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WWW.SOBECC.ORG.BR ISSN IMPRESSO 1414-4425 ISSN ONLINE 2358-2871 VOL. 23, N. 1 – JANEIRO/MARÇO 2018 REVISTA SOBECC

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WWW.SOBECC.ORG.BR

ISSN IMPRESSO 1414-4425ISSN ONLINE 2358-2871

V O L . 2 3 , N . 1 – J A N E I R O / M A R Ç O 2 0 1 8

REVISTA SOBECC

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CONSELHO EDITORIAL 2017-2019

Editor Científico• ProfªDrªRacheldeCarvalho(ProfessoradaFaculdadeIsraelitadeCiênciasdaSaúdeAlbert

Einstein-FICSAE)

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deSãoPaulo-EEUSP)

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Gerais-UFMG)• ProfªDrªAnaGrazielaAlvarez(ProfessorAdjuntodaUniversidadeFederaldeSantaCatarina-IFSC)• ProfªDrªAnaLuciadeMattia(ProfessorAdjuntodaUniversidadeFederaldeMinasGerais-UFMG)• ProfªDrªAparecidadeCássiaGianiPeniche(ProfessorLivreDocentedaEscoladeEnfermagem

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Einstein-FICSAE)

ISSNIMPRESSO1414-4425ISSNONLINE2358-2871

Osartigosassinadossãoderesponsabilidadedosautores.

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RevistaSOBECC/AssociaçãoBrasileiradeEnfermeirosdeCentroCirúrgico,RecuperaçãoAnestésicaeCentrodeMaterialdeEsterilização.-ano1,n.1(1996).-.-SãoPaulo,SP:AssociaçãoBrasileiradeEnfermeirosdeCentroCirúrgico,RecuperaçãoAnestésicaeCentrodeMaterialdeEsterilização,1996-

TrimestralISSN1414-4425(Impresso)/2358-2871(Online)

1.Enfermagem.2.CentroCirúrgico.3.RecuperaçãoAnestésica.4.CentrodeMaterialeEsterilização.I.AssociaçãoBrasileiradeEnfermeirosdeCentroCirúrgico,RecuperaçãoAnestésicaeCentrodeMaterialdeEsterilização

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Tel+55(11)3341-4044|Fax+55(11)2501-4144

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Professoradjunto,Livre-Docente,EscolaPaulistadeEnfermagem,UniversidadeFederaldeSãoPaulo–

UNIFESP,SãoPaulo,SPRuaVergueiro,875,conj.64,Liberdade

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Contato para Suporte TécnicoRevistaSOBECC

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Ficha Catalográfica

Apoio Técnico OperacionalSirleneAparecidaNegriGlasenapp,SOBECC,BrasilMariaElizabethJorgetti,BrasilClaudiaMartinsStival,Brasil

Produção EditorialZeppeliniPublishers/InstitutoFilantropiawww.zeppelini.com.br

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| Sumário |

EDITORIAL1 Metodologias ativas na educação em enfermagem perioperatória

Ana Graziela Alvarez, Juliana Balbinot Reis Girondi, Neide da Silva Knihs

ARTIgOs ORIgInAIs3 Causas de retrabalho de produtos para saúde no centro de materiais e esterilização

Causes of rework of health products at the material and sterilization centerCausas de retrabajo de productos para salud en el centro de materiales y esterilizaciónAndré Luiz Silva Alvim, Karinne Ferreira de Souza

7 Momento anestésico-cirúrgico: transitando entre o conhecimento dos(as) enfermeiros(as) e o cuidado de enfermagemApplying anesthesia during surgery: an exchange between nursing knowledge and careMomento anestésico y quirúrgico: transitando entre el conocimiento de los(las) enfermeros(as) y el cuidado de enfermeríaTania Marisa Koch, Denise Consuelo Moser Aguiar, Gelson Aguiar da Silva Moser, Marceli Cleunice Hanauer, Dulcimar de Oliveira, Suellen Rodrigues de Oliveira Maier

14 Percepção do acompanhante do paciente pediátrico durante a indução e o despertar da anestesiaPerception of the pediatric patient accompany during anesthesia induction and awakeningPercepción del acompañante del paciente pediátrico durante la inducción y el despertar de la anestesiaSabrina Binkowski, Gisele Pereira de Carvalho, Rita Catalina Aquino Caregnato

21 Avaliação da qualidade dos registros de enfermagem nos cuidados pós-operatórios imediatosA quality assessment of immediate postoperative nursing care documentationEvaluación de la calidad de los registros de enfermería en los cuidados postoperatorios inmediatosEmanuela Batista Ferreira e Pereira, Gedalva Pereira de Lima, Heloise Agnes Gomes Batista da Silva, Kássia Maria da Hora Teixeira, Brenna Cavalcanti Maciel Modesto, Magdala de Araújo Novaes

28 Pacientes submetidos a cirurgias bariátricas: fatores associados a complicações pós-operatórias de sítio cirúrgicoPatients undergoing bariatric surgeries: factors associated with post-operative complications from the surgical sitePacientes sometidos a cirugías bariátricas: factores asociados con complicaciones postoperatorias del sitio quirúrgicoPriscilla Vasconcelos Aguiar, Eduardo Tavares Gomes, Iraneide Nascimento dos Santos, Aracele Tenório de Almeida e Cavalcanti

ARTIgOs DE REVIsÃO36 Adesão do cheklist cirúrgico à luz da cultura de segurança do paciente

Surgical checklist accession in light of patient safety cultureAdhesión del checklist quirúrgico a la luz de la cultura de seguridad del pacienteMaíra Cássia Borges de Oliveira, Arnildo Korb, Denise Antunes de Azambuja Zocche, Danielle Cabral Bezerra, Fabiane Pertille, Jucimar Frigo

43 Atuação do enfermeiro na cirurgia robótica: desafios e perspectivasNurse role in robotic surgery: challenges and prospectsActuación del enfermero en la cirugía robótica: retos y perspectivasElisandra Venzke Pinto, Liege Segabinazzi Lunardi, Patrícia Treviso, Daisy Zanchi de Abreu Botene

RELATO DE EXPERIÊnCIA52 Sistemática para racionalização de instrumentais de bandejas cirúrgicas

A systematic approach for the rationalization of surgical tray instrumentsSistemática para racionalización de instrumentales de bandejas quirúrgicasDaniela Silva dos Santos Schneider, Michel José Anzanello, Rosane Silva Veiga Pirovano, Flávio Sanson Fogliatto

I Instruções Aos Autores

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| EDITORIAL |

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METODOLOGIAS ATIVAS NA EDUCAÇÃO EM ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA

A inserção de metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem em Saúde e Enfermagem é uma estra-tégia relevante e eficaz que vem sendo empregada em

diferentes países. No Brasil, a prática tem sido impulsionada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de gra-duação em Enfermagem, que destacam a necessidade de transformações curriculares, na direção da formação crítica e reflexiva de profissionais, por meio de metodologias cen-tradas no estudante e na inserção de tecnologias educativas1.

Nesse cenário, é relevante considerar a influência da ampla disponibilidade de informação aos estudantes, sem restrição de tempo ou espaço, destacando-se, assim, uma nova posição para os docentes, como mediadores no processo de ensino-apren-dizagem2. A mediação permite estabelecer conexões entre os conhecimentos prévios do estudante, as informações disponí-veis na atualidade e a expertise docente, aspectos fundamen-tais diante da complexidade dos conhecimentos necessários para atuação do enfermeiro na Enfermagem Perioperatória.

Desse modo, torna-se evidente a necessidade de um olhar atento na direção da formação dos novos profissionais, sendo as metodologias ativas um caminho efetivo para melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, por se base-arem em situações-problema, considerando os conhecimen-tos e as experiências prévias, de modo a promover o estímulo ao pensamento crítico e reflexivo, bem como a valorização da autonomia dos estudantes em seu processo de aprendizagem3,4.

Dentre uma grande variedade de metodologias ativas de aprendizagem disponíveis na atualidade, destacam-se algumas com grande potencial para o ensino do cuidado de Enfermagem Perioperatória, tais como: sala de aula invertida, aprendizagem baseada em problemas (problem based learning), jogo de interpretação de personagens (role playing), aprendi-zagem entre pares (peer instruction), estudos de casos, simula-ções, aprendizagem baseada em equipes (team based learning).

No entanto, o sucesso dessas metodologias depende de mudanças de paradigmas na atuação de docentes e estudan-tes, além da revisão dos currículos dos cursos de formação, o que desencadeia novos desafios a todos.

DOI: 10.5327/Z1414-4425201800010001

Não se trata de substituir a metodologia tradicional de ensino, que é importante para a abordagem de determina-dos temas, mas sim de inserir outros métodos que propiciem o protagonismo do estudante na aprendizagem, por meio da experimentação, da discussão individual ou em grupo e da reflexão em ambientes ricos em oportunidades, favore-cendo, assim, uma aprendizagem significativa5.

A assistência de Enfermagem nos períodos pré, trans e pós-operatório é uma atividade complexa, que demanda uma série de conhecimentos, habilidades, comportamen-tos e atitudes fundamentais para um auxílio seguro e qua-lificado e que requerem do profissional enfermeiro ações imediatas e efetivas6.

Nessa direção, a inserção de metodologias ativas no pro-cesso de ensino-aprendizagem em Enfermagem Perioperatória oportuniza a formação de profissionais críticos, reflexivos e criativos, capazes de atuar a partir de conhecimentos signifi-cativos, possibilitando maior aproximação entre teoria, prá-tica e realidade profissional, estimulando a participação ativa e o raciocínio clínico, além de promover maior aproximação à prática assistencial7.

O desafio está lançado e a necessidade de mudanças nos métodos de ensino-aprendizagem torna-se cada vez mais evidente. A adoção de metodologias ativas nos currículos de cursos de formação pode provocar profundas transformações na forma como a assistência em Enfermagem Perioperatória é prestada, tendo como resultado a promoção de um cuidado mais seguro e qualificado.

Ana Graziela AlvarezDoutora em Enfermagem. Professor Adjunto do Departamento

de Enfermagem da Universidade Federal de Santa CatarinaJuliana Balbinot Reis Girondi

Doutora em Enfermagem. Professor Adjunto III do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina

Neide da Silva KnhisDoutora em Enfermagem. Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem da Universidade

Federal de Santa Catarina

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AlvArez AG, Girondi JBr, Knihs ns

REFERÊnCIAs

1. Brasil. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES nº 3, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em enfermagem. Diário Oficial da união. 2001;Seção 1.

2. Berbel NAN. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Semina Ciênc Sociais Humanas. 2011;32(1):25-40. DOI: 10.5433/1679-0359.2011v32n1p25

3. Mitre SM, Siqueira-Batista R, Girardi-de-Mendonça JM, Morais-Pinto NM, Meirelles CAB, Pinto-Porto C, et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciênc Saúde Coletiva. 2008;13(Suppl. 2):2133-44. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232008000900018

4. Borges TS, Alencar G. Metodologias ativas na promoção da formação crítica do estudante: o uso das metodologias ativas como recurso didático na formação crítica do estudante do ensino superior. Cairu Rev. 2014;3(4):119-43.

5. Bacich l, Moran J, organizadores. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto alegre: Penso; 2018.

6. amante lN, Girondi JBR, Maia aRCR, Nascimento KC, Knihs NS, organizadores. Cuidado de enfermagem no período perioperatório: intervenções para a prática. Curitiba: CRv; 2016.

7. Hermida PMV, Barbosa SS, Heidemann ITSB. Metodologia ativa no ensino na formação do enfermeiro: inovação na atenção básica. Rev enferm uFSM. 2015;5(4):683-91. http://dx.doi.org/10.5902/2179769216920

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| Artigo origiNAL |

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CAUSAS DE RETRABALHO DE PRODUTOS PARA SAÚDE NO CENTRO DE MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO

Causes of rework of health products at the material and sterilization center

Causas de retrabajo de productos para salud en el centro de materiales y esterilización

André Luiz Silva Alvim1*, Karinne Ferreira de Souza2

1enfermeiro mestre pela unidade Federal de Minas Gerais; MBa em auditoria e Gestão da Qualidade aplicada a Serviços de Saúde – Belo Horizonte (MG), Brasil. 2enfermeira mestre em administração pela Faculdade de estudos administrativos de Minas Gerais; pós-graduada em Gestão estratégica e Infecção Hospitalar – Belo Horizonte (MG), Brasil.*autor correspondente: [email protected]: 19/06/2017 – aprovado: 16/11/2017DOI: 10.5327/Z1414-4425201800010002

RESUMO: Objetivo: Identificar as principais causas de retrabalho de produtos para saúde (PPS) detectadas no Centro de Materiais e Esterilização (CME)

de um hospital particular de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Método: Estudo descritivo, desenvolvido em um CME de classe II de um hospital pri-

vado de Belo Horizonte. Foi realizada análise documental entre janeiro e junho de 2016, por meio de 181 registros de checklist e documentos de trabalho.

Para tratamento dos dados, utilizou-se análise estatística descritiva para apresentação de valores absolutos e porcentagens geradas pelo programa EpiInfo

7®. Resultados: Foram encontrados 605 itens de retrabalho, que representaram uma taxa de 0,75% do total de caixas e pacotes produzidos. As princi-

pais causas foram relacionadas a produtos vencidos (74%) e resíduos orgânicos pós-esterilização (13%). Conclusão: O enfermeiro deve trabalhar com a

equipe para redução das causas de retrabalho que impactam em desperdícios e custos desnecessários.

Palavras-chave: Esterilização. Indicadores. Instrumentos cirúrgicos. Enfermagem.

ABSTRACT: Objective: To identify the main causes of rework of health products detected at the Materials and Sterilization Center of a private hospi-

tal in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Methods: A descriptive study was developed in a class II Sterilization Center of a private hospital in Belo

Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Documentary analysis was performed between January and June 2016, through 181 checklist records and working doc-

uments. For data treatment, descriptive statistical analysis was used for the presentation of absolute values and percentages generated by the Epi Info 7®

program. Results: We found 605 rework items, which represented the rate of 0.75% of the total boxes and packages produced. The main causes were

related to overdue products (74%) and post-sterilization organic wastes (13%). Conclusion: The nurse must work with its team to reduce the causes of

rework, that impact unnecessary waste and costs.

Keywords: Sterilization. Indicators. Surgical Instruments. Nursing. 

RESUMEN: Objetivo: Identificar las principales causas de retrabajo de productos para salud (PPS) detectadas en el Centro de Materiales y Esterilización

(CME) de un hospital privado de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Método: Estudio descriptivo, desarrollado en un CME de clase II de un hospital

privado de Belo Horizonte. Se realizó un análisis documental entre enero y junio de 2016, a través de 181 registros de checklist y documentos de trabajo.

Para el tratamiento de los datos, se utilizó análisis estadístico descriptivo para presentación de valores absolutos y porcentajes generados por el programa

EpiInfo 7®. Resultados: Se encontraron 605 ítems de retrabajo, que representaron una tasa del 0,75% del total de cajas y paquetes producidos. Las prin-

cipales causas fueron relacionadas con productos vencidos (74%) y residuos orgánicos post-esterilización (13%). Conclusión: El enfermero debe trabajar

con un equipo para reducir las causas de retrabajo, que impactan en desperdicios y costos innecesarios.

Palabras clave: Esterilización. Indicadores. Instrumentos Quirúrgicos. Enfermería.

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Alvim AlS, SouzA KF

InTRODUÇÃO

O Centro de Materiais e Esterilização (CME) é destinado ao pro-cessamento de produtos para saúde (PPS) envolvidos nos procedi-mentos críticos e semicríticos do paciente. Essa unidade funcional possui história que vem acompanhando os procedimentos cirúr-gicos, a fim de zelar pela prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS)1,2.

Nesse sentido, a busca pela qualidade no processamento em PPS vem sendo considerada um requisito essencial para o CME. Entre as diversas ferramentas disponíveis para o monitoramento dos resultados referentes aos processos de trabalho, destacam-se os indicadores de qualidade3-5.

Os indicadores são medidas quantitativas que refletem a rea-lidade das mudanças ocorridas em uma determinada realidade e permitem o direcionamento de condutas para elevação do desempenho organizacional pelos gestores. O CME conta com vários indicadores que podem ser incorporados nos diversos pro-cessos; no entanto, não foram encontrados estudos na literatura que avaliassem e quantificassem causas de retrabalho dos PPS3-5.

Essa lacuna do conhecimento motivou os pesquisadores a desvelarem a seguinte questão norteadora: Quais são as princi-pais causas de retrabalho detectadas no CME? Este estudo poderá contribuir para o conhecimento de fatores que interferem nos custos do CME e que podem desequilibrar recursos financeiros destinados à unidade de apoio, considerando a atual situação econômica do país6.

OBJETIVO

Identificar as principais causas de retrabalho dos produtos para saúde, detectadas no CME.

MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo, de natureza quantitativa, desen-volvido em um CME de classe II de um hospital geral particu-lar de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. O CME classe II é definido como aquele que realiza o processamento de PPS não críticos, semicríticos e críticos, de conformação complexa e não complexa, passíveis de processamento1.

Em 2010, entre os diversos indicadores atrelados ao CME do hospital de estudo, iniciou-se avaliação da taxa de retrabalho dos PPS. Desde então, esse indicador vem contribuindo para a

verificação dos fatores que impactam nas causas de desperdícios e custos desnecessários. No hospital de estudo, o prazo de vali-dade dos invólucros/barreiras de proteção em tecido não tecido (Spunbond Meltblown Spunbond (SMS)) e grau cirúrgico contem-pla, respectivamente, 30 e 180 dias. Na esterilização à baixa tem-peratura, o Tyvec® vence após 365 dias.

Foi realizada análise documental entre janeiro e junho de 2016 pelo primeiro pesquisador, por meio de 181 registros de checklist e documentos de trabalho que se encontravam disponíveis em forma física e lançados no sistema de gestão da qualidade do hospital. As causas de retrabalho foram registradas pelo técnico de enfermagem alocado no arsenal em checklist específico, con-tendo as seguintes variáveis: produtos vencidos, resíduo orgânico pós-esterilização, perda ou rasura da etiqueta, etiqueta incorreta, pacotes molhados, embalagem não íntegra e resíduo de oxidação.

Após captação dos dados, utilizou-se uma planilha para agru-pamento dos dados registrados. Ao final, foram encontrados 605 itens de retrabalho no período proposto para o estudo. Os dados foram lançados no programa Microsoft Excel®. Para tratamento dos dados foi utilizada análise estatística descritiva para apresentação de valores absolutos e porcentagens gerados pelo programa Epi Info 7®. Por se tratar de um estudo que não envolve pesquisa com seres humanos, não foi necessário um parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP); no entanto, foi concedida autorização institucional para realização do estudo, elaborada pela gerente de enfermagem.

REsULTADOs

Foram detectados 605 itens refeitos no total de 80.568 PPS produzidos, representando uma taxa de retrabalho de 0,75%. A Tabela 1 mostra que as principais causas de retrabalho

Tabela 1. Causas de retrabalho dos produtos para saúde detectadas no Centro de Materiais e esterilização, Belo Horizonte, Minas Gerais, 2016.

Descrição dos itens de retrabalho Número %

PPS vencidos 449 74,2

Resíduo orgânico pós-esterilização 79 13,0

Etiqueta incorreta 18 3,0

Pacotes molhados 18 3,0

Perda ou rasura da etiqueta 17 2,8

Embalagem não íntegra 12 2,0

Resíduo de oxidação 12 2,0

Total 605 100,0

PPS: produtos para saúde.

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CAUSAS DE RETRABALHO DE PRODUTOS PARA SAÚDE

estavam atreladas aos produtos vencidos (74,2%) e à existên-cia de resíduo orgânico pós-esterilização (13,0%).

Outras causas de retrabalho obtiveram baixa frequência, como: pacotes molhados (3,0%), etiqueta incorreta (3,0%), perda ou rasura da etiqueta (2,8%), resíduo de oxidação (2,0%) e embalagem não íntegra (2,0%).

DIsCUssÃO

O CME é considerado unidade vital de um hospital, que rea-liza atividades complexas de limpeza, preparo, esterilização e distribuição de PPS para diversas unidades assistenciais. Essas unidades contemplam ações de terceiros, médicos e profissionais de enfermagem realizadas com o paciente1,6-8.

Dessa forma, torna-se intrínseco ao setor buscar a quali-dade de cada etapa do processamento de PPS a fim de redu-zir eventos indesejados. A partir dessa premissa, a incorpo-ração de indicadores de qualidade tornou-se essencial para o monitoramento de resultados de processos de trabalho9.

No período do estudo, verificou-se que os itens de retra-balho por produtos vencidos foram prevalentes quando com-parados às outras causas. Esse fato foi atribuído, principal-mente, ao prazo de validade expirado e ao consequente não uso pelas áreas assistenciais e cirúrgicas.

Não há um consenso sobre determinação de prazo de validade fixo para os PPS. Autores consideram que caixas cirúrgicas mantiveram-se estéreis mesmo após contamina-ção proposital por microrganismos e armazenamento inade-quado10. No entanto, pesquisadores afirmam que esse prazo deve ser estabelecido, levando-se em conta vários fatores, como limpeza, invólucro e armazenamento, que possam garantir a manutenção da esterilidade11,12.

Em relação aos resíduos orgânicos pós-esterilização, des-taca-se que a limpeza inadequada foi a principal causa atre-lada ao retrabalho. No hospital de estudo foram registrados problemas em relação à manutenção das lavadoras ultrassô-nicas, impedindo que a limpeza automatizada fosse efetiva nessa etapa do processamento.

A limpeza é definida como remoção de sujidade orgânica e inorgânica, redução da carga microbiana presente nos PPS, utilizando água, detergentes, produtos e acessórios de lim-peza, por meio de ação mecânica (manual ou automatizada), atuando em superfícies internas (lúmens) e externas, a fim de tornar o produto seguro para o manuseio e preparado para

desinfecção ou esterilização1. Quando os profissionais do CME não se conscientizam em relação à importância desta etapa e a executam de maneira condescendente ou superfi-cial, a sujidade não será totalmente removida e poderá criar barreiras que protejam os microorganismo2,7,13-15.

No CME, a limpeza dos PPS é executada pela equipe de enfermagem. Essa etapa é considerada primordial para garantia da eficácia das etapas que a procedem, evitando que materiais ou instrumentais utilizados no paciente se tornem veículos de contaminação de microrganismos1,2,7.

As outras causas de retrabalho obtiveram baixa frequên-cia nos resultados do CME estudado. No entanto, é impor-tante trabalhá-las com toda equipe para promoção de uma gestão de cuidados, a fim de eliminar gastos desnecessários com PPS. Estudos demonstraram que fatores relacionados à qualidade da embalagem utilizada para esterilização, bem como o tipo de material padronizado pelo gestor, podem contribuir para a redução da taxa de retrabalho16,17.

O conhecimento das causas de retrabalho para o gerencia-mento de custos é importante para diminuição de desperdícios. Autores afirmam que o retrabalho pode estar relacionado com processos institucionais mal estruturados16. Assim, a educação continuada dos profissionais, por meio de treinamentos e cur-sos de reciclagem, é um fator contribuinte para o declínio desse indicador. Além disso, o levantamento das causas de retrabalho pelo enfermeiro do CME com a equipe de enfermagem é essen-cial para a investigação de falhas de processos e, concomitan-temente, elaboração de uma análise de causa-raiz efetiva6,18,19.

COnsIDERAÇÕEs FInAIs

É essencial que o enfermeiro atuante no CME trabalhe junto com a equipe de enfermagem para redução das causas de retrabalho relacionadas aos produtos vencidos e resíduos orgânicos pós-esterilização. Com isso, pode-se criar estraté-gias para gerenciamento de custos, bem como conhecer os fatores que impactam no aumento de gastos relacionados à unidade funcional.

Este indicador permitiu conhecer os fatores de desperdí-cio que impactam na geração de custos desnecessários nos processos do CME. Embora a taxa de retrabalho represen-tasse apenas 0,75% de todos os PPS produzidos na unidade estudada, é importante a avaliação periódica dos dados para subsidiar a gestão de custos realizada pelo enfermeiro.

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Alvim AlS, SouzA KF

REFERÊnCIAs

1. Brasil. Ministério da Saúde. agência Nacional de vigilância Sanitária. Resolução n. 15, de 15 de março de 2012. Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da união; 2012.

2. Ouriques CM, Machado Me. enfermagem no processo de esterilização de materiais. Texto Contexto enferm. 2013;22(3):695-703.

3. Tronchin DM, Melleiro MM, Kurcgant P, Garcia aN, Garzin aC. Subsídios teóricos para a construção e implantação de indicadores de qualidade em saúde. Rev Gaúcha enferm [Internet]. 2009 [acesso em: 2017 Jun. 20];30(3):542-6. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeenfermagem/article/view/10412

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MOMeNTO aNeSTÉSICO-CIRÚRGICO: TRaNSITaNDO eNTRe O CONHeCIMeNTO DOS(aS)

eNFeRMeIROS(aS) e O CuIDaDO De eNFeRMaGeMApplying anesthesia during surgery: an exchange

between nursing knowledge and care

Momento anestésico y quirúrgico: transitando entre el conocimiento de los(las) enfermeros(as) y el cuidado de enfermería

Tania Marisa Koch1, Denise Consuelo Moser Aguiar2, Gelson Aguiar da Silva Moser2, Marceli Cleunice Hanauer3*, Dulcimar de Oliveira3, Suellen Rodrigues de Oliveira Maier4

1enfermeira, universidade Federal da Fronteira Sul (uFFS) – Chapecó (SC), Brasil.2Doutores; Professores do curso de graduação em enfermagem, uFFS – Chapecó (SC), Brasil.3Graduanda em enfermagem do 10º período, uFFS – Chapecó (SC), Brasil.4Mestre, Professora do curso de graduação em enfermagem, uFMT – Rondonópolis (MT), Brasil.*autor correspondente: [email protected]: 28/08/2017 – aprovado: 03/12/2017DOI: 10.5327/Z1414-4425201800010003

RESUMO: Objetivo: Verificar o conhecimento dos enfermeiros(as) de um hospital público da região oeste do estado de Santa Catarina sobre o cuidado de

enfermagem no momento anestésico-cirúrgico. Método: Estudo de campo, descritivo-exploratório, qualitativo, utilizando-se entrevista semiestruturada com

sete enfermeiros, observação e registros em diário de bordo. Resultados: Os resultados foram categorizados em conhecimento e cuidado e demonstram

que os profissionais estão preocupados com o fazer, minimizando o cuidado humanizado e individualizado. Observou-se que a essência do cuidar reluta

em emergir e permanecer integrada ao conhecimento científico. Conclusão: Percebemos que alguns enfermeiros não exercem funções prioritárias,

entrando na rotina de trabalho, de modo a seguir normas e regras.

Palavras-chave: Anestesia. Enfermagem perioperatória. Cuidados de enfermagem.

ABSTRACT: Objective: To check the knowledge of nurses with regard to nursing care at the moment of applying anesthesia during surgery at a public

hospital in the western region of the state of Santa Catarina. Method: A descriptive-exploratory and qualitative field study that performed semi-structured

interviews with seven nurses, and used observation and logbook records. Results: The results were categorized into knowledge and care and they

demonstrated that nursing professionals are concerned with both, thus minimizing humanized and individualized care. It was observed that the essence

of caring is difficult to integrate with scientific knowledge. Conclusion: It was found that some nurses do not perform essential functions, for they enter

into a work routine in order follow norms and rules.

Keywords: Anesthesia. Perioperative nursing. Nursing care.

RESUMEN: Objetivo: Verificar el conocimiento de los(las) enfermeros(as) de un hospital público de la región oeste del estado de Santa Catarina sobre el

cuidado de enfermería durante el momento anestésico y quirúrgico. Método: Estudio de campo, descriptivo y exploratorio, cualitativo, utilizándose

entrevista semiestructurada con siete enfermeros, por medio de observación y registros en cuaderno de bitácora. Resultados: Los resultados fueron

categorizados en conocimiento y cuidado y demuestran que los profesionales están preocupados con el hacer, minimizando el cuidado humanizado e

individualizado. Se observó que la esencia del cuidar resiste en emerger y permanecer integrada al conocimiento científico. Conclusión: Percibimos que

algunos enfermeros no ejercen funciones prioritarias y por lo tanto entran en la rutina de trabajo de modo a seguir normas y reglas.

Palabras clave: Anestesia. Enfermería perioperatoria. Atención de enfermería.

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Koch TM, AguiAr DcM, Moser gAs, hAnAuer Mc, oliveirA D, MAier sro

InTRODUÇÃO

Considera-se centro cirúrgico (CC) uma unidade de alta com-plexidade com tecnologias e procedimentos que invadem a privacidade dos pacientes. Assim, a importância da individua-lidade no atendimento e da humanização dos enfermeiros envolvidos nesse processo exigem do profissional de enfer-magem amplo conhecimento sobre o período perioperatório, especialmente em relação ao momento anestésico-cirúrgico.

O tempo de permanência reduzido do paciente no CC não exclui a necessidade de uma assistência multiprofissional e de enfermagem com excelência e qualificação. A Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP) objetiva a segurança do paciente e da equipe envolvida no ato opera-tório. A equipe de enfermagem deve estabelecer e desenvol-ver estratégias de ações no cuidado ao paciente pré-cirúrgico, sendo estas desenvolvidas conforme as particularidades de cada procedimento cirúrgico ao qual o paciente será exposto. Os cuidados devem ser executados segundo conhecimento especializado, para, assim, atender às necessidades decorren-tes do procedimento realizado1.

A SAEP objetiva, principalmente, garantir uma assistência planejada em todo o período perioperatório, que acontece desde o pré-operatório (quando o paciente é informado da necessidade de realizar um procedimento cirúrgico e hospi-talização), o intraoperatório (cirurgia propriamente dita) e o pós-operatório (após a cirurgia, período de recuperação). No pós-operatório, o paciente pode apresentar complicações decorrentes do ato anestésico-cirúrgico, uma vez que elas podem estar associadas a um preparo pré-operatório inade-quado. A partir de 2002, a SAEP se tornou uma exigência do Conselho Federal de Enfermagem (COFEn), para auxi-liar as equipes de enfermagem e médica, e todos os demais envolvidos a garantir uma assistência segura ao paciente2.

O enfermeiro é o profissional apto a coordenar todas as etapas do período perioperatório, possibilitando ambiente seguro, adequado, asséptico no decorrer do ato anestésico-cirúrgico, tanto ao paciente como também à própria equipe. Nesse contexto, o enfermeiro deve estar atento a todas e quaisquer reações que o paciente possa apresentar1.

Sugere-se a aplicação da SAEP como estratégia para pro-porcionar um cuidado integral e individualizado, de modo a auxiliar paciente e família a conhecerem e compreenderem todo o processo que será realizado, tranquilizando-os quanto aos riscos aos quais o paciente poderá ser exposto. Para isso, são preconizadas visitas pré e pós-operatória, com o intuito de qualificar a sistematização. Nesse contexto, insere-se,

também, a orientação, o preparo físico e emocional, a ava-liação e o encaminhamento ao CC, a fim de diminuir riscos e promover uma recuperação mais efetiva, considerando a dependência e/ou a vulnerabilidade de cada pessoa3,4.

A insegurança do paciente independe da complexidade da cirurgia, tendo relação direta com a desinformação quanto aos procedimentos cirúrgicos, à anestesia e aos cuidados rea-lizados no pós-operatório. A ação educativa faz parte da atri-buição do enfermeiro no período perioperatório, devendo desenvolver suas condutas junto ao paciente no pré-opera-tório, de modo que lhe transmita segurança e tranquilidade. Nesse contexto, enquadram-se duas ferramentas essenciais do cuidado, a comunicação e interação com o paciente, que conduzirão a uma cautela específica, de acordo com as neces-sidades e expectativas do paciente cirúrgico4.

Durante as atividades teórico-práticas no CC, surgiram inquietações e indagações no que se refere ao cuidado pres-tado pelo profissional enfermeiro. Dessa forma, a pergunta norteadora da presente pesquisa foi: qual o conhecimento dos profissionais enfermeiros sobre o cuidado de enferma-gem no momento anestésico-cirúrgico?

Na tentativa de nortear e percorrer as possibilidades que pudessem responder essa questão, buscou-se na literatura cien-tífica e na pesquisa de campo informações sobre os elementos que constituem o conhecimento dos profissionais enfermei-ros e os cuidados de enfermagem realizados no momento anestésico-cirúrgico e na recuperação pós-anestésica (RPA).

OBJETIVO

Verificar o conhecimento dos enfermeiros(as) sobre o cui-dado de enfermagem no momento anestésico-cirúrgico em um hospital público de Santa Catarina.

MÉTODO

O presente estudo foi realizado no CC de um hospital público da região oeste do estado de Santa Catarina. Os protagonis-tas do estudo foram os enfermeiros envolvidos no momento anestésico-cirúrgico do referido hospital, que concordaram em participar da pesquisa. O serviço contou com a presença de sete profissionais de enfermagem de nível superior: um enfermeiro coordenador; dois enfermeiros assistenciais que atuam na sala de RPA; e quatro enfermeiros assistenciais no CC, sendo que dois deles trabalham no período noturno.

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MOMENTO ANESTÉSICO-CIRÚRGICO

Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Fronteira Sul, por meio do Parecer nº 785613 e da autorização da instituição hospitalar sede do estudo, elaborou-se o termo de consentimento livre e escla-recido (TCLE), que foi entregue aos participantes da pesquisa para assinatura. Os enfermeiros foram convidados a participar do estudo espontaneamente. Realizou-se contato inicial com os profissionais da devida unidade e foram estabelecidos e agenda-dos dois a três encontros, com duração média de 20 a 30 minutos.

No primeiro momento foram feitas as entrevistas com ques-tões semiestruturadas, as quais foram gravadas e, em seguida, transcritas na íntegra. No segundo momento da pesquisa utili-zou-se a observação a partir de um registro em forma de diário de bordo. Isso ocorreu entre a segunda quinzena de setembro de 2014 e outubro do mesmo ano. Após a realização das etapas de coleta, deu-se início à organização do material para análise dos dados, a qual foi concretizada com base no exame de conteúdo, proposto por Bardin. Para possibilitar a identificação das falas dos entrevistados mantendo o sigilo, foram adotados codino-mes, baseados em escalas (Ramsey, Richmond, Jouvet, Steward, Mallampatti, Cromack e Lehane) aplicadas ao paciente cirúrgico.

REsULTADOs

Após análise e codificação dos dados, por meio das entrevistas e observações realizadas na instituição, obtiveram-se duas categorias, as quais foram destacadas e reunidas conforme os Quadros 1 e 2.

O primeiro quadro apresenta as questões referentes ao conhecimento dos enfermeiros da unidade sobre o momento anestésico-cirúrgico relacionado ao cuidado de enfermagem, atentando para a forma de conduzir o olhar para o outro de forma humanizada, afetuosa e cuidadora. Nesse sentido, mais duas questões se colocam: no que se constitui o cuidado para além da assistência técnica? É possível realizar uma assistên-cia humanizada, especializada e individualizada baseada em teorias, considerando o conhecimento técnico-científico?

O Quadro 2 apresenta as questões que permeiam o cui-dado e como ele é evidenciado pelos(as) enfermeiros(as) durante a assistência de enfermagem ao paciente no momento anestésico-cirúrgico.

DIsCUssÃO

Sob a influência de Florence Nightingale, a enfermagem ini-ciou a sua caminhada para a utilização de uma prática baseada

Quadro 1. Codificação dos dados da primeira categoria de análise.

Primeira categoria de análise: conhecimento

O conhecimento no percurso do cuidado: um movimento possível

Pergunta de pesquisa: Qual o conhecimento dos profissionais enfermeiros(as) sobre o cuidado de enfermagem no momento anestésico-cirúrgico?

enf. Ramsey: “O paciente é inicialmente sedado, depois intubado, logo após extubado e encaminhado para a sala de recuperação.”

enf. Richmond: “Início ocorre a intubação, na sequência então a sedação, e a parte final é acordar o paciente e extubá-lo.”

enf. Steward: “esse processo pode ser divido em fases, a primeira chamada de indução, depois a manutenção, e a recuperação.”

Segunda categoria de análise: cuidado

O cuidado desvelado na assistência prestada: entrelaçando potências e possibilidades

Pergunta de pesquisa: Qual o conhecimento dos profissionais enfermeiros(as) sobre o cuidado de enfermagem no momento anestésico-cirúrgico?

enf. Cromack: “Na recuperação anestésica recebe o paciente, entrevista se for possível, se não for ler as anotações e o correto seria prescrever um plano de cuidados, mas isso não ocorre.”

enf. Steward: “Proporcionar conforto ao cliente, monitorização, sinais vitais, oxigenação, administrar medicamentos conforme prescrição médica.”

enf. lehane: “Quando é possível, usa-se a teoria holística e também o processo de enfermagem”.

enf. Mallampatti: “assistir o paciente, transmitir e passar tranquilidade, confirmação de jejum e alergias do paciente, cuidar com a exposição do corpo do paciente. Cuidar com a manutenção da temperatura, realizar um checklist de cirurgia segura, utilizar os equipamentos apropriados conforme avaliação do paciente.”

enf. Richmond: “(...) quando o paciente chega na sala de recuperação, no primeiro momento, independentemente do tipo de cirurgia ou anestesia que o paciente fez, deve-se instalar um oxigênio, principalmente para prevenir a hipóxia (...), o paciente chega meio sonolento, então às vezes eles acabam esquecendo de respirar, então é importante colocar um O2... A monitorização, controle dos sinais vitais, prevenir então a hipotermia, aquecendo o paciente. Cuidar (...) de náuseas, vômitos, ficar atento para o paciente não broncoaspirar... e os sinais vitais, que seria a monitorização contínua... Formulário de admissão do paciente, primeiro momento coloca os dados do paciente, depois faz um checklist... e daí tem uma escalinha que são verificados então os sinais vitais... a enfermeira então, eu faço a escala de aldrete a hora que ele chega e depois a hora quando eu vejo que ele está bem recuperado para pegar a alta e esse documento vai junto com o paciente no prontuário.”

Quadro 2. Codificação dos dados da segunda categoria de análise.

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em evidências ou conhecimentos científicos, abandonando gradativamente a postura de atividade bondosa, intuitiva e/ ou experiências vividas. Nesse aspecto, diversos concei-tos, teorias e modelos específicos à ciência da enfermagem foram e estão sendo desenvolvidos, direcionados à necessi-dade de prestar uma assistência sistematizada, permitindo qualificar o atendimento prestado ao paciente no momento anestésico-cirúrgico de forma holística.

Observa-se, atualmente, o trabalho da enfermagem desen-volvido no CC focado na realização do ato anestésico-cirúrgico, o qual consiste em providenciar os materiais, equipamentos e recursos humanos necessários para sua realização, distanciando-se do cuidado e da assistência voltada ao atendimento das neces-sidades do paciente e de seu bem-estar, a partir da visão inte-grada, preservando sua integridade, conforme a teoria Levine.

Quando questionados sobre o processo anestésico e suas etapas, os enfermeiros descrevem como ocorre essa etapa, mas não mencionam o cuidado de enfermagem para com o paciente.

“... O paciente é inicialmente sedado, depois intu-bado, logo após extubado e encaminhado para a sala de recuperação.” (Enf. Ramsey)

“... No início ocorre a intubação, na sequência então a sedação, e a parte final é acordar o paciente e extubá-lo ...” (Enf. Richmond)

“… Esse processo pode ser dividido em fases, a primeira chamada de indução, depois manuten-ção, e a recuperação ...” (Enf. Steward)

Há uma preocupação relevante e destacada no que tange aos aspectos técnicos da assistência. Percebe-se a realização de ações rotineiras, cadenciadas e sistemáticas no processo de assistência ao paciente durante o momento anestésico, rotina essa que parece consumir os enfermeiros, tanto pela carga de trabalho quanto pelo déficit de recursos humanos. Observa-se que a atuação profissional, muitas vezes, ainda se mostra autoritária, preocupada em seguir normas e roti-nas, com aspectos formais e objetivos, embora se saiba que o vínculo no cuidar busca conhecer as reais necessidades do paciente e planejar uma assistência de enfermagem de qua-lidade, humanizada e individualizada. Destaca-se que alguns profissionais atentam às necessidades que surgem em decor-rência dessa dinamicidade e buscam associar o conhecimento técnico-científico ao cuidado de enfermagem.

O pré-operatório é definido como um período interativo para detecção das reais necessidades físicas e psicológicas, as

quais auxiliam no planejamento do cuidado. Tal assistência demanda habilidade e conhecimento a respeito das prová-veis reações, emocionais ou fisiológicas que o paciente pode apresentar diante da anestesia e da cirurgia. Logo, atingirá objetivos traçados no plano de cuidados, promovendo a inte-gridade e a plenitude biopsicossocioespiritual5.

A orientação pré-operatória exige do enfermeiro respon-sável uma ação assídua, que se torna parte do exercício pro-fissional. Pela orientação, o profissional de enfermagem pode atuar promovendo um espaço de acolhimento ao paciente e também à sua família, estabelecendo vínculos, além da orien-tação em si, e atuando como educador em saúde.

No que se refere à assistência de enfermagem prestada na RPA, o enfermeiro pode lançar mão de protocolos do geren-ciamento de riscos, que corresponde às instruções de boas práticas assistenciais no intuito de prevenir determinado risco ou evento adverso mapeado, garantindo maior segurança ao paciente na sala de RPA. Nesse processo, ressalta-se a impor-tância de olhar para o paciente como um ser humano que necessita de cuidados, considerando que o processo de cui-dar não consiste apenas em gerir e aplicar processos técni-cos, normas e rotinas, mas, também, um olhar humanizado e acolhedor, ser compreendido como ser humano em todas as suas dimensões.

“... Na recuperação anestésica, recebe o paciente, entrevista se for possível, se não for, lê as anotações e o correto seria prescrever um plano de cuidados, mas isso não ocorre ...” (Enf. Cromack)

Compete ao enfermeiro a adoção de diretrizes que foquem em segurança e qualidade na RPA, prevenção de eventos adversos, caminhando de acordo com as políticas de segu-rança ao paciente. Nessa lógica, a SAEP constitui uma ferra-menta importante de raciocínio clínico, visando a auxiliar o enfermeiro na clareza das necessidades durante o momento anestésico-cirúrgico, pois o paciente, quando se encontra em um ambiente de alta complexidade e com acesso restrito, necessita de atendimento diferenciado, específico e qualifi-cado da equipe de profissionais cirúrgicos1.

Destaca-se, ainda, que a utilização da SAEP é um método científico e específico do enfermeiro, que proporciona o gerenciamento e o aperfeiçoamento da assistência prestada, de maneira organizada, segura, dinâmica e competente. Também confere cientificidade ao desenvolvimento da enfer-magem como profissão e auxilia no seu crescimento, o que implica o fazer acompanhado do saber, com desenvolvimento

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MOMENTO ANESTÉSICO-CIRÚRGICO

de pensamento crítico. Além disso, é uma ferramenta que promove soluções de problemas e tomada de decisões, melho-rando o reconhecimento profissional, o que, muitas vezes, serve de estímulo aos trabalhadores6.

Essas mudanças podem se aproximar de uma prática de enfermagem mais organizada, possibilitando a implan-tação da SAEP como instrumento importante de trabalho do enfermeiro3.

A importância do enfermeiro na participação de progra-mas educativos, na avaliação e no controle da dor é efetiva, por ser este profissional que permanece mais tempo ao lado do paciente. Assim, deve utilizar esse contato para identificar as demandas de mudanças nos métodos de analgesia, pro-videnciar ajustes, quando necessários, e educar/orientar o paciente e seus familiares sobre a dor, por ser um dos principais efeitos indesejados no pós-operatório. Na visão do paciente, essa é uma perspectiva importante no controle da qualidade da assistência prestada na sala de RPA. Quando esse efeito ocorre, além de métodos farmacológicos, o enfermeiro deve implementar terapias que aliviem a dor, como aplicação de frio ou calor no local, massagens, uso de coxins, mudança de posição e comunicação, fortalecendo o vínculo enfermagem-paciente, promovendo um cuidado integralizado, individuali-zado e melhora da qualidade de vida do paciente com dor7-9.

No período de permanência do paciente na RPA, sabe-se que ele está exposto a alguns riscos clínicos, como depressão respiratória, instabilidade cardiovascular, incapacidade de deambulação, rebaixamento do nível de consciência, náu-seas e vômitos, hipotermia, sangramentos, retenção urinária e erros de medicações. Compete ao profissional enfermeiro gerenciar e minimizar a incidência desses riscos.

A SAEP visa à utilização de uma metodologia de traba-lho, independente do referencial teórico utilizado, e requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indi-víduo, utilizando seus conhecimentos e habilidades, além de orientação e treinamento da equipe de enfermagem para a implementação das ações sistematizadas. Logo, a enferma-gem articula e encaminha todos os processos que resultam no cuidado e, nesse sentido, acredita-se que o conhecimento desse percurso seja um movimento possível.

A rotina e o cotidiano, tão citados como muros que limi-tam alguns movimentos, também podem ser espaços de cria-tividade, já que na rotina descobrimos formas de fugir das normas e das convenções. É importante salientar que desta-car as dificuldades e dizer o que sabemos não nos leva a criar outras formas de cuidar e de nos aproximar do cuidado; para tanto, há que se pensar em estratégias possíveis de reinventar

a arte de cuidar, que pode ser vivida com toque, afeto, cari-nho e respeito com e pelo outro.

Nesse sentido, estima-se que o enfermeiro e sua equipe desenvolvam competências específicas para cuidar desse indi-víduo de modo humanizado e acolhedor, o que requer sensi-bilidade suficiente para atender o paciente cirúrgico em todos os seus aspectos. Alguns profissionais chegam a citar o pro-cesso de enfermagem; porém, por alguns motivos, não o utili-zam rotineiramente. A SAEP, por ser um ótimo instrumento, também exibe outros métodos de cuidado que auxiliam na qualificação do cuidar, citando a metodologia da assistência de enfermagem (MAE) e o processo de enfermagem (PE)9.

“Quando possível usa-se a teoria holística e tam-bém o processo de enfermagem ...” (Enf. Lehane)

Pode-se considerar que o cuidado, mesmo quando guiado pelo processo de enfermagem, não se circunscreve de forma estanque em suas etapas, pois ele é um constante ir e vir dentro da relação que se estabelece entre o enfermeiro e o paciente, principalmente no CC, por ser uma unidade extre-mamente complexa. Esse movimento é atribuído não só ao paciente e à sua condição, mas, também, à sofisticação de equipamentos e tecnologias avançadas, ao elevado volume de informação que veicula, à natureza da comunicação e à coordenação da equipe.

Tais aspectos, associados à fadiga, ao stress, às pressões de produção e a pesadas cargas de trabalho, fazem com que o CC se torne um local vulnerável a eventos adversos. Os even-tos adversos cirúrgicos podem ocorrer devido à comunicação deficiente entre a equipe, má técnica cirúrgica do cirurgião e elementos da equipe, mau funcionamento ou utilização inadequada dos equipamentos, e agravados por problemas de recursos e organização. Em meio a tudo isso, encontra-mos o profissional enfermeiro que deve preservar e garantir uma assistência de enfermagem com qualidade, segurança, humanizada e acolhedora. Para tanto, a utilização do pro-cesso de enfermagem é um instrumento de suma importân-cia, obtendo objetivos traçados.

Busca-se o comprometimento dos enfermeiros em ofe-recer aos pacientes cirúrgicos uma assistência de enferma-gem diferenciada. Os objetivos dessa forma de cuidar visam prevenir complicações decorrentes do momento anestésico-cirúrgico. O que pode ser evidenciado pela fala dos partici-pantes, que ressaltam a importância de assistir o paciente, transmitir tranquilidade, proporcionar conforto e o cuidado com a exposição do corpo:

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“Proporcionar conforto ao cliente...” (Enf. Steward)

“…Assistir o paciente, transmitir e passar tran-quilidade [...] cuidar com a exposição do corpo do paciente, utilizar os equipamentos apropria-dos conforme avaliação do paciente. Cuidar da manutenção da temperatura, realizar um checklist de cirurgia segura ...” (Enf. Mallampatti).

Outro fator que pode auxiliar e ser benéfico é a realiza-ção da visita pré-operatória de enfermagem, que é conside-rada uma ferramenta eficaz e potencializadora do cuidado durante o momento anestésico-cirúrgico. Pode ser útil na promoção do cuidado individualizado, na obtenção de dados sobre a personalidade e as características físicas e emocionais do paciente, bem como auxilia na recuperação pós-cirúrgica.

A visita pré-operatória pode ser conduzida de tal forma que minimize a tensão, o medo e a ansiedade, tornando-se bastante benéfica ao paciente. Ela visa a proteger todas as partes envolvidas no processo de cuidar, proporcionando bem-estar ao paciente, promovendo visibilidade do cuidado ao profissional enfermeiro e fornecendo subsídios ao plane-jamento da assistência, de forma contínua e individualizada.

Nesse contexto, após a publicação pelo Ministério da Saúde (MS) do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), buscando a prevenção de eventos adversos nos ser-viços de saúde, a visita pré-operatória passou a ter maior destaque e relevância nas unidades cirúrgicas. No entanto, o que se observa ainda na prática diária é a presença de alguns obstáculos para a execução dessa etapa10.

Em estudo realizado9, destaca-se a importância da enferma-gem na assistência prestada na sala de recuperação anestésica (SRA), por ter como meta assistir, monitorar, prevenir com-plicações, garantir a segurança e contribuir ao máximo para o bem-estar do paciente. Os mesmos autores consideram o período pós-operatório imediato, na RPA, como crítico, uma vez que o paciente passa por um procedimento cirúrgico e recebe medicações anestésicas, exigindo, assim, vigilância cons-tante da equipe de enfermagem. É essencial prestar uma assis-tência integral ao paciente e sempre registrá-la no prontuário. Os cuidados devem ser realizados de forma adequada, impe-dindo a ocorrência de complicações e/ou de eventos adversos. Esses aspectos podem ser observados na fala dos pesquisados:

“... Instalar oxigênio principalmente para prevenir a hipóxia ... monitorização, então controle dos sinais vitais, prevenir então a hipotermia, aquecendo o

paciente. Cuidar em relação então a questão de náuseas, vômitos, ficar atento para o paciente não broncoaspirar... eu faço a escala de Aldrete.” (Enf. Richmond)

Existe grande necessidade de os profissionais de enferma-gem buscarem conhecimento após concluírem sua formação profissional, para que estejam atualizados, pois isso sustenta a qualidade da sua prática e a segurança dos pacientes. Os enfer-meiros buscam diariamente formas de enfrentar as barreiras operacionais da profissão, na tentativa de um cuidado qualifi-cado. É necessário desenvolver ações desde o processo de for-mação dos enfermeiros, partindo da vida acadêmica, plantando a semente do cuidado que toca, que cuida, que cura e que vive.

COnsIDERAÇÕEs FInAIs

Notou-se, por meio deste estudo, competências necessá-rias ao enfermeiro, descrevendo suas atividades no dia a dia nas quatro esferas (gestão, pesquisa, ensino e assistência). Assim, evidenciou-se que ainda existem lacunas sobre o tema, permitindo avaliar o conhecimento dos profissionais envol-vidos no processo do cuidado no CC e na RPA, quanto ao momento anestésico-cirúrgico, principalmente no que diz respeito à anestesia e ao conhecimento quanto à assistência de enfermagem prestada ao paciente anestesiado.

Entende-se a importância de a enfermagem proporcionar boas práticas para garantir bons resultados, com o intuito de se propiciar um cuidado humanizado, acolhedor e de quali-dade, com sua atenção focada no paciente e não apenas na doença, ou em uma parte do seu corpo.

Escolher ser um profissional da área da saúde demanda habilidades técnicas em relação a equipamentos e procedi-mentos pertinentes, conhecimentos científicos, capacidade de dialogar, perceber, vivenciar e ver o paciente como um todo. Apesar de muitas instituições hospitalares ainda não adotarem totalmente esse processo de cuidar e sistematizar, a SAEP é vista como um método articulador e integrador da assistência de enfermagem no momento anestésico-cirúr-gico, bem como na continuação desse cuidar.

Finalizamos destacando que o momento anestésico-cirúr-gico é singular para o paciente que vivencia o procedimento e para sua família. A pesquisa aqui descrita e apresentada permi-tiu transitar entre o conhecimento dos enfermeiros e o cuidado de enfermagem, de maneira a lançar muitas reflexões para a vida profissional dos que atuam na enfermagem perioperatória.

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MOMENTO ANESTÉSICO-CIRÚRGICO

REFERÊnCIAs

1. associação Brasileira de enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material de Esterilização (SOBECC). Práticas recomendadas SOBeCC. 6ª ed. São Paulo: Manole; 2013.

2. Monteiro el, Melo Cl, amaral Tl, Prado PR. Cirurgias seguras: elaboração de um instrumento de enfermagem perioperatória. Rev SOBeCC. 2014;19(2):99-109.

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à sistematização da assistência de enfermagem perioperatória e à experiência cirúrgica: relato de experiência. Rev extensão da uFMG. 2016;4(1):173-81.

7. Nascimento JC, Silva LC. Avaliação da dor em pacientes sob cuidados em unidades de terapia intensiva: uma revisão de literatura. Rev Movimenta [Internet]. 2014 [acesso em 2017 dez. 08];7(2):711-20. Disponível em: http://www.revista.ueg.br/index.php/movimenta/article/view/6274/4322

8. Popov DC, Peniche aC. as intervenções do enfermeiro e as complicações em sala de recuperação pós-anestésica. Rev esc enferm. 2014;43(4):953;61. DOI: 10.1590/S0080-62342009000400030

9. Macena MD, Zeferino MG, almeida Da. assistência do enfermeiro aos pacientes em recuperação pós-cirúrgica: cuidados imediatos. Rev Iniciação Científica libertas [Internet]. 2014 [acesso em 2017 dez. 08];4(1):133-51. Disponível em:http://www.libertas.edu.br/revistas/index.php/riclibertas/article/view/52

10. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 529, de 1° de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança ao Paciente (PNSP). Brasília; 2013.

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PERCEPÇÃO DO ACOMPANHANTE DO PACIENTE PEDIÁTRICO DURANTE A

INDUÇÃO E O DESPERTAR DA ANESTESIAPerception of the pediatric patient accompany during anesthesia induction and awakening

Percepción del acompañante del paciente pediátrico durante la inducción y el despertar de la anestesia

Sabrina Binkowski1, Gisele Pereira de Carvalho2, Rita Catalina Aquino Caregnato2*

1estudante de enfermagem, universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto alegre (uFCSPa) – Porto alegre (RS), Brasil.2Doutora; enfermeira, uFCSPa – Porto alegre (RS), Brasil.*autor correspondente: [email protected] Recebido: 18/10/2017 – aprovado: 03/12/2017DOI: 10.5327/Z1414-4425201800010004

RESUMO: Objetivo: Conhecer as percepções de acompanhantes das crianças na indução anestésica e no despertar da anestesia. Método: Estudo exploratório,

descritivo, qualitativo, realizado em um centro cirúrgico (CC) de um hospital pediátrico de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, com sete mães presentes na

indução anestésica e no despertar da criança da anestesia. A coleta de dados foi realizada em duas fases: 1. observação não participativa na pré-indução e na indu-

ção anestésica; 2. entrevista semiestruturada na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA). Resultados: Da análise de conteúdo dos diários de campo emergi-

ram duas categorias: estratégias utilizadas pelos acompanhantes e tranquilidade. As estratégias usadas foram: choro, amor e carinho. Das entrevistas emergiram

duas categorias: experiência positiva e experiência negativa, sendo a primeira a mais destacada. Conclusão: Acompanhar o filho no processo anestésico-cirúrgico

desencadeou mais percepções positivas do que negativas nas mães. Além de dar suporte e tranquilidade à criança, as acompanhantes se sentiram mais seguras.

Palavras-chave: Anestesia. Enfermagem de centro cirúrgico. Criança. Mães. Pediatria.

ABSTRACT: Objective: To know the perceptions o children’s companion in anesthetic induction and awakening. Method: An exploratory, descriptive, qualita-

tive study carried out in the surgical center (SC) of a pediatric hospital in Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil, with seven mothers present during anes-

thetic induction and awakening of the child. Data collection was carried out in two parts: 1. Non-participatory observation in anesthetic pre-induction and

induction; 2. Semi structured interview in the post-anesthetic recovery room (PARR). Results: Two categories emerged from the contents analysis of field

journals: strategies used by companions and tranquility. The strategies used were: crying, love and affection. Two categories emerged from the interviews:

positive and negative experiences, the former being the most outstanding one. Conclusion: Accompanying a child in the anesthetic-surgical process trig-

gered more positive than negative impressions on mothers. In addition to giving support and tranquility to the child, companions themselves would feel safer.

Keywords: Anesthesia. Operating Room Nursing. Child. Mothers. Pediatrics.

RESUMEN: Objetivo: Conocer las percepciones de acompañantes de los niños en la inducción anestésica y en el despertar de la anestesia. Método:

Estudio exploratorio, descriptivo y cualitativo, realizado en un centro quirúrgico (CQ) de un hospital pediátrico de Porto Alegre, Rio Grande do Sul,

Brasil, con siete madres presentes em la inducción anestésica y el despertar del niño de la anestesia. La recolección de datos fue realizada em dos fases:

1. Observación no participativa em la pre-inducción y en la inducción anestésica; 2. Entrevista semiestructurada en la sala de recuperación postanestésica

(SRPA). Resultados: Dos categorías surgieron del análisis del contenido de los diarios de campo: estrategias utilizadas por los acompañantes y tranquili-

dad. Las estrategias usadas fueron: llanto, amor y afecto. Dos categorías surgieron de las entrevistas: experiencia positiva y experiencia negativa, siendo la

primera la más destacada. Conclusión: Acompañar a niños en el proceso anestésico-quirúrgico desencadenó más percepciones positivas que negativas

em las madres. Además de dar suporto y tranquilidad al niño, las acompañantes se sintieron más seguras.

Palabras clave: Anestesia. Enfermería de Quirófano. Niño. Madres. Pediatría.

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PercePções dos acomPanhantes de crianças no Pré e Pós cirurgia

InTRODUÇÃO

A cirurgia, assim como a internação hospitalar, é uma expe-riência que traz muita ansiedade às crianças e aos seus acom-panhantes, provoca mudança na rotina de toda a família e gera diversos sentimentos, como estresse, ao afastá-la do convívio familiar e social com o qual está acostumada. No centro cirúr-gico (CC), essa situação geralmente é potencializada, uma vez que se trata de um ambiente fechado e diferente, onde o acesso é restrito e as pessoas se vestem com uniformes iguais1.

Nesse contexto, é importante levar em consideração o significado de percepção e de sentimentos. Entende-se “per-cepção” no sentido de um “[...] processo pelo qual a natureza e o significado dos estímulos sensoriais são reconhecidos e interpretados”2; a palavra “sentimentos” é entendida como sinônimo de “emoções”, ou seja, “[...] estados afetivos que podem ser experimentados e que têm a propriedade de exci-tar e motivar o indivíduo” 2.

A ansiedade pode se manifestar de formas diferentes nos pacientes pediátricos, conforme as faixas etárias e de acordo com o grau de desenvolvimento. Quanto maior o grau de ansiedade da criança no pré-operatório, maior a chance de ela apresentar distúrbios no pós-operatório, principalmente relacionados ao comportamento (como pesadelos, irritabili-dade, problemas na alimentação e desobediência)3.

Nesse sentido, a Lei nº 8.069 de 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente, no artigo 12, contempla que: “os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão pro-porcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente” 4.

A presença do familiar durante a indução anestésica pode diminuir a ansiedade da criança, o que diminui a necessidade de restrição física e melhora a relação enfermeiro-paciente. Contudo, existe ainda uma resistência quanto à presença dos pais nesse momento, atitude esta oriunda dos valores que se mantêm arraigados na área da saúde5.

A indução anestésica do paciente pediátrico é um momento gerador de grande desconforto, tanto para ele quanto para o seu acompanhante. A criança pequena muitas vezes não entende o que está acontecendo, e pode relacionar o momento de internação e da realização de um procedimento cirúrgico a uma punição. Isso causa prejuízos à sua recuperação, pois vivenciar situações desagradáveis influencia no pós-opera-tório imediato e pode trazer algumas lembranças negativas, que permanecem por anos6.

Nesse contexto, emergiu como questão de pesquisa a ser investigada: quais as percepções suscitadas em acompa-nhantes de crianças na indução anestésica e no despertar da anestesia de cirurgias pediátricas?

Justifica-se esta pesquisa devido à carência de estudos que abordem o tema de acompanhantes de pacientes pediátricos durante o processo anestésico.

OBJETIVOs

1. Conhecer as percepções dos acompanhantes de crian-ças na indução anestésica e no despertar da anestesia.

2. Identificar os sentimentos suscitados e as estratégias utilizadas pelos acompanhantes que participaram da indução anestésica e acompanharam o despertar da criança da anestesia.

MÉTODO

Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, com aborda-gem qualitativa, seguindo a fundamentação teórica da aná-lise de conteúdo de Bardin, com categorização temática, que permite o entendimento e a descrição do fenômeno investi-gado, fundamentado nas falas dos acompanhantes7.

A pesquisa foi realizada em um CC de um hospital pediá-trico, localizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

A população escolhida para este estudo foram os acom-panhantes de crianças submetidas a procedimentos cirúrgi-cos. Os critérios de inclusão foram: ser acompanhante (fami-liar ou representante legal) de crianças submetidas a proce-dimentos cirúrgicos, que estivessem presentes na indução anestésica e no despertar da anestesia. Considerou-se como critérios de exclusão:

1. acompanhantes que não estiveram presentes nas duas fases de coleta de dados;

2. acompanhantes de crianças que realizaram procedi-mentos cirúrgicos com anestesia local ou anestesia regional ou cirurgias de grande porte, visto que esses pacientes geralmente não vão para a sala de recupe-ração pós-anestésica (SRPA) após a cirurgia.

A amostra foi constituída por sete mães que atenderam os critérios de inclusão. O número de sujeitos incluídos no presente estudo foi determinado pela saturação dos dados, visto se tratar de uma pesquisa qualitativa.

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Binkowski s, Carvalho GP, CareGnato rCa

A coleta de dados ocorreu durante os meses de maio e julho de 2017, nos turnos manhã e tarde. As acompanhantes foram convidadas a participar da pesquisa conforme ordem de chegada na sala de pré-indução, local onde as crianças e as mães aguardavam para entrar na sala de cirurgia. Foi expli-cado sobre o estudo e, às que aceitavam participar, foi entre-gue o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para posterior coleta de dados.

O levantamento de informações foi realizado em duas fases. A primeira foi a observação não participativa na pré-indução e na indução anestésica, na qual o participante estava junto à criança, cujas experiências observadas e reflexões da pesqui-sadora foram registradas em um diário de campo para cada sujeito da pesquisa, totalizando sete diários. O instrumento foi identificado como diário de campo do entrevistado, apre-sentado no decorrer do texto como DCE, seguido do número sequencial de identificação do entrevistado.

A segunda fase ocorreu na SRPA, após a criança ter des-pertado da anestesia. Nesse momento, foi realizada uma entrevista semiestruturada, utilizando um roteiro com ques-tões norteadoras, que buscaram responder os objetivos do estudo. Isso foi gravado e, posteriormente, transcrito, ocor-rendo na beira do leito da criança na SRPA. Foram feitas três perguntas, a saber:

1. “Conte-me como foi o despertar da criança da anestesia”.2. “Qual foi o seu sentimento ao ver a criança acordando?”.3. “Agora que o procedimento cirúrgico já está finali-

zado e você está ao lado da criança, conte-me como foi ter a oportunidade de estar ao lado dela durante a indução anestésica”.

As informações foram analisadas por categorização temá-tica, conforme Bardin7. O software NVivo® foi utilizado para realizar os recortes dos registros mais importantes dos diá-rios e das entrevistas.

O presente projeto foi encaminhado via Plataforma Brasil aos Comitês de Ética e Pesquisa (CEP) das instituições pro-ponente e coparticipante, a fim de obter a autorização para sua execução. A coleta de dados ocorreu somente após as devidas aprovações (CAAE número 62523016.0.0000.5683 e CAAE número 62523016.0.3001.5345). Para tanto, foram seguidas as normas da Resolução nº 466/20128, que dispõe sobre as diretrizes e normas de pesquisas envolvendo seres humanos. Os sujeitos selecionados para a participação na pesquisa foram esclarecidos sobre a finalidade da mesma e assinaram o TCLE, podendo descontinuar sua participação no estudo, se desejassem, sem prejuízo algum.

A fim de que o anonimato dos participantes seja garantido, as iniciais dos nomes foram codificadas pela letra E (entre-vistado) maiúscula, seguida de número sequencial (1, 2, 3...), de acordo com a ordem de participação no estudo.

REsULTADOs

Participaram da pesquisa 7 mães de crianças com idades entre 2 e 11 anos, submetidas à anestesia geral combinada.

Da análise de conteúdo dos diários de campo da pesqui-sadora emergiram duas categorias: tranquilidade e estraté-gias utilizadas pelos acompanhantes. A primeira apareceu em todos os registros dos diários de campo. A segunda foi constatada em cinco unidades de registro (71,42%).

Observou-se que cinco mães manifestaram, como estraté-gia, choro no momento da indução anestésica de seus filhos. Outras estratégias também foram demonstradas, como dar amor e carinho, além do papel da circulante de sala, con-forme recortes apresentados a seguir:

1. DCE5 – [...] Ao dormir, a anestesista disse para a mãe que a criança já havia dormido [...] A mãe a beijou e saiu chorando. A circulante a acompanhou até a saída, perguntou se estava tudo bem e explicou que ela poderia descer, tomar um café, que a chamariam quando acabasse a cirurgia.

2. DCE7 – Pré-indução: Mãe bem tranquila [...] o filho brincando muito com os brinquedos e com as crianças na sala de indução. Bem agitado [...]. Indução anesté-sica: Mãe aparentemente bem tranquila. Criança dei-tou na cama de cirurgia sozinha. Equipes de aneste-siologia e de enfermagem bem comunicativas com a mãe e com a criança [...]. Logo a criança dormiu [...]. Ao beijar a criança na testa, a mãe começou a chorar. A circulante acompanhou a mãe até a saída [...] disse que ela poderia ir tomar um café e comer alguma coisa, pois demoraria [...] para a cirurgia acabar e que assim que a criança fosse para a sala de recuperação a chamariam lá.

A tranquilidade surgiu em todos os registros dos diários de campo, tanto nas crianças quanto nas mães, conforme recortes apresentados:

1. DCE2 – Na sala de pré-indução, a criança estava brin-cando muito com os brinquedos e a mãe estava muito tranquila [...]. Na sala de cirurgia, a equipe foi con-versando com a mãe [...]. A mãe e a criança estavam

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PercePções dos acomPanhantes de crianças no Pré e Pós cirurgia

muito tranquilas [...]. Após a criança adormecer, a mãe deu um beijo na testa dela e a circulante da sala a acompanhou até a sala de espera e explicou o tempo de demora, que poderia descer para tomar um café e que assim que a criança fosse para a sala de recupe-ração a chamariam.

2. DCE4 – Na sala de pré-indução: mãe bem tranquila, criança brincando com os brinquedos. Durante a indu-ção: mãe aparentemente tranquila, criança também. A indução foi muito rápida [...]. Logo que a criança adormeceu, a mãe saiu chorando, sem alguém da equipe a acompanhando.

Da análise de conteúdo das entrevistas surgiram duas cate-gorias temáticas, a saber: experiência positiva e experiência negativa. A primeira constou em seis unidades de registro e, a segunda, em apenas um registro.

Expressões de felicidade e alívio como sendo represen-tativas de sentimentos positivos surgiram nas falas de seis mães (85,7%). Apenas uma (14,3%) participante informou que estar presente no momento da indução anestésica trouxe sentimentos difíceis de enfrentar, tornando essa oportunidade uma experiência negativa, conforme disse:

1. E1 – É porque, assim, é a primeira vez dela, então eu não sabia como ela ia reagir [...]. Bah, eu fiquei muito... nervosa, sei lá... sensação muito ruim... tipo, ela sozi-nha lá [...].

2. E1 – (risos) Não é uma experiência muito boa... Porque é uma sensação muito de não saber o que te espera ali na hora, né... Como é que vai reagir [...] eu não gos-tei muito (risos) [...]. Eu estava... Assim, louca per-guntando ali pra ver se ela estava bem... Não sabe o que... O que acontece lá dentro depois que tu sai, né [...]. Eu, pelo menos, fiquei com medo, né, sabe... De achar que deu [...] alguma complicação, né [...]. Lá dentro eu me senti muito mal [...]. Agora eu estou mais tranquila.

Mesmo que tenham ocorrido sentimentos difíceis, as mães relataram que ter participado de todo o processo anestésico-cirúrgico foi uma experiência positiva, conforme ilustram em suas falas:

1. E3 – Ai, estava meio... meio nervosa. Fiquei um pouco nervosa, mais com ver ela daquele jeito [...]. Ai, fico feliz [...]. Agora há pouco o pai dela ligou [...] falei com ele que tá tudo bem [...]. Ai, foi bom, para gente acompanhar, né... E dá mais uma... Credibilidade para

ela, ela fica mais tranquila, né? [...]. Foi melhor estar junto [...]. É muito melhor.

2. E4 – Ai, de alívio (risos) [...]. Estava tensa [...] nervosa, porque... a gente sabe, né, que a anestesia geral ela é assustadora pelo nome ser geral (risos) [...]. Foi... Tudo, né... Tanto para mim, quanto para ele. Para eu ficar tranquila e ele também.

3. E6 – Ai, de alívio [...]. Melhor impossível, porque a gente... Vê que ele tá sendo bem cuidado, né... A gente não fica com aquela dúvida de como é que será que ele tá [...]. Bem melhor assim [...] teria ficado muito nervosa.

4. E7 – Ai, foi ótimo [...]. Quando eu entrei aqui, eu me lembrei de quando ele nasceu... Então... Me deu um choque, sabe? [...]. Mas ele tá bem, graças a Deus [...]. Eu preferiria ter participado de tudo, até da cirurgia [...]. Claro que... Eu tive... Segurança, né [...] mas é filho da gente, né? Então, a gente... Não consegue... Tu sair e ir num lugar... E deixar, né? [...].

Quando questionadas sobre o despertar da criança da anestesia, surgiram expressões que remetiam tranquilidade, como é possível verificar nas falas a seguir:

1. E1 – É a primeira vez, né... Eu, né, não sabia como ela ia reagir, mas ela acordou muito calma.

2. E4 – Não, ele acordou tranquilo... Ele me olhou, ainda sonolento, estava calmo.

3. E7 – Não, foi calmo, foi calmo...

De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, é possível verificar que, apesar de as mães aparentarem estar tranquilas durante a pré-indução e a indução anestésica, elas relataram ter sentimentos difíceis durante esses momen-tos, mas que prevaleceram a vontade e o benefício de estar junto dos filhos no momento do processo anestésico-cirúr-gico sobre o fato de ter os sentimentos negativos. O choro, estratégia manifestada na indução anestésica, expressou os sentimentos de algumas mães na situação mencionada.

A tranquilidade, fato que foi observado nos períodos de pré-indução e na indução anestésica, foi relatada pelas mães na SRA. Além disso, elas descreveram sentimentos positivos no momento do despertar da criança da anestesia.

DIsCUssÃO

A presente pesquisa direcionou seu olhar aos acompanhan-tes das crianças que seriam operadas, evidenciando que,

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em todos os casos, foram as mães que acompanharam seus filhos. Em estudo realizado em São Paulo, as mães também foram a grande maioria dos acompanhantes de pacientes pediátricos que seguiram os procedimentos cirúrgicos e aca-bavam realizando o jejum junto com os filhos9. Esse dado foi semelhante ao encontrado nesta pesquisa, pois se verificou nos registros dos diários de campo que a circulante de sala geralmente falava para a mãe ir até a cafeteria comer alguma coisa ou tomar um café. Possivelmente, os profissionais fazem isso como rotina, porque geralmente a mãe também não se alimenta, visto que seu filho deve ficar sem “nada por via oral” (NPO) no período pré-operatório imediato.

Na pesquisa citada anteriormente9, houve manifestações de sentimentos como nervosismo, ansiedade e preocupação por parte das genitoras. Nesta pesquisa, a manifestação do choro foi presenciada em cinco das sete mães no período da indução anestésica. Apesar de algumas se mostrarem “ansio-sas” (DCE1), “apreensivas” (DCE3) e “chorosas” (DCE5) no período de pré-indução, exteriorizaram calma durante a indu-ção, até o momento em que a criança adormeceu.

Em outro estudo, os sentimentos dos acompanhantes das crianças em cirurgias pediátricas foram expressos por ansie-dade, nervosismo e medo. Isso acontece no momento em que há a separação da criança, quando ela é encaminhada para a sala de cirurgia, e quem está acompanhando precisa ficar na sala de espera, imaginando o que pode estar acon-tecendo durante a intervenção10.

Além disso, as mães apresentaram diferentes manifesta-ções de medo e ansiedade, por meio de choro ou de agitação, provocadas pelo desconhecido e relacionadas à cirurgia em si. Mesmo possuindo auxílio dos profissionais de saúde e informa-ções a respeito do processo cirúrgico, diversos acompanhan-tes não foram capazes de ficar completamente tranquilos10.

Os resultados do presente estudo mostraram que, quando as mães acompanharam os filhos até a sala de cirurgia, apa-rentavam estar tranquilas; mas, após presenciar a perda da consciência do seu filho, choraram — evidenciando os mes-mos sentimentos emergidos nos acompanhantes do estudo anteriormente citado10.

Por mais que os acompanhantes tentem se manter cal-mos diante da situação de hospitalização, o desconhecimento do que pode ocorrer faz com que se sintam muito angustia-dos. As estratégias mais utilizadas pelos pais são: dar amor e carinho, procurar tranquilidade e buscar amparo espiri-tual11. Os resultados do presente estudo vêm ao encontro do que foi relatado pelas autoras, visto que a maioria das mães demonstrou esse sentimento, beijando o filho após a

indução anestésica. Apesar de a espiritualidade não ter sido observada nas manifestações das mães na presente pesquisa, não é improvável que tenham utilizado essa estratégia.

Nos registros dos diários de campo, evidenciou-se que os pacientes, em sua maioria, estavam calmos, fato importante porque a indução anestésica, por vezes, pode ser vista pela criança como uma punição por algo que fez6. Por esse motivo, às vezes se torna necessário preparar os pais, em um momento anterior, para introduzir a criança no ambiente de um CC.

A impossibilidade de participar ativamente, ou seja, apenas olhar e estar junto, pode, algumas vezes, ocasio-nar sentimentos negativos. Em alguns casos, ver o filho em situação de estresse, quando não se está no comando da situação, pode causar grande ansiedade em algumas genito-ras. Os sentimentos de medo, ansiedade e nervosismo são provocados pelo desconhecido, por não se saber como vai acontecer o processo de indução anestésica, como a criança irá reagir e como ficará durante o período em que o acom-panhante não poderá estar presente. Nesse contexto, a pre-sença dos pais durante a indução anestésica aumenta consi-deravelmente a sua satisfação, fato que contribui para tornar a experiência positiva12.

Um estudo analisou a experiência de utilizar voluntários para acompanhar os pais até a sala de cirurgia, auxiliando-os e esclarecendo-os sobre o processo. Antes da cirurgia eletiva da criança, os pais receberam um panfleto contendo infor-mações sobre a sua presença na indução anestésica. Dos pais que participaram desse processo, 99% referiram se sentir bem preparados para o procedimento13. Da mesma forma, nesta pesquisa a maioria das mães relatou que estar junto dos filhos nesse momento foi uma experiência positiva.

A presença dos pais durante o procedimento melhora a qualidade da indução anestésica nas crianças que não foram medicadas no pré-operatório, aumentando, assim, a ocorrên-cia de induções mais suaves; ainda, ocorre menor necessidade de restrição física14. Nesta investigação, as induções anestési-cas foram tranquilas, assim como o despertar da criança da anestesia. Ocorreu apenas uma situação em que foi necessá-rio realizar uma espécie de contenção física, em que a mãe e a circulante de sala tiveram que segurar a criança, em razão de a mesma ter ficado extremamente agitada e nervosa ao colocarem a máscara da anestesia inalatória no seu rosto.

Nos registros dos diários de campo, verificou-se que ape-nas uma criança não se distraiu com os brinquedos disponi-bilizados na sala de pré-indução. Essa criança tinha 11 anos, o que pode sugerir que devem ser utilizadas novas formas de descontração para pacientes nessa faixa etária. Um método

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PercePções dos acomPanhantes de crianças no Pré e Pós cirurgia

que pode ser empregado para reduzir a ansiedade de pacien-tes pediátricos, fácil e que poupa tempo, é o uso de inter-venções pelo tablet15. O uso desse equipamento foi demons-trado ser superior à aplicação de midazolam, no que se refere à redução da ansiedade das crianças, com idade entre 1 e 11 anos, no momento da separação dos pais e durante a indução anestésica 16.

Ainda que uma mãe entrevistada tenha referido não ter gostado da experiência de participar da indução anesté-sica, a equipe interagiu bastante com ela e com a criança, conversando e entretendo ambas durante esse momento. Além disso, a mãe foi acompanhada até a saída pela equipe de enfermagem depois de encerrado o processo e orien-tada sobre os momentos pós-cirurgia. Alguns fatores que facilitam o aparecimento de ansiedade nos pais podem estar relacionados com personalidade, idade, grau de escolaridade, estado civil, profissão, experiências hospi-talares anteriores, preocupação com a cirurgia e com a própria anestesia17.

Em outro estudo18, as mães participantes expressaram sentimentos como angústia, impotência, solidão, culpa, medo, tristeza e ansiedade. Autores12 reconhecem que a entrada na área de cirurgia é estressante na presença ou na ausência dos pais. Pode-se perceber, neste trabalho, que os resultados se assemelham aos dos estudos citados anterior-mente12,18, visto que os sujeitos de pesquisa manifestaram medo e ansiedade. Além disso, foi possível verificar que, mesmo sendo o processo anestésico-cirúrgico desafiador, ocorrendo sentimentos negativos, as mães preferem parti-cipar desses momentos.

Os sujeitos E1 e E5 manifestaram sentimentos seme-lhantes no que se refere ao ato da anestesia e de não saber como a criança responderia. No entanto, o sujeito E1 rela-tou não ter sido uma experiência boa. O estresse dos pais pode interferir na habilidade de responder às necessidades emocionais da criança como, por exemplo, na capacidade de ajudá-la a criar estratégias para gerenciar esses senti-mentos na hospitalização. Quando os pais são calmos e estão presentes contribuem na cooperação dos rebentos durante a realização dos procedimentos6. Sentimentos negativos podem fazer parte desse processo, visto que os procedimentos cirúrgicos envolvem alguns riscos, mas não tornam a experiência de participar da indução anes-tésica algo negativo.

Em estudo19 realizado na cidade de Porto, em Portugal, os pais acreditavam que a sua presença durante o período da indução e na SRPA diminuiu a ansiedade e trouxe maior

conforto e segurança para a criança. Em contrapartida, quando os pais foram questionados sobre a chegada das crianças na SRA, 42,9% disseram que as crianças estavam agitadas. Os dados do estudo citado19 divergem da presente pesquisa, em que os sujeitos expressaram tranquilidade em suas falas.

Durante a coleta de dados, percebeu-se dificuldade em realizar entrevistas com maior profundidade, visto que as mães estavam vivenciando um momento de razoável ten-são, com concentração e estresses voltados para o contexto situacional do procedimento anestésico-cirúrgico pelo qual seus filhos estavam passando, o que trouxe pouco envolvi-mento entre entrevistado e entrevistador. É compreensível que isso ocorra em uma situação de saúde envolvendo criança e acompanhante, quando a atenção está voltada ao evento propriamente dito, deixando em segundo plano outras situa-ções que possam ocorrer no mesmo momento.

COnsIDERAÇÕEs FInAIs

Esta pesquisa permitiu conhecer as percepções dos acompa-nhantes de crianças (sete mães) na indução anestésica e no despertar da anestesia. Na pré-indução, a manifestação de expressões de tranquilidade prevaleceu tanto nas crianças quanto nas mães. Sobre a indução anestésica, algumas mães relataram sentimentos negativos durante o procedimento anestésico-cirúrgico, mas, apesar disso, a experiência foi positiva, visto que foi possível acompanhar todo o processo e garantir apoio e tranquilidade à criança.

Ao identificar os sentimentos suscitados na SRPA, pre-dominaram o alívio e a felicidade. Além disso, a maioria das crianças despertou tranquilamente da anestesia. As estraté-gias utilizadas pelas mães/acompanhantes foram dar amor e carinho, choro no momento em que a criança adormeceu. Destaca-se como suporte da mãe, o papel exercido pela cir-culante de sala.

O papel do enfermeiro do CC e da SRPA, comprometido e capaz para agir e acalmar no sentido de acolher as crianças e as mães, torna-se imprescindível, gerando formas de assis-tir e de prestar cuidados.

Deve-se ponderar sobre tornar o acompanhante um participante ativo do processo, trazendo segurança para a criança e maior satisfação para quem a acompanha, de modo a tornar a indução anestésica um momento de maior tran-quilidade para todos, com vistas a um melhor despertar do paciente pediátrico.

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Binkowski s, Carvalho GP, CareGnato rCa

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS REGISTROS DE ENFERMAGEM NOS CUIDADOS

PÓS-OPeRaTÓRIOS IMeDIaTOSA quality assessment of immediate postoperative nursing care documentation

Evaluación de la calidad de los registros de enfermería en los cuidados postoperatorios inmediatos

Emanuela Batista Ferreira e Pereira1*, Gedalva Pereira de Lima2, Heloise Agnes Gomes Batista da Silva3, Kássia Maria da Hora Teixeira4, Brenna Cavalcanti Maciel Modesto5, Magdala de Araújo Novaes6

1enfermeira; doutoranda em Cirurgia pelo Programa de Pós-graduação em Cirurgia pela universidade Federal de Pernambuco (uFPe); professora assistente na Faculdade de enfermagem Nossa Senhora das Graças (FeNSG) da universidade de Pernambuco (uPe) – Recife (Pe), Brasil. 2enfermeira pela FeNSG da uPe; pós-graduanda em unidade de Terapia Intensiva pelo Instituto de Desenvolvimento educacional (IDe); enfermeira da emergência do Hospital Miguel arraes – Recife (Pe), Brasil. 3enfermeira pela FeNSG da uPe; residente em Terapia Intensiva no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) pela Secretaria estadual de Saúde de Pernambuco – Recife (Pe), Brasil. 4enfermeira pela FeNSG da uPe – Recife (Pe), Brasil. 5enfermeira pela FeNSG da uPe; residente em Centro Cirúrgico no Hospital da Restauração (HR) pela Secretaria estadual de Saúde de Pernambuco – Recife (Pe), Brasil.6Cientista da Computação; doutora em Bioinformatique pela universidade aix-Marseille II; professora associada do Departamento de Medicina Clínica da uFPe; coordenadora do Núcleo de Telessaúde do Hospital das Clínicas da uFPe – Recife (Pe), Brasil.*autor correspondente: [email protected]: 25/09/2017 – aprovado: 05/01/2018DOI: 10.5327/Z1414-4425201800010005

RESUMO: Objetivo: Avaliar a qualidade dos registros de enfermagem nos cuidados pós-operatórios imediatos em unidades de referência no estado de

Pernambuco. Método: Estudo transversal, descritivo, documental e comparativo com abordagem quantitativa, realizado em três hospitais (A, B, C).

A amostra foi composta por 130 prontuários no período de outubro a novembro de 2015 com dados coletados por meio de um formulário semiestru-

turado. Resultados: Os registros, a checagem e as avaliações dos procedimentos foram feitos de formas diferentes nos hospitais avaliados. No hospi-

tal A não houve registro dos sinais vitais, enquanto nos hospitais B e C, os mesmos foram verificados. Sobre a escala de Aldrete e Kroulik (AK), nas

instituições A e C não houve realização do cálculo em 100% dos casos. As três instituições apresentaram bons resultados, como prontuários legíveis

e sem a presença de rasuras. Conclusão: Os hospitais analisados não atendem aos padrões preconizados pelas principais literaturas na área de cuida-

dos pós-operatórios quanto aos registros de enfermagem.

Palavras-chave: Qualidade da assistência à saúde. Registros de enfermagem. Cuidados pós-operatórios. Enfermagem de centro cirúrgico.

ABSTRACT: Objective: To assess the quality of immediate postoperative nursing care documentation in reference units in the state of Pernambuco,

Brazil. Method: A descriptive, cross-sectional, documental and comparison study with a qualitative approach performed in three hospitals (A, B, C).

The sample was comprised of 130 health records from October to November 2015 and the data was collected from a semi-structured form.

Results: The records, checking and evaluation of procedures were performed differently in each of the assessed hospitals. In hospital A, there was

no recording of vital signs, whereas in hospitals B and C, there was. In institutions A and C, in 100% of the cases, there was no calculation perfor-

med that used the Aldrete-Kroulik scale. The three institutions demonstrated good results with legible documentation that did not have many era-

sed items. Conclusion: It was found that the hospitals analyzed don’t meet the standards proposed by the predominant postoperative care literature

regarding nursing documentation.

Keywords: Quality of health care. Nursing records. Postoperative care. Operating room nursing.

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Pereira eBF, Lima GP, SiLva HaGB, Teixeira KmH, modeSTo BCm, NovaeS ma

RESUMEN: Objetivo: Evaluar la calidad de los registros de enfermería en el cuidado postoperatorio inmediato en las unidades de referencia en el Estado

de Pernambuco, Brazil. Métodos: Estudio transversal, descriptivo, documental y comparativo con enfoque cuantitativo realizado en tres hospitales

(A, B, C). La muestra estuvo compuesta por 130 registros médicos durante el período de octubre a noviembre de 2015 con los datos recolectados a

través de un formulario semi-estructurado. Resultados: Los registros, el control y la evaluación de procedimientos fueron hechos de diferentes mane-

ras en los hospitales evaluados. En el hospital A, no hubo registro de signos vitales, mientras que en los hospitales B y C, han sido verificados. En la

escala de Aldrete y Kroulik, en las instituciones A y C, no había ninguna realización del cálculo en el 100% de los casos. Las tres instituciones mostra-

ron buenos resultados en lectura de cartas y la presencia de raspaduras. Conclusión: Parece que los hospitales analizados no cumplen con las normas

recomendadas por las principales literaturas en el área de cuidados postoperatorios acerca de los registros de enfermería.

Palabras clave: Calidad de la atención de salud. Registros de enfermería. Cuidados posoperatorios. Enfermería de quirófano.

InTRODUÇÃO

As anotações de enfermagem são documentos primordiais das ações e atividades desempenhadas pela equipe de enfer-magem na prática profissional, comprovam a realização do cuidado e garantem a qualidade da assistência. São caracte-rizadas como registros que se destinam a toda a equipe de enfermagem e são imprescindíveis para a execução da sis-tematização da assistência de enfermagem (SAE). Devem avaliar e refletir o paciente de forma complexa, envolvendo especialmente aspectos biopsicossociais, que permitam a evo-lução do caso e a elaboração de estratégias que visam à inte-gralidade do cuidado1.

Esses registros garantem melhor comunicação entre a equipe de saúde e são utilizados como ferramentas ético-le-gais para evidenciar negligências por parte dos profissionais e da própria instituição hospitalar, contribuindo para uma avaliação da qualidade do serviço2. Para gerenciar a quali-dade da assistência de enfermagem e os gastos decorrentes com a prestação dos serviços, a auditoria tem sido o instru-mento mais utilizado3.

A auditoria na área da saúde surgiu com o propósito de avaliar a qualidade da assistência prestada ao paciente. É um método que avalia de forma sistemática e independente os fatos obtidos por meio da observação e mensuração das recomendações previstas nas normas vigentes, com a fina-lidade de determinar se as ações de saúde e seus resultados estão de acordo com os indicadores de qualidade3.

Assim, a avaliação da qualidade do serviço prestado pela equipe de enfermagem reflete a análise dos registros identifi-cados pela auditoria. A ausência dos registros promove dimi-nuição na continuidade do cuidado e nos setores de alta com-plexidade, como a sala de recuperação pós-anestésica (SRPA). O enfermeiro deve assegurar que o paciente seja avaliado de

forma integral, especialmente quanto ao registro dos sinais vitais e à presença de intercorrências4.

A SRPA é um ambiente que apresenta rotinas peculiares no atendimento aos pacientes, sendo caracterizado por uma assistên-cia crítica, que tem como meta a prestação de cuidados intensi-vos no pós-operatório imediato (POI) dos pacientes que são sub-metidos a procedimentos anestésico-cirúrgicos e diagnósticos4,5.

Essa unidade hospitalar é destinada aos pacientes desde o término do procedimento até a estabilidade dos sinais vitais e do nível de consciência, com a finalidade de detectar e evi-tar complicações que possam ocorrer em consequência da anestesia ou do ato cirúrgico5.

A relevância da temática é corroborada pela necessidade dos registros de enfermagem nos prontuários e, particularmente, pelos cuidados diante da monitorização dos sinais vitais e das intervenções de enfermagem. As lacunas de pesquisas sobre qualidade de registros na SRPA merecem atenção mediante a evidência que tais registros representam para qualificação das ações e práticas exercidas pela equipe de enfermagem.

OBJETIVO

Avaliar a qualidade dos registros de enfermagem nos cuida-dos pós-operatórios imediatos em unidades de referência no estado de Pernambuco, Brasil.

MÉTODO

Estudo transversal, descritivo, documental e comparativo, com abordagem quantitativa, que realizou uma avaliação na qualidade dos registros de enfermagem na SRPA em unida-des de referências no estado de Pernambuco.

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Qualidade dos registros pós-operatorios imediatos

Foi escolhida a abordagem quantitativa, por correspon-der à etapa do processo de análise descritiva, que permite a exploração de dados para uma aproximação da realidade estudada, na procura de algum padrão ou comportamento relevante que esteja presente no conjunto de dados6.

A coleta de dados foi realizada no período de outubro a novembro de 2015, na SRPA de três unidades hospitalares de referência na cidade de Recife, Pernambuco, Brasil. As insti-tuições são aqui designadas hospital A, hospital B e hospital C, dispondo de 16, 7 e 9 leitos, respectivamente.

Os critérios de inclusão foram prontuários de pacientes internados nessas unidades de cuidados POI, submetidos a procedimentos cirúrgicos eletivos, com idades acima dos 18 anos, de ambos os sexos e com a permanência mínima de 2 horas na SRPA. Sob esses critérios, a amostra do estudo foi constituída de 130 prontuários, sendo 50 do hospital A, 50 do hospital B e 30 do hospital C.

Para coleta dos dados, foi utilizado um formulário semies-truturado composto de três partes. Por meio desse impresso, foi efetivada a identificação dos dados de admissão regis-trados pela enfermagem, a caracterização dos registros de enfermagem relacionados à monitorização hemodinâmica, o índice de Aldrete e Kroulik (AK) e a identificação das prin-cipais intercorrências e ações registradas pela enfermagem nas unidades de referência.

A parte I do instrumento compreendeu oito questões objetivas e subjetivas, as quais contemplaram a qualidade dos registros de enfermagem quanto aos aspectos epidemio-lógicos e clínicos, como sexo, idade, hipótese diagnóstica, alergias, especialidade cirúrgica, tipo da anestesia e antece-dentes clínicos (AC)7.

A parte II compreendeu o registro da monitorização hemodinâmica e sinais vitais (SSVV) e padrões como pressão arterial (PA), frequência cardíaca (FC), saturação de oxigê-nio (Sat O2), frequência respiratória (FR) e temperatura (T)7.

A parte III compreendeu os registros das intercorrências apresentadas durante a permanência na SRPA e os cuidados de enfermagem aplicados a cada intercorrência. Reforça-se que o instrumento de coleta de dados baseou-se em estudos similares, sofrendo algumas alterações e adaptações7.

Para análise dos dados, foi construído um banco de dados em planilha eletrônica Microsoft Excel®, o qual foi exportado para o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Para avaliar a qualidade dos registros de enfermagem quanto ao perfil epidemiológico e clínico dos prontuários avaliados em cada hospital, foram calculadas as frequências percentuais e distribuições de frequência.

Foi realizado, ainda, o levantamento dos fatores relacio-nados à monitorização hemodinâmica e SSVV dos pacientes, dos fatores relacionados ao registro de admissão e ações de enfermagem, dos registros das intercorrências e das inter-venções de enfermagem realizadas, para cada instituição avaliada. Para comparação dos fatores avaliados entre as instituições, foi aplicado o teste do χ2 para homogeneidade. Todas as análises foram realizadas considerando o nível de significância de 5%.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco (CEP/UPE), atendendo à Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (número do parecer 1.265.296). Para a presente pesquisa, não se fez necessária a utilização do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), pois se trata de uma investiga-ção documental.

REsULTADOs

Na Tabela 1, observa-se a distribuição do perfil epide-miológico e clínico dos pacientes, segundo cada hospi-tal avaliado.

Ao observar o teste de homogeneidade, verificou-se que ele é significativo em todos os fatores (valor p=0,002 para sexo e valor p<0,001 para os demais), indicando que existe diferença da prevalência destes fatores nos hospi-tais avaliados.

A distribuição dos fatores relacionados à monitori-zação hemodinâmica dos pacientes está demonstrada na Tabela 2.

O teste de homogeneidade da distribuição dos fatores rela-cionados à monitorização hemodinâmica e aos sinais vitais, entre os hospitais avaliados, foi significativo em todos os fato-res (valor p<0,001), indicando que os registros, a checagem e as avaliações dos procedimentos são feitos de formas dife-rentes nas três instituições, tendo o hospital A os resultados mais distantes do preconizado pela literatura.

Na Tabela 3, destaca-se a distribuição dos fatores relacio-nados aos registros de admissão e às ações de enfermagem, segundo o hospital avaliado.

O teste de homogeneidade da distribuição dos fatores relacionados aos registros e às ações de enfermagem nos três hospitais avaliados foi significativo em todos os fatores, (valor p<0,05), indicando que os registros de admissão e ações de enfermagem são feitos de forma diferenciada entre os hos-pitais A, B e C, tendo o último hospital melhor situação dos

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seus registros, exceto no quesito intercorrências e interven-ções de enfermagem, em que houve resultados de ausência de notificações em todos os hospitais.

DIsCUssÃO

Diante dos dados obtidos, foi observada uma predominância de homens admitidos na SRPA dos hospitais A e C; apenas a instituição B registrou um quantitativo maior de mulheres. O predomínio do sexo masculino no presente estudo diverge da literatura, pois em estudo realizado com prontuários de

Tabela 1. Distribuição dos registros de enfermagem quanto ao perfil epidemiológico e clínico dos pacientes, segundo o hospital.

VariáveisHospital Valor

pA B C

Sexo n (%)

Masculino 35 (70,0) 18 (36,0) 19 (63,3)0,002*

Feminino 15 (30,0) 32 (64,0) 11 (36,7)

Idade (anos)

Mínimo 19 18 34 –

Máximo 87 81 84 –

Média±DP 48,0±18,5 56,5±16,3 60,9±13,0 –

especialidade cirúrgica n (%)

Bucomaxilofacial 3 (6,0) – –

Cardiovascular – – 28 (93,3)

Geral 7 (14,0) 14 (28,0) –

Neurocirurgia 13 (26,0) – –

Oncologia 5 (10,0) 23 (46,0) –

Ortopedia 13 (26,0) – –

Plástica 2 (4,0) 1 (2,0) –

Urologia – 12 (24,0) –

Vascular 7 (14,0) – 2 (6,7)

Tipo de anestesia n (%)

Bloqueio 4 (6,7) – –

Sedação 8 (13,3) 6 (9,0) –

Geral 17 (28,3) 23 (34,3) 27 (90,0)

Geral balanceada

9 (15,0) 6 (9,0) 2 (6,7)

Local 1 (1,7) 3 (4,5) 1 (3,3)

Peridural 3 (5,0) 11 (16,4) –

Raquianestesia 14 (23,3) 17 (25,4) –

Venosa total 4 (6,7) 1 (1,5) –

alergias n (%)

Sim 8 (16,0) 12 (24,0) 2 (6,7)

<0,001*Não 27 (54,0) 38 (76,0) 28 (93,3)

Não informado 15 (30,0) – –

antecedentes clínicos n (%)

Sim 25 (50,0) 33 (66,0) 28 (93,3)

<0,001*Não 10 (20,0) 17 (34,0) 2 (6,7)

Não informado 15 (30,0) – –

DP: desvio padrão; *valor do teste do χ2 para homogeneidade (se valor p<0,05 a distribuição do fator avaliado é idêntica nos hospitais avaliados).

Tabela 2. Distribuição dos registros de enfermagem quanto aos fatores relacionados a monitorização hemodinâmica e sinais vitais dos pacientes, segundo o hospital.

Fator avaliado

HospitalValor

pA B C

n (%) n (%) n (%)

Registro dos sinais vitais

Sim 20 (40,0) 39 (78,0) 30 (100,0)<0,001*

Não 30 (60,0) 11 (22,0) –

verificação do registro de frequência cardíaca

Sim 14 (28,0) 39 (78,0) 30 (100,0)<0,001*

Não 36 (72,0) 11 (22,0) –

verificação do registro de frequência respiratória

Sim 12 (24,0) 38 (76,0) 30 (100,0)<0,001*

Não 38 (76,0) 12 (24,0) –

verificação do registro de pressão arterial

Sim 15 (30,0) 39 (78,0) 30 (100,0)<0,001*

Não 35 (70,0) 11 (22,0) –

verificação do registro de saturação de oxigênio

Sim 14 (28,0) 38 (76,0) 30 (100,0)<0,001*

Não 36 (72,0) 12 (24,0) –

verificação do registro de temperatura

Sim – 6 (12,0) 30 (100,0)<0,001*

Não 50 (100,0) 44 (88,0) –

aplicação Índice de aldrete e Kroulik

Sim – 15 (30,0) –<0,001*

Não 50 (100,0) 35 (70,0) 30 (100,0)

avaliação correta do aldrete e Kroulik

Sim – 6 (40,0) ––

Não – 9 (60,0) –

*Valor p do teste do χ2 para homogeneidade (se valor p<0,05 a distribuição do fator avaliado é idêntica nos hospitais avaliados).

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Qualidade dos registros pós-operatorios imediatos

260 pacientes cirúrgicos admitidos na SRPA, mais de 50% pertenciam ao sexo feminino4.

As intervenções cirúrgicas realizadas predominantemente nas instituições foram neurocirurgias, cirurgias ortopédicas, oncológicas e cardiovasculares. Quando associadas às variá-veis tipo de cirurgia e sexo, a Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem aponta maior exposição aos acidentes por causas externas, bem como a aversão desses indivíduos ao autocuidado e à prevenção de morbidades, obrigando, assim, o sistema a assisti-los nas fases mais avançadas das doenças e tratamentos8.

Observou-se que a anestesia geral foi a mais utilizada nas instituições. É de grande importância o registro do tipo de anestesia usada no ato cirúrgico, pois por meio da efetiva e correta monitorização é possível identificar, em tempo hábil, as alterações apresentadas no período pós-anestésico e, con-sequentemente, o entendimento dos fármacos4.

Para propiciar a segurança do paciente, é imprescindível registrar as alergias no prontuário, pois identificar correta-mente e checar a prescrição antes de fazer a administração

medicamentosa ameniza os riscos de reações alérgicas e inter-corrências. Nos hospitais B e C, houve registro de alergias em todos os prontuários analisados; porém, na instituição A havia falta dessas informações em 30% dos prontuários, demonstrando uma fragilidade da assistência9,10.

Quanto aos antecedentes clínicos, notou-se que em par-cela significativa dos prontuários do hospital A não consta-vam as comorbidades dos pacientes. É no histórico de enfer-magem que as informações dos pacientes são coletadas, com o objetivo de avaliar os antecedentes pessoais e familiares, bem como analisar evidências e fatores de risco para a saúde global do paciente11. A falta dessas informações expressa uma vulnerabilidade para os pacientes e aumenta os riscos de complicações no pós-operatório12.

A faixa etária dos pacientes nos três hospitais estudados mostrou média de idade predominante adulta. Os achados de estudos no que diz respeito à variável idade afirmam que é preciso assistir os pacientes de faixa etária avan-çada com mais cautela, pois as morbidades e o processo de envelhecimento aumentam o risco de complicações no pós-operatório, devido ao desequilíbrio das funções basais. Em um estudo de revisão integrativa foram inves-tigadas as complicações durante o período pós-anestésico e evidenciaram-se lacunas quanto ao mecanismo de veri-ficação de complicações e aos manejos de enfermagem. É fundamental, então, o registro dessa informação para planejar a assistência em todo o pós-operatório e identi-ficar problemas precocemente13,14.

De acordo com a Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro-Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material de Esterilização (SOBECC)15, a monitoração hemodinâmica e de SSVV é imprescindível durante a per-manência do paciente na SRPA e se faz necessária a ava-liação por meio da escala de AK para efetivação da alta do paciente. A SRPA é um local onde os pacientes recebem cuidados intensivos e tem como objetivo maior preve-nir e detectar precocemente possíveis complicações pós-cirúrgicas, enfatizando a estabilidade dos sinais vitais e o retorno da consciência16.

As instituições estudadas apresentaram diferentes resul-tados quanto à verificação hemodinâmica e à checagem dos sinais vitais. Não foi observado consenso quanto à mensu-ração de alguns parâmetros, sendo identificada, inclusive, a ausência do registro de itens, como a temperatura, em sua totalidade.

Durante a entrada e permanência dos pacientes na SRPA, principalmente no POI, período de maior incidência de

Tabela 3. Distribuição dos fatores relacionados à qualidade dos registros de enfermagem, segundo o hospital avaliado.

Fator avaliado

HospitalValor

pA B C

n (%) n (%) n (%)

Prontuário legível

Sim 33 (66,0) 35 (70,0) 30 (100,0) 0,002*

Não 17 (34,0) 15 (30,0) –

Prontuário com rasuras

Sim 11 (22,0) 19 (38,0) – <0,001*

Não 39 (78,0) 31 (62,0) 30 (100,0)

Registros assinados e rubricados

Sim 32 (64,0) 23 (46,0) 30 (100,0) <0,001*

Não 18 (36,0) 27 (54,0) –

Registro do horário das intervenções

Sim 8 (16,0) 39 (78,0) 30 (100,0) <0,001*

Não 42 (84,0) 11 (22,0) –

Registros das intercorrências

Sim 3 (6,0) 5 (10,0) 8 (26,7) 0,020*

Não 47 (94,0) 45 (90,0) 22 (73,3)

Registro da intervenção de enfermagem

Sim 1 (2,0) 3 (6,0) 7 (23,3) 0,003*

Não 49 (98,0) 47 (94,0) 23 (76,7)

*Valor p do teste do χ2 para homogeneidade (se valor p<0,05 a distribuição do fator avaliado é idêntica nos hospitais avaliados).

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Pereira eBF, Lima GP, SiLva HaGB, Teixeira KmH, modeSTo BCm, NovaeS ma

complicações, é preciso que o enfermeiro realize exame físico adequado, estabilize os SSVV e avalie o nível de consciência, assegurando que o paciente seja visto de forma integral de acordo com o ato cirúrgico, agentes anestésicos utilizados e riscos potenciais4.

O enfermeiro deve sempre estar atento à monitorização hemodinâmica. A verificação da FR é fundamental, pois é uma função afetada de forma significativa pela ação residual de bloqueadores neuromusculares encontrados nos anestési-cos. A instabilidade do sistema cardiovascular exige atenção para a FC, pois a hipotensão é um dos achados mais comuns, possuindo diferentes causas, como a vasodilatação e a dimi-nuição do débito cardíaco4,16.

Deve ser realizada, também, a monitorização da PA rigo-rosamente, pois o seu aumento poderá estar relacionado à dor no POI, distensão vesical, agitação neuromuscular, entre outros motivos. A mensuração da Sat O2 deve sempre ser avaliada, considerando que a função respiratória é afetada, de forma significativa, devido à ação residual dos anestési-cos utilizados4,16.

É importante também a avaliação do sistema termorre-gulador, pois a T poderá variar para valores mais altos ou mais baixos. A hipotermia é um dos achados de maior pre-valência e pode ser consequência de um retardo no desper-tar ou maior permanência hospitalar4,16.

A escala de AK avalia parâmetros como atividade mus-cular, respiração, circulação, consciência e Sat O2, sendo uma escala simples, eficaz e de fácil aplicação. A aplicação dessa escala é utilizada como base para os critérios de alta do paciente da SRPA. Negligenciar esses critérios acarreta riscos à estabilidade hemodinâmica do paciente16,17.

No item realização da escala de AK, nos hospitais A e C não houve realização do cálculo na totalidade dos casos. No hos-pital B foi realizado o cálculo de AK; no entanto, a avaliação dos pacientes quanto ao percentual expressivo foi incorreta. Nas instituições avaliadas houve uma amostra preocupante quanto à deficiência na utilização do instrumento para crité-rio de alta, o qual se pode inferir que poderá contribuir para a morbimortalidade dos pacientes.

Concomitante a tais evidências, a SRPA é um local caracte-rizado por um atendimento de alta complexidade, e a ausên-cia dos registros de enfermagem nesse cenário pode causar danos aos pacientes assistidos no setor e prejuízos para a ins-tituição de saúde, minimizando a segurança da assistência realizada pelo enfermeiro e pela sua equipe18.

As três instituições analisadas apresentaram bons resultados nos itens prontuários legíveis e presença de

rasuras. Tais resultados estão em consonância com o que preconiza a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEn) nº 311/2007, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Em seu escopo, está descrito que os regis-tros de enfermagem devem ser realizados de forma objetiva e legível, garantindo a identificação correta das informações por outros profissionais de saúde19.

A ausência de registros dificulta a identificação do pro-fissional, do procedimento ou da prescrição realizada, como também, se as alterações apresentadas foram observadas durante o período de permanência do paciente na SRPA19.

As limitações encontradas no estudo se referem ao número reduzido de evidências sobre a temática, bem como às dificuldades de acesso aos prontuários e à compreensão das anotações e registros efetuados pela equipe de enferma-gem na SRPA.

COnCLUsÃO

Os achados deste estudo permitiram concluir que as prá-ticas de registro de enfermagem desempenhadas nos hospitais analisados não estão em consonância com os padrões preconizados pela literatura na área dos cuida-dos pós-operatórios.

Há déficit nos registros dos três hospitais avaliados. O déficit nos registros da monitorização hemodinâmica e do índice de recuperação anestésica, por meio da escala de AK, por exemplo, são condições propícias à falha de procedimentos e qualidade da assistência e comprome-tem a avaliação e a classificação da gravidade e do estado geral do paciente.

Ressalta-se que a ausência dos registros de intervenção realizada pelos profissionais promove um desconhecimento do processo saúde-doença, como também dificulta a com-provação dos procedimentos clínico-cirúrgicos realizados no paciente.

Por fim, o enfermeiro, como líder da equipe de enfer-magem, deve estar atento à realização dos registros como forma de garantir a integralidade do cuidado, norteando o plano de assistência de enfermagem durante a permanência do paciente na SRPA e resguardando-se de possíveis sanções ético-legais.

Recomenda-se, assim, a realização de estudos que bus-quem caracterizar os registros e as anotações de enferma-gem, bem como compreender as particularidades e priori-dades da área de enfermagem pós-operatória.

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Qualidade dos registros pós-operatorios imediatos

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PaCIeNTeS SuBMeTIDOS a CIRuRGIaS BaRIáTRICaS: FATORES ASSOCIADOS A COMPLICAÇõES PÓS-OPeRaTÓRIaS De SÍTIO CIRÚRGICO

Patients undergoing bariatric surgeries: factors associated with post-operative complications from the surgical site

Pacientes sometidos a cirugías bariátricas: factores asociados con complicaciones postoperatorias del sitio quirúrgico

Priscilla Vasconcelos Aguiar1, Eduardo Tavares Gomes2*, Iraneide Nascimento dos Santos3, Aracele Tenório de Almeida e Cavalcanti4

1enfermeira; mestranda em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento pela universidade Federal de Pernambuco (uFPe); especialista em enfermagem Cirúrgica, modalidade Residência em enfermagem, pela universidade Federal de Pernambuco (uFPe) – Recife (Pe), Brasil. 2enfermeiro assistencial da unidade de Centro Cirúrgico do Hospital das Clínicas (HC) da uFPe; mestre em enfermagem pelo Programa associado de Pós-Graduação em enfermagem (PaPGenf) da universidade de Pernambuco (uPe)/universidade estadual da Paraíba (uePB); especialista em enfermagem em Suporte avançado de vida pela Faculdade de enfermagem Nossa Senhora das Graças da universidade de Pernambuco (FeNSG/uPe); especialista em enfermagem em Cardiologia pelo Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco (PROCaPe) da Secretaria estadual da Saúde de Pernambuco (SeS-Pe) – Olinda (Pe), Brasil. 3enfermeira; mestre em Patologia; especialista em enfermagem do Trabalho pela uFPe – Recife (Pe), Brasil.4Doutoranda e mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Ciências Médicas da uPe; especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela uPe; coordenadora do Programa de Residência de enfermagem do HC da uFPe – Recife (Pe), Brasil.*autor correspondente: [email protected]: 02/11/2017 – aprovado: 17/12/2017DOI: 10.5327/Z1414-4425201800010006

RESUMO: Objetivo: Verificar a prevalência e os fatores associados às complicações pós-operatórias de sítio cirúrgico em pacientes submetidos a cirurgias

bariátricas. Método: Estudo transversal, retrospectivo, analítico, com abordagem quantitativa. Foram analisados 197 casos de pacientes obesos subme-

tidos à cirurgia bariátrica entre janeiro de 2013 e janeiro de 2016 em Pernambuco, Brasil. As variáveis relacionadas dicotomizadas foram analisadas por

teste do χ2. O risco de complicações foi estimado pela odds ratio (OR). Assumiu-se significância de p<0,05. Resultados: Entre os 30 pacientes que compuse-

ram a amostra, foram observadas 45 complicações pós-operatórias de sítio cirúrgico. Houve maior incidência nos indivíduos acima de 45 anos (70,0%).

Dos fatores que poderiam estar associados aos desfechos, destacaram-se abordagem cirúrgica aberta (OR=5,35), inserção de drenos (OR=4,48) e período

de tempo de pós-operatório superior a 3 dias de internação (OR=5,03). Conclusão: Comprovou-se maior prevalência de seroma como complicação de

sítio cirúrgico, além da técnica cirúrgica (bypass em Y de Roux), faixa etária maior de 45 anos, tipo de abordagem cirúrgica convencional/aberta, presença

de inserção de dreno cavitário e tempo de internação superior a 3 dias como predisponentes a um maior desenvolvimento de complicações.

Palavras-chave: Complicações pós-operatórias. Cirurgia bariátrica. Obesidade mórbida.

ABsTRACT: Objective: To verify the prevalence and the factors associated with postoperative surgical site complications in patients undergoing bariatric

surgeries. Method: A cross-sectional, retrospective, analytical study with a quantitative approach. 197 cases of obese patients undergoing bariatric sur-

gery were analyzed between January 2013 and January 2016 in Pernambuco, Brazil. Dichotomized variables were analyzed using the χ2 test. The risk of

complications was estimated by the odds ratio (OR). A significance of p <0.05 was assumed. Results: Among the 30 patients that made up the sample, 45

postoperative surgical site complications were observed. There was a higher incidence in individuals over 45 years of age (70.0%). The factors that stood

out as possibly being associated with the outcomes were: an open surgical approach (OR = 5.35), the insertion of drains (OR = 4.48), and a postopera-

tive period longer than 3 days of hospitalization (OR = 5.03). Conclusion: The following showed a high disposition for the development of complica-

tions from the surgical site: a high prevalence of seroma, the Roux-en-Y bypass surgical technique, the patient’s age over 45 years old, a conventional/

open surgical approach, the insertion of cavitary drainage, and a hospitalization stay longer than 3 days.

Keywords: Postoperative complications. Bariatric surgery. Morbid obesity.

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Pacientes submetidos a cirurgias bariátricas

REsUMEn: Objetivo: Verificar la prevalencia y los factores asociados con las complicaciones del sitio quirúrgico postoperatorio em pacientes sometidos a

cirugías bariátricas. Método: Estudio transversal, retrospectivo y analítico con enfoque cuantitativo. Se analizaron 197 casos de pacientes obesos someti-

dos a cirugía bariátrica entre enero de 2013 y enero de 2016, em Pernambuco, Brasil. Las variables dicotomizadas se analizaron usando la prueba χ2. Le riesgo de complicaciones es estimó mediante la odds ratio (OR). Se asumió una significancia de p<0,05. Resultados: entre los 30 pacientes em la mues-

tra, 45 complicaciones postoperatorias fueran observadas en el sitio quirúrgico. Hubo una mayor incidencia em individuos mayores de 45 años (70,0%).

Los factores que se destacaron como posiblemente asociados con los resultados fueron: un abordaje quirúrgico abierto (OR = 5,35), la inserción de dre-

najes (OR = 4,48), y un periodo postoperatorio mayor a 3 días de hospitalización (OR = 5,03). Conclusión: Los siguientes mostraron una alta disposi-

ción para el desarrollo de complicaciones del sitio quirúrgico: alta prevalencia de seroma, técnica quirúrgica de derivación Roux-em-Y, edad del paciente

mayor de 45 años, abordaje quirúrgico convencional/abierto, inserción de denaje cavitario y hospitalización por más de 3 días.

Palablas clave: Complicaciones posoperatorias. Cirurgía bariátrca. Obesidad mórbida.

InTRODUÇÃO

A intervenção cirúrgica é apenas parte do tratamento inte-gral para a obesidade, que é prioritariamente baseado na pro-moção da saúde e no cuidado clínico longitudinal. Os cus-tos envolvidos no cuidado em saúde são significativamente maiores para os pacientes que tratam a obesidade com téc-nicas cirúrgicas do que para aqueles que a tratam com técni-cas não invasivas, sendo, portanto, imprescindível a definição de critérios seguros de indicação, a certeza do insucesso de outras abordagens e a reflexão constante sobre as complica-ções potenciais1,2.

A cirurgia bariátrica é indicada a indivíduos que apre-sentem: índice de massa corporal (IMC) >50 kg/m2; IMC >40 kg/m2 com ou sem comorbidades, sem sucesso do tra-tamento clínico longitudinal por, no mínimo, 2 anos, e que tenham seguido o protocolo clínico; ou IMC>35 kg/m2, com comorbidades como diabetes mellitus (DM) e/ou hipertensão arterial (HAS), risco cardiovascular, apneia do sono, entre outros3.

A ocorrência de complicações pós-operatórias, em geral, está relacionada a diversos fatores, entre eles: patologia clínica asso-ciada, tipo de anestesia, estágio do agravo que levou à cirurgia e cuidados pós-operatórios. Certos pacientes apresentam risco maior de apresentar complicações devido ao seu estado clínico pré-operatório, como é possível perceber nos indivíduos obesos4.

As complicações de sítio cirúrgico são importantes cau-sas de morbidade pós-operatória imediata e tardia, principal-mente pós-laparotomia. A cicatrização das feridas cirúrgicas em indivíduos normais e saudáveis ocorre por meio de uma sequência ordenada de eventos fisiológicos, que incluem infla-mação, epitelização, fibroplasia e maturação. A falha mecânica ou falha de cicatrização da ferida no local da cirurgia pode levar à ruptura do fecho, ocasionando seroma, hematoma, deiscência da ferida ou hérnia. Outras complicações incluem

infecção de sítio cirúrgico (ISC), hemorragias e isquemias5. Dessa maneira, a obesidade pode dificultar a cicatrização da incisão cirúrgica, estando associada ao aumento da inci-dência de ISC, formação de hematoma, hérnia incisional e complicações em geral6.

O surgimento das fístulas pós-operatórias também repre-senta uma grave complicação que pode ocorrer nos pacientes submetidos ao tratamento operatório da obesidade. O aumento da pressão intraluminal causado por estenose distal, a tensão excessiva na linha de sutura, a isquemia tecidual e o hema-toma são os seus fatores predisponentes7.

Hematomas e seromas são coleções de sangue e soro, respectivamente. São as complicações de sítio cirúrgico mais comuns e geralmente resultam da falha da hemostasia pri-mária ou de uma diátese hemorrágica (por exemplo, anti-coagulação), podendo causar abertura da ferida cirúrgica e predispor à infecção, uma vez que esse quadro permite às bactérias ter acesso às camadas mais profundas da pele e se multiplicar no fluido estagnado8.

Sendo assim, o reconhecimento das características defi-nidoras de complicações particulares do paciente obeso relacionadas às complicações pós-cirúrgicas trará diversos benefícios à prestação dos cuidados, pois irá direcionar os enfermeiros, parte integrante da equipe multidisciplinar, à investigação, ao diagnóstico de condições clínicas e ao con-trole de riscos, indicando a possibilidade de unir organiza-ção, padronização de linguagem científica e qualificação da prática de enfermagem.

OBJETIVO

Verificar a prevalência e os fatores associados às complicações pós-operatórias de sítio cirúrgico em pacientes submetidos a cirurgias bariátricas.

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AguiAr PV, gomes eT, sAnTos in, CAVAlCAnTi ATA

MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, de caráter analítico, com abordagem quantitativa, realizado no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O hospital é referência no estado em cirurgia bariá-trica, recebendo pacientes em alto grau de obesidade desde que iniciou suas atividades nessa área, em 1997. O hospi-tal conta com dez salas para cirurgias de grande porte, não havendo sala exclusiva para cirurgia digestiva.

A amostra do estudo foi censitária, composta por todos os pacientes obesos submetidos a cirurgias bariátricas vinculadas ao HC entre janeiro de 2013 e janeiro de 2016. No período, foram realizadas 220 cirurgias, sendo incluídos no estudo 197 prontuários, uma vez que os demais não estavam disponíveis no Serviço de Arquivo Médico (SAME).

Inicialmente, foram identificados, por meio de busca ativa no ambulatório, os nomes e registros dos pacientes subme-tidos a gastroplastias, para, em seguida, proceder-se à coleta com resgate de prontuários no SAME.

O instrumento de coleta foi um formulário composto por checklist, referente aos aspectos sociodemográficos, clínicos e cirúrgicos da amostra em estudo. As complicações foram consideradas quando surgiram até 30 dias após a cirurgia.

O IMC foi o indicador utilizado para estimativa de gordura associada à composição corporal, por ser a medida mais utili-zada no mundo para classificar indivíduos com problemas de obesidade8. No estudo, os valores de obesidade foram conside-rados de acordo com o Ministério da Saúde (MS), que a define como IMC igual ou maior que 30,0 kg/m2, sendo também subdividida em termos de severidade, relacionado à associa-ção de outras morbidades. Assim: IMC entre 30,0 e 34,9 kg/m2 indica obesidade grau I; IMC entre 35,0 e 39,9 kg/m2, obe-sidade grau II; e IMC entre 40,0 e 44,9 kg/m2, obesidade grau III9. Por conseguinte, indivíduos com IMC>45,0 kg/m2 são considerados superobesos3.

O software utilizado para confecção do banco de dados e análises estatísticas foi o programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) for Windows, versão 17.0.

Realizou-se análise estatística descritiva, calculando-se frequên-cia simples e coletiva, média, desvio padrão e mediana. A com-paração das proporções das complicações em função de variáveis relacionadas dicotomizadas foi realizada pelo teste do χ2. O risco de complicações foi estimado pela odds ratio (OR), apresentada com intervalo de confiança de 95% (IC95%). Assumiu-se nível de significância para resultados com valor de p<0,05.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco, por meio do CAAE 52533116.4.0000.5208.

REsULTADOs

A amostra avaliada no estudo totalizou 197 pacientes submeti-dos às cirurgias bariátricas. O sexo feminino foi o mais preva-lente, com 77,2% (152 pacientes). A faixa etária de até 45 anos foi a mais operada, com 82,2% (162 pacientes), em compa-ração com os pacientes com mais de 45 anos (n=35; 17,8%).

Dos pacientes que realizaram a cirurgia no período anali-sado, 59,9% (n=118) apresentavam HAS e 25,4% (n=50), DM. Além dessas, diversas comorbidades foram observadas, como dislipidemia, em 11,7% (n=23) dos indivíduos, doença renal crô-nica, em 1,5% (n=3) deles, e outras, em 10,7% (n=21). As comor-bidades apresentadas poderiam ser mais de uma. Em relação à classificação do IMC, 44,2% (n=87) dos pacientes eram classifi-cados como superobesos e 38,0% (n=75) apresentavam obesi-dade grau III. Entre os demais, 15,7% (n=31) possuíam obesi-dade grau II e 2,0% (n=4), obesidade grau I. A média de IMC foi de 45,3 kg/m2, o que caracteriza graus elevados de obesidade.

De acordo com as técnicas cirúrgicas utilizadas, 51,3% (n=101) realizaram o bypass em Y de Roux e 48,7% (n=96), o sleeve. Foi realizada a abordagem videolaparoscópica em 84,3% (n=166) dos procedimentos. Além disso, dos 197 pacien-tes analisados, 20,3% (n=40) apresentavam relatos de inser-ção de drenos cavitários no intraoperatório. Desses, 75,0% (n=30) utilizaram drenos por sucção e 25,0% (n=10) a dre-nagem ativa, aberta. A média de internação pré-operatória foi de 4,7 dias (±15,462) e a média de dias de permanência no pós-operatório foi de 4,2 dias (±6,591). Permaneceram internados por até 3 dias na enfermaria 58,9% (n=116) dos pacientes e 41,1% (n=81) deles continuaram internos por mais de 3 dias na unidade. Os dados estão descritos na Tabela 1.

Para a estimativa das complicações, foram registradas 2 com-plicações para 6 pacientes e 3 complicações para 1 deles, totali-zando 45 registros de complicações. As principais complicações de sítio cirúrgico evidenciadas no estudo foram: hematoma em 8,9% (n=4), seroma em 31,1% (n=14), hemorragia em 4,4% (n=2), isquemia em 2,2% (n=1), infecção em 6,7% (n=3), hér-nia incisional em 15,5% (n=7), fístula em 6,7% (n=3), deiscência superficial em 11,1% (n=5), deiscência profunda em 11,1% (n=5) e lesão de pele em 2,2% (n=1), com um total de 45 (15,2%) com-plicações pós-operatórias de sítio cirúrgico. Os três casos de infec-ção foram superficiais. A Tabela 2 descreve essas complicações.

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Pacientes submetidos a cirurgias bariátricas

Na Tabela 3, apresenta-se a análise das variáveis dicotômi-cas pela OR para complicações pós-operatórias de sítio cirúr-gico. Para esse cálculo, foi considerado o número de indiví-duos que apresentaram complicações (30 pacientes) e não as

complicações individualmente (45 complicações), visto que um mesmo paciente poderia apresentar mais de uma complicação.

Destaca-se que os pacientes que mais apresentaram com-plicações possuíam mais de 45 anos (p=0,057; OR=2,340) e a técnica cirúrgica com maior evidência de complicações foi o bypass em Y de Roux (p=0,0067; OR=1,9000). Além disso, as variáveis que apresentaram um valor de significância de p<0,05 foram: abordagem cirúrgica, sendo a abordagem aberta com maior ocorrência de complicações de sítio cirúrgico (p<0,001; OR=5,350), inserção de drenos (p<0,001; OR=4,480) e período de tempo de pós-operatório (p<0,001; OR=5,030). Não se obser-vou significância para associação entre o número de dias inter-nado no período pré-operatório e a ocorrência do desfecho.

DIsCUssÃO

Ao se analisar as ocorrências de complicações de sítio cirúrgico, 15,2% dos pacientes que realizaram o procedimento apresenta-ram algum tipo de complicação, sendo o seroma, a mais comum (31,1%). Uma revisão sistemática incluindo estudos realizados na última década apresentou uma taxa de complicações de 17,0%9.

A faixa etária até 45 anos foi a mais operada (82,2% das cirurgias) em comparação com a de mais de 45 anos (17,8%). Porém, ao se analisar a associação entre idade e presença de complicações, constatou-se que os pacientes com mais de 45 anos apresentaram um número maior de complicações pós-operatórias de sítio cirúrgico, cuja análise estatística destaca valor muito próximo à significância (p=0,057; OR=2,340).

Tabela 1. Características dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica no Hospital das Clínicas da Universidade Federam de Pernambuco, 2013–2016.

Variáveis n %

Sexo

Feminino 152 77,2

Masculino 045 22,8

Faixa etária (anos)

Até 45 162 82,2

Mais de 45 035 17,8

Comorbidades

Diabetes 050 25,4

Hipertensão 118 59,9

Dislipidemia 023 11,7

Doença renal crônica 003 1,5

Outros 021 10,7

Índice de massa corporal

30 a 34,9 kg/m2 (grau I) 004 2,0

35 a 39,9 kg/m2 (grau II) 031 15,7

40 a 44,9 kg/m2 (grau III) 075 38,0

≥45 kg/m2 (superobeso) 087 44,2

Técnica cirúrgica

Bypass em Y de Roux 101 51,3

Sleeve 096 48,7

Abordagem

videolaparoscópica 166 84,3

Aberta 031 15,7

Tempo cirúrgico (horas)

Até 3 087 44,2

Mais de 3 110 55,8

uso de antibiótico profilático

196 99,5

Inserção de drenos 040 20,3

Reabordagem cirúrgica 008 4,1

Internação na unidade de terapia intensiva

030 15,2

Pós-operatório em enfermaria (dias)

Até 3 116 58,9

Mais de 3 081 41,1

Tabela 2. Complicações de sítio cirúrgico entre os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica no Hospital das Clínicas da universidade Federal de Pernambuco, 2013–2016.

Complicações* n %

Seroma 14 31,1

Hérnia incisional 07 15,6

Deiscência superficial 05 11,1

Deiscência profunda 05 11,1

Hematoma 04 8,9

Infecção 03 6,7

Fístula 03 6,7

Hemorragia 02 4,4

Isquemia 01 2,2

Lesões de pele 01 2,2

Total 45 15,2

*Um mesmo paciente pode ter apresentado mais de uma complicação.

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Estudos mostram que o tratamento cirúrgico da obesidade em indivíduos com mais de 45 anos continua controverso. Embora nas diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) a idade não seja considerada um fator limitante, para essa faixa etária prevalece o conceito de que deve ser avaliada indivi-dualmente a relação risco-benefício do procedimento10,11.

Além disso, o risco de comorbidades está relacionado com o IMC e com idade avançada, sendo que quanto mais

elevados, maiores os riscos independentes para doenças asso-ciadas ao sobrepeso e à obesidade, além de maiores riscos de complicações pós-operatórias12. Foi constatado na pesquisa o elevado número de comorbidades, como HAS (59,9%) e DM (25,4%). Há evidência de que as complicações cirúrgi-cas não aumentam de forma independente da idade, sendo um procedimento seguro para maiores de 60 anos13. Ou seja, com a idade, podem estar mais presentes as comorbidades

Tabela 3. Odds ratio para complicações de sítio cirúrgico em função de variáveis dicotômicas dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica no Hospital das Clínicas da universidade Federal de Pernambuco, 2013–2016.

VariáveisSem complicações Com complicações

OR (IC95%) Valor p n (%) n (%)

Sexo

Feminino 131 (86,20) 21 (13,80)1,56 (0,66–3,69) 0,310

Masculino 36(80,00) 9 (20,00)

Faixa etária (anos)

Até 45 141 (87,00) 21 (12,90)2,34 (0,96–5,64) 0,057

Mais de 45 26 (74,30) 9 (25,70)

Diabetes mellitus

Diabéticos 40 (80,00) 10 (20,00)1,58 (0,69–3,67) 0,277

Não diabéticos 127 (86,39) 20 (13,61)

Hipertensão

Hipertensos 70 (88,61) 9 (11,39)1,68 (0,73–3,89) 0,221

Não hipertensos 97 (82,20) 21 (17,80)

Técnica cirúrgica

Bypass em Y de Roux 81 (80,20) 20 (19,80)1,90 (0,94–3,85) 0,067

Sleeve 86 (89,60) 10 (10,40)

Abordagem

videolaparoscópica 151 (90,90) 15 (9,00)5,35 (2,92–9,79) <0,001

Aberta 16 (51,60) 15 (48,40)

Tempo cirúrgico (horas)

Até 3 101 (85,60) 17 (14,40)0,87 (0,45–1,7) 0,695

Mais de 3 66 (83,50) 13 (16,40)

Inserção de drenos

Com drenos 24 (68,50) 11 (31,40)4,48 (2,39–8,41) <0,001

Sem drenos 143 (92,20) 12 (7,70)

Internação na UTI

Com internação 23 (76,60) 7 (23,30)1,91 (0,73–4,94) 0,181

Sem internação 144 (86,20) 23 (13,70)

Pós-operatório na enfermaria (dias)

Até 3 108 (93,10) 8 (6,90)5,03 (2,11–12,01) <0,001

Mais de 3 59 (72,80) 22 (27,10)

OR: odds ratio; IC95%: índice de confiança de 95%; uTI: unidade de terapia intensiva.

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Pacientes submetidos a cirurgias bariátricas

que aumentam o risco, mas a idade de forma isolada não constitui fator de risco significativo.

Em relação ao risco aumentado de complicações pós-ope-ratórias e IMC, há controvérsias, uma vez que, no presente estudo, apesar de haver maior número de pacientes com obe-sidade grau III e superobesidade, não foi possível realizar uma associação que evidenciasse maior incidência de complicações nesse grupo, como ocorreu em outra pesquisa nacional14.

As opções de cirurgia para tratamento da obesidade incluem o bypass em Y de Roux, gastrectomia vertical ou sleeve, banda gástrica e derivação biliopancreática. O bypass é o procedimento mais realizado no Brasil e no mundo e, apesar de amplamente realizado, não é isento de complica-ções14,15. Optou-se por analisar as cirurgias de bypass e sleeve por serem os procedimentos mais utilizados na instituição para tratamento da obesidade. No período estudado, a rea-lização de ambos procedimentos foi semelhante, com 51,3% de bypass e 48,7% de sleeve. Além disso, com os avanços da cirurgia minimamente invasiva e o desenvolvimento da téc-nica videolaparoscópica, a cirurgia por vídeo passou a ser a mais utilizada mundialmente5,16. Dessa maneira, constata-se que foram realizadas, na presente amostra, mais cirurgias videolaparoscópicas em comparação com as convencionais/abertas (84,3 versus 15,7%). Apesar de requerer maior curva de aprendizagem e desenvolvimento de habilidades laparos-cópicas avançadas, a técnica por vídeo apresenta significati-vamente menores índices de complicações e mortalidade17.

O aumento do acesso a essas cirurgias repercute em aumento dos custos com o tratamento da obesidade; contudo, o custo em relação aos benefícios para os pacientes as torna viáveis e, considerando-se as complicações da doença, pode ser até menor18-

20. Os custos diminuem com o tempo e aumentam diretamente quando ocorrem complicações cirúrgicas20. Quanto mais as cirurgias com indicação demoram a ser realizadas, maiores são os custos e os riscos pré-operatórios21. Nesse segmento, o estudo mostra uma elevada ocorrência de complicações pós-operatórias de sítio cirúrgico na técnica bypass em Y de Roux com 19,8% (OR=1,90) e taxa de 48,4% (OR=5,35) de complicações na abordagem convencional/aberta.

Uma revisão sistemática encontrou taxas de reoperação de 6,7 a 24,0% para o bypass em Y de Roux por videolapa-roscopia; para o sleeve gástrico, de 3,3 a 34,0%22. Efeitos nas comorbidades, complicações e procedimentos cirúrgicos adi-cionais não foram diferentes nos estudos avaliados, exceto em um ensaio clínico randomizado que encontrou mais refluxo gastroesofágico entre os pacientes submetidos ao bypass22. Ambos os procedimentos apresentaram melhores resultados

do que a banda gástrica; contudo, a técnica associada à melhor perda de peso foi a derivação biliopancreática22. Já em outra revisão, a bandagem gástrica foi referida como a técnica que menos reduz o peso corporal e que resulta em menos reope-rações e menos complicações23. Os autores relatam, por fim, que as complicações são pobremente descritas nos estudos, o que é relatado da mesma forma em outras revisões siste-máticas, o que justifica a dificuldade de se encontrar resulta-dos que corroborem os achados desta pesquisa ou que sejam divergentes22,23. A perda de peso descrita na literatura é simi-lar entre as duas técnicas estudadas22,23.

Drenos estavam presentes em 17,8% dos pacientes ope-rados, e seu uso foi associado à maior chance de complica-ções pós-operatórias de sítio cirúrgico (OR=4,48). A finali-dade da colocação ou não do dreno não pôde ser avaliada; porém, entende-se que a manutenção do dreno de sucção por longos períodos não evita o surgimento de complicações pós-operatórias, incluindo-se as ISC2.

Um estudo retrospectivo com 408 casos de cirurgias de bypass em Y de Roux e sleeve gástrico, apenas por técnica videolapa-roscópica, evidenciou que as complicações acometeram 7,3% da amostra, com incremento significativo nos riscos para maio-res IMC pré-operatórios e no dia da cirurgia, para maior tempo cirúrgico e menor número de grampos utilizados16. O tipo de cirurgia, no estudo citado, não apresentou diferença signifi-cativa quanto à incidência de complicações perioperatórias16.

Para prevenção de complicações, o hospital deve contar com protocolo para profilaxia tromboembólica, incluindo botas pneu-máticas e meias compressivas adequadas, além de terapia farma-cológica24-25. As complicações mais comuns são: embolismo de artéria pulmonar, sangramento e fístula de anastomose e úlcera marginal, que requer uso de protetores gástricos por seis meses16.

Foi desenvolvido um índice com valor preditivo de com-plicações pós-operatórias da cirurgia bariátrica, o Bariatric Surgery Index for Complications (BASIC), ainda por ser traduzido e validado para o português26. Por esse índice, os pacientes são classificados em: classe I, quando apresentam de zero a um fator de risco; classe II, com dois fatores; e classe III, com três ou mais fatores de risco26. No estudo de elaboração do índice, as complicações variaram por classe de forma signi-ficativa, entre 13,5; 21,6 e 31,4%, respectivamente26.

A atuação no cuidado perioperatório específica é funda-mental e tem como objetivo prevenir e auxiliar no tratamento de possíveis complicações, além de oferecer apoio, iniciando antes da cirurgia bariátrica e se estendendo no pós-operató-rio. Como membro da equipe multidisciplinar, o enfermeiro deve assegurar cuidados e educação em saúde, auxiliando

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o paciente na sua adaptação à nova maneira de viver. Um estudo recente evidenciou que pacientes que passaram por um processo de educação pré-operatória tiveram alta em menos tempo que o grupo controle, em média no primeiro dia após a cirurgia, contra dois dias para o grupo que não recebeu orientação, o que ressalta o papel do enfermeiro no processo e suas possibilidades de atuação27.

Por fim, o presente estudo apresentou como limitações: o tipo de coleta (dados secundários); o tamanho da amos-tra em relação à prevalência dos eventos, o que dificultou outras associações significativas entre as variáveis; e o fato de ter sido realizado em um único hospital. Não foi testada a associação entre o tipo de dreno (por sucção ou drenagem ativa) com a presença de infecções ou de seroma. Além disso, os pacientes não foram estratificados em grupos de risco de complicações antes de serem incluídos no estudo.

COnCLUsÃO

Entre os 197 pacientes submetidos a cirurgias bariátricas que compuseram a amostra, 30 apresentaram 45 complicações. Como predisponentes a um maior desenvolvimento de com-plicações, comprovou-se: maior prevalência de seroma como complicação de sítio cirúrgico, técnica cirúrgica bypass em Y de Roux, faixa etária maior de 45 anos, tipo de abordagem

cirúrgica convencional/aberta, presença de inserção de dreno cavitário e tempo de internação superior a 3 dias.

Dentre as principais contribuições dessa pesquisa, está o feedback dado ao serviço de saúde onde o estudo foi realizado, para elaboração de planejamento de ações preventivas, por meio da descrição dos principais fatores de risco associados às complicações de ferida operatória após cirurgias bariátricas.

O presente estudo demonstrou a importância de uma ava-liação adequada desses pacientes, sendo indispensável a análise de todos os critérios que possam influenciar no surgimento de complicações pós-operatórias de sítio cirúrgico — que acarre-tam problemas emocionais, maior tempo de internação, cus-tos elevados ao serviço, além de complicações severas (que podem ocasionar elevado número de óbitos nessa população).

Dessa maneira, a equipe de enfermagem precisa estar sempre atenta e auxiliar na identificação precoce, além da realização de cuidados adequados para a prevenção e o tra-tamento desses tipos de complicação.

Este estudo serve para preencher lacunas a respeito dessa temática, como também para incentivar gestores da saúde a dis-ponibilizarem recursos ao desenvolvimento de mais pesquisas sobre essa problemática. Sugere-se que pesquisas posteriores con-tinuem a investigação, avaliando outros fatores, como a associação entre o tipo de dreno e o tipo de infecção, e viabilizem a elabora-ção e validação da sistematização da assistência de enfermagem para pacientes com complicações advindas da cirurgia bariátrica.

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ADESÃO DO CHEKLIST CIRÚRGICO À LUZ DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE

Surgical checklist accession in light of patient safety culture

Adhesión del checklist quirúrgico a la luz de la cultura de seguridad del paciente

Maíra Cássia Borges de Oliveira1*, Arnildo Korb2, Denise Antunes de Azambuja Zocche3, Danielle Cabral Bezerra4, Fabiane Pertille5, Jucimar Frigo6

1Discente do curso de enfermagem da universidade do estado de Santa Catarina (udesc Oeste) – Chapecó (SC), Brasil.2Biólogo; doutor em Meio ambiente e Desenvolvimento pela universidade Federal do Paraná (uFPR); docente do Departamento de enfermagem da udesc Oeste – Chapecó (SC), Brasil.3enfermeira; doutora em enfermagem pela universidade Federal do Rio Grande do Sul (uFRGS); professora adjunta do curso de enfermagem da udesc (campus Chapecó) – Chapecó (SC), Brasil.4Doutora em enfermagem pela universidade de São Paulo; enfermeira; docente no Departamento de enfermagem da udesc Oeste – Chapecó (SC), Brasil.5enfermeira; pós-graduada em auditoria Serviços de Saúde na Faculdade São Fidelis (FSF) e em Terapia Intensiva na universidade do Contestado (uNC) (campus Concórdia) – Concórdia (SC), Brasil.6enfermeira; mestre em Terapia Intensiva pela Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva (Sobrati) – Santo andré (SP), Brasil. *autor correspondente: [email protected]: 08/11/2017 – aprovado: 02/01/2018DOI: 10.5327/Z1414-4425201800010007

REsUMO: Objetivo: Analisar a produção científica nacional e internacional sobre a adesão de checklist cirúrgico quanto à segurança do paciente. Método: Revisão

integrativa da literatura utilizando as bases de dados Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS),

PubMed e Scopus, no período de janeiro de 2007 a julho de 2017. Resultados: Dos 32 estudos que contemplaram o objetivo deste trabalho, 53,1% foram publica-

dos em língua portuguesa e 40,6% no ano de 2015. Entre os temas analisados, destacam-se adesão ao protocolo (40,6%), registros sobre cirurgia segura (37,5%),

elaboração e implementação da lista de verificação (9,4%), percepção dos profissionais (9,4%) e importância da visita pós-operatória (3,1%). Quanto à implemen-

tação dos protocolos de cirurgia segura, 40,6% relataram sobre educação permanente e 21,9%, sobre comunicação. Conclusão: A utilização de checklist para

cirurgia segura está sendo cada vez mais elucidada nos serviços de saúde, a partir da comunicação, buscando promover cuidado centrado no paciente.

Palavras-chave: Centros cirúrgicos. Segurança do paciente. Comunicação. Enfermagem.

ABSTRACT: Objective: To analyze the national and international scientific production on adherence to the surgical checklist regarding patient safety. Method:

Integrative literature review using the following databases: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana em Ciências da

Saúde (LILACS), PubMed and Scopus, from January 2007 to July 2017. Results: Of the 32 studies that included the objective of this study, 53.1% were

published in Portuguese, and 40.6% in the year 2015. Among the subjects analyzed, special reference is made to protocol compliance (40.6%), records on

safe surgery (37.5%), preparation and implementation of the checklist (9.4%), professionals’ perception (9.4%) and importance of the postoperative visit

(3.1%). Regarding the implementation of safe surgery protocols, 40.6% reported on permanent education and 21.9% on communication. Conclusion:

The use of checklist for safe surgery is being increasingly elucidated in health services, using communication to to promote patient-centered care.

Keywords: Surgicenters. Patient safety. Communication. Nursing.

RESUMEN: Objetivo: Analizar la producción científica nacional e internacional sobre la adhesión de checklist quirúrgico en cuanto a la seguridad del paciente.

Método: Revisión integrativa de la literatura usando las bases de datos Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana em Ciências da

Saúde (LILACS), PubMed y Scopus, en el período de enero de 2007 a julio de 2017. Resultados: De los 32 estudios que abarcan el objetivo de este estudio, 53,1%

fueron publicados en portugués y 40,6% en 2015. Entre los temas analizados, se destacan adhesión al protocolo (40,6%), registros sobre cirugía segura (37,5%), ela-

boración e implementación de la lista de verificación (9,4%), percepción de los profesionales (9,4%) y importancia de la visita postoperatoria (3,1%). En cuanto a la

implementación de los protocolos de cirugía segura, 40,6% relató sobre educación permanente y 21,9%, sobre comunicación. Conclusión: La utilización de checklist

para cirugía segura está siendo cada vez más elucidada en los servicios de salud, a partir de la comunicación, buscando promover cuidado centrado en el paciente.

Palabras clave: Centros quirúrgicos. Seguridad del paciente. Comunicación. Enfermería.

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ADESÃO DO CHEKLIST CIRÚRGICO À LUZ DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE

InTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2004, insti-tuiu o World Alliance for Patient Safety, que tem o objetivo de organizar os conceitos e as definições acerca da segurança do paciente e, assim, propor medidas que visem à redução de danos e à implementação de listas de verificação, com foco em gestão de saúde e segurança, de modo a substituir a culpabilização pelo aprender com as falhas no processo de trabalho em saúde1,2.

No Brasil, essa temática alcançou destaque em 2013, com a elaboração do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), que apoiou a implantação da gestão de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente (NSS) nos estabele-cimentos de saúde2,3.

Nesse contexto, a comunicação segura e efetiva entre a equipe de saúde é um fator determinante para reduzir riscos, a partir da valorização da percepção, de atitudes e do comportamento de todos os profissionais envolvidos no cuidado ao paciente, com vistas à promoção da cultura de segurança. Desta forma, a liderança participativa se faz presente na comunicação de seu processo de trabalho, em que essa equipe deve se comunicar abertamente sobre as inquietudes nas falhas de segurança, sem receio de culpa-bilização ou punição4. Para isso, o serviço de saúde deve estar estruturado seguramente, contando com uma ade-quada gestão de riscos, para utilizar tecnologias, proces-sos e recursos humanos, uma vez que os erros e danos têm causa multifatorial5.

Frente ao exposto, é imprescindível a educação perma-nente na enfermagem, uma vez que estabelece cultura insti-tucional de segurança com mudanças de hábitos e atitudes, ou seja, aprendendo e ressignificando práticas profissionais. Ademais, o enfermeiro, como gestor ou gerente, tem, entre outras atribuições, a função de coordenar as equipes e os processos de trabalho, quer sejam no âmbito hospitalar ou na atenção básica. Para isso, o enfermeiro deve treinar, capa-citar e conscientizar sua equipe para prestar assistência qua-lificada, segura e centrada no paciente6.

OBJETIVO

Analisar a produção científica nacional e internacional sobre a adesão ao checklist cirúrgico, com vistas à implementação da cirurgia segura nos serviços hospitalares de saúde.

MÉTODO

Trata-se de uma revisão integrativa, que possibilita a constru-ção de análise ampla da literatura escolhida, contribuindo para discussões e reflexões acerca da temática proposta. A constru-ção desta revisão envolveu identificação do tema e formula-ção da questão de pesquisa, aplicação de critérios de inclusão e exclusão, definição das informações extraídas dos estudos, avaliação dos estudos incluídos, interpretação dos resultados e apresentação da síntese dos resultados7.

Para a seleção dos artigos, realizaram-se buscas nas bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), PubMed e Scopus. Utilizou-se no estudo a terminologia em saúde encontrada nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e no Medical Subject Headings (MeSH), ambos com vocabulário que permite linguagem padrão e unificada para a indexação de estudos e periódicos científicos. Os termos “Checklist”, “Guideline Adherence”, “Patient Safety” e “Surgery” foram uti-lizados na busca dos artigos, combinados com os operadores booleanos “and” e “or”: “Checklist AND Guideline Adherence OR Patient Safety”; “Patient Safety AND Checklist AND Surgery”; “Checklist AND Surgery OR Guideline Adherence”.

A coleta de dados ocorreu entre julho e agosto de 2017, com a seguinte questão norteadora: como o uso do checklist direcionado para a implementação da cirurgia segura está inserido no atendimento prestado aos pacientes cirúrgicos?

Os critérios de inclusão foram os trabalhos publicados em formato de artigo na íntegra, relacionados com o tema cirurgia segura e publicados no período de janeiro de 2007 a julho de 2017. Os trabalhos incluídos foram publicados nos idiomas português, inglês e espanhol. Excluíram-se, assim, publicações como teses, dissertações, resumos e trabalhos de conclusão de curso.

Do total de 70 artigos encontrados, foram excluídos 18 estu-dos por não estarem na íntegra; 11 por não abordarem a temá-tica de estudo, 8 por estarem repetidos nas bases selecionadas e 1 por ser dissertação. Portanto, das 70 publicações iniciais, 32 artigos foram utilizados como amostra deste estudo.

Para facilitar a análise dos estudos elegíveis, utilizou-se uma planilha eletrônica no Microsoft Excel® para coleta de dados, contendo ano de publicação, Qualis/fator de impacto, país de origem, idioma, tipo de estudo, temática abordada e descritores.

Com relação aos dados obtidos segundo os descritores, foi elaborado um mapa conceitual que permitiu estruturar

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o percurso da análise dos dados, por meio da hierarquiza-ção de ideias, auxiliando, de forma efetiva, a compreensão do que estava sendo analisado8.

Para facilitar a visualização do método de busca dos estu-dos, elaborou-se um fluxograma do tipo Prisma9 (Figura 1).

Por se tratar de uma pesquisa do tipo revisão de litera-tura, não houve envolvimento direto com seres humanos, porém, convêm sinalizar que foram seguidos os preceitos éticos contidos nas normas nacionais e internacionais que regulamentam os Comitês de Ética em Pesquisa.

REsULTADOs

Dos 70 artigos analisados, 32 estudos abordaram a temática de cirurgia segura nos serviços de saúde. Desses, 13 (40,6%) foram publicados em 2015, 8 (25,0%) em 2014, 6 (18,5%) em 2013, 3 (9,4%) em 2016 e 2 (6,2%) em 2012.

Quanto à distribuição dos periódicos, foi constatado que 19 (59,40%) são nacionais, com destaque à Revista SOBECC e à Revista Latino-Americana de Enfermagem, com 4 (12,50%) e 3 (9,37%) estudos publicados, respectivamente. Quanto ao

Figura 1. Fluxograma do método de busca dos estudos da revisão integrativa.

Tria

gem

Iden

tifica

ção

Eleg

ibili

dade

Incl

usão

PubMed (n=8) Scopus (n=19)

Números de relatos identificados no banco de dados de buscas

Número de relatos após eliminar os duplicados (n=62)

SciELO (n=13) LILACS (n=30)

Triagem dos registros (n=38)

Textos avaliados para elegibilidade (n=32)

Número de estudos incluídos em síntese quantitativa (n=32) (LILACS [n=17]; Scopus [n=6]; SciELO [n=5]; PubMed [n=4])

Registros excluídos (n=38)Falta de texto completo (n=18)

Não abordarem a temática (n=11)Repetidos nas bases de dados (n=8)

Dissertações (n=1)

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ADESÃO DO CHEKLIST CIRÚRGICO À LUZ DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE

Qualis-CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), 12 periódicos nacionais apre-sentam a seguinte estratificação: 1 – A1; 2 – A2; 5 – B1; 1 – B2 e 1 – B3. Sobre o fator de impacto dos periódicos, a Revista Latino-Americana de Enfermagem atribui com 0,5797, conforme Tabela 1. Em relação aos periódicos internacionais, perfazem-se 13 (40,60%), sendo 2 estudos (6,30%) da BMJ Open Journals, seguido de outros periódi-cos com 1 (3,10%) publicação cada. Do total das revistas internacionais, duas são voltadas para a publicação de temas sobre cirurgias: ANZ Journal of Surgery e International

Journal of Surgery. Quanto ao Qualis para periódicos inter-nacionais, quatro possuem estratificação distribuída da seguinte forma: 2 – B1; 1 – B2 e 1 – B3. O maior fator de impacto atribuído foi ao periódico Implementation Science, com 3,354, conforme Tabela 1.

Quanto à abordagem metodológica dos estudos, 10 (31,25%) são de levantamento; 5 (15,62%) retrospectivos; 4 (12,50%) observacionais; 3 (9,37%) estudos de campo; 3 (9,37%) revisões; 3 (9,37%) transversais; 1 (3,12%) compara-tivo; 1 (3,12%) do tipo documental; 1 (3,12%) ensaio teórico e 1 (3,12%) prospectivo.

Periódicos Nacionais n (%) Qualis Fator de impacto

Revista SOBECC 04 (12,5) B3 –

Revista Latino-Americana de Enfermagem 03 (9,4) A1 0,5797

Revista Acta Paulista de Enfermagem 02 (6,3) A2 0,5083

Revista Gaúcha de enfermagem 02 (6,3) B1 0,4048

Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 01 (3,1) B1 0,3651

Cadernos de Saúde Pública 01 (3,1) B1 0,4860

Revista da Escola de Enfermagem da USP 01 (3,1) A2 0,4585

Revista de Enfermagem da UERJ 01 (3,1) B1 –

Revista Brasileira de Ortopedia 01 (3,1) B4 0,1667

Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro 01 (3,1) B2 –

Revista Brasileira de Anestesiologia 01 (3,1) B1 0,0719

Cuidado é Fundamental Online 01 (3,1) B2 –

Subtotal 19 (59,4)

Periódicos Internacionais n (%) Qualis Fator de impacto

BMJ Open Journals 2 (6,3) – 2,369

Revista del Hospital Aeronáutico Central 1 (3,1) – –

archivos argentinos de Pediatría 1 (3,1) B3 0,403

International Journal for Quality in Health Care 1 (3,1) – 2,342

Scandinavian Journal of Trauma, Resuscitation and Emergency Medicine

1 (3,1) – 2,036

Enfermería Global 1 (3,1) B1 0,2549

The Journal of laryngology & Otology 1 (3,1) – 0,8440

Plos One 1 (3,1) – 2,8060

Implementation Science 1 (3,1) – 3,3540

ANZ Journal of Surgery 1 (3,1) – 1,1220

Journal of Infection and Public Health 1 (3,1) B1 1,4390

International Journal of Surgery 1 (3,1) B2 0,6900

Subtotal 13 (40,6)

Total 32 (100,0)CaPeS: Coordenação de Pessoal de Nível Superior; uSP: universidade de São Paulo; ueRJ: universidade do estado do Rio de Janeiro.

Tabela 1. Distribuição da produção científica nacional e internacional, de acordo com o periódico, fator de impacto e classificação Qualis-CAPES.

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Oliveira MCB, KOrB a, ZOCChe Daa, BeZerra DC, Pertille F, FrigO J

Figura 2. Mapa conceitual elaborado a partir dos descritores utilizados nas publicações elegíveis.

Depende de Cirurgia Segura

ComunicaçãoParticipação

da equipeSegurança do Paciente

Lista de Checagem

Gerência de risco

Qualidade da assistência

Cuidados operatórios

Promovido por

Educação permanente

Comunicação em saúde

Em relação ao idioma, 17 (53,1%) estão em língua portu-guesa, 13 (40,6%) em língua inglesa e 2 (6,3%) em espanhol.

Após a análise dos estudos, os temas preponderantes nessa revisão foram: adesão de protocolos voltados para a cirurgia (40,60%), registros sobre cirurgia segura (37,50%), elabora-ção e implementação de listas de verificação (9,40%), percep-ção dos profissionais em relação à cirurgia segura (9,40%) e importância da visita pós-operatória (3,10%). Sobre a imple-mentação de protocolos de cirurgia segura com referencial no manual “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”10, 13 (40,60%) abordaram a educação permanente como importante ferra-menta na segurança do paciente e 7 (21,90%) relataram sobre a importância da comunicação entre as equipes de saúde. Em relação às palavras-chave, os descritores mais frequente-mente utilizados pelos autores dos estudos foram “segurança do paciente”, em 22 (68,75%) estudos, e “lista de checagem”, utilizado em 10 (31,25%) publicações.

Após análise dos descritores e do agrupamento dos temas, foi possível realizar um mapa conceitual, represen-tado na Figura 2.

Os grupos temáticos que emergiram dos descritores oriundos das publicações foram: fatores dependentes, fato-res relacionados e fatores que influenciam na incorporação de protocolos voltados para a cirurgia segura.

DIsCUssÃO

As publicações analisadas neste estudo são recentes, pois se concentraram nos últimos 5 anos (2012 a 2017). Esse fato pode ser explicado a partir da publicação das diretrizes preconiza-das pela OMS, em 2008, e do PNSP, em 2013, no Brasil. Isso é uma evidência importante, tanto no cenário nacional como

internacional, pois os eventos adversos (EA) nos procedimen-tos cirúrgicos são precedentes de lesões ou danos ao paciente, podendo ocasionar incapacidades e/ou mortes1,3,11. Além disso, a seção três do documento “Segundo Desafio Global para a Segurança do Paciente: Cirurgias Seguras Salvam Vidas”, da OMS disponibiliza modelos de listas de verificação a serem utilizados nos processos de trabalho cirúrgico, podendo ser adaptados ou adequados às necessidades de cada instituição de saúde e às demandas trazidas pela equipe cirúrgica1,12,13.

Ressalta-se que essa lista garante segurança ao paciente no momento anterior à indução anestésica (identificação/sign in), posterior à indução e anterior à incisão cirúrgica (confirmação/timeout) e durante ou imediatamente após o fechamento da ferida (registro/sign out)1.

No Brasil, a adesão às listas de verificação vem sendo pro-cessual nos serviços de saúde, porém com alguns desafios, como a conscientização indevida da importância de seu uso pelos profissionais da equipe cirúrgica, com sinais, ainda, de culpabilização e indenizações pelas práticas inseguras14. A via-bilidade da lista de verificação de segurança cirúrgica vem se apresentando promissora em diversos hospitais brasileiros, embora haja, ainda, baixo engajamento da equipe cirúrgica em sua adesão. O enfermeiro, como coordenador do setor cirúrgico, pode se apropriar dessa ferramenta como forma de mensurar e avaliar a assistência prestada.

Ademais, as habilidades médicas, a comunicação efetiva e a consciência integral da equipe cirúrgica sobre os riscos envol-vidos no ato anestésico-cirúrgico qualificam o processo e os resultados na terapêutica segura e efetiva ao paciente cirúrgico.

Assim, faz-se necessária a presença do coordenador da lista para verificar, verbalmente, com o paciente a sua identi-dade, o sítio da cirurgia, o procedimento e o consentimento obtido12. O coordenador confirmará visualmente se o sítio

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ADESÃO DO CHEKLIST CIRÚRGICO À LUZ DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE

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operatório foi marcado (se aplicável) e revisará, verbalmente, com a equipe de anestesia o risco de perda sanguínea, dificul-dades com vias aéreas, alergias, bem como disponibilidade e segurança dos equipamentos anestésicos e medicamentos1,12,15.

Todas essas ações visam à melhoria nos padrões de cuidado mediante comunicação interprofissional segura e redução de danos físicos e psicológicos ao paciente nesse ambiente de saúde.

Assim, a equipe de enfermagem tem papel essencial na adesão à lista de verificação, pois se responsabiliza pela qua-lificação, comunicação e capacitação profissional, com vistas à melhoria do serviço e à redução de EA.

Para isso, a equipe precisa estar engajada e comprome-tida individual e coletivamente, de modo a compreender a importância e a necessidade do uso da lista de verificação e, a posteriori, atribuir ações corretivas por meio de indica-dores seguros. A enfermagem responsabiliza-se pelo plane-jamento de suas ações, pelo dimensionamento de pessoal, preconizado pela Portaria nº 543/2017 do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e pelas capacitações e pelos treina-mentos das equipes de trabalho no cuidado seguro5.

A educação permanente é um instrumento de gestão do cuidado em enfermagem, pois compreende as potencialidades e dificuldades existentes no cotidiano do profissional16. Além disso, favorece a comunicação interpessoal, pautada na troca de saberes, na horizontalidade, na escuta e na receptividade de novas ideias, conduzindo toda a equipe à compreensão e ao entendimento17.

Dessa forma, a segurança do paciente deve ser monito-rada e mensurada por meio de uma definição clara e precisa do problema clínico a investigar no serviço de saúde. Em um estudo realizado no Texas, nos Estados Unidos, pesquisadores elaboraram o Safety Attitudes Questionnaire (SAQ), que mensura o clima de segurança percebido pelos profissionais de saúde

no centro cirúrgico (CC). Esse instrumento possibilitou obter dados sobre a perspectiva dos profissionais de saúde e gestores clínicos e administrativos, propondo intervenções, direções e alternativas para a promoção na segurança do paciente18,19. A partir da representação dos valores e das ações da institui-ção, no que diz respeito às percepções dos profissionais sobre o gerenciamento da segurança na instituição, é possível identificar e administrar a segurança do paciente no ambiente cirúrgico.

COnsIDERAÇÕEs FInAIs

A cirurgia segura está sendo cada vez mais elucidada nos servi-ços de saúde e discutida entre os pares. A utilização de checklist está sendo implementada por diversas instituições de saúde, conforme seu valor e sua cultura organizacional, o que resulta em benefício tanto para os profissionais quanto para os pacien-tes. De fato, com a implementação de checklists voltados para a cirurgia segura na década passada e com a análise, presente, dos indicadores clínicos confiáveis dos eventos adversos, pode-se obter dados de intervenção mais confiáveis e sistemáticos dos modelos de alto nível de organização que demonstrem melhoria na segurança dos serviços de saúde como um todo. Há uma década compreendia-se a fenomenologia dos danos e suas causas, porém, hoje não há fortes evidências que indi-quem notória melhoria na segurança do paciente em todos os eixos preconizados pela OMS e, também, em toda estru-tura organizacional dos serviços de saúde.

Destaca-se, ainda, que a liderança participativa da enferma-gem por meio da comunicação entre a equipe, com o paciente, com os familiares e com os gestores hospitalares promove cuidado centrado no paciente, de forma continuada e segura.

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| ARTIGO DE REVISÃO |

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ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA CIRURGIA ROBÓTICa: DeSaFIOS e PeRSPeCTIvaS

Nurse role in robotic surgery: challenges and prospects

Actuación del enfermero en la cirugía robótica: retos y perspectivas

Elisandra Venzke Pinto1, Liege Segabinazzi Lunardi2, Patrícia Treviso3*, Daisy Zanchi de Abreu Botene4

1enfermeira; pós-graduada em unidade de Terapia Intensiva, Hospital Mãe de Deus – Porto alegre (RS), Brasil.2enfermeira; pós-graduada em Centro Cirúrgico; Hospital de Clínicas de Porto alegre – Porto alegre (RS), Brasil.3enfermeira; doutora em Ciências da Saúde, Centro universitário Metodista IPa – Porto alegre (RS), Brasil.4enfermeira; doutora em enfermagem, Centro universitário Metodista IPa – Porto alegre (RS), Brasil.*autor correspondente: [email protected] Recebido: 31/08/2017 – aprovado: 09/12/2017DOI: 10.5327/Z1414-4425201800010008

REsUMO: Objetivo: Identificar os principais desafios e perspectivas da atuação do enfermeiro na cirurgia robótica. Método: Revisão integrativa, realizada

nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), PubMed e ScienceDirect, de artigos publicados entre 2008

e abril de 2015; amostra constituída por 11 artigos. Para análise dos dados, realizou-se síntese das informações extraídas conforme o objetivo, buscando

identificar as evidências. Resultados: A busca resultou na identificação de 281 estudos, sendo 225 na ScienceDirect, 51 na PubMed e cinco na LILACS.

Foram selecionados 11 estudos que atendiam aos critérios de inclusão e estavam alinhados à questão norteadora, sendo 9 qualitativos, 1 revisão sistemá-

tica de ensaio clínico randomizado e 1 estudo de validação. Conclusão: Evidenciaram-se como desafios: segurança do paciente, capacitação da equipe e

desenvolvimento de competências. Em relação às possibilidades, observaram-se uma nova área de atuação em desenvolvimento, a importância da edu-

cação permanente e da inovação para a melhoria no atendimento aos pacientes cirúrgicos.

Palavras-chave: Robótica. Enfermagem. Sala de cirurgia. Procedimento cirúrgico. Procedimento cirúrgico minimamente invasivo.

ABsTRACT: Objective: To identify the main challenges and prospects of the nurse’s role in robotic surgery. Method: Integrative review carried out in the

Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), PubMed and Science Direct databases, of articles published between 2008 and April

2015; sample consisted of 11 articles. The data analysis was carried out by synthesizing the information obtained according to the objective, seeking to

identify evidences. Results: The search resulted in the identification of 281 studies, 225 in ScienceDirect, 51 in PubMed and 5 in LILACS. Eleven studies

meeting the inclusion criteria and the guiding questioning presented here were selected, being 9 qualitative ones, 1 systematic review of randomized cli-

nical trial and 1 validation study. Conclusion: The challenges presented were: patient safety, team training and skills development. Regarding the possibili-

ties, a new area of development, the importance of permanent education and innovation for the improvement of care of surgical patients were observed.

Keywords: Robotics. Nursing. Operating rooms. Surgical procedures, operative. Minimally invasive surgical procedures.

RESUMEN: Objetivo: Identificar los principales desafiós y perspectivas de la actuación del enfermero en la cirugía robótica. Método: Revisión integrative,

llevada a cabo en las bases de datos Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciências de la Salud (LILACS), PubMed y Science Direct, de artículos

publicados entre 2008 y abril de 2015; muestra constituida por 11 artículos. Para el análisis de losdatos, se realize una síntesis de las informaciones extraí-

das conforme el objetivo, buscando identificar las evidencias. Resultados: La búsqueda result en la identificación de 281 estudios, 225 en la ScienceDirect,

51 en PubMed y 5 en LILACS. Se seleccionaron 11 estudios que atendían a los criterios de inclusion y estaban alineados a la ceustión orientadora, siendo

9 cuaitativos, 1 revisión sistemática de ensayo clínico randomizado y 1 estudio de validación. Conclusión: Se evidenció como desafios: seguridad del

paciente, capacitación del equipo y desarollo de competencias. En cuanto a las posibilidades, se observó una nueva área de actuación en desarollo, la

importancia de la educación permanente y de la innovación para la mejora en la atención a los pacientes quirúrgicos.

Palabras clave: Robótica. Enfermería. Quirófanos. Procedimientos quirúrgicos operativos. Procedimientos quirúrgicos mínimamente invasivos.

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InTRODUÇÃO

A cirurgia robótica tem sido foco de atenção na atualidade por sua relevância na área da saúde. Tanto na área da pre-venção quanto na da reabilitação, em diversos segmentos, observa-se o aumento da utilização da tecnologia, funda-mental na área da saúde e um desafio para os profissionais de enfermagem, que devem se manter atualizados, conside-rando a fugacidade da evolução tecnológica1.

O avanço da tecnologia pode proporcionar benefícios à enfermagem quando possibilita ao profissional relacionar o todo e as partes com base nas informações, nos acontecimen-tos e nos conhecimentos disponibilizados, favorecendo o pen-samento unificador e a integração dos elementos a partir da reunião de informações múltiplas que, interligadas, oportuni-zam associações e interpretações das partes para a compreen-são do paciente. Assim, pode-se dizer que o ser humano seria melhor compreendido e cuidado na sua complexidade com o auxílio dessas tecnologias, se considerados tais aspectos2.

Quando a tecnologia é adequadamente utilizada e admi-nistrada, beneficia a prática do cuidado em diversas áreas3. Um exemplo é a unidade de centro cirúrgico (CC), onde tem ocorrido o aumento exponencial de complexidade tecnoló-gica e científica, fazendo com que os pacientes usufruam vários benefícios com o implemento dessas novas formas de atendimento4. Nesse contexto de renovação, mudanças, conhecimento e princípios científicos, inclui-se a cirurgia robótica, um novo modelo de cirurgia videolaparoscópica.

Esse modelo inovador busca realizar os procedimentos com reduzido trauma operatório e rápida recuperação pós-cirúrgica, refletindo em menor morbidade e com reflexo direto no bem-estar dos pacientes. Como vantagens, ressal-tam-se: realização de procedimentos de alta complexidade de modo mais simples e prático; redução na agressão aos órgãos e sistemas; facilidade de suturas consideradas difíceis, principalmente em pacientes obesos; e comodidade para o cirurgião, pois propicia operar com ergonomia adequada e de forma confortável, trazendo mais tranquilidade ao profis-sional na realização de procedimentos mais desgastantes5-7.

No Brasil, esse tipo de cirurgia foi implementado em 2008, porém atualmente ainda há poucos sistemas instalados em nosso país, por conta do elevado valor de aquisição e dos insu-mos. Soma-se a isso o escasso número de empresas que traba-lham com essa tecnologia, refletindo na concorrência e, conse-quentemente, nos preços e custos de implantação6. Além das questões financeiras, implementar essa nova tecnologia em

um CC exige muito empenho, inúmeras reformas físicas, trei-namento das equipes e dos demais profissionais participantes, além de diversos recursos e modificações gerais.

Impõe-se, por conseguinte, a necessidade premente de atualização dos enfermeiros para se tornarem eficazes e sin-tonizados com as novas exigências do mercado de trabalho que têm se instaurado8, permitindo utilizar o que há de mais moderno para assegurar ao paciente a reabilitação de sua saúde e seu bem-estar de modo mais rápido, seguro e eficaz9.

OBJETIVO

Identificar os principais desafios e perspectivas da atuação do enfermeiro na cirurgia robótica.

MÉTODO

Este estudo é caracterizado como revisão integrativa cuja meto-dologia consiste em seis etapas: formulação do problema, busca na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluí-dos, discussão e apresentação dos resultados. Seguindo as etapas, definiu-se como questão norteadora: quais são os desafios e as perspectivas da atuação do enfermeiro na cirúrgica robótica?

Os critérios de inclusão para seleção dos artigos foram: artigos com publicação nos idiomas português do Brasil, inglês ou espanhol, a partir de 2008 — período em que a cirurgia robótica foi implantada no Brasil — e disponíveis na íntegra em meio online. Foram excluídas do estudo publicações em livros, teses e artigos que não abordaram a questão nortea-dora, ou com textos incompletos.

A pesquisa foi realizada nas bases de dados PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e ScienceDirect, utilizando-se os descritores: robótica, enfermagem de centro cirúrgico, procedimento cirúrgico, pro-cedimentos cirúrgicos minimamente invasivos e enfermagem.

Primeiramente, realizou-se a leitura dos títulos e dos resu-mos dos artigos encontrados. Posteriormente, os estudos pré-selecionados, ou seja, os artigos que estavam de acordo com os critérios de inclusão e respondiam à questão nortea-dora, foram lidos criteriosamente na íntegra.

A coleta de dados aconteceu em abril de 2015, por meio de um instrumento contendo: títulos, autores, periódicos, ano de publicação, objetivos, método, resultados e conclusões — com o intuito de possibilitar a organização dos estudos sele-cionados e viabilizar a fase analítico-descritiva.

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AtuAção do enfermeiro nA cirurgiA robóticA

Para análise e interpretação dos dados, fez-se a síntese das informações extraídas dos artigos selecionados na elegibilidade, buscando identificar as evidências disponíveis, de acordo com o Centro de Medicina Baseada em Evidências de Oxford10, de modo a analisar os resultados encontrados conforme o objetivo traçado.

Este estudo segue os aspectos éticos, em conformidade com os direitos autorais, segundo a Lei nº 9.610/9811.

REsULTADOs

A busca resultou na identificação de 281 estudos, distribuí-dos da seguinte forma: ScienceDirect (225), PubMed (51) e

LILACS (5). Foram selecionados, para fazer parte da amostra, 11 estudos que atendiam aos critérios de inclusão e estavam alinhados à questão norteadora, sendo 9 estudos de caráter qualitativo, 1 revisão sistemática de ensaios clínicos rando-mizados e 1 estudo metodológico de validação. As publica-ções excluídas referiam-se a publicações repetidas nas bases de dados ou que não respondiam à questão de pesquisa, ou ainda que estavam em desacordo com os critérios de inclusão.

Para facilitar a apresentação dos resultados e a discus-são, cada estudo selecionado recebeu um código (de A1 a A11), servindo de base para ser referenciado ao longo da análise. Os estudos incluídos na revisão estão apresentados no Quadro 1.

Quadro 1. Síntese dos estudos incluídos na revisão integrativa de acordo com ano, título, autor(es), periódico e nível de evidência.

Estudo/ano Título Autor(es) Periódico Tipo de estudo Nível de Evidência

A112 2009Technological advances in the

operating roomSchmock Ba

Pennsylvania Nurse Journal Qualitativo 5

A213 2010 Robotics in nursing Booth BeJournal of Nursing

Practice Qualitativo 5

A314 2010Best practices for minimally

invasive proceduresUlmer BC AORN Journal Qualitativo 5

A415 2010The effects of

information technology on perioperative nursing

Sweeney P AORN Journal Qualitativo 5

A516 2010Developing a successful robotic surgery program

in a rural hospitalZender J, Thell C AORN Journal Estudo de caso 5

a617 2011 Keeping up with technology Stanton C AORN Journal Qualitativo 5

A718 2011Role of the perioperative nurse in

robotic surgeryThomas CC

Perioperative Nursing Clinics Qualitativo 5

A819 2011Robotic-assisted surgery and the need for standardized pathways

and clinical guidelinesWalters L, Eley S AORN Journal

Revisão sistemática de estudos

randomizados

2

a920 2013Positioning injuries associated

with robotic assisted urological surgery

Mills JT, Burris MB, Warburton

DJ, Conaway MR, Schenkman NS,

Krupski Tl

Journal of Urology Estudo de caso 5

A1021 2013Modifiable factors to decrease the cost of

robotic-assisted procedures

Nayeemuddi NM, Daley SC, ellsworth P

AORN Journal Qualitativo 5

A1122 2013

evaluating the influence of perceived organizational learning capability on user acceptance of information technology among

operating room nurse staff

lee CC, lin SP, Yang Sl, Tsou MY, Chang KY

Acta Anaesthesiologica Taiwanica

Quantitativo de validação

4

aORN: Association of periOperative Registered Nurses.

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A frequência das publicações nos respectivos periódicos é descrita na Tabela 1.

A frequência do nível de evidência das publicações utili-zadas está representada na Tabela 2.

A partir do compilado de artigos revisados, foi possível elencar dois temas principais, contemplando uma síntese do conhecimento em relação à temática no período de estudo:

1. Desafios enfrentados pelo enfermeiro na cirurgia robótica;

2. Perspectivas e possibilidades nesse novo campo de atuação para o enfermeiro.

DIsCUssÕEs

Em relação ao ano de publicação, na fase exploratória, obser-vou-se que as publicações se mantinham regulares desde 2008, embora no ano de 2012 não se tenha encontrado nenhum

artigo que respondesse à questão norteadora. Ressalta-se que, durante a busca nas bases de dados, não foram encontrados estudos publicados no idioma português, o que reforça a ideia de a temática ser recente no Brasil.

Quanto aos periódicos, o Association of periOperative Registered Nurses (AORN) Journal publicou seis artigos e as demais revistas tiveram, cada uma, apenas uma publicação. No que se refere ao método, as pesquisas que predomina-ram foram as de caráter qualitativo. No tocante ao nível de evidência, a maioria dos artigos foi classificado como 5, um foi classificado como 4 e outro como 2.

Não houve autor que se destacasse nas publicações da temática sobre a atuação do enfermeiro na cirurgia robó-tica, uma vez que todos os autores dos artigos selecionados tiveram apenas uma publicação cada um.

Atendendo ao objetivo traçado, a análise descritiva e analí-tica possibilitou delimitar dois tópicos, descrito na sequência.

Desafios enfrentados pelo enfermeiro na cirurgia robótica

Entre os principais desafios que apareceram nos artigos revi-sados, destacam-se o desenvolvimento de novas competên-cias, a formação de equipe e a segurança do paciente em relação à cirurgia robótica.

Novas competências a serem desenvolvidas pela equipe de enfermagem

O avanço tecnológico visa a aumentar a eficiência em aten-der à demanda, aperfeiçoando os equipamentos e os instru-mentais, melhorando as técnicas e os procedimentos (A819). Também a cirurgia robótica traz ao enfermeiro novos desa-fios em seu processo de trabalho, já que todas essas evolu-ções exigem desenvolvimento de novas habilidades, destreza e aperfeiçoamento progressivo e contínuo.

Os enfermeiros de CC e os demais membros da equipe são fundamentais para dar continuidade aos avanços e para garantir a total segurança dos pacientes que são submetidos a esse procedimento cirúrgico (A314). O papel do enfermeiro na cirurgia robótica é dinâmico e multifacetado e inclui inú-meras responsabilidades, tais como: garantia de instrumentais disponíveis, organização da equipe e segurança do paciente. É de responsabilidade do profissional da enfermagem, tam-bém, o registro de todos os materiais utilizados no procedi-mento (A213, A314, A415).

Um enfermeiro atuante na cirurgia robótica pode construir uma visão abrangente de como, por que e quando um sistema

Tabela 1. Distribuição dos estudos conforme o periódico publicado.

Periódico Artigo Frequência (%)

AORN Journal 06 54,55

Acta Anaesthesiologica Taiwanica 01 9,09

Journal of Urology 01 9,09

Perioperative Nursing Clinics 01 9,09

Pennsylvania Nurse Journal 01 9,09

Journal of Nursing Practice 01 9,09

Total 11 100

aORN: association of periOperative Registered Nurses.

Tabela 2. Nível de evidência dos artigos incluídos no estudo, de acordo com o Centro de Medicina Baseada em evidências de Oxford10.

Nível de evidência Artigos Frequência (%)

Revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados

01 9,09

Ensaio clínico randomizado individual

00 0,0

Estudos de coorte, quase experimental

00 0,0

Série de casos, caso controle, longitudinal, prospectivo, retrospectivo, metodológico de validação

01 9,09

Qualitativo, estudo de caso, exploratório, quantitativo descritivo

09 81,82

Total 11 100

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AtuAção do enfermeiro nA cirurgiA robóticA

está sendo usado. Isso permite a tomada de decisões mais precisas relacionadas a diversas competências (A213). A cons-tante presença do enfermeiro nos procedimentos também oportuniza avaliações corretas sobre as necessidades educa-cionais e de recursos humanos (A112, A314).

Com a participação do enfermeiro de forma dinâmica e eficaz, problemas do dia a dia, como, por exemplo, com o equipamento ou com os instrumentos do sistema robótico, podem ser resolvi-dos mais rapidamente e com mais precisão, trazendo melhorias e também sucesso para o programa na instituição. O sistema robó-tico tem a tecnologia e as capacidades de um computador voltado aos cuidados de saúde; é capaz de armazenar memória de eventos passados e erros no sistema, bem como permitir a interação ao vivo com engenheiros, técnicos e pessoal de apoio da empresa fabricante. Em caso de erro, membros da equipe podem receber ao vivo apoio técnico pelo telefone a partir desses engenheiros. O sistema atual é conectado por meio da internet, que transmite mensagens informatizadas para a sede da empresa, não importa onde a equipe cirúrgica esteja situada no mundo. E envolvido com a essa tecnologia está o enfermeiro (A516).

Salienta-se que desenvolver um programa de cirurgia robótica em um hospital requer treinamento intenso dos cirurgiões e da equipe de enfermagem. Nesse processo de aprendizado e desenvolvimento, o enfermeiro tem papel de destaque, pois é o responsável por ofertar essa capacitação à equipe de enfermagem (A213, A314, A516, A1021).

Formação de equipeMuitas etapas estão envolvidas na educação e no treinamento da equipe para o recebimento do robô. O processo de educação inicia-se semanas antes de o robô chegar. O cirurgião começa por um estudo em CD-ROM fornecido pela empresa represen-tante da robótica e, em seguida, conclui um exame online (A516).

Algumas barreiras na implementação de um programa de cirurgia robótica incluem a falta de tempo para os médicos se tornarem mais experientes no uso do robô, a fragilidade da educação continuada, recursos financeiros, tempo e recursos limitados para fornecer informações relevantes para o apren-dizado da equipe (A516, A819). Esses são desafios enfrentados pelo enfermeiro que tem como uma de suas competências a formação e atualização dos membros da equipe de enfer-magem. O profissional deve estar sempre atento à inserção nos programas, e os treinamentos devem ser fornecidos com o intuito de manter os colaboradores sempre atualizados e habilitados para sua prática. Deve existir a educação conti-nuada e permanente para a orientação e para a formação de novos funcionários (A314, A617, A1021).

Considera-se que o papel do enfermeiro na formação de sua equipe deve ser ativo, motivador e proativo, capaz de desen-volver um perfil comprometido e dinâmico. É imprescindível ao enfermeiro ter bons conhecimentos de informática e de outros idiomas, preferencialmente o inglês, para acessar a lite-ratura internacional e estar preparado a realizar treinamentos em instituições que já utilizam essa técnica em outros países1.

Ao iniciar um programa de cirurgia robótica, funcioná-rios bem treinados são tão importantes quanto os equipa-mentos e os instrumentos necessários (A213, A1021). A análise do progresso deve ocorrer em intervalos regulares, e uma forma de realizar essa revisão periódica é por meio de reu-niões com a equipe (A516).

Segurança do pacienteCriar a cultura de segurança é da responsabilidade de cada mem-bro da equipe cirúrgica. O enfermeiro deve estar sempre atento para manter um ambiente adequado e com técnica asséptica. A enfermagem também atua muitas vezes como porta-voz do paciente, quando comparada a outros profissionais. Uma das responsabilidades do enfermeiro relacionadas com a segurança é o gerenciamento dos equipamentos e materiais para que o procedimento cirúrgico transcorra sem intercorrências (A819).

Recomenda-se que sejam utilizadas no procedimento cirúrgico listas de verificação, ou checklists, pois essa prá-tica pode reduzir erros. Também se sugere a padronização no atendimento (A314). A melhoria das práticas durante os procedimentos cirúrgicos deve ser baseada em evidências e apoiada por padrões profissionais, contribuindo para resul-tados positivos (A617, A819).

É imprescindível que todos os profissionais compreendam o sistema robótico, mas também que apreciem as nuanças do programa, orientações corretas no pré-operatório e orienta-ções dos cuidados no pós-operatório (A112).

Na robótica, especificamente no que diz respeito à segurança, deve-se destacar o posicionamento do paciente. A equipe é confrontada com novos posicionamentos cirúr-gicos, necessitando atenção para garantir a segurança do paciente, pois a cirurgia robótica é um procedimento dife-rente da laparoscópica, já que muitas vezes são utilizados mais equipamentos e uma posição mais íngreme, denomi-nada de Trendelenburg (A920).

Durante os procedimentos, podem existir duas gran-des categorias de lesão, que são classificadas como trauma mecânico e trauma térmico. Essas complicações ou lesões decorrentes da cirurgia não têm de ser chamadas de “even-tos”, pois nunca deveriam acontecer, visto que são evitáveis

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(A617, A920). Lesões associadas ao posicionamento ao longo da cirurgia são bem documentadas, por exemplo a compres-são de um nervo — embora seja suave em alguns casos, pode causar problemas temporários no sistema vascular, que são possivelmente reversíveis com reperfusão. Quanto mais gra-ves forem as compressões ou os alongamentos de um nervo, maior a possibilidade de ele conduzir a um edema endoneu-ral, ou até mesmo à degeneração (A920).

É pertinente salientar a importância de o paciente ser bem fixado na mesa cirúrgica, com faixas e coxins especiais, evitando deslizar durante a mobilização da cama cirúrgica no decorrer do procedimento (A920). É muito importante que o enfermeiro e a equipe cirúrgica tenham total domínio para executar a técnica de imobilização do paciente e saibam reconhecer como as con-sequências podem ser danosas, por imperícia, imprudência ou até mesmo negligência. Além da questão do posicionamento incorreto, as falhas de equipamento podem ser especialmente perigosas para a segurança do paciente durante os procedimen-tos, porque a complexidade e a sofisticação aumentam a possi-bilidade de ocorrer erros e sua não identificação precoce (A617).

Em relação aos principais desafios do enfermeiro no contexto da cirurgia robótica, o Quadro 2 sintetiza os prin-cipais achados.

Perspectivas e possibilidades neste novo campo de atuação para o enfermeiro

No que concerne às principais perspectivas encontradas nos arti-gos revisados, destacam-se: futuro da cirurgia robótica, especifici-dade, melhorias na assistência ao paciente e educação permanente.

Futuro da cirurgia robóticaA cirurgia robótica tornou-se um padrão em grandes hospi-tais nos Estados Unidos e no mundo (A516).

Em 1999, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o Da Vinci Surgical System®, para uso nos Estados Unidos. O robô cirúrgico oferece ao cirurgião visão tridimensional e aumento da destreza, além de fornecer os benefícios da cirurgia laparoscópica para o paciente (A516, A819).

Desde então, os procedimentos cirúrgicos realizados por intermédio do sistema Da Vinci continuam a crescer. Esse sis-tema tem quatro braços robóticos: três braços de instrumentos e um braço endoscópico. O cirurgião senta em um console longe da cabeceira do paciente e manipula esses itens. Os braços anexam os trocateres, que são inseridos no paciente por meio de pequenas incisões. O monitor fornece ao cirurgião vista tri-dimensional do campo cirúrgico. O cirurgião pode aumentar em até 15 vezes a visualização do local em que está realizando o procedimento ajustando pedais no console (A819, A1021).

Um dos problemas na implementação do programa são os custos, pois incluem a compra inicial (US$ 1 milhão até US$ 2,5 milhões), mais manutenção anual e o custo do uso limitado dos instrumentais, que são descartáveis (A818, A1021). O aumento do número de procedimentos realizados usando o sistema robótico pode diminuir os custos por procedimento. Há fatores modificáveis capazes de contribuir para o aumento do volume anual de cirurgias, como aumentar o número de cirurgiões capazes de utilizar o sistema e ter uma equipe de enfermagem devidamente instruída (A1021).

O Quadro 3 apresenta os custos de dois procedimentos comuns em dólares.

Apesar de ser uma ferramenta cirúrgica excitante, seu custo pode ser um problema. Isso se deve ao fato de não existir concorrência no mercado. O Da Vinci Surgical System® é atualmente o único robô cirúrgico no mercado (A1021).

Embora o gasto inicial seja grande, um programa de robó-tica pode dar ao hospital vantagem competitiva, tornando-o líder em cuidados excepcionais. A aquisição da tecnologia por si só não é suficiente. Desenvolver um programa de robó-tica requer intenso treinamento, marketing, dedicação e pai-xão dos membros da equipe cirúrgica, prontos para assumir seus cuidados em nível elevado. O primeiro passo na criação de um programa de cirurgia robótica em qualquer estabele-cimento é a realização de pesquisa do mercado geográfico. Isso ajuda a determinar se existe a necessidade potencial de

Quadro 2. Desafios enfrentados pelo enfermeiro na cirurgia robótica

Desafios Artigos

Novas competências A1; A2; A3; A4; A5; A8; A10

Formação de equipe a1; a3; a5; a6; a8

Segurança do paciente a1; a3; a6; a8; a9

Quadro 3. Custos de dois procedimentos comuns (em dólares).

Procedimento Custo dos instrumentais Cirurgia convencional

Custo dos instrumentaisCirurgia laparoscópica

Custo dos instrumentais Cirurgia robótica

Histerectomia uS$ 198,00 US$ 1.138,00 US$ 2.210,00

Prostatectomia US$ 78,00 US$ 533,00 US$ 1.705,00

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AtuAção do enfermeiro nA cirurgiA robóticA

cirurgias robóticas e se o programa será bem-sucedido. Se a pesquisa de mercado indica que um programa é necessário, o próximo passo importante é descobrir se os membros da equipe cirúrgica estão interessados na execução de proce-dimentos robóticos. Com um programa de robótica bem desenvolvido, uma instituição tem a oportunidade de um grande sucesso em todos os aspectos (A516, A1122).

Os pacientes são os beneficiados com tamanha mudança na cirurgia, já que as cicatrizes menores são apenas um dos benefícios desse tipo de procedimento. Eles também relatam menos desconforto e menor período de recuperação, o que facilita o retorno, mais rápido, para atividades normais da vida diária. Apresentam menores perdas sanguíneas, o que também ajuda na promoção da recuperação mais rápida (A314, A718, A819). Com tantas vantagens que a cirurgia assis-tida pelo robô promove ao paciente, acredita-se que esse será o futuro dos procedimentos operatórios em nível mundial.

Campo de atuação: especificidadeA formação é particularmente importante para os enfermeiros que atuam na cirurgia assistida pelo robô, em razão das suas múltiplas responsabilidades. Além de ter as mesmas responsabi-lidades em termos de gestão, como qualquer outro enfermeiro, por exemplo, o posicionamento, a segurança do paciente, a este-rilidade de instrumentos e do campo cirúrgico, o profissional deve também saber trabalhar com o sistema robótico, cuidar do robô e solucionar os problemas que surgirem (A415, A1021).

A atuação do enfermeiro no contexto da cirurgia robótica envolve áreas de atuação e funções específicas, conforme o Quadro 4.

O enfermeiro tem o potencial de melhorar a qualidade dos cuidados de saúde, reduzindo os custos, os erros e o tempo de cirurgia; e aumentando a eficácia de gestão (A314, A718, A1021).

Melhorias na assistência ao pacienteOs avanços da tecnologia têm melhorado a cirurgia minima-mente invasiva, executando a cirurgia por meio de incisões cada vez menores, já que os instrumentais próprios eliminam a neces-sidade de grandes incisões, promovendo ergonomia, ativação independente de energia monopolar e bipolar, menos exposi-ção da equipe a fluidos e secreções e diminuindo as chances de contaminação, isso porque os braços robotizados executam a manipulação cirúrgica (A819). Contudo, é preciso desenvolver padrões ou diretrizes clínicas para definir a ideal aplicação da cirurgia assistida por robô, de modo a garantir um padrão de atendimento que vise à segurança do paciente (A819). A imple-mentação de um caminho clínico ou diretriz guiado por prática baseada em evidências envolve mudanças. O paciente, atualmente, está mais consciente da nova tecnologia cirúrgica (A718, A819).

A literatura disponível também sugere que os pacientes se beneficiam com técnicas robóticas, mediante a diminuição de custos relacionados à internação (hotelaria) e a redução de tratamentos oriundos de infecção. O hospital beneficia-se porque os pacientes têm curta hospitalização. Por isso, um número maior de pacientes é atendido (A819).

A tecnologia é cada vez mais utilizada para melhorar a qualidade dos cuidados de saúde e usá-la deverá beneficiar os pacientes em vários aspectos (A415). Ressalta-se que os avan-ços do conhecimento e da técnica têm forte repercussão na área da saúde, tanto para diagnosticar como para tratar, e tudo isso reflete diretamente no conforto pessoal, na quali-dade de vida e na longevidade das pessoas.

Entretanto, o avanço tecnológico não deve trazer aspecto frio ou mecânico, nem algo desumano na relação entre os envolvidos com o atendimento à saúde. Deve-se buscar o equilíbrio entre a sofisticação de última geração e o relacio-namento humano, com a compreensão das necessidades afetivas das pessoas23.

Educação permanenteOs enfermeiros são os profissionais de cuidados de saúde sele-cionados para assumir o papel de coordenador e educador (A112). Algumas responsabilidades importantes do enfermeiro são garantir, manter e desenvolver na equipe habilidades e competência, além de promover pesquisa baseada em evi-dências (A415), para certificar que os funcionários adquiram o conhecimento necessário para desempenhar suas funções

Quadro 4. Funções do enfermeiro na cirurgia robótica.

Área de atuação Funções específicas

Prática clínica

Atua como coordenador do cuidado.Fornece assistência direta ao paciente.

Mantém a experiência clínica e de competências profissionais.

Desenvolve e envolve-se em competências de gestão e consultoria.

Educação

Orienta e treina pessoal de enfermagem e estudantes da saúde.

Educa e orienta os pacientes.Ministra palestras e treinamentos.

Gerência Atua como elo dentro da instituição.

Estabelece relacionamento com o fabricante e com os fornecedores.

Pesquisa Participa de coleta de dados.

Participa de gerenciamento de dados.Assegura a divulgação de dados.

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Pinto EV, Lunardi LS, trEViSo P, BotEnE dZa

com segurança. O enfermeiro deve fomentar o crescimento, o desenvolvimento e a autonomia de todos; ele é o respon-sável por assegurar que cada membro da sua equipe tenha a formação necessária. Deve, também, ser treinado em infor-mática para melhor aplicar os conhecimentos (A415, A1122).

A educação dos profissionais de enfermagem precisa de atenção, já que há necessidade de preparar as pessoas para as mudanças que têm ocorrido nas instituições de saúde, de modo que se conciliem as necessidades de desenvolvimento pessoal e do grupo com as necessidades da instituição e com as da sociedade24. A educação permanente é um processo que educa, possibilitando o surgimento de um espaço para pensar e fazer no trabalho, com destaque para o papel das instituições de saúde no desenvolvimento das capacidades dos profissio-nais, o que contribui para diversas situações de melhorias24,25.

Em relação às principais perspectivas e possibilidades para o enfermeiro no contexto da cirurgia robótica, o Quadro 5 sintetiza os principais achados.

Com o uso crescente da cirurgia robótica, há a neces-sidade de resultados baseados em evidências para apoiá-la (A819). O sucesso do programa robótico envolve foco no paciente, combinando segurança, recursos humanos, edu-cação permanente, sensibilização do público e um modelo eficiente de gestão (A112, A819).

Quadro 5. Perspectivas e possibilidades para o enfermeiro na cirurgia robótica.

Perspectivas Artigos

Futuro da cirurgia robótica A3; A5; A7; A8; A10; A11

especificidade A3; A4; A7; A10

Melhorias para o paciente A4; A7; A8

Educação permanente A1; A4; A8; A11

COnsIDERAÇÕEs FInAIs

A cirurgia robótica é uma tecnologia crescente nos hospitais, deflagrando a necessidade de preparo, capacitação e atualização dos profissionais de saúde, especialmente do enfermeiro, para dar o suporte necessário que um programa de robótica exige.

Os aspectos discutidos neste estudo contribuem com novos saberes a respeito da cirurgia robótica e da atuação do enfer-meiro, permitindo identificar os desafios que estão inseridos no programa e na atuação desses profissionais, propiciando con-templar as novas possibilidades e perspectivas e oportunizando, dessa forma, mais reflexão sobre o cenário que se apresenta.

No tocante aos desafios dos enfermeiros, identificaram-se a segurança do paciente, a capacitação da equipe e novas competências a serem desenvolvidas. O enfermeiro deve ser muito mais do que um gerente nesse desafio; deve ser um líder, ou seja, um verdadeiro facilitador em seu ambiente de trabalho. Cabe a ele desenvolver suas habilidades de liderança como maneira de conseguir motivar sua equipe, desenvol-vendo nos profissionais o anseio pelo conhecimento e a dis-ponibilidade para transcender os obstáculos que surgirem com o implemento dessa nova técnica, tendo como foco de desenvolvimento principalmente o cuidado ao paciente, a fim de proporcionar total segurança em seu atendimento.

Em relação às novas possibilidades, observou-se que uma nova área de atuação está sendo desenvolvida, inovação importante para melhorias no atendimento aos pacientes, que deve ser o eixo principal de todos os esforços. Assim, é essencial a educação permanente da equipe.

Destaca-se que esta revisão integrativa não esgotou as interfaces da temática. Desse modo, sugere-se que sejam desenvolvidos novos estudos sobre a atuação do enfermeiro nos procedimentos em que se utiliza a robótica. A constata-ção, neste estudo, da escassa bibliografia sobre a temática no país justifica a necessidade e a importância de novos estudos.

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SISTEMÁTICA PARA RACIONALIZAÇÃO DE INSTRUMENTAIS DE BANDEJAS CIRÚRGICAS

A systematic approach for the rationalization of surgical tray instruments

Sistemática para racionalización de instrumentales de bandejas quirúrgicas

Daniela Silva dos Santos Schneider1*, Michel José Anzanello2, Rosane Silva Veiga Pirovano3, Flávio Sanson Fogliatto4

1enfermeira; mestre em Toxicologia; especialista em Gestão de Operações em Saúde no Serviço de enfermagem em Centro Cirúrgico e Centro de Material e esterilização do Hospital de Clínicas de Porto alegre – Porto alegre (RS), Brasil. 2Doutor em engenharia Industrial e de Sistemas; professor do Departamento de engenharia Industrial na universidade Federal do Rio Grande do Sul (uFGRS) – Porto alegre (RS), Brasil.3enfermeira; especialista em Gestão de Operações em Saúde e Serviço de enfermagem em Centro Cirúrgico, na unidade de Bloco Cirúrgico, do Hospital de Clínicas de Porto alegre – Porto alegre (RS), Brasil.4Doutor em engenharia Industrial e de Sistemas; professor do Departamento de engenharia Industrial na uFRGS – Porto alegre (RS), Brasil.*autor correspondente: [email protected]: 26/08/2017 – aprovado: 10/12/2017DOI: 10.5327/Z1414-4425201800010009

RESUMO: Objetivo: Relatar a experiência de desenvolver uma sistemática para racionalização de instrumentais em bandejas cirúrgicas. Método: Estudo

de desenvolvimento de sistemática para racionalização de instrumentais, realizado em 2015, a partir do método qualitativo, em um centro de materiais

e esterilização (CME) de um hospital universitário federal de Porto Alegre, Brasil. Resultados: Houve redução média do quantitativo de instrumentais

em bandejas institucionais em 10,92%; diminuição de bandejas de propriedade das equipes médicas, sendo 84,06% pertencentes à equipe da otorrinola-

ringologia; e inativação definitiva de 369 instrumentais da cirurgia ortopédica, o que significou 72,84% do total dos instrumentais inativados. Além disso,

houve condução de melhorias no gerenciamento de instrumentais, otimização do tempo de preparo e redução da esterilização por expiração do prazo

de utilização. Conclusão: A realocação de instrumentais e o acréscimo de peças em bandejas específicas permitiu a reavaliação das solicitações de com-

pras de instrumentais e a melhoria das relações entre as equipes. Essa sistemática contribuiu significativamente para o gerenciamento de instrumentais,

otimizando processos e envolvendo as equipes cirúrgicas no trabalho do CME e evidenciou que pode ser aplicada em outras instituições.

Palavras-chave: Instrumentos cirúrgicos. Organização e administração. Indicadores de qualidade em assistência à saúde.

ABSTRACT: Objective: To report the experience of developing a systematic approach for the rationalization of instruments in surgical trays. Method: Study

of the development of a systematic approach for the rationalization of instruments, carried out in 2015, using a qualitative method, in the Central Sterile

Supply Department (CSSD) of a federal university hospital in Porto Alegre, Brazil. Results: There was a 10.92% average reduction in the number of ins-

truments in institutional trays, a reduction in the number of trays owned by medical teams — 84.06% belonged to the otorhinolaryngology team — and

a definitive inactivation of 369 orthopedic surgery instruments, which represented 72.84% of the total number of inactivated instruments. In addition,

improvements were made to the management of instruments, the optimization of preparation time and the reduction of sterilization by expiration date.

Conclusion: The relocation of instruments and the addition of items in specific trays allowed for the reappraisal of requests for purchase of instruments

and the improvement of relationships between the teams. This systematic approach contributed significantly to the management of instruments, the

optimizing processes and the involvement of the surgical teams in the work of the CSSD, thus demonstrating that it can be applied in other institutions.

Keywords: Surgical instruments. Organization and administration. Quality indicators in health care.

RESUMEN: Objetivo: Relatar la experiencia de desarrollar una sistemática para racionalización de instrumentales en bandejas quirúrgicas. Método:

Estudio de desarrollo de sistemática para racionalización de instrumentales, realizado en 2015, desde el método cualitativo, en un centro de materiales

y esterilización (CSSD) de un hospital universitario federal de Porto Alegre, Brasil. Resultados: Hubo reducción media del cuantitativo de instrumen-

tales en bandejas institucionales en el 10,92%; disminución de bandejas de propiedad de los equipos médicos, siendo el 84,06% pertenecientes al equipo

de la otorrinolaringología; e inactivación definitiva de 369 instrumentales de la cirugía ortopédica, lo que significó el 72,84% del total de los instrumen-

tales inactivados. Además, hubo conducción de mejoras en el gerenciamiento de instrumentales, optimización del tiempo de preparo y reducción de la

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SISTEMÁTICA PARA RACIONALIZAÇÃO DE INSTRUMENTAIS

InTRODUÇÃO

A cada década aumenta o desafio das instituições hospitalares em melhorar a qualidade dos serviços oferecidos à sociedade, principalmente na realização de procedimentos cirúrgicos1,2. A qualidade dos processos de limpeza, desinfecção e esterili-zação está diretamente relacionada à segurança do paciente e à minimização dos custos com infecções3. Nesse contexto, o centro de material e esterilização (CME) é responsável pelo processamento de produtos para saúde (PPS), englobando ações que iniciam imediatamente após a assistência direta ao paciente4.

Além da garantia do processamento dos PPS, no CME deve ocorrer o gerenciamento do inventário de instru-mentais, incluindo processos referentes ao registro, acom-panhamento, manuseio e gestão do armazenamento de materiais5,6. Tais ações buscam reduzir custos operacionais, oferecer quantitativo adequado para o procedimento cirúr-gico e segurança no processamento, na funcionalidade e na durabilidade dos materiais5.

Devido à grande demanda de materiais processados pelo CME, percebe-se a necessidade da revisão sistemática e perió-dica do quantitativo de instrumentais utilizados em procedi-mentos cirúrgicos, como forma de auxiliar na melhoria da qualidade do processo, diminuição do tempo de retorno da bandeja para a equipe cirúrgica, redução do peso das bande-jas (fator que influencia na etapa de esterilização) e baixa dos custos com esterilização de peças desnecessárias.

Estudo americano realizado na rede Virginia Mason Medical Center (VMMC), na cidade de Seattle, nos Estados Unidos, identificou redução de aproximadamente 2,8 milhões de dóla-res após a racionalização do quantitativo de instrumentais disponíveis nas bandejas cirúrgicas. A base para tal redução foi a observação de 20 procedimentos cirúrgicos de diferen-tes especialidades, quando foram identificados instrumen-tais que retornavam da sala cirúrgica sem uso. Esse estudo comprovou que a racionalização de instrumentais, utilizando

esterilización por expiración del plazo de utilización. Conclusión: La reubicación de instrumentales y el incremento de piezas en bandejas específicas

permitió la reevaluación de las solicitaciones de compras de instrumentales y la mejora de las relaciones entre los equipos. Esa sistemática contribuyó

significativamente para el gerenciamiento de instrumentales, perfeccionando procesos e involucrando a los equipos quirúrgicos en el trabajo de CSSD y

evidenció que puede aplicarse en otras instituciones.

Palabras clave: Instrumentos quirúrgicos. Organización y administración. Indicadores de calidad de la atención de salud.

princípios da metodologia Lean, melhorou a qualidade e o tempo do processamento a um custo menor, bem como a eficiência de uso da sala cirúrgica7. Ações similares, em outras instituições de saúde, demonstraram que o gerenciamento do inventário de instrumentais de diferentes especialidades auxilia na prevenção de esterilização desnecessária de peças, na otimização do processamento com a diminuição do tempo de resposta e na redução considerável do peso das bandejas8.

Outros autores utilizaram a sistemática de agrupamentos, com base na frequência de procedimentos cirúrgicos, diante da utilização dos instrumentais para racionalização de ban-dejas9. A aplicação do algoritmo proposto permitiu identi-ficar novas opções de formação de bandejas que possibilita-ram a otimização do processo de esterilização. A literatura evidencia que a aplicação de técnicas de clusterização, que consiste em gerar agrupamento de observações (instrumen-tais, neste caso) com características similares, e de modela-gem, permite propor agrupamentos e soluções ótimas para o processo de racionalização10,12.

OBJETIVO

Relatar a experiência do desenvolvimento de uma sistemá-tica para racionalização de instrumentais em bandejas cirúr-gicas, buscando reduzir o volume de material não utilizado no procedimento a ser limpo e esterilizado e realocar os ins-trumentais entre as bandejas.

MÉTODO

Foi desenvolvido um estudo com método qualitativo de pesquisa13, combinando a abordagem de grupos focais14,15. Foram utilizadas abordagens de pesquisa exploratória e des-critiva, combinadas com estratégias de intervenção para iden-tificar oportunidades e propor alternativas de melhoria no gerenciamento de instrumentais cirúrgicos.

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Schneider dSS, AnzAnello MJ, PirovAno rSv, FogliAtto FS

A sistemática para racionalização realizou-se no CME de um hospital universitário federal na cidade de Porto Alegre, Brasil. Essa unidade dispõe de, aproximadamente, 80 mil ins-trumentais. Desse quantitativo, 19.476 peças estão alocadas em 993 bandejas pertencentes à instituição, 78 de propriedade dos cirurgiões e 1.350 peças são embaladas individualmente. Esses instrumentais podem ser utilizados por 17 especialida-des, que operam em 38 salas cirúrgicas.

A equipe responsável pelo processamento de materiais é composta por 72 profissionais entre auxiliares e técnicos de enfermagem, 9 enfermeiros (sendo 8 assistenciais e 1 coorde-nador da unidade), além de 1 auxiliar administrativo. O setor trabalha 24 horas diárias, nos 7 dias da semana. O estudo faz parte de um projeto de desenvolvimento de acompanhamento e avaliação dos processos de gestão em saúde da instituição. O mesmo foi desenvolvido após análise e aprovação do Comitê de Ética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, sob parecer consubstanciado de número 33705014800005327/2014.

O método proposto e utilizado para racionalização de bandejas cirúrgicas foi de desenvolvimento e está apoiado em sete etapas:

• definição de prioridades: a revisão das bandejas prio-rizou as especialidades cujos procedimentos eram caracterizados por maior complexidade. Na sequên-cia, foram priorizadas as especialidades com maior produção cirúrgica e aquelas sem possibilidade de rodízio dos instrumentais. Por fim, foram revisadas as especialidades que apresentavam o maior quantitativo de ocorrências, no que diz respeito à insatisfação da equipe cirúrgica, bem como sua disponibilidade para realizar a revisão;

• contato com especialista e instrumentador: a partir da definição da especialidade, foi realizada entrevista informal com especialistas do bloco cirúrgico (BC), para agendamento de data e horário para condução da análise dos materiais existentes em cada bandeja, seleção dos instrumentadores que auxiliariam no pro-cesso e contato com o cirurgião-chefe da especialidade;

• revisão de bandejas e seleção de instrumentais: a revi-são de instrumentais e bandejas foi realizada no CME, com acompanhamento de um enfermeiro e um téc-nico de enfermagem, pertencentes ao setor, e tam-bém dos profissionais da especialidade. Inicialmente, foi avaliada a necessidade de instrumentais embala-dos individualmente (avulsos) e, posteriormente, a abertura de novas bandejas. A ordem para a revisão das bandejas priorizou aquelas denominadas básicas,

utilizadas em todos os procedimentos da especiali-dade. Os instrumentais foram agrupados segundo sua utilização no plano cirúrgico, objetivando correspon-der à sequência de uso dos mesmos na cirurgia. Em seguida, os profissionais da especialidade foram ques-tionados quanto à necessidade de cada material e seu respectivo quantitativo. Repetiu-se o processo para as bandejas especiais. Para essas, o chefe da equipe e o instrumentador foram questionados sobre a necessi-dade de aumento de bandejas idênticas com base na demanda do agendamento cirúrgico. Nos casos em que houve necessidade desse acréscimo, foi montada nova unidade utilizando os instrumentais que sobra-ram das bandejas já revisadas;

• documentação das alterações: paralelamente à etapa 3, gerou-se uma planilha (exemplo hipotético no Quadro 1) com vistas ao registro das alterações quan-titativas e qualitativas de instrumentais, além do regis-tro de referência do instrumental, tamanho, código da instituição e fotografia dos itens retirados e dos que permaneceram nas bandejas. Tal planilha permitiu, ainda, o rastreamento de materiais alocados em novas bandejas, bem como seu quantitativo. O registro apre-sentado no Quadro 1 era, então, encaminhado, até 24 horas após a revisão, para as lideranças do CME e dos BC para informação, acompanhamento das alte-rações e apontamento de eventuais inconsistências na composição das bandejas revisadas;

• revisão dos kits cirúrgicos: após a etapa 2, foi realizada a revisão dos kits cirúrgicos, os quais são compostos pelos materiais que devem ser encaminhados pelo CME para cada procedimento, de acordo com a escala de cirurgias pré-agendadas, ou seja, além das bandejas, foram revisados os instrumentais avulsos, que devem acompanhá-las para o procedimento. A revisão dos kits cirúrgicos de cada especialidade priorizou os pro-cedimentos de menor complexidade, em função da menor quantidade de instrumentais verificados nesse agrupamento. Os profissionais da especialidade foram questionados quanto à necessidade e especificação de bandejas e instrumentais avulsos, além do quantitativo de têxteis a serem encaminhados para cada procedi-mento cirúrgico. A partir da lista das cirurgias aptas para agendamento cirúrgico no sistema informatizado da instituição, foram realizados agrupamentos das que utilizavam as bandejas e os materiais em quantitativos idênticos e a atualização dos documentos;

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SISTEMÁTICA PARA RACIONALIZAÇÃO DE INSTRUMENTAIS

• validação pela equipe cirúrgica: imediatamente no turno ou dia após a revisão, o kit cirúrgico atualizado (com instrumentais e bandejas revisadas) foi enca-minhado para realização de procedimento no BC. No momento, ou imediatamente após a cirurgia, foi feita a entrevista com instrumentadores, cirurgiões e lideranças do BC, para avaliação e validação das alte-rações realizadas. A partir do retorno das informações pelos profissionais, eventuais correções e/ou revisões foram efetuadas;

• organização do estoque: posteriormente, por meio da ferramenta de gestão visual, foi reorganizado o arsenal/estoque do CME. Para tanto, efetuou-se a identificação das estantes de armazenamento das bandejas, de modo que ficassem agrupadas segundo a especialidade. Para diferenciação das especialidades com bandejas similares foram utilizadas cores defini-das, a partir das cores dos prontuários preexistentes das especialidades.

Para o posicionamento das bandejas no estoque, levou-se, ainda, em consideração o quantitativo e o peso das ban-dejas, de modo que itens mais pesados ficassem em posições que facilitassem seu manuseio.

REsULTADOs

A sistemática proposta foi aplicada nas 11 especialidades cirúr-gicas, apresentadas no Quadro 2, contemplando instrumen-tais pertencentes à instituição e aos cirurgiões. A primeira coluna do quadro apresenta a ordem em que o procedimento de revisão foi executado com relação às especialidades.

Quadro 1. Planilha de registro e controle de instrumentais alterados da bandeja da especialidade otorrinolaringologia.

Otorrinolaringologia Bandeja de sinusotomia c/ septoplastia 1Peças: 30

Instrumental Tamanho Ref. Código HC

Quant. até 16/04

Retirado/ inserido

Quant. atual Destino/origem

Aspirador curvo 13 cm STORZ 586030 1 1

aspirador Franck-Pasquini 20,5 cm

2,5 FR STORZ 662825 285915 0 1 1 peça nova

Aspirador grosso 11FR 19 cm 701102 1 1 origem: sinusotomia teste

Cubas redondas 10 cm 2 2 desativada

Cubas redondas 8 cm 2 2 desativada

Cabo de bisturi Nº 3 1 1 desativada

Descolador duplo Cottle 22,5 cm STORZ 479200 0 1 1 origem: sinusotomia teste

Descolador freer 330020 1 1

Dilatador frontal Ritter nº 1 14,5 cm STORZ 641525 216151 1 1

Elevador duplo 22,5 cm STORZ 479000 215970 1 1

especulo nasal Beckmann (curvo)

15 cm STORZ 400520 282205 0 1 1 peça nova

Espéculo nasal grande 55 mm 13,5 cm STORZ 403565 285937 0 1 1 peça nova

Espéculo nasal médio 55 mm 13,5 cm STORZ 403555 285938 0 1 1 peça nova

Quadro 2. especialidades cirúrgicas revisadas.

Ordem da prioridade da racionalização Especialidade

1 Neurocirurgia

2 Cirurgia cardiovascular

3 Cirurgia torácica

4 Cirurgia vascular

5 Cirurgia urológica

6 Cirurgia ortopédica

7 Cirurgia otorrinolaringológica

8 Cirurgia plástica

9 Cirurgia proctológica

10 Cirurgia pediátrica

11 Cirurgia bucomaxilofacial

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Em relação aos resultados, verificou-se redução média de 10,92% (Quadro 1) no número de peças pertencentes à insti-tuição. Essa diminuição foi mais representativa em seis espe-cialidades, destacadas na Tabela 1. Das peças retiradas, 841 instrumentais foram realocados ao almoxarifado do CME, representando retorno ao estoque de 64,10% para remanejo ou confecção de futuras bandejas.

Outras 498 peças foram desativadas definitivamente. Essa ação se justifica devido às mudanças de técnicas cirúr-gicas ou perda definitiva da integridade das peças (Tabela 1). Tais itens serão encaminhados para descarte específico, con-forme legislação brasileira.

Percebe-se que, para as especialidades de cirúrgica buco-maxilofacial e vascular, houve aumento do quantitativo de 8,17 e 12,00% no total de instrumentais constantes nas ban-dejas (Tabela 1). Esse fato se deve às solicitações das equi-pes, as quais demandaram adição de peças nas bandejas, bem como aumento do quantitativo de bandejas idênticas. Houve, ainda, nestas especialidades, inativação de outras peças, pouco utilizadas.

No que diz respeito às bandejas de propriedade dos médi-cos, elas representavam, antes da racionalização, 26,86% do total de peças do arsenal da CME. Após esse processo, houve uma redução de aproximadamente 10,00% nesse quantita-tivo. Nesse sentido, destacam-se os resultados obtidos para a

especialidade otorrinolaringologia, para a qual foi verificada redução de 84,06% da entrega e circulação de instrumentais pertencentes às equipes médicas (Tabela 2).

Acrescenta-se que a racionalização também permitiu detectar instrumentais médicos sem utilização, os quais permaneciam no arsenal e demandavam nova esterilização devido ao vencimento do prazo de validade. Evidencia-se, nessa inativação, a especialidade de cirurgia ortopédica, em que se verificou a ociosidade definitiva de 369 instrumentais, o que corresponde a 72,84% do total dos instrumentais não utilizados (Tabela 2).

A partir da racionalização foram, ainda, reavaliados os pedidos de compras de novas bandejas. Desses, destaca-se a especialidade urológica, na qual havia necessidade de aqui-sição de 38 instrumentais para confecção de nova bandeja para atender à demanda de cirurgias. Contudo, a partir da revisão de outras três especialidades (neurologia, torácica e cardíaca) e adição de cinco instrumentais disponíveis no almoxarifado do CME, foi possível disponibilizar à equipe de urologia uma nova bandeja com instrumentais idênticos àqueles com pedido de compra. Tal ação respondeu por uma economia de, aproximadamente, R$14.000,00 na compra des-ses instrumentos. Situação similar ocorreu nas demais dez especialidades, que tiveram suas listas de pedido de compras individuais revisadas.

Tabela 1. Resultados da racionalização de instrumentais e bandejas institucionais.

Especialidade

Racionalização de bandejas Racionalização de peças

Antes Após Redução Antes Após Redução Desativadas Realocadas Adicionadas

n n % n n % n n n

Neurocirurgia 58 44 -24,14 812 648 -20,20 2 141 3

Cirurgia cardiovascular 32 31 -3,13 862 816 -5,34 20 48 48

Cirurgia torácica 21 18 -14,29 769 583 -24,19 25 136 22

Cirurgia vascular 28 28 – 901 1.016 12,76 1 10 56

Cirurgia urológica 34 31 -8,82 689 625 -9,29 1 75 52

Cirurgia ortopédica 89 68 -23,60 1.969 1.666 -15,39 263 62 65

Cirurgia otorrinolaringo-lógica

31 26 -16,13 1.315 1.171 -10,95 18 198 181

Cirurgia plástica 25 23 -8,00 1.042 849 -18,52 129 67 41

Cirurgia proctológica 12 11 -8,33 138 113 -18,12 18 – –

Cirurgia pediátrica 21 19 -9,52 807 752 -6,82 – 11 32

Cirurgia bucomaxilofacial

10 10 – 257 278 8,17 21 93 138

Total 361 309 -14,40 9.561 8517 -10,92 498 841 638

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SISTEMÁTICA PARA RACIONALIZAÇÃO DE INSTRUMENTAIS

DIsCUssÃO

Além dos benefícios decorrentes dos indicadores de redução apresentados, a racionalização de instrumentais das bandejas pertencentes a 11 especialidades também resultou na melho-ria da relação entre as equipes cirúrgicas e o CME. Esse fato se deve ao compartilhamento das responsabilidades em rela-ção à escolha dos instrumentais que deveriam ficar nas ban-dejas e ao quantitativo de conjuntos idênticos disponíveis para agendamento dos procedimentos, além da visita ao CME e à explicação de cada etapa e do tempo necessário para processa-mento dos materiais. Esse conhecimento, por parte dos cirur-giões e instrumentadores, auxiliou no planejamento da quan-tidade, na ordem de realização de cirurgias e na prioridade do encaminhamento dos materiais ao CME, além de melhorar a confiança no trabalho realizado pelos profissionais desse setor. Esse aspecto foi verbalizado pelo retorno feito pelas equipes.

Em termos financeiros, a racionalização das bandejas pode conduzir a uma redução no número de ciclos da autoclave para (re)esterilização, ou seja, necessidade de (re)processar bandejas que não foram utilizadas e que tiveram o prazo de validade expirado.

Outro fato gerador de otimização é a redução do tempo de preparo das bandejas, aproximadamente 28% menor (diferença entre o tempo de preparo e de empacotamento de bandejas revisadas), diante da cronoanálise realizada antes da racio-nalização e publicada em outro estudo da própria institui-ção16. Tais resultados ratificam os achados da literatura7-10,12.

Enfatiza-se, também, que a realocação de instrumentais decorrentes do procedimento de racionalização e o acréscimo de outras peças em bandejas específicas permitiu o agenda-mento de maior número de cirurgias subsequentes. A partir

desse procedimento, identificou-se a necessidade de antecipar a etapa de recebimento de instrumentais pelo CME na unidade de BC como forma de auxiliar na conferência dos mesmos, na identificação imediata de manutenção do instrumental, no melhor relacionamento com as equipes cirúrgicas e de enferma-gem perioperatória e otimização do tempo de processamento.

No que diz respeito às bandejas de propriedade dos médi-cos, houve redução na quantidade devido, principalmente, à readequação das bandejas institucionais, as quais passaram a suprir, de forma mais adequada, a demanda dos cirurgiões. De tal forma, verificou-se redução do número de eventos em que instrumentais médicos eram recebidos sem ou com pouco tempo hábil para esterilização.

COnsIDERAÇÕEs FInAIs

Neste estudo, o uso da sistemática desenvolvida para a racio-nalização de instrumentais em bandejas cirúrgicas auxiliou na melhoria do gerenciamento do CME e na relação com as equipes cirúrgicas. Houve redução do quantitativo de ins-trumentais, aprimoramento do processo de trabalho e, além disso, trouxe avanços no que diz respeito ao gerenciamento dos pedidos de compras de instrumentais.

Entre os aspectos positivos do estudo, também destaca-se que o mesmo subsidiou o processo de planejamento de compra de instrumental cirúrgico.

A partir dos resultados obtidos com a racionalização de instrumentais de 11 especialidades, percebe-se que é funda-mental estender a racionalização para as demais especialidades cirúrgicas e com instrumentais nas unidades de internação da instituição. Concluída tal etapa, propõe-se realizar um estudo

Tabela 2. Resultados da racionalização de instrumentais e bandejas de propriedade do cirurgião.

Especialidade

Racionalização de bandejas Racionalização de peças

Antes Após Redução Antes Após Redução Desativadas Realocadas Adicionadas

n n % n n % n n n

Neurocirurgia 7 5 -29 74 61 -17,57 13 – –

Cirurgia cardiovascular 37 32 -14 192 182 -5,21 3 - –

Cirurgia torácica 4 4 – 43 42 -2,33 1 – –

Cirurgia vascular 5 5 – 13 13 – – – –

Cirurgia ortopédica 26 6 -77 473 104 -78,01 369 – –

Cirurgia otorrinolaringo-lógica

17 9 -47 138 22 -84,06 116 – –

Total 96 61 -36 933 424 -54,53 474 – –

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estimando os custos alocados no arsenal do CME, o quanti-tativo de peças em almoxarifado e o investimento financeiro necessário, projetando as novas instalações institucionais e o decorrente aumento da capacidade de produção cirúrgica.

Esses dados subsidiam a implantação de sistema informa-tizado de gerenciamento de instrumentais, contemplando a rastreabilidade das etapas do processo, controle de insumos, custos e registros de manutenção dos instrumentais, auxi-liando no planejamento de investimentos em aquisição de novos instrumentos. Portanto, a sistemática de racionalização de instrumentais contribui para pesquisa e ensino, no que se refere aos aspectos gerenciais e assistenciais, principalmente porque o estudo impacta diretamente na segurança do paciente que se submete a um procedimento anestésico-cirúrgico.

A utilização exclusiva da opinião dos especialistas pode ser entendida como uma limitação da sistemática proposta

neste estudo, bem como a não realização com todas as espe-cialidades cirúrgicas e o fato de ter sido executado em uma instituição de ensino.

Propõem-se futuros estudos com observação de campo e utilização de ferramentas de programação aplicadas na engenharia de produção, nas diversas especialidades e em outras instituições.

Conclui-se que esta sistemática contribuiu significativa-mente para o gerenciamento de instrumentais, otimizando processos e envolvendo as equipes cirúrgicas ao trabalho do CME. Ficou evidenciado que esse método deve ser ampliado, podendo ser aplicado em outras instituições, pois contribui diretamente para melhoria do processo de trabalho, que repercute positivamente nos cuidados aos pacientes subme-tidos a cirurgias de diversas especialidades.

REFERÊnCIAs

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3. Associação Paulista de Epidemiologia e Controle de Infecção Relacionada à assistência à Saúde (aPeCIH). limpeza, desinfecção e esterilização de artigos em serviços de saúde. São Paulo: APECIH; 2010.

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8. Greenberg Ja, Wylie B, Robinson JN. a pilot study to assess the adequacy of the Brigham 20 Kit for cesarean delivery. Int J Gynaecol Obstet. 2012;117(2):157-9. DOI: 10.1016/j.ijgo.2011.12.007

9. Reymondon F, Pellet B, Marcon e. Optimization of hospital sterilization costs proposing new grouping choices of medical devices into packages. Int J Prod econ. 2008;112(1):326-35.

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12. Dobson G, Froix a, Seidmann a, Tilson v, Froix a. Configuring surgical instrument trays to reduce costs. IISe Trans Health Syst eng. 2015;5(4):225-37. https://doi.org/10.1080/19488300.2015.1094759

13. Keptner KM. Mixed methods design: a beginner’s guide. The Qualitative Report. 2011;16(2):593-95.

14. Ressel lB, Beck ClC, Gualda DMR, Hoffmann IC, Silva RMD, Sehnem GD. O uso do grupo focal em pesquisa qualitativa. Texto & Contexto enferm. 2008;17(4):779-86. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072008000400021

15. Barbour R. Grupos Focais. Porto alegre: artmed; 2009. 216p.

16. Fogliatto FS, anzanello MJ, Tortorella Gl, Schneider DS, Pereira CG, Schaan BD. a Six Sigma approach to analyze time-to-assembly variance of surgical trays in a sterile services department. J Healthc Qual. 2017 Mar 24. DOI: 10.1097/JHQ.0000000000000078

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| NORMAS PARA PUBLICAÇÃO |

POLÍTICAs EDITORIAIs

Foco e Escopo

São aceitos para publicação trabalhos desenvolvidos por enfer-meiros, outros profissionais da saúde e discentes de cursos de graduação e de pós-graduação em Enfermagem.

Os manuscritos devem estar de acordo com as orienta-ções descritas a seguir:

1. Pelo menos um dos autores deve ser sócio da SOBECC ou assinante da Revista SOBECC.

2. Os temas devem estar relacionados com as áreas de Anestesiologia, Cirurgia, Enfermagem Perioperatória, Enfermagem Cirúrgica, Enfermagem em Centro Cirúrgico (CC), Recuperação Pós-Anestésica (RPA), Centro de Material e Esterilização (CME) e Controle de Infecção.

A seleção dos trabalhos f ica a critério do Conselho Editorial, que leva em conta a relevância para a prática, a clareza e a coerência dos dados, evitando, ainda, a redun-dância no conteúdo.

O artigo deverá ser redigido em português, seguindo a ortografia oficial e ser inédito, além de ser enviado exclu-sivamente à Rev. SOBECC, não sendo permitida sua sub-missão simultânea a outro periódico, seja parcial ou inte-gral, considerando tanto o texto como as figuras, quadros e tabelas.

O conteúdo dos trabalhos é da inteira responsabilidade dos autores e não reflete, obrigatoriamente, a opinião do Conselho Editorial da Revista SOBECC e nem da Associação.

Os autores devem assinar a Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais conforme modelo indicado nas Normas de Publicação da Revista e certificarse de que o con-teúdo é inédito e original.

Conteúdos já publicados devem ser citados corretamente evitando o plágio ou autoplágio.

POLÍTICAs DE sEÇÃO

Artigos Originais

Investigações resultantes de pesquisas que apresentem resul-tados inéditos, desenvolvidos com metodologia científica e com resultados e discussão que contribuam para a ciência da enfermagem e da saúde. O texto não deve exceder 4.500 palavras e 20 referências.

Artigos de Revisão

Análises abrangentes da literatura, compilando conheci-mentos disponíveis sobre determinado tema de interesse para o desenvolvimento da Enfermagem. Devem ser baseados em bibliografia pertinente, atualizada, crítica e sistemática, enfati-zando a delimitação do tema e as conclusões. Também devem ser redigidos segundo metodologia científica, sendo que a estrutura e as especificações gerais são as mesmas que as dos artigos originais e dos relatos de experiência.

• Revisão integrativa: trata-se de um método de pes-quisa que apresenta o resumo de estudos publicados gerando conclusões sobre um tema específico, seguindo seis etapas pré-estabelecidas, a saber:• identificação do tema e seleção da hipótese ou questão

de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa;• estabelecimento de critérios para inclusão e exclu-

são de estudos/ amostragem ou busca na literatura;• definição das informações a serem extraídas dos

estudos selecionados/ categorização dos estudos;• avaliação dos estudos incluídos na revisão integra-

tiva; Interpretação dos resultados;• apresentação da revisão/síntese do conhecimento. • O texto não deve exceder 4.500 palavras e não tem

limite de referências.• Revisão sistemática: método de pesquisa que visa a

síntese rigorosa dos estudos originais, de várias meto-dologias com o objetivo de responder a uma questão específica considerada relevante para a prática profis-sional e para o conhecimento teórico da área. Descreve os passos para a busca dos estudos de forma detalhada, os critérios utilizados na seleção das publicações elen-cadas e os procedimentos utilizados para a síntese dos resultados dos estudos revisados, incluindo ou não metanálises ou metassínteses. O texto não deve exce-der 4.500 palavras e não tem limite de referências.

Relatos de Experiência

Descrições analíticas acerca da assistência de Enfermagem, utili-zando o método de estudo de caso, abordando temas de interesse à atuação de enfermeiros no período perioperatório, no controle de infecção e no processamento de materiais relacionados à assistência à saúde, contendo análise de implicações conceituais ou descrição de procedimentos, apresentando estratégias de intervenção e evi-dência metodológica apropriada de avaliação da eficácia. A estru-tura e as especificações gerais são as mesmas que as dos artigos originais. O texto não deve exceder 2.000 palavras e 20 referências.

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

PROCEssO DE AVALIAÇÃO PELOs PAREs

Os artigos submetidos serão analisados pela secretaria para verificar a adequação às Normas Gerais de Publicação da Revista. Caso haja inadequação, serão devolvidos aos auto-res para correção.

Quando aprovado nesta etapa, seguirão para análise dos Editores Científicos e Associados que procederão a análise da adequação ao Escopo e Política Editorial da Revista.

Após esta etapa, os artigos serão encaminhados a dois relatores que analisarão o conteúdo técnico e metodoló-gico, utilizando um instrumento de avaliação desenvolvido para este objetivo. Havendo discrepância entre os pareceres, o artigo será encaminhado a um terceiro relator. O anoni-mato é garantido em todas as etapas do processo de avaliação.

Os pareceres finais serão avaliados pelo Conselho Editorial, que indicará modificações a serem realizadas. A publicação dos artigos ocorrerá somente após a aprovação dos parece-ristas e do Conselho Editorial.

PERIODICIDADE

Trimestral, publicando um volume por ano, em 4 fascículos

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1. Processo de submissão e avaliação dos originais

Antes de submeter um trabalho original para a Rev. SOBECC, por favor, leia atentamente estas instruções e faça a verifica-ção dos itens utilizando o Checklist para os autores, disponi-bilizado ao final desta página.

Salientamos que plágio acadêmico em qualquer nível é crime, fere a legislação brasileira no artigo 184 do Código Penal e no artigo 7º, parágrafo terceiro, da lei 9.610-98 que regula-menta o direito autoral, constituindo-se, assim, matéria cível e penal. Por isso, todos os originais submetidos são passíveis de análise e detecção por software(s) detector(res) de plágio.

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1.2. declaração de conflito de interesses;1.3. documento de aprovação do Comitê de Ética em aten-

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Em quaisquer submissões, os autores deverão observar o número de tabelas, quadros, figuras, fotos e anexos, que não devem exceder o total de 5 (cinco). Todavia, como a ver-são eletrônica permite recursos hipermídia, o uso de áudios, vídeos e tabelas dinâmicas são bem vindos para serem publi-cados neste formato.

Fotos originais podem ser encaminhadas para publica-ção, no entanto a reprodução do material publicado na Rev. SOBECC é permitida mediante autorização da entidade ou proprietário, com a devida citação da fonte.

Os originais recebidos serão analisados pelo Conselho Editorial, Editores Associados e consultores ad hoc que se reservam o direito de aceitá-los ou recusá-los, levando em consideração o Escopo e a Política Editorial, além do con-teúdo técnico e metodológico.

O anonimato dos autores é garantido em todas as eta-pas do processo de avaliação, bem como o dos pareceristas [double blind peer review].

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Os originais serão submetidos à apreciação de no mínimo 02 (dois) consultores indicados pelos Editores Associados, em conformidade com a especialidade/assunto.

Em caso de uma aprovação e uma rejeição a submissão será encaminhada para um terceiro revisor. O Editor Científico, pautado nos pareceres emitidos pelos revisores, se reserva o direito de emitir o parecer final de aceitação ou rejeição.

As indicações de correção sugeridas pelos pareceristas serão enviadas aos autores para que possam aprimorar o seu original. As mudanças feitas no artigo deverão ser realçadas no texto. Em caso de discordância, os autores devem redigir sua justificativa em uma carta ao Editor.

A publicação das submissões ocorrerá somente após a aprovação do Conselho Editorial, Editores Associados e Editor Científico.

Após a aprovação, o artigo é revisado ortográfica e gra-maticalmente por revisor especializado. As alterações even-tualmente realizadas são encaminhadas para aprovação for-mal pelos autores, antes de serem encaminhados para publi-cação. A Rev. SOBECC se responsabiliza pela tradução para o inglês do artigo na íntegra.

Os autores terão o prazo de 24 horas para aprovar a revisão de texto em português. O não cumprimento deste prazo transfere ao editor a responsabilidade pela aprovação. Não serão admitidos acréscimos ou modificações após a apro-vação da revisão final.

2. Apresentação dos originais

A apresentação deve obedecer à ordem abaixo especificada. É necessário que os trabalhos sejam enviados em arquivo Word, digitados em português, respeitando a ortografia ofi-cial, com fonte em letra Arial, tamanho 12, espaçamento 1,5 cm entre linhas, margens de 2,5 cm (direita, esquerda, supe-rior e inferior), atentando para o número limite de palavras de acordo com a classificação da submissão: original, revisão (integrativa ou sistemática) ou relato de experiência, incluindo referências, tabelas, quadros, figuras, fotos e anexos.

2.1. Orientações sobre preenchimento de alguns campos do formulário de submissão:

2.1.1. Título do artigo em português, sem abreviaturas ou siglas (máximo 14 palavras);

2.1.2. Nome(s) completo(s) e sem abreviaturas dos auto-res, cadastrados na ordem em que deverão apare-cer na publicação;

2.1.3. Assinalar nome e endereço completo de um dos autores para recebimento de correspondência, incluindo telefones comercial, residencial e e-mail;

2.1.4. Identificações completas dos autores, separadas por vír-gula, na seguinte ordem: profissão, titulação acadêmica mais recente, local de atuação profissional/instituição à qual pertence, cidade, estado. Devem constar os e-mails de todos os autores, para publicação. É desejável que os autores coloquem sua identificação ORCID, bem como a URL do seu currículo Lattes;

2.1.5. Conflitos de interesses: é obrigatório que os autores informem qualquer potencial conflito de interes-ses, incluindo interesses políticos e/ou financeiros (relacionados a patentes ou propriedades, provisão de materiais e/ou insumos, equipamentos utiliza-dos no estudo pelos fabricantes, financiamento a congressos ou afins); prestígio acadêmico, poder institucional, reconhecimento entre os pares e na sociedade, estudos e pesquisas sobre as próprias disciplinas e instituições. Não havendo nenhum conflito, devem redigir uma sentença dizendo não haver conflitos de interesses no campo pró-prio para isso no formulário de submissão;

2.1.6. Trabalhos que tiveram financiamento por agência de fomento devem identifica-la, bem como o número, no campo específico do formulário de submissão;

2.1.7. Classificação do original: selecionar a seção cor-reta para a submissão, ou seja, original, de revisão (integrativa ou sistemática), relato de experiência.

2.2. Arquivo do original a ser submetido

2.2.1. Não deve conter o(s) nome(s) do(s) autor(es).2.2.2. Resumo: somente em português, contendo, no

máximo, 180 palavras. O Resumo deve ser estru-turado, ou seja, dividido em: Objetivo(s), Método, Resultados e Conclusão.

2.2.3. Palavras-chave (Keywords; Palabras clave): de três a cinco palavras-chave, na seguinte ordem: português, inglês e espanhol e elaboradas segundo os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) da BIREME (Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde). Se forem compostas, somente a primeira palavra deve estar em caixa alta e devem ser separadas uma das outras por ponto. Utilizar de três a cinco palavras-chave.

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

2.2.4. Original: produzido conforme as característi-cas individuais de cada trabalho, ou seja, arti-gos originais, relatos de experiência e revisões de literatura, porém estruturados e em pará-grafos distintos com: Introdução, Objetivo(s), Método, Resultados, Discussão, Conclusão e/ou Considerações finais e Referências. Atentar para o número de palavras e referências de acordo com a classificação do artigo.

3. Cuidados para a preparação do original

3.1. Introdução: breve, com definição do problema destacando a relevância do estudo e as lacunas do conhecimento.

3.2. Objetivo: Indica aquilo que se pretende alcançar na pesquisa. Claro e direto.

3.3. Método: Método de pesquisa utilizado, população, critérios de inclusão e fonte de dados. De acordo com a classificação do original é necessário infor-mar que a pesquisa foi realizada de acordo com os preceitos éticos e citar o número do protocolo de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (número CAAE – via Plataforma Brasil).

3.4. Resultados: Descrição clara e objetiva dos dados relevantes, sem interpretações ou comentários. Podem ser utilizadas tabelas, quadros e figuras, todavia com a devida indicação no texto.

3.5. Discussão: Deve limitar-se aos dados obtidos e aos resultados alcançados, com ênfase nas novas descobertas proporcionadas pelo estudo e discu-tindo concordâncias e divergências do estudo. Destacar as limitações do estudo.

3.6. Conclusão: Deve responder aos objetivos ou hipóteses do estudo, sedimentada nos resultados e discussão, coerente com o título e o método uti-lizado e com os objetivos propostos.

3.7. Referências: Devem ser construídas de acordo com as normas de Vancouver, elaboradas pelo International Committee of Medical Journal Editors — Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (ICMJE) — sendo baseadas no padrão ANSI, adaptado pela US National Library of Medicine. As Referências devem ser indicadas numericamente na sequência em que aparecem no texto, no qual precisam ser identificadas por números arábicos sobrescritos, sem

parênteses. Se forem sequenciais devem ser separa-das por hífen; se forem aleatórias, a separação deve ser feita por vírgulas. A exatidão das referências é de responsabilidade dos autores. As referências devem ser primárias e pelo menos 50% delas com menos de 5 (cinco) anos. Todas as referências deverão indicar a URL para acesso ao texto completo, caso esteja disponível na web.

4. Declaração de responsabilidade e transferência de direitos de primeira publicação

“O(s) autor(es) abaixo assinado(s) transfere(m) todos os direi-tos de primeira publicação do original intitulado _______________________________________________ (título do artigo) para a Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC), caso este trabalho seja publicado na Rev. SOBECC., podendo ser reproduzido, distribuído, transmitido ou reutilizado, com a citação obrigatória da fonte.

Cada autor assegura que participou suficientemente do estudo para justificar sua autoria, garantindo ainda, que o artigo é ori-ginal, que não está sob apreciação de outra revista simultanea-mente e que o texto e os dados nele apresentados não foram ante-riormente publicados.

O(s) autor(es) concorda(m) que as opiniões expressas neste original não representam, necessariamente, o ponto de vista dos editores ou da Associação, que renunciam toda responsabilidade e compromissos sobre seu conteúdo.

Nome legível e assinatura, na ordem exata de autoria

Nome Legível Assinatura

5. Check list para os autores

Antes de proceder o upload do original no sistema, é neces-sário o atendimento às normas da revista. Para simplificar a conferência, apresentamos o checklist a seguir, objetivando agilizar o processo editorial.

Recomendamos que todos os dados dos autores e do origi-nal a ser submetido, bem como os documentos suplementares (aprovação do Comitê de Ética, Declaração de responsabilidade e transferência de direitos de publicação, autorização para repro-dução de fotos etc.) estejam em mãos para sua conferência.

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| V |Rev. SOBeCC, SãO PaulO. JaN./MaR. 2018; 23(1): I-vI

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Item Atendido Não se aplica

Documentos suplementares para submissãoDocumentos de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa Declaração de responsabilidade e transferência de direitos de publicação, preenchida e com a assinatura de todos os autores

Autorização para a reprodução de fotos

Declaração de conflitos de interesses    Metadados da submissão

Título em português, sem abreviatura ou siglas – máximo 14 palavras

Nomes completos dos autores, alinhados à margem esquerda do texto

Identificação do autor correspondente, com endereço completo, telefone e e-mail

Identificação de todos os autores: profissão, titulação acadêmica mais recente e local de atuação profissional/instituição, cidade, estado e e-mails (Desejável – ORCID e uRl Curriculum lattes)

Identificação da agência de fomento

Classificação do manuscrito: original, revisão (integrativa ou sistemática) ou relato de experiência

Página do artigoResumo: português apenas, formatado com espaço simples, no máximo 180 palavras, estruturado em: Objetivo(s), Método, Resultados e Conclusão

Palavras-chave: português, inglês e espanhol. De 3 a 5, que constem no DeCS

ManuscritoFormatação: Fonte arial, tamanho 12, espaçamento 1,5 cm entre linhas, margens de 2,5 cm (direita, esquerda, superior e inferior). Número de palavras conforme a classificação do original: artigo original (até 4.500 palavras); artigo de revisão – integrativa ou sistemática (até 4.500 palavras) e relato de experiência (até 2.000 palavras), incluindo o texto, tabelas, quadros, anexos, figuras e referências.

Artigo originalPesquisa quantitativa: Introdução, Objetivo(s), Método, Resultados, Discussão, Conclusão e Referências Pesquisa qualitativa: Introdução, Objetivo(s), Método, Resultados, Discussão, Considerações Finais e Referências Introdução: Deve ser breve, com definição do problema destacando a relevância do estudo e as lacunas do conhecimento Objetivo: Deve indicar claramente aquilo que se pretende alcançar na pesquisa. utilizar verbos no infinitivo

MétodoPesquisa quantitativa: Deve apresentar desenho, local do estudo, período, população ou amostra critérios de inclusão e exclusão; análise dos resultados e estatística, aspectos éticos (número do protocolo CAAE quando aplicável)

Pesquisa qualitativa: Deve apresentar referencial teórico-metodológico; tipo de estudo; categoria e subcategorias de análise; procedimentos metodológicos (hipóteses, cenário do estudo, fonte de dados, coleta e organização, análise) e aspectos éticos (número do protocolo Caae quando aplicável)

Resultados: Deve conter descrição clara e objetiva dos dados relevantes, sem interpretações ou comentários Discussão: Deve ser em item separado dos Resultados

Dialoga com a literatura nacional e internacional? apresenta as limitações do estudo? Descreve as contribuições para a área da enfermagem e saúde?

Conclusão ou considerações finais: Deve responder aos objetivos ou hipóteses do estudo, sedimentada nos resultados e discussão, coerente com o título e o método utilizado e com os objetivos propostos Revisão integrativa: Deve apresentar as 6 (seis) etapas: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/ amostragem ou busca na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/ categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos resultados; apresentação da revisão/síntese do conhecimento

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| VI |Rev. SOBeCC, SãO PaulO. JaN./MaR. 2018; 23(1): I-vI

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Item Atendido Não se aplica

Revisão sistemática: Deve apresentar as etapas de: definição do seu propósito; formulação da pergunta; busca na literatura (Definição de critérios para selecionar os estudos: poder da evidência dos estudos; execução da busca da literatura); avaliação dos dados; análise e síntese de dados; apresentação dos resultados; os quadros sinóticos devem conter: referência do artigo selecionado, ano de publicação, delineamento e número de pacientes, intervenções, desfechos e indicador de qualidade do estudo

Referências: Estilo Vancouver. Para artigos disponibilizados em português e inglês, deve ser citada a versão em inglês, com a paginação correspondente; evitar capítulos de livros, livros, dissertações e teses, a não ser que tragam o referencial teórico; ao menos 50% das citações deve ter menos de 5 (cinco) anos de publicação; utilizar as citações primárias quando se referir a legislações, diretrizes, autores consagrados

Traz publicações de revistas nacionais e internacionais? as referências estão indicadas numericamente na sequência em que aparecem no texto? as referências estão identificadas por números arábicos sobrescritos, sem parênteses e antes da pontuação? (as referências sequenciais, devem ser separadas por hífen; se forem aleatórias, a separação deve ser feita por vírgulas)

Tabelas, Quadros, Figuras e Anexos: Devem ser numeradas na sequência de apresentação do texto, totalizando o máximo de 5 (cinco) Tabelas: Em conformidade com as normas do IBGE Figuras: O título se apresenta abaixo dela Fotos: Tem a autorização da entidade e a devida citação da fonte

GeralRetirar das propriedades do documento eletrônico a identificação de autoria para que não haja identificação pelos avaliadores    

DECLARAÇÃO DE DIREITO AUTORAL

Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:

• Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilha-mento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.

• Autores têm autorização para assumir contratos adi-cionais separadamente, para distribuição não-exclu-siva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.

• Autores têm permissão e são estimulados a publi-car e distribuir seu trabalho online (ex.: em repo-sitórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações pro-dutivas, bem como aumentar o impacto e a cita-ção do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).

POLÍTICA DE PRIVACIDADE

Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalida-des ou a terceiros.

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