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revista comunitária

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CARO/A AMIGO/A,

Você está iniciando a leitura de uma revista que foi criada pelos jovens de Central Carapina (que fica na cidade de Serra, no Espírito Santo). Nosso objetivo com a revista é mostrar, principalmente para os moradores do bairro e redondezas, que é possível acreditar e investir no desenvolvimento de nossa comunidade.

Sabemos que Central Carapina sofre com o problema da violência - isso é o que se vê noticiado nos jornais mais conhecidos do Estado. Mas, infelizmente, a violência se encontra em toda parte, não somente aqui. Seja em bairros de classe média ou em bairros mais humildes como o nosso, esse é um problema social que todos enfrentamos, independentemente de qual classe social se está inserido.

Entretanto, a mídia costuma só dar espaço para as coisas ruins que acontecem aqui, sem mostrar que também existem coisas boas. Chega de ouvirmos ou lermos somente coisas ruins sobre nossa comunidade, é hora de mostrarmos que aqui também existe bondade, solidariedade e pessoas que desejam transformar nossa realidade para melhor!

Foi pensando nisso que reunimos, nessa revista, matérias, entrevistas e artigos que falam sobre a importância da mobilização, da dinamização da cultura, e que apresentam experiências que já estão dando certo em Central Carapina!

editorial

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Além disso, por acreditarmos que o jovem pode desempenhar um papel muito importante no processo de transformação da comunidade, muito do conteúdo aqui apresentado está ligado aos temas juventude, cultura e participação.

Durante o processo de elaboração da revista, reunimos vários jovens para ouvir deles o que pensam sobre a comunidade. Nas conversas, surgiram algumas constatações. A primeira e mais importante foi a falta de espaço para a juventude de Central Carapina. Não temos um local em que possamos nos expressar culturalmente como jovens, não temos espaços seguros em que possamos nos reunir para desfrutarmos do nosso direito à cultura, ao lazer, à diversão. Por não termos referências sólidas na nossa comunidade, muitos de nós nos sentimos desconectados da realidade local e por isso procuramos diversão, lazer e cultura em outros lugares, em outras realidades.

Vivemos um círculo vicioso que precisa ser rompido: o jovem não valoriza as suas raízes e, ao mesmo tempo, não se sente valorizado ou ouvido na comunidade. Mas agora é hora de transformação, de tomarmos atitude, de sairmos da acomodação e da apatia e fazermos de Central Carapina um lugar que nos dê orgulho de dizer que sim, somos daqui, vivemos aqui, somos Comunidade Central Carapina!

LORRAINE LOPES

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DE SOSSEGO ÀCENTRAL CARAPINA

Em meados dos anos setenta, nasce, ainda que discretamente, a comunidade de Central Carapina, cujo nome inicial era Sossego. A princípio, o local era puro brejo, sem nenhum saneamento básico, muito menos energia elétrica. Aos poucos, moradores do interior do Espírito Santo, do Rio de Janeiro, do sul da Bahia e de Minas Gerais começaram a povoar o bairro. “Mas, para ocupar o local, era preciso aterrar o terreno ou fincar as casas sobre toras de madeira de uns três metros de fundura, que era para chegar no chão firme. Por cima, só tinha barro”, conta uma das primeiras moradoras, dona Maria Alves Nunes de Sousa, de 60 anos.

Mas o que atraiu dona Maria e os demais moradores? “Os preços dos terrenos”, explica ela. Casada e com filhos, saiu de Goiabeira (MG) para Sossego em busca da casa própria. No bairro, onde vive há mais de 30 anos, educou seus oito filhos. A história de sua família acabou se misturando à da cidade.

Entre os moradores mais antigos, também está o senhor Abílio Floriano Gomes, que completa 85 anos em julho deste ano. Foram pessoas como ele e como dona Maria que ajudaram a modelar a comunidade, a começar pelo primeiro nome do bairro, Sossego – porque era um local bem familiar e calmo para se viver.

Em mais de quatro décadas de história, transformações vão da paisagem ao nome do bairro

Maria Alves Nunes de Sousa: 30 anos de história na comunidade

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história da comunidade

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A fundação da primeira igreja católica do local, Divino Espírito Santo, contou com grande participação da população. Segundo dona Maria, “antes mesmo da construção da igreja, o povo já celebrava missa todos os domingos nas casas dos moradores e o padre celebrava uma vez por mês. Hoje em dia, toda quinta de manhã tem uma missa rezada pelo padre e dois domingos por mês também”.

Alguns anos mais tarde, graças às reivindicações dos moradores, foi asfaltada a primeira via de acesso ao bairro, a Avenida Vitória. “Por ela, passava o ônibus que ia para a capital do estado, onde a gente comprava tudo o que precisava”, diz dona Maria. Também resultando de reivindicação dos moradores, foi construída a primeira escola de ensino fundamental, Antônio Vieira de Rezende, hoje mais conhecida como “colégio velho”. A escola, além de atender crianças entre seis e 11 anos para a alfabetização, era referência de ponto final do bairro. “Foi lá que estudaram todos os meus filhos”, conta a senhora.

A população de Sossego cresceu e houve a necessidade de ampliar o bairro. “A parte mais baixa da região foi aterrada e loteada pela prefeitura, mas lá tinha menos brejo que a parte aqui de cima”, explica. Ela conta que esse local da ampliação passou a ser chamado de Sosseguinho – nome de certa forma carinhoso, dado por ter surgido um pouco depois de Sossego, o início do bairro.

Vista de Central Carapina.

Ao fundo, o morro Mestre Álvaro.

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Foi com o aumento da população e com o surgimento de Sosseguinho que o bairro começou a ser mais bem estruturado. Os moradores se organizaram melhor para buscar junto à prefeitura condições de vida mais dignas. Iniciou-se, então, uma labuta paulatina para a implementação de saneamento básico e energia elétrica, pautas essenciais para qualquer comunidade. Com a implementação desses recursos básicos, veio também a necessidade de ampliação da rede de ensino, pois só havia uma escola de ensino fundamental de primeira à quarta série. Assim, começou a construção da Escola Estadual Jones José do Nascimento, hoje mais conhecida como “colégio novo”, que atende crianças de primeira a oitava série.

Quando o senhor Abílio e dona Maria chegaram ao bairro, as casas eram todas de madeira. Hoje, contam eles, é difícil ver barraco de tábua. “Central Carapina virou quase uma cidade”, exclama dona Maria.

A comunidade foi crescendo mais e mais. Pessoas de diversas partes buscavam e buscam seu espaço. Mesmo com todas as dificuldades que foram e são encontradas, os problemas foram e são, felizmente, superados. Essas pessoas ajudaram e ajudam a fazer a história do bairro - que, a propósito, passou a se chamar Central Carapina em meados dos anos noventa, após um plebiscito.

A passarela que liga Carapina e Central Carapina é uma das entradas do bairro.

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EDUCAÇÃO

Segundo um amplo estudo da Unesco, publicado em 1998, para a construção de um mundo com mais paz, liberdade e justiça social, a educação deve voltar-se à formação integral das pessoas. Deve oferecer oportunidades para que cada um se prepare para agir com autonomia, solidariedade e responsabilidade; para comunicar-se, interagir, não agredir, participar e cooperar; para ser empreendedor e ter curiosidade, senso crítico e capacidade de discernir. Enfim, para colocar-se numa posição que o permita continuar aprendendo ao longo de toda a vida.

Em Central Carapina, este ideal de formação integral dos sujeitos está sendo buscado em iniciativas como a Rede AICA - Rede de Atendimento Integrado à Criança e ao Adolescente e a Escola Aberta. São projetos que mostram, na prática, que o trabalho em rede é possível e gera desenvolvimento real para a comunidade.

REDE AICA – PROJETO LEGALO Projeto Legal, realizado pela Rede AICA, atende, por dia, 250 pessoas, com idade entre oito e 17 anos. No projeto, os pequenos - e grandinhos também - aprendem desde cedo o que é ser um bom cidadão, que cultive valores como respeito e tolerância, ao mesmo tempo em que adquirem conhecimentos que ampliam a sua formação escolar e abrem perspectivas de profissionalização.

Edilene Correa Batisti Santos, coordenadora do projeto na unidade Central Carapina, relata que tudo começou em 1997, com um grupo de voluntários e padres da Paróquia de São José Operário de Carapina. O grupo se uniu a

Conheça um pouco de dois projetos que buscam um novo ideal de educação para as crianças e adolescentes de Central Carapina

PARA A VIDA

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partir de uma preocupação em comum: a falta de oportunidades de desenvolvimento pessoal, social e cultural para as crianças e adolescentes da região. O grupo acreditava que não podia cruzar os braços frente a situações como crianças pedindo esmolas em sinais, meninas em situação de exploração sexual, meninos envolvidos com o tráfico, violência doméstica, violência de rua. E concluiu que só com uma ação educativa ampla era possível enfrentar problemas sociais tão complexos.

Ao longo de 15 anos, essa ideia foi ganhando cada vez mais força, graças ao trabalho de inúmeros voluntários e de uma ampla rede de parceiros, que hoje reúne a Cáritas (ONG que é a principal mantenedora do projeto), a Pastoral do Menor da Arquideocese de Vitória e apoiadores como a Prefeitura de Serra, o banco HSBC e a Arcelor Mittal.

COMO FUNCIONAAs atividades da Rede AICA – Projeto Legal são oferecidas gratuitamente aos moradores de Central Carapina e adjacências. O projeto prioriza o atendimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social (em condição de pobreza extrema, em situação de abandono, vítimas de violência e pessoas encaminhadas por órgãos como o Conselho Tutelar).

A programação é ampla. No contra-turno escolar, cada integrante participa de atividades de apoio pedagógico e de duas oficinas de áreas diversas, a saber: artesanato (bordado em fita, pintura em tela, biscuit, criação de objetos artísticos com materiais reciclados), arte (teatro e dança), esportes (karatê, capoeira, futebol). Como passam um turno inteiro na Rede AICA, os educandos recebem, também gratuitamente, alimentação completa (café da manhã e almoço, no turno da manhã; almoço e lanche reforçado, no turno da tarde).

Unidade da Rede AICA - Projeto Legal, em Central Carapina (foto 1 e 2). Resultados das atividades da oficina pintura em tela (foto 3).

FOTO 3

FOTO 2

FOTO 1

ACERVO PROJETO LEGAL

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Além disso, um cardápio cada vez maior de cursos profissionalizantes vem sendo oferecido não só ao público infanto-juvenil, mas à comunidade em geral: informática, inglês, manicure, cabeleireiro, eletricista predial (estes três últimos, em parceria com o Senac).

METODOLOGIAUm aspecto fundamental do Projeto Legal é o investimento na formação integral, que se traduz numa série de compromissos entre a Rede AICA, o participante e seus familiares. O projeto tem parceria com as escolas da comunidade e, com isso, a freqüência e o desempenho de cada criança e adolescente são monitorados. Só pode permanecer no Projeto Legal quem for freqüente na escola.

Outra condição para a permanência é a participação dos pais numa série de atividades educativas específicas para eles. São realizados encontros bimestrais, que trabalham noções de cidadania e de direitos, além de abordar o percurso formativo das crianças e adolescentes. O envolvimento familiar é um pilar de todo o processo. “Se não trabalharmos a família, não conseguimos trabalhar as crianças.

Esse foco tem nos ajudado a ter uma atuação cada vez mais legal e consistente”, destaca Edilene.

O resultado de todos esses cuidados é percebido, na prática, pelos atendidos. “Tem sido muito bom para mim participar do projeto, que está me ajudando a melhorar na escola e a buscar outras coisas. Antes eu ficava na rua, à toa, agora participo de muita coisa interessante e vou começar um estágio como menor aprendiz.” É o que relata Adílson, 14 anos, no projeto há um ano. Marcos, de 11 anos, que está no Projeto desde os sete anos, define sua inserção da seguinte forma: “aqui, faço oficina de coisas que gosto, e por isso quero sempre aprender mais.”

RECURSOSTodo o trabalho da AICA é mantido com recursos dos parceiros e ações beneficentes - como bazares e feijoadas para arrecadar fundos. Edilene ressalta que, contudo, ainda faltam recursos para algumas necessidades do projeto, como equipamentos e material permanente. Por isso, todo tipo de apoio - seja individual ou de instituições e empresas - é sempre muito bem vindo.

para saber mais, participar e colaborar:Informações sobre o projeto podem ser obtidas pelo telefone (27) 3281-8368. Endereço: Rua Distrito Federal, 213 (ponto final de Central Carapina).

Site: http://www.redeaica.com.br

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ESCOLA ABERTAOutro projeto que contribui para o desenvolvimento integral de moradores de Central Carapina é a Escola Aberta, programa do Ministério da Educação que é promovido na Escola Estadual Jones José do Nascimento. O programa trabalha com a ideia de que as escolas sejam mais inclusivas e ampliem suas ações formativas. A proposta é que elas não funcionem apenas como locais de ensino formal, mas também de lazer e cultura, que sejam espaços de produção e compartilhamento de conhecimentos variados. A iniciativa visa a aproximar a comunidade do ambiente escolar e fortalecer a convivência comunitária, transformando as escolas de territórios de vulnerabilidade social em espaços de integração entre educadores, alunos, pais, familiares e os diversos moradores do entorno.

A Escola Aberta apoia e incentiva, por exemplo, a abertura de escolas públicas nos finais de semana, com atividades que fomentem novas práticas de aprendizado e desenvolvam e evidenciem a cultura local e as habilidades e conhecimentos dos moradores do entorno. São realizadas oficinas, palestras e cursos voltados para as áreas do esporte, cultura, arte, lazer,

formação profissional, informática e Direitos Humanos, propiciando oportunidades e exercício da cidadania.

“Os moradores começam a valorizar manifestações culturais que são praticadas pela própria comunidade, mas não são de conhecimento de todos. O programa também possibilita aos participantes ampliar seu universo cultural, artístico e profissional”, conta Everton Leonardo da Silva, dançarino e arte-educador que já atuou como monitor da iniciativa.

A Escola Aberta atende cerca de 200 escolas em todo o país. A iniciativa conta com a cooperação técnica da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO. As secretarias estaduais e municipais de educação são responsáveis por implementar e acompanhar o programa em suas regiões. A cooperação e a parceria entre as esferas federal, estadual e municipal, assim como a articulação com órgãos e iniciativas da sociedade civil, de instituições privadas e de organizações não governamentais são essenciais para a realização do trabalho.

Oficina de Pintura em Tecido na Escola Aberta, em Central Carapina.

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ESCOLA ABERTA EM CENTRAL CARAPINAEm 2010 e 2011, 36 escolas participaram da Escola Aberta na cidade de Serra. Em Central Carapina, o programa foi implantado na Escola Estadual Jones José do Nascimento. São oferecidos para a comunidade e bairros vizinhos cursos de informática, pintura em tecido, break, capoeira e jiu-jitsu. Atualmente, está em processo de formação um grupo de dança.

“A Escola Aberta é uma oportunidade para que os moradores de Central Carapina e dos bairros vizinhos possam se realizar profissionalmente. Muitos participantes aproveitam o conhecimento que adquirem e geram renda extra para a família”, comenta Auxiliadora Aparecida da Rocha, antiga coordenadora da iniciativa no bairro e professora comunitária do programa. “Com a Escola Aberta, crianças e jovens melhoram o desempenho na escola e desenvolvem novas habilidades. O projeto colabora para que os participantes ocupem seu tempo com atividades produtivas”, complementa Paulo Luiz de Oliveira, atual coordenador da iniciativa na comunidade.

As atividades desenvolvidas na escola acontecem aos sábados, em dois turnos, de 8h às 12h e de 13h às 17h. As turmas das oficinas, palestras e cursos comportam até 25 pessoas. Além das oficinas, a escola fica aberta para aqueles que gostam de praticar esportes, como vôlei ou futebol, e desejam usar o espaço da escola.

“É muito gratificante participar da Escola Aberta. Têm alunos que com dois, três dias de aula já começam a fazer uma pintura perfeita. Na oficina de informática, eles entram não sabendo nada, achando que computador é coisa de outro mundo, e depois eles procuram a gente para agradecer, dizer que aprenderam. Isso tudo me deixa muito feliz e realizada. É quando o trabalho vale a pena”, enfatiza a professora.

para saber mais, participar e colaborar:Para participar, bastar ir ao “colégio novo”, nos dias e horários da Escola Aberta, e procurar a Auxiliadora ou o Paulo, voluntários do projeto, ou a Luciana Martins, diretora da escola.

Mais informações sobre a Escola Aberta em Central Carapina podem ser obtidas pelo telefone (27) 9886-4715 ou pelo e-mail [email protected].

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O que é ser jovem? Fale um pouco sobre o significado que as palavras jovem e juventude têm pra você.Danúbia: Ser jovem para mim é estar aberto para mudanças. Não que essa característica não possa estar presente em todas as fases de nossas vidas, mas acredito que é a juventude o momento em que estamos mais propícios para arriscar caminhos novos, conhecer o desconhecido, ir além do casual. Um ponto a se destacar é que não podemos falar em juventude como um todo homogêneo; daí a necessidade de se pensar em juventudes, no plural, conceito que abarca a multiplicidade de manifestações dessa fase com o respeito às singularidades de cada jovem.

Quais são os direitos mais importantes do jovem?Danúbia: Acredito que a possibilidade de escolha seja o maior direito. Falo de escolha não em seu sentido genérico, de “pode tudo”, mas em seu sentido prático. O jovem precisa ser visto como sujeito ativo, com suas próprias demandas. No entanto, sabemos que as desigualdades acabam por limitar o “leque” de escolhas da maioria dos jovens, que são pobres e negros.

Acreditamos que o jovem é um sujeito que pode fazer a diferença na comunidade, contribuindo de forma bastante efetiva para os processos de transformação. Acreditamos também que, para isso, é fundamental que a própria comunidade quebre preconceitos, entenda melhor e abra espaços de diálogo com a juventude. Para refletir sobre essas questões, conversamos com Danúbia Cardênia, do Observatório da Juventude da UFMG.

JUVENTUDE E PARTICIPAÇÃO

Danúbia Cardênia

entrevista

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JUVENTUDE

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Assim, pensar em direitos das juventudes é pensar em ações e políticas públicas que visem ampliar as experiências desses sujeitos – seja na cultura, na educação, na participação política e no trabalho – para que os mesmos conquistem sua autonomia e que, independentemente de sua classe, cor ou gênero, consigam, dentro de um universo ampliado do que é ser um cidadão, escolher um caminho a partir de seus desejos.

De que forma(s) o jovem pode correr atrás de seus direitos e objetivos?Danúbia: Acredito que a mobilização seja a melhor forma do jovem pautar e conquistar os seus direitos. Quando percebemos que não estamos sozinhos na luta e que é possível se mobilizar em prol de algo, é aí que começa a caminhada por nossos objetivos. Precisamos trabalhar em rede, pois a mobilização deve se dar em todos os espaços. Quando reconhecemos a pluralidade da juventude, também reconhecemos sua força. A força dos jovens militantes de organizações, de movimentos sociais, dos ciberespacos, dos “simpatizantes de causas”, dos educadores da comunidade. Todos esses sujeitos, ao pautarem em seus contextos as demandas daquela juventude, fortalecem a ideia do jovem como ator político e colocam a necessidade do poder público “olhar” para as juventudes de nosso país.

A violência é mesmo um dos principais problemas enfrentados pelo jovem? Por favor, comente esse assunto.Danúbia: Sim. Principalmente se pensarmos violência em seu sentido amplo; não só na forma de agressão física, mas também como violação de direitos. Sabemos, infelizmente que ainda são comuns as punições físicas, os abusos de poder de policiais - principalmente contra jovens negros e pobres. Entretanto, não podemos esquecer que, quando nos são negados o direito à educação, ao lazer, à cultura, também somos violentados, deixados à margem da sociedade.

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Qual a relação entre comunicação e mobilização social?A mobilização social, como entendida pelo autor Bernardo Toro, é uma convocação de vontades para a mudança de uma realidade. Isso implica em compartilharmos discursos, visões e posicionamentos com determinado grupo. Esse compartilhamento envolve conversa, negociação de sentidos, troca, interação entre os envolvidos. Para saber o que os outros pensam e para manifestar os nossos ideais, há que se recorrer à comunicação como um processo de compartilhamento de sentidos.

Sabemos que os meios de comunicação estão concentrados nas mãos de uma minoria, que produz e reproduz somente aquilo que a convém. Desse modo, como é possível acontecer mobilização social - partindo de sujeitos não-pertencentes a esse oligopólio?Na mobilização social, devemos distinguir coletivização de divulgação. A divulgação é o repasse de informações e os grandes meios de comunicação cumprem muito bem esse papel de dar visibilidade às causas sociais. No entanto, somente divulgar não mobiliza. Em alguns momentos, a divulgação é importante e, quando for pertinente, devemos acionar os grandes meios. A coletivização, por sua vez, implica na apropriação da informação pelo sujeito que a recebe, na reflexão sobre essa informação, na adição de suas experiências e no retorno dessa informação, agora incorporada a seu universo, para o meio no qual ele se relaciona. Essa forma de apropriação da informação é que permite a participação, a mudança de valores e a mudança cultural tão almejada nos processos de mobilização social. Essa coletivização não depende dos grandes meios de comunicação e é mais eficiente se lançamos mão do que chamamos de comunicação dirigida. A comunicação dirigida é a comunicação planejada levando-se em conta o que quero dizer, a quem e como. Dessa forma, tratamos de uma comunicação mais próxima do universo do público que desejamos atingir. Essa comunicação dirigida é viável para a maioria dos grupos que lutam por determinada causa e os resultados em termos de mobilização são mais expressivos do que se considerarmos a comunicação somente dos grandes veículos.

Como envolver os moradores de nossa comunidade na luta por melhorias? Um elemento chave pode ser a comunicação. Foi sobre isso que nos falou Emanuela São Pedro, que faz parte da equipe da Associação Imagem Comunitária (AIC) e é especialista em Comunicação para a Mobilização Social.

MOBILIZAÇÃO SOCIALE COMUNICAÇÃO

Emanuela São Pedro

entrevista

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Sensibilizado pela importância da leitura na vida de crianças e jovens, um grupo de estudantes de Central Carapina desenvolveu a Associação Amigos da Biblioteca Comunitária (Associação ABC). A ideia da associação é construir uma biblioteca comunitária que expanda o acesso não somente a livros, mas também a atividades que ampliem o universo dos moradores de Central Carapina e desenvolvam o gosto pela literatura.

Segundo dados levantados na pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” (novembro/2011), encomendada pelo Instituto Pró-Livro (IPL) ao Ibope Inteligência, menos de 75% dos entrevistados utilizam bibliotecas, muitas vezes por vê-las como lugares de estudo e pesquisa, e não como espaços de lazer e de experiências culturais. A Associação ABC busca quebrar esta impressão. A intenção é construir uma dinâmica que promova o encontro entre leitura, lazer, conhecimento e cultura. Desta maneira, além do acesso a obras literárias, pretende-se incentivar o contato com a arte e o gosto pela leitura por meio de saraus, apresentações de teatro, oficinas artísticas e literárias, dentre outras atividades.

LEITURA,COMUNIDADEIniciativa de jovens de Central Carapina promove o acesso à leitura na região

AMIGOS DA

AMIGOS DA

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Lorraine Lopes, Robson de Oliveira e Pâmela Anacleto são os idealizadores dessa iniciativa, que busca fomentar o hábito de ler na comunidade em que vivem. “A leitura, sendo ela uma forma de acesso a informações e de construção de conhecimento, é importante para os jovens, pois colabora para a formação de sujeitos mais completos, críticos e atuantes e assim contribui para o desenvolvimento pessoal e social destes sujeitos e de suas comunidades” comenta a doutora em ciência da informação, Aleixina Andalécio.

A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” também destaca que o segundo motivo que faria com que seus pesquisados frequentassem mais as bibliotecas é a acessibilidade. “Dá para perceber que os moradores de Central Carapina se interessam pela literatura. De 15 em 15 dias, uma biblioteca móvel vai até a comunidade e há muitos visitantes. Então, a ideia é aproveitar este interesse e trazer os livros para mais perto das pessoas”, afirma Lorraine Lopes.

Logomarca da Associação ABC - Associação de Amigos da Biblioteca Comunitária.

Livros e solidariedade:

o acervo do Baú da Leitura /

Associação ABC foi doado pelos empregados da Vale no Espírito

Santo e pela Borrachalioteca

(biblioteca comunitária de

Sabará – MG).MARIANA DINIZ

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COLABORE COM ESTA IDEIA!Você também pode ser um amigo da comunidade Central Carapina. A Associação ABC está aberta para a participação de todos aqueles que queiram apoiar a realização de suas ações. Veja como participar:

- Seja um voluntário. Você pode fazer uma apresentação teatral, contar histórias, organizar um sarau, realizar uma oficina e colaborar em várias outras atividades que ajudem a promover o gosto pela leitura e ampliar o universo artístico e cultural da comunidade.

- Doe livros. Mas lembre-se que livros didáticos, apostilas de cursos, revistas, exemplares danificados ou mofados devem ser evitados. A prioridade é para livros literários em bom estado de conservação.

- Seja um parceiro. Acha que pode contribuir com um espaço legal para a Associação? Quer doar material e equipamentos para o projeto? Você pode ajudar a Associação ABC a se fortalecer e ser cada vez mais presente em Central Carapina.

Quer ajudar? Basta entrar em contato com Lorraine Lopes (tel.: 27 9833-9987).

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As bibliotecas comunitárias são iniciativas populares que partem de uma necessidade da própria comunidade, da percepção da demanda de um espaço para compartilhar leitura, informação e conhecimento. “As bibliotecas comunitárias são importantes equipamentos de transformação social, principalmente em regiões de maior vulnerabilidade social. São lugares para suprir demandas de cultura, comunicação, informação e conhecimento e assim fomentar a cidadania”, comenta Júlio César Schroeder Queiroz, bibliotecário e voluntário da Associação dos Amigos das Bibliotecas Comunitárias da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Sabic BH), rede que conta com 30 bibliotecas comunitárias criadas e mantidas, de forma voluntária, por moradores das periferias, vilas e favelas da Grande BH/MG, e que é parceira da Associação ABC.

A ABC já começou suas atividades por meio de um baú de livros móvel, o Baú da Leitura. Inicialmente, ele está instalado na Escola Estadual Jones José do Nascimento (“colégio novo”), mas a ideia é que circule por diversos locais da comunidade. Outras várias atividades culturais ligadas à literatura também já estão acontecendo. Fique ligado!

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Afinal, o que é cultura? Ler Machado de Assis é buscar cultura? Mozart é cultura? Contemplar obras de Picasso é cultura? Para essas perguntas, a resposta é óbvia: sim, isso é cultura. E o funk, pode-se dizer que é cultura? Uns dizem que sim, outros mais conservadores dizem que não.

A cultura é a marca de uma sociedade; logo, ela tem suas diversas formas de representação. Arte, música, teatro, tradições populares: tudo isso é cultura, pois está ligado a representações de uma sociedade em determinado momento. Então, o funk também é cultura! Faz parte de uma sociedade e também a representa. Os apreciadores dessa expressão cultural são, em sua maioria, jovens de comunidades e a cultivam com orgulho. Esses jovens se reconhecem no estilo, talvez pelo fato de que muitas das letras fazem referência à realidade vivida por eles, ou talvez ainda pelo ritmo ser envolvente, irreverente e alegre – uma característica de se ser jovem.

LORRAINE PAIXÃO LOPES

É CULTURA?

AFINAL,

artigo

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PB

O funk tem peculiaridades que o diferenciam de outros estilos musicais, com uma batida marcante, simples e envolvente, cativando jovens que buscam se divertir. Há que se falar também de suas letras: algumas de cunho social, em forma de protesto, levantando questões do próprio cotidiano dos moradores de comunidades, como a violência e o descaso público – é a realidade social cantada –; há também as mais líricas, que abordam os sentimentos humanos e são chamadas de funk melody; e as que mais causam polêmica, as do conhecido “proibidão”. Nessas últimas, muitas vezes podemos perceber conteúdos pornográficos e machistas, o que acaba sujando a imagem do funk e o desqualificando enquanto cultura.

O funk é a expressão cultural mais presente nas comunidades periféricas e os jovens são os maiores apreciadores do estilo, que funciona como instrumento de socialização. Muitos desses jovens só têm como alternativa cultural os famosos bailes funk – espaços em que eles se reúnem nos finais de semana para se divertir, conhecer pessoas, sair da rotina cansativa que é a semana da maioria, que está no esquema “escola – trabalho”.

Mas, infelizmente, sabe-se que, em muitos desses bailes, acontecem brigas entre gangues das próprias comunidades, gangues que já vão preparadas para a violência. Quem sai mais prejudicado nessa história toda é a própria juventude das comunidades, que tem o seu direito de acesso à cultura e ao lazer roubado.

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Qual o principal órgão que representa a juventude brasileira? Qual sua atual situação? Hoje, o principal órgão nacional de representação dos jovens é o Conselho Nacional da Juventude (CNJ). Ele foi criado em 2005, junto com a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) e o ProJovem (programa voltado aos jovens brasileiros que não concluíram o ensino fundamental, cujo objetivo é a inserção desses jovens na escola e no mundo do trabalho). O CNJ, o SNJ e o Projovem foram os três pilares da Política Nacional de Juventude que surgiu naquele momento. O Conselho é um espaço com participação da sociedade civil e do governo brasileiro e tem o objetivo de discutir políticas públicas de juventude e pautar essa temática em todas as esferas do governo federal, promovendo uma articulação com os vários ministérios.

O tema da representação é um tópico complicado quando pensamos o Conselho, porque ali participam principalmente organizações, redes e grupos que têm algum caráter formal. Pode-se dizer que, do ponto de vista da organização política da sociedade civil que atua pelo direito da juventude, o Conselho é um espaço de representação. Mas, pensando na juventude brasileira, ele não é suficiente, porque a juventude é diversa, muitos jovens não estão organizados em grupos e redes com esse grau de formalidade. Apenas uma parcela da juventude está representada.

Nos últimos anos, uma nova forma de entender os jovens e a ideia de juventude se delineou no Brasil. Mais que um percurso político e jurídico natural, essa mudança é resultado de questionamentos e discussões realizadas no dia-a-dia dos jovens, que se organizaram em grupos culturais e entidades formais de participação, ou inventaram uma nova forma de fazer política: nas pequenas atitudes, nos lampejos de descontentamento que se desdobram em ações. Para entender mais sobre os avanços que a juventude conquistou em nosso país, conversamos com Áurea Carolina, articuladora do Fórum das Juventudes da Grande BH e importante figura nas discussões de políticas de juventude.

UM NOVO ENTENDIMENTO DA JUVENTUDE

E DE SEUS DIREITOS

Áurea Carolina

entrevista

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E por que o Conselho foi criado?Em 2003, quando a discussão sobre juventudes ganhou corpo no Brasil, uma pauta recorrente dos movimentos sociais tratava da necessidade de se criar um espaço institucional específico de juventude nos governos, em todos os níveis - federal, estadual e municipal. A ideia por trás disso é de que não bastava tratar de forma transversal a questão da juventude, dizendo que as políticas de trabalho, saúde e educação têm que contemplar os jovens. Se não existir um órgão que faça essa articulação, a transversalidade vira conversa sem efetividade. O Conselho é esse espaço de participação da sociedade civil que tem caráter consultivo e deve dar voz aos anseios e necessidades da juventude.

Quais os principais direitos conquistados pela juventude?A principal novidade desses últimos anos, dessa última década de mobilização da juventude no Brasil, é o reconhecimento de que os jovens são sujeitos de direitos. Até os anos 90, não existia essa concepção. Foi a partir da organização da sociedade civil que foi sendo criado esse entendimento. No Brasil, é principalmente depois do governo Lula, em 2003, que isso vai se consolidar e ampliar. Esse é um primeiro marco, que se consolidou em 2010, com a inserção do termo “jovem” na Constituição Brasileira, no capítulo Dos Direitos e das Garantias Fundamentais, que confere um status jurídico de reconhecimento formal de que os jovens são uma parcela da população brasileira que deve ser reconhecida na plenitude dos seus direitos.

As especificidades dos direitos da juventude são tratadas no Estatuto da Juventude, que ainda está tramitando no Congresso Nacional. Ele foi proposto em 2004, na Câmara dos Deputados, e passou por uma série de modificações e discussões pela sociedade. Eu mesma cheguei a participar de eventos que tratavam do texto do Estatuto. Finalmente, no ano passado, ele foi aprovado na Câmara, depois de um longo processo de negociação. Agora, ele está no Senado, e acredito que ainda em 2012 a gente vai ter esse Estatuto aprovado. Uma novidade que ele cria é o Sistema Nacional de Juventude, que estabelece mecanismos de participação juvenil e aponta como essa participação deve acontecer nos estados e municípios. Essa é uma novidade importante, porque formaliza os canais de participação - os Conselhos de Juventude, principalmente.

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O Estatuto também traz novidades em relação à universalização do Ensino Médio, às ações afirmativas para jovens mulheres, jovens em situações específicas de discriminação etc.

Vivemos em um momento da história em que diversas manifestações vêm ocorrendo quase que simultaneamente. Em sua maioria, esses movimentos partem de coletivos juvenis. Por que aparentemente só o jovem se sente incomodado com o atual sistema da sociedade?Será que é só o jovem que está incomodado? Eu sinto que o incômodo não está só nos jovens. Mas é bem verdade que a juventude consegue canalizar sua indignação de uma maneira diferenciada. Não é como o mundo adulto. Os jovens conseguem se organizar e se mover publicamente com criatividade, com algum grau de desprendimento que o mundo adulto não tem. Aí, a tendência é cair num estereótipo de que a juventude pode ser rebelde, revolucionária, que isto está no DNA da juventude... Eu não acredito muito nisso. Algumas culturas juvenis têm a característica de serem contra-culturais, elas são de contestação, pensam um novo mundo, têm esse frescor. Mas não podemos generalizar. Em várias dessas manifestações que estão ocorrendo no mundo, os adultos também estão presentes.

Dentre essas manifestações, no Brasil há ênfase para as manifestações contra o aumento das tarifas de transporte público em diversos estados. Qual é a sua opinião a respeito dessas lutas políticas e por que elas parecem não serem ouvidas?Eu penso que os jovens têm que ter direito ao passe livre ilimitado no transporte público em qualquer situação. Não deve ser só pra jovens estudantes, porque nem todos os jovens estudam e nem por isso eles devem ser privados de participar de atividades culturais, de conhecer a cidade, de ocupar os espaços públicos. Acho que o meio-passe é insuficiente, mas talvez seja o que é possível dentro desse contexto de disputa que envolve os interesses econômicos das grandes empresas que controlam o transporte público em geral, os metrôs, os ônibus... Mas a juventude está conseguindo fazer pressão e, com participação, a gente vai mudando esse quadro aos poucos.

dica: O blog do Fórum das Juventudes da Grande BH tem informações e ideias que podem ser úteis para jovens de outras cidades interessados em se mobilizar e criar seus próprios coletivos e fóruns. O endereço é www.forumdasjuventudes.wordpress.com.

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Este material foi elaborado em 2012 pelos jovens participantes

da Rede Juventude de Atitude, um programa de formação de

agentes juvenis de promoção da cultura e da cidadania. A iniciativa

é realizada pela Associação Imagem Comunitária (AIC) em parceria

com o Ministério da Cultura, com o patrocínio exclusivo da Vale.

Participantes da Rede Juventude de Atitude em Central Carapina

Conheça a lista completa em www.rja.aic.org.br/efvm.html

Jovens colaboradores no levantamento de informações

Angélica A. dos Santos

Daiane Paixão Lopes

Dara Marcelo Merilho

David da Silva Brandão Bonanetti

Genadi C. da Silva

Jardel Martins Ferreira

Jean Martins Ferreira

Leonardo da Cruz Senna

Lorraine Paixão Lopes

Lucas Santos de Jesus

Pâmela Anacleto

Robson de Almeida Oliveira

Rogério Gonçalves da Silva

Sara Jéssica Paixão Lopes

Articulação e Produção

Eduardo de Andrade

Lorraine Paixão Lopes

Pâmela Anacleto

Robson de Almeida Oliveira

Apoio técnico

Eduardo de Andrade

Joana Meniconi

Marina Andalécio

Samuel Andrade

Vanessa Costa

Design

Délio Faleiro

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Patrocínio: Realização:Apoio:

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ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DE

CENTRAL CARAPINA