sociedade, estado e mercado teoria do sistema...
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TeoriadoSistemaMundo
ImmanuelWallerstein(1930-)
Andre Gunder Frank(1929– 2005)
GiovanniArrighi(1937– 2009)
Estágios de desenvolvimento de W. W. Rostow(The Stages of Economic Growth: A Non-Communist Manifesto, 1960)
• Sociedade tradicional
• Pré-condições para a decolagem
• Decolagem
• Rumo à maturidade
• Era do consumo de massa
PIB como proporção do PIB mundial
Fonte:FMI,WorldEconomicOutlook
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Brazil China Germany Japan United States
AdescobertadaAméricaeadeumapassagemparaasÍndiasOrientaispelocabodaBoaEsperançasãoosdoismaioresemaisimportanteseventosregistradosnahistóriadahumanidade.[...]Porunirem,atécertoponto,asregiõesmaisdistantesdomundo,
porpossibilitar-lhes aliviar mutuamente as necessidades,aumentarsuassatisfaçõeseestimularsua
atividade,suatendênciageralpareceriaserbenéfica.Paraosnativos,porém,tantoosdasÍndiasOrientaiscomoosdasÍndias
Ocidentais, todos os benefícios comerciaisquepossamter
advindodesseseventosnaufragaram e se perderam nos infortúnios horríveis queprovocaram.Contudo,essesinfortúniosparecemterderivadomaisdeacidentesdoquedapróprianaturezadesseseventos.
Naépocaespecíficaemqueserealizaramtaisdescobertas,
aconteceuqueasuperioridade de forças estavaatal
pontodo lado dos europeus,queestespuderamcometerimpunementetodasortedeinjustiçasnaquelasregiõeslongínquas.Futuramente,porém,épossívelqueosnativosdessespaísessetornemmaisfortes,ouosdaEuropamaisfracos,eoshabitantesdetodasasdiversasregiõesdomundo
possamchegaràquelaigualdade de coragem e força que,inspirandotemormútuo,constituioúnicofatorsuscetíveldeintimidarainjustiçadenaçõesindependentese
transformá-laemcertaespéciederespeito pelos direitos recíprocos.Contudo,nadaparecetermaisprobabilidadedecriartaligualdadedeforçadoqueointercâmbiomútuodeconhecimentosedetodosostiposdeaprimoramentosquenatural,oumelhor,necessariamente,trazconsigoumamplocomércioentretodosospaíses.
Smith,A.Riqueza das Nações,livroII,pp.141
Teoriacríticalatino-americana
AníbalQuijano(1928-)
FernandoH.Cardoso(1931– )
EnzoFaletto(1935– 2003)
WalterMignolo(1941-)
EnriqueDussel(1934-)
TeoriadaDependência
Antecedentes:
• Desenvolvimentodesigualecombinado(Trostsky)
• Teoriasdoimperialismo(Lenin)
• AusênciadefeudalismonaAméricaLatina(C.PradoJr.)
• Desenvolvimentoparaforavs paradentro(Cepal)
TeoriadaDependência
Correntes:
• Estruturalistas:R.Prebisch,C.Furtado,O.Sunkel,A.Pinto,H.Jaguaribe,M.C.Tavares,A.Ferrer
• Não-marxistas:F.H.CardosoeE.Faletto
• Marxistas:R.M.Marini,T.dosSantos,V.Bambirra
TeoriadaDependência
Teses centrais:
Adinâmicaeconômicadecertospaísesécondicionadapela
dinâmica(expansãoeretração)de outra economia àqualestásubordinada
AméricaLatinasemprefoicapitalista– colonizaçãoeuropeiacomoexpansãodocapitalismomercantil
Divisãointernacionaldotrabalho– centro(atividadesnafronteiratecnológica)eperiferia(atividadesdebaixovaloragregado)
Multi-dimensionalidade dadependência– condiçãodependentepossuiconsequênciasnãosóeconômicas,mastambémpolíticas, sociais e culturais.
TeoriadaDependência
Etapas da dependência na América Latina:
Séc.XVI-XIX– ExportaçãodeprodutosprimáriosviamonopólioscomerciaisconcedidospeloEstadocolonizador,mãodeobraservilouescrava
Séc XIX– meadosdoséc XX– Incentivoseinvestimentodomercadodocentroparaaproduçãoeexportaçãodeprodutosprimários,trabalhoservilouassalariado
Meadosdoséc XX-1990– Investimentosdiretosdeempresasmultinacionais,indústriadofim do ciclo do produto
1990-Hoje – Aberturadomercadodecapitaisedependênciadefluxosfinanceirosinternacionais,re-especialização produtiva
TeoriadaDependência
Impactos políticos da dependência:
Centro• Economiasintegradas• Tecnologiasedifundehomogeneamente• Vantagensnocomérciointernacional• Aumentodosalárioreal• Incorporaçãopolíticadeclassessubalternas
Periferia• Economiasnãointegradas• Tecnologiaconcentradanosetorexportador/
heterogeneidadeprodutiva• Desvantagensnocomérciointernacional• Baixossalários• Exclusãopolíticaesocial
Impactos políticos da dependência (Cardoso e Faletto):
Economias com controle interno do sistema produtivo
• Argentina,Brasil,Uruguai,Colômbia
• OligarquiadomésticadominaEstadoeatividadesexportadoras
• Choqueadverso:burguesia doméstica sevoltaàindustrialização (comoatividadeacessória)
• ↑Urbanizaçao,↑assalariamento
• ↑Mercadointerno
• Incorporaçãosócio-políticadeclassesmédias
Impactos políticos da dependência (Cardoso e Faletto):
Economias de enclave• México,Bolívia,Venezuela/Chile,Peru/AméricaCentral
• OligarquiadomésticadominaEstado,nãodominaatividadesexportadoras
• Choqueadverso:burguesiainternacionalnão sevoltaàindustrialização
• Estadocomoatordamudançaeincorporaçãosócio-políticadeclassesmédias
Quijano,A.2005.Colonialidade dopoder,eurocentrismo eAméricaLatina,p.117.
A América constitui-se como o primeiro espaço/tempo de um padrão de poder de
vocação mundial e, desse modo e por isso, como a primeira id-entidade da
modernidade. Dois processos históricos convergiram e se associaram na produção
do referido espaço/tempo e estabeleceram-se como os dois eixos fundamentais do
novo padrão de poder. Por um lado, a codificação das diferenças entre
conquistadores e conquistados na ideia de raça, ou seja, uma supostamente
distinta estrutura biológica que situava a uns em situação natural de inferioridade
em relação a outros. Essa ideia foi assumida pelos conquistadores como o principal
elemento constitutivo, fundacional, das relações de dominação que a conquista
exigia. Nessas bases, consequentemente, foi classificada a população da América, e
mais tarde do mundo, nesse novo padrão de poder. Por outro lado, a articulação de
todas as formas históricas de controle do trabalho, de seus recursos e de seus
produtos, em torno do capital e do mercado mundial.
Quijano,A.2005.Colonialidade dopoder,eurocentrismo eAméricaLatina,p.121.
[...] os colonizadores exerceram diversas operações que dão conta das condições que
levaram à configuração de um novo universo de relações intersubjetivas dedominação entre a Europa e o europeu e as demais regiões e populações domundo, às quais estavam sendo atribuídas, no mesmo processo, novas identidadesgeoculturais. Em primeiro lugar, expropriaram as populações colonizadas – entreseus descobrimentos culturais – daqueles que resultavam mais aptos para odesenvolvimento do capitalismo e em benefício do centro europeu. Em segundolugar, reprimiram tanto como puderam, ou seja, em variáveis medidas de acordocom os casos, as formas de produção de conhecimento dos colonizados, seuspadrões de produção de sentidos, seu universo simbólico, seus padrões deexpressão e de objetivação da subjetividade. [...] Em terceiro lugar, forçaram –também em medidas variáveis em cada caso– os colonizados a aprenderparcialmente a cultura dos dominadores em tudo que fosse útil para a reproduçãoda dominação, seja no campo da atividade material, tecnológica, como da subjetiva,especialmente religiosa. É este o caso da religiosidade judaico-cristã. Todo esse
acidentado processo implicou no longo prazo uma colonização dasperspectivas cognitivas, dos modos de produzir ou outorgar sentido aos
resultados da experiência material ou intersubjetiva, do imaginário, do
universo de relações intersubjetivas do mundo; em suma, da cultura.
Quijano,A.2005.Colonialidade dopoder,eurocentrismo eAméricaLatina,p.122.
Conceito de modernidade
“O fato de que os europeus ocidentais imaginaram ser a culminação de uma
trajetória civilizatória desde um estado de natureza, levou-os também a pensar-se
como os modernos da humanidade e de sua história, isto é, como o novo e ao mesmo
tempo o mais avançado da espécie. Mas já que ao mesmo tempo atribuíam ao
restante da espécie o pertencimento a uma categoria, por natureza, inferior e por
isso anterior, isto é, o passado no processo da espécie, os europeus imaginaram
também serem não apenas os portadores exclusivos de tal modernidade, mas
igualmente seus exclusivos criadores e protagonistas. O notável disso não é que os
europeus se imaginaram e pensaram a si mesmos e ao restante da espécie desse
modo –isso não é um privilégio dos europeus– mas o fato de que foram capazes de
difundir e de estabelecer essa perspectiva histórica como hegemônica dentro do
novo universo intersubjetivo do padrão mundial do poder”.
Quijano,A.2005.Colonialidade dopoder,eurocentrismo eAméricaLatina,p.121.
Nesse sentido, a pretensão eurocêntrica de ser a exclusiva produtora eprotagonista da modernidade, e de que toda modernização de populaçõesnão-européias é, portanto, uma europeização, é uma pretensão etnocentrista e
além de tudo provinciana. Porém, por outro lado, se se admite que oconceito de modernidade se refere somente à racionalidade, à ciência, àtecnologia, etc., a questão que estaríamos colocando à experiência histórica nãoseria diferente da proposta pelo etnocentrismo europeu, o debate consistiriaapenas na disputa pela originalidade e pela exclusividade da propriedade dofenômeno assim chamado modernidade, e, em consequência, movendo-se nomesmo terreno e com a mesma perspectiva do eurocentrismo. Há, contudo, um
conjunto de elementos demonstráveis que apontam para um conceito demodernidade diferente, que dá conta de um processo histórico
específico ao atual sistema-mundo. Nesse conceito não estão, obviamente,ausentes suas referências e seus traços anteriores. Porém, define-se enquantoparte de um universo de relações sociais, materiais e intersubjetivas, cujaquestão central é a libertação humana como interesse histórico da sociedade etambém, em consequência, seu campo central de conflito.
Quijano,A.2005.Colonialidade dopoder,eurocentrismo eAméricaLatina,p.121.
Em primeiro lugar, o atual padrão de poder mundial é o primeiro efetivamente
global da história conhecida. Em vários sentidos específicos. Um, é o primeiroem que cada um dos âmbitos da existência social está articulado a todas asformas historicamente conhecidas de controle das relações sociaiscorrespondentes, configurando em cada área um única estrutura com relaçõessistemáticas entre seus componentes e do mesmo modo em seu conjunto. Dois,é o primeiro em que cada uma dessas estruturas de cada âmbito de existênciasocial, está sob a hegemonia de uma instituição produzida dentro doprocesso de formação e desenvolvimento deste mesmo padrão de poder.Assim, no controle do trabalho, de seus recursos e de seus produtos, está aempresa capitalista; no controle do sexo, de seus recursos e produtos, a famíliaburguesa; no controle da autoridade, seus recursos e produtos, o Estado-nação;no controle da intersubjetividade, o eurocentrismo. Três, cada uma dessasinstituições existe em relações de interdependência com cada uma das outras.Por isso o padrão de poder está configurado como um sistema. Quatro,finalmente, este padrão de poder mundial é o primeiro que cobre a totalidadeda população do planeta.