sub-bacias hidrogr.ficas do alto jaguaribe tau.-ce · 2016-04-19 · ii rosÂngela maria paixÃo...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA REGIONAL EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ROSÂNGELA MARIA PAIXÃO PINHEIRO
SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ALTO JAGUARIBE (TAUÁ-CE): VULNERABILIDADES ANTE A INCIDÊNCIA DE DEGRADAÇÃO /
DESERTIFICAÇÃO
FORTALEZA
2003
ii
ROSÂNGELA MARIA PAIXÃO PINHEIRO
SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ALTO JAGUARIBE (TAUÁ-CE): vulnerabilidades ante a incidência de degradação / desertificação
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Ceará como parte das exigências do Programa Regional em Desenvolvimento e Meio Ambiente, ao Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, área de concentração em Ecologia e Organização do Espaço, linha de pesquisa Análise da Paisagem, como um dos pré-requisitos para obtenção do título de Mestre.
Orientadora
Profª Drª Vládia Pinto Vidal de Oliveira
Fortaleza 2003
iii
P722 m PINHEIRO, Rosângela Maria Paixão
Sub-bacias Hidrográficas do Alto Jaguaribe Tauá-CE: vulnerabilidades ante a incidência de degradação / desertificação / Rosângela Maria Paixão Pinheiro. -- Fortaleza, 2003. 193 f.: il.
Orientadora: Vládia Pinto Vidal de Oliveira – Drª Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio) - Universidade Federal do Ceará. Bibliografia.
1. Análise da Paisagem. 2. Análise Morfométrica. 3. Bacias Hidrográficas – Semi-árido. I. Universidade Federal do Ceará. II. Título.
CDD-363.739
iv
Rosângela Maria Paixão Pinheiro
SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ALTO JAGUARIBE (TAUÁ-CE): vulnerabilidades ante a incidência de degradação / desertificação
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Ceará como parte das exigências do Programa Regional em Desenvolvimento e Meio Ambiente, ao Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, área de concentração em Ecologia e Organização do Espaço, linha de pesquisa Análise da Paisagem, como um dos pré-requisitos para obtenção do título de Mestre.
Aprovada em 02 de julho de 2003
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________ Profª Drª Vládia Pinto Vidal de Oliveira UFC
Orientadora
_____________________________________________________ Prof. Dr.Antonio Jeovah de Andrade Meireles UFC
_________________________________________________________ Prof. Dr. Marcos José Nogueira de Souza UECE
Fortaleza Ceará-Brasil
v
O trabalho de dissertação é apenas um dos caminhos na estrada do conhecimento científico-
tecnológico. Nesta estrada o pesquisador busca seus objetivos em leituras, palestras, conferências e
jornadas de campo, dedica-se na utópica caminhada para o desenvolvimento sustentável. Muitas
percepções e sentimentos rodeiam-lhe até alcançar proposições (como estes!).
Rosângela Paixão
A Estrada
Você não sabe o
Quanto eu caminhei
Pra chegar até aqui
Percorri milhas e
Milhas antes de dormir
Eu não cochilei
Os mais belos montes escalei
Nas noites escuras
De frio chorei
A vida ensina e
O tempo traz o tom
Pra nascer uma canção
Com a fé do dia-a-dia
Encontrar solução (..)
vi
À minha família.
Em especial à minha avó Otília que sempre me deu lições de vida
como as primeiras noções para viver em harmonia com a natureza através do
plantio e cuidados com as plantas no quintal de sua casa.
Aos meus pais, Julia Elena e José Mário pelo amor incondicional que
sempre me têm dedicado, colocando-se como verdadeiros anjos durante
minha trajetória pela vida e, mais uma vez, durante essa caminhada de buscar
ampliação de meus conhecimentos científicos.
Às minhas irmãs e irmãos que em várias circunstâncias me têm dado
muito incentivo e apoio. Destaco com muito carinho a irmã e amiga
Conceição, nos momentos de desabafo e apoio emocional.
vii
AGRADECIMENTOS
A Deus, por permitir-me chegar até aqui.
À Professora doutora Vládia Pinto Vidal de Oliveira, pela atenção, apoio constante
e inegável capacidade para orientar. A segurança de sua amizade nos momentos de dúvida
e incerteza, o reconhecimento nas situações de avanço e conquista fizeram com que este
esforço tivesse um resultado produtivo.
Aos professores doutores Marcos José Nogueira de Souza e Antonio Jeovah de
Andrade Meireles, pelas contribuições como participantes da banca examinadora.
À Universidade Federal do Ceará (UFC) através de todos os professores da rede
PRODEMA em Fortaleza os quais de alguma forma contribuíram para meu
amadurecimento profissional nas discussões dos questionamentos e reflexões, que
culminaram com o desenvolvimento deste trabalho, como também aos servidores dos seus
Departamentos de Geografia e Economia Agrícola.
Às instituições e pessoas que contribuíram para elaboração deste trabalho. Ao
CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), pelo
financiamento da pesquisa. Ao Programa WAVES, que contribui para o desenvolvimento
desta pesquisa, especificamente à equipe Ecologia da Paisagem, que disponibilizou infra-
estrutura para deslocamento nos trabalhos de campo e documentação cartográfica.
Ao Sr.Vicente Fialho, pela boa vontade, em nos hospedar.
Aos professores e funcionários da Escola Agrícola de Tauá, na localidade de
Cachoeirinha, pelo apoio e indicações valiosas para o desenvolvimento de trabalhos em
campo.
À Prefeitura Municipal de Tauá, pelo apoio durante a coleta de informações em
campo.
A amigos da minha cidade natal, São Luís-MA que me incentivaram com apoio
solidário. Entre eles, estão Antonilson Mendes, Wilson Tinoco, Márcio Brito, Messias
viii
Ribeiro, Luiz Carlos dos Santos, Rosalva Reis e Adelina Alves. Aos amigos e mestres
Conceição Marques de Oliveira, Lucy Rosana da Silva e Alan de Castro Leite que me
mostraram perspectivas para buscar experiências e amadurecimento profissional através do
programa de mestrado.
Aos colegas do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFC, pelo
convívio e trocas de experiências. Em especial a Raimundo Lenilde, Ana Maria Gonçalves,
Eliedir Trigueiro, Evanildo Cardoso e Gilvaniere Batista.
Aos amigos Jackson Gonçalves, Gustavo Gomide, Denilson, e Gilvaniere Batista
pelo apoio incondicional nos momentos difíceis, colocando-se como verdadeiros irmãos
em Fortaleza.
A “Vida”, pelo companheirismo e carinhos dedicados mesmo à distância. Também
pela disponibilidade em formatar figuras e quadros deste trabalho.
Por fim, com a mesma importância, agradeço a todas as pessoas que contribuíram
anonimamente para a realização deste trabalho.
ix
LISTA DE FIGURAS
01 Fluxograma Metodológico ....................................................................
52
02 Localização do Município .....................................................................
55
03 Microbacias em Estudo no Município de Tauá ..................................
57
04 Mapa Geológico do Município de Tauá ..............................................
60
05 Dobramentos Suaves no Riacho Cipó ..................................................
62
06 Rede de Drenagem do Município de Tauá ..........................................
69
07 Perfil Longitudinal do Rio Jaguaribe (Tauá /CE) ...............................
71
08 Mapa das PrincipaisAssociações de Solos (Tauá / CE) ......................
84
0 9 Mapa da Cobertura Vegetal – Sub-bacia do Riacho Cipó ..............
90
10 Mapa da Cobertura Vegetal – Sub-bacia do Riacho Carrapateiras
92
11 Mapa da Cobertura Vegetal – Sub-bacia do Riacho Trici ...............
94
12 Mapa da Cobertura Vegetal – Sub-bacia do Riacho Catumbi .........
96
x
LISTA DE QUADROS
01 Síntese Litoestatigráfica das Sub-bacias Hidrográficas ................
63
02 Temperaturas Médias Anuais ............................................................
73
03 Insolação, Evaporação, Umidade do Ar e Pluviometria – Tauá/CE
76
04 Principais Associações de Solos nas Sub-bacias Hidrográficas ...
81
05 Principais Espécies da Cobertura Vegetal – Tauá/CE ....................
87
06 População Absoluta nas Áreas de Abrangências das Sub-bacias Hidrográficas ...................................................................................................
100
07 Distribuição da População nas Áreas Rural e Urbana – Tauá/CE
101
08 Efetivo de Rebanhos – Tauá/CE .......................................................
103
09 Principais Produtos Agrícolas - Tauá/CE .......................................
105
10 Evolução do Extrativismo Vegetal - Tauá/CE ................................
108
11 Dados Lineares ..................................................................................
111
12 Dados Areal ........................................................................................
112
13 Índices de Forma ...............................................................................
114
14 Extensão do Percurso Superficial ...................................................
117
15 Relação do Escoamento superficial-infiltração ..............................
119
16 Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacia do Riacho Cipó ................................................................................................................
129 17 Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacia do Riacho Carrapateiras ..................................................................................................
132
18 Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacia do Riacho Trici .................................................................................................................
138
xi
19 Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacia do Riacho Catumbi ...........................................................................................................
142 20 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Cipó ...................
145
21 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Carrapateiras ....
147
22 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Trici ...................
150
23 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Catumbi ............
152
xii
LISTA DE GRÁFICOS
01 Médias das Temperaturas ºC – Tauá/CE ................................................. 74
02 Curso Anual da Temperatura ºC – Tauá/CE ......................................... 75
03 Insolação Total - Tauá/CE ...................................................................... 77
04 Evaporação (%) - Tauá/CE .................................................................... 77
05 Umidade Relativa do Ar - Tauá/CE ...................................................... 78
06 Médias Pluviométricas Anuais - Tauá/CE ........................................... 79
07 Distribuição Absoluta (% por Distritos) - Tauá/CE ............................ 101
08 Efetivo Percentual de Rebanhos - Tauá/CE .......................................... 104
09 Produtos Agrícolas de Maior Produção - Tauá/CE .............................. 106
10 Importância Agrícola por Área Ocupada - Tauá/CE ........................... 107
11 Variação da Extração Vegetal - Tauá/CE ............................................... 109
xiii
ANEXOS
ANEXO A Mapa Geomorfológico - Tauá/CE ................................................ 169
ANEXO B Documentação Fotográfica ........................................................... 170
1 Aspectos gerais do canal no Riacho Cipó ...................................................... 171
2 Aspectos gerais do canal no Riacho Carrapateiras ........................... ............... 171
3 Vista da fisionomia aberta da caatinga – Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras ................................................................................................................................
172
4 Aspectos da vegetação com cactáceas – Facheiro - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras ...................................................................................................................................
173
5 Aspectos da associação vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras .................................................................................
175
6 Aspectos de alterações na cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras ......................................................
175
7 Vista 01 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-obacias dos Riachos Trici e Catumbi .........................................................................................
176
8 Vista 02 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi ..........................................................................................
177
9 Vista 03 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi ..........................................................................................
178
xiv
APÊNDICES
A Mapa de Compartimentação do Relevo – Tauá/CE .................................. 180
B Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Cipó ......................................................
182
C Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Carrapateiras ......................................
184
D Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Trici ......................................................
186
E Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Catumbi ................................................
188
xv
RESUMO
Desde os primórdios da civilização elementos naturais em bacias hidrográficas – água, solo, vegetação, entre outros – são utilizados em práticas humanas, suprindo suas necessidades. Entre estes, a água é um recurso tão importante, que sua escassez, pode influenciar o desenvolvimento de uma região e refletir-se em problemas sócio-econômicos, problemática presente na Região Semi-árida do Brasil. A área do presente estudo, alto vale da bacia hidrográfica do Jaguaribe, convive sazonalmente com a indisponibilidade de água - decorrente dos baixos índices anuais de pluviometria (650 a 550 mm/a), e elevados índices de temperatura (250C a 280C) e evaporação (119 a 307 mm), que levam a déficits hídrico. Caracteriza-se também pela potencialidade limitada de outros recursos naturais, entre eles – solos rasos (Nessolos Líticos, Luvissolos e Neossolos Flúvios) e formação vegetal complexa aberta (caatinga), que em períodos de seca são intensificadas. Ficando então, a população condicionada ao quadro de pobreza sócio-econômica e de vulnerabilidade ambiental, refletidos em suscetibilidade à desertificação. Neste contexto, o presente trabalho objetiva desenvolver análise geoambiental em sub-bacias hidrográficas no município de Tauá – CE; caracterizando e classificando-as diante das condições hidrodinâmicas, expressando cenários de vulnerabilidades, a fim de subsidiar a busca da sustentabilidade dos seus recursos naturais. A metodologia correspondeu a integração da análise quantitativa sobre a rede de drenagem, com abordagem qualitativa em perspectiva sistêmicas sobre as componentes físico-ambientais e sócio-econômicas. Foram aplicados parâmetros e concepções baseadas em HORTON (1945), STRAHLER (1952), entre outros citados por CHRISTOFOLETTI (1980); BERTALANFY (1932), BERTRAND (1972); bases cartográficas da SUDENE/ASMIC (1967), SUDENE (1973) e WAVES (2001). Nos resultados obtidos quanto as características hidrodinâmicas, as sub-bacias dos riachos Carrapateiras e Catumbi apresentaram hierarquias mais complexas (4a ordem), que as sub-bacias Cipó e Trici (3a ordem). As análises dos índices morfométricos potencializaram a caracterização das sub-bacias, quanto a maior ou menor pré-disposição aos processos erosivos e outras dinâmicas hidrológicas. Assim os parâmetros de índice de forma (Ff, Kc e “C”), levaram a autora a classificar, todas as sub-bacias com forma irregular; favorecendo o tempo adequado para formação do deflúvio. Dinâmica refletida também pelos índices “Cmc” e “Eps” – comprimento médio dos canais e escoamento superficial. O primeiro evidenciou em quase todas as sub-bacias, exceto Catumbi, a busca ao ajuste apropriado dos canais; através do qual, o comprimento médio maior está para os canis de 1a ordem, com redução do percurso médio para as ordens superiores. No segundo índice, as sub-bacias Catumbi e Cipó - 0,86 km e 0,81 km respectivamente – apresentaram indicativos mais acentuados aos processos erosivos, que as sub-bacias Carrapateiras e Trici, com 0,78 km e 0,76 km, respectivamente.Nas densidades de rios e de drenagem – “Dr” e “Dd” – os resultados para Cipó, Carrapateiras, Trici e Catumbi, em cada índice respectivamente foram: 0,1 c/km, 0,08 c/km, 0,14 c/km, 0,21 c/km e 0,61km/km2, 0,64 km/km2, 0,65 km/km2, 0,58 km/km2; indicando baixa freqüência de canais e baixo padrão de drenagem por área padrão, representando equilíbrio entre o escoamento superficial – infiltração. Dinâmica também analisada no conjunto declividade média e coeficiente de rugosidade -“D” e “Rg” – que nas sub-bacias Carrapateiras e Trici expressaram melhor equilíbrio, através dos resultados – 8,09%, 5,10% e 5,17; 3,31 para cada índice respectivamente; em relação as sub-bacias Catumbi e Cipó, respectivamente com, 3,96%, 4,20% e 2,29; 2,56. A análise sócio-ambiental evidenciou relações desarmônicas, estabelecidas nas áreas de abrangência das sub-bacias hidrográficas, pela estrutura econômica e modo de uso e ocupação do solo, ao longo de aproximadamente cinco (5) séculos de exploração dos recursos naturais. Na compartimentação das sub-bacias hidrográficas em unidades e sub-unidades geoambientais, resultou em destaque, quanto a menor e maior variação geoambiental respectivamente, para as sub-
xvi
bacias Cipó (3 unidades e 5 sub-unidades) e Carrapateiras (5 unidades e 18 sub-unidades), e que também realçam as vulnerabilidades naturais mais acentuadas. Enquanto as sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi (ambas com 4 unidades e 12 sub-unidades), destacaram-se pelas condições de maior interação e preservação das componentes físico-ambientais, refletindo em vulnerabilidades naturais menos intensas. Em quase todas as sub-bacias identificou-se a ocupação relativa pela unidade Z3 – áreas parcialmente dissecadas, exceto no riacho Catumbi, que está ocupada relativamente pela unidade Z2 – áreas aplainadas a pouco dissecadas. Evidenciando que ao longo do tempo geológico-geomorfológico, as sub-bacias são alvos de intensos processos de desnudação. As análises realizadas levaram a autora, a classificação das sub-bacias hidrográficas nas seguintes categorias: alta vulnerabilidade ambiental para Cipó; Média/alta vulnerabilidade ambiental em Carrapateiras; Média/média vulnerabilidade ambiental para Trici, e Média/baixa vulnerabilidade ambiental em Catumbi. Em face do exposto, conclui-se que as condições ambientais nas sub-bacias hidrográficas refletem um conjunto de fenômenos com forte antagonismo, entre o equilíbrio hidrodinâmico e físico-ambiental para a Região Semi-árida, com as dinâmicas sócio-econômicas de exploração dos recursos naturais. Revelando-se em intensas alterações ambientais negativas, decorrendo em fenômenos que aguçam as vulnerabilidades ambientais naturais, e que estão associados à degradação / desertificação nas sub-bacias hidrográficas no alto Jaguaribe no município de Tauá-CE.
xvii
ABSTRACT
Since the origins of civilization, natural elements of river basins – water, soil, vegetation, among others – are used in human activities to meet man’s needs. Among them, water is such an important resource that its shortage can influence the development of a region and can cause socioeconomic problems, a problem existing in the semi-arid area of Brazil. The area of the present study – a high valley of Jaguaribe river basin – has a seasonal water unavailability caused by the low annual rainfall rates (550– 650 mm/year), high temperatures (25oC to 28oC) great evaporation rates (119 to 307 mm), which produce a water deficit. This area is also characterized by a the limited potential of other natural resources, among them - shallow soils (Lithic Nessolos, Luvissolos and Neossolos Flúvios) and complex open vegetable formation open (caatinga), which in drought periods are intensified. As a result, the population is subjected to the situation of socioeconomic poverty and environmental vulnerability, producing a susceptibility to desertification. In this context, the present work aims to develop a geoenvironmental analysis in sub river basins in Tauá Town, Ceará State, Brazil by characterizing and classifying those basins according to hydrodynamic conditions, expressing vulnerability scenarios in order to enable the sustainability of its natural resources. The methodology consisted of integrating the quantitative analysis of the drainage net with the qualitative approach in systemic perspective about the physical-environmental and socioeconomic components. We applied parameters and concepts based on HORTON (1945), STRAHLER (1952, among others mentioned by CHRISTOFOLETTI (1980); BERTALANFY (1932), BERTRAND (1972); cartographic bases of SUDENE/ASMIC (1967), SUDENE (1973) and WAVES (2001). In the results obtained concerning the hydrodynamic characteristics, the sub-basins of the brooks Carrapateiras and Catumbi presented more complex hierarchies (4th order), than the sub-basins of the brooks Cipó and Trici (3rd order). The analyses of the morphometric indexes enhances the characterization of the sub-basins in relation to the larger or smaller predisposition to erosion processes and other hydrological dynamics. Therefore, the parameters of shape index (Ff, Kc and “C”), made the author classify all the sub-basins with an irregular shape, favoring the proper time for formation of runoff. This dynamics was also expressed by the “Cmc” and “Eps” indexes – average length of canals and runoff. The first one evidenced in almost all the sub-basins, except for Catumbi, the search for the proper adjustment of the canals, through which the largest average length is to the canals of 1st order, with reduction of the average course for highest orders. In the second index, the sub-basins of Catumbi and Cipó – 0.86 km and 0.81 km respectively – presented indicators more pronounced to the erosion processes than the sub-basins of Carrapateiras and Trici, with 0.78 km and 0.76 km, respectively. In the river and drainage densities – “Dr” “Dd” – the results for Cipó, Carrapateiras, Trici and Catumbi brooks, for each index, respectively, were: 0.1 c/km, 0.08 c/km, 0.14 c/km, 0.21 c/km and 0.61km/km2, 0.64 km/km2, 0.65 km/km2, 0.58 km/km2; indicating low frequency of canals and the low pattern of drainage per pattern area, representing a balance between runoff and infiltration. This dynamics was also analyzed in the set composed of average slope roughness coefficient – “D” “Rg” – which in the sub-basins of Carrapateiras and Trici expressed a better balance by the results – 8.09%, 5.10% and 5.17%; 3.31 for each index respectively; concerning the sub-basins of Catumbi and Cipó, respectively, with, 3.96%, 4.20% and 2.29%; 2.56%. The socio-environmental analysis evidenced unharmonious relationships, established in the areas covered by the sub river basins because of the economic structure and through soil use during approximately five (5) centuries of exploitation of natural resources. In the division of the river sub basins in geoenvironmental units and sub-units, there was a predominance, with relation to the smallest and largest geoenvironmental variation,
xviii
respectively, of the sub-basins of Cipó brook (3 units and 5 sub-units) and Carrapateiras (5 units and 18 sub-units), and that also emphasize the more pronounced natural vulnerabilities. While the sub-basins of the brooks Trici and Catumbi (both with 4 units and 12 sub-units) stood out through the conditions of greater interaction and preservation of the physical-environmental components, resulting in lower natural vulnerabilities. In almost all of the sub-basins, we identified the relative occupation by the unit Z3 - areas partially dissected, except for the brook Catumbi, which is relatively occupied by the unit Z2 - flat to dissected areas. Evidencing that, as the geological- geomorphological time goes by, the sub-basins go through intense denudation process. The analyses conducted allowed the author to classify the river sub-basins into the following categories: high environmental vulnerability for Cipó brook; medium to high environmental vulnerability for Carrapateiras brook; medium environmental vulnerability for Trici brook, and medium to low environmental vulnerability for Catumbi brook. Therefore, we conclude that the environmental conditions in the river sub-basins express a group of phenomena with strong antagonism, between the hydrodynamic and physical-environmental balance for the semi-arid area, with the socioeconomic dynamics of the exploitation of natural resources. They are revealed through strong negative environmental changes, resulting in phenomena that stimulate the natural environmental vulnerabilities, and that are related to the degradation/desertification in the river sub-basins in the high Jaguaribe river in Tauá town, CE.
xix
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. x
LISTA DE QUADROS .............................................................................................. xi
LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................ xiii
LISTA DE ANEXOS ............................................................................................... xiv
LISTA DE APÊNDICES .......................................................................................... xv
RESUMO .................................................................................................................. xvi
ABSTRACT ............................................................................................................... xvii
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 18
2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 23
3 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS .................................. 38
3.1 Fundamentação Teórico Metodológica .......................................................... 38
3.2 Procedimentos Técnicos e Metodológicos ........................................................ 42
4 CONTEXTUALIZACAO GEOGRÁFICA E SOCIOECONÔMICA DO ALTO JAGUARIBE ............................................................................................... 53
4.1 Localização no Sistema Geográfico ................................................................. 53
4.2 Caracterização Físico-ambiental ....................................................................... 58
4.2.1 Aspectos geológicos .......................................................................................... 58
xx
4.2.2 Aspectos geomorfológicos ................................................................................ 63
4.2.3 Aspectos hidrográficos ...................................................................................... 65
4.2.4 Aspectos climáticos .......................................................................................... 72
4.2.5 Aspectos pedológicos ....................................................................................... 79
4.2.6 Aspectos da vegetação natural ......................................................................... 85
4.3 O Contexto Socioeconômico .............................................................................. 97
4.3.1 Ocupação populacional e a prática agropecuária ............................................... 97
4.3.2 Aspectos demográfico e econômico atual ......................................................... 99
4.3.2.1 Aspectos demográficos .................................................................................. 100
4.3.2.2 Aspectos econômicos ............................................................................. ........ 102
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 110
5.1 Análise Geoambiental em Sub-bacias Hidrográficas do Alto Vale do Rio
Jaguaribe ..................................................................................................................
110
5.1.1 Características hidrológicas e processos dinâmicos .......................................... 110
5.1.1.1 hierarquização fluvial .................................................................................... 111
5.1.1.2 análises de forma ........................................................................................ 113
5.1.1.3 dinâmica do escoamento superficial ........................................................... 116
5.1.1.4 relação escoamento superficial –infiltração ................................................ 118
5.1.2 Evolução e dinâmica socioambiental . ............................................................. 122
xxi
5.1.3 Compartimentação geoambiental .................................................................... 126
5.1.3.1 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho Cipó ................... 126
5.1.3.2 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho
Carrapateiras...............................................................................................................
130
5.1.3.3 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho Trici ................. 135
5.1.3.4 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho Catumbi ........... 139
5.2 – Vulnerabilidades Ambientais em Sub-bacias Hidrográficas do Alto Vale do
Rio Jaguaribe .....................................................................................................
143
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 154
7 – CONCLUSÕES ................................................................................................ 158
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 160
ANEXOS ................................................................................................................ 168
APÊNDICES .......................................................................................................... 179
1 INTRODUÇÃO
Como importante elemento natural, a água é estudada em diferentes perspectivas
científicas e tecnológicas. Sua movimentação no ciclo hidrológico, quantificação de
balanços e fluxos é área de atuação da Hidrologia.
Na Ciência Geográfica, especificamente na Geomorfologia, a água é estudada como
agente modelador da superfície terrestre. Essa atuação é proveniente de fluxos canalizados
em fundos de vales como escoamentos superficiais em bacia de drenagem.
Em discussão sobre a importância da água, PINTO (1995) assinala que esse papel é
facilmente compreensível quando relacionado à vida humana. Mas lembra que através dos
efeitos catastróficos de grandes cheias e estiagens, constata-se o inadequado domínio do
homem sobre as leis naturais que regem os fenômenos hidrológicos.
Neste contexto, outros campos científicos como a Engenharia Agronômica e a
Engenharia Civil concentraram estudos, visando a obter maior aproveitamento da água em
benefício das atividades agropecuárias e em obras hidráulicas, respectivamente.
Vem dos primórdios da civilização o emprego da água entre as práticas humanas,
inicialmente no cultivo de plantas e na criação de animais, até chegar aos usos múltiplos em
quase todas as atividades. Este é seu caráter como recurso natural.
Como recurso, a água é tão importante que sua escassez, por fenômenos naturais ou
induzidos por ações antrópicas, pode influenciar o desenvolvimento de uma região e
evidenciar problemas socioeconômicos. Regiões como o Semi-Árido do Brasil buscam
enfrentar a situação, através do confinamento da água em reservatórios, com barramentos e
açudagem. Mas, ainda assim, apresentando sérios problemas na disponibilidade de água,
condicionam entraves ao desenvolvimento socioeconômico.
Avanços tecnológicos e complexidade das atividades socioeconômicas exigem usos
crescentes de volumes de água: como matéria-prima na geração de energia, compondo
etapas de processos industriais; irrigação de lavouras comerciais; dessendentação de
23
grandes rebanhos; emprego na aqüicultura e em usos essenciais, como consumo humano e
atividades de lazer.
Concomitante ao avanço tecnológico, percebe-se também grande incremento no
ritmo e nas dinâmicas de uso da água, bem como dos demais recursos naturais. Isso fez
emergir gravemente os problemas de conservação da água relacionados a quantidade e
qualidade. Mas estes não podem ser resolvidos independentemente da conservação dos
outros recursos naturais.
Nesta perspectiva, emergem e são fortalecidas discussões e metodologias voltadas a
identificar e analisar causas e efeitos da extração descontrolada de recursos naturais.
Perspectivas negativas, de colapso e rupturas no sistema ambiental, são evidenciadas como
problemas relacionados à redução na oferta de água em virtude da poluição e do
assoreamento de corpos d’água. Neste contexto, as ciências passam a desenvolver estudos
diagnósticos e prognósticos apoiados em bases filosóficas de percepção integrada,
sistêmica, holística entre os processos naturais, efeitos das intervenções tecnológicas e as
conseqüências sobre a sociedade.
A abordagem holística e interdisciplinar é outro direcionamento possível em estudos
ambientais, abrangendo aspectos de caráter natural, econômico e social. Demonstra a
necessidade de aplicação integrada de conhecimentos afins, para a recuperação ou
conservação de ambientes de exploração dos recursos naturais e, ao mesmo tempo,
garantindo o desenvolvimento da sociedade.
Para LEFF (2001), a interdisciplinaridade surge como necessidade prática de
articulação dos conhecimentos. Desse modo, formaliza as interações e relações dos objetos
empíricos. Assim os fenômenos são captados pela interação das partes constitutivas de um
todo visível.
O Relatório de Brundtland (1972) e a Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento (ECO-92) são referências importantes na questão ambiental no mundo.
Fortaleceram e difundiram conceitos e pré-requisitos de sustentabilidade e biodiversidade.
Dessa forma, na perspectiva da biodiversidade, as análises ambientais assinalam a
24
importância de resguardar a variação de espécies nos ecossistemas, como indicativos de
equilíbrio ambiental.
No aproveitamento dos recursos naturais, a sustentabilidade está fundamentada na
integração de aspectos que considerem a viabilidade (eficiência) econômica e a prudência
ambiental, e que estejam voltados à eqüidade social, atendendo às necessidades da
população do presente, com preservação de garantias às gerações futuras.
Em face do que está posto, a bacia hidrográfica é uma unidade geoambiental
adequada para a compreensão e discussão das questões relativas ao melhor aproveitamento
da água e demais elementos naturais aí existentes.
A água movimenta-se entre formas da superfície terrestre, como encostas, topos e
cristas, fundo de vales, canais etc. constituindo uma bacia de drenagem. É caracterizada
como um espaço geográfico limitado por divisores (interflúvios), dividindo o fluxo hídrico
para os níveis topográficos mais baixos dos fundos de vales.
Como unidade do espaço geográfico, os elementos naturais da bacia hidrográfica
constituem recursos para a população aí residente. Sobre esta propagam-se efeitos de
alterações; que por vezes, catastróficos. Por esta razão, é uma unidade da paisagem, na qual
o entendimento das ações e processos hidrogeomorfológicos podem levar, através de
análise e planejamento, ao impedimento ou solução de problemas ambientais.
O Estado do Ceará tem cerca de 91% do território sob condições semi-áridas,
segundo a FUNCEME (1993), e vários diagnósticos têm assinalado que a incrementação da
fragilidade ambiental está associada às condições indevidas de exploração dos recursos
naturais.
O Município de Tauá, disposto entre aqueles de maior índice de aridez, ou seja,
maior ou menor vulnerabilidade ao desencadeamento da desertificação, segundo SOARES
et al (1995), têm suas terras drenadas pela bacia hidrográfica do alto Jaguaribe.
Neste cenário, o presente trabalho tem a perspectivas de integrar o rol de
conhecimentos técnico-cientifícos acerca do cenário ambiental para o Município de Tauá,
através das sub-bacias hidrográficas pré-selecionadas.
25
Com fundamento nas considerações procedidas a pouco, o presente estudo partiu
das seguintes hipóteses: o uso indiscriminado dos recursos naturais nas bacias hidrográficas
do Município de Tauá consiste em vulnerabilidade ambiental, com desgaste de recursos
renováveis, declínio da capacidade de suporte dos recursos naturais, tornando-as
susceptíveis à degradação/desertificação; as condições hidrológicas, de escoamento
superficial e densidade de drenagem elevada nas bacias hidrográficas do Município,
potencializam processos erosivos intensos; o uso indiscriminado da água, do solo e da
vegetação, em práticas inadequadas, intensifica a alteração da dinâmica natural nas bacias
hidrográficas, com redução gradativa do tempo de permanência da água nos canais fluviais.
O presente estudo tem como objetivo maior desenvolver análise geoambiental,
classificando e apresentando as condições hidrológicas, com vistas a expressar os cenários
de vulnerabilidade e buscando subsidiar cenários futuros para a sustentabilidade dos
recursos naturais renováveis em sub-bacias do alto Jaguaribe, diante da incidência da
degradação/desertificação.
Na primeira parte, fez-se considerações gerais acerca da importância da água na
natureza, como recurso em suas múltiplas funções. Deu-se ênfase aos estudos ambientais
na unidade paisagística de maior referência, a fim de resguardar não só a água como
também os demais elementos naturais inter-relacionados em uma bacia hidrográfica.
A segunda parte consiste em revisão bibliográfica, expressando-se discussões
relacionadas a recursos naturais em bacias hidrográficas; faz-se breve análise sobre a
legislação ambiental pertinente, entre outras relacionadas ao semi-árido cearense.
Na terceira realizam-se discussões com fundamentação teórico-metodológica sobre
a aplicação de parâmetros quantitativos em análise de bacia de drenagem, e a importância
em correlacionar tais discussões com a abordagem sistêmica em estudos de análise da
paisagem, considerando a bacia hidrográfica como unidade de destaque para o
planejamento ambiental.
A quarta parte do trabalho trata do contexto geoambiental e socioecnômico do
Município de Tauá, subsidiando discussões sobre as dinâmicas referentes às sub-bacias
hidrográficas em estudo.
26
Os resultados primários estão na quinta parte do presente estudo, onde são
apresentadas as análises dos parâmetros morfométricos e físicos (geológicos, pedológicos e
cobertura vegetal), através da setorização de áreas diferenciadas, culminando com a
identificação dos aspectos de vulnerabilidades nas sub-bacias hidrográficas estudadas.
Com base nas inter-relações das componentes, foi possível apresentar um cenário
atual da base física-ambiental e descrição das principais vulnerabilidades (fenômenos de
fragilidade).
Ao final apresentam-se considerações em conclusão acerca da análise geoambiental
nas sub-bacias hidrográficas, de modo a contribuir na organização de dados e informações
quali-quantitativas e cartográficas, subsidiando a organização do espaço das sub-bacias que
se insertas no alto Jaguaribe, Município de Tauá-Ceará.
27
2 REVISÃO DE LITERATURA
A bacia hidrográfica apresenta elementos interligados de maneira hierarquizada,
com entrada e saída de materiais detríticos ou solúveis a um ponto comum; pode ser
desmembrada em unidades de tamanhos variados, hierarquizadas em sub-bacias ou
microbacias (COELHO NETTO: 1995).
Com esta estrutura interdependente e fluxos de energia, a bacia hidrográfica
constitui um sistema aberto, onde mudanças e alterações significativas entre seus
componentes conduzem a auto-ajuste das formas e processos. E assim, como atestou
GILBERT (1877) “(...) um membro do sistema pode influenciar todos os demais, como
também cada membro é influenciado por todos os outros” conforme ressalva feita por
CHORLEY (1962), nas citações de COELHO NETO (op.cit.).
Na busca de auto-ajuste, ocorrem alterações significativas na composição ambiental
em cada porção de uma bacia hidrográfica, podendo afetar áreas a jusante e manifestar-se
como problemas à dinâmica natural.
Os conflitos de uso dos recursos hídricos e demais recursos em bacias hidrográficas
tem provocado, em nossos dias, grandes discussões, no sentido de alcançar-se um cenário
de menor desperdício e melhor aproveitamento de tais bens em regiões de clima úmido e,
mais ainda, em regiões de clima seco, onde há maior escassez.
No que se refere à utilização de recursos naturais em bacias hidrográficas, além da
água, dentro do gerenciamento trabalha-se em perspectiva de manejo, geralmente vinculado
às bacias rurais. Manejo em bacia hidrográfica é definido por Hernández-Becerra como
... a forma lógica de harmonizar a conservação e produção agrícola, pecuária e florestal de bacias com o manejo de recursos hídricos, sobretudo, quando este tem elevada transcedência socioeconômica para os usuários localizados a jusante LANNA (1995: 96).
28
Neste sentido, a origem do manejo de sub-bacias, de acordo com LANNA (op.cit),
pode ser estabelecida em duas iniciativas paralelas e independentes: ações na região dos
Alpes, ao final do século XIX, voltadas ao desenvolvimento econômico e para a
recuperação de terras e correção de cursos torrenciais. Em 1930 nos E.U.A. estudos eram
direcionados para o manejo da vegetação, conservação do solo e dos recursos hídricos, com
objetivos de proteção e conservação dos recursos naturais em bacias hidrográficas. Essa
concepção mais tarde foi expandida para os países em desenvolvimento após a Segunda
Guerra, com objetivo de proteger grandes estruturas hidráulicas e projetos de cultivo ou de
assentamento humano.
As iniciativas internacionais foram concebidas para bacias hidrográficas com pouca
ou nenhuma atividade antrópica. Por essa razão, obtiveram resultados consideráveis. Nos
países em desenvolvimento, foram implementadas em regiões já bastantes povoadas e de
alta concentração populacional. Tais decisões tomaram caráter complexo, tornando
necessário orientar na redução dos impactos ambientais, propagados via cursos d’água, bem
como a função de criar condições para produção e sustento dessa população alijada
socialmente, pela própria política econômica vigente.
As evoluções das dinâmicas de usos levam também ao desenvolvimento das
concepções de administração, conservação e preservação dos recursos naturais das bacias
hidrográficas em todo o mundo. As experiências precursoras mostram ser este um processo
longo, com fortes decisões governamentais e cooperações de segmentos da sociedade.
No Brasil, LANNA (op.cit.) expressa, entre as experiências de planejamento e
gerenciamento dos recursos em bacias hidrográficas, a criação, em 1948, da Companhia de
Desenvolvimento, que depois passou a ser a Superintendência de Desenvolvimento do São
Francisco (SUVALE) e, mais tarde, Comissão de Desenvolvimento do Vale do São
Francisco (CODEVASF), como entidade pioneira no desenvolvimento de bacias
hidrográficas. No mesmo período e no plano regional, cita o Programa de Desenvolvimento
Integrado da Bacia Rios Araguaia-Tocantins (PRODIAT). Já em âmbito estadual,
menciona a Comissão de Desenvolvimento do Vale do Paraguaçu (DESENVALE), na
Bahia.
29
Tais órgãos estaduais constituem empresas públicas com plenos poderes para
planejar, construir e operar projetos com múltiplos propósitos, vinculados aos recursos
ambientais de interesse, e atingir metas de desenvolvimento econômico e social, portanto,
com atribuições normativas, deliberativas e executivas.
São empresas de grande autonomia, com fontes de financiamentos específicos no
orçamento do Governo ao qual estão subordinadas. Por essa razão, verifica-se não existir
integração participativa, porque não trabalhavam com a negociação política nem por outro
lado, queriam perder poderes e autonomia.
Estas experiências tidas como precursoras no Brasil mostram que a continuação
destas ações resultou em superposições de atribuições entre os órgãos criados para trabalhar
recursos ambientais para o desenvolvimento. Assim a Companhia Hidrelétrica do São
Francisco (CHESF), com o objetivo de explorar o potencial hidrelétrico da bacia; a
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) para promoção econômica
e social da região; o Departamento Nacional de Obra Contra as Secas (DNOCS) e ainda a
CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco), que usam os
recursos hídricos para a irrigação, entraram em constantes conflitos de interesse.
A consolidação de posturas para melhor uso, preservação e conservação dos
recursos naturais nas bacias hidrográficas, no mundo e no Brasil, tem como base os
momentos de organização social no final dos anos 1960, que, buscando formas alternativas
de comportamento, acabam por configurar a chamada “primeira onda ambiental”. Isso
resulta em preocupações gerais sobre o meio ambiente, no contextol mundial, como
expressa SETTI (1995).
As tentativas do Poder Público no passado, aliadas aos esforços científicos e às
pressões da sociedade civil, terminaram em discussões e tomadas de decisões sobre os
recursos hídricos no País, sendo tratadas em diversas seções da Constituição Federal.
Chegaram à elaboração de leis complementares, leis específicas federais e estaduais. Neste
sentido, fazem-se referências jurídicas, destacando alguns artigos pertinentes direta ou
indiretamente à situação dos recursos hídricos, especificando-se referências ao Estado do
Ceará e à região em estudo – sub-bacias no Município de Tauá.
30
A Constituição Federal trata de forma direta ou indireta sobre recursos hídricos e,
para efeito deste estudo, destaca-se do Título III, que trata “Da Organização do Estado”, o
capítulo II – “Da União”: artigos 20, 21, 22, 23 e 26.
De maneira simplificada, o artigo 20 faz referências aos bens da União,
considerando assim, todo o corpo de água em seus limites territoriais. Do artigo em
seqüência, fez-se destaque dos itens XVIII e XIX, que determinam como de competência
da União:
O artigo 22 expressa que a legislação sobre a água compete privativamente à União.
Mas, em parágrafo único autoriza os Estados a comporem a lei complementar para legislar
sobre questões específicas acerca dessa matéria, em que o Estado do Ceará se destaca por
ter sido um dos primeiros a tratar do assunto pois, já em 1987, a lei estadual nº 11.306, de
01 de abril, criou a Secretaria de Recursos Hídricos, dando início às questões específicas da
água.
Faze-se evidência do artigo 23 por expressar a necessidade de que as esferas do
poder público (União, estados Distrito Federal e os municípios), realizem esforços comuns
para:
XVIII – planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso (BRASIL,1988:23).
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seu território;
Parágrafo Único – Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem- estar em âmbito nacional (BRASIL,1988:26).
31
E, por fim, o artigo 26 vem reafirmar a competência dos rstados em resguardar seus
recursos hídricos, pois inclui entre os seus bens:
Ainda da Constituição Federal, há o Título VIII, que trata “Da Ordem Social”, em
seu capítulo VI, que cuida do Meio Ambiente, relacionando-se ao artigo 225. Considera-se
esse um disposto dos mais importantes para as questões dos recursos hídricos na região
semi-árida e particularmente para o Ceará. Isto porque, sendo as bacias hidrográficas do
Ceará constituídas naturalmente por fluxos sazonais (intermitentes ou efêmeros), a
problemática acerca da disponibilidade de recursos hídricos é iminente, com questões
complexas e múltiplas, como a “seca” e as migrações em períodos de calamidades.
Portanto, devem ser tratadas no contexto das questões ambientais, como expressa o artigo
225 da Constituição Federal, transcrito a seguir:
Para complementar com maior rigor, organização e validade funcional as questões
acerca de recursos hídricos presentes na Constituição Federal, em 1997 foi promulgada a lei
nº 9433, de 8.01.97 relativa à Política Nacional dos Recursos Hídricos considerada pelo
então Ministro do Meio Ambiente – Gustavo Krause - como :
I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes em depósito, ressalvadas, neste último caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União (BRASIL, 1988:29).
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defende-lo para as presentes e futuras gerações.
§1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I – Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e promover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
VI – promover educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (BRASIL,1988:146).
32
De maneira geral, são ali ressaltados alguns aspectos desta Política, associando-se
com à problemática comumente enfrentada por comunidades no semi-árido cearense. No
Capítulo I, tratando sobre os fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, o
artigo 1º expressa que no item III, que :
No Capítulo II que menciona os objetivos, o artigo 2º expressa, entre outras
decisões:
E, para implementação, no Capítulo III, tratando das diretrizes gerais de ação, o
artigo 3º expressa :
... um novo marco institucional no País. Incorporando princípios, normas e padrões de gestão das águas, envolvendo múltiplos usos e diferentes formas de compartilhamento. Vai operar em verdadeira revolução não apenas na gestão hídrica, como também na própria questão ambiental como um todo (...) (BRASIL, 1997:02).
... em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais (BRASIL,1997:12).
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aqüaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrente do uso inadequado dos recursos naturais (BRASIL,1997:13).
II - a adequação da gestão dos recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;
III – a integração dos recursos hídricos com a gestão ambiental;
V - a articulação dos recursos hídricos com o uso do solo (BRASIL,1997:13-14).
33
No Capítulo VI, destacam-se os artigos 31 e 32, que tratam, respectivamente, da
integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, conservação, e ocupação do
solo e do meio ambiente com as políticas federal e estadual de recursos hídricos; e da
necessidade de planejar, regular e controlar o uso para a preservação e conservação;
também os artigos 37 38, o primeiro voltando-se à importância dos comitês de bacias e
colocando como área de atuação as sub-bacias hidrográficas de tributários do curso de água
principal da bacia, enquanto o 38, refere-se à competência destes comitês, correspondendo
a:
No contexto, a esfera do Poder público estadual passa a buscar também a
organização administrativa das águas sob seu domínio, aprovando leis próprias.
No que se refere ao gerenciamento dos recursos hídricos no Estado do Ceará, já em
1987, pode-se dizer que com a lei nº 11.306 de 01 de abril, que cria a sua Secretaria de
Recursos Hídricos, dá o início para as questões específicas da água. O art. 6º dessa lei traz
as incumbências deste órgão:
Para desenvolver suas atividades a contento a SRH/CE tem estrutura organizacional
interligada com outros órgãos criados no plano estadual, e que constituem um sistema
inter-ligado, a saber:
- SOHIDRA (Superintendência de Obras Hidráulicas), criada pela lei de nº 11.380,
de 15 de dezembro de 1987;
- SIGERH (Sistema Integrado da Gestão dos Recursos Hídricos), instituída pela lei
nº 11.996, de 24 de julho de 1992;
Promover o aproveitamento racional e integrado dos recursos hídricos do Estado, coordenar, gerenciar e operacionalizar estudos, pesquisas, programas, projetos, obras, produtos e serviços tocantes a recursos hídricos, e promover a articulação dos órgãos e entidades do setor com os federais e municipais (CEARÁ,1994:06).
I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes (BRASIL,1997:26).
34
- FUNORH (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), criado pela lei de nº 12.245 de
30 de dezembro de 1993;
- COGERH (Companhia para Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará), criada em
18 de novembro de 1993, pela lei nº 12.217.
Dentro dessa estrutura, cabe ressaltar que existem outras instituições atuantes no
Estado que auxiliam em questões técnicas, como por exemplo, a FUNCEME (Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos), IPLANCE (Fundação Instituto de
Planejamento do Ceará), SEMACE (Superintendência Estadual do Meio Ambiente), entre
outras.
Relacionado especificamente ao contexto da bacia hidrográfica em que está inserido
o presente estudo, ou seja, para a bacia hidrográfica do rio Jaguaribe, existem alguns
trabalhos técnicos institucionais e técnico-científicos realizados, uma vez que é a maior e a
mais importante bacia hidrográfica do Estado do Ceará.
Entre os estudos e documentos gerados, tem destaque o Plano Estadual dos
Recursos Hídricos do Estado do Ceará, pois diante das condições físico-climáticas
desfavoráveis, busca-se o desenvolvimento de setores estratégicos (agropecuária,
energético e industrial), organizando-se um planejamento global para cada bacia
hidrográfica. Entre elas, está a bacia hidrográfica do Jaguaribe, constando diagnóstico,
estudo de base e estudos de planejamento.
O Plano de Gerenciamento das Águas do Rio Jaguaribe elaborado pela COGERH
(Companhia da Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará) faz parte da política e estratégias
contidas no documento relacionado a pouco. Buscou planejar e gerenciar, de forma
integrada, descentralizada e participativa, o uso, o controle, conservação, proteção e
preservação dos recursos hídricos do referido rio e seus tributários Deste documento resulta
o diagnóstico, planejamento e programas de ação.
Para o Estado do Ceará, os antecedentes históricos da política da água mostram
sempre associação com os problemas decorrentes dos fenômenos da seca, que, de maneira
geral, correspondem a:
Falta de água com relação às necessidades dos seres vivos. Há um defict quando a evaporação é maior que as precipitações, e influência diretamente na organização hidrológica e na evolução dos solos (VIERS,1975:201).
35
Ao longo de mais de três séculos, o fenômeno da seca leva a população a enfrentar
sérios problemas de suprimento d’água, uma vez que se, tornam insuficientes à germinação
das sementes, com ressecamento da cobertura vegetal, para o desenvolvimento das culturas
e da atividade criatória em razão do rareamento das pastagens.
Através das considerações de GUERRA (1981), pode-se dar indícios dos cenários
políticos que envolveram ações de combate às secas no Nordeste do País, entre os séculos
XVIII ao meados do séc. XX.
Desde o processo histórico de colonização no Brasil, os padres jesuítas registraram a
ocorrência de longos períodos sem chuva nesta região do Brasil Tem-se os primeiros
registro através dos padres Fernão Cardim em1583, da Companhia de Jesus, e do também
Jesuíta Serafim Leite em 1959.
No séc. XVII, ocorreram quatro secas, em 1603, 1614, 1645 e 1642, com registros
do Senador Thomás Pompeu de Souza Brasil, Ildefonso Albano e Barão de Studart. No séc.
XVIII tem-se o registro de dez secas, com períodos e intensidade diferenciada entre os
Estados da Região (1711, 1721 - 25, (1723-27), 1736-37, 1745-46, 1754, 1760, 1766, 1772,
1777-1778 e1781-93). E com o incremento populacional os problemas vão se tornando
mais graves, notificando-se a ocorrência de fome.
No séc. XIX, já ocorriam incursões de cientistas pelo NE a fim de obter-se
informações seguras acerca do fenômeno para busca de soluções, tão requeridas pela
população e políticos da época. Foram registrados no Estado do Ceará secas em 1809,
1810, 1824-25, 1844-45, 1877-79 e 1900. Este período foi de grande atuação do senador
Pompeu e do médico farmacêutico Rodolfo Teófilo.
No séc. XX, ocorreram secas em 1903-04, 1908 (RN), 1915, 1919, 1930-32, 1942,
1953 (RN e PB), 1958, 1970, 1976 ("seca verde" parcial). Em 1979 e 1980, apesar de
algumas chuvas iniciais, deu-se o escasseamento até a seca total, acrescentando-se ainda as
de 1985.
36
Ao longo destas etapas, alguns fatos marcaram as decisões políticas, por muito
tempo, a perspectiva de assistência foi o caráter dado para enfrentar o problema da seca.
Até 1845 eram distribuídas esmolas. Em 1877, na seca calamitosa de grandes seqüelas
sociais, econômicas e de saúde, com a ocorrência de flagelos, aglomeração, epidemias,
violência, e muitos óbitos, D. Pedro II intervém, com a criação de trabalhos na construção
de cadeias e igrejas.
A partir dessa catástrofe e das pressões sociais e políticas, começa-se a cogitar em
medidas definitivas de combate aos efeitos das secas. Foi criada, então, pelo Governo
Imperial, uma comissão para estudar o assunto, dando início às incursões de pesquisadores
pelo semi-árido nordestino.
Ao longo do séc. XIX, até algumas décadas do séc. XX, os relatórios deixados pela
primeira e as demais comissões nortearam as tomadas de decisões políticas contra a seca.
Assim, segue-se com planos para instalação de barragens e açudes por todo o semi-
árido do Nordeste do Brasil, tanto por meio de políticas públicas como por iniciativa
privada, em parceria com a administração provincial.
Mas os resultados não corresponderam ao esperado, ou seja, não levaram à irrigação
das terras, pois não foi traçada uma política voltada para essa atividade. Ainda assim, tais
intervenções políticas atenuam as calamidades que traziam muitas mortes e, a partir de
1942, sente-se tal resultado, quando a população passa a contar com água saudável em
reservatórios, peixes, produtos alimentares e forrageiras que minoravam o sofrimento das
comunidades.
As ações do Governo Federal para o combate aos efeitos da seca passam a acontecer
de maneira sistemática, salientando-se as reivindicações sociais e políticas pela quantidade
de estudos e levantamentos já realizados, com indicações para a busca de soluções bem
como pelas medidas que já vinham sendo tomadas por particulares e instâncias políticas
regionais. A partir de então, consolidam-se as políticas desenvolvidas pelas instituições
públicas criadas para este fim, conforme apresentadas anteriormente.
37
Secas graves constituem problemática mundial, mesmo assim, onde ocorrem a
população sobrevive e aproveita ativamente as terras nestas regiões. Neste contexto, faz-se
destaque das discussões em alguns estudos neste âmbito.
BRUK & POKSHISHEVSKI (1987), tratando sobre problemas de la población em
las zonas Áridas e Semiáridas del Mundo expressam que no transcurso de milênios a
humanidade aproveita ativamente as terras secas no Velho Continente, através de métodos
de baixo rendimento por unidade de superfície, em razão dos fatores negativos do clima.
Mesmo assim há casos com focos de centros ilhados de economia rentável, baseados na
extração de petróleo, gás e outros minerais. Historicamente, as terras secas (áridas e semi-
áridas) têm baixos rendimentos econômicos, determinados por sua pequena capacidade
absoluta de fixação do homem. Sobre o modo de vida das populações nestas áreas, os
autores assinalam que problemas de desertificação podem ser aguçados, diante de todos os
problemas sociais e econômicos.
ARU (1996) desenvolveu estudo integrado de desertificação e uso da terra na região
do Mediterrâneo, especificamente no rio Santa Lucia. De maneira geral, apresentou
considerações como os problemas relacionados à desertificação na região em destaque
foram formados ao longo dos anos, quando os recursos renováveis podem tornar-se não
renováveis ou de recuperação extremamente longa.Os estudos voltam-se a problemas de
larga escala, como queimadas em florestas, erosão, perda de solo por expansão urbana,
intrusão de água salgada em aqüíferos, salinização de solos irrigados. As conseqüências são
sentidas através de efeitos como assoreamento de rios, introdução de espécies exóticas,
poluição por metais pesados e ainda atividades industriais, sem gerenciamento ambiental.O
Projeto MEDALUS I selecionou a área do rio Sta. Lucia, em razão da existência de vastas
áreas degradadas, perda de seus recursos naturais, número de florestas exóticas, minas
abandonadas, extensas e intensas utilizações do solo por atividades urbano-turísticas e
agrícolas. Essa variedade de cenários permite comparações de situações similares existentes
nas regiões da Sardenha e do Mediterrâneo.
De acordo com ICID (1994), no Brasil, sob esta perspectiva de desertificação, o
problema é discutido desde o início dos anos 1980. Em 1994, foi realizada na cidade de
Fortaleza a Conferência Internacional sobre o Impacto das Variações Climáticas no
38
Desenvolvimento do Semi-árido (ICID), quando foi discutida, também, a desertificação no
Nordeste brasileiro, com tratamento das suas principais causas e dando-se uma estimativa
da população afetada.
Um dos resultados da Conferência foi a produção de trabalhos técnico-científicos
acerca da situação no Estado do Ceará entre os quais se evidenciam GASQUES et al
(1995); RODRIGUES et al (1995) e SOARES et al (1995).
O primeiro trabalho ora citado apresenta diagnóstico, cenários e projeções dos anos
2000 a 2020 para o Nordeste brasileiro. Dentro de suas conclusões os autores ressaltam a
análise da base natural revelou, além de grandes extensões de clima semi-árido, regiões
com pequenas proporções de solos com fertilidade natural (em áreas calcárias do
embasamento cristalino e faixas de deposição aluvial), como também grande variabilidade
das precipitações. Identificaram unidades de paisagens mais sensíveis às mudanças
climáticas onde a ocorrência de secas leva a grandes perdas (50% a 90%) na produção
agrícola.
RODRIGUES et al (op.cit), entre outros aspectos discute como é tratada a
desertificação no cenário científico e político nacional. Entre suas conclusões, afirmam que
uma proposta de desenvolvimento ecologicamente sustentável para o NE somente é
possível com atenção especial para o sertão semi-árido, compreendendo as regiões rurais
secas, com os piores índices socioeconômicos do País, pois, dos investimentos nacionais e
internacionais, quase nada chega à região. Relatam ainda, que:
Neste contexto, SOARES et al (op.cit) desenvolvem trabalho a fim de indicar e
mapear as áreas dos municípios e microrregiões homogêneas do Estado do Ceará
Nas condições de semi-aridez, e com a forma tradicional de relacionamento com o ambiente, qualquer tentativa de desenvolvimento estará subjugada por mecanismos de regulação natural e intensificação de nosso poder de destruição ambiental. É preciso conhecer melhor as relações estabelecidas entre os sistemas socioculturais e os fatores ecológicos da aridez (RODRIGUES et al.;op.cit.:298).
39
suscetíveis aos processos de desertificação, tomando por base o critério de áreas semi-
áridas adotado pela ONU (1991) e a ocorrência nestas áreas de evidências de degradação
dos fatores físicos e biológicos detectadas na análise de imagens orbitais, através do uso de
técnicas de sensoriamento remoto.
Municípios como Irauçuba, Tauá, Independência, Parambu, Novo Oriente e outros
aparecem entre aqueles de índice de aridez mais críticos.
Procurou-se ainda tecer considerações socioeconômicas quanto à problemática
estudada, além de proceder-se a um diagnóstico generalizado das condições geoambientais
das áreas afetadas, buscando-se, desta forma, um conhecimento mais abrangente.
Atualmente, a discussão sobre o fenômeno da seca no Nordeste brasileiro está
relacionada não só com questões de preservação dos recursos hídricos mas também com a
problemática ambiental da desertificação.
O conceito de desertificação foi adotado internacionalmente a partir Convenção das
Nações Unidas de Combate à Desertificação, em 1977, que compreende:
As decisões tomadas e adotadas nesta convenção, teve seu reconhecimento e
fortalecimento na Agenda 21, importante documento resultante da Conferência Mundial do
Rio de Janeiro (ECO-92) que, em seu capítulo 12, trata do manejo de ecossistemas frágeis,
na luta contra a desertificação e a seca, fornecendo base para o combate à desertificação,
utilizando-se da perspectiva de desenvolvimento sustentável, dessa forma relacionando-se à
preservação e à conservação dos recursos naturais em bacias hidrográficas em regiões semi-
áridas, como no caso do Estado do Ceará.
Em estudos ambientais, a fragilidade de organismos no ambiente pode ser discutida
através do conceito de fatores limitantes. ODUM (1988:143), os apresenta como um
conceito valioso, uma “porta de entrada” para estudos de situações complexas. Ao se
Degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de vários fatores incluindo as variações climáticas e as atividades humanas (PNUD: 1993).
40
estudar determinada situação, isto proporciona a descoberta de prováveis elos fracos nas
condições ambientais com maiores chances de serem críticas ou limitantes.
Para o autor, a análise ambiental deve atingir objetivos importantes, como descobrir
quais os fatores operacionalmente significativos e determinar como estes afetam o
indivíduo (no caso o ambiente). Assim, pode-se predizer com certa precisão o efeito de
perturbações ou alterações ambientais.
Ao trabalhar a importância da avaliação ambiental MACEDO (1995) expressa que
esta permite a identificação das potencialidades de uso, de não-uso, de ocupação, das
vulnerabilidades e o desempenho futuro de uma região. E conceitua vulnerabilidade
ambiental como:
Em estudos sobre as Bases Naturais e Esboço do Zoneamento Geoambiental do
Estado do Ceará SOUZA (2000:12) busca definir as vulnerabilidade ambientais das
unidades de paisagem através de critérios de definição das categorias de ambientes e da
tipologia da vulnerabilidade ambiental, baseando-se nos critérios de TRICART (1977). E
assim classificou as unidades de paisagem do Estado quanto à vulnerabilidade ambiental,
como ambientes estáveis, ambientes de transição e ambientes fortemente instáveis.
Qualquer conjunto de fatores ambientais de mesma natureza que diante das atividades ocorrentes ou que venham se manifestar, poderão sofrer adversidades e afetar, de forma vital ou total ou parcial, a estabilidade da região em que ocorre (MACEDO: op.cit).
41
3 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS
3.1 Fundamentação Teórico-metodológica
Os conflitos de uso dos recursos hídricos e demais recursos em bacias hidrográficas
provocam na atualidade discussões, no sentido de alcançar-se um cenário de menor
desperdício e de seu melhor aproveitamento, em regiões de clima úmido e mais ainda
naquelas regiões de clima seco, onde há maior escassez desses bens.
Neste sentido, a realização de estudos analíticos em bacia hidrográfica é importante,
tanto para a caracterização do meio físico quanto para a compreensão de sua dinâmica.
A análise do presente estudo está apoiada nas orientações metodológicas de
abordagem quantitativa para bacias de drenagem, inter-relacionada com esboços
metodológicos de estudos geoambientais, desenvolvidos no âmbito do Estado do Ceará, a
fim de tratar sobre a fragilidade ambiental em bacias hidrográficas do semi-árido do Brasil.
Sendo a área do estudo proposto relacionada às condições gerais para o semi-árido,
torna-se possível a utilização desta técnica em unidades geoespaciais, como bacias, sub-
bacias e microbacias hidrográficas. Através de interações de fatores morfopedológicos, de
cobertura vegetal e hidrográficos, por exemplo, apresenta as condições temporais do
ambiente, quanto à dinâmica natural e/ou vulnerabilidade em razão de interferências
antrópicas.
A quantificação morfométrica em bacias hidrográficas é uma concepção
metodológica, divulgada inicialmente em ROBERT E. HORTON (1945), que logo recebe
várias contribuições, através de pesquisas de seguidores, como STRAHLER (1952); V. C.
MILLER (1953); WISLER & BRATER (1964); SHERE (1966); SCHEIDEGGER (1968);
WAY (1978), citados em CHRISTOFOLETTI (1980) e Ministério de Obras Públicas y
Urbanismo – Madrid (1972).
No Brasil, CHRISTOFOLETTI (op.cit.:1980); LIMA (1986) e ROCHA (1997),
entre outros, expressaram a importância do uso de parâmetros quantitativos para análise em
bacia hidrográfica. De igual forma, no Estado do Ceará foram realizados estudos de
42
planejamento em bacias hidrográficas, envolvendo o vale do Jaguaribe, pela
SUDENE/ASMIC (1967); CAVALCANTE et al (1990); outros.
Os parâmetros quantitativos em bacias hidrográficas constituem um meio de análise
das condições hidrológicas que, associadas a outros elementos de sua estrutura, permitem a
compreensão das dinâmicas naturais e evolução de fenômenos decorrentes das intervenções
antrópicas. Assim, KLOFFER (1976) analisou o comportamento de padrão de drenagem
através de imagens fotogramétricas e orbitais, além de utilizar parâmetros quantitativos,
como densidade de drenagem e freqüência de rios em análise de solos originários do
Arenito Bauru, dos Municípios de Lins e Marília (SP) e no Planalto Ocidental do Planalto
de São Paulo.
Com o objetivo de fundamentar o uso de índices morfométricos,
CHRISTOFOLETTI (1980) relaciona a hierarquização fluvial, que estabelece a
classificação dos cursos d'água; a análise linear, relacionada às medições efetuadas ao
longo das linhas de escoamento; a análise de área, que corresponde às medições
planimétricas e lineares; e análise hipsométrica, referidas às proporções ocupadas por
determinados tipos de rochas, em relação às faixas altimétricas.
Na avaliação das influências litológicas e topográficas na classificação de bacias
hidrográficas no Planalto Ocidental Paulista, CESAR (1982) ressalta que os estudos
relacionados à drenagem fluvial podem levar à compreensão de numerosos problemas,
notadamente de caráter geomorfológico, em função de constituírem processos
morfogenéticos dos mais ativos na esculturação da paisagem.
VERISSÍMO et al (1996), na bacia do rio Passaúna-PR, utilizou parâmetros de
densidade de drenagem e densidade de rios, inter-relacionados com características físicas e
de uso do solo, para obtenção de características ambientais nos diferentes compartimentos,
e a partir daí, demonstrou a potencialidade de erosão de cada um deles.
Estudos integrados na abordagem sistêmica foram iniciados por BERTALANFY
(1932), com a Teoria Geral dos Sistemas que, abrangendo diferentes áreas do
conhecimento científico, propõe compreensão do todo, passando a trabalhar partes e
objetos de estudo de maneira ordenada, unificando-as em uma interação dinâmica.
43
Nesta perspectiva, a análise sistêmica foi introduzida no contexto das ciências
ambientais que trabalham com elementos da natureza, a fim de melhor se compreender a
evolução dos processos físicos e biológicos que mantêm o equilíbrio de determinado
sistema ambiental, e assim subsidiando análise de possíveis evoluções decorrentes da
dinâmica natural, em associação com as interferências do homem, por meio de práticas que
proporcionam sobrevivência e desempenho econômico.
Dentre os estudos sistemáticos, destaca-se os de BERTRAND (1972), com
classificação taxonômica de paisagens, através da análise interativa dos complexos naturais
e sociais, indicando os seis níveis hierárquicos para as unidades de paisagens superiores
(zona, domínio e região natural) e inferiores (geossistemas, geofácies e geótopo).
TRICART (1977) tratou da análise ecodinâmica, demonstrando que a “gestão dos
recursos devem ter por objetivo à avaliação do impacto de inserção da tecnologia humana
no ecossistema”. Ele explicita que se deve, verificar a sustentabilidade do ambiente à
extração de recursos ou ainda determinar as medidas de exploração com maior
produtividade, sem degradação ambiental.
Neste contexto, o estudo integrado em bacia hidrográfica torna-se um instrumento
de grande valia no planejamento de uso múltiplo de seus recursos. Corroborando o
pensamento CHRISTOFOLETTI (1979), esta funciona como um sistema geoambiental não
isolado, recebendo constantes fluxos de água e detritos que levam ao seu funcionamento. A
estrutura do sistema determina sua evolução e arranjo, os quais, inter-relacionados aos
processos e fatores naturais e antrópicos, refletem alterações contínuas e processuais em
escala têmporo-espacial.
Reafirmando tal importância, TROPPMAIR (1989), citando ELHAI (1968), mostra
a inviabilidade de estudar-se os elementos da natureza de forma isolada, devendo-se fazê-lo
dentro de uma visão integrada. Expressa ainda ser este um dos motivos pelos quais ganham
forças os estudos desenvolvidos sob a óptica da caracterização, estrutura e dinâmica da
paisagem.
44
No que diz respeito à aplicação de estudos de abordagem sistêmica no Estado do
Ceará, destacam-se as contribuições de SOUZA (1981; 1983; 1998 e 2000), OLIVEIRA
(1989); GOMES et al (1995); OLIVEIRA et al (1990, 2000 e 2001) entre outros.
SOUZA (1981) em estudos sobre as principais implicações geomorfológicas para a
caracterização ambiental, propõe esboço de zoneamento dos geossistemas nas bacias
hidrográficas do Acaraú-Coreaú. Na verdade, expressa um “misto de conceitos de
geossistemas e geofácies que podem ser enriquecido com pesquisas interdisciplinares”.
De acordo com este pesquisador, o zoneamento dos geossitemas “representa o
principal subsídio para que sejam procedidas as discussões relacionadas com as unidades
de manejo e as limitações do potencial ecológico” (op. cit. p:159).
Em contribuição à visão conjunta da realidade territotial e sócio-espacial
para o Estado do Ceará, SOUZA et al (2000) apresentaram critérios modernos do
zoneamento físico e da visão integrada da gestão do território, sendo mostrados as bases
naturais e um esboço de zoneamento geoambiental, levando em consideração regiões
naturais do Estado. Assim, levantaram para o Sertão dos Inhamuns e Alto Jaguaribe as
seguintes condições e vulnerabilidades – “ambiente de transição com tendência à
instabilidade nos setores mais densamente degradados; vulnerabilidade moderada a alta;
com evidências isoladas de processos de desertificação”.
Ainda dentro das contribuições, OLIVEIRA (1990) realizou estudo com
zoneamento geoambiental no Município de Quixeramobim – CE, e ressaltou a importância
do uso desta técnica, quanto ao estabelecimento de diagnóstico dos recursos naturais e para
a avaliação de potencialidades e limitações em uma área qualquer.
Identificou geossistemas, sob a perspectiva de fatores morfopedológicos,
relacionando diretamente elementos e condições lito-estratigraficas, geomorfológicas e
pedológicas, estabelecendo 10 unidades geoambeintais que receberam denominações a
partir da topomínia local.
Em estudos mais recentes, OLIVEIRA et al (2000) através do grupo Ecologia de
Paisagem do Programa WAVES, detectam 3 níveis de riscos de degradação ambiental para
45
o Município de Tauá; com valores de 1 – baixos, para área de 341, 64 km2; 2 – médio, com
1.435,96 km2; 3 – alto, para 1.197.04 km2 de área, e 4- muito alto, com 42.43 km2 de área.
Em estudo na serra de Uruburetama no Ceará, OLIVEIRA (2001) interrelaciona
abordagem metodológica usual em estudos edafológicos com técnicas de análise da
paisagem e delimitações de unidades cartográficas. Apresenta os solos existentes na região,
analisando sua variabilidade e distribuição espacial e fatores determinantes, para
compreender a dinâmica e suas relações de interdependência com os demais componentes
da paisagem regional.
3.2 Procedimentos Técnicos e Metodológicos
A base teórico-metodológica aplicada nesta pesquisa está fundamentada na
abordagem quantitativa das bacias de drenagem e interrelacionada com aspectos de análise
sistêmica em unidades de paisagem.
Para entender a estrutura e a dinâmica na bacia hidrográfica, torna-se importante
expressar suas características em termos quantitativos. Neste sentido, vários índices foram
desenvolvidos, alguns aplicáveis à bacia toda, enquanto outros relativos a apenas algumas
características do sistema (LIMA – 1986:53).
A bacia hidrográfica corresponde a um sistema complexo. Por esta razão, a
abordagem sistêmica dentro dos aspectos utilizados na presente pesquisa torna-se um
instrumento lógico de que se dispõe para estudar os problemas do meio ambiente.
Na figura 01, pode-se visualizar de maneira simplificada as etapas dos
procedimentos aplicados no presente estudo.
A primeira etapa consistiu no levantamento de todo o material bibliográfico,
documentação cartográfica, dados climáticos e censitários da população e da economia
referentes ao Município de Tauá, bem como indicadores da bacia hidrográfica do alto
Jaguaribe. Também foram levantados aqueles referentes à abordagem teórico-metodológica
46
e à revisão bibliográfica pertinentes à exploração dos recursos naturais e análise ambiental,
direcionados à região semi-árida.
Os materiais e dados disponibilizados consistem em: cartas planitimétricas na escala
de 1:100.000 da DSG (Divisão de Serviços Cartográficos do Exército Brasileiro), de 1973;
referentes às folhas: SB.24-Y-B-I (Tauá); SB.24-V-D-IV (Várzea do Boi); SB.24-V-D-V
(Mombaça); SB.24-V-D-I (Independência); SB.24-Y-B-II (Catarina); SB.24-V-C-VI (Novo
Oriente); SB.24-N-I (Parambu); carta de solos, da cobertura vegetal e uso da terra, da
geologia e geomorfologia do Município de Tauá, escala de 1:250.000; do Programa
WAVES (Water Availability and Vulnerability of Ecosystems and Society in Semi-arid
Northeast Brazil), de 2001; cartas geomorfológicas da SUDENE\ASMIC (Superintendência
de Desenvolvimento do Nordeste\Association pour L’organisation dês Missions de
Cooperation Technique), folhas S24H; S 24I; SB24N; SB24O, de 1973. Dados
climatológicos do INEMET (Instituto Nacional de Meteorologia) no período de 1961 a
1990; dados censitários do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a
população, de 2000, além de indicativos econômicos do Anuário Estatístico do Ceará, ano
de 2000.
Ainda nesta etapa, seguem-se como análise preliminar a triagem e a formação de
um banco de dados do material disponibilizado, o qual subsidiou levantamentos de dados
quantitativos (índices morfométricos), qualitativos (características dos elementos físico-
naturais e socioeconômicos) referentes às sub-bacias hidrográficas selecionadas.
As cartas planimétricas da DSG serviram para obtenção do mapa básico da rede de
drenagem e posterior setorização em sub-bacias hidrográficas no Município, a partir dos
divisores de águas superficiais.
Sobre o overlay do mapa básico, várias medições foram realizadas, subsidiando a
quantificação dos parâmetros de morfometria com medições ao longo da linha de
escoamento (lineares), medições de área e planimétricas.
Os levantamentos lineares foram realizados com o auxílio de materiais, como escala
métrica e curvímetro em escala compatível com o mapa básico.
47
As medições de áreas, nesta e demais etapas, foram obtidas por leituras do
planímetro polar modelo ZOIZUMI, tipo KP27, e aplicadas em fórmula a seguir
relacionada, apresentada em DUARTE (1980), para obtenção do valor levantado.
Ainda nesta etapa, realizou-se a hierarquização da rede de drenagem de acordo com
a proposição de STRAHLER (1957), citado por CRHISTOFOLETTI (op. cit.: 1980);
elaborou-se o perfil topográfico longitudinal dos principais riachos, através do método
explicado em SANCHEZ (1975). E por fim, foi organizado overlay das curvas de níveis
das sub-bacias, que subsidiou dados para cálculo de declividade média das mesmas.
A segunda etapa corresponde aos tratamentos aplicados sobre as componentes
levantadas na fase anterior. Consiste na composição de dados para a análise morfométrica,
ensejando as devidas classificações e interpretações dos processos hidrológicos dinâmicos;
análise dos parâmetros qualitativos referentes aos aspectos físico-ambientais e
socioeconômicos.
Nesta fase, a análise morfométrica e a caracterização hidrológica das sub-bacias,
basearam-se nos estudos de ROCHA (1997:75), aplicando os parâmetros quantitativos que
mais se relacionam com a deterioração ambiental – comprimento de vazão superficial,
densidade de drenagem, índice de circularidade, índice de forma, declividade média das
sub-bacias e coeficiente de rugosidade.
Na busca de corroborar alguns resultados, foram incluídos, indicadores quanto à
forma, o índice de compacidade, e quanto à densidade da rede de drenagem e de densidade
de rios.
A caracterização hidrológica e as dinâmicas possíveis de ocorrência em cada
microbacia são discutidas e classificadas dentro dos padrões de classes dos parâmetros nos
devidos métodos aplicados sendo as fórmulas aplicadas apresentadas a seguir:
Onde: L –leitura no planímetro;
D2 – denominador da escala ao quadrado;
K – valor da constante para a escala
utilizada.
L. D2 K
48
• extensão do percurso superficial – apresentado por CHRISTOFOLETTI (1980),
através da fórmula abaixo; cujo resultado expressa, “a metade do recíproco do
valor da densidade de drenagem”.
• Comprimento médio dos canais de cada ordem – pelo método de HORTON (1945), através da expressão abaixo.
• Comprimento do eixo da bacia – que pode ser medido de várias maneiras,
optando-se por utilizar a maior distância medida em linha reta, entre o ponto de
deflúvio e determinado ponto ao longo do perímetro da bacia. O resultado é
expresso em quilômetros.
• Forma da bacia – observando-se a representação de bacias hidrográficas em um
plano, estas apresentam-se, de maneira geral, com a forma semelhante a uma
pera. Mas a determinação da forma, através da quantificação, revela as
diferenciações geométricas. Neste sentido, vários índices foram criados e, de
acordo com CHRISTOFOLETTI (1980), guardam subjetividade na
interpretação. Por esta razão, neste estudo, foram aplicadas três fórmulas, na
perspectiva de atenuar esse caráter. São expressas a seguir:
Onde:
Eps – extensão do percurso superficial
Dd – densidade de drenagem.
Onde:
Lm = comprimento médio dos
canais
Lu = comp. dos canais em cada
ordem
Nu = número de canais em cada
ordem.
1 Eps=
2.Dd2
Lu Lm= Nu
49
- índice de circularidade, de V. C. MILLER (1953), citado por J. Sales Mariano da
ROCHA (1997), através da expressão abaixo.
- Fator de forma, de HORTON (1932) e o índice de compacidade apresentado por
LIMA (1986), com as expressões abaixo relacionadas.
• Densidade de rios e densidade de drenagem, pelo método de HORTON
(1945). Os resultados das expressões abaixo são apresentados
respectivamente, em km e km/km2.
onde:
IC= índice de circularidade
A = área da bacia
AC = área do círculo de igual perímetro.
Onde:
Kc – índice de compacidade
P – perímetro da bacia
A – área da bacia.
onde:
Ff – fator de forma
A – área da bacia
L - comprimento do eixo da bacia.
Onde:
Dr – densidade de rios
Nr = número de rios
A = área da bacia.
Onde:
Dd – densidade de drenagem
Lt = comprimento total de rios na
bacia
A = área da bacia.
A Ic=
AC
A Ff= L2
P Kc = 0,2821
A0,5
N Dr= A
Lt Dd= A
50
• Declividade média nas sub-bacias, a fim de “relacionar com o tempo de
escoamento superficial e de concentração da precipitação nos leitos dos cursos
d’água”. Foi obtida a partir do método mínimos quadrados (Pitágoras) citado em
ROCHA (1997). As fórmulas são as seguintes:
• Coeficiente de rugosidade, índice proposto por MELTON (1957) citado por
CHRISTOFOLETTI (1980) utilizado para “expressar aspectos da análise
dimensional da topografia”, através da fórmula abaixo.
Na terceira etapa, trabalha-se com a integração das cartas temáticas para
individualização de unidades e subunidades no interior das sub-bacias, a fim de buscar
melhor análise acerca de condições naturais nas sub-bacias hidrográficas em estudo.
Partiu-se de conceitos e aspectos de abordagem sistêmica, integralizando
informações das cartas de geologia, compartimentação do relevo, associações de solos e da
cobertura vegetal, além de informações sobre aspectos socioeconômicos.
onde
1CN = comprimento da
curvas de níveis
∆h = eqüidistância das curvas
de níveis (hm ou m)
A = área da bacia (hm ou m).
Onde:
Cr = coeficiente de rugosidade
Dd = densidade de drenagem
Dm = declividade média da bacia.
Σ 1CN x ∆ h
A x 100
Cr = Hx Dd
51
A base inicial foi a carta de classificação morfológica da SUDENE\ASMIC –1973
(ANEXO A), e o cruzamento de informações do mapa geomorfológico do WAVES (2001),
prosseguindo com as demais cartas temáticas. Estas foram reduzidas para a escala de
1:100.000 através de pantógrafo Tridente – 40 cm. Nesta fase, também utilizou-se
materiais como papel vegetal, canetas 0,5; 0,3; 0,2, dentre outros, para a confecção de
overlays para cada microbacia.
Os overlays posteriormente foram digitalizados e editados a partir de software
apropriado, nas escalas devidas, compondo parte dos resultados apresentados em cartas
especiais.
Dentro das duas etapas anteriores, foram realizadas jornadas de campo, inicialmente
para reconhecimento da área de estudo, levantamentos e amostragens pedológicas para
checagem de características da vegetação, de acordo com o material cartográfico existente.
Nas demais, foram realizadas observações in loco para checagem dos resultados obtidos e
para levantamento de condições ambientais nas sub-bacias em estudo, tendo-se utilizado
entre os materiais: GPS 45 (Sistema de Posicionamento Global Via Satélite) - Garmin
internacional (1994); máquina fotográfica – Yashica MG-motor 36 mm; fichas de campo,
sacos plásticos para amostragem e escala métrica.
Os aspectos socioeconômicos, inicialmente,foram abordados de modo generalizado.
Nesta etapa vieram compor discussões acerca da evolução e dinâmica socioambiental atual,
com ênfase na relação homem-natureza, quanto ao modo de exploração dos recursos
ambientais nas sub-bacias estudadas.
Neste contexto, foram utilizados dados do Anuário Estatístico do Ceará – 1999 e
2000 e dados censitários da população a partir do Instituto de Geografia e Estatística.
Na quarta etapa do trabalho, realiza-se a classificação das sub-bacias quanto à
vulnerabilidade ambiental. Os procedimentos tomados para a detecção dos elos de
vulnerabilidade corresponderam à integração das técnicas de análises na perspectiva da
abordagem geosssistêmica e de indicadores dos graus de sensibilidade de PAIVA
(1999:98), que no presente estudo são identificados como – graus de vulnerabilidades.
52
A aplicação de análises na perspectiva geossistêmica subsidiou a identificação dos
fatores ambientais de maiores impactos, associados aos principais fenômenos e possíveis
problemas ocorrentes nas sub-bacias em estudo. Pelo cruzamento dos fatores e fenômenos,
com os indicadores de vulnerabilidades identifica-se o grau de vulnerabilidade entre elas.
Adaptando-se as técnicas às condições ambientais prevalecentes na região das sub-
bacias, os graus de sensibilidade foram definidos nas seguintes categorias: baixa, média
baixa, média média, média alta e alta.
A matriz-síntese foi estruturada com os fatores de impactos negativos e os
respectivos fenômenos distribuídos nos eixos das abscissas, enquanto os indicadores de
vulnerabilidades compuseram o eixo das ordenadas. Do cruzamento destes, a categoria do
grau de vulnerabilidade foi expressa em palheta de cores.
Por fim, a quinta etapa é a composição do relatório final, que advém de todo o
processo da discussão e interrelações dos resultados anteriores. Nessa fase, fez-se uso de
materiais como: papel A4, computador, impressora, cartucho de tinta, e programas editor de
texto, editor de planilhas e editor de fotografias.
As etapas aqui descritas podem ser visualizadas a seguir, na figura 01 – Fluxograma
Metodológico.
53
FIGURA 01 – Fluxograma metodológico
54
55
DADOS QUANTITATIVOS
PARÂMETROS QUALITATIVOS
4ª
Eta
pa
1ª
Eta
pa
2ª
Eta
pa
FORMAÇÃO DE BANCO DE DADOS
OBJETIVO Análise geoambiental e
Sub-bacias do Alto do
Dados Climáticos
Material Bibliográfico
Parâmetros Morfométricos
Condições Climáticas Dados
Termopluviométric
Bases Cartográficas
Aspectos Socioeonômic
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
Abordagem Quantitativa em Bacias
Dados Censitário da
População
Documentação Cartográfica
Solos, Associações e Características
Geomorfologia Unidades
Geomorfológicas
Geologia Crono-litoestratigrafia
Vegetação Unidades
Fitoecológicas
CARACTERÍSTICAS
HIDROLÓGICAS E EVOLUÇÃO E
DINÂMICA
COMPARTIMENTAÇÃO
GEOECOLÓGICA
NÍVEIS DE
VULNERABILIDADES
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS
SUB-BACIAS
3ª
Eta
pa
JO
RN
AD
A D
E C
AM
PO
57
4 CONTEXTUALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E SOCIOECONÔMICA DO ALTO
JAGUARIBE
4.1 Localização da Área de Estudo
De maneira geral, as sub-bacias em estudo distribuem-se nos setores norte e oeste
do Município de Tauá que, por sua vez, está localizado na Microrregião Sertão dos
Inhamuns, na parte SW do Estado do Ceará. Insere-se entre as coordenadas geográficas de
05º 25’48”S na parte norte; 06º 19’ 27” S ao sul; 39º 48’ 38” W a leste; e 40º 42’ 09” W, ao
oeste (FIGURA 02) distando 344 km de Fortaleza.
Limita-se ao norte pelas serras do Logradouro e São Domingos; ao sul pelas serras
Cachoeirinha, Branca e Serra do Arraial; na parte leste pelas serras de Marruás, Guaribas, das
Almas e do Urubu; e na parte oeste pela serra da Joanhinha.
As serras ora destacadas constituem os principais divisores de águas superficiais para este
setor no alto curso da bacia hidrográfica do Jaguaribe, onde quatro (04) sub-bacias foram
selecionadas para este estudo, estando delimitadas na FIGURA 03.
As unidades em estudo receberam denominações de acordo com os principais canais da
drenagem que as atravessam. Assim as sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi localizam-se no setor
oeste e envolvem a área das nascentes do rio Jaguaribe, enquanto as sub-bacias dos riachos Cipó e
Carrapateiras situam-se na parte norte do Município de Tauá.
58
BRASIL
TAUÁ
59
FIGURA 03 - Sub-bacias em Estudo no Município de Tauá
60
62
4.2 Caracterização Físico-ambiental
De maneira geral, as sub-bacias em estudo apresentam dinâmicas físico-ambientais
relacionadas aos processos naturais antigos e recentes registrados na evolução da região
natural em que está inserido o Município de Tauá.
Por esta razão, é necessário apresentar os aspectos físicos mais relevantes dessa
região, partindo-se da base física de Tauá, gerando subsídios para a compreensão, análise e
discussão acerca de condições físico-ambientais das sub-bacias dos riachos Trici, Catumbi,
Cipó e Carrapateiras. Posteriormente serão interrelacionados aos parâmetros básicos de
análise do presente trabalho, a fim de compor cenários atuais de vulnerabilidades e
ambientais para as unidades em estudo.
4.2.1 Aspectos geológicos
A geologia correspondente as sub-bacias em análise caracteriza-se pela presença de
coberturas sedimentares cenozóicas e terrenos cristalinos posicionados no Pré-Cambriano
inferior ao superior, sendo composta basicamente pelas seguintes unidades
litoestratigráficas, de acordo com RADAM-BRASIL (1980), conforme a FIGURA 04.
• Cenozóico (Quaternário) – Sedimentos Aluvionares.
• Pré-cambriano (Proterózoico) – Complexo Pedra Branca e Complexo
Nordestino
Neste contexto, as sub-bacias hidrográficas dispostas na parte norte do Município
são constituídas principalmente pela formação do Complexo Pedra Branca (pEpb);
enquanto aquelas da parte oeste pela formação do Complexo Nordestino (pEn).
63
FIGURA 04 - Mapa Geológico do Município de Tauá
64
66
Os sedimentos aluvionares do Quaternário (Qa) distribuem-se em todas as sub-
bacias hidrográficas, associados aos vales dos canais de drenagem principais. Apresentam-
se geralmente em dimensões reduzidas e recobrindo as rochas Pré-Cambrianas.
A litologia das aluviões está representada desde areias finas a grosseiras, de cores
variadas, incluindo matacões, cascalhos e argilas; de acordo com RADAM-BRASIL
(1980:160).
A ocorrência deste sedimento, em maior ou menor proporção às margens dos canais
de drenagem nas sub-bacias hidrográficas em estudo, relaciona-se intimamente com o
desenvolvimento da morfologia atual. Como pôde ser verificado in loco, setores a montante
nos canais exibem predominantemente afloramentos rochosos no próprio curso, e, para
jusante, exibem material de granulação grosseira de natureza e tamanhos variados.
As rochas do Complexo Nordestino são amplamente complexas, com
predominância de litológias - como migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados,
granitóides, anfibolitos, quartzitos, metarcóseos, calcários cristalinos, xistos, itabiritos,
cacossilicatadas e rochas clásticas.
A litologia do Complexo Pedra Branca compõe-se basicamente de gnaisses
variados, como quartzo-feldspático com biotita, muscovita e outros, associados a xistos
básicos, com muscovita e\ou magnetita, biotita-xistos, metabásicos, ultrabásicos
serpentinizados.
Esta formação tem contato tectônico com falhas expressivas na área do Município,
como Sabonete-Inharé e Tauá, e que influenciam a ocorrência de rochas em diques ácidos,
observado in loco na sub-bacias hidrográfica do riacho Cipó, cujas características,
apresentaram-se com estrutura interna complexa em dobramentos suaves com sinformes e
antiformes abertas ou apertadas (FIGURA 05).
67
FIGURA 05 - Dobramentos Suaves no Riacho Cipó
Foto de GONÇALVES 2003.
De maneira geral as litoestatigrafias aqui apresentadas estão inseridas na unidade
morfológica dominante no semi-árido cearense, denominada Depressão Sertaneja que se
caracteriza por:
No QUADRO 01, pode-se verificar de maneira sintetizada as litologias ora
expressadas.
Apresentando morfologia predominante e extensivamente plana, com dissecação incipiente nos interflúvios tabulares, onde a dinâmica decorrente dos fenômenos de diferenciação litológica e as condições climáticas reinantes expressam feições diferenciadas. (SOUZA et al , op.cit: 90)
68
Quadro 01 – Síntese Litoestatigráfica das Sub-bacias Hidrográficas
UNIDADES GEOCRONOLÓGICAS ESTRATIGRAFIA LITOLOGIAS
ERA PERÍODO FORMAÇÕES
C E N O Z Ó I C A
Q U A T E R N Á R I O
Sedimentos Aluvionais
(Qa)
Areias finas a grosseiras, incluindo matacões, cascalhos e argilas.
Complexo Nordestino
(pEn)
Migmatitos, gnaisses, gnaissses migmatizados e granitóides, anfibolitos,quartsitos e outros.
P R É
C A M B R I A N O
P R O T E R O Z Ó I C O
M É D I O
A I N F E R I O R
Complexo Pedra Branca
(ePpb)
Gnaisses variados associados a xistos básicos, biotita-xistos e outros.
FONTE: Baseado em RADAM-BRASIL (1981)
4.2.2 Aspectos geomorfológicos
A morfologia atual em destaque nas sub-bacias hidrográficas em análise está
relacionada com as feições do modelado da paisagem do Município de Tauá. Resulta de um
conjunto de fatores morfogenéticos, impelidos por ações tectônicas, dinâmicas
paleoclimáticas e processos climáticos e biogenéticos atuais.
Portanto, de acordo com as unidades morfoestruturais estabelecidas para o Estado
do Ceará estabelecidas por SOUZA (1988), o Município de Tauá está inserido nas
69
Unidades dos Domínios de Depósitos Sedimentares Cenozóicos, relacionando-se às
planícies e terraços fluviais; e no Domínio dos Escudos e Maciços Residuais, envolvendo
ramificações de relevos cristalinos com cristas e a Depressão Sertaneja.
Com base na compartimentação do relevo para o Município de Tauá realizada pelo
WAVES (2001), as sub-bacias hidrográficas em estudo estão constituídas pelas seguintes
unidades morfológicas: Maciços Residuais denominados no local de Maciço Residual do
Complexo Pedra Branca e Maciço Residual da Serra da Joanhinha, Depressão Sertaneja
Dissecada e Aplainada e Planícies e Terraços Fluviais (ANEXO A).
Os Maciços Residuais do Complexo Pedra Branca é uma unidade morfo-estrutural
caracterizada pelas feições dissecadas, exibindo diferenciações altimétricas, em razão da
maior resistência litológica à erosão diferencial. Podem ser observados nos setores N-E da
sub-bacias do riacho Carrapateiras, com altitudes de 600m a 800m aproximadamente.
Recebem a denominação local de serra de São Domingos.
A Unidade Morfoestrutural Maciço Residual Serra da Joanhinha está como o
principal dispersor de águas, com altimetrias em torno de 600m a 650m, unidade em que a
sub-bacias do riacho Catumbi distribui-se por suas vertentes orientais e dispondo-se nos
quadrantes NW-SW do Município.
A Depressão Sertaneja no Município de Tauá constitui-se de setores esbatidos em
altimetrias de 350m a 550m. São compartimentos oriundos dos processos de pediplanação,
podendo ser individualizados em dois (2) níveis distintos, a Depressão Sertaneja Dissecada
e Depressão Sertaneja Aplainada.
As quatro sub-bacias hidrográficas em estudo apresentam setores destas unidades
morfológicas. De maneira geral, o nível mais elevado da Depressão Sertaneja aí existente
está disposto entre 450m e 550m. Configuram-se em um relevo parcialmente dissecado a
dissecado em colinas rasas de topografias suave ondulada, intercaladas por vales abertos,
podendo, em alguns setores, apresentar-se em forma de cristas.
No segundo nível, a Depressão Sertaneja Aplainada, dispõe em altimetrias entre
350m a 400m, apresentando-se como vasta superfície de erosão, truncando variados tipos
de rochas do embasamento cristalino. A ação da intensa morfogênese mecânica expressa-se
70
nas topografias de colinas onduladas a suavemente onduladas, intercaladas por superfícies
planas e vales abertos, recobertos por um pavimento detrítico grosseiro.
A Unidade Morfoestrutural correspondendo aos Depósitos Sedimentares,
constituídos pelas planícies e terraços das sub-bacias em estudo, e pouco expressiva e
relativamente estreita, uma vez que os canais de drenagem principais estão localizados em
curso superior da grande bacia do Jagauribe, estando entalhados em terrenos de
embasamento cristalino.
4.2.3 Aspectos hidrográficos
De maneira geral, o sistema de drenagem do alto Jaguaribe no Município de Tauá é
constituído por canais intermitentes e efêmeros sazonais e conseqüentemente, com vazões
apenas em período chuvoso.
Os divisores topográficos dispõem-se nos limites municipais. Com rede de
drenagem com direções variadas, divergindo por interflúvios com altimetrias máximas
entre 800m a 600m.
Entre os canais mais expressivos na rede de drenagem, destacaramm-se pela
esquerda, os riachos Abóbora, Olho D’água, Antonica, Cipó, Carrapateiras, Mucurana e
Favelas; e ,pela margem direita, os riachos Lajes, Catingueira, Puiú e Cacimbas (FIGURA
06).
O vale principal apresenta forma dissimétrica em “U”, com direcionamento geral
W-SE-S. O perfil longitudinal (FIGURA 07) demonstra que das cabeceiras a 600m de
altitude até o ponto de deflúvio a 350m de altitude, o curso principal com extensão
aproximada de 127 km apresenta caimento em desnível suave em razão da média em torno
de 2,1 a 2,5 m\km2.
Neste contexto, inserem-se as sub-bacias selecionadas neste estudo. De maneira
geral, partindo-se de observações das cartas planialtimetricas (SUDENE:1973) e, in loco
apresentam características como as que seguem:
71
A sub-bacias do riacho Cipó (ANEXO B - Foto 1) apresenta rede de drenagem
pouco expressiva, distribuída em altimetrias de pequena variação, pois os interflúvios
encontram-se em faixa altimétrica de 500m.
O canal principal com direcionamento geral de NE-S-SE é raso, estreito e levemente
sinuoso, Podendo-se registrar setores no leito com largura de 6m, fundo rochoso com
afloramentos esfoliados e\ou desagregados em blocos, matacões e cascalhos alternados
com trechos arenosos irregularmente distribuídos.
A rede de drenagem desta sub-bacias flui para o riacho Carrapateiras, com
declividade média de 0,8 m\km2 para o canal principal.
Após alimentar importante açude no Município (Várzea do Boi), a drenagem da
sub-bacias do riacho Carrapateiras deságua no vale do Jaguaribe; com declividade média de
1,6 m\km para o canal principal. Esta inclinação, que reflete sua variação topográfica,
distribui-se em faixas hipsométricas de 750m a 350m.
Nos setores a montante desta sub-bacias hidrográfica, a drenagem na margem
esquerda está mais bem evidenciada, pois aí estão dispersores topográficos de maior
expressão espacial, já que aqueles da margem direita constituem apenas terrenos muito
desgastados, de baixa altitude, e por essa razão, recebem a denominação de “serrotes”.
Pelas condições acima apresentadas, o canal principal encontra-se em vale
encaixado, com pequena largura e leito rochoso.
Para jusante da sub-bacias Carrapateiras (ANEXO B - Foto 2), os canais
apresentam-se em drenagem mais aberta, de considerada distribuição e formação, pois
recebem contribuições tanto pela margem esquerda quanto pela direita. O canal principal é
bem desenvolvido, com largura de aproximadamente 9m, altura de 1,5 para o pacote
sedimentar, e leito constituído predominantemente com areia grossa, apresentando
direcionamento geral NW-SE até o exultório.
As sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi constituem o sistema de drenagem da
área das nascentes do rio Jaguaribe, Que recebe tal denominação somente após a
confluência destes riachos no povoado Trici.
72
A sub-bacias do riacho Trici apresenta rede de drenagem de considerável
expressividade, distribuída por interflúvios com altimetrias em faixas hipsométricas entre
500m a 450m, quando encontra a faixa de distribuição do canal principal. Este apresenta-se
pouco sinuoso com declividade média de 0,6 m\km2 e direcionamento geral de W-SE,
reflexo da baixa variação altimétrica.
A rede de drenagem para a sub-bacias do riacho Catumbi apresenta canais bem
distribuídos e de considerável estrutura, com interflúvios de 600m a 500m, até alcançar o
vale principal dentro de faixas de 450m de altitude.
Em setores a montante desta sub-bacias, os canais são pequenos e estreitos, com
leitos arenosos, podendo apresentar trechos com afloramentos rochosos. Para jusante, os
canais tornam-se mais expressivos em extensão e largura com trechos de 8m a 10m de
largura, e calha predominantemente constituída de material arenoso.
Pela variação altimétrica de forte expressão, o canal principal desce em desnível até
o exultório (saída) da sub-bacias, com declividade média de 1,6 m\km, e com
direcionamento geral W-SE-NE.
Em virtude das condições da litologia das rochas cristalinas aí existentes e das
estruturas geológicas, todas essas sub-bacias apresentam arranjo geométrico da rede de
drenagem em padrão dendrítico.
73
FIGURA 06 – Rede de Drenagem do Município
74
76
FIGURA 07 – Perfil Longitundinal do rio Jaguaribe (Tauá/CE)
78
79
4.2.4 Aspectos climáticos
As sub-bacias em estudo estão inseridas nas condições de clima semi-árido
predominante no Estado do Ceará, que por sua vez, está intrinsecamente relacionado aos
princípios básicos de circulação atmosférica no Nordeste, apresentadas por NIMER (1989).
Dessa forma as massas de ar atuantes são a ZCIT (Zona de Convergência Intertropical) e a
mEa (massa Equatorial Atlântica).
No verão do hemisfério sul, a ZCIT está mais próxima do Equador, alcançando em
março posição extrema meridional, pelo maior resfriamento do pólo Ártico. Nesta
dinâmica, o centro de ação do Atlântico, responsável pelo bom tempo neste hemisfério,
alcança sua máxima pressão no inverno (julho) e a mínima no verão (janeiro).
Assim de fevereiro a maio, a ZCIT é responsável pela ocorrência da estação
chuvosa no Nordeste. E nos demais meses ocorre o período de estiagem, pelo domínio do
centro de ação do Atlântico, representado pela mEa. Esta massa compõe-se de duas
correntes: uma inferior fresca e úmida, por ser ar polar velho e da evaporação do oceano, e
outra superior, quente e seca, em virtude da forte inversão de temperatura que a separa da
superficial.
Com a elevação e enfraquecimento da descontinuidade térmica entre as correntes,
ambas ascendem de maneira rápida. Assim, a corrente úmida e fresca (quase-saturada)
resfria-se, seguindo gradiente adiabático úmido; e a outra, quente e seca, segue o adiabático
seco. Como resultante, tem-se a ocorrência de fortes chuvas no litoral, pela queda da
temperatura em altitude e forte instabilidade. Enquanto isso no interior, ocorre a estiagem
durante o inverno, quando o alísio é mais freqüentemente resfriado (op.cit:33 –35),
caracterizando fortes secas, ou seja, um mau “inverno”.
Por outro lado, quando no verão ocorrem intensas e contínuas passagens da FPA
(Frente Polar Atlântica) no sul do Brasil, e também nos E.U.A., o anticiclone quente dos
80
Açores é destruído, provocando mudanças atmosféricas no Nordeste, trazendo fortes
chuvas, período denominado popularmente como bom “inverno” (op. cit:40).
Em interação com as características das massas de ar, o comportamento térmico
para o setor em estudo da bacia hidrográfica do Jaguaribe apresenta as seguintes
características básicas.
QUADRO 02 – Temperaturas Médias Anuais
MÊS
MINÍMA
MÁXIMA
ANUAL
JAN 19,9 33,1 27
FEV 22,4 31,1 25,9 MAR 20,6 30,1 25,4 ABR 21,3 30,3 25 MAI 19,3 30,3 24,8 JUN 19,5 30,5 24,5 JUL 20,1 30,7 24,5 AGO 20 32,3 25,8 SET 21,6 33,4 26,8
OUT 22,2 32,2 27,3 NOV 22,7 32,1 27,8
DEZ 22,9 33,5 27,7 ANO 21 31,6 26
As temperaturas médias anuais (QUADRO 02) permite inferir que, em média, as
temperaturas máximas ficam em torno de 30,1º C a 33,5º C, e as mínimas entre 19,3º C a
22,9º C, com médias anuaisde 24,5º C a 27,8º C, resultando em elevada amplitude térmica
diuturna, em torno de 10,6º C, sentida através de diferença brusca de temperaturas diurna-
noturnas.
Ao longo do ano, ocorre pequena variação para a amplitude térmica, em torno de 3º
C. Assim, as condições térmicas relacionadas ao setor em estudo na bacia hidrográfica do
rio Jaguaribe caracterizam-se por considerável estabilidade ao longo do ano.
Esta situação é ilustrada no GRÁFICO 01, onde se pode verificar médias das
máximas e médias das mínimas com pequenas variações ao longo dos anos, com o mínimo
das mínimas dentro do bimestre – maio e junho - e o máximo das mínimas no trimestre –
Fonte: INEMET(1961–1990
81
outubro, novembro e dezembro. Enquanto isso, o mínimo das máximas ocorre a partir de
abril a junho, com crescentes térmicas em agosto, bem demarcadas até outubro.
GRÁFICO 01 – Médias das Temperaturas º C – Tauá/CE
FONTE: Baseado em Dados do INEMET.
No mesmo gráfico, a linha das médias anuais demonstra pouca sinuosidade, com
oscilações visíveis a partir do mês de agosto, quando as temperaturas mostram maior
elevação, mas mantendo o comportamento constante. No curso anual da temperatura média
(GRÁFICO 02), pode-se observar que a sinuosidade da curva denota regularidade no
comportamento das temperaturas ao longo do ano, estando sempre elevadas no Município
de Tauá.
0
5
1 0
1 5
2 0
2 5
3 0
3 5
4 0
J a n F e v M a r A b r M a i J u n J u l A g o S e t O u t N o v D e z
M e se s
Tem
pera
tura
s ºC
M ín im a sM á x im a sA n u a l
82
GRÁFICO 02 – Curso Anual da Temperatura Média ºC – Tauá/CE
FONTE: Baseado em Dados do INEMET.
Os fenômenos de insolação, evaporação e a umidade relativa do ar estão inseridos
na dinâmica térmica e todo o conjunto é inter-relacionado com as dinâmicas de chuva
(QUADRO 03).
A insolação apresenta valores médios expressivos, fundamentados pelo efeito da
latitude, em razão da área de estudo estar entre as latitudes onde os raios solares caem
verticalmente durante 86 dias consecutivos no solstício, e também pelo movimento
aparente do Sol pelo zênite, reduzindo a velocidade em relação ao Equador.
22
23
24
25
26
27
28
29
Jan
Fev Mar Abr Mai Jun Ju
lAgo Set Out Nov Dez
TOTAL
Meses
Tem
pera
tura
s ºC
Anual
83
QUADRO 03 – Dados de Insolação, Evaporação e Umidade Relativa do Ar e Pluviometria
– Tauá/CE
MESES
INSOLAÇÃO
(DÉCIMOS E
HORAS)
EVAPORAÇÃO
TOTAL
%
UMIDADE
RELATIVA DO
AR
%
MÉDIAS
PLUVIMÉTRICAS
ANUAIS (mm)
JAN 174,1 220,3 68 68,4
FEV 153,8 160,9 69 108
MAR 148,3 119,2 75 156
ABR 162,3 129,2 78 130,3
MAI 200,5 131,7 71 48,6
JUN 221 166,2 66 19
JUL 229 225,9 5 9,3
AGO 300,9 247,9 54 3,8
SET 228,4 273,7 44 2,7
OUT 257,8 307,8 51 4,0
NOV 235,1 289,7 50 16
DEZ 220,5 275,5 54 31
TOTAL 2540,2 2548 61,6 597,2
Fonte: INEMET
84
Esta dinâmica torna os dias mais longos nos trópicos e causa zonas de máximo
aquecimento, segundo (BARRY & CHORLEY,1988:39). O GRÁFICO 03 ilustra o
comportamento da insolação relacionada a essa área.
GRÁFICO 03 - Insolação Total – Tauá/CE
FONTE: INEMET (1961 - 1990).
As médias de evaporação total apresentaram-se elevadas, com 119mm e 307mm,
refletindo-se sobre a dinâmica térmica e pluviométrica para o Município, e cujo
comportamento é ilustrado no GRÁFICO 04.
GRÁFICO 04 - Evaporação (%) – Tauá/CE
FONTE: Baseado em Dados do INEMET.
0
50
100
150
200
250
300
350
Total (horas e décimos)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Insolação
0
50
100
150
200
250
300
350
Porcentagem (%)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Evaporação Total
85
TUBELIS & NASCIMENTO (1987:95), concluem que em geral, quanto maior a
temperatura, maior é a capacidade do ar em reter vapor d’água. Neste contexto, os dados de
evaporação para a área justificam as condições de umidade relativa do ar, através de valores
como 44% a 50% e, por sua vez, coincidindo com temperaturas no período das médias das
máximas absolutas, entre os meses de setembro, outubro e novembro. A situação é
verificada na ilustração do GRÁFICO 05.
GRÁFICO 05 - Umidade Relativa do Ar – Tauá/CE
FONTE: Baseado em Dados do INEMET .
A variação da umidade relativa é inversa à temperatura e está associada à dinâmica
diuturna de temperaturas elevadas, registradas durante o dia, e amenizações ao longo da
noite, sendo esta favorecida pela elevada evaporação e evapotranspiração, com presença de
cobertura vegetal rala, de caráter caducifólio, para formação vegetal predominante no
Município de Tauá – a caatinga.
Pela dinâmica atmosférica na região em estudo, o comportamento pluviométrico
apresenta baixos índices médios anuais, detectando-se estação chuvosa de janeiro a maio,
0
10
20
30
40
50
60
70
80
%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
86
com índices crescentes a partir de fevereiro, maior concentração entre março e abril,
quando os valores registrados são de 156mm e 130mm, respectivamente (GRÁFICO 06).
GRÁFICO 06 - Médias Pluviométricas Anuais – Tauá/CE
FONTE: Baseado em Dados do INEMET.
A partir do, mês de maio registra-se queda acentuada, e os índices mais expressivos
estão concentrados no quadrimestre de julho a outubro, ficando setembro com 2,4mm, para
o mês menos chuvoso no período. No mês de novembro, registra-se subida gradativa de
chuva, e dessa forma, deixando em destaque o caráter bastante irregular da dinâmica
pluviométrica.
4.2.5 Aspectos pedológicos
De maneira geral, a constituição e ascaracterísticas físico-químicas dos solos de
uma região estão diretamente ligadas a dois fatores preponderantes pelo menos - as
condições geológicas e a atuação da dinâmica climática sobre estas. Em segundo plano,
aparecem características mais isoladas, como as geomorfológicas e as interferências
antrópicas decorrentes da ocupação e uso do solo.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Médias (mm)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
87
No presente tópico, são apresentadas as principais associações de solos ocorrentes
nas sub-bacias hidrográficas em estudo Município de Tauá, de acordo com mapa do
WAVES (2000).
A partir das análises nas documentações do referido estudo, inferiu-se (QUADRO
04) que as associações de solos ocorrentes nas sub-bacias dos riachos Cipó e Carrapateiras
expressam-se, de maneira geral, mais rasos, pouco profundos e com maior ocorrência de
afloramentos rochosos, do que nas sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi. Enquanto nas
duas primeiras sub-bacias predominam as associações de solos LITÓLICOS e BRUNO
NÃO CÁLCICO, as outras são quase que completamente tomadas por associações de
PODZÓLICOS VERMELHO-AMARELOS; salvo os trechos descontínuosm, onde
ocorrem solos ALUVIAIS incipientes.
As principais composições, características físicas e comportamento dos constituintes
sólidos estão no QUADRO 04, cujas disposições espaciais aproximadas são apresentadas
na FIGURA 08.
Na recente classificação de solos do Brasil, feita pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (1999), as associações acima receberam
denominações de LUVISSOLOS para as antigas classificações de Solos Bruno não
Cálcicos e Podzólicos Vermelho-amarelos; NEOSSOLOS Líticos e NEOSSOLOS Flúvicos
para os Solos Litólicos e Fluviais, respectivamente. E, ainda, CHERNOSSOLOS para o
Brunizem, PLANOSSOLOS para o Planossolo Solódico, e VERTISSOLOS para a mesma
categoria anterior.
88
QUADRO 04 – Associações de Solos nas Sub-bacias Hidrográficas
PRINCIPAIS ASSOCIAÇÕES DE SOLOS
SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS
Siglas Características Principais
Re 27
Associação de SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, textura arenosa com cascalho, fase pedregosa +BRUNO NÃO CÁLCICO, textura média argilosa, fase erodida e pedregosa, ambos A moderado.
PLS 16
Associação de PLANOSSOLO SOLÓDICO Tb textura arenosa\cascalhenta\argilosa como +SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS textura arenosa fasepedregosa e rochosa, todo A fraco.
Re 48
Associação de SOLOS LITÓLICOS A fraco textura arenosa e média cascalhenta, fase pedregosa e rochosa + AFLORAMENTOS ROCHOS.
NC 19
Associação de BRUNO NÃO CÁLCICO A fraco e moderado textura média\argilosa + SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS A fraco textura arenosa e média.
Riacho Cipó
NC 24
Associação de BRUNO NÃO CÃLCICO, textura média\argilosa PLANOSSOLO SOLÓDICO, Ta textura arenosa\média e argilosa ambos A fraco.
BV 5
Associação de BRUNIZEM AVERMELHADO, fase erodida + SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, com A moderado a chenozênico, textura média, fase pedregosa e rochosa.
BV 6
Associação de BRUNIZEM AVERMELHADO, fase erodida +SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS com A fraco e moderado, textura arenosa e média, fase pedregosa e rochosa + PODZÓLICO VERMELHO AMARELO EUTRÓFICO Tb, com A moderado, textura média\argilosa.
NC 39
Associação de BRUNO NÃO CÁLCICO vértico textura média\argilosa, fase pedregosa +SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, textura arenosa e média, fase pedregosa e rochosa.
V 11
VERTISSOLOS A fraco
Re 30
Associação de SOLOS LITÓLICOS A fraco e moderado, textura arenosa e média fase pedregosa e rochosa +PODZÓLICO VERMELHO AMARELO Tb A moderado textura média\argilosa, ambos autróficos.
Riacho Carrapateiras
Re 48
Associação de SOLOS LITÓLICOS A fraco textura arenosa e média cascalhenta, fase pedregosa e rochosa + AFLORAMENTOS ROCHOSOS.
Continua ...
89
continuação ...
PRINCIPAIS ASSOCIAÇÕES DE SOLOS
SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS
Siglas Características Principais
PE 102
Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb eutrófico, textura média\cascalhenta + SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, textura arenosa-argilosa e média, fase pedregosa e rochosa + BRUNO NÃO CÁLCICO vértico, textura média argilosa.
PE 105
Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb raso,textura média\argilosa cascalhenta + SOLOS LITÓLICOS, textura arenosa e média, fase pedregosa e rochosa + PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb textura média\argilosa, todos eutróficos.
PE 99
Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb, A moderado textura média\argilosa + SOLOS LITÓLICOS textura arenosa e média, fase pedregosa e rochosa + PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb raso, textura média\argilosa e cascalhenta, todos EUTRÓFICOS A fraco e moderado.
Riacho Trici
Ae 7
SOLOS ALUVIAIS ETRÓFICOS A fraco e ondulado, textura indiscriminada
PE 102
Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb eutrófico, textura média\cascalhenta + SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, textura arenosa-argilosa e média, fase pedregosa e rochosa + BRUNO NÃO CÁLCICO vértico, textura média argilosa.
PE 99
Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb, A moderado textura média\argilosa + SOLOS LITÓLICOS textura arenosa e média, fase pedregosa e rochosa + PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb raso, textura média\argilosa e cascalhenta, todos EUTRÓFICOS A fraco e moderado.
PE 63
Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb EUTRÓFICO A fraco e moderado + BRUNO NÃO CÁLCICO A fraco, fase com calhaus, ambos textura média\argilosa.
Riacho Catumbi
Ae 19
Associação de SOLOS ALUVIAIS DISTRÓFICOS, textura indiscriminada + PLANOSSOLO SOLÓDICO Ta textura arenosa\média + SOLONETZ SOLODIZADO textura arenosa\média e arglosa, todo A fraco.
FONTE: Baseado no WAVES (2001).
90
FIGURA 08 – Mapa das Principais Associações de Solos (Tauá/CE)
92
93
4.2.6 Aspectos da vegetação
As condições edafoclimáticas anteriormente enunciadas, referem-se às forças e às
condições que compõem o meio ambiente semi-árido no alto vale do Jaguaribe,
responsáveis pelas condições e aspectos naturais da cobertura vegetal nas sub-bacias
hidrográficas em estudo.
FERNANDES & BEZERRA (1990:167) afirmam que, em áreas com características
de semi-aridez, surge uma vegetação reconhecidamente xerófila. Esta expressa uma
condição de sobrevivência ligada a um ambiente seco, ecologicamente com deficiência
hídrica, onde a água disponível para as plantas procede unicamente do curto período da
estação chuvosa, já que seus solos são incapazes de acumular água. Esta vegetação é
denominada de caatinga, palavra indígena que significa, “mata aberta, clara”, em
contraposição às matas fechadas, escuras.
Na classificação da vegetação, de acordo com RIZZINI (1997:515), caatinga é um
complexo vegetacional constituído por arvoretas e arbustos decíduos durante a seca, com
presença freqüente de espinhos, cactáceas, bromeliáceas e ervas, quase todas anuais.
Apresenta ainda muitos râmulos secos e duros, mais ou menos espiniformes. As folhas são
pequenas e compostas.
Sobre a fisionomia da caatinga, muitos estudos mostraram haver divisões e/ou
modalidades de classificações. Entre estes, os estudos ora referidos expressam idéia prática
na divisão da caatinga em – arbórea, arbustiva/subarbustiva, para FERNANDES &
BEZERRA (op.cit) enquanto para RIZZINI (op.cit)- arbórea, arbustiva e subarbustiva.
Neste estudo, adota-se a classificação do WAVES (2001), com as seguintes
variações para a cobertura vegetal, no Município de Tauá:
• caatinga arbórea densa com mata seca - formação arbórea baixa das áreas de
pediplanos. A fisionomia é constituída por árvores com altura em torno de 8 a
94
10m, densamente distribuídas. Apresenta um estrato de plantas arbustivas
espinhosas, perene e outro herbáceo de plantas anuais;
• caatinga arbórea aberta - constituída por árvores e arbustos de altitudes variadas,
esparsamente distribuídas, entremeadas de plantas suculentas (cactáceas), sobre
um estrato herbáceo estacional. Sua composição florística é mais simples, pelos
fatores ecológicos desfavoráveis ao maior desenvolvimento, possibilitando
assim maior interferência antrópica;
• caatinga arbórea-arbustiva densa - apresenta fisionomia com características de
regeneração da cobertura vegetal, com predominância de árvores baixas e
arbustos como testemunhos para a caracterização. Ocorre o aumento de
cactáceas com menor porte;
• caatinga arbórea-arbustiva aberta - pelo desflorestamento nos vales e depressões
mais úmidas, onde a topografia é mais ou menos plana, desenvolve-se uma
fisionomia vegetal com pequena presença de arbustos e cactáceas, bem
espaçados, com estrato herbáceo anual considerado.
Nas condições e características ors expressadas, está a classificação para a cobertura vegetal
nas sub-bacias dos riachos Cipó, Carrapateiras, Trici e Catumbi, que apresentaram, ainda, estreita e
descontínua faixa de mata ciliar nos riachos principais. Estão representados nas figuras 09, 10,11 e
12, cujos aspectos da fisionomia são ilustrados em ANEXOS B (fotos 3 a 9).
A seguir são expressadas (QUADRO 05) algumas espécies da composição florística nas
sub-bacias hidrográficas em análise.
95
QUADRO 05: Espécies da Cobertura Vegetal – Tauá\CE
NOME
Nº POPULAR CIENTÍFICO
01 Pinhão Jatropha sp.
02 Pereiro Asisdoperma pirifolium Mart.
03 Aroeira Myracrodruon urundeuva Fr. All.
04 Jurubeba Solanum sp.
05 Angico Anadenanthera colunbrina (Vell.) Brenan.
06 Gonçalo Alves Astronium fraxinifolium Schott.
07 Catingueira Caesalpinia bracteosa Tul.
08 Faveleira Cnidosculus phyllacanthus Pax & K. Hoffm.
09 Marmeleiro Croton sonderianus
10 Mofunbo Combretum leprosum Mart.
11 Facheiro Cerus squamosus Guerk
12 Camara Lantanna camara Linn.
13 Sabiá Mimosacaesalpinifolia Benth.
14 Embiratanha Bombax cearensis Ducke
15 Quebra-faca Cassia trachypus Mart.
16 Xique-xique Cerus goumelli K. Schum.
Continua ...
96
Continuação ...
NOME
Nº POPULAR CIENTÍFICO
17 Ingazeira Inga fagifolia Willd.
18 Jurema Preta Mimosa hostilis Benth.
19 Calumbi Mimosa malacocentra Mart.
20 Pau d'arco roxo Tabebuia impetiginosa (Mart. Ex DC.) Stand.
21 Imburana de cheiro Torresia cearensis Fr. All.
22 Pajeú Triplaris gardneriana Willd.
23 Ameixa Ximenia coriacea Engl.
24 Juazeiro Ziziphus joazeiro Mart.
25 Inharé Brosimum gaudichaudii Trec.
26 Mororó Bauhinia fortificata Lin.
27 Pau - ferro Caesalpinia leiostachya Ducke
28 Imburana de espinho Commiphora lepthafloeos Mart. Gillet.
29 Velaame Croton floribundus Spreng
30 Frei jorge Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. Ex Steud
31 Jucá Caesalpinia ferrea mart. Ex. Tul.
32 Mandacaru Cerus jamacaru DC.
33 Mulungu Erythrina velutina Willd.
34 João Mole Guapira opposita Vell.
35 Jurema Branca Piptadenia stipulaceae (|Benth.) Ducke
Fonte: MOREIRA-2001
97
FIGURA 09 – Cobertura Vegetal nas Sub-bacias dos Riachos Cipó
98
99
FIGURA 10 – Cobertura Vegetal nas Sub-bacias dos Riachos Carrapateiras
100
101
FIGURA 11 – Cobertura Vegetal nas Sub-bacias dos Riachos Trici
102
103
FIGURA 12 – Cobertura Vegetal nas Sub-bacias dos Riachos Catumbi
104
105
4.3 O Contexto Socioeconômico
A abordagem socioeconômica apresentada nesta parte do trabalho, vem maneira
sintética com principais fatos e fenômenos da dinâmica de ocupação, de aspectos
demográficos e econômicos da área de abrangências das sub-bacias em estudo, a fim dar
suporte a discussões posteriores sobre a relação de exploração dos recursos naturais aí
existentes.
4.3.1 Ocupação populacional e prática agropecuária
A ocupação nas sub-bacias hidrográficas em estudo está inserida no contexto das
disputas de terras entre índios e colonizadores portugueses, durante as expedições para o
interior do Brasil, iniciadas no séc. XVI.
Habitação nos vales de rios importantes no sertão nordestino está relacionada a
movimentos populacionais saídos de Olinda e Salvador à procura de espaço para a criação
de gado. A corrente de Olinda foi responsável pela introdução desta atividade no Estado do
Ceará, destacando-se o vale do rio Jaguaribe.
Grupos de desbravadores incursionaram cada vez mais a montante do vale do
Jaguaribe, controlando vastas extensões de terras, recebidas nas doações de sesmarias, fato
que também contribui para a constituição de grandes latifúndios no Brasil.
Segundo VALE et al (1999), a ocupação das sesmarias na região dos Inhamuns,
área de abrangência das sub-bacias, foi iniciada por membros da família Feitosa, que
ocuparam a barra do rio Jucás, onde viveram grupos indígenas de mesma denominação. A
partir daí, logo expandiram seus domínios na região, levando seus currais ao longo do
Jaguaribe e seus afluentes.
106
Dessa forma, outros grupos também chegaram à região, entre eles os Montes, os
Fonsecas, Ferreiras, Araújos, Barretos, Mendes, Lobatos, Barbalhos, Esteves, Almeidas,
Andrades e outros.
A entrada do “homem branco” na região resultou em graves conflitos com os índios.
Estes perderam suas áreas, constituídas pelas terras férteis junto às ribeiras, para a fixação
do gado, sendo espoliados para áreas de serras e caatingas em interflúvios, com escassez de
água.
Os confrontos travados com os empregados das fazendas (vaqueiros, escravos e
posseiros) duraram anos, resultando em muitas mortes, com aniqüilamento de tribos e
aldeamento dos remanescentes, bem como ocupação de vez da região dos Inhamuns e a
fixação do gado.
Neste contexto, áreas como estas no sertão nordestino foram incorporadas
economicamente à Colônia Portuguesa, passando a fornecer animais de trabalho e carne
para áreas mais povoadas até então.
Como o sistema implantado para a criação do gado foi o extensivo, a mão-de-obra
era reduzida. Quase sempre um vaqueiro, que era também o administrador, e poucos
empregados. Já o proprietário e a família viviam na cidade. Na dinâmica de trabalho,
durante o período de estiagem, cabia entre as atividades a construção de cacimbas,
alimentação do gado em áreas onde existisse pastagem e para a dessedentação.
Por este período, as fazendas adquiriram grandes extensões e chegaram a abrigar
grande número de cabeças de gado, algumas de mais de 5.000 cabeças, segundo
ANDRADE (1979).
Em razão das grandes distâncias e da difícil comunicação, o homem aí fixado
procurou tirar do próprio meio suprimentos de necessidade, onde a própria atividade
criatória fornecia alimentos e até utensílios domésticos e vestimentas de couro, como
relatou CAPRISTANO DE ABREU, citado por ANDRADRE (op. cit.). Este último
pesquisador denominou a época de “Civilização do Couro”.
Com tamanha expressão econômica da criação de gado, proporcionando acúmulo
de capital dos fazendeiros no sertão, estes buscam experimentar outras atividades como
107
expansão econômica. A partir daí experimentam entrar nos ciclos econômicos que
predominavam na economia brasileira, como a cana-de-açúcar, por exemplo.
Para a região em estudo, os poucos registros de plantio de cana-de-açúcar estão
relacionados com fracassos, pois as condições do semi-árido não permitiram boa produção,
mas, por outro lado, permitiram a grande produção de algodão entre fins do séc. XVII e séc.
XIX, sendo inserida no Ciclo Algodoeiro do Sertão Nordestino, onde a maior parte era
consumida internamente enquanto, o restante era levado a entrepostos, para a demanda do
porto de Recife e daí enviado para beneficiamento na Inglaterra.
A crise do mercado internacional da época levou à queda do mercado de algodão no
País e, conseqüentemente, o desinteresse dos fazendeiros, deixando de lado os algodoais.
Neste contexto, os trabalhadores assalariados tiveram que voltar às suas atividades
anteriores, lavouras de subsistência e trabalho na pecuária. A partir daí, passaram a
trabalhar com outra prática de cunho agrícola, o algodão junto das culturas comerciais de
produtos alimentícios,predominantemente milho, feijão e mandioca, de maneira intercalada.
4.3.2 Contexto demográfico e econômico atual
A fim de compreender mais sobre a dinâmica de uso dos recursos naturais nas sub-
bacias em estudo, nesta parte do trabalho, são apresentadas de maneira suscinta aspectos
recentes da demografia e da economia em suas áreas de abrangências.
Neste sentido, as áreas de abrangências correspondem aos Distritos de Barra Nova e
Carrapateiras para as sub-bacias dos riachos Cipó e Carrapateiras, e os Distritos de Santa
Tereza e Trici para as sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi.
108
4.3.2.1 aspectos demográficos
A partir dos dados censitários do IBGE (2000), apresentados no QUADRO 06,
pode-se inferir que a população absoluta residente na área de abrangência das sub-bacias
dos riachos Cipó e Carrapateiras é de aproximadamente 5.912 habitantes, e representa cerca
de 11,37% do total da população municipal. E nas áreas de abrangências das sub-bacias
Trici e Catumbi, cerca de 6.984 habitantes, que compõe 13,44% do total da população do
Município de Tauá.
QUADRO 06 – População Absoluta nas Áreas de Abrangências das Sub-bacias Hidrográficas
DISTRITOS SUB-BACIAS
HIDROGRÁFICAS Áreas de Abrangências
POPULAÇÃOABSOLUTA %
Riacho Cipó Barra Nova 2.407 4,63 Riacho
Carrapateiras Carrapateiras 3.505 6,74
TOTAL 5.912 11,37 Riacho Trici Trici 3.653 7,03
Riacho Catumbi
Santa Tereza 3.331 6,41
TOTAL 6.984 13,44 TOTAL
MUNICIPAL 51.948
FONTE: Baseado em dados censitários do IBGE (2000)
O GRÁFICO 07 ilustra o comportamento de distribuição percentual da população
absoluta dos distritos envolvidos pelas sub-bacias em relação aos demais do Município de
Tauá.
109
GRÁFICO 07 – Distribuição da População Absoluta (% por Distritos)
FONTE: Baseado em dados censitários do IBGE 2000
No que diz respeito à distribuição da população nas áreas rural e urbana, o
QUADRO 07 demonstra que a população ocupa predominantemente a área rural.
QUADRO 07 – População nas Áreas Rural e Urbana – Tauá/CE
DISTRITOS POPULAÇÃO RURAL POPULAÇÃO URBANASUB-BACIAS
HIDROGRÁFICAS Áreas Abrangências Absoluta % Absoluta %
Riacho Cipó
Barra Nova 2.396 99,5 11 0,45
Riacho
Carrapateiras
Carrapateiras 2.851 81,3 654 18,6
TOTAL 5.247 88,75 665 11,24
Riacho Trici
Trici 3.534 96,7 119 3,2
Riacho
Catumbi
Santa Tereza 1.410 42,3 1.921 57,6
TOTAL 4.944 70,79 2.040 29,2 TOTAL
MUNICIPAL 25.227 48,56 26.721 51,4
FONTE: Anuário Estatístico do Ceará 2000
4,63 6,747,75
8,92
8,96,41
7,03
49,59
Barra NovaCarrapateirasInhamunsMarrecasMarruásSanta TerezaTauáTrici
TOTAL
110
A representação é de 88,75% e 70,79%, respectivamente nas áreas de abrangência
das sub-bacias dos riachos Cipó-Carrapateiras e dos riachos Trici-Catumbi contra 11,24% e
29,20% para a população urbana, respectivamente, na mesma seqüência das áreas de
abrangências das sub-bacias em análise.
É importante ressaltar que o destaque para o percentual de população urbana na área
de abrangência no segundo grupo ora citado fundamenta-se nos dados expressados pelo
distrito de Santa Tereza, com 57,6% do contingente urbano sobre 42,3% do rural, fato este
que poderá ser analisado em estudo específico.
4.3.2.2 aspectos econômicos
A evolução histórico-econômica apresentada para a região dos Inhamuns levou a
pesquisadora associar o desenvolvimento de práticas econômicas na área de abrangência
das sub-bacias no setor primário, mais especificamente no desenvolvimento da pecuária
extensiva, agricultura e na extração de produtos vegetais.
Dentre outros aspectos, os totais de produção, rendimentos e área ocupada pelas
atividades econômicas acima no Município de Tauá, levam a se inferir que estas compõem
a base econômica nas sub-bacias em análise.
A pecuária extensiva é a atividade econômica predominante. Os números
apresentados (QUADRO 08) revelaram, através do efetivo de cabeças de gado, maior
produção para os rebanhos ovinos, bovinos e caprinos.
Os três anos enfocados na análise demonstram a colocação em primeiro lugar para o
rebanho ovino, mantendo certa estabilidade na produção, com 115.136 cabeças no último
ano. A produção relativa de 42,62% expressa quase a metade do efetivo total da produção
pecuária no Município.
111
QUADRO 08 – Efetivo de Rebanhos – Tauá/CE
REBANHOS
EFETIVO (CABEÇAS)
1997
%
1998
%
1999
%
Bovinos
67.455
24,56
65.094
24,23
63.596
23,54
Suínos
22.919
8,34
22.574
8,4
22.158
8,2
Equinos
2.642
0,96
2.615
0,97
2.575
0,95
Asininos
6.100
2.22
6.008
2,23
5.887
2,17
Muares
1.313
0,47
1.306
0,48
1.279
0,47
Ovinos
114.611
41,74
112.438
41,86
115.136
42,62
Caprinos
59.521
21,67
58.568
21,8
59.505
22,02
TOTAL
274.561
268.603 270.136
Fonte: Baseado no Anuário Estatístico do Ceará-2000.
Contrária ao resultado do rebanho ovino, a bovinocultura, com cerca de 63.596
cabeças de gado, vem em segunda posição, com 24, 82% do efetivo total para ao Município
mas apresenta decréscimos dentro do período analisado.
A caprinocultura apresenta-se como o terceiro rebanho em importância, pelo efetivo
de 59.505 cabeças, que participam com 22,02% do efetivo total, e com demonstração de
evolução constante para o período.
O quadro demonstra, ainda, que os demais rebanhos apresentam quedas no efetivo
de cabeças de gado, dentro do período analisado.
A representação visual (GRÁFICO 08) expressa a importância do efetivo de
cabeças para os rebanhos em destaque no Município de Tauá, estando estes relacionados às
sub-bacias hidrográficas em foco.
112
GRÁFICO 08 – Efetivo Percentual de Rebanhos em 1999 – Tauá/CE
FONTE: Baseado no Anúario Estatístico do Ceará: 2000.
A produção destinada ao corte é comercializada em geral na região; enquanto a
produção de leite fica principalmente para o consumo familiar, com aproveitamento in
natura ou através da produção de queijo e outros derivados, que também são
comercializados em pequena escala.
Na produção agrícola, destacam-se as culturas de milho, feijão e mandioca quanto à
ocupação de área e quantidade produzida (QUADRO 09). Dentro do período analisado,
verifica-se que, na maioria das culturas, houve ampliação da área colhida e decréscimo
acentuado na produção.
Nas três culturas de maior produção, o feijão aumentou em 470 há, perdendo um
pouco mais do que uma tonelada. O milho teve aumento de 1.220 ha e perda de tonelada e
meia; ao passo que a mandioca mantém a área do período anterior, mas tem perda de 825
kg.
23,54
8,2
0,95
42,62
22,02
0,472,17
Bovinos
Suínos
Equinos
Asininos
Muares
Ovinos
Caprinos
113
Os dados apresentados para os produtos em destaque levam a pesquisadora a inferir
para as sub-bacias em estudo, o fato de que estas culturas são praticadas
predominantemente em médias e pequenas propriedades agrícolas e constituem pequenas
lavouras comerciais e de subsistência.
QUADRO 09 – Principais Produtos Agrícola – Tauá/CE
1997 1998 PRODUTOS Área Colhida
(há)
Quantidade Produzida
(t)
Área Colhida (há)
Quantidade Produzida (t)
Algodão Arbóreo (carroço) 70 6
Algodão herbáceo (carroço) 56 24 60 9
Arroz (em casca) 35 21
Banana 30 27 40 18
Cana-de-açúcar 20 700 20 230
Castanha de Caju 4 1 34 5
Coco-da-baía 6 30 10 54
Feijão (em grão) 10.530 2.136 11.000 825
Mamona (baga) 56 34 50 15
Mandioca 150 1.350 150 525
Manga 4 160 12 480
Milho (em grão) 10.780 2.048 12.000 528
FONTE: Baseado no Anúario Estatístico do Ceará: 2000.
Os demais produtos agrícolas expressados são destinados à comercialização, e entre
estes somente o coco-da-baía e a manga apresentam aumento na produção, fato que pode
ser analisado em estudo específico. Ainda no período em foco, o algodão arbóreo e o arroz
não apresentaram produção de um ano para outro.
114
A visualização gráfica evidencia as culturas tradicionais na subsistência da
população, e as duas culturas comerciais de maior produção, que podem ser consideradas
como novidades para a região (GRÁFICO 09).
Em termos percentuais, é possível verificar (GRÁFICO 10) que as culturas de milho
e feijão ocupam praticamente o total da área plantada, correspondendo juntas a 98% da área
total no Município ocupada pela agricultura, enquanto a mandioca ocupa apenas 1% desta
área.
GRÁFICO 09 – Produtos Agrícolas de Maior Produção – Tauá/CE
Fonte: Anuário Estatístico do Ceará : 2000
9
18
230
5
54
825
15
525
480
528
0 200 400 600 800 1000
1
Quantidade (t)
Milho (em grão)MangaMandiocaMamona (baga)Feijão (em grão)Coco-da-baíaCastanha de CajuCana-de-açúcarBananaArroz (em casca)Algodão herbáceo (carroço)Algodão Arbóreo (carroço)
115
GRÁFICO 10- Importância Agrícola por Área Ocupada – Tauá/CE
Fonte: Baseado no Anuário Estatístico do Ceará-2000
Dados da atividade extrativa (QUADRO 10), expressam o destaque para a produção
de carvão e madeira, e levam a que se infira deverem estes produtos ter maior rentabilidade,
dentro dessa atividade.
0%0%0%
48%
0%
1%
0%
51%
0%0%
0%0%Algodão Arbóreo (carroço)Algodão herbáceo (carroço)
Arroz (em casca)BananaCana-de-açúcar
Castanha de CajuCoco-da-baíaFeijão (em grão)
Mamona (baga)MandiocaManga
Milho (em grão)
116
QUADRO 10 – Evolução do Extrativismo Vegetal – Tauá/CE
PRODUTOS
QUANTIDADE (T)
1995
%
1996
%
1997
%
1998
%
1999
%
Carvão Vegetal
39
1
2
2
2
Lenha
165.00
29
30
29
29
Madeira em Tora
14.100
1
1
1
1
FONTE: Baseado no Anuário Estatístico do Ceará: 2000.
Ao longo do período analisado, verifica-se queda intensa na quantidade dos
produtos explorados no extrativismo vegetal, com destaque para a produção de lenha .
É possível perceber também o decréscimo generalizado para os produtos destacados
no extrativismo vegetal (GRÁFICO 11), fato que pode estar associado ao ritmo intenso de
retirada da cobertura vegetal natural.
A produção decorrente da extração vegetal na região tem caráter de renda
complementar, pois é praticada por pequenos agricultores e criadores de gado, que realizam
a extração de madeira de maneira avulsa em terras que na maioria das vezes não lhes
pertencem.
Outras atividades como criação de aves e pesca continental também constituem
aspectos importantes na economia do Município de Tauá. Dados de 1995 e 1996
demonstraram que a avicultura obteve crescimento intenso, de 49.364 no primeiro ano
exposto passa para 170.368 efetivos de aves; enquanto a pesca praticada em açudes oficiais,
com destaque para o Trici teve produção de 18.685 kg em 1995, passando para 32.800 kg
em 1996.
117
GRÁFICO 11 –Variação da Extração Vegetal – Tauá/CE
FONTE: Baseado no Anúario Estatístico do Ceará-2000
02 04 06 08 0
1 0 01 2 01 4 01 6 01 8 0
Q u a n tida de ( t)
C a rv ã o V e g e ta l L e n h a M a d e ira e mT o ra
P rodu tos
V a r ia ç ã o d a E x t ra ç ã o V e g e ta l e m 5 a n o s -T a u á /C E
1 9 9 51 9 9 61 9 9 71 9 9 81 9 9 9
118
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Análise Geoambiental em Sub-bacias Hidrográficas do Alto Vale do Rio
Jaguaribe
A análise geoambiental sobre considerada porção do espaço geográfico, de maneira
geral, está relacionada com a avaliação ambiental acerca das condições dos recursos
naturais ali desenvolvidos. Neste contexto, MACEDO (1995:15) considera ser esta ampla
atividade analítica, que busca compreender e mensurar o objeto de estudo, segundo as
relações mantidas entre seus elementos constituintes.
De acordo com a aplicação dos parâmetros quantitativos e abordagem qualitativa
explicitados nos procedimentos metodológicos, são apresentados nesta parte do estudo os
resultados e discussões obtidos para as sub-bacias hidrográficas pré-selecionadas.
Neste contexto, serão apresentadas as características hidrológicas e dinâmicas
decorrentes; evolução e dinâmica socioambiental; compartimentação geoecológica; além de
vulnerabilidades nas (entre) sub-bacias dos riachos Trici, Catumbi, Cipó e Carrapateiraas.
5.1.1 Características hidrológicas e processos dinâmicos
Parâmetros quantitativos em bacia hidrográfica e suas subunidades, como as
sub-bacias, são importantes na classificação e análise das suas dinâmicas hidro-
geomorfológicas.
Dentro da análise ambiental, os parâmetros morfométricos em sub-bacias podem ser
interrelacionados com outros de caráter qualitativo, aplicados na compreensão das
dinâmicas geossistêmicas e assim fornecer dados e informações mais concisas acerca de
condições naturais e possíveis evoluções das dinâmicas decorrentes.
Nesta perspectiva, segue-se com a quantificação de índices morfométricos nas sub-
bacias dos riachos Cipó, Carrapateiras, Trici e Catumbi, para apresentar as condições
hidrológicas e as dinâmicas naturais decorrentes.
119
5.1.1.1 hierarquização fluvial
A ordenação de canais fluviais é uma simples quantificação da confluência de um
canal com outro. Parte-se do critério de que os menores canais, sem tributários, são
considerados de primeira ordem e confluem com outros, de segunda ordem, e que só
recebem afluentes de primeira ordem. A confluência de dois canais de segunda ordem leva
à formação de canais de terceira ordem, e assim sucessivamente, aonde os de ordens
maiores recebem os de ordens menores (De acordo com STRAHLER (1952), citado por
CRHISTOFOLETTI (1981: 106-107).
QUADRO 11 – Dados Lineares
DADOS LINEARES
L1 L2 L3 L4 1a 2a 3a 4a total 1a 2a 3a 4a total*
SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS
Riacho Cipó
3a ordem 90 8 20 128 40 23 3 1 23
Riacho Carrapateiras 4a ordem 190 50 28 15 305 80 40 9 2 1 40
Riacho Trici
3a ordem 94 30 24 148 33 23 5 1 23
Riacho Catumbi
4a ordem 149 18 32 37 214 80 51 8 2 1 51
• de acordo com STRAHLER
L1 – Hierarquia L2 – Comprimento dos canais por ordem (km) L3 – Comprimento total do rio principal (km) L4 – Quantidade de rios por ordem
120
Dessa maneira, a hierarquização fornece indícios do grau de desenvolvimento de
um determinado sistema de drenagem, quando a confluência entre canais resulta em
aumento de ordem; por conseguinte, apresenta maior evolução da dinâmica hidrológica.
Quanto maior a hierarquia da rede de drenagem, maior a complexidade hidrológica,
ou seja, maior extensão dos canais, melhores condições de receber consideráveis volumes
dos fluxos superficiais (água ou materiais terrígenos).
Pode-se verificar, para as sub-bacias em estudo (QUADRO 11), que a maior
complexidade hidrológica está para as sub-bacias dos riachos Catumbi e Carrapateiras,
ambas de 4ª ordem, sendo as dos riachos Trici e Cipó de 3ª ordem.
É possível verificar também que os dados lineares e de área da seqüência acima
(QUADRO 12) corroboram o resultado apresentado, pois as duas primeiras sub-bacias,
com áreas de aproximadamente 368 km2 e 470,9 km2 respectivamente, apresentam maior
quantidade de rios – 51 e 40; cursos principais com 80 km de comprimento cada um, em
toda a rede de drenagem com 214 km e 605 km de comprimento total.
QUADRO 12 – Dados de Área
DADOS DE ÁREA SUB-BACIAS
HIDROGRÁFICAS DA1 (km2)
DA2 (km)
DA3 (km)
Riacho Cipó
208 27 79
Riacho Carrapateiras 470,9 55 170
Riacho Trici
227,2 25,8 86
Riacho Catumbi
368 34,1 97
DA1 – Área (km2) DA2 – Comprimento da bacia (km) DA3 – Perímetro da bacia (km)
121
As outras duas sub-bacias dos riachos Trici e Cipó apresentam índices que no
conjunto refletem menor complexidade no arranjo de suas redes de drenagem. Apresentam
um total de 23 rios cada uma , cerca de 148 km e 128 km de comprimento total para toda
rede, e 33 km e 40 km para os canais principais, respectivamente, distribuídos em áreas
com cerca de 227,2 km2 e 208 km2.
5.1.1.2 análises de formas
A forma geométrica de uma bacia hidrográfica, segundo LIMA (1986), está na
dependência da interação de fatores físicos-ambientais como clima e geologia. Em geral, é
representada em plano semelhante a uma pera, em razão do alargamento nos interflúvios,
com direcionamento da rede de drenagem para o exultório comum, onde se verifica o
afunilamento, mas, em qualquer situação, a bacia hidrográfica é côncava determinando o
direcionamento geral do fluxo.
A interpretação visual da geometria de bacias hidrográficas é muito subjetiva. A fim
de eliminar esse caráter, foram desenvolvidos índices morfométricos com propostas de
processos diferentes para caracterização da forma de uma bacia hidrográfica, por meios
quantitativos.
Dentro dessa multiplicidade, para as sub-bacias em estudo, são apresentadas
análises baseadas em métodos propostos por V. C. MILLER:1953, citado por
CHRISTOFOLETTI (1981) e HORTON: 1952 (QUADRO 13).
Pelo método de Horton, a identificação da forma de uma bacia hidrográfica está na
comparação entre os resultados apresentados pelo Fator de forma (Ff), que é estabelecido
pela relação entre a área e o eixo da bacia ao quadrado. Aquela de resultado mais elevado
apresenta geometria regular (forma quadrada, oval, circular ou triangular), e a com
resultado mais baixo tem forma irregular.
122
QUADRO 13 – Índices de Forma
INDICES DE FORMA Ff C Kc
SUB-BACIAS
Riacho Cipó
0,28 0,51 1,53
Riacho Carrapateiras
0,15 0,18 2,19
Riacho Trici
0,34 0,32 1,59
Riacho Catumbi
0,31 0,36 1,41
Dessa forma, os resultados apresentados pela sub-bacias do riacho Carrapateiras
expressam 0,15, pela do riacho Catumbi 0,31; do riacho Trici 0,34 , e do riacho Cipó 0,28,
o que levou a se inferir que as sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi têm tendências à
forma regular, enquanto Cipó e Carrapateiras têm a forma irregular.
Com a aplicação do índice de circularidade (“C”) proposto por MILLER (1957), as
sub-bacias dos riachos Carrapateiras, Trici e Catumbi - 0,18- 0,32 e 0,36 - podem ser
classificadas com forma irregular, pois os valores estão abaixo da unidade. Enquanto isso,
a sub-bacias do riacho Cipó, com o resultado mais aproximado da unidade (0,51), apresenta
tendência a forma circular.
Fc – Fator de fator C – Índice circularidade Kc – Coeficiente de
123
No coeficiente de compacidade (Kc) - fundamentado na relação entre o perímetro
da bacia e o perímetro de área igual a da bacia - o resultado tende a unidade para a bacia de
forma circular, portanto quanto maior o valor, mais se aproxima da forma circular.
Através deste índice, as sub-bacias em estudo apresentaram resultados acima da
unidade, ou seja, Trici – 1.59; Catumbi – 1.41; Carrapateiras – 2.19 e Cipó – 1.53, e
portanto classificadas como irregulares.
A existência de processos variados para a caracterização da forma das bacias
hidrográficas, conduz a se estabelecer, corroborando CHRISTOFOLETTI (1981) e LIMA
(1986), que o índice de forma é permeado de subjetividade, e por isso torna-se um dos mais
difíceis de se expressar.
Com análise comparativa entre os métodos aplicados, buscou-se reduzir o caráter de
subjetividade, na caracterização da forma nas sub-bacias hidrográficas. Por conseguinte, os
resultados acima expressados conduzem a pesquisadora a enquadrar as sub-bacias em
estudo na forma geométrica irregular.
Compreende-se que, em condições naturais de equilíbrio hidrológico, a forma
irregular favorece a movimentação mais lenta para os fluxos e, por sua vez, amplia o
tempo de formação para o deflúvio. Enquanto que na forma regular ocorre de maneira mais
rápida, com deflúvio.
A caracterização do deflúvio através da forma da sub-bacias hidrográfica pode
revelar fenômenos inter-relacionados com fatores climáticos e geológicos. Dentro das
condições climáticas, destacam-se as precipitações, quanto ao tipo, intensidade, duração e
distribuição. Nas condições geológicas, o tipo de rocha e comportamento de processos
intempéricos e de desnudação.
Como discutido anteriormente, para a área de abrangências das sub-bacias, o
comportamento anual das chuvas irregulares no tempo e no espaço, concentradas em
poucos meses do ano (e com ocorrências eventuais de fenômenos intensos associadas à
estrutura geológica de substrato cristalino-metamórfico, rochas bastante desgastadas, com
presença de diáclases por processos intempéricos), é responsável pela formação de
deflúvios de baixos volumes, com vazões temporárias e esporádicas, sazonais.
124
5.1.1.3 dinâmica do escoamento superficial
Nem toda precipitação em uma bacia hidrográfica é transformada imediatamente em
deflúvio. Parte escoa rapidamente e parte permanece armazenada por algum tempo nas
depressões e no próprio solo, podendo percolar em direção ao aqüífero. Parte ainda, nunca
chega a escoar, sendo perdida por evaporação (MARTINS,1995:36).
A fração da chuva que não infiltra no solo e escoa pelas porções mais
impermeáveis do terreno até o canal mais próximo constitui o escoamento superficial.
A movimentação do fluxo d’água, entre o interflúvio e o canal permanente, inicia
como pequenos filetes em película laminar, aumentando de espessura e podendo até se
transformar em enxurrada.
Na Perspectiva dos índices quantitativos, a organização de bacias hidrográficas pode
ser analisada sob o ponto de vista das variáveis do comportamento médio dos canais e
extensão do percurso superficial, entre outros.
O comprimento médio dos canais (Cmc), de acordo com
CRHISTOFOLETTI (1981), vem pela relação da soma dos comprimentos dos canais de
cada ordem (Lu), pelo número de segmentos encontrados em cada ordem (Nu).
Dessa forma, obteve-se uma série para cada sub-bacias hidrográfica, de acordo com
a hierarquização. Os resultados expressados foram: Trici – 4 km, 6 km e 24 km; Catumbi –
2,9 km, 2,3 km, 15 km e 15 km; Carrapateiras – 4,75 km, 5,5 km, 14 km e 37 km; e Cipó –
3,9 km, 6 km e 20 km.
Como resultado final, o primeiro termo da série expressa o comprimento médio dos
canais de primeira ordem, ao passo que a razão entre os componentes da série representa o
comprimento médio dos canais nas demais ordens.
Como interpretação, tem-se para o resultado final (QUADRO 14) o primeiro termo
da série expressa o comprimento médio dos canais de primeira ordem, e, através da razão
entre os componentes da série, obteve-se o comprimento médio dos canais nas demais
ordens.
125
Neste contexto, percebe-se que os canais de primeira ordem, na maioria, apresentam
comprimentos médios maiores do que as ordens sucessivas (exceto a sub-bacias Catumbi).
Tal fenômeno evidencia a busca inicial de ajuste apropriado dos canais e quando alcançam
o equilíbrio, o percurso médio de um canal para o outro tende a ser reduzido.
QUADRO 14: Extensão do Percurso Superficial
ÍNDICES DE EXTENSÃO E COMPRIMENTO DOS
CANAIS SUB-BACIAS
HIDROGRÁFICAS Eps
(km) Cmc (km)
1a 2a 3a 4a
Riacho Cipó
0,81 3,9 6 1,5 20 3,3
Riacho Carrapateiras 0,78 4,75 5,5 1,2 14 2,5 37 2,6
Riacho Trici
0,76 4 6 1,5 24 4
Riacho Catumbi
0,86 2,9 2,3 0,7 16 6,9 15 0,5
Através da inversão da densidade de drenagem, calcula-se a extensão do percurso
superficial (Eps), índice que representa a distância média percorrida pelas enxurradas entre
o interflúvio e o canal permanente.
A variável “Eps” é aplicável ao escoamento de fluxo direto na bacia hidrográfica,
segundo LIMA (1986), e, assim como o “Cmc”, está relacionada a leis básicas de
composição da rede de drenagem.
Eps – Extensão do percurso superficial (km) Cmc – Comprimento médio dos canais por ordem (km)
126
Os resultados (QUADRO 14) para as sub-bacias dos riachos Catumbi e Cipó
apresentaram as maiores extensões para o escoamento superficial, com 0,86 km e 0,81 km,
respectivamente. Enquanto isso as sub-bacias dos riachos Trici e Carrapateiras
apresentaram 0,76 km e 0,78 km, respectivamente.
Na perspectiva ambiental, de acordo com ROCHA (1997), o índice acima pode ser
relacionado ao indicativo de erosão. Dessa maneira, quanto maior o resultado, mais forte é
a predisposição à erosão, e vice-versa, pois o sistema está buscando ajustamento às
condições naturais. Esta perspectiva, mesmo com ínfima proporção, é expressada entre as
sub-bacias, principalmente dos riachos Catumbi e Cipó.
5.1.1.4 relação escoamento superficial – infiltração
A quantidade de rios, as condições para manutenção e formação de canais na bacia
hidrográfica, estão diretamente associadas às características climáticas, geológicas e
pedológicas, e indiretamente relacionadas a outros fatores, como a vegetação, por exemplo.
O clima que determina o regime e a vazão dos rios; as condições geológicas através
do tipo de rochas e a constituição litológica, e as condições pedológicas, por suas
características físicas e constituição mineralógica, exercem forte influência sobre a
dinâmica de escoamento superficial – infiltração.
Dessa forma, as bacias hidrográficas com presença de rochas permeáveis como
substrato arenítico favorecem a ocorrência de menor número de rios em área-padrão, com
manutenção dos canais existentes; refletindo melhores condições à infiltração e menores ao
escoamento.
Por outro lado, bacias hidrográficas em condições diferentes daquelas citadas
quanto à permeabilidade possibilitam a ocorrência de maior número de rios por área e o
surgimento de outros canais, refletindo maiores condições ao escoamento superficial.
Os indicativos para esta análise, na área de abrangências das sub-bacias, foram
expressos através dos índices de densidade de rios (Dr) e densidade de drenagem (Dd), de
127
HORTON (1945). Enquanto isso para a intensidade e movimentação dos fluxos nos canais
de drenagem, foram analisados os parâmetros de declividade média e conformação do
relevo, através dos métodos de WISLER & BRATER (1964) e de rugosidade (Rg) de
MELTON (1957), expressados por LIMA (1986).
Mas os fluxos dos canais apresentam aspectos de velocidades associados, entre
outros fatores, à declividade e à conformação da superfície. O QUADRO 15 apresenta a
situação encontrada para as sub-bacias em estudo.
A relação entre o número total de rios e a área de uma bacia hidrográfica revela a
densidade de rios que expressa, em seu resultado, a freqüência (ou quantidade) com que os
cursos d’água aparecem em uma área-padrão. No presente estudo, a área-padrão é o km2.
Neste contexto, a freqüência mais acentuada foi apresentada na sub-bacias do riacho
Catumbi-0.217 segmentos de rios/km2. As demais expressam 0.145 seg. de rios/Km2 na
sub-bacias do riacho Trici; 0.084 seg. de rios/km2 para Carrapateiras e 0,110 para a sub-
bacias Cipó.
QUADRO 15: Relação escoamento superficial-infiltração
RELAÇÃO ESCOAMENTO SUPERFICIAL-INFILTRAÇÃO
Dr Dr D RN
SUB-BACIAS HIDROGRÁFIC
AS (km\ km2) %
Riacho Cipó
0,11 0,61 4,2 2,56
Riacho Carrapateiras 0,084 0,64 8,09 5,17
Riacho Trici 0,145 0,65 5,1 3,31
Riacho Catumbi 0,217 0,58 3,96 2,29
Dr – Densidade de rios Dd – Densidade de drenagem (km\km2) D – Declividade média da bacia RN – Coeficiente de rugosidade
128
Pelas condições apresentadas no índice de densidade de rios, considera –se que
todas as sub-bacias hidrográficas são analisadas com padrão de baixa freqüência de canais
por área padrão, e, por este motivo, em condições naturais favorecem a infiltração.
A partir da relação comprimento total dos rios na bacia hidrográfica com sua área,
obteve-se a densidade de drenagem, cujo resultado dá indícios acerca das condições de
manutenção ou formação de canais.
Dessa maneira, corrobora-se os achados de HORTON (1945), para quem o
resultado de 2,74 é para uma bacia hidrográfica mal drenada, e de 0,73 para uma bacia
hidrográfica bem drenada. As sub-bacias hidrográficas em análise estão classificadas no
baixo padrão de drenagem, pois apresentaram os seguintes resultados: 0,61 km/km2 para
Cipó; 0,64 km/km2 em Carrapateiras; 0,65 km/km2 em Trici; e 0,58 km/km2 para Catumbi.
Sob condições físicas naturais, os fluxos d’água que chegam à superfície são
drenados para os canais, caracterizando-as como bem drenadas.
Tem-se a compreensão de que, assim como os demais índices aqui analisados, tanto
a densidade de rios como densidade de drenagem estão ajustados às características de área,
extensão dos canais e às condições de balanço, escoamento superficial-infiltração.
O resultado da declividade média (Dm) em bacia hidrográfica pode ser relacionado
à dinâmica do escoamento superficial, quanto a velocidade e caráter dos fluxos, o que
qualifica, entre outros aspectos, o tempo de concentração da água (rápida e/ou lenta) nos
canais de drenagem após a precipitação.
Assim, em declividades elevadas, os fluxos que partem das linhas divisórias e/ou
pontos a montante para canais adjacentes, geralmente, apresentam tendência a velocidades
rápidas, enquanto em declives menos acentuados tendem a velocidades lentas.
Neste âmbito, o quadro 15 demonstra que a sub-bacias do riacho Carrapateiras
apresenta 8,09% de declividade média, sendo mais acentuada em relação às demais.
Enquanto a sub-bacias do riacho Trici expressa-5,10% , a do em riacho Cipó mostra 4,20%
e a sub-bacias do riacho Catumbi- 3,96%.
129
Assim, nas sub-bacias hidrográficas que apresentaram declividades mais
acentuadas, a ação da gravidade favorece o aumento de velocidades dos fluxos em
deslocamento para a base ou ponto de equilíbrio da rede de drenagem. Com a redução das
declividades nas sub-bacias, as velocidades podem ser atenuadas pelas condições de
altitudes menos acentuadas e/ou alongamento das vertentes.
A conformação topográfica, ou seja, a variabilidade na morfologia dos interflúvios,
é outro elemento de importância na dinâmica do escoamento superficial-infiltração. No
presente estudo, este agente é analisado através do coeficiente de rugosidade (Rg), que
demonstrou relação direta com a declividade média.
Assim, a sub-bacias do riacho Carrapateiras apresenta índice mais elevado de
rugosidade – 5,17, na sub-bacias do riacho Trici-3,31, na sub-bacias do riacho Cipó-2,56, e,
por fim, na sub-bacias do riacho Catumbi- 2,29.
O coeficiente de rugosidade combina as qualidades de declividade e comprimento
das vertentes com a densidade de drenagem, de acordo com MELTON (1957) citado por
CHRISTOFOLETTI (1986:121).
Neste contexto, fazendo-se inter-relações dos resultados em declividade média e
rugosidade, em relação a densidade de drenagem, infere-se que as sub-bacias em análise
são constituídas de rampas alongadas, que podem receber fluxos em movimento de caráter
turbulento, com velocidades diferenciadas.
Tais características são evidenciadas através dos resultados crescentes expressados
pela declividade média e rugosidade entre as mirobacias hidrográficas, que por sua vez,
afetam a velocidade. Mas são contra balanceados pela baixa de densidade de drenagem.
Por outro lado a rugosidade também pode ser relacionada ao caráter dos fluxos
quanto à tipologia, que pode ser laminar ou turbulento. Em virtude da localização em
ambiente semi-árido, onde o caudal dos rios tem volume muito reduzido, com regimes
temporários e vazões registradas em período chuvoso na região, e com precipitações
irregulares, mal distribuídas e por vezes de caráter torrencial classificam-se os fluxos como
turbulentos.
130
O fluxo turbulento ocorre quando a velocidade excede determinado valor crítico e
está caracterizado por uma variedade de movimentos heterogêneos para jusante onde a
rugosidade da superfície do canal é um dos fatores que afetam a velocidade
(CHRISTOFOLETTI,1989:66).
5.1.2 Evolução e dinâmica socioambiental
A análise do processo histórico de ocupação demográfica do sertão nordestino e as
práticas e estruturas econômicas decorrentes, ensejaram a que se compreendesse neste
estudo como se consolidou a dinâmica de uso do solo na área de abrangência das sub-
bacias, e a partir daí, pudesse se indicadas as evidências do mau uso dos recursos naturais.
De maneira geral, a fixação do “homem branco” na região em foco, pela atividade
da criação de gado, reflete o contexto econômico da época e sua relação com os recursos
naturais, ali sempre uma atividade sobrepujava as demais, pelo interesse econômico do
colonizador de ocupar os espaços com melhores condições naturais.
A retirada do gado bovino do litoral para o interior do Brasil denota a busca de
espaço e pastagem, elementos importantes que, na perspectiva da exploração dos recursos
naturais, significa solo (terra) e vegetação. Junto a estes, podem ser agregados algumas
características específicas e outros elementos, entre os quais a seguinte situação: a terra
com certa umidade para desenvolvimento de pastagem, e, nas proximidades, a ocorrência
de água - elemento imprescindível para o desenvolvimento da vida.
No contexto para o vale do Jaguaribe, o processo histórico de fixação do homem e
expansão das práticas econômicas evidencia os seguintes aspectos na relação homem-
natureza:
- na busca de concessões de terras, os fazendeiros expandiram seus domínios ao
longo do vale e seus afluentes, preferencialmente pelas terras férteis e mais
úmidas;
131
- o conflito étnico-cultural teve grande evidência, pela espoliação dos grupos
indígenas das suas terras . Mas traz implícitas as bases dos conflitos ambientais,
quando estes são repelidos das terras úmidas para as mais secas;
- a concepção econômica da sociedade que se estruturava estabeleceu que as áreas
de melhores condições naturais na região deviam ser destinadas basicamente à
criação de gado, o que totalmente contrário à concepção indígena;
- o crescimento da população, por necessidade alimentar, direciona o uso do solo
também para a agricultura de subsistência. A partir daí revelam-se os conflitos
ambientais pois, no mesmo espaço, passam a concorrer: terra fértil e água para
irrigação natural das culturas e terra úmida, pastagem e água para a criação de
gado;
- neste conflito, sempre tiveram maior importância os interesses econômicos. Não
importavam as limitações naturais que já eram evidenciadas a cada período de
estiagem. Os indígenas percebiam e por isso travavam conflitos para
reconquistar suas terras e garantir sua sobrevivência;
- enquanto cresciam o número de cabeças de gado e o contingente populacional
também aumentava, a pressão sobre os recursos naturais. Sobre a vegetação pela
extração de madeira e lenha; sobre o solo, no uso da terra, pelas novas culturas
agrícolas- como o algodão -, e sobre os recursos hídricos disponíveis nos rios e
riachos.
- Este fato agrava cada vez mais as relações de conflito ambiental, pois a
monocultura algodoeira, assim como o gado, exigiu o melhor dos recursos
naturais necessários de maneira intensa e rápida, já que ainda no séc. XIX, a
atividade pecuária perde sua importância econômica.
Dessa maneira, o que fica para a região do vale do Jaguaribe, especificamente na
área de abrangências das sub-bacias estudadas, é uma estrutura socioeconômica com
predomínio da relação homem-natureza com dinâmica desarmônica, com forças
antagônicas.
132
De um lado, o grupo minoritário fortalecido pelo capital para exploração dos
recursos naturais em favor de suas ambições econômicas; e do outro lado, o grupo
majoritário constituído por descendentes de vaqueiros, escravos e indígenas, que buscam
desenvolver atividades econômicas na região em menor escala de produção, na intenção de
garantir a sobrevivência da família.
Na atualidade, pode-se constatar que a dinâmica demográfica e econômica na área
de abrangências das sub-bacias em estudo foi cada vez mais incrementada. Ali o
contingente populacional exerce intensa pressão sobre os recursos naturais, pelo modo
como trabalham suas atividades, dentro do modelo econômico vigente. E, assim, agravou e
implementou os impactos ambientais decorrentes da relação homem-natureza.
Com a produção econômica baseada nas leis de mercado e a ofertar apoio às
atividades destinadas às demandas de mercado externo nacional ou como suprimento de
matéria-prima, as atividades agropecuárias praticadas na região sempre foram voltadas a
obter elevadas produções. Assim, incidem cada vez com maior ônus aos recursos naturais,
já muito fragilizados pelo uso ao longo deste tempo.
Dessa maneira, os problemas ambientais atuais decorrentes da dinâmica
socioeconômica atual nas áreas de abrangências das sub-bacias em estudo, entre outros
aspectos, expressam as seguintes manifestações:
- o sobrepastejo, acarretado pela técnica predominante aplicada há mais de cinco
séculos na região e pelo elevado número de cabeças de gado por área de pastejo. Isto
porque a movimentação de grandes rebanhos entre as áreas para pastagem e para
dessedentação muito contribuem para a degeneração da cobertura vegetal, na perda do
capeamento do solo (camada mais fértil), através de processos erosivos em razão de
pisoteios contínuos e, conseqüentemente, constituem volumes de sedimentos carreados até
os canais de drenagem;
- a agricultura e o extrativismo vegetal, com pouca ou nenhuma orientação técnica
adequada às condições naturais da região. Além de provocar os problemas acima
mencionados, traz à tona outros aspectos;
133
- a limpa do terreno, através de queimadas e retirada da vegetação em áreas
declivosas, contribui para a destruição dos micronutrientes (microorganismos) do solo, que
o tornam mais infértil, e também para a aceleração de processos erosivos nas vertentes, os
quais, favorecem consideravelmente a ocorrência de solos desnudos;
- o ritmo de retirada de madeira e outros produtos no extrativismo vegetal, junto aos
problemas há pouco evidenciados, têm levado à queda da biodiversidade e destruição da
caatinga e da mata ciliar. O fato foi constatado in loco pela expressão de baixo
adensamento da mata, a apresentar aspecto de faixa mais estreita e avanço da caatinga
arbustiva, ou constitui pequenas manchas intercaladas a áreas de vegetação de baixo porte a
rasteira, e ainda solos desnudos.
O panorama das manifestações dos impactos ambientais para cada sub-bacias
analisada está expresso na parte que trata especificamente das vulnerabilidades.
134
5.1.3 Compartimentação geoambiental
A bacia hidrográfica é um sistema ambiental heterogêneo. Reúne em mesmo
espaço, entre vertentes, solos, vegetação, água e outros elementos solubilizados de
características e condições ambientais variáveis e que podem ser ressaltadas pelas
influências antrópicas.
Dentro da classificação da paisagem de BERTRAND (1972), a bacia hidrográfica
constitui um geossistema, paisagem nítida e bem circunscrita, que resulta da combinação
local e única de fatores e dinâmicas comuns.
Nesta parte do estudo, trabalha-se na perspectiva da abordagem sistêmica para
compartimentar em unidades e subunidades geoambientais as sub-bacias dos riachos Trici,
Catumbi, Carrapateiras e Cipó.
5.1.3.1 compartimentação geoambiental na sub-bacias do riacho Cipó
A interação dos elementos físicos dispostos na sub-bacias do riacho Cipó refletem
as variações da compartimentação geoambiental através das unidades Z1, Z2 e Z3.
A unidade Z1 distribui-se na compartimentação de áreas aplainadas, no fundo de
vale, e ocupa cerca de 8,37 % da área total da sub-bacias em questão em relação às demais
unidades.
Na parte mais próxima ao canal de drenagem desta unidade, ocorrem depósitos
sedimentares fluviais compostos por areias e argilas, associações de solos aluviais
(NEOSSOLOS FLÚVICOS) e vegetação de mata ciliar. Destacam-se consideráveiss
setores com ocorrência de sucessão vegetacional e de solos desnudos.Tais características
constituem a subunidade denominada Z1a.
Nesta mesma unidade, ocorre área constituída litologicamente pelas rochas
cristalinas com gnaisses variados associados a xistos; há ocorrência de associações de solos
litólicos eutróficos (NEOSSOSLOS LÍTICOS), cobertura vegetal caatinga arbóreo-
arbustiva, nas fisionomias densa e aberta.
135
Estas variações fisionômicas identificam as subunidades Z1b e Z1c. Nestas, o solo
está intensamente aproveitado pela pecuária extensiva e o extrativismo vegetal.
Z2 é a unidade geoambiental disposta em áreas aplainadas a pouco dissecadas e
ocupa cerca de 50,27 % na sub-bacias hidrográfica em foco compõe áreas completamente
desgastadas, onde podem ser encontrados glacis de erosão.
A Z2 é composta de rochas cristalinas, onde podem ocorrer gnaisses variados,
associados a xistos, interrelacionadas com associações de solos litólicos eutróficos
(NEOSSOLOS LÍTICOS), e cobertura vegetal com caatinga arbóreo-arbustiva densa e
aberta, e caatinga arbóreo aberta. Essas variações fisionômicas representam as subunidades
Z2b; Z2c e Z2d.
Ressalta-se que a subuindade Z2c apresenta consideráveis manchas de sucessão
vegetacional e solos desnudos.
Na unidade geoambiental Z3, a morfologia compõe-se de áreas parcialmente
dissecadas que, em virtude da atuação de agentes morfogenéticos intensos, resultou na
formação de pedimentos e outras formas isoladas, resistentes à erosão diferencial, como os
inselbergs e blocos de rochas em geral.
Esta unidade representa cerca de 52,46% do total de área ocupada na sub-bacias
Cipó. Está constituída com as mesmas características litológicas e pedológicas da unidade
anterior, mas com ocorrência da cobertura vegetal de caatinga arbórea-arbustiva densa e
aberta, o que identifica as subunidades Z3b e Z3c.
A síntese das condições geoambientais da sub-bacias do riacho Cipó está expressa
no QUADRO 16 e no APÊNDICE B, com ilustração da disposição das unidades ora
discriminadas.
136
QUADRO 16 – Síntese da Compartimentação Geoambiental - Sub-bacias do
Riacho Cipó
110
CATEGORIAS ESPACIAS
ÁREA
SUB-BACIA DO RIACHO CIPÓ
Unidades de Paisagem
Subunidades m % Principais Características
Z1a 1.410 6,95
Depósitos sedimentares fluviais compostos por areias e argilas, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS); vegetação de mata ciliar. Ocorrência de sucessão vegetacional e solos desnudos, uso intensivo com agricultura de subsistência e extração vegetal.
Z1b 140 0,69 Gnaisses variados, xistos; associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOSLOS LÍTICOS), cobertura vegetal caatinga arbóreo-arbustiva densa; pecuária extensiva e extrativismo.
Z1 Áreas Aplainadas
(300m-350m) Z1c 150 0,73 Gnaisses variados, xistos; associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOSLOS LÍTICOS),
cobertura vegetal caatinga arbóreo-arbustiva aberta, pecuária extensiva e extrativismo. Z2b 3.520 17,35
Gnaisses variados, xistos, associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS); cobertura vegetal com caatinga arbóreo-arbustiva densa.
Z2c 4.410 21,74 Gnaisses variados, xistos, associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS); cobertura vegetal com caatinga arbóreo-arbustiva aberta com manchas de sucessão vegetacional e solos desnudos.
Z2 Áreas Aplainadas a Pouco Dissecadas
(400m-450m) Z2d 240 1,18 Gnaisses variados, xistos, associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS); cobertura vegetal com caatinga caatinga arbóreo aberta.
Z3b 2.290 11,29 Gnaisses variados, xistos, associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS, caatinga arbóreo-arbustiva densa. Z3
Áreas Parcialmente Dissecadas
(500m-550m) Z3c 8.110 39,99 Gnaisses variados, xistos, associações de solos litólicos eutróficos
(NEOSSOLOS LÍTICOS, caatinga arbóreo-arbustiva aberta.
110
5.1.3.2 – compartimentação geoambiental da sub-bacias do riacho Carrapateiras
Na sub-bacias do riacho Carrapateiras, foram individualizadas cinco (5) unidades
geoambientais. As três unidades anteriormente caracterizadas, e as unidades identificadas
como Z4, e Z6 - cujas características apresentadas a seguir - estarão sintetizadas no
QUADRO 17 e as devidas disposições em APÊDICE C.
É importante salientar a ocorrência de solos desnudos e a sucessão vegetacional
distribuídos de maneira aleatória nesta sub-bacias, visualizados como manchas, mais
extensas e adensadas em setores de altitude baixa a moderada em toda área; e também
ocorrência de variação morfológica plana fora de fácies fundo de vale, na extremidade sul
da sub-bacias.
Na sub-bacias hidrográfica focalizada, a unidade geoambiental Z1 ocupa cerca de
2,36 % do total da área. Caracteriza-se por áreas aplainadas, com afloramentos de rochas
cristalinas, em setor a montante do canal principal e, para jusante, a ocorrência de
sedimentos aluvionais compostos por areias de finas a grosseiras.
Tais características estão interrelacionadas com as ocorrências de associações de
solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e de Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), com
vegetação de mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva aberta e, ainda, mata ciliar com
caatinga arbórea aberta. Assim são as respectivas subunidades - Z1a, Z1c e Z1ad.
Caracterizada por topografias aplainadas a pouco dissecadas, a unidade
geoambiental Z2, na micorbacia do riacho Carrapateiras, está distribuída de maneira
descontínua e ocupa aproximadamente 22,89.% da área total.
É a unidade nesta sub-bacias hidrográfica que apresenta maior variação
geoambiental, em razão das diferenciações litológicas das associações pedológicas e
combinações fisionômicas da cobertura vegetal. Desse modo, as subunidades em Z2 estão
apresentadas a seguir.
QUADRO 17 – Síntese da Compartimentação Geoambiental - Sub-bacias do
Riacho Carrapateiras
CATEGORIAS ESPACIAS ÁREA
SUB-BACIA DO RIACHO CARRAPATEIRAS
Unidades de
Paisagem
Subunidades m % Principais Características
Z1a 90 0,20
Afloramentos de rochas cristalinas com sedimentos aluvionais de areias finas a grosseiras, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), com vegetação de mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva aberta e ainda, mata ciliar com caatinga arbórea aberta.
Z1c 810 1,88 Afloramentos de rochas cristalinas com sedimentos aluvionais de areias finas a grosseiras, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), com vegetação caatinga arbórea-arbustiva aberta .
Z1 Áreas Aplainadas
(300m-350m)
Z1ad 120 0,28 Afloramentos de rochas cristalinas com sedimentos aluvionais de areias finas a grosseiras, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), com vegetação de mata ciliar com caatinga arbórea aberta.
Z2e 2.710 6,28 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associações de Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), e litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS), caatinga arbórea densa com manchas de sucessão da vegetação e uso com atividades agropastoris e agroextrativas.
Z2d 410 0,93 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associação de solos Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), e caatinga arbórea aberta.
Z2da 510 1,18 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associação de solos Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), e caatinga arbórea aberta.
Z2b 640 1,48 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associações de solos Litólicos (NEOSSOLOS LÍTICOS) e Brunizem (CHERNOSSOLOS), caatinga arbórea-arbustiva densa.
Z2ca 180 0,42 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associações de solos Litólicos (NEOSSOLOS), de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), caatinga arbórea-arbustiva aberta e manchas de mata ciliar.
Z2c 1.490 3,45 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), Brunos não cálcico (LUVISSOLOS) e vertissolos (VERTISSOLOS), com caatinga arbórea-arbustiva aberta.
Z2 Áreas Aplainadas a Pouco Dissecadas
(400m-450m)
Z2c’ 3.950 9.15 Gabros e dioritos, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), Brunos não cálcico (LUVISSOLOS) e Planossolo (PLANOSSOLOS), com a caatinga arbórea-arbustiva aberta.
Continua ...
Continuação ...
CATEGORIAS ESPACIAS
ÁREA
SUB-BACIA DO RIACHO CARRAPATEIRAS
Unidades de Paisagem
Subunidad
es m % Principais Características
Z3e 410 0,95Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Litólicos (NEOSSOLOS LÍTICOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOSLOS), Brunizem (CHERNOSSOLOS), com caatinga arbórea densa.
Z3d 8.260 19,13Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Litólicos (NEOSSOLOS LÍTICOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOSLOS), Brunizem (CHERNOSSOLOS), com caatinga arbórea aberta.
Z3 Áreas
Parcialmente Dissecadas
(500m-550m) Z3a 7.960 18,43 Gabros e dioritos, associações de Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), e mata ciliar.
Z4 Áreas Dissecadas
com Cristas (550m-600m)
Z4a 490 1,13 Gnaisses, xistos e biotita-xiatos, com associações de solos Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e mata ciliar.
Z6e 1.520 3,52Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Brunizem (CHERNOSSOLOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), Litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS) e caatinga arbórea densa.
Z6d 1.850 4,28Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Brunizem (CHERNOSSOLOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), Litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS) e caatinga arbórea aberta.
Z6b 4.950 11,46Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Brunizem (CHERNOSSOLOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), Litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS) e caatinga arbórea-arbustiva densa.
Z6 Áreas
Montanhosas (650m-800m)
Z6c 1.720 3,98Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Brunizem (CHERNOSSOLOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), Litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS) e caatinga arbórea-arbustiva aberta.
A subunidade Z2e caracteriza-se pela ocorrência de gnaisses variados, associados a
xistos e biotita-xistos, com predominância de associações de Brunos não cálcicos
(LUVISSOLOS), mas também de associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOLOS
LÍTICOS), e com cobertura vegetal de caatinga arbórea densa. Pelo uso do solo com
atividades agropastoris e agroextrativas, apresenta manchas de sucessão da vegetação.
A subunidade Z2d corresponde à inter-relação das características litológicas e
morfológicas, com associação de solos Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e caatinga
arbórea aberta. Enquanto isso, na Z2b, ocorre a inter-relação com associações de solos
Litólicos (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Brunizem (CHERNOSSOLOS), com a caatinga
arbórea-arbustiva densa.
Pela ocorrência das associações de solos Litólicos (NEOSSOLOS), com solos
Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e caatinga arbórea-arbustiva aberta com manchas de
mata ciliar, forma-se a subunidade Z2ca. E a inter-relação das associações de solos aluviais
(NEOSSOLOS FLÚVICOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e Vertissolos
(VERTISSOLOS) ), com caatinga arbórea-arbustiva aberta, caracteriza a subunidade Z2c.
E, por fim, a subunidade Z2c’ constitui-se pela variação litológica de rochas
cristalinas antigas, onde podem ocorrer blocos de dioritos, em combinação com associações
de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e
Planossolos (PLANOSSOLOS), com caatinga arbórea-arbustiva aberta.
Caracterizada por áreas parcialmente dissecadas, a unidade Z3 ocupa
aproximadamente 39,11% da área na sub-bacias em questão, e está constituída por quatro
(4) subunidades.
De maneira geral, duas destas subunidades estão constituídas de rochas cristalinas,
como gnaisses, xistos e biotita-xistos, em combinação com associações de solos Litólicos
(NEOSSOLOS LÍTICOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOSLOS), Brunizem
(CHERNOSSOLOS), com caatinga arbórea densa ou com caatinga arbórea aberta; são
identificadas como Z3e e Z3d, respectivamente.
As outras duas compõe-se pela litologia acima, associadas às rochas mais antigas,
como gabros e dioritos, ocorrências de associações de Brunos não cálcicos
(LUVISSOLOS) e solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), mata ciliar na cobertura
vegetal, constituindo a subunidade Z3a. E para o setor de associações de Brunos não
cálcicos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea-arbustiva aberta, constitui a subunidade
Z3c.
A unidade geoambiental Z4 apresenta pequena proporção na sub-bacias do riacho
Carrapateiras, ocupando cerca de 1,13%. Esta unidade ocorre em áreas dissecadas com
presença de cristas, reflexo do desgaste pronunciado sobre afloramento de controles
estruturais, como falhas, diáclases e/ou dobramentos.
É constituída pela subunidade Z4a, caracterizada por inter-relações de rochas
cristalinas, como gnaisses, xistos e biotita-xiatos, com associações de solos Brunos não
cálcicos (LUVISSOLOS) e mata ciliar.
Nas áreas montanhosas, distribui-se a unidade geoambiental Z6, que ocupa
cerca de 33,24% da área total na sub-bacias em questão. De maneira geral, as subunidades
nestas áreas estão compostas por litologias com gnaisses, xistos e biotita-xistos, recobertas
com associações de solos Brunizem (CHERNOSSOLOS), Brunos não cálcicos
(LUVISSOLOS) e Litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS). A diferenciação está na
fisionomia da cobertura vegetal em que, onde a subunidade Z6d corresponde à caatinga
arbórea aberta, a subunidade Z6b, com caatinga arbórea-arbustiva densa, e a subunidade
Z6c com caatinga arbórea aberta.
5.1.3.3 –compartimentação geoambiental da sub-bacias do riacho Trici
A sub-bacias do riacho Trici está composta pelas unidades geoambientais Z1 a Z4.
A unidade geoambiental Z1 tem área percentual de 4,66%. Está representada pelas
áreas aplainadas no fundo de vale, constituídas com sedimentos aluvionais como areias e
argilas, e inter-relacionados às associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS),
de Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com ocorrência de mata ciliar ou
caatinga arbórea-arbustiva, que por sua vez, compõem as subunidades Z1a e Z1b.
É de considerável expressão na sub-bacias em foco, com aproximadamente 34,35%
de área relativa, a unidade geoambiental Z2 é representada por áreas aplainadas a pouco
dissecadas. Está composta por litologia complexa de rochas cristalinas, onde podem ocorrer
migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides quartiztos e outras.
Estes elementos estão inter-relacionados com as associações de Podzólicos
vermelho-amarelo (LUVISSOLOS) e com as variações fisionômicas da cobertura vegetal,
que individualizam as subunidades.
Neste conjunto, a ocorrência da caatinga arbóreo-arbustiva densa corresponde à
subunidade Z2b; e da caatinga arbórea densa à subunidade Z2e. Os setores onde a
vegetação aparece bem mesclada, ocorrem as subunidades Z2db, com ocorrência de
caatinga arbórea aberta e caatinga arbórea-arbustiva densa; Z2abd, com faixa de mata ciliar,
caatinga arbórea-arbustiva densa e caatinga arbórea aberta; e, por fim, a subunidade
Z2abcde constituída por todas as fisionomias anteriormente relacionadas.
Com a maior proporção percentual na sub-bacias do riacho Trici, com cerca de
59,65%, a unidade geoambiental Z3 é composta de maneira semelhante à unidade Z2. No
que diz respeito às características litológicas e pedológicas, a diferenciação está na
morfologia, que corresponde a áreas parcialmente dissecadas e nas variações da cobertura
vegetal, que formam mosaicos bem diferenciados.
Dessa maneira, esta unidade está composta pelas subunidades Z3b para o setor onde
ocorre a caatinga arbórea aberta. E nos setores onde a vegetação encontra-se mesclada,
caracterizam-se as subunidades Z3abc para a cobertura vegetal, composta por mata ciliar,
caatinga arbórea-arbustiva densa e aberta; Z3abcd que, além das outras, está acrescida pela
caatinga arbórea aberta. E por fim, a subunidade Z3abde, acrescentada da caatinga arbórea
densa.
QUADRO 18 – Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacias do
Riacho Trici
CATEGORIAS ESPACIAS
ÁREA
SUB-BACIA DO RIACHO TRICI
Unidades de Paisagem
Subunidades m % Principais Características
Z1a 860 3,65 Areias e argilas, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), de Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS) e mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa. Z1
Áreas Aplainadas (300m-350m)
Z1b 240 1,01
Areias e argilas, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), de Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS) e caatinga arbórea-arbustiva densa. Areias e argilas, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), de Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS) e caatinga arbórea-arbustiva densa.
Z2b 540 2,29
Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartiztos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea-arbustiva densa. Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras, associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea-arbustiva densa.
Z2e 200 0,84 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartiztos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea aberta e caatinga arbórea densa.
Z2db 750 3,18 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea aberta e caatinga arbórea-arbustiva densa.
Z2abd 830 3,52 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa e caatinga arbórea aberta.
Z2 Áreas Aplainadas a Pouco
Dissecadas (400m-450m)
Z2abcde 5.770 24,52 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa, caatinga arbórea-arbustiva aberta, caatinga arbórea aberta e caatinga arbórea densa.
Z3b 290 1,23 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea aberta.
Z3abc 1.590 6,75 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa e caatinga arbórea-arbustiva aberta
Z3abcd 3.550 15,08 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa caatinga arbórea-arbustiva aberta, caatinga arbórea aberta.
Z3 Áreas Parcialmente
Dissecadas (500m-550m)
Z3abcde 8.610 36,59 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa e caatinga arbórea-arbustiva aberta, caatinga arbórea aberta e caatinga arbórea densa.
Z4 Áreas Dissecadas com Cristas
(550m-600m Z4b 300 1,27
Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartiztos e outras associações de solos Bruno não cálcicos e caatinga arbórea-arbustiva densa.
De proporção muito pequena, na extremidade nordeste da sub-bacias em foco,
ocupando aproximadamente 1,27%, ocorre a unidade geoambietal Z4, que apresenta
morfologia de áreas dissecadas com cristas.
De maneira geral, esta unidade é constituída de rochas cristalinas com migmatitos,
gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras, em combinação com
associações de solos Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e cobertura vegetal de caatinga
arbórea-arbustiva densa. Assim, é constituída a subunidade Z4b.
A disposição das unidades geombientais da sub-bacias hidrográfica do riacho Trici
está ilustrada em APÊNDICE D, com síntese de suas características no QUADRO 18.
5.1.3.4 – compartimentação geoambiental da sub-bacias do riacho Catumbi
As unidades geoambientais da sub-bacias do riacho Catumbi apresentam condições
e características semelhantes aos da sub-bacias anteriormente analisada, quanto aos
aspectos geológicos, pedológicos e de cobertura vegetal.
A diferença básica está existência da unidade Z5 na sub-bacias em questão, que
corresponde a áreas com a presença de colinas, formas modeladas que recebem atuação de
agentes morfogenéticos atuais.
A unidade geoambiental Z1 tem aproximadamente 3,08% de área relativa. É
constituída por sedimentos aluvionais e rochas cristalinas, com migmatitos, gnaisses,
gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Aluviais
(NEOSSOLOS FLÚVICOS), Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e cobertura
vegetal nas fisionomias de mata ciliar, caatinga arbórea densa, que compõem as
subuindades Z1a e Z1e.
E nas combinações de gradação da vegetação, com ocorrência da mata ciliar e
caatinga arbórea-arbustiva densa para a subunidade Z1ab. E, ainda, a mata ciliar com
caatinga arbóreo-arbustiva aberta na subuindade Z1ac.
Na unidade geoambiental Z2, as rochas cristalinas apresentam litologias complexas,
com ocorrência de migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e
outras, com associações de solos Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS) e
cobertura vegetal, formando as seguintes subunidades: Z2abce, corresponde à faixa de mata
ciliar, caatinga arbóreo-arbustiva densa e aberta; e Z2abd, com mata ciliar, caatinga
arbóreo-arbustiva densa e caatinga arbórea aberta. E ainda, Z2e, área somente com caatinga
arbórea densa.
Esta unidade ocupa a maior proporção na área da sub-bacias do riacho Catumbi,
aproximadamente 57,25% do total.
A unidade geoambiental Z3, com cerca de 28,98% é constituída por áreas
parcialmente dissecadas. É composta das mesmas características litológicas e pedológicas
apresentadas na unidade anterior. As fisionomias da cobertura vegetal de mata ciliar,
combinadas com a caatinga arbórea-arbustiva densa, e mata ciliar com caatinga arbórea-
arbustiva aberta, correspondem às subunidades Z3a Z3ac, respectivamente. E, ainda,
somente com caatinga arbórea densa, a subunidade Z3e.
A unidade de geoambiental Z5, constituída por áreas dissecadas com presença de
colinas, ocupa cerca de 10,64% da área da sub-bacias em estudo.
Esta unidade, além de mostrar as mesmas características litológicas e pedológicas
anteriormente apresentadas, expressa-se pelas combinações de cobertura vegetal,
constituindo as seguintes subunidades: Z5abd, relacionada a mata ciliar, caatinga arbórea-
arbustiva densa e caatinga arbórea aberta, e Z5abe, que corresponde a mata ciliar, caatinga
arbórea-arbustiva densa e caatinga arbórea densa.
No APÊNDICE E, pode-se verificar a disposição das unidades geoambientais para a
sub-bacias do riacho Catumbi , no QUADRO 19, a síntese de suas características.
QUADRO 19 – Síntese da Compartimentação Geoambiental - Sub-bacias do Riacho Catumbi
CATEGORIAS ESPACIAS
ÁREA
SUB-BACIA DO RIACHO CATUMBI
Unidades de Paisagem
Subunidades m % PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Z1a 30 0,11 Areias a argilas com migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e cobertura mata ciliar. caatinga arbórea densa. Z1
Áres Aplainadas (300m-350m) Z1e 480 1,81
Areias a argilas com migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e caatinga arbórea densa.
Z2ab 190 0,71 Areias a argilas com migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e mata ciliar com caatinga arbórea-arbustiva densa.
Z2ac 120 0,45 Areias a argilas com migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e mata ciliar com caatinga arbórea-arbustiva aberta.
Z2abce 7.130 26,91 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa, caatinga arbórea-arbustiva aberta e caatinga arbórea densa.
Z2abd 2.700 10,19 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa, caatinga e caatinga arbórea aberta.
Z2 Áreas Aplainadas a Pouco
Dissecadas (400m-450m)
Z2e 5.340 20,15 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e caatinga e caatinga arbórea densa.
Z3ab 1.670 6,30 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS, com mata ciliar com caatinga arbórea-arbustiva densa.
Z3ac 790 2,98 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS, com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva aberta.
Z3 Áreas Parcialmente
Dissecadas (500m-550m) Z3e 5.220 19.70 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-
amarelo (LUVISSOLOS, com caatinga arbórea densa.
Z5abd 1.710 6,45 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS,mata ciliar, caatinga arbóreo-arbustiva densa e caatinga arbórea aberta. Z5
Áreas Dissecadas c/ Colinas(550m-600m) Z5abe 1.110 4,19
Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS,mata ciliar, caatinga arbóreo-arbustiva densa e caatinga arbórea densa.
5.2 Vulnerabilidades Ambientais em Sub-bacias Hidrográficas do Alto Vale do
Rio Jaguaribe
Vulnerabilidade é todo o processo físico ou químico, de ordem natural ou produzido
pelo homem, que exalta aspectos e características da fragilidade dos elementos constituintes
de um ecossistema qualquer na superfície terrestre.
Através das variações dos elementos e fenômenos relacionados às condições físicas
e ambientais em uma unidade da paisagem, pode-se expressar a freqüência, a quantidade ou
a intensidade da vulnerabilidade, ocorrentes na mesma ou entre algumas delas.
No presente estudo, através do cruzamento e análise de dados expressados em
capítulos e partes anteriores, foram identificadas as principais vulnerabilidades ambientais
nas sub-bacias hidrográficas estudadas. Através de quadro-matriz, demonstra-se a
intensidade das vulnerabilidades no interior destas, seguindo-se a comparação entre elas.
A partir das análises, observou-se que, de maneira geral, as vulnerabilidades
ambientais nas sub-bacias são fortemente evidenciadas pelos fatores antrópicos. Com
referência ao grau de sensibildade, apresentam-se com intensidades predominantes entre
alta a média alta para as sub-bacias dos riachos Cipó e Carrapateiras, enquanto, nas sub-
bacias dos riachos Trici e Catumbi, variam entre os graus de intensidade média, com
predominância entre média/média a média baixa.
Neste contexto, a sub-bacias do riacho Carrapateiras expressa o maior grau de
sensibilidade em relação às demais, enquanto as sub-bacias hidrográficas dos riachos Cipó,
Trici e Catumbi estão na seqüência.
As vulnerabilidades decorrentes dos fatores naturais analisados e expressados
demonstraram-se em consideráveis forças de equilíbrio no sistema das sub-bacias
hidrográficas.
QUADRO 20 – Matriz de Vulnerabilidades da Sub-bacias do Riacho Cipó
IMPACTOS NEGATIVOS \ GRAUS DE VULNERABILIDADE – SUB-BACIA DO RIACHO CIPÓ
Fatores Climáticos
Fatores Hidrológicos
Fatores
Geológicos
Fatores Antrópicos
INDICADORES DE VULNERABILIDADES
fc1
fc2
fh1
fh2
fh3
fh4
fh5
fh6
fh7
fg1
fg2
fa1
fa2
fa3
fa4 I
II
II
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
I – Canais limitados p\ grandes volumes II- Processos erosivos pronunciados III- Vazões em baixos níveis IV – Predominância de solos rasos V – Afloramentos rochosos VI – Solos desnudos VII – Solos aluviais incipientes VIII – Degradação da mata ciliar IX – Perda da biodiversidade na caatinga X – Rápidos deflúvios XI – Redução do tempo de água nos canais XII – Processos erosivos em vertentes XIII – Evidências do aspecto seco do ambiente XIV – Perda do horizonte A solo
Graus de Vulnerabilidade
Baixa Média baixa
Média média
Média alta
Alta Sem relação direta
fc1 – Escassez Pluviométrica fc2 – Intensa Evapotranspiração fh1 – Forma fh2 – Extensão do percurso superficial fh3 – Hierarquia da rede de drenagem fh4 – Densidade de rios fh5 – Densidade de drenagem fh6 – Declividade média da microbacia fh7 – Rugosidade fg1 – Sedimentos incipientes fg2 – Predomínio de rochas creistalinas fa1 – Desmatamentos fa2 – Sobrepastejo fa3 – Queimadas em cabeceira / declives fa4 – Manejo agropastoril inadequado
QUADRO 21 – Matriz de Vulnerabilidade da Sub-bacias do Riacho Carrapateiras
IMPACTOS NEGATIVOS \ GRAUS DE VULNERABILIDADE – SUB-BACIA DO RIACHO CARRAPATEIRAS
Fatores Climáticos
Fatores Hidrológicos
Fatores
Geológicos
Fatores Antrópicos
INDICADORES
DE VULNERDADES
fc1
fc2
fh1
fh2
fh3
fh4
fh5
fh6
fh7
fg1
fg2
fa1
fa2
fa3
fa4
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
I – Canais limitados p\ grandes volumes II- Processos erosivos pronunciados III- Vazões em baixos níveis IV – Predominância de solos rasos V – Afloramentos rochosos VI – Solos desnudos VII – Solos aluviais incipientes VIII – Degradação da mata ciliar IX – Perda da biodiversidade na caatinga X – Rápidos deflúvios XI – Redução do tempo de água nos canais XII – Processos erosivos em vertentes XIII – Evidências do aspecto seco do ambiente XIV – Perda do horizonte A solo
Graus de Vulnerabilidade
Baixa Média baixa
Média /média
Média alta
Alta Sem relação direta
fc1 – Escassez Pluviométrica fc2 – Intensa Evapotranspiração fh1 – Forma fh2 – Extensão do percurso superficial fh3 – Hierarquia da rede de drenagem fh4 – Densidade de rios fh5 – Densidade de drenagem fh6 – Declividade média da microbacia fh7 – Rugosidade fg1 – Sedimentos incipientes fg2 – Predomínio de rochas creistalinas fa1 – Desmatamentos fa2 – Sobrepastejo fa3 – Queimadas em cabeceira / declives fa4 – Manejo agropastoril inadequado
Assim, verifica-se que os fatores climáticos, apesar de incidirem com graus de
sensibilidade alta a média alta, não apresentaram relação direta com a maioria dos
problemas relacionados, expressando-se na matriz com o não-preenchimento de nenhuma
das cores dos graus de sensibilidade, mas, exatamente pela intensidade do grau
apresentado, requer atenção em perspectivas relevantes.
Os fatores hidrológicos apresentaram, no geral, graus de sensibilidades baixas,
porém deve-se dar atenção aos elementos fh1 e fh2 na sub-bacias do riacho Cipó
(QUADRO 20), por expressarem grau de sensibilidade média alta, enquanto os demais
elementos constituintes apresentaram bom equilíbrio, com graus de sensibilidade média
media a baixa.
Dentro dos problemas ambientais relacionados e nas condições naturais hidrológicas
expressadas, a sub-bacias do riacho Carrapateiras (QUADRO 21) apresentou-se
predominantemente de vulnerabilidade ambiental baixa.
Este mesmo grau de sensibilidade é considerado também para as sub-bacias dos
riachos Trici e Catumbi (QUADRO 22 e 23), reservadas as atenções para a expressão dos
elementos fh1 e fh2, respectivamente, para cada sub-bacias, e de acordo com os impactos
relacionados, uma vez que apresentaram graus de sensibilidade média alta a alta.
Os fatores geológicos expressaram-se nas sub-bacias dos riachos Cipó e
Carrapateiras, respectivamente, com fortes graus de sensibilidade que evidenciam os
impactos negativos. A primeira sub-bacias destaca-se pelo grau de sensibilidade alta a
média alta, enquanto a segunda expressa grau entre a média alta e média/média,
predominantemente.
Nas sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi, os fatores geológicos relacionados aos
impactos negativos expressados apresentaram-se com graus de vulnerabilidades que variam
na intensidade média/média a baixa, o que representa um fator de considerável importância
para o equilíbrio ambiental, perante os fenômenos de impactos negativos.
QUADRO 22 – Matriz de Vulnerabilidade da Sub-bacias do Riacho Trici
IMPACTOS NEGATIVOS \ GRAUS DE VULNERABILIDADE – SUB-BACIA DO RIACHO TRICI
Fatores Climáticos
Fatores Hidrológicos
Fatores
Geológicos
Fatores Antrópicos
INDICADORES
DE VULNERABILIDADES
fc1
fc2
fh1
fh2
fh3
fh4
fh5
fh6
fh7
fg1
fg2
fa1
fa2
fa3
fa4
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
I – Canais limitados p\ grandes volumes II- Processos erosivos pronunciados III- Vazões em baixos níveis IV – Predominância de solos rasos V – Afloramentos rochosos VI – Solos desnudos VII – Solos aluviais incipientes VIII – Degradação da mata ciliar IX – Perda da biodiversidade na caatinga X – Rápidos deflúvios XI – Redução do tempo de água nos canais XII – Processos erosivos em vertentes XIII – Evidências do aspecto seco do ambiente XIV – Perda do horizonte A solo
Graus de Vulnerabilidade
Baixa Média baixa
Média/ média
Média alta Alta Sem relação direta
fc1 – Escassez Pluviométrica fc2 – Intensa Evapotranspiração fh1 – Forma fh2 – Extensão do percurso superficial fh3 – Hierarquia da rede de drenagem fh4 – Densidade de rios fh5 – Densidade de drenagem fh6 – Declividade média da microbacia fh7 – Rugosidade fg1 – Sedimentos incipientes fg2 – Predomínio de rochas creistalinas fa1 – Desmatamentos fa2 – Sobrepastejo fa3 – Queimadas em cabeceira / declives fa4 – Manejo agropastoril inadequado
QUADRO 23 – Matriz de Vulnerabilidade da Sub-bacias do Riacho Catumbi
IMPACTOS NEGATIVOS \ GRAUS DE VULNERABILIDADE – SUB-BACIA DO RIACHO CATUMBI
Fatores
Climáticos
Fatores Hidrológicos
Fatores
Geológicos
Fatores Antrópicos
INDICADORES
DE VULNERABILIDADES
fc1
fc2
fh1
fh2
fh3
fh4
fh5
fh6
fh7
fg1
fg2
fa1
fa2
fa3
fa4 I
II
II
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
I – Canais limitados p\ grandes volumes II- Processos erosivos pronunciados III- Vazões em baixos níveis IV – Predominância de solos rasos V – Afloramentos rochosos VI – Solos desnudos VII – Solos aluviais incipientes VIII – Degradação da mata ciliar IX – Perda da biodiversidade na caatinga X – Rápidos deflúvios XI – Redução do tempo de água nos canais XII – Processos erosivos em vertentes XIII – Evidências do aspecto seco do ambiente XIV – Perda do horizonte A solo
Graus de Vulnerabilidade
Baixa Média baixa
Média / média
Média alta
Alta Sem relação direta
fc1 – Escassez Pluviométrica fc2 – Intensa Evapotranspiração fh1 – Forma fh2 – Extensão do percurso superficial fh3 – Hierarquia da rede de drenagem fh4 – Densidade de rios fh5 – Densidade de drenagem fh6 – Declividade média da microbacia fh7 – Rugosidade fg1 – Sedimentos incipientes fg2 – Predomínio de rochas creistalinas fa1 – Desmatamentos fa2 – Sobrepastejo fa3 – Queimadas em cabeceira / declives fa4 – Manejo agropastoril inadequado
De acordo com as indicações das análises aqui inter-relacionadas, classificou-se
as sub-bacias dos riacho Cipó e como Alta Vulnerabilidade Ambiental (AVA), a sub-
bacias hidrográfica do riacho Carrapateiras como de Média Alta Vulnerabilidade
Ambiental (MaVA), a sub-bacias hidrográfica do riacho Trici como de Média/média
Vulnerabilidade Ambiental (MmVA), enquanto e para a sub-bacias do riacho Catumbi
foi classificada na Média Baixa Vulnerabilidade Ambiental (MbVA).
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em face das análises realizadas no presente trabalho, considera-se que os
sistemas hidrogeomorfológicos estudados apresentaram-se dentro das condições abaixo
relacionadas.
Diante das medições morfométricas sobre o sistema de drenagem, as sub-baciass
de 4ª ordem – riachos Carrapateiras e Catumbi - expressaram estruturas ideais para
receber consideráveis volumes de fluxos de água e materiais terrígenos, e tendência à
formação de deflúvios de maneira equilibrada com as características geológicas e
climáticas da região, proporcionada pela irregularidade de suas formas.
As sub-baciass de 3ª ordem – riachos Cipó e Trici – são sistemas confluentes aos
primeiros, com estruturas menos desenvolvidas, destinando-se a fluxos em fracos
volumes.
A dinâmica de escoamento superficial revelou-nos no geral que os canais de 1ª
ordem têm comprimentos médios maiores do que as ordens sucessivas, com tendência a
redução no percurso médio de um canal para outro, ao alcançar o equilíbrio hidrológico,
exceto para a sub-bacia hidrográfica do riacho Catumbi, que constitui área de nascente e
eixo de escoamento principal da bacia hidrográfica do rio Jaguaribe, onde o trabalho
erosivo tem maior extensão na rede de drenagem.
Tal condição também foi revelada pelo Índice de Extensão do Escoamento
Superficial (Eps) mais elevado para as sub-bacias dos riachos Catumbi e Cipó,
revelando-se com maior predisposição à erosão. A primeira sub-bacias, em razão dos
aspectos então citados, e a outra, pela ocorrência predominante de solos rasos e
afloramentos rochosos.
No que diz respeito à relação de escoamento superficial – infiltração, os padrões
de densidade de rios e de drenagem foram respectivamente de baixa freqüência e baixo
padrão de drenagem para todas as sub-bacias estudadas. Isto revelou que, mantidas as
condições físicas naturais, este fenômeno desenvolve-se em pleno equilíbrio, pois a água
que alcança a superfície das sub-bacias tende escoar para os canais já formados.
Neste contexto, pela expressão da declividade média e rugosidade, infere-se que
os fluxos apresentam tendências maior atenuação de velocidades nas sub-bacias dos
riachos Carrapateiras e Trici, enquanto as sub-bacias dos riachos Cipó e Catumbi, são
tendentes a menor atenuação nas velocidades dos fluxos de água e materiais terrígenos.
Portanto, nas sub-bacias com indicativos de fluxos considerados mais lentos, há
melhores condições ao desenvolvimento equilibrado do processo de escoamento
superficial – infiltração do que nas sub-bacias de fluxos com velocidades relativamente
mais rápidos.
As dinâmicas socioeconômicas, submetidas há longo tempo ao modelo
econômico de máxima produção de acordo com as demandas do mercado, e mantidas as
técnicas agropecuárias e agro-extrativas tradicionais, levaram conseqüentemente ao uso
intensificado dos recursos naturais (água, solo e vegetação), com degeneração paulatina
de suas potencialidades naturais.
Tal modelo e as técnicas praticadas são responsáveis pela aceleração de
alterações ambientais portanto, refletidas nas sub-bacias com manifestações negativas na
dinâmica hidrológica e físico-ambiental.
Na compartimentação geoambiental, a sub-bacia do riacho Cipó expressou a
menor variação. Constituída principalmente pelas unidades Z2 e Z3, que refletem
fragilidades naturais pela ocorrência predominante de solos rasos e pouco
desenvolvidos, com afloramentos rochosos e cobertura vegetal de caatinga de variação
fisionômica aberta, a unidade Z1, que poderia atenuar tais condições, apresenta-se muito
reduzida e refletindo cobertura vegetal rala, aberta com solos desnudos.
Dentro desta análise, a sub-bacia do riacho Carrapateiras apresentou-se com
maior variação de unidades e subunidades em relação à ocupação de área e certa
interação dinâmica de suas componentes para as unidades Z3, Z6 e Z2, respectivamente.
A unidade Z6 reflete melhor preservação das dinâmicas de interação pela expressão da
caatinga arbórea e arbóreo-arbustiva, ambas na fisionomia densa. Em Z3, a considerável
expressão da subunidade Z3a constitui fator preponderante ao equilíbrio dinâmico, pela
interação de associações de NEOSSOLOS FLÚVICOS e mata ciliar, que nas demais
subunidades têm baixa expressão, pelo intenso uso do solo.
Ainda sobre a sub-bacia do riacho Carrapateiras, considera-se a unidade Z2 mais
compartimentada em decorrência da intensa exploração socioeconômica, com acesso
favorecido nas feições muito pouco onduladas do terreno e nível altimétrico menor em
relação às demais unidades, e ainda pela proximidade com áreas relativamente mais
úmidas.
Aponta-se dois fatores importantes na dinâmica de interação das componentes
nas unidades ora discriminadas. A ocorrência predominante de associações de
LUVISSOLOS (Brunos não cálcicos) e o aspecto da altitude, sobretudo na unidade Z6,
que limitou a máxima exploração do solo e favoreceu a maior preservação das
componentes fisionômicas da cobertura vegetal.
As sub-baciass dos riachos Trici e Catumbi expressam a melhor interação com
suas componentes geoambientais. A predominância de associações de LUVISSOLOS
(Podzólicos vermelho-amarelos) por quase todas as compartimentações morfológicas
reflete dinâmicas mais complexas, com mosaicos da cobertura vegetal bem mesclados.
Assim, em todas as unidades, é possível verificar a ocorrência dos estratos já
relacionados, inclusive com ocorrência de mata ciliar.
Sobre as vulnerabilidades ambientais identificadas nas sub-bacias estudadas,
considera-se serem decorrentes da própria condição hidrológica e geoambiental
inerentes à região semi-árida do Nordeste brasileiro, mas a intensificação de processos e
dinâmicas por intermédio de ações antrópicas, faz que as condições naturais de
vulnerabilidades sejam fortemente evidenciadas.
Dentro destas condições considera-se que as sub-bacias hidrográficas analisadas
apresentam-se em níveis pouco diferenciados de vulnerabilidades ambientais, estando
quase todas na classificação de MVA (Média Vulnerabilidade Ambiental). Com as
variações de “MVA” (Média Vulnerabilidade Ambiental) para a sub-bacia do riacho
Carrapatieras, “MmVA” (Média média Vulnerabilidade Ambiental) para a sub-bacia do
riacho Trici, e “MbVA” (Média baixa Vulnerabilidade Ambiental) para a sub-bacia do
riacho Catumbi. Somente a sub-bacia do riacho Cipó foi classificada com “AVA” (Alta
Vulnerabilidade Ambiental).
7 CONCLUSÕES
Diante do quadro de considerações, conclui-se que:
1 as sub-baciass dos riachos Carrapateiras e Catumbi são os sistemas
hidrogeomorfológicos mais complexos, recebem sistemas menores – as sub-baciass
Cipó e Trici respectivamente, e são contribuintes importantes da bacia hidrográfica do
alto rio Jaguaribe.
2 Mantida a dinâmica hidrológica natural, as linhas de drenagem das sub-baciass
apresentam fluxos com deflúvios paulatinamente crescentes em extensão e volume, com
tendência a processos erosivos pronunciados até o equilíbrio do sistema. As condições
de densidades na rede de drenagem, declividade média e rugosidade da superfície
promovem o balanço pleno do escoamento superficial – infiltração.
3 O modelo e a dinâmica das intervenções antrópicas ao longo de séculos
submeteram fortemente as componentes geoambientais, principalmente a água, o solo e
a vegetação das sub-baciass, às alterações ambientais negativas, com ocorrências de
dinâmicas desarmônicas nas condições naturais do semi-árido cearense. Entre elas
destacam-se:
• perda do potencial hidrológico natural, com redução nas vazões e tempo
de permanência de água nos canais principais da rede de drenagem, ao
longo do ano;
• descaracterização sucessiva da cobertura vegetal natural, sendo que, nas
sub-baciass mais atingidas, dá-se a diminuição do estrato elevado e da
fisionomia densa, passando a predominar vegetação arbustiva, rala e
mais aberta;
• maior impacto pelo escoamento superficial, com formação de rápidos
deflúvios, intensificação dos fluxos em detrimento da infiltração,
refletidos sobre o assoreamento de canais, evolução de formas erosivas
nas vertentes e ablação dos horizontes superficiais;
• intensificação de fenômenos climáticos, como a evapotranspiração,
tornando o ambiente mais fortemente submetido às deficiências
hídricas, tendendo à ampliação das condições de semi-aridez.
4 Existe um antagonismo na relação entre as condições hidrológicas
quantificadas e as condições geoambientais e socioeconômicas qualificadas. A primeira
demonstra que as componentes hidrológicas nas sub-baciass estão em harmonia com as
condições da região semi-árida do sertão dos Inhamuns. A segunda, revela que as
componentes socioeconômicas constituem força maior nas transformações
geoambientais processadas nos sistemas analisados.
5 Dessa forma, as vulnerabilidades naturais estão aguçadas, contribuindo para a
ocorrência de fenômenos associados à degradação / desertificação.
6 A mitigação ou reversão dos eventos relacionados à degradação /
desertificação nas sub-baciass estudadas dar-se-á através da aplicação de políticas
públicas integradas nas três esferas do Poder - Políticas comprometidas em instaurar e
resguardar o desenvolvimento sustentável nestes ecossistemas, com suporte técnico-
científico aos usuários dos recursos naturais, e ainda com a participação destes últimos.
7 Para o desenvolvimento sustentável, é fundamental que as políticas públicas
para a região semi-árida, e em particular para as sub-baciass hidrográficas enfocadas,
estejam fundamentadas em leis ambientais existentes no País, e convenções
internacionais relacionadas às problemáticas associadas ao uso dos recursos naturais.
8 Que estudos dessa natureza possam ser utilizados como subsídios ao manejo,
planejamento e gestão dos recursos naturais do sertão dos Inahmuns, proporcionando o
uso múltiplo da água, do solo e da vegetação nas sub-baciass hidrográficas do alto
Jaguaribe, no Município de Tauá – Estado do Ceará.
9 Necessário ainda é o trabalho que conscientize as entidades civis, políticas e
econômicas de que a água é prioridade para o consumo humano, sem a qual não poderá
sobreviver e desenvolver suas atividades; é um recurso finito, que em regiões semi-
áridas é escasso e assume grau de importância bem mais elevada do que em outras
regiões do Brasil.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ANDRADE, Manoel Correia de. A Ocupação do Interior - pecuária extensiva e algodão. In: ___. O Processo de Ocupação do Espaço Regional do Nordeste. 2 Ed.. Recife: SUDENE, 1979. p.142. Cap. 06. (Série de Estudos Regionais) AQUINO, Mônica Correia. Normalização de Trabalhos Técnico-Científicos: partes principais. Fortaleza: UFC, 1993. 20p. ARU, A. The Rio Santa Lucia Site: An Integrated Study of Desertification. In: BRANT, C. Jane; THORNES, Jonh B. Mediterranean Desertification and Land Use. England:Wiley, 1996. p. 189-205. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023. Informações, documentação, referências e elaborações. Rio Janeiro, 2000. 22p. BARRY, R. G. & CHORLEY, R. Atmósfera, Tiempo y Clima. 4ª Ed. Barcelona: Ediciones, 1988. 150 p
BELTRAME, Angela da Veiga. Diagnóstico do Meio Físico de Bacias Hidrográficas: modelo e aplicação. Florianópolis:UFSC, 1994. 110 p.
BERTALANFFY, Ludwig Von. Teoria Geral dos Sistemas. Tradução de Francisco M. Guimarães. Petropólis: Vozes, 1973. 351 p. BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global: esboço metodológico. Caderno de Ciências da terra. São Paulo, v.13. 1672. p. 01-26. BRASIL. Constituição (1998) Constituição da República Federal do Brasil. Brasília. DF: Senado 1988. BRASIL. POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS. Lei nº 9. 433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Lex. Publicação do Ministério do
Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal / Secretaria dos Recursos Hídricos, Brasília, DF. P. 35. 1997. BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Projeto RADAM-BRASIL Folhas SB 24/25 Jaguaribe/Natal. Rio de Janeiro, 1981. 744 p. Potencial dos Recursos Hídricos. P 220 – 224. BRUK, S. I & POKSHISHEYSKI, V. V. Problemas de la Población en las Zonas Áridas y Semiáridas del Mundo. In: PNUMA – Programa de Las Naciones Unidas para el Medio Ambiente- Comision de La URSS de Los Assuntos de PNUMA. Colonizacion de Los Territórios Aridos Y Lucha Contra La Desertificacion: enfoque integral. Moscú: Centro de Los Proyectos Internacionales-GKNT. 1987, Cap.VIII. CEARÁ. Legislações sobre o Sistema Integrado dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará. Lei nº 11.306, de 01 de abril de 1987. Dispõe sobre a extinção, transformação e criação de Secretarias de Estado e cria cargos de subsecretários e dá outras providências. Lex – Publicação da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, Fortaleza, CE, nº 2, p. 113, 1994. CEARÁ. ____________. Lei nº 11.380, de 15 de dezembro de 1987. Cria a Superintendência de Obras Hidráulicas, define sua estrutura básica e dá outras providências. Lex - _______. CEARÁ. ____________. Lei nº 11.996, de 24 de julho de 1992. Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos – SIGERH e da outras providências. Lex - _______. CEARÁ. ____________ . Lei nº 12. 245, de 30 de dezembro de 1993. Dispõe sobre o Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FUNORH, revoga os artigos 17 e 22 da Lei nº 11. 996, de 24 de julho de 1992, e dá outras providências. Lex - _______. CEARÁ. ____________. Lei nº 12. 217, de 18 de novembro de 1993. Cria a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará – COGERH, e dá outras providências. Lex - _______. CEARÁ, Companhia dos Recursos Hídricos. Plano de Gerenciamento das Águas do Rio Jaguaribe: (incompleto) Fortaleza; (incompleto) CEARÁ, Secretaria de Recursos Hídricos. Plano Estadual de Recursos Hídricos: (incompleto) Fortaleza, 1992. CEARÁ. IPLANCE – Instituto de Pesquisa e Informação do Ceará. Anuário Estatístico do Ceará. TOMO 01. Fortaleza:IPLANCE, 2000. 499 p.
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WAVES – Water Availability and Vulnerability of Ecosystems and Society in Semi-arid Northeast Brazil. Fortaleza / Munique: WAVES (UFC/TUM), 2001. Mapa de Uso do Solo e Cobertura Vegetal. WAVES – Water Availability and Vulnerability of Ecosystems and Society in Semi-arid Northeast Brazil. Fortaleza / Munique: WAVES (UFC/TUM), 2001. Mapa Geomorfológico. WAVES – Water Availability and Vulnerability of Ecosystems and Society in Semi-arid Northeast Brazil. Fotaleza/Munique: WAVES (UFC/TUM), 2001. Mapa Geológico.
ANEXO A
Mapa Geomorfológico - Tauá/CE
ANEXO B
Documentação Fotográfica
(GONÇALVES: JAN.2003) Figura 1 - Aspecto gerais no canal do Riacho Cipó (GONÇALVES: JAN.2003) Foto 2 – Aspectos gerais no canal do Riacho Carrapateiras
Foto 3 – Vista da fisionomia aberta da caatinga – Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras
Foto 4 – Aspectos da vegetação com cactáceas - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras
Foto 5 – Aspectos da associação vegetal: Facheiro - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras
Foto 6 – Aspectos de alterações na cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-
bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras
Foto 7 – Vista 01 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi
Foto 8 – Vista 02 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi
Foto 9 – Vista 03 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi
APÊNDICE A
Mapa de Compartimentação do Relevo -Tauá/CE
APÊNDICE B
Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de
Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Cipó
APÊNDICE C
Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de
Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Carrapateiras
APÊNDICE D
Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de
Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Trici
APÊNDICE E
Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de
Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Catuambi