentam o risco

em todas as pessoas) ou alérgica (aumentam o risco em indivíduos predispostos) 54.

A resposta inflamatória aguda que se verifica em consequência de uma queimadura

solar, manifesta-se 3 a 4 horas após a exposição, com maior intensidade 12 a 24

horas após a exposição e caracteriza-se por eritema, edema, sensação de calor, mal-

estar, bolhas, pápulas e pústulas (casos graves), febre (casos graves) e descamação

4 a 7 dias após a exposição 54,59.

No entanto a radiação solar não tem só efeitos negativos, como os já descritos.

Salienta-se como efeito benéfico da radiação solar na intervenção da biossíntese da

do metabolito ativo da vitamina D, o calcitriol. Este é importante para a absorção do

cálcio. Para obter este efeito, no entanto, não são necessárias exposições solares

intensas e prolongadas basta exposição solar do dia-a-dia. A exposição solar requer

especial cuidado nas crianças porque normalmente apresentam uma pele mais fina e

mais vulnerável a agressões externas do que a pele dos adultos 59.

Abordagem ao doente

Na abordagem ao doente deve avaliar-se 54:

- se ocorreu;

o exposição solar recente e prolongada ou uso de equipamentos de

bronzeamento artificial;

o exposição a substâncias ou fármacos fotossensibilizantes;

o alteração do protetor solar;

- se existe;

o dor;

o eritema;

o febre e calafrios;

o mal-estar com náuseas e vómitos;

o pápulas;

Page 48: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

38

o bolhas;

o sinais de infeção na pele (pústulas ou bordos avermelhados).

Necessidade de encaminhamento médico

Sintomas ou situações de alarme onde é necessário o encaminhamento médico

incluem 54:

- edema nas mãos ou rosto;

- sinais de infeção na pele;

- febre;

- dor intensa;

- vómitos;

- desmaio.

Discussão e Aconselhamento do doente

A queimadura solar que a criança apresentava poderá estar relacionada com diversos

fatores. O principal será a falta de reaplicação do protetor solar durante o dia. Ao

utente e ao filho foram aconselhados várias medidas preventivas.

Evitar:

- exposição solar entre 11h-16h;

- exposição solar prolongada;

- usar cosméticos e perfumes durante exposição solar.

Usar:

- roupa de algodão, de cor clara e leve;

- chapéu;

- óculos de sol com proteção UV;

- protetor solar:

� aplicar uniformemente 30 minutos antes da exposição;

� reaplicar a cada 2 horas.

Outro fator que poderá estar na causa desta queimadura diz respeito ao tipo de

protetor solar utilizado. Os protetores solares podem ser compostos por filtros

inorgânicos ou orgânicos. Os filtros inorgânicos (minerais ou físicos) atuam por

reflexão da radiação incidente, tendo assim um espectro de ação amplo e abrangente.

São bem tolerados mas têm o inconveniente de serem mais opacos e difíceis de

espalhar. São recomendados quando se pretende uma filtração segura e abrangente,

sobre a radiação UVB e UVA, em pessoas com fototipos mais baixos, em situações

médicas de fotossensibilidade como o lúpus eritematoso e fotodermatoses ou no caso

das crianças. Os filtros orgânicos (químicos) atuam através de um mecanismo de

Page 49: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

39

absorção de UV mas apenas dentro de determinados limites de comprimento de onda.

Em função destes limites de comprimento de onda classificam-se como anti-UVB e

anti-UVA 59. A escolha do protetor solar não é tarefa simples, passa por ter em conta

não só o fator de proteção adequado ao tipo de pele, como às condições em que é

feita a exposição e à intensidade da radiação solar. É geralmente aceite que as

pessoas com peles do tipo I e II devem usar protetores solares com fator de proteção

superior a 10, com pele do tipo III, fator igual ou superior a 8 e, do tipo IV, V e VI fator

superior a 4 60. Nas crianças, os protetores solares devem ter fator de proteção acima

de 30, de preferência com filtros minerais e resistentes à água 59. Como a queimadura

solar ocorreu com o uso de um protetor de fator 30, a mãe foi aconselhada a alterar o

protetor solar do filho para um com um protetor com fator de proteção 50+, com filtro

mineral e fluido para facilitar a aplicação.

Outra das causas da queimadura poderá ser uma possível fotossensibilização

provocada pelo ibuprofeno. Este diagnóstico é difícil e é feito com base num exame

clínico sendo, por vezes, necessário recorrer a meios auxiliares de diagnóstico como

os testes fotoepicutâneos (testes semelhantes aos utilizados no estudo das dermatites

de contacto mas em que as substâncias a testar são expostas aos raios UV). A afeção

de áreas preferencialmente expostas à luz solar como a face, a região do decote, o

dorso das mãos e os antebraços pode apoiar o diagnóstico de fotodermatose

provocada por fotossensibilização 61.

A terapêutica não farmacológica aconselhada consistiu no aumento da ingestão de

água para hidratação, na toma de banhos frios e na aplicação de compressas frias

para aliviar os sintomas e manter a pele hidratada 54,60.

A terapêutica farmacológica passou pelo tratamento sintomático.

Para regenerar e cicatrizar a pele, a criança e a mãe foram aconselhados a aplicar

uma emulsão cutânea de trolamina (BIAFINE®) em camada espessa nas áreas

afetadas, com uma ligeira massagem, 2 a 4 vezes ao dia62. Esta emulsão óleo em

água está indicada para queimaduras de 1º grau e por ser fácil de espalhar e de

penetração rápida e também poder ser aplicada na face exceto nos olhos. Na face, por

ser uma zona da pele mais exposta, foi aconselhada a aplicação de uma camada mais

fina e mais frequente (4 vezes ao dia). Outra opção seria, por exemplo, aplicação de

um creme de dexpantenol (BEPANTHENE®). Também indicado nas queimaduras

solares de zonas da pele mais expostas (como a face, os cotovelos e as mãos) 63. No

alívio do prurido poderiam ser dispensados anti-histamínicos, no entanto, com a

aplicação de formulações para regenerar e cicatrizar a pele este sintoma terá

Page 50: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

40

tendência a desaparecer. A hidroxizina seria uma opção para este doente para o

tratamento sintomático do prurido 35. A posologia indicada a partir dos 6 anos é de 1 a

2 mg/Kg/dia, num máximo de 100 mg/dia, dividido em várias tomas. Assim, tendo em

conta o peso da criança (≈25Kg) seria recomendável no 1ªdia: 7,5 mL (15 mg) + 7,5

mL ao deitar e nas tomas seguintes 12,5 mL (25 mg) ao deitar até alívio do sintoma 64.

Um corticosteróide de aplicação tópica, como a hidrocortisona a 1%, também ajudaria

no alívio do prurido, por diminuir o eritema e encurtar o curso das queimaduras solares 54 mas a sua utilização é uma escolha de segunda linha 35.

Para o tratamento da dor ligeira/moderada e da inflamação os anti-inflamatórios não

esteróides (AINEs) seriam uma opção, mas com existe a possibilidade de

fotossensibilização pelo ibuprofeno a escolha mais adequada seria o paracetamol para

as dores e febre 35. A posologia indicada, tendo em conta o peso da criança, seria de

12,5 mL 3 x dia 65.

A utente foi ainda informada de que se os sintomas se mantivessem ou surgisse

alguma infeção na pele, febre ou vómitos deveria dirigir-se ao médico.

Page 51: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

41

Cuidados a ter [54,59]

Se tiver:

� Edema nas mãos ou rosto

� Sinais de infeção na pele

� Febre

� Dor intensa

� Vómitos

� Desmaio

Crianças

Medidas preventivas [59]

Evitar:

� Exposição solar entre 11h-16h;

� Exposição solar prolongada;

� Usar cosméticos e perfumes

durante exposição solar.

Usar:

� Roupa de algodão, de cor clara e

leve;

� Chapéu;

� Óculos de sol com proteção UV;

� Protetor solar:

o Aplicar uniformemente 30

minutos antes da exposição;

o Reaplicar a cada 2 horas

Aumentar a ingestão de

água para hidratação

Caracteriza-se [54]

Por uma reação inflamatória cutânea

aguda desencadeada pela exposição

excessiva a radiação ultravioleta

emitidas pelo sol e por algumas

fontes de radiação artificiais.

Causas Possíveis [54,56,58]

� Permanência prolongada ao sol

� Alimentos, substâncias e fármacos fotossensibilizantes

� A não utilização ou utilização incorreta do protetor solar

Efeito benéfico da radiação solar [59]

A radiação solar intervém na biossíntese do metabolito ativo da vitamina D, o calcitriol. Este é importante na absorção do cálcio. Para obter este efeito basta a exposição solar do dia-a-dia.

Page 52: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

42

Referências

1. A Ordem dos Farmacêuticos: Atribuições e Intervenção. Acessível em:

http://www.ordemfarmaceuticos.pt/scid//ofWebInst_09/defaultCategoryViewOne.as

p?categoryId=1852 [acedido em 9 maio de 2014].

2. INFARMED: Apresentação. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/SOBRE_O_INFARMED/APRESENTACA

O [acedido em 9 maio de 2014].

3. AFP: Missão/Visão. Acessível em:

http://www.portaldasfarmacias.com/afp_missao.php[acedido em 9 agosto de 2014].

4. ANF: Farmácia e Comunidade. Acessível em:

http://www.anf.pt/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=17&Itemid

=98 [acedido em 9 maio de 2014].

5. Conselho Nacional da Qualidade e Ordem dos Farmacêuticos, Boas Práticas de

Farmacêuticas para a farmácia comunitária. 3ª Edição. 2009, Ordem dos

Farmacêuticos.

6. Ministério da Saúde: Regime jurídico das farmácias de oficina, Decreto-Lei

n.º307/2007, de 31 de Agosto, Diário da República, 1.ª série, n.º 168, 2007.

7. Ministério da Saúde: Regras de prescrição de medicamentos, modelos de receita

médica e condições de dispensa de medicamentos, Portaria n.º 137-A/2012, de 11

de maio, Diário da República, 1ª série, n.º 92, 2012.

8. INFARMED: Estupefacientes e psicotrópicos. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS

/SAIBA_MAIS_SOBRE/SAIBA_MAIS_ARQUIVO/22_Psicotropicos_Estupefaciente

s.pdf [acedido em 31 maio de 2014].

9. Ministério da Saúde e Administração Central de Sistemas de Saúde, Normas

relativas à dispensa de medicamentos e produtos de saúde. 2014, INFARMED.

10. INFARMED: Decreto Regulamentar n.º 61/94, de 12 de Outubro, 1994. Acessível

em:http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/LEGISLACAO/LEGISLAC

AO_FARMACEUTICA_COMPILADA/TITULO_III/TITULO_III_CAPITULO_III/070-

DR_61_94_2ALT.pdf [acedido em 30 maio de 2014].

11. INFARMED: Medicamentos comparticipados de dispensa exclusiva em Farmácia

de Oficina. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MEDICAMENTOS_USO_HU

MANO/AVALIACAO_ECONOMICA_E_COMPARTICIPACAO/MEDICAMENTOS_U

SO_AMBULATORIO/MEDICAMENTOS_COMPARTICIPADOS/Dispensa_exclusiv

a_em_Farmacia_Oficina [acedido em 13 junho de 2014].

Page 53: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

43

12. Ministério da Saúde: Sistema de comparticipação do medicamento, Decreto-Lei

n.º48-A/2010, de 13 de Maio, Diário da República, 1.ª série, n.º 93, 2010.

13. INFARMED: Automedicação. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS

/SAIBA_MAIS_SOBRE/SAIBA_MAIS_ARQUIVO/29_Automedica%E7%E3o.pdf

[acedido em 28 junho de 2014].

14. INFARMED: Automedicação, Despacho n.º 2245/2003, de 16 de Janeiro, Diário da

República, 2.ª série, n.º 29, 2003.

15. INFARMED: Lista de situações passíveis de automedicação, Despacho n.º

17690/2007, de 23 de Julho, Diário da República, 2.ª série, n.º 154, 2007.

16. INFARMED: Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/COSMETICOS [acedido em

27 junho de 2014].

17. Direção Geral da Saúde: Produtos dietético com caracter terapêutico. Acessível

em:http://www.dgs.pt/pagina.aspx?back=1&mid=5005&codigono=651266676670A

AAAAAAAAAAA [acedido em 26 junho de 2014].

18. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas:

comparticipação de produtos dietéticos com carácter terapêutico, Decreto-Lei

n.º216/2008, de 11 de Novembro, Diário da República, 1.ª série, n.º 219, 2008.

19. APARD: Suplementos Alimentares. Acessível em:

http://www.apard.pt/content.php?page=suplementos#sabermais [acedido em 27

junho de 2014].

20. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas: Suplementos

Alimentares, Decreto-Lei nº 296/2007, de 22 de Agosto, Diário da República, 1.ª

série, n.º 161, 2007.

21. INFARMED: Dispositivos médicos. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/DISPOSITIVOS_MEDICOS

[acedido em 5 julho de 2014].

22. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas: Medicamentos

veterinários, Decreto-Lei n.º148/2008, de 29 de Julho, Diário da República, 1.ª

série, n.º 145, 2008.

23. INFARMED: Farmacovigilância. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PERGUNTAS_FREQUENTE

S/MEDICAMENTOS_USO_HUMANO/MUH_FARMACOVIGILANCIA#P1 [acedido

em 18 julho de 2014].

24. Ministério da Saúde: Centro de Conferência de Facturas. Acessível em:

Page 54: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

44

https://www.ccf.min-

saude.pt/portal/page/portal/publico/InformacaoInstitucional/Apresentacao [acedido

em 21 julho de 2014].

25. Ordem dos Farmacêuticos: Código Deontológico. Acessível em:

http://www.ceic.pt/portal/page/portal/CEIC/UTILIDADES_INFORMACAO/NORMATI

VO/NACIONAL/CodigoDeontologico_OF.pdf [acedido em 21 julho de 2014].

26. Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Bohm M, et al (2013).

ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension. Journal of

Hypertension; 31:1281–1357.

27. Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal: Valores de Referência

Glicemia. Acessível em: http://www.apdp.pt/index.php/diabetes/a-pessoa-com-

diabetes/valores-de-referencia#valores-de-refer%C3%AAncia [acedido em 22 julho

de 2014].

28. Sociedade Portuguesa de Cardiologia: Valores de referência Colesterol. Acessível

em:http://www.spc.pt/spc/Microsites/Passaporte/kit/passaporte/colesterol/valores.a

spx [acedido em 22 julho de 2014].

29. Saúde sapo: Testes de gravidez à venda em farmácias. Acessível em:

http://saude.sapo.pt/saude-em-familia/casal-e-gravidez/artigos-gerais/testes-de-

gravidez-a-venda-em-farmacias.html [acedido em 21 julho de 2014].

30. Associação Portuguesa de Dietistas: Índice de Massa Corporal. Acessível em:

http://www.apdietistas.pt/nutricao-saude/avalie-o-seu-estado-

nutricional/parametros-antropometricos/62-indice-de-massa-corporal [acedido em

21 julho de 2014].

31. Valormed: Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e

Medicamentos. Acessível em: http://www.valormed.pt/pt/conteudos/conteudo/id/19

[acedido em 14 outubro de 2014].

32. Sociedade portuguesa de gastrenterologia: Diarreia, Avaliação e tratamento.

Acessível em:

http://www.spg.pt/wp-content/uploads/2013/02/noc_diarreia_revista3.pdf [acedido

em 9 agosto de 2014].

33. Medscape: Diarrhea. Acessível em: http://emedicine.medscape.com/article/928598

[acedido em 9 agosto de 2014].

34. World Gastroenterology Organisation, 2012: Diarreia aguda em adultos e crianças:

uma perspectiva mundial. Acessível em:

http://www.worldgastroenterology.org/assets/export/userfiles/Acute%20Diarrhea_FI

NAL_pt_2012.pdf [acedido em 9 agosto de 2014].

Page 55: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

45

35. Sociedade portuguesa de gastrenterologia: Como se trata a diarreia? Acessível

em: http://www.spg.pt/?p=1055 [acedido em 9 agosto de 2014].

36. Prontuário terapêutico: versão on-line. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/prontuario/frameprimeiracapitulos.html

37. INFARMED: Folheto informativo: UL-250, 250 mg, pó para suspensão oral.

Acessível em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=8814&tipo_doc=fi

[acedido em 12 agosto de 2014].

38. Kelesidis T, Pothoulakis C (2012). Efficacy and safety of the probiotic

Saccharomyces boulardii for the prevention and therapy of gastrointestinal

disorders. Therapeutic Advances in Gastroenterology; 5(2): 111–125.

39. INFARMED: Folheto informativo: Antibiophilus, 250 mg, Cápsulas. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=484&tipo_doc=fi

[acedido em 12 agosto de 2014].

40. INFARMED: Folheto informativo: Lacteol 5000 M.U Cápsulas. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=4865&tipo_doc=fi

[acedido em 11 agosto de 2014].

41. INFARMED: Folheto informativo: Loperamida Generis 2 mg Comprimidos.

Acessível em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=41837&tipo_doc=r

cm [acedido em 9 agosto de 2014].

42. INFARMED: Folheto informativo: Redrate, pó para administração em solução oral.

Acessível em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=7410&tipo_doc=fi

[acedido em 11 agosto de 2014].

43. INFARMED: Folheto informativo: Dioralyte, pó para solução oral. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=2676&tipo_doc=rc

m [acedido em 12 agosto de 2014].

44. World Health Organization: The treatment of diarrhoea. A manual for physicians

and other senior health workers. Acessível em:

http://whqlibdoc.who.int/publications/2005/9241593180.pdf?ua=1 [acedido em 12

agosto de 2014].

45. Blog SURIEMU: Vômitos, diarréias, dor estomacal - Norovírus. Acessível em:

http://blog.suri-emu.co.jp/?p=9517 [acedido em 13 outubro de 2014].

46. Sociedade portuguesa de gastrenterologia: Obstipação. O que é? Acessível em:

http://www.hsm.min-saude.pt/contents/pdfs/GastroEnterologia/OBSTIPACAO.pdf

[acedido em 14 agosto de 2014].

Page 56: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

46

47. Centro de Coloproctologia de Coimbra: Obstipação. Acessível em:

http://www.proctos.pt/Tratamentos/Obstipa%C3%A7%C3%A3o/tabid/95/Default.as

px [acedido em 16 agosto de 2014].

48. World Gastroenterology Organisation, 2010: Constipação: uma perspectiva

mundial. Acessível em:

http://www.worldgastroenterology.org/assets/export/userfiles/constipation_pt.pdf

[acedido em 18 agosto de 2014].

49. National Prescribing Centre: The management of constipation. Acessível em:

http://www.npc.nhs.uk/merec/therap/other/resources/merec_bulletin_vol21_no2.pdf

[acedido em 18 agosto de 2014].

50. Sociedade portuguesa de gastrenterologia: Alimentos ricos em fibras. Acessível

em: http://www.spg.pt/?p=2774 [acedido em 18 agosto de 2014].

51. Centro de Coloproctologia de Coimbra: Conselhos para evitar a obstipação.

Acessível em:

http://www.proctos.pt/Tratamentos/Conselhosparaevitaraobstipa%C3%A7%C3%A3

o/tabid/86/Default.aspx [acedido em 25 agosto de 2014].

52. INFARMED: Folheto informativo: BEKUNIS Comprimidos revestidos. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=855&tipo_doc=fi

[acedido em 14 agosto de 2014].

53. INFARMED: Folheto informativo: Dagragel Gel rectal. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=2306&tipo_doc=fi

[acedido em 14 agosto de 2014].

54. Medscape: Sunburn. Acessível em:

http://emedicine.medscape.com/article/773203-overview [acedido em 21 agosto de

2014].

55. Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia: Sol e pele. Acessível em:

http://www.spdv.com.pt/_script/?id=17&det=82 [acedido em 21 agosto de 2014].

56. Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia: Fototipos cutâneos e risco

de exposição exagerada à luz. Acessível em:

http://www.spdv.com.pt/_script/?id=7&det=27 [acedido em 21 agosto de 2014].

57. Euromelanoma: Tipos de pele (fototipo). Acessível em:

http://www.euromelanoma.org/portugal/skin-types [acedido em 13 outubro de

2014].

58. Faculdad de Farmacia Universiad de Barcelona (2005). Fototipos cutâneos:

Conceptos generales. Farmacia práctica: Conceptos básicos de dermofarmacia;

24:136-137.

Page 57: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

47

59. Rodrigo F, Rodrigo M (2011). O sol, a praia e a pele das crianças. Acta Pediátrica

Portuguesa; 42(2): 71–77.

60. Cives - Centro de Informação em Saúde para Viajantes: Luz solar. Acessível em:

http://www.cives.ufrj.br/informacao/ls/luzsolar-iv.html [acedido em 22 agosto de

2014].

61. Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia: Doenças de

pele. Acessível em:

http://www.consulteodermatologista.com/Alergia-ou-intolerancia-ao-sol.aspx

[acedido em 21 agosto de 2014].

62. 6 INFARMED: Folheto informativo: Biafine 6,7 mg/g emulsão cutânea. Acessível

em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=1019&tipo_doc=fi

[acedido em 23 agosto de 2014].

63. INFARMED: Folheto informativo: Bepanthene 50 mg/g Creme. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=949&tipo_doc=fi

[acedido em 23 agosto de 2014].

64. INFARMED: Folheto informativo: Atarax 2 mg/ml xarope. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=656&tipo_doc=fi

[acedido em 23 agosto de 2014].

65. INFARMED: Folheto informativo: Ben-u-ron 40 mg/ml xarope. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=891&tipo_doc=fi

[acedido em 23 agosto de 2014].

Page 58: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

48

Anexos

Anexo 1 - Avaliação da desidratação utilizando o “método Dhaka”. World Gastroenterology Organisation, 201233

(*) - Sinais chave SRO – solução de reidratação oral

Page 59: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

49

Anexo 2 - Medicamentos associados à obstipação. World Gastroenterology Organisation, 2010. 44

Page 60: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

50

Anexo 3 - Possíveis causas e condições associadas à obstipação. World Gastroenterology Organisation, 2010. 44

Page 61: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

51

Anexo 4 - Medicamentos fotossensibilizantes. Sociedade portuguesa de dermatologia e venereologia. 51

Sílvia Daniela Amado Araújo

Page 62: Sílvia Daniela Amado Araújo - Repositório Aberto · Eu, Sílvia Daniela Amado Araújo, abaixo assinado, nº 201006019, aluno do Mestrado ... Rita Lopes e pela D. Paula Leite, auxiliar

2