squaliforma gr. emarginata (valenciennes, 1840...
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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior
Andreza dos Santos Oliveira
Manaus
Abril, 2012
Caracterização taxonômica e variação morfológica de
Squaliforma gr. emarginata (Valenciennes, 1840)
(Siluriformes: Loricariidae) da Amazônia brasileira
ii
Andreza dos Santos Oliveira
Orientadora: Lúcia Rapp Py-Daniel, Ph.D.
Fontes Financiadoras:
Bolsista CNPq: processo No 132070/2010-3
Manaus
Abril, 2012
Caracterização taxonômica e variação morfológica de
Squaliforma gr. emarginata (Valenciennes, 1840)
(Siluriformes: Loricariidae) da Amazônia brasileira
Dissertação apresentada ao Programa
Pós-Graduação do INPA, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Mestre em Ciências Biológicas, área de
concentração em Biologia de Água Doce e
Pesca Interior.
iii
Dissertação aprovada como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciências
Biológicas, área de concentração em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, no
Programa de Pós Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia, pela comissão formada pelos doutores:
Dr. Geraldo Mendes dos Santos
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
Membro Titular
Dr. Jansen Alfredo Sampaio Zuanon
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
Membro Titular
Dr. Cláudio Henrique Zawadzki
Universidade Estadual de Maringá – UEM
Membro Titular
Dra. Cristina Motta Bührnheim
Universidade Federal do Amazonas – UFAM
Suplente
Dr. Frank Raynner Vasconcelos Ribeiro
Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA
Suplente
iv
FICHA CATALOGRÁFICA
SINOPE:
Neste trabalho estudou-se a taxonomia e a distribuição geográfica das espécies de
Squaliforma Isbrücker & Michels, 2001 relacionadas à Squalifoma emarginata. Foram
analisados 547 exemplares pertencentes a três coleções ictiológicas brasileiras (INPA,
MPEG e MZUSP). Dez espécies são reconhecidas com bases nesses exemplares,
dentre eles, cinco novas espécies são descritas para a Amazônia brasileira.
Palavras-chave: Taxonomia, Squaliforma, Hypostominae, Peixes, Amazonas.
O48 Oliveira, Andreza dos Santos Caracterização taxonômica e variação morfológica de Squaliforma gr. emarginata (Valenciennes, 1840) (Siluriformes:Loricariidae) da Amazônia brasileira / Andreza dos Santos Oliveira.--- Manaus : [s.n.], 2012. xvii, 142 f. : il. color. Dissertação (mestrado) --- INPA, Manaus, 2012 Orientador : Lúcia Rapp Py-Daniel Área de concentração : Biologia de Água Doce e Pesca Interior
1. Taxonomia. 2. Squaliforma. 3. Hypostominae. 4. Peixes – Amazonas, Rio, Bacia. I.Título.
CDD 19. ed. 597.52
v
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Cleomar Escobar dos
Santos e Lindovan Martins Oliveira e ao
meu irmão Luis Eduardo Oliveira por
sempre me apoiarem durante o meu
mestrado, assim como durante toda a vida.
vi
AGRADECIMENTOS
Primeiramente sou grata aos meus pais que sempre compreenderam a minha
ausência durante todo o período do mestrado e, mesmo assim, sempre me deram
incentivos para continuar realizando os meus objetivos.
Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e ao Programa de Pós-
Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pela estrutura e oportunidade de
realizar este trabalho.
Agradeço imensamente à Dra. Lúcia Rapp Py-Daniel por sempre estar disponível
quando precisei de sua ajuda, seja por e-mail ou pessoalmente, foi mais que
orientadora, foi mãe e amiga. Obrigada por tudo!
Ao Dr. Cláudio Henrique Zawadzki (UEM) por ensinar a taxonomia de
Hypostominae e, mesmo com a distância, pela disposição em solucionar várias dúvidas
sobre a subfamília, além de sugestões na realização deste trabalho. Muito obrigada!
Ao Dr. Wolmar Wosiacki (MPEG), Dr. Osvaldo Oyakawa (MUZSP) e M.Sc.
Willian Ohara (UNIR) por me receber nas coleções e assim realizar a análise do
material depositado, além dos empréstimos. Sou muito grata!
Agradeço ao Douglas Bastos por confeccionar os mapas e a imagem do
esquema de medidas utilizados neste trabalho, e ao Renildo de Oliveira por ter cedido
um pouco do seu tempo para fotografar e editar as imagens de todas as espécies de
Squaliforma da Coleção de Peixes do INPA. Obrigada pela atenção e paciência.
Ao Dr. Jansen Zuanon pelas conversas oportunas acerca da biologia e ecologia
de Squaliforma.
vii
Aos colegas André Canto (UFOPA), Frank Ribeiro (UFOPA), Leandro Sousa
(UFPA) e Túlio Franco (MZUSP), os quais pude ter a oportunidade de conhecer e assim
discutir um pouco do meu trabalho. E também aos colegas que atualmente trabalham
na Coleção de Peixes do INPA: Douglas Bastos (Doug), Marcelo Rocha (Didinho),
Priscila Ito (Madoka), Rafaela Ota (Rafa), Renildo de Oliveira (Rovilson), Ronnayana
Rayla (Fanfarrona) e Wellington Pedroza (Well) pelos momentos de descontração,
alegria e colaboração neste trabalho. Obrigada!
À Dra. Ângela Varella (Coordenadora do PPG-BADPI), Maria do Carmo Arruda
(Carminha) e Elany Moreira por sempre atenderem com agilidade os pedidos na
secretaria do BADPI. Obrigada!
Aos funcionários da Coleção e Acervo Científico do INPA pela amizade: dona
Lindalva, dona Walmice (Val), dona Ray, sr. Heron e sr. Edílson.
Aos meus colegas da turma BADPI 2010-2012: Camila Anjos, Daniele Campos,
Elis Perrone, Érika Utumi, Gabriel Barros, Gabriel de Oliveira, Gabriel Cardoso, Hélio
Ferreira, José Netto, Karla Serique, Michele Souza, Prisyla Castillo, Saulo França,
Sergio Santorelli, Thatyla Farago, Thiago Marinho e Tiago Pires, pelas reuniões na casa
de um ou de outro e pela companhia em pizzarias e também no Bar do Carlão, além
das conversas aleatórias na sala de alunos, em que muitas vezes pudemos dividir
momentos de aflição do mestrado. Obrigada galerinha “mais ou menos”.
Agradeço aos colegas ictiólogos que tive a oportunidade de conhecer durante as
visitas às coleções: Marina Mendonça, Luiz Peixoto e Guilherme Dutra (MPEG); Carine
Chamon, Ilana Fichberg, Henrique Varella, José Birindelli, Manoela Marinho, Marcelo
Melo e Marina Loeb (MZUSP).
viii
Ao Dr. Christian Cramer pela ajuda na tradução de Kner 1854 (Hypostomus
horridus).
Às minhas grandes amigas: Aline Sousa, Ana Paula Castro, Elieyd Menezes,
Karen Martins e Maria Fernanda Oliveira pelos encontros e compartilhamentos de
novidades, alegrias e muita risada. Obrigada chuchuzinhas!
À Talita Cortat (RJ) e Larisse Santos (RR) que mesmo com a distância sempre
torceram e acreditaram em mim. Estimulando-me sempre quando me sentia fraca e
exausta de tudo. Muitíssimo obrigada minhas AMIGAS.
Aos novos amigos que hospedei em minha casa e que me alegraram durante a
reta final da escrita da dissertação: Ana Fiori (USP), José Agnello (USP), Lucie
Debienne (IFAM) e Tiemi Costa (UFPR). Obrigada por sempre me levar ao bar.
Ao CNPq pela concessão da bolsa durante o período do mestrado.
Obrigada a todos que, por algum motivo, não mencionei aqui. Agradeço a todos
que contribuíram direta e indiretamente para a realização deste trabalho. Muito
Obrigada!
ix
RESUMO
As espécies do gênero Squaliforma da Amazônia brasileira são revisadas e o
gênero abriga as espécies que antes eram agrupadas no grupo Hypostomus
emarginatus. A revisão taxonômica contou com análise de imagens digitais de
espécies-tipo, descrições originais e de material depositado em coleções ictiológicas. A
validade das espécies foi verificada com base nas descrições originais, através de
dados morfológicos e merísticos dos exemplares analisados, bem como por meio da
anatomia externa e padrões de coloração. Foram examinados 547 exemplares de
Squaliforma da bacia Amazônica depositados nas coleções do INPA, MPEG e MZUSP.
Cinco espécies são reconhecidas: Squaliforma annae ocorrendo no rio Tocantins-
Araguaia, S. emarginata no rio Solimões-Amazonas e tributários, S. horrida no rio
Guaporé, S. phrixosoma no rio Ucayali e alto rio Juruá e S. squalina no rio Branco. Para
todas as espécies é apresentada uma diagnose, descrição (ou redescrição), coloração
em álcool, nota ecológica, comentários e mapa de distribuição geográfica. Outras três
espécies foram sinonimizadas em Squaliforma emarginata: S. biseriata, S. scopularia e
S. virescens. Neste trabalho são propostas cinco novas espécies: Squaliforma sp. n.
“Aripuanã”, Squaliforma sp. n. “Roraima”, Squaliforma sp. n. “Tapajós”, Squaliforma sp.
n. “Tocantins” e Squaliforma sp. n. “Xingu”. É apresentada uma chave para identificação
das nove espécies de Squaliforma com distribuição registrada na bacia Amazônica.
Palavras-chave: Taxonomia, Squaliforma, Loricariidae, Hypostominae, Bacia
Amazônica.
x
ABSTRACT
The species of the genus Squaliforma from the Brazilian Amazon were revised
and genus comprises species that were grouped into the Hypostomus emarginatus
group. The taxonomic revision was made through the analysis of digital images of the
species-type, original descriptions and material deposited in ichthyological collections.
The recognition of valid species was based on the original descriptions and by means of
morphological and meristic data of specimens analyzed, as well as through analysis of
external anatomy. We examined 547 specimens of Squaliforma from the Brazilian
Amazon basin deposited in the collections of the INPA, MPEG and MZUSP. In the
present work, five valid were recognized as valid and distinguished from each other:
Squaliforma annae occurring on the Tocantins-Araguaia River, S. emarginata in
Amazonas-Solimões River and tributaries, S. horrida occurring exclusively in the
Guaporé River, S. phrixosoma in Ucayali River and Upper Jurua River, and S. squalina
occurring in the Branco River. A diagnosis, description (or redescription), coloring in
alcohol, ecological notes, comments and map of geographical distribution is given for all
the species. Three other species were synonymized with Squaliforma emarginata: S.
biseriata, S. scopularia and S. virescens. In this paper five new species are proposed:
Squaliforma sp. n. "Aripuanã", Squaliforma sp. n. "Roraima", Squaliforma sp. n.
"Tapajos," Squaliforma sp. n. "Tocantins" and Squaliforma sp. n. "Xingu". An
identification key of the nine valid Squaliforma valid species of the Amazon basin is
provided.
Key word: Taxonomy, Squaliforma, Loricariidae, Hypostominae, Amazon basin.
xi
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... vi
RESUMO......................................................................................................................... ix
ABSTRACT ...................................................................................................................... x
LISTA DE TABELAS .................................................................................................... xiii
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... xiv
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1. A família Loricariidae ............................................................................................. 1
1.2. A subfamília Hypostominae ................................................................................... 3
1.3. Histórico do gênero Squaliforma ........................................................................... 4
1.4. Justificativa ............................................................................................................ 8
2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 10
2.1. Objetivo Geral ..................................................................................................... 10
2.2. Objetivos Específicos .......................................................................................... 10
3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 11
3.1. Material examinado ............................................................................................. 11
3.2. Dados morfométricos e merísticos ...................................................................... 13
3.2.1. Dados morfométricos ................................................................................. 16
3.2.2. Dados merísticos ....................................................................................... 18
3.3. Análise estatística ............................................................................................... 22
4. RESULTADOS ........................................................................................................... 23
4.1. Material analisado ............................................................................................... 23
4.2. Análise multivariada ............................................................................................ 24
4.3. Taxonomia .......................................................................................................... 28
Squaliforma Isbrücker & Michels, 2001................................................................ 28
Squaliforma horrida (Kner, 1854) ......................................................................... 32
Squaliforma annae (Steindachner, 1881) ............................................................ 41
Squaliforma emarginata (Valenciennes, 1840) .................................................... 52
xii
Squaliforma phrixosoma (Fowler, 1940) .............................................................. 70
Squaliforma squalina (Jardine, 1841) .................................................................. 77
Squaliforma sp. n. “Aripuanã” .............................................................................. 85
Squaliforma sp. n. “Roraima” ............................................................................... 93
Squaliforma sp. n. “Tapajós” .............................................................................. 101
Squaliforma sp. n. “Tocantins” ........................................................................... 110
Squaliforma sp. n. “Xingu” ................................................................................. 119
4.4. Chave de identificação ...................................................................................... 127
5. DISCUSSÃO ............................................................................................................ 129
5.1. Sobre as novas espécies de Squaliforma ......................................................... 130
5.2. Sobre a distribuição das espécies de Squaliforma na Amazônia brasileira ...... 131
6. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 134
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 135
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Exemplares-tipo das espécies nominais de Squaliforma da Amazônia
brasileira. ........................................................................................................................ 12
Tabela 2: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma
horrida. ........................................................................................................................... 39
Tabela 3: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma
annae. ............................................................................................................................ 50
Tabela 4: Dados morfométricos e merísticos do holótipo de Squaliforma emarginata .. 68
Tabela 5: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma
phrixosoma. .................................................................................................................... 75
Tabela 6: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma
squalina .......................................................................................................................... 83
Tabela 7: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma
sp. n. “Aripuanã”. ............................................................................................................ 91
Tabela 8: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma
sp. n. “Roraima” .............................................................................................................. 99
Tabela 9: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma
sp. n. “Tapajós” ............................................................................................................ 108
Tabela 10: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de
Squaliforma sp. n. “Tocantins” ...................................................................................... 117
Tabela 11: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de
Squaliforma sp. n. “Xingu”. ........................................................................................... 125
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Exemplar de Squaliforma emarginata INPA 16781, 210,6 mm. Foto: Andreza
Oliveira. ............................................................................................................................ 7
Figura 2: Relação entre as tribos de Hypostominae. No detalhe o clado que inclui
Hypostomus emarginatus (Fonte: Armbruster, 2004). ...................................................... 7
Figura 3: Esquema das placas da série lateral em Loricariidae (retirado de Oyakawa et
al., 2005). ....................................................................................................................... 13
Figura 4: Esquema em vista ventral de um exemplar de Squaliforma annae mostrando
a fileira de placas largas na lateral do abdômen e placa pré-anal (presente em todas as
espécies do gênero, exceto em Squaliforma sp. n. “Tapajós”)....................................... 14
Figura 5: Esquema em vista ventral de Squaliforma mostrando comprimento relativo
dos barbilhões maxilares; a) barbilhão maxilar curto, b) barbilhão maxilar longo. ......... 15
Figura 6: Esquema das medidas em Squaliforma (vista lateral, vista dorsal e vista
ventral, respectivamente). Desenho esquemático: Douglas Bastos. .............................. 21
Figura 7: Agrupamento de algumas das espécies reconhecidas de Squaliforma da
bacia Amazônica obtida através da Análise de Variáveis Canônicas. ........................... 24
Figura 8: Agrupamento das espécies novas do rio Branco, Estado de Roraima e rio
Aripuanã, Estado do Amazonas e Mato Grosso em comparação com Squaliforma
emarginata obtido através da Análise de Variáveis Canônicas. ..................................... 25
Figura 9: Agrupamento das espécies novas do rio Tapajós e rio Tocantins em
comparação com Squaliforma annae obtido através da Análise de Variáveis
Canônicas.. .................................................................................................................... 26
Figura 10: Agrupamento da espécie nova do rio Xingu em comparação com
Squaliforma annae e Squaliforma emarginata obtido através da Análise de Variáveis
Canônicas. ..................................................................................................................... 27
xv
Figura 11: Síntipo de Squaliforma horrida, NMW 16325, 355 mm CP (Localidade-tipo:
Forte do Príncipe da Beira, Rio Guaporé, bacia do rio Madeira, Rondônia, Brasil) em
vista lateral, dorsal e ventral, respectivamente. Foto: Mark Sabaj-Pérez. ...................... 37
Figura 12: Exemplar de Squaliforma horrida, INPA 31838, 252,5 mm CP, Rio Guaporé,
Surpresa, Drenagem rio Madeira, Guajará-Mirim, Rondônia, Brasil, em vistas lateral,
dorsal e ventral. Foto: Renildo de Oliveira. .................................................................... 38
Figura 13: Região norte da América do Sul ilustrando local e dado de coleta de
exemplares de Squaliforma horrida examinados. Estrela amarela representa a
localidade-tipo. O círculo vermelho representa mais de um exemplar no lote. .............. 39
Figura 14: Holótipo de Squaliforma annae, NMW 44073, 98,0 mm CP, em vista dorsal,
lateral, ventral. Foto: Mark Sabaj-Pérez. ........................................................................ 48
Figura 15: Exemplar de Squaliforma annae, INPA 25716, 168,24 mm CP, Rio
Parauapebas, Drenagem rio Tocantins, Vila Sossego, Canaã dos Carajás, Pará, Brasil,
em vista lateral, dorsal e ventral. Foto: Renildo de Oliveira............................................ 49
Figura 16: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de
Squaliforma annae. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um ou
mais exemplares. A estrela em amarelo representa a localidade-tipo de Plecostomus
annae. ............................................................................................................................ 50
Figura 17: Holótipo de Squaliforma emarginata, MNHN A.9447 (1) (seco), 405,0 mm
CP, provavelmente Brasil, América do Sul, em vista dorsal e lateral. Foto: Cláudio
Zawadzki. ....................................................................................................................... 62
Figura 18: Exemplar de Squaliforma emarginata, INPA 16781, 171,3 mm CP, Rio
Purus, praia Abufari, Beruri, Amazonas, Brasil. Vista lateral, dorsal e ventral. Foto:
Renildo de Oliveira. ........................................................................................................ 63
Figura 19: Lectótipo de Squaliforma scopularia, ANSP 8081, 490,5 mm CP, Rio
Amazonas, Brasil, América do Sul, em vista lateral, dorsal e ventral. Foto: K.
Luckenbill... .................................................................................................................... 64
xvi
Figura 20: Holótipo de Squaliforma biseriata, ANSP 8279, 113,0 mm CP, Amazonas,
Brasil, América do Sul, em vista lateral, dorsal e ventral. Foto: K. Luckenbill. ............... 65
Figura 21: Síntipo de Squaliforma virescens, ANSP 21280-83, 75,5 mm CP, Peru (?),
América do Sul, em vista lateral, dorsal e ventral. Foto: K. Luckenbill. .......................... 66
Figura 22: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de
Squaliforma emarginata. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um
ou mais exemplares. ...................................................................................................... 67
Figura 23: Holótipo de Squaliforma phrixosoma, ANSP 68650, 101,0 mm CP, Bacia do
rio Ucayali, Contamana, Peru. Vista lateral, dorsal e ventral, respectivamente. Foto: K.
Luckenbill. ...................................................................................................................... 74
Figura 24: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de
Squaliforma phrixosoma. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um
ou mais exemplares. A estrela em amarelo representa a localidade-tipo. ..................... 75
Figura 25: Exemplar de Squaliforma squalina INPA 22138 (1) 270,1 mm CP, Rio
Branco, praia acima do igarapé Corumbaú, Roraima, Brasil, em vista lateral, dorsal e
ventral. Foto: Renildo de Oliveira. .................................................................................. 82
Figura 26: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de
Squaliforma squalina. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um ou
mais exemplares. ........................................................................................................... 83
Figura 27: Squaliforma sp. n. “Aripuanã”, INPA 33636, 200,9 mm CP, Rio Guariba,
Resex do Guariba, drenagem rio Madeira, Apuí, Amazonas Brasil em vista lateral,
dorsal e ventral. Foto: Renildo de Oliveira. .................................................................... 90
Figura 28: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de
Squaliforma sp. n. “Aripuanã”. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode
conter um ou mais exemplares. A estrela em amarelo representa a localidade-tipo. .... 91
xvii
Figura 29: Holótipo de Squaliforma sp. n. “Roraima”, INPA 36922, 140,06 mm CP, Rio
Branco, Caracaraí, Roraima, Brasil, em vista lateral, dorsal e ventral, respectivamente.
Foto: Renildo de Oliveira. ............................................................................................... 98
Figura 30: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de
Squaliforma sp. n. “Roraima”. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode
conter um ou mais exemplares. A estrela em amarelo representa a localidade-tipo. .... 99
Figura 31: Holótipo de Squaliforma sp. n. “Tapajós”, INPA 7117, 174,32 mm CP, Rio
Cupari, Itaituba, Pará, Brasil, em vista lateral, dorsal e ventral. Foto: Renildo de
Oliveira.. ....................................................................................................................... 107
Figura 32: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de
Squaliforma sp. n. “Tapajós”. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter
um ou mais exemplares. A estrela em amarelo representa a localidade-tipo. ............. 108
Figura 33: Holótipo de Squaliforma sp. n. “Tocantins”, INPA 36635, 248,5 mm CP, Rio
Itacaiúnas, Drenagem rio Tocantins, Parauapebas, Pará, Brasil, em vista lateral, dorsal
e ventral. Foto: Renildo de Oliveira. ............................................................................ 116
Figura 34: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de
Squaliforma sp. n. “Tocantins”. Cada ponto em vermelho representa um lote que pode
conter um ou mais exemplares. A estrela em amarelo representa a localidade-tipo. .. 117
Figura 35: Holótipo de Squaliforma sp. n. “Xingu”, INPA 30823, 175,5 mm CP, Rio Iriri,
Ilha Curapé, Drenagem rio Xingu, Altamira, Pará, Brasil, em vista lateral, dorsal e
ventral. Foto: Renildo de Oliveira. ................................................................................ 124
Figura 36: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de
Squaliforma sp. n. “Xingu”. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter
um ou mais exemplares. A estrela em amarelo representa a localidade-tipo. ............. 125
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. A família Loricariidae
A ordem Siluriformes é extremamente rica e diversificada, estando presente em
todos os continentes, com exceção da Antártida. Com cerca de 3100 espécies
distribuídas em 36 famílias, os bagres somam aproximadamente 10% de todas as
espécies de peixes. São principalmente habitantes de águas doces, tendo somente
duas famílias marinhas (Arridae e Plotosidae), e são amplamente representados na
América do Sul (Ferraris, 2007; Cramer, 2009).
Dentre os Siluriformes, a família Loricariidae é a mais numerosa, com
aproximadamente 800 spp. (Armbruster, 2011). Os loricaríideos estão distribuídos ao
longo da região Neotropical, estendendo-se da Costa Rica ao norte da Argentina. A
grande maioria das espécies é encontrada a leste dos Andes (Reis et al., 2003). Podem
ser encontrados em todos os tipos de águas, desde riachos frios nas montanhas com
correntezas fortes, até os lagos da planicíe de inundação do rio Amazonas (Cramer,
2009).
Os loricariídeos são caracterizados por placas dérmicas que cobrem o seu corpo.
Apresentam o corpo deprimido, achatado ventralmente, com um único par de
barbilhões rictais. São peixes bentônicos e geralmente possuem hábitos noturnos
(Kramer et al., 1978; Covain & Fisch-Muller, 2007). Alguns loricaríideos (Hypostomus e
Pterygoplichthys) possuem respiração aérea facultativa, utilizando o estômago como
órgão de respiração acessório (Kramer et al., 1978; Lowe-McConnell, 1999).
2
Quanto à alimentação, a boca e os dentes apresentam adaptações para raspar
substratos submersos para ingestão de algas, pequenos invertebrados, detritos e até
mesmo madeira. Esta transformação estrutural permite que estes peixes possam aderir
ao substrato, até mesmo quando há um rápido escoamento das águas (Covain & Fisch-
Muller, 2007).
Loricariidae é um dos táxons mais antigos na sistemática de Siluriformes (de
Pinna, 1998), mas apesar de ser um táxon bem estabelecido e de fácil reconhecimento,
a classificação da família sempre foi muito complicada, com propostas nomenclaturais
bem distintas entre diferentes autores.
A primeira proposta de relacionamento cladístico em Loricariidae foi proposta por
Howes (1983). Baseado em exames de osteologia e de musculatura, ele descreveu a
subfamília Chaetostomatinae para os gêneros Chaetostoma, Hemipsilichthys,
Lasiancistrus e Lipopterichthys, e propôs Ancistrinae como sinônimo junior de
Hypostominae.
A classificação da família como é reconhecida hoje foi proposta por Regan
(1904), onde propôs a seguinte classificação: Plecostominae, Loricariinae,
Hypoptopomatinae e Argiinae e ainda criou a subfamília Neoplecostominae, que
considerava muito especializada. O monofiletismo de Loricariidae é bem suportado,
principalmente, pela presença de dentes integumentários (odontódeos) na parte externa
do corpo e é um dos poucos grupos de famílias de bagres em que a filogenia foi bem
estabelecida (de Pinna, 1998; Armbruster, 2004). Atualmente, através de análise
cladística, seis subfamílias são reconhecidas: Hypoptopomatinae (19 gêneros, 103
espécies), Loricariinae (± 36 gêneros, 222 espécies), Hypostominae (± 40 gêneros, 366
3
espécies), Delturinae (2 gêneros, 7 espécies), Neoplecostominae (5 gêneros, 39
espécies), Lithogeninae (1 gênero, 3 espécies) e Otothyrinae (10 gêneres, 24 espécies)
(Armbruster, 2004; Lehmann, 2006; Chiachio et al., 2008; Cramer, 2009).
1.2. A subfamília Hypostominae
Hypostominae comporta 366 espécies válidas, o que a torna a maior subfamília
de Loricariidae (Armbruster, 2004). Hypostominae caracteriza-se por apresentar:
pendúculo caudal comprimido; nadadeira adiposa (quase sempre) presente;
interopérculo e opérculo com pouca mobilidade; placa pós-temporal limitada póstero-
ventralmente sempre pelo cleitro, e intestino longo (seu comprimento até 26 vezes
maior que o comprimento padrão) (Rapp Py-Daniel, 1984). Hypostominae pode também
ser diagnosticada por apresentar o lobo inferior da placa hipural maior do que o
superior. Outras características consideradas sinapomórficas de Hypostominae são: um
longo processo acessório no primeiro ceratobranquial e a trava de espinho da
nadadeira dorsal grande, em forma de “V” (Armbruster, 2004).
Hypostominae está restrita à água doce, exceto Hypostomus watwata que habita
águas estuarinas de rios nas Guianas. Muitas espécies vivem no fundo dos rios em
bancos de areias e rocha. Durante o período da seca, esses peixes se abrigam sob
rochas ou entre troncos submersos de árvores. A maioria das espécies inicia as
atividades de alimentação após o entardecer, possuindo hábitos noturnos (Weber,
2003).
4
1.3. Histórico do gênero Squaliforma
As espécies do gênero Hypostomus La Cépède, 1803 ocorrem amplamente em
toda região Neotropical, sendo um dos gêneros com maior número de espécies entre
os Siluriformes, compreendendo aproximadamente 130 espécies (Armbruster 2004;
Ferraris 2007; Zawadzki et al., 2010).
Este gênero é caracterizado principalmente por apresentar porte que varia de
médio a grande. O corpo é geralmente alongado; cabeça relativa e baixa, mais ou
menos triangular em vista dorsal; focinho coberto de placas híspidas, sem cerdas; órbita
redonda e olhos látero-superiores. As placas da região interopercular são pouco móveis
e desprovidas de espinhos ou ganchos. As placas ósseas da cabeça e do corpo são
geralmente carenadas. Os lábios são cobertos de papilas curtas; os barbilhões rictais
são geralmente pequenas. Apresentam dentes bem desenvolvidos e geralmente
cuspidados, com dentes faríngeos presentes. Nadadeiras dorsal, peitoral e ventral bem
desenvolvidas, possuindo, as duas primeiras, mecanismo de trava; a nadadeira anal é
geralmente reduzida e adiposa sempre presente. A inserção da nadadeira dorsal está à
frente das nadadeiras ventrais (Rapp Py-Daniel, 1984).
O padrão de coloração varia bastante, podendo apresentar cor de fundo marrom
claro ou manchado, a preto e vermelho, dourado, com fundo escuro com manchas
claras ou fundo claro com manchas escuras. O abdômen também varia de cor creme ao
marrom escuro e pode ser manchado ou não. O abdômen varia de nu ou parcial a
completamente coberto por placas ósseas diminutas. Apresenta nadadeira caudal
bifurcada com lóbulo inferior mais desenvolvido que o superior. Possui duas ou três
placas pré-dorsais e cinco séries de placas em cada lado do corpo (exceto para H.
5
dlouhyi Weber, 1985, que tem três placas no final do pedúnculo caudal). Hypostomus
emarginatus Valenciennes, 1840 (Figura 1), H. cordovae Günther, 1880 e H. spiniger
Hensel, 1870 apresentam corpos alongados; H. spinosissimus é ainda mais alongado e
apresenta a nadadeira caudal bem desenvolvida. A maioria das outras espécies
apresentam corpos curtos e robustos (Armbruster, 2004).
Armbruster (2004) dividiu Hypostominae em cinco tribos, das quais três foram
propostas como novas: Corymbophanini (nova tribo), Rhinelepini (nova tribo),
Hypostomini, Pterygoplichthini (nova tribo), e Ancistrini. Nessa mesma análise
cladística, o gênero Hypostomus não aparece como monofilético e Armbruster (2004)
reconheceu o grupo Hypostomus emarginatus composto das seguintes espécies: H.
ammophilus (Armbruster & Page, 1996) (= Aphanotorulus), H. emarginatus
(Valenciennes, 1840), H. spinosissimus (Steindachner, 1880) (= Isorineloricaria), H.
squalinus (Jardine & Schomburgk, 1841) e H. unicolor (Steindachner, 1908) (=
Aphanotorulus) (Figura 2).
O gênero Aphanotorulus Isbrücker & Nijssen, 1983 foi originalmente diferenciado
de Hypostomus devido à presença de numerosas papilas na cavidade bucal.
Hypostomus e Aphanotorulus são muito semelhantes, mas podem ser separados com
base nas seguintes características: pequenas papilas numerosas dentro da cavidade
bucal; primeiro e segundo hipobranquiais mais o primeiro basibranquial extremamente
alongados em Aphanotorulus versus apenas uma papila bucal e hipobranquiais e
basibranquiais reduzidos em Hypostomus (Armbruster & Page, 1996).
Isbrücker et al. (2001) descreveram o gênero Squaliforma para abrigar as
espécies originalmente abigados no gênero Hypostomus que apresentam longo
6
pedúnculo caudal. A espécie tipo do gênero é Hypostomus horridus Kner, 1854, que
possui o pedúnculo caudal fino e odontódios hipertrofiados nas nadadeiras peitorais e
na região posterior da cauda em machos maduros. Squaliforma não possui papilas
bucais como em Aphanotorulus em que este último possui várias papilas bucais e de
tamanhos irregulares, já em Squaliforma possui uma única papila.
Armbruster (2004) considerou, inicialmente, os gêneros Aphanotorulus,
Isorineloricaria e Squaliforma como sinônimos de Hypostomus. Contudo, como
resultado de suas análises, sugeriu sinapomorfias para o clado de espécies
proximamente relacionada de H. emarginatus (Figura 2), a saber: primeiro hipobranquial
alongado, sete ou mais placas infraorbitais, contato entre metapterigóide e etimóide
lateral voltado para frente, a papila bucal central ampliada e odontódios hipertrofiados
no corpo de machos maduros. O padrão único de coloração das espécies desse clado
(fundo de cor creme a marrom claro com manchas escuras), também permite a sua
diferenciação das demais espécies de Hypostomus (Armbruster, 2004). Dentro deste
clado, entretanto, Aphanotorulus ammophilus e A. unicolor se diferenciam das demais
por apresentarem várias papilas bucais e corpo mais curto, tamanho adulto muito
menos, focinho mais arredondado em vista dorsal.
O gênero Squaliforma tem sido, portanto, usado por diferentes autores para
abrigar as espécies anteriormente identificadas como Hypostomus emarginatus, com
excessão de Isorineloricaria spinosissima (Steindachner, 1880) (Weber, 2003; Ferraris,
2007).
7
Figura 1: Exemplar de Squaliforma emarginata INPA 16781, 210,6 mm. Foto: Andreza Oliveira.
Figura 2: Relação entre as tribos de Hypostominae. No detalhe o clado que inclui Hypostomus
emarginatus (Fonte: Armbruster, 2004).
8
1.4. Justificativa
Representantes de Squaliforma tem um relativo interesse ecológico e evolutivo,
além de serem usados na alimentação pela população ribeirinha e no comércio de
peixes ornamentais.
Em toda extensão geográfica da várzea amazônica, principalmente na época de
águas baixas, os chamados ‘acaris-bodós de praia’ são facilmente encontrados nas
praias e/ou bancos de areia e também associadas a troncos de árvores submersos.
Esses acaris são comumente consumidos pela população ribeirinha que vivem nas
margens dos rios e lagos de várzea. No entanto, na tentativa de elucidar a identificação
taxonômica desses peixes, que fazem parte do clado “Hypostomus emarginatus”, sensu
Armbruster (2004), foi verificado: 1º: a extensão da distribuição destes peixes em que
foram analisados exemplares de quase todas as drenagens da Bacia Amazônica
brasileira incluindo principalmente o rio Solimões-Amazonas e tributários; 2º: de que
não se trata de uma única espécie, mas sim de várias.
Outras espécies do gênero Squaliforma também são apreciadas no mercado de
peixes ornamentais, e são coletados principalmente no Estado do Pará. Essas espécies
habitam o fundo dos rios de água corrente em meio de rochas e troncos de árvores
submersos. São capturados através do mergulho livre utilizando uma lanterna, vara
para desalojar os cascudos das tocas, pote de plástico para armazenar os peixes e
uma máscara de mergulho (e compressor, quando o local possui alta profundidade),
(Anatole et al., 2008). O uso como peixes ornamentais é permitido pela legislação atual
(IN No: 1 de 3 de janeiro de 2012), entretanto, a correta identificação pelos órgãos
fiscais ainda é bastante confusa.
9
O acúmulo de problemas taxonômicos envolvendo não apenas este grupo de
peixes, mas também vários outros, pode se tornar um agravante para a compreensão
do real número de espécies de peixes na região Neotropical. Portanto, a dificuldade
taxonômica do grupo, sua abundância, importância para a população ribeirinha e uso
no mercado de peixes ornamentais nos levaram a propor uma caracterização
taxonômica do grupo de espécies envolvidas nas denominações usuais de acari-bodó
de praia, chicote ou pleco.
A seguir são apresentados os objetivos deste trabalho, com descrição
taxonômica das espécies identificadas e as reconhecidas como novas e é apresentada
uma discussão final.
10
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Identificar e caracterizar taxonomicamente as espécies de Squaliforma gr.
emarginata (acari-bodó de praia) (Siluriformes: Loricariidae) da Bacia Amazônica
brasileira.
2.2. Objetivos Específicos
• Caracterizar as espécies amazônicas de acari-bodó-de-praia usualmente
identificadas como S. emarginata;
• Redescrever a espécie S. emarginata;
• Determinar os padrões de distribuição destas espécies;
• Descrever possíveis novas espécies a partir dos morfotipos reconhecidos.
11
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Material examinado
Os exemplares do gênero Squaliforma analisados pertencem à Coleção de
Peixes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, em Manaus/AM/Brasil,
ao Setor de Ictiologia do Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG, em Belém/PA/Brasil,
e ao Setor de Ictiologia do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo – MZUSP,
em São Paulo/SP/Brasil. Esses exemplares são provenientes de várias coletas
realizadas em tributários da região Amazônica.
Foram utilizadas todas as descrições originais das espécies que compõem o
grupo “Hypostomus emarginatus” sensu Armbruster (2004): Valenciennes, 1840;
Jardine, 1841; Kner, 1854; Cope, 1871; Cope 1872; Cope 1874; Steindachner, 1881 e
Fowler, 1940 (Tabela 1). Para complementação dos dados foram analisadas imagens
digitais dos tipos das espécies de Squaliforma da Amazônia brasileira. Essas imagens
foram retiradas do site do All Catfish Species Inventory – ACSI (disponível em:
http://silurus.acnatsci.org), que possui a atualização realizada pelo Dr. Mark Sabaj-
Pérez (ANSP). Cada imagem disponibilizada no site tem o direito reservado de cada
autor e créditos em qualquer meio de divulgação em trabalhos nacionais e
internacionais.
As espécies reconhecidas como novas são aqui descritas e recebem um epíteto
específico provisório entre aspas, relacionado à sua área de ocorrência ou outro
atributo. As medidas das espécies-tipo de Hypostomus emarginatus e Plecostomus
spinosissimus foram realizadas e cedidas por Lúcia Rapp Py-Daniel.
12
As imagens originais dos tipos das espécies e exemplares analisados estão
depositadas nas seguintes instituições, listadas em ordem alfabética:
ANSP – Academy of Natural Sciences of Philadelphia, Philadelphia, EUA.
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Brasil.
MNHN – Muséum National d’Histoire Naturelle, Paris, França.
MPEG – Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Brasil.
MZUSP – Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
NMW – Naturrhistoriches Museum, Viena, Áustria.
UNIR – Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, Brasil.
Tabela 1: Exemplares-tipo das espécies nominais de Squaliforma da Amazônia brasileira.
Espécie Tipo Museu Tamanho Localidade Tipo
Hypostoma squalinum
Jardine, 1841 Desconhecido --- 33,6 cm SL
Rios Branco, Negro e Essequibo (Brasil e Guiana)
Hypostomus emarginatus
Valenciennes, 1840 Holótipo MNHN A.9447 40,5 cm SL
provavelmente Brasil
Hypostomus horridus
Kner, 1854 Síntipos
NMW 16325 (1) NMW 86604 (1)
35,5 cm SL Rio Guaporé, Rondônia (Brasil)
Plecostomus annae
Steindachner, 1881 Holótipo NMW 44073 9,8 cm SL
Rio Guamá, Pará (Brasil)
Plecostomus biseriatus
Cope, 1872 Holótipo ANSP 8279 11,3 cm SL
Alto rio Amazonas (Brasil)
Plecostomus phrixosoma
Fowler, 1940 Holótipo ANSP 68650 10,1 cm SL Rio Ucayali (Peru)
Plecostomus scopularius
Cope, 1871 Lectótipo ANSP 8081 49,5 cm SL
Rio Solimões-Amazonas (Brasil)
Plecostomus virescens
Cope 1874 Síntipos
ANSP 21280-83 (4)
7,3 cm SL Alto rio Amazonas (Brasil e Peru)
13
3.2. Dados morfométricos e merísticos
As medidas e contagens seguiram a metodologia de Boeseman (1968),
modificada por Weber (1985) e Zawadzki et al., (2008); este último autor adicionou as
medidas da largura e comprimento do lábio inferior e comprimento do lábio inferior. A
contagem e nomenclatura das placas do corpo foram realizadas de acordo com
Schaefer (1997). A expressão médio-ventral foi modificada da original “mid-ventral” de
Schaefer (1997), que consiste na 4ª fileira longitudinal do corpo (fileiras: 1ª dorsal, 2ª
médio-dorsal, 3ª mediana, 4ª médio-ventral e 5ª ventral) (Figura 3).
Figura 3: Esquema das placas da série lateral em Loricariidae (retirado de Oyakawa et al.,
2005).
Algumas estruturas receberam nomes para indicar principalmente a localização
no corpo de exemplares de Squaliforma. Algumas espécies do gênero Squaliforma
apresentam uma fileira de placas abdominais laterais mais largas que as demais (P. ex.
S. annae) (Figura 4). A placa pré-anal também está ilustrada na Figura 4.
14
Figura 4: Esquema em vista ventral de um exemplar de Squaliforma annae mostrando a fileira
de placas largas na lateral do abdômen e placa pré-anal (presente em todas as espécies do
gênero, exceto em Squaliforma sp. n. “Tapajós”).
Algumas espécies de Squaliforma apresentam barbilhão maxilar curto, não
alcançando a borda posterior do lábio inferior (ex. S. annae, Squaliforma sp. n.
“Aripuanã”, Squaliforma sp. n. “Roraima”, Squaliforma sp. n. “Tapajós” e Squaliforma
sp.n. “Xingu”) (Figura 5a). Por outro lado, outras apresentam barbilhão maxilar longo,
ultrapassando a extremidade posterior do lábio inferior (ex. S. emarginata, S. horrida, S.
squalina, Squaliforma sp. n. “Tocantins”) ( Figura 5b).
15
Figura 5: Esquema em vista ventral de Squaliforma mostrando comprimento relativo dos
barbilhões maxilares; a) barbilhão maxilar curto, b) barbilhão maxilar longo.
Todas as medidas foram tomadas ponto a ponto com auxílio de um paquímetro
digital (marca Mitutoyo, modelo 500-172-20b) com precisão de 0,1 mm; quando
necessário, foi utilizado um estereomicroscópio (marca Zeiss, modelo Stemi DV4)
principalmente para contagem de pequenas placas do corpo e dentes da pré-maxila e
dentário.
Foram verificadas 42 caracteres morfológicos externos, sendo 26 medidas
morfométricas e 16 merísticas. As medidas foram tomadas sempre do lado esquerdo do
corpo dos exemplares analisados. Os dados morfométricos e merísticos (Figura 6), com
as suas respectivas abreviaturas foram os seguintes:
16
3.2.1. Dados morfométricos
1. Comprimento padrão (CP) – distância entre a extremidade do focinho e a última
placa da série mediana lateral;
2. Comprimento total (CT) – distância da extremidade do focinho à extremidade
posterior do raio principal do lóbulo inferior da nadadeira caudal;
3. Comprimento predorsal (CPD) – distância do focinho à borda posterior da última
placa predorsal (a terceira);
4. Comprimento da cabeça (CCA) – distância entre a extremidade do focinho e à
extremidade posterior do supraoccipital;
5. Altura da cabeça (ALCA) – altura da cabeça tomada ao final do supraoccipital;
6. Largura cleitral (LC) – porção mais larga do corpo na região do cleitro;
7. Comprimento do focinho (CFO) – distância da extremidade do focinho a extremidade
anterior do olho;
8. Diâmetro orbital (DO) – distância longitudinal entre as bordas anterior e posterior do
olho;
9. Distância interorbital (DIO) – menor distância entre as duas margens superiores dos
olhos;
10. Comprimento da base da nadadeira dorsal (CBND) – distância da origem da
nadadeira dorsal à base do raio distal da nadadeira;
17
11. Comprimento interdorsal (CID) – distância da extremidade posterior da dorsal à
origem do espinho da adiposa.
12. Comprimento do pedúnculo caudal (CPC) – distância da extremidade posterior da
nadadeira anal à origem do raio principal do lóbulo inferior da nadadeira caudal;
13. Altura mínima do pedúnculo caudal (AMPC) – menor distância entre as superfícies
superior e inferior do pedúnculo caudal;
14. Comprimento do primeiro raio da nadadeira dorsal (CPRND) – distância da origem
da nadadeira dorsal à extremidade distal do raio indiviso;
15. Comprimento do primeiro raio da nadadeira peitoral (CPRNP) – distância da origem
da nadadeira peitoral à extremidade distal do raio indiviso;
16. Comprimento do primeiro raio da nadadeira pélvica (CPRNPE) – distância da
origem do primeiro raio simples da nadadeira pélvica à extremidade distal do raio
indiviso;
17. Comprimento torácico (CTOR) – distância da origem da nadadeira peitoral à origem
da nadadeira pélvica;
18. Comprimento abdominal (CAB) – distância da origem da nadadeira pélvica à origem
da nadadeira anal;
19. Comprimento do raio superior da nadadeira caudal (CRSNC) – distância da origem
do raio indiviso superior da caudal à extremidade distal deste raio;
18
20. Comprimento do raio inferior da nadadeira caudal (CRINC) – distância da origem do
raio indiviso inferior da caudal à sua extremidade distal;
21. Comprimento da nadadeira adiposa (CNA) – distância da origem do espinho da
adiposa à sua extremidade distal;
22. Comprimento do barbilhão (CB) – distância da origem do barbilhão à sua
extremidade distal deste;
23. Comprimento do pré-maxila (CPMX) – distância entre as extremidades da pré-
maxila;
24. Comprimento do dentário (CD) – distância entre as extremidades do dentário;
25. Largura do lábio (LL) – medida no ponto de inserção dos barbilhões;
26. Comprimento do lábio inferior (CLI) – distância da linha mediana, logo após os
dentários, até a margem distal do lábio inferior;
3.2.2. Dados merísticos
1. Placas laterais (PL) – número de placas laterais da série mediana do corpo, a partir
da primeira placa perfurada até a última do pedúnculo caudal, exceto placas
nitidamente menores situadas sobre a base dos raios medianos da nadadeira caudal
(placas supracaudais);
2. Placas predorsais (PPD) – número de placas entre a extremidade do supraoccipital
até a origem anterior da nadadeira dorsal;
19
3. Placas margeando o supraoccipital (PMSU) – número de placas que margeiam o
supraoccipital;
4. Placas entre a dorsal e a adiposa (PDeA) – número de placas entre a extremidade
posterior da nadadeira dorsal e o início da nadadeira adiposa;
5. Placas entre a adiposa e a caudal (PAeC) – número de placas entre a extremidade
posterior da base da nadadeira adiposa e a origem da base do raio indiviso/principal do
lóbulo superior da nadadeira caudal;
6. Placas azíguas caudais superiores (PAzCS) – número de pequenas placas
anteriores à base do lóbulo superior da nadadeira caudal;
7. Placas azíguas caudais inferiores (PAzCI) – número de pequenas placas anteriores
à base do lóbulo inferior da nadadeira caudal;
8. Placas da base da dorsal (PBD) – número de placas da origem da nadadeira dorsal
até a extremidade posterior da nadadeira;
9. Placas da base da anal (PBA) – número de placas da origem da nadadeira anal até
a base do último raio da nadadeira;
10. Dentes do dentário (DDe) – número de dentes presentes em cada dentário (direito
e esquerdo); apenas o maior valor foi considerado para a descrição;
11. Dentes do pré-maxila (DPMX) – número de dentes presentes em ambos os
prémaxilares (direito e esquerdo); sendo considerado na descrição apenas o maior
valor;
20
12. Raios da nadadeira dorsal (RND) – incluindo os dois espinhos da dorsal – o
“spinelet” e o raio principal indiviso – mais os raios subseqüentes ramificados;
13. Raios da nadadeira peitoral (RNP) – incluindo o espinho peitoral mais os raios
subseqüentes ramificados;
14. Raios da nadadeira pélvica (RNPE) – incluindo o primeiro raio indivisivo mais os
raios subseqüentes ramificados;
15. Raios da nadadeira anal (RNA) – incluindo o primeiro raio indivisivo mais os raios
subseqüentes ramificados;
16. Raios da nadadeira caudal (RNC) – incluindo os dois raios indivisivos principais
mais os raios ramificados.
21
Figura 6: Esquema das medidas em Squaliforma (vista lateral, vista dorsal e vista ventral,
respectivamente). Desenho esquemático: Douglas Bastos.
22
3.3. Análise estatística
Para os caracteres morfológicos foram utilizados descritores estatísticos básicos:
média (para para as proporções corporais), moda (para as merísticas), desvio padrão,
valores mínimo e máximo. A partir dos dados brutos foram calculados proporções
corporais expressas em porcentagens do comprimento padrão ou comprimento da
cabeça (Oyakawa et al., 2005). O comprimento padrão foi expresso em milímetros
(mm).
Os dados morfométricos foram analisados estatisticamente através do software
livre PAST versão 2.14 (Hammer & Harper, 2004). Os dados foram normalizados e
transformados pelo seu logaritmo natural, de acordo com o protocolo estabelecido por
Reis et al. (1990). Posteriormente, os dados foram submetidos a uma Análise de
Variância Multivariada (MANOVA) objetivando testar diferenças significativas entre os
grupos. A Análise de Variáveis Canônicas (ACV) independente do tamanho foi utilizada
para avaliar graficamente o agrupamento dos exemplares estudados, com base nos
dois eixos que explicam a maior parte da variância dos dados (Reis et al., 1990).
Alguns caracteres foram excluídos da MANOVA, uma vez que certas estruturas
(como por exemplo: raio da nadadeira dorsal, raios dos lobos superior e inferior da
nadadeira caudal) encontravam-se danificadas.
23
4. RESULTADOS
4.1. Material analisado
Foram analisados 547 exemplares de Squaliforma do grupo emarginata da
Amazônia brasileira. Através dos caracteres morfológicos, merísticos e principalmente
através do padrão de coloração, foram identificados nove morfotipos, sendo que quatro
representam a espécies válidas e cinco constituem novos táxons, a saber: Squaliforma
sp. n. “Aripuanã” (15 exemplares), Squaliforma sp. n. “Roraima” (65 exemplares),
Squaliforma sp. n. “Tapajós” (124 exemplares), Squaliforma sp. n. “Tocantins” (102
exemplares) e Squaliforma sp. n. “Xingu” (48 exemplares).
Foi possível reconhecer representantes das espécies Squaliforma annae, S.
emarginata, S. horrida e S. squalina. Esta identificação foi realizada através de
comparação com imagens dos holótipos, bem como através das descrições originais.
No presente trabalho quatro espécies (Squaliforma scopularia, S. biseriata, S.
phrixosoma e S. virescens) foram sinonimizadas com Squaliforma emarginata, por
apresentarem características morfométricas, merísticas e coloração muito semelhantes,
o que as tornam indiferenciáveis de S. emarginata. Ademais, tanto S. biseriata como S.
phrixosoma foram escritas com base em exemplares jovens. As espécies
sinonimizadas, aparentemente, só são conhecidas pelas suas descrições originais, não
tendo sido registradas posteriormente na literatura.
24
4.2. Análise multivariada
As espécies deste grupo são muito semelhantes morfologicamente entre si.
Através da Análise de Variância Multivariada (MANOVA), no entanto, foi possível
observar o agrupamento de cada espécie válida utilizando os dados morfométricos
(Figura 7). Todavia, algumas espécies, como foi o caso de Squaliforma emarginata e
Squaliforma horrida, ficaram muito próximas no gráfico, indicando morfometricamente
que são muito semelhantes, apesar da existência de alguns caracteres distintos entre
as mesmas, Devido ao grande número de exemplares analisados, os gráficos da
análise MANOVA foram separados por grupos para melhor visualização.
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7
Axis 1
-3
-2
-1
1
2
3
4
5
Axi
s 2
Figura 7: Agrupamento de algumas das espécies reconhecidas de Squaliforma da bacia
Amazônica obtida através da Análise de Variáveis Canônicas.
����Squaliforma annae
x Squaliforma emarginata
+ Squaliforma horrida
� Squaliforma phrixosoma
���� Squaliforma squalina
25
Para as espécies novas também foi possível observar o agrupamento quando
comparados com Squaliforma emarginata, que é a espécie mais bem distribuída no
gênero. Para melhor visualização, os agrupamentos das novas espécies foram
divididos em três exemplos gráficos: o primeiro mostra o agrupamento de Squaliforma
emarginata com as novas espécies do rio Branco, Estado de Roraima e rio Aripuanã,
drenagem do rio Madeira, que abrange o Estado do Amazonas e Mato Grosso (Figura
8). O segundo agrupamento mostra Squaliforma annae e as novas espécies do rio
Tapajós e Tocantins, ambos no Estado do Pará (Figura 9). E o terceiro e último
agrupamento mostra Squaliforma annae, Squaliforma emarginata e Squaliforma sp. n.
“Xingu” (Figura 10).
-6 -4.8 -3.6 -2.4 -1.2 1.2 2.4 3.6 4.8
Axis 1
-6
-4.8
-3.6
-2.4
-1.2
1.2
2.4
3.6
Axi
s 2
Figura 8: Agrupamento das espécies novas do rio Branco, Estado de Roraima e rio Aripuanã,
Estado do Amazonas e Mato Grosso em comparação com Squaliforma emarginata obtido
através da Análise de Variáveis Canônicas.
x Squaliforma emarginata
� Squaliforma sp. n. “Roraima”
+ Squaliforma sp. n. “Aripuanã”
26
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4
Axis 1
-6
-5
-4
-3
-2
-1
1
2
3
Axi
s 2
Figura 9: Agrupamento das espécies novas do rio Tapajós e rio Tocantins em comparação com
Squaliforma annae obtido através da Análise de Variáveis Canônicas.
� Squaliforma annae
� Squaliforma sp. n. “Tapajós”
� Squaliforma sp. n. “Tocantins”
27
-6 -4.8 -3.6 -2.4 -1.2 1.2 2.4 3.6 4.8
Axis 1
-5
-4
-3
-2
-1
1
2
3
Axi
s 2
Figura 10: Agrupamento da espécie nova do rio Xingu em comparação com Squaliforma annae
e Squaliforma emarginata obtido através da Análise de Variáveis Canônicas.
� Squaliforma annae
x Squaliforma emarginata
� Squaliforma sp. n. “Xingu”
28
4.3. Taxonomia
Squaliforma Isbrücker & Michels, 2001
Squaliforma Isbrücker & Michels, 2001: 22. Espécie-tipo: Hypostomus horridus Kner,
1854. Gênero: masculino.
Diagnose: Squaliforma pode ser facilmente diferenciado dos demais gêneros da tribo
Hypostomini, exceto de Isorineloricaria, pelo longo pedúnculo caudal (vs. pedúnculo
curto). Squaliforma difere de Isorineloricaria pelo menor número de placas na linha
lateral (27 a 29 vs. 30 a 32); pela presença de placas que margeiam o supraoccipital
(vs. placas ausentes); pela ausência de elevação posterior da órbita (vs. presença);
pelo menor número de placas do pedúnculo caudal (14 vs. 17). Squaliforma difere de
Aphanotorulus pela presença de uma papila bucal (vs. numerosas papilas); pelo
hipobranquial e basibranquial curtos (vs. extremamente alongados). Squaliforma difere
de Hypostomus pela nadadeira peitoral curta, alcançando apenas a inserção da
nadadeira pélvica (vs. nadadeira peitoral ultrapassando a inserção da nadadeira
pélvica); pelo maior número de vértebras (33 vs. 30); pela presença de papila bucal
alongada (vs. pequena ou ausente); e pelo maior número de placas do pedúnculo
caudal (14 vs. 12).
Distribuição geográfica: As espécies do gênero estão distribuídas na América do Sul,
podendo ser encontrada no Brasil (calha do rio Solimões-Amazonas e tributários), na
Colômbia (rio Magdalena), Guiana (rio Essequibo), Peru (rio Ucayali), Suriname (rio
29
Suriname) e Venezuela (rios Orinoco e Apure). Entretanto, as espécies do gênero
incluídas neste estudo são provenientes apenas de tributários da Bacia Amazônica
brasileira, ocorrendo nos rios Purus, Solimões-Amazonas, Madeira, Xingu, Tapajós,
Branco, Tocatins-Araguaia e tributários.
Comentários: Isbrücker & Michels (2001) propuseram o gênero Squaliforma com base
em duas características: o pedúnculo caudal alongado e extremidade dos raios da
nadadeira dorsal não alcançando a nadadeira adiposa (vs. raios da nadadeira dorsal
alcançam a nadadeira adiposa em Hypostomus).
Atualmente, muitos autores consideram o gênero Squaliforma como um gênero
válido (Nelson, 2006; Ferraris, 2007; Soares et al, 2008; Mérona et al., 2010; Bueno et
al., 2012; Hernan et al., 2012; Froese & Pauly, 2012). Artoni & Bertollo (2001)
corroboraram Isbrücker & Michels (2001) quando realizaram análises citogenéticas em
Hypostomus emarginatus (nome científico da espécie na época) que apresentou um
menor número diplóide (2n=52 vs. 2n=54-80 para as demais espécies de Hypostomus),
e sugeriram manter Squaliforma com um gênero válido.
Weber (2003), Carvalho & Bockmann (2007) e Ferraris (2007) utilizaram o
gênero Squaliforma para as espécies do grupo Hypostomus emarginatus, exceto
Aphanotorulus e Isorineloricaria, agrupando assim as espécies que antes eram
identificadas como Hypostoma squalina (atualmente Squaliforma squalina),
Hypostomus emarginatus (atualmente Squaliforma emarginata), H. horridus (atualmente
S. horrida), Plecostomus annae (atualmente S. annae), P. biseriatus (atualmente S.
biseriata), P. phrixosoma (atualmente S. phrixosoma), P. scopularius (atualmente S.
30
scopularia) e P. virescens (atualmente S. virescens). Todas as espécies mencionadas
possuem o pedúnculo caudal alongado.
Para Armbruster (2004), Aphanotorulus, Hypostomus (Squaliforma) e
Isorineloricaria formam um grupo monofilético, sendo Isorineloricaria (gênero
monotípico) o táxon mais basal. Entretanto, Isorineloricaria apresenta algumas
sinapomorfias em relação à Squaliforma como maior número de infraorbitais (7-10 vs.
5-6), contato posterior com o metapterigóide separado da margem posterior do etmóide
lateral (vs. em contato com a margem posterior). Outras sinapomorfias levantadas por
Armbruster (2004) como papila central grande e odontódios hipertrofiados em machos
no período de reprodução ocorrem tanto em Isorineloricaria como em Squaliforma.
Isorineloricaria spinosissima apresenta distribuição trans-andina, com registros apenas
para o oeste do Equador, nos rios Vinces (drenagem do rio Guayas) e Peripa
(Boulenger, 1898).
Algumas espécies de Squaliforma são apreciadas no mercado de peixes
ornamentais, entretanto, ainda existe a dificuldade na identificação correta das
espécies. Existem também diversas referências que citam as espécies de Squaliforma
como ornamentais (e.g. Sanchéz et al, 2006; Prang, 2007; Hercos et al, 2009),
demonstrando sua importância econômica.
Atualmente, Squaliforma emarginata está presente na lista de espécies
permitidas para fins comerciais através da Instrução Normativa No 1 de 3 de janeiro de
2012 (MPA, 2012). Dentro da codificação internacional de loricarídeos ornamentais,
codigo “L-Number” (da Sociedade Internacional de Pesquisadores especialistas na
família Loricariidae), Squaliforma emarginata possui quatro códigos: L011 (rio Xingu,
31
Pará, Brasil), L035 (rio Tocatins-Araguaia, Pará e Mato Grosso, Brasil), L108 (alto rio
Napo, Equador) e L116 (rio Trombetas, Pará, Brasil) (disponível em:
http://www.planetcatfish.com).
Portanto, no presente trabalho são considerados válidos os gêneros
Aphanotorulus (com duas espécies válidas), Isorineloricaria (gênero monotípico, trans-
andino) e Squaliforma (com quatro espécies válidas e cinco novas). Estas conclusões
são seguidas segundo Armbruster (2004), em que considera os três gêneros como
distintos entre si.
32
Squaliforma horrida (Kner, 1854)
Figuras 11 e 12, Tabela 2
Hypostomus horridus Kner, 1854: 9. Localidade-tipo: América do Sul, Rio Guaporé,
Bacia do rio Madeira, Rondônia, Brasil. Holótipo: NMW 16325.
Material examinado:
Síntipo: NMW 16325 355 mm CP, Forte do Príncipe da Beira, Rio Guaporé, Bacia do
rio Madeira, Rondônia, Brasil. Imagem do holótipo disponibilizada no site do All Catfish
Species Inventory (http://silurus.acnatsci.org/).
Não tipo. Brasil: Rondônia: INPA 31838 (4) 252,5-283,5 mm CP, Rio Guaporé,
Surpresa, Guajará-Mirim, Drenagem Madeira, 10° 48’ 22’’S 065° 23’ 04’’W, Santos,
G.M., 21/09/1985.
Diagnose: Squaliforma horrida difere de seus congêneres, exceto de S. annae, S.
emarginata e S. squalina por possuir a nadadeira caudal com manchas pequenas de
cor marrom e sem mancha uniforme no lobo inferior da nadadeira caudal (vs. manchas
pequenas presentes, mas com mancha uniforme de cor marrom, preto ou vermelho no
lobo inferior da nadadeira caudal). S. horrida difere de seus congêneres, exceto de
Squaliforma sp. n. “Roraima” e S. sp. n. “Tocantins” por possui 5 placas que margeiam
o supraoccipital (vs. 2 a 3 placas). S. horrida difere de todos seus congêneres pela
maior proporção do pedúnculo caudal em relação ao comprimento padrão (38,5 vs.
35,3%). Squaliforma horrida difere de S. emarginata pelo padrão das manchas no corpo
por serem menos conspícuas (vs. mais conspícuas e alongadas). Difere ainda de S.
emarginata por apresentar as menores proporções em relação ao comprimento padrão:
33
menor comprimento da cabeça (26,4-27,9 vs. 30,2-37,8%), menor comprimento do
focinho (16,5-17,0 vs. 18,2-20,8%), menor largura cleitral (22,6-24,5 vs. 26,9-31,3%),
menor comprimento do espinho da nadadeira peitoral (20,7-21,8 vs. 24,4-28,2%) e pelo
menor comprimento do espinho da nadadeira pélvica (17,3-19,4 vs. 20,8-27,3%).
Menores proporções em relação ao comprimento da cabeça: pela menor diâmetro
orbital (12,5-14,4 vs. 16,6-24,0%); menor distância interorbital (39,5-41,7 vs. 43,0-
50,5%) e menor proporção na largura do lábio (37,6-39,2 vs. 41,1-46,3%). Difere de
seus congêneres, exceto de S. squalina por apresentar menor comprimento pré-dorsal
(32,3-34,7 vs. 38,1-46,5% do CP). Difere de S. annae pelo menor número de placas
entre a nadadeira dorsal e a nadadeira adiposa (8 vs. 10). Difere de seus congêneres,
exceto de S. annae, S. sp. n. “vermelha” e S. sp. n. “Tapajós” pelo menor número de
dentes do pré-maxilar (22-26 vs. 32-65) e dentário (24-26 vs. 30-63). Difere também de
S. annae, S. sp. n. “Aripuanã”, S. sp. n. “Tapajós” e S. sp.n. “Xingu” pela menor
proporção do comprimento do pré-maxilar (10,2-13,8 vs. 14,2-18,2%) e dentário (10,9-
11,4 vs. 12,7-16,3) em relação ao comprimento da cabeça.
Descrição: Dados morfométricos apresentados na Tabela 2. Espécie de médio porte
com aproximadamente 300 mm CP. Corpo longo, arredondado e moderadamente
deprimido em vista transversal. Corpo quase sem carenas, porém com quilha na 4ª
fileira de placas da série lateral (médio-ventral) que se estende do opérculo até base da
nadadeira caudal. Corpo mais largo anteriormente às nadadeiras peitorais. Região
ventral coberta por pequenas placas de tamanho uniforme, desde o lábio posterior até
região do ânus. Presença de placa localizada anteriormente à nadadeira anal. Três
placas pré-dorsais, sendo a primeira mais larga que as demais. Oito placas entre a
34
nadadeira dorsal e adiposa. Oito placas na base da nadadeira dorsal. Linha lateral com
28 placas localizadas na 4ª fileira da série lateral, chamada de média-ventral.
Cabeça deprimida, aproximadamente triangular em vista dorsal (Figura 12).
Ponta do focinho arredondada com pequenos odontódios em vista ventral. Parte
superior da cabeça completamente coberta por placas, com exceção de uma pequena
área nua localizada no meio da ponta do focinho. Barbilhões longos, ultrapassando
linha do lábio inferior. Papila bucal grande, obtusa e arredondada localizada
imediatamente atrás da pré-maxila, coberta por pequenas papilas. Órbita pouco
elevada, margeada por pequenos odontódios; espaço interorbital reto. Supraoccipital
elevado, em forma de crista, quase alcançando a altura da base da nadadeira dorsal.
Supraoccipital limitado lateralmente por cinco placas pequenas, irregulares, quase
fusionadas, dispostas em cacho (“cacho de uva”). Em indivíduos adultos, supraoccipital
bastante obtuso, com odontódios direcionados posteriormente e bastante
desenvolvidos. Boca ampla, lábio superior arredondado em vista ventral, com franjas
carnosas na extremidade. Lábio inferior arredondado, coberto por papilas redondas
espaçadas entre si.
Dentes relativamente longos, em forma de “Z” em vista lateral, lado esquerdo,
compostos por base larga, de espessura curva para trás e coberto pelo epitélio da
mandíbula, com eixo fino, côncavo e mediano com a haste superior mais espessa,
possuindo coroa bicuspidada com cúspide externa de extremidade arredondada de
tamanho duas vezes maior do que cúspide interna, que possui extremidade pontiaguda.
Dentes hialinos nos eixos inferior, mediano e superior e coroa de cor amarela. Pré-
maxila com 22-26 dentes (moda=25, n=4), dentário com 24-26 dentes (moda=24, n=4).
35
Nadadeira dorsal inserida na vertical que passa pela metade da nadadeira
peitoral adpressa ao corpo; dorsal com II,7 raios, sendo os raios ramificados
decrescentes em tamanho desde o primeiro até o último raio. Primeiro raio da
nadadeira dorsal indiviso, reto e mais longo do que os ramificados. Cada raio ramificado
com duas bifurcações subsequentes. Nadadeira peitoral com I,6 raios, atingindo a
inserção da nadadeira pélvica e raios ramificados decrescendo de tamanho. Nadadeira
pélvica com i,5 raios, atingindo a inserção da nadadeira anal e inserida na vertical que
passa pela metade base da nadadeira dorsal. Nadadeira anal com i,4 raios. Raio não
ramificado da nadadeira anal de mesmo tamanho que os raios ramificados (i,4 raios).
Nadadeira caudal furcada com i,14,i raios. Raio do lobo inferior da nadadeira caudal
mais longo que superior. Todos os raios não ramificados e ramificados possuem
pequenos odontódios. Cinco raios procurrentes na região superior e cinco na região
inferior do pedúnculo caudal.
Coloração em álcool: Corpo claro com manchas escuras alongadas elipsóides,
presentes em toda a superfície dorsal do corpo. Em vista ventral, sem manchas,
coloração marrom claro uniforme. Nadadeiras dorsal, peitoral, pélvica, anal e caudal
com pequenas manchas escuras nos raios indivisos e membranas interrradiais.
Membranas interradiais com manchas escuras alongadas, formando pequenas listras
transversais nadadeiras. Espinho da nadadeira dorsal com 12-14 manchas, raios
ramificados com 9-10 manchas dispostas nos dois lados de cada raio. Nadadeiras
peitoral e pélvica com manchas formando pequenas faixas transversais, desde o
espinho até o último raio ramificado. Espinho da nadadeira peitoral com 10 manchas.
Presença de manchas em todas as placas da série lateral, exceto na 4ª e 5ª fileiras.
36
Face dorsal do lábio superior coberto por pequenas manchas escuras redondas e a
franja sem manchas (Figura 12).
Nota ecológica: Exemplares de Squaliforma horrida foram coletados com redes de
espera (malhadeiras) em área alagada, sem praia, próximo a barrancos (Geraldo
Santos, com. pess.).
Distribuição geográfica: A espécie é conhecida somente para o rio Guaporé,
Rondônia, Brasil (Figura 13).
Comentários: Squaliforma horrida foi descrita inicialmente como Hypostomus horridus
Kner, 1854 e segundo a descrição original se tratava da espécie mais alongada dentre
os Hypostomus, com comprimento da cabeça contido cinco vezes no comprimento total.
Squaliforma horrida apresenta coloração semelhante à S. emarginata, entretanto, com
manchas menos conspícuas e mais espaçadas. As manchas não se unem na cabeça
formando um mosaico como ocorre em S. emarginata. Por outro lado, S. horrida é a
única espécie do gênero a apresentar manchas escuras alongadas nas nadadeiras,
formando pequenas listras, particularmente conspícuas na nadadeira dorsal.
Regan (1904) sinonimizou Hypostomus horridus em Plecostomus emarginatus
(atualmente Squaliforma emarginata), por apresentar as seguintes características: 28-
30 placas na série longitudinal, placas da 4a série fortemente angulada e superfície
ventral do pedúnculo caudal plana.
37
Figura 11: Síntipo de Squaliforma horrida, NMW 16325, 355 mm CP (Localidade-tipo: Forte do
Príncipe da Beira, Rio Guaporé, bacia do rio Madeira, Rondônia, Brasil) em vista lateral, dorsal
e ventral, respectivamente. Foto: Mark Sabaj-Pérez.
38
Figura 12: Exemplar de Squaliforma horrida, INPA 31838, 252,5 mm CP, Rio Guaporé,
Surpresa, Drenagem rio Madeira, Guajará-Mirim, Rondônia, Brasil, em vistas lateral, dorsal e
ventral. Foto: Renildo de Oliveira.
39
Figura 13: Região norte da América do Sul ilustrando local e dado de coleta de exemplares de
Squaliforma horrida examinados. Estrela amarela representa a localidade-tipo. O círculo
vermelho representa mais de um exemplar no lote.
Tabela 2: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma
horrida.
Medidas N Amp. de variação
(min – máx) Média
Desvio
Padrão
Comprimento padrão (mm) 4 252,50-283,50 --- ---
Porcentagens do comprimento padrão (mm)
Comprimento da cabeça 4 26,4-27,9 27,1 0,6
Comprimento pré-dorsal 4 32,3-34,7 33,3 1,0
Comprimento do focinho 4 16,5-17,0 16,7 0,2
Largura Cleitral 4 22,6-24,5 23,8 0,9
Comprimento da base da nadadeira dorsal 4 21,1-22,0 21,4 0,4
Comprimento interdorsal 4 26,1-27,6 26,9 0,6
Comprimento do pedúnculo caudal 4 37,6-39,0 38,5 0,6
Altura do pedúnculo caudal 4 6,2-6,6 6,4 0,2
Comprimento do espinho da dorsal 4 24,5-25,6 25,0 0,5
40
Comprimento do espinho da peitoral 4 20,7-21,8 21,3 0,5
Comprimento do espinho da pélvica 4 17,3-19,4 18,7 0,9
Comprimento torácico 4 20,7-22,5 21,7 0,9
Comprimento abdominal 4 18,5-20,2 19,3 0,7
Comprimento do raio indiviso do lobo superior da
nadadeira caudal
4 16,6-28,8 25,3 5,9
Comprimento do raio indiviso do lobo inferior da
nadadeira caudal
4 29,8-36,6 32,4 3,0
Porcentagens do comprimento da cabeça
(mm)
Altura da cabeça 4 53,2-58,4 56,3 2,2
Largura Cleitral 4 85,4-90,5 87,8 2,1
Comprimento do focinho 4 59,4-64,3 61,7 2,0
Diâmetro orbital 4 12,5-14,4 13,8 0,9
Distância interorbital 4 39,5-41,7 41,0 1,0
Comprimento interdorsal 4 93,7-103,1 99,4 4,3
Comprimento do pré-maxilar 4 10,2-13,8 11,7 1,5
Comprimento do dentário 4 10,9-11,4 11,0 0,3
Largura do lábio 4 37,6-39,2 38,6 0,7
Comprimento do lábio posterior 4 9,7-16,6 13,4 2,8
Comprimento do barbilhão 4 9,2-18,7 14,3 3,9
Merístico Moda
Placas da lateral do corpo 4 28-29 28 0,5
Placas que margeiam a supraoccipital 4 5-5 5 0,0
Placas entre a dorsal e adiposa 4 8-9 8 0,6
Placas da base da dorsal 4 7-8 8 0,5
Dentes da pré-maxila 4 22-26 25 1,7
Dentes do dentário 4 24-26 24 1,0
Raios da nadadeira dorsal 4 I + 7
Raios da nadadeira peitoral 4 I + 6
Raios da nadadeira pélvica 4 I + 5
Raios da nadadeira anal 4 I + 4
Raios da nadadeira caudal 4 I + 14 + I
41
Squaliforma annae (Steindachner, 1881)
Figuras 14 e 15, Tabela 3
Plecostomus annae Steindachner, 1881: 112. Localidade-tipo: América do Sul, Bacia do
rio Guamá, Belém, Pará, Brasil. Holótipo: NMW 44073. Listado como
Chaetostomus annae na legenda da figura (p. 146). – Regan, 1904: 210 (chave de
identificação e lista de espécies em sinonímia de Plecostomus emarginatus).
Material examinado:
Holótipo: NMW 44073, 98 mm CP, Bacia do rio Guamá, Belém, Pará, Brasil. Imagem
do holótipo disponibilizada no site do All Catfish Species Inventory
(http://silurus.ansp.org/).
Não tipo. Brasil: Goiás: MZUSP 40908 (1) 149,6 mm CP, Rio Paranã, acima da foz do
Rio São Domingos, Fazenda Barra, Drenagem Rio Tocantins, São Domingos, 13° 36’
24.27’’S 046° 50’ 28.82’’W, J.C. Oliveira, 16/01/1989. Mato Grosso: INPA 28771 (5)
78,9-206,5 mm CP, Rio Araguaia, abaixo do córrego Pitomba, margem esquerda, Barra
do Garças, 15° 53’ 03’’S 052° 06’ 16’’W, R.R. de Oliveira, 20/01/2008. Pará: INPA
25716 (1) 168,2 mm CP, Rio Tocantins, Vila do Sossego, rio Parauapebas, Canaã dos
Carajás, 06° 24’ 12.53’’S 050° 01’ 57.46’’W, G.M. Santos, 10/10/1999. INPA 36637 (2)
165,7-179,6 mm CP, Rio Tocantins, Rio Itacaiúnas, (jusante igarapé Cinzento),
Parauapebas, 05° 52’ 38’’S 050° 29’ 28’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA,
01/07/2008. INPA 36638 (1) 96,9 mm CP, Rio Tocantins, Rio Itacaiúnas, (jusante
igarapé Salobo), Parauapebas, 05° 50’ 32’’S 050° 26’ 39’’W, Grupo Ecologia Aquática-
UFPA, 04/07/2008. INPA 36639 (2) 174,6-207,2 mm CP, Rio Tocantins, Rio Caeteté,
encontro igarapé Águas Claras com Rio Caeteté, Ourilândia do Norte, 06° 33’ 22’’S
42
051° 02’ 39’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA, 23/11/2009. INPA 36640 (1) 160,6-
162,9 mm CP, Rio Tocantins, Rio, Ourilândia do Norte, 06° 31’ 49’’S 051° 03’ 31’’W,
Grupo Ecologia Aquática-UFPA, 23/11/2009. INPA 36641 (1) 226,5 mm CP, Rio
Tocantins, Rio Itacaiúnas, (jusante igarapé Salobo), Parauapebas, 05° 50’ 32’’S 050°
26’ 39’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA, 18/12/2009. INPA 36644 (3) 191,7-222,5
mm CP, Rio Tocantins, Rio Caeteté, Ourilândia do Norte, 06° 31’ 49.37’’S 051° 03’
29.45’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA, 20/08/2010. INPA 36645 (1) 212,5 mm CP,
Rio Tocantins, Rio Caeteté, encontro igarapé Águas Claras com Rio Caeteté, Ourilândia
do Norte, 06° 33’ 22’’S 051° 02’ 39’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA, 28/08/2010.
INPA 36646 (1) 224,5 mm CP, Rio Tocantins, Rio Caeteté, encontro igarapé Águas
Claras com Rio Caeteté, Ourilândia do Norte, 06° 33’ 22.00’’S 051° 02’ 39.00’’W, Grupo
Ecologia Aquática-UFPA, 28/08/2011. INPA 36650 (3) 154,1- 212,5 mm CP, Rio
Tocantins, Rio Caeteté, encontro igarapé Águas Claras com Rio Caeteté, Ourilândia do
Norte, 06° 33’ 22’’S 051° 02’ 39’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA, 28/11/2010. MPEG
20532 (1) 147,7 mm CP, Rio Vermelho, Marabá, 05° 34’ 17.87’’S 049° 14’ 35.57’’W.
23/06/2010. MZUSP 106558 (8) 114,3-167,0 mm CP, Rio Parauapebas em corredeiras
logo a jusante do Poço do Jau, Drenagem Tocatins, Canaã dos Carajás, 06° 23’
13.49’’S 050° 02’ 7.76’’W, M. Loeb & H.R. Varella, 21/06/2010. MZUSP 106954 (1)
177,5 mm CP, Rio Verde, próximo ao acampamento do MST, Parauapebas, 06º 10’
20’’S 049º 53’ 01’’W, F.S.P, 22/06/2010. Tocantins: INPA 20128 (1) 142,8 mm CP, Rio
Araguaia, Est. do Tocantins, Lago Volta Grande, município Caseara, 09° 16’ 51.61’’S
049° 57’ 43.45’’W, Equipe Ictiofauna, 22/02/2000. INPA 20134 (1) 152,3 mm CP, Rio
Araguaia, Mundo de Caseara, Lago Volta Grande, 09° 17’ 56.29’’S 050° 02’ 26.32’’W,
Equipe Ictiofauna, 22/02/2000. INPA 21388 (1) 190,1 mm CP, Rio do Côco, margem
43
direita, Tocantins, Caseara, Drenagem: Araguaia, 08° 39’ 3.80’’S 049° 28’ 2.44’’W.
INPA 21504 (1) 181,2 mm CP, Rio Araguaia, Caseara, Lago do Casé, 09° 16’ 51.90’’S
50° 2’ 15.71’’W, J.A.S. Zuanon & G.M. Santos, 26/05/2000. INPA 34481 (1) 185,0 mm
CP, Lago Naru, Tocantins, Caseara, Drenagem: Araguaia, 09° 16’ 50’’S 049° 59’ 45’’W.
MZUSP 83511 (2) 144,0-186,0 mm CP, Rio Soninho, próximo a Novo Acordo,
Drenagem Tocantins, 10º 10’ 40’’S 046º 55’ 54’’W, Centro Tecnológico de Engenharia
Ltda, 16/07/2003. MZUSP 106549 (2) 119,1-210,5 mm CP, Rio Parauapebas na
fundação de uma ponte de madeira que existia sobre o rio, Canaã dos Carajás, 06º 24’
46’’S 050º 01’ 36’’W, F.S.P, 21/06/2010. MZUSP 106554 (1) 198,5 mm CP, Rio
Parauapebas na fundação de uma ponte de madeira que existia sobre o rio, Canaã dos
Carajás, 06º 24’ 46’’S 50º 01’ 36’’W, F.S.P., 22/06/2010.
Diagnose: Squaliforma annae difere de seus congêneres pela presença de uma fileira
de placas largas em cada lado na região do abdômen, entre as inserções das
nadadeiras peitoral e pélvica (vs. ausente), presença de 10 placas entre o último raio da
nadadeira dorsal e o espinho da nadadeira adiposa (vs. 8-9 placas), placas do
pedúnculo caudal sem carena, principalmente na 4a fileira da série lateral da linha
médio-ventral, apresentando um pedúnculo caudal arredondado em seção transversal
(vs. placas com carena). S. annae difere de seus congêneres, exceto de S. sp. n.
“Aripuanã” e S. sp. n. “Xingu” pelo menor número de placas que margeiam a
supraoccipital (duas placas vs. três placas em S. emarginata, S. squalina, Squaliforma
sp. n. “Tapajós”; cinco placas em S. horrida e S. sp. n. “Tocantins”). Difere de seus
congêneres, exceto de S. sp. n. “Aripuanã” pelo maior número de dentes na pré-maxila
(40-55, moda = 44 vs. 20-26, moda = 25 em S. emarginata, S. horrida, S. phrixosoma,
44
S. squalina e S. sp. n. “Tocantins”; 30-40, moda = 30 em S. sp. n. “Roraima”, S. sp n.
“Tapajós” e S. sp n. “Xingu”) e dentário (40-60, moda = 46 vs. 24-26, moda = 26 em S.
emarginata, S. horrida, S. phrixosoma, S. squalina e S. sp. n. “Tocantins”; 28-45, moda
= 32 em S. sp. n. “Roraima”, S. sp n. “Tapajós” e S. sp n. “Xingu”). Squaliforma annae
distingue-se de seus congêneres, exceto de Squaliforma sp. n. “Roraima”, S. sp. n.
“Aripuanã”, S. sp. n. “Tapajós” e S. sp. n. “Xingu” pela maior proporção do comprimento
da pré-maxila (13,2-17,6 vs. 10,2-12,6%) e dentário (12,7-16,4 vs. 10,1-11,9%) em
relação ao comprimento da cabeça.
Descrição: Dados morfométricos na Tabela 3. Espécie de médio porte com
aproximadamente 226 mm CP. Corpo longo e moderadamente deprimido; arredondado
em seção transversal. Corpo sem carenas. Ausência de quilha na 4ª fileira de placas da
série lateral. Corpo mais largo anteriormente às nadadeiras peitorais. Região torácica e
abdominal cobertas por pequenas placas de tamanho uniforme, lateral do abdômen
com fileira de placas largas em cada lado entre a inserção das nadadeiras peitorais e
pélvicas. Região ventral da cabeça até abertura opercular, coberta por placas maiores
que as da região torácica e com tamanhos irregulares. Presença de placa localizada
anteriormente à nadadeira anal. Três placas pré-dorsais, sendo a primeira mais larga
que as demais. Dez placas entre a nadadeira dorsal e adiposa. Sete placas na base da
nadadeira dorsal. Linha lateral com 28 placas localizadas na 4ª fileira da série lateral.
Cabeça curta, deprimida, aproximadamente triangular em vista dorsal (Figuras
14 e 15). Focinho curto, arredondado e com pequenos odontódios em vista ventral.
Parte superior da cabeça completamente coberta por placas, com exceção de pequena
área nua localizada no meio da ponta do focinho. Órbita pouco elevada e margeada por
45
pequenos odontódios, região interorbital reta. Supraoccipital limitado lateralmente por
duas placas pequenas quadrangulares. Olhos moderamente grandes. Barbilhões curtos
não atingindo linha da extremidade do lábio inferior. Papila bucal pequena,
arredondada, curta, com papilas pequenas e pouco numerosas na sua extremidade
distal. Supraoccipital pouco elevado, não obtuso. Boca ampla, lábio superior
arredondado em vista ventral e com franjas carnosas na extremidade. Lábio inferior
arredondado e coberto por papilas redondas espaçadas entre si.
Dentes relativamente longos, forma de Z (em vista lateral, lado esquerdo),
compostos por uma base larga, de espessura curva para trás e coberto pelo epitélio da
mandíbula, com eixo fino, côncavo e mediano com a haste superior mais espessa;
coroa bicuspidada, sendo a cúspide interna com a extremidade arredondada de
tamanho duas vezes maior do que a cúspide externa, que possui a extremidade
pontiaguda. Dentes hialinos nos eixos inferior, mediano e superior e coroa de cor
amarela. Nos machos em período de reprodução, cúspide interna torna-se mais
alongada que o normal, chegando a medir três vezes o tamanho da cúspide. Pré-maxila
com 40-55 dentes (moda = 44, n = 41) e dentário 40-60 dentes (moda = 46, n = 41).
Nadadeira dorsal inserida na porção posterior da metade da nadadeira peitoral;
dorsal com II,7 raios, sendo os raios ramificados decrescendo de tamanho. Primeiro
raio da nadadeira dorsal não ramificado e mais longo que as demais. Cada raio
ramificado divide-se ainda em mais dois pequenos raios ramificados. Nadadeira peitoral
com I,6 raios ultrapassando a inserção da nadadeira pélvica e raios ramificados
decrescendo de tamanho. Espinho da nadadeira peitoral achatado dorso-ventralmente.
Nadadeira pélvica com i,5 raios, ultrapassando a inserção da nadadeira anal e inserida
46
na porção anterior da metade da nadadeira dorsal. Espinho da nadadeira pélvica
arredondado. Nadadeira anal com i,4 raios. Espinho da nadadeira anal de mesmo
tamanho que os raios ramificados. Nadadeira caudal furcada com i,14,i raios. Raio do
lobo inferior mais longo que superior. Todos os raios não ramificados e ramificados
possuem pequenos odontódios. Cinco raios procurrentes na região superior e cinco
raios na região inferior do pedúnculo caudal.
Coloração em álcool: Corpo com fundo marrom claro com manchas escuras,
redondas, presentes em toda superfície dorsal do corpo. Superfície ventral sem
manchas. Manchas da cabeça disjuntas, menores que as do corpo. Extremidade
inferior do focinho sem manchas. Nadadeiras dorsal, peitoral, pélvica, anal e caudal
com manchas arredondadas nas membranas interradiais. Espinho da nadadeira dorsal
com 12-13 manchas, demais raios ramificados com 11-12 manchas dispostas nos dois
lados de cada raio. Manchas das nadadeiras peitoral e pélvica formando pequenas
faixas transversais em relação aos raios, dispostas paralelamente ao longo de toda a
nadadeira. Espinho da nadadeira peitoral com três fileiras longitudinais de pequenas
manchas. Presença de manchas em todas as placas da série lateral, exceto na 4ª e 5ª
fileiras. Face dorsal do lábio superior com poucas manchas escuras redondas. Raio
indiviso do lobo inferior da nadadeira caudal sem manchas. Manchas nos raios da
nadadeira caudal formando faixas transversais.
Nota ecológica: Squaliforma annae provavelmente é simpátrica com Squaliforma sp. n.
“Tocantins”, uma vez que as duas espécies ocorrem no mesmo ambiente, tipo de água
e localidade. S annae é geralmente coletada com malhadeira próximo a barrancos e
47
com rede de arrasto em bancos de areia localizados nas margens dos rios. Habita rios
de água branca e água clara da Bacia Amazônica.
Distribuição: A espécie está distribuída no rio Guamá e tributários dos rios Tocantins e
Araguaia (Figura 16).
Comentários: Steindachner (1881) descreveu a espécie e propôs o nome Plecostomus
annae; entretanto, no mesmo trabalho, o nome utilizado na legenda da figura aparece
como Chaetostomus annae. Regan (1904) coloca Plecostomus annae em sinonímia de
Plecostomus emarginatus, juntamente com Hypostomus emarginatus, Hypostomus
squalinum, Hypostomus horridus, Plecostomus biseriatus, Plecostomus scopularius,
Plecostomus tenuicauda, Plecostomus villarsi e Plecostomus virescens. O holótipo é um
exemplar jovem com abdome incompletamente coberto de placas e pontilhado do corpo
mais espaçado. O padrão de coloração de S. annae é distinto de S. emarginata: as
manchas escuras dorsais não se unem na cabeça formando um mosaico como ocorre
em Squaliforma emarginata, e o raio inferior da nadadeira caudal não apresentam
manchas (vs. com manchas em S. emarginata).
Weber (2003) lista Squaliforma annae alterando Plecostomus annae em seu
trabalho. Carvalho & Bockmann (2007) e Ferraris (2007) também utilizaram a
denominação Squaliforma annae.
A espécie foi descrita para a bacia do rio Guamá, em Belém, Pará, Brasil. No
presente trabalho pode-se compreender melhor a sua distribuição, ocorrendo nos rios
Tocantins e Araguaia e seus tributários nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Pará e
Tocantins. Todos os exemplares coletados nesta área foram originalmente identificados
48
como Hypostomus emarginatus, sendo que esta não ocorre nos tributários dos rios
Tocantins e Araguaia.
Figura 14: Holótipo de Squaliforma annae, NMW 44073, 98,0 mm CP, em vista dorsal, lateral,
ventral. Foto: Mark Sabaj-Pérez.
49
Figura 15: Exemplar de Squaliforma annae, INPA 25716, 168,24 mm CP, Rio Parauapebas,
Drenagem rio Tocantins, Vila Sossego, Canaã dos Carajás, Pará, Brasil, em vista lateral, dorsal
e ventral. Foto: Renildo de Oliveira.
50
Figura 16: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de Squaliforma
annae. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um ou mais exemplares. A
estrela em amarelo representa a localidade-tipo de Plecostomus annae.
Tabela 3: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma annae
Medidas N Amp. de variação
(min – máx) Média
Desvio
Padrão
Comprimento padrão (mm) 41 78,94-226,50 --- ---
Porcentagens do comprimento padrão (mm)
Comprimento da cabeça 41 26,1-33,3 29,0 1,5
Comprimento pré-dorsal 41 33,8-39,8 36,0 1,4
Comprimento do focinho 41 26,0-19,9 18,2 0,9
Largura Cleitral 41 23,2-28,2 25,3 1,2
Comprimento da base da nadadeira dorsal 41 19,4-24,2 21,0 0,8
Comprimento interdorsal 41 23,3-30,0 26,9 1,6
Comprimento do pedúnculo Caudal 41 34,2-40,2 37,1 1,4
Altura do pedúnculo Caudal 41 6,3-7,9 7,0 0,4
Comprimento do espinho da dorsal 41 20,8-29,1 24,8 1,9
Comprimento do espinho da peitoral 41 22,3-27,7 25,0 1,2
51
Comprimento do espinho da pélvica 41 17,7-23,5 21,0 1,3
Comprimento torácico 41 19,1-24,0 21,8 1,2
Comprimento abdominal 41 19,6-21,9 20,8 0,6
Comprimento do raio indiviso do lobo superior da
nadadeira caudal 41 17,6-35,1 25,8 5,0
Comprimento do raio indiviso do lobo inferior da
nadadeira caudal 41 19,1-39,2 30,9 4,6
Porcentagens do comprimento da cabeça
(mm)
Altura da cabeça 41 50,2-60,6 55,5 2,6
Largura Cleitral 41 83,4-92,5 87,4 2,2
Comprimento do focinho 41 55,0-65,2 62,8 1,6
Diâmetro orbital 41 15,7-21,4 17,7 1,2
Distância interorbital 41 35,8-43,3 38,9 1,6
Comprimento interdorsal 41 70,6-111,5 93,2 8,6
Comprimento do pré-maxilar 41 11,6-17,9 14,2 1,6
Comprimento do dentário 41 10,9-16,4 13,4 1,4
Largura do lábio 41 34,7-52,7 42,6 3,9
Comprimento do lábio posterior 41 9,7-19,1 13,6 1,8
Comprimento do barbilhão 41 7,4-15,7 12,1 1,8
Merísticos Moda
Placas da lateral do corpo 41 28-30 28 0,5
Placas que margeiam a supraoccipital 41 2-2 2 0,0
Placas entre a dorsal e adiposa 41 9-11 10 0,3
Placas da base da dorsal 41 6-7 7 7,0
Dentes da pré-maxila 41 32-65 44 8,1
Dentes do dentário 41 30-63 46 7,6
Raios da nadadeira dorsal 41 I + 7
Raios da nadadeira peitoral 41 I + 6
Raios da nadadeira pélvica 41 I + 5
Raios da nadadeira anal 41 I + 4
Raios da nadadeira caudal 41 I + 14 + I
52
Squaliforma emarginata (Valenciennes, 1840)
Figuras 17-21, Tabela 4
Hypostomus emarginatus Valenciennes, 1840: 500. Localidade-tipo: América do Sul,
provavelmente Brasil. Holótipo: MNHN A.9447. – Kner, 1854: 10, (descrição mais
detalhada que a original). – Eigenmann & Allen, 1942: 184 (lista de espécies por
bacia de drenagem). – Schultz, 1944: 322 (lista de espécies).
Plecostomus emarginatus Günther, 1864: 233 Catalogue of the fishes in the British
Museum (lista de species, descrição). – Steindachner, 1881: 112 (lista de
espécies, breve descrição). – Eigenmann & Eigenmann, 1888: 167 (lista de
espécies). – Eigenmann & Eigenmann, 1890: 400 (lista de espécies, breve
descrição). – Regan, 1904: 210 (chave de identificação, lista de espécies, breve
descrição). – Eigenmann, 1910: 406 (lista de espécies). – Fowler, 1915: 233 (lista
de espécies). – La Monte, 1935: 6 (chave de identificação). – Fowler, 1940: 233
(lista de espécies). – Eigenmann & Allen, 1942: 184 (lista de espécies por bacia de
drenagem). – Fowler, 1942: 71 (lista de espécies). – Gosline, 1945: 79 (lista de
espécies).
Plecostomus scopularius Cope, 1871: 55. Localidade-tipo: América do Sul, acima da
confluência dos rios Negro e Solimões, Brasil. Lectótipo: ANSP 8081. –
Eigenmann & Allen, 1942: 184 (lista de espécies por bacia de drenagem).
Plecostomus biseriatus Cope, 1872: 285. Localidade-tipo: América do Sul, alto rio
Amazonas, Brasil. ANSP 8279. – Eigenmann & Allen, 1942: 184 (lista de espécies
por bacia de drenagem).
53
Plecostomus virescens Cope, 1874: 137. Localidade-tipo: América do Sul, alto rio
Amazonas, Brasil. Síntipos: ANSP 21280-83. – Eigenmann & Eigenmann, 1890:
408 (lista de espécies, breve descrição). – Eigenmann & Allen, 1942: 184 (lista de
espécies por bacia de drenagem).
Material examinado:
Holótipo: MNHN A.9447, 405 mm CP, provavelmente Brasil. Medidas do holótipo
realizadas por Lúcia H. Rapp Py-Daniel. Imagem do holótipo disponibilizada no site do
All Catfish Species Inventory (http://silurus.ansp.org/).
Não tipo. Brasil: Acre: MPEG 1487 (1) 144,2 mm CP, Seringal Oriente, Drenagem rio
Juruá. MZUSP 50374 (1) 125,4 mm CP, Rio Juruá, Colocação São Jõao. MZUSP
53080 (2) 148,8-164,5 mm CP, Rio Juruá, Reserva Extrativista do Alto Rio Juruá.
MZUSP 104474 (1) 171,7 mm CP, Rio Juruá, Rio Breu, Marechal Thaumaturgo.
MZUSP 104915 (3) 116,9-159,8 mm CP, Rio Purus, Seringal Santo Antônio, Manoel
Urbano. Amazonas: INPA 001 (1) 101,3 mm CP, Rio Solimões, Furo do Paracuúba,
Iranduba, Lamarque et al, 17/01/1978. INPA 114 (1) 440,5 mm CP, Rio Amazonas,
Paraná do Ramos, abaixo de Itacoatiara, 03° 05’ 15.41’’S 058° 16’ 28.66’’W. INPA 135
(1) 471,5 mm CP, Rio Solimões. INPA 119 (4) 91,6-104,7 mm CP, Rio Urumutum,
paranã do lago Amanã, Drenagem rio Japurá, Maraã, R. Barthem, 01/10/1979. INPA
457 (1) 110,9 mm CP, Rio Solimões, Costa da Terra Nova, Ilha do Careiro, C.U.
Magalhães, 10/09/1982, 03° 06’ 2.51’’S 059° 49’ 21.53’’W. INPA 462 (1) 126,3 mm CP,
Rio Solimões, Costa da Terra Nova, Ilha do Careiro, C.U. Magalhães, 09/11/1982, 03°
05’ 34.98’’S 059° 44’ 11.08’’W. INPA 531 (6) 58,33-184,93 mm CP, Rio Japurá, Paraná
do lago Amanã, AM, R. Barthem, 30/06/1983. INPA 1329 (1) 421,0 mm CP, Rio
54
Solimões, Ilha da Marchantaria, Iranduba, J.A.S. Zuanon, 03° 14’ 53.05’’S 059° 59’
7.76’’W. INPA 2377 (1) 115,8 mm CP, Rio Negro, Lago Tupé, 35 km acima de Manaus,
03° 03’ 30’’S 060° 19’ 44’’W, Santos, G.M., 2000. INPA 2454 (1) 99,7 mm CP, Rio
Solimões, Ilha da Marchantaria, Iranduba, 03° 13' 37.62’’S 059° 56’ 40.31’’W, C.U.
Magalhães, 03/11/1982. INPA 2826 (3) 57,9-89,8 mm CP, Rio Solimões, Lago Amanã,
Best R., 02/09/1980. INPA 14020 (1) 97,6 mm CP, Rio Solimões, Canal do Xiborena,
Manaus, 03° 10’ 0.84’’S 059° 55’ 41.25’’W, C. Cox-Fernandes, 22/01/1988. INPA 16781
(4) 160,7-300,2 mm CP, Rio Purus, Praia Abufari, 05° 30’ 25.29’’S 063° 07’ 1.28’’W,
Rapp Py-Daniel et al, 09/12/2000. INPA 18527 (2) 120,4-210,7 mm CP, Rio Purus,
Praia Abufari, 05° 29’ 12.19’’S 063° 09’ 13.49’’W, Rapp Py-Daniel, 08/12/2000. INPA
19490 (1) 111,5 mm CP, Rio Japurá, Margem da Reserva Mamirauá, entre a boca do
lago Mamirauá e boca do paraná Jaquiri, 07/12/1999. INPA 19491 (2) 40,6-95,3 mm
CP, Rio Solimões, Paraná Cuxiu, Tefé, 03° 09’ 47.46’’S 064° 47’ 49.76’’W, W.
Crampton, 17/01/2001. INPA 24952 (6) 79,0-108,9 mm CP, Rio Madeira, Ilha do Meio,
AM, 05° 33’ 3.28’’S 060° 53’ 29.22’’W, L. Rapp Py-Daniel, 18/09/2004. INPA 24955 (1)
96,7 mm CP, Rio Madeira, Ilha-do-Meio, Gamboa do seu Zé, Cachoeirinha, 05° 32’
25.99’’S 060° 53’ 55.12’’W, Rapp Py Daniel et al, 16/09/2004. INPA 28203 (2) 89,8-90,3
mm CP, Rio Purus, Igarapé Terra Firme, afluente rio Moaco, Pauiní, 08° 09’ 44’’S 069°
18’ 58’’W, L.H. Claro-Jr e R.G. Frederico, 23/07/2007. INPA 29333 (4) 100,0-160,5 mm
CP, Rio Juruá, município Carauarí, 05° 56’ 02’’S 067° 47’ 02’’W, R.G. Frederico e L.J.
Queiroz, 22/11/2007. INPA 31839 (15) 150,7-410,5 mm CP, Rio Solimões, Ilha da
Marchantaria, 03° 16’ 1.03’’S 059° 58’ 54.19’’W, C. Magalhães, 07/12/1982. INPA
31853 (2) 350,5-400,0 mm CP, Rio Içá, Lago Canini, Drenagem rio Solimões, Teófilo
Pereira e José Garcia, Santo Antônio do Içá, 03° 05’ 44.96’’S 068° 05’ 4.71’’W,
55
11/09/1980. INPA 32099 (1) 62,3 mm CP, Rio Solimões, Catalão, 03°09’ 50.07’’S 059°
54’ 34.72’’W, C. Cox-Fernandes, 01/04/1998. MZUSP 7020 (2) 152,1-176,5 mm CP, Rio
Madeira, 25 km abaixo de Nova Olinda do Norte, 03 °40’ 57.14’’S 059° 04’ 54.15’’W,
Expedição Permanente à Amazônia, 27/11/1967. MZUSP 13516 (1) 302,0 mm CP, Rio
Amazonas, Itacoatiara, 03° 08’ 10.27’’S 058° 21’ 8.05’’W. MZUSP 23260 (1) 168,5 mm
CP, Rio Solimões, Coari, 04º 05’ 00’’S 063º 09’ 00’’W. MZUSP 23558 (4) 106,5-187,0
mm CP, Rio Japurá, aproximadamente 50 km da foz, Maraã, Manacabi, 02º 45’ 00’’S
064º 52’ 00’’W, Expedição Permanente à Amazônia, 30/10/1968. MZUSP 23559 (1)
180,5 mm CP, Rio Japurá, aproximadamente 50 km da foz, Maraã, Manacabi,
Expedição Permanente da Amazônia, 30/10/1968. MZUSP 24661 (3) 308,0-412,0 mm
CP, Rio Solimões, Lago Janauacá, 03° 25’ 54.76’’S 060° 17’ 7.16’’W, Izabel Galdames,
1980. MZUSP 24918 (4) 82,8-402,0 mm CP, Lago Janauacá e redondezas, 03° 26’
38.48’’S 060° 18’ 6.81’’W. MZUSP 27611 (1) 31,7 mm CP, Foz do rio Içá, Santo Antônio
do Içá, 04º 24’ 00’’S 069º 49’ 00’’W. MZUSP 49538 (1) 94,2 mm CP, Rio Acre, Boca do
Acre, Drenagem rio Purus. MZUSP 57622 (1) 113,0 mm CP, Rio Madeira, 3º 49’ 54’’S
59º 3’ 58’’W. MZUSP 62892 (1) 204,0 mm CP, Ilha Muratu, em frente à boca do Lago
Janauacá, 03° 24’ 25.36’’S 060° 15’ 32.29’’W, Alpha Helix Expedition, 06/01/1977.
MZUSP 103182 (1) 185,5 mm CP, Limoeiro, Drenagem rio Japurá, 01º 53’ 00’’S 067º
00’ 00’’W. MZUSP 103183 (1) 246,5 mm CP, Ilha de São José, Drenagem rio Japurá,
01º 43’ 00’’S 066º 01’ 00’’W. MZUSP 103193 (1) 183,5 mm CP, Rio Japurá,
Maguarizinho, 01º 41’ 00’’S 069º 13’ 00’’W. Rondônia: INPA 428 (15) 113,5-240,5 mm
CP, Rio Madeira, Várzea de Calama, Lago Flechal, 08° 02’ 17.66’’S 062° 52’ 38.67’’W,
M. Goulding, 30/09/1980. INPA 463 (1) 191,8 mm CP, Rio Madeira, Calama, Flechal, M.
Goulding, 31/10/1980. INPA 464 (5) 141,7-290,0 mm CP, Rio Madeira, Poço da
56
Angélica, M. Goulding, 30/11/1979. INPA 2228 (2) 174,92-200,0 mm CP, Rio Madeira,
Calama, Flechal, 08° 01’ 40’’S 062° 52’ 33’’W, M. Goulding, 30/06/1980. INPA 2238 (6)
153,9-227,5 mm CP, Rio Madeira, Calama, Lago Flechal, 08° 02’ 22.23’’S 062° 52’
34.48’’W, M. Goulding, 30/09/1980. INPA 6161 (5) 146,0-209,5 mm CP, Rio Madeira,
Calama, Flechal, 08° 01’ 40’’S 062° 52’ 33’’W, M. Goulding, 31/05/1980. INPA 6199 (4)
92,3-243,5 mm CP, Rio Madeira, Ilha do Jacaré, Equipe Ictiologia-INPA, 18/08/1976.
UFRO-I 001356 (3) 169,8- 196,7 mm CP, Igarapé Jatuarana, Drenagem rio Madeira,
Ilha da Onça, Porto Velho, 8º 50’ 16’’S 064º 02’ 43’’W, T. Fernandes, 09/12/2008.
UFRO-I 010667 (1) 127,1 mm CP, Foz do rio Sotério, rio Mamoré, Guajará-Mirim, 11º
35’ 53,10’’S 65º 13’ 50,20’’W, B. Barros, 29/09/2009. Pará: MPEG 5382 (1) 320,2 mm
CP, Lago Grande de Monte Alegre, 02° 20’ 13.89’’S 054° 18’ 16.77’’W. MZUSP 74871
(1) 91,9 mm CP, Rio Amazonas, Furo Ituquara, Abaixo Gurupá, 01° 13’ 31.08’’S 051°
27’ 40.21’’W, Ronaldo Barthem, 1985. Peru: MZUSP 15310 (1) 143,6 mm CP, Rio
Ucayali (Cocha Carocurahuayte), Requena Loreto, Peru, 05° 03’ 48’’S 073° 56’ 37’’W.
Diagnose: Squaliforma emarginata difere de todos os seus congêneres por apresentar
as placas da 4ª fileira da série lateral muito quilhadas (vs. pouco quilhadas), sendo a
espécie com o corpo mais deprimido do gênero. Difere de S. phrixosoma por não
possuir longos odontódios no corpo, mesmo em indivíduos com 100 mm CP. Difere de
S. horrida e S. squalina pela maior largura cleitral (25,1-28,8% vs. 22,2-24,7% do CP).
Difere de seu congêneres, exceto de S. sp. n. “Aripuanã”, S. sp. n. “Roraima”, S. sp. n.
“Tapajós” e S. sp. n. “Xingu” pelo maior comprimento do espinho da nadadeira dorsal
(26,9-29,5% vs. 22,7-25,3% CP). S. emarginata difere de S. sp. n. “Aripuanã”, S. sp. n.
“Roraima”, S. sp. n. “Tapajós”, S. sp. n. “Tocantins” e S. sp. n. “Xingu” pela maior
57
distância interorbital (41,4-45,6% vs. 33,9-38,5% do CCA). Difere ainda de seus
congêneres, exceto S. horrida pela maior distância interorbital (41,0-43,0% vs. 35,9-
38,9% CCA). Difere ainda de S. annae e S. sp. n. “Aripuanã” pelo menor número de
dentes na pré-maxila (20,3-26,3 vs. 40,5-50,5) e dentário (22,3-28,3 vs. 38-8,-46,6).
Descrição: Dados morfométricos na Tabela 4. Espécie de médio porte, sendo das
maiores espécies do gênero, maior exemplar examinado com 471,5 mm CP. Corpo
longo, largo e moderadamente deprimido; trapezoidal em seção transversal. Perfil
dorsal côncavo da extremidade do focinho até a origem da nadadeira caudal. Perfil
dorsal e ventral do pedúnculo caudal reto. Corpo sem carenas. Presença de quilha na
4ª fileira de placas da série lateral que se estende do opérculo até a base da nadadeira
caudal. Corpo mais largo anterior às inserções das nadadeiras peitorais. Região
torácica e abdominal coberta por pequenas placas de tamanho uniforme. Presença de
placa localizada anteriormente à nadadeira anal. Três placas pré-dorsais, a primeira
mais larga que as demais. Oito placas entre nadadeira dorsal e adiposa. Sete placas na
base da nadadeira dorsal. Linha lateral com 27 placas localizadas na 4ª fileira da série
lateral (médio-ventral).
Cabeça curta, deprimida e triangular em vista dorsal. Ponta do focinho levemente
arredondada, com pequenos odontódios na extremidade. Parte superior da cabeça
completamente coberta por placas. Órbita sem elevação e margeada por pequenos
odontódios; espaço interorbital plano. Olhos moderamente grandes. Barbilhões longos,
atingindo a linha da extremidade do lábio inferior. Papila bucal grande, redonda e com
extremidade coberta por pequenas papilas. Supraoccipital bastante elevado, obtuso, e
limitado lateralmente por placas pequenas e de forma irregular dispostas em “cacho de
58
uva”. Boca ampla, lábio superior arredondado em vista ventral, com franjas carnosas na
extremidade. Lábio inferior arredondado, coberto por papilas redondas espaçadas entre
si, decrescendo de tamanho desde a parte interna até a extremidade do lábio.
Dentes curtos, forma de Z (em vista lateral, lado esquerdo), de base larga,
curvada para trás, coberta pelo epitélio da mandíbula; eixo do dente fino, côncavo e
mediano com haste superior mais espessa e coroa bicuspidada. Cúspide interna com a
extremidade arredondada, duas vezes maior que cúspide externa que possui a
extremidade pontiaguda. Dentes hialinos nos eixos inferior, mediano e superior, coroa
de cor amarela. Pré-maxila com 20-34 dentes (moda = 23, n = 142) e dentário 22-34
dentes (moda = 52, n = 142).
Nadadeira dorsal inserida na altura do ponto mediano da nadadeira peitoral;
dorsal com II,7 raios, raios ramificados decrescendo de tamanho posteriormente e
último raio ramificado 50% menor que raio indiviso. Espinho da nadadeira dorsal
curvado posteriormente e mais longo que raios ramificados. Cada raio ramificado da
dorsal subdividido em mais dois pequenos e finos raios ramificados. Nadadeira peitoral
com I,6 raios atingindo a inserção da nadadeira pélvica; raios ramificados decrescendo
de tamanho posteriomente. Espinho da nadadeira peitoral achatado dorso-ventralmente
com extremidade arredondada. Nadadeira pélvica com i,5 raios, atingindo inserção da
nadadeira anal e inserida na metade da nadadeira dorsal. Primeiro raio ramificado da
nadadeira pélvica arredondado com extremidade mais fina. Nadadeira anal com i,4
raios. Primeiro raio da nadadeira anal reto e de mesmo tamanho que os raios
ramificados. Nadadeira caudal furcada com i,14,i raios, raio indiviso do lobo inferior um
pouco mais longo que superior; presença de pequenos odontódios em todos os raios.
59
Cinco raios procurrentes na região superior e cinco raios na região inferior do
pedúnculo caudal.
Coloração em álcool: Cabeça e corpo dorsalmente com fundo marrom claro coberto
com manchas escuras alongadas, conspícuas e de cor marrom escuro, fundidas em
indivíduos adultos. Manchas na cabeça formando vários mosaicos ou vermiculações
mais numerosas principalmente em indivíduos adultos. Extremidade inferior do focinho
sem manchas. Nadadeiras dorsal, peitoral, pélvica, anal e caudal com manchas
escuras, redondas nas membranas interradiais. Espinho da nadadeira dorsal 12-13
manchas, demais raios ramificados 10-11 manchas dispostas anterior e posteriormente
a cada raio. Manchas das nadadeiras peitoral e pélvica formando pequenas faixas
transversais. Espinho da nadadeira peitoral com manchas alongadas transversais.
Presença de manchas em todas as placas da série lateral, exceto na 5ª fileira. Superior
dorsal do lábio superior com manchas escuras redondas. Caudal densamente coberta
por manchas escuras; espinho dos lobos superior e inferior da nadadeira caudal e raios,
formando faixas com nadadeira adpressa.
Nota ecológica: Squaliforma emarginata é bastante abundante nos rios da bacia
Amazônica, especialmente nos afluentes de águas brancas de porção ocidental da
Amazônia brasileira. Possui hábito bentônico, habitando o fundo de rios e lagos de
água branca, e se deslocando para águas rasas na vazante, sendo facilmente
encontrada em praias e bancos de areia/lama. É uma espécie detritívora, alimentando-
se de detritos orgânicos, algas e pequenos invertebrados associados ao substrato
(Rapp Py-Daniel, 1984). Desova na enchente e cheia (Mérona et al., 2010). Machos em
60
reprodução apresentam o espinho das peitorais e os raios simples da caudal cobertos
por odontódios muito longos (Rapp Py-Daniel, 1984). Constroem ninhos no fundo de
rios e lagos para desovar (Ferreira et al., 1998). Indivíduos adultos (com mais de 40 cm
de CP) são apreciados para fins de subsistência pela população ribeirinha que habita
as margens dos rios e lagos (Ruffino, 2004). Informações ecológicas sobre essa
espécie disponíveis da literatura devem ser utilizadas com cautela, visto que podem se
referir a mais de uma espécie de Squaliforma.
Distribuição: É amplamente distribuída na Amazônia brasileira, ocorrendo nos
tributários de águas brancas da calha do rio Solimões-Amazonas, desde a região de
Letícia (Colômbia) até o estuário (Pará, Brasil) (Figura 22). Apenas o rio Japurá possui
registros de coletas, dentre todas as drenagens da margem esquerda do rio Solimões-
Amazonas.
Comentários: É a espécie mais bem distribuída do gênero Squaliforma, ocorrendo
desde o leste dos Andes até a foz do rio Amazonas. Quatro espécies foram
sinonimizadas com Squaliforma emarginata: S. scopularia (Figura 19), S. biseriata
(Figura 20) e S. virescens (Figura 21), por apresentarem características morfométricas,
merísticas e distribuição geográfica que as tornam indiferenciáveis de S. emarginata. A
espécie descrita por Cope (S. biseriata) é do alto Amazonas no Peru e é um exemplar
jovem. Boa parte do material tipo citado acima já não apresenta uma coloração ou
pigmentação para comparação. Squaliforma scopularia, por outro lado, é representada
por material tipo muito bem conservado, exemplares adultos e de coloração preservada,
tornando mais conclusiva a comparação com os demais táxons.
61
A incerteza da identificação e denominação de S. emarginata está presente em
muitos trabalhos, como livros sobre inventários de ictiofauna, lista de espécies de
relatórios de impacto ambiental, etc, levando os pesquisadores a identificarem outras
espécies de Squaliforma como S. emarginata. Portanto, mais uma vez chama-se a
atenção para informações da literatura referentes à S. emarginata que podem ser
relativas, na realidade, a outras espécies do gênero.
O holótipo de S. emarginata é um exemplar taxidermizado, de grande porte e
sem a designação da localidade-tipo, apenas “provavelmente Brasil”. É bem possível
que este material tipo faça parte do material coletado por Alexandre Rodrigues Ferreira
em suas viagens ao Brasil (1783 – 1792), e saqueado para o Museu de Historia Natural
de Paris pelas forças napoleônicas, como ocorrido com diversos outros exemplares
tipos. Apesar de Alexandre Rodrigues Ferreira haver percorrido diversos afluentes da
bacia (da foz do rio Amazonas, em Belém-PA até o a foz do Rio Branco, abaixo de
Barcelos-AM), as comparações morfométricas e morfológicas apontam para uma maior
similaridade com os exemplares de várzea (e.g. rio Madeira, rio Purus, rio Solimões ou
rio Amazonas). Portanto, a designação de S. emarginata é baseada na morfometria,
morfologia e merística dos exemplares analisados, que apresentaram dados muito
similares às medidas do holótipo.
62
Figura 17: Holótipo de Squaliforma emarginata, MNHN A.9447 (1) (seco), 405,0 mm CP,
provavelmente Brasil, América do Sul, em vista dorsal e lateral. Foto: Cláudio Zawadzki.
63
Figura 18: Exemplar de Squaliforma emarginata, INPA 16781, 171,3 mm CP, Rio Purus, praia
Abufari, Beruri, Amazonas, Brasil. Vista lateral, dorsal e ventral. Foto: Renildo de Oliveira.
64
Figura 19: Lectótipo de Squaliforma scopularia, ANSP 8081, 490,5 mm CP, Rio Amazonas,
Brasil, América do Sul, em vista lateral, dorsal e ventral. Foto: K. Luckenbill.
65
Figura 20: Holótipo de Squaliforma biseriata, ANSP 8279, 113,0 mm CP, Amazonas, Brasil,
América do Sul, em vista lateral, dorsal e ventral. Foto: K. Luckenbill.
66
Figura 21: Síntipo de Squaliforma virescens, ANSP 21280-83, 75,5 mm CP, Peru (?), América
do Sul, em vista lateral, dorsal e ventral. Foto: K. Luckenbill.
67
Figura 22: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de Squaliforma
emarginata. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um ou mais exemplares.
68
Tabela 4: Dados morfométricos e merísticos do holótipo de Squaliforma emarginata
Medidas Holótipo N Amp. de variação
(min – máx) Média
Desvio
Padrão
Comprimento padrão (mm) 138 40,61-471,50 --- ---
Porcentagens do comprimento padrão (mm)
Comprimento da cabeça 25,6 138 23,6-37,8 30,2 2,3
Comprimento pré-dorsal 32,8 138 31,7-41,0 36,8 2,0
Comprimento do focinho 15,3 138 14,8-20,8 18,2 1,2
Largura Cleitral 23,0 138 21,0-31,3 26,9 1,9
Comprimento da base da nadadeira dorsal 22,3 138 18,3-25,2 21,7 1,0
Comprimento interdorsal 26,6 138 19,4-29,1 24,3 1,8
Comprimento do pedúnculo caudal 40,5 138 29,6-40,2 35,6 1,7
Altura do pedúnculo caudal 7,2 138 5,6-9,2 7,7 0,7
Comprimento do espinho da dorsal --- 138 19,2-31,5 26,9 3,2
Comprimento do espinho da peitoral --- 138 18,4-28,2 24,4 2,0
Comprimento do espinho da pélvica --- 138 12,7-27,3 20,8 2,3
Comprimento torácico 22,0 138 19,4-26,4 23,1 1,3
Comprimento abdominal 20,2 138 16,9-22,6 19,8 0,9
Comprimento do raio indiviso do lobo superior da nadadeira caudal --- 138 11,8-46,1 29,3 7,0
Comprimento do raio indiviso do lobo inferior da nadadeira caudal ---- 138 19,5-49,9 34,0 6,8
Porcentagens do comprimento da cabeça (mm)
Altura da cabeça 55,3 138 38,7-61,2 53,8 3,5
69
Largura Cleitral 90,1 138 72,4-97,4 89,2 3,2
Comprimento do focinho 59,7 138 49,2-64,6 60,3 2,2
Diâmetro orbital 12,9 138 10,3-24,0 16,6 2,8
Distância interorbital 38,6 138 36,0-50,5 43,0 2,6
Comprimento interdorsal 104,0 138 54,8-105,0 81,3 10,7
Comprimento do pré-maxilar --- 138 9,1-14,9 11,8 1,0
Comprimento do dentário --- 138 8,0-13,5 10,9 0,9
Largura do lábio --- 138 32,0-46,3 41,1 2,5
Comprimento do lábio posterior --- 138 9,2-19,1 14,4 1,6
Comprimento do barbilhão --- 138 6,3-22,7 15,1 2,6
Merístico Moda
Placas da lateral do corpo 28 138 26-28 27 0,6
Placas que margeiam a supraoccipital --- 138 2-5 3 0,8
Placas entre a dorsal e adiposa 8 138 7-9 8 0,7
Placas da base da dorsal --- 138 7-8 7 0,4
Dentes da pré-maxila --- 138 14-34 23 3,4
Dentes do dentário --- 138 14-34 25 3,6
Raios da nadadeira dorsal I + 7 138 I + 7
Raios da nadadeira peitoral I + 6 138 I + 6
Raios da nadadeira pélvica I + 5 138 I + 5
Raios da nadadeira anal I + 4 138 I + 4
Raios da nadadeira caudal I + 14 + I 138 I + 14 + I
70
Squaliforma phrixosoma (Fowler, 1940)
Figura 23, Tabela 5
Plecostomus phrixosoma Fowler, 1940: 233. Localidade-tipo: América do Sul, bacia do rio
Ucayali, Contamana, Peru. Holótipo: ANSP 68650.
Material examinado:
Holótipo: ANSP 68650, 10,1 mm CP, Bacia do rio Ucayali, Contamana, Peru. Imagem do
holótipo disponibilizada no site do All Catfish Species Inventory (http://silurus.ansp.org/).
Não tipo. Brasil: Acre: MZUSP 50378 (1) 146,8 mm CP, Rio Tejo, Ponto 14, Alegria,
Drenagem Juruá, Marechal Thaumaturgo, 08° 57’ 35.77’’S 072° 33’ 17.13’’W, Coleção
Reserva Extrativista Alto Juruá, 18/07/1994. MZUSP 50493 (1) 173,0 mm CP, Rio Juruá,
Foz São João, Marechal Thaumaturgo, 09º 09’ 00’’S 072º 41’ 00’’W, Coleção Reserva
Extrativista Alto Juruá, 18/07/1994. MZUSP 50495 (1) 157,0 mm CP, Rio Juruá, Foz do
Tejo, 08° 59’ 4.35’’S 072° 42’ 57.14’’W, Coleção Reserva Extrativista Alto Juruá, Marechal
Thaumaturgo, 16/07/1994.
Diagnose: Squaliforma phrixosoma difere de suas congêneres por apresentar longos
odontódios ao longo do corpo, desde a inserção da nadadeira dorsal até a nadadeira
caudal mesmo em indivíduos de 100 mm CP, pelo maior comprimento do espinho da
nadadeira dorsal (30,3-32,4 vs. 18,3-30,7% do CP). Squaliforma phrixosoma difere de
todas as suas congêneres, exceto de Squaliforma sp. n. “Tapajós” e Squaliforma sp n.
“Xingu” pela maior altura do pedúnculo caudal (8,3-8,7 vs. 7,1-8,1% do CP). Squaliforma
71
phrixosoma difere de todas as suas congêneres, exceto de S. emarginata pela maior
distância interorbital (45,3-48,5 vs. 35,8-43,3% do CCA).
Descrição: Dados morfométricos na Tabela 5. Espécie de médio porte, maior exemplar
examinado com 173,0 mm CP. Corpo longo, largo e moderadamente deprimido;
trapezoidal em seção transversal. Perfil dorsal côncavo da extremidade do focinho até a
origem da nadadeira caudal. Perfil dorsal e ventral do pedúnculo caudal reto. Corpo sem
carenas. Presença de quilha na 4ª fileira de placas da série lateral que se estende do
opérculo até a base da nadadeira caudal. Corpo mais largo anterior às inserções das
nadadeiras peitorais. Região torácica e abdominal coberta por pequenas placas de
tamanho uniforme. Presença de placa localizada anteriormente à nadadeira anal. Três
placas pré-dorsais, a primeira mais larga que as demais. Oito placas entre nadadeira
dorsal e adiposa. Sete placas na base da nadadeira dorsal. Linha lateral com 27 placas
localizadas na 4ª fileira da série lateral (médio-ventral).
Cabeça curta, deprimida e triangular em vista dorsal. Ponta do focinho levemente
arredondada, com pequenos odontódios na extremidade. Parte superior da cabeça
completamente coberta por placas. Órbita sem elevação e margeada por pequenos
odontódios; espaço interorbital plano. Olhos moderamente grandes. Barbilhões longos,
atingindo a linha da extremidade do lábio inferior. Papila bucal grande, redonda e com
extremidade coberta por pequenas papilas. Supraoccipital bastante elevado, obtuso, e
limitado lateralmente por placas pequenas e de forma irregular dispostas em “cacho de
uva”. Boca ampla, lábio superior arredondado em vista ventral, com franjas carnosas na
72
extremidade. Lábio inferior arredondado, coberto por papilas redondas espaçadas entre si,
decrescendo de tamanho desde a parte interna até a extremidade do lábio.
Dentes curtos, forma de Z (em vista lateral, lado esquerdo), de base larga, curvada
para trás, coberta pelo epitélio da mandíbula; eixo do dente fino, côncavo e mediano com
haste superior mais espessa e coroa bicuspidada. Cúspide interna com a extremidade
arredondada, duas vezes maior que cúspide externa que possui a extremidade
pontiaguda. Dentes hialinos nos eixos inferior, mediano e superior, coroa de cor amarela.
Pré-maxila com 14-24 dentes (moda = 24, n = 3) e dentário 25-27 dentes (moda = 25, n =
3).
Nadadeira dorsal inserida na altura do ponto mediano da nadadeira peitoral; dorsal
com II,7 raios, raios ramificados decrescendo de tamanho posteriormente e último raio
ramificado 50% menor que raio indiviso. Espinho da nadadeira dorsal curvado
posteriormente e mais longo que raios ramificados. Cada raio ramificado da dorsal
subdividido em mais dois pequenos e finos raios ramificados. Nadadeira peitoral com I,6
raios atingindo a inserção da nadadeira pélvica; raios ramificados decrescendo de
tamanho posteriomente. Espinho da nadadeira peitoral achatado dorso-ventralmente com
extremidade arredondada. Nadadeira pélvica com i,5 raios, atingindo inserção da
nadadeira anal e inserida na metade da nadadeira dorsal. Primeiro raio ramificado da
nadadeira pélvica arredondado com extremidade mais fina. Nadadeira anal com i,4 raios.
Primeiro raio da nadadeira anal reto e de mesmo tamanho que os raios ramificados.
Nadadeira caudal furcada com i,14,i raios, raio indiviso do lobo inferior um pouco mais
longo que superior; presença de pequenos odontódios em todos os raios. Cinco raios
procurrentes na região superior e cinco raios na região inferior do pedúnculo caudal.
73
Coloração em álcool: Cabeça e corpo dorsalmente com fundo marrom claro coberto com
manchas arredondadas de marrom escuro, espaçadas entre si. Manchas da cabeça
disjuntas, porém próximas, menores que do corpo. Extremidade inferior do focinho com
manchas. Nadadeiras dorsal, peitoral, pélvica, anal e caudal com manchas escuras,
redondas nas membranas interradiais. Espinho da nadadeira dorsal 11-12 manchas,
demais raios ramificados 9-10 manchas dispostas sobre cada raio. Manchas das
nadadeiras peitoral e pélvica formando pequenas faixas transversais. Espinho da
nadadeira peitoral com manchas alongadas transversais. Presença de manchas em todas
as placas da série lateral, exceto na 5ª fileira. Superior dorsal do lábio superior com
manchas escuras redondas. Caudal densamente coberta por manchas escuras; espinho
dos lobos superior e inferior da nadadeira caudal e raios, formando faixas com nadadeira
adpressa.
Nota ecológica: Na região do Alto rio Juruá, Brasil e na Bacia do rio Ucayali, no Peru, a
espécie Squaliforma phrixosoma é utilizada para o autoconsumo (Rengifo, 2007).
Distribuição: A espécie ocorre em poucas localidades, tendo registros até o momento
apenas para o Alto rio Juruá, no Acre, Brasil (Figura 24) e Bacia do rio Ucayali, Peru
(Rengifo, 2007).
Comentários: A espécie possui características morfométricas muito semelhantes à
Squaliforma emarginata, o que levou em um primeiro momento em sinonimizar, porém,
posteriormente, decidiu-se reconhecer a espécie por apresentar longos odontódios no
corpo, mesmo em indivíduos com tamanho em torno de 100 mm CP. A espécie necessita
74
de uma melhor amostragem na área de ocorrência e assim verificar se realmente a
espécie está restrita apenas o Alto rio Juruá e Bacia do rio Ucayali.
Figura 23: Holótipo de Squaliforma phrixosoma, ANSP 68650, 101,0 mm CP, Bacia do rio Ucayali,
Contamana, Peru. Vista lateral, dorsal e ventral, respectivamente. Foto: K. Luckenbill.
75
Figura 24: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de Squaliforma
phrixosoma. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um ou mais exemplares. A
estrela em amarelo representa a localidade-tipo.
Tabela 5: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma
phrixosoma.
Medidas N Amp. de variação
(min – máx) Média
Desvio
Padrão
Comprimento padrão 3 146,9-173,0 --- ---
Porcentagens do comprimento padrão (mm)
Comprimento da cabeça 3 29,1-30,6 30,0 0,2
Comprimento pré-dorsal 3 36,8-37,3 37.0 0,2
Comprimento do focinho 3 18,2-19,5 18,8 0,7
Largura Cleitral 3 26,3-27,5 26,7 0,7
Comprimento da base da nadadeira dorsal 3 21,8-22,1 21,9 0,1
Comprimento interdorsal 3 24,3-24,8 24,6 0,3
Comprimento do pedúnculo caudal 3 34,9-35,9 35,5 0,5
Altura do pedúnculo caudal 3 8,3-8,7 8,5 0,2
Comprimento do espinho da dorsal 3 30,3-32,4 31,4 1,1
76
Comprimento do espinho da peitoral 3 25,3-27,5 26,3 1,1
Comprimento do espinho da pélvica 3 22,4-23,7 23,1 0,7
Comprimento torácico 3 22,8-24,8 23,9 1,0
Comprimento abdominal 3 19,1-20,2 19,5 0,6
Comprimento do raio indiviso do lobo superior da
nadadeira caudal
3 0,0-34,1 17,9 17,1
Comprimento do raio indiviso do lobo inferior da
nadadeira caudal
3 0,0-20,8 6,9 12,0
Porcentagens do comprimento da cabeça (mm)
Altura da cabeça 3 54,0-59,0 56,8 2,6
Largura Cleitral 3 87,3-90,3 89,2 1,7
Comprimento do focinho 3 61,5-64,6 62,9 1,6
Diâmetro orbital 3 15,9-18,6 17,0 1,4
Distância interorbital 3 45,3-48,5 46,7 1,7
Comprimento interdorsal 3 79,6-84,4 82,1 2,4
Comprimento do pré-maxilar 3 10,6-11,8 11,3 0,7
Comprimento do dentário 3 9,7-12,0 10,8 1,2
Largura do lábio 3 36,9-43,6 39,9 3,4
Comprimento do lábio posterior 3 13,4-15,5 14,7 1,1
Comprimento do barbilhão 3 15,1-17,7 16,0 1,5
Merísticos Moda
Placas da lateral do corpo 3 27-28 27 0,6
Placas que margeiam a supraoccipital 3 2-4 2 1,2
Placas entre a dorsal e adiposa 3 8-9 8 0,6
Placas da base da dorsal 3 7-7 7 0,0
Dentes da pré-maxila 3 14-24 24 5,8
Dentes do dentário 3 25-27 25 1,2
Raios da nadadeira dorsal 3 I + 7
Raios da nadadeira peitoral 3 I + 6
Raios da nadadeira pélvica 3 I + 5
Raios da nadadeira anal 3 I + 4
Raios da nadadeira caudal 3 I + 14 + I
77
Squaliforma squalina (Jardine, 1841)
Figura 25, Tabela 6
Hypostoma squalinum Jardine, 1841: 142. Localidade-tipo: América do Sul, Rios Branco,
Negro (Brasil) e Essequibo (Guiana). Holótipo: desconhecido.
Material examinado:
Holótipo: desconhecido. Localidade-tipo: Rios Branco, Negro (Brasil) e Essequibo
(Guiana). Imagem apenas da prancha no: 2 de Jardine, 1841.
Não tipo. Brasil: Roraima: INPA 22138 (1) 270,1 mm CP, rio Branco, praia acima do
igarapé Corumbaú, 01º 03’ 00’’N 061º 51’ 00’’W, N.L. Chao et al., 26/01/2002. INPA 36082
(1) 272,5 mm CP, Rio Anauá, ressaca do Defunto, Caracaraí, J.A.S. Zuanon et al.,
15/04/2007. MZUSP 82178 (4) 257,5- 324,5 mm CP, Ilha Breu Branco, entre a boca do rio
Branco e o rio Xeriuini. MZUSP 82247 (9) 90,9-103,8 mm CP, Cachoeira do Bem Querer
(remanso).
Diagnose: Squaliforma squalina difere de seus congêneres, exceto de S. horrida pelo
menor comprimento da cabeça (25,6-28,2 vs. 29,0-32,3% do CP), pelo menor
comprimento pré-dorsal (32,2-35,5 vs. 36,0-39,1% do CP) e pela menor altura do
pedúnculo caudal (6,4-6,6 vs. 7,0-7,8% do CP). S. squalina difere ainda de S. sp. n.
“Roraima”, S. sp. n. “Tapajós”, S. sp. n. “Tocantins” e S. sp n. “Xingu” pelo menor
comprimento do focinho (15,8-17,6 vs. 18,1-20,3% CP). Squaliforma squalina de seus
congêneres, exceto S. horrida e S. sp. n. “Roraima” pela menor largura cleitral (21,7-24,5
vs. 25,1-27,4% do CP). Difere de seus congêneres, exceto S. annae, S. horrida e S. sp. n.
“Tocantins” pelo menor comprimento o espinho da nadadeira dorsal (20,7-25,8 vs. 26,9-
78
29,5% do CP). Difere de seus congêneres, exceto S. emarginata e S. horrida pelo menor
comprimento do espinho da nadadeira peitoral (20,7-24,5 vs. 25,4-28,1% do CP). Difere
de seus congêneres, exceto de S. horrida pelo menor diâmetro orbital (13,8-15,4 vs. 16,6-
19,9% CCA). Squaliforma sp. n. “Roraima” difere de S. squalina pela maior altura do
pedúnculo caudal (7,0-7,4 vs. 6,3-6,9 do CP); pela menor altura da cabeça (47,9-50,5 vs.
51,6-57,3) e pela maior quantidade de dentes da pré-maxila (27-33 vs. 22-26) e dentário
(24-32 vs. 19-23).
Descrição: Dados morfométricos na Tabela 6. Espécie de médio porte, tendo o maior
exemplar 325 mm CP. Corpo longo e moderadamente deprimido; seção trapezoidal. Perfil
dorsal côncavo da extremidade do focinho até a origem da nadadeira caudal. Perfil ventral
um pouco côncavo desde a extremidade do focinho até origem da nadadeira caudal. Perfil
dorsal e ventral do pedúnculo caudal reto. Corpo com poucas carenas na 2ª e 3ª fileiras da
série lateral. Presença de uma forte quilha na 4ª fileira de placas da série lateral que se
estende do opérculo até base da nadadeira caudal; mais proeminente no pedúnculo
caudal. Corpo mais largo anteriormente à inserção das nadadeiras peitorais. Região
torácica e abdominal coberta por placas diminutas e de tamanho uniforme. Presença de
placa localizada anteriormente à nadadeira à anal. Três placas pré-dorsais, sendo a
primeira mais larga que as demais. Sete placas na base da nadadeira dorsal. Nove placas
entre a nadadeira dorsal e adiposa. Linha lateral com 29 placas.
Cabeça curta, deprimida e triangular, levemente arredondada em vista dorsal.
Focinho curto e arredondado com pequenos odontódios na extremidade. Parte superior da
cabeça completamente coberta por placas. Órbita pouco elevada margeada por pequenos
79
odontódios; região interorbital plana (distância entre as órbitas). Olhos grandes. Barbilhões
maxilares curtos, não atingindo linha da extremidade do lábio inferior. Papila bucal grande,
larga, redonda e com extremidade coberta por pequenas papilas. Supraoccipital elevado
em forma de carena. Supraoccipital limitado posteriormente por três placas, de formato
irregular, em disposição tipo cacho. Boca ampla; lábio superior arredondado em vista
ventral com franjas na extremidade. Lábio inferior arredondado coberto por papilas
redondas espaçadas entre si, decrescendo de tamanho desde a parte interna até a
extremidade distal.
Dentes curtos, em forma de Z (em vista lateral, lado esquerdo), compostos por uma
base larga, de espessura curva para trás e coberto pelo epitélio da mandíbula, com eixo
fino, côncavo e mediano com a haste superior mais espessa e possuindo uma coroa
bicuspidada, sendo a cúspide interna com a extremidade arredondada de tamanho duas
vezes maior do que cúspide externa, que possui a extremidade pontiaguda. Dentes
hialinos nos eixos inferior, mediano e superior e coroa de cor amarela. Nos machos em
período de reprodução, cúspide interna torna-se mais alongada que o normal, chegando a
medir três vezes o tamanho da cúspide externa. Pré-maxila com 22-26 dentes (moda = 24,
n = 7) e dentário 19-24 dentes (moda = 21, n = 7).
Nadadeira dorsal inserida posteriormente ao ponto medial da nadadeira peitoral;
dorsal com II,7 raios, raios ramificados decrescendo de tamanho posteriormente. Último
raio ramificado de tamanho 50% menor que espinho da nadadeira dorsal. Espinho da
nadadeira dorsal, curvado posteriormente e do mesmo tamanho que segundo raio
ramificado. Cada raio ramificado da dorsal divide-se ainda em mais dois pequenos e finos
raios ramificados. Nadadeira peitoral com I,6 raios atingindo a inserção da nadadeira
80
pélvica e raios ramificados quase de mesmo tamanho que o espinho. Espinho da
nadadeira peitoral arredondado desde inserção até extremidade distal. Nadadeira pélvica
com i,5 raios, atingindo inserção da nadadeira anal e inserida na altura da porção anterior
da metade da nadadeira dorsal. Espinho da nadadeira pélvica arredondado com
extremidade mais fina e mais curto que raios ramificados. Nadadeira anal com i,4 raios.
Primeiro raio da nadadeira anal reto e de tamanho similar aos raios ramificados.
Nadadeira caudal furcada com i,14,i raios. Raio indiviso do lobo inferior da nadadeira
caudal um pouco mais longo que superior. Raios da caudal com pequenos odontódios.
Cinco raios procurrentes na região superior e cinco raios na região inferior do pedúnculo
caudal.
Coloração em álcool: Cabeça e corpo com fundo marrom claro; densamente coberta por
diminutas manchas arredondadas marrom escuro, espaçadas entre si. Manchas presentes
em toda a superfície dorsal do corpo, exceto na superfície ventral do focinho. Nadadeiras
dorsal, peitoral, pélvica, anal e caudal com manchas nas membranas interradiais. Espinho
da nadadeira dorsal com 16-17 manchas, demais raios ramificados com 16-17 manchas
dispostas nos dois lados de cada raio. Da metade para extremidade distal da nadadeira
dorsal, manchas também sobre raios. Manchas das nadadeiras peitoral e pélvica
dispostas em pequenas faixas transversais desde a inserção até extremidade e não se
unem. Espinho da nadadeira peitoral com faixa de manchas redondas. Presença de
manchas em todas as placas das séries laterais, exceto parte superior da 4ª fileira,
anterior à quilha, e a 5ª fileira totalmente sem manchas. Face dorsal do lábio superior com
manchas escuras redondas. Espinho do lobo superior e inferior da nadadeira caudal com
manchas; manchas nos raios ramificados da nadadeira caudal sobre membranas e raios.
81
Nota ecológica: Squaliforma squalina ocorre na calha do rio Branco, desde a foz até a
região de Boa Vista, em Roraima. O conhecimento acerca da biologia e ecologia desta
espécie ainda é escasso. Vive no fundo dos rios, próximo aos bancos de areia, raízes de
árvores submersas e rochas. Alimenta-se no período noturno (Jardine, 1841).
Distribuição geográfica: Ocorre no baixo e médio rio Branco, até a região de Boa Vista,
em Roraima (Figura 26).
Comentários: Jardine (1841) cita na descrição original de Squaliforma squalina
(Hypostoma squalinum) que a espécie provavelmente ocorre nos rio Branco, Negro e
Essequibo. Entretanto, não existem registros de coletas desta ou outra espécie de
Squaliforma para a região média-baixa do rio Negro, para a região do rio Essequibo não
há registros de ocorrência.
Para esta espécie o holótipo é desconhecido, o que deixa uma lacuna sobre a
localidade exata de coleta do primeiro exemplar na qual Jardine designou a espécie.
82
Figura 25: Exemplar de Squaliforma squalina INPA 22138 (1) 270,1 mm CP, Rio Branco, praia
acima do igarapé Corumbaú, Roraima, Brasil, em vista lateral, dorsal e ventral. Foto: Renildo de
Oliveira.
83
Figura 26: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de Squaliforma
squalina. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um ou mais exemplares.
Tabela 6: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma squalina
Medidas N Amp. de variação
(min – máx) Média
Desvio
Padrão
Comprimento padrão 7 104,54-324,50 ---- ----
Porcentagens do comprimento padrão (mm)
Comprimento da cabeça 7 25,7-32,4 27,6 2,2
Comprimento pré-dorsal 7 32,5-38,3 34,1 1,9
Comprimento do focinho 7 15,2-19,6 16,8 1,4
Largura Cleitral 7 22,1-26,6 23,2 1,5
Comprimento da base da nadadeira dorsal 7 20,7-22,9 22,0 0,7
Comprimento interdorsal 7 23,5-28,3 26,1 1,5
Comprimento do pedúnculo caudal 7 32,8-36,9 35,5 1,3
Altura do pedúnculo caudal 7 5,9-8,4 6,6 0,9
Comprimento do espinho da dorsal 7 18,3-30,7 22,7 4,1
Comprimento do espinho da peitoral 7 20,8-26,3 22,5 1,8
84
Comprimento do espinho da pélvica 7 15,9-22,4 18,2 2,1
Comprimento torácico 7 21,8-23,4 22,7 0,7
Comprimento abdominal 7 19,7-22,2 20,7 0,9
Comprimento do raio indiviso do lobo superior da
nadadeira caudal
7 12,3-25,2 20,2 4,8
Comprimento do raio indiviso do lobo inferior da
nadadeira caudal
7 22,3-30,7 25,5 3,0
Porcentagens do comprimento da cabeça (mm)
Altura da cabeça 7 49,9-58,0 54,6 3,4
Largura Cleitral 7 82,0-85,8 84,3 1,2
Comprimento do focinho 7 59,0-63,9 60,9 1,5
Diâmetro orbital 7 14,2-19,6 15,4 1,9
Distância interorbital 7 34,9-38,9 36,3 1,3
Comprimento interdorsal 7 72,5-105,7 95,3 11,0
Comprimento do pré-maxilar 7 10,8-12,6 11,9 0,7
Comprimento do dentário 7 10,1-11,9 11,1 0,7
Largura do lábio 7 33,6-44,6 39,8 3,4
Comprimento do lábio posterior 7 11,9-15,4 14,0 1,5
Comprimento do barbilhão 7 8,5-18,5 13,1 3,0
Merístico Moda
Placas da lateral do corpo 7 29-30 29 0,5
Placas que margeiam a supraoccipital 7 3-4 3 0,5
Placas entre a dorsal e adiposa 7 8-9 9 0,4
Placas da base da dorsal 7 7-8 7 0,5
Dentes da pré-maxila 7 19-26 24 2,4
Dentes do dentário 7 18-24 21 2,1
Raios da nadadeira dorsal 7 I + 7
Raios da nadadeira peitoral 7 I + 6
Raios da nadadeira pélvica 7 I + 5
Raios da nadadeira anal 7 I + 4
Raios da nadadeira caudal 7 I + 14 + I
85
Squaliforma sp. n. “Aripuanã”
Figura 27, Tabela 7
Material examinado:
Holótipo: INPA 33636, 200,9 mm CP, Rio Guariba, Resex do Guariba, drenagem rio
Madeira, Apuí, Amazonas, Brasil, 08° 45’ 03’’S 060° 26’ 10’’W, W.S. Pedroza, W.M.
Ohara, F.R.V. Ribeiro e T.F. Teixeira. 07 de novembro de 2008.
Parátipos. Brasil: Amazonas: INPA 33636 (6) 150,24-220,7 mm CP, Rio Guariba, Resex
Guariba, Drenagem Madeira, Apuí, 08° 45’ 03’’S 060° 26’ 10’’W, Pedroza, et al.,
07/11/2008. INPA 33666 (2) 150,5-187,4 mm CP, Rio Guariba, Resex Guariba, rio
Madeira, Apuí, 08º 45’ 44’’S 060º 24’ 48’’W, Pedroza et al., 15/11/2008. Mato Grosso:
INPA 31868 (1) 173,2 mm CP, Rio Aripuanã, Cisga, Aripuanã, 10° 09’ 9.23’’S 059° 26’
9.40’’W, Marinho, F., 29/09/1975. MZUSP 37594 (5) 155,9-226,5 mm CP, Rio Aripuanã, 3
km abaixo da Cachoeira Grande, Drenagem Madeira, Aripuanã, 09° 57’ 23.72’’S 059° 19’
45.93’’W, Expedição MZUSP/INPA, 08/11/1976. MZUSP 60372 (1) 144,0 mm CP, Rio
Aripuanã, Porto de Balsa (rio acima), estrada que liga o distrito de Colniza a Panelas, km
18, F. Machado et al, 22/07/1997.
Diagnose: Squaliforma sp. n. “Aripuanã” difere de todos os seus congêneres por
apresentar os raios do lobo inferior da nadadeira caudal avermelhados, possível de se
observar mesmo em exemplares fixados. Squaliforma sp. n. “Aripuanã” difere de seus
congêneres pela ausência de manchas escuras na 4ª fileira de placas da série lateral (vs.
presença de manchas). Difere ainda de seus congêneres, exceto de S. sp. n. “Xingu”, pela
extremidade da papila bucal coberta por pequenas e múltiplas papilas (vs. extremidade da
86
papila bucal coberta por poucas papilas). Squaliforma sp. n. “Aripuanã” pode ser
diagnosticada por uma combinação de características. Difere de todos os seus
congêneres, exceto de S. annae pelo maior número de dentes da pré-maxila (40-50 vs.
23-39) e dentário (39-53 vs. 20-36).
Descrição: Dados morfométricos na Tabela 7. Espécie de médio porte, maior exemplar
examinado com 225 mm CP. Corpo longo e moderadamente deprimido em vista lateral;
corpo arredondado em vista transversal. Perfil dorsal convexo da extremidade do focinho
até origem da nadadeira caudal. Perfil ventral reto desde a extremidade do focinho até
origem da nadadeira caudal. Corpo sem carenas. Quilha na 4ª fileira de placas da série
lateral moderadamente proeminente que se estende do opérculo até base da nadadeira
caudal. Corpo mais largo anteriormente à inserção das nadadeiras peitorais. Região
torácica e abdominal coberta por pequenas placas de tamanho uniforme. Presença de
placa localizada anteriormente à nadadeira anal. Três placas pré-dorsais, sendo a primeira
mais larga que demais. Nove placas entre nadadeira dorsal e adiposa. Sete placas na
base da nadadeira dorsal. Linha lateral com 28 placas localizadas na 4ª fileira da série
lateral.
Cabeça curta, deprimida em vista lateral e triangular em vista dorsal. Ponta do
focinho levemente arredondada com pequenos odontódios na extremidade. Parte superior
da cabeça completamente coberta por placas. Órbita pouco elevada, margeada por
pequenos odontódios; região interorbital plana. Olhos moderamente grandes. Barbilhões
maxilares curtos, não atingindo linha transversal na extremidade do lábio inferior. Papila
bucal grande, quadrada e mais larga na extremidade, distal que é coberta por múltiplas e
87
pequenas papilas. Supraoccipital pouco elevado, limitado posteriormente por duas
pequenas placas quadrangulares, dispostas lado-lado. Boca ampla; lábio superior
arredondado em vista ventral e sem franjas na extremidade. Lábio inferior arredondado e
coberto por papilas redondas espaçadas entre si, decrescendo de tamanho desde a parte
interna até a extremidade do lábio.
Dentes curtos, em forma de Z (em vista lateral, lado esquerdo), compostos por uma
base larga, de espessura curva para trás e coberto pelo epitélio da mandíbula, com eixo
fino, côncavo e mediano com a haste superior mais espessa e possuindo uma coroa
bicuspidada, sendo a cúspide interna com a extremidade arredondada de tamanho duas
vezes maior do que cúspide externa que possui a extremidade pontiaguda. Dentes
hialinos nos eixos inferior, mediano e superior e coroa de cor amarela. Nos machos em
período de reprodução, a cúspide interna torna-se mais alongada que o normal, chegando
a medir três vezes o tamanho da cúspide externa. Pré-maxila com 35-57 dentes (moda =
46, n = 15) e dentário 41-54 dentes (moda = 42, n = 15).
Nadadeira dorsal inserida na linha do ponto medial da nadadeira peitoral; dorsal
com II,7 raios, raios ramificados de tamanho decrescente posteriormente. Último raio
ramificado de tamanho 2/3 menor que espinho da nadadeira dorsal. Espinho da nadadeira
dorsal côncavo e mais longo que raios ramificados. Nadadeira peitoral com I,6 raios
ultrapassando a inserção da nadadeira pélvica, raios ramificados decrescendo de tamanho
posteriormente. Espinho da nadadeira peitoral arredondando. Nadadeira pélvica com i,5
raios, atingindo a inserção da nadadeira anal e alcançando a altura da metade da
nadadeira dorsal. Espinho da nadadeira pélvica arredondado com extremidade mais fina.
Espinho da nadadeira anal reto e de tamanho similar aos raios ramificados. Nadadeira
88
caudal furcada com i,14,i raios. Raio indiviso do lobo inferior um pouco mais longo que
superior. Todos os raios não ramificados e ramificados com pequenos odontódios. Cinco
raios procurrentes na região superior e cinco raios na região inferior do pedúnculo caudal.
Coloração em álcool: Cabeça e corpo com fundo marrom claro coberto com manchas
escuras arredondadas, mais densamente arranjadas na cabeça. Sem manchas
xtremidade inferior do focinho. Nadadeiras dorsal, peitoral, pélvica, anal e caudal com
manchas nas membranas interradiais. Extremidade das nadadeiras peitoral e pélvica,
hialinas e sem manchas escuras. Espinho da nadadeira dorsal com 16-17 manchas, nos
demais raios ramificados 10-11; manchas dispostas nos dois lados de cada raio. Manchas
da nadadeira peitoral dispostas desde a inserção até extremidade no espinho; nos raios
ramificados as manchas cobrem apenas a metade próxima da nadadeira. Pélvica com
uma fileira de manchas desde a inserção até a metade do raio indiviso. Presença de
manchas em todas as placas da série lateral, exceto na 4ª e 5ª fileira. Face dorsal do
lábio superior com manchas escuras redondas. Espinho e lobo superior da nadadeira
caudal com manchas escuras. Espinho e lobo inferior sem manchas, com coloração
avermelhada. As manchas marrom escuras nos raios ramificados da nadadeira caudal
estão presentes apenas no lobo superior.
Nota ecológica: Squaliforma sp. n. “Aripuanã” habita o fundo dos rios e lagos da bacia do
rio Aripuanã. O rio Aripuanã, grande tributário na margem direita do rio Madeira, é um rio
de água clara que possui ambientes de várzea, terra firme e campina (Rapp Py-Daniel et
al., 2007). Outra localidade de exemplares de Squaliforma sp. n. “Aripuanã” é o rio
Guariba, que também possui água clara e é um tributário do rio Aripuanã, bacia do rio
89
Madeira. Esta região possui um conjunto de áreas protegidas formando o Mosaico
(Unidades de Conservação) de Apuí. O Mosaico está localizado no sul do Estado do
Amazonas, entre os municípios de Apuí e Novo Aripuanã (Ribeiro et al., 2011).
Distribuição geográfica: Registrada apenas para o rio Aripuanã e um de seus tributários,
rio Guariba, parte da drenagem do rio Madeira, abrangendo os municípios de Apuí, no
Estado do Amazonas e Aripuanã, no Estado do Mato Grosso, Brasil (Figura 28).
Comentários: Squaliforma sp. n. “Aripuanã” tem sido identificada como Squaliforma
emarginata, ou até mesmo como nome Hypostomus emarginatus. Pedroza et al., (2012)
recentemente identificaram material desta espécie como Hypostomus emarginatus (lotes
INPA 33636 e INPA 33666).
90
Figura 27: Squaliforma sp. n. “Aripuanã”, INPA 33636, 200,9 mm CP, Rio Guariba, Resex do
Guariba, drenagem rio Madeira, Apuí, Amazonas Brasil em vista lateral, dorsal e ventral. Foto:
Renildo de Oliveira.
91
Figura 28: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de Squaliforma sp. n.
“Aripuanã”. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um ou mais exemplares. A
estrela em amarelo representa a localidade-tipo.
Tabela 7: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma sp. n.
“Aripuanã”.
Medidas Holótipo N Amp. de variação
(min – máx) Média
Desvio
Padrão
Comprimento padrão (mm) 200,9 15 144,0-226,5 --- ---
Porcentagens do comprimento padrão (mm)
Comprimento da cabeça 30,8 15 28,2-31,0 29,6 1,0
Comprimento pré-dorsal 36,9 15 35,7-38,3 36,7 0,8
Comprimento do focinho 17,3 15 16,1-19,2 17,8 0,8
Largura Cleitral 26,5 15 24,3-26,8 25,5 0,8
Comprimento da base da nadadeira dorsal 22,2 15 20,8-23,9 22,1 1,0
Comprimento interdorsal 24,9 15 22,8-25,5 24,5 0,8
Comprimento do pedúnculo caudal 36,8 15 34,8-37,6 36,4 0,8
Altura do pedúnculo caudal 7,9 15 7,2-8,1 7,7 0,2
Comprimento do espinho da dorsal 28,5 14 24,2-32,4 28,6 2,2
92
Comprimento do espinho da peitoral 24,6 15 23,1-27,6 25,1 1,6
Comprimento do espinho da pélvica 21,5 15 19,9-23,4 21,6 1,0
Comprimento torácico 24,5 15 20,3-25,6 22,7 1,4
Comprimento abdominal 22,3 15 7,8-22,3 19,5 3,4
Comprimento do raio indiviso do lobo superior
da nadadeira caudal 26,3 15 21,7-33,4 27,5 4,0
Comprimento do raio indiviso do lobo inferior
da nadadeira caudal 31,7 15 26,4-44,8 34,9 5,6
Porcentagens do comprimento da cabeça (mm)
Altura da cabeça 53,2 15 46,8-59,1 53,1 3,1
Largura Cleitral 86,3 15 82,3-90,9 86,1 2,2
Comprimento do focinho 56,1 15 54,9-65,5 60,0 3,2
Diâmetro orbital 18,5 15 16,4-18,7 17,9 0,6
Distância interorbital 37,9 15 35,6-41,1 37,7 1,2
Comprimento interdorsal 80,9 15 73,6-89,5 82,9 4,9
Comprimento do pré-maxilar 13,8 15 13,0-17,6 14,6 1,2
Comprimento do dentário 12,9 15 12,7-15,6 13,7 0,9
Largura do lábio 45,6 15 42,5-48,6 44,7 1,6
Comprimento do lábio posterior 13,8 15 9,7-16,3 13,2 1,8
Comprimento do barbilhão 14,8 15 9,0-15,4 12,0 1,9
Merístico Moda
Placas da lateral do corpo 28 15 28-28 28 0,0
Placas que margeiam a supraoccipital 2 15 2-2 2 0,0
Placas entre a dorsal e adiposa 9 15 8-10 9 0,5
Placas da base da dorsal 7 15 7-7 7 0,0
Dentes do pré-maxilar 57 15 35-57 46 5,5
Dentes do dentário 54 15 41-54 42 3,8
Raios da nadadeira dorsal I + 7
Raios da nadadeira peitoral I + 6
Raios da nadadeira pélvica I + 5
Raios da nadadeira anal I + 4
Raios da nadadeira caudal I + 14 + I
93
Squaliforma sp. n. “Roraima”
Figura 29, Tabela 8
Material examinado:
Holótipo: INPA 36922, 140,0 mm CP, Rio Branco, pedral em frente ao igarapé Água Fria,
Caracaraí, Estado de Roraima, Brasil, coletado com tarrafa em pequena corredeira, 01º
55’ 23’’N 061º 00’ 29’’W, L. Rapp Py-Daniel, M.C.C. de Pinna, R.R. de Oliveira e A.S.
Oliveira. 19 de setembro de 2011.
Parátipos. Brasil: Amazonas: MZUSP 27637 (1) 113,0 mm CP, Pedra do Gavião, Moura,
município Barcelos, 01º 28’ 00’’S 061º 38’ 00’’W. MZUSP 55700 (1) 104,5 mm CP, Rio
Branco, próximo do Posto Fiscal, 1º 16’ 59’’S 61º 50’ 42’’W, Lundberg, J.G. et al., 1993.
MZUSP 103238 (1) 182,5 mm CP, Rio Negro, Drenagem Rio Negro, Cantagalo, 01º 38’
00’’S 061º 28’ 00’’W. Roraima: INPA 6074 (7) 85,8-238,5 mm CP, Rio Mucajaí, +/- 1 km a
jusante de Paredão (leito do rio), tronco caído, E.J.G. Ferreira, e M. Jegú, 04/10/1986.
INPA 6196 (1) 193,8 mm CP, Rio Mucajaí, Cachoeira Paredão, E.J.G. Ferreira, e M. Jégu,
19/02/1987. INPA 6197 (3) 160,1-230,3 mm CP, Rio Mucajaí, a montante do Paredão,
E.J.G. Ferreira, e M. Jégu, 19/02/1987. INPA 6198 (6) 138,6-225,5 mm CP, Rio Mucajaí,
tronco caído, E.J.G. Ferreira, e M. Jégu, 20/02/1987. INPA 6481 (9) 77,9-232,5 mm CP,
Rio Uraricoera, pedral no furo de Maracá, remanso e água corrente, E.J.G. Ferreira,
20/09/1987. INPA 8126 (3) 33,0-76,9 mm CP, Rio Tacutu, ao lado do mercado, pedral,
Bonfim, 03° 21’ 35’’N 059° 50’ 00’’W, J.A.S. Zuanon, 26/03/1992. INPA 24099 (1) 190,5
mm CP, Rio Parimé (rio com fundo de pedra), Drenagem Rio Uraricoera, 03° 24’ 0.40’’N
60° 35’ 41.89’’W C.P. Deus, 13/10/1993. INPA 36038 (1) 193,5 mm CP, Igarapé do
94
Defunto, praia do acampamento, Caracaraí, Ferreira et al., 15/04/2007. INPA 36835 (3)
177,1-179,4 mm CP, Rio Tacutu, acima do município de Bonfim, 03º 18’ 24’’N 059º 50’
54’’W, L. Rapp Py-Daniel et al, 21/09/2011. INPA 36922 (11) 100,2-145,8 mm CP, Rio
Branco, pedral em frente ao igarapé Água Fria, Caracaraí, 01º 55’ 23’’N 061º 00’ 29’’W, L.
Rapp Py-Daniel et al, 19/09/2011. MPEG 3080 (1) 110,9 mm CP, Igarapé do Cujubim, em
frente da Ilha de Maracá. MZUSP 23607 (6) 74,5-134,6 mm CP, Cachoeiras do Rio
Uraricoera, Ilha Maracá (corredeiras), 03° 19’ 18.90’’N 061° 41’ 23.38’’W, TYR 21/02/1969.
MZUSP 23619 (3) 63,1-151,4 mm CP, Rio Uraricoera, Canadá, perto da Ilha de Maracá,
TYR 21/02/1969.
Diagnose: Squaliforma sp. n. “Roraima” difere de seus congêneres, exceto de S. horrida e
Squaliforma sp. n. “Tocantins” pelo maior número de placas que margeiam o
supraoccipital (5 vs. 2 placas para S. annae, Squaliforma sp. n. “Aripuanã” e Squaliforma
sp. n. “Xingu”; 3 placas para S. emarginata, S. squalina e Squaliforma sp. n. “Tapajós”).
Squaliforma sp. n. “Roraima” difere de seus congêneres, exceto de S. emarginata,
Squaliforma sp. n. “Aripuanã”, Squaliforma sp. n. “Tapajós” e Squaliforma sp. n. “Xingu”
pelo maior comprimento do espinho da nadadeira dorsal (26,2-29,8 vs. 20,7-25,7% do
CP). Squaliforma sp. n. “Roraima” difere de todos os seus congêneres, exceto de
Squaliforma sp. n. “Tapajós” e Squaliforma sp. n. “Xingu” pela menor altura da cabeça
(46,9-52,4 vs. 53,1-56,3% do CCA).
Descrição: Dados morfométricos na Tabela 8. Espécie de médio porte, maior exemplar
examinado com 240 mm CP. Corpo longo e moderadamente deprimido em vista lateral;
corpo arredondado em vista trapezoidal. Perfil dorsal convexo da extremidade do focinho
95
até origem da nadadeira caudal. Perfil ventral reto desde extremidade do focinho até
origem da nadadeira caudal. Perfil dorsal e ventral do pedúnculo caudal reto. Corpo sem
carenas. Presença de quilha na 4ª fileira de placas da série lateral que se estende do
opérculo até base da nadadeira caudal. Corpo mais largo anteriormente à inserção das
nadadeiras peitorais. Região torácica e abdominal coberta por pequenas placas de
tamanho uniforme. Presença de uma placa localizada anteriormente à nadadeira anal.
Três placas pré-dorsais, sendo a primeira mais larga que as demais. Sete placas na base
da nadadeira dorsal. Nove placas entre a nadadeira dorsal e adiposa. Linha lateral com 29
placas localizadas na 4ª fileira da série lateral.
Cabeça curta, deprimida em vista lateral e triangular em vista dorsal. Ponta do
focinho arredondado com pequenos odontódios na extremidade. Parte superior da cabeça
completamente coberta por placas. Órbita pouco elevada, margeada por pequenos
odontódios, região interorbital plana. Olhos grandes. Barbilhões maxilares curtos,
atingindo a linha transversal que passa pela metade do lábio inferior. Papila bucal
pequena, redonda e com extremidade coberta por poucas papilas pequenas.
Supraoccipital pouco elevado, formando pequena crista mediana e coberto por
odontódios, limitado posteriormente por cinco pequenas placas de forma irregular,
dispostas em cacho. Boca ampla; lábio superior arredondado em vista ventral com franjas
na extremidade. Lábio inferior arredondado e coberto por papilas redondas espaçadas
entre si, decrescendo de tamanho desde a parte interna até extremidade a distal do lábio.
Dentes curtos em forma de Z (em vista lateral, lado esquerdo), compostos por uma
base larga, de espessura curva para trás e coberto pelo epitélio da mandíbula, com eixo
fino, côncavo e mediano com a haste superior mais espessa e possuindo uma coroa
96
bicuspidada, sendo a cúspide interna com a extremidade arredondada de tamanho duas
vezes maior do que cúspide externa que possui a extremidade pontiaguda. Dentes
hialinos nos eixos inferior, mediano e superior e coroa de cor amarela. Nos machos em
período de reprodução, cúspide interna torna-se mais alongada, chegando a medir três
vezes o tamanho da cúspide externa. Pré-maxila com 22-42 dentes (moda = 30, n = 65) e
dentário 17-44 dentes (moda = 28, n = 65).
Origem da nadadeira dorsal situada em linha logo após a metade posterior da
nadadeira peitoral; dorsal com II,7 raios, raios ramificados de tamanho decrescente
posteriormente. Raios ramificados da dorsal se dividem em mais dois pequenos e finos
raios ramificados. Espinho da nadadeira dorsal curvado posteriormente e mais longo que
raios ramificados. Nadadeira peitoral com I,6 raios, atingindo inserção da nadadeira
pélvica e raios ramificados decrescendo de tamanho posteriormente. Espinho da
nadadeira peitoral achatado dorso-ventralmente com extremidade arredondada. Nadadeira
pélvica com i,5 raios, atingindo a inserção da nadadeira anal e inserida na da metade da
nadadeira dorsal. Primeiro raio da nadadeira pélvica arredondado com extremidade mais
fina. Anal com i,4 raios. Primeiro raio da nadadeira anal reto e de mesmo tamanho que
raios ramificados. Nadadeira caudal furcada com i,14,i raios. Raio indiviso do lobo inferior
pouco mais longo que superior. Todos os raios não ramificados e ramificados com
pequenos odontódios. Cinco raios procurrentes da nadadeira caudal na região superior e
cinco raios na região inferior do pedúnculo caudal.
Coloração em álcool: Cabeça e corpo com fundo marrom claro coberto com manchas
grandes, redondas, de cor marrom escura. Manchas da cabeça menores, redondas e mais
97
próximas entre si. Superfície ventral do focinho sem manchas. Nadadeiras dorsal, peitoral,
pélvica, anal e caudal com manchas grandes e redondas nas membranas interradiais.
Extremidade das nadadeiras peitoral e pélvica com manchas escuras. Espinho da
nadadeira dorsal com 11-12 manchas, 9-10 manchas dispostas nos dois lados de cada
raio. Manchas na nadadeira peitoral dispostas em faixa transversais desde a inserção até
extremidade distal. Nadadeira pélvica com fileira de manchas desde a inserção até a
extremidade distal. Presença de manchas em todas as placas da série lateral, exceto na
parte inferior da 4ª fileira e ausente em toda a 5ª fileira. Face dorsal do lábio superior com
manchas escuras redondas. Espinho do lobo superior e inferior da nadadeira caudal com
manchas escuras, desde a inserção até extremidade. Manchas nos raios ramificados da
nadadeira caudal dispostas lado a lado verticalmente em vista lateral. Lobo inferior da
nadadeira caudal acinzentado e com manchas escuras conspícuas.
Nota ecológica: Squaliforma sp. n. “Roraima” é comum no rio Branco e rio Tacutu, no
Estado de Roraima, sendo encontrada em meio de rochas submersas. Esta espécie é
citada em Ferreira et al. (2007), entretanto o exemplar está identificado como sendo
Squaliforma squalina. É citado ainda que ocorre no fundo, próximo a bancos de areia.
Distribuição geográfica: Está distribuída para o alto rio Branco, abrangendo também o
rio Tacutu, Estado de Roraima, Brasil (Figura 30).
Comentários: Acredita-se que Squaliforma squalina e S. sp. n. “Roraima” não sejam
simpátricas, sendo a primeira distribuída para o baixo e médio rio Branco e a segunda
sendo exclusiva do alto rio Branco, a partir do município de Caracaraí. Apesar da
98
similaridade morfológica, S. squalina apresenta uma coloração com pontilhado bem menor
e mais denso que S. sp. n. “Roraima”. Diferenças morfométricas são citadas na diagnose.
Figura 29: Holótipo de Squaliforma sp. n. “Roraima”, INPA 36922, 140,06 mm CP, Rio Branco,
Caracaraí, Roraima, Brasil, em vista lateral, dorsal e ventral, respectivamente. Foto: Renildo de
Oliveira.
99
Figura 30: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de Squaliforma sp. n.
“Roraima”. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um ou mais exemplares. A
estrela em amarelo representa a localidade-tipo.
Tabela 8: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma sp. n.
“Roraima”
Medidas Holótipo N Amp. de variação
(min – máx) Média
Desvio
Padrão
Comprimento padrão (mm) 140,06 65 33,02-238,50 --- ---
Porcentagens do comprimento padrão (mm)
Comprimento da cabeça 3,4 65 26,8-36,9 30,5 2,0
Comprimento pré-dorsal 36,8 65 33,2-44,1 36,7 1,9
Comprimento do focinho 18,6 65 16,2-20,0 18,1 0,8
Largura Cleitral 25,5 65 22,2-27,5 25,1 1,4
Comprimento da base da nadadeira dorsal 22,1 65 19,3-23,8 21,6 0,8
Comprimento interdorsal 24,3 65 19,2-28,1 24,9 1,9
Comprimento do pedúnculo caudal 33,9 65 29,4-37,9 34,5 1,4
Altura do pedúnculo caudal 7,1 65 6,3-7,9 7,2 0,4
Comprimento do espinho da dorsal 28,8 65 21,3-31,7 28,0 1,8
100
Comprimento do espinho da peitoral 25,1 65 22,6-27,8 25,4 1,3
Comprimento do espinho da pélvica 21,9 65 18,7-23,5 21,3 1,3
Comprimento torácico 23,0 65 21,2-25,1 23,3 0,9
Comprimento abdominal 19,8 65 18,6-21,9 20,3 0,7
Comprimento do raio indiviso do lobo superior
da nadadeira caudal 37,7 65 16,7-42,3 29,4 5,9
Comprimento do raio indiviso do lobo inferior
da nadadeira caudal 40,3 65 23,9-49,3 36,9 5,4
Porcentagens do comprimento da cabeça (mm)
Altura da cabeça 51,5 65 38,8-56,9 49,9 3,6
Largura Cleitral 84,0 65 74,6-87,1 82,4 2,2
Comprimento do focinho 61,2 65 51,3-62,6 59,4 2,1
Diâmetro orbital 19,7 65 15,1-28,2 19,5 2,6
Distância interorbital 35,7 65 32,6-38,7 36,0 1,2
Comprimento interdorsal 80,1 65 52,0-102,2 82,4 10,9
Comprimento do pré-maxilar 14,9 65 11,0-15,3 13,5 1,0
Comprimento do dentário 13,9 65 9,9-14,8 12,5 1,1
Largura do lábio 42,1 65 35,2-46,8 42,0 2,8
Comprimento do lábio posterior 13,5 65 10,2-16,9 14,0 1,5
Comprimento do barbilhão 14,4 65 4,8-17,3 12,7 2,3
Merístico Moda
Placas da lateral do corpo 28 65 28-30 29 0,5
Placas que margeiam a supraoccipital 6 65 3-6 5 1,1
Placas entre a dorsal e adiposa 8 65 8-10 9 0,5
Placas da base da dorsal 8 65 2-8 7 0,5
Dentes do pré-maxilar 37 65 22-42 30 4,0
Dentes do dentário 34 65 17-44 28 4,9
Raios da nadadeira dorsal I + 7
Raios da nadadeira peitoral I + 6
Raios da nadadeira pélvica I + 5
Raios da nadadeira anal I + 4
Raios da nadadeira caudal I + 14 + I
101
Squaliforma sp. n. “Tapajós”
Figura 31, Tabela 9
Material examinado:
Holótipo: INPA 7117, 174,3 mm CP, Rio Cupari, afluente do rio Tapajós (próximo à foz do
rio Cupari), Itaituba, Pará, Brasil, 03° 44’ 31’’S 055° 23’ 25’’W, L. Rapp Py-Daniel e J.A.S.
Zuanon. 27 de outubro de1991.
Parátipos. Brasil: Pará: INPA 6635 (4) 155,2-182,7 mm CP, Rio Jamanxim, afluente Rio
Tapajós, Ilha Terra Preta, 05° 27’ 27.47’’S 055° 52’ 19.53’’W, L. Rapp Py-Daniel e J.A.S.
Zuanon, 19/10/1991. INPA 6671 (1) 89,1 mm CP, Rio Jamanxim, afluente Rio Tapajos,
Ilha Terra Preta, 05° 27’ 11’’S 055° 52’ 40’’W, L. Rapp Py-Daniel, 19/10/1991. INPA 6705
(4) 169,5-220,5 mm CP, Rio Jamanxim, afluente Rio Tapajós, Ilha Terra Preta, 05° 27’
11’’S 055° 52’ 40’’W, L. Rapp Py-Daniel e J.A.S. Zuanon, 19/10/1991. INPA 6733 (2)
160,57-165,0 mm CP, Rio Jamanxim, afluente Rio Tapajós, Ilha Terra Preta, 05° 27’ 11’’S
055° 52’ 40’’W, L. Rapp Py-Daniel e J.A.S. Zuanon, 20/10/1991. INPA 6735 (10) 104,8-
207,5 mm CP, Rio Jamanxim, afluente Rio Tapajós, Ilha Terra Preta, 05° 27’ 11’’S 055°
52’ 40’’W, L. Rapp Py-Daniel e J.A.S. Zuanon, 19/10/1991. INPA 6736 (3) 153,2-230,5 mm
CP, Rio Jamanxim, afluente Rio Tapajos, Ilha Terra Preta, 05° 27’ 29.73’’S 055° 52’
48.48’’W, L. Rapp Py-Daniel e J.A.S. Zuanon, 20/10/1991. INPA 6863 (3) 99,8-215,5 mm
CP, Rio Tapajós, abaixo da foz do rio Jamanxim, Pimental, Itaituba, 04° 33’ 49.23’’S 56°
16’ 1.4’’W, L. Rapp Py-Daniel e J.A.S. Zuanon, 23/10/1991. INPA 6965 (32) 40,8-125,1
mm CP, Rio Tapajós, abaixo da foz do rio Jamanxim, Pimental, Itaituba, 04° 34’ 46.83’’S
056° 15’ 45.88’’W, L. Rapp Py-Daniel et al., 23/10/1991. INPA 7037 (10) 101,1-212,5 mm
CP, Rio Tapajós, Pimontal, 04° 33’ 56.00’’S 56° 15’ 57.01’’W, L. Rapp Py-Daniel et al.,
102
22/10/1991. INPA 7060 (2) 27,3-78,7 mm CP, Rio Tapajós, Pimental, abaixo da foz do
Jamanxim, 04° 33’ 41’’S 056° 15’ 50’’W, L. Rapp Py-Daniel et al., 24/10/1991. INPA 7094
(4) 47,2-212,0 mm CP, Rio Tapajós, próximo à boca do Rio Cupari, Aveiro, 03° 43’
15.08’’S 055° 24’ 10.05’’W, L. Rapp Py-Daniel, 26/10/1991. INPA 7117 (1) 174,32 mm CP,
Rio Cupari, afluente do rio Tapajós (próximo a boca), 03° 44’ 31’’S 055° 23’ 25’’W, L. Rapp
Py-Daniel e J.A.S. Zuanon, 27/10/1991. INPA 7245 (2) 111,3-124,0 mm CP, Rio Tapajós.
INPA 26496 (1) 84,2 mm CP, Rio Tapajós, a montante de Itaituba e a jusante das
cachoeiras de Pimental, Itaituba, 04° 21’ 34’’S 056° 10’ 02’’W, L.M. Sousa e J.L. Birindelli,
08/11/2006. INPA 29896 (1) 98,0 mm CP, Rio Tapajós, Itaituba, L.M. Sousa, 13/11/2002.
INPA 36467 (2) 145,6-173,1 mm CP, Rio Itapacurá, afluente Rio Tapajós, Itaituba, 04° 24’
48.00’’S 056° 03’ 10.00’’W, W.S. Pedroza, 2010. INPA 36647 (2) 123,2-141,0 mm CP, Rio
Tapajós, Rio Novo, Itaituba, 06° 16’ 49.49’’S 055° 45’ 24.24’’W, Grupo Ecologia Aquática-
UFPA, 03/10/2010. MPEG 17700 (1) 157,2 mm CP, Rio Claro, Bacia do Jamanxim,
Município Novo Progresso, 07° 24’ 53.96’’S 056° 13’ 52.1’’W. MPEG 19270 (1) 92,28 mm
CP, Miritituba, Itaituba, 04° 17’ 26.75’’S 055° 57’ 43.94’’W. MZUSP 8541 (1) 163,4 mm CP,
Rio Tapajós, Santarém, 02º 25’ 00’’S 054º 44’ 00’’W. MZUSP 24233 (1) 168,0 mm CP, Rio
Tapajós, Ilha Tapaiuna, 02° 54’ 15.04’’S 055° 05’ 1.85’’W. MZUSP 25313 (2) 166,4-235,5
mm CP, Ilha margem direita junto à curva, abaixo do Porto Flechal, PARNA. MZUSP
25471 (1) 232,0 mm CP, Rio Jamanxim, acima do Bebal, margem direita do Rio Tapajós,
fora do limite do PARNA. 04º 38’ 00’’S 056º 18’ 00’’W, J.C. Oliveira, 15/07/1979. MZUSP
31620 (1) 104,5 mm CP, Rio Tapajós, São Luis acima de Itaituba, 04° 31’ 34.27’’S 056°
16’ 17.04’’W. MZUSP 92654 (1) 80,9 mm CP, Rio Tapajós, entre Itaituba e as cachoeiras
do Pimental, 04º 21’ 34’’S 056º 10’ 03’’W. MZUSP 97505 (16) 78,6-219,0 mm CP, Rio
103
Jamanxim, Prainha, Próximo a Novo Progresso, Drenagem Tapajós, 07º 13’ 52’’S 055º 26’
28’’W.
Não tipo. Brasil: Mato Grosso: INPA 35306 (7) 101,01-123,6 mm CP, Rio Teles Pires,
Igarapé Santa Helena, margem esquerda do rio TP, Paranaíta, 09º 33’ 45’’S 056º 18’
37’’W, R.R. de Oliveira et al., 01/10/2009. MZUSP 96132 (1) 86,7 mm CP, Rio Teles Pires,
Jacareacanga, 06° 14’ 8.72’’S 057° 44’ 4.80’’W. MZUSP 96158 (7) 64,7-92,2 mm CP, Rio
Teles Pires, Drenagem Tapajós, Paranaita, 09º 26’ 58’’S 056º 29’19’’W.
Diagnose: Squaliforma sp. n. “Tapajós” difere de todos os seus congêneres, exceto de
Squaliforma sp. n. “Roraima” e Squaliforma sp. n. “Xingu” pelo maior comprimento da
cabeça (30,5-34,3 vs. 25,6-30,2% do CP). Difere de seus congêneres, exceto de
Squaliforma emarginata, Squaliforma sp. n. “Aripuanã” e Squaliforma sp. n. “Xingu” pela
maior altura do pedúnculo caudal (7,5-8,2 vs. 5,7-7,2% do CP). Squaliforma sp. n.
“Tapajós” difere de todos os seus congêneres pelo menor comprimento interdorsal (62,8-
80,9 vs. 81,3-102,2% do CCA). Difere de seus congêneres, exceto de Squaliforma annae
e Squaliforma sp. n. “Aripuanã” pelo maior número de dentes da pré-maxila (32-46 vs. 20-
25) e dentário (32-46 vs. 21-25).
Descrição: Dados morfométricos na Tabela 9. Espécie de médio porte, maior exemplar
examinado com 235 mm CP. Corpo longo e moderadamente deprimido em vista lateral;
corpo arredondado em vista transversal. Perfil dorsal convexo da extremidade do focinho
até origem da nadadeira caudal. Perfil ventral reto desde a extremidade do focinho até a
origem da nadadeira caudal. Perfil dorsal e ventral do pedúnculo caudal reto. Corpo
104
totalmente sem carenas. Quilha na 4ª fileira de placas da série lateral moderadamente
proeminente que se estende do opérculo até base da nadadeira caudal. Corpo mais largo
anteriormente à inserção das nadadeiras peitorais. Região torácica e abdominal coberta
por pequenas placas de tamanho uniforme. Ausência de placa localizada anteriormente
nadadeira anal. Três placas pré-dorsais, primeira mais larga que demais. Sete placas na
base da nadadeira dorsal. Nove placas entre nadadeira dorsal e adiposa Linha lateral com
28 placas localizadas na 4ª fileira da série lateral, chamada de mid-ventral.
Cabeça curta, deprimida em vista lateral e triangular em vista dorsal. Ponta do
focinho levemente arredondada com pequenos odontódios na extremidade. Parte superior
da cabeça completamente coberta por placas. Órbita pouco elevada, margeada por
pequenos odontódios, região interorbital quase plana. Olhos moderamente grandes.
Barbilhões maxilares curtos, não atingindo linha da extremidade do lábio inferior. Papila
bucal grande, quadrada, mais larga na extremidade e com numerosas papilas pequenas.
Supraoccipital pouco elevado e limitado lateralmente por duas pequenas placas
quadrangulares dispostas lado a lado. Boca ampla; lábio superior arredondado em vista
ventral, sem franjas na extremidade. Lábio inferior arredondado e coberto por papilas
redondas espaçadas entre si, decrescendo de tamanho desde a parte interna até a
extremidade do lábio.
Dentes curtos, forma de Z (em vista lateral, lado esquerdo), compostos por uma
base larga, de espessura curva para trás e coberto pelo epitélio da mandíbula, com eixo
fino, côncavo com a haste superior mais espessa e possuindo uma coroa bicuspidada,
sendo a cúspide interna com a extremidade arredondada de tamanho duas vezes maior
do que a cúspide externa, a qual possui a extremidade pontiaguda. Dentes hialinos nos
105
eixos inferior, mediano e superior; coroa de cor amarela. Apresenta uma fileira de dentes
bicuspidados, sendo a cúspide externa menor que a cúspide interna. Nos machos, em
período de reprodução, a cúspide interna torna-se mais alongada, chegando a medir três
vezes o tamanho da cúspide externa. Pré-maxila com 25-68 dentes (moda = 46, n = 124)
e dentário 28-59 dentes (moda = 32, n = 124).
Nadadeira dorsal inserida na metade da nadadeira peitoral; dorsal com II,7 raios,
raios ramificados de tamanho decrescente posteriormente. Último raio ramificado de
tamanho 2/3 menor que espinho da nadadeira dorsal. Espinho da nadadeira dorsal,
curvado posteriormente e mais longo que os raios ramificados. Nadadeira peitoral com I,6
raios atingindo inserção da nadadeira pélvica e raios ramificados decrescendo de tamanho
posteriormente. Espinho da nadadeira peitoral achatado dorsoventralmente, quadrado, em
seção transversal. Nadadeira pélvica com i,5 raios, ultrapassando a inserção da nadadeira
anal e inserida na metade da nadadeira dorsal. Ana com i,4 raios. Primeiro raio da
nadadeira pélvica arredondado com extremidade mais fina. Primeiro raio da nadadeira
anal reto e de tamanho similar aos raios ramificados. Nadadeira caudal pouco furcada com
i,14,i raios. Raio indiviso do lobo inferior um pouco mais longo que superior. Todos raios
da caudal, não ramificados e ramificados, com pequenos odontódios. Cinco raios
procurrentes da nadadeira caudal na região superior e cinco raios na região inferior do
pedúnculo caudal.
Coloração em álcool: Cabeça e corpo com fundo marrom claro densamente
coberto com manchas escuras arredondadas. Manchas na cabeça menores e mais
densamente arranjadas. Superfície ventral do focinho sem manchas. Nadadeiras dorsal,
106
peitoral, pélvica, anal e caudal com manchas nas membranas interradiais. Espinho da
nadadeira dorsal com 21-23 manchas, demais raios com 17-18 manchas dispostas nos
dois lados de cada raio. Raio indiviso da nadadeira peitoral com manchas formando duas
fileiras longitudinais dispostas desde a inserção até extremidade distal. Pélvica com fileira
de manchas em forma de barras desde a inserção até a extremidade. Presença de
manchas em todas as placas da série lateral, exceto na parte superior da 4ª fileira e
ausente em toda a 5ª fileira. Face dorsal do lábio superior sem manchas. Espinho e raios
do lobo superior da nadadeira caudal com manchas escuras. Espinho e raios do lobo
inferior sem manchas escuras. Manchas nos raios ramificados da nadadeira caudal
dispostas lado a lado verticalmente e vista lateral. Lobo inferior com coloração
acinzentada, escura.
Nota ecológica: Squaliforma sp. n. “Tapajós” habita o fundo dos rios e dos lagos.
Distribuição geográfica: ocorre ao longo de todo rio Tapajós, desde a cabeceira no rio
Teles-Pires até a foz, na cidade de Santarém, Estado do Pará (Figura 32).
Comentários: Comumente identificada como Squaliforma emarginata. Os exemplares
considerados “não tipo”, correspondente ao morfotipo de Teles-Pires, alto rio Tapajós,
neste estudo apresentam um padrão de coloração um pouco distinto, porém, não foi
possível diferenciá-los de Squaliforma sp. n. “Tapajós” através dos dados morfométricos e
merísticos.
107
Figura 31: Holótipo de Squaliforma sp. n. “Tapajós”, INPA 7117, 174,32 mm CP, Rio Cupari,
Itaituba, Pará, Brasil, em vista lateral, dorsal e ventral. Foto: Renildo de Oliveira.
108
Figura 32: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de Squaliforma sp. n.
“Tapajós”. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um ou mais exemplares. A
estrela em amarelo representa a localidade-tipo.
Tabela 9: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma sp. n.
“Tapajós”
Medidas Holótipo N Amp. de variação
(min – máx) Média
Desvio
Padrão
Comprimento padrão (mm) 174,32 124 27,4-235,5 --- ---
Porcentagens do comprimento padrão (mm)
Comprimento da cabeça 29,6 124 28,3-39,8 32,3 2,2
Comprimento pré-dorsal 35,4 124 34,1-46,5 38,1 2,1
Comprimento do focinho 18,6 124 16,7-23,7 19,3 1,0
Largura Cleitral 25,4 124 24,9-33,5 27,4 1,6
Comprimento da base da nadadeira dorsal 22,0 124 18,8-27,7 22,1 1,4
Comprimento interdorsal 25,0 124 13,6-32,8 23,3 2,6
Comprimento do pedúnculo caudal 35,4 124 30,2-43,7 34,3 1,8
Altura do pedúnculo caudal 7,7 124 6,8-9,5 7,8 0,4
Comprimento do espinho da dorsal 31,5 124 19,3-40,9 29,5 2,9
109
Comprimento do espinho da peitoral 23,7 124 23,1-34,3 27,1 1,8
Comprimento do espinho da pélvica 20,9 124 17,5-28,8 22,4 1,6
Comprimento torácico 24,1 124 19,6-30,2 23,3 1,6
Comprimento abdominal 10,8 124 18,5-26,0 10,6 1,0
Comprimento do raio indiviso do lobo superior
da nadadeira caudal 26,7 124 11,1-47,1 28,5 7,8
Comprimento do raio indiviso do lobo inferior
da nadadeira caudal 33,4 124 19,7-49,9 35,1 7,4
Porcentagens do comprimento da cabeça (mm)
Altura da cabeça 53,2 124 32,3-57,0 49,0 4,3
Largura Cleitral 85,8 124 72,5-94,7 84,7 2,6
Comprimento do focinho 62,7 124 47,3-65,4 60,0 3,1
Diâmetro orbital 16,6 124 15,3-27,4 19,9 3,0
Distância interorbital 37,4 124 28,4-41,9 35,9 2,0
Comprimento interdorsal 84,6 124 36,5-98,6 72,8 11,3
Comprimento do pré-maxilar 13,9 124 11,2-18,5 14,5 1,3
Comprimento do dentário 13,2 124 10,2-17,2 13,7 1,4
Largura do lábio 43,5 124 38,4-61,4 46,0 3,8
Comprimento do lábio posterior 13,1 124 10,3-44,6 15,1 3,3
Comprimento do barbilhão 13,3 124 6,5-22,3 11,7 2,3
Merístico Moda
Placas da lateral do corpo 28 124 28-28 28 0,0
Placas que margeiam a supraoccipital 2 124 2-5 3 0,7
Placas entre a dorsal e adiposa 10 124 6-10 9 0,7
Placas da base da dorsal 7 124 7-8 7 0,5
Dentes do pré-maxilar 42 124 17-68 32 9,9
Dentes do dentário 43 124 19-59 32 9,1
Raios da nadadeira dorsal I + 7
Raios da nadadeira peitoral I + 6
Raios da nadadeira pélvica I + 5
Raios da nadadeira anal I + 4
Raios da nadadeira caudal I + 14 + I
110
Squaliforma sp. n. “Tocantins”
Figura 33, Tabela 10
Material examinado:
Holótipo: INPA 36635, 248,5 mm CP, Rio Itacaiúnas (jusante do igarapé do Salobo),
Drenagem rio Tocantins, Parauapebas, Pará, Brasil, 05° 50’ 37.28’’S 050° 26’ 38.39’’W.
Grupo Ecologia Aquática-UFPA. 01 de dezembro de 2007.
Parátipos: Brasil: Goiás: MZUSP 89491 (3) 40,5-168,5 mm CP, Rio Palmital, tributário
do rio Crixás, Drenagem Araguaia, na localidade de Novo Mundo, sob ponte na GO 156,
13º 46’ 28’’S 050º 16’ 00’’W. Mato Grosso: MZUSP 52308 (1) 212,5 mm CP, Rio
Araguaia, Drenagem Tocantins. MZUSP 52327 (1) 197,5 mm CP, Rio Araguaia,
Drenagem Tocantins, Bandeirantes. MZUSP 52342 (1) 228,5 mm CP, Rio Araguaia,
Araguaiana, 15° 43’ 18.91’’S 051° 48’ 11.33’’W. MZUSP 52357 (3) 144,8-228,5 mm CP,
Praia entre Bandeirantes e Luis Alves. MZUSP 54193 (1) 215,0 mm CP, Rio Araguaia,
próximo à boca do rio Cristalino. MZUSP 54285 (2) 220,0-302,0 mm CP, Rio Araguaia,
remanso entre Araguaiana e Itacaiu. MZUSP 54294 (2) 132,46-152,28 mm CP, Rio
Araguaia, São Félix do Araguaia (1997), 11° 39’ 51.80’’S 050° 39’ 34.81’’W. MZUSP
54539 (1) 112,4 mm CP, Rio Araguaia, Drenagem Tocantins, (1998). MZUSP 60406 (3)
167,0-201,5 mm CP, Rio Araguaia, Ouro Fino, 30 km a jusante de Barra do Garças, 15°
51’ 59.56’’S 051° 59’ 36.18’’W. MZUSP 62790 (2) 208,5-233,5 mm CP, Rio das Mortes em
Tapitariguara, à jusante de Nova Xavantina, 14° 30’ 14.65’’S 051° 51’ 40.23’’W. MZUSP
63014 (2) 204-222,5 mm CP, Rio Araguaia, Pontal (perto da foz do rio das Mortes), São
Félix do Araguaia, 11° 45’ 40.59’’S 050° 43’ 42.12’’W. Pará: INPA 5627 (6) 142,1-241,5
mm CP, Rio Tocantins, Mercado de Tucuruí. INPA 6134 (1) 157,2 mm CP, Rio Tocantins,
111
Mercado, Tucuruí, Equipe Ictiologia do INPA, 30/06/1982. INPA 6135 (2) 140,0-188,9 mm
CP, Rio Tocantins, Itupiranga, 05° 09’ 18.00’’S 049° 19’ 9.75’’W, Equipe Ictiologia do
INPA, 04/07/1980. INPA 6157 (9) 42,2-217,5 mm CP, Rio Tocantins, a jusante da
Represa, 03° 50’ 16.19’’S 049° 37’ 28.36’’W, Equipe Ictiologia do INPA, 31/08/1984. INPA
6174 (6) 158,9-340,4 mm CP, Rio Tocantins, Icangui, Equipe Ictiologia-INPA, 26/11/1980.
INPA 6175 (3) 70,8-155,7 mm CP, Rio Tocantins, Jatobal, Equipe Ictiologia do INPA,
17/07/1981. INPA 6177 (2) 191,2-193,6 mm CP, Rio Tocantins (baixo Tocantins), Equipe
Ictiologia do INPA, 31/05/1980. INPA 6220 (3) 173,6-340,8 mm CP, Rio Tocantins, Jatobal,
04° 29’ 57.66’’S 049° 27’ 57.52’’W, Equipe Ictiologia do INPA, 31/10/1980. INPA 31860
(13) 109,9- 327,5 mm CP, Rio Tocantins, Icangui, baião, M. Jegú, 28/06/1980. INPA 36635
(2) 207,5-248,5 mm CP, Rio Tocantins, Rio Itacaiúnas, (jusante igarapé Salobo),
Parauapebas, 05° 50’ 37.28’’S 050° 26’ 38.39’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA,
01/12/2007. INPA 36636 (1) 361,5 mm CP, Rio Tocantins, Rio Itacaiúnas, (jusante
iagarapé Salobo), Parauapebas, 05° 50’ 31.80’’S 050° 26’ 34.72’’W, Grupo Ecologia
Aquática-UFPA, 01/12/2007. INPA 36642 (1) 196,5 mm CP, Rio Tocantins, Rio Itacaiúnas,
(jusante igarapé Salobo), Parauapebas, 05° 50’ 32’’S 050° 26’ 39’’W, Grupo Ecologia
Aquática-UFPA, 18/12/2010. INPA 36643 (1) 209,5 mm CP, Rio Caeteté, Drenagem rio
Tocantins, encontro igarapé Águas Claras com Rio Caeteté, Ourilândia do Norte, 06° 33’
24.93’’S 051° 02’ 36.64’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA, 20/08/2010. INPA 36651 (1)
228,5 mm CP, Rio Tocantins, Rio Caeteté, Ourilândia do Norte, 06° 31’ 50.29’’S 051° 03’
29.87’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA, 28/11/2010. MPEG 16444 (2) 80,2-77,7 mm
CP, Rio Itacaiúnas, Bacia Tocantins, 5o 25’ 24,4’’S 49o 12’ 0,7’’W. MPEG 20492 (1) 143,1
mm CP, Rio Sororó, Ponte 38, Marabá, 05° 26’ 31.72’’S 049° 08’ 12.05’’W. MPEG 20493
112
(2) 96,0-146,1 mm CP, Rio Vermelho, Marabá, 05° 34’ 18.62’’S 049° 14’ 41.37’’W. MZUSP
24086 (3) 126,7- 227,0 mm CP, Rio Tocantins, Lago as margens do igarapé Espírito
Santo, entre Baião e Tucuruí, Expedição Permanente à Amazônia. MZUSP 24170 (1) 81,2
mm CP, Rio Tocantins, Lagoa perto do canal do Capitariquara, próximo a Jatobal, 04º 34’
00’’S 049º 39’ 00’’W. MZUSP 34556 (6) 43,7-168,5 mm CP, Rio Itacaiúnas, Caldeirão
(poço de pedral) Drenagem Tocantins. MZUSP 105496 (1) 140,9 mm CP, Rio Tapirape,
Marabá, 05º 36’ 47’’S 050º 26’ 42’’W. MZUSP 106540 (1) 204,0 mm CP, Rio Parauapebas,
Drenagem Tocantins, Canaã dos Carajás, 06º 09’ 53’’S 49º 54’ 33’’W, Loeb & Varella,
23/06/2010. MZUSP 106535 (1) 70,5 mm CP, Rio Parauapebas em corredeira a jusante
do Poço do Jau, Drenagem Tocantins, Canaã dos Carajás, 06º 23’ 15’’S 50º 02’ 03’’W.
Tocantins: INPA 4601 (4) 115,3-209,5 mm CP, Rio Tocantins, a jusante da Represa de
Tucuruí, após fechamento, 03 °54’ 26.34’’S 049° 38’ 25.97’’W, G.M. Santos, 01/10/1984.
INPA 4743 (1) 130,6 mm CP, Rio Tocantins, Poço do Paulo, Equipe Ictiologia do INPA,
26/06/1980. INPA 4745 (1) 187,8 mm CP, Rio Tocantins, Icangui, Equipe Ictiologia do
INPA, 01/06/1980. INPA 21481 (2) 125,1-136,2 mm CP, Rio Araguaia, Caseara, Porto da
Balsa, 09° 13’ 56.67’’S 049° 57’ 54.12’’W, CANTÃO, 21/05/2000. INPA 29906 (2) 97,5-
164,9 mm CP, Rio Tocantins, Montante de Tucuruí, 04° 49’ 59.08’’S 049° 26’ 6.52’’W,
G.M. Santos e B. Merona, 26/10/1984. MZUSP 89945 (1) 109,8 mm CP, Rio Manuel Alves
da Natividade em frente a cidade de Porto Alegre, Drenagem Tocantins, 11º 36’ 41’’S 047º
02’ 39’’W.
Diagnose: Squaliforma sp. n. “Tocantins” distingue-se de seus congêneres, exceto de S.
horrida e S. sp. n. “Roraima” pelo maior número de placas que margeiam o supraoccipital
(5 vs. 2 placas em S. annae, S. sp. n. “Aripuanã” e S. sp. n. “Xingu”; 3 placas em S.
113
emarginata, S. squalina e S. sp. n. “Tapajós”). Squaliforma sp. n. “Tocantins” difere de S.
annae pela ausência da fileira de placas largas nas laterais do abdômen (vs. presença) e
pelo menor comprimento interdorsal (75,4-84,6 vs. 86,2-101,4 do CCA).
Descrição: Dados morfométricos na Tabela 10. Espécie de médio porte, sendo uma das
maiores espécies do gênero; maior exemplar examinado com 360 mm CP. Corpo longo e
moderadamente deprimido em vista lateral; corpo arredondado em vista transversal. Perfil
dorsal convexo da extremidade do focinho até origem da nadadeira caudal. Perfil ventral
reto desde extremidade do focinho até origem da nadadeira caudal. Perfil dorsal e ventral
do pedúnculo caudal reto. Corpo sem carenas. Presença de quilha na 4ª fileira de placas
da série lateral que se estende do opérculo até base da nadadeira caudal. Corpo mais
largo anteriormente à inserção das nadadeiras peitorais. Região torácica e abdominal
coberta por pequenas placas de tamanho uniforme. Presença de placa localizada
anteriormente à nadadeira anal. Três placas pré-dorsais, primeira mais larga que demais.
Sete placas na base da nadadeira dorsal.Nove placas entre nadadeira dorsal e adiposa.
Linha lateral com 28 placas localizadas na 4ª fileira da série lateral.
Cabeça curta, deprimida e triangular em vista dorsal. Ponta do focinho levemente
arredondada com pequenos odontódios na extremidade. Parte superior da cabeça
completamente coberta por placas. Órbita sem elevação margeada por pequenos
odontódios, região interorbital plana. Olhos moderamente grandes. Barbilhões maxilares
longos, atingindo a linha da extremidade do lábio inferior. Papila bucal grande, redonda e
com extremidade coberta por papilas pequenas. Supraoccipital bastante elevado, obtuso,
limitado posteriormente por cinco pequenas placas de forma irregular, dispostas em
114
cacho. Boca ampla; lábio superior arredondado em vista ventral com franjas na
extremidade. Lábio inferior arredondado e coberto por papilas redondas espaçadas entre
si, decrescendo de tamanho desde a parte interna até a extremidade do lábio.
Dentes curtos, forma de Z (em vista lateral, lado esquerdo), com uma base larga, de
espessura curva para trás e coberto pelo epitélio da mandíbula, com eixo fino, côncavo e
mediano com a haste superior mais espessa; coroa bicuspidada, sendo a cúspide interna
com a extremidade arredondada de tamanho duas vezes maior do que cúspide externa
que possui a extremidade pontiaguda. Dentes hialinos nos eixos inferior, mediano e
superior e coroa de cor amarela. Nos machos em período de reprodução, cúspide interna
torna-se mais alongada, chegando a medir três vezes o tamanho da cúspide externa. Pré-
maxila com 20-50 dentes (moda = 27, n = 102) e dentário 22-49 dentes (moda = 24, n =
102).
Origem da nadadeira dorsal na altura do ponto médio da nadadeira peitoral; dorsal
com II,7 raios, raios ramificados de tamanho decrescente. Último raio ramificado de
tamanho 50% menor que espinho da nadadeira dorsal. Espinho da nadadeira dorsal,
côncavo posteriormente e mais longo que raios ramificados. Cada raio ramificado da
dorsal divide-se ainda em mais dois pequenos e finos raios ramificados. Nadadeira peitoral
com I,6 raios atingindo inserção da nadadeira pélvica e raios ramificados decrescendo de
tamanho. Espinho da nadadeira peitoral achatado dorso-ventralmente com extremidade
arredondada. Nadadeira pélvica com i,5 raios, atingindo a inserção da nadadeira anal e
inserida na da metade da nadadeira dorsal. Primeiro raio da pélvica de seção arredondada
com extremidade mais fina do que a base. Nadadeira anal com i,4 raios. Primeiro raio da
anal reto de tamanho similar aos raios ramificados. Nadadeira caudal furcada com i,14,i
115
raios. Raio indiviso do lobo inferior um pouco mais longo que superior. Todos os raios não
ramificados e ramificados com pequenos odontódios. Cinco raios procurrentes na região
superior e cinco raios na região inferior do pedúnculo caudal.
Coloração em álcool: Cabeça e corpo com fundo marrom claro densamente coberto com
manchas escuras, pequenas e ligeiramente alongadas, conspícuas. Superfície ventral do
focinho sem manchas. Nadadeiras dorsal, peitoral, pélvica, anal e caudal com manchas
nas membranas interradiais. Espinho da nadadeira dorsal com 12-13 manchas, demais
raios com 10-11 manchas dispostas nos dois lados de cada raio. Manchas das nadadeiras
peitoral e pélvica formando pequenas faixas transversais desde a inserção até
extremidade distal. Espinho da nadadeira peitoral com faixa de manchas. Presença de
manchas escuras em todas as placas da série lateral, exceto na 5ª fileira. Face dorsal do
lábio superior com manchas escuras redondas. Espinho do lobo superior e inferior da
nadadeira caudal com manchas escuras. Manchas nos raios ramificados da nadadeira
caudal dispostas em fileiras transversais.
Nota ecológica: Squaliforma sp. n. “Tocantins” é bastante abundante nos rios da bacia
Amazônica, sendo facilmente encontrado na margem de rios e lagos e também em áreas
de praia. Espécie sedentária com desova total na enchente e primeira maturação sexual
com cerca de 350 mm de CP. Alimentam-se de detritos e microrganismos associados
(Santos et al., 2004).
Distribuição geográfica: rio Tocantins, rio Araguaia e seus tributários, Estado de Goiás,
Mato Grosso, Pará e Tocantins, Brasil (Figura 34).
116
Comentários: Squaliforma sp. n. “Tocantins” é simpátrica com S. annae, da qual difere
pelas manchas menores e mais alongado e ausência de fileiras laterais de placas largas
no abdome. É a segunda espécie de Squaliforma de maior porte, chegando a medir 360
mm de CP.
Figura 33: Holótipo de Squaliforma sp. n. “Tocantins”, INPA 36635, 248,5 mm CP, Rio Itacaiúnas,
Drenagem rio Tocantins, Parauapebas, Pará, Brasil, em vista lateral, dorsal e ventral. Foto:
Renildo de Oliveira.
117
Figura 34: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de Squaliforma sp. n.
“Tocantins”. Cada ponto em vermelho representa um lote que pode conter um ou mais
exemplares. A estrela em amarelo representa a localidade-tipo.
Tabela 10: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma sp. n.
“Tocantins”
Medidas Holótipo N Amp. de variação
(min – máx) Média
Desvio
Padrão
Comprimento padrão (mm) 248,5 102 40,5-361,5 --- ---
Porcentagens do comprimento padrão
(mm)
Comprimento da cabeça 27,3 102 25,7-39,1 30,2 2,3
Comprimento pré-dorsal 34,1 102 15,5-43,1 36,6 2,9
Comprimento do focinho 16,9 102 14,9-21,5 18,1 1,2
Largura Cleitral 24,0 102 22,5-30,1 26,0 2,6
Comprimento da base da nadadeira dorsal 22,7 102 19,4-24,1 21,9 0,9
Comprimento interdorsal 26,1 102 20,4-29,2 25,3 1,7
Comprimento do pedúnculo caudal 36,4 102 30,6-38,9 35,3 1,5
Altura do pedúnculo caudal 6,5 102 5,7-8,0 7,0 0,5
Comprimento do espinho da dorsal 25,9 96 19,3-30,1 25,3 2,5
118
Comprimento do espinho da peitoral 22,9 102 18,8-31,0 24,7 2,0
Comprimento do espinho da pélvica 17,6 102 15,0-24,8 20,0 1,8
Comprimento torácico 24,3 102 18,9-26,8 23,0 1,5
Comprimento abdominal 20,6 102 12,0-23,0 20,1 1,2
Comprimento do raio indiviso do lobo
superior da nadadeira caudal 24,0 90 17,3-37,5 26,9 4,3
Comprimento do raio indiviso do lobo
inferior da nadadeira caudal 35,4 85 21,2-43,2 33,0 5,0
Porcentagens do comprimento da cabeça (mm)
Altura da cabeça 56,0 102 39,1-81,7 53,4 4,5
Largura Cleitral 87,9 102 69,7-92,4 86,1 3,0
Comprimento do focinho 61,7 102 49,9-64,9 60,0 3,0
Diâmetro orbital 16,0 102 12,5-27,0 17,5 2,5
Distância interorbital 38,3 102 31,9-42,9 38,5 1,6
Comprimento interdorsal 95,4 102 58,1-105,3 84,6 10,6
Comprimento do pré-maxilar 11,7 102 9,9-16,2 12,0 1,3
Comprimento do dentário 11,6 101 7,3-15,7 10,9 1,4
Largura do lábio 38,1 102 10,3-50,0 39,6 4,3
Comprimento do lábio posterior 14,2 102 8,0-30,7 13,9 2,6
Comprimento do barbilhão 15,1 100 7,6-23,3 13,1 2,5
Merísticos
Placas da lateral do corpo 29 102 28-30 29 0,4
Placas que margeiam a supraoccipital 5 102 2-6 5 1,3
Placas entre a dorsal e adiposa 9 102 8-10 8 0,6
Placas da base da dorsal 7 102 7-8 7 0,5
Dentes do pré-maxilar 28 102 18-50 27 6,9
Dentes do dentário 29 102 19-49 24 6,4
Raios da nadadeira dorsal I + 7
Raios da nadadeira peitoral I + 6
Raios da nadadeira pélvica I + 5
Raios da nadadeira anal I + 4
Raios da nadadeira caudal I + 14 + I
119
Squaliforma sp. n. “Xingu”
Figura 35, Tabela 11
Material examinado:
Holótipo: INPA 30823, 175,5 mm CP, Rio Irirí, Ilha Curapé, Drenagem rio Xingu, Altamira,
Pará, Brasil, 04° 06’ 53’’S 053° 22’ 28’’W, H. López-Fernandez. 17 de agosto de 2008.
Parátipos: Brasil: Mato Grosso: MZUSP 87045 (9) 58,86- 203,5 mm CP, afluente Rio
Xingu, Porto do Vitório. Drenagem Xingu, Gaúcha do Norte. MZUSP 89734 (1) 200,3 mm
CP, Rio Culuene, entre cachoeira até Ribeirão Corgão, 13º 49’ 00’’S 053º 15’ 00’’W.
MZUSP 91972 (3) 71,38-102,23 mm CP, Rio Culuene, na futura área da PCH Paranatinga
II, Drenagem Xingu, 13º 49’ 00’’S 053º 15’ 00’’W, Birindelli, Sousa & Akama, 21/08/2006.
MZUZP 94219 (3) 109,1-146,29 mm CP, Rio Culuene, corredeira, Campinápolis, 13º 49’
00’’S 053º 15’ 00’’W. Pará: INPA 3945 (1) 201,5 mm CP, Rio Xingu, Furo do Tucum Seco,
próximo a localidade Arroz Cru, Altamira, 03° 12’ 43’’S 052° 12’ 12’’W, Rapp Py-Daniel L.
e Zuanon, J.A.S., 01/10/1990. INPA 30823 (3) 63,93-175,5 mm CP, Rio Xingu, Ilha
Curapé, Rio Iriri, Altamira, 04° 06’ 53’’S 053° 22’ 28’’W, López-Fernandez et al,
17/08/2008. INPA 30890 (1) 193,5 mm CP, Boca do Irirí, Rio Irirí na confluência com o Rio
Xingu, Altamira, 03° 48’ 54’’S 052° 37’ 09’’W, López-Fernandez et al., 15/08/2008. INPA
31018 (2) 145,08-152,58 mm CP, Cachoeira do Espelho, Bacia Rio Xingu, Altamira, 03°
39’ 05’’S 052° 22’ 43’’W, López-Fernandez et al., 24/08/2008. INPA 31070 (1) 160,2 mm
CP, Rio Novo, Boca do Rio Novo, Bacia Rio Xingu, Altamira, 04° 28’ 15’’S 053° 40’ 06’’W,
López-Fernandez et al., 20/08/2008. INPA 31093 (1) 141,82 mm CP, Rio Xingu, Rio Iriri,
Canal paralelo a Cachoeira Grande do Iriri, Altamira, 03° 51’ 34’’S 052° 41’ 25’’W, López-
Fernandez et al, 23/08/2008. INPA 31442 (3) 75,2-98,2 mm CP, Rio Xingu, Comunidade
120
do Maia, Ponto do Aba Laranja, 03° 31’ 42’’S 051° 45’ 02’’W, l. Rapp Py-Daniel et al.,
09/11/2008. INPA 36648 (1) 160,46 mm CP, Rio Xingú, Rio Bacajá, Altamira, 06° 31’ 49’’S
051° 03’ 31’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA, 24/10/2010. INPA 36649 (1) 171,94 mm
CP, Rio Xingú, Rio Bacajá, Altamira, 06° 31’ 49’’S 051° 03’ 31’’W, Grupo Ecologia
Aquática-UFPA, 25/10/2010. INPA 36652 (4) 217,5-258,5 mm CP, Rio Xingú, Rio Bacajá,
Altamira, 05° 21’ 08’’S 051° 23’ 26’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA, 21/01/2011. INPA
36653 (2) 212,5-213,5 mm CP, Rio Xingú, Rio Bacajá, Altamira, 05° 21’ 08’’S 051° 23’
26’’W, Grupo Ecologia Aquática-UFPA, 21/01/2011. INPA 36654 (5) 185,55- 228,5 mm
CP, Rio Xingú, Rio Bacajá, Altamira, 05° 21’ 08’’S 051° 23’ 26’’W, Grupo Ecologia
Aquática-UFPA, 21/01/2011. MZUSP 36867 (6) 150,04-335 mm CP, Rio Xingu, Cachoeira
do Espelho, Altamira. MZUSP 107265 (1) 71,78 mm CP, Rio Xingu, Boa Esperança,
Altamira, 03º 33’ 44’’S 052º 20’ 59’’W.
Diagnose: Squaliforma sp. n. “Xingu” distingui-se de todos suas congêneres por
apresentar o lobo inferior da nadadeira caudal totalmente de cor escura e lobo superior de
cor vermelha ausente de manchas escuras. Distingue-se de todas as suas congêneres,
exceto de S. annae e S. phrixosoma pelo menor número de placas que margeiam o
supraoccipital (2 placas vs. 3 placas para S. emarginata, S. squalina e S. sp. n. “Tapajós”;
5 placas para S. horrida, S. sp. n. “Roraima” e S. “Tocantins”). Squaliforma sp. n. “Xingu”
difere de todas as suas congêneres, exceto de S. sp. n. “Aripuanã” pela ausência de
manchas no lobo superior da nadadeira caudal (vs. presença de manchas). Squaliforma
sp. n. “Xingu” distingue-se de suas congêneres, exceto de S. sp. n. “Roraima” e S. sp. n.
“Tapajós” pela menor altura da cabeça (48,4-52,1 vs. 52,8-57,6).
121
Descrição: Dados morfométricos na Tabela 11. Espécie de médio porte, maior exemplar
examinado com 335 mm CP. Corpo longo e moderadamente deprimido em vista lateral;
corpo arredondado em vista transversal. Perfil dorsal convexo da extremidade do focinho
até origem da nadadeira caudal. Perfil ventral reto desde extremidade do focinho até
origem da nadadeira caudal. Perfil dorsal e ventral do pedúnculo caudal reto. Corpo sem
carenas. Presença de quilha na 4ª fileira de placas da série lateral que se estende do
opérculo até base da nadadeira caudal. Corpo mais largo anteriormente às nadadeiras
peitorais. Região torácica e abdominal coberta por pequenas placas de tamanho uniforme.
Presença de placa localizada anteriormente à nadadeira anal. Três placas pré-dorsais,
primeira mais larga que demais. Sete placas na base da nadadeira dorsal. Nove placas
entre nadadeira dorsal e adiposa. Linha lateral com 28 placas localizadas na 4ª fileira da
série lateral.
Cabeça curta, deprimida e triangular em vista dorsal. Ponta do focinho levemente
arredondada com pequenos odontódios na extremidade. Parte superior da cabeça
completamente coberta por placas. Órbita sem elevação margeada por pequenos
odontódios, região interorbital plana. Barbilhões maxilares longos, atingindo linha da
extremidade do lábio inferior. Papila bucal grande, redonda e com extremidade coberta por
pequenas papilas. Supraoccipital bastante elevado, obtuso, e limitado posteriormente por
cinco pequenas placas de formato irregular, dispostas em “cacho de uva”. Boca ampla;
lábio superior arredondado em vista ventral com franjas carnosas na extremidade. Lábio
inferior arredondado e coberto por papilas redondas espaçadas entre si, decrescendo de
tamanho desde a parte interna até a extremidade do lábio.
122
Dentes curtos, forma de Z (em vista lateral, lado esquerdo), compostos por uma
base larga, de espessura curva para trás e coberto pelo epitélio da mandíbula, com eixo
fino, côncavo e com a haste superior mais espessa; coroa bicuspidada, sendo a cúspide
interna com a extremidade arredondada de tamanho duas vezes maior do que cúspide
externa, que possui a extremidade pontiaguda. Dentes hialinos nos eixos inferior, mediano
e superior e coroa de cor amarela. Nos machos em período de reprodução, cúspide
interna torna-se mais alongada que o normal, chegando a medir três vezes o tamanho da
cúspide externa. Pré-maxila com 22-52 dentes (moda = 34, n = 48) e dentário 23-52
dentes (moda = 38, n = 48).
Nadadeira dorsal inserida no ponto medial da nadadeira peitoral; dorsal com II,7
raios, raios ramificados de tamanho decrescente. Último raio ramificado de tamanho 50%
menor que espinho da nadadeira dorsal. Espinho da nadadeira dorsal, curvo e mais longo
que raios ramificados. Cada raio ramificado da dorsal divide-se ainda em mais dois
pequenos e finos raios ramificados. Nadadeira peitoral com I,6 raios atingindo inserção da
nadadeira pélvica e raios ramificados decrescendo de tamanho. Espinho da nadadeira
peitoral achatado dorso-ventralmente com extremidade arredondada. Nadadeira pélvica
com i,5 raios, atingindo a inserção da nadadeira anal e inserida na da metade da
nadadeira dorsal. Primeiro raio da pélvica arredondado, com extremidade mais fina.
Nadadeira anal com i,4 raios. Primeiro raio da anal reto e de tamanho similar aos raios
ramificados. Nadadeira caudal furcada com i,14,i raios. Raio indiviso do lobo inferior um
pouco mais longo que superior. Todos raios não ramificados e ramificados com pequenos
odontódios. Cinco raios procurrentes na região superior e cinco raios na região inferior do
pedúnculo caudal.
123
Coloração em álcool: Cabeça e corpo com fundo marrom claro coberto com manchas
escuras espaçadas e arredondadas. Superfície inferior do focinho sem manchas.
Nadadeiras dorsal, peitoral, pélvica e anal com manchas nas membranas interradiais
cobrindo apenas 2/3 das nadadeiras; nadadeira com borda distal hialina. Nadadeira dorsal
sem manchas no raio simples e nos raios ramificados. Nadadeira anal sem manchas.
Espinho da nadadeira peitoral com uma fileira longitudinal de manchas. Presença de
manchas em todas as placas da série lateral, exceto na 5ª fileira. Face dorsal do lábio
superior com manchas escuras redondas. Lobos superior e inferior e raios da nadadeira
caudal praticamente sem manchas. Todo o lobo inferior acinzentado, escuro, porém com o
espinho claro. Lobo superior da caudal avermelhado em vida, possível também de
observar em estado conservado em álcool 70%.
Nota ecológica: Squaliforma sp. n. “Xingu” habita o fundo do rio, abrigando-se em meio
de rochas nas correntezas e troncos de árvores submersos (Anatole et al., 2008).
Distribuição geográfica: ocorre exclusivamente no rio Xingu, Estado do Pará, Brasil
(Figura 36).
Comentários: Espécie comercializada no mercado de peixes ornamentais. Squaliforma
sp. n. “Xingu” apresenta um padrão de coloração distinto das demais espécies do gênero:
um padrão de manchas espaçadas e grandes áreas sem manchas, e o lobo inferior
escuro. Além disso, Squaliforma sp. n. “Xingu” também apresenta papila bucal mais
desenvolvida e larga que as demais espécies de Squaliforma.
124
Figura 35: Holótipo de Squaliforma sp. n. “Xingu”, INPA 30823, 175,5 mm CP, Rio Iriri, Ilha
Curapé, Drenagem rio Xingu, Altamira, Pará, Brasil, em vista lateral, dorsal e ventral. Foto: Renildo
de Oliveira.
125
Figura 36: Mapa do norte da América do Sul ilustrando os locais de coleta de Squaliforma sp. n.
“Xingu”. Cada ponto vermelho representa um lote, que pode conter um ou mais exemplares. A
estrela em amarelo representa a localidade-tipo.
Tabela 11: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma sp. n.
“Xingu”.
Medidas Holótipo N Amp. de variação
(min – máx) Média
Desvio
Padrão
Comprimento padrão (mm) 175,5 48 58,8-335,0 --- ---
Porcentagens do comprimento padrão (mm)
Comprimento da cabeça 29,8 48 26,8-34,2 30,8 1,9
Comprimento pré-dorsal 36,1 48 32,7-40,3 37,1 1,7
Comprimento do focinho 18,0 48 17,3-21,3 18,9 0,9
Largura Cleitral 26,3 48 24,0-30,2 26,9 1,2
Comprimento da base da nadadeira dorsal 22,3 48 20,7-23,4 22,2 0,7
Comprimento interdorsal 24,2 48 21,2-28,4 25,0 1,8
Comprimento do pedúnculo caudal 34,7 48 23,9-56,1 35,3 3,7
Altura do pedúnculo caudal 7,6 48 6,8-8,5 7,6 0,4
Comprimento do espinho da dorsal 29,1 48 22,4-31,8 27,3 2,4
Comprimento do espinho da peitoral 27,7 48 22,3-29,9 25,9 1,7
126
Comprimento do espinho da pélvica 21,7 48 18,3-23,3 20,8 1,4
Comprimento torácico 21,6 48 20,0-26,7 23,5 1,6
Comprimento abdominal 21,1 48 17,7-21,8 20,0 0,8
Comprimento do raio indiviso do lobo
superior da nadadeira caudal 38,3 47 16,8-40,6 30,3 5,2
Comprimento do raio indiviso do lobo
inferior da nadadeira caudal 44,1 47 29,3-48,0 37,5 4,5
Porcentagens do comprimento da cabeça (mm)
Altura da cabeça 51,8 48 43,3-57,8 51,4 3,8
Largura Cleitral 88,1 48 81,9-98,5 87,4 3,1
Comprimento do focinho 60,5 48 56,1-64-3 61,5 2,0
Diâmetro orbital 17,5 48 14,2-25,3 18,7 2,5
Distância interorbital 39,8 48 35,4-42,1 38,0 1,5
Comprimento interdorsal 81,3 48 62,6-105,6 81,8 10,1
Comprimento do pré-maxilar 12,8 48 11,0-17,1 13,2 1,2
Comprimento do dentário 11,9 47 10,6-16,3 12,7 1,3
Largura do lábio 46,3 48 36,6-52,2 43,6 4,1
Comprimento do lábio posterior 16,2 48 9,6-19,6 14,7 2,2
Comprimento do barbilhão 13,2 48 7,7-17,0 11,9 2,2
Merísticos Moda
Placas da lateral do corpo 29 48 28-29 29 0,3
Placas que margeiam a supraoccipital 2 48 2-3 2 0,4
Placas entre a dorsal e adiposa 9 48 8-10 9 0,4
Placas da base da dorsal 7 48 6-8 7 0,3
Dentes da pré-maxila 34 48 19-52 34 6,7
Dentes do dentário 34 48 17-52 38 6,5
Raios da nadadeira dorsal I + 7
Raios da nadadeira peitoral I + 6
Raios da nadadeira pélvica I + 5
Raios da nadadeira anal I + 4
Raios da nadadeira caudal I + 14 + I
127
4.4. Chave de identificação
1’. Abdômen com uma fileira de placas mais largas entre a inserção das nadadeiras
peirtoral e pélvica (Figura 4); 10 placas entre dorsal e adiposa...........Squaliforma annae
1’’. Todas as placas do abdômen de tamanho similar; 8 a 9 placas entre dorsal e
adiposa..............................................................................................................................2
2’. Lobos inferior e superior da caudal de mesma cor.......................................................3
2’’. Lobo inferior da caudal de coloração distinta do lobo superior....................................6
3’. 5 placas limitando o supraoccipital..................................................Squaliforma horrida
3’’. 2-3 placas limitando o supraoccipital...........................................................................4
4’. Manchas escuras do corpo alongadas, formando vermiculações na
cabeça...........................................................................................Squaliforma emarginata
4’’. Manchas do corpo, pequenas, arredondadas e disjuntas...............................................5
5’. Presença de odontódios em todo o corpo...................................Squaliforma phrixosoma
5’’. Ausência de odontódios em todo o corpo........................................Squaliforma squalina
6’. Lobo inferior avermelhado...............................................Squaliforma sp. n. “Aripuanã”
6’’. Lobo inferior preto ou acinzentado..............................................................................7
7’. Ausência de placa pré-anal...............................................Squaliforma sp. n. “Tapajós”
7’’. Presença de placa pré-anal (Figura 4)........................................................................8
128
8’. Nadadeira caudal sem manchas arredondadas, 4ª fileira de placas do corpo sem
manchas....................................................................................Squaliforma sp. n. “Xingu”
8’’. Nadadeira caudal com manchas, 4ª fileira de placas do corpo com manchas ...........9
9’. Barbilhão curto, não ultrapassando o lábio inferior (Figura 5a); largura cleitral 76-83%
do comprimento da cabeça...................................................Squaliforma sp. n. “Roraima”
9’’. Barbilhão longo, ultrapassando o lábio inferior (Figura 5b); largura cleitral 84-89% do
comprimento da cabeça......................................................Squaliforma sp. n. “Tocantins”
129
5. DISCUSSÃO
Armbruster (2004) evidenciou em um cladograma que o grupo de espécies
próximas a Hypostomus emarginatus é monofilético, tendo Isorineloricaria spinosissima
como táxon mais basal. De todas as espécies do grupo, I. spinosissima é a única espécie
que não ocorre na bacia Amazônica, ocorrendo apenas nos tributários do Equador, a
oeste do Andes (Isbrücker, 1980). Tanto Squaliforma quanto Aphanotorolus são
amplamente distribuídas nas áreas de várzea do Sistema Solimões-Amazonas, e
Aphanotorolus unicolor é simpátrica com Squaliforma emarginata no rio Madeira (Rapp
Py-Daniel et al., 2007).
É necessário que se realize um trabalho mais amplo e detalhado acerca de
características mais consistentes para o gênero Squaliforma, principalmente na análise
osteológica em comparação com os gêneros Aphanotorulus, Hypostomus e
Isorineloricaria. Análises preliminares demonstraram existir um número diferenciado de
vértebras entre Squaliforma (31-33), Hypostomus (29-30) e Aphanotorulus (28-29).
Porém, não foi possível examinar essa característica de forma mais ampla ao longo de
todo o grupo, assim como em exemplares de I. spinosissima. É imprescindível também
analisar uma maior quantidade de material depositado em coleções ictiológicas e museus.
Através disso é necessário realizar uma análise filogenética mais aprofundada.
130
5.1. Sobre as novas espécies de Squaliforma
As espécies novas identificadas neste estudo apresentam morfometria do corpo
muito similar; entretanto, algumas proporções corporais e principalmente o padrão de
coloração foram os caracteres diagnósticos para as espécies.
Através da Análise de Variáveis Canônicas (AVC) foi possível visualizar o
agrupamento das espécies novas separado-as de acordo com suas características
morfométricas (Figura 7-10). Os maiores exemplares examinados pertenciam a
Squaliforma sp n. “Tocantins”, com aproximadamente 360,0 mm de comprimento padrão,
e Squaliforma emarginata, que atinge cerca de 470,0 mm de CP. A menor espécie foi
Squaliforma sp n. “Aripuanã” com aproximadamente 225,0 mm de CP, maior dos
exemplares analisados. Pode-se considerar que esta espécie possui o menor porte dentre
as espécies de Squaliforma da bacia Amazônica.
Squaliforma sp. n. “Aripuanã” é distinta das demais espécies pelo colorido em tom
vermelho no lobo inferior da nadadeira caudal. Atualmente, a localidade-tipo da nova
espécie está sendo estudada para a implantação de uma futura UHE. Recentemente foi
realizado um inventário ictiológico e na lista de espécies consta Squaliforma emarginata,
porém, acredita-se que seja exemplares de Squaliforma sp. n. “Aripuanã”, visto que
naquela localidade não houve ocorrências até o presente momento de Squaliforma
emarginata.
Inicialmente, especulávamos sobre a possibilidade de Squaliforma sp. n. “Roraima”
ser um morfotipo de Squaliforma squalina. No entanto, notou-se que exemplares de
131
Squaliforma sp. n. “Roraima” possuem o maior diâmetro orbital, além do padrão de
coloração ser totalmente distinto.
Squaliforma sp. n. “Tapajós” e Squaliforma sp. n. “Tocantins” são
morfometricamente semelhantes entre si, porém, possuem algumas características que as
distinguem, tais como: maior número de dentes e comprimento da pré-maxila e dentário,
maior altura da cabeça para Squaliforma sp. n. “Tapajós” (Figura 30). Maior comprimento
interdorsal para Squaliforma sp. n. “Tocantins”. Essas espécies também são muito
próximas à Squaliforma annae, descrita do baixo rio Amazonas.
Para o rio Xingú, foi reconhecida mais uma nova espécie, com o epíteto provisório
Squaliforma sp. n. “Xingu”. É a espécie nova com maior importância econômica, uma vez
que é explorada no comércio de peixes ornamentais (MPA, 2012). Atualmente esta
espécie está sofrendo pressão na captura, pois os pescadores locais temem o
desaparecimento da espécie ou até mesmo a sua extinção, visto que aquela área está
passando por problemas de impacto ambiental como a construção da UHE de Belo Monte,
localizada na Volta Grande do Xingú. Esta localidade é exatamente onde ocorre a nova
espécie.
5.2. Sobre a distribuição das espécies de Squaliforma na Amazônia brasileira
Squaliforma emarginata é amplamente distribuída, ocorrendo em rios de água
branca e habita ambientes de várzea que sofrem pulso de inundação anual (Junk, 2000).
Os registros dos exemplares dessa espécie foram: rio Amazonas, rio Juruá, rio Japurá, rio
Madeira, rio Purus e rio Solimões. Por outro lado, não há registros de S. emarginata para
toda a bacia do rio Negro. Amostragens naquela região são bastante expressivas, e a
132
ausência de certas espécies de peixes comuns em água branca ou trechos inferiores de
rios de águas claras no rio Negro já foi observada (Goulding et al., 1988; Lima & Ribeiro,
2011), tendo sido associada à baixa produtividade e acidez características das águas do
rio Negro.
Squaliforma squalina está distribuída no baixo e médio rio Branco. Por outro lado,
Squaliforma sp. n. “Roraima” foi registrada para o alto rio Branco e rio Tacutu. Ao longo do
rio Branco, há a Cachoeira Bem Querer, localizada no Município de Caracaraí, Estado de
Roraima que talvez constitua uma barreira geográfica para a espécie. Squaliforma
squalina e Squaliforma sp. n. “Roraima” não apresentam registros para o trecho do rio
Negro entre a foz no rio Amazonas e a cidade Barcelos, no rio Negro, apesar de ser uma
área amplamente amostrada.
Squaliforma horrida está registrada exclusivamente no rio Guaporé, um dos
formadores do rio Madeira, no Estado de Rondônia. Porém esta restrição da localidade
pode ser decorrente de uma amostragem limitada. Squaliforma sp. n. “Aripuana” está
registrada apenas para o rio Aripuanã e rio Guariba (tributário do rio Aripuanã, afluente do
rio Madeira). Apesar de ocorrerem na grande drenagem do rio Madeira, estas espécies
apresentam características bem distintas entre si.
Squaliforma annae foi descrita para a bacia do rio Guamá, em Belém, Estado do
Pará, entretanto, ocorre amplamente na bacia do rio Tocantins. Squaliforma annae e
Squaliforma sp. n. “Tocantins” são simpátricas ocorrendo nos mesmos rios (rio Tocantins,
Araguaia e seus tributários).
133
Squaliforma sp. n. “Tapajós” ocorre em toda a calha do rio, desde o rio Teles-Pires,
localizado nas cabeceiras do rio Tapajós até a confluência com o rio Amazonas, em frente
à cidade de Santarém, no Estado do Pará. Existem diversos projetos em andamento para
a construção de pelo menos 37 UHEs (Usina Hidrelétrica) e 13 PCHs (Pequena Central
Hidrelétrica), o que podem comprometer toda a ictiofauna daquele rio, dentre estas, a
espécie nova deste trabalho.
Squaliforma sp. n. “Xingu” ocorre a montante da cachoeira na Volta Grande do
Xingú. A jusante, ainda não há registros.
134
6. CONCLUSÃO
As espécies aqui estudadas pertencem ao grupo Hypostomus emarginatus sensu
Armbruster (2004) devido à presença de um longo pedúnculo caudal e principalmente pela
coloração, que consiste em pequenas manchas escuras sobre um fundo marrom claro.
O padrão de distribuição exibido pelas espécies até o presente momento
diagnosticadas para a Amazônia sugere a importância de diversas localidades, algumas
delas passando por momento de estudo de viabilização de futuras PCHs (Pequena
Central Hidrelétrica) e UHE (Usinas Hidrelétricas), o que pode comprometer de forma
irreversível a ictiofauna.
No presente trabalho é realizada uma redescrição de Squaliforma emarginata com
base no holótipo e exemplares recém coletados, o que contribuirá em futuras
identificações de exemplares que virão a ser coletados e até mesmo uma melhor
identificação de lotes depositados em diversos museus do Brasil e de outros países.
As espécies novas são bastante semelhantes entre si morfometricamente, porém
passíveis de distinção através de algumas características quantitativas e qualitativas.
Trabalhos futuros mais detalhados acerca da anatomia interna e externa, osteologia
e características moleculares poderão evidenciar novos caracteres que remetam ao
reconhecimento das espécies aqui estudadas ou até mesmo o reconhecimento de
espécies adicionais e suas relações.
135
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Anatole, H.; Bessa, J.; Rapp Py-Daniel.; de Oliveira, R.R. 2008. Expedição para
identificação e avaliação de espécies não-descritas de loricarídeos explotados com
finalidade ornamental no rio Xingú. Relatório COOPE. Altamira: PA. 29 p.
Armbruster, J.W. 2004. Phylogenetic relationships of the suckermouth armoured catfishes
(Loricariidae) with emphasis on the Hypostominae and the Ancistrinae. Zoological
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de l’Équater. [Part I]. Boll. Mus. Zool. Anat. Comp. Torino, 13 (no. 329): 1-13.
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